Você está na página 1de 4

Liberar ou não a maconha?

 “Minha experiência com a cannabis melhorou muito minha apreciação


da arte, um tema que nunca pude apreciar antes. O entendimento do
propósito do artista, que eu obtenho quando estou chapado, algumas
vezes continua quando estou de cara. Esta é uma das muitas fronteiras
humanas que a cannabis me ajudou a transpor. Tem também algumas
sacadas relacionadas à arte –eu não sei se elas são verdadeiras ou
falsas, mas foram muito divertidas de formular. Por exemplo: passei
algum tempo doidão apreciando o trabalho do surrealista belga (na
verdade francês)Yves Tanguy. Alguns anos mais tarde, ao emergir
depois de um longo mergulho no Caribe, afundei exausto na praia
formada pela erosão de um recife de coral nas proximidades.
Examinando à toa os fragmentos arqueados de coral em tons pastel
que formavam a praia, vi diante de mim uma pintura de Tanguy. Talvez
ele tenha visitado uma praia assim na infância.” (Carl Sagan, 2009).

A maconha é uma combinação de flores e folhas da planta conhecida como Cannabis sativa e
pode ser verde, marrom ou cinza. A Cannabis é uma droga que altera a função mental
(psicoativa) o fator importante nesse processo de alteração mental é conter o THC (delta-9-
tetrahidrocanabiol), princípio ativo na maconha. O THC é o que mais afeta a função mental.

A maconha comum contem média 3% de THC. A verdade “sincemilla” (sem semente, só


contém os botões e as flores da planta fêmea) com uma média de 7,5% de THC, podendo
chegar a 24%. Já o haxixe (a resina gomosa das flores das plantas fêmea) com média de 3,6%
pode chegar á 28%. A maconha cultivada com técnicas especificas conhecida como SKANK,
pode conter até 35% de THC. Um liquido resinoso e espesso que dilata-se do haxixe com
media 16% de THC pode alcançar a quantidade de 43% de THC. (www.octopus.furg.br).

As reações negativas da maconha em alguns casos, ao usar a droga pela primeira vez pode
sentir-se em um lugar estranho, ter crises de ansiedade aguda (sensação de pânico) inclusive
a paranoia (usuário sentir que pessoas ao seu redor estão observando-o ou até mesmo o
perseguindo). Isso acontece quando há uma dose maior de THC. Os efeitos são diminuídos
conforme a droga vai perdendo o seu efeito. Em poucas ocasiões quando o individuo que
consome em grande quantidade da droga pode apresentar sintomas psicóticos severos,
semelhantes á pacientes psiquiátricos, e até precisar do atendimento de emergência do
hospital em unidades psiquiátricas por exemplo, outras ocasiões que podem ocorrer
negativamente seria a mistura da droga com outra, por exemplo, a cocaína.

O THC afeta o sistema nervoso central em seu lobo temporal onde se formam memorias de
curto prazo, isto faz com que o individuo tenha dificuldades de lembrar de conteúdos recentes,
com difícil aprendizado quando está com efeito da droga. Em estudos realizados na Costa Rica
foram feito testes com usuários da droga e foi observado que pessoas tinham dificuldades em
memorizar uma pequena lista de palavras, essas pessoas também tiveram dificuldades em
prestar atenção às provas que foram apresentadas.

A maconha destrói algumas células em regiões do cérebro. Com base em estudos em ratos,
cientistas ao aplicar uma dose alta de THC apresentam uma redução em números de
neurônios (células cerebrais) condições que são vistas em animais velhos que não são
expostos á droga. Isso nos mostra que ocorre um “envelhecimento” do cérebro de quem
consome a droga. Ao fumar a maconha afeta o cérebro e resulta dificuldades de memoria de
curto prazo, com prejuízo da percepção, raciocínio e habilidade motora.

1.1. maconha usada como medicamento

Em 4 de fevereiro de 1843, o Provincial Medical Journal, de Londres, trazia o relato de


um médico que contava ter controlado as convulsões de um bebê de apenas 40 dias
utilizando gotas de uma solução produzida a partir da maconha. Passados 171 anos da
experiência, o uso medicinal da Cannabis sativa está sendo redescoberto pela
comunidade científica, mas está longe de ser unanimidade. (Marcelo monteiro 2014)

A planta contem cerca de 400 compostos químicos, conta com 60 canabinóides


(princípios ativos específicos), dois destacam-se por terem propriedades medicinais. O
tetrahidrocanabinol (THC) reconhecido por ter efeitos analgésicos e relaxantes, mas
também é a principal substancia psicoativa (que “dá barato” e causa dependência
química). Portanto é o maior entrave ao uso medicinal.

Outro composto mais conhecido no brasil, o canabidiol (CBD), desde que Katiele e
Norberto Fischer, pais de Anny, criança de 5 anos conseguiram ter o direito de importá-
lo com intenção de controlar as convulsões causadas pela síndrome de CDKL5. Ao
contrario do THC, o CBD não tem efeito entorpecente.(Marcelo monteiro 2014)

Em um país em que a maconha é proibido para qualquer tipo de finalidade, com relatos
de casos como de Anny sensibilizam novas vozes que manifestam-se por mudanças na
regulação dessas substancias, mas não faltam críticos pedindo cautela.

A Anvisa (agencia nacional de vigilância sanitária) ao ser pressionada admitiu pela


primeira vez ano passado (2014), em um simpósio na cidade de São Paulo, que pode
tirar o canabidiol da lista de substancias proibidas no país, colocando-o no rol de
compostos sob controle especial.

Segundo Dirceu Barbano (diretor-presidente da Anvisa), estão buscando uma forma de


viabilizar o canabidiol quando tiver fundamento.

Após decisão judiciou que beneficiou Anny, a Anvisa divulgou as orientações gerais de
como solicitar autorização especial para importação de remédios sem registro no país
(como os que contem da maconha), deve ser prescrito e ter um laudo médico.

Uso e interpretações

A maconha medicinal atualmente é encontrada em vários formatos, que


incluem capsulas, sprays e gotas. Além dos Estados Unidos, países como
Canadá, Uruguai e Israel adotam um sistema de regulação específicos para
uso terapêuticos e industrial da maconha.

Segundo pesquisa feita pela Expertise, uma empresa de pesquisa e inteligência


de mercado, feita online com 1.259 pessoas, teve um resultado de que 57%
dos brasileiros aprovam a maconha para uso medicinal.

Há muitas formas de uso. Em casos de esclerose múltipla, em que os espamos são muito
agressivos, pacientes necessitam do medicamento que atuem rapidamente, e o uso por
inalação, fumando ou vaporizando, são os mais utilizados, exemplifica Lucas Maia,
biólogo, coordenador do grupo de maconhabras e pesquisador do Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas.
Remédios com a droga

MARINOL
Aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo
americano que controla os produtos alimentares e farmacêuticos.
Composição: tem como ingrediente ativo o Dronabinol (THC sintético)
Aplicações: usado para amenizar a perda de apetite associada à Aids. Em
pacientes com câncer, alivia as náuseas e os vômitos associados à
quimioterapia.
Apresentação: cápsulas

CESAMET
Liberado nos Estados Unidos pela FDA desde 1985, também é comercializado
no Canadá, no Reino Unido e no México.
Composição: o ingrediente ativo é a Nabilona, canabinóide sintético com
estrutura semelhante ao THC, principal composto química de cannabis (THC)
Aplicações: atua no tratamento de náuseas e vômitos em pacientes que
passaram por quimioterapia e não respondem aos antieméticos convencionais.
Da mesma forma que o Marinol, serve ainda para o tratamento da anorexia e
da perda de peso em pacientes com Aids. Atua ainda como analgésico para
dores neuropáticas e demonstra resultados no alívio da fibromialgia e da
esrose múltipla.
Apresentação: cápsulas.

SATIVEX
Elaborado a partir do extrato da cannabis, contém todas as substâncias
presentes originalmente na planta. Foi lançado em 2005 no Canadá e já é
adotado no Reino Unido e na Espanha, onde teve a venda autorizada em 2012.
Em janeiro, os laboratórios Ipsen (francês) e GW Pharmaceuticals (britânico)
anunciaram um acordo para a distribuição do produto na América Latina.
Composição: percentuais similares de THC e CBD
Aplicações: auxilia no tratamento da esclerose múltipla e do glaucoma.
Apresentação: gotas sublinguais e spray bucal, o que permite uma absorção
mais rápida do que os remédios em cápsulas.
BEDROCAN
Desenvolvido na Holanda, a partir de deliberação do Ministério da Saúde
holandês, é exportado para o Canadá.
Composição: na fórmula original, o Bedrocan tem 22% de THC e menos de
1% de CBD. Outras quatro variações, com percentuais diferenciados de seus
princípios ativos: Bedropuur (24% de THC), Bedica (14% de THC), Bediol
(6,5% de THC e 8% CBD) e Bedrolite (0,5% de THC e 9% de CBD).
Aplicações: a escolha do medicamento, com mais ou menos THC e CBD,
depende dos sintomas apresentados pelo paciente. As versões com mais CBD
são utilizadas em pacientes com convulsão. Também alivia a pressão
intraocular, auxiliando no tratamento de glaucoma. 
Apresentação: tem como base a própria planta seca, e a ingestão é feita por
meio de vaporização (o remédio é colocado em um vaporizador, a partir do
qual o paciente deve inalar o ar expelido).

Para que tem sido usada?

ESCLEROSE MULTIPLA: a maconha alivia os sintomas da esclerose múltipla


(espasmos musculares, funcionamento irregular dos intestinos e da bexiga)

GLAUCOMA: o tratamento à base de substancias presentes na cannabis reduz a pressão


intraocular.

CONVULSÕES: Diminui significativamente o número de convulsões em


portadores de epilepsia refratária. Também reduz o número de crises em
doenças raras, como a chamada síndrome CDKL5, problema genético que
resulta no desenvolvimento de uma epilepsia grave.

DORES EM GERAL: Atuando diretamente no sistema nervoso central, a


maconha e suas substâncias obtêm resultados satisfatórios nos casos de dor
neuropática, não controláveis com analgésicos tradicionais. Ao contrário da
morfina, a maconha não exige aumento das doses utilizadas ao longo do
período de tratamento.

CANCÊR: Ajuda a reduzir enjoos e náuseas causados pela quimioterapia.

OUTRAS DOENÇAS: Demonstra efeitos positivos – ainda não plenamente


estudados – no tratamento de outras doenças, como Transtorno do déficit de
atenção com hiperatividade (TDAH), doença de Crohn, insônia, síndrome de
Tourette, Alzheimer, enxaqueca, artrite e fibromialgia, entre outras.

Você também pode gostar