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Principais efeitos do uso da

maconha em aspectos da
aprendizagem
Neuropsicologia

Prof. Mª Inda Lages Nascimento


Maconha
➢A Cannabis é um arbusto originário da Ásia e conhecido da
humanidade há cerca de 6000 anos;

➢O princípio ativo alucinógeno da maconha é o Tetraidrocanabionol


(THC);

➢Essa substância encontra-se presente no óleo que recobre os brotos


das cannabis fêmeas.
Maconha
➢O nome genérico da cannabis é cânhamo;

➢Há outros nomes, mas boa parte deles tem caráter puramente
regional. No Brasil, a cannabis já foi denominada diamba e hoje o
termo maconha é o mais utilizado;

➢No Oriente, recebe nomes como ganja e haxixe.


Outros nomes
➢Baseado;
➢Erva;
➢Marola;
➢Camarão;
➢Taba;
➢Beck;
➢Bagulho;
➢Cachimbo da paz;
➢Capim seco;
➢Erva maldita;
➢Kiba;
➢Fino.
Outros nomes
➢Vela;
➢Boldo;
➢Ganja;
➢Verdin;
➢Chá;
➢Chosen;
➢Diamba;
➢Joint;
➢Banzer;
➢Mato;
➢Cigarro de artista;
➢Thonga.
Maconha
➢Farmacologicamente, o principal
constituinte psicoativo desse tipo
de planta é o THC, um dos 400
compostos da planta;

➢A ONU estima que cerca de 4%


da população mundial (162
milhões de pessoas) usam
cannabis pelo menos uma vez ao
ano e cerca de 0,6% por cento
(22,5 milhões) a consomem
diariamente.
Ilegalidade
➢A posse, o uso ou a venda da cannabis começou a se tornar ilegal no
início do século XX em diversos países ocidentais, principalmente nos
Estados Unidos;

➢A proibição do consumo da erva se tornou global após a Convenção


Internacional do Ópio, assinada em 1912 na cidade de Haia;

➢Desde então, as leis que regulamentam a proibição da planta se


intensificaram ao redor do mundo.
Maconha

➢Na últimas décadas, no entanto, surgiram diversos movimentos


pela legalização da cannabis, enquanto alguns países e regiões
passaram a permitir o uso do psicoativo sob certas circunstâncias,
como foi o caso dos Países Baixos;

➢Em 10 de dezembro de 2013, o Uruguai se tornou o primeiro país


do mundo a legalizar o cultivo, a venda e o consumo da cannabis.
Maconha
➢Grande parte da maconha disponível hoje é mais potente do que
era no passado, de modo que existe potencial para que ela tenha
efeitos deletérios mais intensos sobre o usuário;

➢1990 – 6% de THC
➢2015 – 25% de THC
Efeitos
➢Sonolência;
➢Euforia, risos espontâneos, sem motivo algum;
➢Perda de noção do tempo e do espaço;
➢Perda de coordenação motora, equilíbrio e fala;
➢Taquicardia;
➢Fome;
➢Vermelhidão nos olhos

➢Alucinações e ilusões;
➢Ansiedade, angústia e pânico;
➢Impotência sexual.

➢Tudo o que envolve os efeitos pode parecer ambíguo. Existem análises que
mostram que esses efeitos são bidirecionais, dependendo da dose, do
indivíduo e do ambiente
Efeitos no organismo a longo prazo
➢Maior chance de desenvolver câncer de pulmão;
➢Bronquites;
➢Sistema imunológico fragilizado;
➢Tosse crônica;
➢Arritmia cardíaca;
➢Redução dos níveis de testosterona;
➢Diminuição da motilidade dos espermatozoides e infertilidade;
➢Redução da libido e impotência;
➢Alterações do ciclo menstrual;
➢Ginecomastia (crescimento de mamas em homens);
➢Pacientes portadores de hepatite C que fumam maconha apresentam
maior risco de evoluírem para cirrose e câncer de fígado.
Efeito depende do modo de uso
➢Se fumada, o THC vai rapidamente para o cérebro (10 a 30 min), e
o efeito dura aproximadamente 5 horas;

➢Se ingerido, o efeito demora cerca de 1 hora para iniciar, porém


dura aproximadamente 12 horas;

➢Cerca de 30% das pessoas que experimentam a droga tornam-se


usuários regulares e 9% criam dependência. Portanto, 1 em 11
cada usuários se tornará dependente.
Abstinência
➢Usuários crônicos podem apresentar
síndrome de abstinência quando
interrompem seu uso;

➢Os sintomas podem durar semanas e


incluem insônia, depressão, náuseas,
agressividade, anorexia e tremores.
Porta de entrada
➢Há relação entre o uso de maconha e uma maior chance de consumo de outras
drogas;

➢Um trabalho realizado na Alemanha em 2001 com jovens entre 14 e 24 anos


consumidores regulares de maconha evidenciou que os mesmo também
consumiam outras drogas em taxas mais altas do que na população geral:

▪ Álcool – 90%
▪ Nicotina – 68%
▪ Cocaína – 12%
▪ Estimulantes – 9%
▪ Alucinógenos – 6%
▪ Opióides – 3%
▪ Sedativos – 1%
Uso terapêutico
➢Baixos níveis de THC e altos níveis de
CBD;

➢Reduzir os efeitos colaterais da


quimioterapia contra o câncer,
amenizando náuseas e vômitos;

➢Reduzir dores neuropáticas em várias


doenças, como esclerose múltipla.
Uso terapêutico
➢Em caso de glaucoma (lesão do nervo
óptico), a Cannabis pode ter efeito redutor
da pressão intraocular;

➢Epilepsia
▪ Síndrome de Dravet;

➢Para pacientes com Aids em estágio


terminal, que apresentem falta de apetite, a
droga também pode estimular a fome;
Ação da maconha no cérebro
➢Endocanabinoides
▪ Anandamida
▪ Influencia o nosso humor, sono, memória, apetite e etc.

➢Ao contrário de THC, que tem uma meia-vida que se estende de


horas a dias, a anandamida tem uma curta meia vida;

➢Devido ao influxo de canabinoides extra, o sistema fica


sobrecarregado e os endocanabinoides perdem seu efeito.
Ação da maconha no cérebro
➢O sistema canabinoide se desenvolve relativamente tarde, e a
densidades de receptores nessas regiões tem seu pico durante a
adolescência, potencialmente aumentando a sensibilidade aos
efeitos de canabinóides durante adolescência;

➢Receptores canabinides interagem com hormonios sexuais;


Ação da maconha no cérebro
➢Sendo o cérebro tão vasto e complexo, a ação dos canabinóides
tão diversa e a interação com seus receptores canabinóides tão
diferenciada, não é de estranhar que a maconha, que contém 70
canabinóides com propriedades distintas, produza efeitos muito
variáveis no tempo, entre indivíduos e em diferentes contextos;

➢Uma análise de coordenação temporal (sincronização) da atividade


de grupos neuronais aponta que a sincronia dos potenciais de ação
é fortemente diminuída pelos canabinóides, literalmente
desorganizando o processamento de informações no hipocampo.
Grupos de risco
➢Gestantes;
➢Jovens;
➢Psicóticos;
➢Diagnostico de depressão

➢Portadores de uma permutação do gene da COMT


Uso durante a gestação
➢Em gestantes que fumam mais de 6 cigarros de maconha por semana,
os filhos apresentam, a partir dos 2 anos de idade, menor aptidão verbal
e menor capacidade de memória que outras crianças;

➢Estas crianças também apresentam maior risco de hiperatividade e


depressão;

➢Existe também trabalhos que mostram um maior risco de leucemia em


crianças cuja mães fumaram cigarros comuns e de maconha durante a
gravidez.
O uso entre adolescentes
➢É a droga ilícita mais amplamente utilizado entre os adolescentes,
e a maioria dos usuários tem sua primeira experiência na
adolescência;

➢Enquanto 17% dos alunos da 8ª série ja provaram marijuana, no


segundo ano do ensino médio, quase metade dos adolescentes ja
provaram;

➢Após a experimentação inicial, muitos jovens desenvolvem um


padrão regular de utilização.
Maconha e cérebro adolescente
➢Dada a neuromaturação em curso
durante a juventude, os adolescentes
podem ser mais vulneráveis ​às
consequências do uso de maconha do
que os adultos;

➢Adolescentes dependentes de maconha


apresentaram déficits de memória de
curto prazo, além de mostrarem pior
desempenho na recordação imediata e
tardia (Schwartz et al, 1989).
Maconha e cérebro adolescente
➢Além disso, os usuários de maconha não conseguiram mostrar
melhorias significativas em habilidades de memoria de curto prazo
nas 6 semanas seguintes de abstinência;

➢Assim, os resultados indicam que a maconha pode ter efeitos a


longo prazo sobre a aprendizagem e a memória em adolescentes;

➢Além disso, os déficits não foram observadas em um grupo de


jovens com estilos de vida semelhantes com os do grupo de
usuários de maconha, o que sugere um potencial influência única
da maconha sobre a aprendizagem e memória.
Maconha e cérebro adolescente
➢O QI global foi mais baixo em adolescentes usuários de maconha em
comparação com não usuários (Lyons et al, 2004);

➢Um dos estudos mais impactantes sobre os males da maconha foi


conduzido por treze reputadas instituições de pesquisa, entre elas as
Universidade Duke, nos Estados Unidos, e de Otago, na Nova
Zelândia. Os pesquisadores acompanharam 1.000 voluntários durante
25 anos. Um grupo era composto de fumantes regulares de maconha.
Os integrantes do outro grupo não fumavam.
Uso de maconha durante a adolescencia e QI
➢Nascidas entre 1972 e 1973. Aos 13 anos, os pesquisadores
passaram a eles um teste de QI – repetido 25 anos depois, quando
já beiravam os 40. Nesse meio tempo, os voluntários foram
convocados cinco vezes (aos 18, 21, 26, 32 e 38 anos) para
responder perguntas sobre o uso de maconha;

➢Na média, os consumidores crônicos de maconha ficavam 8 pontos


abaixo dos não fumantes nos testes de Q.I. Os usuários de
maconha saíram-se mal também nos testes de memória,
concentração e raciocínio rápido.
Maconha e cérebro adolescente
➢Síndrome amotivacional;

➢Long-term effects of marijuana use on the


brain (2014);

➢Publicado na revista Human Brain Mapping, o


estudo foi feito com ressonância magnética
funcional;

➢A maconha desregula o circuito de


recompensa
Leia mais em: http://ciencia.me/jTON
Maconha e cérebro adolescente
➢O adolescente que fuma maconha uma vez por semana aumenta em
210% o risco de desenvolver esquizofrenia;

➢O uso de maconha elevada entre as idades de 14 e 21 anos foi


associado com a probabilidade mais baixa de recebendo um diploma
de bacharel, menor renda, aumento do desemprego e níveis mais
baixos relacionamento.
Maconha e Esquizofrenia
➢Pesquisadores relatam CBD podem ajudar a proteger contra os riscos
psiquiátricos associados ao THC.
▪ Fonte: Universidade de Indiana.

➢Os neurocientistas da IU descobrem que o cannabidiol reduz os sintomas,


como a alteração da memória em camundongos adolescentes
simultaneamente expostos ao THC.

➢Outras pesquisas mostraram que o uso prolongado de cannabis aumenta o


risco de usuários de drogas para certos distúrbios psiquiátricos e
neurológicos, como a esquizofrenia. O risco para os adolescentes é maior,
já que a criação seletiva de plantas para produzir níveis mais altos de THC
nas últimas décadas tem aumentado substancialmente a exposição ao
composto.
Maconha e Esquizofrenia
➢"Este estudo confirma em um modelo animal que o consumo de cannabis com
alto teor de THC por adolescentes pode ter efeitos comportamentais
duradouros", disse o autor principal, Dr. Ken Mackie, professor do
Departamento de Ciências da Ciência e Ciência do IU Faculdade de Letras e
Ciências e Ciências;

➢A cannabis com níveis mais altos de THC possui níveis mais baixos da CBD, e
vice-versa, devido a uma ligação biológica entre a produção de THC e CBD na
planta. Uma análise da cannabis apreendida pela US Drug Enforcement
Administration descobriu que, enquanto os níveis de THC aumentaram 300%
entre 1995 e 2014, os níveis de CBD diminuíram 60%.
Maconha e Esquizofrenia
➢"Este é o primeiro estudo em um modelo animal rigorosamente
controlado para descobrir que CBD parece proteger o cérebro
contra os efeitos negativos do THC crônico", disse Mackie. "Isto é
especialmente importante, uma vez que o uso intenso de cannabis
com maiores níveis de THC representa um risco grave para os
adolescentes".
Estudo da UI
➢Para realizar seu estudo, pesquisadores da UI dividiram os
camundongos masculinos adolescentes ou adultos em cinco
grupos. Três grupos receberam 3 miligramas por quilograma de
peso corporal de THC, CBD ou THC com CBD todos os dias durante
três semanas. Os outros dois grupos receberam um placebo ou
nenhum tratamento.

➢Todos os ratos foram testados quanto a sinais de


comprometimento da memória, comportamentos obsessivos
compulsivos e ansiedade imediatamente após o tratamento, bem
como seis semanas após o tratamento.
Essa pesquisa é o resultado de uma parceria entre
o Catraca Livre e o IBOPE/CONECTA (2013)
Maconha em adultos
➢Adultos que usam marijuana cronicamente demonstraram pior
desempenho em testes de aprendizado e memória,
atenção, habilidades visuo-espaciais, velocidade de processamento
e funções executivas;

➢Uma meta-análise examinou 11 estudos que preencheram os


critérios de inclusão rigorosos, e atribuiu prejudicada
aprendizagem e memória para o consumo crônico de maconha,
mas determinou que outro domínios cognitivos permanecem
inalterados.
Maconha em adultos
➢Entre os usuários pesados, os metabolitos de canabinóides pode
permanecer detectável na urina por uma média de 27 dias, e pode
continuar a afetar o funcionamento neural;

➢Papa e colegas argumentam, assim, que os déficits de atenção,


memória de curto prazo e tarefas psicomotoras, após um período
curto da abstinência representam efeitos residuais breves dos
canabinóides, mas nenhum persistente.
Referencias Bibliográficas
➢BATISTELA, Silmara et al. Methylphenidate as a cognitive enhancer
in healthy young people. Dementia & Neuropsychologia, v. 10, n. 2,
p. 134-142, 2016.

➢Burger’s Medicinal Chemistry and Drug Discovery 6th Edition,


Volume 6: Nervous Systems Agents, Edited by Donald J. Abraham
New York: John Wiley & Sons, INC., 2003.

➢Frick S, Kramell R, Schmidt J, et al. Comparative qualitative and


quantitative determination of alkaloids in narcotic and condiment
Papaver somniferum cultivars. J Nat Prod 2005;68(5):666-73.
Referencias Bibliográficas
➢Schwartz RH, Gruenewald PJ, Klitzner M, Fedio P. Short-term memory impairment
in cannabisdependent adolescents. Am J Dis Child 1989;143:1214–9.

➢Lyons MJ, Bar JL, Panizzon MS, et al. Neuropsychological consequences of regular
marijuana use: a twin study. Psych Med 2004.

➢Medina KL, Hanson KL, Schweinsburg AD, M, Nagel BJ, Tapert SF.
Neuropsychological functioning in adolescent marijuana users: subtle deficits
detectable after a month of abstinence. J Int Neuropsychol Soc 2007.

➢Tapert SF, Schweinsburg AD, Drummond SP, et al. Functional MRI of inhibitory
processing in abstinent adolescent marijuana users. Psychopharmacology (Berl)
2007.
Referencias bibliográficas
➢MacDonald, K., & Pappas, K. (2016). WHY NOT POT?: A Review of the Brain-based
Risks of Cannabis. Innovations in Clinical Neuroscience, 13(3-4), 13–22;

➢Tapert SF, Schweinsburg AD, Drummond SP, et al. Functional MRI of inhibitory
processing in abstinent adolescent marijuana users. Psychopharmacology (Berl)
2007.

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