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Apresentação

Seção 1 de 5

O estudo da Psicofarmacologia é imprescindível àqueles que se


interessam pelo comportamento humano e pelas patologias que
acometem a saúde mental, pois é por meio desse estudo que se
compreende a ação de determinadas substâncias no organismo
humano. Levando em consideração que as substâncias
psicotrópicas possuem um caráter ambíguo quanto aos malefícios
e aos benefícios para o organismo, o estudo apresentado se
embasa na constatação de seu malefício com o uso excessivo e
abusivo de algumas substâncias.

Nesse contexto, o uso de substâncias psicoativas é datado desde a


Antiguidade, com muitas delas consideradas inofensivas por povos
antecessores. Contudo, com o avanço das civilizações, da medicina
e das tecnologias, o uso dessas substâncias passa a se adequar ao
intuito de identificar e diferenciar benefícios e malefícios, de modo
a favorecer e coadjuvar os tratamentos psiquiátricos no Brasil e no
mundo.

Diante da relevância da atuação dos profissionais que se dedicam


ao estudo da saúde mental, o estudo concomitante das
substâncias que agem no sistema nervoso central (SNC), nos
neurotransmissores, nas células, nos sistemas de captação e
recaptação de sinais, bem como na condução das informações
neuroquímicas é algo primordial para o estabelecimento de uma
linha de trabalho favorável entre a equipe multidisciplinar no
tratamento de patologias psíquicas e mentais.
AUTORAS

A professora Andréia de Farias é psicóloga graduada pelo Centro

Universitário Fundação Santo André – CUFSA (2017). Atualmente,

trabalha com crianças, adolescentes e adultos em consultório e


estuda a psicanálise de modo permanente. Participante ativa em

cursos, palestras, seminários, fóruns e capacitações na área de

atuação desde 2013, sendo a última atualização profissional por

meio do curso de extensão “Por uma psicanálise pertinente à

situação brasileira: um percurso (crítico) introdutório” pelo

Laboratório de Pesquisas e Intervenções em Psicanálise, do

Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP (2021).

Psicóloga clínica de abordagem psicanalítica, com passagens pela

monitoria da disciplina de Gerontologia Social pela CUFSA (2016),

pela Psicologia Social em instituições públicas, como o Centro de

Atendimento Psicossocial — CAPS (2016) e a Defensoria Pública do

Estado de São Paulo - DPESP (2016 e 2017), além da Psicologia

Domiciliar (2019).

CURRÍCULO LATTES
Dedico este trabalho àqueles que sofrem com
transtornos mentais e àqueles que se dedicam a
estudar as funções cerebrais com o objetivo de
colaborar e auxiliar os que sofrem das patologias
mentais.
Andréia de Farias
Dedico este trabalho àqueles que sofrem com transtornos
mentais e àqueles que se dedicam a estudar as funções cerebrais
com o objetivo de colaborar e auxiliar os que sofrem das
patologias mentais.
Andréia de Farias

A professora Tatiana Cristina Ferreira Aramini é mestre em

farmacologia com ênfase em psicofarmacologia pela UNIFESP –

Universidade Federal de São Paulo (2012), especialista em docência

no ensino superior pela UNINOVE – Centro Universitário Nove de

Julho (2018) e graduada em farmácia e bioquímica pela mesma

instituição (2008). Tem experiência com atenção farmacêutica e

orientação de pacientes quanto ao uso de medicamentos, e é

professora universitária em cursos de graduação desde 2014,

ministrando disciplinas de farmacologia, psicofarmacologia,

assistência farmacêutica, farmácia clínica, farmácia hospitalar,

fisiologia e patologia.

CURRÍCULO LATTES
Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus, e depois
ao meu esposo Leandro, por todo apoio e parceria, e à
minha querida família, em especial à minha mãe e ao
meu falecido pai, que sempre me apoiam e se
orgulham da minha trajetória acadêmica. Dedico
também aos meus alunos, meus grandes motivadores.
Tatiana Cristina Ferreira Aramini
Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus, e depois ao meu
esposo Leandro, por todo apoio e parceria, e à minha querida
família, em especial à minha mãe e ao meu falecido pai, que
sempre me apoiam e se orgulham da minha trajetória
acadêmica. Dedico também aos meus alunos, meus grandes
motivadores.
Tatiana Cristina Ferreira Aramini

Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz


Diretor-presidente: Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz
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Histórico da Psicofarmacologia
Seção 3 de 5

Na pré-história, o uso de substâncias psicoativas não era sinônimo


de ameaça à sociedade, porém, devido aos efeitos sociais e
subjetivos relacionados aos contextos sociais, o controle passou a
ser adotado conforme as circunstâncias envolvidas em cada
contexto. No entanto, assim como as leis e os costumes ao longo
do tempo, as drogas assumiram significados distintos em
diferentes contextos e ocasiões.

A ciência acredita que os humanos, assim como outras espécies,


desde a Antiguidade, recorrem ao poder de algumas substâncias
para alterar o metabolismo e a consciência. Também na
Antiguidade, as culturas elaboravam suas próprias regras para o
consumo de determinadas substâncias e o cumprimento dessas
regras era atribuído aos controles sociais formais, sob a forma de
leis e, dos controles sociais informais, atribuído à família, aos
sacerdotes, ou, ainda, aos empregadores e demais autoridades.
A PSICOFARMACOLOGIA NA ANTIGUIDADE
Com a cristianização do Império Romano, no século IV, o uso de
determinadas substâncias, prática até então comum às antigas
nações pagãs, passou a ser vinculado a cultos mágicos e religiosos,
com seus efeitos terapêuticos questionados pela Igreja pois, para
o Cristianismo daquela época, a dor e a mortificação da carne eram
idealizadas como formas de aproximação com Deus e, desse
modo, o alívio da dor por meio de substâncias “mágicas” não era
bem visto. Desde então, o uso de substâncias psicoativas,
medicamentosas ou não, passou à
conotação política e econômica, o que contribuiu
para estigmatizá-las, assim como o sujeito que faz uso delas.

CONTEXTUALIZANDO

Na Idade Média, por volta do século X, a Igreja Católica

passou a considerar o uso de substâncias que até então não

contavam com o reconhecimento médico, como um ato

impuro, classificando-o inclusive como bruxaria. Logo, o uso

dessas substâncias passou a ser passível

de punições como tortura e até morte.


No Brasil, algumas instituições públicas e privadas dedicam-se às
pesquisas sobre as substâncias psicotrópicas. Uma delas é o
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
(CEBRID), instituição sem fins lucrativos, mantida pelo
Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP (Universidade
Federal de São Paulo), cujo compromisso primordial é o de
contribuir com a comunidade, no que diz respeito ao tema
das drogas, por meio de pesquisas científicas sobre o
comportamento dos brasileiros.

A expressão droga se origina da palavra droog (holandês antigo),


referente à folha seca, posto que a maior parte dos medicamentos
era produzida à base de vegetais. No entanto, na
contemporaneidade, os profissionais do exercício médico usam a
palavra droga como um sinônimo para medicamento, ao mesmo
tempo em que consideram o termo para identificar toda
substância capaz de alterar o funcionamento do organismo, ou
seja, substâncias capazes de originar mudanças fisiológicas e
psicológicas, alterando o funcionamento das células cerebrais
(neurônios) e promovendo oscilações no comportamento humano.

Figura 1. Folhas secas, antiga matéria-prima para a produção de fármacos. Fonte:


Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021.

Complementando o significado do termo droga, a medicina atual


considera droga qualquer substância capaz de alterar a função dos
organismos vivos, bem como a capacidade que tais substâncias
apresentam para promover transmutações fisiológicas, como a
contração/dilatação de vasos sanguíneos ou o aumento/diminuição
da pressão arterial, provocando, inclusive, modificações
psicológicas, algo que ocorre quando as substâncias são capazes
de influenciar as células cerebrais (neurônios) e promover
oscilações no comportamento humano.

O ópio é um grande exemplo de substância usada como


medicamento e como droga de abuso, já que a história evidencia
seu uso pelos povos sumérios (Mesopotâmia) no ano 3500 a.C.
Considerado maligno até o século XIX, mais tarde, o ópio passou a
ser empregado no alívio da dor em seres humanos, como a
morfina, substrato do ópio, descoberto em 1805 pelo químico
alemão Friedrich Sertürner, e a heroína, outro substrato,
desenvolvido na Inglaterra em 1874 e produzido para o tratamento
da tosse pelo laboratório Bayer em 1898.

A cocaína é uma substância cujo princípio ativo foi isolado no


século XIX pelo químico alemão Albert Niemann. Sigmund Freud,
criador da psicanálise, lançou mão da cocaína pela primeira vez em
1884, tendo a utilizado para tratar um amigo viciado em morfina.
Ainda no século XIX, as qualidades medicinais da cocaína eram
enaltecidas e a sua comercialização era praticada também pelo
laboratório Bayer. Nessa época, seu uso era voltado à área da
saúde, cujo Manual MERCK trazia em sua primeira edição, no final
do mesmo século, a indicação da dose recomendada de cocaína
para tratar os casos de cansaço e desânimo.

Figura 2. Sigmund Freud, teórico criador da Psicanálise. Fonte: Shutterstock. Acesso


em: 13/07/2021.
O clorofórmio, substância psicotrópica descoberta em 1831, era
utilizado em substituição ao álcool. A partir do século XIX, a ciência
isolou os princípios ativos de algumas substâncias psicoativas,
como a morfina, a cocaína, a heroína, a mescalina,
as anfetaminas dentre outras, dando início à produção de
fármacos puros, de utilização facilitada, possibilitando uma maior
exatidão nas dosagens. Já no início do século XX, a ciência fez o
mesmo com os barbitúricos, o éter, o clorofórmio e o óxido
nitroso.

No mesmo período, os pesquisadores descobriram os efeitos medicinais


da ergotamina (substância ativa do ácido lisérgico). Dessa forma, a partir do século
XXI, o consumo de medicamentos se tornou acentuado, algo que os especialistas
denominaram de “mania ocidental por pílulas”, incluindo anfetaminas
(anorexígenos), LSD e Ecstasy.

Por sua vez, o LSD-25, sintetizado pelo químico suíço Albert


Hoffmann em 1938, dois anos mais tarde, era ofertado pelo
governo japonês a seus soldados e pilotos, com a intenção de
mantê-los atentos e dispostos durante a guerra. Contudo, naquele
mesmo ano, os estudos sobre o LSD indicaram que a droga
poderia provocar surtos psicóticos em pessoas saudáveis. Já em
1947, com o intuito de transformá-la numa possível arma de
inteligência americana, a CIA realizou estudos com a substância.

Outras drogas sintéticas evidenciadas pela Europa no século XX


foram os barbitúricos e o MDMA (ecstasy). Este último, descoberto
em 1912 e patenteado em 1914 na Alemanha pelo laboratório
MERCK, tinha o intuito de desenvolver um
medicamento anorexígeno, porém, os estudos naquela época
foram abortados e retomados apenas no final da década de 70,
quando a utilidade clínica dessas substâncias como um possível
coadjuvante nos processos terapêuticos voltou a ser discutida.
Alguns psiquiatras e psicólogos daquela época, cuja intenção era a
de auxiliar no vínculo terapêutico, acreditavam no poder
do MDMA para a promoção de bem estar no paciente.

Figura 3. Tipos de substâncias sintéticas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021.


A PSICOFARMACOLOGIA E SEUS AVANÇOS NA
CONTEMPORANEIDADE
A psicofarmacologia é um método que se baseia no
desenvolvimento da substância terapêutica até o seu uso final
como um medicamento coadjuvante nos tratamentos
farmacoterápicos e psicofarmacoterápicos. O uso de tais
substâncias, cuja finalidade é a de propiciar sua segurança e
eficiência, deve ser realizado com cautela e
com supervisão médica. A segurança e a eficiência dos
psicofármacos se dão pela sua capacidade de ação terapêutica, ou
seja, nas interações possíveis com os neurotransmissores no
sistema nervoso central (SNC).

A estrutura do sistema nervoso cerebral é discutida há séculos,


porém, apenas com Santiago Ramon y Cajal, advém a descoberta
de que os neurônios são separados por pequenos espaços,
denominados na contemporaneidade como sinapses.
As sinapses são compostas por substâncias químicas liberadas
pelos neurônios durante as comunicações entre si, levando a
ciência a descobrir a existência dos neurotransmissores e
das sinapses elétricas, comprovando que as neurotransmissões
químicas são mais comuns que as elétricas. A produção de
neurotransmissores pelo sistema nervoso central (SNC) é de
fundamental relevância para que a liberação e a atuação se
realizem em alguns grupos de receptores específicos.

Figura 4. Ilustração das sinapses cerebrais. Fonte: Shutterstock. Acesso em:


13/07/2021.

A partir da década de 1940, foi iniciado o uso de fármacos no


tratamento dos transtornos psiquiátricos. Em 1949, o primeiro
fármaco empregado como recurso terapêutico para o tratamento
da mania foi o lítio, seguido em 1952 da clorpromazina, cujos
efeitos antipsicóticos se revelaram nesse mesmo período. Outra
substância relevante foi o meprobamato, que teve seus
efeitos ansiolíticos descobertos em 1954 e, em 1957,
o clordiazepóxido. A partir de então, foram sequenciadas uma
série de outras drogas terapêuticas, inclusive
os benzodiazepínicos.

É possível afirmar que a psicofarmacologia, no decorrer da sua


história, se deu por meio da experiência, ou seja, por meio da
observação do modus operandi de algumas substâncias e a sua
eficácia em relação a determinadas patologias, como
a iproniazida, que era utilizada para tratar a tuberculose e teve
descoberta a sua capacidade para produzir euforia e elevar o
humor, passando a ser aplicada com eficácia no tratamento da
depressão, dando origem aos antidepressivos inibidores da
monoaminoxidase (IMAO), tendo seu uso ministrado em pacientes
diagnosticados com depressão e hospitalizados a partir de 1956. Já
em 1958, foi descoberta a imipramina, anti-histamínico e
primeiro antidepressivo tricíclico com eficácia reconhecida.

No final da década de 1950, se contava com cinco classes de drogas capazes de


estimular impactos clínicos significativos no tratamento de transtornos mentais:
os antipsicóticos, os antidepressivos tricíclicos, os antidepressivos IMAO,
os ansiolíticos e os antimania.
Desde então, a admissão dos psicofármacos se deu de modo tão
relevante quanto a sua propagação, o que fez diminuir a
quantidade e a frequência das internações
hospitalares motivadas por patologias psiquiátricas, gerando uma
expressiva queda no número de pacientes psicóticos internados
nos EUA, dado que o número era de 554.000 em 1954 e reduziu
para 77.000 em 1993.

De lá para cá, foram observados o aperfeiçoamento das


substâncias psicoterapêuticas já descritas, incluindo as suas
capacidades para o tratamento das patologias mentais, e o
surgimento de novas substâncias psicotrópicas. No entanto, as
novas drogas pouco contribuíram com as já existentes, porém, há
características específicas que merecem atenção pormenorizada,
como a capacidade de seleção, a razoabilidade e
o reconhecimento dos seus efeitos na contemporaneidade.

VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS


ATÉ AGORA?

Que substância psicoativa era usada e receitada por Freud no

final do século XIX?

Maconha.
Cocaína.
Ópio.
ENVIAR
TENTE NOVAMENTE

Seção 4 -
Introdução ao estudo da Psicofarmacologia

Introdução ao estudo da
Psicofarmacologia
Seção 4 de 5
Levando em consideração que o uso de substâncias psicoativas
não era considerado um fator consternador na antiguidade, é
necessária uma constante efetivação de técnicas e estudos
científicos na atualidade no que se refere a tais substâncias, tendo
como intuito o ensejo de aprimorá-las. Não obstante, o ser
humano conviveu por séculos com o hábito de usar substâncias
psicoativas, incluindo as alucinógenas, sem a evidência de
problemas advindos desse hábito. Dessa forma, para melhor
compreensão das diretrizes sobre a psicofarmacologia, é
necessário investigar aspectos históricos, origens, avanços,
classificações, trajeto até a contemporaneidade, benefícios e
ambiguidades de atuação.

Na atualidade, que pode ser chamada também de pós-


modernidade, são observados avanços tecnológicos em diversos
segmentos da humanidade, incluindo o da indústria farmacêutica.
Desde meados do século XX, os avanços crescentes da indústria
farmacêutica possibilitam a médicos e pacientes uma escolha
medicamentosa cada vez mais precisa e eficiente para o
tratamento e/ou supressão dos sintomas psiquiátricos.

A partir da introdução do uso da fluoxetina com o objetivo de


tratar os sintomas da depressão, a humanidade foi guiada para
uma era das “pílulas da felicidade”, que se atualiza a cada geração.
Ao levar em conta que a propaganda é uma ferramenta dos
fabricantes de fármacos, a cada geração se alcança um número
crescente de adeptos da farmacologia, já que a angústia e o
sofrimento vêm perdendo cada vez mais o significado na vida das
pessoas que preferem medicá-lo em vez de interpretá-lo, elaborá-
lo e entendê-lo.

// A psicofarmacologia e as leis que a regulamentam

A partir do século XX, no Brasil e no mundo, a questão do uso das


substâncias psicoativas passou a ser motivo de inquietude,
causada por razões políticas que
motivaram legislações específicas. O uso de substâncias
psicoativas na contemporaneidade está ligado a doenças e
à criminalidade. Dependendo da forma e do contexto em que
esse uso se apresenta, as leis de controle formal (governo,
médicos, hospitais, etc.) e de controle informal (líderes políticos
ou religiosos, familiares, empregadores, vizinhos, médicos,
membros de órgãos de repressão, etc.) atuam como controles
sociais desse uso.

Quando o uso de substâncias psicoativas se dá por meio de


indicação médica, por exemplo, elas devem ser prescritas
com controle da receita. Desse modo, o uso de substâncias
psicoativas e/ou psicotrópicas se ajusta às peculiaridades de cada
contexto, com seu próprio sistema de valores e regras que, por
sua vez, reproduzem os diferentes modos e finalidades de uso.
A ORIGEM DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E
SUAS TERMINOLOGIAS CIENTÍFICAS
As substâncias psicoativas são, na maioria, originadas da natureza
e, posteriormente, sintetizadas em laboratório.

Dessa forma, podemos classifica-las em substâncias psicotrópicas naturais e substâncias


psicotrópicas sintéticas. As substâncias psicoativas originadas da natureza são aquelas
provenientes de plantas, animais ou vegetais, como, por exemplo, a cafeína, o ópio, a
nicotina, o THC (maconha) etc.

As substâncias psicoativas naturais, principalmente as plantas de


efeitos alucinógenos, são utilizadas há séculos por culturas
indígenas, em rituais religiosos em vários países.

Já as substâncias psicoativas sintéticas, são aquelas cujo princípio


ativo é isolado e sua produção se dá por meio de processos
laboratoriais. Um exemplo dessas substâncias é a cocaína e seus
derivados que, quando sintetizados em laboratório, dão origem a
diversos fármacos de uso médico e hospitalar. A nomenclatura das
substâncias psicoativas pode ser exemplificada em três
termos: tóxico, narcótico e psicotrópico, de acordo com o
Quadro 1.

Quadro 1. Terminologias.
Complementando o significado do termo psicotrópico pela divisão
da própria palavra – psico é termo grego que
significa psiquismo (sentimentos, pensamentos etc.) e trópico,
significa tropismo (“atração por”) –, se conclui que psicotrópico é o
mesmo que “atração pelo psiquismo”, logo, o conceito
do termo define-se por substâncias que agem no sistema nervoso
central (SNC), metamorfoseando, de certa forma, o psiquismo do
indivíduo.

EXPLICANDO

Outros termos para definir as substâncias psicoativas são

psicoticomimético e psicodélico (em grego, psico = mente

e delos = expansão), usados por alguns pesquisadores para

denominar as referidas substâncias de acordo com a

capacidade delas de reproduzir sintomas psicóticos

considerados como perturbações do inconsciente nos

humanos, como alucinações (percepção sem objeto) e/ou

delírios.

O uso dessas denominações leva em conta a similaridade dos


sintomas causados pela administração dessas substâncias com a
sintomatologia de algumas doenças mentais, como a
esquizofrenia.
Quadro 2. Principais substâncias psicoativas.
AS PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
NATURAIS

Figura 5. Folhas de maconha e produtos com canabidiol. Fonte: Shutterstock. Acesso


em: 13/07/2021.
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Maconha

Pesquisas contemporâneas mostram que algumas substâncias


extraídas dessa planta, como o canabidiol, um dos princípios
ativos da planta, são aprovadas para uso medicamentoso
com prescrição médica para tratamento dos sintomas de alguns
tipos de cânceres e da epilepsia. O canabidiol é eficaz também
como anticonvulsionante para o tratamento de doenças refratárias
(doenças que não respondem aos medicamentos). No entanto,
mesmo com as características de uso seguro, o Conselho Federal
de Medicina (CFM) discorda em discutir sua normatização para
tratar a esquizofrenia que, segundo a Universidade de São Paulo
(USP), é uma das ações terapêuticas do canabidiol. Em paralelo,
um manifesto da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) é contra
a maconha, afirmando que a planta gera prejuízo em todos os
membros e órgãos do corpo. A ABP menciona ainda um estudo
de 2012, administrado pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que
indica que a maconha multiplica por três vezes e meia a chance de
um indivíduo vir a desenvolver a esquizofrenia e multiplica por
cinco vezes a possibilidade de desencadear transtornos de
ansiedade em seus usuários, conforme os dados da ABP relatados
por Oliveira, na página 134 da dissertação "O medicamento
proibido: como um derivado da maconha foi regulamentado no
Brasil", defendida em 2016;
Cogumelos

Essas substâncias concebem os efeitos alucinógenos, também


conhecidos como psicoticomiméticos (sintomas das psicoses)
ou psicodélicos (alucinações e delírios), assim como outras plantas
alucinógenas como a Jurema, a Mescal (peyote), a Caapi e a
Chacrona (Ayahuasca);
Jurema

De denominação científica Mimosa hostilis, é uma árvore de onde


se extrai o DMT, substância alucinógena conhecida
comercialmente como dimetiltriptamina, e cujas raízes são
utilizadas na preparação de uma bebida alucinógena batizada de “o
Vinho da Jurema”. É uma bebida comum no Nordeste do país, onde
é ingerida em cerimônias religiosas indígenas;
Mescal (peyote)

Com nome científico Lophophora Williamsii, trata-se de um cacto,


também conhecido como peyote, do qual se extrai a mescalina,
potente substância alucinógena que se apresenta sob a forma de
um pó branco, consumido por via oral ou injetável.
A mescalina possui ainda
propriedades antibióticas e analgésicas, além de provocar
alterações da consciência e da percepção, em especial da visão.
Um exemplo dessa substância é o nitrato de amyl, cuja
ação psicodélica provoca relaxamento dos músculos lisos e
vasodilatação;
Caapi e chacrona

De nome científico Banisteriopsis caapi, a planta é utilizada como


matéria-prima da ayahuasca, proveniente do cozimento do mariri e
da chacrona (plantas alucinógenas nativas da Amazônia), sendo
considerada uma bebida sagrada e aplicada
por religiões sincretistas em seus rituais religiosos. Os adeptos
dessas religiões não classificam a ayahuasca como
substância alucinógena e, nesse contexto, seu uso é considerado
um meio de entrar em contato com o mundo espiritual. Por essa
razão, seus preferem denominá-la como uma
substância enteógena.
AS PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
SINTÉTICAS
Drogas sintéticas são substâncias modificadas e produzidas em
laboratório cujos efeitos podem provocam alucinações visuais ou
auditivas (percepções sem objeto).

Figura 6. Drogas sintéticas produzidas em laboratório. Fonte: Shutterstock. Acesso


em: 13/07/2021.
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LSD-25

Possui ação alucinógena e psicodélica;


Ecstasy

É uma substância alucinógena da família das fenilaminas. Possui


ação perturbadora, alucinógena (psicodélica) e estimulante, e
seu uso costuma ser recreativo;
Anticolinérgicos e plantas alucinógenas

Dizem respeito a determinadas plantas que, quando consumidas


na forma de chá, contêm substâncias perturbadoras;
Anabolizantes e esteroides

Os esteroides anabolizantes não são considerados drogas


psicotrópicas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por não
provocarem dependência, porém, são usados de forma abusiva.
Tratam-se de substâncias sintéticas, representadas
pela testosterona (hormônio masculino), que promovem o
crescimento da musculatura corporal (efeito anabólico) e o
desenvolvimento das características sexuais masculinas (efeito
andrógeno). Devido a esses efeitos, os esteroides recebem
também a denominação de androgênicos. Seu uso é bastante
comum entre atletas que desejam ampliar o desempenho físico e
também entre aqueles que desejam melhorar a aparência física,
porém, o uso para fins estéticos e para complementar a
capacidade física é considerado ilegal, devido aos possíveis
prejuízos para o organismo. Os anabolizantes são comercializados
na forma de comprimidos ou de injeções e a maioria dessas
substâncias é adquirida de forma ilícita em academias e/ou
farmácias. Alguns produtos veterinários à base de esteroides,
como sais de testosterona e boldenona, são utilizados, contudo,
não apresentam eficácia cientifica comprovada, sendo passíveis de
causar riscos acentuados à saúde.

Figura 7. Embalagem de substância anabolizante sintética. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 13/07/2021.

VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS


ATÉ AGORA?

Qual órgão controla prescrições de substâncias psicotrópicas

no Brasil?

Ministério da Saúde.
Ministério da Agricultura.
Ministério da Fazenda.
ENVIAR

Classificação dos psicotrópicos


Seção 5 de 5
Os cientistas franceses relacionam as drogas sintéticas em três
classificações: depressoras, estimulantes e perturbadoras do
sistema nervoso central (SNC). No Quadro 3, aparecem a
classificação dos psicotrópicos, com algumas das suas
terminologias científicas e efeitos do seu uso.

Quadro 3. Classificação dos psicotrópicos.

 bullet

Psicotrópicos depressores: os psicotrópicos


classificados como depressores são aqueles
que diminuem a atividade do sistema nervoso
central (SNC), ou seja, deprimem o seu
funcionamento, dentre os quais encontram-se tanto
substâncias lícitas quanto ilícitas. O álcool, os
solventes e os inalantes, os benzodiazepínicos, os
barbitúricos e os derivados do ópio (opiáceos e os
opioides) são exemplos de drogas depressoras;

 bullet

Psicotrópicos estimulantes: as substâncias


estimulantes aceleram e intensificam a atividade
cerebral, causando excitação, insônia e agitação.
São exemplos de droga estimulantes o tabaco, a
cocaína e suas derivações, bem como as
anfetaminas (anorexígenos);
 bullet
Psicotrópicos perturbador-alucinógenos: as
substâncias perturbadoras são aquelas que alteram
a atividade do sistema nervoso central (SNC),
distorcendo suas funções, desfigurando suas
percepções e causando perturbações ao indivíduo.
As drogas perturbadoras, como maconha,
cogumelos, ecstasy e LSD, se subdividem entre
naturais e sintéticas, sendo essas últimas
classificadas também como drogas alucinógenas ou
anticolinérgicas.

Quadro 4. Tipos de psicotrópicos.


BARBITÚRICOS, BENZODIAZEPÍNICOS,
OPIÁCEOS E OPIOIDES

 bullet

Barbitúricos: são denominados também


de calmantes ou sedativos, devido à capacidade
de reduzir a atividade cerebral, minimizar os
estados de excitação e promover sensação de
calma e relaxamento. Sua ação principal induz ao
sono e, por essa razão, recebem também os
cognomes de hipnóticos, soníferos ou sedativo-
hipnóticos. Algumas dessas medicações atuam
também como analgésicas e antiepiléticas, sendo
vendidas com a retenção da receita médica para
posterior controle do Ministério da Saúde. A ação
dos barbitúricos atinge diferentes áreas do cérebro
ao mesmo tempo e, ainda que em doses
terapêuticas, tem a capacidade de acometer
a atenção e as atividades psicomotoras, além de
alterar a capacidade de raciocínio e
a concentração. Seu uso também pode ser
indicado para o tratamento de cefaleias, úlceras
pépticas e hipertensão, porém, essas substâncias
têm como possíveis efeitos colaterais depressão na
medula e no centro do hipotálamo, vertigem,
redução da urina, espasmo da laringe e
cser_educacionals de soluço. Algumas medicações,
como Aspirina e Cibalena, continham os
barbitúricos butabarbital ou secobarbital que,
utilizados de maneira imprudente, fizeram os
laboratórios farmacêuticos retirarem esse princípio
ativo destes fármacos. Na atualidade, os
barbitúricos deixaram de ser a principal opção para
o tratamento da ansiedade e da insônia, sendo
substituídos pelos benzodiazepínicos. No entanto,
o Gardenal (fenobarbital) continua sendo utilizado
no Brasil e no mundo em razão dos bons resultados
para tratar a epilepsia;

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Benzodiazepínicos: medicamentos denominados


também como tranquilizantes ou ansiolíticos,
devido às suas capacidades de acalmar e atenuar
a ansiedade e o nervosismo, assim como induzir
ao sono, promover o relaxamento muscular e
reduzir o estado de alerta. Diferente dos
barbitúricos, estes medicamentos não apresentam
propriedades capazes de afetar as funções
psicomotoras de modo relevante, todavia,
costumam inibi-las de forma parcial, podendo
afetar a memória, obstar o processo de
aprendizagem e acometer a ação de dirigir e de
operar máquinas. São substâncias controladas pelo
Ministério da Saúde e, devido as suas funções
hipnóticas, são usadas também no tratamento de
cser_educacionals convulsivas.
Os benzodiazepínicos se sobrepõem ao
meprobamato como componente ansiolítico, sendo
os medicamentos mais utilizados no mundo todo,
inclusive no Brasil. Há mais de cem medicamentos
intitulados como benzodiazepínicos, cuja
identificação pode ser feita por meio da escrita do
sufixo - AM no nome, como por exemplo: diazep-
am, clorazep-am, lorazep-am, etc., remédios cujas
denominações comerciais são Valium, Lexotan,
Lorax, Somalium, entre outros;
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Ópio, opiáceos e opioides: o ópio é uma substância
natural extraída da seiva da papoula, planta
originária da Ásia Menor e da Europa, cujo nome
científico é Papaver Somniferum (Papoula do
Oriente). A palavra ópio, traduzida do grego,
significa “suco” e nomina a substância extraída por
meio de cortes verticais na cápsula da papoula, se
apresentando na forma de um suco leitoso que, ao
secar, resulta no pó de ópio, uma substância rica
em quantidades farmacológicas.

Os opiáceos e opioides são substâncias naturais derivadas


do ópio, como a codeína e a morfina (opiáceos) que, quando
modificadas, se transformam na heroína (substância
semissintética ou seminatural) ou nos opioides (substâncias
isoladas e produzidas em laboratório). Tais substâncias têm o
efeito de entorpecer as faculdades intelectuais, alterar as funções
motoras e sensitivas, além de elevar a sensação de prazer, tanto
que a palavra morfina significa Morfeu, deus dos sonhos na
mitologia grega. A morfina (morfa) apresenta-se sob a forma de pó,
líquido, barra ou comprimidos e sua forma de consumo se dá por
via oral ou injetável.

A codeína é um opiáceo bastante utilizado como princípio ativo


para xaropes contra a tosse como o Setux, o Eritós, o Pambenyl,
dentre outros, além de substâncias aquosas como o Belacodid e as
Gotas Bineli. No Brasil, a codeína é usada na formulação do xarope
Codein, cuja função é de analgesia. A codeína também é capaz de
reduzir os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a respiração,
bem como provocar dilatação das pupilas, prisão de ventre e
dificuldade na digestão.

Os opiáceos são empregados como princípio ativo de


medicamentos antidiarreicos e recebem também a denominação
de narcóticos ou drogas hipnoanalgésicas, cujo
efeito analgésico se dá pelo manejo de pequenas doses de
morfina ou de heroína. Porém, quando o uso da codeína ou de
meperidina se destina à mesma finalidade, são necessárias doses
cinco ou dez vezes maiores, pois a merepidina é modificada em
laboratório e comercializada na forma de comprimidos, ampolas
ou adesivos, assim como outras substâncias sintéticas derivadas
do ópio (opioides), como a oxicodona, o propoxifeno, o fentanil e
a metadona.

Figura 8. Papoula, matéria-prima do ópio. Fonte: Shutterstock. Acesso em:


13/07/2021.

CURIOSIDADE
De acordo com o artigo de Maria Carolina D’Arcadia Novo,

publicado na revista Vox Forensis em 2010, o ópio era

considerado maligno até o século XIX, contudo, é utilizado

para proporcionar alívio de dor há mais de cinco mil anos.

Com o início da colonização na América e na Ásia, o ópio

passou a servir como tintura (láudano) na Europa, onde era

usada tanto por reis, quanto por plebeus, incluindo

soldados e altos titulares da Igreja. Essa prática se deu por

mais de dois séculos, sem objeções ou querelas. A

substância também era usada sob a forma de fumo pelos

portugueses durante a expedição marítima para o Oriente.

ANFETAMINAS, PERTURBADORES,
ALUCINÓGENOS E ANTICOLINÉRGICOS

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Anfetaminas: utilizadas para a obtenção de


quadros eufóricos, subtração do sono e diminuição
do apetite, também podem ser usadas como
medicamento em casos de déficit de atenção ou
de patologias neurológicas. Quando apresentadas
em seu estado puro, têm a aparência de cristais
amarelados de sabor amargo, embora também se
apresentem sob a forma de cápsulas, comprimidos,
pó (branco, amarelo ou rosa), tabletes ou líquido.
Suas denominações comerciais mais conhecidas
são: Benzedrine, Bifetamina, Dexedrine, Dexamil,
Methedrine, Dexoxyn, Desbutal, Oberin,
Amphaplex, Dualid, Inibex, Hipofagin, Desobesi,
Fagolipo, Moderine, Absten, Pervitin, Ritalina, dentre
outras. A ação estimulante das anfetaminas no
sistema nervoso central (SNC) acelera seu ritmo, por
isso, algumas pessoas costumam usá-los
sem prescrição médica sob a denominação de
rebite ou bola, de modo a obter estímulo extra para
incentivar o trabalho, estudo ou mesmo, para dirigir
ou emagrecer. A capacidade que a substância
apresenta para a redução da massa corpórea
(anorexígeno) costuma ser utilizada sem
acompanhamento médico adequado;

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Perturbadores: em sua maioria, são substâncias


sintéticas que provocam alucinações visuais ou
auditivas (percepções sem objeto). Um exemplo
dessas substâncias é o LSD-25, cuja ação é
alucinógena e psicodélica, sendo considerado o
perturbador alucinógeno mais pujante, já que uma
pequena dosagem (microgramas) é capaz de
produzir alucinações. Outro exemplo desse tipo de
substância é o ecstasy, substância denominada
também como MDMA (3,4-
metilenodioximetanfetamina). Da família
das fenilaminas e derivada da anfetamina
(estimulante), sua composição costuma conter uma
variação de MDMA, MDA, MDEA, metanfetamina,
anfetamina, cafeína, efedrina e LSD, assemelhando-
se à composição da mescalina. Sua ação, além
de perturbadora, é alucinógena (psicodélica)
e estimulante, elevando a produção e a diminuição
da reabsorção
de serotonina, dopamina e noradrenalina. O
MDMA subdivide-se pelo organismo logo após sua
ingestão, sendo metabolizado pelo fígado e
seguindo seu curso até chegar ao cérebro. Sua
eliminação se dá de forma total, por meio da urina,
em um período aproximado de dois dias.
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Anticolinérgicos e plantas alucinógenas: plantas
que, quando consumidas na forma de chá, contêm
substâncias perturbadoras, como a Datura, o Lírio, a
Trombeta, a Trombeteira, o Cartucho, a Saia-Branca,
a Zabumba, assim como alguns medicamentos
sintetizados com estes princípios ativos, como o
caso do Artane, do Akineton e do Bentyl, cujo uso
provoca efeitos anticolinérgicos reconhecidos pela
capacidade de produzir efeitos
periféricos e influenciar nas funções psíquicas. Nos
casos da planta Datura e da Artane, os
efeitos alucinógenos são secundários, e seu uso
médico é comum no tratamento de doenças como
Parkinson e diarreia.

Figura 9. Flor de Datura. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021.

VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS


ATÉ AGORA?

Relacione as substâncias psicoativas com os respectivos

efeitos no organismo:




 Cafeína
 Ópio
 Cogumelos

 Estimula
 Alucina/perturba
 Deprime

ENVIAR

TENTE NOVAMENTE

Agora é a hora de sintetizar tudo o


que aprendemos nessa unidade.
Vamos lá?!
SINTETIZANDO

Nesta unidade, foi possível constatar que as substâncias


psicoativas, também denominadas de drogas, são comuns desde a
pré-história, quando eram usadas para guerrear, confraternizar,
rezar e socializar. Na Antiguidade, o uso das substâncias que
alteravam a consciência era controlado pelas leis e pelos costumes
das próprias culturas, porém, na atualidade, o mesmo hábito
adquire conotações variadas devido à ilegalidade de algumas das
substâncias ou ainda pelo potencial agravante à saúde de algumas
dessas substâncias.

Entretanto, é possível afirmar que o controle dessas substâncias se


dá ainda da mesma forma, ou seja, pela formalidade, na forma das
leis que as regulamentam, ou pela informalidade, por meio dos
costumes de cada contexto social. É possível constatar também
que o uso de substâncias psicoativas na contemporaneidade,
assim como na Antiguidade, fomenta a comercialização lícita de
medicamentos, por meio de emissão e retenção das prescrições
médicas no tratamento de doenças do organismo e das doenças
da mente. Estas mesmas substâncias também são comercializadas
de forma ilícita, gerando violência e consideráveis desigualdades
sociais.

O uso de substâncias psicoativas foi estigmatizado desde a


Antiguidade, quando a Igreja passou a questionar seus efeitos
considerados como mágicos e a classificar seus usuários como
impuros, punindo-os com tortura ou morte, fato que acabou por
levar a questão do uso dessas substâncias para o contexto político
e econômico que, com o passar dos anos, contribuiu para
estigmatização dessas substâncias. A ciência já provou que as
consequências psíquicas do uso de substâncias psicoativas são
relevantes e, por essa razão, se faz necessário um
acompanhamento médico, psicológico e psiquiátrico.

No Brasil, com o intuito de verificar a melhor forma de fazer uso


dessas substâncias para o tratamento das patologias do corpo e da
mente, há instituições sérias estudando origem, efeitos,
composições e combinações possíveis. Através destes estudos, se
verifica que a maioria das substâncias que compõem os
medicamentos sintetizados em laboratório e vendidos na
atualidade provém da natureza, e essas mesmas substâncias são
ambíguas, ou seja, possuem características benéficas e
características maléficas à saúde. Essa tênue diferença depende
muito da dosagem e da combinação entre os agentes naturais e
sintetizados de cada substância.

Em razão disso, tanto a fabricação quanto o controle do uso dessas


substâncias deve ser realizado por especialistas. Por isso, a
prescrição de psicotrópicos realizada por médicos especialistas é
uma aliada no tratamento de psicopatologias, pois tais prescrições
devem ser acompanhadas pelo médico e/ou pela sua equipe
multidisciplinar de forma contínua e de modo perdurável durante
todo o tratamento, incluindo a sua suspensão que, para evitar
efeitos colaterais, deve ser feita de modo gradativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre


Drogas. Prevenção dos problemas relacionados ao uso de
drogas: capacitação para conselheiros e lideranças comunitárias. 6
ed. Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre


Drogas. Sistema para detecção do uso abusivo e dependência
de substâncias psicoativas: encaminhamento, intervenção breve,
reinserção social e acompanhamento. 7 ed. Brasília, 2014.

CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas


Psicotrópicas. Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas.
São Paulo: CLR Balieiro Editores, 2010.

GORENSTEIN, C.; SCAVONE, C. Avanços em psicofarmacologia –


mecanismos de ação de psicofármacos hoje. Revista Brasileira de
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NOVO, M. C. D. Drogas - fora da lei e dentro do usuário. Vox


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OLIVEIRA, M. B. O medicamento proibido: como um derivado da


maconha foi regulamentado no Brasil. 2016. 313 p. Dissertação
(Mestrado em Divulgação Científica e Cultural) - Instituto de
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Campinas, 2016. Disponível em:
<http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/320910>.
Acesso em: 13 jul. 2021.

REIS FILHO, E. Psicanálise e psicofármacos: considerações sobre a


resistência dos psicanalistas à psicanalise. Pulsional Revista de
Psicanálise, São Paulo, v. 18, n. 183, p. 105-111, set. 2005.

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