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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
REITOR
Vahan Agopyan
VICE-REITOR
Antonio Carlos Hernandes
DIRETOR
Prof. Dr. Pietro Ciancaglini
VICE-DIRETOR
Prof. Dr. Marcelo Mulato
PRESIDENTE DO CPA
Profa. Dra. Luciana Carla dos Santos Elias
VICE-PRESIDENTE DO CPA
Profa. Dra. Clarissa Mendonça Corradi-
Webster
MEMBROS DO CPA
Profa. Dra. Profa. Dra. Carmen Lucia
Cardoso
Profa. Dra. Carla Guanaes-Lorenzi
Profa. Dra. Sylvia Domingos Barrera
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Profa. Dra. Marina Greghi Sticca
Profa. Dra. Thais Zerbini
Psic. Dra. Érika Arantes de Oliveira-Cardoso
Psic. Dra. Fernanda Kimie Tavares Mishima-
Gomes
COMISSÃO EDITORIAL
Associação Brasileira de Psicologia (SBP) DIAGRAMAÇÃO
Ronie Charles Ferreira de Andrade
Presidente Cristiana Nelise de Paula Araujo
Deisy das Graças de Souza
Vice-Presidente FINALIZAÇÃO
Ricardo Gorayeb Natália Feitosa de Oliveira
Conselho Editorial
Andreia Schmidt (USP)
Brigido Vizeu Camargo (UFSC)
Deisy das Graças de Souza (UFSCar)
Ederaldo José Lopes (UFU)
Isaías Pessotti (USP)
João Cláudio Todorov (UnB)
José Aparecido da Silva (USP)
José Lino de Oliveira Bueno (USP)
Maria Martha Costa Hubner (USP)
Marilene Proença Rebello de Souza (USP)
Maycoln Leôni Martins Teodoro (UFMG)
Olavo de Faria Galvão (UFPA)
Paula Inez Cunha Gomide (Universidade Tuiuti)
Ricardo Gorayeb (USP)
Ronaldo Pilati (UnB)
Silvia Helena Koller (UFRGS)
FICHA CATALOGRÁFICA
Formação profissional em psicologia: práticas comprometidas com a comunidade / Luciana Carla dos
Santos Elias... [et al.] (organizadores). – Ribeirão Preto : Sociedade Brasileira de Psicologia, 2018.
E-book
ISBN: 978-85-61272-02-9
1. Psicologia : Aspectos profissionais. I. Elias, Luciana Carla dos Santos II. Corradi-Webster,
Clarissa Mendonça. III. Barrera, Sylvia Domingos. IV. Oliveira-Cardoso, Érika Arantes de. V. Santos,
Manoel Antônio dos. VI. Título: práticas comprometidas com a comunidade.
CDU 159.9
Apresentação 01
Ampliada
da reforma psiquiátrica
sessão única
Uma longa jornada: dando suporte psicológico às mulheres em tratamento para o 346
câncer de mama
psicopedagógica
e do orientador profissional
criança e do adolescente
A linguagem molda nossas conversas, nossa forma de nos relacionar e o modo como nos
vemos. Ela constrói mundos e direciona nossos posicionamentos. Para ilustrar que diferentes
linguagens constroem mundos e noções de “ser” totalmente diversas, convidamos o/a leitor/a a
caminhar por meio de contextos construídos por duas linguagens discrepantes, uma sustentada
como estando dentro das pessoas, definindo quem elas são. As descrições de identidade
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geralmente são compostas por diagnósticos e interpretações com base em normatizações que
ditam os modelos que devem ser seguidos para se considerar que a pessoa está dentro dos
padrões normais humanos. Quem não se encaixa nesses rótulos, na maioria das vezes, é
discriminada e a ênfase está na ideia de que são as influências internas da própria pessoa que
podem estar gerando o problema. Não se considera que práticas sociais podem estar sustentando
e nutrindo a vida do problema e consideram que apenas especialistas profissionais podem lidar
problema é visto como problema, ou seja, como algo que está fora e, portanto, o convite é para
se olhar para a relação da pessoa com o problema e para a forma como ela descreve essas
situações de dificuldades. Busca-se perceber as influências sociais, culturais e políticas que podem
estar nutrindo o problema. Identifica-se a pessoa como sendo especialista de sua própria vida e
capaz de descobrir ferramentas e saberes que dispõe para transformar sua relação com o
Não existem verdades únicas ou tentativas de encaixar as pessoas em rótulos e por fim,
compreende-se que são as práticas sociais que dão força e vida ao problema e assim todos somos
Como se pode perceber esses mundos transitam entre diferentes entendimentos sobre o
self, as relações, os problemas. No trabalho com famílias, Michael White e David Epston (1993)
essencialista do indivíduo. Diante desse contexto, esses autores foram percebendo que as
convidasse todos os membros familiares para resistirem à forma de linguagem que investe no
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que abarcassem a diversidade e transformação constante que permeia nossa cultura. Essa postura
foi sendo ampliada ao longo do trabalho desses autores, visto que eles foram percebendo que
muitas pessoas que buscam terapia possuem a crença de que os problemas que tem enfrentado
são resultantes da sua própria identidade ou até mesmo culpa das pessoas com quem convivem.
Diante disso, foram construindo a compreensão de que a externalização pode ser um recurso
os problemas que as tem oprimido ao invés de apontarem a si mesmas ou outras pessoas como
sendo a causa da dificuldade vivenciada. Essa forma de estar em diálogo favorece uma atuação
mais respeitosa e apreciativa com as pessoas que buscam conversas terapêuticas (Drewery &
Winslade, 1997).
David Epston (1993) e ajuda a compor o que eles têm nomeado de práticas narrativas. Ela é mais
do que uma ferramenta conversacional (Cruz, 2008), é um norteador que pode nos amparar na
busca por descrições mais amplas das pessoas, dos problemas, das relações e consequentemente
na produção de histórias sobre pessoas mais capazes de atuarem frente aos problemas que
Geralmente quando as pessoas buscam terapia elas apresentam narrativas saturadas por
problemas e constantemente se vêm como misturadas a eles ou como sendo de fato esses
problemas. Diante disso, sustentados pelas práticas narrativas somos estimulados a ocupar o
papel de jornalista investigativo nessa conversa terapêutica. Michael White (2012) nos oferece um
mapa para guiar essa investigação que colabora no desenvolvimento das conversações de
externalização, o qual é composto por quatro categorias, sendo elas: 1. Negociação de uma
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Todas essas etapas podem auxiliar no detalhamento do problema, contribuírem para ele ir sendo
separado da pessoa e por fim, pode abrir espaço para histórias de exceções ao problema
Afinal, o que pode ser externalizado? Frequentemente quando as pessoas narram seus
problemas, elas expõem descrições comuns e gerais acerca dos mesmos, não trazendo muito os
detalhes que os tornam únicos. Por isso, um dos primeiros passos, é adentrar juntamente com a
pessoa nesse território de problemas, a fim de compreender como ela o tem entendido. Nem
sempre a pessoa consegue com facilidade englobar toda experiência em uma única descrição
possível. Nesses casos, sugere-se ofertar entendimentos e checar se faz sentido para a pessoa.
Feito isso, é o momento de começar a ir descobrindo os efeitos que o problema tem gerado na
vida dela e de que forma ela também tem influenciado no modo que o problema está sendo
problema é um convite para ela assumir uma posição de agenciamento de si e de sua própria vida
e, então, iniciar atuações que possam contribuir para amenizar os efeitos do problema e
potencializar o seu caminhar em direção aos valores e desejos que possui para sua vida (White &
Epston, 1993).
Vale mencionar que a definição externa do problema não precisa ser a mesma ao longo
da conversa terapêutica, ela pode ter uma fluidez e evoluir ao longo da mesma. Inclusive, pode
iniciar com uma descrição mais especifica e concreta acerca do problema e ir se transformando
em uma descrição externa mais ampla. Ou até mesmo começar com descrições mais científicas
especificidades de sua experiência com o problema (White & Epston, 1993; White, 2012).
as situações que são narradas para nós, visto que é preciso assumirmos uma postura de não saber
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inadvertidamente com a opressão que a pessoa sofre, como nos casos, por exemplo, em que a
violência e diferentes formas de abuso estão presentes. Diante de situações como essas, não é o
problema em si que será externalizado, mas as atitudes e crenças que a violência e o abuso
parecem estar impondo, bem como os efeitos dessas problemáticas que podem estar
contribuindo para a pessoa se ver como sendo o problema ou paralisada diante dele (White &
Epston, 1993).
Objetivo do Estágio
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sob supervisão da Professora Doutora Laura Vilela
adaptado do curso The Brief and Narrative Therapy 5-Day Certificate Program coordenado por Karen
Young no Windz Institute em Toronto, Canadá e no uso que essa autora faz das práticas narrativas
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Nesse primeiro momento, o terapeuta ajuda a pessoa a definir qual problema está lhe
incomodando mais e o/a fez buscar o atendimento, assim como a caracterizar detalhadamente
esse problema. Com essa conversa, o problema se aproxima da experiência particular da pessoa e
se distancia de experiências comuns e generalizadas. Algumas perguntas que podem ajudar o/a
terapeuta a entender melhor o problema são: Qual situação ou problema você tem enfrentado e gostaria de
discutir?; O que o problema faz em sua vida?; Quando ele aparece?; Se esse problema fosse uma coisa ou uma
investigar a influência e os efeitos do problema nas diferentes áreas da vida do indivíduo; seja o
seu local de trabalho ou estudo, sua relação com familiares e amigos e até mesmo sua relação
consigo mesmo. É possível que o problema tenha efeitos sobre os sonhos e valores do indivíduo
e nas suas perspectivas de futuro e esse também é o momento de verificar isso. Algumas
perguntas que podem ajudar, são: Como é esse problema para você?; Como esse problema te afeta: em casa,
com a sua família, com seus amigos, na escola ou no trabalho?; Como o problema impacta na forma como você vê
a si mesmo?
terapeuta busca ajudar a pessoa a avaliar os principais efeitos e influências do problema em sua
vida. Essa avaliação é realizada com perguntas como: Existem efeitos em sua vida por causa desse
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problema que você não gosta? Quais? O que você imagina que o problema quer para a sua vida? Isso é diferente
terapeuta busca investigar os motivos daquelas avaliações feitas pelo indivíduo. Esse momento
serve para o/a cliente perceber de que forma os efeitos do problema são diferentes da vida que
ele/a almeja para si. Tal investigação é feita por meio de perguntas tais como: Por que você não gosta
desse efeito do problema na sua vida?; O que você pensa sobre o problema querer isso para a sua vida?
nomear as clientes atendidas. Essas clientes autorizaram o uso de material de sessão para
publicação.
particular de problema que pudesse ajudar na sua externalização. Lina contou sobre multidilemas
que estava vivenciando, mencionado situações de sua vida passadas e atuais que pareciam pedras
pesando sobre ela e por se tratar de um atendimento de sessão única, a terapeuta buscou
compreender quais dessas pedras estava pesando mais no momento, a fim de poderem explorar
Terapeuta: Se a gente for olhar para todas essas dificuldades, que pedra você acha que está
mais pesada nesse momento e que pode ajudar se a gente olhar um pouquinho mais pra ela hoje
na nossa conversa?
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Lina: Eu acho que no momento as duas mais pesadas seriam a situação com meus pais mesmo
e minha situação na pós-graduação, mas considerando que a da pós é a que eu posso resolver,
então eu falaria da pós.
Após compreender qual dos sofrimentos a cliente tinha mais desejo de priorizar na
entender se “a pedra” poderia ser algo que representasse o problema que ela estava nomeando de
Terapeuta: (...) se você inventar uma metáfora para o problema, daria para colocar a pedra
como a pós graduação? Faz sentido para você? Ou você imagina alguma outra coisa que
simboliza melhor, que tem mais a “cara” de tudo isso que essa pós graduação tem feito?
Lina: Quando eu penso na pós, eu penso em uma pedra rolando atrás de mim em uma descida
na montanha e faz eu ter uma sensação de sufoco como se eu estivesse em um quarto sem ar.
Acho que essa é a maior... Na verdade acho que essa é a sensação. É isso, estar num quarto
trancada no escuro sem ar, quando eu penso em pós, porque é isso quando eu sinto ansiedade é
essa sensação de não conseguir respirar quando penso nos compromissos. Pensar em pós
graduação é isso, como se eu estivesse trancada no quarto sem ar. Mas, pensando no
personagem eu não sei, acho que pode ser uma pedra mesmo.
Terapeuta: Te ouvindo eu fiquei pensando também que eu achei interessante você trazer essa
sensação que parece que é bem intensa mesmo e fiquei pensando para te sugerir e aí você vê o
que faz mais sentido. De ser o Sr. Sufocador, é como se a pós fosse esse Sr. Sufocador que vem
te visitar e tranca a porta e todas as janelas e fica ali fiscalizando para você não sair desse
sufoco, você acha que faz mais sentido?
Lina: Eu acho que sim
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Depois de conseguirem nomear o problema de uma forma que fizesse sentido e que
descobriu-se ser um monstro bem grande, responsável por fazer Lina se sentir inútil, incapaz e
Terapeuta: Podemos então falar do Sr. Sufocador? Eu gostaria de saber um pouquinho mais como
que é ele. Ele é muito grande? Vamos imaginar bastante agora, soltar nossa criatividade aqui. Ele
é grandão? Ele é pequeno? Ele é muito forte? Fraco? Como é a aparência dele?
Lina: Imagino quase um dementador do Harry Potter sabe? Uma coisa grande e escura, que traz
medo e escuridão, forte e amedrontador, acho que é isso.
vida dos/as clientes atendidos em uma sessão única. Nesse atendimento, o problema vivido por
Maia, uma questão com seu corpo, foi externalizado como um monstrinho que vivia
atrapalhando seu dia a dia. Na conversa sobre esse monstrinho, ficou muito claro o que o
problema externalizado fazia em sua vida: a isolava de seus amigos, a impedia de se relacionar
com outras pessoas porque a deixava se sentindo feia, a impossibilitava de ir para casa para não
mostrar seu problema e preocupar seus familiares. O monstrinho de Maia aparecia quando ela
ficava ansiosa e vinha como uma forma de ela se sentir bem momentaneamente, mas depois a
fazia sentir fora do controle de sua própria vida e pior do que estava antes. Assim, o monstrinho
fazia com que ela se sentisse cada vez menos ela mesma, fazendo cada vez menos coisas que
gostava.
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O atendimento de Paula ilustra o diálogo sobre a avaliação dos efeitos dos problemas em
sua vida. Nesse atendimento, Paula conseguiu pensar em uma lista de coisas que valorizava em
sua vida e que o problema o impedia de realizar. Seu monstrinho inconveniente trazia incertezas
sobre sua vida e sobre suas escolhas e decisões, porém Paula reconhecia que o que valorizava era
diferente do que o monstro inconveniente queria para ela: seu bem estar, seus momentos de
lazer, seu relacionamento familiar e amoroso. Ela afirmou perceber que não podia deixar o
Terapeuta: O que você acha que o monstrinho quer para a sua vida?
Paula: Ele quer me deixar mal, me faz sentir desamparada, insegura, faz meu coração
acelerar e me faz tremer. Ele me faz sentir culpada por estar feliz… Ele se alimenta da minha
felicidade…
Terapeuta: E como isso é diferente do que você quer?
Paula: Ele fica me dizendo que tudo vai dar errado, mas eu sei que sou feliz, eu tenho uma
boa autoestima, um bom relacionamento amoroso e com meus amigos. Eu sempre me valorizo
muito e coloco meus momentos de lazer em primeiro lugar. O monstrinho quer tirar isso de
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mim, me dizendo que as coisas vão dar errado e que não fiz a escolha certa, que faço tudo
errado…
avaliação que fez com relação aos efeitos do problema em sua vida. Ela percebeu que o
problema queria seu isolamento, a fazia se sentir mal e impossibilitada de estar com outras
pessoas. Ao perceber isso, Maia conseguiu avaliar que poderia fazer outras coisas para manejar
sua ansiedade e que isso não a prejudicaria como o monstrinho fazia, devolvendo o controle para
começaram a pensar no monstrinho não como alguém que controlava a situação, mas como
alguém que precisava de controle, como se fosse uma criança mimada, que precisava de alguém
Maia: Realmente é preciso conseguir falar “não” para uma criança birrenta! Sinto que eu
preciso estar mais alerta, porque quando estou mais distraída o monstrinho vem. Tenho
mesmo que conhecer melhor minhas armas, preciso estar mais consciente, estar mais no
presente.
Terapeuta: O que seria ficar mais no presente?
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Maia: Ficar no presente é não ficar preocupada, ou me manter ocupada e prestando atenção
no que estou fazendo.
Terapeuta: O que mais ajuda a manter o monstrinho longe?
Maia: Uma coisa que estou tentando fazer é escrever sobre o que estou pensando… Ele (o
monstrinho) nunca fica muito longe, mas não sei onde ele está… Pensar nele como
monstrinho ajuda a lidar com ele.
Considerações Finais
nesse estágio siga um roteiro pré-estruturado, partes específicas desse roteiro se encaixam melhor
mais relevante de uma sessão, como pode ser um dos elementos importantes no processo. Nos
atendimentos em que a externalização foi essencial, ela apareceu de modos distintos, seja quanto
O roteiro sugere que o problema seja nomeado no começo do atendimento e que tal
movimento percebido foi o contrário, tendo começado com uma descrição detalhada do
problema ainda sem nome e apenas na segunda metade da sessão aconteceu sua nomeação, em
um momento que o terapeuta e o/a cliente compartilharam maior segurança para reificar o
para o/a cliente, algo que não seria possível se o problema tivesse sido nomeado no começo da
conversa. Por outro lado, alguns/mas clientes aceitaram o convite de nomear o problema logo
no início, e isso se mostrou essencial para o entendimento do problema como algo separado
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para refletir de forma criativa sobre o problema como um personagem, uma criatura, um objeto,
uma cena ou uma coisa, o processo de externalização apresenta maior sentido a/ao cliente,
motivo que faz o terapeuta preferir quando ocorre dessa maneira. No entanto, alguns/mas
clientes mostraram dificuldade em entrar nesse desafio de criatividade e, nesses casos, o/a
situação apresentada pelo/a cliente, e checou com eles/aa essa oferta. Há situações que o/a
cliente não vê sentido na oferta do/a terapeuta, mas consegue pensar numa descrição alternativa
outras situações o/a cliente não se identifica com nenhuma oferta de externalização, mas reflete
sobre seu problema com novos ângulos. A forma que a externalização entra na conversa é
caracterizada pelo exercício de imaginação e criatividade tanto do/a cliente quanto do/a
terapeuta.
situações externas, as quais não favorecem o agenciamento pessoal sobre o problema, de modo
que a externalização diante dessas situações seria externalizar os efeitos do problema na vida da
pessoa, bem como a forma como a pessoa se sente e/ou pensa em relação a essas vivências.
Da mesma forma, as descrições de pessoas com quem o/a cliente pode contar ou
valoreis e habilidades próprias para enfrentar o problema são valorizadas. Nesse sentido, as
do/a cliente e não conformá-lo com situações de violência e assédio são ofertadas. São
atendimentos em que a externalização não se mostra como a via mais relevante para lidar com o
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problema, correndo o risco de, por meio de questões de externalização, internalizar um problema
externalização.
externalização de acordo com cada cliente. Alguns/mas clientes apresentaram uma natural
compreendê-los, por meio desse processo, como algo separado dos/as próprios/as clientes.
Outros/as não viam sentido nos convites de externalização, hora por não identificarem na
metáfora seu problema, hora por não ver o problema como algo separado delas/es. Mesmo
os/as clientes que entravam na proposta, variavam de acordo com o tipo de externalização que
fazia mais sentido. A preferência pela externalização variou desde personagens humanos à
sentido para os/as clientes, de modo que o sentido que o cliente dava nesse processo foi um dos
guias do processo de externalização. Outro guia importante foi convidar o/a cliente a descrever
atitudes do problema. Quando um problema tinha uma descrição rica e ampla, tanto o processo
de externalização atendia mais seus propósitos, quanto o agenciamento do/a cliente diante do
problema era mais possível de acontecer, seja por passar a descrever o problema como algo
muito específico e desmistificado, seja por pensar que o problema as vezes é mais fraco, e pode
ser enfrentado.
solução e após entrarem em contato com descrições diferentes do problema, os/as clientes se
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viam convidados a agir de forma diferente diante dele. Tal percepção foi compartilhada por
linguagem, e essa técnica é inspirada num modelo que funciona com a língua inglesa e
língua portuguesa no Brasil chamou atenção para as vicissitudes de nossa linguagem e dos
discursos dominantes. Esse elemento trouxe a necessidade de maior atenção para a linguagem
Referências
Cruz, H. M. (2008). Da linguística à política: o giro de Michael White. Nova Perspectiva Sistêmica,
Drewery, W., Winslade, J. (1997). The theoretical story of narrative therapy. In G. Monk, J.
Winslade, K. Crocket & D. Epston (Eds.), Narrative therapy in practice: the archaeology
Morgan, A. (2007). O que é terapia narrativa? Uma introdução de fácil leitura. Porto Alegre, RS: Centro
White, M., & Epston, D. (1993). Medios narrativos para fines terapéuticos. (Trad. Ofelia Castillo,
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Young, K. (2011). When All the Time You Have Is Now: Re-Visiting Practices and Narrative
connecting practice, training, and research. New York, N.Y.: W.W. Norton & Company.
http://www.uspdialog.com.br/publicacoes/livroDetalhes/59
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v38n2/1982-3703-pcp-38-2-0262.pdf
http://www.revistanps.com.br/index.php/nps/article/view/275
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