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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CURSO DE PSICOLOGIA

AMANDA KAORI MATSUDA - 833.790


MARIA FERNANDA BERTOLETI - 833.849

ATENDIMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES SEGUNDO


NUTRICIONISTAS, PSIQUIATRAS E PSICÓLOGOS

RIBEIRÃO PRETO
2023
AMANDA KAORI MATSUDA
MARIA FERNANDA BERTOLETI

ATENDIMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES SEGUNDO


NUTRICIONISTAS, PSIQUIATRAS E PSICÓLOGOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Psicologia.

Orientadora: Profa. Dra. Teresinha Pavanello Godoy


Costa.

Coorientadora: Profa. Dra. Sara Tamiris Cirilo


Fernandes.

RIBEIRÃO PRETO
2023
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
Técnico da Biblioteca Central da UNAERP
- Universidade de Ribeirão Preto -

MATSUDA, Amanda Kaori, 2002-


M434a Atendimento dos transtornos alimentares segundo
nutricionistas, psiquiatras e psicólogos / Amanda Kaori Matsuda, Maria
Fernanda Bertoleti. – Ribeirão Preto, 2023.
68 f.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Teresinha Pavanello Godoy Costa.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de


Ribeirão Preto, UNAERP, Psicologia, 2023.

1. Transtornos
AMANDAalimentares. 2. Nutrição. 3. Psicologia.
KAORI MATSUDA
4. Psiquiatria. 5. Terapia cognitiva-comportamental.
MARIA FERNANDA BERTOLETI
II. BERTOLETI, Maria Fernanda, 2001- III. Título.

CDD 150
ATENDIMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES SEGUNDO
NUTRICIONISTAS, PSIQUIATRAS E PSICÓLOGOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Psicologia.

Aprovação em: _______/_______/_______

____________________________________________
Profa. Dra. Teresinha Pavanello Godoy Costa
Universidade de Ribeirão Preto
Orientadora

____________________________________________
Profa. Dra. Sara Tamiris Cirilo Fernandes
Universidade de Ribeirão Preto
Co-orientadora

____________________________________________
Profa. Me. Cassiana Morais de Oliveira
Universidade de Ribeirão Preto
Banca Examinadora

MÉDIA: __________.

Ribeirão Preto. ___/___/ 2023.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por ter me capacitado para que meus objetivos
fossem alcançados durante esses anos de estudos. Em segundo, dedico meus agradecimentos
aos meus pais, Alvaro e Elizabeth Matsuda, e minhas irmãs, Sabrina e Larissa Matsuda, por
todo apoio e ajuda que contribuíram para que este trabalho fosse concretizado. Ademais,
agradeço ao meu namorado, Pedro Henrique Santos Sanguino, pelo suporte e incentivo nos
momentos difíceis. Também agradeço às minhas professoras Dr a. Teresinha Pavanello Godoy
Costa, Dra Sara Tamiris Cirilo Fernandes e Dra Mariana Araujo Noce, pelos ensinamentos e
parceria que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação
profissional ao longo do curso. Por fim, agradeço as psicólogas Ma Camila Alves Amorim e Ma
Isabella Scotton pela amizade e incentivo para que esse trabalho fosse realizado, e a todos que
participaram diretamente ou indiretamente desta trajetória.
Com carinho,
Amanda Kaori Matsuda

Em primeiro lugar agradeço a minha família Marcelo, Flavia, Marcelo Jr e Marcela, pelo apoio,
incentivo, suporte, por me proporcionarem realizar uma graduação e por compreenderem a
minha ausência enquanto me dedicava à realização deste trabalho . Em segundo lugar, meus
agradecimentos vão para todos que contribuíram para a minha formação, desde meus amigos,
companheiros de sala, até todos que estiveram presentes comigo durante o período de realização
do trabalho. Também agradeço às minhas professoras Dr a. Teresinha Pavanello Godoy Costa,
Dra Sara Tamiris Cirilo Fernandes e Dra Mariana Araujo Noce, por todos os ensinamentos e pela
orientação que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação
profissional. A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado. Às pessoas com quem
convivi ao longo desses anos de curso, que me incentivaram e que certamente tiveram impacto
na minha formação acadêmica.
Obrigada, com carinho,
Maria Fernanda Bertoleti
RESUMO

Os Transtornos Alimentares resultam dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais dentro do


contexto em que o indivíduo está inserido, sendo divididos em Anorexia Nervosa, Bulimia
Nervosa e Compulsão Alimentar. O objetivo desta pesquisa qualitativa foi compreender quais
são as principais queixas dos pacientes com esses diagnósticos durante os atendimentos clínicos
dos profissionais da psicologia, psiquiatria e nutrição. Como instrumento de coleta de dados foi
utilizado um roteiro de entrevista online ou presencial semi-estruturado com cinco perguntas.
A partir das respostas coletadas foram criadas tabelas com o intuito de separar as informações
que convergem mais, de modo que no momento de comparar as diferenças e similaridades das
queixas dos pacientes, o processo seja facilitado pela plataforma Excel. Para analisar os
resultados, o estudo se baseou na linha teórica cognitivo-comportamental e comportamental
dialética a fim de compreender as sintomatologias dos transtornos alimentares, além de
evidenciar a importância do trabalho interdisciplinar no tratamento desse diagnóstico. Os
resultados foram divididos em tópicos, os quais abordaram sobre: I. Demandas dos pacientes
com Transtorno Alimentar; II. Comorbidades relacionadas com TAs; III. Impactos sociais no
desenvolvimento de TAs; IV. Atendimento de Pessoas com Transtorno Alimentar; V.
Atendimento multidisciplinar com Psicólogos, Nutricionistas e Psiquiatras - assim, foi
evidenciado como esse diagnóstico impacta a vida das pessoas, uma vez que estas apresentam
crenças nucleares sobre a comida e o corpo, que influenciam seus pensamentos, emoções e
comportamentos. Os resultados obtidos demonstraram que diante dos múltiplos fatores e da alta
complexidade dos Transtornos Alimentares, o trabalho multidisciplinar, com psicólogos,
nutricionistas e psiquiatras contribuem com o prognóstico dos TAs.

Palavras-chaves: Transtornos alimentares. Nutrição. Psicologia. Psiquiatria. Terapia


cognitivo-comportamental. Terapia comportamental dialética.
ABSTRACT

Eating Disorders (EDs) are often a consequence of the psychological, biological, and social
circumstances in which the individual is situated, being categorized as Anorexia Nervosa,
Bulimia Nervosa, and Binge Eating. The main objective of this qualitative research is to
understand the primary complaints of patients with these diagnoses during clinical sessions with
professionals in psychology, psychiatry, and nutrition. An online or in-person semi-structured
interview script with five questions will be used as the data collection instrument. Various
sheets were generated from the collected responses to better organize converging information,
facilitating the comparison of differences and similarities in patients' complaints using the Excel
platform. To analyze the results, the study used the cognitive-behavioral and dialectical
behavioral theoretical frameworks to comprehend the symptomatology of eating disorders and
highlight the importance of interdisciplinary collaboration in treating these conditions. The
results were categorized into topics, addressing: I. Demands of patients with Eating Disorders;
II. Comorbidities related to EDs; III. Social impacts on the development of EDs; IV. Assistance
for People with Eating Disorders; V. Multidisciplinary care with Psychologists, Nutritionists,
and Psychiatrists. Therefore, the study showed how this diagnosis impacts patients' lives, given
their core beliefs about food and body that influence their thoughts, emotions, and behaviors.
The findings demonstrated that, considering the multiple factors and high complexity of Eating
Disorders, multidisciplinary work involving psychologists, nutritionists, and psychiatrists
contributes to the prognosis of EDs.

Key words: Eating disorders. Nutritionist. Psychologist. Psychiatrist. Cognitive-behavioral


therapy. Dialectical behavior therapy.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização dos participantes da pesquisa quanto às variáveis: sexo,


profissão e quantos pacientes com Transtorto Alimentar atendem.......... 28

Tabela 2 - Síntese da entrevista com a participante 1……………………………... 52

Tabela 3 - Síntese da entrevista com a participante 2……………………………... 52

Tabela 4 - Síntese da entrevista com a participante 3……………………………... 53

Tabela 5 - Síntese da entrevista com a participante 4……………………………... 55

Tabela 6 - Síntese da entrevista com a participante 5……………………………... 56

Tabela 7 - Síntese da entrevista com a participante 6……………………………... 57

Tabela 8 - Síntese da entrevista com a participante 7……………………………... 58

Tabela 9 - Síntese da entrevista com a participante 8……………………………... 59

Tabela 10 - Síntese da entrevista com a participante 9……………………………... 60


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 12
2.1 TRANSTORNOS ALIMENTARES .................................................................................. 12
2.1.1 Anorexia Nervosa ............................................................................................................ 12
2.1.2 Bulimia ............................................................................................................................ 13
2.1.3 Compulsão Alimentar ...................................................................................................... 14
2.2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ............................................................ 16
2.3 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA ............................................................. 18
2.4 OS TRÊS PILARES PARA TRATAMENTO DE TRANSTORNO ALIMENTAR ........ 20
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 23
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 23
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 23
4 MÉTODO ............................................................................................................................. 24
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ..................................................................................... 24
4.2 PARTICIPANTES.............................................................................................................. 24
4.3 LOCAL ............................................................................................................................... 25
4.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS ................................................................................... 25
4.5 PROCEDIMENTOS ........................................................................................................... 26
4.5.1 Coleta de dados................................................................................................................ 26
4.5.2 Análise de dados .............................................................................................................. 26
4.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 28
5.1 DEMANDA DOS PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR .......................... 29
5.2 COMORBIDADES RELACIONADAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR.............. 30
5.3 IMPACTOS SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSTORNOS
ALIMENTARES ...................................................................................................................... 32
5.4 ATENDIMENTO DAS PESSOAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR ..................... 34
5.5 ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR COM PSICÓLOGOS, NUTRICIONISTAS E
PSIQUIATRA .......................................................................................................................... 35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 39
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 40
APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ..... 46
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA QUE
SIGAM A ABORDAGEM TEÓRICA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ..................... 49
APÊNDICE C: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSIQUIATRIA QUE
ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR ......................................... 50
APÊNDICE D: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA NUTRIÇÃO QUE
ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR ......................................... 51
APÊNDICE E - FORMULÁRIO PRÉVIO ONLINE............................................................. 52
APÊNDICE F: SÍNTESE DA ENTREVISTA COM CADA PARTICIPANTE DA
PESQUISA ............................................................................................................................... 53
ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ............................... 62
10

1 INTRODUÇÃO

Os Transtornos Alimentares acometem a saúde física e a saúde psicossocial do


indivíduo, sendo caracterizados por uma desordem nos comportamentos alimentares, além de
serem associados aos distúrbios de imagem corporal e à autoestima. Estudos mostram que esse
diagnóstico afeta mais as mulheres do que os homens e pode ocorrer desde a infância, entretanto
os maiores índices são na adolescência (Ludewig; Rech; Halpern; Zanol; Frata, 2017).
Os Transtornos Alimentares são divididos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de
Doenças Mentais, DSM- 5, (Associação Psiquiatra Americana, 2014), em Compulsão
Alimentar, Anorexia Nervosa e Bulimia nervosa. A Anorexia Nervosa é caracterizada pelo
medo exagerado de ganhar peso, em decorrência da qual o indivíduo ingere quantidades
mínimas de alimentos, e realiza intensas atividades físicas (Barlow; Durand; Hofmann, 2008).
De acordo com DSM- 5 (APA, 2014), há o tipo restritivo e o tipo purgativo do transtorno de
Anorexia.
Ademais, outro Transtorno Alimentar como a Bulimia é caracterizado por episódios de
intensa ingestão de alimento em grandes quantidades e em curto período de tempo, e seguida
de eliminação através da purgação por vômitos, uso de laxantes e diuréticos e jejuns, como
resultado de sentimentos negativos (Barlow; Durand; Hofmann, 2008). Os vômitos e gestos de
purgação podem ocorrer mais de 10 vezes ao dia e ser um ciclo vicioso, de alimentar-se e
purgar. A Bulimia Nervosa também é caracterizada pelo DSM-5 (APA, 2014) como purgativa
e tipo não purgativa. As grandes ocorrências de vômitos podem ocasionar diversos fatores
prejudiciais à saúde do indivíduo (Barlow; Durand; Hofmann, 2008).
Já o transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) é marcado por episódios recorrentes de
dificuldade de controlar os comportamentos direcionados à alimentação. Sendo a obesidade
uma das possíveis consequências desse transtorno (Barlow; Durand; Hofmann, 2008).
Diante das sintomatologias desses transtornos, a abordagem teórica Cognitiva
Comportamental (TCC) visa modificar as crenças e atitudes disfuncionais sobre o peso, formato
corporal e alimentação. Além de minimizar a ansiedade, e modificar comportamentos
desadaptativos comuns dos Transtornos Alimentares (Duchesne; Almeida, 2002). Apesar da
terapia cognitivo-comportamental apresentar eficácia no tratamento dos Transtornos
Alimentares (Duchesne; Almeida, 2002), possuí limitações em tratar pacientes com esse
diagnóstico que apresentam risco de suicídio, automutilação e abuso de sustâncias (Associação
Brasileira De Transtornos Alimentares, 2020). Com o tempo surgiram novos tipos de terapias,
11

que estão envolvidas pelas Análise do Comportamento e Cognitivo-Comportamental, e utilizam


de estratégias possíveis de serem aplicadas por terapeutas que trabalham com Terapia
Comportamental, no geral. Dentre essas terapias, têm: a Terapia de Aceitação e Compromisso
(ACT), Terapia Comportamental Dialética (TCD), Terapia Analítica Funcional (FAP), Terapia
Comportamental Baseada em Mindfulness e Aceitação, entre outras. As terapias cognitivo-
comportamentais foram se apropriando dessas novas terapias, as quais são conhecidas
atualmente como a terceira onda da TCC para suprir suas limitações (Hayes, 2004).
Nesse contexto, a Terapia comportamental dialética é uma linha teórica que apresenta
evidências significativas no tratamento dos transtornos alimentares, a fim de desenvolver
habilidades que auxiliam na falta de controle ou no excesso de controle das emoções e padrões
comportamentais e cognitivos (Linehan, 2018). Desse modo, essa linha teórica complementa o
tratamento baseado na cognitivo-comportamental e análise do comportamento.
O presente estudo buscou evidenciar como as distorções cognitivas associadas ao peso,
o formato corporal e a alimentação impactam a vida dos indivíduos com transtornos
alimentares. Além de revelar a importância do trabalho multidiscipliar, dos psiquiatras,
psicólogos e nutricionistas, para obter melhores resultados no tratamento dos Transtornos
Alimentares, tendo em vista a alta demanda dos pacientes.
12

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TRANSTORNOS ALIMENTARES

Os Transtornos Alimentares (TA) são caracterizados por desordem no comportamento


alimentar, resultando num consumo alterado de alimentos, e que possivelmente irá
comprometer a saúde física e o funcionamento psicossocial do indivíduo (Hiluy et al., 2019).
Ademais, podem estar associadas com questões de distúrbios de imagem corporal e dificuldades
com a autoestima.
De acordo com Appolinário e Claudino (2001), os Transtornos Alimentares podem
ocorrer desde a infância e adolescência, podendo ser dividido em dois grupos: o primeiro refere-
se ao período da infância, acontecendo alterações na alimentação da criança de forma precoce,
sem preocupações excessivas com o corpo e peso, esse grupo é caracterizado pelo transtorno
de ruminação e pica. No segundo grupo, encontramos aqueles que muitas vezes ocorrem na
fase da adolescência e incluem a Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa. Segundo a Sociedade
Brasileira de Psiquiatria Clínica (SBPC), mais de 90% desses que sofrem com os Transtornos
Alimentares são mulheres jovens e adolescentes, e um dos principais fatores para este índice
ser alto é a busca inalcançável do corpo perfeito. Diante disso, é notório que nos últimos tempos,
a mídia tem levado cada vez mais as mulheres a se submeterem a dietas rigorosas e destrutivas
a fim de atingir um padrão de magreza ideal.
Os Transtornos Alimentares são divididos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de
Doenças Mentais, DSM-5 (2014), em Anorexia Nervosa, Compulsão Alimentar e Bulimia
Nervosa. Importante salientar que a obesidade não é caracterizada como um transtorno e sim
incluída pelo Classificação Internacional das Doenças (CID) como uma condição médica; há
também outro comportamento alimentar não incluído no DSM, o “comer compulsivo”, o qual
apresenta características semelhantes a Bulimia Nervosa.

2.1.1 Anorexia Nervosa

Segundo Faria e Shinohara (1998), a Anorexia é um transtorno que ocorre


predominantemente na adolescência, têm maior índice nas mulheres e seu principal sintoma é
a perda de peso acentuada. Isto é, a anorexia nervosa é um transtorno que consiste em um medo
exagerado de ganhar peso, ingerindo quantidades mínimas de alimentos por dia e uma rotina
rígida de exercícios físicos intensos.
13

Appolinário e Claudino (2001), certificam de que há grandes influências de fatores


psicossociais no Transtorno de Anorexia Nervosa, principalmente a influência da mídia e da
comercialização de imagem corporal ideal. Dentre os fatores genéticos, psicológicos e sociais
da etiologia do Transtorno de Anorexia Nervosa, os aspectos sociais são os que mais contribuem
com o desenvolvimento da doença, uma vez que as mídias sociais comercializam uma imagem
do corpo ideal. De acordo com Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-
5), podem existir dois tipos de comportamentos, sendo eles: “tipo restritivo”, sendo aquele que
se restringe estritamente a dietas; “tipo purgação”, onde ocorrem comportamentos de
compulsão alimentar e purgação por meio de vômitos, uso de laxantes e diuréticos.
Devido ao fato desse transtorno ser multifatorial, é necessária uma integração
multidisciplinar no tratamento, envolvendo a área médica, psicológica e nutricional. Duchesne
e Almeida (2002) afirmam, que as estratégias para o tratamento da Anorexia Nervosa são, a
diminuição da restrição alimentar, expondo gradualmente o indivíduo a alimentos e com rotinas
para alimentação; também são incluídas estratégias de diminuição da prática de exercícios
físicos de forma gradual e incluir práticas que possam melhorar os relacionamentos
interpessoais; inclui também estratégias de abordagem do distúrbio de imagem corporal,
envolvendo três componentes: 1) a exatidão da percepção corporal; 2) a ansiedade associada à
imagem corporal e 3) a evitação da exposição corporal.
A Terapia Cognitiva Comportamental possui um papel importante no tratamento da
Anorexia Nervosa, utilizando como estratégia a modificação de crenças disfuncionais, uma vez
que os pacientes com Transtornos Alimentares possuem crenças distorcidas e disfuncionais
sobre o seu peso, formato corporal e alimentação (Duchesne; Almeida, 2002).

2.1.2 Bulimia

A Bulimia Nervosa é caracterizada por episódios de intensa ingestão de alimento em


grandes quantidades e em curto período de tempo, e seguida de eliminação através da purgação
por vômitos, uso de laxantes e diuréticos e jejuns (Duchesne; Almeida, 2002). De acordo com
Faria e Shinohara (1998), a Bulimia e o vômito são um ciclo vicioso em que a pessoa come
desesperadamente sem pensar nas consequências, o que resulta em sentimentos negativos como
frustração, tristeza e ansiedade. Assim como na Anorexia, a Bulimia é provocada pelo pavor do
ganho de peso, nos casos mais graves os vômitos podem ocorrer até 10 vezes ao dia
(Appolinário; Claudino, 2001).
14

Segundo a classificação do DSM-5 (APA, 2014), há dois tipos de Bulimia Nervosa,


aquela que é purgativa, caracterizada pelo uso de laxantes, diuréticos, vômitos e outras drogas,
e o tipo não purgativo é caracterizado pela intensa frequência de exercícios, jejuns por muitas
horas e dietas. Ambas se diferenciam da Anorexia, devido ao limiar de peso estar dentro da
normalidade.
Ademais, uma das principais consequências pela constância de vômitos são os desgastes
dos esmaltes dos dentes, dilatação das parótidas, esofagites e alterações cardiovasculares.
Também podem ser recorrentes sintomas de transtornos do humor e de ansiedade, além disso
de 46% a 89% desses pacientes podem apresentar transtorno depressivo em algum momento
(Appolinário; Claudino, 2001).
As principais formas de tratamento são referentes à abordagem Cognitivo
Comportamental, sendo que a maioria são aderidas a curto prazo. Segundo Faria e Shinohara
(1998), a visão cognitiva no tratamento da Bulimia considera estratégias como não somente a
modificação dos comportamentos, mas também a disfuncionalidade das atitudes e pensamentos
em relação ao peso.
Além do tratamento com psicólogos, o indivíduo deve criar estratégias de autocontrole
para: I) redução da ansiedade, que é um sentimento que induz normalmente a comer
compulsivamente e, posteriormente, induzir ao vômito; II) estratégias para controle gradual no
uso de laxantes e diuréticos; III) modificar o sistema de crenças associados à alimentação, e
aparência (Duchesne; Almeida, 2002).

2.1.3 Compulsão Alimentar

O Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) é marcado por episódios recorrentes de


Compulsão Alimentar, como: comer mais rápido do que o normal, comer até se sentir
desconfortável, comer grandes quantidades de alimentos sem estar realmente com fome, comer
sozinho por ter vergonha da grande quantidade que está comendo e, sentir-se deprimido após
ingerir altas quantidades de alimentos (Hiluy et al., 2019). Segundo Appolinária e Claudino
(2001), a maioria das pessoas com Compulsão Alimentar são obesas e pode estar associada a
tentativas frustradas de dietas na adolescência, entretanto, a obesidade não pode ser interligada
à Compulsão Alimentar, mas sim como uma possível consequência. O que revela o impacto na
vida do indivíduo que tem esse diagnóstico.
Os episódios de Compulsão Alimentar são recorrentes e marcados por sentimentos
negativos como culpa e nojo de acordo com o International Classification of Diseases (ICD)
15

(2019), traduzido para o Brasil como Classificação Internacional das Doenças (CID). Para se
ter um diagnóstico de TCA é preciso ter episódios de no mínimo uma vez por semana ao longo
de 3 meses. Ademais, Duchesne et al. (2010), relata que indivíduos com TCA têm uma perda
de controle e também um baixo desempenho nas habilidades cognitivas, as quais são essenciais
para o controle de impulsos.
O modelo de tratamento da terapia cognitivo-comportamental (TCC), é semelhante ao
modelo desenvolvido para Bulimia Nervosa. As estratégias são controle de episódio de
Compulsão Alimentar (ECA), modificações de hábitos alimentares a partir do auxílio de uma
nutricionista, adesão ao exercício físico com o auxílio de um educador físico e, caso a obesidade
esteja associada ao indivíduo, será feita uma estratégia de redução gradual de peso (Duchesne;
Almeida, 2002).
Segundo Duchesne e Almeida (2002), as dietas alimentares restritivas estão proibidas a
fim de evitar pensamentos de “tudo ou nada”, para a redução do peso corporal. Ademais, as
estratégias para a prática de exercícios físicos devem ser reforçadoras. No mesmo sentido,
devem ser criadas estratégias de autoestima, pois há muitos estereótipos sociais relacionados à
gordura e formato corporal, a fim de manter autoaceitação corporal.

2.1.4 Comorbidades dos Transtornos Alimentares

As comorbidades podem ser definidas como a ocorrência de dois ou mais transtornos


num mesmo indivíduo avaliado clinicamente, de acordo com Martins e Sassi (2004). Pode-se
perceber que em psiquiatria as comorbidades são comuns.
No caso dos Transtornos Alimentares, não é diferente. Grupos de pacientes com esses
transtornos apresentam prevalência de comorbidades como Transtornos Afetivos, sendo
principalmente o Transtorno de Depressão Maior, Transtornos Ansiosos, como o Transtornos
Compulsivo Obsessivo, e Transtornos de Personalidade como o emocionalmente instável tipo
Borderline e Impulsivo, Histriônico e Obsessivo Compulsivo (Martins; Sassi, 2004).
Assim, estudos revelam que a presença de uma comorbidade pode impactar diretamente
no prognóstico da doença e no seu manejo clínico (Cordás, 1999). É possível observar na
pesquisa recente realizada por Albuquerque, Bahia e Maynard (2021), que há um número
elevado de mulheres com indicadores de transtornos da compulsão alimentar e apresentam uma
relação com os transtornos psiquiátricos de depressão e ansiedade.
Já o estudo realizado por Morgan,Vecchiatti e Negrão (2002) revela uma associação
entre a Anorexia Nervosa e Transtornos da Personalidade Obsessiva-Compulsiva, além da
16

Bulimia Nervosa estar interligada com transtornos caracterizados pela impulsividade e


instabilidade, e do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), com transtornos do
tipo evitativo e ansioso.
Com base nesses estudos, percebe-se a relação entre os Transtornos de Personalidade,
Humor e Ansiedade com os Transtornos Alimentares (Cordás, 1999). Sendo possível interpretar
as comorbidades a partir de: I. Se as comorbidades podem de alguma forma predispor os
transtornos alimentares (TA) ou causar, e vice-versa; II. Se os transtornos alimentares e as
comorbidades são influenciados por um fator subjacente; III. Existe uma associação dos
transtornos alimentares com as comorbidades ser um resultado causal decorrente de serem
relativamente frequentes ou por outros fatores ao acaso (Martins; Sassi, 2004).
Portanto, a comorbidade de Transtornos de Personalidade e Transtornos Alimentares
interfere diretamente no curso e prognóstico da doença. Nesse contexto, a estratégia de
tratamento é de alta complexidade, e requer uma equipe multidisciplinar treinada para tal, sendo
necessário a atuação de nutricionistas, psicólogos e psiquiatras.

2.2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

No início da década de 1960, Aaron Beck, fez uma revolução no campo da saúde mental,
apresentando suas teorias baseadas em evidências científicas. Diante disso, fez experimentos
com o intuito de buscar outras explicações para a depressão, ocasião em que identificou
cognições negativas distorcidas em pacientes com Transtorno de Depressão Maior. Desse
modo, desenvolveu uma forma de tratamento de curta duração, com o intuito de realizar teste
de realidade do pensamento depressivo no paciente (Beck, 2021).
Seus estudos desenvolveram uma nova forma de psicoterapia, a qual denominou-se
“Terapia Cognitiva”, sendo mais tarde conhecida como “Terapia Cognitivo-Comportamental”.
Tem como base “uma psicoterapia estruturada de curta duração, voltada para o presente,
direcionada para solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais” (Beck, 1964 apud Beck, 2021), que busca a reformulação da
cognição, das crenças e das estratégias comportamentais que caracterizam um transtorno
específico.
Atualmente, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem apresentado resultados
significativos no tratamento de diferentes transtornos mentais, tendo mais de 500 estudos
científicos que comprovam a eficácia da terapia cognitiva para diferentes transtornos
psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos
17

(Beck, 2021). Essa base teórica segue dez princípios básicos, dentre eles: formulação em
desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de
cada paciente em termos cognitivos; aliança terapêutica sólida; colaboração e participação
ativa; é orientada para os objetivos e focada nos problemas; enfatiza o presente; psicoeducação;
visa ser limitada no tempo; as sessões são estruturadas; ensina os pacientes a identificar, avaliar
e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais; e usa uma variedade de técnicas para
mudar o pensamento, o humor e o comportamento (Beck, 2021).
As Terapias Cognitivo-Comportamentais estão sendo utilizadas no tratamento dos
Transtornos Alimentares, uma vez que as técnicas cognitivas e comportamentais têm sido
avaliadas e certificadas como estratégias eficazes na melhora dos quadros clínicos (Duchesne;
Almeida, 2002). A TCC ressalta a importância do vínculo terapêutico para obtenção de
resultados positivos nos Transtornos Alimentares, em razão da relação empática do psicólogo
com as dificuldades e necessidades da paciente, assim evidencia que a terapia precisa ser um
trabalho em equipe, no qual paciente e terapeuta terão uma participação ativa na detecção de
causas das dificuldades e na seleção de estratégias que auxiliem no tratamento (Duchesne;
Almeida, 2002).
Nesse sentido, a TCC pressupõe que o sistema de crenças que a pessoa exerce tem papel
fundamental no desenvolvimento de seus sentimentos e comportamentos. Diante disso,
entende-se que os pacientes com TAs apresentam crenças distorcidas e disfuncionais a respeito
do peso, formato corporal, alimentação e valor pessoal. Dentre as crenças distorcidas centrais
para os TAs, tem a que submete o valor pessoal ao peso e formato corporal (Duchesne; Almeida,
2002). Para esses pacientes a perda de peso pode ser vista como alívio para a angústia e
inquietação, e assim, obter uma tentativa de controle sobre os outros e sobre si mesmo (White;
Freeman, 2003).
O sistema distorcido de crenças pode manter-se em razão das várias tendências
disfuncionais de raciocínio. Uma dessas tendências comuns é a de atentar seletivamente para
as informações que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo os dados, sem questioná-
las. Para modificar o sistema de crenças a TCC utiliza diversas técnicas, como: ensinar o
paciente a identificar pensamentos automáticos distorcidos da realidade. Posteriormente é
proposto que o mesmo analise todas as evidências que comprovem ou contradizem o
pensamento automático (PA), substituindo para um pensamento mais funcional (Duchesne;
Almeida, 2002).
Apesar da eficácia dessa linha teórica no tratamento dos Transtornos Alimentares, ela
apresenta algumas limitações em tratar pacientes com esse diagnóstico que apresentam risco de
18

suicídio, automutilação e abuso de sustâncias (Associação Brasileira De Transtornos


Alimentares, 2020). Nesse sentido, com a evolução do desenvolvimento das novas terapias, a
Terapia Cognitiva Comportamental se apropriou delas, as quais são: a Terapia de Aceitação e
Compromisso (ACT), Terapia Comportamental Dialética (TCD), Terapia Analítica Funcional
(FAP), Terapia Comportamental Baseada em Mindfulness e Aceitação, entre outras. Essa
implementação mostrou-se eficaz no tratamento de diferentes quadros e condições clínicas,
dentre elas os Transtornos Alimentares (Camargo; Lopes; Bernardino, 2020).
Posto isto, a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (2020) apresenta
evidências que comprovam a eficácia da Terapia Comportamental Dialética no tratamento dos
Transtornos Alimentares, complementando a Terapia Cognitivo-Comportamental clássica.

2.3 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA

O crescimento da “Terapia Cognitivo-Comportamental” (TCC), permitiu que a


abordagem focasse em uma intervenção para além da cognição. Uma vez que na primeira
geração da TCC, os terapeutas desenvolviam as teorias cognitivas com bases na clínica. Assim,
a segunda geração foi muito mais geral em seu uso de teoria e princípios (Santos; Gouveia;
Oliveira, et al., 2015).
A segunda geração de TCC tem sido um sucesso notável, visto que clínicos empíricos
demonstram a utilidade da TCC em pesquisas controladas. No entanto, parte desse sucesso
resulta do fato de que o campo da psicoterapia baseada em evidências e da TCC deu início a
ensaios clínicos randomizados de programas focados em síndromes. Sendo o modelo primário
de desenvolvimento de conhecimento nos cuidados baseados em evidências. Contudo, algumas
anomalias surgiram, gerando questionamentos sobre a ideia central de que a mudança no
conteúdo cognitivo era essencial para que ocorresse mudanças clínicas (Santos; Gouveia;
Oliveira, et al., 2015).
Aos poucos, a Terceira Geração de intervenções cognitivas e comportamentais foi
emergindo dentro do propósito comportamental e cognitivo, encontrando uma maneira de
abordar essas áreas problemáticas. Todas essas abordagens de terceira onda incluem algumas
inovações terapêuticas como a Terapia Comportamental Dialética, Terapia Cognitiva Baseada
em Mindfulness, Psicoterapia Analítico- -Funcional, Terapia Comportamental Integrativa de
Casais, e Terapia de Aceitação e Compromisso, dentre outras (Santos; Gouveia; Oliveira, et al.,
2015).
19

Fundamentada em uma abordagem empírica,


focada em princípios, a terceira onda de terapia comportamental e cognitiva é
particularmente sensível ao contexto e função dos fenômenos psicológicos,
e não somente a sua forma, e assim tende a enfatizar as estratégias contextuais e
experimentais de mudança em adição às estratégias mais diretas e didáticas (Hayes,
2004, p. 658).

A partir dessa contextualização entende-se que a Terapia Comportamental Dialética


(DBT) é uma variação da Terapia Cognitivo-Comportamental e Analítico Comportamental.
Sendo desenvolvida para indivíduos cronicamente suicidas, diagnosticados com Transtorno de
Personalidade Borderline (Linehan, 2018).
Atualmente, a DBT também apresenta evidências significativas no tratamento dos
Transtornos Alimentares, o qual busca desenvolver habilidades que auxiliam na falta de
controle ou no excesso de controle das emoções e padrões comportamentais e cognitivos
(Linehan, 2018).
A desregulação emocional tem sido associada a uma diversidade de transtornos mentais
decorrentes da instabilidade emocional no controle de impulsos, nos relacionamentos
interpessoais e na autoimagem. Desse modo, o objetivo da Terapia Comportamental Dialética
(DBT) é modificar padrões comportamentais, emocionais, interpessoais e de pensamento
associados com os problemas de vida (Linehan, 2018).
A DBT baseia-se em uma visão dialética do mundo, sendo caracterizadas por três
características: I) a dialética direciona atenção para as partes individuais da pessoa
(comportamento específico) de um sistema, e a inter-relação dessa parte com as outras (cultura,
situação), e a partir dessa compreensão do todo analisar quais são os déficits das habilidades
que precisam ser desenvolvidas. II) a DBT explica que os pacientes precisam aceitar como são
no momento presente e a necessidade de mudança; além de precisarem compreender quais são
os componentes que precisam receber e retirar para serem mais competentes no treinamento de
habilidades pessoais. III) A DBT revela a importância dos pacientes manterem a integridade
pessoal e validarem seu próprio ponto de vista sobre suas dificuldades; e aprenderem novas
habilidades que irão ajudar a sair do sofrimento (Linehan, 2018).
O estudo de Wildes e Marcus (2011) mostrou a eficácia da Terapia Comportamental
Dialética para terapia de grupo com pacientes com Anorexia Nervosa, ademais Nunes Costa,
Lamela e Gil-Costa (2009) também revelaram evidências promissoras da DBT no tratamento
do Transtorno de Compulsão Alimentar e Bulimia Nervosa. Desse modo, entende-se que essa
linha teórica desenvolvida por Marsha Linehan possui resultados positivos no ganho de peso,
redução dos sintomas do distúrbio alimentar e aumento da qualidade de vida.
20

A Terapia Comportamental Dialética no tratamento de Transtornos Alimentares irá


desenvolver-se de acordo com a severidade da psicopatologia do paciente apresentado no
contexto terapêutico. Primeiramente, a terapia irá buscar diminuir os comportamentos de risco,
como ideação suicida; depois irá compreender quais são os comportamentos que irão interferir
no sucesso do tratamento; e por último irá capacitar os pacientes com um conjunto de estratégias
comportamentais que lhes permitam regular de forma efetiva os sintomas (Nunes Costa;
Lamela; Gil-Costa, 2009).
Dentre algumas estratégias utilizadas na DBT são: Orientação para o modelo da DBT
para o transtorno em causa; treino de tolerância ao distress; treino de competências mindfulness;
treino de competências de regulação emocional; treino de competências de efetividade
interpessoal e, especificamente para perturbações do espectro alimentar, módulos didáticos
associados à alimentação e à imagem corporal como, por exemplo, o acordo entre a alimentação
e a imagem corporal (Nunes Costa; Lamela; Gil-Costa, 2009).

2.4 OS TRÊS PILARES PARA TRATAMENTO DE TRANSTORNO ALIMENTAR

Os Transtornos Alimentares (TA) referem-se ao comportamento alimentar disfuncional


que afeta significativamente aspectos físicos, psicológicos e sociais da vida do indivíduo. Tem
como base uma etiologia multifatorial, com bases genética, psicológica e sociocultural, por
tanto o tratamento deve conter intervenções multiprofissionais, sendo ideal uma equipe
composta por psiquiatras, psicólogos e nutricionistas (Pires; Laport, 2019).
Posto isto, é importante que a equipe se comunique para ampliar a visão sobre cada caso
mediante diferentes conhecimentos profissionais envolvidos, contribuindo com o alcance de
um melhor prognóstico para os pacientes e com a delimitação de um tratamento mais eficaz e
integrado. Uma vez que somente um trabalho de inter-relações entre diversas áreas
proporcionará condições adequadas para enfrentar a complexidade do tratamento dos
Transtornos Alimentares. Segundo Catalina Camas Cabrera,

(...) os profissionais da equipe realizam as


avaliações dos aspectos específicos relativos ao quadro mórbido, reúnem-se para
firmar um diagnóstico “sistêmico”, com diferentes abrangências (orgânico,
situacional, familiar, etc...) e planejam a estratégia terapêutica (Cabrera, 2006, p. 377).

Os profissionais da psiquiatria, psicologia e nutrição precisam adquirir uma postura de


confiança, estando em sintonia ao se comunicar de forma simples para que as três áreas
21

compreendam a informação e desenvolver um bom relacionamento interpessoal (Cabrera,


2006).
Os psicólogos que seguem a abordagem cognitivo-comportamental no tratamento dos
Transtornos Alimentares preveem reestruturar o sistema de crenças do paciente, isto é,
reformular as percepções que a pessoa considera como verdades absolutas, uma vez que as
crenças podem ser disfuncionais para a vida do indivíduo, resultando em comportamentos,
emoções e pensamentos negativos que distorcem a forma com o indivíduo percebe sua imagem
corporal, por conseguinte, contribuem com o desenvolvimento da psicopatologia dos
Transtornos Alimentares (Silva, 2021). Nesse sentido, os terapeutas cognitivos-
comportamentais utilizam de técnicas cognitivas e comportamentais para auxiliar na
modificação e na alimentação dos pacientes com Transtorno Alimentar, como por exemplo:

Automonitoramento (análise sistemática e anotação dos alimentos ingeridos e


das situações associadas), às
técnicas para controle de estímulos (que envolvem o reconhecimento das situa
ções 5 que beneficiam a ocorrência da compulsão alimentar e o desenvolvimento
de um estilo de vida que minimize o contato do paciente com esses eventos) e o
treinamento em resolução de problemas, que auxilia o paciente a desenvolver
estratégias alternativas para enfrentar seus obstáculos sem recorrer à alimentação
indevida (Silva, 2021, p.19).

Nesse contexto, o psiquiatra Táki Cordás (2001) afirma a importância do crescimento


da psiquiatria junto aos outros profissionais com o intuito de contribuir com a evolução de
medidas de tratamento dos Transtornos Alimentares. Em razão, das pesquisas auxiliarem no
desenvolvimento do tratamento medicamentoso, o qual deve seguir o protocolo médico de
forma responsável para que os efeitos colaterais não afetem significativamente a qualidade de
vida do paciente.
Existem os principais medicamentos indicados pela área psiquiátrica para manejo dos
transtornos alimentares, dentre eles: Ciproerptadina (Periatin) para casos de Anorexia Nervosa
com sintomas de hiperatividade, mas possui pouco benefício em longo prazo;
Anticonvulsivantes em baixas doses pode reduzir a frequência de vômitos do tipo purgativo,
melhora aceitação dos alimentos, sono e diminui hiperatividade; Cloridrato de metoclopramida
(Plasil) para melhor sensação gástrica; Antidepressivos não são recomendados no início do
tratamento, visto que muitos sintomas depressivos podem desaparecer com reposição
nutricional (Cabrera, 2006).
Diferente do trabalho psicológico, o psiquiatra utiliza o discurso biomédico, que é:
(...) o discurso da ciência, prende-se ao corpo e se baseia no olhar e na descrição para
a constituição de seu objeto de estudo. Sua explicação, geralmente, é concebida como
22

causal, através da ajuda da intuição, somada à experiência de outros casos. O trabalho


consiste em descartar as particularidades do sujeito para enquadrá-lo nos parâmetros
nosológicos. Nesse contexto, a subjetividade do indivíduo interfere na objetividade
científica e terapêutica pretendida (Pedrosa; Teixeira, 2015, p. 222).

O tratamento nutricional em indivíduos com Transtorno Alimentar busca reconhecer os


sinais e sintomas do transtorno e avaliar os aspectos alimentares do paciente em prol de
determinar metas de peso apropriados para cada fase do tratamento e prescrever uma
alimentação saudável de acordo com a classe social do indivíduo, sendo importante que esse
trabalho não seja rígido, solicitando que o indivíduo utilize grupos alimentares e noções de
porções por medidas caseiras ao invés de realizar contagem de calorias e pesagem dos alimentos
(Escoval, 2022).
Adiante, o nutricionista utiliza da educação nutricional para elucidar o paciente sobre
alimentação saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais,
consequências da restrição alimentar e das purgações. Outro ponto abordado é a relação do
paciente com os alimentos e seu corpo, auxiliando-o identificar os significados que o corpo e a
alimentação possuem, como sinais de fome e saciedade (Escoval, 2022).
Diante do que foi discorrido anteriormente, entende-se que os três pilares: psiquiatria,
psicologia e nutrição, se complementam no tratamento dos Transtornos Alimentares, uma vez
que os nutricionistas auxiliam no ensino da ingestão dos alimentos e no balanceamento
adequado de valores calóricos adequados para serem ingeridos. Enquanto os psiquiatras
contribuem com a prescrição de medicações ajustadas para cada caso que auxiliam no maior
controle sob as condições emocionais que interferem negativamente na vida do paciente
(Pedrosa; Teixeira, 2015).
Em conjunto a essas duas áreas de tratamento a psicologia cognitiva-comportamental
promove a mudança de crenças disfuncionais sobre a imagem corporal que resultam em
pensamentos, emoções e comportamentos inadequados que prejudicam a qualidade de vida do
indivíduo com o diagnóstico de Transtorno Alimentar e dificultam a adesão no tratamento
psiquiátrico e nutricional (Pedrosa; Teixeira, 2015).
Nesse contexto, é necessário que a “dinâmica entre vários profissionais aconteça em um
solo comum” (Pedrosa; Teixeira, 2015) para que a equipe multidisciplinar consiga avançar com
seus planos de intervenção no tratamento dos transtornos alimentares.
23

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do trabalho a seguir foi realizar uma pesquisa de campo qualitativa para
compreender as principais queixas dos pacientes com diagnóstico de Transtorno alimentar
durante os atendimentos clínicos dos profissionais da psicologia, psiquiatria e nutrição.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar as similaridades e diferenças na forma de trabalho das áreas de Nutrição,


Psiquiatria e Psicologia no tratamento dos Transtornos Alimentares, a fim de compreender
a importância do trabalho multiprofissional.
b) Investigar as principais queixas dos pacientes com Transtornos Alimentares e como esses
sintomas impactam a vida desses.
c) Compreender as sintomatologias dos Transtornos Alimentares na perspectiva da terapia
cognitivo-comportamental e comportamental dialética.
24

4 MÉTODO

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

A metodologia usufruída no presente estudo tem natureza básica qualitativa, objetivo


exploratório e procedimento de pesquisa de campo. Segundo Gerhardt e Silveira (2009) a
natureza básica qualitativa tem como objetivo produzir informações aprofundadas e ilustrativas
de um grupo social, que sejam capazes de contribuir com novas informações.
Uma vez que não considera somente dados numéricos, mas “buscam explicar o porquê
das coisas” (Gerhardt, Silveira, p. 31, 2009).
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (Minayo, 2001 apud Gerhardt, Silveira, 2009, p. 34).

A pesquisa com objetivo exploratório promove uma aproximação com o problema, em


prol de elaborar hipóteses e torná-lo mais evidente mediante entrevistas com pessoas que
tenham experiências práticas.

4.2 PARTICIPANTES

O tamanho amostral foi escolhido decorrente de ser o número mais próximo de 10, tendo
em vista que são 3 profissionais da área de Nutrição, Psicologia e Psiquiatria, o número amostral
foi ímpar. Ademais, foi visto na literatura (Godoy, 1995) que esse é um número interessante,
visto que os discursos dos profissionais poderão se repetir a partir do quarto entrevistado, dessa
forma o número de 3 profissionais para cada área seria o suficiente para atingir o objetivo da
pesquisa.
A pesquisa contém 9 participantes das 3 áreas, que atendem pessoas com diagnóstico de
Transtorno Alimentar que são da nacionalidade brasileira, sendo do sexo masculino e sexo
feminino, os quais atendem entre 1 a 54 pacientes com Transtorno Alimentar na semana. Essa
caracterização dos participantes será apresentada na Tabela 1.
O método de amostragem usufruído foi snow-ball (bola-de-neve), a qual os primeiros
selecionados serão indicados pela co-orientadora e orientadora da pesquisa, onde foi pedido que
os participantes entrevistados indicassem outros participantes de seu meio social, respeitando
os critérios definidos. Os critérios de inclusão foram classificados de acordo com a área de
atuação, a abordagem teórica e se atendiam pacientes com Transtorno Alimentar. A exclusão
25

de participantes considerava profissionais da psicologia que não seguissem a abordagem teórica


Cognitivo-comportamental; e nutricionistas e psiquiatras que não atendessem na clínica pessoas
diagnosticadas com o transtorno alimentar.

4.3 LOCAL

A coleta de dados ocorreu mediante plataformas de chamada de vídeo de acordo com a


preferência de acesso de cada participante, dentre as opções estão: Google Meet, Zoom ou
chamada de vídeo pelo aplicativo WhatsApp, garantindo sigilo, privacidade e conforto dos
participantes. Todas as entrevistas foram gravadas para facilitar o procedimento da pesquisa,
por meio de um aplicativo de gravação do celular, sendo preservado os dados pessoais do
participante, uma vez que após a transcrição a gravação será deletada do dispositivo.

4.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS

O formulário prévio online (APÊNDICE E) para classificar os participantes de acordo


com os critérios da pesquisa, sendo primeiramente exigido a identificação do participante, qual
sua área de atuação e se atende ou já atendeu pacientes com transtorno alimentar.
A seguir, foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A)
para garantir os direitos dos participantes e, posteriormente, foi realizado uma entrevista semi-
estruturada com 5 perguntas para cada área de atuação (APÊNDICE B, C, D), buscando adequar
a demanda de cada participante, vale ressaltar que esse questionário foi construído pelos
próprios pesquisadores. Sendo utilizado os materiais e instrumentos descritos a seguir:
1. O formulário prévio online (APÊNDICE E) tem o intuito de selecionar os
participantes de acordo com os critérios da pesquisa.
2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) que tem o objetivo de
garantir os direitos do participante, como o sigilo ético, segurança física e cuidados
emocionais, além de esclarecer qual a finalidade do projeto.
3. Entrevista semiestruturada online composta aproximadamente de cinco a sete
perguntas que carece de realizar coleta de informações sobre os atendimentos às
pessoas com transtornos alimentares (APÊNDICE B, C, D).
26

4.5 PROCEDIMENTOS

4.5.1 Coleta de dados

Realizou-se a coleta de dados com profissionais da área da saúde, dentre eles:


nutricionistas, psicólogos e psiquiatras que atendem pessoas diagnosticadas com Transtornos
Alimentares a fim de compreender as principais demandas dos pacientes no atendimento
clínico.
Diante disso, foi utilizado um formulário prévio online (APÊNDICE E) com perguntas
específicas para cada área de atuação em prol de classificá-los de acordo com os critérios da
pesquisa, o qual ocorreu durante o mês de agosto de 2023.
Após a classificação do primeiro passo, foi feito um encontro virtual individualmente
com os participantes para esclarecimento quanto aos seus direitos por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo lido juntamente das pesquisadoras e
posteriormente assinado durante o mês de agosto e setembro.
A entrevista semiestruturada ocorreu por meio de plataformas on-line com três
profissionais de cada área, sendo ambas gravadas para facilitar o procedimento da pesquisa,
mas foram preservados os dados pessoais do participante. Teve como objetivo compreender e
analisar quais são as principais queixas dos pacientes, os sintomas mais prevalentes e quais são
as áreas da vida pessoal desses que são impactadas, o qual ocorreu no mês de agosto e setembro
de 2023.

4.5.2 Análise de dados

A análise de dados foi realizada a partir dos dados coletados ao longo das entrevistas
semiestruturadas realizadas com três profissionais da área da psiquiatria, nutrição e psicologia,
sendo utilizadas perguntas que possibilitem que os profissionais revelem as principais queixas
que os pacientes com transtornos alimentares.
A partir das respostas encontradas nos questionários semiestruturados foram criadas
Tabelas com o intuito de separar as informações que convergem mais, de modo que no
momento de comparar as diferenças e similaridades das queixas dos pacientes, o processo seja
facilitado pela plataforma Excel. Tendo como objetivo compreender as sintomatologias desse
diagnóstico por meio da perspectiva cognitivo comportamental e comportamental dialética
visando identificar as distorções cognitivas em relação ao peso, formato corporal e alimentação,
para assim entender o impacto desse diagnóstico na vida do indivíduo.
27

Portanto, após a realização das entrevistas com os psicólogos, nutricionistas e


psiquiatras, as pesquisadoras as transcreveram para que fossem realizadas as três etapas de
análise propostas por Minayo (2004), a fim de comparar a forma de atendimento das três áreas,
evidenciando a importância do trabalho multidisciplinar desses, uma vez que ambos os
conhecimentos se completam para auxiliar na eficácia do tratamento.
Para análise dos dados foi utilizada a abordagem qualitativa com Análise de Conteúdo
Temática. O desenvolvimento teórico desta técnica recomenda ultrapassar o nível do senso
comum e do subjetivismo na interpretação e atingir uma vigilância crítica, a fim de atingir um
nível mais aprofundado na análise qualitativa. No estudo presente, inicialmente foi feita a
seleção do material a ser analisado, retornando aos objetivos e hipóteses iniciais do estudo. Na
sequência elegeram-se as unidades temáticas que basearam a regra de contagem, que foi a
frequência de aparições do tema no texto, e sistematizou-se os dados em categorias. Por fim,
foram realizadas a análise e interpretação dos dados obtidos (Minayo, 1994).

4.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Pesquisas com seres humanos necessitam de uma Resolução específica que é


monitorada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). De acordo com a resolução CNS
466/2012 e 510/2016 deve-se respeitar os participantes em sua dignidade e autonomia,
maximizando benefícios e minimizando entre riscos e benefícios, para assim evitar que danos
previsíveis ocorram e mostrem a relevância da pesquisa. Os profissionais que participaram da
pesquisa não correm nenhum risco quanto a sua integridade física, difamação, calúnia ou
qualquer dano moral, garantindo o sigilo absoluto. Caso ocorram possíveis desconfortos
emocionais, as pesquisadoras se responsabilizarão pelo acolhimento e atendimento
necessários.
Adquirir consentimento livre e esclarecido dos profissionais da pesquisa, prevendo
procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a
não estigmatização desses, além de sempre respeitar os valores culturais, sociais, morais,
religiosos e éticos.
28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio dos dados coletados durante as entrevistas com os profissionais das três áreas
da saúde: nutricionistas, psicólogos e psiquiatras - como apresentado na Tabela 1 - foi possível
compreender os principais sintomas dos transtornos alimentares.

Tabela 1 – Caracterização dos participantes da pesquisa quanto às variáveis: sexo, profissão e


quantos pacientes com Transtorto alimentar atendem. Ribeirão Preto, 2023.

Número do participante Sexo Profissão Quantos pacientes com TAs atendem


por semana
Participante 1 F Psicóloga 5

Participante 2 F Psicóloga 1

Participante 3 M Psicólogo 54

Participante 4 F Psiquiatra 20/25

Participante 5 M Psiquiatra 5/10

Participante 6 F Psiquiatra 20/30

Participante 7 F Nutricionista 1

Participante 8 F Nutricionista 20

Participante 9 F Nutricionista Mais de 1

Fonte: Produzida pelas autoras


Ademais, foi utilizado a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Comportamental
Dialética para analisar as sintomatologias descritas por esses profissionais a fim de mostrar a
gravidade desse diagnóstico e o impacto deste na vida do indivíduo. Nesse sentido, foi possível
evidenciar a importância do trabalho multidisciplinar no tratamento dos Transtornos
Alimentares e quais são as contribuições das abordagens teóricas descritas anteriormente no
manejo das intervenções psicológicas clínicas.
29

5.1 DEMANDA DOS PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR

A principal demanda dos pacientes com Bulimia Nervosa (BN) e Anorexia Nervosa
(AN), é o pavor de engordar, que persiste numa ideia de que o indivíduo está acima do peso,
mesmo estando com o peso bem abaixo do normal (Dalgalarrondo, 2000). Sendo assim, é
apresentado pelo participante a seguinte fala:
“(...) Porque na bulimia tem uma autoavaliação extremamente negativa de si do
próprio corpo e uma autocobrança muito grande e parece que a única solução da
vida é o processo de emagrecimento e muitas vezes nós nutricionistas somos os vilões
a gente a gente está impedindo o processo de emagrecimento de perda de peso”.
(Participante 9, Nutricionista)

A Anorexia é um transtorno, o qual apresenta um comportamento alimentar com


distorção na imagem corporal, sendo a principal característica o medo de engordar, realizando
então uma restrição alimentar (Giordani, 2006). Já na compulsão alimentar, uma das principais
queixas apresentadas são as emoções de raiva, culpa, desgosto e medo. Além disso, apresentam
gatilhos que incluem fatores de estresse, sentimentos negativos relacionados ao peso corporal
e à forma do corpo (Morgan et al., 2002). Portanto, a Anorexia e Bulimia são transtornos que
crescem mundialmente e são decorrentes de multifatores que influenciam a forma do indivíduo
enxergar seu corpo.
Outra queixa comum em pacientes com transtornos alimentares é a presença de outras
comorbidades. Alguns estudos relatam que a prevalência de comorbidades psiquiátricas em
Anorexia Nervosa (AN), pode ser de 22, 4% ou em até 66% (Speranza; Corcos; Godart et al.,
2001). Outras pesquisas indicam que em casos de AN, o transtorno de humor chega a 98%
(Ratsam; Gillberg; Gillberg, 1998). Como é relatado pelo profissional entrevistado:
“(...) Porque provavelmente ela estava ali com um quadro também de depressão pós-
parto, assim os sintomas pioraram demais e pela primeira vez ela foi a um psiquiatra,
ela não tinha intenção de falar sobre a questão alimentar, mas obviamente acho que
o profissional foi fazendo algumas perguntas e ela foi se abrindo e se soltando e ela
confessou né? Ela conseguiu admitir que há vinte anos praticamente vinte e cinco
anos ela lida às escondidas com comportamentos alimentares transtornados”
(Participante 8, Nutricionista)

Ademais, outro ponto relatado por pacientes com Transtornos Alimentares,


principalmente aqueles com Transtorno Compulsivo Alimentar, é o baixo desempenho nas
habilidades cognitivas, as quais fornecem um papel muito importante no desenvolvimento e na
manutenção dos episódios de compulsão, sendo que essas funções são cruciais no controle de
impulsos (Duchesne et al., 2010). Pacientes com Bulimia Nervosa apresentam o
comportamento mais impulsivo, essas diferenças nas capacidades de controlar impulsos podem
ser medidas por déficits das funções executivas. Steiger et. al (1999), afirmam que as
30

dificuldades para controlar os impulsos podem contribuir de alguma forma para Episódios de
Compulsão Alimentar (ECA). Na fala do participante abaixo, provém o impacto dos impulsos
nos momentos de alimentação:
“A parte de comer assim de maneira exagerada em grande quantidade eles também
relatam uma rapidez assim na mastigação. Além da quantidade é um comer muito
rápido. Então, por exemplo, a gente está aqui sentado numa mesa e eles comem de
maneira rápida assim. Não chega a mastigar completamente o alimento. Eles já
engolem os alimentos de maneira rápida e pelo fato de não prestar tanta atenção na
refeição eles comem de maneira exagerada a ponto deles assim dependendo da
refeição não perceber a quantidade que comeu” (Participante 7, Nutricionista)

Com base na linha teórica Cognitivo-Comportamental entende-se que as pessoas com


Transtornos Alimentares apresentam esses comportamentos restritivos e/ou impulsivos,
pensamentos distorcidos da realidade, e emoções desagradáveis com alta intensidade e alta
frequência, devido terem crenças distorcidas e disfuncionais sobre o peso, formato corporal,
alimentação e valor pessoal. Uma das crenças distorcidas centrais para os TAs é relacionar o
valor pessoal com o peso e o formato corporal, desconsiderando outros aspectos. Para pacientes
com TAs a magreza está associada à competência, superioridade e sucesso, consequentemente,
está relacionada com à auto-estima. Portanto, entende-se como o diagnóstico pode impactar na
qualidade de vida dessas pessoas com TAs, sendo importante que ocorra um acompanhamento
multiprofissional (Duchesne; Almeida, 2002).

5.2 COMORBIDADES RELACIONADAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR

Entende-se como as crenças nucleares distorcidas influenciam os pensamentos,


emoções e comportamentos destes pacientes, e que podem estar interligados com outras
comorbidades, uma vez que os Transtornos Alimentares apresentam índices de interrelação com
outras (Vilela; Lamounier; Delaretti-Filho, 2004). Nesse contexto, é visto que os pacientes com
Anorexia Nervosa (AN) apresentam diversas características como obsessões, perfeccionismo,
dificuldades em vivenciar seus sentimentos e vontade de controlar tudo ao seu redor
(Alvarenga; Figueiredo; Timerman, et al., 2019). Sendo assim, essas características prevalentes
podem predispor uma pessoa com Transtorno Alimentar a desenvolver um Transtorno de
Personalidade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (Rosa; Santos, 2011). Como o entrevistado
pela pesquisa afirma:
“Na anorexia e comorbidades comuns vão ser TOC, transtorno de personalidade,
obsessivo compulsivo, mais tipo depressão e ansiedade” (Participante 3, Psicólogo)
31

Já os pacientes com Bulimia Nervosa (BN), possuem a auto imagem corporal muito
instável, com vários pensamentos disfuncionais em relação à alimentação e ao corpo, o que
resulta em episódios de restrição seguidos de compulsão. Sendo assim, esses pacientes utilizam
dietas muito restritivas e comportamentos compensatórios com a finalidade de alcançar metas
inatingíveis (Abreu; Cangelli, 2016).
“Bulimia mais como um transtorno de personalidade borderline, abuso de
substância, automutilação (...)”(Participante 3, Psicólogo)

Nos pacientes com Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), é mais comum eles
procurarem tratamentos mais pelas comorbidades e menos pelo transtorno em si (Citrome,
2017). Dessa forma, os problemas emocionais estão associados aos sintomas alimentares.
“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do impulso, transtorno de
personalidade borderline” (Participante 3, Psicólogo).

O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, edição 5 (DSM-5), (APA,


2014), além de definir e conceituar os Transtornos Alimentares, também aborda as principais
comorbidades psiquiátricas. Na AN, as comorbidades mais citadas são os Transtornos
Bipolares, Depressivos e de Ansiedade, sendo também comum o Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC) (Speranza,Corcos,Godart,et al.,2001). Na Bulimia Nervosa (BN), os
transtornos de comorbidades mais comuns são os Transtornos Bipolares e Depressivos, sendo
que a perturbação de humor pode ocorrer juntamente com o desenvolvimento do Transtorno
Alimentar de Bulimia ou seguida ao desenvolvimento (APA, 2013). Ademais, as comorbidades
psiquiátricas mais comuns nos Transtornos de Compulsão Alimentar (TCA), são os Transtornos
Bipolares, Depressivos, de Ansiedade e Transtornos por uso de substâncias, de acordo com a
DSM-5 (APA, 2014), a comorbidade psiquiátrica está diretamente ligada ao grau da Compulsão
Alimentar, e não a questão da obesidade.
O fato mencionado acima, pode ser evidenciado através das falas dos participantes, os
quais compreendem que os transtornos alimentares apresentam as comorbidades citadas.
“(...)Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno Depressivo Maior e
transtornos de Personalidade como Transtorno Obsessivo Compulsivo” (Participante
5, Psiquiatra)

“No caso de transtorno personalidade borderline ou TOC, essas comorbidades que


são um pouco mais difíceis de estabilizar” (Participante 9, Nutricionista)

Portanto, o comportamento alimentar pode ser afetado pelas emoções, já que as


quantidades e frequências de alimentos ingeridas não dependem apenas das necessidades
fisiológicas, mas também das emoções (Lopes; Santos, 2018). Dessa forma, o estado emocional
de uma pessoa pode afetar seu comportamento alimentar, pois a alimentação é um meio de
32

sobrevivência e um caminho de prazer, devido ao fato de que libera neurotransmissores com a


função de trazer o bem-estar (Rodrigues, 2017).

5.3 IMPACTOS SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSTORNOS


ALIMENTARES

Os Transtornos Alimentares são doenças mentais que estão presentes na sociedade há


muito tempo, mas que teve um crescimento significativo nas últimas décadas, devido às
mudanças na organização social, nas relações interpessoais e na relação dos indivíduos com o
corpo (Cordás; Claudino, 2002; Weinberg, Cordás; Munoz, 2005). Nesse contexto, a internet
se tornou um espaço para as pessoas expressarem seus desejos, ideias, sentimentos, vontades e
reforçam atitudes, ao divulgarem estratégias, dicas e lições de como desenvolver ou manter
comportamentos específicos dos TAs. Dessa forma, surgem os movimentos pró-anorexia (pró-
ana) e pró-bulimia (pró-mia). O pró-ana, bem como o pró-mia, sendo movimentos com o intuito
de defender um estilo de vida, no qual uma restrição alimentar importante é assumida em prol
de alcançar um padrão corporal de magreza extrema. Esses surgiram no início deste século nos
Estados Unidos e na Inglaterra, expandindo em todo mundo, criando uma rede transnacional
(Lira, 2006). Isto pode ser retratado pelas falas dos participantes 3 e 8:
“Na mídia, eles sabem do poder deles em termos de influência sobre o comportamento
das pessoas. O problema é que eles vão tentar em massa ditar padrão de beleza,
pressão estética, insatisfação corporal, valorização de um único biotipo, associação
de um biotipo específico de corpo com felicidade. Então eles vão jogar tudo isso. O
problema é que a gente não sabe quem vai receber essas mensagens e como vai
receber” (Participante 3, Psicólogo)

“Quanto mais tempo você fica nas redes, mais predisposto você está de desenvolver
algum distúrbio de imagem corporal. (...) Parar de seguir pessoas que sejam
iatrogênicas pra comportamentos de risco para transtorno alimentar, então
blogueiras de dieta, blogueiras fitness, modelos e as atrizes que ficam postando o dia
inteiro o que elas comem de uma forma muito idealizada né?” (Participante 8,
Nutricionista)

E essa busca pelo corpo ideal está relacionado com a cultura ocidental, visto que ser
magra significa ter competência, sucesso, autocontrole e ser atraente sexualmente, indo de
encontro com a cultura da dieta restritiva, a qual é o comportamento precursor que geralmente
antecede a instalação de um Transtorno Alimentar. No entanto, a presença isolada da dieta não
é suficiente para desenvolver o Transtorno Alimentar, sendo um conjunto de interações com os
fatores de risco e outros eventos precipitantes (Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002). Sendo um
tópico apontado pelo psicólogo participante:
“A gente vive na cultura da dieta. E é uma inocência a gente acreditar que não
seremos afetados. Todos nós seremos afetados pela cultura da dieta em níveis
diferentes, mas seremos afetados.” (Participante 3, Psicólogo)
33

Desse modo, entende-se como as questões sociais impactam a vida das pessoas com
Transtorno Alimentar (Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002), sendo que esses prejuízos são
retratados na fala da participante:
“(...)ela tinha muitos prejuízos sociais, ela se isolava muito. Então ela não gostava
mais de sair, por exemplo, de tirar foto, de usar roupas bonitas.” (Participante 2,
Psicóloga)

Outro impacto social no desenvolvimento dos TAs é visto no aumento significativo


dessas patologias em homens, o qual está relacionado na literatura com as transformações
culturais da atualidade. De modo que existem padrões socioculturais impostos no sexo
masculino, como: os de um corpo forte e definido. A dieta restritiva e outros comportamentos
de risco são adotados por eles como uma forma de se adaptar a esse modelo de beleza, onde a
gordura não é permitida (Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002). Portanto, entende-se que a
insatisfação corporal é um problema que afeta ambos os sexos, embora de formas diferentes.
A literatura aponta que não existe uma taxa exata de TA no sexo masculino, visto que
os homens são excluídos de muitos estudos em razão do baixo número de casos. A proporção
de homens com TA relatada na literatura é, via de regra, 1:10. Para alguns autores, entretanto,
o número está consideravelmente subestimado (Melin; Araújo, 2002). Assim, alguns
participantes refletiram sobre essa pauta:
“Então eu acho que as mulheres acabam se sentindo talvez um pouco mais livres pra
buscar o tratamento pra transtorno alimentar talvez por ser algo muito associado a
figura da mulher, enquanto pros homens isso é uma coisa que ainda fica muito
estigmatizada e aí principalmente pensando na população hétero, né? Porque a
população LGBT eu acho que tem um pouco menos esse estigma, procura mais. Mas
eh os homens hétero principalmente tem dificuldade de buscar tratamento, aderir,
isso até não só bulimia, anorexia, mas até pro próprio ultrassom de compulsão
alimentar que em teoria nem tem tanto essa associação o sexo feminino o sexo
masculino, mas as mulheres buscam mais tratamento e uma outra coisa assim que na
minha prática eu vejo (...) muitas vezes o homem vai buscar um tratamento com o
homem. E a mulher vai buscar um tratamento com mulher. Isso também acontece
bastante. Tem alguns colegas homens que eu sei que atendem homens com transtorno
alimentar, na minha prática eu atendia assim em pouquíssimas vezes. Tenho bem
mais mulher” (Participante 4, Psiquiatra)

“Eu atendo mais mulheres, mulheres procuram mais ajuda, isso é isso sim é
referenciado já é comprovado. Mulheres buscam mais ajuda e buscam mais, (...) e aí
fica aí uma reflexão: existe mais transtorno alimentar em mulheres, porque mulheres
pedem mais ajuda? E os homens não? Ou porque realmente mulheres têm mais
transtorno alimentar?” (Participante 9, Nutricionista)

Posto isto, a literatura sobre Transtornos Alimentares em homens não apresenta fortes
evidências, sendo marcada por controvérsias e dúvidas. Por isso, os profissionais de saúde
precisam estar atentos na identificação destas condições graves e ainda pouco reconhecidas
(Melin; Araújo, 2002).
34

5.4 ATENDIMENTO DAS PESSOAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR

Segundo a literatura científica nacional e internacional os Transtornos Alimentares (TA)


têm etiopatogenia multifatorial, isto é, são múltiplos fatores que predispõe o desenvolvimento
desses e mantém esses quadros, que combinam aspectos biológicos, meio sociocultural, padrão
de relacionamento familiar e características de personalidade (Oliveira; Santos, 2006; Rikani et
al., 2013). Dessa maneira o participante 8 (nutricionista) comentou sobre essa complexidade do
diagnóstico:
“Eu acho que justamente a cronicidade (...) pensamentos disfuncionais e
transtornados que estão muito internalizados.(...) Porque os pensamentos e crenças
estão muito enrijecidos, muito arraigados, e às vezes, as pessoas já construíram uma
vida em torno do sintoma, então (...) sem o sintoma a pessoa já nem sabe mais quem
ela é. Então acho que a principal dificuldade nesses casos é a cronicidade”
(Participante 8, Nutricionista)

Nesse contexto, é possível compreender como a complexidade deste diagnóstico


interfere nos atendimentos de TA, assim os participantes relataram algumas dificuldades
durante o manejo dos atendimentos, como:
“Quando uma pessoa entra no tratamento dos transtornos alimentares têm um grande
desafio relacionado à normalização que existe hoje de comportamento alimentar
transtornado.” (Participante 3, Psicólogo)

Dessa forma, entende-se que a normalização dos comportamentos alimentares


transtornados pode dificultar a aceitação do diagnóstico, sendo comum em pacientes com TAs.
Uma vez que a psicopatologia é vivenciada como um "estilo de vida" e não um problema, sendo
que na maioria dos casos, a gravidade do quadro não é reconhecida pelo paciente, ou até mesmo
aos familiares (Leonidas; Santos, 2012; Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002). O que implica no
retardo pela busca de ajuda, constituindo uma das barreiras que vão complicar o itinerário
terapêutico das pacientes e contribuir para a cronificação dos sintomas.
Diante dos múltiplos fatores desse diagnóstico, entende-se a importância do
engajamento do paciente no tratamento, mas alguns profissionais da equipe da Psicologia,
Nutrição e Psiquiatria relataram a dificuldade de adesão no tratamento por pacientes com TAs:
“Então eu acho que a maior dificuldade que eu encontro hoje com os pacientes com
compulsão alimentar é essa questão de eh constância no tratamento”(Participante 1,
Psicóloga)

“Olha, uma das grandes dificuldades é a aderência. É porque os pacientes têm


dificuldades, não vem na frequência que você acha que tem que vir. Às vezes não
segue o combinado, muitos acabam abandonando” (Participante 6, Psiquiatra)

“(...) uma coisa que dificulta bastante acho que qualquer tipo de tratamento que
35

for, é se a pessoa não está engajada” (Participante 2, Psicóloga)

“Eu acho que só o estigma. Uma vez que eles conseguem romper o estigma e falar,
não, tudo bem, beleza, eu tenho sim uma doença, deixa eu olhar pra isso. Eu acho
que o tratamento vai tão bem quanto um tratamento de uma mulher. Né? Eh, eu acho
que é um tratamento que tem um bom prognóstico sim” (Participante 8, Nutricionista)

Essa questão é encontrada na literatura, reiterados indícios de baixa adesão e elevada


taxa de abandono do tratamento (Oliveira-Cardoso; Santos, 2019). Pacientes com TAs são
muitas vezes reconhecidos por profissionais de saúde como “refratárias(os)” ao tratamento e
“resistentes” a mudanças, o que está interligado à dinâmica de funcionamento psicológico e às
suas dificuldades na manutenção de vínculos e de regulação emocional. Características de
personalidade, como: introversão patológica e deficiência de regulação emocional, são vistas
como fatores que implicam em intensa reatividade afetiva e sentimentos de desconfiança nas
relações, além de perfeccionismo e impulsividade (Oliveira-Cardoso; Santos, 2019).
Além disso, foi possível compreender a importância do apoio familiar durante esse
processo. Como exposto pela psiquiatra entrevistada:
“Acho que a primeira dificuldade é que são transtornos complexos, né? Que exigem,
vamos dizer assim, muito engajamento do paciente para poder ter um bom resultado,
tudo mais, então isso é uma coisa que às vezes é desafiadora, complexa, né? Então o
paciente precisa estar bem aderido, e a família também muitas vezes precisa fazer
parte desse tratamento” (Participante 4, Psiquiatra)

“A família precisa ter esse engajamento, reconhecer a necessidade disso. Então


acho que motivar o paciente, a sua família pro tratamento, é uma coisa desafiadora
e acho que é uma coisa que também é complexa nesses atendimentos” (Participante
4, Psiquiatra)

Para Souza e Santos (2010), além do apoio multiprofissional, a intervenção da família é


fundamental no reconhecimento do “Transtorno Alimentar” e na tomada de medidas para
combatê-lo. Visto que a família toma uma posição de cuidado com os filhos, uma posição mais
ativa, de tomada de consciência e confrontação com a situação adversa.

5.5 ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR COM PSICÓLOGOS, NUTRICIONISTAS E


PSIQUIATRA

Como discutido anteriormente, os Transtornos Alimentares são desenvolvidos e


mantidos por múltiplos fatores, como: genéticos, biológicos, psicológicos e socioculturais,
podendo assim causar danos na vida do indivíduo (Melek; Maia, 2017). Seguindo a
perspectiva da linha teórica Cognitivo-Comportamental entende-se que os pacientes com
TAs apresentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca de peso, formato corporal,
alimentação e valor pessoal (Duchesne; Almeida, 2002), isto implica em uma alta
36

complexidade do diagnóstico que demanda de um atendimento multidisciplinar, a fim de


complementar os saberes da Psicologia, Nutrição e Psiquiatria para obter um melhor
prognóstico (Silva; Santos, 2006). Nesse sentido, os participantes reconhecem a importância
do trabalho multiprofissional no tratamento dos TAs, evidenciando a partir das falas:
“A gente vai precisar do médico por conta do risco médico (...), vai precisar do
nutricionista pra ir ajudar na velocidade em relação à recuperação de peso para um
paciente com anorexia, (...) E o psicólogo entrando no aspecto da manutenção da
doença, desde ajudar o paciente a se auto irregular, construção de identidade que
fica muito fragmentada no transtorno alimentar, ajudar esse paciente a voltar a ter
uma vida, ajudar esse paciente a manobrar ativamente os próprios pensamentos,
sentimentos e comportamentos.(...) Então precisamos muito de trabalho
multidisciplinar” (Participante 3, Psicólogo)

“(...)é fundamental o trabalho multidisciplinar (...) quando a gente está trabalhando


com transtorno alimentar eu vejo como algo fundamental, fundamental o
acompanhamento com nutricionista, com psiquiatra, se possível também como
educador físico e mais outras pessoas que possam estar envolvidas, sem contar a
família” (Participante 1, Psicólogo)

“É, com certeza, o prognóstico e a evolução dos pacientes que aderem a terapia
multidisciplinar é bem melhor (...) Então a gente não tem a oportunidade de trabalhar
questões que estão envolvidas comportamentais ali, a relação com o alimento, a
relação com a autoimagem do paciente, o remédio acaba tendo uma limitação nesse
sentido, né? Que eles vão tratar os sintomas dos transtornos associados ali, mas não
vão tratar por exemplo a relação do paciente com alimentação, né? Hábitos, né?
Pacientes que vem de de histórico de fazer jejuns prolongados e acabam
desenvolvendo algum transtorno alimentar então eles acabam tendo uma relação
ruim com a alimentação que acaba sendo difícil a gente tratar tenha sem ajuda da
nutrição e da psicologia. Né? Então eh tem uma diferença significativa sim quem
consegue aderir ao tratamento completo” (Participante 5, Psiquiatra)

“(...) os estudos mostram que para você tratar de forma eficaz você precisa de
profissionais cada um atuando dentro da sua caixinha e se comunicando.
Obviamente. Não adianta também os três tratarem um aspecto ali do paciente e nunca
se falarem” (Participante 8, Nutricionista)

Portanto, a literatura evidencia que o trabalho em equipe multidisciplinar possibilita


construir uma visão global de cada caso mediante uma interlocução entre os diferentes
profissionais envolvidos no seguimento terapêutico, contribuindo para alcançar um melhor
prognóstico para os pacientes. A sistematização do trabalho integrado da equipe também
contribui para o avanço dos tratamentos nesse campo de intervenção em saúde (Silva; Santos,
2006).
A partir dos dados qualitativos coletados, foi possível analisar que as três áreas de
saberes - Nutrição, Psiquiatria e Psicologia - utilizam de mecanismos que se complementam.
Diante disso, os psicólogos cognitivistas-comportamentais, e comportamentais dialética
aplicam tais recursos:
“Eu uso muito questionamento socrático, a descoberta é guiada, o próprio
estabelecer rapport, eu uso de bastante acolhimento, então validação das
experiências dela, (...) técnicas de mindful eating, (...) registro de pensamentos, (...)
37

respiração diafragmática (...), relaxamento muscular progressivo” (Participante 2,


Psicóloga)

“Bom, se a gente olha a TCC (...) 60% dos pacientes que obtiveram uma remissão
completa dos sintomas, (...) e temos 40% pacientes que não serão respondidos a TCC
e por isso que a gente precisa de outros tratamentos psicológicos.(...) Em TCC (...)
primeiro é ter um automonitoramento, que seria o diário alimentar (...) Porque a ideia
é ajudar esse paciente a ter uma curiosidade em se tornar um especialista em seu
transtorno alimentar (...) regular estratégias de regulação emocional, principalmente
pra medo, culpa e vergonha, são alvos muito importantes (...) ajudar esse paciente
em relação às opiniões da supervalorização do corpo e do peso (...) Uma estratégia
de psicoeducação, são maiores que as estratégias do que reestruturação cognitiva na
TCC (...) Estratégias relacionadas a trabalhar a mentalidade da dieta, (...) ter
estratégias pra crise ou quando o medo é muito elevado (...) e ter meios ali de manejar
a compulsão, a restrição, vômitos, os métodos compensatórios” (Participante 3,
psicólogo)

“Na DBT (...) as estratégias centrais vão ser estratégias dialéticas. (...) auto
validação, (...) habilidades de regulação emocional, habilidade de tolerância ao mal-
estar, habilidade de efetividade interpessoal, habilidades pra crise, habilidades de
acessíveis, (...) coaching por telefone” (Participante 3, psicólogo)

Essas técnicas são utilizadas por psicólogos da abordagem da TCC com a finalidade de
restabelecer o sistema de crenças do indivíduo, sendo assim, reformula as percepções que a
pessoa considera como verdades absolutas, portanto, essas crenças podem ser disfuncionais
para a vida do indivíduo, que muitas vezes resultam em comportamentos, emoções e
pensamentos negativos que distorcem a percepção de imagem corporal do indivíduo (Silva,
2021).
Em complemento, a Comportamental Dialética busca em sua prática diminuir os
comportamentos de risco como as ideações suicidas, também compreendendo sobre os fatores
e comportamentos que irão interferir no tratamento, e por fim, capacitar os pacientes com
estratégias comportamentais que permitem que eles regulam os sintomas de forma efetiva
(Nunes Costa; Lamela; Gil-Costa, 2009).
Além de estratégias para trabalhar a cognição e os comportamentos dos pacientes com
TAs,s, através da atuação dos psicólogos, os psiquiatras realizam tratamentos medicamentosos
em prol de melhorar o prognóstico destes pacientes, como exposto:
“Nos meus atendimentos eu vou olhar muito pra essa questão, de como estão os
sintomas médicos (...) Se a gente está lidando ali com algum risco médico mais sério
de ideação suicida o risco clínico mesmo: de um peso muito baixo ou de um
comportamento purgativo muito frequente, que pode levar a distribuidor eletrolítico.
Por exemplo, a gente fica atento a situações que vão indicar ali uma necessidade de
internação ainda que breve então da parte psiquiátrica a gente tem toda essa
vigilância a se fazer, e tem os ajustes medicamentosos também que a gente vai fazendo
depender muito caso(...)” (Participante 4, Psiquiatra)

“(...)Mas com certeza é inibidor seletivo e topiramato são os que eu mais uso para os
pacientes com transtorno alimentar” (Participante 6, Psiquiatra)
38

Diante dessas falas, entende-se que Psiquiatria tem como objetivo contribuir com a
evolução de medidas de tratamento dos Transtornos Alimentares por meio do tratamento
medicamentoso, o qual deve seguir o protocolo médico de forma responsável para que os efeitos
colaterais não afetem significativamente a qualidade de vida do paciente (Cordás, 2001).
Enquanto a Nutrição utiliza de estratégias como:
“Automonitoramento, (...) diário alimentar, (...) mindful eating, (....) media literacy
(...) é educação e mídia, como se a gente fosse traduzir português, um estudo falam
de mídia literal, (...) que é você educar as pessoas sobre o quanto é prejudicial, quanto
mais tempo ela passa em redes sociais” (Participante 8, Nutricionista)

Essas estratégias nutricionais têm o intuito de elucidar o paciente sobre alimentação


saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, consequências da
restrição alimentar e das purgações. Além de abordar durante os atendimentos a relação do
paciente com os alimentos e seu corpo, ressignificando o valor do corpo e da alimentação
(Escoval, 2022).
Como posto acima, entende-se que os três pilares - Psiquiatria, Psicologia e Nutrição -
se complementam no tratamento dos transtornos alimentares, visto que os nutricionistas
auxiliam na aprendizagem sobre ingestão dos alimentos e no balanceamento adequado de
valores calóricos. Enquanto os psiquiatras contribuem com o tratamento medicamentoso
ajustadas para cada paciente, auxiliando no maior controle sob as condições emocionais que
interferem negativamente na vida do paciente. Em conjunto a psicologia cognitiva-
comportamental busca modificar as crenças disfuncionais sobre a imagem corporal que
refletem em pensamentos, emoções e comportamentos disfuncionais, prejudicando a qualidade
de vida do indivíduo com TAs e dificultam a adesão no tratamento (Pedrosa; Teixeira, 2015).
Logo, pode-se concluir que os atendimentos multidisciplinares no tratamentos dos
Transtornos Alimentares é de extrema importância para a ampliação da visão sobre cada caso
por meio diferentes saberes profissionais envolvidos, em prol de alcançar um melhor
prognóstico para os pacientes (Cabrera, 2006).
39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como proposta investigar os Atendimento dos Transtornos


Alimentares segundo Nutricionistas, Psiquiatras e Psicólogos, por meio de entrevistas
realizadas com profissionais dessas três áreas. Dessa forma, teve como base as experiências
relatadas pelos profissionais e as informações encontradas na literatura. Os objetivos da
pesquisa foram alcançados, pois pode-se compreender a importância do tratamento
multidisciplinar com psicólogos, nutricionistas e psiquiatras no tratamento dos Transtornos
Alimentares, tendo em vista os múltiplos fatores que interferem nesse diagnóstico, e
consequentemente impactam a vida das pessoas com TAs.
Por meio dos resultados obtidos através das entrevistas, foi possível compreender como
as sintomatologias impactam a vida do sujeito. A partir de um entendimento da linha teórica
cognitivo-comportamental, entende-se como as pessoas com TAs apresentam crenças nucleares
distorcidas sobre si, o mundo e o futuro, tendo um impacto no tratamento. Diante disso, o
tratamento com múltiplos saberes - da Nutrição, Psicologia e Psiquiatria - utilizam de diferentes
recursos que se complementam e possibilitam um melhor prognóstico desses casos, melhorando
a qualidade de vida das pessoas com transtorno alimentar.
Este trabalho contribuiu com a compreensão das dificuldades encontradas no tratamento
de pessoas com Transtorno Alimentar, enfatizando a importância do trabalho multidisciplinar
no tratamento desse diagnóstico, além de contribuir com o aprendizado das alunas de Psicologia
sobre esta temática. Portanto, é importante ressaltar que esta é uma pesquisa qualitativa, com
um número reduzido de profissionais, sendo necessário o desenvolvimento de outros trabalhos
que possam complementar os dados encontrados, visto que essa temática é extremamente
importante para a melhora da qualidade de vida das pessoas com Transtorno Alimentar.
40

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46

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Este é um termo de consentimento para participação como voluntário(a) na pesquisa


“Atendimento dos transtornos alimentares segundo nutricionistas, psiquiatras e
psicólogos: Contribuições das terapias cognitivo-comportamentais”, que tem por objetivo
compreender as principais queixas dos pacientes com diagnóstico de Transtorno alimentar e
por meio da coleta de dados será possível identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos
profissionais de saúde, tais como: psicólogos, nutricionistas e psiquiatras.
A pesquisa será desenvolvida por Amanda Kaori Matsuda e Maria Fernanda Bertoleti,
como Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da Profa. Dra Teresinha Pavanello
Godoy Costa, docente do Curso de Psicologia da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Sua participação consistirá em uma coleta de dados com profissionais da área da saúde,
dentre eles: nutricionistas, psicólogos Cognitivo-Comportamentais e psiquiatras que atendem
pessoas diagnosticadas com Transtornos Alimentares a fim de compreender as principais
demandas dos pacientes, ademais será utilizado um formulário online com perguntas
específicas para cada área de atuação em prol de classificá-los de acordo com os critérios da
pesquisa, o qual ocorrerá durante o mês de agosto de 2023.
Após a classificação do primeiro passo, foram realizados um encontro presencial ou
virtual individualmente com os participantes para esclarecimento quanto aos seus direitos por
meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo lido juntamente das
pesquisadoras e posteriormente assinado.
A entrevista semi-estruturada será presencial nas dependências da Clínica de Psicologia
da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) ou por meio de plataformas on-line com três
profissionais de cada área. Esse procedimento será realizadas em uma única sessão de
aproximadamente 1hora e 30 minutos e será gravada para facilitar o procedimento da pesquisa,
mas será preservado os dados pessoais do participante. Tendo como objetivo compreender e
analisar quais são as principais queixas dos pacientes, os sintomas mais prevalentes e quais são
as áreas da vida pessoal desses que são impactadas, o qual ocorrerá no mês de 2023.
Informamos ainda que:

● Você pode se recusar a participar ou desistir a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer
penalidade, nem represálias de qualquer natureza.
47

● Esse estudo possui uma finalidade de pesquisa e os dados obtidos serão utilizados em divulgações
e publicações científicas, sem que os participantes sejam identificados.

● Sua participação não implicará em qualquer custo ou remuneração.

● Não estão previstos riscos físicos relacionados à sua participação, mas caso sinta qualquer
desconforto emocional deverá comunicar às(aos) pesquisadoras(es) que tomarão as providências a
fim de garantir acolhimento e orientação para a busca de atendimento psicológico em serviços
gratuitos, como os da Clínica de Psicologia da UNAERP, caso você sinta necessidade.

● Em caso de desconforto emocional, a participação no estudo poderá ser interrompida, a qualquer


momento, por definitivo ou temporariamente, sem nenhum prejuízo ao participante. Para isso, você
deve entrar em contato com os(as) pesquisadores(as), utilizando um dos contatos de e-mail ou
telefone celular disponibilizados ao final deste termo.

● Os benefícios relacionados a sua participação serão da contribuição para este projeto de pesquisa e
para as demais pessoas que passam por situações semelhantes, elas terão mais informações acerca
do que elas vivenciam, sendo um benefício indireto.

● Você poderá ter acesso aos resultados da pesquisa, se assim desejar. Para isso, deverá entrar em
contato com um(a) dos(as) pesquisadores(as), cujos contatos pessoais estão ao final deste
documento.

● Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de tirar qualquer dúvida ou pedir
esclarecimentos, devendo entrar em contato com algum(a) dos(as) pesquisadores(as), pelos
endereços de e-mail ou pelos telefones que constam ao final deste documento.

● Assinando este Termo, você autoriza voluntariamente sua participação neste estudo.

Você receberá uma via deste termo onde constam as informações dos(as)
pesquisadores(as) responsáveis pelo projeto, podendo tirar as suas dúvidas sobre o trabalho e
sua participação, agora ou a qualquer momento.

Durante toda a realização da pesquisa, os(as) pesquisadores(as) cumprirão as


recomendações e princípios éticos das Resoluções do Conselho Nacional de Saúde Nº 466/2012
e No 510/2016.

O Comitê de Ética e Pesquisa da UNAERP pode ser procurado, caso haja necessidade,
pelo telefone: (16) 3603-6860, pelo e-mail: cetica@unaerp.br ou no seguinte endereço: Av.
Costábile Romano, 2201 – Bloco A (Pavimento Superior) / Ribeirânia, Ribeirão Preto – SP,
CEP: 14.096-380.
48

Eu, _______________________________________________, RG.: __________________


declaro meu consentimento em participar da pesquisa, após a leitura deste documento e de ter
tido a oportunidade de conversar com um(a) pesquisador(a) responsável para esclarecer minhas
dúvidas. Acredito estar suficientemente informado(a), ficando claro para mim que minha
participação é voluntária e que posso retirar este consentimento a qualquer momento sem
penalidades ou perda de qualquer benefício. Estou ciente também dos objetivos da pesquisa,
dos procedimentos aos quais serei submetido(a), dos possíveis danos ou riscos deles
provenientes, bem como da garantia de confidencialidade e de obter esclarecimentos sempre
que desejar.

Ribeirão Preto, ____de____________, 20___.

Assinatura do(a) Participante: ________________________________

Amanda Kaori Matsuda


RG: 56.656.090-2
amanda.matsuda@sou.unaerp.edu.br
(14)98173-4603

Maria Fernanda Bertoleti Profa. Dra Tesesinha Godoy Costa


RG: 52.935.099-3 RG: 7886457-4
maria.bertoleti@sou.unaerp.edu.br tcosta@unaerp.br
(17) 99779-6899 (16) 9.9202-3009

Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP / Curso de Psicologia


Av. Costábile Romano, 2.201 – Ribeirão Preto. Tel.: 3603-6758
49

APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA QUE


SIGAM A ABORDAGEM TEÓRICA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

1. Quantos pacientes você atende com Transtorno Alimentar?


2. A quanto tempo atende esse(s) paciente(s)?
3. Qual o Transtorno Alimentar que esse(s) apresenta(m)?
4. Quais as maiores dificuldades em atender esse(s) paciente(s)?
5. Quais técnicas aplicadas ao longo das sessões? Quais foram os progressos a
partir da utilização dessas?
50

APÊNDICE C: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSIQUIATRIA QUE


ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR

1. Quantos pacientes você atende com Transtorno Alimentar?


2. A quanto tempo atende esse(s) paciente(s)?
3. Qual o Transtorno Alimentar que esse(s) apresenta(m)?
4. Quais as maiores dificuldades em atender esse(s) paciente(s)?
5. Quais os medicamentos mais utilizados para esse transtorno mental? Ou no caso
específico?
6. Quais os efeitos colaterais desses medicamentos?
7. Houve adesão ao tratamento medicamentoso?
51

APÊNDICE D: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA NUTRIÇÃO QUE


ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR

1. Quantos pacientes você atende com Transtorno Alimentar?


2. A quanto tempo atende esse(s) paciente(s)?
3. Qual o Transtorno Alimentar que esse(s) apresenta(m)?
4. Quais as maiores dificuldades em atender esse(s) paciente(s)?
5. Quais técnicas aplicadas ao longo das sessões?
6. Houve adesão ao tratamento nutricional?
52

APÊNDICE E - FORMULÁRIO PRÉVIO ONLINE

SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES PARA PESQUISA


Tema da pesquisa: Atendimento dos transtornos alimentares segundo Nutricionistas,
Psiquiatras e Psicólogos
Objetivo da pesquisa: compreender as principais queixas dos pacientes com diagnóstico de
Transtorno alimentar e por meio da coleta de dados será possível identificar as principais
dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde, tais como: psicólogos, nutricionistas e
psiquiatras.

Pesquisadoras: Amanda Kaori Matsuda e Maria Fernanda Bertoleti


Orientadora do TCC: Profa. Dra.
Teresinha Pavanello Godoy Costa.
Co-orientadora do TCC: Profa. Dra. Sara Tamiris Cirilo.

1. Nome completo: *
2. Telefone para contato: *
3. Qual sua profissão? *
4. Você segue alguma abordagem teórica? *
( ) Cognitivo-Comportamental
( ) Comportamental-dialética
( ) Nenhuma
( ) Outro:

5. Você atende pessoas com transtornos alimentares? Se sim, quantos pacientes


você atende com Transtorno Alimentar?

Qualquer dúvida entrar em contato:


Amanda Kaori Matsuda: Telefone (14)98173-4603 ou e-mail:
amanda.matsuda@sou.unaerp.edu.br
Maria Fernanda Bertoleti: Telefone (17) 99779-6899 ou e-mail:
maria.bertoleti@sou.unaerp.edu.br
53

APÊNDICE F: SÍNTESE DA ENTREVISTA COM CADA PARTICIPANTE DA


PESQUISA

Participante 1
Nome: F. G
Sexo: Feminino
Graduação em: Psicologia
Atende 5 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 18/08/2023

Tabela 2 - síntese da entrevista com a participante 1:


Item Locução Tema

1.1 1. “Então eu acho que a maior dificuldade que eu Atendimento Das Pessoas
encontro hoje com os pacientes com compulsão Com Transtorno Alimentar
alimentar é essa questão de constância no
tratamento”
1.2 2.“(...)É fundamental o trabalho multidisciplinar (...) Atendimento
quando a gente está trabalhando com transtorno Multidisciplinar Com
alimentar eu vejo como algo fundamental, Psicólogos, Nutricionistas E
fundamental o acompanhamento com nutricionista, Psiquiatra.
com psiquiatra, se possível também como educador
físico e mais outras pessoas que possam estar
envolvidas, sem contar a família”

Participante 2
Nome: C.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psicologia
Atende 1 paciente com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 12/08/2023

Tabela 3 - síntese da entrevista com a participante 2:


Item Locução Tema

2.1 1.“(...)Ela tinha muitos prejuízos sociais, ela se Impactos Sociais No


isolava muito. então ela não gostava mais de sair, Desenvolvimento Dos
por exemplo, de tirar foto, de usar roupas bonitas.” Transtornos Alimentares
2.2 2.“(...) Uma coisa que dificulta bastante acho que Atendimento Das Pessoas
qualquer tipo de tratamento que for, é se a pessoa Com Transtorno Alimentar
não está engajada”
2.3 3.“Eu uso muito questionamento socrático, a Atendimento
descoberta é guiada, o próprio estabelecer rapport, Multidisciplinar Com
eu uso de bastante acolhimento, então validação das Psicólogos, Nutricionistas E
experiências dela, (...) técnicas de mindful eating, Psiquiatra.
(...) registro de pensamentos, (...) respiração
54

diafragmática (...), relaxamento muscular


progressivo”

Participante 3
Nome: F.A
Sexo: Masculino
Graduação em: Psicologia
Atende 54 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 27/08/2023

Tabela 4 - síntese da entrevista com a participante 3:


Item Locução Tema

3.1 1.“Na anorexia e comorbidades comuns vão ser toc, Comorbidades Relacionadas
transtorno de personalidade, obsessivo compulsivo, Com Transtorno Alimentar
mais tipo depressão e ansiedade”
3.2 2.“Bulimia mais como um transtorno de Comorbidades Relacionadas
personalidade borderline, abuso de substância, Com Transtorno Alimentar
automutilação (...)”
3.3 3.“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do Comorbidades Relacionadas
impulso, transtorno de personalidade borderline” Com Transtorno Alimentar
3.4 4.“Na anorexia e comorbidades comuns vão ser toc, Comorbidades Relacionadas
transtorno de personalidade, obsessivo compulsivo, Com Transtorno Alimentar
mais tipo depressão e ansiedade”
3.5 5.“Bulimia mais como um transtorno de Comorbidades Relacionadas
personalidade borderline, abuso de substância, Com Transtorno Alimentar
automutilação (...)”
3.6 6.“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do Comorbidades Relacionadas
impulso, transtorno de personalidade borderline” Com Transtorno Alimentar
3.7 7.“Na mídia, eles sabem do poder deles em termos Impactos Sociais No
de influência sobre o comportamento das pessoas. o Desenvolvimento Dos
problema é que eles vão tentar em massa ditar Transtornos Alimentares
padrão de beleza, pressão estética, insatisfação
corporal, valorização de um único biótipo,
associação de um biótipo específico de corpo com
felicidade. Então eles vão jogar tudo isso. o
problema é que a gente não sabe quem vai receber
essas mensagens e como vai receber”
3.8 8.“A gente vive na cultura da dieta. e é uma Impactos Sociais No
inocência a gente acreditar que não seremos Desenvolvimento Dos
afetados. todos nós seremos afetados pela cultura da Transtornos Alimentares
dieta em níveis diferentes, mas seremos afetados.”
55

3.9 9.“Quando uma pessoa entra no tratamento dos Atendimento Das Pessoas
transtornos alimentares têm um grande desafio Com Transtorno Alimentar
relacionado à normalização que existe hoje de
comportamento alimentar transtornado.”
3.10 10.“A gente vai precisar do médico por conta do Atendimento
risco médico (...), vai precisar do nutricionista pra ir Multidisciplinar Com
ajudar na velocidade em relação à recuperação de Psicólogos, Nutricionistas E
peso para um paciente com anorexia, (...) e o Psiquiatra.
psicólogo entrando no aspecto da manutenção da
doença, desde ajudar o paciente a se auto irregular,
construção de identidade que fica muito
fragmentada no transtorno alimentar, ajudar esse
paciente a voltar a ter uma vida, ajudar esse paciente
a manobrar ativamente os próprios pensamentos,
sentimentos e comportamentos.(...) Então
precisamos muito de trabalho multidisciplinar”
3.11 11.“Bom, se a gente olha a TCC (...) 60% dos Atendimento
pacientes que obtiveram uma remissão completa dos Multidisciplinar Com
sintomas, (...) e temos 40% pacientes que não serão Psicólogos, Nutricionistas E
respondidos a TCC e por isso que a gente precisa de Psiquiatra.
outros tratamentos psicológicos.(...) em TCC (...)
primeiro é ter um automonitoramento, que seria o
diário alimentar (...) porque a ideia é ajudar esse
paciente a ter uma curiosidade em se tornar um
especialista em seu transtorno alimentar (...) regular
estratégias de regulação emocional, principalmente
pra medo, culpa e vergonha, são alvos muito
importantes (...) ajudar esse paciente em relação às
opiniões da supervalorização do corpo e do peso (...)
uma estratégia de psicoeducação, são maiores que as
estratégias do que reestruturação cognitiva na TCC
(...) estratégias relacionadas a trabalhar a
mentalidade da dieta, (...) ter estratégias pra crise ou
quando o medo é muito elevado (...) e ter meios ali
de manejar a compulsão, a restrição, vômitos, os
métodos compensatórios”
3.12 12.“na DBT (...) as estratégias centrais vão ser Atendimento
estratégias dialéticas. (...) auto validação, (...) Multidisciplinar Com
habilidades de regulação emocional, habilidade de Psicólogos, Nutricionistas E
tolerância ao mal-estar, habilidade de efetividade Psiquiatra.
interpessoal, habilidades pra crise, habilidades de
acessíveis, (...) coaching por telefone”
56

Participante 4
Nome: S.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 20/25 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 24/08/2023

Tabela 5 - síntese da entrevista com a participante 4:


Item Locução Tema

4.1 1.“Então eu acho que as mulheres acabam se Impactos Sociais No


sentindo talvez um pouco mais livres pra buscar Desenvolvimento Dos
o tratamento pra transtorno alimentar talvez por Transtornos Alimentares
ser algo muito associado a figura da mulher,
enquanto pros homens isso é uma coisa que ainda
fica muito estigmatizada e aí principalmente
pensando na população hétero, né? porque a
população LGBT eu acho que tem um pouco
menos esse estigma, procura mais. Mas os
homens hétero principalmente tem dificuldade de
buscar tratamento, aderir, isso até não só bulimia,
anorexia, mas até pro próprio ultrassom de
compulsão alimentar que em teoria nem tem
tanto essa associação o sexo feminino o sexo
masculino, mas as mulheres buscam mais
tratamento e uma outra coisa assim que na minha
prática eu vejo (...) muitas vezes o homem vai
buscar um tratamento com o homem. e a mulher
vai buscar um tratamento com mulher. isso
também acontece bastante. Tem alguns colegas
homens que eu sei que atendem homens com
transtorno alimentar, na minha prática eu atendia
assim em pouquíssimas vezes. Tenho bem mais
mulher”

4.2 2.“acho que a primeira dificuldade é que são Atendimento Das Pessoas
transtornos complexos, né? que exigem, vamos Com Transtorno Alimentar
dizer assim, muito engajamento do paciente para
poder ter um bom resultado, tudo mais, então isso
é uma coisa que às vezes é desafiadora,
complexa, né? então o paciente precisa estar bem
aderido, e a família também muitas vezes precisa
fazer parte desse tratamento”
57

4.3 3.“a família precisa ter esse engajamento, Atendimento Das Pessoas
reconhecer a necessidade disso. então acho que Com Transtorno Alimentar
motivar o paciente, a sua família pro tratamento,
é uma coisa desafiadora e acho que é uma coisa
que também é complexa nesses atendimentos”

4.4 4.“nos meus atendimentos eu vou olhar muito pra Atendimento Multidisciplinar
essa questão, de como estão os sintomas médicos Com Psicólogos,
(...) se a gente está lidando ali com algum risco Nutricionistas E Psiquiatra.
médico mais sério de ideação suicida o risco
clínico mesmo: de um peso muito baixo ou de um
comportamento purgativo muito frequente, que
pode levar a distribuidor eletrolítico. por
exemplo, a gente fica atento a situações que vão
indicar ali uma necessidade de internação ainda
que breve então da parte psiquiátrica a gente tem
toda essa vigilância a se fazer, e tem os ajustes
medicamentosos também que a gente vai fazendo
depender muito caso(...)”

Participante 5
Nome: F.
Sexo: Masculino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 5/10 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 26/08/2023

Tabela 6 - síntese da entrevista com a participante 5:


Item Locução Tema

5.1 1.“(...)Transtorno de ansiedade generalizada, Comorbidades Relacionadas


transtorno depressivo maior e transtornos de Com Transtorno Alimentar
personalidade como transtorno obsessivo
compulsivo”
58

5.2 2.“É, com certeza, o prognóstico e a evolução dos Atendimento


pacientes que aderem a terapia multidisciplinar é Multidisciplinar Com
bem melhor (...) então a gente não tem a Psicólogos, Nutricionistas E
oportunidade de trabalhar questões que estão Psiquiatra.
envolvidas comportamentais ali, a relação com o
alimento, a relação com a autoimagem do
paciente, o remédio acaba tendo uma limitação
nesse sentido, né? que eles vão tratar os sintomas
dos transtornos associados ali, mas não vão tratar
por exemplo a relação do paciente com
alimentação, né? hábitos, né? pacientes que vem
de de histórico de fazer jejuns prolongados e
acabam desenvolvendo algum transtorno
alimentar então eles acabam tendo uma relação
ruim com a alimentação que acaba sendo difícil a
gente tratar tenha sem ajuda da nutrição e da
psicologia. né? então eh tem uma diferença
significativa sim quem consegue aderir ao
tratamento completo”

Participante 6
Nome: M.A.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 20/30 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 12/09/2023

Tabela 7 - síntese da entrevista com a participante 6:


Item Locução Tema

6.1 1.“Olha, uma das grandes dificuldades é a Atendimento Das Pessoas


aderência. é porque os pacientes têm dificuldades, Com Transtorno Alimentar
não vem na frequência que você acha que tem que
vir. às vezes não segue o combinado, muitos
acabam abandonando”

6.2 2.“(...) Mas com certeza é inibidor seletivo e Atendimento


topiramato são os que eu mais uso para os Multidisciplinar Com
pacientes com transtorno alimentar” Psicólogos, Nutricionistas E
Psiquiatra.

Participante 7
Nome: L.
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende 1 paciente com Transtorno Alimentar
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Data da entrevista: 12/08/2023

Tabela 8 - síntese da entrevista com a participante 7:


Item Locução Tema

7.1 1.“A parte de comer assim de maneira exagerada Demanda Dos Pacientes
em grande quantidade eles também relatam uma Com Transtorno Alimentar
rapidez assim na mastigação. Além da quantidade
é um comer muito rápido. então, por exemplo, a
gente está aqui sentada numa mesa e eles comem
de maneira rápida assim. não chega a mastigar
completamente o alimento. Eles já engolem os
alimentos de maneira rápida e pelo fato de não
prestar tanta atenção na refeição eles comem de
maneira exagerada a ponto deles assim
dependendo da refeição não perceber a quantidade
que comeu”

Participante 8
Nome: A
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende 20 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 22/08/2023

Tabela 9 - síntese da entrevista com a participante 8:


Item Locução Tema

8.1 1.“(...) Porque provavelmente ela estava ali com um Demanda Dos Pacientes
quadro também de depressão pós-parto, assim os Com Transtorno Alimentar
sintomas pioraram demais e pela primeira vez ela
foi a um psiquiatra, ela não tinha intenção de falar
sobre a questão alimentar, mas obviamente acho que
o profissional foi fazendo algumas perguntas e ela
foi se abrindo e se soltando e ela confessou né? ela
conseguiu admitir que há vinte anos praticamente
vinte e cinco anos ela lida às escondidas com
comportamentos alimentares transtornados”
8.2 2.“Quanto mais tempo você fica nas redes, mais Impactos Sociais No
predisposto você está de desenvolver algum Desenvolvimento Dos
distúrbio de imagem corporal. (...) parar de seguir Transtornos Alimentares
pessoas que sejam iatrogênicas pra comportamentos
de risco para transtorno alimentar, então blogueiras
de dieta, blogueiras fitness, modelos e as atrizes que
ficam postando o dia inteiro o que elas comem de
uma forma muito idealizada né?”
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8.3 3.“Eu acho que justamente a cronicidade (...) Atendimento Das Pessoas
pensamentos disfuncionais e transtornados que estão Com Transtorno Alimentar
muito internalizados(...) porque os pensamentos e
crenças estão muito enrijecidos, muito arraigados, e
às vezes, as pessoas já construíram uma vida em
torno do sintoma, então (...) sem o sintoma a pessoa
já nem sabe mais quem ela é. então acho que a
principal dificuldade nesses casos é a cronicidade”
8.4 4.“Eu acho que só o estigma. uma vez que eles Atendimento Das Pessoas
conseguem romper o estigma e falar, não, tudo bem, Com Transtorno Alimentar
beleza, eu tenho sim uma doença, deixa eu olhar pra
isso. eu acho que o tratamento vai tão bem quanto
um tratamento de uma mulher. né? eh, eu acho que é
um tratamento que tem um bom prognóstico sim”
8.5 5.“(...) Os estudos mostram que para você tratar de Atendimento
forma eficaz você precisa de profissionais cada um Multidisciplinar Com
atuando dentro da sua caixinha e se comunicando. Psicólogos, Nutricionistas E
obviamente. não adianta também os três tratarem Psiquiatra.
um aspecto ali do paciente e nunca se falarem”
8.6 6.“Automonitoramento, (...) diário alimentar, (...) Atendimento
mindful eating, (....) media literacy (...) é educação e Multidisciplinar Com
mídia, como se a gente fosse traduzir português, Psicólogos, Nutricionistas E
estudo falam de mídia literal, (...) que é você educar Psiquiatra.
as pessoas sobre o quanto é prejudicial, quanto mais
tempo ela passa em redes sociais”

Participante 9
Nome: J
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende mais de 1 paciente com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 25/08/2023

Tabela 10 - síntese da entrevista com a participante 9:


Item Locução Tema

9.1 1.“(...) Porque na bulimia tem uma autoavaliação Demanda Dos Pacientes
extremamente negativa de si do próprio corpo e Com Transtorno Alimentar
uma autocobrança muito grande e parece que a
única solução da vida é o processo de
emagrecimento e muitas vezes nós nutricionistas
somos os vilões a gente a gente está impedindo o
processo de emagrecimento de perda de peso”.
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9.2 2.“No caso de transtorno personalidade borderline Comorbidades Relacionadas


ou toc, essas comorbidades que são um pouco Com Transtorno Alimentar
mais difíceis de estabilizar” (participante 9,
nutricionista)

9.3 3.“Eu atendo mais mulheres, mulheres procuram Impactos Sociais No


mais ajuda, isso é isso sim é referenciado já é Desenvolvimento Dos
comprovado. mulheres buscam mais ajuda e Transtornos Alimentares
buscam mais, (...) e aí fica aí uma reflexão: existe
mais transtorno alimentar em mulheres, porque
mulheres pedem mais ajuda? e os homens não? ou
porque realmente mulheres têm mais transtorno
alimentar?”
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ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


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