Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PSICOLOGIA
RIBEIRÃO PRETO
2023
AMANDA KAORI MATSUDA
MARIA FERNANDA BERTOLETI
RIBEIRÃO PRETO
2023
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
Técnico da Biblioteca Central da UNAERP
- Universidade de Ribeirão Preto -
1. Transtornos
AMANDAalimentares. 2. Nutrição. 3. Psicologia.
KAORI MATSUDA
4. Psiquiatria. 5. Terapia cognitiva-comportamental.
MARIA FERNANDA BERTOLETI
II. BERTOLETI, Maria Fernanda, 2001- III. Título.
CDD 150
ATENDIMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES SEGUNDO
NUTRICIONISTAS, PSIQUIATRAS E PSICÓLOGOS
____________________________________________
Profa. Dra. Teresinha Pavanello Godoy Costa
Universidade de Ribeirão Preto
Orientadora
____________________________________________
Profa. Dra. Sara Tamiris Cirilo Fernandes
Universidade de Ribeirão Preto
Co-orientadora
____________________________________________
Profa. Me. Cassiana Morais de Oliveira
Universidade de Ribeirão Preto
Banca Examinadora
MÉDIA: __________.
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por ter me capacitado para que meus objetivos
fossem alcançados durante esses anos de estudos. Em segundo, dedico meus agradecimentos
aos meus pais, Alvaro e Elizabeth Matsuda, e minhas irmãs, Sabrina e Larissa Matsuda, por
todo apoio e ajuda que contribuíram para que este trabalho fosse concretizado. Ademais,
agradeço ao meu namorado, Pedro Henrique Santos Sanguino, pelo suporte e incentivo nos
momentos difíceis. Também agradeço às minhas professoras Dr a. Teresinha Pavanello Godoy
Costa, Dra Sara Tamiris Cirilo Fernandes e Dra Mariana Araujo Noce, pelos ensinamentos e
parceria que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação
profissional ao longo do curso. Por fim, agradeço as psicólogas Ma Camila Alves Amorim e Ma
Isabella Scotton pela amizade e incentivo para que esse trabalho fosse realizado, e a todos que
participaram diretamente ou indiretamente desta trajetória.
Com carinho,
Amanda Kaori Matsuda
Em primeiro lugar agradeço a minha família Marcelo, Flavia, Marcelo Jr e Marcela, pelo apoio,
incentivo, suporte, por me proporcionarem realizar uma graduação e por compreenderem a
minha ausência enquanto me dedicava à realização deste trabalho . Em segundo lugar, meus
agradecimentos vão para todos que contribuíram para a minha formação, desde meus amigos,
companheiros de sala, até todos que estiveram presentes comigo durante o período de realização
do trabalho. Também agradeço às minhas professoras Dr a. Teresinha Pavanello Godoy Costa,
Dra Sara Tamiris Cirilo Fernandes e Dra Mariana Araujo Noce, por todos os ensinamentos e pela
orientação que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação
profissional. A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado. Às pessoas com quem
convivi ao longo desses anos de curso, que me incentivaram e que certamente tiveram impacto
na minha formação acadêmica.
Obrigada, com carinho,
Maria Fernanda Bertoleti
RESUMO
Eating Disorders (EDs) are often a consequence of the psychological, biological, and social
circumstances in which the individual is situated, being categorized as Anorexia Nervosa,
Bulimia Nervosa, and Binge Eating. The main objective of this qualitative research is to
understand the primary complaints of patients with these diagnoses during clinical sessions with
professionals in psychology, psychiatry, and nutrition. An online or in-person semi-structured
interview script with five questions will be used as the data collection instrument. Various
sheets were generated from the collected responses to better organize converging information,
facilitating the comparison of differences and similarities in patients' complaints using the Excel
platform. To analyze the results, the study used the cognitive-behavioral and dialectical
behavioral theoretical frameworks to comprehend the symptomatology of eating disorders and
highlight the importance of interdisciplinary collaboration in treating these conditions. The
results were categorized into topics, addressing: I. Demands of patients with Eating Disorders;
II. Comorbidities related to EDs; III. Social impacts on the development of EDs; IV. Assistance
for People with Eating Disorders; V. Multidisciplinary care with Psychologists, Nutritionists,
and Psychiatrists. Therefore, the study showed how this diagnosis impacts patients' lives, given
their core beliefs about food and body that influence their thoughts, emotions, and behaviors.
The findings demonstrated that, considering the multiple factors and high complexity of Eating
Disorders, multidisciplinary work involving psychologists, nutritionists, and psychiatrists
contributes to the prognosis of EDs.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 12
2.1 TRANSTORNOS ALIMENTARES .................................................................................. 12
2.1.1 Anorexia Nervosa ............................................................................................................ 12
2.1.2 Bulimia ............................................................................................................................ 13
2.1.3 Compulsão Alimentar ...................................................................................................... 14
2.2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ............................................................ 16
2.3 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA ............................................................. 18
2.4 OS TRÊS PILARES PARA TRATAMENTO DE TRANSTORNO ALIMENTAR ........ 20
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 23
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 23
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 23
4 MÉTODO ............................................................................................................................. 24
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ..................................................................................... 24
4.2 PARTICIPANTES.............................................................................................................. 24
4.3 LOCAL ............................................................................................................................... 25
4.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS ................................................................................... 25
4.5 PROCEDIMENTOS ........................................................................................................... 26
4.5.1 Coleta de dados................................................................................................................ 26
4.5.2 Análise de dados .............................................................................................................. 26
4.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 28
5.1 DEMANDA DOS PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR .......................... 29
5.2 COMORBIDADES RELACIONADAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR.............. 30
5.3 IMPACTOS SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSTORNOS
ALIMENTARES ...................................................................................................................... 32
5.4 ATENDIMENTO DAS PESSOAS COM TRANSTORNO ALIMENTAR ..................... 34
5.5 ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR COM PSICÓLOGOS, NUTRICIONISTAS E
PSIQUIATRA .......................................................................................................................... 35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 39
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 40
APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ..... 46
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA QUE
SIGAM A ABORDAGEM TEÓRICA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ..................... 49
APÊNDICE C: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA PSIQUIATRIA QUE
ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR ......................................... 50
APÊNDICE D: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA NUTRIÇÃO QUE
ATENDAM PACIENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR ......................................... 51
APÊNDICE E - FORMULÁRIO PRÉVIO ONLINE............................................................. 52
APÊNDICE F: SÍNTESE DA ENTREVISTA COM CADA PARTICIPANTE DA
PESQUISA ............................................................................................................................... 53
ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ............................... 62
10
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1.2 Bulimia
(2019), traduzido para o Brasil como Classificação Internacional das Doenças (CID). Para se
ter um diagnóstico de TCA é preciso ter episódios de no mínimo uma vez por semana ao longo
de 3 meses. Ademais, Duchesne et al. (2010), relata que indivíduos com TCA têm uma perda
de controle e também um baixo desempenho nas habilidades cognitivas, as quais são essenciais
para o controle de impulsos.
O modelo de tratamento da terapia cognitivo-comportamental (TCC), é semelhante ao
modelo desenvolvido para Bulimia Nervosa. As estratégias são controle de episódio de
Compulsão Alimentar (ECA), modificações de hábitos alimentares a partir do auxílio de uma
nutricionista, adesão ao exercício físico com o auxílio de um educador físico e, caso a obesidade
esteja associada ao indivíduo, será feita uma estratégia de redução gradual de peso (Duchesne;
Almeida, 2002).
Segundo Duchesne e Almeida (2002), as dietas alimentares restritivas estão proibidas a
fim de evitar pensamentos de “tudo ou nada”, para a redução do peso corporal. Ademais, as
estratégias para a prática de exercícios físicos devem ser reforçadoras. No mesmo sentido,
devem ser criadas estratégias de autoestima, pois há muitos estereótipos sociais relacionados à
gordura e formato corporal, a fim de manter autoaceitação corporal.
No início da década de 1960, Aaron Beck, fez uma revolução no campo da saúde mental,
apresentando suas teorias baseadas em evidências científicas. Diante disso, fez experimentos
com o intuito de buscar outras explicações para a depressão, ocasião em que identificou
cognições negativas distorcidas em pacientes com Transtorno de Depressão Maior. Desse
modo, desenvolveu uma forma de tratamento de curta duração, com o intuito de realizar teste
de realidade do pensamento depressivo no paciente (Beck, 2021).
Seus estudos desenvolveram uma nova forma de psicoterapia, a qual denominou-se
“Terapia Cognitiva”, sendo mais tarde conhecida como “Terapia Cognitivo-Comportamental”.
Tem como base “uma psicoterapia estruturada de curta duração, voltada para o presente,
direcionada para solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais” (Beck, 1964 apud Beck, 2021), que busca a reformulação da
cognição, das crenças e das estratégias comportamentais que caracterizam um transtorno
específico.
Atualmente, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem apresentado resultados
significativos no tratamento de diferentes transtornos mentais, tendo mais de 500 estudos
científicos que comprovam a eficácia da terapia cognitiva para diferentes transtornos
psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos
17
(Beck, 2021). Essa base teórica segue dez princípios básicos, dentre eles: formulação em
desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de
cada paciente em termos cognitivos; aliança terapêutica sólida; colaboração e participação
ativa; é orientada para os objetivos e focada nos problemas; enfatiza o presente; psicoeducação;
visa ser limitada no tempo; as sessões são estruturadas; ensina os pacientes a identificar, avaliar
e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais; e usa uma variedade de técnicas para
mudar o pensamento, o humor e o comportamento (Beck, 2021).
As Terapias Cognitivo-Comportamentais estão sendo utilizadas no tratamento dos
Transtornos Alimentares, uma vez que as técnicas cognitivas e comportamentais têm sido
avaliadas e certificadas como estratégias eficazes na melhora dos quadros clínicos (Duchesne;
Almeida, 2002). A TCC ressalta a importância do vínculo terapêutico para obtenção de
resultados positivos nos Transtornos Alimentares, em razão da relação empática do psicólogo
com as dificuldades e necessidades da paciente, assim evidencia que a terapia precisa ser um
trabalho em equipe, no qual paciente e terapeuta terão uma participação ativa na detecção de
causas das dificuldades e na seleção de estratégias que auxiliem no tratamento (Duchesne;
Almeida, 2002).
Nesse sentido, a TCC pressupõe que o sistema de crenças que a pessoa exerce tem papel
fundamental no desenvolvimento de seus sentimentos e comportamentos. Diante disso,
entende-se que os pacientes com TAs apresentam crenças distorcidas e disfuncionais a respeito
do peso, formato corporal, alimentação e valor pessoal. Dentre as crenças distorcidas centrais
para os TAs, tem a que submete o valor pessoal ao peso e formato corporal (Duchesne; Almeida,
2002). Para esses pacientes a perda de peso pode ser vista como alívio para a angústia e
inquietação, e assim, obter uma tentativa de controle sobre os outros e sobre si mesmo (White;
Freeman, 2003).
O sistema distorcido de crenças pode manter-se em razão das várias tendências
disfuncionais de raciocínio. Uma dessas tendências comuns é a de atentar seletivamente para
as informações que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo os dados, sem questioná-
las. Para modificar o sistema de crenças a TCC utiliza diversas técnicas, como: ensinar o
paciente a identificar pensamentos automáticos distorcidos da realidade. Posteriormente é
proposto que o mesmo analise todas as evidências que comprovem ou contradizem o
pensamento automático (PA), substituindo para um pensamento mais funcional (Duchesne;
Almeida, 2002).
Apesar da eficácia dessa linha teórica no tratamento dos Transtornos Alimentares, ela
apresenta algumas limitações em tratar pacientes com esse diagnóstico que apresentam risco de
18
3 OBJETIVOS
O objetivo do trabalho a seguir foi realizar uma pesquisa de campo qualitativa para
compreender as principais queixas dos pacientes com diagnóstico de Transtorno alimentar
durante os atendimentos clínicos dos profissionais da psicologia, psiquiatria e nutrição.
4 MÉTODO
4.2 PARTICIPANTES
O tamanho amostral foi escolhido decorrente de ser o número mais próximo de 10, tendo
em vista que são 3 profissionais da área de Nutrição, Psicologia e Psiquiatria, o número amostral
foi ímpar. Ademais, foi visto na literatura (Godoy, 1995) que esse é um número interessante,
visto que os discursos dos profissionais poderão se repetir a partir do quarto entrevistado, dessa
forma o número de 3 profissionais para cada área seria o suficiente para atingir o objetivo da
pesquisa.
A pesquisa contém 9 participantes das 3 áreas, que atendem pessoas com diagnóstico de
Transtorno Alimentar que são da nacionalidade brasileira, sendo do sexo masculino e sexo
feminino, os quais atendem entre 1 a 54 pacientes com Transtorno Alimentar na semana. Essa
caracterização dos participantes será apresentada na Tabela 1.
O método de amostragem usufruído foi snow-ball (bola-de-neve), a qual os primeiros
selecionados serão indicados pela co-orientadora e orientadora da pesquisa, onde foi pedido que
os participantes entrevistados indicassem outros participantes de seu meio social, respeitando
os critérios definidos. Os critérios de inclusão foram classificados de acordo com a área de
atuação, a abordagem teórica e se atendiam pacientes com Transtorno Alimentar. A exclusão
25
4.3 LOCAL
4.5 PROCEDIMENTOS
A análise de dados foi realizada a partir dos dados coletados ao longo das entrevistas
semiestruturadas realizadas com três profissionais da área da psiquiatria, nutrição e psicologia,
sendo utilizadas perguntas que possibilitem que os profissionais revelem as principais queixas
que os pacientes com transtornos alimentares.
A partir das respostas encontradas nos questionários semiestruturados foram criadas
Tabelas com o intuito de separar as informações que convergem mais, de modo que no
momento de comparar as diferenças e similaridades das queixas dos pacientes, o processo seja
facilitado pela plataforma Excel. Tendo como objetivo compreender as sintomatologias desse
diagnóstico por meio da perspectiva cognitivo comportamental e comportamental dialética
visando identificar as distorções cognitivas em relação ao peso, formato corporal e alimentação,
para assim entender o impacto desse diagnóstico na vida do indivíduo.
27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio dos dados coletados durante as entrevistas com os profissionais das três áreas
da saúde: nutricionistas, psicólogos e psiquiatras - como apresentado na Tabela 1 - foi possível
compreender os principais sintomas dos transtornos alimentares.
Participante 2 F Psicóloga 1
Participante 3 M Psicólogo 54
Participante 7 F Nutricionista 1
Participante 8 F Nutricionista 20
A principal demanda dos pacientes com Bulimia Nervosa (BN) e Anorexia Nervosa
(AN), é o pavor de engordar, que persiste numa ideia de que o indivíduo está acima do peso,
mesmo estando com o peso bem abaixo do normal (Dalgalarrondo, 2000). Sendo assim, é
apresentado pelo participante a seguinte fala:
“(...) Porque na bulimia tem uma autoavaliação extremamente negativa de si do
próprio corpo e uma autocobrança muito grande e parece que a única solução da
vida é o processo de emagrecimento e muitas vezes nós nutricionistas somos os vilões
a gente a gente está impedindo o processo de emagrecimento de perda de peso”.
(Participante 9, Nutricionista)
dificuldades para controlar os impulsos podem contribuir de alguma forma para Episódios de
Compulsão Alimentar (ECA). Na fala do participante abaixo, provém o impacto dos impulsos
nos momentos de alimentação:
“A parte de comer assim de maneira exagerada em grande quantidade eles também
relatam uma rapidez assim na mastigação. Além da quantidade é um comer muito
rápido. Então, por exemplo, a gente está aqui sentado numa mesa e eles comem de
maneira rápida assim. Não chega a mastigar completamente o alimento. Eles já
engolem os alimentos de maneira rápida e pelo fato de não prestar tanta atenção na
refeição eles comem de maneira exagerada a ponto deles assim dependendo da
refeição não perceber a quantidade que comeu” (Participante 7, Nutricionista)
Já os pacientes com Bulimia Nervosa (BN), possuem a auto imagem corporal muito
instável, com vários pensamentos disfuncionais em relação à alimentação e ao corpo, o que
resulta em episódios de restrição seguidos de compulsão. Sendo assim, esses pacientes utilizam
dietas muito restritivas e comportamentos compensatórios com a finalidade de alcançar metas
inatingíveis (Abreu; Cangelli, 2016).
“Bulimia mais como um transtorno de personalidade borderline, abuso de
substância, automutilação (...)”(Participante 3, Psicólogo)
Nos pacientes com Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), é mais comum eles
procurarem tratamentos mais pelas comorbidades e menos pelo transtorno em si (Citrome,
2017). Dessa forma, os problemas emocionais estão associados aos sintomas alimentares.
“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do impulso, transtorno de
personalidade borderline” (Participante 3, Psicólogo).
“Quanto mais tempo você fica nas redes, mais predisposto você está de desenvolver
algum distúrbio de imagem corporal. (...) Parar de seguir pessoas que sejam
iatrogênicas pra comportamentos de risco para transtorno alimentar, então
blogueiras de dieta, blogueiras fitness, modelos e as atrizes que ficam postando o dia
inteiro o que elas comem de uma forma muito idealizada né?” (Participante 8,
Nutricionista)
E essa busca pelo corpo ideal está relacionado com a cultura ocidental, visto que ser
magra significa ter competência, sucesso, autocontrole e ser atraente sexualmente, indo de
encontro com a cultura da dieta restritiva, a qual é o comportamento precursor que geralmente
antecede a instalação de um Transtorno Alimentar. No entanto, a presença isolada da dieta não
é suficiente para desenvolver o Transtorno Alimentar, sendo um conjunto de interações com os
fatores de risco e outros eventos precipitantes (Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002). Sendo um
tópico apontado pelo psicólogo participante:
“A gente vive na cultura da dieta. E é uma inocência a gente acreditar que não
seremos afetados. Todos nós seremos afetados pela cultura da dieta em níveis
diferentes, mas seremos afetados.” (Participante 3, Psicólogo)
33
Desse modo, entende-se como as questões sociais impactam a vida das pessoas com
Transtorno Alimentar (Morgan; Vecchiatti; Negrão, 2002), sendo que esses prejuízos são
retratados na fala da participante:
“(...)ela tinha muitos prejuízos sociais, ela se isolava muito. Então ela não gostava
mais de sair, por exemplo, de tirar foto, de usar roupas bonitas.” (Participante 2,
Psicóloga)
“Eu atendo mais mulheres, mulheres procuram mais ajuda, isso é isso sim é
referenciado já é comprovado. Mulheres buscam mais ajuda e buscam mais, (...) e aí
fica aí uma reflexão: existe mais transtorno alimentar em mulheres, porque mulheres
pedem mais ajuda? E os homens não? Ou porque realmente mulheres têm mais
transtorno alimentar?” (Participante 9, Nutricionista)
Posto isto, a literatura sobre Transtornos Alimentares em homens não apresenta fortes
evidências, sendo marcada por controvérsias e dúvidas. Por isso, os profissionais de saúde
precisam estar atentos na identificação destas condições graves e ainda pouco reconhecidas
(Melin; Araújo, 2002).
34
“(...) uma coisa que dificulta bastante acho que qualquer tipo de tratamento que
35
“Eu acho que só o estigma. Uma vez que eles conseguem romper o estigma e falar,
não, tudo bem, beleza, eu tenho sim uma doença, deixa eu olhar pra isso. Eu acho
que o tratamento vai tão bem quanto um tratamento de uma mulher. Né? Eh, eu acho
que é um tratamento que tem um bom prognóstico sim” (Participante 8, Nutricionista)
“É, com certeza, o prognóstico e a evolução dos pacientes que aderem a terapia
multidisciplinar é bem melhor (...) Então a gente não tem a oportunidade de trabalhar
questões que estão envolvidas comportamentais ali, a relação com o alimento, a
relação com a autoimagem do paciente, o remédio acaba tendo uma limitação nesse
sentido, né? Que eles vão tratar os sintomas dos transtornos associados ali, mas não
vão tratar por exemplo a relação do paciente com alimentação, né? Hábitos, né?
Pacientes que vem de de histórico de fazer jejuns prolongados e acabam
desenvolvendo algum transtorno alimentar então eles acabam tendo uma relação
ruim com a alimentação que acaba sendo difícil a gente tratar tenha sem ajuda da
nutrição e da psicologia. Né? Então eh tem uma diferença significativa sim quem
consegue aderir ao tratamento completo” (Participante 5, Psiquiatra)
“(...) os estudos mostram que para você tratar de forma eficaz você precisa de
profissionais cada um atuando dentro da sua caixinha e se comunicando.
Obviamente. Não adianta também os três tratarem um aspecto ali do paciente e nunca
se falarem” (Participante 8, Nutricionista)
“Bom, se a gente olha a TCC (...) 60% dos pacientes que obtiveram uma remissão
completa dos sintomas, (...) e temos 40% pacientes que não serão respondidos a TCC
e por isso que a gente precisa de outros tratamentos psicológicos.(...) Em TCC (...)
primeiro é ter um automonitoramento, que seria o diário alimentar (...) Porque a ideia
é ajudar esse paciente a ter uma curiosidade em se tornar um especialista em seu
transtorno alimentar (...) regular estratégias de regulação emocional, principalmente
pra medo, culpa e vergonha, são alvos muito importantes (...) ajudar esse paciente
em relação às opiniões da supervalorização do corpo e do peso (...) Uma estratégia
de psicoeducação, são maiores que as estratégias do que reestruturação cognitiva na
TCC (...) Estratégias relacionadas a trabalhar a mentalidade da dieta, (...) ter
estratégias pra crise ou quando o medo é muito elevado (...) e ter meios ali de manejar
a compulsão, a restrição, vômitos, os métodos compensatórios” (Participante 3,
psicólogo)
“Na DBT (...) as estratégias centrais vão ser estratégias dialéticas. (...) auto
validação, (...) habilidades de regulação emocional, habilidade de tolerância ao mal-
estar, habilidade de efetividade interpessoal, habilidades pra crise, habilidades de
acessíveis, (...) coaching por telefone” (Participante 3, psicólogo)
Essas técnicas são utilizadas por psicólogos da abordagem da TCC com a finalidade de
restabelecer o sistema de crenças do indivíduo, sendo assim, reformula as percepções que a
pessoa considera como verdades absolutas, portanto, essas crenças podem ser disfuncionais
para a vida do indivíduo, que muitas vezes resultam em comportamentos, emoções e
pensamentos negativos que distorcem a percepção de imagem corporal do indivíduo (Silva,
2021).
Em complemento, a Comportamental Dialética busca em sua prática diminuir os
comportamentos de risco como as ideações suicidas, também compreendendo sobre os fatores
e comportamentos que irão interferir no tratamento, e por fim, capacitar os pacientes com
estratégias comportamentais que permitem que eles regulam os sintomas de forma efetiva
(Nunes Costa; Lamela; Gil-Costa, 2009).
Além de estratégias para trabalhar a cognição e os comportamentos dos pacientes com
TAs,s, através da atuação dos psicólogos, os psiquiatras realizam tratamentos medicamentosos
em prol de melhorar o prognóstico destes pacientes, como exposto:
“Nos meus atendimentos eu vou olhar muito pra essa questão, de como estão os
sintomas médicos (...) Se a gente está lidando ali com algum risco médico mais sério
de ideação suicida o risco clínico mesmo: de um peso muito baixo ou de um
comportamento purgativo muito frequente, que pode levar a distribuidor eletrolítico.
Por exemplo, a gente fica atento a situações que vão indicar ali uma necessidade de
internação ainda que breve então da parte psiquiátrica a gente tem toda essa
vigilância a se fazer, e tem os ajustes medicamentosos também que a gente vai fazendo
depender muito caso(...)” (Participante 4, Psiquiatra)
“(...)Mas com certeza é inibidor seletivo e topiramato são os que eu mais uso para os
pacientes com transtorno alimentar” (Participante 6, Psiquiatra)
38
Diante dessas falas, entende-se que Psiquiatria tem como objetivo contribuir com a
evolução de medidas de tratamento dos Transtornos Alimentares por meio do tratamento
medicamentoso, o qual deve seguir o protocolo médico de forma responsável para que os efeitos
colaterais não afetem significativamente a qualidade de vida do paciente (Cordás, 2001).
Enquanto a Nutrição utiliza de estratégias como:
“Automonitoramento, (...) diário alimentar, (...) mindful eating, (....) media literacy
(...) é educação e mídia, como se a gente fosse traduzir português, um estudo falam
de mídia literal, (...) que é você educar as pessoas sobre o quanto é prejudicial, quanto
mais tempo ela passa em redes sociais” (Participante 8, Nutricionista)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DUCHESNE, M.; MATTOS, P.; APPOLINÁRIO, J. C.; FREITAS, S. F.; COUTINHO, G.;
SANTOS, C.; COUTINHO, W. Assessment of executive functions in obese individuals with
binge eating disorder. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2010. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000100001
Acesso em 04 dez. 2022.
HAYES, S. Acceptance and commitment therapy, relational frame theory, and the third
wave of behavioral and cognitive therapies. Behavior Therapy, p. 639 - 658, 2004.
LIRA, L.C. Narrativas de Ana: corpo, consumo e self em um grupo pró-anorexia na internet.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
LUDEWIG, A. M.; RECH, R. R.; HALPERN, R.; ZANOL, F.; FRATA, B. Prevalência de
sintomas para transtornos alimentares em escolares de 11 a 15 anos da rede municipal de
ensino da cidade de Nova Petrópolis, RS. Revista da AMRIGS, v. 61, n.1, p.35-39, 2017.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-849162. Acesso em: 04
abril.2023
SPERANZA, M.; CORCOS, M.; GODART, N.; LOAS, G.; GUILBAUD, O.; JEAMMET, P.;
FLAMENT, M. Obsessive compulsive disorders in eating disorders. Eating Behaviors, v. 2,
n. 3, p. 193–207, set. 2001.
STEIGER H, LEHOUX PM, GAUVIN L. Impulsivity, dietary control and the urge to binge
in bulimic syndromes. Int J Eat Disord v. 26, p. 261-74, 1999.
WEINBERG, C.; CORDÁS, T. A.; MUNOZ, P. A. Santa Rosa de Lima: uma santa anoréxica
na América Latina? Revista de Psiquiatria, p. 51-56, 2005.
● Você pode se recusar a participar ou desistir a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer
penalidade, nem represálias de qualquer natureza.
47
● Esse estudo possui uma finalidade de pesquisa e os dados obtidos serão utilizados em divulgações
e publicações científicas, sem que os participantes sejam identificados.
● Não estão previstos riscos físicos relacionados à sua participação, mas caso sinta qualquer
desconforto emocional deverá comunicar às(aos) pesquisadoras(es) que tomarão as providências a
fim de garantir acolhimento e orientação para a busca de atendimento psicológico em serviços
gratuitos, como os da Clínica de Psicologia da UNAERP, caso você sinta necessidade.
● Os benefícios relacionados a sua participação serão da contribuição para este projeto de pesquisa e
para as demais pessoas que passam por situações semelhantes, elas terão mais informações acerca
do que elas vivenciam, sendo um benefício indireto.
● Você poderá ter acesso aos resultados da pesquisa, se assim desejar. Para isso, deverá entrar em
contato com um(a) dos(as) pesquisadores(as), cujos contatos pessoais estão ao final deste
documento.
● Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de tirar qualquer dúvida ou pedir
esclarecimentos, devendo entrar em contato com algum(a) dos(as) pesquisadores(as), pelos
endereços de e-mail ou pelos telefones que constam ao final deste documento.
● Assinando este Termo, você autoriza voluntariamente sua participação neste estudo.
Você receberá uma via deste termo onde constam as informações dos(as)
pesquisadores(as) responsáveis pelo projeto, podendo tirar as suas dúvidas sobre o trabalho e
sua participação, agora ou a qualquer momento.
O Comitê de Ética e Pesquisa da UNAERP pode ser procurado, caso haja necessidade,
pelo telefone: (16) 3603-6860, pelo e-mail: cetica@unaerp.br ou no seguinte endereço: Av.
Costábile Romano, 2201 – Bloco A (Pavimento Superior) / Ribeirânia, Ribeirão Preto – SP,
CEP: 14.096-380.
48
1. Nome completo: *
2. Telefone para contato: *
3. Qual sua profissão? *
4. Você segue alguma abordagem teórica? *
( ) Cognitivo-Comportamental
( ) Comportamental-dialética
( ) Nenhuma
( ) Outro:
Participante 1
Nome: F. G
Sexo: Feminino
Graduação em: Psicologia
Atende 5 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 18/08/2023
1.1 1. “Então eu acho que a maior dificuldade que eu Atendimento Das Pessoas
encontro hoje com os pacientes com compulsão Com Transtorno Alimentar
alimentar é essa questão de constância no
tratamento”
1.2 2.“(...)É fundamental o trabalho multidisciplinar (...) Atendimento
quando a gente está trabalhando com transtorno Multidisciplinar Com
alimentar eu vejo como algo fundamental, Psicólogos, Nutricionistas E
fundamental o acompanhamento com nutricionista, Psiquiatra.
com psiquiatra, se possível também como educador
físico e mais outras pessoas que possam estar
envolvidas, sem contar a família”
Participante 2
Nome: C.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psicologia
Atende 1 paciente com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 12/08/2023
Participante 3
Nome: F.A
Sexo: Masculino
Graduação em: Psicologia
Atende 54 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 27/08/2023
3.1 1.“Na anorexia e comorbidades comuns vão ser toc, Comorbidades Relacionadas
transtorno de personalidade, obsessivo compulsivo, Com Transtorno Alimentar
mais tipo depressão e ansiedade”
3.2 2.“Bulimia mais como um transtorno de Comorbidades Relacionadas
personalidade borderline, abuso de substância, Com Transtorno Alimentar
automutilação (...)”
3.3 3.“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do Comorbidades Relacionadas
impulso, transtorno de personalidade borderline” Com Transtorno Alimentar
3.4 4.“Na anorexia e comorbidades comuns vão ser toc, Comorbidades Relacionadas
transtorno de personalidade, obsessivo compulsivo, Com Transtorno Alimentar
mais tipo depressão e ansiedade”
3.5 5.“Bulimia mais como um transtorno de Comorbidades Relacionadas
personalidade borderline, abuso de substância, Com Transtorno Alimentar
automutilação (...)”
3.6 6.“Compulsão alimentar vai ver (...) transtorno do Comorbidades Relacionadas
impulso, transtorno de personalidade borderline” Com Transtorno Alimentar
3.7 7.“Na mídia, eles sabem do poder deles em termos Impactos Sociais No
de influência sobre o comportamento das pessoas. o Desenvolvimento Dos
problema é que eles vão tentar em massa ditar Transtornos Alimentares
padrão de beleza, pressão estética, insatisfação
corporal, valorização de um único biótipo,
associação de um biótipo específico de corpo com
felicidade. Então eles vão jogar tudo isso. o
problema é que a gente não sabe quem vai receber
essas mensagens e como vai receber”
3.8 8.“A gente vive na cultura da dieta. e é uma Impactos Sociais No
inocência a gente acreditar que não seremos Desenvolvimento Dos
afetados. todos nós seremos afetados pela cultura da Transtornos Alimentares
dieta em níveis diferentes, mas seremos afetados.”
55
3.9 9.“Quando uma pessoa entra no tratamento dos Atendimento Das Pessoas
transtornos alimentares têm um grande desafio Com Transtorno Alimentar
relacionado à normalização que existe hoje de
comportamento alimentar transtornado.”
3.10 10.“A gente vai precisar do médico por conta do Atendimento
risco médico (...), vai precisar do nutricionista pra ir Multidisciplinar Com
ajudar na velocidade em relação à recuperação de Psicólogos, Nutricionistas E
peso para um paciente com anorexia, (...) e o Psiquiatra.
psicólogo entrando no aspecto da manutenção da
doença, desde ajudar o paciente a se auto irregular,
construção de identidade que fica muito
fragmentada no transtorno alimentar, ajudar esse
paciente a voltar a ter uma vida, ajudar esse paciente
a manobrar ativamente os próprios pensamentos,
sentimentos e comportamentos.(...) Então
precisamos muito de trabalho multidisciplinar”
3.11 11.“Bom, se a gente olha a TCC (...) 60% dos Atendimento
pacientes que obtiveram uma remissão completa dos Multidisciplinar Com
sintomas, (...) e temos 40% pacientes que não serão Psicólogos, Nutricionistas E
respondidos a TCC e por isso que a gente precisa de Psiquiatra.
outros tratamentos psicológicos.(...) em TCC (...)
primeiro é ter um automonitoramento, que seria o
diário alimentar (...) porque a ideia é ajudar esse
paciente a ter uma curiosidade em se tornar um
especialista em seu transtorno alimentar (...) regular
estratégias de regulação emocional, principalmente
pra medo, culpa e vergonha, são alvos muito
importantes (...) ajudar esse paciente em relação às
opiniões da supervalorização do corpo e do peso (...)
uma estratégia de psicoeducação, são maiores que as
estratégias do que reestruturação cognitiva na TCC
(...) estratégias relacionadas a trabalhar a
mentalidade da dieta, (...) ter estratégias pra crise ou
quando o medo é muito elevado (...) e ter meios ali
de manejar a compulsão, a restrição, vômitos, os
métodos compensatórios”
3.12 12.“na DBT (...) as estratégias centrais vão ser Atendimento
estratégias dialéticas. (...) auto validação, (...) Multidisciplinar Com
habilidades de regulação emocional, habilidade de Psicólogos, Nutricionistas E
tolerância ao mal-estar, habilidade de efetividade Psiquiatra.
interpessoal, habilidades pra crise, habilidades de
acessíveis, (...) coaching por telefone”
56
Participante 4
Nome: S.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 20/25 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 24/08/2023
4.2 2.“acho que a primeira dificuldade é que são Atendimento Das Pessoas
transtornos complexos, né? que exigem, vamos Com Transtorno Alimentar
dizer assim, muito engajamento do paciente para
poder ter um bom resultado, tudo mais, então isso
é uma coisa que às vezes é desafiadora,
complexa, né? então o paciente precisa estar bem
aderido, e a família também muitas vezes precisa
fazer parte desse tratamento”
57
4.3 3.“a família precisa ter esse engajamento, Atendimento Das Pessoas
reconhecer a necessidade disso. então acho que Com Transtorno Alimentar
motivar o paciente, a sua família pro tratamento,
é uma coisa desafiadora e acho que é uma coisa
que também é complexa nesses atendimentos”
4.4 4.“nos meus atendimentos eu vou olhar muito pra Atendimento Multidisciplinar
essa questão, de como estão os sintomas médicos Com Psicólogos,
(...) se a gente está lidando ali com algum risco Nutricionistas E Psiquiatra.
médico mais sério de ideação suicida o risco
clínico mesmo: de um peso muito baixo ou de um
comportamento purgativo muito frequente, que
pode levar a distribuidor eletrolítico. por
exemplo, a gente fica atento a situações que vão
indicar ali uma necessidade de internação ainda
que breve então da parte psiquiátrica a gente tem
toda essa vigilância a se fazer, e tem os ajustes
medicamentosos também que a gente vai fazendo
depender muito caso(...)”
Participante 5
Nome: F.
Sexo: Masculino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 5/10 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 26/08/2023
Participante 6
Nome: M.A.
Sexo: Feminino
Graduação em: Psiquiatria
Atende 20/30 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 12/09/2023
Participante 7
Nome: L.
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende 1 paciente com Transtorno Alimentar
59
7.1 1.“A parte de comer assim de maneira exagerada Demanda Dos Pacientes
em grande quantidade eles também relatam uma Com Transtorno Alimentar
rapidez assim na mastigação. Além da quantidade
é um comer muito rápido. então, por exemplo, a
gente está aqui sentada numa mesa e eles comem
de maneira rápida assim. não chega a mastigar
completamente o alimento. Eles já engolem os
alimentos de maneira rápida e pelo fato de não
prestar tanta atenção na refeição eles comem de
maneira exagerada a ponto deles assim
dependendo da refeição não perceber a quantidade
que comeu”
Participante 8
Nome: A
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende 20 pacientes com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 22/08/2023
8.1 1.“(...) Porque provavelmente ela estava ali com um Demanda Dos Pacientes
quadro também de depressão pós-parto, assim os Com Transtorno Alimentar
sintomas pioraram demais e pela primeira vez ela
foi a um psiquiatra, ela não tinha intenção de falar
sobre a questão alimentar, mas obviamente acho que
o profissional foi fazendo algumas perguntas e ela
foi se abrindo e se soltando e ela confessou né? ela
conseguiu admitir que há vinte anos praticamente
vinte e cinco anos ela lida às escondidas com
comportamentos alimentares transtornados”
8.2 2.“Quanto mais tempo você fica nas redes, mais Impactos Sociais No
predisposto você está de desenvolver algum Desenvolvimento Dos
distúrbio de imagem corporal. (...) parar de seguir Transtornos Alimentares
pessoas que sejam iatrogênicas pra comportamentos
de risco para transtorno alimentar, então blogueiras
de dieta, blogueiras fitness, modelos e as atrizes que
ficam postando o dia inteiro o que elas comem de
uma forma muito idealizada né?”
60
8.3 3.“Eu acho que justamente a cronicidade (...) Atendimento Das Pessoas
pensamentos disfuncionais e transtornados que estão Com Transtorno Alimentar
muito internalizados(...) porque os pensamentos e
crenças estão muito enrijecidos, muito arraigados, e
às vezes, as pessoas já construíram uma vida em
torno do sintoma, então (...) sem o sintoma a pessoa
já nem sabe mais quem ela é. então acho que a
principal dificuldade nesses casos é a cronicidade”
8.4 4.“Eu acho que só o estigma. uma vez que eles Atendimento Das Pessoas
conseguem romper o estigma e falar, não, tudo bem, Com Transtorno Alimentar
beleza, eu tenho sim uma doença, deixa eu olhar pra
isso. eu acho que o tratamento vai tão bem quanto
um tratamento de uma mulher. né? eh, eu acho que é
um tratamento que tem um bom prognóstico sim”
8.5 5.“(...) Os estudos mostram que para você tratar de Atendimento
forma eficaz você precisa de profissionais cada um Multidisciplinar Com
atuando dentro da sua caixinha e se comunicando. Psicólogos, Nutricionistas E
obviamente. não adianta também os três tratarem Psiquiatra.
um aspecto ali do paciente e nunca se falarem”
8.6 6.“Automonitoramento, (...) diário alimentar, (...) Atendimento
mindful eating, (....) media literacy (...) é educação e Multidisciplinar Com
mídia, como se a gente fosse traduzir português, Psicólogos, Nutricionistas E
estudo falam de mídia literal, (...) que é você educar Psiquiatra.
as pessoas sobre o quanto é prejudicial, quanto mais
tempo ela passa em redes sociais”
Participante 9
Nome: J
Sexo: Feminino
Graduação em: Nutricionista
Atende mais de 1 paciente com Transtorno Alimentar
Data da entrevista: 25/08/2023
9.1 1.“(...) Porque na bulimia tem uma autoavaliação Demanda Dos Pacientes
extremamente negativa de si do próprio corpo e Com Transtorno Alimentar
uma autocobrança muito grande e parece que a
única solução da vida é o processo de
emagrecimento e muitas vezes nós nutricionistas
somos os vilões a gente a gente está impedindo o
processo de emagrecimento de perda de peso”.
61