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SUMÁRIO

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III - Transtorno Opositor Desafiador no ambiente escolar.

3.1 - Introdução
3.2 - TOD
3.3 - TOD na infância e adolescência
3.4 - Aprendizagem dos sujeitos opositores
3.5 - Aluno com TOD nas Escolas

IV - TOD: Perspectivas Comportamentais e sua associação ao TDAH


e à TC.
4.1 - Introdução
4.2 - Revisão de literatura
4.3 - Discussão
4.4 - Tratamento de Conduta
4.5 - Perspectivas
4.6 - Conclusão

V - Transtorno Opositor Desafiador - Como enfrentar o TOD na


escola.
5.1 - Introdução
5.2 - Distúrbios de Conduta
5.3 - O transtorno
5.4 - Proposta de trabalho com alunos com TOD.
5.5 - Conclusão

VI - Transtorno de Opositor Desafiante: Uma análise a partir da


Terapia Analítico Comportamental Infantil
6.1 - Resumo
6.2 - Terapia Analítico Comportamental Infantil - TACI
6.3 - Tratamento para o TOD
6.4 - Conclusão

VII - Referências

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CARTI HA I OR ATIVA

O que é?
O Transtorno Opositivo- Desafiador ou TOD
é caracterizado por um padrão persistente
de comportamento opositivo ou desafiador,
com dificuldades em aceitar regras e limites,
dificuldades em lidar com frustração ou
assumir responsabilidades sobre seus atos,
colocando a culpa ou a responsabilidade
em terceiros. Pacientes portadores de TOD
frequentemente mostram-se mais
ressentidos, raivosos ou vingativos.

A prevalência do TOD varia de 2 a 16%


da população, dependendo da idade e dos
critérios diagnósticos utilizados.

Existe uma idade mínima para se fazer


o diagnóstico?
O diagnóstico de TOD pode ser feito mesmo em crianças pequenas mas vale
ressaltar que cada idade vai apresentar um padrão mais específico de acordo com seu
desenvolvimento cognitivo, por exemplo: uma criança de 4 anos pode manifestar o
TOD com birras ou se jogar no chão quando contrariado ao passo que um adolescente
vai manifestar com discussões ou argumentações intermináveis ou mais hostis.

O padrão de comportamento desafiador tende a piorar na adolescência quando não


tratado adequadamente e em alguns casos pode evoluir para Transtorno de Conduta.

Como diferenciar TOD de


malcriação ou falta de limites?
Birras, malcriação ou testar limites fazem parte da infância sem constituírem um
diagnóstico ou uma alteração comportamental que necessite intervenção específica.
O diagnóstico e TOD deve ser suspeitado quando esse padrão é persistente e

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recorrente, comprometendo o desenvolvimento emocional, social ou acadêmico
da criança. O comportamento mais desafiador tende a aparecer inicialmente em
ambientes familiares ou domésticos, mas tendem a evoluir para outros ambientes
como colégios.

Quais são os fatores de risco para


o TOD?
Impulsividade, intolerância à frustração, hiper-reatividade a críticas, permissividade
ou orientações divergentes por parte dos pais, ambiente familiar conflituoso ou
desarmônico, depressão e TDAH podem ser fatores de risco para a emergência de
um comportamento mais desafiador.

Como diagnosticar?
O diagnóstico deve ser feito por um profissional experiente em desenvolvimento
infantil o mais precoce possível. Quanto mais cedo o diagnóstico é feito melhor é
a resposta ao tratamento. A observação do comportamento da criança, a coleta de
informações sobre o comportamento em diferentes ambientes e o relato do maior
número de pessoas que tenha contato com o paciente é fundamental para a precisão
do diagnóstico. Há necessidade de que os sintomas sejam recorrentes e estejam
presentes por pelo menos 6 meses.

Como tratar?
O tratamento consiste em terapia de base cognitivo- comportamental e orientação
parental. O acolhimento familiar é prioritário, frequentemente pais e cuidadores
se sente, injustamente, incompetentes ou fracassados. Entender o padrão do
comportamento os ajuda a poder modificar o quadro. Em pacientes onde o TOD
aparece junto a outro diagnóstico (ex: TDAH) o tratamento da condição associada
melhora muito o prognóstico. A diminuição da impulsividade e a melhor tolerância
à frustração e maior freio inibitório são fundamentais para o controle dos sintomas.

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Critérios Diagnósticos para F91.3 -
313.81 Transtorno Desafiador
Opositivo
A. Um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiador durando pelo
menos 6 meses, durante os quais quatro (ou mais) das seguintes características estão
presentes:

(1) freqüentemente perde a paciência


(2) freqüentemente discute com adultos
(3) com freqüência desafia ou se recusa ativamente a obedecer a solicitações ou
regras dos adultos
(4) freqüentemente perturba as pessoas de forma deliberada
(5) freqüentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
(6) mostra-se freqüentemente suscetível ou é aborrecido com facilidade pelos
outros
(7) freqüentemente enraivecido e ressentido
(8) freqüentemente rancoroso ou vingativo

Obs: Considerar o critério satisfeito apenas se o comportamento ocorre com


maior freqüência do que se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de
desenvolvimento comparáveis.

B. A perturbação do comportamento causa prejuízo clinicamente significativo no


funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno


Psicótico ou Transtorno do Humor.

D. Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Conduta e, se o indivíduo tem


18 anos ou mais, não são satisfeitos os critérios para transtorno de Personalidade
Anti-Social

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Referências
1. American Psychiatric Association DSM V: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 2014.5
Ed. Porto Alegre: Artmed, p161.

2. World Health Organization (1993). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID –X.
Artes Médicas. Porto Alegre

3. Lindhiem O, Bennett CB, Hipwell AE, Pardini DA. Beyond Symptom Counts for Diagnosing Oppositional
Defiant Disorder and Conduct Disorder?. J Abnorm Child Psychol. 2015;43(7):1379-1387. doi:10.1007/
s10802-015-0007-x

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TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO E SUAS COMORBIDADES:
UM DESAFIO DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo o esclarecimento das principais causas e características
do Transtorno Desafiador de Oposição (TDO), em correlação a suas comorbidades, enfatizando-
se a importância do diagnóstico diferencial. Os comportamentos disfuncionais apresentados pelo
indivíduo com o transtorno repercutem consideravelmente de forma negativa sobre a sua vida
pessoal, acadêmica e social. Outro fator preponderante a ser levado em consideração consiste,
comumente, na associação do TDO ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, além de
frequentemente o TDO evoluir para o Transtorno da Conduta e, consequentemente, para um
Transtorno de Personalidade Antissocial na vida adulta. Nesse sentido, os dados encontrados nesta
pesquisa apontam que as intervenções precoces durante a infância são de fundamental importância
para impedir a evolução do TDO para transtornos mais sérios.

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado sob o paradigma teórico da Psicologia, com foco no Transtorno
Desafiador de Oposição (TDO) e suas comorbidades. Busca-se compreender o transtorno em seus
aspectos sintomatológicos e etiológicos, em correlação com suas comorbidades, para um
entendimento funcional da doença.
De acordo com Grevet et al (2007, p. 35), o TDO “faz parte da nosologia psiquiátrica
americana desde o DSM-III”. Existem outras nomenclaturas para o transtorno, tais como
“Transtorno Desafiador Opositivo”, “Transtorno de Oposição” e “Desafio e Transtorno Opositor
Desafiante”. Os comportamentos opositivos podem assumir diversas formas, podendo ser passivos,
quando uma criança não responder a um dado estímulo, permanecendo inativa e acomodada, ou
desafiadores, incluindo verbalizações negativas, comportamentos hostis e resistência física que
incidiriam junto com a desobediência (CABALLO; SIMÓN, 2015).

O primeiro capítulo apresenta a temática e a descrição do referido transtorno,


definindo-o como “um padrão de humor raivoso/irritável, de
comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis
meses” (DSM-5, 2014, p. 462). Nesse mesmo capítulo, são também apresentadas as
principais características sintomatológicas do TDO, enfatizando-se o modo operacional delas,
que, segundo a literatura, compreende principalmente os comportamentos negativistas e
desafiadores que se manifestam através de teimosia e uma persistente resistência em relação a
figuras de autoridade. Kaplan e Sadock (2007) enfatizam que as crianças com TDO
frequentemente se apresentam irritadas e rancorosas, com consequente descontrole emocional.
A prevalência, curso e desenvolvimento do transtorno constituem outros dos aspectos tratados.
De acordo com dados do DSM-5, a prevalência do transtorno varia de 1 a 11%, sendo que o
curso e a evolução do transtorno são variáveis. De acordo com o DSM-5, as comorbidades do
TDO, outro tópico abordado no primeiro capítulo, constituem condições que geralmente
ocorrem concomitantemente com o transtorno, sendo elas, entre outras, o Transtorno do
Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno da Conduta (TC).

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O segundo capítulo trata das possíveis etiologias do TDO e seus fatores de risco. Caballo e
Simón (2015), em concordância com outros autores, elucidam não existir uma teoria uniforme a
respeito das causas para o transtorno, por elas serem muito complexas e por serem múltiplos os
fatores de risco que se encontram relacionados à sua manifestação. Teixeira (2014) e Barlow e
Durand (2015), contudo, chegam a um consenso sobre as questões de ordem social, psicológica e
biológica, apontadas como as possíveis causas do TDO.

O terceiro capítulo versa sobre a avaliação e o diagnóstico do transtorno. O DSM-5 elenca


oito critérios para a realização do diagnóstico, especificando a difusão dos sintomas como um
indicador de gravidade, sendo fundamental a avaliação do comportamento do indivíduo em vários
contextos e, principalmente, no meio familiar e escolar. Teixeira (2014) sinaliza a importância do
diagnóstico para um tratamento precoce, principalmente no sentido da prevenir a evolução do
quadro para um TC e, posteriormente, para um Transtorno da Personalidade Antissocial. Nesse
capítulo, aborda-se, ainda, o fato de ser fundamental para o diagnóstico diferencial a identificação
do TDO, traçando-se um paralelo com os transtornos comórbidos.
O quarto capítulo aborda o tratamento do TDO. Rangé (2011), Teixeira (2014) e Caballo e
Simón (2015) alertam sobre a necessidade do tratamento tanto medicamentoso, quanto
psicossocial. O capítulo apresenta os diversos métodos de tratamento e as técnicas
psicoterapêuticas.
Assim, o objetivo deste trabalho é explanar as principais causas e características do TDO, em
correlação com suas comorbidades, enfatizando-se a importância do diagnóstico diferencial para
possibilitar uma intervenção adequada no processo terapêutico. Ressalta-se ser de crucial
importância a compreensão das possíveis etiologias do transtorno, a fim de que possam ser
realizadas as devidas intervenções precoces, como prevenção da evolução do quadro.

A relevância desta pesquisa reside no fato de que o TDO constitui um dos transtornos
disruptivos mais frequentes na infância, com significativo impacto na adolescência e na vida
adulta, causando prejuízos expressivos ao ajustamento emocional, social, acadêmico e profissional
do indivíduo. Outro aspecto a ser considerado, conforme apontam Caballo e Simón (2015), diz
respeito aos comportamentos desobedientes e desafiadores que comumente se encontram
relacionados ao curso do desenvolvimento normal da criança. Rangé (2011) e Teixeira (2014)
enfatizam que a ausência de tratamento do TDO ou de uma efetiva intervenção de caráter
preventivo implica consequências drásticas tanto para o sujeito, quanto para a sociedade,
desencadeando um possível envolvimento com drogas e álcool. Há também a chance de evolução
para o TC e, consequentemente, para um Transtorno de Personalidade Antissocial na idade adulta.

Este trabalho é, portanto, relevante para fins de esclarecimento sobre os principais aspectos
relacionados à manifestação e à evolução do TDO e para uma melhor compreensão do seu aspecto

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dimensional e funcional. Um conhecimento mais verticalizado sobre esse transtorno pode
desencadear uma tomada de consciência por parte da família, dos educadores de modo geral e dos
profissionais da área da saúde, alertando-os sobre a importância da aplicação de intervenções
terapêuticas precoces com o objetivo de prevenir a evolução do transtorno.

2. DESCRIÇÃO DO TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO (TDO)

2.1. DEFINIÇÃO

O DSM-5 (2014, p. 462) define o TDO como “um padrão de humor raivoso/irritável, de
comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis
meses”. Ressalta-se que alguns critérios diagnósticos serão especificados em outro tópico deste
trabalho. A CID-10, na classificação F91.3, define o TDO como um:

Transtorno de conduta, manifestando-se habitualmente em crianças jovens,


caracterizado essencialmente por um comportamento provocador, desobediente
ou perturbador e não acompanhado de comportamentos delituosos ou de condutas
agressivas ou dissociais graves (CID-10, 2012, p. 372).

Teixeira (2014, p. 18-19), por sua vez, afirma que o TDO consiste em “um padrão persistente
de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes observados nas interações
sociais da criança com adultos e figuras de autoridade”. O autor menciona ainda que o transtorno
pode se apresentar também nos relacionamentos da criança com os colegas, sendo comum na idade
escolar.
Pinheiro (2004), em concordância com os demais autores, menciona que o TDO é um
transtorno disruptivo, com características globais de desafio, desobediência e hostilidade. Barletta
(2011) vai ao encontro de outros autores ao enfatizar que tais comportamentos são adotados
constantemente contra as pessoas que representam papéis de autoridade sobre o indivíduo –
principalmente, os pais, outros familiares e professores.

Em relação ao comportamento antissocial, Barbieri et al (2013) afirmam que o termo


“antissocial”, em psicopatologia, aglomera geralmente três tipos de distúrbios que se referem ao
TDO, o qual acomete especialmente crianças em idade pré-escolar. O TC também acomete

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principalmente crianças em idade escolar e o Transtorno de Personalidade Antissocial manifesta-
se exclusivamente no sujeito adulto.

2.2. CARACTERÍSTICAS SINTOMATOLÓGICAS

A característica essencial do TDO consiste em “um padrão frequente e persistente de humor


raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou de índole vingativa” (DSM-5,
2014, p. 463). A apresentação dos sintomas, segundo o DSM-5, manifesta-se geralmente em casa,
limitando-se a apenas um ambiente, sendo que, em casos mais graves, os sintomas podem se
apresentar em ambientes diversos. De acordo com o DSM-5, os prejuízos à vida dos indivíduos
diagnosticados com o transtorno são relevantes em todo o seu contexto social, causando impactos
negativos em seu funcionamento social, educacional e em áreas significativas da vida.
Segundo Kaplan e Sadock (2007), diferentes comportamentos caracterizam o TDO,
principalmente aqueles no sentido de agir contrariamente ao que se solicita ou se espera do
indivíduo. Segundo esses autores, as crianças com TDO apresentam-se frequentemente irritadas.
Elas são também rancorosas e se aborrecem facilmente, apresentando descontrole emocional e
teimosia persistente. Os autores afirmam ainda que, geralmente, essas crianças desafiam
solicitações ou regras impostas por adultos, com uma tendência acentuada a discutir com eles, além
de deliberadamente perturbar as pessoas do seu convívio social.

Também Paulo e Rondina (2010) e Barletta (2011) consideram que a característica marcante
do transtorno, conforme especificado no DSM-5, é o fato de que ele está associado aos
comportamentos de desobediência, o que remete a atitudes de desafio e hostilidade por parte da
criança, principalmente contra as pessoas que ocupam posição de autoridade em sua vida. Paulo e
Rondina (2010) enfatizam ainda que a criança portadora do transtorno tende a adotar um tipo de
agressão emocional opositiva em relação aos seus familiares, mesmo que não de modo intencional,
ou seja, a criança acha que está agindo corretamente.
Segundo essa ótica, Caballo e Simón (2015) mencionam que o desafio compreende a
confirmação intencional dos limites, geralmente com desconsideração aos outros. De fato, a
criança portadora do TDO não reconhece sua culpa e sua hostilidade se manifesta por meio de
agressão verbal. Os autores enfatizam que, segundo o DSM-IV, o modo operacional das principais
características clínicas do TDO consiste, principalmente, em comportamentos negativistas e
desafiadores, que se manifestam por meio de teimosia e de uma persistente resistência em relação
a figuras de autoridade.

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Esse modo operacional do TDO está relacionado ao fato de a criança com o transtorno
discutir excessivamente com adultos, incomodando as pessoas, sendo resistente à aceitação de
regras, além de perder o controle facilmente em caso de ser frustrada em suas intenções. Todos
esses fatores acarretam um sério incomodo não somente à família, mas também às pessoas de um
modo geral, por serem problemas externalizantes, com implicações severas, que geralmente
causam grande impacto no contexto social do indivíduo (PINHEIRO, 2004).

Nesse sentido, Lins et al (2012) afirmam que os problemas externalizantes, geralmente, são
apontados como indicadores primários do comportamento antissocial na infância, os quais podem
evoluir para o Transtorno Desafiador Opositivo, Transtorno da Conduta e o Transtorno de
Personalidade Antissocial. Gauer, Vasconcelos e Davoglio (2012) acrescentam ainda que os
problemas externalizantes são impactantes e incomodam mais as pessoas em geral do que o próprio
indivíduo.

Teixeira (2014) também enfatiza que, entre as principais características do TDO, está,
frequentemente, a perda da paciência e o fato de a criança se aborrecer com facilidade, se mostrar
irritada, ressentida, agressiva, vingativa e apresentar também uma teimosia constante,
principalmente em relação aos pais. Esses sintomas fazem parte de um padrão de interações
problemáticas com outras pessoas também.

Paulo e Rondina (2010) assinalam que as atitudes agressivas possuem um amplo espectro,
podendo variar segundo as características observadas em cada família. Tal comportamento pode,
então, ser manifestado não somente de forma ativa, como também pode ser sinalizado através de
comportamentos como a apatia, o silêncio e a omissão, entre outros. Geralmente, conforme já
adiantado, as consequências são significativas para a vida dos indivíduos com o transtorno, que
frequentemente apresentam baixa autoestima, baixa tolerância às frustrações, humor deprimido,
comportamento impulsivo, agressividade, inclusive em relação aos colegas, o que frequentemente
tem como consequência a sua rejeição por grupo ou pares (TEIXEIRA, 2014).

Outro aspecto digno de nota, segundo Teixeira (2014), é a relação do transtorno com o uso
abusivo de álcool e de outras drogas. Tais condutas geram, consequentemente, conflitos,
interferindo sensivelmente não apenas nos relacionamentos com membros da família, mas também
em todo o contexto social do indivíduo. O autor afirma que, de modo geral, para os indivíduos que
apresentam um quadro sintomatológico grave os prejuízos na vida acadêmica e social são notórios.

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2.3. PREVALÊNCIA, CURSO E DESENVOLVIMENTO

De acordo com Rangé et al (2011), são bastante heterogêneos os dados sobre a prevalência
do TDO. O autor refere que o DSM-IV cita uma faixa de prevalência que varia de 2 a 16%. O
DSM-5, por sua vez, cita uma prevalência de 1 a 11%, sendo a média estimada de 3,3% - a variação
nessa taxa encontra-se relacionada à idade e ao gênero da criança. Existe, também, uma maior
prevalência em indivíduos do sexo masculino, numa proporção de 14:1 antes da adolescência
(DSM-5, 2014).
Segundo Caballo e Simón (2015), antes da puberdade o transtorno é mais frequente em
homens do que em mulheres, assumindo, no entanto, em proporções mais semelhantes depois da
puberdade. Os autores referem que, em relação aos sintomas, há certa similaridade entre os
apresentados por homens e mulheres. Contudo, os comportamentos externalizantes entre os
indivíduos do sexo masculino tendem a ser mais persistentes e conflituosos.
A maior frequência do TDO entre os indivíduos do sexo masculino está relacionada à
manifestação de um “excesso de atividade, dificuldade pra se acalmar e uma reatividade extrema
durante os anos pré-escolares” (CABALLO; SIMÓN, 2015, p. 41).

Em relação ao desenvolvimento e ao curso do TDO, o DSM-5 aponta que os primeiros


sintomas do transtorno, geralmente, surgem durante os anos de pré-escola, sendo que sua
ocorrência após o início da adolescência é muito rara. Frequentemente, o TDO precede o
desenvolvimento do TC, principalmente nos indivíduos em que esse transtorno se manifesta ainda
na infância, existindo também um risco para o desenvolvimento de Transtornos de Ansiedade e
Transtorno Depressivo Maior (DSM-5, 2014). O TDO não é diagnosticado em adultos, devido ao
fato de que esses indivíduos desistem dos comportamentos desajustados que apresentam; outros
pacientes poderão vir a desenvolver transtornos de personalidade (PLISKA, 2004).

Na concepção de Kaplan e Sadock (2007), comportamentos de natureza opositiva podem ser


considerados como normais ou próprios de uma faixa etária específica, como no começo da
infância, fazendo parte do processo evolutivo da criança. Os autores mencionam, também, que o
surgimento desses comportamentos pode ocorrer normalmente no período da adolescência,
principalmente no estabelecimento da construção de uma identidade própria.
Estando em concordância com a literatura sobre o tema, Teixeira (2014) pontua que o curso
e a evolução do TDO são variáveis. O autor assinala que, estatisticamente, 67% das crianças que

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são diagnosticadas com o TDO, quando acompanhadas terapeuticamente, deixarão de apresentar
os sintomas do transtorno nos próximos anos. Teixeira (2014) menciona ainda que, em cerca de
30% das crianças diagnosticadas com TDO, poderão se intensificar os sintomas, evoluindo para o
TC na adolescência.

Ratificando o conteúdo do DSM-5, Teixeira (2014) enfatiza que, nas crianças em que os
sintomas do TDO se manifestam de forma precoce, ou seja, antes dos oito anos de idade, será maior
o risco de evolução para o TC. O autor elucida ainda que, quando o indivíduo não recebe tratamento
adequado, o risco de evolução para o TC poderá acontecer em até 75% dos casos. Teixeira (2014)
menciona ainda que, após a evolução para o TC, aproximadamente 10% das crianças poderão ter
uma evolução para o Transtorno de Personalidade Antissocial. Sendo assim, caso não haja um
tratamento eficaz, os prejuízos à vida do paciente serão significativos, o que terá consequências no
contexto social no qual ele se encontra inserido (RANGÉ et al, 2011).

2.4. PROGNÓSTICO

Segundo Serra-Pinheiro et al (2004, p. 275), o “TDO é um fator de risco para o


desenvolvimento de TC, especialmente em meninos, e sua ocorrência varia de 2,7% a 40% [...]. O
TDO é estável em uma quantidade significativa de pacientes”. De acordo com Teixeira (2014), nos
casos em que o transtorno se apresenta de forma leve, o prognóstico será melhor e as evoluções
positivas, sendo que, em formas mais graves, quando não tratadas, há uma tendência a tornar-se
crônico.

Serra-Pinheiro et al (2004) enfatizam que os conflitos familiares e as adversidades ambientais


são fatores associados à evolução de TDO para o TC. Kaplan, Sadock e Grebb (2007) referem que
muitas variáveis podem acentuar o comportamento desafiador opositor e que o prognóstico para o
indivíduo com o transtorno encontra-se relacionado ao funcionamento da sua estrutura familiar.
Os autores afirmam ainda que também a existência de psicopatologias comórbidas pode induzir ao
desenvolvimento do transtorno.

Teixeira (2014), por sua vez, ressalta que, frequentemente, o curso do TDO se encontra
relacionado a outros transtornos psiquiátricos e comportamentos graves, como o TC, o Transtorno
da Personalidade Antissocial e o abuso de substâncias psicoativas, o que remete a um prognóstico
desfavorável.

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2.5. COMORBIDADES

Caballo e Simón (2015) afirmam que há um alto índice de crianças com TDO que apresentam
um diagnóstico comórbido de TDAH. Também é comum identificar concomitantemente
transtornos de comunicação e de aprendizagem.
Nessa mesma linha de pensamento, Serra-Pinheiro et al (2004) chamam a atenção para a alta
comorbidade do TDO com o TDAH, situando-a na faixa dos 50%. Em relação à associação desses
transtornos, Teixeira (2014) afirma que, quando tal ocorre, verifica-se um quadro de maior
agressividade e impulsividade, o que implica mais conflitos e maior possibilidade da evolução do
TDO para o TC.

O TDAH e o TC são duas condições que, geralmente, ocorrem concomitantemente com o


TDO, que frequentemente precede o TC em crianças no início da infância. Há também um risco
aumentado para os indivíduos com TDO de apresentarem transtornos de ansiedade e transtorno
depressivo maior, geralmente indicados pela presença do humor raivoso e irritável (DSM-5, 2014).
Rangé (2015) afirma que se trata de um comportamento muito comum o uso de substâncias,
como álcool e drogas, associado ao TDO. Contudo, o DSM-5, por sua vez, alerta que não está clara
a existência de uma relação direta entre esses comportamentos e a presença do transtorno. Teixeira
(2014) acrescenta outro problema comportamental associado ao TDO, além dos citados
anteriormente: o transtorno bipolar do humor. Serra-Pinheiro et al (2004) afirmam que a
irritabilidade é um sintoma comum na bipolaridade pediátrica e, assim, existe uma associação entre
os sintomas desafiadores de oposição e o transtorno bipolar.

Serra-Pinheiro et al (2004) também afirmam que, apesar de o TDO ser considerado uma
categoria diagnóstica independente, é necessário considerar a sua comorbidade com o TDAH e o
TC. Segundo os autores, os estudos da área mostram que indivíduos com o TDO apresentam
TDAH comórbido ou são associados sem distinção aos indivíduos com TC. Os autores mencionam
que estudos que estabelecem comparações em crianças com TDAH que se encontram associadas
ao TDO. No grupo comórbido, foi mais comum a existência de uma maior gravidade de sintomas
de TDAH.

3. POSSÍVEIS ETIOLOGIAS DO TDO E FATORES DE RISCO

São várias as causas do TDO. De acordo com Teixeira (2014), apesar de serem muito
complexas e serem múltiplos os fatores de risco que se encontram relacionados ao surgimento do
transtorno, é fundamental que se tente o entendimento dessas causas para que sejam feitas

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intervenções precoces. A quantidade de fatores de riscos presentes na criança implica a diminuição
das chances de sucesso terapêutico. Gauer, Vasconcellos e Davoglio (2012) enfatizam que, no
desenvolvimento e na sustentação de comportamentos socialmente impróprios, uma grande
diversidade de fatores tanto ambientais, quanto constitucionais pode agir conjunta ou isoladamente.

Caballo e Simón (2015), por sua vez, afirmam não existir uma teoria uniforme a respeito da
etiologia do transtorno, mencionando o fato de que o TDO, assim como muitos outros transtornos
clínicos, sofre a influência de diversos fatores que se inter-relacionam, atuando como variáveis de
causa e efeito. Verifica-se, na maioria dos transtornos mentais e no caso dos transtornos
disruptivos, uma etiologia multifatorial que está relacionada a uma relação complicada entre
fatores ambientais e biológicos (RANGÉ, 2011).

O DSM-5 classifica essas disposições de risco em temperamentais, ambientais, genéticas e


fisiológicas. Os fatores temperamentais relacionados a problemas de regulação emocional são
preditivos do transtorno. Os fatores ambientais relacionados a práticas agressivas, inconsistentes
ou negligentes na criação dos filhos, são comumente vistas em famílias de indivíduos portadores
do transtorno. Quanto aos fatores de ordem genética e fisiológica, eles indicam uma série de
marcadores neurobiológicos associados ao TDO.
Em relação aos correlatos neurobiológicos, Serra-Pinheiro et al (2004), abordando estudos
desenvolvidos com irmãos gêmeos, aponta os fatores genéticos como sendo de risco para a
coocorrência do TDO/TC com TDAH, bem como para a constância sintomatológica desses
transtornos. Barlow e Durand (2015) enfatizam ainda que é necessário se atentar tanto para a
questão de ordem biológica, quanto para os fatores psicossociais apontados como causa dos
transtornos psicológicos.
Para se chegar a uma abordagem abrangente e integrada do TDO, é fundamental considerar
a sua etiologia e o intercâmbio de todas as dimensões que são relevantes, tais como “contribuições
genéticas, o papel do sistema nervoso, processos comportamentais e cognitivos, influências
emocionais, influências sociais e interpessoais e fatores de desenvolvimento” (BARLOW;
DURAND, 2015, p. 69).

Barlow e Durand (2015, p. 69) trazem um esclarecimento sobre as contribuições genéticas


para a psicopatologia ao afirmarem:

A influência genética sobre muito do nosso desenvolvimento, comportamento,


nossa personalidade e até mesmo sobre o nível de QI é poligênica, ou seja,
influenciada por muitos genes. Esse parece ser também o caso do comportamento
anormal, embora pesquisas tenham identificado pequenos grupos de genes
específicos relacionados a alguns transtornos psicológicos principais.

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Seguindo essa linha de pensamento, Teixeira (2014) menciona que os múltiplos fatores de
risco que contribuem para o surgimento do TDO estão relacionados a questões sociais, psicológicas
e biológicas. Quanto aos fatores biológicos, o autor assinala que as pesquisas científicas não trazem
uma conclusão a respeito da origem genética do transtorno; alguns estudos, no entanto,
estabelecem essa correlação.
Teixeira (2014) menciona que estudos nesta área de pesquisa identificaram que o uso do
fumo e de álcool de forma abusiva durante a gravidez está associado a uma probabilidade maior
de gerar filhos com o diagnóstico do transtorno. Em relação a esses fatores, o autor afirma:

Alguns fatores biológicos relacionados com características da própria criança,


como temperamento, negativismo, baixa capacidade de adaptação a mudanças,
déficits neuropsicológicos, dificuldades de linguagem, memória, planejamento,
organização, disciplina, atenção e julgamento, também influenciaram no
desenvolvimento do transtorno. Outros estudos descrevem alterações estruturais
no córtex pré-frontal, região cerebral responsável pelo controle das emoções e da
impulsividade, alterações no funcionamento de substâncias neurotransmissoras
dos sistemas serotoninérgicos, dopaminérgicos e noradrenérgicos, baixa de
cortisol e níveis elevados de testosterona. Entretanto, esses dados também não são
conclusivos. (TEIXEIRA, 2014, p. 30-31).

Quanto aos fatores de ordem psicológica, o surgimento do transtorno estaria relacionado a


modelos de apego e aprendizado social, sendo observável o fato de crianças que apresentam
agressividade possuírem dificuldade para processar informações referentes ao relacionamento
social, tais como lidar com as frustrações diárias. Como a criança tende a assimilar e reproduzir o
comportamento dos pais, um contexto familiar de violência e hostilidade torna-se propício para o
desencadeamento do transtorno (TEIXEIRA, 2014).

Gauer, Vasconcelos e Davoglio (2012), por sua vez, enfatizam que são consideradas
essenciais as experiências vivenciadas precocemente pelas crianças, tanto físicas quanto psíquicas.
De fato, segundo os autores, vivências como o relacionamento com os pais mesmo antes do
nascimento concorrem tanto para o desenvolvimento neurobiológico, quanto para a formação da
subjetividade e para a adaptação à cultura do contexto do indivíduo. Os autores elucidam que essas
experiências infantis são impactantes, com repercussão traumática sobre o processo de

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desenvolvimento do psiquismo da criança. Por isso, é importante promover um acolhimento
ambiental satisfatório às necessidades da infância.

Caballo e Simón (2015) afirmam que existem várias evidências de que o TDO é moldado e
mantido por meio das trocas efetuadas entre uma criança e os adultos importantes em seu meio,
principalmente as figuras de autoridade, que são os pais. Os autores assinalam que há uma
probabilidade maior para o desenvolvimento de comportamentos opositores em crianças que
apresentam reações emocionais acentuadas, falta de atenção, irritabilidade persistente e condutas
impulsivas. Tais condutas são associadas a um comportamento difícil da criança.

Ainda Caballo e Simón (2015) consideram que as crianças que apresentam tal temperamento
sentem dificuldade de adaptação às mudanças que se processam no ambiente no qual estão
inseridas, reagindo contrariamente e muitas vezes de forma agressiva. Em relação à causa das
condutas agressivas, Barros e Silva (2006) mencionam que o comportamento agressivo, alvo de
vários estudos, é característico da espécie humana e apresenta diversas configurações, podendo ser
expresso através de movimentos de ataque ou de fuga e de sentimentos diversos, como raiva e
ódio, e pela via somática, entre outros modos. Os autores enfatizam a necessidade da análise, ao
longo do processo de amadurecimento da criança, em relação à apresentação de comportamentos
agressivos. As formas severas e frequentes desses comportamentos podem sinalizar indícios de
psicopatologia.
É importante mencionar que, no campo da psicanálise, em relação à delinquência juvenil,
diversas descobertas advieram dos estudos da personalidade, bem como dos da conduta e dos da
psiconeurologia. A ênfase dessas descobertas aponta para a complexidade dos processos mentais
que não se manifestam claramente, ou seja, ficam “subjacentes à psicopatologia grave associada
aos comportamentos antissociais, sem necessariamente entrar em conflito com os pressupostos
psicanalíticos” (GAUER; VASCONCELLOS; DAVOGLIO, 2012, p. 53).
Em relação às raízes da agressividade, Winnicott (2008, p. 262) afirma que a agressão possui
dois significados: “Por um lado, constitui direta ou indiretamente uma reação à frustração. Por
outro lado, é uma das muitas fontes de energia de um indivíduo”. O autor chama a atenção para o
fato de que o assunto é bastante amplo e se refere à criança em processo de crescimento. Algumas
vezes, é possível verificar uma clara e expressiva agressão, o que implica, nesse caso, um
enfrentamento no sentido de frear os possíveis danos que ela venha a causar.
Por outro lado, em outras situações, pode não haver uma clara evidência da agressão, que se
manifestam sob a forma de certo comportamento contrário, sendo necessária, nesse caso, a
observação de alguns tipos opostos da agressão, como, por exemplo, o contraste entre atrevimento
e timidez. Isso pode indicar que duas crianças estejam manejando de um modo distinto as suas
próprias cargas de impulsos hostis (WINNICOTT, 2008).

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O assunto sobre a agressividade é muito vasto e preocupante pois remete a uma criança em
evolução assinala Winnicott (2008, p.265) que elucida, “Algumas crianças tendem,
definitivamente, a ver seus próprios impulsos agressivos controlados (recalcados) na agressão de
outros. Isto pode evoluir de um modo nada sadio”. Nesse foco, o autor enfatiza que pode ser
esgotado o abastecimento de perseguição devendo então ser suprido por ilusões, o que implica na
constante expectativa de perseguição por parte da criança e consequente agressividade como
autodefesa contra esses imaginários ataques. O autor completa afirmando que esse processo se trata
de uma doença, no entanto, esse padrão de comportamento pode ser identificado em quase todas
as crianças como uma fase do seu desenvolvimento.
Em relação ao desenvolvimento e à manutenção do TDO, Caballo e Simón (2015) assinalam
a importância de se identificarem as características da criança e dos pais, bem como de todo um
contexto situacional e de suas variáveis que influenciam na qualidade dos intercâmbios recíprocos
e nas interações mantidas entre pais e filhos. Os autores assinalam que as variáveis observadas nos
pais, como a imaturidade, a hostilidade, a labilidade emocional e a inexperiência na educação dos
filhos, encontram-se presentes em famílias de crianças portadoras do TDO. Os autores afirmam
ainda que outro fator de risco consiste na existência de problemas conjugais e psicopatologias
parentais, como, por exemplo, a depressão materna.

Para um melhor entendimento do funcionamento do comportamento antissocial na infância


e adolescência, é importante que se considere a possibilidade de que as vivências e as experiências
familiares possuem relação direta com tal tipo de conduta. A posição que a família exerce no
contexto social é relevante, uma vez que ela representa o primeiro ambiente social em que o
indivíduo foi inserido. A família, portanto, é vista desse ângulo como um sistema socioafetivo
básico e vital, exercendo significativamente um grande impacto no desenvolvimento do indivíduo,
tanto na construção da personalidade, quanto do comportamento (GAUER; VASCONCELLOS;
DAVOGLIO, 2012).

É também importante destacar que o modelo básico de interação para a formação dos demais
vínculos na vida do indivíduo é decorrente das relações familiares, ou seja, os modelos de
comportamento assimilados na infância encontram-se associados às interações afetivas e sociais
experienciadas no contexto familiar. Nesse sentido, conseguem-se identificar dois padrões
familiares completamente opostos, que convergem para o desenvolvimento ou manutenção do
transtorno: pais excessivamente agressivos e autoritários e pais excessivamente permissivos, que
não impõem limites à criança (GAUER; VASCONCELLOS; DAVOGLIO, 2012).
Em relação aos fatores sociais apontados como causa do TDO, Teixeira (2014) menciona que
não existe ainda uma definição precisa dos padrões sociais; porém, as pesquisas apontam para um
possível desencadeamento do transtorno nas famílias de baixo nível socioeconômico, que
vivenciam violência doméstica e com moradia localizada em setores de criminalidade. Pais

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ausentes, abusadores, agressivos, usuários de álcool ou drogas e que possuem habilidades parentais
deficientes, não impondo quaisquer limites aos filhos são outras características. Nesse sentido,
Barlow e Durand (2015) enfatizam que as influências sociais, bem como as interpessoais, são
significativas, pois afetam intensamente tanto a biologia do indivíduo, quanto os transtornos
psicológicos.
Fatores escolares também contribuem para o surgimento do transtorno, levando-se em
consideração que escolas são muitas vezes inaptas em lidar com alunos com problemas
comportamentais (TEIXEIRA, 2014).

4. AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO

Segundo Caballo e Simón (2015), o diagnóstico do TDO constitui uma tarefa difícil, dada a
grande variabilidade sintomatológica que o transtorno apresenta, além da sua comorbidade e da
dificuldade de se obterem informações relevantes.

4.1. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – DSM-5 313.81 (F91.3)

De acordo com o DSM-5 (2014, p. 462), existe um critério geral (Critério A), relacionado a
outros oito critérios, para o diagnóstico do TDO. Eles são especificados a seguir.

A. Um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou de


índole vingativa, com duração de pelo menos seis meses, como evidenciado por pelo menos quatro
sintomas de qualquer das categorias seguintes e exibido na interação com pelo menos um indivíduo
que não seja um irmão.

Humor Raivoso/ Irritável


1. Com frequência perde a calma.
2. Com frequência é sensível ou facilmente incomodado.

3. Com frequência é raivoso e ressentido.

Comportamento Questionador/Desafiante

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4. Frequentemente questiona figuras de autoridade ou, no caso de crianças e adolescentes,
adultos.

5. Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a obedecer a regras ou a pedidos


de figura de autoridade.

6. Frequentemente incomoda deliberadamente outras pessoas.


7. Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau comportamento.

Índole Vingativa
8. Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos seis meses.

B. A perturbação no comportamento está associada a sofrimento para o indivíduo ou para os


outros em seu contexto social imediato, ou causa impactos negativos no funcionamento social,
educacional e profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno


psicótico ou de transtorno de humor.

D. Não são satisfeitos os critérios para transtorno da conduta e, se o indivíduo tem 18 anos
ou mais, não são satisfeitos os critérios para transtorno da personalidade antissocial.

A partir desses critérios, o DSM-5 situa a gravidade na condição leve quando os sintomas
limitam-se a apenas um ambiente (na casa, na escola, no trabalho, com os colegas). A gravidade
moderada ocorre quando alguns sintomas estão presentes em pelos menos dois ambientes e a grave,
quando alguns sintomas estão presentes em três ou mais ambientes (DSM-5, 2014, p.463).

Em relação ao diagnóstico do TDO, a CID-10, por sua vez, estabelece que:

Para que um diagnóstico positivo possa ser feito, o transtorno deve responder aos
critérios gerais citados em F91. -; mesmo a ocorrência de travessuras ou de
desobediências não justifica, por si só, este diagnóstico. Esta categoria deve ser
utilizada com prudência, em particular nas crianças com mais idade, dado que os
transtornos de conduta que apresentam uma significação clínica se acompanham
habitualmente de comportamentos dissociais ou agressivos que ultrapassam o

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quadro de um comportamento provocador, desobediente ou perturbador. (CID-
10, 2012, p. 372).

Dessa forma, a CID-10 (2012) relaciona o transtorno na categoria F91.3 como distúrbio
desafiador e de oposição, no caso, um transtorno de conduta com manifestação comumente
verificada em crianças jovens; sendo caracterizado, principalmente, por comportamentos
provocadores, perturbadores ou de desobediência e quando não acompanhados de conduta
dissocial, agressiva e delituosa.
De modo semelhante, Teixeira (2014) ressalta que é necessário se atentar para o fato de o
TDO ser muito mais do que agir de um modo desafiador ou adotar um comportamento de birra, o
que por vezes se verifica na criança, uma vez que o comportamento opositivo temporário
comumente faz parte do desenvolvimento normal da personalidade. Nesse sentido, o autor afirma
a importância de os pais, responsáveis e educadores saberem diferenciar o comportamento de
oposição normal vivenciado pela criança em seu desenvolvimento conforme adquire autonomia de
um quadro de transtorno comportamental.

4.1.1. Características diagnósticas

Tratando das características diagnósticas do TDO, o DSM-5 (2014, p.463), afirma que a
“difusão dos sintomas é um indicador da gravidade do transtorno, é extremamente importante
avaliar o comportamento do indivíduo em vários ambientes e relacionamentos”. Nesse sentido,
Caballo e Simón (2015) mencionam a importância de se considerarem certas manifestações
clínicas do transtorno na realização do diagnóstico, tais como o fato de os comportamentos
problemáticos ocorrerem mais frequentemente em casa, ou na escola, ou em lugares públicos. De
fato, esses comportamentos podem se limitar a apenas um ambiente.
Por outro lado, em condições mais graves, verifica-se a presença dos sintomas do transtorno
em múltiplos ambientes. Outro aspecto a ser considerado é que os indivíduos com o TDO,
geralmente, não se reconhecem como raivosos, desafiadores ou opositores, procurando sempre
uma justificação plausível para sua conduta (DSM-5 2014).
É também frequente a presença dos sintomas do transtorno nas interações problemáticas com
outras pessoas e não somente no contexto familiar, o que deve ser levado em consideração. Outro
aspecto digno de nota é o fato de a criança com o transtorno ter vivenciado, com frequência,
experiências de cuidados parentais hostis, o que implica a impossibilidade de se determinar se o
comportamento apresentado pela criança é resultado da maneira hostil com que os pais a tratavam

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(ou tratam), ou se a hostilidade dos pais é resposta ao problema da criança. Há também a
possibilidade de as duas hipóteses se verificarem simultaneamente (DSM-5, 2014).

4.2. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PARA FINS DE INTERVENÇÕES PRECOCES

Barletta (2011) menciona a dificuldade de realizar um diagnóstico dos transtornos


disruptivos, devido à apresentação de comportamentos desafiadores no ciclo normal do
desenvolvimento de crianças e adolescentes. Por isso, quando se trata do TDO, é necessária uma
avaliação criteriosa por parte do terapeuta.
Para que essa avaliação adequada aconteça, é necessário se estar atento a determinados
comportamentos, como, por exemplo, à mentira em seus vários aspectos. Por um lado, ela pode
sinalizar uma conduta normal no desenvolvimento infantil e de adolescentes; por outro, pode ser
indício de transtornos. É fundamental, portanto, o estabelecimento de diferenças entre os
comportamentos dito normais e os psicopatológicos, atentando-se para o fato de esses
comportamentos ocorrerem isolados, raramente ou constituindo quadros de síndromes, o que
remete a um desvio comportamental. A idade, o gênero e o contexto cultural do indivíduo devem
ser levados em consideração (ALMEIDA et al, 2014).

Segundo Hutz et al (2016), é necessário ter alguns cuidados no estabelecimento do


diagnóstico psicológico na infância e adolescência. Os autores esclarecem que os estudos sobre o
desenvolvimento infantil e os processos psicopatológicos no período infantil são ainda recentes:
os assuntos relacionados aos comportamentos na infância eram considerados apenas de ordem
moral e não de ordem médica.
Esses autores também assinalam que, somente no século XIX, a psicopatologia infantil teve
o seu reconhecimento, atingindo seu ápice no século XX, com o desenvolvimento da psicanálise
infantil, as teorias de Piaget e Vygotsky e a testagem da inteligência. Os autores tecem suas
considerações sobre os cuidados específicos que se devem ter no estabelecimento do diagnóstico
psicológico de crianças e adolescentes, para que sejam realizadas as intervenções precoces
adequadas.
Nesse sentido, para que o objetivo principal do psicodiagnóstico - o de possibilitar um norte
terapêutico - seja atingido, todos os aspectos avaliativos implicados devem ser levados em
consideração. Exemplos desses aspectos são os elementos referentes ao desenvolvimento, os
elementos sociais e familiares e os elementos relacionados à sintomatologia (HUTZ et al, 2016).
Também Teixeira (2014) afirma que, para que seja realizado um diagnóstico correto de
crianças com o TDO, a fim de se intervir precoce e adequadamente, são imprescindíveis as devidas

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investigações clínicas. O autor ressalta a importância de uma boa avaliação do indivíduo tanto no
âmbito familiar, quanto no escolar.

Em uma avaliação familiar, deve-se estar atento à compreensão dos padrões comportamentais
dos pais, das atitudes e dos procedimentos adotados na criação dos filhos. Deve-se, também,
investigar como se dá a comunicação e a interação social entre a família. Outro fator importante é
o levantamento do histórico familiar em relação aos transtornos comportamentais, ao alcoolismo,
às drogas, à violência e à agressividade (TEIXEIRA, 2014).
Em relação à avaliação no contexto escolar, Teixeira (2014) aponta ser importante a
observação do desempenho escolar comprometido por frequentes reprovações. De fato, trata-se de
um dos indicativos do TDO. O autor alerta para o padrão de comportamento da criança na escola,
a interação social com os colegas, os professores e os demais funcionários da instituição. As
características relevantes para o diagnóstico, segundo o autor, estão relacionadas a um histórico de
desobediência e de desafio à autoridade de professores e funcionários, às ações impulsivas e aos
constantes conflitos com os colegas de sala de aula. Também a recusa em pedir ou aceitar ajuda,
principalmente dos professores, e a recusa em reconhecer ou aceitar a culpa, atribuindo-a sempre
a outrem, devem ser levadas em consideração.
Uma das dificuldades para a realização de uma boa avalição diagnóstica do transtorno, de
acordo com Barletta (2011), é o fato de não existir um padrão de testes e inventários com respostas
precisas. Como consequência disso, o manejo clínico é a estratégia básica para obtenção dos dados.
Nesse sentido, Rangé (2011) afirma que, apesar de vários autores mencionarem diversas
descobertas de ordem neurobiológicas associadas aos transtornos disruptivos, não há como
comprovar o diagnóstico tanto do TDO, quanto do TC por meio de exames físicos. Tais exames
ainda não estão disponíveis.

Sobre a avaliação do TDO infantil, Caballo e Simón (2015) fazem um esclarecimento


adicional relevante, que agrupa diversos métodos e objetivos que se inter-relacionam: a utilização
dos métodos de avaliação têm um fim de crivo diagnóstico, com o objetivo de detectar o
agravamento dos problemas e o estabelecimento de um tratamento precoce, que venha possibilitar
a avaliação dos resultados da intervenção terapêutica, para que possam ser combatida as causas
que sustentam o transtorno. Os autores, em consenso com a literatura, afirmam que, nesse caso, os
pais e o contexto onde a criança se encontra inserida estão no centro dessa avaliação.
Caballo e Simón (2015) também afirmam que os clínicos, em sua maioria, determinam
inicialmente se a criança tem um TDO geralmente com base nos critérios diagnósticos pelo DSM-
5, anteriormente especificados neste trabalho. Outra medida importante é a utilização de vários
instrumentos de avaliação, como as entrevistas abertas e semiestruturadas e as escalas de avaliação
comportamental.

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Em relação à evolução do TDO para o TC e, possivelmente, para um transtorno da
Personalidade Antissocial, Teixeira (2014) sinaliza a importância de se realizar um diagnóstico
com um tratamento precoce, que certamente exercerá um papel essencial na prevenção da evolução
do TDO.

4.3. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Para o diagnóstico diferencial, é fundamental a identificação do TDO traçando-se um paralelo


com outros transtornos, principalmente os comórbidos. O DSM-5 aponta os seguintes transtornos
comórbidos, já referidos neste trabalho: transtorno da conduta, transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade, transtornos depressivos e bipolar, transtorno disruptivo da desregulação do
humor, transtorno explosivo intermitente, deficiência intelectual, transtorno da linguagem e
transtorno de ansiedade social (DSM-5, 2014).

Quanto ao TDHA, o DSM-5 (2014) faz menção à frequência com que tal transtorno é
comórbido com o TDO, devendo ser realizados ambos os diagnósticos na coexistência dos dois
transtornos. No caso do diagnóstico diferencial, é importante a observação de problemas
comportamentais ligados ao TDAH, que são relacionados principalmente à falta de atenção, à
impulsividade e à hiperatividade. Esses constituem aspectos que diferem das características de
oposição e desafio do TDO, o que exige uma observação direta da criança tanto no seu contexto
familiar, quanto escolar. Entrevistas com pais e educadores em geral devem ser realizadas (EDDY,
2009).

Mattos (2004), por sua vez, afirma que o TDO se caracteriza, principalmente, pela
apresentação de uma desobediência exacerbada em várias situações, nas quais a criança desafia
ativamente as figuras de autoridade, mostrando-se contrária a regras ou a limites, o que não se
verifica no TDAH.

De acordo como o DSM-5, como os indivíduos com o TC e o TDO apresentam características


de conduta conflitantes com adultos e principalmente figuras de autoridade, a distinção entre ambos
baseia-se no fato de que os comportamentos do TDO são menos graves, não incluindo violência
contra pessoas ou animais, defraudação ou furto e destruição de patrimônio. Outro aspecto
diferencial é o fato de o TDO estar relacionado a problemas de desregulação emocional, ou seja, o
humor raivoso e irritável característico, o que não se verifica nos critérios diagnósticos do TC
(DSM-5, 2014).
Mattos (2004) afirma que uma diferença marcante entre os dois transtornos é o fato de que,
no TDO, existem comportamentos exagerados que se manifestam em algum grau nas crianças ditas

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normais. No TC, por outro lado, os comportamentos apresentados são claramente diferenciados do
esperado e do aceitável do ponto de vista moral e social. “O transtorno de conduta é um padrão
persistente de comportamentos antissociais manifestados [pelas crianças ou adolescentes], em que
são violados os direitos individuais dos outros e/ou normas ou regras sociais importantes” (EDDY,
2009, p.12).
Quanto aos transtornos depressivos e bipolar, o DSM-5 aponta para a frequência com que
tais transtornos se encontram intimamente relacionados com irritabilidade e afeto negativo. Assim,
é necessário estar atento se tais sintomas ocorrem exclusivamente no decorrer de um transtorno do
humor – o que, a se confirmar, não constituirá um caso de TDO. No caso do transtorno explosivo
intermitente, o DSM-5 afirma que ele envolve também explosões de raiva, assim como o TDO;
contudo, a diferença está no fato de o transtorno explosivo intermitente apresentar grave agressão
direcionada a pessoas, animais ou propriedades (DSM-5, 2014).

A relação existente entre o TDO e o transtorno disruptivo da desregulação do humor reside


nos sintomas de humor negativo crônico e nas explosões de raiva que são comuns aos dois.
Contudo, a intensidade, a gravidade, a frequência e a cronicidade dessas explosões de raiva são
mais intensas (e graves) no transtorno disruptivo da desregulação do humor (DSM-5, 2014).
No caso de indivíduos com deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento
intelectual), só é realizado um diagnóstico de TDO “se o comportamento opositor for
acentuadamente maior do que aquele que em geral se observa entre indivíduos com idade mental
comparável e com gravidade comparável de deficiência intelectual” (DSM-5, 2014, p. 465-466).
O TDO, de acordo com o DSM-5, deve ser distinguido do transtorno de linguagem no que
diz respeito à inabilidade do indivíduo para seguir orientações quando elas são pertinentes à
alteração na captação da linguagem. Nesse caso, tem-se o exemplo da perda auditiva. Outra
diferenciação do TDO em relação ao transtorno de ansiedade social deve ser feita quando ocorre
uma recusa proveniente do medo de ser avaliado negativamente que esteja vinculada à fobia social
(DSM-5, 2014).

5. TRATAMENTO DO TDO E MEDIDAS PREVENTIVAS

Segundo Caballo e Simón (2015), diante de um quadro de crianças com TDO, a seriedade
dos problemas comportamentais apresentados demanda a aplicação de um tratamento global a
longo prazo, que envolva a criança, a família, a escola e todo seu contexto social.
Rangé (2011) e Teixeira (2014) enfatizam que, se não for realizado o tratamento do TDO, ou
quando não for efetivada nenhuma intervenção de caráter preventivo em relação a ele, as

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consequências serão drásticas tanto para o sujeito, quanto para a sociedade. As consequências
possíveis são o envolvimento com drogas, álcool e a chance de evolução para o TC e,
consequentemente, para um transtorno de personalidade antissocial na idade adulta.
Portanto, a adoção de medidas preventivas e a intervenção precoce nas alterações
comportamentais ligadas ao TDO constituem o ponto chave para que se obtenha êxito no processo
terapêutico (TEIXEIRA, 2014). Rangé (2011), Teixeira (2014) e Caballo e Simón (2015) chamam
a atenção para a necessidade não só do tratamento medicamentoso, mas também do tratamento
psicossocial.

Deakin e Nunes (2008), por sua vez, se referem a psicoterapia infantil como uma intervenção,
cuja finalidade é o atendimento aos mais variados problemas que se repercutem no cotidiano da
criança, causando prejuízos significativos em sua vida familiar, acadêmica e social.

5.1. TRATAMENTO PSICOSSOCIAL

De acordo com Teixeira (2014), o tratamento psicossocial engloba uma série de estratégias
com a finalidade de fornecer melhor qualidade de vida à criança, proporcionando-lhe melhoria na
qualidade das suas relações sociais no contexto familiar, escolar e social.

Rangé (2011), Teixeira (2014) e Caballo e Simón (2015) discorrem sobre os modelos
comportamentais como modificação do comportamento, terapia comportamental e análise aplicada
do comportamento. Os autores enfatizam a eficácia no tratamento do TDO das estratégias
cognitivo-comportamentais, mencionando os seguintes procedimentos: terapia familiar,
psicoeducação familiar, treinamento de pais, psicoeducação escolar e intervenções escolares.
Em relação ao treinamento de pais, Rangé (2011, p. 637) e Caballo e Simón (2015, p. 44-
45) (grifo nosso) mencionam diversos elementos que podem ser definidos, apesar das variações no
formato e na sequência desses programas:

1. O objetivo do tratamento consiste em ensinar aos pais a interagir mais


eficazmente com a criança, por meio do desenvolvimento de novas habilidades
e da eliminação de estratégias ineficazes.

2. O terapeuta adapta um estilo de ensino direto que incorpora a demonstração,


a representação de papéis, o ensaio de comportamento e as tarefas para casa, a
fim de atingir os objetivos terapêuticos.

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3. O treinamento pode ser realizado no consultório do terapeuta ou em uma
clínica. Contudo, pode ser realizado também na casa da criança.

4. Os programas de treinamento baseiam-se em um modelo de domínio de


informação, que requer que os pais aprendam e demonstrem habilidades
específicas - um pré-requisito antes de passarem para os outros objetivos de
treinamento.

Como a desestruturação familiar se encontra intimamente relacionada com o


desenvolvimento e a manutenção do TDO, Teixeira (2014) defende que é imprescindível que sejam
realizadas, nesses casos, a terapia familiar (grifo nosso). O autor enfatiza que o objetivo da terapia
é dar um suporte à família no sentido de melhorar o estilo de interação e de funcionamento social
dela, a fim de promover uma modificação no sistema familiar, uma vez que, em tal contexto, os
sintomas opositivos da criança são estimulados.
Sobre a importância da utilização da terapia familiar, Gauer, Vasconcellos e Davoglio (2012)
assinalam que o uso, no contexto familiar, de práticas educativas parentais com a finalidade de
promover a socialização dos filhos é importante. Contudo, essas práticas nem sempre resultam em
reações sólidas, devido ao fato de estarem vinculadas às emoções, à subjetividade, às perspectivas
e às dificuldades apresentadas pelos pais. Os autores chamam a atenção para os estudos nessa área,
que evidenciam que tais práticas educativas parentais se encontram fortemente associadas aos
comportamentos antissociais emitidos pelos filhos, uma vez que, por meios delas, às vezes
indiretamente, os pais instigam a repetição desses comportamentos, justamente pela incoerência
da disciplina utilizada e por uma interação positiva deficiente.
A utilização da psicoeducação familiar (grifo nosso) tem por finalidade promover
informações e orientações quanto ao curso e diagnóstico do transtorno, inclusive quanto às
características sintomatológicas e aos métodos de tratamento, proporcionando debates sobre
estratégias a serem adotadas pelos familiares no sentido de como lidar com a criança com um TDO
(TEIXEIRA, 2014).

Quanto ao treinamento em habilidades cognitivas, Caballo e Simón (2015, p. 48) (grifo


nosso) sinalizam que “[este procedimento permite o aprendizado pela criança com um TDO de]
habilidades compensatórias para melhorar a adaptação em casa e na escola e para responder mais
eficientemente quando enfrentar situações conflitivas”. Os autores afirmam que o treinamento,
nesse procedimento, objetiva trabalhar a própria criança, com a consequente capacidade de
utilização de estratégias de autocontrole.

Teixeira (2014) refere a psicoeducação escolar e as intervenções escolares (grifo nosso)


como sendo fundamentais no tratamento da criança com um TDO. Segundo o autor, a

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psicoeducação escolar objetiva a informação e a orientação aos professores, orientadores
pedagógicos, diretores e demais funcionários da instituição escolar, no sentido de possibilitar a
gestão adequada dos sintomas do transtorno no contexto escolar, essencial para o sucesso do
tratamento.

Em relação às intervenções escolares, Teixeira (2014) afirma que elas objetivam que
professores e funcionários tenham possibilidade de acionar os mecanismos adequados, a fim de
que haja a devida reintegração do aluno em sala de aula e no contexto escolar como um todo. Nesse
sentido, segundo o autor, podem ser aprendidas técnicas comportamentais com a finalidade de
promover e estimular comportamentos aceitáveis para serem introduzidos, bem como desencorajar
os comportamentos agressivos e de desrespeito por parte do aluno.

5.2. TRATAMENTO PSICOTERÁPICO

Na concepção de Deakin e Nunes (2008), a psicoterapia psicanalítica infantil origina-se da


psicanálise, sendo uma forma de tratamento interpretativo baseada na compreensão psicanalítica.
Os autores assinalam que a sua finalidade consiste na melhoria de sintomas, na modificação do
comportamento, na mudança estrutural da personalidade em certo grau e na volta da criança aos
impulsos próprios do desenvolvimento normal.
Em relação à psicoterapia com crianças, Deakin e Nunes (2008) fazem um reconhecimento
à contribuição de Freud, que descreveu a primeira intervenção psicoterapêutica em uma criança.
Trata-se do caso do pequeno Hans, um menino de cinco anos que apresentava fobia de cavalos. Os
autores assinalam, ainda, as contribuições de Anna Freud e Melanie Klein, autoras dos primeiros
livros dedicados à temática. Referindo-se ao caso do pequeno Hans, Zimerman (2004, p. 347)
menciona que “a maior contribuição de Freud à análise de crianças é indireta, é aquela que
possibilitou o reconhecimento e a importância dos dinamismos psíquicos da criança, que continua
ativa e presente em cada um de nós”.
De acordo com Deakin e Nunes (2008, p. 2) “as técnicas da psicoterapia incluem a
interpretação utilizada junto à verbalização, o esclarecimento e as mudanças manipulativas do
comportamento, assim como uma experiência emocional corretiva de um novo objeto”. Em relação
aos aspectos da prática na análise com crianças, Zimerman (2004) assinala que existem algumas
peculiaridades nesse atendimento, uma vez que a criança se encontra em plena fase de
desenvolvimento, passando por constantes e aceleradas modificações que se traduzem em sua
instabilidade.

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Na psicoterapia infantil, o brincar é uma técnica amplamente utilizada com muita eficácia.
Winnicott (2008) afirma que a brincadeira é baseada numa aceitação simbólica, apresentando
possibilidades ilimitadas. O autor esclarece que a função dessa técnica é treinar a criança para
experimentar aquilo que vai ao encontro da sua realidade íntima psíquica pessoal, o que resulta em
um fundamento do crescente sentido de identidade.
Segundo Ramalho (2015, p.100), através da brincadeira a criança tem a possibilidade de
expressar sua capacidade simbólica, podendo acessar as fantasias inconscientes. O modo como a
criança brinca é um indicativo para se avaliar essa capacidade, sendo que cada sujeito possui uma
modalidade específica para estruturar o seu brincar, como a plasticidade, a rigidez e a perseverança.
Por meio da Hora do jogo (grifo nosso), técnica usada com muita eficácia e difundida por
vários teóricos como Arminda Aberastury, Violet Oaklander e outros, o terapeuta tem a
possibilidade de detectar não só a funcionalidade motora da criança, mas a sua tolerância à
frustração. Além disso, consiste em um meio de ultrapassar a resistência inicial da criança,
promovendo um estado de transferência e a confiança mútua (RAMALHO, 2015).
O Desenho da Família de acordo com Campos (2014) (grifo nosso), permite o conhecimento
da situação propósito dentro do meio familiar no qual a criança se encontra inserida. Trata-se,
também, de um modo de coletar o maior número possível de informações, no intuito de se construir
a própria demanda da criança.

Na perspectiva psicoterápica psicanalítica infantil, Hutz et al (2016) afirma que a brincadeira,


o jogo e o desenho seriam precisamente os modos que permitiriam a comunicação daquilo que está
no inconsciente. Ao desenhar livremente, uma criança geralmente emprega gestos e expressa
verbalmente o que tem valor de associações. Nesse sentido, o autor defende uma proposta
psicanalítica na qual os fenômenos psíquicos possam ser tanto analisados, quanto observados
durante o lúdico e por meio do modo como a criança faz uso dos materiais disponíveis.

5.3. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

No tratamento do TDO, conforme afirma Teixeira (2014), é comprovada a eficácia de alguns


medicamentos, segundo estudos científicos realizados nessa área. O foco de atuação desses
medicamentos está relacionado à diminuição dos sintomas de impulsividade, raiva e agressividade,
característicos do transtorno. O autor alerta, porém, que tais medicamentos atuam como paliativos,
aliviando alguns desses sintomas e proporcionando uma melhora do quadro comportamental da

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criança com o TDO. Essa melhora desemboca em um aumento da qualidade de vida não só da
criança, como também da família e de outras pessoas com as quais o paciente interage.

Teixeira (2014, p. 46) elenca algumas classes de medicamentos que são empregados no
tratamento do TDO, tais como:

a) Antipsicóticos ou neurolépticos: empregados no tratamento de quadros de


agressividade, impulsividade e explosões de raiva, que se apresentam reiterados no
transtorno. Os antipsicóticos atípicos são os mais utilizados atualmente, sendo eles a
risperidona, a quetiapina e o ariprazol.
b) Estabilizadores do humor: empregados no controle de comportamentos agressivos,
violentos, proporcionam a diminuição da agressividade. São também usados nos casos
associados ao transtorno bipolar do humor. Os mais empregados são: carbonato de lítio,
divalproato de sódio, carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina e o topiramato.
c) Psicoestimulantes: utilizados para o tratamento do TDAH, devido à associação frequente
com TDO, sendo eles o metilfenidato e a lisdexanfetamina.

d) Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina: utilizados para o


tratamento de episódios depressivos ou de quadros ansiosos associados ao TDO. Os
principais fármacos são: fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram, escitalopram e
venlafaxina.

6. CONCLUSÃO

Como verificado na pesquisa, a compreensão sobre o TDO é de fundamental importância,


uma vez que tal transtorno constitui um grave problema tanto para a dinâmica familiar, quanto para
a vida acadêmica e social do indivíduo. O curso do TDO está também associado a outros
transtornos graves, como o transtorno da personalidade antissocial, o TDAH e o TC, além de
comportamentos de risco como o abuso de substâncias psicoativas.

Assim, torna-se imprescindível o controle preventivo do transtorno, para impedir que a sua
evolução venha a se manifestar. É importante que o profissional da Psicologia domine o
conhecimento de todo o processo dimensional e funcional do TDO, para que as devidas
intervenções sejam realizadas. Caso contrário, haverá, consequentemente, um quadro de
prognóstico desfavorável para o indivíduo. É importante também ressaltar que, como os
comportamentos de oposição encontram-se geralmente associados ao curso do desenvolvimento

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normal da criança, conforme enfatiza a literatura sobre este tópico, é necessária a efetivação de
uma avaliação minuciosa e diagnóstico diferencial, para fins da aplicação de intervenções
adequadas.
Diante disso, o futuro profissional da área da Psicologia tem a conscientização da importância
de se adotarem medidas que visem ao controle preventivo do transtorno, o que enfatiza a
necessidade desta pesquisa. Ela poderá contribuir para um melhor entendimento dos diversos
níveis de comportamentos disfuncionais característicos do indivíduo com o TDO, bem como dos
múltiplos fatores etiológicos e das comorbidades associadas. Este estudo pode, ainda, ser de
relevância também para pais e educadores.

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TRANSTORNO OPOSITOR
DESAFIADOR (TOD) NO AMBIENTE
ESCOLAR

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Introdução

De maneira geral, os seres humanos, dentro da sua composição, é um ser dotado


de relações desde o seu nascimento, demandando, assim, uma série de aspectos que fazem
parte do seu desenvolvimento afetivo e psicológico, como carinho, cuidado e
atenção
(SOUZA, 2012).
Partindo desse pressuposto, entende-se que para a sua sobrevivência, os seres
humanos precisam aprender uma série de fatores importantes, como a comunicação
ou linguagem, convivência social e cultural, aprendizagem de
comportamento,
reconhecimento da realidade em que vive, limites e possibilidades, entre outros elementos
que permitem a sua inserção em sociedade (SOUZA, 2012).
No entanto, nem sempre o indivíduo, principalmente na infância, consegue se
desenvolver de forma saudável, principalmente dentro do ambiente escolar e em
relação
ao processo de ensino-aprendizagem. Além da predisposição para enfermidades,
Farias
et. al (2011) pontuam que existem diversas outras causas que pode provocar nas crianças

o sofrimento de uma série de problemas que impedirão a sua convivência e aprendizagem


plenas, principalmente o Transtorno Opositor Desafiador (TOD).
O TOD é reconhecido como um transtorno neuropsíquico de comportamento
destrutível, que se refere à apresentação de comportamentos que fazem mal não somente
para a criança em si, mas também para todos que fazem parte da comunidade em que
convive, afetando a aprendizagem e o relacionamento com pais, professores e colegas
(ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014).
Como características principais, o TOD é reconhecido como a presença de
comportamento negativista, desobediente e hostil com todas as pessoas que se apresentam

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como autoridades, além da incapacidade de o indivíduo assumir as responsabilidades
pelos erros cometidos, colocando, assim, a culpa em outras pessoas, aspectos que estão
diretamente ligados à dificuldade de aprendizagem dentro do ambiente escolar (FARIAS
et al., 2011).
Dessa forma, esse estudo traz, como objetivo geral, a necessidade de se
compreender de que forma o TOD pode ser enfrentado pelos responsáveis dentro do
ambiente escolar, o que, consequentemente, contribui de forma direta para a melhora na
qualidade da aprendizagem dos alunos. Para tanto, no campo dos objetivos específicos,
buscou-se os seguintes aspectos: discorrer sobre os distúrbios de conduta humana;
descrever os aspectos gerais do TOD; identificar a presença de TOD na infância e na
adolescência; descrever como ocorre a presença de TOD dentro das escolas; e refletir
sobre como o TOD pode prejudicar a aprendizagem dos alunos.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse estudo é a revisão de
literatura mediante pesquisa bibliográfica, utilizando as contribuições de diversos
estudiosos sobre o tema. As pesquisas tiveram como base o período dos últimos 10 anos,
além dos descritores: Transtorno Opositor Desafiador; TOD nas escolas; TOD e
aprendizagem.

1 Transtorno Opositor Desafiador

O Transtorno Opositor Desafiador (TOD) é entendido como um distúrbio de


esfera psicossocial que apresenta, nos sujeitos, um comportamento pautado de maneira
sucinta pela agressividade e pelos impulsos destruidor, verbal ou físico tanto contra outras
pessoas como em si próprio (RELVAS, 2010).
Complementando essa afirmação, o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM), pontua que esse comportamento opositor é uma
característica recorrente em determinados estágios do desenvolvimento de um indivíduo,
principalmente na infância e adolescência, sendo, em sua grande maioria, associado a
diversos tipos de adversidades psicológicas, tais como o Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade, Transtorno Psicótico, Transtorno de Conduta, entre outros (DSM IV,
2000).
A característica essencial do Transtorno Desafiador Opositor é descrita
como um padrão recorrente de comportamento negativista, desafiador,
desobediente e hostil para com figuras de autoridade, que persiste por,
pelo menos, seis meses (DSM IV, 2000, p. 12).

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Ainda acerca da definição de TOD, a literatura aponta que ele é um transtorno de
conduta que se manifesta em crianças jovens, caracterizado por um comportamento de
esfera provocadora e perturbadora, se apresentando com um padrão persistente de
comportamento hostil nas interações sociais delas com outras crianças e, também, com
adultos, como os familiares e professores (AGOSTINI; SANTOS, 2017; TEIXEIRA,
2014).
Em seus estudos, Teixeira (2014) pontua que o TOD também pode ser facilmente
observado no ambiente escolar mediante percepção dos relacionamentos das crianças
com os colegas, haja vista as características hostis que o transtorno provoca no
comportamento. Além disso, sendo um transtorno que impacta diretamente nas relações
sociais em crianças em idade pré-escolar, pode ser observado mediante a apresentação de
um comportamento raivoso e irritável, inclusive de índole vingativa.
Para Araújo (2016), inúmeros outros tipos de comportamentos que configuram o
TOD também podem ser facilmente analisados nas crianças, principalmente os que se
inserem no sentido de agir de forma contrária ao que foi solicitado ou que se espera dentro
da normalidade. As crianças com esse distúrbio, nesse contexto, se apresentam
frequentemente irritadiças, rancorosas, se aborrecem com facilidade, possuem certo
descontrole emocional e teimosia persistente, desafiando as regras impostas por adultos
e com tendência exacerbada de discutir com eles, perturbando o convívio social entre os
colegas.
Nesse contexto, ressalta-se que o comportamento opositor é pautado na intenção
de testar os limites impostos pelos adultos, haja vista que a criança com TOD não
reconhece a culpabilidade e a hostilidade dos seus atos, que costumam ser
contextualizados pela prática constante da agressão verbal (SOUZA, 2012).
No que se refere ao comportamento negativista e agressivo, Santana (2016) aponta
que ele pode variar de acordo com as características observadas em cada família, se
manifestando não somente de forma ativa, mas, também, por meio de comportamento
oposto, como apatia, silencio e omissão.
De maneira geral, evidencia-se que todas as características do TOD podem
comprometer e provocar impactos significativos na vida das crianças, provocando
cenários diversos, como baixa tolerâncias às frustrações, baixa autoestima, quadro de
humor deprimido, impulsividade exagerada, agressividade e, principalmente, rejeição no
aspecto das relações sociais (FARIAS et al., 2011; RELVAS, 2010).

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Outro fator importante apontado por Araújo e Araújo (2017), é que quando esse
tipo de comportamento é comum na infância, ou seja, quando a criança nunca cede e está
sempre se recusando a entrar em um acordo com as pessoas que a rodeiam, a família
precisa efetivar todas as ações necessárias para que o diagnóstico seja feito e, assim, os
prejuízos ao desenvolvimento e relações sociais dela sejam controlados de forma eficaz
e eficiente.
Frente ao exposto, dada as características principais que o TOD provoca nas
crianças, causando adversidades em sua vivência social, é de extrema relevância
compreender os principais aspectos que cerceiam a conduta humana, aspectos esse
essencial para um entendimento mais assertivo sobre como esse transtorno pode ser
controlado, principalmente no ambiente escolar, conforme será abordado no decorrer
desse trabalho.

Breves Considerações sobre os Distúrbios de Conduta Humana

De maneira geral, parte-se da premissa que, para a criança obter uma boa formação
como ser humano, é importante que ela tenha um acolhimento familiar, que lhe ensine o
básico para a vivência em sociedade. Além disso, é importante que a criança tenha uma
família que a apoie, dê segurança e permita um crescimento permeado pelo aprendizado
e pelas relações interpessoais.
Complementando essa afirmação, Araújo e Araújo (2017) pontuam que algumas
adversidades, como os distúrbios da esfera da conduta, podem trazer prejuízos e dificultar
o desenvolvimento da criança tanto com seus amigos como com seus familiares, como o
caso do Transtorno Opositor Desafiador.
Sendo uma característica própria do ser humano, as relações sociais e
interpessoais estão enraizadas em sua essência, o que permite que as pessoas consigam
incorporar normas e valores de conduta para exercerem seus direitos e deveres em
sociedade. Nesse contexto, entende-se que o ser humano possui uma relação direta com
tudo aquilo que o rodeia, seja com as outras pessoas ou com o meio em que ele está
inserido (SAVOIA, 2009).
Partindo desse contexto, entende-se que os seres humanos, por toda a sua vida,
influenciam e são influenciados pelas relações que mantêm, o que pode provocar
mudanças de forma contínua. Assim, os indivíduos, dentro do seu contexto social,
dependem das relações com os amigos, familiares e demais aspectos da vida social para

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se transformarem em cidadãos plenos e aptos para viver em sociedade (PAULO;
RONDINA, 2010).
Dito isso, entende-se que a vida das pessoas está interligada a de muitas outras,
ainda que não exista um contato direto, como as que efetivam processos de plantação e
colheita de alimentos agrícolas, as que transportam materiais e alimentos de uma cidade
para a outras, as que desenvolvem instrumentos que são utilizados no dia a dia, entre
outros (CAMARGO et al., 2008).
Nesse contexto, Souza (2012) diz que toda pessoa depende da interação com a
outra para se manter viva e para obter todos os instrumentos necessários para a sua
sobrevivência, o que gera, consequentemente, relações sociais e a demanda do
cumprimento de regras e valores para o bom convívio.
Na infância, a criança nasce, cresce e vive em grupos sociais com seus familiares
e pares, necessitando de cuidado, proteção e demais aspectos, haja vista que ela não
consegue sobreviver sozinha. Assim, ela precisa de alguém que ensine as normas de
convivência com as demais pessoas e os limites existentes nas relações, como o respeito
ao meio ambiente, uso de bens de forma consciência etc.
Dessa forma, pontua-se que:
O processo de socialização dos seres humanos consiste em uma
aprendizagem social, através da qual aprendemos comportamentos
sociais considerados adequados ou não e que motivam os membros da
própria sociedade a nos elogiar ou a nos punir (SAVOIA, 2009, p. 55).

Entende-se, segundo Silva (2017), que é comum as pessoas mais velhas ensinarem
e educarem as crianças acerca das regras e valores morais para a vivencia em sociedade
ou em determinado grupo social, como a família, visando que as relações sejam pautadas
mediante a transmissão de valores culturais, costumes, brincadeiras, idioma e outros
conteúdos importantes.
Quando as crianças não conseguem assimilar esses ensinamentos, entende-se que
os problemas advindos pelo descumprimento das regras e valores são denominados de
distúrbio de conduta, gerando problemas de inúmeras esferas, tais como agressão,
violência, desafiadores, violação das regras, deveres e demais normas sociais,
principalmente o TOD (SAVOIA, 2009).
Partindo desse contexto, tendo como enfoque a compreensão acerca da ocorrência
do transtorno opositor desafiador no ambiente escolar, o próximo item aborda os

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principais aspectos acerca do transtorno em crianças e adolescentes de forma mais
aprofundada.

2 TOD na Infância e na Adolescência

Conforme apontado no decorrer desse estudo, toda criança possui uma fase de
rebeldia e de enfrentamento às normas impostas pelos adultos ou pessoas de autoridade,
o que é comum e faz parte do desenvolvimento dela. Entretanto, esse período costuma
ser passageiro, variando de acordo com o amadurecimento da pessoa, ou seja, vai se
moldando ao crescimento da criança ou adolescente.
Dentro desse contexto, ressalta-se que, quando a fase de rebeldia ou aversão as
regras persistem e acompanham a criança por um longo tempo, é caracterizada como um
distúrbio de conduta, o que resulta na dificuldade de a idade ou o tempo amenizarem os
sintomas desse mesmo período (PAULO; RONDINA, 2010).
No caso do Transtorno Opositor Desafiador em crianças e adolescentes, dada as
suas características, evidencia-se que ele pode ser contextualizado por meio da discussão
ou do ato de desafiar os adultos que os jovens possuem, negando-se a obedecer ou seguir
determinadas regras e normas. Além disso, apresentam um comportamento de incômodo
e perturbação às demais pessoas, dificultam as relações interpessoais, não se aproximam
dos seus pares ou adultos da convivência e nunca assumem os seus erros,
responsabilizando outras pessoas por eles (SAVOIA, 2009)
Além desses aspectos, uma criança ou um jovem com TOD tem como
característica a tentativa de agredir seus familiares, o que pode ser entendido como um
comportamento oposto ao que se espera dele. Esse tipo de comportamento causa dor e
sofrimentos aos seus responsáveis e familiares, conforme apontamentos a seguir:
O conjunto de atitudes de agressão que podem aparecer em casos de
TOD é vastíssimo e pode variar de acordo com as características de
cada família. O comportamento pode se manifestar não apenas sob a
forma de atitude ativa no sentido de agredir, mas, também, através de
comportamentos como o silêncio, a omissão, a apatia, o emudecimento,
o não fazer nada e assim por diante (PAULO; RONDINA, 2010, p. 2).

Complementando esse apontamento, entende-se que as crianças e os adolescentes


também podem apresentar, no contexto do TOD, características diversas, tais como
agressividade, apatia, omissão, e varia de acordo com o ambiente onde ela vive, assim
como das pessoas que fazem parte da sua convivência (CAMARGO et al., 2008).

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Dentro desse contexto, segundo Savoia (2009), entende-se que o Transtorno
Opositor Desafiador assume uma posição mais complexa no que se refere ao diagnostico,
pois ele é um transtorno reconhecido, em sua grande maioria, pela apresentação de
características agressivas e não passivas.
Assim, entende-se que:
Em indivíduos com TDO, a percepção de seu próprio comportamento
em geral é contraditória com a realidade, e normalmente afirmam que
os comportamentos desafiadores opositores são resultado de exigências
e eventos absurdos colocados para ele (CAMARGO et al., 2008, p. 34).

Outro fator relevante é que, quando as famílias possuem bases menos estruturadas
ou com rigidez exacerbada, eleva-se a probabilidade de ter filhos com TOD, além de ser
mais comum quando um dos pais apresentaram algum tipo de transtorno na infância
(TEIXEIRA, 2014).
Consonante ao que foi apontado anteriormente, ressalta-se que as crianças e os
adolescentes precisam ser educados com afeto e firmeza, para que se sintam seguras
frente aos responsáveis pela sua educação. Além disso, o carinho passa a ser a base da
conduta deles não somente na infância ou adolescência, mas também na fase adulta,
contribuindo para a inserção e vivência em sociedade.

Aprendizagem dos Sujeitos Opositores

Sem pretender esgotar o assunto, para compreender como ocorre o processo de


aprendizagem dos alunos com TOD, faz-se necessário, primeiramente, elencar as
principais considerações sobre como ocorre esse aspecto em si dentro de um contexto
geral.
Partindo desse pressuposto, entende-se que a aprendizagem é um processo
pautado em diversas esferas, tais como endógena, mediante desejo constante de aprender;
biológica, haja vista quem aprende é o cérebro, ou seja, o organismo, e emocional, pois
por meio da aprendizagem o indivíduo consegue construir e desenvolver sua formação
como sujeito social (TEIXEIRA, 2014).
Ainda sobre o contexto da aprendizagem, Piaget (2011) diz que ela se refere ao
equilíbrio do organismo entre o ato de assimilar, acomodar, adaptar e conservar o
conteúdo novo para sua utilização da prática, o que, de certa forma, acaba moldando o
comportamento das pessoas frente às situações que fazem parte do cotidiano.

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Nesse cenário, compreende-se que, de acordo com Luiselli (2015), quando há
adversidades ou dificuldades no processo de aprendizagem, consequentemente o déficit
pode estar em umas das esferas que cerceiam a aquisição das informações, tais como a
entrada, a forma ou a saída, fator que demanda uma maior investigação e análise por parte
dos profissionais, principalmente os que atuam na esfera educacional ou psicopedagógica.
Dito isso, evidencia-se, também, que a aprendizagem possui processos que variam
de acordo com a linguagem que permite um envolvimento emocional, perpassando ou
partindo diretamente de uma ação, que visa transformar um estado em outro. Nesse
contexto, percebe-se que a aprendizagem modifica um indivíduo, preparando-o para
inúmeras outras vivências e condições (DIAS, 2012; ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014).
No caso dos alunos opositores, Serra-Pinheiro et al. (2014) dizem que a
aprendizagem é pautada, em sua grande maioria, em uma única esfera, a da emoção,
desconsiderando os aspectos biológicos e orgânicos que fazem parte e permitem que a
aprendizagem ocorra de forma ampla e assertiva. No entanto, dada as especificidades no
transtorno, principalmente pela impulsividade e agressividade, o campo emocional da
aprendizagem acaba sendo ineficaz, o que provoca impactos negativos no contexto da
construção do conhecimento por esses sujeitos.
Para o aluno com transtorno desafiador, o processo de aprendizagem é
reconhecido como um elemento mais difícil e complexo do que é para os alunos
considerados como normais, justamente por causa da inquietação e dificuldade de
concentração, o que impede o aluno de conseguir fixar a atenção para o assunto que está
sendo abordado (BARBOSA, 2017).
Sabendo que a inteligência e a construção do conhecimento estão diretamente
ligadas às emoções que as informações proporcionam para eles, como empatia ou apatia,
o processo de aprendizagem também passa pelo organismo, pela experiencia, pela
atenção, pelo afeto e por outros reflexos do âmbito neuropsicológico, pois é o cérebro
quem de fato aprende (DIAS, 2012).
Consonante a esse apontamento, Relvas (2010, p. 125) pontua que:
A aprendizagem pode ser considerada como um compromisso
essencialmente emocional. Cabe ao ensino o compromisso com a
motivação, estimulação e orientação da aprendizagem. Não se pode
ensinar a quem não quer aprender, a quem não se encontra disponível
para as incertezas e a busca de conhecimento.

É importante ressaltar que, em determinados momentos da vida, é comum a


criança apresentar algum tipo de dificuldade no processo da aprendizagem por causa de

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problemas emocionais que ocorrem no ambiente familiar ou em outros cenários da sua
vivência social, o que provoca falta e motivação ou baixa autoestima.
No que se refere aos alunos com TOD, pontua-se que dada às dificuldades de
concentração característica do transtorno, mais os fatores externos que podem dificultar
a aprendizagem, entende-se que o desempenho deles fica seriamente comprometido
porque ações comuns e do dia a dia de uma rotina escolar são comprometidos, coo
atividades em grupos, aceitação das orientações dos professores, entre outros (LUISELLI,
2015).
Entretanto, para que esse cenário seja modificado, é relevante que o ambiente
estimule e motive a criança no contexto da aprendizagem, despertando o interesse dela
por novos conhecimentos. Assim, a escola e os profissionais da Educação precisam
promover todos os instrumentos necessários pata que os alunos, principalmente com
TOD, se sintam desafiados, interessados e motivados para aprender (AGOSTINI;
SANTOS, 2017).
Dessa forma, no contexto do comportamento opositor, Dias (2012) diz que é
possível, por meio de estratégicas concretas, resgatar o desejo de aprender dos alunos,
como a utilização de experiências que possuam significados para eles, elogios,
oferecimento de estímulos, recompensa, atenção individual, entre outros.
Assim sendo, mediante compreensão de como ocorre a aprendizagem dos alunos
com TOD, faz-se necessário elencar as principais considerações acerca da ocorrência do
transtorno dentro do contexto escolar, conforme será abordado na próxima seção.

3.1 Aluno com TOD nas Escolas

Sendo reconhecida como uma das principais preocupações das crianças e dos
adolescentes por causa do estudo, a escola faz parte da vivência e da responsabilidade
deles, exigindo a adequação comportamental para o respeito às regras e normas que
direcionam o bem-estar de todos os alunos dentro de um mesmo espaço e período de
tempo.
Dessa forma, compreende-se que á no ambiente escolar que os alunos passam boa
parte do seu dia, desenvolvendo atividades, estudando e se envolvendo com as atividades
que serão feitas em casa, o que permite a construção de laços afetivos com os educadores,
colegas de sala e demais profissionais da Educação (BARBOSA, 2017).

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Além disso, Dias (2012) pontua que a escola é reconhecida como o local onde o
aluno aprende não somente conhecimentos e saberes acerca das inúmeras ciências
estudadas, mas, também, a como se socializar dentro do contexto da comunidade e da
percepção do bem-estar coletivo.
Nesse cenário, entende-se que existem inúmeros aspectos que podem dificultar o
desempenho e rendimento escolar dos alunos, influenciando negativamente a
aprendizagem e, também o relacionamento deles com o grupo escolar dentro de sua
totalidade.
Dito isso, ao compreender as características do TOD no comportamento dos
sujeitos, principalmente enquanto aluno dentro do ambiente escolar, supõe-se que as
dificuldades dele em manter uma vida escolar equilibrada estão diretamente ligadas ao
transtorno, impedindo, inclusive, a construção das relações interpessoais entre ele e os
colegas (SERRA-PINHEIRO et. al, 2014).
Complementando essa afirmação, Barbosa (2017, p. 167) diz que:
Cumpre ressaltar a importância de a equipe pedagógica pensar em
estratégicas que dinamizar essa fragilidade na escola, pois é essencial
que a formação que a escola possibilita aos indivíduos e, se esse aluno
permanecer com esse comportamento, irá afetar sua formação. Por isso,
a escola e os professores devem se empenhar em proporcionar práticas
que contribuirão para o aluno incluindo-o, pois muitas vezes ele pode
se sentir excluído.

Além desses fatores, ressalta-se que a escola, por se um lugar onde os alunos
aprendem inúmeros aspectos que serão relevantes para a sua formação como sujeito
social, precisa adotar todos os instrumentos necessários para que as demandas de
aprendizagem sejam atendidas, favorecendo a construção do conhecimento não somente
na infância, mas por toda a vivencia escolar, inclusive na fase adulta (LUISELLI, 2015).
Dito isso, pontua-se que, no ambiente escolar, um aluno com comportamento
desafiador apresenta características que são comuns ao transtorno, tais como discussão
com professores e colegas; não cumprimento ou aceitação de ordens, desafio constante
da autoridade dos educadores e demais profissionais que atuam na escola, perturba outros
alunos, entre outros aspectos.
Fazendo o contrário do que es espera ou das diretrizes recebidas, o aluno com
TOD demanda de ações assertivas e pedagógicas especificas para que a aprendizagem e
o comportamento dele sejam readequados, visando, assim, agregar efeitos positivos.
Nesse sentido, Luiselli (2015, p. 212) pontua que as adversidades de conduta nesses

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alunos são amplamente observadas no espaço escolar, também, devido aos seguintes
aspectos:

A criança ou adolescente com problemas de conduta também


atravessam muitas dificuldades no ambiente escolar, em razão tanto das
manifestações clínicas do transtorno quanto dos sentimentos que
mobilizam nos colegas e professores. A criança resiste em frequentar a
escola, tem manifestações agressivas verbais ou físicas para com os
colegas e professores, desobedece muito, destrói objetos e apresenta
condutas explosivas. Seu comportamento cria muitas dificuldades de
convivência, pelo clima que gera na sala de aula e no próprio processo
de ensino e aprendizagem da turma.

Frente ao exposto, entende-se que o aluno com TOD não consegue permanecer
em sala de aula e na companhia dos seus colegas, o que afeta diretamente na aquisição de
uma aprendizagem qualitativa e satisfatória, o que demanda um preparo constante tanto
da escola como dos educadores no que se refere à realização de um trabalho pedagógico
eficiente e condizente com as características comportamentos que o transtorno provoca
no sujeito.
Dito isso, compreende-se que a intervenção da escola e dos educadores são
extremamente importantes para o tratamento do transtorno opositor juntamente com os
familiares dos alunos. Nesse cenário, Teixeira (2014) diz que é por meio desses
instrumentos que são trabalhados com os alunos técnicas comportamentais para que
ocorra a promoção e o estímulo para a aquisição de um novo comportamento,
desencorajando, assim, atitudes permeadas pelo desrespeito, agressão e demais práticas
negativistas.
Ainda dentro do contexto do papel da escola no enfrentamento do Transtorno
Opositor Desafiador, Dias (2012) pontua que é importante e necessário que os
professores, diretores e demais funcionários tenham todas as informações e orientações
necessárias para que eles saibam lidar com o aluno opositor, objetivando, assim, a
readequação comportamento dele.
Além disso, elenca-se, também, que esse preparo pode ser realizado por meio de
programas e práticas pedagógicas especificas e direcionadas para todos os profissionais
que terão contato direto com o aluno opositor, preparando-os para que sejam tomadas
ações eficazes em prol do desenvolvimento e da aprendizagem desse mesmo aluno
(ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014).
A escola também precisa assumir o papel colaborativo em prol das famílias,
responsáveis e comunidade, haja vista que eles também são instrumentos importantes

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para o tratamento dos alunos opositores. Sobre isso, Paulo e Rondina (2010) dizem que a
formação de uma equipe multidisciplinar contribui para que os familiares também
consigam adequar o comportamento desses alunos dentro dos seus lares, assim como dar
continuidade às atividades quando eles estiverem fora do ambiente escolar.
Nesse contexto, Teixeira (2014) diz que a comunicação entre escola, pais e
educadores permite a identificação e o monitoramento constante do comportamento do
aluno opositor, trazendo informações relevantes para que, em conjunto, sejam formuladas
estratégias e soluções para o comportamento e a indisciplina do estudante, seja em casa,
seja no ambiente escolar.
Estando diretamente ligado aos problemas de conduta, o TOD, quando não
tratado, pode evoluir para um quadro mais severo, impedindo o aluno, como sujeito, de
usufruir de uma ampla vivencia em sociedade. Dito isso, entende-se que o diagnóstico
precoce e as ações de tratamento assumem um papel estratégico e importante para a
prevenção de impactos mais severos na vida dos alunos (ARAUJO; ARAUJO, 2017).
Dessa forma, compreende-se que para a melhora e a adequação comportamental
dos alunos com TOD, a união e parceria entre família e escola faz-se essencial e
fundamental para que sejam realizadas ações positivas para não somente o
comportamento do aluno, mas também para a aprendizagem e aumento do desempenho
escolar dele, fator esse que trará inúmeros resultados positivos para a vida adulta e
inserção social.

Considerações Finais

De acordo com as pesquisas que foram realizadas para o desenvolvimento desse


artigo, observou-se que, dentre os inúmeros fatores que podem prejudicar o desempenho
e aprendizagem dos alunos no ambiente escolar, os transtornos psicológicos assumem
uma posição de destaque, haja vista que eles alteram o comportamento dos alunos dentro
de um parâmetro mais amplo, como é o caso do Transtorno Opositor Desafiador (TOD).
Nesse cenário, ressaltou-se que, no campo escolar, os alunos com TOD
apresentam, dentro do comportamento agressivo característico do transtorno, um quadro
de provocação e perturbação dos colegas e educadores, o que prejudica de forma direta o
desempenho, desenvolvimento e rendimento escolar dos alunos.
Além disso, como esse tipo de transtorno ocorre logo na infância e na
adolescência, entendeu-se que ele pode ser contextualizado por meio da discussão ou do

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ato de desafiar os adultos que os jovens possuem, negando-se a obedecer ou seguir
determinadas regras e normas, o que pode provocar impactos negativos no contexto da
conduta humana.
Evitando que o TOD se transforme em distúrbios de conduta humana, que impeça
a construção de relacionamentos interpessoais e prejudique a vivência em sociedade do
sujeito em sua fase adulta, pontuou-se que é de extrema importância que ocorra um
diagnóstico e tratamento precoce para a redução dos impactos comportamentais negativos
que o transtorno provoca nos indivíduos.
Assim, como o quadro pode ser amplamente observado dentro do contexto
escolar, a escola assume um papel estratégico para o diagnóstico e, principalmente, para
o estabelecimento de estratégias para que o comportamento dos alunos com TOD seja
modificado e, consequentemente, a aprendizagem possa ocorrer de forma assertiva e
eficaz.
No contexto da aprendizagem dos alunos com TOD, observou-se, também que o
transtorno afeta a concentração e a atenção, o que impede que eles consigam entender e
compreender as orientações dos professores sobre determinado conteúdo. Dito isso, por
eles não conseguirem fixar o conhecimento, acabam se dispersando e, dado o transtorno,
apresentando um comportamento que prejudica os demais colegas, o que pode levar a
ocorrer a evasão da sala de aula.
Dessa forma, pontuou-se que, dada ás dificuldades do processo de aprendizagem
para os alunos desafiadores, é importante que a escola, em parceria com as famílias e
responsáveis, forneça todos os instrumentos necessários, inclusive para os educadores,
para que sejam formuladas ações estratégicas para reversão do quadro e, assim, evitar que
se transforme em um problema de conduta mais sério.
Dito isso, concluiu-se que é de extrema importância que a escola, assim como com
seus demais profissionais, atuem de forma assertiva para a redução do comportamento
negativo que os alunos com TOD apresentam, haja vista que essa modificação permitirá
que eles tenham uma aprendizagem mais qualitativa e, principalmente, que consigam se
tornar aptos para a vivencia em sociedade, assumindo seu papel como sujeito social que
são.

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desafiadoras e desobediente. Rio de Janeiro: Best Seller, 2014.

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1. INTRODUÇÃO

A infância é o período de maior transformação individual e social de um indivíduo, e durante esse


período, muitos desenvolvem e manifestam transtornos psiquiátricos. Os transtornos disruptivos, do controle de
impulsos e da conduta são caracterizados pela agressividade verbal e física contra pessoas e propriedades e/ou
conflitos contra normas e figuras de autoridade, causados por dificuldades na regulação emocional e habilidades
sociais pobres¹. Dentre esses transtornos, o transtorno de oposição desafiante (TOD), também conhecido como
transtorno opositor desafiador, é caracterizado pela oposição hostil e proposital à qualquer figura de autoridade,
como pais, cuidadores e professores, pela negação constante de tudo o que lhe é solicitado 2,3,4.

Crianças e adolescentes com TOD apresentam reações rápidas, intensas e inconsequentes com baixo
limiar à frustração, características que aparecem no início do desenvolvimento cognitivo. Aversão à espera e
impulsividade agravam essas características. Em alguns casos, a quebra das regras e o comportamento antissocial
é bem arquitetado, e frequentemente associado à frieza1. Esse transtorno é apontado como um dos principais
precursores de psicopatologia na idade adulta5.

Os fatores familiares contribuem fortemente para o desenvolvimento das características do TOD6.


Crianças expostas a intensas emoções negativas, agressividade física, verbal e sexual, métodos punitivos e falta de
cuidados com o seu desenvolvimento emocional e cognitivo por parte dos responsáveis manifestam
temperamentos altamente impulsivos e irritáveis. Fatores gestacionais e hereditários também podem estar
relacionados, como estressores gestacionais e nascimento com baixo peso¹. Fatores biológicos, como
anormalidades do córtex pré-frontal e amígdala, da transmissão nervosa e hormonal7 e do desenvolvimento do
sistema empático promovem grande susceptibilidade ao quadro1.

Essa irritabilidade, raiva e agressividade diante de situações emocionais negativas envolvem dois
sistemas, o “bottom-up” e o “top-down”. O primeiro é composto por estruturas subcorticais responsáveis por
emoções básicas como essas citadas, enquanto o segundo possui estruturas corticais pré-frontais e envolve
mecanismos do controle inibitório e processamento de informações de estruturas mais primitivas, o que permite
um planejamento de ações5.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) apresenta como critérios


diagnósticos para o transtorno um padrão raivoso ou irritável, de comportamento questionador e desafiante, ou
índole vingativa com duração de pelo menos seis meses com pelo menos um individuo excetuando-se um
irmão7,8. Dessa forma, a apresentação clínica pode variar de violência e impetuosidade à manipulação e vingança.
Os portadores de TOD costumam justificar seu comportamento com base nas situações a que foram submetidos,
encobrindo suas verdadeiras características7.

Identificaram-se 3 dimensões subjacentes ao TOD: “irritable”, que compreende os sintomas raivoso ou


ressentido, descontrole com frequência e facilidade em ser incomodado por outras pessoas; “headstrong”, que
engloba sintomas de discussão com adultos, desafio ou se recusa de seguir regras e pedidos de adultos,

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incomodar outros de proposito e culpa-los por sua má conduta; e “hurtful”, composta de atitudes vingativas ou
malvadas5.

Mais comum no sexo masculino em uma proporção de 3:1, a prevalência de TOD entre crianças de 7 a 14
anos pode chegar a 3,2%, com base em estudos nacionais. Evidências apontam maior porcentagem de casos
pertencente a crianças advindas de famílias com baixas condições socioeconômicas1. Além disso, o TOD está
presente, em muito casos, em associação com outros transtornos2, como transtorno de conduta (TC) e transtorno
do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)9.

Diante desta introdução, destaca-se como objetivo apresentar as duas principais associações psiquiátricas
do TOD, TC e TDAH, o modo como essas associações determinam o prognóstico do portador, e quais são as
perspectivas para um paciente com TOD.

REVISÃO DE LITERATURA

Este trabalho foi uma pesquisa bibliográfica por revisão integrativa da literatura médica de natureza
qualitativa. A busca das produções científicas foi realizada nos seguintes bancos de dados: Scientific Electronic
Library Online (SciELO), PubMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciencias da Saúde (LILACS).
Também foram utilizados livros de medicina de grande relevância na área da psiquiatria. Os critérios de inclusão
definidos para a seleção dos artigos foram: 1) artigos publicados nos últimos dez anos; 2) artigos publicados nas
línguas portuguesa, espanhola e inglesa; e 3) artigos que abordassem os sinais e sintomas do transtorno de
oposição desafiadora, associados à neurofisiologia e à psicologia. Foram excluídos artigos publicados em anos
anteriores a 2010, que focavam áreas da saúde exceto a neurologia e a psiquiatria, que possuíam títulos
discrepantes, e que não apresentavam associações com o transtorno em objetivo. Foram utilizados, para a busca
dos artigos, os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Transtornos de Deficit de Atenção e do Comportamento
Disruptivo”, “Transtorno de Personalidade Antissocial”, “Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade” e
“Transtorno da Conduta”, seus sinônimos e seus correspondentes em inglês e espanhol. Os artigos selecionados
para análise foram então copiados das bibliotecas virtuais e organizados conforme a ordem de seleção.
Foram encontrados 43 artigos na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciencias da Saúde e no
Scientific Electronic Library Online, dos quais 30 foram eliminados em virtude à não correspondência com o
assunto em questão e à ausência de informações objetivas. Após a leitura integral dos 13 trabalhos, foram
selecionados 11 desses por atenderem a todos os critérios de inclusão vigentes.

3. DISCUSSÃO

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção,


desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade que possui maior apresentação clínica substancial durante a

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infância7,10. Sabe-se que indivíduos com TDAH podem apresentar dificuldades de aprendizado em 19 a 26% dos
casos sendo a principal causa para consulta de crianças em idade escolar com o neuropediatra1.

Além disso, indivíduos com TDAH tendem a ser interpretados como preguiçosos e irresponsáveis
influenciando diretamente em suas relações pessoais e profissionais. O modo e intensidade que afeta suas
interações interpessoais são vinculados a forma de suas manifestações. A desatenção predominante é associada a
déficits acadêmicos, problemas escolares e negligência pelos colegas, já a rejeição por colegas e, em menor grau,
lesões acidentais são mais proeminentes com sintomas acentuados de hiperatividade ou impulsividade quando
grave, o transtorno afeta a adaptação nas esferas social familiar e escolar/profissional7.

Crianças com TDAH geralmente tem outras comorbidades clinicas ou psicológicas como transtornos
específicos, transtorno opositor desafiante, comportamento antissocial, transtorno de ansiedade e transtorno de
humor1. Na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a transtornos em geral considerados “de
externalização”, tais como o transtorno de oposição desafiante e o transtorno da conduta7.

Alguns estudos consideram que cerca de 30% das crianças com TOD apresentam TDAH. Muitos indicam
que os sintomas de ambos se desenvolvem paralelamente4. Nesses casos são associados ao humor instável, com
irritabilidade fácil, pode ter acesso de raivas1. A associação entre os dois transtornos pode ser o resultado de
fatores de risco temperamentais compartilhados7.

TRANSTORNO DE CONDUTA

O TDAH e o TOD são comuns em indivíduos com transtorno da conduta (TC), sendo essa correlação
preditora de piores evoluções7.

O transtorno de conduta é caracterizado por comportamentos sociais inadequados que transgridem leis e
fogem às regras do meio social em que se vive. O TC é mais comum em crianças acima de dez anos e do sexo
masculino11,12.

Inclui como critérios diagnósticos ações relacionadas à agressão de pessoas ou animais, destruição de
propriedade, falsidade ou furto e violações graves de regras nos últimos 12 meses. Além disso, possui subtipos de
acordo com o período de início dos sintomas (infância, adolescência ou não especificado), que podem ocorrer nas
formas leve, moderada ou grave7.

No TC com início na infância, os indivíduos do sexo masculino, costumam apresentar agressão física
contra outras pessoas13, relacionamentos conturbados, podem ter tido TOD precocemente na infância e muitas
também têm transtorno de déficit de atenção ou outras dificuldades do neurodesenvolvimento
concomitantemente7.

A correlação entre TC e TOD se dá porque ambos apresentam sintomas que colocam o indivíduo em
conflito com adultos e figuras de autoridade (pais, professores, chefes de trabalho). Geralmente, os

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comportamentos de TOD são de natureza menos grave que TC e não incluem agressão a pessoas ou animais,
destruição de propriedade, padrão de furto ou falsidade. Ademais, o TOD relaciona-se com problemas de
desregulação emocional, como humor irritável e raivoso, que não estão incluídos na definição de transtorno da
conduta.

Estudos mostram que apesar de a maioria das crianças com TOD não evoluírem para TC, em algumas
situações tal fenômeno ocorre, e que na idade adulta, terão continuidade para transtorno da personalidade
antissocial11.

PERSPECTIVAS DE COMPORTAMENTO SOCIAL

O círculo de fatos que está presente no dia a dia da criança com TOD é composto de provocações, que
geram reclamações e críticas, e que se transformam em baixa autoestima, aumentando a necessidade de
revides2. A agressividade, a manipulação e a quebra das regras constante provoca afastamento de suas interações
sociais1. Podem considerar qualquer tipo de relacionamento humano como insatisfatório8.

No âmbito escolar, esse círculo não afeta só o desempenho escolar do portador, mas também de toda a
turma, que passa a questionar a autoridade do professor, e caso a criança com TOD seja líder entre os outros
alunos, este pode dar maus exemplos2. Quando não há presença de outros transtornos associados, possuem
inteligência suficiente para um bom desempenho escolar. Porém, se recusam a interagir com os colegas e
professores, resistem às tarefas escolares determinadas e insistem em resolver seus problemas sozinhos8. Ainda
nessa esfera, segundo estudo transversal realizado no México por Albores-Gallo et al. (2011)14, crianças que
expressam comportamento de vítimas e agressores no fenômeno de bullying, frequentemente apresentam TOD e
TDAH, ou outro distúrbios externalizante.

Quando não tratado durante a infância, o portador pode evoluir para distúrbios antissociais que afetarão
seu dia a dia, sua relação familiar e profissional, e assim, tornam-se adultos problemáticos8, portando outros
diagnósticos como esquizofrenia, psicoses e transtorno de personalidade antissocial13. Em casos extremos, atos
extremamente radicais podem ser cometidos, como roubos, violação de propriedades privadas e crimes em
grupo, atos estes que podem ser iniciados na adolescência15.

4. CONCLUSÃO
Os estudos analisados demonstraram os principais sinais e sintomas do Transtorno de Oposição
Desafiadora e a importância social e individual do diagnóstico precoce. Não somente o aspecto profissional
do portador estará prejudicado, mas também todos os seus relacionamentos. A ausência de tratamento
psiquiátrico, terapêutico ocupacional, psicológico e familiar promoverá o desenvolvimento de novos
transtornos e comportamentos cada vez mais agressivos. O acompanhamento da comunicação e
aprendizado é necessário para avaliação da necessidade de intervenção fonoaudiológica e correção de

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possíveis atrasos. Não menos importante, a diferenciação ou a associação do TOD com TDAH e TC são
fundamentais para o prognóstico do paciente e para a compreensão das causas e consequências desses
transtornos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Barueri: Editora Manole LTDA; 2016.
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2ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda; 2016.
3. Assumpção Jr FB et al. Psiquiatria da Infância e da Adolescência: Casos Clínicos. 1ª Ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
4. Mohammadi MR et al. Prevalência ao longo da vida, preditores sociodemográficos e comorbidades do
transtorno desafiador de oposição: a epidemiologia nacional dos transtornos psiquiátricos iranianos da
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5. Krieger FV. Refinando o diagnóstico de Transtorno de Oposição e Desafio na infância e adolescência:
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sample. J. Pediatr. (Rio J.). 2019 Nov/Dez; 95(6): 736-43.
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comportamiento negativista desafiante y de agresión infantil. Av. Psicol. Latinoam. 2015 Jan/Jun; 33(1): 57-
76.

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TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIADOR
- COMO ENFRENTAR O TOD NA
ESCOLA

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SUMÁRIO

Introdução
1. Capítulo: Os distúrbios de conduta.
1.1. O ser humano como ser social
1.2. O transtorno.
1.3. Transtorno Opositor Desafiador .
1.4. Causas e fatores
2. Capítulo: Algumas características do TOD
2.1. TOD na infância e adolescência
2.2. Um aluno com TOD na escola
2.3. TOD e indisciplina
3. Capítulo: Proposta de trabalho com alunos com TOD
Conclusão
Referências bibliográficas

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho se propõe a refletir sobre o transtorno opositor


desafiador e como enfrentá-lo no dia a dia da escola buscando fazer um trabalho
significativo com os alunos acometidos desse comportamento para que
consigam seguir adiante no seu processo de aprendizagem e melhorem seu
relacionamento com seus pais, seus professores e os colegas. A sigla para
identificar este transtorno pode ser TOD ou TDO, dependendo de sua tradução
do inglês. Neste trabalho, optamos por TOD.
O ser humano é um ser de relações. Mais do que qualquer outro animal,
ele precisa de cuidado, carinho, atenção desde que nasce, caso contrário não
conseguirá sobreviver e morrerá em poucos dias após o nascimento. Para
aprender sua língua materna, o ser humano precisa de uma comunidade falante,
assim como necessita de outras crianças em sua convivência que o ensinem
como se comportar dentro de sua cultura e que vá ensinando e mostrando a
realidade e o mundo dos adultos, enquanto ele vai se desenvolvendo e
crescendo de maneira saudável e feliz, aprendendo seus limites e suas
possiblidades, seu valor e seu potencial.
Nem sempre, contudo, a criança consegue se desenvolver de maneira
saudável. Além da predisposição para enfermidades, pode acontecer que o
ambiente em que cresce ou outras causas, façam com que ela venha a sofrer
de alguns problemas, sejam eles físicos ou psicológicos que atrapalhem seu
desenvolvimento. Isso poderá afetar não só a si próprio como também as
pessoas que vivem em torno dela, e pode chegar prejudicar também os grupos
humanos onde ela se situa e convive, criando situações tensas e difíceis para
todos.
Um desses problemas é o Transtorno Opositor Desafiador. Ele está dentro
dos transtornos neuropsíquicos de comportamento desruptível, que são
comportamentos que fazem mal tanto para a criança que tem como para quem
convive com ela. O TOD atinge em média 6% das crianças e dos adolescentes
e esse índice não deve ser desprezado.

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Por isso, o objetivo geral deste trabalho é conhecer as características do
transtorno opositor desafiador e suas influências na escola, enquanto outros
objetivos são, entre outros, analisar as concepções sobre o TOD, esclarecer
dúvidas quanto a este transtorno, propor alternativas de trabalho com alunos
com TOD.
O conhecimento sobre o Transtorno Opositor Desafiador por parte da
escola, irá melhorar o grave problema enfrentado por muitos professores em
sala de aula, visto que ele pode vir associado a outros transtornos
neuropsiquiátricos que contribuem muito para o baixo rendimento escolar.
O trabalho conta com uma pesquisa bibliográfica onde procuramos
levantar alguns autores que têm refletido sobre a questão do transtorno opositor
desafiador e suas influências na escola. A pesquisa bibliográfica que estamos
construindo visa a ratificação das hipóteses levantadas neste trabalho,
apontando para novas possibilidades.
A pouca informação sobre este transtorno por parte das famílias e dos
profissionais da educação pode fazer com que ele seja entendido como falta de
limites, como hiperatividade, desobediência e etc. Entretanto, se conhecido e
adequadamente acompanhado, poderá ter seus efeitos diminuídos e seu
portador levar uma vida mais controlada, com melhor qualidade e mais feliz.
O conhecimento sobre o Transtorno Opositor Desafiador por parte da
escola, irá melhorar o grave problema enfrentado por muitos professores em
sala de aula, visto que ele pode vir associado a outros transtornos
neuropsiquiátricos que contribuem muito para o baixo rendimento escolar.
No primeiro capítulo, buscando compreender o ser humano como ser
social, um ser de relações não só como sua família, mas também com os
vizinhos, a escola, a igreja. Essa convivência é fundamental para o bom
desenvolvimento das potencialidades da criança. Às vezes, porém, há fatores
emocionais ou físicos que interferem no bom desenvolvimento da criança,
causando problemas e dificuldades. Também buscamos esclarecer como
também esclarecer o que são os distúrbios de conduta e o conceito de
Transtorno Opositor Desafiador, trazemos a definição presente no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, revisto e publicado no ano

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2000. Em seguida, quais são as causas que hoje são compreendidas como
motivadoras deste distúrbio.
No capítulo seguinte, falamos sobre algumas características do TOD
tanto nas crianças como nos adolescentes, o que pode nos ajudar a
compreender melhor o transtorno e suas dificuldades.
Concluímos com o terceiro capítulo, em que apresentamos algumas
propostas de trabalho com os alunos com TOD. Apesar das dificuldades que se
apresentam, as alternativas estão presentes e é possível, de acordo com cada
caso, melhorar a perspectiva de cada aluno com o transtorno, suas relações e
aprendizagem.

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OS DISTÚRBIOS DE CONDUTA

Para formar-se bem como ser humano, a criança precisa ter uma família
que a acolha, que a ensina o básico para viver em sociedade. Ela precisa, então,
ter uma família que a apoie e seja para ela a segurança de crescer aprendendo
a se relacionar bem com os outros.
Alguns problemas, como os distúrbios de conduta, podem dificultar ou
impedir o bom desenvolvimento da criança com seus pares e com os adultos. O
Transtorno Opositor Desafiador é um dos grandes desafios para o
desenvolvimento das boas relações da criança.

O ser humano como ser social

Desde seus primórdios, o ser humano é considerado um ser de relações


sociais. Ele incorpora e assume como suas as normas, valores vigentes na
família, em seus pares, na sociedade sem mesmo se dar conta disso. Todas as
ciências humanas destacam esse preceito e essa condição humana.
O ser humano se relaciona a tudo que o rodeia. No dizer de Gadotti (1991)
“todos os seres, entrosados uns com os outros, estão em perpétua mudança.”
(GADOTTI, 1991, p. 56) A partir daí sabemos que o ser humano precisa de vida
em família e vida social (escola, vizinhos, igreja, clube etc.) e contato com outros
seres humanos que vão nos transformando na pessoa que somos.
Nossa vida está interligada à vida de muitas pessoas as quais nem
sempre conhecemos e nem sempre temos contato direto, como as pessoas que
plantam, colhem, transportam os alimentos que comemos, as que costuram as
roupas e fazem os sapatos que usamos, as que criam aparelhos dos quais nos
utilizamos para as mais variadas atividades humanas.
Toda a pessoa depende da interação com os outros para até mesmo para
se manter viva. Somos animais que estabelecem relações sociais. Na nossa
condição humana, precisamos sentir, ver, ouvir, tocar nossos semelhantes que
fazem parte da nossa natureza social e também da nossa história pessoal. O ser
humano precisa se relacionar e interagir com os outros porque precisa de
comunicação, precisa criar através da sua cultura, precisa aprender, precisa

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ensinar, e precisa desenvolver afeto, dizer que ama o seu próximo. Também tem
necessidade se organizar enquanto coletividade exigir melhores condições de
vida e transformar o seu ambiente externo, ele precisa expressar desejos e
vontades e, na medida do possível satisfazê-los.
Então, podemos dizer que somos sociais não apenas porque
dependemos de outros para viver, mas porque os outros influenciam a maneira
como convivemos, com aquilo que fazemos, com o modo com que construímos
e criamos e com o modo com que expressamos afeto.
O ser humano é um ser social porque sabe que é mais seguro em todos
os sentidos, viver em grupo. Antes, era para escapar e se proteger melhor das
investidas dos grandes animais e para conseguir alimentar-se, já que despendia
da caça e da colheita de alimentos.
Hoje a realidade é outra, mas ainda assim, sabemos que o ser humano é
frágil demais para viver sozinho. Ele necessita de laços afetivos os quais vai
estabelecendo de acordo com a convivência e interesses comuns. Conviver
significa levar em consideração o semelhante com todas as suas características
pessoais, mas também o diferente com sua maneira de ser numa relação de
respeito. Conviver significa viver junto, compartilhar, repartir, confiar, tolerar,
ajudar, entender e respeitar.
A criança nasce, cresce e vive em grupos humanos, grupos sociais. Mais
do que os outros animais, ela necessita de cuidados e proteção porque não
sobrevive sozinha sem ter quem a alimente, quem cuide dela, quem lhe dê
proteção, carinho, afeto, segurança, quem lhe ensine sua língua materna, quem
lhe ensina as normas da conivência com os outros seres de sua espécie e as
demais relações, como por exemplo, o respeito à natureza numa relação de uso
consciente dos bens.
Segundo Savoia (1989)
O processo de socialização consiste em uma aprendizagem
social, através da qual aprendemos comportamentos sociais
considerados adequados ou não e que motivam os membros da
própria sociedade a nos elogiar ou a nos punir. (SAVOIA, 1989,
p. 55)

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O primeiro grupo social da criança é a família e aos poucos ela vai
estabelecendo outros contatos como creche, escola, igreja e amigos da infância.
Chegando a adolescência, vai descobrindo seu grupo com outros jovens, em
grupo de trabalho, clube, partido, grupo esportivo e outros.
Em todos esses lugares vai se exercitando nas relações interpessoais, é
influenciando e também influencia. Você não teria possibilidade de sobreviver
como indivíduo se não fizesse parte de outros grupos.
O ser humano nasce dentro de uma cultura. Os jogos e brincadeiras
infantis, que tanto marcam as crianças e fazem com que aos poucos comecem
a penetrar o mundo dos adultos através das brincadeiras de imitação acontecem
porque as crianças mais velhas compartilham coma s menores sua “sabedoria.”
Há um saber e uma educação que é transmitida com a convivência.
Segundo Demo (1987),
A nenhuma mãe (...) ocorreria a ideia estranha de que para
educar seus filhos, teria primeiro que estudar educação. Sabe
educar por outros caminhos: pela convivência comunitária, pela
experiência histórica, pela identidade princípios sociais que
norteia a vida do grupo, pelo bom senso. (DEMO, 1987, p. 26)

Essa sabedoria e bom senso fazem com quem os mais velhos “eduquem”
de maneira assistemática os menores. Essas relações de convivência vão
ensinando cultura, idioma, brincadeira, costumes que nenhum outro modo pode
ensinar.
Os distúrbios de conduta são um conjunto de problemas e
comportamentos repetidos agressivos, violentos, antissociais ou desafiadores
capazes de violar regras, deveres e normais sociais. No caso específico deste
trabalho, atinge crianças e adolescentes.

O transtorno

Às vezes na sala de aula nos deparamos com crianças que apresentam


comportamentos muito difíceis de lidar. São alunos que se apresentam e
interagem de maneira grosseira, como se fôssemos seus inimigos. São alunos
que a princípio parecem se qualquer educação, sem respeito, agressivos,
violentos, inquietos e consequentemente com muitas falhas em seu processo de

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aprendizagem. Logo, esses alunos são estigmatizados e passam a carregar o
rótulo de “aluno-problemas”. O professor, às vezes com a formação deficiente,
com uma sala super lotada, precisando correr de uma escola para outra para
melhorar seus proventos, sem tempos para uma formação continuada e uma
atualização de seus conhecimentos, acaba por deixar esses alunos de lado,
retirando da sala, aplicando castigos para que possa dar conta de trabalhar seu
conteúdo e satisfazer as exigências da escola e dos pais.
Nem sempre a escola conta com orientador educacional e psicopedagogo
que poderiam avaliar o aluno e encaminhá-los para outros profissionais que
poderiam diagnosticar o problema.
Quando a situação de rebeldia e indisciplina do aluno começam a impedir
que o trabalho do professor seja realizado pelo tipo de comportamento que o
aluno apresenta e que prejudica não só a si mesmo como também aos colegas,
aos profissionais que aturam junto dele na escola é de fato necessário que os
pais sejam orientados e que ele seja encaminhado a um diagnóstico correto. É
que se o comportamento do aluno é contínuo, ele poderá estar sofrendo de
Transtorno de Conduta.
O agrupamento F91 da Classificação Estatística Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde (ONU, 1989) caracteriza esse distúrbio

Tal comportamento deve comportar grandes violações das


expectativas sociais próprias à idade da criança; deve haver
mais do que as travessuras infantis ou a rebeldia do adolescente
e se trata de um padrão duradouro de comportamento (seis
meses ou mais). Quando as características de um transtorno de
conduta são sintomáticos de uma outra afecção psiquiátrica, é
este último diagnóstico o que deve ser codificado. O diagnóstico
se baseia na presença de condutas do seguinte tipo:
manifestações excessivas de agressividade e de tirania;
crueldade com relação a outras pessoas ou a animais;
destruição dos bens de outrem; condutas incendiárias; roubos;
mentiras repetidas; cabular aulas e fugir de casa; crises de birra
e de desobediência anormalmente frequentes e graves. A
presença de manifestações nítidas de um dos grupos de conduta
precedentes é suficiente para o diagnóstico. (ONU, 1989)

A manifestação repetida durante certo período de tempo, como sugere o


texto, por 6 meses, pode indicar que a criança ou adolescente está acometido

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do distúrbio de conduta. O aumento da incidência do desse tipo de distúrbio tem
sido motivo de preocupação para profissionais da saúde, mas também da
educação, que lidam com essa clientela todos os dias. O comportamento do
aluno vai incidir diretamente no trabalho do professor e no resultado desse
trabalho como um todo, com sua turma, e individualmente, como cada aluno.
Esse comportamento que acaba se tornando um padrão, favorece muitos
dissabores na vida da criança porque a perspectiva social que se cria em torno
dela poderá estigmatizá-la de alguma maneira ou de muitas maneiras e
certamente a prejudicará.
Estes distúrbios são um sério problema de comportamento. Contudo,
vários autores não o compreendem como doença, o que isentaria, assim, o
portador da responsabilidade conferida a cada um de nós por nossos atos.

Transtorno Opositor Desafiador

É normal que crianças e adolescentes em algum momento de suas vidas


desobedeçam, testem limites, desafiem. Estão em crescimento, estão
conhecendo e se posicionando no mundo, encontram dificuldades e desafios e
reagem das mais diferentes maneiras e às vezes é desafiando os adultos.
Entretanto, existe um conjunto de reações e atitudes que quando se
estendem como prática comum e comportamental por certo tempo, como vimos
acima, criando muitas dificuldades no relacionamento com as pessoas, sejam
elas da família, escola ou qualquer outro contato social, podem e devem exigir
uma atenção maior por parte da escola e da família.
O Transtorno Opositor Desafiador ou Transtorno Desafiador de Oposição
é um padrão de comportamento chamado de disruptivos, forma de liberar
impulsos agressivos, tipo de comportamento que prejudica as pessoas com as
quais se convive, criando conflitos não só com as figuras que representam
autoridade como também em relação às regras pré-estabelecidas. Entretanto,
este transtorno acaba prejudicando o próprio autor por toda a rejeição que se
cria em torno dele.

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A falta de conhecimento e de compreensão deste padrão de
comportamento pode fazer com que pais e professores o confundam com
hiperatividade, indisciplina, falta de educação e de limites e etc.
Segundo o segundo o DSM – IV – TR caracteriza-se como TOD

Perder a calma; discutir com adultos; negar-se a obedecer aos


pedidos ou regras dos adultos; fazer coisas que incomodem,
gratuitamente, os outros; culpar os outros por seus erros ou
comportamentos inadequados; ser suscetível à irritação; ficar
enraivecido e ressentido; ser rancoroso e vingativo. (DSM- IV-
TR, 2000).

O comportamento desafiador aparece ao longo da evolução das crianças


pode tomar diferentes caminhos, que vão desde a passividade total em que ela
permanece sistematicamente inativa quando precisa obedecer, ao extremo de
xingar, tiver acessos de cólera, hostilidade, irritação, agressividade e discussão
para com figuras de autoridade, pais ou cuidadores.
Ainda sobre o DSM, o V dá uma contribuição para o TOD, porque
“apresenta uma concepção acerca do funcionamento da personalidade e lista
traços de personalidade patológica que podem estar presentes em cada
transtorno.” (ARAÚJO, 2013), e assim expande a compreensão dos transtornos.
Segundo Apa (2014)
Quando o transtorno de oposição desafiante é persistente ao
longo do desenvolvimento, os indivíduos com o transtorno
vivenciam conflitos frequentes com pais, professores,
supervisores, pares e parceiros românticos. Com frequência,
tais problemas resultam em prejuízos significativos no
ajustamento emocional, social, acadêmico e profissional do
indivíduo. (APA, 2014, p. 465).

Quando a postura da criança, na maneira habitual de se relacionar,


apresenta essas características, começam os problemas na criança e o seu
ambiente e acontece uma deterioração significativa na vida social dela.
Os sintomas do Transtorno Opositor Desafiador são similares em ambos
os gêneros, todavia, meninos podem apresentar esses sintomas e
comportamento mais persistentes. Geralmente, este transtorno se manifesta por
volta dos oito anos de idade e pode ter a idade mais crítica na adolescência, que

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é, por excelência, a idade das contradições, da irritabilidade, do desafio dos
limites impostos pelo mundo adulto.
Para que o comportamento difícil e problemático seja caracterizado como
Transtorno Opositor Desafiador deve haver violações importantes que se
estendem além das expectativas apropriadas à idade da pessoa e que sejam de
natureza mais grave que as travessuras de criança ou a rebeldia que caracteriza
certa parcela dos adolescentes.
Além disso, junto ao TOD, a criança pode apresentar também
características relacionadas ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
(TDAH).
Segundo Teixeira (2014)

Essa associação é muito comum, estando presente em até 14%


dos casos. Essas crianças apresentam maior agressividade,
maior impulsividade, mais conflitos com os outros estudantes,
maior dificuldade nos relacionamentos sociais e pior
desempenho acadêmico (TEIXEIRA, 2014, p. 35)

Por isso, é fundamental que se faça um diagnóstico completo, já que em


muitas situações o TOD é confundido com TDAH porque a criança apresenta
excesso de atividade, tem dificuldade para se acalmar e reações extremas.
Quando a criança passa do que se considera normal em termos de
indisciplina e dificuldade de relacionar-se não só com seus colegas, mas também
com todos os outros adultos com os quais tem contato, quando ela não
reconhece nem respeita nenhum tipo de regra ou norma que lhe apresentem,
quando ela tem um comportamento que chama a atenção pela total falta de limite
ou ainda quando apresenta apatia exagerada é hora de interferir e pedir ajuda
para que a criança inicia o tratamento o mais cedo possível.

Causas e fatores

O estudo e a análise do transtorno opositor desafiador ainda são


insuficientes para responder a todas as perguntas que tantos os profissionais da
educação quanto os da saúde e principalmente as famílias têm levantado.

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Segundo Paulo e Rondina (2010)

Há relativa escassez de trabalhos sobre o Transtorno Desafiador


Opositor, de forma geral e a literatura sugere que fatores
diversos podem contribuir para o aparecimento do problema. Em
especial, é possível afirmar que ainda há poucos estudos
direcionados a investigar os fatores determinantes que
contribuem para o aparecimento do problema. (PAULO e
RONDINA, 2010, p.2-3)

Contudo, é possível enumerar alguns pontos comuns entre crianças e


adolescentes que apresentam esse distúrbio após uma apurada observação e
estudo.
Existem oito características do comportamento da criança ou do
adolescente que, se apresentados de maneira sistemática e por um período de
tempo maior que seis meses, através de diagnósticos de profissionais
especializados e aptos, podem vir a diagnosticar o indivíduo como portador do
transtorno opositor desafiador. De acordo com o DSM – IV – TR(2000) para o
TOD, são eles

Perder a calma; discutir com adultos; negar-se a obedecer aos


pedidos ou regras dos adultos; fazer coisas que incomodem,
gratuitamente, os outros; culpar os outros por seus erros ou
comportamentos inadequados; ser suscetível à irritação; ficar
enraivecido e ressentido; ser rancoroso e vingativo. (DSM- IV-
TR, 2000).

J[á o DSM V O levantamento dessas características até pode ser feito


pelo professor da turma onde o aluno se encontra, contudo, é importante que
profissionais da área da saúde façam o diagnóstico final
Não é uma ou outra característica, apresentada isoladamente e com
largos de tempo que nomeará o indivíduo como portador do transtorno, mas o
conjunto delas por meses, como vimos.
Não podemos apontar uma única causa do Transtorno Opositor
Desafiador. Segundo Teixeira (2014)
As causas do transtorno desafiador opositivo são complexas e
multifatoriais. Os estudos científicos evidenciam que múltiplos
fatores de risco estão relacionados ao surgimento do transtorno.
Esses fatores são eventos, características ou processos que
aumentam as chances do desencadeamento do problema
comportamental, e seu desenvolvimento está provavelmente

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relacionado com uma quantidade de fatores de risco presentes
na criança. Todos esses possíveis fatores estão relacionados
com questões sociais, psicológicas e biológicas, sendo suas
interações responsáveis pelo surgimento, desenvolvimento e
curso clínico da condição. É importante salientar a necessidade
de se fazer um diagnóstico através de um profissional
competente que possa fazer o laudo médio. O transtorno se
apresenta em casa, na escola e em lugares públicos, revelando
várias e diferentes teorias que justifiquem seu surgimento.
(TEIXEIRA, 2014, p. 29)

A dimensão biológica aparece como uma possível causa, no entanto não


há pesquisas conclusivas que possam definir diretamente as causas e apontar
um ou algumas como determinantes.
Segundo Gonçalves (2014)
Inicialmente, em qualquer transtorno e para qualquer paciente,
o primeiro passo é a realização de uma avaliação minuciosa que
possa trazer dados consistentes a fim de se traçar uma linha de
bases. Isto é, conhecer quem é a pessoa, qual sua demanda,
como foi sua história de aprendizagem e quais são as relações
estabelecidas com o contexto. A avaliação permite trazer um
diagnóstico topográfico e funcional, apontar diagnósticos
diferenciais e escolher as técnicas mais pertinentes e eficazes
para serem utilizadas no processo terapêutico. Além disso, a
avaliação não ocorre apenas no início do acompanhamento
psicoterápico, mas durante todo o processo. (GONÇALVES,
2014, p. 12)

É importante ressaltar que os diversos problemas comportamentais


apresentados pelas crianças ou adolescentes que costumam aparecer
associados ao TOD, podem ser influenciados por variáveis de natureza diversa
e serem sintomas de outros transtornos de conduta. Mesmo porque, uma criança
ou adolescente com TOD pode também apresentar apática, extremamente
silenciosa, omissa, muda, sem reação, sem fazer nada, sem expressar
sentimentos.
Há fatores que podem ser sinalizados em famílias cujos filho apresenta
TOD. Segundo Gonçalves (2014)
Complicações pré e perinatais; complicações da gravidez e do
parto; prematuridade e baixo peso ao nascer, lesões ou
complicações cerebrais menores; Psicopatologia e
comportamento criminoso na família: comportamento criminoso,
personalidade antissocial e alcoolismo em um dos genitores;
Histórico familiar de personalidade antissocial, abuso de drogas,
TDHA, transtorno de humor, transtorno de aprendizagem;

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Desempenho materno e paterno deficiente: comunicações
coercitivas dos pais aos filhos; disciplina inconsciente, punição
severa ou física e pai\mãe permissivos ou excessivamente
controladores; Supervisão deficiente: poucas regras e falta de
supervisão; Perturbação das qualidades das relações familiares:
pouca aceitação dos filhos por parte dos pais; falta de calor
humano, afeição, apoio emocional e apego; Discórdia conjugal:
conflitos e\ou violência doméstica; Tamanho da família: família
muito grande; Irmãos com comportamento antissocial
(especialmente irmão mais velho); Desvantagem sócio
econômica: pobreza, excesso de pessoas no lar, desemprego,
habitação precária, estresse financeiro e falta de apoio.
(GONÇALVES, 2014, p.8)

Não é demais dizer que a família precisa ter atenção e buscar ajuda
sempre que identificar situações conflitantes entre os pais e em relação aos
filhos. E buscar ajudar sempre que não conseguir equacionar os problemas.
Há algumas atitudes e posturas que podem ajudar aos pais a melhorarem
o ambiente do seu lar e contribuindo assim para que o TOD não se desencadeie
com tanta intensidade.
Segundo Teixeira (2014)
1) Tenha um ambiente saudável;
2) Estabeleça regras e limites;
3) Faça pedidos claros e objetivos;
4) Pai e mãe devem falar a mesma língua;
5) Seja um exemplo positivo e pacifico para o seu filho;
6) Seja amigo de seu filho;
7) Fortaleça a autoestima de seu filho;
8) Esteja atento às mudanças da adolescência;
9) Esteja atento à saúde mental de seu filho;
10) Ensine sobre as pressões da juventude;
11) Estimule as práticas de esporte;
12) Comunica-se com a escola (TEIXEIRA, 2014, p. 85-93)

Mesmo não sendo uma intervenção profissional, os pais podem contribuir


para que o filho possa lidar melhor com a vida e com as dificuldades que se
apresentam. Além disso, segundo Facion (2013)

As alternativas pedagógico-terapêuticas para a convivência


diária com essas crianças há bastante semelhança com as
apresentadas para os outros transtornos de comportamento
disruptivo. Os terapeutas comportamentais indicam que os
melhores resultados podem ser obtidos quando é realizada uma
orientação familiar, com o objetivo de modificar sua postura com
os filhos, principalmente para ficarem mais atentos aos

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comportamentos adequados e reforçá-los, tentando
desencorajar os comportamentos desafiadores. Ou seja, é mais
indicado reforçar seletivamente os comportamentos adequados
e, na medida do possível, ignorar, ou não reforçar, os
comportamentos inadequados (FACION, 2013, p. 123-124).

E mais do que nunca, pais e professores, ao perceberem comportamentos


extremos e persistentes nos seus filhos e alunos precisam ficar atentos,
acompanhar, comunicar a quem possa efetivar e proporcionar uma efetiva e
competente ajuda, já que a criança pode estar quieta ou eufórica num dia ou no
outro. Mas quando sua conduta passa a ser por demais individualizada e quando
os adultos e pares não conseguirem alcançá-la, uma observação mais atenta e
profissional competente precisa ser buscada.

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ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO TOD

Alguns transtornos podem ser confundidos com outros por causa da


proximidade de características. É o caso do Transtorno Opositor Desafiador, que
pode ser confundida por indisciplina, rebeldia etc. Nem sempre a família tem
acesso a uma boa equipe de profissionais capacitados a fazerem um diagnóstico
completo. Nem sempre a própria família aceita o fato de um de seus membros
ter algum distúrbio. Comumente, a família espera que o problema se resolva por
si, o que pode ajudar no agravamento da situação.
Este capítulo pretende mostrar algumas características do Transtorno
Opositor Desafiador na infância e adolescência, bem como a experiência de um
aluno com este transtorno em sala de aula e explicitar a diferença entre TOD e
a indisciplina que acomete uma grande parte de crianças e adolescentes em
algum momento de sua vida.

2.1. TOD na infância e adolescência

Como dissemos, toda criança e adolescente tem sua fase de rebeldia e


de desafiar os adultos, sejam eles pais ou professores. Essa postura geralmente
passa com o tempo e o amadurecimento da pessoa. Contudo, há certas
características que vão além e podem ser inseridos nos chamados transtornos
de conduta. O Transtorno Opositor Desafiador é um desses transtornos. O tempo
e a idade não trarão o alívio ou a cura.
O Transtorno Opositor Desafiador é caracterizado, segundo Serra-
Pinheiro (2004) como

...um padrão global de desobediência, desafio e comportamento


hostil. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não

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aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam
deliberadamente os demais, possuem dificuldade de aceitar
regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem
a forma que eles desejam. (SERRA-PINHEIRO et al., 2004, p.
273).

A criança ou adolescente insiste em discutir e desafiar pessoas adultas;


desafiam ou negam-se a obedecer ou seguir regras e norma, incomodam e
perturbam as pessoas e responsabilizam os outros pelo seu mal comportamento.
Criam em sua atmosfera um ambiente e comportamento antissociais que
dificultam ao máximo a proximidade de seus pares ou adultos. Parece evidente
que a criança portadora do TOD tenta agredir seus familiares, agindo de maneira
oposta ao que se espera que ela faça. Isso causa sofrimento aos adultos que
lidam como ela, já que ela não admite estar errada e culpa os outros por suas
atitudes.
De acordo com Paulo e Rondina (2010)

O conjunto de atitudes de agressão que podem aparecer em


casos de TDO é vastíssimo e pode variar de acordo com as
características de cada família. O comportamento pode se
manifestar não apenas sob a forma de atitude ativa no sentido
de agredir, mas, também, através de comportamentos como o
silêncio, a omissão, a apatia, o emudecimento, o não fazer nada
e assim por diante. (PAULO e RONDINA, 2010, p.2)

As características que a criança ou adolescente apresentará, seja de


agressividade ou de apatia ou omissão, podem variar de acordo com as
características do ambiente onde ela vive ou das pessoas com as quais ela
convive. Isso talvez torne o diagnóstico mais complexo porque o Transtorno
Opositor Desafiador é sempre mais conhecido como agressão do que
passividade.
Bellone (2002) diz que “a maior evidência que os comportamentos
opositores são agressivos, na medida em que causam o mal estar emocional no
outro, é a ausência dele, na ausência deles se quer agredir.” (BELLONE, 2002,
p.3-4)
É preciso lembrar também, que a criança ou o adolescente com TOD
nunca assume o que faz. Segundo Camargo (2008)

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Em indivíduos com TDO, a percepção de seu próprio
comportamento em geral é contraditória com a realidade, e
normalmente afirmam que os comportamentos desafiadores
opositores são resultado de exigências e eventos absurdos
colocados para ele (Camargo, et al, 2008, p. 34).

Havendo um espectador que se quer agredir haverá episódios de


agressões, o que talvez fosse atenuado ou inexistisse se a criança ou
adolescente estivesse sozinho. Contudo, ficar isolado para uma criança com
Transtorno Opositor Desafiador não é a melhor terapêutica.
É interessante perceber mais algumas características do TOD, que
ajudam a compreender melhor este transtorno.
Segundo o DSM – IV – TR
No sexo masculino, o transtorno é mais prevalente entre aqueles
indivíduos que, nos anos pré-escolares, têm temperamento
problemático (por ex., alta reatividade, dificuldade em serem
acalmados) ou alta atividade motora. Durante os anos escolares,
pode haver baixa autoestima, instabilidade do humor, baixa
tolerância à frustração, blasfêmias e uso precoce de álcool,
tabaco ou drogas ilícitas. Existem, frequentemente, conflitos
com os pais, professores e companheiros. Pode haver um
círculo vicioso, no qual os pais e a criança trazem à tona o que
há de pior um do outro. O Transtorno Desafiador Opositivo é
mais prevalente em famílias nas quais os cuidados da criança
são perturbados por uma sucessão de diferentes responsáveis
ou em famílias nas quais práticas rígidas, inconsistentes ou
negligentes de criação dos filhos são comuns. Uma vez que o
comportamento oposicional temporário é muito comum em
crianças pré-escolares e adolescentes, deve-se ter cuidado ao
fazer o diagnóstico de Transtorno Desafiador Opositivo,
especialmente durante esses períodos do desenvolvimento. O
número de sintomas de oposição tende a aumentar com a idade.
O transtorno é mais prevalente em homens do que em mulheres
antes da puberdade, mas as taxas são provavelmente iguais
após a puberdade. Os sintomas em geral são similares em
ambos os gêneros, à exceção do fato de que os homens podem
apresentar mais comportamentos de confronto e sintomas mais
persistentes. (DSM- IV- TR, 2000).

Talvez a cultura que vê os meninos como mais impulsivos, mais ativos


fisicamente e mais ousados em suas atitudes do que as meninas, normalmente
criadas para serem mais tranquilas, seja um dos fatores pelos quais apareçam
mais meninos com Transtorno Opositor Desafiador.
É interessante também perceber que as famílias menos estruturadas ou
por demais rígidas ou negligentes apresentam um número maior de filhos com

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TOD, que parece ser mais comum nas famílias em que o pai ou a mãe teve
algum transtorno. Parece que as famílias das crianças que tem hiperatividade,
por exemplo, tenha mais dificuldade em gerir suas emoções e ensinar os filhos
a fazerem o mesmo.
Segundo Apa (2014)
Quando o transtorno de oposição desafiante é persistente ao
longo do desenvolvimento, os indivíduos com o transtorno
vivenciam conflitos frequentes com pais, professores,
supervisores, pares e parceiros românticos. Com frequência,
tais problemas resultam em prejuízos significativos no
ajustamento emocional, social, acadêmico e profissional do
indivíduo (APA, 2014, p. 465)

Vale lembrar que crianças precisam ser educadas afeto, porém com
firmeza, para que percebam a segurança de seus responsáveis ao educá-la,
mesmo que eles não estejam tão seguros do melhor a ser feito.
O tratamento de uma criança ou adolescente com TOD requer uma equipe
especializada que cuide dela a partir de vários aspectos. Segundo Teixeira
(2014)

Tratamento medicamentoso. – Antipsicóticos ou Neurolépticos.


– Estabilizadores do humor. – Psicoestimulantes. –
Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de
serotonina. – Tratamento Psicossocial. – Psicoterapia cognitivo-
comportamental. – Terapia Familiar. – Psicoeducação Familiar.
– Treinamento dos pais. – Psicoeducação Escolar. –
Intervenções Escolares (TEIXEIRA, 2014, p. 44-50).

Ou seja, a escola sozinha não poderá atuar junto ao aluno se não


houverem outros profissionais que, de acordo com seu trabalho, faça as
intervenções necessárias, visto que até de medicação provavelmente a criança
necessitará. O não-acompanhamento certamente dificultara a situação e
agravará o estado da criança, fazendo com que ela e quem está no seu círculo
de convivência sofra mais.

Um aluno com TOD na escola

Uma das principais ocupações das crianças e adolescentes é o estudo e


o seu universo é a escola. É na escola que ela passa boa parte do seu tempo
estudando e desenvolvendo atividades complementares, envolve-se com

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atividades de casa, relaciona-se com colegas e cria laços com seus professores
e outros funcionários deste espaço.
A escola é o lugar onde o aluno aprende e sociabiliza com a comunidade
escolar. Há muitos fatores que dificultam o bom desempenho na escola, seja no
bom relacionamento com a comunidade escolar, seja no aprendizado.
A partir do que lemos até agora como características dos portadores do
Transtorno Opositor Desafiador, pode-se supor as dificuldades para uma criança
ou adolescente ter uma vida escolar equilibrada quando portadora deste
transtorno. Bem como para todas as pessoas que lá convivem com ele.
Segundo Barbosa (2017)
Cumpre ressaltar a importância da equipe pedagógica pensar
em estratégicas que dinamizar essa fragilidade na escola, pois
é essencial que a formação que a escola possibilita aos
indivíduos e, se esse aluno permanecer com esse
comportamento, irá afetar sua formação. Por isso, a escola e os
professores devem se empenhar em proporcionar práticas que
contribuirão para o aluno incluindo-o, pois muitas vezes ele pode
se sentir excluído. (BARBOSA, 2017, p. 167)

A escola pode ser o único lugar onde ele ainda tem esperança de ser
ajudado e acolhido, porque afinal, é um ser humano, uma criança ou adolescente
e necessita de ajuda para conviver com seus pares e ter uma vida normal.
Um aluno com TOD apresenta, na escola um comportamento
característico. Segundo Teixeira (2014)
Discute com professores e colegas; recusa-se a trabalhar em
grupo; não aceita ordens; não realiza deveres escolares; não
aceita críticas; desafia autoridade de professores e
coordenadores; deseja tudo ao seu modo; é o “pavio curto” ou
“esquentado” da turma; perturba outros alunos; responsabiliza
os outros por seu comportamento hostil. (TEIXEIRA, 2014, p. 25,
grifos do autor).

Ele irá fazer tudo exatamente ao contrário das orientações recebidas.


Mesmo que o professor só tivesse este aluno com o qual trabalhar na escola, o
trabelho pedagógico não surtiria efeito.
De acordo com Nunes e Werlang (2008)

A criança ou adolescente com problemas de conduta também


atravessam muitas dificuldades no ambiente escolar, em razão
tanto das manifestações clínicas do transtorno quanto dos
sentimentos que mobilizam nos colegas e professores. A criança

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resiste em frequentar a escola, tem manifestações agressivas
verbais ou físicas para com os colegas e professores,
desobedece muito, destrói objetos e apresenta condutas
explosivas. Seu comportamento cria muitas dificuldades de
convivência, pelo clima que gera na sala de aula e no próprio
processo de ensino e aprendizagem da turma. Problemas
externalizantes antecedem as dificuldades escolares, mas
também podem ser exacerbados por elas. (NUNES e
WERLANG, 2008, p. 212)

É praticamente impossível que um aluno com TOD permaneça em sala


de aula, junto com seus colegas e seus professores, e obtenha um aprendizado
satisfatório se a escola e os profissionais não estiverem preparadas para realizar
um trabalho pedagógico efetivo em relação ao transtorno.
Segundo Relvas (2010)
No processo neuropsicológico do ato de aprender, assumem
papel de mais alta importância a atenção, a memória e as
funções executivas, bem como os distúrbios atencionais e das
funções corticais de percepção, planejamento, organização e
inibição comportamental. Por outro lado, a memória é essencial
em todos os processos de aprendizagem e seus distúrbios não
permitem reter as informações. (RELVAS, 2010, p. 55-6)

Para um aluno dito “normal” aprender é um processo complexo. Par um


aluno com TOD será bem mais difícil. Uma das características do TOD é a
inquietação, o andar de um lado para o outro sem conseguir ficar sentado e sem
se concentrar, ou seja, difícil fixar-se num assunto para aprender.
É evidente que desempenho escolar ficará seriamente comprometido e
as reprovações serão frequentes, porque os alunos com TOD não conseguem
participar de atividades de grupo, porque ele dificilmente aceitará ajuda de
professores ou colegas e vai querer resolver os problemas sempre sozinhos e
da sua maneira.
O aluno com TOD prejudicará seu aprendizado, o dos seus colegas e
causará transtorno para seus professores, coordenadores de disciplina,
inspetores e etc. Seu professor não conseguirá realizar o trabalho planejado. E
isso poderá ter consequências para a saúde física e mental deste profissional, já
que todo o trabalho realizado será de insucesso.
De acordo com Teixeira (2014)
As intervenções escolares são muito importantes no tratamento.
Na escola, professor e funcionários podem encontrar

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mecanismos mais adequados para reintegrar o aluno em sala de
aula e no recreio. Técnicas comportamentais podem ser
aprendidas para que a promoção e o estímulo de
comportamentos aceitáveis do aluno sejam introduzidos e
atitudes de desrespeito e agressão sejam desencorajadas.
(TEIXEIRA, 2014, p. 50)

A rotina extenuante de agressões e violência por parte do aluno


acometido com TOD pode acabar com o trabalho previsto para o ano letivo,
criando problemas e dificuldades com os outros alunos e seus pais.
Segundo Teixeira (2014)
Na escola o desempenho está comprometido na maioria das
vezes, pois ele não participa das aulas, não realiza trabalhos ou
deveres escolares. Entre esses alunos são grandes as
incidências de abandono e reprovação. (TEIXEIRA, 2014, p. 56)

As manifestações do transtorno estão normalmente se desenvolvem em


casa. Mas quando a criança chega à escola, é evidente que essa manifestação
a acompanhará. Muitos pais creem que na escola, com a mudança de ambiente
e uma realidade nova, a criança vai melhorar. Mas normalmente não é o que
acontece. Pelo contrário.
Os sintomas do transtorno tornam-se mais presentes nas interações com
adultos como o professor, o inspetor de alunos. As crianças com TOD não
aceitam que sejam desafiadoras e oposicionistas e sempre culpam outros por
suas atitudes.
Por isso, é evidente que haverá muitos problemas na escola. É importante
que a escola saiba responder aos pais. Segundo Teixeira (2014)
O trabalho de informação e orientação aos professores,
diretores, orientadores pedagógicos e funcionários da escola
será essencial no manejo dos sintomas no ambiente escolar,
objetivando o sucesso do tratamento. Esse trabalho pode ser
feito através de programas pedagógicos direcionados aos
profissionais da educação e a todos os funcionários da
instituição de ensino que tenham contato com a criança.
(TEIXEIRA, 2014, p. 50).

É importante que os pais compreendam que tanto eles quanto seu filho
precisam da ajuda e apoio dos professores/instituição de ensino e outros
profissionais como numa equipe multidisciplinar. Trazendo esses profissionais

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para sua causa, é preciso que os pais façam deles seus parceiros para que
juntos possam ter êxito no desenvolvimento e sucesso do seu filho.
Diz-nos Teixeira(2014) que
A comunicação entre pais e professores é muito importante para
a identificação e o monitoramento do comportamento do
estudante. Portanto, comunique-se com professores e
coordenadores pedagógicos sempre que necessário. A
experiência diária de professores com aluno poderá ser de
grande valia para discussões e a busca conjunta por estratégias
e soluções de problemas de indisciplina do estudante presentes
tanto na escola quanto em casa (TEIXEIRA, 2014, p. 93).

Isso implica num maior acompanhamento dos pais em relação aos seus
filhos na escola. É realmente necessário fazer uma parceria entre pais e
professores. As observações e intervenções de ambos podem ser
compartilhados e assim podem compreender melhor a criança/adolescente que
está sob sua responsabilidade.
Crianças com Transtorno Opositor Desafiador podem apresentar outros
transtornos associados. E pode ser que, a partir da sua experiência negativa na
escola, venham a desenvolver mais alguns. Vale lembrar que quando o TOD não
é tratado, ele pode evoluir, por exemplo, para o transtorno de conduta.
Segundo Valle (2015)
Quando o TDO não é tratado, a evolução para o transtorno de
conduta pode ocorrerem até 75% dos casos. Naquelas em que
o início dos sintomas se iniciaram antes dos oito anos de idade,
o risco de evolução será maior. O diagnóstico e o tratamento
precoces exercem um papel preventivo importante. (VALLE,
2015, p. 14)

Vale lembrar que um adulto que cresceu com TOD, além de não ter
avançado muito nos estudos, certamente poderá ter problemas com substâncias
entorpecentes, problemas afetivos com o(a) parceiro(a) e tendência ao suicídio,
já que dificilmente se sentirá compreendido e acolhido.
E para qualquer tipo de melhora no processo de sofrimento e dificuldade
de adaptação e convivência, a pessoa precisa se sentir acolhido, se sentir parte
do grupo. Um adulto com TOD desde a infância ou adolescência é alguém que
sofreu o estigma do indisciplinado durante toda a sua vida.
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TOD e indisciplina

Como dissemos, crianças e adolescente passam, em algum momento de


sua vida pela tentativa de desafiar, desobedecer e testar limites. Vimos quando
essa fase se apresenta com características que devem levar os responsáveis à
busca de um profissional capacitado para fazer um diagnóstico mais completo
sobre o comportamento do seu filho. O TOD muitas vezes é confundido com
indisciplina, mas isso só reflete o pouco conhecimento que se tem deste
transtorno.
Para Barkley (2002):
(...) Um transtorno do desenvolvimento do autocontrole que
consiste em problemas com os períodos de atenção, com o
controle do impulso e o nível de atividade. [...] Esses problemas
são refletidos em prejuízos na vontade da criança ou em sua
capacidade de controlar seu próprio comportamento relativo à
passagem do tempo – em ter em mente futuros objetivos e
consequências. Não se trata apenas [...] de uma questão de
estar desatento ou hiperativo. Não se trata apenas de um estado
temporário que será superado, de uma fase probatória, porém
normal, da infância. Não é causado por falta de disciplina ou
controle parental, assim como não é o sinal de algum tipo de
“maldade” da criança. (BARKLEY, 2002, p. 35).

A falta de informação leva pais, professores e outros profissionais a


rotularem os portadores de TOD como crianças e adolescentes sem limites,
indisciplinados. Generalizam-se as características e os rótulos, enquanto se
perde tempo para o diagnóstico e efetivo trabalho terapêutico e pedagógico.
Há variadas concepções sobre indisciplina. Segundo Castro (2012)
A indisciplina é a transgressão de dois tipos de regras. O
primeiro: são as morais, construídas socialmente com base em
princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos.
Por exemplo, não xingar e não bater.
Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas
e em qualquer situação. O segundo são as chamadas
convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos,
são os que não respeitam as figuras que representam
autoridade, que geralmente entram na sala de aula de maneira
grotesca, sem pedir licença, abusa de colegas sem receio de
serem punidos, não obedecem a regras e nem os próprios pais.
Quando o aluno age dessa maneira para com a escola e com os
profissionais que trabalham nela, a relação entre aluno-
professor, aluno-diretor, aluno-coordenador e aluno-inspetor,
torna-se desequilibrada. (CASTRO, 2012, p. 13)

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Ou seja, há na concepção de indisciplina sempre um desequilíbrio entre
as relações que deveria seguir um determinado passo para uma convivência
mais harmônica, mas essas relações ficam prejudicadas a partir da prática de
alguns alunos.
Vendo uma outra definição sobre indisciplina, para Munhaes (2015)

A indisciplina no ambiente escolar seria resultado de um total


descaso por parte dos alunos pelos seus professores. Eles não
consideram erradas as condutas contrárias à moral,
consequentemente, não entendem porque deveriam
envergonhar-se de ter cometido tal desatino, visto que, para seus
padrões pessoais ou os padrões do grupo acolhedor, as regras
seriam outras, às vezes baseadas no que consideram ser justo e
que a escola não apresenta. Sendo assim, o estudante pode
descartar a figura do professor, não o concebendo como alguém
capaz de contribuir para sua formação ou para reforçar o
sentimento de dignidade como ser moral. (MUNHAES, 2015, P.
40)

A principal diferença entre o TOD e a indisciplina é que ele é um transtorno


e, como tal, prejudicam o desempenho da pessoa na sua vida pessoa, familiar,
pessoal, escolar e etc.
A indisciplina causa sérias consequências tanto para o aluno que a pratica
quando para sua turma, seus professores, sua família e as pessoas com as quais
convive. Ela é igualmente prejudicial no aspecto do ensino-aprendizagem.
Contudo, há vários meios e maneiras de se lidar com ela, diferente do TOD.
Através de projetos e intervenções artísticas, culturais, esportivas podem-
se envolver as crianças e adolescentes, dar-lhes oportunidades e mudar-lhes o
foco de vida, oferecendo possibilidades que os integrem como pessoas e como
membros dos grupos ao quais pertencem.
Não é que a indisciplina seja mais fácil de ser trabalhada do que o TOD.
Afinal, ela pode trazer também problemas irreversíveis. Mas o trabalho com a
indisciplina pode ser feito através de várias intervenções, como por exemplo,
projetos de artes ou esportes que podem direcionar o aluno para encontrar um
sentido para sua vida.

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O aluno indisciplinado não é necessariamente alguém com transtorno e
medidas pedagógicas efetivas podem “recuperá-lo” para o compromisso com o
bom comportamento, com a escola e com a aprendizagem.

PROPOSTA DE TRABALHO COM ALUNOS COM TOD

Depois de tudo o que foi descrito até aqui a respeito do comportamento


dos alunos com Transtorno Opositor Desafiador, parece desanimador
e impossível fazer um trabalho pedagógico que alcance algum objetivo.

Segundo Ballone (2008)


Mas se temos um aluno com dificuldades, seja elas de
adaptação, aprendizagem ou comportamento, é prioritariamente
dele que devemos investir nosso tempo, nosso saber e nossa
disposição como educadores. Dentro da sala de aula há
situações psíquicas significativas, nas quais os professores
podem atuar tanto beneficamente quanto, consciente ou
inconscientemente, agravando condições emocionais
problemáticas dos alunos. Os alunos podem trazer consigo um
conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou
seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria
constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente,
podem apresentar as consequências emocionais de suas
vivências sociais e familiares. (BALLONE, 2008, p. 3)

Claro que o professor não vai alcançar seus objetivos se ficar sozinho
nessa tarefa porque a escola hoje não está mais fechada, pelo menos na lei, às
diferenças.
Afinal, segundo Cardoso-Bucklei (2011)
Com uma abordagem inclusiva, [...] passa a ser aceitável o que
antes era tabu – todos os educandos (portanto todas as
pessoas...) têm diferenças, talentos particulares e necessidades
específicas que devem ser considerados e atendidos. Se
levarmos esta afirmação às suas últimas consequências - os
mais ousados o afirmamos – chegasse a uma visão da pessoa
humana onde, com suas diferenças, todos, sem exceção, são

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únicos, insubstituíveis, trazendo suas deficiências e seus dons
que apontam necessidades que, embora sejam variadas em
tipo, número e grau, requerem reconhecimento e algum tipo de
ação por parte da comunidade (CARDOSO-BUCKLEI, 2011, p.
19).

Apoiado e fazendo parte de uma equipe multidisciplinar que trabalhe com


o aluno, o professor pode, sim, alcançar um bom nível pedagógico com um aluno
com TOD e com outros transtornos e necessidades especiais.
Segundo França (2012)
Existe uma confusão generalizada entre comportamento,
diagnóstico e rendimento. Como professores, não devemos
diagnosticar distúrbios de aprendizagem, pois não somos
qualificados para tal. Os pais são chave importante nesse
processo, devendo informar à escola onde seus filhos precisam
de mais apoio. Manter esse diálogo franco e aberto com os pais
é fundamental. Porém, o fato é que muitos escondem ou nem
sequer aceitam que o filho tenha necessidades especiais, o que
dificulta mais ainda o trabalho do professor. Sem este diálogo, o
diagnóstico pode ser arriscado e errôneo. Muitos dos distúrbios
podem ser confundidos com falta de interesse, bagunça e
hiperatividade. A prática de sala de aula não necessariamente
trará ao professor segurança suficiente para traçar ou identificar
a média de aprendizagem de uma determinada faixa etária.
(FRANÇA, 2012, p 7)

É também é claro que, antes de mais nada, o aluno com TOD não pode
simplesmente ficar na escola. Um aluno que tenha um transtorno precisa ser
tratado, apenas ficar na escola não resolverá nenhum problema, pelo contrário.
Além de estar na escola, ele precisa ser acompanhado pela equipe disciplinar
que trate o TOD com competência.
Segundo Bordin,
Em nosso meio, muitas vezes não dispomos dos recursos
necessários para o tratamento da criança ou adolescente com
comportamento antissocial. Quando esses recursos existem,
nem sempre as famílias têm condições de comparecer ao
serviço na frequência recomendada. O profissional de saúde
mental pode ser útil estabelecendo prioridades entre as diversas
condutas terapêuticas possíveis e recomendando ao paciente
aquela que julgar mais imprescindível. (BORDIN, 2000, p. 14)

Um desafio para o trabalho do educador parte da descrição de Teixeira


(2004)

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“...desenvolver alguns conhecimentos, competências e
habilidades básicas.... Necessitam ainda adquirir competências
e habilidades para identificar rapidamente dificuldades e
entraves no processo de ensino de cada aluno. Isto requer
competências e habilidades para observar o comportamento
humano e para lidar com registros de desempenhos.”
(TEIXEIRA, 2004, p. 97).

Ou seja, independente da clientela que se apresente, o professor tem que


ter competência para realizar seu trabalho com todos os alunos de maneira que
agrade à direção da escola e aos pais, que sempre cobrarão soluções e ação
por dele.
De acordo com Freitas (2006)

A escola, por estar inserida numa sociedade excludente, tanto


pode ser causa de desigualdades, como pode, inclusive,
acentuar algumas delas ocasionadas por limitações da própria
escola em responder às necessidades de alguns alunos.
(FREITAS, 2006, p. 12)

Por isso, não só o professor precisa estar preparado para receber o aluno
com TOD, como também toda a comunidade escolar, afinal, a convivência e o
trabalho pedagógico não se resumem ao professor apenas.
Infelizmente, em geral as licenciaturas não preparam o futuro professor
para lidar com problema sem sala de aula. As aulas de psicologia da educação,
por exemplo, resumem-se a um ou dois períodos e voltam-se para o estudo das
principais abordagens psicológicas e seu ponto de intercessão com a educação.
Por isso, em muitas situações ele não sabe como lidar com os problemas
mais comuns da sala de aula, muito menos saberá lidar com problemas como o
Transtorno Opositor Desafiador. Então, o professor recém formado busca ajuda
e conta com a boa vontade dos que têm mais experiência com a sala de aula.
O que não quer dizer que este saiba o que fazer. De qualquer modo, pedir
ajuda à orientação educacional da escola pode ser um primeiro passo porque
este profissional poderá assessorar o professor na busca por compreender os
desajustes do seu aluno.
Segundo Hubner & Marinotti (2004)

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No contexto educacional e familiar, as dificuldades de
aprendizagem tendem a ser atribuídas às próprias crianças ou
ao adolescente. O aluno não consegue acompanhar a escola e
por isso precisa de ajuda. Com isso, dificuldades para ler,
escrever, calcular ou manter a atenção nas atividades são
interpretadas de acordo com a inadequação de cada um à
proposta escolar. As crianças e os adolescentes que
apresentam tais dificuldades são, muitas vezes, considerados
preguiçosos e incapazes, sendo até punidos por meio de
reprovações, castigos e críticas. (Hubner & Marinotti, 2004, p.
221)

Enquanto na verdade, pelo que vimos aqui, o “problema” não é a criança.


A questão a ser trabalhada reside no fato dela ser portadora, no caso específico,
de Transtorno Opositor Desafiador, o que impede que ela aja como a maior parte
das crianças da sua idade e desenvolva normalmente seu processo de
aprendizagem.
De acordo com Ballone e Moura (2008),
Erram alguns professores menos avisados ao considerar que
todas as crianças devem sentir e reagir da mesma maneira aos
estímulos e as situações, ou que é pior, acreditar que
submetendo indistintamente todos os alunos as mais diversas
situações, quaisquer dificuldades adaptativas, sensibilidade
afetiva, traços de retraimento e introversão se corrigiam diante
desse “desafio” ou diante da possibilidade do ridículo. Na
realidade podem piorar muito o sentimento de inferioridade ao
ponto da criança não mais querer frequentar aquela classe ou,
em casos mais graves, não querer ir mais para a escola.
(BALLONE e MOURA, 2008, p.2)

Diante dessa realidade, o professor precisa ajudar para que o aluno,


mesmo com TOD, avance no seu processo de aprendizagem. O educador não
pode desistir de nenhum dos seus alunos por mais grave ou difícil que seja a
situação. Para o professor intervir corretamente neste caso, é preciso que o
aluno tenha sido diagnosticado adequadamente por profissionais competentes e
aptos a fazerem tal reconhecimento.
Na maioria das vezes, ao se depararem com alunos com
transtorno de conduta, as escolas tendem logo a tentar se livrar
do “problema”, ocasionando a expulsão desses alunos por não
obedecerem às regras da escola. Dessa forma, com o fracasso
escolar, e, em muitos casos, a rejeição dos pais, a baixa auto–
estima acaba ficando ainda pior. (SILVA et al. 2012, p. 4)

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Um primeiro passo para um professor lidar com um aluno com TOD é ficar
calmo. A maioria das crianças quer agradar seus professores, mas este não é o
caso de um aluno com Transtorno Opositor Desafiador.
O professor é um adulto e um líder, por isso será desafiado pelo aluno.
Se o professor responder às provocações, discutir, força-los a cooperar e
participar das atividades certamente estimularão comportamento ainda piores
porque o aluno com TOD se sente instigado numa situação como essa. É preciso
estabelecer regras claras, específicas e objetivas ditas de maneira normal e
efetiva.
Crianças com TOD acreditam que adultos punem e são severos. Partindo
desse princípio é importante que o professor procure estabelecer uma relação
pacífica, harmônica e de confiança com o aluno porque estes alunos podem
estabelecer essa boa relação com adultos que se controlam e se coloquem à
disposição para conversas honestas e objetivas sobre seus comportamentos.
Segundo Mitchel (2013)
O apoio positivo pode ser complicado com alunos com TDO, pois
eles procuram críticas para que possam responder desfazendo
qualquer coisa boa que tenham feito antes. Os professores
podem contornar essa situação fazendo elogios ao trabalho, em
vez de ao aluno, como "esse trabalho está excelente" em vez de
"você está indo bem" ou fazendo elogios por escrito em vez de
dizê-los pessoalmente. Os professores também podem premiar
bons comportamentos com privilégios ou oportunidades
especiais, como ajudando a preparar os materiais para uma
experiência de ciências.
Alunos com TDO têm pouca tolerância ao tédio ou estresse,
então, eles funcionam melhor quando a carga acadêmica está
no ritmo e nível certo para eles. Os professores podem incentivar
esses alunos a concluir os trabalhos dos quais eles não gostam
"subornando-os" com tarefas divertidas; por exemplo, quando
eles terminarem um certo número de exercícios de matemática,
poderão deixar os estudos um pouco de lado e ler um livro por
um certo tempo antes de retomar os exercícios. Os professores
também devem dar segundas chances a esses alunos quando
eles não forem bem nas tarefas. (MITCHELL, 2013, p. 3)

A postura de um professor quem tem em sua sala de aula um aluno com


TOD precisa ser a de um membro da equipe multidisciplinar com o conhecimento
e experiência pedagógica necessária para intervir de maneira correta. Requer,

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também, uma formação específica, diferente da que ele recebe durante a
licenciatura.
O professor precisa conhecer melhor o Transtorno Opositor Desafiador,
suas causas, sintomas, consequências para, a partir daí, traçar metas de como
realizar um trabalho pedagógico diferenciado e eficiente. Faz-se necessário que
o professor mantenha contato com a equipe multidisciplinar que atende o aluno
para que possam avaliar situações e desenhar caminhos alternativos.
Segundo Silva et al. (2012)
Para o docente é bastante delicado e exige ter conhecimento
sobre o assunto para que, então, possa identificar o
comportamento do aluno como um transtorno de conduta. Não
é fácil para o professor lidar com essa situação em sala de aula,
uma vez que, o portador desse problema gera situações que
causam um grande desconforto na aula, atrapalhando o bom
desempenho da turma, levando, muitas vezes, o docente a
tomar medidas drásticas como, por exemplo, retirar o aluno da
sala, o que não seria o certo segundo os métodos de
inclusão. (SILVA et al, 2012, p. 2)

O professor precisa estar preparado para lidar com esses desafios e


apenas a formação continuada pode dar a segurança para lidar com alunos com
TOD. Cada vez mais o professor precisa de munir-se de conhecimento e
técnicas para atuar de maneira eficaz. E isso só a formação pode fornecer.
Em nossa pesquisa, pela escassez de materiais, tanto livros quanto
artigos, monografias, dissertações e teses com sugestão de atividades
pedagógicas com alunos com Transtorno Opositor Desafiador fica claro que o
assunto ainda é de certa forma desconhecido.
Isso significa que há muitas crianças e adolescentes sem receber a
atenção pedagógica adequada. Também significa que há professores
acreditando que o fracasso de seu trabalho com o aluno inquieto demais, que
não presta atenção na aula, responde e desafia a todos não é satisfatório porque
ao aluno é indisciplinado.
Tentamos recolher algumas sugestões de trabalho pedagógico com alunos com
Transtorno Opositor Desafiador e encontramos pouca coisa.
El Hajj (2014) sugere que

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Em se tratando de crianças diagnosticadas com qualquer
transtorno, o primeiro passo para o professor ajudar é buscar
informações a respeito do transtorno, assim poderá ter maior
compreensão a despeito das dificuldades enfrentadas pela
criança;
Motivar sempre os alunos, tendo em mente que o resultado
estará diretamente ligado à diferença entre a quantidade de
reforço positivo em relação a uma pressão em excesso;
Peça ajuda ao aluno com TDO, permitindo assim, motivá-lo, de
forma intermitente, exemplo, apagar a lousa, ajudar na
distribuição de materiais para a classe;
Peça gentilmente para o aluno ficar mais próximo de você,
sentado a frente, de preferência longe de janelas ou porta;
Evitar criticar na presença de outras crianças, evitando assim
uma indisposição do aluno para com o professor;
Procurar ressaltar as regras e anotar na lousa o plano de aula,
bem como as tarefas e datas de provas;
Considerar a possibilidade de mudança na forma de avaliação,
possibilitando provas orais ou com maior tempo para a execução
ou menor número de questões, em relação ao restante da
classe;
Procure tornar o ensino prazeroso, estimulando a participação
dos alunos e a interação social em atividades de grupo;
Demonstre percepção dos resultados e progressos alcançados
pelo aluno;
Ajude os pais com uma maior comunicação, monitorando os
progressos ou dificuldades, além da participação no controle em
anotar as atividades e datas de provas;
Evitar fazer reclamações do aluno ao entrega-lo aos pais na
saída. Qualquer reclamação deve ser feita via agenda ou em
particular (agendar reunião);
As tarefas acadêmicas devem ser compatíveis com as
habilidades da criança, ir reforçando passo a passo até igualar
com as demais crianças da classe;
Trabalhar questões relacionadas ao planejamento e
organização do estudo na escola e em casa (rotina diária);
Intercalar as aulas expositivas ou períodos de estudo com
breves momentos de atividade física, ajudando a minimizar a
fadiga e a monotonia de períodos longos de estudo;
Evitar corrigir as lições com canetas vermelhas ou lápis;
Criar momentos de descontração para minimizar o stress e
ajudar na socialização com colegas de classe;
Procurar compreender que a criança não tem controle dos seus
comportamentos, elas estão tão assustadas quanto todos
envolvidos e precisa de ajuda;
É importante comunicar via agenda os comportamentos
inadequados, entretanto é primordial comunicar os
comportamentos positivos da criança, evitando que venham
escritas somente reclamações. (EL HAJJ, 2013, p. 7)

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A autora é Neuropsicóloga e Psicoterapeuta, tem várias especializações
e mestrado na área. Seu blog é um dos únicos que apresentam sugestões
práticas do trabalho. Pedagógico com alunos com Transtorno Opositor
Desafiador. Mas não há nele nenhum comentário com dúvidas ou retorno do
trabalho efetivado a partir das sugestões dadas.
As sugestões da autora são claras e podem ajudar não só profissionais
da educação, mas também os pais dos alunos. Ela começa sugerindo a busca
de informações sobre o transtorno. Antes de iniciar alguma intervenção
pedagógica, o professor precisa de fato conhecer o tipo de transtorno que seu
aluno tem. As ações que a autora propões são em diálogo com o aluno.
Uma outra gama de sugestões para o trabalho em sala de aula vem de
Castro e Nascimento (2009)
1) Orientação da família que concorda em procurar ajuda;
2) Manter encontros frequentes de profissional de saúde mental
com a família;
3) Manter contato com outros especialistas da escola ou que
estejam em contato com o aluno;
4) Ter uma dose extra de paciência;
5) Incentivar os professores a elogiar seu aluno quando
conseguir se comportar ou realizar algo;
6) Deixar que o aluno se sente próximo ao professor e a colegas
afetivos e positivos;
7) Evitar que janelas, portas ou coisas possam distraí-los;
8) Deixar regras claras, explícitas e visíveis;
9) Estabelecer contato com a criança pelo olhar;
10) Falar baixo e de forma clara, de forma gentil e afetuosa;
11) Dar orientações curtas e claras;
12) Dividir as tarefas complexas em várias partes, com
orientações simples;
13) Esperar pela resposta do aluno, cada um tem seu tempo;
14) Repetir ordens sempre que for necessário;
15) Ensinar o aluno a usar a agenda;
16) Estabeleça metas individuais;
17) Alternar métodos de ensino, evitando aulas repetitivas e
monótonas;
18) Deixar o aluno ser ajudante do professor;
19) Deixar o aluno sair por alguns instantes da sala, se estiver
muito agitado;
20) Possibilitar o uso de equipamento eletrônicos, multimídia.
(CASTRO E NASCIMENTO, 2009, p. 46)

As sugestões são precedidas pela premissa de que o professor sozinho


não pode atuar. Ele faz parte, como já dissemos, de uma equipe multidisciplinar

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que trabalha a partir de vários aspectos e abordagens tentando reintegrar o aluno
ao convívio pacífico.
Uma outra sugestão de intervenção fala das adaptações organizativas
que o professor pode fazer em sala de aula no atendimento do aluno com
transtorno opositor desafiador
Segundo Brasil (2002)
É importante que o professor estabeleça claramente, com os
alunos, os limites necessários para a convivência num coletivo
complexo.
2. É fundamental que seja identificada a forma mais adequada
de comunicação para cada aluno, de forma a permitir que ele
trabalhe com compreensão, com prazer e com a maior
autonomia possível.
3. É importante que o ensino seja individualizado, quando
necessário, norteado por um Plano de Ensino que reconheça as
necessidades educacionais especiais do aluno e a elas
responda pedagogicamente.
4. É importante que o aluno possa, sempre que possível,
relacionar o que está aprendendo na escola, com as situações
de sua própria vida.
5. É importante, também, que as atividades acadêmicas ocorram
em um ambiente que por si só seja tenha significado e
estabilidade para o aluno.
6. A previsibilidade de ações e de acontecimentos pode diminuir
em muito a ansiedade do aluno que apresenta comportamentos
não adaptativos. Assim, é importante que o professor estruture
o uso do tempo, do espaço, dos materiais e a realização das
atividades, de forma a diminuir ao máximo o caos que um
ambiente complexo pode representar para esse aluno. (BRASIL,
2002, p. 19)

A importância das sugestões acima é que ele é um subsídio do governo


federal com distribuição gratuita para todo o país. Dessa maneira, esse material
é acessível para todos os profissionais e pais que necessitarem de mais
informações. Afinal se a atuação do profissional da educação é fundamental, dos
pais também é.
Segundo Serrano (2015) a “orientação e o aconselhamento familiar,
preparando pessoas da família para ajudar pacientemente a criança com as
tarefas cotidianas e com as atividades ligadas à escola são fundamentais .”
(SERRANO, 2015, p. 32)
A família, como já dissemos repetidas vezes nesse trabalho, tem um papel
fundamental no trabalho com a escola. E mais do que nunca o acompanhamento

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do dia a dia da escola precisa se fazer para que ao aluno perceba a atenção e o
cuidado que si família tem com sua vida escolar.
Quando o professor recebe uma nova turma com a qual irá trabalhar
durante todo o ano, ele sonha que a turma será homogênea, os alunos serão
atenciosos, interessados e não haverá nenhum problema de comportamento o
ou aprendizagem. Talvez nenhuma turma um dia tenha sido assim.
Segundo Ballone (2008)
Como se sabe, a escola é um universo de circunstâncias
pessoais e existenciais que requerem do educador (professor,
dirigente ou staff escolar), ao menos uma boa dose de bom
senso, quando não, uma abordagem direta com alunos que
acabam demandando uma atuação muito além do
posicionamento pedagógico e metodológico da prática escolar.
O tão mal afamado "aluno-problema", pode ser reflexo de algum
transtorno emocional, muitas vezes advindo de relações
familiares conturbadas, de situações trágicas ou transtornos do
desenvolvimento, e esse tipo de estigmatização docente passa
a ser um fardo a mais, mais um dilema e aflição emocional
agravante. (Ballone, 2008. P.4)

O que temos diante de nós, contudo, é uma turma heterogênea, com


alguns alunos que não optaram por estar em sala de aula, só estão porque são
obrigados, outros que trazem as mais diversas dificuldades, seja de
aprendizagem, de comportamento ou emocional, cujos pais trazem sua carga de
vida, muitas vezes sem saber como lidar com os filhos ou dificuldades para
sustentá-los... Todo professor conhece bem a realidade que o espera ano após
ano.
Vale lembrar, de acordo com Rosa (2005)
A educação inclusiva é uma prática inovadora que está
enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos,
exigindo que a escola se modernize e que os professores
aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. É um paradigma que
desafia o educador a aprender mais sobre a diversidade humana
a fim de compreender os diferentes modos de cada ser humano
ser, pensar, sentir e agir (ROSA, 2005, p.12).

O professor é antes de tudo um profissional. Formou-se para isso.


Portanto vai fazer o melhor trabalho que estiver ao seu alcance. Em sua
realidade, seu dia a dia, lida com o diferente, lida com as dificuldades e

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diferenças que a vida apresente. E se a sociedade é assim tão diversificada, a
sala de aula também é, visto que uma é reflexo da outra.
A inclusão dos alunos com necessidades e3ducacionais especiais, seja
TOD, seja qualquer outro nas turmas do ensino regular da educação é
fundamental, porque se eleva a consciência de cada um dos atores presentes
no processo, seja o próprio professor, quanto a comunidade escolar, quanto os
pais, em relacionar a escola cada vez mais à vida, já os benefícios que todos
partilharão serão importantes para a formação das crianças e adolescentes e
para que os adultos vivam a experiência da inclusão.
De fato, com a experiência da inclusão por mais desafiadora que ela
pareça, acontece um ganho de consciência e de humanidade, respeito e afeto.
Um aluno de inclusão geralmente muda o ambiente e as pessoas ao redor, por
mais difícil e cheio de obstáculos que apareça o caminho.

Educare Pedagogia ®.
CONCLUSÃO

Como vimos, O TOD atinge em média 6% das crianças e dos


adolescentes. Esse índice precisa ser considerado porque diz respeito a uma
realidade que, embora atinja um pequeno número de crianças, faz com que o
trabalho a ser realizado na escola seja seriamente prejudicado. Ou porque a
criança com TOD não consegue avançar nas suas relações afetivas e não
consegue prosseguir satisfatoriamente com sua aprendizagem ou porque acaba
por comprometer todo o trabalho na sala de aula.
A escola precisa estar preparada de fato para receber o aluno
independente da dificuldade que ele apresentar. E essa acolhida não significa
apenas colocar mais um aluno em sala de aula. A escola tem que formar e
orientar seus profissionais para que realizem a adaptação dos alunos com
Transtorno Opositor Desafiador proporcionando aos mesmos segurança e
qualidade no tempo da adaptação e respeitando suas necessidades
educacionais especiais acompanhando-o durante sua permanência na
instituição oferecendo a ele a real oportunidade de desenvolver seu processo de
aprendizagem.
A escola precisa conhecer, trabalhar e oferecer novas abordagens
educacionais de modo a fazer com que todos os envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem sintam-se de fato responsáveis por ele, não meros
expectadores. Além disso, a escola precisa oferecer possibilidades de boas
relações afetivas entre a comunidade escolar, estimulando a amizade, o
companheirismo, o respeito ao diferente, à pertença ao grupo, o
autoconhecimento que ajudará para que esse aluno cada vez mais assuma seu
lugar no mundo como cidadão pleno.
É importante lembrar que todas as crianças e adolescente têm direito ao
ensino numa instituição que ofereça bons professionais e ensino de qualidade.
Estamos lidando com o presente, mas fundamentalmente estamos contribuindo
na maneira como esse aluno vai reconhecer-se no futuro e como ele intervirá na
sua vida e no mundo a partir das experiências que vivenciou na escola.

Educare Pedagogia ®.
Certamente, o desafio não é simples, mas a educação não pode prescindir
do seu papel transformador.

Educare Pedagogia ®.
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Educare Pedagogia ®.
Transtorno de Oposição Desafiante: Uma
análise a partir da Terapia Analítico
Comportamental Infantil

Educare Pedagogia ®.
Resumo

O presente trabalho teve objetivo de discutir o transtorno opositor desafiante – TOD a partir da

análise do comportamento, descrevendo algumas comorbidades como o transtorno de déficit de

atenção e hiperatividade e o transtorno de conduta. Com base na terapia analítico

comportamental infantil, o diagnóstico é discutido. O tratamento precoce pode evitar possíveis

transtornos psiquiátricos na vida adulta, como depressão, transtorno de personalidade antissocial

e ansiedade. No acompanhamento de uma criança ou adolescente com o diagnóstico de TOD, o

terapeuta deve trabalhar com orientação aos pais para tornar o processo eficaz e rápido, em que

os pais participem e aderem ao tratamento. A importância de ter uma equipe multiprofissional,

ou seja, psiquiatra, com os devidos medicamentos, entre outros profissionais, como educador

físico, fonoaudiólogo, psicólogo é destacada. A conclusão sugere que ainda deve haver mais

cautela para este diagnóstico, sendo avaliado pela equipe e juntos proporem diagnóstico.

Educare Pedagogia ®.
As crianças frequentemente apresentam comportamentos considerados

perturbadores por seus pais, professores ou comunidade em geral. Alguns destes

comportamentos requerem intervenções mais especializadas, com psicólogos,

neurologistas e/ou psiquiatras, por atenderem critérios diagnósticos descritos no Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM. Um destes diagnósticos

descrito no DSM-V (2014) é o Transtorno Disruptivo, que contempla os Transtornos de

controle de impulsos, Transtorno da conduta e o Transtorno de Oposição Desafiante

TOD, este último será a análise deste trabalho.

O DSM-IV discute estes transtornos como sendo, geralmente, diagnosticados

pela primeira vez na infância ou na adolescência. O TOD possui dois tipos: um que se

inicia na infância (crianças menores de 10 anos, geralmente meninos) e outro que se

inicia na adolescência (sintomas aparecem depois dos 10 anos de idade, geralmente

meninas). No primeiro tipo, as crianças ficam agressivas e possuem problemas em suas

relações sociais, comportamentos que, se não forem tratados, podem se desenvolver em

um transtorno de personalidade antissocial na vida adulta. É importante destacar que os

comportamentos perturbadores devem estar presentes durante os últimos doze meses, e

pelo menos um critério esteja presente durante os últimos seis meses de forma

persistente (Farias et al., 2011)

De acordo com Sadock (2007), no compêndio de psiquiatria, o transtorno de

conduta e o de Oposição Desafiante são classificados dentro do Transtorno de

Comportamento Disruptivo. “O Transtorno de Oposição Desafiante é caracterizado por

padrões persistentes de comportamento negativista, desobediente e hostil para com

figuras de autoridade e por incapacidade de assumir responsabilidade por erros,

colocando a culpa nos outros” (Sadock, 2007, p. 1314).

Educare Pedagogia ®.
Ballone e Moura (2008) citado em Farias et al (2011) apontam ainda que a

simples mentira, falta às aulas e/ou desobedecer aos pais podem ser início dos sintomas

de um transtorno, ou ainda os mais graves como furtos e vandalismo, uso de armas,

entre outros, que serão discutidos mais adiante, que são comportamentos característicos

do transtorno de conduta – TC.

Como fazem parte do mesmo transtorno, é importante diferenciar os critérios

diagnósticos do Transtorno de Conduta e do Transtorno de Oposição Desafiante. De

acordo com Riggs (1997) o TC ocorre especificamente em crianças (antes do 12 anos) e

adolescentes (podendo desenvolver o transtorno de personalidade antissocial), sendo

mais comum em meninos, os quais possuem um comportamento indesejado perante a

sociedade. Tais comportamentos ocorrem em vários contextos em que a criança e o

adolescente estão inseridos, podendo causar prejuízos para um bom desempenho

acadêmico, social e familiar.

Os comportamentos perturbadores são de conduta agressiva e não agressiva,

como por exemplo: defraudação ou furto, ou ainda violações sérias de regra. Os de

conduta agressiva são aqueles que podem causar ameaça ou prejuízo a pessoas, os de

conduta não agressiva podem causar dano a algum patrimônio, defraudação e incluem

tanto os comportamentos de enganar os outros, quanto os de fugir de casa, não voltar no

horário devido, mesmo que os pais proíbam. Antigamente este transtorno era nomeado

de delinquência. Se o mesmo não for tratado conforme orientação da equipe, a maioria

dos portadores deste transtorno pode vir a praticar delitos (Farias et al., 2011; Riggs

1997).

Moffitt citado em Silva (2011) afirma que,

A maioria das crianças com transtorno de conduta teve sintomas que as

diagnosticariam com Transtorno de Oposição Desafiante, e grande parte, ainda

Educare Pedagogia ®.
que não a totalidade, dos adultos com transtorno da personalidade antissocial

passou pelo transtorno da conduta durante a infância... A maioria das crianças

com Transtorno de Oposição Desafiante não evolui para o transtorno da conduta,

e a maioria das crianças com transtorno da conduta não desenvolve o transtorno

da personalidade antissocial (pp.171).

O individuo com transtorno de conduta possui interferências no processo de

atenção e concentração, o que pode acarretar no desenvolvimento de um Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. A interferência da aprendizagem ocorre,

muitas vezes, porque além da dificuldade própria de aprender, a criança geralmente não

é bem aceita na escola, devido ao seu comportamento.

O TDAH ocorre em média de 30% a 43% dos casos de transtorno de conduta,

entretanto o TDAH não causa o transtorno de conduta. Já os transtornos depressivos e

de ansiedade ocorrem em média 10% a 33% junto com o transtorno de conduta (Bordin

& Offord, 2000; Riggs, 1997). Grevet et al. (2007), ao analisar diversos estudos

voltados para a compreensão deste transtorno, concluíram que o diagnóstico de TDAH

(transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), TOD (Transtorno de Oposição

Desafiante), TC (transtorno de conduta), TPAS (transtorno de personalidade antissocial

– podendo ser advindo do TC ou TOD sem tratamento) existem individualmente, e são

inter-relacionados.

Os comportamentos indesejados perante a sociedade são diversos, o que muitas

vezes faz com que algumas pessoas do contexto da criança identifiquem a necessidade

de uma avaliação psicológica, ou de um acompanhamento psicoterápico. A abordagem

da análise do comportamento tem se estruturado neste sentido de dar suporte aos

cuidadores, realizar a análise do contexto do paciente, e ainda fazer os atendimentos

individuais com o mesmo. A terapia analítico-comportamental infantil pode também ser

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uma modalidade de atendimento que busca auxiliar as crianças diagnosticadas com o

Transtorno de Oposição Desafiante a se inserirem em contingências reforçadoras,

diminuindo, assim, seus comportamentos perturbadores.

O Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), que tem como um dos seus

critérios diagnósticos o indivíduo apresentar comportamentos desviantes e repetitivos, é

o diagnóstico diferencial do transtorno de conduta. Entretanto, caso um indivíduo seja

diagnosticado com os dois transtornos, o de conduta prevalece. “A agressão,

impulsividade e problemas comportamentais podem ser manifestações de diversos

problemas neurológicos, incluindo a epilepsia.” (Riggs, 1997, p. 380). No entanto estes

problemas neurológicos podem ser diagnosticados pelo transtorno de conduta (Riggs,

1997).

Marcelli (2009) classifica o TOD como: “conjunto de comportamentos

negativistas e provocadores, desobedientes e hostis em relação às pessoas em posição de

autoridade” (p. 325). O CID 10 (2008), descreve oito comportamentos característicos do

TOD (F91.3) que são: (1) fica enfurecido com frequência; (2) contesta os adultos com

frequência; (3) não aceita as regras; (4) aborrece-se facilmente com as pessoas; (5)

culpa os outros pelos seus próprios erros; (6) fica ofendido com frequência; (7) fica

contrariado por qualquer motivo; e por fim (8) mostra-se vingativo, ou ainda tem o

sentimento de crueldade.

Os indivíduos diagnosticados pelo TOD possuem padrões de comportamentos

frequentes e por um tempo determinado. Os critérios diagnósticos do DSM-V (2014)

em 313.81, citado no parágrafo anterior e também no CID 10, em F91.3, englobam 3

conjuntos de critérios que são: “A) padrão de humor raivoso/irritável, de

comportamento questionador/ desafiante ou índole vingativa com duração de pelo

menos seis meses” (p. 462). Deve ser evidenciado por pelo menos quatro sintomas das

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categorias citadas abaixo e exibido na interação com pelo menos um indivíduo que não

seja um irmão.

 Humor raivoso/ irritável: frequentemente perde a calma, sensível e se

incomoda facilmente, e sente raiva e fica ressentido.

 Comportamento questionador/ desafiante: frequentemente questiona

autoridades (adultos); desafia autoridade propositalmente e com

maldade, ou ainda se recusa a obedecer a regras ou pedidos de figuras de

autoridade; incomoda as pessoas propositalmente e por fim culpa os

outros pelos seus erros.

 Índole Vingativa: ser malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos

últimos seis meses, neste caso deve ser avaliado a idade da criança para

identificar se há tal critério.

B) o comportamento perturbador está associado ao sofrimento para o portador

do transtorno e para seu contexto social imediato (família, escola), ou ainda causa

impactos negativos no seu funcionamento social, educacional, familiar, etc.

C) Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o transtorno

psicótico.

O grau da situação é considerado leve se os comportamentos estiverem

ocorrendo em apenas um ambiente, moderado quando ocorrer em dois ambientes e

grave quando estiver ocorrendo em três ou mais ambientes (Sadock, 2007).

O indivíduo com TOD tem um diagnóstico mais crônico, em que os

relacionamentos interpessoais não acontecem e o desempenho escolar é totalmente

prejudicado, não por, necessariamente, possuir um déficit, mas por não conseguir

participar e acompanhar as aulas, pois estas crianças se apresentam inquietas (Sadock,

2007). O DSM-V (2014) mostra que essas crianças e adolescentes podem apresentar

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outros tipos de transtornos na idade adulta como, por exemplo, ansiedade, fobias e/ou

depressão, além do transtorno de personalidade antissocial, como já citado

anteriormente.

Estudos recentes mostram que o diagnóstico precoce na infância do TDO é o

inicio de um tratamento preventivo para que as crianças não se tornem adultos com

possíveis transtornos antissociais (Silva, 2011). Outro dado relevante é que famílias que

possuem problemas de relacionamento, lares desfeitos ou hostis, muitos conflitos e

brigas, e pessoas vítimas de qualquer tipo de violência, negligentes, além da

dependência do álcool ou drogas, e de fatores socioeconômicos, são mais suscetíveis ao

desenvolvimento dos transtornos disruptivos. Caso as famílias possuam muitas

dificuldades nestes fatores, elas têm maior probabilidade de ter filhos que venham a

desenvolver tais transtornos (DSM-V, 2014; Farias et al., 2011). O DSM-V cita estudos

que indicam que a parte genética também tem influência nestes transtornos, mas os

estudos realizados não separaram o TC do TOD, então não ficou entendido se existem

marcadores específicos para o TOD.

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Terapia Analítico Comportamental Infantil – TACI

De acordo com Conte e Regra (2000), a terapia infantil, durante a década de

1960, se pautava na modificação do comportamento e era focada no relato dos pais e

pouca observação dos comportamentos da criança era feita. Como o comportamento dos

pais tem grande influência no comportamento da criança ao serem ambiente para a

emissão destes, então os mesmo recebiam orientações do psicoterapeuta e eram

responsáveis pelas mudanças de comportamento deles próprios e, como consequência,

dos comportamentos da criança. Com o desenvolvimento de tais atendimentos,

observou-se que a interação entre terapeuta e criança intra-consultório com atividades

lúdicas, era um contexto importante para realizar intervenções, havendo, ainda a

necessidade de considerar não somente os comportamentos públicos da criança, mas

também os eventos privados que eram resultados de contingências ambientais dos

contextos externos da vida da criança, ou seja, seus sentimentos.

Nos eventos privados, a análise dos sentimentos e das emoções são elementos

importantes para o terapeuta, pois assim pode-se formar uma análise funcional desses

elementos. Porém, deve-se ter muito cuidado por se tratar de sentimentos encobertos, ou

seja, são desenvolvidos na história de vida do indivíduo e, portanto, pode não ser

semelhante ao que outros indivíduos sentem. Skinner (1967) utiliza ainda a expressão

“sob a pele” o que quer dizer que é algo inacessível à observação pública, mas com o

relato desse sentimento podemos compreender melhor as contingências às quais o

indivíduo está exposto (Tourinho, 1999).

De acordo com Conte e Regra (2000), na entrevista inicial com os cuidadores da

criança, deve ser tratada a queixa inicial, ou seja, o comportamento indesejado da

criança, o contrato (horários, comprometimento dos pais e da criança, sigilo do

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profissional, valores), a explicação do trabalho na terapia deste determinado

profissional, além das informações necessárias do histórico da criança com perguntas

que exigem respostas abertas e bem completas, além da observação direta dos

cuidadores durante a entrevista inicial, ou seja, que tipo de relação afetiva eles têm com

a criança. Os pais/cuidadores estão em contato direto com a criança, exercendo mais

controle no que diz respeito a reforço e punição do que outros indivíduos que interagem

com a criança. Esta relação deve ser analisada em cada caso.

No atendimento com a criança/adolescente, a preocupação inicial é o

estabelecimento do vínculo e acolhimento dos pais e da criança/adolescente, devido a

sua importância durante o processo terapêutico. O relato que o cliente traz de

determinado evento comportamental ou ambiental depende do vínculo formado com o

terapeuta e muito mais além é a forma que o profissional conduz o processo terapêutico,

que sempre deve envolver interações lúdicas na sua relação com a criança (Conte &

Regra, 2000).

Ao analisar os antecedentes e consequentes de determinados comportamentos

perturbadores relatados pelos pais (queixa inicial), pode-se formar a tríplice relação de

contingências que auxilia o profissional a analisar as relações estabelecidas entre o

comportamento perturbador e os eventos ambientais, para orientar os pais e atuar nas

intervenções. Também dentro do consultório com a criança, promover o

autoconhecimento, pois por meio dele a criança pode identificar as relações entre seus

comportamentos e identificar o que é perturbador, tentando modificá-lo, o que tornará a

psicoterapia mais eficaz (Conte & Regra, 2000).

É importante destacar que a análise funcional permite identificar quais variáveis

ambientais contribuem para a emissão de um determinado comportamento, é uma

análise específica do comportamento do indivíduo, possibilitando identificar

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comportamentos alternativos. A análise funcional é um processo ideográfico, sendo

única para cada cliente, ao se obter a decomposição de um determinado comportamento

em antecedente, resposta e consequência (Meyer et al., 2010)

A análise funcional é um instrumento importante para o analista do

comportamento, pois pode ser base para algumas intervenções, ela permite avaliar as

relações que o cliente tem com seu ambiente, e também quais consequências

determinada ação pode causar. Além disso, é um método que facilita a avaliação das

relações entre variáveis dependentes e independentes, para não ter inferências pessoais

do profissional (Neno, 2003).

Segundo Pinheiro (2008), os passos para uma análise funcional adequada são:

1. Identificar os comportamentos alvo, ou seja, os perturbadores.

2. Verificar a frequência destes comportamentos e os locais em que ocorrem.

3. Identificar antecedentes e consequentes deste comportamento, observando

possíveis reforçadores, podendo neste caso ser chamar a atenção, conseguir o

que a criança almeja. E por fim,

4. Realizar a experimentação clínica, neste caso é a comprovação dos seus

dados.

O analista deve estar atento quando fizer a análise funcional, pois a mesma deve

ter alcance significativo, ou seja, avaliar o que realmente é relevante naquele

determinado caso, ou ainda naquela determinada situação.

Os instrumentos lúdicos utilizados na terapia proporcionam à criança vivenciar o

seu mundo de fantasia, com brinquedos, fantoches, desenhos, dentre outros. Os mesmos

ajudam o profissional, juntamente com a criança, a criar histórias, que muitas vezes

podem ser comparadas com a realidade do dia-a-dia da criança, facilitando para o

terapeuta o estabelecimento de uma análise funcional. A formulação de regras inclusive

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dentro do consultório pode ajudar a estabelecer uma convivência melhor na vida da

criança dando exemplos de situações parecidas que acontecem dentro e fora do

consultório (Regra, 2004).

Wells (1981) citado em Conte e Regra (2000) discute a importância da relação

familiar para colaborar no processo terapêutico da criança. Muitos comportamentos

emocionais dos pais podem interferir na relação com a criança e isso pode trazer

dificuldades para a adesão ao tratamento e em consequência na melhora da criança, e

ainda pode ocorrer a culpabilização do comportamento-problema da criança como

sendo resultado de práticas educativas parentais inadequadas.

É importante ressaltar que os direitos da criança devem estar preservados, ou

seja, é observado o que se estabelece no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Outro ponto importante da TACI é a importância da análise acerca dos eventos

antecedentes que os pais relatam na primeira sessão que devem ser analisados, ou seja,

qual contexto que a criança está atualmente e o que pode ter ocasionado o

comportamento problema atual (Vasconcelos, 2001).

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Tratamento para o TOD

Diante da importância de instrumentalizar terapeutas analítico-comportamentais

no atendimento da população infantil diagnosticada com Transtorno de Oposição

Desafiante, este trabalho tem como objetivo geral de ser apoio para o acompanhamento

psicoterápico de crianças diagnosticadas com TDO. Os objetivos específicos são: (1)

apresentar um relato sistemático das análises funcionais e possíveis intervenções a partir

de um referencial analítico-comportamental para família, escola e criança; e (2) discutir

a eficácia da psicoterapia, em especial da Terapia Analítico-Comportamental Infantil,

no atendimento de crianças diagnosticadas com TDO em um trabalho com múltiplos

informantes e em diferentes contextos.

Segundo Riggs (1997), o tratamento deste transtorno pode ser feito a partir de

quatro tipos de intervenções, tais como: (1) o treinamento com os pais; (2) programas

sociais; (3) intervenção na escola; e (4) na comunidade. O treinamento de pais é

realizado com os pais ou responsáveis, com o objetivo de desenvolver afeto familiar

estabelecimento de regras para a criança, e consequenciação adequada para os

comportamentos perturbadores do filho. Já o treinamento de habilidades sociais tem por

objetivo aumentar o repertório da criança ou do adolescente para saber lidar com

determinada frustração, ou ainda com seus comportamentos impulsivos. Os autores

ainda colocam que é difícil avaliar se realmente há resultados com este tipo de

intervenção, um dos motivos seria a heterogeneidade das crianças que foram estudadas.

Quando se fala em tratamento, o DSM-V descreve alguns níveis de intervenção,

sendo o primário a intervenção familiar, quando se treina os pais a manejar os

comportamentos do filho e se avalia a interação desta família, ou seja, sua dinâmica

familiar. O autor ainda traz que os terapeutas comportamentais buscam levar os pais a

mudarem seus comportamentos, encorajando o comportamento adequado, ou seja,

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utilizando-se de reforçadores sociais (e.g., elogio) ou tangíveis (e.g., ganhar algo do

interesse dele se comportar bem na escola, em casa, ou no consultório). A diminuição

dessas punições e o aumento de interações reforçadoras entre os pais e os filhos podem

acarretar no aumento de comportamentos sociáveis, ou seja, menos desafiadores e

opositivos.

A família deve ser acompanhada para que mudanças significativas ocorram, pois

assim facilita a agilidade do tratamento. Quando todos participam, os resultados são

mais rápidos e eficazes (Farias et al, 2011). Os pais e/ou cuidadores devem aderir ao

tratamento, pois os comportamentos hostis dos pais para com o filho podem

potencializar o transtorno da criança (DSM-V, 2014).

Quando cada familiar, individualmente, trabalha suas questões em terapia, isso

ajuda no tratamento do indivíduo com TOD, pois a orientação de pais fica mais focada

para a criança, e os responsáveis não trazem mais demandas individuais para o

profissional, o que também pode dificultar o processo terapêutico.

Com o diagnóstico precoce, podem-se prevenir transtornos na vida adulta desta

criança diagnosticada com TOD e também permite realizar uma intervenção mais

específica e temporal. Além disso, um trabalho multiprofissional torna o tratamento

mais eficaz, isso porque existe uma orientação e reeducação para os pais, para a escola,

entre outros ambientes da criança. Essa orientação para os pais deve ser enfática e se

possível no ambiente da criança, pois os mesmos devem controlar os comportamentos

inadequados desta criança. Portanto, torna-se imprescindível o envolvimento dos pais

para se atingir melhores resultados. No caso de famílias cujos demais membros que

convivem no ambiente da criança não participam no processo, o terapeuta pode ter

dificuldade de realizar seu trabalho de forma adequada (Marcelli, 2009).

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Chequer et al (2010) citam a importância do treinamento de pais e trazem cinco

modelos que podem ser utilizados que facilitam a socialização, educação e controle de

comportamento dos filhos. Muitos percebem o quanto a prática educativa parental

antecedente acarreta no comportamento problema atual. Por isso a mudança de

comportamento dos pais é primordial, pois faz a diferença no comportamento da

criança. No caso da criança com diagnóstico de TOD é indicada a procura deste tipo de

treinamento, porém deve ser feito com seriedade e seguindo cada passo, cumprindo as

etapas propostas pelo programa.

Mais uma forma de tratamento que é importante citar é a intervenção junto à

escola. Com a visita do profissional, muitas vezes se consegue modificar de forma

adequada este contexto, orientando profissionais da área e intervindo sobre os

comportamentos de seu paciente. A intervenção principal é com os pais e com a escola.

Quando se trata dos pais, a adesão ao tratamento é muito importante. Devem-se

considerar as seguintes etapas: acolhimento, quando o profissional realiza a escuta sem

preconceito viabilizando um espaço livre para expressar sentimentos e dificuldades na

educação dos filhos; cumplicidade, quando o psicólogo identifica com tranquilidade a

conduta errada ou certa dos pais em determinadas situações; e por fim a

responsabilização, que os pais veem a importância da participação deles no processo

(Coelho-Matos & Matos, 2009).

O sucesso da terapia com crianças depende, principalmente, do trabalho

individual dos pais. Com isso os pais devem ser responsáveis, não somente em levar a

criança até a terapia, mas serem participantes ativos do processo terapêutico, tendo

responsabilidade e persistência. Alguns pais seguem as orientações com facilidade,

outros têm mais dificuldade e isso torna o tratamento mais lento, o que é um desafio

para o terapeuta analítico-comportamental infantil.

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A intervenção na escola busca dar suporte para o profissional que acompanha o

indivíduo com TOD para que os comportamentos agressivos e perturbadores sejam

diminuídos e ajudá-lo a prevenir o comportamento antissocial que pode ocorrer na

adolescência/idade adulta. A estratégia de uma intervenção comunitária tem por

objetivo auxiliar os responsáveis a levarem a criança e/ou adolescente a participar de

eventos comunitários (Offord & Bennett citado em Riggs, 1997).

Como consequência deste transtorno, o rendimento escolar da criança ou

adolescente em regra deveria ser baixo, pois os mesmos possuem limitações ou ainda

comorbidades com o TDAH, como citado anteriormente. Os relacionamentos sociais

também podem ser prejudicados. Em sala de aula, dificuldades mais comuns expostas

por professores é que os portadores deste transtorno não conseguem ficar quietos, ou

seja, sentados, querem ser o centro das atenções, ficam levantando o tempo todo. É

importante que a escola tenha um suporte especial para este tipo de perfil de aluno.

Muitas vezes eles não sabem lidar com os colegas. Por isso, a importância do

profissional da psicologia realizar visitas rotineiras na escola (Bordin & Offord, 2000).

As intervenções com a criança devem ser semanais e, se possível, até duas vezes

por semana. É importante que o profissional acompanhe a criança em seus outros

contextos, não sendo somente dentro do consultório. Além disso, a interrupção deste

tipo de tratamento pode acarretar no retrocesso dos ganhos terapêuticos. Portanto, a

continuidade da terapia é essencial para o progresso do cliente.

A psicoterapia individual propicia um relacionamento social com bom vínculo,

onde a criança tem oportunidade de aprender novas estratégias em suas situações com

os pares e autoridades, desenvolvendo assim um comportamento menos provocativo.

As regras devem estar bem estabelecidas, pois o seu excesso pode acarretar em

insensibilidade comportamental. Entretanto, a apresentação de regras a estas crianças

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facilita a aprendizagem de comportamentos adequados de serem emitidos em sociedade.

Por isso, a ideia de ter regras formuladas pelo terapeuta e pela criança neste novo

contexto pode ser essencial para a relação terapeuta – criança (Conte & Regra 2000).

Facion (2005), citado em Farias (2011) aponta que quando existe uma regra

consistente e que os pais a estabelecem com eficácia, essas técnicas comportamentais

podem auxiliar na diminuição do comportamento-problema da criança.

Alguns pais demonstram resistência para determinados tipos de mudança, mas quando

veem a importância e atingem resultados importantes ficam satisfeitos, o que dá mais

subsídios para melhora do quadro do paciente.

A rotina deve existir na vida da criança, pois proporciona saúde física e

psicológica. Quando a criança tem horários para estudo, descanso e higiene pessoal, isto

resulta numa possibilidade de ter organização na distribuição do tempo diário. A

presença dos pais guiando esta rotina traz sentimentos de segurança, confiança e amor.

Deve haver a flexibilidade, pois o rigor pode causar comportamentos negativos; um

ambiente familiar que estimula é favorável à autoestima, à segurança, à diminuição da

ansiedade e, consequentemente, ao tratamento deste tipo de cliente. Sendo assim, os

pais são orientados semanalmente para verificação da adesão dos mesmos nas

atividades propostas (Spradlin, 1999).

O comportamento perturbador de clientes diagnosticados com TOD é visível em

todos os contextos, tais como escola, em casa, no consultório, nas atividades

extracurriculares. Muitas vezes, esse tipo de paciente exalta-se com situações simples,

em que eles se sentem ameaçados, ou ainda quando recebem não como resposta, muitas

vezes se batem, gritam, e não conseguem se controlar. Quando pacientes deste perfil

recebem o diagnóstico e tem seu devido tratamento controla-se melhor, pois tem a

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medicação e o acompanhamento psicoterápico, além de outros profissionais que atuam

com a criança.

Um fator que deve ser levado em consideração é o próprio ambiente familiar. O

mesmo deve ser acolhedor e ajudar na promoção de uma mudança. Além disso, a

relação de cumplicidade entre os pais/cuidadores e a escola deve existir, pois uma

relação positiva facilita no processo terapêutico da criança/adolescente. O profissional

da psicologia tem papel importante nesta relação como mediador, tentando entender a

incompatibilidade entre estes diferentes indivíduos e buscando harmonizá-la quando

possível.

O tratamento deve continuar mesmo com a diminuição dos sintomas, pois o

transtorno não tem uma cura, por isso os autores Bordin e Offord (2000) trazem a

importância do tratamento nas seguintes áreas: psicologia, psiquiatria (medicamento),

terapia ocupacional, educador físico. A intervenção nestas áreas deverá ser intensiva

desde o diagnóstico, ou seja, da infância até a fase adulta, por isso é importante que os

portadores deste transtorno tenham um tratamento contínuo, inclusive na idade adulta.

O papel importante do terapeuta infantil é de sensibilizar e conscientizar os pais

sobre os comportamentos inadequados no ambiente da criança, onde devem ser

estabelecidas novas regras e atitudes para estes pais. Para facilitar este processo, pode

ser utilizada a análise funcional: “entendendo que o comportamento humano é

aprendido e ocorre em função não só de eventos antecedentes, como a história de vida e

os estímulos discriminativos, mas também em função dos eventos consequentes, como

os estímulos reforçadores e aversivos” (Abib, 1997 citado em Coelho-Matos & Matos,

2009, p. 210).

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De acordo com DSM-V (2014), nos casos que os critérios diagnósticos

permanecem estáveis ou ainda evoluindo pode-se deparar com o desenvolvimento de

um transtorno de conduta.

É importante ressaltar que, em alguns casos, o tratamento medicamentoso se faz

necessário, principalmente quando se observa a presença de ideias paranoides,

agressividade, convulsões e transtornos psiquiátricos. A inserção do medicamento

auxilia muito no tratamento, muitas vezes tranquilizando a família (Dias, 2012).

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Conclusão
É importante ressaltar que o trabalho conjunto da educação e da saúde traz

melhores resultados. A observação cuidadosa de professores capacitados faz a diferença

para perceber certos comportamentos inadequados por parte de seus alunos que muitos

pais não conseguem perceber ou acreditar, favorecendo a busca por um tratamento

adequado (Farias et al, 2011).

Os fatores individuais, familiares e sociais implicam no desenvolvimento e/ou na

persistência do transtorno. A prática da atividade física é muito importante, por isso a

criança não deve ser privada disso, ela é eficiente tanto para prevenção, como para o

tratamento. No que diz respeito ao tratamento, a criança terá interação com os colegas e

em muitos momentos estar tomando decisões, além disso, tem as regras dos esportes

que devem ser seguidas. De certa forma, é um recurso que deve ser utilizado pelo

profissional de educação física, mostrando mais uma vez a interação multidisciplinar no

tratamento do transtorno de oposição desafiante, ou ainda do TC (Codea & Beresford,

2004).

Outras possíveis consequências, na vida adulta de um indivíduo com TOD é de

se deparar com problemas na sua vida conjugal e/ou profissional. Os autores ainda

citam que o fato de ser do sexo masculino, receber cuidados paternos ou maternos

inadequados, viver na discórdia conjugal, ter pais agressivos, mãe com problema de

saúde mental, residir em áreas urbanas, podem estar relacionados aos comportamentos

agressivos e antissociais na escola. Porém, é importante analisar o comportamento da

criança perante os pais, se é uma criança desobediente e agressiva, isso favorece a

desorganização deste ambiente familiar, que já é precário na vida conjugal (Bordim &

Oxfford, 2000).

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Sabendo dos riscos que existem na vida adulta, é importante a participação dos

pais com seu filho, buscando o diagnóstico e tratamento adequado. Evitando assim

problemas na vida adulta do indivíduo. Sugere-se que para o diagnóstico, haja uma

equipe multidisciplinar que se mobiliza e juntos proponham intervenções que objetivem

um resultado satisfatório, pois o diagnóstico rotula a criança e isso pode dificultar suas

relações na escola, na família e na comunidade.

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Eu tb fiz o curso, muito bom, vou foze,
OIJtíOS

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Educare PedagogMI
Teime M<1la
Su"Qr r,acomoir.ido
' Q1
Magda Oswald tlld
Obrigada pelo feed
Vtt 11 �posta ;uirtcri(lf"...
fellzes

Alã Torquato

'
Eu fiz ess� curso e gostei t)a.statitê

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m cun.s RespondP1


Ed'ucare Pedagogla
Alê Torquato muito obrigado pelo
• féédback •

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4RAN1'\Q

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