Você está na página 1de 43

CURSO DE FORMAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL

POLÍCIA PENAL – MG

Conteudista associada:
Gislaine Alves de Souza

MINAS GERAIS
2023

1
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Cartaz do filme "As vantagens de ser invisível" 9


Figura 2 - Print do curta-metragem "Canvas" 9
Figura 3 - "O Grito" de Edvard Munch 13
Figura 4 - Print do vídeo sobre saúde mental produzido pela OPAS 17
Figura 5 - Compilado das ações de prevenção 21
Figura 6 - Cartaz do filme "Um banho de vida" 23
Figura 7 - Interdependência das cinco dimensões para promoção à saúde 30
Figura 8 - Cartaz do filme "Polissia" 33

2
SUMÁRIO

PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – PARTE I 4


1.1 Principais Causas do Adoecimento Psíquico Relacionado ao Trabalho 5
1.2 Os Efeitos do Enclausuramento na Saúde Mental 9
1.2.1 Sofrimento Psíquico e Fatores de Risco 13
1.3 Refletindo sobre Preconceitos de se Cuidar da Saúde Mental 15
1.4 Estratégias, Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção em
Saúde Mental 17
1.4.1 Estratégias para a Promoção em Saúde Mental 17
1.4.2 Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção de Saúde Mental
20
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – PARTE II 25
2.1 Principais Doenças Desencadeadas pelo Trabalho em Ambientes de Privação de
Liberdade 25
2.2 Principais Causas do Adoecimento em Ambientes de Privação de Liberdade e
Intervenções Possíveis 27
2.3 Estratégias de Promoção e Qualidade de Vida para o Bem-Estar 28
2.4 Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção e Proteção à Saúde
33
REFERÊNCIAS 37

3
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – PARTE I

Quantos véus escondem a loucura e os ditos loucos?


Quantos véus escondem os nossos medos da loucura e
dos loucos? Quantos véus escondem os medos e
preconceitos sobre a loucura? Quantos véus encobriram
a “indústria da loucura”? Quantos véus esconderam o
aprisionamento das pessoas ditas loucas? Quantos véus
escondem os preconceitos e estereótipos sobre a
loucura? Quantos véus precisamos rasgar para falar de
Saúde Mental?
Fernanda Severo

O Brasil possui a terceira maior população de pessoas privadas de liberdade


no mundo. No ranking nacional, Minas Gerais aparece como o segundo estado com
maior número de pessoas privadas de liberdade (REIS et al., 2022). Nesse contexto,
policiais penais são profissionais responsáveis pela vigilância, custódia, fiscalização,
inspeção, revista, guarda, reeducação e acompanhamento de pessoas privadas de
liberdade, são encarregados de manter a ordem, a disciplina, a organização e a
segurança dentro das unidades prisionais (LIMA, 2019; MARQUES; GIONGO;
RUCKERT, 2018; NODA et al., 2023; TSCHIEDEL; MONTEIRO, 2013;).
É importante ressaltar que o trabalho é uma atividade central e essencialmente
humana e que, inserido nas relações sociais, é fundamental para nossa subjetividade
e inscrição social (ANTUNES, 2011; BORGES-ANDRADE, 2019; BOCK; FONSECA
et al., 2015; FURTADO; TEIXEIRA, 2006; REIS et al., 2022; YAMAMOTO;
BENDASSOLLI;). Essa atividade pode ser apreendida em um universo de significados
- sacrifício, realização, formação de identidade, status social, sobrevivência e geração
de sentimentos contraditórios (TSCHIEDEL; MONTEIRO, 2013). Todo trabalho possui
a dimensão de regras e protocolos; de criatividade, ainda que em níveis
imperceptíveis; de relacionamento interpessoal para a realização da atividade; e de
memória coletiva acerca da história do ofício (REIS et al., 2022). Desse modo, o
trabalho pode constituir-se tanto como um recurso que favorece a saúde mental,
gerando relações, aprendizagens, desenvolvimento psicossocial, prazer e
criatividade, quanto como um recurso que favorece o adoecimento físico e mental na

4
inexistência de espaço para o exercício de sua dimensão significativa e criativa,
gerando frustrações e adoecimento (ANTUNES, 2011; MARQUES; GIONGO;
RUCKERT, 2018; REIS et al., 2022; TSCHIEDEL; MONTEIRO, 2013;).
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde se define como
completo bem-estar biopsicossocial; na Constituição Federal de 1988, essa definição
de saúde é apropriada, delimitando-se que há fatores condicionantes e determinantes
no processo saúde-doença (BRASIL, 1988). Dessa maneira, as recomendações para
promoção e proteção à saúde do profissional de segurança pública contemplam a
dimensão multidimensional de saúde, de forma dinâmica e integrada para impactar a
percepção de saúde dos servidores (SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA
PÚBLICA, 2022a).
Observa-se que o trabalho é fundamental na construção da saúde e que os
profissionais que atuam em ambiente de privação de liberdade realizam um trabalho
que os submete a risco de vida (NODA et al., 2023), de adoecimento físico e de
sofrimento mental (LIMA, 2019; TSCHIEDEL; MONTEIRO, 2013). Nesse sentido,
nesta disciplina objetiva-se trabalhar aspectos sobre a saúde do profissional que atua
em ambiente de privação de liberdade.

1.1 Principais Causas do Adoecimento Psíquico Relacionado ao Trabalho

Conforme Nunes e Onocko-Campos (2014), os transtornos mentais estão em


crescimento e são cada vez mais prevalentes na vida contemporânea. A literatura
reconhece os altos índices de adoecimento físico e psíquico de profissionais que
trabalham na segurança pública brasileira, evidenciando que: i) metade dos
profissionais relataram estresse e mais de um terço afirmou a presença de sintomas
psicológicos (REIS et al., 2022); ii) 97,3% dos policiais penais percebem seu trabalho
como muito perigoso (MARQUES; GIONGO; RUCKERT, 2018). Isso impacta na
exaustão emocional e desilusão pelo trabalho, ao revelarem “adrenalina 24 horas por
dia” e esgotamento.
Um estudo realizado no Rio Grande do Norte constatou que 23,57% dos
policiais penais possuem transtorno mental comum e 88,3% realizam consumo
abusivo de álcool (CADIDÉ et al., 2022; NODA et al., 2023). Segundo Lauxen, Borges

5
e Silva (2017), em um estudo realizado na França, a presença de sintomas
depressivos aparece em 24% dos trabalhadores do sistema prisional e 41%
apresentam distúrbios do sono. No Brasil, outros estudos evidenciam ainda que: i)
46,2% dos policiais penais relataram sintomas de estresse (PAIXÃO et al., 2022); ii)
70,4% dos policiais penais declararam ter dificuldades para dormir, preocupados com
a violência (JASKOWIAKI; FONTANAL, 2015); iii) a taxa de suicídio entre profissionais
da segurança pública foi quase o triplo do observado na população geral, segundo
dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020. Contudo, reconhece-se
que o percentual de sofrimento mental pode ser subestimado, não refletindo a
realidade, pois muitas ocorrências não são registradas, muitos não reconhecem o
sofrimento mental e não buscam ajuda.
O diagnóstico de transtornos mentais é baseado, preponderantemente, na
história de vida e no exame psíquico do sujeito e há vivências genuínas de cada
pessoa no processo de adoecer. O transtorno mental é formado por diversos fatores,
dentre eles os predisponentes e precipitantes. A causalidade é multidimensional e
abarca elementos orgânicos, sociais, culturais, relacionais, sexuais, econômicos,
dentre outros relacionados e em interação. Assim, busca-se compreender cada ser
humano em sua unidade e como totalidade enfatizando que “nunca se pode reduzir
por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos” (DALGALARRONDO, 2019,
p.28). As situações de crise em saúde mental são produzidas no contexto, nas
relações de vida do sujeito e não são uma condição meramente pessoal, embora os
sentidos sejam singulares para cada sujeito em sua história de vida. Para profissionais
de segurança pública, a interação de vulnerabilidade psicossocial, as condições
estressantes de trabalho, o convívio permanente com a morte e a violência, o sono, o
lazer e o convívio social insuficientes, o sofrimento mental e o fácil acesso a armas de
fogo são elencados para contribuir com a compreensão desse cenário.
Os transtornos mentais, além de incapacitantes, são responsáveis pelo maior
número de dias afastados do trabalho. Há ainda sintomas que, isolados, não
preenchem os critérios para o diagnóstico de um adoecimento mental, mas causam
sofrimento. E a literatura reconhece um alto índice de distúrbios psíquicos menores
nos profissionais que atuam como policiais penais. O sofrimento no trabalho torna o
profissional vulnerável e, quando ele não consegue continuar a realizar a sua

6
atividade, pode receber um diagnóstico de transtorno psiquiátrico (BRANT; MINAYO-
GOMEZ, 2004).
Nesse sentido, apesar de estudos afirmarem que muitos policiais penais se
sentem seguros com a estabilidade do emprego e a remuneração, aparecem também
a desmotivação, a ansiedade, o desgaste emocional, o alto nível de estresse e a
insatisfação com a profissão. São sinais e sintomas recorrentes: desconfiança,
tristeza, insegurança, medo, estresse, cansaço, fadiga, nervosismo, ansiedade,
angústia, impotência, insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, queixas
somáticas e irritabilidade. O elevado nível de atenção e extrema vigilância buscando
antecipar ataques, ameaças ou rebeliões, a necessidade de confiar no colega para
garantir sua segurança, a preocupação com a segurança de seus familiares e a
precarização do trabalho causam sofrimento aos profissionais que atuam no sistema
prisional. As condições de saúde são alteradas com perturbação do sono, ansiedade,
estresse, sentimento de solidão, restrição da vida social, descontrole emocional,
agressividade e fragilidade dos laços afetivos. E, muitas vezes, essas dificuldades
passam despercebidas, uma vez que ansiedade, inquietação, rigidez, desesperança,
isolamento social, pessimismo, anedonia, alteração acentuada do humor, fadiga,
esgotamento, irritabilidade, descontrole, comportamentos aditivos prejudiciais e
alteração no sono (excesso ou falta) são naturalizados. Esses sinais requerem
atenção, pois resultam no adoecimento e na necessidade de afastamento das
atividades laborais (BRASIL, 2001; CADIDÉ ET AL., 2022; NODA ET AL., 2023).
Devido às jornadas de trabalho e às cobranças direcionadas à atuação em
segurança pública, a literatura associa esse ofício ao transtorno de ansiedade,
depressão, estresse pós-traumático e síndrome de burnout. O número reduzido de
funcionários, a falta de apoio familiar, a sobrecarga de trabalho e o uso de
psicofármacos também aparecem correlacionados ao distúrbio do sono, burnout e
depressão nessa ocupação. Altos índices de suicídio, quadros do espectro do
estresse, da ansiedade ou dos transtornos de humor são apontados pela literatura
também. Discute-se também alto consumo de álcool, tabaco, outras drogas ou
psicofármacos como anestésicos para as frustrações e o sofrimento decorrentes da
atividade laboral que pode desenvolver ou agravar as condições psicopatológicas.

7
Os transtornos mentais comuns são multideterminados, a causalidade e o
desencadeamento são complexos, mas possuem fortes determinantes sociais, são
mais prevalentes em pessoas com menor nível de escolaridade, menores condições
socioeconômicas, em pessoas mais excluídas da sociedade. Violência, insegurança,
desumanização, pobreza produzem adoecimento, sofrimento e loucura. Na segurança
pública, as mulheres são mais afetadas por sofrimento mental no trabalho. Esses
achados enfatizam a necessidade de implementação de políticas públicas atentas à
prevenção de estresse laboral, à relevância de as pessoas terem acesso à assistência
à saúde mental, à melhoria das condições de vida pessoal e profissional para lidarem
com as adversidades no cotidiano. Se faz necessário melhorar a compreensão sobre
os transtornos mentais, sobre as opções de tratamento e sobre as ações de reinserção
social (NUNES; ONOCKO-CAMPOS, 2014).

SAIBA MAIS
O comportamento suicida é uma tragédia pessoal e familiar - um problema de saúde
pública. Múltiplos fatores ajudam a compreender a imensa dor e sofrimento que levam
uma pessoa a buscar a morte, visando minimizar esse sofrimento. Por isso é tão
importante acolher e compreender o sofrimento para não chegar à morte. Quando
uma pessoa se suicida, cerca de seis a dez pessoas próximas também são afetadas.
Para saber mais acesse:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Suicidio-FINAL-revisao61.pdf

PARA EXAMINAR
1) Amplie as discussões sobre os temas discutidos, assistindo ao filme norte-
americando “As vantagens de ser invisível” (The perks of being a wallflower),
dirigido por Stephen Cbosky e lançado em 2012. O enredo narra a história de
um jovem que tem dificuldades para interagir na nova escola, se sentindo
deslocado, até que dois amigos passam a andar com ele.

8
Figura 1 - Cartaz do filme "As vantagens de ser invisível"

Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-182120/fotos/detalhe/?cmediafile=20295617

2) Assista ao curtametragem “Canvas”, dirigido por Frank E. Abney e lançado,


pela Netflix, em 2020. O curta narra a história de um avô que luta para superar
a dor da saudade, após uma perda terrível, através de sua paixão pela pintura.

Figura 2 - Print do curta-metragem "Canvas"

Fonte: https://interprete.me/canvas-netflix-animacao-curta-metragem/

1.2 Os Efeitos do Enclausuramento na Saúde Mental

O cientista social Goffman (2001) delimita, como instituições totais, locais em


que um grande número de indivíduos é separado da sociedade e leva uma vida

9
formalmente administrada. Essas instituições totais configuram-se estufas para
modificar as pessoas, impondo-lhes um processo de dessocialização e, dentre os
tipos de instituições totais, os presídios são demarcados. Essas instituições perturbam
a autonomia e a liberdade de ação e, na comunidade, além de limites para liberdade,
depara-se também com a estigmatização. O fenômeno conhecido como
“prisionização” é a assimilação da cultura do sistema prisional que também ocorre
com os profissionais que modificam seus hábitos, costumes, formas de falar, modos
de pensar, relacionamentos e comportamentos. Mesmo não estando reclusos, os
profissionais incorporam o clima de tensão e conflito em que vivem cotidianamente
(REIS ET AL., 2022).
Adicionando elementos para pensar o efeito do enclausuramento na saúde
mental, Foucault (2014) historiciza o nascimento das prisões como um projeto
disciplinar da Modernidade, visando a correção, a segregação e a prevenção de
futuros crimes. As teorizações no sistema prisional hoje o entendem como um cenário
complexo, insalubre, precário, em que há vulnerabilidade. É um contato direto com
situações de violências e exclusão, agressão, tortura e vigilância. A literatura denuncia
ainda que, no Brasil, há uma inversão de poder na relação entre autoridade e pessoas
privadas de liberdade, porque são os trabalhadores que se sentem ameaçados de
serem alvos dentro e fora das prisões.
Os profissionais podem vivenciar o processo de despersonalização,
empobrecimento psíquico, sentimento de inferioridade e efeitos dessocializadores do
enclausuramento, das ameaças e intimidações sofridas durante o trabalho. A
manifestação de embotamento afetivo, descrito como frieza - empobrecimento na
experimentação dos afetos pode estar correlacionado aos efeitos do
enclausuramento, à gravidade de situações e a violências a que são expostos
cotidianamente - pode gerar conflitos pessoais e familiares. Nesse sentido, o Centro
de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP, 2020) orienta:

Trabalhar a sensibilidade e os afetos para que não se chegue ao ponto


de subestimar ou banalizar o que se vive nas atividades e intervenções
profissionais na área da Segurança Pública, mesmo que passem a ser
corriqueiras e frequentes na vida de alguns trabalhadores do campo,
é uma tarefa relevante no sentido do que socialmente nossas
intervenções reverberam também. (CREPOP, 2020)

10
Há medo de serem atingidos por armas de fogo ou branca durante o expediente
de trabalho, uma responsabilidade com a sua integridade e de seu colega de trabalho.
Esse medo, ansiedade e insegurança são ainda mais recorrentes fora do ambiente de
trabalho, mantendo a impressão de estarem privados de liberdade e não se sentirem
seguros nos espaços de lazer e de atividades sociofamiliares pelo receio de ataques
de cúmplices e egressos do sistema prisional. Desse modo, o convívio cotidiano com
situações de violência, a falta de segurança dentro e fora do trabalho, o temor a
respeito da preservação da sua integridade e de seus familiares afetam a qualidade
de vida do profissional (JASKOWIAKI; FONTANAL, 2015; MARQUES; GIONGO;
RUCKERT, 2018).
Diante desse cenário de constante exposição ao perigo e estado de alerta, alta
periculosidade e com insalubridade, o policial penal pode desenvolver estresse e
acionar também mecanismos de defesa que têm efeitos na saúde mental e na
subjetividade desses profissionais. O alto risco de sua morte ou de um colega que
estabelece uma relação de identificação o limita investir em projetos futuros,
questionando se sobreviverá. Nessa lógica, o policial penal pode lançar mão do efeito
de manter a armadura, a farda, a arma fora do ambiente de trabalho e a agressividade
pode passar a fazer parte de sua vida, seja ela profissional ou pessoal. O profissional
pode ainda sentir a necessidade de estar com a arma de fogo fora de suas atividades
laborais como uma carga mental extra, inclusive nos momentos de lazer. Por outro
lado, socialmente é esperado que o policial penal não demonstre fraqueza ou
emoções. Essa expectativa pode configurar-se como uma pressão que ele pode ter
dificuldade de administrar de forma saudável, conforme relatam Noda et al. (2023).
Fora do ambiente de trabalho, os profissionais também se deparam com efeitos
do enclausuramento e há discriminações por trabalharem nas prisões: 50% dos
profissionais relataram ter sofrido discriminação por trabalharem no sistema prisional,
conforme estudo do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da
UFMG. Em outro estudo, 58% dos policiais penais declaram ser discriminados. Desse
modo, os profissionais se deparam com desvalorização do trabalho, estigma e
discriminação de sua profissão. Essa falta de reconhecimento e valorização
profissional pode gerar sofrimento no trabalho.

11
A mídia, historicamente, culpa os policiais penais pelas condições degradantes
e desumanas dos presídios, desconsiderando que os profissionais estão
constantemente nesse ambiente (NODA ET AL., 2023). Essa precarização das
condições de trabalho é prejudicial ao trabalhador e invisibiliza a categoria que realiza
um trabalho estressante.
Adicionalmente, aparece a contradição da descrição da atividade do policial
penal no controle e na vigilância como também no cuidado e no acolhimento, já que
esse profissional se depara com o paradoxo de punir ou reeducar e as péssimas
condições do sistema carcerário. No ato de acolher a vulnerabilidade humana, o
policial penal precisa investir no cuidado consigo mesmo. A atividade policial também
gera efeitos e desgastes nos familiares que podem ser decorrentes do estresse, da
insalubridade, da periculosidade e de embates entre valores.
Os profissionais relatam dificuldades de programarem sua rotina e atividades
devido ao estado de prontidão mental, hipervigilância, atenção e tensão constantes,
antecipatória e revivência. Há questões da organização do trabalho, por exemplo,
quando acontece uma emergência com a pessoa privada de liberdade e é necessário
permanecer na escolta ultrapassando a carga horária do plantão ou quando a pessoa
privada de liberdade ingressa no sistema prisional, ainda que no turno delimitado, e o
agente fica isolado de seu convívio social. O policial penal pode ter a impressão que
seu trabalho não tem fim, ter angústia de nunca alcançar as expectativas de seu
trabalho, ter esgotamento profissional e ser constantemente testado acerca de sua
dignidade e honestidade. Assim, o enclausuramento muda o estilo de vida e interfere
na saúde mental do profissional e de seus familiares.

PARA PENSAR
Aprecie a obra “O grito”, cuja primeira versão foi feita pelo artista norueguês Edvard
Munch em 1893.

12
Figura 3 - "O Grito" de Edvard Munch

(Edvard Munch, “O grito”, tinta a óleo, têmpera e giz pastel sobre cartão, 91x73,5cm, 1893)
Fonte: https://www.todamateria.com.br/o-grito/

Que sentimentos essa obra despertou em você? Que elementos da obra o


sensibilizam? De que maneira a contemplação dessa obra permite a você vivenciá-la
e percebê-la como uma dimensão da vida humana?

1.2.1 Sofrimento Psíquico e Fatores de Risco

Todo trabalho pode apresentar riscos à saúde. Esses riscos geralmente são
divididos em físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e psicossociais, conforme
Reis et al. (2022). A função de policial penal é considerada um trabalho de extremo
risco em saúde ocupacional. Na literatura, é consenso que os policiais penais realizam
um trabalho árduo, degradante e de difícil manejo contribuindo para a produção de
riscos ocupacionais. A exposição a fatores de risco é diária e esses riscos ameaçam

13
a saúde mental desse profissional, de modo que as condições de trabalho são
diretamente relacionadas ao nível de estresse e ansiedade, podendo ocasionar
esgotamento psíquico. O processo de trabalho ocasiona ainda aumento de
sofrimento, doenças profissionais e insegurança.
Policiais penais estão em contato direto com as pessoas privadas de liberdade
e estão expostos a agressão, ameaça, rebelião, condições ruins de trabalho devido à
falta de recursos materiais, instalações deterioradas, superlotação e ao ambiente
insalubre, o que aumenta a periculosidade. Nesse cenário, o estresse é um risco
psicossocial que contribui para o adoecimento do trabalhador e, frente a essa vivência,
muitos agentes recorrem ao uso de álcool e outras substâncias prejudiciais à saúde
que podem ocasionar acidentes de trabalho, conflitos nas relações sociofamiliares e
condutas morais inadequadas (CADIDÉ ET AL., 2022).
São elementos elencados como fatores de risco para sofrimento psíquico dos
policiais penais: ambiente de trabalho, duração das jornadas, condições trabalhistas
precárias, salários inadequados, pressão a que estão expostos, rotina de tensão,
sobrecarga, estresse, ameaças, responsabilidade excessiva, desvalorização,
isolamento, desconhecimento das outras pessoas sobre o trabalho desempenhado,
angústia de não fazer o suficiente, medo decorrente da insegurança. Esses riscos
geram estresse, ansiedade, perturbação no sono, comportamentos antissociais,
sentimento de solidão, descontrole da vida emocional, medo de morrer, agressividade,
fenômenos psicossomáticos que resultam em vícios, doenças crônicas e afastamento
do trabalho.
Uma das ferramentas que pode ser utilizada para promoção da saúde dos
policiais penais é a construção coletiva do sentido do trabalho em espaços, como
reuniões de equipe, encontros de relações solidárias, oficinas de discussão de
estratégias de enfrentamento aos problemas comuns. O fortalecimento de laços
coletivos, o amparo institucional e, quando for necessário, o afastamento do
profissional são reconhecidos como atos protetivos à saúde do trabalhador. Ações em
prol da comunicação, capacitação, lazer, arte, convívio familiar e social são
fundamentais. Além disso, os colegas de trabalho podem ajudar a perceber os sinais
de alerta em seus pares e aconselhar a busca de ajuda, atuando como agentes de
promoção de saúde.

14
SAIBA MAIS
Segundo Reis et al. (2022), algumas ações para preservação da vida que podem ser
adotadas pelos policiais penais seriam:
✔ Praticar atividade física e ter um hobby.
✔ Realizar atividades de descanso e de lazer.
✔ Aprender novas habilidades.
✔ Cultivar amizades, grupos, laços sociais e familiares.
✔ Quando estiver sentindo-se adoecido, procurar o quanto antes ajuda profissional.
✔ Não julgar os colegas adoecidos, porque doença não é sinal de fraqueza. Ser
respeitoso, solidário e oferecer ajuda.
✔ Quando perceber o sofrimento do colega, escutá-lo com empatia, fortalecer os
laços e orientá-lo a procurar ajuda.
✔ Acreditar na capacidade humana de superar.
✔ Analisar o mapeamento de risco do seu posto de trabalho, estudá-lo e contribuir
para desenvolvê-lo.

PARA PENSAR
Discuta propostas de implantação de medidas de segurança e saúde no seu local de
trabalho. Que recursos saudáveis podem ser mobilizados para minimizar os riscos e
o estresse no desempenho das funções de um policial penal?

1.3 Refletindo sobre Preconceitos de se Cuidar da Saúde Mental

Observa-se que, com frequência, policiais penais precisam de cuidado em


saúde mental, contudo eles costumam apresentar resistência em procurar
atendimento psicológico: por associarem psicoterapia a fraqueza e derrota; pelo
preconceito de vincular o atendimento psicológico exclusivamente à loucura; pela
dimensão cultural que associa o sofrimento mental a aspectos individuais como a
personalidade do sujeito e que dificulta a percepção dos sinais em si próprio e em
colegas; pela dimensão institucional que associa a busca por ajuda profissional em

15
saúde mental à falta de comprometimento profissional. Os profissionais apresentam
resistência ainda quando o encaminhamento para atendimento psicológico é
realizado. Existe o preconceito a respeito do uso de psicofármaco e muitos
profissionais acabam não dando continuidade aos tratamentos. Adicionalmente, é
relatado o sentimento de menos valia quando perdem o porte de arma.
Pano de fundo dessa resistência em aceitar ajuda em saúde mental é o estigma
e a discriminação – fenômenos que causam mais sofrimento mental, pois as pessoas
não têm acesso ao cuidado necessário e casos passíveis de tratamento podem
resultar em sofrimento mental grave, suicídio e morte.
O estigma também reflete a exclusão social de pessoas com problemas de
saúde mental grave. A Reforma Psiquiátrica Brasileira, iniciada na década de 1970, é
uma reformulação crítica e prática do paradigma de cuidado à pessoa em sofrimento
mental e enfatiza a necessidade de desinstitucionalizar as pessoas, fundamentada na
concepção de cidadania, autonomia, singularidade dos sujeitos e atenção às suas
múltiplas dimensões e a construção de rede de cuidados (AMARANTE, 1995;
BRASIL, 2013; NUNES; ONOCKO-CAMPOS, 2014; SARACENO; ASIOLI; TOGNONI,
2019). Nessa perspectiva, conforme ressalta Amarante (2007), a saúde mental
configura-se como um campo extenso e plural de conhecimento.
Quando uma pessoa tem sinais e sintomas de doença mental, a avaliação em
saúde mental é necessária e esse sofrimento não pode ser entendido como uma
situação sobre a qual a pessoa tenha controle e que possa evitá-la conscientemente.
É necessário diminuir o estigma dentro das unidades prisionais, pois o trabalhador
com sofrimento mental muitas vezes não tem seu sofrimento reconhecido de modo
legítimo. E a estigmatização gera a exclusão social desses profissionais em
sofrimento mental.
A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) define que a luta contra o
estigma em saúde mental é um dos desafios da saúde pública: as pessoas que vivem
com sofrimento mental sofrem discriminação e esse medo de exclusão social impacta
e atrapalha a pessoa em sofrimento mental a buscar ajuda necessária para sua
recuperação e qualidade de vida. O estigma é a marca que diminui o valor social e
pode ser mais duradouro que a própria condição de sofrimento mental e a
discriminação é a ação contra a interação social.

16
É urgente sensibilizar para o cuidado em saúde mental, para o desenvolvimento
de habilidades sociais, para a comunicação e interação interpessoal. Estudos
apontam que atitudes de preconceito em cuidar da saúde mental têm apresentado
mudanças ao longo dos anos por parte dos profissionais da segurança pública, pois
saúde mental é um cuidado que pode ser necessário a qualquer ser humano em
diferentes momentos, visando qualidade de vida.

SAIBA MAIS
Uma das maneiras de romper o estigma é a informação. O sofrimento mental é uma
possibilidade no horizonte de todo ser humano, conforme relembra Amarante (2007).
Desse modo, o cuidado é um caminho contínuo. Uma das boas práticas para um
ambiente de trabalho saudável é respeitar-se e respeitar o outro.
Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=IY6cYi6W5hI, assista ao vídeo
produzido pela Organização Panamericana de Saúde e discuta os estigmas,
preconceitos e discriminação em saúde mental que são abordados.

Figura 4 - Print do vídeo sobre saúde mental produzido pela OPAS

Fonte: https://youtu.be/IY6cYi6W5hI

1.4 Estratégias, Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção em


Saúde Mental

1.4.1 Estratégias para a Promoção em Saúde Mental

17
A ausência de ações de saúde a policiais penais desencadeia altos níveis de
estresse e transtornos mentais que afetam o profissional, a instituição, seus familiares
e a sociedade. A literatura reconhece a importância de se minimizar e se evitar o
adoecimento mental, promovendo a saúde de profissionais que atuam em ambiente
de privação de liberdade. São estratégias recomendadas, de acordo com os trabalhos
do Conselho Federal de Psicologia (2020), de Jaskowiaki e Fontal (2015), de Lauxen,
Borges e Silva (2017), de Noda et al. (2023), de Paixão et al. (2022), da Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte (2021):
✔ Capacitar preventivamente no curso de formação sobre a percepção de
estresse, proporcionando auxílio a enfrentamento de situações futuras,
sensibilizando para a necessidade de acompanhamento psicológico contínuo e
preventivo ao policial e familiares e não somente após o adoecimento mental;
✔ Promover grupos educativos, preventivos e terapêuticos em saúde
mental com profissionais e com familiares;
✔ Realizar acolhimento e intervenção a casos de transtorno mental, uso
de substâncias psicoativas e conflitos no ambiente de trabalho;
✔ Abordar temas como luto, perdas, prevenção de adoecimento mental,
estigmas em saúde mental;
✔ Realizar acolhimento, tratamento e acompanhamento em saúde mental;
✔ Realizar ações coletivas de modo continuado e capacitar lideranças;
✔ Oportunizar espaços de escuta para policiais compartilharem medos e
minimizar as consequências psicológicas possíveis;
✔ Incentivar desenvolvimento de habilidades sociais e observar mudanças
na saúde mental dos profissionais;
✔ Fomentar a realização de exercício físico, atividades de lazer e esporte
para melhora do bem-estar, promoção da saúde e alívio do estresse;
✔ Ressaltar a necessidade de o profissional acessar o Serviço de
Atendimento à Saúde do Servidor que não exclui, mas é complementado por
demais ações e serviços em saúde mental como a psicoterapia, quando
necessária;

18
✔ Acolher o caráter ambíguo de toda atividade laboral reconhecendo
alegrias, tristezas e motivações para o trabalho. Junto a policiais penais, considerar
elementos de prazer no trabalho (gosto pela atividade, escala de serviço,
estabilidade, salário, presença de familiares e amigos no sistema), de
endurecimento emocional no trabalho (medo e perigo) e de mecanismos defensivos
como a racionalização;
✔ Reconhecer que leitura, meditação, psicoterapia e medicação também
são estratégias para lidar com estresse;
✔ Incitar o bom relacionamento no ambiente de trabalho e a comunicação
adequada;
✔ Encorajar ações de solidariedade, afetividade e vínculos de confiança;
✔ Respeitar a experiência de vida de cada um assegurando a dignidade
da pessoa.
As instituições de segurança pública precisam incentivar os serviços de apoio
psicológico aos seus profissionais e intervir nos preconceitos ao acompanhamento
psicológico. As ações não podem somente visar a estabilização, mas produzir
mudanças e a corresponsabilização da pessoa pelo seu processo. E, para promoção
de saúde mental, se faz necessária a intervenção sobre os demais fatores de
vulnerabilidade aos riscos psicossociais, como ambiente laboral impróprio, falta de
infraestrutura e más condições de trabalho. É imperativo considerar as causas de
adoecimento, incidir sobre condições de vida, trabalho e lazer que são determinantes
e condicionantes do processo saúde-doença.
Nesse sentido, para promover saúde, é necessário considerar o ser humano
em sua totalidade (biopsicossocial e sua condição de vida) e que determinadas
condições de trabalho propiciam adoecimentos. Nunes e Onocko-Campos (2014)
salientam que a prevenção em saúde mental está correlacionada à singularidade e a
múltiplos fatores envolvidos, que antecedem o aparecimento de doença. A resiliência
é diretamente relacionada à personalidade da pessoa e à existência de apoio social.
Ademais, o desenvolvimento das ações de promoção de saúde mental ainda se
configura como um desafio.

19
Considerando os aspectos expostos, espera-se que a implementação de ações
de promoção de saúde seja uma realidade e que todos os profissionais se engajem
nesse projeto de construção.

1.4.2 Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção de Saúde


Mental

A Lei 14.531/2023 altera as legislações de 2018 e 2019 criando a Política


Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio com objetivo de
implementação de ações de assistência social, promoção da saúde mental e
prevenção do suicídio entre profissionais de segurança pública e defesa social, além
de delimitar diretrizes de promoção e defesa dos direitos humanos desses
profissionais. Prevê ainda a produção de dados sobre saúde, saúde mental e
qualidade de vida dos profissionais da segurança pública; ações do Pró-Vida em prol
da saúde biopsicossocial, segurança no trabalho, saúde ocupacional, prevenção à
violência e valorização profissional.
Nesse contexto, delimita-se como campo de atuação a prevenção do suicídio
com atendimento de urgência psiquiatra, articulação multidisciplinar, intersetorial, de
forma humanizada e com respeito à dignidade da vida na abordagem de casos de
violência autoprovocada, ampliando as estratégias no âmbito para prevenção
primária, secundária e terciária. Assim, a prevenção primária em saúde mental
direciona-se a todos os profissionais da segurança pública e defesa social; a
prevenção secundária aos casos que já possuem o risco de prática de violências
autoprovocadas; e a prevenção terciária para os profissionais com histórico de
ideação, planejamento e comportamento suicida, conforme Figura 5:

20
Figura 5 - Compilado das ações de prevenção

Fonte: A elaboração é uma adaptação do artigo 42A da Lei 14.531/2023.

Essa Lei 14.531/2023 prevê ações no âmbito do Pró-Vida, de Saúde


Ocupacional e Segurança do Trabalhador e de Saúde Biopsicossocial.
No âmbito da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP),
a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS) possui os Núcleos de Saúde
Ocupacional, Assessoria de Assédio Moral e Atenção Biopsicossocial. Nesse último
núcleo, está localizado o Centro Integrado de Atenção Biopsicossocial que acolhe,
orienta e acompanha seus servidores em todo o estado de Minas Gerais, com foco no
cuidado, visando prevenir e reduzir os agravos em saúde, com equipes de psicólogos,
assistentes sociais e enfermeiros.
Adicionalmente, a Lei 10.216 de 2011 prevê os direitos e a proteção das
pessoas acometidas de transtorno mental sem qualquer forma de discriminação. A
RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é uma rede temática do modelo de atenção à
saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) para cuidado a pessoas com sofrimento ou
transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras
drogas. A RAPS é composta por diversos dispositivos: no âmbito da atenção primária,
por exemplo, tem-se o Centro de Saúde, o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e o

21
Centro de Convivência; no âmbito da atenção secundária, tem-se os Centro de
Atenção Psicossocial nomeados de CAPS (ou CERSAM) em suas diferentes
modalidades, o suporte de urgência e emergência nas Unidades de Pronto
Atendimento e Serviços Móveis de Urgência, os serviços de caráter transitório, a
retaguarda de leitos em hospital geral; no âmbito terciário, tem-se as estratégias de
reabilitação psicossocial como cooperativas de trabalho e renda e as estratégias de
desinstitucionalização como Serviços Residenciais Terapêuticos e Programa de Volta
para Casa. Na RAPS, as estratégias de cuidado são individualizadas por meio do
Projeto Terapêutico Singular.
E há ainda equipamentos sem fins lucrativos como o Centro de Valorização da
Vida (CVV), que realiza atendimento para apoio emocional e prevenção do suicídio
24 horas por dia por meio do telefone 188 ou chat.

ATENÇÃO
Observa-se que há diversas ações preventivas à saúde mental como: boas relações
sociofamiliares; realização de atividades físicas regulares; manutenção de atividades
de lazer; desenvolvimento de um trabalho significativo; envolvimento em atividades
socioculturais e espirituais relevantes para cada pessoa; reflexões relacionadas à
saúde mental; e participação em grupo de acolhimento e enfrentamento às situações
que poderiam agravar sofrimento psíquico. Quando existe adoecimento mental, é
necessário buscar ajuda profissional e conciliar ações de psicoterapia, psicofármaco
e reabilitação psicossocial, conforme cada caso. Adicionalmente, intervenção nas
questões estruturais, institucionais e ações de educação em saúde são transversais
para promoção de saúde mental.

PARA EXAMINAR
Para ampliar a discussão sobre estratégias para prevenir adoecimento mental, assista
ao filme franco-belga “Um banho de vida” (Le grain bain), dirigido por Gilles Lellouche
e lançado em 2018. A narrativa aborda, entre outras coisas, as ações da personagem
Bertrand, que enfrenta a depressão com seus quarenta anos e decide, depois de usar
uma série de medicamentos que não surtiram os efeitos esperados, frequentar a

22
piscina municipal do bairro onde vive e formar um grupo de nado sincronizado com
outros homens que se encontram em situação similar.

Figura 6 - Cartaz do filme "Um banho de vida"

Fonte: https://leiturafilmica.com.br/um-banho-de-vida/

23
Questões para Revisão e Fixação:
1) O que é saúde mental?
2) Quais as principais causas de adoecimento psíquico relacionadas ao trabalho de
profissionais que atuam em ambiente de privação de liberdade?
3) Por que saúde mental é um campo ainda permeado por preconceito? Discuta quais
são esses preconceitos.
4) Enumere os fatores de risco no trabalho em ambiente de privação de liberdade.
5) Existem políticas públicas para promoção de saúde mental? Enumere cinco
estratégias para promoção de saúde mental.
6) Considere o caso fictício:

Rômulo possui 49 anos e é policial penal há oito anos. Há alguns meses, Rômulo
mudou de comportamento. No trabalho, os colegas notaram que Rômulo está
desanimado, cansado, irritado e triste. Rômulo é mais reservado, mas desenvolveu
uma amizade com Paulo durante o curso de formação. Paulo trabalha na mesma
unidade, em turnos diferentes, e um dia trocou de plantão com um colega, encontrou
Rômulo e o perguntou como ele estava. Rômulo relatou brevemente: “Opa Cara,
beleza? Eu queria dizer que é bom te ver, Paulo, mas tô com uma dor nos ombros e
não tô conseguindo dormir direito. Na verdade, emagreci três quilos, porque tenho
ficado sem prazer até para comer. As coisas mudaram muito depois que me separei
e não estou conseguindo ver meus filhos. Aquele meu irmão continua dando muito
trabalho. Tô cheio de dívida e preocupado com as coisas aqui.” Paulo expressa:
“Nossa, que difícil cara!”. Rômulo continua: “Ah véi, as coisas estão sem sentido para
mim. Tô me sentindo sem força, sem esperança e sem vontade de viver”.
Depois da conversa dos dois amigos, inicia-se o horário de revista para visita. Naquele
dia o turno terminou 40 minutos depois do previsto. Os plantões seguintes seguiram
o mesmo ritmo. Após dois meses, Paulo, ao entrar no refeitório, encontra Rômulo
tentando tirar a própria vida.

Discuta ações para acolhimento, manejo e cuidado integral ao Rômulo.

24
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – PARTE II

Nós pedimos com insistência:


Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão.
Em que corre o sangue,
Em que se ordena a desordem,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza,
Não digam nunca: isso é natural!
Bertolt Brecht

Conforme a Organização Mundial de Saúde e a Constituição Federal Brasileira


de 1988, a saúde é o completo bem-estar biopsicossocial. E saúde integral é
indissociável de saúde mental. O cuidado em saúde precisa considerar como sujeito
o receptor de cuidados, sua subjetividade, sua singularidade, sua visão de mundo
(SARACENO; ASIOLI; TOGNONI, 2019).
O trabalho é categoria constitutiva da identidade e subjetividade humana, é
envolto por questões sociais, é produto da dinâmica interna das situações, é
fundamental para a vida pessoal, familiar e para a sociedade (COUTINHO;
BERNADO; SATO, 2017; LANE, 2006; TSCHIEDEL; MONTEIRO, 2013).
Nesse sentido, a saúde dos profissionais que atuam em ambiente de privação
de liberdade desperta preocupação, uma vez que o sistema prisional é um espaço
com alta periculosidade e insalubridade. Esses profissionais estão expostos
constantemente a riscos no ambiente de trabalho que podem desencadear vários
casos de afastamento das funções.

2.1 Principais Doenças Desencadeadas pelo Trabalho em Ambientes de


Privação de Liberdade

As doenças do trabalho são entendidas como um conjunto de danos ou agravos


que são causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos
locais de trabalho e incidem sobre a saúde dos trabalhadores. Esse processo é muitas

25
vezes silencioso, lento, invisível e há dificuldades de se estabelecer uma relação entre
doença e trabalho (BRASIL, 2001). As avaliações de adoecimento no trabalho não
podem ser isoladas e estanques, sendo necessário considerar a relação entre o
trabalhador e o contexto laboral.
Os policiais penais possuem altos índices de adoecimento físico e psicológico.
O estresse no trabalho relaciona-se a agravos à saúde física e mental. Sobre a saúde
de polícias penais, a literatura, como o estudo desenvolvido por Lima et al. (2018),
evidencia que 46,6% dos policiais penais têm sobrepeso, 30,8% apresentam
hipertensão e 27,6% apresentam pré-hipertensão provavelmente explicada pelo
estado de alerta constante, pressão psicológica e ritmo acelerado que podem impactar
o sistema cardiovascular. Adicionalmente, os longos turnos de trabalho impactam na
possibilidade de os agentes sustentarem uma alimentação equilibrada, o que pode
influenciar na prevalência das síndromes metabólicas.
Nesse cenário, a preocupação com doenças transmissíveis como tuberculose
e síndromes metabólicas é recorrente. Em testes de tuberculose, 62,4% dos policiais
penais tiveram os resultados de testes positivos, o que demonstra uma maior
vulnerabilidade desses profissionais. As síndromes metabólicas possuem um
conjunto de fatores de risco cardiovascular como pressão arterial e glicemia de jejum
elevada, diminuição do colesterol HDL, aumento dos triglicérides e obesidade
abdominal. A síndrome metabólica aumenta 2,5 vezes a mortalidade por doença
cardiovascular e 1,5 vezes a mortalidade geral. De acordo com dados dos
pesquisadores supracitados, 71,4% dos policiais penais apresentam o colesterol HDL
reduzido e 32,6% apresentam o triglicerídeo aumentado. Essa síndrome metabólica
aumenta quatro vezes mais nos policiais penais expostos à maior demanda
psicológica e nos que não praticam exercícios físicos. A maior vulnerabilidade a
doenças emocionais e mentais é reconhecida. A atividade física também é
correlacionada a um menor risco de adoecimento e melhor autocontrole mental.
Além das síndromes metabólicas, a sobrecarga no trabalho pode acarretar
burnout, depressão, distúrbio do sono, fadiga, uso de psicofármacos e medicamentos
para doenças crônicas. Diabetes mellitus, excesso de peso, micoses e coceiras
também são recorrentes em policiais penais. O suicídio é a segunda maior causa de
morte de profissionais da segurança pública.

26
A insalubridade e a superlotação dos ambientes de privação de liberdade
propiciam a proliferação de epidemias, doenças respiratórias e infectocontagiosas
como tuberculose, hepatite, Aids e sífilis. Os profissionais que trabalham nesses
ambientes estão expostos ao risco de tais infecções.
As condições precárias de trabalho estão ainda associadas: a adoecimento
como dor de cabeça, desconforto estomacal, falta de apetite, má digestão; a sintomas
como nervosismo, tristeza, agitação, tensão, depressão, ansiedade; a pensamentos
de inutilidade, perda de interesse pela vida e ideação suicida. Na pesquisa da
Secretaria Nacional de Segurança Pública (2022), realizada junto a 145.000
profissionais, as principais queixas dos trabalhadores são problemas
osteomusculares, diabetes, cardiopatia, obesidade, dependência química, ansiedade,
estresse, depressão, suicídio e burnout.

2.2 Principais Causas do Adoecimento em Ambientes de Privação de Liberdade


e Intervenções Possíveis

Na segurança pública, a satisfação com a vida, a qualidade de vida e de sono


são prejudicadas. É comum a baixa qualidade de alimentação e o endividamento entre
esses profissionais. Os grupos mais suscetíveis a doenças ocupacionais são
mulheres, profissionais com renda inferior e nas fases iniciais e intermediárias da
carreira. Outros grupos não estão livres dos riscos ocupacionais, sendo necessário
um conjunto integrado de políticas centradas na saúde do trabalhador, considerando
a dimensão física, mental, institucional, ambiental e social, conforme relatório final de
uma pesquisa sobre a valorização dos profissionais de segurança pública realizada
pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, publicado em 2022.
A pressão e as intimidações sofridas pelos trabalhadores durante as suas
atividades relacionam-se ao aumento de adoecimento como estresse, fadiga,
tendência suicida, queixas psicossomáticas, agressividades e transtornos do estresse
pós-traumático. Reconhece-se que assédios, violências e invisibilidade no trabalho
causam sofrimento mental, conforme Leão (2012). Sentir-se nervoso, cansado, triste,
com dores de cabeça e dormir mal tornam os policiais penais vulneráveis ao
adoecimento físico e mental. Assim, as condições de trabalho insatisfatórias e o

27
desgaste emocional podem ameaçar integralmente a saúde desses profissionais. A
insegurança na profissão e as condições de trabalho insalubres também causam
adoecimento em ambiente de privação de liberdade. Também são causas de
adoecimento: má relações profissionais e conflito em situação psicossocial; relações
sociais insatisfatórias, normas sociais conflituosas, dificuldades financeiras, imersão
no contexto de violência e vulnerabilidades. Assim, se faz basilar o desenvolvimento
de políticas públicas de respeito, proteção e promoção aos direitos humanos, que
possam incluir os policiais penais no exercício de suas funções.

2.3 Estratégias de Promoção e Qualidade de Vida para o Bem-Estar

Conforme abordado, a promoção de saúde e qualidade de vida física e mental


são indissociáveis. Visualiza-se uma profunda interação: 1) dos aspectos psicológicos
no adoecimento físico de policiais penais, como o impacto do estresse na má
alimentação que desencadeia problemas metabólicos, na hipertensão arterial
sistêmica, no aumento prejudicial do uso de substâncias psicoativas como álcool,
tabaco e psicofármacos; 2) da interatividade do adoecimento orgânico no psicológico,
como nas perturbações de sono, dores de cabeça e abdominais, dermatites, dentre
outros. Desse modo, aborda-se uma concepção que busca entender o ser humano
integralmente considerando cada subjetividade, a coletividade e o contexto de
trabalho no momento histórico e sociedade em que se insere para promover qualidade
de vida.
Qualidade de vida é a percepção da pessoa de sua posição na vida comparada
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, considerando o contexto
sociocultural em que está inserida. Discute-se que os modos de vida e a subjetividade
de cada profissional que atua em ambiente de privação de liberdade podem ser
alterados pelo processo de produção de identidade como policial penal que
desencadeia “o engessamento na função/vida de agente (policial penal) e
incapacidade de elaboração de mecanismos de promoção/proteção à saúde, tal como
foi possível constatar na pesquisa e nos relatos dos agentes” (LIMA, 2019, p.60).
Para proteger e promover saúde no trabalho, é necessário entender a realidade
de cada função, as condições de trabalho e suas formas de organização. O relatório

28
final da pesquisa nacional sobre valorização dos profissionais de segurança pública,
feita pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, publicado em 2022, aponta que
profissionais de segurança pública de 26 e 50 anos apresentam percepção de baixa
qualidade de vida. Jaskowiaki e Fontanal (2015) evidenciam que a qualidade de vida
dos policiais penais pode ser avaliada como precária. O estresse pode prejudicar as
relações de afeto e de amizade, como também a saúde física e mental, podendo
propiciar o aparecimento ou agravamento de doenças e reduzir a qualidade de vida.
Sofrimento e adoecimento no trabalho são obstáculos à qualidade de vida. Contudo,
esses profissionais geralmente não identificam quando necessitam de ajuda
profissional.
Pesquisas, desenvolvidas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública,
apontam para a precariedade nas políticas de promoção de saúde de servidores e
acompanhamento da saúde mental, relatando que “os participantes não reconhecem
a existência de políticas de promoção de saúde eficientes para levantar demandas e
planejar estratégias focadas no bem-estar e qualidade de vida dos trabalhadores”
(SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022a, p.347). Assim,
deduz-se que as estratégias para prevenção e promoção de saúde têm sido
insuficientes para mitigar o estresse ocupacional, sendo urgente formular e
implementar políticas em uma concepção ampliada de saúde. Para policiais penais é
fundamental implementar programas de qualidade de vida no trabalho, visando reduzir
os riscos psicossociais e as vulnerabilidades no trabalho, aumentar a satisfação e
melhorar o bem-estar dos profissionais.
As evidências sinalizam que policiais penais efetivos, com maior renda, que
dormem mais e que são casados apresentaram melhor qualidade de vida. Já os
policiais penais que utilizam medicamento para dormir ou que já tiveram afastamento
do serviço apresentaram menor qualidade de vida. Os policiais penais com mais anos
de serviço demonstraram maior impacto na qualidade de vida: mais agitados, com
mais reclamações do cotidiano, mais histórico de adoecimentos, problemas familiares,
restrição nas atividades de lazer. Por outro lado, quando policiais penais praticam
esporte possuem menor incidência de doenças crônicas, metabólicas e psicológicas.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (2022a) assume que há cinco
dimensões interdependentes que devem ser consideradas para a promoção de saúde,

29
pois o déficit em uma das dimensões afeta as demais. Essas dimensões são
apresentadas na Figura 7:

Figura 7 - Interdependência das cinco dimensões para promoção à saúde

Fonte:
https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/7366/3/sa%c3%bade%20na%20seguran%c3%a7a%20p%c3%ba
blica.pdf

Nesse sentido, recomenda-se a construção de uma política nacional de


promoção da saúde e qualidade de vida do profissional da segurança pública com
estratégias de curto, médio e longo prazo, contemplando as cinco dimensões de forma
dinâmica e integrada para a promoção de saúde.
São estratégias para a promoção de saúde de acordo com as pesquisas
realizadas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (2022a, 2022b):
✔ Incentivo a atividades físicas diversas e alongamento;
✔ Reeducação alimentar;
✔ Higiene do sono;
✔ Intervenções para melhoria da saúde bucal;
✔ Meditação;

30
✔ Investimento em cultura e lazer;
✔ Melhoria em infraestrutura física para redução de riscos ergonômicos à saúde;
✔ Aumento da adesão dos serviços aos serviços de saúde;
✔ Discussão coletiva dos problemas para construção de soluções junto à gestão
de modo participativo a fim de promover qualidade de vida no trabalho;
✔ Capacitações com cursos para gerenciamento de estilo de vida e
gerenciamento do estresse;
✔ Educação permanente em temas de saúde e correlatos;
✔ Campanhas em prevenção de doenças;
✔ Fortalecimento das relações familiares;
✔ Fortalecimento das relações interpessoais entre os policiais penais;
✔ Treinamento de habilidades sociais e de comunicação;
✔ Educação financeira;
✔ Intervenções para prevenir lesões, doenças cardiovasculares, câncer e
agravos à saúde mental;
✔ Desmistificação de estigmas em saúde mental;
✔ Atividades grupais e oficinas;
✔ Atividades assistenciais ao profissional e seus dependendentes;
✔ Preparação para a aposentadoria;
✔ Assistência jurídica;
✔ Ações de prevenção como diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação.
Complementarmente, são necessárias intervenções na saúde ambiental como
acesso à moradia e ao transporte e investimento em atividades significativas para
cada pessoa. Portanto, as intervenções para promoção de saúde e qualidade de vida
precisam acontecer no âmbito micro, meso e macro, ou seja, englobam ações de cada
pessoa para melhoria da qualidade de vida, intervenções sobre a realidade
organizacional e institucional para a prevenção de doenças e promoção de saúde,
bem como políticas públicas e mudanças socioculturais visando a produção de saúde.

VOCÊ SABIA
Uma pesquisa realizada em 1955 nos EUA perguntou aos entrevistados “Você

31
continuaria trabalhando se ganhasse na loteria?” 80% das afirmações foram positivas
(TOLFO, 2019). Assim, os sentidos e significados do trabalho são importantes para o
trabalhador que realiza a atividade.

PARA PENSAR
O que significa para você ter qualidade de vida? E quais ações cotidianas realiza para
manutenção de sua saúde?
Pense nas atividades significativas que reconectam você, dando centralidade e
sentido à sua vida. Para algumas pessoas, podem ser atividades na natureza, para
outras,o vínculo com familiares, para outras, arte, meditação, leitura ou religião.
Busque meios saudáveis para contribuir no cuidado consigo e para se desconectar do
trabalho nos seus horários de lazer e descanso. É importante o cuidado com você
como pessoa para que continue exercendo sua atividade profissional e para que tenha
qualidade de vida.

PARA EXAMINAR
Amplie as discussões assistindo ao filme francês “Polissia” (Polisse), de 2012, dirigido
por Maïwenn, que mostra o cotidiano de um grupo especializado da polícia francesa
que precisa lidar com crimes que envolvem crianças diariamente, com prisão de
pedófilos, interrogação de pais abusivos, dentre outros. O filme mostra a tensão entre
a vida profissional e a vida privada dos policiais que recebem pouca atenção.

32
Figura 8 - Cartaz do filme "Polissia"

Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-181893/

2.4 Políticas Públicas e Rede de Atendimento para a Promoção e Proteção à


Saúde

A Constituição Federal de 1988 delimita a saúde como dever do Estado e um


direito de todos, tendo que garantir o acesso universal, igualitário, ações e serviços
para proteção, promoção e recuperação da saúde.
A Lei 8080/1990, conhecida como Lei Orgânica de Saúde, incorpora a
compreensão ampliada de saúde, explicita a saúde como um direito fundamental e
afirma que o Estado deve prover as condições para seu pleno exercício. Nesse
sentido, delimita que a saúde reflete a organização social e econômica, tendo o
saneamento básico, a alimentação, a moradia, o trabalho, o meio ambiente, a renda,
a educação, a atividade física, o lazer, o transporte e o acesso a bens e serviços
fundamentais como fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-

33
doença. Em seu artigo 3º inclui, dentre esses determinantes e condicionantes, o
trabalho e a renda, atentando para a necessidade de políticas públicas para
operacionalizar as ações de saúde do trabalhador.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), instituída em 2006,
redefinida em 2014 e reelaborada em 2017, afirma o compromisso do Brasil com a
ampliação e a qualificação da promoção de saúde de modo a aumentar o alcance das
políticas públicas existentes, com o objetivo de reduzir iniquidades e promover direito
humanos fundamentais, melhorando a equidade e as condições de vida da população
e afirmando o direito à saúde. São valores e princípios da PNPS: reconhecer a
subjetividade de pessoas e coletivos; considerar a solidariedade, a ética, a felicidade,
o respeito à diversidade, a humanização, a corresponsabilidade, a justiça e a inclusão
social como valores; e reafirmar a equidade, a autonomia, o empoderamento, a
participação social, a sustentabilidade, a territorialidade, a integralidade, a
intersetorialidade e intrassetorialidade como princípios. Delimita como objetivo geral a
promoção da equidade e de melhores condições e modos de viver, reduzindo
vulnerabilidade e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, culturais,
ambientais, econômicos e políticos. Prevê a integralidade de cuidado nas Redes de
Atenção à saúde e a promoção da cultura da paz.
É competência do Sistema Único de Saúde (SUS) a saúde do trabalhador, que
se presentifica como política pública na RENAST (Rede Nacional de Atenção Integral
à Saúde do Trabalhador) com os CEREST (Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador) para realizar ações de prevenção e vigilância à saúde de todos os
trabalhadores no Brasil. A RENAST é uma rede de serviços de assistência e vigilância
em saúde do trabalhador que debate nexos causais, determinantes de morbidades
em atividades profissionais (FONSECA ET AL., 2015).
No âmbito da Segurança Pública, o Decreto 11.107 de 2022, que altera a
publicação de 2018, é um marco por dispor sobre o Programa Nacional de Qualidade
de Vida para os Profissionais da Segurança Pública, conhecido como Pró-Vida, e
instituir a Rede Pró-Vida. Assim, propõe articulações institucionais para
monitoramento e avaliação da saúde biopsicossocial, saúde ocupacional e segurança
no trabalho de servidores da segurança pública e defesa social no país, além de
prever mecanismos para proteção e valorização desses profissionais.

34
A literatura já anunciava a necessidade desse investimento para contribuir com
a operacionalização de políticas de saúde do trabalhador, extrapolando as práticas
tradicionais centradas na doença e efetivando articulações dos locais de trabalho com
os serviços de Atenção Primária à Saúde, CAPS, serviços de assistência social e
demais equipamentos que compõem a rede de atenção à saúde para o cuidado
integrado, a potencialização da vida e a ampliação das relações sociais.

SAIBA MAIS
Acesse as publicações do Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais
de Segurança Pública (Pró-Vida) no link https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-
seguranca/seguranca-publica/pro-vida e discuta a necessidade de ações integradas
para promoção da qualidade de vida dos profissionais da segurança pública.

35
Questões para Revisão e Fixação:

1) Quais as principais doenças desencadeadas em profissionais que atuam em ambiente


de privação de liberdade?
2) Discuta as principais causas do adoecimento dos profissionais que atuam em
ambiente de privação de liberdade.
3) Apresente ações para promoção de saúde e qualidade de vida dos profissionais que
atuam em ambiente de privação de liberdade.

36
REFERÊNCIAS

AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. Aumentam casos de HIV/aids em unidades


prisionais entre 2019 e 2021 informa Depen. 09 de junho de 2022.
Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/885359-aumentam-casos-de-hiv-
aids-em-unidades-prisionais-entre-2019-e-2021-informa-depen/ Acesso em: 18 abr.
2023.

AGÊNCIA MINAS. Sejusp inaugura primeiro espaço de atenção à saúde do servidor


no centro de BH. 20 de outubro de 2021.
Disponível em: https://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/sejusp-inaugura-
primeiro-espaco-de-atencao-a-saude-do-servidor-no-centro-de-bh Acesso em: 18
abr. 2023.

AGÊNCIA SENADO. Promoção de saúde mental entre policiais é aprovada pelo


Senado. Fonte: Agência Senado, 2021.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/06/promocao-
de-saude-mental-entre-policiais-e-a-aprovada-pelo-senado Acesso em: 03 abr.
2023.

AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007

AMARANTE, P. (Coord.) Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no


Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1995.

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade


no mundo do trabalho. 15 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

BOCK A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao


estudo de psicologia. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

BRANT, L. C.; MINAYO-GOMEZ, C. A transformação do sofrimento em adoecimento:


do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, n. 9 v. 1, p. 213-223, 2004.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/SgPP3VNzNprFXRKQjr9gqWD/?format=pdf&lang=pt
Acesso em: 04 abr. 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

37
BRASIL. Decreto nº 11.107, de 29 de junho de 2022. Altera o Decreto nº 9.489, de 30
de agosto de 2018, para dispor sobre o Programa Nacional de Qualidade de Vida para
Profissionais de Segurança Pública.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2022/decreto/d11107.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2011.107%2C
%20DE%2029,para%20Profissionais%20de%20Seguran%C3%A7a%20P%C3%BA
blica. Acesso em: 07 dez. 2022.

BRASIL. Lei nº 14.531, de 10 de janeiro de 2023. Altera as Leis nº s 13.675, de 11 de


junho de 2018, que cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS), e 13.819, de 26 de abril de 2019, que institui a Política Nacional de
Prevenção da Automutilação e do Suicídio, para dispor sobre a implementação de
ações de assistência social, a promoção da saúde mental e a prevenção do suicídio
entre profissionais de segurança pública e defesa social e para instituir as diretrizes
nacionais de promoção e defesa dos direitos humanos dos profissionais de segurança
pública e defesa social; e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-
2026/2023/lei/L14531.htm Acesso em: 04 abr. 2023.

BRASIL. Lei no 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para


promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília (DF), 1990, set. 20; Seção 1, p.18055.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde do trabalhador.


Cadernos de Atenção Básica, n.5, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Saúde do trabalhador e da trabalhadora. Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2018. 136 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 41). Versão preliminar eletrônica.
Disponível em:
https://renastonline.ensp.fiocruz.br/sites/default/files/arquivos/recursos/cadernos_da_
atecao_basica_41_saude_do_trabalhador.pdf Acesso em: 07 abr. 2023.

38
CADIDÉ, G. B. et al. Riscos ocupacionais e sua influência na saúde de policiais
penais: uma revisão integrativa. Revista De Saúde. [S. l.], v. 13, n. 3, p. 42–51, 2022.
DOI: 10.21727/rs.v13i3.3042.
Disponível em:
http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RS/article/view/3042
Acesso em: 04 abr. 2023.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referência técnica para atuação de


psicólogas(os) na política de segurança pública. Centro de Referência Técnica em
Psicologia e Políticas Públicas. 1 ed. Brasília: CFP, 2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Saúde do trabalhador no âmbito da saúde


pública: referências para atuação da(o) psicóloga(o). Centro de Referência Técnica
em Psicologia e Políticas Públicas. 2 ed. Brasília: CFP, 2019.

COSTA, M. C. T. Violência, Sofrimento e Adoecimento no Trabalho. In: CONSELHO


REGIONAL DE PSICOLOGIA DE MINAS GERAIS. Saúde do trabalhador: saberes e
fazeres possíveis da Psicologia do Trabalho e das Organizações. Belo Horizonte:
CRP-MG, 2016, p.124-133.

COUTINHO M. C; BERNARDO, M. H.; SATO L. Psicologia Social do Trabalho. Rio de


Janeiro: Vozes, 2017.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3 ed.


Porto Alegre: Artmed, 2019.

FIOCRUZ. Morar em liberdade: retratos da reforma psiquiátrica brasileira. Brasília:


Núcleo de Saúde Mental e Álcool e Outras Drogas, 2020.
Disponível em:
file:///C:/Users/User/Downloads/Cat%20logo%20Morar%20em%20Liberdade%20(1).
pdf Acesso em: 08 abr. 2023.

FONSECA, J. et al. Contribuições da Psicologia Organizacional e do Trabalho para a


implantação de uma política pública de atenção à saúde do trabalhador. In:
COUTINHO M. C.; FURTADO, O.; RAITZ, T. R. (Orgs.). Psicologia social e trabalho:
perspectivas críticas. Florianópolis: ABRAPSO Editora: Edições do Bosque
CFH/UFSC, 2015, p.270-288.
Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/129787/Book%20Psicol
ogia%20Social%20e%20Trabalho%20pdfA.pdf?sequence=3&isAllowed=y Acesso
em: 07 abr. 2023.

39
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2014.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. 2 reimpr. da 7 ed. de 2001. São


Paulo, Perspectiva, 2019.

JASKOWIAKI, C. R.; FONTANAL, R. T. O trabalho no cárcere: reflexões acerca da


saúde do agente penitenciário. Rev. Bras. Enferm., v. 68, n. 2, p.235-243, 2015.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/HkVgkzm3m3W3LSxhxYrTrVy/?format=pdf&lang=pt
Acesso em: 06 abr. 2023.

JORGE, M. A. S. Introdução à Psicopatologia e aos Transtornos Mentais. In: JORGE,


M. A. S.; CARVALHO, M. C. A.; SILVA, P. R. F. (Orgs.). Política e Cuidado em Saúde
Mental: contribuições para a prática profissional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2014, p. 99-
119.

JORNAL DA USP. Superlotação em presídios é o principal fator de disseminação de


tuberculose. 22 de outubro de 2020.
Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/superlotacao-em-presidios-e-o-
principal-fator-de-disseminacao-de-tuberculose/ Acesso em: 18 abr. 2023.

LANE. S. T. M. O que é Psicologia Social?. São Paulo: Brasiliense, 2006, p.55-67.


(Coleção Primeiros Passos, 39)

LAUXEN, I. A. G.; BORGES, R. S. S.; SILVA, M. B. A gestão penitenciária na


qualidade de vida do servidor penitenciário. Saúde em Redes, v.3, n.3, p. 256-263,
2017.
Disponível em:
file:///C:/Users/User/Downloads/admin,+A+GEST%C3%83O+PENITENCI%C3%81RI
A+NA+QUALIDADE+DE+VIDA+PROFISSIONAL+DO+SERVIDOR+PENITENCI%C
3%81RIO.pdf Acesso em: 03 abr. 2023.

LEÃO. L. H. C. Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios


atuais. ECOS, Campo dos Goytacazes, v. 2, n. 2, p.291-305, 2012.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/1008-4873-1-PB.pdf Acesso em: 08
abr. 2023.

40
LIMA, A. I. O.; DIMENSTEIN, M. Transtornos Mentais Comuns entre Trabalhadores
do Sistema Prisional. Psicol. Pesqui., Juiz de Fora, v.13, n.1, p.53-63, jan.-abr., 2019.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psipesq/v13n1/06.pdf Acesso em: 05 abr.
2023.

LIMA, E. M. M. et al. Health of penitentiary agents in the Brazilian context. J. Nurs.


UFPE on line, Recife, v. 12, n. 2, p.510-519, Febr., 2018.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/22831-146882-1-PB.pdf Acesso em:
08 abr. 2023.

MARQUES, G. S.; GIONGO, C. R.; RUCKERT, C. Saúde mental de agentes


penitenciários no Brasil uma revisão sistemática da literatura. DIÁLOGO, Canoas, n.
38, p. 89-98, 2018.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/Dialnet-
SaudeMentalDeAgentesPenitenciariosNoBrasil-6579546.pdf Acesso em: 08 abr.
2023.

NODA, A. F. et al. Transtornos mentais e a atividade do policial penal. Revista Ibero-


Americana de Humanidades, Ciências e Educação, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 1163–
1174, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i3.8925.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/[80]-
++TRANSTORNOS+MENTAIS+E+A+ATIVIDADE+DO+POLICIAL+PENAL.pdf
Acesso em: 06 abr. 2023.

NUNES M. O.; ONOCKO-CAMPOS, R. T. Prevenção, atenção e controle em saúde


mental. In: PAIM, J. S; ALMEIDA-FILHO, N. (Orgs.) Saúde Coletiva: teoria e prática.
Rio de Janeiro: MedBook, 2014, p.501-512.

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Campanha de Redução do


Estigma na Saúde Mental.
Disponível em: https://www.paho.org/pt/campanhas/faca-sua-parte Acesso em: 04
abr. 2023.

PAIXÃO, W. H. P. et al. A saúde mental dos agentes do sistema prisional:


mapeamento de estudos brasileiros. Research, Society and Development, v. 11, n.4,
e21611427147, 2022.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/27147-Article-318841-1-10-
20220316.pdf Acesso em: 07 abr. 2023.

41
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde.
A Rede de Atenção Psicossocial e a Política de Saúde Mental de Belo Horizonte,
2021.
Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/atencao-a-
saude/saude-mental Acesso em: 31 mar. 2023.

REIS, A. et al. Saúde do trabalhador no sistema prisional. In: SILVA A. V. C.; ASSIS
L. N.; VARGAS M. L. F. (Orgs.). Saúde e trabalho no sistema prisional. Belo Horizonte:
ESP-MG, 2022, p.57-75.
Disponível em:
http://repositorio.esp.mg.gov.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/388/Livro%2
0Sa%C3%BAde%20e%20Trabalho%20no%20Sistema%20Prisional%20digital_ok.p
df?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 30 mar. 2023.

SARACENO, B.; ASIOLI, F.; TOGNONI, G. Manual de Saúde Mental: guia básico para
atenção primária. 5 ed. São Paulo: Hucitec, 2019.

SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA. Relatório final: pesquisa


nacional sobre valorização dos profissionais de segurança pública. Brasília: Ministério
da Justiça e Segurança Pública, 2022a.
Disponível em:
file:///C:/Users/User/Downloads/Relatorio_Final__Pesquisa_Diagnostico_2023_SEN
ASP%20(1).pdf Acesso em: 25 mar. 2023.

SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA. Saúde na Segurança


Pública: indicadores e diretrizes para intervenção no âmbito do Programa Nacional de
qualidade de vida para profissionais de Segurança Pública, Pró-vida. Brasília:
Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2022b.
Disponível em:
https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/7366/3/sa%c3%bade%20na%20seguran%c3%a
7a%20p%c3%bablica.pdf Acesso em: 25 mar. 2023.

TOLFO, S. R. Significados e sentidos do trabalho. In: BENDASSOLLI, P. F; BORGES-


ANDRADE. J. E. (Orgs.). Dicionário de Psicologia do Trabalho e das Organizações.
Belo Horizonte: Artesã, 2019.

TSCHIEDEL, R. M.; MONTEIRO, J. K. Prazer e sofrimento no trabalho das agentes


de segurança penitenciária. Estudos de Psicologia, Natal, v. 18, n. 3, p.527-535, 2013.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/epsic/a/T7Fp7J977bJ4brQZnyfkYdD/?format=pdf&lang=pt
Acesso em: 04 abr. 2023.

42
YAMAMOTO, O. H. Trabalho. In: BENDASSOLLI, P. F; BORGES-ANDRADE. J. E.
(Orgs.). Dicionário de Psicologia do Trabalho e das Organizações. Belo Horizonte:
Artesã, 2019, p.641- 647.

43

Você também pode gostar