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POLÍCIA PENAL – MG
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 03
2 ALTERNATIVAS PENAIS 05
2
REVISANDO 33
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 35
REFERÊNCIAS 36
1 INTRODUÇÃO
https://public.tableau.com/app/profile/cnmp/viz/SistemaPrisionalemNmeros-
apartirde2022/CumprimentoResoluo56
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aproximadamente 650 mil pessoas privadas da liberdade, doravante, denominadas
de Indivíduos Privados de Liberdade (IPL).
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condutas consideradas indesejáveis, tanto no campo jurídico (penal, civil, ambiental,
tributário, entre outros), quanto no campo moral, contando com protocolos próprios
para resolver demandas relativas à transgressão dessas regras.
4 BARATTA, Alessandro. Princípios do direito penal mínimo. Para uma teoria dos direitos humanos
como objeto e limite da lei penal. Tradução de Francisco Bissoli Filho. Doctrina Penal. Teoria e
prática em las ciências penais. Ano 10, n.87. P. 623-650.
5 ANDRADE, Vera Regina. Pelas mãos da criminologia. Coleção Pensamento Criminológico.
8BRASIL, Ministério de Justiça. Postulados, Princípios e Diretrizes para a Política de Alternativas Penais.
https://dspace.mj.gov.br/bitstream/1/5394/1/diretrizesparaapoliticadealternativaspenais1.pdf
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Desse modo, torna-se imperioso expandir as respostas para o
enfrentamento das violências e dos crimes, sendo que uma boa parte dos
instrumentos para essa mudança estão sistematizadas neste material, que é
considerado de formação, mas acima de tudo é um material de sensibilização.
2 ALTERNATIVAS PENAIS
No mesmo sentido esponta Lúcia Karam10, que em sua obra destaca que
o aparecimento das penas alternativas e a criação dos JECRIM, ampliaram o rol de
punições sobre uma população de infratores, cujo número anterior era de menor
representação, e na mesma visão de Zaffaroni, entendeu que a legislação dos
juizados criminais apenas aumentaria a rede do controle penal, para inclusão na área
da criminalização secundária daqueles que antes resistiriam a ela.
10KARAM, Maria Lúcia. Juizados especiais criminais: a concretização antecipada do poder de punir. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
11LEITE, Fabiana de Lima. Postulados, princípios e diretrizes para a política de
alternativas penais. Brasília: Ministério da Justiça; CNJ, 2016.
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Percebe-se, porém, que mesmo com o avanço substantivo das
possibilidades de medidas alternativas à privação da liberdade, estas ainda não
conseguiram diminuir a expansão progressiva da população carcerária.
Leite destaca, por fim, que vários fatores concorrem para essa finalidade,
com primazia do movimento da lei e da ordem, do novo realismo criminológico e do
neorretribucionismo penal, com teorias que defendem medidas repressivas de
extrema severidade e da formulação dos tipos criminais.
Importante salientar que em oposição direta às alternativas penais, esses
movimentos percorrem tomam caminho oposto, com propostas de legislações cada
vez mais rigorosas, e aprofundamento do controle social via sistema carcerário.
Para tanto, regem-se por estruturas como o regime fechado, as prisões de
segurança máxima, as proibições de liberdade provisória, as restrições ao direito de
impugnação de sentença, a redução da maioridade penal, a ampliação dos tipos penal
e da quantidade de pena privativa de liberdade, e que culminaram, por exemplo, com
concepção de crimes denominados de "hediondos", dentre outros.
Por fim, Leite relata que a efetividade das penas alternativas, como
diminuição do encarceramento no Brasil, sofre entraves legais.
Em investigação realizada pelo Instituto Latino-Americano das Nações
Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (ILANUD) foi
evidenciado que, apesar de ampliar a permissão legal para a imposição de pena
restritiva de direito em substituição de PPL de até (quatro) anos, o instituto se mostra
ineficaz, pois muitos magistrados compreendem que somente deva ser aplicado para
penas com duração de até 2 anos.
No mesmo estudo do ILANUD, na obra citada, constata-se outro obstáculo,
como as restrições legais de emprego para crimes cometidos por meio de intimidações
(ameaças) e violência, e ao crime de roubo.
Na visão da pensadora, essas restrições eliminam do universo das penas
alternativas uma grande parte dos delitos que poderiam receber, sem alterar a
realidade do sistema carcerário brasileiro.
Ainda, destaquemos que as normas jurídicas brasileiras preservam uma
área de excessiva discricionariedade judicial. A lei apresenta lacunas para
interpretações não-objetivas, permitindo que o juiz não a aplique ao caso concreto,
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eis que, se o condenado não cumprir os requisitos objetivos, a sua pena privativa de
liberdade não será substituída.
Entretanto, o juiz pode rejeitar a substituição com base em elementos
subjetivos, previstos no artigo 59 do CP, que por sua vez, prevê que o juiz leve em
consideração a culpa, o histórico, a conduta social, a individualidade do autor do crime,
os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime e o comportamento da
vítima.
Em análise do artigo 33 do CP, é possível compreender esse raciocínio
analisando os verbos, sendo eles obrigatórios caso se queira impor a pena privativa
de liberdade e facultativos caso seja proposta pena restritiva.
Sendo assim, a item ‘a’ do § 2º “impõe" que o sujeito que foi condenado à
pena maior que 8 anos "deverá" iniciar o seu cumprimento em regime fechado, porém
os itens ‘b’ e ‘c’ “recomendam" que o sujeito que não seja reincidente, cuja pena seja
maior que 4 anos e não ultrapasse 8 anos, e o que não tenha reincidido, cuja pena
seja igual ou maior a 4 (quatro) anos, "poderão", desde o começo, cumprir em regime
semiaberto na primeira ocorrência e em regime aberto na segunda.
Cursando a legislação penal, percebe-se a “timidez” do legislador em
escolher pelos substitutivos da pena privativa de liberdade. Bastaria que o corpo da
lei aplicasse maior imperatividade e as restritivas certamente teriam maior efetividade.
Foucault, por meio de sua obra “Vigiar e Punir”12, pondera sobre o controle
penal para além do alcance espaço-corporal, numa tendência de extinguir o corpo
como alvo principal da repressão penal.
Segundo o autor, a punição vai-se tornando “a parte mais velada do
processo penal, provocando várias consequências: deixa o corpo da percepção quase
diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade, não
à sua intensidade visível”.
Foucault trabalhou para uma nova visão das instituições prisionais e da
sociedade contemporânea no tratamento das prisões, a ponto de levar o seu leitor a
questionar, se horrorizar, a recusar e, ao mesmo tempo, percebem assimilações e
buscam mudanças nos mecanismos de aprisionamento.
13 Souza, Guilherme Augusto Dornelles de. “Punir menos, punir melhor: Discurso sobre crime e punição na
11
2.1 A execução do Direito Penal no Brasil
Sendo assim, a gestão dos conflitos sociais é uma função histórica que dá
origem ao Estado Moderno. De acordo com as premissas liberais, Estado só tem o
dever de intervir nas relações sociais quando a lei da reciprocidade é transgredida
pelos indivíduos.
Essa premissa liberal encontra seu eixo na regulação das relações civis e
se reproduz também âmbito penal. Por outro lado, analisando-se a instituição estatal
sob outros prismas teóricos críticos da visão liberal, o Estado é identificado como a
instituição que realiza a intermediação das relações sociais, portanto não é neutro em
relação à sua produção e reprodução no cotidiano da vida social, mas se confunde
com ela na medida em que reproduz em seus fundamentos e formas de ação às
mesmas incoerências que existem na estrutura da sociedade disponível.
14
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, Forense: Rio de Janeiro, 2014
15 FALEIROS, Vicente de Paula. A política social do Estado Capitalista. 8.ed.rev. São Paulo: Cortez, 2009.
12
burocrática, um mediador da prática social capaz de organizar o que parece ser o
interesse geral de um determinado território.
Mello (2014) explica que o direito penal envolve um conflito entre liberdade
e intervenção, dando destaque a outro princípio, o princípio da proporcionalidade, que
implica a adequação da norma, necessidade e intervenção estatal na vida do
indivíduo, que deve ser mínima.
13
criminoso corno meios de impedi-lo de voltar a delinquir. A
prevenção geral é representada pela intimidação dirigida ao
ambiente social (as pessoas não delinquem porque têm medo
de receber a punição); c) Teoria mista, eclética, intermediária
ou conciliatória: a pena tem dupla função de punir o criminoso
e prevenir a prática do crime, pela reeducação e pela intimidação
coletiva (CAPEZ, 2004, p. 339-340 – grifos nosso).
14
Medidas Alternativas (CENAPA), administrado por uma gestão que fazia parte da
Secretaria Nacional de Justiça, no Ministério da Justiça.
15
de 2009 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afirmam e recomendam esse modelo
de promoção de políticas punitivas e medidas alternativas.
17 JACCOUD, Mylène. Princípios, Tendências e Procedimentos que Cercam a Justiça Restaurativa. In: SLAKMON,
C.; DE VITTO; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça Restaurativa. Brasília-DF: Ministério da Justiça
e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, 2005. p. 163-186.
18
Assim, ao incorporar à política a perspectiva de participação comunitária,
horizontalidade, compromisso com o restabelecimento das relações sociais e
promoção de uma cultura de paz, percebe-se que o Estado brasileiro assume a
liderança em algumas propostas legislativas que impõem importantes desafios para a
implementação de medidas alternativas e penalidades no país.
18 Conforme os estudos de Leite (2016), intitulado: postulados, princípios e diretrizes para a política de alternativas
penais (brasil, 2016).
19
2.4.1 Primeiro postulado: intervenção penal mínima, desencarceradora e
restaurativa
20
i) Os crimes com pena máxima aplicada em até dois anos
considerados de menor potencial ofensivo, serão recebidos
pelos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) e para eles
poderão ser aplicados a transação penal e a suspensão
condicional do processo. ii) Os crimes com pena máxima
aplicada em até dois anos, com ou sem violência, poderão
receber suspensão condicional da pena. iii) Os crimes com pena
máxima aplicada em até quatro anos, sem violência ou grave
ameaça, poderão receber uma pena restritiva de direito
19 ACHUTTI, Daniel. Justiça Restaurativa e Abolicionismo Penal: contribuições para um novo modelo de
administração de conflitos no Brasil. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016
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alternativas penais são: “incentivo à participação da comunidade e da vítima na
resolução de conflitos; responsabilização da pessoa que recebe uma medida e a
manutenção do seu vínculo com a comunidade; e a restauração das relações sociais”
(LEITE, 2016, p. 19).
Assim, a Lei das Cautelares (Lei 12.403/11) foi editada com o objetivo de alterar
o Código de Processo Penal e coibir o uso indiscriminado da prisão preventiva,
ampliando as possibilidades de medidas preventivas e introduzindo no sistema de
justiça criminal diversas alternativas à prisão e liberdade condicional.
20 Para saber um pouco mais sobre cada princípio, leia a obra de (LEITE, 2016, p. 27-30).
23
de prisões em flagrante, é possível, mas também necessário, assegurar que as
medidas de isenção sejam aplicadas.
24
necessidades reais; autonomia, consensualidade e voluntariedade; e
responsabilização.
Portanto, a referida autora relata que por alternativas penais, dados todos
os elementos considerados, pode-se compreender os mecanismos de intervenção no
conflito e na violência fora do sistema prisional, no quadro do sistema prisional que
visa restabelecer relações e promover uma cultura de paz, baseada na
responsabilidade com dignidade, autonomia e liberdade. No que se refere aos
princípios do terceiro postulado, a autora revela: interinstitucionalidade; interatividade
ou participação social; e interdisciplinaridade.
25
ao autor de um crime. De acordo com os estudos citado de Achutti (2016), não há um
consenso adequado entre os autores que pesquisam a definição de JR, pois é
entendida como um valor indissociável que impulsiona esse novo modelo de justiça
com a participação ativa de todas as partes interessadas.
21
TOEWS, Barb. Justiça restaurativa para pessoas na prisão: construindo as redes de relacionamento.
Tradução de Ana Sofia Schmidt de Oliveira. São Paulo: Palas Athena, 2019 (Série Da reflexão à ação).
26
No entanto, a experiência mostra que esse entendimento não corresponde
à realidade, razão pela qual é preciso desmistificar o mito de que o uso de JR se limita
apenas a crimes considerados de menor potencial, ou seja, leve.
Com base nos princípios e valores que regem a JR, pretende-se mostrar
como esse novo paradigma pode contribuir para a construção social da cidadania e o
fortalecimento da democracia. Sendo assim, a JR se pauta:
Nesse sentido, todo projeto de JR dentro dos presídios passa por certas
dificuldades, uma delas é que determinado ambiente prisional é pautado na visão
punitiva e não adere ao objetivo da ressocialização e não preconiza o processo
27
ressocializador do preso. Estamos, portanto, diante de uma questão que expressa
valores difundidos na sociedade.
23 SANTOS, Caio Vinícius de Jesus Ferreira dos; SANTANA, Selma Pereira de. Constitucionalismo brasileiro tardio
e a racionalidade penal moderna: A Justiça Restaurativa como mecanismo de formação e revitalização da
cidadania. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFBA, [S. l.], v. 28, n. 1, p. 150-171, 2018.
29
Para tanto, é essencial (re)adaptar das práticas restaurativas importadas
ao contexto sociocultural brasileiro, é necessário avaliar adequadamente os
movimentos sociais e comunitários, para que haja adequação para a nossa realidade,
para as pessoas envolvidas, para as características das relações sociais de cada
regionalidade.
24 PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. As práticas restaurativas no sistema prisional brasileiro. In: VITTO,
Renato C. P. de; DAUFEMBACK, Valdirene. (orgs.). Para além da prisão: reflexões e propostas para uma nova
política penal no Brasil. Belo Horizonte: Letramento/Caso do Direito, 2018. 1 v. Cap. 7. p. 185-202.
25 ANDRADE, Vera Regina Pereira de (coord.). Pilotando a Justiça Restaurativa: o papel do Poder Judiciário.
Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2018.
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Assim, devido ao fracasso das respostas oferecidas pela justiça criminal
tradicional, torna-se necessário adotar uma nova forma de lidar com conflitos de
natureza criminal e criar espaço para implementar práticas restaurativas, sendo um
espaço de integração, capaz de arrefecer ânimos, de diminuir discriminações e
preconceitos.
26TOEWS, Barb. Justiça restaurativa para pessoas na prisão: construindo as redes de relacionamento.
Tradução de Ana Sofia Schmidt de Oliveira. São Paulo: Palas Athena, 2019 (Série Da reflexão à ação).
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é a indicação do presente curso, oferece ao instruendo a possibilidade de
compreender que inovações em humanização são práticas rotineiras e buscas de
melhoria contínua na execução da pena.
27PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. As práticas restaurativas no sistema prisional brasileiro. In: VITTO,
Renato C. P. de; DAUFEMBACK, Valdirene. (orgs.). Para além da prisão: reflexões e propostas para uma
nova política penal no Brasil. Belo Horizonte: Letramento/Caso do Direito, 2018. 1 v. Cap. 7. p. 185-202.
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mudanças são as práticas restaurativas, na medida em que
possibilitam, por meio da introdução do diálogo em ambientes
que não raras vezes são geridos pela lei da força e pela
violência, que se estabeleça uma nova forma de comunicação
na gestão dos conflitos, contribuindo, assim, para a redução da
tensão no ambiente prisional e para a horizontalização da
comunicação e das relações entre presos e entre os servidores.”
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de práticas restaurativas e disponibilizar aos presos e agentes
públicos um efetivo serviço de administração de conflitos
baseado no diálogo; 4º pilar - a criação de um Comitê Gestor da
Política de Práticas Restaurativas no nível da secretaria de
estado responsável pela política penitenciária, o qual será
integrado pelos órgãos e instituições responsáveis pela
execução penal. O objetivo precípuo desse Comitê seria a
discussão dos desafios que possam inviabilizar a
implementação das práticas restaurativas no âmbito do sistema
prisional; 5º pilar - a importância do desenvolvimento de ações
de sensibilização de servidores penitenciários e de presos em
relação à política de práticas restaurativas. Essas ações podem
se aperfeiçoar a partir de cursos e palestras destinadas
especialmente aos indivíduos que compõem o sistema prisional
brasileiro, na condição de presos ou como servidores.
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Convidamos os nossos alunos que estudem mais sobre o conteúdo, a partir
da apostila de Mediação de Conflitos, a qual preceitua fundamentos relativos ao seu
processamento e pode enriquecer a presente exposição, certo de que os conteúdos
conversam entre si e demonstram a circularidade dos assuntos.
Portanto, deve-se ressaltar que a vítima, muito mais do que uma punição,
exige reparação integral, também em relação ao seu aspecto moral, o que é
incompatível com as normas vigentes, o que bem possível com as práticas
restaurativas.
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abordagens especializadas para tipos específicos de criminosos; 6) promover e
consolidar projetos e práticas de justiça restaurativa; 7) ampliar a capacidade de
intervenção em conflitos e violência.
https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/seminario-apresenta-exitos-da-justica-
restaurativa-em-mg-8A80BCE57C12C870017C2941193128B6.htm#.ZDtf43bMLIU
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Essa reportagem de 2021 apresenta aplicações de práticas restaurativas
demonstradas por magistrados do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG),
intitulada “Aplicações da Justiça Restaurativa: casos práticos e experiências em Minas
Gerais”. O evento contou com a parceria entre a Escola Judicial Desembargador
Edésio Fernandes (Ejef) e a 3ª Vice-Presidência do TJMG, o qual teve como objetivo
trazer motivações para magistrados, servidores e pessoas que estivessem
interessadas a conhecer e realizar implementação de projetos restaurativos a partir
do contato com iniciativas bem-sucedidas em Minas Gerais.
Vale destacar também que projetos desse tipo ainda têm impacto relevante,
mesmo que ainda não sejam vistos como resultado de uma política pública definida.
Portanto, mesmo que falte essa definição de que eles têm experiências diferentes,
ainda que isoladas, mas que cumprem o objetivo de reparar danos e abrir portas para
políticas públicas efetivas.
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É necessário antecipar a questão da implementação de projetos
restaurativos nas prisões, com particular atenção ao desenvolvimento de parceiros
institucionais e à questão da sensibilidade dos envolvidos: reclusos, vítimas e Policiais
Penais e, para tanto, a SEJUSP e o DEPEN preparam o caminho para a concepção
de uma cultura de humanização e de gestão de conflitos, para tornar mais harmônica
a integração social do indivíduo privado da liberdade.
Para que seja possível falar em uma prisão com projetos restaurativos, é
preciso que a execução das penas seja devidamente pautada pela aquisição de
capacidades e pela orientação aos presos, no intuito de dar impulso à recuperação de
suas vidas e o pleno exercício da cidadania.
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Ressalte-se que, em todos os casos, o vínculo com os familiares é
fundamental para atender ao que dizem nossos direitos fundamentais de nossa
Constituição para promover a inclusão e o convívio social dos presos de forma mais
humanizada.
2) De acordo com Leite (2016), qual alternativa NÃO se refere ao primeiro postulado:
intervenção penal mínima, desencarceradora e restaurativa:
a) Irretroatividade.
b) Celeridade.
c) Imputação pessoal.
d) Interatividade.
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3) Conforme os estudos de Leite (2016), qual alternativa se refere ao segundo
postulado: intervenção penal mínima, desencarceradora e restaurativa:
a) Responsabilização
b) Interdisciplinaridade
c) Economia
d) Provisoriedade
REFERÊNCIAS
BARATTA, Alessandro. Princípios do direito penal mínimo. Para uma teoria dos
direitos humanos como objeto e limite da lei penal. Tradução de Francisco Bissoli
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Filho. Doctrina Penal. Teoria e prática em las ciências penais. Ano 10, n.87. P. 623-
650.
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__________. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN.
Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Infopen. Brasília:
DEPEN, 2014.
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LEITE, Fabiana de Lima. Postulados, princípios e diretrizes para a política de
alternativas penais. Brasília: Ministério da Justiça; CNJ, 2016.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, Forense: Rio de Janeiro, 2014
7. p. 185-202.
43
SANTOS, Caio Vinícius de Jesus Ferreira dos; SANTANA, Selma Pereira de.
Constitucionalismo brasileiro tardio e a racionalidade penal moderna: A Justiça
Restaurativa como mecanismo de formação e revitalização da cidadania. Revista do
Programa de Pós-Graduação em Direito da UFBA, [S. l.], v. 28, n. 1, p. 150-171,
2018.
SOUZA, Cláudio Daniel de; ACHUTTI, Daniel. Cultura do medo e Justiça Restaurativa:
o papel dos meios alternativos de resolução de conflitos no âmbito penal na
construção de uma sociedade democrática. Revista de Formas Consensuais de
Solução de Conflitos, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 13-27, jul./dez. 2018.
SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de. Punir menos, punir melhor: discursos
sobre crime e punição na produção de alternativas à prisão no Brasil. Porto
Alegre, 2014.
TERRA, Lígia Machado Terra; SILVA, Thalita Araújo; SOARES, Yollanda Farnezes.
Práticas restaurativas no sistema prisional brasileiro: uma análise das potencialidades
e dos desafios. Publ. UEPG Appl. Soc. Sci., Ponta Grossa, 2021.
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