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07/12/2023, 15:51 Teorias da sanção penal

Teorias da sanção penal


Luciana Fernandes

Descrição

Aspectos gerais da sanção penal, sua historicização, teoria geral,


funções e princípios gerais norteadores.

Propósito

Conhecer as teorias da sanção penal é essencial para que se reflita


sobre os efeitos imediatos da responsabilização penal e para que se
coloque em perspectiva a legitimação do sistema penal.

Preparação

Antes de iniciar este estudo, tenha em mãos a Constituição, o Código


Penal e as seguintes leis penais extravagantes: Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/2019); Lei de Execuções Penais (art. 112, Lei nº 7.210/84); Lei
de Execuções Penais (Lei nº 7.210/1984); e Lei nº 13.271/2016.

Objetivos

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Módulo 1

Transformações históricas

Analisar as transformações históricas da sanção penal

Módulo 2

Teorias e finalidades

Identificar as teorias e as finalidades das penas

Módulo 3

Princípios constitucionais

Listar os princípios constitucionais afetos à pena, bem como o


modelo de responsabilização criminal ancorado na Constituição

Introdução
O direito penal é certamente um dos ramos de nosso campo de
atuação mais singulares. Dada a centralidade dos efeitos
decorrentes da responsabilização criminal, é referido inclusive a
partir da menção à sua sanção apriorística: a “pena”. Lidamos,
nessa área, com a habilitação de uma modalidade de coerção
estatal que pode ser definida como “ato de violência programado
pelo poder político e racionalizado pelo saber jurídico” (CARVALHO,
2013, p. 41).

Diferente da sanção no direito civil, que interpela direitos


patrimoniais, disponíveis, a sanção penal coloca em constante
risco a liberdade e a dignidade de pessoas que estejam em
conflito com a lei, bens centrais e cujas perdas são, na maioria das
vezes, irrecuperáveis. Isso implica que tenhamos compromisso e
responsabilidade, em um curso sobre “penalogia”, com a redução
de danos e com os direitos humanos.
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Por isso, neste estudo, conheceremos a historicização, o conceito,


as teorias legitimantes e não legitimantes da sanção penal e o
arcabouço de princípios de direitos humanos e constitucionais que
regem a matéria. São assuntos essenciais para refletirmos sobre
como construir uma dogmática penal democraticamente engajada
e que possa nos fazer sempre voltar às perguntas que sugerimos
para conduzir seu estudo:

Por que punir? & Como punir?

1 - Transformações históricas
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as transformações
históricas da sanção penal.

video_library
Transformações históricas da
sanção penal
No vídeo a seguir, a professora Luciana Fernandes apresenta um
panorama sobre as transformações históricas da sanção penal. Vamos

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assistir!

Embora atualmente, em regra, naturalizemos que uma das respostas


oferecidas pelo Estado para uma situação conflituosa com relevância
penal seja uma pena aflitiva, nem sempre foi assim. A história da pena
por excelência de nosso campo de pesquisa, a privativa de liberdade,
está conjurada com a história do capitalismo na Europa Central e, em
países como o Brasil, com o colonialismo e a transição para o regime
republicano pós-abolição formal do regime escravocrata.

Neste módulo, iremos remontar a este passado, historicizando a sanção


penal, e discutir, em linhas gerais, como os poderes centralizados
passaram a gerir o poder punitivo ao longo dos últimos séculos e de que
forma essa gestão ainda se mantém justificada.

Punição e o Estado
absolutista na Europa Central
do século XIII: o modelo do
suplício
Na Europa Central, século XIII, a emergência do Estado absolutista fez
surgir um dos primeiros modelos de gestão centralizada das penas: o
Tribunal da Inquisição. Assim se deu o nascimento dos rituais
administrados de gestão da conflitividade e da violência, a partir da
centralização da Igreja e do Estado, que se utilizaram do discurso
médico, teológico e jurídico para inaugurar uma forma de punição até
então desconhecida pelas comunidades anteriores (BATISTA, 2016).

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Se até nas sociedades feudais — e ainda nos dias de hoje, nas


comunidades tradicionais e povos originários — os conflitos eram
(auto)compostos entre as partes, a partir de tratativas horizontalizadas,
com os movimentos de criação de um poder hierarquizado e central, que
deram origem às monarquias e ao aparato colonial, foram sendo
aniquiladas as formas de solução que não envolviam as forças
soberanas.

Conforme o absolutismo ia fortalecendo-se, o


conflito ia sendo confiscado (FOUCAULT,
2009) e um sistema próprio de
responsabilização, vantajoso aos interesses dos
poderes instituídos, ia sendo organizado.

As primeiras penas impostas pelo Estado, assim, foram decorrência do


momento que sucedeu à centralização do Estado e da Igreja, qual seja, a
Inquisição, e de seu procedimento bastante próprio, que tomava a
objetificação do herege e da bruxa, a tortura e a confissão como
métodos. Foi na Idade Média, portanto, que surgiu a primeira agência de
aplicação de castigos (ANITUA, 2008) no sentido aflitivo que hoje
conhecemos, já que antes disso as sociedades mantinham formas de
autocomposição dos conflitos.

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Um dos principais filósofos a recuperar essa história foi Michel Foucault,


que, ao analisar o período, referiu-se ao método de punição daquele
tempo como “suplício” (FOUCAULT, 2009). Segundo o autor, os castigos
impostos pelos Tribunais inquisitoriais — como já dito, os primeiros
aplicados por um poder soberano centralizado — tinham como
elementos constitutivos:

A dor corporal O espetáculo


(sofrimento físico) add

As cenas dos sofrimentos em praça pública, após uma jurisdição


marcada pelas técnicas de extração da verdade baseadas na tortura e
pela construção da figura de pessoas acusadas como inimigas,
sintetizam essa primeira orientação do poder burocrático.

Por isso é possível dizer que, no nascedouro da ideia de pena que hoje
temos como referência, residem as punições inquisitoriais que
imprimiam sofrimento corporal e chegavam ao limite da morte como
principal expressão. Assim como o espetáculo, momento catártico em
que as pessoas “julgadas” eram apresentadas à comunidade como o
“mal” que deveria ser aniquilado, servindo a pena como um exemplo de
“penitência” para todas as pessoas que viviam aquela experiência e
como um verdadeiro entretenimento que fazia nutrir, em todos
atravessados por essas forças, o desejo pela punição.

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Saint Dominic Presiding over an Auto-da-fe, Pedro Berruguete, 1495.

O suplício, portanto, primeiro modelo de pena das


burocracias estatais, voltava-se ao corpo e tinha como
base um procedimento de responsabilização criminal
pautado na perseguição daqueles que eram indicados,
sobretudo pelo clero, como “subversores”, uma ordem
que se manteve até o século XV. E esta é a gênese até
hoje presente na forma como pensamos e sentimos a
questão criminal (BATISTA, 2016).

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Disciplina e prisão na Europa


Central e a historicização do
poder punitivo brasileiro
Ainda que não tenhamos tido nenhum tribunal de inquisição no Brasil,
nossa matriz de direito, que é ibérica, veio carregada por essa
localização, assim como os primeiros juristas que chegavam aqui como
elite colonial e formaram as primeiras burocracias organizadas. Além
disso, o colonialismo e as atrocidades promovidas pelo escravismo e
pelo genocídio de negros africanos e indígenas historicizaram o poder
punitivo brasileiro na violência do poder imperial que dava à ideia de
suplício um tom bastante próprio.

Execução da punição de açoitamento, Jean-Baptiste Debret, anterior a 1830.

O segundo modelo de punição referido por Foucault


(2009) é o modelo disciplinar, do qual emergem as
prisões. Com o Estado Moderno, entre os séculos XIII e
o XVIII, as técnicas da Inquisição passaram a ser
conciliadas com o fortalecimento da burguesia e de
novas estruturas que fundamentavam os próprios
poderes instituídos.

Na ambiência do iluminismo, na Europa Central, emerge, então, o


contratualismo e começam a efervescer revoluções que questionavam o
absolutismo, bem como passaram a entrar nas agendas políticas

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reivindicações por um sistema de direitos que limitasse os arbítrios do


soberano.

Desse modo, junto com o avanço do capitalismo, entram em pauta


ideias como a da legalidade, além de outras garantias, que acabam
demandando novas técnicas de responsabilização e punição, já que as
práticas de punição-castigo legitimadas pelo discurso teológico
inquisitorial se mostravam inconciliáveis com o contexto desenhado.
Além disso, avolumavam-se os de contingentes de mão de obra que
passavam a ser exploradas pela burguesia nascente, um antigo
campesinato que agora experenciava as rotinas esgotantes das
primeiras fábricas.

Nesse contexto, os sistemas de penalidades, mecanismos de coerção


dos mais diversos, já não eram mais pautados no sofrimento carnal
espetacularizado, mas sim nos dispositivos técnico-disciplinaresque
passaram a capturar o tempo das pessoas , especialmente da classe
proletária:

A prisão deve ser um aparelho


disciplinar exaustivo. Em vários
sentidos: deve tomar a seu cargo
todos os aspectos do indivíduo, seu
treinamento físico, sua aptidão para
o trabalho, seu comportamento
cotidiano, sua atitude moral, suas
disposições; a prisão, muito mais
que a escola, a oficina ou o exército,
que implicam sempre numa certa
especialização, é “onidisciplinar”.
Além disso a prisão é sem exterior
nem lacuna; não se interrompe, a
não ser depois de terminada
totalmente sua tarefa; sua ação
sobre o indivíduo deve ser
ininterrupta: disciplina incessante.

(FOUCAULT, 2009, p. 198-199)

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As primeiras prisões na Europa Central, portanto, foram retrato desse


processo, com modelos de arquitetura e técnicas de disciplinamento
muito similares às das fábricas (RUSCHE; KIRCHHEIMER, 2004).

Saiba mais

Destaca-se que as prisões não foram as únicas instituições


“disciplinares”. Foi nesse período também que o sistema liberal-clássico
de direitos surgiu, reivindicando uma série de balizas jurídico-normativas
para os procedimentos de responsabilização e para as coerções penais.
Segundo Baratta (2002, p. 33), os discursos consistiam em uma
“formulação pragmática dos pressupostos para uma teoria jurídica do
delito e da pena, assim como do processo, no quadro de uma
concepção liberal do estado de direito”.

No Brasil, o liberalismo foi sendo conciliado com o escravismo das


Ordenações Filipinas ao Código de 1830, que sustentavam um sistema
de punições que imprimia os sentidos mais brutais ao sofrimento
corporal nas senzalas e mantinham o sistema de garantias para as
elites coloniais. As garantias liberais da Constituição de 1824, que só
atingiam homens brancos e proprietários, foi dando o tom para como o
sistema de justiça criminal se organizava e como se racionalizava a
sanção penal em nosso território, enquanto legitimava toda a ordem de
alijamentos que a escravização promoveu.

Jean-Baptiste Debret, 1826.

Atenção!

No território brasileiro, a historicização em termos de cisões completas


entre o sentido das sanções penais disciplinares e das suplicantes não
faz sentido, por isso, deve-se atentar para a forma como se entrecruzam
e se apresentam até hoje.

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Com a emergência de um sistema sólido de garantias, após o pacto


democrático, embora as formas mais sutis dessa história ainda estejam
apresentadas — e estejam evidentes na forma como se naturalizam
violências no cárcere, por exemplo — nosso papel é reivindicar por um
conjunto de direitos que possa tomar como compromisso a ampliação
dos sentidos de liberdade e a contenção das formas brutais de
sofrimento que a sanção penal pode imprimir.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

(DPE-SP - 2012) Em Vigiar e Punir, Michel Foucault explicita os


mecanismos disciplinares de poder que, segundo o filósofo,
caracterizam a forma institucional da prisão do início do século XIX.
De acordo com as análises deste autor, pode-se afirmar que a
modalidade panóptica do poder disciplinar:

Não está na dependência imediata nem é o


prolongamento direto das estruturas jurídico-
A
políticas de uma sociedade e, portanto, é
absolutamente independente destas estruturas.

Está na dependência imediata e é o prolongamento


direto das estruturas jurídico-políticas de uma
B
sociedade e, desse modo, é absolutamente
dependente destas estruturas.

Está na dependência imediata, mas não é o


prolongamento direto das estruturas jurídico-
C
políticas de uma sociedade e, desse modo, é
absolutamente dependente destas estruturas.

Não está na dependência imediata, mas é o


prolongamento direto das estruturas jurídico-

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D políticas de uma sociedade e, entretanto, não é
absolutamente dependente destas estruturas.

Não está na dependência imediata nem é o


prolongamento direto das estruturas jurídico-
E
políticas de uma sociedade e, entretanto, não é
absolutamente independente destas estruturas.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Os mecanismos disciplinares analisados por Foucault, dentre os


quais está a prisão — embora nela não se esgote — estão em
permanente comunicação com as estruturas jurídico-políticas, as
quais legitimam o poder punitivo, mas delas não dependem. Isso
porque as relações de poder que estão inscritas ao fenômeno
tornam essas relações capilarizadas.

Questão 2

(DPE-ES - 2016 - ADAPTADA) Na história da administração penal,


várias épocas podem ser destacadas, durante as quais vigoraram
sistemas de punição completamente diferentes. Indenização
(penance) e fiança foram os métodos de punição preferidos na
Idade Média. Eles foram sendo gradativamente substituídos por um
duro sistema de punição corporal e capital que, por sua vez, abriu
caminho para o aprisionamento, em torno do século XVII. (RUSCHE,
G.; KIRCHHEIMER, O. Punição e Estrutura Social. 2. ed. Rio de
Janeiro: Revan, 2004, p. 23)

De acordo com o clássico trabalho de Rusche e de Kirchheimer de


1939, é correto afirmar que:

A pena de prisão foi tida pelos autores como uma


forma positiva de adaptação dos trabalhadores ao
A
sistema produtivo, trazendo a ressocialização ao
centro do sistema punitivo.

O surgimento da prisão como forma hegemônica de


punição da modernidade foi uma conquista
B

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iluminista de humanização das penas frente à


barbárie da Idade Média.

Os autores críticos que fazem essa historicização


das formas de sanção penal não percebem
C
nenhuma relação entre as formas de punição da era
medieval e moderna.

Não há nenhuma relação entre as prisões e as


D
fábricas.

A pena de prisão é relacionada ao surgimento do


capitalismo mercantil, com a consequente
E
necessidade de disciplina da mão de obra para
beneficiar interesses econômicos.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Rusche e Kirchheimer foram dois dos maiores autores que


historicizaram as sanções penais, no clássico Punição e Estrutura
Social, e foi a partir de seus estudos que Foucault escreveu o
conhecido livro Vigiar e Punir. Incrédulos de qualquer função
positiva da pena de prisão, eles a relacionaram com a emergência
do capitalismo mercantil, mas não deixaram de refletir sobre a
forma como ainda hoje podem estar relacionadas com formas
anteriores de sancionamento, leitura que propusemos ao longo do
módulo.

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2 - Teorias e finalidades penais


No final deste módulo, você será capaz de identificar as teorias e as
finalidades das penas.

video_library
Teorias e finalidades da pena
No vídeo a seguir, a professora Luciana Fernandes comenta sobre as
diferentes teorias da pena e suas funções. Vamos assistir!

Neste módulo, continuaremos a estudar a pena, explorando a sua


definição, teorias e as suas finalidades. Ter em vista um bom conceito
de pena, no campo do direito que leva o nome mesmo da sua sanção
por excelência, é fundamental para que não se perca de vista quais os
efeitos da manutenção e justificação do poder que lhe é correlato, o
punitivo. Do mesmo modo, refletir sobre a questão “para que serve a
pena no direito penal?”, que colocamos como sugestão de orientação

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dos estudos dos tópicos que serão desenvolvidos, é basilar para que se
construa um sistema de justiça criminal democrático.

Começando pela definição, é possível dizer que


a pena é um ato de poder, resultando na
imposição, pelo Estado, da perda de diversos
direitos, sobremaneira o da liberdade, à pessoa
que comete um crime.

Nesse sentido, tomamos emprestadas as lições clássicas de Heleno


Fragoso:

[o direito penal] visa, segundo a


teoria dominante, a garantir as
condições fundamentais e
indispensáveis da vida social,
distinguindo-se pelo meio específico
de coação e tutela com que atua e
que é precisamente a pena. Essa
sanção característica da lei penal,
ou seja, a pena, não consiste na
execução coativa do preceito
jurídico violado (praeceptum legis),
mas na perda de um bem jurídico
imposta ao autor do ilícito, isto é,
um mal infligido ao réu, em virtude
de seu comportamento antijurídico.

(FRAGOSO, 1955, p. 57)

A construção filosófica da sua justificação, no campo da dogmática


penal, foi disputada por alguns autores ao longo da história, que
conceberam aquilo a que hoje nos referimos como teorias em torno do
conceito e razão da pena. Conhecer as teorias e como se conectam
com as finalidades declaradas (ou oficiais) da pena é central também
para nosso estudo.

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Teoria absoluta da pena e a


finalidade retributiva
A teoria absoluta da pena surge ambientada no idealismo alemão,
principalmente ancorada na metafísica kantiana. Com esse movimento,
a pena passou a ser racionalizada, em linhas gerais, como um fim em si
mesmo. Isso quer dizer que, para a teoria, é irrelevante qualquer efeito
ou projeção social e a pena permanece justificada por seu intrínseco
valor axiológico.

Esse modelo sustenta-se na matriz do contratualismo, a partir do qual o


crime é visto como uma violação ao contrato social. A pena, então,
emerge como uma obrigação, como uma indenização e, por isso, como
um direito/dever estatal. Segundo Ferrajoli (2012, p. 204), a sanção aqui
se fixaria “não em meio, e tampouco um custo, mas sim um dever ser
metajurídico que possui em si seu próprio fundamento”.

Desse modo, a pena representaria uma resposta ao ato de se ter


delinquido e qualquer tentativa de justificá-la por razões utilitárias —
como veremos nas chamadas funções preventivas da pena, no item
seguinte — implicaria uma “afronta à dignidade humana do delinquente,
já que este seria utilizado como instrumento para a consecução de fins
sociais” (PRADO, 2004, p. 2).

A legitimação da pena estaria colocada na reparação pelo ato cometido,


que, conforme Fragoso (1955, p. 57):

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No caso de Kant, viria No caso de Hegel, seria


como uma retribuição uma retribuição jurídica,
moral, “segundo a qual "em que a pena aparece
a pena é concebida como negação do delito
como exclusivo add e como
princípio de justiça e restabelecimento do
como imperativo império do direito".
categórico".

A justificação da pena criminal — por que


punir? — estaria na reparação da violação a um
dever jurídico.

Essa teoria está diretamente relacionada a uma primeira função


declarada, a da retribuição. Segundo ela, a sanção penal representaria a
imposição de um “mal justo contra o mal injusto do crime” (SANTOS,
2014, p. 425). Trata-se da mais antiga função atribuída e que retoma a
ideia de um imperativo de justiça, uma compensação da culpabilidade
contra aquela pessoa que pratica um crime, por isso, dotada de natureza
expiatória.

Uma das principais críticas à teoria absoluta é que, por dispensar


qualquer justificativa que considerasse os impactos para a sociedade e
para a pessoa acusada, a sanção poderia ser um mero instrumento de
vingança estatal, um ato de poder que, em vários níveis, poderia se
mostrar — como se tem mostrado — discricionário. Seria como impor o
mal pelo mal (CARVALHO, 2013, p. 58). Há que se questionar, todavia, o
quanto essa visão persiste nos discursos oficiais da pena como suposta
neutralização por um mal cometido, e como esse discurso carece de
evidências.

Saiba mais

Alguns dos autores que a defendem dizem que deve travestir-se de um


efeito justamente limitativo do poder, “segundo o qual o delito
perpetrado deve operar como fundamento e limite da pena, que deve ser
proporcional à magnitude do injusto e da culpabilidade” (PRADO, 2004,
p. 2). Assim, sob o aspecto normativo, vale lembrar que só se sustenta
desde que amparada nas mais íntimas relações que possa vir a ter com
os preceitos constitucionais e os direitos humanos.

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Teoria relativa e funções


preventivas da pena
No lado oposto da teoria absoluta, estão as teorias relativas da pena
que encontram um fundamento utilitário para a sanção penal. Aqui, são
colocadas utilidades para a sanção penal. Segundo essa teoria, a pena
deveria basear-se na proporcionalidade, necessidade e culpabilidade e
teria uma finalidade intimidatória, “pois o exemplo aplicado ao infrator
seria o meio necessário para constranger o corpo social a não incorrer
na mesma conduta” (CARVALHO, 2013, p. 63).

Essa teoria dialoga com a função declarada da prevenção, que se


subdivide em duas outras:

Prevenção geral Prevenção especial


add

Primeiro, a função de prevenção geral, segundo a qual a pena estaria


dirigida à coletividade. O Estado puniria, aqui, reforçando seus pilares
normativos, para evitar a prática de crimes pelas demais pessoas
daquele corpo social — consideradas, assim, na sua abstração.

Também referida como de função pedagógica


ou formativa, a sanção penal teria um efeito
dissuasório, intimidando ou coagindo
psicologicamente qualquer integrante da
sociedade que cogitasse infringir a lei.

A prevenção geral costuma ser subdividida em duas outras:

Prevenção geral positiva (ou integradora) expand_more

Destaca que a sanção reforçaria a coesão social naquela


sociedade, fortalecendo a confiança normativa. Por meio da
resposta oferecida pelo Estado à violação da lei penal, o poder

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instituído reestabeleceria a vigência da norma e, assim, os


valores sociais, uma função que está em diálogo direto com os
ideais do contratualismo.

Prevenção geral negativa (prevenção geral de intimidação) expand_more

Coloca em foco o caráter intimidatório da pena, isto é, a sua


função pedagógica ao transmitir para a sociedade a resposta
coatora do Estado diante da infração, dissuadindo qualquer
pessoa a violar a lei.

Ainda como função correlata às teorias relativas está a função da


prevenção especial, que, diferentemente da anterior, é dirigida ao
indivíduo que houver praticado o crime, ancorando-se, portanto, em uma
ideia de periculosidade individual. A prevenção especial subdivide-se
em:

Prevenção especial negativa

Considera que a pena impediria o agente a novamente delinquir,


neutralizando-o ao longo da execução penal. Em outras palavras, como
a pessoa que cometeu o crime estaria em um estado de limitação de
direitos, a sanção faria com que ela mesma estivesse coagida a não
reincidir.

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Prevenção especial positiva

Buscaria a chamada ressocialização da pessoa em conflito com a lei,


“realizada pelo trabalho de psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e
outros funcionários da ortopedia moral de estabelecimento
penitenciário” (SANTOS, 2014, p. 428).

As evidências de como diversos delitos podem ser cometidos, inclusive


quando as pessoas estão em execução de uma condenação, coloca em
questão a prevenção especial negativa. Mas é na prevenção especial
positiva que a crítica às funções declaradas se torna ainda mais
veemente.

Inicialmente, porque estrutura-se em uma visão dicotomizante e


salvacionista perigosa da pena, segundo a qual a pessoa deveria ser
“resgatada” ou “melhorada”, patologizando e inferiorizando aqueles que
são selecionados pelo sistema penal.

Essa ideologia, carregada de preconceitos, no geral, volta-se apenas


contra a clientela preferencial do sistema penal, isto é, a juventude
negra, pobre e periférica da sociedade, já que, por exemplo, os
chamados criminosos do colarinho branco, ocupantes das elites do
país, dificilmente são entendidos como pessoas que precisam ser
“recuperadas”.

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Rege esse ideário uma noção extremamente


estigmatizante, já que o pressuposto básico
para o discurso da ressocialização seria o de
que as pessoas em conflito com a lei estariam
apartadas da sociedade.

Ainda, porque está revertida de uma abstração completamente


deslocada da realidade do sistema carcerário brasileiro, que não tem
oferecido condições básicas de atenção às pessoas que respondem à
uma sanção penal. Pelo contrário, tal sistema só tem reforçado efeitos
de estigmas, muitas vezes irreversíveis, que fazem com que uma pessoa
egressa tenha danos psíquicos irreversíveis, dificuldade de se inserir no
mercado de trabalho, ser aceita em alguns de seus círculos sociais e
familiares, entre outros.

Teoria mista
A teoria mista (unitária, eclética, conciliatória ou intermediária), a mais
difundida e variada, adere às funções retributivas e preventivas da pena,
que descrevemos anteriormente. Ou seja:

(...) admitem, ao lado da


necessidade da pena, a sua
utilidade (...) não obstante
atribuírem à pena caráter

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essencialmente ético e, portanto,


um sentido de retribuição, afirmam
que a pena não é um fim em si, mas
visa à repressão e a outros fins
utilitários.

(FRAGOSO, 1955, p. 58)

Assim, para essa teoria, a sanção penal:

Seria uma retribuição ou compensação do injusto (função


retributiva).

Agiria em favor da sociedade, coibindo no geral novas práticas


criminosas (prevenção geral negativa) e reforçando a
segurança normativa (prevenção geral negativa).

Agiria em favor da pessoa em conflito com a lei, neutralizando-


a e, assim, evitando que incorra em crimes ao longo da
execução (prevenção especial negativa) e cumprindo o papel
de corrigi-lo e reintegrá-lo (prevenção especial positiva).

Essa foi a teoria adotada pelo nosso Código


Penal e pela Lei de Execução Penal:

Código Penal, artigo 59 expand_more

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta


social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias
e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime. (Grifo nosso)

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Lei nº 7.210/84, artigo 10 expand_more

A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,


objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência
em sociedade. (Grifo nosso)

As críticas feitas a essa teoria são as mesmas que às suas versões


fragmentadas da função preventiva e retributiva que expusemos
anteriormente. Maria Lucia Karam as refere bem na seguinte indagação:

As dores da privação da liberdade


revelam a irracionalidade da
punição. O sistema penal é
absolutamente irracional. Qual a
racionalidade de se retribuir um
sofrimento causado pela conduta
criminalizada com um outro
sofrimento provocado pela pena? Se
pretende evitar ou, ao menos reduzir,
as condutas negativas, os
acontecimentos desagradáveis e
causadores de sofrimentos, por que
insistir na produção de mais
sofrimento com a imposição da
pena?

(KARAM, 2018, p. 21)

Teoria agnóstica da pena


Lançando-se nesse mote contestatório das funções declaradas, emerge
a teoria agnóstica da pena, tendo como principal expoente o jurista
Eugenio Raúl Zaffaroni (1991), embora sejam muitos os seus
defensores em território brasileiro hoje. Essa teoria parte da descrença

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das finalidades que trabalhamos anteriormente, retributivas e


preventivas, tanto no campo teórico quanto empírico, valendo-se
sobretudo da denúncia dos excessos inerentes ao exercício político do
poder de punir (CARVALHO, 2013).

Para seus defensores, a sanção penal seria um ato de poder, isto é “(a)
uma coerção, (b) que impõe uma privação de direitos ou uma dor, (c)
que não repara nem restitui (d) nem tampouco detém lesões em curso
ou neutraliza perigos iminentes” (FERRAZ, 2018, p. 11).

A única finalidade possível, segundo o modelo


agnóstico, é a da contração do poder punitivo,
cabendo-se pensar apenas, enquanto do seu estágio
de manutenção jurídico-normativa, em estratégias de
redução de danos de seus efeitos imediatos mais
nocivos.

Como dito, segundo aqueles que a propagam, a pena não retribui nem
previne delitos, mas, como ato de coerção, ato político, precisa de um
sistema de contrações. O saber jurídico, nesse caso, deveria ser
mobilizado para que as ferramentas do direito possam restringir o
punitivismo. Trata-se, portanto, não de, propriamente, uma teoria da
pena, mas um modelo dogmático crítico sobre ela (CARVALHO, 2013).

Saiba mais

A visão crítica esboçada dá vazão à reflexão sobre aquilo o que passou


a ser referido enquanto funções não declaradas (ou latentes) da pena.
Além da constatação de que o castigo não é uma consequência do
crime, deve-se notar, a partir desse registro, a funcionalidade do sistema
penal para a manutenção do sistema de desigualdades em nossa
sociedade, por exemplo, já que é mediante as políticas criminais
implantadas que se torna possível criminalizar diferencialmente
determinadas classes de nossa sociedade.

Após a leitura deste módulo, convidamos você a refletir se as funções


declaradas da pena estão sendo cumpridas. Ainda, considerando a
manutenção do poder punitivo, pense como é possível que um Estado
democrático de direito trabalhe com um conceito de pena e com um
sistema de justificação e legitimação da sanção penal a partir de um
sistema de garantias constitucionais, questões que serão desenvolvidas
no último item deste estudo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

(DPE-BA - 2016) “Ao nível teórico, a ideia de uma sanção jurídica é


incompatível com a criação de um mero obstáculo mecânico ou
físico, porque este não motiva o comportamento, mas apenas o
impede, o que fere o conceito de pessoa (...) por isso, a mera
neutralização física está fora do conceito de direito, pelo menos no
nosso atual horizonte cultural. (...) A defesa social é comum a todos
os discursos legitimantes, mas se expressa mais cruamente nessa
perspectiva, porque tem a peculiaridade de expô-la de modo mais
grosseiro, ainda que também mais coerente (...).” (ZAFFARONI, E. R.
et al. Direito Penal Brasileiro I. Rio de Janeiro: Revan, 2003, p. 270)

A teoria da pena criticada na passagem acima é a:

A Agnóstica.

B Retributiva.

C Prevenção especial ressocializadora.

D Prevenção geral intimidatória.

E Prevenção especial negativa.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A citação refere-se a uma finalidade de pena dirigida ao indivíduo,


não à coletividade, motivo pelo qual está alinhada à função da
prevenção especial da pena. Ainda, destaca os efeitos de

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neutralização (isolamento) da pessoa em regime de execução


penal, como nas expressões “neutralização física” e “obstáculo
mecânico ou físico”, finalidade referida, por isso, ao seu aspecto
negativo.

Questão 2

Sobre o tema das “funções da pena”, assinale a alternativa correta:

A prevenção geral negativa ou intimidatória assume


a função de dissuadir possíveis infratores/as da
A
prática de delitos futuros por meio da ameaça de
pena.

A prevenção especial positiva assume a função de


B reforçar a adesão dos cidadãos à ordem social a
que pertencem.

A característica essencial da teoria relativa da pena


consiste em conceber a pena como um mal, um
C
castigo, como retribuição ao mal causado por meio
do delito.

Para a teoria absoluta da pena, a pena se justifica


D não para retribuir o fato delitivo cometido, mas, sim,
para prevenir a sua prática.

Segundo a teoria agnóstica da pena, a sanção penal


bastaria em sua função expiatória, funcionando
E
como dissuasão para a prática de novos delitos na
sociedade.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A prevenção especial volta-se ao indivíduo, não à coletividade,


motivo pelo qual a assertiva B está incorreta. A teoria relativa adere
às funções preventivas, enquanto a absoluta à retributiva, pelo que
estão a C e D, que invertem essa colocação, incorretas. A teoria

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agnóstica coloca em xeque as funções declaradas da pena, o que


torna o último enunciado também incorreto.

3 - Princípios constitucionais
Ao final deste módulo, você será capaz de listar os princípios
constitucionais afetos à pena, bem como o modelo de responsabilização
criminal ancorado na Constituição.

Princípios norteadores da
pena no Estado democrático
de direito
Neste módulo, refletiremos sobre a centralidade de princípios ou regras
do campo do direito constitucional, penal e direitos humanos para a
construção de um regime de execução penal democraticamente
legitimado. Conhecer esse arcabouço é fundamental no intuito de
conter a ação do poder punitivo-executório do Estado de Polícia e
fortalecer o chamado Estado democrático de direito (ZAFFARONI et al.,
2003).

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No mesmo sentido, esse


conhecimento é essencial para o
que se pode nomear como uma
“teoria redutora de danos na
execução penal (...) a existência de
um autêntico dever jurídico-
constitucional de redução do
sofrimento e da vulnerabilidade das
pessoas encarceradas, sejam
condenadas ou não.”

(ROIG, 2018, p. 28).

Conheceremos, assim, o sistema geral de tratamento dos princípios e,


depois, quais são os princípios em espécies mais importantes
aplicáveis à matéria, sem esquecer a importância central destes para
uma disciplina de “penalogia” democraticamente engajada.

Considerações gerais sobre os


princípios em matéria de
sanção penal
Começamos com o apontamento de que, em uma visão penal-
constitucional, os princípios não são meramente informadores, ou
programáticos. Antes, possuem força normativa e, nesse campo,
tutelam direitos fundamentais das pessoas em cumprimento de pena.

Essa localização também aponta para duas condições básicas centrais


de tais princípios:

São limitadores do Devem ser


poder de punir, por isso interpretados sempre
jamais podem ser de modo a ampliar o
mobilizados para sentido da liberdade em
restringir direitos das um caso concreto.
pessoas acusadas ou add
justificar um rigor
contra pessoas

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presas.Texto do
primeiro card.

A primazia dos princípios, a maior parte deles sediados em nossa


Constituição e/ou tratados de direitos humanos, constitui um modelo de
garantias basilar à constituição do Estado democrático de direito. São,
portanto, compromissos políticos, vínculos “formais e materiais de
validade das normas e das decisões sobre a responsabilidade penal e a
aplicação da pena.” (CARVALHO, 2013, p. 252). É com base nessas
regras de disciplina básica que sugerimos que conheça algumas das
disposições de execução penal que trabalharemos em seguida.

video_library
Princípios em espécie
No vídeo a seguir, a professora Luciana Fernandes discorre sobre os
princípios que regem as sanções penais, trazendo exemplos. Vamos
assistir!

Escolhemos trabalhar com seis princípios selecionados, entendendo-os


como os mais centrais e com condições específicas para a disciplina,
entretanto, destacamos que a regra básica de regência dos institutos da
dogmática pelas normativas de direitos humanos e de disposições
constitucionais é plenamente válida. Então, falaremos sobre os
princípios da:

Humanidade
Legalidade
Não discriminação

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Individualização da pena
Transcendência mínima
Celeridade
Ressaltamos que outros, tais como o da intervenção mínima,
culpabilidade, lesividade e presunção de inocência, ensinados nos
temas gerais de dogmática, também são aplicáveis e conduzem à nossa
responsabilidade com o pacto democrático.

Princípio da humanidade

Com sede em diversos tratados de direitos humanos, o princípio da


humanidade é, no nosso sistema constitucional, decorrência do
princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB/88).

Trata-se de uma regra que induz a proibição da tortura,


tratamento cruel e degradante, proibição de penas de
morte, cruéis e perpétuas (art. 5º, III e XLVII, da
CRFB/88) e diversos outros direitos em prol da
liberdade das pessoas acusadas.

O mandamento impõe previsões normativas e práticas em execução


penal ampliativas de direitos e garantias individuais e, em sede de
legislação infraconstitucional, é o que rege, por exemplo, a vedação da
cela escura e sanções que coloquem em perigo a integridade física e
moral da pessoa condenada (art. 45, §§1º e 2º, Lei nº 7210/1984).

As condições degradantes do cárcere em todo país e a ausência de


políticas de contenção do encarceramento em massa são os principais
exemplos de como o princípio ainda não é inteiramente respeitado. São
muitos os relatórios que tornam pública a situação descrita.
Destacamos aqui o produzido pelo Mecanismo de Combate à Tortura do

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Rio de Janeiro, que manifestava a preocupação com o estado em meio à


pandemia de COVID-19:

“Ainda é preciso frisar que o MEPCT/RJ denuncia desde 2011 a situação


de superlotação extrema nas unidades, onde presos não possuem
sequer espaço suficiente para dormir, por vezes dividindo camas e com
proximidade permanente um dos outros. É completamente inviável
neste cenário a efetivação concreta da medida no que concerne aos
presos, já que estes sequer possuem espaço suficiente para estarem de
modo adequado nas celas. O contato é inevitável, o que pode ser
corroborado pelos frequentes surtos de doenças de pele, a rápida
transmissão de meningite, a epidemia de tuberculose e o recente
surgimento de casos de sarampo, marcadamente na Penitenciária Ary
Franco.” (RIO DE JANEIRO, 2020, p. 109)

Princípio da legalidade

Previsto no art. 5º, XXXIX, da Constituição de 88 e no art. 1º do Código


Penal, também estrutura as sanções penais, aqui indicando que, para
serem aplicadas, devem estar prévia (princípio da anterioridade) e
estritamente previstas, de modo escrito, em âmbito legal ou
regulamentar — lei prévia, escrita e estrita.

Em caso de conflito de leis (aqui de execução penal) no tempo, a


regência deve ser da retroatividade da previsão mais benéfica ao direito
da pessoa em cumprimento da prisão e de que a analogia, em caso de
lacuna, só é possibilitada em favor do réu.

Exemplo

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As alterações recém-inseridas pelo chamado Pacote Anticrime (Lei nº


13.964/2019) à Lei de Execuções Penais (art. 112, Lei nº 7.210/84), as
quais dificultaram a obtenção do benefício da progressão de regime,
constringindo o direito à liberdade e tornando mais gravoso o
cumprimento da pena de prisão, não retroagem a fatos cometidos
anteriormente à sua vigência.

Logo, vale destacar que o princípio tem como função básica conter o
arbítrio disciplinar e judicial e garantir que pessoas em privação de
liberdade só passem pela experiência da violência da pena nos limites
mínimos configuradores do Estado democrático de direito.

Princípio da não discriminação

Também é fruto de diferentes estatutos de direitos humanos, como as


Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos,
cujos reflexos no ordenamento interno estão, por exemplo, no art. 38 do
CP e arts. 3º e 41, XII da LEP.

Trata-se de um postulado que impõe tanto a isonomia


entre as pessoas privadas de liberdade quanto em
relação às pessoas livres, dado que a legislação
apenas menciona de modo genérico “igualdade de
tratamento”.

Assim, o que se busca a partir desse princípio é que não haja diferença
de tratamento contra pessoas aprisionadas, considerando que as
distinções são motivadas pelo fato de estarem, ao longo da execução,
em situação de assujeitamentos e violências diversas. É uma regra de
fundamental importância ao espectro democrático, haja vista os
objetivos centrais da República Federativa Brasileira previstos na
Constituição (art. 3º da CRFB/88).

Cabe lembrar que a acepção mais básica da igualdade está atenta à


possibilidade de diferenciações, desde que não discriminatórias. Por

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isso, esse princípio demanda também atenção especial na instituição de


programas disciplinares e regulamentos internos que vedem as
principais formas de discriminação nos ambientes de prisão, quais
sejam, as condições de gênero, sexualidade, raça, classe e
territorialidade, e que garantam a fruição de direitos de todas as
pessoas, considerando as particularidades de cuidado de cada uma das
pessoas em estado de custódia.

Exemplo

No que se refere à população LGBTQIA+, a Resolução Conjunta 01/2014,


que regra o cumprimento da pena de prisão, faz menção a uma série de
direitos, tais como “atenção integral à saúde de acompanhamento de
saúde específico, inclusive com a manutenção do tratamento hormonal
(...) direito à não transferência compulsória entre celas e alas ou
quaisquer outros castigos ou sanções em razão da condição de pessoa
LGBT”.

Princípio da individualização da pena

Aposto no art. 5º, XLVI da CRFB/88, implica também em uma série de


regramentos que minimizem os danos ao longo da execução da sanção
penal, demandando que as pessoas em situação de restrição de
liberdade sejam vistas de forma humanitária e que suas necessidades
sejam atendidas individualmente, inclusive se isso demandar que
considerações em abstrato sobre um contexto sejam desprezadas.

Assim escreve Rodrigo Roig sobre a sintonização entre o regime da


legalidade e da individualização e sobre a forma como o judiciário deve
estar compromissado com a sua efetivação:

(...) a individualização da execução


somente se mostra constitucional
quando operada no sentido redutor
de danos (como, por exemplo, a
flexibilização das regras do regime
de cumprimento de pena,
permitindo a imposição de regime
menos gravoso não em função do
texto de lei, mas em virtude da
necessidade de individualização).
De fato, como excepcionalização do

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princípio da legalidade, a
individualização da pena não pode
ser empregada em prejuízo do
condenado (...) em matéria de
execução da pena, individualização
significa também a vedação de
apelo a considerações relativas à
espécie abstrata do delito, fato este
que retiraria da agência judicial o
poder discursivo e argumentativo
de, individualizadamente, limitar
com racionalidade o poder punitivo.

(ROIG, 2018, p. 65-66)

Princípio da transcendência mínima

Esse princípio está conectado com o princípio da culpabilidade ao


afirmar que apenas aqueles que tiverem concorrido com a infração
penal devem, em termos abstratos, sofrer os efeitos da sanção penal.
Considerando-se as violações que a responsabilização criminal implica,
esse imperativo também tem um papel central para a redução de danos
ao longo da execução e para a compatibilização do estágio de
manutenção do direito penal com o Estado de Direito.

Ainda, sabemos que é praticamente impossível que o círculo social da


pessoa que responde por uma sanção penal não seja por ela
atravessada, sobretudo em países assolados por uma gestão pública
que promove a precarização dos ambientes prisionais, como é o caso
do Brasil.

Exemplo

Basta lembrar a costumaz denúncia de ausência de itens básicos de


higiene pessoal e da má qualidade da alimentação de pessoas em
penitenciárias. Em muitos casos, é a família da pessoa custodiada que
costuma fornecer, nos dias de visitação, subsídios essenciais para
fruição de algum espectro da dignidade humana nesses ambientes.
Além disso, o distanciamento também pode provocar efeitos imediatos
e muitas vezes irrecuperáveis para o círculo social da pessoa em
situação de privação de liberdade.

Pense, nesse sentido:

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Nos impactos para a família da pessoa responsabilizada no


que concerne à limitação da convivência, especialmente
sinuosa quando há crianças e adolescentes envolvidas.

Nos efeitos financeiros, por exemplo, para aquelas que sejam


as principais responsáveis economicamente em um círculo
familiar.

Em geral, nos danos afetivos, psicológicos e sociais de


variadas ordens que decorrem da segregação e atingem
pessoas que não necessariamente tenham se envolvido com o
ilícito penal.

Esses e outros exemplos, que dão o desenho da resposta criminal a um


ilícito, foram alguns dos motivadores para que um conjunto de leis
esteja sendo editado considerando o mote da transcendência mínima.
Vejamos:

gavel A Lei nº 7.210/84 proibiu que a restrição à visitação


possa ser uma sanção disciplinar (arts. 41 e 53, III).

gavel A Lei nº 13.271/2016 vedou a revista íntima


vexatória, que atentava especialmente mulheres
que sustentam pessoas de seu círculo afetivo e
social quando encarceradas.

gavel O Código de Processo Penal propôs regimes menos


restritivos à liberdade para pessoas, por exemplo,
“imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência” ou “com filho de até 12 (doze) anos de
id d i l t ” t d t
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idade incompletos”, contando essas e outras
pessoas com o direito de postularem pelo regime
de prisão domiciliar nos termos do art. 318 e
seguintes deste diploma.

Princípio da celeridade

Por fim, também conhecido como razoável duração do processo de


execução penal, o princípio da celeridade envolve uma importante
reflexão sobre morosidade judicial, também basilar em sede de
construção de um Estado democrático de direito. Previsto em uma série
de diplomas internacionais sobre direitos humanos, está contido no art.
5º, inciso LXXVIII, da nossa Constituição.

Embora seja um princípio fundamental para qualquer área do sistema de


justiça, ganha especial condição no que concerne ao campo penal já
que, nesse caso, a demora na prestação jurisdicional implica na
manutenção de um estado de violações gravíssimo, porque fere um dos
direitos mais nodais da pessoa: o da dignidade humana.

Deve ser repudiada a demora na apreciação de pedidos


tais como da liberdade provisória, do livramento
condicional ou da progressão de regime — que têm o
condão de fazer com que uma pessoa custodiada
possa cumprir a execução de forma menos atentatória
à liberdade.

Isso implica um importante debate: a pessoa que está sendo


processada não deve sofrer os impactos negativos (também) da
procrastinação processual que, em muitas Comarcas, assola a
burocracia de serventias judiciais.

Atenção!

O compromisso pela celeridade, em conjunto com decisões


sintonizadas com os demais princípios que trabalhamos neste estudo —
como o da humanidade, da legalidade, da não discriminação, da
individualização da pena e transcendência mínima — é o que pode
resgatar algum conteúdo democrático ao sistema de justiça criminal.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

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Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No que se refere ao conteúdo dos princípios regentes na disciplina


da sanção penal, assinale a alternativa correta:

O princípio da celeridade emplaca a necessidade de


A que sejam vedados recursos em sede de execução
penal.

O princípio da taxatividade é observado na previsão


B legal das faltas disciplinares de natureza grave, que
admitem interpretação analógica.

O princípio da anterioridade da lei penal é aplicado


se sobrevier lei que agrave o lapso temporal para a
C
progressão de regime, que só passa a valer para os
crimes cometidos a partir de sua vigência.

O princípio da humanidade dispõe sobre a


D necessária defesa da sociedade contra pessoas em
condição de custódia.

O princípio da transcendência mínima está


E
consagrado na vedação às penas cruéis e tortura.

Parabéns! A alternativa C está correta.

O princípio da celeridade é plenamente conciliável com a matéria


dos recursos, que são orgânicos à estrutura da ampla defesa e
contraditório de nosso processo penal. Quanto à taxatividade,
imprimem às faltas graves e quaisquer disposições acerca do
regime disciplinar a vedação à analogia como um recurso de
integração. O princípio da humanidade visa colocar no centro a
dignidade da pessoa humana — não a defesa social, como na

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alternativa D — e resulta na vedação às penas cruéis — não o da


transcendência mínima, como afirmado na alternativa E.

Questão 2

Sobre os princípios constitucionais que regem a execução penal, é


correto afirmar que: .

O princípio da humanidade das penas garante que


A os efeitos da condenação não extrapolarão as
pessoas responsáveis pelo ilícito penal.

O princípio da individualização das penas é o que


B legitima que mulheres gestantes possam fazer jus à
prisão domiciliar.

O princípio da intranscendência da pena, ou


C transcendência mínima, impede que a progressão
de regime ocorra de forma automática.

O princípio da humanidade das penas é violado com


D
a previsão legal da vedação à revista vexatória.

O princípio da humanidade das penas é plenamente


E cumprido na execução das penas no Brasil, a
despeito da superlotação das unidades prisionais.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O princípio da transcendência mínima (também chamado por


alguns de intranscendência) é o que dispõe que os efeitos da
sanção penal não devem extrapolar as pessoas que cometem um
crime, por isso, também é o mais diretamente relacionado à
vedação das chamadas revistas vexatórias. O princípio da
humanidade não tem aplicação plena no Brasil, dado o estado de

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encarceramento em massa e as condições de insalubridade dos


espaços de presídio em todo o país.

Considerações finais
Como vimos, as sanções penais mudaram ao longo da história e a pena
por excelência ao campo de responsabilização criminal, que é a pena de
prisão, tem uma relação direta com as transformações e interesses do
sistema produtivo capitalista.

No Brasil, a história das sanções penais precisa ser descrita em


conjunção com a emergência do direito em meio ao colonialismo, a
transição do regime imperial para o regime republicano e o pós-abolição
da escravização.

Deve-se sempre relembrar que as violações promovidas ao longo do


tempo atravessam, até os dias de hoje, a forma como pensamos e
sentimos a punição em seu caráter aflitivo.

Além de retomar o conceito de pena, ainda é preciso pensar sobre as


teorias que a legitimam e sobre as funções que desempenham para que
sempre possamos refletir em que termos o regime de responsabilização
criminal pautado na pena ainda se justifica em um Estado democrático
de direito.

Por fim, conhecemos os princípios regentes da disciplina e que nos


informam que, em uma democracia, qualquer resposta penal a um
conflito deve ser balizada pela dignidade da pessoa humana.
Esperamos que as lições possam trazer horizontes mais democráticos
ao sistema de justiça criminal.

headset
Podcast
Agora com a palavra a professora Luciana Fernandes, relembrando
tópicos abordados em nosso estudo. Vamos ouvir!

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07/12/2023, 15:51 Teorias da sanção penal

Explore +
Para refletir mais sobre o assunto deste estudo:

Assista ao documentário Sem pena (2014), dirigido por Eugenio


Puppo e produzido por Heco Produções, Espaço Filmes e Prefeitura
de São Paulo.

Veja um artigo construído a partir do documentário: O


funcionamento das máquinas de tortura: sobre a justiça das penas
de prisão. Uma análise a partir do documentário sem pena, de
Camila Cardoso de Mello Prando (2015). O artigo foi publicado na
Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM e pode ser
encontrado no portal de periódicos da universidade.

Leia o artigo Vidas matáveis, morte em vida e morte de fato, de


Fábio Mallart e Rafael Godoi, publicado em 2 out. 2017 e disponível
no site do Le Monde Diplomatique Brasil.

Referências
ANITUA, G. I. Histórias dos pensamentos criminológicos. Tradução:
Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan/ Instituto Carioca de
Criminologia, 2008. (Coleção Pensamento Criminológico, 15)

BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à


sociologia do direito penal. Tradução: Juarez Cirino dos Santos. 3. ed.
Rio de Janeiro: Revan/Instituto Carioca de Criminologia, 2002. (Coleção
Pensamento Criminológico, 1)

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