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FACULESTE – FACULDADE DO LESTE MINEIRO

JOSE SOARES DO NASCIMENTO NETO

A meta da ressocialização: entendendo as dificuldades da execução


penal.

TIANGUÁ - CEARÁ

2022

FACULESTE

JOSE SOARES DO NASCIMENTO NETO


A meta da ressocialização: entendendo as dificuldades da execução
penal.

Artigo Científico apresentado à (Faculeste),


como parte das exigências para a obtenção do
título de Pós-graduação (A ressocialização:
Como a execução penal pode ajudar para uma
melhor aplicação da pena) sob a orientação da
professora Elaine de Oliveira Silva.

TIANGUÁ - CEARÁ

2022
A meta da ressocialização: entendendo as dificuldades da execução
penal.

Jose Soares do Nascimento Neto

RESUMO
Este trabalho discorre sobre o tema da ressocialização dentro da execução penal e
faz uma análise da relação da pena dentro de alguns regimes tendo o enfoque na
premissa de que a aplicação penal deve conter elementos para que a maior
quantidade de pessoas seja beneficiada com essa execução pena. Primeiramente,
será analisada a doutrina referente as questões relacionadas a ressocialização dentro
da sanção penal e as principais Teorias. Em um segundo momento, será pontuado
princípios jurídicos e Tratados Internacionais sobre o cumprimento da pena. E não
menos importante, ao final, analisa-se o tema central dentro de uma conclusão a qual
mostra a utopia disparatada sobre o ordenamento jurídico e a realidade, que não
ressoarias, pelo contrário, só mostra mais a incapacidade de fazê-lo e confirma
através da prática que o crime demasiadamente compensa.
Palavras chave: Ressocialização. Execução. Penal. Aplicação. Pena .

Introdução

O trabalho tem como fundamenta-se em um estudo sobre o ponto qualitativo


da relação proposital da pena no ordenamento jurídico, em específico, referente a
execução penal.
Amparada pelas decisões e jurisprudências, teoria e doutrina, é muito claro
que, apesar de relevante, o assunto ainda não se esgotou, e que boa parte dos
professores de direito penal não seguem a mesma linha de raciocínio, mas de certa
forma, existe uma tendência a concordância na maioria dos pontos, tendo em vista
que boa parte dos intelectuais concorda que a ressocialização é a finalidade do
encarceramento e o principal objetivo mais almejado da pena no processo da
execução penal.

Sem dúvida, dentro da comunidade teórica do direto penal poucos autores


seguem linha contrária ao ideal ressocializador da pena dentro da execução penal.
Com certeza existem literários como (MOLINA, 1979, p. 13), e (SANCHEZ, 2007, p.
76) que são contrários e tentam descaracterizar a ressocialização, ou pelo menos a
ideia de que essa seja a finalidade na execução penal, mas ainda assim, são minoria
dentro desse universo que traz a principal maneira de trazer de volta a sociedade
infratores e aqueles que estão completamente à margem da lei dentro de presídios.

Assim sendo, precisamos entender que todas as ações confluem para uma
reação, muitas vezes oposta a que desejávamos, e tais reações podem ser além de
meros entendimentos teóricas e práticas que estão no cenário da doutrina devido ao
debate relacionado a finalidade da pena.

Assim sendo, para concluir, após algumas análises detalhadas sobre a


sanção penal e como ela se relaciona com a pena e a finalidade de tal ação, percebe-
se que, nos moldes da sociedade como está estruturada hoje, temos a certeza de que
essa objetivação da retribuição ao mal efetuado; de tentativa a prevenção ao ilícito
infringido; e de reintegração ou ressocialização do indivíduo de volta a sociedade, o
que na prática, não acontece.

Desenvolvimento

Em primeiro plano, precisamos entender as responsabilidades de quais entes,


o Direito Penal é o ramo do direito que trato desse ponto, isto posta, ele tem a função
de tentar encontrar formas de dirimir os problemas da criminalidade, fazendo uso de
algumas ferramentas que, dentre várias possibilidades, objetivam, a priori, a
prevenção da ação criminosa em qualquer esfera.

Partindo para a teoria, o direito penal tem como conceito base a proteção de
uma organização dos bens jurídicos básicos autores como (DOTTI, 2003, p. 39), que
tem como estímulo, mostrar a procura para tentativa de evitar o maior número de
novas transgressões da lei, da mesma forma é a visão do autor (PIERANGELI, 2003,
p. 80).

Outro autor que escreve sobre o assunto é Bittencourt (2002, p. 83), ele traz
no corpo de sua obra que a execução penal tem, dentre várias funções, mas a mais
importante, é a função de tentar solucionar os problemas que envolvem a
criminalidade, a qual deve convergir entre as penas serem efetivamente aplicada,
mantendo o infrator longe da sociedade.

Assim, precisamos entender que uma análise razoável sobre a


ressocialização e como ela está disposta no conjunto de leis que foram o ordenamento
jurídico, mas também, dentro do universo da doutrina criminal, mas sem esquecer a
críticas relativas a como essa prevenção especial positiva, que nada mais é do que
uma palavra mais rebuscada para ressocialização.

Outro autor que segue essa linha de raciocínio é Basileu Garcia (2008, p. 67)
que traz a seguinte ideia:

Castigar ou punir, expiar, eliminar, intimidar, educar, corrigir ou regenerar, readaptar, proteger
ou defender – eis variados verbos que, na diversidade de opiniões, indicam as finalidades possíveis do
Direito Penal e, através destas, as razões de sua existência.

Outro pensador do tema é BARRETO (1996), que não poucas vezes é


mencionada dentro do universo acadêmico através de temas relacionados a este,
para expor opiniões que muitas vezes geram estranheza, mas que tem, de certa
forma uma combinação de pontos metafísicos e um tempo que o infrator passa fora
da sociedade como tempo ocioso. Tal discussão é defendida muitas vezes por vezes
sobretudo os admiradores da teoria agnóstica. Para BARRETO (1996) as discussões
que se referem a pena não estão unicamente “fincadas” em um conceito meramente
jurídico, e sim traz menção, também, a uma organização política, referindo-se
somente de uma relação do poder estatal, sem qualquer incentivo racional ou fim de
natureza jurídica, dessa forma, percebemos uma vertente política e meramente isso.
Seguindo a mesma linha, os
apoiadores da teoria agnóstica da pena são unânimes na premissa de que a sanção
penal é apenas um retrato político do processo de execução penal, e que não tem
qualquer legitimidade dentro do contexto formal, sendo assim, os estudiosos desse
campo teórico restam unicamente a restrição enfatizado a enésima potência em sua
aplicação.

Não menos importante sobre essa teoria agnóstica é a percepção de que


existe categoricamente uma ideia de anular inteiramente o processo de execução
penal como assim conhecemos, trazendo primariamente uma analogia que legitima o
poder de punir com a luta que deve ser contida, rejeitando, claramente as inúmeras
finalidades que podem ser aplicadas nesse sistema que tem a capacidade de possuir
, de fato, de maneira complexa possui, direcionando, claramente a caminhos que em
sociedade podem ser construídos , principalmente através de um pensamento
primordialmente funcional apoiada no ideal da proteção dos direitos fundamentais
presentes na nossa carta magna.

Outra teoria muito conhecida é a da retribuição, dentro do assunto abordado,


ela tem uma grande importância, pois para as teorias que envolvem o processo de
execução penal, especificamente com finalidade na ressocialização, essa teoria tem
como princípio essencial a ideia de que a culpa do autor do delito seja
contrabalanceada com a imputação de algum tipo de pena. Sendo assim, percebemos
que a pena, dessa forma, nesse viés doutrinário, seria unicamente para o equilíbrio
do “mal” efetivado no crime ou contravenção penal, e através desse “mal” aplicado
através da punição, não existindo, efetivamente nenhum outro fundamento para a
advertência que não inclua, precipuamente a aplicação de um modelo enxergado
como justiça. Não existe, em nenhuma hipótese, dentro dessa teoria outra
problemática que pense no porvir (prevenir), existindo, em face disso, apenas a
retribuição tida como ética pelo entendimento. Isto posto, para a doutrina da
retribuição a pena tem, de fato, um “proposito claro nela mesma”, obrigando-se a
existência, em regra, para que a justiça faça seu papel garantidor da paz.

Na história do direito penal podemos contemplar um programa que tenta


relacionar a finalidade da ressocialização com o nosso ordenamento jurídico nacional,
aparece o programa mínimo de ressocialização, que, à primeira vista, tem um olhar
especial para questões referentes à aplicação penal e suas vertentes, esse programa
tem como pressuposto de que muitas vezes dentro de um estado democrático de
direito se o argumento legal da proteção especial pressupõe-se através da ideia da
não-reincidência, então é necessário que sejam tomadas unicamente as medidas
necessárias para tal propósito, sendo assim, tendo como ideal a menor taxa de
incidência estatal possível no âmbito do direitos fundamentais daquele agente ativo
do ilícito penal que, à primeira vista tem um olhar para a prestação dos cuidados
necessários para que o agente possa viver sem cometer novos ilícitos, sendo eles
crimes ou contravenções, em outra perspectiva deve-se tero respeito pelos seus
direitos de livre pensamento, idealização de princípios e concepções objetivando uma
nova idealização de enxergar a sociedade.

Infringindo princípios: desde a igualdade a expressão intelectual

É necessário também que analisemos um dos maiores problemas sociais


que relegam muitos a marginalidade e ao fim comum, na grande maioria dos
casos, que é a reincidência no crime. Para tanto, dentro do princípio da legalidade
não podemos fugir as “quatro linhas da constituição” da premissa finalidade de
ressocializar através da pena prescrita dentro do ordenamento jurídico por meio
da Execução Penal, isto posto é fulcral esquadrinhar a sua conformidade ou se
não existe, com a Constituição Federal, carta de maior valor jurídico no nosso
país. Através de uma simples reflexão analítica dentro da constituição, fica
bastante explícito que pelo menos dois pilares básicos de que fazer relação com
a análise moral e filosófica atribuindo medidas de valores éticos da constituição
são abaladas pelo sustentáculo das hipóteses da conjectura que idealizar a
ressocialização: o princípio da igualdade e o da livre expressão intelectual.

Em se tratando do princípio da igualdade, temos em vista que, sobre a


questão relativa a ressocialização aquele que foi condenado a uma pena é visto
tal qual um “doente”, ou “estranho”, muitas vezes até como “menor”. Assim sendo,
a ressocialização tem, em sua maioria, umafração da “ideologia da
marginalização”, dentro dessa ideologia percebemos que existem pessoas que
são boas e outras que são más, o legítimo cidadão de bem e o marginal, um deles
são os cidadãos que seguem os padrões majoritários dos seus deveres legais, e
pessoas más, que são os marginais da lei, pessoas a quem não se deve confiar,
que deveriam ser retiradas o mais rápido do convívio social, muitas vezes
necessitados de socialização. E podemos dizer que situações como essa
acontecem devido a uma série de fatores, mas principalmente pela ideia de
programas que vão do máximo para o mínimo, que devido a eles é perceptível
uma certa alavancagem das pessoas dentro do tecido social,

Sendo assim, mais uma vez, precisamos inferir que pode existir algum
cidadão que após o cumprimento da pena a reincidência tenha cessado e com
uma diminuição da socialização e também, por causa desse fato, é levado ao
cometimento de ilícitos, tal situação parece, aparentemente, muito fácil de
presumir, pois aqueles de apoiam essa premissa que juntam-se com um grupo,
que se acha categoricamente, em outro patamar da raça humana, tido como os
“reincidentes”, que são chamados assim, depois de uma série de supressão de
seus direitos fundamentais e principalmente a presunção da inocência, são
prejudicamos e assim, tratado como inferiores e outras coisas mais, mas,
precisamos estar atentos para tal preconceito, travestido e opinião, pois ele pode
fazer com que muitos sigam para destinos que poderiam ser evitados. E que
dentro de um mundo racional todos os “cidadãos de bem”, podem se tornar em
algum momento, o que não é raro, um agente transgressor da lei, e vai querer ser
ressocializado por meio da punição estatal.

Os institutos estudados serão aqueles tradicionalmente ligados à ideia de


ressocialização e também aqueles cujo enfoque de aplicação muda quando se
despreza tal idéia.382 A crítica aos institutos da Lei de Execução Penal dar-se-á
da seguinte forma: serão refutados os institutos que só se justificam com base na
ressocialização (exame criminológico) ou até o ponto em que eles se justificam
com fundamento na ressocialização (progressão de regime e livramento
condicional). Ademais, será criticada e afastada a maneira como são aplicados
alguns institutos sob a ótica da ressocialização (saída temporária, direito à visita,
trabalho do preso e remição), mas sem sustentar que sejam extirpados do
sistema, procurando embasá-los em outros postulados, como no respeito aos
direitos fundamentais e na prevenção geral positiva. De todo modo, será dado
especial destaque ao que muda na aplicação prática de tais institutos, seguindo a
orientação apontada ao longo do trabalho

Conclusão

Depois de algumas análises feitas no corpo desse nosso trabalho,


acreditamos que podemos afirmar que, sobre as finalidades da pena fica muito
claro a tênue linha entre a teoria e a prática, e também como é complexo e por
muitas vezes, incerto e até incompatível relacionar as teorias retributiva e também
a preventivo-negativa com o nosso ordenamento jurídico e a ideia que fomenta a
premissa de que o poder do Estado é limitado pelos direitos dos cidadãos. Tendo
em vista as problemáticas exploradas no corpo deste trabalho, percebemos que
os objetivos propostos dentro das vertentes da execução penal referentes a
ressocialização não podem ser levadas em consideração na doutrina, pois
percebemos que a prática é o total oposto daquilo que se tenta alcançar na teoria
do direito penal.

Desde modo, a argumentação que resulta na conclusão de que a


ressocialização não é, em virtude do exporto, o objetivo do cumprimento da pena,
tendo em vista o aplicação no exercício da execução penal, necessariamente, não
precisa representar que o Estado democrático de direito tem a obrigação de não
se preocupar com aqueles sobre quem está sua tutela ou curatela, muito menos
aqueles que estão em situação marginalizada, pelo contrário, o Estado, enquanto
ente responsável pela distribuição de recursos públicos e gerente mor do nosso
dinheiro, precisa fornecer garantias mínimas, em virtude de tamanha
desigualdade social, para que todos tenham a possibilidade de uma vida mais
digna e igual. Pontua-se que, majoritariamente entre aqueles que foram, mesmo
preventivamente presos, condenados, infelizmente pertencem a fração que
necessita mais da proteção estatal, tendo pouco acesso a arte, lazer, educação e
segurança de qualidade

Não menos importante é a idéia que deve ser defendida como


ideal, da ressocialização, pois nunca devemos perder a esperança de uma
sociedade mais justa, e que cumpre seus deveres constitucionais com os
apenados. Seja em qual área do direito, ou qual o motivo do cometimento do
crime, é necessário nunca esquecer esse fato, e que esse trabalho não é apenas
do Estado e sim, da sociedade em geral, que é o espelho daquilo que vemos no
sistema prisional. Esse poder de aplicar a pena, que é investido pelo Estado, deve
ser sempre fiscalizado, para evitar abusos e excessos, independente da instancia,
por isso a urgência da participação da comunidade.
Concluímos, pontuando que a ressocialização tem caráter ideal,
mas que não ocorre efetivamente, tendo em vista as dificuldades sistêmicas da
sociedade, em si. Esse conjunto de ferramentas assistenciais que são ofertadas
aos que estão em situação apenada, almeja tal finalidade, entretanto esbarra em
uma forte convicção social da impunidade e da fraca culminância estatal.
Assim sendo, apesar do não resultado objetivado, a
ressocialização tem mais “mídia” do que efetivamente realização, não passando
de “propaganda” de tempos em tempos em nossa sociedade, e que muitas vezes
causa o efeito contrário do que deveria, não impedindo, com raríssimas exceções,
que aquele que comete o crime ou infração, tenha sua mentalidade modificada
após a aplicação penal, e alcancemos a tão sonhada ressocialização, que embora
exista a penalização, temos em mente que os seres humanos tem várias
habilidades que, são utilizadas ou não, melhoradas ou nunca exercitadas e que
poderiam ser melhor aplicadas quando o apenado estivesse na execução penal
para serem fomentadas. Outro ponto são os maravilhosos tratamentos
psicológicos, espirituais e, muito mais, fora as ferramentas que o Estado, em uma
vertente mais positivista, pode melhorar, objetivando a plena melhoria dos
devidos sujeitos submetidos a execução penal punitiva feita pelo estado. Todavia,
essa responsabilidade não é compromisso apenas do Estado e sim, de toda uma
sociedade que escolhe seus representantes, pois “todo poder emana do povo”.
REFERÊNCIAS

GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal

BARATTA, Alesandro. Viejas y nuevasestrategias de legitimacióndel sistema penal.


In: Capítulo Criminológico, Maracaibo, n.14, 1986, p.177.

BARRETO, Tobias. Fundamentos do Direito de Punir. In: RT, n. 727, 1996, p.649.

BITENCOURT, Cezar. Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. vol. 1. 7. ed. rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2002.

DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003.

GARCIA-PABLOS DE MOLINA, Antonio. La


supuestafuncionresocializadoradelDerecho penal: utopia, mito y eufemismo. In:
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FEIJOO SÁNCHEZ, Bernardo. Retribución y Prevención General. Buenos Aires: B de


F, 2007.

PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral. 4. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

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