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TEORIAS DA PENA NO DIREITO PENAL


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Teorias da pena no Direito
Penal
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TEORIAS DA PENA NO DIREITO PENAL

A partir de hoje, ao iniciar nossa disciplina de direito penal, o tema é a teoria da pena. Vamos
explorar dois grandes desafios nesse campo: a teoria do delito e a teoria da pena.

A teoria do delito busca responder a uma pergunta específica e crucial: quais são os
pressupostos teóricos mínimos que o Estado deve estabelecer para atribuir responsabilidade penal
a alguém e submetê-la ao seu poder punitivo, ou seja, puni-la?

Por sua vez, a teoria da pena busca responder a outra pergunta igualmente importante: qual
é a finalidade da pena? E, consequentemente, o que exatamente é a pena? Aqueles que
compreenderem profundamente essas duas grandes questões, ou seja, o que é a pena e para que
serve a pena, poderão se considerar conhecedores experientes da teoria desse campo do direito. É
isso que espero que vocês alcancem a partir do nosso primeiro encontro.

É importante notar que tanto a teoria do delito quanto a teoria da pena podem oferecer
respostas diversas a essas perguntas, variando de acordo com o período histórico, a datação histórica
e as orientações políticas de quem as aborda. No nosso vasto campo de conhecimento, encontramos
uma série de modelos teóricos da teoria do delito que evoluíram ao longo do tempo, como o modelo
clássico, cantiano ou neoclássico, modelo final, funcional, modelo significativo, entre outros. Na
teoria da pena, a situação não é diferente, pois as respostas variam conforme a orientação política
do autor e o contexto.

Desde o século XIX, o grande debate em torno das teorias da pena, ou seja, das duas
perguntas fundamentais sobre o que é a pena e para que serve a pena, gira em torno de dois
extremos. O primeiro extremo envolve as teorias legitimadoras ou legitimantes da pena, que veem
o poder punitivo como algo positivo para a sociedade, concluindo que seu exercício é benéfico e
procuram expandir seu uso.

O segundo extremo compreende as teorias deslegitimadoras ou deslegitimantes da pena,


que questionam a validade e a eficácia da pena como instrumento de controle social, considerando
que ela não atende aos interesses da sociedade.

As teorias legitimadoras da pena têm um ponto de vista favorável em relação ao poder


punitivo do Estado. Elas acreditam que esse poder é algo positivo para a sociedade e, portanto,

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buscam expandi-lo e fortalecê-lo. Na visão dessas teorias, o exercício desse poder é benéfico e serve
ao bem social.

Uma das principais características dessas teorias é que elas promovem um discurso jurídico
sobre a pena. Além disso, elas definem o "dever ser" da pena, ou seja, estabelecem o que a pena
deve realizar. Isso é crucial, pois cada uma dessas teorias legitimadoras tem suas próprias respostas
sobre os objetivos que a pena deve alcançar para ser considerada legítima na prática.
Portanto, as teorias legitimadoras da pena apresentam diferentes perspectivas sobre o papel da pena
e seus objetivos, sendo todas elas direcionadas para justificar a expansão e o fortalecimento do
poder punitivo do Estado.

No século XIX, o penalista alemão Anton Bauer desempenhou um papel significativo na


formulação das teorias legitimadoras da pena. Ele dividiu essas teorias em duas categorias principais,
criando um modelo que ainda é amplamente utilizado nos dias de hoje.

A primeira categoria é conhecida como teorias absolutas, absolutistas, retributivistas ou


retribucionistas. O segundo modelo foi denominado teorias relativas, utilitárias ou preventivistas.
Cada uma dessas categorias se desdobra em várias outras, cada uma delas buscando oferecer uma
resposta à pergunta fundamental: para que serve a pena?

As teorias absolutas compartilham uma característica comum: elas se concentram na ideia de


que a pena serve exclusivamente para realizar uma "vingança justa". Essas teorias acreditam que a
pena deve ser uma forma de retribuição pelo dano causado pelo criminoso. Em outras palavras, a
pena visa a retribuição pelo mal causado.

Se alguém comete um delito, segundo os proponentes das teorias absolutas, a pena é


necessária para "vingar" esse ato, mas de maneira justa, não através da vingança privada, mas sim
por meio da imposição estatal de uma pena que respeite os requisitos legais. A teoria absoluta da
pena olha para o passado e busca retribuir o mal causado pelo delinquente a uma pessoa específica
ou o mal resultante da violação das regras éticas, jurídicas, sociais ou morais.

Dois expoentes notáveis dessa abordagem são Emanuel Kant, que desenvolve uma teoria
absoluta do ponto de vista ético ou moral, e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que trabalha com uma
modalidade jurídica da teoria retributivista.

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Emanuel Kant argumenta que a pena é legítima porque é necessário retribuir ou vingar uma
violação ética ou moral cometida pelo delinquente por meio de um processo legal.

Essas teorias absolutas baseiam-se na ideia de que a pena deve ser uma forma de justiça
retributiva, retribuindo o mal pelo mal causado pelo criminoso. No entanto, essas teorias também
enfrentam críticas e controvérsias em relação aos seus pressupostos e à sua eficácia.

Nas teorias absolutas da pena, como delineadas por pensadores como Emanuel Kant e Georg
Wilhelm Friedrich Hegel, a pena é vista como um imperativo categórico, cuja única finalidade é a
retribuição ou vingança pelo mal causado por um crime. Essas teorias não se preocupam com
benefícios sociais ou consequências futuras; sua base é estritamente moral e ética. Um exemplo
notável é o argumento de Kant de que, mesmo que houvesse apenas um criminoso remanescente
em uma ilha desabitada, esse indivíduo ainda deveria ser punido, independentemente de qualquer
benefício social ou lógica aparente.

Georg Hegel, por outro lado, propôs uma abordagem jurídica para a teoria retributiva da
pena. Ele também defendeu a função retributiva da pena, mas com uma fundamentação diferente.
Em seu modelo dialético de aplicação da pena, Hegel apresentou três momentos: a tese (o Estado
estabelece a proibição), a antítese (o delinquente comete o crime) e a síntese (o Estado impõe a
pena). Nesse modelo, o Estado nega a negação do direito, afirmando que a violação do direito será
punida de acordo com a lei.

Por outro lado, as teorias relativas, utilitárias ou preventivas da pena, como opostas às
absolutas, condicionam a legitimidade da pena ao alcance de benefícios sociais futuros. Nesse
contexto, a pena adquire uma função além da retribuição pura e simples. Ela passa a ser vista como
uma medida que busca atingir objetivos sociais, sejam eles individuais, econômicos ou jurídicos.
Portanto, as teorias relativas consideram os efeitos futuros da pena e sua capacidade de contribuir
para o bem-estar da sociedade como um todo.

Dentro do contexto das teorias preventivas da pena, as quais enfatizam a prevenção de novos
delitos como objetivo principal, surgiram duas abordagens fundamentais: a teoria da prevenção
geral e a teoria da prevenção especial.

A teoria da prevenção geral argumenta que a pena busca prevenir a ocorrência de novos
crimes por meio da influência sobre a coletividade como um todo. Isso significa que a punição serve
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como um exemplo para todos os membros da sociedade, desencorajando-os de cometerem crimes


semelhantes. A ênfase está na prevenção dos crimes de qualquer pessoa, não apenas do criminoso
em questão.

Por outro lado, a teoria da prevenção especial argumenta que a pena tem como objetivo
principal a prevenção de novos crimes cometidos pelo próprio criminoso. Nesse caso, a punição
busca influenciar o comportamento do infrator para que ele não cometa mais delitos no futuro.
Qualquer prevenção de crimes por outros indivíduos é vista como um efeito secundário da aplicação
da pena.

Cada uma dessas teorias, prevenção geral e prevenção especial, pode ser subdividida em
duas categorias: prevenção geral negativa e positiva, bem como prevenção especial negativa e
positiva.

A prevenção geral negativa, por exemplo, enfatiza a intimidação e o medo gerados pela
punição como forma de dissuasão para toda a sociedade. Já a prevenção geral positiva se concentra
em ensinar à sociedade valores e normas através do exemplo de punição, a fim de prevenir a
ocorrência de novos crimes.

O autor alemão Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach, que desempenhou um papel
importante na história da dogmática penal. Ele cunhou três brocardos jurídicos que são relacionados
ao princípio da legalidade. Além disso, Feuerbach desenvolveu uma teoria da pena conhecida como
"teoria da coação psicológica", na qual a punição tinha o propósito de coagir psicologicamente
aqueles que planejavam cometer delitos, sendo o princípio da legalidade um meio para alcançar
esse objetivo.

A teoria da prevenção geral negativa, desenvolvida por Paul Johann Anselm Ritter von
Feuerbach no século XIX, é uma das primeiras manifestações no pensamento jurídico penal moderno
que aborda a prevenção de crimes antes que eles ocorram. Essa teoria enfatiza a ideia de coação
psicológica como meio de dissuasão para evitar a prática de delitos. Ela é chamada de "negativa"
porque se baseia na ameaça e dissuasão, em oposição a incentivos positivos.

Feuerbach argumenta que a pena deve coibir impulsos criminosos presentes em todos os
indivíduos, impedindo que esses impulsos se concretizem em ações criminosas. Ele usa termos como
"dissuasão", "cancelamento do impulso" e "cancelamento da sensualidade" para descrever como a
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pena atua. A palavra "sensualidade" nesse contexto não tem conotação sexual, mas se refere à
atração ou inclinação que algumas pessoas podem sentir em relação à prática de crimes,
especialmente quando percebem algum benefício pessoal.

A ameaça de pena, expressa no princípio da legalidade presente nos tipos penais de cada
crime, funciona como um contra-impulso ou estímulo para impedir a ação criminosa. Por exemplo,
se alguém tem a vontade de cometer um homicídio por causa de uma inimizade e acredita que isso
pode trazer algum benefício pessoal, a ameaça da pena de prisão de seis a doze anos prevista no
código penal pode agir como um contra-impulso, desencorajando a pessoa a cometer o homicídio.

A prevenção geral negativa, também conhecida como teoria da coação psicológica, é uma
das grandes teorias da prevenção geral na criminologia e na teoria da pena.

Além disso, o texto menciona a prevenção geral positiva, que é uma abordagem mais
moderna e tem como principais autores dois pensadores alemães do final do século XX. Essa teoria
também enfatiza a prevenção de crimes pela coletividade, mas busca alcançá-la de maneira
diferente. Em vez de usar a ameaça como meio de dissuasão, ela se concentra na integração dos
indivíduos aos valores normativos subjacentes às leis. A ideia é que, ao entenderem e aceitarem os
valores e normas da sociedade, as pessoas serão naturalmente menos propensas a cometer crimes.

Franz von Liszt, um proeminente penalista alemão do final do século XIX, é conhecido tanto
por suas contribuições à teoria do delito quanto à teoria da pena. Suas ideias tiveram uma grande
influência no desenvolvimento do pensamento jurídico penal. Além disso, ele desempenhou um
papel fundamental na fundação da Associação Internacional de Direito Penal e suas obras foram
amplamente citadas no Brasil e em outros lugares.

No contexto da teoria da pena, Franz von Liszt defendeu uma abordagem que visava à
correção do indivíduo infrator. Ele acreditava que a pena deveria ser utilizada como um meio de
corrigir e reabilitar o delinquente, sempre que possível. Isso representa uma perspectiva de
prevenção especial, na qual o foco está na prevenção de futuros crimes cometidos pelo próprio
infrator.

Liszt também se envolveu na classificação de criminosos, algo que ele compartilhou com
outros teóricos da época, como Cesare Lombroso. Essa classificação visava identificar diferentes tipos
de criminosos e desenvolver estratégias específicas de intervenção para cada grupo. Essa abordagem
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estava relacionada à ideia de que a correção e a reabilitação do infrator poderiam ser mais eficazes
se fossem adaptadas às características individuais do delinquente.

Portanto, Franz von Liszt foi uma figura importante na evolução das teorias da pena,
especialmente no que diz respeito à prevenção especial, que se concentra na reabilitação do infrator
como forma de prevenir futuros crimes cometidos por ele. Suas ideias contribuíram para moldar o
pensamento penal no final do século XIX e tiveram um impacto duradouro na teoria e na prática
jurídica.

As teorias da prevenção especial, que se concentram na reabilitação, correção e tratamento


do infrator, envolvem a ideia de que a pena deve ser adaptada às características individuais do
delinquente. Franz von Liszt, assim como Cesare Lombroso, estava preocupado com o modo de punir
os criminosos, mas com abordagens diferentes.

Lombroso estava mais interessado em descobrir as causas do comportamento criminoso e


fez classificações, como criminosos natos e outros tipos de criminosos. Para os criminosos eventuais,
ele defendia uma pena que fosse preventiva do ponto de vista especial, ou seja, que mostrasse a
eles que o caminho que estavam seguindo estava errado. Para os criminosos habituais, Lombroso
via a pena como tendo um intento corretivo, buscando melhorá-los, já que os considerava incapazes
de entender as regras sociais devido a fatores biológicos ou sociais. Por fim, para os criminosos
incorrigíveis, ele defendia penas indeterminadas ou capitais, buscando neutralizá-los, já que não
acreditava que fossem passíveis de correção.

Dentro das teorias da prevenção especial, os dois primeiros extremos, o aviso e a correção,
são chamados de prevenção especial positiva. Isso significa que a pena tem a intenção de fazer um
bem ao indivíduo, como reeducá-lo, remoralizá-lo, ressocializá-lo, entre outros objetivos de
melhoria. O foco está em beneficiar o infrator.

No entanto, quando se trata do extremo da neutralização dos criminosos incorrigíveis, esse


é conhecido como prevenção especial negativa. Nesse caso, a pena tem como objetivo neutralizar o
infrator, ou seja, impedir que ele cometa mais crimes, geralmente por meio da prisão.

Portanto, as teorias da prevenção especial abrangem uma variedade de abordagens que


visam ao tratamento e à reabilitação do infrator, mas também incluem a ideia de que, em alguns
casos, a neutralização através da prisão pode ser necessária quando a reabilitação não é viável.
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As teorias combinatórias, também conhecidas como teorias híbridas, ecléticas ou mistas da


pena, representam uma tendência moderna na discussão sobre as finalidades da punição. Essas
teorias buscam integrar elementos tanto das teorias retributivas quanto das teorias preventivas,
reconhecendo que a punição é um fenômeno complexo que pode servir a diferentes propósitos.

A ideia por trás das teorias combinatórias é que a pena não precisa ser estritamente
retributiva ou estritamente preventiva, mas pode ser uma combinação de ambas, dependendo das
circunstâncias e do caso concreto. Isso significa que, em determinadas situações, a pena pode ter
como objetivo principal a retribuição, ou seja, a reprovação moral do infrator e a aplicação de um
castigo proporcional ao seu ato. Em outras situações, o foco pode ser a prevenção de futuros delitos,
visando a proteger a sociedade.

O Código Penal Brasileiro, por exemplo, reflete essa abordagem ao estabelecer, no artigo 59,
que o juiz deve considerar a culpabilidade, os antecedentes do infrator e as circunstâncias do crime
para determinar a pena, levando em conta tanto a reprovabilidade do ato quanto a necessidade de
prevenção.

Além das teorias combinatórias, também existem as teorias mistas alternativas, que permitem
a escolha entre elementos retributivos e elementos preventivos de acordo com a situação. Isso
significa que, se em um caso específico a pena tiver uma finalidade retributiva clara, ela pode ser
aplicada com base nesse objetivo. Da mesma forma, se em outro caso a prevenção for o principal
objetivo, a pena pode ser aplicada com foco na proteção da sociedade.

Essas abordagens mais flexíveis têm ganhado destaque no debate sobre a teoria da pena,
reconhecendo a complexidade do sistema penal e a necessidade de considerar diferentes aspectos
em cada situação. Elas refletem a ideia de que a punição deve ser justa, proporcional e eficaz,
adaptando-se às circunstâncias específicas de cada caso.

A discussão sobre as finalidades da pena, incluindo a retribuição e a prevenção, tem raízes


antigas na história do direito penal e da filosofia moral. Mesmo que tenha ganhado destaque no
século XIX, essas teorias têm sido debatidas e aplicadas ao longo da história.

Na Grécia Antiga, por exemplo, já se encontram elementos das justificativas para punir. No
período homérico, que remonta ao século X ou IX a.C., observa-se a presença de uma mentalidade
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retributivista, em que a vingança das ofensas era considerada uma obrigação para manter a
respeitabilidade social. Isso demonstra que a ideia de punição como uma forma de retribuição
remonta a tempos antigos.

Platão, no século V a.C., em seu discurso "Protágoras", abordou a questão da punição de


maneira que reflete a transição do absolutismo para o utilitarismo. Ele argumentou que punir
racionalmente deve se concentrar no futuro e não no passado. A punição deve visar à dissuasão,
para evitar que as pessoas cometam injustiças novamente, seja a pessoa punida ou aqueles que
observam a punição.

Esses exemplos mostram que o debate sobre as finalidades da pena não é um fenômeno
exclusivo do século XIX, mas sim uma questão que tem sido discutida ao longo da história. Mesmo
hoje, as jurisprudências, incluindo as do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), continuam a refletir essa diversidade de abordagens, reconhecendo que a punição pode
servir a diferentes propósitos, dependendo do contexto e das circunstâncias de cada caso. Portanto,
a compreensão dessas teorias e suas implicações é fundamental para o estudo do direito penal e da
filosofia do castigo.

Entendo que você está destacando a longa história das teorias legitimadoras da pena, que
incluem o absolutismo retributivista e o preventivismo utilitarista, bem como suas raízes em períodos
antigos, como a Grécia Antiga. No entanto, você também menciona que o debate sobre essas teorias
ganhou destaque no século XIX, quando o sistema penal passou a projetar uma identidade
essencialmente punitiva.

É interessante notar que, apesar de essas teorias existirem por milênios, sua importância e
aplicação variaram ao longo da história. Em períodos anteriores, a pena não era necessariamente
vista como a melhor maneira de lidar com conflitos, e outros métodos, como a autocomposição,
eram preferidos. Foi no século XIX que as teorias legitimadoras da pena começaram a dominar o
debate, influenciando a forma como o sistema penal foi estruturado.

Além disso, você destaca que o debate sobre as finalidades da pena geralmente gira em
torno de dois extremos: teorias legitimadoras que afirmam que punir faz um bem e deve ser
ampliado, e teorias deslegitimadoras que afirmam que punir faz um mal e deve ser limitado. Essa
dicotomia reflete a complexidade das questões envolvendo a pena e a justiça penal, que continuam
sendo temas centrais no campo do direito penal e da filosofia do direito até os dias de hoje.
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A Teoria Negativa e Agnóstica da Pena, proposta por Eugênio Raul Zaffaroni da Argentina e
Nilo Batista do Rio de Janeiro, compara a fundamentação da pena com a fundamentação da guerra.
Ela argumenta que não há um fundamento jurídico para a pena, assim como não há um fundamento
jurídico para a guerra. Em vez disso, essas teorias veem a pena como tendo uma fundamentação
política, e não jurídica. Elas enfatizam que o estado pune porque pode, não porque tem o direito de
fazê-lo. Portanto, o foco deve estar em limitar o poder punitivo do estado, garantindo que ele seja
exercido nos limites da lei e reduzindo sua aplicação ao mínimo necessário.

A Teoria Materialista Dialética da Pena é outro modelo teórico das teorias deslegitimadoras.
Ela se baseia em uma abordagem materialista e dialética para analisar a pena. Essa teoria argumenta
que a pena está intrinsecamente relacionada às estruturas sociais e econômicas de uma sociedade.
Ela busca entender como as relações de classe, poder e controle social influenciam a aplicação da
pena e como a pena, por sua vez, afeta essas estruturas. Essa teoria enfatiza a importância de
considerar o contexto social e econômico ao examinar o sistema penal e a pena.

Ambos os modelos das teorias deslegitimadoras da pena desafiam a visão tradicional da pena
como um instrumento de justiça ou retribuição, enfocando em vez disso seu aspecto político e social.
Eles destacam a necessidade de limitar o poder punitivo do estado e considerar as implicações
sociais mais amplas da pena.

Os motivos pelos quais a Teoria Negativa e Agnóstica da Pena é cética em relação às funções
propaladas pelas teorias legitimadoras da pena. Esta teoria é chamada de "agnóstica" porque não
acredita que as funções afirmadas pelas teorias legitimadoras realmente se concretizem no mundo
real. Aqui estão alguns dos argumentos críticos contra a prevenção geral negativa, que é uma das
funções alegadas pelas teorias legitimadoras da pena:

1. Coação Psicológica e Ameaça: A prevenção geral negativa argumenta que a pena exerce uma
coação psicológica sobre os indivíduos, ameaçando-os para que não cometam crimes. No
entanto, a teoria negativa e agnóstica questiona se essa coação psicológica realmente existe
na prática. Ela aponta que, além dos crimes mais conhecidos, as leis penais são complexas e
muitas vezes desconhecidas do público em geral, incluindo até mesmo os penalistas.
Portanto, é difícil pressupor que as pessoas conhecem todas as leis e são intimidadas por
elas.

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2. Variação de Contexto: A teoria negativa e agnóstica argumenta que a eficácia da prevenção


geral negativa pode variar significativamente dependendo do contexto social e econômico.
Indivíduos que tiveram acesso a oportunidades educacionais e compreendem as leis podem
reagir de maneira diferente às ameaças da pena em comparação com aqueles que vivem em
condições desfavoráveis. Isso levanta dúvidas sobre a universalidade da coação psicológica
como uma ferramenta eficaz de prevenção.

3. Desigualdades Sociais: A teoria negativa e agnóstica também destaca as desigualdades


sociais e econômicas que podem afetar a percepção das leis e da pena. Indivíduos pobres ou
marginalizados podem ter uma visão diferente do estado devido à violência policial, ao
confronto e a outras experiências negativas. Portanto, a ideia de que todos os cidadãos são
igualmente afetados pela coação psicológica da pena é questionada.

Esses argumentos refletem a visão crítica da Teoria Negativa e Agnóstica da Pena em relação à
eficácia da prevenção geral negativa e ilustram por que essa teoria questiona a validade das funções
atribuídas à pena pelas teorias legitimadoras. Em vez de assumir que a pena efetivamente previne o
crime, essa abordagem busca entender como a pena funciona na realidade e questiona seu impacto
social e individual.

A Teoria da Prevenção Especial é duramente criticada, principalmente devido às condições


carcerárias precárias e ao alto nível de reincidência no sistema penal brasileiro. Essa teoria parte do
pressuposto de que a pena deve buscar o melhoramento do indivíduo, seja por meio da
ressocialização ou da reeducação. No entanto, as críticas apontam que esses objetivos raramente
são alcançados na prática, especialmente considerando as condições adversas do sistema prisional.

A realidade das péssimas condições carcerárias, superlotação e falta de programas eficazes de


ressocialização levanta questionamentos sobre como a pena poderia efetivamente cumprir seu
propósito de melhorar os condenados. Além disso, os altos índices de reincidência indicam que o
sistema penal brasileiro não está atingindo seus objetivos de reeducação e ressocialização.

A Teoria Negativa, também conhecida como Teoria Agnóstica da Pena, argumenta que as
funções declaradas da pena raramente são cumpridas na prática. Essa abordagem é essencialmente
política e não jurídica, e busca questionar a validade das funções tradicionalmente atribuídas à pena.
Ela argumenta que a pena não pode ser definida pelo que realiza, mas sim pelo que não faz.

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Segundo a Teoria Negativa, a pena não é capaz de reparar um dano ou prevenir uma lesão em
curso. Portanto, tudo o que pode reparar um dano é chamado de reparação, e o que pode impedir
uma lesão em curso é denominado coersão administrativa direta. Essa visão busca definir a pena por
exclusão, identificando o que ela não é capaz de fazer, em vez de se concentrar nas funções
tradicionais que raramente são alcançadas na prática.

A Teoria Negativa e Agnóstica da Pena busca delimitar o conceito de pena de forma negativa,
ou seja, definindo o que não é pena. Um dos principais objetivos dessa teoria é propor um modelo
de estado de direito capaz de reduzir gradualmente o estado de polícia. Ela argumenta que a pena,
como tradicionalmente concebida, não deve ser usada para controlar a sociedade de maneira
excessiva, mas sim que o Estado deve buscar alternativas à pena, como a coerção administrativa
direta, sempre que possível.

A Teoria Materialista ou Dialética da Pena apresenta pressupostos ligeiramente diferentes, mas


compartilha com a Teoria Negativa a ênfase na análise do que a pena efetivamente faz na prática,
em oposição ao que diz fazer em teoria. Esta teoria é associada ao pensamento do professor Juarez
Cirino dos Santos no Brasil e se baseia em autores como Alessandro Baratta, Karl Marx e Friedrich
Engels. Segundo essa abordagem, a pena não cumpre efetivamente as funções tradicionais de
proteção de bens jurídicos, prevenção de novos delitos ou retribuição ao mal causado. Em vez disso,
a pena é vista como tendo uma função de retribuição equivalente, questionando assim a validade
das funções tradicionalmente atribuídas à pena.

Ambas as teorias, Teoria Negativa e Agnóstica da Pena e Teoria Materialista ou Dialética da Pena,
questionam as bases tradicionais da justificação da pena e buscam uma análise mais crítica das
práticas punitivas, enfocando seus efeitos reais na sociedade. Elas argumentam que o sistema penal
precisa ser repensado para evitar abusos e injustiças, reduzindo o uso da pena quando necessário e
explorando alternativas mais eficazes de controle social.

O método materialista histórico dialético, inspirado na sociologia de Karl Marx, desempenha um


papel fundamental na Teoria Materialista ou Dialética da Pena, como proposta pelo professor Juarez
Cirino dos Santos. Esse método visa à compreensão da realidade, desvendando a essência por trás
das aparências. Na teoria da pena, isso implica separar os objetivos manifestos da pena, conforme
propostos pelas teorias legitimantes, das funções reais que a pena desempenha na sociedade.

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Os objetivos manifestos da pena são aquelas finalidades tradicionalmente atribuídas à punição,


como prevenir lesões a bens jurídicos, retribuir um mal causado, prevenir novos delitos, entre outros.
No entanto, o professor Juarez Cirino dos Santos argumenta que esses objetivos são, na verdade,
apenas aparências da pena.

A essência da pena, segundo a Teoria Materialista da Pena, é representada pelas funções reais.
A principal função real da pena é vista como uma retribuição equivalente, o que significa que a pena
funciona, em última instância, como uma forma de manter e consolidar um determinado modelo
político e econômico.

Esse conceito de retribuição equivalente é usado como uma crítica à igualdade formal, sugerindo
que, assim como no sistema de relações de trabalho exploradoras, onde o trabalhador recebe um
salário que esconde a exploração e a apropriação da mais-valia, o sistema penal também oculta sua
verdadeira função de manutenção e expansão do poder político e econômico das classes
dominantes.

Portanto, a Teoria Materialista ou Dialética da Pena argumenta que a pena não cumpre suas
supostas finalidades declaradas, mas, na realidade, serve como um instrumento de controle social e
manutenção das estruturas de poder existentes. Ela busca desvelar a verdade por trás das aparências
da pena no sistema penal.

A criminologia radical, também conhecida como criminologia crítica e desenvolvida por Juarez
Cirilo dos Santos, resulta na formulação de uma teoria da pena que é crítica em relação ao modelo
político-econômico do capitalismo. É importante lembrar a máxima de que cada modelo de
produção está relacionado a um sistema de punição específico.

A teoria materialista dialética da pena, proposta pelo professor Juarez Cirino dos Santos, busca
explicar as falhas da pena dentro do contexto do capitalismo. Em resumo, essa teoria argumenta
que, na realidade, a pena desempenha funções diferentes das que são declaradas. Ela pode servir
como um instrumento de opressão da classe trabalhadora, estabilização do sistema político e
econômico capitalista, entre outras funções semelhantes. Portanto, essa abordagem oferece uma
crítica essencialmente política e econômica às teorias legitimantes da pena.

Nesta aula, foram abordados os extremos do debate sobre as teorias da pena, incluindo as teorias
legitimantes e deslegitimantes. Todas essas teorias já foram abordadas em provas de concursos,
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variando em termos de dificuldade, desde perguntas sobre suas características até o simples
reconhecimento dos nomes dos autores. Espero que este resumo tenha fornecido uma visão
abrangente das teorias da pena no direito penal e das críticas que são feitas a elas.

Questões para fixação:

Julgue certo ou errado:

01 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
As teorias absolutas da pena visam principalmente à prevenção de futuros crimes, considerando o
bem-estar social como prioridade.

02 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
A teoria da prevenção geral argumenta que a pena serve como um exemplo para desencorajar todos
os membros da sociedade a cometerem crimes.

03 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
Hegel defendeu que a pena deve se concentrar exclusivamente na prevenção de futuros crimes,
ignorando completamente a retribuição.

04 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
As teorias relativas da pena consideram os efeitos futuros da punição e sua capacidade de contribuir
para o bem-estar da sociedade.

05 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
Emanuel Kant argumenta que a pena é legítima porque é necessário retribuir uma violação ética ou
moral cometida pelo delinquente por meio de um processo legal.

06 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
A Teoria da Prevenção Geral Negativa enfatiza a coação psicológica como meio de dissuasão para
evitar a prática de crimes.

07 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
Franz von Liszt defendeu a ideia de que a pena deve ser utilizada principalmente como uma forma
de retribuição ao mal causado pelo infrator.
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08 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
A Teoria Negativa e Agnóstica da Pena argumenta que a pena tem uma fundamentação jurídica
sólida e eficaz para atingir seus objetivos declarados.

09 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
A Teoria Materialista Dialética da Pena, proposta pelo professor Juarez Cirino dos Santos, enfatiza
que a pena está intrinsecamente relacionada às estruturas sociais e econômicas de uma sociedade.

10 – EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA
As teorias combinatórias buscam integrar elementos das teorias retributivas e das teorias
preventivas, reconhecendo que a punição pode servir a diferentes propósitos.

Gabarito:
(Todas as questões foram retiradas do material teórico)

01 – Resposta: Errado.

02 – Resposta: Certo.

03 – Resposta: Errado.

04 – Resposta: Certo.

05 – Resposta: Certo.

06 – Resposta: Certo.

07 – Resposta: Errado.

08 – Resposta: Errado.

09 – Resposta: Certo.

10 - Resposta: Certo.

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Atenção: este material foi produzido através da aula ministrada pelo professor. É muito
importante que a aula seja assistida juntamente com o acompanhamento do material para que
não fiquem dúvidas sobre o tema e para que o aprendizado seja completo.
Qualquer erro relacionado ao material e ao que foi abordado em aula, envie-nos um direct
pelo Instagram (@dedicacaodelta).

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