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FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO

ASSUNTO TRATADO NA OBRA: Uma análise teórico-filosófica a respeito das Nº


teorias que circundam o poder punitivo estatal (ius puniendi).
Referência da Obra:

QUEIROZ, Paulo. Funções do Direito Penal: legitimação versus deslegitimação do sistema penal –
3ªed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.

RESUMO:

Inicialmente, o autor do presente livro em estudo, cumpre salientar da intenção de abarcar as


principais teorias que circundam o direito penal, na sua função de punir, ou seja, a teoria da Pena. Desde
logo, ressalta divergências doutrinárias a respeito da aludida discussão. Paulo Queiroz divide o livro em três
partes: a primeira versa sobre as teorias legitimadoras do direito penal, a segunda, por sua vez, as
deslegitimadoras do sistema penal, e, por fim, na terceira e ultima parte, aborda as bases críticas de um
novo direito penal.

PRIMEIRA PARTE – TEORIAS LEGITIMADORAS DO DIREITO PENAL

1. Teoria absoluta: retribuição moral e retribuição jurídica


A teoria absoluta tem como linha geral: a pena como um fim em si mesmo. Preceitua uma
realização da "justiça" absoluta e repressiva, ou seja, o transgressor do ordenamento jurídico deve ser
punido independentemente de considerações preventivas ou utilitárias, daí decorre a incidência do punitur
quia peccatum est, ou seja, o Estado deverá punir pelo erro do transgressor da norma, sem qualquer juízo de
necessidade e proporcionalidade da pena.
Nesse sentido, Kant discorre a respeito da retribuição moral no sistema absoluto penal,
descrevendo-o como resultado da necessidade da absoluta justiça, além disso, eleva a classe de imperativo
categórico, ou seja, a valoração de uma lei moral.
Por sua vez, Hegel estabelece uma retribuição jurídica, em sentido diametralmente oposto ao de
Kant, não se busca um resultado absoluto de justiça, e sim a negativação ou anulação do delito.
Queiroz estabelece diversas críticas a respeito da supramencionada teoria, dentre elas, destacam-
se: O fim do Estado/Direito; Absolutização do direito de punir; e por fim, a demonstração clara do arbítrio
do legislador no momento de elaboração dos tipos penais.

2. Teorias Relativas: Prevenção Geral e Especial

Em oposição à teoria absoluta, surge à teoria relativa da pena, marcada pela prevenção de novos
delitos, possui, por sua vez, um caráter geral (positivo e negativo) e um especial (também positivo e
negativo). A presente teoria tem por objeto a pena como um meio a serviço de um fim.
A prevenção geral negativa supõe uma ideia de coação psicológica exercida pelo Estado sobre a
sociedade. É duramente criticada, pois torna o Estado detentor de não somente o direito de punir, como
também o de polícia, dando uma ideia de constante espionagem. A prevenção geral positiva preceitua
valores ético-sociais, valores estes que supostamente poderia reduzir a vontade de o delinquente praticar a
conduta criminosa.
Adentrando agora no campo da prevenção especial, esta tem por finalidade a ressocialização ou
reintegração social do apenado. Destarte, a teoria da prevenção especial é criticada nos seguintes quesitos:
inexistência de limite para a atuação do Estado; manifestação evidente do direito penal do autor; grave
violação do princípio da isonomia.
A teoria unitária, também elencada e usava no Código Penal Brasileiro, une as duas teorias
(absoluta e relativa), de forma que transforma a pena para um caráter justo e necessário (útil).
A segunda parte do livro versa sobre as teorias deslegitimadoras, são elas: Abolicionismo Penal
e o Minimalismo Penal. O abolicionismo, por sua vez, critica severamente o direito penal e todo seu
sistema, segundo essa teoria, o sistema não cumpre a sua função, deixando mascarado suas cifras ocultas,
ou sejam os casos não solucionados.
CITAÇÕES:

“Sob a rubrica de "teorias legitimadoras", aqui são consideradas as diversas formulações teóricas
justificadoras do direito de punir, as quais podem ser resumidas em três conhecidas máximas: punitur quia
peccatum est; punitur ut ne peccetur; punitur quia peccatum est et ne peccetur. Respectivamente: pune-se
porque pecou (teoria absoluta); pune-se para que não peque (teoria relativa); pune-se porque pecou e para
que não peque (teoria mista).” (pag. 13).

“As teorias absolutas, assim chamadas em oposição às teorias relativas, veem a pena como um fim em si
mesmo, ora como realização da justiça, ora como expiação de um mal, ora por razões outra ordem, e que
está justificada pelo simples fato de o agente ter cometido um crime, que deve ser punido
independentemente de considerações preventivas ou utilitárias.” (pag. 21).

“Ainda que a pena seja do ponto de vista da prevenção geral ou especial, absolutamente inútil, o autor de
um crime deve ser necessariamente castigado, porque é preferível, disse Kant, que morra um homem a
perder todo um povo, pois, a se desprezar a justiça, já não terá sentido a vida dos homens sobre a terra.”
(pag. 24).
“Em oposição às absolutas, as teorias relativas, também conhecidas como prevencionistas, são
marcadamente teorias finalistas, por verem a pena não como um fim em si mesmo, mas como um meio a
serviço de um fim.” (pág. 34).

“A norma penal é uma necessidade funcional, isto é, uma necessidade sistêmica de estabilização de
expectativas sociais, cuja vigência deve ser assegurada ante as frustrações que resultam da violação das
normas.” (pág. 44).

“O delito é uma ameaça à integridade e à estabilidade social por constituir a expressão simbólica da falta de
fidelidade ao direito. Esta expressão faz estremecer a confiança institucional e a pena é, por sua vez, uma
expressão simbólica oposta à representada pelo crime.” (pág. 45).

“Parece também evidente que o direito penal do cidadão é um pleonasmo e o direito penal do inimigo é uma
contradição em seus termos.” (pág. 51).

“Um direito penal simbólico carece de toda legitimidade, pois manipula o medo ao delito e à insegurança,
reage com um rigor desnecessário e desproporcionado e se preocupa exclusivamente com certos delitos e
infratores, introduz um sem fim de disposições excepcionais, a despeito de sua ineficácia ou impossível
cumprimento e, a médio prazo, desacredita o próprio ordenamento, minando o poder intimidatório de suas
prescrições.” (pág. 52).

“Para as teorias da prevenção especial, a intervenção jurídico-penal deve se contentar em evitar que os
condenados voltam a delinquir, impedindo a reincidência, de modo que fim da pena é evitar a reincidência,
por meio da ressocialização ou reintegração social do condenado.” (pág. 52/53).

“Em sua versão mais radical, a teoria da prevenção especial pretende a substituição da justiça penal por uma
"medicina social", cuja missão é o saneamento social, seja pela aplicação de medidas terapêuticas, visando
ao tratamento do delinquente, tornando-o, por assim dizer, dócil, seja pela sua segregação, provisória ou
definitiva, seja, ainda, submetendo-o a um tratamento ressocializador que anule as tendências criminosas.”
(pág. 53).

“(…) a pena somente será legítima na medida em que for a um tempo justa e útil (...)”. (pág 61).

“(...) o direito penal não pode se ocupar de condutas meramente imorais ou não lesivas de bem jurídicos.”
(pág. 64).

“(...) o direito penal serve também para limitar o poder de intervenção do Estado, protegendo o indivíduo de
uma repressão desmedida do Estado, isto é, protege o indivíduo simultaneamente através do direito penal e
ante o direito penal.” (pág. 66).

“O abolicionismo, como dito, recusa consistência científica a todas as premissas sobre as quais descansa o
direito penal, e propõe, por isso, não apenas a extinção da pena e do direito penal, mas a imediata abolição
de todo o sistema de justiça penal. Argumenta-se que o sistema penal é em si mesmo um problema social,
um mal social que cria mais problema que resolve, razão pela qual deve ser abolido para dar vida às
comunidades, às instituições e aos homens.” (pág. 86).

“(...) o controle penal intervém quando as consequências das infrações já se produziram, mas não
efetivamente para evitá-las.” (pág. 96).
METODOLOGIA OU MATERIAIS E MÉTODOS

Utilizada pelo autor:

Vislumbra-se claramente que o método principal esboçado pelo autor do ponto de vista da forma
de abordagem ao problema foi o qualitativo comunicando-se com o método indutivo, do ponto de vista dos
objetivos utilizou-se da pesquisa explicativa e do ponto de vista dos procedimentos técnicos realizou-se
pesquisa bibliográfica elaborando-se a partir de material já publicado, como livros, artigos, periódicos.

Utilizada para o fichamento:

Para a elaboração do estudo foi-se empreendida do ponto de vista dos procedimentos


técnicos a pesquisa bibliográfica, com a utilização de técnicas de grifar conjuntamente com pesquisa
documental que se ocupa no tocante as análises com base na filosofia jurídica do estudo do direito penal.
RESULTADOS APRESENTADOS

Analisando todo o contexto da obra, observa-se que a leitura se faz bastante crítica no que se
refere às teorias elencadas. Ante o exposto, foram esclarecidos os conceitos inerentes ao tema, além de
proporcionar um melhor pensamento a respeito dos sistemas de punição, combatida, a latere, por
pensamentos despenalizadores e minimalistas radicais.
CONCLUSÃO
Em todos os casos aqui citados, a intervenção penal revela-se claramente inadequada, porque
constitutiva de simples castigo, que nada resolve; antes, agudiza um processo de exclusão e marginalização
social, pois trabalha com falsas imagens da realidade e acaba por coisificar o conflito; desumanizando-o em
nome de um sistema que, embora abstratamente possa parecer coerente e justo; concretamente se auto
deslegitima, por encerar uma resposta maquinal a um problema demasiado humano, e para o qual desserve,
simplesmente porque não se destina a máquinas, mas a homens; e o homem, e não o sistema ou a lei, há de
ser sempre a medida de todas as coisas.
COMENTÁRIO:

Esse livro aborda um dos temas mais importantes e controvertidos da política criminal
contemporânea - que fins pode e deve perseguir o Estado por meio da pena ou, mais amplamente, do
Direito Penal, ou seja, que legitimidade tem o Estado como monopólio organizado da força. Para tanto,
examina não só as teorias legitimadoras - absolutas, relativas, unitárias -, como as deslegitimadoras -
abolicionismo penal e minimalismo radical - concluindo no sentido da relegitimação do direito estatal de
punir, em vista da necessidade social. Porém, decisivo para o controle racional da criminalidade é
privilegiar intervenções estruturais, sobretudo para melhorar as condições de vida das populações
marginalizadas.
IDEAÇÃO:

A ideia desenvolvida a partir da leitura do livro é a busca da função social da pena e da norma
penal, abordando consigo sem a intenção de exaurir o tem os principais pensamentos favoráveis ao objetivo
ético-social desta, e outros que pugnam pela não inserção deste meio coercitivo estatal em razão da não
necessidade do direito penal na tutela dos bens jurídicos principais e a imperfeição na busca da justiça.
Localização:

Livro físico: acervo pessoal.


Indicação:

Graduação, pesquisadores, operadores do direito, amantes dos pensamentos jurídicos e filosóficos e demais
interessados da Teoria do Estado no contexto do estudo do Direito Penal.
Nome do aluno: Gabriel Fonseca Santos Curso: Direito Período: 4º

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