Você está na página 1de 10

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIMAX

DIREITO

THAUAN FARIAS SANTIAGO

SISTEMA TRIFÁSICO DAS PENAS

INDAIATUBA
2023
THAUAN FARIAS SANTIAGO

SISTEMA TRIFÁSICO DAS PENAS

Atividade prática composta por pesquisa e


argumentação crítica, apresentado ao curso de
Direito, do Centro Universitário UniMAX, a ser
utilizado de modo avaliativo para matéria de
Teoria Geral da Pena.

Prof. Dr. Cauê Hueso

INDAIATUBA
2023
1. QUESTÃO 01
Tendo em vista a finalidade das penas, explique o que é Retribuição, Prevenção e
Ressocialização e a importância de cada um no contexto do sistema de justiça penal.

1.1.Retribuição
A Teoria da Retribuição, também conhecida como teoria do castigo ou teoria absoluta.
Está intrinsecamente ligada à fato pretérito, ou seja, busca tão somente castigar o
condenado através da retribuição do mal praticado, sem pensar no futuro ou em alterar
a realidade.
Dois teóricos da Teoria da Retribuição enfatizam essa teoria Kant e Hegel.
Em estudos nas lições de Roxin (ROXIN, Claus. Derecho penal – Parte general, t. I, p.
81-82):
“A teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim
socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um mal merecidamente se
retribui, equilibra e expia a culpabilidade do autor pelo fato cometido. Se fala aqui de
uma teoria ‘absoluta’ porque para ela o fim da pena é independente, ‘desvinculado’ de
seu efeito social”.
A Teoria da Retribuição justifica até mesmo a pena de morte, pena essa que foi
contrariada por Beccaria. Para o aristocrata, não é possível presumir que, ao firmar o
contrato social, o homem tenha colocado à disposição sua própria vida. A finalidade
das penas no sistema de justiça penal pode ser analisada sob diferentes perspectivas,
destacando-se três abordagens principais: retribuição, prevenção e ressocialização.
Cada uma dessas abordagens busca alcançar objetivos específicos e desempenha um
papel fundamental no sistema de justiça penal. Essa abordagem enfatiza a noção de
que a punição
é um meio de restaurar o equilíbrio moral e de reafirmar a autoridade da lei.
A teoria, desempenha um papel significativo no sistema de justiça penal ao fornecer
uma justificativa moral e ética para a imposição de penas. Embora a justiça penal
moderna também considere outras abordagens a retribuição continua a ser uma
perspectiva importante com várias implicações e benefícios, como fundamentação
ética, restauração do equilíbrio moral, afirmação da autoridade da lei, satisfação da
sociedade e das vítimas.

1.2. Prevenção
A teoria da Prevenção, conhecida também como teoria relativa, possui um caráter
preventivo, ou seja, buscam evitar com que os demais indivíduos da sociedade, ao
visualizarem as consequências decorrentes da realização de um crime, tenham
consciência da consequência que irão ter que enfrentar caso cometam delito, e assim
mudem de ideia.
Sendo esta conhecida como teoria da prevenção geral. Ou seja, ela busca, de maneira
utilitarista, punir o condenado por dois motivos, buscando evitar a ocorrência de
crimes futuros.
Assim sendo, abre-se duas maneiras de prevenção: Prevenção Especial (para que o
delinquente não volte cometer crime) e Prevenção Geral (para que a sociedade tome
como exemplo, e por medo, não faça igual). Ambas prevenções, são encaradas tanto
por um olhar positivo como negativo.
A teoria da prevenção desempenha um papel crucial no sistema de justiça penal, pois
esta busca evitar a ocorrência de crimes e minimizar seus impactos na sociedade. A
importância dessa teoria pode ser destacada em vários aspectos, tais como proteção da
sociedade, economia de recursos, redução da criminalidade, foco na raiz do problema,
reabilitação e ressocialização

1.3. Ressocialização

A Teoria, conhecida como Teoria da Ressocialização, foi proposta por Franz von
Liszt, visando oferecer uma oportunidade de regeneração ao condenado, sem se deter
em eventos passados ou concentrar-se exclusivamente na prevenção de futuros crimes.
No âmbito da Escola Sociológica Alemã, à qual Liszt estava vinculado, essa
perspectiva destaca a importância de uma pena justa que não ultrapasse a necessidade.

No entanto, a visão de Émile Durkheim desafia essa abordagem ao sustentar que o


crime é inerente à sociedade. Nessa perspectiva, discutir sobre ressocialização torna-
se complexo, pois o crime é considerado não como causa, mas como um efeito
resultante de fatores sociais. Para Durkheim, o crime não pode ser eliminado, pois
desempenha um papel funcional na sociedade, refletindo discordâncias normativas e
promovendo a coesão social.

Sob essa ótica, a ressocialização pode ser questionada, pois busca reintegrar
indivíduos em uma sociedade onde o crime é uma parte intrínseca. Durkheim
argumenta que tratar o crime isoladamente, sem abordar suas causas sociais, é
equivalente a lidar apenas com seus efeitos, uma analogia de "secar gelo". Ou seja,
concentrar-se unicamente na reabilitação do indivíduo sem considerar as condições
sociais que contribuem para o crime seria uma abordagem inadequada, pois não
aborda as raízes do problema.

Dessa forma, a Teoria da Ressocialização, ao confrontar a perspectiva durkheimiana,


suscita questões cruciais sobre a eficácia de reintegrar indivíduos em uma sociedade
que, em sua visão, tolera ou até mesmo incentiva o crime. Essa dicotomia entre a
reabilitação individual e a abordagem das causas sociais do crime destaca os desafios
inerentes à busca por um sistema de justiça penal verdadeiramente eficaz e justo.

A teoria da ressocialização é de grande importância para o sistema de justiça penal


por diversas razões, principalmente relacionadas à promoção da reabilitação dos
infratores e à redução da reincidência criminal. Destacam-se razões como a redução
da reincidência, a humanização do sistema penal, a contribuição para a reintegração
social, a economia de recursos, a promoção da justiça restaurativa e o alinhamento
com os direitos humanos.

Em resumo, a teoria da ressocialização é crucial para o sistema de justiça penal, pois


busca não apenas punir, mas também reabilitar e reintegrar os infratores na sociedade,
tendo implicações positivas tanto para os indivíduos envolvidos quanto para a
sociedade em geral.
2. QUESTÃO 02
Selecione 1 (um) caso de relevância jurídica no Brasil e descreva de qual maneira o sistema
trifásico das penas foi aplicado. Use jurisprudências e doutrinas relacionadas para a
fundamentação.

2.1.Vampiro de Niterói
O caso do "Vampiro de Niterói" refere-se aos crimes cometidos por Marcelo Costa de
Andrade, conhecido como o "Vampiro de Niterói" ou o "Vampiro da Rua Gonçalves
Ledo", no Rio de Janeiro, durante a década de 1990.

Marcelo foi responsável por uma série de crimes hediondos, incluindo o assassinato e
mutilação de crianças, além de praticar atos de necrofilia na cidade de Niterói. Os crimes
ocorreram entre os anos de 1991 e 1992, chocando a sociedade brasileira pela sua
brutalidade.

O apelido "Vampiro de Niterói" foi atribuído a Marcelo devido à natureza sádica e


ritualística de seus crimes, que incluíam a drenagem de sangue das vítimas. Sua série de
assassinatos chocou a sociedade brasileira e gerou um intenso interesse da mídia.

Marcelo foi finalmente capturado em 1992 e submetido a julgamento. Durante o


processo judicial, foram apresentadas provas contundentes de sua autoria nos crimes,
incluindo testemunhos e evidências forenses. O caso despertou debates sobre a
segurança pública e o tratamento de criminosos com transtornos mentais no sistema
penal brasileiro.

O caso do "Vampiro de Niterói" permanece como um dos episódios mais sombrios e


perturbadores na história criminal brasileira.

É importante notar que o caso, envolve aspectos extremamente sensíveis e chocantes, e


a fundamentação jurídica precisa ser tratada com responsabilidade e respeito às vítimas
e à sociedade em geral.
Neste caso do "Vampiro de Niterói", é possível analisar que esse procedimento foi
empregado, destacando as jurisprudências e doutrinas associadas. Os crimes cometidos
por Marcelo Costa de Andrade foram enquadrados nas disposições legais pertinentes
aos homicídios, mutilações e outros delitos, conforme estabelecido pelo Código Penal
Brasileiro, que define as penas para crimes dessa natureza.

Durante a fase judicial, Marcelo foi submetido ao devido processo legal, com a
apresentação de provas, testemunhos e argumentos legais. A aplicação do sistema
trifásico nessa etapa implica na individualização da pena, considerando as
circunstâncias do crime e as características do acusado.

Em situações de homicídios brutais, a jurisprudência pode respaldar a imposição de


penas mais severas, levando em consideração a periculosidade do réu. Doutrinas
relacionadas à individualização da pena, como as teorias da culpabilidade e da pena
justa, podem ser invocadas para fundamentar a decisão judicial. A análise do perfil
psicológico do acusado, à luz da criminologia, pode influenciar na fundamentação das
penas aplicadas.

No caso do "Vampiro de Niterói", a fase executória envolveria a implementação da pena


privativa de liberdade, considerando o tempo de cumprimento da sentença. Aspectos da
execução penal podem ser citados para embasar decisões sobre progressão de regime,
concessão de benefícios ou aplicação de medidas de segurança em casos de condenados
que representem riscos à sociedade. Além disso, considerações sobre a ressocialização
e tratamento de transtornos mentais no sistema prisional podem ser relevantes para
fundamentar decisões relacionadas à execução penal, especialmente em casos de crimes
violentos e com características psicopatológicas.

Portanto, no caso do "Vampiro de Niterói", o sistema trifásico das penas foi aplicado
desde a legislação pertinente até as decisões judiciais e execução penal, visando alcançar
os objetivos de punição proporcional, justiça e ressocialização, conforme preconizado
pelo ordenamento jurídico brasileiro.
3. QUESTÃO 03
Exponha os benefícios e os malefícios da aplicação do sistema trifásico das penas no caso que
foi selecionado, fundamentando com base nas jurisprudências e doutrinas. Por fim exponha seu
posicionamento a respeito da eficácia deste sistema para o Direito Penal brasileiro.

1.3. Fundamentação

A aplicação do sistema de sentença em três etapas no caso “Vampiro de Niterói” trouxe


benefícios significativos. O sistema permite que a pena varie individualmente, tendo em
conta as circunstâncias específicas do crime e as características do arguido. Esta
abordagem mais detalhada permite uma análise aprofundada das infracções e promove
a aplicação de penas mais justas e proporcionais à gravidade da infracção.

A base jurídica para esta abordagem é apoiada pela jurisprudência, que enfatiza a
importância de considerar as particularidades de cada caso para garantir uma justiça
criminal justa. Teorias como a da sentença individualizada acreditam que a punição deve
adaptar-se às características do infrator e à natureza do crime, e estar em conformidade
com o princípio da sentença individualizada.

A aplicação do sistema de sentença em três etapas no caso “Vampiro de Niterói” trouxe


benefícios significativos. O sistema permite que a pena varie individualmente, tendo em
conta as circunstâncias específicas do crime e as características do arguido. Esta
abordagem mais detalhada permite uma análise aprofundada das infracções e promove
a aplicação de penas mais justas e proporcionais à gravidade da infracção.

A base jurídica para esta abordagem é apoiada pela jurisprudência, que enfatiza a
importância de considerar as particularidades de cada caso para garantir uma justiça
criminal justa. Teorias como a da sentença individualizada acreditam que a punição deve
adaptar-se às características do infrator e à natureza do crime, e estar em conformidade
com o princípio da sentença individualizada.

Porém, em casos como “O Vampiro de Niterói”, onde o crime foi extremamente


violento, a ressocialização pode ser um desafio. O sistema de três fases centra-se na
punição individualizada e pode não ser totalmente eficaz na promoção da reintegração
na sociedade em casos extremamente graves. É provável que surjam casos com questões
semelhantes de ressocialização na jurisprudência, ilustrando as complexidades da
reintegração de indivíduos que cometeram crimes tão atrozes na sociedade. Podem ser
citadas teorias críticas à ressocialização em casos de crimes violentos para argumentar
que, em alguns casos, podem ser justificadas punições mais severas.

Acredito que o sistema de três fases é uma ferramenta valiosa, mas deve ser utilizada
com flexibilidade, tendo em conta a gravidade do crime, a periculosidade do infrator e
a eficácia da ressocialização. Em circunstâncias excepcionais, como assassinatos brutais
e crimes hediondos, é necessário avaliar se o sistema é adequado para atingir os
objectivos de justiça e protecção social. Encontrar um equilíbrio entre punição
proporcional e segurança pública é crucial para a eficácia do sistema penal brasileiro.
4. BIBLIOGRAFIA

JusBrasil, Teoria da pena, Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/teorias-da-


pena/562323128>. Acesso em 14 de novembro de 2023

Canal Ciências Criminiais, Conheça história vampiro de niteroi, R7. Disponível em:
https://canalcienciascriminais.com.br/conheca-historia-vampiro-de-niteroi/. Acesso em 14 de
novembro de 2023

Aventuras na história, Vampiro de Niterói, o serial killer que aterrorizou o Brasil na década de
90, Uol. Disponível em:< https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-
vampiro-de-niteroi-o-serial-killer-brasileiro-mais-aterrorizante-da-decada-de-90.phtml>.
Acesso em 14 de novembro de 2023

HUESO, Cauê Costa. Curso de Direito, 2o Semestre de 2023. São Paulo: Centro Universitário

Max Planck - UniMAX, 2023.

BRASIL. Código Penal Brasileiro. Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Artigo 1o. Brasília,

DF: Imprensa Nacional, 1940.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em

5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 de outubro de 1988. Art. 5o,

XLV.

Você também pode gostar