Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
diversificada
1. Introdução
1.1 Contextualização do tema
O crime é um fenômeno social que desperta o interesse e a curiosidade
de diversos campos do saber humano, como a filosofia, a sociologia, a
psicologia, a biologia e o direito. O crime também é uma realidade que afeta a
vida de milhões de pessoas no mundo todo, gerando medo, violência, injustiça
e desigualdade. Mas o que é o crime? Como ele se origina? Quem são os
criminosos? Como eles devem ser tratados pela sociedade?
Essas são algumas das perguntas que a criminologia tenta responder. A
criminologia é uma ciência multidisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a
vítima e o controle social (SHECAIRA, 2014). A criminologia não é uma ciência
homogênea ou consensual, mas sim uma ciência plural e diversa, que abriga
diferentes teorias, métodos e perspectivas sobre o fenômeno criminal.
Neste trabalho, pretendemos explorar as diferentes teorias
criminológicas que tentam explicar o crime e o criminoso. Para isso, vamos
dividir as teorias em quatro grandes grupos: as teorias clássicas, as teorias
biológicas e psicológicas, as teorias sociológicas e as teorias interacionistas e de
rotulamento. Cada grupo representa uma forma diferente de entender o
criminoso: como um ser racional e responsável; como um ser determinado por
fatores biológicos ou psicológicos; como um ser influenciado pelo ambiente
social e estrutural; ou como um ser construído pela reação social e pelo estigma.
Nosso objetivo é apresentar as principais ideias, contribuições e
limitações de cada grupo de teorias, bem como alguns exemplos de autores e
obras que as representam. Não pretendemos esgotar o assunto nem defender
uma teoria em detrimento das outras, mas sim oferecer uma visão geral e crítica
das diferentes lentes pelas quais o criminoso pode ser visto.
Esperamos que este trabalho possa contribuir para o conhecimento e a
reflexão sobre a criminologia e suas implicações para a justiça criminal e para a
sociedade. Acreditamos que o entendimento multifacetado do criminoso pode
nos ajudar a compreender melhor a complexidade do fenômeno criminal e a
buscar soluções mais humanas e eficazes para prevenir e combater o crime.
6. Conclusão
Neste trabalho, procuramos apresentar e analisar as principais teorias da
criminologia que buscam explicar o crime e o criminoso a partir de diferentes
perspectivas. Vimos que essas teorias se dividem em quatro grandes grupos: as
teorias clássicas, as teorias biológicas e psicológicas, as teorias sociológicas e as
teorias interacionistas e de rotulamento. Cada grupo de teorias tem uma visão
diferente sobre os fatores que influenciam ou determinam o comportamento
criminoso dos indivíduos ou dos grupos.
Vimos também que essas teorias apresentam algumas contribuições e
limitações para o estudo do crime e do criminoso. Essas teorias trazem uma
nova perspectiva para a criminologia, que não se limita a uma única causa ou
explicação, mas considera vários aspectos do fenômeno criminal e do sujeito
criminoso. Essas teorias também propõem uma nova intervenção do sistema
penal, que não se baseia apenas na punição, mas busca também a prevenção, o
tratamento e a ressocialização do criminoso.
No entanto, essas teorias também apresentam algumas limitações e
críticas, que devem ser levadas em conta na sua avaliação. Essas teorias se
baseiam em métodos científicos nem sempre confiáveis ou válidos, que podem
ser influenciados por preconceitos ou interesses ideológicos. Essas teorias
também se baseiam em conceitos nem sempre claros ou consensuais, como o
livre arbítrio, a predisposição genética, o desvio ou a resistência.
Uma das críticas é que essas teorias são deterministas, reducionistas e
naturalizantes, pois atribuem o crime a fatores inatos ou imutáveis dos
indivíduos, desconsiderando a sua capacidade de escolha e de mudança. Outra
crítica é que essas teorias são individualistas e patologizantes, pois focalizam o
crime no nível do indivíduo e não no nível da sociedade, e tratam o criminoso
como um doente ou um anormal que precisa ser curado ou isolado. Uma
terceira crítica é que essas teorias são elitistas e conservadoras, pois legitimam o
status quo social e político, e justificam a exclusão e a repressão dos grupos
marginalizados ou desviantes.
Diante dessas contribuições e limitações das teorias da criminologia,
podemos concluir que o entendimento do crime e do criminoso é complexo e
multifacetado, que não pode ser reduzido a uma única perspectiva ou
abordagem. O crime e o criminoso são fenômenos sociais dinâmicos e mutáveis,
que envolvem vários fatores biológicos, psicológicos, sociológicos e
interacionistas. O crime e o criminoso são construções sociais relativas e
negociáveis, que dependem da definição e da reação da sociedade.
Portanto, para compreender melhor o crime e o criminoso, é preciso
adotar uma visão holística e integrada da criminologia, que considere todas as
dimensões do fenômeno criminal e do sujeito criminoso. É preciso também
adotar uma visão crítica e transformadora da criminologia, que questione as
bases e as funções do sistema penal, e que busque a promoção da justiça, da
cidadania e dos direitos humanos.
Referências
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal:
introdução à sociologia do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação.
São Paulo: Abril Cultural, 2010.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 17. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
FOUCAULT, Michel; CHRISTIE, Nils; BARATTA, Alessandro; MARX, Karl.
Criminologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2010.
GAROFALO, Raffaele; FERRI, Enrico; LOMBROSO, Cesare. A escola positiva
de criminologia: textos selecionados. São Paulo: Ícone, 2004.
GOFFMAN, Erving; MATZA, David; BECKER, Howard; LEMERT, Edwin.
Desvio e controle social: textos fundamentais de sociologia do desvio. Rio de
Janeiro: LTC, 2009.
HARE, Robert; EYSENCK, Hans; SHELDON, William. Psicologia criminal:
teoria e prática. São Paulo: Artmed, 2006.