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§ 2 - Interesses de Aplicação jurídico-penal 13
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14 Capítulo 1 - A intervenção do Direito Penal sobre a Criminologia
a) Lombroso
O médico-legista Cesare Lombroso (1835-1909) encontrou em hospícios
e em instituições penais as cobaias de suas pesquisas sobre as características
de “L’Uomo Delinquente”, do homem criminoso (1876). Impressionado
pela força explicativa das ciências naturais exatas, ele tentou, com ajuda de
estudos antropológico-criminais, desvendar a forma originária do crime.
bb) O mérito de Lombroso deve ser visto deste modo, que ele se esforçou,
mesmo que de forma limitada, para um acesso científico-empírico à
criminalidade. Ele encerra, com isto, uma longa fase de considerações
especulativas da delinquência (visão geral sobre a história primitiva da
Criminologia, em Göppinger, 1997, 6 s.). A crítica metódica que deve
ser feita a Lombroso não consiste no fato de ter observado ou medido
errado. Ao contrário, ele não percebeu o efeito de seleção ao qual os presos
pesquisados, da quantidade total de autores puníveis, estavam submetidos.
Lombroso equiparou a criminalidade com o que ele encontrou nas prisões.
Muitas das características que ele verificou nos presos e que interpretou
como causas da criminalidade, do ponto de vista atual, seriam vistas como
as consequências dos processos de seleção, que ocorrem desde a Polícia até
a Justiça penal e no ato de medição da pena (compare adiante § 3 B III s.).
b) Ferri
O jurista Enrico Ferri, um discípulo de Lombroso, completou e
diferenciou em trabalhos posteriores a hipótese da determinação biológica
da delinquência. Ele indicou, em especial, a negligência dos fatores psíquicos
e sociais nas explicações da criminalidade de Lombroso (Ferri, 1896, 24 s.).
pessoais (raça, idade, sexo, profissão, origem de classe etc.) do criminoso. No segundo
grupo encontram-se fatores físicos da delinquência, como clima, períodos do dia ou
estações do ano. Os fatores sociais diferenciados no terceiro grupo compreendem
desde a densidade da população, a vida familiar, as relações econômicas e políticas, até
o estado da legislação penal, da Polícia e Justiça – uma compreensão extremamente
moderna (Ferri, 1896, 125 ss). Ferri esforçou-se, também, enfim, para a solução do
problema da culpabilidade. Através da negação da liberdade de vontade, na “Escola
Positivista” fundada por Lombroso, a imputação jurídico-penal precisou ser de novo
fundada. Ferri substituiu a hipótese tradicional da responsabilidade moral (liberdade
de vontade) pela ideia de responsabilidade social: por toda ação punível, que pelo
autor “é executada (...) em um processo psico-fisiológico a ele pertencente” (no lugar
citado, 274ss), este é responsável jurídico-penalmente “apenas porque e enquanto
ele vive em sociedade” (no lugar citado, 297). Estas reflexões foram, mais tarde,
desenvolvidas na chamada teoria da “Defesa social”.
a) O princípio da individualização
Embora a Criminologia, como ciência empírica, abandona a imputação
jurídico-penal da liberdade de vontade individual, em favor da hipótese
da determinação pessoal ou social da ação, o indivíduo permanece a fonte
essencial do crime e o ponto de referência da intervenção. O princípio
criminológico da individualização permanece, com isto, tanto no quadro
da lógica de imputação jurídico-penal da culpabilidade, como também
[no quadro] da ideologia burguesa da responsabilidade e do desempenho
pessoal. A cela da prisão simboliza este princípio, que coloca limites
enérgicos ao diagnóstico criminológico e à recomendação de intervenção
criminológica.
b) O princípio da diferença
No quadro de investigação das primeiras pesquisas criminológicas, como
no estudo empírico de Lombroso sobre o “homem criminoso” (1876),
20 Capítulo 1 - A intervenção do Direito Penal sobre a Criminologia
Hans Gross, um dos pais da Criminologia, que em seu tempo também era
corretamente denominada Criminalística, mostra na seguinte formulação,
com que solicitude a ciência-factual criminológico-positiva se coloca a
serviço oficial do Estado: “A Criminalística não quer outra coisa, senão
prestar serviços auxiliares à ciência do Direito Penal, ela alcançou seu
objetivo quando pôde carregar pedras, que a (...) Política criminal pode
§ 2 - Interesses de Aplicação jurídico-penal 23
precisar para aquela primeira obra, que a jovem escola alemã quer construir
e pela qual, um dia, os homens a abençoarão, pois ela não é mais dedicada
ao conflito sobre o que foi ideado pelo ser humano, mas ao conhecimento
da realidade” (Gross, 1899, 16).
Literatura: Akers, R.L., Deviant Behavior, 2 ed, 1977: Albrecht, P.-A., Perspektiven und
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§ 3 - Teorias da Criminalidade 35
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aqui, da eficiência das medidas de persecução penal. Por outro lado, pode-
se descobrir uma necessidade de conhecimento criminológico simbólico
utilizável – ou seja, disponível para a necessidade de fundamentação
política. Esta necessidade refere-se também à explicação e ao controle da
criminalidade. Trata-se, aqui, do ganho político da persecução penal para o
Estado: assim, uma explicação exclusivamente individual da criminalidade
pode economizar medidas político-sociais caras.
Figura 1: coordenadas para classificação das teorias criminológicas (fonte: Albrecht, 1983, 9)
§ 3 - Teorias da Criminalidade 41
I. Princípio etiológico-individualizante
b) Pesquisas de gêmeos
Na pesquisa de gêmeos tenta-se provar, através da comparação da
conduta (criminosa) de gêmeos monozigóticos com gêmeos dizigóticos, a
contribuição da predisposição hereditária para a gênese da criminalidade.
2. Teorias de aprendizagem
b) Teorias do controle
Ao contrário, as teorias do controle enfatizam os vínculos controladores,
externos e internos, da pessoa na sociedade, que seriam decisivos para o
processo de aprendizagem do comportamento socialmente conformista
(compare Reiss, 1951; Gold, 1970).
b) Objetivos de prevenção
Objetivos desejáveis de prevenção, sob o fundamento destes princípios
teóricos, são a redução de formas de comportamento desviante e de suas
etapas preparatórias, com a manutenção das estruturas sociais existentes.
As instituições de controle social não são, ainda, submetidas a nenhuma
análise independente, meramente a uma (análise) mediadora relacionada
à pessoa, em direção a possíveis efeitos criminalizadores. Aqui, prevenção
significa “intimidação” de (futuros) fatos (prevenção geral), assim como
“tratamento” ressocializante (prevenção especial). Consequência de
ambas formas de procedimentos deve ser uma redução dos modos de
comportamento indesejados.
1. Teoria da anomia
Anomia designa, portanto, uma ruptura na estrutura cultural, que existe mediante
uma forte discrepância entre normas e metas culturais reconhecidas na sociedade e as
possibilidades sócio-estruturais mediatizadas para realização das metas. Em forma de
tese, a teoria da anomia pode ser compreendida como segue:
• Quanto mais forte é acentuado, em uma sociedade, uma meta comum de sucesso
para todos os membros da sociedade – independente de suas possibilidades de
realização (ideologia da igualdade),
• Quanto mais forte os membros da sociedade aceitam as metas culturais,
• Quanto mais limitadas são as reais possibilidades legítimas disponíveis para
realização das metas,
• Tanto maior é a probabilidade de que os membros de uma tal sociedade
escolham meios ilegítimos para realização ds metas de sucesso, portanto, ocorre
comportamento desviante (Springer, 1973, 12).
2. Teoria da subcultura
a) Conceitos de cultura
A tese da relatividade da cultura, da possibilidade de que exista mais do
que uma cultura – ou seja, a (cultura) ocidental –, foi posta pela primeira
50 Capítulo 1 - A intervenção do Direito Penal sobre a Criminologia
ou moradia, que não servem somente como sinais exteriores de status, mas, ao
mesmo tempo, também simbolizam o acesso a vias estabelecidas de sucesso, os
pais de camada inferior não estão na condição econômica de proporcionar aos
seus filhos estes sinais de status. Mediante a criação de um sistema de valores e de
comportamentos desviantes são oferecidos critérios de status, que os adolescentes de
camadas inferiores, com suas possibilidades dadas, podem alcançar. Ao lado disso,
através das normas desviantes concorrentes é praticada, igualmente, desforra contra
as normas dominantes (compare Pfeiffer/Scheerer, 1979, 37).
a) Criminologia compreensiva
Teorias sócio-estruturais da criminalidade não mais supõem nenhuma
patologia do comportamento, embora também aqui se pergunte
sobre as causas do comportamento das pessoas, não sobre as causas da
52 Capítulo 1 - A intervenção do Direito Penal sobre a Criminologia
b) Objetivos de prevenção
Objetivos desejáveis de prevenção são, por sua vez, encontrados na
redução do comportamento criminalizado. Isto é possível, por um lado,
pela mudança das normas de grupos. Por outro lado, mediante alteração
das condições fáticas de vida, deve ser possibilitada para mais grupos
sociais do que até agora uma vida segundo as normas das camadas médias.
As instâncias de controle social permanecem, como ponto de partida da
prevenção, teoricamente excluídas. Estas instâncias são definidas, em sua
função, como guardiães das normas de classe média que, em geral, não
estão à disposição, mas representam a afirmação de metas da sociedade.
§ 3 - Teorias da Criminalidade 53
um receba o valor de seus fatos e a culpa de sangue não recaia sobre o povo,
que não insistiu nesta punição: porque pode ser considerado como participante
nesta lesão pública da Justiça” (Kant, AA VI, 333).
Hegel fala, neste contexto, da pena como “negação da negação” do
Direito. Ele se posiciona contra uma pena fundada na finalidade: “Com
a justificação da pena deste modo é como se alguém levantasse o bastão
contra um cão, e o ser humano não é tratado conforme sua honra e
liberdade, mas como um cão” (Hegel, volume 7, em adição ao § 99, p.190).
Assim, livre de toda perseguição de fim, as teorias absolutas da pena
também fundamentam a pena (nível de justificação da pena), assim
também pode ser inteiramente atribuído a estas teorias um implícito
pensamento de fim (nível de colocação de fim da pena). A reintegração
da ordem jurídica não se realiza de forma volátil, mas dentro de uma
sociedade que utiliza o Direito como instrumento de ordem. A necessidade
da pena fundamenta-se mediante a pretensão de assegurar a ordem social
através do Direito – e, deste modo, possibilitar a vida humana comum nas
sociedades. Esta reflexão poderia ser ampliada para além do fundamento
penal metafisicamente ancorado.
O princípio de compensação da culpabilidade constitui, também
ainda hoje, segundo concepção amplamente representada (compare, sobre
isto, Kaufmann, 1976), o fundamento do Direito Penal: “A culpabilidade,
que o autor através de seu fato carregou sobre si, é compensada mediante
expiação da pena (segundo corrente uso de linguagem: retribuída, expiada).
Esta simples tese, que contém os pressupostos de punibilidade, assim
como a tarefa e a justificação da pena, tem podido se afirmar, durante
tanto tempo, como fundamento de nossa ciência, não somente porque
suas raízes penetram profundamente na história do pensamento ocidental.
Esta tese possui, acima de tudo, a vantagem de que rende juridicamente
muito, e possibilitou os decisivos desenvolvimentos político-criminais e
dogmáticos dos últimos 200 anos” (Roxin, 1984, 641).
O princípio da culpabilidade está ancorado, no atual Direito Penal,
no § 46, seção 1, oração 1, CP. Segundo este, a culpabilidade do autor
é o fundamento para a medição da pena, ao mesmo tempo, com isso,
a culpabilidade limita a pena. Mas a prescrição exige, simultaneamente,
§ 4 - Teorias de Criminalização 65
b) Metafísica da retribuição
Hoje, um direito estatal de retribuição compensadora da culpabilidade
não se deixa mais deduzir de um princípio de compensação da culpabilidade
comprometido somente com a ideia de Justiça, construída sem finalidade.
A sentença judicial não seria mais dedutível de forma metafísica, mas
subordinada aos princípios da Constituição do Estado civil-democrático.
A pretensão absolutista estaria perdida. O Juiz seria, de agora em diante,
legitimado por um poder do Estado que, pelo menos segundo a letra da
Constituição, emana do povo. Um direito à retribuição não poderia,
portanto, existir (compare Roxin, 1984, 643s.; Stratenwerth, 1977).
1. Intimidação
V. Prevenção de integração
Perspectiva geral
I. Pretensão e objetivos
1. Estrutura da pesquisa
3. Avaliação
III. Conclusões
C. Prevenção de integração
I. Inacessibilidade empírica
1. O desenvolvimento
2. Simbolismo
4. O rendimento político
V. Resumo
vista policial-prático, contudo, a tortura não pode ser nem meio adequado,
nem meio necessário para se conseguir uma declaração. Adequado não,
porque contradiz completamente os conhecimentos de psicologia do
interrogatório policial. Sob tortura qualquer “verdade” é fabricável. De
resto: quem, contudo, de modo fanático, opõe-se a declarações na Polícia,
deve também estar preparado para despedaçar-se fanaticamente sob a
tortura da Polícia. Necessário não, porque é incompatível com o ethos do
ofício de técnicas profissionais de questionamento e de interrogatório. O
moderno trabalho da Polícia e métodos de inquisição medievais do Estado
autoritário, em todo caso, excluem-se.
Como se permite legitimar a tortura, a partir de uma amostra de indício
para repúdio da coação (assim Prittwitz, no contexto de um parecer de
parte, citado na sentença do Tribunal estadual de Frankfurt a. M., NJW
2005, 694), permanece incompreensível, sobretudo porque o limite da
dignidade do ser humano, do art. 1o, seção 1, oração 1, da Constituição,
nem sequer é considerado nesta ponderação. O Tribunal estadual de
Frankfurt se contrapôs, de modo categórico e convincente, a todas estas
ponderações de fim-meio, pelo que este indescritível debate – em todo
caso, para a práxis da Polícia e do Direito Penal – está, por enquanto,
encerrado pela coisa julgada.
b) Legitimações materiais
Além disto, existem inúmeras legitimações materiais para a validade
universal e absoluta dos direitos humanos: as religiões, as filosofias do
Iluminismo, programas políticos da humanidade orientada para a igualdade,
todas elas poder-se-ia invocar contra uma aplicação particular dos direitos
humanos. Para nós europeus, especialmente para nós alemães, a lição
da história europeia de cegueiras nacionalistas é a advertência principal
para, a qualquer preço, perseverar na validade universal de um Direito
fundado na dignidade da pessoa humana. Isto não é nenhuma metafísica
do valor, mas uma categoria da liberdade deduzida da qualidade do
sujeito como cidadão. Pelo menos isto vale, desde Kant, como importante
124 Capítulo 2 - A intervenção da Criminologia no Direito Penal
a) As perspectivas do jurista
Uma ação é percebida como desviante da norma por um observador e esta
informação é levada aos órgãos de controle social. Tarefa das instituições da
Justiça, em primeiro lugar da Polícia e do Ministério Público, é a seguinte:
examinar se modelos de ação juridicamente fixados para responsabilidade
individual podem ser postos em consonância com os motivos do suspeito
do fato e o curso da ação. Além disso, deve-se pesquisar se as descrições
do tipo legal podem compreender a dada situação de fato, conforme as
regras da subsunção ensinadas pela ciência do Direito e – se for o caso –
mediante recurso aos casos precedentes.
Logo a ação precisa – e isto é objeto da formação dogmática no Direito
Penal – ser reconstruída como típica (por exemplo, classificável como furto
ou roubo), antijurídica (por exemplo, não em legítima defesa) e culpável
(por exemplo, não condicionada por doença psíquica).
Os critérios para o que é juridicamente relevante podem ser, neste
caso, para o leigo inteiramente surpreendentes: um torcedor de futebol
que capturou, mediante emprego do corpo, uma bandeira adversária, no
caso de uma denúncia pode ser surpreendido com isto, quão pequena é
a diferença entre furto e roubo – e que gravíssimas consequências isto
pode ter na medida penal. Do mesmo modo pode ser surpreendente, que
aquele que mata, intencionalmente, um outro ser humano, não precisa ser,
necessariamente, “assassino”.
A descrição da função social do jurista penal converge para o seguinte: ele
atribui à sua atividade uma função de manutenção da ordem, provocada
por um autorizado juízo de desvalor em face do comportamento desviante.
§ 7 - Interesse de conhecimento de uma Criminologia autônoma 129
b) A perspectiva do sociólogo
Na Sociologia do controle social, ou na Sociologia do desvio, encontram-
se teses, em contrapartida, que remontam a um sistema de referência
totalmente diferente, e que podem atuar de modo não menos surpreendente
sobre o leigo, do que a avaliação jurídica de um comportamento desviante.
Tais teses são, por exemplo:
• Delinquência é normal, neste sentido: sob determinadas circunstâncias
ou em determinados setores da vida, a delinquência é uma ação usual,
muito difundida e consequente (assim, os resultados de observação
participante em subculturas delinquentes). A delinquência é aprendida,
sob restritas circunstâncias da vida aparece como meio útil para alcançar
valores sociais altamente valorizados (compare, § 3 B II, acima).
• Delinquência é funcional, é estabilizadora do sistema, conservadora
da sociedade. Como sancionada ruptura da norma, inverte-se o efeito
ameaçador da ordem. A ruptura da norma cria efeitos de solidariedade,
fortalece a conformidade. Somente a ruptura da norma torna a norma
visível. Mas a sanção pode atingir somente uma minoria, senão a norma
está perdida (compare § 12 VI, abaixo).
• Delinquência é produzida pela Polícia e pela Justiça penal, não pelos
delinquentes, ao contrário. Esta tese aponta para a relação jurídico-
sociológica de norma/aplicação da norma e observação da delinquência:
somente a autorizada imputação produz o significado social e as
consequências sociais da “delinquência”. Daí resulta, por exemplo:
pretendendo-se explicar a extensão da delinquência registrada de uma
sociedade, então se deve ocupar com a legislação penal e os programas
de ação, formais e informais, da persecução penal (compare § 3 B III e
IV, acima).
a) “Jurisprudência”
O jurista considera, portanto, a conduta desviante com propósito
regulador e corretor. A justa prova da ação culpável e a intervenção
sancionadora devem garantir a ordem. Objeto da ciência do Direito e
da dogmática científica é a interpretação, classificação e sistematização
130 Capítulo 2 - A intervenção da Criminologia no Direito Penal
b) “Sociologia”
O sociólogo considera o comportamento desviante com o propósito de
explicar as causas ou de descrever os efeitos.
Pergunta-se:
• Como se explica o comportamento desviante?
• Quais consequências tem a delinquência descoberta?
• Quais são os pressupostos da observação social da delinquência?
Descreve-se:
• “Delinquência é funcional”,
• “Delinquência é criada pela Polícia e Justiça”.
c) Sociologia do Direito
1. Precisão empírico-metódica
3. Psico-ciências
a) Prevenção geral
A programação de fim da prevenção geral do Direito Penal deixa-se
elucidar, de modo exemplar, pelo conteúdo das determinações do §46,
seção 1, oração 2, do §47, do §56, seção 3, do §59, seção 1, número
3, CP, que aliviam amplamente o Juiz em suas decisões, da vinculação
ao programa condicional tradicional. Isto se torna especialmente claro
na fórmula “para defesa da ordem jurídica”, que destaca expressamente a
prevenção geral como momento final do Direito Penal.
b) A sobrecarga do Legislativo
Em vista do anonimato, que se exprime no conceito de Legislador, é
indispensável tomar em consideração as instâncias estatais que contribuem
decisivamente no processo de positivação do Direito. Diferente da época
primitiva do Parlamentarismo, hoje os representantes do povo quase não
encontram tempo para leitura, muito menos para discussão de projetos
de leis. Além disto, a necessidade de normas da sociedade industrial é
muito grande, a matéria de regulação tornou-se muito complexa. O
Legislativo está hoje sobrecarregado com o número excessivo de processos
de legislação, que se estendem, no seu âmbito de regulação, aos campos
sociais mais diferenciados. Os parlamentares, muitas vezes, não estão mais
em condições de analisar as propostas e de declarar eventuais dúvidas, de
modo que ocorre, não raro, sob pressão de frações, um acrítico automatismo
de votação.
1. Inseguranças
Diz-se do Direito Penal, que não solucionaria conflitos sociais, mas por
seu modo e formas específicas de intervenção, em regra ainda contribuiria
para maior intensificação do conflito. Com toda crítica justificada
à capacidade de regulação do Direito Penal, frequentemente não é
considerado que o emprego da dogmática jurídico-penal pode ter aspectos
inteiramente positivos, que se tornam claros, sobretudo, na subsunção
formal de uma situação de conflito transparente e juridicamente
garantida. A proteção da liberdade individual é o ponto de partida e a
meta de chegada de um Direito Penal do Estado de Direito. Na verdade,
a maioria dos conflitos não é assim dominada, mas os conflitos se tornam
limitados, formalizados e públicos de modo interpessoal. A despeito de seu
§ 7 - Interesse de conhecimento de uma Criminologia autônoma 143
que dispõem de uma ainda mais rica oferta de teoria e estão à procura
(tornando-se sempre mais difícil), até hoje, de uma base teórico-social
abrangente. Como produto desta plenitude de teorias interdisciplinares
resulta, finalmente, uma tecnologia social carente de teoria, que se torna,
em sua própria orientação final, parte integrante do exercício de poder
político (Baumann, 1995, 20s.). Uma independente e autoconsciente
Sociologia do Direito Penal, que pretende fazer jus à tarefa de uma fundada
análise de funções do Direito Penal, no quadro de suas relações políticas e
sociais, tem de afirmar uma recusa a uma simples dicotomia de norma de
Direito e realidade do Direito. A tarefa de uma crítico- reflexiva Sociologia
do Direito Penal é radiografar a norma, em sua dinâmica processual, e
descobrir a infraestrutura do controle social jurídico-penal.
Se uma Criminologia autônoma afirma clara rejeição da liberdade de
valor, da interdisciplinaridade carente de teoria e da submissão acrítica da
práxis, então esta pode descobrir criticamente a intervenção política sobre
o Direito Penal, no sentido de uma otimização de seu valor de uso profano.
b) Perspectiva da vítima
Criminalização e descriminalização têm seus pontos de referência nos
interesses de proteção de lesionados potenciais ou nas situações de risco
de funções sociais (compare, sobre isto, Herzog, 1991, 109 s.). Uma
Criminologia orientada de modo construtivista tende a negligenciar esta
perspectiva dos afetados. Contudo, para uma Criminologia interessada na
função de criminalização do Estado, as funções de proteção atribuídas ao
Direito Penal são de relevante significação (compare Capítulo 15, abaixo).
É igualmente decisivo de que modo os lesionados mobilizam os órgãos de
persecução penal para os seus interesses – ou omitem isso.
a) Política
b) Economia
Normas jurídico-penais, atividades de investigação policial e decisões
da Justiça penal são avaliadas na lógica do cálculo empresarial de custo/
benefício (veja Capítulo 10, abaixo). A Justiça penal pode ser empregada
como meio acessório para imposição de normas jurídico-penais de
relevância empresarial (furto, estelionato etc.) e desencadear consideráveis
efeitos de criminalização (por exemplo, furto em loja). Mas o Direito Penal
e a Justiça penal também podem ganhar significação econômica como fator
de custo material ou ideal no cálculo dos riscos empresariais (por exemplo,
leis econômicas externas). Como no subsistema da Política, também se trata
aqui de um emprego do Direito Penal, que segue uma lógica não jurídico-
penal, mas provoca, não obstante, uma espécie própria de ‘proteção do
Direito Penal’. Nesta dramatização pública da criminalidade, o emprego
político do Direito Penal, graças à política do lobby, tem uma participação
substancial.
Destinatários de estratégias técnico-preventivas ou pessoais de prevenção
são vítimas potenciais da criminalidade. Também aqui a imagem pública
§ 7 - Interesse de conhecimento de uma Criminologia autônoma 151
VI. Panorama
Literatura: Albrecht, P.-A., Die vergessene Freiheit, 2003; Calliess, C., Sicherheit im
freiheitlichen Rechtssaat – Eine verfassungsrechtliche Gratwanderung mit staatstheoretischem
Kompass, ZRP 2002, 1 s.; Hobbes, T., Leviathan (Edição Reclam); Isensee, J., Das Grundrecht
auf Sicherheit, 1983; Jäger, H., Makrokriminalität – Studien zur Kriminologie kollektiver
Gewalt, 1989; Kant, I., Akademie-Ausgabe, Volume IV (Grundlegung zur Metaphysik der
Sitten); Kant, I., Akademie-Ausgabe, Volume VI (Die Metaphysik der Sitten); Kant, I.,
Akademie-Ausgabe, Volume VIII (Zum ewigen Frieden); Montesquieu, C., Vom Geist der
Gesetze (Edição Reclam); Naucke, W., Die strafjuristische Privilegierung staatsverstärkter
Kriminalität, 1996; Petri, T.B., Europol – Grenzüberschreitende polizeiliche Tätigkeit in
Europa, 2001; Preuss, U.K., Revolution, Fortschritt und Verfassung, 1994; Rousseau, J.-J.,
Gesellschaftsvertrag (Edição Reclam).
I. A ideia de Liberdade
Estado de Direito. O que antes era apenas poder natural, como o direito do
mais forte, torna-se, no Estado de Direito, um poder limitado e, por isto,
legítimo, que o Estado somente pode empregar em caso de necessidade
de lesão da liberdade. O Direito impõe limites ao poder. Exerce poder lá
onde é necessário. À diferença do estado de natureza, o Direito oferece um
estado de violência previsível, apenas exercido em formas estritas.
3. Estado de Direito do cidadão em Kant: controle inalienável do
poder político
-, 2005; Brüner, F.H./ Spitzer, H., Der Europäische Staatsanwalt – ein Instrument zur
Verbesserung des Schutzes der EU-Finanzen oder ein Beitrag zur Verwirklichung eines
Europas der Freiheit, der Sicherheit und des Rechts?, NStZ 2002, 393, 397; Hassemer, W.,
Die “Funktionstüchtigkeit der Strafrechtspflege” – ein neuer Rechtsbegriff?, StV 1982, 275
s.; Jescheck, H.-H., Das Schuldprinzip als Grundlage und Grenze der Strafbarkeit, in: Lahti
et. al. (editor), Strafrechtstheorie im Umbruch – Finnische und vergleichende Perspektiven,
1992, p.318 s.; Jescheck, H.-H., Lehrbuch des Strafrechts – Allgemeiner Teil, 5 ed., 1996;
Macke, P., Die dritte Gewalt als Beute der Exekutive, DriZ 1999, 481s.; Mackenroth, G.W.,
Fremde Federn, in: FAZ de 1° agosto de 2002, p.10; Materialheft zum 25. Strafverteidigertag
2001, 147 s.; Marxen, K., Medienfreiheit und Unschuldsvermutung, GA 1980, 365 s.;
Naucke, W., Die Kriminalpolitik des Marburger Programms 1882, ZStW 94 (1982), 525 s.;
Naucke, W., Über die Zerbrechlichkeit des rechtsstaatlichen Strafrechts, KritV 1990, 244 s.;
Naucke, W., Die strafjuristische Priviligierung staatsverstärkter Kriminalität, 1996; Naucke,
W., Eine leblose Vorschrift: Art. 103 II GG, KritV 2000 (Sonderheft – Winfried Hassemer
zum sechzigsten Geburtstag), 132 s.; Naucke, W., Strafrecht, Eine Einführung, 10 ed., 2002;
Radbruch, G., Gesetzliches Unrecht und übergesetzliches Recht, SJZ 1946, 105 s.; Riepl, F.,
Informationelle Selbstbestimmung im Strafverfahren, 1998; Rzepka, D., Zur Fairness im
deutschen Strafverfahren, 2000; Schmidt, EB., Einführung in die Geschichte der deutschen
Strafrechtspflege, 3 ed., 1965; Stern, K., Zur Entstehung und Ableitung des Übermassverbots,
in: Wege und Verfahren des Verfassungslebens – Festschrift für Peter Lerche zum 65.
Geburtstag, 1993, p. 165 s.
I. A ideia
a) Significado formal
O significado formal da legalidade penal consiste nisto, que na criação
de leis penais condições procedimentais precisam ser observadas. A
lei penal somente pode reivindicar legitimidade, se foi suficientemente
discutida e votada pelo Parlamento. Uma tal discussão pressupõe um
público informado, que se conscientiza dos efeitos do Direito Penal.
Além disso, precisa existir possibilidades de participação para o aplicador
do Direito, mas sobretudo para os destinatários da lei penal. A votação
de uma lei penal precisa ser bem refletida, sobretudo pensada em suas
consequências. Transformando este significado formal da legalidade penal
também numa fórmula abreviada, então esta precisa dizer “nenhuma pena
sem lei parlamentar”.
b) Significado material
Quando se pergunta pelo significado material da legalidade penal,
então resultam também disto limitações para o Estado – o conceito de
Direito Penal cunhado por Naucke empresta a estes limites expressão
figurativa, como “direito de limitação do combate da criminalidade”
(Naucke, 1982, 564). Este não pode simplesmente considerar como punível
tudo que infringe regras ou interesses, tudo que pode ser perturbador
ou perigoso. Um tal Direito Penal ilimitado representaria uma ameaça
§ 9 - Os Princípios do Direito Penal 171
c) Garantia de perpetuidade
Mas o art. 79, capítulo 3, da Constituição, também impõe limites
absolutos ao Estado. Uma criminalização que afete a dignidade humana
é proibida pela Constituição ao Estado, de modo permanente. O art. 79,
capítulo 3, da Constituição constitui, mesmo em relação ao Legislador, um
limite intransponível, quando medidas legislativas lesionam a dignidade
da pessoa humana. Esta “garantia de perpetuidade” representa, para
a Política e para o Estado, o limite absoluto de suas atividades político-
criminais. A dignidade da pessoa humana e o Estado Democrático de
Direito são, na República Federal da Alemanha, indisponíveis para todos.
b) Direito Costumeiro
Além disso, o art. 103, capítulo 2 da Constituição, contém a proibição
de constituir direito costumeiro em prejuízo dos súditos do Direito. Por
direito costumeiro entende-se o constante emprego de juízo, que não
encontra nenhum fundamento na lei (Naucke, 2002, p.68).
§ 9 - Os Princípios do Direito Penal 175
b) Guardiães do Muro
Por outro lado, a proibição de retroatividade alcança significado limitado,
quando se trata de fatos que estão em relação com a práxis autoritária do
Estado. Tanto no caso dos nacional-socialistas, como também após o colapso
da DDR, foi invocada a proibição de retroatividade, quando se trata do
emprego do Direito Penal contra o Estado e seus “voluntários executores”.
No caso dos Guardiães do Muro, os positivados fundamentos justificadores
do Direito da DDR não devem mais ser aplicáveis, por causa de uma
evidente e insuportável violação contra elementar mandamento de Justiça
e contra direitos humanos protegidos pelo Direito dos Povos (BverGE 95,
176 Capítulo 3 - Proteção da liberdade
não está ligada com eles. O afetado tem de aceitar, se declarado como
inimputável pelo Sistema de Justiça Criminal, assistência médica e social,
e o público deve, eventualmente, ser protegido em face dele. Ele cai fora
do Direito Penal. Experientes Defensores criminais relatam que acusados,
que devem ser declarados como incapazes de culpabilidade, em parte
procuram, desesperadamente, ser vistos como capazes de culpabilidade.
Eles temem ser expostos – muitas vezes com razão –, na situação real das
instituições psiquiátricas, às mais graves restrições pessoais e psíquicas.
Se assim se quer, portanto, a culpabilidade é uma reverência perante a
autonomia do indivíduo, que é levado a sério pelo ordenamento jurídico
e, então também, tratado seriamente. A inimputabilidade se torna um
pesado estigma, discrimina e deixa o afetado aparecer como estranho e
doente.
justamente isto na lógica do simbólico Direito Penal do risco, que com sua
orientação sistêmica impulsiona a desindividualização e, primariamente,
está vinculado à proteção do sistema (compare § 6 C, acima).
A ruptura na lógica do Direito Penal do risco é evidente: ao
descontrolado aumento de bens jurídicos protegidos penalmente e à
ampliação das pretensões de controle jurídico-penal, contrapõem-se – com
inteira razão – crescentes dúvidas científicas sobre a adequação do Direito
Penal da culpabilidade para o controle destas complexas situações sociais
problemáticas. Com a individualização, em geral falha, não se pode dar
conta dos problemas de controle estruturais de integração da sociedade
global: aqui o Direito Penal, como meio de controle, está no lugar errado.
Um homem adulto é “aliviado” das frutas da cerejeira que cresce em seu jardim,
por alguns adolescentes menores de idade. Contra os adolescentes, que se tinham
voltado para a fuga com suas cerejas, ele aponta imediatamente uma espingarda e
dispara alguns tiros precisos. Um dos adolescentes é gravemente atingido por um
desses disparos.
Penal tem de fundamentar os fins que persegue com a pena, e tem de verificar
se esta pena, em relação à situação problemática em que deve ser aplicada,
é realmente necessária. Nesta análise, o princípio da proporcionalidade
se desdobra em três outros princípios, a saber, adequação, necessidade e
conveniência.
O princípio da adequação exige o emprego daqueles meios que
podem também conduzir ao fim pretendido. Depois, segue-se o exame
da necessidade. Um meio pode valer como necessário, se nenhum outro
meio, que igualmente é eficaz, mas que se mostre menos oneroso para os
direitos do cidadão, está à disposição. Se vários meios estão à disposição
do Estado, o fim pretendido não deve ser alcançado pelo meio que
produz as consequências mais graves para o cidadão. A conveniência,
por fim, refere a relação de meio, fim e “efeitos colaterais”. O meio
adequado e necessário não pode estar, em face dos efeitos ameaçados, em
desproporção com o significado do resultado. Em Direito Penal, isto exige
sobretudo uma ponderação entre os bens jurídicos individuais protegidos
constitucionalmente, por um lado, e os interesses contrários da coletividade,
que parecem impor uma limitação destes direitos fundamentais, por outro
lado. Assim configurado, o “programa” da proporcionalidade pode ser
sempre empregado, quando se trata da questão sobre o emprego de violência
contra outros Estados ou contra pessoas individuais. Para a política mundial
e para o conhecimento de todo jurista, precisa ser insistido: qualquer um,
que invoque a legitimidade de semelhante violência, precisa provar sua
necessidade e apresentar argumentos que falem pela correção do seu agir.
2. O argumento de custos
Uma testemunha delata um amigo à Polícia, por ter cometido um roubo. O amigo
descreveu o fato à testemunha, numa conversa telefônica privada, não destinada
a terceiros. A Polícia provoca, então, um outro telefonema privado, que é ouvido
em conjunto pela Polícia e um intérprete. Durante a conversa, o amigo suspeito faz
novamente indicações mais detalhadas sobre o fato. Imediatamente após, o intérprete
é perguntado, como testemunha, sobre o conteúdo do telefonema. O acusado é
preso, depois condenado. Tudo que foi dito no telefonema, o Ministério Público e a
Justiça utilizaram em prejuízo do acusado. Sem suas declarações autoacusatórias em
face de seu amigo, o acusado não poderia ter sido condenado.
§ 9 - Os Princípios do Direito Penal 197
1. Direito e conteúdo
1. Direito e conteúdo
1. Direito e conteúdo
a) Pesquisa em rede
Na pesquisa em rede, conforme o direito estadual, não se trata da
busca de autores penais, por causa de fatos puníveis já cometidos, mas de
medidas preventivas através das quais devem ser impedidos fatos violentos
futuros. Portanto, não se atua por causa de uma suspeita ou de um perigo
concreto, mas de modo simplesmente preventivo – sem consideração de
limites de intervenção. Com estas medidas policiais antecipadas, ocorre a
intervenção em direitos fundamentais de uma grande quantidade de pessoas
insuspeitas: no direito de autodeterminação da informação. Além disso,
terceiros não participantes caem na mira dos órgãos de persecução penal,
no que reside um reforço da infração contra a presunção de inocência,
porque não se intervém somente nos direitos fundamentais de suspeitos,
mas já mesmo nos direitos fundamentais de uma grande quantidade de
pessoas completamente insuspeitas. A presunção de inocência do Estado de
Direito inverte-se, desse modo, em uma geral presunção de culpa, mediante
impressão de computador. Os implicados são levados assim à obrigação
de se justificar, de precisar comprovar sua inocência perante os órgãos de
investigação. A presunção de inocência é levada ad absurdum: cabe aos
suspeitos potenciais se libertar do peso da culpa. Eles precisam provar ao
Estado que são inocentes. A mais recente limitação da pesquisa em rede,
pela atitude negativa de alguns Tribunais alemães, é um sinal encorajador,
pelo que é de se esperar, também, que esta linha seja amplamente seguida,
no interesse do Estado de Direito. O então Governo de coalizão do Estado
de Hessen criou, contudo, um novo fundamento legal para a pesquisa
em rede, sustada judicialmente no Hessen. Em lugar da existência de um
“perigo atual”, no futuro já a “prevenção de fatos puníveis de relevante
significado” deve justificar a medida.
§ 9 - Os Princípios do Direito Penal 205
c) A mídia
A presunção de inocência não é discutida somente na relação Estado-
cidadão, mas também na relação da mídia (compare também Marxen,
1980, 365 s.) com o indivíduo. Assim, com frequência, a culpa do acusado
já é assumida na mídia antes do julgamento e, por isto, é transmitida
ao espectador ou leitor a impressão de que o acusado seria, sem dúvida,
o autor. Porque aqui colidem dois princípios constitucionais, a saber, a
dignidade da pessoa humana e a liberdade da imprensa, o poder de queixa
do indivíduo muitas vezes não basta para garantir proteção jurídica
em face da todo-poderosa mídia. Contudo: o artigo 8° da CEDH, que
protege a vida privada e, com isto, o direito de personalidade, obriga o
Estado a colocar à disposição possibilidades jurídico-civis para proteção
206 Capítulo 3 - Proteção da liberdade
1. Direito e Conteúdo
1. Direito e conteúdo
a) Imediação
A imediação está inscrita no § 250 CPP, que pressupõe que o Juiz,
mas também os outros participantes do processo, devem obter uma
impressão pessoal do acusado e dos meios de prova, que forma o posterior
fundamento da sentença. A imediação mostra-se de dois modos: por um
lado, a sentença somente pode se apoiar em conhecimentos da audiência
principal. Matéria processual, que não foi objeto da audiência principal,
não pode ser usada na sentença. Por outro lado, o Juiz precisa valorizar
sempre a prova mais concreta, portanto, ouvir uma testemunha, antes de
valorizar apenas um indício.
§ 9 - Os Princípios do Direito Penal 211
b) Oralidade
Este princípio pretende assegurar que somente matéria processual
discutida oralmente na audiência principal será considerada na
fundamentação da sentença. Diversas prescrições da legislação processual
penal exigem isto (§§ 250 s., 261, 264, CPP). O Juiz precisa tirar sua certeza
subjetiva da substância da audiência principal, assim enuncia o princípio
da livre valoração da prova do § 261 CPP. Isto exige: testemunhas, acusado
e peritos precisam, em princípio, prestar declarações orais em Juízo.
Exceções estritas valem somente para o caso em que uma testemunha não
é acessível, por exemplo, está morta ou seu paradeiro não é averiguável.
c) Publicidade
Este princípio está ancorado na Lei de Organização Judiciária
(GVG). Segundo este, deve-se garantir a todos o acesso à sala do Juízo.
Contudo, transmissões de rádio, de som ou de televisão são proibidas
durante a audiência. Também existem outras exceções para proteção
dos participantes do processo, por exemplo, em processos penais contra
adolescentes ou em audiências de Justiça de família. De modo geral, pelo
princípio da publicidade deve ser possível um controle do Terceiro Poder.
O significado deste princípio é destacado pelo seguinte, que uma infração
contra a produção da publicidade vale como absoluto fundamento de
revisão, ou seja, nenhum julgamento possui, então, existência (§ 338 n.
6, CPP).
Trata-se, quanto aos princípios processuais de imediação, oralidade e
publicidade, de normas fundamentais do processo penal, desenvolvidas na
história da cultura europeia. Hoje, estes princípios valem como pressupostos
mínimos para um processo penal legítimo e justo. Não queremos ocultar:
a observação consequente destes princípios, no cotidiano do processo
penal, é trabalhosa, dispendiosa e demorada, mas conforme aos Direitos
Humanos.
a) Influência da mídia
A primitiva pura publicidade imediata da sala do Juízo deformou-se
com o desenvolvimento da mídia, numa publicidade mediata dos meios
de comunicação de massa (Riepl, 1998, p. 42). A Justiça tem-se oposto de
modo consequente, até agora, à exigência de tornar públicos os processos
pelo rádio ou televisão. Esta recusa é de se avaliar positivamente, porque as
influências de uma curiosidade pública desenfreada, que frequentemente
é movida por apetites sensacionalistas, prejudicaria significativamente a
busca da verdade. Aliás, a influência negativa da atenção da mídia, dirigida
por preconceito, não é mesmo de avaliar, tanto mais que manipula todos os
participantes do processo – muitas vezes mesmo de forma inconsciente. É
tarefa da jurisdição independente contrapor-se a este perigo de manipulação
em todos os níveis e esclarecer sobre isso as partes do processo. Não por
último, é de se promover o autocontrole dos meios de comunicação, que
têm grande responsabilidade na percepção da função de controle, no
quadro do princípio da publicidade.
G. Resultado
Penas corporais
Direito
consentidas como
Inquisitorial para
Direito Metafísico Vinculação metafísica Poder penal do luta contra o Mal
Pré-Iluminismo estabilização do
do Soberano (Deus/Diabo) soberano absoluto
domínio mundano
Modelo ideal:
e religioso
destruição
Vinculados ao
Irrelevância de
indivíduo, à Repressivo-
conhecimentos Teoria penal
culpabilidade, limitador
Direito Penal empíricos sobre causas absoluta
Século e à lei
Clássico (Immanuel da criminalidade;
19 • Princípio da
Kant) • Reação retributiva
Modelo ideal: legalidade
Antropologia de à lesão do direito
rigorosa relação
conteúdo
de fato
Utilidade social;
Teoria penal relativa Preventivo-
Criminologia disposição de
Escola Moderna de configurador
tradicional orientada adaptação
Séculos Direito Penal (Franz • Nascimento da
pelo autor:
19/20 von Liszt, Programa ideia de finalidade • Oportunidade
* Individualização Modelo ideal:
de Marburg) preventiva no carregada de Estado
* Moralização rigorosa referência
Direito Penal Social
de autor
Informalização
Consciência da
Prevenção de
comunidade • Conceito de
Simbólico Direito Orientação sistêmica; integração
estabilizadora da Direito sem
Penal do Risco: Crescente desinteresse
Final do norma conteúdo,
criminológico: • Prevenção geral
século 20 • Lesão da
Legislação * Desinvididualização positiva como
Modelo ideal: igualdade,
simbólica * Proteção sistêmica estabilização do
rigorosa relação • Aplicação
sistema
sistêmica arbitrária do
Direito
Garantia de
dominação global
Orientação global de Intervenção de Pura Medida de
(dominância da
segurança; segurança operativa prevenção
segurança diante da
Direito Penal da independente de
Virada para o liberdade)
Segurança pós- Ignorância política suspeita • Negação do
Século 21
preventivo em relação aos Direito,
Modelo ideal:
conhecimentos • Militarização da • Aniquilação do
sacrifício especial
criminológicos segurança interna Direito
como dever geral do
cidadão
218 Capítulo 3 - Proteção da liberdade