Você está na página 1de 5

"Resumo sobre Lampião

Nasceu em Serra Talhada, e sua data de nascimento é alvo de informações conflitantes.

Pertencia a uma família de posição social razoável e foi alfabetizado.

Sua família perdeu tudo que tinha em uma disputa de terras com Zé Saturnino.

Ingressou no bando de cangaceiro de Sinhô Pereira, em 1921, e, no ano seguinte, tornou-se


líder do bando.

Sua parceira foi Maria Bonita, que aderiu ao cangaço em 1930, e juntos tiveram uma filha em
1932.

Morreu em uma emboscada, em Sergipe, em 1938. Sua cabeça foi exposta por diversos locais.

Videoaula sobre Lampião

Vídeos

Origens de Lampião

Virgulino Ferreira da Silva nasceu em Serra Talhada, no estado de Pernambuco, em 7 de julho


de 1897, e pertencia a uma família de lavradores que levavam vida dura, mas tinham algumas
posses. Conhecido na história brasileira como Lampião, sua data de nascimento é alvo de
polêmica, uma vez que suas biografias apresentam diferentes datas.

O 7 de julho de 1897 é uma das datas aceitas porque é a que consta no seu registro civil.
Entretanto, outros biógrafos consideram que o dia 4 de junho de 1898 é a data mais confiável,
por estar na sua certidão de batismo. Independentemente disso, sabe-se que ele foi o terceiro
filho de José Ferreira dos Santos e Maria Lopes.

Sabemos que a família de Lampião teve uma condição financeira razoável e garantiu que ele
fosse alfabetizado, assim, o jovem Virgulino Ferreira aprendeu a ler e escrevia bem. Isso porque
seu pai possuía algumas terras que ele comprou e herdou, além de trabalhar como almocreve.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)


A alfabetização de Virgulino Ferreira foi um processo realizado em apenas três meses, e logo na
sua adolescência ele já trabalhava com seu pai no ofício de almocreve. Nesse trabalho, ambos
conduziam uma espécie de caravana puxada por burros que levava mercadorias pelo interior
do Nordeste.

Nesse período, Lampião passou por diferentes estados da região Nordeste, entre eles: Bahia,
Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Ceará. Esse trabalho deu-lhe conhecimentos muito
úteis para o seu futuro, pois lhe permitiu ter uma rede de conhecidos espalhados pelo
Nordeste, além de conhecimento acerca dos caminhos no sertão, dos melhores locais de
repouso e de onde poderia encontrar água.

Acesse também: Coluna Prestes – um dos movimentos rebeldes mais importantes do Brasil

Tragédia na família de Lampião

A partir de 1915, a tranquilidade que a família de Lampião vivia começou a ser abalada. Isso
porque José Alves de Barro, conhecido como Zé Saturnino, começou a ascender politicamente
na região em que a família Ferreira morava. José Ferreira, pai de Lampião, era vizinho de Zé
Saturnino, e logo uma disputa por terras surgiu entre as duas famílias.

As relações políticas que Zé Saturnino tinha também contribuíram para uma ação contra os
Ferreira. Logo alguns desentendimentos começaram a acontecer entre Zé Saturnino e os filhos
de José Ferreira, entre os quais estava Lampião. Zé Saturnino começou a usar a sua rede de
influências para prejudicar a família Ferreira.

Os Ferreira eram politicamente menos influentes na região, e o pai de Lampião teve de se


mudar para resolver a disputa com Zé Saturnino. O propósito da disputa era a concentração de
terras na região da ribeira de São Domingos. A situação foi se agravando para os Ferreira, que
foram obrigados a se mudar outras vezes.

A cada mudança, a família se empobrecia mais ainda. Esse contexto levou Lampião e alguns de
seus irmãos a vingarem-se pela desgraça familiar. Sobre isso, o pesquisador Guerhansberger
Tayllow aponta que, já em 1920, Lampião agia como cangaceiro ao vingar-se de Zé Saturnino e
de todos que perseguiam sua família.|1|

A perseguição contra os Ferreira resultou no assassinato de José Ferreira, no dia 18 de maio de


1921. A essa altura, Lampião já era um cangaceiro, e mais tarde ingressou, como veremos, num
bando importante da região.
O cangaço

Como chefe de cangaceiros, Lampião sabia muito bem se movimentar pela Caatinga, além de
saber apagar os seus rastros.

O cangaço é entendido pelos historiadores como um fenômeno de banditismo que se espalhou


pelo Nordeste brasileiro a partir do século XIX, sendo muito atuante por boa parte da primeira
metade do século XX. O surgimento do cangaço é explicado pelo contexto social, político e
econômico dessa região.

Entraves da sociedade brasileira, como a desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso à


Justiça e a outros serviços fornecidos pelo Estado, foram fundamentais para o surgimento do
cangaço. Isso porque boa parte da população no interior do Nordeste vivia em condição de
pobreza e estava sujeita aos interesses das poucas famílias poderosas que governavam.

Essas poucas famílias poderosas usavam de seu poderio econômico para conquistar poderio
político e transformavam a política em um palco de troca de interesses, fazendo com que a
população mais carente não tivesse acesso a nenhum tipo de benesse. Desavenças eram
resolvidas por meio das armas, uma vez que a justiça só atendia aos poderosos.

Do ponto de vista econômico, a situação da população nordestina era de pobreza e o trabalho


do povo era intensamente explorado. O sofrimento das famílias se tornava maior nos períodos
de seca, que atrapalhava a obtenção do sustento via agricultura e criação de animais. Esse
cenário propiciava o surgimento do banditismo, e foi exatamente assim que o cangaço se
consolidou.

Os cangaceiros eram grupos de bandidos que perambulavam pelo interior do Nordeste,


promovendo ataques e saques por onde passavam. Eles se deslocavam pela Caatinga e
evitavam grandes confrontos. Obtinham suas armas por meio do saque contra as forças
policiais e se juntavam em pequenos grupos. Eram vistos como heróis por parte da população e
recebiam ajuda de algumas pessoas conhecidas como coiteiros.

Acesse também: Padre Cícero – figura relevante na religiosidade do brasileiro

Como Lampião entrou para o cangaço?

Em 1921, Virgulino Ferreira aderiu ao bando de Sinhô Pereira, um dos cangaceiros de maior
expressão no Nordeste. Nesse bando, ele prosperou como cangaceiro, tornando-se o mais
famoso e temido do Brasil. Ficou conhecido como Lampião porque sua capacidade de atirar
rapidamente fazia com que ele iluminasse a noite.

Sob a liderança de Sinhô Pereira, Lampião aprendeu muito. Ele foi ensinado a sobreviver no
cangaço, a esconder seus rastros, a evitar confrontos abertos com a polícia e a como se
comportar nos ataques. Em julho de 1922, Sinhô Pereira abandonou o cangaço, e Lampião
assumiu a liderança do grupo.

Lampião então passou a liderar ataques contra propriedades e cidades à procura de riqueza.
Ele saqueava o que podia, pedia resgate de determinados itens que saqueava, e, muitas vezes,
extorquia determinados locais, exigindo um pagamento para que ele não os atacasse. Ele
também soube desenvolver uma rede de coiteiros que o auxiliavam sempre que fosse
necessário.

Lampião liderou seu bando de cangaceiros de 1922 até 1938, promovendo inúmeros ataques
nesse período. Ele enfrentou por diversas vezes as tropas volantes, isto é, as forças policiais
móveis que atuavam no combate aos cangaceiros. Entretanto, ele evitava confrontos muito
abertos para não ter perdas de homens e desperdícios de munição.

Durante suas andanças, Lampião conheceu Maria Gomes de Oliveira, mulher que fazia parte de
uma família de coiteiros. Ela ficou conhecida como Maria Bonita e apaixonou-se por Lampião,
abandonando seu marido para ficar com o chefe cangaceiro. Ela aderiu ao bando de Lampião
em 1930, e tornou-se a primeira mulher a fazer parte do cangaço.

Até então, as mulheres não faziam parte do cangaço, mas, devido a Lampião, isso mudou, e os
seus homens passaram, em geral, a ser acompanhados por suas mulheres. A chegada de Maria
Bonita se deu já na fase decadente do cangaço e contribuiu para que as medidas de segurança
dos cangaceiros se afrouxassem porque os períodos de descanso tornaram-se maiores. Juntos,
Lampião e Maria Bonita tiveram uma filha, em 1932, chamada Expedita Ferreira Nunes.

Confira no nosso podcast: As verdades sobre a vida das mulheres no cangaço

Morte de Lampião

Em 27 de julho de 1938, Lampião e seus homens se estabeleceram para descansar na fazenda


Angicos, localizada em Poço Redondo, no estado de Sergipe. Acontece que a posição de
Lampião foi denunciada (não se sabe até hoje por quem), e as tropas volantes foram ao
encontro do seu bando.
Na madrugada do dia 28 de julho de 1938, o bando de Lampião foi pego de surpresa por um
ataque das tropas volantes. Seu líder foi atingido por três tiros e faleceu no local. Seu cadáver
foi decapitado e sua cabeça foi levada para diferentes locais em exibição de sua morte. Isso se
deu porque ele era um dos homens mais caçados do Nordeste.

Outras teorias surgiram explicando sua morte. Alguns pesquisadores afirmam que ele pode ter
sido envenenado um dia antes do ataque, enquanto outros apontam que ele pode ter fugido e
se escondido pelo restante de sua vida. Essas hipóteses, entretanto, não são aceitas, e
considera-se que ele foi realmente assassinado no ataque surpresa."

Veja mais sobre "Lampião" em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/lampiao.htm

Você também pode gostar