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Colegio Estadual 7 de Setembro

Ensino médio

David da Silva Azevedo


João Pedro Marques Jesus
Douglas
Nathan Henrique de Andrade

Trabalho de historia: Cangaço

Trabalho de historia

BA-SALVADOR
2023
David da Silva Azevedo
João Pedro Marques de Jesus
Douglas
Nathan Henrique de Andrade

Trabalho de historia: Cangaço

Trabalho de Historia apresentado ao en-


sino médio como parte dos requisitos
neces- sários à obtenção da nota.

Orientador: L e o m a r

BA-SALVADOR
2023
Contexto do cangaço
No final do século XIX, o Brasil passava por profundas
transformações políticas e sociais derivadas de acontecimentos marcantes desse
período. Apesar disso, o país ainda enfrentava graves problemas que repercutiam
na sociedade por meio da reprodução da pobreza, da fome, da falta de acesso à
Justiça, entre outros.
Nas zonas interioranas do Brasil, o poderio de grandes famílias sobre
a população era evidente, e o que se presenciava era o monopólio da terra nas
mãos de poucos e a exploração intensa dos sertanejos. Essas grandes famílias
mandavam na população pobre como uma espécie de Estado paralelo, e a disputa
de interesses, muitas vezes, resultava em violência.
Esse poderio se sustentava por meio da troca de interesses, e, assim,
representantes do Estado, como policiais e políticos, por exemplo, atuavam apenas
como defensores dos interesses dessas poucas famílias. Caso houvesse desavenças,
essas famílias usavam sua riqueza para resolver a situação pelo uso de armas.
Esse cenário se reproduzia em diferentes partes do país, inclusive no
Nordeste. A população era afetada pela exploração de seu trabalho e via sua
condição de vida ser agravada pela seca. Enquanto isso, os latifundiários,
chamados de coronéis, nadavam em prosperidade e sustentavam o seu poderio na
exploração das pessoas e na força armada de seus jagunços.
Esse cenário era perfeito para a existência de banditismo, isto é, para
o surgimento de grupos de bandidos armados que atuavam atacando propriedades
e cidades, roubando o que fosse possível e assassinando aqueles que se colocassem
em seu caminho. A pobreza, a inexistência do Estado, a falta de perspectivas e,
muitas vezes, o desejo por vingança serviam de motivadores para esses grupos.
Na segunda metade do século XX, o Nordeste brasileiro presenciou o
surgimento de grupos de bandidos que atacavam propriedades e cidades em
pequenos grupos. Eram os cangaceiros, membros de um dos fenômenos mais
conhecidos do Brasil: o cangaço.
O que foi o cangaço?
Como mencionado, o cangaço foi um fenômeno de banditismo que se
estabeleceu no Nordeste entre o final do século XIX e o começo do século XX.
Acredita-se que o nome desse fenômeno esteja associado à palavra
canga — uma peça de madeira que unia dois bois em um carro de bois. Isso
porque os cangaceiros levavam suas armas nos ombros, assemelhando-se às
cangas dos bois.
O cangaço teve atuação por quase todo o Nordeste, com exceção do
Piauí e Maranhão, e era formado por homens armados que atuavam em grupos
atacando cidades e grandes propriedades e extorquindo locais para que eles não
atacassem e fossem embora. Os cangaceiros atuavam em grupos de até 15 homens
para facilitar a locomoção.
Menos homens significava mais facilidade para emboscar ou
aproximar-se de um alvo sem ser percebido, e também facilitava as fugas. Os
cangaceiros, inclusive, não tinham receio em recuar quando fosse preciso, pois
isso garantiria sua sobrevivência. Além disso, os cangaceiros não se fixavam em
um lugar, mas seguiam uma vida nômade.
Conheciam a Catinga como poucos e sabiam muito bem esconder os
seus rastros. O grande nome dos cangaceiros, Lampião, chegou a encomendar
sapatos com solas retangulares porque, assim, os rastros deixados no solo não
indicariam a direção que os cangaceiros estavam tomando.
Além disso, os cangaceiros tinham aliados, conhecidos como
coiteiros, que forneciam abrigo para eles quando fosse necessário. Os aliados do
cangaço pertenciam a diferentes classes sociais, indo de pessoas humildes até
poderosos, como políticos e coronéis.
Existe muita divergência acerca da forma como os cangaceiros são
enxergados. Alguns historiadores trabalham com a tese de que eles eram
justiceiros (pessoas que praticam a justiça com as próprias mãos) devido à
desigualdade social e à ineficiência do Estado para melhorar suas vidas e garantir a
justiça.
Entretanto, outros historiadores apontam que os cangaceiros
utilizavam a questão da desigualdade social apenas como uma justificativa para
acobertar suas ações. Esses historiadores interpretam-nos basicamente como
grupos de bandidos que atuavam no Nordeste apenas em defesa de seus próprios
interesses e que não necessariamente se preocupavam com o bem-estar da
população.
Ainda, os historiadores sabem algo da violência cometida pelos
cangaceiros nos seus ataques. Eles atacavam todos os seus alvos com muita
violência e, geralmente, não faziam prisioneiros, preferindo, quase sempre,
assassinar as vítimas. Algumas vezes, parte dos ganhos obtidos nos roubos era
distribuída para a população carente.
Lampião e Maria Bonita
Ao longo da história do cangaço, uma série de líderes se destacaram
na Caatinga, como Antônio Silvino, Cabeleira, Jesuíno Brilhante e Sinhô Pereira.
No entanto, o cangaceiro mais famoso da história brasileira foi Virgulino Ferreira
da Silva, mais conhecido como Lampião. Ele foi o grande líder do cangaço de
1920 a 1938.
Virgulino não era necessariamente de uma família miserável,
chegando a trabalhar como artesão e sendo alfabetizado. A virada na sua vida
aconteceu quando seu pai foi morto por um policial por conta de uma disputa de
terra. Virgulino, então, decidiu vingar a morte paterna e, para isso, ingressou no
cangaço sob a liderança de Sinhô Pereira.
Depois que Sinhô Pereira foi preso, Lampião ascendeu como líder e
foi reconhecido como um estrategista hábil. Ele sabia muito bem lidar com as
tropas volantes, os policiais designados para combater os cangaceiros.
Ao lado de Lampião estava sua companheira, Maria Gomes de
Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita. Ela era de uma família de coiteiros e
decidiu abandonar seu primeiro marido para ficar ao lado de Lampião. Até 1930, o
cangaço não tinha contado com a presença de nenhuma mulher, sendo Maria
Bonita a primeira.
Maria Bonita não participava dos combates e tinha como grande papel
fazer companhia a Lampião. Do relacionamento dos dois nasceu uma filha,em
1932: Expedita Ferreira Nunes. O final da vida de Lampião e Maria Bonita foi
trágico, uma vez que ambos foram emboscados pela polícia, em um abrigo, em
Poço Redondo, Sergipe.
Esse ataque aconteceu em julho de 1938 e resultou na morte do casal.
Um cangaceiro chamado Corisco ainda tentou seguir como líder do Cangaço, mas
foi morto pela polícia em 1940, marcando o fim definitivo do cangaço no Brasil.

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