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A revolta

O termo atribuído a esse fenômeno social “cangaço” deriva de canga,


peça de madeira utilizada na cabeça do gado para fins de transporte. Nesse
sentido, se eles eram nômades, carregaram durante suas caminhadas muitos
pertences e por isso, o termo foi escolhido.

O cangaço ocorreu entre o final do século XIX e o começo do século XX,


por conta de problemas sociais e econômicos que surgiram no país, trazendo
pobreza, que foi o ponto inicial do movimento cangaço.
Esses grupos eram integrados, na maioria das vezes, por sertanejos
jagunços, capangas e empregados de latifundiários (detentores de grandes
propriedades rurais). Esse movimento está diretamente relacionado à disputa da
terra, coronelismo, vingança, revolta à situação de miséria no Nordeste e
descaso do poder público. Os cangaceiros aterrorizavam as cidades, realizando
roubos, extorquindo dinheiro da população, sequestrando figuras importantes,
além de saquear fazendas, eles eram exímios conhecedores da caatinga, das
plantas, dos alimentos, e durante muito tempo (1870 a 1940) dominaram o sertão
nordestino, donde muitos eram protegidos pelos coronéis, em troca de favores.
Sem espanto, utilizando a violência, armados com espingardas, facas e
punhais, os cangaceiros saíam em bandos por diversos locais do nordeste do
país, saqueando fazendas, sequestrando e matando fazendeiros, impondo
respeito por onde passavam.
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Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, foi o
cangaceiro de maior destaque. Seu apelido surgiu após um tiroteio noturno com
a polícia, no qual Virgulino disparou tantos tiros que sua espingarda iluminou
parte do ambiente, fazendo uma analogia a um lampião. Esse homem nasceu
no dia 7 de julho de 1897, no sertão pernambucano, sendo um dos nove filhos
de um casal (Maria Lopes e José Ferreira da Silva) muito pobre. Sua atuação no
cangaço foi motivada pela situação econômica, perda da propriedade da família,
além do assassinato do pai.
Lampião liderou um bando que atuou no sertão nordestino, confrontando
coronéis, policiais e bandos rivais. Perseguido, Lampião acabou sendo
assassinado em 1938, na divisa entre os estados da Bahia e de Sergipe. Com a
sua morte, o cangaço perdeu força, no entanto, entrou para a história como um
movimento de revolta contra o descaso dos órgãos públicos em relação ao
sertão nordestino. A morte dos líderes significou o fim do movimento cangaceiro,
o qual se dissipou pelo norte e nordeste; alguns cangaceiros, com medo de
serem degolados se entregaram às autoridades. Para alguns o movimento teve
fim em 1940, com a morte de um dos cangaceiros, amigos de Lampião, Cristino
Gomes da Silva Cleto, conhecido pelo nome, Corisco.

E foi assim, que o movimento cangaceiro ultrapassou uma década,


demostrando sua força, garra e dedicação.
Contexto histórico

Com a Proclamação da República, em 1889, diversos problemas sociais


e econômicos assolavam o país, sobretudo no Nordeste com o crescimento da
violência, fome e pobreza. Assim, no final do século XIX já se notava o
surgimento de focos de cangaceiros pelo nordeste do país, no entanto, o
movimento do cangaço adquiriu maior coerência e organização no início do
século XX, o qual representou um importante fenômeno social da história
brasileira, constituído por indivíduos empenhados em trazer uma nova realidade
mais inclusiva e igualitária para a população do sertão Nordestino.
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O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino durante as décadas de
1920 e 1930. Morreu numa emboscada, armada por um volante, junto com a
mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 29 de julho de 1938. Tiveram suas
cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria
assustar e desestimular a prática do cangaço na região. Ambos foram
brutalmente assassinados enquanto acampavam na Grota de Angicos, em Poço
Redondo (Sergipe), numa emboscada dia 27 de julho de 1938 preparada pelas
autoridades, na época governados por Getúlio Vargas. Chegava o fim do casal
ícone do cangaço, considerados pelas autoridades pessoas perigosas, Lampião
e Maria Bonita.

No Brasil, no final do século XIX, principalmente, no período da primeira


república, houve uma mobilização de diferentes setores da elite intelectual, o
atraso econômico e social só Brasil, apesar de suas riquezas naturais. A tese
que ganhou destaques foi a que atribuía a “degeneração da raça brasileira” a
causa dos problemas. Esse pensamento tinha raízes nas teorias racistas
europeias sobre a desigualdade das “raças” e da necessidade do controle das
categorias sociais estigmatizadas. Fernando de Azevedo, membro e secretário
da Sociedade Eugênica de São Paulo, atribuía a mestiçagem da “raça” a
fraqueza física e moral do povo brasileiro. Influenciado pelas ideias de Lamarck,
acreditava que as características adquiridas poderia ser transmitidas
geneticamente a gerações posteriores, daí sua defesa a favor da adoção da
Educação Física, principalmente para a mulher, como a solução para a
“regeneração da ‘Raça Brasileira’”.

Elementos culturais

O cuscuz foi um alimento que se popularizou muito na época do cangaço,


por seu alto teor nutritivo, de fácil acesso e sustância.
Lampião e Maria bonita foram figuras muito importantes, figuras
revolucionárias para história, por este motivo são representados em barro em
muitas casas até os dias de hoje.
Os cangaceiros possuíam um estilo próprio, utilizavam roupas de couro,
inclusive chapéus, a fim de se protegerem, tanto da vegetação grosseira da
caatinga quanto dos ataques da polícia, visto que eram perseguidos
constantemente, hoje essas vestimentas são utilizadas em festas nordestinas,
para retratar os cangaceiros.
Pensar em moda do século 19 remete a vestidos bufantes, com camadas
e mais camadas de tecido em cortes complexos inspirados em modelagens
francesas. Para os homens, paletós longos e camisas com golas expressivas.
Tudo costurado à mão, claro, na medida de cada cliente.
Quando uma família ia à praia, as mulheres usavam saias longas e
sombrinhas; os homens, calças, camisa e chapéu. E ao percorrer as ruas de
uma São Paulo que crescia a todo vapor, vendedores de artigos para o lar
adaptavam a moda de Paris para um dia a dia sob o sol.
Já as roupas dos escravos deviam ser muito simples, do mesmo algodão
branco rústico que era usado para ensacar café e que predominava nas têxteis
em atuação no país naquele período.

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