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SÍTIO DO QUINTO/BA
2021
As operações do grupo e subgrupos de Lampião em Sítio do Quinto, aqui se encontram
descritas e analisadas com base principal em uma das mais precisas referências, cuja
publicação inicial é de 1988, mas revista e ampliado em 2019: Lampião na Bahia, a
autoria é do historiador baiano Oleone Coelho Fontes. Das leituras realizadas até o
momento, por conter citações diretas e indiretas sobre a localidade de Sítio do Quinto.
Realizar esta pesquisa servirá para o resgate da história local e cultura regional.
• Delimitação temporal
A pesquisa tem como balizas temporais o período que se estende de 1928 a 1938. Isso
porque dá-se início a chamada “Segunda Fase do Cangaço Lampiônico” (1928 / 1938),
que marca as passagens dos cangaceiros em sertões baianos.
• Delimitação espacial
Não contestando os valores dos coronéis nem a estrutura rural nordestina, inicia-se um
elo de troca de favores.
Cada qual com sua moral, um patrocinava o outro com o que possuía: o
cangaceiro geralmente com seus serviços escusos de defesa da propriedade e
interesses alheios e o coronel com um bom pagamento em forma de dinheiro,
víveres ou meios de transporte comuns da época, tornando-se assim, "coiteiro".
Sobre estes conchavos, Queiroz (1977, p. 55) apud Silva (2012, p. 7) analisa que:
(...) Este encontro no futuro, iria ser bastante proveitoso para ambas as
partes. Durante a conversa naquela noite, no Sítio do Quinto, Lampião
assegurou ao coronel que se achava na Bahia para um descanso,
acrescentando ter vindo apesar de haver recebido informações, por
amigo, de que na Bahia iria encontrar sua desgraça. Declarou não
tencionar prejudicar os sertanejos. Deu a entender carregar dinheiro
suficiente para as despesas, embora acrescentando que quando
acabasse seria obrigado a pedir ajuda dos que possuíssem recursos.
Arengou sobre a sua vida de cangaceiro, de déu em déu, não podendo
exercer profissão digna porque o governo o impedia de trabalhar e
produzir, perseguindo-o sem fronteiras nem tréguas. FONTES (2019, p. 42).
Não sabe-se ao certo se a tal conversação ocorrida durante horas, teria sido
em princípio cedida pelo coronel ao cangaceiro por pura simpatia ou relativo
medo de retaliação contra suas eminentes propriedades, uma vez que na
extensa entrevista concedida ao Diário de Notícias de 1928, Dórea, secretário
do chefe político João Sá, defende-o. Alega que o encontro ocorrido em Sítio
do Quinto, do qual também havia feito parte, não passou de uma casualidade
e, que o coronel na realidade almejava ver o capitão Virgulino abatido
juntamente com sua corja. Lampião, por sua vez, não deixa por menos, FONTES
(2019, p.47), indica que em recado para Abdias de Andrade, chefe de
destacamento de Jeremoabo, o capitão escreve: "Diga a ele que não queira
nunca brigar comigo. Se eu quisesse já o tinha matado, pois o vi duas vezes no
mato sozinho". Todavia, entre verdades e boatos, o fato é que o coronel João
Sá viraria um dos máximos protetores do capitão cangaceiro por todo sertão
baiano.
Fazenda Caritá, espaço de políticos coiteiros e cangaceiros
(..) Foi líder político e representante em sua região. Filiado ao Partido Conservador,
no Império foi vereador na Vila de Bom Conselho, tomando posse em 28 de março
de 1876, tendo sido escolhido Presidente da Câmara Municipal, Deputado Provincial
(1861, 1870-1871) e Deputado Geral (1869-1872, 1873-1878, 1886-1889). Na República,
foi senador à Constituinte do Estado (1891), Senador Estadual (1891-1895), tendo
assumido a presidência do Senado de 1893 a 1895, além de ter sido Intendente
Municipal de Itapicuru de 1893 a 1896.
Entretanto, MEDRADO (2012, p.162), revela que Geremoabo desde os oitocentos era uma antiga e
tradicional região da pecuária localizada no extremo Nordeste Baiano, tendo feito parte dos domínios
dos Garcia d'Ávila, a poderosa Casa da Torre, no período colonial. A autora pondera ainda que em
meados do século XVIII, a retração dos Ávila inicia-se perante o antilusitanismo patente no cenário de
independência política no Brasil. Não obstante, por outro lado:
(...) Foi nesse processo que a família Dantas tornou-se importante proprietária da região,
comprando terras dos Ávila, anexando-as a outros territórios, consolidando a criação de
gado e estabelecendo forte vínculo com a política local. De certo modo, pode-se afirmar
que a família Dantas, da qual fazia parte Cícero Dantas Martins, o poderoso barão de
Geremoabo, substituiu os Ávila no Nordeste Baiano oitocentista. Filhos, netos, bisnetos e
tataranetos do casal Baltasar e Leandra, que foram procuradores da família Ávila,
originaram a família Dantas, ampliaram os domínios e ocuparam os cargos políticos e
militares fundamentais na região. MEDRADO (2012, p.162).
Indubitavelmente, percebe-se que foram nesses solos que germinaram lendários personagens do sertão
baiano. Nos limites geográficos da atualidade, a Fazenda Caritá é pertencente ao município de Sítio
do Quinto, e não mais ao território de Jeremoabo, como embora revista e
ampliada, ainda é citada por FONTES (2019, p.66). Este mesmo capítulo trata a fuga dos cangaceiros
das forças volantes de Sergipe, levando-os a um quase encontro de enfrentamento com os soldados
de Manuel Campos de Menezes na Fazenda Caritá, onde acoitavam-se frequentemente. Porém, tal
enfrentamento só seria efetivado na fazenda Abobreira.
No mais, há ainda outras bibliografias que mencionam a passagem cangaceira na terra do Velho
Quinto, o livro Lampião, o último cangaceiro (1966), escrito por Joaquim de Góis, que durante seis
anos perseguiu cangaceiros como contatado. Embora atualmente sem tiragens disponíveis no
mercado editorial
Mais recente, outra obra que faz menções de terras sitioquintenses é As quatro vidas de Volta Seca
(2017), do escritor itabaianense Robério Santos, nessa biografia é narrada a história do cangaceiro
Antônio dos Santos, mais conhecido pela alcunha de Volta Seca. Este, nas caatingas da Fazenda
Caritá, foi escolhido ainda garoto para arregimentar a malta de cangaceiros do lendário Capitão
Lampião.
REFERÊNCIAS