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Certo dia de eleição, na pitoresca cidade de Pacatuba [...] cobriu-se de luto uma
família de muitos filhos [...]. O pai fora assassinado depois de uma discussão acalorada em
defesa do chefão político. Tombou o pobre homem, que fora arrastado como um autômato
para votar, ou, por outra, servir ao coronelão, homem dono de engenho e senhor de grande
prestígio. Queria agradar unicamente.
Não tinha outro objetivo senão esse. Mal sabia assinar o nome [...]. Para ele, aquele
dia era de festas, uma semana antes recebera um par de botinas, uma camisa de chita e
um chapéu de palha desabado. De madrugada saíra de casa. Viajara duas léguas e agora
vinha dar livremente o seu voto ao coronel X. Estava contente consigo. Beberia um bom
trago de graça, e também almoçaria na Casa da Câmara, nas mesas postas ao longo do
salão, como num rancho de soldados. Essa a maior honra que lhe tributavam.
O dia da eleição em Pacatuba sempre fora festivo. Nesse dia a cidade se
transformara como milagrosamente. Tomava tonalidade nova e pitoresca. Alguns matutos
envergavam fraques do tempo do “bumba”... iam votar assim.
Os grã-finos do lugar riam [...] daqueles cidadãos que, de longe, vinham fingir de
eleitores. Brincar de votar...
Légua: valor que varia de acordo com a época, país ou região; no Brasil, vale
aproximadamente 6 600 m.
a)Como o texto descreve o eleitor que foi morto em defesa de “chefão político”?
c) Debatam e opinem: esse texto de ficção ajuda o leitor de hoje a compreender o modo
como ocorriam as eleições na Primeira República? Justifique.