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João Bezerra: O maçom que deu cabo de Lampião - Imprimir - Minuto Nordeste
No combate, foi morto o soldado Adrião Pedro de Souza. João Bezerra e outro
militar ficaram feridos (Jornal do Brasil, 30 de julho de 1938, na primeira coluna,
Diário de Pernambuco, 30 de julho de 1938). Eram 49 homens da volante e 36
cangaceiros. Os outros 25 cangaceiros presentes naquele dia, no local Grota de
Angicos, saíram vivos e conseguiram fugir, mais tarde alguns sendo mortos e outros
entregando-se à polícia. Foi o fim do cangaço no sertão, muito embora alguns
pesquisadores ainda considerem o fim do cangaço com a captura do cangaceiros
Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto, (Água Branca, 10 de agosto de 1907 –
Barra do Mendes, 25 de maio de 1940).
Trajetória
Com vontade de aprender a ler, trazia consigo sempre, uma “carta de ABC”
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(cartilha) e um “ponteiro” (lápis). Aos oito anos, já ajudava seu pai na agricultura e
na criação de animais.
Antonio Silvino foi conhecido no sertão como um dos homens mais valentes do
Nordeste antes de Lampião, tendo sido ainda testemunha do assassinato do
jornalista João Dantas na penitenciária de Recife, que era o assassino do ilustre
paraibano João Pessoa, contrariando a versão oficial da época de que dizia ter sido
suicídio.
Aos quatorze anos, Bezerra fugiu de casa após ter sido surrado pelo pai, por ter
desobedecido à proibição de namorar uma moça, fugindo para o Recife/PE. Já
demonstrava uma personalidade marcante, corajosa e propensa à aventura. Um
menino sertanejo, desbravando a Capital. A partir daí, foi carregador de carvão de
pedra no cais do porto; ajudante de soldado; assentador de dormentes em linha
férrea; trabalhador de pedreira e de lavoura. Após um ano, voltou para casa e
montou um comércio (uma pequena bodega), onde vendia de tudo.
No tempo em que passou com a família na sua cidade natal, realizou o incrível feito
de matar uma onça, que de tão grande assustava a todos do lugar e dizimava as
criações das fazendas, o que o tornou já famoso nas imediações onde morava,
fazendo-o receber muitos presentes dos proprietários de terra da região.
Tempos depois, foi forçado a sair do seio familiar; indo trabalhar com um dos
maiores inimigos de Lampião, o famoso Coronel José Pereira, em Princesa/PB, de
onde partiu para Maceió, no Estado das Alagoas para “sentar praça”. Iniciou sua
carreira em 1919, na Policia Militar de Alagoas, como policial contratado para
integrar as “volantes”, sendo incorporando definitivamente, em 29 de março de
1922, onde permaneceu por 35 anos e 07 meses.
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setembro de 1936. Teve vários encontros com os bandidos, tendo de uma feita,
morto três dos comparsas de Lampião. Sendo considerado oficial valoroso da
Polícia Alagoana e de imediata confiança do governo.
Assentamentos Militares
Durante a sua vida militar, recebeu diversos elogios por seu desempenho nas
missões em que participou, conforme foram publicados nos boletins da Policia
Militar de Alagoas. Entre eles:
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“Tendo o Sr. Capitão João Bezerra da Silva, sido desligado deste Batalhão, a fim de
assumir a função na sede do Regimento. Louvo-o pelo modo brilhante com que
soube espontaneamente cumprir as árduas missões de que foi incumbido, quando
neste batalhão, mormente na campanha contra a horda de facínoras, perturbadores
da paz sertaneja que há tanto tempo vinham sofrendo as agruras consequentes da
ação do banditismo. Este oficial, demonstrou os nobres predicados de que é
possuidor; trabalhador incansável que nunca ousou dar tréguas a tal corja,
combatendo-a bravamente até o momento máximo em que assediou com a sua
fôrça o conjunto chefiado pelo célebre “Lampeão” que não podendo vazar tal
assédio, caiu sem vida, quando para os supersticiosos já era tido como imortal“.
“Pelos bons serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas e a todo o nordeste, não
há tributo que pague ao Coronel Bezerra, pelo que ele realizou. O Coronel Bezerra
era um militar cônscio de suas responsabilidades e tratava a todos os seus
comandados com igualdade de condições. Devido esse comportamento, diante das
tropas, que comandava no Quartel é que ele granjeou a simpatia de todos e
consequentemente foi conquistando as promoções, todas elas por relevantes
serviços prestados à nossa Polícia, ao Estado e à Nação”.
Entre os prêmios recebidos por João Bezerra, a sua família guarda, zelosa e
orgulhosamente, a espada que ele recebeu do povo de Piranhas em 1938,
expressão de gratidão pela morte de Lampião, em cuja “Copa” está escrito: “Ao
Capitão João Bezerra pela sua bravura e heroísmo. Oferece o povo de Piranhas. ”
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Seu corpo foi velado no quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas, e
em seguida sepultado com honras militares no mausoléu da maçonaria em Maceió,
como última homenagem da Corporação em satisfazer o pedido do próprio João
Bezerra de ser sepultado em solo alagoano. Anos mais tarde seu corpo foi
transladado para o Estado de Pernambuco, a pedido de sua família.
João Bezerra foi um perseguidor empenhado em não dar trégua aos cangaceiros,
reconhecido pelos seus pares e superiores, ao ponto de ganhar de Lampião o
apelido de “Cão Coxo”, coxo em decorrência da redução de 04 centímetros em uma
das pernas, causada por um ferimento em combate, e cão, pela valentia e destemor
que apresentava nos combates. Em entrevista dada pelo então Capitão Manuel
Neto, outro grande oficial das volantes, após a morte de Lampião, referia-se a
Bezerra dizendo: – “O Tenente João Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um
official disposto, disciplinado e muito bem quisto no seio da Polícia Alagoana e dos
Estados vizinhos”.
“Para vencer os ímprobos que nos impunha um vaivém penoso, só Deus sabe o
quanto tivemos que lutar! Descrever esses sofrimentos seria dedicar centenas de
páginas ao nosso grande martírio que jaz no anonimato, morto nos segredos das
caatingas!” (Livro Como dei cabo de Lampião, de 1940).
“Soldados do Brasil! Eu vos admiro! Permiti que eu seja sangue do vosso sangue
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guerreiro, para felicidade da minha vida toda voltada à Pátria na honrosa carreira
das armas”. (Livro Como dei cabo de Lampião, de 1940).
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