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O destino do valente Lampião

"O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não
deu guarida"

Quem foi Lampião? Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. Ele foi o grande
líder do cangaço de 1920 a 1938. Nascido em vila bela (Atual serra talhada), interior de Pernambuco.
Virgulino até os 21 anos de idade trabalhou como artesão além de ser alfabetizado e usar óculos
para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde morava. Uma
das versões sobre a origem de seu apelido é que sua capacidade de atirar seguidamente,
iluminando a noite com seus tiros, fez com que ele acabasse recebesse o titulo de  lampião.
"Lampião" cresceu com sua família travando disputas por terras com outras famílias locais até que e
numa dessas disputas seu pai foi morto pela policia, então Virgulino jurou vingança, e junto de mais
dois irmãos, passou a integrar o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira, onde a pós a saída de Pereira
Virgulino foi nomeado capitão do grupo e se sagrou como Rei Do Cangaço. Após isso Lampião se
tornou uma figura frequente na vida do nordestino, desde justiceiro dos pobres à nomeado capitão
do exercito nordestino para deter a coluna prestes, Virgulino também tinha uma fé enorme em Padim
Ciço cujo era devoto fiel.

No dia 28 de julho de 1938 em Poço Redondo, o grupo de lampião sofreu uma emboscada
inesperada de uma Volante (Grupo policial que caçava os integrantes do Cangaço), sendo assim
assassinado junto de sua esposa Maria Dea mais conhecida como Maria Bonita e outros 9
integrantes de seu bando que não conseguiram escapar. Assim dando fim ao reinado de Virgulino no
cangaço, após sua morte Lampião foi eternizado na cultura e imaginário nordestino sendo inspiração
para musicas, cordéis entre outras varias manifestações artísticas indo parar até mesmo na Marques
de Sapucaí no Rio de Janeiro, sendo enredo da Imperatriz Leopoldinense no ano de 2023.

Leandro Vieira carnavalesco da escola que assinou a criação artística desse desfile teve como
inspiração 2 cordéis de José Pacheco: A Chegada de Lampião no Inferno e O Grande Debate que
Teve Lampião com São Pedro. O carnavalesco convidou o publico a pensar se Lampião foi um herói
ou vilão? E qual destino teria tomado após sua morte se foi aceito no céu ou mandado direto ao
inferno.
O Samba enredo e o conjunto visual mostra logo de cara na primeira estofe a cara do cangaço e o
fim da historia de Virgulino.

"Disse um cabra que nas bandas do Nordeste

Pilão deitado se achegava com o bando

Vinha no rifle de corisco e cansanção

Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando"

Tripé imagina a chegada de Virgulino nos portões do inferno.

O verso lembra a relação de cumplicidade de Virgulino com alguns de seus parceiros: Corisco,
Cansanção, Cirilo Antão e Pilão Deitado, entre outros, que estavam ao seu lado em seus últimos
momentos além de ressaltar a cultura oral dos repentes, Na sequência, a música canta a comoção
do povo e a visão de um mamulengo que se consiste no teatro popular de bonecos diante da morte
do maior nome do cangaço.

"Deus nos acuda, todo povo aperreado

A notícia corre céu e chão rachado

Rebuliço no olhar de um mamulengo

Era dia vinte e oito e lagrimava o sereno"

2° carro retrata a infame foto das cabeças decapitadas de lampião


sobre o olhar de um mamulengueiro

Estava montado, então, o cenário para a especulação sobre o destino de Lampião, narrado como
grande herói do povo nordestino pelo samba-enredo, que deixou seu “adeus, capitão” para imaginar
o que poderia ter havido no além-túmulo do cangaceiro. Negado a entrar no inferno pois o próprio
"Cramunhão" sentia inveja de Lampião, E São Pedro convocar todos os santos para impedir a
entrada de Virgulino no céu, seguiu sua jornada voltando à Terra: ele á vagar pelos quatro cantos do
sertão.

"Pelos cantos do sertão... Vagueia, vagueia

Tal qual barro feito a mão misturado na areia

Quando a sanfona chora, mandacaru aflora

Bate zabumba tocando no meu coração

Leopoldinense, cangaceira é minha escola

Eis o destino do valente Lampião!"

Com isso o Carnavalesco e os escritores do enredo trazem que o destino de lampião nunca foi o céu
ou o inferno mas sim ser eternizado na cultura nordestina e popular pela mão de cordelistas, artistas,
mamulengueiros e se tornar um símbolo, mesmo controverso, da cultura nordestina.
Aluno: Guilherme Moreira Alves

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