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Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

O Renascer da
Artilharia Antiaérea
Portuguesa Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Colaboração do Capitão Art Calmeiro Vaz,
Tenente Art Rui Heleno e Tenente Art Miguel Maldonado

C
om a extinção dos GACA 2 e 3 e do RAAF, o – Realização de um projecto de Portaria para a
CIAAC, única Unidade de Artilharia Antiaérea criação de uma Escola de AAA em substituição do
sobrevivente, começou a ter a sua existência CIAAC.
igualmente comprometida, levando as entidades
responsáveis a debruçarem-se sobre novos projectos Para concretização deste PROJECTO DE ACÇÃO
e estudos, quanto ao cabimento da AAA no quadro são, desde logo, executadas algumas medidas, tais
da reestruturação do Exército. como:
A tomada de consciência da importância que a – Estabelecimento de contactos com a Alemanha1,
Artilharia Antiaérea assumia no Campo de Batalha, para a aquisição do Sistema Canhão Bitubo
levou a dar-lhe um novo impulso com a elaboração AA20mm;
de estudos e propostas submetidos à apreciação do – Envio de alguns militares à Escola de Artilharia
Estado-Maior do Exército, tendo por objectivo sensi- Antiaérea do Exército Alemão para frequentarem
bilizar a estrutura superior do Exército para a recu- o curso de utilização do referido material2;
peração da AAA, na qual o CIAAC iria ter um papel – Criação do Comando do Grupo de Artilharia AA,
preponderante, quer na qualidade de Escola, quer em Maio de 1981;
como Unidade Operacional. Através de programas – Realização de visitas a vários países da NATO, a
objectivamente delineados, foi avançado um novo fim de se observar como estavam organizadas as
emprego táctico de sistemas de AAA, que reflectisse respectivas defesas aéreas;
um esquema relativo à defesa do território, com – Frequência por dois Oficiais do ADA "Advance
particular atenção para a Capital e outros objectivos Course AA", em Fort Bliss, nos Estados Unidos da
de vital importância. Estas propostas, muitas vezes América;
arrojadas, conheceram a melhor receptividade pelas – Recepção das primeiras 12 unidades de Bitubos
Entidades competentes, abrindo, desta forma, as pers- AA 20mm, em 1981.
pectivas para o desejado relançamento da Artilharia
134 Antiaérea Portuguesa. Ao nível operacional, o
Em 1980, tem assim, início um PROJECTO DE CIAAC treina o seu Encargo
ACÇÃO, o qual contemplava várias medidas, das através da participação em
quais se destacavam: diversos exercícios de âmbito C
CIAA
– Criação de um Grupo Nacional de AAA constituí- nacional e, inclusive, de outros 1ªBAAA/
da
uião
do por uma Bateria de Comando e três Baterias Ramos das Forças Armadas. 1-G
AAA; Em 1 de Maio de 1983, e na
– Reequipamento, imediato, com sistemas AAA continuação do plano iniciado em 1980, é criada a
modernos; 2ª Bateria AAA para se inserir no Grupo AAA. Prevê-
– Aumento dos Quadros de Oficiais e Sargentos -se em 1984 a fixação do Grupo AAA em Queluz.
de AAA; Em 14 de Março de 1983 a 2ª Bateria AAA é equi-
– Aumento do efectivo de Praças com Especiali- pada com os mísseis portáteis "Blowpipe". Estes e os
dades de AAA;
1 Empresa de armamento Rheinmetall
– Frequência de cursos no estrangeiro, em Escolas 2 Estava incluída a formação acerca da manutenção do material
homólogas;

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O Renascimento da Antiaérea em Portugal

canhões Bitubo 20mm são, à data, o armamento de


defesa antiaéreo mais actual existente em Portugal.
Apresentam-se, de seguida, os sistemas AAA que
foram adquiridos, tendo como génese, o PLANO DE
ACÇÃO, com vista à revitalização da AAA:
– Em 1980: Peça AA 4cm Fléche-Hâute m/80. Esta
Peça com origem Canadiana, tem um peso total
de 2628Kg. O seu alcance máximo é de 10000m
sendo o eficaz de 1500m. A sua guarnição,
composta por seis elementos, possibilita uma
cadência de tiro de 120 tpm. (fig. 2)
– Em 1981: Metralhadora Bitubo AA 20 mm m/81,
proveniente da fábrica Alemã Rheinmetall. Os cinco
homens que compõem a guarnição podem tirar
com esta arma um rendimento de 1030 tpm.
A arma, com um peso total de 2050Kg, pode
projectar munições a uma distância máxima de
15000m, tendo como alcance eficaz uma distân-
cia de 1200m. (fig. 3)
– Em 1982, ainda no desenvolvimento do projecto
inicial, é recebido o Sistema Míssil Portátil
Blowpipe. Este sistema proveniente da firma 3 - Sistema Canhão Bitubo 20mm
Irlandesa Short Brothers, tem um peso de 22Kg.
A sua munição consegue atingir a velocidade
máxima de 1,4 Mach. A guarnição é composta por
3 elementos (fig. 4).
– Em 1984, é adquirido o radar Alemão da fábrica
da Siemens AG, MPDR 45/E (fig. 5). Tinha um
alcance de 45 Km e uma guarnição composta

4 - Sistema Míssil Portátil Blowpipe


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2 - Peça 4 cm/FH 5 - Sistema Radar MPDR 45/E

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6 - Sistema Radar BCP

por 3 homens. Mais tarde viria a ser substituído


pelo BCP DR 641. (fig. 6)
– No ano de 1989, foi adquirido o Radar BCP DR
641. Este material tem origem Alemã, mais pro-
priamente na fábrica da Siemens. Tem uma
guarnição composta por 4 elementos e possui um
alcance máximo de 30 Km. O seu peso é de 8 - Sistema Míssil Portátil Stinger
4 500Kg.
– Em 1990, é recebido o Sistema Míssil Ligeiro
Chaparral M48 A2 E1 (fig. 7), e a versão A3, em – As últimas aquisições foram respectivamente:
1999. Este equipamento de origem Americana é • Em 1991: o Radar FAAR NA/MPQ-49 B. Com
um sistema Autopropulsado anfíbio, que pode origem americana, este radar permite um
estar equipado com 4 mísseis FIM-72, prontos a alcance máximo de 20000m. O peso é de
serem disparados. Com um peso total de 13148 8 319 Kg, sendo a secção composta por 3
Kg, este equipamento tem uma guarnição elementos.
composta por 5 elementos. • Em 1994: o Sistema Míssil Portátil Stinger.
Este Sistema é também de origem americana,
que tem um peso de 15,8Kg e uma guarnição
composta por 3 elementos (fig. 8).
• Em 2003: o Radar AAA PSTAR (fig. 9).

136

7 - Sistema Míssil Ligeiro Chaparral 9 - Radar AAA PSTAR

Boletim da Artilharia Antiaérea


A Junta de Freguesia de Monte Abraão saúda o
Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1 por
ocasião da celebração dos 60 Anos da Artilharia
Antiaérea em Portugal.
A Presidente
Maria de Fátima Campos
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Resenha histórica
da Cidadela de Cascais
Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Colaboração do Capitão Art Góis Pires, Capitão Art Calmeiro Vaz,
Tenente Art Rui Heleno e Tenente Art Miguel Maldonado

A
s velhas muralhas da Cidadela de Cascais
estão ligadas a um passado histórico militar
de profundas raízes artilheiras, por onde
desfilaram muitas gerações de tropas, que através
dos séculos escreveram com heroísmo, e até com
sangue dos seus soldados, páginas gloriosas de inex-
cedível bravura, que ilustram a História de Portugal
e que tornam a Cidadela respeitada e admirada no
contexto militar, como poderemos apreciar na
síntese histórica que se segue.

Antecedentes da Cidadela

I
A construção da fortaleza da Cidadela fundamen-
ta-se na preocupação de fortificar o nosso litoral, 2 – Planta da Fortaleza de Nª Senhora da Luz
impedindo as invasões estrangeiras através da orla
marítima, desde o Cabo da Roca a São Julião da
Barra, merecendo especial atenção a defesa da mal II
protegida Vila de Cascais, cuja baía era ideal ao Antes da edificação da Cidadela já existia, no
ancoradouro de esquadras inimigas e desembarque mesmo local, a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz,
das suas tropas. mandada construir no reinado de D. Manuel I, e
guarnecida com treze peças cavalgadas e um
armazém de pólvora e balas1. Por sua vez, o apare-
cimento desta fortaleza está ligado à pequena Torre
de Cascais, mandada construir em 1488 por D. João
II. Porém, a exiguidade desta última mostrou ser
insuficiente para alojar a artilharia e a respectiva
guarnição para fazer face ao aumento de potencial
de fogo das embarcações de guerra do inimigo. Impu-
nha-se, assim, a ampliação e reforço do poder ope-
racional, o que resultou no melhoramento da Torre
de Cascais transformando-a na Fortaleza de Nossa
Senhora da Luz.
Esta importante obra teve o seu início em 1507,
sofrendo importantes aperfeiçoamentos por volta de
1560.

1 Expressão da época para projéctil


1 – Gravura da época da Vila de Cascais

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O Renascimento da Antiaérea em Portugal

A fortaleza da Cidadela REGIMENTO DA CORTE, destinado, especialmente, à


Guarnição da Cidadela. Esta Unidade manteve-se
Depois de levantada a Fortaleza de Nossa Senhora instalada na Fortaleza de Cascais durante vários
da Luz, que absorveu a ultima das citadas constru- anos, até que, por sucessivos decretos reais, foi
ções, foi escolhido, com base naquela, o local para a mudando de designação e, inclusive, dividido.
edificação da Cidadela. Esta localização oferecia as Pelo quadro apresentado (fig. 4), podemos consta-
melhores condições, sob o ponto de vista geográfico- tar que o Terço de Cascais, por Decreto de D. João V,
-militar, para a defesa do porto e da Vila de Cascais. passou a ser designado por Regimento de Infantaria
A iniciativa de construir uma nova fortaleza es- de Cascais, sendo este reorganizado em dois Regi-
tava incluída na linha de concretização de um plano mentos de Infantaria em 17623. Terminada a Guerra
já elaborado em 1580, durante a dinastia dos Filipes, dos Sete Anos, em 1763, o Regimento de Cascais re-
e a que D. João IV deu corpo, dirigindo a sua atenção gressa à sua organização original, conforme o De-
para a defesa da orla marítima de Cascais. creto de 10 de Abril de 1763
Em princípios de 1641, deu-se, então, o início
da construção da Cidadela. A mão de obra empregue
consistia em militares portugueses e prisioneiros
castelhanos, pelo que, curiosamente, a fortaleza te-
ve a designação de Presídio enquanto os castelhanos
ali trabalharam. Em 1681, começam os trabalhos
finais de acabamento da Cidadela de Cascais.

Do Terço à Artilharia

I
Vamos reportar, agora, às Tropas que passaram
pela Cidadela, desde a sua construção até à insta-
lação da Artilharia.
As Unidades mais antigas que se conhecem,
como aquarteladas em Cascais, remontam ao perío-
4 – Quadro resumo dos decretos relativos ao RI 19
do logo após à Restauração, e foram os denominados
Terços2.
Só em 1645, com a Cidadela numa fase avançada
de construção, é que foi organizado um Terço, o II
Em 19 de Abril de 1806, as Unidades passam a ser
designadas por números, cabendo ao Regimento de
Cascais o N.º 19 (RI 19). Entretanto, em Novembro de
1807, começava a primeira fase das invasões
Napoleónicas, em Portugal. O RI 19 participou glorio- 139
samente nestas guerras peninsulares, sempre acom-
panhado pelo seu patrono, Santo António, que viria
mais tarde, em 1814, por decreto real, a ser promo-
vido a Tenente Coronel. Só em 1816, é que os Solda-
dos do 19 voltariam a reocupar o seu Quartel de
Cascais.
Por Decreto de 15 de Abril de 1831, o RI 19 toma,
novamente, a designação de Regimento de Infantaria
de Cascais, e, em 1834, volta a ser o…19.

1 Força constituída por 10 companhias, até um efectivo de 1000


homens.
2 Data em que foi assinado o Tratado de Fontainebleau, pondo fim à
Guerra dos Sete Anos.
3 – Guião do Regimento de Infantaria de Cascais

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III
Em 1834, o histórico 19 é extinto4 mas
a Cidadela não fica desguarnecida, pois
há conhecimento, por Decreto de 4 de Ja-
neiro de 1837, que o Batalhão de Infantaria
N.º75 ficou lá aquartelado até 1840, seguin-
do-se o Regimento de Infantaria Nº23 e,
finalmente, o Regimento de Infantaria
Nº4, que aqui permaneceu durante alguns
anos.
IV
A partir de 1870, a Família Real passou
a residir na Cidadela, D. Luís ali faleceu em 6 – Peças da BAP, na Cidadela
1889, sendo D. Carlos o último monarca
a ocupar a Fortaleza até fins de 1907.
Grupo de Defesa Móvel de Costa (GDMC), que ali
5 – Soldado do Regimento V permaneceu até 1935, data em que foi levantado o
de Infantaria de Cascais
Antes da instalação das pri- Grupo de Artilharia Contra Aeronaves (GACA).
meiras unidades de Artilharia, há
que fazer uma referência ao Batalhão de Sapadores de
Caminhos de Ferro, que esteve aquartelado na Cida- A Artilharia Antiaérea
dela entre 1907 e 1917, data em que foi mobilizado na Cidadela de Cascais
para França6, na Flandres, de onde regressaria co-
berto de glória e agraciado como o grau de Comen- I
dador da Ordem da Torre e Espada. Desde 1935, ano em que foi levantado o GACA,
a Cidadela de Cascais é indissociável da Artilharia
Antiaérea.
A Artilharia na Cidadela Sendo o GACA a primeira Unidade de AAA do
Exército Português, serviu como Centro de Mobiliza-
Em 26 de Março de 1911, é decretada a reorgani- ção de Batarias de Artilharia Contra Aeronaves, de
zação das Forças Armadas, e entre as grandes direc- Companhias de Projectores e de Secções de Escuta. Em
trizes apresentadas estava a criação de Unidades 1939, o GACA passa a designar-se por Grupo de Ar-
de Artilharia de Costa e de Guarnição. Estas medidas tilharia Contra Aeronaves Nº1 (GACA 1), mantendo
tinham particular importância na defesa de toda a esta denominação até 1959, ano em que, a 26 de
zona costeira de acesso a Lisboa, desde Setúbal até Julho, é criado o Centro de Instrução de Artilharia
à entrada do Tejo. Assim, por força da dita Reorga- Antiaérea e de Costa (CIAACA).
nização, nascia a primeira Unidade de Artilharia de
Cascais. II
140 Em 01 de Agosto de 1976, o CIAACA, passa a
I designar-se por Centro de Instrução de Artilharia
Em princípios de 1919, a Bataria de Artilharia de Antiaérea de Cascais (CIAAC).
Posição (BAP) instala-se na Cidadela vindo transferida
de Setúbal, onde esteve até finais de 1918. III
Em 1993, pelo despacho do Nº72/MDN/93, o
II CIAAC é extinto, passando a ser o Destacamento do
Pela Ordem do Exército N.º15 de 1926, é criada a Regimento de Artilharia Antiaérea N.º17, e adopta a
Bataria de Artilharia de Defesa Móvel N.º4 (BADM 4), que designação de Centro de Instrução de Artilharia
substitui a extinta BAP, continuando em Cascais. Antiaérea (CIAAA).

III 4 Ressurge em 1885, na cidade de Chaves.


Em Março de 1927, a BADM 4 dava lugar ao 5 Originário de Estremoz.
6 Mobilizado para a Frente de combate da 1ª Grande Guerra Mundial.
Grupo de Artilharia Pesada N.º3 que, sendo extinto em
7 Criado em 22 de Julho de 1988
1931, cedia a Cidadela para Quartel ao recém criado

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

O CIAAC após
a extinção do RAAF
(1975 a 1980) Tenente-General Samuel Matias do Amaral

A
Artilharia Antiaérea (AAA) em Portugal atra- aos equipamentos terrestres de defesa aérea, e a
vessou um período de progressivo declínio baixa prioridade atribuída a estes sistemas de armas,
coincidente com o desenrolar e o acentuar faria com que a remodelação dos sistemas existentes
da guerra no ex-Ultramar Português, mais foi já no se tornasse impraticável, não só devido ao elevado
período posterior a 25 de Abril de 1974, que atingiu custo que acarretava, como ainda porque tal remo-
o seu ponto mais baixo. delação oferecia acréscimos limitados de operacio-
Efectivamente, com os conflitos nas ex-Colónias, nalidade que não correspondiam às exigências da
todo o esforço nacional se orientou no sentido de dar nova ameaça aérea e das novas tácticas antiaéreas.
resposta às acções subversivas a decorrer naqueles ter- Se conjugarmos as razões atrás apontadas com
ritórios, obrigando ao empenhamento das unidades de o alheamento, mais ou menos pronunciado, em
AA na organização e mobilização de forças adequadas relação à defesa aérea em geral, e à artilharia anti-
à execução de operações de contra-guerrilha. aérea em particular, no currículo do curso ministrado
Em razão desta necessidade, em 1960, o RAAF na Academia Militar, onde dominava a Artilharia de
passaria a funcionar primariamente como Centro de Campanha, teremos o quadro que levaria à quase
Instrução Básica e chegaria a ter em preparação, si- extinção da Artilharia Antiaérea em Portugal, nos
multaneamente, 6 companhias tipo caçadores. meados da década de 70.
Claro que este esforço teria custos para aquela Fruto desta situação, e do ambiente político que
que deveria ser a missão primeira da artilharia anti- se vivia, em 31 de Dezembro de 1974 foi extinto o
aérea. Durante os anos seguintes, a natural função RAAF, com ordem para que todos os equipamentos
da unidade, de preparação de quadros e tropas de fossem entregues no Depósito Geral de Material de
artilharia antiaérea, seria relegada para segundo Guerra. Restava o CIAAC, em Cascais, como única
plano, fazendo com que a eficiência, sob o ponto de Unidade de Artilharia Antiaérea do nosso sistemas
vista antiaéreo, acabasse por se ressentir. Começou de forças no continente, no entanto, sem qualquer
a acentuar-se a imagem de obsolescência dos equipa- componente operacional.
mentos e estruturas, e mesmo a questionar-se a ne- Percebendo esta situação, mediante uma iniciativa
cessidade da artilharia antiaérea. A ideia de que a arrojada, o Comandante do CIAAC conseguiu que o 141
ameaça aérea não era credível levou ao
desinvestimento neste ramo da artilha-
ria. Estava aberto o caminho para o seu
declínio em Portugal.
De facto, a ameaça aérea nunca se
concretizou nos Teatros Ultramarinos, o
que levou as nossas chefias político-
-militares a relegarem para segundo pla-
no as preocupações com a defesa aérea,
quer das tropas, quer dos pontos e área
sensíveis, com algumas raras excepções.
Por outro lado, a nossa debilidade
financeira para acompanhar o ritmo da
corrida tecnológica, no que respeitava

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equipamento de uma das baterias AA 4cm M/942, do equipamentos da bateria. Entretanto, como não ha-
RAAF, não fosse entregue em depósito e fosse via confiança total quanto à neutralidade política do
"desviada" para Cascais, ficando, assim, o CIAAC, com efectivo de praças, de uma forma mais ou menos
uma sub-unidade operacional, embora sem existência "clandestina", assegurava-se o funcionamento da
legal, poderíamos dizer mesmo, "clandestina". BAA, prevendo-se guarnecê-la, se necessário, quase
Convém lembrar também, que o momento políti- exclusivamente com oficiais e sargentos (cerca de 80);
co imediatamente após o 25 de Abril era extrema- muitos destes a desempenharem funções de praça.
mente difícil e conturbado, pelo que nada se fazia Para além da instrução, razão que só por si justificava
relacionado com a instrução: nem instrução de recru- a existência da bateria no CIAAC, o período revolucio-
tas, nem quaisquer outros cursos. Não se davam re- nário e a incerteza dos acontecimentos, davam
crutas, nem cursos. Tudo o que se fazia tinha a ver também razão de existência a uma força que, apesar
com o processo revolucionário: ligações a comissões dos materiais antigos, possuía considerável poder de
de trabalhadores, de moradores, enfim, as unidades fogo. Em situações de emergência, a BAA poderia "ir
funcionavam como extensões do Movimento das para a rua", tal como chegou a acontecer, constituin-
Forças Armadas no terreno. Para além de tudo isto, do-se como um elemento altamente dissuasor.
as unidades encontravam-se desgastadas com pro- Após o 25 de Novembro de 1975, iniciou-se um
blemas internos, onde a instabilidade vivida dificul- período em que se tentou estabilizar a actividade
tava a certeza de quem seria o comandante da unida- normal da Unidade. Foi sugerido que não fazia sentido
de no dia seguinte. A todo o momento, um qualquer o CIAAC continuar a acumular as funções de instrução
soldado, sob o pretexto mais inesperado, podia pro- de Artilharia Antiaérea e de Costa, já que a estrutura
por e conseguir o saneamento do comandante. que servia de apoio à instrução de Costa pertencia, por
A desconfiança era geral. inteiro, ao Regimento de Artilharia de Costa (RAC). Essa
Mas era necessário dar prontidão à Bateria AA do situação não era funcional, dado que uma Unidade
CIAAC, única no país (Continente). A pouco e pouco possuía os materiais (RAC) e a outra detinha os
começou a ser formado o pessoal com as especiali- instrutores (CIAAC). O pessoal do RAC, que lidava
dades necessárias para guarnecer os órgãos e os com o material, possuía os conhecimentos suficientes
O Renascimento da Antiaérea em Portugal

para garantir a instrução de Costa. Assim, estando o estudo ainda muito genérico e superficial, mas que
RAC com pouca ou nenhuma actividade no âmbito da visava, sobretudo, despertar para a necessidade de
instrução, não fazia sentido continuar a atribuir essa dotar o Exército de uma componente de defesa aé-
competência ao CIAAC. Esta sugestão foi convertida rea, que percebiam já como fundamental.
em proposta e encaminhada, via Direcção da Arma de Entretanto, a instrução, no CIAAC, era também
Artilharia, para o EME, que rapidamente a aprovou e profundamente reorganizada, tanto ao nível dos cur-
prontamente mandou pôr em prática. A sigla "CIAAC" sos de formação e de qualificação de quadros, como
manteve-se inalterada, passando o último "C", de de formação de praças. Começaram a realizar-se
Costa, a designar Cascais. exercícios de campo mais regulares, com a partici-
Durante os anos seguintes, a BAA do CIAAC con- pação da Força Aérea, que se desenrolavam na área
solidou-se como instrumento básico para a instru- compreendida entre Sintra e Torres Vedras. Simulta-
ção, permitindo realizar vários exercícios e demons- neamente propunha-se a alteração do quadro or-
trações em proveito dos cursos e apesar das suas gânico do CIAAC, no sentido de enquadrar a Bateria
enormes limitações, ou talvez até por força delas, de Antiaérea, cujo QO se tentava redefinir. Para tal, um
veio a constituir-se como o núcleo orgânico de base, dos exercícios realizados foi pensado e preparado
para o renascimento da Artilharia Antiaérea. expressamente para determinar, de forma objectiva,
Quando se comemorou o primeiro aniversário do as necessidades desse QO: cada comandante de Sec-
25 de Novembro, a Bateria AA 4 cm do CIAAC, que ção possuía uma ficha onde registava todas as obser-
naquela data tinha tido um papel de relevo, desfilou vações relativas a faltas, excessos ou outras quaisquer
garbosamente, tendo feito um enorme sucesso, com observações relativas ao material e mesmo ao pessoal.
o material impecavelmente apresentado e os militares No final, uma síntese dessas observações permitiu a
numa postura irrepreensível. O Comandante da uni- elaboração da proposta de um novo Quadro Orgânico
dade foi efusivamente felicitado pela forma altamente de Material e de Pessoal, actualizada e realista
digna e aprumada como a Bateria se apresentou e pela Mas as dificuldades eram grandes. A ideia de que
disciplina evidenciada. Ninguém sabia, ou recordava a artilharia antiaérea era desnecessária estava bem
já, a natureza "clandestina" da mesma e menos ainda instalada, inclusive entre artilheiros. A mudança de
que vários dos elementos integrados nas guarnições mentalidades levaria o seu tempo. No CIAAC, entre-
das armas não possuíam sequer as especialidades tanto, desenvolvia-se um trabalho intenso no sentido
compatíveis com tal facto. Eram meros figurantes. de apresentar propostas credíveis que convencessem
Este facto insólito fez com que alguns quadros, a Direcção da Arma e o próprio EME. Dinamizou-se
que na altura serviam no CIAAC tomassem consciên- a instrução e intensificou-se a realização de exercícios;
cia de que teriam de ser eles a desencadearem, com desenvolveu-se um grande esforço na tradução de
urgência, as iniciativas para o relançamento da arti- manuais americanos para apoio a essa instrução;
lharia antiaérea. Esta bateria tinha cumprido a sua criaram-se as primeiras salas didácticas para os dife-
missão de evitar que desaparecesse a última chama rentes materiais e intensificou-se a formação de
da AA, mas o grande fosso que nos separava dos pessoal do QP nestes equipamentos; sistematizou-se
outros países persistia e ampliava-se. Os então e intensificou-se a elaboração e utilização de materiais
recentes conflitos Israelo-árabes eram acontecimen- de instrução e de fichas de instrução..
tos bem eloquentes quanto a essa realidade. Fruto daquelas propostas foi criado, por volta 143
Aquela constatação decorria do facto de os ofi- de 1978/9, um grupo de trabalho, na Direcção da
ciais de artilharia mais capazes para desencadearem Arma, com a participação do CIAAC, que foi incumbi-
aquele relançamento, pessoas com competência e do de realizar um novo estudo para a reorganização
prestígio e de alguma forma sensibilizados para o da AA. Este estudo, embora com base no primeiro,
problema da artilharia antiaérea, não estavam nos era mais concreto e definia já um dispositivo territo-
lugares adequados, fosse por se encontrarem envol- rial, os pontos sensíveis a defender, os meios necessá-
vidos no processo político-militar, fosse por terem rios para tal e uma ideia para a sua obtenção. Definia
outras funções altamente absorventes e portanto claramente, para as circunstâncias da época, o que
estarem á partida indisponíveis. conviria ser a AA no futuro e quais as razões
Assim, alguns daqueles quadros apresentaram determinantes.
um primeiro estudo de reorganização da artilharia Estes estudos não seriam ainda definitivos e não
antiaérea em Portugal, com base na doutrina dos ma- produziram resultados imediatos, mas tinham lan-
nuais americanos disponíveis e no que era lido e as- çado a semente que haveria de dar fruto nos anos
similado sobre os conflitos no Médio Oriente. Era um subsequentes.
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Major-General Canatário Serafim

E
m Janeiro de 1969, depois do estágio de um ano (destinado a
todos os Alferes do QP, logo após a promoção), que, no meu
caso, teve lugar em Angola, fui colocado no CIAAC (que nessa
altura significava "Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de
Costa"), com o fim de frequentar o curso de preditor electrónico da
artilharia antiaérea. Para ele tínhamos sido nomeados dois alferes /
quase tenentes (o Carvalho Figueiredo e eu próprio) que, para ser fran-
co, tínhamos escolhido esse curso, não por estarmos muito familiari-
zados com as matérias do mesmo, mas, talvez, pela atracção de ser
algo mais técnico, ligado à electrónica e aos computadores, os quais,
O Major-General José Domingos
Canatário Serafim, actual Chefe da Di-
no entanto, e como se sabe, estavam a anos-luz do que hoje podemos
visão de Recursos do EMGFA, nasceu em testemunhar!
Alpalhão, a 05 de Julho de 1945. Foi E assim me apresentei mais uma vez no CIAAC (já lá tínhamos
promovido ao actual posto em 2000. frequentado o estágio de antiaérea e costa, cerca de ano e meio antes),
Cumpriu duas Comissões em Angola, essa unidade pequena, acolhedora, quase familiar, incrustada numa
em 1968 como Alferes e em 1971-73 como poderosa muralha, a Cidadela de Cascais, e que, devo confessar, me
Capitão, tendo sido, nesta última, Coman- agradara desde o primeiro momento (esta também uma das razões que
dante de uma Bateria de Artilharia de me levara a optar pelo curso do preditor). Somente a parte exterior, no
Campanha. fosso, era um pouco deprimente – barracões tristes e cinzentos,
Prestou serviço em várias Unidades desenquadrados da muralha e da zona exterior envolvente. Mas era
da Arma de Artilharia, designadamente aí que se localizavam os parques e algumas salas de aulas, entre elas
no CIAAC, no GAC da BMI e na EPA. Foi
a do preditor, e foi aí que passámos a maior parte do curso, que
Comandante da Escola Prática de Arti-
lharia entre Ago97 e Ago98.
compreendia instruções relativas a diversificadas matérias ligadas à
Exerceu funções na Academia Militar, antiaérea e à bateria 9,4 cm, como o tiro, a táctica, as peças e me-
como professor de Tiro de Artilharia de tralhadoras, os radares, mas, fundamentalmente, o preditor electrónico.
Campanha, no "ACE Reaction Force Plan- Devo, desde já, esclarecer, principalmente as gerações mais re-
ning Staff" (CJPS - SHAPE), e no QG/SFOR. centes, que esse preditor era constituído por diversas "caixas", enor-
Possui numerosos cursos entre os mes, para aí com dois metros de altura, encostadas a duas paredes
quais se destaca o "Artillery Target Acqui- de uma sala ampla. Havia ainda outro tipo, o móvel, para operações
sition and Survey Officer Course", nos e exercícios no campo, que consistia nessas mesmas componentes
EUA, e outros na NATO School (SHAPE). montadas num grande atrelado, com cerca de seis toneladas de pe-
144 Foi ainda representante do Exército so. Enfim, eram outros tempos, e nada que se comparasse aos com-
no "Artillery Working Group/Military putadores-miniatura de hoje.
Agency for Standardization" (NATO).
Ainda assim, foi com enorme entusiasmo que nos atirámos ao
estudo daquele monstro, instruídos e sempre acompanhados por um
furriel miliciano (Carlos, de seu nome), formado na vida civil em elec-
trónica e que era um entusiasta por aquelas matérias. E que muito
nos ensinou e ajudou, devo acrescentar.
Foi um curso muito produtivo (só dois instruendos) e interes-
sante, e que, à medida que o Inverno ia fugindo, mais agradável
se tornou, e uma das razões foi que se passou a utilizar a enorme
esplanada que ficava por detrás da muralha, junto ao mar (essa
sim, uma zona muito aprazível), para certas instruções – radares,
preditor móvel, projectores, etc. Creio que esse espaço está hoje
englobado na marina de Cascais.
E assim decorreu a instrução, sem grandes sobressaltos, tendo como

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

pano de fundo a nossa gradual habituação à vida da e algumas, poucas, coisas menos boas. E fiz de tudo
unidade, o seu conhecimento e cada vez maior apego, um pouco – instrutor de AA (tiro, táctica, preditor,
as jogatanas de futebol na muralha (muitas vezes etc.), oficial de segurança, oficial de educação física,
com necessidade de ir pescar a bola ao mar), as idas presidente das aulas regimentais, oficial de tiro de
à praia "particular", etc., merecendo especial destaque, armas ligeiras, sei lá que mais. Recordo que fazíamos
talvez, somente os exercícios finais, realizados no esse tiro numa pequena carreira (50 metros?) virada
Guincho, em que fizemos tiro com a bateria 9,4 cm, para o mar, junto do radar AN/TPS-1D; hoje isso não
cujo cérebro era o preditor. E devo aqui referir que era é permitido e ainda bem.
extremamente interessante, e um grande desafio, Durante 2 ou 3 dias em cada curso do COM/CSM,
fazer o chamado alinhamento de todos os elementos no entanto, íamos para a Carregueira, fazer tiro com
dessa bateria, ou seja, fazer com que, quando em distâncias a sério, eu, normalmente, ficava com a
funcionamento, todos eles "apontassem" para o G-3 e um oficial miliciano com a FBP. Lembro-me que,
mesmo ponto – o preditor, como cérebro do sistema, numa dessas sessões, quando chegámos ao fim do dia,
"pensava e cozinhava" as informações sobre o o alferes miliciano me apresentou uma pistola-me-
alvo/objectivo que lhe eram fornecidas em perma- tralhadora FBP com o cano aberto como uma casca de
nência pelos radares (especialmente o de tiro) ou pelo banana, resultante de um incidente de tiro. Mas não
seguidor visual (os olhos do sistema) e transformava- adoptara os procedimentos que de imediato se deviam
as em elementos de tiro (direcção e elevação) para as ter tomado, simplesmente pusera a arma de lado e
peças (os membros executantes do sistema). E tudo prosseguira até ao fim do dia. E depois para resolver
fluindo através de cabos "magslip" e tudo sendo ali- o problema? Foi difícil encontrar uma solução, mas há
mentado pelas geradoras "Tilling Stevens – Lister". sempre uma saída para tudo (o que é preciso é procurar
Quando, por fim, conseguíamos esse desiderato (às ve- bem) e, assim, através de um conhecimento na fábrica
zes bastava uma das fichas de um cabo estar mal lim- de Braço de Prata, consegui, pela porta do cavalo, que
pa, para isso falhar), tudo estava bem e o tiro iria de- aí me fizessem um cano com o mesmo número.
correr bem. E fazíamos um tiro bonito, para o avião, E agora, ao correr da pena e dos pensamentos (...e
desfasado de 180º, e até "escrevíamos" no céu a pa-
lavra "CIAAC", como aconteceu nesses exercícios finais.
Com eles terminou a nossa "boa-vida" de instru-
endos e, colocados agora efectivamente no CIAAC,
passámos a oficiais da unidade. Mas esses eram
tempos de pobreza em termos de capitães do QP, por
causa de África; por isso mesmo, a partir de certa
altura não havia nenhum capitão no CIAAC, e, assim,
o Figueiredo e eu, tenentes recém-promovidos, pas-
sámos a "funcionar" como tal – ele era o comandante
da Formação, que englobava todos os oficiais, sar-
gentos e praças prontos, e eu comandava a Bateria
de Instrução, com todos os cursos: COM, CSM, TPO,
CPC e outros estágios de AA e de Costa.
Além disso, o CIAAC tinha, então, a obrigação
de manter pronta uma companhia operacional,
de ordem pública, a C. Artª., de que eu igualmente
era o Comandante, para a qual, devido às muitas
corridas a caminho do Guincho e na Quinta da
Marinha e a alguns exercícios na Serra de Sintra,
se costumava dizer, glosando um anúncio de
tabaco muito em voga, na televisão dessa época,
"que proporcionava quilómetros de prazer" (na
TV, em vez de C. Artª., era KART).
E depois decorreram um pouco mais de dois
anos em que trabalhei nessa maravilhosa unidade,
aprendendo em cada dia a gostar cada vez mais de-
la, cada pedra, cada recanto, as muitas coisas boas
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

já lá vão trinta e tal anos), recordo um rosário de nome Batalha, e que nessa altura começara, timida-
situações, de pormenores, de acontecimentos. mente, a ensaiar também um outro coro, em Oeiras,
Foram as visitas de instrução ao RAAF, para obser- o qual, anos mais tarde, se tornou uma das grandes
varmos a sua sala de operações e a bateria fixa de referências da música portuguesa; e era todo o
9,4 cm, no cimo do Monte Abraão, as visitas ao RAC enquadramento envolvendo o CIAAC – Cascais (que
e ao tiro nas suas diversas baterias, as visitas aos não tinha nada a ver com a urbe actual), o Estoril e
radares da Força Aérea na serra de Montejunto, o os jogos de hóquei nos Salesianos, o Guincho, a Ser-
bom relacionamento e as visitas à Escola de Arti- ra de Sintra, o mar, que nos fazia ficar por ali, a
lharia da Marinha, no Alfeite; foram os dias da unida- maior parte do tempo, e esquecer até de ir a Lisboa.
de, a 13 de Junho, dia de Stº António, com as pro- E de repente esses dois anos esfumaram-se, qua-
cissões pelas ruas da vila, com o santo "montado" se sem dar por isso. Em Junho de 1971 fui mobilizado
numa mula e com as festas nos jardins e esplanadas para Angola, para comandar uma Bateria, mas de
do palácio presidencial situado, também, na cidadela; Campanha, e novamente tive que mudar a agulha e
foram as jogatanas de futebol, voleibol, ténis, nos começar a pensar noutra artilharia (nós, os ARTI-
campos sobre a muralha; foram as espreitadelas LHEIROS, somos realmente muito flexíveis).
das miúdas nas praias através dos poderosos teles- Passados dois anos e meio tentei regressar à AA
cópios dos telémetros e o apontar dos grandes pro- e ao CIAAC, mas alguém foi insensível ao meu pedido
jectores, à noite, sobre a marginal; foram os "oficiais e me colocou na EPA, em Vendas Novas... e aí morreu
de dia" (bastante apertados, dado sermos poucos), a minha ligação à AA.
rondando à noite a toda a volta da muralha e, às Nos anos que se seguiram, só uma ou outra vez,
vezes, pondo cobro a observações, pelos sentinelas, muito esporadicamente, voltei ao CIAAC, mas, nessas
de cenas mais ou menos escaldantes, praticadas poucas horas, foi sempre com emoção que recordei
por pares junto a esses muros; foi um Inverno inteiro aquele tempo da minha vida, cheio de coisas novas,
sem uma gota de água quente; foi um coro que en- de descobertas, de grande paixão e entusiasmo, de
saiámos para um dia da unidade, muito interessante, generosidade sem limites.
e cujo ensaiador era um furriel miliciano, de seu Até sempre, CIAAC.
O Renascimento da Antiaérea em Portugal

Testemunho do
Major-General Freire Nogueira

R
ecém-promovido a tenente na EPA, apresentei-me no então
Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa em
Dezembro de 1971.
Um pouco apreensivo, devo dizer. Constava que era uma unidade
onde se colocavam os "filhos-família" que tendo, apesar de tudo, o
pudor de cumprir o serviço militar, o faziam em especialidades não
mobilizáveis para África – era o caso da Costa – ou, havendo mesmo
alguma possibilidade, o faziam em comissões de baixo risco – era o
caso da AA.
O Major-General José Manuel Freire
Constava também que, em passado recente, a Parada da Guarda
Nogueira, actual Director de Administra- fora rendida à varanda e tendo como uniforme o pijama...
ção e Mobilização de Pessoal, do Coman- Um estágio de AA e Costa no fim do TPO, em que nada vira que se
do do Pessoal, nasceu em Lisboa, em 1946. parecesse com estas lendas, mas que correra francamente mal, não
Foi promovido ao actual posto em 28 de contribuía muito para me animar, apesar duma colocação na área de
Dezembro de 2001. Lisboa – onde nascera – ser na época uma "lotaria" que não saía a todos.
Cumpriu uma comissão de serviço Cedo percebi que alguns dos receios não tinham qualquer funda-
no ex-Ultramar, em Angola, onde foi Co- mento. A unidade deveria realmente ter passado por momentos de
mandante de uma Companhia de Atira- baixo nível, mas uma política persistente de colocação de alguns
dores, tendo posteriormente exercido fun- jovens subalternos do QP nos últimos anos tinha, na generalidade,
ções no Comando do Sector de Cabinda. ajudado o CIAAC a entrar nos eixos. Era até uma unidade disciplinada,
Prestou serviço em várias Unidades
limpa e bem organizada.
nomeadamente, no CIAAC, como Coman-
dante de Bateria, Instrutor e Chefe do
Mas, tecnicamente, era uma catástrofe.
Gabinete de Estudos. Foi Comandante do Habituado ao rigor da EPA e aos sólidos conhecimentos de arti-
GAC/BMI entre 1993 e 1995, Grupo no lharia de campanha com que se terminava então o curso da Academia
qual já tinha exercido o cargo de Coman- Militar e tendo conscientemente evitado qualquer contacto com a
dante de Bateria. área da Costa – que na minha suficiência de jovem subalterno, já me
Exerceu ainda, as funções de Adjunto permitia considerar uma inutilidade – cedo fui escalado para instrutor
do GenCEME e de Chefe da Secção de de artilharia antiaérea, tendo dado origem a um "caso de amor"
Ensino de Estratégia do IAEM. que durou até aos meus 38 anos, quando nomeado, professor do
É conferencista regular no IDN e IAEM – pelas mãos do general Belchior Vieira, meu antigo coman-
possui o grau de Mestre em Estratégia dante no CIAAC – tive o gosto de ser o primeiro oficial a introduzir
pelo Instituto Superior de Ciências Sociais naquela prestigiada escola, o ensino permanente da artilharia 147
e Políticas.
antiaérea.
Mas os passos iniciais foram difíceis.
Nomeado para dar instrução de Táctica aos cursos de oficiais e
sargentos milicianos, comecei a cumprir fichas de instrução que, em
breve me apercebi, não faziam qualquer sentido. De facto, as publi-
cações – percebi-o mais tarde – não continham erros formais – eram,
regra geral, traduções parciais de antigos FM americanos – mas não
respondiam de todo à pergunta elementar: como se faz e porquê? Era
um ensino livresco, cheio de definições teóricas que se obrigava os
instruendos a papaguear, e que tudo somado, não ensinavam sequer
a dispor as bocas de fogo no terreno, para além dum vago dispositivo
de bataria 4 cm/12.7 mm (8x8) que se dispunha num sistema de
anéis concêntricos – pomposamente chamados "anéis óptimos de
fogo" – em torno dum ponto sensível, então definido como qualquer

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

coisa que não tivesse mais do que 500 jardas de te seguro, para propor ao director de instrução, uma
diâmetro. Tipicamente, num exercício gongórico e saída táctica com o material ligeiro. Ainda hoje re-
inútil, ensinava-se a construir "analisadores", que cordo a cara de espanto do nosso major e o franco
para além do enorme trabalho que davam – e nessa desagrado do segundo comandante, por um tal des-
medida eram utilíssimos, já que permitiam "queimar" perdício de verbas.
horas e horas de instrução – para nada serviam, e Apesar de tudo – e com o apoio entusiástico dos
uma vez achado o número teórico de disparos que outros jovens oficiais do QP, nomeadamente, os te-
um dispositivo podia fazer sobre uma aeronave, essa nentes Ponces de Carvalho e Godinho – lá se conse-
conclusão era cuidadosamente guardada para guiu. Rebocados por velhas GMC a gasolina – gasta-
satisfação do instrutor e instruendos. vam entre 60 a 90 litros aos 100 Km – as peças e as
Em nenhum sítio eram mencionados sectores metralhadoras quádruplas, não me lembro quantas,
de tiro, regras de selecção de alvos ou regras de em- mas não seriam mais do que três de cada, foram
penhamento. Sabia-se que havia uma coisa extraor- dispor-se em torno do aeródromo de Tires, num
dinária chamada SIAAA (serviço de informações de dispositivo táctico ligado por TPF, o qual, devido à
AAA)1 que constava de radares e postos de obser- total ausência de meios, ligava alguns POs a um PC,
vação terrestre, mas o que estes órgãos faziam no que por sua vez, retransmitia mensagens de aproxi-
concreto e onde se posicionavam, constituía o mais mação de aeronaves às armas – usava-se, na ausên-
profundo dos mistérios. cia de qualquer outra referência, a simples indicação
Escusado será dizer, que já ninguém se lembrava horária – que permitiu, no mínimo, um exercício de
da última vez que as antiaéreas ligeiras tinham saí- seguimento de alvos. Foi um êxito.
do para o campo, para outra coisa que não fosse um Não tardámos a reincidir, no curso seguinte, desta
ritual exercício de fogos reais, com as bocas de fogo vez para as imediações da Base Aérea de Sintra,
dispostas em linha e disparando sobre uma jangada. seguindo jactos e usando rádios AVP-1 emprestados,
Anos antes, a FAP deixara de rebocar a manga-alvo, que nos permitiram ligar os POs ao PC, poupando uma
alegadamente por razões de segurança. extensíssima rede filar. O radar MK VI, a que chamá-
A AA pesada, sendo já na altura uma total inuti- vamos carinhosamente "calhau sem olhos", era o
lidade, tinha apesar de tudo, procedimentos mais sistema de detecção primário, sendo os POs, então
claros e um arremedo de táctica que era pelo menos encarados como "gap fillers" e usados em número re-
compreensível. Aquilo que se ensinava tinha, toda- duzido. Só que o velho "calhau" – que era orgânico das
via, um total desfasamento não só com os tempos batarias antiaéreas pesadas de 9,4 – encontrava-se
que corriam – diariamente, a aviação dos EUA aqui num meio estranho. Detectando todo o tráfego
bombardeava o Vietname do Norte – mas também aéreo civil acima dos 2 / 3 000 pés, mas totalmente in-
com o nível dos cursos. Ensinava-se a planear a de- capaz de detectar as aeronaves voando a altitudes
fesa de Londres ou de Lisboa! Para o caso... tanto fazia. mais baixas, e que eram, obviamente aquelas que
Passei a gastar a quase totalidade dos meus interessavam às armas que então empregávamos.2
tempos livres na biblioteca. Os métodos, esses, continuavam muito rudimen-
Li todos os FM disponíveis e lá fui percebendo, tares. O terreno estava, no entanto, fértil para o que
pouco a pouco, como planear o emprego do M42 viria a seguir.
148 "Duster" (um bitubo de 4 cm autopropulsado), do Vul- Nas minhas pesquisas na biblioteca, deparei um
can e do Redeye. Com base no M42, comecei a usar dia, com algo que me espantou: tábuas de tiro da peça
"transparentes de posição inicial", a ajustar as AA 9,4 cm, iguais a todos os títulos às das bocas de
posições à carta, a detectar lacunas na defesa e, à fal- fogo inglesas, então profusamente usadas pela nossa
ta de melhor, a colmatá-las com as quádruplas 12.7. artilharia de campanha. Resolvi preparar uma surpre-
O funcionamento do tal SIAAA, continuava envolto sa. Nos fogos reais seguintes, depois do tiro das armas
em mistério. ligeiras – que, como era habitual, se revelaram inca-
O meu camarada Ponces de Carvalho dedicara-se pazes de afundar a jangada que laboriosamente era
mais ao tiro AA, cujo ensino (numa matéria essencial- construída e rebocada por pescadores até ao Guincho
mente prática!) estava reduzido a uma série de fór- ou à Ericeira – seguiu-se o fogo com a artilharia pe-
mulas matemáticas e ao recitar de definições mais
ou menos inúteis. 1 Lembro-me de me interrogar se não existiriam agentes do SIAAA .
Com o atrevimento da juventude e das funções 2 Tinha, no entanto, uma utilidade inestimável. Alimentado por um
poderoso gerador, possuía aquecimento que muito apreciávamos
– julgo que era então comandante da bataria de nas frias noites no campo. Rapidamente, passou a PC de bataria.
instrução – senti-me, apesar de tudo, suficientemen-

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

sada. Era um método interessante, que se baseava sessões de fogos reais seguintes, o "espectáculo" repe-
numa pontaria desfasada de 180 graus entre as peças tia-se e engrossava o número de inspectores da Direc-
e os órgãos de direcção de tiro; desta forma, enquanto ção da Arma de Artilharia que a elas assistiam.
um avião da Força Aérea voava em rota pré-progra- Tendo descoberto que, afinal, utilizávamos a car-
mada sobre terra, sendo seguido pelos mecanismos ga de exercício, fez-se a experiência de usar a carga
directores de tiro, as peças disparavam na direcção normal com elevação negativa. A ligação elástica,
oposta, desenhando no ar e sobre o mar uma rota de resistia bem, embora os espeques com que se cra-
rebentamentos que, na aparência, replicavam em vava a peça no terreno abrissem neste um rasgo de
espelho a rota da aeronave. mais de 30 centímetros, tal a violência do disparo.
Terminada a sessão, de tábua de tiro em punho di- O EME e com ele a DSM, interessaram-se pelo
rigi-me a uma secção. Mandei apontar directamente assunto. A situação que então se vivia na Guiné
à jangada, com a alça correspondente à distância que justificava os piores receios. Pretendeu-se aplicar as
me dava o telémetro, bem como a respectiva gra- peças, não só em tiro de campanha vulgar, mas
duação de espoleta, já que as espoletas 9,4 não eram também usá-las em tiro directo anti-carro. Com
de duplo-efeito e apenas rebentavam em "tempos". efeito, descobrira-se que existia em depósito, um
Três tiros bastaram para enquadrar o alvo e afun- número não negligenciável de munições de rotura.
dá-lo. A beleza do tiro, a violência da machadada dos Para tal era necessário resolver uma série de pro-
estilhaços na água, arrancaram gritos de entusiasmo blemas. Fundamentalmente, prendiam-se com a
e talvez tenham transformado uma punição em muitas inexistência de tábuas de tiro para a carga de exer-
felicitações. Estava igualmente lançada uma semente cício e com a enorme dificuldade de fazer tiro de
que iria, em breve, frutificar de forma inesperada. campanha com uma espoleta que só funcionava em
"tempos". Espantosamente, na altura a nossa
Quem leia as despretensiosas linhas do tenente- industria de defesa era capaz de resolver o problema.
-coronel Custódio Pereira (Nota do Editor: Ver o próxi- A Fábrica de Braço de Prata foi capaz de produzir
mo testemunho), ficará com a ideia de que a sua con- uma espoleta de percussão para a granada 9,4. Resta-
tribuição não teve qualquer valor. Aqueles que o co- va a tábua de tiro.
nhecem, mesmo que não tenham feito parte daquela Deslocámos duas peças ao Campo de Tiro de Al-
"geração de 70", reconhecerão, apenas, o resultado cochete. Se bem me lembro, fizemos grupamentos
da sua natural modéstia. Efectivamente, aquele modes- de 6 tiros por cada 3 graus de elevação. Calculados
to curso em Inglaterra, trouxe-nos todas as respostas. os respectivos pontos médios, lembro-me como se
É dessa altura que data o "quadro de combate", as fosse hoje, lancei os resultados em papel milimétrico
marcas horárias, os sectores de tiro, as regras de selec- com as elevações em ordenada e os alcances em
ção de alvos. Mais, pela primeira vez, percebíamos para abcissa, interpolando, graficamente, as elevações
que serviam os POs, onde os colocar e o que estes de- intermédias. As durações do trajecto foram estima-
viam reportar. Na base do realismo britânico a detecção das com cronómetro, usando o disparo ouvido no rá-
visual assumia-se como o meio primário, suplemen- dio e o momento do impacto. Assim nasceu a primei-
tado pela detecção radar, nas faixas de terreno onde ra tábua de tiro.
esta era muito boa. Assentáva-nos como uma luva. Poucas semanas depois, da posição do "cruza-
Abandonada posteriormente – em favor da ma- mento de Cabrela", uma bataria a 4 peças regulava 149
triz de localização, que eu próprio e outros oficiais o tiro para o polígono de Vendas Novas. A tábua de
trouxemos dos EUA nos anos 80 – a teoria baseava- tiro funcionava!
-se em sectores de observação visual com 120 graus O tiro directo foi espectacular. Perante o pasmo da
de abertura, o que aliado à distância de detecção, assistência, uma peça colocada nos "três sobreiros",
considerada então de 3,5 Km, resultava em linhas de literalmente, "varou" de lado a lado um velho "Sher-
aviso de PO, com cerca de 6 Km de frente. man" colocado para o efeito a cerca de 900 metros.
Associada à obtenção de alguns meios rádio, Munidas destes dados várias peças seguiram
esta "doutrina" permitiu-nos dar, de vez, o salto em para a Guiné.
frente há tanto tempo esperado. Tudo o que se A atenção da antiaérea, centrava-se agora no pro-
seguiu foi daí que partiu. grama Crotale que tinha, como é sabido, igualmente
"Arrumada" a AA ligeira, as nossas atenções vira- por destino a Guiné. Mas os tempos eram já real-
vam-se, em 1973, não para a AA pesada, mas para os mente outros e pouco depois, dava-se o 25 de Abril...
outros usos que poderiam ser dados às peças 9,4. Mas essa é outra história, que já foi narrada
A sessão de tiro no Guincho dera brado. Em todas as noutro local.

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Tenente-Coronel Art Custódio Pereira

P
ediu-me o Major-General Freire Nogueira que colaborasse num
artigo a publicar na revista comemorativa dos 60 anos da
Artilharia Antiaérea.
Embora ciente do pouco interesse do meu contributo, a grande
amizade que nos une impediu-me, naturalmente, de dizer não.
Acresce, ainda, o facto de ter sido na Artilharia Antiaérea que pas-
sei a maior parte da minha vida militar.
Foi o antigo RAAF a minha primeira unidade de colocação e dali
saí para frequentar a Academia Militar.
Após a extinção deste Regimento e das vicissitudes porque passou
O Tenente-Coronel de Artilharia
Custódio Pereira, actualmente na situa-
a Antiaérea, e que agora não vêm para o caso, tive o privilégio de fazer
ção de reforma, nasceu em Ourique a 07 parte da Comissão Instaladora do RAAA1, como vice-presidente, e ser
de Maio de 1942. eu próprio a receber de volta as instalações que, durante cerca de 10
Cumpriu duas comissões no ex- anos, estiveram ocupadas por Unidades de Infantaria1.
Ultramar, em Angola, nos períodos de Foi também no RAAA1 que passei os últimos dias da minha vida
1964-66 e 1971-72. de militar do activo.
Prestou serviço em diversas Uni- Mas entrado no assunto motivo do presente artigo: estávamos nos
dades da Arma, nomeadamente, no primeiros dias de 1973 e regressara de Angola, havia uma semana,
CIAAC, no GAC/BMI e no RAAA1. depois de um ano de estágio pós-tirocínio, quando fui surpreendido
Para além de muitas outras funções por um convite da 5ª Rep. do EME (Instrução) para frequentar um
nas diversas áreas de estado-maior, foi 2º Curso de Artilharia Antiaérea no Reino Unido.
Comandante do GAC da 1ª BMI e Co-
Tudo se passou com extrema rapidez, e dali a dias estava a cami-
mandante de Grupo Regimental.
Possui numerosos cursos, entre os
nho da Royal School of Artillery, localizada na planície de Sallisbury,
quais se destacam, o "Young Officers onde cheguei a 12 de Janeiro.
Course - Air Defence", no Reino Unido, e O que foi a minha estada naquelas paragens dava, naturalmente,
o curso de Operador de Radar MPDR 45, para encher várias páginas. Limitar-me-ei, contudo, a descrever os
na RFA. aspectos que me parecem mais relevantes relacionados com o curso
que frequentei e que ainda tenho presentes.
Não resisto, contudo, à tentação de relatar um episódio que
mostra como, afinal, os exércitos de qualquer parte do mundo se asse-
melham e os percalços surgem quando menos se espera .
150 A pontualidade britânica é, realmente, um facto, mas a verdade
é que, por vezes, as coisas não correm tão bem como seria de esperar.
Aconteceu que um dia, cerca das quatro, quatro e meia da madrugada,
quando nos preparávamos para embarcar nas viaturas, preparadas
no dia anterior e que nos levariam ao País de Gales para fazermos
fogo real, se verificou que ninguém tivera o cuidado de avisar os
condutores da hora da partida. O Exército inglês já era na altura pro-
fissionalizado e a maioria dos condutores vivia, não no aquartela-
mento, mas na localidade (Larkhill) onde está instalada a Escola, o
que teve como consequência atrasarmo-nos mais de 2 horas2.

1 A procura de uma divisa para o Brasão de Armas do Regimento foi algo que me deu um
enorme prazer, apesar de, ou talvez por isso mesmo, me ter obrigado a ler "Os Lusíadas"
por várias vezes e apesar também de, das várias sugestões que apresentei (10 ou 12),
a escolhida, "O Céu e Terra espanta", até nem ser a da minha preferência.

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

O Curso foi frequentado por alunos oriundos de, Cedo me apercebi de que aquilo que me estava a
praticamente, todo o antigo império britânico (eu era ser transmitido era, na verdade, muito diferente do que
a excepção), desde o Canadá à Austrália, passando, me tinha sido ensinado no CIAAC durante o estágio de
naturalmente, por África e Médio Oriente. AA e Costa, mas só após a minha colocação nesta Uni-
Com a duração de 14 semanas, estava dividido dade, em Julho desse mesmo ano, verifiquei, depois de
em duas partes. A primeira, de 4 semanas, versou as- várias reuniões com os então tenentes Nogueira e
suntos de carácter geral sobre a Artilharia de Cam- Ponces de Carvalho, que o que havia, em matéria de
panha. Durante esta primeira parte, pode dizer-se emprego táctico da peça 4 cm, era, na verdade, zero.
que nada de novo me foi transmitido, pois todos os Porque, do antecedente, tinha alguns conheci-
assuntos tratados ou eram já do meu conhecimento, mentos sobre os radares AA, foi a esta área, prin-
caso da topografia e tiro de artilharia, ou pouco inte- cipalmente, que fiquei ligado quando fui colocado no
resse tinham para nós, caso dos procedimentos das CIAAC. Transmiti a estes camaradas o que sabia e,
transmissões. De referir, apenas como curiosidade, apoiados nas diversas publicações que me haviam
que, contrariamente a nós, os ingleses utilizavam, sido distribuídas, foram eles que elaboraram os textos
quase unicamente, a mão como auxiliar da observação de apoio e puseram em prática a instrução que, a
do tiro. Binóculos, apenas os do Major instrutor que partir daquela data, passou a ser ministrada. Neste
somente intervinha quando os valores anunciados aspecto, a minha acção limitou-se a algumas trocas
pelo observador eram demasiado afastados dos reais. de impressões e, naturalmente, à participação nos
A segunda parte, sobre a Artilharia Antiaérea, com vários exercícios (creio mesmo que em todos) que a
excepção de algumas visitas feitas aos vários sistemas partir dali passaram a ser rotina.
de mísseis então em uso no Exército inglês3 incidiu, Hoje, possivelmente, as 4 cm (e as metralhadoras
exclusivamente, sobre o estudo da peça AA 40 mm – quádruplas também) serão peças de museu. De
a 40/70 L3, de fabrico sueco, provida de um sistema qualquer forma, aqui ficam alguns elementos sobre um
hidráulico alimentado por uma potente geradora, pequeno contributo dado à instrução destes materiais
com uma cadência de tiro ( 240 tpm ) que era apenas nos idos anos 70.
o dobro das nossas e dispondo de um sistema de se-
gurança de tiro verdadeiramente eficaz. Alimentado
pela mesma geradora, um pequeno radar de tiro,
fornecia os dados de posição do alvo a cada peça.
Esta ausência dos sistemas míssil causou-me uma
enorme desilusão visto ter-me sido dito, tanto na Re-
partição de Instrução do EME como na Embaixada de
Portugal no Reino Unido, que estes seriam os materiais
sobre os quais incidiria, principalmente, a instrução.
Esta estava dividida em duas partes (técnica e tác-
tica) dadas simultaneamente. Em qualquer destes
aspectos o curso estava bem organizado, havendo
sempre exercícios práticos a acompanhar a doutrina
exposta. De referir a facilidade com que os instrutores
chamavam um avião para exercícios de pontaria, só
possível por o Exército inglês dispor de aviação própria
(estas chamadas inopinadas do avião deviam-se ao
facto de o tempo ser muito inconstante, com chuvas
torrenciais e nevoeiros frequentes).
No aspecto táctico, o que mais me interessava vis-
to os materiais serem diferentes dos que dispúnhamos,
os trabalhos em sala ocupavam a maior parte do tem-
po, muito embora houvesse trabalhos de campo com
muita frequência.

2 Curioso o comentário do Adam Frost, tenente canadiano: Fico muito


feliz por ver que não e só no meu Exército que acontecem destas coisas.
3 Blowpipe e Rapier na AA ligeira e Thunderbird na pesada.
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Major-General Pinto Ramalho

O
meu primeiro contacto com a Artilharia Antiaérea ocorreu,
como acontecia com todos os oficiais de Artilharia oriundos
da Academia Militar, com o estágio de Antiaérea e Costa
realizado no CIAAC e no RAC, na sequência do Tirocínio para os
Aspirantes do QP que se desenrolava na EPA, este vocacionado para
a Campanha e para a instrução de Guerra Subversiva. Estávamos
então em 1968.
Uma ligação mais estreita aconteceu com a minha colocação no
CIAAC, já então em fins de 1974, como capitão e com a tarefa de
levantar uma Bateria Operacional de Antiaérea.
O Major-General José Luís Pinto
Ramalho, Director-Geral de Política de
Viviam-se na altura "tempos especiais". A Artilharia Antiaérea, que
Defesa Nacional do MDN desde 01Fev01, no momento organizava uma bateria de mísseis CROTALE destinada
nasceu em Sintra, a 21 de Abril de 1947. à Guiné, era, para além disso, praticamente inexistente.
Foi promovido ao actual posto em Esta situação e "alguma turbulência" existente no ambiente mili-
18Nov99. tar, determinou que viessem a ser reunidos no CIAAC os materiais
Efectuou duas Comissões Militares de AAA existentes no RAAF que atravessava um processo de extinção
em Angola, como Alferes (1968/69) e e disponibilizados os meios operacionais concentrados nos Depósitos.
como Capitão (1971/73), nesta última A par disso, o levantamento da Bateria pôde contar também com
como Comandante da CART 3415 e alguma riqueza de meios humanos e materiais e com uma organização
Adjunto do Oficial de Operações da Área que procurava enfrentar a realidade dos tempos pós-25 de Abril.
Militar N.º 1. A Bateria foi equipada, em meios AAA, com 8 Peças AA 4 cm mod
Prestou serviço em diversas Unida-
42-60; com 12 Metralhadoras Quádruplas AA 12,7 cm mod/953,
des de Artilharia, designadamente na
EPA, CIAAC e RAL5.
montadas em viaturas GMC; 1 Radar (transportável) AN/TPS-1D e 2
Exerceu entre outras, as funções de Radares 501B m/954. Em termos orgânicos, foram constituídos um
Chefe do Estado-Maior do COFT, de Pelotão de Comando; um Pelotão de Defesa Imediata; dois Pelotões
Chefe da Divisão de Planeamento e Pro- de AAA, com 4 secções cada (Peça AA e Metralhadora Quádrupla) e
gramação do EME e de Chefe de Gabine- um Pelotão de Radar e Observação (com 12 Esquadras de Observação).
te do Ministro da Defesa Nacional, do No Pelotão de Comando existia uma Secção de Comando, com uma
XIII Governo Constitucional. viatura PC; uma Secção de Transmissões; uma Secção Sanitária com
Possui numerosos cursos militares uma viatura Ambulância; uma Secção de Manutenção Auto e Arma-
e civis, entre os quais se destacam, o "Air mento, com viatura Reboque; uma Secção de Alimentação e Logística,
152 Defense Artillery Officer Advanced Cour- com cozinhas Rodadas e viaturas Auto Tanque de Água e uma Secção
se", nos EUA, o Curso de Estado Maior, o AAA, com 4 Metralhadoras Quádruplas, montadas em GMC.
Curso do Colégio de Defesa NATO, em
Quanto ao Pelotão de Defesa Imediata, e como consequência da rea-
Itália, e o Mestrado em Estratégia pelo
ISCSP/Universidade Técnica de Lisboa.
lidade daquele tempo, estava organizado em 4 Secções, dispondo de
Tem sido Conferencista regular, no armas ACAR, morteiros 60 e várias metralhadoras 12,7 mm e HK 21.
âmbito da Estratégia, Prevenção de Con- No que respeita ao pessoal, dispunha de dois Subalternos de Ar-
flitos, Gestão de Crises e Planeamento tilharia do QP (o Adjunto no Pelotão de Comando e o outro como
de Forças, no IAEM, no Instituto de Cmdt do Pelotão de Defesa Imediata, com três sargentos do QP, nes-
Defesa Nacional, na Universidade Lusía- te último). Todos os outros pelotões e secções eram comandados por
da, na Universidade Autónoma de Lis- Alferes e Furriéis do QC, com as adequadas especialidades AAA,
boa e no Instituto Politécnico de Tomar. num efectivo total de perto de 250 militares.
De referir ainda que em termos de material de transmissões, para
além dos meios atribuídos aos vários Pelotões da Bateria para cons-
tituição das redes orgânicas da AAA, a unidade dispunha também de
uma rede STORNO, com posto director no CIAAC e repetidor e antenas

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

montadas no Palácio da Pena, na Serra de Sintra, que que passou a integrar o Comando e as Operações dos
cobria toda a área de Sintra / Cascais / Lisboa / Barreiro. vários exercícios ORION e em todos aqueles em que
No que toca ao material auto, tendo em conta a a Força Aérea participava.
época em que se vivia, a Bateria gozava de alguma A Bateria Operacional, o ECEA e o CIAAC pas-
uniformidade pois, para além das viaturas especiais saram a ter significativo protagonismo no desen-
(ambulância, viatura PC, Reboque e Tanques de volvimento e consolidação de procedimentos do
Água), todas as outras eram GMC, Berliet e UMM, Comando das Forças Terrestres de Defesa Aérea
que constituíam na realidade a maioria das viaturas CFTDA, entretanto constituído, assim como na
atribuídas. afirmação e reconhecimento quer da doutrina a
Após recebido o material e apresentado o pessoal, seguir, quer da Artilharia Antiaérea, como elemen-
a Bateria iniciou um exigente período de instrução to operacional, indispensável e incontornável do
técnica e táctica na região do Guincho, Janas/Sintra Sistema de Forças Nacional.
e Pinheiro da Cruz, realizando também sessões de
tiro técnico, contra-jangada, na região da Ericeira. Lisboa, 01/06/2003
A Bateria viria a ser chamada a actuar operacio-
nalmente em 11 de Março de 1975, dividindo-se em
dois núcleos, um para garantir a defesa AAA do José Luís Pinto Ramalho
RALIS e outro para a mesma missão, relativamente Major-General
ao COPCON.
Seria no Forte do Alto do Duque que,
perante a passagem de aeronaves em ati-
tude hostil, a bateria fez fogo de metra-
lhadora quádrupla 12,7 mm, para a frente
dos aviões, interdizendo o espaço aéreo do
COPCON àqueles meios.
Também em 25 de Novembro a Bateria
foi provavelmente a primeira unidade a
movimentar-se, deslocando-se no dia 24
cerca das 19H00 para o RCMDS e tomando
parte nas operações que, no dia seguinte,
tiveram lugar na região de Lisboa.
Em termos doutrinários a Bateria
passou a participar nos diversos exercícios
nacionais, a fazer a afirmação visível da
AAA e a constituir efectiva motivação para
os quadros, que passaram a dispor de uma
unidade operacional com os meios exis-
tentes, mas que exercia o Comando e Con-
trolo, montava redes de Observação e de
Alerta e Aviso e demonstrava efectiva capa-
cidade operacional, a par de significativa
autonomia.
A minha ligação à AAA e ao CIAAC
consolidou-se em 1983, após ter frequentado
o Air Defence Art Officer Advanced Course nos
EUA, com especialização nos sistemas
CHAPARRAL/VULCAN e Radares FAAR.
Foi assim possível desenvolver no CIAAC,
com base na doutrina existente e naquela
que os vários oficiais que se deslocavam aos
EUA transmitiam, fazer o primeiro manual
de Gestão do Espaço Aéreo e constituir o Ele-
mento de Controlo de Espaço Aéreo – ECEA,
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Tenente-General Belchior Vieira

E
xtintas todas as Guarnições de Artilharia Antiaérea do
continente, o Centro da Instrução aquartelado na vetusta
Cidadela de Cascais, então sob designação de Centro de
Instrução de Artilharia Antiaérea de Cascais (CIAAC), era, no biénio
1977-78, simultaneamente, Escola Prática e a única Unidade de
Artilharia Antiaérea do Sistema de Forças Nacional. Na realidade, o
CIAAC foi, sobretudo, um "centro de resistência" activo num período
que se assumia como de transição. Neste sentido, manteve perma-
nentemente informados os escalões superiores, não só sobre o desen-
O Tenente-General Guilherme de
volvimento da situação de degradação em que se encontrava a
Sousa Belchior Vieira, actualmente na Artilharia Antiaérea, como também sobre a possibilidade de serem
reforma, nasceu em Setúbal a 25 de Maio adoptadas medidas que, impedindo a sua irreversibilidade, permi-
de 1929. tissem garantir a transição para um profundo processo de renovação.
Cumpriu duas comissões no ex- O empenhamento operacional do nosso Exército nos três TO
-Ultramar, respectivamente, na Guiné africanos, a partir de 1961 e até 1974, sem ter conhecido a nossa
(1962) e em Angola (1967/69). ameaça aérea, desabituou os quadros combatentes das preocupações
Prestou serviço em unidades da Ar- de defesa aérea que a instrução visando os ambientes de guerra
ma de Artilharia, designadamente na convencional e atómica dos anos 50, reforçada com as manobras da
EPA, onde esteve colocado cerca de 8 3ª Divisão em Santa Margarida e na Alemanha, lhes haviam inculcado.
anos. Foi Comandante do CIAAC em Este prolongado e exclusivo empenhamento operacional foi uma das
1977-78.
razões fundamentais da situação de abandono a que a Artilharia
Exerceu as funções de 2º Coman-
Antiaérea se viu votada.
dante da Academia Militar, de Subdi-
rector do Instituto de Defesa Nacional e Uma outra razão era a nossa incapacidade financeira para
de Director do Departamento de Instru- acompanhar o ritmo acelerado da corrida tecnológica dos sistemas
ção do EME. de armas de Artilharia Antiaérea e dos sistemas que os servem, isto
Ocupou ainda, os cargos de Director é, sistemas de guerra electrónica, de identificação, de informação e
do Instituto de Altos Estudos Militares, de de alerta. Uma incapacidade então agravada pela necessidade urgente
Adjunto do Chefe do Estado-Maior Gene- de renovar todo o Exército. O "potencial antiaéreo" do CIAAC, no bié-
ral das Forças Armadas e de Director do nio 1977-78, era constituído por peças de 4 cm m/40 e 42-60 e
Serviço Histórico-Militar. metralhadoras quadruplas de 12,7 mm m/53, associadas ao radar
táctico n.º 4 MK VI, adquirido em 1943, e no radar de vigilância
154 AN/TPS-1D, adquiridos em 1953. As peças de 4 cm encontravam-se
em serviço em cerca de 20 países, mas na maioria dos casos em
unidades de reserva ou integradas na defesa antiaérea territorial de
baixa altitude – por exemplo, de bases aéreas. As metralhadoras
quádruplas de 12,7 mm eram então utilizadas como armas de auto
defesa antiaérea – por exemplo, na defesa próxima das unidades de
Artilharia Antiaérea. O CIAAC, com vista a participar nos exercícios
da Região Militar de Lisboa, ensaiou um modelo de organização de
uma bateria mista com 8 peças de 4 cm + 6 metralhadoras quádru-
plas de 12,7 mm + 1 radar n.º 4 MK 6, as peças rebocadas por
viaturas "Berliet" e as metralhadoras e a cabina do radar transpor-
tadas nas caixas de viaturas do mesmo tipo. Através desta partici-
pação evidenciaram-se as graves deficiências que o CIAAC vinha
apontando nos seus relatórios: "a capacidade de protecção antiaérea
de que hoje dispomos é praticamente nula, na realidade apenas é

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

susceptível de ser integrada numa rudimentar auto- apoiariam o empenhamento da nossa BMI;
defesa operacional". – Incluir um tratamento adequado dos assuntos re-
Os estudos e a investigação desenvolvidos pelo lacionados com a defesa aérea e a artilharia anti-
CIAAC, sobretudo depois da visita de estudo de uma aérea nos programas dos cursos da Academia
sua delegação à Direcção da Arma de Artilharia do Militar, da Escola Prática da Artilharia e do Ins-
Exército Francês e ao seu Centro de Instrução de tituto de Altos Estudos Militares.
Artilharia Antiaérea em Nîmes, conduziram a um
conjunto vasto de conclusões/recomendações cor- Enfim, determinada e esclarecidamente, preten-
respondentes a dois âmbitos estreitamente interliga- deu o CIAAC que o lema do extinto Regimento de
dos: a defesa aérea e a componente artilheira anti- Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), "Defenderei da força
aérea do Exército. dura e infesta a terra nunca de outrem subjugada",
Em relação à defesa aérea, eram consideradas não viesse a ser mais do que uma bela estrofe dos
como urgentes, as seguintes medidas: "Lusíadas", expressão de uma ideia condenada à
– Elaboração de uma doutrina de defesa aérea, extinção como o Regimento que, em Outubro de
necessariamente comum aos três Ramos; 1943, orgulhosamente por ela se criou e organizou.
– Elaboração de um plano de defesa aérea, sem o
qual não seria possível remediar a indefinição de Oeiras, 8 de Março de 2003
objectivos fixados à defesa aérea, prioridades,
meios necessários e disponíveis, modalidades
de acção, responsabilidades, etc.
– Definição de uma estrutura de coordenação,
comando e controlo.

Em relação à componente artilheira da defesa


antiaérea do Exército, o CIAAC preconizava entre
outras, as seguintes medidas, também elas urgentes:
– Definir, ainda que em linhas gerais, as necessida-
des de apoio antiaéreo, incluindo de autodefesa,
correspondente à organização territorial já então
iniciada, tendo em especial atenção as Zonas
Militares da Madeira e dos Açores;
– Implementar o plano de instrução de defesa
aérea e de artilharia antiaérea dos quadros;
– Proceder ao levantamento tecnológico do mate-
rial e equipamento de artilharia antiaérea em
depósito, com a finalidade de avaliar da possibi-
lidade de os beneficiar em termos de transição;
o CIAAC propôs, inclusivamente, depois da visita
de estudo a França anteriormente referida, a
beneficiação pela "Bofors" das peças de 4 cm
(existia então em depósito cerca de uma centena);
– Diligenciar no sentido de obter, através do auxílio
externo, algum do material e equipamento que
os nossos aliados já haviam substituído, ou esta-
vam prestes a fazê-lo, tais como o bitubo de 4 cm
autopropulsionado M42, o "Duster" do Exército
dos EUA, numa dotação que possibilite o levan-
tamento de uma bateria;
– Garantir a disponibilidade, basicamente para
efeitos de instrução no CIAAC, de módulos dos
sistemas complementares que, em caso de con-
flito no âmbito da OTAN, assegurariam, para as
médias e altas altitudes, a defesa aérea do TN e A Junta de Freguesia de Massamá
Saúda o Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Pelos 60 Anos de Artilharia Antiaérea
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
General Loureiro do Santos

N
os princípios de 1980, depois de ter deixado de desem-
penhar um cargo político, fui nomeado comandante do
Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea de Cascais,
situado na cidadela.
Assumi as minhas funções com o maior entusiasmo, mas
também com muita preocupação, que se acentuou quando ouvi
o discurso de despedida do meu predecessor, tenente coronel
Teixeira Magalhães, meu camarada e grande amigo de há muitos
anos, perante as forças em parada que formaram na cerimónia da
minha assunção de comando. Nas suas palavras, descrevia-se
O General José Alberto Loureiro dos
Santos, actualmente na reforma, nasceu um quadro negro para a Artilharia Antiaérea portuguesa e para
em Sabrosa, Vila Real, em 02 de Setem- a situação da própria Unidade, que passara a ter a responsabi-
bro de 1936. Foi promovido ao posto de lidade de comandar, especialmente em termos de instalações,
General em 1991. património, atenção por parte dos superiores hierárquicos e
Cumpriu duas comissões no ex- meios atribuídos.
-Ultramar respectivamente, em Angola O meu segundo comandante era o tenente-coronel Galriça,
(1962/65), onde comandou uma Bateria também meu amigo e camarada de curso, que, mais tarde foi
de Artilharia Antiaérea, e em Cabo Verde substituído pelo tenente-coronel Pimentel. Embora mais novo,
(1972/74). este oficial, que haveria de passar à situação de reserva no posto
Prestou serviço em diversas Unida- de tenente-general, Governador Militar de Lisboa, foi, tal como o
des da Arma de Artilharia, designada-
seu antecessor, um auxiliar precioso no desempenho das funções
mente na EPA. Foi Comandante do
por que eu era o primeiro responsável.
CIAAC no período de 1980/81.
Desempenhou, entre outras, as fun- Mas não foram apenas estes oficiais que me acompanharam
ções de professor no IAEM, de Director do e me ajudaram a cumprir a missão. Tratou-se de um conjunto de
Departamento de Operações do EME, de excelentes profissionais, que, aliás, viriam a confirmar as quali-
Comandante da ZMM e Comandante- dades que abundantemente possuíam ao longo da sua carreira.
-Chefe das Forças Armadas na Madeira, Entre outros, destaco os majores Pestana (atingiu o posto de
de Director da Arma de Artilharia, de coronel), Samuel do Amaral (tenente-general), Garcia Leandro
Quartel-Mestre-General do Exército, de (tenente-general), capitães Freire Nogueira (é major-general),
Director do IAEM e de GenCEME (91/92). Rodrigues Viana (frequenta o curso para oficial general), etc.
Desempenhou ainda, as funções de Além de um conjunto notável de sargentos, disciplinadas e
156 Ministro da Defesa Nacional dos IV e V abnegadas praças e dedicado pessoal civil, cuja eficiência persiste
Governos Constitucionais.
na minha memória.
Possui numerosos cursos, entre os
Depois de ter tomado consciência da situação – tarefa eleita
quais se destacam o Curso Complementar
de Estado Maior e o Curso de Comando e como de primeira prioridade – resolvi promover a elaboração de
Estado Maior do Exército Brasileiro. dois planos.
Já na Reserva, leccionou Estratégia Um, a propor à Direcção da Arma de Artilharia, abordaria o
no ISCSP, como Professor Convidado, e prisma da Artilharia Antiaérea do país, e indicaria caminhos para
História Militar na Universidade Lusíada. resolver a situação deveras lamentável em que ela se encontrava,
Escreve regularmente, para vários através de soluções concretas, no domínio da aquisição de equi-
órgãos da imprensa nacional e estran- pamentos modernos, instrução do pessoal (incluindo cursos no
geira, e é colaborador frequente dos prin- estrangeiro), elaboração de doutrina, treino conjunto com os
cipais canais da televisão portuguesa. outros Ramos, etc.
Tem uma vasta obra de referência Outro, mais relacionado com os aspectos operacionais e de res-
publicada, nas áreas da Segurança e das
ponsabilidades territoriais, bem como logístico-administrativas,
Relações Internacionais.
a expor ao comando da Região Militar de Lisboa, tentando a solu-

Boletim da Artilharia Antiaérea


ção dos problemas relacionados com a degrada-
ção de estruturas, articulação interna da unida-
de, elaboração das normas de execução perma-
nente, dinamização dos exercícios, dignificação
e promoção do CIAAC, ligação às autoridades do
concelho e à sociedade civil, etc.
Não chegou a durar um ano e meio o exercí-
cio do meu comando, pois fui chamado a leccio-
nar estratégia no IAEM ao Curso Superior de
Comando e Direcção. Por este motivo, não me foi
possível assistir à total concretização dos planos
então elaborados, em especial ao que se ligava
com a modernização da Artilharia Antiaérea.
Tive o gosto de observar a tenacidade do coman-
dante que me substituiu, coronel Espírito Santo
(hoje general), de congratular-me com os aper-
feiçoamentos que lhes foi introduzindo, e de
assistir à continuação da sua concretização, que
dinamizou. Ainda tive oportunidade de, mais
tarde, na qualidade de Director de Operações do
EME, de Director da Arma de Artilharia e, pos-
teriormente, de Quartel-Mestre-General do Exér-
cito, colaborar no pouco que se fez em benefício
deste ramo da Artilharia.
Registe-se que, em toda esta época, pertencia
ao Exército a responsabilidade da defesa anti-
aérea de todos os pontos sensíveis existentes em
território nacional, competência que perdeu
poucos anos depois de eu ter deixado o serviço
militar activo. O que foi lamentável. Urge rever-
ter rapidamente esta situação, pois a ela se de-
ve, em grande parte, a reduzida prioridade que
tem sido atribuída à Antiaérea, aliás ao arrepio
do contexto estratégico actual, que a coloca no
topo das prioridades.
Quanto ao que foi efectivamente realizado
durante o período em que tive a honra de ser
comandante do CIAAC, não me pronuncio. Ape-
nas afirmo que todos os que nele então serviam
trabalharam, dando o melhor do seu esforço. Se
o resultado foi bom ou não, deixo à consideração
de terceiros, pois que serão, certamente, bem
mais isentos do que eu nessa avaliação.

Carnaxide, 25 de Fevereiro de 2003

José Alberto Loureiro dos Santos


General (R)
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
General Espírito Santo

A
Ordem de Serviço N.º 95, de 11 de Agosto de 1981, do Cen-
tro de Instrução de Artilharia Antiaérea de Cascais, dizia
no seu Art.º 2º, "Hoje, pelas 10H30, apresentei-me, vindo do
EMGFA, tendo transitado pela DAA, para assumir o comando deste
Centro, nos termos da nota n.º 13537/RO/DSP/EME, de 17Jul81, sendo
aumentado ao efectivo do CI e da BCS, desde a mesma data". Iniciava
as funções de Comando de uma Unidade, que tinha tradições no
Exército Português que vinham do terço de Cascais na reorganiza-
ção a seguir à restauração, que tinha ligações com o RI 19 da car-
O General Gabriel Augusto do Espí- ga do Buçaco, que tinha mobilizado para a I Guerra Mundial, que
rito Santo, actualmente na reforma, tinha desenvolvido doutrina e preparado subunidades para as
nasceu em Bragança, a 8 de Outubro de Campanhas de África, que até tinha iniciado instrução para ma-
1935, e foi promovido ao posto de teriais de última geração que nunca vieram a ser introduzidos no
General em 1997. Exército, e que tinha desempenhado papel de relevo nos acon-
Cumpriu quatro anos em operações: tecimentos de 25 de Novembro de 1975 para estabelecer o regime
na RM Moçambique, Sub-Sector de Mue- democrático em Portugal.
da como Comandante de uma BBF, e na Apesar de isto tudo, tinha vindo um pouco a contragosto. Sem-
RM Angola, no Cmd ZMLeste como Chefe pre tinha servido na artilharia de campanha, considerava a artilha-
da 5ª Secção. ria antiaérea como demasiado fixa para o meu entendimento das
Durante a sua carreira serviu no
coisas militares, tinha passado por Cascais como capitão e guar-
RAP 2, na EPA, no CIAAC, no QG da RMC,
dava da estadia uma recordação de guarnição encerrada em praça
no QG do GML e na Direcção da Arma de
Artilharia. Desempenhou as funções de forte, do estilo de presídio do séc. XVI e demasiado urbanizada, e...
Assessor Militar do Presidente da Repú- gostava mais de olhar para longe do que olhar para o ar!
blica, de 2º Comandante da EPA, de Co- Tinha de cumprir uma Missão, recebia uma Unidade com um
mandante do CIAAC, de Chefe da 3ª Re- Plano de Acção para a Artilharia Antiaérea, constatei que ia co-
partição do EME, de Chefe de Gabinete mandar um conjunto magnífico de Quadros, como evidenciam as
do General CEME, de Chefe da Missão carreiras dos que ainda estão ao serviço, e cerca de 500 Praças que
Militar junto do QG/NATO, de Quartel comecei a conhecer e de que ainda guardo recordações e amizades.
Mestre General do Exército e de Coman- Aos velhos materiais de 4 cm e quádruplas de 12,7 mm vinham
dante da Logística, de Vice-Chefe do EME, juntar-se o Bitubo 20 mm e o míssil portátil Blowpipe, recentemente
de GenCEME e de GenCEMGFA. adquiridos pelo Exército, ainda não testados, com uma concepção
158 Possui entre outros, o Curso Comple- táctica de emprego difusa e ainda sem meios de detecção de alvos
mentar de Estado Maior, o Curso de Co-
adequados às suas possibilidades. Os radares da Unidade eram dos
mando e Estado-Maior (Brasil). Actual-
mente, é Presidente da Direcção da
tempos do alvo aéreo propulsionado por motores clássicos, a
Revista Militar e Membro do "Academic transmissão de dados para o tiro pouco tinha evoluído desde a
Advisory Board" do Colégio de Defesa ordem à voz, era preciso instruir pessoal, experimentar materiais,
NATO (Roma). definir organização e começar a consolidar doutrina. As velhas
infra-estruturas da Unidade não estavam preparados para a mo-
dernização, o Exército debatia-se em discussões sobre o que queria
para a sua antiaérea, entre concepções de defesa aérea de áreas e
pontos sensíveis, o que se mostrava ambicioso, irrealista e contra
os sinais que se evidenciam de uma ameaça aérea diferente, ou
protecção antiaérea de um corpo de batalha, desprotegido e para
a qual os meios existentes poderiam acrescentar algo. Sem perder
de vista aquela necessidade, que requeria uma acção coordenada
entre os ramos das Forças Armadas, uma Directiva de Defesa

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

Aérea a definir a quem compete o quê, face à es- fases de incerteza. Mas há conceitos que não
cassez de meios, optámos por desenvolver uma an- mudam, entre os quais a necessidade de uma força,
tiaérea voltada para a protecção do "corpo de quando se utiliza, dever estar protegida, para o pre-
batalha do Exército", ao tempo limitado à 1ª BMI visto e para o inesperado. E essa é uma respon-
e a uma Brigada de Forças Especiais nascente. E co- sabilidade do seu Comandante. Pensamos que todo
meçou a desenvolver-se e a implementar-se o o esforço já feito, e outro planeado, para proteger a
Grupo de Artilharia Antiaérea, passando pela sua força terrestre de ameaças aéreas, avaliando-as,
organização, experimentação de materiais e pro- detectando-as e dando-lhes resposta, deverá conti-
grama de treino operacional. No dia 4 de Maio de nuar. Melhorando as capacidades antiaéreas das
1982, no denominado campo de tiro da Ericeira, Grandes Unidades do Exército, actuando sobre todos
realizaram-se os primeiros fogos reais do Bitubo os subsistemas que as compõem, continuando a
20mm, sobre alvos fixos e moveis, constituído por definir doutrina e procurando que a componente da
manga rebocada por Fiat G91. Passado pouco tem- Artilharia Antiaérea continue na Arma de Artilharia.
po uma pequena delegação de Oficiais e Sargentos Não vivemos tempos para sermos irrealistas, mas
da Unidade tomava contacto, junto do fabricante, temos de continuar os planos traçados visando dotar
com o material Blowpipe, a que se seguiu todo um o Exército de uma componente antiaérea contra
programa de introdução do sistema no Exército, ameaças aéreas que não desapareceram, estando
com tudo o que isso significa de instrução, manu- atentos a conjunturas que mudam mas não esque-
tenção e simulação. Esforço que poucos anos pas- cendo os problemas estruturais que definem um
sados se revelou inglório... o material adquirido Exército e que deve estar preparado, em cada mo-
rapidamente ficou obsoleto! Em Agosto desse mento, para dar resposta ao inesperado.
mesmo ano, saindo de Cascais cerca das duas horas
da manhã, marchou a participar no exercício anual
do Exército, o ORION 82, o Grupo de Artilharia G. do Espírito Santo
Antiaérea de Cascais. Com uma Bateria de Coman- General
do e Serviços e uma Bateria AAA 20 mm, era seu
Comandante o Ten Cor Fonseca Rodrigues e Co-
mandante da Bateria AAA o Capitão Viana. À parte
as Unidades da 1ª BMI, a contribuição do CIAAC foi
a mais significativa do Exército. Desde essa primei-
ra experiência que se tornou evidente que o Bitubo
20 mm não era o material mais adequado para a
protecção antiaérea de unidades de manobra.
Servia para reavivar uma componente importante
da Artilharia, mas não devíamos iludir-nos sobre
a finalidade para que o material tinha sido con-
cebido: a protecção imediata de Pontos Sensíveis.
O debate sobre a Artilharia Antiaérea para o
Exército, continuou... parecendo, até, que ainda
continua. Muito se debateu o problema da defesa
dum espaço aéreo importante, a completa vulnera-
bilidade de infra-estruturas fundamentais, por
exemplo, nos Arquipélagos, as discussões sobre
Hawk e a inscrição dos seus programas na Lei de
Programação Militar, quem os devia operar, e con-
sequentes lutas paroquiais entre o Exército e a
Força Aérea. Tanto esforço, tantos estudos e de
qualidade, tanto... nada! Talvez que as indecisões
tenham servido para neste momento os Depósitos
não estarem cheios com materiais sem aplicação.
Os ambientes estratégicos mudaram, as ameaças
aéreas tomaram novas formas, e os conceitos de
defesa face a essas ameaças ainda se encontram em
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Tenente-General Garcia Leandro

1.
Prestei serviço no CIAAC em Cascais entre Outubro de 1979
e Setembro de 1982, sob o Comando dos então Coronéis
Loureiro dos Santos e Espírito Santo, tendo desempenhado
as funções de Chefe de Gabinete de Estudos, Director de Instrução,
Comandante de Grupo e também de 2º Comandante interino.
Nesse período, entre Janeiro e Agosto de 1981, fui o primeiro Ofi-
cial português a frequentar nos EUA, em Fort Bliss, na "US Army Air
Defense School" o "Army Air Defense Advanced Course". Também nessa
Unidade em princípios de 1982 fui promovido a Tenente-Coronel.
O Tenente-General José Eduardo Martinho Tinha encerrado o meu ciclo ultramarino de 13 anos com a minha
Garcia Leandro, actualmente na Reserva, nasceu em missão de Governador de Macau entre 74 e 79. Depois de ter feito o
Luanda a 03 de Junho de 1940. indispensável relatório fui colocado em 1/10/1979 no CIAAC.
Cumpriu cinco comissões de serviço no ex-Ul-
tramar, sendo duas em Angola, onde desempenhou Com o Comando do Coronel Loureiro dos Santos, até há pouco Mi-
as funções de Comandante de Pelotão e Coman- nistro da Defesa Nacional, e a continuidade que lhe deu o Coronel Es-
dante de Bateria, uma na Guiné como Comandante
de Companhia e uma em Timor como Chefe de
pírito Santo, o CIAAC e a Artilharia Antiaérea viveram uma época de
Gabinete do Governador de Timor. grande iniciativa, entusiasmo e trabalho.
Assumiu as funções de Governador de Macau, Para além das actividades normais de instrução do COM, CSM, e
de 1974 a 1979. Na mesma altura, sendo Major, e
após a sua graduação em Coronel, desempenhou Praças, reorganizou-se a Unidade, dando-lhe crescente operaciona-
também, o cargo de Comandante-Chefe das Forças lidade que tinha perdido nos anos difíceis da transição. Mas mais que
Armadas de Macau. isso, pensou-se, concebeu-se, discutiu-se, projectou-se todo um
Prestou serviço em diversas Unidades de Arti-
lharia, entre as quais se destaca o CIAAC, onde projecto da necessária Artilharia Antiaérea para Portugal1, que era
desempenhou variadas funções, nomeadamente, claramente uma área que estávamos desprotegidos. E isto depois de,
de Director de Instrução e de Comandante de Grupo.
Foi Comandante do Grupo de Artilharia de Guar-
nos anos da II Grande Guerra, a Defesa Antiaérea de Lisboa ter esta-
nição Nº 2, no Funchal. do actualizada com a tecnologia e meios da época.
Exerceu os cargos de Conselheiro Militar da Esse projecto foi desenvolvido por vários GT em que se pensou
Delegação de Portugal junto da NATO (PODELNATO),
Chefe da Secção de Ensino de Estratégia, de 2º Co-
a sua estruturação, necessidades de localização, bem como toda a
mandante Operacional das Forças Terrestres, de Co- questão dos materiais necessários, cursos para Oficiais, Sargentos e
mandante da Componente Militar da Missão das Praças (em Portugal e no estrangeiro), quer na área da operação como
Nações Unidas para o Referendo no Sahara Oci-
dental (MINURSO), de Sub-Director do IAEM, de Co- na da manutenção. Foram pensadas e dissecadas as várias hipóteses
mandante do COFT, de Director do IAEM e de de sistema canhão, míssil portátil, a necessidade de sistema AP
GenVCEME. Chaparral/Vulcan, do sistema HAWK, bem como os indispensáveis
Frequentou numerosos cursos, entre os quais
160 se destacam, o "Officer Air Defense Artillery Advan- equipamentos estruturantes como radares, rádios, sistemas de simu-
ced Course", nos EUA, o Curso Complementar de lação de tiro, e também equipamentos para sessões de tiro real para
Estado Maior, o Curso do Colégio de Defesa NATO,
em Itália, e o "General/Flag Officers Electronic War-
manga rebocada por avião.
fare Course" - NATO SCHOOL (SHAPE). Foi um projecto que recebeu posteriormente a cobertura do EME
Actualmente, desempenha as funções de e se veio a desenvolver ao longo dos anos, atormentado por adver-
Director do Instituto da Defesa Nacional e também
de Vice-Presidente da Direcção da Associação Portu- sidades várias, nomeadamente de desajustamentos financeiros,
guesa do Colégio de Defesa NATO. atrasos nas entregas e mudanças de pessoal.
Lecciona no ISCSP, como professor convidado
e foi professor associado convidado da Universidade 1 "Projecto de Acção do CIAAC ":
Autónoma de Lisboa e Director Adjunto do Centro Este projecto inicial, assinado pelo Comandante do CIAAC (Cor Loureiro dos Santos) em Abril de
de Estudos Estratégicos da Universidade Interna- 1980, previa essencialmente:
cional de Lisboa. - Que o CIAAC se transformasse numa EPAAA, tendo sido apresentada superiormente, em Jun81,
É membro do "Academic Council on the United
um projecto de portaria para a sua criação;
Nations System", Académico Correspondente da
Academia Internacional da Cultura Portuguesa, e é - Que fosse criado um Comando de Defesa Aérea das Forças Terrestres (Jun81)
Sócio Honorário da Associação do Auditores dos - Que fosse definido um plano de Carreira para Oficias/Sargentos destinados à AAA (Jun81);
Cursos de Defesa Nacional. - Que fosse implementado um dispositivo de AAA em TN (a nível de Baterias AAA por RM e ZM).

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

De qualquer modo foi um projecto mobilizador, Btr HAWK (completa); continuação de forne-
conceptualmente correcto, adequadamente dirigido cimento de radares AN/MPQ-49 até 6 unida-
e cujos resultados se concretizarem ao longo dos des; prever o fornecimento de um sistema
anos, no que também se incluiu a criação do Re- canhão AP do tipo que viesse a ser adoptado
gimento, depois instalado em Queluz, importantes nas unidades USA e Europa.
obras feitas em Cascais para os simuladores e paióis c. Levantamento do RAAA em Queluz;
de mísseis Blow-Pipe e as sucessivas entregas de ma- d. Lançar a partir de 1983, uma implantação
terial para o RAAA e para a BtrAAA/BMI já concre- territorial mínima de AA que permitisse em
tizadas nos anos noventa como seja: 1987, dispor de :
– Batarias de 20mm (receber todos os equipa- – 1 RAAA na RMLISBOA
mentos, vistorias, manutenção e munições); – 1Btr 4cm (FH e 42/60) no Funchal
– Mísseis Blowpipe; – 1Btr 4cm (FH e 42/60) nos Açores
– Mísseis Chaparral. – 1 Btr 20mm em PORTO SANTO (*)
Em Fevereiro de 1981 a situação era a seguinte: – 1 Btr 20mm em Sta. MARGARIDA
– Levantada 1 Btr AAA (20mm) a 3 Pel; 4º Pel – 1 Btr 20mm na RMNORTE (*)
recebido; – 1 Btr 20mm na RMCENTRO (*)
– Levantado o Cmd Grupo AAA e a Btr Cmd do – 1 Btr 20mm na RMSUL (*)
GAAA, com algumas limitações; (*) guarnecidas ou a guarnecer em emergência.
– Levantados 2 Pel AAA (Peça 4cm FH e 42/60), e. Em pessoal, a partir de 1983:
como módulos de instrução mas encargo opera- – 22 Oficiais Superiores, 19 Cap/Subalternos
cional do CIAAC; e 88 1º/2º Sar Art;
– Adquirido o Msl BLOWPIPE no Reino Unido, – Pessoal do COM, CSM e CG com contratos de
prevendo-se o levantamento da Btr. 5 anos;
– Pessoal do Svç de Material (Ramo Arma-
2. "Continuação do Reequipamento da Artilharia mento e Radar);
Antiaérea a Curto e Médio Prazo (1982-1987)" – Efectivos a instruir a partir de 1983 ( cerca
Na continuação do projecto anterior o novo de 600H) até 1987 ( cerca de 1200H).
Comandante do CIAAC (Cor Espírito Santo) em 11 de O programa de implementação da AAA
Fevereiro de 1981, apresentou um novo projecto, constava de 3 sub-programas, divididos em
considerando válidas e actuais as linhas de acção do curto (1982-1984) e médio (1985-1987) prazo:
projecto anterior, com algumas modificações. – Programa de aquisição/obtenção de material;
Partindo de 4 Modalidades de Acção iniciais, foi – Programa de pessoal (obtenção e formação);
eleita a seguinte missão: "A partir dos meios actuais – Programa de infra-estruturas.
implementar o RAAA, com representação dos mate-
riais 20mm, BLOWPIPE, HAWK (a obter) e CHAPARRAL 3. Relatório da Visita ao Sistema de Defesa Aérea
(a obter); Continuar os programas 20mm e sistemas de Espanha pela Missão Conjunta do Exército
canhão AP por forma a garantir a defesa aérea míni- (CIAAC) e Força Aérea
ma a muito baixa altitude de infra-estruturas essen- No âmbito deste trabalho foi enviada uma missão
ciais ao esforço nacional de guerra". a Espanha entre 13 a 22 de Junho de 1982, consti- 161
Daqui resultou um projecto ainda bastante ambi- tuída pelos seguintes militares :
cioso, de onde se enumeram as principais medidas: – TCor Art Garcia Leandro
a. Obter da RFA (na altura) até 5 Btr's (80 Bitubos) – TCor Oliveira Simões (FAP)
de 20mm, respectivo material de reboque, mu- – Maj Art Fonseca Rodrigues
nições, equipamento de manutenção e sobres- – Maj Art Lopes Francisco
salentes; Radares TUR para servir nestas Btr's. A visita teve como finalidades:
b. Obter dos EUA, a curto prazo : – Conhecer como estava organizada a Artilharia AA
Cursos CHAPARRAL e HAWK; módulos de de Espanha;
Instrução HAWK e CHAPARRAL; cursos para – Conhecer o relacionamento desta AA com a Força
radar AN/MPQ-49; equipamento de Tms para Aérea;
o GAAA e 2 radares AN/MPQ-49. – Visitar Unidades equipadas com sistema canhão
A médio prazo: e sistema míssil;
Continuação dos cursos sobre HAWK e – Tomar conhecimento dos curricula de cursos
CHAPARRAK; 1 Btr CHAPARRAL (completa); 1 ligados à AA ao Exército Espanhol;

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

– Tomar conhecimento da gestão das carreiras dos Relativamente à questão das carreiras foi retido
Oficiais e Sargentos ligados à AA; o seguinte : " Em Espanha a Artilharia constitui-se
– Lançar as bases duma futura cooperação entre as numa única arma, porém e apesar de, teoricamen-
AA dos países ibéricos. te um Oficial poder passar pela Campanha, Anti-
Desta visita concluiu-se que a estrutura da AA, no aérea e Costa, na realidade isso não acontece,
Exército em Espanha não estaria de acordo com a devido à não existência do mecanismo das rota-
doutrina desenvolvida essencialmente nos manuais ções. Tem como defeito a excessiva regionalização,
americanos, mas sim de acordo com aquilo que teria mas por outro lado a existência de Oficiais com
sido definido como interesses territoriais. profundo conhecimento dos seu trabalho, mate-
Assim, e no que refere à organização apareciam riais e missões. Contrariamente, no caso das car-
dois grandes sectores de aplicação dos materiais AA. reiras dos Sargentos, estas eram separadas dentro
de cada ramo da arma.
a) Na organização Territorial: A Gestão do Espaço Aéreo, encontrava-se na
– Grupo Misto de mísseis SAM (constituído por 1 altura numa fase embrionária, sendo apenas óbvia
Btr NIKE-HERCULES e 4 Btr's HAWK) na zona do a ligação com a Força Aérea para a utilização dos
Estreito de Gibraltar; Sistema de mísseis SAM.
– 4 Grupos de Bitubo 35mm/90 (Rebocados), cujo Com um vasto Curricula de Cursos ligados aos
dispositivo acompanhava fundamentalmente a sistemas de armas, simuladores e radares, possuídos
faixa mediterrânea e o Norte de África. pela Artilharia Antiaérea do Exército Espanhol, ficou
claro um entendimento, para uma futura coopera-
b) Protecção AA das Grandes Unidades: ção, caso Portugal viesse a adquirir algum dos
– As Divisões Blindada, Mecanizada e Motorizada sistemas já em utilização no país vizinho.
disponham organicamente de 1 GAAA ligeiro
com 2 Btr's 40/70 (Rebocada) a 12 Peças e 1 Btr 4. Em Setembro de 1982 fui colocado na 3ª Repar-
de 20mm (Rebocada) a 12 Peças. tição do EME, depois de três anos no CIAAC, dedica-
– As Divisões Aerotransportada, de Montanha e dos à Artilharia Antiaérea e dos quais mantenho
Alta Montanha, apenas com material de 20mm, excelentes recordações tanto em termos profissio-
com as características referidas anteriormente. nais, de trabalho, camaradagem e ambiente.
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Major-General Fonseca Rodrigues

I
niciei a minha carreira militar na Artilharia Antiaérea. Acabado
o tirocínio, em Vendas Novas, fui colocado no CIAAC, em 1963,
onde fui instrutor de vários cursos de oficiais e sargentos
milicianos.
Em 1964, fui mobilizado para Cabo Verde como Comandante do
Pel AAA N.º 944, sediado na Ilha do Sal. Era um pelotão independente,
com cerca de 100 homens, dotado de materiais 4cm e metralhadora
quádrupla 12,7 e tinha como missão a defesa do aeroporto. Infra-
-estrutura de interesse vital, pela sua proximidade à Guiné Bissau,
pelo apoio aos voos para África e ligação ao continente americano
O Major-General Rui Manuel da
Fonseca Rodrigues, actualmente na re- e ainda como local de estacionamento de aeronaves militares que
serva, nasceu em Trancoso a 24 de operavam nos então Teatros de Operações.
Outubro de 1939. A Ilha do Sal, era um local com inúmeras dificuldades de subsistên-
Cumpriu três comissões no ex- cia, onde a água assumia uma importância decisiva. De tal modo as-
-Ultramar, a primeira (1964/66) em Cabo sim era que, o início do dia do Pelotão começava pela distribuição,
Verde e Angola, a segunda (1968/70) em na formatura da manhã, de uma garrafa de água potável a cada mili-
Moçambique, tendo nesta, exercido as tar, que a geria como entendia, sabendo que nas próximas 24 horas
funções de Comandante da CART nada mais receberia.
2370/BART 2846 e, a última (1972/74) em Foi uma experiência de 14 meses, muito intensa e que desde logo
Angola. marcou a minha vida militar, ligada à Antiaérea.
Prestou serviço em diversas Unida-
Mais tarde, e após o fim da guerra colonial, voltei ao CIAAC, em
des da Arma de Artilharia, nomeada-
1980, unidade onde permaneci 6 anos, cumprindo funções de Oficial
mente, no CIAAC, RAC, RAL Nº 4, RAL Nº
1 e na Direcção da Arma de Artilharia. de Pessoal, Oficial de Operações, Director de Instrução, Cmdt de
Foi Comandante do Grupo de Artilharia Grupo e 2º Comandante.
de Guarnição Nº 2, na Madeira. Foi um período de uma actividade intensa e diversificada, onde
Frequentou numerosos cursos, dos tive o privilégio de servir sob as ordens de distintíssimos Coman-
quais se salienta, o curso de Instrutor de dantes, como foram os Coronéis Loureiro dos Santos, Espírito Santo
Radar MPDR-45, na República Federal e Faria Leal.
Alemã. Foi uma corrida contra o tempo, procurando de novo dar visi-
Exerceu ao longo da sua carreira, bilidade à Antiaérea, qualificando os quadros com cursos no estran-
variadas funções, de que se destaca, as geiro e em Portugal, produzindo inúmeros documentos doutrinários,
164 de Professor do IAEM, de Adjunto do dando contributos para a organização da Antiaérea, fazendo estudos
GenCEME, de Inspector Geral do Exército
sobre os equipamentos necessários ao cumprimento da sua missão.
e de Adjunto do Ministro da Defesa
Dispúnhamos, nesta altura, dos mesmos materiais com que operei
Nacional.
na Ilha do Sal, em 1964.
E nesta área do reequipamento foram dados alguns passos
importantes. A chegada do primeiro míssil "Blow Pipe", a substituição
das velhas metralhadoras quádruplas, pelo bitubo 20 mm, de origem
alemã e a procura de sistemas de aquisição de objectivos, consti-
tuíram avanços importantes para a modernização da Antiaérea.
Nesta área, a chegada do MPDR-45, radar de vigilância que subs-
tituiria o velho MARK VI, não se revelou compensador por exigir
outros equipamentos que acarretariam custos vultosos, acabando por
ser trocado por um Posto de Comando de Bateria – BCP, material ainda
existente.
Se nestes campos do reequipamento, da doutrina, da formação

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

e da organização, os progressos foram evidentes, ma tentativa de definir tarefas para a Defesa Aérea
também nas instalações, houve avanços que se da Região, de produzir documentos que enqua-
traduziram na reinstalação da Antiaérea no aquarte- drassem esses encargos e de fazer exercícios con-
lamento de Queluz. Por despacho Nº 106/85 do juntos que dessem o mínimo de treino às tropas.
General CEME, foi criado o destacamento de Queluz Foi neste sentido que o Comandante do GAG 2 fez
no RIQ, unidade que tinha sido instalada no RAAF. um levantamento de todos os pontos sensíveis do
Foi um retorno às origens e que teve um significado Funchal e do Porto Santo, com vista a uma proposta
muito especial para todos os militares ligados à de locais para a instalação de mísseis HAWK, por
Antiaérea. Para dar cumprimento a este despacho, foi forma a fazer a cobertura Antiaérea da Zona.
enviado para Queluz a Btr de Cmd do GAAA, coman- A realização de um exercício conjunto, com a
dada pelo CapArt Formeiro Monteiro e eu próprio na participação dos três Ramos e com um desembarque
qualidade de Cmdt de Grupo, também me desloquei de uma Bateria de AA de 4cm no Porto Santo, foi
para esta Unidade. outra experiência que muitos ensinamentos nos
A coabitação nem sempre foi fácil, durante quase trouxe.
um ano que demorou a transferência do RIQ para a Também a instalação de um destacamento em
Serra da Carregueira. Relações de Comando comple- Porto Santo, em 1987, com um Pel AA e forças de In-
xas, hábitos e interesses diferentes, ocupação de es- fantaria, colmataram uma lacuna de há muito sen-
paços difíceis de conciliar, foram algumas das razões tida e constituiria, o núcleo inicial do encargo ope-
para pequenos conflitos que houve de ultrapassar. racional para aquela ilha.
As velhas instalações do RAAF estavam novamente A presença da Antiaérea, nas Regiões Autónomas,
ocupadas pela Antiaérea, que de destacamento do dotada de materiais modernos, parece-nos inques-
CIAAC passou a RAAA 1. tionável.
Terminada esta riquíssima experiência no CIAAC, A divisão de tarefas, para o cumprimento da
fui de imediato comandar o GAG 2 na Madeira, onde missão, exige estudos e soluções com a Força Aérea,
me mantive de 1986 a 88. E também aqui tive o Ramo que detém a responsabilidade primária da
privilégio de servir sob o comando dos Brig Loureiro Defesa Aérea no espaço nacional. A constituição de
dos Santos e Cerqueira da Rocha, Cmdt de Zona e por Unidades Territoriais, nas duas Regiões Autónomas,
inerência de funções, Cmdt Chefe. também me parece evidente, não só para fazer face
Era uma unidade que instruía todas as praças de à manutenção e treino dos encargos operacionais
Antiaérea e de Costa, que mantinha o encargo ope- definidos, como para o aproveitamento dos candi-
racional estabelecido e que formava todos os Condu- datos a voluntários no nosso sistema de profissio-
tores-Auto para a Região Autónoma. nalização das Forças Armadas.
Aqui vim encontrar, os mesmos materiais, com Foram praticamente 10 anos da minha carreira
ligeiras melhorias, que já operara em Cabo Verde em militar ao serviço da Antiaérea, com vivências riquís-
1964 – 4cm, Metralhadora Quádrupla 12,7 e radar simas, com algumas experiências menos consegui-
MK VI. Materiais obsoletos, sem qualquer valor ope- das e com alguns contributos que já se perderam no
racional, o que no caso das Regiões Autónomas, pe- tempo.
la sua importância geoestratégica, mais evidenciava
esta vulnerabilidade. Carcavelos, 24 de Julho de 2003 165
Cientes desta lacuna, procurou-se através do Rui Manuel da Fonseca Rodrigues
Comando-Chefe, encontros com a Força Aérea, nu- Major-General (R)
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

A Bateria de Artilharia
Antiaérea do Regimento
de Artilharia da Serra
do Pilar Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Colaboração do Capitão Art Calmeiro Vaz,
Tenente Art Rui Heleno e Tenente Art Miguel Maldonado

E
m 23 de Julho de edificação das instalações da Bateria (fig. 1) e do res-
1985, o Capitão pectivo parque de material. O Comandante de Bate-
de Artilharia Raul ria em estreita coordenação com o Comando do Re-
Rebelo foi colocado no gimento, visitava periodicamente a sua construção,
CIAAC (OS nº 139/85 do incidindo a sua atenção na confirmação dos requisi-
CIAAC) com a missão de tos técnicos da sala do simulador e da sala de reco-
proceder ao levantamen- nhecimento de aeronaves (fig. 2).
to, aprontamento e des- Em Janeiro de 1986, é destacada para o RASP
locamento para o RASP, uma equipa avançada com a finalidade de facilitar
no Porto, da futura BAAA o aquartelamento da Bateria o que, resultou num tra-
da RMN, que iria comandar. balho meritório na preparação das instalações para
As tarefas de preparação a recepção da mesma. Nesta altura, é nomeado
foram criteriosamente estipuladas Adjunto do Comandante o Alferes de Artilharia
por um Cronograma elaborado em Ou- António Joaquim Ramalhoa Cavaleiro.
tubro de 1985, pelo TCor Art José Alberto da Costa Durante o mês de Fevereiro, o Comandante de
Matos, Director de Instrução do RASP. Bateria procedeu ao levantamento dos materiais já
Uma vez naquele Centro de Instrução, o Coman- referidos e à sua colocação no destacamento de
dante de Bateria estabeleceu contactos na Repartição
de Operações do EME onde teve acesso ao QO de Pes-
soal e Material daquela Subunidade. Em simultâneo,
166 iniciou uma preparação pessoal ao nível do conheci-
mento dos equipamentos e sobre a doutrina de AAA,
uma vez que até então, tinha desempenhado funções
de subalterno na EPA.
No 4º trimestre de 1985, iniciou-se um processo
de contacto com as diferentes Direcções dos Serviços
que, na altura, superintendiam nos respectivos Depó-
sitos com a finalidade de estabelecer prioridades e
escalonar no tempo, o levantamento de todos os
equipamentos referentes à Bateria; estes abrangiam
desde o armamento individual até às viaturas e ar-
mas de AAA e equipamentos de transmissões, pas-
sando pelo mobiliário das casernas a artigos de
aquartelamento.
Entretanto, no RASP, decorriam as obras de 1 – Edifício de Comando da Bateria de Artilharia Antiaérea

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

2 – Sala de Reconhecimento de Aeronaves

Queluz do CIAAC, onde se ultimava a formação das 4 – Entrega da Flâmula da Bateria pelo Exmo. Cor Art
praças da Bateria. Ao mesmo tempo, no CIAAC, Alexandre Aragão ao Cap Art Raul Rebelo
leccionava-se a instrução aos Oficiais e Sargentos
milicianos designados para esta subunidade Bateria, efectuada pelo Exmo. Comandante do RASP,
No dia 27 de Fevereiro de 1986, a Bateria já cons- Coronel de Artilharia Alexandre Afonso Rebelo da
tituída, deslocou-se para o RASP onde se apresentou Silva Aragão; uma cerimónia de elevado relevo para
nesse mesmo dia (OS nº 42/86 do RASP). o Regimento e para a sua nova Subunidade.
Procedeu-se naquela Unidade a um intenso A Bateria foi integrada na Brigada de Forças Es-
trabalho de ocupação das instalações (fig. 3), onde é peciais, mais tarde designada por Brigada Ligeira de
de realçar uma particular preocupação na sistemati- Intervenção. Realizou numerosos exercícios quer no
zação dos artigos respeitantes ao material de guerra, âmbito desta Grande Unidade, quer ainda como
cuja arrecadação não reunia ainda, as condições subunidade inserida na Brigada Territorial, levantada
ideais para proceder ao acondicionamento de um pela RMN. Executou ainda diversas sessões de fogos
grande volume de materiais. reais na região do Magoito. A Bateria estava equipada
Em 12 de Maio do mesmo ano, dia do RASP, reali- com viaturas do tipo Cournil, Unimog 1300 e Berliet
zou-se a cerimónia da entrega da Flâmula (fig. 4) à 4X4 e 6X6. Doze Bitubos (fig. 5), e um simulador do

3 – Vista parcial de uma camarata rigorosamente ordenada 5 – Parque Bitubo

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

a AAA até então, excep-


tuando os radares e outros
sistemas de referênciação.
A partir de 1989, e de
acordo com os Encargos
Operacionais estabeleci-
dos para os anos que se
indicam, esta BAAA pas-
sou a ter os seguintes co-
metimentos e categori-
zações:

• 1989: BAAA (canhão 20


mm), Reserva Geral do
CEME, com a categoriza-
ção B3 (efectivo não in-
ferior a 65% e armamen-
to/equipamentos disponí-
veis em prazo de 3 a 5
6 – Guarda de Honra aos Príncipes de Gales, em 14Fev87 dias);

• 1994: BAAA (Mista), para


mesmo material eram os equipamentos de AAA que a Brigada de Defesa Territorial Norte, com a
dispunha. categorização 8-MM (prontidão até 180 dias com
Para além dos exercícios, a Bateria de Artilharia armamento/equipamento a 70% do QOM);
Antiaérea participou em inúmeras cerimónias proto-
colares a Altas Entidades Nacionais e Estrangeiras • 2000: BAAA (-), para a Brigada Ligeira de Inter-
(fig. 6). venção (BLI), com o Comando, Pelotão de Co-
Esta Subunidade realizou duas demonstrações mando e Serviços e um Pelotão AAA com a
nas comemorações do aniversário do RASP de 1987 categorização 4 (prontidão até 20 dias); as restan-
e 1989, sendo a primeira de apresentação opera- tes componentes por Mobilização;
cional dos equipamentos da Bateria, e a segunda a
execução de uma Antologia de AAA (fig. 7), que • 2001: O RASP deixa de ter esta BAAA como en-
contou com todos os materiais que tinham equipado cargo operacional, procedendo à sua extinção.

7 – À esquerda, início da demonstração em força do levantamento da sigla BAA.


À direita desfile da peça de artilharia de campanha de 7,5cm TR m/897.

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

A Bateria de Artilharia
Antiaérea da Brigada
Mecanizada Independente
Bateria Artilharia Antiaérea / BMI
Colaboração do Major Art Mariano Alves
– Comandante da Bateria

1. Introdução Estava então dado o primeiro passo para a cria-


ção de uma Bateria de Artilharia Antiaérea (BAAA)

A
Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigada para a 1ª Brigada Mista Independente (1ªBMI).
Mecanizada Independente (BAAA/BMI) é a Em 17 de Maio de 1990, deu entrada no Centro
unidade de Artilharia Antiaérea mais recente de Instrução de Artilharia Antiaérea de Cascais
do Exército Português. (CIAAC), uma informação proveniente da 3ª Repar-
Apesar de existir há apenas 12 anos, conta com tição do Estado Maior do Exército, com Despacho de
uma riquíssima experiência, fruto dos inúmeros 11 de Maio de 1990 do General CEME, que determi-
exercícios e sessões de fogos reais que organizou e/ou nava o seguinte: Que a BtrAA(-)/1ªBMI, constituída
em que participou. pelo Comando, um Pelotão Radar e um Pelotão Míssil
Ao longo dos anos tem sido uma mais valia à es- Ligeiro Autopropulsionado (PelMslLig AP), fosse levan-
cola de artilheiros antiaéreos, pois o Campo Militar tada em 1991 no CIAAC, à medida que fossem chegando
de Santa Margarida (CMSM), dispõe de excelentes os vários equipamentos e sistemas de armas, por forma
condições que permitem colocar em prática os a que em Set91 se pudesse instalar definitivamente em
ensinamentos colhidos e proporciona o ambiente Stª Margarida. Que a partir de 01Jan91, fosse cons-
técnico/táctico necessário ao treino operacional. tituído no CIAAC, um NÚCLEO DE COMANDO da Btr
AA/1ªBMI, a fim de enquadrar o pessoal existente,
acompanhar o desenvolvimento das acções do seu
2. Origem levantamento e preparar a sua transferência para Stª
Margarida, cuja constituição seria a seguinte:
A origem da Bateria remonta a 1989, quando às 169
10 horas do dia 24 de Maio teve lugar na 3ª Repar- a) COMANDO
tição do Estado Maior do Exército, uma reunião Cmdt de Btr – 1 Maj Art
presidida pelo Cor Tir Albuquerque (Chefe da 3ª Adj do Cmd – 1 SAjdt Art
Rep), Cor Tir Pires de Mateus (Adj/DSFOE), Cor Pes- Auxiliar – 1 1º Sar Art
tana (Deleg DAA) e Maj Machado (Deleg DSM). Fazia Escriturário – 1 Cb - Escrit
parte da agenda obter um despacho superior, para Condutor – 1 Sold 840-Cond A/R
a reformulação do plano director do então Campo de
Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM), no b) Sec Man Munições
qual se pretendia incluir o projecto de implantação Cmdt – 1 SAJ SMat
da Bateria de Artilharia Antiaérea e do Grupo de Escrit Reab – 1 Cb 772-Escrit Reab
Artilharia de Campanha, duas das unidades de apoio Mec Auto CAR – 1 Sold 721-Mec Cond A/R
de combate da 1ªBMI. Nesta reunião surgiu o parecer
favorável à proposta de aprovação do "Estudo Prévio" c) Sistema “CHAPARRAL e FAAR”
global. Este NÚCLEO DE COMANDO, durante a sua per-

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

manência no CIAAC, tinha como missão cumprir os Em 30 de Outubro de 1991, a BAAA transfere-se
deveres e atribuições inerentes ao seu escalão e de- para o Campo Militar de Santa Margarida, ocupando
senvolver atempadamente as tarefas de levanta- as infra-estruturas existentes do antigo Aquartela-
mento e implementação no CIMSM, na dependência mento de Comandos.
do Comandante do CIAAC, que se especificam: O Comando da BAAA/1ªBMI estabelecia os
objectivos para 1991/1992 em três áreas sectoriais:
a) Providenciar pelo preenchimento dos QO/Pessoal 1. Internas (implantação e adaptação no CIMSM);
aprovados; 2. Externas (recepção e regularização de cargas,
b) Providenciar a recepção dos materiais orgânicos material, etc.);
junto dos Depósitos, dando-lhe o destino supe- 3. Específicas (manutenção, instrução, doutrina,
riormente determinado; etc.,).
c) Elaborar propostas e recepção do material além
do QO; Os sistemas
d) Controlar e efectuar a manutenção do material Míssil Ligeiro AP
recebido; (MslLig AP) che-
e) Acompanhar a construção das instalações da garam a Portu-
BAAA no CIMSM; gal em Nov90,
f) Estruturar as suas subunidades; muito antes da
g) Estabelecer ligação ao Cmd da 1ª BMI; formação da Ba-
h) À ordem, prever a sua instalação definitiva no teria e a sua re-
CIMSM (Nunca depois de 31OUT91), sem prejuízo cepção provisó-
das tarefas anteriores, iniciando a instrução ria esteve a car-
colectiva do pessoal. go do CIAAC.
Foram recep-
Em 17 de Janeiro de cionados pela
1991 a Nota nº 001127 da BAAA/1ªBMI em
Direcção do Serviço de Set91, data da
Pessoal do Ministério da sua criação no CIAAC. Durante este espaço tem-
Defesa Nacional, nomea- poral (Nov90 e Set91), duas unidades de tiro esti-
va o Major de Artilharia, veram na EMEL e duas no CIAAC, para apoio dos
Rui Teixeira de Freitas, Co- primeiros cursos de operadores e de manutenção,
mandante da Bateria de ministrados por instrutores do Exército Americano.
Artilharia Antiaérea da O Sistema RADAR FAAR chegou a Portugal em
1ªBMI. Out91 e foi recepcionado directamente pela BAAA/
Maj Art Rui Teixeira Freitas 1ªBMI.
A BAAA estava agora aquartelada em sede pró-
3. Instalação definitiva no CMSM: pria, com grandes limitações nas condições do

170

Reprodução da primeira Ordem de Serviço da BAAA/1ªBMI

Boletim da Artilharia Antiaérea


O Renascimento da Antiaérea em Portugal

aquartelamento e dificuldades em materiais e equi- 5. Actualidade


pamentos de subsistência diversos que, apesar de
pertencerem ao QO aprovado ou já autorizado, o seu Actualmente, a Bateria de Artilharia de Antiaérea
fornecimento, teimava em não chegar. Aguardava- da Brigada Mecanizada Independente tem a estrutu-
-se a recepção do material em falta. ra representada no organigrama seguinte:
A BAAA tinha dificuldades de Comando e Con-
trolo, pois os meios de Transmissões, necessários aos
Pelotões, só se encontravam parcialmente montados,
a Bateria não possuía PC/COT e não existiam ele-
mentos doutrinários, no âmbito da Defesa Antiaérea
e Aérea ao nível Nacional.
Em finais de 1993 estavam concluídos os edifícios
da Caserna dos Pelotões, das Arrecadações da Ba-
teria, o Hangar de manutenção e a placa à sua re-
taguarda, bem como concluído o alcatroamento dos
arruamentos do Quartel.

Como equipamentos principais, dispõe do Sis-


tema Míssil Ligeiro AP M48A3E1 Chaparral, Sistema
Radar de Aviso Local NA/MPQ-49B FAAR e o Sistema
Míssil Portátil Stinger.
A BAAA/BMI está instalada no CMSM no Quartel
da Artilharia, vivendo intensamente a sua vida diária,
da qual se destacam a participação em exercícios
nacionais e multinacionais, demonstrações e um
conjunto significativo de actividades de treino que
obrigam os militares que nela servem a um per-
manente empenho e extrema dedicação ao serviço.

4. A criação do Quartel de Artilharia

A decisão de transferir o GAC/BMI para o aquar- 171


telamento da BAAA/BMI veio atrasar a conclusão do
quartel da Btr, obrigando a reformular o Plano Direc-
tor e a remodelar alguns edifícios já construídos.
Após a criação do Quartel de Artilharia, em 24 de 6. Execução de Fogos Reais
Outubro de 1994, o GAC/BMI e a BAAA/BMI, passam
a estar concentrados no mesmo aquartelamento, Após a recepção do Pelotão Chaparral, configurou-
por razões funcionais. -se a necessidade de assegurar o treino das Tropas e
A BAAA/BMI mantém a sua identidade e indi- dos Quadros e testar a operacionalidade do material
vidualidade, no quadro da Brigada, e tem como e equipamentos de Artilharia Antiaérea; para isso foi
Missão Operacional – "conferir protecção antiaérea aos necessário criar uma carreira de tiro temporária para
pontos sensíveis, unidades de manobra, de apoio de a execução de fogos reais de Artilharia Antiaérea.
combate e apoio de serviços da Brigada, contra ataques Em 05 de Fevereiro de 1993, surgem os primeiros
aéreos de aeronaves hostis, voando a baixa e muito documentos em que se refere estarem reunidas as
baixa altitudes". condições para a execução de tais fogos.

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

da missão e adaptados à moderna ameaça aérea.


O actual sistema de comando e controlo manual
não consegue responder em tempo, devido às carac-
terísticas do combate moderno. Desta forma, torna-
-se clara a necessidade de dotar a Bateria com meios
modernos, com capacidade de transmissão automá-
tica de dados, que reduza o tempo de reacção das
unidades de tiro e aumente a probabilidade de abate.
De igual forma, deverá possuir a capacidade de
integração nos sistemas de comando e controlo do
escalão superior e dos restantes ramos das FA.
O actual sistema radar de Aviso Local que equipa
a BAAA/BMI é um sistema bidimensional, proporcio-
nando apenas a distância e direcção a que as aero-
naves se encontram, não permitindo conhecer a sua
altitude. Desta forma, muitas das vezes um empe-
nhamento que se pensa ser possível, não o é de todo,
por a ameaça exceder a flecha máxima dos mísseis.
De futuro será necessário dotar a Bateria com um
sistema tridimensional, que simultaneamente permi-
ta a transmissão automática de dados, permitindo
alimentar imediatamente as unidades de tiro, mul-
tiplicando a probabilidade de abate e a sobrevivência
das forças amigas.
O sistema de armas que equipa a BAAA/BMI
actualmente, Msl Lig AP M48A3E1 Chaparral, é ainda
válido mas apresenta grandes lacunas em termos lo-
gísticos, operacionais e de esperança de vida. O fu-
A posição escolhida para a carreira de tiro turo deverá passar pela aquisição de um sistema
temporária ficava situada junto à orla marítima a mais ligeiro, com alcances ligeiramente superiores
cerca de 7 (sete) km a norte de S. Pedro de Muel e a e com a possibilidade de integração no sistema auto-
cerca de 6 (seis) km a sul de Vieira de Leiria, numa mático de dados.
parte do pinhal de Leiria, cruzada por estradas Face às actuais e futuras reduções em pessoal, os
florestais de fraca utilização e distante cerca de 7 novos sistemas deverão igualmente poder ser opera-
(sete) km da estrada que liga a Marinha Grande a dos por guarnições mais reduzidas (2 a 3 homens).
Vieira de Leiria. A área é designada por FONTE DOS O sistema míssil portátil Stinger, considerado em
MORANGOS e ainda é actualmente utilizada para quadro orgânico, é um sistema actual e com larga
este propósito. esperança de vida e de modernização. De modo a
172 A primeira sessão de fogos reais de míssil an- garantir o cumprimento da missão, é essencial que
tiaéreo foi realizada em Outubro de 1993 (Fogos se proceda ao levantamento do Pelotão dotado com
Reais de Artilharia Antiaérea com os sistemas MslLig este sistema e para que tal aconteça, será igualmente
AP), seguindo-se Maio de 1995, Maio de 1999, necessário dotar a bateria com os meios de simula-
Novembro de 2002 e por último Maio de 2003, estes ção e treino respectivos.
três últimos já sob a coordenação geral do Regimento Concluo parafraseando "Aldous Huxley" quando
de Artilharia Antiaérea N.º 1. diz que "O poial de uma escada não foi criado para que
se descanse nele, mas unicamente para se suster o pé de
uma pessoa, durante o tempo necessário para colocar
7. Perspectivas de futuro o outro pé um pouco mais acima".
Pretende-se desta forma elevar a importância
O futuro da BAAA/BMI está naturalmente ligado do esforço de todos aqueles que prestaram serviço
ao futuro da BMI. A sua existência como unidade na BAAA/BMI e deixar-lhes o testemunho do agra-
operacional passa, obrigatoriamente, pela sua decimento, nas pessoas dos seus Comandantes, dos
dotação com os meios necessários ao cumprimento militares que neste momento, nela prestam serviço.

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

A Artilharia Antiaérea
em Portugal Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Colaboração do Capitão Art João Belo,
Tenente Art Sandro Geraldes, Tenente Art Cláudia Vinhas
e Tenente Art Carlos Prata

Organização e Dispositivo
RAAA1 CMSM

C
onsiderando o dispositivo Queluz Santa Margarida
territorial do Exército e o Tropas e Meios BAAA / BMI
respectivo sistema de for- de Apoio Geral
ças da BMI, BAI, BLI e Agrupa- BAAA / BAI
BAAA / BLI
mentos de Defesa Territorial, as
unidades de Artilharia Antiaérea
encontram-se distribuídas pelo BAAA ADTA
Continente e Arquipélagos. Ponta Delgada
Assim, estão aquarteladas no Sediada no RG2
Regimento de Artilharia Antiaérea
N.º 1 as Tropas e Meios de Apoio
Geral, com o efectivo de um Grupo BAAA ADTM
de Artilharia Antiaérea, e as Bate- Funchal
Sediada no RG3
rias de Artilharia Antiaérea da
Brigada Aerotransportada Inde-
pendente e da Brigada Ligeira de
Intervenção respectivamente. 1 – Distribuição das Unidades de Artilharia Antiaérea em Portugal
Em apoio da Brigada Mecaniza-
da Independente, está aquartelada, no Campo Militar Madeira e dos Açores, aquarteladas no RG3 (Funchal)
de Santa Margarida, uma BAAA. e RG2 (Ponta Delgada), para apoiar o respectivos
Duas BAAA encontram-se nos Arquipélagos da Agrupamentos de Defesa Territorial. Pág. 176

Organização do GAAA / Tropas e Meios de Apoio Geral


O Grupo de Artilharia Antiaérea tem como missão, garantir a defesa AA, a baixa e muito baixa altitude,
a Grandes Unidades do Exército de Campanha ou de pontos e áreas sensíveis.
173

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Organização da BAAA / BMI


A Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigada Mecanizada Independente tem como missão conferir
protecção antiaérea aos pontos sensíveis e unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio de
serviços da brigada, contra ataques aéreos de aeronaves hostis, voando a baixa e muito baixa altitude.

Organização da BAAA / BAI


A Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigada Aerotransportada Independente tem como missão conferir
protecção antiaérea aos pontos sensíveis e unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio de
serviços da brigada, contra ataques aéreos de aeronaves hostis, voando a baixa e muito baixa altitude.

174 Organização da BAAA / BLI


A Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigada Ligeira de Intervenção tem como missão conferir protecção
antiaérea aos pontos sensíveis e unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio de serviços
da brigada, contra ataques aéreos de aeronaves hostis, voando a baixa e muito baixa altitude.

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

Organização da BAAA / ADTM


O Agrupamento de Defesa Territorial da Madeira (ADTM) é apoiado por uma Bateria de Artilharia
Antiaérea.

Organização da BAAA / ADTA


A Bateria de Artilharia Antiaérea que apoia o Agrupamento de Defesa Territorial dos Açores (ADTA) devi-
do à extensão do Arquipélago dos Açores, comparativamente com a Madeira, possui mais meios, por
forma a garantir uma defesa antiaérea eficaz a todo o arquipélago.

175

Ambas a Baterias que equipam os ADT têm como missão conferir protecção antiaérea aos pontos
sensíveis e unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio de serviços do respectivo ADT,
contra ataques aéreos de aeronaves hostis, voando a baixa e muito baixa altitude.
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Materiais que equipam a Artilharia É uma arma de empenhamento antiaéreo do ti-


Antiaérea Portuguesa po canhão, rebocado, de tiro tenso, com um calibre
de 20mm, originária da Alemanha, tendo entrado ao
Devido aos condicionamentos tácticos as Bate- serviço do Exército Português em 1981.
rias, dos Agrupamentos de Defesa Territorial ou das Tem como missão a defesa antiaérea de pontos
Brigadas, têm na sua composição diferentes tipos de e áreas sensíveis contra alvos aéreos voando a baixa
equipamentos, que se dividem em dois grupos e muito baixa altitude, sendo utilizado em comple-
fundamentais. Os sistemas de aquisição (radares) e mentaridade com os sistemas míssil.
os sistemas de tiro. Estes últimos subdividem-se em Pode fazer tiro em disparo mecânico ou eléctrico,
sistema canhão e sistema míssil. havendo a possibilidade de, neste último caso, dis-
parar apenas com um tubo, admitindo ainda a execu-
Bitubo AA 20 mm M/81 ção de tiro sobre alvos terrestres.
Como dados numéricos mais relevantes, salienta-
-se uma cadência de tiro entre os 800 e os 1030 tiros
por minuto, com um alcance máximo e eficaz de
15000 m e de 1500 m respectivamente.
Equipa presentemente a BAAA do GAAA das Tro-
pas e Meios de Apoio Geral, aquarteladas no RAAA1
em Queluz e os ADT da Madeira e Açores.
Cada Pelotão Bitubo é constituído por quatro
secções, a um sistema por secção.
Tem um tempo de entrada em posição cerca de
3 minutos.

2 – Bitubo AA 20mm M/81 em posição


Sistema Míssil Ligeiro Chaparral M48 A2 E1
O "Chaparral" é um sistema de armas, que entrou

3– Sistema Míssil Chaparral

4 – Míssil MIM 72-E em rampa de lançamento (treino)


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

ao serviço no Exército Português em 1990, especial-


mente configurado para executar tiro guiado anti-
aéreo, sob quaisquer condições meteorológicas. Para
o efeito dispõe de um subsistema de infravermelhos
(FLIR) para visão nocturna, que permite a aquisição
de objectivos e o seguimento automático de alvos.
O seu emprego táctico destina-se a efectuar pro-
tecção Antiaérea das Unidades Operacionais da Com-
ponente Terrestre do Sistema de Forças Nacionais,
bem como a protecção de pontos e áreas sensíveis
contra ataques aéreos de baixa e muito baixa altitude.
É um sistema originário dos Estados Unidos da 5 – Míssil Portátil Stinger
América, estando particularmente adaptado para o
apoio de unidades mecanizadas.
Este equipamento é composto pela torre de áreas sensíveis até 16 Km2.
lançamento M54A2, onde se podem acoplar 4 mís- Tem um tempo de entrada em posição cerca de
seis MIM 72-E (fig. 4), montada numa viatura de 10 segundos.
lagartas M730, sendo o conjunto designado por
M48A2. Radar AN/MPQ-49 B FAAR
Tem a possibilidade de actuar em ambientes O radar FAAR entrou ao serviço no Exército Por-
NBQ, de operar em missões anfíbias e ser helitrans- tuguês em 1991, é originário dos Estados Unidos da
portado. América e tem por missão detectar, localizar e iden-
Utiliza mísseis MIM-72E autoguiados, com guia- tificar alvos aéreos voando a baixas e a muito baixas
mento feito pelo seguimento por Infravermelhos e altitudes e enviar os respectivos elementos de alerta
permitem um alcance eficaz de 5000 m. para as unidades de tiro, em tempo oportuno, de
Equipa presentemente a BAAA da BMI em Santa forma a garantir uma reacção eficaz.
Margarida, as BAAA da BLI e da BAI. Este radar é composto pela viatura M35A2C e
Cada pelotão Chaparral é constituído por quatro pelo conjunto radar AN/TPQ – 32B, que fornece os
secções, sendo cada uma delas constituída por uma meios para detectar as aeronaves, a uma distância
UT ou seja um conjunto de viatura mais torre. máxima de 20Km, com uma precisão de 500m em
O pelotão é a unidade táctica fundamental com alcance e de 2 graus em direcção, detectando aerona-
capacidade de protecção de uma área de aproxima- ves com velocidades entre os 20 e os 600m/s, e
damente 25 Km2. tendo um tempo de entrada em posição de cerca de
Tem um tempo de entrada em posição cerca de 15 minutos.
2 minutos, o tempo necessário para fazer subir a Actualmente equipa as BAAA da BMI, BAI e BLI,
torre. com um pelotão a duas secções.

Sistema Míssil Portátil Stinger


O "Stinger" é uma arma antiaérea, portátil, de cur- 177
to alcance e do tipo "fire and forget"; é originária
dos Estados Unidos da América, ao serviço do Exér-
cito Português desde 1994.
Utiliza mísseis FIM92A, autoguiados, com guia-
mento feito por infravermelhos, que atingem uma
distância eficaz de 5000 m, com velocidades máxi-
mas de voo de Mach 2.
Actualmente equipa as BAAA da BAI e da BLI e
dos ADT.
Cada pelotão Stinger é normalmente constituído
por 3 secções, a 4 esquadras, com uma unidade de
tiro cada.
A secção é a unidade táctica fundamental, com
capacidade para conferir protecção AA a pontos e 6 – Radar AN/MPQ 49 B FAAR

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

O RAAA1, Escola da
Artilharia Antiaérea Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Colaboração do Capitão Art Góis Pires, Capitão Art João Belo,
Tenente Art Sandro Geraldes, Tenente Art Cláudia Vinhas
e Tenente Art Carlos Prata

E
m 1935, vivia-se o advento do que seria um II
conflito mundial1, pelo que, e na sequência
dos estudos realizados para a organização de Decorria o ano de 1939, e o GACA passa a desig-
uma Defesa Contra Aeronaves (DCA)2, foi levantado nar-se por Grupo de Artilharia Contra Aeronaves
o Grupo de Artilharia Contra Aeronaves (GACA), re- N.º 1 (GACA1), sendo criado, em 1940, também na
Cidadela de Cascais, o Centro de Instrução de Arti-
lharia Contra Aeronaves (CIACA), o qual, sob a de-
pendência do GACA1, tinha como missão instruir os
futuros Oficiais e Sargentos Milicianos, além de
ministrar cursos e estágios diversos (operação de
peças AA, de alti-telémetros, entre
outros), aos Quadros do Quadro Per-
manente da Artilharia.

Monograma do CIAA e Costa

178
III
Reprodução da Ordem
de Serviço N.º 1 do GACA Por portaria de 1947, publicada
em Ordem do Exército, foi levantado
sultante da extinção do o Regimento de Artilharia Antiaérea
Grupo de Artilharia Mó- Fixa (R.A.A.F.), ficando aquartelado no
vel de Costa (GAMC), Palacete da Arcada, parte do conjunto
mas mantendo a sua arquitectónico do Palácio Nacional de
localização na Cidadela de Cascais. Este GACA fun- Queluz. No mesmo ano, o CIACA é transferido para
cionaria, à data, como Centro de Instrução e núcleo o R.A.A.F., passando a constituir o núcleo de instrução
de mobilização de baterias contra aeronaves, com-
petindo-lhe, ainda, instruir o efectivo que guarnecia 1 2ª Guerra Mundial - 1939 a 1945
2 Sob a tutela da Direcção de Aeronáutica Militar, mas sob o comando
a Secção da Escola de Aplicação de Artilharia de
de um Coronel de Artilharia.
Costa e Contra Aeronaves, em Paço d´Arcos.

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

do Regimento, aquar- cursos de Oficiais e Sargentos Milicianos; foi assim,


telando-se em Que- decidido desagregar das mesmas os referidos centros
luz, e deixando de e reuni-los num único órgão de instrução indepen-
fazer parte da orga- dente, com instalações próprias e ficando sobre a ac-
nização do GACA1. ção directa da Direcção da Arma de Artilharia (DAA).
Nos doze anos se- Assim, em 03 de Agosto de 1959, é extinto o
guintes, toda a ins- GACA 1, e é criado o Centro de Instrução de Artilharia
trução a ministrar Antiaérea e de Costa (CIAAC), na Cidadela de Cascais,
aos Quadros e Praças no qual passaram a funcionar todos os cursos, está-
de AAA foi realizada gios e tirocínios de AAA e de Costa, assumindo todas
no Quartel de Queluz, as funções cometidas ao CIACA do R.A.A.F. e ao
Estandarte do R.A.A.F. (1955) no R.A.A.F.. Centro de Instrução do RAC, já mencionadas.
Embora transformado em unidade, já com carac-
terísticas de escola prática, o CIAAC não ministrava
IV instrução a Praças, passando o seu Q.O. a ser preen-
chido, no que respeita a Praças, com pessoal do
De facto até Agosto de 1959, os Centros de Ins- R.A.A.F., na situação de Adidos Permanentes. Na
trução de Artilharia Antiaérea e de Costa estavam década de 70, o CIAAC passa a dar formação
adstritos respectivamente ao R.A.A.F., aquartelado no completa a Praças, não só para preenchimento das
Palacete da Arcada, em Queluz, e ao Regimento de necessidades do seu Q.O., mas também, em
Artilharia de Costa (RAC), em Oeiras, que haviam sido determinadas especialidades ligadas à Antiaérea,
criados para a especialização de Oficiais e Sargentos para os GACA 2 e 3 e para o recompletamento das
dos Quadros Permanentes; estes militares destina- unidades mobilizadas para o ultramar.
vam-se a satisfazer o recompletamento e renovação Com o fim das campanhas no ultramar portu-
dos respectivos quadros, bem como guarnecer as guês, dá-se a subsequente redução de efectivos do
unidades de Antiaérea e de Costa do continente, Exército e a extinção de algumas unidades, entre as
ilhas adjacentes e Cabo Verde. quais o GACA 2, o GACA 3 e o R.A.A.F., ficando apenas
Entretanto, viria a reconhecer-se que aquelas o CIAAC como a única unidade de AAA no território
unidades não dispunham dos meios indispensáveis continental.
para o cabal cumprimento da sua função principal
de Centro de Instrução, já que lhes era difícil suportar
tais encargos em simultâneo com as responsabilida- V
des da formação de sucessivas escolas de recrutas e
Em 1976, o CIAAC era a única unidade de opera-
cional da componente terrestre, e o único centro de
instrução no âmbito da AAA. Considerando a im-
portância destes factos o GenCEME emite, em
14Jul76, o Despacho nº63/REO, que confere ao CIAAC,
as atribuições de Escola Prática para a Artilharia 179
Antiaérea.
Desde então, seriam ministrados variados cursos,
específicos da vertente antiaérea, destinados a Oficiais3
e Sargentos4 do Quadro Permanente, bem como ou-
tros, destinados aos Quadros não Permanentes5.
3 Curso de Promoção a Capitão de Artilharia - Parte AA / Tirocínio para
Oficiais de Artilharia / Curso de Operadores do Míssil Blowpipe / Curso de
Manutenção do Míssil Blowpipe / Curso de Radares AAA - BCP e FAAAR
4 Curso de Formação de Sargentos de Sargentos de Artilharia - Parte AA
/ Curso de Operador e de Manutenção do Míssil Blowpipe / Curso de
Operações e Informações AAA / Curso de Radares AAA - BCP e FAAR,
Curso do Sistema Cnhão Bitubo 20mm
5 Curso de formação de Oficiais e Sargentos Milicianos / Curso de
Brasão de Armas do Centro de Instrução de Artilharia Formação de Praças
Antiaérea e de Costa (até fins de 1980)

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

VI
Em 19 de Janeiro
de 1986, por Despa-
cho do GenCEME, foi
criado o Destacamen-
to de Queluz, do
CIAAC. Fora instalado
o embrião do futuro
Regimento de Artilha- Estandarte do CIAAC (1983)
ria Antiaérea N.º 1
(RAAA1), que conhece a
criação efectiva em 22 de Julho de 1988. Com a
formação do RAAA1, o CIAAC, através do Despacho
Nº72/MDN/93, é extinto em 1993, mais exactamente,
em 14 de Julho, conhecendo desde então o estatuto
de Destacamento do RAAA1, ficando a designar-se
por Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea
(CIAAA).
Com a extinção do CIAAC, o RAAA1 herdou,
consequentemente, o estatuto de Escola de Artilharia
Antiaérea, ao qual foram acrescentadas ainda as
responsabilidades de Centro de Instrução de âmbito
Nacional para a Artilharia Antiaérea, conforme o
Extrato da O.E que atribui, ao CIAAC, Despacho nº 17/95 do GenCEME de 20Jan95.
o estatuto de Escola Prática

Despacho n.º 17/95 do Gen CEME

Decorrente das tarefas de formação de quadros,


de produção de doutrina e de elaboração de estudos
técnicos, consignadas na missão do Regimento,
razão pela qual ostenta nas suas Armas a Lucerna,
o Comandante do Regimento assumiu, pelo Des-
Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

de Promoção8, Formação9, Qualificação10 e continuando,


o agora CIAAA11, a garantir a realização de algumas
actividades de Ensino12 e de Especialização13.
É de referir que, acrescida à formação dos Qua-
dros Permanentes, e na qualidade de Centro de Ins-
trução de âmbito Nacional para a Artilharia Anti-
aérea, o Regimento também ministra a Preparação
Militar Geral e de Especialidade a militares que
servem no Serviço Efectivo Normal14 ou já destinados
ao Regime de Voluntariado ou Contratado15.

VII

Desde do ano 2002, e no âmbito da instrução de


Quadros, o Regimento estreita o relacionamento
com diversos Órgãos da Força Aérea16 e da Marinha17,
com o propósito de conferir uma maior qualidade
formativa nas actividades de Ensino que abordam
Despacho n.º 246/CEME/98 assuntos de cariz multi-disciplinar, nomeadamente
as Operações Aéreas e Navais. Com tal iniciativa, o
RAAA1 chama a si um aprofundamento do relaciona-
pacho nº 246/CEME/98 do GenCEME, de 21Ago98, as mento inter-Ramos; simultaneamente, promove
funções de Subdirector para os assuntos de Artilharia acordos de cooperação com Unidades homólogas
Antiaérea da Comissão Técnica da Arma de do Exército dos Estados Unidos, de Espanha e com
Artilharia, sendo, por inerência, o Regimento, sede estruturas da NATO18.
desta Subcomissão. Tais iniciativas visam, não mais do que garantir a
Consignada nas missões do jovem Regimento melhor Formação dos Oficiais e Sargentos que servem
e herdada das responsabilidades de tão insigne na AAA, de forma a que estes Quadros se insiram
história, a nobre função de formar os Quadros da cabalmente em Forças Conjuntas e Combinadas, nos
Arma seria ministrada no CIAAA. Toda a estrutu- diversos Teatros de Operações, em diferentes am-
ra de Direcção6, de Planeamento e Coordenação da bientes operacionais.
Instrução7, encontrava-se, igualmente, em Cascais.
A partir do ano 2000, até à presente data, a Direc-
ção de Estudos e Instrução passou a estar concen-
trada nas instalações do Palacete da Arcada, em
Queluz, trazendo consigo parte do encargo dos cursos

6 Comandante do CIAAC, era, em simultâneo, o Director de Instrução. 181


7 A Secção de Planeamento, Programação, Coordenação e Avaliação
(SPPCA).
8 Curso de Promoção a Capitão de Artilharia - Parte AA
9 Tirocínio para Oficiais de Artilharia - Parte AA.
10 Curso do Sistema Míssil Ligeiro Chaparral, Curso de Radares AA
e Curso de Comando e Controlo do Espaço Aéreo.
11 Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea
12 Curso de Formação de Sargentos de Artilharia - Parte AA
13 Curso de Operador e Manutenção de Alvos Aéreos, Curso de Operações
e Informações de AA, Curso do Sistema Míssil Portátil Stinger.
14 Apenas Praças.
15 Oficiais, Sargentos e Praças.
16 Instituto de Altos Estudos da Força Aérea, COFA e BA1.
17 Escola de Artilharia Naval, Centro de Instrução de Táctica Naval, NRPs
de diferentes classes.
18 CAOC10, RHQ CINCSOUTHLANT O Futuro da Artilharia Antiaérea passa pela Formação
dos seus Quadros e Tropas

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Coronel Art Ribeiro Soares

O
dia 1 de Setembro de 1988, ao assumir o comando do recém-
criado Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1, afirmei pe-
rante a formatura geral da Unidade – cujas forças enchiam
completamente a extensa parada do quartel de Queluz – que era uma
subida honra para um oficial de Artilharia comandar uma Unidade
da sua Arma. Honra essa substancialmente acrescida quando o desti-
navam a ser o primeiro escolhido para uma Unidade criada de novo.
Foi com esse espírito que me empenhei na missão que me fora
confiada, que sabia ser espinhosa mas extremamente gratificante.
No entanto, o RAAA 1 não era uma Unidade criada de raiz. Ela
O Coronel de Artilharia Alberto Ri-
beiro Soares, actualmente na reserva,
assentava na ampliação e reformulação da missão e das compe-
nasceu em Luanda a 9 de Setembro de tências do já existente Destacamento de Queluz do CIAAC, uma das
1938. Foi promovido ao posto de Coronel
em 1989, e desempenha presentemente,
as funções de Director da Biblioteca do
Exército.
Cumpriu quatro comissões em Ango-
la e Moçambique, como Alferes e Capitão
(1961/74), tendo integrado a Companhia
de Artilharia 106 (1961/63) e comandado
respectivamente, a Bataria de Artilharia
522 (1968/69) e a Companhia de Caçado-
res 2360 (1969).
Foi 2º Comandante do CIAAC
(1974/76), Subchefe do Estado-Maior do
QG da Região Militar do Sul (1985) e o
primeiro Comandante do Regimento de
Artilharia Antiaérea N.º 1 (1988/89).
Possui numerosos cursos civis e mi-
litares, entre os quais se destaca, o Curso
de Estado-Maior (IAEM, 1982/83) e o
Curso de Ciências da Informação da UCP.
182 É colaborador em diversos órgãos
de imprensa, e tem várias obras publica-
das.

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

razões por que convidei para meu 2.º Co-


mandante o último Comandante do Destaca-
mento, o então Tenente-Coronel João Afonso
Castro Pires, cuja competência e colaboração,
sempre franca e leal, nunca será demais
enfatizar.
Bem diferente tinha sido, quarenta anos
antes, a missão do Coronel D. Miguel Pereira
Coutinho ao assumir o comando do recém-cria-
do Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa, no
mesmo quartel de Queluz.
Mas a sua insigne figura de militar e algum
paralelismo existente entre os dois únicos regi-
mentos de Artilharia Antiaérea até agora exis-
tentes em Portugal foram para mim permanente
incentivo para fazer o máximo no mínimo de
tempo, para conseguir o melhor com os meios
disponíveis, para estabelecer ambiciosos objecti-
vos e tentar cumpri-los a todo custo. A cultura
da excelência foi a rotina desde logo estabelecida
e a meta que todos procurávamos atingir.
Os problemas de uma Unidade recém-criada
são múltiplos e variados. Não vou relembrar as
dificuldades encontradas, algumas logo supera-
das, outras que os meus sucessores no seu co-
mando conseguiram ultrapassar.
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

multiplicadores na disciplina e no espirito de


corpo dos seus militares.
A questão eram as múltiplas missões que lhe
estavam (e estão) cometidas – designadamente
de Escola Prática, com cursos de formação de
oficiais e de sargentos dos quadros permanen-
tes, e de Centro de Instrução – sem as condições
de trabalho minimamente exigíveis, até para a
manutenção da saúde dos seus integrantes,
todos eles escolhidos pelo seu elevado nível
técnico-profissional, a começar pelo seu Chefe,
o Major Armandino Abreu Silva.
Passaram céleres os cinco meses do meu co-
mando. A não nomeação para o Curso Superior
de Comando e Direcção e os insistentes apelos
do mercado de trabalho para iniciar uma nova
carreira na área empresarial para que também
estava qualificado fizeram com que chegasse
prematuramente ao fim (assim o julgava en-
tão) a minha carreira militar.
A cerimónia da despedida do comando foi
um dos momentos mais tocantes de toda a
minha vida, e não apenas militar. Bem hajam
todos aqueles que, por palavras e actos, con-
tribuam para que vivesse um ponto tão alto e
sentisse que toda a minha carreira militar –
Mas cito dois aspectos que então, como hoje, com todo o seu cortejo de sacrifícios, alegrias e
quase 15 anos depois, se prefiguravam como os pro- tristezas, ilusões e desilusões – toda ela e tudo nela
blemas mais complexos. valera a pena.
O primeiro consistia na reestruturação e dina- Afinal, cinco anos depois voltava a envergar a
mização do Grupo de Artilharia Antiaérea, criado al- farda e regressava ao serviço activo como director da
guns anos antes no CIAAC e depois transferido para biblioteca do Exército, onde encontrei novas formas
Queluz, onde constituía o orgão nuclear do Desta- de servir o Exército, agora através da cultura militar,
camento. tão valiosa e proeminente que importa trabalhar,
Sempre comandado por oficiais de primeira cultivar e preservar.
escolha, tecnicamente dos mais aptos nos domínios O tempo voa e muito em breve, ao atingir a ida-
da Antiaérea, o Grupo padecia ainda de muitos dos de de passagem à situação de Reforma, chega ao fim,
traumas de um nascimento difícil, ocorrido em época definitiva e irreversivelmente, a minha carreira
184 que – hoje o sabemos por experiência vivida – , não militar.
sendo propriamente de vacas magras, não continha Resta-me agradecer ao Comandante do RAAA 1,
os ingredientes que tornassem a sua criação um Coronel Raul Manuel Sequeira Rebelo, a oportunida-
objectivo politicamente correcto e que a comunica- de que me deu de escrever na Revista de Antiaérea
ção social adoptasse como necessário e relevante. estas despretensiosas palavras de evocação, orgulho
O Grupo que hoje existe e as Batarias Antiaéreas e saudade.
que apoiam as diversas Brigadas constituídas cor- Mas que são também de grande apreço pelo
respondem a muito trabalho, muita dedicação e escol de oficiais que me sucederam no Comando do
grande competência de todos os que se empenha- nosso Regimento e de esperança nos vindouros que,
ram na concretização dos sonhos então esboçados. ao longo de muitos anos, irão garantir a continuida-
O outro grande problema do Regimento era a de da cultura de excelência e a perenidade da sua
Banda do Exército. Não pela Banda em si, cuja sim- divisa "o céu e a terra espanta".
ples presença nas formaturas da Unidade as trans-
formavam num acontecimento militar de raro brilho Alberto Ribeiro Soares
e "panache" (perdoe-se-me o galicismo), com efeitos Coronel
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Testemunho do
Tenente-General Matias do Amaral

P
edem-me um testemunho sobre a criação do RAAA N.º 1,
para integrar as memórias relativas ao aparecimento, evolução,
declínio e ressurgimento da Artilharia Antiaérea, em Portugal.
Trata-se, em principio, de uma tarefa fácil, para quem teve o pri-
vilegio de exercer o comando do Regimento durante dois anos e meio,
a partir do 5º mês sobre a data da sua criação, ou seja, no período
crítico de lançamento das fundações da Unidade.
Impõe-se, todavia, um testemunho que situe o acontecimento nas
circunstâncias da época, para que possa ser melhor compreendido
O Tenente-General Samuel Matias do e avaliado e que esclareça e informe sobre:
Amaral, actualmente na reserva, nasceu Os objectivos visados;
em Pinhel, em 1940. Os meios envolvidos;
Cumpriu quatro comissões de serviço As dificuldades sentidas, tanto de ordem geral, como as específicas
no ex-Ultramar, respectivamente, na RM de um projecto tão pouco comum, nos tempos actuais;
de Angola, no Comando Territorial da As principais acções desenvolvidas;
Guiné e na RM de Moçambique (duas). As metas alcançadas.
Prestou serviço em várias Unidades Tudo de forma sintética, para não ser maçador, apesar da natureza
da Arma de Artilharia, nomeadamente do tema. Ora um testemunho, que atenda a todos estes requisitos,
na EPA, no Regimento de Artilharia Li- já não se apresenta tão fácil de produzir. Cientes disto, comecemos,
geira Nº 4 e no CIAAC, onde foi 2º Co-
então, pelas circunstâncias do passado próximo, com presumível in-
mandante. Foi Comandante do RAAA1
fluência na criação do Regimento.
entre 1989 e 1991.
Desempenhou variadas funções, O declínio da AAA em Portugal, que se iniciara com o termo da
entre as quais se destacam as de Chefe guerra da Coreia e o consequente atenuar do ambiente de incerteza
da Secção de Ensino de Estratégia e de e insegurança que ajudara a criar na Europa, acentuou-se drastica-
Director do Curso Superior de Comando mente com a emergência e progressiva ampliação do conflito no
e Direcção, no IAEM. Foi Comandante Ultramar Português, o qual passou a mobilizar todas as atenções e
da Instrução do Exército e Inspector recursos disponíveis. Alguns desses recursos, muito poucos, foram
Geral do Exército. ainda usados sob a forma de sub-unidades de AAA (normalmente pe-
Frequentou numerosos cursos, de lotões), mas a quase totalidade passou a integrar unidades vocacio-
que se salienta, o "Air Defence Artillery nadas para a contra-guerrilha, uma vez que o inimigo era destituído
Officer Course", nos EUA, e o "ACE Senior de qualquer poder aéreo.
186 Officers Orientation Course", na NATO Transcorreram assim treze anos de progressivo e acentuado
School/SHAPE.
desinvestimento nas capacidades AAA do país.
Actualmente, desempenha funções
de Vogal do Conselho Superior de Disci-
Finda a guerra no Ultramar e sem que, até hoje, se descortinem
plina do Exército. razões suficientemente válidas1, o RAAF, que era já o único Regimento
de AAA existente, foi extinto pela Portaria 867/74, de 31 de Dezembro,
cujos termos, laconicamente, referiam apenas:
"Considerando não haver necessidade da existência do RAAF e convin-
do aproveitar o seu quartel para outros fins":
Manda o Conselho de CEM das Forças Armadas, pelo CEME, o
seguinte:
1º: É extinto o RAAF, da RML, desde 31 de Dezembro de 1974;
1 Apenas seis meses antes, em l9JUN74, o Comandante do CIAAC tinha sido encarregado de
efectuar um estudo preliminar, visando a "PROTECÇÃO AA DE LISBOA E BASE AÉREA DE BEJA,
COM MÍSSEIS SA DE ORIGEM AMERICANA"

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

2º: O CIAAC herda as tradições do RAAF". Daí o chegar-se a admitir a hipótese da desactiva-
Assim se tornou o CIAAC, a partir de então, o ção temporária da unidade, enquanto Centro de
único núcleo do conhecimento remanescente e Instrução, até que fossem reunidas condições para
desactualizado no domínio da AA, detido por um assumir, com verdade e eficiência, a sua missão.
reduzidíssimo número de graduados e tendo por Esta mesma ideia, tida como extrema e radical,
suporte um pequeno lote de equipamentos e de veio de novo a ser brandida pelo novo comandante
armas mais ou menos obsoletas. (que entretanto assumira funções), talvez com o
A situação permaneceu inalterada durante todo propósito subliminar de, por esta forma, algo
o processo revolucionário e até finais de 1976. chocante,conseguir finalmente chamar as atenções
É a partir daí, que o já longo processo de declínio devidas para o problema.
da AA se vai iniciar. O CIAAC tinha emergido franca- A semente de mudança estava lançada; o choque
mente prestigiado, do período revolucionário, graças surtira algum efeito e, por via disso, o assunto passou
à postura moderada, sensata, responsável e vertical a ser falado e discutido para além do círculo restrito
que globalmente soubera manter ao longo desse e fechado do CIAAC.
período, e ao seu papel na acção desenvolvida em 25 Ainda assim, só dois anos e meio depois, por
de Novembro de 1975. despacho do brigadeiro DAA, com a concordância do
Essa condição propiciou a atracção para a Unida- GML e o envolvimento do EME, foi designada uma
de de um lote de oficiais de grande qualidade e de comissão para estudar o FUTURO DA AAA NO EXÉR-
comandantes distintos e isso iria produzir os seus CITO PORTUGUÊS e propôr:
frutos. Uma estrutura organizativa e os equipamentos
O primeiro documento que nos surge a indiciar adequados;
a mudança, é datado de 24 de Janeiro de l977, sob O faseamento da sua implementação;
o título "ESTUDO SOBRE A REESTRUTURAÇÃO DA Uma alternativa para a localização do CIAAC.
ARTILHARIA AA ", elaborado por inteira iniciativa de Esse estudo, com as consequentes propostas, foi
dois jovens oficiais e de imediato subscrito pelo prontamente concluído e apresentado em 13JUL79,
comandante, Ten.Cor. ANIBAL CELESTINO GOMES decorridas menos de duas semanas sobre aquele
DA ROCHA. despacho. Isto é revelador da reflexão que entretanto
É um estudo típico de EM, que procura ultra- já tinha sido efectuada no CIAAC, sobre o assunto.
passar a notória e assumida falta de elementos es- Cerca de meio ano após aquela data (06FEV80),
senciais ao seu normal desenvolvimento, e que ter- assume o comando do CIAAC o até há pouco tempo
mina com uma ambiciosa proposta de estrutura de Ministro da Defesa Nacional, Coronel J. A LOUREIRO
defesa antiaérea do país e de um programa de acção DOS SANTOS, que de imediato elabora um "PROJEC-
para a mudança. TO DE ACÇÃO " para nortear o seu comando e que,
Aquela estrutura incluía, além de um Comando extravasando o âmbito do CIAAC, visava a recupera-
de Defesa Aérea: ção e ressurgimento da Artilharia AA.
1 Escola Prática de AAA; Dentre as medidas previstas destacavam-se:
1 Regimento de AAA do continente; A criação de um Grupo AAA (Btr.Cmd e 3 BtrAAA),
3 Pelotões AAA (ou outros meios a definir) para equipado com material moderno, a adquirir;
defesa dos Açores e Madeira; Aumento do número de quadros com preparação 187
1 Bateria de mísseis portáteis (5 Pelotões de adequada e actualizada em AAA, mediante a fre-
mísseis Redeye) para defesa da "Brigada NATO". quência de cursos no estrangeiro;
Como se vê, ressurgia aqui a ideia de reconstitui- Criação de uma Escola Prática de AAA em
ção do Regimento de AAA, apenas dois anos volvidos substituição do CIAAC, liberta de encargos
sobre a extinção do RAAF. operacionais, que seriam atribuídos às unidades
Era a primeira "pedrada no charco", prontamente AAA a criar.
apoiada pela DAA, mas ainda com reduzido efeito Em Agosto de 1980 o Projecto de Acção passou
prático, ao nível do EME. a PLANO DE ACÇÃO e várias das medidas nele pre-
A consciência dos oficiais do CIAAC, sobre a degra- conizadas começaram a concretizar-se:
dação insuportável a que chegara a AAA, era tão viva, Aquisição de novos equipamentos (Bitubo de
que naquele estudo, a dado passo, se afirmava: "Em 20mm, Míssil BLOWWPIPE; Radar MPDR45);
resumo, encontramo-nos muito próximo do ZERO Frequência de cursos no estrangeiro por oficiais
ABSOLUTO ARTILHEIRO, e este panorama, sendo o da e sargentos (Alemanha e EUA);
Unidade, é também o da Artilharia AA nacional". Visitas de estudo ao estrangeiro;

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Apresentação de um projecto de Portaria e QO da Esta situação torna menos evidente, mas não
Escola Prática de AAA, o qual incluía detalhadas anula, a necessidade do Regimento. Acresce não ser
Fichas de Atribuições de todos os órgãos constitu- de excluir que a já referida responsabilidade, aparen-
tivos da Unidade até ao nível secção, ou equiva- temente enjeitada pela FAP, até agora, venha a ser
lente e de todos os elementos com responsabili- reatribuída ao Exército.
dades de comando ou chefia; Em síntese, podemos concluir que a criação do
Apresentação de um projecto de Portaria e QO RAAA1, em 01Set88, mais não foi que a resultante de
para um Comando das Forças Terrestres de Defesa uma longa conjugação de vontades, esforços e enten-
Aérea; dimentos, de um conjunto alargado de artilheiros,
Criação do embrião do novo Grupo de AAA (com de algum modo envolvidos nas questões da AAA.
Cmd, Btr Cmd e 1ª.Btr AAA). Os objectivos visados com a criação do Regimen-
Esta actividade e esta dinâmica de renovação to foram os traduzidos na Missão consignada no
prosseguem, com ligeiros ajustamentos, por impulso próprio diploma de criação, o Decreto - Lei nº 256/88,
do novo comandante, Cor. G.A DO ESPIRITO SANTO, de 22 de Julho:
a partir de ll de Agosto de l98l. APRONTAR E MANTER FORÇAS DE ARTILHARIA
Prosseguem, também, acções diversas de conser- AA PARA A PROTECÇÃO AÉREA DE UNIDADES
vação e adaptação de instalações no CIAAC, com TERRESTRES;
destaque para a construção do "Edifício BLOWPIPE" APRONTAR E MANTER FORÇAS DE ARTILHARIA
e criação da sala didáctica do novo bitubo de 20mm. PARA COLABORAREM NA DEFESA INTEGRADA
Reformulam-se programas de cursos de quadros DO ESPAÇO AÉREO DE INTERESSE NACIONAL.
e de especialidades de praças; elaboram-se e são re- Face à transferência para a FAP da defesa AA de
produzidos os suportes documentais e didácticos pontos e áreas sensíveis do TN, a que acima se alu-
para esses cursos; obtêm novos meios auxiliares de diu, ressalta evidente o desajustamento e a acentua-
instrução. da truncagem da Missão original do Regimento.
EM 21 de Dezembro de 1982, o Cor. O. J.CASTELO Quanto à estrutura orgânica aprovada não dife-
DA SILVA substitui o COR. E. SANTO no comando do ria, em linhas gerais, da estrutura padrão adoptada,
CIAAC e é sob a sua orientação que, em 23JAN83, se na época, para a generalidade dos Regimentos:
transfere para Queluz o Comando e Bateria de Co- Comando e Estado-Maior Regimental;
mando do Gr.AAA, onde passa a coabitar com o RIQ. Grupo de Comando e Serviços(com Btr de Cmd e
Mais tarde, respectivamente em 22MAR84 e Btr de Svç);
AGO85, juntam-se-lhe a 1ª Btr AAA (Bitubos 20mm) Grupo de Instrução(eventualmente até 3 bate-
e 2ª BtrAAA (míssil portátil BLOWPIPE), ficando o rias);
GAAA a ocupar todo o aquartelamento de Queluz, na Grupo Operacional(Cmd e Btr Cmd;2 Btr
dependência do CIAAC, a partir de 01JAN86. AAA/Canhão; 2 Btr AAA/Míssil).
Assim, onze anos exactos após a extinção do Os meios humanos e materiais, disponibilizados
RAAF, a AA voltava ao seu berço e estavam reunidas à partida, pouco mais eram que os até aí atribuídos
as condições para a criação do novo Regimento, ao ex-Destacamento do CIAAC, basicamente o
pelo qual, desde 1977, persistentemente como GAAA(-). Tal, porém, não podia ser motivo de esmore-
188 vimos, os artilheiros da antiaérea vinham pugnando. cimento, ou justificação para um eventual incum-
Para não tornar demasiado extenso este teste- primento da Missão.
munho, omitem-se muitos outros laboriosos estudos Assim, houve que proceder, de início, à adequação
e propostas, produzidos por oficiais em serviço no dos meios existentes à estrutura regimental, suspen-
CIAAC ao longo da década de 80, designadamente os dendo, temporariamente, o levantamento de várias
relacionados com a Directiva 1/84 do CEMGFA, sobre das suas componentes, recorrendo a múltiplas acu-
defesa aérea do TN (defesa AA de pontos e áreas mulações de funções e atribuindo outras a gradua-
sensíveis, cuja responsabilidade era então atribuída dos de postos inferiores aos organicamente estabe-
ao Exército) e que, coerentemente, sempre tiveram lecidos. Porém, tudo foi encarado como natural e
subjacente a necessidade de uma unidade territorial previsível, face à escassez generalizada de recursos
de AAA tipo Regimento. e à nossa proverbial maneira de atacar os problemas.
Hoje, tal responsabilidade está cometida à FAP, É certo que algum prejuízo daí adveio para o
que não dá sinais de querer verdadeiramente assumi- cumprimento da Missão, designadamente na área
-la, ou de lhe dar qualquer prioridade; talvez por falta da instrução; todavia, não de molde a torná-lo in-
de vocação, falta de meios, ou de ambos. suficiente.

Boletim da Artilharia Antiaérea


Missão e Organização da Artilharia Antiaérea

Esta situação foi sendo atenuada, progressiva- seu funcionamento; efectuaram-se beneficiações e
mente, e em 01 de Outubro de1990, no 2º aniversário adaptações diversas das instalações, às novas activi-
do Regimento, era já possível afirmar "a consolidação dades a que foram afectadas.
plena das suas estruturas orgânicas". Destaca-se, neste domínio, pelos custos e impor-
No respeitante às instalações, era notório o vazio tância, a criação da nova, ampla e arejada e Sala de
deixado pela transferência, da quase totalidade do Praças e a construção do novo paiol.
recheio, para o aquartelamento da Carregueira. Além Diligenciou-se a execução de um complexo exer-
disso, no longo período transcorrido, desde o primei- cício, em colaboração com o CIAAC e a FAP, para pôr
ro anúncio de transferência do RIQ para aquele em evidência e sem lugar a mais dúvidas, a inoperân-
aquartelamento, até à sua concretização, tinham cia dos velhos sistemas de radar, ainda ao serviço,
sido praticamente suspensos todos os gastos em com vista à sua desactivação e redução das corres-
trabalhos de conservação, ou beneficiação das insta- pondentes actividades de instrução inúteis, o que
lações. Daí a sensação de grande desconforto que veio a concretizar-se algum tempo depois.
transmitiam a quem nelas tinha de trabalhar. Alertou-se para a necessidade de rápida evolução
De todo o panorama acima traçado é possível do sistema míssil BLOWPIPE, para outro sistema
inferior a vasta gama de dificuldades sentidas, que mais actualizado e eficaz.
se impunha ultrapassar. Seria maçador enumerá- Mas sobrepondo-se a toda a dinâmica de criação,
las. Por isso referiremos apenas, e muito sumaria- desenvolvimento e consolidação, houve uma preocu-
mente, algumas muito especificas de um projecto pação constante, que foi a de gerar um espírito de
como o nosso. corpo forte e uma identidade própria, assentes em
Com efeito, numa unidade que nasce pratica- quatro vectores:
mente do nada, visto o seu embrião, o GAAA(-), ter Disciplina rigorosa;
estado orientado, quase exclusivamente, para as Aprumo e atitude exemplares, quer na Unidade,
questões operacionais, tudo falta à partida, mesmo quer sobretudo no exterior;
as coisas aparentemente insignificantes, mas afinal Espírito construtivo e colaborante, face às solici-
necessárias, de que noutras unidades já nem se dá tações externas;
conta. Busca da maior perfeição possível em todos os
Nela não há, como nas unidades com existências trabalhos executados.
estabilizadas, o capital de realizações acumuladas, Para alcançar estes desígnios impunha-se uma
de toda a ordem, fruto do trabalho das gerações acção pedagógica permanente, por contacto directo
passadas. do comandante com todos os subordinados. Esse
Não há coisas básicas como arquivos, donde se contacto materializava-se em duas formaturas gerais
possa extrair informação e modelos de procedimen- diárias, onde o comandante, sempre que oportuno e
tos; não há directivas dos escalões inferiores ; não há pertinente, através de mensagens curtas e incisivas,
NEPs que orientem os executantes nos diversos do- ia estipulando, orientações gerais, corrigindo atitu-
mínios da vida da Unidade; não há planos de qual- des, louvando, estimulando, congregando vontades..
quer natureza; não há sequer os símbolos da Unida- Tudo isto tornou possível que nas celebrações do
de, ou mesmo os impressos, ou carimbos que a ide- 1º aniversário da Unidade, as grandes metas, no
ntifiquem na correspondência com o exterior; não há essencial, estivessem alcançadas, ou em vias de o 189
mobiliário e utensílios básicos, nem elementos serem e que um distinto convidado, ex-oficial do
decorativos que tornem funcional e confortável o RAAF, no final da visita nos tenha confidenciado:
ambiente de trabalho. "…Nunca tinha estado neste quartel, com tanto
Foi todo este conjunto de faltas e insuficiências, agrado como hoje…".
e muitas outras, que foi necessário superar, uma a Agora, decorridos que foram quase quinze anos
uma, com persistência e rapidez. Ao mesmo tempo de vida do Regimento, começam a surgir rumores de
cumpriam-se os planos de instrução superiormente uma possível nova extinção. Fazemos votos que não
determinados; colaborou-se em todos os exercícios passem de rumores, para que não tenhamos, mais
nacionais, regionais e com a 1ª BMI que envolvessem uma vez, de um dia recomeçar do zero.
meios AAA; participou-se em cerimónias militares
diversas e em missões de segurança; diligenciou-se Cascais, 30 de Março de 2003
a criação de melhores condições para o funcionamen-
to da Banda do Exército recentemente criada e Samuel Matias do Amaral
adstrita ao Regimento; regulou-se e disciplinou-se o TGen (R)

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

A Artilharia Antiaérea
do Séc. XXI
– Uma visão para o futuro – Coronel Art Raul M. Sequeira Rebelo

(Transcrição do artigo publicado na Revista de Artilharia nos 929 a 931,


Janeiro a Março de 2003, páginas 51 a 58)

Introdução

N
as Forças Conjuntas e Combinadas do fu-
turo, a Artilharia Antiaérea desempenhará
certamente, um papel de destaque e de no-
toriedade, que lhe será conferido pelas missões
diferenciadas (fig. 1) que irá assumir, decorrentes
do amplo espectro de ameaças que se vêm esbo-
çando, bem como da emergência de um conceito
mais abrangente de segurança, que se poderá so-
brepor à actual dicotomia linear de segurança
externa versus segurança interna.
Inserida nos meios de defesa disponíveis, a
Artilharia Antiaérea surgirá como uma valência com
relevância acrescida, porquanto poderá ser chamada
a desempenhar missões em toda a gama de opera-
ções, concepção que ultrapassa largamente, o actual
espectro das operações militares, e que se projecta
1 – Missões diferenciadas numa multiplicidade de ambientes
para além delas, extravasando as fronteiras dos seus
limites. De facto, a natureza da ameaça, aconselha
uma abordagem distinta e global do conceito de sentir já, na Europa e na América do Norte, sob as
segurança, que responda cabalmente às novas mais variadas e diversas formas.
190 exigências que se colocam às autoridades nacionais, Com origem naquelas áreas, uma gama alargada
europeias e da NATO. de riscos, ameaças e desafios pode irromper inespe-
radamente, no espaço geográfico onde nos inseri-
mos, com o emprego de novas tecnologias, a ex-
Natureza da ameaça ploração de vulnerabilidades próprias das democra-
cias e culturas ocidentais e recorrendo à instigação
A instabilidade e a turbulência internacionais de antagonismos políticos, étnicos ou religiosos, até
têm vindo a afectar seriamente a segurança dos agora adormecidos ou acomodados. A essência dos
Estados-membros da Aliança Atlântica, provocando actores, os desafios dissemelhantes e os perigos
incertezas, suscitando cuidados e temores, e gerando transnacionais são particularmente graves, especial-
receios que abalam decisivamente a confiança dos mente se aquelas entidades hostis tentarem com-
cidadãos e das comunidades dos países ocidentais. binar meios assimétricos múltiplos, dirigidos contra
A volatilidade e a perturbação de alguns Estados e objectivos estratégicos e antes que as autoridades
regiões do globo vêm, por força das circunstâncias, governamentais possam dispor de respostas adequa-
extravasando esses espaços geopolíticos e fazem-se das e eficazes. O espectro das operações assimétricas

Boletim da Artilharia Antiaérea


Perspectivas Futuras

medidas electrónicas (ECM) e


medidas de protecção electrónica
(EPM); mísseis tácticos e aviões
civis, incluindo avionetas e ultra-
leves, utilizados por organizações
terroristas; e ainda, elementos
especiais que actuem como contro-
ladores aéreos avançados, ou le-
vem a efeito acções de sabotagem
contra as unidades de AAA. É esta
vasta panóplia de acções e meios,
que poderá ser empregue contra os
Estados-membros da Aliança, de
forma isolada ou combinada, vi-
sando diferentes alvos, civis ou
militares, dentro ou fora da área de
responsabilidade da NATO, mas
sobretudo com elevado impacto
2 – A proliferação de mísseis balísticos assume já, político e nas opiniões públicas
dimensões preocupantes
Europeia e Norte-Americana.
poder-se-á alargar ainda gradualmente, às operações
de informação, à utilização generalizada de meios
NBC e a graves danos de natureza ambiental. Operações de segurança integradas
A componente aérea desta nova ameaça caracte-
riza-se, entre outras particularidades, pela aquisição A natureza da ameaça esboçada, pela sua parti-
e até fabricação de mísseis tácticos (balísticos e de cularidade e essência, consubstancia definitivamen-
cruzeiro), dotados de ogivas convencionais ou por- te, um vasto espectro de operações, para além das
tadores de armas de destruição maciça com elevado designadas operações militares, no âmbito do Art. 5º
poder destrutivo (fig. 2). Também as aeronaves não ou das CROs, e que incluem também, as de carácter
tripuladas (UAVs), sob a forma de URAVs (reconhe- anti-terrorista que, pelo grau de violência e sofisti-
cimento) ou UCAVs (combate), tradicionalmente cação, ultrapassam largamente as possibilidades
empregues em missões de vigilância e reconheci- das forças de segurança interna. A esta extensa
mento, estão a ser adaptadas a inúmeros fins, in- escala de operações, que se sobrepõe às clássicas e
cluindo o combate, em detrimento das missões tri- convencionais noções de segurança interna e de
puladas. A presença deste tipo de armas levou a segurança externa, proporia a designação de Opera-
NATO a modificar o seu conceito de Defesa Aérea, ções de Segurança Integradas, porquanto exigem a
passando a adoptar a noção mais abrangente de actuação integrada de todas as Forças à disposição
Defesa Aérea Alargada, que compreende a ameaça dos Estados, desde os corpos de polícia eminente-
aérea convencional ampliada a qualquer outra aero- mente civil, passando pelas instituições de segurança 191
nave que utilize a atmosfera como meio de propaga- militarizadas, e até às Forças Armadas, numa grada-
ção (excluindo os mísseis intercontinentais). ção crescente de capacidade de gestão e emprego da
Em termos de sistematização, pode-se agora, violência.
tipificar detalhadamente, a ameaça aérea actual no O espectro das operações de segurança inte-
seu conjunto, e que vigorará para o futuro próximo: gradas projecta-se para além das actuais operações
aeronaves tripuladas, de asa fixa ou móvel (aviões e militares, levadas a efeito isoladamente pelas diver-
helicópteros), assim como todo o armamento a elas sas componentes, ou realizadas em conjunto ou
associado (mísseis, munições inteligentes, foguetes, ainda, executadas através de missões combinadas,
etc.) e com tecnologias de baixa probabilidade de uma vez que exige agora, uma aproximação distinta,
detecção (stealth); mísseis tácticos, nas suas diferen- dada a natureza também diferenciada da ameaça em
tes configurações; aeronaves não tripuladas (UAVs), presença. A assimilação plena deste conceito poderá
constituídas por Drones e RPVs; sensores de guerra dar resposta eficaz às vulnerabilidades identificadas
electrónica (EW), associados a ambas as aeronaves, e por todos conhecidas, dos países ocidentais e dos
medidas de apoio à guerra electrónica (ESM), contra- seus interesses internos e externos, e que importa

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

enumerar. No exterior, mencionam-se desde as combate às armas de destruição maciça, associadas


holdings industriais e financeiras e as suas represen- aos sistemas míssil e às tecnologias disponíveis, é ou-
tações, até às forças projectadas no cumprimento de tra tarefa relevante igualmente, participada pela AAA.
missões no âmbito da Aliança Atlântica ou das Na- A Artilharia Antiaérea deverá assumir assim, um
ções Unidas. No interior, são de referir as forças de conjunto de novas e diferenciadas missões, que
segurança (conceito alargado), as infra-estruturas ultrapassam em muito, as de natureza meramente
críticas – telecomunicações, centrais energéticas, convencional, compreendidas nas operações de
produção, armazenamento e distribuição de petro- guerra ou ainda nas CROs, onde já foi por demais,
química e gás – os interesses industriais, financeiros provada a sua necessidade, nos diferentes teatros de
e comerciais, os sistemas de transporte de pessoas, operações passados e actuais. Deste modo, a protec-
bens e mercadorias, os meios de emergência nacio- ção de pontos ou áreas sensíveis, em parceria com
nais, as entidades e as instituições com carácter os meios próprios das Forças Aéreas é outra das sig-
simbólico, os acontecimentos relevantes nacionais e nificativas missões que estarão reservadas também,
internacionais e ainda os cidadãos em geral. para a AAA. A natureza, a dimensão, a localização,
Uma arquitectura de abordagem aos problemas e a extensão no tempo desses pontos e áreas (fig. 3),
da segurança, nos moldes atrás propostos, permitiria e a volatilidade das novas ameaças já não parecem
às autoridades nacionais e da Aliança dispor de um permitir a atribuição exclusiva dessa missão a qual-
leque alargado de capacidades e valências, consoante quer dos Ramos; uma actuação conjunta ou por
o carácter da ameaça, sem estarem condicionadas ao componentes, em função da especificidade dos objec-
estereótipo de intimação interna ou externa, à tivos a defender e da forma e configuração estimada
utilização em exclusividade, de meios policiais ou dos alvos, serão essas sim, as determinantes que de-
militares, ou ainda à necessidade de declaração finirão os meios e as formas de emprego.
forçada de determinado estado de emergência. As Finalmente, no âmbito do TMD (Theatre Missile
actuais limitações poderão porventura, cercear o Defence), igualmente caberá à Artilharia Antiaérea um
emprego oportuno e com a persuasão indispensável papel de destaque, como um dos pilares fundamen-
de todo o leque de opções existente e disponível. Em tais no modelo doutrinário concebido para o efeito,
contrapartida, apontava-se para uma escolha à la tanto mais que a cobertura às médias e altas altitu-
carte, que daria a maior flexibilidade e agilidade des, cujos requisitos operacionais e de comando e
aos Governos e permitiria um tempo de resposta controlo acarretam elevadíssimos custos, terão uma
apropriado e uma acção no teatro eficaz e abordagem ao nível das estruturas de defesa aérea da
convincente. NATO. A defesa ao nível SHORAD, assumida comple-
tamente pelos Estados-membros, contará com toda
a certeza, com meios das Forças Terrestres, uma vez
Extensão das competências
da Artilharia Antiaérea
As tendências emergentes para a
AAA, numa perspectiva geral da
192 Defesa Aérea, e para além daquelas
já claramente assumidas de protec-
ção do corpo de batalha, apontam
assim, claramente também, para a
defesa contra ataques terroristas
dirigidos a centros populacionais, à
aviação civil, às infra-estruturas
vitais e a actos ou ocorrências rele-
vantes. No âmbito do Pacto do Atlân-
tico, destaca-se ainda o apoio contra
ameaças assimétricas, orientadas
para forças da Aliança, em missões
no exterior da sua área de respon-
sabilidade, como outra das grandes
prioridades a assumir. Finalmente, o 3 – De agora em diante, outro tipo de áreas poderá merecer a atenção da AAA

Boletim da Artilharia Antiaérea


Perspectivas Futuras

que a racionalidade e a escassez de recursos não res da Defesa Aérea (fig. 4), terá certamente, pela fren-
permitirá certamente, que os equipamentos destina- te todas as missões já arrogadas anteriormente, de
dos à protecção das unidades em campanha e às protecção do corpo de batalha, seja no âmbito do Art.
suas infra-estruturas territoriais, não possam ser 5º ou das CROs, às quais se adicionam agora, uma
empregues no âmbito do TMD, às baixas e muito bai- participação muita intensa e incisiva na defesa de
xas altitudes. Mas também aqui, a abordagem terá pontos e áreas sensíveis, num entendimento presen-
de ser conjunta, quer pela complexidade e extensão temente, muito mais abrangente destes objectivos,
do dispositivo a adoptar, quer pelo facto da estrutura cuja designação ou nomeação não é actualmente
superior de comando e controlo de Defesa Aérea ser concludente ou definitiva, mas que pode ser tem-
conduzida sempre pelas Forças Aéreas da Aliança. poral, transitória ou momentânea, conforme foi já
atrás explicitado, e que não deve de todo, constituir
uma preocupação exclusiva das Forças Aéreas.
Conclusões Acresce ainda, o elemento TMD que, pelo processo
e modelo de defesa esboçado para o espaço da
Desafios acrescidos e estimulantes são certa- Aliança Atlântica, requer uma participação activa
mente, as expectativas de todos aqueles que servem da AAA dos diferentes Estados-membros, porquanto
na Artilharia Antiaérea, decorrentes dos riscos e lhe reserva pelo menos, a protecção SHORAD, a qual
ameaças que se vem esboçando no dealbar deste não poderá ser da competência exclusiva de uma
novo século, onde as referências outorgadas são única componente dos respectivos sistemas de
contundidas e os novos paradigmas difíceis de reter, forças. A Artilharia Antiaérea tem pois assim,
ou talvez pouco inteligíveis, porque a alomorfia das elevadas responsabilidades e encargos, neste limiar
formas ultrapassou em muito, o mero conceito de do século XXI, como parte integrante de um
mudança linear e definitiva. A transmutação incons- conjunto alargado de valências, à disposição das
tante, volúvel e descompassada dos vectores que autoridades militares e governamentais, assumindo
sustentam as actuais armas, processos e métodos, uma relevância de vulto, num modelo de Defesa
eminentemente assimétricos, extremamente contun- Aérea avançado, e uma competência ímpar no
dentes e destruidores, pronunciam a necessidade de sistema de forças terrestre, conjunto, combinado e
uma aproximação também ela desprovida de mo- integrado.
delos pré-configurados por estereótipos conven-
cionais, e requerem a concepção de abordagens dife-
renciadas e isentas de aforismos imutáveis.
Deste modo, perante as intenções e processos já
consumados dos latentes adversários, urge respon-
der com um conceito inovador que potencie os
meios à disposição dos países ocidentais, sem que
estes se constranjam com mecanismos inibidores de
celeridade e eficácia no combate aos ataques surpre-
endentes e arrebatadores, que poderão surgir e so-
brevir. A introdução da noção de operações de 193
segurança integradas poderá, neste contexto, consti-
tuir uma solução adequada e ajustada às exigências
que se vêm estabelecendo. Esta aproximação per-
mitiria que, em todo o tempo, as autoridades euro-
peias e norte-americanas dispusessem no formato à
la carte, de todas as valências disponíveis, indepen-
dentemente de serem estritamente próprias das
instituições policiais, militarizadas ou das Forças
Armadas. Esta articulação, embora não imune a
questões de competências primárias, parece não
oferecer dificuldades aos Estados de Direito com
profunda vivência institucional e democrática.
Assumindo a abordagem acima proposta, a Arti- 4 – Os sistemas terrestres de AAA são uma
lharia Antiaérea, como uma das componentes basila- componente essencial da defesa aérea

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

Militares e civis do RAAA1 em Setembro de 2003

OFICIAIS DO QUADRO PERMANENTE


POSTO NOME FUNÇÃO
COR ART Raul Manuel Sequeira Rebelo Comandante
TCOR ART Fernando Joaquim Alves Cóias Ferreira 2º Comandante
TCOR ART Luís António Morgado Batista Dir Inst / CMDT do GAAA
TCOR ART António Silva Lopes Comandante do CIAAA
MAJ ART José Carlos Levy Varela Benrós Chefe da Sois
MAJ ART Rui Jorge Frias Torres Chefe da Secção de Pessoal
CAP ART João Afonso Góis Pires Chefe da SPPCA
CAP ART Pedro Alexandre Sobral Almeida Dias Comandante da BI
CAP ART Helder Pilar Estriga Comandante da BCS
CAP ART Paulo Manuel E. Rosendo Chefe da Sub-Secção de Educação Física
CAP ART Norberto Francisco Calmeiro Vaz Comandante da 1ªBtrAAA/GAAA
CAP ART João Miguel Louro Dias Ferreira Belo Cmdt da BCS/BAI/CIAAA
CAP ART Nuno Miguel Marques Batista Chefe Secção Instrução
TEN ART Sérgio Bruno Quintas Rosado Gião Comandante Pelotão
TEN ART Carlos Manuel Peixoto Prata Comandante Pelotão
TEN ART Paulo Alexandre Siborro Alves Comandante do Pelotão de Comando e Serviços BAAA/BLI
TEN ART Francisco Vitor Gomes Salvador Comandante do 3ºPel Msl Lig AP
TEN ART Rui Jorge Matos Alvarinho TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
TEN ART Sandro José Robalo Geraldes Comandante do 2ºPel Msl Lig AP
TEN ART Rui César Sequeira Heleno Comandante do 1ºPel Msl Lig AP
TEN ART Cláudia Isabel Carvalho Vinhas Comandante de Pelotão
TEN ART José Miguel Sequeira Maldonado Of Segurança CIAAA/Cmdt Pel Missil
TEN SGE José Carlos da Cruz Ferreira Chefe da Secção Financeira
ALF ART Nuno Pedro Leite Gonçalves Comandante de Pelotão

OFICIAIS EM REGIME DE CONTRATO / VOLUNTARIADO


POSTO NOME FUNÇÃO
TEN Pedro Miguel Sequeira Narciso Secção de Justiça
TEN Carlos Alberto da Costa Rodrigues Comandante do Pelotão de Radar do GAAA
TEN Orlando J. P. Martins Comandante do Pel Reab
TEN Paulo Jorge de Jesus Marques Comandante de Pelotão da BCS
ALF Simão Manuel Sousa Moreira Comandante do Pel Reab/CIAAA
ALF António Pedro Machado Silva Comandante de Pelotão de Instrução
ALF Carlos Manuel Magalhães Teixeira Adj SAG CIAAA
ALF António José Moreira da Cunha Comandante de Pelotão de Instrução
ALF Carlos Jorge Mendes Paixão Vitorino Comandante de Pelotão da BAI/CIAAA

194 SARGENTOS DO QUADRO PERMANENTE


POSTO NOME FUNÇÃO
SMOR ART Tito Rodrigues Ribeiro Adjunto do Comandante
SCH ART Carlos Manuel Costa Nogueira Sargento de Pessoal da Secção de Pessoal
SCH ART José Bertolino de Sousa Silva Chefe da Secção de Mobilização
SCH ART Luís Filipe dos Santos Pereira Duarte Adj Cmdt do CIAAA
SAJ ART José Benigno Lopes da Costa Comandante da Secção de Alimentação
SAJ ART João Manuel Henrique Trindade Adjunto do Comandante da BAAA/BAI
SAJ SMAT António José Fernandes Alonso Cmdt da Secção de Manutenção da BCS/CIAAA
SAJ ART José Augusto Mendes Direcção de Estudos de Instrução
SAJ ART José H. P. Costa Sargento da Logistica
SAJ ART José Luís Correia Serras Adj Cmdt da BCS/CIAAA
SAJ ART António Carlos de Campos Lemos Cardoso Adjunto do Comandante da BCS/GAAA
SAJ ART Jorge Humberto da Silva Fernandes Tesoureiro
SAJ SMAT Rui António Alves Martins Chefe da Secção de Manutenção
SAJ ART António Domingos S. Alves Adjunto do Comandante da BAAA/BLI
SAJ ART Carlos Manuel J. F. Neto Sargento de Instrução da SPPCA

Boletim da Artilharia Antiaérea


Militares e civis do RAAA1 em Setembro de 2003

SARGENTOS DO QUADRO PERMANENTE (Continuação)


POSTO NOME FUNÇÃO
SAJ ART Vítor Manuel Oliveira Martins Adjunto do Comandante da BI
1SAR ART Paulo Renato Duque Cunha Teixeira Adj Cmd 1ªBtrAAA/GAAA
1SAR ART Manuel Jesus M. Cruz Marrafa Chefe do Centro Cripto
1SAR ART Vitor Manuel A. Marques Alves Adjunto do Comandante da BCS
1SAR ART Jorge Paulo Esteves Sousa Freire Adj Cmdt da BAI/CIAAA
1SAR SMAT Eduardo Manuel Porto Silva BCS/GAAA
1SAR SMAT José Júlio Gomes de Carvalho Chefe Secção de Manutenção de Sistemas
1SAR ART José C. A. Antunes Comandante da Secção de Serviços Gerais
1SAR ART Carlos F. M. dos Santos Sargento de Alimentação
1SAR ART Pedro A L. Monteiro Mascarenhas Amanuense da Sub-Secção de Mobilização
1SAR BFE António M. Pires Instrutor da Secção de Instrução/DEI
1SAR ART Vitor Manuel Valente Piçarra Sargento de Operações e Informações
1SAR SMAT Diogo de Jesus Fonseca Bigares Mecânico Auto
1SAR ART João Augusto Lopes Torres Amanuence da Secção Financeira
1SAR ART Guilherme A. C. Fretes Sargento de Material da Secção de Logistica
1SAR ART Nelson Fernandes Marques Esp. Informatica da SOIS/Aux Adj Cmdt BCS/GAAA
1SAR ART Carlos António Videira dos Santos Amanuence da Secção de Apoio Geral CIAAA
1SAR SGE Paulo Ferreira Galego Sargento da Sub-Secção de Justiça
1SAR ART José M. Palma Sargento do Pelotão de Reabastecimento
1SAR ART António José Vitorino Horta Secção de Logistica
1SAR ART Rui Manuel Redondeiro da Costa Sargento da Secção de Administração
1SAR ART José Paulo Gouveia Rodrigues Aux Sec Apoio Geral CIAAA
1SAR ART Abílio J. M. Correia Sargento de Transmissões/Adjunto da Secção de Cifra
1SAR ART Joaquim João Galhanas Mendes Amanuence da Secretaria Regimental
1SAR ART Rui Jorge Pimentel das Neves Auxiliar Adjunto do Comandante da BI/Encarregado da AMG
1SAR ART Joaquim Manuel Cheira Marçalo Auxiliar da BCS
1SAR ART Luís Miguel Delgadinho Figueiras Cmdt Sec Missil Lig AP
1SAR ART Raul Manuel Ramos Gonçalves Aux Adj Cmdt BAI/CIAAA
1SAR ART Nuno António Almeida Gonçalves Aux Adj Cmdt BCS/CIAAA
1SAR ART Bruno Ângelo de Sá Gonçalves Mec Equip Elect da Sec de Man de Sistemas
1SAR ART Francisco Manuel Guerreiro Pereira TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1SAR ART Rafael Valente Lanita Sar Pel Msl Lig AP
1SAR QAMA Fernando José Ferreira da Silva Cmdt Eq Conservação Obras SecServGerais
1SAR ART Paulo Miguel Jerónimo Sar Aux Adj Cmdt BAAA/GAAA
1SAR ART Carlos Alberto Mateus Torres Sampaio Cmdt Pel Bitubo
1SAR ART José Jacinto Gonçalves Rodeia Sargento de Pelotão de Radar
1SAR ART Pedro Nuno de Oliveira Monteiro Cmdt Sec Msl Lig AP
1SAR ART Nuno Manuel Andrónico Lopes Cmdt Sec Alimentação BCS/CIAAA
1SAR ART Rodolfo Ricardo Rosmaninho dos Reis Giesteira Cmdt Sec Msl Lig AP
1SAR SMAT Rui Manuel Palmela Cruz Mecânico de Radar

SARGENTOS EM REGIME DE CONTRATO / VOLUNTARIADO 195


POSTO NOME FUNÇÃO
1SAR João Manuel Santos Pedroso Sec Multimédia
1SAR Ana C. N. Milhano Sec Mobilização
1SAR Mário J. S. Viegas MVA da Sec Manutenção
2SAR Martina Morais da Fonseca Enfermaria
2SAR Marco Elício Pereira da Costa TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2SAR Bruno Miguel Marques Lança Simões Cmdt Sec do Pel Canhão/CIAAA
2SAR João Miguel Ferreira Simões Cmdt Sec Transportes/CIAAA
2SAR Nuno Ricardo Carvalho Paulo Cmdt Sec Radar
2SAR David Augusto Guerreiro TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2SAR Carlos Luís Machado Gonçalves Diligência
2SAR Carlos Filipe N. Batista Tomé Cmdt Esq MSL Port
2SAR Diogo Filipe Silva dos Santos Oficina de Arm Lig
FUR Sérgio Manuel Ferreira de Pinho Cmdt Sec BCS/CIAAA
FUR Júlio Silvério Calouro Costa Pel Reab
FUR Pedro Miguel dos Santos Gomes Amanuense da SAG/CIAAA

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

SARGENTOS EM REGIME DE CONTRATO / VOLUNTARIADO (Continuação)


POSTO NOME FUNÇÃO
FUR Fernando Tiago Cruz Delgado Cmdt Sec Transportes
FUR Maria do Carmo Marques Pereira Cmdt Esq MSL Port
FUR Luís Filipe Raimundo Caetano Cmdt Sec Tms/CIAAA
FUR Sandra Cátia Fonseca S. Ferreira Sec Inst
FUR Rui Daniel Marques Pereira Enc. Inst/Enc Aux Inst/Aquar
FUR Marta Alexandra Ferreira Magalhães Cmdt Sec Tms
FUR Paulo José dos Santos Freitas Sec Alimentação
2FUR Inês Maria Monção Lopes Amanuense da Secção de Pessoal
2FUR Rui Filipe Barreiro Pereira Cmdt Sec /BAAA
2FUR Anabela Sofia de Sousa Oliveira Amanuense da Secção de Pessoal

PRAÇAS EM REGIME DE CONTRATO


POSTO NOME ESPECIALIDADE FUNÇÃO
CADJ Luís Miguel Várzea Rodrigues 651 SP Secretariado Sec Mobilização
CADJ Teresa de Fátima L. S. Durães 501 Socorrista Pel Santário
CADJ Bruno Alexandre Oliveira Gama 189 Munições Enf/Arquivo da BCS
CADJ João Inácio Ferreira Cabaço 064 SGSI Sec Alimentação
CADJ António Manuel Pereira Lopes 064 SGSI TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
CADJ João Miguel Pereira Oliveira 064 SGSI Sub Sec Financeira
CADJ António Miguel Gomes Varão da Graça 110 AA BFReb Arquivo
CADJ Paulo Jorge Nabiça Martins 651 Secretariado Sec Mobilização
CADJ Paulo Miguel Carvalho Tomás 671 TP Car VLigAdmn Pq Auto BCS
CADJ Rui Manuel Martins Lourenço 064 SGSI Quarteleiro/Aux Inst
CADJ Rui Miguel Travassos Carvalho 620 Cozinheiro DEI
CADJ Hélder Sérgio de Oliveira F.Rodrigues 039 Cond VBTP Pel Chaparral
CADJ Claudio Alípio Anastácio Eusébio 064 SGSI SOIS
1CAB Pedro Miguel Pereira Coelho 620 Cozinheiro Sec Alimentação
1CAB Mariano Valério Manuel Pereira 064 SGSI Sec Alimentação
1CAB Paulo Alexandre Cordeiro de Sousa 112 AA Msl Port Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Jorge Manuel Gouveia Fernandes 673 Car VL Sec Clarins/Jardin
1CAB José Euclides Lopes 365 E Pedreiro TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Francisca Pereira Sanches 651 SP Secretariado Sec Mob
1CAB Domingos Barros de Bessa 106 AA Msl Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Márcio Filipe Caetano da Cruz 613 ReabCombLub Sec Clarim
1CAB Gonçalo José Carvalho Cardoso 110 AA BFReb Pel 20mm
1CAB Rui Miguel dos Santos Caiadas 672 Car TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Hugo Pinheiro Costa 112 AA Msl Port Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Marco Paulo Borralho Bengalinha 106 AA Msl Lig Of Auto
1CAB Hélio Miguel da Silva Bernardo 106 AA Msl Lig Pel Chaparral
1CAB Inês Maria de Leitão Dias 427 TM Pel Tms
1CAB Belmiro Fontes Nobrega Vieira 620 Cozinheiro Cozinha
196 1CAB Nuno Alexandre Lourenço Gonçalves 105 AAMisPort AMG
1CAB Filipe José Paulo dos Santos 105 AAMisPort Eq Cons Obras
1CAB Paulo Jorge Pinto Palma 106 AA Msl Lig Sec MisLig
1CAB Ricardo Miguel Nogueira Garcia 754 MecEquipElec Of Eléctrica
1CAB David Francisco Caçador Navarro 110 AA BFReb Arquivo da BAI
1CAB Rui Alexandre Fortes Lopes 620 Cozinheiro Sec Alimentação
1CAB Arnaldo do Carmo Nunes da Silva 125 AA OpRadar Oficinas
1CAB Hélder Filipe Nunes Camilo 115 Op Inf Alvos Aéreos
1CAB Domingos Barreto 197 TMS ART Sec Logistica
1CAB Nuno Miguel Lourenço dos Santos 109 AA BF4cm Sec Regimental
1CAB Henrique C. Camisão 772 Reab Mat TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
1CAB Ricardo M. Camarão Silva 722 MVA Of Auto
2CAB Pedro Miguel Alfaiate Frade 112 AA Msl Port Lig Pel Chaparral
2CAB Isabel C. B. da Conceição 427 TM SEC PES
2CAB Luís F. da Silva Rodrigues 427 TM TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2CAB Nílza Maria Duarte Santana 676 CAR RT/Telef Parque Auto BCS
2CAB Duarte Jorge Figueiredo Reis 064 SGSI Quarteleiro/Aux Inst

Boletim da Artilharia Antiaérea


Militares e civis do RAAA1 em Setembro de 2003

PRAÇAS EM REGIME DE CONTRATO (Continuação)


POSTO NOME ESPECIALIDADE FUNÇÃO
2CAB Tony Andrew Moniz da Costa 106 AAMsl Lig Plantão
2CAB Ruben Mourão 110 AA BFReb AMG /BCS
2CAB Rosa Bela Ferreira Caldeira 110 AA BFReb TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2CAB Miguel Pereira Joaquinito 110 AA BFReb AMG/P. 20mm
2CAB Bruno Ricardo Piçarra de Oliveira 112 AA Msl Port Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2CAB André Ricardo Araújo Pereira 106 AAMsl Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
2CAB Carlos Jorge Rebelo Abrantes 651 Secretariado Sec. Pessoal
2CAB João Carlos Santos Catarino 110 AA BFReb Arquivo da BAI
SOLD Tânia Isabel Ferreira Leonor 651 Secretariado Sec Mobilização
SOLD Elisabete Cândida M. Costa 427 TM Diligência
SOLD Márcio Casimiro Lopes Vaz 427 TM A M G /BCS
SOLD Ana Sofia G. Ladeira 501 Socorrista Pel Sanitário
SOLD Filipa Isabel Silva Arsénio 427 TM Pel Tms
SOLD Catarina Sofia Santos Mota 427 TM Sec Mob
SOLD Fernanda Rodrigues Barradas 501 Socorrista Ordenança CMD
SOLD Ana Filipa de Correia Delgado 501 Socorrista Pelotão Sanitário
SOLD José António Lopes de Melo 501 Socorrista Pel Reab
SOLD Pedro Miguel Torres dos Santos 112 AA Msl Port Lig Pel Chaparral
SOLD Tiago Henrique de Oliveira Rebelo Máximo 039 Cond VBTP TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD João Daniel Farias Joaquim 713 MecArmLig Of Arm
SOLD Silvana de Jesus Esteves Rodrigues 427 TM Central/Arquivo
SOLD Rui Miguel Santos Catalão 427 TM Secretaria
SOLD Carlos Manuel Lajas Ferreira 427 TM Central/Parque Auto
SOLD Andreia Filipa de Oliveira Fernandes 112 AA Msl Port Lig Arquivo
SOLD Manuel António Almeida Teixeira 039 Cond VBTP TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Filipe Alexandre Figueiredo Ferreira 672 CAR Parque Auto
SOLD Milene dos Santos Marques 501 Socorrista Enfermaria
SOLD Susana Patrícia Vieira Maia 501 Socorrista Enfermaria
SOLD Ricardo Filipe Carvalho Fernandes 620 Cozinheiro Sec Alimentação
SOLD Marta Isabel Martins Gomes 420 Op TM Central
SOLD João Pedro Campelo Vieira 420 Op TM Central
SOLD Afonso Miguel Antunes Teles Feio 676 CAR/RTL Parque Auto
SOLD Paulo Jorge Ferreira Lamas 501 Socorrista TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Ruben Vagner V. S. de Oliveira 064 SGSI TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Leandro António Ferreira Silva 420 OPTm Sec Financeira
SOLD Manuel António de Castro Martins 613 Reab Comb Lub Sec Manutenção
SOLD Leonel do Carmo Carvalho Almeida Testa 064 SGSI Sec Alimentação
SOLD Daniel de Sousa Carvalho 064 SGSI Sec Alimentação
SOLD Vitor Hugo Percheiro da Silva 064 SGSI Secção Obras
SOLD Patrício Amilcar Dias Cardoso 197 Tm Art Secção TM
SOLD Marco Paulo da Silva Pinto Ribeiro 122 AA Bar de Graduados
SOLD Rui Alexandre Carvalho Almeida Soares 427 TM AMG 197
SOLD Ricardo Gonçalves Candeias 620 Cozinheiro Sec Alimentação
SOLD Mário Eduardo Peres Seixas 110 AA BFReb AMG
SOLD Manuel Maria Melo Machado Carvalho 501 Socorrista Bar de Graduados
SOLD Nuno António Mestre Estrela 421 Op TM Secção TM
SOLD João Paulo Moço Meirim 110 AA BFReb Plantão
SOLD Nuno Miguel Batista Bonito 064 SGSI Fanfarra
SOLD Rui Manuel Mendes Dourado 106 AAMsl Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)

PRAÇAS EM REGIME DE VOLUNTARIADO


POSTO NOME ESPECIALIDADE FUNÇÃO
SOLD Tiago André O. P. Mesquita 115 Op Inf Messe SAR
SOLD Bruno Filipe Rodrigues Lameirão 424 Op TM Sec Financeira
SOLD Tiago Alexandre Rodrigues Valente 197 Tm Art AMG da BCS
SOLD Nuno Filipe dos Santos Mateus 198 Tm Art Clarins
SOLD Samuel Alexandre Peixoto Ferreira 711 Munições Clarim
SOLD Jorge Humberto da Fonseca B.Vicente 501 Socorrista TIMOR (Agrupamento FOXTROT)

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

PRAÇAS EM REGIME DE VOLUNTARIADO (Continuação)


POSTO NOME ESPECIALIDADE FUNÇÃO
SOLD Pedro António dos Santos Alves 620 Cozinheiro Cozinha
SOLD Valter Emanuel Duarte Tomás 064 SGSI AMG da BCS
SOLD Vitor Manuel Rodrigues Monteiro 620 Cozinheiro Cozinha
SOLD Fábio Miguel da Fonseca Marques 672 CAR Parque Auto
SOLD Pedro Miguel da Costa Vaz 620 Cozinheiro Fanfarra
SOLD Vitor Manuel da Costa Bessa 672 CAR LIG Fanfarra
SOLD Hugo Miguel Ferreira Pereira 606 Reab Viveres Bar Oficiais
SOLD Bruno Miguel dos Santos Melgão 501 Socorrista Arquivo da BCS
SOLD Ricardo Alexandre Alves Tavares 110 AA BFReb TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Ricardo Miguel da Costa Duarte 420 Op TM Central
SOLD Tiago Manuel Varada Santos 672 CAR Parque Auto
SOLD Nelson Marques Coutinho 672 CAR Parque Auto
SOLD Paulo Roberto da Silva Galhofas 115 AA Op Inf Plantão
SOLD Eduardo César Soares Gonçalves 110 AA BFReb TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Armando Joel Jesus Pires 106 AA Msl Lig TIMOR (Agrupamento FOXTROT)
SOLD Ricardo Paulo da Cruz Torpes 110 AA BFReb AMG
SOLD Rui Ricardo Aldeias Martins 115 AA OpInf AMG/BCS
SOLD Paulo Alexandre da Costa Santos 501 Socorrista Enfermaria
SOLD Carlos Alexandre Salvado R. Durão 110 AA BFReb Pel 20mm
SOLD Nuno Miguel Gouveia Marques 106 AA Msl Lig Svç Gerais
SOLD Hugo de Jesus Teixeira Simões 110 AA BFReb Pel 20mm
SOLD Marco Aurélio Jesus A. Martinho 110 AA BFReb Svç Gerais
SOLD Joel Pombo Henrique Gonçalves 501 Socorrista Enfermaria
SOLD Nuno Filipe Teixeira Romariz 501 Socorrista Enfermaria
SOLD Ricardo Jorge Horta de Sousa 110 AA BFReb Sec Logistica
SOLD Bruno Miguel Carvalho Teixeira 110 AA BFReb AMG
SOLD Aurélio da Fonseca Costa 110 AA BFReb AMG
SOLD Marco António Alves Mendes 620 Cozinheiro Cozinha
SOLD João Paulo dos Santos Machado 672 CAR Parque Auto
SOLD Pedro Miguel Soares da Fonseca Ribeiro 676 TPCar Sec Transportes
SOLD Rui César Alves Rodrigues 672 CAR Parque Auto
SOLD Paulo Hélder de C. Augusto Silva 106 AAMsl Lig Quarteleiro/Aux Inst

PESSOAL CIVIL
CATEGORIA NOME
Médica Maria Margarida Claro J. Urries
Ass. Adm.Esp. Maria Antonieta Bairros Rocha Alves
Ass. Adm.Esp. Julieta Maria da Cruz Marques
Ass. Adm.Esp. Maria Fernanda da Cruz M. Azeitona
Ass. Adm.Esp. Etelvina Augusta Lopes Mordomo
Ass. Adm.Esp. Elisabete dos Santos Figueiredo
198 Ass. Adm.Esp. Maria Inês B. S. Gouveia Machado
Ass. Adm. Princ. Maria Júlia Claro
Ass. Adm. Princ. Antónia F. Branco Ramos
Ass. Adm. Maria Alina de F. Brito
Ass. Adm. Maria Gabriela M. C. Macieira
Cozinheira Chefe Leopoldina C. Louro Breia
Cozinheiro Valentim dos Santos Ferreira
Operário Princ. António Augusto Pereira Pinto
Aux. Serviço Maria Manuela R.M. Rodas
Aux. Serviço Maria do Carmo Magalhães
Operário Qual. João dos Reis A. Franco
Militares e civis do RAAA1 em Setembro de 2003

Militares da Banda do Exército em Stembro de 2003


A Banda do Exército teve a sua origem na antiga Banda da Região Militar de Lisboa, esta última, oriunda da
aglutinação em 18Jul77, das Bandas de Infantaria N.º 1 e Caçadores 5. Criada, por Despacho de 25 de Março de
1988, do Gen CEME, manteve-se desde a sua génese no Aquartelamento de Queluz, onde actualmente se encontra.

OFICIAIS
POSTO NOME FUNÇÃO
TEN João Maurílio de Caires Basílio Chefe Interino da Banda

SARGENTOS
POSTO NOME FUNÇÃO
SCH MUS Abilio Ferreira Ramos SubChefe da Banda
SCH MUS Manuel Garcia Claré Batista Chefe de Naipe
SAJ MUS João Manuel Pereira Vaz Chefe de Naipe
SAJ MUS José Agante da Costa Ferreira Chefe de Naipe
SAJ MUS Gil Augusto de Jesus Miranda Chefe de Naipe
SAJ MUS Jorge Pereira Dias Trompete
SAJ MUS José João Vitorino Pessoa Oboé
SAJ MUS Idílio Manuel Oliveira Nunes Clarinete
SAJ MUS Carlos Manuel Nunes da Silva Clarinete
SAJ MUS Jorge Manuel de Oliveira Lopes Clarinete
SAJ MUS Emídio António Araújo Costa Clarinete
SAJ MUS Jacinto Caldeira Marques Lamarosa Clarinete
SAJ MUS Joaquim Manuel Feliciano Correia Clarinete
SAJ MUS José Manuel Salgado Machado Clarinete
SAJ MUS Ilídio Ferreira Ramos Fagote
SAJ MUS João Paulo Martins Santana Trompa
SAJ MUS Manuel Carvalho da Fonseca Babo Percussão
SAJ MUS António Claudino Silva Dias Trombone
SAJ MUS Fernando Jorge P. Soares Magalhães Clarinete
SAJ MUS DulcinoToni Pereira de Matos Trombone
SAJ MUS João António Viso Mota Trompa
SAJ MUS Francisco José Pires Paixão Trompa
SAJ MUS Luís Miguel Tomé Correia Fagote
SAJ MUS Óscar José Vilhena Mourão Teclado
1SAR MUS João Manuel Pinto Bessa Trombone
1SAR MUS Gustavo Jorge da Silva Dias Saxofone
1SAR MUS Luciano José Machado Clarinete
1SAR MUS João Carlos de Sousa Lopes Contrabaixo de cordas
1SAR MUS José Maria Rodrigues Monteiro Trompa 199
1SAR MUS José António Alves Marques Trombone
1SAR MUS Nuno Jorge dos Santos Ferreira Percussão
1SAR MUS Carlos Reinaldo S. Antunes Guerreiro Trombone
1SAR MUS Joaquim Jesus da Costa Almeida Saxofone
1SAR MUS Jorge Manuel Domingos Velez Clarinete
1SAR MUS João Carlos Teixeira Coca Trompete
1SAR MUS Alberto Cesar Carreira Lages Clarinete
1SAR MUS Paulo Nuno M. Belas Trompa
1SAR MUS José Manuel Lino da Silva Clarinete
1SAR MUS Luis Rafael F. Oliveira Rodrigues Pinto Tuba
1SAR MUS João Manuel Martins Soares Clarinete
1SAR MUS João Paulo Ferreira Bentes Trompete
1SAR MUS João Raúl Pereira de Jesus Bombardino
1SAR MUS António Joaquim de Almeida Pereira Clarinete
1SAR MUS Paulo Jorge de Castro Couto Clarinete
1SAR MUS Abel Lucas Cardoso Percussão

Outubro 2003
Especial “60 Anos da Artilharia Antiaérea em Portugal”

SARGENTOS (Continuação)
POSTO NOME FUNÇÃO
1SAR MUS Luís Manuel F. Pereira Rodrigues Contra-baixo cordas
1SAR MUS Oscar Humberto Pereira Viana Oboé
1SAR MUS Victor Manuel da Silva Mesquita Clarinete
1SAR MUS Francisco José de Jesus Marques Flauta
1SAR MUS Manuel José Correia Pedras Trombone
1SAR MUS Filipe Rodrigues Simões Percussão
1SAR MUS Luís Carlos Garcia Cascão Percussão
1SAR MUS Manuel Maria da Silva Nunes Fliscorne
1SAR MUS João Pedro Lopes Azevedo Fagote
1SAR MUS Luís Miguel Rosa Pedro Oboé
1SAR MUS Luís Miguel do Rosário Balão Clarinete
1SAR MUS António Maria Saldanha Busca Mourato Clarinete
1SAR MUS João Miguel Rolão Lopes Bombardino
1SAR MUS Carlos António Ferreira Bentes Clarinete
1SAR MUS Sérgio da Silva Frazão Tuba
1SAR MUS Daniel Rui Franco da Silva Batista Tuba
1SAR MUS João Jorge dos Santos Salvador Belo Flauta
1SAR AMA António Manuel Pereira Sousa Amanuense
1SAR AMA Carlos Manuel Alves Caldeira Amanuense
1SAR AMA Admar Augusto Silva Amanuense
1SAR AMA Aquilino Manuel Bolota Chefe Amanuense
1SAR MUS Joel Neves de Oliveira Oboé
1SAR MUS Eduardo Nuno Reis Guerreiro Tuba
2SAR MUS António J. Fernandes Luis Trompete
2SAR MUS Nélio José Fonseca Barreiros Saxofone

PRAÇAS
POSTO NOME FUNÇÃO
CADJ Valter Manuel Aires Moreira da Silva Bombardino
CADJ José Carlos Pereira da Silva Saxofone
1CAB RC José Carlos Almeida Lopes Saxofone
1CAB RC Salvador António dos Santos Parola Oboé
SOLD RC Lino João Vidal Guerreiro Saxofone
SOLD RC Marco Alexandre Sarrudo Trompete
SOLD RC Luís Miguel Cachola Pastaneira Trompete
SOLD RC João Manuel Soares Lemos Clarinete
SOLD RC Miguel Carlos R. Cardoso da Silva Trompete
SOLD RV Hélio Tiago Malheiro Nunes Clarinete
SOLD RC João Pedro Meireles Coelho Tuba
SOLD RC Nuno Filipe Alves Rodrigues Tuba
SOLD RC Miguel Silva Mota Percussão
200
NOTÍCIAS
DA ANTIAÉREA Outubro 2003

EM DESTAQUE

Cerimónia do Dia Festivo do RAAA1


pág II

Tomada de posse do novo


Comandante do RAAA1
pág III

Exercício “Encargo 02”


pág V

Palestra do Engº Torres Pereira


no RAAA1
pág VI

RAAA1 – 60 anos de Artilharia Antiaérea


em Portugal
pág VIII

Drª Fátima Campos Ferreira


no RAAA1
pág IX

O RAAA1 na Peregrinação Militar


Internacional a Lourdes
pág XI

Dia do CIAAA
pág XII

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

O Regimento de Artilharia Antiaérea N.º1


homenageia os militares do Regimento de Artilharia
Antiaérea Fixa, mortos no grande incêndio da Serra
de Sintra, em 1966
Em 07Set02, completaram-se Adjunto do Serviço Nacional de posição de uma coroa de flores e
trinta e seis anos sobre a trágica Bombeiros, tendo também assis- uma oração campal, após o que
morte de vinte e cinco militares tido representações do Serviço se seguiu uma romagem ao local
do RAAF, ocorrida durante o Nacional de Bombeiros, da Liga onde se deu o trágico acidente,
combate ao incêndio, na Serra dos Bombeiros Portugueses, dos assinalado por 25 ciprestes, re-
de Sintra. Corpos de Bombeiros Voluntá- presentando os militares fale-
Sendo o herdeiro das Tradições rios da Região de Lisboa, do Par- cidos.
Militares do RAAF, o Regimento que Natural Sintra Cascais, da
de Artilharia Antiaérea N.º1 rea- Direcção Geral de
lizou no Pico do Monge, em Sin- Florestas e os Presi-
tra, uma cerimónia evocativa de dentes das Juntas de
homenagem, presidida pelo Go- Freguesia de Colares
vernador Militar de Lisboa em e Monte Abraão, as-
exercício, acompanhado pelo Co- sim como elementos
mandante Interino do Regimen- de alguns órgãos de
to, que contou com a presença comunicação social.
do Presidente da Câmara Mu- Foram executadas
nicipal de Sintra e do Inspector honras militares, de-

Cerimónia Comemorativa do Dia Festivo


do Regimento de Artilharia Antiaérea N.º1
Realizaram-se, no passado do de Defesa Antiaérea de Lis- do Ex.mo Tenente-General Sa-
dia 03 de Outubro de 2002, as boa, em 1943, e a criação do Re- muel Matias do Amaral, do Pre-
comemorações do aniversário do gimento de Artilharia Antiaérea sidente da Liga dos Combaten-
Regimento de Artilharia Anti- Fixa em 1947, do qual o RAAA1 é tes, Ex.mo Tenente-General Júlio
aérea N.º1, presidida pelo Ex.mo herdeiro das tradições e patrimó- Faria Ribeiro de Oliveira, de Ex-
Tenente-General Alexandre Ma- nio. Comandantes do Regimento e
ria de Castro de Sousa Pinto, A efeméride contou com a dos Presidentes das Juntas de
Governador Militar de Lisboa. presença do Presidente da Câ- Freguesia locais, entre diversas
Esta data tem como referên- mara Municipal de Sintra, Ex.mo outras Entidades militares, civis
cia o estabelecimento do Coman- Senhor Doutor Fernando Seara, e das Forças de Segurança.
II Na parada D. João VI, perante
a Formatura do Regimento, de-
correu uma cerimónia de home-
nagem aos mortos em defesa da
Pátria, onde foi deposta uma co-
roa de flores e onde foram evoca-
dos os militares das numerosas
Unidades que foram mobilizados
para o ex-Ultramar Português pe-
lo Regimento de Artilharia Antiaé-
rea Fixa, numa participação alar-
gada deste Regimento por terras
de aquém e além-mar.
O Comandante Interino do
Regimento, Tenente-Coronel de

Boletim da Artilharia Antiaérea


NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Artilharia Raul Manuel Sequeira corações aos militares do Regi- da Força Aérea Portuguesa, loca-
Rebelo, proferiu uma alocução mento, as forças em parada des- lizada em Sintra. Os convidados
onde enunciou as principais ac- filaram com o seu Estandarte tiveram ainda oportunidade de
ções realizadas, traçou as linhas Nacional, ostentando as Conde- visitar uma exposição de diversos
orientadoras das actividades fu- corações da Ordem Militar da modelos, no ginásio do Regimen-
turas e enfatizou algumas das Torre e Espada, do Valor Leal- to, patrocinada pela Federação
expectativas que o Regimento dade e Mérito e da Cruz de Guer- Portuguesa de Aeromodelismo.
gostaria de ver concretizadas: "o ra de 1ª Classe, acompanhado dos Pela ocasião, foi inaugurado
aprontamento de mais um Pe- Estandartes à guarda do Regi- pelo Ex.mo Governador Militar de
lotão Chaparral pelas Oficinas mento de Artilharia Antiaérea Lisboa o Salão Nobre do Regi-
Gerais de Material de Engenha- N.º 1: os extintos Regimento de mento, baptizado Salão Infante
ria, com vista a completar o Artilharia Antiaérea Fixa, Centro D. Afonso, totalmente recuperado,
encargo operacional que nos foi de Instrução de Artilharia Antiaé- ostentando agora o espólio histó-
estabelecido, e a entrega dos ra- rea de Cascais e Regimento de rico do RAAF, do CIAAC e do
dares e rádios ao Regimento que, Artilharia de Costa. A escolta foi RAC. Neste Salão foi apresentado
embora em menor número rela- formada pelos alunos do Curso oficialmente, pelo Comandante
tivamente ao planeamento ini- de Formação de Sargentos de Interino do Regimento, o Boletim
cial, não deixam de merecer uma Artilharia e por um Pelotão da Anual da Artilharia Antiaérea, Ór-
grande premência, face à situa- Bateria de Artilharia Antiaérea. gão de Informação e Divulgação
ção actual dos sistemas em utili- Após o desfile das forças em do RAAA1, e o Regulamento da
zação". parada, assistiu-se a uma actua- Bateria de Artilharia Antiaérea,
Foi lida uma mensagem do ção da Banda do Exército e, no recentemente aprovado por des-
Excelentíssimo Tenente-General, âmbito dos Alvos Aéreos, a uma pacho do Ex.mo General CEME,
Director Honorário da Arma de demonstração de aeromodelis- ampliando e consolidando o edifí-
Artilharia, alusiva à efeméride, de mo com o voo de um helicóptero cio doutrinário nacional, enrique-
que se transcreve: "um profundo modelo JR-46, rádio controlado, cido já com o Regulamento de
reconhecimento por todas as operado pelo Tenente-Coronel Táctica de Artilharia Antiaérea e
acções desenvolvidas e o meu de Infantaria João Otílio Passos com o Regulamento de Comando
apelo e incentivo para que con- Gonçalves, praticante da moda- e Controlo do Espaço Aéreo.
tinuem nesta senda, para bem da lidade desde 1990, actual tri- As comemorações culmina-
Artilharia e do Exército a que -campeão nacional na classe F3C ram com uma demonstração e
todos temos orgulho de pertencer". e membro do clube "Aeromania" desfile mecanizado do encargo
Após a imposição de conde- que opera na Base Aérea N.º 1 operacional do Regimento.

Tomada de posse do Comandante do


Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1
Em 11Nov02, tomou posse do cio, a BAAA levantada no RASP,
Comando do Regimento de Arti- ainda em 1986, função que exer-
lharia Antiaérea N.º 1, o Coronel ceu até 1990. Posteriormente, de- III
de Artilharia Raul Manuel Se- sempenhou funções no QG/BMI e
queira Rebelo, nomeado por es- na DivOper/EME, foi professor do Leavenworth, USA (98/99), o In-
colha, por despacho de 30 de Ou- IAEM de 1995 a 2000, e exerceu telligence Officers Course, em
tubro de 2002 do GenCEME, na o cargo de 2º Comandante do Fort Huachuca, USA (1990), o
sequência do exercício de fun- RAAA1 até Agosto de 2002. ACE Staff Orientation Course na
ções, que vinha exercendo como Para além da licenciatura em NATO (S) School, Oberammer-
Comandante Interino, desde Ciências Militares (76/81), possui gau, Alemanha, o Certificate of
05Ago02. numerosos cursos civis e milita- Proficiency in English pela Uni-
O Coronel de Artilharia Raul res em Portugal e no estrangeiro, versidade de Cambridge, o Mes-
Rebelo terminou a Academia Mi- onde se destacam o Curso de trado em Ciências de Gestão
litar em 1981, e foi colocado na Estado Maior no IAEM (91/93), o pelo ST. Mary College, Kansas,
EPA até 1985. Tendo assumido Estágio de Estados-Maiores Con- USA, e o Master in Business
funções no CIAAC a partir de juntos no IDN, o Command and Administration (MBA) pela Eu-
1985, comandou, desde o seu iní- General Staff Course, em Fort ropean University, Suíça.

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Exercício "RELÂMPAGO 02" de fogos reais


com mísseis de Artilharia Antiaérea
Entre os dias 17 e 21 de No- trabalhos de organização do ter- mo tendo sido bastante satis-
vembro de 2002, o Regimento reno, e a necessidade das forças fatório, sobretudo se for tido em
de Artilharia Antiaérea Nº 1 participantes serem deslocadas conta o espaço que mediou en-
(RAAA1) realizou, em conjuga- para a área 5 dias antes da data tre as duas sessões de fogos
ção com a Bateria de Artilharia prevista para a sessão de fogos reais de Artilharia Antiaérea
Antiaérea da Brigada Mecaniza- reais (21Nov). (apenas um dos apontadores
da Independente (BtrAAA/BMI), Tratando-se de uma sessão presentes nesta sessão tinha
o Exercício "RELÂMPAGO de tiro experimental, com as participado na sessão realizada
2002", o qual teve por finalidade inerentes consequências ao em 1999) e o facto da não exis-
a execução de fogos reais com nível do reforço das medidas de tência de sistemas de simula-
os sistemas míssil SHORAD segurança adoptadas e da re- ção, em que as guarnições tives-
Chaparral e Stinger, que equi- dução do número de observa- sem podido treinar, anteci-
pam as Baterias de Artilharia dores e visitantes, o resultado padamente, a aquisição e o
Antiaérea da Componente Ope- da mesma pode afirmar-se co- seguimento de alvos aéreos.
racional do Sistema de Forças
do Exército.
O exercício teve lugar numa
região conhecida como Fonte dos
Morangos, a qual faz parte de
uma vasta área de pinhal situada
entre as praias de S. Pedro de
Moel e Vieira de Leiria, onde foi
criada uma "carreira de tiro" tem-
porária, implicando a realização
de um conjunto significativo de

Curso de Comando e Controlo do Espaço Aéreo


na Zona de Combate – 2002
No período de 04Nov02 a Estudos da Força
22Nov02, decorreu no RAAA1, o Aérea, do Combi-
Curso de Comando e Controlo do ned Air Opera-
Espaço Aéreo na Zona de Com- tions Centre 10
bate, frequentado por Oficiais Su- (CAOC10), da Es-
periores e Capitães de Infantaria, quadra 301 e do
IV Cavalaria e Artilharia das diversas GALE.
Unidades do Exército. Esta partici-
O curso teve como objectivo, pação estendeu-se à realização do e Controlo do Espaço Aéreo,
habilitar os alunos a desempe- de um exercício conjunto CPX, elaborado no Regimento e apro-
nhar funções de comando e con- que permitiu que os Oficiais tra- vado por despacho de 09 Maio de
trolo do espaço aéreo, nos diver- balhassem um tema, baseado 2002, do GenCEME.
sos escalões tácticos da compo- numa operação ofensiva de uma Ao longo do curso e na
nente terrestre de uma força força conjunta e combinada, com véspera das respectivas sessões,
conjunta, e contou com uma par- incidência própria no comando e as apresentações foram sendo
ticipação alargada da Marinha, controlo do espaço aéreo da disponibilizadas pelos instrutores,
da Força Aérea e do Grupo de componente terrestre, no âmbito on-line, no site do Regimento,
Aviação Ligeira do Exército, com do processo de decisão, para permitindo aos discentes uma
Oficiais respectivamente, do Cen- aquele escalão maior participação e interacção
tro de Instrução de Táctica Naval O programa seguiu a doutrina durante as aulas, através da sua
(CITAN), do Instituto de Altos do novo Regulamento de Coman- preparação prévia.

Boletim da Artilharia Antiaérea


NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Exercício "ENCARGO 02" no Regimento


de Artilharia Antiaérea Nº 1
O Regimento adoptou uma
aproximação modular na arqui-
tectura organizacional daquele
encargo, potenciando e optimi-
zando o seu desenho para satis-
fação dos requisitos estabele-
cidos, concebendo quadros or-
gânicos de suporte, sempre que
estes foram necessários para o
planeamento. Destas acções,
resultaram a constituição e o
aprontamento de um Grupo de
Artilharia Antiaérea Modular,
Chaparral/Stinger, capaz de res-
ponder às diferentes missões
O Governo Militar de Lisboa Em 16 de Janeiro de 2003, no atribuídas.
levou a efeito durante os meses âmbito deste Exercício, decorreu O 2º Comandante do Gover-
de Dezembro de 2002 e Janeiro no RAAA1, o Teste de Prontidão no Militar de Lisboa, Major-
de 2003, o Exercício "Encargo Operacional (ORT) ao Grupo de -General Carlos Camilo, acom-
02", com a finalidade de treinar Artilharia Antiaérea do Sistema panhou o ORT, tendo recebido
e testar os Encargos Opera- de Forças do Exército e às Bate- o Briefing do Comandante do
cionais que lhe estão atribuídos rias de Artilharia Antiaérea, res- Regimento e do respectivo Es-
e avaliar os procedimentos de pectivamente, da Brigada Ligeira tado-Maior, no Posto de Co-
preparação das Forças até ao de Intervenção e da Brigada mando, e presenciado a execu-
início do deslocamento para Aerotransportada Independen- ção do plano de carregamento,
ocupação das áreas de atribui- te, Encargos Operacionais do bem como a formatura de par-
ção de missão. RAAA1. que daquele Grupo modular.

Tirocínio para Oficial de Artilharia – parte Antiaérea


Decorreu no RAAA1, de dades físicas, técnicas e de lide- e de Sistemas de Armas de
06Jan03 a 26Mar02, a Parte Anti- rança e proporcionando os co- Artilharia Antiaérea.
aérea do Tirocínio para Oficial nhecimentos adequados de Arti- Das actividades curriculares,
de Artilharia, frequentado por lharia Antiaérea, por forma a destacam-se um exercício tácti-
nove Aspirantes a Oficial. habilitar os discentes, a desem- co de escalão Bateria, com o
Esta parte do curso tem o penhar as funções de Coman- Sistema Míssil Ligeiro Chaparral
objectivo de complementar a ins- dante de Pelotão, de Adjunto de e o Sistema Míssil Portátil Stin- V
trução ministrada na Academia Comandante de Bateria, de Ins- ger, na vizinhança da Base Aérea
Militar, aperfeiçoando as capaci- trutor dos sistemas de armas e 1, em Sintra, um exercício de
radares de Artilharia fogos reais com Bitubo AA 20mm
Antiaérea e de Adjunto M/81, também na região de
do Oficial de Operações Sintra e uma visita de estudo ao
para a Coordenação do Centro de Operações Aéreas
Espaço Aéreo. O curso Combinado 10 (CAOC 10), em
inclui, entre outras, as Monsanto. Prosseguindo o esfor-
matérias de Táctica de ço que tem vindo a ser desenvol-
Artilharia Antiaérea e de vido, na área de formação, vi-
Radar, de Reconheci- sando o intercâmbio com outros
mento de Aeronaves, de Exércitos, contou-se ainda, com
Comunicações, de Tiro diversas comunicações profe-
de Artilharia Antiaérea ridas por Oficiais estrangeiros.

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Despedida do Pelotão AA para a Força Nacional


a Destacar para Timor Leste
Em 24 de Janeiro de 2003,
decorreu no Regimento de Arti-
lharia Antiaérea N.º 1, a Cerimónia
de Despedida do Pelotão de Arti-
lharia Antiaérea, designado para
integrar o Agrupamento FOX-
TROT/PKF/UNMISET, Força Na-
cional a Destada para Timor Leste
no 2º semestre de 2003, e que reali-
zou o seu aprontamento no RI19.
Os militares que fazem parte
deste Pelotão, que inclui ainda
uma Secção do RA5, foram cri-
teriosamente seleccionados com
base num conjunto de provas lin- Regimento usou da palavra, Dirigindo-se ao Pelotão de
guísticas, físicas e de aptidão téc- realçando a importância deste Artilharia Antiaérea, incentivou-
nica e militar, exigentes, com vista facto para alcançar uma maior -os, também, a encarar este desí-
a garantir a necessária proficiência participação de Unidades de Ar- gnio, em todos os momentos,
e prontidão para o desempenho tilharia, em Operações de Apoio com elevado espírito de missão e
de tão importante missão. à Paz, dando assim corpo, às de responsabilidade, para bem
Em formatura geral, na Para- legitimas aspirações de todos os representar a Artilharia, o Exérci-
da D. João VI, o Comandante do Artilheiros. to e Portugal.

Palestra do Engenheiro Torres Pereira,


Director Comercial do Grupo BCP, no RAAA1
O Engenheiro Institute for International Resear-
Torres Pereira, li- ch e a British Petroleum (BP).
cenciado em En- Na sua eloquente comunica-
genharia Electro- ção, que muito cativou e motivou
técnica pelo Ins- a participativa audiência, o En-
tituto Superior de genheiro Torres Pereira enalte-
Engenharia de Lis- ceu a importância da ética para
VI boa e em Gestão as organizações, que se traduz,
pela Universidade no seu entender, "num conjunto
Nova de Lisboa, de quatro qualidades: a justiça,
conta no seu cur- a prudência, a fortaleza e a tem-
riculum com car- perança"; são estas qualidades
gos em diversas também, virtudes militares a
empresas multina- enaltecer, evidenciando-se as
Em 31 de Janeiro de 2003, o cionais, tais como: a Rank Xerox, Forças Armadas como padrão de
Engenheiro João Torres Baião a Young & Rubican, a McKinsey e referência nas organizações e na
Pereira, Director Comercial do a Time Sharing. Destaca-se ainda, sociedade. No final, o Coman-
Grupo Banco Comercial Portu- a sua vasta actividade como for- dante do Regimento, sob forte
guês, deslocou-se ao RAAA1, mador e conferencista, em diver- aplauso de toda a audiência, as-
para proferir uma palestra su- sos cursos e seminários, de onde sinalou o evento com a oferta de
bordinada ao tema: "Comunica- se realça a Universidade Católica, um livro sobre o Património do
ção e Ética nas Organizações". o Instituto Franco-Portugais, o Exército.

Boletim da Artilharia Antiaérea


NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Jantar do Grupo de Trabalho FOXTROT


da FINABEL no RAAA1
Em 18 de Fevereiro de 2003,
teve lugar na Messe de Oficiais
do Regimento de Artilharia An-
tiaérea Nº 1, no Palacete da Arca-
da – parte integrante do comple-
xo do Palácio Nacional de Queluz
– um jantar do Grupo de Traba-
lho FOXTROT da FINABEL,
que contou com a presença de
todos os Oficiais, nacionais e
estrangeiros, que integram o re-
ferido Painel.
Promovido pelo Estado-
-Maior do Exército, presidiu ao
evento o Ex.mo SubCEME, Ma-
jor-General Eduardo Alberto
Madeira Velasco Martins. que a muito curto prazo passará sim, num dos primeiros edifícios
Engalanando-se para a re- a ter um sistema de luzes, per- do conjunto arquitectónico do
cepção de tão notáveis convida- manente, financiado parcial- Palácio Nacional de Queluz a
dos, o Regimento ensaiou a mente pela Câmara Municipal possuir este tipo de iluminação
iluminação das suas fachadas, de Sintra, constituindo-se as- artística.

Fogos reais de artilharia antiaérea do RAAA1


No dia 12Mar03, o Regimento A sessão de tiro foi executada para o apoio de serviços, perte-
de Artilharia Antiaérea Nº 1 rea- com Metralhadoras Bitubo AA ncentes à Bateria de Artilharia
lizou, na região do Magoito – To- 20mm, sobre balões e alvos aé- Antiaérea e à Bateria de Coman-
jeira, em Sintra, o Exercício de reos tipo Snipe MK 15, tendo sido do e Serviços do Grupo de Ar-
Fogos Reais "Eficácia 031", no empregues, também, outros tilharia Antiaérea, do Regimento.
âmbito da parte Antiaérea do Ti- meios, necessários para o coman- Participaram, ainda, no exer-
rocínio para Oficial de Artilharia. do e controlo, para a vigilância e cício, a Base Aérea Nº 11, com
aeronaves Alfa-Jet, em simula-
ções de ataque, o Comando
Operacional da Força Aérea,
com uma equipa de contro- VII
ladores aéreos, e o Navio da
República Portuguesa (NRP)
"Hidra", que asseguraram a in-
terdição marítima.
No âmbito do intercâmbio
com outros Ramos das Forças
Armadas e na continuação do
esforço que vem sendo feito, para
incentivar e desenvolver a execu-
ção de missões conjuntas com a
Armada e a Força Aérea, assisti-
ram aos fogos reais Oficiais do
NRP "Corte-Real" e da Escola de
Artilharia Naval.

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Encontro no RAAA1 dos oficiais Comandante do


que frequentaram o Curso de CTAT/BAI, MGen
Estado-Maior nos Estados Unidos Avelar de Sousa,
O Regimento de Artilharia mandante do Regimento usou da visita o RAAA1
Antiaérea N.º 1 organizou, em 14 palavra recordando distintos Ofi-
de Março de 2003, um jantar de ciais Generais, que figuram na Em 18 de Março de 2003, o
encontro dos Oficiais graduados galeria dos melhores alunos gra- Major-General Avelar de Sousa,
pelo "Command and General duados pelo "Command and Ge- Comandante do Corpo das Tro-
Staff College" em Fort Leaven- neral Staff College", nomeada- pas Aerotransportadas e da Bri-
worth, nos Estados Unidos da mente o General Pedro Alexandre gada Aerotransportada Inde-
América, acompanhados pelas Gomes Cardoso, ex-GenCEME, pendente, visitou o Regimento
respectivas esposas, que contou que foi um dos mais brilhantes de Artilharia Antiaérea Nº 1,
também com a presença dos Ofi- discentes, entre nacionais e es- que tem a responsabilidade do
ciais do estado-maior do RAAA1. trangeiros, de Fort Leavenworth. levantamento da Bateria de
Os Oficiais puderam recordar O Tenente-General Ferreira Artilharia Antiaérea daquela
as suas experiências, através de Macedo, Oficial mais antigo pre- Grande Unidade.
uma exposição fotográfica, na sente, brindou aos convidados e Esta visita permitiu ao Co-
Sala D. Manuel II do Palacete da ao Regimento, pela ideia e orga- mandante da BAI, um conheci-
Arcada, patrocinada pelos par- nização, apelando a que estes mento mais profundo do Regi-
ticipantes. encontros se realizassem no futu- mento, nomeadamente, a sua
Durante o jantar, que teve ro, dando continuidade a esta história, as tarefas que vem de-
lugar na Messe de Oficiais, o Co- iniciativa. senvolvendo, no âmbito da ins-
trução de quadros, e os diferen-
tes exercícios que vem execu-
RAAA 1 – 60 anos de Artilharia tando, de aprontamento do
Antiaérea em Portugal encargo operacional.
Neste encontro, foram acer-
tadas as linhas de acção a de-
senvolver, com vista a ministrar
a especialidade de míssil AAA
às Praças já habilitadas com o
curso de pára-quedismo.

VIII

Em 1940, a II Guerra Mundial do dispositivo a estabelecer, di- de 1948, é transformado em Re-


levou o Governo Português a rigida pelo General Anacleto dos gimento de Artilharia Antiaérea
encarar com carácter de urgên- Santos, Director da Arma de Fixa e transferido da Penha de
cia, o estudo da defesa antiaérea Artilharia, que viria a apresentar França para Queluz, em 15 de
de Lisboa, face à evidência da a sua proposta definitiva, em 10 Setembro desse mesmo ano.
vulnerabilidade do País perante de Maio de 1941. Reportando assim, ao ano de
as novas ameaças aéreas. Em 01 de Outubro de 1943, 1943, são 60 anos de Artilharia
Pela então, designada Majoria entra em actividade o Comando Antiaérea em Portugal, que o
General do Exército, foi nomea- da Artilharia da Defesa Antiaérea RAAA1, único Regimento de
da uma comissão para o estudo de Lisboa que, em 01 de Janeiro Artilharia Antiaérea do País, vai

Boletim da Artilharia Antiaérea


NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

comemorar ao longo do presente Antiaérea" e era distribuído o to, a organização de um semi-


ano, com um conjunto de acti- autocolante comemorativo deste nário, com a participação de
vidades, que foram apresentadas aniversário. Tomando a palavra, o Oficiais estrangeiros, e a reali-
numa sessão organizada no seu Comandante do Regimento apre- zação de uma cerimónia evoca-
Quartel, em Queluz, no dia 21 de sentou as tradições militares her- tiva da história da Artilharia
Março, perante uma vasta e no- dadas do RAAF e do CIAAC. Fo- Antiaérea em Portugal, a ter lu-
tável audiência de Artilheiros. ram salientados também, alguns gar no Dia do Regimento, em 01
Presidida pelo Ex.mo TGen dos trabalhos desenvolvidos no de Outubro.
Abrantes dos Santos, Director Regimento já neste milénio, no Foi também, lançada a nova
Honorário da Arma de Artilharia, âmbito doutrinário, de que se página de Internet do RAAA1 e
assistiram a esta apresentação: o a edição de 2003 do CD multi-
Ex.mo General Loureiro dos San- média "Artilharia Antiaérea",
tos, o Ex.mo General Espírito integralmente produzidos no
Santo, o Ex.mo TGen Faria Leal, Regimento, este último conten-
o Ex.mo TGen Samuel Matias do apelativas sessões didác-
do Amaral, o Ex.mo TGen Bel- ticas sobre táctica e técnica
chior Vieira, o Ex.mo MGen de AAA.
Pinto Ramalho, o Ex.mo MGen No encerramento da ses-
Canelas, o Ex.mo MGen Freire são, o Comandante do Re-
Nogueira e o Ex.mo MGen Rui gimento apresentou como te-
Reis. Estiveram também, pre- ma de reflexão: "Novos Vectores
sentes ex-Comandantes do Emergentes no Espectro da
CIAAC e do RAAA1, bem como Ameaça", tendo como referência e
uma representação alargada de como marco histórico, os acon-
Oficiais de Artilharia do Instituto tecimentos de 11 de Setembro de
de Altos Estudos Militares, da destaca a publicação de dois Re- 2001, que estabeleceram defini-
Academia Militar e de outras gulamentos, o envio para aprova- tivamente o carácter inconstante,
Unidades e Órgãos do Governo ção de um terceiro, e a prepara- volúvel e descompassado das no-
Militar de Lisboa. O Ex.mo TGen ção do projecto de um outro. vas ameaças. Estes desafios e
Governador Militar de Lisboa, Para assinalar os 60 anos da riscos induzidos deverão even-
abriu a sessão, dando as boas Artilharia Antiaérea em Portugal, tualmente, merecer a atenção das
vindas a tão ilustres Artilheiros. foi anunciada uma edição espe- autoridades nacionais, para as
Enquanto os convidados ocu- cial do Boletim da Artilharia An- questões prementes da configu-
pavam os seus lugares, passava o tiaérea, o lançamento de uma ração da defesa aérea em Portu-
filme "Fogos Reais de Artilharia medalha comemorativa do even- gal, na actualidade.

Dr.ª Fátima Campos Ferreira no RAAA1


No passado dia 02 de Abril de Assistiu também, à comuni-
2003, a Dr.a Fátima Campos Fer- cação, o Ex.mo General Loureiro IX
reira, Jornalista da Rádio Tele- dos Santos, que, para além de
visão Portuguesa, deslocou-se ao ser oriundo da Arma de Artilha-
Regimento de Artilharia Antia- ria, foi Comandante do Centro
érea Nº 1, para proferir uma pa- de Instrução de Artilharia Anti-
lestra subordinada ao tema: "A aérea de Cascais, actualmente,
Comunicação Social e as Forças Destacamento do Regimento de
Armadas". Artilharia Antiaérea N.º 1.
Esta conferência inseriu-se no A Dr.a Fátima Campos Fer- vre do Porto de 1982 a 1987, e vem
ciclo de apresentações que se têm reira, é licenciada em História pela leccionando jornalismo na Uni-
vindo a realizar no RAAA1, sobre Faculdade de Letras da Uni- versidade Lusófona desde 1996.
comunicação e ética, como forma versidade do Porto e em Jorna- Há cerca de 17 anos que trabalha
de desenvolver a cultura geral lismo pela Escola Superior de na RTP, tendo sido responsável
militar dos Oficiais e Sargentos Jornalismo do Porto. Foi docente por diversos programas como
que servem no Regimento. de História na Universidade Li- repórter, editora e apresentadora.

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Faleceu o Tenente-General Themudo As nossas raízes e


Barata ex-Comandante do RAAF cultura são cristãs
que o Regimento de Artilharia
Antiaérea N.º 1 herdou as tradi-
ções militares e património.
O Tenente-General Themudo
Barata era Presidente da Socie-
dade Histórica da Independência
de Portugal e da Comissão Por-
tuguesa de História Militar, do Foi assim que o Comandante
Ministério da Defesa e desem- do RAAA1 convidou os seus mili-
penhava ainda funções de Vice- tares e civis a participarem numa
-Presidente da Comissão Inter- reflexão humana e cristã, por oca-
nacional de História Militar. sião da Páscoa. E a adesão foi to-
O Regimento de Artilharia An- tal. Para os crentes foi um reviver
Em 25 de Abril de 2003, fa- tiaérea N.º 1 prestou uma última da Fé e para os mais cépticos ou
leceu em Lisboa, aos 83 anos, o homenagem ao seu antigo Coman- indiferentes foi um experiência
Tenente-General Manuel Freire dante, com a presença de uma que, no final da celebração, tão
Themudo Barata, Ilustre Co- representação, na missa de corpo- bem agradeceram "obrigado, ca-
mandante do Regimento de Ar- presente, na Igreja de S. Vicente pelão, por esta oportunidade de
tilharia Antiaérea Fixa, entre de Fora, em Lisboa, e no funeral, reflexão e caminhada humana e
28Out68 e 16Jul71, Unidade de em Estarreja, de onde era natural. cristã que bem precisava".

Exercício "RELÂMPAGO 03" de fogos reais


com mísseis de Artilharia Antiaérea
Entre os dias 04 e 09 de Maio Sistema de Forças do Exército.
de 2003, o Regimento de Arti- O exercício teve lugar numa
lharia Antiaérea Nº 1 (RAAA1) região conhecida como Fonte dos
realizou, conjuntamente com a Morangos, a qual faz parte de
Bateria de Artilharia Antiaérea uma vasta área de pinhal, situada
da Brigada Mecanizada Indepen- entre as praias de S. Pedro de
dente (BtrAAA/BMI), o Exer- Moel e Vieira de Leiria, onde foi
cício "RELÂMPAGO 2003", o criada uma "carreira de tiro" tem- sessão de fogos reais (08Mai).
qual teve por finalidade a exe- porária, implicando a realização Tratando-se de uma sessão
cução de fogos reais com os de um conjunto significativo de de tiro experimental, esta decor-
sistemas míssil SHORAD (Short trabalhos de organização do ter- reu com assinalável êxito, sobre-
Range Air Defense) Chaparral e reno, pelas forças participantes, tudo se for tida em conta a ine-
X Stinger, que equipam as unida- que se deslocaram para a área 5 xistência de sistemas de simula-
des de Artilharia Antiaérea do dias antes da data prevista para a ção, que permitissem o treino
prévio de aquisição e seguimento
de alvos aéreos.
O evento contou com a pre-
sença de S.Ex.a o General CEME,
tendo como Oficial Supervisor, o
Comandante Operacional das
Forças Terrestres, Tenente Gene-
ral António Marques Abrantes
dos Santos e como Oficial Direc-
tor do Exercício o Comandante
do Regimento de Artilharia Anti-
aérea N.º 1, Coronel de Artilharia,
Raul Manuel Sequeira Rebelo.

Boletim da Artilharia Antiaérea


NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

O RAAA1 na XLV Peregrinação Militar


Internacional de Lourdes
Realizou-se de 15 a 20 Maio de
2003, em Lourdes, a XLV PE-
REGRINAÇÃO MILITAR IN-
TERNACIONAL, cuja represen-
tação nacional foi presidida pelo
Ex.mo Tenente-General Alexan-
dre Maria de Castro de Sousa
Pinto, Governador Militar de Lis-
boa, em representação de Sua
Ex.a o Ministro da Defesa Nacio-
nal e do Ex.mo Almirante Chefe
do Estado Maior General das
Forças Armadas.
O RAAA1 participou nesta pe-
regrinação, com o Major António
Joaquim Filipe Lobo, que acom-
panhou, como oficial de ligação,
o Ex.mo Tenente-General Go- António do Nascimento Pires, ainda a mesma o 1º Cabo RC
vernador Militar de Lisboa, bem que comandou a Fanfarra for- Márcio Cruz e o Soldado RV
como com o 1º Sargento QBFE mada para o efeito, integrando Samuel Ferreira.

Exercício S. Jorge 03 no Regimento


de Artilharia Antiaérea N.º1
No dia 03 de Junho de 2003, situações, em que cerca de 20 mento, uma vasta equipa do
realizou-se no Regimento de militares do Regimento, com Serviço Nacional de Bombeiros
Artilharia Antiaérea N.º 1 o exer- ferimentos graves de múltipla e Protecção Civil (SNBPC), di-
cício LIVEX-FTX, no âmbito do natureza, encontravam-se encar- rigida pelo Senhor Emílio Cor-
S. Jorge 2003, do Governo Militar cerados sob escombros, em edi- reia, Comandante dos Bombei-
de Lisboa. fícios parcialmente destruídos e ros Voluntários de Queluz, que
Tendo como cenário a ocor- com acessos difíceis. incluía um total de 62 elementos
rência de um sismo, com epicen- Participou neste exercício, de diferentes Corporações de
tro na região de Vila Franca de para além do Estado-Maior e Bombeiros, 4 Equipas Cinoté-
Xira, foram simuladas diversas do Pelotão Sanitário do Regi- cnicas da GNR, 2 Ambulâncias
do RAAA1, 14 Ambulâncias de XI
diversos concelhos e 7 viaturas
de intervenção.
Foi assinalável a cooperação
entre os militares e os elementos
do SNBPC, no "socorro às viti-
mas", facilitada pelo óptimo
entendimento entre o Regimen-
to e os Bombeiros Voluntários de
Queluz, o que relevou também, a
importância da normalização de
procedimentos, na obtenção da
necessária interoperabilidade
entre as diversas instituições, nas
situações de catástrofe.

Outubro 2003
NOTÍCIAS DA ANTIAÉREA

Dia do Centro de Instrução Semana


de Artilharia Antiaérea / RAAA1 do Exército
No dia 13 de Junho de 2003, Cidadela, a anteceder a saída da No período de 22 a 25 de Ju-
Dia de Santo António e da Vila imagem de Santo António para a lho de 2003, foram desenvolvidas
de Cascais, o Centro de Instru- Igreja Matriz. actividades, no Regimento, no
ção de Artilharia Antiaérea, co- No final da manhã realizou- âmbito da Semana do Exército,
memorou o Dia do seu Patrono e -se uma visita ao Museu da Arti- e que constaram de várias visitas
o seu 10º aniversário como lharia Antiaérea e às muralhas guiadas a escolas, associações de
Destacamento do Regimento de da fortaleza, a que se seguiu um reformados e grupos paroquiais,
Artilharia Antiaérea N.º 1. almoço convívio, na esplanada das diversas freguesias do Con-
Pelas 09h30, o Capelão do do Quartel. celho de Sintra, nomeadamente,
Regimento e o Prior da Paróquia À tarde, efectuou-se a tradi- a Associação "Projecto Crescer",
de Cascais, Sr. Padre Raul Cardo- cional Procissão de Santo Antó- Associação de Reformados de
so, concelebraram uma missa na nio, pelas ruas da Vila de Cascais, Massamá e o ATL de Massamá,
Capela de N. Sr.a. da Vitória, na tendo a imagem do Santo sido à exposição estática de equipa-
transportada, como é tradi- mentos de Artilharia Antiaérea,
ção, numa égua branca, com actualmente ao serviço do Exér-
os militares da Guarda de cito. Visitaram também o Salão
Honra trajados com unifor- Nobre Infante D. Afonso, que
mes da Guerra Peninsular. encerra, em si, não só grande par-
Durante toda a semana, te da história da componente
foi aberta ao público uma antiaérea da Artilharia, como
exposição sobre a Nossa também do Palacete da Arcada,
Senhora do Cabo Espichel, onde se encontra aquartelado o
na sala Cisterna. RAAA1.
É também de realçar, que
algumas associações e entidades
Visita ao RAAA1 de Cadetes da ligadas ao meio cultural do Con-
Academia das Agulhas Negras celho de Sintra, assistiram à
Audição Final do 29º Curso de
No período de 12 a 19 Formação de Sargentos/Bandas
de Julho de 2003, no âm- e Fanfarras do Exército, que de-
bito do Plano de Intercâm- correu de forma harmoniosa e
bios entre Academias, visi- profissional, objecto de singelos e
taram a Academia Militar, meritórios elogios, por parte da
dois Cadetes pertencentes plateia.
à Academia Agulhas Ne-
gras, do Brasil.
XII No respectivo planea-
mento da estadia, esteve
contemplada uma visita
ao Regimento de Artilha-
ria Antiaérea N.º 1, no dia Oficiais que prestam serviço no
14 de Julho do mesmo ano, onde RAAA 1.
tiveram a oportunidade de visitar Serve esta visita para estrei-
a Jóia Arquitectónica do Palácio tar os laços profissionais e de ami-
de Queluz, o Palacete da Arcada, zade que perduram à séculos en-
que encerra em si uma vasta his- tre estes dois países, assim como
tória dos nossos antepassados. discutir pensamentos e ideias
Após uma visita guiada, pelo Re- inerentes a cada uma das cultu-
gimento, seguiu-se um almoço, ras, tornando-se necessária, cada
que contou com a presença do vez mais, a relação militar com os
mui ilustre Comandante, e dos países de Língua Portuguesa.

Boletim da Artilharia Antiaérea


REGIMENTO DE ARTILHARIA ANTIAÉREA N.º 1

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