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CCT ou CFT o analista Pedro Paulo Rezende traz importante matéria sobre o
Request for Proposal apresentado pela Marinha do Brasil
A partir da direita.
a - Projeto alemão MEKO 200,
b- Fragata Almirante Gorshkov (Rússia),
c - Classe Lafayette Naval Group (frança), e,
d - Type 054A China
Por Pedro Paulo Rezende
Fragatas em lugar de corvetas para a Marinha do Brasil? Tudo dependerá da
relação custo-benefício. Os requerimentos emitidos em cerimônia na Escola Naval,
no dia 19 de dezembro, são extremamente amplos e podem dotar a esquadra com
sistemas bem mais capazes que o desenho original preparado pela EMGEPRON
para o Programa Tamandaré.
Em boa parte, reconhecem os anseios de um segmento do Almirantado que
desejava dar prosseguimento ao Programa de Obtenção de Meios de Superfície
(PROSUPER), que, originalmente, priorizava a aquisição de cinco escoltas de 6 mil
toneladas, em lugar de partir para a construção de navios de 2.800 toneladas.
Na visão deste grupo, os interesses brasileiros cobrem todo o oceano até a costa
da África, o que abrange a totalidade dos países que firmaram o acordo da Zona de
Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS).
O projeto preparado pela EMGEPRON para a Tamandaré é um desenvolvimento
da corveta V-34 Barroso, que se encontra em serviço desde 2008 e já cumpriu com
sucesso uma missão importante: ser a nau-capitânia do componente naval da
Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), substituindo a fragata União,
da Classe Niterói. É o primeiro desenho brasileiro desenvolvido para o moderno
método de montagem modular. Em lugar de se construir um casco inteiriço em uma
doca, ele é fabricado em conjuntos semiprontos com os equipamentos já
instalados. Isto acelera e permite maior controle de qualidade o processo.
Ao preço unitário de US$ 300 milhões, o navio apresenta grandes
aperfeiçoamentos em comparação à Barroso, mas sofre limitações em função do
tamanho reduzido. A superestrutura foi deslocada para trás e o pesado canhão de
4,5 polegadas deu lugar a um OTO-Melara, de projeto italiano, de 76 mm. Com a
economia de peso e o maior espaço, a ENGEPRON instalou dois conjuntos de
quatro células de lançamento vertical de mísseis MBDA CAMM-M SeaSceptor, de
projeto britânico, com 25 quilômetros de alcance, superior ao sistema ASPIDE
usado nas fragatas da Classe Niterói.
O conjunto de armas ainda inclui um canhão de 40 mm BAE-Bofors Trinity, sueco,
duas metralhadoras .50 belgas, dois lança-torpedos antissubmarinos triplos Mk46,
estadunidenses, e quatro mísseis antinavio MAN-SUP, de fabricação nacional, ou
Exocet MM40, da MBDA. O sistema de propulsão previsto abrange o uso de
motores dieseis. O convoo e o hangar possuem capacidade de operar helicópteros
Sikorsky SH-60 Seahawk norte-americanos (veja mais em Corvetas para a Marinha
doBrasil uma decisão realista Link)
Revisão nos requerimentos
Ao emitir o requerimento para informações (RFI, na sigla em inglês), a Marinha do
Brasil abriu aos concorrentes a possibilidade de oferecer produtos próprios dentro
da faixa de preço previsto para a Tamandaré. O resultado foi a ampliação dos
requisitos técnicos de maneira a abrigar projetos bem mais potentes que o
desenvolvido pela EMGEPRON. A faixa de deslocamento, agora, varia de 2.900
toneladas a 4 mil toneladas. Só para dar uma ideia, as fragatas da Classe Niterói,
as mais modernas da esquadra, deslocam 3.900 toneladas a plena carga. Navios
extremamente interessantes enquadram-se nesta categoria e já se prevê que será
grande o número de candidatos que irão oferecer produtos nesta classe como
alternativa ao desenho proposto como ponto de partida pela Marinha do Brasil.
Transcrição do material apresentado pela Marinha do Brasil, no dia 19DEZ2018,
conteúdo integral.
Os concorrentes podem optar por apresentar seu próprio desenho (N ou concorrer
com o projeto da EMGEPRON (CCT). Na classe de 4 mil toneladas, Alemanha,
China, Coreia, França, Índia e Rússia fabricam embarcações com desempenho e
armamento superior ao desejado pela Marinha do Brasil, potencialmente colocando
o poder naval nacional em posição de ponta no continente. Na atualidade, a
armada mais poderosa da América do Sul é a chilena.
Formada por uma mescla de navios holandeses e britânicos fabricados nas
décadas de 1980 e 1990, ela agora enfrenta um processo de obsolescência em
bloco. Seus navios mais modernos são duas fragatas britânicas Type 23. Com mais
de 20 anos de uso (foram incorporadas pela Marinha Real em 1990 e 1991) e 4.900
toneladas de deslocamento elas serão modernizadas com os mesmos
equipamentos previstos para a Tamandaré.
Limitação
O radar selecionado pela Marinha do Brasil é o ARTISAN. Fabricado pela
Leonardo, com vigilância 3D além do horizonte, possui varredura mecânica (um
anacronismo) e pode detectar até 100 alvos a 100 quilômetros. Ele foi padronizado
pela Marinha Real para seus dois navios aeródromos e para as fragatas Type 26,
que substituirão parcialmente as Type 23 no futuro. A principal razão para sua
escolha está na economia de peso. A posição do exaustor dos motores dieseis na
Tamandaré (a tradicional chaminé) é alta, exigindo grandes mastros para os
sistemas de detecção e combate.
Originalmente, pretendia-se empregar um sistema de varredura eletrônica ativa
(AESA) ou passiva (PESA) integrada, como nos I-MAST projetados pela Thales.
Hoje, há um grande esforço de cooperação entre a Leonardo e a BRADAR,
empresa do grupo EMBRAER, no sentido de transferência tecnológica do ARTISAN
e as possibilidades de se revisar esta decisão são remotas.
A seleção do MBDA CAMM-M SeaSceptor como arma antiaérea principal também
implica em uma importante limitação no processo de transferência tecnológica. Ele
usa como lançador padrão o Mk.41 de fabricação americana, o mesmo utilizado
nos contratorpedeiros Arleigh Burke e em outras embarcações dotadas do sistema
AEGIS. Mesmo aliados estadunidenses preferenciais, como a Espanha, o Japão e
o Reino Unido, são obrigados a se submeter a compras diretas. Há uma proposta
para se desenvolver uma versão capaz de ser disparada pelo SYLVER,
desenvolvido para os mísseis ASTER 15 e ASTER 30 (um projeto anglo-franco-
britânico), escolhido pela Marinha do Brasil para os requerimentos do PROSUPER.
Produtos concretos
Por enquanto, seria pura especulação levantar quais dos concorrentes irão preferir
um desenho próprio na categoria de 4 mil toneladas, mas as possibilidades
concretas são fascinantes. A proposta com maior tempo de mercado é a Classe
Lafayette. Desenvolvida pela DCNS (atual Naval Group) para a Marinha Nacional
da França, possui 3.600 toneladas e se caracterizou como a primeira fragata com
características furtivas a ser fabricada em série. No total, 20 navios foram supridos
a quatro países (foram exportados para a Arábia Saudita, Singapura e Taiwan).
Concebidas para empregar o ASTER, poderiam dar à Marinha do Brasil uma inédita
capacidade de defesa de área.
O grupo Thyssen também possui tradição no mercado com a classe MEKO A-200,
projetada pela Blohm+Voss. De desenho furtivo, foi vendida em seis unidades
(quatro para a África do Sul e duas, com mais duas opções, para a Argélia). Elas
foram desenvolvidas a partir da experiência de 25 fragatas tradicionais da classe
MEKO-200, operadas pelas marinhas da Austrália, Grécia, Nova Zelândia, Portugal
e Turquia.
Os representantes da Goa Shipyard Limited (GSL) acreditam que a posição da
Índia como grande consumidor de equipamentos ocidentais favoreceria um
desenvolvimento de sua fragata Talwar com os sistemas e armamentos previstos
pelo Programa Tamandaré. Derivado do projeto russo Krivak V, de projeto russo, o
produto indiano seria construído em módulos.
Por sua vez, os russos, representados pela Rosoboronexport, avaliam três
possibilidades: o projeto original da EMGEPRON, um derivativo da Admiral
Gorshkov (sua fragata mais moderna) com os sistemas propostos pelo RFP, que
seria integralmente fabricado no Brasil, e uma alternativa adicional com sistemas de
detecção AESA e mísseis antiaéreos russos S-300N ou S-400N. Neste último caso,
seriam capazes de rivalizar, em muitos pontos, com os navios da Marinha dos
Estados Unidos que empregam o sistema AEGIS.
Outra possibilidade real seria a apresentação de fragatas Type 054A pelo Estaleiro
Wuhu, da China. São navios extremamente bem equipados e similares às Lafayette
em muitos sentidos. Em sua versão original levam 32 mísseis HQ-16 de defesa de
área e possuem muito espaço para desenvolvimentos futuros com armamentos
ocidentais.
Sem produtos prontos, mas com projetos desenvolvidos, os estaleiros Posco
Daewoo, da Coreia do Sul, e a NAVANTIA, da Espanha, poderiam integrar esta
lista com um derivativo do KDX-1, contratorpedeiro desenvolvido na década de
1990, e a fragata LF-4000.
Motorização
A Marinha do Brasil também abriu o leque nos requerimentos de motorização.
Todos os sistemas motrizes em uso podem, agora, ser oferecidos pelos
concorrentes. A gama inclui métodos extremamente avançados, como o uso de
turbinas a gás para a geração de energia para motores elétricos, ou tradicionais,
principalmente a combinação de turbinas a gás e motores dieseis (CODOG), como
os empregados nas fragatas da Classe Niterói e nas corvetas das classes Inhaúma
e Barroso.
Transcrição dos sistemas de motorização aceitos pela Marinha do Brasil.
CODAD - Combined Diesel and Diesel
CODOG - Combined Diesel or Gas
CODAE - Combined Diesel and Electric
CODOE - Combined Diesel or Electric
CODAG - Combined Diesel and Gas
O RFP para as corvetas, em suma, partiu de uma proposta limitada e restrita para
se tornar algo extremamente abrangente. A decisão, agora, irá depender dos
preços e dos benefícios oferecidos pelos concorrentes e pode dotar a Marinha do
Brasil de um núcleo extremamente efetivo e moderno.
A retirada do RFP por representantes credenciados dos concorrentes tem o prazo
até o dia 19 Janeiro 2018.
DefesaNet
FRAGATA MEKO A-200
Fragata de classe MEKO A200 Alemã, desloca 3.400 toneladas a plena carga.
O armamento das MEKO A200 AN é pesado:
1x Oto Melara 127/64 LW 127mm
(possivelmente com munição VULCANO)
2x MSI 30mm
16x mísseis antinavio SAAB RBS 15 Mk3
32x VLS para mísseis antiaéreos Denel
Umkhonto-IR
2x lançadores de torpedo MU90
4x lançadores Rheinmetall MASS de
despistadores
2x sistemas de contramedidas acústicas
WASS/Finmeccanica MORPHEUS
A suíte de sensores inclui:
Radar de vigilância SAAB Sea Giraffe AMB 3-D
Sonar de casco Thales UMS4132 Kingklip
Radar de direção de tiro/alça optrônica SAAB CEROS 200
ENGEPROM
INGLATERRA
A Steller Systems oferece outra opção para o projeto de fragata
Type 31