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Ano IV / No 16 - 1o de setembro de 2002

EDITORIAL
No Corpo de Fuzileiros Navais , “dedicação ao serviço e amor à Pátria” é mais do que uma simples frase de efeito, é razão
e motivo de nosso trabalho.
Após intenso trabalho de divulgação, constatamos um significativo aumento no número de participações e respostas às
solicitações encaminhadas por este periódico, o que , sem dúvidas, expressou profissionalismo e competência por parte de
todos os que atenderam ao chamamento.
Neste número trazemos informações sobre: Equipagem individual do combatente anfíbio, Sistemas de limpeza de campos
minados, Equipamentos de engenharia, Equipamentos de salto livre e Guerra de manobra. Esperamos que sirvam de inspiração
para a constante busca do saber naval.
Combatente anfíbio: aproveite este veículo de informação como mais uma possibilidade que você tem de construir o
nosso querido e glorioso Corpo de Fuzileiros Navais. Participe, mande sugestões, estamos prontos para saber o que você
pensa.
Envie qualquer contribuição diretamente ao Departamento de Estudos e Pesquisa do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros
Navais pelo MBMail (30@comcfn), Internet (30@cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal da Marinha.
ADSUMUS

Esteira
Mobi-Mat
Atualmente o Batalhão de
Engenharia de Fuzileiros Navais conta
com um importante meio para o apoio às
unidades operativas. Trata-se da esteira
Mobi-Mat, fabricada pela firma francesa
Deschamps.
Confeccionada em material leve e
resistente, é fácil de operar e imprime
maior velocidade nas fainas
desenvolvidas pela Companhia de
Apoio ao Desembarque, agilizando o
desembarque das viaturas sobre rodas
e de pallets.
A esteira Mobi-Mat vem substituir
um antigo protótipo nacional,
confeccionado em fibra de vidro que, apesar da grande contribuição ao CFN, possuía diversas restrições e chegou ao final de
sua vida útil no ano de 1997.
A nova esteira pode ser transportada a braço por 08 militares, dispensando o uso de viaturas para o seu lançamento, ao
contrário do que ocorria com o Equipamento Veicular Lançador de Esteiras (EVLE). Sendo assim ocupa espaço reduzido nas
Embarcações de Desembarque e possibilita o recolhimento em um espaço de tempo significativamente menor do que o EVLE e
a antiga esteira de fibra de vidro.

PONTUAÇÃO PARCIAL
Abaixo publicamos a atual classificação do prêmio “Ancoras e Fuzis” nas categorias: individual e OM, relembrando que
apenas estamos começando as apurações. Participe contamos com você!

INDIVIDUAL OM
1º - 2º TEN-FELIX (1ºBtlInfFuzNav).................18 PONTOS 1º - 1ºBtlInfFuzNav.....28 PONTOS
2º - 2º TEN-ALESSANDRO (1ºBtlInfFuzNav)....9 PONTOS 2º - ComFFE................12 PONTOS
3º - CT-LEMOS (BtlEngFuzNav).........................8 PONTOS 3º - CiaPolBtlNav.........12 PONTOS
4º - CT-COSTA REIS (CiaCC).............................6 PONTOS 4º - CiaCC....................12 PONTOS
5º - 2º TEN-ALEXANDRE (BtlArtFuzNav)........6 PONTOS 5º - BtlEngFuzNav.........8 PONTOS

1
Israel revela o Sistema de limpeza de campos minados “Carpet”
A indústria de armamento de Israel finalmente
revelou detalhes de seu sistema de abertura de
brechas, baseado em artefato de arrebentamento
aéreo (FAE), que está operacional por muitos anos
com o Corpo de Engenheiros da Força Israelense
de Defesa (IDF).
Israel está oferecendo-se para exportar o sistema
de nome “Carpet”. O periódico semanal do Jane’s
Defence, declarou que alguns países tem recebido
informações sobre o sistema, incluindo alguns da
NATO.
O Carpet é montado com um lançador que
contém 20 foguetes, todos montados com cabeças
de combate FAE, na traseira de um carro blindado.
No serviço dos engenheiros de combate israelense o previamente, a partir do final da área alvo. Cada foguete é
Sistema Carpet é, normalmente, montado no “PUMA”, montado com uma extensão de nariz que possui um iniciador
carro de combate de engenharia (AEV), que pode ser de explosão ao impacto.
montado com uma variedade de equipamentos es- O iniciador de explosão ao impacto ativa uma seqüência de
pecializados para as fainas engenheiras e tem um alto nível eventos sobre o campo minado: a parte traseira da unidade
de proteção para permitir que opere na frente do campo separa-se expelindo combustível, para rapidamente formar uma
de batalha. nuvem que subseqüentemente é ativada por dois ignitores e o
Em operações de limpeza de campos minados, o Puma resultado é uma explosão que aciona as minas enterradas.
AEV pode parar a 65 metros da extremidade de um campo
de minas anticarro, de onde o lançador é elevado por O rendimento do trabalho do “Carpet” é de limpar um
controle remoto. máximo de 100 metros em menos de um minuto, seguindo-se
O número de foguetes depende da profundidade do que o Puma AEV entrará no campo minado e usará o rolo
campo de minas a ser limpo. Os foguetes de 46Kg de limpador de minas, existente em sua parte dianteira, para
peso e 1,39m de comprimento, não guiados, são lançados detonar qualquer mina que permaneça.
sobre o campo de minas em um padrão estabelecido JANE’S DEFENCE WEEKLY – Nº 25 – VOL. 37 – 19JUN2002 – PÁG. 38

MAIOR SEGURANÇA NO SALTO LIVRE OPERACIONAL (SLOP)


Uma das tarefas do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais,
”Batalhão Tonelero”, é infiltrar-se em território inimigo por meio de pára-
quedas, utilizando para tal o salto livre a grande altitude (salto livre realizado
em altitudes acima de 12000 pés). Até o ano passado, o Batalhão Tonelero
utilizava o dispositivo de abertura automática FXC modelo 12000, que é um
dispositivo de segurança instalado no pára-quedas reserva, com a finalidade
de comandá-lo em caso de emergência com o pára-quedas principal.
Normalmente, este modelo é utilizado nos equipamentos para a formação de
novos saltadores livres. Entretanto, o emprego do FXC 12000 somente permite
aos saltadores que decolem e saltem em um mesmo local, em relação ao nível
do mar.
Então, como poderia um Grupo de Comandos Anfíbios realizar a tarefa
de decolar de um local com determinada altitude e se infiltrar em outro de
altitude diferente, se o FXC 12000 não permitia tal infiltração?
Foi exatamente no intuito de atender à essa necessidade operacional, de
decolar de um local com determinada altitude e se infiltrar em outro de altitude
diferente, que foi adquirido pelo CFN, o FXC modelo 12000-25(de emprego
militar), com a vantagem de poder ser regulado no solo ou em pleno vôo; uma
vez que o FXC 12000 somente pode ser regulado no solo.
A partir desta importante aquisição por parte do CFN, o Batalhão Tonelero
vem desenvolvendo um contínuo adestramento de salto livre operacional
(SLOP), nas mais longínquas zonas de lançamento de nosso país.

2
Guerra de EQUIPAGEM INDIVIDUAL DO
Manobra COMBATENTE ANFÍBIO
Dando prosseguimento à divulgação do esforço
Vistos os “atributos” da guerra e o
desenvolvido no sentido de dotar o combatente anfíbio
“Ciclo de Boyd” nos números anteriores,
com equipagens que proporcionem maior conforto e
passaremos a apresentar alguns conceitos
que, em seu conjunto, contribuem para a
funcionalidade de seu uso, vamos abordar outros dois
implementação do estilo conhecido como itens que estão sendo estudados pelo setor de material: a
“Guerra de Manobra”, também sem que mochila de assalto e o mosquiteiro individual.
estes representem novidades em relação ao Na tentativa de identificar uma mochila de assalto que
que a muito vem sendo estudado, debatido atendesse às necessidades do CFN, quanto à carga do
e empregado nos conflitos armados, a combatente e aos quesitos de funcionalidade – espe-
saber: cialmente durante o MNT e no ataque –, foram adquiridas
- Centro de Gravidade (CG) – aspecto, para teste as mochilas americanas do tipo MOLLE
material ou não, de suma importância para (Modular Lightweight Load-carrying Equipment). Apesar
o contendor considerando que, caso per- de muito versáteis, proporcionando várias configurações
dido, compromete significativamente suas de uso, e de muito boa qualidade, essas mochilas não se
ações. Do seu centro de gravidade “ema- mostraram adequadas por necessitarem de suspensório
na”, de forma especial, o poder do conten- específico para seu transporte, não sendo possível a
dor impor sua vontade sobre a do inimigo. simples fixação de um módulo de assalto à mochila de
Este pode ser um acidente capital do ter- combate em uso atualmente pelo CFN. Com vistas a sanar
reno, uma determinada unidade ou meio, esse óbice já estão sendo desenvolvidos outros protótipos,
uma capacidade, um aspecto do moral, uma que em breve serão, também, testados por unidades do
determinada liderança. Admite-se a CFN, conforme mostrado na figura a seguir.
existência de CG diferenciados em cada Peça importante para a tropa que atua nas regiões
escalão. ribeirinhas, o mosquiteiro individual provê proteção contra
- Vulnerabilidade Crítica (VC) – aspecto mosquitos e abelhas, entre outros insetos (vespas, ma-
relacionado com o CG que, em conjunto com rimbondos etc.). O modelo que estava em uso no CFN
outros, viabiliza a existência deste como tal, era frágil e pouco prático, não se adaptando bem ao gorro
e pode ser “alcançado” pelo oponente; sua de selva, além de deformar-se facilmente, devido ao
negação resulta na “queda” do CG como material empregado na confecção de seus espaçadores -
“fonte de poder”. Assim, por exemplo, alumínio. A partir dos estudos realizados chegou-se a um
sendo o CG de uma determinada força um
modelo de maior diâmetro, cujos espaçadores foram
sistema de lançadores de foguetes mul-
confeccionados em PVC flexível. Esse novo mosquiteiro,
ticalibre, uma vulnerabilidade crítica poderia
após testes realizados pelo então GptFNMa e pelos
ser uma viatura especializada em de co-
Batalhões Tonelero e Humaitá, foi aprovado, já tendo sido adquirido em
municações com sensores que, hipotetica-
mente, atuasse isolada no terreno e que sua quantidade suficiente para dotar o BtlOpRib.
perda impedisse o emprego eficaz do re-
ferido sistema.
PENSE
“Não pergunte o que o seu país pode fazer por você - pergunte o que
- Superfícies e brechas – conceito que
se assemelha a pontos fortes – superfícies você pode fazer pelo seu país” - John Fitzgerald Kennedy, USA - maio 1961.
– e pontos fracos – brechas, em relação ao Resposta do “Pense” Anterior -“Âncoras e Fuzis nº 15”
oponente, existente sob forma física ou Abaixo publicamos a interpretação do PENSE do último número, enviada
não, de forma que a atuação direta contra pelo Segundo-Tenente (FN) Fábio Felix Ribeiro, do 1ºBatalhão de Infantaria de
uma superfície imporia um embate difícil e Fuzileiros Navais, Batalhão Riachuelo:
prolongado, ao passo que atuando-se nas
O Major General Orlando Ward nos faz concluir que o espírito de corpo pode ser
brechas a oposição seria significativamente cultivado em qualquer situação, seja ela extremamente favorável ou de grandes
inferior. Deste modo, caso uma reconhecida dificuldades. A história nos mostra que tropas em posição inferior logística e tec-
capacidade de combate diurno de um Força nologicamente compensaram o poder de combate inferior com astúcia, dissimulação,
– uma superfície, não fosse espelhada em adaptação, improvisação e principalmente, mantendo seu espírito de corpo e moral
termos do combate noturno – uma brecha, elevados.
uma boa medida seria dar preferência ao Na guerra do Vietnã, por exemplo, em diversos episódios os vietnamitas do norte
combate noturno. não se abateram pelos rigores do combate. Souberam manter a iniciativa e a impulsão
Como veremos nos próximas oportu- das ações ofensivas, mesmo com um significativo número de baixas e sob maciços
nidades os conceitos de CG/VC, superfí- bombardeios aéreos. O cerco a base dos Fuzileiros Navais americanos em Ke Sahn
cies e brechas são importantes para a con- reflete nitidamente esse tipo de situação. A Força Expedicionária Brasileira lutou nos
dução da guerra, empregando-se a filosofia campos da Itália durante a segunda guerra mundial, mostrando coragem e coesão,
mantendo acesa a chama da vitória mesmo em ocasiões nas quais ela parecia
da Guerra de Manobra, uma vez que estes
improvável.
favorecem o emprego judicioso de nossas O espírito de corpo, moral e a firme busca do objetivo certamente serão fortalecidos
forças pelo direcionamento destas para o que nos momentos de dor e incerteza, tornando-se dogmas tão importantes quanto a
é realmente mais importante. tática adotada para conduzir uma tropa à vitória final.

3
FUZILEIROS NAVAIS PELO MUNDO
No período de 13 a 19 de julho de 2002, o Comandante-Geral do CFN participou da Conferência de Comandantes de Corpos de
Fuzileiros Navais, em Washington, EUA, em que estiveram presentes Comandantes de Corpos de Fuzileiros Navais de várias partes
do mundo.
Influenciados por este evento, neste número lançamos esta nova coluna que doravante, apresentará notas sobre os Corpos de
Fuzileiros Navais do mundo, iniciando pelo da Argentina:
Os Fuzileiros Navais argentinos poderão ser empregados em conflitos nacionais, regionais ou internacionais, onde existam
cenários de crise com operações anfíbias convencionais, de limitada duração e objetivo; em operações de assistência humanitária;
de manutenção ou imposição da paz; bem como operações de segurança no interior do território.
Atualmente, existe um plano de modernização dos Fuzileiros Navais argentinos que busca elevar seu nível em quantidade e
qualidade, através da aquisição de
tecnologia moderna. Vários
esforços tem sido realizados para
concentrar meios, com a finalidade
de diminuir a demanda por
serviços, recursos e incrementar
melhoras no adestramento.
No que concerne ao ades-
tramento, tem sido implementado
um plano que leva em conta a
preparação dos Fuzileiros Navais
argentinos em um centro de
adestramento de fuzileiros navais,
emprego de simuladores de armas,
a ênfase no treinamento de
tomada de decisão com simulação,
bem como o desenvolvimento de
habilidades táticas. Os esforços
realizados tem permitido recuperar,
modernizar, reestruturar e in-
crementar a mobilidade aérea e
tática dos Fuzileiros Navais.

DECIDA
A 1ªCiaFuzNav, elemento de manobra do GDB-2,
prossegue, embarcada em M-113 e apoiada pelo
1ºPelCC, para a conquista do Obj b.
Para o cumprimento desta tarefa, o Cmt da
1ªCiaFuzNav decidiu estabelecer uma base de fogos
com o 1ºPelCC, fixar com o 2ºPelFuzNav o inimigo
localizado no Obj b e, com o 1ºPelFuzNav, atacar em
D+1/0530P, na direção SE-NW, para conquistar o Obj
b.
São 0730P e o 1º PelFuzNav, após desencadear o
ataque ao Obj b, encontra-se detido ao sul da LCt
URSO com suas Vtr M-113 destruídas pelas armas
AC inimigas. O Cmt do 2º PelFuzNav reportou que
perdeu um GC e somente tem condições de fixar o
Inimigo por aproximadamente 1 hora. O Cmt do 1ºPelCC
reportou que se encontra com 70% de sua munição e
está ECD desencadear fogos orgânicos dos CC SK105A2S sobre o Obj b. O 3º PelFuzNav, reserva da 1ªCiaFuzNav, encontra-se na
ZAç do 2º PelFuzNav ECD iniciar deslocamento desde já.
Como Comandante da 1ªCiaFuzNav, decida!!!
Resposta do “Decida” Anterior -“Âncoras e Fuzis no 15”
Abaixo transcrevemos uma das soluções recebidas pela nossa redação, proposta pelo 2ºTEN-FN-Alexandre F.
C. Silva Marques:
1) Transposição a viva força imediata;
2) Botes de Assalto ou meios de fortuna. Se estivermos apoiados com VtrAnf, estas seriam usadas;
3) Transposição de oportunidade;
4) Desencadeando uma cortina de fumaça entre os nucleos defensivos inimigos e o RIO DAS LAMENTAÇÕES,
de forma a retirar a observação sobre este;

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