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Ano VI - No 30

02 de agosto de 2005

Editorial
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais apre- de um DstSegEmb para possível emprego na Bolívia, a recente aprova-
senta a 30ª edição de seu periódico Âncoras e Fuzis e ção para aquisições de material para o GptFN HAITI, definindo a nova
ressalta a importância de sua ampla veiculação em silhueta do Fuzileiro Naval, e a visita ao GptFNSa. A coluna Atlântico
todos os círculos hierárquicos das OM de Fuzileiros Sul traz um artigo sobre Ilha de Santa Helena. Na coluna Guerra de
Navais. Este instrumento de divulgação de conheci- Manobra, dois importantes conceitos são abordados. Esta edição traz
mentos, além de conter uma variada gama de infor- também uma chamada para os assuntos que estão em voga nos princi-
mações de interesse de todo o profissional da Guerra pais periódicos especializados em temas militares.
Anfíbia, serve, também, para estimular o estudo de te- As colaborações poderão ser enviadas da seguinte forma: respon-
mas de interesse e fomentar o treinamento de habilidades dendo às situações descritas na coluna DECIDA; remetendo sua inter-
táticas e a prática de processos decisórios sumários. pretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos
Nesta edição, abordaremos os seguintes temas: o emprego do CLAnf artigos sobre temas técnicos ou táticos que sejam de interesse do comba-
na atualidade, UNIMOG - uma lenda alemã, o Corpo de Fuzileiros tente anfíbio. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de
Navais da Tailândia. Além desses, publica-se, também, um novo artigo Pesquisa e Doutrina do Comando-Geral pelo MBMail (3002@comcfn),
sobre condicionamento físico, desta vez sobre a importância do TFM Lotus Notes (cgcfn-3002/comcfn/mar), internet (maantunes@-
no preparo operativo das Forças Armadas. cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal da Marinha.
A coluna “Palavras do Comandante-Geral” aborda a prontificação ADSUMUS!

Palavras do Comandante-Geral
ATIVAÇÃO DO DstSegEmbBOLÍVIA UMA NOVA SILHUETA DO FUZILEIRO NAVAL
Com o propósito de garantir a segurança do nosso Corpo Di- Com a renovação do acordo para a permanência de tropas
plomático em La Paz, Bolívia, e proteger as instalações da Chancelaria brasileiras no HAITI, o CFN vem realizando grandes investimentos na
e da Embaixada (Residência do Embaixador do Brasil) e, ainda, garantir área de material, para a preparação do quarto contingente.
a segurança e evacuar os brasileiros que desejassem abandonar aquele As aquisições têm privilegiado a segurança e o conforto do
país, a Marinha recebeu a tarefa de empregar, de maneira emergencial e Fuzileiro Naval. Segurança, na medida em que está havendo uma ampli-
temporária, Fuzileiros Navais, com um efetivo de 19 militares armados ação da compra de capacetes e coletes à prova de balas, acompanhados
e equipados. Mais uma vez, a estrutura de comando possibilitou res- das respectivas placas balísticas. A segurança já pôde ser comprovada,
ponder prontamente. quando no dia 06JUL2005, nas ruas do Haiti, uma patrulha do
A partir do acionamento, houve uma seleção entre os GptOpFuzNav, embarcada em URUTU, foi engajada por fogos. Um
militares que haviam concluído o Curso Especial para Des- projetil atingiu um FN e não o feriu, pois o mesmo encontrava-se
tacamento de Segurança em Embaixadas. Uma vez selecio- protegido pelo colete e placa balística. O conforto está caracterizado
nados, foram rapidamente reunidos no Batalhão Naval. pelo emprego de material mais leve e melhor adaptável ao corpo,
As ações administrativas previstas como inspeção de permitindo uma adequada distribuição do peso. No-
saúde para missão no exterior, avaliação social, vacina- vos itens de equipagem estão sendo introduzidos,
ção, emissão de passaportes e recebimento de unifor- como joelheira, cotoveleira, coldres e bornais mo-
mes (com a Bandeira Nacional e a inscrição “Fuzileiros dulares.
Navais”) e equipagens especiais, entre as quais es- Trata-se de material moderno, utilizado pelos
tão incluídas 38 unidades de roupas de frio, foram Marines nos atuais campos de batalha. Esta compra só
desencadeadas e comprovou-se a eficácia na foi possível, após uma intervenção junto aos fornecedores,
prontificação do Destacamento. O material ne- uma vez que a produção tem sido destinada às tropas empe-
cessário (rações, armamento, munição, água e nhadas no IRAQUE e AFEGANISTÃO.
equipamentos-rádio) foi rapidamente embar- Assim, começa a surgir uma nova silhueta do Fuzi-
cado em três caminhões UNIMOG. leiro Naval, a partir de 2005.
Desde o acionamento, em 081220P/
JUN, até o pronto, em 091520P/JUN, foram 27 VISITA AO GptFNSa
horas, dentre as quais sete horas de repouso e Dia 30 de junho de 2005, tive a oportunidade de visitar o
vinte horas de trabalho contínuo. Após o pronto, ime- Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador. Foram momentos
diatamente, iniciou-se o Estágio Preparatório para prazerosos para o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros
Destacamento de Segurança em Embaixadas do Bra- Navais passar em revista à Companhia de Honra formada, falar à
sil, envolvendo diversas instruções específicas como Tripulação e visitar as instalações muito bem conservadas do
tiro, familiarização com equipamentos e armamen- nosso Grupamento. Durante a visita contei com a presença do
tos, com vistas às tarefas previstas para o Destaca- Comandante do 2º Distrito Naval, Vice-Almirante João Afonso
mento. Prado Maia de Faria, que comigo partilhou os agradáveis eventos
Assim, o Comandante-Geral, após receber transcorridos naquele dia, culminando em uma reunião na Delega-
“Ordem Verbal”, pode, em 27 horas, reportar ao ção da Associação de Veteranos – sede Salvador, momento de
Comandante da Marinha o cumprimento da viva emoção, onde recordamos o passado e vivenciamos o verda-
prontificação do Destacamento de Segurança de deiro espírito de corpo. Estava também presente a Ala Feminina
Embaixada na Bolívia. que sempre desfila no dia dos Veteranos. No dia 21 de maio de
O Destacamento, presentemente, perma- 2005, esta delegação partiu em três ônibus rumo ao Rio de
nece pronto no Comando-Geral em adestramen- Janeiro para participar do XXXI Encontro de Veteranos no
to e instruções finais. Centro de Instrução Almirante Silvio de Camargo.

1-
Assuntos em Voga
Com o objetivo de incentivar a leitura de periódicos especializados em assuntos militares, o Âncoras e Fuzis faz uma
chamada para alguns artigos recentemente publicados, considerados interessantes para o aprimoramento profissional
dos Fuzileiros Navais. Nesta edição, mostraremos a “MARINE CORPS GAZETTE”, que é um periódico mensal do USMC.

JANEIRO DE 2005 ABRIL DE 2005


“Unidade Central de Operações consegue bons resulta- “As Operações Distribuídas” - Diversas frações de tro-
dos no Iraque” - Durante o verão de 2004, esta Unidade funcio- pa são lançadas na CP, causando dificuldades ao inimigo, pois
nou por mais de 12.000 horas sem nenhuma interrupção signifi- ele não consegue identificar frentes e objetivos para essas fra-
cativa. Trata-se de uma Unidade móvel para realizar atividades ções. Todavia, essas diversas operações possuem objetivos
de Comando e Controle, quando tropas de Fuzileiros Navais individuais claros e o resultado do conjunto consiste em mano-
estão desdobradas no teatro de operações. brar de forma avassaladora sobre um inimigo desorientado e
FEVEREIRO DE 2005 surpreendido.
“Adestramento: Reconstruindo os fundamentos de nos-
so Corpo de Oficiais: um escola básica para o futuro - O USMC
transforma seus recrutas em atletas combatentes com a ajuda
de preparadores físicos reconhecidos profissionalmente”. Dois
artigos que revolucionam o adestramento diário do USMC. A
famosa “Basic School” é posta em cheque e uma nova concep-
ção surge para a formação dos novos oficiais.
MARÇO DE 2005
“Para onde foram todos os coronéis” - Artigo interes-
sante que mostra as dificuldades encontradas pelo USMC devi-
do à concentração de seus Coronéis em funções burocráticas e
longe do “rush” causado pelas funções operativas.

Gestão Contemporânea
Conforme preconiza o EMA-131 MANUAL DE GESTÃO CONTEPORÂNEA da MB, apresentamos um relato do Batalhão
de Viaturas Anfíbias, no qual um problema que perdurava há um bom tempo foi resolvido com engenho e arte.

1T (FN) Marcus Vinícius Braga


Batalhão de Viaturas Anfíbias

Modernização dos Equipamentos de Comunicações para os CLAnf de Primeira Geração


No ano de 2002, o CMatFN adquiriu equipamentos rádi- sidade para a montagem dos demais cabos: os conectores
os TADIRAN RT-7330S, AM-7350, C-7300, Antenas MK1-4242 AMPHENOL, responsáveis pela conexão das estações do co-
e os equipamentos de intercomunicação, AM-7162, C-11133, C- mandante da viatura e do comandante da tropa com o rádio RT-
11135 para os CLAnf de 1ª geração, transferindo, após, este 7330S. Após várias tentativas de adaptação, finalmente foi obti-
material para o BtlVtrAnf. Ainda nessa ocasião, foram transferi- do sucesso, entretanto algumas funções do equipamento rádio
dos cabos de comunicação para que fosse efetivada a moderni- ficariam inoperantes tais como salto de freqüência e o recurso
zação relativa ao sistema de comunicação deste tipo de CLAnf. secreto, porém não comprometeriam a funcionalidade e neces-
Entretanto, estes cabos mostraram-se de tamanho inferior ao sidade do Comandante da Viatura.
necessário para atender ao especificado para a viatura, o que Ao longo do desenvolvimento, foram sendo utilizados
impôs a necessidade de uma adaptação, aproveitando-se o que os conectores AMPHENOL provenientes dos cabos de
havia de disponível no mercado nacional, com o propósito de remotagem não aproveitados, suprindo a necessidade anterior-
adequá-los aos novos equipamentos adquiridos. mente descrita, não sendo mais necessária a referida adaptação.
Como solução de curto prazo, uma vez que os CLAnf de Foram confeccionados ainda os cabos que interligam a C-11135
1ª geração estavam com deficiência de seus equipamentos-rá- ao RT-7330S do Comandante da Tropa, o que resultou em um
dio originais e o BtlVtrAnf só dispunha de apenas cinco con- perfeito funcionamento do sistema.
juntos desse tipo de equipamento, os Com o desenvolvimento dos
quais encontravam-se obsoletos e cabos, foram modernizadas, inicial-
sem peças de reposição, o Comando mente, duas viaturas CLAnf de 1ª
do BtlVtrAnf decidiu adquirir cabos geração, dando, assim, o rumo a ser
para substituir, em nível experimen- seguido para que nenhuma viatura
tal, todos aqueles com tamanhos ina- ficasse indisponível por falta de co-
dequados. municações. Hoje, praticamente to-
Feita a montagem dos cabos das as viaturas de 1ª geração en-
que interligam o sistema de contram-se modernizadas, no que diz
intercomunicação e servindo-se dos respeito às comunicações, acaban-
conectores dos cabos não aproveita- do com um problema que perdurava
dos, surgiu, então, uma nova neces- há quase dez anos.
-2
Atlântico Sul

Santa Helena é uma colônia britânica do


Atlântico Sul, localizada praticamente a meio do oce-
ano, mas geralmente englobada nos territórios afri-
canos, por se encontrar mais perto de África do que
da América do Sul. A colónia é constituída pela Ilha
de Santa Helena e por duas dependências muito afas-
tadas: Ascensão, a Noroeste, e Tristão da Cunha, ao
Sul. Relativamente à ilha de Santa Helena propria-
mente dita, o território mais próximo é a ilha de As-
censão, seguindo-se a costa africana do Sul de An-
gola e do Norte da Namíbia, a Leste. Capital:
Jamestown.
A ilha foi descoberta em 1501 pelo navega-
dor Galego João da Nova, enquanto ao serviço de
Portugal. João da Nova dirigia-se à Índia, tendo nes-
sa viagem também descoberto a Ilha de Ascensão.
Portugal nunca colonizou a ilha, que veio a
ser ocupada pela Marinha Inglesa, no século XIX.
Napoleão Bonaparte faleceu exilado em San-
ta Helena. A indústria do turismo local explora muito
este particular aspecto da História, bem como o cal-
mo estilo de vida de sua população.
Curiosamente, Santa Helena não possui nenhuma praia, Ilha de Ascenção
sendo o seu litoral completamente rochoso. Também por este
motivo a ilha era utilizada como prisão. Não há uma saída fácil Santa Helena não possui aeroporto, sendo todo o trans-
do interior da ilha, que não seja através da capital Jamestown. porte de pessoas e cargas feito por meio de barcos. A ilha pos-
sui um navio, chamado RMS St Helena, que faz uma rota pas-
sando por Inglaterra, Irlanda, Ilhas Canárias, Ascensão, Santa
Helena, África do Sul e Namíbia. A passagem pela Namíbia é
ainda experimental.
Existe um projeto para construção de um aeroporto, como
forma de viabilização econômica da ilha, principalmente através
do turismo. Santa Helena é ainda muito dependente de recursos
vindos da Inglaterra.

Ilha de Santa Helena

Casa de Napoleão Jamestown

Prêmio Âncoras e Fuzis Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM.
INDIVIDUAL OM
1º - CC (FN) ROSSINI (CIASC) .......................... 12 PONTOS 1º - EN. ......................................................... 599 PONTOS
2º - Asp FN 3059 Eduardo Rodrigues (EN) ...... 07 PONTOS 2º - 2oBtlInfFuzNav ........................................ 401PONTOS
3º - Asp FN 3087 Sanctos (EN) ......................... 07 PONTOS 3º - BtlArtFuzNav ............................................ 39 PONTOS
4º - CF (FN) Cupello (ComOpNav) .................... 06 PONTOS 4º - BtlOpRib .................................................. 27 PONTOS
5º - CF (T) Serrano (CMatFN) ............................ 06 PONTOS 5º - CIASC ...................................................... 18 PONTOS

3-
Corpo de Fuzileiros Navais da Tailândia

O Corpo de Fuzileiros A prioridade em desenvolver uma efetiva capacidade de


Navais da Tailândia (The assalto anfíbio ficou evidenciada pela incorporação, em 1997,
Royal Thai Marine Corps - de um porta-aviões de fabricação espanhola chamado Chakri
RTMC) possui duas Divi- Naruebet. Um outro, nas mesmas condições, em seguida foi
sões, com um efetivo de pla- encomendado. Com esta capacidade de projeção de poder, o
nejamento total de 25.000 RTMC pode contar com apoio aéreo aproximado, após a compra
militares, sendo que atual- de aeronaves A-7 Corsair, de combate e de treinamento, e de
mente alcança a marca de 20.500, e cada Divisão inclui: aeronaves AV-8S Matador (Harrier), adquiridas da Espanha para
 dois Batalhões de Assalto Anfíbio; o desenvolvimento da Guerra Anti-Submarino.
 um Regimento de Artilharia com: As tropas de reconhecimento são qualificadas para sal-
 três Batalhões de Artilharia de Campanha; e tos com pára-quedas na RTMC Parachute School em Sattahip,
 um Batalhão de Artilharia Antiaérea; e onde são exigidos, no mínimo, oito saltos in-
 um Batalhão de Reconhecimento. cluindo um noturno e dois sobre a água. Es-
O Quartel-General do RTMC está situado no Cam- tes militares são submetidos, também, a um
po de Samaesan, dentro da Base Naval de Sattahip, e tem treinamento de três meses de reconhecimen-
como objetivo principal desenvolver uma efetiva capaci- to anfíbio em Sattahip, incluindo táticas ter-
dade de assalto anfíbio. Existem também bases do RTMC restres e anfíbias.
em Narathiwat e Trat. O Batalhão de Reconhecimen-
Os recrutas recebem o mesmo treinamen- to Anfíbio consiste de:
to básico dos militares da Marinha Real da  uma Companhia de Comando
Tailândia, com duração de oito a onze sema- com um Pelotão de Cães de Guerra;
nas. Os selecionados para o RTMC são enca-  uma Companhia Anfíbia; e
minhados para um treinamento avançado, com  duas Companhias equipadas com
instruções adicionais sobre contra-insurgência LAV-150 (veículos anfíbios).
e Guerra Anfíbia.

-4
O Emprego do CLAnf na Atualidade
1T (FN) Rogerio de Mello Francesconi
Batalhão de Viaturas Anfíbias

No cenário de guerra atual, o CLAnf vem se apresentan-


do como um dos veículos mais empregados para transporte de
tropa, como visto na presente guerra do Iraque.
Rebatizado de Carro Lagarta Anfíbio, ao chegar no Bra-
sil nos anos 80, o CLAnf é conhecido internacionalmente como
“Assault Amphibian Vehicle” ou, simplesmente, de AAV.
Ao lado de poderosos veículos, como o de transporte
de tropa, o BRADLEY, e carros de combate, como ABRAMS, o
CLAnf não deixa a desejar, operando em conjunto ou até mesmo
substituindo o BRADLEY em algumas missões.
De fato, o BRADLEY é o veículo mais capacitado para as
operações de transporte em terra. A sua blindagem, feita de
urânio, o torna bastante resistente, além de possuir diversos
armamentos, capacidade de atirar em movimento, seja durante o
dia ou à noite, sistema de visão noturna e térmica. Essas carac-
terísticas tornam-no propício e capacitado para apoiar qualquer
tropa embarcada.
Apesar de toda superioridade do BRADLEY, o CLAnf
possui um papel importante nas missões. Além de sua capaci-
dade de transpor diversos tipos de terreno, o CLAnf transporta
um número considerável de militares, total de 22, contra apenas
sete do BRADLEY, daí o largo emprego do CLAnf nas missões
que envolvem transporte tático. Em função disso, pode-se ver
nos jornais e noticiários o CLAnf operando no Iraque, junto
com os mais modernos carros de combate, mesmo enfrentando BRADLEY

a ameaça dos RPG (rocket-propelled grenades), que são de fa-


bricação Russa e conseguem perfurar com facilidade a superior
blindagem do BRADLEY.
Contudo, percebe-se que a missão do CLAnf não acaba
na praia, pelo contrário continua a se estender por quilômetros
e quilômetros.
CLAnf

5-
Intercâmbio com o Royal Marines
O CF (T) Luiz Carlos Pi-
nheiro Serrano, do Comando do
Material de Fuzileiros Navais,
participou de um intercâmbio
com os Royal Marines, duran-
te o Exercício “GREEN
DAGGER”, realizado pelo 29º Command Regiment Royal Artillery.
Esse Regimento é composto por três Baterias de Tiro de
Obuseiros 105mm Light Gun L118. O exercício cumpriu um ciclo
de adestramento que iniciou no nível peça e culminou com o
adestramento final de todo Regimento. Os Royal Marines reali-
zaram seu último adestramento no nível Regimento em 2000,
apesar de posteriormente a essa data terem ocorrido Exercícios
de Tiro na Noruega, no Afeganistão e no Iraque. O Exercício
“GREEN DAGGER” foi dividido em duas fases:
1ª Fase (Geral): realizada no período de 13 a 15MAI2005,
na Área de Treinamento de Sennybridge (País de Gales). Esta
fase abordou as etapas elementares do adestramento de Arti- processa complexos algoritmos e cálculos em soluções balísti-
lharia de Campanha, com alguma restrição de emprego de muni- cas com rapidez. A Artilharia de Campanha no Reino Unido subs-
ção. Foi conduzido separadamente o adestramento para a Guar- tituiu o Computador de Tiro Gunzen Mk3, empregado pelo Ba-
nição da Peça, Central de Tiro, Topografia e Observadores Avan- talhão de Artilharia de Fuzileiros Navais, pelo FCA.
çados (OA); e b) Laser Inertial Artillery Pointing System (LINAPS ou
2ª Fase (Específica): realizada no período de 16 a simplesmente APS) – equipamento automático de pontaria do
21MAI2005, na Área de Adestramento de Salisbury Plain (In- Obuseiro 105mm Light Gun L118. O APS já foi empregado na
glaterra). Esta fase foi completamente tática, sendo desenvolvi- Guerra da Bósnia e está sendo atualmente utilizado na Guerra
dos os fundamentos e a organização de Artilharia de Campanha do Iraque. É um sistema que fornece a orientação precisa e o
e o planejamento e a coordenação do apoio de fogo. O exercício correto posicionamento dos obuseiros, sem a necessidade do
final no nível Regimento teve os seguintes propósitos: emprego dos diversos dispositivos de pontaria convencionais
 realizar uma incursão de artilharia (“artillery raid” - um (luneta panorâmica para o tiro indireto, luneta para o tiro direto,
exercício no qual a artilharia é lançada em uma posição avança- paraleloscópio e balizas de pontaria). O APS é montado na arma e
da, cumpre a sua missão e retira-se rapidamente), exigindo o provido de um método de auto-orientação, que fornece a localiza-
conhecimento preciso e seguro da posição das três Baterias de ção exata do obuseiro em qualquer condição de tempo durante o
Tiro e dos alvos a serem engajados e obtidos, por meio do dia ou à noite. Também, fornece com precisão a direção e a eleva-
levantamento topográfico, utilizando o equipamento Global ção da arma, eliminando a margem de erro provocada pelo militar
Position System (GPS); apontador da peça, por ocasião da inserção de dados no obuseiro.
 verificar a precisão dos tiros das três Baterias de Tiro; e Sua vantagem é apontar eletronicamente a arma com precisão,
 buscar a proficiência dos Observadores Avançados (OA). diminuindo o tempo do cumprimento da missão de tiro e da deso-
Durante o intercâmbio foram observados os materiais cupação da posição, possibilitando conseqüentemente a redu-
abaixo relacionados, utilizados pelo 29º Command Regiment ção da viabilidade de receber fogos de Contra Bateria. Este equi-
Royal Artillery e que são considerados no estado da arte, inclu- pamento é fabricado pela BAE Systems.
sive empregados em guerra: c) Manportable Survielance and Target Acquisition Ra-
a) Fire Control Application (FCA) - equipamento empre- dar (MSTAR) - utilizado pelos Observadores Avançados e é um
gado pela Central de Tiro. Computador EDO MBM LT 465 que radar para localização de alvos, com alcance de 30 Km.

-6
Condicionamento Físico
CC (FN) Marcio Rossini Batista Barreira
Instrutor do CAOCFN

A Importância do Treinamento Físico Militar


no Preparo Operativo das Forças Armadas
O TFM entra como um componente indispensável C. CONTINUIDADE – define que a regularida-
para a eficiência operativa das Forças Armadas, pois é de do TFM é fundamental para que o mesmo promova a
fundamental estar preparado fisicamente para comandar manutenção preventiva de nossa saúde. Assim, o ideal é
e atuar à frente de uma tropa, de um departamento/divi- executá-lo nos cinco dias úteis da semana ou no mínimo
são ou de uma aeronave. Além disso, observa-se que tal em três dias, como prescreve coerentemente a DGPM-
treinamento é vital para se ter uma vida saudável, bem 601 (REV 3);
como ter uma melhor qualidade de vida até às idades D. ESPECIFICIDADE – define que os exercíci-
mais avançadas. os previstos no TFM devem atender aos gestos específi-
O TFM também reforça a prática da liderança pelo cos das atividades militares peculiares de cada Força, de
exemplo, já que o subordinado se motiva ao ver seu supe- acordo com suas tarefas. Um exemplo deste princípio: na
rior correndo, nadando ou realizando qualquer treinamento região Norte, deve-se ter mais atenção à natação, já que
físico. o ambiente operacional impõe este requisito de adestra-
Neste sentido, serão citados alguns princípios do mento como vital para o sucesso e segurança das opera-
TFM, considerados ferramentas importantes, que orien- ções; e
tarão o Cmt de Fração/SU a evitar acidentes com seus E. VARIABILIDADE – define a importância na
subordinados e consigo mesmo: diversificação das sessões de TFM para que a tropa te-
A. INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA – de- nha motivação, empenho e alternância dos variados gru-
fine que cada indivíduo tem um determinado condiciona- pos musculares.
mento físico. Assim, não se deve igualar uma pessoa com Ainda com relação à segurança na prática do TFM,
outra. Um exemplo errôneo disso, é quando corremos com salienta-se que é totalmente infundada a idéia de que o
o pelotão ou a companhia num ritmo forte e queremos aumento da sudorese (suor) diminui a gordura armazena-
que todos cheguem juntos; da. A água proveniente desta sudorese não é oriunda do
B. ADAPTAÇÃO – define que uma intensidade tecido adiposo (gordura), mas basicamente do sangue,
insuficiente no exercício não produzirá efeitos no treina- podendo levar o indivíduo a se desidratar até entrar num
mento. Já uma intensidade forte provocará danos ao or- quadro de intermação, levando-o à morte. Assim, reco-
ganismo, levando-o à exaustão e, em alguns casos, à mor- menda-se que o TFM seja realizado sem o uso da cami-
te. Desta forma, o ideal é uma intensidade média para seta em grande parte do território nacional, aumentando,
forte, que provocará uma adaptação do organismo ao exer- desta forma, a área de evaporação do corpo.
cício físico executado; É importante salientar, também, que a parada total,
imediatamente, após um exercício intenso, deve ser evita-
da. Deve ser executada uma corrida com
ritmo fraco ou uma caminhada, pois a brus-
ca alteração de esforço poderá provocar
uma irrigação sangüínea insuficiente no
cérebro e no coração, causando tonteiras,
desmaios e enfarte no miocárdio (múscu-
lo do coração).
Os sucessos adquiridos na prepara-
ção operativa, na prática da liderança e na
segurança de nossa própria vida e de nos-
sos subordinados serão asseguradas por
meio da prática regular do TFM, que de-
verá ser orientado por um especialista em
educação física ou pela DGPM-601 (REV
3). Além disso, deve-se relembrar que,
semestralmente, antes da prática do TFM,
o militar deverá passar por uma avaliação
médica.
7-
UNIMOG uma Lenda Alemã
CT (T) Tonery Pernambucano
Comando-Geral do CFN

Considerados os melhores caminhões leves já fabricados, o UNIMOG não encontra concorrentes no mercado mundial.
Eles são utilizados no meio civil e militar em todo o mundo e mais de 300.000 já foram fabricados desde 1948.

Em 1944, o Secretário de Tesouro Americano, Henry


Morgenthau, propôs transformar a Alemanha pós-guerra em um
estado agrário. Diante deste fato, Albert Friedrich (Engenheiro-
Chefe da Daimler-Benz Aviação, Divisão de pesquisa) começou
em dezembro de 1945 a desenvolver um veículo altamente especi-
alizado para a agricultura. Seu conceito era um 4x4 com diferenci-
ais auto-blocantes, grande altura livre do chão, excelentes ângu-
los de entrada e saída, plataforma pequena, cabine para duas
pessoas, velocidade extremamente baixa para o trabalho no cam-
po e de aproximadamente cinqüenta km/h para estradas pavimen-
tadas. O projeto começou numa fábrica em Schwäbisch Gmünd,
ao Sul da Alemanha, na Gold und Silberfabrik Erhand &Söhne. A
fábrica nunca havia feito veículos ou tratores. Protótipo em teste
Sete meses depois, o primeiro protótipo estava pronto,
equipado com um motor de quatro cilindros, 1.7 litros movido a
gasolina. Esse novo veículo, que não era nem um caminhão nem
um trator, ainda necessitava de um motor a diesel de qualidade
e um nome. O problema do nome foi resolvido pelo engenheiro
Hans Zabel. Ele criou um anacronismo: UNIversal-MOtorGerät
(algo como Unidade Universal Motorizada) ou UNIMOG.
O primeiro UNIMOG foi intensamente testado em 1947 e
os resultados confirmaram o conceito. Em 1948 um motor a die-
sel foi avaliado, o OM 636 de 25hp da Daimler-Benz. Neste mes-
mo ano, o UNIMOG foi mostrado em Frankfurt-au-Main pela
primeira vez e gerou um grande entusiasmo, resultando em pla-
nos para o início de fabricação. Os criadores do UNIMOG, ago-
ra, procuravam uma nova fábrica e, no outono de 1948, eles se U 25 - Primeiro modelo produzido em série, com
transferiram para Werkzeugmaschinenfabrik Boehringer. Nos
dois anos seguintes, foram produzidos seiscentos UNIMOG
16.250 unidades produzidas.
modelo U25. Em 1951, a Daimler-Benz começou a mostrar inte- o exército francês, que ocupou o Sudoeste alemão, encomen-
resse pelos UNIMOG e a fábrica mudou novamente, desta vez, dou os primeiros UNIMOG militares. Entre 1950-51, eles com-
para Gaggenau, onde está até hoje. Em maio de 1953, o UNIMOG praram quatrocentos modelos U25.
recebeu a famosa estrela da Mercedes. Em 1953, o U25 passou a se chamar U 401/402, depen-
O primeiro UNIMOG U25 foi um grande sucesso, ele dendo da distância entre eixos. Em 1956, o último 25hp foi entre-
operava em velocidades de 0.5km/h até 52km/h, possuia peso gue num total de 16.250 veículos produzidos e, então, a Daimler-
vazio de 1780kg e capacidade de carga para 1370kg. Não eram Benz apresentou o novo UNIMOG. Era o 1 ½ ton U404 ou
apenas os fazendeiros e trabalhadores rurais os fãs do UNIMOG, UNIMOG-S com motor de 82hp, 2.2 litros, seis cilindros, movido
a gasolina, velocidade que variava de 1.5km/h até 95km/h, siste-
ma elétrico de 24 Volts e altura livre do solo de quarenta cm,
muito maior que o Dodge M37, seu principal concorrente. Seu
consumo de combustível também era lendário, embora as fon-
tes oficiais afirmassem que era de 5,4 km/l alguns veículos fazi-
am 1,7km/l!
A carreira militar do UNIMOG começou, efetivamente,
em 1955, quando a então Alemanha Ocidental tornou-se nova-
mente um país soberano e membro da OTAN. Era o tempo de
uma nova Alemanha, um novo Bundeswehr (Exército Alemão)
foi criado e os primeiros mil voluntários engajaram, o
Bundeswehr também encomendou os UNIMOG para utilizar nas
suas Gebirgsjäger (tropas de montanha).
Um problema detectado nos UNIMOG era o acesso para
manutenção do motor e câmbio. Eles estavam acomodados sob
O U 2150L, ano 1991, versão ambulância militar. um pequeno capô e não existiam cabines escamoteáveis, como
(Continua)
-8
(Continuação)
hoje em dia. Diziam que para fazer a manutenção você tinha que
possuir mãos e braços de borracha.
Foram produzidas diversas versões do UNIMOG U404:
teto de lona, cabine de metal, cargo, furgão (que se transforma-
vam em ambulância, oficinas e veículos de comunicações), ca-
minhões de bombeiro entre outros. Eles eram vendidos tanto
para militares como para civis.
Em 1971, já tinham sido produzidos, aproximadamente,
171.000 UNIMOG de todos os tipos. Em meados dos anos 1970,
foram lançados os modelos 424, 425 e 435, maiores e mais pos-
santes que os 404, com motor a diesel de seis cilindros e 130hp
e câmbio de oito marchas com reduzida.
Na década de 1990, foram lançadas as versões U 2150 e
U2400. Hoje em dia existem os modelos U 300/400/500, que são
chamados de Implement Carrier e os modelos Extreme Off-Road
U 3000/4000/5000, as versões diferem quanto à potência do motor
(de 150hp a 279hp) e à capacidade de carga (3000 kg a 7100 kg).
Atualmente, os UNIMOG estão em uso nas forças arma- O modelo U3000/4000/5000, Extreme Off-Road,
das de diversos países como: Argentina, Austrália, Brasil, Di- ano 2005 (acima) e o modelo U300/400/500,
namarca, França, Holanda e Estados Unidos. Implement Carrier (abaixo)

Guerra de Manobra

Nesta Edição, abordaremos dois conceitos im- será tarefa fácil em função da variedade de aspectos que
portantes sobre Guerra de Manobra, extraídos do podem ser considerados como CG. Entretanto, impõem-
CGCFN-1000 - Manual de Organização e Emprego se selecionar um deles como alvo do esforço, o que pode-
de Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais. rá ser feito por meio da análise do impacto de sua perda
para o inimigo e da sua acessibilidade via uma
CENTRO DE GRAVIDADE vulnerabilidade crítica do CG.
O Centro de Gravidade (CG) é a fonte de todo o
poder e confere ao contendor, em ultima análise, a liber- VULNERABILIDADE CRÍTICA
dade de ação para utilizar integralmente seu poder de com- As Vulnerabilidades Críticas (VC) são pontos fra-
bate. cos do CG que, ao serem exploradas, resultarão na
Poderá ser constituído por um aspecto material, desestabilização ou destruição do CG oponente. É impor-
como uma unidade específica ou sistema de armas, ou tante que a VC seja acessível pelo contendor oposto para
não-material, como uma liderança especialmente poder ser assim considerada.
estimuladora ou a vontade de lutar. As VC são dependentes da evolução da situação,
O comprometimento do CG implicará em uma re- podendo, em um determinado momento ou período, serem
dução significativa da capacidade do contendor de influir como tal enquadradas, deixando de sê-las, posteriormente.
nas ações. Deve-se estar atento para perceber e explorar as
Cada contendor possuirá um ou mais CG para cada vulnerabilidades inimigas, por vezes passageiras e fluidas.
nível de condução da guerra ou escalão, sendo também Caso as VC não se apresentem, estas devem ser criadas
possível a sua variação no tempo. A sua identificação não mediante ações preparatórias.

9-
Resposta do Decida nº 29
Várias soluções atenderam ao solicitado no enunciado do último DECIDA, porém destacamos o BtlOpRib que, por meio da
coerência das respostas de seus Oficiais, evidenciou que o assunto foi amplamente debatido na OM. Destacaram-se também, o 1T
(FN) Galvão, da CiaPol da TrRef, o 2T (FN) Rocha Lima, do BtlArtFuzNav e 1T (Fn) Lopes, do GptFNBe. O CC (FN) ROSSINI, do
CIASC, houve-se muito bem na elaboração da sua decisão, porém optou pela defesa, diferentemente do pretendido pelo idealizador
do DECIDA, todavia sua solução foi impecável.
A maioria das soluções privilegiaram a defesa, porém o pensamento de CLAUSEVITZ nos diz que: “Prudência é o verdadei-
ro espírito da defesa, coragem e audácia o verdadeiro espírito do ataque”. Quem defende perde a iniciativa do combate e deixa para
o inimigo a escolha de onde, como e quando atacar.
A seguir, apresentamos o enunciado do DECIDA Nº 29, para que os leitores possam relembrar a situação a que se refere a
solução apresentada.

Decida nº 29 - Combate do Rio Garagiola


O Senhor é o Comandante da 3ªCiaFuzNav(Ref)/ combate. O Senhor levantou que o inimigo a vossa frente consiste
3ºBtlInfFuzNav, consistindo dos 1º e 2ºPelFuzNav(Ref) de um PelCC e um EsqdFuzBld. As táticas inimigas enfatizam o
embarcados em CLAnf, localizados perto do rio GARAGIOLA; ataque agressivo, visando a sobrepujar a resistência com o CC,
e do 3ºPelFuzNav(Ref), em reserva, a Leste de ANDROIDA. A usando a infantaria a pé somente para o combate aproximado.
sua CiaFuzNav está reforçada pelo 3ºPelCC e por um PelMAC A visibilidade baixa, causada por uma forte neblina, tem
da CiaApF. prejudicado o acompanhamento da situação do inimigo, desde
Pelas últimas duas semanas, o Senhor tem enfrentado os últimos combates, quando o Senhor perdeu o contato.
forças inimigas mecanizadas, tendo sido obrigado a retrair do Enquanto vossa unidade está posicionada ao longo do
Oeste para o Leste. O Senhor vem desgastando o inimigo e ao rio, o 3ºPelCC está tentando restabelecer contato.
mesmo tempo, tem procurado preservar seu próprio poder de Alguns bancos de areia impedem os CLAnf de atravessar
o rio. Vossa tarefa é destruir qualquer força inimiga em sua zona
de ação. Caso não consiga, deverá retardar estas forças.
Quando o 3ºPelCC passa a Oeste de TRAGÉDIA, reporta
uma força inimiga blindada aproximando-se do PCt 68. O 3ºPelCC
não foi detectado pelo inimigo.
O 3ºBtlInfFuzNav possui uma Bia0105mm em ApDto e a
prioridade de fogos do BtlArtFuzNav, além de até duas sortidas
de aeronaves AF-1, estimando-se o tempo entre o pedido e a
apresentação das aeronaves em aproximadamente 10 minutos.
O inimigo estará em TRAGEDIA ou GARAGIOLA em
cerca de quarenta minutos. O tempo é crítico, mas desde que o
Senhor já tinha considerado a possibilidade de combater ao
longo do rio GARAGIOLA, o Senhor agora não se sente tão
pressionado. Desenvolva as ordens que o Senhor daria aos
seus subordinados e lembre-se que o “máximo emprego da ação
ofensiva” é um dos principais Fundamentos da Defensiva.
Agora são 0900P.

Dentro deste espírito, selecionamos a solução do 1T (FN) Helio Paiva da Silva Júnior, do BtlOpRib.
EXAME DE SITUAÇÃO:
A 3ªCiaFuzNav (Ref) possui a tarefa de destruir qualquer 3ºPelCC e de um PelMAC da CiaApF, podendo ainda solicitar
força inimiga na sua zona de ação ou, caso não consiga, retardá- fogos de artilharia (BiaO105mm) e fogo aéreo (de aeronaves AF-
la. A 3ªCiaFuzNav tem sido obrigada a retrair no sentido Oeste- 1), com execução de dez minutos após o pedido, neste último.
Leste devido aos ataques mecanizados. O 3ºPelCC no seu reco- São 0900P e daqui a quarenta minutos, as tropas inimi-
nhecimento verificou que o inimigo encontra-se deslocando com gas estarão nas localidades de GARAGIOLA e TRAGÉDIA,
efetivo de um PelCC e tropa de infantaria a pé para o combate dificultando, assim,o combate na região se os mesmos conquis-
aproximado, porém devido às duas semanas de combate com tarem os dois acidentes capitais, que são as duas localidades.
esta Cia, ela encontra-se desgastada. A visibilidade está reduzi-
da devido à neblina na região. DECISÃO:
Devido ao rio GARAGIOLA possuir bancos de areia, o Esta Cia atacará e ocupará até 0920P, as localidades de
PelCLAnf somente poderá atravessar o rio através das pontes GARAGIOLA e TRAGÉDIA, com um PelFuzNav em cada loca-
próximas as localidades de GARAGIOLA, TRAGÉDIA e CUJO. lidade, respectivamente, reconhecerá e manterá as pontes de
No momento, a 3ªCiaFuzNav possui apoio de CLAnf, do acesso às referidas localidades e após ocupar, assumirá posi-
(Continua)

- 10
Resposta do Decida nº 29 (Continuação)

ção defensiva nestas localidades. Manterá um Pelotão em re- c. 3º PelCC


serva ao sul da localidade de CUJO. (1) Manter-se na posição próximo a localidade de
A BiaO105mm planejará fogos de barragem na posição GARAGIOLA;
do PCt 68 e bloqueará as estradas que levam para este PCt no (2) Ficar ECD atacar PelCC inimigo;
sentido Oeste-Leste desencadeando os fogos MO, no período (3) Servir de observador avançado.
de 0920P até 0930P somente na área até o entroncamento das
estradas no PCt 68 para a retaguarda, no sentido Leste-Oeste. d. PelMAC
As aeronaves AF-1 efetuarão fogos eixados no PCt 68 no senti- (1) Bloquear as estradas de acesso pelo PCt 68;
do Leste-Oeste sobre tropas inimigas que aproximam-se do PCt (2) Ficar ECD de retrair para a localidade TRAGÉDIA.
68 no sentido Oeste-Leste e reconhecerão possíveis tropas à
retaguarda da posição das tropas inimigas já detectadas até e. PelPtr
0920P, a partir de então retrairá por outro eixo de deslocamento. 1ªSeçMAG
(1) ApDto ao 1º PelFuzNav.

TAREFAS AOS ELEMENTOS SUBORDINADOS: 2ªSeçMAG


(1) ApDto ao 2º PelFuzNav.
a. 1º PelFuzNav
(1) Reconhecer e manter a ponte de acesso a localidade de SeçMr t60mm
TRAGÉDIA; (1) ApCj ao elem de 1ºEsc.
(2) Atacar a localidade de TRAGÉDIA;
(3) Ocupar a localidade de TRAGÉDIA; f. Reserva:
(4) Após ocupar, defender a localidade; 3º PelFuzNav
(5) Ficar ECD avançar para oeste. (1) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.

b. 2º PelFuzNav 3ªSeçMAG
(1) Reconhecer e manter a ponte de acesso a localidade de (1) ApDto ao 3º PelFuzNav;
GARAGIOLA; (2) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.
(2) Atacar a localidade de GARAGIOLA;
(3) Ocupar a localidade de GARAGIOLA; PelCLAnf
(4) Após ocupar, defender a localidade; (1) Seguir eixada com o 3º PelFuzNav;
(5) Ficar ECD avançar para oeste. (2) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.

LIÇÕES APRENDIDAS

Manter a iniciativa Emprego da Reserva


Os comandantes, em todos os escalões, devem adotar uma A Reserva é uma ferramenta que confere flexibilidade ao Co-
postura pró-ativa e não se contentarem em serem meros mando. O seu emprego deve ser revisto em todo planejamen-
cumpridores de ordens superiores. A fluidez do combate, a to, particularmente nas situações críticas de combate, como
fugacidade das oportunidades, o caos e a fricção dos cam- são as apresentadas nessa coluna. A Reserva não deve ser pou-
pos de batalha, não permitirão que um comandante sempre pada para um possível emprego futuro quando a situação atual
interrompa suas ações para perguntar ao seu superior se já se encontrar deteriorada. No entanto, ao se empregar em
pode ou não prosseguir na ação. O comandante, ciente dos primeiro escalão a peça de manobra inicialmente prevista como
propósitos e intenções dos comandantes dos dois escalões Reserva, deve o Comandante prever a sua substituição. Para
acima do seu, tem condições de decidir, acertadamente, sem tanto, ele dispõe de dois artifícios: a Reserva Temporária ou a
precisar questioná-los. Reserva Hipotecada. A Reserva Temporária é constituída por
elementos de apoio ao combate e de apoio de serviços ao com-
bate. A Reserva Hipotecada, por sua vez, é constituída por
Tratar Aviação e Artilharia como elementos subordinados elemento(s) da(s) peça(s) de manobra(s) em primeiro escalão,
Deve-se prever o emprego como apoio de fogo para a ma- a quem são impostas restrições ao seu emprego.
nobra, mas saber que estão subordinados a outro escalão e
portanto não podem aparecer como elementos subordina- Não prever para o PelMAC a tarefa de permanecer em Reserva
dos na decisão. A Reserva deve ser constituída essencialmente de elementos
de infantaria ou, em caso de necessidade, de elementos de
outras especialidades empregados como infantaria. Pode-se dar
Prever o Pelotão de Petrechos como elemento subordinado mobilidade à reserva fornecendo-se meios como blindados e
alguns militares esquecem-se de listar o Pelotão de Petre- viaturas. Eventualmente, os carros de combate podem ser em-
chos como elemento subordinado, um erro elementar que pregados em Reserva. Todavia, elementos orgânicos de apoio
deve ser evitado. de fogo devem ser empregados em primeiro escalão.

11 -
Decida nº 30 Uma Conduta em Op ENC
As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 05 de agosto, devendo conter a
decisão e todas as providências e ordens necessárias.

O Sr. é o comandante do GpCob em uma


Operação de Evacuação de Não-Combatentes.
Suas ECob encontram-se apoiadas por CLAnf.
O inimigo é capaz de atuar com 20 guerrilheiros
na região. Todos os outros componentes da
ForDbq já se retiraram da AOp. Durante o re-
traimento do CCE, uma Anv foi alvejada por
um rojão, o que a obrigou a realizar um pouso
de emergência no NAe SÃO PAULO. A situa-
ção atual é a seguinte: A ECob 1, constituída
por 44 militares e apoiada por 2 CLAnf, encon-
tra-se realizando a segurança aproximada da
região antes ocupada pelo CCE e do LocEmb 1
(PDbq AZUL); a ECob 2, constituída por 21
militares e apoiada por 2 CLAnf, encontra-se
posicionada na PBloq 2; e a ECob 3, constitu-
ída por 22 militares e apoiada por 1 CLAnf, en-
contra-se posicionada na PBloq 3. O Sr. en-
contra-se posicionado junto à ECob 1. Existem
duas lanchas do navio posicionadas ao largo
da PDbq AZUL. O ComForDbq já determinou
a retirada do GpCob. São 0600P e já está ama-
nhecendo. Ao iniciar o retraimento, a ECob 2
teve uma de suas viaturas atingida por um
rojão. A viatura foi neutralizada, 1 militar fale-
ceu, 1 militar sofreu ferimentos leves e outro
ferimentos graves, os quais já estão sendo aten-
didos por um enfermeiro. A ECob 3 iniciou seu
retraimento normalmente, mas a 1 km da PBloq
3, a viatura apagou devido à queima de um de
seus componentes elétricos. O comandante da
viatura reparou a avaria rapidamente, mas para
dar partida novamente será necessário energia
auxiliar (“chupeta”). A ECob 1 iniciou seu re-
traimento sem problemas e já encontra-se a 500
metros da PDbq AZUL. Trata-se de uma con-
duta. Analise a situação baseando-se nos fa-
tores da decisão. Agora, decida.

- 12
Resposta do “Pense” anterior (Âncoras e Fuzis nº 29)

“Os louros da vitória estão nas pontas das baionetas do inimigo. eles devem ser
arrancados de lá. Se alguém pretende realmente conquistá-los, deve capturá-los
lutando corpo a corpo”.

“The laurels of victory are at the point of enemy bayonets. They must be plucked
there. they must be carried by a hand-to-hand fight if one really means to conquer”.

Marshal of France Ferdinand Foch,


Precepts and Judgments, 1919.

Inúmeras respostas nos foram enviadas. Todas parabenizamos o Asp (FN) 4007 MORAES que
alcançaram a importância de combate corpo a corpo escreveu sua resposta em inglês.
em uma guerra. Destacamos as respostas dos BtlLogFuzNav: 3oSG-FN-CN RÔMULO, CB-
militares abaixo: ES-ALEXANDRE e SD-FN-BOTEGA.
Escola Naval: Asp (FN) 3033 Carlos Pimentel, Selecionamos para publicação as respostas do
Asp 3059 Eduardo Rodrigues, Asp (FN) 3083Carlos CC (FN) XAVIER e do Asp (FN) 4007 MORAES
Alexandre, Asp 3093 (FN) Osman. Especialmente, (em inglês).

Não devemos descartar a possibilidade do combate corpo a corpo, a despeito da precisão e do longo alcance dos
armamentos modernos. Por isso, a Divisão Anfíbia ainda mantém a Pista de Baionetas no Batalhão Riachuelo (1º BtlInfFuzNav),
além disso, como sabemos, a Marinha estimula diversas competições desportivas como o Judô, por exemplo.
O mais importante é manter o preparo físico, pois, seja qual for a forma de abordar o objetivo, o militar deve estar em
condições de realizar a tarefa de expulsar os remanescentes da sua zona de ação e isso incluiria inspeção dos mortos e,
eventualmente, o combate corpo a corpo.
Historicamente, podemos destacar a Guerra de Trincheiras, que foi a 2ª fase da 1ª Guerra Mundial, caracterizando
exatamente este tipo de combate. Na Guerra das Malvinas (1982), os ingleses, mesmo depois de intenso apoio de fogo, tiveram
dificuldades para conquistar o terreno, que estava bem defendido pelos argentinos. Somente com a chegada das tropas
terrestres nos acidentes capitais é que houve o controle inglês (relato de um Oficial Argentino).
CC (FN) XAVIER

Before any combat, it is essential that the military is prepared. Prepared to fight until the last consequences and to be
able to demonstrate courage to risk his proper life or to protect a friend. The continuous period of training is extremely
important, because, even in front of a situation that involves risk, it supplies conditions to the combatant to advance, instead
of backing down. Another important factor is the spirit of body and the spirit of sacrifice, that inflame the combatant with
another spirit, that is loyalty, as much with superiors, as with the pairs and the subordinates.
Currently, the maneuvers of escape and of resistance make with the urban combat be a reality, as can be seen in the
operation in Haiti and in the war in Iraq, where the urban scene is present. The land is recognized meter to meter and the battle
is won at the moment that each enemy combatant goes down to the ground. Even with the high technology, that makes
possible the use of more sophisticated and more efficient armaments and of detecting equipment very modern, the tendency
of the current war makes with it be necessary an approached combat, body to body.
It is because of this scene, that there is the necessity of being prepared technically and psychologically to go until the
enemy position, pull out the enemy of and kill him looking at his eyes.
Asp (FN) 4007 MORAES

No intuito de continuar incentivando o estudo de idiomas, o pense desta edição está novamente escrito em
Pense português e em inglês. Sendo assim, as respostas poderão ser enviadas em qualquer dos idiomas.

“Se tiver que empreender uma guerra, faça- “If you wage war, do it energetically and with
a energicamente e com severidade. Esta é severity. This is the only way to make it shorter,
a única maneira de torná-la menor, e and consequently less inhuman”.
conseqüentemente menos desumana”.
Napoleon, 1799, letter to General Hedouville, ed. Herold, The Mind of Napoleon, 1955.
13 -

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