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Ano VI - No 28

05 de março de 2005

Editorial
COMBATENTES ANFÍBIOS! Espanha e da Itália. Além desses, publica-se, também, um artigo
O Âncoras e Fuzis tem experimentado um que dará início a uma nova coluna sobre condicionamento físico.
grande aumento de sua divulgação no seio de A coluna “Palavras do Comandante-Geral” apresenta as
nossa tropa, fato confirmado pela quantidade realizações de 2004 e as perspectivas para 2005, comenta os
de colaborações que nos são enviadas. intercâmbios e comissões no exterior previstos para 2005, aborda
Apesar de estarmos bastante satisfeitos com as aquisições realizadas pelo CMatFN em decorrência do envio
sua repercussão e alcance, aproveitamos para de Fuzileiros Navais ao Haiti e anuncia que a chefia da
incentivar, ainda mais, a sua divulgação. Este MARMINAS será exercida por um oficial Fuzileiro Naval. A coluna
periódico tem o propósito de noticiar temas profissionais de Atlântico Sul traz aspectos relevantes sobre o Arquipélago de
interesse dos Fuzileiros Navais. Além disso, as suas colunas, Fernando de Noronha. A Guerra de Manobra é abordada quanto
PENSE e DECIDA, buscam fomentar o debate e praticar à sua execução.
processos decisórios sumários que, acreditamos, em muito As colaborações poderão ser enviadas da seguinte forma:
contribuem para o aprimoramento profissional de nossos respondendo às situações descritas na coluna DECIDA;
militares. Assim sendo, concito, mais uma vez, a todos os remetendo sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna
Comandantes de Unidades que se empenhem em divulgar o PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas técnicos ou
conteúdo deste periódico. táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua
Nesta edição abordaremos os seguintes temas: o contribuição diretamente ao Departamento de Pesquisa e Doutrina
encerramento da participação dos Fuzileiros Navais na Argélia, o do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo MBMail
agradecimento à MB do Chefe do Estado-Maior de Defesa pela (33@comcfn), Lotus Notes (cgcfn-33/comcfn/mar), internet
contribuição para as operações de paz em 2004, a Operação Haiti, (vsguilherme@cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal da
os intercâmbios realizados por oficiais do CFN com as marinhas da Marinha. ADSUMUS!

Palavras do Comandante-Geral
Inicia-se um novo ano de grandes realizações para o CFN. grupos geradores; 28 containers; sobressalentes para manutenção
O ano de 2004 evidenciou a nossa vocação expedicionária, com de diversos meios; e equipamentos comerciais de comunicações.
magníficas demonstrações de prontidão e mobilização. Como Cabe ressaltar que foram estes equipamentos comerciais
conseqüência, houve importantes aquisições de equipamentos de comunicações que permitiram a execução de algumas ações
e viaturas e obtivemos melhores condições para o adestramento no Haiti, que demandaram a articulação de tropas da Marinha do
do nosso pessoal. Neste ano, continuaremos “NA VANGUARDA Brasil e do Exército Brasileiro.
QUE É HONRA E DEVER!”. Por ocasião do 197º aniversário do Corpo de Fuzileiros
Navais e levando em consideração o excelente desempenho dos
INTERCÂMBIOS E COMISSÕES NO EXTERIOR PARA 2005 Fuzileiros Navais no Haiti, submetidos a uma árdua e incessante
À semelhança do ano de 2004, o Programa de Intercâmbios atividade, assinei Portaria fazendo contar em dobro o tempo de
para 2005 contempla o mesmo número de eventos para oficiais e tropa para os continentes do GptOpFuzNav HAITI e os
praças do CFN e, paralelamente, não houve alterações nos cursos integrantes do EM da MINUSTAH, desde que tenham tido uma
e comissões no estrangeiro previstos para este ano. Desta forma, permanência contínua de no mínimo sessenta dias.
volto a recomendar o estudo de idiomas, principalmente o inglês
e o espanhol, essenciais para a seleção para comissões no exterior. CHEFIA DA MARMINAS
A Junta Interamericana de Defesa (JID) solicitou que a
OPERAÇÃO HAITI - ITENS ADQUIRIDOS Chefia da Missão de Remoção de Minas na América do Sul
Com a disponibilização de recursos para a Operação Haiti, (MARMINAS), na fronteira do Peru com o Equador, passasse
foram adquiridos vários itens de material, para complementar as a ser exercida por um Oficial Brasileiro. O Ministério da Defesa
necessidades exigidas: 47 viaturas LAND ROVER; 267 coletes indicou o CF (FN) RENÊ ROSA DE JESUS, após processo
de proteção balística TIPO 3 (com placa resistente a projéteis de seletivo em que concorreram Oficiais das três Forças Armadas
fuzil, similar ao usado pelo USMC no Iraque); cinco reservatórios com habilitação em Engenharia de Combate. O Comandante
flexíveis para Sistemas de Abastecimento de Água e Combustível; RENÊ será o primeiro militar brasileiro a desempenhar tão
quatro estações de tratamento d’água; dez motos-bombas; oito importante cargo.

Publica-se abaixo a classificação final do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias


Prêmio Âncoras e Fuzis individual e por OM. Nossos parabéns aos vencedores.
INDIVIDUAL OM
1º - CT(FN) Rossini (GptFNBe) ......................... 27 PONTOS 1º - 2ºBtlInfFuzNav ........................................... 996 PONTOS
2º - CF(FN) Aquino (CPesFN) ........................... 18 PONTOS 2º - Escola Naval ............................................. 532 PONTOS
3º - CT(FN) Vannei (2ºBtlInfFuzNav) .................. 14 PONTOS 3º - CIASC .......................................................... 66 PONTOS
4º - CF(FN) Gagliano (CPesFN) ........................ 13 PONTOS 4º - CPesFN ....................................................... 44 PONTOS
5º - CT(T) Robson (CPesFN) ............................ 13 PONTOS 5º - BtlOpRib ...................................................... 40 PONTOS

1-
Atlântico Sul

Com o intuito de manter os Fuzileiros Navais atualizados e


informados sobre temas atinentes ao Atlântico Sul, nesta edição
o Âncoras e Fuzis abordará aspectos referentes ao Arquipélago
de Fernando de Noronha.
Fernando de Noronha é um pequeno arquipélago vulcânico
situado no Atlântico Sul equatorial, a 350 km de Natal. É
constituído de rochas do alto de um monte vulcânico que faz
parte da cadeia homônima desenvolvida numa zona de fraturas
oceânicas orientadas a E-W. Tem cerca de 18,4 km², 90% dos
quais na ilha principal que lhe dá o nome. Além dela possui 18
pequenas ilhas, que se destacam acima de uma reduzida
plataforma insular que trunca a montanha vulcânica a até cerca
de 100 m de profundidade.

Cientistas ilustres visitaram o arquipélago em diversas


épocas, como o naturalista Charles Darwin, pai da Teoria da
Evolução das Espécies, em 1832. Todos foram atraídos pela sua
grande biodiversidade e levantaram dados sobre o meio
ambiente, descrevendo-o em trabalhos memoráveis. Também
no século XIX, artistas como os franceses Debret e Laissaily
registraram em tela a ocupação humana.
Em 1942, durante a II Guerra Mundial, criava-se o
Território Federal Militar, juntamente com o Destacamento Misto
de Guerra e a aliança com a Marinha norte-americana, que
instalou na ilha uma Base de Apoio, com cerca de 300 homens.
Em 1943, decreto federal dispõe sobre a administração da nova
O arquipélago tem população de pouco menos de 3.000 unidade da federação,
habitantes, concentrados na ilha principal, e pequena população que ficou a cargo do
flutuante de turistas e pesquisadores. É um Parque Nacional então Ministério da
Marinho. Acessível a aviões, constitui um importante atrativo Guerra. Noronha foi
turístico, embora não disponha de estrutura adequada. O turismo administrada pelo
não é incentivado, objetivando a preservação da ecologia. Exército até 1981, pela
Foi descoberto oficialmente por Américo Vespúcio em 1503 Aeronáutica até 1986 e
e recebeu no ano seguinte o nome de um fidalgo português, pelo Estado Maior das
Fernão de Loronha, a quem foi doado pela Coroa. Foi ocupado Forças Armadas até
pelos holandeses em 1612 e 1635-1654 e franceses em 1736, 1987. Deste tempo de
logo expulsos pelos portugueses, que então fortificaram a ilha administração militar,
principal. veio grande parte da O Morro do Pico é um dos
infra-estrutura como pontos dominantes de
aeroporto, estradas, Noronha.
escola, hospital etc.
Acordos entre o governo brasileiro e os Estados Unidos foram
feitos para a instalação de americanos no arquipélago de 1957 a
1962 (base de rastreamento de satélites), operada pela NASA.
Desde 1988, o Arquipélago de Fernando de Noronha,
conforme dispõe o artigo 96 da Constituição Estadual, constitui
região geoeconômica, social e cultural do Estado de
Pernambuco, instituído sob a forma de Distrito Estadual, com
natureza de autarquia territorial, regendo-se por estatuto próprio,
com personalidade jurídica de direito público interno e dotado
Aspecto geral do relevo da Ilha de F. de Noronha de autonomia administrativa e financeira.

-2
Fuzileiros Navais da Coréia do Sul
O Corpo de Fuzileiros Navais A principal influência nos programas de aquisição de
da Coréia do Sul (Republic of Korea material do Corpo de Fuzileiros Navais da Coréia do Sul é a
Marine Corps - ROKMC) é uma força sua atribuição de, em situação real, fazer parte de um
principalmente dedicada a proteger as Comando Combinado de Forças de Fuzileiros Navais.
ilhas da nação. Com um efetivo de Atualmente, as viaturas anfíbias do ROKMC são 61 LVTP7
25.000 militares, o ROKMC é (Landing Vehicle Tracked Personnel) e 42
organizado em duas divisões e uma brigada subordinadas AAV7A1 (Amphibious Assault Vehicle).
ao Comando do Corpo de Fuzileiros Navais, cujo Recentemente, num esforço de substituir os
Quartel-General fica em Pohang. Embora LVT7, serão adquiridas 57 viaturas
fazendo parte da Marinha, ele AAV7A1 de terceira geração, num
freqüentemente participa de operações sob o empreendimento em co-produção com os
controle do Exército. Para realizar operações EUA. O ROKMC iniciou um processo de
anfíbias, o ROKMC possui uma variedade de meios modificação desse contrato, visando a
tais como viaturas anfíbias, assim como seus acrescentar mais 67 viaturas AAV7A1.
próprios meios de apoio de fogo. A maior manobra naval durante o
O ROKMC foi criado em 15ABR1949, “Vôo da Águia”, um exercício combinado
com um efetivo inicial de 380 militares. Os anual entre os EUA e a Coréia do Sul, foi um
FN sul-coreanos venceram batalhas em duas assalto anfíbio lançado pelos EUA e a Coréia do Sul, a
guerras, da Coréia e do Vietnã, e jamais foram partir de navios da Marinha Americana pertencentes ao
derrotados. Como resultado, eles receberam as alcunhas Grupo Anfíbio de Pronto Emprego (equivale a uma UAnf e
de “Caçadores de Fantasmas”, “O Invencível Corpo de os meios navais necessários) da Sétima Esquadra, Grupo
Fuzileiros Navais da Coréia do Sul” e “O Legendário Corpo este que está permanentemente pré-posicionado, cuja base
de Fuzileiros Navais da Coréia do Sul”. encontra-se no Japão.

Pense Com objetivo de incentivar o estudo de idiomas, o pense deste número está escrito em português e em inglês.
Sendo assim, as respostas poderão ser enviadas em qualquer dos idiomas.

“Uma das mais valiosas qualidades de um “One of the most valuable qualities of a
Comandante é o sentimento de colocar-se Commander is a flair for putting himself in
no local certo no momento mais importante” the right place at the vital time”

Field Marshal Viscount Slim, Unofficial History, 1957.

3-
Operação Haiti
Operação de retomada da residência do Ex-Presidente
Na manhã do dia 15DEZ de 2004, dois dias após o 2º Contingente do Imagens das Principais
Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais ter iniciado sua missão, a etapas da Operação
residência do ex-presidente Aristide foi ocupada por cerca de 50 ex-militares (Ao lado capas dos jornais haitianos)
haitianos que reivindicavam emprego e a ocupação legítima do local, para
ali estabelecerem seu quartel-general, ocupação esta considerada ilegal
pelo governo transitório.
Apesar das negociações, o problema político não foi resolvido,
ensejando a ordem da ONU para retirada dos ex-militares da residência.
Às 03:00h do dia 16DEZ, o CMG(FN) Oswaldo Queiroz de Castro,
Comandante do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais
(GptOpFuzNav) Haiti, recebeu do General Vilela, Comandante da Brigada
Haiti, a ordem para retomar a residência do ex-presidente.
O pouco tempo disponível para planejamento, associado à escassez
de informações sobre os rebeldes em termos de efetivo e armamento
Idéia de manobra ao General Heleno –
utilizado e, principalmente, sobre a casa, aparentemente idealizada como
Force Commander
um verdadeiro quartel, com muros altos e guaritas em todo o perímetro
que dominavam toda a área externa, tornavam a situação ainda mais tensa.
A situação requeria bastante cautela, pois além das dificuldades levantadas na parte
tática, ainda havia o componente político, especificamente com relação às regras de
engajamento estabelecidas pela ONU, que definem as condições para realização do tiro e do
uso da proporcionalidade da força.
O planejamento da operação foi pautado no emprego gradativo da força, orientado para
a retomada com o mínimo de agressividade possível, porém em condições de ser reajustado
caso, numa pior hipótese, fosse encontrada resistência durante a entrada na residência.
As ações foram desencadeadas a partir das 04:00h do dia 16DEZ, mediante o Preparativos para a invasão
estabelecimento de quatro posições de bloqueio, seguido do cerco à residência, com o
conseqüente corte nos suprimentos dos rebeldes.
A partir daí, foram iniciadas intensas negociações com os rebeldes, ocasião em que
foram oferecidas várias concessões pelo governo transitório, para que eles se rendessem e
entregassem as armas, porém, todas sem êxito. Durante a realização das negociações, o
GptOpFuzNav ampliou seus conhecimentos sobre a área de atuação e reajustou seu
planejamento inicial.
No dia 17DEZ, às 14:00 horas, o General Heleno, Comandante da MINUSTAH entregou
o ultimato aos rebeldes, com prazo de 45 minutos para a rendição. Expirado o prazo estipulado,
o Comandante do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, CMG (FN) Queiroz de Castro,
recebeu a ordem de retomada imediata da residência. Para o cumprimento desta missão o CCT/ Fuzileiros Navais invadindo a residência
GptOpFuzNav recebeu o reforço de um Pelotão do EB, embarcado em quatroViaturas URUTU.
Inicialmente, nossas tropas realizaram o cerco à residência, sendo estabelecidas posições
de bloqueio.
Às 16:00h foi dada a ordem para o início das ações ofensivas. Simultaneamente, o 1º
Pelotão de Fuzileiros Navais (1ºPelFuzNav) e o Pelotão do EB desencadearam o movimento
em direção ao objetivo.
O 1ºPelFuzNav progrediu pelo terreno, aproveitando a cobertura dos blindados, e apoiado
pelo fogo por uma SeçMtrP .50, uma SeçMtr MAG e por 09 peças de AT-4, portando, ainda,
granadas de mão OF/DEF e fuzis lançadores de granada M-203 carregados, compondo o
binômio carro-infantaria, com a tarefa de desencadear o ataque principal, caso houvesse
resistência inimiga, e respectiva limpeza da área externa.
Prisioneiros formados
Com o intuito de provocar alguma pressão psicológica sobre os rebeldes foram detonados
petardos de TNT.
Os rebeldes, com inferioridade numérica e, principalmente, de poder de combate renderam-se.
Os 43 ex-militares, assim como, as armas e munições capturadas foram escoltadas para a
Academia da Polícia Nacional Haitiana, onde foram entregues às autoridades competentes.
A situação exigia profissionalismo e, sobretudo, muito autocontrole de todos os
participantes da Operação, pois, um simples disparo seria capaz de desencadear conseqüências
que poderiam vir a comprometer definitivamente, em face dos poderes de combate envolvidos,
o clima favorável em que se desenrola a Operação para Manutenção da Paz no HAITI. Nesta
ação o GptOpFuzNav, com seu elevado nível de prontificação, honrou o nome da Marinha do
Brasil e do Corpo de Fuzileiros Navais, cumprindo a missão sem a necessidade de realizar um
único disparo e sem baixas. ADSUMUS!!! Armas apreendidas

-4
Agradecimento
Chefe do Estado-Maior de Defesa agradece contribuição
da Marinha do Brasil nas Operações de Paz em 2004.
Em carta endereçada ao Exmo Sr. Chefe do Chefe do Estado-Maior de Defesa enaltece a
Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra participação da Marinha do Brasil nas operações de paz
RAYDER ALENCAR DA SILVEIRA, o Exmo Sr. em 2004. Eis o texto na íntegra:

Senhor Chefe do Estado-Maior,

Por ocasião do término de 2004, gostaria de congratular-me com Vossa Excelência


pelos objetivos alcançados pela Marinha do Brasil no âmbito das operações de paz.
Nesse sentido, a participação brasileira com o efetivo emprego das três Forças Armadas
é uma realidade. O Brasil, por intermédio de suas Forças Armadas, em particular, demonstra a
capacidade em superar obstáculos e conquistar uma maior projeção no cenário internacional.
As Operações de Paz no Timor Leste e Haiti são provas desta capacidade e demonstram
o alto grau de profissionalismo de nossas Forças, concretizado no excelente preparo dos
contingentes brasileiros e no eficaz apoio de transporte aéreo e naval, tendo como resultado o
sucesso das operações.
Queira, por gentileza, transmitir este cumprimento e os meus sinceros agradecimentos
a todos que contribuíram para o sucesso dessas missões em 2004.
Atenciosamente,

General-de-Exército RÔMULO BINI PEREIRA


Chefe do Estado-Maior de Defesa

Guerra de Manobra
Esta coluna abordará nesta edição a execução da guerra O emprego de uma divisão do trabalho no comando entre
de manobra para sedimentar os conceitos vistos anteriormente as operações correntes e as operações futuras, com a ativação
sobre a aplicação deste estilo de condução das ações pelos de uma célula de planejamento futuro, eliminará a pausa para
GptOpFuzNav. planejamento habitualmente existente entre o cumprimento de
Neste estilo de combater, a quebra da coesão mental e uma tarefa ou fase e o início de outra. Com isso, será possível
sistêmica do oponente torna-se o principal foco de nossas ações um ciclo OODA mais ágil que o do inimigo.
impedindo que ele desenvolva ações coordenadas e integradas Na manobra, procurar-se-á afetar os centros de gravidade
com os seus meios disponíveis. Observa-se que este enfoque (CG) inimigos, via engajamento das vulnerabilidades críticas,
difere da forma de atuar sobre seus meios e organizações ou, enquanto os próprios CG são protegidos.
ainda, com ênfase no controle de terreno, comuns na guerra de São buscados os engajamentos assimétricos, evitando-
atrito. Para tanto, as ações visarão atuar nos campos moral, se as superfícies e explorando-se as brechas, com o emprego de
mental e físico, simultaneamente, sempre considerando os armas combinadas e forte orientação para o inimigo, focada em
atributos da guerra: a dimensão humana, a violência, o perigo, sua coesão mental e sistêmica.
a incerteza, a fluidez, a desordem, a fricção e a interação de A elaboração adequada da intenção do comandante, a
forças. designação do ponto focal de esforço e a atribuição de tarefas
Para reduzir os efeitos da fricção, desordem, incerteza e aos subordinados pelos efeitos desejados permitirão a
complexidade em nossas forças, serão necessários os melhores flexibilidade e a iniciativa buscadas na guerra de manobra,
meios para gerar conhecimentos e capacidade ampliada de fornecendo um enquadramento geral a ser seguido por todos.
comando e controle. Deverão ser levadas em conta a Adicionalmente, o emprego da técnica da ação ditada
simplicidade, a clareza e a concisão nas ordens, além de cadeias pelo reconhecimento, em conjunto com um planejamento flexível,
de comando apropriadas. deixará a definição final de como a manobra será desencadeada
A execução será marcada pela descentralização, levando- para quando os conhecimentos necessários tenham sido
se em conta que a decisão deve ser tomada pelo escalão que disponibilizados pelo reconhecimento. Deste modo, as ações
melhor conheça a situação. estarão perfeitamente adaptadas à situação vigente em cada
Para ampliar os efeitos da fricção, desordem, incerteza e momento.
complexidade no inimigo, serão necessárias ações passivas e A iniciativa das ações será constantemente perseguida,
ativas contra os seus elementos geradores de conhecimentos, tendo-se o cuidado de não se enveredar por um comportamento
forte emprego de ações diversionárias e manutenção de um meramente reativo às situações impostas pelo inimigo.
ciclo OODA (OBSERVAÇÃO - ORIENTAÇÃO - DECISÃO - Surpresa, audácia, agilidade e liderança são aspectos
AÇÃO) mais ágil. imprescindíveis na guerra de manobra.

5-
Fuzileiros encerram participação na Argélia

C riado em 1995, pelo então Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra MAURO CESAR


RODRIGUES PEREIRA, o Destacamento de Segurança da Embaixada do Brasil em Argel encerrou
suas atividades em 28JAN2005, após quase dez anos de bons serviços prestados àquela representação
diplomática. Hoje, a Argélia vive um período menos conturbado e os Fuzileiros Navais foram substituídos
por uma firma de segurança argelina. Porém, nem sempre foi assim, como veremos a seguir.

A crise que se instaurou na Argélia em 1992, depois


de um golpe de estado do exército, que desconsiderou o
resultado de uma eleição vencida pelo Partido da Frente
Islâmica de Salvação (FIS), partido composto de
fundamentalistas, levou o país a uma onda de atentados
terroristas sem precedentes na história da República
Democrática e Popular da Argélia.
No segundo semestre de 1994, o Ministério das
Relações Exteriores e o Ministério da Marinha iniciaram
entendimentos para a constituição de uma guarda de Fuzileiros
Navais. Uma das primeiras providências, foi o envio de um
grupo de três oficiais para realizar um reconhecimento. O
grupo formado - Capitão-de-Mar-e-Guerra (FN) JOSÉ
GUSTAVO POPPE DE FIGUEIREDO, Capitão-de-Fragata
(FN) JONES CHAVES DE MEDEIROS e Capitão-Tenente Chancelaria
(QC-FN) NELSON CANGELAR JÚNIOR - esteve na
Embaixada do Brasil, onde fez um levantamento das instalações durante o expediente normal e somente a
necessidades de segurança. Os oficiais também visitaram Residência Oficial no período noturno. Uma nova Chancelaria
as Embaixadas do Reino Unido, Portugal, EUA, Espanha e no interior do terreno da Residência Oficial estava em fase
Itália, buscando reunir subsídios para o trabalho. final de construção. A solução encontrada foi alugar uma
Ao retornar ao Brasil, o grupo elaborou um relatório casa próxima à Residência Oficial para o Destacamento,
detalhado, no qual ele propunha que um destacamento com a finalidade de servir de alojamento para os militares.
constituído de um oficial (CC/CT), um sargento e seis cabos Foram dias difíceis até a conclusão da obra da nova
fosse enviado a Argel para prover segurança às instalações e Chancelaria. Havia, obrigatoriamente, os deslocamentos de
realizar escoltas para os deslocamentos do Embaixador. O ida e volta do Embaixador para o trabalho e a Residência
relatório foi transmitido ao Ministro da Marinha, que o ainda não estava completamente murada, havendo muitas
aprovou com pequenas ressalvas. A primeira equipe foi vulnerabilidades. Cabe ressaltar, o trabalho árduo da primeira
selecionada e partiu do Brasil em MAR1995, tendo à frente equipe, que instalou as primeiras câmeras de vigilância,
o Capitão-de-Corveta (FN) IVAN CARDIM DA SILVA. concertinas nos muros e reforçou as grades das janelas da
Quando os militares chegaram, a situação era a Residência Oficial que ficavam expostas para a rua. Após a
seguinte: a Chancelaria ocupava um prédio no centro da conclusão da nova Chancelaria, os militares ocuparam um
cidade (Alger Centre) e a Residência Oficial ficava num bairro alojamento construído em anexo, o que facilitou
nobre chamado El-Biar. Era necessário guarnecer as duas sobremaneira as tarefas do Grupamento de Segurança.
A missão foi de seis meses para a primeira equipe, a
segunda pegou uma transição de um ano e quatro meses e,
a partir daí, passou para um ano, sendo acrescentado mais
um cabo fuzileiro naval. Várias equipes se sucederam, num
total de nove turmas, mantendo o alto grau de
profissionalismo alcançado pela primeira equipe, sendo
sempre alvo de elogios e orgulho para os diplomatas que
por ali passaram, quer em visitas, quer em comissões
permanentes. Muitos funcionários argelinos que passaram
pela Embaixada demonstraram admiração pelos Fuzileiros
Navais. Uma deferência especial para a MADAME LILAH,
que durante todo o período da Missão foi a “Secretária” dos
militares, sempre fazendo-os lembrar um pouco do Brasil
com seu feijão com arroz bem temperado.
Aos militares que participaram desta Missão o nosso
Residência Oficial do Embaixador BRAVO ZULU!
-6
Intercâmbio com Fuzileiros Navais da Itália

No período de 27 de
setembro a 14 de
outubro de 2004, foi
realizada a Operação
Destined Glory, na
região de Cabo
Teulada-Sardenha,
na Itália. A principal finalidade da Operação era o
trabalho de forma combinada entre as forças
pertencentes aos países membros da OTAN. O
exercício fez parte do programa de intercâmbios com
outras marinhas para 2004, e contou com a presença
do CF(FN) ROBERTO SBRAGIO JUNIOR, do
CRepSupEspCFN, embarcado no LPD San Giorgio.
Esta operação constou, basicamente, de
adestramentos a nível Companhia, semelhantes
àqueles que são realizados na Ilha da Marambaia
(SUBEX), sendo coroado com um exercício de resgate
de não-combatentes. O foco principal da Marinha
Militar Italiana era a preparação de uma Companhia

que embarcaria para o Iraque, logo após o término


desta operação. Esta Companhia, que
desembarcou por CLAnf, pertence ao Batalhão
GRADO, Batalhão de Infantaria de Assalto do
Regimento San Marco.
A grande preocupação do Comandante
da Companhia italiana que estava designada para
o Iraque era com a intensificação dos
adestramentos, de modo que pudessem
padronizar todos os procedimentos. Em
consonância com essa orientação, ocorreu um
deslocamento por CLAnf que foi emboscado em
um determinado momento. Este exercício foi
repetido cerca de cinco vezes, até que a tropa
reagisse de acordo com o procedimento opera-
cional padrão para este tipo de situação.
Houve, também, a participação de
aeronaves dos diversos países envolvidos. Não
houve problemas de coordenação, em decorrência
da familiarização dos pilotos com os
procedimentos-fonia em inglês.

Há 20 anos no serviço ativo da Marinha Militar


Italiana, O LPD San Giorgio é um navio muito bem
conservado. Seu convôo possui cerca de 100m de
comprimento e uma largura que varia de 25m nas
extremidades a 30m no seu centro. Ele está
habilitado a receber apenas aeronaves de asa
rotativa, apesar de possuir uma rampa (sky jump)
em sua proa, devido à pouca extensão de seu
convôo. Ele possui uma capacidade de transportar
até 3 EDVM, em seu convés inferior, por meio de uma
ponte rolante dupla, como mostrado na foto ao lado.

7-
Intercâmbio com a Marinha da Espanha

No período de 23 de novembro a 03
de dezembro de 2004, foi realizado
o exercício GRUFLEX, na região do
Campo de Adestramento da Sierra
del Retin, próximo à cidade de
CADIZ na Espanha. O evento
compreendeu uma Incursão
Anfíbia, envolvendo a Brigada de Infantaria de Marinha –
BRIMAR. O exercício fez parte do programa de intercâmbios
com outras marinhas para 2004, contando com a presença do
CC(FN) CEZAR SIMPLICIO FERNANDES, do CMatFN.
A Infantaria de Marinha ou Terço da Armada (Tercio de
Armada – TEAR), como são chamados, foi criada em 1537 pelo
Imperador Carlos I e é considerada como a unidade de Infantaria
de Marinha mais antiga do mundo. Atualmente, o Terço da
Obus 155mm AP
Armada é composto por dois grandes blocos, a Unidade Base e
a BRIMAR. A primeira de cunho administrativo e de apoio e a lado a lado aos homens, desempenhando-as com a mesma
Segunda constituída por elementos de combate. vibração. A foto abaixo apresenta uma cabo ladeada por dois
A BRIMAR é composta por dois Batalhões de soldados de sua Esquadra de Tiro.
Desembarque (BD-I e II), um Batalhão Motorizado (BDMZ-II), A BRIMAR é uma unidade moderna, equipada com os
uma Unidade de Operações Especiais (UOE), um Grupo de mais avançados equipamentos, veículos e sistemas de armas.
Artilharia (GAD), um Grupo de Armas Especiais (GAE), um Grupo Emprega viaturas HUMMER com diversas configurações,
de Apoio de Serviço ao Combate (GASC) e um Batalhão do caminhões EVECO e CLAnf. Dentre o armamento, destaca-se o
Quartel General (BCG). Seus efetivos somam por volta de oito Obus 155mm AP.
mil militares, sendo cerca de sete por cento deste total formado Ela possui grande capacidade de comunicações, devido
por mulheres. As mulheres desempenham funções de combate ao emprego de terminais satélites, que permitem a cada batalhão
o enlace com o Posto de Comando da Brigada
por voz, dados ou vídeos.
A BRIMAR participa de Forças
multinacionais tais como: EUROMARFOR –
Força Marítima Européia; SIAF – Força Anfíbia
Hispano-Italiana; e CAFMED – Força Anfíbia
Combinada do Mediterrâneo.
Recentemente, os Infantes de Marinha
encontram-se presentes no Haiti, com uma
força expedicionária (FIMEX-H Fuerza de
Infanteria de Marina Expedicionaria en Haiti)
composta por 200 militares, que participam da
Missão de Estabilização da ONU no Haiti -
MINUSTAH.

Uma Cabo (centro) e seus Soldados


com traje seco (Gore-Tex®) prontos
para o desembarque.

A Armada Espanhola
dispõe de diversos navios
para apoiar a BRIMAR,
entre eles o Navio
Aeródromo Príncipe de
Astúrias (foto ao lado),
dois NDD (Galícia e
Castilla) e dois NDCC
(Hernán Cortes e Pizarro).

-8
Condicionamento Físico

O cuidado com o preparo físico é primordial para a atividade e para carreira do Fuzileiro Naval. É comum ouvirmos de nossos
companheiros escusas do tipo: “não tenho tempo”, “vou começar segunda-feira”, “assim que eu emagrecer um pouco, vou
começar a correr” e outras. A DGPM-601 - NORMAS SOBRE TREINAMENTO FÍSICO MILITAR, TESTE DE AVALIAÇÃO
FÍSICA E TESTE DE SUFICIÊNCIA FÍSICA - prescreve orientações e programas de Treinamento Físico Militar para os militares
da MB. Sempre de acordo com o prescrito nessa Norma e com vistas a motivar a prática de exercícios físicos, o Âncoras e Fuzis inicia
uma coluna que trará sempre artigos que orientem os militares que já estão em boa forma e mostrem aos que estão destreinados uma
maneira correta de obter um bom condicionamento físico.

NORMAS GERAIS PARA O TFM CONTROLE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA


As seguintes normas gerais para o TFM deverão ser observadas: A Freqüência Cardíaca (FC) é o principal parâmetro a ser controlado,
a) o militar é o principal interessado em manter a sua forma física; e durante a execução do TFM, a fim de se medir a intensidade do exercício e
b) os militares com idade superior à 50 anos ficam desobrigados dos se conhecer os limites de segurança do indivíduo.
programas de TFM, mas recomenda-se que realizem exercícios para manter Deve ser medida na posição de pé, parado, durante quinze segundos.
o condicionamento físico e o nível de higidez já alcançados, podendo Multiplicando-se este resultado por quatro, será determinado o valor de
executar, voluntariamente, o TFM. FC em batimentos por minuto (BPM). Deve ser, preferencialmente, tomada
no pulso, artéria carótida, artéria temporal ou na região precordial (no
ORIENTAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO TFM tórax, logo abaixo do mamilo esquerdo).
Exame Médico Freqüência Cardíaca Máxima (FCM): A FCM representa o limite
O militar deverá estar APTO, nas Inspeções de Saúde, para cumprir os máximo que a Freqüência Cardíaca do indivíduo pode, com segurança,
exercícios do TFM. atingir. Este valor jamais deve ser ultrapassado, para não colocar em risco
Regularidade a saúde do praticante.
A freqüência ideal de exercícios é de cinco vezes por semana. Para que haja Cálculo da FCM: FCM = 220 - idade.
progresso no condicionamento físico, a freqüência mínima de exercícios é Freqüência Cardíaca de Esforço (FCE): A FCE indica a intensidade do
de três vezes por semana. esforço físico na execução do exercício.
Prescrições Higiênicas Cálculo da FCE para atividades aeróbicas: FCE = FCM x 0,85 (limite
Local: é desejável que a realização do TFM seja conduzida em local que superior) FCE = FCM x 0,70 (limite inferior). Cálculo da FCE para
evite acidentes aos praticantes. atividades anaeróbicas: FCE = de 85% a 99% da FCM.
Horário: o TFM deverá ser realizado, preferencialmente, pela Devem ser observadas as seguintes precauções:
manhã. Quando não for possível, deve ser realizado em horário que a) A freqüência cardíaca máxima nunca deverá ser ultrapassada;
não interfira com os períodos de digestão das refeições principais b) A freqüência cardíaca de aquecimento deverá alcançar valores de 100 a
(almoço e jantar), iniciando-se cerca de 3 horas após o término dessas 130 batimentos por minuto (BPM), antes do início da atividade aeróbica; e
refeições. c) A freqüência cardíaca de recuperação, tomada três minutos após o esforço,
Em regiões ou estações com temperaturas muito baixas ou muito elevadas, deverá estar em torno de 120 BPM.
o TFM deverá ser realizado nos horários em que a temperatura estiver
mais amena. EFEITOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR
O treinamento regular e variado provoca manifestações positivas no
SUDORESE funcionamento do organismo humano, dentre as quais destacamos:
A sudorese é um processo de eliminação de água para permitir a diminuição a) Sistema Cardio-Respiratório: redução da freqüência cardíaca, aumento
da temperatura corporal. O aumento da sudorese não diminui a gordura do volume sangüíneo e da hemoglobina, maior rendimento cardíaco, redução
corporal. A perda de gordura acontecerá quando o gasto energético for de pressão arterial, aumento dos volumes pulmonares e maior absorção de
maior que a ingestão calórica de alimentos. oxigênio pelos músculos.
A água proveniente da sudorese é oriunda basicamente do sangue e sua b) Composição Corporal: redução da gordura corporal total.
perda excessiva pode causar a desidratação. c) Outros: hipertrofia muscular, aumento da amplitude do movimento
Para reposição de água, os praticantes do TFM deverão ingerir de 1 a 2 das articulações, aumento da velocidade de reação, aumento da resistência
copos de água, meia hora antes da atividade programada, e, se possível, de ruptura dos ossos, dos ligamentos e tendões e redução dos níveis de
durante os exercícios. colesterol e triglicerídios.

Resposta do Decida nº 27
Um grande número de leitores enviou suas decisões para a Os seguintes militares destacaram-se na formulação de suas
missão imposta ao Comandante da 3ªCiaFuzNav do GDB-3 no decisões:
DECIDA Nº 27. Boa parte destas decisões se inspirou nos conceitos CIASC: CT (FN) Zupo Valente, CT (FN) Marcos Ferreira,
de GUERRA DE MANOBRA para explorar a oportunidade que se CT (FN) Veras, CT (FN) Gláucio, CT (FN) Carlos Gonçalves, CT
apresentava de atacar a Seção de Mísseis Superfície-Ar, que (FN) Alexandre Rocha, CT (FN) Marcio Abreu, CT (FN) Kochulinski,
inviabilizaria o movimento helitransportado da 2ªCiaFuzNav(Ref), CT (FN) Costa Santos, CT (FN) Leandro Santos, CT (FN) Aristone,
previsto para a Hora-I (0500h). A destruição, ou a neutralização, CT (FN) Fabio Roberto, CT (QC-FN) CARLOS GOMES, CT (FN)
desta Seção, certamente teria grande influência na condução das FLÁVIO MORAES, CT (FN) LOURENÇO, CT (FN) RAMIRES, CT
ações de todo o GDB, tendo em vista que, o movimento (FN) MARINHO, TN (IM) DIAZ, CT (FN) CUNHA BARBOSA,
helitransportado passou a ter uma importância maior devido ao CT (FN) LEONEL, CT (FN) PRUDÊNCIO, CT (FN) WERNER, CT
estado violento do mar. (FN) RUSSO e CT (FN) ROSETTI. Destaque especial para o 1o Ten
O objetivo desta coluna não é o de apresentar uma solução (FN) RUBIN do1oBtlInfFuzNav que enviou sua resposta do Haiti.
padrão para a situação apresentada. Busca-se, sim, estimular o debate Na página seguinte apresentamos o enunciado do DECIDA
em cima de conceitos de emprego de força, de forma a disseminar Nº 27, para que os leitores possam relembrar a situação a que se
estas idéias e praticar o hábito da decisão em combate. refere a solução apresentada.
9-
Resposta do Decida nº 27 (continuação)

Decida nº 27 - A Ilha Inacessível


O Sr. É o comandante da 3ªCiaFuzNav do GDB-3. O seu
batalhão é o núcleo do CCT de uma UAnf que tem a missão de
conquistar a Ilha Inacessível a fim de contribuir com controle
de área marítima no estreito de acesso ao Mar de Posseidon.
A 3ªCiaFuzNav(Ref) seria infiltrada por EDPn na encosta
Sul da Ilha, à Hora-G do Dia-D, e deveria destruir, à Hora-H, um
parque de antenas localizado no PCot 81, com vistas a reduzir
a capacidade de comando e controle inimiga nesta área marítima. Face Sul da Ilha Inacessível
A 2ªCiaFuzNav(Ref) faria um desembarque helitransportado, à
Hora-I do Dia-D, para conquistar e manter a localidade de Tritão.
O estado violento do mar tornou bastante difícil o
Movimento Navio-para-Terra, duas EDPn extraviaram-se e sua
própria embarcação virou ao tentar romper a arrebentação,
fazendo com que seu rádio-operador perdesse o equipamento
de comunicação.
Ao chegar à ilha e após a reorganização inicial da
companhia, seu Imediato informou-lhe a situação: as EDPn
extraviadas estavam transportando diversos rádio-operadores
da SeçCmdo da Cia e a 3ªSeçMAG, o restante do Pelotão de
Petrechos estava todo pronto, incluindo o Morteiro 60mm; os Face Norte da Ilha Inacessível
três PelFuzNav estavam prontos; e a equipe de destruição, do
BtlEngFuzNav, estava, como sempre, pronta e com o moral
bastante elevado. Privado do contato com seu escalão superior,
o Sr. Proferiu algumas palavras de incentivo à tropa para elevar-
lhes o moral abatido pela possível perda de alguns
companheiros e lançou duas Ptr de reconhecimento à frente.
A Ptr que seguiu para leste reportou que o parque de
antenas estava guarnecido por apenas cerca de dez militares.
A Ptr de Oeste reportou a presença inesperada de uma Seção
de Mísseis Superfície-Ar (MAS), protegida por um Grupo de
Combate, perfazendo um efetivo total de vinte militares.
Ao analisar o posicionamento dos mísseis em seu croquis,
o Sr. Percebeu que os mesmos iriam inviabilizar o movimento
helitransportado da 2ªCiaFuzNav(Ref), devido à proximidade
As contribuições devem ser encaminhadas a este
com a Zona de Desembarque.
Comando-Geral até o dia 4 de fevereiro, devendo
São 0300hs do Dia-D. A Hora-H está prevista para as 0430hs.
conter: o exame da situação, a decisão e as
A Hora-I está prevista para as 0500hs. Comandante, tenha iniciativa,
ordens aos elementos subordinados.
decida e lembre-se: coragem e audácia são o espírito do ataque.

Apresentamos a solução enviada pelo alunos do CAOCFN: CT (FN) Zupo Valente, CT (FN) Marcos
Ferreira, CT (FN) Veras, CT (FN) Gláucio, CT (FN) Carlos Gonçalves, CT (FN) Alexandre Rocha.
“EXAME DE SITUAÇÃO: antenas no PCot81, perfazendo um total de trinta militares. A
A 3ªCiaFuzNav(Ref) possuía as seguintes tarefas: desembarcar, SeçMSA foi detectada por uma Ptr de reconhecimento enviada
por EDPn, à Hora-G do Dia-D, na encosta sul da Ilha Inacessível e após o desembarque, e tal presença inviabiliza o desembarque
destruir, à Hora-H, o parque de antenas localizado no PCot81. A helitransportado da 2ªCiaFuzNav(Ref). Desta forma, o GDB-3 terá
missão do nosso escalão superior (GDB-3) é “Conquistar a Ilha sérias dificuldades para o cumprimento de sua missão.
Inacessível a fim de contribuir com o controle da área marítima no O terreno apresenta dois movimentos dominantes (PCot118 e
estreito de acesso ao Mar de Poseidôn”. PCot81), o solo é firme, de natureza pedregosa e com vegetação
Nossa missão vem sendo cumprida com dificuldades, pois predominantemente rasteira. Pode-se concluir que o terreno não é
ocorreu o desembarque conforme planejado, porém houve a perda impeditivo a tropa a pé, possibilitando o movimento coberto e
de elementos de comunicações e da 3ªSeçMAG, além do abrigado através campo.
equipamento de comunicações que possibilitaria o contato com o A 3ªCiaFuzNav(Ref) encontra-se com seus PelFuzNav
GDB-3. Os demais elementos da 3ªCiaFuzNav(Ref) encontram-se completos e prontos. Seu PelPtr encontra-se sem a 3ªSeçMAG,
prontos. extraviada durante o desembarque, porém o demais meios desse
O inimigo faz-se presente na ilha com uma SeçMSA protegida Pel encontram-se completos, incluindo a SeçMrt60mm.
por um GC e por cerca de dez militares guarnecendo o parque de (Continua)

- 10
Resposta do Decida nº 27 (continuação)

(Continuação) ORDEM AOS ELEMENTOS SUBORDINADOS:


O tempo disponível é de 90 minutos até a Hora-H e de 120 a) 1º PelFuzNav
minutos para o desembarque da 2ªCiaFuzNav(Ref). (a) Atacar e neutralizar o Obj a (SeçMSA);
Conclusões: (b) Após a neutralização do Obj a, manter suas posições e
(a) os meios disponíveis, conjugados com o inimigo, estabelecer uma postura defensiva;
possibilitam realizar um ataque simultâneo numa proporção b) 2º PelFuzNav
vantajosa para nossas forças; (a) Atacar e conquistar o Obj 1(Parque de Antenas);
(b) face às distâncias envolvidas e o tempo disponível, é (b) Prover a segurança para a Equipe de destruição,
possível cumprir a missão no prazo determinado; BtlEngFuzNav;
(c) apesar da falta de comunicações com o escalão superior, o (c) Após a destruição do Obj 1, manter suas posições e
que impossibilita reportar a alteração importante no dispositivo estabelecer uma postura defensiva.
inimigo (presença da SeçMSA), temos o conhecimento do c) PelPtr
propósito de nossas tarefas e da missão do GDB-3. (a) 1ªSeçMAG ApDto ao 1ºPelFuzNav;
Assim, torna-se fundamental marcar como objetivo para a (b) 2ªSeçMAG ApDto ao 2ºPelFuzNav;
3ªCiaFuzNav(Ref) a SeçMSA, a fim de possibilitar o desembarque (d) SeçMrt60mm AçCj à 3ªCiaFuzNav(Ref), com PrioF para o
helitransportado da 2ªCiaFuzNav(Ref). 2ºPelFuzNav.
DECISÃO: d) Equipe de Destruição, BtlEngFuzNav
Esta Cia atacará, simultaneamente, com um PelFuzNav a W, na (a) Seguir eixada com o 2ºPelFuzNav;
direção ZReu-PCot118, para, a Hora-H, neutralizar o Obj a (b) Destruir o Obj 1 (Parque de Antenas).
(SeçMSA) e com um PelFuzNav a E, na direção ZReu-PCot81 e) Reserva:
para, a Hora-H, conquistar e destruir o Obj 1 (Parque de Antenas). 3ºPelFuzNav
Manterá um PelFuzNav em reserva. (a) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1º Esc.”

LIÇÕES APRENDIDAS
1. Esclarecer a Situação: é um dos fundamentos da ofensiva. Tão propósito da missão, consolidando, além deste: os efeitos desejados
logo estabeleça o contato, o comandante deve desenvolver ações para mais amplos almejados pelo seu escalão superior; os Centros de
determinar o valor, a composição e a disposição das forças inimigas. Gravidade, as Vulnerabilidades Críticas e os Pontos Focais de Esforço
Procurará, assim, sobrepujar suas forças de segurança, localizar sua selecionados; a visão geral de como será cumprida sua missão; e a
posição defensiva e levantar quaisquer deficiências que possam ser situação final visualizada para que a missão seja considerada cumprida.
exploradas. Desse modo, o comandante disporá de elementos para A intenção do comandante é um instrumento que ajudará seus
elaboração de sua diretiva. subordinados a entender o contexto maior em que suas tarefas estão
2. Iniciativa: os comandantes, em todos os escalões, devem adotar enquadradas, possibilitando-lhes o exercício da iniciativa quando uma
uma postura pró-ativa e não se contentarem em serem meros situação inesperada ocorrer, sem que seja afetada a unidade de esforço
cumpridores de ordens superiores. A fluidez do combate, a fugacidade do conjunto.
das oportunidades, o caos e a fricção dos campos de batalha, não A intenção do comandante, que constará de seu plano/ordem de
permitirão que um comandante sempre interrompa suas ações para operação, será redigida de forma clara e objetiva, sem conter
perguntar ao seu superior se pode ou não prosseguir na ação. O detalhamentos próprios de outras partes de sua diretiva.
comandante, ciente dos propósitos e intenções dos comandantes dos O Comandante da 3ª Cia decidiu pelo ataque a Seção de Mísseis
dois escalões acima do seu, tem condições de decidir, acertadamente, Superfície-Ar em decorrência de ter ciência da manobra do escalão
sem precisar questioná-los. acima (seu Comandante de Batalhão) e de sua iniciativa, atributo
3. Intenção do Comandante: constitui uma ampliação do fundamental de um combatente na Guerra de Manobra.

Decida nº 28 A Conquista da Ilha Inacessível


As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 5 de
abril, devendo conter a decisão e todas as providências e ordens necessárias.

Após o ataque da 3aCiaFuzNav(Ref) à posição da Seção


de Mísseis Superfície-Ar e ao Parque de Antenas, cujo resultado
foi a evasão do Grupo de Combate que a defendia, a neutralização
da Seção e a destruição do Parque de Antenas, o GDB-3,
prosseguindo nas ações para a conquista da Ilha Inacessível,
desencadeou o movimento navio para terra helitransportado da
2aCiaFuzNav(Ref). Durante o MNT, uma das aeronaves foi
obrigada a realizar um pouso forçado a Sudoeste do PCot118,
após ter recebido fogos de armas portáteis, que se encontravam
na encosta Norte do PCot118.
Numa manobra rápida, a 2aCiaFuzNav(Ref) conquistou a
localidade de Tritão, estabelecendo uma postura defensiva. Em
seguida, recebeu fogos de aviação. O 2oGC, do 2oPelInfFuzNav,
da 2aCiaFuzNav(Ref) e a 2aSeçMAG que estavam embarcados na
(Continua)
11 -
Decida nº 28 A Conquista da Ilha Inacessível

(Continuação)

aeronave que fez o pouso forçado deslocavam-se para a


localidade de Tritão, para reincorporarem-se à 2aCiaFuzNav(Ref),
quando avistaram quatro militares na encosta Norte do PCot118,
aparentemente remanescentes do GC que defendia a SecMSA,
que estavam atuando como Guia Aéreo Avançado para as
aeronaves que atacavam a 2aCiaFuzNav(Ref).
O Senhor agora é o Comandante desse GC que está sem
comunicações com o seu Comandante de Pelotão, com seu
efetivo completo e de moral elevado. São 08:30h do Dia-D.
Comandante, tenha iniciativa, decida e lembre-se: coragem e
audácia são o espírito do ataque.

Resposta do “Pense” anterior (Âncoras e Fuzis nº 27)

“A História relata os feitos por eles [marinheiros mortos em guerra] protagonizados, e inspirados nos seus
sacrifícios e exemplos, formamos hoje uma geração de marinheiros com forte mentalidade marítima e
desenvolvido espírito de dedicação e de cumprimento do dever.”
Extrato da Ordem do Dia nº 4/2004, em homenagem à memória dos marinheiros mortos em guerra.
Almirante-de-Esquadra MAURO MAGALHÃES DE SOUZA PINTO, Comandante de Operações Navais.

Muitas colaborações nos foram enviadas, dentre as quais A concepção estratégica prevalecente para países de recursos
ressaltamos que 181 foram de Aspirantes da EN, comprovando financeiros escassos reside no poder de dissuasão de suas Forças.
que a mentalidade marítima citada na frase do Exm o Sr. Os recursos humanos que compõem a Marinha do Brasil refletem
Comandante de Operações Navais está realmente essa concepção, são tripulações forjadas sob o exemplo dos
desenvolvida nos marinheiros e fuzileiros da atualidade. antepassados que, contribuindo para o cumprimento das tarefas
Dentro deste enfoque, destacamos as respostas dos Aspirantes básica inerentes ao Poder Naval, tombaram em ação pela soberania
FN-4053 NEPOMUCENO, FN- 4079 ANDERSON CARLOS, do País. Marcílio Dias, Greenhalgh, Jansen, Brito, Gastão Moutinho
FN-4135 SUZART, FN-3059 EDUARDO RODRIGUES, 1099 e Garcia D´Ávila são nomes que se juntam aos nove tripulantes da
GUSTAVO MELLO e 1219-RADOMAN. Porém, selecionamos Canhoneira “BELMONTE” e ao Imediato da Canhoneira
a resposta do CT (T) ROBSON OBERDAN BISPO DE SOUZA, “IGUATEMI” na Batalha Naval do Riachuelo, aos 176 integrantes
do CPesFN, que realça muito bem o espírito de dedicação e da Divisão Naval de Operações de Guerra, durante a 1ª Guerra
de cumprimento do dever expressados na Ordem do Dia do Mundial e aos 16 Oficias, 15 Suboficiais, 42 Sargentos, 224 Cabos
Almirante SOUZA PINTO. e Marinheiros e 29 Taifeiros, tripulantes do Cruzador “BAHIA”
que pereceram no decorrer da 2ª Guerra Mundial. São expoentes
“O processo de obtenção de pessoal para as fileiras da Marinha que nos deixaram um legado de patriotismo, lealdade e dedicação
do Brasil desenvolve-se num ambiente de rigorosa seleção de ao serviço, razões para acreditarmos na importância de nossas
candidatos, oriundos das diversas regiões do país e das mais águas e na necessidade de estarmos sempre prontos a dissuadir
variadas camadas sociais, e tem seu ápice quando os Órgãos de qualquer intento aventureiro que ameace nossa soberania.
Formação entregam para os diversos corpos e quadros de Oficiais Conforme registrado no livro Fleet Marine Force, elaborado
e Praças, via de regra, militares perfeitamente ajustados ao pelo então Comandante-Geral do “United States Marines Corps”
pensamento marítimo e aos anseios da nação, principalmente no (USMC), General A M. Gray, “há duas funções militares básicas:
que concerne à aplicação do Poder Naval. fazer a guerra e preparar-se para ela”. Ora, preparar-se implica,
Nesse contexto de formação de marinheiros e fuzileiros, a entre outras coisas, conhecer como ninguém a história e a arte e
História ocupa papel de destaque, ressaltando os feitos ciência da guerra, suas nuances, estratagemas, inventivas
protagonizados pelos homens do mar nas odisséias por eles audaciosas e feitos heróicos, nos quais os interesses da pátria
vivenciadas, por ocasião das situações de beligerância, nas quais foram postos acima do instinto natural de preservação da própria
a nossa Marinha se fez presente. Tais exemplos, com muita vida. “Todo Fuzileiro Naval tem a responsabilidade básica de
propriedade abordados na Ordem do Dia nº 4/2004, do Exmº Sr. estudar a sua profissão. Um líder sem interesse ou conhecimento
Almirante-de-Esquadra Mauro Magalhães de Souza Pinto, da história e da teoria da arte da guerra – a essência intelectual
Comandante de Operações Navais, estabeleceram o da sua profissão – é um líder somente em aparência”, assevera o
“benchmarking” para as gerações vindouras e eternizaram os General Gray em sua obra literária.
feitos daqueles heróis que se dedicaram inteiramente ao serviço Por tudo isso, neste Brasil de vocação essencialmente marítima,
da pátria cuja honra, integridade e instituições, defenderam com o terra onde as “águas são muitas; infindas. E em tal maneira é
sacrifício da própria vida. Sem dúvida, a formação não se restringe graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem
aos bancos acadêmicos, mas aperfeiçoa-se e acumula-se ao longo das águas que tem”, conforme descrito por Pero Vaz de Caminha,
dos anos, resultando no que somos hoje, uma geração de formamos hoje uma geração de homens do mar cuja mentalidade e
marinheiros conscientes da importância vital de nossas águas virtudes coadunam-se com essa vocação, com a mesma grandeza,
territoriais e certos de que defendê-las exige abnegação e sacrifício. dignidade e honra de nossos marinheiros mortos em guerra.”
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