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ANO LXXXIII — Janeiro — Fevereiro — Março de 1963 -. N.

O 1, 2 e 3

Revista Marítima Brasileira


Publicação do Ministério da Marinha

SEDE: SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA


Edi do Ministério da Marinha — Fone 23-8490 — R. 154 — Rio de Janeiro
©
SUMÁRIO
A MARINHA E A ESCOLA POLITÉCNICA DE SÃO PAULO ENSI-
NAM A FAZER NAVIOS — Cap. de Fragata, EN, Yapery T. de
Britto Guerra T
ESQUADRA BRASILEIRA EM PRÉ-GUERRA — Contra-Almirante
(R) César da Fonseca 17
APLICAÇÃO DO CENSO CROMÃTICO NA MARINHA BRASILEIRA
— Capitão-de-Mar-e-Guerra Dr. Darcy de Souza Medina 21
PROFESSOR NO QUADRO NEGRO —EMA — Divisão de Busca de
Informações IT
HISTÓRIA DA MARINHA BRASILEIRA — Giuliano Giacopini — Tra-
dução de Pedro de Miranda 81
O CIRURGIÃO DA ARMADA DOUTOR FREITAS DE ALBUQUER-
QUE — HERÓI E MÁRTIR DA GUERRA DO PARAGUAI — Luiz
, de Castro Souza 103
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK A VOLTA DO MUN-
DO — (1776-1780) — Tradução de F. A. Machado «da Silva 111
REVISTA DE REVISTAS — A. de A. 123
Modo de combater em guerrilhas 125
Operações erre águas restritas 147
A Terra vista do Sputnik 158
A Terra não é uma esfera perfeita 159
Luas artificiais para medir a Terra 159
Cálculos precisos em alguns meses 160
Os satélites revelarão os segredos da Terra 160
A UNESCO vai equipar o "Almirante Saldanha" 161
Publicações recebidas — N.A.L. 161
AVIÕES E SUBMARINOS — P. de 165
A mais secreta arma norte-americana da Segunda Guerra Mundial
Os submarinos soviéticos 174
Várias notícias 176
RESPIGA 181
Saldanha da Gama 181
A Marinha de Guerra no "Jornal do Commercio" 183
Formação das equipes náuticas de navios pesqueiros de alto mar 186
No fundo do mar 189
A Marinha de Guerra Brasileira e o "Jornal do Commercio" 190
África viu e gostou 192|
"ESTELAS DE
AMISTAD" — Lely Vasquez Claro '.. 195
NOTICIÁRIO — L. 201
BIBLIOTECA DO EXERCITO 213
ALMIRANTE JOSÉ ISAÍAS DE NORONHA 215
NECROLOGIA 217
ÍNDICE ALFABÉTICO DO ANO 1962 219
ESTA REVISTA MANTÉM INTERCÂMBIO COM AS
SEGUINTES PUBLICAÇÕES:

ARGENTINA — Boletin dei Centro Naval — Bníjula — Revista


de Publicaeiones Navales — Revista dei Mar.
BÉLGICA — La Revue Maritime Belge.
CANADÁ — The Croumest — Canadian Geographical Journal.
CHILS — Revista de Marina — Memorial dei Ejército de Chile
Revista de Caballeria — Revista dc Artilleria.
COLÔMBIA — Armada.
CUBA — Cultura Militar y Naval — Boletin dei Ejército.
DINAMARCA — J. L. News.
EQUADOR — Revista Municipal.
ESPANHA — Revista General de Marina.
ESTADOS UNIDOS — Elcctrical Communication — U.S. Naval
Institute Proceedings — Foreign Affairs — Revista
Aérea Latino Americana — The Journal of Politics —¦
Journal of Resaarch — Naval Aviation News — Ali
Hands — Safety Review-Navigation — Naval Trai-
ning Bulletin — Research Review — Civil Engineer
Corps- — Naval Aviation News — Inter-american
Review of Bibliography.
FRANÇA — La Revue Maritime — La Houille Blanche — Triton
Neptunia.
INGLATERRA — Endeavour — The Journal of the Royal
Artillerij — The Journal of the Institute of Metals —
The Dutch Shipbuilder.
ITÁLIA — Revista Marittima — Bolletino di Informazioni Marit-
time.
MÉXICO — El Legionario.
PERU — Revista dc Marina.
PARAGUAI — Boletin Naval.
PORTUGAL — Anais do Clube Militar Naval — Revista de
Marinha.
URUGUAI — Revista Marítima — Revista Militar y Naval.
VENEZUELA — Revista dei Ejército, Marina y Aeronáutica —
Revista de Ias Fuerzas Armadas.
/
imm-M
TERMOS NÁUTICOS

(Nautical Terms)

Acha-se à venda no Serviço de Documentação


Geral da Marinha, 3.° pavimento do Ministério da
Marinha, o dicionário em brochura, TERMOS NAU-
TICOS — Português-Inglês — Inglês-Português —
de autoria do capitão-de-fragata (R) A. de Azevedo
Lima.

João de Brito 6. Cia.


FESTAS E RECEPÇÕES
TELS. 42-6090 — 42-6096
RES. 23-2576

O concessionário do Restaurante e Boite do Clube


Naval comunica aos Exmos. Srs. Oficiais e Exmas.
Famílias, que além dos serviços que realiza na sede do
Clube, está apto a atender Banquetes, Recepções, Co-
quetéis, etc, nos seus próprios salões amplos, decora-
tivos e confortáveis, bem como a domicílio. Pessoal ai-
tamente especializado em sua nova orientação.

INVÉNTAKIO -BN

00.205.62C-8
DICIONÁRIO MARÍTIMO BRASILEIRO

Esta excelente publicação, elaborada por um


grupo de distintos oficiais da Marinha de Guerra,
reúne nada menos de 4 000 verbetes de termos e
expressões da linguagem técnica e da gíria navais
brasileiras da atualidade. Os interessados poderão
adquiri-la no Instituto Técnico do Clube Naval, ou
diretamente no Serviço de Reembolsável da Ii_"v-
prensa Naval, ao preço de Cr$> 250,00 o exemplar.
Os conceitos emitidos nos artigos assinados re-
presentam o pensamento de seus autores e não
acarretam necessariamente identidade de opiniões
da "Revista Marítima Brasileira".
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA
(S. D. G. M.)

DIRETOR
Vice-almirante LEVY ARAÚJO PAIVA MEIRA

Revista Marítima Brasileira


REDATOR-CHEFE
Cap.-Mar-e-Guerra (AM), R.Rm. Levy Scavarda
EEDATOR-SECRETÁRIO
Luiz Augusto Ferreira de Moura

REDATORES
Capitão-de-Fragata ref. Alexandre de Azevedo Lima
Nelson de Araújo Lima
COLABORADOR
Prof. Pedro de Miranda
Registrada no Departamento Nacional de Propriedade
Industrial, do Ministério do Trabalho, Indústria e Co-
mércio sob n.° 191.188 — 27-12-1956 (Decreto-Lei n.° 7 903,
de 27-8-1945) e no Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
sob n.° 1 248 — I/ivro B — N.° 2, de 12 de setembro de
1957; Alvará: n.° de ordem 12 381 — Livro A — N.° 2
A MARINHÜ E A ESCOLH POLITÉCNICO DE
SÍO PAULO ENSINAM A FAZER NAVIOS
Yapery T. de Britto Guerra
Cap. de Fragata — (E.N.)

CURRICULUM VITAE DO AUTOR

Ingressou na Escola Naval em 1941; — Guarda-Marinha em janei-


ro de 1944; —'- Segundo-Tenente em agosto de 1944; .— Primeiro-Te-
nente em agosto de 1945; — Capitão-Tenente em julho de 1949; —
Capitao-de-_orveta em março de 1954; — Capitão-de-Fragata em
ju-
nho de 1958.

Teve as seguintes Comissões:

De janeiro de 1944 a mitrço de 1950 — Embarcou em vários navios


da Esquadra, incluindo navios em Operações de Guerra, um tempo to-
tal de 6 anos, um mês e sete dias. — De maio de 1950 a março de 1951
— Instrutor da Escola de Máquinas do Centro de Instrução "Almiran-
te Wandenkolk". — De junho de 1951 a maio de 1954 — Cursou En-
genharia nos Estados Unidos da América do Norte. — De outubro de
1954 a setembro de 1956 — Chefe do Departamento Industrial da Base
Naval do Recife. Diretor de Obras do 30 Distrito Naval. Representan-
te da Marinha na Comissão de Planejamento da Prefeitura do Recife. —
De outubro de' 1956 até a presente data— Diretor da E.T.C.N. em
São Paulo,—Coordenador do Curso de Engenharia Naval da Escola Po-
litécnica da Universidade de São Paulo. — Professor de Arquitetura
Naval I — Professor de Construção Naval I e II — Representante da
Marinha junto ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo — Assessor Técnico de Instituto Oceanográfico da Universidade
de São Paulo. Na sua qualidade de Coordenador, organizou, desenvol-
veu e dirige o Curso de Construção Naval da Escola Politécnica.

£ possuidor de muitos títulos e entre outros:

— "Master of Science" em Engenharia Naval pelo University of


Michigan U-S.A. — Engenheiro de Construção Naval pela University
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

of Michigan U.S.A. — Mecânico pela University of, Michigan U.S.A.


Engenheiro de Mjáquinas Marítimas
pela University of Michigan
U.S.A. — "Master of Science" em Engenharia de Máquinas Marítimas
pela Universitty of Michigan U.S.A.

Faz parte das seguintes Associações Científicas:

i) American Society of Naval Architects and Marine Engineers —


Membro. — 2) Institution of Naval Architects da Inglaterra 1— Mem-
bro- — 3) Instituto de Engenharia de São Paulo — Membro Titular.
4) Quarter Deck Society of the University Michigan —
Membro
Vitalício.

São esses os seus trabalhos técnicos mais importantes:

1) "Projeto do Navio Oceanografia. Pesqueiro para o Instituto


Oceanográfico da Universidade de São Paulo" — Publicado na
"Revista do Instituto de Engenharia".
2) "Importância do Tanque de Provas na Indústria de Constru-
ção Naval".
3) "Importância de determinação de Rotas padrões para a Ma-
rinha Mercante Nacional". — Publicado na Revista "Portos e
Navios", na Revista Politécnica e nos Anais da i* Semana de
Estudos sôbre Transportes Marítimos e Construção Naval.
4) Efeito das forças do leme no governo do navio" — Publicada
na Revista Marítima Brasileira e na Revista Politécnica.
5) "Estaleiros, de Reparações Navais" — Apresentado à i.a Sema-
na dte Estudos sôbre Transportes Marítimos e Construção Na-
vai — Publicado nos Anais da mesma Semana e pelo Ponto IV
— Americano no Brasil.
6) "Fundamentos da Arquitetura Naval" — Dois Volumes — Tex-
to da Cadeira de Arquitetura Naval I do Terceiro Ano do Cur-
so de Engenharia Naval da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Co-autoria com GEORGES C. MANNING —
Professor Emérito do Massachusetts Institute of Technology
U.S.A. No prelo da Imprensa Naval.
7) "Estudo de Pesqueiros de Arrasto para a Costa do Brasil" —
Apresentado a II Semana de Transportes Marítimos e Cons-
trução Naval. Publicado nos Anais da mesma semana,
pelo Ins-
tituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e na Revis-
ta Marítima Brasileira.
8) "Teoria e Técnica do Projeto do Navio" — Livro Texto da
Cadeira de Projeto do Navio do Quinto Ano do Curso de En-
genheiros Navais da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo — Tradução e adaptação da Obra de GEORGES C.
A Marinha e a Escola Politécnica de São Paulo.

MANNING. No prelo pelas Oficinas da Missão Americana do

Ponto IV no Brasil.

Por seus méritos e suas qualidades são estas as medalhas que. recebeu:

i) Medalha Naval do Míérito de Guerra com duas estréias — 2) Me-

dalha Militar de Prata —• Medalha da Fôrça Naval do Nordeste.


3)

Até 1959, quandoise formou a primeira turma de Engenheiros Navais

pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a quase totalidade

dos Engenheiros da especialidade existentes no Brasil, pertencia ao Corpo

de Engenheiros Navais da Marinha de Guerra. Êste grupo de profissio-


nais é formado por oficiais do Corpo da Armada que, escolhidos em Con-

curso de Seleção, eram enviados ao exterior para freqüentarem cursos

em escolas de reputação internacilonal firmada, tais como King's Colkge,


11a Inglaterra, e Massacjiussetts Institute of Technology, University of
Michigan nos Estados Unidos.

Os Engenheiros Navais guarnecem os orgãos técnicos e industriais

da Marinha e dão prosseguimento ao de construções e


pequeno programa
reparos das nossas forças navais. Era evidente antes de 1955
porém já

que o número dle técnicos disponíveis não resolvia integralmente o pro-


blema interno da Marinha e, muito menos< o dt> pais.

Sabendo ser o Brasil uma nação essencialmente marítima, pelos 9.600


km de costa e 35-800 km de rios navegáveis; conhecendo como ninguém

a situação real de nossa Marinha Miercante; a importância


percebendo
do transporte marítimo como condição básica o desenvolvimento e
para

para a segurança nacional; estava a Marinha em condições de incentivar,

como incentivou, o estabelecimento no Brasil da indústria de Constru-

ções Navais.

Antes mesmo que qualquer outro orgão do Govêrno se preocupasse


com o assunto, a Marinha, pelos seus Chefes, designou uma Comissão de

Engenheiros chefiados pelo atual Presidente do Conselho Nacional de


Pesquisas, Almirante Otacilio Cunha, estudar e o estabe-
para planejar
lecimento, no país, de um curso para formação de Engenheiros Navais.

A nacionalização da formação de engenheiros era assim o primeiro pas-


so para o estabelecimento de uma indústria naval brasileira, com técni-

cos de formação adaptada à realidade nacional.

Dois anos dfe estudos e pesquisas levaram a Comissão designada a

manter entendimentos com a Escola Politécnica de São Paulo, única en-

tre as| sondadas que, possuindo as condições técnicas exigidas, entusiàsti-

camente aceitou a idéia e se prontificou a assumir a responsabilidade de,

juntamente com a Marinha, tornar realidade o sonho de um grupo de


10 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

brasileiros conscientes — formar engenheiros o restabelecimento da


para
indústria naval indígena.

Nasceu assim o curso de Construção Naval da Escola Politécnica,

como resultado de um convênio assinado entre a Marinha do Brasil e a

Universidade de São Paulo.

Assentadas as bases iniciais foi contratado o eminente Prof. Laurens

Troost, então Chefe do Departamento de Construção Naval do M.I.T. e

atual Presidente da Comissão Nacional dle Pesquisas da Holanda para


orientar a organização do curso, analisar os planos já estabelecidos e su-

gerir as modificações que a sua competência e larga experiência pudesse


indicar. Ao término de sua estada no Brasil, veiio substituí-lo o Prof.

George Charles Manning, Catedrático e segunda pessoa em importância

no corpo docente do Departamento de Construção Naval do M.I-T.

Atualmente, o Curso de Construção Naval conta também com a decidi-

da e eficiente colaboração do Ponto IV, Americano. Esta organização

subdesenvolvidos enviou dois — Fred.


de ajuda aos países professores
W. Walfion, Ex-Diretor do Centro de Pesquisas de Máquinas da Mar-i-

ilha Americana, que dirige, a opção de Máquinas Marítimas e Eugene

E. Allmendinger, x-professôr ca Massachusetts Institute of Technology

que ministra Arquitetura , Naval II, isto é, Projeto Básico de Navios.

Êste último foi substituído pelo Prof. Stephen Ray Towne.

Além dios nomes indicados honram ainda o corpo docente do Curso

de Construção Naval nomes como Heinrich Peters ex-professôr do M.I.T.

e da Escola de Engenharia de Karlsruhe, em Tecnologia Mecânica; Geor-

Max Gronau, em Tecnologia de Construção Naval; Telemaco Van


ge
Langendonck, em Resistência dos Materiais; Lucas Nogueira Garcez, em

Mecânica dos Fluidos, além de cinco oficiais da Marinha, todos possuído-

res do grau de Master of Science ou acima, nas respectivas especialidades.

O curso de cinco anos, intensivo foi organizado para preparar en-

genheiros para a indústria, isto é, profissionais capazes de pesquisar,

projetar, construir e reparar navios ou embarcações de um modo geral.


O seu currículo geral, baseado nos oferecidos pela Universidade de Mi-

chigan e pelo Massachussetts Institute of Technology, sofreu também a

influência da mentalidade européia por intermédio dos professores de

Tecnologia Mecânica de Construção Naval e é adaptado à realidade

brasileira por ação dos catedráticos brasileiros do Conselho Departa-

mental da Escola Politécnica. Procurou-se um equilíbrio entre os mé-

todos de ensino europeus e americanos de modo a obter um método re-

sultante aplicável à realidade brasileira.

Da combinação de sistemas resultou um currículo pesado e muito

trabalhoso. O estudante em paralelo com o curso teórico indispensável

para a formação de um técnico de envergadura, faz um curso prático de

desusada intensidade, calculando, projetando e experimentando nos di-

versos laboratórios. Em continuação às aulas teóricas são mostrados

filmes técnicos sobre es assuntos teóricos ventilados, feitas demonstra-

ções práticas em laboratórios, além de problemas e exercícios sob a

orientação dos professores e assistentes.


A Marinha e a Escola Politécnica de São Paulo... 11

Todos os professores das disciplinas especializadas são de tempo in-


tegral. Permanecem no Departamento de oito às dezoito horas inteira-
mente à disposição dos estudantes para explicações adicionais, eliminação
de dúvidas e orientação geral. Graças a este contacto contínuo entre
professores e alunos, criou-se uma atmosfera de cordialidade e confiança
mútua que muito tem ajudado o progresso do| ensino, e tornando um pou-
co mais agradável a trabalhosa e severa vida escolar dos futuros en-
genheiros.
Além das sabatinas (chamadas provinhas) provas parciais e exames
finais, eácritos e orais, cada cadeira estabelece e fixa tarefas diárias
que variam de simples problemas para serem resolvidos em cada ou tra-
balhos técnicos sobre determinados assuntos, até o projeto preliminar com-
pleto do navio, exigido no último ano como condição mínima para ob-
tenção do diploma.
Para dar uma itléia do número de projetos exigidos durante o curso
basta dizer que a média de horas gastas em projeto varia da 30 a 40 no
segundo ano para 180 no terceiro, 210-no quarto e finalmente 365 110
quinto. Note-se que a maioria dèssesi trabalhos é executado fora das ho-
ras de aulas.' Com este método se está obtendo resultados plenamente sa-
tisfatórios. Os rapazes saem da Escola não apenas com as bases teóri-
cas necessárias, mas também com prática suficiente para iniciarem o seu
trabalho em qualquer estaleiro. Em outras palavras, aprendem não ape-
lias o que deve ser feito, mas também como fazer realmente.
No fim de cada ano letivo, depois dos exames de primeira época, ca-
da turma faz obrigatoriamente um estágio. No fim do terceiro ano, de-
pois de adquirir os conhecimentos teóricos de Hidrodinâmica de Navios,
entram no estágio de dois meses no Tanque de Provas do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas. Neste estágio tomam os estudantes contato
com os métodos práticos de determinação de potência de navios com au-
xílio de modelos, cálculo de coeficientes propulsivo e se iniciam nos mé-
todos de pesquisas usualmente aplicados nos grandes laboratórios. Muito
em breve, estarão fazendo provas com modelos providos de pro'pulsão
própria, para que o Tanque de provas foi aumentado de 60 para 140
metros com o objetivo de possibilitar esse tipo imprescindível de prova.
Dentro de poucos meses, esperamos ter montado o Túnel de Cavitaição,
para o estudo de propulsores na faixa de cavitação e super-cavitação
e assim completar com o já montado Laboratório de Estabilidade o núcleo
de pesquisas do Curso.
Este núcleo de pesquisas, constituído de Tanque, Túnel e Labora-
tório de Estabilidade, tornará possível não só uma grande eficiência de
ensino, mas também possibilitará a pesquisa necessária à dinamização do
estudo da Engenharia Naval no Brasil. Ensino sem pesquisa no nível
universitário é motor sem combustível, tem a tendência natural para a
estagnação, para o obsoletismo. A pesquisa além de manter professores
¦e assistentes em dia com os progressos da ciência, permite a resolução
.em bases cientificas dos problemas que por ventura surgirem, e surgirão,
na nascente indústria da construção naval do Brasil.
12 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Terminando o quarto ano, já com conhecimentos sólidos de Cons-


trução Naval, Arquitetura Naval, Tecnologia Mecânica e Tecnologia de
Construção Naval, os estudantes fazem um estágio de dois meses no Ar-
senal de Marinha do Rio de Janeiro, parque industrial concentrado e
maior estaleiro da América do Sul. Nesses estágios, os rapazes tomam
contato direto com um grande estaleiro — trabalham na divisão técnica,
na divisão de reparos navais, visitam oficinas, íazem docagens, acom-

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Aspecto da assinatura do convênio que deu origem ao Curso de Construção


Naval. Em pé, o Reitor da Universidade de São Paulo, Dr. Alipio Corrêa
Neto. Assinando o almirante Xavier do Prado.

panham construções nas carreiras e fazem pequenas viagens nos navios


que saem para experiências depois dos reparos.
Além dos dois estágios mencionados, outros existem, porém sem ca-
ráter de obrigatoriedade. No meio do quarto ano, nas férias de junho,
A Marinha e a Escola Politécnica de São Paulo. 13

em os engenheirancíos fazem estágios nos grandes estaleiros parti-


geral,
ciliares. Sempre possível e a partir do segundo ano, graças à coopera-
que
das companhias de Navegação, os estudantes fazem pequenas viagens
ção
de instrução com o objetivo de familiarizá-los com os, navios e, em espe-

ciai, com a vida do mar, seus condições de vida das tripulações,


preealços,

etc. Êste contato tem o condão de mostrar ao futuro projetista o lado

humano daquilo vai Tem o mérito de chamar a atenção do


que produzir.
"al-
futuro engenheiro a necessidade de olhar com carinho para a
para
ma" do navio, a sua tripulação, sem ajuda da qual nenhum navio, por

mais bem; que seja, poderá ser eficiente.


projetado

três opções — Casco, máqui-


O curso era até êste ano dividido em

A opção d!e casco tem como objetivo preparar enge-


nas e eletrônica.

com ênfase na estrutura do navio. O de máquinas diz


nheiros de casco,

à instalação de máquinas, técnicos com a finalidade


respeito preparando

de e reparar instalações propulsoras.


projetar

A opção de eletrônica vai ser extinta. Verificou-se que o número de

horas destinadas aos cursos da opção não eram suficientes para formar

do nível desejado. Km compensação surgirá no Curso de


engenheiro

Eletrônicos da Escola Politécnica uma opção naval, que


Engenheiros

aos engenheiros eletricistas e eletrônicos o trabalho nos esta-


permitirá
como responsáveis instalações elétricas e eletrônicas marí-
leiros, pelas
aliás é a tendência moderna, tendo sidoi adotada nas Uni-
timas. Esta já

versidades Americanas e Européias.

de estudantes o Curso de Construção Naval é feita


A seleção para
após a aprovação no Concurso cie Admissão. Dentre
no primeiro ano,

desejam a matrícula no Curso d!e Construção Naval, a seleção é


os que
feita média de aprovação de modo que o nível mental dos estudan-
por
tes escolhidos tem sidb bastante bom.

De acordo com a nova orientação o currículo do curso ficará assim

distribuído:

CURRÍCULO PARA O CURSO DE CONSTRUÇÃO NAVAL

3° ANO

— Vetorial I — Cálculo
Cálculo Diferencial e Integral I Cálculo

Observações I — Geometria Analítica e Elementos de


Numérico e de
— Física Geral I — Geometria Descritiva e Apli-
Geometria Projetiva

cações — Desenho Técnico.

2° ANO

— Vetorial II — Cálculo
Cálculo Diferencial e Integral II Cálculo
— Geral — Física Geral II
Numérico e de Observações II Mecânioai

Parte) — Arte Naval.


Química Tecnológica Geral (ia
14 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

3° ANO

Tecnologia Mecânica — Resistência dos Materiais e Estabilidade


das Construções I — Mecânicas dos Fluídos — Teoria do Navio — Termo-
dinâmica e Transf. de Calor — Materiais de Construção — Arquiteto-
ra Naval I.

4o ANO
— Resistência dos Ma-
(Opção Estrutura) — Telcnologia Mecânica
teriais e Estabilidade das Construções II — Estatística, e Economia I —
Máquinas Marítimas — Eletrotécnica Geral — Arranjos, Aparelhos e
Sistemas — Construção Naval I.

(Opção Máquinas) — Tecnologia Mecânica — Estatística e Eco-


nomia I — Eletrotécnica Geral — Máquinas Marítimas — Arranjos,
Aparelhos e Sistemas — Construção Naval I — Elementos de Máquinas
Transportes Marítimos.

5° ANO

(Opção Estrutura) Transportes Marítimos — Arquitetura Na-


Arquitetura Naval — II —
vai I (Projeto Básico) (Propulsão) —
— Estatística e Economia II — Tecnologia da Construção Naval —
Construção Naval II.

(Opção Máquinas) — Arquitetura Naval II — Estatística e Eco-


nomia II — Transferência de Calor (R.A.C.) — MÈquinas Marítimas
e Instalações — Instalações Elétricas Marítimas — Tecnologia da Cons-
trução Naval.

No Departamento de Eeletricidade, a opção Naval resultará do cur-


riculo normal e mais as seguintes disciplinas:

i) Teoria do Navio 2) Arte Naval 3) Instalações Elétricas Mari-


timas 4) Auxiliares Eletrônicos à Navegação.

A primeira turma de Engenheiros Navais formou-se em 1959, mas


a maioria dos novos engenheiros foi aproveitada no corpo docente do
próprio curso. Havia necessidade imperiosa de formar um corpo de au-
xiliares de ensino, núcleo de formação do corpo docente permanente
que, no futuro, substituirá o atual, composto de professores estrangeiros
e oficiais da Marinha de Guerra do Brasil.
Daquela data em diante, o esforço passou a ser dirigido não apenas
para a formação de engenheiros, mas também para o preparo intenso
dos assistentes com o objetivo de torná-los capazes de assumir as res-
A Marinha e a Escola Politécnica de São Paulo. 15

ponsabilidades integrais do ensino de Engenharia Naval, no menor tem-

po possível.

No momento, contamos com nove asistentes em- treinamento, ao

mesmo tempo que prestam reais serviços no auxílio direto aos profes-
sores, em todas as tarefas didáticas. Os assistentes, depois de dois anos

de ensino na Escola Politécnica, são enviados para o exterior onde, em

Universidades de renome internacional, continuam os seus estudos na


"Master
direção do diploma de of Science". Obtido o diploma, são ain-

da submetidos a um estágio mínimo de seis meses na indústria, para a

necessária experiência prática.

Neste particular, o Curso de Construção Naval tem contado com o

inestimável apoio do Ponto IV Americano. Esta magnífica organização

Norte-Americana, com a Marinha, patrocinou a ida de dois


juntamente
assistentes para o Massachussetts Institute of Technology, em Boston,

Estados Unidos, e dbis outros para a University of Michigan no mesmo-

país. O planejamento atual prevê ainda a ida de mais quatro, um no

corrente ano e três outros em 1963.

O trabalho conjunto da Escola Politécnica, do Ponto IV Americano

e da Marinha do Brasil, vem mostrando o quanto pode produzir uma

coooperação leal entre homens livfes, cooperação esta cujos resultados

eficientes e proveitosos já transpuseram as fronteiras do Brasil. Tem

havido pedidos de matrículas de estudantes do Peru, da Venezuela, do

Paraguai e de vários outros países da América Latina. Há pouco tem-

po atrás, quando da visita ao Brasil da Missão Mexicana chefiada pelo


Ministro da Marinha daquela nação amiga, foram realizados os primei-
ros entendimentos para a matrícula no Curso de Construção Naval de

Oficiais da Marinha e Civis daquela nacionalidade: No país, por ou-

tro lado, em reconhecimento da lisura, da integridade e da boa orienta-

ção didática do Curso é uma realidade. A procura dos engenheiros pela


Indústria de Construção Naval, comprovai o que foi dito acima. Dos en-

formados — onze em 1959, 13 em 1960 e 12 em 1961. —


genheiros
com exceção dos que foram aproveitados no corpo docente, todos os de-

mais estão trabalhando na Indústria, com excelentes ordenados. As in-

formações que recebemos dos Estaleiros são desvanecedoras.

Nesta mesma linha de considerações, dois outros fatos merecem

menção especial: o primeiro é o interêsse da indústria, não de constru-

ção naval, pelos engenheiros do curso de construção naval, mercê do pre-


sólido que aqui recebem: o segundo foi a vinda ao Brasil e a São
par»
Paulo, em março do corrente ano, do Sr. M. H. N. Pemberton, En-

Chefe do Lloyd's Register of Shipping, conhecida e respeitada


genheiro

Sociedade Classificadora de Navios, com séde na Inglaterra, para con-

tratar dois dos nossos Engenheiros. Note-se o detalhe, para contratar

engenheiros se formarão em janeiro de 1963, o ilustre chefe do


que
Lloyd's Register, aqui veio tom quase um ano de antecedência. A pro-

cura é sempre desvanecedora. Quando vem de um técnico' do quilate de

Mr. Pemberton, ela se torna sumamente honrosa.


16 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

No momento, contamos com trinta alunos no


primeiro Ano, vinte
e dois no segundo, dezenove no terceiro, nove no
quarto e quinze no
quinto. Todos civis. Além destes, estão matriculados cinco Oficiais de
Marinha no terceiro ano, dois no quinto e um oficial da Marinha de
Guerra do Paraguai no primeiro ano.
Desde o seu primeiro ano da funcionamento, já passaram
pelo curso
de Construção Naval trinta e um Oficiais da Marinha, a maioria dos
quais já faz parte do Corpo de Engenheiros Navais onde emprestam reais
serviços à Marinha e ao Brasil.
O curso de Engenharia Naval é iminentemente dinâmico. Mantém
intercâmbio com outras escolas de engenharia, incluindo o Massachussetts
Institute of Technology, University of Michigan e outras, com o objeti-
to de manter o seu currículo atualizado, pela incorporação das últimas
conquistas no Campo da Tecnologia da Construção Naval.
Atingido o estado atual do desenvolvimento do programa quando o
curso de formação de engenheiros já está devidaníente consolidado,
pa-
rece chegado o momento da iniciarmos os cursos de pós-graduação
Esses cursos são necessários não só ao ensino e à pesquisa no âmbito da
Universidade e da Marinha de Guerra, mas também para possibilitar um
melhor apoio técnico e científico à revolução industrial
por que passa o
Brasil. A formação de especialistas de alto nível técnico,
permitirá que
se busquem soluções, para os nossos problemas, dte modo adequado
à
nossa realidade, tanto no campo da economia como no da Defesa Nacio-
nal. Para tanto, um plano cuidadoso, proposto pelo Esfcritório Técnico de
Construção Naval está em fase de estudos pelas autoridades Navais
e
pelo Conselho Departamental da Escola Politécnica. O Plano prevê in-
clusive, o desenvolvimento de ensino específico de navios de
guiejrra no
país, com o objetivo de eliminar a dependência técnica que, neste parti-
cular, ainda perdura. Com a aprovação e execução do plano acima re-
ferido o Curso de Construção terá atingido o seu objetivo precípuo
nacionalização completa, em todos os níveis, do ensino de engenharia
na vai no Brasil.
Esquadra Brasileira em

Pré-Guerra

CÉSAR DA FONSECA

C. Alte. Ref.°

De acordo com a doutrina moderna, a naval to-


guerra
mou feição inteiramente nova.
"
Algures dissemos: na não há dogmas in-
guerra
tangíveis. Em sua evolução contínua ela toma aspectos di-

ferentes. acompanhando sempre o da técnica, fa-


progresso
zendo surgir novos métodos a realização eficaz das ope-
para
rações no mar." Resultam daí doutrinas aparecem com
que
as aplicações hoje existentes e amanhã abandona-
práticas
das. É a influência inevitável tem o desenvolvimento,
que
sempre crescente, em ritmo acelerado, das indústrias bélicas.

A situação mundial se observa no momento não há


que
dúvida, é uma situação de pré-guerra.
De fato, a mobilização axque assistimos de grandes fôr-

dispostas em estratégicas visa, sem dúvida,


ças posições
operações de de alta envergadura. Por outro lado, a
guerra
mobilização de meios e recursos de tôda a espécie para aten-

der a emergência, certo não se enquadra em


qualquer por
absoluto no estado de paz.
A impressão se tem é de se aguarda o momen-
que que
to oportuno ou a eventualidade de um acontecimento grave

dar o início de um conflito armado,


para primeiro golpe,
cuja extensão será imprevisível. ,

Governando a ofensiva e a defensiva na área do Atlân-

tico Sul, as Forças Navais das Américas, das quais faz par-

te a Esquadra Brasileira, estar em condições de


precisam

atuar com a maior eficiência.

Ninguém deve se iludir, a catástrofe se avizinha, e na

realidade os atos correspondem à abertura de


já praticados

hostilidades.

O imperialismo de idéias profundamente antagônicas,

o imperialismo e o imperialismo econômico, provo-


político
cando inquietações e sem a possibi-
perturbações, perigos,
18 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lidade, até hoje, de um entendimento pacífico, só nos leva


a ver o fantasma da guerra.
Assim, a Esquadra Brasileira, diante da situação 'cria-
da no mundo, deve, desde já, se organizar em Fôrças-Tare-
fa e estas, se as condições/ permitirem, em Grupos-Tarefa,
os quais, com a sua flexibilidade e mobilidade, ficarão em
situação de agir eficazmente nas áreas operacionais, fixadas
nos planos ou ordens de Operações.
Claro é que, antes de tudo, os navios disponíveis de-
vem ser armados, aparelhados, e equipados de acordo com a
técnica moderna, vale dizer: dotados de arma para o ata-
que de superfície, defesa anti-aérea, se possível com mísseis,
torpedos, bombas de profundidade, etc...
Uma sugestão para a organização da Esquadra Brasiiei-
ra, seria pois, dispô_l!a em Fôrças-Tarefa, em outras palavras:
agrupamentos táticos para a execução de planos estratégicos.
Assim, considerando os navios existentes disponíveis,
sua organização, a nosso ver, seria a seguinte:

ESQUADRA BRASILEIRA

a) FORÇA-TAREFA — UM
N.AeL Minas Gerais; CTs — Pará — Paraíba —
Pernambuco e Paraná.
b) FORÇA-TAREFA — DOIS

CL — Barfoso; CTs — Gneenhalgh — Marcüio Dias


e Mariz e Barros.
c) FORÇA-TAREFA — TRÊS

CL — Tamanãaré; CTs — Acre — Ajuricaba — Ama-


zonas — Apa — Araguaia e Araguari.

d) FORÇA-TAREFA — QUATRO
CTs — Bapitonga — Baependi — Bauru — Beberibe
Benevente — Bertioga — Bocaina e Bracui.

e) FORÇA-TAREFA — CINCO

CVs — Imperial Marinheiro — Iguatemi — Ipiranga


Forte de Coimbra — Caboclo — Angostura — Bahiana
Mearim — Purus e Solimões.
Esquadra Brasileira em Pré-Guerra 19

f) FORÇA-TAREFA — SEIS

Ss. — Humaitá e Riachuelo.

— SETE
g) FORÇA-TAREFA

NVs. — Jutaí — Javarí.

E outros a incorporarem-se

h) FORÇA-TAREFA — OITO

TrTs — Melo — Barroso Pereira — Ary


Custódio de

Parreiras — Soares Dutra.

E outros a incorporarem-se.

Os demais navios existentes, serão, a critério do Esta-

do-Maior da Armada, distribuidos não só as defesas lo-


para
cais, como tarefas outras, de acordo com as circunstân-
para
cias ocasionais.

A vantagem de antecipação dessa organização é, prin-


cipalmente, a de facultar o treinamento metódico da guerra
ocorrer, visando com esses meios, assegurar as
que poderá
nossas comunicações marítimas livres e a defesa dos nossos

portos e cidades litorâneas, se tornaram vulneráveis aos


que
ataques de armas nucleares.

Sem dúvida, isso aconteça, se torna imprescindí-


que para
vel os nossos cruzadores Barroso e Tamandaré e alguns
que
CTs sejam equipados com helicópteros e, se com lan-
possível,

ao menos os Cruzadores. Assim, também, e o NAeL


ça-misseis;
Minas Gerais deverá ser equipado com aviões, com héli-

cópteros e, se com mísseis, também. Outrossim,


possível,
será indispensável a incorporação de um número bastante

de navios abastecedores suprir, no mar, os navios em


para
operações e estabelecer e uma rêde de de
preparar pontos
apoio, afastados dos centros organizados para o
principais
reabastecimento de navios, visto tais centros serão sus-
que
ceptíveis de destruição.

Claro é medidas ou providências desta ordem de-


que
vem ser tomadas, com a devida antecedência, no sentido de

se obter os recursos suficientes em abastecimentos indispen-

sáveis de tôdas as espécies.

Em conclusão, a Esquadra Brasileira para cum-


poder
a sua missão no momento de em
prir presente pré-guerra,
cooperação com as das marinhas dos estados americanos,
20 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

principalmente a dos Estados Unidos da América do Norte,


precisa contar com os recursos e meios
próprios representa-
dos em suficientes de elementos
quantidades navais e aero-
navais.

Este artigo, sem outra pretensão, jrepresenta, apenas,


uma advertência, focalizando assunto
que, a nosso ver, me-
rece ser abordado o antes.
quanto
APLICAÇÃO DO SENSO CROMÁTICO NA
MARINHA DE GUERRA DO DRASIL
DR. DARCY DE SOUZA MEDIN A
(CMG (Md.):.

INTRÓITO

Tendo servido mais de dez anos no Serviço de Saúde da Escola


Naval, onde exercemos todas as funções, colhemos desta atividade pro-
fissional um interessante e útil acervo relativo a senso cromático. Eis
por que escrevemos um trabalho sobre o assunto, tendo por objetivo se-
lecionar fácil e rigorosamente os futuros candidatos ao oficialato na
Marinha Brasileira.
O trabalho em apreço — elaborado por um modesto médico naval
— não é original "in totum" nem poderia ter esta pretensão.
Como em todos os intróitos, usamos as mesmas palavras da prag-
mática e repetimos, com satisfação, que nos sentiremos felizes se tiver-
mos contribuído com alguma coisa para melhorar e selecionar a co-
munidade naval a que pertencemos, com elevado intuito e trabalho
construtivo.

UM POUCO DE HISTÓRIA

O primeiro estudo relativo à anomalia visual para as cores, cabe a


se dedi-
JOHN DALTON, físico inglês de conhecimento de todos os que
cam ao assunto em causa. Sua auto-observação é famosa mundialmente.
Reportemo-la:
"A senão pelo
particularidade de minha visão não me foi conhecida
"geranium zonal"
outono de 1792. Um dia eu examinava uma flor de
à luz de uma vela. Esta flor, que de dia me parecia branca e que na
realidade é violeta, pareceu-me de côr vermelha, inteiramente oposta
ao azul". Esta observação, revelando-me que minha visão era, para
as cores, diferente da dos outros, fez-me examinar o espectro solar
e me convenci logo de que, em lugar das 7 cores do espectro, eu via
somente o amarelo, o azul e o violeta. Meu amarelo contém o vermelho,
o citrino, o amarelo e o verde de toda a gente. Meu azul se confunde
inteiramente com o violeta, que reconheço somente como uma e mesma
22 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

côr. Uma mancha de tinta comum sôbre um branco é mim


papel para
da mesma côr a figura de
que uma pessoa corada, cheia de sangue. O
sangue parece com o verde garrafa. A luz de uma vela, o vermelho
e o escarlate tornam-se mais brilhantes e mais vivos. O verde, de dia,
parece-me pouco diferente do vermelho. O citrino e o verde gaio, muito
se assemelham. O verde mais agradável
para mim é o verde escuro.
Quanto ao amarelo e ao citrino, a minha visão é absolutamente a mesma
de todo o mundo".

A auto-observaição de Dalton, dispensa comentários e constitui mes-


mo a chave mestra todos os estudos
para relativos a senso cromático.
As teorias de Young e Helmholtz, Heiring, Kries, Muller, Shaaf
e Blum, tôdas explicando o senso cromático e as anomalias decorrentes
cedem lugar à concepção referenciaremos
que no decorrer desta expo-
sição. Referimo-nos à reprodução dos tons espectrais se tem
que com-
provado experimentalmente com três tons
(3) puros do espectro: um
de onda longa — outro de
(vermelho) onda média — e
(verde) outro
de onda^ curta combinados
(azul), que, em proporções adequadas, ori-
ginam tôdas as cores do espectro, igualmente em tom, saturação e lu-
minosidade. Tal concepção traduz a afirmativa de que sensaçãó
qualquer
cromatica pode referir-se a uma mistura de três tons, estabelecendo
(3)
uma equação tricromática.

Isto é: Côr = C x Vermelho -f Y Verde + Z Azul.


É justamente tal conceito hodierno
que o Professor F. SORIANO
J.
admiràvelmente explica em seu manual — DIAGNÓSTICO DAS CE-
GUEIRAS PARA AS CORES, páginas 14 e 15.

CLASSIFICAÇÃO DAS DISCROMATTOPSIAS,


POR
SCHAAF E BLUM
(1922)

— Daltonismo completo ou acromatopsia total.


— Daltonismo absoluto ou acromatopsia
parcial ou discromatopsia.

— Daltonismo o Vermelho-Verde -¦ TRITANOPIA


para
" " "
— Verde-Vermelho — DEUTERANOPIA
" "
— Azul-Amarelo — TRITANOPIA
" " "
— Amar elo-A sul — TRETATANOPIA

1DALTONISMIO RELATIVO OU DISCROMATOPSIA PARCIAL

— Daltonismo relativo —
para o vermelho-verde PROTANOMALIA
" " " "
— verde-vermelho — DEUTERANOMALIA
" " " "
— azul-amarelo — TRITANOMALIA
" " " "
4— amarelo-azul' — TRETANOMALIA

O indivíduo que sofre de protanopia, é cego o vermelho, a 1.*


para
côr do espectro. O deuteranope o é o verde, é a 2.a côr, o
para que e
tritanopç para o azul, a 3-a. Com estasi três côres é se forma, de
que
Aplicação do Senso Cromático na... 23

acordo com a teoria de Young e Helmholtz, o sistema cromático normal


do olho humano ou tricromático.
A observação dos daltônicos veio eloqüentemente demonstrar que a
cegueira cromática isolada para o vermelho, o verde, o azul, nunca se
encontra. A anomalia é sempre associada para d vermelho-verde ou, muito
mais raramente, para o amarelo-azul.
Muito embora a sensação cromática vermelho-verde se encontre alte-
rada, tanto nos indivíduos protánopes como nos deuteránopes, distinguem-
se fundamentalmente ambos porque os primeiros vêem a zona mais lu-
minosa do espectro para o lado do verde e a mais escura para o lado do
vermelho. É bem justamente por este motivo que confundem esta côr
com os tons escuros, fato bem demonstrado nos' exames a que procedemos
nos candidatos ao Corpo de Alunos da Escola Naval (i939/I957)-
Os deuteránopes percebem o máximo de claridade no lado oposto,
isto é, na zona peculiar ao vermelho, e menos luminosidade na zona do
verde. Confundem esta côr (VERDE) com o amarelo, marron e outros
tons escuros.
O protánope-deuteránope, modalidade mais freqüente do daltonismo,
confunde a côr vermelha com a verde e ambas com o cinzento, o que
vem patentemente demonstrar neles que o vermelho e o verde despertam
uma atenção incolor de natureza análoga à que desperta o cinzento em
uma pessoa normal. A esse respeito possuímos observações preciosas e in-
teressantíssimas.
Do exposto, aquilata-se facilmente a importânciai considerável que tem
a pesquisa do 'senso cromático nos indivíduos que se destinam aos serviços
ferroviários, automobilísticos, EXÉRCITO, AERONÁUTICA e MA-
RI NHA, ondet se faz constantemente o uso de sinais luminosos de cores
verde e vermelha, e cuja confusão pode perfeitamente determinar aciden-
tes das mais graves conseqüências ou mesmo de natureza irremediável.

-):•(-

TEORIAS

Tem-se como provável que o senso cromático se processa na parte


central da retina-mácula e suas regiões perimaculares, de onde se conclui
ser a visão cromática central e periférica. Cabe à côr verde o menor
campo visual; ao vermelho um campo maior e ao azul o maior de todos.
A percepção real e exata, como de fato se verifica, ainda continua
no terreno franco e otimista das teorias prováveis. Reportemos, a título
ilustrativo, algumas:
a — YOUNG e HELMHOLTZ admitem, em sólido raciocínio, 3
(três) cores fundamentais, VERMELHO, VERDE e AZUL, e 3 (três)
fibras nervosas, excitóveis, pertencentes respectivamente a cada uma das
cores nominadas em letras maiúsculas.
24 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

A excitação simultânea das fibras nervosas conduz à sensação do


branco, sendo que a percepção total das cores constitui uma resultante
da variedade de excitação dessas fibras, fazendo-o de acordo com a in-
tensidade do fenômeno.

A falta de excitação dessas 3 fibras conduz à ACROMATOPSIA,


chamamos especial atenção, de acordo com o defendem e expõem
que
Young e Helmholtz. Outrossim, quando uma só espécie de fibra é inex-

citável, verifica-se a DISCROMATOPSIA.

O granda crédito científico depositado na teoria aventada dupla


pela
Young-Helmholtz, tem como endosso forte o fato de um indivíduo —

quando atentamente fixa os olhos em uma côr vermelho-vivo e dirige-


-os depois ipara uma superfície branca —¦ ver uma sombra verde (verde
é a côr complementar em causa). O fato é explicado como traduzindo

fadiga das fibras nervosas para o vermelho. E a explitação maior, sem


exagêro de conceito nosso, é constituir-se tal fenômeno um abono pre-
ponderante da teoria reportada e comentada.

b — HERING acredita existirem na retina 3 substâncias com a


de assimilação, 'compreensão
propriedade que para melhor traduzimos nos
esquemas seguintes:

PRETO
ASSIMILAÇÃO:
{ VERDE

VERMELHO

BRANCO
DBS AS SIM I LA QA O: |
VERMELHO

AMARELO
I

A teoria de Hering não teve muita aceitação.

c SGHAAF e BLUM. O Professor F.J. Soriano, consagrado


especialista buenairense, cujos trabalhos muito temos apreciado, refere-
-se à teoria idealizada Schaaf Blum
por e do um modo interessante, con-
ferindo-lhe atenção especial, mesmo aceitá-la, ou, menos,
parecendo pelo
dando-lhe maior atenção e crédito às outras. É o depreendemos
que que
dos escritos do professor argentino em causa.

Reportando à teoria de SCHAAF e BLUM, as radiações espectrais


causam, no protoplasma, dos cones e bastonetes, reações Estas,
químicas.
variáveis com ò comprimento dei onda — o sublinhamos
próprio, que com
o juízo que nos assiste e será 'defendido no dectorrer deste trabalho — ori-

ginando forças eletromotrizes, chegadas até o cérebro intermédio do


por
nervo ótico dão nascimento à sensação especial e das dife-
particular
rentes cores.

As radiações espectrais agiriam, provável e; diretamente, sôbre a púr-

pura retiniana ou um outro, ainda desconhecido, pigmento da retina, par-


'sensível às radiações luminosas.
ticular e especialmente
Aplicação do Senso Cromático na. 25

A teoria aventada por Schaaf e Blum, aliás uma das mais aceitas
no mundo científico hodierno, explica as discromatopsias em 2 itens
resumidos:

1) — As células da retina, não conteriam os naturais.


pigmentos
2) — As radiações espectrais seriam absorvidas antes os cônes
que
e bastonetes fôsserrí alcançados, idênticamente ao se verifica com de-
que
terminados raios cujo comprimento de onda se apresenta insuficiente,
curto. Tal insuficiência está'em função da excessiva de
quantidade pig-
mento amarelo, êste mesmo impregna a mácula.
que
Não nos deteremos a desperdiçar tempo, no citar e transcrever aqui
outras teorias. As citadas suficientes, mesmo no
parecem-nos porque,
decorrer da argumentação vamos apresentar, assunto anali-
que o será
sado com mais vagar, o objetivq é 01 conhecimento de, causa
pois perfeito
para poder bem avaliar seguramente o senso cromático nos candidatos
à Escola Naval.

)::(

VISÃO CROMÃTICA

Como apreciàvelmente reporta o Professor Francisco José Soriano


em seu "Manual
prático para o diagnóstico das cegueiras as cores"
para
Edição El Ateneo, 1945, Buenos Aires — a visão das cores constitui in-
questionàvelmente um capítulo importante da Oftalmologia. Nota o autor,
especialista dos mais acatados e respeitados em seu país, a Argentina, com
propriedade, que os textos correntes tratam do assunto com um certo
descuido, tornando o e inacessível
problema pouco prático à maioria dos
médicos.

Todos os autores são acordes em a ordenação lógica das côres


que
nos é espectro a êsse nos dfevemos ater.
proporcionada pelo que ponto
Invocam razões, assim resumidas, em mas significativas, letras:
poucas,
a) — No espectro todas as côres são puras.
b) — No! espectro as côres se comiportam sucessivamente, de acordo
com o comprimento de onda, o que deu origem e base a tôdas as invés-

tigações, mui especial às leis de mistura, graças às quais se tem preci-


sado as características de visão normal das côres e das distintas aber-

rações que se denominam icegueira para as mesmas.

Concernente ao espectro, não se impõe aqui maior reportagem ou

esclarecimento, porquanto se trata de estudo médico-acadêmico clássico

e bastante conhecido. Entretanto, recomendamos o que sôbre êle fala,

com propriedade, F. J. Soriano. Seu comentário é, deveras, esclarecedor

e proveitoso a todos os que se interessam pelo assunto motivo dêste

trabalho.

Em tôda côr ertoontramos: TOM — SATURAÇÃO — LUMINO-

SIDADE
26 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

TOM — O tom, coloração propriamente dita, qualidade cromática


específica, vem a ser a característica fundamental que diferencia as
cores e serve, propriedade definida, para denominá-las. Entretanto, é
mister frisar e estabelecer; em especial atenção, para efeito com conheci-
mento cüe causa, e aqui chamamos a atenção dos médicos, juizes em juntas
de inspeção de saúde, mormente inspeção de saúde para militares, que a
côr não se apresenta a mesma sob o ponto de vista físico e o que se corre-
laciona à sensação, porquanto uma mesma sensação de côr pode originar
tanto um tom puro espectral como uma mistura de cores, sem que o
olho seja capaz do competente reconhecimento. No espectro, a cada côr
corresponde \um determinado comprimento de onda; no olho, entretanto,
tal não se verifica.
Aqui, isto que está sublinhado constitui uma afirmativa clássica.
Estamos perfeitamente de acordo quanto ao afirmado relativo ao espec-
tro. Trata-se de uma verdade física indiscutível. Entretanto, quanto ao
segundo item, não estamos concordes, pois que a, idéia dominante e acei-
tá vel é justamente o contrário — também no olho a cada côr corres-
ponde um determinado comprimento de onda específico. No decorrer
do trabalho, tal afirmativa será considerada com particularidade e mi-
núcia. O' certo é que, uma grande parte cfos especialistas! assim o admite
e aceita. É o que veremos mais adiante.
SATURAÇÃO — Saturação, também chamada intensidade de côr, é
a relação existente entre o elemento côr (tom) e a parte não corada
(branco) da sensação. Em toda côr, além de sua valência corada, assim
nos permitimos expressar, existe uma valência branca, que constitui, aliás,
a maior saturação. Se a uma côr se adiciona o branco, sua saturação
conseqüentemente diminui, porquanto, é evidente, se torna mais pálida,
perdendo sua pureza, porque a côr branca outra cousa não é 'senão uma
mistura. (Leque de Newton, experiência clássica).
LUMINOSIDADE — Enquanto, justa e naturalmente, no espectro
todos os tons são puros e saturados, a luminosidade entretanto se apresen-
la e .comporta-se variável. Os extremos, vermelho è violeta, são pouco lu-
minosos, em contraposição à zona do amarelo, que se apresenta a mais lu-
minosa de todas. (É berrí especial por isto' que em matéria de salvamen-
to no mar — balsas, baleeiras, jangadas, salva-vidas, etc. — a côr ama-
rela é a preferida). De onde verificamos que a luminosidade é assaz im-
portante no estudo em causa, pois a faculdade para aproveitá-la varia
muito entre o indivíduo normal e o que apresenta qualquer alterarão vi-
suai para as cores.
Devemos esclarecer que o indivíduo normal distingue a côr em vir-
tude de seu tom, não precisando ou necessitando, em absoluto, de outro
recurso ou subterfúgio para expressar rápida e conscientemente esta pro-
priedade natural e instintiva. Mui ao contrário, o daltônico, em razão e
função do seu "déficit" na avaliação dos tons, vê-se constrangidamente
obrigado a recorrer à luminosidade para estabelecer e precisar as cores.
Nossas observações pessoais, em examinandos candidatos à Escola Naval,
Aplicação do Senso Cromático na... 27

estão cheias do que é reportado- O examinando, encontrando dificuldade


em ler as tábuas de Stiling e Ishiara Shinobú, pede sempre mais luz.
A zona do amarelo, a mais clara do espectro, tanto para a direita
como para a esquerda, apresenta o fato interessante do decréscimo lumi-
rioso, :o que se faz um motivo de confusão para os que não tem um poder
perfeito relativamente à percepção das tonalidades.

MISTURA DE CORES
É por intermédio das misturas procedidas com as cores, que se tem
podido avaliar devidamente a visão «normal cromática, separando, cons-
ciente e fácil operação de análise, as anomalias que, em caso contrário,
permaneceriam ignoradas para a maioria dos nossos pesquisadores, que
d'antanho contavam tão só com as precárias e históricas lãs de Holm-
green. A análise compreende comparações simples entre os elementos
iisiológicos e anormais, descobrindo-se, comparativamente, as partícula-
ridades que os diferenciam e caracterizam. Das comparações procedidas,
verdadeiras misturas de cores, interessam sobremaneira os resultados
seguintes:

i) — Obtenção do púrpura.
2) — Obtenção do branco.
3) — Reprodução de qualquer tom espectral.
, 4) — Titulação do espectro, o quei constitui a base fundamental cias-
sificatória dos sistemas fisiológico e anormal."

PÚRPURA

Trata-se de uma côr muito difundida na natureza, conquanto não


seja encontrada no espectro. É obtida como resultado da mistura das
cores extremas espectrais — VERMELHO E VIOLETA. Os diferentes
matizes do púrpura, que se encontram, aliás, intermiediàriamente, entre
o vermelho e o violeta, dependem das competentes proporções relativas
a cada um dosi componentes, formando uma gamai que passa lenta e gra-
dativãmente do vermelho ao púrpura, e deste ao violeta.
A principal característica do púrpura consiste em servir de comple-
mento ao VERDE, única côr do espectro, que dentro do próprio, não
possui complemento.

BRANCO

A côr branca é obtida de diferentes maneiras. Esquematizando:


a) — Pela reunião de todos os tons da luz branca decomposta no
prisma.
b) — Pela mistura das cores do espectro.
28 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

É bem de notar que o verde, situado no centro do espectro, constitui


notoriamente uma zona especial e particularíssima de separação entre os
tons de onda longa (VERMELHO, ALARANJADO, AMARELO) e
os de onda curta (AZUL, ÍNDIGO, VIOLETA).
Onda média — verde
Onda longa — vermelho, alaranjado, amarelo
Onda curta — asul, índigo, violeta
As cores situadas em um dos lados, o que bemj se nota com a dispo-
sição gráfica, têm seu complemento no lado oposto. E assim se faz re-
cíprocamente, porquq um tom de onda longa) se complementa com um de
outra onda para formar o branco e vice-versa.
São exemplos clássicos:
a) — Vermelho com azul: Verde; b), — Amarelo com índigo: Azul;
c) — Violeta com amarelo: Verde.
Notemos e frisemos que o verde, a côr que mais nos interessa na
avaliação do senso cromático dos candidatos à Escola Naval e à Mari-
nha de um modo geral, (e esse interesse analítico e selecionador é jus-
tificável, não necessitando de maiores demonstrações ou detalhes) não
possui complemento dentro do mesmo espectro. Forma, entretanto, o
branco em, operação combinada com a púrpura, que por sua vez vem a
ser a côr de origem extra-espectral, isto é, fusão VERMELHO E VIO-
LETA.
Estas nolções fundamentais que estamos reportando, são algo can-
sativas, mas temos necessidade! de comentá-las e torná-las acessíveis, pois
das mesmas depende a compreensão do senso cromático. Assim é que
vamos continuar o programa que nos traçamos.

REPRODUÇÃO DOS TONS ESPECTRAIS

A reprodução dos tons espectrais compreende 2 casos:


i.°) — Em certas zonas do espectro, para se obter um tom, é sufi-
ciente juntar à cór que se encontra à direita, a côr que! está à esquerda.
Podemos obter e conseguir tal, tanto no trecho de onda longa como no
de onda curta. Desse modo operando, empregando o vermelho e o ama-
relo-verde, do setor de onda longa, podemos perfeitamente reproduzir
todos os matizes desta zona. Os dois elementos utilizados são inteira-
mente respeitados, notando-se a esse respeito o tom e a saturação obe-
decida a graduação dosimétrica, pois que a côr resultante dos compo-
nentes depende das proporções respectivas.
Idêntico efeito é observado no setor de onda curta, que está com-
preendido entre o azul-verde e o violeta. O mesmo, entretanto, não se
verifica, em absoluto, no setor verde, porquanto qualquer mistura de
tom à sua direita ou esquerda dá em resultado um tom intermediário,
verde, que não o iguala absolutamente, pois se apresenta mais pálido,
Aplicação do Senso Cromático na. 29

menos saturado. Se a distância o verde é aumentada, idênticamen-


para
te procede a mistura, tão mais mais se aproxima do bran-
pálida quanto
co, o que traduz ausência de côr.

2.0) — O segundo caso correlaciona-se à reprodução de qualquer


cor do espectro, inclusive as côres da zona do verde. A comprovação

experimental demonstra claramente com tons do espectro


que 3 puros
— um de onda longa da zona do vermelho, outro de onda média, na
zona do verde, outro de onda curta, na zona de azul — combinados todos
e
em definidamente adequadas, obter as côres do es-
proporções podemos
pectro. A igualdade sie TOM — —
apresenta1 perfeita em SATURAÇÃO
LUMINOSIDADE.

Referimo-nos anteriormente a uma sensação de côr


que podei propor-
cionar um tom espectral ou tuna mistura de tons de diferentes com-
puro
primentos de onda, sem que o ôlho, apesar dessas características físicas,

possa consta):á-lo. Tal fato, traduzindo uma sensaçãq cromática qualquer,


pode referir-se a uma( mistura de tons, o vem a ser, inegável e in-
3 que
discutivelmente,
uma equação tricromática bem expressa no exemplo se-

guinte:

CÔR — C = X VERMELHO + Y VERDE Z AZUL


+

TITULAÇÃO DO ESPECTRO

Esta titulação consiste na estimação das valências ou relati-


quotas
vas ao vermelho, verde e azul de cada zona do espectro. Examinando
tôda -a
largura do espelctro, a conclusão é a fixação, para cada côr, das

proporções do vermelho (60 mil. de mm) do verde (530 mil. de mm)

e do azul mil. de mm), são necessários para uma reprodução


(460 que
competente espectral. Tal importa na valência do vermelho, verde e azul,

que originam realmente a sensação cromática de cada zona do espectro.

Consegue-se experimentalmente reproduzir todos os tons espectrais

com a mistura das côres — VERDE, VERMELHO e AZUL, o


3 que
traduz inequivocamente o mecanismo da visão cromática, que dêsse modo

deverá realmente Como conseqüência lógica dessa obser-


processar-se.
vação experimental, temos a classificação da visão cromática, normal, es-

tabelecendo as diferenças existentes entre ela e as anomalias.

CLASSIFICAÇÃO DAS ANOMALIAS CROMÂTICAS

CONGÊNITAS

Temos visto até o momento, acompanhando o raciocínio em causa e

direcionando a orientação do trabalho, que a visão cromática normal

possui, menos, 3 tons. É justamente em razão de tal, que é obtida


pelo
uma igualdade completa com qualquer tom espectral. Êste sistema nor-

mal é chamado TRICROMÁTICO.


30 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Nem todos os indivíduos, entretanto, necessitam ou possuem os 3


tons referidos e especificados. Possuem 2 tonalidades espectrais. —
Uma de onda longa e outra de onda curta. Muito embora esse "déficit"
(ausência! da onda média), a mistura das 2 existentes dá aos indivíduos,
compensadoramente, uma percepção plena de todos os matizes do espec-
tro. Insistindo, ainda mesmo faltando a esses indivíduos uma valência
cromática, eles possuem senso cromático apreciável, conquanto o sistema
normal seja constituído dos 3 elementos referenciados. Os deficitários
em causa constituem os DICROMÁTICOS. •
O resumo seguinte é elucidativo:

a) — Cegos para o VERMELHO-VERDE.

b) — Cegos para o AMARELO-AZUL.

c) — ACROMATOPSIA TOTAL (Sistema mono-cromático).


Aqui, a capacidade para a percepção das cores é menos acentuada, muito
embora sua gama de cores se reduza a um só tom em função da dife-
rença de claridade espectral.

d) — TRICROMALIA NORMAL (Sistema tricromático). Carac-


teriza os indivíduos que necessitam de 3 tons puros — VERDE — VER-
MELHO — AZUL — para a reprodução de todas as cores espectrais
com um componente distinto, tanto em qualidade como em quantidade.
Indiscutivelmente, a cegueira cromática congênita, OONSTITUCIO-
NAL, na feliz expressão do Professor F.J. Soriano, nasce com o indiví-
duo, mantém-se sem a menor modificação durante toda a vida e se trans-
mite, por herança, em forma definida. No que concerne aos cromáticos
adquiridos, fato que até hoje não tivemos oportunidade! de constatar, nem
ter observações de outrem, temos que as formas são as mesmas aqui re-
portadas, porém surgindo nó decurso de doenças oculares, traduzindo fia-
grantemente um episódio evolutivo.
Estes elementos independem-se. O sistema tricromático constitui pa-
trimónio exclusivo da região central da retina, mácula e zona adjacente,
é o que afirmam, unanimemente, os autores. A ês'se respeito, não encon-
tramos, no material compulsado, voz discordante.

)::(

EXAME E DIAGNÓSTICO DAS CEGUEIRAS CROMÃTICAS


CONGÊNITAS

É este o exame e o diagnóstico que diretamente se relacionam aos


candidatos à Escola Naval e à Marinha de um modo geral. O capítulo
em causa prende-se) estritamente a transtorno congênito da visão para as
cores. E é do que vamos tratar em continuação.
Aplicação do Senso Cromático na. 31

É muito comum oá candidatos à Naval "déficit"


Escola ignorarem o
cromático de são Temos verificado isto repetidas e inú-
que portadores.
meras vezes, embora se tratei de filhos de Oficiais de Marinha, Médicos,
Advogados, Engenheiros e outras de apreciável nível sotial, edu-
pessoas
cacional e financeiro. Em face do exame a manifesta
que procedemos, o
candidato, de ordinário, real e surpreendente pasmo. Surpresa com todos
os atributos. E sentimos nos/ examinandos, não se
que trata em absoluto
de fingimento ou farsa teatral ensaiada com maestria no seio familiar.
A novidade é realmente flagrante o candidato, muito
para embora mais
tarde venha a alegar, nervosismo, inibição mesmo, nq momento dá prova.
Para esclarecimento devemos dizer que o nervosismo aqui não constitui
fator digno de nota, nem tampouco deve ser levado em consideração.
Alguns estudantes traquejados têm nossos testes,
que passado pelos
ao voltarem casa, explicam insucesso das invocando
para o cores uma
serie de coisas descabidas. Fazem-no para satisfação ou desabafo, auto-
ilusão enquanto é aguardado íiôvo exame. Êste, felizmente para nós, da

alçada da Superior de
Junta] Saúde, em grau de recurso.

Justamente por tais motivos, é que o exame a submetemos os


que
candidatos à Escola, não comporta interrogatório, note-se bem. O inter-
rogatório seria inútil e destituído de; valor elucidativo. Todos os autores
referem-se a êste de vista com idênticas
ponto quase que palavras.
O certo é o indivíduo normal as íôres, as mes-
que para possui para
mas uma rápida, sem apresentar a mínima, interpretação dúbia.
percepção
Entre excitação e resposta, o tempo é mínimo. Ainda recente-
perdido
mente vivemos'um caso assim típioo, verdadeiro Tratava-se de
paradigma.
um antigo escrevente, CB-íES, do Serviço de Saúde. E', coisa admirável,
em todas as doá testes de Ishiara Shinobu e Stilling, não teve
pranchetas
um único êrro ou titubeação siquer. Respondeu a tudo com a maior calma
e serenidade, demonstrando um senso cromático 100%. Note-se era
que
a primeira vez que via e ouvia falar em tais testes. Realmente notável.

O mesmo, entretanto, não acontece com os anormais, que procedem em

sentido diametralmente oposto ao que acabamos de fazer referência sucinta.


"Enquanto
Já alguém disse com muita propriedade e feliz expressão:

o indivíduo normal vê as côres( imediata e incontinentimente, o daltônico

conjectura-as". E isto mesmo, podem dizer de cátedra os que têm estu-


dado o assunto em aprêço. Relativamente ao comentado, particularizando
o Oficial de Serviço no passacfíço de um navio, compreendemos o
que
Comandante não pode estar, profissionalmente, à. mercê de conjecturas.

Conjecturas muito menos recomendáveis em momentos comuns de nave-

gação e muito menos ainda quando em comboio ou zona de operações de

guerra. Em guerra'ou em exercício rotineiro, recebe o Oficial, à noite, in-

terpelações luminosas de diferentes navios, relativos à senha identifica-

dora, manobra de dispersão rápida, guinadas de 45 graus e dispersar a

tôda velocidade, etc. (Vêr MERSIGS). Em tal emergência, a resposta

aos indicativos luminosos, todos em VERDE, VERMELHO E BRANCO,

tem que ser pronta, imediata e incontinentementq atendida. A conjectura


32 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

aqui não tem razão de ser, nem pode existir. O tempo', perdido na guerra,
é deveras perigoso, quando não venha a redundar em um mal sem
reparação ou mesmo catástrofe. Se não fosse o desejo de resumir ao
máximo estas linhas, reportaríamos dois interessantes casos verificados
em um comboio no litoral brasileiro, e outro registrada na foz do Ama-
i-.onas com um dos nossos cíieinhas. Ambos os casos são sumamente ilus-
trativos e mostram quão exigentes devemos ser nas seleções que nos
cumpre fazer em benefício da corporação.
Mui justamente por taisl razões é que não temos., a menor dúvida em
afirmar categoricamente que a inspeção de isaúde inicial, verdadeira se-
leção, é de grande valor na organização de uma moderna e eficiente Ma-
rinha. r
Modernamente, todos os autores estão de pleno acordo em que as
tábuas pseudo-iso-cromáticas de STILLING BENEDICT, ISHIARA
SHINOBU, a americana da "American Optical Company", 1940 que
condensa estas duas, e o anomaloscopio de NAGEL, constituem os .me-
lhoresl elementos analistas para bem se avaliar o senso cromático.
'Nos candidatos à Academia Naval usamos, desde 1941, o Stilling
Test. E desde 1944 — tendo conseguido as tábuas de Ishiara Shinobu,
hoje em dia raríssimas, por empréstimo e espírito de cooperação do colega
de turma Dr. Gervais, Oftalmologista credenciado — temos trabalhado
com este precioso livro. Em 1946 iniciamos nossas inspeções com a
"American Optical Plates", dando começo a estudos mais interessantes,
pois, conforme elucidamos, estas tábuas constituem um conjugado Stilling-
Ishiara deveras interessante.,
É real e inconteste, principalmente para* quem tem do assunto conhe-
cimento de causa, que as outrora clássicas lãs de Holmgreen encontram-se
relegadas, no momento, a um plano secundaríssimo. Contudo, ainda so-
mos constrangidos a usar! as lãs citadas em nossas inspeções, tendo fcomo
obediência o regulamento em vigor e que não foi até agora, atualizado,
apesar dos esforços por nós dispendidos. O máximo conseguido até hoje
na Escola Naval, foi continuar praticando as lãs e, subsidiàriamente, as
tábuas pseudo-iso-cromáticas.
Utilizando as tábuas de Ishiara ou Stilling, a operação está ao alcance
de qualquer esculápio, especializado ou não, porquanto o trabalho se
apresenta ao alcance de todos os profissionais. É bastante que o exami-
nando nomeie, de acordo com as letras.- Fazendo-o ou não, está o médico
em condições de aquilatar do exame em breves instantes.
Mais adiante, detalharemos o modo como submetemos presentemente
os examinandos ao teste pseudo-iso-cromático, fazendo aos mesmos, do
'Esta folha está em
próprio punho, preencher uma íôlha mimeografada.
correspondência rigorosa com as tábuas numeradas. No capítulo compe-
tente, descrevemos com minúcia as instruções preparadas para execução
da prova.
Todas as tábuas pseudo-iso-cromáticas até agora idealizadas são ba-
seadas nos mesmos e idênticos princípios, estando habilmente constituí-
Aplicação do Senso Cromático na... | 33
I

das uma multidão de círculos coloridos. Dêstes, uns representam


por al-

garismo^ ou letras. Outros, servem de fundo em admirável e inteligente


combinação, o individual normal distingue hem e fàcilmente, mas
que que
o discromatópsico confunde. Também, aos deficitários cromáticos, a satu-
ração e a luminosidade dificultam bastante reconhecimento
o dos núme-
ros, letras e dos labirintos.
prática
Prosseguindo, de bom alvitre reportar as instruções
julgamos com-
petentes relativas às tábuas de ISHIARA SHI-
pseudo-iso-cromáticas
NOBU-STILLING BENEDICT, AMERICAN OPTICAL COMPANY,
Lãs de HOLMGREEN e ao ANOMALQSCÓPIO DE NAGEC~obeüe-
cendo esta mesma ordem.

TESTE PARA DETERMINAR A CEGUEIRA

DAS CÔRES, DE ISHIARA.

<DR. SHINOBTJ ISHIARA — Coronel I. J. A. ... — Professor


Catedrático de Oftalmologia da Imperial Universidade de
Tóquio — Japão — 5 a Edição — Tóquio — Kanehara & Cia.
— Handaya)

O trabalho do Professor Shinobu Ishiara, a nossa experiência


que
reputa o melhor teste na seleção dos candidatos à Escola Naval, compre-
ende uma série de têm- objetivo
quadros que por precípuo descobrir, fácil
e acuradamente, a cegueira congênita —
para as cores VERDE VER-
MELHO. Êstes constituindo método
quadros, um prático e eficiente,
têm sido usados no a seleção dos candidatos
Japão para à Marinha Im-

perial (o primitivo emprêgo) e, mesmo mais recente, em outros misteres


de seleção necessária, tais como funcionários de estrada de ferro (sina-
leiros, maquinistas, etc.), aviação, exército, etc. Em razão da sinalização
tm cores, todos os a habilitação dos motoristas de trânsito,
países, para
exigem um senso cromático apurado. Entre nós, a Inspetoria de Trânsito,
faz suas utilizando o teste de Ishiara.
pesquisas
A cegueira para as\ cores de causa adqüirida, item a nos refe-
que já
rimos, faz-se de importância secundária o traçado.
para programa

ESQUEMATIZANDO A CEGUEIRA CONGÊNITA

PAJRA AS CORES

Cegueira total para as cores "(incompleta

Cegueira congênita para as cores:

completa
Cegueira para o vermelho
incompleta
34 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Cegueira para verde vermelho

r. r í Completa
Cegue.ra, para o verde {incompleta

Os casos de cegueira congênita completa são raros. Os seus porta-


dores acusam de (ordinário, e simultaneamente, uma visão central má,
"nistagmus".
que, não raro, se acompanha de fotobia e
A cegueira total incompleta é o resultado da deficiência do senso
cromático Vermelho-Verde. Esse "déficit" acompanha-se de debilidade
do senso A sul-Amarelo. Ainda esta debilidade azul-amarelo, simultânea
á deficiência do senso vermelho-verde, nos ícasos de cegueira total in-
completa, somente foi possível determinar em face dós estudos conse-
quentes ao teste em consideração. Shinobu Ishiara, declara, em longo
estudo casuístico, ter observado vários casos com as características re-
portadas aqui minuciosa e detalhadamente.
A cegueira incompleta para as cores não apresenta anormalidade
essencial, exceto quando do caso podem surgir confusões que venham
criar embaraços ao serviço naval, ao aéreo, ao tráfego das ruas, estradas
de ferro, etc. A esse respeito o critério do especialista prepondera ter-
minantemente.
A cegueira verde-vermelho é a forma congênita comum. 5% dos
homens possuem esta anomalia, que é dividida em .cegueira para 0 ver-
melho e para o verde. .. ¦¦.
Para o indivíduo cego para o vermelho, justamente o vermelho e
a parte verde azulada do espectro são os elementos, que se apresentam
incolores, e, além disso, a parte vermelha mostra-se para êle em negro.
Esta particularidade nós à temos observado várias vezes, pois dois exa-
minandos mandadosi dizer a côr de nossas cortinas da sala de inspeções,
teimavam em classificá-las de vermelhas quando de fato tratava-se de
cortinas negras. .
Em conseqüência do exposto, o espectro é absorvido para o fim do
vermelho. O daltônico olha a parte incolor (parte verde-azulada) como
uma fronteira de separação e observa de um lado uma única côr — o
asul. Tal constitui uma particularidade notável e preciosa para o exa-
minador, que deverá registrá-la no decurso do teste.
Para os indivíduos cegos para'o verde, a parte verde da imagem
apresenta-se incolor. Se a olharem como uma fronteira de separação,
observarão Sobre um lado da mesma tão somente uma( côr — o amarelo;
e sôbre o outro também uma única côr — o azul. A púrpura, a côr
complementar do verde (este complemento não é o espectral), aparece
para estes indivíduos incolor, mas a imagem, entretanto, não se/ apresenta
encurtada. É uma observação valiosa e ilustrativa.
O cego para o vermelho e para o verde, conforme foi mencionado
anteriormente, vê somente duas cores: amarelo e azul. As cores res-
tantes passam despercebidas. 'Conseqüentemente, frisa Ishiara muito
oportunamente, o vermelho e o verde são fáceis de confundir. O amarelo
Aplicação do Senso Cromático na... 35

e o azul, entretanto, nunca são confundidos, as características


porquanto
a èsse respeito fazem-se normais.

Uma das da cegueira vermelho-verde é que as cores


peculiaridades
azul e amarela são êste tipo de cegueira apreciàvelmente brilhantes
para

quando tomadas em comparação com as côres vermelha e verde. A uri-

lização desta na aplicação do teste relativo à cegueira das


propriedade
côres, constitui o marcante e distinto da idealização desta série
ponto
de quadros Ishiara apresenta e documenta em seu esplêndido e re-
que
volucionário trabalho; trabalho vem resolver uma das mai9
que questões
interessantes e no concernente à inspeção de saúde nas classes
palpitantes
armadas. É a impressão e o testemunho de vem se dedicando ao
quem
problema há alguns anos.

EXPLICAÇÃO DOS 16 QUADROS TESTES DE

SHINOBU ISHIARA

Cada um será reportado, obedecendo ao espírito de síntese do autor

em suas afirmações e conclusões categóricas.

FIGURA — i Ambos, normal e anormal, vêem a figura do mesmo

modo — 12.

FIGURA — 2 O normal vê 8.

O anormal, vermelho-verde, vê 3.
O cego total para as côres pode dificilmente identi-

ficar o 8.

FIGURA —'30 normal vê 5.


O cego vermelho-verde vê 5.

O cego total as côres dificilmente pode identi-


para
ficar o 5.

FIGURA — O normal vê
4 5.
O cego vermelho-verde vê 2.

O cego total as côres pode dificilmente identi-


para
ficar o 5-

FIGURA — O normal vê
5 74.

O cego vermelho-verde vê 21.

O cego total para as côres pode dificilmente identi-

ficar o 74.

FIGURA — 6 O'normal vê 2.

O cego total as côres dificilmente identi-


para pode

tificar o 2.
36 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

FIGURA — 7 O normal vê 6.
O cego total para as cores pode dificilmente identi-
ficar o 6.

FIGURA — 8 O normal vê 5.
O cego total para as cores pode dificilmente identi-
ficar 05.

FIGURA — 9 O normal vê 7.
O cego total para as cores pode dificilmente identi-
ficar o 7.

FIGURA — 10 A maioria dos cegos vermelho-verde vê 5.


A maioria dos normais e o cego total para as cpres,
di ficilmente identi ficam.

FIGURA — 11 A maioria dos cegos vermelho-verde vê 2.


A maioria dos normais e o cego total para as cores
dificilmente interpretam.

FIGURA — 12 O cego completo para o vermelho vê 6.


O cego completo para o verde vê 2.
Os normais e os cegos incompletos para o vermelho-
verde identificam 26:

FIGURA — 13 O cego completo para o vermelho vê 2.


• O cego completo para o verde vê 4.
Os normais e os cegos incompletos para o verde-ver-
melho identificam 42.

FIGURA — 14 Seguindo a linha, serpeada que vai de um X ao outro


do lado oposto, o indivíduo normal, acompanha-a com a
mais natural facilidade. Entretanto, o cego para o
vermelho-verde não consegue chegar a feliz termo.
Embaraça-se, perde-se. Em uma palavra, atrapalha-
se todo sem atingir a resultante. Nesta figura a fim
de poupar o desenho e o material, costumamos dar ao
examinando um pequeno pincel de ^êda para que com
este acompanhe a linha sinuosa. O cego total para
as cores não consegue, em absoluto, seguir o traçado
das linhas, não possuindo da existência das mesmas o
menor senso ou intuição. Nós que temos o trato anual
de cerca de 350 a 400 examinandos para admissão e
400 para conservação de matrícula, podemos procla-
mar a veracidade do escrito a respeito da figura 14,
:. O.- dando fiel testemunho.
Aplicação do Senso Cromático na... ' **' 37

FIGURA — 15 O comportamento do examinando referente a este


quadro faz-se idlênticamente ao 14. Nota-se que o
normal desincumbe-se da tarefa facilmente. No en-
tanto, o cego para as cores encontra dificuldade maior
e intransponível, não conseguindo levar a tarefa ao
final.

FIGURA — 16 O mesmo dito anteriormente para as figuras 14 e 15.

):¦•(

COMiO FAZER O EXAME

(Técnica idêntica para todos os testes Pseüdo^Iso-Cromáticos).

— O examinador colocará o livro aberto sôbre um missal, obser-


vando a competente iluminação para o bom êxito da
prova.

—; O examinando a)__entado ante o livro, mantendo umia distância


de mais ou menos 60 centímetros a um metro, com o que estará em con-
.lições ótimas de fazer a leitura dos quadros.

Estes dois itens, em seus requisitos e em verdadeira advertência,


devem ser cuidadosamente observados, cumprindo fazer o exame à luz
natural de um dia normalmente iluminado pelo sol. Esta preferência
visa evitar e acautelar erros. Outrossim, reclamações dos candidatos,
pois que o examinando deve ser favorecido ao máximo em! suas condições
físicas e psíquicas.
A respeito do teste para determinar a cegueira das cores, que traz o
nome conceituado de Shinobu Ishiara, terminados seu comentário e ex-
posição adaptatória ao nosso meio e aplicação nos candidatos à Escola
Naval, não se torna necessário adicionar outras considerações. Nunca
será demais, entretanto, proclamar e repetir| que o método do Prof. Ishiara
constitui-se um dos mais eficientes elementos avaliadores dó senso crp-
màtico em todos os tempos.

STILLING TEST
TÁBUAS COLORIDAS PARA O EXAME DO SENSO
CROMÁTICO

2.a Edição, revista e aumentada, das Tábuas de Stilling Benedict.


Professor Dr. E. Hertel — Leipzig — 1939 — Fevereiro.
33 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Os exames feitos pelos coloridos servem descobrir as


quadros para
alterações congênitas do senso cromático. Os distúrbios mais freqüentes

correlacionam-sé à percepção do vermelho e do verde, cores se apre-


que
sentam sob o aspecto de máxima importância os indivíduos tra-
para que
balham nas estradas de ferro, Marinha, Exército, Aviação, etc. É par-
ticularmente por êste motivo, muito oportuno, diz o Prof. E. Hertel,

que os quadros neste trabalho, destinados ao exame da sensibilidade para


o verde e o vermelho, são em grande número, indo de n.° ao Os
3 31.

quadros compreendidos entre 32 e 35, inclusives, têm o objetive* precípuo


de procurar alterações mais raras, isto é, as que se correlacionam à sen-
sibilidade azul e amarelo.

A — EXAME DO SENSO CROMATIOO PARA O


VERMELHO E O VERDE

Os quadros 3 a 31, conquanto se constituam de números diferentes,

mas se completando em um único desígnio, põem em evidência as mí-

nimas alterações do senso cromático relativas ao verde e vermelho. Ao

examinando deverão ser mostrados todos os quadros de 3 a 31 a fim de

se poder conseguir uma boa base de julgamento. Sem êsse requisito, im-

prescindível sob todos kjs pontos de vista e aspectos doutrinários, o exame

è defeituoso e incompleto.

QUADROS 3 A 18 •

Êstes quadros apresentam números ou letras que são constituídos

sinais de diversas- cores, sôbre um fundo composto de sinais de outras


por
côres. Em face destas diferenças de dores, os números & as letras; ressal-

tam nitidamente sôbre o fundo para os indivíduos normais, o que repre-

senta a tricomasia normal. Entretanto, os discromatópsicos, justamente


"déficit"
os apresentam de percepção para o verde e o vermelhov
que
não coisa alguma nesses quadros ou o farão incompletamente,
perceberão
em razão das côres verde e vermelha constituírem os números e as letras

devem ser nomeados examinando. Nesses casos, as córes ama-


que pelo
rela e azul são fàcilmente reconhecíveis.

CONCLUSÕES

a — Verifica-se cegueira total o verde e vermelho o


para quando

examinando não reconhece os números e as letras;

— "déficit"
b É o de sensibilidade para o verde e vermelho
patente
o examinado interpreta incorretamente ou o faz de um modo
quando

tímido e incerto, após um tempo de exposição. (Tricromasia


grande

anômala) .
Aplicação do Senso Cromático na... 39

Baseado em uma grande experiência, tendo examinado um grande


número de discromatópsicos em combinações decalcadas nesses casos ob-
servados, o autor indica particularmente os quadros 13 a 18 que permi-
tem avaliar certa e indiscutivelmente; se um indivíduo é portador de pro-
tanopia (PROTANOMALIA) isto é, alteração de percepção para o verde
e vermelho com debilidade predominante para o vermelho, mas não
única; ou se se trata de deuteranopia (DEUTERANOMALIA), isto é,
alteração para o vermelho e debilidade predominante para o verde, mas
não única.

QUADROS 3 a 18 — Vide Separata dos "Arquivos Brasileiros de Me-


dicina Naval, n° 68, abril a junho de 1958, pág. 6662.

QUADROS 19 A 22

Estes quadros são baseados no fato de que os discromatópsicos têm


a faculdade de perceber as diferenças de intensidade dos tons. Estas di-
fcrenças são neles muito desenvolvidas. Sobre estes quadros, o. indivíduos
normais distinguem simplesmente as letras que se apresentam de cores
diferentes daquelas que se encontram no fundo. Estas diferenças de cores
escapam aos discromatópsicos, que notam, em razão da grande sensibili-
dade própria, diferentes intensidades de tons que os normais não vêem.
Por esse motivo, nesses quadros, os discromatópsicos não reconhecem os
números nem as letras.
No exame dos quadros 19 a 22, a resposta dada pelo examinando,
desde o primeiro golpei de vista, é muito importante.

"Arquivos Brasileiros de Medi-


QUADROS 19 a 35 — Vide Separata dos
cina Naval", n.° 68, abril a junho de 1958, pág. 6663.

QUADROS 23 A 28

Estes quadros destinam-se às provas complementares, não contendo


números nem letras, mas pontos de côr a distinguir e de tons mais ou
menos claros. Mostra-se ao examinando, no quadro, um ponto de refe-
rência, que êle deve procurar e mostrar, apontando, com um bastão ou
idênticamente coloridos.
pincel'delicado (seda) todos os outros pontos
Um indivíduo normal executará esta tarefa pronta e rapidamente. Os dis-
cromatópsicos cometerão erros, demonstrando excitação, procura demo-
rada e duvidosa.
Esta prova destina-se principalmente à pesquisa de alteração muito
ligeira da sensibilidade para o vermelho e verde, tendo um valor quali-
ficativo, e, até certo ponto,' quantitativo: (Bruckner) .
40 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

QUADROS 29 A< 31

O fundamento destes quadros repousa sobre ura princípio inteira-

mente diferente do que até agora foi descrito. Referímo-nos ao aumento

da sensibilidade e seus efeitos de contraste, observada nos anormais, que


serve aqui para decidir as alterações da percepção de vermelho e verde.

Muitos dos anormais declaram que os pontos cinza, contornados de

fundo verde luminoso, como no quadro 29, dão-lhes a mesma impressão

como se estivessem avermelhados, cinzento-iavermielhados ou. violeta, assim

indicando os pontos cinza do quadro 29.

Êste efeito de contraste sobrevém muitas vêzes e é muito mais ma-

nifesto quando estão em causa pontos pardos ou pardacentos sôbre um

iundo vermelho fôgo (quadro 30) aparecendo êles verdes, cinza-verdes ou

de, côr oliva nos anormais. (Lembramos aqui a identificação do unifor-

me verde-oliva usado pelo Exército) . Não é raro encontrarmos exami-

nandos que qualificam de esverdeada a côr do quadro1 31 e em quei se lê

normalmente n.° 5.

Os 29 a 31, constituem, sem a menor dúvida, provas de


quadros
valor, evidenciam as alterações do senso cromático relativas
grande pois
ao verde e ao vermelho de um modo tácito e categórico. Evidenciam par-
"déficit"
ticular e especificamente êsse cromático, quando, no conjunto,

os outros conduzirem tão só a suspeitas. Às vêzes, suspeitas


quadros
leves mesmo. Dêsse modo, as respostas do examinando, relativas aos

29 a têm o significado de um diagnóstico seguro e definitivo.


quadros 31,
Última palavra.

Durante o exame nos quadros 29 a 31, é de todo conve-


procedido
niente, melhor esclarecimento, que o examinador solicite ao exami-
para
nando esclareça e manifeste qual a qôr que atribui aos pontos que
que
se encontram sôbre o fundo verde (quadro 29) ou sôbre um fundo ver-

nielho Igual deve ter o examinador relativamente


(quadro 30). proceder

ao ao examinando cumpre dizer de que côr vê o n° 5, que


quadro 31;
lhe é apresentado, aliás de um modo bem nítido e visível.

B — EXAME DO SENSO CROMATIOO PARA O

AZUL E AMARELO

32 A 3.S
QUADROS

Êstes, quadros destinam-se ao exame das alterações relativas ao azul

e ao amarelo, conquanto raras, podem existir em pequena percen-


que,
nos discromatópsicos o verde e vermelho. Em outros casos,
tagem para

ainda mais raros, a sensibilidade O verde-vermelho é normal, verifi-


para;

cando-se tãcí somente distúrbio cromático para o azul e amarelo.

O Prof. E. Herte chama a atenção especial dos médicos para que

somente examinem o candidato nos quadros 32 a 35 quando já o tive-

rem feito nos anteriores. O intuito é qualquer causa de êrro,


prevenir
Aplicação do Senso Cromático na. 41

pois a avaliação do senso cromático azul e amarelo depende de um co-

nhecimento do senso vermelho-verde. Esse requisito de análise


primário
deve ser observado e acatado, especialmente quando se deseja construir

em bons alicerces.

Os e facilmente percebidos por um indivíduo normal,


quadros 32 34,
serão ilegíveis ou dificilmente lidos para os que apresentam distúrbios

para o azul e amarelo. Os quadros 33 tornam possível a procura das


33'e
alterações mais ligeiras da sensibilidade o azul e amarelo
para (Engel-
king).

O quadro 33 apresenta em rosa, sobre fundo laranja, os números

4 e 5. Uma normal reconhece esses números à distância- de 1 metro


pessoa
mais ou menos. Intercalados entre os números referidos, encontramos

9 e>'9 que estão dispostos: em pontoá mais claros; destinados a fazer cton->

fusão, apenas são visíveis um indivíduo normal. Aqueles apre-


por que
sentam uma alteração da sensibilidade o azul e o amarelo
para para
(Tritanopia ou Tritanomalia) lêem espontaneamente os números desti-

nados a ser confundidos, muito vacilantes talvez, mas sem decifrar


poder
os números e
4 5.
O quadro 35 contém para os normais um 4 e um 9 em; pontos azuis

e entre estes números um a cm| mais claros, ilegíveis


pontos porém para
os normais. Os indivíduos atingidos de tritanopia ou tritanomalia, entre-
tanto, lêem o número 2, mas não lêem o Nem tão
geralmente 4. pouco
o 9.

MODO DE BIMPRÊGO DO STILLING TEST

Os em devem ser colocados a I metro de distância


quadros geral,
do examinando. Os de n.° 23 a 28, somente1, podem ser aproximados até

60 centímetros, em virtude de serem pequenos muitos sinais competentes.

A; iluminação deve) ser, de a luz difusa do dia; a ilumi-


preferência,
nação forte solar é contraindicada e incoveniente, além de contraprodu-

cente. A iluminação de lâmpadas cognominadas luz do dia.


proveniente
ser usada os 1 a 18. O exame dos quadros 19 a 35
pode para quadros
não dá, à luz artificial, os mesmos resultados que à luz diurna difusa.

De um modo é e recomendável utilizar a luz difusa


geral, preferível
do dia, evitará resultados enganadores ou reclamação posterior do
que
examinando, a êsse respeito possui espírito natural e fértil,
que quando
"espírito-santo de orelha" confusionista entra
não recebe um que no

circuito atrapalhar e criar casos.


para
O candidato, submetido à prova, deve, assim como procede
quando
uma normal, olhar ràpidamente os quadros e declarar logo o que
pessoa
viu. Sem subterfúgio nem contemporização. Em seguida, conforme téc-

nica nossa, em competente, escrever o resultado. Êste nosso


papeleta
tem a vantagem de conseguir, da próprio punho do exa-
proceder grande
minando, uma verdadeira escrita comprobatória dos seus erros ou
prova
acertos, que ficam registrados^
42 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

As do examinando, os movimentos
procuras prolongadas por parte
como se tratasse de uma verdadeira acomodação vi-
laterais de cabeça,

acompanhar o desenho utilizando-se insensivelmente dos


suai, o procurar
significativo, devem logo indicar ao examinador tra-
dedos, gesto muito

tar-se de um provável discromatópsico.

A ordem na se apresentam os quadros,, pode ser perfeitamente


qual
respeitadas as exceções anteriormente fri-
modificada pelo examinador,

entretanto, começar I e 2. Os
sadas. É recomendável, pelos quadros

contêm os números ou letras, facilitam os exames em série.


quadros que
não deve restringir seu trabalho, nem contentar-se com
O examinador

simples resposta, muito embora certa. Deve, prevenindo qualquer


uma
ou decoração, o temos encontrado inúmeras vezes,
estudo anterior que

o candidato ou detalhe a letra ou o número, se-


fazer com que precise
o contorno com o delicado já mencionado. Os quadros
guindo-lhe pincel
bem êsta artifício técnico, bastante elucidativo
2. ii e 12 prestam-se para

exclui terminantemente arte tendo como base decorar.


e que qualquer

faltas observadas serão anotadas pelo médico sem que o candidato


As
do êxito ou negativo de suas interpretações.
tenha conhecimento positivo

Naval, antes de 1946, iniciámos uma técnica in-


Na Escola quando

será descrita mais adiante, praticávamos o Stilling


teiramente nova e que

da seguinte maneira:

lê os obedecendo à ordem de numera-


iP o candidato quadros

ção comum.

O médico, ao lado, anota todos os êrros, indecisões tempo

.da prova, etc.

_ uma 2.a leitura, obedecendo os mesmos re-


2.» O candidato faz

quisitos anteriores.

idênticamente, agora está ao lado


O médico procede porém
normal, acompanhando o exa-
do candidato um testado que,

todos os erros, a um aceno do examinador, cor-


minando, em

rige em voz alta e nitida.

hoje evoluída para uma prova es-


Esta nossa orientação primitiva,
do domínio ex;clusivo do examinando, foi proscrita, pois
crita silenciosa,
eram flagrantes, além de antipedagógioos, muitq
os seus inconvenientes

imediata. Considerando os fatores contrários,


embora a fiscalização _que
um exame de seleção, idealizamos um outro mé-
não devem existir em

Trata-se de uma ficha fàcilmente compreendida


todo também escrito.

mesmo modo bastando, tão só, uma ex-


candidato e do preenchida,
l>elo
sumária prévia.
plicação
Aplicação do Senso Cromático na... 43

TENTATIVAS DE FRAUDE
O examinador está sujeito a fraudes. Cumpre avisadamente tomar
providências acauteladoras. Vamos esquematizar os dois pontos capitais:
a — Simulação; b — Dissimulação

Simulação
Quando o examinado informa que não pode ler os quadros que lhe
são apresentados e que lhe é de todo impossível distinguir as cores, o
exame ocular, procedido obrigatoriamente por especialista idôneo, mostra,
de ordinário a presença de outros distúrbios, tais como vícios de refração,
'nytagmus", fotobia,
etc, etc. Se estes sintomas relacionados brevemen-
te faltam, estamos autorizados a pensar em uma tentativa de simulação,
bsse pensamento é tão mais forte e credenciado quando o examinando
não reconhece nem ao menos os quadros i e í que são obrigatoriamente
distinguidos pela totalidade dos discromatópsicos verdadeiros.
Geralmente, como o conhecimento autorizado do Prof. E. Hertet
asinala, o simulador declara logo de início que não pode reconhecer o
verde ou o vermelho, alardeando suas propriedades negativas. Para des-
mascarar o fraudador, deve-se-lhe mostrar, em seguida aos números
i e 2, os outros quadros, guardando o médico uma ordem de exposição
improvisada. Assim procedendo o examinador,, não é raro o mistificador
trair-se. Especialmente quando são mostrados os quadros compreendidos
entre os números 13 e 18, porque são estes mesmos lidos diferentemente
em casos de PROTANOPIA ou DEUTERANOPIA. Tal iniciativa des-
concerta sobremaneira o simulador, tendo o médico desse modo confir-
mação da suspeita.
A suspeita pode ser considerada igualmente como justo título no
que concerne à cegueira para o, vermelho e para o verde, quando o can-
didato pretende não poder ler o quadro n.° 34, que apresenta números
em amarelo sôbre fundo azul. É que a maioria dos discromatópsicos
verde-vermelho o vêem fácil e prontamente.
A má fé do examinando em não reconhecer os quadros 1 e 2, «prova
eloqüentemente a simulação, porque estes quadros, em razão das tintas
claras e escuras que os formam, são forçosamente legíveis mesmo aos
indivíduos atingidos de cegueira completa para o vermelho e verde.
Igualmente temos a dizer e reportar relativo aos quadros, 19, 20, 21 e 22.
O serviço militar obrigatório dá aos médicos do Exército um sen-
tido alerta e prevenido frente aos simuladores. As observações a respei-
to enchem e enriquecem muito os relatórios. Especialmente quando correu
uma voz popular que proclamava não servirem os daltônicos para os
serviços de guerra. De fato eles não servem para determinadas incum-
bências, mas para o serviço comum, não especializado, são tão bons e
úteis como qualquer outro homem.
A respeito de simulação no setor da Marinha, o único cuidado é
analisá-la bem nos casos em que a discromatopsia (provavelmente a in-
44 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

vocada será a adquirida) fôr dada como alegação


para efeito de baixa
do serviço da Armada ou cancelamento de matrícula de algum Aspirante
da Escola Naval.

Dissimulação
É muito natural e: lógico que um candidato à Escola Naval deseje a
todo o transe, em verdadeiro instinto de conservação, dissimular a discro-
niatopsia que por azar da sorte herdou involuntariamente. Compete,
en-
tretanto, ao médico encarregado do exame, considerando as exigências
regulamentares em função da profissão futura, proceder a um minucioso
exame das propriedades cromáticas. É bem verdade
que o examinando
pode, utilizando-se de médicos amigos, ou mesmo sendo filho de médico,
conforme temos algumas observações ilustrativas, apresentar-se em ver-
dadeiro treinamento e mesmo decorar a maioria dos
quadros chaves.
Decorar todos os quadros e labirintos para um discromatópsico, é tarefa
sobre-humana e, acima de qualquer vontade férrea, a menos
jque o exami-
nador não conheça de fato a tarefa que está desempenhando. Ao
que
estamos informados, os Cursos Particulares que preparam alunos
para
ingressar na Escola Naval, possuem as tábuas de Stilling Benedict.
Meses antes, o treinamento geral é obrigação rotineira.
No Departamento de Saúde da Escola Naval, quando o orientava-
mos, nos casos de dissimulação seguíamos as recomendações do Prof.
E. Hertel, cujo trabalho compulsávamos sempre que tínhamos que tomar
parte em alguma inspeção de saúde. Revendo a matéria, mantínhamo-
-nos em forma ativa.
O recurso técnico de fazer o examinando seguir o< contorno dos
números e das letras, que muito usamos, utilizando um pincel ou bas-
tonete, é uma boa maneira de avaliar o senso das côresí. Para êste
exame são indicáveis os quadros ri e 12, conforme referência anterior.
Finalizando, temos a dizer que o aspecto dos quadros aqui comen-
tados pode ser total e inteiramente modificado pelo emprego de £iltro9
coloridos, vidro ou celofane. Os quadros 9, 10, 12 e 18, vistos atra-
vés de um filtro de côr azul ou vermelha, são ilegíveis para um indiví-
duo normal. Se o examinando, mesmo com estes filtros, interpreta certos
números e letras, é que, inegável e indiscutivelmente, os decorou e foi
orientado no objetivo em causa. Outros filtros, rosa ou verde, conduzem
a modificações diversas e variadas, que se apresentam interessantes par-
ticularmente para uma observação meticulosa.
Os filtros constituem um ótimo recurso para o médico examinador.
Nós os possuímos e usamos em todas as oportunidades.

Azul — pouco usado


Filtros necessários ao equipamento Vermelho — o. mais, usado
do examinador: Rosa — pouco usado
Verde — pouco usado
Aplicação do Senso Cromático na... 43

RELAÇÃO DOS QUADROS COLORIDOS DO TESTE DE STILLING


BENEDICT

N." de KrnTJMATS PROTAIMOPT!". DEUTERANOPES


Ordem NORMAIS PROTANOPES ANORMAIS

.
19 9 9
H H
68 De ordinário nada vêem
86 ou vêem incompleta-
43 mente
96
"1
52 Idem Idem
43
6
10 1
11 z
12 L
13 Geralmente não vêem Quase sempre vêem
14 65 Muitas vezes vêem Quase nunca vêem
15 Geralmente não vêem Geralmente vêem
16 Geralmente vêem Geralmente não vêem
• 17 34 Verão um 4 Verão um 3
18 rz Verão um R Verão um Z
19 CH Verão um 31 Verão um 31
20 Verão um 8 Verão Uni 8
21 Verão um 2 Verão um 2
22 nada vêem Vêem um 16 Verão um 16
" 31 Vêem um 5
Vêem um 5 _
32 58 Leitura ilegível ou in- Idem
correta
33 45 Lêem com muita vacila- Idem
ção os números 4 e £>
34 ou lêem os 9 e 2
92 Leitura incorreta ou ile- Idem
gível
35 49 Não lêem geralmente o Iõem
4 nem o 9

No quadro 35 os TRITANOPES lêem 2

O Stilling Test, associado ao método de Shinobu Ishiara, conforme


habilmente procedeu a American Optical, constitui-se, no momento, o
mais valioso determinador do senso cromático, tendo a grande vantagem
de ser acessível a todos os médicos, que em pouco tempo bem o compre-
endem, aquilatam, praticam e selecionam indivíduos com a maior segu-
rança e êxito indiscutível. Podemos assim nos expressar com absoluto
conhecimento de causa.
46 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

TÁBUAS PSEUDO-ISO-CROMÁTICAS PARA

TESTAR A PERCEPÇÃO DAS CÕRES

AMERICAN OPT1CAL COMPANY

Copyright 1940. By The Beck Engraving Company Incorporated

Conforme já tivemos oportunidade de fazer referência minuciosa,

estas tábuas constituem um verdadeiro condensado das tábuas de Stilling

Benedict e Shinobu Ishiara-

O texto explicativo correlaciona-sç exata e igualmente ao que tra-

tamos a respeito do Stilling e Ishiara, motivo porque, para não batermos

na mesma tecla, não vamos aqui repetir palavras idênticas e emitir os

mesmos conceitos já reportados. Não há necessidade nem se torna pre-


ciso. Contudo, reproduziremos os titulos dos capítulos. Ê que tal se faz

interessante para o leitor, que, se o desejar, poderá fazer a competente

cansulta ao original.

das cores — A côr na cegueira — Os di-


A cegueira predominante
— Natureza da cegueira cromática — Impor-
Jerentes tipos de cegueira

determinadores da cegueira as cores — Tábuas


tância dos testes para
— execução do teste — Interpre-
fseudo-iso-cromáticas Instruções para
— —
taçâo das tábuas — Diagnóstico Cuidados Bibliografia.

INTERPRETAÇÃO DAS TABIIAS

AMERICAN OPTICAL COMPANY. Copyright 1940

"Arquivo» Brasileiros de Medicina Naval"*


Vide Quadro na Separata doa

n° 68. abril m Junho de 1858, pág. 66T3.

LAS DE HOLMGREEN

fizemos referência sumária anterior, o valor atual das


Conforme

de Holmgreen está muito abalado, caminhando mesmo, sen» o menor


lis

derrotista, um francamente histórico. Entretanto,


exagero para período
rexuh.K-eutos da D »etori» <le Saúde
comr a ova ainda .'az parte doa
r
vamos farrr a, respeito da técnica de Holmgreen uma reportagem
Naval,
explicativa sobremaneira, o intuito aqui é conseguir
sucinta, porém pois
seguro dentro dos elemento* precários dispo-
um exame relativamente

níveis.

num número de feixes de lis. com a lar-


Consiste a prova grande

cie um detio, cie v%fUKk)i tons etn distintu cUrtilitifi,


2
desordem o examinado, vibre w fundo
*io exposto» em para
que
exame deve apresentar ilumina»;io boa e preferencial-
cinza. A sala de

n>ent« hu solar (natural).


Aplicação do Senso Cromático na... 47

O examinador, tejido ó cuidado precípuo de não criar confusões,


nem tampouco improvisar caprichos momentâneos, que redundariam em
"déficit"
para o examinando, estando as lãs sôbre o fundo cinza referido,
tomará um feixe e solicitará ao candidato que separe todos os iguais ao
apresentado como padrão.
No teste de Holmgreen, 3 são as provas indicada-,:
Verde — Púrpura — Vermelho-Claro
É conveniente, para melhor êxito da prova, seguir a orientação se-
guinte:

ir Prova — Verde-Claro
indivíduo normal procura somente 06 verdes mais ou menus satu-
rados. Jamais procurará Ias dc outro tom. O discroiuató[>sic<> apu-s.n-
lata DCSta primeira prova de um modc dc.rra. inte re. sante,
potl «|uc
se comporta inseguro, tituh.ante t- dcmocadc ca >ua açioL o
que tnÃa
grande tempo perdido eokrt esteitacAa t raapNt», Conjectura demasia-
Dte, As vé/cs escolhe certo um verde, mas adiciona a este o Cinza,
«' / i-rnn-lho-. Imarclo, etc.
.Vos oan.lii latos á EsCOtt Naval, lOIMM ohaCiradu Mata
pri
a contusão com o cin/a-claro, com 0 a.ul i->-l.-.ti- e 0 marrou, que
«s examinandos julgam tratar-se do venle Dm, candidato. argãídoC
.1 c6f >\.\-, cortiií «Ia dc inüpcçio, (cortinas quase
rrètas. pai 1 ^.da quando é pi
tüsseram-éas rtrdca, U_a outro DoadoOu verdes os sapatos marrom
dc um colega medico, companheiro dc junta inspecionai
da os lentos rnda tropn-.il, c er
temos presenciado algumas vr.es Mui ihasti
[ rios pais .ju. reclamar o resultado da inspeçlo dc
ir, com ama indumer
assim errdeu. '.tm o rebento chamar dr .
¦ trnpic.il cinza Ê uma casualidade eloqüente que no» tem si
mano ileixamoa pui e filho debatendo a ques tio "sol
genens". querenc'o ambos »e convencerem a rr venle o do cinza.
•nsultório <le um oftalmologista. para dirimir as duvida*,
mente a meta curiosa de ambos. Despedem-«e dtiendo que sanca neto-
coisa alguma ante*, e ¦
-¦irp- -ditamos. Assim é mais comòdo e menos trabalho., uor-
que questionar cotn

- it-0 — /'

O púrpura, mistura d» «er


V i'd.i lon*. . • n.1.4 «KM
48 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

plementarmente, Incolor, (Branco, Cinza, Negro). Eis porque os indi-


víduos nestas condições trocam o púrpura
pelo cinza, que é o elementq
da zona neutra e corresponde ao verde azulado normal. São
plena e per-
feiramente explicáveis deste modo as confusões do
púrpura com o cinza-
verde, cinza azulado, verde azulado, etc.
A respeito desta 2,a prova, como demonstração da necessidade de
um senso cromático 100% nos Oficiais de Marinha,
permitimo-nos lem-
brar uma informação do "Hydrographic Office" em 1942,
já adotada na
Marinha Brasileira:

NOVAS CORES PARA AS CARTAS DOS U.S.A.


"A Marinha Americana acaba de
adotar novas cores a serem em-
pregadas nas cartas marítimas, como um auxílio à navegação. Em todas
ns cartas que vierem a ser publicadas pelo "Hydrographic Office", as
áreas de terra até agora representadas num tom amarelado, aparecerão
em cinza claro. O símbolo da côr alaranjada para representar
faróis foi
substituído pelo de côr púrpura (magenta). A tonalidade azul e verde
usada para definir águas profundas e altos fundos, foi mantida."
Em face do conceito científico da 2.a prova e das novas cores para
as cartas, já em uso por aviso competente da Diretoria de Navegação,
1913, nada mais nos resta acrescentar e encarecer.

3.a Prova — Vermelho Claro — Vermelho Carmim


Os discromatópsicos confundem o vermelho com o verde amarelo
escuro, etc.
As vantagens' indiscutíveis — justiça seja feita, apesar da critica ar-
íasadora contida em nossas palavras •—- do Método de Holmgreen, resu-
mem-se em duas:
a) O examinando, sem dizer o nome das cores, evidencia clara-
mente sua inferioridade cromlática; b) Podem aqui ser descobertos os cegos
para o Vetimelho-Verde e os Anômalos Extremos.
As Desvantagens podem, também, ser resumidas:
a) O método de Holmgreen fracassa na maioria dos Tricromatóp-
sicos anormais, b) Não permite o diagnóstico, da variedade da cegueira.
Sem dizer muito a respeito do método de Holmgreen, método ainda
tão usado entre nós, e que até 1941 era o único na seleção dos futuros
Oficiais dos diferentes quadros da Marinha, nos exames para admissão a
Escola Naval, achamos ter feito o suficiente e bastante, colocando o
pensamento leal do subscritor destas linhas no devido plano científico
hodierno. Isto, sem querer ou desejar, em absoluto, impingir a outrem
idéias ou ângulos personalíssimos. Também a memória inolvidável de
Holmgreen não entra em ação. 'Reverenciamo-la sob todos os aspectos
a títulos meritórios. Dizer ou contrariar êssie pensamento seria insen-
satez.
Aplicação do Senso Cromático na... 40

ANOMALOSCÓPIO DE NAGEL

r- ' -'¦ ¦ ' Vul»


I *í 1
' ******* '-.-
jríí^SNÍ1
í_V' -. -

^^o'/i..í^o-fçtf'*?ro j>£ 0.£f


/ Mt«f*/V-
^~~j

Após ter feito referências minuciosas aos métodos de Shinobu Ishia-


ra, Stilling Benedict, "American Optical Plates" e Holmgreen, não po-
demos — quando justamente excluímos das nossas cogitações o exame
com lanternas, o disco de cores, os lápis coloridos de Vierling, o teste
de Jenning, a síntese de Henrique Caó — deixar sem uma citação espe-
ciai o Anomaloscópio de Nagel, aparelho que opera com cores espectrais
sèm que o examinando necessite enumerá-las.
- O Prof. F. J. Soriano refere-se ao anomaloscópio de um modo en-
tusiasta e bastante elogioso. Em face de tal, partindo de onde vem tal
conceito, estamos inclinados a estudá-lo nas futuras inspeções de saúde
em' que tomarmos parte ativa. Talvez que o anomaloscópio, de um modo
preciso, cientifico e prático, resolva em definitiva a necessária e impres-
cindível seleção, tão ansiosamente procurada, dos homens que tem no mar
a razão fundamental de vida e profissão.
O aparelho opera com cores espectrais, não tendo o examinando, por
conseguinte, necessidade de enumerá-las, efetuando êle próprio suas
equações. Consiste em um tubo, iluminado por uma lâmpada, em cujo
interior se vê um círculo luminoso dividido em 2 metades por um diâ-
metro horizontal. A observação se faz à luzl natural. Na metade inferior
dc círculo aparece sempre o mesmo tom — Amarelo (raia do sódio — 589
mill. de mm.); na metade superior pode colocar-se, à vontade, qualquer
50 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

côr, tais como: Vermelho do litio —


(raia 665-mill. de mm. —. Verde
do tálio — mill. de
(raia 537 mmu) ou uma mistura de ambos em pro-
porções variáveis.

Os dois campos se modificarão a seus


graças correspondentes
para-
fusos, conforme bem explica a fotografia anexa. O campo inferior,
o do amarelo, não muda de tom, consegue-se
porém escurecê-lo ou cia-
rea-lo com o "A"
parafuso da direita, sucessiva
que por graduação vai
desde o o.° (obscuridade completa) até 90P (iluminação máxima).
O campo superior é controlado "B"
pelo parafuso da esquerda. Co-
locando êste na graduação o.°, o campo superior aparece em verde puro e
intenso; fazendo-o girar, se lhe vão incorporando
paulatina e gradativa-
mente quantidades! crescentes de vermelho, ao diminui
passo que a satura-
ção do verde. A altura da 60° aparece o amarelo.
graduação Continuando
a operação de mistura, verifica-se a acentuação do tom vermelho: até 90.0
justamente onde êste tom é puro.
Entre os extremos o.° (Verde e
puro) 9o.0 (Vermelho puro) pode-
mos obter tôdas as misturas dos dois tons — misturas
possíveis que re-
produzem todos os matizes do espectro estão situados
que entre o ver-
melho e o verde de modo que, ao ipor ali o amarelo,
passar as duas meta-
des do círculo se igualam.

O anomaloscópio tem sua indicação no intuito


primacial de comple-
tar e firmar o diagnóstico insinuado tábuas
pelas pseudo-iso-cromáticas.
Neste particular o aparelho encontra sua e oportuna
preciosa aplicação.
Finalizando, devemos chamar a atenção dos examinadores
para que sub-
metam os candidatos ao exame do anomaloscópijoi tôdas às vêzes em que
se verificarem duvidas nos exames'pelas tabuas pseudo-iso-cromáticas, poiâ
impõem-se complementarmente às operações vermelho-amarelo e verde-
amarelo para completa elucidação do' diagnóstico. Uma das coníclusões
do trabalho está vasada no exposto.

Resumindo, nosso pensamento, temos a avaliação do senso


que cro-
mático só se torna possível em uma operação conjugada — Tábuas Pseu-
do-iso-cromáticas e Anomaloscópio de Nagel, isto exagero
sem nem
pretensões pontificiais, porque é êste o pensamento dominante nos maio-
res e credenciados centros oftalmológicos do país e do mundo. Somos, a
respeito, uma partícula de uma unanimidade flagrante e sobremaneira
eloqüente. É indiscutível.

)::(

EM RESUMO

Inegável e indiscutível: — existem a respeito


não duas opiniões dife-
rentes — a discromatopsia constitui mal congênito. Dizendo congênito, está
explicado tudo, muito embora os sofismas aventados, muito bem co-
que
1.hecemos, para invocar razões favoráveis à matrícula na Escola Naval.
Aplicação do Senso Cromático na. 51

Dizemos e repetimos no texto deste trabalho surge em função do


que
visto e observado emí uma comissão de alta responsabilidade, aquela que
se destina a formar e selecionar os nossos futuros oficiais
precipuamente _
O indivíduo ao nascer traz em si, condições reportadas exaustiva-
mente, a confusão tácita e categórica das côres. Esta confusão cromá-
tica, comporta em explicação sucinta vários itens reportaremos em
que
breves
palavras:
a) Protanopia •— Cegueira o vermelho; Deuteranopia —
para b)
Cegueira o verde; c) Tritanopia — Cegueira o azul ama-
para para e
relo e visão normal o vermelho e verde; d) Acromatopsia —
para Caso
raro. Cegueira tôdas as côres, exceto o branco negro,
para para e A
acromatopsia apresenta-se às vezes com caráter familiar, é
que a sua

principal característica; e) Tricromatas anormais — Trata-se de in-


divíduos reconhecem deficitàriamente faixas as arco-
que principais do
íris; não "nuances"
percebem, entretanto, as graduações ou das côres.
Constituem os daltônicos relativos.

Os daltônicos relativos, sublinhados apesar da no-


propositadamente,
menclatura suave aparente, devem ser dados o serviço
para da Marinha
tão inaptos como osj daltônicos verdadeiros, a resultante
pois que cromá-
tica confusionista reza mesma cartilha conhecida. é
pela E bem justa-
niente com êste rótulo de daltônico relativo, os candidatos inaptos
que
em inspeções da Escola Naval — endossados atestados
por de médicos
civis que desconhecem inteiramente as responsabilidades do Oficial de
Marinha no de um navio de em comboio, ou
passadiço guerra patrulha
treinamento — recorrem à Superior.
Junta
Ao médico naval cumpre não esquecer nunca, ter sempre em boa e
avisada memória, sem exagêro demasiado ou rigorismo descabido, que
o daltônico relativo merece o mesmo tratamento de inapto dos demais
discromatópsicos. Não nos esqueçamos de tal cuidado, se de fato quiser-
mos selecionar, pois amanhã poderemos perfeitamente estar no
juntos
"déficit"
mesmo navio, sujeitos aos mesmos riscos de um cromático que
não tem razão de ser. O senso cromático de um oficial deve ser 100%,

pois êle o tem solicitado constantemente no passadiço, no camarim de


navegação ou mesmq até na chefia de máquinas.

A solicitação cromática é constante, sem solução de continuidade,

conforme bem nos instruem o Mersigs (à noite, a um sinal de foguetão

verde ou vermelho, guinar 45 graus para boreste ou bombordo e dis-

persar à tôda velocidade), o Rotefap, a Lista de Faróis, etc.

A responsabilidade do médico nas inspeções de saúde não é pequena,


e preaisamos, a êsse respeito, formar uma mentalidaxie crente e eüevada,
objetivando uma resultante 100% de eficiência, dedicação e espírito se-
ldcionador. Se possuíssemos uma Escola de Saúde Naval, certo
por que
ali estas coisas seriam ensinadas e destacadas com o relevo merecido.

A discromatopsia é mais encontrada no sexo masculino no fe-


que
minino. As estatísticas credenciadas comprovam-no. Homens — a
3
8%. Mulheres — 0,4%
52 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Planta, médico de Bole, examinou nas escolas de seu país 2.000


rapazes e 3.000 moças. Encontrou os seguintes resultados: Homens 159;
— Mulheres 13.
Dos 5.000 examinados, rapazes e moças, não encontrou, Planta,
nem um caso de tritanopia, isto é, comprometimento para o azul e ama-
telo. Dos 172 diagnosticados em 5.000, eram cegos para o vermelho
47 e 125 para o verde.
O trabalho delicado do Dr. Planta, um pesquisador excepcional, é
deveras interessante e curioso, mesmo porque labores idênticos são ra-
ríssimos. Quer nos parecer, entretanto, raciocínio dc gabinete, que a pe-
quena porcentagem relativa às mulheres (não aqui nos números de
Planta) está no fato de o senso cromático ser pesquisado freqüente e
comumente no homem, pois que este trabalha nas estradas de' ferro, Exér-
cito, Marinha, Aviação, profissões inerentes, salvo tempq de guerra, ao se-
xo forte o onrlel o sonso em causa constitui pesquisa básica, e rotineira. Te-
nha a mulher a mesma atividade masculina para efeito de seleção cromá-
tica e veremos certamente que a percentagem atual sofrerá modifica-
ções apreciáveis.
Blum e Schaaf, essa dupla memorável, em trabalhos fundamentais,
referindo-se a casamentos consanguíneos, acham que estes consórt-ins são
OS responsáveis pelo maior número de daltônicos. Estes mesmos autores
, acusam em suas estatísticas 30 daltônicos em I 000 exames feitos, sendo
mais ou menos 2/3 para o, verde (deuteranopia) e 1/3 para o vermelho
(protanopia).
Relativamente à observação dos astros com objetivo de navegação
(Navegação Astronômica, uma das cadeiras básicas da Escola Naval)
observa-se um fato curiioso, verdadeiro contraste muito bem apreciado
"O
por Guttman: planeta Marte que aparece nitidamente vermelho quan-
do se acha na proximidade da terra, seria qualificado de verde por um
daltônico relativo". Este contraste é explicável pelo fato do daltônico re-
lativo ver B luz sob um ângulo maior cio que o indivíduo norinsil para
que possa devidamente apreciar a côr.
Blum e Schaaf, mais uma vez citados, em experiências interessan-
tes contam-nos a respeito da sensibilidade dos contrastes: "Um daltônico
relativo será muito capaz de reconhecer uma luz vermelha, mas toma
por um fogo verde, um fogo branco colocado ao lado do vé/tnelho.
Esta observação relativa à sensibilidade aos contrastes nos faz lembrar
com muital propriedade das Luzes de Navegação e a sua respectivas co-
locações, tomando como base o Código de Sinais, aprovado pela Conven-
ção de Londres, 1939. Também temos na memória a sinalização do navio
dando reboque a outro, que faz pensar bastante no que bem reportam
Blum e Schaaf. Mais recente, elevemos recordar mais uma vez o Mersigs,
quando são dadas ordens de grandes mlanobras, à alta velocidade, sob o |
indicativo de foguetões intercalados — Verde — Vermelho — Verde
ou Vermelho — Verde — Vermelho. Os foguetões da especificação men-
cionada estão dentro da sensibilidade dos contrastes. Se tivermos um
Aplicação do Senso Cromático na... 53

daltônico relativo no pasadiço de um navio, em pleno comboio, recebendo


instruções pelas características comentadas, unia catástrofe será imi-
nente. A história da 2 a conflagração mundial, quando contada, muito
terá o que ilustrar a respeito.,
Em 1939 servimos pela primeira vez nas inspeções de saúde para
candidatos à Escola Naval. Lembramo-nos perfeitamente que em mais
de 1.000 candidatos inspecionados em 1939 e 1940, os daltônicos consti-
tuíanx "avis rara", uns 2 ou 3, se muito. O testei usado era o de Holm-
green, as célebres lãs que comentamos ainda há pouco, dando-lh^s relevo
de sabor histórico.
Em 1941, 1942 e 1943, o número de candidatos à Escola Naval dimi-
nuiu sensivelmente com a criação da Escola de Aeronáutica. Mesmo assim
a nossa média anual de preferência orçava em 350. Já nesta época, por
proposta nossa, sendo Diretor o Almirante Lemos Basto, a acuidade vi-
suai e O senso crnmático eram pesquisados por oftalmalogistas do Hospi-
tal Central da Marinha. Com esta providência necessária e
que veio pre-
encher uma lacuna, a percentagem dos daltônicos aumentou algo, cerca
de 5 a 6 em um total de 350 analisados. Testes usados: Stilling e Holm-
greend.
Nos anos de 1944, J945 c I94(5, interessando-nos curiosamente a
questão do senso cromático, tendo lido coisas prestimosas para a vida
profissional do Oficial de Marinha, evocamos os exames que eram feitos
por outros. Dispúnhamos inicialmente das lãs e das tábuas» de Ishiara e
Stilling. As tábuas de Stilling foram compradas na Casa' Lutz Ferrando.
O livro de Shinobu Ishiara foi-nos emprestado por um colega, o Dr.
Gervais. Mais tarde, conseguimos a "American Optical Plates", quando
então, todo o trabalho foi sistematizado e alcançado o máximo rendi-
mento.

-)--(-

RESULTADO DOS EXAMES PROCEDIDOS, TENDO EM


.COMPARAÇÃO OS ANTERIORES

1944 — Candidatos — 368 — Daltônicos entontrados — 18


1945 - 347 - 16
1946 — 392 — 21
1947 - 384 - 23
1948 a 1960 — Documentário arquivado na D.S.-20 — D.G.S.M.

Todos estes daltônicos por nós diagnosticados tiveram o "confirma-


tur"- da Junta Superior de Saúde. Cumpre esclarecer que a estatística
credenciada de Ishiara é de 5%, o que corrobora perfeitamente a per-
centagem do quadro acima, que se apresenta sem exageros nem extre-
mismos exigentes.
54 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Finalizando estas considerações resumidas e condensadas, partícula-


rizando o que devemos saber relativo às Inspeções de Saúde da Escola

Naval, temos que o daltonismo, indubitàvelmente, aparece com a criança

ao nascer. É mal congênito. E' os que êle atinge, não podem, em abso-

luto, ingressar no serviço da Marinha, muito menos na carreira de Ofi-

ciai, as atribuições deste dependem estrita e precipuamentei de um


porque
senso cromático 100%, conforme demonstramos à sociedade plena e

exuberante.

Desejamos, finalmente, terminar êste resumo insistindo mais uma vez,

o daltônico, desde que começa a ver, erra fundamentalmente nas cô-


que
res, trocando o verde pelo vermelho ou não suspeitando siquer da exis-

tência de gradação entre um e outro tom. Os pais o sabem e compreen-

dem, e, sabendo-o melhor, ao terem que encaminhar o varão à esoõlha de

uma não devem nem podem permitir que o mesmo pense na


profissão,
vida do mar, porque êste tem como atributo especial a côr das águas,

as côresi do céu, as cores multivárias das estréias, porque são estas mes-

mas cores guiam e orientam o navegante, .culminando na policromia


que
do arco-iris em verdadeiro prognóstico de cruzeiros felizes nesta aliança

tão sonhada entre o marinheiro e o mar.

CONCLUSÕES

— O SENSO CROMÁTICO NA MARINHA, em particular na Escola Na-

vai, deve! ser pesquisado por Oftalmologista que bem conheça a ques->
tão da3 côres e o seu significado em todos os setores da atividade pro-
fissional, tanto em tempo de paz como de guerra, conforme minuciosa

e pormenorizadamente demonstramos com o MERSIGS, com a LISTA

DE FARÓIS, o ROTEIRO, a VISIBILIDADE NO MAR, a ATERRA-

GEM, a CONVENÇÃO DE WASHINGTON-LONDRES, as NOVAS

CORES USADAS NAS CARTAS, ILUMINAÇAO DO CAMARIM DE

NAVEGAÇAO, TABELA DE CÔRES INDICADORAS DAS MÜLTI-

PLAS CANALIZAÇÕES DAS MAQUINAS, MOTORES, PAIÓIS, etc.

— Os candidatos à Escola Naval deverão ser obrigatòriamente submetidos

a todos os testes nêste trabalho relacionados


pseudo-iso-cromáticos
em ordem de Os diagnosticados discromatópsicos por estas
preferência.
tábuas, serão complementarmente examinados pelo ANOMALOSCÓPIO

DE NAGEL, aifim do diagnóstico ae tornar mais preciso e espefífico,

tanto no interesse próprio como no da seleção dos Oficiais dos Corpos

e Serviços da Armada.

— Nestas condições, respeitadas rigorosamente as indicações das con-

clusões 1 e 2, a avaliação do senso cromático dos candidatos à Escola

Naval, o nosso objetivo precipuo e motivo de tôdas estas letras, deve

ser a melhor e mais eficiente possível, dentro dos elementos de que


dispõe eficientemente a Medicina Contemporânea.
Aplicação do Senso Cromático na. 55

BIBLIOGRAFIA

— DR. SHINOBU ISHIARA — 5.® edição — Tóquio — 1932 — Teste


para determinar a cegueira das cores.
— PROFESSOR DR. HERTEL — 20a edição — Leipzig — 1939 —
Qua-
dros coloridos para o exame do senso cromático, revistos e aumenta-
dos dos quadros originais de STTLLING BENEDICT.
— ACTAS CIBA — n.° 12, Ano XH — Dezembro de 1945 — O ÔLHO.
— DR. FLORIANO DE LEMOS — Crônica Cientifica — CONFUSÃO
— "Correio 28-4-46.
DAS CÔRES da Manhã"
— DR. VANDICK SEISE — Considerações sôbre o senso cromático —
Conferência lida em 27-10-41 no Instituto Naval dfe Biologia, e publi-
cada nos Arquivos Blrasileiros de Medicina Naval.
— DR. NELSON GARNIER DE VASCONCELOS — A Oftalmologia em
face da Aviação. Trabalho apresentado ao 4.° Congresso Brasileira
de Oftalmologia.
— DR. LUIZ NOVAIS CASTELLO BRANCO — O Taylorismo na se-
leção dos candidatos à Escola Naval.
— DR. FRANCISCO JOSÉ SORIANO — Manual práctico para el Diag-
— Editora "El
nóstico de Ias Cegueras y los Colores Ateneo" —
Buenos Aires 1945 — Médico do Hospital Sta. Lúcia.
— HOLMGREEN — A cegueira das côres em suas relações com) as Es-
tradas de Ferro e Marinha.
10 — PAUL BLUM E SCHAAF — Paris 1925, 1926 e 1929 — Estudos com-

parativos dos diferentes processos empregados para a procura do


daltonismo e apresentação de novos testes. Novos testes para o exame
do senso cromático. O daltonismo.
11 — SCHAAF — Paris 1925 — O exame do senso cromático no serviço
daa Estradas de Ferro. Paris, 1925. A visão cromática dos daltônicos.
Paris, 1927. O exame prático da percepção das côres.
Paris, 1927. A importância do exame do sentido cromático.
12 — DR. RODRIGUES CAó — Padronização na aplicação do Método de
Holmgreen.
13 — DR. ALVES CAMARA — Tese de doutoramento — DIS-
ANTÔNIO
crÒmatopsias.
15 — PROF. RAUL ARGANARAZ — Manual Práctico de Oftalmologia —
"El
4 a Edição — Ateneo" — 1948.
15 — PROF. FUSES, SALZMANN — Tratada de Oftamologia — Editorial
Labor, 1936.
16 — — Manual de Doenças dos Olhos — 2." Edição — Rio
C. H. MAY
Editora Cientifica.
17 — EDILBERTO CAMPOS — Consultas Oftalmológicas — 1935 — Rio.

18 — ABREU FIALHO — Oculística do Médico Prático


DR. SILVIO DE
— 1935.
19 — MEDINA — Relatório do
DR. DARCY DE SOUZA Curso de Oftal-
"O
mologia, mês de outubro, 1949. senso cromático na seleção dos
candidatos à Escola NavaJ — Estudo sucinto. Apresentação Prof.
do
A. Fialho Filho.
20 — TÊRMO INSPEÇÃO DEDE SAÜDE PARA OS CANDIDATOS À
ESCOLA NAVAL — D.S. 5. — D.G.S.M.
"AMERICAN PLATES" da American
21 — OPTICAL Optical Company,
copyright 1940 — U.S. A.
22 — LIVRO DE SINAIS PARA NAVIOS MERCANTES (E DE GUERRA
CONFORME A ULTIMA ORGANIZAÇAO) — Vol. l.°, Código de
sinais visuais e Instruções — Título abreviado — MERSIGS — 1942.
56 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

23 — OSMAR DE AZEREDO RODRIGUES, Capitão de Mar e Guerra —


A côr verde na Marinha. Relação.
24 — LISTA DE FARÓIS — Diretoria de Hidrografia e Navegação — M.
Marinha — 1942.
25 — ROTEIRO — Diretoria de Hidrografia e Navegação — Ministério da
Marinha — 1943.
26 — DARIO PAIS LEME DE CASTRO, Vice-Almirante — Visibilidade no
raar — Aterragem — Anais da Diretoria de Hidrografia e Navegação.
27 — CONVENÇÃO DE WASHINGTON E LONDRES, 19... — Para evitar
abalroamento no mar — Ministério da Marinha.
28 — AVISO AOS NAVEGANTES — N.° 63 — Novas cores usadas nas
cartas — 10-7-1943.
' 29 — NOVAS CORES PARA AS
CARTAS DOS U.S.A. HIDROGRAFIC
OFFICE — Agosto, 1942.
30 — A LUZ VERMELHA SOBRE AS CARTAS DE NAVEGAÇÃO — Bo-
letàm Hidrográfico de Washington — 19-8-1942.
31 — JORGE DOSDWORTH MARTINS, Almirante — Iluminação do Ca-
marim de navegação — 2*9-4-1943.
32 — BRASIL — Bandeira Nacional e Pavilhões — Imprensa Naval, Rio.
33 — "LIFE' — Junho, 1944 — '"Color"" — The colors of the Spectrum.
34 — CONTROLE DE AVARIAS — U.S.A., 1942.
35 — RÉGUA DE CALCULO DO MOTORISTA — Boletim do Clube Na-
vai — N.° 105 — ARNALDO P. GOMES, C.M.G.
36 — DR. DARCY DE SOUZA MEDINA, OC. MD. — "Picha para exame
escrito do senso cromático".
37 — REGULAMENTO PARA EVTTAR ABALROAMENTO NO MAR —
Imprensa Naval, Ministério da Marinha — Rio.
38 — REVISÃO INTERNACIONAL PARA EVITAR COLISÕES NO MAR
— Imprensa Naval, Ministério da Marinha — Rio.
39 — ALFABETO SEMAPÓRICO — Imprensa Naval, Ministério da Mari-
nha — Rio.
40 — BANDEIRAS ALFABÉTICAS — Imprensa Naval, Ministério da Ma-
rinha — Rio.
41 — GALHARDETES NUMERAIS E SUBSTITUTAS — Imprensa Naval,
Ministério da Marinha — Rio. -
42 — RELATÓRIO SôBRE DALTONISMO — Dr. Evaldo Campos — Con-
gresso Brasileiro de Oftalmologia — Recife, 1949.
43 — DALTONISMO — Dr. Evaldo Campos — Diário de Notícias — RÍo,
1950.
44 — "IGIENE DELLE NAVI MERCANTTLI E MHJTARI» — 1926 — Mi-
lano — Prof. Cario Maurizio Belli.
45 — ESPECIFICAÇÕES BÁSICAS PARA UMA BOA PINTURA — Cor-
reia Leite & Cia. — Rio — Rua Buenos Aires.
46 — "THE RANGE OP ELECTROMAGNETIC RADIATION" Silvania
Electric Products — 1943.
47 — É VOCÊ DÃLTÔNICA? — Robert Courneen — Revista Bausch e
5 OMB.

OBSERVAÇÕES: — Vide QUADROS, na Separata dos "Arquivos Brasi-


leiros de Miedicina Naval", n° 68, abril a junho de
1958, págs. 6687 a 6696.
Aplicação do Senso Cromátdco na. 57

ANEXOS

III — ANEXOS ILUSTRATIVOS AO TRABALHO

Anexo i

MINISTÉRIO DA MARINHA

Rio de Janeiro, Ilha Fiscal


Diretoria de Navegação

Gabinete

29 — Abril — 1943

Circular n° 3
Do: Diretor Geral de Navegação

Aos Srs. Comandantes cfe Navios

Assunto:

Iluminação de camarim de navegação e agulha de tijupá.

1) De acordo com a técnica moderna de acomodação visual, reco-


mendo aos Srs. Comandantes de navios que seja sempre utilizada lâm-

pada vermelha sôbre as cartas náuticas nos camarins de navegação.

2) Afcrescento também a necessidade de substituição das lâmpadas

brancas das agulhas de tijupá por lâmpadas azuis que agem de modo
mais conveniente em caso de necessidade de iluminação leitura de
para
rumos ou marcaições.

Assinado: DODSWORTH MARTINS


JORGE

Contra-Almirante, Diretor Geral.

Nota: O ê nosso.
grifo

Anexo 2

A CÔR VERDE NA MARINHA

Na vida naval temos a oportunidade de verificar a côr VERDE


nos seguintes objetos:

—• Farol e luz de navegação de boreste.

'Coloração da área de terra das cartas de navegação publicadas

pela Diretoria de Navegação.

Bóia do arinque de boreste.

Pavilhão de Presidente da República.

Pavilhão Nacional.

Luzes de marcha adiante.


58 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

— Marcação de canalização de existente


gás a bordo.
— Indicação dos mostrad<ores de algumas espécies de radar.
— Pintura externa de motores e máquinas.
10 — Pintura externa de alguns instrumentos.
11 — Pintura de faixa do casco à linha d'água
junto (Com a chama-
da tinta para linha d'água) .
12 — Pintura oficial externa dos submarinos — VERDE ESCURO
e AZEITONADO.

13 — Pintura interna de anteparas de bondo — VERDE CLARO.


14 — Forro inferior da aba dos capacetes.
15 — Coloração cfos vidros dos óculos.

16 — Feltro usado nos quadros de ordens.

17 — Pintura dos edifícios da Ilha Fiscal, sede da Diretoria de Na-


vegaçao.

18 — Capa dos,livros usados pela Diretoria de Navegação.

19 — Côr das cortinas usadas em número de navios.


grande
20 — Painel do radar.

21 — Pano de mesa, veludo, da d'armas.


praça
22 —'A CÔR VERDE entra no MERSIOS foguetões em muitos

casos que seria fastidioso enumerar.

23 — Bandeira distintivo o navio especial de salvamento


para (VER-
DE-BRANCO-VERDE).

24 — A côr VERDE' nas bóias \


(roteiro, página 30).
25 — (No roteiro, a côr verde é uma das mais usadas.

26 — Na ATERRAGEM, visibilidade no mar, a côr verde é encon-

trada freqüentemente. 'd|o Vice-Almirante Dario


(Trabalho
Paes Leme de Castro nos Anais de Hidrog).

27 — Etc, etc.

Nota: Devemos ao então C.F. Osmar de Azeredo Rodrigues um grnde


contingente da relação supra.

Anexo
5

BANDEIRAS ALFABÉTICAS

Bandeiras, galhardetes e sinais Morse do Código Internacional, com

suas significações, quando içadas ou feitas pelo Morse.

Bandeira Letra Sinal Morse Significado do


Código Int.
Côres usadas
AZUL
VERMELHO
AMARELO
BRANCO ,
PRETO
Aplicação do Senso Cromático aa,..-. 59

GALHARDÊTES NUMERAIS

Bandeira .Número Sinal Morse


Cores usadas —— ——
VERMELHO
BRANCO
AZUL
AMARELO

SUBSTITUTAS
Bandeiras Substituta Sinal Morse Significado
Cores usadas — —— ———
BRANCO
AZUL
AMARELO
PRETO

GALHARDÊTES DO CÓDIGO DE RECONHECIMENTO ,

Galhardete Número Sinal Morse

Galhardete do Código Uma sucessão de "TS"


ou de Reconhecimento.

Representado por uma bandeira com a seguinte sucessão de CORES:


VERMELHO, BRANCO, VERMELHO, BRANCO e VERMELHO.
BANDEIRA VERDE — BRANCO — VERDE
£ a bandeira distintivo para o navio especial de SALVAMENTO.
Ê içada por um navio especial de salvamento-SIGNIFICAÇAO.
I — Ao fazer contato com um trem ao qual foi mandado juntar.
II — Quando se der um desastre e êle na ocasião estiver ocupado
no trabalho de salvamento.
III — Em qualquer ocasião em que o Comandante mais antigo do
trem lhe determinar que mantenha o sinal içado.

Anexo 4

SINAIS FEITOS COM UM SÓ GALHARDETE — SINAIS


DE ALARME

GALHARDETE 1 — CORES: VERMELHO E BRANCO — Sig-


nificado: Submarino muito próximo ou esteira de
torpedo à vista, lançado ipor submarino ou por
lancha torpedeira por BE.
GALHARDETE 2 — CORES: AZUL e BRANCO — Significado:
Submarino avistado muito próximo ou esteira de
torpedo à vista, lançado por submarino ou Ian«
cha torpedeira por, BB..
60 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

GASLHARDÊTE 3 — CORES: VERMELHO, BRANCO e AZUL


— Significado: submarino avistado à certa dis-
tância.
GALHARDETE 4 — CORES: BRANCO VERMELHO — Signifi-
cado: Navio idje superfície (de guerra) inimigo
à vista.
GALHARDETE 5 — CORES: AMARELO e'AZUL — Significado:
Navio suspeito à vista.,
GALHARDETE 6 — CORES: BRANCO e PRETO — Significado:
Uma formação de aviões ou um ou mais aviões
inimigos à vista.
GALHARDETE 7 — VERMELHO e AMARELO — Significado:
Cortei com minha caravana um cabo amarra de
mina à guerra.
GALHARDATE 8 — VERMELHO e BRANCO — Significado: Dis-
persar em forma de leque e prosseguir com a
velocidade máxima. À noite, além do apito, o
Comandante d'o trem lançará simultaneamente
uma série de LUZES VERMELHAS e VER-
DES (VERY).
GALHARDETE 9 — VERMELHO, AMARELO e PRETO — Sig-
nificado: Dispersar em "estrela" e prosseguir
com a velocidade máxima.
GALHARDETE 10 — Cores na seguinte ordem de Sucessão: — AMA-
RELO, VERMELHO e AMARELO — Signi-
ficado: abrir fogo.

BANDEIRA ESPECIAL PARA ALARME AÉREO


CORES: VERMELHO, AMARELO, PRETO e AZUL: Significado:
Avião está se aproximando do Trem (da direção
indicada).

TÁBUAS DE SINAIS POR ARTEFATOS LUMINOSOS

S° de Sinal Aspecto Significação


Ordem de Cores

Um artefato"côrluminoso de lá- — Sinal de execução para uma


grimas de VERMELHA guinada simultânea de emer-
(¦V»?ry's) gência de 45o para BB.

Um artefato luminoso de lágri- — Sinal de execução para uma


mas de côr VERDE (Very's) guinada simultânea de emer-
gência de 45o para BE.
Aplicação do Senso Cromático na. 61

Uma série de artefatos lumino- Sinal aos navios de um trem


sos de lágrimas VERMELHA para dispersarem e prosse-
e ViERDE lançados guirem com a velocidade má-
(Very's)
simultâneamente. xima.

menosi 2 foguetes lançados Lançado por um navio que te-


Pelo
em rápida sucessão. nha sido torpedeado por um

submarino ou lancha torpe-

deira para indicar um sub-

marino inimigo ou uma lan-

cha torpedeira inimiga nas

vizinhanças.

Um artefato luminoso de lágri- Submarino por baixo de, mm.

mas BRANCA lança" Estou por cima de um sub-


(Very's)'
do de um avião. marino.

Muito desejaríamos apresentar estes devidamente em cores o que


seria de efeito. Como a impressão em côres entre! nós
grande
consiste em algo difícil, fica êste desejo adiado e protelado. Não desisti-

remos, entretanto, do em causa.


propósito

Anexo 5

TABELA DE SINAIS LUMINOSOS

N.» de Sinal Aspecto Significação

Ordem

i Uma luz vermelha Fixa, apresentada por um

navio que tenha sido torpe-

deado ou chocado com urna

mina, lançar também 2 fo-

guetes brancos em rápida


sucessão.

2 Por lampejos — Aeronave


Uma luz verde
está se aproximando db
comboio, da direção indi-
cada.

Duas Luzes Vermelhas Fixas. Estou com avaria. Na-


3
vio desgovernado In-
(Sinal
ternqcional) .

Uma luz Vermelha por cima Fixas. Pairar guinando para


de uma luz Verde BB.

Uma luz Verde por cima de Fixas. Pairar guinando para


uma luz Vermelha BE.
mr

62 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

6 Duas Luzes Verdes Fixas. Sinal d)e execução

para uma manobra determi-

nada prèviamente, que não

seja a mudança de rumo.

7 Três Luzes Vermelhas Fixas. Negativas Se compu-

tadas na ocasião em que uma

manobra pré-estabelecida es-

tá justamente para ser exe-

cutacla indica a manobra


que
é anotada e ela não deve ser
executada. Por lampejos —

Anular tôda execução cte al-


8 Luz Vermelha teração de rumo estabe-
pré
"
Vermelha lecido.
"
Verde Fixas. Guinada simultânea

de emergência de 45o para


B.B. Deve ser obedecida

9 Luz Vermelha as luzes forem des-


quando
"
Verde comutadas.
"
Vermelha Fixas. Guinar BB. O
para

Inecessário para executar a

alteração de rumo prévia-


mente assinalada; ou, se não

tiver sido feito prèviamente


sinal de alteração de rumo,

guinar 20o ptira [BB • Por

Lampejosj, guinar para


50
BB.

io Luz Verde Fixas,. (Reduzir um nó na


" velocidade. Por
Vermelha lampejos:
" Navegar com a menor
Vermelha velo-
cidade, para manter apenas

o seguimento.

11 Luz Vermelha Fixas. Aumentar um nó na


Verde velocidade.

Verde

Fixas. Guinar BE o ne-


12 Luz Verde para
Vermelha cessário para executar a al-

Verde teração de rumo prèviamen-


te assinalada; ou, se não

tiver sido feito prévia-


mente sinal de alteração de

rumo, guinar 20o para BE.

13 Luz Verde Por lampejos: Guinar 50


" BE.
Verde para
"
Vermelha Fixas. Guinada simultânea
Aplicação do Senso Cromático na.

de emergência, BE.
45o para
14 Três luzes Verdes Deve ser obedtecido
quando
as luzes forem, descomuta-
das.
— Se estiver no rumo base.
Fixas. Começar o diagrama
d'e Zig-Zag como foi prévia-
mente ordenado; ou se or-
dens prévias não tiverem si-
do dadas, começar o diagra-
mas de Zig-Zag ultimamente
empregado.

A tabela de Sinais Luminosos realça sobremaneira a necessidade de


um senso cromático absolutamente normal. 100% seria o ideal.
Quando
alcançaremos êste) índice?

Anexo 6

SINAIS DE IDENTIFICAÇÃO UM
ENTRE NAVIO MERCANTE
OU TREM E SUA ESCOLTA

a) Os sinais abaixo são usados aos navios


para permitir da escolta
se indentificarem. Também para permitir identificação
por parte
<tos navios que vão ser escoltados.

b) Navios a serem escoltados:


Durante o dia

Içarão a bandeira mercante de seu país por cima de seu indica-


tivo de chamada internacional e mostrarão suas planchetas com
nome de registro.

Durante a noite

Içarão uma luz BRANCA] por cima de uma luz VERMELHA


vertical.

c)Navios de escolta:
Durante o dia

Içarão a bandeira de seu país.

Durante a noite

Acenderão uma luz VERMEILHA cima de uma BRANCA,


por
na vertical.
64 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

NAVIOS DE GUERRA INGLÊSES REBOCANDO APARELHOS

VARREDORES

RECONHECIMENTO
~
i
x — agindo isoladamente,
Quando 3 esferas PRETAS, sendo uma
no tope do mastro de vante e as outras 2, uimai em cada laís da
vêrga do mesmo mastro. À NOITE, luzes VERDES, visíveis
3
em tòclas as direções,, nas mesmas das esferas.
posições
I
— Quando agindo aos ou mais navios, 2 esferas PRETAS,
pares, 3
sendo uma no mastro de vante e outra na laís da vêrga corres-

pondente ao bordo em que é perigoso À NOITE, 2


passar.
luzes VERDES, visíveis em tôdas as direções, nas mesmas po-
sições das esferas.

— Quando navios em formatura mostram estes sinais, ninguém


deverá se aproximar a menos de de cada
500 jardas bordo, e
os navios não devem a menos de 1.000
passar pela pôpa jardas
A formatura dos varredores não ser rompida navio
pode por
de espécie alguma.

Anexo 7
S

AVISO AOS. NAVEGANTES N° 63

Novas usadas, 10 "A


cores nas cartas, da julho de 1943. paritr da

data mencionada, serão usadas novas tonalidades nas cores das cartas

que forem editadas por esta Diretoria, a fim de torná-las utilizáveis à

LUZ VERMELHA; devendo nas correções feitas às cartas e publica-


devidas a Avisos aos Navegantes, ser empregada tinta VIOLETA
ções,
em vez de ENCARNADA, como até aqui vinha sendo feito.

Publicações afetadas: Roteiro — 1936 — de


Lista

Faróis — 1942 — Lista de Sinais de Rádio, 1942 —

Catálogo de cartas e outras Publicações de 1941.

I
MAIOR DA ARMADA — INFORMAÇÕES
ESTADO

N.° — 15 DE AGOSTO DE 1942


92

Assuntos

NOVAS COREIS PARA AS CARTAS DOS U.S.A. Hydrogra-

phic Office.

A Marinha Americana acaba de adotar novas córes a serem em-

nas cartas marítimas, como urn, auxílio à navegação. Em tôdas


pregadas
as cartas que vierem a ser publicadas pelo Hydrographic Office, as

áreas de terra até agora representadas em tom AMARELADO, apare-

cerão em CINZA CLARO. O símbolo da côr alaranjada para repre-


Aplicação do Senso Cromático na... 65

sentar faróis foi substituída pela cpr purpúrea


(magienta). Ais tonali-
dades azul e verde usadas para definir água profunda e altos fundos
foram mantidas. Essa mudança é uma fase do proceso há
pouco desço-
berto a empregado para vencer o inconveniente, da lentidão da visão hu-
mana em se adaptar a um; repentino contraste entre a escuridão e a cia-
ridade. (Acomodação visual). Por exemplo, quando um navegante uti-
lizando a carta à noite! sobe ao passadiço seus olhos não podem se adap-
tar perfeitamente à escuridão por um período de cerca de 15 a
30 mi-
nutos. Semelhantemente, quando Q Oficial de quarto no passadiço precisa
verificar rapidamente a posição do navio na carta, êle fica embaraçado
pela lentidão com que os seus olhos se ajustam à repentina exposição da
luz do camarim de navegação. Experiências mostraram, no entanto, que
quando a vista é exposta a uma luz ENCARNADA, são necessários ape-
nas alguns segundos para acostumá-la à visão na escuridão. Conseqüen-
temente espera-se que em breve será de usa comum o iluminar-se os ca-
marins de cartas com a luz encarnada. Prevendo esse luso o Hydrographic
Offica foi obrigado a usar uma nova série de cores, visto como as cores
encarnada, amarela e alaranjada, usadas como convenção nas cartas, são
completamente invisíveis, quando examinadas com iluminação encarnada.
As experiências revelaram que enquanto o AZUL, o VERDE, o PÚR-
PURA e o CINZA perdem suas colorações com a iluminação encarnada,
iião perdem no entanto o contraste entre suas tonalidades. (Comentado
já de nossa parte, temos al dizer que o daltônico, solicitadas manifesta-sd
sobre o VERDE no teste de Holmgreen, ao em vez de escolher esta côr
escolherá o CINZA e o MARRON em seu lugar. É interessante tal fato
em face do item em causa aqui comentado).
Nos casos em que não fôr exeqüível iluminar, os camarins de cartas
com luz encarnada, a U.S. Navy está preparada para equipar os nave-
gantes com óculos encarnados especiais. Assim por exemplo, um Oficial
querendo verificar a carta à noite, coloca simplesmente os óculos encar-
nados, vai ao camarim de navegação iluminado e poloca a sua posição
na carta de tonalidade asui) verde, cinza, branca e\ magenta, sem ter que
esperar que seus olhos se acostumem à> repentina claridade., Como apresen-
tação, as novas cartas são geralmente consideradas como ainda mais atra-
entes que as antigas cores. Os Hidrógrafos da U.S. Navy frisam que
os pontos de coloração' púrpura que definem os faróis e as bóias de luz,
contratam suavemente com as áreas de terra ei o mar, de tonalidade cinza
francês (é a mistura de branco com preto) e branca que dominam o fun-
do das cartas novas.
Esta comunicação tem a) assinatura do atual Almirante Jordão Amo-
rim do Valle.

COMENTÁRIO: A modificação em causa visa compensar o tempo


perdido na acomodação visual, conforme o texto mui bem explicai e
pormenoriza.
6« REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Anexo 8
BOLETIM HIDROGRÁFICO — Washington — 19 de agosto — 1942
A LUZ VERMELHA SOBRE AS CARTAS DE NAVEGAÇÃO

Tem sido há muito tempo reconhecido qua após a exposição dos olhos
à lua artificial, à noite, a volta da visão no escuro requer um tempo per-
dido apreciável. É o que se chama comumente acomodação visual. No-
tamos, vulgarmente, tal quando penetramos numa sala de projeção cine-
matográfíca: Este tempo perdido de acomodação visual constitui para os
marinheiros algo importante, especialmente quando os navios se encon-
tram em comboio ou outros exercícios., Mesmo na rotina comum da| vida
de bordo dos encarregados det navegação ou Oficial de serviço no passa-
diço, é notável o motivo comentado. O Departamento de Navegação pro-
cedeu a estudos especiais sobre luzes diferentes, diferentes cores, procuran-
do compensar ao mínimo o tempo perdido de acomodação visual e veri-
ficou que esta acomodação para o branco e azul fazia-se em 10 a 30 mi-
nutos, de acordo com o indivíduo submetido ao teste. Entretanto, os mes-
mos indivíduos empregando a luz VERMELHA, apresentavam a aco-
modação visual em poucos' segundos, 10 a 20 no máximo.
Eis por que foram feitas todas as modificações nos camarinsi de na-
uegação de que vimos tratando. O artigo do Boletim, Hidrográfico trata
do assunto tecendo outros comentários, oportunos. Refere-se às cores
das cartas para que os pontos sejam visíveis à luz vermelha de ilumina-
ção geral do camarim ou usando o encarregado de navegaição óculos
vermelhos, etc, etc.
O certo e indiscutível é que esta nota do Boletim de Washington tra-
duz a modificação estudada pela Marinha Americana e imitada logo pela
Marinha do Brasil em feliz e oportuna inspiração. Respeito ao exposto,
já falamos em anexo o que tem sido o trabalho de nossa! Diretoria de Hi-
drografia e Navegação. Lembramos que a côr púrpura é visível com a
luz vermelha: a alaranjada da9 primitivas cartas não o é.

Anxeo 9
SINAIS

( LUMINOSOS

SINAIS: DE CERRAÇÃO

CEGOS

A óleo
A querosene
FARÓIS: Automáticos
Semi-automáticos
Aplicação do Senso Cromático na. 67

LUMINOSOS: Faroletes — Barcas faróis — Bóias de; lua

diáfanos

sirenais

buzinas
AÉREOS:
canhões explosivos

foguetes (Côres)

sinos ou gongos-apitosi.

— CÔRES
Luminosos (foguetes)

Elétricos (radio-telegráficos, rádio-faróis)


DE, CERRAÇÃO
Submarinos (osciladores, sinos, cabo-guia){

Sincrônicos.

Bóias

CEGAS Hastes com topes


(CÔRES)
j

¦Vemos e obsrevamos em todos os sinais luminosos, de cerração


que
ou cegos, entram elementos cromáticos definidos. Elementos exigem
que
e impõem indubitàvelmente senso cromático selecionado.

Anexo 10

REGRAS PARA EVITAR ABALROAMENTO NO MAR, APRO-

VADAS PELA CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA SALVA-

MEhNTO DA VIDA HUMANA NO MAR

— LONDRES 1929
WASHINGTON

VERDE

SINAIS LUMINOSOS: VERMELHO

BRANCO

SINAIS SONOROS PARA CERRAÇÃO

VERMELHO

SINAIS DIURNOS: BRANCO

VERDE
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Anexo n

ROTEIRO

'
Preto.
Branco.
Cores encontradas no Roteiro: Encarnado.
Verde.
Azul.

Em todo o Brasil o sistema de balizamento adotado é o seguinte:


ENCARNADO — Para ser deixado por BE por quem entra nos portos.
Quando luminoso, exibe luz encarnada com um lampejo ou
uma ocultação por período.

PRETO — Para ser deixado por BB por quem entra nos portos.
Quando luminoso, exibe luz branca com um lampejo ou uma
ocultação por período.

FAIXAS VERTICAIS PRETAS E BRANCAS — Usadas para bóias


de espera e de meio canal. Quando luminoso, exibe luz branca
com 2 lampejos ou 2 ocultações por período.

FAIXAS HORIZONTAIS PRETAS E ENCARNADAS — Usadas


para demarcar perigos isolados. Quando luminoso, luz encar-
nada ou 2 ocultações por período.

VERDE COM AS LETRAS C S EM BRANCO — Usado para demar-


car cascos soçobrados. Quando luminoso, exibe luz verde com
um lampejo ou uma ocultação por período.

AZUL — Usado para demarcar alinhamento de canalização submarina


de água. Quando luminoso, LUZ AZUL, com um lampejo por
período.

BRANCO COM A LETRA T EM AZUL — Demarcação de alinha-


mento de cabos telegráficos ou telefônicos submarinos. Quando
luminoso, luz AZUL, com um lampejo por período.
Aplicação do Senso Cromático na. 69

SINAIS DE PREVISÃO DE TEMPO

' Bandeira Branca Tempo bom.

Bandeira Azul — Tempo mau.


DIA
Bandeira Branca e Azul Tempo Instável.

(Em 2 faixas horizontais).

Luz Branca Tempo bom.

NOITE Luz Encarnada Tempo instável.

Luz Azul Tempo ameaçador.

VERMELHO

AZUL
AS BôIAS E SUAS CÔRES
VERDE

PRÊTO

Anexo 12

'
LISTA DE FARÓIS

Brasil — 1942. D. H. 2. — — Escola Naval — Departamento


4
Náutico. Correta até 31-12-1941.

INTRODUÇÃO: i.a coluna;

2.a coluna;

3.a coluna.

COLUNA: Destinada às características das luzes, à sua


QUARTA
intensidade luminosa e aos sinais de cerração. Quanto às características,

as luzes se dividem em 2 classes:

a) Luzes de uma só côr.

b) Luzes de mais de uma côr (Luzes alternadas).

Dentro destas classes, podem ser ainda:

a) Fixas.

b) Lampejos. de luz menor que a obscuridade).


(Duração
c) De ocultações (Duração da luz igual ou maior que a obscuridade) .
70 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Da combinação destas espécies de luz, resulta a classificação seguin-


te geral:

LUZES DE UMA FASES CARAC- LUZES DE MAIS


SÓ COR TER1STICAS DE UMA COR

Branco e Preto: Alternada Vermelho —


Fixa Branco.

Branco e Preto: LUZ FIXA


Lampejos CONTINUA Alternadas: lampejos. —
Brancos Vermelhos.
Branco e Preto:
Grupo de lampejos.

Alternadas: lampejos. —
Branco — Preto —
Vermelho — Vermelho.

EXEMPLOS DE CORES: BRANCO, PRETO, ENCARNADO,


ROXO-TERRA, AZUL-BÓIAS, FARÓIS e FAROLETES

Baía de São Marcos — Forte de Sto. Antônio — Setor de luz encar-


naldla de 297o a 095o.
Vila Siqueira — Rádio Farol — Em cada torre do rádio-farol existe uma
luz fixa encarnada, visível a 8 milhas.
Canal de São Sebastião — Coluna quadrangular de cimento armado pin-
tada de Branco. Lage dos Moleques.
Pôrtó do Rio Grande, bóia «.** 15 — Encarnada com o n.° 15 em Bran-
co.
Porto do Rio Grande, Cabo Submarino — Armaição de ferro, tendo 2
discos com um "T" AZUL no centro, tudo pintado de Branco.
'Anexo
13
VISIBILIDADE NO MAR — ATERRAGEM
1
Vice-Almirante Dario Paes Leme de Castro
'Anais
de Hidrografia — Diretoria de Hidrografia e Navegação, Mi-
nistério da Marinha, Rio.
Do trabalho do Almirante Dario Paes Leme de Castro, tiramos ai-
guns trechos interessantes e que sobremaneira reforçam o nosso ponto de
vista relativo ao senso cromático na Marinha.
Aplicação do Senso Cromático na. 71

Condições à realização dia Visibilidade no Mar.

a) Fatores de ordem geográfica, b) Fatores de or-


puramente
dem simplesmente física, c) Fatores, de ordem dependentes do estado fi-
siológica do observador. Acuidade visual e senso cromático. (O grifo
é nosso) .
f
J
^
Ainda é textual do trabalho em causa o que se lerá a seguir: (Pá-
guina 86) COR. A tonalidade das cores com que os corpos naturais ou

artificiais são revestidos, variar desde as cores claras, brancas,


podendo
brilhantes, até as carregadas, escuras, essencialmente difusoras, cumu-
lando no influi na visibilidade à distância. As
preto, poderosamente pri-
meiras têm freqüentemente um refletante muito da uni-
poder próximo
dade, e as últimas, sendo muito absorventes, não enviam senão alguns
centésimos da luz as ilumina; nas côres carregadas só se encontra
que
a capacidade de refletir 10-15 ou 20% da luz é recebida, mas as
que
outras mais do varmelho ou do amarelado dão uma
próximas proporção
3 a 4 vêzes mais considerável. Pela tabela abaixo conhecer o
pode-se
valor de difusão das diversas côres:

BRANCO CINZA CLARO AMARELO

70 a 80% 50 a 70% 50 a 75%

AZUL VERDE VERMELHO

30 a 15 a 40%' 20 a 30%
50%

CÔRES CARREGADAS PRETO

a 10% 0%
5

CARACTERÍSTICAS DOS FARÓIS

A necessidade de fazer variar a aparência dos faróis da mesma re-

evitar confusões, graves perigos, orientou as dire-


gião, para prevenir
dêsse ramo de serviços marítimos para a modificação das luzes
ções

à colaboração do feixe luminoso e a forma de surgimento e de


quanto
ocultação do farol ou caráter). (
(aspecto
CÔR DA LUZ — As únicas côres primitivas devidamente difundi-

das serem empregadas isoladamente ou em conjunto ao branco, nos


para
faróis, são- VERMELHO, VERDE e AZUL, cujas capacidades de absor-

vência estão em crescente. O VERMELHO, mais freqüentemente usa-

do, absorve mais ou menos 1/5 de intensidade da luz que lhe é aplica-

da. iO VERDE faz aproximadamente a quarta parte do total.


perder
O AZUL, tanto absorve, o seu emprego se tem limitado às luzes de
que
alaance muito reduzido.
72 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

O VERDE dificilmente é visto através do nevoeiro, enquanto que


o VERMELHO, ser o mais. atinico, é, melo contraste então es-
por que,
tabelece, é <* que rasga a cerração. Melhor luz BRANCA.
que

CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS

As condições pessoais em jôgo no fenômeno visibilidade dos corpos,


são resumidas na caipacidade revelada, pelo observador e mver o objetivo
à distância. Esta faculdade ainda se desdobra:

a) Sensibilidade ou presteza mais ou menos notável com o


que
ôlho do observador chega a perceber um dado corpo.

b) ACUIDADE — Capacidade de realizar tal percepção.


c) SENSO CROMÁTICO — Dentro fie uma flagran-
propriedade
te, aquilatamos o que bem reporta o Sr. Vice-Almirante Dario Paes
I.eme de Castro que traz, endossado, o nosso trabalho um contin-
para

gente precioso.

Anexo 14

PROVA DE SAÜDE

INSPEÇÃO PRELIMINAR

A inspeção preliminar será feita nos Estudos, na sede dos Distri-

tos Navais. A Comissão examinadora será constituída Médicos em


pelos
número de três. 8 — I.A.P.A.), servirem nos Distritos
(N.° que em
causa. Afora defeitos físicos e anomalias tão bem e espe-
já previstas
cificadas na lista de moléstias que invalidam a admissão ao serviço
para
da Armada, os Srs. Médicos, deverão ter em precípuo objetivo os ele-
mentos básicos seguintes:

ALTURA

17 anos incompletos 1,58 m

17 anos completos 1,60 m

VISÃO

a) Para os candidatos aos Corpos de Oficiais da Armada e de Euzi-


leiros Navais:

Rigorosamente igual a 1, sem o auxílio de lentes;


b) Para os candidatos ao Corpo de Intendente Navais:

Sem o auxílio de lentes-olhos desarmados: 2/2 um ôlho


em e
1/2 no outro; ou 2/2 no outro; ou 2/3 em ambos.
Nunca 1/2 çm ambos.

Em todos os casos, visão rigorosamente igual a 1 com óculos.

SENSO CROMÁTICO

Não admissível "déficit"


é cromático nos futuros Oficiais da Arma-
da. As causas dessa exigência são fácil e perfeitamente avaliáveis, con-
Aplicação do Senso Cromático na. 73

siderando as experiências resultantes da conflagração


particularmente
recém-finda. As instruções admissão a ANNÁFOLIS são sobrema-
para
neira explicativa. Êste senso será pesquisado e analisado pelos testes

de STILLING, ISHIARA-SHINOBU, e, pelas lãs de


precariamente,
HOLMGREEN.

Todos os inspecionados sumários dos Distritos Navais, muito embo-

ra aprovados, serão submetidos à nova inspeção na Escola Naval, pela

competente o têrmo comum. Desta decisão, caberá


junta, preechendo-se
recurso à Superior de Saúde, conforme; a regulamentação em vigor.
Junta

Anexo 15

VOTO EM SEPARADO SÔBRE ASPIRANTES

DALTÔNICOS

Aos 2 de dezembro de 1946, reuniu-se na Bscola Naval a Junta de

Inspeção de Saúde efeito de conservação de matrícula. Fomos, da


para

Junta, o É de nossa autoria o voto em separado logo a se-


presidente.

guir reportado. Este voto é aqui trazido a ttíulo de ilustração, poia o


que
trabalho em apreço constitui-se documentação preciosa e determinante.

O têrmo de inspeção de saúde D.S-S, em vigor regulamentar, item

diz: — "A lãs


4 percepção dás cores será verificada pelas de' Holmgreen

devendo o examinando retirar das caixas as diversas cores pedidas pelo


examinador; se o fizer, convém insistir até ficar bem provada a ce-
"Também utilizada tal o Stillvng
gueira ipara tal côr". será para fim
Test . — A sublinhada foi introduzida nós, feita ao
parte por ponderação
então Diretor, Almirante Lemos Basto, após exposição de motivos ci-

entíficos.

O valor atual das' lãs de Holmgreen, no conceito moderno acadêmico,

está total e inteiramente abalado, caminhando mesmo, sem o menor exa-

gêro doutrinário, um francamente histórico, obsoleto e ana-


para período
crônico. Esta é a verdadei inconteste. Entretanto, as lãs de Holmgreen

oonstituem o forte, o básico e o substancial do item 4, vindo, em verdadei-

ra ironia, o há de mais moderno no momento, o STILLING TEST,


que
como um simples apêndice. Por certo
(Tábuas pseudo-iso-cromáticas)
é bem o apêndice quem representa o elemento primacial, pre-
justamente
cípuo o determinante. Não o entende, entretanto, o item 4 em sua reda-

aliás, honra lhe seja feita em antigüidade, data de há mais de


ção, que,
20 anos, os testes ainda não estavam difun-
quando pseudo-iso-cromáticos
didos. O se verificará é ausência de atualização ou inércia renova-
que
dora.

Os aspirantes P.O.Q., F.J.A.P., D.N.M., O.M.P.R., H.L.C.B.,

submetidos ao exame das lãs de Holmgreen, método que insisto, e não


74 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

me cansarei de repetir e proclamar, anacrônico e obsoleto, portaram-se


todos muito bem. Manda a justiça e a minha isenção de ânimo que acei-
te a conclusão. Portaram-se todos muita bem e reconheceram o VERDE,
o VERMELHO, o AMARELO e o AZUL. Más do valor das lãs de
Holmgreen não preciso insistir nem reportar mais coisa alguma por-
que já o disse claro e explicitamente, sem rodeios nem subterfúgios.
Todos sabem-nas nulas e inúteis no determinar exato e certo o senso
cromático. Apesar de tudo, estas mesmas lãs fazem parte do item 4
regulamentar, em vigor pleno, e os Aspirantes em causa reconhecem-naá
perfeitamente bem. É o friso à especial atenção dos meus maiores.,hierár-
quicos.
Relativamente ao exame procedido nas tábuas pseudo-iso-cromáticaS
de Stilling Benedict, os Aspirantes em apreço denunciaram-se daltônioos
para o VERDE e o VERMELHO. Denunciaram-se discromatópsicos de
um modo tácito e categórico, sem a menor dúvida ou contestação, pois
que cometeram os mais clássicos erros, enganos e dúvidas, demonstrando
eloqüentemente a finura e a esipecificidade do método de Stilling Benedict.
É de notar que o Prof F. J. Soriano, de Buenos Aires, autoridade
acatada, além das tábuas pseudo-cromáticas obrigatórias, complementa a
prova avaliadora em se utilizando do ANOMALOSCÓFIO' de NAGEL
aparelho que seria desejável e importante nas inspeções de saúde para ad-
missão à Escola Naval. Isto, se desejarmos trabalhar com eficiência se-
lecicionadora 100%.
Aa fichas anexas, por mim idealizadas, e preenchidas do próprio
punha pelo Aspirante em consideração, pela sua clareza, constituem o
repositório eloqüente da afirmativa categórica que se faz nítida, expres-
5a, clara, insofismável. Mas, quando afirmo isto, cumpre lembrar, em
verdadeiro contra-senso, que os mesmos diagnosticados daltônicos pelo
Stilling Benedict, pelas lãs de Holmgrenn se trata de inldivíduosi normais,
normalíssimos, é, forçoso convir. Parece extranhamente absurdo, mas é
o que demonstra á análise superior e isenta de ânimo pirrônico ou pre-
venido que poderíamos acusar-lhe. Contra fatos...
Em concluindo este parecer, que assume o aspecto definitivo do mo-
do como encaro as lãs de Holmgreen e as tábuas de Stilling e Ishiara,
dando uma informação "tranchante" do anacronismo Holmgreen obede-
cendo rigorosamente o item 4 em suas exigências regulamentares, sou de
opinião que os Aspirantes em apreço possuem um senso fcromático nor-
mal para as decantadas lãs, mas para as tábuas são daltônicos típicos e
característicos para o VERDE e VERMELHO. Sem a menor dúvida.
Esta é a verdade inconteste, indiscutível, que não tem contestação de es-
pécie aguma. Venha de onde vier.
O Exmo. Sr. Almirante Diretor Geral de Saúde da Marinha resol-
verá como julgar de direito e justo em face do$ exames aqui procedidos e
relatados com minúcias e detalhes técnicos.
Aplicação do Senso Cromático na. 75

RESUMINDO

Aspirantes Ns. de erros Tempo cronometrados

P.O.Q. 22 9 ms e 10 s

25 28 ms e 45 s.
J.A.P.
Di. N.M. íà 15 ms e 4 s.

O.M.P.R 24 12 ms e 15 s.

H.L.C.B. 16 10 ms e 15 s.

INDIVÍDUO NORMAL — Tempo fazer a


para prova:

Escrita: 3 minutos

Oral: 1 minuto.

— Pelas lãs de Holmgreen, método obsoleto, anacrônico, os Aspi-

rantes em aprêça estão APTOS o Serviço da Armada e conserva-


para
Ção de matrícula na) Escola Naval.

— Pelas tábuas de Stilling Benedict, método pseudo-iso-cromático


da Medicina Hodierna, douta e clássica, os Aspirantes em causa estão

INAPTOS o Serviço da Armada e conservaição de matrícula na


para.
Escola Naval, real e indiscutivelmente são discromatópsicos para o
pois
VERDE E VERMELHO.

É o me cumpre diserf esclarecMamente e opindr, de acordo com


que
os conhecimentos de sou no presente momento, tendo como
que portador
objetivo tão só os interesses maiores da corporação a que per-
precípuo
tenço.

PALAVRAS FINAIS

Eis como o autor, modesto médico naval, julga deva ser ser aplicado

o senso cromático na Marinha Brasileira. Especial e particularmente

na seleção dos candidatos à Escola Naval, onde teve oportunidade de ser-

vir durante mais de dez anos de sua vida profissional, doi quq resultou o

trabalho ora apresentado.


Professor no Quadro Negro
ESTADO-MAIOR DA ARMADA
DIVISÃO DE BUSCA DE INFORMAÇÕES

Vm conhecido especialista na guerra fria analisa a luta de


longa duração com a Rússia

— A ameaça de guerra constitui ainda o argumento fi-


nal do diplomata; a conduta da guerra diz, ainda, respeito
ao soldado. Mas nas enervantes décadas da aventura nu-
clear, as infinitas implicações da luta armada transforma-
ram o sábio em uma autoridade militar. É o cientista com
a sua régua de cálculo que avalia os efeitos das armas ain-
da não experimentadas nas batalhas futuras. É o profes-
que complicam
sor, no quadro negro, que define os dilemas "deterrente"
cada novo esquema para confecção de um de
valor prático. Um reconhecido expoente dessa nova gera-
ção de eruditos da guerra fria perito em ciência, HENRY
À. KISSINGER, 37, diretor do Programa de Estudos de De-
fesa Harward, e assessor do Pentágono. Seu novo livro
"The denecessity for Choice", tornou-se leitura obrigatória no
Pentágono, no Departamento de Estado e na Casa Branca.
Evitando a tentação

Klssinger pertence ao grupo daqueles que advertem que


o aumento do poder russo em mísseis requer uma drástica
revisão da política americana de defesa. Embora exage-
rando um pouco, em função do estado de nervos, o perigo
iminente constituído pelo "míssile gap", Kissinger argumen-
ta, de maneira convincente, que as forças americanas, a fim
de "deter", devem ser capazes de resistir ao primeiro impacto,
e, revidar de maneira tal que as perdas sejam inaceitáveis
para os soviéticos. — exemplifi-
Qualquer medida que fique aquém disso
cando; a atuação em que os EUA fiquem na dependência de
78 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

bombardeiros com. armas nucleares baseados em pontos fà-


cilmente atingíveis — constituirá uma tentação quase irres-
sistível para um inimigo em potencial atacar enquanto êle
dispuser de vantagem em mísseis, e dessa maneira eliminar
as forças nucleares americanas com um risco mínimo de re-
vide. Os EUA devem se esforçar para possuir, no 'mínimo
forças nucleares que possam resistir a um primeiro golpe —
dispersando e protegendo seus aviões de bombardeio, cons-
truindo bases de lançamento de mísseis subterrâneas, ter
prontos mísseis como o MINUTEMAN (sobre trens) e PO-
LARIS (em submarinos). Na melhor das hipóteses, o máxi-
mo que os EUA podem aspirar a atingir será uma situação de
"invulnerabilidade mútua". E na situação de invulnerabili-
dade mútua, a ameaça de guerra nuclear total —< ameaça
que subentende a antiga estratégia americana de "retaliação
maciça" — "perderá sua capacidade de 'impressionar e seu
significado estratégico — principalmente contra agressores
que são claramente de alcance limitado. O que constitui o ab-
surdo da política militar americana é que, mesmo conside-
rando em primeiro lugar o "missile gap" e em segundo o con-
ceito da invulnerabilidade mútua, continuemos a confiar nu-
ma ameaça de guerra total como nosso principal "deter-
rente".
Com os ICBM, para os quais ainda não há defesa, pro-
vocando um impasse nuclear, diz Kissinger, o único meio
com que os EUA podem deter uma agressão limitada será
dispondo de potentes forças para uma guerra limitada.
Numa guerra de pequena amplitude haverá considera-
ve] pressão, em ambos os lados, para evitar o uso de armas
nucleares. Portanto devem os EUA organizar suas forças
convencionais.
"O
potencial do ocidente em forças convencionais deve
ser suficientemente poderoso para que o recurso à defesa
nuclear seja a última instância e não o único meio a re-
correr...
Não há razões, a não ser falta de disposição, para que a
Europa Ocidental e os EUA não possam criar forças locais
capazes de resistir a uma agressão soviética qualquer que
seja a sua magnitude".
Transformando a OTAN
Kissinger sustenta que o equilíbrio em mísseis tornará,
em última análise, obsoleta a posição americana de empre-
ender uma guerra total na hipótese de um ataque soviético
a um país membro da OTAN. "Se a OTAN só pode ser de-
Professor no Quadro Negro 79

fendida por uma guerra total então ela enfrentará um di-


lema sem esperança: ceder à pressão concorrerá para um
processo de chantagem pelos Soviets, ao passo que resistir
acarretará catastrófica devastação". Daí, ser evidente a ne-
cessidade de poderosas forças convencionais na Europa Oci-
dental. "Nenhum de nossos aliados europeus está em condi-
ções, de criar, por seus próprios meios, uma força de revi-
de capaz de derrotar a URSS. mesmo que ataque em pri-
meiro lugar".
Também, nenhum país europeu sozinho é "capaz de
resistir a pressão soviética. A Segurança é, portanto, insepa-
rável da Unidade... a OTAN deve contar com todo o incen-
tivo para adotar uma estratégia que não coloque os EUA na
alternativa de escolher entre uma guerra total ou inação na
defesa da Europa".
Potências nucleares européias independentes — tais
como a França e a Inglaterra — tendem a aumentar a ten-
taçao russa de destruir o potencial europeu de revide, um! a
um. "Podemos ficar certos", escreve Kissinger, de uma
Europa unida "não pode vencer uma guerra totalquecom a
URSS, mas ela a poderia evitar, infligindo danos
sentariam um preço excessivo em caso de agressão. que repre-
Uma
Força Atômica Européia — uma vez que seja bem
da — poderia nao somente evitar um ataque nuclear, mas protegi-
também uma cobertura aérea para uma defesa do tipo con-
vencional.
À procura de fatores de força
Kissinger inicia seu exame sobre as relaç«5es de poder,
com o cauteloso procedimento do historiador em relação às
tendências e propósitos dos EUA. Êle previne de seria
que
vão imaginar que a Rússia Soviética evoluiria no sentido de
uma Nação menos belicosa, à medida que ela mais se indus-
trializa e se educa. ("A industrialização não tornou a Ale-
manha menos belicosa"). Uma vez os EUA têm
frente uma luta de longa duração, êlequedeve buscar em pela seu
íntimo reservas morais e espirituais que lhe en-
frentar a situação com fortaleza dalma. Ele não permitam
exemplo, estabelecer a sua pode, por
tentando captar a apoio
dias chamadas nações "não política
comprometidas". ("O culto do
cortej amento dos nao comprometidos tenderá à destruição
da liberdade em toda a parte"). Também não é suficiente
para os EUA tentar provar simplesmente que podem, produzir
mais do que a Rússia. Eles devem aprender a "inspirar os va-
lores da dignidade humana e da liberdade | com tal fervor,
80 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

que a nova geração no mundo inteiro sentir-se-á obrigada a

sincronizar emocional e intelectualmente com elas."


"Nós "estar
devemos", escreve êle, a enfrentar o
prontos

paradoxo de nos dedicarmos tanto ao militar


potencial

quanto ao controle de armamentos; tanto à segurança quan-


to à negociação; auxiliar as novas nações no tange à li-
que
berdade e respeito próprio, sem contudo aceitar as suas in-

terpretações sobre os problemas.


Se não conseguirmos realizar todas essas coisas, não se-

remos capazes, também, de executar nenhuma delas isola-

damente.

O domínio, por nós, destes aparentes servirá


paradoxos
testar algo mais do que a nossa capacidade de sobrevi-
para
ver; êle constituirá a medida de sermos ou não dignos de

sobreviver".

(Tradução da Revista TIME).


HISTÓRIA DA MARINHA

BRASILEIRA

Giultano Giacopini

Publicado "Revista
pela Marítima"

de outubro de 1962.

Tradução de Pedro de Miranda

INTRODUÇÃO HISTÓRICA

Diferentemente das colônias espanholas, na América do Sul, o Brasil,


colônia portuguesa, chegou à independência de maneira relativamente

pacífica.

N. R. — O presente trabalho é aqui reproduzido, embora versando

sôbre história da nossa Marinha e, por vezes, falto de detalhes,

de resto justificáveis pela inexistência de fonte de consulta ao

alcance do seu autor, major a.n. Giuliano Giacopini, redator da

nossa congênere italiana — RIVISTA MARITTIMA ¦— não

só porque encerra uma síntese bem arranjada da nossa his-

tória naval e da nossa Marinha, desde os seus primórdios


até os tempos atuais, mas, sobretudo, como homenagem ao seu

autor, pelo interêsse demonstrado em relação aos assuntos da»


Marinha do Brasil, tornando-os conhecidos no seu grande país,
a que nos ligamos, também, vínculo da cultura e
pelo pela
contribuição dos seus filhos para o da nossa
progresso pátria.
Aquêle interêsse, de destaque, é, outro lado,
que pomos por
um depoimento valioso de que vamos ultrapassando as nos-

sas fronteiras como resultado do intercâmbio cultural através

a divulgação que faz a nossa Revista Marítima Brasileira.

Ao ilustre major Giacopini, cujo trabalho contribuiu, sem

dúvida alguma, para difundir, na Itália, nossa história naval,

as homenagens com os agradecimentos da Marinha do Brasil,

de que nos fazemos eco, extensivos à nossa co-irmã RIVISTA

MARITTIMA, órgão da fidalga-Marinha Italiana.


82 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Em 1807, sob a pressão das tropas francesas do marechal a,


Junot,
Casa Real portuguesa, com a Rainha Maria e o Príncipe Regente; Duque

dos Algarves, tinha que abandonar Portugal e refugiar-se no Brasil, onde

aportava em março de 1808, com séquito de 15.000 e uma es-


pessoas
de 16 navios. (1)
quadra
Em 1815, já libertado, há tempo, Portugal da Ocupação francesa,

era solenemente, no Rio de Janeiro, o Reino Unido de Por-


proclamado
tugal, Algarve e Brasil, do qual, morta a rainha Mari^., um ano depois,

tornava-se rei o Príncipe Regente, com o nome de VI.


João
Em 1817 João VI retornava a Portugal, depois de dez anos de au-

sência, deixando no Brasil, como Príncipe Regente, o seu filho Dom

Pedro.

Logo, foi por todos claramente percebido que o Regente, de espírito

reservado e autoritário, mas sinceramente afeiçoado ao Brasil, pensava


em fazer da colônia portuguesa um estado grande e poderoso, comple-

tamente separado da Mãe-Pátria.

As tendências separatistas de Dom Pedro alarmaram o governo de

Lisboa, até o de — em 1821 — o Príncipe Rei ordenar ao filho


ponto

que retornasse à Europa, para completar a sua educação polítifca.


Dom Pedro, que tinha compreendido o Brasil e que pressentia,

avaliando-lhe as imensas riquezas latentes, as suas futuras possibilidades,


negou-se a voltar a Portugal, deícidindo, assim, com êste gesto o próprio

destino e o do Brasil.

A de setembro, às margens do rio Ipiranga, na província de São


7
Paulo, Dom Pedro proclamava solenemente a independência do Brasil,
"Protetor
declarando-se seu Perpétuo".

No mês de outubro do mesmo ano, o Príncipe Regente era procla-


mado imperador do Brasil, com o nome de Pedro I.

A proclamação da independência do Brasil tornou assaz crítica a

posição das guarnições portuguesas ainda em armas nas províncias do

norte, sempre fiéis à Mãe-Pátria e apoiadas por uma poderosa esquadra,

às ordens do almirante Pereira de Campos.

NASCIMENTO DA MARINHA BRASILBIRA

Proclamada a Independência, Pedro I compreendeu imediatamente que


a efetiva e completa emancipação do Brasil da Mãe-Pátria dependia da

conquista do poder marítimo e da subseqüente possibilidade de levar

pelo mar a ofensiva às bases portuguêsas espalhadas ao longo da costa

brasileira: Belém, São Luis, Recife, Bahia e Montevidéu.

Para isso, enquanto que os patriotas brasileiros agiam formando

flotilhas de unidades costeiras armadas, o Govêrno Imperial provia a

(1) Um dêles, a nau Conde Dom Henrique, transportava a Academia Real


dos Guardas-Marinha, progenitora da atual Academia Naval Brasileira

(Escola Naval Brasileira).


História da Marinha Brasileira 83

formação, no Rio de Janeiro, de uma modesta esquadra (te alto mar,

com unidadeá de diversas origens. Um problema grave a se resolver foi

o de os navios adquiridos: na falta de pessoal adestrado brasir


guarnecer
leiro, especialmente de Oficiais, foi preciso procurar na França e na

Inglaterra numerosos marinheiros profissionais. Para suprir a inferio-

ridade daquela esquadra, Pedro I percebeu que era necessário achar um

chefe enérgico, corajoso e, sobretudo, competente, capaz de superar todos

os obstáculos que pudessem surgir na organização inicial de uma fôrça

naval de operações e na sua conduta ao combate, contra um inimigo

aguerrido e disciplinado.

O chefe de que Pedro precisava encontrou-se na pessoa de Lord

Cochrane, quem, depois de prestar seus serviços como Comandante em

Chefe da Esquadra chilena, durante a guerra de libertação do Chile e

do Peru, do domínio espanhol,- (1817-1822), retirara-se à vida privada


numa propriedade que possuía nas vizinhanças de Valparaiso.

O ALMIRANTE COCHRANE — LIBERTAÇÃO DA BAHIA

Lord Thomas Alexandre Cochrane chegou ao Rio de em •


Janeiro
março de 1823 e poucos dias depois içava a sua insígnia de Primeiro

Almirante da Frota Imperial na nau Pedro Primeiro, um belo vaso de

74 canhões, sob o comando do inglês Crosbie. A Esquadra brasileira,

sob suas ordens constava, entre outros, dos seguintes navios: Fragatas

Piranya e Niterói; brigues, Real Pedro e Guarani; e Corvetas| Maria da

Glória e Liberal. Todos êles, com exceção desta última, sob o comando

de corajosos oficiais estrangeiros.


"brasileiro"
A primeira missão de Gochrand foi a libertação da pro-
víncia da Bahia, do domínio português.

Em abril de 1823, a Esquadra zarpava do Rio de Janeiro, com

destino à Bahia, com o objetivo de bloquear aquêle porto e de apoiar,

no mar, a ação das tropas patriotas do general Labatut.

Uns vinte dias depois, a esquadra brasileira chegava em frente da

Bahia; enquanto se a estabelecer o bloqueio daquela


porém, preparava
importante base, a fôrça naval do Almirante Pereira Campos
portuguêsa,
saia, inesperadamente, do tratava-se de umal esquadra de 13 navios,
porto:
com total de canhões e homens,; entre marinheiros e soldados.
399 4.150
Cochrane' tendo em conta a escassa fôrça dos elementos (vide quadro

n.°i) não atacar o conjunto da formação adversa, e sim,


preferiu
somente os últimos navios da retaguarda, avançando sôbre êles
quatro
com a Pedro I. O naquele momento, aconteceu foi claro sintoma
que,
da improvisação e escasso das brasileiras e dos contra-
preparo guarnições
ditôrios sentimentos agitavam o ânimo dos ex-súbditos portuguêses
que
engajados na Marinha Imperial. As outras unidades desobedeceram,

com efeito, as ordens da nau Almirante e se recusaram a seguí-la e a

colaborar no ataque. A Pedro I, depois de ter combatido durante


própria

pouco tempo, causando escasso dano ao inimigo, por causa do mau manejo
84 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

LIBERTAÇÃO DAS PROVÍNCIAS DO NORTE

Forças navais em oposição

Brasileiras Portuguesas

Navios Canhoes Navios Canhoes

NAU NAU

Pedro Primeiro
Primeiro 74
74 Dom
Dom Joao VI
VI 88
88

(Alte. Cochrane). (Alte. Pereira

Campos)

FRAGATAS FRAGATAS

Piranga
Piranga 50
50 Constituigao
Constituigao 56
56
Niterdi
Niterdi 47
47 Pcrola
Pcrola 44
44

CORVETAS CORVETAS

Liberal 22 Princesa Real 22


Maria da Gloria . 32 Regeneragao 22

BRIGU*S fol
Gulteerereir°
tualtee7eir0 26
Bahia 16 Principe
do Brasil 22
Guarani 16 Restaura\gcio 24

Real Pedro 14

OUTRAS UNTDA-

DES

Calypso 22

Activa 23

Audas 18

Conceigao de Oli-

veirp
veirv 6

TOTAL 241 TOTAL 399

da artilharia, teve desistir da ação, como conseqüência de incidentes


que

produzidos pela. presença, a bordo, de numeroso pessoal de origem por-


tuguêsa.

Cochrane, instruído por esta primeira experiência, tomou enérgicas

providências. Retirou-se para o morro de São Paulo, em frente a Bahia

e embarcou todos os melhores homens e o material mais eficiente na

Pedro I e na Maria da Glória (cob o comando do francês Beaurepaire),

deixando o pessoal restante para adestramento nas outras unidades.


História da Marinha Brasileira 85

A primeiro de julho de 1823, Cochrane estava de novo em frente


à Bahia, quando, com grande surpresa, viu sair do porto toda a es-
quadra portuguesa, dando escolta a uns sessenta navios mercantes e
transportes de tropa. As autoridades portuguesas daquela província, não
mais considerando segura a Bahia, tinham, em conseqüência, decidido
abandoná-la e retirarem-se para São Luis do Maranhão. 1
Cochrane deixou sair, sem incomodá-lo, todo o comboio e, enquanto
as fragatas e as corvetas de sua esquadra se lançavam sobre a cauda
do mesmo, capturando numerosos navios mercantes e a corveta Priticesa
Real, êle próprio com a Pedro I empenhava-se em perseguição aos na-
vios de guerra e transportes para controlar-lhes os movimentos e impe-
dí-los de efetuar desembarque de tropas para o reforço da guarnição
portuguesa da província do Maranhão.
Na manhã de 4 de julho, a^ unidades de escolta do comboio decidi-
ram-se, finalmente, a reagir e dar caça à nau brasileira. Esta, porém,
conseguiu habilmente escapulir aos seus perseguidores, para na noite
seguinte, retomar o ataque contra o comboio e abordar uma unidade
mercante.
Na noite do dia 6, Cochrane repetia a manobra audaciosa e capturava
um transporte de tropas. Vinte e quatro horas mais tarde, insistindo
na sua tática de hostilizar o inimigo, Cochrane conseguia abordar a
fragata Grão Pcbiri com um regimento português completo a bordo.
Não podendo, por motivos óbvios, pôr a bordo da fragata uma equipa-
gem de presa, Cochrane faz lançar ao mar todas as armas e, depois, a
desarvorou. (2)
Reatada a caça aos transportes de tropas, a nau Almirante brasileira
conseguiu capturar mais quatro navios, os quais, sob a escolta do
brigue Bahia, — que acudiu inesperadamente para dar apoio à" Pedro I,
foram comboiados até Recife, Pernambuco. A 16 de julho, transposto o
equador, e sempre no encalço de Pereira, Cochrane ainda tentou vol-
tar-se contra a esquadra inteira portuguesa. Ela porém, não respondeu
ao fogo e prosseguiu sua rota para a Mãe-Pátria.
Em Lisboa, Pereira de Campos teve que usar toda a sua habilidade
para explicar como, com os treze navios sob suas ordens, não fora capaz de
tomar conta de uma única nau inimiga, conseguindo levar a destino não
mais do que treze navios de urrf comboio formado por cerca de 70!
<
LIBERTAÇÃO DE SAO LUÍS E DE BELÉM
i
Demorado seria descrever todas as proezas do Almirante Cochrane
e ilustrar pormenorizadamente a formidável contribuição para a indepen-
dência do Brasil da esquadra sob seu comando.; Limitar-nos-emos a

(2) A Grão-Pará consegviiu, não obstante, arribar a Lisboa por seus pro-.
prios meios.
86 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

citat; a mais sensacional: a libertação da província do Maranhão, tom a


sua Capital, São Luís, as quais, graças à astúcia e à audácia do Almi-
rante, conseguiu, êle, conquistar, sem disparar um tiro, mercê de um
estratagema, e despachar para a Europa sua guarnição portuguesa, captu-
rando para a Marinha brasileira o brigue Dom Miguel e oito canhoneiras.
Logo a seguir, por hábil conduta do Comandante Grenfell, coman-
dando a Dom Miguel, também Belém se rendia e se bandeava
para: o la-
do do Imperador do Brasil.
No dia em que Coçhrane regressara ao Rio, depois de libertar da do-
mínio português uma terceira parte do Brasil atual, Dom Pedro I foi
pessoalmente à nau Almirante para testemunhar ao corajoso Coçhrane a
gratidão do Brasil e da sua própria pessoa.
Em novembro de 1923, o Almirante inglês era nomeado Marquês
do Maranhão e condecorado com a Ordem Imperial do Cruzeiro. Dois
anos mais tarde, Portugal reconhecia a Independência da sua ex-colônia.

A PRIMEIRA GUERRA COM A ARGENTINA

' Conseguida a Independência, não teve tempo a Marinha brasileira


de repousar sôbre os seus louros; antes, pelo contrário, teve
que intervir
logo na guerra que estava incubando-se no extremo sul brasileiro.
Eim 1825, o atual Uruguai, que então fazia parte do Império Bra-
sileiro, com o nome de província Cisplatina, foi a causa de uma longa e
deplorável guerra entre o Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Pra-
ta (hoje Argentina), que aspiravam a se apossar dele.
Iniciadas as hostilidades, a esquadra1 brasileira, estacionada em Mon-
tevidéu, sob o comando do almirante Rodrigo Lobo, estabeleceu bloqueio
a Buenos Aires e aos outros portos argentinos do Rio da Prata.
O governo das Províncias Unidas chamara então ao seu serviço o
valoroso almirante Brown, veterano da Guerra da Independência e ven-
cedor dos espanhóis na batalha de Montevidéu.
Brown não perdeu tempo e, em breve, conseguiu armar na maior
parte com marinheiros profissionais estrangeiros, uma esquadra de 18
unidades, entre corvetas, goletas, brigues e canhoneiras; escolhendo
para
base das suas operações o pequeno fundeadouro de Los Pozos, de difícil
acesso, e protegido por bancos e escolhos, próximo a Buenos Aires.
No conjunjo, a esquadra de Brown era muito inferior à brasileira;
mas os seus navios, de menor tonelagem e mais fácil manobra, tinham
a vantagem do menor calado e, ainda a mais, a de ser conduzidos
por
oficiais muito práticos no estuário e nas suas rotas,. abundantes em ca-
nais navegáveis, deficientemente assinalados entre baixios e recifes.
Os primeiros encontros entre as duas esquadras ocorreram em fe-
vereiro de 1826 e tiveram resultado incerto, sem haver, praticamente
vencedores nem vencidos.
História da Marinha Brasileira 37

Em abril do mesmo ano, o almirante argentino, em audaciosa ma-

nobra, abordou, entrada à noite, a fragata brasileira Imperatriz, fundea-

ca em frente de Montevidéu, a vigorosa reação da guarnição,


porém,
ainda que surpreendida durante o sono, obrigou os argentinos a desisti-

rem do intento.

Poucos dias depois, a esquadra argentina ocupava de surpresa a

pequena ilha de Martin Garcia, verdadeira chave da entrada aos rios


Paraná e Uruguai.

O grave revés teve logo vasto éco no campo brasileiro: o almi-


rante Lobo foi levado um tribunal marcial e substituído seu
perante pelo
colega hierárquico o almirante Roídrigo Pinto.

O novo Comandante da esquadra brasileira dividiu os navios1 sob seu


comando em três Divisões: destinando uma delas à vigilância das de-
sembocaduras dos rios; outra, às das costas da disputada; e a
província
terceira ao bloqueio de Buenos Aires.

Enquanto a guerra na frente terrestre corria decididamente desfa-


vorável ao exército brasileiro, a esquadra conseguia, finalmente, um
êxito evidente sôbre o inimigo.

O almirante argentino, a 6 de abril de 1827, conseguira furar o


bloqueio e ganhar o mar, com os brigues República, Independência e
Congresso e a goleta Sarandi, para atacar a navegação comercial bra-
sileira.

Avistado no dia seguinte divisão de bloqueio, sob as ordens


pela
do Capitão-de-Mar-e-Guerra Norton, com duas corvetas, cinco brigues e
uma goleta, Brown viu-se obrigado a empenhar-se em combate, em con-
diçõea de inferioridade, em; frente à ilha de Santiago.

Depois de uma jornada de acirrado combate, os navios brasileiros


conseguiram apoderar-se do República e incendiar e destruir o Indepen-

dcncia. O próprio Brown, transferindo-se para a Sarandi, ficou grave-


mente ferido numa perna.
O combate de Santiago foi, nai realidade, o último entre as duas es-

quadras. Um ano mais tarde a guerra terminava com o tratado do Rio

de Janeiro, reconhecia a independência da Cisplatina, sob


que província
a denominação de República Oriental do Uruguai.

A MARINHA BRASILEIRA, DE 1831 a 1851

Em 1831, depois de algumas revoltas Pedro I abdicou


populares,
em favor do filho menor Pedro II, assumiu o sob a tutela
que poder
de algumas esclarecidas e regentes do Império.
personalidades
O período da Regência foi um dos mais o
perturbados porque passou
País e, conseqüentemente, a sua Marinha, causa dos vários movi-
por
mentos revolucionários eclodidos nas dos
províncias periféricas (rebelião
'cabanos", "farrapos",
na província do Pará — 1835-1837 —; revolta dos
88 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

na província do Ria Grande do Sul — 1835-1845 — na qual participou,


até, José Garibaldi; etc. ) .
Em vista da absoluta falta de vias terrestres de comunicação, o
Governo Central, para fazer face à revolta, teve que recorrer à Marinha,
que assumiu, assim, pesados encargos de transportar ao seu destino os
corpos expedicionários do Governo, de apoiar pelo mar o ataque às
cidades litorâneas rebeldes e de remontar os rios, para levar a ofensiva
ao coração das províncias rebeladas. ^
Neste período tormentoso foram reorganizados o Ministério da Ma-
rinhá e os arsenais, além da Academia Naval. Também nesta época
(1836) foram criadas as tripulações (voluntários) chamadas Corpo de
Imperiais Marinheiros.
Declarado maior de idade no ano de 1840, com a idade de pouco
menos de quinze anos, Pedro II assume efetivamente o poder, desèn-
volve a economia, o comércio e a produção agrícola, adotando, ainda,
um vasto programa de obras publicas e mostrando-se, não só paternal
para seu povo como ainda soberano culto e progressista. Durante o
primeiro período do longo reinado de Pedro II a Marinha Brasileira
não permaneceu inativa. Eram aqueles os anos em que o vapor f.zera a
sua aparição nos mares; e o Brasil apressou-se a modernizar a sua
frota militar, adquirindo, no estrangeiro, alguns navios a vapor; substi-
tuindo os canhões de alma. lisa pelos da alma raiada: e, coisa fundamental
para a boa manutenção do material, criando, nos arsenais, novas oficinas,
assim como escolas para a instrução de operários especialistas.
I

SEGUNDA GUERRA COM A ARGENTINA (1851-1852)


1
A ereção em estado soberano e independente da província brasileira
da Cisplatina não acalmara as aspirações anexionistas das Províncias
Unidas, e, em conseqüência, o ditador argentino Rosas fazia invadir o
Uruguai pelo seu lugar tenente Oribe.
A independência de sua ex-provincia estava, aliás, demasiado, viva
no coração do Brasil que, imediatamente estreita uma aliança com o
Uruguai e com o Governador da província argentina de Entre Rios,
general Urquiza, e envia uma esquadra para a defesa de Montevidéu
e para cortar as comunicações entre o exército invasor e Buenos Aires.
A esquadra brasileira, sob o comando do almirante Grenfell, vetera-
no da Primeira Guerra com a Argentina, e das campanhas de libertação
das províncias do Norte, podia contar com a fragata Constituição e com
mais dez unidades entre corvetas e brigues, além de seis navios a vapor.
A incessante atividade das unidades brasileiras acarretou como con-
seqüência a queda de Oribe e do seu exército. A 15 de dezembro, uma
divisão às) ordens de Grenfell, composta de 4 fragatas a vapor, duas cor-
vetas à vela, um brigue e alguns transportes, penetrava o rio Paraná com
História da Marinha Brasileira 89

4.000 soldados para o Exército do general Urquiza, que se dispunha a


atacar as forças de Rosas. Na passagem de Tonelero, nas proximidades
de San Nicolas, as unidades brasüeiras acharam-se, de repente, sob o fogo
de algumas baterias argentinas situadas ao longo da margem, no intuito
de fechar-lhe a passagem. Grenfell forçou-a brilhantemente, levando todo
o comboio a jusante das baterias e ainda pegando estas de revés.
A 3 de fevereiro de 1852, o general Urquiza batia decisivamente o
Exército de Rosas, em Morón (Monte Caseros), às portas de Buenos
Aires, e a divisão brasileira que havia descido o Paraná flanqueando o
Exército, apresentava-se, pouco depois, diante de Buenos Aires. A cida-
de rendia-se logo, e Rosas conseguia fugir embarcando a bordo de um
navio inglês.

GUERRA COM O URUGUAI (1865)

A queda do Ditador argentino não trouxe aos Países do Rio da Prata


paz muito duradoura.
A guerra civil, há tempo latente no Uruguai, eclodiu violentamente
em 1865. O Brasil, sempre vigilante sobre as vicissitudes da
pequena
república vizinha, decidiu intervir em apoio ao general Flores, chefe do
partido da oposição contra o governo de Aguirre.
Também esta guerra, como a precedente, viu a Marinha brasileira
empregada em grandes rios.
A ação mais importante da campanha foi a conquista da praça forte
de Paissandu (2 de janeiro de 1865) sobre o rio Uruguai,
para a qual
a esquadra brasileira do almirante Tamandaré deu tributo decisivo, tanto
com a ação das suas companhias de desembarque, como com o fogo das
suas unidades: as corvetas Niterói, Belmonte e Jequitinhonho e as ca-
nhoneiras Pamaíba, Araguari e Ivaí.
Tomada Paissandu, Tamandaré desceu o rio e passou a bloquear
Montevidéu.
Efcn fevereiro daquele mesmo ano, mercê dos trabalhos de mediação
do Ministro da Itália no/Uruguai, Rafael Barbolani, os contendentes con-
c-rdaram na cessação das hostilidades: Montevidéu capitulava, e o
gene-
ral Flores era reconhecido como Presidente Provisório do Uruguai.

A GUERRA COM O PARAGUAI (1865-1870)

Ao ínkiar-se as dissensões entre o Brasil e o


governo uruguaio, de
Aguirre, o ditador do Paraguai, Francisco Solano
Lopez, interessado
em que se mantivesse a independência do Uruguai,
por achar-se o seu
pais apertado entre territórios pertencentes ao Império Brasileiro, fizera
saber que estava disposto a interpor os seus bons ofícios entre os con-
tendentes.
90 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

A iniciativa teve escasso êxito, e Lopez, temeroso de que uma

vitória brasileira viesse colocá-lo em situação difícil iniciou, no fim

de 1864, as hostilidades contra o Brasil, apressando o paquete Marquês

de Olinda, repleto da passageiros, remontava, o Paraná; e captu-


quando,
rando a canhoneira fluvial Anhambaí, estacionada em território brasileiro.

Não contente com isso, em abril de 1865, Lopez penetrou com suas

tropas em território argentino, ocupando a cidade de Corrientes; e inva-

diu a brasileira de Mato Grosso.


província

Duas semanas-mais tarde, Brasil, Argentina e Uruguai esqueciam suas

antigas rivalidades, assinavam um pacto de aliança (i.° de maio de

1865) e à contra-ofensiva. A frota brasileira —


passavam que podia
contar, naquela época, com uns quarenta navios a vapor, de madeira, e

com um conjunto de 250 bòcas de fogo — foi acrescida, durante o

conflito, de uma vintena de unidades couraçadas, construídas expres-

samente para navegação fluvial. Destes últimos, uma dezena tinham des-
(
locamento entre 800 e 1.700 toneladas; possuíam proteção de 60 a

100 mm em tôda extensão da linha de flutuação e dispunham de arma-

mento de 6 a 8 canhões em reduto central couraçado, ou de 2 ou 4

peças (152 mm) em torres giratórias. Completavam a flotilha coura-

6 monitores fluviais construídos no arsenal do Rio de


çac.a pequenos
e armados com um só canhão de 178 milímetros numa tôrrd cen-
Janeiro
trai fixa couraçada.

A Argentina e o Uruguai não possuíam pràticamente frota militar.

Paraguai — mesmo não costas sôbre oi oceano — vinha, de


O possuindo
tempo atrás, organizando uma pequena frota de tipo fluvial, adquirindo

na Europa algumas corvetas, e armando da melhor maneira possível

numerosos movidos por rodas ou por hélice. Ao romper as


paquetes
hostilidades, os paraguaios inventaram um nôvo tipo de embarcação de
"chatas", constituídas
as espécie de baterias flutuantes por uma
guerra:
chata armada de tím canhão de 68 a 80 libras e destinadas a serem

rebocadas pelas unidades maiores. ,

Bem depressa, a iniciativa passou aos aliados e, enquanto as tropas

argentinas, brasileiras e uruguaias começavam a pressionar as posições

no intuito de libertar Corrientes, o almirante Tamandaré,


paraguaias,
Comandante-em-Chefe da Esquadra brasileira, ordenou à Segunda e à

Terceira divisões Barroso) situar-se ao longo do rio Paraná


(almirante
apoio às operações dos exércitos aliados. Tratavam-se de
para prestar
li navios, entre fragatas, corvetas e canhoneiras, com um total de 68

canhões.

A BATALHA DO RI ACHUELO

Na manhã do dia 11 det junha de 1865, 9 unidades brasileiras; acha-

vam-se fundeadas águas abaixo de Corrientes, quando apareceram ines-

descendo o rio, 8 navios paraguaios, com 7 chatas e reboque,


peradamente,
sob as ordens do Comandante Meza. (Quadro n.° II).
História da Marinha Brasileira 91

BATALHA DO RIACHUELO (n de junho de 1865)


Forças navais em luta

rj -, Armamento Armamento
calibre em libras Paraguaios ..^ ^
BraSlle'r0S ^

2. Divisão Corveta Taquary


Alte. Barroso (CF Meza) 11-68; VI-32

Fragata Amazonas 1-70:1-68; Corveta Para-guary n-68* VI-32


IV-32
Corveta Parnaíba 1-70; 11-68; Corveta Ygurey 111-68 • VI-32
IV-32
Canhoneira Ara- Paquete Vfora IV-i'
9»ari 11-68; u-32
Mearim n-68; IV32 " Paquete Marquês Ex-brasileiro
lguatenu n-68; 11-32 de Olinda

3.a Divisão
(CMQ Secundino) Paquete Salto Ori-
ental IV-18
Corveta Jequiti-
nhonha 11-68; VI32 Paquete Iejui n^S
Corveta Belmonte 1-70; 11-68;
IV-/" Paquete Pirabibé 1-18
Corveta Beberibe 1-68; VI-32
Canhoneira Ipiram-
9a Vi 1-30

Passando a contrabordo, a favor da correnteza, as


unidades para-
guaias abriram fogo intenso e, logo a seguir, prosseguiram, indo situar-
-se sob a
proteção de algumas baterias, instaladas nos dias precedentes
na desembocadura de um
pequeno afluente — o Riachuelo — cinco'
milhas mais a jusante. As unidades brasileiras, refeitas da
primeira
surpresa, suspenderam e desceram o rio, aproximando-se da
foz do Ria-
chuelo, com a canhoneira Belmonte a testa. A batalha tornou-se
violen-
tissima, apresentando-se nos
primeiros momentos favoráveis aos para-
guaios: a J eqnitinhonhd encalhou, enquanto a Parnaíba era abordada
por
três unidades inimigas.. Logo,
porém, os brasileiros tomaram o barlaven-
to: a Amazonas, correndo em socorro da Parnaíba.
com a Belmonte
e a Beberibe, afundava com o ariete o Jejuí imóvel
com avaria nas má-
quinas, e, sucessivamente caía sobre os assaltantes da Parnaíba e
obri-
gava o Salto Oriental e o Marquês de Olinda a encalhar: enquanto
a
92 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Paraguary conseguia safar-se. Barroso, com a Amazonas, conseguia


também dar fim da Paraguary, com violento golpe de ariete. A batalha,
a partir daquele momento degenerara numa série de duelos individuais,
de navio contra navio, e de navio contra baterias terrestres, sem qualquer
aspecto de manobra de conjunto.

As peças escondidas pelos ao longo


paraguaios da margem conse-
guiram atingir sob a linha d'água a Belmonte,
que, para não afundar,
encalhou.

Por volta das horas da tarde estava


quatro destruído d Salto, depois
de acirrado duelo com a Parnaíba, e perdidas todas as baterias flutuantes.
As quatro unidades ainda flutuando,
paraguaias (Taquary, Ypora, Ygurey
e Pirabibe), já desiludidas da vitória, batiam em retirada,
perseguidas
somente pelas Beberibe e Araguarl. O corajoso Comandante Meza,
ferido, no combate, um tiro de fuzil, falecia
por dois dias depois, em
Humaitá.

A batalha do Riachuelo importou na desaparijção


pràticamente da
Marinha paraguaia, do terreno da não fez,
guerra; porém, a esquadra
brasileira dona do Paraná. O êxito não foi aproveitado, e a flotilha de
Barroso devia ainda empenhar-se em numerosos combates com as baterias

paraguaias das margens do rio.

OS ACONTECIMENTOS BÊIJCOS DE 1866-1867

Em março de 1866 o almirante Tamandaré decidia-se, finalmente,


a comparecer na zona de operações, e fundeava na confluência dos rios
Paraná, e Paraguai, com o monitor Bahia e os guarda-costas couraçados
Barroso e Tamandaré! última unidade, lançada ao mar
(Esta no ano
anterior no arsenal do Rio de era o navio
Janeiro, primeiro couraçado
construído na América do Sul).

A primeira ação de Tamandaré foi o bombardeio do pequeno forte


de Itapiru, em tôrno ao achavam-se algumas chatas; duas
qual das quais
foram postas a pique. O forte, entretanto, não foi silenciado, os
e coura-

çados brasileiros receberam numerosas avarias.

A guerra, em meio a uma, epidemia de cólera, episódios de grandes


valores e episódios de incapacidade, até 1870,
patente prolongou-se com
extraordinárias perdas de vidas humanas e de riquezas.

Os maiores recursos dos aliados e o resultado favorável


geralmente
a êles no campo das armas, foram sistematicamente neutralizados pela
incapacidade de alguns dos chefes, corrupção, ciúmes nacionais
pela pelos
e pela indisciplina das tropas aliadas, tinham frente os soldados
que pela
paraguaios, mais fortes, mais organizados e educados numa disciplina
férrea pelo seu Chefe; homem cruel inteli-
porém, ,íjidubi«àvelmente
gente e bom condutor de homens.
História da Marinha Brasileira 93

Em maio de 1866, o exército de Lopez, batido pela segunda vez,


pôde retirar-se sen. ser incomodado e acolher-se às fortificações de Curu-
zu, Curupayti e Humaitá.
Três meses depois, caía Curuzu, sob a ação combinada da esquadra
brasileira e de um corpo de desembarque aliado. Na ação a Marinha
brasileira perdia o couraçado Rio de laneiro, afundado por choque com
uma mina.
Em dezembro do mesmo ano, o almirante Tamandaré era substituído
pelo almirante Joaquim Inácio.
Em agosto de 1867, depois de longo período de inatividade, empre-
gado em reorganizar a Esquadra, o almirante Joaquim Inácio forçava a
passagem do Paraguai' com dez unidades couraçadas, sob o violento fogo
das baterias de Curupaití e se apresentava em frente à praça forte de
Humaitá, defendida, além de! umas sessenta bocas de fogo, por sete cor-
rentes que interceptavam o rio e por numerosos torpedos.
FORÇAMENTO DE HUMAITÁ — FIM DA GUERRA
Em fevereiro de 1868, recebido reforço de três monitores e aprovei-
tando uma enchente do rio, o almirante brasileiro ordenou à 3.a Divi-
são de Couraçados {Bahia, Tamandaré e Barroso) sob o comando do
Capitão-de-Mar-e-Guerra Carvalho, que forçasse as defesas e se situasse
a jusante de Humaitá. O Movimento, efetuado ao mesmo tempo que
a praça era atacada por terra pelas tropas aliadas, tinha por objetivo
ameaçar diretamente a própria Capital do Paraguai, e teve êxito feliz.
Os três couraçados — cada um deles levando atracado ao seu costado
esquerdo um monitor — passaram a pequena distância das fortificações
paraguaias, no meio a um furacão de fogo, conseguindo transpor os
obstáculos, ainda que com alguma perdas.
Particularmente brilhante foi o comportamento do pequeno monitor
Alagoas que, tendo, ficado separado do Bahia por ter-se partido o cabo
de reboque, conseguiu manobrar bravamente sob infernal fogo inimigo,
e retomar seu posto na formação, águas acima de Humaitá; e ainda re-
chaçando a uma abordagem à armai branca tentada por pequenas embar-
cações dos "comandos" paraguaios. Ao fim do combate, o Alagoas
havia sido atingido
por mais de 200 impactos.
O forçamento de Humaitá foi a última ação importante no con-
flito na qual se viu empregada a Marinha brasileira.
A guerra ainda continuou durante um par de anos, até a derrocada
final e a morte de Lopez nas proximidades do rio Aquidabã, no Alto
Paraguai (i.° de março de 1870).
A GUERRA CIVIL DE 1893-1894
AS OPERAÇÕES NA BAIA DO RIO DE
JANEIRO
Sob a forma de uma verdadeira revolta militar capitaneada pelo
marechal Deodoro da Fonseca era deposto o Imperador Pedro II, a 15
de novembro de 1869, depois de transcorridos 68 anos do reinado.
94 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

GUERRA CIVIL (1893-1894)

Forças navais contrapostas

REBELDES

Desloca- I ARMAMENTO I Proteção Velocidade


lV0S mento
(c) (calibre em mmYmax. (mm) (nós)

Couraçado
Aquidabã 5.000 IV-234; IV-14S; 280 15
XI-25; 5tit
Monitores
Javari 3.600 ÍV-254; IV-25 tr 330 11
Alagoas 340 1-178 (cb); 11- 114 7
-25 tr _
Cruzadores
Protegidos -v.
Tamandaré 4.500 X-152; 11-120; 38 17
V-25 tr; 6 tlt
República 1.300 VI-120; VI-57; 51 17
4 tlt
Cruzadores
leves
Guanabara 1.900 IX-145 (cb); II- 14
-25 tr;
Trajano 1.400 VI-102 (cb); II- -3
-25 tr
Canhoneiras
Marajó. 43" II-152; II-37; II- 10
-25 tr
Liberdade 250 IV-12; IV-25 tr 7,5
Torpedeiras
Iguatemi
Marcílio Dias 106 II-37 tr; 4 tlt 25
Araguari
11 paquetes
armados
4 pequenas
torpedeiras
costeiras
História da Marinha Brasileira 95

GOVERNISTAS

Monitor
Bahia 1.000 II-178 (cb) 140 10
Corvetas
Parnaíba 840 I-152; LL-32; II- 12
-25 tr
*•* de
Março 78° VII-120; IV-25; tr 10
Canhoneiras
Inicia-dora -60 II - 120; IV - 37; 9
IV-23 tr
Cabedelo 200 II-37; IV-Í25; tr 9
Braconnot -6a ? ? 9
Tiradentes 800 IV-120; HI-57; 14,50
IV-25 tr 2 tis
Torpedeiras
G. Sampaio 465 II-76; IV-47; 3tls 18
Pedro Afonso
Pedro Ivo
Silvado 130 II-25 tr; 4 tis 26
•S-feto lardim
Bento Gonçalves
C. Auxiliar
7.080 I-381 (pneu) ; 17
Niterói
120; II-33 ">;
VIII-57; IX-25 tr; —
4 tis
4 Paquetes
armados
4 pequenas
canhoneiras
costeiras

O Poder foi assumido por uma ditadura militar, com Deodoro da


Fonseca à frente; ditadura que durou até fevereiro de 1891, quando foi
promulgada a Constituição da República.
Em novembro daquele mesmo ano, Deodoro, já presidente Consti-
tucional, renunciava ao poder, assumindo o Vice-presidente, marechal Fio-
riano Peixoto, e o Almirante Custódio José de Melo se tornava ministro
da Marinha.
Os primeiros anos da nova forma constitucional de governo do Bra-
sil não foram, porém, fáceis, por diversos motivos, entre eles o forte
atrito existente entre o Exército, que apoiava o presidente Peixoto, e a
Marinha, que prestigiava o almirante Melo. «
96 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Em setembro de 1893, rebentava a guerra civil: Melo, apoiado por


36 oficiais da Armada e por alguns membros do Parlamento, apoderava-
-se dos navios existentes no do Rio
porto de Janeiro, entre os quais: o
tncouraçado Aquidabã; os monitores Javari e Alagoas se co-
(que já
brira de glória no forçamento de Humaitá, na do Paraguai); os
guerra
cruzadores protegidos Tamcmdaré e República; os velhos cruzadores de
madeira Guanabara e Trajano; duas canhoneiras; alguns torpedeiros e
numerosos paquetes armados.

. A esta esquadra, que tinha seu ponto forte no Aquidabã e nos cru-
./adores Tamandaré e República, Floriano Peixoto, no momento,
primeiro
só pôde opor o velho monitor couraçado! Bahia, veterano da do
já guerra
Paraguai, e cinco pequenas canhoneiras; o couraçado Riachuelo,
pois
o cruzador Benjamin Constant e a torpedeira de alto mar Aurorai acha-
vam-se, no momento, na Europa; e a canhoneira Timdentes docada, em
Montevidéu.

Os navios de Custódio de Melo tinham reduzidíssimas.


guarnições
Dos 3.300 marinheiros e fuzileiros navais com naquela época,
3.200 que,

podia contar a Marinha brasileira, as forças à disposição dos rebeldes

não passavam de 1.500 homens.

O almirante Melo, apesar de contar com numerosos amigos influ-

entes no Rio Grande do Sul, não conseguiu organizar um exército para


combater também por terra o seu rival, o qual, além de dispor de con-

sideráveis recursos financeiros, apoiava-se num formidável exército


de 25.000 homens e em todas as fortalezas da baía do Rio de Janeiro,
com exceção da da ilha de Vilegagnon.

Nos primeiros dias a guerra civil limitou-se à troca de tiros de

canhão entre os navios revoltados e os fortes fiéis ao Governo. A 30


de setembro, num desses duelos o Aquidabã atingiu alguns alvos, pro-
duzindo danos de pouca monta. Poucos dias antes, as unidades Repúbli-

ca, Marcílio Dias, Igmtemi e armados filzeram-se ao largo,


3 paquetes
malgrado o fogo das fortalezas, e rumaram para o sul, a fim de alimentar

a revolta do Rio Grande e reforçar os partidários de Melo na ilha de

Santa Catarina, sede do Governo Revolucionário Provisório.

Desde logo, aliás, os combates estenderam-se a tôda a baía do Rio

de Janeiro, com acirradas lutas em terra para conseguir o controle do

bem sortido arsenal militar de Niterói; desembarques dos contendores

nas ilhas controladas pelo adversário; e terríveis explosões dos depósitos

de munições.

Em meados de outubro, o República afundava com seu aríete o pa-

quete Rio de Janeiro, que se dirigia ao sul com 1.100 soldados do Governo.

Novembro foi decididamente adverso aos rebeldes, que perderam


tuna pequena torpedeira e o monitor Javari.
História da Marinha Brasileira 97

Findava o mês chegou da Europa a torpedeira de alto


quando mar
Aurora ao serviço das forças do Govêrno,
que, passou a chamar-se
Gustavo Sampaio. Na noite de i.° de dezembro, o almirante Custódio
de Melo, com Aquidabã, e um armado,
o paquete forçou, com êxito, a
saída da baía, sob o fogo vivíssimo das fortalezas de Santa Cruz, São
João e Lage, e dirigiu-se o sul, tentar" a organização, naquelas
para para
províncias, dum exército deveria se opôr ao do Govêrno.
que
Poucos dias tendo Custódio de Melo trasladado sua insígnia
pedois,
para o cruzador República, no na do Paraná,
qual permaneceu província
ao alvorecer, entrava na baía do Rio de o couraçado rebelde.
Janeiro
Um 0 apoio do Aquidabã os rebeldes conquistaram as ilhas
pequenas
cie Mocanguê e do Bom Jesus.
Chefiava a revolta na baía do Rio de o
Janeiro almirante Saldanha
da Gama
que inutilmente tentou que fôsse reconhecida beligerância aos
seus>
Por parte dos navios de guerra presentes no Rio êles os
(entre
nossos
Etna, Bausan e Dogali).

No entanto, o marechal Peixoto não tempo, e conseguia


perdia
reunir uma aparência de esquadra, adquirindo nos Estados Unidos os
navios mais heterogêneos, até lança-torpedos,
e armando, com tubos alguns
paquetes; entre êles o Niterói, forte e veloz mercante a hélicei construído
em ^93 nos Porém, a mais importante das
Estados Unidos. aquisições
do Govêrno foi de uma, esquadrilha de cinco torpedeiras
a compra Schi-
chau, Brasil em de 1894, depois de brilhante
que chegou aq janeiro tra-
vessia do Atlântico.

O Almirante Saldanha da Gama, inexplicàvelmente, nada fez para,


pelo menos, imobilizar a heterogênea esquadra governamental que estava
a &e concentrar. em ótimo estado e com os
O Aquidabã, paiós cheios,

poderia imitar o gesto do Huascar na guerra entre o Chile e o Perú

(1879) e realizar eficientes cruzeiros ao longo das costas do Brasil,

para demonstrar ainda que impotentes em terra firme, os rebeldes


que,
conservavam sempre o controle dos mares.
pleno

O couraçado, contrário, forçou mais, uma vez, sem perdas, a


pelo
saída da baía, e foi reunir-se com o República, o esperava ao largo
que

Para juntos, se dirigirem ao sul.

A 10 dei março de 1894, a Esquadra do Govêrno, em audaciosa ma-

n^bra, apresentou-se frente ao Rio de Janeiro, decidida a atacar os

navios rebeldes na baía.


que permaneciam

O almirante Saldanha da Gama, encontrando-se entre dois fogos e

sem esperança de conseguir êxito, três dias depois fazia evacuar os na-

vios sob seu comando. Desembarcadas as guarnições na ilha das1 Enxadas,

êle com seus oficiais asilaram-se no couraçado português Mittdello.


próprio

A Esquadra de Floriano Peixoto pôde assim apoderar-se, sem disparar

um tiro, do Tamandaré, do Trajano, do Guanabara, do Liberdade e de

algumas unidades menores.


98 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"AQUI
A CAPTURA DO D ABA"

A rendição dos rebeldes na baía^ de Rio de nos selou o fim


Janeiro
da guerra civil: a insurreição prosseguiu nas do Rio Grande
províncias
e na do Paraná, em cuja capital era organizado um segundo governo,
em oposição ao do Marechal Floriano Peixoto.

Êste, decidido a privar aos rebeldes de seu navio mais valioso, o


couraçado Aquidabã, enviou ao sul, em abril de 1894, uma Divisão
Naval sob as ordens do almirante Jerônimo Gonçalves e conposta da
Niterói, do Tiradentes e de 4 torpedeiras.

O couraçado rebelde, com sua guarnição reduzida, encontrava-se

entre a ilha de Santa Catarina e terra firmey protegido um campo, de


por
minas.

Efetuando um reconhecimento e verificado assim o certo em


ponto

que a unidade estava fundeada, na noite de 16 de abril, aproveitando


estar o céu nublado, as torpedeiras Gustavo Sampaio, Afonso e Silvado,
transpondo a defesa minada, lançaram-se ao ataque e, não obstante o

fogo do couraçado, dispararam sucessivamente quatro torpedos. O pri-


meiro, da Sampaio, errou o alvo, porém o segundo atingiu o Aquidabã

no costado esquerdo, quase no extremo da proa.


O navio, entretanto, não afundou: abandonado pela sua tripulação,

foi, no cia seguinte, capturado pelos governistas.

Quase no mesmo momento, o,'almirante Custódio de Melo, a bordo do

cruza or República, entregava-se, com mais às autori-


quatro paquetes,
dades argentinas de Buenos Aires.

Dois meses mais tarde, pôsto da melhor maneira em


possível,
condições de navegar, o Aquidabã chegava, com seus meios,
próprios
ao porto do Rio de Janeiro, onde era totalmente reparado e rebatizado

com o nome de 24 de Maio.

A MARINHA BRASILEIRA NAS GUERRAS MUNDIAIS

Para o leitor europeu mediocremente informado, poderá talvez

constituir uma surpresa saber que a Marinha brasileira participou em

ambas as conflagrações mundiais.

Durante a primeira teve* no começo, a delicada missão de


(1914-1918)
manter a neutralidade do País, vigiando e fazendo respeitar pelas mari-

nhas beligerantes o limite das águas territoriais.

Em 1917, a seguir do torpedeamento de alguns navios mercantes

submarinos >0 Brasil declarou aos Impérios


por germânicos, gue»rra
Centrais e participou com uma Divisão Naval na batalha do Atlântico.

À Divisão Naval Brasileira, sob o Comando do Almirante Pedro

Max Frontin, foi incumbida a tarefa de as rotas entre Dakar,


patrulhar
Cabo Verde e Gilbraltar, às ordens do Comandante em Chefe daquele
setor, o almirante inglês Grant, que teve ocasião de elogiar os mari-
nheiros brasile ros pelo seu brilhante comportamento.
História da Marinha Brasileira 99

Também a Segunda Guerra Mundial viu


(1939-1945) um Brasil
neutral nos momentos. A 19
primeiros de agosto de 1942, entretanto,
e a seguir do afundamento de cinco navios meacantes, o Brasil entrava
na contra as Potências Tripartites.
guerra
Da Trindade até o Rio Grande do Sul, a Marinha brasileira pa-
trulhou e as rotas marítimaa|
protegeu através de milhas de costa,
3.895
escoltando comboios nacionais e mistos para garantir os abastecimentos
indispensáveis ao País e fornecer aos aliados matérias em o
primas que
Brasil era pródigo.
Para melhor assumir os seus
poder pesados compromissos na vasta
extensão do teatro de operações confiado à IV Frota Americana do
almirante Ingram, a Marinha brasileira teve adaptar numerosas uni-
que
dades
para a caça anti-submarino e adquirir nso Estados Unidos 16 caça-
-submarinos.

Km 1944* recebeu da U.S. Navy oito D>E classe Boostwick


(seme-
lhante à nossa classe Altair) e a Marinha brasileira ficou em condi-
Ções de realizar ;comboios com escolta exclusivamente nacional.
Para dar uma idéia da contribuição brasileira à batalha do Atlântico
são bastante os seguintes algarismos,
que se referem ao período com-
preendido entre o início das operações e de abril de 1945:
30
251 comboios escoltados, em cooperação com unidades dos EE1 UU
'dos
quais 191 em águas nacionais e 70 em águas estrangeiras);
195 somente unidades
comboios escoltados com brasileiras
(dos
quais 174 em águas nacionais e 21 em águas estrangeiras).

Nêste formidável trabalho de às rotas nacionais e às das


proteção
dos Aliados, o Brasil sofreu, como os outros duras No
países, perdas.
fim da a Marinha mercante tinha unidades, com um
guerra, perdido 30
total de 126 toneladas, e a Marinha da Guerra lamentava e da
535 perda
corveta, Camaquã, e do transporte armado Vital de Oliveira, além da do
cruzador Bahia, veterano da Primeira Guerra Mundial, vitimado por
tremenda explosão em Atlântico.
pleno
No total foram escoltados 2.981 navios, dos quais 1.051 norte-ameri-

canos, 235 britânicos e 299 de outras nacionalidades.

A MARINHA BRASILEIRA DE HOJE

As bases navais

Do de vista da sua administração naval o Brasil acha-se


ponto
dividido em seis Distritos aos nossos Departamentos)
(correspondentes
e cujo comando está entregue a outros tantos almirantes com residên-
cia em: Rio de Distrito) ; São Salvador ; Recife
Janeiro (i.° (II) (III) ;
Belém Florianópolis e Ladário compreende as
(IV) ; (V); (VI) que
bacias fluviais de Mato Grosso e do Alto Paraná. A Base Naval de
niaior importância é, com muita diferença, a do Rio, na entre ou-
qual,
tros elementos, encontra-se uma fábrica de artilharia e um arsenal
grande
100 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

que possuí as mais capazes carreiras da América do Sul. Neste arsenal


(ilha das Cobras) foram construídos os três contratorpedeiros tipo Gre-
enhalgh, os maiores navios de guerra construídos até hoje em estaleiros
sul-americanos.
O Brasil acha-se em fase avançada de ampliação e terminação de
algumas novas bases (Vai de Cães, Natal, Recife, Aratu) destinadas,
também, a constituir preciosos pontos de apoio para a Marinha Mer-
cante, que o Governo brasileiro está tratando nestes anos de incrementar
c estimular ao máximo.

A formação do pessoal

A Marinha Brasileira, cujos efetivos sa elevam hoje a 1.700 oficiais,


31 000 suboficiais e marinheiros e 10.000 fuzileiros navais, forma os
seus oficiais numa Escola Naval de antiquíssima tradição (1808) insta-
lada desde 1938 na ilha de Villegagnon, na baia do Rio de Janeiro.
O pessoal voluntário é devidamente instruído e adestrado em escolas
oportunamente distribuídas nos diferentes Distritos Navais, assim como
num muito bem equipado Centro de Adestramento situado na ilha das
Enxadas, em frente ao Rio.
São merecedoras de menção as atividades em favor da Marinha
Mercante, da qual a Marinha de Guerra prepara e adestra os oficiais em
duas escolas especiais; uma das quais de recente construção, no Rio
de Janeiro.

A frota

A Frota de Guerra do Brasil é hoje sem qualquer dúvida, a


mais forte da América Latina.
Desarmado em 1953 o velho couraçado Minas Gerais (19.000 t e 12
canhões de 305 mm), foi batizado com o mesmo nome o porta-aviões
ex-britânico Vengeance da classe Colossus, incorporado à Marinha, em
1958.
Além desta unidade, da qual o país inteiro sente-se muito orgulhoso,
a Marinha Brasileira pode, hoje, contar com dois cruzadores (ex-norte-
-americanos da classe Brooklyn); treze contratorpedeiros (dos quais 4
ex-estado-unidenses, classe Fletcher; 3 de construção nacional, de pro-
jeto americano e 6 de construção nacional e projeto britânico) ; 8 fra-
gatas (ex-norte-americanas DE classe Boostwick) ; 10 corvetas de cons-
trução holandesa; 2 submarinos (ex-norte-americanos da classe Gato) e
certo número de embarcações menores e auxiliares.
Entre os navios auxiliares merece destaque uma flotilha. de modernos
e excelentes navios hidrográficos, dos quais dois de construção japonesa
(Canopus- e Sirius) e três de construção nacional (Angus, Orion e Tav-
rus, além de alguns modernos transportes de tropas.
CONSTITUIÇÃO DA FROTA DE GUERRA BRASILEIRA — (1962)
Desloc. ARMAMENTO Aparelho
UNIDADES
standard motor
PORTA-AVIAO
Minas Gerais (1) 15.890 X-40 mm aa; ¦ 35 42.000 HP
2 hél.
aeroplanos
25 nós
CRUZADORES
.XV-i52; 8-127;
10.000 HP
Barroso (2) 9.700 |xXVIII-40 aa; 4 hél.
Tamandaré (3) 10.000 1XXIV-20 aa; 4
\ aeroplanos 32,5 nós

CONTRATORPE-
DEIROS
Acre, Ajuricaba ]
Amazonas, Apa (4) / i-45o IV-127; II-40 aa; 34.000 HP
Ar aguar i, Araguaia VTII tlt. 533 mm 34 nós
)
Gneenhalgh, Marcílio Di- 1.500 .IV-127; VI-40 aa; 42.800 HP
as, Mariz e Barros ( 5) IV-20 aa; 36,5 nós
Pará, Paraíba, Para- V-127 aa; VI-40aa 60.000 HP
\ Pemmb. IV-i27aa 2 hél.
«<V Pernambuco (6)
j V tlt de 533 mm 35 nós
FRAGATAS
(7)
Babitonga, Baependi, \
Bauru, Beberibe, Be- f III-76; II-40 aa; 6.000 HP
nevente, Bertioga, Bo- 1.240 vTI-20 aa 2 hél.
caina, Bracuí. III tlt de 533 mm 19 nós

CORVETAS (8)
Angostura, Bahianaa, \
Caboclo, Forte de Co
vmbra, Iguatemi, Im
perial Marinheiro, Me-
z\ 911 I-120; IV-40 aa;
M. Diesel
2.160 HP
2 hél.
arim, Purus, SoUmões. 16 nós
Ipiranga.
M. Diesel
SUBMARINOS (9) 6.500 HP 21
Humaitá I-127; II-40 aa tlt nós sup, 10
1-525
Riachuelo; de 533 mm; sub, M elét.
2.750 HP
"Colossus").
(1) Ex — HMS Vengeance. (classe
— Philadelphia "Brooklyn") .
(2) Ex USS (classe
"S. Louis").
(3) Ex — USS Saint Louis (Classe
(4) Lançados ao mar em 1945 no Rio, segundo projeto britânico.
(5) Lançados aoi mar em (1940-1941) no Rio, segundo projeto norteamericano
"Fletcher"), tido em 1959 como MDAP.
(6) Ex — DD americano (classe
"Boostwick").
(7) Ex — Dg americano (classe
(8) De construção holandesa.
"Gato"). Tidos em 1957 como MDAP.
(9) Ex — americanos (classe
102 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Estas últimas unidades logo foram chamadas a cumprir missões es-


peciais e muito importantes, realizando freqüentemente longas viagens
ao estrangeiro, e fazendo tremula, a bandeira auri-verde nos mares mais
afastados da Mãe-Pátria (cruzeiros de instrução à Europa dos guardas-
-marinha, em 1958 e 1960, pelo Custódio de Melo; transporte, ao Egito,
dos destacamentos de tropas brasileiras da ONU, destinadas ao controle
da zona de Gaza, pelo Ary Parreiras, em 1961; etc).
A frota brasileira se adestra sistematicamente, praticando exercícios
de tiro contra a costa, de caça anti-submarinos e operações anfíbias (em-
pregando amplamente as unidades da Divisão de Transportes e os Fuzi-
leiros Navais), etc.
Especialmente empenhou-se, em novembro do ano passado, nos exer-
'círios da "Operação Unitas". (semelhante à nossa "Medaswek" realizados
pela Marinha brasileira em cooperação com unidades argentinas, uru-
guaias e norte-ameri.anas, pelo mesmo processo que as da NATO.
Não poderia se terminar melhor esta visão panorâmica da Marinha
brasileira do que repetindo as palavras pronunciadas pelo Ministro da Ma-
rinha numa conferência realizada no Rio, no iní_io de 1961.
Depois de lembrar a recente aquisição do porta-aviões Minas Gerais,
o dito Ministro assim se manifestava: "É inútil dizer que a potência
da nossa Força Naval está longe de encontrar-se à altura das neces-
sidadesi do País e dos seus compromissos internacionais. Mas devo tam-
bém declarar que, se no futuro puder contar com a compreensão do
Governo e do Parlamento, a Marinha de Guerra poderá apresentar aquele
coeficiente de segurança necessário ao povo brasileiro e que constitui a
íazão da sua existência".
da Armada
O Cirurgião

Freitas Albuquerque
Doutor

DA GUERRA DO PARAGUAI
HEROl E MÁRTIR (')

LUIZ DE CASTRO SOUZA

Membro Titular do Instituto Brasileiro e da Aca-

demia Pan-Americana de História da Medicina; da

Federação das Academias de Letras do Brasil, etc.

nasce da Bahia, JOSÉ CÂNDIDO DE


No ano de 1835,
filho do casal Conselheiro Fran-
FREITAS ALBUQUERQUE,

cisco Albuquerque e Dona Constância Clara de


de Freitas

Freitas Albuquerque.
Faculdade de IVEedicina da Bahia —¦
Matricula-se na
— e sai com o grau de doutor em mediei-
primaz do Brasil
"Existe
'ano após defender tese, intitulada
na, no de 1857,

uma o diagnóstico das afecções orgânicas


base certa para
do coração em geral?"
em 1855 assistiu à terrível epidemia
Ainda acadêmico,
de fez ceifar milhares de vidas naquela
cólera morbus que
Província viu amigos e_ companheiros tombarem
e parentes,
diante flagelo, até então, desconhecido nas
dêsse cruel pia-

O medo e o dominam a todos e a es-


gas brasileiras. pânico

os médicos porém alguns faltam com


perança se volta para
o sagrado, recusando-se a prestar assistência aos
juramento
doentes. As autoridades desertam de seus postos e a popu-
lação desespêro. A mocidade resoluta e al-
é dominada pelo
taneira, as fileiras do voluntariado e
corre para parte para
as zonas mais atingidas peste, no interior da Província.
pela
Entre os estudantes se oferecem ao Govêrno para a cru-
que

(*) Palestra lida no dia 25r de novembro de 1961, na Rádio Roquete Pinto

do Rio de Janeiro, GB., na Segunda Semana Brasileira de História

da Medicina, comemorativa do XVI aniversário de fundação do Ins-

tituto Brasileiro de História da Medicina.


104 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

zada contra a epidemia e a morte, acha-se o aca-


presente
dêmico de medicina JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS ALBU-

QUERQUE. Alguns de seus colegas de Faculdade, como


Joaquim de Magalhães Menezes, Alcebiades Firmo Botelho,
Américo Silvestre de Farias e Elpídio Canuto da Costa, fo-
ram impiedosamente dizimados e tombaram como
pela peste
heróis autênticos e companheiros legítimos do Doutor Ci-

Barbosa Batâmio — mártir medicina


priano da brasileira
— sucumbido na cidade de Santo Amaro, na Bahia, defen-
dendo a saúde de seu povo e de sua gente.

A ação do estudante de medicina JOSÉ CÂNDIDO DE

FREITAS ALBUQUERQUE contra a epidemia, fez-se sen-


tir não só na Bahia, mas, também, na Província das Alagoas,
sendo seus serviços elogiados Govêrno, conforme
pelo afir-
ma Sacramento Blak foi, também, um dos médicos mi-
que
litares designados socorrer os
para pestosos.

Após sair diplomado veneranda instituição do lar-


pela

go do Terreiro de Jesus, ingressa o Doutor JOSÉ CÂNDIDO


DE FREITAS ALBUQUERQUE no Corpo de Saúde da Ar-
mada Imperial Brasileira, e o faz com entusiasmo de moço

e resolução de usar o botão de âncora da me-


para grandeza
dicina naval brasileira. Vai servir na flotilha do Amazonas,

quando é designado em Belém do Pará a enfermaria


para
de marinha do Arsenal, lugar em de outubro
que permanece
de 1858 a abril de 1861. Nêsse atende aos enfermos
período
com carinho e desvelo, conforme declaração do seu superior,

o capitão-tenente Antônio Ernesto Lassance Cunha. Em-


barca na canhoneira Ibicuí e a 15 de abril de 1861
parte para
a cidade de Manaus aonde chega a 3 de maio do mesmo ano.

Na cidade de Manaus, o 2.° Cirurgião, 2.° Tenente, Dou-


tor JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS ALBUQUERQUE mora no
navio, de três meses, tomando casa a Seguir
para quatro

para pernoitar em terra, mantém relações e amiza-


quando
des com a sociedade local.

No dia 30 de agosto de 1862, o Diário do Grão-Pará, da

cidade de Belém, uma correspondência de Manaus


publica
na qual diz um oficial da Armada, tendo-se embriaga-
que
do em & do referido mês, cometera desatinos e distúrbios.

Essa notícia é transcrita no Ché-


posteriormente perióidico
Cheo, de 18 de setembro, da capital do Amazonas. O 2.°

Cirurgião Doutor Freitas Albuquerque ao tomar conheci-

mento da citada transcrição, revolta-se diante daquele ata-

que dirigido, anonimamente, a um oficial de sua corpora-

ção e que o atinge também, apressa-se em redigir um pro-


testo faz na Estréia do Amazonas ofi-
que publicar gazeta
C. A. Dt. Freitas Albuquerque 105

ciai da Província e assinada mais dois oficiais e o comis-


por
sário, onde íaz um apêlo e exige do correspondente do Dia-
rio do Grão-Pará daquela cidade, a divulgação do nome do

dito oficial desonra a farda e a corporação a


que que per-
tence. Essa declaração é no dia 27 de setembro de
publicada
1862 e causa repercussão.
grande
Com essa nota e comentários havidos na cidade, o ca-

pitão-tenente José da Costa Azevedo, comissário de limites,


em vez de acompanhar de no
seus companheiros farda escla-
recimento da verdadeira identificação do oificiai que despres-
tigiava a Armada, da
vai a borda canhoneira Ibieui e pro_
move um inquérito, ouvindo, inicialmente, os tripulantes,
muitos dcs
quais eram indivíduos desclassificados. Sugere,
a instalação de um conselho de investigação e de ao
guerra
comandante da estação naval do Maranhão e a imediata re-
moção dos oficiais
para outros navios, afirmando haver um
movimento contra o comandante da canhoneira, o 1.° Te-
nente Luís da Costa Fernandes.
O 2 o Cirurgião Doutor JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS
ALBUQUERQUE
é acusado, então, de ser o autor da notí-
cia inserida no Diário do Grão-Pará, de andar ébrio um ofi-
ciai da Armada; aconselhar ou arrastar ou seduzir os ou-
tros oficiais seus companheiros a fazerem obstáculos ao co-
mandante da canhoneira, impedindo-o no cumprimento de
seus deveres e obrigações; induzir os oficiais, seus compa-
nheiros, a assinarem uma publicação contra o superior.
Depois de inúmeros atropelos em defesa de sua honra
de oficial médico e da corporação a que servia, o Dr. José
Cândido de Freitas Albuquerque crucis
passa por urna via
das mais terríveis, lutando contra obstáculos de tôda or-
dem, burocráticos e administrativos. O
principalmente
amor à de à
profissão médico e dignidade da farda que usa,
o fez
passar por contrariedades que sóem acontecer aos que
têm brio tarda muitas vêzes, mas
e formação. A justiça
sempre aparece consolo dos dos
para gáudio e justos e ho-
mens de bem. do Conselho
O parecer conclusivo de Investi-

gaçáo que é constituído 1.° Tenente Carlos Rame'1,


pelo pre-
sidente, vogais 1.° Tenente Jacinto Furtado de
e Mendonça
Pips Leme e 1.° 1.° Tenente, Dr. Domingos Soa-
Cirurgião,
res Pinto, em 17 de de 1863, diante do arrazoado
janeiro e
documentos acusado, o isenta de culpa,
apresentados pelo
julgando o dito 2.° Cirurgião ter se defendido cabalmente
das acusações a êle levantadas, sendo, inocente.
portanto: Le-
vado, a seguir, responder a Conselho de Guerra,
para escreve o

próprio Doutor JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS ALBUQUER-

QUE sua defesa, é uma interessante e bem ajustada,


que peça
C. A. Dr. Freitas Albuquerque 107

sido a causa de maior sobrevida para alguns. O doutor An-


tônio Antunes da Luz resistiu como totalidade de
não a seus
companheiros
aos maus tratos e privações, e finalmente veio
a falecer de fome, em, fins do mês de agosto de 1867, no trá-

gico e tenebroso acampamento de Poso-Pocu — só compa-


rável depois ao dos nazistas.
O General Solano López, tirano do Paraguai, manda in-
vadir a Província de Mato Grosso, segundo suas instruções
firmadas
em Assunção a 13 de dezembro de 1864, duas
por
expedições,
uma fluvial e outra terrestre, constituídas de mais
cie 5-000
guerreiros, cinco navios de três escunas e
guerra,
?uas chatas canhoneiras, totalizando 54 de artilharia,
peças
ssas forças intimam o Forte de Coimbra render-se, o
a que
e repelido
altivamente. Após efetuarem os paraguaios o de-
nas marS'ens do rio> atacam o Forte nos dias 27 e
9RITarqUe
o de dezembro,
que se defende bravamente, embora contasse
com
um efetivo de apenas 155 homens! Diante daquela nu-
merosa formação
guerreira e a escassez de munições e vive-
res no Forte, o comandante Porto Carrero reúne um conselho
de oficiais
que delibera o abandono da o se reali-
praça, que
za na noite escura de 28 29, com o
para auxílio da canhonei-
ra brasileira Anhambaí — único navio flotilha,
da armado
com duas
peças de calibre 32 e tripulado 34 homens
por que
havia
s postado no meia do canal, acima do Forte, e vomita-
va fôgo continuadamente contra o inimigo. Êsse vaporzinho
estava sob o comando do 1.° Tenente Balduino de Aguiar e
tinha como médico o 2.° Cirurgião, 2.° Tenente, DOUTOR
JOSÉ
CÂNDIDO DE FREITAS ALBUQUERQUE acolheu
que
aqueles
punhados de heróis constituídos pelo comandante,
oficiais,
praças, mulheres e crianças que levavam a imagem
ae N. — —
s. do Carmo Padroeira do Forte transportando-
¦os
para Corumbá. Depois da épica resistência, no Forte de
Coimbra
só ficaram os 18 soldados feridos, paraguaios, que
haviam
sido aprisionados e tratados com desvêlo e atenção
pelo também não menos bravo, Tenente 2.° Cirurgião do
Exército,
Doutor Benevenuto Pereira do Lago.

Em Corumbá, diante das notícias alarmantes,


principal-
mente trazidas
pelo vapor Jauru, só imperavam a desolação e
0
pânico. O Comandante das Armas da Província, Coronel
Carlos Augusto de Oliveira, apesar da opinião contrária do
chefe da —
flotilha Capitão de Fragata Francisco Cândido
de Castro — —
Menezes e do comandante do 2.° Batalhão
Cel. Carlos —
de Moraes Camisão que eram resistência
pela
ao inimigo, manda embarcar, às pressas, todo o contingente,
"os vapores da flotilha, indo o dito Comandante das Armas,
108 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

o estado maior e do segundo batalhãq de artilharia a pê,


parte
a bordo do Anhanibai, cujo excesso de lotação fazia-o submer-

até a caixa das rodas e lerdamente vencer a correnteza


gir
com destino a Cuiabá. É uma retirada desolante, desordena-

da, trágica. As embarcações particulares e de todo'o tipo são

invadidas dominada pelo mêdo. Da escuna ar-


pela população
Jacobina, sobrecarregada de homens, mulheres, cri-
gentina
anças e bravos defensores de Coimbra, partem vozes
pelos pe-
do 2.° Tenente João de Oliveira Melo — he-
dindo a presença
de Coimbra — dirigi-los na retirada. Êsse
rói do Forte para
bravo e destemido oficial do Exército Brasileiro atende o cha-

mado dos seus patrícios e os conduz pelos pantanais, após a-

bandonar o navio com a aproximação do inimigo. A travessia

dura meses, percorrendo 650 quilômetros, sendo 350 de


quatro
caminho terrestre, transpondo rios caudalosos, lugares
ja-
mais transitados, sem guia; mas tinha o Tenente Melo o co-

ração resoluto de salvar àqueles 479 brasileiros que confia-

vam na sua coragem e A 30 de abril chegava


predestinação.
a Cuiabá onde o em delírio recebia seus patrícios e entes
povo
carregando em triunfo o seu herói: Tenente Melo.
queridos,
Esse feito foi igualado na solidariedade humana, no
jamais
desprendimento e na bravura pessoal.
Na manhã do dia 4 de janeiro de 1865, chegavam os para-
a Corumbá, evacuada, e continuaram subindo o rio,
guaios
em perseguição aos navios brasileiros, com seus vapores de

Iporá e Rio Apa.


guerra
Anhambaí 'depois do desembarque 5 de
O a janeiro, do

Cel. Oliveira e demais passageiros, nq porto do Sará, na mar_

direita do São Lourenço, voltou água abaixo ir au-


gem para
xiliar a Jacobina e as demais embarcações que ficaram atrás,

tendo deixado o comando do vapor o 1.° Tenente Balduino

de Aguiar assumir o do Alfa, navio-auxiliar da flotilha.


para
Na foz do São Lourenço, a 6 de o Anhambaí é a-
janeiro,
vístado pelos dois navios de guerra Imediata-
paraguaios.
mente perseguido rio acima pelo inimigo, tomando a diantei-

ra o Iporá, o vapor brasileiro faz vivo fôgo sôbre o mesmo,

apesar de seguir em retirada que se estendeu seis lé-


por

guas. O navio brasileiro se encontrava com apenas um rodí-

zio de 32 no décimo-terceiro tiro desmontou-se, conforme


que
diz, em sua o Capitão de Fragata Castro Menezes. Nês-
parte,
se último disparo foi matar o 2.° Tenente de Marinha Gregó-

rio Benítez, do Iporá. Em uma das voltas mais estreitas do

rio, foi o Anhambaí sôbre a barranca, do morro do Ca-


perto
racará, é abordado Iporá mais de o se-
quando pelo que perto

guia. Após uma resistência gloriosa e diante da demasiada


C. A. Dr. Freitas Albuquerque 109

superioridade do inimigo, alguns marinheiros saltam em ter-


ra e salvam-se, outros, entretanto, permanecem no navio, lu-
tando contra o invasor. Em seus postos de honra, pelejando
bravamente, estavam o comandante, Piloto José Israel Alves
Guimarães, o comissário Fiúza e o 2.° Cirurgião DOUTOR
JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS ALBUQUERQUE que foram
heróis da resistência. Ao médico militar os selvagens, depois
de o fazer prisioneiro, degalam-no, mutilam-lhe, cortando as
orelhas para remetê-las ao seu comandante,
pois, como diz
Sacramento Blake, era assim
com seus prisioneiros- de que procediam os paraguaios
guerra.
Deixa o DOUTOR FREITAS ALBUQUERQUE uma filhi-
nha de nome Constância Maria de Freitas Albuquerque, cuja
pensão de quarenta e dois mil reis, anuais, manda pagar o
Governo Imperial em Decreto de 15 de
sacrifício de um brasileiro... janeiro de 1870, pelo
O Doutor JOSÉ CÂNDIDO DE FREITAS ALBUQUERQUE
morre aos 30 anos de idade e
mo-lo enfrentando a jamais temeu o perigo, pois vi-
peste da cólera com resolução e altivez;
defender a farda vestia, quando alguém tentava deson-
ra-la; enfrentar osque do mando, quando sua dignida-
de era atingida, sempoderosos nas conseqüências; publicar sua
pensar
defesa sem anuência do seu superior,
porque assim ditava sua
consciência de homem de bem e de médico, e, desse modo,
outro não poderia ser o seu trágico fim, apanágio de toda sua
vida: bravura diante do
perigo, ainda mais se tratando de
um algoz do seu
país.
Morreu no de honra, defendendo com armas nas
mãos o seu naviopostoAnhambaí, quando sua missão sagrada era
preservar a saúde e a vida das criaturas confiadas a seus
cuidados.
O 2.o Cirurgião DOUTOR FREITAS ALBUQUERQUE foi
uni autêntico herói da Armada e da Medicina Militar Brasi-
leira, e primeiro mártir, médico, da Guerra do Paraguai.

Rio de Janeiro, Laranjeiras, nov. 1961.


BIBLIOGRAFIA:
!) Sacramento Blake, Augusto Victorino Alves — "Dicionário
Bibliográfico Brasileiro" — vol. IV, p. 361-362, Rio.
2) José Cândido de Freitas Albuquerque — "Existe uma base
certa para o diagnóstico das afecções orgânicas do coração em
geral? Sono; escutação obstétrica; como reconhecer se o me-
nino nasceu vivo?" — Tese de Doutoramento — Bahia, 1857.
3) Lemos Brito — "Guerra do Paraguai" — Narrativa his-
110 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tórica dos prisioneiros do vapor Marquês de Olinda, Bahia,


1907
4) Virgílio Corrêa Filho — "Mato Grosso" — Coeditôra Bra-
sílica, Rio de Janeiro, 1939.
5) General Tasso Fragoso — "História da Guerra entre a
Tríplice Aliança e o Paraguai" — Biblioteca do Exército-
-Editora, vol. I e V, Rio de Janeiro, 1956 e 196.0.
6) E. C. Jourdan — "História das Campanhas do Uruguai,
Mato Grosso e Paraguai" — Segundo Volume — Mato Gros-
so — Rio de Janeiro, Imprensa Nacional. 1893.
7) Estevão de Mendonça — "Datas Mato-Grossenses" — 1.°
— Escola Tip. Salesiana, Niterói, 1919.
e 2.° volumes "História
8) Afonso Ruy — Política e Administrativa da ci-
dade de Salvador" — Prefeitura Municipal do Salvador, 1949.
9) Dr. José Pereira do Rego — "Memória Histórica das epi-
demias da febre amarela e cólera-morbo que têm reinado no
Brasil" — Rio de Janeiro, 1873
10) Sá Menezes — "Cipriano Betâmio e o 1.° Centenário da
Epidemia de Cólera-Morbo de 1855 na Bahia" — separata da
Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Salva-
dor 1956.
11) Almirante Lucas Alexandre Boiteux — "A Marinha Im-
perial" e outros ensaios. — Imprensa Naval, 1954.
TERCEIRA VIAGEM

COMANDANTE COOK À VOLTA DO MUNDO


(1776—1780)
Contada por êle próprio e pelo tenente King
Tradução de F. A. Machado da Silva.
APANHADO SOBRE A TERCEIRA VIAGEM DO COMAN-
DANTE COOK

Havia já duzentos anos a Inglaterra se preocupa-


va com a descoberta de uma que
passagem para o Polo Norte,
quando, em 1776, o rei George III resolveu organizar uma
expedição com o objetivo de
pesquisar esta passagem.
Este caminho, que se procurava em 1776, era o mesmo
que La Perouse procurava quase na mesma época, que, em
épocas mais recentes Frankiin
procurava também, uns ata-
cando a passagem mar de Behring, os outros, ao contra-
pelo
rio, fazendo o circuito do mar para sair no extremo
oriente da costa asiática; é esta polar,
passagem, enfim, que só ho-
je conhecemos, graças à maravilhosa expedição dirigida pelo
sábio sueco Adolpho-Eric Nordenskiold.
Como se vê, desde fins do último século, o governo in-
glês compreendia já a muito grande importância que havia
em não deixar improdutivos os imensos territórios da costa
. siberiana.
Ignorava-se então o que soubemos posteriormente; isto
é, devido ao
grande número de rios que vinham desaguar
no Oceano Glacial, num tempo mais ou menos curto, um
tráfico importante poderia estabelecer-se, senão durante
todo o ano,
pelo menos em certas estações, entre o território
da Rússia e o resto do mundo.
A expedição projetada pelo Rei George III tinha por
fim especial conhecer exatamente das "chances" do tráfe-
112 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nêstes lugares deconhecidos. Foi a estas expe-


go possível
dições, tão repetidas inglêses a Inglaterra deve a
pelos que
mais bela de sua riqueza e de seu colonial.
parte poder
De todos os navegadores daquele tempo, o mais
grandes
ilustre, o tinha dado provas as mais completas de saber
que
e de mérito sem igual, era seguramente James Cook, de que
as duas viagens à volta do mundo tinham sido
primeiras
objeto de admiração universal. Ele foi muito naturalmen-

te indicado dirigir a perigosa expedição devia ter-


para que
minar com o descoberta do caminho que deve um dia ligar

os dois continentes através das latitudes


polares.
O grande navegador, cioso por descansar de suas fadi-

tinha-se retirado para o observatório de Greenwich, e


gas,
ali êle recebeu as ordens do Almirantado.

Nem um instante êle hesitou em fazer uma terceira


por
vez a volta ao mundo, conquistar seu a
para para país
honra de semelhante descoberta, e foi cheio de entusiasmo

o comandante Cook recebeu a incumbência de conduzir


que
os dois navios do rei da Inglaterra a Resolution e a Desço-

very para a conquista desta famosa passagem.


Foi no correr desta terceira viagem, o comandante
que
Cook morreu, assassinado selvagens numa das ilhas
pelos
Sandwich, chamada Karakakoa.

O relatório de suas descobertas foi acabado depois de

sua morte trágica, pelo comandante King.

Para mostrar um resumo da tarefa que o grande nave-

gador tinha aceitado realizar nesta terceira expedição, va-

mos transcrever as instruções que lhe foram dadas.

Lendo-as, julgar da grandeza da emprêsa,


poder-se-á
na o ilustre marinheiro inglês a sua vida.
qual perderia

"De
dos Lords comissários do Almirantado da
parte
Grã-Bretanha, da Irlanda, etc.

"O
Conde de Sandwich nos tendo apresentado uma re-

solução de Sua Majestade ordena uma expedição


que para
encontrar uma mar no norte, do oceano Pa-
passagem por
cífico ao oceano Atlântico, em cumprimento a esta ordem,

armamos e equipamos os navios Resolution e Descovery, e

como vossos últimos trabalhos nos fizeram conhecer vossos

talentos e vossa bôa conduta, dever.vqs «ncarre-


julgamos

gar dêste serviço. Nomeamo-vos comandante do


primeiro
dêstes navios e indicamos ao comandante Clark, coman-
que
da o segundo, de cumprir vossas ordens.
"Nós
vos indicamos de seguir imediatamente o
para
Cabo da Bôa Esperança, a menos não necessá-
que julgueis
Terceira Viagem do Comandante Cook... 113

Tio tocar na Madeira, nas ilhas de Cabo Verde ou nas Cana-


nas, para vos abastecer de vinho.
"Deveis,
caso partir do cabo da Bôa Esperança,
no fim de outubropossais, ou começo de novembro próximo, e sin-
grar para o sul a fim de procurar ilhas que dizem terem sido
vistas ultimamente
"Apressareis pelos franceses.
em chegar a O-Taiti e às ilhas tía Socieda-
üe (tocando na Nova Zelândia, se
necessário). Em chegando à O-Taiti, julgardes conveniente ou
desembarcareis Ornai
0 lugar que êle escolher e o deixareis.
"Quando
tiverdes descansado vossas equipagens, deixa-
leis. estas ilhas em meados de fevereiro
um caminho tão direto quanto (1777), e seguireis,
t?or
ua Nova Albion. Recomendamo-vos, aí chegando, puderdes, para a costa
uer tempo em procurar novas terras não vos não per-
uescobnrdes, a menos e deter nas que
a-gua. que sejais obrigado a (fazer lenha e
"Logo
que estiverdes na costa da Nova Albion, seguireis
para o norte ao longo da costa, até 65 graus de latitude,
alcançardes o 65° examinareis com cuida-
uo os rios ou as entradas daparalelo,
guando
baía de Hudson ou da baía de
oaífin, e se tiverdes a certeza ou mesmo a
Uescobrir uma probabilidade de
passagem por mar, fareis todos os esforços
possíveis para efetuá-la, seja com um de vossos navios, seja
com uma das pequenas embarcações de
truturas prontas. que tendes as es-
(Segue-se uma longa instrução sôbre as relações de
amizade a estabelecer com os estrangeiros o comandan-
*ç Cook encontrar e com os naturais dos que países desconhe-
cidos).
'^Ordenareis
a vossos oficiais, como a toda a equipagem
de não dizer onde estiveram até
"Como, que isso seja permitido.
nas empresas desta natureza, aparecem muitos
casos imprevistos, sôbre os
quais é impossível dar instruções
particulares, deveis proceder do modo mais vantajoso para
0 serviço de
"Se que estais encarregado.
acontecer algum acidente na Resolution, passareis
c-can vossa equipagem o Discovery e continuareis vossa
comissão neste navio. para Ordenamos aqui ao comandante para
que vos receba a bordo e vos obedeça, como se estivésseis
ainda na Resolution.
"Em
caso de moléstia ou outra causa que não vos per-
nuta executar estas instruções, tereis o cuidado de encarre-
gar ao oficial que vos seguir no comando, e ao qual ordena-
--nos de as executar do melhor modo
que êle pudeir."
1X4 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"Sandwich
6 de 1776 — — Spencer
de julho (Assinado)
~ IX Palliser
"Ph.
(Por ordem de SS SS) Stephen".

Cook tendo sob suas ordens o comandante


partiu, pois,
Clark, tenentes Gore, King e Williamson.

Com a morte de Cook, o comandante Clark assumiu o

comando da Resolution, o tenente Gore passou a comandar

o Discovery, e o tenente King encarregou-se de continuar o

relatório do comandante Cook, até o regresso da expedição

à Inglaterra.

G. M.
Um Guia o Jovem Oficial
para

Coronel PAULO ENÉAS FERREIRA DA SILVA

Oficial de Estado< Maior

*¦ INTRODUÇÃO

A experiência de mais de trinta anos de serviço, prestados ao Exér-


cito, 'Estados-
passando pela tropa, Escolas de Oficiais e
pelas pelos
aiores, deu-nos uma base segura apresentar aos
para podermos jovens
0 'Clais>
por isso menos experientes, algumas observações à de
guisa
orientação
ou de conduta na carreira. Essa cooperação nada
guia para
tom de -doutrina.
Visa apenas a destacar aspectos da vida militar, nas
relações
dos oficiais com a tropa e com o de onde Certos!
povo, provêm.
ângulos têm muito de embora as normas aqui apresentadas
pessoal, pos-
sam servir de guia a interpretá-las no mesmo sentido de as
quem quem
redigiu.
Desejamos, sinceramente, êste nosso esforço seja compre-
que
endido e que possa ser útil. Estaremos, assim, recompensados.

2¦ O SENTIDO DE NOSSA CARREIRA

Quando somos declarados oficial assumimos um compromisso públi-


co e formal, de defendermos a Pátria mesmo com o sacrifício da pró-
pria vida. Um à sombra da Bandeira, símbolo sagrado.
juramento feito
O sentido,
pois, de nossa carreira muito tem de sacerdócio, que exige
sabedoria,
diligência e convicção patriótica.
Tal compromisso não difere do mais alto o de simples
pôsto para
aspirante. mesmo, variando ape-
Não é maior nem menor. E" sempre o
nas o grau de responsabilidade decorrente.
Não há no outro social cujas obrigações para com a Pá-
país grupo
tna sejam concidadãos
tão bem definidas. Só por isso os demais nos
devem decorre naturalmen-
especial respeito. E a estima de que gozamos
to dêsse respeito..

Muitas vêzes sofremos críticas. Algumas delas justas e fundamen-


tadas. Cabe direito de examiná-las, sem
ao oficial o dever e o paixão,
Para então discernir das razões as motivaram. Quando chamado a
que
opinar, demonstrando sem-
deve fazê-lo sem rodeios e com sinceridade,

Pre equilíbrio no Esta forma de agir desperta a confiança e


julgamento.
enaltece.
116 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

3. RESPONSABILIDADE E PRIVILÉGIOS

É comum ouvirmos nas Forças Armadas, e fora delas, que os grandes


privilégios geram responsabilidades e que estas justificam aqueles. Em
parte isso é verdadeiro. As responsabilidades nos são afetas, ao passo
que os privilégios nós os conquistamos pelas prerrogativas inerentes aos
nossos postos e funções.
A principal responsabilidade do oficial, sobretudo se em funções de
comando, é zelar pelos seus homens. A violação deste princípio, seja
porque o oficial se esquece deles, seja porque trata-os com menosprezo,
seja ainda porque ostenta orgulho desmedido, resulta em fracassos mais
graves do que em outras falhas. A lealdade do subordinado decorre
desse senso de responsabilidade do superior.
É ainda uma responsabilidade peculiar ao oficial o apresentar-se
sempre com dignidade no trajar-se, civil ou militarmente; nas suas at'i-
tudes; no modo de falar e de escrever. O exemplo que pode oferecer,
seja de retidão, seja de imperfeição, é cuidadosamente observado e se-
guido fatalmente por aqueles sob suas ordens.
Uma das responsabilidades mais presentes no oficial e, via de regra,
muito descuidada, é a de zelar pelo cumprimento das ordens. Freqüen-
temente, ou por comodidade, ou por fraqueza, ou ainda por negligência,
deixam os oficiais de zelar pelo cumprimento de ordens, algumas vezes
expedidas por eles mesmos. Uns fazem vista grossa para os erros de
seus subordinados, pretendendo assim passar por "bons moços", pro-
curando conquistar destarte a simpatia. Enganam-se redondamente. Es-
tão cavando uma trincheira cada vez mais funda entre superior e subor-
dinados. É necessário não confundir bondade com fraqueza. A tolerân-
cia no trato é uma condição favorável ao exrcício do comando. Jamais
se deve abusar.
A solidariedade é outra grande responsabilidade do oficial. O seu
exercício se faz sempre nos três sentidos: para cima, para os lados e
para baixo.

4. NORMAS DE CONDUTA

A cortesia e o respeito mútuo são elementos essenciais e índispen-


sáveis a qualquer organização. Não constituem privilégio dos militares.
É questão de educação, trazida do berço.
Nas organizações militares elas são aprimoradas. O subordinado
'ao
deve respeito superior. Na hierarquia, esse fenômeno é reflexo. A
continência é um privilégio muito antigo dos militares. Traduz o re-
conhecimento espontâneo da camaradagem numa profissão honrosa. É
uma demonstração ao mesmo tempo de cortesia, de respeito e de disci-
plina. O oficial deve pautar sua conduta na obediência exata desse pre-
ceito militar.
Não é apenas na vida militar que cabe ao oficial zelar pela sua
conduta. Com mais cuidado ainda quando nas relações da vida civil.
Um Guia para o Jovem Oficial 117

> Uas_ atitudes,


palavras e gestos devem pautar-se pela moderação e dis-
creçao. Nós, os militares,
somos permanentemente observados e julga-
cos no meio em
que vivemos. Não é sobre o indivíduo que recaem as
acusações. Elas se
dirigem contra a instituição. Nas grandes cidades,
que a criatura humana se difunde na massa de seus habitantes, certos
^ itos
ja aceitos, ou tolerados, não constituem mal maior. Ao contra-
Cldades do interior, em
Di_hí,n?S
Mico com, mais facilidade, que o oficial se oferece ao julgamento
há que tomar certos cuidados. Os mais co-
£ >uns sao os relativos
à sua apresentação externa, fardado ou não.
S J-°VenS de ,10je' acostumados à vida
nas capitais, onde assimilam
híbt J-Ulgados modemos, quando chegam às
mui.a°S guarníções do interior,
"* es(Juecem desta situação toda
tram C° 7™maiS particular. Se não encon-
exPerientes e «lue lhes dê«n aviso do modo de
ced er, ou seseus pro-
comandantes se esquecem de alertá-los, freqüentemen-
•e cometem erros,
fáceis de evitar.
saenI da Academia recebem manuais ou
com d°conduzir guias que lhes dizem
!e na vida militar, e fora dela. São ótimos conselhos.
M™° baSta' É Preciso q«e encontrem chefes ou companheiros
turSa.de f.a° dizer-lhes à ai-
o que está certo ou errado. Aquelas recomendações
teoncaa são uma
boa base.
Nossa experiência
permite-nos recordar, com tristeza, certos colegas
urma, ou de outras,
que se desgarraram por completo, via de regra
que não tiveram, no início da profissão, um chefe ou um amigo
e lhes dissesse, com sinceridade
e franqueza, o lado falho da conduta.
A norma de conduta do oficial, seja
ar nos bons exemplos. qual fôr o seu posto, deve pau-
Só estes constróem.

5- O TRATO COM O POVO

Numa publicação distribuída aos elementos da Guarda Costeira dos


dos Unidos da América, estão catalogados treze dos principais erros
metidos mais comumente
pelos militares no trato com o povo e seus
aradas. Vale a sabedoria enterram.
pena enumerá-los e ver quanta
Vejamos.

íí _?
-k um erro:

' Alguém tentar definir,


por si só, o conceito do que está certo
ou errado.
— Medir o
prazer alheio pelo seu.
Admitir que todas as opiniões possam ser iguais.
— Querer beneficiar-se da inexperiência.
— Pretender nivelar todas as coisas.
° — Desprezar os
pormenores.
7 — Admitir que só seus atos são perfeitos.
° — Aborrecer-se, e aos outros, com o
que pode ser remediado.
118 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

9 — Deixar de ajudar alguém, onde, quando e como puder,


ío — Considerar impossível aquilo que não pôde fazer,
li — Confiar apenas na própria imaginação.
12 — Desprezar as fraquezas alheias.
13 — Julgar apenas pelas aparências.

Alguns dos erros acima apontados são como os sinais mostrados na


tela do radar, avisando do perigo. Sãq evidentes por si mesmos. Outros
revelam alta sabedoria e a incidência neles implica sempre em pesadas
sanções.
São freqüentes em nossa vida militar! as transferências de uma guar-
nição para outra. Faz parte da carreira. Pois é justamente nessas oca-.
siÕes que o jovem oficial se vê face a problemas novos, ligados à sua
pessoa e às de seus companheiros de classe, subordinados inclusive. São
problemas dte nova orientação, novas relações, novos encargos, etc, nem
sempre parecidos sequer com os vividos anteriormente, em outras guar-
nições. A obediência cuidadosa àqueles 13 princípios, dar-lhes-á mais'
segurança.

6. CONHEÇA SUA MISSÃO


1
Em uma de suas mensagens pouco conhecidas, ROBERT STEÍVEN-
SON traça com fidelidade o perfil de um homem que havia falhado em
tudo, precisamente por não ter sabido cumprir a sua missão.
Dizia STEVENSON: "A sua carreira foi uma grande decepção;
entretanto, fora honesta. Jamais destratou seu subordinados. Não obstan-
te, fora dispensado de vários cargos. Não se tendo interessado pelas suas
obrigações, sua atenção desviara-se para outros objetivos. Cada um de
_eus dias de trabalho consistiu num amontoado de inutilidades. De um
lugar para outro, arrastou consigo a pecha de INCOMPETENTE".
Hoje em dia ninguém iclirá que êsse retrato esteja ultrapassado. O
julgamento depende necessariamente da capacidade de julgar.
Nas Forças Armadas comumente se diz: "Não podemos prosseguir
com fulano; mas também nós podemos fazê-lo sem êle." Com isso, in-
conscientemente, entregamos a palma àqueles que, cheios de deficiên-
cias, nos excedem no cumprimento dos deveres.
Nossa tarefa, nas Forças Armadas, é complexa, árdua e variada.
Requer estudo, compreensão e vontade de acertar.
Para o jovem oficial, exige grande dose de sacrifício. De tempera-
mento volúvel, inflama-se facilmente. Seus impulsos conduzem-no fre-
qüentemente a excessos. Só o bom senso poderá moderá-lo.
A missão do tenente parece muito simples. Na verdade o é, se
considerarmos sua posição na escola hierárquica. Mas, mesmo assim,
deve ser bem compreendida.
O tenente tem sob suas ordens um grupo de homens voltados sempre
para sua pessoa. Nem todo saber se encontra nos livros. E uma coisa
deve ser dita: o tenente é um NOVIÇO.
Um Guia para o Jovem Oficial 119

A sabedoria nasce se compreende a ignorância não é


quando que
uma vergonha. Vergonhoso é o homem estacionar em seus conhecimen-
tos ao invés de cultivá-los cada vez mais.

Seria ideal o oficial fazer tudo aquilo exige


que jovem pudesse que
de seus subordinados. Há mesmo situações em isso se impõe. E
que
os homens de comandar em emer-
passam a considerá-lo capaz qualquer
gência.

Não se deve deduzir daí o oficial seja um enciclopédico. A


que
distinção resido na diferença o FAZER e o PODER
entre SABER JUL-
GAR se o se
que faz está bem feito.
Uma verificar se um livro é bom ou mau, embora não
pessoa pode
fôsse capaz "Quem ARISTÓ-
de escrevê-lo. reside numa casa", dizia
TEEBS", ajuizar melhor, se é ou não, do
pode ela confortável que
quem a construiu".

A autoridade moral de é chefe — e o tenente o é — mesmo


quem
de escalão, também, e necessàriamente, na autoridade
pequeno repousa

profisional ou, se na capacidada de fazer ou julgar.


quisermos,

7- CONHEÇA SEUS HOMENS

O material de nos servimos, variado e cada vez mais complexo,


que
so nos o conhecermos, isto é, se sabemos utili-
presta serviço se bem
za-lo. A ciência lançam no mercado diàriamente novos
e a tétnica pro-
dutos, sempre mais Sua utilização implica no conhecimen-
complicados.
to e completo.
perfeito
Pois bem, se o material é exigido tal condição, o dizer
para que
de elemento humano? conhecimento transcende aquêles limites. A
Seu
criatura humana reage de modo bastante diverso, cada tipo oferecendo
•condições
Um de e muita observação dão-nos
próprias. pouco psicologia
elementos seguros um bom O oficial, sobretudo
para julgamento. jovem
o tenente, tem nas mãos um de homens, deve e pode
que pequeno grupo
conhecê-lo a fundo. O trato diário dá-lhe essas possibilidades.
Conhecer seus homens não é apenas saber seus nomes e funções.

E' algo mais. É indagar de seus mesmo os íntimos, que me-


problemas,
recém um cuidado especial. É saber das e limitações de
possibilidades
cada um no momento oportuno, exigir uma tarefa compa-
para, poder
tível. Para isso, oficial não abstrair-se de sua gente, limi-
o jovem pode
tando-se apenas à instrução profissional.
O trato mais de não importa, é óbvio, na intimidade perni-
perto
ciosa, O respeito recíproco é necessário
que gera desajustes perigosos.
e irriperioso. Liberdade, sim, mas respeitosa.

O das modernas organizações militares


alto grau de especialização
está de seus alto senso de iniciativa. Não
a exigir de cada um jnembros
obstante, de equipe O sucesso depende do cuidado
o trabalho prevalece.
com as habilidades individuais, levadas ao máximo
que se desenvolvem
<ie os chefes conheçam a fundo seus
correção. É preciso, portanto, que
¦homens. Estes, sua vez, devem confiar naqueles.
por
la0 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

8. ESCREVER E FALAR

Em igualdade de condições, o oficial que persevera nos estudos, apri-


morando seu intelecto, distancia-se logo daquele que desprezou os livros
e fica na mediocridade. Um momento de reflexão nos dirá porque a arte
de bem falar e escrever sempre constituiu fator de êxito na vida dos
grandes chefes militares.
Na vida militar a ação de comando se faz sentir através da palavra,
oral e escrita. Já se foi o tempo em que até os generais davam suas
ordens diretamente a seus soldados, no campo de batalha. Na verdade,
na última grande guerra ainda houve fatos dessa ordem. O Gen. Patton,
de parte dos norte-americanos e o Gen. Rommel, do lado alemão, gostavam
de dar suas ordens ,pela fonia, situando-se para isso nos primeiros carros
de combate. A natureza das operações e, sobretudo, a dos engenhos de
— faziam com que não se utilizasse o estilo clás-
guerra — os tanques
sico Üe ordens escritas, preparadas com antecedênfcia pelos estados-
-maiores. Estes, via de regra, ratificavam-nas em seguida, para o arqui-
vo das campanhas. O culto à palavra, oral e escrita, independe do es-
calão de comando considerado. Do tenente ao general, todos têm obri-
gação de falar e escrever bem para que possam ser entendidos sem di-
ficuldades pelos seus subordinados.
O jovem oficial, ardoroso e impulsivo, muitas vezes confunde o-
"descer" até seus homens 'com o uso da gíria por eles adotada.' Cuidado,
pode chegar à intimidade prejudicial ao seu prestígio de chefe. A ba-
nalidade é perniciosa. Mas não se volte ao outro extremo, usando têr-
mos e frases empoladas, cujo entendimento foge ao soldado. Seja sim-
pies e preciso. A linguagem deve ser para o auditório, como diz a
pedagogia.
Transcreveremos agora umas regras práticas, muito úteis a quem
deseja cometer o mínimo de erros no falar e escrever:

i — Quanto mais simples se diz uma coisa mais efeito produz sô-
bre quem a ouve.
— Há sempre um modo mais adequado de traduzir o pensamento.
Aceitar a primeira solução, por comodismo, ao invés de busT
car uma outra, é induzir-se ao erro.
— A economia de palavra fortalece a composição.
— Pense duas vezes antes de usar um simples adjetivo.
ver-
— É preferível usar um advérbio, porque reforça a ação do
bo, ao invés de um adjetivo, que apenas complementa o subs-
tantivo.
— É o verbo que dá força à frase. O lugar em que se coloca tem
seu valor. Dá mais ênfase à sentença.
— Na expressão escrita, sobretudo na vida militar, não cabe a
terminologia vaga. O vocabulário militar já contém palavras
e expressões que respondem a um significado único, de caráter
in-
profissional. O seu uso continuado, vicia a linguagem. Há
Um Guia o Jovem Oficial 121.
para

divíduos mesmo em rodas civis, se expressam da forma


que,

por que o fazem nos quartéis.


8 — Para e compreensão, deve-se dizer apenas o que
maior lucidez

se um mínimo de sem preocupação de


quer, com palavras,
oratória.

Muitas outras observações ser alinhadas como sugestão-


poderiam
contra os vícios de linguagem.
Outro aspecto do é o dos nervos. há que, em
problema Quantos
rodas amigas, Postos, en-
primam pela loquacidade e pelo desembaraço.
tretanto, numa mais singelo-
plataforma, ou face a um auditório, por
ciue seja, Falta de hábito?
vêem-se inteiramente inibidos. Nervosismo?
Sim, anjbas sujeitos a tais
as coisas. Em geral todos estão percalços.
Mas minorá-los, Basta educarem-se. Falar e
podem ou mesmo evitá-los.
escrever é se apren-
questão de hábito; de persistência. É ferrando que
de a ferrar.

O auditório militar é, natureza, condescendente. O subordinado


por
aceita tàcitamente uma base
o que o superior lhe! diz. Há, por princípio,
de respeito. Resta explorá-lo.
Meio caminho está por isso andado.

9- À ARTE DE INSTRUIR

Instruir é de fato uma arte. Para ser artista não basta conhecer
0 papel. É necessário também vivê-lo, e bem, para que os resultados
sejam satisfatórios. está fazendo.
É preciso acreditar no que se
Convencido de sua missão, transmite naturalmente o deseja a
que
seus subordinados. Inversamente,
E demonstra-o claramente. se a ro-
tina o conduz, desperta cedo o desinterêsse.
A convicção na missão não deve ser levada ao exagêro. A modera-

Çao é outra virtude do instrutor.

Há certos assuntos, áridtos, exigem do instrutor grande dose de


que
imaginação. ação se revela mais adequada e
É nesse tema que sua

pronta, no 1 ransformar uma coisa ári-


verdadeiro senso das proporções.
da numa sessão eis aí a habildade do instrutor.
agradável,
Cuidado, meios auxiliares de instrução. Ês-
tenente, não abuse dos
tes são MEIOS e não a FINALIDADE
ajuda e não uma muleta. São
do trabalho. instrutores, horas e horas
Temos visto muitos que perdem
do material da sessão e, depois, na uti-
preparo exagerado da parte
Üzação no emaranhado que eles mesmos
dele, ficam atônitos, perdidos
montaram.

um assunto, variando a forma


Tenha Mais vale repetir
paciência.
de ensiná-lo face de uma aprendizagem falha.
exasperar-se em
que
como incentivo aos de-
Estimule os bons resultados. Apresente-os
mais, compare para diminuir.
destacando os nomes dos autores. Jamais
de sua missão, seja demonstrando conhecer
Esteja sempre à altura
heni executando da melhor forma uma ação
o assunto a ministrar, seje
comandada, apontando com segurança os erros cometidos.
seja afinal,
122 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Use e abuse de um caderno de notas. Registre nele os bons e 03


maus resultados. Só assim você terá base para julgar com certeza de
acertar. Com respeito aos seus homens, não se limite apenas a ter os
nomes apontados nesse caderno. Registre outras coisas, mesmo as de
caráter pessoal, de família, por exemplo. Uma data de aniversário à mão,
e lembrada em tempo, dá força à autoridade moral do oficial.
Cuide afinal de sua biblioteca, geral e profissional. Poucos livros,
selecionados, valem mais que alguns metros na estante. A ajuda doS
mais experimentados lhe será bastante útil. Poupar-lhes-á aquisição de
obras sem valor.

10. PUNIR E RECOMPENSAR

Punir e recompensar é prerrogativa de todo chefe. É mesmo ine-


rente à sua condição hierárquica. O seu prestigio decorre do uso desse
direito.
Fazer justiça é distribuir desigualmente, segundo os méritos. A for-
itia cômoda, e muito de uso, de nivelar a todos segundo um padrão co-
mum, querendo destarte agradar a todos, traz como conseqüência o de-
sestímulo e a desconfiança.
Uma das características mais acentuadas de qualquer oficial é a fir-
meza com que assume a responsabilidade de seus atos, fazendo-o desas-
_mbradamente e com toda lealdade. Jamais poderá contentar a todos.
Mas, se fôr criterioso, justo, mesmo os pseudo prejudicados reconhece-
rão suas decisões.

Há sempre para qualquer chefe três tipos de decisão:

(i) Uma, cômoda, fácil e pronta, de apelar para as normas exis-


tentes, geralmente aceitas por tradição ou rotina.
(2) Outra, também relativamente fácil, e que não importa em em-
penhar a fundo a sua responsabilidade; é a do sorteio.
(3) Uma terceira, afinal, via de regra difícil, mas que soluciona
bem a questão proposta, em termos de justiça e que exige do
chefe alta noção de responsabilidade. É a da fixação de um
critério.

Na aplicação das recompensas e punições, o critério com que se


•distribui justiça é a pedra de toque da estabilidade da organização. A
disciplina, o moral, a confiança recíproca, e outras condições, dependem;
estreitamente do sentimento de justiça prevalente.
Nas pequenas frações sob o comando dos tenentes, em que o trato
com o subordinado é direto, permanente e integral, muito facilitada se
torna a tarefa do chefe. Uma vez conhecidos seus homens, não será
¦difícil ao oficial julgá-los, nas menores questões.
Antes de passar às mãos do superior imediato uma parte, para que
<?ste decida, convém sempre:
Um Guia para o Jovem Oficial 123
i

— ouvir o subordinado infrator;


pacientemente
— aconselhá-lo, advertí-lo, de nova
prevenindo-o falta;

— indagar bem das razões o induziram à falta.


que!

A forma "dar
cômoda de parte", desvencilhando-se ràpidamente do
nem sempre é a melhor solução. Geralmente uma
yoblema, provoca
'njustiça.
E o tenente passa a enfrentar os sintomas da d|es-
primeiros
¦confiança.

Antes de ou recompensar faça


punir um exame cuidadoso do mérito
da Analise
questão. todos os aspectos, e negativos em
positivos para,
seguida, com mais base,, chegar à solução mais É sem-
justa. preferível,
Pre, pecar por excesso na segurança do que por falta. Eis um princípio
elementar da própria guerra.
^Não tenha escrúpulos ou cerimônias
jamais em advogar a causa de
um subordinado a seus superiores.
junto Mas, faça-o sempre com base
"Serena.
Nunca apaixonado.
?

Terminando êste capítulo diríamos: seja justo,

'CONCLUSÕES
ii.

O presente trabalho, à guisa de normas de conduta os


para jovens
•oficiais,
procurou, antes de tudo, traçar alguns rumos necessários à vista
¦dos
que começam a longa e árdua carreira das armas. Como ape-
guia,
nas, serve, não estabelecer
para que poderia padrões de conduta. Êstes
so são obtidos através uma vivência calcada na prática de hábitos e
¦costumes
ditados pelo bom senso e a obediência às exigências da vida
em socieidade.

Acreditamos em que, certamente, todos os que norteiam sua inicia-


cão militar nos moldes de uma vida honesta e interessada
profissional
poderão chegar àqueles padrões ideais, perseguidos tenazmente pelos que
acreditam e têm fé na carreira das armas.

Dos aspectos focalizados por nós no texto dêste trabalho, acredita-


mos serem o ao sentido de nossa carreira e à arte de
pertinente pu-
nir e recompensar, os devem merecer dos oficiais mais ca-
que jovens
rinho, de vez representam êles a de toque, a sub-
que para pedra parte
jetiva mais destacada para o aprimoramento de suas qualidades profis-
sionais. Sem se inteire realmente na carreira abraçada e sem
que que
desenvolva o espírito de hoje em dia muito descurado, não
justiça, po-
derá enfileirar-se ao rol dos desejam ser, de fato, oficiais dignos
que
dêste nome.

Os demais aspectos compõem êsse quadro no a vida do oficial


qual
• se desenrola até os últimos degraus da hierarquia militar.

" —
Transcrição de A Defesa Nacional". N.° 1963.
581 Jan°
REVISTA DE REVISTAS
•SUMARIO: — Modo de combater em guerrilhas — Operações em águas
restritas — A Terra vista do Sputnik — A Terra não
é uma esfera perfeita — Luas artificiais para medir a
Terra — Cálculos precisos em alguns meses — Os Sa-
télites revelarão os segredos da Terra -r- A UNESCO
vai equipar o "Almirante Saldanha" — Publicações re-
cebidas.

MODO DE COMBATER EM GUERRILHAS


' Douglas Stetvart, U.S. Marine Corps.
Pelo Major H.

A presente ameaça de cheque mate nuclear, embora não tenha re-


movido inteiramente a ameaça da guerra geral, vem obrigando a agres-
sividade comunista a cogitar de outros métodos para alcançar a trans-
formação desejada»do Mundo Livre. A História contemporânea aparenta
demonstrar que tem ocorrido à chefia comunista que, se eles lograssem
*. conquista do controle. da Ásia, da África e da América do Sul sem
uma luta pelas armas, terão conseguido uma superioridade econômica
esmagadora sobre a América do Norte e seus aliados, sem nos dar, mar-
gem ou "desculpa" para a guerra geral que os1 destruiria.
A situação orientou-se no sentido do programa acelerado da per-
versão moral, da intriga, da penetração e da guerra político-econômica.
Neste campo da arte de fazer guerra, os comunistas têm alcançado
grande resultado, e não vêem motivo para que seus êxitos não prossigam.
"factos da vicia"' por parte dos
O reconhecimento crescente desses
Americanos tem contribuído para um interesse maior no preparo da capa-
cidade defensiva da América contra os ataques comunistas em métodos
outros que não os de natureza militar convencional. O empenho re-
sultante pela guerrilha e contra-guerrilha nas Forças Armadas America-
nas assume uma posição de desafio, tanto para o oficial do exército,
como para o da marinha, que tenha pouca experiência profissional nesta
maneira de conduzir uma guerra. Para defrontar-se com uma tal luta,
o chefe tem que ampliar seu campo de compreensão além da idéia de
veículos motorizados afundando outras tantas divisões motorizadas, ou,
126 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

por este mesmo motivo, despejando sôbre o inimigo uma carga maior

e mais terrível de arma nuclear. Os Comunistas não nos estão atacando


hoje mediante alvos escolhidos que se prestam à destruição nuclear.

Agridem-nos por meios de inspirações e demonstrações escolares, assas-,

sínios, agentes provocadores, caricaturas anti-americanas... e grupos


furtivos de guerrilheiros que atacam inesperada e silenciosamente) durante

a noite.
i

Os movimentos de guerrilha inimiga não têm dado sempre bom re-


sultado, mas um exame do êxito das campanhas anti-comunistas
pode
indicar-nos o caminho a seguir para bons desenlaces futuros.: Assim
sendo, procuremos determinar os fatores contribuintes o êxito de
para
uma contra-guerrilha.

"speakers"
Primeiramente, como dizem os em TV, daremos al-

gumas breves palavras sôbre os movimentos da guerrilha anti-comu-

nista, nos tempos recentes. Todos os govêrnos comunistas começam por


conspij-açÕes contra govêrnos legais. Para isso seus govêrnos têm sempre

pensado na guerrilha como uma técnica bélica desejável, dq êxito certo, e


elemento normal, belamente traçada para explorar a a injustiça
pobreza,
social, a cegueira por parte dos govêrnos existentes, e a capacidade de

funcionamento da máquina da propaganda comunista. É recurso barato,

pode não lhes ser atribuível, se fôr desejável, e é freqüentemente muito

eficaz. Os comunistas empregaram-no na China em 1930 e 1940. Depois

da Segunda Guerra Mundial, enquanto a América recostava-se usu-


para
"louros
fruir os da vitória", êles recorriam ao mesmo na Grécia,
processo
onde, entretanto, encontraram a primeira derrota, bem significativa, du-

rante 1948-1949. Os movimentos de guerrilha anti-comunista tiveram

grande resultado na Palestina e em Chipre, e agora também apresentam

vantagens na Algéria. No Extremo Oriente, os Comunistas tentaram

guerrilhas, mas faliram na Malaia, na Coréia do Sul, e nas Filipinas.

Lograram êxito na China e no Vietnam (Sião do Norte). Estão agora

ameaçando o Láos, a Sião (do! Sul) e, em menor intensidade, a Cochin-

chinha e o Cambodge.

E qual será o futuro da guerra de partidários? Não é necessário que


se seja um gênio militar, auxiliado por uma bola de cristal, para acom-

panhar e descrever o desenvolvimento da amostra. É claríssimo que as

guerrilhas continuarão nó Láos e no Sião. O Cambodge e a Conchinchi-

11a podem seguir-se em sorte naquela região. Neste hemisfério, os co-

munistas estão preparando ativamente guerrilhas por tôda onde


parte
uma reação direta pareça ser impraticável, e o continente inteiro está

cheio de remessas de armamento ilegal, de agentes comunistas, e de


adestramento da arte de guerrilhas. A situação é um tanto semelhante

na África, onde a influência comunista procura dominar entre as emer-

gentes nações africanas. Parece, portanto, probabilíssimo o Mundo


que
Revista de Revistas 12T

Livre militar refletirá sobre a vantagem de adquirir mais experiência


wn reagir contra guerrilhas nestes poucos anos-
que se seguirem, e muito
mais do que foi no Preparemo-nos!
praticado passado,

Características Gerais das Guerrilhas Comunistas

A primeira e mais importante delas reside na sua essência política.


Até mesmo um exame superficial, feito nos escritos comunistas, prova
•exuberantemente o fato de o movimento comunista considerar-se, acima
de todas as coisas, um conceito político. Tudo em sua marcha
para o
domínio mundial baseia-se em torno do dogma
que tem para centro o
Partido comunista mundial. Os movimentos de guerrilhas são considerados
essenciais somente quando a "Repressão Capitalista contra as Massas"
(isto é, quando o governo é capaz de defender-se contra a maioria
política comunista) torna impossível a posse política legal do poder.
Então, começa a guerrilha, considerada arma política, afiada, e apontada
como força política, explorando um povo descontente e prometendo-lhe
"melhor
vida futura sob o comunismo". Uma reação isolada puramente
militar contra esta ameaça está sentenciada a fracassar. É somente quando
a natureza política da guerrilha comunista é compreendida, que triunfa
uma reação política, Jjem como militar.

O estudo da vitória de' Magsaysay sobre o comunista Hukbalahaps


• em 1951 e 1952) é um caso histórico excelente. Suas promessas de
anistia, liberdade de terra e reforma social, venceram a guerra, quando
o exército foi concomitantemente reorganizado e treinado novamente para
se tornar mais eficiente. Narrativas semelhantes podem ser encontradas
na Malaia e na Grécia, todas apontando outras vitórias sobre as guerri-
lhas comunistas.
Somente depois que as pretensões e promessas comunistas tenham
sido cortadas pela raiz mediante reformas governamentais claras e efi-
cientes, e também promessas, é que as ações militares têm efeito decisivo.
A compreensão da natureza da guerrilha comunista pode ser difícil por
parte de alguns chefes militares experientes há longo tempo na arte de
pensar a este novo problema, se não quiserem ser derrotados. Uma
campanha de contra-guerrilha não tem lugar para um "intransigente"
(Colonel Blimp).
É claro, do ponto de vista básico da doutrina política comunista, que
o essencial para conseguir êxito contra eles reside em conquistar o
agrado do povo. De um modo geral, se o povo acreditar que os co-
munistas estão com a razão, e quê vencerão, então mais um país irá
por água abaixo, na direção do esgoto. A América do Norte precisa
auxiliar governos do Mundo Livre no que diz respeito ao amparo do povo,
desacreditando e derrotando o comunismo, e assegurando aos povos um
melhor futuro político e econômico. Contudo, a responsabilidade pri-
m
128 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mordial para lidar com a tática de guerrilha não repousa nos ombros
dos Estados Unidos, mas nos ombros do estiver sendo atacado
país que

pelos comunistas. Quando o povo de um convencer-se de seu


pais, que
futuro politico e econômico estará melhor servindo sob o regime da li-
berdade do que com o comunismo, êste último estará acabado comple-
tamente.

Mao Tse-ting, descrevendo as guerrilhas, declarou os


que guerrilheiros
"peixe "mar"
se parecem com no mar", sendo que o era o no
'qual povo,
os peixes nadavam, e do qual se nutriam. Sem o amparo do povo
os guerrilheiros não podem existir por longo tempo, é a
pois população
"recrutas",
nativa que supre os fornece alimentos, abrigo, informação
secreta e refúgios aos guerrilheiros.
A segunda característica da arte de tem suai
guerrilhar chave mestra
na lealdade do povo.
Apesar das manobras dos. guerrilheiros surgirem do descontentamento
social e econômico, há ainda mais um caso a contar. Os nativos ignoran-
tes e agricultores de arroz têm raramente algo com nianu-
que possam
faturar metralhadoras modernas e granadas de mão. O auxílio, sob
forma de chefes, juntas consultivas e orientadoras, e equipamento militar,

precisa ser recebido antes que o movimento esteja para se erguer


pronto,
as forças governamentais. Êste tipq de assistência está sempre) à disposi-

ção, por intermédio do Partido Comunista local, embora o valor da mes*


ma varie com o grau de contrabando o no interior da
que partido passe
região. Os países fronteiriços com outros comunistas são, alvos
já' pois,
magníficos, porquanto se torna simples o cruzamento de fronteiras o
e
contrabando de armas. O lançamento em e desembarque
paraquedas por
meio de submarinos servem, porém, outras futuras não
para prêsas que
"felizes"
são tão por se acharem mais longe do bloco comunista.
"Heartland"
Bm alguns casos, as, armas são remetidas do comunista

para outro país comunista no exterior, como acontece em Cuba e trans-

bordadas de lá para o ponto final de destino. Tal suprimento de armas e

equipamentos é usualmente adaptado aos


jovens recrutas que vão em

direção oposta — isto é, ao bloco soviético — receberem


para adestra-

mentos e doutrinamento. A proporção que êsses chefes são adestrados

nos métodos da carnificina, e recambiados a seus países, tornam-se os


chefes nativos do Partido Comunista local e os mais éficientes guerri-
lheiros. Vinculados estrangeiros são sempre essenciais ao movimento do

guerrilheiro, mesmo quando o êxito esteja à mão e se disponha das fontes

de recursos do govêrno capturado. Usando métodos econômicos, diplo-


"Socialist
máticos, industriais, militares e políticos, Fatherland" asse-

gura-se de que o nôvo satélite não romperá as cadeias e fugirá.

A terceira propriedade que distingue o movimento guerrilheiro dos

Comunistas, está na dependência do auxílio exterior que êles prestam, e,

com tal subsídio pode variar de um simples encorajamento a completas

remessas maciças "voluntários",


de armamento militar com sua qualidade
¦ essencial com relação ao movimento também variará.
Revista de Reviítas 129

O mais amplo amparo comunista a um movimento guerrilheiro pode


ser esperado -quando sa tratar de limites fronteiriços contiguosi e de
policiamento difícil, tal como acontece nas montanhas ao norte da Grécia
0,J nas selvas do Láos e do Sião. É óbvio que qualquer processo empre-
gado para cortar e remover a organização dos de sua
guerrilheiros
fonte estrangeira de suprimentos, auxiliará grandemente a campanha anti-
-guerrilheira,
muito embora se saiba com certeza isso será difícil.
que
Patrulhas de infantaria, postos de observação, emboscadas, reconheci-

*'
j|u Js! ,

"
JiiiF Jagg* ~;"Y ¦*** < ¦<« ^
' "viit t
^WStSwuT W^

A mobilidade deve constituir a essência de arte de guerrilhar. Os iruerri-


lheiros necessitam saber como deslocar-se sõbre o terreno fronteiriço, sem
confiar nas pontes ou estradas. As forças contrárias precisam fazer o
mesmo. E é isso o que estes guardas florestais do'exército estão fazendo.
130 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mentos aéreos diurnos, e eletrônicos à noite, constituem alguns dos mé-


todos que poderão ser aplicados ultimamente.
A quarta característica da arte de guerrilhar resTde no conceito da
mobilidade. Uma unidade guerrilheira precisa ter superioridade relati-
va sobre a direção dos inimigos. O guerrilheiro precisa ser capaz de*
escolher e atacar os alvos à vontade, e retirar-'se, com habilidade, para
o refúgio ou sede. Isso significa que êle deve saber mover-se, conforme-
fôr necessário, pelas linhas fronteiriças, efetuar concentrações, e disper-
sá-las quando fôr necessário. O camponês necessita saber abandonar o
lar depois de anoitecer, preparar suas armas, limpá-las, caminhar através
de veredas afastadas na relva ou em atalhos montanhosos para chegar
a um ponto de encontro que esteja talvez a umas cinco milhas distante,
armar uma emboscada pre-organizada, matar a pessoa (ou pessoas) apa-
nhada no laço, sumir na escuridão da noite, e retomar, no dia seguinte,,
seu posto no pacífico arrozal, enquanto as tropas dominantes procuram
em vão o culpado. Se os guerrilheiros possuírem sua mobilidade, poderão-
estar certos de que dispõem de um potenciaí inimigo bastante elevado. Se
essa mobilidade relativa puder ser reduzida, com referência ao inimigo,
poder-se-á considerar alcançada a vitória essencial. As medidas deta-
lhadas para o alcance do domínio sobre o terreno serão por nós tratadas
mais adiante.

Tática dos Guerrilheiros Comunistas

Antes de entramos na preleção da mecânica de matar dos guerrilheiros


comunistas, seria prudente fazermos uma pausa ligeira, e examinarmos
abreviadamente a tática de guerra que eles seguem. Os jornais, as revis-
tas, e até mesmo o material de "caricaturistas", estão repletos de infor-
mações sobre êste assunto de tática de guerrilheiros, de sorte que uma
pessoa medianamente educada já deve ter tido um pouco de contato com
esta matéria lúgubre. Talvez que uma revisão de apenas alguns dos
tipos do vasto sortimento de vilanias comunistas seja proveitosa.
Em primeiro lugar, esta é a guerra política, conforme foi já descrita.
Ela inclui os esforços constantes de propaganda de todos os tipos. Até
mesmo um reduzido grupo de guerrilheiros tenta usualmente publicar um
jornal de variedades para disseminação de seus ideais políticos, e, mais,
notícias de vitórias animadoras das "classes trabalhistas" noutras partes
do mundo.
Isso se faz em colaboração com conferências políticas diárias e pre-
leções orientadoras pelo oficial da entidade política.
É bastante surpreendente que os guerrilheiros, embora no âmago
da selva, tentem fazer diariamente exercício de ordem unida para fins
de disciplina, sendo que esta última é estimulada por todos os meios possi-
veis, prêmios, conselhos de guerra, repreensão, serviço de castigo, e as
contínuas conferências políticas; todos esses recursos têm seu lugar próprio-
na formação da disciplina. Os oficiais de política nomeiam suboficiais
Revista de Revistas 131

"*" outros de suas unidades


para! auxiüares no controle político da unidade;
0 que envolve, também"; um sistema de agentes capaá de perfceber e revê-
lar qualquer falta de confiança política "demonstrada pelos que estiverem
°a entidade". Os elementos julgados mais fracos vão escoltados por outros,
combatentes mais fortes, e de maior confiança, para assegurarem que
0 espírito combativo não seja corrompido.
Os grandes esforços de propaganda direta fazem-se contra a popu-
lação local. Os guerrilheiros são empregados para a formação das frentes
"social"
e política, assistência à população local na época da safra, so-
corro médico aos doentes. Nas regiões em que os guerrilheiros têm
permissão para conseguir sólido controle, eles formam um governo local,
administram a justiça, preparam e fazem trabalhar um sistema escolar,
, assim, estendem toda a jurisdição pelo país. Empregam todos os mé-
todos na subjugação do povo: distribuem-se folhetos, exibem-se cartazes,
fazem-se comícios, organizam-se fóruns... tudo para seduzir o povo a
favor1 do Comunismo, da necessidade de combater o governo, e da incerta
vitória "inevitável" contra os "capitalistas perversos", etc.
Mas Tse-tung informou que nenhuma aldeã esperdiça' um só punhado
de arroz, e que o povo é obrigado a prestar toda e qualquer espécie de
auxílio necessitado pelos guerrilheiros. Esconderijos, zonas; de segurança,
postos de socorro, depósitos de alimentação e abastecimento e depósitos
de armamento, são organizados.
As meninas e meninos são transformados em mensageiros do extenso
sistema de linhas de comunicação; os velhos e os aleijados recebem os
encargos de vigias e sentinelas; outros são encaminhados para as cidades
para obterem trabalho nas áreas dominadas, e tornarem-se agentes dos
guerrilheiros, relatando-lhes o andamento das providências militares ou
das medidas esperadas contra os comunistas, fornecendo-lhes informa-
"capitalistas" e de seu
Ções sôbre alvos de instalações arriscadas dos
pessoal, ou assassinando os principais, chefes inimigos.
A completa falta de compaixão constitui a ordem do dia. Um bom
exemplo disso pode ser tirado da Segunda Guerra Mundial e aqui narrado,
sôbre uma determinação dada por Stalin aos guerrilheiros para que ma-
tassem um certo oficial alemão de ocupação. Seu secretário deixou
transparecer incredulidade, porquanto o alemão em apreço era o mais
justo e mais querido oficial da ocupação germânica. Percebendo o es-
panto de seu auxiliar, Stalin sorriu e explicou-lhe que o alemão estava,
por sua lealdade, rebaixando a atividade da resistência na sua zona, pelo
que era necessário matá-lo, para que os> alemães mandassem um sucessor
mais cruel para seu lugar. "Um governador desumano seria melhor para
o povo", disse Stalin, pois que assim êle "aprenderia a odiar e a com-
bater".
O que foi dito acima é somente um processo de aproximação da
população local, mas é eficiente porquanto provoca freqüentemente re-
presálias por parte da tropa do governo. Visto taís represálias rebus-
tecerem o desejo de combater do povo, é êle, por isso, mais cobiçado
132 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

pelos guerrilheiros comunistas. Em muitos casos, as tropas alemães de


ocupação bombardearam áreas inteiras de ocupação russa, onde eles, os
Russos, eram antes bem acolhidos como libertadores. Os partidários
soviéticos enviaram apenas um grupo diminuto para a área anti-comunista
e assassinaram um oficial alemão. Os alemães, enfurecidos, costu-
niavam reagir com selvageria inevitável contra toda a população,
dessa forma transformando; a primitiva região amiga num campo
antigermânico. Um lutador contra guerrilheiro precisa acautelar-se cons-
tantemente contra esta provocação.
Havendo qualquer relutância da população em auxiliar Os guerri-
lheiros comunistas, a força, a extorsão por intimidação, O terror, poderão
ser utilizados. Durante a guerra civil na Grécia, em 1948, descobriu-se
que cada quarteirão de uma área teve seu bloco de (casas escalado pelos
guerrilheiros para que cada casa, uma vez por noite na semana, e em
cada quarteirão, colocasse uma cesta com comida para os Comunistas,
pelo lado de fora da porta. Se a cesta lá não estivesse, conforme a es-
cala feita, uma pessoa da casa seria morta pelos guerrilheiros. Processo
idêntico foi usado pelos comunistas na Malaia, onde as aldeias eram
compelidas a amparar os guerrilheiros, com alimentação. Os Britânicos
resolveram o caso evacuando toda a população, e construindo vilas con-
centradas onde o povo pudesse ser vigiado. Depois disso, os terroristas
passaram' a não ter mais alimentação. O terror € o outro caminho andado
"ampliação comunista", e
para a precisa ser antecipado.
Não há nada que dê resultado igual ao êxito, e os Comunistas sabem
disso. Com aquela finalidade, eles empregam todos os esforços para
"inevitável",
canvencer ao povo de que o Comunismo é que o capitalismo
está "condenado", que o regime deles é melhor do que a exploração
capitalista das massas. O povo impressiona-se com o êxito dos guerri-
lheiros no campo e é levado a acreditar que, quer eles queiram o 00-
munismo ou não,; os Comunistas vencerão... e o melhor que' o povo tem
a fazer será aderir a eles e ajudá-los, ou será fuzilado, após a vitória.
Com a assistência popular, obrigatória ou não, os comunistas podem
mover-se e combater deliberadamente, atacando instalações, depósitos,
pequenos grupamentos de tropas; praticando emboscadas contra patru-
lhas e sentinelas, e abatendo, geralmente, a vontade de combater dos
"capitalistas". O objetivo principal deles, em tudo isso, pode não ser
sempre o da posse direta do poder, mas apenas o de criar um vácuo

político suficiente, e dentro do qual uma organização política aliada
ou frente — possa prevalecer com força, mas com muita probabilidade de
ser absorvida, mais tarde, pelo "Partido". Contudo, seja como fôr, o caos,
a confusão, o acobardamento constituem o objetivo dos guerrilheiros.
Um dos maiores cabedais de um movimento guerrilheiro está sempre
na sua rêdê de informações secretas. Em seguida à política e à disci-
plina, tôdas as organizações comunistas de guerrilheiros dão relevo a
um bom e oportuno serviço de informações secretas. Partindo eles das
jnassas, torna-se mais fácil aos guerrilheiros de.senvolvt-lo do que ao
Revista de Revistas 133

governo, a quem compete apenas usá-lo em escala descendente. Os gover-


rios tendem a .públicos
confiar na polícia local e nos funcionários para
informações; mas os guerrilheiros recrutam o pessoal informante em tôr-
no do cozinheiros e fun-
governo pelo que os motoristas, operários, criados,
cionários subalterno^ dos
públicos são os olhos guerrilheiros.
O governo está constantemente cercado um exército de espiões
por
que prestam sempre informações sobre seus movimentos. O contra-guer-
nlheiro
precisa considerar esta probabilidade a todo momento, e aprefciá-
-la
quando o grupo inimigo, êles esperavam desaparece antes
que prender,
que chegue a tropa, "um
ou antes que bom menino" engraxate de esquina
jogue uma "jeep".
granada sôbre seu

Até mesmo os soldados veteranos nariz se fala


torcem o quando
sobre esta espécie de guerra, fato do contra-guerrilheiro não saber
pelo
nunca donde surgirá o perigo. Na Segunda Guerra Mundial, um co-
mandante nazista recebeu um lindo bôlo de aniversário, que trazia Q
carimba
postal da cidade da sua Ele convidou todo o seu estado-
pátria.
-maior
para vê-lo abrir o volume... e todos êles voaram pelos ares.
Feliz aniversário!
E isso se passa numa campanha de contraguerrilhas.
)

Teoria Geral da Luta de Contrague)filhas

i
Pelo descrevemos de não é
que acima sôbre a guerra partidários,
muito difícil condensar algumas linhas que sirvam de guia para
gerais
° contra-guerrilheiro.
A delas, é lógico, será vencer o povo!
primeira
"peixe" "dágua",
Quando o é deixado fóra êle não nada
guerrilheiro
bem. A preocupação desta luta de ideais e corações do povo
principal
ãeve ser folhetos,
uma lida uma contenda travada por jornais,
política,
rádio, ao
pelos membros do conselho municipal, e mediante promessas
Povo de um futuro melhor.

Uma vez feita e êle esteja voltado contra


a conquista' do povo que já
o inimigo, se entregue à de
dá-se então que êle nao prática
proteção, para
ataques A maneira se
perversos e vingança contra o inimigo. por que
possa evitar os Comunistas ^talvez sei*
o encontro do povo com poderá
melhor britânico na
determinada condições locais. O processo
pelas
Malaia do
já foi citado. Uma tal mudança ou concentração populacho
pode muito bem a uma do assunto, muito particularmen-
responder parte
te uma milícia bem adestrada
quando fôr aplicada em combinada com
parte
°u oficiais de colhidos pelas vilas.
polícia
A teoria seguinte, de destruir as Unheis inimigas de cobertura
será a
externa. lugar êsses
Os devem estar recebendo de algum
guerrilheiros
carihões "arrotos";
brilhantes, novos! e dão é preciso descobrir como
que
estão êles entrando no e um final nisso. Todo esforço
país, pôr ponto
deverá
ser feito complicar a logística inimiga. De par com a parada
para
«o contrabando ininterrupta tem ser
nas fronteiras, uma campanha que
travada
contra o abastecimento interno dos guerrilheiros. Os vários
Processos destruição de roçados da safra encon-
que podem ajudar são:
134 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

trados na mata; escrituração perfeita e levantamento de toda a colheita


normal de alimentos; insistência para que todo guerrilheiro que se render
traga consigo o armamento (a recompensa pecunitária e imediata ajuda
algumas vezes), e a revista minuciosa do campo de combate, para evitar
que nenhum equipamento útil venha a cair em mãos inimigas.
Em seguida, é preciso encontrar-se um processo para destruir a mo-
bilidade do inimigo. Trataremos mais adiante da população, documenta-
ção e controle de viagem, que são simplesmente o início desta campanha.
A noite é a proteção natural da luta dos guerrilheiros, sendo, pois, o
tempo em que os contraguerrilheiros têm que preparar as armadilhas com
iscas para a caçada do inimigo. Trilhas ou rastos e picadas devem ser
preparadas para emboscadas. As zonas suspeitas são patrulhadas. Engen-
dram-se armadilhas para atraírem o inimigo,' tais como depósitos de ar-
mamento aparentemente desprotegidos. Os indicadores infravermelhos de
alvos móveis fazem investigações na escuridão. As patrulhas devem
levar cães, quando fôr possível. Seja 'como fôr, e não importa o meio
empregado, o terreno deve ser controlado todas as noites. É bom que
o grosso da tropa de contraguerrilheiros deva descansar e ter licença
de dormir durante o dia, para que possa ser utilizada nas caçadas durante
a noite.
Sobre o que dissemos, surge uma idéia básica com referência à
teoria geral da campanha dos contraguerrilheiros. Queremos nos referir
ao emprego do método da "Carrot and' Stick", tão aplicado para provocar
a marcha de burros lerdos. Consiste em usar uma cenoura tentadora à
frente da cabeça do animal, mas fora de seu alcance, para que a possa
comer apenas com os olhos, e a outra parte, a stick, um grande vergalho
estalando na anca do burro. Tanto a cenoura como o vergalho pode falhar,
se forem usados isoladamente, mas, se utilizados conjuntamente, produzem
maravilhas.
No caso da luta de guerrilheiros, a "<cenoura" representa a concessão
política, a redistribuição das terras, as promessas de melhor educação, e
outras aspirações políticas do povo. O chicote (stick) é a contraguerri-
lha militar, inpondo ao povo aceitação do bom futuro prometido pelos
políticos, provando que os guerrilheiros podem ser e serão, derrotados, e
controlando eficientemente o país. Eis o sistema que tem funcionado toda
vez que o Ocidente tem derrotado os guerrilheiros comunistas.

Ai Tática Geral de Contraguerrilha

Basta de teoria. Encarêmo-la apenas no modo de aplicá-la de ma-


neira concreta. Primeiro que tudo, exatamente sobre: como julgam que
nós venceremos o povo? É certo esperar-se que a força militar de con-
traguerrilheiros não entre na arena política, mas os militares precisam com-
preender a importância da luta política e auxiliá-la de qualquer maneira
que pareça viável. Um governo amigável desenvolverá, provavelmente,
um tal ataque político com o auxílio da orientação do U. S. Depart-
Revista de Revistas 135

TOent of State... ou, mesmo que não haja governo amigável. Contudo,
seja qual fôr a fonte da "munição" política, as armas serão, provàvelmen-
íe, um tanto semelhantes. Basicamente, será uma plataforma política des-
tinada a remover as fontes de descontentamento popular e cortar pela
raiz as promessas do inimigo comunista. É melhor apresentar essa pia-
taforma antes que o inimigo ganhe muito êxito e venha a alegar que
as "concessões, são uma demonstração de fraqueza".
Os itens desta plataforma política de antiguerrilheiros podem incluir
disposições sobre maior autonomia de governo pelo povo; um plano sobre
redistribuição de terras, reformas legislativas, melhor educação, legislação
social ou mesmo apelos emotivos. A Rússia foi dominada inteiramente

pelo movimento comunista de 1917-18, mediante a seguinte promessa:
"Terra e liberdade para o
para os camponeses, fábricas para os operários,
povo!".
Outros expedientes eficazes contra os guerrilheiros comunistas encon-
tram-se nas propostas de anistia para os guerrilheiros desertores do par-
tido (o que é eficacíssimo depois de bons resultados contra o inimigo)
•e prêmios oferecidos aos mesmos. Na guerra filipina contra os Hukba-
lahps em 1947-52, o presidente Magsaysay conseguiu bons resultados
seduzindo os inimigos Huks para se retirar das montanhas sob promessa
de anistia e terra livre a cada desertor que se rendesse com o armamento
(em muitos casos de guerrilheiros, o armamento é mais importante do que
o próprio guerrilheiro, e precisa ser sempre exigida, mais do que qualquer
outra condição, numa anistia oti condições de recompensa). Não devemos
esperar que os resultados da guerra política surjam da noite para o dia.
Ê caso que leva tempo e precisa ser nutrido e incubado como um pintinho.
A guerra política apresentará efeitos melhores quando é acentuada pela
punição dos guerrilheiros no campo de combate.
A destruição permanente, mediante uma força efetiva de contraguer-
Tilheiro no terreno, é na verdade suficientemente má, sob o ponto de vista
do inimigo, pois, podendo êle escapar facilmente! dessa situação miserável
também uma recom-
por meio de uma rendição honrosa... e receber
da defecção tornar-se-á duplamente convidativo. O
pensa... o preço
-efeito geral sobre a população — é claro — é muito favorável. Quando
o governo promete quase tudo o que o povo necessita realmente, sem ter
seu golpe. Os co-
que lutar por isso (a propaganda comunista perderá
-munistas, nesse caso, terão que recorrer ao terror e ameaças que, final-
mente, nesse caso, terão reação.
Embora os militares possam não participar, da determinação das
reformas políticas, será bom que tomem parte na disseminação da nova
lolítica governamental. Uma tal disseminação nada mais é que uma com-
"povo
binação de um bom programa de para povo" e de guerra psico-
lógica. A guerra política deve ser levada ao povo todo.. Cartazes devem
exibir-se pelas cidades, folhetos devem ser distribuídos de mão em mão,
-enviados pelo correio, ou jogados dos aviões. Os jornais, o rádio, a TV
•<se houver), as revistas, e todos os outros recursos de comunicação de-
136 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

iz , 7"y~>—t"tr--4g-/.*>T|^lflllll£

As forças de Castro numa demonstração de de tiro. Uma das


poder pri-
meíras providencias na tática contrária está em complicar a logística do
"Procura
inimigo. saber donde vem ela, e interrompei a fonte abastecedora,"
diz o autor.

"slogans",
vem ser utilizados. Boatos e qualquer outro da trama
processoi
ou cabala devem ser empregados. Se o povo não souber ler, há escolha
a
de dois recursos: — êle ser ensinado,
precisa ou ser atraído pela voz
do rádio.

No Japão, neste momento, um dos processos populares de distrair

o povo está no fcontador público de histórias, de escola em escola,


que,
de vila em vila, vai narrando histórias às crianças uma remuneração
por
muito módica. Muitos são acusados de receber comunistas,
gratificações
os quais preparam tudo em linhas anti-americanas e pro-comunistas.
Uma outra astúcia comunista, que nós precisamos aprender, consiste em
"presentear
rádios, doados à cidade ou povoado, num de amizade
gesto
"Great
por parte da Socialist Motherland". Os rádios, é claro, estão

preparados para só receberem uma estação... a comunista.

É desneicessário dizer-se que tôda a tropa deve ser muito doutrinada

na técnica da política de guerra, e muito familiarizada com a parte que


lhe cabe nesta guerra. O grau de relação entre as tropas de contraguer-
rilheiros "programa
e a população é crítica, e impõe um bomi de povo para

povo", para demonstrar a êste último que o está ao seu lado e


governo
tratando de defendê-lo contra os inimigos estrangeiros dominantes". Se

a tropa fôr americana, é preciso então fazermos distinção clara entre os


"bc^is" "maus"
e os estrangeiros. O inimigo precisa ser sempre descrito
Revista de Revistas 13T

com os
piores termos (assassinos, raptores, ladrões, traidores do povo,
•tec), ao "amigos do mun-
passo que os "bons camaradas" são sempre os
do democrata", "os salvadores do republicano, e assim por diante.
governo
Qualquer seção eleitoral numa cidade americana pode dar conselhos sôbre
esta maneira de combater. Os comandantes militares tendem a consi-
derar as
partidas de "baseball" com os nativos, e as contribuições para
jogos infantis, como um assunto secundário em relação à missãoi de com-
bater Comunistas; o
que é perfeitamente compreensível. Examinemos, pois,
Uni assunto mais militar: — o treinamento dos militares locais antico-
"lunistas e das forças equiparadas. O maior potencial de força guerri-
'heira em
qualquer país e o do próprio país. Na Revolução Americana,
as Forças Legalistas americanas ao serviço de Cornwallis e outros co-
Mandantes britânicos mais atrozes
(particularmente no sul) foram as
- eficientes república. B por que isso? Eles
que se opuseram à jovem
conheciam o do estrangeiro se julgaria
país e o povo melhor que qualquer
conhecedor. Por tal motivo, uma força anti-comunista local precisa ter
Prioridade no treinamento, no abastecimiento, e em qualquer outro am-
Paro necessário.
"solução esco-
Os militares indígenas, porérfi, formam uma parte da
Iar"; sendo a outra constituída
pelas demais forças equiparadas que aper-
feiçoadas, milicianos, da polícia
podem ser procedentes da polícia, dos
«Ural. Seja qual fôr ela, e seja qual fôr seu nome; seja "His Majesty's
Royal Boy Scouts" ou "Armed Ladies Auxiliary", nós necessitamos de
todas elas. Elas preencherão as lacunas nos campos, nas vilas remotas
ou nos povoados vivendo entre o povo e a força convencional militar.
Servirão de ouvidos e olhos dos militares, e seus elementos serão os
"scouts"
das forças regulares, e tropa sempre presente, sempre pronta.
Deverão ser expurgados cuidadosamente dos agentes _ inimigos, ser trei-
nados e bem armados. Necessitam de boas comunicações.
Suas forças são normalmente reforçadas com NCOs, (non-comissio-
ried officers), sub-oficiais do exército regular e oficiais. A técnica co-
munista cubana na formação da milícia é uni bom exemplo do modo por
que isso pode ser preparado. Não sejamos tímidos ou dissimulados no
Provimento e organização de um sistema de oficial político numa tal orga-
nização. A cooperação entre uma tal força equiparada e as forças con-
vei*icionais precisa ser íntima e rápida.
A organização é um fator importante na contraguerrilha. Todo país
atacado deve ser cuidadosamente dividido em zonas militares, cada uma
tendo comando local e seu estado-maior. Cada zona precisa sub-dividir-
-se
geograficamente, de modo que se estabeleça uma responsabilidade
definida, e que cada comando se torne perfeito conhecedor do seu setor,
terreno, clima, pessoas... e guerrilheiros. As forças dividir-se-ão em uni-
dades de treinamento, unidades de alerta, de folga e de reserva.
A comunicação precisa ser rápida e segura. A reação rápida deve ser
assegurada contra toda e qualquer atividade inimiga. As reservas neces-
sitam de capacidade bastante para se deslocarem velozmente para qual-
138 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

quer área ameaçada. Quando a distância ou dificuldade do terreno apa-


recerem ( o que é usual) os helicópteros e a entrega de reservas de para-
quedistas, por meio deles, poderá ser bastante eficaz. Em qualquer caso, o
aeroporto precisa estar sempre preparado e acessível. Uma reação rápida
significa mobilidade e é uma «condição para o êxito militar contra os
guerrilheiros.

Segurança

O combate contra guerrilheiros é uma guerra de natureza desmorali-


zadora. Q. inimigo está por toda parte, silencioso e invisível, atirando e
-desaparecendo pelas montanhas, matas ou selva. Parece que êle está
a par de tudo a nosso respeito, ao passo que nós não sabemos nunca onde
e quando êle atacará. Seus agentes encontram-se por toda parte. Os
.bandos guerrilheiros somem-se das armadilhas bem preparadas contra eles,
e vão atacar novamente, pelos nossos flancos ou retaguarda. É uma de-
testável campanha frustradora^na qual o inimigo leva vantagem... ou pa-
rece levá-la. Em conseqüência disso, a segurança tem importância vital;
sem ela, a campanha dos contraguerrilheiros nunca deixará o terreno
em que estiver.
Primeiro que tudo, a força de contraguerrilheiros servirá de muitos
alvos fixos para o inimigo, o que se não poderá evitar. Haverá os
quartéis generais, postos de comando, depósitos provisórios de munição,
quartéis, recursos de docagem, parques de caminhões, estradas de ferro
<e de rodagem, sendo então necessário o provimento de qualquer natureza
-de segurança adequada para tais alvos fixos. É
preciso um planejamento
•cuidadoso que proporcione qualquer espécie de segurança,
que se adapte
perfeitamente à proteção daqueles alvos fixos, mas que ela mereça con-
fiança. A concentração de recursos em um conjunto facilmente guardado
poderá ou não ser possível, quando as forças de contraguerrilheiros alcham-
-se disseminadas por todo o país. Em todos os casos, a tradicional sen-
tinela militar, caminhando para um lado e para outro, e preparada para
bradar, " Quem vem lá ? Alto! ou para repetir e transmitir as ordens
gerais ao substituto, que o vier render no serviço, já está definitivamente
abolida. Os arames farpados, não só nas rampas mas também nas redes
Brum, os reveladores infra-vermelhos, os arames de travessia na passa-
:gem e estratagemas para apanhar o inimigo desacautelado (boby-traps),
cães sentinelas, holofotes e sentinelas ocultas por edifícios, em casas
ou locais de emboscada... são as medidas de segurança que mais se
prestam para a defesa contra guerrilheiros. t
Todos os planos de operações devem ser cuidadosamente guardados.
Se necessário, apenas o comandante e seu estado-maior devem conhecer
as operações que estão sendo planejadas, ou estão pendentes. Nenhum
pessoal indígena deve esr empregado como datilografo, telefonista, etc.
nos quartéis generais. Os criados devem ser evitados, como praga, e os
-cozinheiros e barbeiros ser considerados suspeitos.
Revista de Revistas 139

Uma das maiores fraquezas dos Americanos está no conversar de-


•masiadamente,
mas isso deve ser controlado por qualquer processo ne-
cessário numa ação de contraguerrilheiros. O pessoal empregado _ no
serviço de contra-informações secretas deve ser utilizado no grau máxi-
mo. Nas operações de .planejamento prévio, em cooperação com as forças
indígenas, deverão ser elaboradas e tomadas precauções de segurança,
do que as tropas
pois as forças indígenas tem mais casos de penetração
estrangeiras.
a'segurança de plane-
A segurança operacional é mais difícil do que
observáveis.
nejamento, porque envolve movimentos militares fà-cilmente
está no uso constante de
O único meio de se praticar essa segurança
nas operações enganadoras. A si-
cobertura imaginada ou inventada, e
as metralhadoras neste tipo da
mulação e o ardil são tão valiosos quanto
da operação deve, incluir um plano oculto e o d.ssi-
guerra. Todo plano
mulador para iludir ao inimigo.
a vitória de
Os jornais norte-americanos narraram recentemente
siames fez cor-
uma contraguerrilha no Sião (Vietnã) . O comandante
certa area Preparou-se para
rer o boato que êle iria em breve atacar uma
numa marcha clara na direção do
tal movimento, e começou a percorrer
rápida e| noturna, alterou o, rumo
alvo propalado. A seguir, em jornada,
** atacou noutra direção e, tendo apanhado o inimigo despreven.do, infll**
giu-lhe uma severa derrota.
e a decepção em ação e todo
É nisso que consistem a ocultação
movimento guerrilheiro deve ser envolvido por esta capa diss.muladora e
de boatos falsos, o fornecimento de mfor-
decepcionante. A divulgação
agentes inimigos, e a prat.ca de
mações "enganadoras" aos conhecidos
apoiar a ação enganadora, sao os processos
marchas militares que pareçam
•que devem ser empregados. Tais operações podem ser praticadas para
caso de um agente britânico
serem bem conhecidas no mundo. Houve o
¦que foi recrutado na Segunda Guerra Mundial e deixou-se dehberadamente
os ingleses que ele iria ceder ao fac.1
prender pelo inimigo, sabendo secreto. O plano se-
"cantar" o que sabia de altamente
interrogatório e
toda a informação confi-
creto transformou-se numa coisa, a saber, que
de informes falsos. Um tanto des-
dencial que êle conhecia não passava
fata.ressoou como autentico aos Alemães,
leal, não acham? Talvez, mas o
que foram iludidos por êle.
Allemby, lutando contra os
Na Primeira Guerra Mundial, o general
seus oficiais jogasse um volume
Turcos na Palestina, mandou que um de
"apreendido". Havia um plano falso assinado,
contendo instruções, que foi
'próprio As forças britânicas, em seguida,
diz a história, pelo general.
simularam "executar" o plano enganador, destinado a; confirmar as "sus-
Allenby atacou o "ponto
peitas inimigas". O combate foi curto, quando
errado. Estratagemas semelhantes e outros ardis serão os melhores ami-
conscientemente os comunistas irre-
gos dos guerrilheiros que combafem
.-gulares.
140 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Os contraguerrilheiros sentem-se por vezes muito desanimados no


ataque ao inimigo, que está em toda a.parte, e em nenhuma delas. A
lavadeira, o cocheiro de carro... e até mesmo a amiguinha poderá ser
seu inimigo mortal. Entre gente desconhecida e que fala língua ignorada,
o guerrilheiro sente-se isolado num ambiente hostil e sabe que poderá
encontrar a morte a cada passo. Segurança? Nunca a haverá perfeita para
o contraguerrilheiro. Não obstante, no contra-talão do livro de contas,
há muitos passos que podem ser tomados e que garantem o controle da
população.
O primeiro delas deve ser a documentação. Um amplo sistema na-
cional deve ser organizado o mais cedo possível. Cada cidadão deve ser
munido de um certificado de identidade contendo: (a) o nome por ex-
tenso, (b) local de nascimento e data do mesmo, (c) uma fotografia e
(d) ocupação e grau de instrução. O documento de identidade tem que
ser da confecção forte, revalidado por um oficial responsável, é difícil de
ser falsificado. Este último requisito costuma ser conseguido por meio
de um sinal complicado e um sistema numérico de registro, que garanti-
rá que duplicatas do documento acham-se arquivadas na repartição central
de registro. Tais documentos serão obrigatórios a todos os cidadãos, e
deverão ser exibidos em todas as estações de estradas, encruzilhadas,
postos da conferência, bilheterias, hotéis, e nosí demais locais especificados
pela polícia. Todo o pessoal em movimento será rigorosamente controla-
lado, e relatórios sôbre documentação serão requisitados pela polícia
central dos demais postos e dos outros pontos de verificação. A exe-
cução é difícil? Há muita burocracia? É claro! Entretanto todos os
"cortina de ferro" usam-no, aperfeiçoam-no por longa prática
países da
de policiamento interno, e acham-no muito eficaz. Se eles «podem prati-
cá-lo, nós também poderemos, com especialidade num só lugar, e por
um período curto.
Em combinação com a sólida documentação, o toque de recolher é
que os guerrilheiros movimentam-se e
quase obrigatório, pois é à noite"guerra
fazem suas caçadas. Durante a civil", na Grécia, contra os Co-
munistas, em 1948, a lei em Atenas determinava que qualquer pessoa
vista em movimenta na rua, depois de meia-noite, seria fuzilada. Talvez
que isso fosse demasiadamente tolerante, pois os limites de tempo come-
çam, e seria muito melhor, ao pôr do sol. O contra-guerrilheiro tem que
raciocinar e que acertar a ocasião e êle precisa considerar que o movi-
mento da população à noite é nulo, de modo que qualquer animação pode
ser identificada com a do inimigo.
Uma inspeção rigorosa é outra arma de contraguerrilheiros. Quando
se suspeitar de um domicílio, de uma zona, ou de uma pessoa, ou quando
em serviço rotineiro de verificação local, um bom serviço de inspeção
torna-se necessário. Examinam-se primeiramente os documentos, e interro-
gam-se as pessoas, devendo, de preferência, o serviço ser feito por fun-
cionários indígenas. A revista é então feita a mão, se fôr necessária;
mas, se possível, a "máquina": a máquina para achar armas é o loca-
Revista de Revistas 141

lizador esquadrinhar ou apresentar cuidadosa-


de minas comuns, que pode
mente cidade inteira, de maneira eficiente e sem
todo o povo de uma
ofender Ela examinar minuciosamente os do-
a moral das senhoras. pode
-mícílios. as moitas e as árvores e locais
e o terreno em volta das casas,

próximos.

nos montes de estéreo ou estrume,


Convém não esquecer de dar busca

nos e tudo mais que possa ferir


animais mortos, nos túmulos recentes

0 favoráveis dos
guerrilheiros. Se
olfato... todos são esconderijos
pois
"teams
o contrabando estradas, empregam-se os
de armas fizer-se pelas
com de estacionamento com pessoal de
o localizador de minas em postos
verificação. esses devem ser guardados por
Convém lembrar que postos
-sentinelas em desespero não possam
ou que os guerrilheiros
polícia, para
surpreendidos. É conveniente não
lutar abrir caminho forem
para quando
locais incertos; isto é, descendo e
esquecer das buscas de surpresa em
uma busca sistemática. Tais re-
isolando uma área, e fazendo a seguir
e apanham o inimigo freqüen-
vistas são muitas vêzes' bastante proveitosas
não, constituem um bom exercício
temente desprevenido e, mesmo que

para, os contraguerrilheiros.
ser com a coordena-
Um capaz de revista deve preparado
programa
secreta. po ícia, pesso
das do serviço de informação
Ção organizações
ou militares, que ocupam posiçoes
civil e militar. Todas as civis
pessoas,
mais as trabalham ou vivem em
importantes ou de responsabilildade, que

•escritórios responsáveis, devem ter prioridade


ou instalações as torne
que
nos interrogatórios.
normal do serviço de contra-informa-
É o único acréscimo da função

duma ameaça caracterizada, grandemente pe-


Ção secreta para se defender

rigosa, de novidade o oficial profissional.


e que nada tem para

Informação Secreta

tem sido até este ponto tratada


A guerra de contraguerrilheiros
As até aqui detalhadas nada
de um modo um tanto negativo. providências
- a açao efici-
mais são do um trabalho preliminar preliminar quante*
que
Antes êle possa ser destruído, é
ente contra o que
próprio guerrilheiro.
à baila o fator importante do serviço de
prqciso encontrá-lo, e isso traz

informação Sem conhecermos quem é o inimi-


secreta contra guerrilheiros.
dificílimo tentarmos exterminá-lo. Todos
£o, e onde êle está, é geralmente
os aqui contribuirão para prepaiar o quadro
processos citados prèviamente
— um amigo, uni sistema
de serviço de informações secretas: povo pre-

liminar de força militar equiparada, uma eficiente força


bem organizado

armada bandeados de partidos, e um sistema de


indígena, guerrilheiros
Tais condições darão elementos informati\os, mas
acgurança bem traçado.

não satisfatórios si sós, e as forças de contraguerrilheiros precisam


por
considerá-los apenas como a base do serviço informativo eficaz.
produtora

O reconhecimento ó ainda um dos melhores processos para a reunião

<le informações secretas. dizer, com isso, a soma de trabalhos:


Queremos
142 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

reconhecimentos fixos feitos a pé, de automóvel, pelo ar, eletrônicos, in-


fra-vermelhos, com cães ou por qualquer outro processo que se apresentar.
O reconhecimento parado, conforme é usado aqui, implica um sistema; de
postos de observação. Um tal sistema permite que se vigie visualmente
uma fronteira, uma região pantanosa ou montanhosa que contenha um
reduto de guerrilheiros, ou mantenha animais de aluguel em entronca-
mentos ou rotas de comunicação. Um' reconhecimento fixo presta-se para
posto de verificação, patrulhamento ou emboscada, ao longo de uma
linha férrea, e até para, uma sentinela, numa torre de observação, mano-
brando um holofote. Serve para tudo.
O patrulhamento a pé, com especialidade reforçado por cães, será
um dos meios mais eficazes para proteger o campo durante a noite. Tais
patrulhamentos, de contingente de tiro e do tamanhd dum; pelotão, devem
seguir toda noite para as matas e montanhas, fazendo perigar o movimento
ou concentração dos guerrilheiros. Todos os contingentes de reconheci-
mento devem ter boas comunicações, para bem informarem sobre o ini-
migo e reunir reforços. A patrulha a pé verificará ,os povoados e vilas
com freqüência e regularidade, dando a entender ao povo, que está vigi-
Jante, que protege as autoridades e, é de esperar, os guerrilheiros também.
O patrulhamento motorizado pode ter alguma utilidade nas contra-
guerrilhas, mas, francamente, é difícil esperar-se dele qualquer resultado-

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Os prisioneiros são valiosos na guerra de propaganda contra os guerrilhei-


ros. Eles fornecem os nomes de seus chefes comunistas populares dirigen--
tes. Esta informação permite que os psicólogos e técnicos na arte da gucr-
ra lancem suas mensagens diretamente sobre os bandos visados.
Revista de Revistas 14S

dos guer-
prático, que não seja a perda de veículos, causada pelas minas
rilheiros e a frustração do transporte motorizado dos oficiais (que ficam
bastante prejudicados). Talvez que uma diminuta impressão possa ser
causada sobre a população indígena pela fumaça da gasolina e pelo baru-
lho terrível da descarga do motor.
aéreos na-
Muitos oficiais incluirão sem dúvida os reconhecimentos
sustentando que os guerrilheiros nao se ex-
quela mesma categoria,
serem notados por
porão à luz do dia numa formação regional, para
nossos observadores. Contudo, a ciência moderna tem avançado muito
nestes poucos anos, e o avião já tem certas substanciais vantagens que
sobrevoando a re-
podem ser utilizadas. Os aviões de reconhecimento,
todos os movimentos suspeitos
gião com observadores que esquadrinhem
ou qualquer vestígio disso, impedirão as manobras inimigas, durante o
dia. A fotografia descobrirá, muitas vezes, sinais de atividade que se
tornem de impossível localização, quando a operação é feita do solo. A
noite, o avião, equipado com auxílios eletrônicos e local_zadores de alvo
móvel apontará as manobras dos mínimos grupamentos, ou de pessoas que
se julguem protegidas, com segurança, pela noite. Um outro bom emprego
do avião é o de investigação de comunicações; que consiste em apanhar os
fontes
sinais cifrados dos agentes ocultos, dos informantes ou de outras
regiões dos guerrilheiros - muito
informativas do serviço secreto nas
onde as comunicações sao difíceis.
particularmente em países primitivos
Melhor que tudo o avião pode cobrir uma área imensa em comparação
com o que pode ser feito num patrulhamento a pé... Assim sendo, use-
mo-lo, quado pudermos.
de partido são elementos
Os prisioneiros e as pessoas que mudam
valiosos em qualquer espécie de guerra; motivo por que devem ser feitos
de atraí-los. Além de indicações1 claras sobre
grandes esforços no sentido
sua organização, força, equipamento e seus planos, os
posições inimigas,
nossa guerra psicológica,
prisioneiros poderão fornecer informações para
impopula-
como sejam sobre o moral, nomes de chefes, oficiais e políticos
os "guerreiros lancem
res e outros tantos. Isso permite que psicológicos"
diretamente a propaganda sobre cada grupo ou grupos inimigos, din-
instigando neles a desconfiança e
gindo-se a cada elemento por seu nome,
a discórdia, rebaixando o moral inimigo e chamando a atenção para sua
"luta sem esperança", para a "caçada desesperada" de sua vida, para o
"demônio estrangeiro, etc.
A mais formidável ameaça de informação secreta às organizações
congêneres, e a mais temida pelos chefes guerrilheiros, é a penetração.
Por sua própria natureza, o guerrilheiro está em todo o momento exposto
às nossas tentativas de penetração, pois êle necessita sempre recrutar
isso dizer que o contra-
gente para seu seio. Fundamentalmente, quer
-guerrilheiro pode esquadrinhar uma zona, recrutar secretamente e trei-
nar um agente e utilizá-lo para nossa informação. Excusado é dizer-se
ser praticado por profissionais. A
que.isso é um tanto arriscado e só pode
informação secreta do contraguerrilheiro é serviço profissional, e so pra-
144 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ticado em campanha de penetração. É o melhor método isolado para a

obtenção de informações sôbre o inimigo.

Na Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial, o serviço contra-


• informativo da Alemanha teve lutar contra o serviço secreto ho-
que
landes. Seus agentes não só penetraram na resistência dos guerrilheiros

com um delegado (que era aparentemente impulsionado por uma devoção

anormal à bebida e às mulheres), como procuraram também matar os rivais

dêle no bando, para fazerem-no o caudilho dos guerreiros. Protcuraram

depois preparar sua reputação apresentando-o ao povo como um herói.

Êle foi capturado várias vezes com 03 companheiros (que eram fuzilados)
"salvava-se"
mas miraculosamente, e mais herói que nunca. Foi isso

o exemplo clássico da operação de penetração A preocupação principal


no caso deve ser sempre a de proteger o agente. Êle precisa não ter

nunca um histórico a favor do Ocidente, "estra-


ser visto sempre com
nhos" ou aparentar ter, outras ligações comprometedoras.

A modalidade de operação de penetração, é a mais simples: é a rêde


•de informações. Esta ser cuidadosamente com inteli-
precisa preparada
e constituir-se numa malha rigidamente disciplinada todo
gência, por
o país, uma malha que alcance todas as facetas da vida, todas as organi-

zações, todos os escaninhos do terreno, todas as aldeias. Esta rêde for-

necerá uma grande soma de informação relevante, valiosa, sôbre atividades

e manobras secretas.

Ela deve entrosar com outras agências colhedoras de informações,

para que não escape um único detalhe.

A intercepção de informações é também uma fonte valiosa.

A correspondência postal, telefones, rádios freqüência, e as linhas de

teletrpo precisam ser censurados, acobertada ou abertamente, asse-


para

gurar que todas as informações sôbre comunicações sejam aproveitadas e

devidamente analisadas.

Táticas de Campo do Contra-guerrilheiro

Êste estudo foi deixado para o final, e o motivo disso foi o de

acentuar os factôres que estivaram em dissertação, a


querermos
saber: características das guerrilhas, tática do guerrilheiro comunista,

teoria geral da luta de contraguerrilheiros; tática (em geral), e segurança

e informações secretas. Se as idéias expandidas acima não forem bem

compreendidas pelo comandante contra-guerrüheiro, êle provàvelmente per-


derá seja qual fôr a tática de campo que empregar. Entretanto, se êle

compreender e manejar todas as idéias aqui discutidas, provàvelmente


vencerá, embora a tática seja má. Estranho quanto possa aparecer, a

tática tem sempre ocupado um lugar um tanto na retaguarda entre os

fatores políticos, psicológicos e serviço secreto nas guerrilhas que têm

sido vencidas. Examinemos o plano de fundo da guerra civil na Grécia em

1948, a derrota de Magsaysay dos Hucks, em 1951-52. Tôdas foram ven-

cidas somente quando foi aplicada a combinação completa das técnicas.


"cenoura-chicote"
A teoria da demonstrou ser a de solução mais acertada.
Revista de Revistas 145

A tática militar de campanha contra os guerrilheiros nãd é desusada


absolutamente, o esclarecimento e O patrulhamento não diferem muito dos
-das operações convencionais. Há apenas algumas variantes, é claro. Nas
lutas contra inimigo à paisana, é algumas vezes mais sábio vestir tam-
bém a tropa regular (indígena) com traje civil, bem como quando estiver
em patrulhamento.A principal diferença nas operações em contraguerri-
lhas está em que a frente não é uma linha defrontando outra linha de
frente. Ela está em toda parte. Um bom sistema de informações fornece-
rá prontas partes, porém, sobre os movimentos e atividades do inimigo.
O ardil consiste em explorar tudo com surpresa, massa, mobilidade, e
manobra. Numa contraguerrilha, isso tomará a forma de desenvolvimento
em muitos destacamentos pequenos, que exelcutarão operações constantes
de patrulhamento agressivo, nas zonas de sua responsabilidade. Depois que
o inimigo é encontrado, a reação deve ser feita primeiramente pelas re-
servas locais e suas tropas equiparadas, e, em seguida, pelas reservas de
prontidão. Uma vez achado, o inimigo deve ser cercado e aniquilado.
A tropa precisa ter mobilidade para cercar o inimigo antes que êle es-
¦cape. Isso não é fácil, conforme qualquer contraguerrilheiro vaqueano
movimentos rápidos
pode verificar, e precisa ser efetuado por meio de
no terreno, pôr helicópteros e paraquedistas. Grandes corpos de tropas
serão empregados contra punhados de guerrilheiros na maioria dos casos,
mas o inimigo precisa ser cercado de forma que a rede deve ser absoluta-
mente apertada.
Sendo alcançada essa fase de operação, há dois meios clássicos para
a destruição do inimigo. Um deles consiste num cerco de aperto cons-
tante, e o outro resume-se em empurrar os guerrilheiros contra um obs-
táculó ou linha de defesa mantida por outras tropas. Os dois recursos
são fundamentalmente semelhantes. Ambos vencerão ou perderão, depen-
dendo, tudo, do grau de cerco e do grau de vencida do mesmo. Uma
vez que o inimigo esteja bem cercado, o contra-guerrilheiro em comando
avança vagarosamente, para a destruição final, para não permitir que o
adversário escape, precipitada ou confusamente. Em tais avanços violentos,
as armas usuais são eficazes, desde o fuzil aos carros de combate e arti-
lharia, tudo dependendo do terreno e da situação. Quando o comando
contra-guerrilheiro já tiver recorrido à surpresa e avançado, é tempo
— a massa. Antes desse avanço
então de usar este outro princípio:
violento, porém, é útil intensificar o ataque psicológico contra q inimigo,
"po-
apanhado no laço, usando folhetos e alto-falantes, salientando-lhe a
sição deseperadora" e propondo-lhe qualquer promessa de clemência que
"oferecer-lhe" a vida, agora
tenha sido autorizada, bem como que a morte
se oproxima. É isso um visgo eficaz nesta ocasião, e produzirá provável-
mente o abaixamento do moral dos guerrilheiros encurralados, o que
mais
poderá causar seu abatimento de disciplina e, finalmente, produzir
alguns ou muitos prisioneiros, cada um deles salvando uma ou mais vidas
das tropas de contra-guerrilheiros. O contra-guerrilheiro nada perderá
• e muito lucrará com um tal ataque psicológico.
146 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

O final de um bando de contraguerrilheiros enlaçados é quase'sempre


o mesmo: — uma série de tiroteios rápidos, enquanto êle fôr sendo
impelido para seu último reduto, e serviço de limpeza, depois que a
superioridade campleta de homens e poder de tiro o reduza a pedaços.
A tarefa, porém, não está concluída para o comandante contra-guerri-
lheiro. Após destroçar o bando, êle tem duas responsabilidades imediatas:
r.a — limpar o campo de combate com muito cuidado para descobrir
todo o equipamento inimigo e os poucos inimigos restantes que possam-
estar ocultos em cavidades, em buracos nos troncos de árvores etc. ;
2.a — depois que a área de combate estiver completamente varrida,
fazer regressar a tropa à posição normal de reserva, tão breve quanto
possível; o que é importante para que outros bandos de guerrilheiros não-
se aproveitem da ocasião para um ataque em qualquer outro local, supondo
que as forças de contra-guerrilhêiros estejam ocupadas no momento.
Havendo certas seções da zona que se prestam para redutos de-
guerrilheiros, tais como morros, pântanos ou selvas, essas devem ser preci-
samente alvos para cercos. Castro cercou todas as regiões de Cuba com o-
fim de cortar as comunicações dos guerrilheiros inimigos com todo o país.
Tal tática, porém, precisa ser considerada apenas como um prelúdio:
para um bem organizado serviço de limpeza. Se todo o país tiver selva,
mostanhas ou pântanos, o comando contra-guerrilheiro terá simplesmente
que varrer seção pon seção, sem considerar as características do terreno,
a menos que, ou até que, seu serviço de informações possa localizar
os limites precisos das áreas dos guerrilheiros.
As incursões contraguerrilheiras seguem normalmente as mesmas
normas das maiores varreduras: informação, cerco rápido varredura,,
faxina completa de limpeza de terreno. A diferença reside apenas em tudo
ser feito em escala menor. Com tropa de paraquedistas e outras, trans-
portadas em helicópteros, as incursões podem ser empregadas até contra-
alvos distantes e que pareçam inacessíveis.
Se ficar evidente que os guerilheiros estão se utilizando de atalhos,,
caminhos ou estradas, as emboscadas empregam-se com bom resultado.
Em tais casos, o comandante contra-guerrilheiro precisa movimentar-se-
sorrateiramente, com força mental criadora, agressividade e ousadia.

Conclusão

Tudo quando foi escrito, podemos dizer, abrange a dissertação e am-


pliação das noções seguintes:
"carrot-and-stick
(i) ação combinada da teoria político-militar (da
cenoura e chicote) ;
(2) natureza política da guerrilha;
(3) reação política necessária, sob a forma de plataforma para
vencer o povo e negar ataque político ao inimigo;
(4) importância da organização: — do país, das forças indígenas e
forças militares equiparadas;
Revista de Revistas 147

de reduzir a mobilidade dos guerrilheiros e contro-


(5) necessidade
ladores do país:
e técnica de segurança, proteção, decepção e ardil;
(6) importância
do corte do suprimento ao guerrilheiro, recebido
(7) importância
do exterior;

da anulação do serviço de informação secreta e


(8) importância

de suas várias aplicações contra os guerrilheiros;

incursão, emboscada, cerco e varredura no campo


(9) o uso tático de

de batalha.

Não há tipo mais difícil de campanha do que a praticada contra

guerrilheiros mesmo todos os recursos aqui tratados viessem a


e, que
Ser executados, a argúcia do comandante mais versado
ela desafiará
sobre o assunto.

A maior dos militares oficiais americanos ainda não gozou


parte
0 dúbio combater numa campanha de contraguerrilheiros, e
prazer de
esperamos No caso, porém, de os Estados
nunca êles o tenham.
que
Unidos futuras de contraguerrilheiros, augu-
envolverem-se em guerras
ramos e todos os do Mundo Livre, dediquem-
que os oficiais americanos
-se êste assunto. o leitor concorde ou não
ao estudo e pensem sôbre Quer
como aqui, esperamos que isso desperte algum rebate
que foi escrito
útil e mei itação sôbre o assunto.

"U. Institute Proceedings", de julho de 1962


Do S. Naval

Tradução de A. de Azevedo Lima

C. F. Reformado.

EM ÁGUAS RESTRITAS
OPERAÇÕES

Beebe, Captain, U.S. Navy (Retmd)


Por Robert P.

navais em águas restritas — regiões


As operações
cobertas de água em que é possível o uso de em-

barcações miúdas para a realização de algumas


essenciais — tem uma história tão velha
missões
o próprio uso do mar pelo homem. Não
quanto
é difícil conceber-se e formar-se na visão a pri-
operação desta natureza — um tronco de
meira
árvore, transformado em canoa remada e seguin-
do silenciosamente, costa abaixo; a súbita arre-
metida sôbre um inimigo desprevenido. A seguir,
a retirada em segurança oferecida pela água, e
e regresso triunfal à base da sede, trazendo-se

nos ares as cabeças comprovantes da matança.

mais avançado estudioso de tática naval nos nossos dias, imerso


O

em forcas atacantes < e grupos de reabastecimento logístico,


porta-aviões,
148 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

teleguiados e tática anti-submarino, está apto para esquecer os golpes fortes

desferidos contra um inimigo, ipela maneira descrita nós, ainda


por
fazem parte de sua tarefa, caso isso possa ser feito proveitosamente

para a operação geral. (Hoje, contudo, um número reduzido de prisio-


"cabeças").
neiros seria mais aceitável por um almirante do que Para uni

estudante da arte da naval, medite sôbre os métodos e a


guerra que
tática, não só para enfrentar, mas também destruir a ameaça comunista,

está inteiramente manifesto que a marinha de guerra dos E.E.U.U. está

tão com as nossas operações no mar (blue water), partidas


preocupada
da idéia do nosso êxito máximo na guerra; passada, que as possibilidades
de outros métodos de aproximação estão sendo desprezadas. Sem procu-
rarmos insistir no assunto provando que uma tal atitude é automàtitamen-

te suspeita porque demonstra resaibo da crítica padrão da história mi-


— "planejamento
litar para o combate na guerra próxima, como na

última" —, a história claramente uma tal estreita


própria prova que
opinião é errônea.

A discussão deste assunto com outros oficiais é uma prática desa-

nimadora. Muitos dêles confundem o assunto com a guerra anfíbia.

Isso é um esforço em água restrita, não resta dúvida, mas à execução das

invasões anfíbias têm-se tornado uma arte tão séria em si mesma, que
"operações "ou"
os têrmos em águas restritas operações no interior do
'passaram
litoral a ser usadas para significarem tôdas as operações que
não sejam a base de assaltos anfíbios. As expressões incluem, de facto,

muitos pontos de contâcto com o litoral, entre os quais figuram incur-

sões e operações clandestinas. Raramente os oficiais da Marinha de Guer-

ra Estado-Unidense estão familiarizados com o que tenha sido feito no

campo das operações em águas restritas, ou têm gastado tempo em con-

siderar se êsse tirocínio poderá ser útil futuramente. Precisamos, inicial-

mente, fazer uma síntese de pontos de significação importante


portanto,
da história das operações no interior do território, parai servir dei início

às considerações sôbre o assunto que tentaremos expor.

Na de 1812, por exemplo, contrariando a opinião geral, nosso


guerra
maior desenlace feliz em combate foi alcançado em regiões lacustres.
"Guerra a 'contribuição naval efetuou-se nos rios
Na Civil", quase tôda

ou em bloqueio cerrado do litoral. Nessa campanha, está agora eviden-


"pé
ciado que a Marinha de Guerra não iniciou com o direito" o bloqueio

do Sul. Até que ela conseguisse navios capazes de cerrar o bloqueio e

seguir rio acima- para acompanhar de perto sua prêsa até onde fosse

chegar, a situação manteve-se a mesma, conforme declarou o


possível
cônsul britânico em Savannah, em carta que endereçou a seus chefes:
"...
além de serem pouquíssimos ... osi navios do govêrno norte-ameri-

cano parecem ser de grande tonelagem para os fins a que se destinam.

Dessa forma, êles não podem impedir as saídas oui as aproximações".

Todos aquêles que ignoram a história, repeti-la-ão fatalmente. Convém

que apontemos tais factos. Havia abundância de experiência do passado,


em nosso país, capaz de comprovar que as forças da União deveriam
Revista de Revistas 149

cumprir uma' tarefa condigna. O contraste entre a tática naval britânica


durante a Revolução e durante a guerra de 1812 é notável. Durante a
Revolução, o bloqueio havido consistiu em grande parte na manutenção
de navios de grande porte ao largo, e empenhados numa caça aos navios
mercantes; técnica, essa, que permitia a escapula de muito comértcio.
Em 1812, ao contrário, embora nossas- forças navais parecessem estar
Planejando contrariar a mesma tática do período revolucionário, a es-
quadra britânica apresentou um método de contacto completamente novo.
Os navios de grande porte continuavam ao largo, conforme se adotava
anteriormente, mas, sob a cobertura dos mesmos, enxames de embaricações
miúdas hostilizavam o litoral e deixavam inseguros os saveiros de co-
mércio dos agricultores em qualquer ponto da costa do Atlântico. O
efeito devastador de uma tal campanha, naquela data de dependência
do transporte sôbre água dos principais artigos de comércio, deixou a
"nascente"
América do Norte em pior situação do que a admitida pela
nossa história clássica.
Aliás, a própria Inglaterra aprendeu esta lição de maneirai difícil. A
Preeminêncfa de sua marinha de mar-alto culminou na batalha de Tra-
fálgar e deixou-a sem adversário à vista. Até os britânicos mudaram
de tática e levaram a força terrestre para o interior do território contra
Napoleão, a Marinha tinha literalmente pouco que fazer. Foram essas
campanhas terrestres, e particularmente as solicitações peremptórias do
Duque de Wallington, durante sua Campanha Peninsular, que orientaram a
"Royal
Navy" no sentido' da guerra anfíbia e para o conceito da operação
em águas restritas. Esse aperfeiçoamento foi recebido com notável falta
de entusiasmo pela maioria dos oficiais britânicos. Contudo, eles o
puseram em prática, vagarosa e relutantemente, e levaram, diretamente,
o poder dos navios contra o território, apressando assim a derrocada
de Napoleão.
Foi essa tática, embora imperfeita, a que manteve com firmeza os
britânicos em 1812, quando eles a aplicaram num teatro de operações
muito melhor adptàdo ao seu uso do que o litoral tempestuoso e cheio de
navios naufragados da baía de Biscaia. É também digno de nota saber-se
que esta, tática de interdição com a terra causou surpresa e espanto nos
círculos navais americanos.
Na Primeira Guerra Mundial, os exércitos entricheirados enfrenta-
tam-se ao longo de uma linha que se encontrava com o mar no litoral
do canal da Mancha, e esse flanco na água era um problema único na
guerra naval e sob o ponto de vista histórico. Basta dizer-se que nenhum
dos adversários demonstrou querer explorar as possibilidades de tal flanco
exposto ao mar. Daí, pois, essa região, que tão bem se prestava para
operações em águas restritas, servir de exemplo de oportunidade perdida.
Na Segunda Guerra Mundial, a esquadra estado-unidense empenhou-
-se em operações de mar-alto de tal grandeza que nosso trabalho em
águas restritas, que não fossem anfíbias, foi uma parcela insignificante
150 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

do total. É claro, porém, que o erro de entrar em guerra sem preparo


prévio naquele campo de atividade, repetiu-se.
Nossos aliados e adversários usavam muito o poder naval em águas
de pouco fundo. Enfrentando uma; situação análoga a das guerras napo-
leônicas, quando o continente lhes era negado por toda parte, os brita-
nicos fizeram esforços extraordinários em matéria de incursões militares
e operações clandestinas. Quando os italianos lavraram um tento nota-
vel com os submarinos de bolso contra os navios de linha britânicos, os
chefes da "Royal Navy" apressaram-se em igualar tais feitos. Essa ur-
gência foi duplamente incitada por um exemplo particularmente cáustico
do famoso memorando de Churchill, onde se lê:
"Informar
por favor o que está sendo feito com o fim idêntico ao
de incitar os feitos dos italianos' eni Alexandria. No início da guerra...

____________________%? ^HMMMMmiMMMMMMM

11 i
¦
ii j
**l^|fl_fkM, ,*
$s

"Guerra Civil". Quando a


O USS Tyler, canhoneira fluvial, durante a
"Union" começou a usar navios capazes de subir os rios, a maré da guerra
mudou de direção.

as idéias sôbre êsse assunto... receberam pouco encorajamento. Há


algum motivo para que sejamos iiícapazes de praticar a mesma espécie
de ação cientificamente agressiva que os Italianos exibiram ? Pensávamos
que estivéssemos na vanguarda! Por favor, declare nossa posição exata ?.
Ora, é inteiramente verdadeiro que muito deste esforço residia no
facto de potências navais inferiores tentarem fazer o que podiam no
uso do mar contra seus antagonistas. Conforme nossas próprias opera-
ções provaram, muitas das tarefas podiam sen feitas mais proveitosamen-
te no "mar-alto" pela Marinha mantendo o domínio do mar. Mas isso não
nos devia cegar a ponto de desconhecermos que de facto muitas das
operações efetuadas em águas restritas pelo inimigo foram eficazes na
protelação da Segunda Guerra Mundial, causada por motivos de abas-
Revista de Revistas 151

ter sido bloqueados, se de nossa


tecimento e evacuação que poderiam
de embaraçar o ini-
parte estivéssemos em condições proveitosamente

A lista sôbre êsses casoa é grande,


rnigo com as nossas forças.
próprias,
mas alguns exemplos ser citados.
podem
trabalho intitulado History of Umted
O almirante Morison, em seu
II, baseado em factos históricos,
States Naval Operations in World War

de não impedirem a evacuaçao da


critica muito os Aliados pela falta

de combaterem em Salermo. A
Sicília, salvou três divisões alemães
que
da Córsega e Sardenha é, tam-
evacuação de mais de soldados
30.000
dos Aliados nas operações em águas
bém, apontada como uma falha

restritas.

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• 1

¦
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:
fpll'

cabeça de combate ao navio, regala a espo-


l/m nadador grampeia uma
silenciosamente. Não há meio mais seguro
íeta de tempo, e sai nadando
um navio de guerra do inimigo.
para se avariar

de Leningrad, os alemães conseguiram colocar al-


Durante o sítio
na lago Ladoga, e tentaram romper a linha
batelões Ferry)
guns (Sibel
verão. Nada conseguiram, porém, devido à
de abastecimento durante o

do tiro, as embarcações russas usavam ca-


inferioridade do poder pois
152 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nhões de 10,5 cm. contra os de 88 libras dos alemães. Apesar dos;


pedidos de canhões de maior calibre para armar, potencialmente, esta
operação decisiva, o exército recusou-se a fornecer o material, e con-
tinuou a lançar granadas contra a cidade, num empreendimento que acabou
fracassando. Talvez que a atitude do exército fosse censurada, em parte,
pelo facto das embarcações do lago serem guarnefcidas e comandadas
pelo pessoal da aviação. É pena que o pouco espaço desta revista não per-
mita explorar mais esta espantosa situação.
Os alemães agiam bem por toda parte, melhorando sempre. Suas
operações pelo Danúbio, a penetração na Rússia e o regresso, representaram
as clássicas operações de incursão. Quantos são os oficiais da Marinha
Norte-americana que conhecem' essas operações? E> quantos compre-
endem que os russos, impressionados pelos êxitos dos alemães contra
vantagens que pareciam insuperáveis, praticaram esforços inauditos no
sentido de atrairem para seu lado os serviços dos veteranos daquela
força? Não podemos deixar de admirar e perguntar se essa não é mais
uma outra ocasião em que os russos perceberam o que é claro e nos
ultrapassaram argutamente por nossa falha.
Esta parcela diminuta da longa história das operações em águas
restritas deve servir para apontar os êxitos e as falhas desta natureza
de guerra naval. Devemos apreciar o facto de a Marinha dos Estados
Unidos não ter sido obrigada a lutar em águas interiores, salvo em
operações anfíbias, desde o início da era dos navios de aço. O' efeito
disso sobre nosso modo de pensar será posteriormente examinado, mais
detalhadamente.
Não se pode alegar, é lógico, que qualquer das nossas falhas na expio-
lação das possibilidades das operações em águas restritas durante a
Segunda Guerra Mundial, tivesse contribuído para mais do que
para pro-
longar a guerra. Elas não foram decisivas. E até é possível que o desvio
"que
extremo das nossas fontes de recursos, fizemos extra-programa,
tenham tido efeito igual ou mais deletério sobre a vitória final. Esse
é um bom cálculo, mas deve ser feitqj cuidadosamente. Na Segunda
Guerra Mundial, a solução norte-americana foi, com exceção do caso*
do programa de criação do "Patrol Torpedo boat", ignorar o problema.
Como vencedores, é difícil dizermos que esse tenha sido o rumo certo.
As improvisações radicais realizadas durante a guerra; o armamento
de PT boats= (NPA=lancha torpedeira) com canhões mais
pesados
e foguetes, e a retirada dos tubos de torpedos; a conversão dos caça-
-submarinos (SC = NGS) em PCG
(patrol craft jippe boat); as embarca-
ções de desembarque — Landing craft, Infantry (LCI)=EDI de vários
tipos) e seus congêneres, demonstraram que essa solução não era in-
teiramente satisfatória.
Devemos considerar (o que não tem sido feito) que não podemos de-
parar novamente com uma luta sem enfrentarmos locais que requeiram,
pouco preparo para campanha em zonas do interior. Os britânicos agi-
Revista de Revistas 153

tam no canal da Mancha e no Mediterrâneo Oriental. Os alemães e os


russos nunca afrouxaram seus esforços ao longo do litoral, enquanto tives-
sem água à disposição. As campanhas do nosso próprio exército foram
feitas de um modo geral através de rios, e não deram muita margem
Para o apoio naval agir, excetuando-se algum auxílio prestado durante
a travessia do rio Reno. Os grandes estirões dágua do interior da Eu-
ropa nunca foram explorados. Se .tivéssemos ido ao âmago da China,,
conforme se planejou certa feita, o combate entre ilhas e pelos rios teria
sido a rotina a.seguir. Se revermos o planejamento doi que foi idealizado-
Para essa contingência, sua leitura, hoje, será desanimadora.
Tudo isso é história passada; mas, que será do futuro? Discutir
detalhadamente os métodos e processos de aplicação das operações em
águas restritas, para tocarmos para a frente os interesses dos Estados-
Unidos, é assunto que pode ser disposto sistematicamente. Tais operações,
Por sua própria natureza perante forças pontecialmente superiores em
terra, devem repousar principalmente no sigilo, no ardil, e na surpresa.
Contudo, se tais condições de capacidade são consideradas essenciais,
duas coisas são necessárias para produzi-las, a saber: — direção de co-
mando e dinheiro. Examinamos esse casos.
1
Direção de comando e dinheiro

As pesquisas feitas esclarecem que a atitude da marinha de guerra


em geral, e dos altos comandos em particular, deverá ser levada em
consideração ao fixar-se a maneira de despertar-se o interesse pelas-
operações em águas restritas. No que existe escrito sobre o assunto, há
uma constante referência às dificuldades causadas pelo desinteresse dessa
fase de arte da guerra naval,, de preferência por outra tática mais orto-
doxa. Conforme foi já declarado essa dissensão pode, em tais circuns-
tâncias, ser perfeitamente justififcada. Há, porém, uma ampla margem
ela tenha resultado de uma
para suspeitar-se que, nem em todos os casos,
análise bem destacada da situação, da consideração de todas as táticas
não ortodoxas, da prova de todas as invenções e da iniciativa dos pro-
ponentes.
aos chefes dirigentes da Se-
São abundantes as citações referentes
Mundial. Contudo, para evitarmos ressentimentos, vol-
gundaj Guerra
temos para um caso típico de um dia mais remoto. O contra-almirante
R.H.S. Bacon, da "Royal Navy", comandando a força do canal da Mancha
em 1914-1917, 'foisentiu-se bastante embaraçado ao procurar apoio do Al-
mirantado, e compelido, como parte de seu planejamento, a estudar
a história das intenções napoleônicas contra a Inglaterra mediante a
"Boulogne Flotilha". Em seu livro intitulado The Concise Story 0} the-
DovM-Patrol, êle citou o seguinte, sobre Lord Nelson, verdadeiro pro-
tópico do almirante britânico:
154 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Nelson estava fora de seu elemento de trabalho desta natureza (ata-

ques contra e invasão dos portos franceses) . Enquanto existiu a esperan-

ça de que o inimigo sairia e viria combater no mar... êle se mostrava

sôfrego e ardoroso. Entretanto, ao se defrontar com as dificuldades e

desapontamentos inerentes às operações no interior do território, e,

chamado para executar tais tarefas que exigiam paciência em


quando
operações provisórias, mas fatigantes, êle demonstrava ter perdido o in-

terêsse.

Outros casos poderiam ser citados, e o resultado final costumava

o mesmo. Ressalta, o seguinte: — o marujo treinadol nas águas


ser pois,
oceânicas, muito particularmente nos Estados Unidos é inclinado por
experiência e preferência, pela profissão a negar a consideração devida

às possibilidades das operações no interior de território. Sua experi-

ência na marinha estado-unidense poderia dificilmente destoar da do

¦campo de ação das nossas atividades durante a Segunda Guerra Mundial.

A preferência por elogios relativos aos serviços profissionais tem

qualquer coisa de mais sutil. Entretanto, o que afirmamos, é problema


realíssimo que ainda não foi convenientemente discutido.

Podemos dizer de um modo geral que os diferentes tipos de comissões

mais cobiçados são concedidos aos oficiais mais competentes e eficientes.

Embora isso não seja cem por cento verdadeiro, é claro que os oficiais

superiores, mais responsáveis pelas posições de relêvo, procurem con-

seguir os serviços dos subordinados mais eficientes — e estão em posição


¦de exigir auxiliares em tais condições. E êsse caso combina-se
quando
com a ambição do oficial subalterno desejar servir onde sua carreira

certamente resultar na demonstração completa do teorema dado. Convém

notar que nenhum comentário tem sido feito sobre seja a espécie
qual
mais desejável de comissão. É certo que ela se muda de vez em quando.

Até agora, o maior número de especialidades de combate


porém, pode
ser intluido nesta categoria, ao lado dos comandos de submarinos e aviões.

Nenhuma delas é responsável pela eficiência das operações 110 interior


•de territórios. Mesmo uma tal responsabilidade estabelecida
que fosse

a contra o serviço neste campo de íntima atividade (segundo


pressão
nossa atual organização) naval ainda existiria.

É um fato, amplamente apoiado pelas turmas saídas da Escola de

Guerra Naval, que a situação existente é a que acabamos de descrever,

a orientação e.stratégica, e daí os resultados, ser inteiramente impe-


que
rante nesta especialidade, e o
pessoal do serviço naval em massa
que
'
desejar limitar sua aceitação, e acha que deve empregar suas
parece
atividades em campos de atividade profissional mais desejável.

Como poderá ser quebrada esta série de acontecimentos? É evidente

a única resposta reside numa intervenção rigorosa por parte dos


que
oficiais superiores da marinha. São êles que podem determinar a necessi-

dade, a formação e a escola dos graus de diligências requeridas. São êles


Revista de Revistas 155

que devem balançar a posse da capacidade para agir em águas restritas


«n comparação com outros requisitos que a marinha de guerra faz nestí
era de tanta técnica. Uma capacidade não é apenas desejável por si;
cia deve preencher uma lacuna baseada num cuidadoso exame da situação.
Há razões que nos fazem acreditar que isso ainda não foi feito.
Um exemplo típico do critério que impede a avaliação do grau de
capacidade em operações de águas restritas está no uso que certos círculos
navais fazem das expressões "para-naval" por "não convencional'* formas
da arte da guerra naval, tais como submarinos de bolso, nadadores sub-
marinos, e outros tantos. É recomendável que o emprego de tais termos
seja abolido. Há muitíssimo mais significação, por exemplo, no afunda-
mento de um cruzador por bomba de profundidade ou tiro de canhão,
maneira clássica, do que afundá-lo em sua amarração mediante uma
bomba ligada às obras-mortas por um nadador submarino; o que julgarão
"para-naval" o em-
fora de uso ou mal-sonante. Poder-se-á chamar
prego de embarcações miúdas por forças irregulares indígenas, porém de-
ver-se-á subentender que uma façanha idêntica à dos Italianos em Ale-
xandria, ou à dos Britânicos contra o Tirpots, tem muito mais direito
a reclamar respectivamente o titulo de marujo e marinheiro combatente,
do que muitos que seguem pelo oceano afora sob o comando de uma
força-tarefa. O que é convencional numa guerra, pode muito bem ser
convencional na seguinte. Não nos deixemos' levar pela semântica, es-
quecendo-nos do que foi dito.
se interessarem realmente
Quanto ao dinheiro, se oficiais superiores
pelo preparo em operações em águas restritas, êle poderá ser conseguido
de qualquer forma. O que é desanimadora sobre a situação atual é que
-no número do
a base principal, que sirva de padrão de capacidade que
até dos mais modestos pesquisas e es-
possa ser exigido, não é assunto
forços para aperfeiçoamento. Há na verdade alguns aperfeiçoamentos
submarinos e embarcações
que foram adaptados ao serviço de nadadores
¦miúdas no serviço de minas, mas as canhoneiras motorizadas, transportes de
com o que os Alemães julga-
pouco calado, etc, para ao menos rivalizarem
rem necessário para seus esforços prodigiosos no mar Negro, primam
ausência nos nossos arsenais de marinha, até mesmo sob a forma
pela
de exemplar primitivo.

Águas restritas e guerra limitada

A definição de "guerra limitada" é uma fonte de muitos argumentos


no Pentágono. Para o nosso propósito, a guerra limitada pode muito
bem ser definida como a intenção de atirar com a finalidade de matar sem
empregar armamento nuclear. É um recurso de ação pela qual a marinha
de guerra deve muito se interessar em conseqüência da sua aptidão ex-
clusiva de poder aplicar força limitada na forma convencional em mais
de um meio ou lugar onde se vive.
156 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

É não haver mal entendido a respeito do dizemos. O


preciso que
"defesa",
interesse não está na ou em responder à pressão soviética.

Ao contrário disso, está de preferência na forma de empregar 03 recursos

não só para proteger, mas também fazer avançar oi interesses nacionais.

Embora a nação esteja muito longe do preparo para aceitar êste: conceito,

como ficou evidenciado pela reação pública no caso abortivo de Cuba,

a análise do futuro mostra quão necessário umali tal capacidade pode ser.

O facto do estacionamento nuclear, longe de proibir a tomada de pro-


vidênlcias menores pode até aumentar o uso da fôrça em níveis abaixo dos

para a produção da reação nuclear, (o que está sendo grada-


previstos
tivamente compreendido) talvez mais rapidamente por parte do nosso

adversário do que por nós. Pensando-se nessa Situação, revela-se a lafcuna

da nossa capacidade de defesa do interior territorial.

Várias vêzes, por exemplo, nos poucos últimos anos passados, tem sido
"crise
sugerido durante a do dia", que uma ação nossa poderia ser a

de um bloqueio de determinadas áreas. Não há dúvida que isso poderia

ser eficiente mas, perguntamos, estará a marinha de guerra realmente

essa natureza de ação ? Se as condições possibilitam o uso


pronta para
das embarcações miúdas em bloqueios, estaríamos nós em melhores con-

dições do estivemos em 1861 ? Uni tal bloqueio estabelecido em torno-


que

Nas guerrilhas da Indochina, os francêses consideraram valiosas as opera-

ções em águas restritas no combate contra o inimigo astucioso. Numa

região em que o terreno é inacessível ao transporte motorizado, os rios


servirão de estradas.
Revista de Revistas i57

:de um elemento russa, envolveria não


participante da influência da; esfera
só o prestígio de partidários importantes, e indubitavelmente provocaria
no mar uma guerra limitada de maiores proporções. Nossa marinha deve
ter pouca dificuldade para suprimir o comércio marítimo, mas o lidar com
-os varadores de bloqueio constituirá outra questão. É assunto digno de
cogitação, pois tal luta é grandemente de prestígio. É fácil imaginar-se
o clima de opinião a que seríamos compelidos, se tentássemos eliminar
até mesmo o mais insignificante violador.
Temos nos livrado desses casos até o presente momento pelo facto
de se não ter ordenado bloqueio. É preciso que a marinha não se embale
numa falsa interpretação de complacência pela sua política de relutância
em usar o poder naval. Uma coisa parece estar certa finalmente: — os
chefes que se preocupam com territórios do Mundo Ocidental terão fa-
talmente que despertar diante do facto que a capacidade que possuem
para assegurar o domínio absoluto dos mares, por toda parte onde queiram
isso fazer, é uma salvaguarda contra futuras necessidades, quando se
está em apuros. Visto continuar a avançada comunista para o domínio
mundial, podemos almejar uma reação positiva do Mundo Ocidental, antes
que seja tarde. A guerra fria, como está sendoytravada presentemente,
suscita conversações constantes sobre lutas com troca de tiros de certas
proporções. A revisão mais abreviada das regiões, onde tais conflitos
do
podem ocorrer, mostra que a maioria delas é bem apropriada no uso
poder naval em águas restritas em contraste direto com os nossos es-
forças magnos no Segunda Guerra Mundial. O efeito dessa primitiva
experiência em promover falhas nu nosso planejamento já foi deplorado.
Penetrando ainda mais no futuro, tem havido ultimamente) discussões
•de magistrados sobre a teoria do uso das forças armadas na manutenção
da paz. Embora este conceito ainda esteja nebuloso, êle é interessante,
e muita coisa será indubitavelmente ouvida sobre o assunto. Seria melhor
se refere às
que a marinha lançasse sua atenção sobre êle na parte que
operações em águas restritas que possam ser necessárias.
zelando
Sumariando: é preciso que a marinha saiba que alguém está
navais não exigem esquadras de navios capitais. Nossa
pelos negócios que
história sobre a ignorância das operações em águas restritas, e agora
indicam a necessidade de algu-
mais o nosso evidente desprezo por elas,
orientar os estadistas nacionais na
mas alterações. Cumpre à marinha
naval. Tudo o que se usa no mar deve ser
aplicação exata do poder
À
apresentado, e não apenas as forças tarefas, submarinos e teleguiados.
a guerra limitada, a utilidade da
proporção que aumenta o preparo para
capacidade de operações no interior territorial e os métodos e recursos
•que possam ser utilizados devem ser inteiramente explicados e explorados.
Nós, no Oeste, precisamos considerar o facto (que muitos dos nossos che-
fes que se preocupam com território não o fizeram) que nossos adversa-
rios ocupam a massa do território central do mundo, ao passo que nós,
_o contrário, como senhores absolutos dos oceanos, toda vez que assim
:nos quisermos julgar. Esses oceanos levam-nos a inúmeros locais no
158 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

âmago do campo inimigo, e nós precisamos explorar todas essas vantagens


que nos são concedidas. Com esquadras, sim; mas também com barcos
menores até mesmo uma canoa feita de um só tronco serve.
Do "United States Naval Institute Proceedings"
De junho de 1962
Tradução de A. de Azevedo Lima — CF. Reformado

A TERRA VISTA DO SPUTNIK (*)


Por. L. SAMSONENKO

Quando nos perguntam qual é a forma da Terra, respondemos, ha-


bitualmente, sem refletir muito, que ela é redonda. Mas quantos dentre
nós poderiam provar que é, realmente, assim?
A forma circular da sombra da Terra deslocando-se sôbre a lua no
curso dos eclipses e a aparição gradual no horizonte dos navios, aproxi-
mando-se das costas, deram aos gregos da antigüidade a idéia de que
a terra sôbre a qual eles viviam devia ter a forma de uma bola. As
provas da rotundidade da Terra tinham sido reunidas por Aristóteles
há cerca de 2.500 anos.
Eratóstenes, conservador da célebre biblioteca de Alexandria, poeta,
filósofo.e astrônomo e quase contemporâneo de Aristóteles, baseou seu
cálculo das dimensões da Terra sôbre a hipótese de que se tratava de
uma esfera. Seu método era simples. Êle reparara em Sizna Assuã, no
Alto-Egito, que no verão o sol do meio-dia se achava justamente acima
de sua cabeça e iluminava a água até ao mais profundo do poço. Se
se observava o sol no mesmo momento, em Alexandria, o ângulo que
êle fazia com a vertical delimitava a quinquagésima parte de uma cir-
cunferência. Linhas-retas traçadas de Alexandria e de Siena ao centro
da terra teriam dilimitado o mesmo ângulo. Em conseqüência, raciocinou
Eratóstenes que a distância de Siena à Alexandria devia ser a qüin-
qüagésima parte da; circunferência terrestre, o comprimento de um meri-
diano sendo de cinqüenta vezes essa distância. Isso lhe forneceu a esti-
mativa de 39.750 quilômetros para a circunferência do globo terrestre.
As mais recentes medidas calculam em 40.009 quilômetros.

(*) Transcrito de "Informations UNESCO".


Revista de Revistas 159

A TERRA NÃO É UMA ESFERA PERFEITA

Newton, há três séculos, sabia a 1 erra não podia ser uma ver-
que
dadeira a seguinte imaginemos dois poços
esfera. Êle propunha prova:
comunicantes, o centro da terra; o num dos polos,
cavados até primeiro
e a água nível a do centro da Terra)
estaria no mesmo (medida partir
0 outro a Terra dotada de movimento rotativo
no Equador. Não fosse
em ambos em torno do seu eixo, a
os poços. Mas, por girar a terra,
agua do virtude da força centrí-
poço escavado no Equador subirá em
fuga, até da água suplementar, acumulada nesse
que a pressão poço,
compense a de devida à força centrífuga.
perda pêso
O mesmo fenômeno deve dar-se com as águas do oceano e o próprio
corpo do nosso não há na natureza corpos absolutamente
planeta, pois que
sólidos. A deve ser, em conseqüência, levemente achatada nos
Terra
Polos e ligeiramente abaulada no Equador, como uma tangerina.
quase

No século dezoito, os matemáticos francêses trouxeram a prova da

teoria de Newton sobre o achatamento da Terra nos Polos. Os cálculos

Ç|Ue êles efetuaram no Equador e no interior do Círculo Polar deram

uma extensão de o Equador.


40.075 quilômetros para

Newton calculou o de achatamento da Terra estudando a di-


grau
ferença entre o raio e o raio equatorial, e obteve a relação de
polar
1/230. Cálculos deram uma relação de 1/300, levando em con-
posteriores
ta a densidade da Terra, aumenta com a profundidade. Êsse fato
que
demonstra, um conhecimento exato das dimensões da
subsidiàriamente, que
Terra nos fornecer indicações sôbre o se passa nas suas pro-
pode que
fundezas.

PARA MEDIR A TERRA


LUAS ARTIFICIAIS

e a mais de medir a Terra


Hoje, a maneira mais simples precisa

consiste vôo dos satelites artificiais. Os satélites fazem


em observar o

com os separa da Terra mude constantemente. Se-


que a distância que
a volta uma órbita em forma de elipse, o que faz
da Terra descrevendo

a o satélite nos mesmos pontos,


Terra fôsse uma esfera perfeita, passaria,

no apogeu de cada relação, evidentemente, às


e no perigeu percurso (em

estréias outras se o perigeu do satélite fôsse


fixas). Ou, em palavras,
visível Terra no alinhamento de uma determinada estréia fixa, êsse
da

alinhamento seria o mesmo em cada percurso.

o de um satélite descrevendo suas órbitas ao


Na realidade, perigeu
ledor muda em cada e faz, pouco a pouco, a volta
da Terra percurso
do a amplitude dêsse deslocamento depende do achatamento dos.
globo;
160 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

pólos e do ângulo entre o plano da órbita do satélite e o equador terres-


tre. Quanto menor esse ângulo, maior é o deslocamento. O movimento do
perigeu (ou apogeu) da órbita em volta da Terra permite, pois, aos
matemáticos determinarem a forma exata da Terra.
Quando o satélite está em vôo, nota-se cada vez sua posição; a
diferença entre o apogeu das duas órbitas dá o ângulo do deslocamento do
perigeu. Conhecendo esse ângulo, a distância média que separa o saté-
lite do centro da Terra, o tempo que êle leva em descrever uma órbita
e o declive do plano orbital em relação ao plano equatorial da Terra,
um astrônomo poderá calcular o achatamento do globo por meio de fór-
mulas' matemáticas.

CÁLCULOS PRECISOS EM ALGUNS MESES


Na segunda década de 1900 o sábio americano Hayford
passou di-
versos anos analisando informações geodésicas acumuladas durante de-
zenas de anos, e calculou que a diferença entre o raio polar e o raio
equatorial da Terra era de 1 unidade para 297. Em 1920, ao cabo de
anos de trabalho, um grupo de geodesistas soviéticos, dirigido por F.
Krasowsky, chegou ao resultado de I unidade para 298,3. Em alguns
meses, as observações do satélite russo Sputnik II e do satélite ame-
ricano Vanguard I deram o resultado de 1 unidade por 298,2.
A observação dos satélites artificiais: é feita na União Soviética atra-
vés de centenas de estações. A posição dos engenhos no espaço é notada
pela observação visual e por fotografias tomadas por meio de aparelhos
de precisão, especialmente concebidos. Essas observações forneceram novas
informações sobre a forma da Terra. Sabemos que a Terra não é um
simples esferoide achatado. O Equador não é um círculo perfeito; êle é
levemente achatado sobre os dois lados e seu maior diâmetro coincide,
aproximadamente, com o meridiano de Praga. A diferença é, na reali-
dade, mínima: cerca de 200 metros.
Observando-se com cuidado o deslocamento do perigeu da órbita
de um satélite, descobriram os cientistas que o hemisfério norte é "mais
alto" que o hemisfério sul, e que a distância entre o centro da Terra
e o Polo norte excede de 30 a 60 metros aquela, separando o centro da
Terra do Polo sul.

OS SATÉLITES REVELARÃO OS SEGREDOS DA


TERRA
O estudo da Terra com a ajuda de pequenos satélites abre importantes
perspectivas. Se conhecemos exatamente o deslocamento de uma dessas
Revista de Revistas lfll

pequenas luas e medimos sua posição, simultaneamente, de dois pontos


cio solo, podemos medir a distância entre esses dois pontos com uma
aproximação de alguns centímetros. Colocando os pontos de observação
nos diversos continentes e repetindo durante vários anos essas operações,
poderemos saber se as posições da Eurásia, da América, da África e da
Austrália são fixas ou se esses continentes derivam em torno do globo.
As mudanças descritas acima na órbita dos satélites (o movimento
do perigeu) são causadas pela maior concentração de massa na vizi-
nhança do Equador e o- leve achatamento da Terra. Essa massa excèden-
te em relação à massa principal da Terra ajuda a impelir o satélite
fora de uma órbita eclíptica "regular" em volta da Terra. Decorre daí
que a rota de um satélite mudará a cada flutuação da força de gravitação,
o que lhe permitirá "sentir" os depósitos importantes de substâncias
par-
ticularmente pesadas ou leves, situados muito abaixo da superfície ter-
restre.
Isso mostra bem que mesmo a observação de pequenas luas artifi-
ciais abre amplas perspectivas à observação do interior da Terra. Os
cientistas poderão, talvez, assim, aprender alguma coisa da Atlântida,
esse continente que, segundo lendas que remontam à época de Platão,
desapareceu debaixo do oceano e excita, ainda as imaginações de hoje. Os
continentes e os mares são feitos de matérias diferentes e se um conti-
nente se esconde sob as águas...

A UNESCO VAI EQUIPAR O "ALMIRANTE


SALDANHA"

A Comissão Brasileira da UNESCO (IBECC) teve a honra de re-


ceber a visita do Sr. Warren Wooster, Diretor do Bureau Oceanográ-
fico do Departamento de Ciências Naturais daquela Organização. O Sr.
Wooter manteve enllendinreinto com as autoridades do Ministério da
Marinha sobre o equipamento especial a ser fornecido ao navio-oce-
anográfico brasileiro Almirante Saldanha, através de auxílio prometido pelo
Sr Jean Chevalier, subchefe do Bureau dos Estados Membros e que
recentemente esteve no Brasil, a fim de tomar parte na elaboração dos
planos nacionais a serem subsidiados pela agência especializada da ONU.
A. dc A. L.

PUBLICAÇÕES RECEBIDAS
VISÃO — ns. i a 25 (1962) — Revista ilustrada, altamente noti-
ciosa e informativa, publica nos números em apreço interessantes crô-
nicas, comentários e artigos sobre os acontecimentos políticos, sociais
e científicos do mundo contemporâneo.
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

BOLETIM DO CLUBE NAVAL — ns. 171, 172 e Trim.


(3.0 4.0
1962). — Como sempre colaboração
primando pela magnífica de desta-
cados nomes da nossa Marinha de Guerra, divulgando, outrossim, iníor-

mes de interêsse coletivo.

RBVISTA DAS CLASSES PRODUTORAS — Edição


(s/n)
especial — A' de artigos sobre o desenvolvimento
_ par econômico dos

países latino-americanos, apresenta-nos uma excelente reportagem Ifo-


calizando a carreira política do Presidente John F. Kennedy, ilustrada

por sugestivas fotos.

PETROBRÃS — n.° 127 — Publicação bi-mestral da Assessoria


Geral de Relações Públicas daquela empresa difundindo atra-
petrolífera,
vés de trabalhos técnicos e estatísticos o da indústria do
progresso petró-
leo em nosso país. Fala o da Batalha do Petróleo e A longa Viagem
QG
do Butadieno e do Estireno, além de A Marinha Navega com a Petro-
br ás, são trabalhos que a atenção do leitor.
prendem

A SAÜDE DO MUNDO — n.° — Publicação da Organização


4
Mundial da Saúde das Nações em Genebra — —
(Palácio Suíça) Dá-nos
conta, através de crônicas ilustradas excelentes fotos, do tem
por que
realizado aquela altruística instituição internacional em da saúde
prol
dos povos subdesenvolvidos.

CENAP — Órgão do Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de


Petróleo Central) — ns. 19/20, 21/22 —
(Biblioteca Apresentando-nos
rico noticiário sobre o assunto.

AMÉRICAS — número especial: A Saúde —. Congênere de A Saúde


do Mundo, publicada em três idiomas (português, inglês e espanhol)
esta ilustrada publicação da, OEA a das ações daquela orga-
põe-nos par
nização dos estados americanos, nêsses últimos tempos, em favor do

progresso dos países do nosso continente.

CRÔNICA DA HOLANDA — ns. — Revista


33/34 bimestral
do Serviço Holandês de Informações, abordando os mais variados assun-

tos relativos ao desenvolvimento técnico, industrial, artístico e literário-

da heróica e simpática pátria de Rubens e Rembrandt.

A DEFESA NACIONAL — ns. 272/273 — Órgão da Cooperativa


Militar e Cultura Intelectual, contendo valiosos trabalhos assinados por
brilhantes oficiais do nosso Exército, versando sôbre os problemas da
defesa nacional e sôbre outros assuntos igualmente importantes. Desta-
"Idéias
camos, entre esses, sôbre a seleção do pessoal militar, do Tte.
Cel. Ferdinando de Carvalho, Probletnas de um comandante de grupa-
Revista de Revistas 163

mento de combate, assinado Maj. Álvaro Galvão Pereira,


pelo
Televisão educctiva da autoria do Maj. Taunay Drumond Coelho Reis,

scm, todavia, desmerecer os demais, todos são dignos da atenção


pois
de devem interessar segurança de nossa Pátria.'
quantos se pela

—I — Brasileira — No ensejo
MIUTARY REVIEW n.° 2 Edição

da seu aniversário essa modelar revista especializada


passagem do 4o.0
em assuntos sociais, e militares das nações, apresenta-nos, como
políticos
sempre, através de colaboração, artigos e comentários focali-
primorosa
zando os mais diversos internacionais da atualidade. O Co-
problemas
lonialismo Russo na URSS, O ê Defesa Civil, A Chamejante Espadd
que
da Vingança, respectivamente, Paul Barton, Tet. Gal.
assinados por

Clarence R. Reserva) e Maj. Mário G. Paolini vale


Hueber (EUA
a pena serem lidos e meditados...

— ns. 187, 188 e 189 —


FUERZAS ARMADAS DE VENEZUELA

Reunidos num só exemplar os ns. acima deste tradicional órgão do

Ministério da Defesa da Venezuela contêm apreciáveis trabalhos concer-

nentes às atividades das Forças Armadas daquele país, além de precio-

sos ilustrados documentários. Los Tratados Internacionales (Cap. Gaudy


e

Gimenez) Piloto Inolvidable, focalizando os feitos aéreos de


e Um

Von entre outros trabalhos merecedores de nossa


Richthofen, destacam-se

atenção.

— Dominicana) — n.° 126 —


FUERZAS ARMADAS (República
Difundindo militares ocorridos naquela Re-
marcantes acontecimentos

apresentando a seus leitores otimo estudo historico


pública, bem como
"El
sobre Simão Bolivar, libertador". Há a se desta-
a vida do grandel
car, ligeiro registro, dois dos excelentes trabalhos publicados no
neste

número são êles'.El Pa^acaidisvío en Ias Fuerzas Arma-


acima referido;

das Nacionales, capitão-paraquedista Salvador Lluberes Mjontás e


pelo
Peligro Comunista en Ias Fuerzas Armadas.

— 11 e 12 Naval Institute) —
PROCEEDINGS ns. 10, (USA

como nos anteriores, estes números de Pro-


Magnificamente ilustrado,

o de melhor se possa desejar em matéria


ceedings apresentam-nos que
a tudo se refira ao desenvolvimento
de conhecimentos relativos quanto

navais no terreno prático e teórico. Seria des-


das modernas técnicas

nestas linhas, os melhores trabalhos


necessário inumerar aqui, poucas
Todos são de palpitante? atualidade) e sua
inseridos nos citados números.

leitura bastante atraente.

Recebemos ainda:

— ns. a — O ARÍETE —
AÇÃO DEMOCRÁTICA 38 43 ns.

— MAR1TTIME — n.° 8 — NAVY


206, 207 INFORMAZIONI
164 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

RECRUITER — n.° — ÂNCORA — — —


4 A n.° 172 ESSEPEVê
ns. — CARDWELL —
59/61 (Catálogo industrial) USI AXELSON-
-SARREST industrial) —1 — —
(Catálogo NEWS n.° 47 THE MAK-
ING OF STEEL TUBES industrial) — SUR —
(Catálogo L'EAU
n.° — LANE WELIS —
406 (Catálogo industrial)' ROCKWELL (Ca-
tálogo industrial) — MACKENZIE — —
(Revista de Engenharia) s/n
LA HOUILLE BLANCHE Hidráulica) — ns. 2, —
(Engenharia 4, 5
BAKER (Catálogo industrial) BANDEIRAS DE CONVENIÊNCIA

(Separata do Boletim da Fronape n.° — RODOVIA — —


33 n.° 258
SESC (Informativo) ns. 19/20 — YACHTING BRASILEIRO —

n.° 16 —JOURNAL OF INTER-AMERICAN — —


n.°4 CARTA
MENSAL — -
ns. 92/93.

A todos apresentamos nossos agradecimentos.

N. A. L.
Avio
____L%"
___^-^_L__ O*

^/uBMARINOy
SUMARIO: — .. ___». secreta arma norte-americana da Segunda Guer-
— Várias notícias.
W Mundial — Submarinos soviéticos.

A MAIS SECRETA ARMA NORTE-AMERICANA DA


SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (*)
No dia 24 de setembro de 1944, o coronel Chester R. Clarke, da
Intelligence Division do War Department, conversava com o general
George C. Marshall, Chefe do Estado Maior do Exército norte-ameri-
cano e representante dele no comitê de Chefes de Estado Maior. O Coronel
expunha ao General a sua ansiedade. Temia, efetivamente, que o mais
secreto dos segredos das forças armadas norte-americanas fosse desven-
dado, por obra das, lutas políticas sem quartel que, como de hábito, pre-
ludiavam a eleição presidencial de novembro. Temia, mais do que tudo,
á indiscreção dos membros do Congresso.

SETEMBRO DE 1944

O que se passava naquela época na) face da terra? Qual o momento


histórico que tinhamos atingido?
No Ocidente, no campo aliado reinava a mais completa euforia. O
desmoronamento da Alemanha anunciava-se iminente... questão de um ou
dois meses; digamos de semanas.
Ao norte de Aix-la-Chapelle, o i.° Exército norte-americano acaba-
va de romper as duas linhas consecutivas que, naquele setor da frente,

(*) Por ter sido precisamente nos extraordinários êxitos obtidos pelos aviõea
e pelos submarinos norte-americanos, onde mais se"gabinete
deixaram sentir os
resultados dos pacientes e perfeitos trabalhos do negTo" dos
Estados Unidos, achamos não estar fora de lugar, nesta seção, o inte-
ressante trabalho que traduzimos da Revue MariHme da França, — n.o
192 — outubro último.
166 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

constituiam a Westwall. À sua esquerda o 2.0 Exército britânico dis-


punha-se a margear o Reno. É verdade que a operação Arnhen parecia
estar tomando uma feição .desfavorável; conservava-se, porém, a convic-
ção de que aquilo não passava de um incidente. Era só chegar combustível
na quantidade necessária, e seria, de novo, a avalancha, a passagem do
Reno, a irrupção no Rhur, a arrancada sôbre Berlim...
A leste, a maré soviética era uma enchente irresistível. Os países
bálticos submergiram; a onda espalhava-se nas vizinhanças de Varsóvia
e chegava aos Cárpatos. Mais ao sul, os russos, após libertada a Romênia,
penetravam na Bulgária.
No Pacífico, a vitória já se desenhava, porém em perspectiva mais
distante, — e que coisa poderia haver de mais natural, aliás! Por acaso
norte-americanos e ingleses não tinham concordado em que a destruição
germânica deveria preceder à do Japão?
Convergentes em direção às Filipinas, as forças que avançavam
pelo oeste sob as ordens do almirante Chester W. Nimitz tinham desem-
barcado no arquipélago das Palaos — em Peleliu, a 15 de setembro e ern
Angaur, no dia seguinte — e, do sudeste, progrediam as do general
Douglas Mac Arthur, que tinham firmado pé, a 15 de setembro, em
Morotai, a meio caminho entre a Nova Guiné e Mindanao.
Nos Estados Unidos rugia a geurra... guerra pacífica, porém.
Franklin D. Roosewelt lutava por um quarto mandato presidencial. Os
republicanos opunham-lhe Mr. Dewey, Governador do Estado de Nova
Iorque. Moço (apenas 42 anos), de estatura pequena, porém vivo como
a pólvora, conduzia, este último, a campanha a passo de carga, com vibrar
de clarins e rufar de tambores.
A competição mostrava-se cada dia mais azeda, mais feroz. Afastados
do poder durante doze anos, os republicanos não recuariam — ninguém o
punha em dúvida — perante obstáculo algum, com tal de abater o adver-
sário odiado. Na ocasião, eles, de lupa em punho, escrutavam o relatório
da Comissão Roberts sôbre os acontecimentos de Pearl Harbor, na espe-
rança (melhor seria dizer na vontade) de riêle descobrir a prova fulgu-
rante, irretorquível, da imperícia e da duplicidade de Franklin D. Roo-
sevelt.

A CARTA DO GENERAL MARSHALL

Assim pois, quando, a 24 de setembro de 1944, o coronel Chester R.


Clark conversava com o general Marshall, dando-lhe a conhecer a sua
ansiedade, tanto se impressionou o último} com o que ouviu que não dor-
miu em toda a noite. Deitado no leito, ruminava diversos projetos para
esquivar os escolhos que surgiam à vista. Ao alvorecer, como ê freqüente
acontecer, pensou ter achado uma solução.
Levantou-se e garatujou o rascunho de uma carta. Logo após, fez
vir o general Bishell chefe da Intelligence Division do Departamento da
Aviões er Submarinos 167

Ouerra, e conselho. Êste achou razoável o método em cogitação


pediu-lhe
em Vez de solicitar um encontro), tanto quanto o teor da carta.
(escrever,

O coronel Chester R. Clark foi, então, encarregado de mostrar a

carta ao almirante Ernest King, Comandante-em-Chefe da Frota dos Es-

tados Unidos, Chefe do Estado-Maior da Armada e representante desta

110 Comitê de: Chefes de Estado-Maior.

O almirante King lê a carta e, devolvendo-a ao coronel Clark, de-

clara-se com o Marshall, tanto sobre o envio


de completo acorda general
da carta como sôbre o seu conteúdo.

Algumas horas depois, o Coronel Clark aterrizava em algum lugar

de de uma estação na qual se achava uma


Oklahoma, nas proximidades
composição o Governador Dewey utilizava na sua campa-
ferroviária que
nha em mão, ao candidato a Presidente,
eleitoral. Devia entregar, própria

a carta a continuação aqui se transcreve:


que

Washington, 25 de setembro de 1944

MUITO SECRETO

Sr. Dewey e a mais ninguém.


Para ser mostrada ao

Meu caro Governador,

dè quer que seja, com a exceção


Escrevo-lhe na ignorância quem,

manifestou-me a sua conformidade), porque nos


do almirante King (que
¦achamos de ver surgir um grave problema em conseqüência
às vésperas
se manifestam no Congresso, a respeito de
das reações políticas que

Pearl Harbor.
é tão secreto, que me vejo obrigado a
O tenho a lhe dizer pe-
que
carta sob a condição, porém, de não revelar a
dir-lhe que: ou leia esta
e m'a devolva; ou pare aqui na sua leitura
ninguém o nela se contém,
que
lhe entrega dela.
e restitua a carta à pessoa que fez

termo-nos comunicado de viva vos, mas não


Eu haveria preferido
de conseguir tal coisa sem o perigo de acordar a
pude descobrir meio

e do rádio, que poderiam indagar quais os moti-


curiosidade da imprensa1
de Estado-Maior a querer procurá-lo, especial-
vos levavam um Chefe
que
atual. É isto que me decido a lho escrever. Esta
mente tio momento por
coronel Carter Clark que tem ao seu cargo os
carta ser-lhe-á entregue pelo
¦ documentos secretos do Departamento de Guerra da Marinha.
mais

Veja, sucintamente, o militar que põem as batalhas


problema políticas

.em na ocasião da campanha presidencial.


curso no Congresso,

essenciais relativos aos acontecimentos de Pearl Ilarbor


Os documentos

diplomáticos japoneses que nós temos decifrado. Durante


são os despachos

vários anos, os nossos criptógrafos estudaram o mecanismo da máquina

utilizavam os para cifrar os seus despachos diplomáticos.


que japoneses
Êsses estudos têm-nos construir máquina semelhante ò deles,
permitido

.com a deciframos seus despachos.


qual
168 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Da mesma maneira, possuímos, em quantidade, informações referentes


às intenções] ni pânicas no Pacífico.
Contrariamente ao que geralmente se acredita, tais informações não
era o Departamento de Estado i que as nos comunicava, e sim nós que as
comunicávamos ao Departamento de Estado. Infelizmente, nenhum dos
despachos decifrados fazia alusão às intenções japonesas relativas às
Hawai, com a exceção do última de 7 de dezembro, que somente chegou
às nossas mãos no dia seguinte, 8 de dezembro.
O problema que se nos apresenta é que temos prosseguido nos nossos
trabalhos de decifração pam conseguir decifrar novos códigos, tanto ia-
ponêses como alemães; resultado ao qual, aliás, temos chegado. Conhe-
cemos, assim, principalmente, ps intenções de Hitler na Europa, pela leimra
dos relatórios enviados, de Berlim, ao Governo japonês, pelo Barão
Oshima, narrando suas conversações com Hitler e com outras personali-
dades alemãs. Os alemães utilizam os mesmos códigos que na época de
Pearl Harbor. Para lhe mostrar ainda melhor a importância capital da
vantagem que desfrutamos — vantagem que sumiria num instante se o
inimigo chegasse a qualquer suspeita — saiba que a batalha do mar de
Coral foi conduzida por nós em vista dos telegramas japoneses que deci-
framos. É essa a razão pela qual os raros navios de que dispúnhamos
então estiveram no lugar certo no momento certo. Do mesmo modo pude-
mos concentrar as forças pouco importantes que possuíamos naquela época
para enfrentar o reide japonês em direção a Midway. Tínhamos plena
ciência da força atacante japonesa; e também das forças de menor im-
portância que navegavam para as Aleutas e que desembarcaram tropas
em Attu e Kiska.
T. quanto às nossas operações no Pacífico? Conduzimo-las essen-
cialmente em função do dispositivo japonês, que nos é conhecido. Sa-
bemos a importância de suas diferentes guarnições e a quantidade de vi-
veres e de material de que dispõem.
Coisa capital, conhecemos, também com antecedência, os movimentos
dos navios de guerra e dos comboios. As pesadas perdas que os nossos
submarinos infligem aos japoneses, e que são, uma ou outra vez, objeto
de comunicados, são o resultado do facto que, 'conhecendo a data de lar-
gada e o caminho a seguir pelos* seus comboiost podemos situar os nossos
submarinos nos lugares certos.
Os reides que atualmente realizam os porta-aviões do almirante
Halsey contra a navegação japonesa na baía de Manilha e além são
função,. no que diz ao momento enb que se realizam, dos movimentos co-
nhecidos dos comboios nipônicos. Como estava previsto, dois acabam de
ser destruídos.
Tudo quanto acabo de lhe dizer fazer-lhe-á perceber quais as conse-
qüências trágicas que se produziriam si o inimigo — o alemão ou o ja-
pon\ès — viesse ter, na ocasião _o_ debates políticos eml curso relativos a
Pearl Harbor, a mínima suspeita quanto à origem das nossas informações.
Aviões a Submarinos 16*

O relatório da Comissão de Inquérito Roberts tem sido expurgado de


tudo o que possa ter relação com este capital assunto. E essa a razão pela
qual parece parcialmente incompleto. O motivo que nos determinou a agir
assim se revela hoje ainda mais importante, visto que nós alargamos tam-
bem consideravelmente o campo de nossas informações.
Veja um exemplo de como é sério este assunto: os agentes do-
NOV AM (OSS), sem nos prevenir, fizeram uma busca secreta — pensa-
vam eles — nas repartições da Embaixada japonesa em Portugal. Resul-
tado: o código que em todo o mundo utilizavam os adidos militares ni-
Pânicos tem sido mudado. Já faz mais de um ano disto, e (linda não*
Pudemos decifrar o novo código deles. Perdemos, assim, um tnanan-
ciai preciosíssimo de informações, especialmente das referentes à Europa.
Um grande aborrecimento complementar é o do Governo Britânico
achar-se implicado no que se refere às fontes as mais secretas de infor-
mação, que somente são conhecidas do Primeiro Ministro, dos Chefes do-
Estado-Maior e de pequeníssimo número de personalidades oficiais.
Recente discurso pronunciado na Câmara pelo Deputado Harness
os seus códigos;
poderia fazer suspeitar aos japoneses que deciframos
ainda que, provavelmente, nem M. Harness nem a opinião pública Ura-
ram do discurso tal conclusão.
e todas as nossas
A estratégia do general Eisenhower na Europa
operações no Pacífico dependem na sua concepção, e ritmo das informações
deciframos. Esses telegramas
que nos iornecem os telegramas que
concorrem'grandemente para a vitória. Eles nos permitem, também, pou-
um número de vidas americanas, tanto no desenrolar das
par prodigioso
operações atuais, como no apressamento do fim da guerra.
descubra meio de
Confio-lhe estas reflexões na esperança de que
contornar os terríveis perigos que estão ameaçando-nos no decorrer da
atual campanha eleitoral.
— devolver esta carta a quem lhe tem feito
Queira — peço-lhe
entrega dela. Colocá-la-ei nos meus arquivos mais secretos. Pode faser
referência a ela, se assim lhe aprouver.
Com a máxima boa fé, seu
G. C. Marshall

RETOME SUA CARTA

Depois de pousar em algum lugar de Oklahoma, o coronel Clark, a


sós com M. Dewey, faz-lhe entrega da carta do general Marshall. O
Governador de Nova York lê o primeiro parágrafo; a seguir, o segundo:
"o secreto que me vejo obrigada a pedir-lhe
que tenho a lhe dizer é tão
que: ou leia esta carta, sob condição, porém, de não revelar a ninguém o
nela se contém, e ma devolva; ou pare aqui na sua leitura, e restitua
que
a carta à pessoa que dela lhe faz entrega".
170 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

— "Retome a carta!" — diz-lhe M. DeSvey.


Quais as suas razões? Dentro de uni instante vamos conhecê-las.
Fracassada a sua missão, o coronel Clark retorna a Washington tudo
como dantes no quartel de Abrantes. Que fazer? Desapontado, porém não
desanimado, o general Marshall consulta o general Bishell, Chefe, como
í: sabido, da "Intelligence Division" do Departamento de Guerra, e os
adjuntos deste último.
O general Marshall decide insistir. Toma a pena de nôvo, escreve
uma carta e, de nôvo também, o coronel Clark recebe a missão de a pôr
nas mãos próprias do governador Dewey.
Eis a carta:

Washington^? de setembro de 1944


Muito secreto
Para mostrar a M. Dtfzvey e somente a êle.

Meu caro Governador,

O coronel Clark, que ontem, 26 de setembro, lhe enviei, deu-me conta


do resultado da comunicação que lhe fes da minha carta de 25 de se-
lembro. Se compreendi bem:
a) O senhàr, não quer subscrever qualquer compromisso de "não
revelar a quem quer que seja o teor dessa canta", argumentando que tem
a impressão de já conhecer certas coisas que ela provavelmente contém;
isto. à simples vista da palavra decifração;
b) que não acredita que uma tal carta possa ter\ sido dirigida a uni
candidata a Presidente por um oficial investido de tão altas] funções como
as minhas, na ignorância do Presidente.
No que se refere a a), aceito plenamente que leia a minha carta,
sob a condição de neto revelar, seja o que fôr, e que de mim provenha,
com a exceção, bem entendido, de tudo o que tenha conhecido ou venha
conhecer por outra fonte.
No que dis respeito a b), eu lhe juro que nem o Ministro da Guerra
nem o Presidente tiveram o mais leve indicie da carta quê lhe dirigi, nent
¦mesmo da minha intenção de llta enviar. Dou-lhe a certesa de que esta
carta e a de 25 de setembro não foram vistas e não são conhecidas senão
pelo almirante King, por sete oficiais que ocupam postos chaves no ser-
viço encarregado de guardar o segredo das nossas transmissões e pela
pessoa, da minha Secretaria que bateu as duas cartas.
Não quero poupar qualquer esforço para convenâê-lo de que está
carta é fruto de minha exclusiva iniciativa, visto que o conselho ao ai-*
mirante King só lhe foi solicitado depois, da mesma, escrita. Se insisto
em lhe escrever é porque o que está em jogo é tão grave que julgo neces-
sário tentar alguma coisa para salvaguardar a segurança das nossas
Pôr ças Armadas.
e Submarinos 171
Aviões

entendido de viva vos...


Teria tertno-nos
preferido
coronel Clark apresenta-se a pai-
Algumas horas mais tarde, o
- em Albany Hall, e é recebido
sana, o Marshall
pontualizara general
imediatamente Governador Dewey.
pelo
logo. O coronel Clark tem que parlamentar.
Este último não cede
escritório do Governador, telefona
Em desespêrõ de causa, do próprio
"O Dewey resiste-se a tomar conhecimento
ao Marshall Senhor
general "Superin-
— de um amigo, Mr. Bell,
da carta. Exige êle: x.° a presença
ser necessário, de poder testemunhar as
tendent of Banks", capaz, caso

do Marshall era-lhe comunicada a


circunstâncias em que| a carta general
- conservar a carta nos seus arquivos
êle, Dewey; 2.°
governador

pessoais".
O aceitou. _
general Mars'iall f ^
leram a carta do Chefe do Estado-
Mr. DeKvey e Mr. Bell juntos
a conservou com ele.
-Maior do Exército, e Mr. Dewey

o Marshall encontrar-se com


Alguns meses depois aconteceu general
funerais oficiais. Quais? Os do Presi-
o Dewey em certos
governador
não se recorda. No fim da ceri-
dente Roosevelt? Talvez; o General
tempo tinha ja decorrido desde
mônia ele disse a Mr. Dewey (bastante
"Se tempo, meu caro Governador,
realizaram) : tiver
que as eleições se
da Guerra; mostrar-lhe-ei coisas que
¦acompanhe-me ao Departamento
Dewey tem bom cuidado de não recusar tão
deverão interessar-lhe. Mr.

sincero convite.
Marshall mostra ao Governador uma pilha de
Pouco depois o general
chegados durante a sua breve ausência.
telegramas inimigos, decifrados,

dá as suas ordens...
A vista dêles, o General
De,wey à mais secreta elaboração da estratégia
Assistia assim Mr.
homenagem prestada à sua discreção.
«orte-americana. Éra uma

UM ANO DEPOIS

de anos, e apesar de outros aconte-


Ainda já velhos quatro
que
terem acontecido, os de Pearl Harbor
cimentos igualmente sensacionais
em motivo da maior curiosidade
continuavam, em i94S, constituindo-se
norte-americana, fosse ela republicana ou
da parte da opinião pública
tal desastre? Quem era o respon-
democrata. Como se tinha produzido
ou culpável imperícia? É isso se
sável tantas negligências por que
por
nada fique na sombra! Que tudo seja trazido à
queria saber. Que

luz do dia!
várias comissões de inquérito:
se tinham reunido

Relatório e anexos: 2.173
Comissão Roberts (18-12-41/23-1-42). págs.
C. Hart Relato-
Inquérito do Almirante Thomas (12-2-44/15-6-44).

rio e anexos: 565 páginas.


Army Pearl Harbor Board) (20-6-44/20-
Inquérito do Exército (The
-10-44). Relatório e anexos: 3'357 páginas.

Marinha Navy Court of Inquiry) (24-7-44/ 19-10-


Inquérito da (The
172 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

44). Relatório e anexos: 1.397 páginas


Inquérito do Coronel Carter R. Clark (14 ao 16 setembro 44/13 Juln0>
ao 4 agosto 45) Relatório e anexos: 225 páginas.
Inquérito do general Henry C. Clausen (The Clausen Investigation)
(23-11-44/12-10-45) . Relatório e anexos 695 páginas.
Inquérito do Almirante II. Kent Hawit (The Hewit Inquerity) (14-
-«,-45/11-7-45) Relatório e anexos 1.342 páginas.
Em resumo: até o fim de 1945, sete inquéritos foram efetuados e 9754
páginas in-8°, entre relatórios e anexos, impressas.
Isto, porém, ainda não estava à altura dos Estados Unidos. Era-
necessário fazer alguma coisa de maior e de melhor.
A 6 de setembro de 1945, o Senado aprovava uma resolução apresen-
tada por Mr. Albeny Barkley, senador democrata por Kentucky, para
a criação de uma comissão mista (Joint Committee) encarregada de um
inquérito executivo sobre o desastre de Pearl Harbor. A il de setembro
a Câmara dos Representantes votava idêntica resolução.
O Joint Committee era integrado por cinco Senadores (3 democratas
e 2 republicanos) e cinco Representantes (também 3 democratas e 2 re-
República.
publicanos) ; todos eles designados pelo Presidente da
O Senador Alben W. Barkley foi eleito pelos seus colegas para
presidente do comitê.
A 7 de dezembro de 1945, este último tomava declaração ao general
Marshall. Já ouvido durante a manhã, devia sê-lo-novamente à tarde.
Ao reatar-se a audiência, que era pública, uma questão prévia for
suscitada. Vale a pena relatá-la, por ser típica, especialmente de certos
hábitos políticos americanos nos quais, às vezes, se, misturam num anseio
de verdade, a lealdade .mais perfeita e a mais inverossímil indiscreção.
É o caso, que, reatada a audiência, Mr. William D. Mitchell) que, na
sua qualidade de General Counsel do Comitê, exercia em certo modo o-
du Gouvernement (1), mani-
que na França chamaríamos de Commissaire
festa que nos autos do Joint Committee existiam duas cartas: uma delas de
25 de setembro de 1944 e a outra de 27 de setembro, dirigidas pelo general
Marshall ao governador Dewey. Êle, Mr. Mitchell, achava-se de posse de
uma dupla cópia dessas cartas: uma reproduzindo o texto na íntegra; a
outra que dá o texto previamente expurgado.
E Mr. Mitchell pede uma decisão do Presidente do Joint Committee:
o texto integral ou o texto
Qual o texto que convém tornar público?
expurgado ? A sua opinião pessoal era formalmente a de que considerava
extremamente grave entregar à curiosidade pública o texto integral. Seria
— e isto sem necessidade
não somente trazer à baila, um Governo aliado,
evidente, posto que as próprias frases ou parágrafos suprimidos, em nada
ao contexto em geral das cartas divulgadas — como com
prejudicavam
tal coisa viria, sobretudo, a fazer-se correr considerável risco a segurança
nacional norte-americana.

(1) Fiscal do Governo.


Aviões o Submarinos 173

Referia-se, dúvida, Mr. Mitchell, ao parágrafo que, em


sem qualquer
•continuação, em inglês, evitar qualquer êrro de tradu-
reproduzimos para
<Ção.

"A embarrassment is the fact íhat the British


further most serious
'Government secret sources of information
is invólved concerning its most

regcirding Minister, the Chief of Staff cind a very


which onlv Prime

hmited officials have knowledge .


number of other
sibilino, ninguém o pode negar. Como todo
Que tal parágrafo seja

texto esotérico, é sucetível de interpretação.

Podia —
significar pensava-se:
decifravam mais ou menos
ingleses e norte-americanos
que
em inimigos; ou mais provàvelmente que,
comum os telegramas

com só decifrar estes telegramas, os serviços


aião contentes, êstes últimos
os despachos ingleses e, entre êles,
norte-americanos também decifravam
''"the
most secret", aqueles de que tinham conhecimento o Sr.
só Winston
"very limited number of other
Churchill, os Chefes do Estado-Maior e

•officials".

feito assim era de boa lide


os norte-americanos o tivessem
Que
- alianlça, se a batalha é travada com o ini-
em toda
pode-se dizer porque
¦migo os|,aliados onde se combate d1ànamente.
de vez em ê entre
quando,
ostentação em praça publica, mediava
Porém disso a fazer de tal coisa
dizer, tanto mais quanto que nessa
uni abismo. É o menos que se possa
mensagens inglêsas continuava.
época o deciframento das

de Mr. Mitchell em tais condições, e a


Concebe-se os escrúpulos

da êle apresentada.
.gravidade questão por
Allen W. Barkley, respondeu, mais
O Presidente do Joint Committee,

«ou menos, assim:


certamente estava em jôgo não passara despercebido nem
que o que
êle É por isso que estavam reunidos,
aos seus colegas nem a próprio.
em conselho para deliberar.
-antes da audiência pública,
do General Marshall eram cartas confidenciais
Certo que as cartas

-que Marshall, consultado, deviam continuar


na opinião do próprio general
-sendo-o.

membros do Comitê presentes davam ciência das


Por unanimidade, os

Marshall como ao Counsel Mitchell e, con-


:suas reservas tanto ao general
absolviam adiantado de qualquer responsabilidade,
seqüentemente, os por

110 referente à das cartas.


publicação
estas legais, sempre por unanimidade,
Tomadas que foram precauções

•dos seus membros, o Comitê decidia:

1.°) Publicar as cartas.

no seu texto integral.


2.°) Publicá-las

Barkley concluía, com intrepidez e ênfase dignas da


E o senador
menos de alguns dos seus mais antigos historiadores:
velha Roma. ou pelo
the responsability of whatever consequences may
The Committee afcepts

*ensue to our relatbns ivith any( other< country among our Allies
in regarei

the of the letters".


for publication full
174 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

E é precisamente o terem sido elas inseridas no relatório esteno-


gráfico das reuniões do Comitê a razão pela qual qualquer um pode lê-las,
às páginas I 128 e seguintes do III.° volume dos Hearings before the-
Joint Committee on the investigation of the Pearl Harbor attack. — Se-
venty ninth Congress. — Seccond Session, que pode ser achado em qual-
quer grande biblioteca.
MARC BENOIST
Secretário da Academia da Marinha

OS SUBMARINOS SOVIÉTICOS
Continua sendo a arma submarina o objeto dos maiores cuidados-
da parte da Marinha soviética e, conseqüentemente, da atenção dos go-
vemos ocidentais.
_ A "Revue Maritime" da França publica, no seu número de no-
vembro, interessantes informações referentes aos últimos tipos de unida-
des da Marinha russa, das quais traduzimos as referentes aos submarinos.

CLASSE G
Deslocamento, 30001; comprimento 100 m; velocidade 16 nós; armamento:
3 mísseis balísticos; 8 tlt 533 mm.

CLASSE F
Deslocamento 2600t; comprimento 90m; velocidade 16 nós; armamento:
8 tlt; 533 mm.

r-V*** ¦ 'fm\
_Jsss_títá.

CLASSE R
Deslocamento 1400 t; comprimento 75 m; velocidade 16 n; armamento:
4 tlt 533 mm.
Aviões a Submarinos 175

"Q" de
Os submarinos da classe são unidades 500 toneladas, apro-
ximadamente, e 16 nós de velocidade em imersão, especialmente desenha-
dos os teatros de operações navais nos mares Negro e Báltico. O
para
seu armamento abrange tubos lança-torpedos de mm e com os
4 533

quais poder-se-ia, eventualmente, semear minas.


"Soldat
Aliás, num dos seus últimos números, a revista alemã und
Tecknik" silhuetas e fotografias dos novos navios têm refor-
publica que

Çado a Frota da U.R.R.S.S. durante os últimos anos (das quais re-

produzimos as referentes aos submarinos).


"G" a clássica,
Os submarinos da classe são unidades propulsão
lançadores de foguetes. Deslocam, aproximadamente, 3.000 toneladas,

submersos. Seu comprimento é de 100 metros e podem lançar 3 mísseis

balísticos, os são transportados verticalmente a ré no convés, o|


quais que
dá a estes navios uma silhueta muito característica. A velocidade dos
'G",
em imersão, é de 16 nós. O número de submarinos desta (classe

já deve ser grande.


"F" com as mais recentes rea-
Os são submarinos clássicos parecidos
lizações das marinhas britânica, holandesa e francesa. O seu deslo-

camento, submersos, é da ordem de 2 600 toneladas; a velocidade beira,

em imersão, os 16 nós e o armamento está constituído por 8 tubos,

lança-torpedos.
"R" de algumas das 200 unidades in-
Os provêm da modernização que
tegram a Deslocam 1 200 toneladas em imersão e a sua velo-
classe W.
cidade máxima vai até os 15 nos. Estão armados com 4 tubos lança-

-torpedos mm.
de 533
"W"
Um certo número de submarinos do tipo tem sido, também,

transformado em lançadores de foguetes superfície-superfície, de pe-

alcance. Há alguns meses, a imprensa de grande circulação


queno publi-

cou dêstes submarinos, armado com foguetes a ré.


fotos de um

VÁRIAS NOTÍCIAS

ALEMANHA OCIDENTAL

— No agosto foi lançado ao mar, das carreiras de Howalt,


dia 22 de

Kiel, unidade é a quarta das que integram o programa


em o U-4. Esta

em execução, recebeu alguns melhoramentos em seus equipamentos, em


e

relações aos dos três precedentes.

FRANÇA

O Porta-aviõs Clémenceau suspendeu os exercícios que estava reali-

zando, e arribou a Toulon, em conseqüência de um acidente na ocasião do


176 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

i_a_i___i»'te;a__*...
^^^, '°,^^'i*^I|P_™kÍP
"^""^mm"
--Bi-feiMntii-ilii ___aMÉ______i

HH_H______H8__________N________I_____I___^^

•"^.^«SliS^^^^-B ___ki__t^_-_
-,.<_.¦-:¦¦*._¦¦.:. ... ^HMÉ-UãBMM ___

¦¦*s^-"' ' _^É£â__ri___l-

¦ .: .-.^JMÉmLíI -^R__H_P^ ¦

¦;i'v.--"--_f:--:i...'---:'.* ¦¦*."*.
.., ¦-¦¦¦.-.

Submarinos soviéticos. Estes navios serão capazes de lançar três mísseis


balísticos de alcance médio.
Aviões e Submarinos 177

"Breguet-Alizée", no dois oficiais


pouso a bordo de um qual pereceram
da Marinha e mais dois ficaram feridos.

GRÃ-BRETANHA

A i de agosto último teve lugar, em Portsmouth, a solenidade do

embarque a bordo do de assalto IIMS Albiou, da sua


porta-belicópteros
primeira equipagem.

Trata-se de um antigo leve, de 22.000 toneladas, recons-


porta-aviões
truído nos mesmos moldes do seu irmão gêmeo, o porta-helicópteros HM.S

Centaur. Na reforma foram levados especialmente em conta os ensi-

namentos adquiridos longa no Extremo Oriente do


pela permanência
Bulwark e o resultado tem sido a duplicação dos locais climatizados, assim
;
como da capacidade de embarque de homens e de material.

"Comando além da sua tripulação, um


Estes Carrier" transportam,

Comando "Royal e um de artilharia constituído


de 680 Marines" grupo

servido artilheiros do 29° regimento da


por 6 howitziers de 105 mm, por
"Royal
Arfijlerie".

O Albiou renderá, nos mares do Extremo Oriente, o Bulwark, é


que
esperado na Metrópole em dezembro.

O submarino Odin sofreu recentemente perigoso acidente,


quando,

em bateu no fundo, a 45 metros de


exercício noturno, profundidade.

com seus meios, emergir rapidamente e


Entretanto, conseguiu, próprios

íirribar Portland, a cinco milhas da qual otorrera o acidente.


à base de

HMS Odin é' um dos 12 submarinos de 2 000 toneladas da classe


O
Olympus, Onstciugh —
Obero.fi Orphcus, Odint já prestando
(Oberon,
— Otus — em acabamento — e O possuiu.
serviço Oracle; Otter, Ocelot,

nome — no estaleiro) .
Ossiris e um ainda sem

notícias informam que a 20 de outubro foi


Entretanto, posteriores
batida a de mais um submarino desta classe; com o que se elevaria
quilha
a 13 número destas unidades, se supunha não ultrapassariam uma
q que

dúzia. A nova unidade tem sido batizada com o nome de Opportune,

estando a sua construção a cargo dos Scotts Shipbuilding Engineering,

'
em Guenock. \

Espera-se o verão europeu a incorporação ao Coman-


para próximo

c.o de da Marinha Real Britânica do primeiro destes navios


Submarinos

com atômica: o HMS Dreadnought.


propulsão

A Marinha Britânica vem de realizar nos mares de Malta impor-

de -submarinos em imersão. Do HMS


tantes experiências de evacuação

Tiptos realizaram-se, com êxito, evacuações até 8o metros de profundi-

dade; e supõe-se ser efetuar a operação, sem grande risco, de


possível

de até 150 metros.


profundidades
178 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

1—O "Hawker P-1127", avião de decolagem vertical, destinado a vôos


de reconhecimento e defesa, fará em breve provas que se revestirão da
maior importância militar. Serão feitas a bordo do porta-aviões Ark Royal
no mês de fevereiro e, provavelmente, com duração de uma semana: É o
principal objetivo observar se a utilização destes aparelhos em alto mar
acarreta problemas especiais e, sobre tudo, a esclarecer as conseqüências
do calor que se origina quando o avião é impelido para cima em decola-
gem vertical.
O P-1127 ó propelido por um só motor "Bristol Siddeley Pegassus"
com turbinas articulares. Há mais ou menos um ano, circulou a notícia
de que a Inglaterra, os Estados Unidos e a República Federal Alemã
estavam interessados em coordenar uma experiência deste novo avião.

ESTADOS UNIDOS

Só em agosto último — com a sua construção muito retardada


pela
prioridade absoluta concedida à dos submarinos lançadores de Polaris —
foram lançados ao mar os submarinos SSBN 604 Hadoo e SSBN 607
Dole, respectivãmente sétimo e oitavo da série Thresher.
Nesta mesma série, no SSBN 605 Jack, vão ser introduzidas inova-
ções no sistema propulsor primitivamente adotado. Suprimir-se-á o redutor
entre a turbina a vapor e o eixo das hélices, as quais serão montadas
numa mesma árvore e serão contra-rotativas; processo que fará com
que a água por elas deslocada o seja para trás, sem receber movimento
giratório. Espera-se, assim, eliminar o mais possível o ruído das hélices.
Para tais inovações tornou-se necessário aumentar em seis metros o< com-
primento do navio, sobre os 84 da classe dos Thresher. Espera-se o
lançamento para o segundo semestre do ano em curso.
Foi lançado ao mar,-na Califórnia, a 15 de setembro último, o
SSBN 619 Andrexv Jackson. É o terceiro da série La Fayette e o 14.°
dos SSBN.
—¦ Em águas de Connecticut, foi lançado ao mar nos últimos dias
do ano findo, o SSBN Nathan Hale.
—¦ O CVS Intrepid entrou no arsenal de Portsmouth
para completos
reparos, no decorrer dos quais será transformado de porta-aviões de
ataque em porta-aviões anti-submarinos. A finalização dos trabalhos
está prevista para 1963.
O CVA Lexington,
que não há muito passou pelo Rio, de volta
do Pacífico, acha-se no arsenal de N. York, sofrendo as adatações ne-
cessárias para ser utilizado em treinos de pouso a bordo.
O CVA 64 Kitty Hawk reunir-se-iá à
7a Frota, do Extremo
Oriente.
Aviões d Submarinos 179

— "Revue da França o seguinte quadro refe-


A Maritime" publica

foram batizados 28 dos submarinos lança-


rente aos nomes com que já< 35

serviço, em construção ou encomendados.


dores de Polaris já em

CLASSE SIGLA NOME OBSERVANCES


j

59S G. Washington Em servigo


G. Washington SSBN
590
599 Patrick Henry
i1 600 Th. Roosewelt "
»>• 601 Robert E. Lee *
* 602 Abraham Lincoln *
Allen
Ethan Allen 608 Ethan
>• 609 Sam. Houston

610 Thomas Edison *


»
» 611 John Marshall "
Fayette Langado a 8-5-62
La Fayette 616 La
»" 617 H. Hamilton " a 18-8-62

Jefferson " a 24-2-62


Ethan Allen 618 Th.
Jackson a 15-2-62
La Favette 619 A.
Adams Em construgao
620 J.
» Monroe Langado a 4-8-62
622 J-
»>. Hale Em construgao
623 Nathan
624 Woodrow Wilson "

625 Henry Clay

626 Daniel Webster


„ 627 J. Madison "
i 628 Tecumseh "
n» 629 D. Boone "

„ 633 Calhoun "


634 Ulysses Grant

X 636 Von Steben "

„» 630 Casimir Pularski *

„ 631 Stonewall Jackson "

» 632 Nathanel Greene "

do Pacifico a primeira esquadrilha de


Vai constituir-se na costa
«Helicopter
sob o nome de Utüity Squa-
helicópteros teleguiados DSN-3,
helicópteros cada unidade de escolta,
dron" HU-3 Contará com dois para

I e Fram II, nos quais embarcarão um


com as modificações do Fram
a manobra de os por em
mais outros homens para
oficial e quatro

funcionamento.

"Sparrow III" lançado de um


Em último um ar-ar
agosto
"Regulus
'Phantom interceptar um foguete II", lançado
II", conseguiu
no de provas de Point-Magu, na
de terra ao oceano Atlântico, polígono

Califórnia.
"Regulus II", é uma espécie de avião sem piloto movido por
O
velocidade de Mach-2 e alcance de
turbo-reator, com post-combustâo,
180 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

I 500 quilômetros. Sua fabricação está em suspenso e os foguetes já

prontos estão sendo utilizados para experiências.


"Phantom
O II" sobrepassa a velocidade de Mach 2,3 e car-
pode
"Sparrow
regar 6 III".
— No dia 23 de dezembro, os Estados Unidos dispararam com grande
"Minutesamn",
êxito um projétil balístico de três fases. O foguete, de

16,5 metros de comprimento, está equipado com motores aperfeiçoados,

na primeira e na segunda fases. Pesa 33 toneladas. O míssil, fun-


que
cionou inipecàvelmente, foi disparado de uma escavação de 26 metros

de profundidade e caiu na zona do alvo, 110 sul do Atlântico.

O Governo norte-americano pedirá ao Congresso 150 dêstes foguetes

para o orçamento de 1963-64, com o que elevar-se-á a o número


950
dêstes projétis, os quais pretende instalar todo o em embassa-
por país
nlentos subterrâneos.

Novas a Marinha Norte-americana — Segundo noti-


fragatas para
ciaram os estaleiros TOOD, da divisão de Los Angeles, foi, no dia 15

de janeiro de 1963, ali batida; a quilhá de um nôvo tipo intermediário de

navio de guerra americano, entre o destróier e o cruzador, ou seja a


"DL.G"
fragata. Trata-se de uma série de navios com 530 pés de com-

primento, 53 de bôca, comi turbinas a vapor, de potência não indicada, e

duas hélices. Sua guarnição será de


350 400 a homens e o seu armamento
"Terrier".
principal o foguete teleguiado Terá, além disso, armamento

convencional anti-aéreo e defesa anti^submarino.

Íí desenhada, a nova fragata, para operar em conjunto ou indepen-

dentemente e como elemento de suporte nas operações, anfíbias.

Para confrrto do pessoal, será provida de ar condicionado em tôdas as

dependências e de controle especial.

Deverão entrar em serviço dentro de três anos, sendo o seu custo

orçado em' US$ 22.627,000.

Service by IVenlell P. Colton Co, New York N.Y.)


(New

P. de M.
RESPIGA
SUMARIO: — Saldanha da Gama — A Marinha de Guerra
no "Jornal do Commercio" — Formação das
equipes náuticas de navios pesqueiros — No
fundo do Mar — A Marinha de Guerra Bra-
sileira e o "Jornal do Commercio" — África
viu e gostou.

SALDANHA DA GAMA
Coelho de Souza

Em recentes comentários políticos, como decorrências


naturais do assunto, referí-me a Saldanha da Gama — figu-
gura solar da nossa vida pública. Com agradável surpresa
leio agora, que lhe homenagearam, de novo, a memória real-
mente inolvidável, dedicando-lhe um busto na ciôâde de Li_
vramento, sede do município em cujos campos encontrou a
morte, em 24 de junho de 1895.
Partiu a feliz iniciativa, merecedora de todo aplauso,
da "Folha Popular", por seu diretor Ivo Caggiani: ao ato,
em comovedora fidelidade, compareceram descenden-
tes do seu grande companheiro de campanha, Rafael Cabeda
e os últimos veteranos da guerra civil que abalou o sul do
país, de 93 a 95, alguns gloriosos maragatos.
Sempre considerei alta honraria, apesar de tão ames.-
quinhada por vezes, dar-se o nome de alguém a uma escola,
convertê-lo num exemplo e sugestão de virtudes para as no-
vas gerações e, por isso, ao tempo em que ocupei a Secreta-
ria de Educação e Cultura — e então, pensava, politicamente,
como hoje, sem embargo do regime que vigorava — fi-lo pa-
trono de um grupo escolar localizado naquele município.
Homem integral — bravo militar, caráter incapaz de
transigências, inteligência cultíssima, fidalgo no exato sen-
tido do termo — Saldanha da Gama bateu-se nas guerras
externas, representou o Brasil em congressos científicos e
missões diplomáticas, manteve-se fiel às suas convicções po_
líticas, até a morte.
182 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

É êste desfecho de sua vida que lhe projeta a persona-

lidade invulgar na história brasileira, como um raio de luz


1
nos claros escuros da ditadura presidencialista,
primeira
ante capitulações atentados às fran-
quando generalizadas,
contitucionais e total inversão dos valores, resistên-
quias
cias bravias e heróicos ergueram-se por tôda a na-
protestos
Horas sombrias semelhantes a estas estamos vi-
ção. que
vendo...

Floriano tenta atraí-lo, oferecendo-lhe a pasta da Ma-

linha, êle recusa com frases de altivez e coerência


que que
resumir o código de honra de uma corporação. Ir-
podem
rompe a reação armada de Custódio de Melo, de cuja preci-
leviana discorda Saldanha da Gama,
pitação que, porém,
neutro na Ilha das Enxadas, no comando da Es-
permanece
"fu-
cola Naval, com intenção de preservar os seus rapazes,

turo e esperança da Marinha e do país".


Seus em que se associavam o pa-
generosos propósitos
triotismo e o amor dedicava aos Jovens, frustaram-se
que
mercê das violências crescentes e do insucesso de seus cole-

gas, esmagados pela suposta legalidade que se defendia va-

lorosamente: a lealdade devida aos seus irmãos de armas e

o amor aos tinha dado dignidade e prestígio


princípios que
ao Brasil, arrastaram-no o campo da revolta.
para
O ilustre marinheiro escolhera com firmeza habitual
"Espero
o seu duro destino: cumprir o meu dever de brasi-

leiro até o sacrifício. Nenhuma esperança mais: só a dis-

heróica do moral do sacrifício, da morte.


posição protesto
Vê-se, nítido, desaparecer com as instituições
que queria que
assimilava à da Pátria, se não pudesse restaura-
grandeza
Ias. Dois episódios bem o mostram.

O ilustre e autor de perfis biográficos, An-


pesquisador
tônio da Rocha Almeida — isento na sua apreciação,
por
honestidade de historiador e não se filia à linha
porque po-
lítica do maragatismo — apresenta
assim no combate
o da
"Lutando
da Armação, na Guanabara: com incrível
ponta
bravura durante oito horas, Saldanha viu era inútil
que
e para evitar maior derramamento de sangue
prosseguir
resolve retirar-se depois de ter recolhido todos os seus mor-

tos e feridos. O almirante foi ferido no de-


próprio pescoço,
de responder com a morte a um oficial a cavalo, que lhe
pois
dera voz de em nome de Floriano: demorou uma ho-
prisão,
ra ser medicado.
para
E trocando o infinito do oceano pelo do pampa
quando
e as regras da clássica imprevistos da guerra
guerra pelos
crioula invade o Rio Grande, às vésperas da pacificação e

com um de lutadores não o abandonavam —»


punhado que
Respiga 183

buscava, apenas, a morte com honra. Silveira Martins lhe


"Pois bem,
comunicara as condições de paz e responde: pre-
firo o extermínio". Aquele monarquista morria como um
romano da República...
Nestes dias a memória do marinheiro padrão e cidadão
excelso, constitui um espectro incômodo e isso explica que
Devia,
participasse do ato, tão escassamente, o oficialismo.
ao menos, comparecer por coerência, pois, Saldanha da
Gama, postulou ao preço da própria vida, a realização de um
a forma de
plebiscito — então justificável porque se mudara do
governo e não se fizera, como agora, somente a alteração
regime político, em termos previstos na Constituição que
vigora.
Diário de Notícias — Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1962.

"JORNAL DO
A MARINHA DE GUERRA NO
COMMERCIO"
J. BARROS DE MORAIS

Foram sempre cordiais e muito íntimos os laços que


vinculam a gloriosa Marinha de Guerra Brasileira e o vene-
rando órgão fundado em 1827, poucos anos após a nossa
emancipação política.
As várias administrações da corporação naval, com tan-
tos e tão assinalados serviços às causas da independência e
da integridade do Brasil, contaram sempre com a cooperação
deste jornal, ' desde os primeiros anos de sua existência aos
nossos dias Atestam a vinculação cordial entre a Marinha
do Brasil e oi "Jornal do Commercio" as nossas coleções que,
a par 'das informações seguras a respeito da nossa evolução
constituem ines-
política, social e econômica de ordem geral,
gotável fonte de subsídios para os estudiosos da nossa His-
tória Naval.
Através dos editores e tópicos, além aas correspondeu-
cias enviadas pelos representantes deste jornal dos diversos
pontos rio país e do estrangeiro, podem-se reconstituir fatos
e acontecimentos que dizem respeito à evolução da Marinha
de Guerra. Tivemos nas colunas deste diário a cooperação
assídua de brilhantes vultos da Marinha de Guerra, que em
artigos assinados ou em correspondências enviadas de áreas
de guerra, concorreram para larga divulgação entre os lei-
.ores do passado, numa época em que os modernos meios de
transmissão imediata das notícias" de grand3 importância
nacional ou internacional nem sequer eram imaginados.
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

No propósito de fornecer aos interessados História


pela
üa Marinha do Brasil alguns ligeiros subsídios futuras
para

pesquisas, tomamos a iniciativa de apontar dados colhidos

em nossos Arquivos, como ponto de partida para futuras e

mais minuciosas informações. Acreditamos no Serviço


que
de Documentação Geral da Marinha interessem
particular-
mente os ligeiros informes aqui divulgados. Seu diretor o

distinto escritor César Augusto Machado da Fonseca pode-


ris até destacar um dos seius devotados colaboradores — e Sa.

Exa. os tem de excelente — ampliar um tra-


qualidade para
balho de tal natureza; aqui fica registrado o nosso apêlo
como uma sugestão que acreditamos encontrará a melhor
acolhida da parte do esforçado e brilhante oficial-general.
Seja-nos lícito adiantar o trabalho de
que pesquisa e
levantamento dos presentes dados foi realizado na Bibliote-
ca Nacional em tempo recorde 1.° Sgt. Telegrafista
pelo
Odilio Mangueira do 1.° Distrito Naval, em dezembro
quando
do ano na Semana da Marinha, colhíamos informa-
passado,

ções a respeito das ligações existentes entre a Marinha e o


"Jornal
do Commércio". Com o'S nossos agradecimentos

àquele devotado militar, o estímulo encontre opor-


para que
tunidade ,na sejam devidamente aproveitados os seus
qual
dotes de diligente:
pesquisador
Prestada, a quem de direito, a justa homenagem, passa-
"Jornal
mos a mencionar as edições do do Commércio" com
noticiário de interesse histórico e,
geral particularmente,

que dizem respeito à participação da Marinha de Guerra no

processo da nossa evolução social e política.


"Proclamação
— Abdicação de D. Pedro 1 dos repre-

sentantes da Nação Brasileira, motivando a causa da glorio-


Sa revolução no Govêrno. Datada de 7.4.1831, foi publicado
"Diário
na edição de segunda-feira, 11 do mesmo mês no
"Nôvo
Mercantil" ou Jornal do Commércio" em sua
quarta

página. Nomeação de José Bonifácio tutor dos filhos de


para
D. Pedro I: 4.4.1831: Proclamação ida Regência Provisó-

ria", em nome do Imperador D. Pedro II': 15.4.1831.

— Campanha de Santa Catarina: Triunfo da legali-

dade em S. Catarina: Edição de 29.11.1839. Feitos da Mari-

nha de Guerra ressaltados na edição de 2 e 3-12-1839. Com-

bate de Laguna: èdições de 21 e 22-11-1339.

— Escolta da Imperatriz Teresa Cristina na sua vinda

para o Brasil: 4-9-1843.

— Campanha contra Oribe e Rosas: Notícias do Sul —

12.9.1851. S. Pedro do Sul: 13.9.1851. Situação de Buenos

Aires: 13.10.1851. Rio de Janeiro: 15.10.1851. Rio da Pra-

ta: 22.10.1851. Rio de Janeiro: 23.10.1851; Idem, 24.1,0 e


Respiga 185

2.11.1851. Questão da Prata. 4, 6, 11 e 12.11.1851,


do Rio

e do Prata: 4, 8,
idem, 6 e 8.12.1851; Rio de Janeiro Questão

Ministério da Marinha e Pas-


•10, li, 12, 1-7, 19 e 23.1.1852.
Rio de Janeiro. 4 e 11.2.1852
eagem de Tonelero: 24.1.1852.
18.2.1852. Brasil e Montevideu.
Complicações no Prata: 14 e
23, 24 e 25.2.1852. Rosas:
20.2.1852. Rio de Janeiro: 22,

da Marinha: Riq de Ja-


26,2.1852 e 3. 7.3.1852: Ministério

neiro: 23.3.1852 ê 31.3.1852.

ao Norte: 2 e 5.10.1859.
— Viagem do Imperador
Pernambuco 1 col 6.
Bahia: 6.10.1859 i col. 5 e pág.
pág.
Idem 5.11.1859. Pei-
Correspondência: 11.10 e 2.11.1859;
10.11 e a Paulo Afonso a
nambuco* 9.4.1859. Alagoas:
e Bahia: 23 e 26.11. Ala-
13.11. Paraíba do Norte: 21.11

Bahia 29.11 e Pernambuco


goas, novamente: 28.1.1859,
9, 12, 18, 24 e 25.12.1859.
5.12. Novamente Pernambuco:
30.12.1859, Ceara 3.1.1860.
Alagoas: 19.12.1859. Bahia:
5.1.186,0. Alagoas.
Pernambuco: 5 e 6.1.1860. Gazetilha:

12.1.186,0. Comentário:
11.1.1860. Espírito Santo:
25.1.60. Sergipe. ....
17.1.1860. Ministério da Marinha:
30.1.1860. Idem: Ga-
25.1.1860. Comentário do Jornal:

Santo: 9.2.60, com Gazetilha


zetilha: 8.2.1860. Espírito

idem, 10 e 12.2.1860.

tencionava paitii paia Pei-


o Ministro da Marinha
as corvetas a vapoi Bar tolo
nambuco, Bahia e Rio da Prata

D. João: 20.12.1864.
meu Dias, Estefânia e Iinfante

Solano López: Aprisionamento


Campanha contra

de Olinda pelos paiaguaios e


do navio brasileiro Marquês
20.12.1864, início da cam-
ruptura das relações diplomáticas
navais e capitulaçao do Salto.
panha, primeiras batalhas
Grosso, idem: Movimentos de
22.12.1864. Invasão de Mato

Osório: 22.6.1865. Na segunda


tropas sob o comando de

das nossas tropas. Partida


colunas 3 e 4 noticiário
página,
Completo noticiário das ba-
do General Mitre- 23.3.1865.
do Paraguai: 1.7.1865. Na mes-
talhas navais na campanha
"A
"Gazetilha" vitória de Riachuelo .
ma edição sob o título
"Gazetilha" ataque de S. Borja. 2.7.1865.
Outra sôbre o

Navais. Tomada de navios e cha-


Vitórias das nossas Forças

de Riachuelo 7.7.1865. Idem 8.7.


tas: 5.7.1865. Passagem
S. Pedro do Sul: 12.7.1865, Coro-
Combates terrestres em

São Pedro do Sul: 12.7.Vários acon-


nel Mena Barreto em

21.7 e 3,0 do mesmo mês. O Vis-


tecimentos da Guerra:
de B. Aires 2.8.1865. Comenta-
conde de Tamandaré parte
4.8. Triunfo da nossa armada nas
rios sôbre a campanha:

11.8.1865. Comentários sôbre a campa-


águas do Paraná:

Correspondência de Londres: 1.9.1865.


nlia 21.8.1865.
186 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Marcha do brigadeiro Canabarro: 2.9.1865. Correspondeu-


cia de Buenos Aires sôbre os feitos da guerra, 4.9.1865.
Guerrilhas, 14.9.1865. Humaitá, 3.7.1868. Correspondên-
cia: 22.7. Ministério da Marinha: 24.7. Correspondência:
23.11.1869. Idem: 7, 13, 21 e 23.11. Ibd. 15, 17, 23, 26 e
29.12.1869.
Ficamos por aqui. A resenha é bastante resumida por-
quanto omite fatos importantes como por exemplo a atua-
ção da Marinha no combate ao tráfico negreiro, objeto de
pequeno trabalho por nós publicado na edição 8.12 do ano
findo, além de outros que poderão ser, oportunamente, pes-
quisados através da consulta ao opulento Arquivo do Jornal
do Co«mmercio nas suas coleções de casa e da Biblioteca Na-
cional.
A conclusão a que se chega mesmo com a consulta às
poucas fontes por nós mencionadas é que o venerando ór-
gao fundado na menoridade de D. Pedro II esteve sempre
ao lado da Marinha de Guerra, glorificando os feitos1 dos
nossos marujos e da sua denodada oficialidade, na obra de
manter na sua plenitude o império da ordem e da legalida-
de, levando às águas estrangeiras as cores nacionais no tô-
po dos mastros de suas embarcações, pedaços flutuantes da
Pátria distante e sempre amada.
Jornal do Commercio — Rio de Janeiro, 14 de julho de 1962.
FORMAÇÃO DAS EQUIPES NÁUTICAS DE NAVIOS
PESQUEIROS DE ALTO MAR
Um dos projetos incluídos no Programa de Desenvolvi-
mento das Pescas Marítimas do Nordeste refere-se, especifi-
camente, à formação de pilotos e maquinistas de navios
pes-
queiros de alto mar, salientando que, sem a preparação desse
pessoal, os esforços de modernização da pesca carecerão de
base. O programa — subscrito por ilustre representante do
Ministério da Marinha — reconhece que na dificuldade de
contar com tripulações capacitadas, têm esbarrado iniciati-
vas empresariais que se anunciavam de alcance, no setor
pesqueiro. Torna-se necessário, com a maior urgência, pro-
videnciar facilidades de treinamento de equipes náuticas em
cursos regulares, abertos à juventude da região. Contando
com integral apoio do Comte. José Uzêda de Oliveira, dire-
tor da Escola de Marinha Mercante do Rio de Janeiro,
já em
meados deste ano se encontrava pronto o currículum de cur-
sos dessa natureza, aguardando apenas aprovação superior.
Expomos, a seguir, o enunciado do projeto em tela,
que
focaliza, igualmente, a preparação do pessoal subalterno es-
pecializado.
Respiga 187

Considerações Gerais

Para os navios de maior — havendo,


pesqueiros porte
presentemente, no Nordeste, cinco unidades de 100 a 300 to-

aguardam nacionalização — é de fundamental


geladas que
importância
habilitar maquinistas e subalternos,
pilotos,
tanto
de navegação e máquinas como de equipamento es-

Pecializado. E habilitá-lo no enfoque das operações normais


de
pesca, que exigem bom trabalho de equipe, por de
parte
todos
os tripulantes, sem exceção.

Como essa de tripulações, ainda não a-


procura porém,
tinge manutenção de
proporções que justifiquem a escolas

próprias na região, recomenda-se, no primeiro caso, dispen-


sar todo fundamentais
o apoio à criação de cursos de pilô-
to e maquinista levar
de conforme se propõe a efeito
pesca,
a atual direção Marinha Mercante do Rio
da Escola de de
Janeiro subalterno especia-
(EMMRJ). Quanto ao pessoal
Üzado radiotelegrafia, instrumentos eletrôni-
(operadores de
cos, câmaras etc.), os Centros de Instrução da
frigorificas,
Marinha Nacional treinar, eficientemente,
podem qualquer
candidato.

Em ambos os casos, a SUDENE e a DCP se responsabi-


lizarão. e inscrição dos
pelas despesas de deslocamento can-
didatos, concedendo-lhes a Marinha o tratamento normal-
mente dispensado alunos dessas instituições.
aos

CursQs especializados

O curriculum dos cursos fundamentais de e ma-


piloto

quinista de deverá ser elaborado (*) por representan-


pesca
tes da EMMRJ e da DCP, com a maior urgência, estabele-

cendo, desde como condição de admissão na Escola: a)


já,
idade mínima 18 anosi; b) certificado do Io ciclo do en-

fciíno secundário básico; c) de capacitação seguir


prova para

qualquer dos cursos.

O candidatos serão selecionados, prèviamente, d'even_


do o Diretor da DCP encaminhá-los à EMMRJ Essa
(*).
seleção deverá levar em conta, reforçando as condições
ge-
rais de admissão, a as lides do mar, me-
predisposição para
diante estágios em embarcações de
pesca.

<*) O Programa data de maio último. Depois dessa data, a EMMRJ pre-
parou o curriculum, no atinente à parte exclusivamente náutica, fal-
tando complementá-lo com as matérias especializadas de pesca.'
188 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Prevê-se que os cursos tenham duração de dois anos.


após o que os alunos formados receberão certificado habili-
tando-se unicamente ao serviço de pesca. A formação da
primeira turma de pilotos e maquinistas começará no pró-
ximo ano letivo, tomando-se para isso as providências cabí-
veis.
Deve reservar-se, a candidatos nordestinos, mínimo de
dez (10) vagas para cada curso, em 1962 e 1963.
Em relação aos futuros operadores e encarregados
da manutenção de equipamento rádio-telegráfico ou ele-
trônico, na medida em que deles houver necessidade, estabele-
cer-se-ão: entendimentos com vistas a facilitar o seu treina-
mento nos centros especializados subalternos da Marinha,
também depois de submetidos a prévia solução.

Dispêndio previsto do projeto

A inscrição dos alunos da EMMRJ exige contribuição


individual de 10 mil cruzeiros, para aquisição de peças com-
plementares do guarda-roupa, f-qrnecendo a Escola da Mari-
nha Mercante, uniforme completo. Caberá essa despesa à EICP
que dela pode indenizar-se, reservando anualmente o fundo
inicial, pelas empresas empregadoras dos pilotos e maquinis-
tas formados. Além desse encargo, há que contar com os
gastos de viagem de ida e volta à Escola, inclusive durante as
férias do intervalo do primeiro para o segundo ano do curso,
os quais ficarão a cargo da SUDENE.
O dispêndio previsível, durante o presente programa, é
da ordem de 1,4 milhão de cruzeiros, para 20 candidatos
anuais, assim distribuídos (em milhões de cruzeiros):

Discriminação 1962 1963


Inscrição (§) 0,2 0,2
Gastos de viagem (&) 0,5 0,5
TOTAL 0,7 «0,7

(§) a cargo da DCP, (&) a cargo da SUDENE.

(*) Com a criação, posterior, do Conselho de Desenvolvimento da Pesca,


esta atribuição lhe poderá incumbir.
Respiga 189

As despesas eventuais de viagem dos candidatos à espe-


cialização
subalterna serão satisfeitas pelas empresas so-
que
licitarem,
ou, caso indispensável, SUDENE, sendo difícil
pela
prever, agora, o seu montante.

SUDENE — Recife, 1961.

NO FUNDO DO MAR

Uma cordilheira submarina, de extensão ainda desço-


nhecida, foi descoberta dos de São Pedro
na altura penedos e
São Paulo — ilhas vulcânicas e de algumas
grupo de cinco
ilhotas menores no Atlântico Norte, a 1.100
que se localizam
km do Recife. a cordilheira segue
Partindo dos penedos, a
direção sul.

A constatação foi feita navio-oceanográfico Sirius,


pelo
da Marinha recentemente naquele
de Guerra, estêve lo_
que
cal em missão determinada
de reconhecimento científico, pela
Diretoria de Hidrografia A descoberta veio
e Navegação. pro-
var aquêles rochedos constituem de um sistema e
que parte
que não são isolados em meio do oceano,
pontos perdidos
como se pensava.

O Sírins fôra incumbido de determinar a profundidade


das águas em tôrno dos rochedos, medida preliminar
para a
elaboração de uma carta hidrográfica. Impossibilitado de
ancorar em dos à
qualquer penedos (devido grande profundi-
dade das águas e à natureza do fundo do mar), o navio
per-
maneceu durante dias com suas máquinas em movi-
quatro
mento, enquanto a medição era feita. Com o auxílio do eco-
batímetro, foi descobrir a cordilheira e determinar a
possível
profundidade das águas.

O trabalho de reconhecimento efetuado pelo Sírius vem


confirmar e complementar anteriormente realiza-
pesquisas
das navio-oceanográfico britânico Owens.
pelo

Antes de regressar à sua base de operações, o Sírius tocou


no atol das Rocas — recife ide coral dista cêrca de 150
que
km do arquipélago de Fernando de Noronha — inspeção
para
do farol ali instalado Marinha de Guerra.
pela

Uma equipe de caça submarina viajou no navio cons-


que
tatou tanto nos como no atol existem magnífi-
que penedos
cos naturais, onde se encontram xaréu
pesqueiros prêto, bar-
racudas, badejo serigado, caranho e badejo
quadrado. Suas

pesquisas, entretanto, foram prejudicadas existência de


pela
grande quantidade de cações naquelas águas.

Visão — São Paulo, 1 de


junho de 1962.
190 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"JORNAL DO
A MARINHA DE GUERRA BRASILEIRA E O
COMÉRCIO"

César da Fonseca
O "Jornal do Comércio", órgão veterano da Imprensa
Carioca, pelos seus, objetivos, sempre ocupou um lugar de
destaque, como umá convicção nacional.
Seus assuntos, constituíam matéria de interesse vital
para a Nação, tratando.os com ponderação, critério e justeza.
Conseqüentemente, criou em torno de si uma auréola de pres-
tígio, a ponto de influir na nossa política interna e externa.
A Marinha de Guerra Brasileira mereceu dele todo apoio
em suas reivindicações ou propósitos, com exatidão e since-
ridade. Sempre conclamou que o Poder Naval era uma ne-
cessidade, como uma força irresistível para a defesa e segu-
rança da Nação.
Assim, vários artigos foram publicados em suas colu-
nas, ocasionando os efeitos desejados.
Lucas Boiteux, Henrique Boiteux, Augusto Carlos de
Souza e Silva, Armando Burlamaqui, Tancredo Burlamaqui,
Raul Tavares, Frederico Villar, João Francisco de Azevedo
Milanez, Eugênio de Castro, Eduardo Augusto de Brito e
Cunha, Álvaro Alberto, Luiz Antônio de Alencastro Graça,
Braz Dias de Aguiar, Carlos Pena Botto, Adalberto Menezes
de Oliveira, José Frazão Milanez, Álvaro Vasconcellos, Wa-
shington Perry, Luiz Alves de Oliveira Bello, Hélio Leôncio
Martins, desde a Marinha de outrora, perlustraram suas pá-
ginas.
Além da colaboração de oficiais da Marinha, homens
ilustres em trabalhos aprimorados e exuberantes de conceito
escreveram sobre assuntos relativos ou correlatos ao Poder
Naval, visando ao engrandecimento da nossa Marinha, fazen-
do ver a sua importância e a sua influência no destino dos
povos essencialmente marítimos como o Brasil, que ocupa
uma situação geo-estratégica privilegiada no Continente
Americano. Isso, sem contar com os recursos econômicos que
êle poderá proporcionar, adaptados às contingências da guer-
ra. E daí, emergiam sugestões ou soluções para o nosso pro-
blema naval, de suma importância, figurando, como princi-
pais: dispor de um Poder Naval, cuja Marinha, por suas
Forças Navais, pudesse cumprir a sua missão qual seja a de:
garantir as vias de comunicações marítimas de nos-
sas águas;
manter o intercâmbio comercial preservando a Ma-
rinha Mercante;
Respiga 191

assegurar a defesa das costas por uma proteção indi-


•pp-f o •
garantir a segurança das bases e a unidade do terri-
tório nacional.
Por ocasião de várias Conferências Internacionais, em
artigos de fundo ou em suas famosas Várias ou contribuições
de homens ilustres, concorreu, de acordo com a coerência e
fidelidade aos princípios Pan-americanos para orientar os
problemas vitais nacionais.
Teve participação com observações ou críticas à condu-
ta da nossa Chancelaria, na V Conferência Pan-Americana
em Santiago do Chile, focalizando o convite do nosso Minis-
tro das Relações Exteriores à Argentina para uma Reunião
Especial do Chile, Argentina e o Brasil, em Valparaíso, a fim
üe estudar, juntas, a questão de limitação de armamentos.
Era uma reunião preliminar com o objetivo de conciliar os
pontos de vista discordantes, antes da matéria ser da
discutida
limitação
no Plenário da Conferência quando se tratasse
de armamentos, muito principalmente no que se referia à fi-
xaçáo üe tonelagem para os navios capitanias das respectivas
esquadras.
A Chancelaria Argentina de então, recusando o convite
em termos pouco diplomáticos fazendo sentir que o propósito
do Brasil era afastar do debate as demais nações do Conti-
nente, lançando contra nós a suspeiçãoi de imperialistas e
prepotentes, criou para o Brasil uma situação desagradável;
no entanto, o objetivo visava tão somente a diminuir prova-
veis ou possíveis discordâncias.
O "Jornal do Comércio" analizando o texto da carta, em
resposta à Chancelaria Argentina, classificou-a como um dos
documentos mais tristes da nossa diplomacia, colocando o
Brasil numa situação subalterna e falsa.
Acentua que a atitude da Argentina devia ter sido repe-
lida com dignidade e altivez e não aceitar, implicitamente,
a acusação indireta de imperialismo e: prepotência atribuídas
a nós, nem tampouco reconhecer-lhe autoridade para defen-
der contra o Brasil o princípio de igualdade das nações, su-
gerindo princípios que sempre defendemos. A V Conferência
não logrou êxito.
Além dos assuntos internacionais desde os aludidos da V
Conferência de Santiago do Chile, até a Conferência Inter-
Americana para a Manutenção da Paz e Segurança do Con-
tinente, em 1947, o "Jornal do Comércio" foi um arauto na
solução dos problemas internacionais. E como a política ex-
terna e militar devem estar perfeitamente irmanadas, base-
ado nessa ordem de idéias, jamais deixou de pugnar pelos
192 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

meios militares necessários, notadamente os do Poder Naval,

cujo desenvolvimento é indispensável à segurança nacional

e ao nosso internacional.
prestígio
"Jornal
O do Comércio" fiel às suas tradições, vol-
precisa
tar ao era, emitindo idéias e opiniões, como
que porta-voz
da consciência nacional.

Jornal do Comércio — Rio de Janeiro, de 1962.


25 de julho

ÁFRICA VIU E GOSTOU

Depois de uma viagem de 151 dias em volta da África,

regressou na semana passada ao Brasil o navio-escola Cus-

tódio de Melo, que exibiu a vários países daquele continente

uma exposição flutuante dos principais produtos brasileiros.

A viagem nada custou á nação, pois já estava


praticamente
Marinha de Guerra como cruzeiro de ins-
programada pela
trução para 178 guardas-marinha.
A exiguidade do teve a Marinha para a prepa-
prazo que
ração dos stands não a mostra organizada no
permitiu que
convés superior do navio fôsse mais atualizada. Ainda assim:

os africanos ter uma idéia do vem realizando o


puderam que
Brasil no setor da indústria automobilística e na produção
de tecidos e aparelhos' elétricos para uso doméstico .

Foram os seguintes os países visitados Custódio de


pelo
Melo: Senegal, Serra Leoa, Costa do Marfim, Gana, Nigéria,

República dos Camarões. Congo, Angola, Moçambique, Quê-


ma, Etiópia, Egito, Líbano, Israel, Tunísia e Marrocos. Hou-

ve três escalas fora do roteiro: em Chipre, Nápoles e Lisboa.

Samba & — O Capitão-de-mar-e-guerra Aldo


futebol
Pessoa Rebello, comandante do Custódio de Melo, em entre-

vista à Visão, considera a viagem apresentou um saldo


que
"Nos
o Brasil: 22 portos em que tocamos, do
positivo para
Brasil só se conheciam Pelé, Brasília e a marchinha Brigitte

Bardot. Em tôdas as escalas fizemos, milhares de


que pes-
soas aprenderam a admirar o Brasil e essa promoção, por sí

só, já teria justificado plenamente a viagem.


"Quanto • "êsses
aos resultados comerciais", continua, de-

agora do Itamarati e dos industriais brasileiros que,


pendem
se estão interessados no mercado africano, não devem perder
tempo. Há um fator importante conspira contra as pre-
que
tensões dos exportadores nacionais: o alto custo do transpor-

te. Essa desvantagem, porém, poderá ser compensada pela


oaixa cotação do cruzeiro em relação ao dólar, é a moeda
que
os africanos, assim como nós, empregam em suas tran-
que
sações com o exterior."
Respiga 103

Na opinião do Comandante Rebello, o que realmente »ii-

ticulta um intercâmbio comercial em larga escala entre o


Brasil e a África é ambos as mesmas
que produzem quase
niatérias-primas.

O Custódio de Melo levou à África duas atrações à parte:


uma banda de Fuzileiros Navais e o time de futebol da Escola

Naval. Os defenderam muito bem o pres..


guardas-marinha
tígio do futebol campeão do mundo: não sofreram uma úni-

ca derrota ou Em Lourenço Marques, 110 es-


empate. jogaram
tádio municipal, diante de mais de 5 mil pessoas.

Os Fuzileiros, sua vez, além de tocar no passadiço do


por
navio durante as visitas ainda realizaram retretas
públicas,
nas das cidades visitadas- Elas terminavam invariável-
praças
inente contagiando com o micróbio do samba os africanos

a um desajeitados, tentavam imitar as


que, princípio pouco
figurações dos marujos passistas.
Democracia racial — Os africanos ficaram impressiona-

dos com a democracia racial dos brasileiros. Ver brancos, ne-

e mulatos tripulação do Custódio de Melo convivendo


gros da

na mais harmonia, foi vim importante fator de


absoluta pres-

tígio Brasil. tôdas as africanas


para o Quase personalidades

visitaram em com os oficiais brasileiros,


que o navio, palestra
fizeram de ressaltar êsse aspecto como o que mais os
questão
impressionara.

nossa democracia racial funcionou na


A tradicional

África com não foram poucos os maru-
tanta eficiência, que

jos lá deixaram suspirosas namoradas.


que
Outros em relêvo Capitão-de_mar_e_
asípectos postos pelo
-guerra
Aldo Pessoa Rabello:

O Embaixador Raymundo de Souza Dantas é extraor.

dmàriamente em Ghana. A fim de demonstrar-lhe


popular
seu apreço, o Presidente Nkrumah fêz uma visita ao
pessoal
Custódio de Melo sua visita a um navio estran-
(foi primeira
Nessa ocasião, Nkrumah ficou entusiasmado com as
geiro).
casas indústria do Brasil e
pré-fabricadas produzidas pela

ali mesmo fechar um amplo contrato de compra.


queria
O de Ghana mostrou-se interessa-
Ministro da Defesa

do em obter do Govêrno brasileiro para oficiais


permissão que
das Forças Armadas de seu estagiassem em nossas aca--
país
demias militares.
Quase industriais encontrados
todos os produtos nos

países africanos são de procedência japonêsa ou alemã.


Na filho do Imperador
Etiópia, o Hailé Selassié foi o
cicerone dos brasileiros, durante quatro dias.
Ghana mais se sente
é onde um forte espírito naciona-

lista; a Nigéria, onde reinar maior estabilidade.


parece
194 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Todos os países visitados estão muito interessados em


estreitar seus laços culturais com o Brasil. Em todos os por-
Ws, multidões entusiásticas aguardavam os brasileiros e lhes
dispensavam carinhosa acolhida.
O Governo de Israel organizou um programa de visita
aos Lugares Santos, para toda a tripulação (mais de 500 ho-
rnens).
As vedetas da exposição foram o caminhão FNM, o jipe
Willy, as bicicletas, os tecidos e os aparelhos elétricos para
uso doméstico.
As despesas de montagem dos stands somaram 3 mi-
lhões e ò valor das mercadorias expostas ascendia a 15
milhões.
Aos visitantes, o IBC oferecia cafezinho
Os "brasileiros" da Nigéria (descendentes grátis.
de africanos
que passaram um período de escravidão no Brasil e que ain-
da hoje guardam muitos dos nossos costumes) foram os que
mais se entusiasmaram com o Custódio de Melo.
• Foi a primeira vez que um navio brasileiro efetuou a
volta da África.
Visão — São Paulo, 1962
"ESTELAS

DE AMISTAD"

L1LY VASQUEZ CLARO

La visita dei Presidente déi Brasil, Excelentísimo senor

João Goulart, esperada con verdadero placer por los chilenos,

nos hace recordar es nuestra Marina de Guerra,


que princi-

palmente, la ha tendido fuertes lazos de amistad con


que
Brasil. Y la Armada estuvo ausente en
precisamente porque
Ias festividades oficiales, el Ilustre Mandatario brasi-
pues
leho no fué a Valparaiso Vina dei Mar, es nos compla
y que
cemos en recordar una amistad que viene desde los dias de la

Independencia la de Dio, ha de continuar


y que, por gracia
en los dias venir.
por
'ias
Hay un nexo une a Armadas de ambas naciones,
que
ese nexo es un nombre es um símbolo.
y que
Un nombre brilla como un rayo de luz de
que y gloria
entre los barcos de de cuatro naciones: Inglaterra,
guerra
Chile, Brasil, Grécia. Un nombre que en nuestra Armada
ja-
más estar ausente:
podrá

Lord Thomas Cochrane.

El 28 de noviembre de 1818 ha llegado a Chile. Cuatro

anos después se va al Brasil. El ilustre marino inglês ha for-


inado en el Pacífico Sur una Marina de Guerra llevará
que
siempre en sus tripulaciones, el sello dei valor sin lími-
para
'la
tes, disciplina, la lealtad. Esa Marina es la de Chile,
que
ha nacido como República Independiente, le ha encomen-
y
dado su defensa entregándole un pequeno y ya glorioso poder
naval él transforma en una fuerte Marina de Guerra,
que a
medida combate contra Espana.
que

La fama de esta Armada y su brilhante conductor llega


al Brasil. Sabedor el Emperador Pedro I de Braganza la
que
brava República de Chile ha cimentado al fin su Indepen-

dencia han llegado dias de paz para el Almirante Cochrane,


y
cl 4 de noviembre de 1822 de le invita a sus servicice
prestar
al Brasil.
196 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Conquista al marino la de nuevas empresas


perspectiva
cargadas de esta vez un inmenso Império, tan
gloria, para
inmenso aún no se conoce a si mismo. Cbmo la Re-
que gran
pública dei Pacífico Atlântico Sur, el Império dei Brasil le
y
entrega el mando de una escuadra va formándose defini-
que
tivamente en el curso de la Y cumple con Brasil,
guerra.
vence dá a esa Armada un sello de Lord
y grandeza, porque
Cochrane supo al brasileno como supo
querer pueblo querer
al de Chile.

Y el espíritu de Lord Cochrane unirá siempre Ias


para
Armadas de ambos Y su nombre
países. en ambos oceanos
será recordado con igual devoción marinos
por que hablan
diferente idioma, mantienen como
pero que sangre de su es-
píritu idêntica tradición.

Pasan los anos. Una amistad se mantiene


profunda en-
tre la República ha marchado rectamente la
que por senda
de la oonstitucionalidad el Império mira
y que con ojos vi-
'la
gilantes descomposición moral en se
política y que deba-
len Ias restantes repúblicas en Iberoamérica.
Van vienen diplomáticos de
y países vecinos a Chile ur-
aiendo una alianza ofensiva tiene
que una finalidad: des-
truirlo como nación soberana.
El Emperador Pedro II sabe
que la tranqüila República
dei extremo sur de América es prenda de inconmovible leal-
tad y valor en todos los momentos
que pueda vivir.el Brasil.
Y vigila sin césar. La suerte correr
que pueda Chile afecta-
rá los inteireses, el destino de Brasil.
profundamente Y el 17
de febrero de 1874, su Ministro ante la Moneda informa al
Gobierno chileno de la existence dei Pacto Secreto entre Pèrú
y Bolívia con la inminente adhesión de Argentina. Em 1879
estalla la Guerra dei Pacífico. La sombra
gigantesca dei
Império se levanta frente a Argentina la disuede
y de inter-
venir a mano armada en el atraco.

Chile combate vence.


y
Pero una absurda le hace ceder en
política 1881 a manos
de la Casa Rosada sus inmensos territorios
patagónicos y la
Tierra dei Fuego, deja así de compartir con el Brasil
y su
senorio en el Oceano Aálântico.

Pasan breves anos. Las naves de de ambas


guerra nacio-
nes surcan los mares en cruceros de amistad. Un dia en
1889, entra en Valparaíso el crucero Almirante Barroso, al
mando dei Comandante Custódio de Mello,
y la canonera
Vital de Oliveira. Viene a bordo el príncipe Leopoldo, de ape-
"Esteias de Amisted" 197

nas 20 anos... Un príncipe y brasilefio! El entusiasmo dei


pueblo chileno no conoce limites y ei corazón criollo se abre
a Ios visitantes con toda su generosidad inata. Guando ei
príncipe sube a la carroza en la Estación Alameda un público
delirante desengancha Ios caballos y la conduce en médio de
iucesantes vítores hasta ei Palácio de la Moneda. El prín_
cipe Leopoldo de Braganza, escapado de un cuento de hadas,
ha barrenado muy hondo en ei corazón chileno. Nunca
Regará a coronarse Emperador dei Brasil, pero ha grabado
su nombre en Ias páginas de oro dei Libro Inmortal de la
Amistad de Ias dos naciomes.
Como un barco de leyenda ei cruero Almirante Barroso
se aleja, llevándose a su joven príncipe. Ese mismoi ano de
1889, ei acorazado Almirante Coçhrane, ai mando dei Co-
mandante Constantino Bannen, surca Ios mares hacia Bra-
sil...

El Império es una Islã en un oceano de Repúblicas. El


progreso formidable que le ha dado Pedro II de Braganza a
través de 50 anos de gobierna es un bosquejo de lo que ei
coloso dormido llegará a ser más tarde, pero no ya bajo una
corona...
El acorazado Almirante Coçhrane entra en la bahia de
Guanabara, siendo recibido con increible entusiasmo por Ios
brasilenos. Três dias permanece la nave de tan gloriosos nom.
bre y trayectoria guerrera y sus marinos disfrutan intensa-
mente de"la esplêndida hospitalidad brasilena. Culmina esta
con un maravilloso baile que ofrece ei Emperador en la Islã
Fiscal de la bahia de Guanabara. Todo ei esplendor dei Im-
perio hace, para Ios chilenos, inovidable aquella despedida.
cPocíian sospechar siquiera que este seria ei último baile
dei Império?
Porque ei Império dei Brasil ha caído, y por una gentile_.
za casi imposible de creer, ei gran amigo Üe Chile, ei Empe-
rador Pedro II de Braganza y sus adversários políticos, re-
presentantes de la República, han acordado postergar por Ios
tres dias que permanecerá en la bahia de Guanabara ei aco_
razado chileno, ei cambio de régimen. _ Pudo tener otro país
que no sea Brasil un gesto de tan esplêndida y conmovedora
galanteria hacia Chile, en Ias personas de un grupo de mari-
nos suyos?
El Almirante Coçhrane ignorante, de lo que va a ocurrir,
parte henchido de luz y alegria y se detiene en ei puerto de
Santos. Allí lei inm-òviliza um cable dei Ministro chileno en
Rio. Tiene que esperar ordenes, i Quê ocurre?
198 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

El Ministro chileno ha comunicado a la Moneda la caída


dei Império y ei consiguiente destierro voluntário dei Empe-
rador.
i,Cuál es la actitud de la pequena República que ahora
es "como una espada colgada ai costado de América dei Sul?
La única, la que interpreta ei sentimiento, ei cuho es -
piritual dei pueblo chileno. La qúe perdurará para siempre
en la historia dei Brasil y que ai recordar su conmovedo'ra
grandeza y sencillez servirá para borrar de la mente de mu-
chos brasilenos Ias torpezas que alguna vez se cometieron,
olvidando pasado tan glorioso y amistad tan preciosa para
ambos países.
Chile ordena a su Ministro en Rio que se presente ai
Emperador y ponga a su disposición "para llevarlo a cuál-
quier puerto en ei mundo donde queira ir como desterrado,
ei acorazado Almirante Cochrane quq espera ordenes en ei
puerto de Santos".
Los marinos dei Almirante Cochrane viven tensa espera.
Tienen la certeza de que la historia los ha elegido para seha-
lar sucesos inolvidables entre Chile y Brasil.
"Cochrane" este acorazado? Pudo haber
c,No se llama
sido su gemelo ei Bianco Escalada... Pero no, la brújula
dei destino ha querido que sea este barco que lleva ese nom-
bre glorioso para Ias dos Armadas, ei que este ahora espe-
rando allí...
^.Corresponderá a ese barco de guerra de la lejana Re-
pública de Chile, recibir y llevar a través de los mares ai
últim«o\ representante de un Império que desaparece para
siempre?
El Emperador, ei gran amigo de Chile, escucha y agra-
dece, profundamente emocionado. Pero no acepta y dice:
"Me iré ái destierro en un barco de
guerra de la Armada dei
Brasil, mi Pátria, con todos los honores..."
asi sucede*.
ei acorazado chileno Almirante Cochrane abandona
ei puerto de Santos y se interna en ei Atlântico, llevando en
ei espiritu de su tripulación la infinita melancolia de haber
asistido ai último acto de un drama esplendoroso y conmo-
vedor por su tranqüila grandeza que vive la nación amiga:
El paso dél Império a la República.
Las costas que se pierden en la luminosa lejanía son
ahora de uma República. El Império ha muerto.
"Esteias de Amistad" 199

Alguien ha dicho con mortal frialdad: "Los países no


tienen amigos, solo tienen intereses..." Esta es una verdad
terribla, incfiscutible. Pero ei hombre no puede vivir sola-
mente saturado de verdades.. Pòr sobre estas, a pesar de és-
tas que se renuevan sin césar, ei corazón humano, ei alma
de Ios pueblos se aferra desespradamnte ai sentimento, ai
recuerdo dei pasado, a la esperanza dei presente.
Por sobre Ios intereses implacables de Ias naciones, por
sobre ei materialismo inflexible de la hora presente, entre
Chile y Brasil brilla con suave persistência la esteia de hon-
da amistad que han trazado sobre dos oceanos, naves de
guerra de ambas naciones.—
San Bernardo, CHILE
25 de abril de 1963
NOTICIÁRIO

~
/ .

BRASIL

MENSAGEM DE NATAL

O Ministro da Marinha, Almirante de Esquadra Pedro

Paulo de Araújo Suzano, expediu à Marinha a seguinte

Mensagem de Natal:

".ds -para
naus descobridoras trouxeram as terras do

Novo Mundo a Cruz de Cristo, e com ela as doces tradições

de da religião,
fé e que nos proporcionam as emoções que vi-

vemos nestes dias. — Assim está a Marinha ligada às raizes

da vossa crença, nos embala a infância, e nos abençoa


que
o túmulo — Pensando assim é me dirijo a todos os
que que
servem à Marinha, militares de todos os postos e graduações,
civis de todas as categorias, e às sua excelentíssimas fami-
lias, desejando-lhes um Natal realmente feliz, e que o Ano

Novo 'fie
seja de realizações e felicidades, alcançando cada

um suas mais acalentadas esperanças. — Convoco a todos

os vestem o uniforme glorioso de nossa Marinha e aos


que

que, civis, prestam-nos sua colaboração, para que, unidos e

sem dissenções, façamos ao Senhor na data de seu Natal, a

promessa de continuarmos dignos da Pátria que Êle nos deu,

conservando-a nas suas tradições de trabalho e de


grande
honradez, maior nas realizações de cada dia que a elevam no

meio das nações do mundo civilizado."

CONGRATULAÇÕES DA A. B. I.

Ao ensejo das comemorações da Semana da Marinha,

o da Associação Brasileira de Imprensa dirigiu ao


presidente
Almirante de Esquadra Pedro Paulo de Araújo Suzano, Mi-
nistro da Marinha, a seguinte mensagem:
202 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"Quando
o Brasil se engalana comemorar a data
para
máxima de sua Marinha de Guerra, simbolizada na figura

imortal do Almirante Tamandaré, é com a mais viva satis-

fação a Associação Brasileira de Imprensa vem transmi-


que
tir a mensagem dos ao Exm° Sr. Ministro Almi-
jornalistas
rante Pedro Paulo de Araújo Suzano e seus dignos coman-

Da Independência — ajudou a consolidar — à


dados. que
— tem nela um de seus sustentáculos — vem
Republica que
a Marinha de Guerra contribuindo, eficazmente, para a ma-

nutenção da soberania nacional e do regímen democrático.

Gloriosa é a tradição dos homens do mar brasileiros, defen-

denão nossas ponteiras no Continente e colaborando para


a vigilância da liberdade mundial sempre necessário¦
que
Aos jornalistas iapraz associaflem-\se às manifestações ofi-

ciais e populares a favor duma instituição modelar, de tan-

tos vultos nobres, — sempre a serviço da concórdia do


e pro-
HERBERT MOSES — Presidente".
gresso. (ass.)

ELOGIO

O Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante de Es-

quadra José Luiz da Silva Júnior, baixou a seguinte Ordem

do Dia, relativa à Revista Naval Presidente da


passada pelo
República:

"Elogio '—
No dia 13 die dezembro, na oportunidade da
Revista Naval passada pelo Exm° Sr. Presidente da Repú-
blica, foi por todos constatada a excelente apresentação dos
navais e o impressionante aspecto marinheiro das guarni-

ções. A beleza do espetáculo proporcionou aos ilustres visi-

tantes o justo orgidho de ver comprovados, mais uma vez, o

zelo e o entusiasmo do nosso pessoal pelo seu trabalho e

pelos seus navios. Assim, tal acontecimento ressaltou piibli-


camente marcantes de nossa classe'. — Tenho
qualidades

pois o prazer de elogiar o Exm° Sr. Vice-Almirante Antônio

Cézar de Andrade, a quem tão bem está confiado o Coman-

do da Esquadra,- como a todos os comandantes, oficiais e

guarnições dos navios, que tanto abrilhantaram a Revista

Naval".

MARINHA E PETROBRAS

O Ministro da Marinha enviou ao Sr. Francisco Man-

gabeira, Presidente da Petrobrás a seguinte Carta:


Noticiário 203

"Rio de Janeiro, GB, em 5 de outubro de 1962. — Pre-


zado Sr. Professor Francisco Mangabeira — Cordiais sau-
dações — Tenho a grande satisfação de participar a Vossa
Excelência que o óleo combustível especial ("Navy Special"),
fabricado por essa Empresa e fornecido à Marinha Brasileira,
foi utilizado com todo o êxito, tal como já se esperava pela
análise das suas especificações. O referido pleo foi também
fornecido ao navio aeródromo "Constellation", da Marinha
Americana, tendo recebido os maiores elogios dos oficiais
daquele navio. Estão pois de parabéns o Presidente, os diri-
gentes, os técnicos e os operários da Petrobrás. Desejo ain-
da, como conseqüência do bom termo final das negociações
entre a Marinha e a Petrobrás, estender, especialmente, o
nosso reconhecimento e congratulações à pessoa de Vossa
Excelência, como também ao do Exm° Sr. General Hilnor
Canguçu Valois de Mesquita e dos engenheiros Mirênio Lut-
terback e Hélcio Valadares Barrocas, que muito concorre-
ram para o êxito acima referido. Mais uma vez podemos di-
zer que A Marinha e a Petrobrás estão unidas pelo progresso
do Brasil. Valho-me da oportunidade para reiterar à Vossa
Excelência \Os nossos protestos de estima e elevada conside-
ração, (as.) PEDRO PAULO DE ARAÚJO SUZANO — Al-
mirante-de-Esquadra — Ministro da Marinha."

NAVIO LANÇA-MINAS "ALVSNABBEN"


Em visita não oficial, chegou às 9 horas do dia 29 de de-
zembro pp., o Navio Lança-Minas "Alvsnabben", da Mari-
nha de Guerra da Suécia. O NLM "Alvsnabben", sob o co-
mando do Capitão-de-Mar-e-Guerra U. Eklind, com uma
tripulação de 25 oficiais, 80 Guardas-Marinha e 180 praças,
deslocando 4.200 ton., com 334 pés de comprimento, 44 5
pés de boca e 16,5 de calado, encontra-se em viagem de ins-
trução, estando ancorado no Rio durante os dias 29,
30, 31, 1.°, 2, 3 e 4 de janeiro quando suspendeu com desti-
no ao Sul. Às 12 horas desse mesmo dia o seu Comandante,
CMG U. Eklind concedeu à Imprensa escrita e falada uma
entrevista coletiva a bordo do referido navio, que esteve atra-
cado no pier da Praça Mauá.

MISSÃO NAVAL AMERICANA


Novo Chefe
O Ministro da Marinha, Almirante de Esquadra Pedro
Paulo de Araújo Suzano, baixou Ordem do Dia dando posse
204 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ao Nôvo Chefe da Missão Americana à Marinha do


junto
Brasil, expedindo as seguintes considerações:

"Nenhuma
outra oportunidade melhor se apresentaria

que esta, quando ilustre Almirante da Marinha dos Estados


Unidos substitui seu colega na Chefia da Missão de silo, Ma-
rinha junto à nossa, realçar o ela significa, como
para que
traço de união entre estes dois organismos indispensáveis d

defesa do nosso hemisfério. Há comemoramos o


pouco qua-
dragésimo ano de instalação da Missão Naval Brasil. E
\no
os laços de amizade entre as nossas Marinhas e os nossos

povos cada vez mais se estreitam, a êsse contado


graças
permanente, à troca de experiência nesse setor difícil, onde
o material é muito, mas é imprescindível a força do ideal

que alimenta os homens o Nessas relações


que. guarnecem.
com a Marinha 1
Americana têm sido sempre excelentes e,

podemos afirmar, temos razões assim


para que'elas perma-
"Agradeço
negam. Agradecimento: em nome da Marinha
do Brasil ao Almirante Weatherwax excelente
pela atuação
no exercício do cargo ora deixa, no muito
que qual fez pela
continuação destas relações tradicionais de amizade e coope-
ração de nossas Marinhas, e lhe desejamos em
que, sua pró-
pria pátria, na sua nova comissão, continue amigo do Bra-
sil, lembrando sempre dos inúmeros amigos soube
que fazer
nêste
país'.

ANIVERSÁRIO

DO

CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

A propósito da a 5 de março do 155.° ani-


passagem pp.
versário de fundação do Corpo de Fuzileiros Navais foram
realizadas diversas solenidades alusivas ao evento entre
e
estas, a cerimônia de lançamento da fundamental do
pedra
novo Quartel do Grupamento de Fuzileiros Navais, em Bra-
sília, com a presença do Chefe da Nação, Dr. João Goulart

e de Altas autoridades civis e militares.

Na oportunidade falou o Ministro da Marinha, Almiran-

te Pedro Paulo de Araújo Suzano, assim se expressando:

"A
Marinha é uma organização militar assaz complexa.
Tanto ser chamada a combater no Oceano, é o
poderá que
seu elemento básico, com o emprêgo de aviões, navios de

superfície ou submarinos, como poderá desembarcar e en-

frentar o inimigo nas ilhas e nas


praias.
Noticiário 205

Todas as Marinlias de alguma significação bélica pos-


sitem a sua tropa de infantaria, em geral constituída de
grupamentos de elite, dotados de alta mobilidade e grande
poder agressivo. O Corpo de Fuzileiros Navais, de que todos
nos orgulhamos, é a componente terrestre }da força anfíbia
da Marinha do Brasil. Sua origem remonta a 1808, em nos-
sa Pátria. Entretanto, a Real Brigada de Infantaria e Arti-
Iharia de Marinha que para aqui veio com o Príncipe Re-
gente era apenas, com outro nome, o Terço do Mar Oceano,
criado no Portugal seissentista, para maior segurança das
naus que transportavam as riquezas das Índias e do Novo
Mundo recém conquistados e para maior glória das armas
lusas.
Êste Quartel cuja pedra fundamental acaba de ser lan-
cada, constituirá pois um marco de presença . histórica.
Abrigará, na sede do Governo da República, a parcela de
uma corporação que se tornou herdeira de grandes tradi-
ções. Não é porém uma razão simbólica que justificava a
sua construção. O lugar da Marinha é o mar e a tropa an-
fíbia deve estacionar no litoral, pronta a atender, com a
mobilidade exigida pelas ações modernas, às necessidades
operativas da Esquadra. Entretanto, a cúpula da Marinha,
por um imperativo da organização política e administrativa
do País, está em processo de transferência para a nova. Ca-
pitai, disso resultando que algumas missões secundárias ha-
verão de caber aqui, em caráter permanente, ao Corpo de
Fuzileiros Navais, tais como a de prover policiamento aos
prédios e instalações navais, a da prestação de diversos ser-
viços auxiliares de administração e a muito honrosa tarefa
de contribuir para a segurança dos Palácios Presidenciais,
o que, por longa tradição, já lhe competia na antiga Capital.
Existe pois um motivo prático que nos impõe o início desta
obra e felizmente tal motivo foi devidamente compreendido
não só pelas autoridades como pela opinião pública. Dela
resultará sensível melhora nas precárias condições de alo-
jamento ora oferecidas ao reduzido contingente já ¦com transfe-
rido para Brasília, que tem arcado de ânimo forte os
ônus do pioneirismo, e também a possibilidade de se expan-
dir esse contingente de modo a que o mesmo venha a ficar
em condições de atender integralmente ao que dele se espera.
Êste momento tem, também, para a Marinha, signifi-
cação de m.onta: Sua Excelência o Presidente João Goulart,
nosso querido Comandante-em-Chefe, vai assinar a reorga-
nização do Corpo de Fuzileiros Navais aumentando-lhe a efi-
206 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ciência sem aumento do efetivo nem despesas, dando alta


mobilidade estratégica à gloriosa Corporação.
Desejo, nesta oportunidade, agradecer ao Excelentissi-
mo Senhor Presidente da República, a subida honra que
conferiu à Marinha e em particular, ao Corpo de Fuzileiros
Navais, comparecendo a esta cerimônia e assinando este ato.
Também aos Senhores Ministros de Estado e demais auto-
ridades e convidados,. cumpre-me manifestar as expressões
do meu profundo reconhecimento pela sua presença."

SAUDAÇÃO PROFERIDA EM BRASÍLIA PELO COMAN**


DANTE-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS, EM
8 DE MARÇO DE 1963.
"Senhor Presidente! É
para mim motivo de honrosa sa-
tis}ação saudar Vossa Excelência em nome do Corpo de Fw
zileiros Navais da Marinha de Guerra do Brasil, por ocasião
em que se comemora o seu 155.° aniversário.
Os Fuzileiros Navais sentem-se ijubilosos e radiantes
com, a prestigiosa presença do Comandante Supremo das
Forças Armadas, ficando eternamente agradecidos a Vossa
Excelência pelo lançamento da pedra fundamental do quar-
tel para este Grupamento. Assim, em breve, será possível
aos Fuzileiros Navais deixarem as precárias instalações pro-
visórias, em que se encontram desde a inauguração de Bra-
silia, e passarem a ocupar edifícios modernos e funcionais,
condizentes com o local e a missão que desempenham. .
Somos uma Força destinada a operar com as Forças Na-
vais, e demais Forças Armadas do País.
Integrados que estamos no sistema de Segurança Na-
cional, compete-nos, ainda, a manutenção da ordem inter-
na, além da preservação da soberania de nossa Pátria.
As múltiplas missões especiais, que nos têm sido atri-
buídas, vêm atestar o alto grau de disciplina e eficiência que
esta Força atingiu.
Pelo seu passado glorioso, o Corpo de Fuzileiros Navais
e a confiança dos brasileiros, e, justifi-
granjeou a estima "ADSUMUS",
cando o seu lema está sempre presente na ga-
rantia da independência e da proteção de nosso povo.
Hoje, a alma dos Fuzileiros Navais exulta e vibra de
contentamento porque o comparecimento a este local do
Chefe do Governo, legítima expressão da vontade popular,
veio demonstrar de modo inequívoco que nossa Corporação
poderá contar com o seu pleno e indispensável apoio ao aten-
Noticiário 207

dimento do se necessário o cumprimento de


que fizer para

suas finalidades.
Desejando tão significativo ato, com a devida
perpetuar,
vênia Exmo. Sr. Ministro da Marinha, os Fuzileiros Na-
do

vais oferecem a Vossa Excelência uma lembrança modesta,

porém de valor representativo.


grande
o brazão do Corpo de
Esta placa de bronze traz gravado
Fuzileiros Navais simboliza tôda a sua secular existên-
que
cia, cuja origem remonta à chegada de D. João VI ao Brasil

com a Brigada Real da Marinha, em 7 de março de 1808; a

bomba em chamas encimando as armas de abordagem, e a

ancorai nêle indicam essa Fôrça compunha-se


gravadas, que
inicialmente de Artilheiros, e à Marinha.
que pertence

Dêste modo, expressar ao nosso Comandante


queremos
Supremo tôda a lealdade e apreço lhe devota-
gratidão, que

mos, e declarar, ao entregar-lhe essa lembrança, que os

Fuzileiros Navais do Brasil estão coesos e .unidos em tôrno

de seu Comandante, nesta hora grave para os brasileiros,

aguardando a ordem de entrar em ação, em defesa dos seus

sagrados direitos."

DAS COMEMORAÇÕES DO 155.° ANIVER-


POR OCASIÃO

DO DE FUZILEIROS NAVAIS O CAPITÃO


SARIO CORPO

FN, ENÉAS ALVES CARNEIRO TEVE


DE MAR E GUERRA

A SEGUINTE PALESTRA NU-


O ENSEJO DE PROFERIR

DE RADIODIFUSÃO DO ESTADO DA
MA DAS ESTAÇÕES

GUANABARA

"O hoje
CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS comemora

seus 155 anos de criação. Nas comemorações dos anos pas-

sados, muitos nos em tornar público as origens


empenhamos

históricas e heróicas de nossa Corporação. Quase tudo o que

dela se tem a dizer, está tão intimamente ligado à própria

história da emancipação do Brasil,


politica-econômica-social
com orgulho declarar, tem sido ela a guardiã
que, podemos
de nossa independência.

Hoje, todavia, desejo lembrar o público da nossa data

magna, não com recordações das lutas legendárias


porém
os mas sim falando-lhes das ati-
que glorificaram fuzileiros,
vidades atuais do Corpo como fôrça moderna. Essa entida-

de cresceu e evoluiu com. o Brasil. Do povo tem recebido o

seu estímulo e, justificando a confiança lhe é


principal que
depositada, tem sido o defensor incansável das instituições

nacionais. Dentro da realidade atual foi mister se afas-


que
308 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tasse da sua estrutura original: de Batalhão de Artilharia

Brigada da Marinha, transformou-se numa da


da Real fôrça

Brasileira cuja organização, instrução e


Marinha de Guerra

meios materiais e participar de opera-


pessoais, permite-lhe
anfíbias, tomar em operações combinadas com o
ções parte
Exército, a Aeronáutica ou Forças estrangeiras; capturar

bases avançadas, aéreas ou necessários às operações


pontos
navais, assegurar a defesa imediata de bases navais de qual'

espécie e suas fortificações. Tem ainda ou-


quer guarnecer
tras finalidades secundárias.

Atualmente é umü fôrça que, mesmo em tempo de paz>


está a guerra e pronta a se deslocar as
preparada para para
zonas de ação em apenas alguns dias. Sua característica

especial de grande mobilidade, belona-


proporcionada pelas
ves, faz com que a Marinha possa defender as nossas imen-

sas costas com relativa presteza. Em conseqüência de suas

múltiplas atuações, precisou dar aos seus componentes as

mais diversas especialidades. Assim é que dispõe de ho-

mens-rãs, torneiros-frezadores, sa-


páraquedistas, ferreiros,

pateiros, telegrafistas, sinaleiros, caldeireiros-soldadores, ele-

tricistas, eletrotécnicos, teléfonistas, topôgrafos, engenheiros,

escreventes, bombeiros, motoristas, mecânicos, além das ati~

vidades de combate, propriamente ditas.

Essa capacidade de estar pronto a guerra em


para qual-

quer momento e em qualquer situação, é valeu o Corpo


que
"ADSUMUS"
de Fuzileiros Navais o lema muito —¦
que preza
isto é, estamos — e é com êle encerro
presentes que esta mi-

nha Boa noite."


palestra.

— O Ministro da Marinha compareceu a 26 de março à


pp.

sessão da Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara

agradecer a Moção de reconhecimento do Povo Cario-


para
ca medidas adotadas pela Marinha de
pelas prontamente
"Guerra
Guerra em defesa da Soberania do Brasil durante a

da Lagosta" nas águas do Nordeste, tendo na ocasião profe-


rido as seguintes palavras:

"Senhor
Presidente — Senhores Deputados — Traz-me

a êste augusto recinto o desejo de transmitir aos senhores

representantes do Povo Carioca as expressões de agradeci-

mento da Marinha Brasileira Moção que esta Casa vo-


pela
tou e enviou-me através de brilhante representação.

Creiam.se, senhores Deputados, a manifestação desta As-

sembléia calou-nos profundamente na alma de Marinheiros.

No silêncio de seu trabalho constante e ininterrupto em


Noticiário 209

üusca do maior adestramento melhor defender a


para poder
Pátria estremecida, a Marinha não senão em estar
pensa
sempre altura das suas imensas responsabilidades. Se a al-
à

além disso aspirar, esse será o respeito, a compreen-


90 pode
são, mas, sobretudo, a confiança e a simpatia, do nosso Povo.

Filhos do Povo somos todos nós, nossas aspirações


que
são as mesmas da nossa e o nosso maior orgulho é bem
gente,
servir à Pátria comum. Jamais sairá do nosso pensamento,
das nossas ações, a de bem cumprirmos o nos-
preocupação
so dever, âempre merecermos a manifestação do carinho
para
e da amizade e, não dizer, também do orgulho da
porque
nossa Estamos sempre conscientes do nosso papel e
gente.
das nossas responsabilidades, e nosso maior estimulo está no

reconhecimento do Povo brasileiro.

Por isso, senhor Presidente, e senhores Deputados, a Mo-

ção recebemos trouxe-nos o prêmio que melhor poderia-


que
mos desejar. Temos visto, nestes últimos tempos, que ele-

mentos interessados em. desprestigiar-nos, não sabemos com

escusos objetivos, empregam-se em veicular notícias e


que
comentários e tendenciosos. As amarguras que isso
falsos
— restasse-nos tempo dar-lhes aten.
poderia trazer-nos, para
—¦, estariam compensadas manifestação expontâ-
ção pela
nea e mais .significativa desta Casa, pois que dos legiti-
que
mos Representantes do Povo através de tôdas as correntes

partidárias.
Recebam senhor Presidente e senhores Deputados,
pois,
as expressões do nosso agradecimento e do orgulho de que
estamos os Marinheiros do Brasil, pelo troféu que
possuídos,
esta Casa nos conferiu; e ciente o Povo brasileiro de
fique
sejam as conseqüências, sempre saberemos
que, quais forem
cumprir o nosso dever, desmerecendo da confiança
jamais

que em nós deposita."

ATOS ADMINISTRATIVOS

O Decreto n.° 1 707, de 27-11-62, estende aos servido-

res Fábrica
da de Artilharia da Marinha, do Centro de Ades-
"Marques
tramento de Leão" e das Divisões de Mecanização e

Consignações da Diretoria de Intendência da Marinha as

vantagens do Decreto n.° 47 053 de 20-10-59 (Boi. 49/62).

O Decreto n.° 51 401, de 1-2-62, dispõe as fun-


que
dos militares no Gabinete Militar da Presidência da Re-
ções
210 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"Comissão
pública, tenham caráter de Militar de Serviço Re-

levante" (Boi. 49/62).

O Decreto n.° 51 597, de 29-11-62, aprova provisória-


mente classificação de funções do Tribunal Ma-
gratificadas
rítimo. (Boi. 49/62).

O Decreto n.° 1 424, de 28-9-62, aprova o Regula-


mento para as Escolas de Mlarinha Mercante 51/62).
(Boi.

O Decreto n.° i 709, de 28-11-62, dá nova redação a


artigos do Decreto n.° 42 290, de 19-9-57, sobre filiação do
Brasil ao UGGI. (Boi. 51/62).

O Decreto n.° 51 613, de 3-12-62, estabelece novos ni-


veis para ò salário mínimo no Brasil.

O Decreto n.° 1 847, de 5-12-62, altera o uso do uni-


forme branco de verão da Marinha Brasileira. 52/62).
(Boi.

A Lei n.° 4 163, 4-12-62,


de cria, na l.a Região Mili-
tar, uma Auditoria com cumulativa no Exército,
jurisdição
Marinha e Aeronáutica.

O Decreto n.° 1 881, de 14-12-62, regulamenta a Lei


n.° 4 090, de 13-7-62, institui a de
que gratificação Natal aos
trabalhadores. (Boi. 1/63).

A Lei n.° 4 177, de 11-12-62, a Receita


estima e fixa

a Despesa da União o Exercício financeiro de 1963.


para
(Boi. 2/63).

O Decreto n.° 1 938, de 21-12-62, declara sujeitos à

ocupação temporária, por trinta dias, os bens das emprêsas

estatais de navegação e requisitados os serviços das emprê-

sas particulares de navegação q dispõe todo o


para pessoal
necessário das emprêsas referidas fique à disposição do Go-

vêmo, em vista de greve considerada ilegal deflagrada à 0

hora do dia de hoje sindicatos de Oficiais de Náutica


pelos
e de Máquinas da Marinha Mercante, dos comissários e car-

pinteiros navais. (Boi. 2/63).

A Presidência da República aprova e manda publi-


car o Parecer F-2 da Consultoria Geral da República, sôbre

promoção na Reserva ou para a Reserva a inexisten-


postos
tes nos respectivos quadros.
Noticiário 211

Com data de 14-12-62, o Presidente da República

Projeto ida Lei 4 024, de 20-12-61,


promulga dispositivos do

sobre da Educação Nacional que foram por


diretrizes e basas

êle vetados e mantidas Congresso Nacional. (Boi.


agora pelo
3/63).

A Lei n.° 4 150, de 21-11-62, estabelece o regime obri-

de normas técnicas nos contratos de obras e com-


gatório

pras do Serviço Público. (Boi. 4/63).

O Decreto n.° 51 620, Üe 13-12-62, aprova e publica

o Regulamento de Superintendência Nacional de Abasteci-

mento. (Boi. 4/63).

O Aviso n.° 1183, de 12-7-62, o tipo de lanchas


padroniza
e tabelas de dotação uso das Capitanias de Portos e
para
suas Delegacias e Agências. (Boi. 4/63).

O Aviso n.° 070, de 11-1-63, fixa o número tíie vãgas

a Comissão de Seleção do Corpo de Engenheiros e Téc-


para
nicos Navais. (Boi. 4/63).

O Aviso n.° 087 aprova e o Regulamento para


publica
a Base Aéro-Naval de São Pedro de Aldeia. (Boi. 4/63).

FRANÇA

A PRIMEIRA FRAGATA LANÇA-MINAS

'lança-minas
— fragata francesa, da
PARIS A primeira
acaba de empreender a constru-
qual o Arsenal de Lorient
"Suffren". ou-
o nome de Será seguida de uma
ção, tomará
"Du.querne"
tra do nome de e que, ao se acredita, sèrá
que

construída em Brest. A fragata lança-minas será um cru-

zador ligeiro de 5.5.90 toneladas, do comprimento de 158

15 e dotado de velocidade de 34 nós. Po-


metros, largura de

com foguetes americanos Terrier",


derá ser equipada quer
"Massurca" contra aviões,
com foguetes francês, ambos
quer
"Malafon" Dis-
assim com francês contra submarinos.
como

igualmente de outros requisitos e de um hangar para


porá
helicópteros. Atualmente, a marinha de guerra francesa

dispõe apenas de um único navio equipado de rampa de


"La
lançamento de engênhos, o Galissonnière". Os fo-
212 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"Malafon".
dêsse escoltador de esquadra são, aliás,
guetes
"Surcouf"
outros escoltadores do tipo se achara no
Quatro
"Tar-
estaleiro receberem engênhos solo-ar americanos
para
tar". (SII)

PROPULSÃO NUCLEAR PARA SUBMARINO

PARIS — A montagem, no Centro de Cadarache, da

cuba do reator do de terra continuou. Essa cuba,


protótipo

procedente de Indert (Loire-Atlantique)), representa uma


"reator"
das mais complexas e mais delicadas do —¦
partes
sua entrega, na data mostra a boa marcha da
prevista,
construção do primeiro aparelho nuclear francês.
propulsivo
O Estabelecimento de Indret, da Marinha, estudou,
que
construiu e experimentou essa cuba, marca assim sua entra-

da no domínio atômico, depois de ter sido, em 1928, o prin-


cipal agente de concepção, de experimentação, de realiza-

ção e de progresso quanto aos aparêlhos a vapor.


propulsivos
Além da cuba do reator, o Estabelecimento de Indret cons-

truiu outros dispositivos do protótipo. Seu pessoal efetuou

ano passado a montagem em Cadarache, e a comprovação

hidráulica, de uma importante instalação o es-


produzindo
sencial dos circuitos de alta pressão associados ao reator,

experimentar os principais modelos de aparelhagem


para
hidráulica e para verificar o bom comportamento do con-

Essa instalação, já agora em funcionamento contí-


junto.
nuo, vem sendo submetida, pelo Comissariado de Energia

Atômica, a experiências intensivas cujos resultados parecem


muito animadores. (SII)

L. M.
BIBLIOTECA OO EXÉRCITO (MG)
INSTRUÇÕES PARA OS PRÊMIOS CULTURAIS GENERAL
TASSO FRAGOSO E PANDIA COLÓGERAS

— A fim de estimular a cultura nacional e atrair ao programa


editorial da Biblioteca do Exército obras de real valor, distinguindo os
respectivos autores, o Ministério da Guerra, através da Biblioteca do
Exército, manterá permanentemente os Prêmios Culturais General Tasso
Fragoso e Pandiá Calógeras, para distribuição alternada, o primeiro
nos anos pares, o segundo nos anos ímpares, no valor de 200 mil
cruzeiros.
II — O Prêmio General Tasso Fragoso será conferido ao autor do
melhor trabalho inédito, selecionado na forma das presentes Instruções,
versando sobre o assunto de cultura militar, compreendendo-se como
tal: História Militar (incluídas Memórias, Biografias etc), Geografia
Militar, Geopolítica, Economia da Guerra, Sociologia e Filosofia da
Guerra, ou quaisquer matérias colocadas sob o ponto de vista da De-
fesa Nacional, excluindo-se entretanto, os trabalhos de natureza estrita-
mente técnica.
III ir- O Prêmio Pandiá Calógeras será conferido ao autor do
melhor ensaio social, econômico ou político que não verse assunto es-
pecífico de cultura militar, compreendendo-se como tal o citado no
item II.
IV — As inscrições estarão abertas até 31 de agosto do ano da
concessão, só podendo concorrer brasileiros natos.
— O seu encerramento obedecerá ao horário do expediente do
Ministério da Guerra, prevalecendo, nas mesmas condições, o dia posterior,
se nessa data ocorrer qualquer impedimento.
VI — A inscrição será feita mediante carta do autor, sob pseu-
dônimo, dirigida à Biblioteca do Exército e acompanhada de cinco vias
do trabalho, permitindo-se que as ilustrações sejam apresentadas em
uma única via, constituindo volume à parte.
VII — A identificação do concorrente (nome e endereço) deverá"
ser colocada num envelope fechado e anexado à carta de inscrição.
VIII — Será considerada desclassificada a obra cujo autor se de-
nunciar, intencionalmente ou não, por qualquer referência contida no
texto, sendo terminantemente vedada a apresentação de prefácio ou quais-
quer notas introdutórias.
214 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

IX — Só serão aceitas inscrições de trabalhos cujos originais, da-


tilografados em espaço dois, papel tipo ofício, atingirem um mínimo
de duzentas páginas de texto.
—-O ato da inscrição implica na aceitação tácita das presentes
instruções.
XI — A concessão de cada Prêmio será feita por decisão de uma
Comissão Julgadora, composta de cinco membros, nomeados pelo Exmo.
Sr. Ministro da Guerra por indicação do Diretor da Biblioteca do
Exército, que escolherá quatro deles entre figuras de notória projeção
intelectual no meio militar e civil.
XII — A Comissão Diretora de Publicação da Biblioteca do «Exér-
cito indicará, dentre seus membros, o quinto integrante da «Comissão
Julgadora.
XIII — Os nomes dos componentes da Comissão Julgadora serão
anunciados 30 dias antes do encerramento das inscrições.
XIV — A identificação dos autores premiados será feita após o
julgamento pela Comissão) Julgadora.
XV — O resultado do julgamento será anunciado até noventa dias
após o encerramentq das inscrições
XVI — A Comissão Julgadora poderá decidir que a nenhum dos
concorrentes o Prêmio seja conferido, não podendo conceder a mais de
um trabalho, sendo suas decisões irrecorríveis.
XVII — Além do Prêmio, a Comissão Julgadora poderá conferir
Menção Honrosa a quantas obras julgar merecedoras desta distinção.
XVIII — A obra premiada será editada pela Biblioteca do Exér-
cito, à qual o autor se obriga, pelo ato da« inscrição, a ceder os direitos
autorais para a primeira edição, ficando impedido de promover outras
sem prévia autorização.
XIX — As obras que merecerem Menções Honrosas, se posterior-
mente aprovadas pela CDP, poderão ser editadas pela Bibliotetea do Exér-
cito, desde que os autores, que o desejarem, entrem em acordo com a
mesma.
XX — A Biblioteca do Exército reterá em seus arquivos exclu-
sivamente uma via das obras premiadas e das citadas com Menções
Honrosas, devolvendo as demais aos respectivos autores, sessenta dias
após o julgamento, sendo, para este fim exclusivo, feita a identificação
das obras não premiadas, se não fôr providenciada a retirada dentro deste
prazo.
XXI — A entrega do Prêmio será feita em solenidade especial rea-
lizada a 4 de janeiro de cada ano, na comemoraição do aniversário da
Biblioteca do Exército.
(Portaria n.° 1.197, de i.° de junho de 1962, do Ministro da Guerra).
Almirante

José Isaías de Noronha

* ""i*J6wL. ^-1
rl I »

J<fr4L~lZ_ (^-<7 CZjo \Z7J

Faleceu no dia 29 de janeiro pp., nesta cidade, o Almi-


xante José Isaías de Noronha.

Filho do General-de-divisão Manuel Muniz de Noronha e


de dona Zulmira Augusta de Aguiar Noronha, o extinto nas-
216 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ceu na então capital da República, Rio de Janeiro, aos 6 de


julho de 1873. Praça de aspirante a Guarda-Marinha em
10-12-1889; Guarda-Marinha, (não consta a data); Segun-
do-Tenente, 30-11-1893; Primeiro-Tenente, 24-11-1894; Oa-
pitão-Tenente, 24-12-1896; Capitão-de-Corveta; 15-5-1909;
Capitão-de-Fragata, 31-12-1913; Capitão-de_Mar_e-Guerra,
13-2-1919; Contra-Almirante, 13-4-1923; Vice_Almirante,
19-1-1931; Reserva Ia Classe, 26-10-1933; Almirante-de-Es-
quadra, 17-1-1951.
Sobrinho do grande realizador Júlio César de Noronha e
primo do saudoso Almirante Sílvio de Noronha, ambos no-
táveis administradores e ex-Ministros da Marinha, o Almi-
rante Isaías de Noronha desempenhou com rara proficiência
os mais importantes cargos de chefia e comando, tais como
os de comandante da Escola de Grumetes, do E Minas Gerais,.
Comandante em Chefe da Esquadra, Diretor da Escola Naval,
este exercido por mais de uma vez, o de Ministro de Estado
dos Negócios da Marinha, culminando sua renomada carreira
ao fazer parte com os Generais Augusto Tasso Fragoso e
João de Deus Mena Barreto, da Junta Governativa que assu-
miu provisoriamente o Governo da República nos aconteci-
mentos históricos de outubro de 1930, sendo o único Oficial da
nossa Marinha de Guerra a assumir tão alta investidura em
toda a nossa história naval.
Possuindo em sua Fé-de-ofício mais elogios do que me-
dalhas, o Almirante Isaías de Noronha foi, todavia, um ho-
mem predestinado a honrar e a dignificar o nome dos NO-
RONHA na Marinha de Guerra do Brasil.
N. A. L.
NECROLOGIA
ALMIRANTE
JOSÉ ISAIAS DE NORONHA
Faleceu no dia 29 de janeiro de 1963, em sua residên-
cia, nesta cidade do Rio de Janeiro, GB, o almirante José
Isaías de Noronha, ex-membro da Junta do Governo, cons-
tituída em conseqüência da Revolução de 1930, sendo o Mi-
nistro da Marinha do Governo Provisório.

ALMIRANTE-DE-ESQUADRA, FN, Ref.o


MILCIADES PORTELLA FERREIRA ALVES
Em sua residência na cidade do Rio de Janeiro, Estado
da Guanabara, faleceu a 17 de novembro de 1962, o almiran-
te de esquadra (FN) Ref.° Milciades Portella Ferreira Alves-

CAPITAO-TENENTE
SÉRGIO LUIZ RAJA GABAGLIA TRAVASSOS

No dia 26 de novembro de 1962 faleceu em desastre de


aviação, o capitão-tenente Sérgio Luiz Raja Gabaglia Tra-
vassos.

As famílias enlutadas a Revista Marítima Brasileira en-


via condolências.
ÍNDICE ALFABÉTICO (ANO 1962)

Trimestre Página

Abandono de navio e salvamento dc náufragos. —


CMG (Md) Dr. Darcy de Souza Medina 2.1 53
Abastecimento em mar alto. (Postos móveis para. .. )
119
( Rev. de rev.
Aero-naval e Submarino doi EE.UU. : (Poderio...)
164
(Av. e Sub.) __¦•

Afonso Antônio de Lima, herói da guerra do Para-


115
guai — Contra-Almirante César da Fonseca ....
Agua do mar pelos náufragos (Salvamento de náu-
fragos— Consumo de...) CMG (Md) Dr. Darcy 83
de Souza Medina •
Águas do Canadá (Preparando as cartas das...)
Tradução do CF (R) A. de Azevedo Lima 95
188
Alemão volta à cena (Rearmamento...) (Respiga)
Almirante (O) Alexandrino Faria de Alencar — Ge-
89
neral do Exército Tristão de Alencar Araripe ..
Almirante Ângelo Nolasco de Almeida. (Homena-
7
gem ao Ministro.)
Almirante carioca. (Martim Corrêa de Sá, o pn-
180
meiro. ..) (Respiga)
215
Almirante-de-Esquadra Carlos Pamguassu de Sá...
Almirante-de-Bsquadra José Luis da Silva Júnior,
• 11
Chefe do Estado Maior da Armada
Almirante-de-Esquadra Pedro Paulo de Araújo Su-
sano, Ministro da Marinha 7
222
Almirante Frontin. — (Respiga) '."""."
Nu-
Almirante Jerônimo Gonçalves. — CMG Primo
Andrade • 43
nes de . _ rGuer-
Anti-submarino desafia a engenharia. (A
•• 4i
ra...) Informação do EMA
• 173
Anti-submarino (Guerra...) (Respiga)
com...)
Aparelhos eletrônicos. (Frotas pesqueiras 168
(Respiga)
220 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Trimestre Página

"Arquimedes"
vai ver como é o fundo do Mar.

(Respiga) 2.0 218


Arsenal de Marinha. (Respiga) 4.0 159
Artica feita par submarinos. (A Oceanografia... )

(Av. e Sub.) 3.0 149

Aspectos da Terceira Guerra Mundial. -—


gerais
CMG (IM) F. Ferreira Netto 3.0 21
"Atlas".
(Misseis intercontinentais do tipo...) CF

Oyama Sonnenfeld de Matos 2.0 129

Aviagao Naval Sovietka (A) (Av. e Sub.) .... 4.0 129

Avioes e Submarinos —: P. de i.° 155


" » " "
2.0 199
" » " "
3.0 I49.
" » » »
4.0 I29

Avioes e Submarinos. (Manifestagdes do Secretdrio

da Defesa norte-americana sobre...) (Av. e Sub.) 3.0 172

- B -

Ba<i*ão do Rio Brantio (O) e a Marinha de Guerra

(Respiga) 3° 179
Barco de pesca com propulsão) a jato (Respiga) .. 3° !90
Barcos e tripulaições de pesca estrangeiros. (Nacio-
nalisação...) (Revista de revistas) 2.0 226

Batalha Naval do Riachuelo — Contra-Almirante

César da Fonseca 2.0 119

Bibliografia. L.S 1.° 189

B ibliografia. L. 3° 193

Biologia de iniciação de pesqui-


pesqueira. (Estágio
sadores da... de Revistas) 2.° 217
(Revista )
— CMG Dr. Darcy
Biológica. (Guerra...) (Md)

de Souza Medina 4° 105

Brasil a Marinha de Guerra e o Povo (Res-


(O),

piga) 4.0 162

-c-

Caminhos do Mar. i.° 177


(Os) (Respiga)
Carta das águas do Canadá. (Preparando as..—

Tradução do CF A. de Azevedo Lima .. 3° 95


(Ref)
Catapultagem e a bordo dos porta-aviões.
freagem

(Av. e Sub.) 3.0 160

Chefe de Divisão Afonso Antônio df Lima, herói da

Guerra do Paraguai — Contra-Almirante César

Fonseca • • 4-° US
da
Índice Alfabético... 221

Trimestre Página

Comando. (Segurança e responsabilidade do...)


• • ¦ • i.° 53
CC Cléumo Carvalho Cruz
Construção Naval. — Contra-Almirante Henrique
- Baptista da Silva Oliveira -••• 2.0 59
Construção (A) Naval no Brasil — Contra-Almi- ^
rante César da Fonseca
Consumo de água do mar pelos náufragos.- (Salva-
mento de náufragos...). — CMG (Md) Dr. ^

Darcy de Sousa Medina 3
Cook (Segunda viagem do Comandante...) (1772-
_I77S) __ Tradução de F.A. Machado da Silva i*° x43
Cook (Seegunda viagem do Comandante...) (i772~
I77S) __ Tradução de F.A. Machado da Silva 2.0 z59
Cook (Segunda viagem do Comandante. ..) (1772-
I775) _ Tradução de F.A. Machado da Silva 3.0 "3

D
199
Defesa aérea. (Evolução, da...) (Av. e Sub.) .-
Delamare. (A pensão da Viscondêssa...) — Rui
Vieira da Cunha ....'
Direção. (Nova...) 4° 7
• 65
Diretor do SDGM (Novo...) • •
Dólares 97 milhões para pesquisas oceanográficas
(Respiga)
Domínio do Mar. (Revisão do conceito de...)
2.0 95
Tradução do CF José Geraldo Brandão ¦ •.
Dunquerque durante os meses de maio e junho de 06
1940. (A Marinha Francesa em...) (Rev. de rev.)

E
i.° 133
Ecos da Semana dai Marinha — 1961
Eletrônicos {Frotas pesqueiras com aparelhos...)
• • 4.0 168
(Respiga) _•— Ma-
Ensino (0) militar de idiomas no Exdrknto.
4.0 21
jor José Murillo Beurem Ramalho
ou
Escafandria da nossa Marinha. (Submersívets
Contm-Almirante César da Fon-
submarino...)
4-° 13
seca '''''"'
Estado Maior da Armada. Almirante-de-Esquadra
José Luiz da Silva Júnior • 4.0 11
em biologia
Estágio de iniciação de pesquisadores
2.° 217
pesqueira. (Rev. de rev.) I.° 179
•Mstante Militar. — (Respiga)
222 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Trimestre Página
Estatística (A) a serviço de um problema militar. —•
Major José Murillo Beurem Ramalho i.° Z7
Estudo sobre os pesqueiros de arrasto para a costa
do Brasil — CF (EN) Yapery T. de Britto
Guerra i.° n

Evolução da Defesa Aérea. (Av. e Sub.) 2.° 199


Experiência de salvamento de náufragos na Marinha
Brasileira. — CMG (Md) Darcy de Souza Medina.

-F-

Federação das Academias de Letras do Brasil. (Ju-


bileu de Prata da. _ .) 1.0 151
Físseis. (O problema da produção dos materiais...)
— Tradução do Professor Pedro de Miranda .... 3.0 57
Fotografia (A) dos leitos oceânicos. (Rev. de
rev.) 3.0 133
Franga (A) adota e adapta um porta-kelicóptero pa-
ra navio-escola. — (Av. e Sub.) i.° 17a
Francesa em Dunquerque durante maio e junho de
1940. (A Marinha.) (Rev. de rev.) 2° 169
Freagem a bordo dos porta-aviões (Catapultagem
e...) (Av. e Sub.) 3.0 160
Frontin (Almirante...). (Respiga) 2.0 222
Frotas pesqueiras com aparelhos eletrônicos. — Res-
piga) 4-° 16&
Fundo do Mar. ('Arquimedes" vai ver como é o...).
— Respiga) 2.0 21&

-G-

Gana, Comunidade Britânica e também República da


Amizade. (Respiga) 4-° ^9
Gastão Penalva ¦— Palestra do Contra-Almirante Cé-
sar da Fonseca, na Federação das Academias de
Letras do Brasil 1.° 61
Geopolítico na era do teleguiado. (Poder Naval
e...) (Rev de rev. ) 3.0 121
Guardas-Marinha na Pátria do Marfim — (Respiga) 2.° 220
Guerra anti-submarina. — (Respiga) 4.° 173
Guerra anti-sübmarino desafia a engenharia. — In-
formação do EMA 4-° 41
Guerra Biológica. CMG (Md) Dr. Darcy de Souza
Medina 4o T°5
Índice Alfabético... 2a8

Trimestre Página

Guerra Mundial. (Aspectos gerais da Terceira...)


— CMG (IM) F. Ferreira Netto 3° 2I
Guerra (A) Naval moderna. — (Respiga) i.° 173
Guerra do Paraguai. (Chefe de Divisão Afonso An-
tônio de Lima, herói da...) Contra-Almirante
César da Fonseca 4-° HS

H-
Helicóptero (0) na Marinha. —¦ (Av. e Sub.). .. i-°
História da Marinha Brasileira. (Uma página es-
2.° 213
quescida da... ) — (Respiga)
Homenagem ao Ministro Almirante Ângelo Nolasco
de Almeida l '

I -
Idiomas no Exército (O ensino militar de.. .) —
Major José Murillo Beurem Ramalho 4.0 21
Índice Alfabético do Ano de 1961 3.0 221
Indicação de pesquisadores em biologia pesqueira.
2.° 217
(Estágio de...) (Respiga)
Institutos Oceano gráficos do Mundo. (Museus. Ma-
rítimos e...) Contra-Almirante César da Fonseca 3-° *3
J -

Jerônimo Gonçalves. (Almirante...) — CMG Pri-


mo Nunes de Andrade i.° 45
Jubilcu de Prata da Federação das Academias de Le- ¦ I_t
_ _->•,_. I.° *-
tros do Brasil.

-L-
de
Leitos oceânicos. (A fotografia dos...) (Rev.
rev.) 3° J33:

-M-

Manifestação do Secretário da Defesa norte-america-


— (Av. e Sub.). 3- -72
na sobre aviões! e submarinos.
Marfim. na Pátria do...).
(Guardas-Marinhas
(Respiga) 4-
Marinha! — Vice-Almirante. Levy Araújo Paiva
Meira 4' 9
224 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Trimestre Página

Marinha Brasileira e o tráfico negreiro.


{A) (Res-
piga) x.o j82
Marinha Francesa em Dunquerque, durante
(A)
maio e de 1940. — de rev.)
junho (Rev. 2.0 169
Marinha de Guerra do Brasil. bási]ca
(Organização
da...) — Estudo Contra-Almirante César
pelo
Augusto Machado da Fonseca 2.0 7

Marinha de Guerra do Brasil. à...).


(Saudação
(Respiga) 2.0 230
Marinha de Guerra e o Povo. (0 Brasil, a...).

(Respiga) 4.0 JÓ2'


Marinha Norte-Americana em 1962. —Tradução do
Professor Pedro de Miranda 2.0 127

Marinha. (Porque precisamos dc...) 2.0 -211


(Respiga)...
Marinheiro o mar. — i.° 184
que pintou (Respiga) *
Marinheiros em 1910. dos...) — Palestra
(Revolta
na UNITER pelo Almirante Antão Álvares Barata 2.0 103

Marquês do Maranhão. — Vice-Almirante Antão

Alvares Barata i.° 123


Martim Corrêa de Sá, o primeiro almirante carioca.

t(Respiga) i.° 180

Materiais Físseis. (O problema da produção dos...)


— Tradução do- Professor Pedro de Miranda. .. 3.0 57
Minerais do Mar. —
{Riquezas...) (Respiga).... 4.0 174
Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Pedro

Paulo de Araújo Suzano. 3.0 7


"Atlas" —
Mísseis intercontinentais do tipo CF Ova-

111a Sonnenfeld de Mattos 2.0 49

Museus Marítimos e Institutos Oreanográficos do

Mundo — Contra-Almirante César da Fonseca.. 3.0 13

- N -

1
Nacionalização do barco e tripulações de ex-
pesca
trangeiras. (Rev. de rev.) 2.0 226

Não davam nada por êle. (Av. e Sub.) 4.0 150


Náufragos. de...) Consumo de água
(Salvamento
do mar náufragos — CMG Dr. Darcy
pelos (Md)
de Souza Medina 3-° 83
Navegação em embarcações salva-vidas. —< Capitão

de cabotagem D'Artagnan F. Mendonça de Morais 4.0 27

Navegação Marítima. (Satélites artificiais e...).

Tradução do Professor Pedro de Miranda 4.0 47

Navio de velas redondas, continua sendo o melhor'

mestre? ventura...). — de rev.). 2.0 188


(Por (Rev.
Índice Alfabético. 225

Trimestre Página

Necrologia I-° 207


" .. 2.° 245
«
3.0 219
»
4° I95
Negreiro. Marinha Brasileira e o tráfego...).
(A
1 -° *^2
(Respiga)
Norte-americana em 1962. Tradução
(Marinha...)
do Professor Pedro <!e Miranda 2-° I2~

Notas Diversas. (Av. e Sub.) l^7


» f> * 2. 208

» » »
3.0 174
» 153
4.0
°
Noticiário. L.M i
" 2.0 233
....;
" '95
3
» »
4.0 177

Nova Direção 4-° ?

Noventa e sete milhões de dólares para pesquisas oce-


*^5
anográficas. (Respiga) 4
Nôvo Diretor do Serviço de Documentação Geral

da Marinha 4-° 65

o -

Oceânicos. dos leitos...) Rev. de


(A fotografia
*33
rev..) 3

Oceanografia (A) ártica feita por submarino. (Av.


*49
e Sub.) 3

Oceanogváficos do mundo Marítimos e Ins-


(Museus
T3
César da Fonseca .. 3
titutos) Contra-Almirante

Operação Varredura em Wonsan. — Informação es-


2 5
pecial do EMA

básica da Marinha de Guerra do Brasil,


Organisação
— do Contra-Almirante César Augusto
Estudo
2" '
Machado da Fonseca

P-

Marinha do
Página (Uma) esquecida. da História da
— 2° 2I3
Brasil. (Respiga) ••••
Pam-rãs livre é o segredo dos...) (Respiga) 2.0 224
(Queda
2I5
.. 3
Paraguassú de Sá. (Almirante-de-Esquadra...)
DcIqíhciyc. Rui
Pensão Viscotuicssd
(^)
91
Vieira da Cunha 3

Pesca com propulsão a jato (Barco de...) (Respiga) 3.0 190


226 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Trimestre Página

Pesca estrangeiras. (Nacionalização de barcos e tri-

pulações de...) (Respiga) 2.° 226

Pesqueiros de arrasto para a costa do Brasil (Estudo..


sôbre...) . — CF Yapery T. de Britto
(EN)
Guerra i.° 11

" 2 17

Pesquisadores cm biologia pesqueira de ini-


(Estágio
ciação de...) (Respiga) 2.0 2x7

Pesquisará o som no Man (Respiga). 3.0 185

Pesquisas ooeanográficas. milhões


(US 9f para...)

(Respiga) 4.0 l6-

Firajá e Pirambu no Baixo S. Francisco


(Relatório
da viagem dos N Pa...) —< Comando do DN. 4.0 75
3.0
Pocler Naval e Geopolítico na era do teleguiado.

(Rev. de rev.) 3.0 I2I

Poderio Aéreo-naval e submarino dós EE.UU. (Av.


e Sub.) ].o j64

Pointe-Noire, a capital do progresso. (Respiga). 3.0 181


Por que precisamos de Marinha. 2 211
(Respiga)
Porventura, o navio de velas redondas continua sen-
do o melhor mestre? de rev.) 2.0 188
(Rev.

Porta-aviões. c a bordo
(Catapultagem freagem
dos...) (Av. e Sub.) 3.0 jg0

Porta-helicópteros para navios-escola. França


(A
adota e adapta um...) e Sub.) i.° 170
(Av.
Postos móveis para abastecimento em mar-alto.

(Rev. de rev.) 4.0 119


"Revista
Prêmio Marítima Brasileira" 3.0 107
Preparando as Cartas das águas do Canadá. — Tra-

dução do CF (Ref.) A. de Azeveldlo Lima 3.0 95


Primeiro Almirante carioca. (Martim Corrêa de Sá,

o...) (Respiga) i.° 180

Problema militar. (A Estatística ao serviço de

um..').Major José Murillo Beurem Ramalho .... i.° 37

Problema da de materiais —
(O) produção físseis.
Tradução do Professor Pedro de Miranda 3.0 57
Publicações recebidas — N.A.L •••• 3.0 147
»
4.0 126

-Q-

Queda livre é o scgrêdo dos para-rãs. (Respiga). .. 2.0 223


índice Alfabético... 227

Trimestre Página

-R-

Rearmamento alemão volta à cena — (Respiga).... 3° 188


Relatório da viagem dos N Pa PIRAJU e PIRAM-
BU ao Baixo São Francisco. Comando do 3.0 Dis-
trito Naval 4-° 75
Respiga i.° 173
2.° 211
3° -77
4-° 159
Responsabilidade do comando {Segurança e...). CC
Cleumo Carvalho Cruz i.° 53
Revisão do conceito de Domínio do Mar. Tradução
do CF José Geraldo Brandão 2.0 95
"Revista Marítima Brasileira" __» 2-° 157
"Revista Marítima Brasileira".
(Prêmio... ) .... 3.0 107
Revista de Revistas. (A. de A. L.).. •-.. 2.° 169
Revistas de Revistas. (A. de A. L.) 3.0 I2Í
Revista de Rei-istas. (A. de A. L.).. —..--.. 4.0 II9
Revolta dos Marinheiros em 1910. — Palestra na
UNITER pelo Almirante Antão Alvares Barata. 2.0 103
Riachuelo (Batalha Naval do. ..) . Contra-Almiran-
César da Fonseca 2-° 1I9
Riqiiesas minerais do mar. (Respiga) 4-° '74

Salvamento de náufragos. (Abandono do navio c. ¦. )


— CMG (Md) Dr. Darcy de Souza Medina .... 2.0 53
Salvamento de Náufragos. Consumo de água de
mar pelos, náufragos. — CMG (Md.) Dr. Darcy
de Souza Medina 3 "3
Salvamento de náufragos na Marinha Brasileira.
(Experiência de...) —CMG (Md.) Dr. Darcy
de Souza Medina I 79

Salva-vidas. (Navegação em embarcações...)
Capitão de Cabotagem DArtagnan F. Mendonça
de Morais 4° 27
Satélites artificiais e navegação marítima (Tradução
do Professor Pedro de Miranda) 4-° 47
Satélites, sua repercussão na. política externa (Av. e
Sub.) ¦• 4-° .2
Saudação à Marinha de Guerra do Brasil. (Respiga) 2.° 230
228 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Trimestre Página
/

Secretário da Defesa norte-americano.


(Manifesta-
ções sobre aviões e submarinos do...) e
(Av.
Sub.)
3-° I72
Segunda Viagem do Comandante Cook .
(1772-1775)
Tradução de F.A. Machado da Silva 1.° 143
V
2.° 159
» »
3- U3
Segurança e responsabilidade do Comando. — Tra-
dução do CC Cleumo Carvalho Cruz 1-° 53
Semana da Marinha¦ de 1962: (Ecos da...) 10 133
Serviço de Documentação Geral da Marinha
{Novo
Diretor...
4° 65
Som no Mar o...) —
(Pesquisará (Respiga). ..
3° 185
Soviética {Aviação Naval...) e Sub.). ..
(Av. 4.0 129
Submarino. {A Oceanografia ártica feita¦ por.... 3° 149
Submarino dos EE.UU. {Podírio aeronàval e...)
— e Sub.)
(Av. 100 164

Submersíveis ou submarinos e escafandria da nossa

Marinha. — Contra-Almirante César da Fonseca. 4° 13

-T-

Teleguiado. (Poder Naval Geopolítico na era do...)

(Rev. de rev.)
3° 121
Terceira Guerra Mundial. (Aspectos Gerais da...)

CMG (IM) F. Ferreira Netto


3° 21
Thedim Costa. (Respiga) 4° 173
Tráfico Negreiro (A Marinha Brasileira e o...) 1.0 182
Tripulações de pesca estrangeiras. (Nacionalisação *
de barcos e...) 2.0 226
(Respiga)

- V -

Varredura cm IVonsan de.,.) Infor-


(Operação
mação especial do EMA 2.° 65
Velas redondas} continuam a ser o melhor mestre?

(Porventura o navio de...) de rev#) .. 2.° 188


(Rev.
Veterano que se foi {Um...) (Respiga). 3° 177
Viagem do Comandante Cook (1772-1775). {Segun-
da Viagem do...) — Tradução de F.A. Macha-
do da Silva 10 143
V
2.° 159
» » » »
3° 113
Índice Alfabético... 229

Trimestre Pábina

Viagem Pa PIRAJU e PIRAMBU ao Baixo


dos N
— da...). — Comando
São Francisco (Relatório
do DN •••• 4-° 75
3.0
— Rui Vi-
liscondêssa Delamare Pensão da...)
(A
91
eira da Cunha 3

- w-

Wonsan. em...) •— Infor-


(Operação de varredura
^5
2
mação especial do EMA
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Destinada aos interesses da Marinha Nacional de Guerra e Mercante

ASSMÍATURA ANUAL

No Brasil Crf 600,00


No Estrangeiro (mais o porte postal) Cr$ 2.000,00

As assinaturas devem começar sempre no mês de janeiro


Número avulso Cr-P 150,00
Número atrasado Cr$ 300,00

Toda correspondência destinada a esta Revista deve ser reme-


tida com este endereço: "Revista Marítima Brasileira"
-
(SDGM) — Edifício do Ministério da Marinha Rio de Janeiro"

Aos nossos assinantes rogamos o especial obséquio de reno-


varem sempre em tempo oportuno as suas assinaturas, a fim
de que não haja interrupção na remessa da Revista.

Igualmente pedimos que nos comuniquem qualquer mudança


de residência, a fim de que não haja extravio.

Das marinhas de comércio e de recreio, solicitamos o favor


de nos enviarem, sempre que puderem, quaisquer informações
úteis ou notícias de interesse geral dignas de publicação.

Admitimos a inserção de anúncios, principalmente dos


en-
que se relacionam com a vida marítima, mediante prévio
tendimento.

Os pagamentos, quer de assinaturas, quer de anúncios,


de pessoas que residem fora desta Capital, só poderão ser fei-
tos mediante cheques e vales postais
ikV

Pôsto avançado

da indústria de construção

naval brasileira

A histórica Baia de Jacuacanga é teste-

munha da construção dos primeiros


transatlânticos lançados em território
i vk (¦ f
I
brasileiro.

"Henrique
Ali nasceram o Lage" e o
"Pereira
Carneiro", navios mistos de
"dead
10.500 toneladas weight", e ali es-
"Júlio
tá sendo construído o Régis", de

12.000 tdw, o primeiro cargueiro tran-


n
soceânico a sjr lançado no Brasil.
uH M'
Além dessas encomendas, feitas pela
Comissão de Marinha Mercante para o

Lloyd Brasileiro, a Verolme construi-

rá também três navios petroleiros de


"dead
10.500 toneladas weight" para
a PETROBRÁS.
wDjuS^^BKoHflnSp Jm
Vanguardeiros da construção naval,

num país possuidor de extensa faixa

litorânea, a Verolme está pronta para


continuar a prestar sua parcela de con-

tribuição ao desenvolvimento da Nação

Brasileira, construindo, dentro das mais

avançadas técnicas,

mais e mais navios para o Brasil!

\erolme

ESTALEIROS REUNIDOS DO BRASIL S.A.

Jacuacanga, Angra dos Róis, RJ


VER-754/B
ESTA REVISTA MANTÉM INTERCÂMBIO COM AS

SEGUINTES PUBLICAÇÕES:

ARGENTINA — Boletin dei Centro Naval — Brújula — Revista

de Publicaeiones Navales — Revista dei Mar.

BÉLGICA - La Revue Maritime Belge.

CANADÁ — The Crownest — Canadian Geograplxical Journal.

CHILE — Revista de Marina — Meviorial dei Ejército de Chile


— Revista de Caballeria ¦— Revista de Artilleria.

COLÔMBIA — Armada.

CUBA — Cultura Militar ij Naval — Boletin dei Ejército.

DINAMARCA — J. L. News.

EQUADOR — Revista Municipal.

ESPANHA — Revista General de Marina.

ESTADOS UNIDOS — Electrical Communication —U. S. Naval


lnsiitute Proçeedings — Foreign Affairs — Revista

Aérea Latino Americana — The Journal of Politics —

Journal of Research — Naval Aviation News — Ali

Hands — Safetg Review-Navigation — Naval Trai-

ning Bulletin — Research Review —• Engineer


Civil
— Naval Aviation News — Inter-american
Corps

Review of Bibliography.

- Maritime - La Hoinlle Blanche —


FRANÇA La Revue Triton
— Neptunia.

— — The Journal of the


INGLATERRA Endcavdur Rogai
— The Journal of the Institute of Metals —
Artillerg

The Dutch Sliipbuilder.

Marittima — Bollelino di Informazioni.


ITÁLIA Revista Marit-

time.

— El Legionario.
MÉXICO

— Revista de Marina.
PERÚ

— Boletin Naval.
PARAGUAI

Militar Naval — Revista de


— Anais do Clube
PORTUGAL
Marinha.

— — Revista Militar Naval.


URUGUAI Revista Marítima g

— Ejército, Marina ij Aeronáutica —


VENEZUELA Revista dei

Revista de Ias Fuerzas Armados


TERMOS NÁUTICOS

(Nautical Terms)

Acha-se à venda no Serviço de Documentação


Geral da Marinha, 3.° pavimento do Ministério da
Marinha, o dicionário em brochura, TERMOS NAU-
TICOS — Português-Inglês — Inglês-Português —
de autoria do capitão-de-fragata (R) A. de Azevedo
Lima.

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RIO DE JANEIRO
ANO LXXXIII Abril, Maio e Junho
©
de 1963 N ° 4, 5 e 6

Revista Marítima Brasileira


Publicação do Ministério da Marinha

SEDE: SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA


, Ed. do Ministério da Marinha — Fone 23-8490 — Ramal 154 — Rio de Janeiro

SUMÁRIO
MINISTRO DA MARINHA — Almirante de Esquadra Sylvio Borges de Souza
Motta 9
ECONOMIA DE GUERRA — Conferência pronunciada pelo C.M.G. (ENI
Carlos Arthur da Silva Moura 15
O APOIO LOGÍSTICO NAVAL — Contra-almirante César da Fonseca 41
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO DAS EXPLOSÕES NUCLEARES —
Ruth Klawa e Bernardino Coelho Pontes 43
CAMPANHA DO PARAGUAI — BATALHA DO RIACHUELO — (11 de junho
de 1865) CA Lucas Alexandre Boiteux 61
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA — Comemorações do bicentenário
do seu nascimento 77
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS — C.F. (EN) Yapery T.
de Britto Guerra 11.
REVISTA DE REVISTAS — N. de A. 157
Representação gráfica de uma terra desconhecida (O continente Antártico) 157
Publicações recebidas — N. de A. 179
AVIÕES E SUBMARINOS — P. de 183
Homenagem ao THRESHER e aos seus 129 homens 183
Assim é o "Polaris" 184
O maior porta-aviões atômico do mundo 189
Um submarino soviético no Polo Norte 191
Tem as vantagens de um helicóptero 139
Várias noticias 194
~0 helicóptero "Wasp" 201
RESPIGA 20.
O Exército no 11 de Junho 203
Eles pensam que lagosta é peixe 206
Estudos de biologia e pesca de lagosta 210
Venus é mais chata 212
NOTICIÁRIO — L. 21-
NECROLOGIA 226
Os conceitos emitidos nos artigos assinados re-
presentam o pensamento de seus autores e não
acarretam necessariamente identidade de opiniões
da "Revista Marítima Brasileira".
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA

(S. D. G. M.)

DIRETOR

Vice-almírante LEVY ARAÚJO PAIVA MEIRA

Revista Marítima Brasileira

REDATOR-CHEFE

Cap.-Mar-e-Guerra R.Rm. Levy Scavarda


(AM),

REDATOR-SECRETARIO

Luiz Augusto Ferreira de Moura

REDATORES

Capitão-de-Fragata ref. Alexandre de Azevedo Lima

Nelson de Araújo Lima

COLABORADORES

Alte. Lucas Alexandre Boiteux GMG. Dr. Darcy de Souza Medin;


Alte. César da Fonseca GMG. Hélio Leoncio Martins
Alte. Antão Alvares Barata CMG. Oyama Sonenfeld de Mattoi
Alte. Juvenal Greenhalgh Yapery T. de BritU
CNG. (EN)
Alte. Gerson de Macedo Soares
Guerra
Alte. Ernesto de Mello Baptista
Prof. Pedro de Miranda
Alte. Osmar Almeida de Azeredo
GMG. (IM) Francisco Ferreira
Rodrigues
CMG. Francisco de Souza Maia Netto

Júnior CF José Geraldo Brandão


Registrada no Departamento Nacional de Propriedade
Industrial, do Ministério do Trabalho, Indústria e Co-
mércio sob n.° 191.188 — 27-12-1956 (Decreto-Lei n.° 7 903,
de 27-8-1945) e no Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
sob n.° 1 248 — Livro B — N.° 2, de 12 de setembro de
1957; Alvará: n." de ordem 12 381 — Livro A — N.° 2
Almirante ile Esquadra
Sylvie Bcrges de
Seuza iHviia

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11' ü I f
10 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Em cerimônia realizada no elevado ao alto posto da Mari-


dia 17 de junho do corrente nha.
ano, às 15 horas, no Salão Nobre Nem um de nós, do almiran-
do antigo Ministério da Marinha, tado, poderá ter a veleidade de
assumiu o cargo de Ministro da subordinar os altos destinos da
Marinha, o Almirante de Esqua- Marinha de Guerra ao seu arbí-
dra Sylvio Borges de Souza Mot- trio. Somos — e tenho disso pie-
ta. Transmitiu o cargo o Almi- na consciência — apenas simples
rante de Esquadra Pedro Paulo depositários de suas gloriosas
de Araújo Suzano, em ato que tradições que temos, por dever,
contou com a presença de todos preservar no
os almirantes em serviço no Es- presente para
transmiti-las, incólumes, às gera-
tado da Guanabara, oficiais su- ções futuras.
periores e subalternos, altas au- Foram essas tradições que se
toridades e representantes ofi- resumem no patriotismo, no sa-
ciais do país. orifício, na disciplina e no traba-
Foram as seguintes as pala- Iho desprendido de cada um que,
vras pronunciadas pelo nôvo Mi- transcendendo os limites da
nistro da Marinha, tendo sido pró-
pria classe, grangearam para a
logo após muito cumprimentado. Marinha de Guerra a admiração
e o respeito de toda a Nação/
" Excelentíssimos Srs.
É necessário que êsse
Excelentíssimos Senhores tismo, êsse sacrifício, essa pátrio-
disci-
Almirantes plina e êsse trabalho desprendi-
Senhores Oficiais do se constituam na diretriz co-
Minhas Senhoras e tidiana de cada um, em
Meus Senhores escalão, para a criação qualquer
de um
clima de paz e tranqüilidade
Exm° Sr. Alm. Pedro Paulo venha oferecer à Nação as condi- que
de Araújo Suzano ções indispensáveis para que o
Governo possa levar a efeito os
Ao assumir o elevado cargo de seus mais elevados propósitos de
Ministro de Estado dos Negócios recuperação econômico-financei-
da Marinha, honrado pela con- ra do País, a par das reformas
fiança do Excelentíssimo Senhor que, dentro dos postulados de-
Presidente da República, não mocráticos e cristãos, se fizerem
posso esquecer as altas responsa- necessárias.
bilidades que se me impõem para Como parte integrante de tais
com o Governo, para com a cias- propósitos, impõe-se recuperar a
se a que pertenço e para com a ampliar a Marinha do Brasil,
Nação. para o que, a colaboração indis-
Quis o destino em seus inson- tinta e desinteressada de todos
dáveis desígnios, que, a exemplo os meus colegas de arma é indis-
dos demais, também ao Coman- pensável e — estou certo — o
dante da 4.a Viagem de Circuna- Ministro com ela contará,
por-
vegação coubesse a honra de ser que tal convocação é em benefí-
ALTE. ESQ1. SYLVIO BORGES DE SOUZA MOTTA 11

cio da tarefa comum a todos nós determinado as coordenadas geo-


de elevar o conceito da gloriosa gráficas de vários faróis da costa
Marinha de Guerra. do Estado do Rio Grande do Sul.
Foi Chefe do Gabinete do Di-
Excelentíssimo Sr. Almirante retor do Lóide Brasileiro, na ad-
Suzano, ministração Graça Aranha; nes-
sa época foi designado pelo go-
Formulo a V. Ex.a os melhores vêrno para chefiar a comissão
votos de felicidade no momento de fiscalização e recebimento de
em que deixa a pasta da Mari- cinco navios, construídos na Ho-
nha. landa para aquela empresa de
E finalizando, desejo, de públi- navegação. Em 1937, no desem-
co, externar o meu mais sincero penho de suas funções no Lóide
agradecimento pela presença de Brasileiro, fêz parte da missão do
todos a esta solenidade, o que re- Ministro Souza Costa nos Esta-
presenta, para mim, um estímulo dos Unidos da América do Norte.
no desempenho da nobre tarefa Promovido, por merecimento,
que me foi confiada." ao posto de Capitão-de-Corveta,
foi Chefe do Departamento de
Navegação do Encouraçado Mi-
DADOS BIOGRÁFICOS nas Gerais. Designado para co-
mandar o navio-hidrográfico Rio
Nasceu em 11 de fevereiro de Branco, tomou parte no levanta-
1902, no Distrito Federal. mento do porto de Natal e, mais
Ingressou na Escola Naval em tarde, chefiou a comissão de le-
1920, terminando o curso e sendo vantamento do canal de São Ro-
promovido a Guarda-Marinha que.
em 1924. Declarada a guerra, ainda no
Como Primeiro-Tenente, foi comando do Rio Branco, escol-
encarregado de navegação do tou vários comboios na costa, en-
Cruzador Rio .Grande do Sul, por tre Rio e Recife. Deixou o co-
três anos, e instrutor de Guardas- mando daquele navio para assu-
-Marinha. tnir o da Corveta Jaceguai, reali-
Como Capitão-Tenente coman- zando patrulha ao longo da cos-
dou o navio-faroleiro Tenente ta, até o Rio Grande do Sul, e es-
Lahmeyer e tomou parte no le- coita de comboios ao longo da
vantamento da baía da Ilha costa.
Grande. Ao deixar o comando da Cor-
Tem o curso de hidrografia. veta Jaceguai, foi designado para
Foi ajudante-de-ordens do Di- servir no Estado-Maior da Ar-
retor de Navegação e instrutor mada, onde chefiou a Divisão de
do Curso de Hidrografia para Operações.
oficiais. Ainda como Capitão- Seguiu para os Estados Uni-
-Tenente comandou o rebocador dos da América do Norte, onde
Heitor Perdigão, em comissão da tirou o curso de Tática Anti-sub-
Diretoria de Navegação, tendo marino e assumiu o comando do
12 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Contratorpedeiro Bauru, toman- rante Saldanha só foi suplanta-


do parte em escoltas de comboios do
pelas viagens realizadas
pela
entre Recife e Trinidad. Corveta Vital de Oliveira em 1879
Promovido a Capitão-de-Fra- e pelo Cruzador Almirante Bar-
merecimento, em 1945, roso em 1888.
gata, por
foi designado a Comissão de No regresso
para dessa longa via-
Compras da Marinha em São em
gem, 1953, foi nomeado Chefe
Paulo, onde até do Estado-Maior
permaneceu do Comando
1946, foi matriculado no das Forças
quando de Alto Mar.
Curso da Escola de Guerra Na- Foi Chefe do Gabinete do Mi-
vai.
nistro da Marinha em 1954.
Em 1947, foi instrutor da Es-
Vice-Diretor
da Escola de
cola de Guerra Naval e serviu Guerra Naval.
junto à Missão Naval America-
Sub-Chefe do
na, na mesma Escola, Gabinete Militar
donde
do Presidente
afastou-se da República.
em 1948 servir
para
Promovido a Contra-Almi rante
como Adjunto da Secretaria do
em 1956, deixa
Conselho de Segurança Nacional. a sub-chefia
para
ser Chefe do Gabinete
Em 1949 assumiu o comando do Minis-
tro da Marinha.
do Navio-Tanque Ilha Grande,
Em 1957 assumiu
tendo realizado várias viagens de as funções
de Presidente
transporte de óleo combustível. da Comissão de
Marinha Mercante.
Em 1950 foi designado instrutor
Em 1959 foi
da Escola de Guerra Naval e da promovido a Vice-
-Almirante.
Escola de Estado-Maior do Exér-
Em 1960 deixou
cito. as funções de
Presidente da Comissão
Foi em dezembro de de Mari-
promovido
nha Mercante
para ser Secretá-
1950, merecimento, a Capi-
por rio-Geral do ConsGlho Coordena,-
tão-de-Mar-e-Guerra.
dor do Abastecimento.
Em 1951 fêz da Delega-
parte Em 1962 voltou a ocuoar a
à Reunião _
ção Brasileira Quarta Presidência da Comissão de Ma-
de Consulta dos Ministros das
^"ercan^e ¦ Em agosto de
Relações Exteriores, em Washing- 1962 foi
promovido a Almirante-
ton, e, ao regressar, foi nomeado -de-Esquadra.

adjunto da Escola Superior de


Em 17-6-1963 deixa a Presidên-
Guerra. cia da Comissão de Marinha
Em 1952, como comandante do Mercante. Ainda em 17-6-63 as-
Navio-Escola Almirante Salda- sumiu o cargo de Ministro da
-de
nha, com uma turma Guar- Marinha.

das-Marinha, iniciou a quarta Possui as seguintes medalhas


viagem de circunavegação de e condecorações:

nossa Marinha. Nessa viagem Medalha de Guerra, com


percorreu 34 056 milhas, fazendo três estrelas

211 dias de mar, em 13 meses. Oficial da Ordem do Mé-


Êsse longo cruzeiro do NE Almi- rito Naval Brasileiro
ALTE. ESQ'. SYLVIO BORGES DE SOUZA MOTTA 13

Medalha Militar de Ouro em estaleiro do Brasil, de um pe-


Medalha de Guerra do troleiro para provimento de óleo,
Exército no mar, aos navios da Esquadra.
Medalha Maria Quitéria Continuação dos entendimentos
Medalha do Pacificador sobre a Aviação Embarcada.
Medalha Thaumaturgo de b) Aprimoramento e amplia-
Azevedo ção do ensino e instrução nas vá-
Mérito Naval dos EE.UU. rias Escolas e Centros de forma-
da América do Norte ção de Oficiais e praças. Térmi-
Comendador da Ordem no das instalações do Centro de
d'Aviz Adestramento Almirante Mar-
Comendador do Mérito quês de Leão.
Naval de Espanha c) Construção da nova Casa
Comendador da Ordem do do Marinheiro, na Guanabara,
Fenix incluindo alojamentos, restau-
Comendador do Mérito rante, secção esportiva, etc; de-
Naval do Peru senvolvimento da Assistência So-
Mérito Naval do Chile ciai e Médica na Marinha Bra-
Mérito Naval do México sileira.
Medalha Presidente Somoza. d) Execução prioritária e con-
trolada do Plano de Investimen-
tos.
PROGRAMA DE PRIORIDADE e) Aceleração das obras de
DE TRABALHO construção das Bases Navais,
dando prioridade à base de Ara-
O ministro da Marinha, Almi- tu, objetivando principalmente o
rante de Esquadra Sylvio Borges aproveitamento efetivo dos di-
de Souza Mota, em Aviso ao quês e oficinas.
Chefe do Estado Maior da Arma- f) Ligação e entendimentos
da, vem de estabelecer o seguinte com órgãos autárquicos (sudene
Programa de Prioridade de Tra- e spvea) com o propósito de ob-
balho, para ser executado com tenção de meios para incremen-
os meios e verbas disponíveis: to do serviço de levantamento
a) Renovação e ampliação da hidrográfico e oceanográfico do
ESQUADRA, intensificando a Norte e do Nordeste, pela Dire-
transferência de unidades da Ma- toria de Hidrografia e Navegação.
rinha dos Estados Unidos para g) Apoio e expansão dos pro-
a Marinha do Brasil; bem como jetos em estudo no Instituto de
iniciando a construção de navios Pesquisas da Marinha, em par-
nos estaleiros nacionais, com ulti- ticular o da construção de mis-
mação da instalação de artilha- seis e de equipamentos eletrô-
ria (mísseis), navegação e ele- nicos correlatos, no Brasil.
trônica no Arsenal de Marinha h) Baixa progressiva do mate-
do Rio de Janeiro ou em Arsenais rial flutuante considerado obso-
dos Estados Unidos. Construção, leto.
ECONOMIA DE GUERRA

Coníerência CMG
pronunciada pelo (EN)

Artur da Silva Moura

"Exmo.°
Sr. Almirante FER- vemos à Escola, na evolução de
NANDO CARLOS DE MATTOS, nossa formação profissional. ,
Diretor da Escola de Guerra Na- Para apresentar-vos alguns
vai. aspectos mais característicos da
Economia de Guerra,
procura-
Srs. Oficiais. mos coordenar nossos melhores
esforços, de modo a cumprir a
Desejamos inicialmente regis- tarefa nos foi atribuída;
que por
trar nossa satisfação ocasião dos debates esperamos
grata por
ter sido renovado, no decorrer esclarecer aquêles
poder pontos
do presente ano letivo, o con- que a escassez do tempo ou as
vite feito nos três últimos anos limitações do conferencista não

para apresentar, e debater com receber o tratamen-


permitiram
a turma de oficiais-alunos da to merecido.

Escola de Guerra Naval, assun-

to tão importante aquê- 1 — INTRODUÇÃO


quanto
le constitui o tema dos tra-
que
balhos o dia Desnecessário nos mo-
programados para parece
de hoje no mais elevado estabe- tivar os Srs. Oficiais sôbre a im-

lecimento de ensino da Marinha. complexidade e atua-


portância,
Participando dos trabalhos da lidade do tema proposto.
Escola de Guerra Naval, como Individualmente, ou como

aluno ou como instrutor, de participantes de um grupamen-


1954 a 1958, circunstância to familiar, profissional, social,
que
nos valiosas opor- cultural, regional ou nacional,
proporcionou
tunidades o estudo dos as- as e implicações
para preocupações
suntos navais e suas implica- de ordem econômica estão atin-

sôbre os econô- aspectos tão amplos e tão


ções problemas gindo
micos, a nesta intensos tornam indispen-
presença plata- que
forma constitui, essencialmente, sável um mínimo de conheci-

um testemunho de nosso reco- mentos sôbre os aspectos econô-

nhecimento muito de- micos fundamentais da vida na-


pelo que
\
16 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

cional, de sua dinâmica e das bélicas, de natureza militar ou


Interligações de suas mais im- de outras naturezas: é suficien-
a fim te a evidência, ou
portantes peculiaridades, mesmo a pre-
de orientar nossas de- sunção fortemente
podermos justificada,
cisões, menos a curto e mé- da necessidade do
pelo emprêgo vio-
dio lento do Poder em futuro não
prazos.
O título consagrado o te- muito distante. E a advertên-
para
"Lembrai-vos
ma em estudo conduzir a cia da
pode Guerra" es-

uma dúvida sôbre os tá sempre à vista neste auditó-


possível
limites, no espaço e no tempo, rio.

da vigência dos aspectos essen- O conflito internacional,


quan-
ciais das atividades econômicas do se desenvolve em tôda sua
mais diretamente relacionadas violência, constitui no mundo
com a Segurança Nacional. atual o estágio final, julgado
Cumpre-nos, então, inevitável,
propor cio- da evolução de con-
nar-vos um esclarecimento flitos
pre- quase permanentes de
liminar sôbre o assunto ire- menor amplitude e intensidade,
que
mos abordar, lacônicamente a- apresentando êstes últimos, na
realidade, as características de
presentado:
um choque entre Estados, vi-
ECONOMIA DE GUERRA sando a supremacia de seus
interêsses.

Sob êste título procuraremos A ocorrência de tais confli-


identificar as caracte- tos, de natureza
principais mais ou menos
rísticas da estrutura e do restrita continuada,
proces- porém
pode
samento das atividades econômi- exigir a efetivação das etapas
cas atender às necessidades preliminares conduzem
para que à
decorrentes da do implantação integral
possibilidade de uma
emprêgo violento dos meios de Economia de Guerra.

a Nação deverá dispor para Pareceu-nos lógico iniciar


que es-
fazer sua vontade, ta exposição esclarecendo
prevalecer a im-
não só afastando a ameaça pro- portância da adequada e caute-
daqueles losa^ econômica
veniente procuram
que preparação da
— Nação
impor-ihe seu domínio políti- para atender às respon-
ideológico — sabilidades
co, econômico ou decorrentes da obten-

como também Çãc de grau satisfatório de Se-


preparando-se

enfrentar a realidade da gurança Nacional.


para
se o vier a aconte- Para assegurar a liberdade
guerra, pior de
usufruir dos direitos
cer. decorrentes

desejamos esclare- das instituições


Também que julgamos
a imprescindíveis à nossa
cer, nesta oportunidade, que existên-

do estruturas e a cia, é importante as contin-


implantação que
de gências da evolução dos aconte-
existência processamentos
de uma Economia cimentos não nos coloquem
característicos na

não exigem, necessà- alternativa inapelável de subme-


de Guerra

a ocorrência de ações termo-nos àqueles irão im-


riamente, que
ECONOMIA DE GUERílA 17

pedir o modo de viver que jul- cional; o desprezo pelos recur-


gamos o mais adequado para sos que fazem efetivamente pre-
tornar a vida realmente digna valecer a vontade das Nações; a
de ser vivida, ou que, procurando confiança injustificada em sua
preservá-lo, sejamos forçados a capacidade de improvisação; e,
modificá-lo profundamente, ou finalmente, a decisão inadequa-
mesmo extingui-lo, adotando da de como estruturar suas ati-
exatamente aqueles métodos de vidades, especialmente as econô-
govêrno e de cerceamento da li- micas, para enfrentar o conflito,
berdade de cuja submissão pro- miütar ou não, que se esboçava
curamos nos afastar. como conseqüência de antago-
Sem cuidadosa preparação e nismos e pressões que se opu-
meticulosa apreciação da ade- nham à desejada evolução da
qualidade dos meios que preten- vida nacional. A expansão con-
demos usar para enfrentar as tinuada das atividades nacio-
imposições decorrentes dos as- nais, na realidade, pode consti-
pectos econômicos da guerra; tuir grande ameaça à maneira
sem esclarecida análise da exe- de viver da comunidade, pois
qüibilidade e da aceitabilidade não é para enfrentar os Estados
de tais meios face às peculiari- fracos, incapazes de perturbar
dades de nossas estruturas po- seus interesses já consolidados,
lítica, econômica, social, e mili- que se preparam os poderosos,
tar, realizada com a maior ante- ameaçados em suas posições de
cedência possível e sempre man- domínio — político, econômico
tida atualizada, parece-nos difi- ou ideológico.
cil que seja possível evitar com- A simplicidade das estruturas
prometer, ou, talvez mesmo, inu- econômicas, por muitos séculos,
tilizar esforços que, durante lon- limitou as repercussões da guer-
gos períodos, a Nação empregou ra aos seus aspectos financei-
no sentido de alcançar e manter ros; na atualidade, é muito mais
níveis satisfatórios de bem-estar importante e complexo o impac-
e segurança. to da guerra sobre a economia
Se recordarmos a evolução da nacional.
Humanidade, analisando a gran- O estudo da Economia de
deza e a decadência das outrora Guerra, ou melhor, da política
grandes potências mundiais, econômica da guerra, deixou de
constataremos que, em sua qua- ter interesse apenas para um
se totalidade, existiram certos restrito grupo de especialistas;
elementos que concorreram de- passou a ser objeto das mais di-
cisivamente para a destruição versificadas e meticulosas aná-
de civilizações brilhantes e de lises; e a escolha de suas carac-
potências poderosas; por exem- terísticas, face às peculiaridades
pio: a ilusão de segurança pro- de cada país, constitui, desde os
porcionada por períodos de rela- tempos de paz, uma das mais
Uva prosperidade; a indiferença importantes decisões governa-
pelas realidades da vida interna- mentais.
18 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Nenhuma nação deve alimen- propósitos e seu poder em


tar ilusões quanto à importán- equilíbrio; seus propósitos
cia de aparelhar-se conveniente- dentro de seus meios e seus
mente para enfrentar as aspe- empreendimentos proporcio-
ras incertezas do futuro. Os meios nais a seus recursos e seus
de que necessitará, extraordi- recursos adequados a seus
nàriamente interdependentes, e empreendimentos".
até mesmo, quase sempre, de
obtenção alternativa, não pode- E relembremos também o Ge-
rão ser improvisados nas proxi- neral Weygand:
midades do momento em que se
tornarem necessários; além dis- "A vitória não
so, sua inexistência poderá impe- pode sair da
dir a própria evolução do País anarquia e da ignorância".
pela falta de recursos com que
apoiar decisões imprescindíveis Na presente conferência, tra-
para vencer etapas intermedia- taremos apenas dos aspectos
rias que conduzem progressiva- fundamentais da Economia de
mente um Estado à situação de Guerra, considerando o estudo
grande potência. Necessitará da economia de Guerra como a
"análise das
a Nação adaptar paulatinamen- perturbações que as
te suas atividades econômicas guerras trazem a um determina-
às imposições — consideradas do sistema econômico e a deter-
imprescindíveis e inadiáveis — da minação da melhor orientação
Economia de Guerra, procurando prática a dar a este sistema pa-
encontrar a melhor solução de ra alcançar a vitória".
compromisso entre a necessida-
de da Nação desenvolver-se rà- 2 — INFLUÊNCIA DOS AS-
PECTOS MODERNOS DA
pidamente no presente, e dispor
de meios, no futuro, para preser- GUERRA SOBRE AS ATIVIDA-
var esse desenvolvimento, das DES ECONÔMICAS
imposições decorrentes dos inte-
rêsses das outras nações, solu- Se o estudo da Economia de
ção de compromisso capaz de, Guerra tem como propósito fun-
em quaisquer circunstâncias, e- damental analisar as perturba-
vitar a derrota e, se o pior não ções que as guerras trazem a um
vier a ocorrer, reduzir o desper- determinado sistema econômico,
dício inevitável que resultará da parece-nos imprescindível recor-
alteração de seu modo de viver, dar, preliminarmente, as carac-
para enfrentar as contingências terísticas dos aspectos modernos
de um possível conflito resultan- da guerra e as repercussões de
te de sua posição, atual ou fu- suas peculiaridades sobre as ati-
tura, de grande potência. Re- vidades econômicas, e isto desde
lembramos Walter Lipmann: os tempos de paz.
Convém mencionar nesta opor-
"A Nação deve manter seus tunidade:
ECONOMIA DE GUERRA 19

"A
guerra em seus aspectos exige acumulação
prévia
modernos é, em última análise, de armamentos comple-

o teste supremo a ser xos, manutenção de efe-


que pode
submetida uma Nação, no sen- tivos militares capazes de
tido de demonstrar se é utilizá-los e organização
possível
ao seu viver do modo da estrutura industrial
povo por
que o deseja". em bases susceptíveis de

rápida expansão da pro-


George "Eco-
A. Lincoln, em dução de munições, ar-
nomics of National Security", mas e equipamentos. Tal
esclarece ao terminar a Pri-
que, estado de preparação a-
meira Guerra Mundial, em seu carreta contínuo e pesado
processamento, podiam ser iden- encargo a economia
para
tificados determinados aspectos nacional.
econômicos importantes a
para — Para atender a um esfôr-
Segurança Nacional, embora, à-
ço econômico total é ne-
quela época, ainda não estives- cessário elevado grau de
sem convenientemente avaliadas controle
governamental.
suas conseqüências. Alguns dês- — A utilização de mão-de-
tes aspectos eram os seguintes:
obra, instalações indus-

triais e matérias-primas
— A em seus as-
guerra,
(inclusive gêneros alimen-
pectos modernos acarre- tícios), deve ser objeto
ta um esforço econômico de cuidadosa distribuição
total de cada
por parte através de e
prioridades
uma das nações nela en-
quotas. A escassez de um
volvidas.
determinado elemento bá-
— A diversificação e com- sico da produção, mesmo

plexidade dos meios ne- em mínimas,


quantidades
cessários à condução da ter efeitos desastro-
pode
guerra, na atualidade sos todo o esforço
para
impõem, longas e dis- bélico.

pendiosas providências — Torna-se inevitável a in-


de ordem econômica, an- terdependência econômi-
tes de tornar-se ca dos aliados, exi-
possível o que
realizar ações ofensivas reajustamentos im-
ge
"tem-
ou defensivas. O nas relações
portantes
po morto" exigido para econômicas internacio-
a de tais meios nais.
produção
constitui sério à
perigo
sobrevivência da Nação. Êstes aspectos econômicos, re-

— A adequada disponibili- alçados das


pelo processamento
dade de meios para en- atividades econômicas durante a

frentar as agressões Segunda Guerra Mundial,


que pare-
caracterizam os aspectos cem aplicáveis a qualquer guer-
modernos da guerra ra que possa ocorrer em futuro
20 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

previsível. No entanto, os acon- — A distribuição de mate-


tecimentos deste após-guerra rias-primas, equipamen-
mostraram que o custo econô- tos industriais e outros
mico da guerra não mais ficava elementos básicos da pro-
limitado à destruição e ao esgo- duçao não obedece mais
tamento de recursos que ocorri- ao mecanismo de preços,
am durante o período das hos- considerada a existência
tilidades. Da mesma forma que de escassez absoluta em
acontecia com a produção de alguns setores das ativi-
munições, armas e equipamen- dades econômicas.
tos ou a destruição de cidades, — A maior parcela da
as despesas com ex-combatén- pro-
dução não é acrescida ao
tes, manutenção de força de ocu- fluxo de bens e serviços
pação e auxílio às áreas devasta- que vão ser adquiridos
das, inclusive dos próprios ini- pelo fluxo de moeda paga
migos, constituíam efetivamente aos consumidores
uma parcela do custo da guerra. que
participem das atividades
Á vitória militar assinalava ape- econômicas. Disto resul-
nas a cessação das operações mi- tam poderosas forças in-
litares, pois o esforço econômico f lacionárias.
deveria prosseguir no sentido de — A produção de recursos
alcançar os propósitos cuja con- absolutamente essenciais
secução deflagrou a guerra. à condução da guerra,
George A. Lincoln, ainda em se processada de acordo
seu livro "Economics of National com os padrões de tempos
Security", registra as seguintes de paz, constituiria tarefa
características do impacto gene- inadmissível para as em-
ralizado dos aspectos modernos presas particulares, ex-
da guerra sôbre as atividades ceto com margens de lu-
econômicas: cros excepcionalmente e-
levados, inaceitáveis
pa-
— a procura de bens e ser- ra os interesses nacio-
viços excede a oferta dis- nais.
ponível a preços razoa- — A ocorrência de conflitos
veis, podendo mesmo o- de interesses entre gru-
correr absoluta escassez. pos econômicos ameaça
— O Governo adquire gran- amplos setores do esfôr-
de parcela do acréscimo ço de guerra e não pode-
da produção. rá ser tolerada.
o preço não é* mais o fa-
tor que determina ao Go- 3 - ATIVIDADES ECONÔ-
vêrno o que comprar e MICAS NUMA ECONOMIA DE
como comprar; as neces- GUERRA
sidades da Segurança
Nacional prevalecem de Durante muito tempo, o pro-
modo absoluto. blema econômico da guerra foi
ECONOMIA DE GUERRA 21

encarado como um cias de uma Economia de Guerra


problema pu-
ramente financeiro. Tal concep- em funcionamento;
pleno isto

ção tinha sua expressão mais implica em ações de natureza


"
conhecida no o di- econômica, motivadas básica-
provérbio:
nheiro é o nervo da A mente necessidades milita-
guerra". pelas

guerra atuava na economia ape- res também


previsíveis, porém,
nas reflexo dos seus acarreta ações de natureza
pelo proble- poli-
mas financeiros. As caracterís- tica e social. Evidentemente, e-
ticas dos aspectos modernos da xiste um nível de preparo ótimo,

guerra modificaram radicalmen- além do a adequação das


qual
te esta situação. atividades econômicas, em tem-
"o
Se objetivo numa pos de não ser am-
principal paz, poderá
Economia de Guerra é o uso in- sem ameaçar reduzir
pliada os
tegral e eficiente de todos os re- próprios recursos visa
que am-
cursos nacionais, tangíveis e in- pliar.
tangíveis, de maneira a assegu-

rar a vitória, tão rapidamente 3.1 — Complexidade da or-

quanto possível e com a menor ganização econômica


interferência evitável no sistema

econômico, durante a e Ao apreciarmos,


guerra de maneira
após a guerra", torna-se evidente generalizada, as repercussões da
nenhuma Nação apare- Economia de Guerra
que pode na vida e-
lhar-se atender aos conômica de uma Nação,
para gigan- cons-
tescos esforços imprescindíveis à tatamos dois aspectos fundamen-
condução da na atuali- tais à sua compreensão.
guerra, A Eco-
dade, sem formular nomia de Guerra:
programas
bem definidos orientar suas
para
atividades trata de
e sem se situações transi-
preparar
com adequada antecedência. A tórias, mais ou menos li-
obtenção de armamentos, si mitadas no tempo du-
por pela
só, constituirá um desperdício ração da embora
guerra,
dos recursos nacionais, em ele- antecedendo-a e ultrapas-
vada escala, se não constituir sando-a;
constitui
parcela de uma Política Nacio- uma
perturbação
nal realística, abrangendo todos no desenvolvimento das a-
os campos de atividades. tividades econômicas.

Essencialmente, é indispensá-
vel A Economia de Guerra não é
que possamos dispor de re-
cursos suficientes tornar completamente diferente da Eco-
para
claro aos antagonistas nomia de Paz: ambas
possíveis possuem

que estamos decididos a fazer um mesmo sistema tyktfco, fun-

prevalecer, a custo, cionando sob condições diferen-


qualquer
nossas determinações, organizan- tes; a Economia de Guerra é, ni-

do simultâneamente a Nação de tidamente, de caráter temporá-


maneira a adaptar-se, em curto rio, operando sob condições de

prazo, para atender às exigên- extrema emergência não


que
22 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

perdurar porque, se isto mico, representa


podem o surgir de uma
ocorresse, a Nação rapidamente nova ordem de necessidades,
veria esgotarem-se seus recursos. imperiosas, absorventes, do-
"uma que
Segundo Menderhausen, minam tôdas as demais, acarre-
das principais características da tando
profunda modificação na
Economia de Guerra é a ênfase hierarquia
geral das necessidades
em soluções rápidas; os coletivas e individuais;
proble- em sua
mas econômicos da guerra são, essência, o
problema econômico
essencialmente, de curta dura- da consiste
guerra em destinar
Castex, citado pelo Profes- à satisfação das
ção". necessidades da
sor Heitor Marçal, oferece uma guerra seus
(em diferentes cam-
síntese dos objetivos da Econo- todos
pos) os recursos nacionais,
mia de Guerra, na seguinte frase: sejam forem
quais os prejuízos
"desenvolver
ao máximo os re- ou deficiências
que daí decorram
cursos nacionais e comprimir ao os consumos
para nacionais; só
máximo o desejo de cousas dis- deve existir um limite a esta ab-
importar as quanti- sorção de recursos:
pensáveis, assegurar a
dades complementares e praticar vida da^
população, não apenas
todos os atos que conduzem a êste
porque é o funda-
propósito
êstes objetivos". mental da comunidade, como
É importante assinalar também
que, porque sua existência
numa Economia de Guerra, a es- é necessária à própria condução
cala de valores é üa guerra; a êste
profundamente respeito é im-
modificada e de difícil e comple- portante notar
que constituem
xa avaliação: armas, munições, necessidades mínimas da
popu-
equipamentos, alimentos, ferra- lação aquêles meios sem os
quais
inentas, serviços, etc., não de- ela não
poderá produzir eficien-
vem ser apreciados de acordo temente, e não, apenas, os que
com seu custo em têrmos mone- constituem os níveis mínimos
tários; é imprescindível conside- Q6 subsistência fisiológica; como
rá-los segundo vários aspectos: mínimo vital
de existência deve-
indireta, "um
utilidade, direta ou pa- mos entender mínimo soei-
ra alcançar a vitória; possibili- al compatível simultaneamente

dade de substituição; rapidez de com os meios de consumo dispo-


fabricação; absorção de mão-de- níveis em cada momento, com o
obra, matérias-primas e outros nível normal de necessidades e
fatores de A Econo- com as condições sociais
produção. do
país".
mia de Guerra não vive sob o Conforme esclarece João Pinto
da vi- Costa Leite em seu
domínio produtividade, excelente li-
"Economia
sando melhoria das condições de vro de Guerra", se
vida, mas sim sob o domínio da a é uma alteração
guerra radical

necessidade de vencer a guerra. dos de consumo, ela


quadros im-

A em si, é sempre um põe uma profunda modificação


guerra,
ato de consumo, menos em das condições de
pelo produção, afe-

suas conseqüências imediatas; tadas, estas, modificações


por

no seu aspecto econô- quantitativas e de


puramente qualitativas
ECONOMIA DE GUERRA 23

mão-de-obra e alterações das as crianças, sob o pretexto de que


por
comércio exte- as mesmas não contribuíam para
possibilidades do

rior, o esforço de Os reflexos


acarretando transformações guerra.

na nos da Economia de Guerra sôbre o


circulação da riqueza,

moral da com-
preços, no sistema monetário, na população podem

distribuição sèriamente os esforços


da Renda Nacional prometer
entre o Estado necessários vencer a guer-
e os particulares, para
na repartição entre êstes da ra; o Coronel Bauer, citado por
par-
te aquêle deixou disponível, André Piatier, declarou que a
que
na formação das curvas indivi- Alemanha a Primeira
perdera
duais de e, conseqüen- Guerra Mundial, não lhe
procura porque
temente, nos valores relativos faltassem carvão, aço ou cobre,

das mercadorias e serviços. Em faltou-lhe a fé na


porém, porque
todos êstes setores, a política vitória.
econômica da tem de atu-
guerra cir-
Possivelmente, nenhuma
ar alcançar seus
para propósitos
cunstância destrói mais o moral,
— assegurar a satisfação das ne-
a unidade de esforços e a vonta-
cessidades diretas da guerra e a
de de sacrificar-se bem da
distribuição dos bens dei- pelo
justa
Nação do a existência, ou
xados disponíveis satisfa- que
para
razoável suspeita da existência
das indiretas. Evidentemente
ção
de aproveitadores, especulando
isto implica em ações de nature-
¦za, e obtendo lucros desonestos. As
política e social, além das de
atividades de grupos de pressão,
natureza econômica.
através de medidas de ordem po-

lítica, repercutem profundamen-

— te sôbre a coesão indispensável


3.2 Aspectos Sociais
à Economia de Guerra, a qual

exige equilíbrio adequado entre

as atividades e econô-
Os aspectos econômicos não políticas

micas. Se muitos indivíduos des-


são dominantes, de modo exclu-

cobrem seus sacrifí-


sivo, numa Economia de Guerra: que próprios

o esforço a realizar, evidente- cios estão contribuindo principal-

mente considera- mente o bem-estar e a pros-


orientado por para

de ordem militar, também de um reduzido número


ções peridade
deve atender a fatores sociais e de escrupulosas, é
pessoas pouco

Sob o o desaparecimento do
políticos. ponto-de-vista provável
exclusivamente econômico, se- sentimento de cooperação indis-

ria alcançar considera- ao êxito das medidas que


possível pensável
vel redução ao atendi- concretizarão a existência da Eco-
quanto
mento das necessidades em bens nomia de Guerra. É imprescendí-

de consumo, sob ou- vel repartir os encargos de ma-


inexeqüivel

tros exem- neira equânime tôda a cole-


pontos-de-vista; por por
nenhuma nação civilizada tividade, realizando aquilo que
pio,
"igualdade
aceitaria um regime de restri- Pigou de
qualificou

ções deixasse de considerar de sacrifício".


que
24 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

3.3 Aspectos Políticos alcançar um propósito comum


exige que o povo não seja deixa-
problema político relacio- do a seguir emocionalmente suas
nado com a Economia de Guer- próprias inclinações, porém, que
ra, consiste na coordenação e seja orientado e dirigido por ór-
harmonização dos interesses in- gãos de sua própria e livre es-
dividuais, de maneira a obter colha; só lentamente a popula-
uma ação de conjunto capaz de ção vai compreendendo o verda-
alcançar os propósitos deseja- deiro significado das medidas
dos: vencer a guerra. Isto impõe decorrentes da Economia de
o uso extremamente rigoroso da Guerra e elas vão se tornando
intervenção estatal, acarretando politicamente possíveis,
restrições de liberdade, em graus
variáveis, e conseqüentes amea- 34 — Aspectos Econômicos
ças ao regime democrático, de- Fundamentais
correntes de:
Sendo a produção para a guer-
— inevitável redução do pa- ra qualitativa e quantitativa-
drão de vida; mente diferente da produção
— necessidade de fazer res- normal em tempo de paz, os ln-
peitar determinadas me- yestimentos feitos para atender
didas impopulares pela àquela produção não poderão
ameaça de pesadas san- ser, em grande parte, utilizáveis
ções, simultaneamente no após-guerra. Além disso, os
com a criação e manu- elementos básicos da produção
tenção de um estado de que devem proporcionar os re-
espírito que tornaria cursos necessários à condução
desnecessário o uso in- da guerra não constituem massa
tensivo de tais sanções; amorfa de valores que possam
— necessidade de evitar de- ter suas inter-relações reajusta-
bates públicos que acar- das a cada momento, ou possam
retariam atraso na apli- ser desviados de suas aplicações
cação imediata de medi- normais, sem perda do valor gio-
das de emergência que, bal. O esforço econômico para
de outra forma, perde- atender às imposições da guerra
riam sua eficácia. acarreta, necessariamente, sa-
crifícios em trabalho, capital e
É muito difícil tornar realida- consumo, em proporções varia-
de uma Economia de Guerra se veis, segundo as características
as medidas dela decorrentes não dos diversos sistemas econômicos
iorem aceitas com algum entu- nacionais e as modalidades de
siasmo, no mínimo, por parcela
considerável da população; um política econômica adotadas. A
governo com forte autoridade preparação e a operação de um
não significa, necessariamente, sistema econômico adaptável rà-
um regime ditatorial. Qualquer pidamente às imposições da Eco-
espécie de ação voluntária para nomia de Guerra pesa sempre,
ECONOMIA DE GUERRA 25

com grande elevação de custos, 3.4.1 — Fontes de Recursos


sobre a economia de tempos de
paz. Para a condução das guerras
A direção de todas as ativida- na atualidade, seis são as princi-
des econômicas em tempos de pais fontes de recursos que po-
guerra, através da redução pro- dem ser utilizadas para obten-
gressiva dos setores de economia ção das extraordinárias quanti-
livre, deve caber ao Estado, por- dades de meios por elas exigidos:
que somente os poderes públicos
podem conhecer a extensão e a — aumento da produção:
urgência das necessidades que — redução da tendência
devem ser atendidas. Se não é para novos investimen-
entregue à liberdade individual tos;
ou à iniciativa privada e respon- — determinação do capital
sabilidade pela condução da existente;
guerra e das operações militares, — transferência de bens e
não é possível deixar à iniciativa serviços do consumo nor-
individual procurar atender às mal para o consumo pa-
necessidades do Estado decorren- ra a guerra;
tes das imposições da guerra. — subvenções ou emprés-
Conseqüentemente, este aspecto timos externos;
da Economia de Guerra não re- — tributos dos países con-
sulta, conforme assinalou André
quistados.
Piatier, de uma tendência poli-
tica de socialização das ativida- A participação de cada uma
des econômicas; decorre de ne- destas fontes de recursos deve
cessidades de ordem prática, pe- efetuar-se através de produtos
las imposições da Segurança Na- reais, isto é, bens e serviços, e
cional, e no interesse único da não apenas em dinheiro. O Go-
condução das hostilidades. "A vêrno necessita alcançar equilí-
Economia de Guerra é sempre brio entre o vulto e os esforços
uma economia de monopólio". das Forças Armadas, a produção
(João Pinto Costa Leite). para a guerra e a produção para
O traço de união entre as eco- uso normal. A produção para a
nomias de paz e de guerra é a guerra, por sua vez, não depen-
mobilização, processo de que dis- de exclusivamente do volume
põe um país para mudar o espí- total da produção industrial; é
rito, alterar a forma e transfor- função da relação estrutural que
mar a substância de sua econo- existe entre a produção das in-
mia, como bem mencionou o Pro- dústrias de infra-estrutura e das
fessor Heitor Marcai. indústrias básicas, suscetíveis de
Na próxima semana S. Excia. utilização para a guerra, e a pro-
o Sr. Almirante Carlos Chagas dução das indústrias de trans-
Diniz tratará do assunto, o que formação, orientadas predomi-
nos dispensa de abordá-lo nesta nantemente para o consumo nor-
conferência. mal. É necessário evitar o ex-
26 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

cesso de determinados recursos, nanciamento da


guerra consiste
com o mesmo empenho com em conduzir a
que política financeira
eliminar deficiências do Estado de tal
procuramos maneira
que
de outros, numa econo- êste reverta
porque, para a do ren-
parte
mia de absoluta escassez, um re- climento nacional indispensável
curso em demasia pode significar à eficaz condução da guerra, res-
outro recurso vital em falta. tringindo-se assim ao indispen-
Além disso, a deve obe- sável, e com
produção um critério de justa
decer, em relação ao tempo de distribuição de sacrifícios, às sa-
e entrega, as prio- tisfações
prontificação privadas".
ridades estabelecidas pela evolu-
Cabe então ao financiamento
das operações militares.
ção da guerra, essencialmente,
per-
Na atualidade, as repercussões
mitir ao Estado realizar o equilí-
da sôbre o sistema econô-
guerra brio entre a distribuição do po-
mico de uma nação, impondo
der de compra total da Nação e
adoção de uma Economia de
a sua capacidade
para atender
Guerra, também devem ser apre-
ao consumo, de maneira
que se-
ciadas sob dois aspectos:
jam atendidas tanto as necessi-
dades da
guerra como as indivi-
o financeiro, relativo à ma-
duais mais urgentes ou impe-
neira o Estado riosas.
pela qual
obter recursos para
pode Existem três
processos clássi-
atender aos consumos de-
cos financiar as despesas do
para
correntes da condução da
Estadoimpostos,
empréstimos,
guerra; e emissão de papel-moeda ou ex-

pansão do crédito bancário.


o físico, relativo aos con- O processo para obter
poder
trôles de o Estado deve de compra,
que para o Estado, mais
lançar mão assegurar direto e
para pronto é, sem dúvida, o
a melhor e distri- imposto.
produção Sob o ponto-de-vista
buição dos bens e serviços econômico,
puramente êle cons-
e disponíveis, vi- titui um
desejáveis processo que permite
sando assegurar a condu- retirar do consumo
privado uma
da nas condi- certa
ção guerra parcela do rendimento na-
mais eficientes. Tais cional para fazer face às neces-
ções
controles são necessários sidades coletivas. O imposto é o
os mecanismos dos de financiamento
porque processo
que
de não funcio- melhor corresponde
tempos paz às implica-

nam satisfatoriamente em econômicas da


ções guerra. É ne-

tempo de guerra. cessário que seja equitativo em


sua incidência, isto é, represente

— Financeiros uma restrição de consumos


3.4.2 Problemas par-
ticulares de menor utilidade re-

João Pinto lativa do que os consumos


Conforme assinalou públi-
"no cos a satisfazer;
da Costa Leite, seu sentido além disso, é

do fi- necessário sua distribuição


mais estrito, o problema que
ECONOMIA DE GUERRA 27

entre os indivíduos se faça de da de obtenção de


possibilidade
forma a considerar o valor mar- outras fontes de receita.

ginal das necessidades sacrifi- O imposto constitui participa-


cadas.
ção direta e definitiva do Estado

poder de compra obtido no rendimento nominal da


pela
participação individual nas ativi- Nação; o recurso exclusivo ao im-
dades econômicas, em como meio de financiar a
quaisquer pôsto,
circustâncias, ser distribuí- eqüivaleria à liquidação
pode guerra,
do em três definitiva das despesas da
partes: guerra,

porque não é transferível às fu-


— satisfação do consumo; turas Aliás, é oportuno
gerações.
2— reintegração dos meios de esclarecer os encargos da
que

produção ou bens de uti- só ser transferidos


guerra podem
lidade indireta (manuten- às futuras dois
gerações por pro-

ção da integridade do ca- cessos:

pitai);
3 — aumento do capital, visan- através da redução do ca-
do futuro aumento de pro-
pitai nacional, não recons-
dução.
tituído durante a guerra;

Se o financiamento da através
guerra de empréstimo real
deve ser feito, se sem
possível, do exterior e servi-
(bens
diminuição do capital nacional,
ços), para ser pago em bens
somente a primeira parcela pode e serviços no após-guerra.
ser desviada atender aos en-
para É importante assinalar que
cargos da se êstes encar-
guerra; os empréstimos externos só
gos absorverem a segunda
par- se justificam quando desti-
cela, diminuirão o capital nacio-
nados a pagar importações
nal e afetarão a futura capaci- imprescindíveis ou despesas
dade de o também
produção, que de guerra efetuadas no ex-
ocorrerá se fôr atingida a tercei- terior.
ra
parcela.

A aplicação de recursos resul- Os impostos diretos são


prefe-
tantes dos impostos no atendi- ríveis aos indiretos, êstes
porém,
mento das necessidades decor- maior rendimento
proporcionam
rentes da condução da é devido à simplicidade de sua ar-
guerra
improdutiva sob o recadação e de sua
ponto-de-vista generalidade
econômico; o efeito destes impôs- incidência. às repercus-
Quanto
tos sôbre a economia nacional e sões inflacionárias, os impostos
sôbre o capital real da Nação de- sôbre a renda individual ou os

penderá da natureza das aplica- normais sôbre sociedades coleti-

ções privadas êles sacrifica- vas, são fortemente deflacioná-


que
ram. A imprescindibilidade do rios; os impostos de vendas e de
imposto atinja o capital na- consumo também são deflacioná-
que
cional deve ser apreciada à luz rios; os impostos sôbre lucros ex-
das necessidades satisfazer e traordinários tornar-se
que podem
28 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

altamente inflacionários, apesar


panças atuais foram os em
que,
de suas características deflacio- escala mais ampla,
proporciona-
nárias; o aumento de impostos ram recursos ao Govêrno para
de exportação não afeta o con- atender aos encargos da guerra
sumo interno ou a formação de e serão, no futuro, reembolsados;
capital.
conseqüentemente, o financia-

Quando a tributação alcançar mento da guerra através do cré-


us limites da disponível dito deixa muito a desejar se sua
parte do

poder aquisitivo da Nação, sacri- amortização não fôr convenien-


ficando totalmente os consumos temente organizada.

compreensíveis dentro de crité- O ideal seria o crédito, em


que
rios razoáveis, impõe-se imedia- tempo de absorvesse ape-
guerra,
tamente o recurso ao crédito co- nas aquêles capitais ou rendi-
mo melhor meio de financiar a mentos acumulados sob a forma
guerra, a fim de evitar de de compra
que o poder puro, desti-
seu custeio represente uma di- nados à aplicação em novos in-
minuição do capital nacional ou vestimentos, a tornou
que guerra
a renúncia ao futuro desenvolvi- impossíveis ou improdutivos face
mento da
produção. O recurso às restrições do consumo, ou des-
ao crédito, em tempos de guerra, tinados à reposição de equipa-
apresenta características mentos
e tem e instalações, se fôsse
repercussões bem diferentes da- possível obter meios efetuar
para
quelas que observamos em tem- tal substituição.

pos de Neste último caso, o


paz. O uso do crédito no financia-
crédito, utilizável racionalmente mento da guerra, efetuar-se
para
apenas na realização de obras em boas condições econômicas,
produtivas, pode ser reconstituí- torna necessário existam;
que
do e amortizado com sua renta-
bilidade, direta ou indireta; em rendimentos e capitais dis-
lempos de destinado a resultantes
guerra, poníveis, da
investimentos improdutivos sob impossibilidade de aplica-
o ponto-de-vista econômico, ou
ção em investimentos
pro-
ao consumo, representa o crédito dutivos ou absorção em con-
apenas uma antecipação de im- sumos necessários;

postos arrecadáveis
para propor-
cionar ao financiador a reposição possibilidades
de obtenção
do real de compra ce-
poder que de bens e serviços aplicáveis
deu ao Estado para financiar a na condução da guerra.
isto acarreta à popula-
guerra;
no futuro, uma redução de O crédito, da mesma
ção, forma
consumo alguns setores, e o imposto, não alcan-
para que pode
uma redistribuição de renda, de car sua finalidade no financia-

forma não equitativa, os im- mento da se não houver


pois guerra
futuros, de um modo ge- disponibilidade dos bens e servi-
postos
ral, serão todos, e ape- ços indispensáveis à condução da
pagos por
nas aquêles com maiores pou- guerra. Também é imprescindí-
ECONOMIA DE GUERRA 29

vel o crédito seja amortizado da através de seus esfor-


que guerra
a longo com a arrecadação e sacrifícios, trabalhando e
prazo, ços
sucessiva dos impostos ante- destinando todos os seus recursos
que
cipou e dentro de limites razoá- obtenção dos bens e serviços
para
veis de utilização da renda nacio- necessários à condução da guer-
nal tal finalidade: o crédito ra; os diferentes métodos de fi-
para
a curto só deve ter cará- n andamento devem ser conside-
prazo
ter transitório, constituindo rados apenas como
an- processos de
tecipação da consolidação repartição dos encargo-, imedia-
da
dívida, a ser efetuada a longo tos da entre a
guerra população
prazo. do país.
A maneira ideal de repartir o O terceiro finan-
processo para
financiamento da entre ciar a consiste na emis-
guerra guerra
impostos e empréstimos nem não de ou na expan-
papel-moeda
sempre ser realizada são do crédito bancário, as
pode por quais
motivos de ordem os li- asseguram ao Estado, através da
política;
mites da tribu- criação artificial do legal
políticos pressão poder
tária situam-se, em geral, muito de compra, aquisitivo sô-
poder
aquém dos limites econômicos bre os bens disponíveis no mer-
(redução do poder de consumo cado; desta forma, restringimos
da população ao nível mínimo os consumos
particulares em
julgado satisfatório); êste benefício dos consumos
por do Esta-
motivo, o recurso ao crédito do efetuamos
é e uma redistribui-
aplicado muito antes do imposto ção do consumo nacional através
provocar a redução do capital da concorrência o Estado faz
que
nacional. Se o aos consumidores
apêlo ao finan- demais dimi-
ciamento voluntário nuindo, alta de o va-
falhar, res- pela preços,
tará ao Governo tornar lor real do de compra da
os em- poder
préstimos compulsórios, o é moeda Estamos
que que possuem.
contra-indicado então, em de um
porque abala o presença pro-
crédito do Estado e inflacionário, o o Pro-
elimina, cesso qual
qua-
se de modo fessor David Wright definiu co-
generalizado, uma
das "a
condições do bom uso do cré- mo situação resulta
que quan-
dito o financiamento da do um acréscimo na disponibili-
para

guerra: absorver as dade de poder aquisitivo, num


poupanças
livres impossibilidade de certo mercado, num determinado
pela
aplicação ou consumo satisfató- intervalo de tempo, excede o po-
íios. der de adaptação da elasticidade

Não é razoável considerar o da oferta em função do tempo

empréstimo interno como em tal extensão resulta uma


pro- que
cesso de transferir as futu- elevação de capaz de afe-
para preços
ras o das tar sèriamente, e de modo gene-
gerações pagamento
despesas de não é ralizado, o aquisitivo das
guerra, pois poder

possível consumir aquilo não classes de remuneração fixa, e


que
existe; conseqüentemente, a aos rendimentos de dívidas ex-
ge-
ração atual é o custo em têrmos monetários".
quem paga pressas
30 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Resumidamente, a inflação con- destruindo a base das normas


siste na multiplicação persisten- adotadas nos negócios correntes
te dos meios de pagamento, sem e na vida familiar, pode surgir a
acréscimo correspondente das impressão de que seu efeito é
mercadorias e serviços disponí- bconômicamente desastroso para
veis. . toda a coletividade; isto não é
A inflação aumenta o custo verdade; realmente, vão à ban-
monetário da guerra, proporcio- carrota as famílias com suas eco-
nalmente ao aumento de preços, nomias investidas em títulos de
e constitui a maneira menos renda fixa e os comerciantes cau-
equitativa de atender ao finan- telosos; porém, enriquecem os
ciamento da guerra; altera a dis- especuladores, jogadores, trafi-
tribuição da riqueza, faz uma in- cantes de mercado negro, apro-
justa repartição do rendimento veitadores e exploradores de ne-
real deixado livre para o consu- gócios ilícitos. Como os lucros
mo privado, anarquiza o merca- espetaculares são obtidos, de mo-
do de crédito (pois o valor real do acentuado, por pessoas que
das dívidas vai decrescendo com positivamente não podem ser
a desvalorização progressiva da considerados benfeitores públi-
moeda, acarretando o aumento cos, a inflação constitui séria
descontrolado da taxa de juros), ameaça ao moral da Nação, sen-
dificulta o investimento, em su- do altamente perniciosa ao es-
ma, não permite realizar aquela forço de guerra.
coincidência indispensável entre
a política financeira e as necessi- 3.4.3 — Controle dos Recursos
dades de aplicação do rendimen- Disponíveis
to real, que é condição essencial
ao equilíbrio da economia, tanto
na guerra como na paz. Apesar da complexidade dos
Numa Economia de Guerra, a meios de que pode lançar mão o
estabilização econômica restrin- Estado para restringir o poder
ge-se ao controle da inflação. Pa- aquisitivo disponível em mãos
rece-nos absolutamente desne- dos particulares (impostos, em-
cessário realçar a circunstância préstimos, inflação), eles não
de que a inflação constitui uma são suficientes para assegurar à
séria ameaça ao sistema social, coletividade a disponibilidade dos
político e econômico de uma co- bens e serviços necessários à con-
munidade, em toda sua ampli- dução da guerra. Impõe-se, ' en-
tude. Quando se torna acentua- tão, estabelecer controles que
da, são desastrosos seus efeitos permitam obter, na medida do
sobre os mecanismos da produ- possível, adequadas produção e
ção e da distribuição de bens, ser- distribuição de recursos, o que
viços ou rendas, ameaçando o implica em utilizar, procurando
próprio regime democrático. Co- assegurar seu funcionamento ra-
mo a inflação acarreta violenta cional, todo o sistema de trocas
distorção do sistema de preços, ce bens e serviços existentes em
ECONOMIA DE GUERRA 31

tempos de paz. Um dos meios — deve orientar a organiza-


para alcançar tal propósito con- ção geral da produção, per-
siste no estabelecimento de uma mitindo que empresas e
política de preços, atuando atra- indivíduos produzam, nas
vés de controles que reduzam as adequadas,
quantidades
variações, não só nos níveis de tanto os bens e serviços
preços, como também na estru- que a população deseja
tura dos adquirir como aqueles que
preços.
Estes controles podem ser: o Governo necessita para
a condução da guerra;
diretos, estabelecendo limi-
tes para as diferentes ca- — deve orientar o fluxo da
tegorias de remuneração mão-de-obra e das mate-
(mercadorias, salários e lu- rias-primas, em maior es-
cros), ou congelando-se em cala, para aquelas emprê-
determinado? níveis; sas, ou indivíduos, cujos
produtos e serviços têm
indiretos, influenciando os maior procura, conforme
preços através de limitação, indicado acima;
aumento, diminuição ou
transferência da oferta e — deve permitir racionar a
da procura. distribuição das mercado-
rias e serviços pelos dife-
O sistema de controle de pre- rentes consumidores, à
ços deve representar muito mais proporção que estiverem
do que um simples relaciona- disponíveis.
mento de preços, pois constitui
parte importante da complexa No entanto, se as alterações a
estrutura da formação de pre- introduzir na vida econômica na-
ços, compreendendo receitas, des- cional devem ser efetuadas ràpi-
pesas e variação dos ritmos de damente e em grande escala, o
produção. Como as democracias sistema de preços, funcionando
normalmente não utilizam siste- isoladamente, não é satisfatório.
mas de planejamento e controle O preço de qualquer mercadoria
centralizados, deixando ampla ou serviço é a quantidade de
margem de decisão à iniciativa moeda pela qual são trocados.
individual no que diz respeito aos Para tornar os preços rígidos,
detalhes de processamento das seria imprescindível estabelecer
atividades econômicas, é impres- duas modalidades de controle:
cindível que, em tempos de guer-
ra, o sistema de controle de pre- — a importância representati-
ços atenda, de maneira tanto va da totalidade dos meios
quanto possível automática, no de pagamento não deveria
mínimo a três dos aspectos da- variar senão na mesma pro-
quelas atividades: porção em que variasse a
32 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

de mercadorias O racionamento ser dire-


quantidade pode
disponíveis consumo; to (fixação das de
para quantidades
mercadorias a adquirir) ou indi-
— as mercadorias e serviços reto (fixação do aquisitivo
poder
deveriam ter suas caracte- que pode ser utilizado na aquisi-

rísticas conservadas exata- ção de determinadas mercado-

mente iguais. rias).

O dêstes controles é 3.4.4 — Reflexos


primeiro sôbre o

relativamente fácil de criar e Comércio Exterior

manter em funcionamento; o se-

é impossí- É importante
gundo praticamente relembrar a
que
vel, como será constatado em rá- sempre
guerra acarreta uma
análise. enorme redução do comércio in-
pida
Conseqüentemente, apesar de ternacional, às vêzes mesmo sua
N
todos os esforços governamen- completa suspensão; disto resul-
tais, haverá sempre uma eleva- ta a necessidade de atender, com
de o essencial é fazer recursos determinadas
ção preços; próprios,
com o controle de preços per- eram satisfeitas
que procuras que pe-
mita orientar os elementos bási- Ias importações, acarretando au-

cos da de modo a aten- mento dos custos


produção de
produção
der às necessidades da condução face à utilização de fatores de
da Isto ser al- menor rendimento.
guerra. poderá

cançado controle da pro- Mesmo


pelo aquêles Estados
que
cura, executado através do ra-
não diretamente
participam da
cionamento e das e
prioridades, guerra sofrem suas conseqüên-
controle da oferta, obtido cias;
pelo as repercussões da guerra
de cotas de merca- sôbre as respectivas
sistema economias
por
serviços atribuídos aos
dorias e podem ser consideradas sob três
setores de e aspectos:
diferentes produção
utilizadores indi-
aos respectivos
— as medidas e
preventivas
viduais.
despesas extraordinárias a
A implantação do racionamen-
que são obrigados
de duas para
to supõe a existência
manter sua
posição;
condições:
— as modificações em
que,
virtude do conflito, sofre o
a de mercado-
quantidade comércio exterior;
disponíveis é inferior
rias
— as perturbações do merca-
às necessidades da popula-
do monetário internacional
ção; e dos sistemas de
paga-
mento.
a possui, pelo
população
certos setores, Sôbre os Estados não
menos em que par-
superior ao ticipam diretamente da e
aquisitivo guerra,
poder
obtê-las aos rio que diz respeito ao intercâm-
necessário para
bio internacional, as repercussões
correntes.
preços
ECONOMIA DE GUERRA 33

econômicas do conflito ser dade, é difícil caracterizar em


podem
consideradas sob dois aspectos ocasião cessa de existir uma
que
distintos: importação e exporta- Economia de Paz; a Economia de

ção. Guerra não é implantada no

Em relação ao aspec- momento em deflagram as


primeiro que
to, o da importação, diminuem hostilidades militares. Existe

suas fontes de abastecimentos, então um durante o


período qual

quer como conseqüência das li- o Estado a


precisa promover
mitações de exportação os adaptação da estrutura econô-
que
beligerantes estabelecem em de- mica da Nação enfrentar a
para
fesa de seu abastecimen- se sua ocorrência, embo-
próprio guerra,
to, das dificuldades de na- ra evitável, fôr com ra-
quer previsível
vegação resultante da diminui- zoável de
grau probabilidade.

ção da tonelagem disponível e Disse o Professor Heitor Marçal:

das "Quando
ações bélicas, ainda co- os objetivos da segu-
quer
mo resultado das ações de rança dominam os do bem-estar,
guerra
econômica. e as medidas de caráter
quando
Quanto ao segundo aspecto, o estratégico dominam a ação
po-
da exportação, esta poderá ser lítica, e dirigem esta ação no
reduzida pela supressão do con- sentido da crescente formação e
sumo, pelos beligerantes, de ampliação
pro- do econômico,
poder
dutos não essenciais de
(artigos situa-se o advento da economia
luxo ou de elevada
qualidade), para a guerra".
ou ser aumentada necessi- "As
pelas dificuldades de distinção
dades dos beligerantes aten-
para entre a economia de e a
guerra
der à sua de
produção guerra, de talvez, da
paz promanam, gra-
especialmente nos setores de dativa extinção dos seus tipos
matérias-primas e gêneros ali- mais representativos mercê
que,
mentícios. A refletir-se-á
guerra de concessões recíprocas, então
de maneira mais acentuada sô-
com o seu desapare-
permitindo,
bre os Estados não
que, partici- cimento, o advento de um nôvo
pando diretamente da guerra, A Economia de Seguran-
padrão:
dependem em maior escala da
Nacional orien-
ça
importação de matérias-primas e tada no sentido de adquirir poder
produtos manufaturados essen- resguardo
para da soberania".
ciais, e da exportação de "Essa
produ- Economia de Segurança
tos não essenciais de lu-
(artigos Nacional nasce, de cir-
portanto,
xo ou de elevada
qualidade). cunstâncias de na
predomínio
4~ área econômica, da ação estraté-
AS ATIVIDADES ECONÔ-
sôbre a ação política, e é
MICAS E A POLÍTICA DE gica
uma reação natural, tendente a
SEGURANÇA NACIONAL
evitar uma maior de
que pressão
4.1 — Economia de Segurança
interêsses e vontades possa, even-

Nacional tualmente superar os próprios


Consideradas as compromissos das alianças exis-
peculiaridades
da vida internacional na atuali- tentes, em prejuízo dos princí-
34 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

de soberania que os mesmos adoção de um ou


pios outro sistema
manter intactos". iria acarretar. O limite
porfiam por da pre-
Sintetizando, dizer: paração de um
podemos país para preve-
de Segurança Nacio- nir ou enfrentar
A Economia a guerra seria

a Nação alcançado no momento em


nal visa preparar para que
a se a elevação de custos
prevenir guerra, possível, ou que acarre-

de mobilizar- tasse fôsse tão


estar em condições grande que não
-se e vencê-la compensasse o risco
enfrentá-la da
para guerra.
se necessário. No entanto, como
rapidamente, Qual é impraticável

forma im- determinar com


será a melhor para segurança
qual
dois critérios: será este risco, bem
Existem como a in-
plantá-la?
tensidade dos conflitos, não é
criar, antecipadamente, des- possível estabelecer limites à pre-
de os tempos de um paração econômica a
paz, para guer-
econômico adequa- ra, a depende
sistema qual exclusiva-

ao rápido estabelecimen- mente do conceito


do o Govêr-
que
de Guerra; no tem, de um
to da Economia lado, sôbre o risco
desenvolver econômicamen- de concretização
e intensidade

aumentando seu dos conflitos e,


te o país, de outro lado, sô-
econômico e, con- bre as
potencial possibilidades que os re-
sua capaci- cursos do
seqüentemente, país oferecem.

dade atender futura- Enquanto a certeza


para da não
paz
mente às necessidades da existir, as despesas e atividades
condução da visando alcançar
guerra. satisfató-
grau
no de Segurança Nacional devem
A escolha depende das condi- participar obrigatoriamente
do
de cada tanto sistema econômico
ções próprias país do País e re-
econômica como de or- como
de ordem presentam, preço da segu-
militar, e social; rança, o agravamento
dem política dos custos
determinam sua de_
tais condições gerais produção e a limitação

menor capacidade do e das condições


maior ou para padrão de
sistema de economia vida.
adotar um

maior ou menor ne- Da mesma forma


livre, ou sua que ocorre

escolher um regime numa Economia de


cessidade de Guerra, o
dirigida. Se consi- domínio das necessidades
de economia econô-

a capacidade micas ou
derarmos para para prevenir enfren-
que
depende dos tar a guerra, numa Economia
conduzir a guerra de
e dos recursos Segurança Nacional, tem certas
recursos existentes
a limitações. É oportuno citarmos
a preparação para
potenciais, "National
sôbre ambos, uma recomendação do
deve incidir
guerra
uma solução de Resources Planning Board", fei-
de acordo com

decorre das ta em março de 1941, ao


compromisso que progra-
de cada mar suas atividades os seis
condições próprias país. para
anos subseqüentes:
um dos crité-
Parece-nos que "Ao
ser o custo estabelecer elevadas
rios de seleção poderia prio-
e futuro, a ridades para os empreendimen-
social, presente que
ECONOMIA DE GUERRA 35

tos relacionados com a Seguran- mia; desta depende a solução dos


ça Nacional, não devemos perder três problemas econômicos fun-
de vista aquelas atividades go- damentais de qualquer cóletivi-
vernamentais que são vitais para dade humana, independentemeri-
nossa segurança a longo prazo, te de seu estágio de evolução
tais como a proteção do solo, a econômica; tais problemas eco-
preservação da saúde pública, a nômicos fundamentais são os se-
proteção do moral nacional e o guintes:
preparo dos reajustamentos de
após-guerra. Num sentido bem — quais as mercadorias e
amplo, tais empreendimentos serviços que deve produ-
também constituem aspectos de zir, e em que quantidade,
segurança nacional". consideradas as múltiplas
O propósito fundamental de solicitações que se apre-
uma Economia de Segurança Na- sentam face às necessida-
cional é a ampliação da Base de des a atender;
Mobilização, definida esta base — quais os critérios que de-
como a capacidade disponível verão ser adotados para
para permitir a rápida expansão obter tais mercadorias e
da produção de bens e serviços, serviços, consideradas as
até tornar-se suficiente para diferentes possibilidades de
atender, no caso de uma guerra emprego de mão-de-obra,
efetiva, às necessidades milita- equipamentos, matérias-
res, às necessidades normais es- -primas e tecnologias en-
senciais, às atividades de apoio tre as quais pode optar;
ao esforço de guerra, e às expor- — quais os utilizadores das
tações. Compreende elementos mercadorias e serviços pro-
os mais diversificados, tais como: duzidos, isto é, qual o cri-
serviços públicos essenciais, gê- tério que permitirá distri-
neros alimentícios, matérias-pri- buir pela coletividade, da
mas, equipamentos industriais, maneira mais satisfatória,
instalações, organização e mão- e de preferência para
-de-obra. Evidentemente, face às
atender ao bem comum,
características da guerra moder- ás mercadorias e serviços
na, também é difícil estabelecer disponíveis.
limites para identificar onde ter-
mina a ampliação das bases de Procuraremos mostrar dentro
mobilização e é iniciada sua uti- de determinada sistemática, a
lização, através da mobilização.
complexidade progressiva da ação
orientadora do Governo na ma-
4.2 — Os Problemas Econômicos neira pela qual a coletividade
Fundamentais promove o processamento das
atividades econômicas necessárias
Em toda coletividade humana, à solução dos três problemas eco-
suas atividades estão condicio- nômicos fundamentais acima
nadas à estrutura de sua econo- identificados, face às crescentes
36 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

solicitações da Segurança Na- a poupança, invertendo-a em

cional. Em relação a cada um bens e em serviços capazes de

dos três fundamen- aumentar, no futuro, a disponi-


problemas
tais, indicaremos o comporta- bilidade de serviços e de bens de
mento da Nação quanto às consumo e de
geral produção.
suas atividades econômicas.

Na Economia de Segurança
O QUE FAZER Nacional

Na Economia de Bem-Estar Evitando reduzir sensivelmen-


te o desenvolvimento nacional, o
Produzir os bens e serviços visa
qual alcançar níveis mais
capazes de atender à satisfação elevados de bem-estar coletivo,
máxima das necessidades da Na- orientar as atividades econômi-
no e no futuro, vi- cas
ção, presente de forma a obter, na
quanti-
sando alcançar melhores níveis dade e intensidade necessárias,
de bem-estar coletivo.
os bens e serviços indispensáveis
à consecução e manutenção de
Na Economia de Segurança satisfatório
grau de Segurança
Nacional Nacional.

Produzir os bens e serviços Na Economia de Guerra


necessários, tanto ao fortaleci-

mento da Nação, como à evolu- Adequado o processamento das


da vida nacional, bens e ser- atividades
ção econômicas, em tôda
viços capazes de deter a ameaça a sua amplitude, às necessidades
da ou adequados para da condução da
guerra, guerra, em suas
enfrentá-la vantajosa- diferentes
permitir formas, empregar o
mente, no futuro, se inevitável. máximo de esforços na
produção
de bens e serviços destinados a
Na Economia de Guerra atender a tais necessidades.

Produzir ao máximo os bens e PARA QUEM FAZER


serviços indispensáveis às varia-

das operações das diferentes for- Na Economia de Bem-Estar


mas de comprimindo, na
guerra,

maior extensão o aten- A maior de indiví-


possível, quantidade
dimento das outras necessidades duos, o melhor
proporcionar ní-

nacionais consideradas não-essen- vel de bem-estar, compatível com

ciais. o estágio econômico alcançado.

COMO FAZER
Na Economia de Segurança
Nacional
Na Economia de Bem-Estar
Ao Estado, com
proporcionar

Procurando eliminar tôdas as prioridade os recursos indispen-

formas de desperdício, estimular sáveis à execução de sua Política


ECONOMIA DE GUERRA 37

de Segurança Nacional, sem o re- a própria negação daquele siste-


curso à guerra. ma pelo qual propõem-se a lutar.
Constitui tarefa que fatal-
Na Economia de Guerra mente acarretará a supressão da
liberdade procurar promover a
Ao Estado, proporcionar os re- acelerada transformação da vida
cursos indispensáveis para ven- nacional, de modo a reunir rá-
cer a guerra, se necessário im-
pida e improvisadamente o má-
pondo o máximo de sacrifícios ao ximo de recursos para deter as
consumo da coletividade. ambições de outros Estados. A
ausência de liberdade faz que
4-3 — A Preservação da Liber- com a implantação de uma Eco-
dade e a Economia de Guerra nomia de Guerra, ainda que dis-
Sem grau satisfatório de Segu- farçada em aspectos de desenvol-
rança Nacional, é impraticável vimento que procuram mascarar
qualquer comunidade alcançar o uma Economia de Guerra desde
bem-estar e a segurança. Em sua os tempos de paz, constitua ape-
concepção mais ampla, a segu- nas a execução de técnicas de
rança visa preservar o bem-estar, planejamento minucioso e de
pois este não pode existir sem controle altamente centralizado,
aquela, quer se trate de nações, duas das características dos go-
quer se considerem indivíduos. vernos autocráticos. Nenhum
Em nossa concepção de vida, obstáculo é possível opor, de ma-
dentre os objetivos considerados neira efetiva, a esta implantação,
fundamentais à existência de porque os governantes, personi-
ambiência capaz de proporcionar ficando o Estado, visam apenas
o bem-estar desejado, assume
pa- atender a seus próprios interes-
pei preponderante o conceito Li- ses, dominando totalmente a Na-
berdade, em toda sua amplitude ção, de forma absoluta, e deci-
e com todas as responsabilidades dindo a orientação a imprimir a
que impõe sua preservação. todas as atividades nacionais,
Apreciadas as características sem quaisquer consultas à cole-
dos aspectos modernos da guerra tividade.
e as peculiaridades da Economia O problema máximo que se
de Guerra, podemos ^identificar apresenta nos estudos relaciona-
as dificuldades com que se de- dos com a implantação de uma
frontam os Estados democráticos Economia de Guerra, em nações
em relação ao preparo necessário que desejam permanecer demo-
para subjugar a ameaça da guer- cráticas, consiste na avaliação
ra, sempre presente enquanto do grau de ameaça que seus me-
prevalecerem as atuais relações todos de ação poderão acarretar
entre os Estados; talvez a mais para a liberdade, a sua repercus-
grave consista na circunstância são sobre o próprio regime demo-
de que, para preservar o modo de crático. Até que ponto, pro-
vida da Nação, corram o risco de curando alcançar e manter grau
adotar atitudes que caracterizam satisfatório de Segurança Nacic-
38 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nal, poderá a liberdade ser limi- vista a preservação da liberdade,


tada, temporariamente, visando na maior amplitude
*on- possível,
assegurar sua preservação a porque, sem ela, o regime demo-
gõ prazo? Abstraindo qualquer cratico ficará fundamentalmente
aspecto conjuntural, assim mes- abalado. Não são apenas os mé-
mo é possível afirmar que a res- todos de enfrentar a ameaça ou
posta a esta pergunta é extraor- o desenrolar da exi-
guerra que
dinàriamente difícil; a natureza
gem, em maior ou menor
grau,
das ações que exigem a adequa- o cerceamento
da liberdade; os
ção da estrutura econômica de custos invisíveis da
preparação
uma nação para enfrentar amea- e da sustentação da guerra tam-
ças de guerra está proporcionan- t>em ameaçam frontalmente a li-
do, a esta preparação, upn ca- berdade e o regime democrático,
ráter de permanência capaz de tais
pois custos invisíveis com-
arruinar a coletividade, não ape-
preendem, entre outros: os in-
nas no campo econômico, porém calculáveis sacrifícios em confôr-
também nos campos político, to, saúde e felicidade,
por parte
militar e social, mesmo sem a de combatentes e não-combaten-
deflagração da guerra. Em 19 de tes; as perdas sociais decorren-
maio de 1953, disse o Presidente tes de esgotamento
prematuro de
Eisenhower: recursos humanos e materiais; a
"Vivemos absorção
não num momento da riqueza nacional
de numa era de que, acumulada através
perigo, porém dos anos,
é consumida com
perigo Devemos pensar, grande desper-
obter meios dício, embora inevitável
planejar e que, per- face às
viver em liberdade du- circunstâncias.
mitindo

rante não ameacem Resumindo as considerações


êste período,
liberdade exatamente apresentadas,
nossa parece-nos em
que,
defendê-la". relação à Segurança
tentamos Nacional o
quando
aspecto fundamental
Parece-nos importante ter sem- a ser con-
siderado, no estudo
bem embora e aplicação
pre presente que,
da Economia de Guerra,
sendo o estudo da Economia de é o da

das preservação da liberdade, o


Guerra a análise perturba- qual
condiciona a seleção das
as trazem a um diversas
ções que guerras
imposições devem
determinado sistema econômico, que ser acei-
tas visando eliminar a
e a determinação da melhor ameaça
de guerra, se ou
orientação a dar a êste possível, enfren-
prática
tá-la vantajosamente, se
sistema alcançar a vitória, neces-
para
sário.
é indispensável não considerar
5 — CONCLUSÃO
apenas o sentido exclusivamente

econômico das implicações que Procuramos, dentro de nossas


decorrem da utilização das téc- possibilidades, apresentar alguns
nicas caracte- aspectos da Economia de
preconizadas pelas Guerra,
rísticas da Economia de Guerra por nós os mais
julgados carac-

adotada; seus meios de ação de- terísticos de assunto tão impor-


vem ser selecionados tendo em tante a Segurança Nacio-
para
ECONOMIA DE GUERRA 39

nal; assinalamos, também, as desespero que lhe permitirá uma


conclusões que o estudo da Eco- vitória sem lutas.
nomia de Guerra poderá permi- Será exagero afirmar que a
tir estabelecer, visando identifi- inadequada preparação de um
car problemas relacionados com País para implantar e fazer fun-
a evolução de uma nação, no cionar a estrutura e a dinâmica
sentido de transformar-se em de uma Economia de Segurança
grande potência mundial, e com Nacional, ou de uma Economia
a preservação de seu regime de- de Guerra, constitua, efetiva-
mocrático. Alcançando o final de mente, um terreno propício à
nossa apresentação, estamos con- desagregação nacional, à perda
victos de que o assunto comporta de confiança em que é preciso
melhor tratamento do que pude- resistir, é indispensável lutar,
mos dispensar-lhe, apesar dos conservar sempre a esperança
esforços que empregamos. de que seremos capazes de ai-
Efetivamente, é impossível ig- cançar nossos propósitos, defen-
norar a trágica realidade dos der nossos justos interesses ?
dias que vivemos. Se olharmos Peço aos Srs. Oficiais que re-
um globo representando o nosso flitam sobre as características
mundo, podemos identificar, à da estrutura e do processamen-
proporção que êle gira, um con- to das atividades econômicas pa-
tínuo desfilar de áreas em que a ia atender às imposições da Se-
agitação atinge proporções peri- gurança Nacional.
gosísssimas. É desde os tempos de paz que
E o perigo não decorre apenas se forjam os instrumentos da
de uma situação mundial bi- vitória, ou que se preparam as
polarizada; atravessamos uma derrotas irreparáveis. No mundo
daquelas fases terríveis da His- atual, o campo econômico é a-
tória da Humanidade, em que quêle em que se tomam as deci-
são abalados os alicerces das soes mais graves, dificilmente
estruturas políticas, sociais e reajustáveis sem profundas con-
econômicas, julgadas inadequa- seqüências para o Bem-Estar e
das para atender às aspirações a Segurança, se não houvessem
de multidões que não mais se re- sido as mais adequadas.
signam às condições em que são E nós, Oficiais da Marinha,
obrigadas a viver. E neste "caldo também, temos grandes respon-
de cultura" propício às mais des- sabilidades quanto à orientação
controladas atitudes dos deses- a imprimir à estruturação da
perados, o, inimigo encontra Economia Brasüeira. Acredita-
campo fértil para procurar ai- mos sinceramente que o estudo
cançar os propósitos de domina- da Economia de Guerra muito
ção que não consegue disfarçar. possa concorrer para desempe-
Talvez nenhum aliado seja me- nharmos eficientemente nossas
lhor do que a anarquia e a mi- responsabilidades neste sentido.
séria, e possa concorrer mais efi- Muito obrigado pela atenção
cientemente para aumentar o que nos foi dispensada".
o

db(3i
0<D(JUMa
O APOIO LOGÍSTICO NAVAL

CÉSAR DA FONSECA

Contra-Almirante (r)

O apoio logístico móvel é um víveres refrigerados e sê-


pessoal,

problema naval da maior impor- cos; material de consumo, de so-

tância o tipo de fu- bressalentes e bélico; combustí-


para guerra
tura, num conflito vel e óleos lubrificantes.
generalizado.
Os aeródromos e outros navios
Êstes tipos de navios devem ser
de superfície, os submarinos, nu-
classificados como transportes
cleares ou não, dotados de lança-
logísticos — TLg.
-mísseis
precisam contar com
um abastecimento Os logísticos de-
regular no grupos-tarefa

mar, nas diversas verão ter fragatas como escolta


zonas, áreas
ou teatros que dispo-
de operações. para protegê-los
nham de aviões de decolagem
Conseqüentemente, é preciso helicópteros e de ca-
vertical ou
cuidarmos desde da
já, organi-
nhões de 3" A. A., além de mis-
zação de
grupos-tarefas logísti-
seis ou foguetes e bombas de pro-
cos, constituídos de reabastece-
fundidade.
dores de combustível, de víveres,
de munições É de se destacar que com o
e de material bé-
lico, bem advento das armas nucleares,
como seu emprêgo na
movimentação mísseis, foguetes balísticos ou
do
pessoal.
Para dirigidos, todos os de ter-
êsse fim deverão ser em- pontos
ra de importância como sejam:
pregados navios das característi-
cas especiais organizados, bases, forti-
seguintes: portos
ficações etc., passaram a ser

Deslocamento: vulneráveis.
15 a 20 000 tone- grandemente

ladas Ora, o abastecimento dos na-

Velocidade: 20 a 25 milhas vios logísticos está na depen-

Motores: Diesel equiva- dência dêsses portos organizados


ou outro
lente ou das bases navais que são sus-

Raio de ação: maior cetíveis de destruição. Assim, será


o possível.
pensar em outros pon-
prudente
A capacidade de carga deve ser tos da costa utilizáveis dentro

a mais ampla com suficiente de certas e determinadas zonas

aparelhamento, e equipamento ou áreas, menos sensíveis ou

para receber, conduzir e entre- objetivadas, e prepará-los para

gar a uma força naval no mar: os meios indispen-


proporcionar
42 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sáveis à manutenção do abasteci- ceira; mas, face às convenções


mento dos navios logísticos. de proteção, de defesa e de segu-
É um estudo que compete ao rança do Continente Americano,
Estado-Maior da Armada fazer é possível que nos sejam conce-
com a colaboração dos distritos didos os recursos necessários pa-
navais e capitanias dos Portos. ra pôr em prática o antes
aludimos, sem grande queônus para
Urge, outrossim, para enfren- o nosso Tesouro.
tar uma situação de guerra com A luta anti-submarino na con-
o emprego de armas atômicas, tura
táticas ou estratégicas, ou mes- observa, internacional
jun que ora se
mo com armas convencionais, medidas irá exigir uma série de
modificar para mísseis o arma- referimos, e, entre elas, a que nos
mento de nossos principais na- rinha para que a nossa Ma-
vios: NAeL: Minas Gerais, CLs certamente possa cumprir sua missão,
Barroso e Tamandaré e CTs cias- do Atlântico na mesma sub-área
se Pará, dando-lhes, assim, maior Grande Guerradelimitada na 2a
capacidade ofensiva, a fim de que vàvelmente, Mundial, e, pro-
no mínimo, operar efi- mais além.
possam, Eis, em resumo, o que julgo
cientemente em conflitos limi- necessário,
tados. no momento, para
que a nossa Marinha realize com
Sem dúvida que temos que re- êxito as missões e tarefas
conhecer que se trata também lhe possam ser atribuídas que
de um problema de ordem finan- conflito armado. num
Efeitos e medidas de proteção das
Explosões Nucleares
Ruth Klawa
Bernardino Coelho Pontes

O objetivo do presente traba- 1-2 NATUREZA DAS


lho é trazer, de forma divulgativa RADIAÇÕES
e nas devidas proporções, os efei-
tos e medidas de proteção de um Em 1896, Becquerel, utilizando
ataque nuclear. Trata-se de pu- sais de Urânio, descobriu que ês-
blicação sem profundidade téc- ses impressionavam chapas foto-
nica. É antes de tudo motivação gráficas, pois emitiam radiações
à criação da mentalidade da Ma- semelhantes aos Raios-X. De-
rinha Nuclear. pois, os estudos de Curie sobre
Esperamos, em tempo opor- os materiais radioativos desper-
tuno, colaborar com os cursos de taram o interesse do mundo
especialização na confecção de científico para este assunto, ria-
manuais técnicos. be-se atualmente que os mate-
riais radioativos naturais emitem
expontâneamente três tipos prin-
cipais de radiação: partículas
alfa (núcleos de Hélio), parti-
I — RADIOBIOLOGIA cuias beta e radiação gama (ra-
diação eletromagnética).
I -1 INTRODUÇÃO Existe a bem conhecida expe-
riência que mostra não só a exis-
Da simples observação do vo- tência dessas partículas e radia-
cabulo podemos dizer que Radio- ções como também as suas ca-
biologia é o estudo da ação das racterísticas elétricas. Com o
radiações sobre os seres vivos. auxílio da figura 1-1 podemos
Tem-se procurado examinar e visualizar as partes principais da
eliminar, o quanto possível, o citada experiência.
mal que pode trazer, e aproveitar Façamos um poço num bloco
todo o bem que incontestável- de chumbo (a) e coloquemos no
mente pode advir da radioatm- seu interior uma substância ia-
dade. Eis aí o objeto da radio- dioativa (b) . Este conjunto está
biologia. situado em uma câmara escura
44 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Ti Flg. — 1.1
Flg. —
3t Ulu
1.4

Flg. —
lll
1.5
3
Flg. — 1.2

mm

wmmnm
1 ©

1
Flg. — 1.3 Flg. — 1.6
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO 45

(c) na se fêz o vácuo Associação Brasileira de Normas


qual para
que não haja absorção das Técnicas (P:NB-32), em:
par-
tículas. O feixe emitido b
por
será colimado e irá incidir na ao estado
Quanto patológico:
placa fotográfica d. Em seguida a) lesões agudas
apliquemos um campo magné- b) lesões crônicas
tico ao da
perpendicular plano
figura e dirigido dentro. à
para Quanto gravidade:
Depois de algum tempo veremos a) lesões reversíveis

que a ficou impressionada b) lesões irreversíveis


placa
em três
pontos distintos: um
central devido à radiação
gama Quanto à classificação topo-

que é elètricamente neutra; um gráfica:


segundo um —
pouco para a es- a) lesões superficiais
querda devido às alfa
partículas pele e órgãos anexos;
que têm carga e massa
positiva b) lesões
profundas
igual ao núcleo de Hélio; o ter-
(órgãos germinativos, in-
ceiro ficou situado à di-
ponto (testinos, olhos e outros
reita com um desvio mais acen-
(órgãos;
tuado e foi atribuído às
parti- (sangue e órgãos hema-
cuias beta são semelhantes
que (topoiéticos
aos elétrons.

Quanto a classificação
pa-
1-3 EFEITOS BIOLÓGICOS tológica:

DAS RADIAÇÕES a) lesões inflamatórias

b) lesões tróficas
A nocividade das radiações c) lesões
pré-cancerosas e
está no fato das cancerosas.
mesmas serem
dotadas de alta energia. As sujeitas a
pessoas êsses ris-
Para se ter uma idéia da inten- cos são aquelas continuada
que
sidade dessa energia, basta com- ou esporàdicamente são expostas

pararmos com a das reações às radiações.

químicas que liberam alguns


elétron-volt x 10-12erg) en- I - 4 UNIDADES UTILIZADAS
(1,6
quanto que a das radiações é de EM RADIOBIOLOGIA
milhões de elétron-volt.

As moléculas e átomos do or- Podemos dividi-las em dois

ganismo humano constituem um grupos: unidades de desintegra-


sistema em equilíbrio energéti- e unidades de dose de radia-
ção
co. A radiação ao ce-
penetrar ção.
de uma muito a) Unidades de desintegração
quantidade gran-
de de energias um — medem a atividade
provocando de
desequilíbrio dá lugar a uma uma fonte radioativa:
que
reação, reversível ou não. Curie — é a
(1) (C) quanti-
As condições dessa reação dade de material radioa-
po-
d em ser classificadas, segundo a tivo 3,7
que produz x IO10
' • • : •

46 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

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o

FORMAÇÃO DA HASTE 00 COGUMELO


NUVEM DE COGUMELO

Figura — 1

t 000

4% 20%

ATOQO.
ATOQU. .m\
.m\ S0o/o
S0o/o 1
tonwnf« J
alvos I I
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10 000
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"yi-w^n
^ :r"
42%
42% \r^
\r^ 95%

Figura — 2
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO . 47

desintegrações por segun- mem, produz os mesmos


do; efeitos biológicos que 1
Rep de Raios-X ou gama.
(2) Rutherford (Rd) — é a Atualmente o Rem é de-
quantidade de material finido por:
radioativo que produz IO6 dose em Rem = dose em
desintegrações por segun- rads x RBE.
do;
(6) LET (linear energy trans-
b) Unidades de dose de radi- ference) — é a energia li-
ação — medem os efeitos berada por uma radiação
das radiações: avaliada por unidade de
área do tecido absorvente.
(1) Roentgen (R) - é a quan-
tidade de Raios-X ou ga- Para fazermos uma correlação
ma que produz, por ioni- entre os dois grupos de unidades
zação, 1 USsQ em ... . não temos nenhuma fórmula ou
0,001293 g de ar seco; fato constante. Entretanto, no
caso de uma fonte de raios gama
(2) Rep (roentgen equivalent temos:
physical) —é a quantida- 5,3 x 103 x C x E
de de qualquer radiação D =
que libera em um tecido, d2
a mesma energia de IR
de Raios-X ou gama. (Na D = dose em roentgen por
água e tecidos moles a hora
energia é de 97 erg/g); C = atividade em Curies
E = energia dos fótons em
(3) Rad (radiation absorved MeV
dose) — é a dose de radi- d = distância em centíme-
ação absorvida que libera tros.
100 erg por gama de ma-
terial irradiado;
1-5 CONCEITO DE DOSE MA-
(4) RBE (relative biological XIMA PERMISS1VEL
effectiveness) — é a rela-
ção entre a dose em rads Em um dos tópicos anteriores
de Raios-X, com uma e- vimos a nocividade das radia-
nergia de 200 Kev, e a do- ções. Entretanto, dentro de um
se em rads de outra radi- certo limite, a ação dessas radi-
ação que produza o mes- ações não chega a ter um efeito
mo efeito biológico; biológico nocivo — é a Dose Má-
xima Permissível.
(5) Rem (roentgen equivalent A seguir damos um quadro
man) — o Rem foi defi- com as doses máximas para ca-
nido como a quantidade da tipo de radiação em REP por
de radiação que, no ho- semana.
48 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ctL/cm
(A) |

3,3 eol/em1

7cQJ/cm® j «.3/50
col/cm2 H
3/100
/ 25col/em* / / 5/165
9/275
/iSOcoi/cm* I BBHSjlg^/ /

/^ooc'A'^M ^ ..Wll,
/ /
gl

EXPLOSAO NO AR4 7 15 22 25 35 3 5,6 8£ » 3 18 5


RAIOS MAXIMOS
EM MILMAS
9 13 15 21 3,2 4.4 6,1 8,5 15,5

Figura — 3

FATA LI DADE EM % DA POP TOTAL j

\/-C mm*.
SEM ABRIGO com ABRIGO PRdPRIO P/FALL-OUT
iirmi-, , HU
iirmi-

1 000 Mt H-AfflWwWM/WW
wwvwvwwwww
«% r% 87% 9%
«% '% »%
/

HFHffffMflWMN
WfflWWW
34% 3%
5% «>% 34% 1% 93%

r-Swww wmwwww
10 000 Ml / 13% 97% 28% 13% 9%
«% 7»%

''

»«% »»% '% «•% 2% 32%

Figura — 4
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO . 49

DOSE MAXIMA PERMISSfVEL


PERMISSÍVEL EM REP POR SEMANA

NA EPIDERME
EPIDEHME

Qualquer
Qualquer Exposigao
Exposição Exposicdo
Exposição
Tipo de Radiagao
Radiação do
do RBE
RBE
ponto do corpo
corpo somente
corpo
corpo inteiro
inteiro das maos
mãos

Raios-X e Raios
gama 0,3 0,5 1,5
Particulas Beta 0,3 0,5 1,5
Protons 0,03 10 0,05 0,15

Particulas Alfa 0,015 20 0,025 0,075

Neutrons lentos 0,3 10 0,5 0,15

Neutrons termicos 0,06 0,1 0,3

Devemos considerar como sa diferença de


potencial, fare-

principais normas de segu- mos com a energia


que dos elé-
rança, as seguintes: reduzir trons se eleve de um valor tal,
o tempo de exposição; au- êles se tornem
que capazes de
mentar a distância fonte- formar novos
pares iônicos
por
-observador
e intercalar o colisão, aumentando assim a
máximo "avalanche".
possível de antepa-
ros entre fonte-observador.

As radiações têm de io-


poder
nização diferentes. Para cada
INSTRUMENTOS DE
DETENÇÃO 10.000 iônicos formados
pares
UTILIZADOS
uma alfa, teremos
EM RADIOBIOLOGIA por partícula
100, devidos à partícula beta, e

1, devido à radiação gama.


a) Introdução
Para determos a partícula al-

fa, basta colocarmos uma fôlha


Já vimos
que as substâncias
de alumínio de 0,006 cm de es-
radioativas
emitem radiações e
as mesmas têm um
pessura, pois
partículas dotadas de energia.
poder de penetração.
Essas, pequeno
ao se chocarem com áto-
Se absorver as parti-
mos, quisermos
podem ceder energia a um
cuias beta, usemos uma placa
de seus elétrons, ionizando-os.
de chumbo de 2 a 3 mm. As ra-
Se tivermos dois elétrodos e diações têm um de
gama poder
aplicarmos
uma diferença de muito sendo
penetração grande
potencial entre êles, veremos que difícil a sua blindagem. A ex-
os elétrons vão se encaminhar nos dá a atenuação
pressão que
para o ánodo e os íons = —
positivos de raios é I I e onde
p
para o cátodo. Aumentando es- X
.

50 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

20% DOS PMO/IDS AAMOKTIVM


rissfo yfo m»» a istaatoi
feaa.

toe
—?

•0% rtM FALL-OUT LOCAL


LOCAL
r|X..,.»-« FALL-OUT

I; . ¦ • »'
'. * " ' > " *
•.*" < . •

-
Bm. 601*
PorticuloJ (to 6tt*BiSo*t o» Porti'cutos ono'looos 00 oo' tit poWa fmo.
qroos at arwo.

Figura — 5

| ®
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*•
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A \ p i»it t i j
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""" 2 C.mp. «BO, o ..PK^»

poivgoda lOm ^ mxa

—^ i

DISTRlBUipSO 00 FALL OUT


OS NONEHOS P'PRCSCNTAM 00SCSI'/*I PODER OE PENETRAQAO NO AR
7 MORAS APOS A £*PL0SA0

Figura — 6
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO . 51

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-J "

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I Y f 7-
bju ««• (wt| mmf 4o»nt, m<KU m» •
• It* , I———I——1—

possTveis pehisos

Figura — 7

H é o coeficiente de absorção e mento constituído basicamente


depende da energia e natureza de uma caixa metálica com um
dos raios Entretanto, as
gama. cátodo termina em duas
que
radiações encontradas nas fon- folhas metálicas. Ao carregar-se
tes usadas em laboratórios êsse condensador, as duas folhas
22, c 60, 137)
(N M54, C têm uma vão se afastar, devido à fôrça de
a s
repulsão eletrostática. Introdu-
energia determinada
que permi- zindo uma substância radioati-
te serem absorvidas 5 cm de
por va, as radiações vão ionizar o ar
chumbo.
fazendo-o condutor e as duas fô-

lhas vão se aproximar. Pela ve-


h =
Tipos de detectores de locidade dessa aproximação, ava-
radiação e partículas liaremos a maior ou menor ativi-

vidade da forte.
1 Eletroscópio
2 Câmara de Ionização. b.2 — Câmara de ionização
3 Contador Proporcional. 1-3)
(fig.
4 • Contador Geiger Mül-
ler.
A câmara de Ionização consiste
5 Câmara de Neblina. de uma caixa, no interior da
6 Cintiladores. se colocam dois elétrodos,
qual
7 Detectores de Nêutrons. uma diferença
mantendo-se de

entre os mesmos. A
potencial
b.l — Eletroscópio
(fig. 1-2) radiação, ao entrar na caixa, io-

niza o gás aí existente forman-


O Eletroscópio é um instru- do pares iônicos, coletados
que
52 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

#¦ ft
%

-J- __1_
-I-

A radiação ao penetrar Forma-se uma nuvem


ioniza os átomos ao lon- eletrônica
go da sua trajetória.

"1 •,%*' 1 ~~w


~&r

ft

Por causa da ddp os Os elétrons so arrumam

elétrons se encaminham ao longo do ânodo e são

para o ânodo. coletados

convenientemente, dão origem a res iônicos. O Contador Propor-

são levados a um cir- cional utiliza êsse


pulsos que princípio pa-
cuito eletrônico e registrados. ra o seu funcionamento.

Medimos assim o número de ra- Aplicamos uma diferença de


diações que penetram na câma- entre um cilindro e um
potencial
ra. estilete metálico colocado sobre

seu eixo. A radiação, ao


pene-
trar, a avalanche de elé-
provoca
. b. 3 — Contador Proporcional trons origina um pulso nu-
que
ma resistência.

Já vimos os íons formados Se a radiação é energé-


que pouco

na de uma radiação tica, teremos um baixo; se


passagem pulso
ao serem submetidos a uma dife- muito energética, o será
pulso
rença de adquirem mais alto. Há uma
potencial, proporciona-
uma energia cinética bastante lidade entre a altura do e
pulso
alta, podendo formar novos pa- a energia da radiação.
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO 53
b.4 — Contador Geiger Mui- nizante, a sua trajetória ficará
ler (fig. 1-4 e 1-5) marcada por gotículas de água.
Isso é explicado pela descoberta
O Contador G.M. difere do de C. T. R. Wilson de que os íons
Contador Proporcional única- funcionam como núcleos de con-
mente em que, a diferença do densação. Baseado nisto é que
potencial, sendo bem mais eleva- temos a câmara de Wilson que
da (800 a 2.000 V), torna a altura compreende: uma caixa cilíndri-
do pulso independente da ener- ca metálica tendo num dos ex-
gia da radiação ionizante. iremos uma janela de vidro e
É constituído de um tubo de no outro, um pistão, por meio do
metal que pode ou não ser reco- qual ocasiona-se a expansão;
berto por um outro de vidro, neste momento faz-se com que
tendo no seu eixo um arame fi- uma radiação penetre na cama-
no de um metal apropriado, e ra. Um feixe luminoso incide no
um gás ocupando todo o espaço interior da câmara e através da
vazio. As radiações são detecta- janela pode-se ver a trajetória
das por intermédio da queda de da partícula.
tensão provocada numa resis- Atualmente tem-se aperfeiço-
tência. ado grandemente este instru-
Além desse tipo de detector G. mento, adicionando dispositivos
M., temos o Contador de Ponta que facilitam a observação, e
de Geiger. Consta também de campos elétricos para determi-
uma caixa tendo uma janela nar a natureza da carga da par-
onde penetram as radiações por e, tícula.
em vez de um filamento de uma
extremidade a outra, tem uma
ponta metálica muito fina. O
b.6 Cintiladores
funcionamento é idêntico ao do
G.M. Quando cedemos energia a um
átomo ou molécula, ela fica ex-
D-5 — Câmara de neblina de citada, ou seja, sai de seu esta-
do quântico estável. A desexci-
Wilson tação é feita por meio de emis-
Se tivermos um recipiente com são de um fóton de energia. Cer-
ar saturado de vapor de água e tos materiais têm a propriedade
de emitir esses fótons com com1-
provocarmos uma expansão adi- primento de onda dentro da ga-
abática, o ar ficará super-satu- ma de luz visível; são materiais
rado. A relação entre a tempe- fluorescentes, comumente cha-
ratura (T) e o volume (V) nessa mados "fósforos".
transformação é dada por: Os Cintiladores têm seu fun-
TV k1 É c" cionamento baseado nesses fós-
onde k é a relação entre os ca- foros. Os fótons emitidos pelos
lores específicos à pressão e vo- fósforos incidem numa célula
lume constantes. Se, nesse mo- fotoelétrica. A corrente é leva-
mento, entrar uma radiação io- da a um tubo foto-multiplicador.
54 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Daí, a corrente amplificada é le- O nêutron ao


penetrar na câ-
vada a um sistema eletrônico mara é absorvido um
por átomo

para contagem. segundo a equação:


"
Os fósforos mais usados são: A 4 A-3
alfa — sulfeto de zin- n -j- -f-
partículas X He Y
co ativado com prata; para par- o Z 2 Z-2
tículas beta — cristais de antra-

eeno e radiação gama iode- A a formada,


para partícula é detec-
to de sódio ativado com tálio. tada e assim
podemos, indireta-
mente, ter o número de nêutrons
b.7 — Detectores de Nêutrons
que penetram na câmara num
certo intervalo de tempo.
Até agora temos nos preocu-
somente com partículas Detectores de nêutrons
pado rápidos
alfa, beta e radiação
partículas
Existe, entretanto, uma Os nêutrons com
gama. energia aci-
outra partícula muito importan- ma de alguns eV têm uma
pro-
te, recebeu o nome de nêu- habilidade muito
que pequena de se-
tron. Ela tem massa aproxima- íem absorvidos. É evidente
que
damente igual à do hidrogênio não
podemos utilizar os méto-
e é elètricamente neutra, ou se- dos de detecção dos nêutrons
tem carga zero. lentos.
ja
Os nêutrons têm um poder de É fato comprovado
que, em
ionização desprezível e portan- uma substância hidrogenada,
to, a sua detecção não se são
para produzidos prótons de retro-
como nos detectores de ra- cesso devido a choques
pode, elásticos
diação, basear-se nesta proprie- dêstes com nêutrons enérgicos.
dade, mas sim na grande facili- Os recebem energia
prótons su-
tlade de intervenção dos nêu- ficiente ionização
para provocar
trons com os núcleos, não no e assim serem detectados.
pois gás
sofrem nenhuma fôrça de repul- Por meio da contagem do nú-
são, por serem partículas despro- mero dêsses teremos
prótons o
vidas de carga. correspondente número de neu-
Tendo em vista propriedades trons.
mais específicas determinadas
pe-
la energia do nêutron, II — EFEITOS DA
podemos BOMBA
dividir os detectores de nêutrons ATÔMICA
em duas classes:

II-l _ o É
QUE A BOMBA
Detectores de nêutrons lentos ATÔMICA

Os nêutrons lentos têm uma a) Breve descrição da B.A.


seção de choque de absorção su-

ficientemente desejável para que Uma Bomba Nuclear é a que


se possa construir detectores ba- usa a energia nuclear como fon-
seados nessa interação. te de de
produção calor e choque
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO 55

além de efeitos biológicos. En- ma explosão submarina é de um


quanto as Bombas de TNT utili- modo geral a seguinte:
zam a energia química que é de
rendimento bem menor, basta (1) — formação da bola de
comparar uma bomba atômica fogo que produz uma
pesando poucas toneladas (in- intensa luminosidade
cluíndo seu conjunto de contrô- na água (durante pou-
le, detonador, etc.) que produz cos milésimos de se-
o mesmo efeito de uma bomba gundo);
de TNT, amontoado num volu-
me equivalente ao Edifício Cen- (2) ascensão de bolhas de
trai (isto é, uma bomba atômica gases e vapores;
de dimensões reduzidas produz (3) formação de onda de
efeito de 1 milhão de toneladas choque que se propaga
de TNT), daí denominar-se as radialmente levantan-
bombas atômicas, pelo poder do a pouca altura a á-
destruitivo comparativo a Mega- gua pulverizada;
tons de TNT. (4) — elevação de grande co-
Há duas técnicas para liberar luna de água na verti-
a energia no interior do núcleo. cal do ponto de expio-
A fissão e a fusão. são, sendo a altura
A fissão consiste em se bom- máxima atingida, fun-
bardear o núcleo de elementos ção da potência da
pesados como Urânio 235 com bomba e profundidade
nêutrons, dividindo-o em núcle- da explosão;
os menores, daí resulta uma li- (5) — queda da coluna de
beração de grande quantidade água e formação de e-
de energia. norme onda de espu-
A fusão é o contrário, procu- ma em torno da base
ra-se juntar dois núcleos leves da coluna; a esta onda
em um único, o que também li- espumante se chama
"base rolante";
bera grande quantidade de ener-
gia. O grande problema da fu- (6) — em paralelo à "base
são é que ela só se realiza em rolante" formam-se vá-
temperaturas exageradamente rias ondas conseqüèn-
elevadas e torna-se tècnicamen- tes das perturbações
te difícil realizar tal condição. das ondas submarinas
pela explosão;
o) Estágios de uma explosão (7) — a "base rolante" após
nuclear no ar uns poucos quilôme-
O quadro da Fig. 1 é explana- tros começa a refazer-
tório por si. se e a subir carregan-
do consigo enorme
c) Explosão submarina quantidade de produ-
tos de fissão, radioati-
A seqüência de eventos nu- vos, que, transportados
56 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

pelos ventos, tornam-se ar, principalmente tendo em


"fallout".
os vista as conseqüências nas áreas
perigosos
de administração
governamen-
A seguir apresentaremos um tal, industrial e outras ativida-
resumo das características da des em geral.
explosão no teste de Baker no Todavia, no mencionado arti-
atol de Biquíni em 1946. de
go, grupos especialistas nos
vários ramos de atividades en-
Potência da bomba: 20 Kton. volvidas neste assunto foram
consultados, e foram feitas as
Profundidade da explosão: observações e conclusões
que a
bem profunda. seguir apresentamos,
(fig. 2).

Coluna da água: b) Efeitos térmicos


1 800 m de altura

600 m de diâmetro externo Os efeitos térmicos correspon-


90 m de espessura. dem a cêrca de 35% da energia
total da bomba.

Ondas: primeira, aos 11 seg. após O da fig.


quadro 3, parte (a),
a explosão, 28 m de altura, a dá uma distribuição do calor
pa-
300 m do ponto zero. ra 3 tamanhos de bombas.

Base rolante: formada entre 10 c) Efeitos mecânicos

a 20 seg. após a explosão, su-

biu ràpidamente a 270 m aci- O efeito mecânico de uma


ma do nível do mar, movendo- bomba atômica, corresponde a
-se com velocidade de 96 km/h. 50% de energia total. A frente

Após 4 min. apresentava um de arrebentamento, chamada

comprimento de 5.600 m e es- frente de choque, desloca-se rã-

tava a 540 m de altura. do centro da expio-


pidamente
são comportando-se como uma

II-2 — EFEITOS IMEDIATOS móvel de ar comprimido.


parede
A parte (b) da fig. 3 demons-

a) Proporções do sinistro tra o referido efeito as três


para
bombas já mencionadas.

Numa publicação do n.° 1

20) Nucleonics, sob o TI - 3 — PROCESSO DO


(vol. de
"Nuclear "FALLOUT"
título Attack and In-

dustrial Survival" êste assunto


'
ora apresentamos é ampla- Cêrca de 10% de energia to-
que
mente discutido. Na realidade, tal liberada numa explosão nu-

apesar dos ataques a Hiroshima clear se manifesta em forma de

e Nagasaki, e testes realiza- radiação dos de fissão


já produtos
dos, não existe uma experiência que são levados com a nuvem

direta em estimar os efeitos e do cogumelo, que posteriormen-


"fallout".
proporções de um ataque nucle- te descem à terra como
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO 57

São mais de 200 isótopos radio- III -1 — Introdução


ativos que se formam em conse-
qüência da explosão nuclear. Al- Para que se possa falar em
guns desintegram-se em quês- medidas de prevenção é necessá-
tão de minutos, enquanto outros rio saber-se os efeitos que uma
demoram anos com a mesma bomba atômica provoca no or-
atividade. ganismo humano.
Há dois tipos de fallout — o Podemos dividi-los em três
global e o local. O primeiro é grupos:
resultado das várias explosões a) efeito de sopro.
realizadas e que se distribuíram b) — efeito de queimadura
pela atmosfera, enquanto o se- c) — efeito de radiação nu-
gundo é conseqüente da queda clear
imediata e em poucas horas das A seguir vamos pormenorizar
partículas radioativas na zona cada um dos citados efeitos:
da explosão. a) efeito de sopro
As partículas mais pesadas Os efeitos de sopro são devidos
caem em questão de uma hora, aos deslocamentos da "onda de
enquanto as mais leves demo- sopro", que vem a ser uma ca-
ram algumas horas e são leva- mada de ar sob alta pressão.
das a várias centenas de quilo- Podemos ainda ter uma sub-
metros quadrados. divisão, e considerar: efeitos di-
Para as explosões de superfí- retos e efeitos indiretos.
cie cerca de 80% dos produtos Os efeitos diretos se fazem
de fissão são originadores de fal- sentir quando a onda de sopro
lout global. envolve a pessoa; há uma gran-
Os_ perigos e medidas de pre- de variação de pressão que dani-
venção serão estudados posteri- fica o sistema nervoso central,
ormente, assim como os meios pára subitamente o coração e
de medir as partículas e radia- provoca ainda sufocações, etc.
ção conseqüentes do fallout já Os efeitos indiretos são causa-
foram estudados. dos por estilhaços provenientes
Exemplificaremos apenas com de desabamento de edifícios e
os quadros a seguir, os possíveis outras estruturas.
perigos e efeitos sobre o corpo b) efeitos de queimadura.
inteiro, das doses e radiações re- Causados pelo grande despren-
cebidas. (fig. 4, 5, 6 e 7). dimento de energia térmica, os
efeitos de queimadura são classi-
ficados em:
III — MEDIDAS DE PROTE-
ÇÃO RADIOATIVA (1) — desprezíveis — não
chegam a causar quei-
Adaptado do livro "Efeitos maduras de primeiro
das Explosões Nucleares" — Ten. grau;
Cel. Aldyr A. Quadrado — Eng. (2) — moderados — queima-
Nuclear M.S. — I.M.E. duras de primeiro grau;
58 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

(3) — emergência — queima- primeira providência é jogar-se


duras entre primeiro e ao chão com o rosto voltado pa-
segundo grau; ra baixo, procurando cobrir o má-
c) efeitos de radiação nuclear. ximo possível do corpo com a
Esta parte já foi mencionada roupa; ficar deitado pelo menos
no primeiro capítulo. Entretan- durante 30 segundos; não olhar
to, há uma qualificação da radia- na direção da explosão durante
ção nuclear na explosão de uma 10 segundos.
bomba atômica que é: As pessoas que estiverem den-
(1) — radiação nuclear inicial tro de viaturas devem dirigi-las
— é a que existe no pri- no sentido contrário ao da ex-
meiro minuto após a plosão e proteger-se contra es-
explosão; consta de tilhaços e possíveis capotagens.
nêutrons e radiação Nos edifícios, os compartimen-
gama tos do sub-solo são os que ofere-
(2) — radiação nuclear resi- cem melhor proteção. É inte-
duai — é a que pode ressante também conservar-se
ser notada depois de as janelas abertas, sem cortinas,
um minuto; as princi- livrar-se dos tapetes e materiais
pais radiações são a ra- inf lamáveis.
diação gama e as par- b) fallout
tículas alfa e beta, A indicação do fallout pode
A dose de radiação recebida ser o aparecimento de uma
po-
varia com o tempo (devido ao eira caindo do ar ou a indicação
decaimento dos elementos radio- por aparelhos detectores.
ativos) e com a distância (devi- Quando fôr constatado o fali-
do ao alcance das radiações e out, deve-se:
partículas). (1) — procurar imediatamen-
te um abrigo fechado;
III - 2 — MEDIDAS DE PROTE- (2) — manter a roupa abo-
ÇAO PESSOAL toada e fechada, pro-
tegendo as partes ex-
Para que alguém possa se pro* postas;
teger contra a ação das expio- (3) — sacudir, esfregar ou
soes nucleares, é necessário que escovar a roupa cons-
tenha conhecimento dessa ação. tantemente;
A nocividade de uma bomba (4) — se ao ar-livre, fazer
atômica se faz sentir dois segun- um buraco no chão,
dos após sua explosão. raspando sempre as
Damos a seguir algumas nor- paredes e o fundo,
mas a executar para diminuir jogando a terra em
os efeitos, tanto imediato como volta do buraco;
mediato (fallout). (5) — se no interior de vei-
a) efeitos imediatos: culo, tirar a poeira do
Se a pessoa estiver ao ar livre, chão, portas e assen-
ao ver o clarão da explosão, a to e jogar fora;
EFEITOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO . 59

(6) — não beber nem comer centros de recebimento


nada que não tenha do pessoal dentro da
certeza de não estar zona de fallout;
contaminado; b) — probabilidade de outras
(7) — sair da área contami- explosões em lugares
nada para um lugar diversos;
seguro; lá, mudar de
roupa e tomar cuida- c) — impossibilidade de con-
do especial com as tra-ordem ou mudança
unhas e partes cober- de direção depois de co-
tas de cabelos; meçado o deslocamen-
(8) — lavar as mãos periò- to da população.
dicamente;
(9) — descontaminar a área Uma outra medida que pode
contaminada. (Em pri- e deve ser iniciada bem antes
meira aproximação, de explosões de bombas atômi-
basta lavagem com cas é a construção de abrigos.
água e um detergente; Os melhores abrigos são os sub-
o mais é tarefa de terrâneos que protegem contra
equipe especializada). os efeitos de sopro, queimadura
III - 3 — MEDIDAS DE PROTE- e radiação nuclear. Entretanto
eles exigem ventilação e ilumina-
,ÇÃO COLETIVA
ção artificiais. Conforme o tem-
Para que a proteção seja efe- po de permanência nos abrigos,
tivada é necessário um planeja- há necessidade de água e ali-
mento bem feito. mentação não contaminadas.
Uma das medidas a ser adota- Há ainda a grande necessida-
da é a evacuação da população de de se ter um pessoal técnico
da área contaminada. Mas exis- treinado para recuperação e des-
tem pelo menos três eventos que contaminação da área afetada.
acarretam o insucessso de tal Um outro fato que auxilia
medida. São eles: muito a proteção coletiva é a
distribuição de informações bá-
a) — mudança de direção dos sicas sobre proteção coletiva e
ventos, colocando os individual.
Campanha do Paraguai
BATALHA DO RIACHUELO
11 de Junho de 1865
Lucas Alexandre Boiteux
Contra-Almirante ref.°
A História seleciona os indi- logo de outro ainda mais grave,
víduos, que a tem de com- qual a selvagem invasão da pro-
por, dentre os homens bem víncia de Mato-Grosso, determi-
nascidos de caráter, cuja fi- nou longa e cruenta luta, cujo
nalidade há de ser sempre o principal feito nos vai interessar.
comando dos homens A premeditação desse ato era
flagrante: de longa data, à so-
Carlyle. capa, vinha López, espírito am-
bicioso e doentio, acumulando
I. — Aníecedeníes. — Empe- respeitáveis elementos bélicos
nhados ainda nos encontrávamos terrestres e marítimos, levan-
em operações de guerra contra tando fortificações, militarizan-
o Governo uruguaio quando, do, enfim, o país, sem entretan-
inopinadamente, o ditador do to, demonstrar seus intuitos im-
Paraguai, Francisco S o 1 a n o perialistas, aos vizinhos confian-
López, nos atirou estúpido cartel tes e incautos.
de desafio aprisionando, sem O Governo imperial era cego
motivo justificável, em plena ou mal informado a respeito dos
paz, o paquete Marquês de Olinda preparativos do rival confiante.
(novembro de 1864). "Todos, todos, — confessa o Al-
Tal ato de hostilidade seguido mirante Baltazar da Silveira —
62 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

inclusive o nosso igno- vo fez êle,


govêrno, já que sua presença
ravam os recursos bélicos de era absolutamente
que indispensá-
dispunha o nosso inimigo, mes- vel no Prata, onde se debatiam
mo depois de iniciar-se a campa- graves problemas políticos e mi-
nha". litares,
preparar a 2a. Divisão
A ilusão há sido um da Esquadra,
pacifista constituída de
dos fatores mais oito navios sob
psicológicos a chefia do Capi-
acentuados dos erros, das tão-de-Mar-e-Guerra
graves José Se-
irreparáveis falhas, das situa- de Gomensoro,
gundino oficial
ções críticas que temos através- de sua confiança e consumado
sado! de navegação
prático fluvial.
Tem faltado, infelizmente, Era o chefe Gomensoro de as-
bastas vêzes, à maioria dos nos- cendência uruguaia; marinheiro
"guapo
sos estadistas e diplomatas o co- e brioso, hábil navega-
nhecimento, mesmo superficial, dor, bom manobrista, insigne
da psicologia dos co- de nossas
povos que prático costas" afirma
nosco extremam e contendem. um seu coevo.
Tudo nos une... mas, muitas Arvorara seu a bordo
pavilhão
vêzes, um nada nos da
pequeno po- corveta Jequitinhonha
que
qo separar... "se
me afigurava — declara o

II. — Almirante Teffé — histórico


A Esquadra se movi- o

menta. — O Almirante ;penacho branco destinado a con-


Taman-
daré Marques duzir-nos, árdego e impetuoso,
(Joaquim Lisboa)
comandante-chefe aos sítios onde mais rija e feroz
da esquadra
nacional em se travasse a Devia
operações de guer- pugna".

ra no Rio da êle subir o Paraguai e estabele-


Prata, desde que
teve cer o bloqueio em Três-bôcas.
ciência da bruta agressão
Nesse ínterim, os
paraguaia, compreendeu, imedi- paraguaios
assaltavam e apresavam, fácil-
atamente, com apurado senso
mente, em Corrientes, dois
estratégico muito seu, se
que
impunha, trasportes de guerra argentinos.
sem tardança nem va-

cilações o bloqueio às linhas flu- Seguiu a Divisão e, após várias

viais do inimigo. escaramuças ao longo do rio, de

O objetivo concertos com argenti-


primordial da es- generais
tratégia, em campanha bem nos, defendiam seu territó-
gi- que
sada e dirigida, há sido sempre rio, foi ela reforçada com novos

o senhorio do mar. Não nos en- elementos, o determinou a


que
a História militar composição das Forças Navais
gana do mun-

do com seus variados e magis- em duas divisões sob o comando

trais exemplos. superior do Chefe de Divisão

Aniquilados Francisco Manoel Barroso da


ou neutralizados

os elementos navais Silva, ex-Chefe do Estado-Maior


do Paraguai,

teríamos balança da Esquadra.


a inclinada a
nosso favor; assim o interpreta- IIT — O Chefe Barroso da Sil-
va Tamadaré, avisado almirante. va. — Nascido em Lisboa em
Para consecução dêsse objeti- 1804, viera Barroso
para o Bra-
CAMPANHA DO PARAGUAI 63

sil, no — costumava
quando apenas mal contava porão" dizer.

quatro anos de idade. Sob o nos- Sua viagem ao Pacífico coman-

so céu, em o nosso meio, ao nos- dando a Bahiana e montando o


so feitio fôra educado. Aqui fez cabo Horn debaixo do temporal

seus estudos e cursou desfeito, consagrou-o lobo do


primeiros
a Academia de Marinha; aqui mar. Nada mais era necessário,

parou-se homem, enrijou a fibra nesse tempo de comandantes de


e se tornou talha-ao-lais conquistar-se
profissional comple- para
to. Seu caráter, a reputação honrosa e ambicio-
sua mental ida-
de, seu coração nada de oficial — infor-
foram patesca
plasma-
dos à indole nacional. ma-nos o citado Almirante.
"
Nas doçuras É no mar — diz Darrieux
da paz como nas
agruras — às voltas com seus caprichos
da sempre de-
guerra
monstrou ser multiformes, se formam, e
profundamente que
brasileiro. Batalhou nêle somente, e esta-
pela Inde- guarnições

pendência; aos 24 anos, na Cis- dos-maiores infatigáveis,


prontos
platina, era Tenente para tôdas as necessidades da
já e fazia-se
digno e admirado mais difícil navegação".
pela sua bra-
vura. Fisicamente era Barroso de es-

Como bom tatura acima da regular,


patriota e militar porte
disciplinado sempre erecto, musculatura desenvolvi-
se bateu
pe-
la ordem, da, rija e elástica, saúde de fer-
pelo respeito à lei, du-
rante as sanguinosas ro, corpo, afinal,
lutas civis. perfeitamente
Foi discípulo talhado e apto a agreste
andejo dessa escola para
britânica, repartida vida do mar. Fisionomia severa,
pelos vasos
nacionais. Praticou faces sulcadas, rosto rosado e
nessa escola.
Jamais desmereceu sempre escanhoado de
de tais mes- (deixou
tres e tais barbear-se à entrada do Paraná),
exemplos" — informa-
-nos
o dr. Escragnolle olhos azuis, penetrantes e enér-
Dória.
Pertencente comissura dos lábios volun-
às e gicos,
primeiras
crespas tariosa, tom sêco e algo ríspido.
gerações da nossa Mari-
nha, habituou-se hones-
à férrea disci- Oficial profundamente
plina antiga; tornara-se to, austero, simples, recatado,
discipli-
nador "muito
severo e rude, no do calmo até no falar", ín-
dizer
Almirante tegro de caráter, religioso sem
Teffé. Consumado e
"habituado "Seus
perito marinheiro, exagêro. cuidados a bordo
as intempéries davam-lhe a reputação de
e aos vaivéns do quase
oceano, desde os verdes anos", impertinência".
era o bem acabado tipo do ma- Muito caseiro; na vida íntima,
rujo "familiar
militar, aos no conchego do lar, no círculo
peri-
g°s e sabendo os meios de com- restrito de suas amizades, des-
batê-los". alma
vendava-se-lhe uma de jus-
Sua capacidade coração boníssimo, leal e sim-
profissional to,
como "Cercado
navegador e manobrista, de moças, brin-
pies.
nunca sofrerá a mais ria, com bom humor
leve con- cava, e gra-
testação. "Eu
navego sem vento nunca lhe faltaram".
ça que
64 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Todo o homem concentrado é tava os homens de pena e tinta,


um ruminador de idéias, pois o como declarava o herói à sua
cérebro é a mó que elabora o linda amante. Tal era Nelson,
polvilho das grandes conquistas. natureza dupla e indefinível —
Barroso era um pensador. Apre- diz La Gravière — argamassada
sentava inúmeros pontos de con- de duas argilas contrárias,
tacto com a notável individuali- admirável conjunto de grandeza
dade de Jervis. No entanto, pa- e fragilidade, que atormentava o
ra a maioria da oficialidade do Almirantado com seus caprichos
seu tempo, arredia à sua íntima e enchia a Europa com o seu
"chefe brusco _iome".
privança, Barroso
e pouco comunicativo, nunca Como o incorruptível
inspirara simpatia nem confian- "não sendo um homem Jervis,
de le-
ça" — afirmava-o"O o venerando trás", é possível que Barroso pre-
Almirante Teffé. velho chefe ferisse travar uma batalha a
Barroso — comenta com aze- fazer-lhe o respectivo relatório;
dume Gama Rosa — posto que mas, o fato é que jamais nin-
fosse militar exato cumpridor de guém poderá contestar-lhe uma
deveres, era um bom exemplar inteligência lúcida e discreta-
de lusitano pacato, apático, apa- mente ilustrada, imaginação vi-
gado, como facilmente se depre- gorosa, vontade inquebrantável
ende dos retratos e testemunhos e uma cultura profissional, se-
contemporâneos, incapaz de en- nao superior, igual à média da
tusiasmos e absolutamente des- oficialidade do seu tempo.
provido de toda e qualquer in- Se, pela sua casmurrice não
ventiva". Para muitos, de ontem alcançou formar durante a vida
e hoje, para os zoilos implacá- militar, uma verdadeira ala de
veis. para os eternos pessimistas irmãos, como o fizera Nelson,
e demolidores (triste herança!) soube, como Jervis, legar à Ma-
era o Almirante um casca gros- rinha, após Riachuelo, um bri-
sa, um letras-^ordas, duro e de- lhante manipulo de brilhantes e
sabrido... Entretanto, o endeu- dedicados comandantes capazes
samento.de Nelson e quejandos dos mais audaciosos cometimen-
vultos estrangeiros era, como tos.
ainda é, comum aos lábios dos IV. — O cenário da batalha.
coveiros das nossas tradições... Cerca de dezoito quilômetros
Não se lembram, como afirma à jusante da cidade argentina
Vecchi, que os conhecimentos do de Corrientes, vem lançar-se à
herói inglês só se limitavam à margem esquerda do caudaloso
profissão de que foi mestre. Fó- Paraná, modesto e turvo regato
ra disso nada sabia: confundia El Riachuelo, flanqueado, ao
republicano com malfeitor, ho- norte, por eminente projeção
mem que aspira a liberdade com chamada Rincón de Santa Cata-
rebelde.. . "Foi sobretudo um lina e, ao sul, por um trato de
fraco. De riquezas nunca se a- pouca altura, arenoso, de mar-
chou pago, era insaciável. Detes- gens indecisas e coberto de ve-
CAMPANHA DO PARAGUAI 65

getação carrasquenha — o Rin- de Comentes e da ponta de San-


cón de Lagrafia. ta Catalina, a bloquear a entra-
O trecho do meândrico rio, a- da fluvial da República inimiga.
barcado por êsse acidente, carac- Constava ela dos seguintes va-
teriza-se por pronunciada curva sos: fragata Amazonas (capita-
de cerca de nove quilômetros de nea); chefe Barroso, comandante
extensão, bordada, a leste, pela Teotonio de Brito; corveta Igua-
margem descrita e traiçoeiro temi, comandante J. Macedo
banco; ao-poente, pelo cairei do Coimbra; Parnaíba, comandante
Chaco e, d'entremeio, um agru- Aurélio Fernandes de Sá; canho-
pado de insuas rasas, areentas, neira Araguari, comandante An-
como as duas Palomeras e a de tônio von Hoonholtz; canhonei-
Cabral, vestidas de mesquinha ra Mearim, comandante Eliziá-
vegetação. rio Barbosa. A outra divisão,
O canal navegável tem a lar- chefiada por J. Segundino de
gura de 350 a 400 metros em á- Gomensoro, compunha-se da cor-
guas médias. Sua profundidade veta Jequitinhonha (capitânea)
está na dependência do regime comandada por Joaquim J. Pin-
do rio. to; corveta Beoeribe, comandante
Após a forte sinuosidade refe- J. Bonifácio de Sanfana; cor-
rida, dilata-se novamente o Pa- veta Belmonte, comandante J.
raná, quer a montante, Francisco de Abreu; canhoneira
quer
águas abaixo. Ipiranga, comandante Álvaro de
— A Esquadra bloqueadora — Carvalho.
Quinze dias havia que a Esqua- A sua artilharia somava 59
dra nacional, constituída de nove canhões de vários calibres e sua
vasos em duas divisões, encon-
trava-se ancorada "em linha de guarnição montava a 2.279 ho-
mens, inclusive os de uma Bri-
combate" ao longo das ribas do
Gran-Chaco, em meia distância gada do Exército por eles distri-
buída.

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66 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

VI. — Precalços e prevenções. guarnições, distribuíram mais


— "Qualquer
encontro naval fu- criteriosamente o pessoal, procu-
gia à dos Chefes de mar rando todos ter as equipagens
previsão
e do nosso Governo — informa- mais disciplinadas, os artilhei-
nos citado autor. Entretanto, ros mais Os Oficiais tim-
peritos.
uma das características de um bravam na manobra rápida dos
Chefe deve ser a previsão. Pre- grossos canhões e na de
prática
"o
ver, anelo mais veemente do estimar as distâncias as
para
homem", é, indubitavelmente, pontarias. Faziam-se exercícios
"a
prever, pois previsão é a quotidianos de combates simu-
maior defesa contra a Natureza lados, figurando-se todas as hi-
cega". Se o Govêrno não previra, póteses, inclusive de abordagem
Barroso, marinheiro precatado, e incêndio".
"jôgo
, bem compreendeu que no O Almirante, apesar
próprio
da guerra não se desprezam car- dos seus 61 anos, dava o exem-
tas", pois conhecendo já a ousa- apresentando-se sempre uni-
pio,
dia paraguaia pela abordagem formizado e armado. Dormia êle,
vitoriosa levada a dois vasos ar- apenas, três horas noite.
por
gentinos, procurou, sem demo- Éle, só êle, naquela conjuntu-
ra, precaver-se contra ra tinha se haver
qualquer premente, que
suprêsa, determinando à Esqua- com os imprevistos e resolver to-
dra as providências seguintes: aos os complexos
problemas po-
"Conservar
,— a maior vigilãn- líticos, estratégicos, logísticos,
cia; ter a gente pronta e arma- táticos e materiais, se nos a-
que
da para postos de combate a presentam a cada na
passo guer-
hora do dia ou da noi- ra.'
qualquer
"Não
te; não fazer toques de clarins e é difícil compreender a
tambores depois do sol — observa notável
pôsto; guerra, escri-
evitar o luzes tor — o é
quanto possível que penoso é fazê-la,

que se avistassem externamen- e a dificuldade está em manter-


te; conservar bem atracadas as se fiel, na execução, aos princí-
rêdes de abordagem; os fogos a- de antemão estabelece-
pios que
bafados; a artilharia com mos".
ponta-
ria mergulhante".
Graves e terríveis preocupa-
\ Além disso, providenciou pa- lavravam o espírito de Bar-
ções
ra que os artilheiros dormissem roso, determinando longas e a-
à ilharga das peças e, ao sol pôr, curadas meditações e vigílias.
um dos navios suspendesse para É bem possível Nelson,
que
o serviço de vigilância avançada Jervis e outros ilustres chefes,
da esquadra. envolvidos no torvelinho da
"Estávamos
— con- tivessem
preparados guerra, jamais passado
fessa o barão de Teffé. Em dois transes angustiosos de
pelos
meses de viagem Buenos uma situação idêntica... Só,
(de
Aires a Corrientes) os Coman- talvez, Suffren, o incansável bai-
dantes familiarizaram-se com as lio, em sua famosa campanha
evoluções em rio, exercitaram as das índias!...
CAMPANHA DO PARAGUAI 67
As falhas de organização, de matas ribeirinhas. Para o arra-
administração determinam, in- çoamento da esquadra fora o
variàvelmente, contratempos e Chefe compelido a desfalcar sua
decepções incalculáveis, capazes força, destacando um navio para
de ensandecer qualquer chefe o transporte do gado preciso.
ae mediana enfibratura. Cada Eis aqui, em larga revista, oá
dia que passava mais se agra- principais e os mais graves pro-
vava a situação da esquadra blemas que Barroso enfrentava
bloqueadora. Baixavam diária- nas vésperas de uma grande ba-
mente as águas do meandroso talha.
rio e, Barroso, bem compreendia Passeando na tolda, cabelos
que o alarmante fenômeno lhe ao vento, polegares engancha-
acarretaria séria desvantagem, dos às cavas do colete do uni-
restringindo o âmbito de nave- forme, murmurava, preocupado,
gabilidade e de manobra de seus o velho e grande Almirante: —
longos navios de forte calado. "Não, não é
Preocupava-o sobremodo o es- possível, em tal pe-
núria, fazer-se a guerra..."
tado sanitário da esquadra, que O talento na guerra — dizia
era, aliás, lastimável, existindo já Bonaparte — consiste em afastar
200 doentes e novas baixas da- os entraves que podem dificultar
vam-se quotidianamente, deter- uma operação e não fazê-la fa-
minadas por moléstias contagio- lhar".
sas. Não existia um navio hos- Pois bem: à luz desse conceito
pitai, os medicamentos eram es- era Barroso o penedo contra o
cassos, os médicos em
numero e o Almirante não pequeno qual as ondas se esf areia vam.
dis-
ounha de meios fáceis e expedi- VII. — O plano de López. —
tos para o escoamento de tantos O tirano do Paraguai, espírito
enfermos. arguto, cultivado nos principais
As guarnições, não completas, centros europeus, com fundos
iam ainda mais se desfalcando; conhecimentos da história mili-
havia falta de Oficiais, enquan- tar do Velho Mundo e, principal-
to, no Rio, pululavam os águias mente, das campanhas de Napo-
de todas as situações... leão, por quem mantinha faná-
Pela esquadra, é bem verdade, tico culto, compreendeu, desde
fora distribuída uma brigada do logo, que a guerra precipitada-
Exército; pessoal, todavia, alheio mente empreendida, não seria
e avesso à vida enclausurada de jamais triunfante se, de antemão,
bordo, mas servindo, até certo a preponderância marítima do
ponto a perturbar a boa marcha Brasil não fosse completamente
do serviço rotineiro. abatida. A Equadra Nacional,
O combustível mineral e os lu- com seus movimentos, já sobre-
brificantes eram deficientes; maneira dificultava a marcha
houve necessidade, para econo- invasora dos seus exércitos. O
mizar carvão, de queimar lenha levantamento do bloqueio era
verde, colhida pela maruja nas imperativo.
68 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Fazia-se mister, pois, " un encontrar-se às duas horas da


esfuerzo supremo en bien de la madrugada em frente a Corri-
causa común". entes; prosseguir a toda força
"Separada de sus buquês la pelo canal de leste, às escuras,
Alianza estará perdida" — dizia a fim de passar despercebida e
López. incólume.
Destarte, sob o influxo desse Na volta do Riachuelo fica-
justo critério, fez vir à sua pre- riam as chatas alinhadas. To-
sença o velho Comodoro Pedro mando, então, a todo vapor o ca-
Mezza, experiente e bravo maru- nal do Chaco, os vasos paraguai-
jo, prático inegualável da rede os emparelhariam com os nossos
fluvial do país, que, desde os e, após golpes de metralha fui-
tempos de Carlos Lópezy se en- minantes, desorientadores, os
contrava à testa da frota da Re- abordariam.
pública. O obediente marinhei- No caso de reação ou escapa-
ro, com febril atividade, iniciou da dos brasileiros, as chatas e
o aparelhamento dos elementos uma bateria de 22 canhões, as
navais disponíveis. estativas a Congrève e a fuzila-
De posse de um escôrço da ria, dispostas e mascaradas na
volta do Riachuelo e do estirão barranca, barrar-lhes-iam o pas-
do rio Paraná, em cujas cerca- so.
nias tinha,notícia haver a esqua- O atrevido plano era viável e
dra brasileira estabelecido a li- tentador: e López nele e nos seus
nha de bloqueio, Solano López, devotados e valorosos executores
astuto e traiçoeiro como um muito confiava. " Ide e trazei-
guarani, bosquejou plano audaz -me os navios brasileiros"— —"Nós foi
cujo fulcro era a surpresa, um a despedida do tirano.
dos princípios básicos, essenciais os mataremos a todos e traremos
à consecução do triunfo. Se o a sua Esquadra" — foi a espe-
desconhecido é a lei da guerra, rançosa resposta dos condenados
como nos explica Foch, todo o ao infortúnio, das vítimas imbe-
inesperado é de efeito surpreen- les, que iam imolar-se à ambição
dente, no conceito de Frederico vesânica do novo César.
0 Grande. E a esquadra partiu, mergu-
, A 9 de junho de 1865 chegava lhada nas trevas. O reboque das
êle, embarcado no Tacuarí, à for- pesadas chatas, a grave avaria
taleza de Humaitá. Acompanha- em um dos navios (o Ibera) e
vam-no, pejados de tropa de es- outros pequenos acidentes re-
cól, os vasos seguintes: Para- tardaram a marcha da esquadra
guarí, Marquês-de-Olinda, Igu- inimiga.
rei, Jejuí, Iporá, Salto-Oriental, O Comodoro Pedro Mezza,
Rio Blanco e Paraná. "devendo atacar
pela madruga-
Esta esquadra, reforçada com da, só apresentou-se às 11 horas
oito baterias flutuantes, deveria, da manhã deante da Divisão
dentro da noite de 10, levantar Barroso, perdendo assim as van-
âncoras e, graduando a marcha, tagens que lhe dariam a surprê-
CAMPANHA DO PARAGUAI 69

sa e a abordagem", diz-nos J. se um homem é apreciá-lo de-


Montenegro. baixo de fogo" — diz notável
Começara a esboroar-se o escritor. Vejamos,
pia- pois, como
no do ditador. tratou Barroso, tão mal ajuizado
"de
pela mocidade do seu tempo,
VIII. — Inimigo vista. —
à dar um dia de glória à Nação,
No dia 11 de domingo,
junho, fazendo respeitar o nosso Pavi-
após as variadas e tràbalhosas lhão".
fainas do
quarto d'alva e dos
Mal os nossos assumem seus
preparativos para mostra-geral,
postos, surge na curva do rio, a
dispunha-se
a dotação da nossa
todo vapor, a esquadra
esquadra paragu-
a desfrutar merecido
aia, em coluna, capitânea à tes-
descanso.
ta, rebocando cada navio uma
O dia, amanhecera nubla-
que
chata. Eram 14 lenhos artilha-
do e invernoso, transmutava-se
dos com 47 bôcas de fogo e equi-
em límpido, azul e belo, graças
pados com 2.500 escolhidas
à boscareja e tépida brisa pra-
de
ças.
nordeste.
Os nove vasos nacionais
Cêrca das oito horas e meia, a apre-
.sentavam sôbre
Mearim (E. Barbosa), de vigi- o inimigo a
vantagem da construção
lância avançada, atopetou o si- mais
— "Inimigo sólida, serem
nai à vista" — movidos a hélice
re-
conhecido, (com exceção da Amazonas),
prontamente, por to-
dos os vasos. disporem de artilharia a mais

O moderna e de exercitado
Almirante, lançando mão pessoal
"nosso em longo
do tirocínio oceânico;
confuso e desordena- ti-
do Regimento nham, todavia, a inferioridade
de Sinais" (mais
expedito, do número, mais forte calado
porém, do o de e
que
Nelson em maior comprimento e, con-
Trafalgar), fez des- por
fraldar, um após seqüência, requerendo evoluções
outro, os sinais
"Despertar
"Safa mais demoradas e maior cuida-
fogos" e geral
combate". do para evitar desastrosos enca-
para Sem de
perda
tempo, todas lhes.
as unidades, subs-
tituindo a lenha O inimigo mostrava-se supe-
pelo carvão de
reserva, atiçam as rior em velocidade,
fornalhas e no pouco ca-
as tomam lado, nas
guarnições seus oos- qualidades evolutivas
tos.
dos navios, no maior número de
Segue Barroso canhões (levamos em conta as
para bordo da
Parnaíba 22 assestadas na barran-
(Garcindo de Sá), que peças
elegera ca, sem computar a fuzilaria
para capitânea, mas en- e
contra-a sem estativas de foguetes), nas
prático, ausente guar-
em terra com uma faxina nições mais fortes e nos
de conhe-
lenhadores; volta incontinente mentos hidrográficos da região.
ao Amazonas, do Tinha a desvantagem
comando de das caixas
Teotonio de Brito. de rodas e das bordas falsas, ex-
"A
única maneira de aos efeitos
julgar- postas da artilharia.
70 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

As forças, dizer sem nhoneando a esquadra


podemos inimiga,
medo de errar, se contrabalan- sem dar
grande importância à
cavam,
quer no material quer no bateria da barranca. E, vencida
"Navios
e canhões — a
pessoal. parte estreita do canal, subir
diz o Dr. Liberato Bittencourt águas acima, continuando a a-
— em verdadeiro equilíbrio ofen- tacar até destruir a esquadra
sivo e defensivo". inimiga".
"A
tática a seguir — comenta
— — "Ao
IX. A batalha. o barão de Teffé,
pas- bravo coman-
sar a contra-bordo da esquadra dante da "era
Araguari, intuiti-
nacional, despejou o inimigo su- va e tão simples
que não neces-
as baterias, contestando os nos- sitava de mais sinal algum: vi-
sós o insolente desafio cpm uma rar contra
por marcha
"chuva guardan-
de bombas e balas rasas" do as distâncias,
passar a quar-
tão bem dirigidas, logo sè- to de fôrça
que diante do inimigo,
riamente avariou um dos madei- batendo-o com a artilharia con-
ros paraguaios, o Jejuí. teirada a bombordo e com a fu-
Nas águas dos contrários, ao zilaria resguardada amura-
pela
sinal de Suspender, movimenta- da e nos cestos de
postada gá-
ram-se as unidades brasileiras, vea, até a de Santa Cata-
ponta
em coluna.
lina. Alcançada a cancha, virar
Parece certo não haver Bar- de novo contra-marcha e as-
por
roso declinado
prèviamente qual- sim, aproando a corrente, avan-
quer plano de combate, e dado a tôda
çar fôrça rio acima, se-
dêle conhecimento aos seus co- nhores de nossos movimentos e
mandados. O Almirante Balta-
podendo emparelhar-nos com a
zar da Silveira diz, no entanto, esquadra inimiga e batê-la, des-
que o Chefe traçara um plano ta vez, com todo o nosso
poder
de batalha. ofensivo funcionando a estibor-
Se, de fato, existiu, nunca o do. Os navios aproados à cor-
vimos exposto em documento o- rente avançariam ou deixar-se-
ficial. Provavelmente, não fôra iam cair à ré segundo a conve-
êle estranho às cogitações do niência de cada um, e desta for-
preclaro navarca. Tinha-o ar- ma, em menos de uma hora li-
quitetado na mente sem, toda-
quidaríamos o inimigo vo-
que
via, fixá-lo sob a forma de ordem luntàriamente se imobilizara".
escrita.
Ora — como é de vêr, o Almi-
Explica dêste modo o Almiran- rante não a
poderia, priori, ima-
te Baltazar (o que me custa o e executar
ginar quadro as
aceitar) o de Barroso: —
plano manobras acima descritas ...
"O
Amazonas e a Parnaíba fica-

riam acima da bateria (para- X. — Iniciativa de Barroso.

guaia) convergindo fogos sôbre — O Chefe adverso, Comodoro


a esquadra adversa "velho
e preparadas Pedro Mezza, lidador,
para cortar a retirada dos fugi- cheio de bravura, apenas, em vez
tivos. O resto desceria o rio ca- de tomar a iniciativa de
pronta
CAMPANHA DO PARAGUAI 71

atacar-nos com decisão e vigor, rfn-se, destruindo-se erit.re si. tf,


já que lhe havia falhado a sur- então, a indiferença mórbida, a
presa, continuou águas abaixo e impotência, é a derrota trágica,
foi ordenar-se sob a proteção da irremediável.
bateria amiga, — "Ou
que se desmas- Ponderava Barroso:
carara.
devia ficar estacionário ou des-
"O
velho Chefe cer com a
paraguaio per- esquadra sôbre os va-
turbou-se ante a atrevida reso- mas esta des-
pores paraguaios;
lução de Barroso, indo atacá-lo cida malograr-se,
podia porque
nas
posições que escolhera; ne- êles subir dando volta
podiam,
nhuma manobra ordenou detrás de duas ou três ilhas,
para por
engajar a luta, nos da entre as há um
galopes quais canal de
capitânea
paraguaia; nenhum água escassa. Resolvi, todavia,
sinal^ desfraldou-se
para indicar ir-lhes ao encontro águas abai-
a ação de cada navio e somente oco. O inimigo nos esperava e
devido à superioridade da mar- nao fugia". (Parte oficial).
cha de seus barcos, ao seu pouco Barroso, como os grandes li-
calado e conseqüente facilidade dadores, a
procurava ação; êle
de evolução sôbre baixios de
quer ser o atacante; almeja o-
estreito e tortuoso canal,
pôde fender, martelar a seu modo; co-
lutar com vantagem durante "governar
al- mo Nelson, a batalha".
gum tempo ..." escreveu Monte- E o arrojado Chefe, afeito às
negro.
grandes tormentas, compreendeu
— "Esperam-nos;
e porque nos rapidamente a situação, fazendo
esperam?" —
pergunta Barroso desfraldar o sinal transmissor de
A fim de atrair-nos —
ao ponto sua decisiva vontade: Bater o
mais estreito, mais exposto do inimigo o mais perto cada um
que
tredo canal ..."
puder! E. como que dar mais
"É para
pelos olhos do espírito — calor à essa resolução inquebran-
dizia Napoleão — enérgico
pelo conjunto tável, o Almirante des-
de todo o raciocínio, ao vento
por uma fraldou a sua eletrizan-
espécie — "O
de inspiração, o te invocação Brasil espera
que ge-
neral vê, conhece e julga". que cada um cumpra o seu dever!
"Por
É intermédio do Regimento
preciso ter, dispor de um cé-
rebro de Sinais, Barroso transmitiu à
perfeitamente equilibrado,
de uma mentalidade esquadra o seu modo de e
de eleição, pensar
para, no momento trágico da ba- a maneira de o executar. Não
talha, sopesando haver mais simplicidade em
a mais grave pode
responsabilidade de batalha naval" — diz o
que ombros hu- plano
manos Almirante Baltazar da Silveira.
podem tomar sôbre si,
entre o tumultuar —
vertiginoso XI. A voragem de e
fogo
das associações —
e desassociações morte. E a Esquadra, em co-
de idéias, escolher, fixar aquela, luna, à vista do Chefe, aproa a
a única, a acertada e justa. To- Rompe a marcha, com
jusante.
do o está,
perigo ao pesá-las, em galhardia, a Belmonte,
guiada
que elas se equilibrem, anulan- sereno e
pelo intemerato Abreu,
^ÜÜS
IP

72 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

a afrontar todo o naval nal, súbito estaca a Jequitinho-


podero

paraguaio, alinhado e concentra- nha; volta águas acima, cons-


do na curva forte, acanhada e trangendo o resto da esquadra
treda do barrento caudal. a contramarchar, em angusto
Seguem-na a Jequitinhonha, canal, a de cerrado
queima-roupa
comandante Pinto, com a insíg- fogo.

nia de Gomensoro, chefe da 2a. E.. . no tópo da Jequitinho-


Divisão, tendo como matalote de nha tremulava o histórico
pena-
"Quem
ré a Parnaiba, sob a direção de cho branco ... diria ?!
Garcindo de Sá. de erros e decepções está cheia
Ribombam os canhões com a nossa vida!..." — exclama o
"balas
fragorosos ecos; esfuziam Almirante Teffé. O risco, em
e metralhas de a tôdas as deliberações, é irreso-
parte parte; a
era chuva e chuva de respeito". lução.
"A
E águas abaixo avança a verdadeira coragem — a-
Belmonte sob um túnel de fogo nota Fenelon — consiste em en-
mortífero, desafiando sozinha, carar todos os despre-
perigos e
tôda a fúria do adversário. zá-los êles se tornam
quando ne-
Ao no vértice infer- cessários".
penetrar

•saw"

iff " ^

O Chefe da 2a. Divisão, apesar to do imprevisto. Em


pronta-
do seu nome, não era uma alma mente dominá-lo se manifesta a
forte de acordo com o conceito capacidade tática dos Chefes.
"aquela
de Clausewitz: mais Barroso,
que com atilado de
golpe
profundas comoçõés não lhe vista, logo
per- percebeu a gravidade
turbam o equilíbrio". Manifesta- da situação; e, a tôda fôrça de
ra-se, um inculpável doen- máquinas,
pois, trazendo ainda ato-
te da vontade; tornara-se, na o- petado o lendário sinal, toma
casião mais necessária, um ver- com firmeza a testa da linha e
dadeiro abúlico. investe "sor-
o apertado
passo,
Na batalha, o momento temi- ridente, despreocupado, impávi-
vel, crítico, é o do aparecimen- do, sereno, afrontando a morte,
CAMPANHA DO PARAGUAI 73

semelhando um semi-deus do to, espontâneo, de ma-


po- preciso,
liteísmo rinheiro consumado, encontra,
pagão".
"a
A J eqiútinhonha e a Parnaíba, num relance, situação mais

qual ovelhas tresmalhadas, se simples, mais acertada, mais se-


emparelham, amesquinham, re- e mais rápida" alcan-
gura para
montam o rio e, ao fazerem ala-
çar a vitória decisiva. A idéia
e-larga, em seguimento reso-
às materializa-se. A arma, naque-
lutas companheiras, encalham le momento terrível, conquista
lamentàvelmente
no banco do um cérebro. Barroso consubs-
Riachuelo, sob a saraiva impeni- tancia-se na Amazonas: dá-lhe
tente da bateria inimiga des- uma alma!
mascarada.
— "Subi
— diz Almirante
A o
Belmonte a heróica, crivada — com a resolução firme de a-
de balas, a debater-se contra o
cabar de uma vez com a esqua-
incêndio e naufrágio, batalha
dra paraguaia ... Assim, a
ainda à pus
procura de um baixio
onde proa sôbre o
amparar sua ruína primeiro (Jejuí), que
glorio-
sa. mais me ficava e com
próximo

Abaixo tal ímpeto, o escangalhei


da Ponta de Santa Ca- que
talina completamente, ficando de água
o resto da nossa esquadra
evolui e, aberta e indo depois ao
pressurosa, volta a vin- pouco

o fundo. Segui a mesma manobra


gar passo traidor.
Nesse ínterim, contra o segundo, era o Mar-
lobos que
qual
famintos, abandonando quês de Olinda, e contra o ter-
o fojo,
atiram-se os ceiro que era o Salto, e a todos
vasos às
paraguaios
desgarradas êles inutilizei. O vapor,
unidades nacionais, quarto
Jequitinhonha contra o me arremessei, o
e Parnaíba. Cer- qual
cam-nas, abordam-nas Paraguai, recebeu tal rombo no
e, sôbre os
empachados costado e caldeira, foi enca-
conveses, trava-se que
a luta mais lhar em uma ilha em frente...
diabólica, selvagem,
macabra, Em seguimento aproei a uma
que imaginar se possa.
Era o momento das baterias flutuantes, foi
angustioso em que
que a balança do logo a pique com o choque e um
destino treme,
oscila, antes tiro. Tôdas estas manobras fo-
de um dos
pender
pratos. ram feitas pelo Amazonas debai-
Lá, em baixo, xo do mais vivo fogo... A minha
aponta a Ama-
zonas seguida intenção — confessa Barroso —
das obedientes e
impávidas destruir esta forma
companheiras; e, no era por tôda

passadiço, vigilante, a figura se- a esquadra paraguaia... o que


rena, imponente, se
dominadora de teria conseguido quatro dos
Barroso. vapores, estavam mais
E a tragédia no seu seus que
auge se não tivessem fugido...
desvenda aos olhos acima
pe-
netrantes vendo a minha manobra
do Chefe. e reso-
grande
Abstraído lução". (Parte oficial.)
do inferno o
que
rodeia, com cantou
aquela intuição, E assim Norberto de
com aquêle e Silva o assombroso
discernimento súbi- Souza feito:
74 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"E
tardava o triunfo ! ... Imenso arrojo

Açode à mente ao herói, Barroso invicto;

Resume o a impávida Amazonas !


prélio
Trovejavam canhões, chovia fogo,

E o navio-ariete avança, investe

Sobre o Igurei, avante caminhava


que
Ao choque aterrador, que estronda ao longe,

Pavoroso clamor seus nautas soltam ..."

Também Santos Neves em be- que o navio era construído de

los versos esta façanha subli- carvalho e teca, madeiras equi-

mou: paráveis ao ferro, apresentando

grande resistência, a
"Avante!" proa, po-
E o grito ressoa
dendo impunemente investir e
E mais o raio depressa
que lançar a os vapores
pique para-
Contra essa esquadra arremessa
guaios. Foi uma revelação, um
Do Amazonas a proa ...
"Nem toque de luz. Rapidamente con-
siquer ileso fique
"Um sultando-se, Chefe e comandan-
só vaso do cacique,
"Pra te, resolveram dar imediata exe-
ir contar-lhe a derrota
"De cução ao audaz e original pro-
sua esplêndida frota!" "Não
jeto". E termina: tomou
"O
ferimento rece- yBarroso) iniciativa alguma, a-
grave que
'passivamente
ra, o Chefe obrigan- ceitou a
paraguaio, proposta
do-o a o comando ao va- extraordinária do notável ho-
passar
lente Robles dirigindo a mem de e de mar Delfim
que, guerra

abordagem não mais as- de Carvalho". Sem comentári-


pôde
sinalar evolução alguma aos de- os!... Nem nos cabe aqui fazê-

mais navios combatiam iso- los...


que
lados, — explicar Monte-
quer
negro — a manobra de
permitiu
ariete audazmente iniciada pelo
talhamar do Amazonas, cobrindo

assim de louros a fronte vene-

randa de Barroso..."

O dr. Gama Rosa (cujo pai,


distinto oficial, diga-se a verda-

de, era rival de Barroso), entre- V"- .

tanto, baseado como diz, em in-

formação autêntica do coman-

dante Brito, da Capitânea, de-


"a
clara idéia de fa-
que genial
Nil?
zer da proa da Amazonas formi-

dável ariete ocorreu ao imediato

do navio Capitão-tenente Delfim

Carlos de Carvalho ba- XII. — O remate da vitória.


(futuro
"lembrou —
ráo da Passagem) E, concitando seus bravos
que
CAMPANHA DO PARAGUAI 75

companheiros, Barroso fazia des- Mas, qual seria esse objetivo,


fraldar novo sinal — Sustentar senão alcançar a vitória?! ...
o fogo que a vitória é nossa. Que fizeram todos, com maior so-
Multiplicaram-se os nossos va- ma de energia e vontade, em tôr-
sos na faina gloriosa de exter- no ao Chefe, senão combinar ar-
minar o poder naval contrário: mas e esforços, dedicação e bra-
aqui, a Ipiranga arrasa uma cha- vura para alcançar o triunfo. O
ta paraguaia e a submerge; ali, fato é que, houve iniciativa,
a Iguatemi e a Araraguari apri- houve decisão, houve vontade de
sionam outras; além, a Mearim vencer, houve bravura e uma apli-
mede-se altaneira com antago- cação tática de efeitos fulminan-
nistas bravos e desesperados ... tes e decisivos.
E o velho, até então mal com- Muitos existem, como vimos,
preendido e pouco simpático Al- que procuram diminuir a inspi-
mirante "reabilitou-se no concei- ração de Barroso. Verdade é que,
to da mocidade que êle tem hoje o que nos parece na maioria dos
sob suas ordens" — escreveu o casos inspiração nada mais é que
comandante A. von Hoonholtz, uma pura singela reminiscên-
futuro barão de Teffé. Barroso, cia: mesmo porque, como afirma
"ao relâmpago
dos canhões des- Daveluy "os gênios militares
piu inopinadamente a casca nada inovaram; apenas simples-
grossa de Chefe patesca para re- mente, conduziram a guerra sob
velar-se aos nossos olhos mara- seu verdadeiro conceito. O que
vilhados sob as vestes fulguran- caracteriza o gênio é pôr em prá-
tes de um herói". tica a idéia justa de cada caso
"Então o Chefe
brasileiro va- particular".
leu por si só uma esquadra in-
teira — como com muita pro- Quem, com isenção de ânimo,
procurar penetrar o pensamento
priedade e justiça escreveu o de Barroso, no decorrer da bata-
ilustrado General L. Bittencourt. lha, experimentará verdadeira
Mostra-se um Chefe à altura da surpresa de encontrar presidindo
missão que lhe fora designada; suas idéias, os sábios preceitos
patenteia-se um tático eminente. táticos de Nelson no seu canto
A tática genial de Barroso, trans- de cisne, que é o célebre Memo-
formando a roda de proa de sua randum. O espírito de Barroso
fragata em poderoso e fulminan-
te ariete, deve-se incontestável- pairou sempre sobre o campo de
batalha e a fascinação que exer-
mente a vitória de Riachuelo".
ceu sobre seus comandados du-
E há quem diga, que em Ria- rante a ação foi o fator predomi-
chuelo não houve tática, nante da soberba vitória, que sa-
que só
predominou a iniciativa de cada grou nossas armas.
comandante e, sobretudo, a do Se todo o plano do Almirante
Chefe, sem cogitação de conjun- foi, como vimos, transmitido e
to, sem esforço combinado em traduzido singela, incisiva e la-
busca do mesmo objetivo ... cônicamente, em poucos sinais;
76 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

se a sua vontade, a sua decisão os houve?" —


pergunta o Almi-
foram perfeitamente interpreta- rante Baltazar. Na verdade, ne-
das e praticadas maioria dos nhuma
pela ação na vasta
guerreira
Comandantes e seus sucessores
história do mundo se apresenta
durante a ação, incontestável é
extreme de tais inelutáveis
per-
que, já nesse tempo, a cerebra-
calços. Não fossem as
a mentalidade da nossa Ma- guerras
çáo,
obra da cegueira humana!...
rinha fruía uma essência carac-
E, para terminar, digamos co-
terística, subjetiva, promanacla
mo o ilustre Escrag-
de uma intuição clara, de uma professor
nolle Dória: — "Se houve
consciência exata da arte da um dia

de uma doutriná, enfim. em o Brasil careceu de um


guerra, que
"Houve
falhas, houve erros e homem, êsse dia foi Riachuelo,
houve culpados; mas, em não êsse homem foi Barroso".
que
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA

Comemorações
do bicentenário do seu nascimento

O FUNDADOR DA MARINHA ração animado de nobreza e de


DE GUERRA BRASILEIRA inteligência; lição de caráter
forte e retilíneo.
Embora seja a nossa Marinha
Iniciado na Ciência, fêz-se
vergôntea destacada da Marinha
mestre. O mestre tornou-se o
portuguêsa — herdeiros
que fo-
administrador e êste, o
mos de sua tradição e político.
de seus
Completava-o o homem de le-
primeiros elementos materiais e
tras, sendo versado nas litera-
mesmo de seu —
pessoal aquela,
turas portuguêsa, inglêsa e ale-
com características nacionais,
mã. Era, home maltamen-
a uma pois,
pertencendo nação sobe-
te instruído. Dizem os seus bió-
rana, é obra de José Bonifá-
tio, a deve Brasil
quem o tam-
bém a sua emancipação
política.
Êle soube escolher o momento

propício para levar a cabo essa


emancipação. Se o fizesse an-
tes, talvez o colosso brasileiro se
tivesse fragmentado, multipli-
cando nações. Se o retardasse
teria a oportuni-
perdido grande
dade êle aproveitou dando
que
a coroa do Império da América
ao próprio filho do rei nos
que
governara desde 1808 em nosso

próprio solo. Salvou-se, assim,


a unidade
pátria e fêz, como de-
sejava José Bonifácio, como êle
ambicionava,
o Brasil nação li-
vre!

* * *

A vida de José Bonifácio é da-


quelas que atraem é e-
porque JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA
xemplo e lição: exemplo de co- K SILVA
78 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

grafos que José Bonifácio fala- A Independência não seria fei-


va fluentemente seis idiomas, ta sem luta. Era necessário man-
incluindo o e o latim. dar de volta
grego os reinóis. Seria
obra exclusiva da de uma Mari-
* * *
nha de
que precisava ser imedia-
tamente organizada.
Em 1819 volta à Pátria, depois Deixemos fale
que aqui a voz
de uma ausência de 36 anos, autorizada do ilustre historiador
porque sentiu que ela precisava almirante Lucas Boiteux:
dos seus a
préstimos para gran-
de causa dos seus — a "Tanto
patrícios a Martim Francisco
Emancipação, a Independência.
como a seu egrégio irmão... é
E ei-lo todo o seu valor
que põe a Marinha de Guerra nacional
a serviço das nobres cáusas do
deveãora de eterno reconheci-
Brasil.
mento e de profunda gratidão.
De com os seus ir-
parceria Se ao imortal Patriarca, mercê
mãos Antônio Carlos e Martim de seu talento aliado à percep-
Francisco — trindade augusta ção clara do vero estadista, deve
— agiu no sentido de dar à sua ela a sua organização e apare-
Pátria —
govêrno próprio, a fim de lhamento oficiais, marujos,
que pudesse ser navios e, à dêles
politicamente frente o intré-
uma nação. Daí diante, —
por a pido Cochrane, a Mar-
graças
história de José Bonifácio une-se tim Francisco, como Ministro da
intimamente à da Pátria. Fazenda, dotado de notável de-
Impondo as Cortes de Lisboa votamento, capacidade
grande de
o retorno de Dom João VI e não trabalho e apurado tino finan-
tendo o monarca — ceiro, contou
que tanto ela com os fundos
bem fêz ao Brasil, digamos de necessários e suficientes à sua

passagem, fazendo-lhe comezi- manutenção e completa eficiên-


nha justiça — dúvida cia, na
quanto à gloriosa campanha
que
proximidade da nossa indepen- 7los deu a Independência".

dência, ao voltar a Portugal dei-


xou seu filho, Criou-se, assim,
que jamais o veria graças à ação
em vida, como Príncipe-Regen- do Patriarca, auxiliado
pelo seu
te, aconselhando-o a tornar-se irmão Martim Francisco, a Ma-
imperador do Brasil! Seguem-se rinha de Guerra do Brasil,
"Fico", que
o as desobediências às seria o instrumento capaz de
ordens de Lisboa e, finalmente, dar, como deu, remate à nossa
a Independência; e atrás de tudo Independência e de colocar o
isso, tomando conspícua, País a salvo de agressões
parte e de-
estava a figura austera de José sembarques de tropas da antiga
"fizera
Bonifácio, o Brasil metrópole.
que
triunfar coração de D. Pe-
pelo
dro". Neste segundo —
século a
ocorrer a 13 de de 1963
junho
* * # — do nascimento do Patriarca da
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 79

Independência e do criador da inicialmenteí JOSÉ ANTÔNIO,


nossa Marinha de Guerra, José sendo seus pais o Coronel Boni-
Bonifácio de Andrada e Silva, o fácio José de Andrada e Dona
pai da nossa Pátria e que, sem Maria Bárbara da Silva.
obscurecer ao nosso Patrono, o Seu nascimento, segundo a
ínclito Almirante Marquês de
Tamandaré, o é também da nos- opinião do Conselheiro Martim
sa Marinha, conservemos na me- Francisco, seu neto e sobrinho
mória das gerações a sua recor- do dr. Martim Francisco (o IIIo),
dação perene e façamos um e também de Silva Jardim," o
constante apelo à mocidade, grande abolicionista e republica-
no, verificou-se mesmo naquela
principalmente, para que lhes casa existente onde hoje se acha
siga os exemplos de caráter, de
civismo, de bondade e de inte- instalada a agência do Banco do
rêsse. Comércio e Indústria do Estado
Pelas suas conquistas cívicas de São Paulo, em cujo frontis-
e políticas José Bonifácio é sim- pício se vê uma lápide comemo-
bolo nacional porque foi, além rativa desse fato, substituindo a
do mais, dono de uma grande e anterior, toda de mármore, inau-
nobre vida de estudos, saber, ho- gurada entre as festividades da
nestidade e, sobretudo, de amor Abolição, em 1888.
à Pátria.
A Marinha reconhecida, O ESTUDANTE
pois,
reverencia a memória do Patriar-
ca da Independência e do seu fun- Os primeiros estudos de José
dador José Bonifácio de Andrada Bonifácio foram feitos em casa,
e Silva na oportunidade em com seus pais, que responderam
que
se festeja o segundo centenário assim pela sua formação moral
do seu nascimento. e psíquica nos primeiros 14 anos,
idade em que o genial menino
Levi Araújo de Paiva Meira seguiu para S. Paulo. Ali, na
Vice-Almirante (R.Rm. Diretor velha Piratininga, fez o curso de
do SDGM) humanidades (formação
gina-
sial), sob a direção do venerável
bispo Dom Manuel da Ressurrrei-
A Câmara Municipal de Santos, ção; depois, foi para o Rio de
Janeiro, onde permaneceu du-
comemorando o Bi-Centenário rante uns três anos em estudos
do nascimento do maior dos San-
tistas — o Patriarca da Inde- preparatórios e de línguas, trans-
ferindo-se então para a Europa,
pendência Brasileira — oferece à onde, com 20 anos, ingressou
Cidade e ao Brasil. na famosa Universidade de Co-
imbra, nela se bacharelando em
JOSÉ BONIFÁCIO, "o Patri- Direito e em Filosofia, alguns
arca", nasceu em Santos, a 13 anos mais tarde, ao fim de um
de junho de 1763, dia de Santo curso considerado notável por
Antônio, e chamou-se seus mestres e companheiros.
por isso,
80 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Logo após a formatura, mal rados dêles recebendo


grandes,
chegado a Lisboa, foi José Boni- a sabedoria extraordinária,
que,
fácio recebido como membro e- mercê do seu e da sua me-
gênio
fetivo pela Academia Real de mória haveria de
privilegiada,
Ciências, da chegaria a ser, consagrá-lo, também, como sábio
qual
em 1812, o Secretário Perpétuo, eminente e de valer-lhe os títu-
honra concedida a outro los maiores de todas as
jamais quase
brasileiro. grandes instituições e academias
científicas da Europa.

O CIENTISTA Graças a êsses estudos e via-

gens, mas à sua


principalmente
Viagens — Altos Estudos retentiva e ao seu talento, reu-
nidos a uma vontade
poderosa
Em 1790, aos 27 anos, após de saber e de ser útil, aprendeu
haver apresentado à Academia José Bonifácio escre-
(falando,
Real de Ciências de Lisboa sua vendo e traduzindo) 8 idiomas
"Memória
sôbre a de ba- europeus além do
pesca português (es-
leias", partia o santista, francês, inglês, italiano,
grande panhol,
em viagem de estudos todos alemão, holandês, sueco e rus-
por
os países da Europa, acompa- so), mais o clássico, o la-
grego
nhado brasileiro Manoel tim, e alguns não chegou a
pelo que
Ferreira da Câmara Bittencourt. falar, mas a ler e a traduzir, co-

Durante dez anos mo o árabe e o hebráico,


peregrinou para

pelos maiores centros científicos ingresso nos segrêdos da Antí-

europeus, como a França, a In- guidade.

glaterra, a Alemanha, a Itália, Durante aquêles anos e as


a Suécia, a Holanda, a Rússia, muitas excursões de estudos re-

e outros mais, freqüentando alizadas, pôde José Bonifácio

mestres, Institutos e Academias, descobrir e descrever no-


quatro
Escolas e Museus, acompanhan- vas espécies minerais: a petalite,
do em Paris os cursos e lições do a epodumene (posteriormente

grande Lavoisier, de Chaptal e denominada trifane por Haüy),

Fourcroy e depois de Jussieu e a scapolite, a kriolite; uma


quase
Hauy. Na Alemanha teria original, a ictioftalma, e sete va-
por
mestres: Werner em orictognosia, riedades do a indicolite,
piroxene;

geognosia e montanística; Lem- variedade azul da turmalina,

pe, em matemática e apli- considerada por Haüy como uma


pura
cada, especialmente em teoria espécie distinta; a afrizíte, outra

das máquinas; Kohler em direito variedade da turmalina, e a alo-

e legislação das minas; Kjozsch croite, variedade da •—


granada
em ensaios dos mine- o que gravou a eternidade,
químicos para
rais; Freiesleben, em o nome do sábio santista, nos
química

prática; Lampadius, em meta- anais da ciência internacional,


"le
lúrgica; e assim outros lumi- conhecido então como savant

nares da ciência contemporânea, Monsieur d'Andrada".

ainda hoje venerados e conside- Sua coleção de minérios foi-se


JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 81

tornando enorme, a
ponto de pa- contecimentos militares. A Fran-
lecer um museu da espécie, atirou-se contra o
que ça pequeno
ele mesmo chegou a considerar da e com a inva-
país península,
como sua maior riqueza. Tal co- são de Portugal forças de
pelas
leçao, entretanto, crescia enor- Napoleão, José Bonifácio deixou
memente no Brasil, anos mais a ciência e a jurisprudência para
tarde, com a anexação dos mi- correr aos campos de batalha,
nérios brasileiros,
principalmen- no comando de um corpo acadê-
te daqueles
que extrairia e estu- mico, militando então com gló-
daria em suas duas viagens mi- ria e denôdo contra Junot, o
neralógicas
pela província natal. grande de Bonaparte, e
general
Êsses dez anos de estudos e sendo aclamado aí, como herói
pesquisas de José Bonifácio, co-
português, entre as comemora-
mo um longo
passeio científico da capitulação francesa.
ções
pela Europa, é bom
que se saiba, Após a de Libertação,
guerra
foram custeados
pela rainha de foi nomeado Intendente da Poli-
Portugal, Dona Maria I, a con- cia da cidade do Pôrto, e em 1812
selno de seu Ministro Martinho era chamado
''para a Lisboa ocu-
para
Meio,
que José Bonifácio o de Secretário
par pôsto Perpé-
nao fôsse jazer uma revolução tuo da Academia Real de Ciên-
no Brasil", tal a certeza êle, cias, então
que já com uma série de
e todos os
^inistro, grandes trabalhos e consa-
produzidos
de Portugal,
já tinham disso,
por grados.
lhe conhecerem
as idéias cada
mais brasileiras
^ez e indepen- VOLTA A PORTUGAL
dentistas.

O
gi ande Andrada só voltou a Mestre — Herói e Funcionário
ortugal
em 1800 e ali foi /
ime-
üiatamente
nomeado lente de Um fato importante, ou, me-
Metalurgia
na Universidade de lhor dizendo, uma circunstância,
Coimbra; logo depois, Intenden- influíra no espírito do grande
te das Minas e Metais, Superin- santista, predispondo-o ao tra-
tendente do Rio Mondego, Supe- balho, embora lento, paciente,
rmtefldente
das Obras Públicas em favor da independência de
de Coimbra
e, finalmente, De- sua Pátria. É que, durante seus
sembargador
da Côrte de Justi- estudos em Paris, por vários anos
ça do Pôrto, nomeações e hon- respirara êle o ambiente heróico
rarias
que tinham, tôdas elas, a da chamada Capital do Mundo,
mesma finalidade dos dez anos a Tomada da Bastilha
Ge quando
estudos e passeios pelo mun- acabava de o fim do
proclamar
do europeu — afastá-lo do Bra- estabelecendo
feudalismo, o prin-
sil, impedir-lhe
a volta à Pátria. da liberdade e da igualda-
cípio
C destino ainda tramava em fa- de. José Bonifácio temperara o
vor de Portugal.
espírito entre os debates can-
Pronunciou-se
a crise cientes dos Girondinos, ao calor
política
européia. Precipitaram-se os a- dos atos, dos fatos e dos discur-
82 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sos dos revolucionários sua


grandes fidelidade no exercício do
e oradores da França, e, regres- cargo, fôsse elevado a Ministro
sando a Portugal, trazia um ca- de Estado". Thomás Antônio Vi-
bedal inteiro de idéias avançadas lanova sugeriu então ao Rei que
e renovadoras, uma supersatu- mandasse vir José Bonifácio
ração do espírito francês, o Brasil,
que para a desempenhar
não deixar de conduzi-lo aquêle cargo.
poderia Longe estava D.
a uma atividade correspondente João de compreender a idéia ou
no sentido da independência e intenção do seu ministro, e a
da evolução social do seu ordem real foi
país enviada Lis-
para
distante. boa, uma e duas vêzes. Na
pri-
Aproximava-se, bem mais de- meira vez foi desobedecida
pelas
pressa do que parecia, a liberta- Cortes reunidas em Portugal, sob

ção de José Bonifácio das a alegação de sua inconveniên-


peias
políticas que o retinham em Por- cia. Só na segunda vez foi ela
tugal. O destino, agora, obedecida, resolvendo as Cortes
passava
a tramar em favor do Brasil. As atender a ordem terminante do
idéias separatistas do Rei.
grande
santista, apareciam em
que já
seus discursos acadêmicos, se- INTERVENÇÃO

gundo Latino Coelho de


("Elogio PROVIDENCIAL
José Bonifácio", 36/37), e
pgs.
se renovavam nos últimos tem-
Volta a Santos — O primeiro
pos de sua residência em terra
Abolicionista
portuguêsa, estavam
presentes
na observação do Ministro Tho-
E foi assim José Bonifácio
que
más Antônio de Vilanova Por-
de Andrada e Silva retornou à
tugal.
Pátria, no ano de 1819, após uma
ausência, forçada, de mais
quase
PRIMEIRAS IDÉIAS de 30 nêsse
anos. E é momento,
REVOLUCIONÁRIAS se a verdadeira
que prova inten-

ção do ministro Thomas Vila-


O Brasil crescera muito e não nova, a sua verdadeira e inspi-

podia continuar amarrado ao rada deliberação em fazer de

pequeno país peninsular. Viven- José Bonifácio o da In-


paladino
do no Rio de Janeiro, o dependência, em vez de retê-lo
grande no
Ministro de D. João VI sentira Rio de Janeiro, como seu aju-
melhor a realidade cívica e dante, ao contrário, mandou
poli- que
tica dos brasileiros, e compreen- êle fôsse dar um longo
giro em
dera a necessidade da separação sua terra, fervente foco separa-
do Brasil. O Rei D. João VI, cer- tista, como de resto tôda a Pro-
tamente a conselho do mesmo víncia de São Paulo. José Boni-
Vilanova, resolvera nomear um fácio não foi nunca
e seria aju-
brasileiro ajudante do Mi- dante do Ministro
para Thomás Antô-
nistro, assistente ao despacho, e nio Vilanova, nem Ministro do
"só
que depois de dar de Rei, mas tornar-se-ia, muito
provas de-
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 83

pressa, a alavanca predeliberada como resultado científico, a pro-


da separação brasileira. Veio dução de uma obra, a célebre
para Santos, sua terra natal. De- "Viagem Mineralógica
ram-lhe um sítio à beira do porto pela Pro-
víncia de S. Paulo", logo apre-
— o famoso Sítio dos Outeiri- sentada ao rei D. João VI, que
nhos —, onde êle, de pronto, rea- o agraciou com o título de Con-
lizou a primeira experiência, com selheiro, admitindo-o ao seu Con-
o braço livre aplicado à lavoura selho, causando ainda a sua fi-
e aos serviços domésticos, verifi- xação em São Paulo, onde fer-
cada no Brasil. Comunicaria isso mentava a idéia separatista em
em carta ao amigo, o Ministro articulação com as principais ei-
Vilanova, logo às primeiras sema- dades do interior.
nas de aplicação às suas terras,
afirmando não saber servir-se de
escravos. Tomar-se-ia, deste mo- INÍCIO DA CARREIRA
do, o primeiro abolicionista prá- POLÍTICA
tico em todo o País. Três anos
depois, como Ministro, daria o Sua influência no FICO
primeiro passo do abolicionismo Em junho de 1821 estava José
oficial, libertando escravos agrí-
colas do governo e mandando Bonifácio em São Paulo, quando
vir da Europa 600 colonos livres, no dia 23, houve um comício vio-
lento na velha capital, e o povo
que chegariam, em grande par- exigiu a presença do grande san-
te, em 1823.
tista, a nomeação de um govêr-
no provisório para a província,
A VIAGEM e ainda, que os membros desse
MINERALÓGICA
governo fossem escolhidos por
José Bonifácio e aclamados pela
Mas, o destino de José Bonifá- imassa. Tudo foi feito como o
cio não era prender-se a uma povo determinava. Por não acei-
pobre lavoura. Teria sido lem- tar a Presidência, o Andrada fi-
brado disso por alguém? Por seu cou como Vice-Presidente, mas,
amigo o Ministro Thomás An- em verdade, dirigindo o Governo
tônio? o fato é que, pouco de- paulista desde aquele momento.
pois, no mesmo ano de 1819, tem É mesmo aqui, na aclamação
início a sua conhecida viagem deste Conselho e na revolta que
de estudos mineralógicos, ao estouraria em Santos na noite de
lado de seu irmão Martim Fran- 27 para 28 de junho, a "Revolta
cisco, então diretor das Minas de Francisco das Chagas", que
e Matas da Capitania de S. Pau- tem início, realmente, o movi-
lo, representando uma longa e mento final da Independência.
diária oportunidade
para con- Tudo se precipitaria a partir da-
versas, visitas, colheita de infor-
queles dois fatos, tornando-se
mações, observações de recursos franca, em S. Paulo, a luta de
e mentalidade, pentrações sobre portugueses e colonialistas con-
o interior e o litoral, que dariam tra brasileiros e separatistas, que
84 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

contavam, seja dito de Santos, chegava ao Rio de Ja-


passagem,
com o apoio de muitos neiro, o Príncipe D. Pedro orga-
portu-
de categoria, favoráveis à nizava o seu Ministério e dava
guêses
nossa Independência. ao grande santista duas das suas

As Cortes de Lis- Pastas mais importantes, a do


portuguêsas
boa os aconteci- reino e a dos negócios estran-
precipitariam
mentos, com as muitas medidas geiros, as principais naquele mo-

tomadas, contrárias ao Brasil e mento, equivalentes ao de


pôsto
à conveniência de seu Primeiro Ministro com acumula-
povo.
D. João VI vira-se obrigado a ção da Pasta das Relações Exte-

voltar Portugal, abdicando riores, em suas mãos


para para que
do Trono em favor de seu filho, ficasse, está claro, a responsabi-

o Príncipe D. Pedro, ficou lidade de tudo quanto iria acon-


que
no Rio de Janeiro como Regente tecer dali por diante e tão de-

do Reino. pressa.
A 24 de dezembro de 1821, José É então José Bonifácio,
que
Bonifácio reunia todos os mem- mãos dadas com a Princesa e

br os do Govêrno Provisório de S. futura Imperatriz Leopoldina,

Paulo, e em nome do que o apoiava, constrói, defini-


povo pau-
lista dirigia ao Príncipe uma tiva e firmemente, a Indepen-

representação, dência de sua Pátria, com a ra-


pedindo-lhe que
não abandonasse o Brasil, não pidez que se fazia necessária,
ga-
obedecesse às determinações avil- rantidora do triunfo.

tantes das Cortes Portuguêsas,

e ficasse, aceitando o título de DELINEIA-SE A


DEFENSOR PERPÉTUO DOS BRASI- SEPARAÇÃO
LEIROS.

Tal representação foi a fôrça Em seis meses de trabalho po-


moral e conforme es- lítico e administrativo, tudo es-
psicológica,
creveram autores de nomeada, tava e urdido a
preparado para
como o Barão Homem de Mello separação brasileira. O Príncipe

e Mello Morais (o velho), D. Pedro, em agosto, seguia


que já
levou o Príncipe D. Pedro, Re- S. Paulo, a conselho do Mi-
para
à célebre declaração do nistro e da Princesa, sob a
gente, pro-
fico, a 16 de janeiro de 1822, messa de a Indepen-
proclamar
depois de haver recebido dência do Brasil, lá mesmo, e tal-
pouco
a referida Representação. vez em Santos, onde êle iria visi-

tar as fortificações, a família de

ELEVAÇÃO POLÍTICA José Bonifácio e os patriotas

paulistas. Em caminho, desde

Ministro de duas Pastas Lorena, Pindamonhangaba, Gua-

ratinguetá, Taubaté, S. José dos

Naquele mesmo dia 16 de Campos e Mogi das Cruzes, a


ja-
neiro de 1822, José Bo- gente de São Paulo o receberia
quando
nifácio, após estafante e como a um libertador, entre
peri-
viagem de canoa, indo de aclamações entusiásticas, en-
gosa
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA
85

grossando a sua comitiva com guêses aqui


que estão nada
os seus melhores representantes, podem fazer".
como numa verdadeira marcha
triunfal, da Se- José Bonifácio dera
prenunciadora à própria
paração. Mas, D. Pedro era mui- Princesa e futura Imperatriz a
to jovem, e isso indeciso, e coragem necessária e
por a convicção
assim, José Bonifácio tão brasileira,
e a Prin- para escrever ao
cesa convocam uma reunião esposo aquelas palavras decisivas
ministerial a 23 do mesmo e incendiárias,
mês que, sobre a rai-
de agosto, realizada no va e no
Palácio o ódio despertado coração
de São Cristóvão e sob a presi- do Príncipe pela leitura dos
dência de Dona Leopoldina, despachos
ten- portuguêses, provoca-
do ficado resolvido nessa reunião, riam a sua decisão, arrebata-
o

que a Independência seria mento magnífico, necessário ao


feita
imediatamente, com o Príncipe cumprimento do combinara,
que
ou sem êle. à Proclamação ou Grito do Ipi-

Tudo isso foi relatado co- ranga, iniciando a total e defi-


e
municado em cartas nitiva independência do e
da Princesa país
e de José Bonifácio a criação do Império. Em sua
ao Príncipe,
cartas acompanharam carta, José Bonifácio acicatava
que os
últimos e afrontosos os brios do Príncipe, fazendo-lhe
Despachos
e Resoluções das ver a vergonha e a ignomínia
Cortes portu-
guêsas. que o sujeitavam as Cortes de

Dona Lisboa, e a necessidade


Leopoldina dizia mesmo que
em havia de reagir ante a sua audá-
sua carta, numa última ad-
cia. O resultado não
vertência amiga: poderia
ser outro.

"PEDRO
— ainda é tem-
A PROCLAMAÇÃO
po de ouvirdes o conselho de
um sábio conheceu tô- "Independência
que ou Morte!"
das as Cortes da Europa;

que, além de vosso Ministro


Mandando o oficial-correio
fiel, é o maior de vossos a-
Paulo Bregaro com ordem de
migos. Ouvi o conselho de
estourar onze ou doze cavalos,
Vosso Ministro, se não qui- se fôsse, chegar de
preciso para
serdes ouvir o meu conselho ao lugar onde estivesse o
pressa
(de vossa amiga). Êste é o Príncipe, procurou José Bonifá-
momento mais importante cio fazer com que o oficial men-
da vossa vida. JÁ DISSES- sageiro fôsse encontrá-lo em
TES AQUI O IRÍEIS
QUE Santos, onde êle estava ainda
FAZER EM S. PAULO, no dia e na noite de 6 de setem-
FAZEI-O, POIS. Tereis o bro, e onde, pelo do Mi-
gosto
apoio, do Brasil inteiro, e nistro santista, deveria ser feita
contra a vontade do a Independência;
povo mas, Paulo
brasileiro os soldados Portu- Bregaro,
por fôrça de uma
pre-
86 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

cipitação de D. Pedro, foi en- lhavam os três Andradas


já (An-
contrá-lo no alto do Ipiranga tonio Carlos, Martim Francisco

(onde hoje está o Museu do e José Bonifácio), mandaria

mesmo nome), de volta de San- prendê-los e deportá-los ou ex-

tos, ali mesmo fazendo-lhe en- pulsá-los para a França, a bor-


trega de todos os le- do de um e velho navio, o
papéis que pobre
"LUCONIA",
vava, com isso o fa- triste com a idéia
provocando
to importantíssimo, a revolta criminosa e de
preconcebida que
impulsiva e violenta do Príncipe afundasse em meio da viagem,
"Independência
e o de ou afogando os três san-
grito grandes
Morte!". Assim, naquele formo- tistas. Estranho modo de ser
ao dia 7 de setembro de 1822, grato!
o Brasil inteiro nada sa- José Bonifácio sofreu essa vi-
quando
bia ainda do que se passava, São agem indescritível, infame, e
Paulo e os paulistas já sabiam mais cinco anos de exílio na

que êle estava livre, separado, França.

independente de Portugal.

Estava fundada a Pátria, cria- O POETA


da a Nacionalidade, e coroada a

obra de José Bonifácio de An- Embora desde 1813 e 1814, já


drada e Silva, realizada em dois colaborasse José Bonifácio em
anos de atividades políticas. e verso na
prosa primeira gaze-
Era, também, o máximo um ta literária do Rio de Janeiro —
que
"O
homem poderia fazer sua Patriota" — e desde
por muito
terra, sem perseguições, sem antes disso, ao tempo de estu-
convulsões e sem sangue. dante, antes da partida para
Portugal e como universitário
O REVERSO DA MEDALHA em Coimbra, êle já produzisse

poesias líricas e românticas, al-


Ingratidão — Expulsão e Exílio também heróicas; na
gumas foi

França, durante os cinco anos

Entretanto, os inimigos do de exílio, teve expansão


que
Brasil e dos Andradas nunca mais notável o seu estro poético.
"cri-
perdoariam o triúnfo e o De um lado, a saudade da Pá-

me" de José Bonifácio, mãos da- tria e da família; de outro lado

das com os retrógrados e coloni- os recalques, a revolta; e de ou-

alistas do português, tro, ainda os últimos lampejos


partido
crescendo aí o movimento sub- da sua natureza voluptuosa: tu-

terrâneo contra êle. O próprio do ísêo, aliado à sua necessidade

D. Pedro, Imperador seu de expansão cultural, conduziu-


pelo
esforço, depressa esqueceria o o à publicação de uma obra, as
"Poesias
que lhe estava devendo e que avulsas de Américo

tantas vêzes reconhecera. A 12 Elysio", onde apareciam tam-

de novembro do ano seguinte bém inúmeras traduções de Os-

(1823) dissolveria a Assembléia sian, de Hesíodo, Píndaro, Vir-

Constituinte do Brasil, onde bri- gílio, ao lado das suas composi-


JOSE BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 87

ções, muitas de real valor poéti- las preciosas crianças, como o


co e expressional, que o filia- único homem e amigo a quem
vam, segundo Ronald de Carva- sentia poder e dever confiar a
lho, à "Escola Mineira" (2.° pe- proteção e o futuro de seus fi-
ríodo da literatura brasileira), lhos, principalmente do herdei-
e mais um volume enfeixando: rc do trono. Era a reparação.
"A Poesia. A Amizade", odes
clássicas, e a sua "Ode aos Gre- PERSEGUIÇÃO E PROCESSO
gos", logo depois. Apresentava-
se então em pleno apogeu, o po- Absolvição e Triunfo
eta do "Tamoio" e do "Patriota",
do "Reino da Estupidez" e de De novo o despeito dos inimi-
tantas outras produções, mais gos e da mediocridade desafeta
tarde rematadas com as "Canti- entrou em ação contra José Bo-
gas Bucólicas" e o poema "A nifácio. Enredaram-no, resolve-
Dissolução", de 8 cantos em ver- ram desmoralizá-lo e destituí-lo
sos soltos, tão contrastantes em da tutela dos filhos de D. Pe-
gênero, forma, estilo e sentimen- dro I, que embarcara para Por-
to poético. tugal — onde passaria a ser rei,
Somente a 23 de julho de 1828, com o título de D. Pedro IV —
a galera "Phoenix" traria José acusando-o por falsos testemu-
Bonifácio de volta à Pátria. nhos, do crime de "traição à Pá-
tria". A 15 de dezembro de 1833
RETIRO E EXALTAÇÃO realizaram uma marcha ao Pa-
lácio Imperial, prenderam José
Tutor dos Príncipes Imperiais Bonifácio e o remeteram como
um criminoso vulgar, em custo-
Triste e desencantado, o Pa- dia, entre simples soldados e ofi-
triarca nada quis com a Corte ciais menores, para a Ilha de
e com os políticos brasileiros; re- Paquetá, para longe daquele
tirou-se para São Domingos de povo que poderia, de repente, li-
Niterói, onde viveu mais de dois bertá-lo.
anos em solidão. Entretanto, Mas tarde, o grande Andrada
em 1831, quando o orgulhoso foi levado a um miserável ban-
Imperador, por sua vez, foi posto co de réus, com testemunhas
fora do poder pelo povo, levado forjadas e mentirosas, para um
a abdicar em favor de seu filho, julgamento que supunham lhe
o futuro Imperador D. Pedro II, fosse desfavorável e fatal. Não
então uma criança, foi de José lhe faltaria essa coroa de martí-
Bonifácio que se lembrou para rio moral. Sua defesa diante do
a tutela de seus filhos, também grande júri foi feita pelo Conse-
do próprio Imperador-menino, lheiro e Desembargador Cândido
chamando-o a Palácio, humi- Ladislau Japiassu que empolgado
lhando-se diante do grande An- pela causa e pelas luzes da Jus-
drada disposto ao perdão, e en- tiça, confundiu as testemunhas,
tregando-lhe, como Tutor, aque- desmoralizou os seus depoimen-
88 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tos, provando-lhes a falsidade e Rio de Janeiro, seguindo anos


o mercenarismo, convidando por mais tarde para Santos onde se-
fim os jurados a absolverem a- ria recolhido ao Convento de
quêle homem "Pai
extraordinário que Nossa Senhora do Carmo, pri-
ali estava, o da Pátria", o meiro junto ao Altar-mór, depois .
"Patriarca da Independência do no adro ou pátio do Convento, '
Brasil" (títulos que ali, em sua e, finalmente, (em 1924) no
Panteão dos Andradas, construí- j
presença, lhe foram conferidos :
e confirmados por todo o Tribu- do pela Municipalidade, na ala
nal) que os vis inimigos queriam esquerda do mesmo convento, \
condenar por tal forma. E José onde se acham também, desde
Bonifácio foi unânimente absol- aquele último ano, os dois ir-
vido, saindo do banco dos réus mãos — o Conselheiro Martim
em triunfo, e ainda mais glori- Francisco Ribeiro de Andrada e
ficado. Não puderam crucifica- o Padre Patrício de Andrada —
lo, como a Jesus. ausente apenas Antônio Carlos,
C cuja sepultura não se localizou
DESENGANO E NOBREZA no jardim-cemitério do Mosteiro
de São Bento, no Rio de Janeiro,
Morte do Patriarca pela inutilização e perda (des-
cuido) dos seus antigos letrei-
Aqueles fatos, porém, soma- ros e epitáfios.
dos aos fatos anteriores, lança-
ram terrível desgosto na alma
de José Bonifácio. Entornava- CONSIDERAÇÕES FINAIS
se o cálice das amarguras ime-
recidas e sem base; e aí, em vez José Bonifácio foi o único bra-
de tornar à política para vingar- sileiro que teve a honra de uma
sé dos seus inimigos, como po- estátua inaugurada a descoberto
deria ter feito naquela oportu- pelo próprio Imperador D. Pe-
nidade, preferiu retirar-se para dro II, no dia 7 de setembro de
a Ilha de Paquetá, onde já esti- 1872 (cincoenta anos depois da
vera em retiro forçado, ali vi- façanha da Independência), oca-
vendo mais cinco anos, os últi- sião em que o grande Imperador
mos que lhe restavam de sua pronunciou as seguintes pala-
vida gloriosa. vras:
Falecera José Bonifácio a 6 de
abril de 1838, com setenta e cin- "As nações engrandecem-
co anos de idade, não longe da- se com as homenagens
li, em São Domingos de Niterói, prestadas a seus varões
para onde fora doente. De acôr- ilustres. José Bonifácio de
do com sua última vontade, suas Andrada e Silva é digno da
vísceras foram enterradas em veneração que lhe tribu-
Niterói, e seu corpo embalsama- tam todos os brasileiros, e
do foi recolhido às catacumbas eu lhe consagro como gra-
da Ordem Terceira do Carmo no to pupilo".
JOSE BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 89

Em 1839, um ano após sua jornalísticas, 1 livro de poesias e


morte, o Dr. Venâncio José Lis- diversos poemas, sem esquecer a
boa, Primeiro Presidente da Pro- sua formidável "Representação
víncia de São Paulo, em solene Sobre a Escravatura", que foi o
homenagem a sua memória, as- primeiro projeto de extinção do
sinou a lei n.o 122, de 26 de ja- cativeiro no Brasil e lhe valeu,
neiro daquele ano, elevando em parte, as perseguições dé
Santos à categoria de CIDADE, 1823, base do abolicionalismo
"por ser
terra de José Bonifácio prático dos paulistas, adotado
de Anãrada e Silva", e a primeira a partir de 1824, verdadeiro ca-
Câmara Municipal de Santos, tecismo de humanidade, liber-
após a Proclamação da República, dade e justiça, que as gerações
considerou aquele dia 26 de ja- escolares de hoje deviam conhe-
neiro como o DIA DA CIDADE, cer entre os seus primeiros es-
síntese de todos os seus feitos tudos. Não é de esquecer tam-
e de toda a sua história. Mais bém o seu "Projeto de Constitui-
tarde, quando pela Lei 638, de ção para o Império do Brasil",
16 de setembro de 1920, se criou onde já constavam tôdas as
em Santos o BRASÃO DE AR- grandes conquistas liberais-soci-
MAS da cidade, nào se esquece- ais que Rui Barbosa efetivaria
ram os legisladores de incluir na Constituição e nas Leis da
nele a faixa ou banda verde e República.
amarela, "em diagonal sobre a Foram os seguintes, os títulos
esfera armilar, lembrando os na- e cargos de José Bonifácio de
cionalistas revolucionários de Andrada e Silva, em ordem cro-
1821/1822, a Independência, as nológica:
còres oficiais do Brasil, e home-
Bacharel em Direito — Bacha-
nageando a figura histórica de
rei em Filosofia e Ciências Na-
José Bonifácio legítimo autor da- Universidade
turais (Pela de
quela Independência. Coimbra — 1787) — Membro da
Academia Real de Ciências de
OBRAS E TÍTULOS Lisboa (1789) — Membro da So-
José Bonifácio produziu 75 ciedade Filomática de Paris
obras de tomo, sendo três ainda (1791) — Membro da Socieda-
inéditas, em português, inglês, de dos Amigos das Ciências Na-
francês e alemão, algumas tra- turais de Berlim (1797) — Mem-
duções do grego clássico e do la- bro da Academia Real das Ciên-
tim (Ossian, Hesíodo, Píndaro, cias de Stockolmo (1797) —
Virgílio), estudos químicos, mi- Doutor em Direito, por carta ré-
neralógicos, geológicos, botâni- gia de 15 de abril de 1801, com
cos, ictiológicos, memórias cien- cs pêlo oferecido pela Rainha —
ti ficas diversas, apontamentos Cavaleiro Professo da Ordem de
históricos e etnográficos, discur- Cristo, por carta regia de agôs-
sos parlamentares e panegíricos, to de 1801 — Membro da Acade-
viagens, centenas de produções mia Real de Ciências de Cope-
coleções epistolares, descrições nhagen (1801) — Membro da
90 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Academia Real das Ciências de Conselheiro de Estado no-


por
Turim — Membro da meação de D. João VI
(1801) (1820)
e da So- — Vice-Presidente do Govêrno
Sociedade Werneriana

ciedade Linneana de Londres da Província de São Paulo


— — Ministro
(1802) Membro da Socieda- (1821) de Estado do

Reino — Ministro
de de Ciências Físicas e História de Estado dos

Gênova — Negócios Exteriores ou Estran-


Natural de (1802)

Membro da Sociedade de Ciências geiros (Carta régia de 16 de ja-


de Filadélfia neiro de 1822) — Conselheiro
Filosóficas (1802)
Lente de Metalúrgica na Uni- de Estado nomeação de D.
por
Coimbrá — Pedro I — Grão Mestre
versidade de (18031 (1822)

Intendente de Polícia da Cidade do Grande Oriente do Brasil

Pôrto — Desembar- (1822, 1831 a 1838) — Grão


do (1806)
da Relação e Casa do Pôr- Mestre do Grande Oriente
gador
— Coronel do Bata- Unido do Brasil a 1831) —
to (1806) (1822

lhão dos Estudantes de Coimbra Vice-Presidente da Assembléia

contra as forças de Napoleão Constituinte do Brasil (1823) e

durante a invasão de Portugal — depois seu Presidente (Junho de

1823) — Deputado à Assembléia


Superintendente do rio Mondego
Superintendente Geral Bahia — Tu-
das Obras pela (1824)

Públicas de Coimbra — tor dos Filhos menores de D. Pe-


(1807)
dro I de abril de 1831) —
Fundador e Membro da Socieda- (6

Marítima de Lisboa — Membro Honorário da Academia


de (1807)
Conselho de Poli- Imperial de
Medicina do Rio de
Presidente do
— "Pai
Divisão de Janeiro (1832) da Pá-
cia e Segurança da
"Patriarca
a ¦— tria" e da Indepen-
Trant (durante guerra)
dência do Brasil" -
Coronel do Batalhão dos Estu- (1833) (con-
sagrados durante o seu julga-
dantes de Coimbra contra as
mento) e outros de menor im-
forças de Napoleão durante a

invasão de Portugal — portância.


(1808./
"História
1810) — Superintendente da Al- (Compilado da de

e Marinha no Pôrto Santos" de Francisco Mar-


fândega
— dos Santos —
Cel. Comandante do tins pelo pró-
(1809)
Corpo Acadêmico na defesa de autor).
prio
— Sec. Perpétuo
Lisboa (1810)

da Academia Real das Ciências


JOSÉ BONIFÁCIO E A
de Lisboa (1812)—Membro da
MARINHA NACIONAL (*)
Sociedade Geológica de Londres

— Membro da Socieda-
(1815)
Juvenal Greenhalgh
de Werneriana de Edimburgo

— Membro da Sociedade
(1815)
Muito poucos foram os
Mineralógica de Yena que,
(Jena)
da Marinha, tomaram na
1815 — Membro correspondente parte

do Instituto de França — Só-


(*) Conferência realizada no Instituto
cio Correspondente da Academia Histórico e Geográfico Brasileiro 17
em
de Ciências de Paris — de de 1963.
(1819) julho
JOSE BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 91
íntegra, na propaganda e na antes da transladação para o
luta que levaram à declaração Brasil da Corte de D. Maria I.
da Independência em 1822. Dês- Estava no seu auge por ocasião
ses poucos, nenhum houve em do retorno dessa Corte para a
posição de relevo nesses aconte- Europa, aonde se fizera acom-
cimentos. Das lojas maçônicas, panhar pelos poucos navios de
principais centros de atividade guerra da velha esquadra por-
dessa campanha libertadora, não tuguêsa aqui existentes, que
saiu qualquer voz isolada ainda podiam fazer-se ao mar.
par-
cipante, que estivesse ao Servi- O que foi deixado no Brasil,
ço da Marinha. considerava-se imprestável ou
De todos, o que teve mais sa- difícil de recuperar. De sete
liente foi o major do Corpo de naus, oito fragatas, doze corvetas
artilharia da Marinha Pedro Jo- e inúmeros brigues e escunas,
sé da Costa Barros, que tomou só se puderam aproveitar: uma
parte na conspiração no grupo nau, a Martins de Freitas, cons-
liderado por Gonçalves Ledo e truída no Brasil, na Bahia que,
Clemente Pereira. Costa Barros sob o nome de Pedro I, foi o ob-
teve carreira política acidenta- jeto material que mais concor-
da, mas náo brilhante. Exerceu reu para a grandeza territorial
funções legislativas e executivas, e unidade política do Brasil de
tendo sido Ministro da Marinha hoje; duas fragatas, a União,
por dois dias, apenas, em no- também construída na Bahia,
vembro de 1823 após a dissolu- que passou a chamar-se Ipiran-
Ção da Assembléia Constituinte. ga ou simplesmente Piranga e
Resignou ao lugar, receioso de a Sucesso que passou a denomi-
prejuízos para sua família que nar-se Niterói; duas corvetas
se achava no Norte, em meio Maria da Glória e Liberal e uma
hostil ao Imperador. Mas ainda meia dúzia de brigues ou escu-
assim esse major não era de for- nas e todos eles após passarem
maçao naval, pois viera do Exér- por grandes reparos no Arsenal
cito, transferido, em 1818, para de Marinha do Rio de Janeiro.
a Brigada de Artilharia da Ma- A fragata Real Carolina que
rinha. sob o nome de Paraguaçu tomou
A ausência da Marinha, essa parte na campanha da Inde-
célula mater das Forças Arma- pendência, fora das que tinham
das em tão magno acontecimen- acompanhado D. João VI a Lis-
to, explica-se, boa, mas que para aqui regres-
pelo máximo es-
tado de deteriorização em sara na esquadra do Chefe Ma-
que se
achava nessa conjutura, sem ximiliano de Souza que viera
material e sem pessoal. buscar o Príncipe, sendo, por
A decadência da pequena es- este, mandada agregar às forças
quadra que Portugal conseguira navais destacadas no Brasil.
organizar após sua restauração Quanto ao pessoal, a situação
da suserania espanhola, em 1640, não era melhor. Da pequena
começara no princípio do século, parte da velha oficialidade por-
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tuguêsa não regres- rante no Brasil


que quisera e reduzido nú-
sar com a Côrte Lisboa, só mero de brasileiros
para natos. Dês-
uma reduzida tes, o capitão de mar
porcentagem po- e guerra
dia ser aproveitada. Composta, Luiz da Cunha Moreira, o futu-
na sua totalidade ro Visconde de Cabo
quase por Frio, ma-
homens velhos e doentes rinheiro de boa cêpa,
que, teve a hon-

por falta de atividade no mar, ra de ser o Ministro


primeiro da
haviam o seu antigo es- Marinha do Brasil independente.
perdido
de ofensiva, sua adesão à
pírito
Quanto à marinhagem, a
Independência exprimia mais o
massa era e de má
portuguêsa
comodismo de permanecer no
qualidade. Completava-a redu-
País onde já haviam criado raí-
zida porcentagem de brasileiros,
zes do que o entusiasmo de or-
broncos e ignorantes, bisonhos
ganizar uma nova
pátria.
na vida do mar da qual, quem
Dos noventa e oficiais
poucos não era escravo ou liber-
preto,
portuguêses que optaram
pelo to, tinha sido recrutado nos an-
Brasil até 31 de dezembro de tros mais sórdidos das cidades
1822, vinte e três foram logo re- litorâneas.
formados invalidez, em abril
por
Do valor dessa
de 1823. guarnição já
&e tinha conhecimento mis-
O havia pela
que além dessa velha
são que, em 14 de julho de 1822,
oficialidade era Da-
portuguêsa
fora confiada à flotilha do Che-
vid Jewett, antigo oficial da Ma-
fe de Divisão Rodrigo Antônio
rinha Americana aqui apa-
que
de Lamare e cujo era
recera no comando propósito
do brigue de
o de conduzir ao Norte o Gene-
guerra por nome Maipu. Êsse
ral Labatut com um contingen-
brigue no como capitão de
qual,
te de forças terrestres re-
corso, para
fizera Jewett, ao serviço
forçar os lutavam
patriotas que
de Buenos Aires, a campanha
na Bahia e também, fazer o
para sua independência, foi
bloqueio de Salvador im-
comprado para
pelo próprio Impera-
pedir os socorros
dor, que pudessem
que o ofereceu à Marinha
ser enviados da metrópole, em
com o nome de Caboclo, sendo
Lisboa, ao General Madeira.
Jewett admitido ao serviço na-

vai a 6 de outubro de 1822, com É conhecida a história dessa


a graduação de capitão de mar missão naval. Mal desempenha-

e guerra. Êsse norte americano da na sua a se-


primeira parte,

que chegou até o Almirantado gunda não ser cumprida.


pôde
no Brasil, foi o oficial Nos encontros teve a flotilha
primeiro que
estrangeiro contratado ser- Delamare com os navios antagô-
para
vir na Marinha Nacional. Além nicos nada resultou.
portuguêses,
dêsse, havia alguns oficiais de Afastavam-se, evitando o comba-
origens francesa, entre os te, logo se avistavam. Nem
quais que de
se deve salientar Teodoro de lá nem de cá, havia
qualquer
Beaurepaire, nobre francês .vontade de lutar
que por parte do
também atingiu o de almi- comando e da oficialidade.
pôsto E
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 93

essa foi a boa sorte da flotilha na Bahia, e êsses foram os na-


do Príncipe, se o comba- vios encontrados flotilha
porque pela
bate fôsse engajado, a marinha- Delamare; as corvetas Dez de

gem portuguêsa entrara em Fevereiro, Regeneração e Res-



conluio entregar os navios tauração cada uma com 24 ca-
para
ao inimigo, sacrificando, se canhões, o brigue Audaz com 18,
pre-
ciso, seus oficiais. o brigue Prontidão com 16, su-
Foi a revela-

ção desse estado de espírito das maca Conceição com 6 e barca

guarnições levou Delamare, Constituição jcom 13. Sete na-


que
após consulta vios, nenhum de com 127
em conselho de porte
guerra de oficiais, a regressar ao canhões, devendo ser de calibres
Rio de Janeiro sem muito os 19 canhões
ter cumpri- pequenos
do a da sumaca e da barca. Eram,
parte principal da missão

que lhe fôra confiada. forças


portanto, perfeitamente
Devo equilibradas e só a
aqui aproveitar a opor- predominân-

tunidade cia do sentido


fazer uma corre- pátrio português
para
nela existente, impediu se
ção, apoiada em algarismo, na que
combatessem.
asseveração unânime dos
quase
Assim, na ocasião em a
historiadores, mas que
que é falsa,
Independência foi
de Delamare proclamada,
que regressou ao
aquela marinha que se dizia na-
Rio de Janeiro
por serem muito
cional, era apenas uma marinha
superiores às suas, as forças na-
dissidente, sem âni-
vais portuguêsa
antagônicas encontra-
que mo e também sem re-
ra • patriótico
Nessa ocasião, o General materiais combater
cursos para
Madeira ainda não havia recebi- então, relativa-
e vencer a, já aí
do^ os consideráveis reforços que mente esquadra
poderosa portu-
a êle destinara o Governo em Lis- sob o comando do Al-
guêsa, que
boa e a fôrça naval de dis- mirante Felix de Campos, domi-
que
punha êsse na Bahia, nava, de Salvador, a costa norte
general,
era tão insignificante até embocadura
como a- brasileira, a do

quela que lhe opôs o Amazonas.


príncipe
na flotilha Delamare. se
Isso pode Não seria a
preciso privilegia-
fàcilmente Bonifá-
provar, comparando da inteligência de José
o número de a sua celebrada e incon-
navios de dis- cio ou
que
punha as duas nações e o de ca- testável visão de estadista,
para
nhões neles compreender a necessidade de
montados, cujos ca-
libres eram modificar rápida e radicalmente
idênticos. A floti-
lha Delamare tal situação se houvesse
compunha-se: da propó-
fragata União sito de dar unidade à nova na-
com 52 canhões,
corveta Liberal com 24, corveta e consolidar sua indepen-
ção
Maria da Glória com 22, brigue dência.

Reino Unido com 16. Ao todo Em verdade, a Independência


4 navios, sendo um de a
porte, proclamada pelo grito do Ipiran-
fragata União, com o total de 114 em 7 de setembro
ga, de 1822,
canhões. Os tinham só encontrou
portuguêses éco na
pequena
94 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

parte do território do antigo rei- senal de Marinha do Rio de Ja-

no do Brasil compreendia a neiro as necessárias obras.


que para
capital, e as do Rio de Essa de Lis-
províncias providência partira
Janeiro, São Paulo e Minas Ge- boa, desde as Cortes Cons-
que
rais. No sul teve êsse tituintes haviam sentido no
grito pou-
ca repercussão, mas no seu ex- Príncipe as atitudes
primeiras
tremo, na Cisplatina, de desobediência. Ordem viera
província
encontrou resistência neces- para reparar os navios e despa-
que
sitou de força naval ser chá-los Lisboa. O receio
para para
vencida. No Norte, principal- era de êles vir a
que pudessem
mente na Bahia, Maranhão e servir ao Príncipe, como, aliás,
Pará, numeroso e forte aconteceu. Assim, a de-
partido quando
de portuguêses, na de to- cisão aqui foi tomada, a
posse provi-
dos os cargos de mando e apoia- dência consistiu em intensificar

do por forças militares, terres- os trabalhos de reparos ou de

tres e navais respeitáveis, aba- reconstrução a estavam


que já
fava com violência, a reação dos submetidos êsses navios.

patriotas. Passou então o Arsenal a tra-


Praticamente só se balhar dia e noite. Conta Macy
podendo
fazer por mar, as comunicações Graham, a notável cronista na
entre a sede do Império e essas história sul-americana:

províncias, o domínio dêle era

a condição essencial e indispen- "O


Príncipe chegava a
sável para que a soberania na- bordo tôdas as manhãs, às
cional se pudesse sobre elas 6 horas, apressava os ar-
exercer, integrando-as na unida- madores, intervinha nos
de nacional, após expulsar navios
pelo de provisão, exigia
mar e para o mar, as forças rea- impossível
o dos tanques
cionárias da antiga metrópole. de água, balançava-se pelas
Para isso, era preciso organizar cordas até as
de convés
a Marinha Nacional e foi o que mais baixas partes do po-
todos compreenderam e rão, recusando o au-
passa- todo
ram a se esforçar.
xílio de escadas ou outras

Nesse ao comodidades e, na sua ale-


propósito, quanto
material, era preciso aproveitar gria, trazia a Imperatriz
pa-
no necrotério dos navios ainda ra bordo, a fim de compar-

flutuando o que fôsse aproveita- tilhar do nôvo prazer, que


vel e, concomitantemente, acres- ela apreciava cordialmente".

centar a êsses navios, outros

que seria preciso adquirir. O entusiasmo do Imperador a


Da primeira encarre- todos contagiava, até as camadas
parte,

gou-se pessoalmente o Impera- dos servidores mais humildes.

dor. É preciso dizer que havia Deu-se nessa ocasião um fato iné-

tempo já se tinham selecionado dito e nunca mais repetido de


os navios a serem aproveitados dedicação e em cen-
patriotismo
e que estavam entregues ao Ar- tros de atividades de serviços
pú-
DE ANDRADA E SILVA 95
JOSÉ BONIFÁCIO

Micos, revelado mais o sôldo dos militares,


pela comunica- grave,
çao fez Inspetor do Arse- classe de que tanto precisavam
que o
íial de manter sua de in-
Marinha ao Ministro para política
que
n° Mês "não
de dependência.
janeiro (1823)
•tinha Essa apertura financeira
havido falta em nenhuma que
aas tanto influiu sôbre a vias trilha-
pessoas empregadas no ar-
senal das atingir-se a indepen-
e tem vencimentos para
que
mda mesmo dência, vinha de longe e tornou-
deixando de vir
trabalhar". se estado normal durante todo

Primeiro Reinado Imperial.


A execução o
da segunda parte
aquisição Já em 17 de de 1821,
de novos navios e julho
munições — em carta dirigida a D. João VI,
de esbarra-
guerra
ya diante o Príncipe Regente
à situação fi- informava
péssima "aos
uanceira voluntários d'El-Rei,
em se encontrava que:
que
0 Pais. vinte e seis meses do
O Banco do Brasil, fun- devem-se
"em
dado sôldo" e Santos a
D. João VI, órgão cen- seu que
por
trai levantou-se e quis que se
das finanças do País, achava- tropa
-se o se lhe devia,
em estado latente de falência, lhe pagasse que

como não havia com que, foi


Produto de sucessivas direções e

mábeis casa de um rico e


e ímprobas. O à pagou-se
papel
moeda suas mãos; depois o gover-
por êle emitido desvalori- por
zara-se se opor com os ma-
em mais de 50% havendo nador quis
e então houve mortes
quase desaparecido lastro me- rinheiros
o
talico venceram os soldados, que rou-
correspondente havia e
que,
anos, meteram a dois na-
se ia esvaindo cobrir bando pique
para
0 estavam sair, um
dejicit escambo vios que para
permanente do
exterior Lisboa e outro não sei pa-
e pelo que correra para para
°s com de ....
bolsos e mi- ra onde, prejuízo
da família real
lhares 000 cruzados entre ambos".
de nobres 1821, 2 000
que, em
as de
haviam O Também guarnições
retornado a Portugal.
na sua cam-
Tesouro Cochrane, primeira
Nacional estava exaurido
durou cêrca de 8
e não as que
podia refazer-se porque panha,
meses, cuja valia não se pode
Províncias não reconheciam
que
em moeda dela resul-
a autoridade medir pois
do Príncipe e acata-
vam ,tou a integração das províncias
a das Cortes de Lisboa, e
norte na comunidade nacio-
eram do
quase todas, a êle não re-
colhiam não havia recebido até seu
Por nal,
nenhuma renda.
seus ao Rio, nem um ceitil
cofres regresso
vazios, mas obrigado
a seu sôldo, só foi pago, e
manter do que
a vasta organização
administrativa em meses depois.
criada me- parte,
para
trópole, No relatório apresentado à
havia sido, do reino
que
unido, Legislativa, em 1826,
não o Govêrno Assembléia
pagava
aos o Ministro da Marinha, Miguel
fornecedores e ia deixando
tm atrasos de Souza Melo e Alvim dizia
de meses e, vê- que
por
Zes, "à
de do oficialidade e guarnições da
anos, os vencimentos
funcionalismo esquadra do Rio da Prata, se
civil e, o era
que
96 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

deviam 10 a 11 meses dos seus forços, em parte frustrados por


vencimentos e soldadas". Trata- esse estado de ruína financeira
va-se das guarnições que acaba- empenhados em obter, na In-
vam de se empenhar na dura glaterra, tais recursos.
camapanha da Cisplatina, com Em 4 de outubro de 1822 auto-
mais de 50% de oficiais e mari- rizava José Bonifácio, em carta,
nheiros estrangeiros mercená- ao Marechal Felisberto Caldeira
rios, explicando o não recebi- Brandt, o futuro visconde e mar-
mento da paga pela qual com- quês de Baròacena, que fora no-
batiam, a facilidade com que se meado nosso encarregado de
alistavam na marinha inimiga, negócios junto à Corte Britânica,
quando por ela aprisionados. em Londres a aceitar, em nome
Para prover a essa situação e tío Príncipe, a proposta que fize-
angariar os recursos necessários ra o comandante James Thom-
à aquisição de navios e muni- pson de aprontar, no espaço de
ções de guerra, propuseram um mês, a contar da data or-
Gonçalves Ledo e Luiz Pereira dem que lhe fosse dada, duas
Nobrega ao secretário da Fa- fragatas de 50, com munições de
zenda Martim Francisco de An- guerra e de boca e duzentos ma-
drada, irmão mais moço de José rinheiros de tripulação. Nessa
Bonifácio, que se recorresse a autorização, especificava o Mi-
uma subscrição popular, o que nistro:
foi aceito. Embora tivesse o po-.
vo acorrido a esse apelo com en- "V. Sra.
fará os ajustes
tusiasmo e patriotismo, o que se convenientes examinando
arrecadou ficou muito abaixo do previamente o estado das
que se necessitava. ditas fragatas; e assinará
Evidentemente, José Bonifá- também as comissões para
cio como Ministro do Império, os oficiais, podendo garan-
cujas funções eram, de fato as tir-lhes o cumprimento de
dt Primeiro Ministro, superinten- tudo o que fôr convencio-
dia ou aprovava as medidas nado".
que se tomavam em todos os de-
partamentos do Governo, mas Acusando o recebimento dessa
como Ministro dos Estrangeiros, determinação, dizia Caldeira
cabia-lhe, pessoalmente, o trato Brandt, em carta de Londres de
dos respectivos negócios, entre 16 de dezembro desse ano:
os quais avultava, no tema des-
ta conferência, a aquisição, fora " Não tenho expressões
do Brasil, de navios e materiais para agradecer aquelas com
navais assim como ó recruta- que V. Exa. me honra no
mento das guarnições, oficiais e ofício de 4 de outubro (José
marinheiros estrangeiros, para Bonifácio elogiara na caria
suprir as insuficientes e inefi- a colaboração que Caldeira
cientes que possuíamos. Brandt vinha dando ao Go-
É interessante conhecer os es- vêrno, principalmente no
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 97

que se referia ao reconheci- vrando V. Exa. do risco de

roento Inglaterra do as de ita-


pela fazer guarnições
Brasil independente), mas lianos degradados ou portu-
infelizmente nada traidores. Quanto
quase guêses

posso V. Exa. aos oficiais de pequenas pa-


fazer porque
continua a esquecer-se de tentes, não há dificuldade,

alguma sôbre mas a marinheiros


providência quanto
os fundos necessários há a maior possível: porque
para
expedições de tanta impor- êles não guardam segrêdo

tâncAa. comuni- e a lei é cruel como verá de


Quando eu

a documento incluso impres-


quei V. Exa. a proposição
do Capitão Tompson tive o so. Cheguei a oferecer 15 £

cuidado de explicar êle homem contanto que


que por
exigia aqui de levassem 450 para guarne-
garantia que
os ajustes seriam cumpri- cer a nau Cão (era o no-

dos no Brasil. Ora, como me da nau Pedro I,


popular

eu dar não com o nome de


posso garantia quando
tendo dinheiro deposi- Martim de Freitas, tinha
para
tar, nem ordem o um cão na sua figura de
para pe-
dir emprestado ou autori- pagando-se no Rio, e
proa),
dade expressa sôbre havendo muitos que se ex-
qual-
modo de haver ao risco da em-
quer fun- pusessem
dos ?" nenhum se expor
presa, quis
' ao de pagamento. Nestas
\
Mas circunstâncias, apareceu fe-
não só a aquisição de na-
lizmente Antônio José Mei-
se tornava difícil sem haver
yios
a disposição a reles Sobrinho pedindo uma
do comprador

quantia a recomendação para V. Exa.


necessária; também
yinda a fim de obter o Consulado
de marinheiros esbarrava
nas Sô- de Liverpool. Prometi con-
mesmas dificuldades.
bre êsse em 27 correr para o despacho uma
assunto escrevia,
de dezembro Caldeira vez que no espaço de um
de 1822,
Brandt mês, mandasse o Rio
a José Bonifácio: para
seiscentos marinheiros ao

Não que se obrigou de boa von-


Illmo. e Exmo. po-

dendo a compra tade e desempe-


verificar prometeu

das nhar à minha satisfação.


fragatas pelas fortíssi-

mas razões expedidas na Como porém há viver e

minha carta de 7 de novem- morrer dei a ordem que se-

br o e ofício de 16 do correu- gura o pagamento sem meu

te, tormentos à mi- comprometimento. É pois


dei mil

nha des- entendido que a palavra


imaginação para
cobrir mandar ao cultivador significa mari-
meios de

menos e ofi- nheiro. Se V. Exa. tivesse


marinheiros

ciais os dêstes homens na Esquadra


que guarnecessem
vasos nossa Marinha, li- de Alamar (Delamare)
da já
98 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

estaria desde agosto acaba- com a condição de serem sa-


da a guerra da Bahia. Sen- tisfeitos a nesta
prazos Côr-
do os marinheiros a cousa te, o está
para que V.Sa.
-precisa
de que mais se no autorizado a oferecer tôdas
esperança de esta me- as seguran-
que garantias para
dida será muito aprovada do trato. Se
ça porém não

por V. Exa. e de conseqüen- consegui-las,


puder sacará
te benefício à Nossa Inde- sôbre o Tesouro Público des-

pendência". ta Província a se
prazos,
nesse tempo não tiver con-
traído em Londres algum
Assim, não tendo ad- empréstimo a
podido favor do Bra-

quirir, por falta de dinheiro, as sil, a o


que facilite V. Sa.
íragatas oferecidas à Marinha, meio de fazer entrar nêle o
tomou Caldeira Brandt a inici- importe das ditas fragatas".
ativa de contratar oficiais e .ma-

finheiros inglêses, na certeza de Caldeira Brandt não le-


"rauito podia
que a medida seria apro- var a efeito a compra êsse
por
vada Ministro do Império.
pelo modo. O de
processo pagamen-
Antes de ter recebido esta to do Rio, mostrava
proposto
carta de Caldeira Brandt, anun- logo o comprador não dis-
que
ciando o contrato de oficiais e de dinheiro e nem de
punha
marinheiros e a frustração na crédito obtê-lo os inglê-
para e
compra das duas fragatas, José ses só faziam negócios seguros,
Bonifácio expedia-lhe uma outra tratando-se do
principalmente
datada de 3 de novembro dêsse Govêrno de um País cuja inde-
ano (1822), na lhe deter- ainda não havia sido
qual pendência
minava: reconhecida nenhuma outra
por
nação.
"fazer
... aprontar com- Não obstante a diligência, a
por

pra, ou em último caso boa vontade e até o dispêndio


por
ajuste de serviço temporá- de tiradas de seu
quantias pró-
rio, mais de bôlso com Caldeira
quatro fragatas prio que
50 ou 54 cada uma, artilha- Brandt colaborar
procurava pa-
lhadas e prontas com as ia a organização da esquadra,
competentes guarnições e seus esforços não foram perfei-
tudo o mais que fôsse ne- tamente reconhecidos Go-
pelo
cessário para entrar em vêrno Imperial, José
que por
combate". Bonifácio assim se manifestava

em carta de 8 de abril de 1823:

Quanto ao pagamento da im-


"..
portância dessa transação, acres- .A respeito das fragatas,
centava José Bonifácio: cuja compra S.M.I. Orde-

nou que V. Sa. efetuasse,


"
... seria desejável foi com o maior desgosto
que
V. Sa. celebrasse os ajustes o Mesmo Senhor no
que
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 99

momento em as espe- número de oficiais sem va-


que
rava, recebeu a notícia de sos embarcarem. Con-
para

que havia abortado êste tudo, S.M.I. Ordenou com


negócio, 'principalmente a sua Costumada
o- Grande-

correndo se achava re- za êles fossem admiti-


que que
servado em cofre a impor- dos convenientemente, e

tância delas, de maneira com grande vantagem no

que as letras contra o serviço da Marinha do Im-


que
Tesouro Nacional se sacas- e com efeito
pério grande
sem seriam hoje vagas. Foi saiu na última ex-
parte já
igualmente muito sensível naval largou
pedição que

que V. S.a remetesse os deste porto".


marinheiros com ajustes de

soldadas superiores às Como se vê, o Govêrno Impe-


que
os mesmos vncem no. Ma- rial manifestava ao seu agente

rinha Inglêsa; e demais em Londres, de a alguns


permeio
com logo seus elogios, seu desgosto não se
principiar por
vencimentos antes de haverem comprado as fragatas,
prin-
cipiarem a servir. Todavia o era injus-
que profundamente
S.M.I., crédito do to. O motivo alegado o fra-
para para
Govêrno, em cujo nome V. casso da operação-falta de di-
Sa. tem obrado, não nheiro, não havia sido tomado
põe
dúvida em mandar lhes a- em consideração, agora
pois o
bonar tudo V. Sa. Tesouro estava habilitado
quanto para
tem estipulado. Prescin- as letras fossem saca-
pagar que
dindo desta circunstância, das contra êles, isto é: havia

foi muito estimada e opor- agora dinheiro o


para pagar que
tuna a vinda destes mari- se houvesse adquirido fiado, mas

nheiros, com eles se os inglêses não vendiam fiado.


pois
ajudou a tripular a nossa O contrato de marinheiros com

esquadra; e a soldo acima do que


prontidão poderiam ga-
com V. Sa. nhar na Marinha de seu
que procedeu próprio
mereceu tôda a Aprovação País a êle fazendo jús desde sua

e Louvor de S.M.T., da Inglaterra, foi outro


que partida
assim o Manda expressar a fato que' também não havia a-

V. Sa. sua satisfação. gradado ao Govêrno Imperial.


para
Já não assim agradável Mas ninguém crer se
foi pode que
a vinda dos 6 oficiais achar, na Inglaterra,
que pudessem
V.Sa. também remeteu e marinheiros que se alistassem

ajustou, as Instruções servir em marinha estran-


pois para

lhe servem de regula- geira ao preço


que pelo qual poderi-
mento e ofícios am servir em sua mari-
posteriores, própria
só exigem oficiais de mari- nha, ou que se sujeitassem a

nha no caso de virem as nada receber durante o tempo

fragatas, se evitar o em que viajassem o País


para para
inconveniente de avultar o estrangeiro onde se haviam
para
100 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

engajado, no caso do Brasil, gestão ou conselho, sua colabo-


que
representava sempre mais de um ração a defesa dos interês-
para
mês. Também desagradara, co- ses do Brasil.

mo está declarado nessa carta, Em memorandum enviado nes-

o que é um fato nôvo os sa época a José Bonifácio, ao su-


para
historiadores navais, o contrato gerir algumas medidas re-
para
de oficiais na Inglaterra, pelir ataques dos
pare- portuguêses,
cendo assim, só marinhei- lembrou a conveniência de con-
que
ros fôra Caldeira Brandt autori- tratar servir na Marinha
para
zado a contratar, dependendo o Brasileira o Almirante inglês
de oficiais da vinda das novas Lord Cochrane, na ocasião no
fragatas. comando das forças navais chi-

O fato é a falta de fundos lenas, lutavam indepen-


que que pela
o cumprimento dos ordens dência de seu País do domínio
para
recebidas foi o mais ator- da Corôa Espanhola.
que
'sua
mentou Caldeira Brandt na Não aceitou logo José Bonifá-
missão na Inglaterra. cio essa sugestão. Demorou mes-

Ainda nas vésperas de seu re- mo em tomá-la. Datado de maio

gresso ao Brasil, escrevia êle a o memorandum de Caldeira

José Bonifácio em 12 de Brandt, só em novembro dêsse


julho
de 1823: ano fêz o nosso cônsul em Bue-

nos Aires — Antônio Manuel Cor-


"... —
Seria a minha satisfa- reia da Câmara o convite a

cão completa se às expres- Cochrane. Talvez José Bonifácio,

sões com V.Exa. apro- na esperança de encontrar entre


que
vou minha conduta sôibre os almirantes ade-
portuguêses
a remessa de marinheiros, sistas, um chefe capaz, hesitasse

ajuntasse alguma sobre a em entregar a um estrangeiro

remessa de encargo de tão transcendente


fundos para pa-
das despesas, mas importância para os destinos da
gamento
a tal respeito não diz V. nacionalidade. Mas de-
quando
Exa. e eu não sei cidiu-se, tomou,
palavra, pessoalmente,
como deixar Londres sem tôdas as providências que per-
ou dar aos mitisesm ao chefe convidado, de-
pagar fiança
credores do Governo dicar-se exclusivamente à sua
que
olham minha alta missão.
para pessoa
como garantia de seus con- Tais entendiam-
providências
tratos . se até com a vida do
particular
Lord, no Brasil, sua tranqüili-

Antes de ter, na Inglaterra, dade e sua segurança, como pro-


alguma missão especial do Go- vam as que mandou tomar sôbre

vêrno Brasileiro, já- Caldeira a vigilância na casa que man-

Brandt, de Londres onde se a- dara preparar na Ladeira da

chava desde junho de 1821 em Glória a moradia do Almi-


para
caráter particular, mandava a rante e que fôra, dias depois de

José Bonifácio, a título de su- sua chegada, assaltada la-


por
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 101

drões.
Mandava êle ao Ministro surta no mas,
pôrto, principal-
"a Marinha: mente com a aquisição do bravo

e astuto marinheiro Lord Co-


"Constando e a de oficiais
chrane plêiade que
que a casa que
se com êle vieram, suspendeu a es-
mandara aprontar para
Lord brasileira para sua prodi-
Cochrane na ladeira da quadra

Glória campanha que durou, ape-


assaltada giosa
fôra por
ladrões nas, alguns meses e finda a qual,
na noite de ontem,
talvez tinha sido expulsas ou afugenta-
pela isolação em que
se das as forças militares ou civis
acha situada, o tor-
que
na reacionárias portuguêsas das pro-
necessário ali al-
postar
víncias dominavam no Norte
guma escolta militar, ou ao que
do País sua integra-
menos haver uma ou mais permitindo
na comunidade brasileira.
ordenanças às ordens do ção
Então, a Marinha, que não to-
mesmo Lord as aliás
quais
mara na conspiração e na
parecem competir-lhe parte
pelo
luta a Independência até
pôsto vai ocupar, Man- para
que
sua proclamação, tornou-se o
da S.M.I. Secretaria
pela
agente da sua unidade
de Estado dos Negócios Es- principal

trangeiros e consolidação.
o Ministro
que
e Secretário dos Negócios Em 9 de novembro de 1823, en-

da Marinha haja de man- trava Cochrane no Rio de Janei-

dar às ordens de Lord ro a bordo da Pedro I, de regresso


pôr
Cochrane um oficial inferi- da sua gloriosa campanha. Che-

or do Batalhão de Artilha- êle na ocasião em atin-


gava que
ria de Marinha, ou o o apogeu a crise
que gia política que
conveniente, com a se iniciara com a demissão dos
julgar
brevidade recomenda o Andradas .do poder, em
que julho
objeto. Paço, 20 de março Mal se completavam
passado.
de 1823. José Bonifácio de três dias em que a Pedro I havia

Andrada e Silva. lançado ferros na Guanabara e

era a Assembléia Constituinte

Sem dissolvida e demitia-se Luiz da


as fragatas mandadas
comprar Cunha Moreira do Ministério da
por José Bonifácio, que
tanto a Marinha, o único ministro
poderiam ter abreviado que
campanha e restava do antigo gabinete e
da Independência que
apenas aqui abandonava o pôsto não con-
com os velhos navios por
existentes Arsenal cordar com essa medida. O Go-
e reparados no
de Marinha vêrno foi então assumido
do Rio de Janeiro; por por-
com tuguêses, ocupando o lugar de
os oficiais e marinheiros
mandados Brandt e Ministro do Império acumu-
por Caldeira que
com outros José lava com a da Marinha,
contratados por pasta
Bonifácio os Vilela Barbosa, o futuro Marquês
aqui no Rio, entre

quais deve mencionado o bra- da Paranaguá.


ser
vp John ofi- Simpático
Taylor, na ocasião como o Imperador,
ciai "Doris",
da fragata inglêsa ao restabelecimento da união en-
102 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tre os dois reinos, passou Vilela o Lord mas também contra seus
Barbosa a hostilizar todos aque- principais auxiliares.
les que a isso eram contrários. Ao bravo Taylor, que na Nite-
Cochrane e seus oficiais, que le- rói perseguira a esquadra portu-
vavam a sério a independência guêsa até a barra do Tejo, foi
do Brasil e as instruções que ha- imposta a pena de prisão por
viam recebido de José Bonifácio seis meses e a perda, no dobro,
eram o seu principal alvo. Por do montante do quinhão que lhe
todos os meios se procurava des- cabia, em favor dos donos de
gostar o Lord e suas tripulações. quatro embarcações portugue-
Al.m de não se lhes pagar o sas que por êle aprisionadas no
soldo atrasado e presente, não se seu caminho para Lisboa, ti-
lhes dava o produto das presas, nham sido mandadas incendiar
fraudando-se a lei, aliás univer- pela impossibilidade de levá-las
sal, que dá aos capoteiros a pro- a algum porto brasileiro..
priedade integral da proprieda- Grenfell, o herói naval que na
de inimiga por eles captada. Pa- idade de 27 anos, tomou a res-
ra dar forma legal a esse verda-
deiro furto, foi organizado um ponsabilidade e dela se desem-
tribunal, chamado de presas, penhou, de com um pequeno
brigue de não mais de cento e
composto de treze membros, dos poucos homens de guarnição,
quais nove eram portugueses, trazer para o Brasil a província
que sempre julgavam como não do Pará e com ela toda a vasta
legítimas as que a esquadra efe- região amazônica, dominando o
tuada alegando os mais fúteis mais sangrento cenário das lu-
pretextos para esse julgamento tas para a Independência, foi
a fim de beneficiar seus propie- tratado de maneira aviltante.
tários, todos portugueses. Ao chegar ao Rio na fragata
As presas que para aqui eram Imperatriz cuja construção ter-
mandadas para serem julgadas minara reforçando assim a es-
e leiloadas para que o produto quadra brasileira de mais uma
fosse rateado entre os captores, unidade, teve, na sua ausência
eram propositadamente deixadas de bordo, sua câmara invadida
ao léu e as mercadorias, também e arrombado o cofre por agentes
legalmente pertencentes aos que do Governo de onde levaram di-
haviam captado os navios, se nheiro e documentos ali guar-
deixavam roubar ou se desvia- dados. Em seguida, subtraído
vam para a terra. com esses documentos, os meios
Levou sua ousadia esse tribu- de defesa das acusações que lhe
nal a ponto de considerar o Pri- faziam, mandaram-no prender
meiro Almirante passível de cas- na- sinistra presiganga instalada
tigo corporal, pela sua ação na na nau Príncipe Real. Para es-
campanha da Independência. capar dessa abjeção, teve de re-
Toda a sorte de perseguições, fugiar-se em uma fragata inglê-
provocações e injustiças foram sa que se achava no porto.
então praticadas não só contra Este clima de hostilidade e
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 103

desconsideração
criado perador, desesperava-se, como
pelas
altas autoridades do Go- bom chefe, em não conseguir
^ais
verno,
expunham o Almirante ao não apenas seus in-
justiça para
desrespeito,
até de simples ofici- terêsses, mas também para os
ais subalternos, como se seus subordinados. Pediu então
pode
Pela tomada demissão do cargo para mostrar
providência pe-
1Ver
lo Imperador
diante de desacato a êsses subordinados o seu pro-
provindo de um simples tenente testo.
°u capitão do Exército: A demissão estêve ser a-
para

ceita. Pensava o Gabinete que


"Manda
S.M. o Imperador submetido o Norte, não havia

pela Secretaria dos Negóci- conservar um empregado


que
os da Marinha remeter ao tão caro e incômodo aos inte-

Ministro dos rêsses Entremen-


e Secretário portuguêses.
Negócios da Guerra o ofício tes, levantam-se os pernambuca-
incluso do Primeiro Almi- nos. O movimento torna-se ex-

rante Comandante em Che- tremamente sério pelo aspecto

fe dos Forças Navais dêste separatista e republicano


que
Império, no foi tomado. Nunca Cochrane
qual, queixan-
do-se com tornou-se tão necessário. Inter-
de desatenção
êle ontem veio pessoalmente o Imperador
praticada pelo
oficial da Fortaleza da La- êle continuasse no ser-
para que

seja me- viço. Impôs então condições,


ge, pede que este
tido em Conselho de Guer- generoso, muito reduziu,
que,
ra responder se- aceitando que se pagasse, em
para por
melhante a apenas, o que se devia de
procedimento, parte
de tomar êste objeto sôldo atrasado às guarnições.
fim
na devida consideração. Reorganizou a esquadra e par-
Paço, em 20 de junho de tiu o Norte. Mas não
para já
1824. Francisco Vilela Bar- era o mesmo Cochrane da pri-
bosa. meira campanha. Tinha perdi-
do a fé na gratidão e nas justas
A simpatia votava o Im- recompensas do Govêrno Brasi-
que
perador a Cochrane, livrando-o leiro aos seus sacrifícios e aos
Por vêzes de muito yeus serviços. Em frente a Reci-
golpes pesa-
dos era mas lhe
apenas fe, talvez porque repugnas-
pessoal,
nada fazia civis
êle protegê-lo sem lutas ou porque, co-
para
nas suas atitudes nhecendo as deficiências do Go-
políticas.
Dessa maneira, foi-se dissol- vêrno que servia, encontrasse
v'endo razão nos em se
a fôrça naval organizada pernambucanos
ap tempo Ofi- revoltarem frouxamen-
de José Bonifácio. procedeu
ciais aban- te e acabou retirando-se do blo-
e marinheiros foram
donando volta a sujeitara a cidade,
os navios, uns de queio que
a Europa de sem ter causado dano
e outros à procura qualquer
wovos em- aos revoltosos.
emprêgos. Cochrane,
b°ra Im- Depois, como vele-
sensível às atenções do é sabido,
104 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

jou para o Norte e no Maranhão, quem primeiro pronunciou a pa-


um pouco forçadamente pagou- lavra independência, no reque-
se a si e a seus comandados de rimento por êle redigido, no qual
parte do que se lhes devia o Go- o Conselho de Procuradores pe-
vêrno. Afinal, avisado pela Im- dia ao Imperador a convocação
peratriz Leopoldina da felonia da Assembléia Constituinte. Mas,
que lhe preparava o Gabinete à no decreto também redigido por
sua volta ao Rio, em verdadeira Gonçalves Ledo, que, em virtude
fuga, abandonou o Brasil e o desse requerimento, foi expedido
serviço na Marinha. para essa convocação, chamava-
A mudança da atitude do Go- se a assembléia de luso-brasili-
vêrno face a Cochrane e a seus ense e dava-se para sua motiva-
"a matança da integridade
oficiais, com a saída de José Bo- çao:
nifácio do poder e a entrada de da monarquia portuguesa e jus-
Vilela Barbosa, e a correspon- to decoro do Brasil. Ao definir
dente diferença que se mostrou seus objetivos declarava: "para
entre o Cochrane com José Bo- . constituir as bases sobre que (o
nifácio e o Cochrane com Vilela Brasil) deve erigir sua indepen-
Barbosa, forenece o subsídio na- dência, que a natureza marcara
vai para o esclarecimento histó- e que já estava de posse, e a sua
rico das posições que assumiram união com todas as demais par-
D. Pedro e José Bonifácio face tes integrantes da grande famí-
à Independência: suas aliança, lia portuguesa, que cordialmen-
sua amizade, suas incompatibi- te deseja".
lidades e, afinal, sua desavença. Nessa declaração tinha então
Como é sabido, ainda largo a palavra "independência" o sig-
tempo após a organização do nificado de igualdade e não o de
ministério, no qual em 16 de ja- emancipação.
neiro de 1822, começou José Bo- A revolta dos brasileiros era
nifácio, como ministro, sua vida assim contra as determinações
das Cortes de Lisboa, que pre-
pública no âmbito nacional, nin-
guém queria a independência no tendiam fracionar o Brasil em
significado de separação absolu- um aglomerado de províncias
ta de Portugal. Nem o Príncipe, ultramarinas, que seriam todas,
nem José Bonifácio e nem os direta e separadamente, subor-
que se mostravam mais agi- dinadas ao Governo da metrô-
tados ou mais exaltados com as pole, em Lisboa. O que se que-
ria, brasileiros e portugueses
determinações que vinham de
Lisboa para o Brasil. Nem mes- aqui radicados, era a continua-
mo Gonçalves Ledo, um dos li- ção política e jurídica, de igual-
deres dessa facção e que chegou dade e autonomia, já conquis-
mais tarde a ser acusado por Jo- tada com a entrada do Brasil na
sé Bonifácio de republicano e união dos reinos de Portugal e
até de anarquista e por isso con- Algarves, pela sua eleição a rei-
denado, com outros, à prisão e. no, em 1815.
ao exílio. Foi Gonçalves Ledo Enquanto as hostilidades das
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 105

Cortes
de Lisboa se manifesta- Sua hostilidade era apenas con-
vam,
apenas, contra o Brasil, tra as Cortes de Lisboa que me-
•Manteve-se realeza, humi-
o Príncipe Regente noscabavam a
obediente e anulando o e a êle,
às ordens de lá vi- lhando pai
que
nham herdeiro, reduzindo a
chegando a fazer de o Príncipe
juras
fidelidade de
e lealdade, escritas um Capitão-mor província
com seu a um rapazinho
sangue. ultramarina ou
próprio Quan-
do, de adquirir instru-
porém, na sua imprudência e necessitando
mabilidade, vir a executar sua fun-
passaram essas Côr- ção para
tes a Só contra êstes
também hostilizar o Prín- ção de rei. por-
cipe, sua se manifestavam sua
aliança com o Brasil tuguêses
tornou-se Aos outros, ao res-
forçada e automática hostilidade.

para combater o inimigo se to da nação institu-


que portuguêsa,
fizera comum. ioões ou indivíduos
públicas por-

Desde ticulares, não lhe davam o co-


então, com as medidas
ração ou os interêsses, motivos
pada vez mais compressoras que
iam inimizades. Assim, seus
tomando contra o Brasil e para
o Príncipe, atos de contra Portugal
foram-se acirrando guerra
os foram frouxos e dúbios e caíram,
ódios contra essas Cortes, que
D. no seu desagrado, como também
Pedro, nessa altura, cha-
mava no dos ministros escolheu
de: facciosas, horrorosas, que
Maquiavélicas, após a dissolução da Assembléia,
desorganizadoras,
hediondas todos aqueles, que, como Co-
e O grito
pestíferas.
do Ipiranga chrane, cumprindo ordens rece-
foi a trans-
gôta que
bordou bidas, o faziam ao da letra,
do cálice de indignação pé
do Brasil tratando os portuguêses como
e do Príncipe, diante
das inimigos. Francisco Gomes da
últimas medidas, humilhan-
tes Côr- Silva, homem de cultura e cora-
e opressivas, daquelas
tes, fiel, a quem os historiadores
chegadas ao conhecimento ção
de D. em cami- teimam em aviltar chamando-o
Pedro quando "chalaça"
nho de S. Paulo, pejorativamente, por
Santos para
encontrava-se margens da- e que conhecia como ninguém
às

rio. os sentimentos íntimos do Im-


quele pequeno
"Me-
perador, declara em suas
Até a da Inde-
proclamação "S.
mórias" M. não deixa-
pendência, D. Pedro e José Bo- que:

nifácio ami- va de queixar-se extremamente


estiveram juntos,
da necessidade em se vira
S'os e aparentemente aliados. que
Ultrapassado de manter essa aparência de
acontecimen-
pelos
tos hostilidade".
e não o Brasil,
para perder
como lhe recomendara o Enquanto tinha D. Pedro um
pai,
salvando-o ao mesmo tempo da ambíguo, ini-
procedimento que,
anarquia, foi D. Pedro levado a mizando-o com os brasileiros le-

aderir, ao vou-o, afinal, à abdicação, José


provisoriamente, par-
tido nacionalista, mantendo sem- Bonifácio, tomando a sério a in-

pre, no entanto, a idéia de reu- dependência, agia no sentido da


nir novamente os dois reinos. separação absoluta dos dois rei-
106 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nos o que conseguiu, realizan- sé Bonifácio na fôrça executan-


do, em seguida, a unidade e a te, o espírito de ofensiva, sem o
consolidação, usando da Mari- nenhuma ação militar che-
qual
nha como agente, nessa última à vitória, o
ga que proporcionou
e magna tarefa. a Cochrane e suas a
guarnições
Desde então, acentuou-se en- realização da extraordinária

tre D. Pedro e José Bonifácio o campanha, finda a entra-


qual,
visceral antagonismo de idéias iam todos os brasileiros, os da

e ideais se havia estabele- independência, os de hoje e,


que pra-
cido e que, tratando-se de ho- za aos céus, os do futuro, na

mens temperamentais e autori- do é seu maior


posse que patri-
tários, como eram ambos, teria mônio — êste belo País, na sua
de levar, como levou, a uma dis- unidade e imensa ter-
grandeza
sociação realizada explosivamen- ritorial.

te.

Assim, o a Nação deve a


que
José Eonifácio através a Mari-

nha Nacional, não foi a idéia de DISCURSO PRONUNCIADO PE-


organizá-la, isso estava na LO VICE-ALMIRANTE MARIO
pois
convicção de todos e nem foi, COSTA FURTADO DE MEN-
também, o muito fêz DONCA, NO DIA 13 DE JUNHO
que para
dotá-la de navios e respectivas PP. NA ESCOLA SUPERIOR

guarnições, tomando iniciativas DE GUERRA

ou aceitando sugestões. O gran-


"Precisamente
de serviço por êle prestado, está há dois séculos,
nas Instruções que, através do no dia de hoje, havido de Boni-
Ministro da Marinha, Luiz da fácio José de Andrada, de sua
e
Cunha Moreira, deu a Cochrane digníssima consorte, Dona Ma-
o desempenho de sua mis- ria Bárbara da Silva, nascia, na
para
são, seria, diziam essas Ins- então modestíssima Vila de San-
que
trações: demandar a Bahia, tos, aquêle a os fados da
quem

pondo aquele pôrto em rigoroso dariam a condição


predestinação
bloqueio, destruindo ou tomando de ser, um dia, o Patriarca da
tôdas as forças portuguêsas Independência, o Pai da Pátria,
que
encontrar e fazendo todos os da- o Fundador das nossas institui-
nos aos inimigos do militares, aquêle a os
possíveis ções quem
Império. E não só propósitos brasileiros cônscios do seu dever
definidos se con- nesta data, numa demonstração
perfeitamente
tinham nessas instruções como de civismo, de reveren-
gratidão,
também carta branca ciam no bicentenário de seu nas-
para
"obrar
como fôr conveniente con- cimento — José Bonifácio de
tra as forças inimigas.- Andrada e Silva.

Dando assim à campanha Homem Inteli-


que privilegiado.
a Marinha ia empreender o ser tudo o
gência precoce, pôde
cunho nacionalista de suas Jovem, no
pró- que quis. prepara-se,
prias convicções, imprimiu Jo- Brasil, o ingresso na esco-
para
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 107

superior. Estuda de Volta, famoso físico, desço-


Retórica e o
^
Filosofia.
Dedica-se às línguas bridor da pilha úmida acidula-
vivas.
Seus biógrafos afirmam da, de cobre e zinco.

que sua ilustração neste Suficientemente de-


particu- preparado,
lar era "che-
a mais assombrosa: dica-se à análise do solo em dife-

Sou a falar corretamente seis rentes regiões da Europa. In-


idiomas
diferentes e a compre- vestiga depósitos que a Terra
ender seu seio descobrin-
perfeitamente onze". Fre- em
guardava
qüenta, em Portugal, onde do na Escandinávia doze novos
para
em 1783, a Universidade minerais.
^ajou
ue Coimbra. Aí cursa Filosofia mineralogista
Sua fama como
Natural
e Direito. Classificaram- ultrapassava o domínio do co-
ft°> "principal
figura acadêmica mum. Seus estudos eram co-
seu tempo". Impõ-se, desde na
nhecidos na França, Itália,
logo,
como homem de saber. É Alemanha, na Bélgica, Ho-
na
chamado
às lides funcionais do landa, Dinamarca, etc.
Estado.
Ingressa a seguir, São dez anos. Era
pelas passados
mãos do Duque de Lafões, influ- tempo de retornar a Portugal.
ente vulto das Cortes Portuguê- Criam, êle, em Coimbra, a
para
sas, seu amigo e na cátedra de Metalurgia e
protetor, Geog-
¦^-cademia
de Ciências de Lisboa. nosia, a ilustrou com lu-
qual as
® a
quando sua estréia começa zes de seu saber, êste mesmo sa-
brilhar
no horizonte da Inteli- ber lhe exigiu esforço e lhe
que
gência. deu capacidade para acumular
Inicia, então, centros seis atividades distintas lhe
pelos que
Wais cultos indicado exauriam as energias:
da Europa, atividades

Pela Academia, uma longa científicas, umas; administrati-


pe-
regrinação vas, outras.
científica.
Liga-se, em Paris, à Escola de Vem a época da invasão de
Lavoisier, seus co- Portugal tropas de Junot,
aperfeiçoando pelas
uhecimentos de Bo- essa invasão iria ser a causa
de Química, que
tânica futura da transmudação do ci-
e de Mineralogia, oportu-
uidade os ensina- entista em Invasão
em que escuta político. be-
bentos Fourcroy, néfica nós brasileiros
de Chaptal para por-
Jussieu ci- abriria dentro
e Haüy, renomados que em as
pouco,
entistas do Mundo
da época. portas para uma nova

Transfere-se Freyberg, Nação, um nôvo Império.


para
ua Saxônia, Academia José Bonifácio cumpre, ante o
em cuja
^e Ciências o famo- invasor, o seu dever cívico. Alis-
pontificava
so mineralogista Got- ta-se como major, chegando a
Abrahão
tlob Bonifácio tenente-coronel.
Werner. José

junta-se aí, como condiscípulo e Cessada a refrega, o nosso ho-


auiigo, Von Hum- menageado de hoje,
a Alexandre como certi-
boldt, ficam seus
o futuro e extraordinário os geógrafos, está no
Mineralogista alemão. fastígio de sua situação de cien-
Em Paris, Itália, faz-se aluno tista de internacional.
prestígio
108 revista marítima brasileira

São-lhe outorgadas as maiores Jussieu, de Werner, e de Volta,


honrarias com o seu ingresso nas enriquecer o patrimônio cientí-
mais reputadas entidades de fico com valiosas descobertas
Ciência da Europa. É assim que mineralógicas, granjeando no-
vamos encontrá-lo na Sociedade meada entre os primeiros natu-
Filomática de Paris e na de His- ralistas do seu tempo; José Bo-
tória Natural da mesma cidade; nifácio que regressava a Portu-
na Sociedade de investigadores gal — segundo a frase de Lati-
da natureza, de Berlim; na Aca- no Coelho — "festejado por na-
demia Real de Ciências, de Es- cionais como uma das suas gló-
tocolmo; na Sociedade Minera- lias, saudado por estranhos co-
lógica, de Viena; na Academia mo um consumado sabedor, ins-
Real de Ciência de Turim; na crito nos seus catálogos pelas
Sociedade Weneriana, de Edim- mais notáveis academias que o
burgo; na Academia Real das igualam na honra e veneração
Ciências, de Copenhague ; ' na aos cultores mais ensinentes da
Sociedade Lineana, de Londres; ciência contemporânea". Até
na de Ciências Físicas e História aqui falamos da conduta correta
Natural, de Gênova e na de Ciên- de José Bonifácio que, abando-
cias Filosóficas, de Filadélfia. Do nando os variados e honrosos
Instituto de França, o mais fa- encargos em que o investira o
moso da época, era sócio corres- governo se pôs em armas para
pondente na respectiva Acade- repelir a invasão francesa, do
mia de Ciências. que êle próprio dá testemunho,
Quase uma centena de traba- em discurso histórico que profe-
lhos diversos, afora os que se riu como secretário da Acade-
perderam constituiu a contribu- mia de Ciências de Lisboa, di-
ição desse homem extraordiná- zendo: "Em tão arriscadas cir-
rio para as letras da Ciência e cunstâncias mostrei, senhores,
da cultura humanística. que o estudo das letras não des-
Até aqui vimos, perfunctòria- ponta as armas, nem embotou
mente José Bonifácio como Ho- um momento aquela valentia
mem-Ciência, homem de cultu- que sempre circulara em nossas
ra excepcional, como um privi- veias, quer nascêssemos aquém
legiado da Inteligência; José ou além do Atlântico..."
Bonifácio que deixara na afir-
mação de Silvio Romero, os ban- O PATRIARCA
cos da velha universidade coim-
brã, bacharelado em lei e filoso- Do lado de cá, já coroado rei,
fia, para palmilhar a Europa, D. João VI sente que os laços
então conflagrada pelas cam- que uniam Portugal e Brasil es-
panhas da última década do sé- tão ameaçados de se desfaze-
culo XVIII, confinando o seu rem.
largo espírito às profundas pes- Realmente, a coincidência da
quisas que lhes permitiram, co- Revolução Pernambucana de
mo discípulo de Lavoisier, de 1817 com os primórdios do Mo-
JOSE BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 109
vimento Constitucionalista de dia durar muito tempo..."; que
1820 em Portugal, se S.M. tinha saudades do ber-
qual,
afirma Luís Osório, peloa antiga
Metrópole exacerbada ço de seus avós, regressasse a
pela he- Portugal; mas se queria ter a
gemonia brasileira procurou rei- glória de fundar um grande e
vwdicar seus
privilégios, prova poderoso Império, e fazer da na-
Vie o Reino Unido de Portugal, ção portuguesa uma das"ficasse
maio-
-Brasil e Algarves, como retarda- res potências do globo
ria solução adotada, no Brasil", e acrescentou: onde
ciente para satisfazer fora insufi-
as aspira- Vossa Majestade ficar é seu;
Çes brasileiras bem como para a outra parte há de perder.
dirimir as de Portugal Homem indeciso, não se mos-
Gesde muitoqueixas
se considerando, trou o monarca capaz de uma
Pela inversão de papéis, reduzi- atitude definitiva. Contemporiza
°-o à colônia do Brasil, donde vi- na esperança de encontrar uma
miam, desde 1808, os alvarás e solução salvadora junto aos bra-
cartas regias sileiros, mostrando melhor dis-
nava. por que se gover-
posição para com eles. Vila No-
Todavia, opina Homero Batis- va Portugal, seu Primeiro Minis-
ta> daquele singular constituci- tro, sugere-lhe mandar buscar
onalismo, lá vitorioso, para o Governo, como seu aju-
que se tra-
para a antiga colônia em ex- dante, um brasileiro que, depois
^a
torsivo e de experimentado, pudesse vir a
prepotente despotismo,
*°i conseqüência imediata o de- ocupar a Pasta, substituindo-o.
Imir-se, de maneira radical, a A predestinação se incumbiria
diferenciação nacionalista entre de trazer José Bonifácio de volta
brasileiros e
portugueses, a que
se seguia necessariamente
à Pátria. Ordens são expedidas
a ar- a Portugal para que aquele qen-
Gente cogitação da independên- tista se transporte ao Rio de Ja-
Cla pela "Separação" da metrô- neiro. A História consigna a re-
P°le. A posição recíproca dos cusa do governo metropolitano
o°is países ofereceram duas so- europeu a cumprir a ordem do
luções: Portugal colônia do Bra- monarca, "temeroso de que o va-
sil, ou o Brasil colônia de Por- loroso Andrada viesse a convul-
tugal. sionar o Brasil, dadas as tendên-
Melo Morais que dispôs do ar- cias separatistas que timbrava
quivo de Vasconcelos de Dru- em proclamar". Insiste, porém,
^°nd, antigo secretário do Ga- o rei, e José Bonifácio chega ao
oinete do Ministro de D. João Rio de Janeiro em fins de 1819,
VI, Tomás Antônio Vila-Nova terra que deixara havia 36 anos.
p°rtugal, faz certo o seguinte: Volta saudoso do seu berço na-
Por ocasião da aclamação de D. tal, volta experimentado e dis-
João VI, aquele ministro falou posto a cumprir a missão histó-
Paramente ao seu rei e ao seu rica que o Destino lhe reservara.
^ttúgo, mostrando que "a união Não aceita participar das ati-
*•> Brasil com Portugal não po- vidades do Governo que lhe fo-
110 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ram oferecidas. Prefere retor- tornar à Pátria. Embora dese-


nar à sua vila, ao seio da como
própria jasse declarara, ao decli-
família, um repouso me- nar do convite
para para participar
recido. "ir
do Govêrno, viver e morrer
Volvamos à efervescência como simples
poli- roceiro no lugar
tica que dominava o momento. em nascera",
que não fu-
podia
Deixemos aqui fale Pedro "idéias
que gir ao fluxo das rom-
que
Calmon, com a sua autoridade cérebros"
pem e deixar de pôr-
de historiador insigne: se ao serviço dos lutavam
"A que
Maçonaria desenvolvia ten- mesmos
pelos ideais êle ?s-
que
táculos por todo o País( numa desde
posava muito: a emanei-
sublime junção de interêsse e da sua
pação Pátria. E partici-
energias, que podia articular, então,
pa, do drama nacional
num só movimento, o Brasil in- desenvolvido no espaço e no
teiro... Seu espírito de nacio- tempo.
nalismo é ela ainda'es-
patente, De ânimo mergulhado nesse
tá no berço e resistindo às pre- credo desenvolveu-se-lhe a traje-
tensões assimiladoras da congê-
tória do tribuno, assomando

nere reinol. Grandemente com-
formoso e luzente, vai e subindo
prometida em 1817, perseguida às amplidões da mais intensa ir-
daí em diante, condenada a fun-
radiação.
cionar num sigilo sobressaltado,
Demais, é ainda Calmon
cindida em correntes, adormece quem
o afirma, tinha José Bonifácio
até o findar de 1820. Seu des-
conhecimento como mais tarde
pertar é nacional em 21".
certificava ao Ministro da Áus-
"idéias
As do século", os prin- tria, de uma trama
perigosa di-
cípios democráticos franceses,
plomática que urdia a ex-metró-
encontram sadio e fértil o ter-
pole, e a uma vez
qual, perfeita,
reno do impressionismo brasilei-
grandes sacrifícios imporia à
ro. Germinaram fàcilmente com
obra nacional. Era a existência
a naturalidade das culturas a-
de um tratado ofensivo e defen-
dequadas, num rápido evolver
sivo de Portugal com a Espanha,
biológico, que era o es-
próprio contendo o compromisso da res-
pírito da nova sociedade em e- tituição de Montevidéu; a nego-
closao de forma. Tomam todos ciação de um empréstimo na In-
os cérebros, radicam fundamente
glaterra, sob a da Ilha
garantia
nas almas, expandem-se numa
da Madeira, obter recursos
para
propagação de cruzada, assu-
com que dominar a reação bra-
mem o caráter de religião cívi-
sileira...
ca, peiam no tôrno dos seus dog-
A Ciência, dominava
pois, que
mas todos os entusiasma-
jovens as idéias de José Bonifácio, cede
dos e arrebanham fanáticos nas lugar ao Político, figura
prepon-
próprias rodas oficiais da velha
derante de um de
grupo pátrio-
aristocracia
palaciana. tas apercebidos
para as exigên-
Esta a situação se esbo- cias complexas
que do momento.

çava ante José Bonifácio ao re- Êle sabia, como acentuou de-
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 111

pois Euclides da Cunha, o da colônia. As duas


que primeiras
rasil
era amplo de mais tinham o lastro uniforme das
para
os seus
poucos milhões de povo- crenças católicas triplamente in-
adores.
quinadas pelas superstições me-
Além
disto, à contigüidade dievais, feiticismo indígena e
pelo
erritorial,
delineada numa cos- animismo africano; e a úl-
pelo
a inteiriça,
contrapunha-se com- tima, caracterizando um estado
pleta separação em todo méri-
de destinos. semibárbaro que
Os vários agrupamentos em to estava na coragem pessoal e
Que se
repartia todo na militar
o povoamento prestígio glória
rarefeito,
envolvendo emperrada- repousava sôbre a escravidão.

sob o influxo longínquo Destarte, insulados no País


^ente
~os
alvarás da metrópole, e de vastíssimo em se
que perdiam,
todo
desquitados entre si, não os nossos da época e-
patrícios
tinham
uniformidade de senti- mancipadora tinham frágeis la-

e idéias os impelis- ços de solidariedade. Distan-


juentos que
sem
a na continuidade ciava-os as dis-
procurar profundamente
da terra a base física de uma cordâncias étnicas. A diretriz da
Pátria.
nossa História retorcia-se sem

Formações uma caracterização em


mestiças, surgindo precisa,
e uma movimentos estrita-
dosagem variável de três parcelados,
raças mente locais. E
divergentes em todos os punha-se de ma-
caracteres, nifesto um colorário único:
em as combina- a
que
Çoes díspares formação de algumas repúblicas
e múltiplas se en-
ípavesciam turbulentas, sem a afinidade
com o influxo dife-
lenciador íortalecedora da uma tradição
do meio físico, de par
COrn secular
as mais opostas condições profunda.

num desdobramen- Alguém, porém, cuja missão


pográficas,
to
de 35° de latitude — chega- é, hoje, incon-
prejudicial ponto
Varn,
ao alvorar da nossa idade, troverso, malgrado o brilho de
c°tti
os traços denunciadores de uma glória militar se discu-
que
Nacionalidades
distintas. te, sem o querer, ia realizar com-

Dizem-no dos pleta transmutação em nossos


todos os sucessos
tempos destinos: — Napoleão!
anteriores. Faz
O drama ter- transmigrar a Corôa o Bra-
da Inconfidência para
binara sil, invertendo, como vimos,
recentemente no sul, já
sem os fatores dominantes decorren-
que o seu desenlace trágico
comovesse tes da
o norte, onde, sua posição política que a se-
por
Vez, de do Reino lhe conferia
em remota, a luta mo-
quadra
contra mentâneamente.
os batavos se abrira e se
encerrara
com o divórcio com- Passados os treze anos de tran-
Pleto das meridionais.
gentes qüilidade governamental no Bra-
Entretanto, sôbre estas diver- sil D. João VI teve retornar
que
Sencias de ordem reina- a Portugal,
política decidindo-se agora
inteira uniformidade nas si- Pátria
)'a pela de origem, como era
tuações
mental, moral e social seu dever, embora sabendo que
112 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

o seu Reino se fragmentaria com medidas odiosas: li-


destruiu a
a perda do Brasil. berdade de imprensa, suprimin-
Os acontecimentos do os aplaudiam
que prece- jornais que o
deram a Independência não es- na véspera; e, com rigor excessi-
tão em jôgo, isso, e não vo, arredou da cena ruidosa
por para em
nos alongarmos em demasia, es- eram
que protagonistas, Clemen-
cusamo-nos de relatar. te Pereira, Gonçalves Ledo e Ja-

Foi Basílio de Magalhães, nuário da Cunha Barbosa, des-


cre-
mos, há anos, lançou na terrando-os o Rio da Prata
quem para
Imprensa alto contra e para a França.
protesto a
injustiça dos É que o homem vinga-
que procuravam grande
ferir a memória imaculada de ra, um lance o fastígio
genial,
José Bonifácio, subtraindo, ten- de uma crise, salvando a unida-
denciosamente, seu nome de da Pátria, afastando, talvez
glorio-
so de Patriarca da Independên- contra seu de vis-
próprio ponto
cia dos compêndios escolares. ta, os ideais republicanos
para
Entretanto, João Armitage, seu permitir a alternativa da inter-

contemporâneo, Latino Coelho, venção monárquica, foi de-


que
Oliveira Martins, Euclides cisiva, oportuna e benéfica".
da
Cunha, Clóvis Beviláqua, Olivei-
ra Lima, Rio Branco, Sílvio Ro- ORGANIZAÇÃO DA MARINHA

mero, João Ribeiro, Pedro Cal- NACIONAL

mon, Alberto de Sousa, Costa


Franco, Tarquinio de Sousa e Com a transmigração da Fa-
Lucas Boiteux, só citar ês- mília Real o Brasil, acom-
para para
tes, reconheceram nêle o estadis- panhou-a o havia, em Por-
que
ta do movimento. Clóvis Bevila- tugal, da Marinha de Guerra.
"A Aqui
assim o emoldurou: in- se estabeleceu e aqui ficou
qua
tarefa de o dirigir essa instituição sem evoluir.
gente (refere-
se ao movimento) estava reser- Com o retorno do Monarca, da

vada à alma de for- Marinha êle trouxe


peregrina que pouco,
mosura moral do sábio, do com- ou quase nada ficou, e êste pou-
do e filósofo co que restou, desorganizado, era
pleto político, poeta
afirmando o valor da nossa incapaz de uma ação decisiva
que,
raça na do e da na manutenção da Independên-
glória gênio
virtude, foi um dos tipos mais cia.

complexos e mais interessantes Chegamos ao fim. Nosso


pro-
da História da América, a é mostrar
que pósito que o desenro-
arremata Euclides da Cunha: lar dos acontecimentos após o
"foi
a notável missão de José Bo- Grito do Ipiranga, faria caber à
nifácio, cujo ministério salvou a Marinha o papel preponderante
revolução, com umo ter- de consolidar
política a nossa Indepen-
rível, de Saturno: esmagando os dência e de manter a unidade
revolucionários". da Pátria.

Sombream-no, com efeito, an- Vamos recorrer


para isso, à
te uma observação superficial, opinião dos historiadores:
JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 113

Diz "As
Armitage: cidades da navegação costeira era tôda fei-
Bahia, conseqüente-
Maranhão, Pará e Mon- ta por portuguêses,
tevidéu mandaram-se ordens a
permaneciam dominadas mente

Pelas tropas susten- Felisberto Caldeira Brandt, que


portuguêsas,
tadas sido nomeado Encarre-
por forças navais bem havia
equipadas, de Negócios do Brasil
como adiante gado em
porém
veremos Londres, engajar oficiais
a energia e a para e
previdên-
cia de condições
José Bonifácio haviam maruja, propondo-lhes
Preparado os meios serem a êles mui vantajosas".
para
Prontamente lançadas fora". Esta informação é reforçada
Diz mais estoutra de Alberto de Sousa,
adiante José Boni- por
que
fáeio mais autorizados
se havia oportunamente um dos pesqui-
compenetrado da vida dos Andradas:
da necessidade de sadores
expelir "Não
as forças de descansava, entretanto,
portuguêsas
todos
os pontos do Império que José Bonifácio nos seus ingentes
ainda
por elas eram ocupados... esforços de organizar uma esqua-

Aumentou a Marinha de Guer- dra de mais eficiente


guerra pe-
ra> e la sua homogeneidade, seu
fizeram-se a pelo
proposições
Lord resi- valor e reputação técnica
Cochrane, então pela
que
dia em Chile, con- do marinheiro a devesse
Quintera, no quem
vidando-o da confiar o respectivo comando.
a tomar o comando
Esquadra O Lord Era liquidar o caso da
brasileira. preciso
conveio, mesmas Bahia, antes de Portugal
impondo as que
condições havia to- chegasse novos reforços bélicos
sob as quais
niado esquadra e, ao mesmo tempo, aparelhar-
o comando da
chilena de se defender a obra da In-
com o aditamento para
lhe contra fu-
serem Govêrno dependência qualquer
pagos pelo
imperial tura tentativa recolonizadora de
sessenta mil du-
pesos
r°s, Chile, ex-metrópole". Refere-se a se-
que lhe devia o do
no caso à contratação de Cochrane,
serviços guir
que prestasse
a° "Enquanto,
Brasil. e concluiu: porém,

Antes chefe, tratava da reorganização das


da chegada dêste
ü antiga obser- forças de terra e mar, de
inércia se que
que
V£tva foi a do-
no Arsenal de Marinha precisávamos para jugular
substituída ativida- minação ao Norte,
maior portuguêsa
pela
^e; abriu-se vo- cuidava o Primeiro ministro de
uma subscrição
luntária da Ma- «xpedir os atos iniciais indica-
para o aumento
rinha foi dores de nossa nascente sobera-
de Guerra, e que pre-
enchida entusias- nia como independente.
com o maior pátria
mo. Todos vasos estavam É assim que no dia 18 de setem-
os que
desarmados se inclusi- bro foi expedido o decreto insti-
armaram,
Ve uma madei- tuindo a Bandeira Nacional e
única nau cujas o
r&s "não
se reputaram ainda em bom Escudo de Armas, só para
estado. "Foi,
contudo, impossí- que se distingam dos de Portu-
Vel tripular mari- e de Algarves, até agora re-
os navios com gal
Cheiros visto a unidos, mas sejam caracte-
nacionais, que que
114 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

rísticas dêste rico e vasto Conti- jos, navios e à frente dêles o in-

nente". trépido Cochrane".

"Não A isso acrescenta Tarquinio


divergem das afirmações
de Sousa:
anteriores os historiadores Cos-
"José
Bonifácio era obrigado a
ta Franco, João Ribeiro e o insig-
cuidar de assuntos transcen-
ne almirante Lucas Boiteux que
que
diam as suas atribuições no Go-
assim se expressa:
vêrno, embora o fizesse com
"D. pra-
Pedro lançara o retum-
zer e a,té inevitàvelmente, dado
bante Grito do Ipiranga. A guer-
o sem feitio transbordante e ab-
ra contra Portugal fôra declara-
sorvente. Mas o certo é o
que
da. Arregimentavam-se tropas
Imperador, inteligente
pôsto que
terrestres. A mocidade entusiás-
e com muitos dons de sedução
tica acorria às armas. Mas, a
não tinha experiência da
pessoal,
velha metrópole era senhora do
vida pública.
Mar.
Desde logo José Bonifácio se
"O
egrégio ministro e estadista convenceu necessidade de
da

que foi José Bonifácio, o Patri- criar uma Marinha de Guerra


arca, com a sua inteligência ar- seria instrumento
que capaz de

guta, com a larga visão dar remate à Independência e


política
de que era dotado, muito bem de colocar o País a salvo de pos-
compreendia que jamais alcan- síveis agressões e desembarques

çaríamos a cobiçada Indepen- de tropas da antiga metrópole".


dência sem uma Marinha forte, Como se viu, José Bonifácio
disciplinada, eficiente, capaz de revela-se o
naquela circunstância
varrer vitoriosamente dos nossos Patriota extreme, clarividente
e
mares as poderosas forças navais ao atribuir o comando-geral da
de Portugal, que mantinham li- Armada a Cochrane, se
o qual
vres e desafogadas as comunica- capaz tá-
patenteia o general e o

ções entre a metrópole e os pon- tico consumado soube tirar


que
tos estratégicos do nosso estira- do seu e da sua repu-
prestígio
do litoral e êstes entre si, ocupa- tação as vantagens da frota infe-
dos como se encontravam por rior, dispunha lutar
que para
destacamentos militares bem a- contra múltiplos navios inimi-

petrechados". gos.
E assim finaliza:
"Tanto
a Martim Francisco, Senhores:

como ao seu egrégio irmão José A ênfase que a Marinha bra-

Bonifácio, é a Marinha de Guer- sileira vem dando às comemora-

ra Nacional devedora de eterno ções nesta efeméride do bicen-

reconhecimento e de profunda tenário do nascimento da maior

Ao imortal Patriarca, e inconfundível figura da nossa


gratidão.
mercê de seu talento aliado à Independência, senão da nossa

clara do vero estadis- História — José Bonifácio de


percepção
ta, deve ela a sua organização e Andrada e Silva —, fazendo ce-

aparelhamento — oficiais, maru- lebrações, através dos seus re-


JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA 115

presentantes, no País e no exte- e as tradições di-


ções populares
ri°r,
deslocando inclusive navios násticas. Somente estas, mais
Para suas reve- tarde chegar à Re-
que guarnições permitiriam
lenciem "o
a memória do Patriarca conciliando entre
pública
próprio Panteão Progresso e a Ordem" que tanto
que guar-
dam seus restos sagrados, e on- almejamos para a felicidade da
e> também, a nossa nossa extremecida Pátria e para
primeira
autoridade
naval, Sua Excelên- honra de seu Fundador.
Cla
o Sr. Ministro da Marinha
estará
inaugurando, hoje, uma Desculpando-me de haver rou-

placa celebrativa e de agradeci- bado o tempo de Vos-


precioso
bentos com a imperfei-
da sua corporação, tem a sas Excelências
Uossa deverá
Marinha, repito, sobejas de uma oração que
ção
razões
assim rea- caber aos mais eruditos, aos que
para proceder,
lizando as letras,
ato de marcante têm vocação para e
justiça,
Posto rende culto à ver- não a mim que sou, apenas, ma-
que
dade histórica desejo agradecer a Vos-
face à obra reali- rinheiro,
zada Sr. Comandante
por José Bonifácio a sa Excelência,
para
grandeza da Pátria êle criou desta Escola que é cenáculo da
que
Una e eclética, Escola de
eterna. cultura luzes
Não vacilemos reconhecer, do aperfeiçoamento intelectual
em
como a insigne
diria Euclides da Cunha: e profissional, honra
"Somos
o único caso histórico com que me distinguiu ora-
, para
ae uma dor nesta solenidade.
nacionalidade feita por
uma Ao Patriarca da Independên-
teoria Vimos, de
política.
uru salto, da cia, ao criador da Marinha
da homogeneidade bra-
Colônia sileira, melhor diria,
o regime constitu- de nossas
para
ciorial. armadas, —
Dos alvarás as leis. instituições José
para
® ao na de Andráda e Silva —
entrarmos de improviso Bonifácio
0rbita reverência
dos nossos destinos, fize- a profunda e gratidão
fuo-io
com um único equilíbrio doi' seus pósteros nesta efemé-

Possível naquela o equi- ride comemorativa do bicentená-


quadra:
ubrio rio de seu nascimento."
dinâmico entre as aspira-
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS

Yapery T. de Britto Guerra

Cap. Mar e Guerra (EN)

INTRODUÇÃO nadas, são elas no entanto fun-

damentalmente diferentes, do
Antes
de 1914, a indústria de mesmo modo o são a cons-
que
reparações
navais era considera- trução e reparação de automó-
da como simples ramo da cons- veis e caminhões. Quem visitou
trução
naval. Duas Guerras Mun- uma fábrica de automóveis e
diais
e a de uma oficina de reparo, sabe
grande quantidade que
reconstruções,
conversões e re- nem sempre o equipamento uti-
conversões
se lizado é da mesma natureza,
que procederam e
durante
e depois de cada uma principalmente, o diver-
quão
delas,
serviram fixar o lu- sos são os devem
para problemas que
do reparo naval como indús- ser enfrentados e resolvidos.
j>ar
tria independente e deixar cia- A indústria de construção
a importância da sua contri- naval especialmente
J"a quando a
"Uição
para a economia das Na- construção é em larga escala, é
Ções Marítimas na Paz e na uma combinação de construção
Guerra.
e manufatura e inclui algumas
Muita no nosso Pais das características
gente de ambas. O
ainda
confunde construção com trabalho nas oficinas e as ope-
reparo
naval. Embora relacio- rações repetitivas de
produção

\ T>
K.Iniciamos, nêste número, a publicação parcelada do trabalho ESTALEIROS
REPAROS NAVAIS, de autoria do capitão-de-fragata Eng
^ Naval-YAPERY TU
p*ASSü
DE BRITTO GUERRA, técnico e estudioso do assunto.
A importância da divulgação deste trabalho dispensa comentários. Todavia,
convém
esclarecer de início, que se trata de uma contribuição a mais daquêle ilus-
fado
oficial para a solução dos nossos problemas relacionados com a indústria de
construção
naval e a recuperação de navios de todas as categorias, versando, portanto,
asPectos
econômicos e de segurança nacional.
O trabalho é amplo e abrange sete itens, a saber: I — Localização; II Dique
®co; III —
Dique Flutuante; IV — Pier; V — Arranjo Geral; VI Dotação e Ar-
fanjo
Interno das Oficinas; VII — Organização.
Rico em detalhes, claro na exposição, e amparado em extensa bibliografia é
trabalho
bastante complexo e recomendado como guia no estudo da fase' de
principal
projeto
de um estaleiro de reparos.
Merecerá, por isso, a atenção dos estudiosos do assunto e só lamentamos tê-lo
C)Ue
divulgar parceladamente pela impossibilidade óbvia de aumentar o número de
Páginas
de nossa Revista.
118 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

múltiplas são características de Pela sua própria natureza o es-


natureza manufatureira. Mais, taleiro de reparo, não pode se
a construção de máquinas, equi- dar ao luxo de ter equipamento
pamento e o desenvolvimento da ou lay-out especializado para de-
chamada Engenharia de Produ- terminado fim. Êle deve estar
ção em todos os estaleiros traba- pronto, noite e dia, para enfren-
lhando em vários navios de igual tar qualquer problema, desde a
projeto, como ocorreu na Segun- solda de uma panela de cozinha
da Guerra Mundial e vem ocor- até reconstruir uma proa, subs-
rendo, depois dela, em vários es- tituir ou tamponar um tubo de
taleiros Europeus e Japoneses, caldeira ou reconstruir uma má-
tem permitido tal controle de quina principal de um rebocador
tempo, método e aparelhagem, ou de um grande navio-tanque.
que a operação toda se aproxi- É claro que quem faz o reparo,
. ma muito da manuf atureira. não reconstrói o seu estaleiro
Quando isto não ocorre, isto é, para cada novo serviço; êle usa
quando cada navio é construído o que tem e, muito embora te-
de acordo com o projeto dife- nha havido e continue a haver
rente, o estaleiro tem que des- aumento no tamanho médio dos
pender capital para adaptar-se a navios, este aumento tem sido
cada nova construção. Mesmo suficientemente lento de modo a
quando a variação no projeto não exigir a completa modifica-
não é muito grande, como foi no
caso da mudança do tipo "Li- ção das instalações do estaleiro.
berty" para o "Victory", duran- O estaleiro de reparo tem li-
te a Segunda Guerra Mundial, mitações definidas quanto à sua
ambos com 10.500 toneladas de localização. Não tem, como ou-
deadweight e não muita diferen- trás indústrias, elasticidade pa-
ça nas dimensões principais, so- ra escolha de localização nem
mas substanciais tiveram que facilidade de mudança quando
ser gastas para permitir a mu- razões ponderáveis o exigirem.
dança no tipo de construção. Isto decorre do fato de que o
A indústria de reparo naval freguês, no caso o navio, deve
não goza nem de constância de vir à própria fábrica para rece-
volume de trabalho, nem repe- ber e levar o produto — reparo,
titividade suficiente para permi- enquanto que nas outras indús-
tir aproximação dos processos de trias o produto é mandado ao
manufatura; tão pouco o traba- comprador. Assim, os estaleiros
lho é da mesma natureza da de reparo não podem sobreviver
construção, onde as partes ou longe dos portos de grande mo-
materiais são montados para vimento, o que limita a sua loca-
construir uma estrutura. Além lização a cidades providas de
disto, não se pode fazer um pia- porto de mar. Mas, os diques
nej arnento do trabalho futuro secos não podem ser situados
com a mesma facilidade que se em qualquer ponto de tais cida-
o faz no estaleiro de construção. des, devem ser localizados em
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 119

Pontos de condições geológicas


e hidrográficas favoráveis.
À medida que os navios au-
^entam e em tamanho, sermaiores cons-
devem
truídos e piers
jaques
esta expan- m////Av/s//y////yyW/,
Sao seja para que
Slderar a possível, é preciso con-
frente de mar disponí-
a edificação existente, a na-
^el>
tureza do terreno e muitas ou-

J
«'as considerações
que, tendo re-
,aÇão íntima com as novas cons-
truções, terão de ser levadas na
üevida conta. É
aer de vista preciso não per- \ '////////////////////.<
que um navio é fon-
*e certa de despesa, exceto
~° no mar, transportando quan- carga
Paga. Assim, o tempo de repa-
*? é um fator de
lancia grande impor-
para os que utilizam os
Serviços de um estaleiro. O ca-
Pitai empregado no navio, a de- jf/
Preciação, seguro, combustível, W>/y,yy/y/y/yYyY/////T7?'//,

pimento e soldada das tripula-


Çoes e outros itens de custo po-
«em ser, com facilidade, reduzi-
<*as a uma base diária. Esta me-
<ada, em dinheiro, do custo
~Ia de um navio, tem por
posto ên-
*ase especial no tempo necessá-
1*° para execução de um reparo.
Us armadores tratam de manter
os seus navios no mar,
°r número de dias pelo mai- tempo de carga e descarga é
possível e este
aesejo não deixa muito tempo bem maior. Como conseqüência
Para carga, descarga e reparos e para compensação, os arma-
necessários. No caso dos navios dores tentam reduzir ao mínimo
*anques, onde os dias perdidos com operações
o tempo de carga
descarga é geralmente baixo, de reparo. Assim, o fator tempo
°s armadores lutam atingir é um dos mais importantes na
uma percentagem de por 857o como indústria de reparos navais. Em
^mp0 de mar, isto é, oitenta e alguns Países, como nos EE.UU.,
cento da vida útil, ope- os contratos de reparos prevêm
ando por
^nc0 no mar. Nos cargueiros, multas para atraso, multas es-
ste ideal não ser atingido tas que variam de US$500 dóla-
Porque, entre pode outras coisas, o res por dia para navios de ta-
120 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

manho médio até US$2.500 feito enquanto o navio ainda es-


pa-
ra navios de grande tá na carreira, aproveitar
porte. para

Em razão de de ao máximo a capacidade dos


premência
tempo, a indústria de reparações guindastes. No reparo, o mini-

navais, não cui- mo é feito no dique sêco e o má-


pode dispor do

dadoso ximo flutuando, uma vez o


planejamento comum que
na construção de navios. Na uso do dique limita a capacida-

maioria nem de de reparo do estaleiro. O es-


dos casos, mesmo

desenho das a serem re- taleiro de construção é caracte-


partes
ou reconstruídas rizado carreiras, embora
paradas podem pelas

ser traçados. Por exemplo: na Segunda Guerra Mundial


se

um nôvo êmbolo deve ser feito muita construção tenha sido fei-

o cilindro de um determi- ta em dique de construção. O


para
nado motor, muitas vêzes se é estaleiro de reparo se caracteri-

obrigado a retirar e, a da za dique sêco, sua


partir pelo peça

avariada, constíu- principal, razão mesmo de ser da


própria peça
ir-se o modêlo a fundição sua existência.
para
da nova Uma vez fundido, A construção ên-
peça. põe grande
o nôvo êmbolo é devidamente fase no equipamento fixo,
per-
torneado e retificado usando manente^ enquanto o reparo se
como a avariada. caracteriza do
padrão peça pela portabilidade
O autor se recorda de ter sido equipamento, as má-
preferindo
obrigado, certa feita, a substituir de solda ope-
quinas portáteis,
em três dias, parte da de radas a motor Diesel e com ope-
prôa
um dos contratorpedeiros da rador único, aos conjuntos fixos
nossa Marinha de Guerra, na muitos operadores, carac-
para
Base Naval do Recife, sem ne- terísticas dos estaleiros de cons-
nhum plano que o aju- trução. Enquanto o trabalho de
pudesse
dar e sem dispor, nem mesmo construção segue um
programa
de um dique sêco a execu- determinado com ante-
para grande

ção do trabalho. Êstes argumen- cedência, o reparo é forçosamen-

tos servem para mostrar te executado com


que, planejamento
enquanto a construção naval é a curto e a equipe execu-
prazo

planejada, estudada e tadora deve ter suficiente flexi-


projetada,
o reparo é, na maioria das vê- bilidade atender e enfren-
para
zes, da engenhosidade tar situações e ver-
produto problemas
da equipe do estaleiro, uma vez dadeiramente imprevisíveis.

que o tempo não o es- A característica do


permite primeira
tudo detalhado das soluções a reparo naval é a variedade. O
serem aplicadas. estaleiro de reparo deve estar
De qualquer modo, a executar mui-
principal preparado para
diferença entre a construção e tas das tarefas da construção,

o reparo naval, segundo o Con- mas também reparar e


para
tra-Almirante Timothy J. Kel- construir muitas das partes que
eher, reside na ênfase. Na cons- são fornecidas ao construtor.

trução, a maioria dos serviços é Em alguns casos os estaleiros de


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 121

reparo segue estudar os aspec-


podem obter so- pretende
peças
bressalentes na tos técnicos da construção de
das fábricas ou

Praça local. Na maioria das si- um estaleiro de reparações na-

tuações, vais, sob o de vista da En-


porém, especialmente ponto
no nosso industria- Naval, de modo a en-
País onde a genharia
lização es1 dentro dos
ainda é incipiente, o quadrá-la princípios
taleiro remover, re- básicos enunciados nesta intro-
è obrigado a

parar e instalar nas má- dução. No decorrer da análise,


peças
quinas dos navios sem os bene- desenvolver os prin-
pretende-se
«cios dos origi- cípios citados, explicando-os sem-
sobressalentes
nais e, nem mesmo, dos a casos reais,
planos pre que possível,
e ferramentas Esta melhor clareza da exposi-
necessárias. para
variedade mostra Assim vamos desenvolver
interminável, ção.
a considerações — apli-
necessidade imperiosa da ên- as nossas
fase na estalei- cando-as a título de exemplo a
flexibilidade do
ro. um estaleiro de reparações na-

Outra vais, com capacidade para aten-


característica impor-
tante der navios até 10.000 toneladas
do reparo, reside no fato
de de deadweight, a ser instalado
que, muitas vêzes, o serviço
é no município de Guarujá, São
efetuado em espaços restritos
de difícil os homens Paulo.
acesso, onde
são forçados em Para êste fim, o estudo será
a trabalhar po-
sição limitam a dividido em capítulos, cada um
incômoda que
eficiência. são evi- dêles lidando com determinados
Êsses fatores
tados na esco- aspectos do problema. Assim te-
construção, pela
lha conveniente seqüência remos em seqüência:
da
de trabalho. O reparo, porém,
não tem e, em vários I) — Localização;
escolha,
casos, um reparo II) — Dique sêco;
para executar
simples, tem ser III) — Dique flutuante;
muita coisa que
retirada, se possa atin- IV) — Píer;
para que
re- V) — Arranjo
gir o local desejado. Outros geral;
VI) — Dotação
paros exigem sérias operações e Arranjo in-
de limpeza antes do seu início, terno das Oficinas; e
como no VII) -- Organização.
acontece, por exemplo,
reparo de tanques de óleo, car-

voeiras, de motor etc. I _


pocêtos LOCALIZAÇÃO

* 1.1 — Clima. 1.2 — Vias de


-por
acesso
por terra e mar. 1.3

as —Condições hidrográficas. 1.4


Discutidas sucintamente
características da in- — Condições topográficas e geo-
principais
dústria navais e lógicas. 1.5 — Suprimento de
de reparações
as suas conexões água. 1.6 — Energia
diferenças e elétrica.
com 1.7 — Suprimento
a construção naval pròpri- de peças e
amente dita, a análise se outras in-
que partes fornecidas por
122 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

áústrias. 1.8 — Mão de obra. existência


pela de transporte
1.9 — Defesa. 1.10 — Área. marítimo nas
proximidades já
torna o local aceitável, desde que
1.1 — Clima: se inclua no meios
planejamento
de transporte mar,
por pcrten-
O clima não constitui proble- centes ao estaleiro.

ma construção de estalei-
para
ros no Brasil. O clima 1-3 — Condições
predomi- hidrográficas:
nante em tôda costa do País é

considerado bom, sem baixas A profundidade na frente do


temperaturas que possam redu- mar do estaleiro, deve ser, de
zir a eficiência do trabalho. Ape- acordo com as especificações do
nas no extremo sul, nos meses Bureau of Docks and Yards da
de inverno, a temperatura Marinha Americana, não menor
pode
chegar a tornar o trabalho um do 12 a 13 metros, na baixa
que
tanto inconfortável, mas não h'á, mar. Esta americana
prescrição
como na Europa ou nos Estados exagerada, mas na
pode parecer
Unidos, o problema de nevadas realidade se não só
justifica, pela
fortes ou mesmo formação de do dique, mas tam-
profundidade

gêlo. bém e principalmente, exis-


pela
tência de nas
piers proximida-
1.2 — Vias de acesso terra des, onde muitas vêzes, atracam
por
e mar: navios carregados seus
por que pelos
calados, exigem a profundidade
O custo do transporte da ma- especificada. Se o fundo é de

téria usada nos estaleiro, lama, a distância entre


prima pequena

desempenha importante êle e o fundo do navio


papel pode pro-
no custo da Por outro vocar avarias nos condensado-
produção.
a de estradas de res.
lado existência

ferro, estradas de rodagem e fa- Quando não for obter


possível
cilidade de transporte mar, tal profundidade e fato de
por pelo
influenciam o custo do trans- ser alto o da dragagem,
prêço
e ainda a capacidade do uma alternativa seria manter
porte
estaleiro de se suprir ràpidamen- uma profundidade menor, res-

te do material de necessita. tringindo nos meses de marés


que
Decorre daí, a necessidade de mais baixas, o reparo, no pier,
amplas vias de acesso terra dos navios de maior calado. Ês-
por
e mar, como condição te aspecto, no entanto, deverá
por para
a escolha da localização do es- ser decidido para cada caso,
pe-
taleiro. la própria diretoria do estaleiro,

No Brasil, sabidamente, as es- à luz do custo da dragagem e da

tradas de ferro são e de- possibilidade de perda de renda,


poucas
ficientes. O sistema rodoviário em função da restrição sugeri-

também deixa muito a desejar, da.

por isto, a existência de estra- A do canal de


profundidade
da pavimentada, complementada acesso ao estaleiro deve também
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 123

ser mantida na tro ângulo, notadamente o de


em 13 metros
baixa houver 90° com o eixo do dique.
mar média. Onde

pequena variação de maré, é in-


teressante mínimo
manter um 1.4 — Condições topográficas e
de aproximadamente 15 metros,
geológicas:
se
possível. Quando a diferença
de maré ao
for grande, a profundi- O assunto foge escopo dês-
dade mínima vez nos
pode ser referida te estudo, uma que
a esta os aspec-
pre-mar média, embora a estudar
propusemos
decisisão no um estaleiro
provoque restrição tos técnicos de de
tráfego sob o
de navios para o estalei- reparações navais, ponto
ro, o Tam- naval.
que é indesejável. de vista da engenharia
bém. aqui ser típico da
a decisão tem que Êste é um problema
específica caso, com civil. Não ha-
para cada engenharia parece
base no e na de o ter-
custo da dragagem ver dúvidas, porém, que
Perda de renda decorrente da reno deva ter condições geológi-
restrição. à construção de
cas favoráveis

No estaleiro, há dique sêco e para construção ba-


não grande
objeção de maré rata de fundações para máqui-
a uma variação
razoável. nas operatrizes pesadas.
As correntes porém
são uma vez A topografia deve incluir uma
prejudiciais, que
tornam dos elevação do terreno de 90 centí-
difícil a manobra
navios e responsáveis metros a um metro e meio, aci-
são por
numerosos ocorrem ma da média, com li-
acidentes que pre-mar
has docagens. docou inclinação de dentro
Quem já geira para
um navio sabe uma corren- fora, isto é, do interior a
que para
te forte, não favorá-
de direção praia.
vel, constitui verdadeiro
um pe-
sadêlo. ordem de impor- 1.5 — Suprimento de água
É tal a
tância na escolha
das correntes
de um local estaleiro De acordo com as recomenda-
para que,
"Bureau "Bureau
segundo of Docks and do of Docks and
o ções
Yards", si só, tornar o Yards", é êste um dos itens mais
por pode
local inaceitável, ainda importantes, especialmente
que pelos por-
outros aspectos re- tem íntima conexão com
plenamente que a
comendável. higiene do estaleiro e a saúde dos

O regime de ventos tem tam- operários e guarnições dos navios

bém a sua Não só docados. Recomenda uma dis-


importância.
a intensidade, mas a direção, ponibilidade de água doce de

sendo sensivelmente HUM MILHÃO (1.000.000) de


esta. última
mais importante. A melhor di- galões ou TRÊS MILHÕES

reção a SETECENTOS E OITENTA E


é evidentemente parale-
la ao e CINCO MIL litros
eixo dos diques piers. (3.785.000)
Se o vento desta direção, dia, um estaleiro de
sopra por para
não só há contraindicação, o êste total
que grande porte, podendo
não sopra de um ou- ser ligeiramente reduzido,
ocorre se quan-
124 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

do a capacidade do estaleiro for Assim, deve ser considerada com


menor. O autor considera esta cuidado, a da carga elétri-
parte
exigência exagerada, ca destinada a seu serviço. Não
parecendo-
lhe suficiente — um mínimo de se pode estabelecer regras
gerais
250.000 (945.000 litros), o suprimento de energia
galões para
tendo em vista a água sal- elétrica desta importante
que parte
gada pode substituir a doce em do estaleiro, no entanto, co-
o
muitos serviços. nhecimento da corrente
prática
nos diques de sucesso
grandes
comprovado, ajuda muito a quem
1.6 — Energia elétrica se propõe a construir ou proje-
tar uma nova instalação desta
natureza.

A carga elétrica calculada de- Nos diques americanos a ener-


ve ser o ponto de partida para gia elétrica utilizada é trifásica,
a determinação do KVA necessá- de 2.300 volts, 60 ciclos, corren-
fio. Claro está êste aspecto te alternada.
que A energia é trazi-
do problema é integrante da da estação
parte geradora a uma
da engenharia eletricista, mas é sub-estação, intermédio
por de
conveniente chamar a atenção, dois ou mais circuitos cujas ca-
aqui importantes somadas,
para pontos pacidades satisfazem

que devem ser considerados no aproximadamente a carga má-


cômputo total da carga elétrica xima.

necessária. Para dar uma idéia da ordem


O dique sêco é o item mais de grandeza, o quadro abaixo
importante do estaleiro e sob o mostra a energia exigida pelo
de vista aqui tratado, isto dique sêco n o
ponto 3 de Filadélfia,
é, energia elétrica é também um Pensilvânia, Estados Unidos da
elemento de primeira magnitude. América do Norte.

EQUPAMENTO CORRENTE -H-p VOLTA-


TOTAL GEM

3 bombas principals Alternada 3.750 2.300 3

2 bombas de esgoto Alternada 3.000 2.300 3

bomba auxiliar Alternada 15 220 3

bombas de oleo Alternada 15 220 3

2 ventiladores casa de bombas Alternada 220 3


p/

porta batel Alternada 300 220 3

7 cabrestantes Continua 280 250

1 guindaste de 50 toneladas Continua 300 250

ferramentas Alternada 300 200 3


portateis
iluminagao Alternada 65 110/220 1
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 125

As exigências de energia elé- condutores, o é menor do


que
frica
para os grandes navios de o especificado na tabela II,
que
guerra, docados, são re-
quando o navio atracado.
para
duzidas
em relação ao necessá-
Para os demais tipos de na-
rio
quando em serviço ou mesmo
vios, incluindo os mercantes, a
quando em reparo no em
pier,
energia elétrica no dique pode
razão
da redução da atividade
a ser estimada como igual à ne-
bordo. Para um navio aeró-
dromo cessaria atracado no
do tipo médio, exem- quando
por
Pio, êste com energia de terra, e
consumo ser esti- pier,
pode
toado em 4.000 cujos valores aproximados são
amp. 240 volts,
corrente indicados nas tabelas I e II.
contínua, com dois

TABELA I

CORRENTE CONTINUA

TIPO DE NAVIO VOLTS. AMP. KILOWATTS

Encouracado antigo) 152 3.500 438


(tipo
250 1.750

Navios aerodromos medios 240 6.000 1.440

Navio Oficina 125 1.200 150

Navio Hospital 125 400 50

Destroyer 125 200 25

Cruzador 120 1.560 375

240
*-Submarinos
125 150 19

TABELA II

CORRENTE ALTERNADA

TIPO DE NAVIO VOLTS. AMP. KILOWATTS

Destroyers 440 392 30

Cruzadores 440 985 750

Navios aerodromos 440 1.970 1.500

Mercante (10.000 tons. Dw.) 450 47

Deve ficar bem claro os baseiam em referências de certo


que
dados fornecidos tabelas I e modo antigas. Servem
nas já po-
II, são um tanto rém como
aproximadas e ponto de es-
partida,
conservadoras, se
uma vez que pecialmente porque, a maioria

(*)- Os valores não incluem energia para carga de bateria


126 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dos navios utilizam estalei- ximas, do dique


que de Filadélfia, em
ros comerciais são mercantes e duas condições:
êàtes exigem carga elétrica mui- a) Enquanto dique
o está sen-
to reduzida. do cheio;
Ainda maior esclareci- b) Com navio
para docado e em
mentos, a tabela III, mostra a- reparo, depois de termina-

proximadamente as cargas má- do o esgoto de água.

EQUIPAMENTO P H FATOR DE H H P
TOTAL CARGA EXIGIDO EXIGIDO

Bombas especiais

operando 2.500 1.0 2.500 —

operando 3.750 1.0 3.750 —

guindaste de 50 tons 300 1.0 300 300

Iluminacao , 65 0.3-1.0 20 65
Bomba auxiliar 15 1.0 15 15

bombas de oleo 15 1.5 7

2 ventiladores (*) 1.0 4


2 bombas sanitarias (*)300 0.5 150

Ferramentas
portateis (*)300 0.5 150
Navio docado 1.0 — 500-1.300

A energia necessária ilu- KVA, incluindo a linha


para de trans-
minação do estaleiro, isto é. ar- missão, estação transformadora
ruamento, oficinas, etc., e rêde de
pier distribuição interna
não constitue um liga- luz e fôrça.
problema para As instalações
do especialmente à engenharia elétricas foram
projetadas para
naval. Os de ilumina- as demandas
padrões prováveis de luz e

ção preconizados para as demais fôrça conforme consumo


prová-
organizações industriais vel, tomando consideração
podem em o
ser aplicados ao estaleiro, ape- maquinário em geral e coinci-
nas com as adaptações a na- ciências de
que utilização. O quadro
tureza do trabalho exige. Para abaixo indica
quase as cargas
dar uma idéia geral do cálculo instaladas nas diversas secções e
da carga elétrica, transcrevemos a demanda considerada
para ca-
abaixo, o executado para o esta- da uma delas; nêsse a
quadro,
leiro de reparações navais de coluna de está sub-
potências
Santos, à SABRE- dividida em três — A,
pertencente partes
NA. Aqui a instalação elétrica B, C — na
primeira das
quais
considera uma alimentação (coluna A) consta o total de car-
ge-
ral com capacidade 2.000 a ser instalada em cavalos-
para ga

- Indica corrente
(*) alternada. Os números sem asteriscos refe-
rem-se a corrente contínua.
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 127

vapor
(ou HP); a coluna B dá diversificação da ordem de 6,7
°s valores da demanda máxima (consumo 15%) e durante a
provável e a coluna C indica a noite um consumo da ordem de

Potência máxima se 65% do valor instalado. Deve


que pode
tomar
para a demanda nas res- ser lembrado que o estaleiro pro-
pectivas secções. A coluna D a SABRENA é um
jetado para

l^ostra as cargas estaleiro de porte pequeno com


previstas para
Ruminação. também con-
Considerou-se dique de tamanho
que
0 uso da luz durante o dia terá siderado pequeno.

Potência em HP —

DESIGNAÇÃO LUZ — KW

Oficina
de eletricidade Motores 100 50 50 13,5
Compressores 450 450 360
Vestiários 43,2

Cantina 43,2

Administração 27,9

Portaria

Controle

Carpintaria 100 50 40 15,7£


Motores
Fundição 20 10 10 —
Motores
Oficina 150 70 60 —
Máquinas Motores
de
Motores
Ajustagem Duas rolantes 30 30 30 120,7J
pontes
Solda elétrica 100 50 30 —
Forja Motores 100 50 40 —
Oficina
de chapas
"nas
e
grossas (Caldei-
raria). Solda elétrica 100 40 30 —

Duas rolantes 30 30 30 —
pontes
Almoxarifado 15 15 15 21,6
geral
Ouindaste-Dique 50 50 50 —
Ouindaste-Dique 50 50 50 —
°ique elétrica
sêco Solda 210 120 100 —

14 x 15 HP 30,0

Cabrestante 80 80 80 —

4 x 20 HP
Pomba
auxiliar 20 HP 20 20 20 —
Central
acetileno 50 50 50 5,8
Casa
de bombas 3 x 220 HP 840 840 840 —
Praça
de caldeiras 5
Sanitários g rj
do dique
Ouindaste-pier
50 50 50 —''
Pier 3,0

Reservatório
Bombas 20 20 20 —
128 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Pôsto de combate a

incêndio Bomba 125 125 125 —

Bombas auxiliares — 120 120 60 —

Fôrça Total (HP) 3070 2510 2180

Iluminação externa (cêrca) 7,5


Iluminação externa (edifícios) 8,85
Total de luz 306,7

1.7 — Suprimento de matérias São Paulo e Rio de Janeiro. San-


•primas,
sobressalentes e tos parece ter, a êste respeito,

peças fornecidas por ou- uma situação


privilegiada.
tras indústrias:

1.8 — Mão de Obra:

A capacidade do estaleiro de re-

alizar serviços com segurança e A mão de obra é um dos mais

rapidez depende de dois fatores importantes elementos a serem

primordiais: Capacidade e ope- levados em consideração na loca-

rosidade dos seus operários e en- lização de um estaleiro, uma vez

genheiros e condições do mercado que vai influenciar poderosa-


de matérias sobressalen- mente na sua e na
primas, produtividade
tes e peças fornecidas por ou- na sua eficiência. A
possibilidade
tras indústrias. de obtenção de mão de obra su-

Os mercados de materiais ten- ficiente, da exigida e


qualidade
dem a existir nas áreas onde o com salários aceitáveis, tem, as-

consumo os justificam. Por ou- sim importância fundamental.

tro lado, depender sempre do al- Esta depende da


possibilidade
moxarifado ou de material que localização de indústrias seme-

venha de pontos distantes, tor- lhantes e das condições de vida

na difícil a execução rápida dos nas do estaleiro.


proximidades
reparos, aumenta o custo e obri- Ainda as condições de vida
que

ga à manutenção de sejam muito boas não será


grandes pos-
e custosos estoques. sível aumentar o número de ope-

Assim de tôda conve- rários especializados em serviço,


parece
niência localizar o estaleiro em a não ser que exista nas
proxi-

sítio onde não haja difi- midades uma fôrça trabalhadora


grande
culdade de aquisição de matérias com qualificações que permita o

menos aquelas de recrutamento dos seus elemen-


primas, pelo
uso mais comum no reparo. tos, à medida se façam ne-
que

No Brasil, a costa Vitória — cessários.

Rio Grande do Sul parece a mais Êste é o mais complexo pro-


indicada sob êste ponto de vista, blema a ser enfrentado es-
pelos
em razão da proximidade dos taleiros de reparo no Brasil, em

grandes centros industriais de razão do estado incipiente da in-


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 129

dústria
de construção e de repa- de defesa aérea é,
possibilidade
rações
navais. O Curso de En- também, de magnitude,
primeira
genharia Naval da Escola Poli- especialmente nas condições atu-
técnica
ter resolvido o ais da arte de guerra.
parece
Problema no nível do Engenhei-
r°- A —
solução da no ní- 1.10 Área do terreno:
questão
VeI
de mestre de oficinas e de
operários
especializados A área do terreno deve ser su-
parece
estar instalação
exigindo uma do ficiente para a do es-
política
governo orientada no sentido da taleiro e, se dispor de
possível,

formação dêsses especialistas, reserva futuro desenvolvi-


para
importando,
se necessário, mento. De acôrdc com as
para pres-
os da Marinha Americana,
primeiros anos de funciona- crições
mento, "know
o how" alieníge- a área não deve ser menor do
na- A 300 acres ou aproximada-
criação de cursos especia- que
üzados no mente 1.200.000 metros
SENAI e no SESC e quadra-
no dos. Claro está a área de-
próprio estaleiro, parece cons- que
tituir do tamanho do estaleiro
uma necessidade absoluta. pende
O a ser construído, do dique e
problema é de âmbito do
porém
nacional não tipo de oficinas vai
e sua solução pode que ser uti-
ser incluída Uma aproximação
dentro dos limites lizado. da
deste trabalho. área necessária é também obtida

somando as áreas necessárias às


1-9 — diversas instalações industriais,
Possibilidade de defesa:
levando em consideração as exi-

Sendo o dique e de de espaço. Como o com-


o estaleiro gências
vital de cais acostável é au-
importância a defesa primento
para
Nacional, de mentado consideravelmente
não se pode deixar pelo
considerar uso de a dimensão mais
o aspecto de sua defe- piers,
Sa> como importante do terreno é a sua
condição de escolha do
local. frente de mar. Os americanos

costumam estabelecer um
O terreno deve ser, sempre para
que
estaleiro grande, uma frente mí-
Possível, naturalmente protegido
nima de 5.000 pés ou aproxima-
Pelas fortificações permanen-
kes damente mil e quinhentos me-
do ou da cidade em
pôrto
tros (1.500). Num estaleiro de
lue estiver situado. Deve ser
resguardado médio e pequeno esta di-
de ataque do mar, porte
sendo mensão pode ser considerável-
o ataque
preferível que
mente reduzida, especialmente
P°r mar só seja depois
possível
de em razão do preço elevado dos
vencidas defesas ou fortifica-
terrenos com frente de mar
Ções A
permanentes. proteção
Pela topografia do terreno tam- grande.
t>ém im- A frente de mar
é desejável e se torna que produz
Prescindível se não existem nas melhores resultados é aquela de

Proximidades as fortificações forma aproximadamente reta,


Mencionadas anteriormente. A enquanto a forma menos de-
que
130 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sejável é a côncava, em virtude gáveis, das entradas e portos e


da dificuldade que produz para também inegavelmente, pelas di-
evitar interferência entre piers mensões dos diques secos e flu-
e dique, no que se refere à en- tuantes existentes. Assim, o de-
trada e saída de navios. Se uma senvolvimento normal ocorrido
forma diferente da reta ou ligei- no período de 1910-1948, trouxe
ramente convexa é utilizada, ter- um aumento de comprimento de
se-á, para obter os mesmos re- 700 até acima de 1.000 pés, en-
sultados, que aumentar o seu quanto que o aumento corres-
comprimento. pondente ao calado de carga foi
apenas de 35 até cerca de 40 pés.
II — DIQUE SECO
Estas considerações servem pa-
2.1 — Dimensões principais. 2.2 ra mostrar que nos dias que cor-
— Secções transversais. 2.3 — rem, e mesmo num futuro não
Equipamento fixo. 2.4 — Servi- muito próximo, os projetistas de
navios terão que continuar uti-
ços. 2.5 — Sistema de fecha- lizando comprimento e boca, co-
mento. 2.6 — Equipamento por-
tátil e ferramentas para traba- mo meio de expansão, em virtu-
lho. de das limitações apostas à ex-
pansão no calado.
2.1 — Dimensões principais: O exame de um grande nú-
mero de navios de carga e pas-
2.1.1 — Considerações gerais. sageiros, indica que, indepen-
2.1.2 — Análise das dimen- üente do serviço para que são
soes, de acordo com a tendên- destinados, isto é, se para rota
cia mundial e com os tipos de da Europa, América, Oriente
navios que se espera apoiar. etc, a relação entre a boca e o
2.1.3 — Comparação das solu- comprimento varia entre:
ções obtidas pela análise. —
2.1.4 — Considerações finais.
B 5' e
2.1.1 Considerações gerais: 10
L
Do ponto de vista de Arqui- B + 20' (2)
tetura Naval, a expansão dos na- 10
vios de carga e passageiros, pa- ou
ra mínimo custo de transporte,
seria na direção do aumento de B = + l,525m e
calado, como bem mostra Sir 10
John Biles no seu explêndido L
trabalho "The Draught and Di- + 6,10m.
mentions or the most .economi- 10
cal Ship". Na realidade, porém,
o calado, mesmo nos navios Por outro lado os navios de
grandes, ainda é limitado pela 10.000 toneladas de deadweight
profundidade dos canais nave- que mais comumente operam na
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 131

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COMPRIMENTO

GRAFICO
GRÁFICO I

t T. «.¦

"Memorandum
costa dimensões Por sua vez o
brasileira, têm

os filiam à segunda relação, on Dry-Docks Construction and


que
como mostra claramente a Ta- Equipment", em 1952
publicado
"Institution
bela I. of Civil Engi-
pelo
132 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

neers" da Inglaterra, sugere disponha a analisar, com cuida-


pa-
ra os navios tanques a relação: do, o I.
gráfico
O gráfico II é uma combina-
L ção do I com as retas re-
gráfico
B = + 30' ou das relações
presentativas
10 L

B h
L 20' e B + 30',

B = + 9,15m 10 10
(3)
10 já explicadas. Além delas, fo-

ram plotaduo representa1


punius
Assim as relações e tivos da relação bôca-compri-
(2) (3)
foram utilizadas o estudo mento de navios reais,
para grandes
determinativo das dimensões e pequenos, inclusive navios ca-

ideais do dique sêco. pitais e transatlânticos, com o

Para a análise foram or- objetivo de ter soluções satisfa-


geral
os I, II e III, tórias para diques de maior ca-
ganizados gráficos
anexos. O I, mostra a pacidade. Para atender a aná-
gráfico
tendência mundial da largura lise indicada em 2.1.2 foram

dos diques secos em relação aos traçados os representati-


pontos
respectivos comprimentos. Fo- vos de relação bôca-comprimen-

ram utilizados no traçado dos to dos navios mais comu-


que
diques secos existentes mente operam na costa brasilei-
gráficos,
no mundo inteiro, concentran- ra com o deadweight de 10.000

do-se atenção naqueles cujo toneladas. Também os navios

comprimento varia entre 300 tanques da Fronape foram


pio-
e 850 ou seja 91,5 e 260m. tados para as análises indicadas
pés,
A curva média, foi traçada um nos itens 2.2.3. Finalmente o

acima da média gráfico III, foi traçado nas mes-


pouco posição
real, em virtude do fato de mas bases do I, mudando
que gráfico
os diques de largura apenas a ordenada
pequena para profun-
são antigos, visivelmente fora didade do dique.

dos exigências dos navios mo- Aqui cabe esclarecer as


que
dernos. Êste fato, ocorre dimensões utilizadas nos
que gráficos
por exemplo com a mai- são definidas como se segue:
grande
oria dos diques inglêses, como Largura: — Distância horizon-
se pode verificar observa- tal
pela

ção simples do gráfico, é confir- Comprimento: — Distância ho-


mado E. Leslie Champnes, rizontal medida da
por aresta inter-
"Institution
Vice-Presidente da na do batente da soleira a
até
of Naval Architects" da Ingla- limita a cabeça do
parede que
terra, no seu excelente traba- dique; transversal, entre as pa-
"Large
lho intitulado Dry-Doc- redes laterais do dique, medida
ks". Esta opinião aliás não é de altura correspondente ao
apenas de Mister Champnes, bôjo dos navios docados. Esta
salta, como se disse, aos olhos de altura foi escolhida em virtude
observador — se
qualquer que de nela ser máxima a bôca dos
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 133

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navios Profundidade:
mercantes, não só pela Distância vertical
forma entre o nível
própria, mas também pe- correspondente a
'a
existência de bolinas, estabili- preamar média e o fundo do di-
za.dores,
etc. que.
134 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

2.1.2 — Análise das dimensões C) Análise navios tan-


para
de acordo ques até 20.000 toneladas;
;principais
com a tendência mun-

dial e com os tipos de

navios se deseja A) Análise navios mercan-


que para
apoiar: tes até 10.000 toneladas de

Dw:

A utilização dos indi-


gráficos

cados no artigo 2.1.1., é muito O cargueiro de 10.000 tonela-

simples e com êles se pode obter das de maior comprimento é, co-

solução dentro dos li- mo se verificar na Tabela


qualquer pode
mites das curvas traçadas. Uma I, o C-3 misto, de 492
pés (150
vez escolhido o comprimento do m). Se levarmos em considera-

dique, como função do compri- ção o serviço, há ne-


que, para
mento do maior navio que se de- cessidade, menos 10
pelo pés
seja apoiar, a bôca 3,0m) de espaço de trabalho ero
profundidade,
e os espaços de trabalho laterais cada extremo do navio, teremos

ser imediatamente deter- um comprimento mínimo de


podem
minados 492 -f 20 = 512 seja, 156
pelos gráficos. pés, ou

Para exemplificar, resolvere- metros.

mos um real, qual seja


problema Além dêste, vamos considerar
o de analizar as dimensões es- estudo
para mais dois outros
colhidas um dique, a ser comprimentos;
para um de 525 pés
construído no Município de Gua- metros),
(160 ligeiramente mai-
rujá e com a capacidade para or do que o mínimo e outro de
atender navios de deaweight até
Í550 pés (168 metros). Com o
10.000 toneladas de acordo com comprimento mínimo,
poder-se-
o enunciado na introdução. Em ia docar, em condições limites,
virtude de ser o de Santos os cargueiros C-3 e
pôrto todos os na-
um terminal de es- vios de menor
petroleiros, tonelagem, inclu-
tenderemos a nossa análise para indo os de de L. Fi-
propriedade
verificar as vantagens de cons- S.A., cuja sede é San-
gueiredo
truir um dique um pouco maior, tos e, utilizarão
provàvelmente,
atender aos petroleiros que com mais freqüência os serviços
para
lá aportam. do estaleiro.

De acordo com o que nos pro- Da mesma frota,


poderiam ser
fazer, a análise no pre- aos
pusemos docados pares:
sente artigo será feita em três
São Leopoldo — São Caetano —
etapas:
São Vicente — Santa Maria —-

Santa Luiza — Santa Luiza —


A) Análise para navios mer-
Santa Luiza.
cantes até 10.000 toneladas;

Com a segunda solução, isto

B) Análise para navios tan- é, comprimento de 525 pés, po-


até 16.500 toneladas; derão ser docados aos
ques pares:
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 135

São Leopoldo São Caetano São Vicente


Santa Maria Santa Luiza Santa Luiza
Santa Luiza Santa Maria Santa Maria

Finalmente, com a terceira so- 550 pés, poderão ser docados aos
lução, isto é, comprimento de pares:

São Leopoldo São Caetano São Vicente


Santa Maria Santa Luiza Santa Luiza
Santa Luiza Santa Maria Santa Maria
São Paulo (classe)
Santa Luiza.

Como se vê, os comprimentos ço. Assim pela utilização dos


de 160 e 168 metros, são bem gráficos teremos:
mais vantajosos no que se refe-
re a docagem de mais de um Para 525 pés — (lOm)
navio, havendo ainda para o Largura 83 pés = 25,2m
comprimento de 168 metros a Espaço de serviço — 5' — 6"
vantagem de permitir a doca- em cada bordo = l,68m
gem dos navios da classe "MA- Profundidade — 32' — 6" =
RINER", novo tipo de cargueiro _= 9,92m ou lOm.
que vem sendo construído nos Para 550 pés — (168m)
ÉE.UU. com muito sucesso. Se
é verdade que o "MARINER" se Largura — 87' = 26,5m
constitui em seu todo, num afãs- Espaço de serviço — 6' em. ca-
tamento da tendência normal da bordo ou = l,83m
dos projetos de navios carguei- Profundidade — 34' — 6" -
ros e como tal não se possa asse- t= 10,5m.
gurar que o seu tipo venha se Cabe aqui chamar atenção
tornar padrão, não é menos ver- para o fato de que o espaço de
dade que a sua velocidade, capa- serviços determinado pelos grá-
cidade de carga e mesmo o nú- ficos é um mínimo. Na realida-
mero dos que já foram construí- de comparando a boca dos na-
dos com dimensões que permitem vios que se espera apoiar com a
a docagem da classe. Assim con- largura obtida do gráfico, verifi-
vém fixar, para análise os com- ca-se que este espaço é maior
primentos de 160 e 18 metros, em todos os casos, uma vez que
deixando o mínimo de 156 me- as bocas têm menor valor do
tros fora de cogitações. que o dado pela relação adota-
De acordo com os gráficos I, da para traçado da reta
II e III, os comprimentos esco-
Ihidos fixarão a largura e a pro- ( ¦+ 20)
fundidade e determinarão os 10
conseqüentes espaços de servi- para cargueiros.
136 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

£ B) Análise navios
para tanques
0ommir>ocM<u até 16.500 toneladas de DiD'
cjJ iniDU)
Oj^-OOtn

o — — — oo
oo CJ) A Frota Nacional de Petrolei-
h_a|(MW-WW(M
ros, nacional,
patrimônio é no
_dz_
"O momento o maior de
' 'O ~ - * ' armador
o V") o
- 00 00 CO navios da América
CJ CM Latina. Sua
"I , "C\J ~"tD cr> l.i.1
~cr> CJ -I-1 frota consta
^ de (1) um navio
<£ ID I*- ID ID 1.023 toneladas de Dw, um
_j|0 i£> <D ID (1)
—————— de 1.220, dois
(2) de 2.145, (9)
a
nove de 1.970,
(10) dez entre
in 0oooom00
miniomo^l" — — 15.000 e 16.00, dois de...-
(2)
tD in ^ (D ID doze de 10.000 toneladas
m cx> e sete
¦H|9 20.570 e, em construção,
(12)
(7) super-petroleiros
"5 de 33.000
=0 ;oj 'oo ~co
01 00 — toneladas.
in
- 1 1 1 ' 1
i - . . „
Parece assim interessante,
pa-
. ra um estaleiro situado
_i|o em San-
tos, como é o caso do exemplo

por nós escolhido, estudar


inoo£Oooo a pos-
wWWmK>-lflHI sibilidade de apoiar a Fro-
< poder
• - o ro CO
W N- CO ta, em razão de ser
®WNW_W-- a cidade um
O
terminal da mesma companhia-
<o Vamos assim, utilizar os
"o "lD "o 'o barcos
<D 'O
(D o "It da emprêsa
m na análise na'
'LU ' ' 'O ' para
vi m —
- . —1 1
vios até 16.000 toneladas.
„ Oro1^00 CD
Com o comprimento
primeiro
m
adotado na solução anterior,
OOOOOOOO isto é, 160 metros, o dique
o o o o pode-
o ^ o o
ria docar apenas o Mataripe,
s O o O — to ID
n."
0j^inmf2u->'!3"^' além dos navios menores, se-
ou
~ — ~~ — — —
cc — ja, 57,8 % da Frota atual. Fica-
CL riam
"o fora de cogitações, 9
:o (nove)
5^0 O o O o navios
O ' de 16.500 toneladas além
JI "o>I 1 I I I 1 -
"oj "<M "co "oo
o LU - •— 00 de dois de vinte mil. O segundo
cL^ m cr> cr> ^rcoh-
comprimento considerado, me-
lhora bastante a situação. Com
o^il^ooooo êle se apoiar tôda
poderia quase
cn cd r-- ro — _ r- o — "E.
^
5 2 a Frota. Apenas o Santo" e
N w a> u"> in ^ to r^
"Guaporé",
o ficariam sem
Q i— pos-
&> <j) cr> c\j ornoi —
sibilidade de docagem e êsteS
<~
mesmos, com inclinação da pa-
o — CO 10 Cj rede da cabeça do dique,
i-
pode-
CL i | | x P"i riam ser
I - docados em emergên-
_ I I I LU CC CC t±!
t- o o oE ? < cia. É interessante notar aqui,
o
_J 5 cn to
que a largura e a profundidade
TABELA IV

D COMPRIMENTO BOCA C A L A D
D 0
N 0
Q M E

TONS PES PES PES

~ —
E. SANTO 16.320 5 5 0. 9 o" 17
170,00
0,00 30,00 9,18

M
0Q
GUAPORE
GUAPORE 16.3
16.320
2 5
550.9
5 0.900 170,00 64,00 19,50 30.00 9,18 H
>
t"1
W
M
MATARI PE
MATARIPE 15
15 960 515.17 157,00 64,00 19,50 29,50 9,00 50
O
Ul

P.DUTRA 16.0 3 583,25 162,00 64,00 19,20 o


30, 00 9.18 H

AMAZON AS 16. 310 525, 160,00 19,00


33 64.00 29,60 9.03

g
B SAMPAIO 16 310 5 2 5. 33 16 0,00 6 4,00 19,5 0 2 9,60 9,0 3 s

55
>
ALAGOAS 16. 700 53 7-50 16 4,00 21,20 2 9,75 9,15 <
69.5 0
>
?H
ca
MGROSSO 16.700 537.50 164,00 69.50 21,20 2 9,75 9,15

AM A PA 16-785 521,15 158.50 59,


S9, 5 0 21,20 29,85 9,10

CEARA 16. 710 537 85 159.00 69,50 21, 20 2 9,75 9,05

oo
138 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

do dique, relativas ao compri- tros e profundidade de 11,75 me-


mento de 168 metros, obtidas tros, o que parece inteiramente
dos gráficos, adaptam-se perfei- fora de cogitações, em virtude
tamente aos petroleiros em cau- do aumento que exigiria no in-
s,a, uma vez que o de maior boca, vestimento inicial.
cerca de 21 metros, ainda possi-
bilita um espaço de trabalho de 2.1.3 — Comparação das solu-
dois metros e 69 centímetros em ções obtidas pela aná-
cada lado, isto é, setenta e seis Use:
centímetros acima do mínimo
"Bureau of
preconizado pelo PRIMEIRA SOLUÇÃO
Docks and Yards" da Marinha
Americana. Comprimento — 525 pés = 160
metros
C) Análise para os navios de Largura — 83 pés => 25,2 metros
20.000 toneladas de Dw: Espaço de serviço — 5' - 6" =
1,68 metros
A Fronape possui apenas dois Profundidade — 32'- 6" = 9,92
navios desta tonelagem, ambos metros.
com as seguintes dimensões:
177,5 metros de comprimento, 23 SEGUNDA SOLUÇÃO
metros de boca, 9,15 metros de
calado carregado e deadweight Comprimento — 550 pés = 168
de 20.570 toneladas. Para doca- metros
gem destes navios, nenhum dos Largura — 87 pés = 26,5 metros
comprimentos adotados anterior- Espaço de serviço — 6 pés =
mente satisfazem ao problema. 1,83 metros
Teríamos que subir a um com- Profundidade — 34,5 pés = 10,5
primento de 183 metros, o que metros.
nos daria uma largura de 28,5
metros e uma profundidade de A primeira solução obtida da
10,5 metros. Como se vê, isto vi- análise permite a docagem de
ria a constituir uma modifica- navios cargueiros até 10.000 to-
ção muito grande nos planos ini- n.ladas de Dw e ainda as doca-
ciais, modificação esta, que não gens duplas dos navios de pro-
se justifica pelo número de priedade de L. Figueiredo S.A.,
navios na tonelagem em causa. nas combinações indicadas na
Mesmo do planejamento da alínea A) do artigo 2.1.2. Não
Fronape, para construções futu- a docagem dos navios da
permite "mariner",
ras, não consta navios de .20.000 classe nem dos pe-
toneladas de deadweight; os que troleiros da Fronape de dead-
estão em construção são de weight igual ou superior a 16.000
33.000 toneladas. Estes últimos, toneladas.
porém, exigiriam um compri- A segunda solução, além de
mento de dique de cerca de 213 incluir todos os navios da pri-
metros, com largura de 32 me- meira, permite ainda a docagem
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 139

da 2.1.4 — Considerações
de 84,5 % dos finais:
petroleiros
Fronape, dos navios classe
"mariner",
e maior número de A decisão final sôbre a solu-

combinações docagens du- mais convém deve ficar


para ção que

indicado no artigo subordinada, como não pode dei-


pias, como
xar de ser, a razões de ordens
mencionado acima, isto é, alínea
econômica e financeira. Um es-
A) do artigo 2.1.2.
tudo cuidadoso da demanda de
Isto considerando que,
pôsto,
serviços, baseado no tipo de na-
do comercial, para
ponto-de-vista
vio mais indicado para apoiar,
um estaleiro de reparo, o pe-
fornece elementos preciosos pa-
troleiro é o navio mais conve-
ra a decisão final. Nesse estudo
niente, uma vez à medida
que navios
devem ser incluídos os de
vai envelhecendo, necessita
que especialmente
carga líquida, os
de maiores e mais freqüentes re-
em razão de neces-
petroleiros,
do os navios de outros
paros que reparos com mais
sitarem fre-
tipos, e de mesma tonelagem, es-
os navios das de-
qüência que
reparos de casco, em
pecialmente mais categorias. Sofrendo mais
razão da corrosão a que estão
do que qualquer outro os efei-
sujeitos; considerando a
que tos da corrosão, há mesmo
quem
frota Nacional de Petroleiros, é,
afirme como o Senhor Laurence
e ao tudo indica, continuará
que Edwards, Membro do Conselho
a ser uma das maiores compa^ "Institution
da of Naval Archi-
nhias de navegação do País;
tects" da Inglaterra, na vida
que
considerando o de
que porto econômica de um navio tanque
Santos é um terminal da mesma há menos dois
pelo períodos de
írota, situação esta não ten- reparos, nos algu-
que grandes quais
de a se modificar, em razão da mas centenas de aço têm que
existência da refinaria de Cuba- ser substituídas.

tão, a mais importante do País;


Por outro lado, os navios
que
considerando a de
possibilidade operam sob outras bandeiras, os
docagem dos cargueiros da cias-
de passageiros nacionais e final-
"MARINER"
se bem pode mente os transportadores
que de mi-
vir a se constituir no tipo pa- nérios, nacionais ou não, cuja
drão de cargueiros a ser contru- incidência no
pôr to justifique a
idos dentro dos dez sua inclusão, devem ser
próximos também

anos; considerando o maior nú- considerados, ocasi-


pois podem
mero de combinações de doca- onar uma redução considerável

duplas da Frota de L. Fi- no tempo de ociosidade


gens prevista
S.A., mais in- o dique sêco. Se
gueiredo parece para é verdade

teressante adotar a segunda so- os navios transportadores


que de
lução da análise, minérios não estão sujeitos aos
proveniente
isto é, aquela fixa o compri- mesmos de corrosão
que problemas
mento do dique em 550 pés ou que os não menos o
petroleiros,
168 metros, com as demais di- é o fato de a corrosão é ne-
que
mensões nela fixadas. les mais rigorosa nos navios
que
140 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

de carga sêca. O minério é, mui- mantê-la no lugar, mas também


tas vezes, úmido e umidade ace-
para assegurar uma melhor ve-
lera a corrosão. dação, e conseqüentemente, mi-
À luz destas considerações, do nimizar ou eliminar os vazamen-

preço da construção e das dispo- tos.

nibilidades de capital, a direção Se o dique utiliza o tipo de


da emprêsa, sua equipe téc- comporta,
por quer seja rebatível ou
nica, estará em condições de de- de
portão, o mais indicado será
cidir, dentre as soluções técnicas a retangular, como acontece
apresentadas, a mais con- com alguns
qual diques secos moder-
veniente aos interêsses do esta- nos.
leiro.

2.2.2 — Secção transversal no


corpo do dique:
2.2 — Secções transversais:

O do dique deve ficar


piso a
2.2.1 — Secção transversal da uma distância mínima de 4 pés
soleira. 2.2.2 — Secção trans- (l,30m) abaixo da soleira. Uma
versai nü corpo do dique. distância maior,
pouco 1,50 me-
tros, mais conveniente
parece

porque proporciona mais como-


2.2.1 — Secção transversal da didade aos
que trabalham em-
soleira: baixo do navio. Por outro lado,
a secção deve ter dimensões tais
A secção transversal da solei-
que permitam um espaço de
ra, depende do tipo de fecha- trabalho mínimo de 6
pés (1,97
mento fôr utilizado o
que para m) nos locais onde é máxima a
dique. Caso seja adotada a bôca
por- do navio, isto é, ordinária-
ta-batel, a corrente re- mente,
prática no bôjo. Isto significa
comenda o tipo de incli-
parede que a largura
preconizada pelo
nada, com uma inclinação de
gráfico, como foi estabelecido,

uma unidade horizontal
para deve ser nesta altura, isto é, na
oito (8) verticais. Alguns diques altura do bôjo do navio, de maior
foram construídos com
já as dimensão assentado
quando sô-
paredes laterais da soleira com bre os blocos. Os altares ou ba-
inclinação de 1 12, mas
para tentes nas laterais
paredes são
aqui se recomenda, caso decidi- úteis para o uso de es-
permitir
do o uso da a incli- coras
porta-batel, laterais, manobra
para de
nação de 1 8, aconselhada cabos,
para colocação de de
"Bureau pontos
pelo of Docks and luz, tomadas de fôrça, ar com-
Yards" da Marinha Americana.
primido (se houver) e ainda
pa-
A razão de ser da inclinação se ra
permitir circulação de pesso-
explica, fa-
principalmente, pelo al, além de tornar a construção
to de a componente do mais
que pêso econômica. Por outro lado,
da porta, normal à superfície muitos altares aumen-
provocam
inclinada, concorre não só
para to demasiado da largura do dique
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 141

o não se recomenda Vários tipos de secções


que porque trans-
obriga o uso de escoras laterais versais têem sido usados na
mais longas, com construção de diques secos. Re-
guindastes
lanças maiores, aumento do vo- centemente, foi num
proposto
lume de água a ser bombeado e, a secção C. Neste
projeto, tra-
conseqüentemente, do tempo de balho limitar-nos-emos a suge-
esgotamento. Os altares devem rir como alternativa as secções
ter uma largura mínima de 3 A e B.
pés
(1,08) e o mais elevado deve ser Na verdade, não há nenhuma
construído mais largo a contra-indicação séria na
(l,10m secção
l,20m) segurança dos
para que C. A secção A, apresenta a van-
ali trabalham ou trafegam. tagem de manter constante a
As entre os altares largura do dique no sentido ver-
paredes
devem ser verticais, e, nos alta- tical e é um vem sen-
perfil que
res mais altos devem ser cons- do usado modernamente. Co-
truídas balaustradas desmontá- mo exemplo, citar
poderíamos o
veis. dique sêco n.° 1 de Greenwill,
Perto do fundo da doca, reco- Sunderland, Inglaterra, constru-
menda-se o uso de um ou dois ido em 1860 e reconstruído em
altares fornecer uma 1952, tendo modificado
para pia- a sua
taforma sêca antes da doca es- secção transversal do tipo D
pa-
tar inteiramente esgotada. ra o mostrado em A. Finalmen-
"Bureau te a secção B,
O of Docks and é um tipo traçado

Yards" da Marinha Americana, de acordo com as indicações e


"Bureau
recomenda um seja prescrições do of Docks
que altar
construído and Yards". Deve ser adotado
pouco acima do nível

da média, se resultar em menor custo de


preamar para prover
uma aos operam construção.
plataforma que
com os cabos e a circu- Em muitos dos antigos diques
permitir
lação dos manobram duran- secos, o era construído com
que piso
te a docagem. Os outros altares inclinação longitudinal de modo
elevem ser colocados em relação a esgotamento natural.
permitir
aos calados dos navios que vão Isto alguma complicação
produz
ser apoiados. O segundo a par- na construção e colocação dos
tir de cima deve ser colocado a blocos de berço e, em diques
uma altura correspondente à longos, com bomba situada no
metade do calado do navio de extremo, aumenta considerável-
maior calado, medida do tôpo mente o tempo de esgotamento.
oíos blocos de Êste ar- Uma alternativa seria cons-
quilha.
ranjo circular o navio truir com ligeira
permite o piso in-
na região normalmente mais clinação os bordos. A
para
atacada do casco, facilita a colo- água seria neste caso, coletada
cação de andaimes limpeza em valetas
para ou em aberturas
gra-
e facilita comunicações entre os deadas
que se conectariam com
homens em serviços no nível in- os drenos. Uma outra alternativa
dicado. seria construir ligei-
o piso com
142 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ra inclinação transversal adiei- Se desejável a utilização do


onada a uma inclinação longi- arranjo acima, será necessário o
tudinal de 15 centímetros (apro- estudo das condições financeiras
ximadamente 6 de a extensão da canalização
polegadas) para
cada extremo à secção transver- cio esgoto: Se o aumento do eus-
sal. Êste arranjo de construção to da modificação fôr
proibiti-
foi utilizado na Doca n.° 3, de vo, imprescindível
parece provar
Mare Island, Estados Unidos, menos uma abertura de es-
pelo
com bons resultados. Ela gôto na cabeça do dique. Êste
permi-
te diminuir o tempo de esgoto, arranjo elimina correntes inde-
desde que os dois extremos da sejáveis ao mesmo tempo re-
que
doca sejam providos com aber- duz o tempo de esgoto. Para
tura de descarga. O dispositivo maior eficiência êste arranjo de-
descrito apresenta também a ve ser completado uma mo-
por
vantagem de não a for-, dificação na inclinação longitu-
permitir
mação de correntes, especial- dinal. A região mais alta
passa
mente na descarga. a ser o centro do dique, com in-

Em recente de um di- clinação de 30 centímetros


projeto para
a ser construído o esta- cada extremo.
que para
leiro de reparo da Sabrena, San-
tos, foi sugerido um arranjo
que
se aproxima consideravelmente 2.3.0 — Equipamento:
daquele era usado nos an-
que
tigos diques americanos. O 2.3.1 — Balaustrada —
piso 2.3.2
do dique seria construído com — Escadas 2.3.3 — Pôço do
ligeira inclinação longitudinal, leme. 2.3.4 — Cabrestantes.
da cabeça a soleira com a 2.3.5 — Placas indicadoras.
para
diferença de que do centro 2.3.6 — Defensas. 2.3.7 —
para
os lados o teria uma ineli- Cabeços. 2.3.8 — Olhais de
piso
nação de 1%. Neste último as- rosca. 2.3.9 — Guindastes.

o incorpora algo 2.3.10 — Bombas. 2.3.11 —


pecto projeto
do que foi utilizado no dique de Blocos de e blocos de
quilha
Mare Island, o constitui sem bôjo.
que
dúvida uma caracterísetica mais

progressista. A inconveniência

de aumento do tempo de esgoto 2.3.1 — Balaustrada:

que ocorre nos diques longos

com inclinação longitudinal e Ao longo da borda do dique,


aberturas de esgoto somente num deve ser instalada uma balaus-
dos extremos, é no caso trada desmontável, como medida
presen-
te minimizada, em virtude de de segurança. Deve ser projeta-
ser o dique relativamente curto. da de modo a ser retirada ràpi-
Permanece, na nossa opinião, o damente ocasião da doca-
por
efeito indesejável de formação e saída dos navios do dique,
gem
de corrente, especialmente no de modo a não interferir com a

período de esgoto do dique. manobra dos cabos. Deve ser


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 143

forte resistir às contantes vios. Os diques dos Es-


para grandes
montagens e desmontagens. Na tados Unidos de
possuem poços
sua forma mais simples e efici- leme situados da do
perto porta
ente a balaustrada é formada dique, e com dimensões de 5,5m

por balaustres com espaçamen- de comprimento, por 2,13 de lar-

to de 8 ligados en- e de l,07m de profundida-


pés (2,43m), gura
tre si duas correntes simples. de. No caso de um dique de ta-
por
O autor é de o manho médio, estas dimensões
parecer que pri-
meiro altar a contar da borda ser reduzidas para
poderiam
do dique seja também dotado de dois metros e cinqüenta de com-

balaustrada mesmos moti- um e meio de lar-


pelos primento, por
vos determinam a sua exis- e um de profundidade. Ês-
que gura
tência na borda. te deve ser ligado à rede
pôço
de esgoto do dique por canaliza-

de ferro fundido de 4
2.3.2 — Escadas: ção pole-
de diâmetro, provida de
gadas
válvula de gavetas. Quando não
O dique deve escadas
possuir
em uso deve ser fechado
desde a borda até o fundo. por
tampa de madeira resistente à
O número e a disposição delas
água ou, de preferência, cha-
variam consideravelmente, mas por
de ferro. Estas últimas a-
em o dique deve pas
geral, possuir
no entanto o incon-
uma escada de cada lado presentam
perto
veniente da corrosão.
da entrada e um outro com
par,
a mesma disposição, da ca-
perto
2.3.4 — Cabrestantes:
beça do dique. No meio do di-

que construir, de cada


pode-se
bordo, de ferro ver- Os cabrestantes são necessá-
uma escada

tical. ser *ios e imprescindíveis aju-


Deve esta última pro- para

não tornar dar as manobras de entrada e


jetada de modo a

descontínuos As es- saída do navio do dique,


os altares. para

cadas da cabeça centrá-lo exatamente sôbre os


das entradas e

devem balaustra- blocos do berço e ainda ma-


ser de para
providas
das em 2.3.1. nobra da ou outro
iguais a já descrita porta-batel

qualquer sistema de fechamen-

2.3.3 — Pôço do leme: to que fôr adotado. Com os com-

primentos considerados as
para
Alguns tipos de navios mer- soluções neste traba-
propostas
cantes não ter o seu le- lho, cabrestantes
podem quatro pare-
me desmontado, sem a existên- cem suficientes, embora haja di-

cia de um cons- secos utilizam até no-


pequeno pôço ques que
truído no fundo do dique. É as- ve dêles. Apenas, recomenda-se

sim interessante a construção que os cabrestantes tenham ca-

do tal cujo não é racterísticas satisfaçam


pôço, preço que pie-

grande e de futuro, namente às necessidades. As


que poderá,
economizar tempo no reparo de características mais importan-

aparelhos do de tais na- tes são:


govêrno
144 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

1) Velocidade variável — ca- trai devem duas destas


placas
racterística necessária em virtu- ser colocadas na cabeceira do di-
de do serviço a são — uma
próprio que que na borda e outra
destinados. Para fixar um na- situada l,80m atrás.
vio ou concentrá-lo sôbre os blo-
cos, necessita-se muita fôrça com 2.3.6 — Defensas:
pouca velocidade, enquanto
pa-
ra cargas leves necessita-se alta Para as
proteger paredes do
velocidade e fôrça, como
pouca dique e os cascos dos navios de-
no caso de tirar o seio de um ca- vem ser colocadas na solélra, de-
bo ou espia;
fensas longas. Elas se devem es-
2) Devem ser irreversíveis
por tender desde a borda até cêrca
razões óbvias e creio mesmo
que de 10 acima
pés (3,28m) do ba-
atualmente nenhuma firma os tente da soleira. Estas defensas
constrói de outro tipo;
devem ser contruídas de madei-
3) Devem, ter a sua máquina
ra creosotada resistir a ação
para
ou motor elétrico abai-
primário do mar, e especialmente ao Gu-
xo do nível da borda;
zano, cuja incidência em águas
4) Devem, de acordo com as brasileiras é bem acentuada.
"Bureau
prescrições do Docks
and Yards", ser capazes de pro- 2.3.7 — Cábeços:
duzir as forças abaixo, nas ve-
locidades correspondentes:
São necessários a intervalos
30,000 libras a 30 mi-
pés por relativamente
pequenos, nos la-
nuto
dos ou bordas do dique, não só
10,000 libras a 90 mi-
pés por estaiar melhor
para os navios,
nuto
mas também reduzir o tem-
para
1,000 libras a 200 mi- •
pés por de de
po passagem espias de um
nuto.
para outro. Devem assim ser co-
Um cabrestante com motor de
locados numa distância máxi-
40HP, satisfaz a estas exigên- ma de 50 ou 15 metros apro-
pés
cias. Parece conveni-
portanto ximadamente. Na docagem é
ente considerar esta última
po- usual manter dois de es-
pares
tência como mínima aceitável
pias na e dois na Na
proa pôpa.
para o serviço normal.
entrada e saída do navio do di-

que cada par é alternadamente


2.3.5 — Placas indicadoras movido de um outro, fican-
para
do fora do cabeço, somente nu-
Nas bordas do dique, dos dois ma espia de cada vez. Os cabe-
Lados, devem ser colocadas devem ser
pia- ços projetados de mo-
cas indicadoras, igualmente es- do a não
permitir que as espias
paçadas, para determinar, com deles se soltem cima,
por escor-
exatidão, na ocasião da doca- reguem sob a ação de grandes
gem, a posição exata do navio. forças se
ou emaranhem. De-
Do mesmo modo, fixar a
para vem, além disto ser
projetados
posição rigorosa da linha cen- resistir
para uma tensão de
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 145

30.000 libras nas ser retiradas no dique, os héli-


(13.608Kg)
espias. Para navios não muito ces, o leme e o eixo são as mais

grandes, êste limite é perfeita- pesadas.


mente seguro. Nos navios, os hélices
grandes
chegam a mais de quatro
pesar
2.3.8 — Olhais de rosca: toneladas. Parece assim conve-

niente utilizar guindastes de ca-

O dique deve olhais superior a cinco tone-


possuir pacidade

para facilitar a centragem do ladas como mínimo admissível.

navio, e ajudar a manobra da O limite superior é discutível.

porta-batel (se for êste o siste- F .M. DU-PLAT-TAYLOR reco-

ma de fechamento adotado). menda as capacidades de 25 a


Devem ser colocados, três 50 toneladas, dependendo do
perto por-
da borda, na cabeça do dique, te das o que eqüivale di-
peças,
dois na entrada e, caso se utilize zer, do tamanho do dique a que

porta-batel, dois outros bem vão servir. Por outro lado a Co-
per-
to e na superior da soleira. missão Mista Brasil-Estados Uni-
parte
Outros olhais devem ser coloca- dos nas suas recomendações sô-

dos ao longo e nos bordos do di- bre desenvolvimento econômico,

com o objetivo de Volume 9, Transportes, recomen-


que prender
os cavaletes ocasião do en- da, na parte referente ao reapa-
por
chimento. Os isto é, relhamento da Ilha do Viana,
primeiros,
os da cabeça e da do di- a utilização de guindastes de 20
porta
devem ter diâmetro de oitc toneladas para o dique Cruzeiro,
que,

(8) aproxi- de 195 metros de comprimento.


polegadas (20cms
madamente) os demais de O autor julga mais aconselhá-
e qua-
tro lOcms vel a utilização de dois tipos de
(4) polegadas (ou
aproximadamente). aparelhos: um de 5 toneladas

de capacidade, automóvel,
para
2.3.9 — Guindastes: manobra com pequenos pesos,
tais como: escoras, cavaletes,

A maior das pe- blocos de quilha etc; outro de


parte grandes
de um navio ser retira- capacidade maior, com o objeti-
ças pode
da com êle flutuando. Não há vo de atender a de maior
peças
necessidade especial de do- com de mo-
pois pêso, possibilidade
tar o dique com de vimentar entre 20 40 to-
guindastes pesos e

grande capacidade, desde que neladas.

existam flutuantes As
guindastes lanças dos guindastes mai-
capazes de operar com a máxi-
ores devem atingir menos a
pelo
ma capacidade exigida. mediana fim
do dique, a de per-
Não há regra fixa deter- mitir manobra com situa-
para pesos
minação da capacidade dos guin- dos nas mais diversas posições.
dastes, a não ser o das pe- Há um número de ti-
pêso grande

ças que com maior probabilida- pos patenteados de guindastes.


de terão de movimentar. Evidentemente um trabalho da

Dentre as só podem natureza do estamos desen-


peças que que
146 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

volvendo não comportaria a des- à diferença, em elevação, entre o


crição dos vários tipos existen- fundo do dique e o nível da
pre-
tes. Ao leitor interessado, reco- amar média. No caso do dique
mendaríamos a leitura do traba- com as dimensões indicadas no
lho sôbre o assunto apresentado artigo 2.1.2, a máxima altura

por Mr. C. H. WOODFIELD manométrica varia entre 10 me-


perante a Júnior Institution of tros a solução
para correspon-
Engineers, em dezembro de 1922, dente a 160 metros de compri-
no todos os tipos são mento e 10,5
qual quase para a correspon-
descritos e ilustrados com bas- dente a 168 metros. É de todo
tante clareza. interêsse conservar no mínimo
exigido capacidade deseja-
pela
2.3.10 — Bombas: da, a potência máxima da ins-
talação, e assegurar a
que potên-
A fixação da capacidade de- cia fornecida seja tão constante

pende das dimensões forem quanto durante tôda a


que possível
escolhidas o dique bem co- variação da altura manométrica.
para
ino do perfil adotado, uma vez Os motores elétricos de alta ve-

que ambos irão influir no volu- locidade são mais econômicos,


me dágua a ser esgotado. A de- enquanto as
que bombas centrí-
cisão sôbre a capacidade deverá fugas se adaptam
que melhor

portanto ser tomada depois de aos diques, trabalham melhor


decidido definitivamente os itens em velocidades moderadas. As-
acima indicados. sim a conexão motor elétrico-

Qualquer que venha a ser a bomba centrífuga, envolve con-


capacidade escolhida, as bombas ciliação de condições antagôni-

principais de esgoto, devem ser oas, sempre obtida a eus-


quase
fixadas tomando base não ta de algum sacrifício na
por efici-
só o tempo necessário o es- ência. Esta não
para porém é muito

gôto, mas também o dispêndio importante, especialmente


por-
de energia. Sob o de vis- a instalação
ponto que trabalha inter-
ta da operação de docagem, é de mitentemente e por tempo rela-
tôda conveniência o esgoto no tivamente curto.
menor tempo Não se
possível. O número de bombas
princi-
pode, no entanto, deixar de con- deve
pais ser fixado em três (3),
siderar o dispêndio de energia isto
pois é a prática corrente no
elétrica, "Bureau
que pode vir a consti- of Docks and Yards" e,
tuir um item considerável de mais
quando não seja, represen-
custo. Um equilíbrio entre as ta mais de 50 anos de experiên-
duas condições, será o mais indi- cia na construção de diques se-
cado, sôbre o de vista eco- cos. Determinada
ponto fôr a ca-
que
nômico. Por outro lado, é pre- pacidade das bombas, a partir
ciso não de vista as das bases
perder que indicadas, isto é, volu-
bombas operam com me
principais de água a ser bombeado e
altura manométrica variável, consumo de energia, sugerimos
desde zero até a correspondente
que no contrato de compra seja
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 147

explicitamente indicado que a pondentes, as leituras da potên-


aceitação das unidades ficará cia fornecida aos motores pri-
condicionada à aprovação nas mários das bombas.
provas abaixo descritas: c) Altura das Cargas: — A
a) Prova de Capacidade: — prova de altura de carga deve
Prepara-se e traça-se uma curva ser baseada na diferença de ní-
de volume de água do dique, vel entre a água no dique e no
com base na altura da água, mar, uma vez que deste modo
tendo como referência um pia- se obtém melhores indicações da
no escolhido. Êste plano pode "performance" da instalação. A
ser o fundo do dique ou a sua
prova com manômetros colocados
borda. Quando houver vasamen- na aspiração e descarga das
to, uma curva de vasamento bombas já demonstrou não pro-
também deve ser traçada. Para duzir resultados seguros, e assim
isto observa-se a razão de eleva- deve ser evitada. A falta de ri-
Ção da água, em vários níveis. gor dos resultados com mano-
Durante as provas, devem ser metros decorre da formação de
feitas leituras do nível de água turbilhões na água, na passa-
em intervalos de 10 minutos. A gem pelas canalizações, o que
quantidade de água bombeada é produz erros nas leituras mano-
determinada pelas leituras indi- métricas;
cadas, somando-se as quantida- d) Altura de Maré: — Em ge-
des indicadas pela curva de vasa- ral as provas são organizadas de
mento. modo que o seu término coinci-
A capacidade média será de- da com a preamar média, isto é,
terminada pela divisão do volu- que a altura final da maré coin-
me de água bombeada pelo tem- cida com a preamar média. Em-
po necessário para fazê-lo. bora seja necessário que as bom-
As leituras dos níveis de água bas tenham capacidade para es-
devem ser feitas com o máximo gotar o dique com qualquer al-
rigor e, de preferência em dois tura da maré, a prática corren-
ou três pontos simultaneamente. te mostra que a diferença de ní-
A média dessas leituras tende a vel média que tem de ser vencida
minimizar os erros. Ainda para pelas bombas corresponde à me-
eliminar possíveis erros, a escala tade da altura da preamar mé-
da curva deve ser grande, uma dia. Por isto, nos locais onde
vez que deste modo os erros se haja grande variação na altura
tornam mais visíveis e, como das marés, parece mais lógico
conseqüência, de mais fácil cor- fazer as provas de capacidade e
reção; eficiência, na metade da altura
b) Potência fornecida: — A de preamar média. Esta é,
medida que se forem efetuando pelo menos, a prática adotada
as leituras para o traçado das "Bureau
pelo of Docks and
curvas de capacidade, simultâne- Yards" da Marinha Americana.
amente devem ser feitas, por e) Eficiência: - O trabalho efe-
meio dos instrumentos corres- tuado é obtido pela multiplica-
148 REVISTA MARÍTIMA BiXASILEIRA

ção do volume de água esgotado um lado


para outro, baixo
por
em cada intervalo de leitura, do navio.

pela altura de carga estática no A carga máxima nos blocos


mesmo intervalo. Se a é
prova ocorre os navios mais
quando
baseada em condições dinâmicas,
pesados estão docados. Quando
a altura da carga é determina-
o navio é docado com trim,
pode
da pela leitura dos manômetros,
ocorrer concentração de
grande
com as correções se fize-
que carga em determinados blocos, o
rem necessárias. Se é baseada
mesmo acontecendo há
quando
na diferença de nível, a altura
grande balanço na e na
proa pô-
da água é determinada por sim-
pa, isto é, a disposição
quando
pies leitura.
dos blocos é tal ocasiona,
que
parte do navio ficar em balanço
23,11 — Blocos de quilha e Blo-,
avante ou a ré. A curva de
cos pêso
de bojo
do navio não dá indicação exa-
ta da verdadeira distribuição de
Os blocos usados doca-
para
carga nos blocos, a estru-
dos navios nos porque
gem diques secos
tura do navio tende a distribuir
devem ser escolhidos de modo a
as cargas concentradas.
rápido reajustamento Quan-
permitir
do existe de docagem, a
satisfazer às exigências dos quilha
para
distribuição transversal da carga
diversos tipos de navios
que pos-
não ser fàcilmente deter-
Estas pode
sam ser docados. exigên-
minada. De modo, a
cias variam desde as embarca- qualquer
distribuição de carga nos blocos
ções menores, cujo pêso é supor-
para efeito de cálculo, é conside-
tado inteiramente pelos blocos
rada trapezoidal: isto é, a carga
de quilha, com a ajuda de blocos
nos blocos mais altos é distribuí-
de bôjo ajustáveis, cuja função
da pela largura da e uni-
é dar apoio ao bôjo e ajudar as quilha
formemente um comprimen-
escoras laterais na sua função por

de manter o navio em to de 4 (l,22m) na base do


posição, pés

até os navios, exi- conjunto.


grandes que

gem quatro linhas de blocos de O material usado blocos


para
quilha. Nestes últimos, e a inter- tem sido: Madeira, Concreto,
valos de 150 pés (46m), um con- Ferro e Aço fundido. Os blocos

junto de blocos deve ser omiti- apresentam as seguintes vanta-


do, para facilitar a passagem, de e desvantagens:
gens

VANTAGENS DESVANTAGENS

Os de madeira

a) — Boas condições a —
para A melhor madeira
para
mancai; êste fim, é o Carvalho;

não é fácil de conseguir;


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 149

b) — Elasticidade; b) — Preços atuais altos, com

tendência a subir;

c) — Fácil de ser ligado for- c) — Deteriora com facilida-

mando um conjunto; de;

d) — Facilmente trabalhável; d) O bloco deve ser fixado

com cuidado para evi-

tar deslocamento, o que


avaria
poderá provocar
no navio.

e) — Não é pesado.

Os de concreto

a) — Material relativamente a) — Para dar boas qualida-


fácil de obter; des de mancais, são ne-

cessárias prescrições es-

peciais;

b) — Facilidade de confec- b) — Mais difícil de formar

conjunto;
ção;

c) — Fortes; c) — Mais fácil de serem a-

variados quando em

manobra;

d) — Relativamente baratos; d) — Deterioram ràpidamen-

te, se não forem cons-

truídos com rigor ou

operados sem cuidado.

e) — Boas de man-
qualidades
cais, encapado
quando
na madeira;

f) — Durabilidade;

Os de ferro fundido

a — Fortes; a) — Caros;
150 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

b) — Duráveis; b) — São e difíceis


pesados
de ser combinados para
formar conjunto;

c) — Com boas c) —
qualidades Quebradiços.

de mancai, quando en-

capados com madeira.

Os de aço são duráveis, fortes, houvesse avarias no blo-


graves
relativamente baratos a co.
quando

forma não é complicada, mas de- A luz das considerações apre-

terioram rapidamente, quando sentadas, do da


preço, possibili-
não são protegidos por pintura dade de avaria choque, da
por
apropriada. resistência à ação da água,
quan-
Em razão das vantagens e des- do submersos, sugerimos a ado-

vantagens indicadas, a Marinha ção do tipo de bloco composto

Americana, depois de uma longa de cimento e madeira e cujos

série de experiências planos constituem o anexo I.


práticas
em vários dos seus diques secos Quanto aos blocos de bôjo, e-

adotou, a de 1928, os blo- remos a considerar duas solu-


partir
cos compostos, isto é, cimento e ções:
1) Uso do tipo de blocos co-
madeira, e, oito anos depois, ês-
muns exigem do
tes blocos ainda estavam em que preparo pi-
per-
cadeiro, tôda vez um navio
feitas condições, tem que
pelo que
vai ser docado;
sido usados desde então, naquela
2) Uso do tipo de blocos ope-
organização. Os inglêses usam
rados com controle remoto.
com mais freqüência os blocos de
No caso de ser adotada a
de ma- pri-
ferro fundido com capa
meira solução, o tipo de bloco a
deira. Êstes blocos, caros e pesa- ser construído seguir os
pode
dos, são constituídos de peças em
planos que se contém no anexo
forma de cunha, para facilitar a I. É a solução
presentemente
retirada e a desmontagem. O di- em todos
adotada os diques bra-

que sêco de Bolboa possui dêste saleiros e na maior dos es-


parte
tipo de bloco e o serviço por êles trangeiros. Apresenta, como é
têm sido satisfatório. óbvio, o inconveniente de se ter
prestado
"Bureau
Segundo o of Docks o dique antes
que esgotar da do-
and Yards", em 1916, um dêsses cagem de navio,
qualquer para
blocos foi em compres- do
provado preparo picadeiro.
são, com carga distribuída sôbre a segunda
Se adotada solução,
tôda a superfície. A capacidade utilizada
que vem sendo em di-
total da máquina de provas europeus, ter-se-á a vanta-
ques
<10.000.000 de libras) ou qua- de não ser necessário e es-
gem
tro e meia toneladas aproxima- gôto do dique entre duas doca-

damente, foi atingida, sem que gens, com a conseqüente econo-


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 151
mia em tempo e dinheiro. Para ção deve ser alojada em recesso
se utilizar esta classe situado perto da borda e acima
fle blocospossa
^ue de quilha é necessário do altar superior, com tomadas*
que o projetista do navio confir- espaçadas de não mais de 100
*ne se é
em qualquer possível colocar suporte pés nos dois lados do dique'. Se
região da Secçãoponta do fundo, na possível, devem ser instaladas
Mestra. Há vá- tomadas de ar comprimido tam-
rios tipos destes blocos em uso bém no fundo do dique. O siste-
no continente europeu. Em ai- ma produzirá melhores serviços,
guns, como no dique de Bur- se dispuser de conexões cruzadas
rnester Wain, em Copenhague, entre os ramos dos dois bordos
Dinamarca, os blocos de bojo têm do dique. Isto pode ser obtido
a forma de cunha e podem ser embutindo a canalização cruza-
movidos, transversalmente por da nas paredes e no fundo ou
meio de ar comprimido. Assim construindo túnel para o mesmo
uma vez colocado o navio em po- fim, o que constituiria, sem dú-
siÇão, os blocos são movidos pa- vida, uma solução dispendiosa.
*a posição adequada, por contrô- A canalização cruzada se justi-
le à distância. Em outro tipo, fica pela obtenção de igualdade
°s blocos são ajustados por meio de pressão nos dois ramos, mes-
de correntes manobradas do ai- mo quando parte de um deles
tar superior. está fora de serviço, e ainda pela
possibilidade de eliminar água
2.4.0 — Serviços: da canalização por meio de vál-
vulas de escape, que devem ser
2.4.1 — Ar comprimido. 2.4.2 colocadas no ponto mais baixo
— Acetileno. 2.4.3 — Elétri- da canalização que cruza o di-
cidade. 2.4.4 — Intercomu- que. Nos diques médios e gran-
nicação. 2.4.5 — Sistema de des o diâmetro da canalização
combate a Incêndio. 2.4.6 — principal deve ser de 6 polega-
Rede de esgoto. das. Na canalização cruzada, esse
diâmetro pode ser reduzido pa-
2.4.1 — Ar comprimido: ra 4 polegadas.
Caso seja decidida a utiliza-
Muito embora a ênfase, num ção da canalização cruzada, re-
estaleiro de reparo seja a porta- comenda-se que uma seja colo-
bilidade do equipamento e servi- cada perto da soleira e outra a
Ços, uma vez que, em muitos ca- meia distância entre esta e a ca-
sos, o serviço é levado ao consu- beca do dique.
midor, que pode estar atracado O arranjo geral das canaliza-
nas instalações portuárias da ci- ções, a determinação do diâme-
dade, ou mesmo fundeado ao tro e o número de tomadas foge
largo, não parece haver dúvida um pouco a especialidade de
quanto ao acerto da instalação construção naval, pelo que não
permanente de ar comprimido se justificam maiores considera-
para o dique seco. A canaliza- ções. O problema é simples e
152 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

aqui desejamos apenas sugerir truir uma central de acetileno e


que, no cálculo de consumo de não tentaremos aqui descreve-
ar para ferramentas, seja usado -las. Parece interessante con-
um fator de segurança não me- tudo, chamar a atenção para
nor do que 40%. certos detalhes que devem ser
Do planejamento geral deve levados em consideração, qual-
constar a aquisição de compres- quer que seja o tipo de central
sores portáteis. Haverá certa- que venha a ser adotado:
mente necessidade deste tipo de 1) A central deve ser localiza-
compressor no decorrer do ser- da de modo a que fique a uma
viço, especialmente quando o distância não menor do que 16
estaleiro fôr obrigado a atender metros da rua e nada menos do
navios fora das suas instalações. que 30 metros dos outros edifí-
Sugerimos assim, para fazer cios. Deve ser escolhida a zona
parte do equipamento geral, a nienos edificada do estaleiro e,
aquisição de dois outros com- ao mesmo tempo, mantê-la tão
pressores portáteis de 100 a 200 próxima quanto possível dos lo-
polegadas de pressão e capaci- cais onde vai ser utilizado o ace-
dade mínima de 150 pés cúbicos tileno, isto é, dique, oficinas,
( 4,40 m3) operados por motor pier, etc;
diesel. 2) Cada atividade na central
deve ter compartimento próprio
2.4.2 — Acetileno: separado dos demais por paredes
à prova de fogo. O arranjo da
A única razão para existência central deve ser feito de acordo
de uma central de acetileno é com o desenvolvimento da pro-
ficar o estaleiro independente, dução, isto é, em primeiro lugar
no que se refere ao suprimento deve ficar o paiol de carbureto,
deste importante elemento. A em seguida a instalação gera-
existência da central obriga, po- dora propriamente dita, depois
rém, a uma série de cuidados os depósitos de acetileno e fi-
imprescindíveis para evitar aci- nalmente o local para engarra-
dentes de sérias proporções. A famento. Os depósitos de aceti-
iluminação de emergência do di- leno não devem ficar no mesmo
que com acetileno é substituída edifício, sendo seguro construí-
com vantagem, por um grupo -los à parte;
gerador diesel elétrico auxiliar, 3) Os depósitos devem ser do
ou mais de um, se necessário fôr. tipo comercial, constituído de
Não julgamos, assim, de primei- um cilindro de chapa fina com
ra necessidade, uma central de a parte superior em forma de
acetileno, só se justificando, a calota esférica ou chata e selado
nosso ver, a sua inclusão num com água na parte inferior;
projeto, se não houver, nas pro- 4) Toda instalação deve ser
ximidades, suprimento adequado construída de acordo com as
do produto, em garrafas. prescrições que se contém no
Há várias maneiras de cons- "Fire Underwriters Regulation
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 153

for 2) Todos os cabos elétricos


Installation and Operation

and devem ser armados, para maior


of Acetilene Equipament

Outting". durabilidade;

3) Para trabalho noturno re-


Aparelhos de devem
proteção
um mínimo de 75 a
ser usados de acordo com as comenda-se

80 lâmpadas de 200 watts. Além


do boletim n.° 10 do
prescrições
" é imprescindível a insta-
Bureau of Construction and destas,

lação de tomadas lâmpadas


Repair" da Marinha Americana; para
em número não infe-
portáteis,
30. As lâmpadas de 200
de acetileno rior a
5) Os geradores
watts devem ser ajustáveis de
devem ser dotados de dispositi-
modo a que se possa
vos cortar a permitir
para produção
concentrar em uma mesma dire-
os reservatórios estão
quando
duas ou mais delas;
cheios ou vazios, a pres- ção,
quando
ou 4) Da instalação deve constar
são atinge o máximo desejado
é circuito especial de corrente con-
a circulação de água
quando
tínua de 250/125 volts, 3 fios,
cortada;
fornecer energia aos navios
6) A instalação deve ser dota- para
utilizam êste tipo de corrente.
da de tanques de sedimentação que

receber o sub-produto da
para
— a cal Do mesmo modo, da instala-
fabricação de acetileno
— es- devem constar circuitos de
hidratada evitar que ção
para
ta no sistema corrente alternada com capaci-
seja jogada geral
dade suficiente atender aos
de esgoto. para
navios utilizam corrente al-
que
A canalização de acetileno ternada.

deve ser de ferro e reco- O estudo da carga elétrica to-


prêto,
menda-se todos os edifícios do estaleiro deve incluir ês-
que tal
a rêde dêste itens e no artigo 1.6 fo-
por que passar gás, tes já

sejam de ventilação no ram fornecidos exemplos e dados


providos
teto dêle, uma vez que concernentes ao
ou perto problema.

o acetileno é mais leve o ar.


que

2.4.4 — Inter comunicações:

2.4.3 — Rêde elétrica:

O dique deve ser de


provido
também foge alto-falantes ou fixos
A rêde elétrica portáteis
especialidade. É de fácil comunicação
ao escopo da para permitir

atribuição do engenheiro eletri- durante as docagens e saídas dos

cista, apenas algumas navios do dique. Êstes mesmos


pelo que
nos limitaremos a elementos facilitam as comuni-
observações
cações com o que esteja
íazer: pessoal
trabalhando no fundo do dique

devem se ex- e em caso de emer-


1) Os circuitos permitem,

tender lados do dique; dar aviso rápido e preci-


aos dois gência,
] 54 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

so aos trabalham no mes- 2.4.7 — Rêde de Esgoto:


que
mo local.

É de tôda conveniência a do-


2.4.5 — Sistema de Combate a tação de uma rêde sanitária
para
Incêndio: o dique. Ela
possibilita a perma-
nência da no
guarnição próprio
navio, docado, eliminan-
quando
A rêde de incêndio deve ser
do a necessidade de construção
com os diâmetros das de alojamentos
projetada especiais ou a
canalizações principais não me- de tempo
perda decorrente da
nores do que 8 polegadas e com saída dos homens
para dormir
número de hidrantes de acordo em locais distantes do estaleiro.
com as exigências dos técnicos Alguns diques antigos não
pos-
do Corpo de Bombeiros. Na falta suem rêde de esgoto e o
pagam
destes, o que se contém nas da omissão. É uma insta-
preço
"Rules
of the National Board of lação muitíssimo necessária e to-
Fire Underwriters" servir dos os diques modernos a
pode pos-
como norma instalação dos suem. Constam, de
para geralmente,
meios convenientes. Se ficar de- duas canalizações de oito polega-
cidido o apoio a navios das encaminham o material
petrolei- que
ros, é interessante a adoção de coletado ejetôres ou bom-
para
meios adequados de combate a bas. Em alguns casos, o material

incêndio, uma vez a água é é descarregado no siste-


que próprio
inoperante em tais casos. ma geral de esgoto, mas êste ar-

ranjo não é mais recomendado.

O que se usa atualmente é um


2.4.6 — Rêde de Água: sistema separado. O esgoto de

sanitários, banheiros, etc.


pias,
é coletado num aberto no
pôço
Quando houver uma rêde de fundo do dique e daí, por gravi-
incêndio separada, a canalização
dade ou por meio de bombas ou

principal de água doce em cada ejetores é retirado e lançado ao


lado do dique deve ter diâmetro mar. A conexão do navio
para
de quatro polegadas. Quando o é feita meio de um
pôço por
não houver rêde de incêndio se- tubo de borracha ou outro mate-

o diâmetro da canaliza- rial flexível. Quando não em uso,


parada,
deve ser calculado de modo o pôço é fechado tampa cir-
ção por
a atender a máxima descarga ne- culãr de metal, a exemplo do que
cessária, isto é, às necessidades se faz com os esgotos das ruas.

normais e também ao necessário A bomba de esgoto, um


para
para o combate a incêndio. dique das dimensões médias, isto

Devem ser instalados hidrôme- é, com as dimensões indicadas


tros para medida de em 2.1.3, deve ter uma capaci-
quantidade
de água fornecida aos navios. dade não menor do 200
que ga-
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 155

lões minuto, ou seja, 760 li- te satisfatório. Em Pearl Harbor


por
tros minuto aproximada- existem, no dique n.° 1, quatro
por
mente. Para os diques maiores bombas centrífugas.

êste mínimo deve ser elevado As bombas de esgoto devem ser

300 ou 1.130 do tipo centrífugo, conectadas ou


para galões p.m.,
litros minuto. Êste equipa- operadas motor de baixa vol-
por por
mento deve ser colocado na casa tagem, do tipo de esquilo,
gaiola
de bombas. O dique n.° 3 de de indução, automàticamente

Norfolk tem, em vez de bombas, operadas chave flutuante.


por
dois ejetores: um de 150 Não se deve esquecer a colocação
ga-
lões minuto de capacidade de no sistema, evitar
por grades para

(565 l.p.m.) e outro de 200 entupimento nas canalizações

l.p.m.). Êste arran- embutidas no fundo ou do


galões (760 piso

jo se tem comprovado plenamen- dique.


REVISTA DE REVISTAS

Sumário: — Representação de uma terra desconhecida (O


gráfica
Continente Antártico) — Publicações recebidas.

REPRESENTAÇÃO GRAFICA ia uma parcela desprovida de gê-


DE UMA TERRA DESCONHE- lo do continente antártico, tal co-

CIDA (O CONTINENTE mo se o representava há 5 000 a-

ANTÁRTICO) nos passados.


Embora o mapa, ou carta, seja

Por Scot MacDonald interessante, êle representa mal o

continente tal como se apresenta

Suspeitam alguns cartógrafos hoje.

Cristóvam Colombo levou Êle mede uns 5 1/2 milhões de


que
consigo, ao fazer sua primeira milhas quadradas, sendo a maior

viagem ao Nôvo Mundo, um ma- composta de solidifica-


parte gêlo
da linha do litoral antártico. do. As cadeias de montanhas, os
pa
Mais tarde, assim narra a his- e os montes isolados de ro-
picos,
tória, um oficial da marinha chedos desnudos que se erguem

turca e chamado Piri arredores da superfície con-


geógrafo, pelos
Reis, logrou o ex-pilôto do velho (lunatacks) perfuram a
gelada
explorador e surripiou-lhe uma crôsta do gêlo, algumas vêzes de

das cartas náuticas de Colombo um modo e ordem prevista, ou-


— a ser do Antárti- tras, surgem em locais
que parecia porém,
co. Piri Reis entregou-se à com- completamente imprevistos.

de um mapa-mundi, u- A maior do continente


pilação parte
sando a referida carta e outras antártico ainda não está comple-

mais, muitas das foram tamente traçada na carta com a


quais

traçadas 300 anos antes do nas- e exatidão exigidas


precisão pe-
cimento de Cristo. los cartógrafos. Uma grande
O fragmento do mapa existen- do contorno e do solo in-
parte
"Libra-
te conservado na terior tem sido traçado
(agora próximo
rv of the Congress") tem causa- em tempo recente, mas apenas

do, desde foi descoberto, numa fração das vastas


que planí-
muitas dúvidas entre os versa- cies congeladas, bem como os

dos. O famoso cartografo Arling- de eras remotas e cadeias


picos
ton H. Mallery acredita, entre- açoitadas tempestades e
por que
tanto, haver desfeito o mistério. constituem o núcleo do conti-

O fragmento, alega êle, represen- nente.


158 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

As regiões árticas, ao contra- pois de 1775, quando Captain


rio, apresentam-se bem definidas Cook despertou o interesse pelas
nos
"ú mapas de uso recente, devido peles de foca do sul da Geórgia.
orientação comercial no sen- Chamou para elas a atenção dos
tido de abrir a "passagem noro- comerciantes, e até chegou a a-
este" entre a Europa e o Catai, listar o porto de Cantão, na Chi-
tentativa de dez anos, feita por na, como um entreposto pronto
Sir John Franklin, que pereceu para receber os couros crus. Os
quando procurava desbravar a barcos ingleses e americanos
rota, em meados do século XIX, transportavam pessoas que de-
para o estabelecimento da linha sembarcavam na região e, du-
de postos de aviso de radar para rante mais de 35 anos, a pesca
anúncio prévio à distância (dis- de focas no continente antárti-
tance early warning line) em co e suas águas próximas, tor-
época mais recente, e ao interês- 'nou-se uma
aventura rendosa.
se natural dos Canadenses, que Grande parte do litoral antár-
possuem a maior porção do ter- tico poderia ter sido levantado,
ritório ártico do norte da Amé- mas a maioria dos pescadores
rica. de focas relutava a dar informa-
O extremo norte é habitado ções que porventura pudessem
pelos Esquimáus. Ao norte do causar-lhes prejuízos financei-
círculo ártico, a população atin- ros. A matança das focas prós-
ge a mais de- um milhão de seguiu até que o mercado faliu
habitantes. A fauna local pro- em 1811. A apanha das focas
porciona a alimentação e permi- continuou esporadicamente, po-
te a sobrevivência, embora im- rém, até o século XIX, reani-
produtiva, primitiva e sem bem- mando-se algumas vezes com tal
estar material. impulso que provocava acordo
As regiões polares do sul não internacional visando a proteger
possuem quaisquer seduções de o restante das criações e suas
aptidão para o trabalho. Não há colônias.
diversões, exceto durante os Os pescadores de baleias pre-
breves meses de verão — e assim cipitaram-se a seguir em massa
mesmo consideradas bem sem sôbre a região, e negavam-se
sabor. Não há madeira de lei, também a ceder informações
nem vegetação alimentícia. Lá geográficas de maneira idêntica
vivem apenas focas, pingüins e aos seus predecessores, os pesca-
petrélias, todos esparsos pelo li- dores de focas. Conseguiu-se um
toral durante o verão antártico; outro acordo internacional e
alguns exploradores tentaram muito melhor para proteger a
lá morar, mas a luta pela sub- indústria — que já estava quase
sistência foi tremenda — e nem a morrer, em conseqüência da
sempre com êxito. O continente destruição em massa dos reba-
não tem nativos. nhos de mamíferos e a escassez
O levantamento do continen- dos mercados para barbatanas e
te começou realmente pouco de- óleo de baleia.
REVISTA DE REVISTAS 159

Ao passar o século, os expio- êxito, mas o último pereceu. O


radores começaram a sentir in- êxito e o fracasso captaram a
clinação pelas profundezas do simpatia e o coração, bem como
mundo, o que atraiu homens o interesse mundial pela Antár-
cujos nomes tornaram-se memo- tica renovou-se.
ráveis na história da exploração A era do aeroplano na expio-
do continente antártico, a saber; ração do continente foi predita
Borchgrevink, Drygalsky, Nord-
por um vôo feito em 1928 por
enskjold, Scot, Charcot, Amund- Sir Hubert Wilkins, mas coube
sen, Filchner, Mawson. Antes ao contra-almirante Richard E.
deles, poucos aventuraram-se a Byrd trazer para a Antártica os
imergir nas águas entulhadas aparelhos modernos, inclusive
de gelo maciço para fazerem o aviões, para as pre-planejadas
levantamento científico do con- finalidades científicas, muito
tinente. Notabilizaram-se nisso: "levantamento
— D'Urville, Wilkies e Ross. Ca- principalmente o
aéreo". A importância que êle
da um deles e seus companheiros depositava na fotogrametria re-
de equipe contribuíram para a flete-se na escolha que fez de
confecção de mapas e cartas do Ashley C. MacKinley para ser
continente antártico. D'Urville, o terceiro no comando na sua
por exemplo, pretendeu navegar expedição ao continente antár-
sobre as águas do Polo Sul, e tico de 1928-30. MacKinley era
descobriu "Dalie Land", que êle o encarregado do levantamento
assim batizou para perpetuar o aéreo da equipe.
nome da esposa (nome pelo qual Byrd foi quem primeiro sobre-
é também conhecida uma espé- voou o marco geográfico do Sul
cie de pingüins). Wilkies, em (>em novembro, 29, 1929), sendo
suas expedições de 1838 — 42, por esse facto que êle é mais ge-
firmou a existência de um vasto ralmente considerado. Contudo,
volume de terra, com as propor- a ocorrência de maior significa-
ções de um continente, nas ção para os cientistas hcdiernos
águas profundas, e Ross deparou que lutam com a caixa de Pan-
com um gigantesco planalto con- dóra dos segredos da Antártica,
tinental de gelo, planalto esse são: o descobrimento de Marie
que recebeu seu nome. Tendo a Byrd, a cordilheira Edsel Ford,
área da Espanha, é a maior mas- e os montes RockfeUer. "Talvez
sa de gelo flutuante do mundo. sejam oriundas do laboratório
A maior parte de seus achados de McKinley as informações ge-
fizeram-se de bordo, ao portaló, ográficas mais importantes ia
ou em várias travessias sobre a expedição", disse Byrd por escri-
neve. to no "Little America", ao es-
A primeira corrida para ver crever a crônica desta incursão
quem primeiro chegaria ao marco na Antártica. "Após serem final-
geográfico do Polo Sul empolgou mente reveladas, eu pude apre-
tanto a Amundsen como a Scott, ciar nas chapas a perfeição do
sendo que o primeiro conseguiu trabalho da câmara fotográfica
160 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

que registou todos os trabalhos Joseph Pelter foi o operador


com todos os detalhes dentro de da câmara aérea durante a se-
seus alcance visual...". gunda expedição antártica de
"Fizeram-se dois tipos de levan- Byrd (1933-35). Com o almiran-
tamento aéreo. O primeiro deles te pilotando, Peter fêz um levan-
foi o vertical, que se executa com tamento fotográfico a Leste do
a lente da câmara apontando pa- monte Grace McKinley (nome
ra baixo através de um orifício da esposa do fotógrafo) até o
existente no soalho do aeroplano. meridional de 130° oeste, onde
O oblíquo consegue-se apontando se registou a extensão para Les-
a câmara com um ângulo conhe- te dos montes Edsel Ford.
c.ido que passa por uma abertura Byrd foi o precursor incansável
lateral do avião". do uso científico da fotograme-
Esse processo de fotogrametria, tria. Insatisfeito com a prática
de tirar apenas fotografias com
porém, que pode ser considerado
a utilização do avião, êle insistia
primitivo diante dos novos pa-
drões, foi mais que aceitável pelos no uso de uma foto partida de
cartógrafos. um ponto conhecido e de posição
Após regressar do vôo polar em exata na carta. Se duas posições
1929, Byrd mencionou que o "vôo de referência coincidissem, as
retas azimutais eram considera-
provou o que já sabia ser verda- da_ "casadas". No caso de surgi-
deiro. Carmen Land não existe. rem três ou mais pontos de refe-
McKinley fotografou a Barrier
réncia, a situação provável po-
onde Amundsen julgava que ela deria então ser inquestionável-
existisse, e guinamos a seguir pa- mente marcada na verdadeira
ra o Oeste em procura da base. orientação e posição.
(Little America)". Lincoln Ellsworth realizou,
Byrd também não restringiu mais ou menos naquela época,
o valor do levantamento fotogra- sua grande ambição, que era a-
métrico para os cartógrafos. "As travessar em vôo o continente.
fotografias do levantamento que Em 23 de novembro de 1935, êle
McKinley fêz, escreveu Byrd, se- levantou vôo da ilha Dundee, na
rão dignas de atenção, e impor-
ponta da península Palmar, e
tantes para os que se dedicam rumou para o acampamento de
ao estudo dos assuntos glaciários Byrd. Êle teve que parar fre-
durante 50 e mesmo 100 anos a qüentemente para aguardar a
contar desta data". Elas for- passagem de tempestades, ou pa-
mam um registo das condições ra retificar sua posição. O vôo
glaciais em 1929, e o grau das terminou em 3 de dezembro e
alterações que ocorrerão indubi- justamente a 16 milhas aquém
tàvelmente durante os anos in- de seu ponto desejado. Voltando
termediários poderão ser traça- à Antártica três anos mais tar-
das com clareza. Eis, mais uma de, levantou uma região agora
vez, um exemplo de precisão na conhecida pelo nome de Ameri-
exploração moderna". can Highland.
REVISTA DE REVISTAS 161

Os alemães interessavam-se Em vista do interesse interna-


também pelas profundezas do cional pelo continente e o êxito
mundo em 1938, e enviaram pa- fenomenal da expedição do con-
ra tanto um navio catapulta tra-almirante Byrd, os Estados
(Schwabenland) trazendo a bor- Unidos estabeleceram o U.S.
do dois hidro-aviões. A finali- Antarctic Service e deram ao ai-
dade era política: fazer a foto- mirante Byrd o encargo de diri-
grametria de uma grande porção gi-lo, começando também o pre-
do continente e reclamar sua paro de duas bases, uma na
Little America III, e outra pró-
posse para a Alemanha. Os avi-
ões conseguiram marcar na car- xima em Stonington Island, na
ta a costa da Princess Martha e bacia Marguerite. A estação de
da Princess Astrid. Little America recebeu o nome
de West Base, e o de Stonington
Muitas nações têm reclamado Island o de East Base. Ambas
a posse de algumas regiões do eram permanentes, apenas mu-
continente antártico, entre as dando-se anualmente o pessoal
quais encontramos a Argentina, durante o verão antártico. Essa
a Nova-Zelândia, a Grã-Bretanha, expedição manteve-se desde 1939
a Alemanha, a França, a Rússia, até 1941.
a Noruega e o Chile, entretanto Byrd usou novamente o avião,
os Estados Unidos nunca fize- a câmara aérea e, como no pas-
ram protesto algum, e nunca sado, encontrou sempre bom re-
reconheceram oficialmente as sultado nos trabalhos. As regiões
pretensões dos outros países. Walgreen Coast, península Thurs-

As condições do estado atmosférico, que poderiam prejudicar comumente o


tráfego aéreo, são aceitas como faina de rotina As rajadas de vento de 50 ou 60
nós, não perturbam o pouso nas pistas nevadas.
162 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ton e Scarf Bay foram estudadas a corôa de franja as


gêlo que
mediante uma série de três vôos águas limítrofes. Porta-aviões e

A costa entre Heart e o cabo submarinos em cooperação com


Northrop foi levantada foto- ténderes e forma-
por quebra-gelos,

grametria. Uma outra série de ram uma fôrça-tarefa rece-


que
três vôos realizou-se sôbre a ilha beu o nome de código highjump.
Alexander I e, em dezembro de O contra-almirante Byrd foi no-
1940, tôda a extensão do canal vãmente o Oficial Encarregado
George VI estava sobrevoada. da expedição, e teve o contra-
Os aviões operaram também ao -almirante
Richard H. Cruzen no
largo da West Base, onde fizeram comando da Fôrça-Tarefa Naval.
várias descobertas importantes. Essa operação coloca os chefes
Entre elas estava a em dois departamentos; fica sen-
geleira
Glacier, achado membros
que os do a mais ampla expedição des-
"uma
da expedição denominaram tacada da história da exploração
ilha imersa no antártica, e também a se or-
gêlo". que
Por volta de março de 1941, mais apressadamente.
ganizou
Hitler conseguiu lançar o mundo Após o decurso de apenas sete
numa caótica. A maioria semanas insuficientes depois da
guerra
"cor-
dos países ainda não esta- ordem de aprestamento, o
que
vam propriamente em estava em via-
guerra, po principal" já
sentia a tensão internacional. A o Círculo Polar An-
gem para
expedição do almirante Byrd tártico.

teve ordem de regressar, e o A missão


que principal desta ope-

prometia ser a mais cientifica- ração consistia na exploração do


mente produtiva de tôdas as ex- continente. Byrd e Cruen
pre-
pedições antárticas, passou a ser tendiam realizá-la meio de
por
uma missão abortada. Enquanto aviões de motores múltiplos e
o resto do mundo debatia-se con- equipados com câmaras fotográ-
"tri-metrogon"
vulsivamente, a Antártica dormia ficas foto-
(que
calmamente o sono da inocência simultaneamente três
grafam
durante cinco anos. O continente azímutes). Seis PRM dos fuzilei-
conseguiu ainda manter secreta- ros e seis R4D Skytrains foram
mente seus segredos: até mesmo distribuídos entre os agrupamen-
sua forma real e contornos co- tos Leste e Oeste.
nhecidos, os quais eram apenas
As câmaras tinham três com-
supostos, baseados em informa-
partimentos, sendo um ex-
que
ções oficiais restritas e proceden- punha o terreno inteiramente de
tes de diários náuticos das via-
cima para baixo, na vertical, en-
gens dos pescadores de focas ou
quanto os dois outros visavam
baleias, e das expedições in-
que respectivamente o horizonte a
vestigaram regiões
pequenas. bombordo e boreste numa dire-
A seguir, em 1946, uma enxur- oblíqua. As fotografias fo-
ção
rada de mais de 4 700 america- ram tiradas numa série de pôses
nos desembarcou no continente. superpostas e brancas. Em
pretas
Treze navios investiram contra operações subseqüentes, as câ-
REVISTA DE REVISTAS 163

maras levaram um carretei de sou a chamar-se Windmill,


que
"film"
de 9V2 de lar- também servia de código.
polegadas
gura 370 de compri- Concomitantemente, Finn Ron-
por pés
mento. ne, que fôra ao Sul com o almi-

rante Byrd um par de vêzes, di-


A do Natal de 1946 até
partir
4 rigiu sua própria expedição,
de março de 1947, quando am- que

tra- era patrocinada American


bas as equipes iniciaram o pela
Geographical Society, Office
balho, o de Oeste tirou 25 pela
grupo
of Naval Research, Air Force,
fotografias em vôos, e o de Leste pela

de e outras mais entidades fize-


22. Fotografaram-se milhares que
ram cessão Além de
milhas sendo que a gratuita.
quadradas,
maior a re- proceder a vários estudos cientí-
parte delas pertencia
vistas ficos, a expedição Ronne empre-
giões nunca antes pelo
homem. gou três aeroplanos em nove
vôos importantes conseguir
Contudo somente uma para
parcela "tri-metrogon"
14 000 fotografias
da ser aproveitada.
película pôde
do continente.
Regressando aos Estados Unidos,
Os quebra-gelos americanos
os cartógrafos examinaram o tra-
' "Burton
Ediston" e Island" for-
balho e não arquivar
quiseram
"film". çaram a passagem do
o Embora as exposições pelo gêlo
Mar Davis durante a Windmill;
fossem consideradas boas, muito
"film" depois viajaram Leste,
para pa-
freqüentemente o estava
rando ao largo de Knox Coast,
impropriamente anotado e os im-
McMurdo Sound, Bay of Whales
das cartas não traziam o
pressos
e Peter I Island. Calculadas as
menor esclarecimento sôbre a
posições de referência, êles ru-
do continente fôra vi-
parte que maram Marguerite
para Bay e
sado.
para o acampamento de Finn
Houve esperança de salvá-los, na
Ronne Stonington Island.
entretanto, a Marinha rece-
pois Depararam na rota com o navio
de volta "The
beu ordem mandar City of Beaumont", imobi-
para
um de navios quebra-gêlo lizado cuja espessura
par pelo gêlo
as águas antárticas no ano era de cinco
para milhas. Os dois
seguinte. Cada um dêles levou
quebra-gelos picaram delicada-
um destacamento de helicópte- mente o evitar excesso
gêlo para
ros, destinados a: — circunscre- de
pressão contra o navio sitiado
ver o continente e estabelecer no de Brunne. Conseguiram safá-lo

solo, tanto quanto possível, pon- finalmente da massa do gêlo,


"controle".
tos de Com êsses pon- após o os três navios nave-
que
tos de verificação rigorosamente a sede.
garam para
demarcados na carta, os cartó- A operação aérea Highjump

esperavam encadear mui- continuou de forma a interessar


grafos
tas das linhas de vôo do ano an- os fotógrafos, e durante a Expe-

terior. Esta operação especial re- dição Antártica Francêsa fize-

cebeu nome com referência aos ram-se derrotas compostas sôbre

helicópteros, e a expedição pas- o ao longo de Adélie Coast,


gêlo
164 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

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llm trem de tratores com lagartas para a base Byrd desloca-se como um comboio
de navios, deixando na neve um rasto com mais de 640 milhas de comprimento Issol
se passou na DEEPREZE III., durante a primavera do ano Geofísico Internacional,

quando se obtiveram pontos as- decidido sua no In-


participação
tronômicos na metade da costa ternational Geographical Year,
oriental, visando deveria iniciar-se em 1.° de
principalmente que
o serviço de identificação. As de 1957 e concluir-se no
julho
fotos da Highjump foram usa- último dia de dezembro de 1958.

das mais tarde para a composi- A única e mais ampla área de

çao dos mapas e cartas do litoral. operação os Estados Unidos


que
Entre 1949 e 1952, uma expe- traçaram durante o período que
"In-
dição antártica, composta de às conferências do
precedeu
noruegueses, britânicos e suécos, ternational Geographical Year"
lutou durante duas estações do estava na Antártica, sendo-lhes

ano para fazer a triangulação e isso entregue a missão de


por
a fotogrametria de cêrca de construir e guarnecer sete bases

23 000 milhas quadradas da re- no continente, inclusive uma no

o aumentou a exten- marco geográfico do sul.


gião, que
são levantada para umas 38 000 Os arranjos começaram
prévios
milhas. O pessoal operou de realmente em 1951, doze
quando
Camp Maudheim, que fica pró- nações concordaram em aceitar

ximo do Cape Norvegia. o convite da


para participarem
Os Estados Unidos mantive- assembléia para a coleta de da-

ram-se afastados da Antártica dos científicos nas regiões


pola-
depois a operação Windmill res do sul, e a cada uma delas
que
terminou em 1948, até ficou deu-se a missão de estabelecer
que
REVISTA DE REVISTAS 165

um certo número de postos bem para a região da baía Whales.


esparsos sobre o continente, ou Sua tarefa consistiu na procura
nas ilhas sub-antárticas. de locais afastados para a des-
A Argentina comprometeu-se a carga do que fosse levado e em
estabelecer nove, a Austrália três, pontos sobre a barragem de gelo
a Bélgica uma, Nova Zelândia próximo dos quatro postos da
três, Noruega uma, a União So- Little America e da região do
viética seis, a União Sul-Africana Canal McMurdo, os quais deve-
três, e os Estados Unidos treze. riam ser as duas maiores esta-
. O maior quinhão do trabalho ções para as atividades do Ano
coube aos Estados Unidos, e re- Geofísico Internacional.
caiu sobre a aviação naval do Em seu regresso, o "Atka" in-
XV-6 Air Development Squadron formou que uma metade da es-
(unidade da Operation Deep- tação IV da Little America rom-
freeze), executar grande parte pera-se e havia desaparecido. As
da fotogrametria na Antártica. quatro estações foram estabele-
A topografia foi exclusivamente cidas nas extremidades da so-
um dos estudos científicos exe- calco de gelo Ross, que é uma
cutado durante o ano geofísico, volumosa massa de gelo em mo-
mas sua importância não pode vimento constante e alimentada
ser negada. Apesar de várias ex- pelas geleiras, sendo impelida
pedições levadas a efeito, apenas inexoravelmente para o oceano
uma fração diminuta do conti- Pacífico do Sul. Na metade que
nente foi levantada com preci- se desprendeu do socalco esta-
são. vam nove aviões que lá ficaram
Graças aos trabalhos das ex- depositados depois da Highjump.
pedições anteriores, a forma ge- O uso dos aviões pelo pessoal do
ral do continente foi esboçada, e traçado de mapas da Deepfreeze
os vôos suficientes que se fize- foi então julgado impossível.
ram sobre várias de suas partes Durante o levantamento expe-
indicaram que seu tamanho é dido, o pessoal do "Atka" lutou
aproximadamente de 5!_ milhões para assinalar na carta uma por-
de milhas quadradas, ou, aproxi- ção de baías e pontais de gelo
madamente, o dobro da superfí- existentes ao longo do litoral da
cie dos Estados Unidos, e bem as- Princess Martha e do lado fron-
sim que sua maior parte é revés- teiriço ao litoral, mas isso lhes
tida por uma crôsta de gelo. Os custou a perda da vida de um
técnicos glaciários avaliam que, jovem piloto de helicóptero e a
em certas condições, caso essa destruição de seu aparelho.
crôsta de gelo se derretesse, daria Em 17 de janeiro de 1955 en-
para levantar 200 pés de altura, trou em serviço a esquadrilha
no mínimo, as águas do mar em VX - 6 na Naval Air Station,
sua superfície. Patuxent River, em Maryland,.
O quebra-gelo americano Durante os quatro anos seguin-
" Atka " foi aprestado e seguiu tes, ela proporcionou cobertura
em missão de reconhecimento aérea aos cientistas e fêz milha-
166 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

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"Atka" em serviço de reconhecimento. Atracado meio de


O U.S.I. por estacas en-
terradas no sua tripulação fêz em três dias o levantamento da área local. Ag
gêlo,
águas do mar de Ross aparecem ao fundo.

res de milhas do con- em fazer o vôo dos R4D, chegan-


quadradas
tinente em fotomapas. do até a alterar-lhes a configu-

Durante a estação do ração mediante a instalação de


primeira
ano no a esquadri- suportes especiais as cama-
passada gêlo, para

lha utilizou dois R5D Skymasters ras fotográficas, projetando-as


e dois P2V Neptunes, equipados para fora do aparelho. O acrés-
"skis".
com Pensaram também cimo de pêso dessa instalação, e
REVISTA DE REVISTAS 167

a resistência extra por ela ofere- zer a aproximação visual. Sua


cida ao vento impediram o tra- decisão foi desastrosa, pois o
balho dos aparelhos, quando eles avião caiu e espatifou-se, mor-
encontraram ventos ponteiros rendo quatro pessoas de bordo.
entre Nova Zelândia e o canal Tiraram-se contudo 21 000 fo-
McMurdo. Foram obrigados a re- tos "tri-metrogon" ao terminar a
gressar, e náo mais participaram Deepfbeeze I, mas a operação
da operação no ano seguinte. teve menos resultado do que se
Os dois Neptunes foram sen- esperava com referência ao que
tenciados prematuramente. Ao se relacionava com a impressão
finalizar um serviço no gelo, um íctogramétrica das costas.
deles regressou aos Estados Uni- Em vista da velocidade de vôo
dos, e, pouco depois, teve ordem com a qual a esquadrilha deve-
de voltar à Antártica em missão ria voar, foi ela organizada e trei-
de socorro — numa tentativa nada poucos meses antes da de-
para encontrar um UC-1 Otter monstração real, porém seus tri-
que caiu com sua guarnição e uulantes e os fotógrafos não che-
passageiros. O outro Neptune garam a um acordo mútuo e
seguiu a rota sul-americana e es- benéfico nos primeiros dias de
patifou-se nas selvas venezuelen- trabalho da Deepfreeze. Num
ses. O aparelho inutilizou-se, lelatório final da operação, o de-
mas nenhum membro da guarni- partamento fotográfico VX-6 re-
Ção, felizmente, recebeu ferimen- gistrou aquela observação nos
tos graves. termos seguintes:
"Ficou
O destino do segundo Neptune patente que a maior
foi, porém, mais trágico. Ao se parte dos pilotos ou navegantes
iniciar a DeepfreezeII (1956-57), desconhecia ou desinteressava-se
êle partiu de Christchurch, na quer pelos problemas, quer pela
Nova Zelândia, em meados de informação necessitada pelos fo-
outubro. Precedeu-lhe um Sky- tógrafos para a conclusão perfei-
master que seguiu na véspera. Ia t_ da missão cartográfica".
a bordo o contra-almirante Geor- "Especificamente, as informa-
ge J. Dufek, U.S.N., comandan- ções mais importantes, e que pro-
te da operação. Estando o tempo varam ser de obtenção difícil, fo-
bom em McMurdo, o almirante ram: — a velocidade absoluta do
ordenou que os aviões seguissem avião em começo de cada corrida
também para o gelo. Na manhã de vôo; falta de informação ao
seguinte, porém, o tempo mudou, fotografo relativamente à incli-
na ocasião, mas os aviões já ha- ração lateral sobre a asa do apa-
viam ultrapassado a linha em relho, e o processo errôneo para
que poderiam receber ordem de c cruzamento das corridas ou
regresso. curvas anteriores. Em muitos
O Neptune foi o primeiro a casos, as câmaras fotográficas
chegar. Veio guiado em rumo continuavam a trabalhar sòzi-
de aterragem, mas, melhorando a nhas, enquanto o avião era reti-
visibilidade, o piloto passou a fa- rado ou desviado do rumo da
Ifi8 revista marítima brasileira

proa, anotado na ca- fico do sul, cujo terreno foi foto-


previamente
clerneta de dados do fotógrafo". grafado. O polo era também uma

A bisonha esquadrilha experi- das áreas inscritas o serviço


para
mentou em seu início duras pro- fotográfico a ser feito mais tarde

vações, mas tomaram-se na devida estação do ano.


provi-
dências para que se corrigissem O segundo vôo de longo curso

or. erros antes do seguin- fêz-se em de de


período princípio janeiro
te de 1956. Êle cruzou em missão
provas.
Não obstante os casos encon- Marie Byrd Land e Ellsworth

Irados requeriam solução, a Highlands, num de


que percurso
esquadrilha fêz nove famosos 2 000 milhas. O terceiro vôo im-

vôos de longo durante portante realizou-se na mesma


percurso
a operação, avistou re- ocasião, e tomou a rota ocidental
quando
imensas regiões na verda- para Conger Glacier, na costa
giões,
de, jamais vistas por ser vivente. , Knox, que fica no caminho
para
A delas foi original- Vincennes Bay, e regressou a
primeira
mente um levan- McMurdo. O vôo foi uma
projetada para quarto
tamento aéreo da Victoria Land, investida aos Ellsworth High-

mas a tripulação encontrou um lands, porém o motor do Neptune


" "
branco — falhou quando o avião se acha-
geral (whiteout já
imenso reflexo de lençol branco va a umas 1000 milhas, havendo

de neve). Êste fenômeno ótico então necessidade de se alijar

ser um flagelo tôda a carga desnecessária e o


polar provou para
os aviadores, e custou a vida de equipamento de bordo, e fazê-lo

mais de um tripulante dos VX-6. r egressar a McMurdo.

ocorre um caso desta na- O quinto vôo fêz o fotomapa


Quando
tureza, as manchas do solo e o do polo magnético do sul. Êste

horizonte desaparecem; polo, que tem um deslocamento


perde-se
a normal em constante o sul, foi locali-
percepção profun- para
didade, e tôda a luminosidade zado em Wilkes Island, a poucas
"whiteouts"
iguala-se. Os apare- milhas do antigo francês
pôrto
cem em intervalos desiguais de Charcot.

tempo, e quando há nuvens mui- O sexto vôo fêz-se em 8 de ja-


to baixas que cobrem igual neiro de 1956. Foi dirigido
por para
"Pole
e completamente uma superfície o of Inaccessibility", consi-

de neve refletora. Os aviadores tíerado o centro do continente,

comparam um vôo em tais con- indo o almirante Byrd no avião.

diçôes ao de um vôo feito sôbre O estado do tempo obrigou-os a

uma tijela com leite (flying in a alterar o rumo e na dire-


guinar
bowl of milk). ção do marco do sul, ha-
que já
"white- via sido avistado 27
Passando orla do anos antes
pela
out", o avião tomou direção pelo almirante Byrd.
para
o sul. Quando se evidenciou que O vôo seguinte, o sétimo, con-
"Pole
a região que seria fotografada seguiu alcançar o of In-
não o trabalho naquele acessibility". O oitavo vôo foi
permitia
dia, voou-se o uma arrancada de
para polo geográ- que partiu
KEVI3TA DE «EVIST-ia 169

McMurdo Sound até Edith Ronne De acordo com essa resolução,


Lana, e o último constou de uma na segunda operação Deepfreeze
viagem redonda que partiu de (1956-57), estabeleceu-se um
McMurdo para o South Pole, acampamento pequeno na Beard-
Weddel Sea e McMurdo nova- more Glacier, guarnecido com
mente. um punhado de homens cuja ta-
Em conseqüência dos levanta- refa consistiria no preparo de
mentos aéreos do marco geográ- uma pista capaz de suportar um
"ski".
fico do sul na Deepfreeze I, o R4D Skytrain munido de
contra-almirante Dufek verificou Também se transportaram por
que era não só possível mas tam- via aérea os tambores de gaso-
bém viável pousar lá um avião lina para o campo, a fim de se
para levar homens e material fazer o reabastecimento de com-
para a construção de um poste bustível, quando o avião regres-
científico. Mas nada ficou resol- sasse do polo.
vido enquanto lá não pousasse Quando o tempo permitiu, em
um aparelho sobre a neve e su- 31 de outubro, o Skytrain alcan-
perfície congelada. Ficou resol- çou o marco geográfico do sul e
vido que se fizesse uma tenta- posou. O contra-almirante D«afek
tiva. achava-se a bordo, e durante os

WÈk

*.__•' ___________ ________¦______»


*á|f||M JHH _mwmm

Nem todas as fotografias tiraram-se do ar. Os fotógrafos que aqui vemos levaram
sete horas lutando para galgarem o pico desta posição vantajosa. O monte Erebus,
\o fundo, é um vulcão em atividade.
170 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

quarenta e nove minutos lá milhas quadradas do terreno da


que
esteve, a auxiliada Antártica. Os fotógrafos dos
guarnição,
almirante, montou VX-6 consideram a Deepfreeze
pelo próprio
"bons
os refletores de radar e as esta- III a primeira dos tem-

cas de marcação com bandeiro- A Deepfreeze IV assinalou


pos".
Ias, serem usadas futura- a conclusão do Ano Geofísico In-
para
mente durante os de ternacional, e, teoricamente, a
pousos
aviões. Êsses homens foram os planejada desmobilização da es-

americanos pisa- quadrilha VX-6. Tais foram os


primeiros que
ram no do marco anos de exploração, o
ponto geográ- quando
fico do sul, e o avião americano homem, em avião, teve a visão

em sua superfície foi de uma das mais indevassáveis


que posou
exatamente um da esquadrilha regiões do mundo.

VX-6. O ano geográfico provou com


Vinte dias mais tarde, iniciou- êxito seus argumentos, e a maio-
-sea construção da estação. A ria das 12 nações
"Byrd que participa-
Station", ao centro de ram dêle desde sua origem dese-
"Marie
Byrd Land", surgiu a Al- seu de
jara prosseguimento pro-
bert Station, erguida e Colheram-se muitas
guarne- grama. in-
cida por americanos e neo-selan- formações durante os quatro
aeses. A Wilkes Station veiu anos de trabalho, embora uma
logo após, na Knox Coast. A delas não tivesse
parcela aprovei-
última foi a Ellsworth Station, tamento útil. O Congresso auto-
no Flicher Ice Shelf. rizou e concorreu funda-
para a
Durante o período de fim de da United States Antarctic
ção
inverno, o VX-6 manteve três Research Program, um departa-
destacamentos, sendo um em mento da National Science Foun-
McMurdo, um em Little America dation. A Marinha continuou

V, e finalmente um em Ells- amparando os cientistas; os VX-6


worth. Os Otters e os helicópte- seus trabalhos. O
paralisaram
ros, voando da estação de Ells- contra-almirante Dufek afastou-

worth, fizeram muitos fotomapas -se da participação ativa na


daquela região. Estavam agora Deepfreeze e foi substituído
pelo
os Estados Unidos prontos contra-almirante David M. Tyree.
para
o Ano Geofísico Internacional, O nome do código a de-
perdeu
começou no período de fim signação numérica em algaris-
que
de inverno da Deepfreeze II e mos romanos, sendo adotada a
início da Deepfreeze III, em 1.° designação em algarismos arábi-
de julho de 1957. cos ficar mais de acordo
para
No decurso dessa temporada com o ano corrente. Depois de

de cobertura ativíssima, iniciada Deepfreeze IV, seguiu-se Deep-

freeze 60 — e uma nova aproxi-


com a quebra do isolamento pela
chegada de um Skymaster e de mação (e dedicação) no sentido

um Neptune em 1.° de outubro, da fotogrametria.

a esquadrilha de aviões conse- Em março de 1959, os repre-

guiu fazer fotomapas de 633 374 sentantes das doze nações, que
REVISTA DE REVISTAS

"Antare-
mais tarde assinaram o

tic Peace Treaty", reuniram-se

em Camberra, na Austrália, com

a finalidade expressa de troca-

vem idéias e coordenarem suas

atividades nos trabalhos de gra-


fia de cartas do continente an-

tártico, elas im-


que pretendem

primir com a máxima exatidão.

A maior do serviço está


parte
sendo feita agora Estados
pelos
Unidos, Grã Bretanha e Rússia.

Uma comissão de trabalho nos

Estados Unidos, composta dos re-

da U.S. Geological
presentantes
...
Survey, do Navy Hydrographic

Office, do Arm Corps of En-

Aeronautical Chart e
gineers, do

do Service, vem fun-


Information

cionando harmônicamente, sob o

título Advisory Committee on


de

Antarctic Mapping. Sua missão

consiste em dar pare-


principal
cer sôbre os melhores processos

a obtenção de mapas corre-


para ^
tos, e avaliar as despesas que

acarretam tais métodos.

Em conseqüência da primeira
expedição do contra-almirante

Tyree, cinco mapas particulares


de certas regiões do continente

estão sendo basea-


já publicadas, ^

das fotografias aéreas feitas


nas

durante cobertura do verão na-


a

época do ano. Impressas


quela
na de 1:230 000, as cartas
escala

abrangem a área de McMurdo 4


¦
M'-C: _^j ;
Sound, Thurston, os montes
ilha .j
«^Sp W*
_
** A.
.:
vr I
Um nôvo aparelho ajuda a equi-
a escapar-se de
pe exploradora

alguns dos que cercavam k


perigos jK^-A .-.1
os exploradores primitivos. Xra-

ta-se de um indicador de rachas *


ou fendas no gelo, que aqui ve-
mos em trabalho na vanguarda I
do trem de tratores com lagarta.
172 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Horlick e Sentinel, e o Executive fos uma inesperada,


pausa quan-
Committee Range. do um VX-6 Skytrain noticiou o

Tudo isso faz de um mo- desaparecimento de duas monta-


parte
dêlo final para o traçado exato nhas alterosas em Marie Byrd

da carta de todo o continente. Os Land, bem como a de


presença
inglêses estão a tra- outra também elevada, e de uma
procedendo
balhos intensivos na serra de montes na re-
península pequenos
"Executive
Palmer e em seus arredores, en- gião da Committee

quanto os soviéticos e australia- Range".

nos estão tocando ativamente Para a cobertura da Operação

para a frente nas regiões recla- Deepfreeze 61 durante o verão;


madas pelos australianos, as a esquadrilha VX-6 encarregou-
incluem a maior -se de mais
quais parte de cinco regiões impor-
Wilkes Land e tôda a American tantes, incluindo Britannia Ran-
Highland e Elderly Land. Queen Alexandra Range,
ge,
O interêsse em se fazer a carta Queen Maud Mountains, um tre-
da Antártica não tem cho da Victoria Land, e Ross Is-
própria-
mente sentido de avanço expio- land, além de 20 vôos sôbre os

rador ou de satisfazer a curiosi- rochedos habitados


pelos pin-
dade humana. A representação onde êles fazem os ninhos,
guins,

gráfica e exata do mapa ajudará fins de recenseamento das


para
muitas ciências correlativas, e suas colônias. Essas fotos aéreas

apoiará ou aniquilará várias teo- são utilizadas na de


preparação
rias avançadas do relati- um nôvo mapa da Antártica
passado que
vãmente à história do está sendo desenhado Ame-
planeta pela
Terra. rican Geographic Society", com

A teoria de Gondwanaland, o assentimento da National


por
exemplo, está conquistando fir- Science Foundation e, em sepa-

memente favorável rado, mais alguns outros o


opinião em para
"United
conseqüência dos fotomapas da States Department of

Antártica e conhecimento the Interior Geological Survey".


de suas

feições topográficas. Gondwana- Com o intuito de eliminar os

land é um super-continente erros que reduziam a utilidade


teó-

rico, formado há milhares das fotos aéreas tiradas durante


de

anos e conhecido hoje a Operação Highjump, a Geolo-


passados,
como a Antártica, a América do gical Survey pôs à disposição os

Sul, a índia e a Austrália. Se serviços de um especialista em

essa teoria é amparada si- fotogrametria, Mr. William R.


por
nais evidentes, encontrados na MacDonald, para servir de liga-

Antártica, uma outra de massas ção entre aquela repartição e os

de terra fluutante também com- fotógrafos da esquadrilha VX-6,

a afirmação. Os cienistas seus pilotos e navegantes.


pleta

que o digam. Estacionado em Christchurch,


"filme"
Um reconhecimento aéreo de na Nova Zelândia, onde o
rotina durante o verão da Deep- as notas explicativas, Mr. Do-

freeze 60 concedeu aos cartógra- nald examinava-os no tocava


que
REVISTA DE HE VISTAS 173

mm

'
JOT
' m

O Ártico1 esquimãus, mas os únicos nativos da região antártica são os pin-


tem seus
"Ano o censo dessas
Geográfico" reservou.se
guins. Uma parte do programa do para
aves e de suas ninhadas.

à seguro comer- cessaria, a reprodução de uma


proteção sôbre
ciai, e carac- área deveria ser mais por-
traçado geométrico que
terísticas Também acon- menorizada. Dava outrossim
gerais.
selhava, se tornava ne- opinião, fôsse necessária
quando quando
174 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

a reprodução fotográfica de leitura do trecho do regulamento


"As
região estivesse lhe fêz Barfield:
qualquer que que provas

sendo desenhada. Por intermédio fotográficas não se tirarão no

de um representante do U.S. do ano em que a folha-


período
Antarctic Research Program em gem é mínima, os rios estão den-

McMurdo, Mr. Toney, forneciam- tro de suas margens costumei-

-se aerofotos aos engenheiros da ras, e o solo está isento de gêlo

United States Geographical So- e neve". O piloto sorriu de alívio,


"Bem,
e disse: é bom
ciety sobre o que se referia às que eu sai-

equipes de encaminhamentos, lo- ba disso".

eram concluídas as im- Instruíram os fotógrafos


go que para
dos mapas que pudes- que fizessem voar os aviões nu-
pressões
sem ser utilizados. ma altitude mínima de 20 000

Para instrução dos fotógrafos pés. Uma compilação, ou reü-

da VX-6, a USGS aconselhava-os nião, de trechos esparsos com es-

a só fazerem fotos a luz tampas sôbre local fo-


quando qualquer
e as condições do tempo fossem tografado, iria custar USS? 100 000

tais o aprovei- e, se o mesmo terreno fôsse so-


que permitissem
tamento máximo de O brevoado e fotogramado a 10 000
produção.
momento da altura máxima do pés, o custo da mão de obra ele-

sol era a serem var-se-ia a US$ 336 000.


preferível, para
evitadas as sombras fortes. Não Os aviões VX-6 voam sôbre o

deveriam igualmente fotografar Antártico é possível. São


quando
uma área cujo trecho coberto retidos pelas caprichosas mudan-
por
nuvem excedesse-lhe de um dé- ças de tempo do continente, per-
cimo de superfície, em obediên- turbações solares que atrapa-

cia às ordens do Lieutenant Ja- lliam as comunicações, por falta

mes W. Corwell, fotógrafo da es- de combustível, e ausência de

e comandante do P2V. de auxílio avião. A


quadrilha presteza por
esquadrilha utilizava-se quase
Durante um vôo de fim de es-
normalmente dos aviões P2V-7
tação (de tempo), o fotógrafo
"ski",
Neptunes munidos de mui-
Eugene Barfield aturdiu o tenen-

Finn, to embora tenha empregado


te David J. que numa oca-
avião R7V Superconstellation e
sião pilotava um Neptune sôbre
outros mais que trabalhem com
o lençol de gêlo de Victoria Land,
"skis",
como o C-130BL Hercules,
numa altura de 25 000 pés,
êle se acha disponível.
êsse último, atendendo a quando
quando
um telefonema do tenente feita Os Neptunes prestam-se a uma

sistema decomunicação in- dupla finalidade na Antártica,


pelo
"Alô",
terna do avião, disse: sendo que algumas vêzes uma

não fazer fotomapas delas anula a outra. As duas


podemos
hoje. Não estamos indo missões consistem em organizar
pelo que
dizem os livros ou ordenan- os o fotomapa,
pela programas para

O tenente Finn, receiando e trabalhos de procura e salva-


ça".
coisa e temendo um vôo mento. Ao menos um Neptune
grave
abortado, ouviu atentamente a fica sempre retido em McMurdo
REVISTA DE REVISTAS 175

socorro durante ano, e será o futuro oficial


para o serviço de que

no verão, da foto na Deepfreeze 62. En-


o trabalho de auxílio

o o oficial estiver sob a


qae delimita freqüentemente quanto
mapas ação do oxigênio, diz o tenente,
potencial de trabalho dos
não comer, tomar café,
íotogramados. poderá

Os dos casos a re- ou fumar.


problemas
O máximo de fotografia aérea
solver são feitos en-
pelo pessoal
feito na Deepfreeze 61 foi pro-
carregado do dos foto-
programa
duzido Harry N. Williams,
mapas no Em uma carta por
gêlo.
auxiliar de fotógrafo, desde La
dirigida ao captain William H.
Grange, na Geórgia, o qual de-
Munson, U.S. Navy, e coman-
mais perigos e revezes que
dante da esquadrilha VX-6, Mr. parou
"A demais colegas da esquadrilha.
McDonald citou o seguinte: os

aérea na Houve uma ocasião, diz Harry,


aquisição de fotografia

como de- em que o aparelho aquecedor de


Antártica apresenta-se

ainda não encon- seu pôsto de trabalho fotográfico


safio máximo

operações de levanta- deixou de funcionar. Presumin-


trado nas

mento cartas ou mapas em do que o resto do avião estivesse


de

de As dificuldades também frio, êle prosseguiu no


tempo paz.
operacionais, o estado do tempo trabalho sem reclamar. A tem-

e outros fatores trazem contra- peratura desceu mais de 45° Fah-

tempos na obtenção de fotogra- renheit abaixo de zero, e o vôo

fias são raramente durou umas quatro a cinco ho-


aéreas, que
notadas em outra ras. Quando êle regressou ao
qualquer par-
te mundo". Concluiu sua acampamento McMurdo, estava
do

carta com o tão estrompado que houve neces-


congratulando-se

ter sidade de se lhe aplicar duas in-


pessoal da esquadrilha por
"um recuperar a fala.
feito empreendimento de jeções para

destaque" em face das menos Os aquecedores falharam nou-

ideais condições de trabalho. tra ocasião durante o serviço de


que
As corridas de vôos feitos sobre fotomapas. No afã de ver o tra-

o continente atingiram à média balho concluído, tôda a guarni-


de 150 milhas de comprimento e, sofreu voluntariamente tem-
ção
em relação ao relêvo do solo, es- oscilavam entre 30
peraturas que
tão esparsas entre si de 8 a 13 a 45 abaixo Tôda
graus de zero.

milhas. Os Neptunes voam nor- vez auxiliar fotógrafo,


que o de

malmente a 20 000 mas bai- Frank Kazukatis interrogado


pés, era

xam a 1 000, trabalham saber se as obje-


quando pelo piloto para
no recenseamento das ninhadas fotográficas
tivas das câmaras

dos estavam orvalhadas, e dessa for-


pingüins.

demasiada de vôo ma inutilizando o vôo, êle res-


A elevação
"Tiro
apresenta ao fotógrafo algumas negativo". Como
pondia:
aflições, a diz o trabalho continuasse, o piloto
julgar-se pelo que

o tenente Mack Wright, dirigen- chamou a atenção pela última

te das operações fotográficas no vez, e com o timbre de voz de


durante a última estação do exasperação. A resposta foi no-


gêlo
176 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

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ifs?

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O uniforme do dia para um fotógTafo naval em Mc-Murdo. A máscara é realmente

preta, mas torna-se logo completamente branca com a neve o gêlo da temperatura
abaixo de zero.

"Tiro "Que "magazines"


vãmente, negativo". nove
portavam-se
"Eu
diabo!", rosnou o piloto. te- de filmes, de sorte que poderiam
nho Mo! Acabem com isso". Os ser feitas três mudanças em vôo.

Neptunes costumavam voar com Antes de alçar vôo, o fotógrafo

um mínimo da com- tem consultar uma lista de


guarnição, que
do co-pilôto, nave- conferência com 18 itens,
posta piloto, para
mecânico e fotógrafo. verificar e cumprir o que fôr nela
gador,
câmaras eram transpor- ordenado. Em vôo, antes de che-
Quatro
tadas em cada vôo: — a vertical, à área em se deva efe-
gar que
duas oblíquas, e uma servir tuar o fotomapa, há também seis
para
de socorro, caso uma das outras itens na lista, e que requerem
¦viesse
a funcionar mal. Trans- sua atenção. Nos momentos que
REVISTA DE REVISTAS 177

"câmaras
precedem à voz de em to), além da natureza da missão

posição", há também ar- e da hora da partida para o vôo.


quatro
tigos e, durante o vôo real, outra A esquadrilha VX-6 usa a câ-

vez sete. Ao se concluir cada li- mara CA-14 da Fairchild Carto-

nha de vôo, ainda restam oito Camera. Há 400 expo-


graphic
"magazine",
artigos exigidos e, depois de aca- sições em cada
pe-
bada a operação, aparecem mais sando 14,7 libras e medindo 370

em vôo, como de comprimento. A câmara


quatro. Quando pés
acontece usualmente, e um ma- está instalada em pedestal fixo

gazine de filmes ser tro- no Neptune. Quando o filme é


precisar
cado, surge uma outra lista com exposto a 20 000 pés acima do

onze itens exigem conferên- nível do mar, cada carretei de


que
cia e execução. filme fotografa em linha reta

Uma vez o topógrafo não 909,9 milhas do nível do mar.


que
manejar com as mãos co- Existe uma porcentagem de 60
pode
bertas de luvas os mos- por cento para uma exposição
grossas,
tradores dos aparelhos, ligar dos impressos no final do traba-

chaves ou botões dos aparelhos, ího, não haver dúvida de


para

fica-lhe facultado calçar luvas que tôda a região não tenha sido

mais do a carne nua percorrida.


que proteger
dos dedos contra o metal gela- Durante a estação os
passada,
díssimo com o lida. Quando Neptunes VX-6 sobrevoaram um
qual
em vôo, êle também en- total de 9 282 milhas, sem incluir
precisa
cher uma fôlha do registro de a manobra de aproximação e

dados fotográficos, volta da área a ser fotografada.


que ganharia
o respeito de um consulente e Estão na relação de vêzes
quatro
contribuinte do imposto de ren- o número de milhas voadas em

da. Um só homem no trabalho, ida e volta, para o número de

assevera Wright, não de milhas de vôo do terreno real-


passa
um observador de ocorrências e mente fotografado.

registrador dos resultados espor- A operação de fotomapas não


tivos de uma corrida (eyeballs foi uma das muitas empresas
and elbows). executadas fotógrafos. Êles
pelos
À se vai fazendo também se encarregavam do ser-
proporção que
a exposição dos filmes nas linhas viço fotográfico em em ci-
pôses,
de vôo, a máquina fotográfica vai nema, e das operações de labora-

marcando uma tira de dados tório. O tempo mínimo de traba-

num dos lados de cada negativo, lho lhes tocava nunca era
que
indicando a hora exata do vôo inferior a 12 horas, ou uma mé-

no tempo de Greenwich, a dis- dia real de 16. Também lidavam

tância focai calibrada da câmara um dia inteiro no sentido de con-

mm — aproximadamente cluírem uma e acondi-


(154,08 película
seis o número da ex- cioná-la expedição via
polegadas), para por
posição, o tipo da câmara usada, aérea, solicitada com brevidade.
e o número da série da lente Por ser o trabalho árduo e fei-

(no caso dela apresentar defei- to em longo tempo e fçio, os fotó-


178 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

grafos da Marinha na Antártica mapa da Sentinel, calcado nos

têm vantagens pecuniárias e trabalhos dos vôos da VX-6, Mr.

mais duas na reforma McDonald e três outros elemen-


promoções
sôbre seus companheiros da Ma- tos da guarnição da USGS foram

rinha de Guerra. Em vista da distinguidos.

excelência constante de suas fo- A comissão já a me-


perpetuou
tos, dá-se-lhes uma série de crédi- mória de seis oficiais da esqua-

tos não se concedem aos de- drilha e marinheiros


que que perde-
mais companheiros da Marinha. ram suas vidas no continente

As comissões de fotomapas fa- durante a Operação Deepfreeze.

zem com êles fiquem tam- Diligencia-se agora realçar


que para
bém conhecendo mais do que o os fatos mais importantes dos
necessário a respeito do conti- acidentes causaram mortes
que
nente que qualquer outro que na sétima esquadrilha, e todos
"Pole
passe o inverno na Sta- consideram essa resolução muito

tion", ou em quaisquer outras acertada e aceitável.

estações guarnecidas pelos Esta- Fizeram-se 61 vôos o ser-


para
cios Unidos na Antártica. viço de fotomapas em fins dos

Alguns elementos dessa natu- trabalhos da Deepfreeze 61 e os

reza de trabalho têm sido home- fotógrafos receberam inúmeros

nageados U.S. Board on comentários congratulatórios.


pela
Geographic Names, trata do Captain Munson expressou-se
que
"a
serviço toponímico. Há o monte da forma seguinte: esquadri-

Eeiner, nas Sentinels, exem- lha pode orgulhar-se das extraor-


por
tomou o nome do fotó- tíinárias realizações do departa-
pio, que
chefe John D. Reiner, mento topográfico durante a ope-
grafo por
ter êle o serviço de ração. O êxito alcançado
preparado pelo
fotomapas do continente desde piloto, tripulantes e fotógrafos é

o tempo da Deepfreeze II um motivo de orgulho pessoal

(1956-57). Existe mais o monte que deve ensoberbecer e ufanar,

Kazukaitis. Durante o vôo direto e um motivo de orgulho da Ma-

ou sem escalas da Deepfreeze I, rinha para com êles".

iniciado em McMurdo Sound até O Dr. T. O. Jones, diretor do


Weddell Sea, o fotógrafo chefe U.S. Antarctic Research Pro-
"
Jack O. Hill estava a bordo em assim se expressou: The
gram,
serviço dos fotomapas, e por isso Chief Topographich Engineer of
temos agora um Hill Nunatak U.S. Geological Survey e eu ex-
em Pensacola Range, foi des- nossas congratulações
que pressamos
coberto durante aquêle vôo. A ao vosso oficial de foto e demais
"comissão"
também reconheceu membros da equipe do VX-6, e do

o mérito de mais um grande nú- laboratório, trabalhos cum-


pelos
mero de pilotos e homens da Suas realizações, não obs-
pridos.
guarnição dos VX-6 que têm re- tante o tempo cruciante e as pés-
velado características topográfi- simas condições das comunica-
cas. Em sinal de reconhecimento foram altamente dignas de
ções,
terem dado acabamento ao louvor".
por
REVISTA DE REVISTAS 179

O almirante Tyree assim disse: com os problemas da ciência mo-


"trabalho
da fotomapa na An- derna no que tange à eletrônica,
tártica foi o apresentou a vôos espaciais e teleguiados, os
que
maiores resultados frutíferos números acima fazem ao
que jus
todos os outros empreendidos nosso melhor aprêço.

pela Marinha na Deepfreeze 61.


LA REVUE MARITIME — n.
O dêste ano foi tam-
programa
195 — Igualmente rica em infor-
bém o mais extenso até hoje fi-

nalizado durante a mações e documentações maríti-


por inteiro
Deepfreeze, tendo abrangido mas, através de artigos e crôni-

mais de 100 000 milhas cas focalizando aspectos da


quadra- po-
das". lítica naval comtemporânea, La
"Além
de seu valor os Revue Maritime continua hon-
para
cartógrafos e a foto- rando suas tradições de uma das
geógrafos,

grafia aérea é uma chave impor- melhores publicações no gênero.


tante as das terras
para portas
congeladas. THE JOURNAL OF THE
A fotogrametria per-
ROYAL ARTILLERY — n. 2 —
mite ao mundo alcançar valiosos

dados nós divul- Trazendo amplo noticiário mili-


que procuramos
com as expio- tar, êsse órgão de conceituada
gar profusamente
rações antárticas, bem como agremiação do Exército Britânico
pes-
e mais aproximar a interessantes trabalhos
quisar possi- publica
bilidade do evolucionamento útil sôbre sua atividades de após

cia era do continental.


gêlo guerra.
"Estou
satisfeitíssimo, é natu-
ENDEAVOUR — n. 85 — Es-
ral, com os resultados dêste ano
sencialmente científico é o con-
de exploração aérea, e ufano-me
teúdo do número, apre-
cios homens téc- presente
cuja capacidade
sentando-nos, entre outros de
nica e entusiasmo profissional
igual valor, um curioso estudo
conseguiram resultados tão mag-
da fauna marinha. Intitula-se
níficos".
"Los
mecanismos de flotação en

"United los animales marinos" e não obs-


(Do States NAVAL
tante ser longo impõe-se a aten-
INSTITUTE Proceedings"

de ção do leitor.
{Nov. 1961). Tradução

A. de Azevedo Lima, C.F.


MILITARY REVIÈW — ns.
REFORMADO.
2/4 — Abordando os mais vari-

ados temas da militar


política
internacional, através de artigos

PUBLICAÇÕES assinados renomados nomes,


RECEBIDAS por
Militafy Review permanece, com

PROCEEDINGS — ns. 3/4 sua valorosa equipe, fiel obser-

(Vol. 89)—Magnificamente ilus- vadora dos acontecimentos da

trados, nos textos e na conturbada internacio-


primorosa política
apresentação, atualizando-nos nal.
180 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

REVISTA DE MARINA (Ar- te e entusiasma a te-


quantos
do Peru) — n. 3/6 — Apre- nham a ventura de falar o for-
mada

fc^ntando-nos, além de impor- moso idioma de Camões.

tante colaboração de trabalhos


FUERZAS ARMADAS DE
relativos ao técnico
progresso —
VENEZUELA ns. 190, 191, 192
das Forças Armadas daquele
— Reunidos num único exem-
valiosos documentários his-
país,
plar os presentes números desta
tóricos às lutas pela sua inde-
excelente revista, como nos ou-
nas teve a Mari-
pendência quais
tros que temos recebido, estão
nha de Guerra peruana papel
cheios de selecionado material
preponderante. noticioso
que nos colocam a par
REVISTA GENERAL DE LA do crescente desenvolvimnto téc-

DE MÉXICO — nico e estratégico


ARMADA (Se- das Forças

II do Estado Maior) — n. 14 Armadas da Venezuela,


ção desenvol-
— Constam do sumário do vimento temos acompanha-
pre- que
sente número excelentes artigos do com a simpatia e a admira-

relacionados com as modernas ção que votamos a todos os pai-

táticas da naval, desta- ses do nosso continente que, co-


guerra
"El
cando-se entre êsses Sonar e mo o nosso, aceleram seus pas-

Helicópteros Antisubmarinos, sos na estrada do progresso.


los

e Triangulación Topográfica com


SC ALA INTERNACIONAL
apoyo en Helicópteros, assinado,
Luso-Brasileira) — ns.
(Edição
êste último, Tte. Navio P. —
pelo 2, 3, 4, 5, Magnífica em sua
A. Carlos Roma.
apresentação, quer na ar-
parte
— tística quer literária, Scala im-
LA HOUILLE BLANCHE

— põe-se como uma das mais


nS- i/6 Revista especializada pri-
morosas revistas ilustradas da
em Engenharia Hidráulica, mag-
atualidade.
nificamente ilustrada, expondo-

nos o equacionamento dos com-

dêsse impor-
plexos problemas
Recebemos ainda:
tante ramo da engenharia, pelos

mais avançados métodos técni-


MI LIT IA (órgão dos Oficiais
cos e científicos, aplicados na
da Fôrça Pública do Est. de São
França e em outros países euro-
Paulo) — n. 98 — ESSEPEVS
peus.
(Publicação da Diretoria de Ro-

ANAIS Clube Militar Na- tas Aéreas - ns 65/67 -


(Do ARÍETE
— ns. 7/9 — Publicação
vai Português) Trimestral do Clu-

Crônicas interessan- be dos Sargentos da Marinha)


pitorescas,
e farto noticiá- n. 208. - REVISTA DO
tes reportagens CON-

rio concernentes às atividades e SFLHO NACIONAL DE ECONO-

da Marinha MIA — n. 5 — EL LEGIONA-


ao desenvolvimento

de Guerra Portuguêsa enrique- RIO (Órgão da Legião de Honra

do México — n. 141 — LIVROS


cem êstes números de Anais cuja

agradável leitura instrui, diver- DE PORTUGAL (Catálogos Bi-


REVISTA DE REVISTAS 181

bliográficos) — ns. 50/51; — CIONAL — ns. 580, 581, 582; —


BIBLIOGRAFY (Revista Inter- COSMOGRAMA (Publicação in-
nacional de Bibliografia) — ns. ternacional) ns. 63/64; FRAN-
17, 18, 19, 20; THE JOURNAL ÇA E A EUROPA (Publicação
OF POLITICS francesa de propaganda) s/n.
(Publicação da
Southener Political Science As- A todos apresentamos agrade-
sócia tion - Universidade da Fio- cimentos.
rida —Vol. 24; DEFESA NA- . N.A.L.
Aviõey E

^UBMARINOy
SUMARIO. — Homenagem ao thresher e aos seus 129 homens. —
Assim é o "Polaris". — O maior porta-aviões atômico do mundo.
— Um submarino soviético no Polo. — Tem as vantagens de
um helicóptero. — Várias notícias. — O helicóptero " Wasp ".

"Thresher"
Homenagem ao e aos seus 129 Homens
No dia 10 de abril, o SSN 593 lhas do cabo Cod, silenciou para
Thresher, da US Navy, quando sempre. É dado por perdido com
executava provas de imersão a toda a sua tripulação de 129 ho-
grandes profundidades, no Atlân- mens, sob o comando do brilhan-
tico setentrional, a umas 220 mi- te oficial John Hervey.

m
'
iiéémS^iéuàtmí
O SUBMARINO ATÔMICO THRESHER
Deslocava 3 750 t., em superfície, e 4 330, submerso. Seu comprimento era de 88 60
metros. Velocidade em submersão, 35 nós. Armado com 4 tubos lança-torpedos do
533 e com mísseis "Subroc" associados a poderoso sonar.
184 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Não a Marinha do A
poderia Revista Marítima Brasileira
Brasil deixar de associar-se, com
dedica esta em homena-
página
emoção fraterna, ao luto da Ma-
gem àqueles heróis no cum-
rinha e da Nação norte-ameri- que,

canas; e assim primento do dever, deram suas


o fêz pela pala-
vra do seu Chefe, o Sr. Ministro vidas, consagradas ao serviço da
da Marinha. Pátria e do Mundo Livre.

"POLARIS"
ASSIM É O

COMO NASCEU, COMO FUNCIONA e COMO DISPARA

A ARMA MAIS PODEROSA DO MUNDO

A voz era a mesma de sempre. O míssil


parecia flutuar na es-
Evidentemente,, em Cabo Cana- do mar.
puma Depois começou
veral durante o lançamento de subir,
a como uma língua de ío-
um Júpiter, Redstone, Atlas, Ti- saindo do mar,
go, alcançando
tan, Minuteman ou Saturno, era o céu à procura de um objetivo
sempre a mesma voz: um espe- navio) a dois mil
(um quilôme-
cialista com o timbre de voz me- tros de distância.
tálico, contando os segundos Era a
que nova arma nuclear,
separavam um nôvo lançamento "Polaris",
lançada de bordo de
de foguete. Naquele dia, na base, um submarino norte-americano.
na sala de controle, todo mundo Era a 85.a experiência a Ma-
que
parecia nervoso. Ia ser disparada rinha fazia. Naquele dia ficou
"Polaris".
uma nova arma: o Os a
patente ofensiva da nova ar-
últimos segundos foram mais ma. Tinha sido disparado a cem
"Cinco,
lentos: três, dois, metros
quatro, de profundidade, de bor-
um ... fogo".
do de um submarino atômico, o
"George
Seguiu um instante de silên- Washington", uma es-
cio. Os olhos na tele- pécie de monstro marinho de 125
pregados
visão, acompanhavam o disparo. metros de comprimento.
"Polaris"
Olhavam o alvo, lá no mar, cal- O viajava a 30 000
mo e denso. A muitos hora,
quilôme- quilômetros por portando
tros de distância a água come- uma carga nuclear mais
potente
çou a se espumar. Abriu-se uma do tôdas as bombas conhe-
que
enorme onda. Do mar saiu um cidas, inclusive as lançadas

objeto branco, uma espécie de durante a Segunda Guerra no


"Vai", Japão.
garrafa, arrolhada. disse
um homem, torcendo, na
peque- O lançamento foi feito com
na sala de comando. simples apertar de botão. Disse
AVIÕES E SUBMARINOS 185

o comandante Kenneth W. Wade, Os soviéticos, depois da ocupa-

chefe do estado-maior do almi- ção da base pelos aliados, foram

rante Roborn, diretor do os que melhor souberam apro-


projeto
"Polaris": "É
a arma mais segu- veitar de uma série de armas te-
ra, mais misteriosa e terrível leguiadas, e desenhos
que projetos
existe". encontrados no subterrâneo ba-
"Polaris"
A verdade é que o lístico da Alemanha.

"Borsig",
existia vinte anos atrás. Tinha O do
progenitor
"Polaris",
um outro nome, outra dimensão naquela época em que
e outra nacionalidade: chama- o exército tedesco fazia frente
"Borsig"
va-se e fazia do em Stalingrado na esperança de
parte
"armas
arsenal de secretas" da fazer saltar a última defesa so-

Alemanha de Hitler, a viética, no outono de 1942,


quando já
guerra já estava no fim. estava sendo Ao largo
quase provado.
Após vinte anos, o míssil sub- de Peenemunde, um submarino
"U
marino cresceu, tomou nova for- BOOT", recebia em seu bojo
ma, outra de fogo, mas um torpedo de nôvo ex-
potência poder
o seu lançamento o ser dis-
permanece plosivo, planejado para
mesmo: ar comprimido o em imersão. O submari-
para parado
disparo e eletricidade os no desceu a trinta metros de
para
motores. Se a guerra demorasse profundidade e disparou o pe-
mais seis meses, Hitler tinha queno míssil, depois de uma
já que,
os projetos lançar rápida corrida, caiu sôbre um
prontos para
o míssil sôbre Nova York, barco a quatro quilômetros de
que,
"era
segundo êle, uma cidade distância. Era a vez
primeira
construída ser bombardea- no mundo que se experimentava
para
da". tal arma. Seus inventores: o
"ma-
"Polaris" alemão Ernest Steinhoff, o
A história do tem
go dos torpedos" Wernher Von
um pouco de romance, desde
Braun e o general do exército
quando o serviço secreto norte-
Walter Dornberger, comandante
americano descobriu a atividade
militar de Peenemunde. O mis-
existia na misteriosa base
que
sil tinha sido criado ser dis-
de Peenemunde, no mar Báltico. para

parado nas costas norte-ameri-


Os inglêses e americanos sabiam
canas.
mais ou menos nada do
pouco
Hitler "mísseis"
acontecia naquela base, condenou os
que
como "visionários
cercada de homens bem arma- projeto de

dos, cães amestrados, canhões e loucos".


"Borsig",
uma base de aviões de caça dos O míssil alemão hoje
"Polaris",
melhores que a Alemanha pos- chamado tinha o diâ-
suía. Em Peenemunde, nasciam, metro de 200 milímetros, com

em. segrêdo, as armas do futuro: um motor a de com-


propulsão
as bombas voadoras, os telegui- bustível sólido. Todo o projeto
ados, hoje ainda em aperfeiçoa- alemão estava
já pronto para
mento; era o terrível arsenal de entrar em ação, nas costas dos
Hitler derrotar os Aliados. Estados Unidos, almi-
para quando o
186 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

rante Doentzig deu ordens à alguma, era de grande interesse.


Marinha tedesca para se entre- Alguns almirantes escutaram
gar aos aliados. Naquele dia, o surpresos; mas a maior parte
mundo foi salvo de uma verda- dos oficiais do Pentágono, apenas
deira catástrofe. ouviram falar de mísseis e cien-
O serviço de. informação ame- tistas alemães sorriram das
ricano revelava que os soviéticos idéias de Hitler. Eram idéias
dispunham de torpedos submari- absurdas, apenas histórias. Mas
nos derivados do "Borsig". O muitos não pensavam assim e já
peso dos mísseis soviéticos de- na guerra contra o Japão ti-
via girar em torno das seten- nham sido empregados alguns
ta toneladas. As plataformas de mísseis contra os pilotos suici-
lançamentos foram desenhadas, das da Marinha japonesa, com
ou melhor, aperfeiçoadas, tendo bons resultados.
os desenhos das ram-
por base"Testtand , Finda a guerra, a indústria de
pas do 12" e das "V2" mísseis nos Estados Unidos en-
alemães, que tantos estragos fi- trou em declínio, porque os ho-
zeram ao coração de Londres. mens de Washington eram con-
Estas foram as armas que victos que a palavra guerra esta-
Hitler ordenou que se arquivas- va cancelada do vocabulário. Sò-
sem, pois "trata-se de armas mente em 1948, os técnicos ame-
feitas por visionários , que pen- ricanos tornaram a pensar com
sam estar no ano 2.000". Outro seriedade na possibilidade dos
homem que lutou contra seus mísseis. Em algumas bases foram
conselheiros, contra as ordens feitas provas com alguns mísseis
de Hitler, foi o almirante Rae- modestos, como o "Bat", o "Gor-
der, que acreditava que os sub- don", o "Lark" e o 'Loon". Êste
marinos deviam ser armas de último foi testado a bordo de um
ataque, substituindo a artilha- submarino. Tratava-se de um mis-
ria com bombas de alto alcance sil de "superfície", muito seme-
e não armas apenas submarinas, lhante à "V-l" alemã, disparado
para atacar navios. Suas idéias em imersão, depois de uma pre-
fizeram com que êle fosse afãs- paração longa e dispendiosa.
tado da base de Peenemunde e Mas a Marinha não parou nos
ficasse sem comando, naquela testes. Logo em seguida fêz ex-
base. "Cusk", navio
periências com o
Foram os três inventores dos cuja equipagam foi submetida a
mísseis submarinos, Steinhoff, longo treinamento, e a 3 de
Von Braun e Dornberger, que maio de 1950 disparou com su-
depois da guerra foram para os cesso o míssil "Loon" e logo em
Estados Unidos, como "precio- seguida o "Regulus 1", munido
sos prisioneiros" de paz e revela- de hélice e acionado por uma
ram haver disparado em várias turbina. Um submarino, o Tun-
experiências, com sucesso, nas -ny, foi preparado com uma
águas do Báltico, os "Polaris" plataforma para receber o
"Re-
de hoje. A história, sem dúvida gulus". Realizaram a experiên-
AVIÕES E SUBMARINOS 187

"Júpiter"
cia e a Marinha dos Estados apresentava ainda

Unidos considerou aprovado o muitos defeitos para ser empre-

alguns definiram a bordo de um submersível.


projeto, que gado
como revolucionário. Antes de tudo o propelente lí-

A história fantástica de Von o oxigênio evaporava


quido, pois

Biaun e de Steinhoff ainda não fàcilmente e com igual facilidade

foi contada e talvez não chegue fogo. O ideal seria um


pegava
nunca a ser contada. Mas os combustível sólido. Mas já na-

dos dois cientistas ale- época a América reconhe-


projetos quela
mães tiveram o seu êxito. Mui- cia estava ainda na escola
que
tas noites mal dormidas, elementar, quando seus rivais, os
provas,
discussões no Pentágono e no russos, já possuíam o diploma de

alto comando da Marinha ti- Universidade em combustíveis.

nham chegado ao fim. Estava Havia um homem acredi-


que

em vias de ser concluído o tava na nova arma: o almirante


pri-
meiro submarino atômico: O William Francis Raborn, texano

Nautilus. O nôvo submarino de cabelos vermelhos, luta-


que
mudava o significado de um va para dotar a Marinha de no-
"submarino",
simples pois a vas técnicas e novas armas. Che-

nova nave ficar meses gou a lutar contra o cientista


poderia
e anos no fundo do mar. Era Edward Teller, da
bomba de
pai
de "Afun-
então dotá-lo outra oxigênio, afirmava:
preciso que
arma excepcional, que não fôsse dem a Marinha, dêem
potência
o simples torpedo. Em outras à aviação e aos mísseis terres-
o Nautilus precisa- tres".
palavras:
va de um míssil submarino. En- Naquêle dia, Raborn, vi-
que
tão começou nova batalha de nha de uma família de
batistas,
homens "O
conversações entre os fêz a sua melhor
prédica:
da Aviação, Exército e Marinha. mar nos oferece um potencial
Em 8 de novembro de 1955, Ma- ofensivo e defensivo ilimi-
quase
rinha e Exército decidiram tra- tado, em caso de nuclear.
guerra
balhar em conjunto reali- Se nós li-
para queremos permanecer

zar um míssil de tipo médio, ba- vres, devemos continuar a aper-

seado nos modelos criados pelos feiçoar tôdas as nossas defesas.

alemães durante a guerra. O Mas, enquanto o mar escon-


pode
"Reds-
trabalho foi iniciado no der frotas imensas de submersí-

tone Arsenal" um grupo de veis, outras armas serão sempre


por
técnicos supervisionados por visíveis".

Wernher Von Braun, com outros Muitos criticaram Raborn,

colaboradores de Peenemunde, chegando mesmo a apelidá-lo


"sacerdote
agora cidadãos americanos. Foi de da violência".
"Júpiter",
criado o com combus- Mas os russos lança-
quando
"Sputnik",
tível líquido, muito vistoso, sim- ram o o
primeiro
no manejo e muito prático. Pentágono ter acordado,
pies pareceu
A Marinha examinou o projeto; e o Govêrno transmitiu a Raborn

mas, como tinha sido feito, o um auxílio suplementar de 350


188 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

milhões de dólares, coroou o sucesso do em-


para que grande
acelerasse os estudos sôbre os fo- e dos homens
preendimento que
"Po-
guetes. acreditavam na eficácia do
"Sputnik",
O disparo do e a laris". Em 20 de de 1960
julho
crise que se instalou no Pentá- chegou a prova final: o subma-

gono, fizeram com que a América rino George Washington rece-


despertasse para a . realidade, e beu o míssil, a uma
profundida-
desse a Raborn todos os recur- de de 40 metros, ao largo da
sos. Mais de sessenta fábricas Flórida, e disparou no alvo. Su-
espalhadas pelos Estados Unidos cesso absoluto. A bordo estava
"Polaris"
iniciaram os trabalhos como nos Raborn. O era o acon-
tempos de guerra. Procurava-se tecimento mais importante no
um míssil mais poderoso que campo da ciência militar. A dis-
tôdas as armas existentes, que tància de 2.500 o
quilômetros,
"Polaris"
revolucionasse a técnica da guer- acertava num alvo de
ra no mar. O nôvo rece- 800 metros de diâmetro. Basta
projeto
"Polaris",
beu então o nome de consultar um mapa com-
para
em homenagem a estréia a importância desta
polar. preender
Enquanto os cientistas traça- arma maravilhosa, e nos pontos
vam os rumos a serem tomados em que ela acertar. Não
pode
"Polaris",
com o em Groton, existe ponto no mundo, do co-
"Electric
Connecticut, a Boat ração da Sibéria à mais remota
"Po-
Corporation" colocava no mar localidade da China o
que
um submersível, de nova concep- laris" não atingir. Faça-
possa
"Po-
capaz de levar sete mos ura exame: duran-
ção, pequeno
laris" no seu bôjo. Foi batizado te a Segunda Guerra, Berlim foi
"George
de Washington", e seu golpeada com mais de 100.000

custo foi de 100 milhões de dó- bombas, mas não foi arrasada.
"Polaris",
lares. A maior soma foi Com um não ficaria
gasta
na sala de navegação, constituí- pedra sôbre pedra. A cidade seria

da tôda de calculadores inteiramente arrasada. A sua


quase
eletrônicos, registrar testa nuclear é mais do
que podem potente
milésimos de segundo. as duas bombas atômicas
que
"Polaris"
O ficou em lançadas no Japão.
pronto
24 de setembro de 1958 e foi Para percorrer 2.500
pro- quilôme-
"Polaris"
vado, a sêco, no de tiro tros, o gasta exatamen-
polígono
de Cabo Canaveral. A te 17 minutos e de bordo do sub-
primeira
experiência, e muitas outras, fo- marino ser disparado um
pode
ram um completo fracasso. O por minuto. A frota de submari-
"Polaris"
subia muito bem, mas, nos americanos terá em 1965,

a certa altura, mudava de rumo quarenta e cinco unidades


que
e os técnicos eram obrigados a estarão espalhadas em, cada

destruí-lo no ar. canto do mundo em defesa da

A 20 de abril de 1958, depois liberdade.

de 85 disparos, em nega- Diário de Notícias - Rio


parte de Ja-
tivos, fêz-se o lançamento neiro, 2, 3 e 4 de abril de 1963
que
AVIÕES E SUBMARINOS 189

O MAIOR PORTA-AVIÕES ATÔMICO DO MUNDO

REPRESENTA HOJE O PONTO FORTE DO OCIDENTE NO SETOR

SUL-EUROPEU PARA CONSTRUÍ-LO A ARMADA DOS

ESTADOS UNIDOS GASTOU MAIS DE 740 MILHÕES DE DÓLARES

"En-
agosto de 62 dava entrada tonomia ilimitada, dá ao
Em

no Mediterrâneo, unir-se à terprise" uma possibilidade sem


para
Estados Unidos, limite, de portar mísseis e aviões
Sexta Frota dos
Enter- a em seu bôjo; e o seu
o atômico, jato po-
porta-aviões
navio do mundo, der de fôgo é maior do o de
o maior que
prise,
nuclear. Sua três porta-aviões comuns. A sua
o único a propulsão
iniciou-se em 4 de fe- maior arma é a defesa, a se
construção qual

1958 e entrou em ser- mantém em segrêdo inviolável


vereiro de

de novembro de 1961. marinha norte-americana.


viço a 25 pela

nos famosos estalei- Moderníssimos radares, de an-


Foi armado

Newport News, na Virgí- tena fixa, foram instalados na


ros de

nia desde 1889 até hoje. já tôrre, que sua forma qua-
que, pela
"Enterprise"
134 navios de guer- drada distingue o
construiram

sendo 17 O das outras naves. Tal forma foi


ra, porta-aviões.
"Enterprise" um fa- de ser realizada
representa possível pela au-

de militar de enor- sência das chaminés, supérfluas


tor potência
descrevê-lo não nas unidades de nu-
me pêso: para propulsão

recorrer a superlativos. clear. Um aparelho eletrônico,


se pode
86.000 toneladas, tem aperfeiçoado segundo as últimas
Êle pesa
comprimento e a técnicas, recolhe, examina, sele-
342 metros de

86 metros, uma al- ciona e coordena os dados trans-


largura de

metros e a vida de mitidos do radar da tôrre


tura de 70 qua-

edifício de 100 andares. drada e dos aviões. A


um perfeição

nave tem 8 reatores nucle- é tal que qualquer avião ou mis-


A

dão a de .. sil inimigo, dirigindo-se o


ares, que potência para
"Enterprise",
é o complexo nu- numa velocidade
200.000 HP.,

clear mais do mundo, de centenas de milhas hora,


potente por
à nave é perfeitamente controlado
que permite permanecer pelo
no mar mais de dois anos centro eletrônico da nave,
por que
reabastecer. O dos indica as medidas a serem
sem primeiro toma-

8 reatores entrou em funciona- das, são os inimigos


quais aéreos,

inento em 12 de dezembro de são, as armas


quantos quais que
1960, 18 anos depois devem ser usadas, e de
exatamente onde par-
o italiano Enrico Fermi tiram os mísseis. E tudo numa
que
conseguiu colocar em ação o pri- velocidade fantástica. O centro

meiro reator nuclear (2 de de- eletrônico coleta os dados


que
zembro de 1942). eletrônicos das outras naves, per-
A sua velocidade é de 40 nós. mite um imediato intercâmbio

Tal velocidade, unida a uma au- de notícias, as são mostra-


quais
190 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

"Sparrow "Sidewiãer".
das no reve- o II" e o
gigantesco quadro
lando a situação dos mo- Conquistou o recorde de veloci-
geral
vimentos no mar. dade de 1.606 milhas horárias.
"Skyrafler"
Seus reatores têm a capacida- O é um avião de
"cava-
de de iluminar uma cidade de bombardeio considerado o

dois milhões de habitantes. O 10 de carga" da frota: é um avião


"Enterprise"
carrega 100 aviões não muito veloz, tem um
porém
a e 20 helicópteros. O convés raio de ação de 3.000 km e
jato po-
de lançamento tem uma super- de transportar um carregamen-

fície de 2.025 m2, e ser to de 5 toneladas.


poderia
"Skyhawk"
dividido em 68 campos de tênis. O falcão dos
(o
4 de futebol e 5 de basquete. céus) é o menor bombardeiro à
elevadores trazem dos reação americano de dois luga-
Quatro
hangares os aviões; cata- res, empregado sobretudo nos
quatro

pultas podem lançar 4 aviões ataques nucleares de


primeira
"Vigilante"
segundo, em situ- linha. O é o mais
por qualquer
ação meteorológica. Tem uma potente bombardeiro à reação a

equipagem de 4.600 homens. bordo do Enterprise. Tem uma


"Enterprise"
Assim como é, o velocidade que supera a Mach

constitui-se na maior massa flu- 11 e tem somente dois homens

tuante móvel foi na equipagem: o e o bom-


que jamais piloto
construída. bardeador. Todos os aviões do
"Enterprise" Enterprise
é um nome podem levar bom-
glo-
rioso na marinha americana. bas convencionais, mísseis, fo-

Sete unidades de tive- guetes teleguiados e tem dispo-


guerra já
ram êste nome. A foi sitivos carregar uma bom-
primeira para

uma nave capturada in- ba atômica com o até 50


pelos poder

18 maio de 1775, vêzes superior à bomba de Hiro-


glêses em de

durante a da Indepen- shima.


guerra
dência e empregada, depois, con- A única coisa se conhece
que

tra os inglêses, sôbre o seu armamento de defe-


próprios quando
os americanos conseguiram sa, fora os aviões e os mísseis te-
rea-

vê-la. A última foi um leguiados, é que nenhum subma-


porta-
"En-
aviões combateu nas águas rino poderá chegar perto do
que
do Pacífico durante a Segunda terprise", sem correr o risco de

Guerra Mundial. ser atacado por armas nunca


"En- Vistas.
A capacidade ofensiva do
"Enterprise",
terprise" está nos seus aviões, Portanto, o des-

que são esquadrilhas de caça e loca um importantíssimo,


ponto
de bombardeio. Êste poder aéreo constituindo-se no Mediterrâneo

ao há de mais mo- uma base móvel da os


pertence que qual
derno na aviação americana. O seus aviões alcançar ob-
possam
"Phantom
II" é um caça de dois jetivos num raio chega até
que
lugares, que voar em o Mar Negro, a Ucrânia, a Rús-
pode qual-
condição atmosférica e sia Branca, Rumânia, Hungria,.
quer que
é dotado de dois tipos de mísseis, Polônia e Alemanha Oriental.
AVIÕES E SUBMARINOS 191

"Skyraiders"
Os aviões têm um nha norte-americana, orgulho

raio de ação se estende até do Ocidente.


que
ao Mar Cáspio e à
praticamente
de Notícias — Rio de
tôda Rússia. Assim, é o colossal (Diário
"Enterprise", março de 1963)
da mari- Janeiro, 26 de
gigante

UM SUBMARINO SOVIÉTICO NO POLO NORTE

A Revue Maritime francesa de marinos vindos de direções opos-

fevereiro último uma tas e ali compareceram com


publica que

crônica referente ao submarino maravilhosa pontualidade, não

soviético Leninski Komosomol, deixam de ser interessantes as

com informações informações publicadas na revis-


provenientes
da Isvetzia de 27 de se- ta francesa, e delas fazemos um
janeiro,
as aquela unidade resumo.
gundo quais

russa teria chegado, submersa,


Ainda a sovié-
que publicação
ao-polo e ali emergido.
tica não revela a época em
que
Ainda o feito aconteceu o feito foi realizado, tudo leva a
que

bem depois dêle ter sido reali- crêr o tenha sido no último verão

zado Nautilus da USN e sem europeu, afirma Isvetzia


pelo porque

o requinte, também da Marinha o Leninski Komosolof achou


que

norte-americana, de marcar en- os primeiros gelos somente de-

contro naquele dois sub- de vários dias de navegação,


ponto pois

9: ¦¦ ¦ZSEI
Hi ¦1 I

Submarino Atômico LENINSKI KOMOSOLOF


192 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

o que não acontecer du- ga, feita, ao em na-


poderia que parece,
rante o inverno daquelas regiões. vegação de superfície ou à pro-
Outro dado é o comandan- fundidade periscópica, o subma-
que
te do submarino chamava-se rino avistou um avião de patru-
Jiltsof. Ora, acontece um lha da OTAN voava a 200
que que

oficial — Capitão de Fragata metros de altura. trans-


Quando
— dêsse nome e também o pôs o paralelo 88°, aflorou
para
engenheiro Capitão Timofeef transmitir uma mensagem ao
Estado Maior da Marinha, ne-
e o Contra-Almirante Petelin,

foram felicitados cessitando isso


e declara- para procurar
dos heróis da União Soviética, um espaço de água livre de

Sr. Krutchev em a gelos. A operação demorou vá-


pelo pessoa,
21 de último, de rias horas foram necessárias
julho quando que

uma inspeção à Frota do Norte para achar um furo na crosta

feita na companhia do Marechal gelada, durante as conse-


quais
Malinowski. O comunicado guiram a custo livrar-se de um
pu-
blicado na época grave acidente quando a tôrre
pontualizava
"haviam do submarino esbarrou
aquêles oficiais contra a
que
dado de alta capacidade banquisa. Um equipamento es-
prova
na operação e habilidade no em- pecial, um à maneira de cinto

do mais moderno material protetor do casco e da tôrre


prêgo (bem

de nas condições mais visível nas fotografias do Lenins-


guerra,
complicadas duras de navega- ki Komosolof aparecem na
e que
submarina, no decorrer de imprensa) ao navio
ção permitiu

uma missão especial ordenada sair da crítica situação.

Govêrno". Só depois de muitas horas


pelo
Komosolof de manter-se navegando a
O Leninski perten- pro-
fundidade de 50 metros, é
ceria a uma classe de submari- que

nos a unidade soviética conseguiu


que, segundo se depreende

do texto da descobrir um espaço livre de


publicação moscovi-

gêlo, e nêle emergir. Como


ta, é especializada na luta anti-

submarinos. os norte-americanos nas suas


Já tinha feito, antes

de sua viagens polares, os soviéticos


passagem pelo polo, di-

ferentes missões no hastearam na banquisa o


Atlântico pavi-
Norte e no Ártico. Passara lhão nacional.
sob

os gelos entre a Terra de Fran- O Leninski Komosolof


passou
cisco José e a ilha Victória (en- sob o ou menos
pólo, pelo pelas
tre Nova Zembla e o Spitzberg. suas sendo
proximidades; que
A sua viagem, aliás, havia sido só no retorno afirma-se que cru-

planejada para submarino a pro- zou exatamente o zero.


ponto

pulsão clássica. A guarnição, A revista francesa, da to-


qual
ignorava, ao fazer-se ao mar, mamos êste relato, opina o
que

qual era o objetivo do cruzeiro: Leninski Komosolof a


pertence
só em mar alto o comandante a uma classe tipo N. submari-
(4
informou ao respeito. Durante nos); unidades estariam ar-
que
a passagem pelo mar da Norue- madas somente com torpedos,
AVIÕES E SUBMARINOS 193

deslocariam mais de 3 000 tone- do realizado pelo SSN — 571


ladas e fariam velocidades supe- Nautilus — o pai de todos os sub-
riores a 20 nós. Baseando-se na marinos nucleares — o qual em
observação da fotografia, desta- outubro de 1958 efetuava a pri-
ca que a torre acha-se — como meira viagem sob a calota polar.
as de todos os submarinos atô- O SSN-578 Skate foi o primeiro
micos — bem à vante; é peque-
na, de forma clássica e sem as a emergir no pólo Norte. O
alhetas horizontais que apresen- SSN-584 Seadragon fez a trave-
tam os submarinos norte-ameri- sia do Atlântico ao Pacífico, pas-
canos. No seu formato à proa o sando pelo Pólo, em 1960. E ês-
navio soviético lembra os subma- tes dois últimos navios, partin-
rinos dos tipos Skipjack e poste- do respectivamente de New Lon-
riores da US Navy. Possui AR don e de Seattle, depois de mar-
uma alheta, como os norte-ame- car encontro no polo Norte, che-
ricanos e o HMS Dreadnought. garam simultaneamente a suas
O fato do submarino russo redondezas, a 2 de agosto do
surge quatro anos e meio depois ano findo.

TEM AS VANTAGENS DE UM HELICÓPTERO

A fábrica de aviões Canadair 10 milhões de dólares: a fábrica


Limited, de Montreal, revelou, investirá 2,5 milhões e o Govêr-
há pouco, detalhes de um novo no entrará com os restantes 7,5
tipo de aeronave que está proje- milhões de dólares.
tando. Trata-se do CL-84, com Para a decolagem vertical, a
dois motores, que pode decolar asa do CL-84, onde ficam os mo-
e aterrar verticalmente, pairar tores, gira 90 graus de sua posi-
no ar como um helicóptero e ção convencional até ficar vol-
voar a 560 km por hora. tada para cima.
As pesquisas para a constru- A aeronave suspende então
literalmente do solo, acionada
ção desse avião, que se destina apenas por suas hélices, sem
a prestar serviços tanto no setor
militar como no civil, tiveram ajuda das asas. No ar, as asas
início há seis meses e tem sido voltam à sua posição normal pa-
fiuxiliadas financeiramente pelo ra o aparelho ganhar velocida-
de. Para aterrar, o piloto apenas
Comitê de Pesquisas para a De- inverte as operações da decola-
fesa e pelo Departamento da De-
fesa, do Governo do Canadá. gem.
Quando não há necessidade de
O custo total para a fabrica- decolar verticalmente, a asa do
ção do CL-84, incluindo as des- CL-84 pode ser fixada entre os
pesas do projeto, é calculado em ângulos horizontal e vertical.
194 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

A inclinação da asa será tan- porte de tropas de assalto, servi-

to maior quanto mais curta fôr ços de busca e salvamento, eva-

a ou maior a carga. cuações em casos de emergên-


pista
O CL-84 ter no setor mi- cia, vigilância, reconhecimento
pode
litar utilidades múltiplas: trans- e trabalho de ligação.

VÁRIAS NOTICIAS

Austrália Canadá

O sistema de mísseis anti-sub- * Segundo declarações do Chefe


"Ikara",
marino adotado ,do EM., só no ano será
pela próximo
Marinha australiana, realizou no- iniciada a construção da série

vas experiências satisfatórias e de 8 fragatas polivalentes pro-


"Royal
anuncia-se a Grã-Bretanha gramadas para a Cana-
que
adquirir alguns, dian Navy". Estas unidades,
propõe-se para
experiência. Consta o engenho além de artilharia de 127, fogue-
"Tartar", "Muler"
de um míssel de fabricação aus- tes 1 sistema
"Limbo",
traliana e um torpedo de cabeça e 1 morteiro levarão 1

buscadora nos Esta- helicóptero ASM pesado porta-


produzido
dos Unidos. dor de sonar e de torpedos ASM
— HSS-2, norte-
provavelmente
A Marinha estaria americano — que pelo seu exces-
tratando
sivo volume não pôde ser utili-
de encomendar 3 submarinos da
"Balao" zado nos navios escolta da cias-
classe para adestra-
se Saint Laurent, nos
mento. quais
aquêle helicóptero foi substitui-

Está do por dois, leves: um


se procedendo a trans- portador
do sonar e o outro de dois tor-
formação do NPA Melbourne em
anti-submarino.
Os trabalhos pedos
porta-helicópteros.
terminarão no fim do ano. Já

foram encomendados 27 helicóp-

teros à Westland Wasse. Estados Unidos

* Nos dias de feve-


A Marinha australiana, primeiros
que
reiro chegou a Holy Lock, na Es-
até agora vem utilizando nas
cóssia, o Navio-Base AS-31 Hun-
suas manobras submarinos brita-
ley, destinado à flotilha de sub-
nicos, possuirá em breve 4 do .tipo
marinos Polaris, com base naque-
Oberon, já encomendados a es-
le britânico. O AS Proteus,
taleiros inglêses, devendo ser en- pôrto

que desempenhava essa missão,


tregues até 1968. Estão orçados
entrará no arsenal de Charles-
em 18 milhões de libras.
ton, onde será radicalmente

transformado.
AVIÕES E SUBMARINOS 195

O Hunley desloca 18.300 t.; 8 grandes navios-bases conside-


possui 52 oficiais e nos seus de- rados necessários e suficientes
pósitos armazena 80 000 artigos, para os 41 submarinos nuclea-
além de alguns foguetes de re- res norte-americanos. Há tam-
serva. Mede 183m. de compri- bém outras 6 unidades base para
mento e 25,3 de boca. Movimen- submarinos da classe Fulton
tam-no 10 diesel elétricos Fair- de 16 000 toneladas, 2 no Pací-
banks Morse que lhe imprimem fico, — o AS-17 Nereus e o AS-12
velocidade de 18 nós. Sua dota- Sperry — e 4 no Atlântico — o
ção é de mais de 1 000 homens e AS-11 Fulton, o AS-15 Bushnell,
o armamento 4 peças de 76 CA. AS-16 Howard W. Cilme e o
A maior diferença entre o Hun- AS-18 Orion.
ley e o seu predecessor o Proteus
acha-se no sistema de embarque Está em estudo, nos Estados
e desembarque dos Polaris, tor- Unidos, um novo tipo de contra-
nado mais rápido e seguro. torpedeiro anti-submarino im-
O Hunley, sendo o primeiro pulsionado por turbinas a gás,
navio base para submarinos que aumentarão considerável-
construído depois da guerra, mente o raio de ação, a veloci-
acha-se dotado dos equipamen- dade e a facilidade de manobra.
tos mais aperfeiçoados para o Espera-se que possam atingir,
cumprimento da sua missão de em 4 minutos, a velocidade de
base de submarinos Polaris. Teve 40 nós.
a sua quilha batida em 28-11-60,
foi lançado ao mar a 29-1-61 e Está sendo construído, sob os
entrou em serviço em 16-6-62. auspícios da Marinha norte-ame-
•Seu custo atingiu a quase 56 ricana, um pequeno submarino
milhões de dólares. capaz de mergulhar até perto de
Forma parte de um programa 800 metros, para o estudo das
de 4 unidades iguais, das quais águas e fundos abissais. Será o
a segunda, o AS-32 Holland, foi primeiro veículo capaz de nave-
lançada, dos estaleiros de Ingalls gar a profundidades muito mai-
Shipbuilding Corporation, no ores que as até hoje possíveis
Mississipi a 19 de fevereiro úl- para submarinos, convencionais
timo; e o AS-33 Simon Lake ou nucleares. O pequeno sub-
teve a quilha batida em outubro marino é destinado a pesquisas
do ano findo. científicas; mas poder-se-á no
O Holland é idêntico ao Hun- futuro derivar dele submersíveis
ley. Já o Simon Lake será algo capazes de operações militares a
maior, com 21 450 toneladas, grandes profundidades.
195 m. de comprimento e guar-
nição de 1 387 homens. O Instituto Oceanográfico dè
Estas três unidades, e mais o Woods Hoie, de Massachussets,
Proteus, depois da sua remode- vem de contratar com a General
lação, integrarão, com mais dois Mills Incorporation a constru-
a serem construídos, o total de ção de um submarino de 10 tone-
196 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

üadas, que deverá ficar marinos Polaris hoje em cons-


pronto
neste verão, e cujo custo calcu- trução serão equipados com o
la-se em 600 000 dólares. Será A-3. Os construí-
primeiramente
dedicado aquela instituição dos o foram com o A-l, de 1300
por
a pesquisas, sob financiamento milhas de alcance, e os 12 se-
do Office of Naval Research, e Ethan Allen
guintes (5 e 7 La
levará o nome de Alvim, em ho- Faytte) transportam 16 Polaris
menagem ao cientista oceano- A-2 500 m) todos
(1 os quais
grafista Alvim C. Hole, há anos irão sendo substituídos
paulati-
trabalhando em Wood Hole. namente A-3.
pelo

O Saipan,
A 30 de novembro foi lançado porta-aviões leve

que data de 1946 e à re-


ao mar o SSBN-625 Henry-Clay, passou
serva em 1937, sendo classifica-
construído nos estaleiros de
do como Transporte de Aviação,
Newport News, na Virgínia. É
vai "Command
8.° ser convertido em
o da classe La Fayette.
Ship". Desloca 19 000 toneladas

O e será o terceiro do Comando


10.° submarino Polaris
Estratégico,
SSBN-218 Thomas Jefferson en- precedido já pelo
CC-1 Northampton em ser-
trou em serviço em 14 de (já
ja-
viço) e o CC-2 Wight remo-
neiro último. Pertence à classe (em
delação). Parte do antigo han-
Ethan Allen e formará da
parte
gar será habilitado a insta-
flotilha de SSBN com base em para
lação de diversos comandos
Holy Lock, na Escóssia. A 21 de e a

parte AR do convés ficará des-


fevereiro realizou uma experi-
tinada ao de helicópteros.
ência de lançamento submerso, pouso

na costa este da Flórida, de um Informações


~ procedentes do
Polaris A-2.
Pentágono dão notícia de ter
sido assinado contrato a fa-
A para
12 de janeiro foi batida a
bricação de um novo intercep-
quilha do SSBN-633 Casimir Pu- "F-lir.
tador Serão construí-
laski, nos estaleiros da Electric
dos 22 protótipos diferen-
para
Boat, em Boston.
tes empregos. A construção em
série seria de 1 500 aparelhos.
A 22 de fevereiro "F-lll"
foi lançado O asas em
possui delta,
ao mar mais um submarino escamoteáveis quando a veloci-
Polaris a nuclear: o
propulsão dades supersônicas. Suas
princi-
Woodrow Wilson, será ar- características
que pais são: veloci-
mado com 16 Polaris A-3. dade 2,5 Mach; turbo-jato; 2
lugares; de abaste-
possibilidade
Nos dias
primeiros do passado cimento em vôo; 28 tone-
pêso,
fevereiro foi lançado, com êxito ladas. A versão a
para Marinha
absoluto, em Cabo Canaveral, 22 t. com
pesará decolagem
um Polaris A-3. Atingiu com STOL e a cauda e o nariz do-
precisão seu objetivo, no Atlân- bráveis facilitar
para a acomo-
tico, a 2 900 km. Todos os sub- dação nos
porta-aviões.
AVIÕES E SUBMARINOS 197

Foi em condição ope- feito em doze lançamentos e sua


pôsto
racional um helicóptero chama- segunda missão de transporte de
"Camel"
do (sigla de Collapsi- carga pesada.

ble Airbone Military Equipment

Lifler) desmontável, que pode


ser acomodado em es-
pequeno
e ràpidamente montado de França
paço
nôvo. Transporta, além do pilô-
homens equipados o seu * No intenso esforço da França
to, 5 ou

equivalente de carga. reconstituir a sua Marinha


Quando para

desmontado, é fàcilmente aero- de Guerra, depois do último con-

transportável e de lan- flito mundial, os resultados são


passível
Um consideráveis. Seu amplo —
çamento em pára-quedas. po-
C-13 deríamos dizer ambicioso —
aeroplano de transporte pro-
"Hercules"
corregar 6 dês- grama naval acha-se em rápido
pode
tes helicoptéros. andamento.

A fôrça naval gaulesa, no


que
"Titan
Gigantesco foguete II", fim da ficara reduzida a
guerra
o maior cone cons- menos de um têrço, ocupa
portando já,
truído nos Estados Unidos para destacadamente, o lugar
quarto
um militar, cruzou o entre as Marinhas mundiais,
projétil
Atlântico, ao longo de 9 766 qui- com tonelagem operativa que
lômetros e caiu na zona do alvo, atinge a 270 000 tonela-
quase
no dia 3 de março último. das; apesar de, nesse mesmo

lapso, ter retirado do serviço ati-


O gigantesco foguete, do qual
vo cêrca de 32 000 toneladas de
separou-se o elemento de em-
unidades velhas. Entre as recen-
inicial, a poucos segundos
puxo
tíssimas operacionais, desta-
de iniciar-se o vôo, logrou o se- já
1 — Cie-
no cam-se: porta-aviões
êxito consecutivo
gundo
menceau—; 2 cruzadores anti-
transporte de grandes cargas, e,
-aéreos; 18 contratorpedeiros da
segundo os será utilizado
planos,
classe Surcouf; 18 fragatas das
em órbita o planador
para pôr
" classes Le Normand e Le Cor se;
Dyna Soar", após algumas
14 submarinos das classes
transformações que o converte-
"Titan Arethuse, Narval e La Créole; 34
rão no III".
varredores da classe Sirius; e 14
"Dyna
No Soar" en-
planador da classe Le Fou-
patrulheiros
trarão em órbita, em princípios
gueux; perfazendo um conjunto
do ano, os dois astro-
próximo de mais de 100 navios de alto va-
a cabo o
nautas que levarão pro- lor militar.
"Gemminis".
jeto
"Titan suave- Acrescente-se
O II" se elevou a esta importan-

mente de sua de lan- te fôrça naval a não menos con-


plataforma
23 minutos depois da siderável das unidades em cons-
çamento,
trução — algumas a
hora calculada inicialmente, pa- próximas
ra registrar seu oitavo vôo entrar em serviço — são: 1
per- que
193 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

— Foch —; 1
porta-aviões porta- lança-mísseis. Esta unidade ser-
-helicópteros
de 10 000 t.— La viria de protótipo para a cons-
Resolue — em tempo
que de paz trução de outras, com 7 000 t.
servirá de navio-escola; 2 fraga- em imersão, 300 metros de com-
tas lança-mísseis (talvez 3) de e capazes
primento, de transpor-
4 700 t.; 9 unidades de escolta tar 16 engenhos de 2 000 a 3 000
de 700 t. e, finalmente, 9 sub- metros de alcance, além de irem
marinos convencionais classe munidos de tubos lança-torpedos
Daphne. A tonelagem total dês- teleguiados.
tes navios em construção, ou em

provas, e mais outros, anfíbios,

logísticos, transpor-
petroleiros,
tes, hidrográficos, etc, eleva-se a

quase 90 mil toneladas. Grã-Bretanha


Considerando especialmente a
fôrça de e subma- Depois de numerosas
porta-aviões
provas
rinos, .acrescentemos dos em Barrow e
que, em alto mar reali-
dois — Clemenceau zadas
porta-aviões durante os me-
primeiros
e Foch — o
primeiro já está em ses do ano, terminou satisfatò-
serviço e o segundo está-lo-á mui- riamente suas experiências o pri-
to em breve. Deslocam 22 000 meiro submarino a propulsão
toneladas e embarcam, cada um, nuclear de construção inglêsa: o
60 aviões organizados em três Dreadnought, está
que pronto
"Etandard
grupos: 1 de IV", ser incorporado
para ao 3.° Es-
com capacidade atômica, e dois de Submarinos
quadrão da
"Aquilon" "Breguet- "Royal
outros, de e Navy". O custo desta
-Alizé", luta anti-subma- unidade
para foi de 18 milhões de
rino. O La libras.
porta-helicópteros
Résolue, de 10 000 toneladas, teve

sua remodelação iniciada em Três submarinos Polaris norte-


1961; servirá em tempo de -americanos
paz chegarão até 15 de
como Navio-Escola e, em maio ao Mediterrâneo,
quando sendo
que
pé de guerra, como de o dêles chegou
portador primeiro a seu
8 helicópteros e transporte destino a 1.° de abril.
para A sua base
de forças de desembarque. operativa, segundo declaração

O dos submarinos oficial, será a de Holy Lock, na


programa
abrange: 9 unidades convencio- Escossia, onde se encontra o

nais, de 700 toneladas, ata- navio-base AS-31 Hunley.
para

que rápido; dêles, são opera-



cionais 4 (Daphne, Diana, Doris A "Revue Maritime" da França
e Flora) e os outros 5 acham-se interessantes manifesta-
publica
diversas fases "Civil
em de construção o Lord" do Almi-
ções que
(Minerva, Galatée, Eurydice, rantado britânico teria feito na
Q-249 e Q-250). Fala-se, tam- ocasião da discussão do orça-
bém, da construção de um sub- mento inglês. Confirmam elas
marino de nuclear, a Marinha Real
propulsão que construiria
AVIÕES E SUBMARINOS 199

4 submarinos lançadores de Po- em dos últimos deta-


processo

laris, dois a dois, em estaleiros lhes de aperfeiçoamento e que

Os ficariam deverá estar no fim dêste


diferentes. primeiros pronto

a cargo da Vickers Armstrong, ano) o que será vendido à Grã-


-Bretanha.
em Barrow-in-Furness, que já

a experiência da fabricação ao número de enge-


tem Quanto
"Royal
dois submarinos nhos a Navy" preci-
dos primeiros que

atômicos inglêses: o Dread- sará, ainda não tenha sido


que

nought e o Valiant. fixado ela, ser estimado


por pode
em mais ou menos 80; de fato,

* A do acordo anglo- cada submarino estará equipado


propósito
-americano fornecimento, com 16, o resulta em 64
para que para

Estados Unidos, de fogue- o conjunto dos 4 submarinos;


pelos
tes Polaris o sistema de de- tornando-se necessário manter
para
fesa britânica, a mesma revista alguns mísseis em reserva.

francesa assim se expressa:


"US "Royal
"No A Navy" cederá à
Livro Branco a
publicado
Govêrno Britânico Navy":
10 de abril, o

dá a conhecer o texto do acordo os foguetes Polaris, sem as


assinado a 6 de abril precedente ogivas nucleares, as quais
acêrca do fornecimento de fo-
devem ser fornecidas pela
Poláris à Grã Bretanha.
guetes Grã-Bretanha;
O documento, muito técnico,
os sistemas de lançamento
em silêncio duas impor-
passa e manobras dos foguetes;
tantes quantos fogue-
questões: os controle de
sistemas de
tes a Grã-Bretanha vai comprar
sua ignição;
e será o dêles. O
qual preço os navegação
sistemas de
acordo limita-se a dizer: Os fo-
por inércia;
o equipamento e o ma-
guetes, o material anexo trei-
para
anexo serão su-
terial fornecidos namento e experiências.
responder às ne-
ficientes para
do elabora- Parece, pois, que os Estados
cessidades programa

do Govêrno do Reino-Unido; Unidos fornecerão equipada a


pelo
deverá ser co- fatia central dos engenhos e a
êste que
programa
"Royal
ao Govêrno norte- Navy" encarregar-se-á da
municado
-americano antes da entrada em construção dos outros elementos.

vigor do acordo.
presente
entretanto, * — O submarino da
Pontualiza-se, que Oracle,

a Grã-Bretanha os Pola- classe Oberon, ficou em


pagará pronto

ris ao de custo normal em fevereiro, iniciar as


preço para provas.

e mais 5% de participa- Construído no arsenal de Cam-


dólares

nas despesas em os Es- mel Lavid, em Birkenhead, é o


ção que
se empenharem. 7.° de sua série de 14, teve a
tados-Unidos

Os especialistas norte-america- batida em abril de 1960


quilha

nos estimam, de um modo e foi lançado ao mar em setem-


geral,

será o Polaris A-3 (modelo bro de 61.


que
200 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Anuncia-se em
que breve en- Fleet Air Arm. Com êste VTOL
trará em grande remodelamen- o Departamento da Defesa espe-
to o HMS Forth, ser con- ra conseguir um aparelho
para poli-
vertido em base de submarinos valente utilizável
pelas duas
nucleares, como o foi o HMS forças aéreas britânicas.
já grandes
Maidstone — de 12 700 t. — e

o HMS Adamant — de 16 000 t. As fragatas das classes Tribal


Fala-se, também, da construção e Leanãer vão receber o nôvo
"Saunders
de uma nova unidade análoga helicóptero Roe" P-
"Wasp".
ao Hunley dos Estados Unidos, 531 Trata-se de apare-

para atender devidamente a fu- llio portador de torpedos e asso-


tura frota submarinos
de a pro- ciado a sonar de alcance,
grande
"Royal
pulsão nuclear da Navy". e será o armamento
principal
anti-submarino daquelas fra-
Entre os 16 navios de guerra gatas.

que êste ano serão vendidos


pa-
ra Os "Buccanner"
ferro-velho encontram-se 3 —
já opera-
submarinos: o Explorer, o Scots- cionais — estão entrando em
man e o Tally-Ho. Integram o serviço. Uma formação foi em-
lote de unidades condenadas: 1 barcada, em fevereiro, no
porta-
cruzador, 6 contratorpedeiros, 2 aviões Ark Royal; outra, ficará
fragatas, 1 navio-mineiro, 1 co- em terra treinamento,
para e
locador de rêdes e 2 mais uma terceira vai
pequenas ficar
unidades costeiras. brevemente. Estas
pronta uni-
dades transportar uma
podem
Continuam, na Inglaterra, os bomba H, e são capazes de trans-
trabalhos de aperfeiçoamento do as melhores
por defesas anti-
"Hawker"
VTOL P-1127 que, aéreas, mercê a sua grandíssima
quando tornado operacional, per- velocidade e a sua capacidade
mitirá dotar de arma aérea a de vôo a muito baixa altura.
unidades de convés insuficiente
Já foi encomendada uma nova
para decolagem horizontal. — "Buccanner"
versão o MK-2
As atuais serão efetu- —,
provas com maior raio de aproxima-
adas no Ark-Royal
porta-aviões
ção.
e destinar-se-ão a verificar os

efeitos, sôbre o convés do navio, O "Sea


sistema de foguetes
do calor desprendido do reator, Cat" contra aviões, oficialmente
na decolagem. "Royal
aceito Navy" acha-
pela
Na última reunião de Farn- se instalado nas fragatas lança-
"Hampshire
borought foi apresentado o engenhos e Devon-
P-1127 produzido em shire. As Marinhas da Repúbli-
pequena
série e mais um nôvo modelo ca Federal Alemã, da Suécia, da
"Hawker"
aperfeiçoado do P-1154 Austrália, e da Nova Zelândia

que está sendo trabalhado adotaram êsse engenho


para já para
"Hunter"
substituir o da RAF e substituir a artilharia de 40 anti-
"Scimitar" "Sea "Sea
os e Vixen" da aérea. Os Cat" são
propul-
AVIÕES E SUBMARINOS 201

sionados a propersol, alcançam um navio-base para os mesmos,


de 3 000 a 4 000 metros e são de 50 000 toneladas, com veloci-
de muito fácil manejo. dade de 22 nós e artilhado com
4/100 e 8/45 anti-aéreos. Os
atuais navios da frota de super-
fície seriam: 1 cruzador de...
Holanda 20 000 t.; 4 contratorpedeiros da
* No fim do ano 62 foi desar- classe Storyi, de 3 300 t; 4 na-
mado o submarino Zwardvis que vios de escolta rápidos, de cons-
fora em 1933 o britânico Tam. trução italiana, de 1 700 e 1 200
Será vendido como ferro-velho. toneladas; além de várias peque-
Seu companheiro Tijgerhaii con- nas unidades costeiras, avisos,
tinua, por enquanto, em serviço. anfíbios, etc.

Indonésia Itália

* A Indonésia, que no seu re- * Em fevereiro último foi lan-


cente conflito com a Holanda cada ao mar — já com as má-
procurou a.ajuda soviética para quinas e parte da superestru-
reforçar seus elementos navais, tura prontas — a fragata lança-
está, segundo parece, em pleno -mísseis Andréa Doria. Diz-se
desenvolvimento de sua Esqua- que tanto ela como a sua gêmea
dra. Afirma-se que entre as uni- Garibaldi teriam recebido insta-
dades fornecidas pela URSS es- lações que lhes permitiriam o
tão 10 submarinos do tipo W e lançamento de 4 Polaris.

OS HELICÓPTEROS "WASP"

A Westland Aircroft Ltd. aca- plataforma, mesmo em condi-


ba de divulgar o novo sistema ções adversas de jogo do navio.
de pouso de seu mais moderno Ao mesmo tempo, está sendo
helicóptero — o "WASP" — ide- utilizado um novo sistema por
alizado em sua versão naval pa- meio de um cabo e guincho hi-
ra permitir operações de bordo dráulico, o qual é lançado do
de pequenas plataformas medin- aparelho ao navio, que, por
do somente 8m x 6m, em con- sua vez, recolhe o cabo aproxi-
tratorpedeiros e fragatas. Em mando o helicóptero da plata-
"esqui", são forma até que o mesmo esteja
lugar do tradicional
utilizadas quatro rodas equipa- em condições de pousar.
das com um dispositivo especial Operação inversa é realizada
que permite uma aderência à na decolagem, quando o apare-
y
202 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lho é mantido amarrado à nas, com o maior sucesso. Na


pia-
taforma pelo cabo, até a turbina Marinha Australiana, será utili-

desenvolver potência suficiente s.ado de bordo de navios oceano-

descolar do navio. gráficos e na Marinha de União


para
"Wasp",
O com dimensões Sul-Africana como treinamento

idênticas às de aparelhos de me- avançado e emprêgo


geral.
nor (somente 12m de Em operações de busca e sal-
potência
comprimento), acomoda- vamento, varrer uma área
possui pode
5 ou 6 pessoas, de 250 km e içar a bordo 3
ções para pes-
realizar operações até soas, meio de um
podendo por guincho
então cumpridas helicóp- hidráulico capaz de sustentar 2
por
teros bem maiores, como de- de cada vez. Como ambulância

tecção e caça anti-submarino, transportar internamente


pode
à sua turbina Bristol Sid- duas maças, com o maior con-
graças
"NIMSUS"
deley MK 103, desen- fórto.

volvendo nada menos 1.050 Êste helicóptero é o mais mo-


que
SHP. Esta turbina livre, dispen- derno produto da indústria aero-

sa qualquer conexão rígida en- náutica britânica e vem baten-

tre o compressor da unidade do um a um todos os recordes

propulsora e a engrenagem da de velocidade e altitude, até en-

cabeça do rotor, oferecendo des- tão em de outros apare-


poder
ta maneira uma grande flexibi- lhos à turbina, ainda não tendo

lidade de operação, além de eli- sido divulgados motivos de


por
minar completamente o risco de segurança.

falha repentina da turbina em Não obstante as performances


si, muito comum em motores a aproximadas Wasp/Scout, são

turbina fixa, usados nos apare- anunciadas como sendo: veloci-

lhos de concepção mais antiga. dade máxima superior a 225

Além da aparelhagem de MAD, km/h; de cruzeiro a 215 km/h;

ou equipamento de detecção sub- a razão de subida a 4,6 m/s.

marina, o Wasp, em sua versão Seu teto de serviço é de

naval, é equipado com dois tor- 6,350m e seu raio de ação é cal-

MK-44 e tanto as culado em mais de 550km


pedos possui per-
de Rotor número de mitindo uma duração de vôo de
pás (em
como a cauda 3 a 4 horas. O pêso máximo de
quatro, própria
da fuselagem, dobráveis, decolagem é de 2.260kg e a car-
para
espaço a bordo. disponível é de mais de 1.000
poupar ga
Já em serviço ativo na Mari- quilos.
nha Britânica desde 1961, em
Diário de Notícias — Rio de
"Tribal",
fragatas de classe BMS
Janeiro, 22 de maio de 1963.
o Wasp tem realizado operações

meteorológicas e mesmo notur- P. de M


RESPIGA

— lagosta é peixe —
O Exército no 11 de junho Êles pensam que
lagosta — Vênus é mais chata
Estudos de biologia e pesca de

NO 11 DE JUNHO lherme de Bruce e a 27 de abril


O EXÉRCITO

embarcava a tropa nos navios da

Coronel Sarmento esquadra brasileira, onde já se


João

encontravam o 1.° Batalhão de

Infantaria e o 1.° Batalhão de


A fraternal e indestrutível
Artilharia.
amizade liga o Exército à
que
As tropas do Exército à dispo-
nossa gloriosa Armada, tem sido
sição da Marinha de Guerra,
cimentada através dos tempos e
cumprindo missões de fuzileiros
em lances gloriosos quando a Pá-
da esquadra elevavam-se ao efe-
tria está em perigo.
tivo total de 1 430 homens que
O mais expressivo exemplo
somados aos efetivos da Mari-
dessa integração espiritual, foi a
nha, totalizavam 1 113 ho-
que
Batalha Naval do Riachuelo, on-
mens, um efetivo to-
perfaziam
tem comemorada em todo o Bra-
tal de 2 543 brasileiros que iriam
sil. Nos conveses dos navios da
mais tarde escrever com sangue
Esquadra Brasileira misturou-se
a epopéia de Riachuelo, enfren-
o sangu.e dos marinheiros de
tando com galhardia a bravura
Barroso e dos soldados da Bri-
fanática dos marinheiros do co-
Bruce, embarcados como
gada modoro Meza, comandante da
autênticos fuzileiros navais.
esquadra paraguaia.
Segundo o Raimundo
general
Estava a esquadra brasileira
Barbosa, foi a 9a Brigada de In-
operando no rio Paraná com
fantaria organizada por determi-
duas divisões: a 2.a sob o coman-
nação de Osório, ao substituir
do do chefe Francisco Manuel
Mena Barreto no comando do

1865. Barroso da Silva e a 3a sob o


Exército do Sul, em abril de

constituída comando do capitão-de-mar-e-


A 9.a Brigada era
-guerra
1.° e 9.° Batalhões de In- José Secundino de Go-
pelos
1.° Batalhão de mensoro.
fantaria, pelo
Artilharia, Corpo da Pro- No dia 2 de maio, fizeram
pelo jun-
víncia do Espírito Santo e ele- cão em Bela Vista as duas divi-

mentos de Engenharia. sões e o encontro de-


prevendo-se
Foi investido no comando da cisivo com a fôrça foi
paraguaia,
9.a Brigada o coronel João Gui- dada organização definitiva à
204 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nossa esquadra, sendo a tropa to de três bocas, a esquadra lan-


do Exército distribuída na- ferros ao sul de
pelos çou Corri entes,
vios da maneira seguinte: na margem esquerda do Rio Pa-
raná a meia distância entre a
2.a Divisão — BARROSO — cidade e a foz do arroio Riachu-
Capitánea: Amazonas — Comte. elo.

capitão - de - fragata
Raimundo
Descrever a batalha, a tática
Teotônio de Brito. Ia a seu bordo
adotada e as
pelos paraguaios
o comte. da 9.a Brigada coronel
medidas tomadas chefe
Bruce. — Navios: Araguari —- pelo
Barroso seria fugir ao escopo
comte. tenente Antonio
primeiro dêste artigo; o assunto, sôbre
Luiz von Hoonholtz. Comte. da
ser bastante conhecido
já tem
tropa: Primeiro tenente Joaquim
sido minuciosamente tratado
Manuel da Silva e Sá. Iguatemi— por
outros articulistas.
José de Macedo Coimbra. Comte.

da tropa: tenente coronel João Entretanto, o aspecto


quase
José de Brito; Mearim — comte. sempre ignorado, omitido ou es-

primeiro tenente Elisiário José quecido é o da real e eficiente


Barbosa — Comte. do exército
da tropa: participação brasi-
cap. Antonio José da Cunha; leiro na batalha naval do Ria-
Parnaíba — comte. ten. Aurélio chuelo. É o nos
que propomos
Gracindo Fernandes de Sá — salientar, invocando o depoi-

Comte. da tropa: ten. cel. José mento insuspeito de três gran-


da Silva Guimarães. des almirantes e as de
partes
— combate dos comandantes dos
3.a Divisão Gomensoro: Ca-
navios.
pitânea: Jequitinhonha; Comte.

cap. ten. Joaquim José Pinto. Disse o almirante Jaceguai:


Comte. da tropa major Francis- "Em
nossos navios ocorreram
co Maria dos Guimarães Peixo- episódios de extraordinária bra-
to. Navios: Beberibe: Comte. vura, dignos de figurarem na
cap. ten. Joaquim Bonifácio dos história. O convés da Parnaíba
Santos. Comte. da tropa: ma- foi cenário de choques individu-
jor João Baptista de Sousa Bra- ais homéricos, o capitão Pedro
ga. Belmonte: Comte. da tro- Afonso e o guarda-Marinha Gre-
pa: cap. J. A. dos Santos Ro- enhalgh em seus de com-
postos
cha. Ipiranga: Comte. primeiro bate caem aos de nume-
golpes
tenente Álvaro Augusto Carva- rosos trôço defenden-
paraguaio,
lho. Comte. da tropa: ten. Jo-
do a Bandeira Nacional, hastea-
sé Corrêa de Andrade.
da na do navio. O tenente
pôpa
Tudo pronto assumiu Barroso de infantaria Andrade Maia e o
o comando-em-chefe da esquadra imperial Marinheiro Marcílio
brasileira Tamandaré, em- Dias de escapa em
pois penetraram
bora nomeado para aquelas eleva- num de mais de
punho grupo
das funções, desde 20 de abril de trinta senhores da
paraguaios,
1864, deixara-se ficar em Bue- tolda do navio e ali sucumbiram
nos Aires. Após o reconhecimen- em desesperada luta". li-
(Do
RESPIGA 205

"Quatro "A
vro séculos de ativida- mais leal amizade reinou

des marítimas"). sempre entre a Marinha e Exér-

cito, e se durante o largo tempo


Vejamos o disse o viscon-
que
de convivência no limitado es-
de de Ouro Preto em seu notá-
"A de uma canhoneira ne-
vel livro Marinha de Outro- paço
nhum choque nem atrito inter-
ra":
rompeu nossas cordiais relações,
Repetindo contra vários navi-
não admira que, debaixo do fogo
os a tentativa de abordagem ex-
combatêssemos inspirado
Lo- pelo
pressamente ordenada por
mesmo entusiasmo de defenso-
pez, os paraguaios conseguem
res da Pátria". Em outro trecho:
afinal dá-la à Parnaiba que des- "Enfim
"Cercaram-na do contingente do
cia". o Paraguai,
Exército, o dizer é
o Taquari e o Salto. É o que posso que
primeiro
no meu navio, só o uniforme dis-
r epelido a metralha, mas os ou-
tinguia as corporações".
tros encostaram-se a bordo e a
(Almirante Barão de Tefé:
estibordo. A valente guarnição "Batalha
Naval do Riachuelo").
dirigida Garcindo e entusi-
por
asmada heróicos exem- Barroso, em sua do com-
pelos parte

do imediato Firmino bate assim referiu-se a Bruce:


pios Chaves
"O
e Oficiais Exército coronel João Guilherme dê
dos do Pedro
Bruce, comandante da Brigada,
Afonso Ferreira e Maia opôs aos
já conhecido por sua bravura,
assaltantes incrível resistência.
me coadjuvou, fezendo dirigir a
Trava-se corpo a corpo, medonho
tropa aos lugares que mais con-
combate ou antes horrível car-
vinha defender o inimigo".
nificina, no meio para
da qual os de-
nodados oficiais, negros de fu-
O capitão de fragata Raimun-
mo e cobertos de sangue er-
do Teotônio de Brito, coman-
guem-se como vultos homéricos
dante da Amazonas, capitânea
com a espada em Gre-
punho.
da Esquadra, assim se refere à
enhalgh, ainda criança, prostra
ação dos elementos do Exército:
com um tiro o oficial ousa "Cumpro
que também o agradável
intimá-lo a arriar a bandeira
dever de informar a V. Exa.
mas sua vez aos gol-
perece por os oficiais
que e mais do
praças
pes da horda que o cerca.
exército destacados a meu bor-
Pedro Afonso e Maia conquis-
do, me auxiliaram
galhardamen-
tam imorredoura glória para o te com fuzilaria e trabalhando
Exército representam, ba-
que no rodízio de ré". O comandan-
tendo-se a ferro frio e sucum-
te Teotônio de Brito à
juntou
bindo depois de completamente sua
parte uma relação das bai-
mutilados. Maia tendo já dece- xas sofridas tropas do
pelas
a mão direita, apanha a
pada exército, da constam uns
qual
espada com a que lhe restava e sete mortos, cuja lista é encabe-
faz frente ao inimigo".
çada cadete Brasileiro Lou-
pelo
E agora, o almirante Barão reiro, além de dezessseis feridos.

de Tefé: Disse o capitão-tenente Joa-


206 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

quim José Pinto, comandante da te do 9.° Batalhão de Infantaria


"Os
Jequitinhonha: senhores o- Feliciano de Andrade Maia,
que
ficiais da Armada e mais classes se sustentou no seu até
pôsto
e bem assim os do contingente cair desfalecido do
pelos golpes
do 1.° Batalhão de Infantaria, inimigo, tendo até então se con-
marinheiros e soldados, servado como verdadeiro baluar-
porta-
ram-se em seus com o te brasileiro".
postos
"O
maior valor e sangue frio,' sendo Contingente do 9.° Bata-
todos dignos de louvores pois o lhão de Infantaria, composto
fogo que sofremos foi violentís- das e sexta compa-
primeira
simo." nhias, sob o imediato comando

Foi o seguinte o depoimento do seu mui distinto tenente coro-

do tenente Joaquim nel José da Silva Guimarães,


primeiro
Francisco de Abreu, comandan- portou-se como era de esperar
"Os —
te da Belmonte: oficiais do de soldados brasileiros: En-

exército muito me coadjuvaram tusiasmo no ato de abordagem,

animando e ativando as valor e esforço denodado na lu-


guarni-
das na ocasião em ta travada braço a braço com
ções peças
o navio sofria todo o fogo da o inimigo, excedem ao maior
que
esquadra inimiga e das baterias elogio."

de terra e o mesmo devo dizer Assim lutou o exército no dia


dos capitães Antônio dos Santos 11 de de 1865, na batalha
junho
Rocha e Antônio Muniz Teles do Riachuelo.

de Sampaio, no que diz respeito —


Diário de Notícias Rio de
à sua gente e do senhor tenente Janeiro, 12 de de 1962.
junho
Antônio Tiburcio Ferreira de

Souza, que com a prática que


tem de Artilharia e com o des-

tacamento que é digno coman-


ELES PENSAM QUE
dante, auxiliado senhores
pelos LAGOSTA É PEIXE
.cadetes Leovegildo Cavalcanti de
Melo e Miguel Maria Giraud,

prestou serviços reais e portou- As origens dessa da


questão
se com o valor que, em Corrien- lagosta, surgida entre o Brasil e
tes, já uma vez mostrou.
a França, remontam há
quase
Da parte de combate do bra- dez anos, quando grupos pes-
vo cap. ten. Aurélio Garcindo operavam no Nor-
queiros que
Fernandes de Sá, extraímos: deste financiados capitais
por
"O
capitão do 9.° Batalhão de descobriram o
japonêses que
Infantaria, Pedro Afonso Ferrei- noso crustáceo era um bom ne-
ra e o João
guarda-marinha gócio.
Guilherme Greenhalgh, sucum- Êsses se dedicavam à
grupos
biram defendendo o e à industrialização
pavilhão pesca do
nacional"... atum e, com sua entrada no
"...
entre êles não dei- mercado da lagosta, o do
posso preço
xar de mencionar o bravo tenen- logo subiu apreciável-
produto
KESPIGA 207

mente. Posteriormente, difi- Durou pouco, o reces-


por porém,
culdade no cumprimento das so dos franceses, que logo volta-

exigências do Govêrno brasilei- ram a pescar em nossas águas,

ro à nacionalização da embora sabendo que a sua ati-


quanto
tripulação, os se reti- vidade fôra proibida pelo Govêr-
japonêses
raram. Os franceses, só no brasileiro.
que
mais recentemente tinham vindo Em janeiro último, três lagos-

em busca da nossa lagosta, fi- teiros de bandeira tricolor — o

caram então sozinhos. Grandes Lonk-Ael, o Gotte e o Françoise

com Christine — foram apresados


consumidores do e
produto
seus viveiros naturais da Breta- pela Marinha de Guerra
quando
ilha e da Mauritânea esgota- pescavam ao largo do litoral do

dos, o Nordeste a ser o Rio Grande do Norte.
passou
alvo dos Os três lagosteiros se trans-
principal gourmets gau-

leses. formaram em delicioso


prato
para as agências informativas,
Diferentemente dos japonêses,
que não tardaram a espalhar a
os franceses não se interessaram
noticia do seu apresamento
compra da lagosta pescada pa-
pela
ra os cantos do mundo.
nordestinos. Preferiram quatro
pelos
No dia seguinte, os
capturar êles os crustá- jornais a-
próprios
nunciavam o Govêrno fran-
ceos e levá-los vivos a que
para
cês estudava uma fórmula
França. para
a ação dos seus
proteger pesca-
A da lagosta no Nordes-
pesca dores. Falava-se até Charles
que
te era atividade indevidamente
de Gaulle procuraria intimidar
lucrativa os franceses, pois
para o Brasil, destacando um vaso de
êstes não se davam sequer ao
dar cobertura aos
guerra para
trabalho de a nossas au-
pagar lagosteiros.
toridades os impostos incidentes
A essa altura dos aconteci-
sôbre a exportação.
mentos, mais dois barcos fran-
Começou então a imprensa a ceses — o Blanc D'Arguin e o
tomar a defesa do exportador Dolgar — eram avistados em
nacional e a chamar a atenção nossas águas territoriais, tur-
do Govêrno a atividade dos vando ainda
para mais o clima de
estrangeiros, que se crise.
pescadores
viram obrigados a se retirar.
Enquanto isso, comissões de
lucrou com isso foram lagosteiros
Quem
pernambucanos pro-
os comerciantes e industriais curavam o Governador Miguel
nordestinos do ramo. Seus in- Arraes, a fim de lhe comunicar
vestimentos começaram a se sua disposição de ir às últimas
multiplicar. Cogitou-se até da conseqüências. Para a defesa
fabricação de barcos de ferro no dos seus interêsses, êles agiriam,

Recife, cuja incipiente indústria se fôsse necessário, diretamente


da construção naval se limita a contra os franceses,
pescadores
e frágeis embarcações contra os seus representantes
pequenas
de madeira. em terra firme e talvez mesmo
208 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

contra os seus barcos, ancorados locomover, a não ser permane-


a pouco mais de dois cendo constantemente em con-
quilôme-
tros do litoral brasileiro. tato físico com o leito do mar ou
O III Distrito Naval, com se- o subsolo.

de no Recife, mobilizou seus re- É êsse o Susten-


problema.
cursos para enfrentar a situa- tam os franceses a lagosta
que
ção e os aviões da II Zona Aé- se afasta da conti-
plataforma
rea a inces- nental
passaram patrulhar em expedições natatórias
santemente a área da nossa e
pia- que a sua captura é, portanto,
taforma continental, à direito
procura que deve ser reconhecido
de eventuais intrusos. aos pescadores de qualquer ban-
Foi então que a bomba estou- deira. Os brasileiros, a-
porém,
rou: de Dacar, anunciava-se a firmam
que a lagosta é seden-
partida do Tartu, navio-escolta
tária e caminha sôbre a
que pia-
de 2.750 toneladas. Seu objetivo
taforma continental, devendo
era a nossa conti-
plataforma ser reconhecido como recurso
nental e sua missão era proteger natural.
os lagosteiros franceses.
No auge da crise, o Capitão-
Tomado de surprêsa, o Govêr- de-mar-e-guerra Paulo Moreira
no brasileiro suspendeu os en- da Silva, comandante do navio
tendimentos vinha manten-
que oceanográfico Almirante Salda-
do com o Govêrno francês sôbre nha e colaborador de Visão, con-
o caso. E no dia 28 de fevereiro cedeu à imprensa uma entrevis-
último o Almirante Pedro Paulo ta, prestando as seguintes infor-
de Araújo Suzano, Ministro da mações:
Marinha, declarava à imprensa "A
lagosta é um crustáceo
"em
que o Brasil se considerava
reptante, isto é, não-andante:
estado de hostilidade com a tem patas se locomover, a-
para
França".
poiando-se, para impulso, no
Anda ou nada? — Tôda esta fundo. Habita o têrço médio da

guerra da lagosta em tôrno continental, concen-


gira plataforma
de uma questão: a lagosta anda trando-se sobretudo entre as
ou nada? de 12 a 50 me-
profundidades

De acordo com a convenção tros. Tem vida longa e desen-

de Genebra, volvimento lento. Somente se


que estabeleceu nor-

mas a exploração dos re- reproduz a do segundo


para partir

cursos naturais da ano de vida.


plataforma
"A
continental ( do litoral lagosta comemos tem
parte que
até 200 metros de três anos ou mais. Embora ex-
profundida-
de), é privilégio do ribeiri- tremamente de-
país prolifera (duas
nho explorar os recursos mine- sovas de às vêzes 500 mil ovos),
rais e os vegetais e os animais, somente um décimo cento
por
desde que se trate de espécies sobrevive atingir a idade
para
sedentárias. Segundo a conven- da reprodução. No estado lar-

ção, são recursos naturais os or- var, dura dois anos, é


que quase
ganismos vivos incapazes de se exposta a número de ini-
grande
RESPIGA 209

migos, que a dizimam; e mesmo seleção do tamanho, envolvendo


quando adulta é atacada e comi- nas malhas lagostas novas e ò-
da pelos peixes de grande porte. vadas, com prejuízos considera-
Passa os dias enfocadas e sai à veis a preservação da espécie.
noite para pegar os pequenos A propósito da afirmação de
moluscos que habitam o fundo alguns biologistas franceses de
do mar.
"Devido a seu desenvolvimen- que a lagosta encontrada na
costa nordestina é originária da
to lento e à extrema vulnerabi- França — o que justificaria a
lidade, qualquer exagero de pes- sua captura por pescadores
ca — mesmo que não abusivo — franceses — declarou o Profes-
pode extingui-la. Daí a necessi- sor Pinto Paiva:
dade de se controlar rigorosa- "Temos
mente sua exploração. quatro espécies de la-
"A gosta, sendo três pertencentes
pesca clássica da lagosta ao gênero Panulirus Graf. A
se faz com o covo, espécie de gai-
ola em que a lagosta entra atra- primeira espécie encontrada no
Nordeste é a Panulirus Argus
ida pela isca, ficando presa. Po-
(Latre), cuja distribuição geo-
de-se também arrastar no fundo
da plataforma uma grande rê- gráfica abrange as Bermudas,
as Bahamas, as índias Ociden-
de, que evidentemente captura tais, o golfo do México, a costa
a lagosta e também destrói a ocidental do Atlântico, desde a
fauna e a flora que a alimen- Flórida até o Rio de Janeiro. A
tam. A pesca de arrasto é, pois, segunda, a P. Laevicauda (La-
predatória e é condenada por tre), se distribui pela área oci-
todas as legislações". dental do Atlântico, desde Cuba
A lagosta è nossa — Em de- até a Guanabara. A terceira, P.
clarações prestadas à Visão, o Guttatus (Latre), sem impor-
professor e biologista Melquía- tância comercial no Brasil, ocor-
des Pinto Paiva, diretor da Esta- re nas Bermudas, nos rochedos
ção de Biologia Marinha da Uni- de São Pedro e São Paulo e na
versidade do Ceará, afirmou que costa ocidental do Atlântico,
"os franceses
queriam reeditar desde a Flórida até o Brasil. A
no Brasil a pesca predatória última espécie, também sem im-
que levou à depressão os esto- portância comercial, ocorre no
quês de lagostas da plataforma arquipélago Fernando de Noro-
. continental correspondente ao nha.
Nordeste da África". "Deve-se considerar
ainda",
Com a utilização de redes de frisou o biologista cearense, "que
arrasto, eles estariam promoven- a legislação vigente no Brasil
do a destruição do meio em que integrou toda a plataforma bra-
vive o crustáceo, pelo revolvi- sileira no território nacional.
mento do fundo do mar. Em face disso, os barcos estran-
"Além disso", acrescentou, "a
geiros que não estejam expres-
pesca de arrasto nao permite a samente autorizados pelo Go-
210 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

vêrno brasileiro não podem exer- Toda a exportação nacional


cer atividades pesqueiras em de lagosta se faz praticamente
nossa costa, tornando-se passí- pelos portos de Fortaleza e
veis de apreensão." do Recife (só esporadicamente
se registram remessas por
Santos). Em 1961, os embar-
quês efetuados na capital ce-
LAGOSTAS EM NÚMEROS arense totalizaram 1.266 to-
neladas, cabendo as restantes
475 toneladas ao Recife.
Após muitos anos em que a
lagosta foi pescada quase que Visão — São Paulo, 8 de março de 1963.
exclusivamente para isca ou
para abastecimento de um
restrito mercado regional, es-
tabeleceu-se nos últimos tem-
pos no Nordeste uma ativida- ESTUDOS DE BIOLOGIA E
de regular de pesca, que, em- PESCA DA LAGOSTA
bora efetuada por métodos
rudimentares, alicerçou o fio- Os estudos de biologia e pesca
rescimento da indústria de da lagosta tiveram continuação
congelamento e posterior ex- através de 15 amostragens rea-
portação da cauda desse crus- lizadas nas praias do Pina Ta-
táceo.. mandaré (PE) onde 704 lagos-
A evolução da exportação tas foram observadas. Do total
nacional de lagosta pode ser de 379 examinadas no Pina,
vista no quadro a seguir: 85% pertenceram à espécie Pa-
Anos Toneladas nulirus argus e o restante à P.
1955 40 laevicauda; correspondendo à
1956 156 75% e 25% do total das 325 la-
1957 346 gostas em Tamandaré, respecti-
1958 433 vãmente, as espécies citadas.
1959 616 Cerca de 1,4% das fêmeas de
1960 1.196 P. Argus da amostragam da pri-
1961 1.741 meira praia traziam espermote-
cas íntegras; 11,2%, com restos
No decorrer desse período de espermoteca. Das fêmeas de
(último sobre o qual se dispõe P. laevicauda, apenas 8,7% a-
de dados completos), o valor presentavam-se com restos de
em dólares das exportações espermoteca. Das lagostas de
passou de 9 mil dólares (1955) Tamandaré, 32,5% das fêmeas
para 2 milhões e 863 mil dó- de P. Argus traziam restos de
lares (1961). Neste último espermoteca, correspondendo a
ano, tais vendas corresponde- 33,3% de P. laevicauda neste
ram a 778 milhões de cruzei- estágio de maturação sexual. O
ros. Quadro I registra a súmula das
RESPIGA 211

observações biométricas efetua- de covos despescados dia.


por
das nas referidas Nas praias de Piedade e Rio Do-
praias.
Nas de Piedade, Pina, ce observou-se um pequeno de-
praias
Rio Doce e Tamandaré, conti- clínio no índice de captura, en-

nuaram os estudos estatísticos quanto que as pescarias efetua^

da de lagostas, colhendo- das no Pina revelaram um equi-


pesca
se dados de 186 efetua- líbrio do mesmo. Os
pescarias primeiros

das 19 botes lagosteiros. Os resultados obtidos em Taman-


por
índices relativos à distância da daré acusam um rendimento

costa e mantive- muito baixo, no índice de


profundidade, quer
ram-se mais ou menos constan- captura, na mé-
quer produção
tes comparados com os dia/dia/barco. O II ex-
quando Quadro
resultados do mês anterior, as- a súmula das observações
põe
sim como o esforço de pesca, re- realizadas.

número médio Sudene — Recife — Brasil


presentado pelo

I — Súmula das observações biológicas realizadas nas


Quadro praias
do Pina e Tamandaré (PE), novembro de 1962

Discriminação PINA TAMANDARÉ

Machos Fêmeas Machos Fêmeas

Lagostas observadas

. Total.... 213 166 199 126

P argus 178 143 181 120

P. laevicauda 35 23 18 6

Comprimento médio (mm)


P. argus 200 210 270 250

P. laevicauda 180 180 200 200

Pêso médio (g)


P. argus 330 350 801 638

P. laevicauda 240 230 320 310

II — Súmula das observações sobre a estatística dos desem-


Quadro
barques de lagostas em Pernambuco, segundo as praias,
novembro de 1962

Discriminação Piedade Pina Rio Doce Tamandaré

Barcos observados.... 8

Viagens 22 50 69 45
212 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Discriminação Piedade Pina Rio Doce Tamandaré

Distância média da cos-

ta (milhas) 10 12 7,5

Profundidade

média (m) 41 27,5 29 27,5

Número médio de covos

Total 14 24,5 27 42,5

Pentagonal — 24,5 27 40,5

Cruz de Malta 14

Triangular — 2,5

Produção média diária

p/barco 11 28 48,5 12
índice por captura

(kg/covo) 0,8 1,1 1,8 0,3

VÊNUS É MAIS CHATA do a da Lua,


que que, por sua
vez (segundo estudos anteriores
do mesmo observatório), tem
Dias antes de o Mariner II a- superfície mais
h plana que a da
tingir o de sua trajetória Terra.
ponto
mais próximo de Vênus, e en- O resultado das sô-
pesquisas
quanto cientistas americanos a- bre o relêvo da superfície lunar
nalisavam as informações trans- chamou a atenção do mundo ci-
mitidas por aquela sonda espa- entífico o observatório
para de
ciai (Visão, 22-3-63), novas e Jicamarca, apresenta
que carac-
importantes sondagens daquele terísticas sui importan-
generis e

planêta foram realizadas pelo tíssimas. Fica muito


próximo
observatório de Jicamarca, nas do chamado equador magnético,

proximidades de Lima (Peru). onde as linhas de fôrça do cam-


Cientistas peruanos do Insti- magnético da Terra são
po qua-
tuto Geofísico de Huancayo, au- se horizontais, e essa circunstân-
xiliados por colegas americanos cia lhe confere condições ideais
do National Bureau of Stan- análise da composição
para quí-
dards, com a enorme antena do mica da ionosfera e de outras
radar de Jicamarca voltada pa- camadas do espaço. Dispõe de
ra Vênus, procuraram em fins uma antena de radar, fi-
plana
do ano passado gravar ecos pro- xa, como umo espécie de tapête,

venientes de superfície daquele de 100 mil m2, dotada de gran-


de 24 minutos e, anali- de sensibilidade, mas se
planêta que
sando-a, chegaram à conclusão apenas à observação de
presta
de que Vênus deve ter uma su- determinadas áreas fixas do es-

perfície chata, bem mais paço.


plana
RESPIGA 213

A observação só é possível des científicas abertas pelo ob-


quando o campo de investigação servatório peruano foi dada em
"passa" sobre a antena a uma 9 de julho do ano passado, quan-
distância que possibilite a gra- dp os Estados Unidos fizeram ex-
vação dos ecos. Por isso é que plodir um engenho nuclear a
as observações de Vênus tiveram grande altitude. Em conseqüên-
de ser realizadas num período cia da explosão, formou-se um
determinado, quando o planeta cinturão de radiação artificial
cruzou o céu de Jicamarca, a ao redor da Terra. Esse cintu-
uma distância de 45 milhões de rão foi minuciosamente analisa-
quilômetros da Terra. Pela do pelo radar de Jicamarca, com
mesma razão, o observatório não grande proveito para o estudo
teve ainda oportunidade de rea- dos fenômenos físicos das cama-
lizar importantes estudos já das superiores da atmosfera.
programados para outros plane-
tas do sistema solar. Visão — São Paulo, 26 de a-
Outra prova das possibilida- bril de 1963.
NOTICIÁRIO

DE GUERRA NAVAL Em tal qualidade, desejo trans-


ESCOLA
mitir, a todos, os votos que faz

8 de feve- S. Exa. de sucesso na carreira.


Realizou-se no dia

de encer- Sucesso que pertencera, em úl-


reiro pp. a cerimônia

cursos da Escola de tima instância, à própria Mari-


ramento dos

Guerra Naval, Mi- nha.


presidida pelo
nistro Marinha e contou com Sucesso que será de nosso País.
da

a de várias autoridades E tal êxito é indispensá-


presença porque
inclusive o Ministro da Aeronáu- vel, desejo dirigir-me aos ho-
que
tica, Brigadeiro do Ar Reynaldo recebem o diploma da mais al-
je
de Carvalho e o Embaixador do ta academia da Marinha. Aquê-

Equador, Sr. José Maria Ponce les adquirem o e a


que privilégio
Yépez, o Chefe do Estado Maior responsabilidade de serem Ofici-

das Forças Armadas, General de ais de Estado-Maior e Serviços.

Exército Araújo Motta, o Chefe


Que não vejam em minhas pa-
do Estado Maior do Exército, Ge- oração
lavras o formalismo da que
neral Machado Lopes, represen- não de ser feita, nem
pode deixar
tante do Ministro da Guerra e do Almirante
o saudosismo que
do Chefe do Estado Maior da ao mais alto da car-
chegou pôsto
Aeronáutica. — Discursaram na
reira.
solenidade o Ministro da Mari- lhes vou dizer
Sintam no que
nha e o Diretor da Escola de
a experiência adquirida por aquê-
Guerra Naval. le dia a dia, com amor e de-
que,
dicação, servir à Mari-
procurou
nha o melhor lhe foi possível.
que
Eis na íntegra as palavras pro- Não sei se com brilho. Mas com
nunciadas pelo Ministro da Ma-
a só o ideal explica.
paixão que
rinha:
Com a responsabilidade de quem

chegou na Marinha com o de-



"Meus ver de honrar três gerações de
Camaradas
marinheiros do Brasil. Daquele

até a orfandade recebeu da


Seja-me inicialmente que
permiti-
Marinha.
do dizer-lhes da honra
grande
esta ceri- Da experiência que tem 44
tenho em presidir
que
Exm° Sr. anos, forjada nas torres dos en-
mônia em nome do

Jo- couraçados, no dos


Presidente da República, Dr. passadiço
CTs., nos convéses dos veleiros,
ão Goulart.
216 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nos bancos desta e de outras es- Continuem a considerar como


colas. Experiência borrifada com fundamental trabalho
o de equi-
a água de todos os oceanos, so- cada um faça
pe. Que o melhor.

prada pelos ventos de tôdas as Lembrem-se sempre de que


latitudes. Caldeada no convívio ao chefe.
pertence
com outras Marinhas e com ou- Não esqueçam
que sem disci-
tros povos. Que tem sua sem ordem, nada
pitada plma, será
pos-
de incerteza, de angústia, de ex- sível construir. E que a discipli-

pectativa, dos cruzeiros feitos na só subsiste


quando funda-
em tempo de Experiên- mentada na lei,
guerra. que sua vez
por
cia enrijecida pelo sofrimento, só é legítima
quando se origina
temperada pela incompreensão, do Essa é
povo. a base da verda-
engrandecida por muitas amiza- deira democracia.
des. Sem amor à Marinha, sem de-
Por tudo isso, lhes acon- dicação
posso ao serviço, todo traba-
selhar a não encerrarem a lho será
pes- penoso e estéril.
quisa e o estudo aqui fize- Não
que podemos esquecer ainda,
ram. de que nós, de curso
possuidores
Meditem sobre o leram,
que superior, somos exceção na rea-
ampliem os conhecimentos ad- lidade brasileira.

quiridos. Tal fato nos impõe múltiplos


A guerra é uma deteres
preocupação e imensas responsabili-
constante para nós. Não deve ser dades. Não
privilégios.
esquecida por aquêles têm Somos
que daqueles têm a ta-
que
por profissão a defesa da Pátria. refa de ajudar a construir
para
As obras dos grandes chefes, todos os brasileiros uma ordem
dos grandes estrategistas, devem social mais
justa, porque mais
ser constantemente percorridas. humana e mais cristã.
A História Universal, que seja Somos dos têm a respon-
que
familiar a todos nós, as campa- sabilidade de tirar nosso País
nhas navais sejam nós co- do subdesenvolvimento
por em
que
nhecidas, bem como a vida dos ainda se encontra.

grandes guerreiros e marinhei-


De fazer de todos os brasilei-
ros.
ros homens orgulhosos da terra

Que os princípios aqui apreen- em nasceram, criaturas


que que
didos sejam aplicados em tôdas olhem confiantes o futuro.
para
as ocasiões, na paz ou na guerra. De ajudar as forças se
que
Só os gênios são capazes de empenham na tarefa ciclópica
criar. O homem comum deve de fazer do Brasil um País se-
aperfeiçoar suas nhor de seu destino.
qualidades pelo próprio
estudo, pela meditação e Um País escreva
pela que sua
pró-
prática. pria História.
"O
que parece uma inspiração Esta, talvez, seja a nossa
gran-
de momento não de uma de tarefa do momento.
passa
reminiscência", disse Napo- Nós da Marinha, nunca
já faltá-
leão. mos à Pátria.
NOTICIÁRIO 217

Ajudámos a fazar esta Nação. rinha Real Inglêsa como cadete


Mantivemos sua unidade, apesar em maio de 1913. Na primeira
de sua extensão continental. Guerra Mundial serviu como

Despertámos o mundo, combatente dois anos e meio


para por

depois da Independência, como a bordo do Lion e do Queen


Elizabeth. — Em 1922, casou-
Nação falava a mesma lín-
que
com os mesmos costumes e se com Lady Edwina Ashley, fa-
gua,
ideais, a um milagre lecida a 21 de fevereiro de 1960
graças que
no Bornéu. — Antes da
só a Marinha tornou exeqüível. 2.a

Porque os navios é levavam Grande Guerra, Lord Mount-


que
o os costumes, as leis, oatten comandou os destróiers
progresso,
o sentido da Pátria, a todos os Daring e Wishart, e durante

rincões de nossa terra. o combate, foi o Comandante de
duas flotilhas de destróiers. —
A própria Independência foi
Aos 41 anos de idade, foi comis-
por nós consolidada.
sionado Vice-Almirante, o mais
A última visão teve o co-
que
moço a Marinha Real
lonizador foi a da bandeira do que ja-
mais teve. — No outono de 1943,
Brasil tremulando no mastro da
foi nomeado Comandante Aliado
Niterói, na embocadura do Tejo.
Supremo o Sudeste Asiáti-
Em tôdas as lutas a fo- para
que
mos levados, sempre co, em cujo teatro de operações
o generoso
sangue dos marujos se misturou obteve a vitória à frente de mais

com o sangue de outros de um milhão de homens das


brasi-
três armas combinadas. — Fin-
leiros. Sempre estivemos
presen-
tes à convocação da da a guerra, em 1947, Lord Mo-
Pátria.

A essa luta não faltaremos. untbatten foi temporàriamente

E, como sempre, dela desligado da Marinha para tor-


sairemos

vitoriosos. Para nar-se o último Vice-Rei da ín-


glória de nossa

Terra. Para nosso orgulho de dia; com a independência da-

marinheiros". quele país, foi convidado


pelos
indianos para ser seu primeiro

ALMIRANTE DE ESQUADRA Governador-Geral, o-


pôsto que

DE MOUNTBATTEN cupou até de 1948. —


CONDE junho

OP BURMA, K.G. Promovido sucessivamente no

Generalato Naval, o Conde Mo-

Em visita ao untbatten da Birmânia, atingiu


Brasil chegou no
dia 11 de março o pôsto culminante de Almiran-
pp. a Brasília o
Conde de Mountbatten, te de Esquadra, em 1956, e após
Chefe do
Maior várias comissões de relêvo, foi
Estado da Defesa da Grã-
Bretanha, nomeado Chefe do Estado-Maior
e a 12, no Rio, onde
da Defesa, lugar que ocupa até
chegou às 10,15 horas, desembar-
o momento.
cando no Aeroporto Militar do

Galeão.

O Conde de Mountbatten da — Oferecido


pelo Ministro da
Birmânia nasceu a 25 de Marinha, foi realizado
junho no dia 13
de 1900, tendo ingressado na Ma- de março ás 12,45,
pp. no Iate
218 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Clube do Rio de Janeiro, um al- Legendária Chefe-Naval


figura,
moço em homenagem ao Conde de Primeira Grandeza, inspirador
Mountbatten da Birmânia, Che- dos Comandos, tantas sorti-
que
fe do Estado Maior da Defesa da das sôbre o inimigo co-
fizeram
Grã-Bretanha. Ao referido almô- mum, minando-lhe o moral, sur-

ço compareceram o Embaixador o Almirante Mountbatten


giu
da Grã-Bretanha Geoffrey Wal- como autêntico herói da Segun-
linger; o Ministro do Exterior, da Guerra Mundial. — Se não
Professor Hermes Lima; o Ma- tivemos, nós, Marinheiros do
rechal Mascarenhas de Moraes; Brasil, a honra de combatermos

o Chefe do Estado Maior das juntos, nem isso merece o


por
Forças Armadas, General Osval- Conde Mountbatten menos de
do de Araújo Motta; os Chefes nossa Enfrentamos o
parte.
do Estado Maior da Armada e da mesmo inimigo, lutamos a mes-
Aeronáutica; Generais; Brigadei- ma luta. Tivemos as mesmas
ros e Almirantes. Na oportuni- alegrias, os mesmos cuidados. —

dade o Ministro da Marinha Os marinheiros de todos os pai-


pronunciou o seguinte discurso: ses têm o comum, de
privilégio,
vibrarem com as mesmas alegri-
"Exmo
Sr. Conde Mountbat- as, chorarem as mesmas triste-
ten da Birmânia, Senhor Embai- zas. — Sofremos as mesmas pai-
xador da Grã-Bretanha, Srs. xões, movem-nos os mesmos sen-
Ministros do Exterior, Guerra e timentos. — Todos os vivem
que
Aeronáutica; Sr. Chefe do Es- no mar, o amam, sentem-
que
tado-Maior das Forças Armadas; no e o compreendem, são irmãos.
Srs. Generais, Brigadeiros e Al- — Embalamo-nos com as mes•
mirantes — Meus Senhores. — mas músicas, temos os mesmos
É para nós, da Marinha do Bra- costumes, as mesmas tradições,

sil, motivo de grande honra re- as mesmas dores, as mesmas

ceber o Conde Mountbatten alegrias. — Por isso, ao


da saudar-

Birmânia. Para todos aqueles mos na pessoa do Almirante

que aqui se encontram, honran- Conde Mountbatten da Birmâ-

do a Marinha com suas nia a Marinha irmã e mais do


presen-
ças, é familiar o nome do que a Marinha, todas as Forças
grande
Almirante da Grã-Bretanha. — Armadas Britânicas, fazemo-lo
Aqui cabe uma recordação com o do irmão
pes- júbilo que saúda
soai. — Lembro-me ainda a vitória de outro irmão. — Com
que
eu, jovem 2.° Tenente, estudei ci- o orgulho do Marinheiro que fes-
nemática naval um livro do teja o sucesso de outro Marinhei-
por
eminente Almirante Príncipe de ro. — Convido a todos a ergue-
Battenberg e trabalhei, a bordo rem suas taças e bebermos pela
"Mi-
do nosso velho encouraçado saúde de sua majestade a Rai-
"Battenberg
nas Gerais", com o nha Elizabeth, pela grandeza
Course Indicator" inventado das Forças Armadas Britânicas
pe-
la brilhante imaginação do ilus- e saúde do Conde Mount-
pela
tre de Vossa Excelência. — batten da Birmânia".
pai
NOTICIÁRIO 219

NAVIO-ESCOLA HOSPITAL NAVAL


"Juan
Sebastian de Elcano" MARCÍLIO DIAS

Em visita oficial, em viagem de


Nôvo diretor
instrução com Guardas-Marinha,

deverá visitar o pôrto de Santos


Em solenidade presidida pelo
no de 24/2 a 3/3/1963,
período Diretor Geral de Saúde da Mari-
"Juan
o Navio-Escola Sebastian
nha, Vice-Almirante Dr. José
de Elcano", da Marinha de Guer-
da Cunha Soares Londres, assu-
ra da Espanha. O referido na-
miu no dia 30 de maio às 14
pp.
vio sob o comando do Capitão
horas, o cargo de Diretor do Hos-
de Mar e Guerra D. Teodoro de
Naval Marcílio Dias, o Capi-
pitai
Leste Cisneros, as se-
possui tão de Mar e Guerra Dr.
(Md)
guintes características princi- Darcy de Souza Medina, o
para
pais: deslocamento: 3.500 tone-
qual foi nomeado decreto
por
ladas (pl.c.); comprimento:
— Transmitiu
presidencial. o
94,13 m; bôca: 13,20 m; calado
cargo o Capitão de Mar e Guer-
máximo: 7,00 m; bateria de sal-
ra (Md) Dr. Fernando Riedy do
vas e indicador internacional
Nascimento e Silva, colega de
EBCB. Sua tripulação é com-
turma, doutorandos de 1930 da
18 Oficiais, 111 Guar-
posta por
Faculdade Nacional de Mediei-
das-Marinha, 23 Suboficiais; 255
na, ao nôvo Diretor, o tra-
e uma banda que
praças de música
duz uma coincidência significa-
com 24 figuras.
tiva. — Estiveram ao
presentes
"ENSAIO ato numerosos amigos, colegas e
SÔBRE A
camaradas, notando-se o Gene-
REVOLUÇÃO BRASILEIRA"
ral Osvino Ferreira Alves, Co-

O Ministro Marinha mandante do Io Exército, o Ge-


da rece-
neral Paulo Mac Cord, Almiran-
beu no dia 24 de abril pp. em
te Fernando Carlos de Matos, Di-
seu Gabinete, no Rio de Janeiro,

M. retor da Escola de Guerra Na-


a viúva do Professor Ignacio
vai, Almirante - Júlio Xavier de
Azevedo do Amaral, que veio lhe
Araújo Silva, Diretor da Escola
oferecer o primeiro exemplar da
Naval, Almirante Cândido da
de autoria de seu fa-
publicação
— "Ensaio Costa Aragão, Comandante do
lecido esposo Sôbre a

Revolução Brasileira". Corpo de Fuzileiros Navais, Ca-


A referi-

da obra, impressa Marinha, pitão de Mar e Guerra (CD)


pela
foi oferecida ao Ministro Raul Pereira Rangel, Diretor da
com

uma dedicatória em a viúva Odontoclínica Central da Mari-


que
do Professor nha e representantes de diversas
Ignacio Azevedo
"o autoridades navais.
ressalta interêsse de V. Excia."
"
para a publicação da sua
"Ensaio
Obra Sôbre a Revolução MARINHA CHILENA

Brasileira", como contribuição

à formação cívica da mocidade Comemorou-se a 21 de maio


brasileira". do corrente, o Dia da Marinha
220 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Chilena. Como parte dos feste- (AM-R.Rm.) Levy Scavarda e o

jos comemorativos dessa data Capitão de Fragata Olavo Ara-

magna, o Capitão de Mar e Guer- nha Pereira, está autorizada

ra Reinaldo Roepke Rucloff, Adi- a manter os contatos se ía-


que
do Naval à Embaixada do Chile, çam necessários ao bom desem-

organizou significativa homena- de sua tarefa, bem como


penho

gem à Marinha do Brasil, que integrar a da Mari-


participação
constou da colocação de uma nha na programação geral que

palma de flores à Estátua venha a ser organizada ^o-


junto para
do Almirante Marquês de Ta- memorar o bi-centenário do Pa-

mandaré, na praia de Botafogo, triarca da Independência.

Exm° Sr. Marcelo Ruiz-


pelo
Solar, Embaixador do Chile no

Brasil. — A esta cerimônia esti- NAVIO-OCEANOGRÁFICO


veram Comandante "COMODORO
presentes o LASSARE"
do 1° Distrito Naval, Contra-

Almirante Júlio Xavier de Ara- Chegou no dia 24 de abril pp


ujo Silva, autoridades navais, ao do Rio de Janeiro
pôrto o Na-
bem como todos os membros da vio Oceanográfico Comodoro Au-
representação diplomática chi- Lassare, da Marinha de
gusto
lena. Como dessas come- Guerra Argentina, onde
parte perma-
morações, foi ainda oferecida às neceu até o dia 28. O referido
altas autoridades navais uma re- navio acabava de
que participar
cepção na sede esportiva "Operação
do Clu- da Equalant", estava
be Naval. sob o comando do Capitão de
Corveta Horácio Justo Gómez
Pérez e possuía uma tripulação

de 8 oficiais e 120 enccn-


praças;
BICENTENÁRIO DE trava-se embarcado, também, o
JOSÉ BONIFÁCIO "Operação
cientista chefe da

Equalant", Dr. John T. Cochra-


Transcorrendo no próximo dia ne, da Universidade do Texas.
13 de junho do corrente ano o Navio Oceanográfico Como-
bi-centenário do nascimento de cloro Lassare tem as seguintes
José Bonifácio de Andrada e características: deslocamento —

Silva, organizador da Marinha 400 ton; comprimento — 85

do Brasil, o Ministro da Marinha mts; bôca — 11 mts e calado —

baixou Aviso, designando uma 13 pés.


Comissão, a par-
que programará
ticipação da Marinha nos feste-

que marcarão a referida data. RECEBIMENTO DE


jos
A Comissão ora designada, SUBMARINOS
que
tem como Presidente o Vice-
-Almirante Levy A Marinha do Brasil contará
(R.Rm.) Araújo

de Paiva Meira, e como mem- com mais dois novos submarinos

bros o Capitão de Mar e Guerra que serão entregues pelos Esta-


NOTICIÁRIO 221

dos Unidos da América e que to- dos e vias navegáveis, em


portos
marão o nome de Rio Grande do cooperação com outros órgãos da
Sul e Bahia. Seguiram ainda no administração federal. Sua or-
mês de fevereiro os membros da básica, ficará consti-
ganização
Comissão de Recebimento e os tuída de um Conselho Nacional

Comandantes. As guarnições de Portos e Vias Navegáveis, seu


selecionadas para lotarem as órgão Deliberativo; uma Direto-

duas novas unidades de ria Geral, seu órgão Executivo e


guerra
estão em intensivo adestramento uma Delegação do Tribunal de
no Brasil, após o seguirão Contas da União, como seu ór-
que
também. Fiscal. O Conselho Nacional
gão
O Rio Grande do Sul e o Bahia de Portos e Vias Navegáveis terá
após terem passado por um pe- como um dos seus membros, re-
ríodo de adaptação deverão ser
presentante do Ministério da
incorporados à nossa Marinha
Marinha. Para as despesas de
em setembro.
seu custeio, o Departamento
po~
derá aplicar, anualmente, o

montante de até 20% dos recur-


sos do Fundo Portuário Nacional
DEPARTAMENTO NACIONAL
criado pela Lei 3 421, de 10 de
DE PORTOS E VIAS
julho de 1958.
NAVEGÁVEIS

Pelo Presidente da República


foi sancionada a Lei n.o 4 213,
"PUMA"
FRAGATA H.M.S.
de 14 de fevereiro de 1963, que
reorganiza o Departamento Na-
Em visita não oficial, chegou
cional de Portos, Rios e Canais,
ao pôrto do Rio de Janeiro, no
dando-lhe a denominação de De-
dia 11 de março a Fragata
partamento Nacional de Portos e pp,

Vias Navegáveis, Anti-aérea H. M. S. Puma, da


passando a

constituir Marinha Real da Grã-Bretanha.


uma autarquia, com

autonomia A H.M.S. Puma, está sob


administrativa, téc- que
nica e financeira. o comando do Capitão de Mar
São atribui-

da nova autarquia, Depar- e Guerra David B. N. Mellis


ções o

tamento Nacional de Portos e (D.S.C.), Comandante da 7.a

Vias Navegáveis: superintender, Flotilha de Fragatas, desloca

orientar, controlar e fiscalizar a 2.500 toneladas, tem 340 de


pés

política de portos e vias nave- comprimento, 40 de bôca e


pés

gáveis da União, exercendo tôdas um calado de 12 pés, possuindo,


as atividades couberem à ainda, uma bateria de salvas.
que
administração federal no setor Sua tripulação é composta de 14
de portos e vias navegáveis, no oficiais e 240 praças. Foram
pro-
âmbito da viação e obras visitas do Comandan-
públi- gramadas
cas; ainda, estudar, e te do 1.° Distrito Naval
planejar e retri-
executar serviços de melhoria buição da visita Coman-
pelo
222 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dante do Navio ao referido Co- O Decreto n.° 2 026 de


mando. Coincidindo com o 14-1-63 altera o regulamento de
pe-
ríodo da visita do H.M.S. Puma, de oficiais de Mari-
promoções
chegou no dia 11 de março o nha aprovado decreto n.°
pelo
Ministro da Defesa da Grã-Bre- 42,'808 de 13-12-59, referente à
tanha, Exm.° Sr. Almirante de classificação dos serviços or-
por
Esquadra conde Montbatten of dem de importância. 5/63).
(Boi.
Burma, k.g., que foi hóspede
O Decreto n.° 2 027 de
oficial do Govêrno brasileiro,
14-1-63 altera o regulamento
tendo aqui até o
permanecido
para o quadro de Oficiais Auxi-
dia 14 de março.
liares da Marinha de Guerra.

(Boi. 5/63).

O Decreto n.o 2 059 de


VICE-ALMIRANTE (FN) 16-1-63 organiza o serviço de As-
WASHINGTON FRAZÃO
sistência Médica da Marinha em
BRAGA
Brasília. (Boi. 5/63).

Por decreto de 15 de março de O Decreto n.° 2 080 modi-


1963 foi mereci-
promovido, por fica o de n.° 5 798 de 11-6-40
que
mento, ao pôsto de vice-almiran- aprovou, e mandou executar o
te no Corpo de Fuzileiros Navais, nôvo regulamento as Capi-
para
o capitão de mar e guerra, FN, tanias dos Portos, com as modi-
Washington Frazão Braga. ficações baixadas
pelo Decreto

n° 50 114 de 26-1-61 referente às


categorias na Marinha Mercan-

te. (Boi. 5/63) .


ATOS ADMINISTRATIVOS

O Aviso n.° 128 instru-



A Lei n.o 4 190 de 17-12-62, e
ções diretrizes o desliga-
para
dispõe sôbre o meio-circulante e mento do serviço ativo da Ar-
dá outras providências sôbre cé- mada.

dulas de papel-moeda e moedas

metálicas. 5/63). A Lei n.o 4 154 de 28-11-62


(Boi.

dispõe sôbre a legislação de ren-


A Emenda Constitucional das e proventos de qualquer na-

n.° 6 promulgada a 23-1-63 tureza. 6/63).


pelo (Boi.
Congresso Nacional revoga a

emenda constitucional n.° 4 e O Decreto n.° 1 937 de

restabelece o sistema presiden- 21-12-62 altera o Decreto n.°

ciai do govêrno, instituído pela 30 078, de 19-10-51, sôbre matrí-

Constituição Federal de 1946. cuia de ex-combatentes em ser-

viços (Boi. 6/63).


portuários.
O Decreto n.° 1987 de

10-1-63 regula a localização do O Decreto n.° 2 224, de

Servidor Federal (Boi. 5/63). 22-1-63 altera o de n.° 701 de


NOTICIÁRIO 223

15-3-62, sôbre "


percepção em rífica denominada Ordem de
moeda estrangeira de proventos Rio Branco". 8/63).
(Boi.
de funcionários civis ou milita-

res no estrangeiro. (Boi. 6/63). O n.°


Decreto 51 704 de
12-2-63 cria Grupo de Trabalho
O Decreto n.° 2179, de
para estudar a redistribuição dos
22-1-63, estabelece normas servidores civis e militares
para e a
o Plano de Contenção de Despe- redução do número de servidores
sas Públicas no exercício de 1963 civis e militares em missão de
(Boi. 6/63). estudo no exterior. (Boi. 9/63).

O Decreto n.° 51 675, de A Lei n.° 4 202 de 6-2-63


21-1-63 cria funções
gratificadas altera o imposto de faróis inci-
no Quadro do Pessoal do Minis-
dente sôbre navios estrangeiros.
tério da Marinha. 6/63).
(Boi. 10/63).
(Boi.

O EMA
publica cópia da A Lei n.° 4 213 de 14-2-63
Portaria n.° 799, de 21-12-62, do reorganiza o Departamento Na-
Mnistério da Viação e Obras Pú- cional de Portos, Rios e Canais,
blicas designando oficiais da Ma- dando-lhe a denominação de De-
rinha de Guerra represen-
para Nacional de Portos e
partamento
tantes do Govêrno em diversas Vias Navegáveis e disciplina a
emprêsas de navegação.
(Boi. aplicação do Fundo Portuário
6/63).
Nacional. (Boi. 10/63).

A Lei n.o 201 de 24-10-62 O Decreto n.° 51 705 de


do Estado da Guanabara
prorro- 14-2-63 dispõe sôbre reforma do
ga e altera dispositivos da Lei Serviço Público Federal e atri-
n.° 31 de 31-10-47, sôbre isenção buições do Ministro Extraordi-
de imposto de transmissão e pre- nário a Reforma Adminis-
para
dial e taxas de imóvel adquirido
trativa. (Boi. 10/63).
para residência
própria por
membros da FEB e determina O Decreto n.° 51 720 de
quais os ex-combatentes
que 18-2-63 altera o regulamento do
para êsses efeitos são considera- Corpo do Pessoal Subalterno do
dos componentes da FEB. —
Corpo de Fuzileiros Navais. —
(Boi. 7/63).
(Boi. 10/63).

Por Decreto n.° 51 686,


O Decreto n.o 51721
de 31-1-63, são de
declaradas fun-
18-2-63 aprova e publica o Regu-
çoes de natureza militar as exer-
lamento para o Corpo do Pes-
cidas nos cargos de direção da
soai Subalterno da Armada
Companhia de Navegação do São
(Boi. 12/63).
Francisco. (Boi. 8/63).

O Decreto O
n.o 51 697 de Decreto n.o 51722, de
5-2-63 institui uma ordem hono- 18-2-63 aprova e o Regu-
publica
224 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lamento da Pagadoria de Inati- O Aviso n.o 738 de 20-4-63


vos e Pensionistas da Marinha. resolve incorporar ao serviço ati-

(Boi. 10/63) . vo da Armada o navio varredor

Juruá. (Boi. 17/63).


O Decreto n.° 51 735, de

21-2-63 reduz temporàriamente o O Aviso n.° 740 de 22-4-63


interstício para de 3.° resolve incorporar serviço
promoção ao da
a 2.° sargento, no Serviço Geral Armada o navio-varredor Ju-
de Taifa. (Boi. 10/63). ruena. 17/63).
(Boi.

O O Aviso n.°
Decreto n.° 51747 de 739 de 22-4-63

22-2-63 aprova a tabela de Eta- reclassifica com caráter


provisó-
nas Forças Armadas o rio os NV Juruena e Juruá como
pas para
1.° semestre de 1963. navios de 3.a classe. 17/63).
(Boi.

O Decreto n.° 51 900 de


O Aviso n o 0 277 de 7-2-63
10-4-63 aprova e o regu-
publica
fixa requisitos deverão
que
lamento para a cobrança e fisca-
preencher os oficiais da RRm
lizacão do imposto de renda.
para serem designados fun-
para 18/63).
(Boi.
ções de atividade. (Boi. 11/63).
O Aviso n.o 0 777 de 26-4-63

O baixa instruções arrecada-


Decreto n.° 51 799 de para

ção do Fundo Naval.


5-3-63 aprova o regulamento

a Estação Rádio da Mari- O Congresso Nacional


para pro-
nha, no Rio de Janeiro. mulga o Decreto Legislativo
(Boi. n.° 5
12/63). de 1963 aprova a
que Convenção

concernente a carteiras de iden-


O Decreto n.° 51 811-A tidade nacionais de marítimos
de

7-3-63 reorganiza o Corpo de Fu- adotada em 1958 em Genebra

zileiros Navais. (Boi. 12/63). Conferência Geral da Orga-


pela
nização Intercontinental do Tra-

O Decreto n.° balho. (Boi. 23/63).


51814 de
8-3-63 estabelece normas de exe-
O Decreto n.° 52 028 de
cução financeira o exercício
para
20-5-63 inclui o
de 1963. 12/63). provisoriamente
(Boi.
Serviço de Assistência Médica da
Marinha em Brasília na Di-
O Aviso n.° 1 754 de
visão de Saúde do Comando Na-
27 - 10 - 62 dá instruções sobre a
vai de Brasília. (Boi. 23/63).
situação dos oficiais submetidos

à ação da Justiça. 13/63). O


(Boi. Decreto n.° 52 052 de

24-5-63 cria a Comissão encarre-


Ordem de Serviço n.10 gada de estudar a do
política
DIR-63/2 de 28-1-63 dá instru- Brasil em matéria de Direito do

ções sôbre do imposto Mar. 23/63).


percepção (Boi.
de renda. (Boi. 13/63). L. M.
NECROLOGIA

Vice-Almirante (Md) Ref° ta cidade do Rio de Janeiro, o

Dr. Arthur Pires de Amorim capitão de mar e CA,


guerra,
Ref.° Mário de Queiroz Múrias.
Faleceu em sua residência,

nesta cidade do Rio de Janeiro, Capitão Fragata


de (AM) Ref°
no dia 5 de março de 1963, o Carlos Vasconcelos Costa
vice-almirante Md, Ref° Dr. Ar-

thur Pires de Amorim. Em sua residência, no Estado

da Guanabara, faleceu a 6 de
Vice-Almirante (Md) Ref°
janeiro do corrente ano, o capi-
Dr. Heráclito de Oliveira Sam-
tão de fragata (AM) Ref° Car-
paio. los Vasconcelos Costa.

A 24 de dezembro de 1962 fa- Capitão de Corveta CA, Ref°


leceu em sua residência, no Es-
Walter Huguet
tado da Guanabara, o vice-al-
No dia 1.° de dezembro de 1962
mirante Md, Ref° Dr. Heráclito
faleceu em sua residência, nes-
de Oliveira Sampaio.
ta cidade do Rio de Janeiro, o
Contra-Almirante CA, R. Rm. capitão de corveta, CA, ref° Wal-
Pedro Borges Lynch ter Huguet.

Em sua residência, nesta ci- Capitão de Corveta, IM Ref°


dade do Rio de Janeiro, faleceu Octávio Guedes de Carvahlo
no dia 17 de dezembro de 1962,
Em sua residência, no Estado
o contra-almirante, CA, R. Rm.
da Guanabara, faleceu no dia
Pedro Borges Lynch.
12 de setembro de 1962, o capi-
tão de corveta IM Ref° Octávio
Contra-Almirante, CA, Ref°
Guedes de Carvalho.
Mário de Azeredo Coutinho

Capitão de Corveta, IM Ref°


No dia 20 de março do corren-
João Maurício Belém
te ano, faleceu em sua residên-

cia, nesta cidade, o contra-almi- A 7 de outubro de 1962, fale-

rante, C.A. Ref° Mário de Aze- ceu em sua residência, nesta ci-
ledo Coutinho. dade do Rio de Janeiro, o capi-

tão de corveta IM, ref° João

Cap. de Mar e Guerra CA, Ref° Maurício Belém.

Mário de Queiroz Múrias


Às famílias enlutadas a Revis-
Feleceu no dia 4 de dezembro ta Marítima Brasileira envia
de 1962, em sua residência, nes- condolências.
//W Irak
Pôsto avançado
{ W
f i-M Mk -w
da indústria de construção

naval brasileira

A histórica Baía de Jacuacanga é teste-


munha da construção dos
primeiros
[* ^^8 transatlanticos lançados em território
brasileiro.

"Henrique
Ali nasceram o Lage" e o
"Pereira
Carneiro", navios mistos de
10.500 toneladas "dead weight",
e ali es-
tá sendo construído o "Júlio
Régis", de
12.000 tdw, o
primeiro cargueiro tran-
soceânico a ser lançado no
Brasil.

Além dessas encomendas, feitas


pela
Comissão de Marinha Mercante
para o
Lloyd Brasileiro, a Verolme construi-
Mi" M ra também três navios
ft petroleiros de
WF® |P / "dead
10.500 toneladas weight"
para
v8|H| a PETROBRÁS.
"V
anguardeiros da construção naval,
num^ país
possuidor de extensa faixa
htoranea, a Verolme está pronta
para
continuar a
prestar sua parcela de con-
tnbuição ao desenvolvimento
da Nação
Brasileira, construindo,
( dentro das mais
avançadas técnicas,

mais e mais navios para o Brasil!

\4rolme

ESTALEIROS REUNIDOS DO BRASIL


S.A.
VER-754/B Jacuacanga, Angra dos Reis, RJ
ESTA REVISTA MANTÉM INTERCÂMBIO COM AS

SEGUINTES PUBLICAÇÕES:

ARGENTINA — Boletín dei Centro Naval — Brújula — Revista

de Publicaciones Navales — Revista dei Mar.

BÉLGICA — La Revue Marítimo Belge.

CANADÁ — The Crownest — Canadian Geograpliical Journal.

CHILE — Revista de Marina — Memorial dei Ejército de Chile


—- Revista de Caballeria — Revista de Artillería.

COLÔMBIA — Armada.

CUBA —- Cultura Militar Naval —¦ Boletin dei Ejército.


y

DINAMARCA — J. L. News.

EQUADOR — Revista Municipal.

ESPANHA — Revista General de Marina.

ESTADOS UNIDOS — Electrical Communication — U. S. Naval

Institute Proceedings — Foreign Affairs — Revista

Aérea Latino Americana — The Journal of Politics —

Journal of Research — Naval Aviation News — Ali

Hands — Safety Review-Navigation — Naval Trai-

ning Bulletin — Research —


Review Civil Engineer

Corps — Naval Aviation —


News Inter-american

Review of Bibliography.

— La Revue Maritime — La —
FRANÇA Houille Blanche Triton
— Neptunia.

— Endeavour —
INGLATERRA The Journal of the Royal

Artillery — The Journal —


of the Institute of Metals

The Dutch Shipbuilder.

— Revista Marittima —
ITÁLIA Bolletino di Informazioni. Marit-

time.

— El Legionario.
MÉXICO

— Revista de Marina.
PERÚ

— Boletín Naval.
PARAGUAI

— — Revista de
PORTUGAL Anais do Clube Militar Naval

Marinha.

— Revista Marítima — Revista Militar y Naval.


URUGUAI


VENEZUELA — Revista dei Ejército, Marina Aeronáutica
y

Revista de Ias Fuerzas Armadas.


TfiRMOS
TÊRMOS NAUTICOS
NÁUTICOS

(Nautical Terms)

Acha-se a
à venda no Servigo
Serviço de Documentagao
Documentação

Geral da Marinlia,
Marinha, 3.° do Ministerio
Ministério da
pavimento

Marinha, o dicionario
dicionário em brochura, TERMOS
TÊRMOS NAU¬
NÁU-

— Portugues-Ingles
Português-Inglês — Ingles-Portugues
Inglês-Português —
TICOS

de autoria do capitao-de-fragata
capitão-de-fragata (R) A. de Azevedo

Lima,

lodo
João de Brito & Cia.

FESTAS E RECEPgOES
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Naval e Nautica
Náutica do Vasco comunicam aos Exmos. Srs.

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Famílias, alem
além dos servicos
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que
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estão aptos a aten-
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ANO LXXXIII Julho, Agosto e Setembro de 1963 — N.° 7, 8, e 9

Revista Marítima Brasileira


SEDE:
Publicação do Ministério da Marinha
-e-
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA (D
Ed. do Ministério da Marinha — Fone 23-8490 — Ramal 154 — Rio de JariE

SUMÁRIO
CAPITÃO DE FRAGATA ALEXANDRE DE AZEVEDO LIMA 9
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS. — CMG (EN) Yaperi T. de Britto
Guerra °
ESTADO MAIOR (Breve notícia). — Contra-Almirante César da Fonseca.. 33
PRÊMIO "REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA" 37
SEGUNDA CONFERÊNCIA DAS ESCOLAS DE GUERRA NAVAL DAS
AMÉRICAS 41
— Tradução
FROTA ALEMÃ 1956-1961 — Contra Almirante Friedrich Ruge
de P. de Miranda 47
A MARINHA PAPALINA — Charle H. Jenrich. — Tradução de Carlos
Luiz Brown Scavarda 59
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER — Carie H. Amme, Cap. USN (retired)
Tradução do CF (Ref> Alexandre de Azevedo Lima 67
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK À VOLTA DO MUNDO
(17-76-1780) — Tradução de F.A. Machado da Silva 81
— RAÇÃO
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS NA MARINHA BRASILEIRA
DE EMERGÊNCIA OU ABANDONO, N." 3. — Dr. Darcy de Souza Me-
dina — CMG (Md) 93
"JURUA" 105
A MARINHA POSSUI MAIS UM NAVIO-VARREDOR — O
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR — George A. Kelly 1°9
POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA — Pierre Messmer 125
AVIÕES E SUBMARINOS. — P. de M.
Incorporação à Armada dos Submarinos "Bahia" e "Rio Grande do Sul".. 137
Aniversário da Força de Submarinos "8
Novo Comandante da Base "Almirante Castro e Silva" 139
Depois da tragédia 139
Submarinos e Aviação Naval nas Marinhas Estrangeiras 149
REVISTA DE REVISTAS — N. de A. L.
Os dias críticos de amanhã 157
A esfera social do mundo de 1973 171
Publicações recebidas 181
RESPIGA
Reator para navios 183
História do salvamento 183
Nas vésperas tío assalto à Lua 186
Marinha do futuro toma corpo 188
NOTICIÁRIO — L. 191
NEUROLOGIA 199
Os conceitos emitidos nos artigos assinados re-
-pensamento
presentam o de seus autores e não
acarretam necessariamente identidade de opiniões
"Revista
da Marítima Brasileira".
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA
(S. D. G. M.)

DIRETOR
Vice-almirante LEVY ARAÚJO PAIVA MEIRA

Revista Marítima Brasileira


REDATOR-CHEFE

Cap.-Mar-e-Guerra (AM), R.Rm. Levy Scavarda


REDATOR -SECRETARIO
Luiz Augusto Ferreira de Moura
REDATORES
Capitão-de-Fragata ref. Alexandre de Azevedo Lima
Nelson de Araújo Lima

COLABORADORES

Alte. Lucas Alexandre Boiteux GMG. Dr. Darcy de Souza Medina


Alte. César da Fonseca GMG. Hélio Leoncio Martins
Alte. Antão Alvares Barata CMG. Oyama Sonenfeld de Mattos
Alte. Juvenal Greenhalgh CMG. (EN) Yapery T. de Britto
Alte. Gerson de Macedo Soares Guerra
Alte. Ernesto de Mello Baptista
Alte. Osmar Almeida de Azeredo Prot- Pedr° de M»randa
Rodrigues GMG. (IM) Francisco Ferreira
CMG. Francisco de Souza Mai» Netto
Júnior CF José Geraldo Brandão
Registrada 110 Departamento Nacional de Propriedade
Industrial, do Ministério do Trabalho, Indústria e Co-
mércio sob n.° 191.188 — 27-1^-1956 (Decreto-Lei n.° 7 903,
de 27-8-1945) e no Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
sob n.° 1 248 — Livro B — N.° 2, de 12 de setembro de
1957; Alvará: n.° de ordem 12 381 — Livro A N.° 2
:. - K -;, '.<M:M- -. ig| •¦

Capitão de Fragata

Alexandre de Azevedo Lima

UMA INTELIGÊNCIA QUE SE APAGA

Faleceu, em 9 de último, Profundo conhecedor do idio-


julho
às 18.00 o nosso ma inglês, cabia-lhe atarefa de
precisamente,
"Pro-
eficiente, constante, dedicado e traduzir, há longos anos, o

adjetivos haja, com- ceeding", o fazia com espe-


que mais que

de redação, capitão-de- ciai satisfação.


panheiro
-fragata, reformado, Alexandre Trabalhou até o dia em que
de Azevedo Lima. morreu, manhã, fêz
quando pela

Com êle a Revista Marí- entrega de uma tradução de re-


perde
seus sus- vista j-npiôgç p, do último
tima Brasileira um dos

tentáculos, senão a sua viga mes- trabalho da sua lavra com os

tra. encerrou, com chave de


quais
10 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ouro, a sua inumeráveis


prestigiosa produção páginas por êle
pro-
intelectual. duzidas, páginas que serviram
O Comandante Azevedo Lima, o aperfeiçoamento dos seus
para
que foi exemplo de integridade leitores.
moral e homem de costumes sim- Esteta das letras, em sua pena
pies, fêz da modéstia a sua com- a sabedoria e no seu co-
pousava

panheira inseparável. ração não faltavam, antes sobra-


De uma tenacidade ini- vam, virtudes.
quase
mitável na realização de traba- Por tudo isso morreu sublima-
lhos, legou-nos um sem número do pelo amor dos seus e respeita-
dêles, destacando-se um de re- do todos.
por

percussão internacional: o dicio- Pelejou, assim, o bom combate,


nário de Termos Náuticos, tão terminando a sua numa
jornada
útil a quantos necessitam manu- vida de dignidade, honra e fé.
seá-lo nos dois idiomas — inglês- . Teve a glória de haver
passado
e vice-versa — vida
português portu- pela desprendido das coisas

guês-inglês. vãs, sem baquear, antes luzindo


Morreu aos 81 anos de idade, as escreveu
páginas que para ele-

quando se preparava dei- var o alto nome desta Revista


para e,
xar a atividade depois de haver conseqüentemente, o nome da
servido à Pátria na Marinha, em nossa Marinha.

dois períodos: o de Paz à sua alma e o sentir re-


primeiro,
8/4/1899 a 4/11/1925; e o segun- verente de aqui traba-
quantos
do de 30/9/.1933 a 8/7/1963, lham inspirados no seu dignifi-
per-
fazendo um total de mais de 57 cante exemplo de homem reto,
anos de serviço. devotou a sua existência aos
que
A Revista Marítima Brasileira seus deveres funcionais, mere-

foi, depois da ilustre família en- cendo, isso, a coroa dos


por jus-
lutada, a mais atingida ru- tos, cinge a cabeça dos ho-
pelo que
de golpe ceifou a mens de bem, como êle o soube
que preciosa
vida do Comte. Azevedo Lima, ser.

pelo muito que contribuiu


para
abrilhantar com o seu talento, L. S.

A GUERRA E O DIREITO DE GUERRA

por A. DE AZEVEDO LIMA


C.F. Reformado

Em si, a é um mal; uma Victor Hugo, Tolstoi, a escola hu-


guerra

desordem, um flagelo cruel; é fi- manitária, pois em razão das


pai-

lha da dos homens. xões humanas, a paz pérpetua é


justiça

é necessàriamente utopia, e o canhão será sempre a


Mas, não

imoral, um crime de lesa huma- ultima ratio reguvi.

nidade, como afirmam Rousseau, A em suma, é o direito


guerra,
CF ALEXANDRE DE AZEVEDO LIMA 11

da legítima defesa aplicado à so- então, definir a


paz. podendo-se,
ciedade; isso, sujeita às mes- A arte de forçar o go-
por guerra:
mas condições e às mesmas re- vêrno inimigo a fazer uma paz

gras morais. justa.


O motivo da deve ser Finalmente, a deve ser
guerra guerra

e redu- conduzida segundo o direto na-


justo, os motivos justos
zem-se a dois: tural e o das Portanto,
gentes.
a) Impedir nem tudo é mas sò-
pela força, a viola- permitido,
de um direito essencial da mente a violência necessária pa-
ção
sociedade: é a defensiva; ia atingir o legítimo fim.
guerra
b) Reivindicar res- O direito das e a cons-
pela fôrça o gentes

de um direito violado: é a ciência sempre condena-


peito pública
ofensiva. ram medidas bárbaras, como o
guerra
Portanto, o interêsse, a neces- emprêgo de armas envenenadas,

sidade de se estender ou abrir incêndio de cidades abertas, o


o
mercados, os desejos da ambição, envenenamento das fontes públi-
conquista, vingança, não são mo- cas, as violências contra cidadãos

tivos legitimar uma inofensivos, etc.


que possam
Idéia análoga foi o sonho de
guerra.
A além disso, deve ser Leibnitz diminuir o
guerra que propôs
yiecessária, isto é, antes de recor- mais os de guer-
possível perigos
rer a ela devemos esgotar todos ra e resolver pacificamente os

os outros meios de conciliação. litígios entre as nações cristãs

A é um meio e não recurso à arbitragem da


guerra pelo
um fim; e a única meta os Igreja.
que
beligerantes devem visar é o Idéia análoga foi aceita pelos

restabelecimento da organizadores do Tribunal de


paz.
O fim, não é exata- Haya e, ultimamente, pelos sig-
portanto,
mente o de destruir, arruinar natários do Pacto da Sociedade
pa-
ra sempre, suprimir das Nações, mas sem recurso à
o adversá-

rio; mas obrigá-lo a concertar a Igreja.

DE AZEVEDO LIMA
O POETA ALEXANDRE

Nélson de Araújo Lima

as a- balhou até o derradeiro instante


Ao publicarmos poesias
nosso saudo- de sua existência pela Marinha
baixo, da autoria do

Comandan- do Brasil a amou e serviu


so redator e tradutor qual

te Alexandre de Azevedo Lima, com rara dedicação.

mais revelar uma das mui- Através destes ver-


do que primorosos

tas da sua cultura e do sos o homem com tanta se-


facetas que,

seu espírito, desejamos traduzia a Revista


prestar gurança, para

homena- Marítima Brasileira os mais im-


justa, embora discreta,

memória daquele tra- e complexos artigos


gem à que portantes
12 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

técnicos e científicos, de Procee- talgia que se espalha permanen-


dings e de outras revistas espe- te nos olhos dos marujos afasta-
cializadas escritas em inglês, dos do mar — são como ramos
transfigura-se em excelente onde as rimas repontam
poe- sonoras,
ta, autêntico e brilhante, cuja semelhantes a onde
flores, a for-
sensibilidade é como um ma e o se harmonizam
que fundo
contraste com a personalidade ungidos da
pelo perfume verda-

fria e analítica do filólogo. deira poesia.


Seus versos tocados de suges-

tiva nostalgia — essa mesma nos- Ei-los:

cflo Iflmlo oi/ida mio maifr emUaico

Tu vais! No alto mar, sob um céu de


por anil,
Lúcido e transparente, infindo e imaculado,'
Volve aqui nós o semblante magoado,'
para
Lança um último olhar às costas do Brasil.

Quando a brisa marinha, indolente e sutil,


A face te oscular num beijo
prolongado,
Lembra-te, então, de mim, do desterrado
pobre
Desta ingênua tão simples e infantil!...
paixão,

Quando vires voar os albatrozes brancos,


Com as asas rasgando os e os flancos
píncaros
Das montanhas azuis do oceano sem fim,

Deixa então a tua alma atravessar o espaço...

Que ela venha no meu febril regaço


pousar
E chore o teu amor lembrando-se de mim.

NO LAR, RECORDANDO-SE DO NAVIO

Nas tristes horas dêste apartamento,


Tôda a razão de mim também se aparta.
Tanto monta que ou eu
partas que parta:
É sempre igual o düro sofrimento.

Triste e cruel destino nos chega


que
Um para o outro quando nos separa'

E como é nós tortura cega!


para
CF ALEXANDRE DE AZEVEDO LIMA 13

Luto, e vencer não nem consigo:


penso
Fujo à tua me é cara.
presença, que
E quanto mais te fujo mais te sigo!

Lá fora o vento aspérrimo esvoaça,

E, sacudindo as árvores frondosas,

Como um devastador terrivel, passa


Crebro, bufando as cóleras furiosas.

A chuva bate em cheio nas rochosas

Montanhas onde a hera se entrelaça;

Forma as torrentes céleres, irosas,

Que entre taliscas vêm rolando em massa.

Tudo às iras celestes se constrange:

Até recua flutuoso o mar;

A chuva estala, o vento bravo range...

Mas êle ranger e ela estalar,


pode
Êste aconchêgo môrno do meu lar!

Agora eu gozo, à luz meu olhar abrange,


que

O Comandante Alexandre de Azevedo Lima foi, realmente, um

dêsses magníficos de raça recatada modéstia, se es-


poetas que, por
condem no anonimato, tal a na concha nacarada.
pérola
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS

Yaperi T. de Britto Guerra

Cap. de Mar e Guerra (EN)

(Continuação)

2.5.0 — Sistema de Fechamento: tanque de


casos, encontra-se um

água neste mesmo local. Acima


2.5.1 — Porta batei. 2.5.2 — entra
do segundo convés, a água
Porta rebatível. 2.5.3 — Por- e sai meio de orifícios ou vái-
por
tões. 2.5.4 — Porta corredi- vulas a medida a maré sobe
que
Ça. 2.5.5 — Comparação. ou desce, de modo o movi-
que
2.5.6 — Conclusão. mento de maré não tenha ne-

nhum efeito na flutuabilidade da


2.5.1 — Porta Batei:
porta. Na parte superior da porta-
-batei, logo abaixo do convés
supe-
É o sistema de fechamento rior, fica situado um tanque que,
mais utilizado diques secos, cheio, faz o conjunto sub-
para quando
ainda hoje. De um modo mergir e se apoiar sôbre a soleira.-
geral,
além de resistir ã hidros- Para afundar a enche-se
pressão porta,
tática, a deve ainda o tanque inferior, comunica-
porta-batel por
satisfazer às seguintes exigên- direta com a água ou enche-
ção
cias: se o superior meio de bomba.
por
1) Ser capaz de submergir o Os americanos usam portas-
suficiente apoiar na soleira, batéis operadas mesmo
para pelo prin-
nas marés altas; cípio, isto é, colocadas sôbre a so-

2) Ser capaz de adquirir flutu- leira ou dela levantadas meio


por
abilidade em do controle da água de lastro.
positiva qualquer
altura de maré; Também aqui, há três comparti-

•3) Ser estável longitudinal e mentos — um compar-


principais
transversalmente, em timento de lastro central e dois
qualquer
das condições especificadas de 1 laterais contrôli do trim.
para
e 2. Para controlar a banda, os com-
Na Europa, incluindo a Ingla- extremos são dividi-
partimentos
terra, as são divi- dos em sub-compartimentos. Sob
portas-batéis,
didas em três compartimentos o ponto de vista operacional, a

separados conveses estanques mais recente melhoria se a-


por que
O lastro é colocado abaixo do dotou nas foi, sem
portas-batéis
convés inferior. Entre os dois dúvida, a substituição das bom-

conveses, constrói-se uma câma- bas de esgoto convencionais com

ra de ar de capacidade suficiente os respectivos motores primários,

para fazê-la flutuar; em alguns ar comprimido. Com isto se


pelo
16 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

conseguiu não só reduzir o custo do centro de


posição gravidade.
inicial, mas também simplificar Não há necessidade de instalar

a própria operação, e melhorar compressores na uma vez


porta,
as condições de estabilidade da a instalação do dique
que própria

porta-batel, pelo baixamento da pode prover o ar necessário.

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Fig. 1-A
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 17

Recomenda-se especial cuidado menos largas entre os apoios do


no da da as mais altas, onde a largura
projeto gacheta porta. que
Elas necessitam reparos freqüen- da é maior. Mais, em vir-
porta
tes, o constitui um item de tude de se encontrarem ao
que junto
custo caro em tempo e dinheiro. batente da soleira, têm as suas
Êste até hoje não foi deflexões limitadas, o limita
problema que
definitivamente resolvido, mas os o esforço. Assim, razões de
por
estudos Arsham economia as vigas mais baixas
procedidos por
Amirikian, "Bureau
consultor do ser insuficientes para re-
podem
of Docks and Yards" e apresenta- sistir à sôbre elas se
pressão que
dos na 19.a Conferência Interna- exerce, sendo esta deficiência
cional de Navegação, reunida em compensada maior resistên-
pela
Londres, em 1957, indicam uma cia vigas mais altas. Nos ex-
das
solução se não resolve intei- tremos, vigas de
que, são colocadas
ramente o aumenta, reforço, resis-
problema, curtas, para dar

pelo menos, a vida útil da tência ao conjunto e


gache- para permi-
ta. Desta solução damos um de- tir melhor distribuição do esforço
senho esquemático na Figura 1. cortante e das reações dos apoios.

O chapeamento constitui a co-

bertura de tôda a estrutura e,


o.pjt M»A ois'+oreera
'vf'I — além disso, age como das
J>:¦*.-
* v. //"""Of aye oesr»are*e* flange
/ I
^ f ¦ , , Y[ 1 1 J 1 O/Out C~C0U*->CA vigas horizontais e da estrutura
rs-uco a- re se* _
c~<j»~00 n transversal ou cavernas.

A quilha e os lados distribuem

a pressão hidrostática no batente

e nos lados da soleira. Em geral


OO**AC«A ot~ '—' |>|>|fM
a é cheia de concreto com
quilha
o objetivo de dar lastro adequa-

do. Os lados são reforçados com

peças fundidas ou com reforços

especiais, além de disporem de


V
BlOCO Ot MAOélAA eM8líJDO f/v hiTA alojamento o engacheta-
para
VS?,7r°SA~o' LOCAL
*'UST+oo *'»0*0s+f,f~re
mento.
"Bureau
O of Docks and
Fig. 1
Yards" recomenda três métodos

para determinação dos esforços


A figura 1-A mostra três vistas
numa
de incluindo um porta-batel:
uma porta batei,

esquema de arranjo estrutural.


a) Método do trabalho mini-
Sob êste último de vista,
ponto mo;
isto é, estrutural, a batei
porta b) Método da caixa elástica;
compõe-se de um chapeamento
c) Método original do próprio
de ferro, cobrindo uma estrutura
Bureau.
composta de vigas horizontais e

verticais. As vigas mais baixas


a) Método do trabalho mínimo;
da estrutura, embora sujeitas a

maior hidrostática são Ê descrito comport? de


pressão para
18 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

canais no volume 81 Além


(1917) da do aspecto estrutural, de
Transaction of the American cujos métodos de cálculo acaba-
Society of Civil Engineers, num mos de dar as referências nos
que
trabalho de autoria de Henry mais
pareceram interessantes, é
Godmark. O estrutural necessário levar
projeto em conta o as-
de uma êste mé- de corpo flutuante,
porta-batel por pecto das por-
todo é descrito Eugene R. tas-batéis, isto é,
por as suas caracte-
Holmes no número 84 da revista rísticas hidrostáticas, tais como,
"Engineering
News Record" de calado máximo e mínimo, lastro
1920; fixo, água de lastro, deslocamen-
to, centro de centro de
gravidade,

b) Método carena e estabilidade.


de caixa elástica;

Foi criado A. Amirikian a a) Calado mínimo e lastro


por fixo:
partir de uma análise dos esfor- ¦

ços em sistema de fechamento O calado mínimo deve ser tal


para diques secos de autoria a
do que permita fetirada da
porta-
Dr. H. M. Westergard. Neste batei com a maré mais baixa
que
método a porta-batel é conside- ocorrer.
possa Também deve ser
rada como uma caixa elástica suficiente
re- para se do-
que possa
tangular de rigidez variável, a- car a porta para reparos, nos di-
poiada simplesmente no fundo e ques secos, com altura de maré
nos lados livres em cima. É comum.
o A fixação do calado, de-
método mais moderno existente termina o pêso do lastro fixo;
e a análise foi apresentada
pelo
seu autor no mesmo trabalho lido
b) Calado máximo e quantida-
perante o XIX Congresso Inter-
de de água de lastro:
nacional de Navegação, citado
já O calado máximo será aquêle
anteriormente. O trabalho, cujo
"New que permite a porta assentar na
título é Developments in
soleira, com a máxima altura de
the Design and Construction of
maré ocorrer. A
que possa dife-
Clasure Gates for Dry-docks", foi
rença entre os calados máximo e
publicado na brochura correspon-
mínimo dará a ou
quantidade pê-
dente à Secção II, Navegação Ma-
so da água de lastro;
rítima, do aludido Congresso.

c) As curvas de deslocamento,
"Bureau
c) Método do of Docks
posição vertical do centro de gra-
and Yards": vidade e vertical do cen-
posição
tro de carena são traçadas com
De autoria de Mr. Joseph Mi- base nos diferentes calados de
chelson, foi muito usado até 1936. flutuação, seguindo os métodos
A sua descrição detalhada utilizados cálculo
pode para o das cur-
ser encontrada na vas hidrostáticas forma
publicação ou de dos
"Desing
Date — Bureau of Docks navios.
and Yards" da Marinha de Guer- O centro de gravidade no cala-
ra dos Estados Unidos. do leve é calculado, a partir do
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 19

dimenssionamento estrutural e do ABAC- PaftA 0-TEftMil.ACÃO


OA \AH__t_0 DO C£r.TF*_ OC

peso do lastro fixo. Para os de- V


GHAviüAO. BASEADO NO EO

mais calados, leva-se em conside-


ração a quantidade de água de
lastro necessária a fazer a porta
flutuar nos diferentes calados.

d) Altura metacêntrica sem 1


água de lastro:
«.«XrO

A altura metacêntrica (distân- 4.»


.?.000
B.obír-
cia vertical entre o metacentro e
a base da porta) KM, é obtida _J 4 .
com as seguintes dimensões: hi". "

KM = KB + BM 10 | H- 4.000 e 4

B =

I = Momento de inércia da
área do plano de flutuação em
relação a um eixo passando pelo
seu centro de gravidade; (Fig. 4_
1-B) -1
— 09 -e 6

A _= Volume do deslocamento, --03 _- 3

isto é, o deslocamento multipli- - : lOOr*.

cado pelo volume específico da


água; Fig. B
KB = Posição vertical do cen-
tro de carena, tirado da curva ci-
tada em c). e) Altura metacêntrica com
água de lastro:
A admissão de água de lastro
nos respectivos tanques com o
_^_ objetivo de aumentar o calado,
introduz, quando os tanques não
estiverem completamente cheios,
o efeito de superfície livre que
PORTA - L%AT£L
tem marcante influência sobre a
estabilidade da porta.
A existência de superfície livre
na água de lastro, produz um
efeito semelhante ao causado
Fie. 1-b pela elevação do centro do gra-
20 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

vidade, daí o se dizer que produz porta deve ser provada no local
uma elevação virtual do centro onde deverá operar, na máxima
de gravidade. Esta elevação altura de maré.
pode Por meio de
ser obtida "Strain
por: gages" colocados nos

pontos convenientes da As
porta.
i deflexões medidas devem ser
G Gy —
comparadas com as são de-
que
A terminadas cálculo.
pelo

i = momento de inércia da 3) Prova de —


estabilidade:
área da superfície livre em rela- Uma vez a deve
pronta, porta ser

ção a um eixo passando seu submetida a uma experiência


pelo de
centro de gravidade e à inclinação
paralelo para verificação da
linha central da sua estabilidade.
porta;
a volume do deslocamento. , Esta experiência consiste, su-
cintamente, em medir meio
por
Êste efeito, somado algèbrica- de pêndulos convenientemente

mente com a variação da altura colocados, inclinações


produzidas
do centro de gravidade ocasio- por movimentos de
pesos conhe-
nado pelo pêso da água embar- cidos, de um bordo
para outro.
cada, dá a variação total em G Para determinação da estabili-
e, por conseqüência, em GM. dade longitudinal os
pesos são
O ábaco I serve para calcular movidos no sentido longitudinal.

a variação de G em virtude do A teoria da experiência de in-


pêso da água. Dispensa explica- clinação bem como a dedução das
ções por ser auto-explicativo. fórmulas nela usadas são assun-

Nenhuma deve ser to do escopo da Teoria de Arqui-


porta-batel
considerada o ser- tetura Naval. Os leitores interes-
pronta para
viço, antes de submetida às sados no assunto cônsul-
pro- podem
vas que se seguem: tar os livros existentes,
pare-
cendo mais conveniente os
para

1) Prova — principiantes, os abaixo indica-


de estanqueidaãe:
dos:
A prova de estanqueidade deve

ser feita enchendo a porta com

máximo a 1) Fundamentos de Teoria de


o de água que sua re-

sistência a da carreira onde foi Arquitetura Naval


e
George Charles
construída A Manning:
permitam. prova,
se deve ser complemen- 2) Theoritical Naval Architec-
possível,
tada com ar sob não cure
pressão,
Russell and Chapman;
devendo esta pressão ser supe-

rior a uma vez e meia a 3) Theoritical Naval Architec-


pressão
normal de serviço, evitar de- ture
para
formações Attwood & Pengelly.
plásticas permanentes.
/

2) Prova de deflexões: — Uma Aqui, nos limitaremos a forne-

vez terminada a construção, a cer os elementos analíticos ne-


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 21

cessários, sem entrar em explica- Em nenhum caso, a altura me-


voes de como icram êlsi obtidos. tacêntrica deve ser menor do
que dois pés (cerca de 62 cms.)
A altura metacêntrica é obtida positivos.
por: 2.5.2. Porta rebatível:
Peso x distância A porta rebatível foi usada nos
GM X cotg primeiros diques secos construí-
deslocamento dos no mundo. Não constitue as-
sim uma novidade ou um novo
ângulo de inclinação do pêndulo. sistema de fechamento. Antiga-
mente se constituíam apenas de
A cotg do ângulo de inclinação uma comporta com charneira na
do pêndulo de comprimento v parte exterior e um pouco abaixo
e deflexão a: do batente da soleira. A compor-"
ta era arriada ou levantada gi-
rando em torno da charneira por
cotg = meio de cabrestantes. A principal
vantagem deste sistema de fe-
chamento era eliminar as restri-
ções de estabilidade que são ine-
A experiência deve ser feita rentes às portas-batéis. Recente-
tanto longitudinal como trans- mente, o que no sistema pode ser
versalmente e em diversos cala- considerado novo, é a introdução
dos para verificar a estabilidade de elementos que permitem dota-
em várias condições -lo das qualidades de flutuabili-
Do mesmo modo deverão ser dade que se encontram nas por-
feitas várias leituras do pêndulo tas-batéis. Êste tipo assim defi-
para cada inclinação, com o ob- nido, isto é, porta rebatível com
jetivo de minimizar os erros da condições de flutuabilidade, é de-
observação. nominado porta rebatível flu-
tuante e é o tipo mais comumen-
Determinado GM, obtém-se. te adotado entre os diques que
KB por meio das curvas indica- utilizam o sistema. Vários forma-
das na alínea c do presente arti- tos e tipos de estrutura têm sido
go e calcula-se BM como indicado utilizados para construção da
em d. De posse destes elementos, porta rebatível flutuante. A fi-
tem-se: gura 2 mostra o tipo mais sim-
pies, indicado por Arsham Amiri-
KM = KB + BM kian no seu trabalho "New De-
KM = GM = KG velopments in the Design and
Construction of Clousure Gates
e assim determina-se experimen- for Dry-Docks".
talmente a posição vertical do A porta é operada a ar çompri-
centro de gravidade. mido. Para êste propósito é sub-
22 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dividida em compartimentos hori- no mesmo sentido da rotação dos


zontais. A seqüência de operações, de um relógio.
ponteiros
mostrada em seis etapas na fi- Na etapa B a continua a
porta
gura 2 é explicada como se se- em virtude do aumento do
girar

gue: momento formado centros


pelos
de gravidade e carena e as res-

pectivas distâncias à charneira.


3uP0tr:cir
Nesta etapa, controlar a ve-
para
TU803 D£ f '
locidade de descida, a água é ex-
OfHflClOS -4»
SOMlNTt H4 do compartimento
'¦*Ce txrtjQMM pelida mais
alto, para minimizar o e au-
pêso
i
luu mentar a flutabilidade. Na etapa
PQQ7A PPQnrA PAPA DcSCf/? PORTA PGDNTA PAPA SU8/B
C, a porta completa a sua traje-
tória, repousando, na
posição
horizontal, sôbre uma estaca
suporte, especialmente colocada

para êste fim. A água é então

i admitida em todos^ os comparti-


POPTA DESCEHDO POPTA SUB'rtDO
~ mentos, menos no compartimen-

J~~ to regulador.
1=^ ^
Para o fechamento, etapa D,

a água é expelida dos comparti-

mentos, dando assim origem a

um conjugado de flutuabilidade

PQ/PTA A&EPTA POPTA que tende a girar a porta no sen-


rfCHADA
tido contrário ao dos ponteiros de
Fig. 2 um relógio. Na etapa seguinte, E,

a flutuabilidade é aumentada

Na etapa A o dique está cheio pela saída de tôda água existen-

e a está na verti- te acima do compartimento re-


porta posição
cal, antes do início da operação gulador e a porta atinge a posi-

de abertura. Nesta ocasião ção de fechamento. Na etapa fi-


todos
os compartimentos estão em nal, alguma água dos comparti-
co-
municação com a água, exceto o mentos inferiores é expelida para
compartimento central é trazer a porta à posição final.
que
mantido sêco emj todas as condi- Na construção, recomenda-se

ções e etapas de funcionamento. especial atenção os man-


para
O volume dêste compartimento, cais, onde especiais
precauções
chamaremos regulador, é devem ser tomadas as
que para que
calculado de modo a o reações, em razão da flutuabili-
que pêso
da estrutura, na média, dade na posição de fechamento,
preamar
seja ligeiramente maior do sejam minimizadas ou reduzidas.
que
a flutuabilidade da Como Mr. Amirikian recomenda
porta. para
a charneira é excêntrica em re- êste fim o uso de uma gacheta de
lação aos centros de e madeira colocada no batente da
gravidade
de carena da esta soleira. Outro importante é
porta, girará ponto
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 23

o arranjo de ar e o se enquadra que exa-


da canalização que quase
a intercomunicação os tamente nas soluções indicadas
entre

compartimentos em 2.1.3 e 2.1.4. A diferença


de modo a per-
mitir mais marcante decorre do fato de
a saída de água fundo
pelo
dos compartimentos superiores e

pelas externas dos infe-


paredes
riores. A deve ser contro-
porta
lada situado acima do
por quadro
altar superior e nêle deve existir
um setor indicativo dos ângulos
A/K\ / /
da nas submersas. V /
porta posições '
A I
i
/\ I
Do mesmo tipo é a reba-
porta / \l \
tível utilizada na doca de Sun-

derland, Inglaterra. Os pontos m

principais da construção são

mostradas no anexo II. Ó princí-

pio de funcionamento é precisa-


mente o mesmo, havendo peque-
na diferença apenas nos detalhes [/
de construção.

Também do mesmo tipo é a


"Neder-
porta utilizada pela
landshe Dok En Scheepsbouw rA^OUt ve FLUTUA mt 'OA^ /T
|
Matscappij de Amster-
(V.O.F.)"
dam, cujo desenho diagramáticc
é mostrado na figura 3. Esta

porta foi Mr. Box


projetada por
com desenhos traçados
principais

por Sir Williams Awal, de Glas-

gow. A 250 toneladas,


porta pesa

pêso êste reduzido nas charneiras


Figuras 3 e 4
a 50 toneladas, uso de com-
pelo
de flutuabilidade. É
partimentos
operada elétrico que o dique para 16.000 tonela-
por um guincho
hidráu- das é flutuante, sendo o de 10.000
provido de aclupamento

lico de 13 tone- sêco. O desenho diagramático é


com capacidade

ladas. e ainda do mostrado na figura 4. A caracte-


Finalmente

de forma ligei- rística especial é a forma do com-


mesmo tipo mas

ramente diferente, é a uti- partimento regulador, de forma


porta
lizada nos novos diques sêcos esférica e situado do lado da

construídos na Noruega e de água. A é operada por dois


pro- porta

da firma Burmeister E. elétricos e 154 to-


priedade guinchos pesa

Wain, de Copenhague. Aliás, neladas. O engachetamento é


por

coincidência êstes diques foram constituído de borracha fixada à

apoiar navios de duas barras chatas sol-


projetados para porta por
ÍO.000 16.000 toneladas de Dw, dadas à estrutura. As e
e paredes
24 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

o batente da soleira alo-


possuem Êstes foram
portões projetados
jamentos para a gacheta da Sir W. H. C.
por E. Rosiiigh, da
porta. companhia
própria proprietária
— dos diques. Têm secção retangu-
2.5.3 Portões:
lar e sôbre charneiras
giram co-
São usados como siste- locadas no batente
pouco e em cima da
ma de fechamento de diques se- soleira. Possuem, tanques
para
cos. São utilizados mais freciüen- controle de trim, flutuabilidade e
temente nos canais navegáveis, operação e podem ser montados
como o de Panamá, exemplo. com das faces
por qualquer para den-
Podem ser do tipo comum, com tro do dique, o
que torna
pos-
duas cada uma sível o reparo em
portas, girando qualquer delas,
em tôrno da charneira vertical caso necessário. São operados
por
ou ser de única, com capacidade
porta girando guinchos de 7,5
em tôrno da charneira situada toneladas. Na posição aberta os
apenas de um lado da soleira. são
portões protegidos contra co-
Tanto um tipo como outro exi- lisão uma
por cabeça cilíndrica,
gem aumento do comprimento do na
qual podem amarrar os na-
dique ou construção especial vios
para enquanto esperam entrada
servir-lhe de alojamento, nos
quando diques. Esta cabeça cilíndri-
na aberta.
posição ca é construída de um cilindro
Os diques conjugados de Schie- de aço ôco, cheio de terra e con-
dam, na Holanda, de
propriedade creto.
"Dock-En
de Werf Maatschappij
Outros diques, em
pequeno
Wilton-Fijenoord N.V.", utili- número, estendem as suas
pare-
zam de charneira única,
portões des dentro dágua de modo
para a
como mostra o desenho diagra- formar uma natural ao
proteção
mático da figura 5.
portão quando aberto. Esta ex-
34 m.

'

7h C
j

-i'
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 25

tensão tem também o objetivo sário. Mas, a de lama


presença
de uma no batente da soleira não é tão
permitir porta provisó-
ria no extremo, há ne- o é os de-
quando prejudicial quanto para
cessidade de reparo no mais sistemas de fechamento. tie
portão
principal. o dique fôr suficientemente longo

e dispuser de mais de uma solei-

2.5.4 — Porta ra, a pode ser usada


corrediça: porta-batel
em delas, possibilitando
qualquer
Consiste o aumento ou diminuição uo
especialmente numa
comprimento do mesmo, com as
porta de secção retangular que
se move sôbre roletes rodas conseqüentes vantagens de se po-
ou
especiais. Podem ser manobra- der retirar um navio sem alagar

das com rapidez, mas exigem a a onde outro esteja docado.


parte
construção de um alojamento A desvantagem eon-
principal
caro a aberta. Êste siste no tempo necessário
para posição para
alojamento é usualmente coberto abertura e fechamento e no fato

e o convés superior da é de a operação é mais com-


porta que
construído mais baixo do a do com os outros siste-
que plexa que
borda do dique. É mas. Por outro lado as condições
geralmente
provida de um de estabilidade impõem certas
passadiço que
pode ser elevado até a borda do restrições no que, por sua
projeto
dique, a estiver fe- vez, exige estrutura um tanto vo-
quando porta
chada. Em alguns casos, a lumosa. Neste não só são
porta (sistema
é dotada de compartimentos de necessárias vigas largas, mas

ar, aumentar a flutuabili- também lastro de concreto de


para
dade e diminuir o pêso
nos ruie- certa monta. Êste lastro per ma-

tes ou rodas. Algumas são nente é, em geral densificado


proje- que
tadas de modo a ser com de ferro, geralmente
poderem pedaços
usadas como caso ocupa a inferior da porta-
porta-batel, parte
-batei. Finalmente, como última
necessário.

Modernamente êste sistema de desvantagem vem a quantidade

fechamento em desuso de água deve ser bombeada


está para que

diques Ainda é bastante manobra e a dificuldade de


secos. para

usado canais colocação na soleira, quando a


como comporta para
navegáveis. água é sujeita a ondu-
pequenas
lações, comumente chamadas

maretas.
2.5.5 — Comparação:

A principal vantagem da porta


A é o tipo mais co- rebatível reside na relativa leveza
porta-batel
mumente usado no Brasil. A sua da estrutura, o se traduz
que
forma simétrica que seja por menor custo inicial. Além
permite
utilizada das faces para disto, uso do ar comprimido,
qualquer pelo

o fechamento do dique. Esta obtém-se simplificação e acelera-

vantagem é importante, especial- ção das operações, dando como

mente no se refere à possibi- resultado redução no tempo ne-


que
lidade de reparo, neces- cessário a docagem.
quando para
26 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Há porém certas desvantagens tura do dique. É mais cara,


porém
no uso deste sistema. A exige
primeira construção de alojamento
delas refere-se à localização da especial e hoje, talvez estas
por
porta. Ao contrário da razões mesmas,
porta- já não é mais
-batei,
que pode ser colocada na muito usada nos diques moder-

parte interna ou externa da so- nos.


leira, só ser montada na
pode

parte exterior. A existência da CONCLUSÃO


charneira exige a colocação de

blocos especiais de conexão no Considerando a análise feita


batente da soleira e também a nos artigos anteriores, verifica-se
fixação, na distância conveniente
que os sistemas e
portão porta
e na frente do dique, da estaca- corrediça, exigem construção es-
-suporte mencionada,
já para da
pecial para proteção porta na
apoio da porta na aberta.
posição aberta. Esta exigência
posição
Outra desvantagem é as
que ga- , acarreta não só aumento no
Chetas só podem ser colocadas custo de construção mas também
numa face da O serviço de
porta. aumento de tamanho da frente
reparo é também feito com difi- de mar do terreno. A adoção de
culdade, a deve ser
pois porta dos dois sistemas exige
qualquer
retirada das charneiras
por a construção de estruturas
que
meio de escafandristas, o mesmo
prejudicarão a utilização do pier,
acontecendo com a montagem, a não ser a frente de mar
que
depois de efetuados os reparos ne- seja de tamanho suficiente
para
cessários. Contudo, diz Mr. Ami- eliminar êste sério inconveniente.
rikian a experiência obtida
que No nosso País os terrenos com
com as dêste tipo cons-
portas já frente de mar são
caríssimos, de
'
truídas afirmar sob
permite que, modo conveniente
que parece
o ponto de vista de manutenção, restringir a escolha aos dois ou-
nenhum sério se apre-
problema tros tipos, isto é, e
porta-batel
senta.
porta rebatível.
O portão apresenta a desvan- A porta-batel tem a seu favor
tagem de exigir, como se men- a experiência
já que no Brasil

cionou, a extensão do corpo do se dispõe do seu funcionamento.
dique ou a construção de estru- Exige maior estrutura
porém e
tura especial para servir de maior tempo fechamento
pro- para e
teção, quando na posição aberta. abertura.

Além disto, apresenta êste sis-


A porta rebatível é leve, de
tema as mesmas desvantagens
preço de construção inicial me-
da porta rebatível, no se
que nor e tem a vantagem de dimi-
refere a dificuldades de manu- nuir consideravelmente o tempo
tenção.
de abertura e fechamento. Não
Finalmente a corrediça, se tem, em nosso País, experiên-
porta
também como foi explicado, cia no dêste sistema,
já projeto pelo
apresenta apenas a vantagem de se adotado, sugerimos
que, que
rapidez no fechamento e aber- o seja de autoria
projeto de um
estaleiros de reparos navais 27

engenheiro com suficiente expe- com Í4" de diâmetro in-


riência no assunto, o que signi- terno;
;ica dizer, dos engr-ih.iros que *4) — Mangueira de 1/2" para
já projetaram várias de.tas por- pressão de 150lbs/pol.2.
Ias rebativeis. Estes terão que Quantidade 200 m;
ser forçosamente estrangeiros e, *5)—Mangueira de borracha
no decorrer da análise, vários no- vulcanizada e lona, em
mes foram citados, nomes esses três ou mais camadas, de
que poderão ser consultados, uma y4" de diâmetro interno
vez que têm reputação firme- em côr vermelha, para gás
mente estabelecida. acetileno à pressão de 75
Como as vantagens e desvan- lbs/pol.2. — Quantidade
tagens destes dois sistemas prà- 120 m.
ticamente se eqüivalem, sugeri- :;6) —Idem
para pressão de 75
mos seja também adotado o sis- lbs/pol.2 e diâmetro inter-
tema de porta-rebatível, caso o no de y2". Quantidade
seu preço, incluindo o projeto, 200 m.
não ultrapasse o da porta-batel. 7) — Martelos pneumáticos de
cravar rebites, de capaci-
2.6 — Equipamento portátil e dade até 7/8", de peso até
ferramentas para traba- 8,5 kg, com gatilho ex-
lho: terno, à semelhança do
Ingersoll-Rand, tamanho
Para o trabalho dos navios do- 6A. Quantidade 3.
cados é conveniente a aquisição 8) — Idem para rebites até 1 y8",
do equipamento portátil e ferra- de peso máximo de 9,800
mentas cujas especificações são kg, à semelhança do Inger-
dadas abaixo: soll-Rand, tamanho 8A.
Quantidade 3.
1) — 18 mangueiras de %" x 50 9) — Máquinas pnèumáticas de
furar até 3/8", peso até
pés, para ar comprimido, 2,7 kg, rpm aproximada-
de borracha, com três ou
mais camadas alternadas mente 1.250, não reversí-
de borracha e lona, para veis, à semelhança do
trabalhar com pressão de Ingersoll-Rand, tamanho
110 lbs/pol- (7,75 kg/cm2), 1-AM. Quantidade 2.
completas, com macho e 10) — Idem para furar até 7/8",
fêmea; peso máximo de 4,750 kg,
2) — 40 mangueiras de V_" x 50 350 rpm aproximadamen-
pés, como especificadas te, à semelhança do Inger-
acima; soll-Rand tamanho 2-M.
*3) —120 metros de mangueira Quantidade 2. Não rever-
de borracha vulcanizada e síveis. »
lona, em três ou mais ca- 11) —Idem para furar até 1 'A'*,
madas, em côr azul, para reversível, peso até 14 kg,
oxigênio, para 200 lbs/pol.2 185 rpm aproximadamen-
28 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

te, à semelhança do Inger- 22) Idem rebites


para de 1 y$".
soll-Rand tamanho 33-SM. 25.
Quantidade
Quantidade 1. 23) Estampas lisas
para amas-
12) —Máquinas de sar rebites até 9/16".
pneumáticas
escovar, de 4.500 rpm apro- 24) Idem rebites
para até
ximadamente, máxi- 25) Idem rebites
pêso para até
mo de 5,7 kg, à semelhan- 15/16".

da Ingersoll-Rand ta- 26) Idem rebites


ça para até
manho 3GW45. Quanti- 1 y4".
dade 12. 27) Escovas de aço cônicas
13) — Máquinas de circulares de 6" de diâme-
pneumáticas

picar ferrugem, com mar- tro, utilização nas


para
teletes múltiplos de máquinas do item 12. —
pêso
máximo de 2 kg. Quanti- 60.
Quantidade
dade 30. 28) Máquinas elétricas de sol-
14) — Máquinas dar, completas, com capa-
pneumáticas

para calçar e desbastar,' cidade 300 amps.,


para
para corte manual, com corrente de 220/440 v 60
bucha para talhadeiras de ciclos. 6.
Quantidade
espigão sextavado, com 29) Máquina
para solda elétri-
comprimento de cêrca de ca, para 300 amps., com
12", curso de de
pistão gerador próprio movido a
cêrca de 2", máximo motor diesel.
pêso Quantidade 1.
de 5 kg. Quantidade 3.
30) Extintor de incêndio tipo
15) — Encontradores espuma, completo,
pneumáti- com
cos de rebites, de curso de mangueira e esguicho,

pistão de cêrca de 3", pêso montado sôbre rodas, com


máximo de 6,7 kg, à seme- capacidade
para gerar cêr-
lhança do Ingersoll-Rand ca de 100 litros
por carga.
tamanho n.° 2. Quanti- 4.
Quantidade
dade 3. 31) Ampôla
para oxigênio,
16) — Estampas acabadas com capacidade 10
para para
rebites, de cabeça boleada metros cúbicos, com a res-
de 3/8", para usar com as válvula de descar-
pectiva
máquinas dos itens 7 e 8. e tampão, resistir
ga para
Quantidade 25. a 200 lbs/pol.-.
pressão de
17) —Idem para rebites de Vz". Quantidade 20.

25. 32) Ampôla


Quantidade para gás aceti-
18) — Idem rebites de 5/8". leno, com capacidade
para para
Quantidade 25. 7,5 kg de com a res-
gás,
19) —Idem rebites de válvula de descar-
para pectiva

Quantidade 25. ga e tampão, resistir


para
20) — Idem rebites de 7/8". a de 90 lbs/pol.2.
para pressão

Quantidade 25. Quantidade 20.

21) —Idem rebites 1". 33) Talhas


para de de engrenagem,

Quantidade 25. com rolamento de esferas,


r --r--

ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 29

tipo Yale, 5 tonela- guarda de metal e globo de


para
das. Quantidade 2. vidro com arrue] a de bor-
34) — Idem, idem, 2 tone- racha apêrto.
para para Quan-
ladas. 4. tidade ti.
Quantidade
35) —Idem, idem, 1 tone- 44) — Armação de latão,
para portátil
lada. 6. com punho de madeira,
Quantidade
36) — Idem, idem, tone- sem com o suporte
para Vz globo,
lada. 8. roscado para a lâmpada
Quantidade
37) — Talha fixada ao ilu-
com cabo de aço de punho, para
12mm., de capacidade até minação de emergência.

1,5 ton. TIRFOR ou simi- Quantidade 12.

lar. 4. 45) — Marrêta de aço com cabe-


Quantidade
38) — Máscara la-
para soldador elé- ça octogonal, dos dois

tricô, tipo capacete, com dos, com os seguintes pe-


vidro e dispositivo sos, nas ex-
para quantidades
adaptação em dimensões ao lado:
pressas
diferenit.es de cabeça.
l,2kg 6
Quantidade 12.
l,5kg 6
39)—Luvas de
amianto,
para 2,0kg 12
soldador, reforçadas, com 2,5kg 12.
revestimento de couro na 46) — Martelo de aço temperado
palma, e nos dedos. Quan- e polido, com cabeça de
tidade 12 pares. unha, cabo de madeira es-
40) — Aventais de couro, para pecial e com lkg de pêso.
soldador, com extensão na
Quantidade 12.

parte superior para prote- 47) — Picadeira de aço de 3", com

ção do estômago. Quanti- furo central


para o cabo,
dade 12. deverá
que ser de madeira
41)—Tenazes para eletrodos, torneada, com 300 mm de
com garras serrilhadas, comprimento. —
Quanti-
mola manter o ele-
para dade 12.
trodo em de soldar Macaco
posição 48) — hidráulico comple-
e cabos ma-
protegidos por to, trabalhar em
para posi-
terial isolante
ção tanto vertical
quanto
42) —Armação seis lâmpa- horizontal, com recipiente
para
das elétricas, com bocais para líquido, bomba ma-

roscados, de bacia nual, tubulação, manôme-


provida
de ferro esmaltada tro, válvulas, incluindo a
prote-
tela, ilumi- de segurança, com as se-
gida por para
ração de emergência de guintes capacidades e

locais externos de traba- quantidades:

lho. Quantidade 6.

10 toneladas (2) dois


43) — Armação de latão,
portátil
móvel conjuntos
estanque, com alça

na superior, suporte 50 toneladas (2) dois


parte
v- *
roscado lâmpada, conjuntos.
para
30 REVISTA MARÍ MA BRASILEIRA

49) — Macaco de botija, com cai- e


gola pulseira de borra-
xa de ferro e alça, cha. 2.
parafu- Quantidade
so de aço, cabeça de aço 58) — Roupa de lona,
protetora
com furos ala- escafandrista, com
quatro para para
vanca, girando livre sôbre corselete completo de 12
o parafuso, com capacida- e dispositivo
parafusos pa-
de 10 tons. e curso de 200 ra instalação e funciona-
mm. Quantidade 4. mento de telefone, incluin-

50) — Caçambas lixo, de do tôdasjuntas as e enga-


para
chetamentos. —
ferro, com alça móvel, com Quanti-
l,30m de altura e l,00m dade 2.

de diâmetro, cilindricas, 59) — Chave de caixa os


para
com do corselete. —
chapeamento de parafusos

3/16". 6. Quantidade 2.
Quantidade
51)—Alavancas de 60) — Bomba de ar escafan-
aço, com para
drista, manual, completa,
unha, do tipo de cabra;

instalada em caixa refor-
com 1,20 m de comprimen-

to, 25 çada de madeira, com dois


mm de diâmetro.
volantes e duas manivelas,
Quantidade 6.
de ferro, com dois cilin-
52) — Forja aque-
portátil para
dros, duplo efeito,
cimento de rebites, com para

profundidades até 30 me-


ventoinha manual,
para
tros. Quantidade 1.
uso de carvão de coque,

com diâmetro aproximado 61) —Aparêlho telefônico singe-

de 800 mm. lo, para comunicações sub-


Quantidade 3.
marinas entre o escafan-
53) — Tenazes forja, em aço
para
drista e um observador,
forjado, com bôca de meia
completo, com bateria, ca-
cana, manuseio de
para
bo telefônico submarino
rebites, com cabo de cêrca
transmissores e receptores,
de 65cm. Quantidade 12.
sendo o do escafandrista
54) —Gorro de lã escafan-
para ligado na própria máscara.
drista, de lã grossa. Quan-
Quantidade 1.
tidade 2.
62) — Cabo de segurança
para
55) — Camisa de lã grossa para
escafandrista, compriraen-
escafandrista, de acordo
to de 55 metros. Quanti-
com o modêlo adotado
dade 2.
(tipo Depósito Naval).
63) — Sapatos de couro e metal
Quantidade 2.
para escafandrista, de a-
56) — Ceroulas de lã grossa, pa- côrdo com o modêlo n.° 73
ra escafandrista. Quanti- do Depósito Naval. Pares 2.
dade 2.
64) — Cabo de aço 6x7,
polido
57) — Roupa impermeável alma de fibra 3/16" de
para
escafandrista, de borracha, diâmetro nominal carga

em forma de macacão, de rutura de 1.270 kg.

tendo flange com furos na Quantidade lOOrn.


ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 31

65) — Cabo de aço 6 x 19, em ferro


polido, galvanizado pro-
alma de fibra, de diâmetro vidas de tornei numa das

nominal de carga de extremidades e arganéo

rutura de 2.480kg. na outra, com roldana de


Quan-
tidade 400m. 6". Quantidade 2 pares.
66) — Cabo de aço 6 x 19, 75) -Nível de bolha de ar mon-
polido,
alma de fibra, 5/8" de diâ- tado em caixa de ferro

metro nominal, carga de fundido, com base retifi-

rutura de 15.100 kg. Quan- cada e para-


perfeitamente
tidade 400 m. leia ao eixo do tubo, com
67) — Cabo de aço 6x7, cêrca de 60mm de compri-
polido,
alma de fibra, 5/8" de diâ- mento o tubo e 300
para
metro nominal, carga de mm baixa, na o
para qual
rutura de 14.400 kg. Quan- tubo ou ampôla deverá fi-

tidade 200 m. car embutido, sem saliên-


68) — Cabo de aço 6 x 19, cia, melhor
polido, para proteção;
alma de fibra, 1 í4" de de graduação para
provida
diâmetro nominal, carga facilitar a centragem da

de rutura de 58.600kg. bolha. Quantidade 1.

Quantidade 400 m. 75) Prumo chumbo,


de provi-
69) — Pianos de distribuição de do de haste com arganéo

ar comprimido, como os fixação da linha, com


para
anteriores, entre- 2kg. de Quantida-
providos, pêso.
tanto de seis válvulas do de 2.

tipo Quantidade 6. Régua madeira com


globo. 77) de
70) —Boia de arrinque de chapa
graduação de centímetros

galvanizada, formada por e de 200 x 100


polegadas,
dois cones unidos pela ba- x 30 mm, com punhos
se, de diâmetro de 35 cms., no centro da face, fa-
para
e altura total de 65cms., cilitar o manuseio. Quan-
de vértice a vértice. Quan- tidade 2.
tidade 8.
-Idem, com 3.000m x 100
71) — Macete de madeira rija, de
x 30mm. Quantidade 2.
12" x 7", com aro de pro-
' ' Serrote traçador manual,
>
teção nos topos cabo de
com um em cada
1,00 m. 4. punho
Qutidade
extremidade, lâmina de
72) — Patesca com dispositivo
l,80m x 0,30m.
entrada lateral do Quanti-
para
dade 2.
cabo e tornei, cabos
para
80) Trena
de cânhamo de 3". de linho, em caixa
Quan-
tidade 4. de couro com
plástico, gra-
73) — Idem, idem, cabos de duação em centímetro e
para
cânhamo 6". polegada, com 50 metros
Quantida-
de comprimento. Quanti-
de 4.

74) — câ- dade 1.


Talhas cabo de
para
nhamo 81) Trado furar matleira.
com dois gornes, para
32 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

manual, furos 1/2" 89)—Cabo de manilha


para de de 4"

a lYz". Quantidade 9. (circunferência). Quanti-


82) — Idem, com dade 2
punho para peças.
trabalhar com máquina a 80)—Cabo de manilha de 1"

ar comprimido, com capa- (circunferência) . Quanti-


cidade furar madeira dade 2
para peças.
de Vz" a 1 y2". Quanti-
— Em secções
dade 2. (*) de 20m.

83) — Máquina
pneumática pa-
ra furar madeira, Da relação acima, dei-
para poderão

de lbs/pol.2 xar de ser adquiridos os itens 28


pressão 90

com buchas fixação e 29, uma vez ser


para que poderão
dos trados, tipo Ingersoll- utilizadas as máquinas de soldar

Rand 22Kw ou similar, indicadas na tabela I, ofi-


pa- para
ra trabalhar com cina de obras estruturais. Além
cêrca de
dêstes itens, os de número 38, 39,
720 rpm, pêso máximo de ,
40 e 41 também ser omiti-
6,5kg. Quantidade. 2. podem
tidos uma vez constarão do
84) — Cinzel, de que
aço especial,
equipamento de solda da mesma
sextavado, de 0,60 x 0,30m.
oficina.
Quantidade 2.

85) — Ponteiras de aço especial,


Na relação acima, deveria cons-
para madeira, sextavado,
tar ainda um jôgo de cavaletes
de 0,66m x 030m. Quanti-
de tubo de ferro, madeira
para
dade 2.
confecção de andaimes,
pranchas
86) — Trator de lagarta seme-
acesso a bordo e escoras
para
lhante ao Caterpillar mod.
e pontaletes, bem como pranchas
D-2. Quantidade 1.
para uso eventual. Como, porém,
87) —Cabo de manilha de 1*4" trata-se de itens de fácil constru-
(circunferência) . Quanti- e custo,
ção pequeno julgamos
dade 1 peça. mais conveniente deixar o assun-

88) —Cabo de manilha de 1%" to futuro mais remoto.


para
(circunferência) . Quanti-
dade 2 peças. (Continua)

«
ESTADO MAIOR

NOTICIA)
(BREVE

CÉSAR DA FONSECA

Contra-Almirante, R.

Os Estados-Maiores, segundo Gorlitz A Áustria e a Rússia, como Estados,


são "o
produto de uma fase específica de s,; assemelhavam à Prússia em que do-
desenvolvimento da Europa. Êle surgiu encontrando em
minava o militarismo,
da combinação de monarquia absoluta titulava de
ambas que o o
prussiano
com exércitos se tor- i; Guerra,
permanentes , que Kriegsrat", ou Conselheiro de
naram um fenômeno típico a os oficiais.
após guer- titulo de que gozavam
i'a dos Trinta Anos". 'Por
volta de 1772 surgiu o Ajudante-

Na verdade, a história dos Estados- -General ia de um lado outro,


que para
-Maiores "assistindo
liga-se às pequenas famílias em campanha, aos oficiais
nobres. Mas foi no em torno superiores, meio de relatórios e dos
período por
de 1640, no nasceu Exército informes necessários".
qual o
Prusso-Brandenburguiano, se viram Não era ainda o estado-maior no sen-
que
os havia exato, mas o seu
primórdios do que mais tarde se íido prenunciava pró-
de "Genelstabsdient", fluir.
chamar ou Ser- ximo

viço "me-
de Estado-MaiorT A denominação O Conde de Lippe disse em suas
de Estado-Maior Especial vem, Guerra Defensiva"
porém, mórias sôbre a que
do época, "a
Exército Sueco que, naquela da Guerra deveria se dirigir con-
«irte
niantinha-se numa elevada reputação. mesma Guerra, ou
tra esta a qualquer

É Gorlitz também afirma amenizar os seus males".


quem que preço, para
a de oficial de es- Seria a concepção da guerra dirigida,
primeira referência
tado-maior nos arquivos do de e da qual Scharnhorst pri-
Q.G. planejada
Brandenburgo surge em 1657 e fala de rneiro e depois Gneisenau, foram os

um certo tenente-coronel Engenheiro grandes concepcionistas.

Gerhard vou Bellium, ou Belkum. Daí diante verdadeiro de


por plantei

O Grande Eleitor, dirigia a Prús- oficiais de tôdas as especialidades to-


que
sia aquele tempo, o Ge- mam lugar 110 que se convencionou cha-
por era próprio
— maior — órgão anônimo,
neralíssimo e seu Chefe de Es- mar estado
próprio
tndo-Maior. Seu neto, o Rei Frederico despersonalizado e cujo espírito de con.

Guilherme I, firmou, seu turno, a junto, seria a marca indelével dos gran-
por
tradição de o Rei era, ipso fado, des reformadores a que aludimos aci"
que
o Supremo Lorde da Guerra, liderando ma: Gerhard Johann Scharnhorst e Au-
^
os exércitos em campanha. gusto Guilherme von Gneisenau.
34 EFVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ftsse espírito cresceu e expandiu-se, A princípio era um grupo de oficiais

primeiro, para a França e Áustria, e à disposição dos comandantes-chefe e


ilai para a Rússia, Inglaterra, Suécia, dos comandantes de forças, visando a

até chegar aos nossos dias em que o Auxiliá-los 110 estudo e dos tra-
preparo

pioneirismo prussiano de serviço de es- balhos inerentes às suas funções de co-


tado-maior tornou-se uma característica mandante, dando-lhes maior capacidade
do comando nas guerras de movimento de ação. Era tal impessoal e não
grupo
imaginadas Moltke. dispunha de autoridade sôbre
por própria
a torça ou serviços correlatos.
Vê-se a existência dêsse órgão Agia,
que
sinipl-est11elite, ordem.
foi sentida desde época remota, quando por

se atribuíram ao mesmo todos os de- A seguir veio o Estado-Maior como


trilies necessários para a condução efi- 11111 órgão de na orgânica
primeiro piano
caz das operações de guerra. militar, superiormente coordenado di_
e
Particuíarizando, a denominação cie rígido um Chefe, teve se-
por que as
Estado-Maior originou-se nas Praças de denominações: ADJUNTO,
guintes
Guerra e lia.Marinha, visto havia' AJUDANTE GENERAL E CHEFE-
que
nelas um inteiramente -DE-ESTADO-MAIOR.
poder a parte
do seu pessoal. Êsse órgão era encar- Na nossa Marinha tivemos denomi-
regado de auxiliar o comandante-chefe nações semelhantes ou iguais: de 1860
em todos os serviços e operações diá- —
a 1873 AJUDANTE-DE-ORDENS
nas que exigiam e
previsão, precisão ENCARREGADO DO QUARTEL
execução sendo constituído de oficiais, —
cV EXER AL: de 1873 a 1906 AJU-
com funções específicas, aos com-
quais DANTE-GENERAL DA ARMADA;
petia estudar e dar parecer sôbre as- de 1906 até a presente data CHEFE-
suntos atinentes a e operações DO -
planos ESTADO-MAIOR-DA-ARMA-
e outros assuntos relativos a organiza- DA.

ção e ao preparo e manutenção das fôr- Sua evolução a partir da Primeira


ças em estado de eficiência. Guerra Mundial, vem se fazendo sentir
Até o século X'\ III, o Estado-Maior cie um modo preponderante, acompa-
era uma instituição sem atuação des- nhando o desenvolvimento das armas
tacada. I odavia, em 1828, aproveitando e o método e o processo de fazer e con-
as idéias dominantes na Alemanha, cri- dlizir a guerra.
ou-se uma entidade — O Estado-Maior, Lembrando aqui, sucintamente, um
cie categoria elevada, como um dos da
prin- pouco sua história, o nosso propósito
cipais agentes atuantes na arte militar. é destacar que o Estado-Maior continua
Contava com um gabinete para o exer- a ser um órgão operativo, essencial à
cício de suas funções, sobretudo com
para guerra, atribuições es_
próprias,
elaboração e execução de e or_
planos pecialmente aquelas visam a organi-
que
dens do comando superior. zação e a preparação das forças mili-
As sucessivas e revoluções tares, mantendo-as
guerras em estado de efici-
cio século XIX e, 110 ência, intervir
posteriormente, prontas para nas opera-
nosso século, deram aos Estados-Maiores bélicas
ções que forem determinadas,
ensinamentos permitindo se organi- tendo sobretudo autoridade
que própria 110
zassem melhor, tomando feição mais exercício de suas funções.
coiisentânea com as exigências da Sem dúvida o Estado-Maior é essen-
guerra. cialmente um agente impulsionador e
ESTADO MAIOR 35

coordenador, estabelecendo e mantendo atividade para aperfeiçoar os métodos

a doutrina e a conduta das da a fim de abreviá-la e ven-


governando guerra
operações de É um órgão cè-Ja, sempre que possível, pela melhor
guerra. pois,
de cúpula, vital às Forças Armadas, técnica de emprego das forças dispotií-

é técnico, é asseverador veis, usando, para isso, todos os recursos


porque porque
do (jue a Ciência oferece às armas ide
comando-chefe, porque sendo eclé-

tico 110 seu conjunto, converge a sua guerra.


"Revista
Prêmio Marítima

"

Brasileira

O "Revista
nôvo detentor do Prêmio Sua vida é exemplo de te-
premiados.
Marítima Brasileira" 1960 —
(triênio nacidade, sclf made mau, vindo de sim-
1962) é o CMG Francisco Fer-
(IM) pies aprendiz-marinheiro, é hoje Ofi-
rcira Netto. ciai Superior no Corpo de Intendentes
Oficial brilhante, estudioso, é autor da Marinha ao honra
qual pelo seu sa-
de vários trabalhos, alguns dos ber.
quais

A Revista Marítima Brasileira sente-


-se jubilosa tê-lo entre os seus lau-
por
reados e çoncita a todos os estudiosos

das coisas da Marinha a colaborarem

em suas páginas para que possam tani-


bem ter a grande oportunidade de te-
rem o mesmo e ambicionado a
prêmio
|T5
¦que fez merecidamente, o nosso
jus,
biografado.

4 lllllfe-o>\ - -:|:pl|xS i'itae do Comandante


O curriculum

Ferreira Netto, pode ser assim resu-


f,:v
mido:

Nasceu 110 Estado do Pará a 6 de

dezembro de 1906 ingressando ná Ma-


ttv Wk -i
ririha, na Escola de Aprendizes-Mari-

nheiros do mesmo Estado no dia 18

de de 1923. Foi transferido para


janeiro
a Escola de Grumetes em Angra dos

Reis, em 24 de dezembro do citado ano

de 1923, sendo ali matriculado jio dia

29 de de 1924 Deixou essa Es-


janeiro
cola concluindo em primeiro lugar, o

respectivo curso, no dia 21 de dezembro


Capitão de Mar e Guerra
(IM) Francisco
Ferreira Netto com a medalha de ouro de 1924. Alistou-se no Corpo de Ma-

Prêmio "Revista Brasileira",


Marítima rinheiros Nacionais como marinheiro de
que lhe foi conferido pelo seu trabalho
i-a classe. Entre maio de 1926 e no-
"Aspectos da Terceira
titulado Garais
vembro de 1927 fez o curso da Escola
Guerra Mundial" publicado no número
"riospi-
do 3." trimestre de 1962. <k- Enfermeiros da Marinha no
38 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tal Central d'a Marinha, sendo então e no Comando do 6.° Distrito Naval,
promovido a cabo e em seguida, a _]¦" onde exerceu as funções de oficial do E.
Sargento. Em janeiro de 1933 prestou Maior de 18/4/47 a julho de 1949.
concurso para o então Corpo de Co- Promovido __, CapLtão.de-Corveta
missários da Armada, logrando classifi- cm 13/12/48 — Apresentou os seguin-
car-se em 6.° Jugar, entre 600 candidatos, tes trabalhos que foram aprovados e
o que lhe valeu a nomeação de Aspi- mandados adotar na Marinha: "Livro
ránte a Comissário em 6 de junho de Texto para o Curso de TA-AR;" "Li-
1933- vro Texto para o Curso de TA-PA;"
Fêz o curso Prático de Aspirantes a "Livro
Texto para o Curso de TA-CO;
Comissário a bordo do E. Minas Gerais. "Livro Texto
para o Curso de TA-PA".
terminando em fevereiro de 1934 e sen- Foi Instrutor da Escola Naval
de
do promovido a 2." Tenente em 22 de 9/4/951 a 12/3/1952.
fevereiro de 1934. Foi premiado
Serviu como 2.0 Tenente em di- pelo Instituto Brasi-
leiro de Educação Ciência e Cultura
\ersos navios e estabelecimentos. , (JBECC) órgão do Ministério das Re-
Em 27 de janeiro, de 1941 foi lações Exterijores e representante no
posto
à disposição dos Serviços de Navega- Brasil da UNESCO, por um trabalho
ção da Amazônia e Administração do apresentado em concurso versando sô-
Porto do Pará (SNAPP), onde serviu bre questões sociais e econômicas da
até dezembro de 1945 tendo desempe- Região Amazônica. O trabalho classi-
nhado durante esse período as funções ficado em i.° lugar entre 17 concor-
de Chefe do Departamento de Adminis- rentes tem o título de "Realidade Ama-
tração. Nessa função tomou parte nas zônica" e foi publicado às expensas "cio
negociações com os representantes do Conselho Nacional de Pesquisas.
Governo Xorte-Americano na "Rubber Recebeu a medalha Militar de
Developmerit Corporation", como dele- Prata em 1/3/1950 e de our0 em
gado da SNAPP, para lavratura de um 5/To/53-
convênio para o tráfego de embarcações Promovido
a Capitão-de-Fragata
americanas no rio Amazonas, sendo re- em 14/9/51.
dator do contrato firmado Foi organizador da Escola
pelas duas de Tai-
partes com aprovação dos dois Govêr- feiros da qual foi encarregado de
nos, durante a 2.n Guerra Mundial.. 20/9/i953 a 15-3-1954.
Publicou um trabalho de sua au-
Foi diplomado
toria, sob o título "O Problema Amazô- pela Escola de
Guerra Naval no curso de Estado
nico", editado em 1942, posteriormente
Maior e Direção de Serviços em
traduzido para a língua inglesa e
pu- 20/.S/i955 •
blicado na "Scientific Monthly" órgão
"American Foi nomeado instrutor da
da Association for the Escola
Advancement of Science" com sede em de Guerra Naval em 22/6/1955, função
Washington no edifício do Smithsonian que exerceu até 29/1/1961.
Institute. Nomeado em
janeiro de 1958 para
Poi Promovido a i.° tenente a Comissão de Estudos para Instalação
cm
9/12/41 e promovido a Capitão-Te. da Marinha em Brasília.
ncnte em 9/5/46. Promovido a Capitão-de-Mar-e-
Serviu na Base fluvial de
Ladário Guerra em 23/6/1958.

4
"REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA 39
PRÊMIO

Foi redator do Boletim do Clube Exerceu a.s funções de Diretor do


Naval, no biênio 55/56. Centro de Controle de . Estoque tie
Tem diversos trabalhos Material Comum dc dezembro de 1961
publicados
na Revista Marítima Brasileira; Bo- a outubro de 1962.
Ictiin do Clube Naval c Revista do Clube
¦¦Militar. - Posto à disposição do Conselho
•— Agraciado em 11 de Nacional do Petróleo em novembro de
junho de
I959> pelo Clube Naval, com o Prêmio 1962 onde exerceu as funções de Co-
Jaceguay. ordenador do Abastecimento Nacional
Fez dc Derivados de Petróleo até 30 de
parte do Grupo Editorial en-
carregado da organização do "Dicioná- agosto de 1963. Nessa funçflo elabo-
rio Marítimo Brasileiro" editado rou o "Plano Nacional de Abasteci-
pela
Seção Científica do Clube Naval. mento de Derivados ile Petróleo" para
Designado tm 29/3/1961 1963, aprovado pelo Plenário do CNP
para fa-
zer parte da Comissão Inter-Ministerial e vigorante neste exercício.
encarregada de estudar a Lei da Pa-
Apresentou-se à Marinha em se-
ndade, como representante do Ministé-
i'io da Marinha. tembro de 1963 e foi momeado Chefe
Designado do Escritório de Mudança dos Órgãos
pel/o Presidente do cia MI! para Brasília.
Conselho de Ministros para presidir a
Comissão que estudou o enquadramen- Designado para fazer parte do
to dos Marítimos no Plano de Classi- Grupo de Planejamento da Marinha
ficação dos' Funcionários Públicos da em acumulação com a função que já
União, exerce. Designado ainda para Secre'
Agraciado em 13/12/61 com a Or- tá rio da Comissão Especial de elabo-
dem do Mérito Naval no Grau de Ca- ração do Plano Diretor da Marinha
valeiro. para 1964.
Segunda Conferência das Escolas de

Guerra Naval das Américas

29 DE JULHO A 1.° DE AGÔSTO

1963

BOAS VINDAS

Dignos representantes de Marinhas amigas:

L
Ê com honra e real em nome da Marinha
grande prazer que,
do Brasil e, em no da Escola de Guerra Naval
particular, Brasileira,
apresento-vos calorosas saudações, desejando-vos boas-vindas ao Rio
de Janeiro e sinceros votos no sentido de uma agradável
formulando
estada nesta cidade.

Espero a Segunda Conferência das Escolas de Guerra Naval


que
das Américas venha a debates e úteis trocas
proporcionar proveitosos
de idéias sôbre assuntos de nosso interêsse recíproco, e estou certo de

que esta reunião oferecerá, acima de tudo, feliz ensejo para que se

tornem ainda mais estreitos os laços de boa camaradagem que unem

as Marinhas do nosso continente.

Êste contém o e a agenda da Conferência,


folheto programa
assim como algumas informações de utilidade os nobres visi-
para
iantes. Para outras informações desejadas, tanto eu
quaisquer
como os meus oficiais teremos satisfação em vos atender.
grande
O nosso sincero desejo é de o vosso sentimento seja o de
que
estardes entre amigos.

Muito cordialmente,

Fernando Carlos de Mattos

Vice-Almirante

Diretor da Escola de Guerra Naval


42 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

DELEGAÇÕES Naval — Capitán de Fragata


PARTICIPANTES Oscar Barco Sisley, Assessor.

ARGENTINA URUGUAI
Capitán de Navio Mauro Mi- Capitán de Navio Ubaldo
guel Gamenara — Diretor da Villalba, Diretor da Escuela de
Escuela de Guerra Naval — Guerra Naval — Capitán de
Capitán de Fragata Luis Da- Corbeta Hector Cabanas, Chefe
niel González Castrillón, En- do Departamento de Ensino.
carregado do Curso Geral.
VENEZUELA
CHILE Capitán de Navio Orlando
Capitán de Navio Raul Mon- Medina Sauce, Diretor da Es-
tero Cornejo, Diretor da Aca- cuela de Guerra Naval —
demia de Guerra Naval — Capitán de Navio Manuel N.
Capitán de Fragata Christian Herrera Corrêa, Adido Naval
Storaker Pozo, Assessor — no Rio de Janeiro — Capitán
Capitán de Fragata Maurice de Fragata Ornar Sanz, Asses-
Poisson Easteman, Assessor. sor.

ESTADOS UNIDOS BRASIL


DA AMÉRICA Vice-Almirante Fernando Car-
Vice-Admiral Bernard L. Aus- los de Mattos, Diretor da Escola
tin, Presidente do US Naval de Guerra Naval — Capitão-de-
-Mar-e-Guerra Geraldo Azevedo
War College — Captain Her-
Henning, Assessor — Capitão-
bert S. Graves, Encarregado do -de-Mar-e-Guerra Ernesto de
Naval Warfare Department, Mourão Sá, Assesor — Capitão-
Assessor — Commander Ro- -de-Mar-e-Guerra José Alves
bert C. Peniston, Assistente. Mey, Assessor — Capitão-de-
Mar-e-Guerra Orlando Ferreira
MÉXICO da Costa, Assessor — Capitão-
Vice-Almirante Serafín Fer- de-Mar-e-Guerra Sylvio da Fon-
nández Pizarro, Adido Naval toura Rangel Filho, Assessor —
do México, em Buenos Aires. Capitão-de-Mar-e-Guerra Hélio
Marroig de Mello, Assessor —
PARAGUAI Capitão-de-Fragata João Hélios
Capitán de Navio César Cor- da Costa Marques', Assessor —
tese — Capitán de Corbeta Capitão-de-Corveta João Os-
Diosnel Cáceres Zárate, As- ivaldo Pirassinunga.
sessor.
OFICIAIS AS ORDENS
PERU
Contra - Almirante Edmundo ARGENTINA
Guzmán Barrón, Diretor da Capitão - de - Corveta Geraldo
Escuela Superior de Guerra Magalhães Hecksher
SEGUNDA CONFERÊNCIA DAS ESCOLAS 43

CHILE PERU
Capitão - de - Corveta Rogério Capitão-de-Fragata César Au-
Esberard Capanema gusto Petra de Barros
EST. UNIDOS DA AMÉRICA URUGUAI
Capitão-de-Mar-e-Guerra Adol- Capitão - de - Corveta Arnaldo
pho Barroso de Vasconcellos Ovalle

México VENEZUELA
Capitão-de-Corveta Jusel Piá
Capitão-de-Mar-e-Guerra Hélio
de Andrade
Marroig de Mello
LIGAÇÃO COM AS
PARAGUAI
DELEGAÇÕES
Capitão - de - Corveta Amaury Capitão-de-Corveta João Os-
Albuquerque Nascimento waldo Pirassinunga

PALAVRAS DO DIRETOR DA ESCOLA DE GUERRA NAVAL:


"Ilustres
participantes da Se- sultados de nosso mútuo interes-
gunda Conferência das Escolas se. Isto muito me sensibiliza e
de Guerra.Naval das Américas: conforta, deixando-me certo de
É um grande prazer para mim que todos nós, neste instante, es-
° privilégio de saudar, neste mo- tamos formulando idênticos vo-
mento, em meu próprio nome e tos pelo sucesso de nossa reunião.
no da Escola de Guerra Naval da Alguns dos aqui presentes par-
Marinha do Brasil, personalida- ticiparam da Primeira Conferên-
des tão destacadas quanto são as cia, realizada em abril de 1962,
vossas. em Newport, no U.S. Naval
Apresento-vos cordiais votos de War College, aquele modelar ins-
boas vindas ao Rio de Janeiro e, tituto que tanto tem contribuído
muito grato pelas vossas presen- para o desenvolvimento dos seus
Ças nesta Escola, rendo sinceras congêneres. Ali tiveram como
homenagens de admiração e a- perfeito anfitrião, o Vice-Almi-
preço pelas Marinhas de que sois rante Bernard L. Austin, esta
representantes altamente dignos. ilustre personalidade que hoje,
O fato de terdes vos afastado, como todos vós de Marinhas
por alguns dias, dos vossos impor- amigas, honra esta casa com sua
tantes encargos e atribuições, visita.
vindo de longe para participardes Durante a aludida conferência
da Segunda Conferência das Es- de Newport, ficou assentado que
colas de Guerra Naval das Amé- a segunda reunião no gênero se-
ricas, constitui uma demonstra- ria realizada no Rio de Janeiro,
ção de confiança em que as con- em julho de 1963. Essa resolução
versações que iremos empreender constituiu uma honra para a Ma-
poderão produzir proveitosos re- rinha do Brasil, particularmente
44 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

para a nossa Escola de Guerra Espero que os ilustres visitan-


Naval. Sentimos logo, entretan- tes compreendam esta situação e
to, as dificuldades que se nos ofe- relevem as falhas que, porventu-
reciam, em vista das nossas mo- ra, venham a se apresentar.
destas e reduzidas instalações
materiais. Será distribuído a todos vós um
folheto, no qual podereis encon-
Embora seja bem antiga, fun- trar, em vosso próprio idioma,
dada em 1914, e possua conside- informações diversas sobre a nos-
rável tradição, já tendo passado sa Escola. — Peço-vos benevo-
pelos seus cursos cerca de 2 000 lência ao apreciardes os textos
oficiais, nossa Escola carece de apresentados em inglês e em es-
mais amplas instalações, confor-
me vereis, dentro em pouco, ao panhol. Não sendo estes o nosso
idioma, a inclusão dos mesmos,
percorrê-la. Esta é, porém, uma apesar de possíveis falhas, repre-
situação provisória, pois já se, senta o nosso desejo de vos faci-
acha em construção um novo edi- litar o entendimento daquele
ficio, que vos será mostrado hoje,
texto.
em rápida visita.
A escassez de espaço aqui exis- Concluindo minhas palavras,
tente determinou que as sessões quero reafirmar, em meu nome e
no de meus oficiais, que o nosso
plenárias de nossa conferência, sincero desejo é o de que o vosso
destinadas aos debates e preleções
tivessem sua realização progra- sentimento durante vossa perma-
mada fora da Escola, em salão nência entre nós seja o de estar-
do Arsenal de Marinha do Rio de des entre verdadeiros amigos.
Janeiro. Sede benvindos!"

PALAVRAS DO V. ALMTE. FERNANDO CARLOS DE MATTOS,


PROFERIDAS NA ABERTURA DA l.a SESSÃO DA 2.a CONFE-'
RÊNCIA DE DIRETORES DAS ESCOLAS DE GUERRA NAVAL
DAS AMÉRICAS:
Nossas Marinhas possuem res-
"Distintos camaradas:
ponsabilidades comuns na defesa
do Continente Americano, o que
Foi sem dúvida, uma feliz de- as tem levado a empreender exer-
cisão aquela tomada pelos mais cícios e operações de adestramen-
altos chefes das Marinhas do nos- to em conjunto, visando habilita-
so Continente, durante os traba- las a operar reunidas. Isto torna
lhos da Segunda Conferência Na- evidente a conveniência de in-
vai Interamericana, reunida em crementar a mútua troca de
IKey West, em junho de 1960, conhecimentos de suas diversas
quando concordamos em promo- atividades, ressaltando entre elas
ver periódicos encontros como as que dizem respeito ao preparo
este de que estamos participando. dos oficiais que terão de planejar
SEGUNDA CONFERÊNCIA DAS ESCOLAS 45

e executar as operações navais. Infelizmente, por motivos cer-


Assim^ se outras vantagens — e tamente relevantes, as Marinhas
elas são muitas — não decorres- do Canadá, da Colômbia e do
sem de encontros como o
que ora
e iniciado, só isso seria bastante Equador, que estiveram presen-
tes à Primeira Conferência das
Para justificar plenamente — e Escolas de Guerra Naval das
mesmo tornar desejável — periò- Américas, realizada em Newport,
dicas reuniões com o de
propósito não puderam enviar representan-
P -piciar trocas de idéias e deba- tes à reunião que hoje se inaugu-
tes entre aqueles exercem a
lunção de dirigir que ra. Lamentando, sinceramente,
as instituições o não comparecimento daqueles
«e alto nível de ensino naval, às
camaradas, não tenho dúvidas,
quais compete o preparo e a for- entretanto, de que os seus votos
maçao da mentalidade
mandantes e dos Oficiais dos dos
Co-
Es-
seriam no mesmo sentido dos
tados-Maiores Navais, responsa- nossos.
yeis pelo planejamento e Antes de terminar minhas pala-
execução daquelas pela vras, desejo agradecer o compa-
operações.
Estou certo de os dignos recimento do Vice-Chefe do Esta-
camaradas, cujas que do-Maior da Armada, Vice-Almi-
presenças ale-
gram e prestigiam esta reunião, rante Arnaldo Toscano, a esta
representando as nobres Mari- primeira sessão da Conferência.
nhas da Argentina, do Chile, dos
Estados-Unidos da América, do A sua presença aqui, nos é
México, do Paraguai, do Peru, do muito honrosa e vem prestigiar
Uruguai e da Venezuela, aqui ci- nossos trabalhos.
tadas em ordem alfabética, A circunstância de ser eu Dire-
ticipam do meu pensamento par-
e tor da Escola de Guerra Naval
compartilham comigo na formu- da Marinha que patrocina esta
lação de ardentes votos no senti- reunião, faculta-me a grata prer-
do de que venham a ser realmen- rogativa de proceder, neste mo-
te proveitosas as nossas conver- mento, à abertura dos seus res-
sações. pectivos trabalhos. Tenho, assim,
Certo estou, também, de que a grande honra de, em nome do
nosso encontro concorrerá para Exm . Sr. Chefe do Estado-Mai-
reforçar, ainda mais, o tradicio- or da Armada do meu país, decla-
nal espírito de camaradagem rar inaugurada a Segunda Con-
existente entre as nossas Mari- ferência das Escolas de Guerra
nhas. Naval das Américas."
FROTA ALEMÃ
1956 — 1961'

V. Alte Friedrich Ruge

Até onde se pode ter certeza de ai- e as palavras de paz soviéticas não fo-
ftuma coisa entre 1946 e 1948, da ex- ram por todo. acreditadas. Antecipan-
Marinha Alemã sabia-se só1
que eram do-se à opinião pública generalizada,
mantidas, e sob controle dos aliados,
alguns oficiais de marinha norte-ame-_
algumas flotilhas de unidades varredo- ricanos previram a necessidade da coo-
''is, para limpeza dos
principais aces- peração com seus ex-inimigos alemães.
sos aos portos do oeste alemão e Estabeleceram com eles relações pes-
para
ajudar a varredura das águas holande- s-oais, fundamentadas na mútua estima,
Sas, dinamarquesas e norueguesas. com o primordial intuito de apreciar-lhes
De acordo com a política geral aliada, a experiência de guerra naval no P>áltico,
"ao existia a menor no Oceano Glacial e 110 mar Negro.
preparação para o
rearmamento da Alemanha do Oeste, As contínuas agressões soviéticas le-
apesar dos russos terem começado, em varam à criação, nos começos de 1949,
-947, a reerguer novas forças armadas da aliança defensiva conhecida sob o
alemãs na zona por eles ocupada. Aliás, nome de "Organização do Tratado do
>*to não era mais Atlântico Norte". Um ano mais tarde,
que o início da ex-
tensa lista de violações, pela Rússia, deslocavam, os soviéticos, o teatro cíe
dos acordos com as rtotências ocidentais: suas sondagens dos pontos fracos do
pretendendo ser uma nação democrática mundo não comunista, e atacavam a Co-
e pacífica, tornara a anexar os países réia do Sul. A campanha que sé seguiu
báltiços; impusera governos comunistas conduziu ao emprego dc consideráveis
na Polônia e nos Estados balcânicos, da forças armadas ocidentais (especialmente
mesma maneira que na zona de ocupa- dos Estados Unidos) e — o que é mais
Ção soviética da Alemanha expulsara importante — levou à reavaliação rea-
os governos livremente eleitos na Tche- lista das forças do mundo livre.
coeslovaquia; incorporara à soi disant Tais acontecimentos mostravam cia-
República Democrática Alemã o Ber- rainente que os russos tinham sob sua
lim-Este e, finalmente, tenta fazer cair mira o domínio do mundo, e vieram a
110 seu poder o Berlim-Oeste, isolando-o constituir-se no fundamento do plano
do Ocidente. da oferta da contribuição alemã à cK.te. a
Felizmente, as jaetâncias democráticas da Europa, feita pelo Chanceler Konrad
48 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Adenauer, ao findar de 1950. A Alemã- tal organização. Seja como


prematura
nha Ocidental, "Cortina
adjacente à de fôr, progrediu ràpidamente em 1954.
Ferro" e de
possuidora grande potencial A República Federal Alemã foi admi-
humano e industrial, era uma adquisição tida na OTAN e as leis
promulgadas
das mais desejáveis os comunistas
para necessárias. Convém ressaltar a
que
e, ao mesmo tempo, indispensável às Lei Fundamental da Alemanha do Oeste,
nações do Atlântico, para a própria de-
que servia como constituição
provisória,
fesa. Até então, tinha ela contribuído em vigor desde 1949. não considerava
anualmente com vários bilhões de dents-
o caso de forças armadas. Ao findar
marks às despesas dos exércitos de
o ano de 1955 o caminho estava, porém
ocupação e c?e uma polícia de fronteiras desimpedido para erguer as forças de
fraca e levemente armada, com menos
defesa combinadas.
de 20 000 homens incluída nêles a pe-
Não se podia o rearma-
fôrça de marítima de pretender, que
quena polícia al-
mento da Alemanha Ocidental agradas-
guns guarda-costas.
'Ora, se aos russos, ainda naquela época
apesar da concordância, em que
tivessem êles constituído na Alemã-
dos aliados a uma con- já,
princípio, quanto
nha Oriental, uma Fôrça •— especial-
tribuição alemã, foram precisos cinco
mente terrestre—de, aproximadamente,
anos para pôr em andamento o projeto.
100 000 homens, além de conservar, por
acréscimo, perto de 30 das suas próprias
PRIMEIROS PASSOS EM BONN
Divisões, na zona de ocupação soviética.

Nossa reconstrução devia ser posta


Foi organizado um escritório em
em andamento sem perda de tempo. O
Bonn, sob as ordens diretas do
prazo de 18 meses pretendido para a ad-
Chanceler, com o objetivo de preparar
missão dos recrutas foi reduzido a 3.
o rearmamento e servir de núcleo de
Os primeiros voluntários chegaram à
um futuro Ministério da Defesa. Era
Marinha para a formatura, em janeiro
um pequeno grupo de fulicionãrios ei-
de 1956, em Wilhelmshaven, no mar do
vis, ex-oficiais e ex-sub-oficiais e de es-
Norte.
pecialistas técnicos, que trabalhavam sob

a direção de Theodor Blank, membro do A exigiiidade do prazo foi uma das

Parlamento e sindicalista-cristão, razões pelas quais objetivos anunciados


que
mais tarde, foi o Ministro da 110 começo (Exército, 400 000 homens.
primeiro
Defesa. O setor Marinha contava, mai.i Aviação, 80 000 e Marinha 20 000 em

ou menos 25 tendo a chefiá-las três anos, não foram atingidos. Mais


pessoas,
o Capitão-de-Mar-e-Guerra reformado uma outra razão foi o tardio do início

Adolf — dez depois —


Zenker, quem, em agosto de 1961, anos do fim da guerra
ocupou o cargo de Segundo Chefe do quando a economia estava em pleno auge

Estado-Maior da nova Marinha alemã. e quando muitos dos antigos militares ti-
Durante os primeiros anos, ini- nham achado boas situações na vida ci-
parte

portante dos esforços de Blank estive- vil. Além disso, esta arrancada im-

iam dedicados às negociações relativa? 11a escassez de oficiais


portava jovens
"Comunidade
à Européia de Defesa':, e de sub-oficiais, dos só uma
quais pe-
que teria significado uma integração quena parte havia-se formado na Fôrça

quase completa das forças armadas dos da Polícia ou em algumas unidades de

países em questão. Era provàvelmente, trabalho.


FROTA ALEMÃ 49

Por outro lado, a nossa indústria de freqüentemente compensará a falta de


— nos moços —
guerra havia sido completamente des- formação especialmente

mantelada e os seus dispersos. É coisa contar com arquitetos


quadros grande
A maior todas as experimentados, com historiadores, com
parte dos edifícios e
instalações eram utili- economistas, com teólogos, com homens
dos aerodromos
zadõs, alojamento de refugia- c'e negócios, etc., num corpo de Oficiais.
quer para
dos, de ocupação Êles nos fornecem os contatos estreitos
quer para as fôras
com outras que outrora nos
A situação era agravada reedu- profissões,
pela
cação mesmo faltaram.
aliada à Alemanha, que,
depois de anos de rearmamento
passados a mim, o Ministro Blank
Quanto
da zona russa, ex-
ainda se propunha de 1955- se
em dezembro
perguntou-me,
tirpar todo militar e
traço de espírito e, em
eu voltar à Marinha;
queria
tinha conseguido criar vastíssimo
um como
março de 1956, a ela retornava,
movimento "não
de contem comigo". Naval
Chefe de pequeno Estado-Maior
Isto tudo, combinado com muito pa- da Marinha do Minis-
do Departamento
peiório, teve como resultado o escasso
tério da Defesa.
numero de candidatos estágio de Ofi-
ao
c'al; não obstante conseguimos o número Como conseqüência da situação ín-

justo de voluntários engajados. certa, a nossa Marinha tinha-se preo-


Ficamos especialmente reconhecidos cupado com muito atraso da própria
ao Vice-Almirante Howard Oren instalação e teve que começar o traba-
E.
fiue Mio espalhada por 29 lugares diferentes,
sendo p Comandante da Marinha

Norte-Americana tanto nas redondezas como no interior


na Alemanh a,
'e
em de Bonn, a nossa capital provisória
1951, obtivera d|os inglêses, já em
super-povoada. A partir de 1956, aquêle
vésperas de licenciá-las, a manutenção da
número ficou reduzido a 7, e o objetivo
Fôrça de Varredura alemã, como uni-
t chegarmos a somente três.
dade ativa de trabalho. Trouxe-nos isto

os serviços de centenas de oficiais, sub* O Estado-Maior da Marinha está atu-


"oficiais
e marinheiros, e também de almente instalado fora de
precisamente
2 navios-varredores mais de algumas Bonn, com os
e juntamente Estados-

pequenas unidades de e -Maiores do Exército e da Aeronáutica,


patrulhamento
Serviços. Os ingleses forneceram-nos e com diversos serviços técnicos e de-
uma contribuição de seis lanchas-tor- civis. Servir numa cidade
partamentos
pedeiras de concepção alemã, com suas situada em terra, a apr'oximada-
plena

guarnições alemãs. mente 200 quilômetros do pôrto mais

Com os membros da marítima não é precisamente, o ideal


polícia próximo,
da fronteira se engajaram 11a Ma* para um marinheiro. Menos mal que
que
rinha tivemos um nôvo de Bonn é colônia situada à beira do Reno,
grupo pessoal
com experiência recente de mar, e qua- a via aquática mais ativa
provavelmente
se as suficientes unidades o trei- do mundo, com sua história naval que
para
namento de base. A totalidade se remonta ao 1° século depois de Cristo,
quase
da oficialidade—do Almirante à mari- quando era o Quartel-.General de uma

ílotilha fluvial romana. Po£le ver-se


nhagem—passara dez anos em ocupações

nac!á marítimas. no museu romano de Colônia uma es-


militares e tampouco

A na vida civil trela dedicada a Júpiter por um dos seus


experiência adquirida
revelar-se-á, entretanto, um achado que antigos almirantes.
50 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Reconstruir depois de unia guerra A SITUAÇÃO ESTRATÉGICA


não era novidade mim.
para Já tomara

parte, como jovem oficial, na recons- À vista da situaçao era evi-


geral,
tituição de nossa Marinha, após Pri- dente devíamos
a que formar um forte
meira Guerra Mundial. A situação Exército
an- e uma Aviação tática in-
que,
terior não deixava de apresentar suas tegrando-se no dispositivo militar frente
f.nalogias com a de 1956, embora sò- a tôda a extensão da Cortina de Ferro,
mente os navios antiquados nos teria por finalidade fechar
tinham o território
sido deixados. Todavia, da OTAN a todo assalto
naquela época, do Este. A,
dos importância das ilhas dinamarquesas
parte Estados"Maiores em terra e es- e
tabelecimentos da península de
e instalações tinham con- Jutlândia, posição es-
tratégica número um da
tmuacfo funcionando, e Europa ck> no-
podíamos partir
roeste, estava a mostrar,
para a reconstrução contando também e com
com vá-
clareza, ali haveria,
rios milhares de combatentes que igualmente,
experi-
bastante trabalho
entes e bem treinados. para uma marinha de
Não obstante,
força média. Enquanto
fizemos os estreitos di~
progressos bem mais rápidos en-
namarqueses e as terras a êles vÍ7Ín1m =
tre 1956 e 1961 durante os
que seis anos
ficarem na mão .-
,ue seguiram a ,9„ As razfc pa- ,lo Poiler N„„, °
rece-me serem as segumtes: exercer
profundamente no\^
idéia, essa, aos russos
que muito desa-
Pelo contrário, a
g;iada. queda desses
A ao haver faltado 'dinheiro.
De estreitos nas mãos dos soviéticos
poderia
fato, durante êste Parlamento perfeitamente
período o inclinar a balança no de-
tem votado mais verbas d0 que as que correr de uma terceira batalha do
'poderíamos
gastar. Infelizmente, esta Atlântico. É, pois, necessário ter em
boa época nunca mais
passou, para re- conta os submarinos e os navios de su-
tornar! perfície
russos estacionados no Báltico,
assim como também a importância
— Ainda houvesse -
que e ainda das bases de treinamento e reparos e os
as a algumas restrições às arsenais
^ quanto soviéticos nêle situados,
•dimensões dos
navios e à fabricação de Evidentemente, a principal missão da
ceitas armas minas magné- Marinha
(excluídas alemã num conflito seria a de-
ticas, armas atômicas, bacteriológicas fesa daquela A segunda,
posição. seria
químicas), não tivemos nada parecido a de
proteger o tráfego marítimo pro-
com as clásulas do tratado de Versalhes, veniente d0 canal da Mancha, encarre-
que proibiam taxativamente convocação gando-se também do mar do Norte,
de militares, submarinos e aviões e li- pelo menos a partir das ilhas do Oeste
mitavam o Exército a ioo ooo homens, e da Frísia holandesa. Merece ser des-
e a Marinha a 15 000. tacado
que esta missão secundária es-
taria fadada a adquirir crescente impor-
— Tivemos aliados nos se
que pres- tância os aliados conseguissem manter
taram ampla asistência, tanto tráfego
para o dinamarquês. Uma con-
parte
treinamento com0 o fornecimentc siderável
para dêle fazer-se-ia,
provável-
de material. Sem esta ajuda estaríamos mente, também através do mar d0 Norte.
sein_ dúvida, muito em atraso na exe- Os fatores principais a serem consi-
cução dos nossos planos. derados para melhor determinar os ti-
FROTA ALEMÃ 51

pos de navios necessários a uma Ma- possível, dos portos, em casos


quanto
nnha alemã e seu seri- de urgência.
o equipamento
am,
pois: Êsses navios auxiliares estão incluí-
a) — A força, composição e dispo-
dos 11a limitação das 3 000 toneladas.
sição da Marinha russa. A Alemanha, estava
porém, precisando
b) — A situação das rotas mariti-
de alguns navios abastecedores armados,
mas e dos do alemão
portos oeste pró- de ooo ou 6 000 toneladas. Conside-
5
ximos à Cortina de Ferro. ainda, não mais é
re-se, que possível,
c) — A forma as reduzidas di-
e na atualidade, dotar os contratorpedeiros
mensões da costa da Alemanha do Oeste -
ou as fragatas de até 3 000 toneladas
d) — Os baixos fundos do Bálticc
de deslocamento, de equipamento ade-
e do mar do Norte, não excedem
que ou seja: de teleguiados anti-
quado;
praticamente de ioo braças; o tor- torpe-
que aéreos e de artilharia contra os
na mais importante a varredura que deiros, ou outros objetivos análogos,
a luta anti-submarino.
além das instalações anti-submarino.

Por isso, na primavera de 1961, a

União Européia Ocidental elevou o li-


O PROGRAMA NAVAL ALEMÃO
rnite da tonelagem até 6 000 toneladas

para 8 navios de combate e 12 auxilia-

Considerando a situação especial dos res.


estreitos dinamarqueses o eventual ad-
e O reatamento das construções navais
versário, a OTAN fixou a Força da foi mais difícil do que nós esperáva-
Marinha Federal em 12 contratorpedei- mos. Conseguimos rapidamente os ar-
ros, 6 contratorpedeiros de escolta, 40 senais para os varredores, construídos
lanchas-torpedeiras, 12 submarinos, 54 de madeira, e para as lanchas-torpedei-
varredores-costeiros rápidos, lança-mi- ras; de 17 meses
4 precisamos, porém,
nas, engenhos de desembarque e vencer os degraus da
36 58 para primeiros
aviões de linha de reco- construção dos contra-
primeira (48 quatro primeiros
nhecimento 10 anti-submarinos). Os torpedeiros e ainda de mais
e permitidos,
navios de superfície não exceder tempo, os submarinos. Fizermos,
podem para
de toneladas e os submarinos, de fim, e dois contrator-
3000 por progressos,
Acham-se estudo — O Hamburg e o Schleswig-
35o- atualmente em pedeiros
aumentar número de lan- -Holstein — foram lançados ao mar em
planos para o
chas-torpedeiras e de aviões a serem 1960.

construídos.
O primeiro submarino caiu na água

Todos os navios e aviões ficarão in- no fim de 1961. Com seu deslocamento

corporados a OTAN, logo êles es- de somente toneladas, os submarinos


que 350
tejam em condições de operar. Sob só ser do tipo convencional. Po-
podem
domando nacional só ficarão alguns rém, suas reduzidas dimensões fazem-
-nos nas águas
pequenos utilizados princi- utilizáveis costeiras ou
patrulheiros,
palmente na contínua vigilância do Feh- nos mares marginais, como o Báltico.

niarn Belt desemboca no Grão Receber, por empréstimo, 6 contrator-


(que
Belt), alguns navios escola e ati- pedeiros norte-americanos também nos
para
vidades experimentais, além de uma levou mais tempo do previsto. Foram

frota de serviços, criados tornar a êles, todos, armados em Charfeston


para
Marinha alemã independente, tanto (Carolina do Sul) ; o último em abril
52 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

de 1960. Têm-nos sido preciosos para — As Bases da Frota e dos Coman-


o treinamento; ca mesma maneira qu:* dos Costeiros do mar do Norte e do Bál-
as 7 fragatas tipo Hunt, compradas na tico um pouco semelhantes às Prefei-
Inglaterra. turas Marítimas francesas. Êste Co-
O primeiro contratorpedeiro escolta de mando é responsável pela Logística, as
concepção e construção alemãs — o Comunicações e a parte naval da De-
Koten — de 2 200 toneladas, foi armado fesa das Costas.
em 1961. Seu aparelho propulsor com-
— As escolas, que abrangem a Es-
preende 4 diesels de 3 000 CV para na- cola Naval, a Escola de Sub-oficiais, as
vegação em cruzeiro, e 2 turbinas a gas diversas escolas especializadas, um regi-
de 12 000 CV, para grande velocidade mento para a Base e navios-escola.
(aproximadamente 30 nós) . A adapta- Êste Comando não é só responsável pela
ção <!e dois diesels e uma turbina a formação individual de todos os Oficiais,
gás no mesmo eixo tem funcionado Sub-oficiais e marinhagem; dirige, tam-
muito bem, até agora.
bém, o treinamento técnico e de armas,
Já oom os propulsores Voith Sen- agrupados sob as rubricas Máquinas e
neider, nos varredores rápidos de 200
Segurança, Armas e Transmissões.
toneladas, não fomos tão felizes. Mos-
traram-se muito bons e manejáveis nos Os Comandantes das Forças Navais
"R-Boot", — os Alemães no Báltico (Com Nav Ger
precursores, menores
e mais lentos, dos varredores rápidos. Balt) e no mar do Norte (Com Nor
São excelentes quando é necessária ma. Sea Cent) acham-se integrados na or-
nobra sucessiva, e muito bons para tra- ganização do Comando da OTAN: o
balhos de reboque; porém a sua veloci- primeiro, sob o Comando Norte-Euro-
dade máxima parece não ultrapassar os pa; o segundo, sob o Comando Centro-
20 nós. Tivemos, assim, que desistir -Europa. Entre esses, divide-se a res-
deles para os nossos varredores de 24 ponsabilidade pelas operações de todas
nós, dotados de hélices de passo varia- as forças alemãs anexadas à OTA-N.
vel. Destacamos que nossos varredo- Até o verão de 1961, Cinb-Fleet tinha
res costeiros são inteiramente de ma- a0 seu cargo o treinamento tático e os
deira e colados, sem cavilhas nem re- exercícios nacionais. Em caso de alar-
bites. O temor de vermos essas peque- me, só lhe cabia treinar reservas. Não
nas embarcações se dissolver no mai era aquela uma boa solução. Mais tarde,
mostrou-se absolutamente infundado. porém, tomou a seu cargo o controle
das Forças Navais Alemãs d0 Báltico,
o que o situou em mais estreito contato
ORGANIZAÇÃO DA MARINHA com as missões OTAN da Alemanha.
O Estado-Maior da Marinha é — como
A organização de nossa Marinha é os das forças armadas do Exército e
simples; a do Ministério da Defesa o da Aeronáutica — um dos dez Depar-
parece. tamentos d0 Ministério da Defesa, para-
A Marinha acha-se dividida em três lelos e iguais em direitos (com uma
Comandos principais: exceção: o Estado-Maior das Forças
1 — A Frota, que abrange diferentes Armadas pode, em certos casos, dar di-
ramos (aérb-naval,. contratorpedeiros, retamente diretrizes às três armas).
lanchas-torpedeiras, varredores, Força Estes Departamentos acham-se direta-
anfíbia e submarinos). mente subordinados ao Ministro da De-
FROTA ALEMA 53

tesa, é Os nossos homens engajam-se por, 3


que uma personalidade política.
0 seu adjunto, de Estado, anos e reengajar por mais três
o Secretário podem
e um funcionário da mesma ma- Os superiores servir até
civil, oficiais podem
neira 60 anos. Os sub-
que os Chefes dos Departamentos os 55 e mesmo até os
de Pessoal, -oficiais fazem, via de regra, 12
Técnico, Administração, por
Orçamento, Infraestrutura e Compras. anos de serviço.

Neste sistema, o e os técnicos Estava utilizar somente, en-


pessoal previsto
(pesquisa, desenvolvimento e fabrica- com exceção dos oficiais da
gajados,
ção) foram retirados dos exércitos i. Reserva, dos Aspirantes e de alguns

centralizados, sob o conhecido dos era necessário


pretexto especialistas, quais
de "evitar
a acumulação de empregos". uma reserva.
possuir
Isto tem levado como
a sérios aborrecimentos. Nestes últimos anos, entretanto,
O é o Ministro na
pior que (ou, conseqüência da abundância de emprêgo
sUa ausência, de na-
o Secretário Es- na indústria e do brusco declínio da
tado) tem. resolver
que pessoalmen- tal idade de há vinte anos, não houve
te cada sôbre a dois dos Até
questão qual número suficiente de candidatos.
dez Departamentos não conseguem se agora a Alemanha tem superado
Por de acordo, quer se trate da nomea- causa do
as suas dificuldades, por
Çao de um oficial, quer da escolha de navios e
atraso na construção dos
um canhão contra uma nova blindagem,
porque mais da metade dos engajados
quer de qualquer equipamento aeronáu- não sub-
que conseguiram formar-se
tico, de
quer de um nôvo colete salva- oficiais têm reengajado. No futuro,
niento. comum — do
Se o senso qual serão necessários mais recrutas. Atual-
não se muito — não agir,
pode exigir mente o serviço é de um ano, excessiva-
não existirá organismo intermediário mas os
mente curto para a Marinha;
capaz de estudar os e deci- arma
problemas homens que querem servir em ou
dir são os de importância bas- êles ficam obriga-
quais unidade por escolhida
tante serem levados até o Minis- fazer depois os seis meses de trei-
para dos a
tro. namentos de reservistas, os outros
que

fazem mais tarde. Ainda assim, 18 mê-

PESSOAL E FORMAÇÃO ses escassamente são bastante e somente

bastam no caso da formação ser adap-

tada a tal situação. (1) .


No verão de 1961 contava a Marinha
aos alunos para o oficialato,
Federal com, aproximadamente, 2 000 Quanto
o é conseguir 300 por ano,
oficiais 8 sub-oficiais e 14 500 ma" próposito
500
até o interstício de dez anos seja
rinheiros, a Marinha que
para pròpriamen-
superado. Nos porém, tive-
te dita. 1 000 homens da primeiros,
Somando.lhes
rnos nos contentar com 200 e até
Defesa do Território, os do Ministério que
menos. Só conseguimos atingir,
da e dos com
Defesa e o pessoal das Escolas
vez, os em 1960, gra-
pela primeira 300,
Estabelecimentos das Forças Armadas,
ao aperfeiçoamento da nossa técnica
chega-se de 26 000 homens. ças
a um total
relações O que atrai os
de públicas.
O mais é o do inters-
problema grave
tício de dez anos na dos ofi-
pirâmide
ciais e dos sub-oficiais. Seguindo-o, de
1962, a duração do serviço foi
número su* (1) Desde
perto, está o de encontrar
aumentada para 18 meses.
ficiente de voluntários.
54 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

moços é a boa formação que êles estão da Frota, e mêses de Máquinas


quatro
certos de receber e a alta qualificação e Segurança.

ao trabalho dêles esperado; as perspec- Logo, a seguir, separam-se, fa-


para
tivas de experiência humana a ser ad- zer um curso, de duraçãlo de dois meses,

quirida no trabalho de equipe a bordo especializado em armas (canhão, tor-


e na ocasião das visitas aos países es- armas anti-submarinos,
pedo, minas,
trangeiros. varredura) . Por fim, depois de mê-
39
de formação dos oficiais ses, são embarcados, vão rece-
O sistema quando

alemães inclui, 110 início, três mêses de ber formação complementar de pilo-
formação militar elementar, em terra tos.

do mar e com alguma Desta maneira, todos os Oficiais re-


(porém, próximo
formação marítima) ; três mêses de for- cebem a mesma formação de base, e

mação marítima a bordo do navio de terão mas tarde, as mesmas chances

três mastros (Gorch Fock c!e chegar aos de comando. Para


(muito pare- postos
"Coast
cido com o Bagle! dos Guard" êstes, precisa-se menos de especialistas

norte-americano) e três meses de for- • de homens


; que possuidores de senso de

mação técnica elementar, durante os comando, dom de organização, conheci-

os .alunos estudam a natureza dos mento dos homens e das coisas da Ma-
quais
metais e seu trabalho: aprendem a pôr rinha, e, aliás, de uma base de educa-
em funcionamento, conduzir e reparar ção, uma idéia dos problemas políticos
"hou-
diesels, máquinas a vapor e caldeiras e, se possível, com senso de

instaladas em terra. A nossa divisa é: mour".

lodo oficial de Marinha é técnico. Os resultados dêste sistema de for-


mação são já promissores; ainda
Ao completar êste curso fundamental, que
tendo que fazê-lo numa forma abreviada;
todos embarcam nos Navios-Esco^a a
39 mêses em vez dos 51 desejados. A
vapor (ex-fragatas inglêsas) Hipper
especialização vem após, em estágios
c Graf Spe,e. O nôvo Deutscliland, de
superiores necessários, nos nossos
toneladas, em pró-
4.200 provavelmente
prios estabelecimentos e, em alguns ca-
grupo com uma fragata, será em breve
sos, em escolas técnicas e Universidades.
assim utilizado.
Um pouco ambiciosamente, chamamos
Os alunos passam nestes navios seis o ciclo completo de formação e estudo
(e, pròximamente, nove) mêses, durante "Stu-
dos nossos oficiais de marinha de
os quais fazem um longo cruzeiro, como, dium General Navale".

por exemplo, a América do Norte e do


A cooperação com as outras armas
Sul. A terça parte do trabalho dos Ca-
é boa, ainda que a Marinha, sendo a
detes é dedicado às armas; outro têrço,
menos numerosa, Exército conta atu-
(o
à navegação, que abrange o CIC e as
almente 200.000 homens entre oficiais
Transmissões; e o outro têrço, as má-
e soldados e a Aeronáutica,
70.000)
quinas e segurança.
encontre ás vezes, certas dificuldades

Vão, logo a seguir, cursar um ano na para se fazer ouvir e compreender.

Escola Naval em Diversas instituições das Forças Ar-


(Marineschuler)
Flensburg-Mürwil, ali adquirirem- madas deveriam permitir o melhora-
para
maior base teórica em ciências, história mento dessa situação. São elas:

naval, tática, comando e conhecimento A Escola de Guerra das Forças Ar-

geral da Marinha a bordo de unidades madas é inte-


(Fuhrungsakademie) que
FROTA ALEMÃ 55

gyada pelas escolas de Guerra do Exér. OTAN. Maior standardizaçãlo torna-se


clto, da Aeronáutica e da Marinha, urgente, tanto do ponto de vista logís-
?-eus cursos duram 2 anos e, durante tico e financeiro, como do dos manuais
0 segundo ano, as três armas ficam sinais e tática. De modo geral, a coo-
Misturadas, tanto
quanto possível. peração com as Marinhas aliadas se
A Escola de Comando e Morai tem desenvolvido muito melhor do que
(Schule fur Inner Fuhrun) que ensina, se esperava. Do começio insistimos em
atualmente em breve estágio, a todos
que o maior número possível, tanto de
°s oficiais designados Oficiais como de sub-oficiais, apren-
para um comande
lle Batalhão ou desse o inglês e se pusesse a estudá-lo.
para posto equivalente
conio tratar e conduzir seus homens. Em poucos anos todos os oficiais, a
fcsta. escola é muito necessária em tem- maior parte dos sub-oficiais e certos
P°s de guerra fria. especialistas, principalmente em rádio e
A Escola de Logística (Schule für leme, terão suficiente conhecimento do
Eogistik), na
qual a Marinha está bem inglês.
representada, e onde todos os oficiais
A instrução, em grande parte, tem sido
adquirem as noções necessárias sobre a realizada nos países aliados: enviamos
•mportância do domínio <}o mar
e dos aos Estados Unidos as tripulações dos
transportes marítimos.
seis contratorpedeiros emprestados e
Nas costas mantemlos bons contatos das seis LSM e, nos primeiros
com os comandos e as unidades locais anos, a maioria dos pilotos. Houve
"o Exército. Até o
presente momento a quantidade de outros cursos, estágios
¦Marinha não conta com "Fuzileiros", de instrução e breves períodos a bordo
afora um pequeno "Batalhão Naval" dos navios da VI Frota norte-america-
para os equipamentos de praia. na. Estas visitas foram organizadas não
Cooperamos estreitamente com a Ae. somente para os Oficiais e sub-oficiais
fonáutica em todas as
questões de ins- da Marinha, mas também para Oficiais
trução e material aeronáutico. No co- do Exército e da Aeronáutica, para fun-
n'èço, ios nossos cionários civis do Ministério da Defe-
pilotos recebiam sua
formação elementar nos Estados-Unidos, sa, para políticos e jornalistas e, na
principalmente em Pensacola; mas, atu- primavera de 1961, para 20 jovens ofi-
alniente, são instruídos na Alerhanha. ciais das três armas, premiados num
Continuamos, porém, a mandá-los aos concurso literário organizado pelo Ge-
Estados-Unidos e à Grã-Bretanha para o neral Heusinger. A sexta Frota tem-nos
treinamento especificamente naval, como prestado, assim, imensa ajuda para a
s<*ja a luta anti-submarino. melhor compreensão das questões ma-
A Aeronáutica ocupa-se também, de rítimas e do Pbder Naval no nosso país,
nossos problemas logísticos, peças soltas, de espírito continental.
etc. É uma das razões pela Também a Grã-Bretanha tem-nos for-
qual as duas
armas procuram, tanto quanto possível, necido ajuda considerável. As nossas
ter os mesmos tipos de aviões e helí- esquadrilhas da Aviação Naval recebem
copteros. Dentro de certos limites — seu treinamento tático na Escóssia e na
está claro — porque as condições sobre Irlanda do Norte e ali recebem o seu
o mar são diferentes. Pode-se lamentai" armamento.
que ainda existam demasiados tipos de Cada ano, alguns dos nossos Guardas.
aparelhos produzidos no interior da -Marinha tomam parte na viagem dé
56 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

instrução do Cruzador-Escola francês deiras na Inglaterra e duas na Noruega;


Jecmne d'Are, com excelentes resulta- os canhões t'e 100 mm dos nossos con-
dos. Enviamos, também, um Oficial a tratorpedeiros e torpedeiros de escolta,
assistir a cada sessão da Escola de na França; os de mm, 11a Itália na
40 e
Guerra Francesa, e é na França onde Suécia. Todos nossos aparelhos de dire-
'formamos os nossos submarinistas e de tiro,
ção na Holanda: torpedos e
mergulhadores de combate. minas vêm dos Estados Unidos e tam-
A troca de Oficiais o bém torpedos e minas "tactical
primeira para e um
serviço efetivo e permanente realizou-se teacher da Grã—Bretanha; algumas em-
"US
na primavera de 1961 entre a Navy barcações engenhos
e de desembarque,
"Marineschule",
Academy e a ptira dos Estados-Unidos e três reabastecedo-
os estudos de tática naval, história e ies, da I' rança. Isso
para não citarmos
idiomas. A cooperação com as Marinhas irais
que alguns exemplos. Não temos a
dos nesos visinhos é especialmente es- intenção de montar unia indústria com-
treita. Nossas formações tomaram de armamentos
parte pleta no nosso
país
nos exercícios da OTAN, a daí
partir

primavera de 1957, o que era, aliás,


VISITAS
um se conSiderásse- AO ESTRANGEIRO
pouco prematuro,
mos o quanto ainda tínhamos apren_
que
der, algumas vezes, desaprender). Durante seus exercícios
(e que e seus cru-
Depois, as nossas zeiros de treinamento,
possibilidades melho- nossas unidades
raram consideràvelmente, visitaram numerosos
embora per- portos do Atlântico,
durasse a excessiva, mudança e dos mares vizinhos: de Stambul
nas tri- e Ate-
i?as a Reijavick; de Toronto
pul ações, como conseqüência do período
a Buenos

te construção e expansão. Aires. Foram em tôda recebidos


parte
da maneira mais hospitaleira: o
Os exercícios regulares, sob comandos que não

podia ser, razoavelmente, esperado, de-


alternados,"das nossas lanchas-torpedei-
pois de tudo o se 110 decor-
ras e de suas homólogas dinamarquesas que passou
rer da metade do século.
e norueguesas, nas águas dos primeira Não
estreitos
houve incidente de
dinamarqueses, têm-se revelado qualquer caráter po-
extre-
litico que lamentar, se excetuarmos
mamente úteis. Outro tanto al-
pode-
-se gumas raras demonstrações comunistas,
dizer dos exercícios dos nossos con-
sem qualquer eco. Parece isto uma
tratorpedeiros com os dos holandeses, alen-
e
tadora da melhor compreensão
dos nossos varredlores com os dos prova
bel-
entre as nações atlânticas uma
Os nossos aparelhos da e justifi-
gas. Aviação
cativa de nossa formação e de nossa
Naval têm utilizado, em diversas oca-
instrução.
¦siões, os aeródromos holandeses e bri-

tânicos e extenderam suas operações

até Brest. A NOVA DISCIPLINA


Nesta ordem de idéias inte-
parece
ressante destacar adquirimos, e
que já A formação e instrução das novas
continuaremos adquirindo, Forças
grande par- Armadas Alemãs foram baseadas
te de nossos armamentos, munições e "cidadão
11a concepção do
(statsburger)
equipamentos nos aliados. Assim:
países fardado" que, logo no início, foi muito
seis varredores costeiros foram construí- discutida entre nós, as vezes olhada com
dos em Cherburgo; duas lanchas-torpe- até
ceticismo e mesmo ridicularizada,
FROTA ALEMÃ 57

*o decorrer dos de ser- de Guerra direito de


meus 47 anos vios o punir os
VlÇ0, tenho conhecido por experiência membros da sua guarnição. De maneira
motins e revoltas, guerra civil e várias geral, o nosso sistema tem funcionado
1 evoluções
de diversas espécies, e sou de modo tolerável, ainda que gastando
muito favorável muito e deixando muitas vezes
a esta concepção, espe- tempo
ci.almente levados em
quando se encontra um bom sem serem devidamente
equilibrio militares de um as-
entre direitos e deveres. No conta os aspectos
inicio,
alguns dêsses reformadores acen-, sunto. Em todo o caso, os oficiais de-
tuavam disciplina-
mais a ao indivíduo vem tratar todas as questões
proteção
em serviço estabelecer
nas Forças Armadas, os res com cuidado e procurar
que
deveres
para com o serviço do seu uma boa disciplina próprio exem-
país; pelo
porém, um melhor entrosamento está, e sua ascendência, melhor
pio por que
pouco a Tudo simples ordens. E nêsse
pouco, produzindo-se. por ponto que
tem sido "cidadão
feito para nossos aparece o fardado" Ao incor-
garantir que
homens
sejam tratados conveniente e às forças Armadas, a moci"
porar-se
humanamente,
e para que entre êles não dade deveria já ter um conceito claro de
existam trotes, nem exercícios civismo. Deveria conhecer os funda-
pouco
1 azoáveis
em oposição aos exercícios mentos da democracia, como também
c!e combate; êsses, sim, muito necessá- os dos regimens totalitários.
perigos
rios.
Deveria ter consciência dos próprios di-

regras e o uso da disciplina foram reitos e deveres e achar-se mentalmente


muito mudados: e desejosa de fazer alguma
Não há mais conselhos preparada
de coisa a defesa de seu
guerra. Os casos mais graves devem para país.
ser entregues a um tribunal civil, ainda Isto, todavia, não é fácil numa nação
mesmo no caso dêles terem tido por pai- nestas últimas décadas, tem sofrido
que
um estabelecimento militar serem
Ço ou tantas e tão radicais mutações e onde
mteiramente limitados todas as instituições mudaram muitas
ao domínio mili. ve-
tar • zes
Quanto aos casos especificamente e tantos valores tem sido destruídos.
militares,
po:!em constituir-se para êles, Até mesmo a tradição não é fácil de
"a ocasião,
tribunais especiais, com juí- restaurar numa Marinha somente
que,
zes civis
para presidi-los, e mesmo uma 110 século atual, já hasteou seis pavilhões
colisão entre um torpedeiro e um iate diferentes. Êste só ser
problema pode
da Marinha é submetida a um tribunal resolvido um estudo competente e
por
civil normal. sóbrio de nossa história geral e naval

O tendo como idéia diretriz não a idolatria


direito a castigar de um Oficial era
bastante de homens e de feitos, nem a supressão
limitado. Podia repreender ofi-
cialmente dos acontecimentos históricos desagra-
um homem; dar-lhe trabalhos
suplementares; dáveis, e sim o exame criterioso do
suprimir-lhe uma licença
ou nosso marítimo, a fim de apren-
uma parte de seu ordenado. Ainda passado
há entretanto, der dêle e lembrar quanto se tenha mos-
pouco, não podia prende-
~Jo
a bordo sem a es- trado bom.
confirmação, por
crito, de um Com tôda a evidên- Procuramos ensinar aos nossos ho-
juiz.
cia, assim não se ir a frente mens a diferença entre as do
podia para guerras
a bordo de um navio; e, na e a situação com a sua
primavera passado presente,
de 1961^ o Parlamento votou um regula- ameaça de atômica e os perigos
guerra
"cidadãos
tnento dando aos comandantes dos Na- de sua guerra-fria. Como far-
58 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dados" não devem desejar a guerra; tempo livre. Entretanto, por meio de
porém, se o Ocidente fosse atacado, êles conferências e debates, damos aos nossos
devem achar-se firmemente resolutos a Oficiais aos
e nossos outros homens uma
combater até o último extremo. Deve- noção da fria
guerra e dos seus deveres
riam ser capazes de reconhecer as tá- ela.
perante
ticas da guerra fria, como o seu assalto, Em resumo:
podemos dizer que se na
quase cotidiano, pela propaganda e pela redonstrução de nossa Marinha não atin-
espionagem. Devem aprender a desmas-
gimos por completo os objetivos fixados
carar a difamação e a calúnia, vendo enl I95S> «uma idéia um dema-
pouco
nelas um sintoma de fraqueza. Devem, siado otimista da situação do npsso pais,
pois, ser bem informados sôbre as con- temos, porém, feito sensíveis progressos
(lições intelectuais e sociais do nosso
para a criaçao de uma Marinha com
lado, como das do campo adversário. objetivos limitados ao seio de nossa
O nosso objetivo é aumentar a confi- aliança e, assim o espero, com horizonte
ança em nós mesmos e evidenciar as ilimitado.
fraquezas do adversário (sem subestimar, O nosso objetivo é formar uma Ma-
seus pontos fortes) e, finalmente, des- rinha esteja a fazer
que pronta a guerra,
truir a base ideológica do inimigo. sem desejá-la; coopere
que bem com as
Uma metáfora alemã diz os rus- Marinhas
que aliadas; constitua uma
que
sos — como os outrios povos— a única do
parcela poder material necessário
coisa que fazem é ferver a água, usando
para precáver-se contra a guerra quen-
hàbilmente o vapor assim obtido te, e também
para do poder moral preciso
submergir o mundo livre no nevoeiro
para ganhar a guerra fria, obtendo, as-
e ocultar-lhe as fraquezas.
próprias sim, uma paz autênticamente durável.
Formar uma Marinha em alguns anos,
— "Revue
partindo do zero e, as vezes, até de da Maritime"
(Traduzido da
menos zero — não nos deixa —
muito França P. de Miranda.)
por
A MARINHA PAPALINA

Charle H. Jenrich

Difícil é acreditar, sem dúvida,


^ue um exclusivamente
govêrno
dedicado
à paz, como é o caso do
Vaticano,
tivesse uma
possuído
Marinha
de Guerra. Mas o que
a imaginação não aceita
porém
e o fato de que essa Marinha
"aja
se engajado em luta ar-
^ada recrutando fôrça armada
Para combater, treinando ofici-
a*s e
guarnições na arte de lutar
a bordo. É bem de ver que, essa
fôrça
sendo expressiva, a Mari-
nha Papal fêz mais do que man-
ter a
paz no Mediterrâneo por
1 000 anos, no seu tempo,
porque
salvou
dezenas de milhares de
Cristãos
da escravidão, comboiou
Navios mercantes, cos-
vigiou as
tas contra invasões bárbaras e
Mandou expedições auxílio
para
dos Uniformes utilizados pela Marinha Pa-
estabelecimentos cristãos na
Terra palina no século XIX.
Santa.

O começo da Marinha Papa-


Üna ser no sé- intensamente contra um inimi-
pode encontrado
culo — os maometanos — o ^ra-
VIII da Era Cristã e conti- go
fiuado embora dicional flagelo de tôda a Cris-
potencialmente,
na sua forma modesta, até a tandade.
pri-
ttieira metade do século XIX. Durante aquêle longo período,
Através de tôda sua história, a a luta foi constante, diminuindo
Marinha do Vaticano lutou mais apenas os bárbaros
quando ti-
60 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nham de renovar suas frotas, tingente de soldados armados


substituindo as embarcações com armas as mais modernas.
afundadas ou perdidas no con- Chefiados pelo Papa, em mar-
flito. ço de 877, eles lutaram e derro-
Uma das maiores tristezas dos taram a frota sarracena ao lar-
Soberanos Pontífices era ver a go de Terraciano, capturando 18
indiferença dos mandatários eu- galeras e libertando os 600 escra-
lopeus para com o tormento pro- vos que estavam acorrentados
vocado pos essas hordas de bár- aos remos. Foi uma aventura
baros que constantemente ata- custosa para o Estado Papal,
cavam o litoral dos países cris- mas demonstrou a vantagem de
tãos e escravizavam o povo da- ter, o Papa, sua própria esqua-
quelas plagas. Desde o começo dra para deter os infiéis, antes
todos os esforços foram feitos que tivessem oportunidade de
para unir os Estados Europeus desembarcar. Outras tentativas
numa causa comum; mas, infe- foram feitas antes que perdessem
lizmente, foram infrutíferos. Ali- os Sarracenos todo interesse
ancas nesse sentido eram feitas nessas incursões. A guerra acen-
muitas vezes, porém logo desfei- deu-se novamente quando um
tas pela traição. Quando a Es- renegado cristão, Megehid, de-
panha baniu os moslemitas — sembarcou 10.000 soldados na
seita de árabes — muitos deles Sardenha. Benedito VII expul-
se estabeleceram no litoral nor- sou-os com auxílio dos habitan-
to da África, bordeando o Medi- tes de Pisa, Gênova, e Nápoles.
terrâneo e "facilmente transfor- Durante o período do Papa
maram-se em piratas, para vin- Vitorio III, uma frota de 300 na-
garem-se, principalmente, dos vios foi mandada ao encontro
espanhóis e também de toda a dos Sarracenos e o sucesso da
Cris tandade. vitória despertou o interesse dos
Quando os sarracenos invadi- Estados Europeus em cooperar
ram a costa do Mediterrâneo, com o Vaticano nas batalhas
eles penetraram profundamente contra os piratas maometanos.
nas províncias da Itália. Derro- Mas estes entendimentos não
tados e expulsos para o mar, re- duraram muito e todos os Papas
uniram suas forças para nova tiveram o mesmo problema em
sortida em terra. O Papa João convencer as potências européias
VII em vão tentou conseguir a se unirem. Em 1074, quando
auxílio de Carlos, o Calvo, Impe- os turcos aliaram-se aos piratas
rador do Oeste, e de Basílio, o das costas africanas, o Papa Gre-
Macedônio, Imperador do Leste. gório VII tentou levantar os
Com esta recusa, decidiu o Papa, reinantes visinhos contra os
construir sua própria frota de corsários em suas novas incur-
galeras a lutar com os inimigos soes às cidades litorâneas e na-
no mar. Estes navios eram im- vios; ninguém, entretanto, quis
pulsionados por remos, em nú- ouvir seus alarmes. O Papa Ni-
mero de 100, e levavam um con- colau IV também falhou nessa
A MARINHA PAPALINA 61

fissão e, em 1291, num supremo escondidos em diversas ilhas e


esforço,
fretou 20 vene- libertando mais de 100.000 es-
galeras
zianas
e às mesmas mais cravos cristãos. Nenhum Papa
juntou
t;ez de sua Marinha trans- fêz mais aliviar a tensão
para para
Portar 2.500 soldados iam causada maometanos do
que pelos
combater
as forças egípcias. Calixto III. Pode
que parecer
Numa
luta desesperada, a Es- um referirmo-nos a
paradoxo,
Quadra Papal foi derrotada, mas êste homem de vestes sacerdo-
conseguiu "Papa
evacuar os habitantes tais, como o Guerreiro"

daquelas terras e levá- certamente obteve mais re-


^ristãos que
«>s
para Chipre. sultados com uma Ma-
pequena
No século XIV os turcos de- rinha comandada um Car-
por
m°nstraram
tanta fôrça e audá- deal do um homem de
que por
C1a nos seus reides os armas, mercenário. Nos
que, países um três
europeus
não obstá-los, anos de luta o cardeal Scarampo
podendo
criaram
uma situação de des- e seus comandados detiveram as
êraça todos os
para cristãos. hordas bárbaras. Seu nome e o
Providências
drásticas foram en- da Marinha Papal tornaram-se
tao
tomadas sob a direção de temidos entre os chefes otoma-
«¦oão
XXII estabeleceu uma nos. Êste
que sucesso somente foi
Aliança
com os soberanos daque- obtido Calixto III
porque era um

j;es países. A esquadra otomana homem determinado, um homem


íoi
afundada no mar de Márma- não acreditava
que nas
promes-
a despeito dos desastres an- sas escritas reis
dos europeus.
£a,
feriores. Com a morte dêsse Mas o homem não é imortal,
Papa
a aliança se desfêz e nova- e, no século XVI, novos líderes
uiente
a Marinha Papalina ficou haviam tomado conta dos dois
sozinha
defendendo as costas dos lados do Mediterrâneo. Os pi-
países cristãos. ratas das costas africanas tinham
Dependendo apenas de seus controle desde Alger até Alexan-
recursos,
o Papa Calixto III cons- dria. Alguns de seus melhores
truiu
um estaleiro no Rio Tibre, capitães eram chamados
pelos
e em curto êle tinha uma turcos e com o de almiran-
prazo pôsto
esquadra
de galeras e embarca- te, comandavam as expedições
Ções de transporte. contra os cristãos. O Pa-
países
A esquadra formada foi Inocêncio VIII, comba-
posta pa para
^ob o comando do cardeal Sca- tê-los, formou esquadrões cons-
rampo
que nomeou Velasco Fari- tando de quatro galeras com 50
nha, de remadores homens
Portugal, Vice-Almiran- e 50 de armas
te. O cardeal em 1465 le- em cada uma. Uma plataforma
partiu
vando "Rembata"
1.000 marinheiros e 5.000 chamada foi
posta
soldados;
o armamento na proa de cada embarcação,
pesado
dessa frota consistia em 300 pe- para que os atiradores exímios

Ças de artilharia. Esta nova es- melhor atingir às na-


pudessem
quadra navegou no Mar Egeu ves corsárias. Desta forma os
P°r 3 anos, caçando os turcos navios do Papa destruir
puderam
1

62 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

as frotas antes estas vidos aos Imperadores Carlos V e


piratas que
conseguissem desembarcar os Felipe II da Espanha, seu filho.

combatentes. A Marinha Papalina passou


então, várias vicissitudes.
por
Nêste mesmo século, a Mari-
Na batalha de Jerbah foram
nha do Papa a várias
juntou-se afundadas tôdas as galeras.
expedições a libertação do
para São Pio concordou em
Quando
Santo Sepulcro. O Papa Clemen-
juntar-se à República de Veneza
te VII enviou 12 galeras para to-
para defender Chipre, teve que
mar na campanha liderada
parte comprar as 12 dos vene-
galeras
Carlos V quando a esquadra,
por zianos e equipá-las às suas eus-
sob o comando de Andréa Dória, tas.
tomou uma possessão turca ao
Os turcos aumentavam suas
sul da Moréa. A Marinha Papa-
incursões dia a dia e a situação
lína também enviou 12 galeras era desesperadora. Somente

para a expedição invadiu


que quando estes foram derrotados
Túnis e libertou milhares de es- em Lepanto (1571) é que se ali-
cravos cristãos mantidos viou a tensão.
pelo
infame Barbarroxa. Os desastres A galera naquêle tempo e até
que teve nesse foram de-
período o fim do século XVIII era uma

embarcação de 54 metros de

comprimento e bôea de 6,60 me-

tros.

Tinha dois mastros com velas

triangulares e cinco canhões sob

a plataforma da proa. A pôpa


era adornada de incrustações

douradas.

Grandes remos de 14 metros


eram usados em tempo de cal-
maria e em combate, ao passo
que os de 9 metros eram usados
em condições normais. Com o
tempo, os remos foram abando-
nados e a usar sòmen-
passou-se
te a vela. Também a potência
das de artilharia e as tá-
peças
ticas de receberam
guerra gran-
des aperfeiçoamentos. Os pira-
tas de Argel a enver-
passaram

gar as bandeiras dos navios


que
perseguiam, artifício êste que
somente era reconhecido
quan-
Ga.leaça de três mastros utilizada no do já era muito tarde para que
Mediterrâneo no século XVIII o navio fugisse.
perseguido
A MARINHA PAPALINA 63

Os corsários então abordavam- do Papa, mercantes e de guerra,


•nos
e, depois de assassinarem foram confiscados e utilizados
todos a no transporte das tropas
bordo, roubavam a carga. para
as costas da África. Afundados
No tempo de Benedito XIV, a
base ou êstes navios, a Mari-
de operações Marinha perdidos
da
Papal nha Papal não existia no comê-
era Civitavecchia, o prin-
cipal ço do século XIX.
pôrto da Itália. A esquadra
então
estava reduzida a poucas
c
pequenas O Santo Pa-
galeras.
dre comprou, da Inglaterra,
duas fragatas, de 30 a
peças,
»an Pietro e a San Paolo,
que
chegaram
um ano depois. Pouco
niais
de um mês depois, esta-

patrulhando as rotas co-
lnerciais
com tripulações italia-
nas.
As duas embarcações ataca-
ram
e em fuga uma
puseram
frota
de se apresta-
piratas que
Va
para atacar um comboio de
cargueiros
holandeses e genove-
Ses-
No mesmo ano a San Paolo
A corveta "Immacolata
perseguiu Concezione."
e capturou uma nave
oérbere
de 94 peças. Os armado-
res e mercadores viram crescer, Napoleão Bonaparte,
porém,
dia a dia, a segurança das via- o Papa Pio VII com
presenteou
gens no Mediterrâneo. dois pequenos bergantins de 10

Quinze anos depois, estas na- peças. Eram êles o San Pietro
ves foram e o San Paolo. Levavam sob
substituídas San o
pelas
Clemente nome, a seguinte inscrição,
e San Cario, lançadas gra-
"Donné
ao mar vada em ouro, lè
em Civitavecchia e aben- par
Çoadas Premier Cônsul Bonaparte au
pelo Papa Clemente XIII.
Levavam Pape Pie VII."
três mastros com velas

patinas e eram ornadas com


incrustrações O San Pietro foi
douradas; tinham o navio inglês

grande de fogo. HMS Speedy, de certa feita co-


poder
mandado Lord -Cochrane.
No tempo de Revolução Fran- por

cesa Em 12 meses, sob a bandeira in-


(1789) a Marinha Papal ti-
nha glêsa, tinha apresado 50 barcos
apenas duas corvetas de 20

Peças e adversários e era considerado


outros navios menores.

Quando Roma um dos melhores navios de


foi ocupada pelos guer-
franceses, ia do tempo. Foi, seu turno,
a base naval de Civi- por
tavecchia apresado três navios fran-
foi tomada e utiliza- por
da como na ceses e levado como
pôrto de embarque troféu de
campanha
do Egito. Os navios guerra.
64 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Um dos maiores empecilhos efetuou um cruzeiro a bordo do

aos árabes foram os na- brigue de 12 chamado San


piratas peças
vios americanos viajavam Pietro e San Paolo. Depois dessa
que
3.000 milhas através do Atlânti- viagem, o Papa confiou a Ale-

co, somente voltando quando as xandre Cialdi a compra ou cons-

oraias das costas Bérberes fica- trução dos novos navios. Cialdi

vam cobertas de destroços das fôra o comandante da expedição


"beis"
naves Os de Ale- trouxera os monólitos do
piratas. que
xandria e Alger pouco depois as- Egito, onde utilizara o Fedelta

sinaram um tratado de paz com como capitânea.


"bárbaros
êstes do outro lado do
Êle era um navegador,
grande
Atlântico". Isto, trouxe, já em
tendo viajado várias
por partes
tempo, calma e tranqüilidade
do mundo antes de alistar-se na
o Mar Mediterrâneo.
para Marinha Papal. Era não só co-

mandante de navios à vela, co-


Com a queda do Império Na- mo também tivera experiên-

poleônico, o Papado, devido à cia com navios a vapor e, no seu

paz que então reinava, não viu tempo, estudou o efeito das on-
mais necessidade de manter uma das e aperfeiçoou os instrumen-
esquadra de guerra e empregou tos de navegação.

seus esforços em construir e


O Papado tratou de melhorar
aparelhar uma frota de navios
suas vias aquáticas e O
portos.
mercantes na a bandeira do
qual foi o Rio Tibre,
primeiro que pe-
Papa era vista nos principais los bancos de areia oferecia
portos do mundo. O sultão do
grandes dificuldades para a na-
Egito, querendo agradar ao Papa,
vegação.

presenteou-o em 1840 com alguns


Cialdi encomendou na Ingla-
monólitos de alabastro e para
terra os equipamentos a serem
buscá-los o Papa enviou um com-
utilizados nas obras daquele rio,
boio, composto das tartanas San
fêz várias visitas aos estaleiros
Pietro e San Paolo e o cargueiro
de Londres, Liverpool, Glasgow
Fedelta, embarcações de um mas-
e Edinburg e ordenou a constru-
tro, com velas latinas de giba.
ção de três rebocadores de rodas
O Fedelta navegou até Assuan,
em Blackwall.
no Nilo, e recebeu a carga em
Êstes navios tinham máquinas
Rosetta.
de 30 HP e um deslocamento de

62 toneladas, sendo seus cascos


Ao chegarem em Roma, em
de ferro.
1841, os navios foram saudados

Papa Gregório XVI, no Foram denominados Archime-


pelo que
seu discurso expressou sua von- de, Papin e B lasco de Garay;

tade de engrandecer a ex- rebocadores a vapor a


quase primeiros

tinta Marinha Papal. O serem trazidos a Itália. Ês-


primei- para
ro navio dessa nova frota foi tes navios foram também os pri-
lançado em Ancona, e, em se- meiros que cruzaram a França

tembro de 1842 Sua Santidade através dos canais e rios. Sua


A MARINHA PAPALINA 65

chegada
em Roma foi festiva e de Sant'Elmo, em Arcahon. Em
Cialdi recebeu congratulações do 1883 esta embarcação foi vendi-
Papa.
Pouco depois Cialdi volta- da a comerciantes britânicos
que
a Inglaterra, onde comprou a utilizaram como transporte.
vários
navios e o Em 1905 foi reconhecida em Al-
guarda-costa
Melhor navio embora registrada com
já tivera a ger, o
que
Marinha nome Loire. Terminou
Papal, a corveta Imma- de seus
colata
Concezione. Construída dias perto de Ajaccio onde foi

pela Thames Ironworks, foi lan- encalhar, depois de totalmente


Çada ao mar, em maio de 1859; destruída fogo. Era o últi-
pelo
em agosto foi enviada a mo sobrevivente de uma das mais
para
Itália.
Era um navio misto de antigas marinhas da Europa.
casco
de ferro, levando uma for- Embora a Marinha
pequena,
tuna
em Canas brancas nos seus Papal nunca recuou diante do pe-
três mastros. Deslocava 627 to- rigo. Seus navios não levavam o
Geladas
e tinha uma máquina a emblema dos conquistadores e
vapor
de 160 HP. eram sempre benvindos aos por-
Uma suntuosa cabine, tos cristãos. Sua missão
provà- primor-
velmente
para o Papa, ocupava dial era a cristandade
proteger
o convés. Armada de 8 canhões das hordas de O cutelo
piratas.
de 18 libras, foi utilizada como dos Bérberes e a cimitarra dos
navio
de à Seus Otomanos não ser detidos
proteção pesca. podiam
oficiais
e tripulantes, em número com orações, se a Cris-
quisesse
de 46, tandade
usavam uniformes seme- sobreviver. Os pontífi-
lhantes
aos da marinha inglêsa. ces daqueles tempos incertos

A Immaculata Concezione ser- compreenderam deviam


que
viu como combater demônio com seu
capitânea da Marinha o pró-
Papal fogo.
até 1870, acabou o prio
quando
poder temporal, e os navios do A Marinha Papal sobreviveu
Papa a Ma- séculos seus homens
passaram a integrar pelos porque
rinha italiana. da sabiam tanto disparar um canhão
O Govêrno
Itália, Pa- como acender uma vela na igreja.
porém, permitiu que o

pado mantivesse a corveta, que,


depois disso, ficou muito
durante
tempo no Traduzido do U. S. Naval
pôrto de Civitavecchia. Insti-
Em 1879, Pio IX o tute Carlos Luiz Brown Sca-
presenteou por
Uavio aos Dominicanos varda.
padres
A Natureza Mutável

de Pederf1)

Carl H. Amme

Captain U. S. Navy (Retired)

La guerre est ume cíiose beaucoup


trop sérieuse pour ètre confiée à tles
généraux.

Realizou-se uma mudança Comparemos. esta


brus- alteração
ca no modo de violenta numa
pensar dos mili- década com as
tares durante normas de
êste último decê- jôgo, duraram sé-
que
nio, facto, "Concêrto
êste, não culos, o das
que só ocor- quando
íeu nos Estados Potências"
Unidos, mas tam- na Europa dominou o
bém na União sistema internacional.
Soviética. Os sin- Foi uma
tomas visíveis época notável em
desta alteração que a guerra
po- "seqüência
d em ser acompanhados era realmente uma
gradati-
vãmente. À desilusão da mas outros
cau- política", por
geral
sada militar processos. A habilidade em fazei
pela entaladela con-
vencional na guerra e vencê-la determinava a
Coréia seguiu-se a
doutrina "reta- posição do Estado. A luta arma-
de Dulles sôbre a
liação da usava-se como um tribunal de
massiça". A filosofia da
última instância para compelir
guerra limitada de Ridgway e
Taylor a uma decisão os estados compo-
sucedeu a
pressão corren-
nentes do sistema internacional.
te sôbre contra-insurreição.
Uma
As normas, eram implíci-
transformação porém,
semelhante sôbre
tas. O equilíbrio do poder não
o modo de
apreciar os factos
pode deslocar-se de um ponto
ambém podia
ser acompanhada na outro dentro do sistema. Em
¦ R. S. S., para
desde os clássicos fac-
nenhuma ocasião, nem mesmo o
«es de operação
permanente de sistema, ser des-
próprio poderia
alin até o reconhecimento da acatado.

_outiina da surpresa, seguindo Êsses de e


princípios guerra
alensku;
pre-eruptiva posse da doutrinas de tino resisti-
político
iniciativa
estratégica de Krasil rarn à ação do tempo. Hoje, ain-
JNikov, e dos levantes e da estudamos Clausenwitz,
populares Schli-
guerra de liberação nacional, ad- effen, Lyautey, Mahan,
"vogados e até
por Khruschev. mesmo Mac Arthur, e
procura-

Esta tese foi premiada no concurso de 1963, instituído pelo U. S. Naval Institute.
68 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mos aplicar seus na es- Khrushchev também disse


princípios que:
"Tôda
tratégia militar e na tática dos a política internacional da

nossos tempos. É uma União Soviética visa fortalecer a


prática
tortuosa e enganadora. Ainda es- Temos empregado, e conti-
paz.
tamos convencidos de que os prin- nuaremos usando o cres-
poderio
cípios são válidos, mas deixamos cente de nosso País... para pros-
de compreender que a situação seguirmos na firme de
política
modificou-se. Está-se tornando lutar contra o e afastar a
perigo,
cada vez mais difícil encontrar-se mundial." Estas duas de-
guerra
situações ou imaginar-se e traçar clarações acentuam a como
paz
"cenários"
em que êsses axiomas o objetivo de caráter
principal
de guerra possam ser aplicados. nacional, e em destaque o
põem
Na base desta revolução no dissuassor da fôrça militar.
papel
modo militar de pensar, sal- Elas, contudo, deixam cada
que que
tou da retaliação massiça a veja seus esforços frustra-
para partido
rebelião nacional e contra-insur- dos ao tentarem encontrar for-

reição, em dez anos, está o facto mas de govêrno politicamente


de que as formas politicamente utilizáveis a restrição ou al-
para
usáveis de governo têm sido mo- teração da vontade de outrem.

difiçadas. O tem sido sem-


poder O reconhecimento disso foi no-

pre da mesma eficácia, e apenas


tado na organiza-
primeiramente
sua constituição tem variado. Se
cão do na Coréia. Mac Ar-
poder
as formas de govêrno não
permi- thur, último dos clássicos ser-
que
tem seu uso em ação para a rea-
vem de modêlo, iludido, muito
lização de finalidades desejadas,
além da medida, quanto à restri-
então elas (as formas) ser
podem lhe fôra imposta
ção que sôbre
consideradas obsoletas. Podemos
sua maneira de empregar o poder
proseguir no delineamento de um
militar, amargamente
queixou-se
estratégico, mas não nos
plano
contra as considerações políticas
será possível concebê-lo como um "o
que impediam" de destruir o
recurso estratégico para dar com-
poder militar do inimigo e trazer
bate.
o conflito para uma contenda de-
A natureza mutável do poder cisiva, no mínimo tempo possível
está sendo apenas compreendida
e com quantidade insignificante
em progressão gradual, e aceita.
de perdas".
O papel detensor conferido ao
A natureza mutável do
militar deixa inúmeras poder
poder
observou-se mais uma vez
sem respostas. O quan-
perguntas pre-
do o poder militar franco-britâ-
sidente Kennedy afirmou:—"A

nossas nico foi pôsto a prova no Suez. A


finalidade principal de ar-

mas consiste em manter a e invasão foi detida, não de-


paz pelas

não fazer a em impedir fesas militares do Egito ou


guerra... pelas

tôda luta a mão armada ameaças dos foguetes dos Sovié-


(geral

ou limitada, nuclear ou conven- tes, mas pela firme pressão poli-

cional, de ou im- tica dos Estados Unidos, e pela


grande pequena
...)". E o Premier opinião mundial refletida
portãncia pelos
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 69

representantes oficiais dos indecisão contida


gover- política e pela
nos, no sistema internacional. opinião mundial, ela foi, final-

Houve em seguida o caso do mente, compelida a conceder a

Libano. Não há dúvida às independência. Em outra época,


quanto
restrições acompa- os Estados Unidos também se te-
políticas que
nharam àquela demonstração fe- riam movimentado e derrubado

liz de fôrça. As Castro. No Século XIX, êles nun-


precondições po-
liticas foram estabelecidas muito ca teriam sido oprimidos su-
pelo
tempo antes do desem- per-senso da excelência moral na
próprio
barque e, mesmo depois dele, uma não aplicação da fôrça militar na
"Bay
situação explosi- of Pigs". '
potencialmente x
va entre os Fiizileiros Navais e o Mac Arthur afirmou veemen-

exército libanês foi evitada numa temente no depoimento fez


que
estrada de entroncamento de ae- perante o Congresso, que no mi-

roporto, o Embaixador nuto em se chega ao


quando que palco
americano, Robert Mc Clintock, da guerra, a abrira falên-
política
intercedeu ao comandante cia, e os militares são os dirigen-
junto
em chefe libanês, Fouad tes. Êle não estava com razão.
general
Chehab, e o almirante J. L. Ho- Falou de uma era e de
passada,
lloway, comandante em chefe no circunstâncias que não existem

Oriente Médio. Todos êles, reu- hoje. A virtude de a fôrça


poder
nidos no local, solucionaram a militar servir de técnica de ação

crise de forma a a entra- tem sofrido transformação. Cer-


permitir
da «pacifica das tropas america- tas maneiras de processá-la, a

nas em Beirute. O signifi- guerra de partidários ou de guer-


ponto
cativo consiste em mostrar rilhas, exemplo, têm-se torna-
que por
não foi o emprêgo de fôrça mili- do úteis, ao passo que uma outra

forma — a total — con-


tar o que ocasionou o êxito das guerra

operações; mas sim a abstenção verteu-se completamente em re-

de seu uso ambas as curso obsoleto. Em tôdas as


por partes. gra-

Poder-se-à, apenas, especular clações, a guerra tem-se tornado

à do e e continuará sujeita a mais ou-


quanto perda prestígio po-
sição Estados Unidos, como tras restrições do no
dos políticas que

chefe do Mundo Livre, se a fôrça, passado. Há uma razão funda-

a violência houvessem sido em- mental isso. Na era nuclear,


e para

a consecução do a luta armada não é mais limita-


pregadas para
nosso Se isso houvesse da por capacidades. A cláusula
objetivo.

acontecido noutra época, a Fran- restritiva é essencial, e a seleção

dos meios a empregar deve ser


ca com tôda a sua indústria e po-
feita. Essa decisão, é po-
derio armado teria dificilmente porém,
lítica, e sua responsabilidade cabe
deixado de esmagar uma rebelião
exclusivamente aos chefes políti-
na República da Federação da In-
cos, e não aos generais.
donésia (Vietnam) ou na Algéria.

Entretanto, contrariada no- II


pelas
vas armas e de partidá- Na base dessa transformação
guerras
rios ou guerrilhas, obstada da natureza do militar re-
pela poder
70 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

side a característica do novo sis- não é aceita pelos novos que sur-

tema internacional . Em no sistema internacional.


primeiro gem

lugar, o sistema, dominado ape- Até mesmo os princípios de legi-

nas um de timidade são diferentes. Em al-


por punhado países
europeus, deixou de existir. guns países êles obdecem à apro-

Não foi um caso de mudança vação dos governados; noutros,

de equilíbrio de dentro reina o anti-imperialismo branco;


poder
de um corpo de doutrina, mas em alguns, finalmente, os pro-
sim um concurso destruir a cessos encontram-se enraizados
para
união antiga o se na na revolução comunista. Os
que passou prin-

Primeira e na Segunda guerras cípios de direito internacional,

mundiais. Hoje, a característica geralmente aceitos gerações


pelas
notável da união recíproca inter- são abertamente des-
passadas,

nacional não é o confronto de respeitados. Alguns in-


países
duas mundiais domi- cluem 200 milhas ao largo de seu
potências
nantes, Estados Unidos e U.R.S.S. litoral como parte de suas águas

É o acréscimo enorme do número territoriais. Os novos Estados

de convergindo também não aceitam nossos clás-


participantes pa-

ra a universalidade. É um facto sicos de conduzir as re-


processos
embora a maioria das lações internacionais. Abraça-
que, grande
nações esteja avisada da confron- ram, verdade é, o conceito de so-

tação implacável entre as duas berania e seu acompanhante


que
novas dominantes, elas diz cada Estado tem de seguir
potências que
não são embaraçadas em suas o caminho, sem interfe-
próprio

ações nenhum motivo de rência estranha. Contudo, está


por
fria. As nações subdesen- faltando a restrição estabilizado-
guera
volvidas são impulsionadas pela ra da superior capacidade de fa-
"Concêrto
de independência políti- zer guerra, do velho
procura
ca, identidade nacional nos negó- das Potências", e, isso, os
por
cios mundiais e aumento no nível novos cair em
países podem pro-
de consumo. Quando as cedimento mais irrequieto do
pessol que
alterações internas nesses estados outrora.

não marchar de acordo


podem Terceiro: novas disposições têm
com as espectativas, o clima tor-
substituído as velhas. As próprias
na-se à revolução. Neste
propício forças motrizes dos Estados novos
caso, então, as reservas do traba-
no sistema internacional são as-
lho das dominantes en-
potências sunto de ação e conver-
política
contram saída no amparo de um —
sação, tais como: in-
progresso
ou de outro local. O po-
partido dustrial, crescimento de popula-
der militar toma a forma de in- "reforma
ção, alimentação, agrá-
surreição e contra-insurreição, e — a
ria". A massa
popular, plebe
o desenlace é, muitas vêzes, de- — é açulada
da rua, o povo, pela
cisivo. informação em massa classe
da

Em segundo lugar, a herança média e a tornou-se


propaganda

dos éticos dos países um factor significativo na rápida


princípios
se regiam velhas leis mudança da consciência
que pelas política
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 71

e social. Têm surgido novos valo- militar. A sobrevivência


poder

res em formas diferentes e oriun- hoje não é equacionada apenas

dos do Comunismo e da Demo- com o avanço técnico do arma-

cracia. O anticolonialismo e o mento. simbolizado pela tremen-

neutralismo tomaram lugar nas da capacidade destruidora da

ideologias. Em certos casos, o da bomba de hidrogênio. Ela está

Hungria, as forças também ligada à habilidade das


por exemplo,

militares sociedades para se adaptarem às


contra-revolucionárias

Em ou- complexas rêdes industriais, às


cumpriram uma decisão.

tros de Suez, a modificações revolucionárias em


casos, como os

faixa a disputa da meios de transporte e comunica-


de Gaza, ou

Indonésia o mi- ções, e aos padrões de mudança


holandesa, poder
litar um meio rápida das organizações sociais.
não foi considerado

apropriado solução das Tôdas estas alterações estão acon-


para a

conseqüências troca de valo- tecendo com tanta


ou presteza que
o homem sente dificuldade extre-
res.

família in- ma em se harmonizar com o meio


Quarto: surgiu uma

e institui- e com suas instituições. Confor-


teira de organizações
ela- rne observou Toyubee, a alma hu-
ções: as Nações Unidas, que
re- mana avança arrastando-se como
bora de
grupos planejamento
ali- um caramujo.
gional e organiza planos para

anças militares operam em A união recíproca internacio-


que
tempo de Tôdas têm por nal tem sentido essa colisão. To-
paz.
fim instituir a para dos os hábeis conhecedores de
pesquisa
acordo Os Estados Uni- assuntos técnicos, nos vários
comum.

dos não mais operam de acordo campos de atividade, estão de-

com a Doutrina de Monroe. Êles sempenhando suas funções sem

consultar a Or- coordenação alguma, causada


precisam, agora, pe-

Estados America- los autores da A confi-


ganização dos política.

nos, ança depositada nas máquinas


que participa presentemente
da responsabilidade seguran- electrônicas de calcular pelos que
pela

do hemisfério. desempenham funções adminis-


ça (1)

da tec- trativas, tornou a minuciosidade


Finalmente, há o papel
do ainda mais difícil. A de-
nologia no mutável, política
preparo
nas respostas que a
pendência
fornecer tem
tecnologia pode
(1) Observem-se os numerosos esforços opinião
uma corrente de
criado
dos EE. UU. os países latino-
para que e a método-
-americanos realça a prática
se mantivessem numa atitude que
firme depois Cuba tor- logia nas relações internacionais.
Foi somente que
nou-se uma séria ameaça para sua se. dos conflitos aguarda
A°solução
gurança, os Estados Unidos agiram
que aperfeiçoamentos técnicos
novos
unilaberalmente. É digno de nota que a
— de facto depende dê-
Dotrina de Monroe não foi mencionada pois que
exemplo as
nominalmente
pelo Presidente, que a ela les. Tomemos para
aludiu indiretamente. É também signifi- desarmamento,
negociações para
cativo depois de lançados os dados
que, o banimento
e a conferência para
e a decisão tomada, o resto do hemisfério
reuniu-se Unidos. das nucleares. As novas
em tórno dos Estados provas
72 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

modificações técnicas exigem mu- Muitas pessoas entendem que


dança na base das negociações. esta mudança radical na nature-
Até mesmo nas forças armadas, za do sistema internacional ba-
0 conjunto de órgãos que desem- sea-se na alteração brusca da ma-
penham a função da formação neira de pensar dos militares, mas
política e comando tornou-se ainda há muitos outros que não
excessivamente complexo. O pro- perceberam que a situação mu-
blema mais urgente no Departa- dou, e que haverá ocasiões em
mento da Defesa não é hoje o que que a eficácia da força militar
cogita do potencial em homens será negativa como técnica de
ou armamento, mas sim aquele luta. Existem ainda outras mui-
que procura saber como exercer tas pessoas que preparam seus
o comando e o controle na era planos militares para várias con-
nuclear. tingências com ingênua confian-
Em conseqüência desta depen- ça de que poderão executá-los em
dência dos aperfeiçoamentos rá- situações dadas, sem a imposição
pidos e desordenados da técnica, de restrições políticas. Em suma,
estamos nos tornando irresolutos há alguns que ainda não reconhe-
no que diz respeito às nossas ceram a preparação mutável do
aspirações finais. Nossas preten- poder.
soes últimas estão sendo molda- Felizmente, existem chefes de
das por expedientes ao alcance responsabilidade em todos os ra-
da mão, e não resultam de refle- mos de serviço oficial que já afir-
xão cuidadosamente considerada mam seu valor. São eles os que
por parte dos realizadores da poli- se têm oposto vigorosamente ao
tica. Esta dubiedade de objetivo conceito simplicista que afirma
final na luta está diretamente li- que o poder atômico do ar pode
gada à opinião mundial, que já deter ou repelir agressões limita-
é por si um resultado dos avan- das. São os que crêem que a fôr-
ços técnicos em comunicações. A ça militar pode sustar com êxito,
imprensa e o rádio narram os somente no caso de estar em pro-
acontecimentos com a mesma ên- porção com a provocação. Para
fase estridulante. Tem-se a im- estar em proporção, a força tem
pressão de que não'há sistema que se achar sob um domínio, co-
de prioridade, que todas as crises mando e fiscalização. Para serem
são da mesma importância, me- controlados, os militares precisam
nos a última que é um pouco mais aceitar restrições. Finalmente,
valiosa que as outras. Nessas con- esses são aqueles cuja percepção
dições, a vontade é corroída pela os tem conduzido logicamente a
necessidade, aparente, de todos concluir que o emprego mais efi-
convergirem seus olhares para o ciente do poder militar como,
assunto, antes que qualquer pro- técnica para ação será encontra-
vidência seja tomada. O processo do no próprio limiar da violência,
político de meios coercitivos é onde a insurreição se desenvolve
restringido, enquanto se adota o e a sublevação é ameaça contra o
consenso mundial. poder constituído.
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 73

III Segundo: — a natureza mutá-


vel do poder porá cada vez mais
Quatro características excep- em execução política detalhada o
cionais, no gênero, destacam-se exercício da força militar. O fac-
nesta feitura mutável do poder. to de inúmeras pessoas nos Esta-
A primeira é que, embora em dos Unidos, já estarem mudando
certos casos a guerra tenha se a ilusão peculiar que diz que a
tornado menos útil como recurso paz e a guerra não vivem em co-
político, de forma alguma poderá mum, e que a força militar pode
dar-se sua abolição. Até mesmo ser considerada "fraturável" da
a guerra total — completamente política, já é uma prova de ma-
fora da moda para alcance dos turação em desenvolvimento. O
objetivos políticos — manter-se-á poder militar e a política têrn-se
sempre como uma ameaça inces- tornado completamente mais in-
sante e sempre presente. As fôr- separáveis. A superabundância
ças para a guerra geral e as ar- do poder militar, o excesso de ca-
mas nucleares necessitam ser pacidade para a prática da vio-
mantidas constantemente pron- lência, tem ditado maior seleção
tas. Há sempre uma ocasião im- e controle de seu uso. Os planes
prevista em que o julgamento ra- de eventualidade militar que se
cional do homem fa-lo-á descer traçam sem a colaboração do De-
por uma cadeia de decisões que partamento de Estado e, em ai-
não lhe darão margem para qual- guns casos, sem a assistência dos
quer escolha. As decisões basei- funcionários das Embaixadas, se-
am-se naquilo que o homem vê; rão inevitavelmente alterados ou
mas o que êle percebe pode estar terão suas execuções ameaçadas.
errado. t£ o perigo do erro de cál- Não obstante todos os prepara..-
culo. Além disso, é uma questão vos detalhados, militares e políti-
de resolução irracional —•__ mais cos, para o desembarque no Li-
parecida com a de uma nação que bano, o Departamento de Estado
põe em movimento uma cadeia desem-
proibiu a última hora o "Honest
de ocorrências importantes sem barque dos foguetes
levar em consideração completa John", porque eles eram capazer,
as conseqüências desastrosas. É de atirar tanto a bomba atômica
o perigo do "ataque catalítico". como a convencional. Durante o
Finalmente, há a probabilidade do caso de Suez, Éden anunciou, no
perigo da escalada da pequena Parlamento, que ordenara que os
até a grande violência. cruzadores não usassem os ca-
A segurança é a alma do julga- nhões de 8 polegadas durante o
mento de uma decisão formal, bombardeio para que se evitasse
mas não pode ser absoluta. Os a mortandade de civis. Quem
riscos sofridos na sobrevivência quer que tenha estado em contac-
são uma condição de vida. Cada to com a Sétima Esquadra du-
Estado determina por si os meios rante o ano de 1958 lembrar-se-á
para salvaguardar sua qualidade das instruções restritivas recebi-
ou estado de sobrevivente. das de Washington durante a
74 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

luta entre Quemoy e Matsu. É insurreição estão sendo ignoradas

bastante ler os se nestes dois


jornais para países principais.

apreciar o detalhado controle po- As modificações últimas do

litico está sendo exercido de militar soviético es-


que pensar para
Washington e Londres sôbre uma tabelecer diferença entre guerras
operação direta semelhante: a que mundiais, locais e as
guerras
"justas"
regula militarmente o movimento de libertação, ou
guerras
de veículos Berlin Oriental. de amotinada,
para gente prognosti-

Quando os soviéticos principia- cam alguns casos sérios para os

ram a usar veículos blindados em Estados Unidos. Primeiro, a dis-

vez de ônibus em suas tinção doutrinária foi enunciada


peregrina-
diárias aos túmulos no setor Khrushchev. É por
ções pelo próprio

britânico, 3 semanas tanto, palavra do evangelho. Se-


passaram-se
antes se chegasse a um acôr- gundo, a classificação de guerras
que
A de saber- de libertação e motins, sob o epí-
do político. questão
mos se devemos ou não grafe de justas guerras, dá a en-
gastar
continuadamente tender que os comunistas
munição surge pre-

de decisão tendem praticar levantes como


como assunto política,
uma grande operação militar,
a fôrça se desloca para
quando
livre da logística e dos embaraços
uma áerea onde a situação está
de organização que tanto afligi-
crítica. Ela apareceu em 1961 em
ram os mojtins no
Berlim, e em 1962 no Sião. passado.

—Visto A doutrina de insurgência e


Terceiro: certas moda-
contra-insurgência (1) carece de
lidades da arte da guerra torna-
um exame adicional. O coronel
rem-se menos úteis como uma
Edwin F. Black, em seu artigo
técnica de ação a realização "The
para
excelente, problems of Co-
dos objetivos os chefes,
políticos,
unter ensurgency" (do Procee-
tanto americanos como soviéticos,
dings de outubro de 1962) classi-
têm retardado um a reco-
pouco
ficou cinco fases, a saber: 1) in-
nhecer o papel chave do poder
filtração, 2) subversão, 3) insur-
militar em caso de movimentos de
4) insurreição e 5) as
gência,
insurreição ou rebeldia, e no de
guerras civil ou de libertação na-
medidas contrariá-las. Isto,
para
cional, em grandes proporções. A
não quer dizer que os
porém, insurgência é o inicio da franca
de Mao e a técnica bri-
princípios resistência armada contra o go-
tânica na Malaia não tenham sido
vêrno: ela é como tem sido mos-
estudados e apreciados. Mas o

facto é nas dos


que preocupações
sôbre a opinião (1) Precisamos relembrar que insurgên-
Estados Unidos
cia ou guerrilha, tática empregada poi
se tem das nuclear e
que guerras Mao e os camponeses conseguirem
para
limitada, e do interêsse soviético o controle de da
grandes áreas China
esté- Nacionalista eram uma Inovação inteira-
em derrubar os princípios
mente chinesa, e em desacordo com a
reis de Stalin, as medidas práti- doutrina ideológica dos Soviétes, que prs-
cas apoiarem a doutrina das
para tendiam que a revolução viesse da classe
de insurreição e contra- trabalhadora„
guerras
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 75

trado, limiar da violência. A Quatro: — À proporção que o


providência tomada a tempo é o poder militar e a técnica de ação
elemento essencial para cortar o declinarem no panorama, os ad-
mal pela raiz, conforme aconte- versários tentarão conscientemen-
ceu na Indochina em 1953, e na te procurar a manutenção da
Argélia em 1955. ação local, mediante o estabeleci-
mento de limites não claramente
Entretanto a insurgência não definidos, mas que são reconhe-
é apenas um problema militar. cidos por ambos os contedores.
É indispensável a existência de Entre tais limites estão os abrigos,
uma coordenação muito íntima áreas isentas de ataque, (sane-
com as ações política, econômica tuaries). Eles não podem abso-
e psicológica. O coronel Black lutamente ser considerados áreas
define desta forma a contra-in- de completa segurança, pois que
surgência: "é a técnica de usar, a própria existência deles repou-
em ajuste adequado, todos os re- sa na base instável de ameaças e
cursos do poder nacional para a contra-ameaças, e na interpreta-
manutenção de um governo que
demonstre amizade, quando esti- ção que cada contendor dá às de-
clarações e ações do adversário.
ver na. iminência de ser derruba- Um santuário permanecerá invio-
do por uma ativa campanha co- lável apenas enquanto os partidos
munista, destinada a organizar, opostos perceberem as vantagens
mobilizar e dirigir os elementos relativas que há de não incluírem
descontentes contra o governo". o santuário entre as desvanta-
Considerar a guerrilha apenas
em termos puramente militares gens preponderantes. Esta per-
cepção é essencial. (1)
é um estímulo para o fracasso. O santuário costuma ser refor-
O irrompimento da insurgência,
diz Walt Rostow, "é por si mes- çado pela instalação de defesas
militares, e pode, por outro lado,
mo a evidência em primeira im- ser enfraquecido pela dissemina-
pressão (prima fade) da defici- ção das forças ofensivas no inte-
ência da política civil anterior". rior da área a ser usada, no caso
O fortalecimento da frente poli- do santuário ser violado. Isso de-
tica e econômica é o elemento es-
sencial da contra-insurgência. pende do modo de encarar do ad-
Além do que ficou dito, a própria
(1) Certos escritores militares fazem dis-
natureza das operações militares tinção entre santuários políticos e san-
de contra-insurgência exigem pe- tuários táticos. O último define-se como
quenas unidades dispersas por uma região encravada fora do teatro das
toda a área; mas, se a população operações, a qual costuma estar nomi-
nalmente exposta ao ataque, mas que,
civil não fôr simpática à causa, pela instalação de defesas altamente efi-
tornar-se-á quase impossível al- cientes, tem-se também tornado custosís-
cançar a vitória sem uma ocupa- sima para que o inimigo nela penetre.
ção esmagadora. A disposição Aceitando a validez dessa definição, um
desejada santuário tático, que é ao mesmo tempo
política e psicológica político, destacará sua segurança relativa
deve ser preparada como parte da desde que o inimigo queira restringir-se
campanha. em ambos os cálculos, político e militar
76 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

versário. O desdobramento, certos alvos selecionados, e não


por
exemplo, da linha de teleguiados sôbre outros, de natureza ambí-
de terra para o ar dos SA-2 sovié- De igual modo, desde
gua. que
ticos, em Cuba, ser conside- ninguém ter certeza de onde
pode pode
rado pelos Estados Unidos como um de ataque, o
parte plano pon-
uma manobra reforçar as to de origem não ser usado
para pode
defesas de Cuba, ou como uma como base o estabelcimen-
para

preparação para expansão ulte- to de um santuário. As restrições

rior em algum outro lugar. Se impostas de motu


pessoais pro-
fôr o último caso, êle pode muito tomadas um
prio por partido
enfraquecer, em conclusão, o não atirar sôbre alvos
para que
santuário em todas as vantagens estejam dentro de uma área bem

que aquêle país poderia usufruir definida, não são ambíguas e po-
em tempo de guerra. Os Soviétes dem ser claramente compreen-
teriam certamente que aumentar didas.

a extensão da linha de teleguia- A fôrça tarefa de porta-aviões


dos com projéteis teleguiados de demonstrou ser um santuário efi-
tática ofensiva, e os Estados Uni- ciente na Coréia. Foi uma enti-

dos e a América Latina teriam dade (área) claramente definida


motivo sério para não considera- desfrutava não só do
que poder
rem o santuário cubano como in- tático, mas também do político.
violável no caso de insurgência, O inimigo viu claramente as van-

amparada pelos comunistas, ir- tagens de não lançar ataques

romper nos teatros de luta. contra êste recurso máximo do

Êste artigo foi escrito antes poder estado-unidense. Era com-


que
o Presidente Kennedy estabele- parável à nossa deliberação de

cesse fiscalização sôbre respeitar o santuário do norte de


embar-

de armas Yalu. A aviação chinêsa nacio-


ques posteriores para
Cuba. Êle, contudo, serve ainda nalista lutou contra a comunista
'valioso
de exemplo da maneira sôbre Quemoy e Matsu, mas ne-

um santuário ser re- nhuma das duas bom-


por que pode procurou
reforçado ou enfraquecido aos bardear ou metralhar os campos

olhos de um adversárid. Seme- de aviação do território inimigo.

lhantemente, as Filipinas Em cada caso, as comunicações


podem
ser consideradas como um santu- em combate que estabeleciam

ário no caso de entre os tais santuários eram claras e sem


guerra

Estados Unidos e a China, sôbre ambigüidades, e permaneceram

alguma área, exemplo, na invioláveis, os


por porque partidos

Indochina. em luta perceberam as vanta-

gens das restrições.


O elemento mais importante

no diálogo entre duas forças an-


IV
tagonistas encontra-se na natu-

reza ambígua das ações que Tomadas em conjunto, essas

ser tomadas para o es- características do


podem quatro poder
tabelecimento do santuário: os militar no mundo hodierno,
pro-
ataques aéreos, exemplo, a uma estrutura filosó-
por porcionam
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 77

fica e base doutrinária al- dos Unidos manter-se-ão afasta-


para
"embrulhada".
gumas alterações na nossa es- dos da Se as fôr-

tratégia militar — muito estado-unidenses forem loca-


parti- ças
cularmente na inferior do íizadas a uma grande distância
parte
espectro da onde a força da insurgência ou insurreição ini-
guerra,
ainda é uma técnica útil de ação ciai, o inimigo pode acreditar

oprimir ou alterar a vonta- nos defrontará com um fait


para que
de do inimigo. Estas caracterís- accompli, enquanto estudamos o

ticas especiais têm alguma co- caso. Se êle conseguir derrubar

nexão com a Marinha de Guerra. o então nossa interven-


govêrno,
contra o nôvo regime torna-
A é devemos exe- ção
primeira que
se um ato de guerra. Assim sen-
cutar nossos em colabora-
planos
do é condição essencial que te-
ção íntima com o Ministério das
nhamos um número suficiente de
Relações Exteriores De-
(State
tropa de combate conter as
partment) e apreciando com- para
por
agressões locais dos comunistas,
pleto as considerações do fato po-
antes que êles possam escapu-
lítico serão impostas na exe-
que
cução lir-se.
detalhada de um plano
eventual. tomar como Devemos ter normalmente in-
Devemos
formação sôbre as maquinações
prática o estabelecimento
padrão
operação comunistas, sôbre infiltração e
prévio de centros de
conjunta embai- subversão, para transportarmos
com da
pessoal
xada, insurreição um exército de conselheiros, téc-
tôda vez a
que
ameaçar Estados nicos e tropa para a área amea-
os objetivos dos

Unidos. an- e, essas forças não


Conforme referimos çada quando

teriormente, estiverem no local, é essencial


a ocasião favorável

ou ensêjo essencial elas estejam preparadas para


é o elemento que
raiz. serem deslocadas com rapidez. A
para se cortar o mal pela
O fei- Fôrça de Fuzileiros Navais da Es-
detalhado e
planejamento
to é ideal isso.
em conjunto facilitará a exe- quadra para

cução, de A complexidade e a movimen-


a tempo,
preparada
tação de fôrça aviação dos
planos, fornecendo uma explica- pela

e Estados Unidos (*) causar


ção clara e breve dos objetivos pode

das relutância em intervir e acarre-


limitações esperadas. Permi-

tirá tar demoras. No Líbano foi mui-


ao menos a organização dc

um to oportuno, e menos provocador,


sôbre doutrina
questionário
tática efetuar-se em terra o desembar-
e ser esquadri-
que possa
nhado dos Fuzileiros, onde a pre-
O soldado que
prèviamente.
saberá, de antemão, se poderá

penetrar numa situação poten-


Alguns cálculos mostram que é 40
(*)
cialmente explosiva, levando seus
vêzes mais dispendioso transportar
canhões carregados ou não. de combate e seus apetrechos
uma divisão
a 8 000 milhas, por avião, do que por
A segunda conexão, é a
que
mar. Isso seria vantagem se os Estados
presença das forças americanas forças de Fuzilei-
Unidos não tivessem as
tto local da luta deixa o inimigo nas Sexta e Sétima Es-
ros embarcadas

pouco iludido sôbre se os Esta- quadras, nas áreas avançadas.


78 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sença dos mesmos havia sido em têrmos da


já preferido pensar
aceita pelos partidos libertadores, chamada limitada e nos
guerra
do que fazer o desembarque das assaltos anfíbios de proporções
tropas aéro-transportadas, vindas divisionárias. Dentro dos anos
dos -Estados
Unidos. O desloca- mais recentes, têm sido
porém,
mento vagaroso da tropa feitos novos estudos. O reagru-
pela
aviação daria causa e tempo em unidades menores e
para pamento
que os jornais e o rádio agitas- a instrução e do manejo
prática
sem o populacho. A recepção de- dos difíceis e não
problemas
"convencionais"
ve ser inteiramente diferente. encontrados na

Algumas considerações sérias guerra de contra-insurreição, são

devem ser dispensadas à mudan- assuntos que deverão ser enca-

ça do transporte anfíbio, de for- recidos.

ma a permitir os Fuzileiros Há ainda um outro


que aspecto
apliquem bem sua doutrina do à
quanto presença dos EE. UU.
desenvolvimento vertical. Nas na do inimigo.
proximidade As
operações de contra-insurgência linhas lindei ras margeam
que as
é dificílimo encontrar-se oportu- massas de terra do ter-
grandes
nidade para se realizar um clás- ritório comunista não são quase
sico desembarque anfíbio contra tão invulneráveis a
quanto posi-
uma resistência organizada. A dá a entender. As
ção geográfica
condição reclama a dis- linhas interiores de comunica-
preferida

persão rápida de equi- sôbre as mui-


pequenas ção, quais grandes
pes para a captura de for- íidões de tropa e suprimento
pontos po-
tificados em terra. O atual trans- dem viajar ràpidamente, não

porte aéreo fornecido ao Corpo existem, na realidade, em muitas


de Fuzileiros basea-se na doutri- áreas. A Marinha de Guerra an-
na da Segunda Guerra Mundial. daria acertada se reativasse a
Os navios anfíbios são infeliz- doutrina clássica do bloqueio na-
mente inadequados satisfa-
para vai, e tornasse-o aplicável, tam-
zerem ao desenvolvimento acele- bém, à aviação. É êsse um tipo
rado do potencial dos helicópte- controlado da ação militar,
que
ros de assalto das equipes dos
poderia muito bem operar em
Fuzileiros. São mais.
precisos tôrno de um santuário.

O corpo de Fuzileiros
poderia, A terceira conexão é a que pro-
seu turno, começar conside-
por cura saber se uma fôrça militar,
rando a contra-insurgência como
que pode levar consigo o santuá-
sua missão principal. Histórica- rio, tem uma vantagem decisiva.
mente, o Corpo tem estado ideal- Conforme foi apontado anterior-
mente essa tare- mente, nossa
preparado para fôrça tarefa naval
fa, mas desde a Segunda Guerra esta característica.
possui Ela
Mundial, e dos debates de unifi- dispõe tanto da fôrça co-
política
cação se seguiram, quando mo da tática. Contudo, no caso
que
o Corpo de Fuzileiros conquistou de desejarmos usá-la como um
seu nôvo estado de quarta arma santuário nos o mo-
que permita
na hierarquia militar, êle tem vimento direto até o limite das
A NATUREZA MUTÁVEL DO PODER 79

nossa aviação
três milhas e com impunidade, perante pesada
atacante com bombas nucleares.
então prepararmo-
precisaremos
Êles se interessarão manu-
nos impor limitações a nós pela
para
tenção de patrulhas aéreas na
mesmos. A está em sa-
questão
retaguarda para interceptarem
ber se o assunto deve ser cogi-
os suprimentos e reforços es-
tado com antecipação, ou se deve que
tiverem sendo trazidos avião.
fazer dos vários de por
parte planos
Mas ficarão em, desvantagem
contingência.
considerável se estabe-
Vale a meios pa- pudermos
pena procurar
lecer pequenos, mas bem defendi-
ra ou obrigar o inimi-
persuadir
dos no território,
santuário pontos que pos-
go a reconhecer como
sam ser usados a ação nas
os navios estado-uni- para
da Marinha
contra-guerrilhas.
dense. A tarefa da movimenta-

terra O estabelecimento e a manu-


ção das nossas forças em

tornar-se - ia tenção da superioridade aérea


desmesuradamente

necessi- servirá de objetivo será va-


mais fácil; não haveria que

dade adicio- liosa, depois que êsses se-


de pontos
prover proteção
nal e rea- jam preparados. As instalações
para nossa logística

bastecimento mar- dos teleguiados de tèrra para o ar


de navios em

cha; efe- são recursos excelentes tal


e nossa Aviação para
poderia
finalidade. Entretanto, enquan-
tuar maior número de largadas

mais to elas não estiverem montadas,


e alcançar uma penetração
os aparelhos radar de intercep-
profunda o interior territo-
para
rial. ser aplicados. Um
É claro isso é arriscado, ção podem
que
sistema de armamento baseado
mas é um caso ser pre-
que pode
em no extinto Eagle-Missileer se-
visto. É bom notar-se que já

1958 ria excelente. Seria auto-sufi-


nossos vasos de guerra pu-
ciente e reduziria ao mínimo o
deram comboiar os navios nacio-

nalistas equipamento a êle conjugado em


em algumas milhas mais

terra, e é necessário o
para o interior de Nos,- que para
Quemoy.
sos controle de outros tipos da su
navios puderam
petroleiros
cruzar den- aérea do material de
no estreito Taiwan, perioridade

tro Co- aviação. Um tal sistema de ar-


das 30 milhas da China

munista, mamento valer-se das


com a apenas poderia
proteção
dos e me- técnicas mais modernas para des-
canhões de 3 polegadas
tralhadoras. cobrir, acompanhar na fuga e

destruir um avião em vôo baixo.


O isolado não é
planejamento
O mais importante, ainda, é que
bastante. Mesmo tenhamos
que
executar esta tarefa num
um santuário reconhecido nas poderia
tempo muito mais longo do que
nossas tarefas navais, se não pos-
os nossos interceptadores de hoje.
suirmos de armamen-
o sistema
to então Finalmente: o controle políti-
utilizável no combate,'
nada co. O Corpo de Fuzileiros com a
mais fazer que
poderemos
viajar, trás, tática de desenvolvimento verti-
para frente e para
numa fôrça. Os cal e os vários aspectos do san-
demonstração de
insurgentes tuário de uma fôrça tarefa naval
não se amedrontam
80 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

necessitam ser entrosados nomeados


por ção político-militar,

uma cadeia de comando contro- agirem em terra, ao primei-


para

lador. Devido à natureza da arte ro aviso.

da contra-guerrilha, abrange A natureza mutável do poder


que
tanto as operações e enreda-se muito com a Marinha
políticas
econômicas como as militares, é de Guerra, mas o que se destaca

essencial as forças navais e é tem havido uma transfor-


que que

de fuzileiros estejam subordina- mação arrojada. Enquanto pre-

das ao centro de operações con- cisamos sempre estar preparados

dos Es- impedir a guerra, conforme


juntas, político-militar, para

tados Unidos, no local das opera- declarou o Presidente Kennedy,

Esta medida exigirá a no- necessitamos, também, não


ções. per-

meação de oficiais superiores da der de vista o espectro da guerra,

Marinha e de Fuzileiros, as forças armadas dos


para quando

servirem as operações no mar. EE. UU. podem ser empregadas

É um critério de muitos útilmente como um elemento téc-


que,
modos, afasta-se radicalmente da nico de combate para desempe-

doutrina corrente. Entretanto, nhar finalidades políticas. Urge

se o comandante em chefe no isso. Quan-


prepararmo-nos para

Oriente Médio não tivesse apa- do soar a hora, é indispensável

recido em cena no Líbano, agirmos intrèpidamente e no mo-


po-
deriam ter-se dado lutas trágicas mento exato.

e desnecessárias. Todo local em

houver de ir- Do United, States Naval Institute


que possibilidade

rúpção de distúrbio no mundo Proceedings, de março de 1963.

deveria ter um oficial da arma-

da, superior, e oficiais Tradução de A. de A. Lima


patente
fuzileiros, conhecedores da situa- C. F. Reformado

»»«<¦:
TERCEIRA VIAGEM

DO

COOK À VOLTA AO MUNDO


COMANDANTE

— 1780)
(1776

de F. A. Machado da Silva
Tradução

CAPITULO I

de Owai no momento do embarque — Como


Preparativos de viagem — Disposição
... A - Arribada em Tenerife -
empregamos nosso tempo em Plymouth partida

Pôrto — Perigo que corre o navio próximo a Bonavista


Santa Cruz (ancoradouro)
— — Chegada ao cabo da Boa Esperança
Posição da costa do Brasil

a nov de 1776).
(fev.

"Bureau das cedeu-


Recebi a nomea- O Longitudes"
em 9 de fevereiro,
me vários instrumentos de astronomia
ção de comandante da corveta de Sua

Majestade, e de marinha. M. King e eu nos en-


a Rcsolution. O almirantado
incorporou Desço- carregamos de suprir o observador da
ao mesmo tempo a

very, nomeou a princípio nos


navio de toneladas, e profissão que queriam
300
seu comandante o oficial Clark, que ajuntar.

havia sido tenente na mi" M. Anderson, o cirurgião que já


meu segundo
•i|ia segunda nos havia fornecido tão precioso con-
viagem de circunavegação.
Os então 110 curso em minha segunda viagem, foi
dois navios achavam-se
estaleiro de examinar a história na-
de Depford. encarregado

dos devíamos visitar.


A de março, êles foram o tural países que
g para
J amisa. Vários foram encarregados de
Acabamos a aparelhagem, em- jovens

barcamos levantar cartas e fim M. Webber,


as munições, as ne- por
provisões
incumbido Almirantado de de-
cessárias uma longa viagem. foi pelo
para tão
as coisas, os episódios, os luga-
Embarcamos duas vacas, com senhar
um touro,
os animais, substituir enfim a im-
as crias, carneiros e forragens res,
para
sua de um relatório escrito.
subsistência. Cumularam-me de perfeição
objetos O Rei aproveitar esta viagem,
de necessidade, pre- quis
primeira
sentes única oportunidade talvez por muito
para oferecer aos povos que
íamos instru- tempo tornar Omai ao seu país
visitar, bagos de vidro, para
mentos de natal. Devíamos fazer escala em O
ferro, espelhos, etc.
82 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nas ilhas da Sociedade. Levei ocultaram a lua quase durante tôda


Taiti e que
'duração.
Omai no meu navio. Êle saiu de Lon- a sua

dres cumulado de de tôda es- Vendo que não tínhamos bastante


presentes
Pensei êle teria saudades feno nem forragem até o Cabo, resol-
pécie. que
da Inglaterra, depois ficou muito co- vi arribar a Tenerife em vez da Ma.-

i.° 'de agosto montamos a


movido e com dificuldade conteve lá- deira. A

Mas se lhe falou de de Tenerife para fundear, às


grimas. quando ponta

sua e dêste regresso imediato, seu 8 horas da manhã, no ancoradouro de


pátria
cintilaram. A alegria expe- Santa Cruz, com 23 braças de fundo.
olhos que

rimentava em rever os amigos, era, en-


Encontramos nêste pôrto uma fra-

tretanto, muito menor que a satisfação Bússola


gata francesa, Lc< comandada
de poder brilhar entre seus compatrio- de Borda, dois bergan-
pelo cavaleiro
tas, contando-lhes as maravilhas da via-
tins também francesesj, um bergatim

gem que êle tinha tão corajosamente inglês ia


que para o Senegal, e quatorze
empreendido e da qual os 0"Taitienses navios espanhóis.
não supunham que êle regressasse.
O governador foi muito afável e
Os preparativos nos tomaram ai"
autorizou-me a comprar tudo o que era
tempo, e, em 30 de junho estáva-
gum necessário. Conforme as aquisições que
mos no ancoradouro de Plymouth. A
fizemos, penso que os navios que em-
Resolution e a Descovery estavam pron-
viagens devem preferir Te-
preendem
tas para partir. A 6 de julho, recebi
nerife ao pôrto de Madeira, por ser
um correio minhas instruções se-
por turlo muito mais barato.
cretas, e depois de ter esperado um
O cavaleiro de Borda, de combi-
vento favorável, à noite suspendemos
nação, com M. Varela, astrônomo es-
com uma bela brisa de noroeste.
panhol, fazia observações para determi-
A Resolution lotava ao todo, ofi-
nar a marcha de dois cronômetros que
ciais, equipagem e tropa, 112 pessoas. tinham a bordo. Êles quiseram muito
Os soldados eram 15» comandados por
que eu tomasse parte nos seus estudos
um tenente, um sargento, dois cabos e
mas nossa demora foi tão pequena que
acompanhados de um tambor. A Des-
não tirei grande proveito deles. H. An-
covery tinha a bordo, ao todo, 88 pes- derson fez rapidamente uma notícia sô-
sôas, das quais 10 soldados, e um sar-
bre o que havia estudado na ilha sôbre

gento. a aspectos, conversas


produção, que
Do dia 12 a 19, tivemos ventos fa- teve com os habitantes Ele autorizou-

voráveis, ora de oeste, ora de sul. Pelo me esta notícia a meu re-
que juntei
través, de Ouassant avistamos nove latório, a continuamos nossa derro-
e 4
navios, que supusemos, serem ta com bom vento de nordeste.
grandes
de combate franceses; êles ne- Nlo fim 6
navios de dias, vimos às 9 horas da

nhuma atenção nos fizeram e continua- noite, a ilha de Bonavista, ao sul, a

mos na nossa derrota. mais de uma légua. Pensamos estar


pacificamente

Montamos o cabo Ortegal a 22, o muito mais afastados, mergulhados que

cabo Finisterra a 24 e a observei ficamos na ponta sudeste, desta ilha. A


30

de noite a lua to- 13 abordamos nas ilhas de Cabo Verde


com um telescópio

talmente eclipsada. não pudemos para ver se a Descovery ali se encon-


Quase

observar êste eclipse, devido às nuvens trava. Só encontramos dois navios lio-
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK 83

landeses um bergantini e re- Íamos a 21. Depois os encarregados do


e pequeno
tomamos nosso caminho. Por um ins- velame e os carpinteiros se ocuparam

tante receei com o vento sudeste em reparar as pequenas coisas avaria-


que
soprava, cair nas costas do Brasil, mas das durante a travessia. No dia 26 um

verifiquei meu receio era infundado, navio francês partindo para Europa se
que
entretanto, em conseqüência dos ventos aprestou sair. Entregamo-lhe nossa
para

alguns dias, de- correspondência para o Almirantado.


que sopraram durante

víamos 20 léguas A sobreveio um terrível furacão no


ter passado a ou 30 31

do Mas não ti- A Resolution foi o único navio


continente americano. pôrto.

nhainos indício de não mas nossos trabalhos


prumos e nenhum que garrou,

terra. astronômicos sofreram com a tempes-

Vimos os al- tade, nossas tendas e nosso pe-


durante a travessia, porque

batrozes, A 8 de observatório foram despedaçados.


as conchamar ( !)• queno

outubro, não se
um pássaro que quase D cs-
A 10 de novembro, chegou a
"noddie", em
afasta da terra, o pousou
covery- O comandante Clark, disse ter
nosso aparelho. Várias vêzes também
deixado Plymouth a 10 de agosto, e que
vimos durante a noite êstes animais
teria chegado dez dias antes sem o
marinhos desprendem luz e de que
que temporal que acabava de suportar no
falei viagem. A 17
em minha primeira a afastar-
mar e que o havia obrigado
descobrimos o Cabo de Boa .Esperança
se da costa. Certa noite nossos carnei-
e a 18 fundeamos na baía da Table por
ros foram roubados. O tenente gover-
um fundo de braças.
4 nador reparar a minha perda ofe-
quis
Saudamos com uma salva
a praça um dos carneiros de Espa-
reccndo-me
de 13 nos foi retribuída. Bai-
tiros, que êle havia aclimatado no Cabo.
nha que
xei à terra com meus oficiais e o g°~
M. Anderson, enquanto reparava-
vernador mostrou-se empenhado e mui-

os navios, visitava as cercanias com


to desejoso todas as mos
de proporcionar
oficiais. Não deixou de me for-
facilidades aprovisionamento. alguns
para nosso
uma notícia detalhada de sua pe-
Tratei vários negociantes. necer
com
viagem. Conforme hábito, adicio-
Apascentamos nosso rebanho quena
pequeno
estas notas ao meu diário.
nas campo insta- liei
cercanias de um que

CAPÍTULO II

ilhas denominei de Príncipe


Os dois navios deixam o Cabo — Avistam-se duas que
- Chegada ao Havre-de-Noel.
Eduardo". - Reconhecimento da Terra dd Rerguelen.

meio-dia, as ilhas de Marion e de Cro-


A de novembro, dei ao coman-
30
descobertas em 1772 por êstes dois
dante Clark uma cópia de minhas ins- zet,

truções dos comandantes franceses.


secretas, o caso
prevendo
navios Como as cartas não trazem êstes
se separarem e nesta mesma

tarde nomes em nenhuma delas, eu os


saímos da baia. Fomos atingi-

(los coloquei na minha carta, dando o nome


por um forte furacão. Além disso,

à medida o do Príncipe Eduardo a duas ilhas que


que caminhávamos para
Sul, o mais vimos aí próximas, e que não foram
frio começava a tornar-se
rigoroso. dezembro, ao vistas pelos precedentes
Vimos, a 12 de provavelmente
84 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

navegadores, embora elas fizessem Esta inscrição demonstrava clara-


par-
te do mesmo mente que outros navegadores tinham
grupo.
abordado a êste pôrto antes de nós.

O tempo estava mau, frio e chuvo- Escrevi do outro lado do pergaminho.


so. Fiz rumo achar a latitude da
para
"Resolution" "Descovery" de
M. de Kerguelen, Naves e
terra descoberta por
Rege Magna Britânica — Decembris
e minhas instruções mandavam le-
que
1776.
vantar.

bruma nos envolvia Recoloquei-o na garrafa coloquei, no


No dia 24, a que que

há dois dias clareou a pouco, e dia seguinte, no meio de um montão de


pouco
"su-end-este".
vimos uma terra a pedras muito vísiveis ao norte do pôrto.
Arvorei o pavilhão da Grã-Bretanha e

nos aproximámos, reconhe- dei o nome de Havre de Natal


Quando (Pôrto)
cemos uma ilha de uma altura conside- ao lugar em fundeamos nossos
que
rável, e de cerca de três léguas de perí- navios.

metro. Em seguida vimos mais quatro-


a úl- Empregamos os últimos dias do ano
A bruma nos impediu de levantar

cò- em reconhecer a Terra de Kerguélen.


tim3, mas no dia 24 a descobrimos
Uma espêssa bruma tornava algumas
modamente. Ela parecia ser o promon-
vêzes esta operação difícil. Descobrimos
tório de uma vasta terra. Sondamos e
um cabo a que dei o nome de Cumber-
imediatamente encontramos um bom
land, depois uma ilha muito se
fundeaclouro. Na manhã do dia seguinte, que
assemelhava a uma e, isso,
suspendemos ferro para penetrar na en- guarita por
dei-lhe êste nome, depois uma baía a
seada até um de milha e aí es-
quarto
que denominei de baía Branca, devido
a Descovery, que chegou ao
peramos
aos rochedos aí se vêem. Pelo mesmo
A Terra de Kerguelen que
meio-dia. pare-
motivo chamei baía dos Pingüins, o
ceu-nos habitada inúmeros pássaros- pôrto
por
Pplliser, o monte Campbell, a
Mas foram os únicos comestíveis que ponta Car-
lotta, o cabo Georges e uma infinidade
encontramos.
de pontas que examinei do melhor modo

27, a nossos mari- que pude. Os navegadores franceses ti-


No dia permiti
nos dois nham pensado a esta terra
nheiros, haviam trabalhado princípio que
que
era o prolongamento de um continente
anteriores em atestar nossos toneis, que
austral. Julgo ter ela é
-celebrassem a festa de Natal. A maioria provado que
uma ilha, e pouco extensa.
baixou à terra, mas não encontraram

nem habitantes nem sêres vivos, a não


De acórdo com sua esterilidade
Um dos po-
ser os de que já falei.
pássaros deria tê-la chamado com muita proprie-
meus homens trouxe-me à tarde uma
dade ilha da desolação; mas, não
um para
garrafa que êle encontrou presa por
tirar à M. de Kerguélen a de
glória
fio de arame a um rochedo que avança
têla descoberto, chamei-a Terra de Ker-
cm saliente na parte norte da baía. Esta
g-uélen.
garrafa continha um pedaço de perga-
minho com a seguinte inscrição: M. Anderson fez observações interes-

santes sôbre a vegetação verdadeira-


Ludovico XV, Galliarum rege ed D. mente miserável desta ilha, mas não en-
dc Bonyes regi a cecretis ad res mariti- controu vestígios de um mineral ou
mes — annis 1772 e 1773. metal.
85
DO COMANDANTE COOK
TERCEIRA VIAGEM

CAPITULO III

"En-
J ir «ler. à Terra de Van-Diowen Chegada à baía de
Passagem de Kerguelen a Terra _ —
da Terra a Nova_Zelândia
do partjda para
deavour — Entrevista com os aturais lóbre
0 massaCre da equipagem
Arribada ao Canal da Ramlia Carlota costumes -
dêste país Retomamos
ao „c,l«r d. í»
O-Taiti.

alimentam de mariscos, pen-


Ker lações se
Depois a terra de
de ter deixado
e algas marinhas.
tuclos
guélen, fiz rumo a lesnordeste. Queria,
insulares vivam assim
É incrível que
conforme às instruções do almirantado,
do mar sem ter pirogas,
nas bordas
fazer Mas
escala na Nova-Zelândia. ou de
instrumentos de guerra pesca.
'st0 n0
desde o i.° dia do ano (i777)' encon-
Nenhum vestígio destas coisas
ao mar,
dia seguinte ao nos fizemos da 1 erra
que trámos entre os habitantes
a
uma densa cerração nos envolveu.
Van-Diemond.
durou inteiras e fizemos
dias e noites Terra de Van-Diemond,
O croquis da
léguas nas tie\ as.
pelo menos trezentas Furneaux e inse-
feito pelo comandante
Mandei ao comandante
um escaler Viagem não
rido na minha Segunda
de ren
Clark e lhe marquei como ponto Antes
conter erros essenciais.
for- parece
dez-vous — em caso de separação
nós, falo da minha terceira viagem,
e de
na terra
çada,—a baia de Endeavour duas vêzes na
tinha-se desembarcado
Van-Diemon. Ela recebeu o
Terra de Van-Diemond.
da manhã avistamos
A 24, às 3 horas Tasmanie, de Tasman, até
nome de
un-
a noroeste a Terra Van-Diemond. um século depois
^ março de 1773, quase
na baía de
deamos às horas da tarde Furneaux a descobriu.
4 o comandante
que
a terra, o coman
Endeavour. Fomos dizer é a ponta mais
Não necessito que
um
dante Clark e eu para procurar da Nova-Holanda e que ela
meridional
lugar nos aprovisionarmos um continente, mas a maior
propício para não forma
os am
de água, lenha, e forragens para ilha do mundo conhecido.

mais. No dia imediato nossa equipagem da baia de


de saímos
A 30 janeiro,
dia; só vimos depois
trabalhou todo o depois caiu temporal.
Endeavour. Logo
fumaça nos
disso duas colunas de que de 6 ^e ^e"
Cêrca de meio dia para 7
avisavam os naturais não estavam caiu
que um soldado da Déscovery
vereiro
longe. Era o segundo
ao mar e desapareceu.
vieram visitar-nos. Eram ao
A 28, êles acontecia
acidente dêste gênero que
homens com um as-
de alta estatura, desde que saiu da
comandante Clarck
doce confiante. Tinham a barba
pecto e
Inglaterra.
de vermelho bem como a pele.
pintada a terra de Nova Ze-
A 10, avistamos
sem ligar
Receberam nossos presentes 12, depois de ter
fundeamos a
lândia ,e
a menor importância. Jogaram quase
ilha Stephens, no canal da
costeado a
tudo o lhes demos, e só os pássaros
que no lugar em que ha-
Rainha Charlotte,
capazes de cativar suas aten-
pareciam na viagem.
viamos fundeado primeira
Êles nos fizeram compreender que
ções- tempo e começou-se
Dei- Não queria perder
muito dêles para comer.
gostavam os depó-
imediatamente a desembarcar
-lhes 2 que êles preparavam para
porcos dois ob-
sitos vazios. Estabeleceram-se
matar e logo alguém tendo descarregado
as tendas as senti
servatórios e para
o ar, êles fugiram com
seu fuzil para
Estas nelas.
grandes gestos de terror. popu-
86 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

\ árias pirogas se aproximaram; flagrante delito de roubo. Um dêles


mas os naturais não ousaram vir a reagiu e feriu o negro; os marinheiros
bordo. Fiquei tanto mais admirado irritados mataram dois zelandeses a
quando todos me conheciam. Êles su- tiro. "Kohoowa"
Excitados por todo
punham, sem dúvida, eu vinha o
que para populado que cobria a margem pre-
vingar a morte do comandante Fur- cipitou-se sôbre os marinheiros e o:>
neaux e dos marinheiros êles ha-
que exterminou graças ao número.
viam massacrado. A maior parte dos naturais con-
Omai persuadiu-me desta opinião. firmaram esta versão c^ie provável-
Êle lhes falou longamente e os escla- mente é exata. O negro e os ladrões
receu, acrescentando que não lhes) faria- zelandeses foram os causadores de tudo.
mos nenhum mal, o que pareceu lhes Kohoowa, aliás, nos confirmou ês-
surpreender muito. tes detalhes alguns dias depois. Tive
As barracas foram equipadas. Pus
grande dificuldade em fazer com que
uma forte guarda, é
porque preciso se decidisse a vir falar comigo. Quan-
desconfiar dos Zelandeses, depois das do êle viu não
que queria matá-lo,
tristes cenas de. carnificina a se consentiu
que em dar-me os detalhes do
entregaram. M^as êles se massacre,
prontamente que foram
quase os que ha-
convenceram de que não lhes deseja- via dito Pedro nas margens da ensea-
vamos fazer nenhum mal. Um da
grande do Herbe.
número circundou nossas barracas e Com0 devêssemos tocar nas ilhas
muitos me excitaram a matar um chefe da Sociedade, lembrei-me de levar um
chamado Kohoowa que dirigiu o mas- ou dois insulares da Nova~Zelândia.
sacre do destacamento do comandante Encontrei um passageiro pronto a acei-
Furneaux. Parece cjue foi êle mesmo tar esta Foi
proposição. um zelandês
quem matou M. Rowe. Os naturais de
se nome de Toweiharooa. Êle fez seus
admiraram muito que eu imediatamen- arranjos com Omai lhe falou da
que
te não atendesse a seu pedido porque terra natal, e êle não se mostrou de
êles detestavam ou temiam Kohoowa. modo algum sentido abandonar
por
Ao despontar do dia 16, fomos sua
pátria. Estas tribus estão em tran-
com cinco escaleres reconhecçr os pon- ses perpétuos isto é
e uma prova da
tos favoráveis para colhêr forragem;
pouca importância mostram
que os in-
voltando ao navio, quiz ver a enseada ílivíduos ao deixar a ilha.
de Horbe onde os homens do coman- í owenharooa trouxe como uma
dante Furneaux foram massacrados. espécie de criado um indivíduo
que era
Aí encontrei um velho amigo Pe- muito jovem e muito inteligente. Per-
dro, que conhecera por ocasião da mi- unia
guntei-lhe vez, não
por que queria
nha última estadia no canal. exceção,
por sentar~se com a nossa
Por intermédio de Omai, pedimos e comer. Êle
gente respondeu-me
que
a Pedro e a seus amigos detalhes sô- era lhe haviam
porque cortado os ca-
bre a morte de nossos infortunados belos. Havia nisso uma crença reli-
compatriotas. Responderam sem reser- giosa nunca
que pudemos decifrar, nem
vas e como se fossem inocentes. mesmo explicar.
Êles nos contaram a equipa- Tive tempo
que para examinar os Ze-
gem estava jantando sobre a landeses durante nossa
grama, estadia e re-
quando o negro do comandante Fur- colhi certas particularidades de sua vi~
neaux, que montava ao escaler, da me
guarda que parecem interessantes. São
espancou dois naturais apanhados em muito ardorosos nos combates e comem
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK 87

os seus inimigos O também o temor de serem comidos os


mortos na batalha-
desejo faz defenderem corajosamente suas
desta abominável refeição é tal-
vez o motivo de sua bravura. Talvez vidas.

CAPITULO XV

- Belos espetáculos em nosso honra


Os naturais nos obsequiam generosamente

combates singulares. Um campeão


No dia seguinte, Feenou e Omai,
lantava-se„ avançava altivamente e, por
inseparáveis, chegaram a bordo
quase
nie expressivos, antes do que por
muito cê('o. Ambos disseram que gestos
um desafio à tropa
esperavam na ilha. Logo com palavras, propunha
parti
oposta. Se aceitava o desafio, o que
êles e levaram-me o mesmo lugar
para
acontecia ordinariamente, os dois cam-
em na véspera; en-
que estive assentado
habi" tomavam atitude de combate e
contrei um concurso numeroso de peões
atacavam-se mutuamente, até que um
tantes reunidos e pensei que prepa-

delês se donfessasse vencido ou que suas
Tavam alguma ctóisa de extraordinário,
Omai armas. se Terminado êste
mas não advinhava o era, e quebrassem.
que
não combate, o vencedor vinha acocorar.se
podia dizer-me.
de diante de seu chefe; levantava-se em
Mal senteLme vi aparecer cêrca

nossa es— seguida e retirava-se. Nestes entremeios


cem mil insulares vindo para
de fru~ alguns velhtis, que pareciam os juizes
querda," carregados de inhames,

ta-pão, de açúcar. de campo, faziam os elogips em poucas


bananas, cocos e canas
dois e os espectadores, sobretudo
Arriavam suas cargas formando palavras,

outros na- os do partido do vencedor celebravam


montes em Logo
pirâmides.
tra- esta vitória com dois ou três gritos de
tivos chegaram nossa direita,
pela
zendo coisas, fazendo tam- alegria.
as mesmas

bém as deste lado.


mesmas pirâmides alguns
Havia de tempo a tempo
Èles amarraram na de nossa
pirâmide intervalo de um a outro
minutos de
direita seis e duas tartarugas.
porcos Êstes entre-atos foram
duelo. preenchi-
Europa sentou-se diante da da
pirâmide de
dos combates dc luta ou pugilato.
da por
esquerda e um outro chefe diante
exatamente os de
Os primeiros pareciam
da direita. Pensei êles
pirâmide que dos
0'Taiti, e os outros diferiam pouco
tinham reunido esta contribuição por
da Inglaterra. O que
das populaças
ordem de Feenou, ao qual pareciam
nos admirou foi ver duas gordas
mais
obedecer com tanta submissão quanto
na liça e se atirarem
mulheres entrar
Annamooka e êle tinha muita au-
que nenhuma cei imônia e com
% sôco sem
toridade sôbre os chefes Happoe.
os homens. Seu
tanta destreza quanto
Os homens trouxeram estas pro-
que meio minuto e
combate durou apenas
visões tiveram cuidado de arrumá-las do
vencida. A he-
uma delas deu~se por
modo mais pitoresco e, em seguida, jun-
recebeu da assembléia
roína vitoriosa
taram-se à multidão em circulo à volta
vitoriosos que se
de os mesmos aplausos
das pirâmides. Guerreiros armados
homens cuja fôrça e des-
faziam aos
maça de coqueiros em se-
penetraram
triunfado de seu rival.
de treza tinham
no recinto e desfilaram diante
guida
desaprovação por esta par.
du- Mostramos
nós. Depois de ter feito evoluções
da festa, mas nossa desaprovação
rante instantes, entraram em li" te
alguns
duas se apre^
de vários não impediu que jovens
Ce e nos deram o espetáculo

/
88 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sentassem sôbre a arena; ter senvolveram


pareciam uma destreza e uma pre-
coragem e teriam desferido vi- cisão extremas muito su.
golpes e que achamos
toriosos se duas velhas não tivessem a nossas manobras militares.
periores
vindo separá-las. Êstes diversos com- Era uma espécie de dança tão diferente
bates tiveram a assistência de me- da havia visto até aqui receio
pelo que que
nos três mil pessoas e os campeões não descrevê-la nossos leitores.
poder a
tuustí aram muito bom humor; entre, Ela foi executada homens contá-
por e
tanto, os homens e as mulheres rece- mos quinhentos. Cada um tinha na mão
beram golpes que ressentiam por bas- um lindo instrumento mais ou menos da
tante tempo. forma de um remo, de dois e meio de
pés
Terminados -os o chefe disse- comprimento tinha belo
jogos, que um punho e
me que o monte de provisões que es- uma palma espêssa e era
pouco que
tava à nossa direita era Omai, muito leve. Êles o agitaram de um nú-
para
e que a pirâmide de nossa esquerda, mero infinito de maneiras; todas estas
a que continha dois têrços de tudo. posições foram acompanhadas de diver-
era minha. Êle disse levar sas atitudes ou de diversos movimentos
que podia

para bordo quando o e do corpo. Os atores formaram a


quisesse que prin-
era inútil montar guarda os cípio em três linhas, meio de di-
porque e por
naturais não tirariam um único coco. ferentes evoluções, mudavám de lugar
Cie não se enganava, levei-o de modo os se achavam
porque que que atrás
para jantar a bordo e quando à tarde passaram para a frente. Não ficavam
embarquei as reconhecemos muito tempo na
provisões por mesma posição e
que não tinham sido tocadas. Havia cada vez êles mudavam,
que era sempre
bastante atestar movimentos muito
provisões para quatro por vivos. Êles es-
escaleres e fiquei muito surprêso ciom tenderam.se em linha. Formaram um
a liberalidade de Feenou; nehum dos semi-círculo em duas colunas. Enquan-
chefes das ilhas do mar do Sul teriam to êles acabavam esta última evolução,
feito presentes tão magníficos. Pro_ um dêles adiantou-se e executou diante
curei mostrar a meu amigo não de mim uma dança
que grotesca que termi-
era insensível à sua e nou o espetáculo.
generosidade,

presenteei-lhe com tudo êle Não havia outro instrumento


quanto a não
¦dava valor. Êle ficou tão satisfeito ser dois tambores ou, melhor, dois tron-
com meus presentes logo após sua cos de árvores cavados
que, que êles batiam
chegada à praia, mandou-me ainda com um de e
pedaço pau donde tira.
dois porcos, uma considerável quanti- vam algumas notas. Pareceu.me, con-
dade de pano e de inhame. tudo, os dançarinos não
que eram diri-
Feenou mostrou desejo de ver nosaos êstes sons,
gidos por mas por um côfõ
soldados de marinha fazer exercício. de música vocal ao qual juntavam suas
Com êste objetivo ordenei aos soldados vozes. Seus cantos representavam uma
dos dois navios estarem em terra na espécie de melodia e as evoluções e pas-
manhã do dia 20. sos, eram uma conseqüência, exe-
que
Depois de diferentes evoluções, cada cutavam-se com tanta vivaci-
justeza e
um deu vários tiros. A assembléia que dade que a tropa numerosa dos atores
era muito numerosa mostrou-se encan- parecia formar uma máquina.
grande
tada. O chefe nos ofereceu a seu turno Todos nós semelhante
pensamos que es_
um espetáculo em os naturais de_ petáculo seria universalmente
que aplaudido
COOK 89
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE

a fim de estabelecer contraste,


em um teatro da Europa. Êle ultra- grave;
um outro homem batia muito depressa,
passou, como disse, a tudo o que tí-
dois um da mesma
nhamos diverti-los, e com paus, pedaço
imaginado para
substância, fendido e deitado no chão e
êles tinham ares de sentir sua superio-
tirava sons tão agudos quanto os pri-
ridade. Com exceção do tambor, não
eram O resto dos mú_
faziam instru- meiros graves.
nenhum caso de nossos
sicos, como os tocavam o bambú,
iv.entos infe- que
de música, considerando-os
cantavam uma ária dôce e lenta que se
riores aos seus. Nossos cornos de caça,
misturava tão bem à dureza dos sons
em desprê-
particular, excitaram grande
dos instrumentos de que acabo de falar,
zo os nativos da ilha e todos
porque
um auditório habituado aos mais
°s do exa- que
mar do Sul não se dignaram
e aos mais variados sons melo-
mináJos. perfeitos
diosos teria admirado a forte impressão
A fim mais ía-
de dar uma opinião desta
e o efeito agradável que resultava
vorável e lhes
de nossos divertimentos
harmonia simples.
inspirar de
um sentimento profundo Depois dêste concêrto que durou cêr-
nossa fôrça e de nossa destreza fiz pre-
ca de uni quarto de hora, vinte mulheres
parar fogos de artifício que foram quei"
entraram em cena. A maior parte delas
mados, à tarde em de Feenou,
presença tinha a cabeça ornada de grinaldas de
os 'outros de ha-
chefes e uma multidão
rosas da China ou de outras flores car-
bitantes.'As se achavam es"
peças que mesis. Muitas tinham pelo corpo outras
tragadas falharam, mas as que estavam
de folhas de árvore e cortadas
grinaldas
em bom estado funcionaram perfeita-
nas com muita delicadeza e dan-
pontas
mente muito bem o obje-
e cumpriram uma espécie de ballet nos
çaram que
tivo tinha em vista. Os foguetes
que divertiu muito.
do ar e os mergulhantes lhes causaram
Depois do bailado das mulheres veio
sobretudo um uma admiração
prazer e
o dançado homens e estas duas
pelos
que não se conceber, e julgaram,
pode tão
danças foram tão animadas e pre-
então, relação a espetáculos nós
que em Os nativos
cisas que obtiveram elogios.
sabíamos mais do êles.
que certamente, bons
assistiam eram,
que
Esta superioridade de nossa os
parte conter seus aplau-
e não podiam
juizes
excitou a dar-nos novas da série
provas mesmos tivemos uma grande
sos; e nós
de danças Feenou havia ordenado
que
satisfação.
Para nós divertir. Uma banda de deL
nos impressionou o con-
zoito diante A princípio
músicos veio a assentar-se
reinava entre os atores e a
de nós no meio de um círculo de uma junto que
dos seus e de seus can-
multidão devia ser- exatidão passos
de expectadores que
nunca a cadência da
vir de dentre tos que perdiam
teatro. Quatro ou cinco
música; alguns de seus gestos eram tão
êles tinham de grosso bambú
pedaços
ouvir as pa—
de três de comprimento expressivos que parecia"nos
a cinco pés que
lavras os acompanhavam. Embora
êles mantinham na vertical, a ex- que
quase
a orquestra a voz dos dançarinos fôs-
extremidade superior e a inferior e
aberta,
sem de acordo, o longo
fechada nós. Êles batiam o chão perfeitamente
pelos
hábito destes bailados entremeados de
com a extremidade inferior, seguida,
árias, contribuir muito à medida
mas lentamente; assim, di- parece
produziam,
dos exata êles observam. Notamos, com
versos tons, segundo o comprimento que

tons era efeito, que os que estavam distraídos ou


bambus, mas cada um destes
¦

^
90 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

fora de forma de maneira reto. distância em distância. Havia um


qualquer gran"
mavam a nota o o sem nenhuma de número de espectadores, a
passo embora
dificuldade. Êles bruscamente assembléia fôsse menos numerosa
passavam que a
e com uma extrema destreza, das contor- da manhã, nossos soldados da
quando ,
soes rudes e agudos a movimen- Marinha fizeram exercício. Alguns
gritos con.
tos doces e cantos melódicos e nos mos- em cêrca de cinco mil as
jecturavam
traram claramente que os exercícios lhes
pessoas que assistiram a êste espetáculo
são muito familiares. de noite, outros esta estimativa
julgam
Estas danças foram executadas debaixo muito fraca; parece.me que havia um
das árvores na praia. O lugar da cena menos
pouco e julgo que me aproximo
era iluminado por tochas, colocadas de mais da verdade.

CAPITULO V

Descrição de Leffoga — Mulher exerce —


que profissão de oculista Meios que
usam os indígenas para cortar o cabelo — Os navios mudam de fundeadouro
— Descrição de Hoolawa — Detalhes sôbre Populaho, rei das ilhas dos Amigos —
Entrevista de Populaho e de Feenou — Chegada a Tougataboo.

Os diversos espetáculos aos quais as- plantas deste Vimos


gênero. uma casa
sistimos com prazer, tendo satisfeito a quatro ou cinco vezes maior "que
do as
curiosidade dos insulares e a nossa, teve habitações comuns; havia um grande
fim examinar o país. A 21 fiz uma gramado diante da fachada
por e eu julguei
"Lefooga",
excursão na ilha que dese- que os nativos faziam
aí as reuniões
observar. Achei-a sôbre muitos as- públicas.
java
"Annamooka".
superior a As De
pectos regresso de minha excursão, vim
eram mais numerosas e mais
plantações jantar a bordo, e encontrei uma grande
extensas; entretanto, o terreno está ain-
piroga à vela amarrada na pôpa da
da inculto em alguns distritos situados Resolution. Latooliboula, eu havia
que
o mar, e sobretudo do lado orien- visto
para em 1 ougataboo durante minha se-
tal: isto talvez de que o solo
provém gunda viagem e eu supupunha
que então
é arenoso; é muito menos ele-
porque rei desta ilha, estava sentado na em-
vado do Annamooka e as ilhas pró- barcação
que com a mesma gravidade que
ximas. Êle é melhor no centro da ilha. êle apresentava naquela época de que
tudo denunciando uma população consi- falei alhures. Nossos carinhos e nossos
uma cultura cuidada; vimos
derável e pedidos não puderam conseguir com que
limitadas por alêias viesse
vastas plantações a bordo. Tínhamos a bordo uma
e que formam multidão
perfeitamente paralelas, de insulares chamavam-no
que
caminhos tão largos e bonitos arseke,
grandes que quer dizer rei. Apesar da
seriam capazes de embelezar os lu- extensão
que dos poderes de Keenon
que
em o gosto e as comodidades nunca
gares que parecia gozar; tínhamos ouvido
do campo levaram a uma extrema per_ ninguém chamá~lo cirsekg, e eu há muito
feição. Vimos vastos distritos cobertos suspeitava êle
que que não era rei, em.
de amoreiras e de belas árvores. bora seu amigo Taipa tivesse tomado

Com o objetivo de enriquecer, ainda, cuidado para nos Latoolí-


persuadir,
estas semeei trigo da índia boula ficou até à noite na da Re-
plantações, pôpa
sementes de melão, abóbora e outras solution e regressou a um dos lados das
COOK 91
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE

ilhas. vessem sido empregadas navalhas. En-


Feenon o dia conosco, mas
passou
vi, experimentei logo
estas duas não se corajado pelo que
grandes personagens
olharam minha barba um instrumento igual,
e nem se cumprimentaram. em

minha experiência foi bem sucedida.


No dia seguinte alguns dos naturais e
roubaram Entretanto, os homens não se barbeiam
do convés uma barraca alca-

troada desta forma e sim meio de duas con_


e outras coisas. Foram logo por
per-
cebidos; chas. Êles colocam uma das conchas
e fiz seguir os ladrões, mas

meu dos de barba, aplicam a


destacamento um atra- abaixo pelos
partiu pouco
sado. êle segunda concha acima, e raspam assim
Queixei-me a Feenou, que se

não a A operação é um pouco longa,


fosse de fato rei, tinha entretanto pele.
bastante mas nada tem de dolorosa. Há entre
autoridade, e recomendei-lhe
riue empregasse êles alguns fazer a profis-
todos os meios para que que parecem

se me havia sido são de barbeiros; nossos marinheiros


restituisse o que me
roubado. a Europa iam, as vêzes, a terra para se fazer
Êle mandou-me falar
cjue me engabelou várias barbear à moda do e os chefes
com promes- país,
sas, mas da ilha vieram a bordo se barbea-
que nenhuma providência para
tomou. rem nossos barbeiros.
pelos
Numa de minhas visitas à ilha, pre_ A 21 de maio, de madrugada, fiz si-
senciei ca" "Tou-
um fato curioso. Entrando nal de aparelhar; indo a
queria
sualmenté casa, vi uma mulher
em uma pelo sudoeste, tornar a passar
gataboo"
operando de uma criança que "Annamooka"
os olhos em e contar as ilhas que
parecia cega; olhos da criança esta-
os estivessem em seu caminho. Ordenei ao
vam muito inflamados cobertos de uma
e mestre de tomar um bote e de sondar

película. únicos instrumentos ela


Como mas não estávamos ainda
pela proa;
possuia duas sondas de ma-
pequenas marcados, o vento tornou.se variá-
que
deira, com ela acabava de es-
as quais seria experi-
vel e senti que perigoso
tregar os olhos do enfermo, até san-
mentar esta sem conhecê-la
passagem
grar. Admirei-me de ver os nativos
que no meu e chamei o
bem. Fiquei pôsto
empreendiam operação desta es-
unia
mestre. Enviei-o em seguida com o
pécie, porém cheguei tarde e não posso
da Discovcry tomou um se-
mestre que
descrever com detalhes como a mulher
bote; ordenei que voltassem
gundo para
oculista empregou -os miseráveis instru*
da noite, e de examinar os ca-
à entrada
mentos vi em suas mãos.
que
nais o mais longe que pudessem.
Tive o feliz ensejo de ser testemunha
meio dia, uma grande piroga à
de Ao
uma outra operação, que vou tentar
à da Rcsolutiow. Kla
descrever vela chegou popa
com o maior cuidado. En-
um homem que se chamava
contrei raspava trazia
uma outra mulher que "Poulaho"
"Futtafaihe" ou ou talvez ti-
a cabeça de uma criança com um dente
dois nomes. Os naturais cjue
de de vesse os
tubarao, fincado na extremidade
achavam a bordo nos disseram que
um molhava se
pau; notei que ela primeiro
rei da Tougataboo e de tôdas
os cabelos com o auxílio de um êle era
pano
vizinhas vimos e de que
mergulhava na água e em as ilhas que
que ela que
havíamos ouvido falar. Supus que o ti-
seguida ela aplicava seu instrumento

não a um outro e fiquei


sôbre a molhada. A criança tulo pertencesse
parte
admirado me anunciaram Pou-
parecia sentir nenhuma dor e os cabelos quando

foram tão bem como se hoit™ laho por esta forma.


cortados
92 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Os insulares asseveraram, entretanto, nha grande desejo de vir a bordo, con-


que êle possuía uma alta dignidade e videi-o para subir. Eu 0 acolhi tanto
confessaram-me então, pela primeira melhor quanto êle presenteou-me com
vez, que Feenou não era o rei, mas dois porcos gordos. Êle apresentava uma
somente um chefe de grande prestígio; saúde perfeita. Se a posição ou a au-
e quando se tratatava de fazer a guerra toridade entre eles era representada pela
ou de terminar disputas, enviavam-no grossura do corpo, êle era o primeiro
às ilhas vizinhas. Eu necessitava e de_ dos chefes que havíamos encontrado:
sejava prestar minhas honras a todas muito gordo, apesar de sua pequena al.
as grandes personagens, sem examinar tura, êle parecia um grande tonei.
seus títulos, e sabendo que Poulaho ti-
(continua)
Salvamento de Náufragos na

Marinha Bi
Brasileira

Ração ou abandono (R3)


de emergência

Condensado)
(Trabalho

DR. DARCY DE SOUZA MED IN A

Capitão-de-Mar-e-Guerra (MD)

Indicação: entes e bastantes à satisfação íntegra da


Abandono de Navio, SubwMT

economia orgânica. Além disso, ficou


rino ou Avião.
o homem, ingerindo água
provado que

abundantemnte e estando dis-


O A RAÇÃO DE EMERGÊNCIA potável
etn de esforço físico, po-
causa destina_se, como o próprio pensado qualquer

nome forne- derá ter uma sobrevivência garantida


indica esclarecidamente, a
cer durante 20 a dias, muito embora, pri-
ÁGUA e ALIMENTAÇÃO ao pes- 30

de espécie de alimento.
soai colocado situa- vado qualquer
eventualmente em
Isto, de acordo com as propriedades
Çoes críticas especiais, tais como:
Mui a0 contrário, a falta
individuais.

de ingestão de água por um período


a) — Em balsas ou baleeiras salva-
o que compromete o
prolongado,
-vidas dos navios (superfície
ácido-básico, pH., é incom-
equilíbrio
ou submarino) .
com a sobrevida, mesmo presen.
patível
b) — Em balsas salva-vidas dos
tes outras circunstâncias favoráveis.
aviões.
No naufrágio do Cruzador Bahia a au-
c) — Em unidades paraquedistas. sência absoluta de água, a datar de uma
d) — Em tropas cercadas . a domingo, fêz com de
(bolsões) quarta-feira que
I 282 homens se utilizaram das balsas
que
Nota: As mesmas indicações referen- após o abandono do navio, somente se

ciadas para a Aeronáutica Civil, salvassem 32, em condições precaríssi-


"b". lenta e remota
item mas de recuperação ao

serviço militar ativo. Pasmem-se os

2) — Nã0 faz leitores, mas salvaram-se exclusivamente


se absolutamente pos-
sível nas condições atuais da ciência, homens. Sem maiores comentários,
32
armazenar, em uma balsa ou colête sal-- dado como a tripulação do Cruzador
va_vidas, água e sufici- Bahia abandonou o navio.
a os alimentos
94 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

3) — A larga e ilustrativa experi. em causa. Outíossim, a ASSIMILA'


ência das forças armadas dós E.U.A. ÇÂO da ração deve fazer-se sem maio-
demonstrou, na última conflagração mun. res dificuldades e ser acompanhada
dial, que, nos climas tropicais, a sobre- por uma produção simultânea, orgânica
vida dos náufragos apresenta-se plena- própria, de um máximo volume de água,
namente compatível com uma ingestão água de oxidação propriamente dita e
diária de 300 a 500 gramas de água caracterizada,
potável e pequena ração à base de car- - Os elementos COMPONENTES
boidratos. Já nos climas frios, casos 5
tal raSao de emergência, REQUI-
comprobatórios do Atlântico Norte, tor_ c'e
nar-se-ia necessário uma pequena modi- SITOS FUNDAMENTAIS, devem
ficação, isto é, mais carboidratos, pro- ser rigorosamente selecionados, suportar
teínas'e gorduras e menos água. Esta altas e baixas temperaturas e receber
manobra faz-se lógica e racional, com. uma 'impermeabilização perfeita, à pro-
das a?ões exteriores que iriam
preensivelmente justa e científica aos va.pletla
fins colimados. ag'r negativamente sobre sua composi-
_\ it Ção e conseqüente eficiência requerida.
4) — L ma ração de emergência deve .«4__.«__,.
constituir-se sobremaneira CONCEN- 6) — A CONSTITUIÇÃO proposta
TRADA, fornecendo um máximo de para a RAÇÃO DE EMERGÊNCIA
CALORIAS necessárias aos objetivos compreende:
ALIMENTO — ÁGUA
a) - Item 1 — 80 CRISTALIZADOS com a seguinte composição:
Abreviação Camada sacarosa de cristalização 56 o grs
"HC" Sacarose [[
25g[0 grs\
Côr clara Glicose cg 0 „rs
Cremor de Tártaro 0 g'0 „rs
'.
Essência de 5 frutas ' q S.
TOTAL EM GRAMAS: 376,80
TOTAL EM CALORIAS: 1.460
b) - Item 2-80 CRISTALIZADOS com a seguinte composição
Abreviação Camada sacarosada de cristalização e,6o
"Hcp- cuco* .;.;:::;: ers

Côr escura Sacarose


#» U.
Tí_ crr.
Extrato de carne 400 grs
Manteiga 6o'0 grs
Margarina 560 grs
Lecitina 0I0 grs
TOTAL EM GRAMAS 386,00
TOTAL EM CALORIAS 1.728
c) - Item 3 — 80 CRISTALIZADOS com a seguinte composição:
Abreviação Camada sacarosada de cristalização c6 0 grs
"HCPG" Milo V. 184,0 grs.
Claro-escuro Extrato de carne 8,0 grs.
Glicose 40;0 grs
NÁUFRAGOS . 95
SALVAMENTO DE

8.0 grs.
Manteiga
64,0 grs.
Sacarose

TOTAL EM GRAMAS 424,0

CALORIAS 1464
TOTAL EM

COMPOSIÇÃO b) — 100 Gramas dc Milo con-


DO MILO
têm
"A"—800 U.I.
a) — Gordura Vitamina
n,8%
"Bi" — 2 mi-
Proteína Vitamina
11,6%

Hidrato ligramas
de Carbono ... 68,5%
"B2" —
Sais Vitamina 4 miligramas
Minerais (Cálcio,
Nicotinamida — 20 miligramas
Ferro,. Fósforo,- Iôdo) 5,I%
"D" —¦ I.
Àgua Vitamina 8000 U.
3 %

E ILUSTRATIVO
COMPARATIVO
QUADRO

Diárias 100 Gramas dc Milo Contêm


Necessidades Médias

"A" U.I 8.000 U. I.


Vitamina . 4.000
•Vitamina "Bi" miligrama 2 miligramas
1
"B2" miilgramas
Vitamina 2 miligramas... 4

Vitamina "C" 30 miligramas... o miligramas

Ácido miligramas... 20 miligramas


Nicotínico 10
"D" U.I 800 U. I.
Vitamina . 400
miligramas.. 750 miligramas
Cálcio 750

Fósforo miligramas.. 750 miligramas


750

Ferro miligramas... 20 miligramas


10

Iôdo 1,0 miligramas.. 25 miligramas

TOTAL EM CALORIAS 438

Xota: O único elemento ausente é a


"C"
VITAMINA

Ração 1 homem durante 8 dias,


ESCLARECIMENTO EM para

RESUMO perfazendo:

Nos itens anteriores temos 240 CRIS- CALORIAS: 4652

talizados refeições durante GRAMAS: 1 186,80


para 3
& dias, assim aconselhados:

— — Item — Drágcas dc Mui ti.


Pequeno almoço 10 crista- d) 4-16
(Comer
lizados). vitaminas e Sais Minerais

Jantar — 10 cristalizados)
(Comer
Jantar — BRANCO —
, (Comer 10 cristalizados) (ENV6LUCR0
Jantar — 10 cristalizados) CELOFANE)
(Comer
96 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

COMPOSIÇÃO 80 — Cristalizados de hidrato de car*


bono e proteínas
Vitaminas 80 — Cristalizados de hidrato de car-
bono, proteínas e gorduras
"A"
5.000 U.I. 16 —^Chicletes ç 16 Comprimidos de
'Bi" 0,004 g- vitaminêtas.
"B2" 0,002 g.' ESTA RAÇÃO ALIMENTA UM
"B6" 0,001 g.
"C" HOMEM DURANTE 8 DIAS
0,030 g.
"D" 400 g. USAR A SEGUINTE NORMA:
Pantotenato de Cálcio. 0,004 g.
Nicotinamida 0,005 S - Pela manhã: Comer 10 cristalizados
(côr clara)
Sais Minerais A noite: Comer 10 cristalizados (côr
escura)
Fosfato de ferro 0,010 grs. Â noite: comer 10 cristalizados (côr-
Fosfato de Cálcio 0,060 grs. clara-amarelo)
Iodêto de Potássio .... 0,001 grs.
Total diário: 30 cristalizados — 2
Sufalto de Cobre 0,002 grs. chicletes — 16 vitaminêtas
Carbonato de magnésio 0,050 grs.
Total 8 dias; 240 cristalizados — 16
Excipiente 0,075 grs.
chicletes — 16 vitaminêtas.
TOTAL e INDICAÇÃO — 16 drá-
geas para 1 homem, consumir, durante USAR SACO PLÁSTICO PARA
8 dias, fazendo-o a razão de 2 ao dia.
GUARDAR AS SOBRAS E EVITAR
UMIDADE
e) - Item 5 — 16 Tabletes de goma de
Esta ração destina-se à Marinha e
mascar (chicletes)
Aeronáutica
Côr do Envólucro — Variável com
fornecimento comercial. DATA DE MANUFATURA /
Indicação — Consumir durante
8 dias, sendo 2 ao dia. Nota: Este é o rótulo das latas con-
tendo ração de abandono (R-7).

MINISTÉRIO DA MARINHA
Brasil INFORMAÇÕES SOBRE A PROCE.
RAÇÃO DE ABANDONO (R)"3) DÊNCIA DOS ITENS DA RAÇÃO
COLETIVO DE EMERGÊNCIA

COMPOSIÇÃO 1 — FÁBRICA BHERING, Rio de


Janeiro — Desde o início dos
80 — Cristalizados de hidrato de trabalhos relativos à ração de
carbono náufragos, muito se tem interes-
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS 97

sado solu- NAS, cópias exatas das Multivi-


esta organização pela
fabri- taminêtas Roche, e chicletes
ção do problema, já tendo

Brasil e ADAMS) são perfeitamente exe-


cado para a Marinha do
no industrial na-
Ministério da Aeronáutica apro- qüíveis parque
cional, com a mais absoluta auto-
ximadamente 10.000 rações. É de
-suficiência e sem menor perda de
resaltar a cooperação e prestimo.
tempo entre a encomenda e a exe-
sidade do Dr. Tenius Teja,
cução da mesma por parte do for-
químico-chefe da Fábrica Bhering

Darke necedor.
de Matos e Carvalho.

INSTITUTO DE PESQUISAS

TECNOLÓGICAS DO ESTA-

DO — Êste
DE SÃO PAULO
RAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA
Instituto fêz em 1952 e 1953
que
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS
a análise e a síntese da PERMU-

TIT exames (R-3)


americana, conforme

atestam, agora a fabri-


propõe-se
Objetivo Explicação Preparação
bricar a Marinha do Brasil
para
e Aeronáutica, todo o DESSAL- — ALIMENTAR 1 HO-
OBJETIVO
GANTE I.P.T. se tornar ne* NAUFRAGO DURANTE 8
que MEM
cessário: Em 1956, o I.P.T. O náufrago ao lançar-se
julho, DIAS.
fabricou, a do EMFA, 100 leva a tiracolo sua lata
pedido na água, de
unidades de DESSALGANTE ração.
I. P. T., cobrando tão somente

Cr$ 28.000,00 encomenda — A RAÇÃO DE


pela EXPLICAÇÃO
total. Sabendo.se o similar compõe-se de
que EMERGÊNCIA (R-3)
americano custa, itens, cujos símbolos são os seguin-
(PERMUTIT) 3
por unidade, dólares, bem po~
30 tes:
demos compreender o valor da

realização Instituto "HC" —


elaborada pelo Fórmula n.° I.

em causa, o fêz à boa "HCP" — Fórmula n.° 2.


que graças
vontade Professor "HCPG" —
de seu Diretor, Fórmula n.° 3.
Faffei ç Professor
químico-chefe
Bernarde Lutz. Ambos acionados A ração está contida em uma lata
Nota:

pelas molas catalíticas dos Srs. hermèticamente fechada a vácuo

Almirantes Álvaro Alberto e Attila e a manobra de abertura é fà-


Monteiro Aché, na época, respec" realizável a uma
cilmente graças
tivamente, Presidente do Conselho abridor orelha,
chave externa, de.
Nacional de Pesquisas e Chefe encontra soldada à face
que se
do Estado.Maior da Armada, que lata. A falta,
exterior da por
muito estimularam a resultante motivo, do abridor de
qualquer
final. a manobra faz-se exeqüível
orelha,

com a faca de marinheiro, que


Todos os demais itens constitu-

intes RAÇÃO DE EMER- todo náufrago possui em seu equL


da

GÊNCIA (MULTIVITAMI- pamento.


98 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

PREPARAÇÃO —
modo a obter-se em taboleiros recober_

"HC" tos de fino amilo o formato conveniente


FÓRMULA X.° i
auadrangular.

8o — Cristalizados — 1.460 Colocado o material nos taboleiros,


Calorias

Gramas são êstes agora levados a câmara,


Peso 376.80 (Pêso Unidade: para

6,9 a 45°, tendo em objetivo conseguir a


grs.
solidificação do colimado.
produto
Sacarose 258,0 grs.
Em taboleiros metálicos é processado
Glicose 58,0
o revestimento, utilizando-se calda feita
Cremor de tártaro .. 0,80
com sacarose na densidade de Be.
38°
Camada sacarosada de
A seguir os taboleiros são mergulhados
cristalização 5^,0 no depósito de cristalização durante 48
Essência de 5 frutas. Q.S. horas.
Limão, Laranja, Abacaxi, Morango,
Finalmente, dessecagem na câmara
Tangerina)
mencionada retro, à mesma tempera-
Mistura-se inicialmente a sacarose tura.

com a glicose, usando um tacho de co- "HCP"


FÓRMULA N.° 2 —
bre com a capacidade de 50 quilos. Fa_

zê-lo à temperatura de 114° centígra- 80 Cristalilizados Calorias 1.728

dos até seja obtido o desejado, Gramas pêso


que ponto 386,0
o se consegue Unidade — 6,9
que quando atingida a (Pêso pior grs.)
densidade 40° Be.

Sacarose 132,0 grs.


Em seguida, a mistura é bombada para Extrato de carne (AR_
um pequeno depósito superior, com re-
MOUR) 40,0
gulagem de escoamento, e levada para o Manteiga 60,00
"fondant".
aparelho para produção de
Margarina 56,0
É de notar que êste aparelho é dotado
Glicose 40,0
de um sistema para produção de vio-
Leticina 0,10
lenta agitação e resfriamento externo.
Camada sacarosada de
Assim, com o brusco resfriamen-
cristalização 56,0
to e com a mais homoge-
perfeita
nização, obtém.se a massa compacta mi- A técnica de preparação é idêntica à da
"fondant".
crocristalina, que vem a ser o fórmula n.° 1, fazendo-se a adição do

extrato de carne, margarina e leticina


"fondant",
Obtido o é êste levado
no misturador de pás, justo no momen-
agora para um outro tacho de cóbre onde
to anteriormente recomendado. Não há
deverá ser aquecido, para permitir a in-
dificuldade a vencer.
corporação dos demais elementos cons-

tituintes da fórmula. Assim, em um —


FÓRMULA N.° 3 ("HCPG")
misturador de bronze, provido de pás,

são incorporados o cremor de tártaro e a 80 Cristalizados Gramas pêso 424,0


essência de frutas. Prosseguindo a téc-

nica, ainda a cerca de 60 centí- CALORIAS 1.464


quente,

a massa é transferida para a


grados,
"MOGUL", moldar, —
máquina para :(Pêso Unidade 6,5 grs.)
DE NÁUFRAGOS . 99
SALVAMENTO

temos a ração em causa poderá, dada


que
a técnica demonstrada, ser executada
Milo 184 grs.
fàcilmente outros laboratórios além
Extrato de carne por

da Organização Bhering, que tã0 gentil


(ARMOUR) .... 8,0
construtivamente vem cooperando co-
Glicose 40,0 e

nosco nos estudos ora em execução ob"


Sacarose 64,0
Sem maiores comentários.
Manteiga 8,0 jetiva.

Camada sacarosada de

Cristalização 56,00 —
ÁGUA DESSALGANTE A. I.P.T.

Em tacho de cobre, com misturador


Temos aqui seis briquetes de
aquecido a vapor, são colocados todos (6)
— I.P.T.,
os n.° ex- DESSALGANTE produto
componentes da Fórmula 3'
nacional fabricado pelo INSTITUTO
ceto o Milo.
DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
Para facilitar a mistura, adiciona-se

água, DO ESTADO DE SÃO PAULO, con-


muito coopera na dissolução
que
da tidos em uma única lata pessoal,
glicose e da sacarose. (1)
tornar potável a água do mar.
Depois de homogenização, para
perfeita
Cada briquete fornece 45° gramas de
interromper o aquecimento, mantendo,
água bebível pelo náufrago,
mistura mecânica. Quando, potável,
porém, a
o após, no mínimo, 30 minutos de trata-
então, a mistura atingir 80o, adicionar
sem" mento em que o principal é a
MILO, objetivando químico
e prosseguir
as ZEOLITA de PRATA.
Pre a homogenização até alcançar

condições ótimas de preparação.


CONJUNTO PARA TORNAR A
Retirada deste tacho de co.
a massa
ÁGUA DO MAR POTÁVEL
brc, levá-la uma mesa de aço com
a
circulação de água fria que, com
para
rápido INSTRUÇÕES
resfriamento, a mesma tome a

consistência característica de CRIS"


Êste conjunto contém seis (6) bri-
talizado.
de Dessalgante I. P. T., um (1)
Na máquina usada comumente para quetes
saco de matéria e material para
obtidos o plástica
cortar CARAMELOS, são
remendar os furos eventuais do saco em
formato e o peso reque-
quadrangular
ridos. aprêço.

Cada briquete de dessalgante, quan-


Finalizando a operação, é nas cestas
do misturado à água do mar, dentro do
metálicas o é tornado cris"
que produto
saco produz 450 gramas de
talizado, seguindo-se a SECAGEM em plástico,
água Isto, após, no mínimo,
câmaras competentes ser potável.
e estufas para
minutos de tratamento químico.
obtida uma DURAÇÃO PROLONGA. 30

A mistura de água do mar com o


DA e ECONÔMICA.
dessalgante apresenta-se de aspecto la-

macento. O filtro existente no fundo

do saco retém propositadamente todo o

RA- sedimento. Somente água pura e clara


Particularizando a técnica da

é des- deve sair pelo tubo e através do filtro.


ÇAO DE EMERGÊNCIA, que
crita acessível, Uma pequena quantidade de cloreto de
de um modo simples e
100 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sódio, entretanto, permanece na água conjunto. Exugue bem ei cuidadosa-


resultante, representando o sal impres- mente o saco na região do buraco e
cindível à economia orgânica. calque o esparadrapo com firmeza. As-
Retire o saco de dentro da lata que sim,
procedendo, o êxito da operação
contém 0 dessalgante e amarre-o à balsa, será certo e seguro.
de acõrc-o com as instruções da Marinha
'J) Se é necessário, considerando
Americana muito bem detalhadas no a extrema miséria do organismo, a
filme M. N. 2.612 existente na filmo, ÁGUA DESSALGADA
poderá ser uti_
teca do nosso Ministério da Marinha e
lizada com apenas
30 minutos de tra-
tanto tem servido para efeito de
que tamento DESSALGANTE
pelo I.P.T.,
treinamento especializado no correlato
muito embora a percentagem do clorêto
abandono de navio, submarino e-avião.
de sódio nêstes casos se apresente
Não beber agua dessalgada durante
maior. Entretanto, normalmente, o
as primeiras 24 horas após o naufrágio,
1 EMPO ÓTIMO da operação
água, útil, mais química,
pois que esta tarde, será
50 minutos, deve ser respeitado consci-
perdida por eliminação urinária nas pri- ente e disciplinadamente.
Outrossim, ao
meiras horas do acidente.
produto dessalgado depois,
pode, ser adi-
orgânico conseqüente
(Descontrole cionado de água
30% (lo mar, o
ao tráuma recebido que
psíquico pelo corresponde a mais 150
gramas. Isto,
náufrago) . "déficit"
sem 0 men°r
para a economia
Outrossim não beber, em hipó-
oigânica, conforme bem demonstraram
tese alguma, ÁGUA DO MAR. A DE"
os expedicionários "KONTIKI"
da e
SOBEDIÊNCIA SERÁ FATAL.
íive ocasião de ler com interêsse em tra-
Amarrar o saco junto à balsa, pois, lhos científicos.
não sendo flutuável, corre o risco de
c) Se o saco de
O saco é plástico se perder
ser perdido. plástico quebra-
ou extraviar durante o naufrágio ou não
diço em temperaturas extremas ou mes-
poder ser reparado com
sendo de fabriação antiga. Ao retirá- o esparadrapo
mo
de emergência, utilizar então a
_lo da lata, deve o náufrago não fazê-lo própria
LA I A, que contém os briquetes dessaL
abrupta ou intempestivamente. Não
gantes.
abrir logo. Deixar que o equipamento
C:) Utilizando
torne primeiro a temperatura ambiente a lata em lugar do
saco de matéria
depois terminar a manobra de des- plástica, a técnica an-
para
teriormente descrita
salgamento. Ao acabar de usar um bri- sofrerá
pequenas
os modificações. Proceder
ter o cuidado de guardar todos da seguinte ma-
quete,
neira: Encher a lata
elementos constituintes do conjunto den- com água do mar
até à linha marcada existente
tro da lata, à salvaguarda de extravio, em seu
interior. Manter a lata
sol chuva. Ter sempre em boa e avi_ em posição ver"
e
tical, pois a tampa não tem
sada lembrança a AGUA é o ele- propriedades
que
estanques. Colocar dentro
mento fundamental o náufrago. da lata um
para
briquete de Dessalgante I.P.T. Re-
OUTROS CUIDADOS mexer ou sacudir suavemente, sem mo-
IMPORTANTES vimentos bruscos. Praticar normalmente
a) Reparar os buracos porventura 50 minutos. Antes de beber, ter o. cui.
existentes no saco de matéria dado ce filtrar a água
plástica resultante, úti-
com o esparadrapo fornecido com o lizando um de
pedaço pano, a .fim de.rc.-
101
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS

retirar eficientemente o
mover a maior do sedimento já para
parte
sal da mesma. Para conseguir
referido.
uma boa mistura, o saco deve

e) — O briquete do Dessalgante suavemente e suas


ser sacudido
I ¦ P. T., usado um de cada com muito
deve ser exprimidas
paredes
vez. Para remover o metálico evitando ro-
papel e habilidade,
geito
lue o ou simplesmente o sa- i™nutos- a
protege, tura. Após 5°
quinho cortar o extremo dêste DO MAR estará pie-
plástico, ÁGUA
na beirada da lata. Rasgar o papel me- POTÁVEL.
namente
tálico. Depois extremo do me- a água
o papel Para utilizar potável
7) _
tálico. Finalmente o extremo do papel pri_
resultante, desaparaftisar
transparente, também na beirada da lata. bujão e em se-
meiramente o
Jogar o conteúdo dentro do saco plás_ o saco ou chu
guida expremer
tico, cheio, inicialmente, de água do boca no
já diretamente com a
par
mar. mamadeira
tubo existente tipo
f) Enxagüe o saco diversas vezes
. para criança.
com água do mar, antes de usá-lo. Fa-
8) _ Cuspir fora as primeiras gotas,
zer isto e evitar o gosto salgadas.
para presevá-lo caso sejam muito
desagradável, da manufatura- — no lugar.
primitivo, Repor o bujão
ç)
ção do. saco, o iria influenciar ne_ — água tiver sido
que ro) Quando tôda
"sui
gativamante o natural e a lavar cuidadosa-
paladar utilizada,
generis" da água. mente o saco de matéria piás-

com água do mar. Somente


INSTRUÇÕES
depois, guardá-lo.
1) Aperte o bujão firmemente no — Para uma boa compreensão a
li)

tubo de saída do saco. respeito, ver, pelo me-


procurar
2) Encha à linha de en- nos uma vez, o filme M. N1.
o saco até
— "Making seawater
chimento demarcada com água 2 ,ói2

do mar. drinkable".

Desembrulhe briquete de Se o problema do


3) um NOTA: grande

I.P.T. e coloque-o náufrago é a água para vuinu-


Dessalgante

Leia as instru- tenção da vida, isto o dessalgan-


dentro do saco.
e te I.P.T. resolve e soluciona
ções atenta e cuidadosamente

execute-as a sem c idealmente.


passo passo, plena

pressa ou afobação. I.P.T.


DESSALGANTE
Enrole a superior do saco
4) parte existente Verso
Rótulo
cuidadosamente e com
prenda-a

a fivela existente tal fim.


para INSTRUÇÕES
Deixe o Dessalgante encharcar
5)
— Encha o recipiente de plástico
minutos, e, depois, !)
bem alguns
com água do mar até o traço.
suavemente, amasse-o de forma
2) — uma dose de pó (contida
a as aglo_ Junte
quebrar partículas
num saquinho) .
meradas completa e visível-
Feche o recipiente dobrando 2
mente. 3) —
ou vêzes a parte superior e
6) O Dessalgante tem perma- 3
que
do mar a tira na fivela.
necer misturado à água prenda
102 REVISTA MAHÍTIMA BRASILEIRA

4) — Para beber, retire a rolha do riência norte-americana, durante a con.

tubilho, aperte o recipiente com flagração mundial constitui


passada,
as mãos e chute a água. Cuspa uma comprovação eloqüente e convin-
as se forem sal- cente sob todos os aspectos e de
primeiras gotas pontos
vista construtivos.
gadas.
Depois de beber, coloque nova- 2) —
5) — A ração um
possui paladar
mente a rolha no tubilho. A muito acessível e a todos
geralmente
água não bebida deve ficar no agrada, seu uso, e não
por prazer por
recipiente com o P° e utilizada ordem ou contigência imperiosa do di-
quando necessário. fícil momento de um náufrago.

6) — Terminada a água, lave o re- 3)—'O teor de nitrogênio e cloreto de


cipient© com água do mar, eli- sódio existente faz_se o mais baixo pos-
minando todo o pó usado. O sível. A respeito, os estudos científicos
recipiente está assim fizeram-se rigorosos
pronto e o objetivo foi al-
ser usado novamente. cançado cabalmente.
para

Caso o recipiente "1


7) — apresente um De a 8 dias faz-se o
4) — período
vasamento, enxugue bem a de emprego da ração de emergência ora
parte defeituosa e aplique um estudada. Oito dias, é o máximo
(8)
pedaço da parte colante anexa.
tempo perdido que a Marinha Ameri-
cana (também a Inglêsa), compreende
ANVERSO
em busca a salvamento de náufrago.
Salvo casos excepcionais.
lÊste estôjo contém o material ne-

cessária dessalgar água do mar, 5) — Além dos náufragos oriundos


para
tornando-a de navios de superfície, submarinos ou
potável.
aviões, também os e in-
pára-quedistas
fantes, em operações ligeiras, podem per_
feitamente utilizar esta ração de emer-
Na eventualidade do recipiente gência. Especialmente tendo em conside-
piás-
tico tornar-se imprestável, utilize.se esta ção que esta ração permite restringir ao

lata dessalgar a água, enchendo-a máximo as necessidades orgânicas no


para

até o traço indicado na interna que se correlaciona à água,


parte pois que esta
é suprida à custa de autooxidação.
e um tecido qualquer para jiltro.

6) — O DESSALGANTE I.P.T.,
elemento que faz a desmineralização da
água do mar, tornando-a
potável e aces-
Preparado pelo Instituto de Pesquisas
sivel á economia orgânica, com amparo
Tecnológicas de São Paulo para o Es-
específico ao equilíbrio ácido-básico
tado-Maior das Forças Armadas.
(pU), já constitui uma conquista de-
finitiva nacional, graças ao INSTITU-
TO DE PESQUISAS TECNOLÓGI-
CONCLUSÕES
CAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

x) — A RAÇÃO DE EMERGÊN- Não há mais razão,


por conseguinte,
•CIA
em causa justifica plenamente os para o Brasil importar, futuramente,
fins a que se destina. A longa expe- PERMUTIT americana, maximé con-
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS
103

siderando o seu
preço 30 dólares por fazendo-se seu uso por prazer e não por
unidade, enquanto o
produto nacional, ordem ou contigência imperiosa do di-
para os mesmos fins e destinos, custa fícil momento da vida de um náufrago.
simplesmente Cr$ 280,00.
O teor de nitrogênio e cloreto de sódio
7) —Durante a EXPEDIÇÃO KON- existentes faz-se o mais baixo pos-
"TIKI,
um dos cientistas utilizou-se ex- sível. A respeito, os estudos científicos
clusivamente da ÁGUA PERMUTIZA- fizeram-se rigorosos e o objetivo foi
DA. (PERMUTIT, um alcançado cabal e plenamente.
produto ame-
nçano que faz o dessalgamento de água De 1 a 8 dias faz-se o período ótimo
do mar) . Uma das suas mais interes-
de emprego da ração de emergência ora
santes e úteis conclusões é de
que às apresentada. Oito (8) dias é o máximo
500 gramas de água do mar, tratada tempo perdido que as Marinhas Brasilei-
pelo dessalgamento químico, pode ser ra, Americana e Inglesa compreendem
adicionado, depois das operações em empregar em busca e salvamento de
causa, 30% de água do mar tomada di- náufragos. Salvo casos excepcionais
retamente (FATOR ECONÔMICO).
Com as devidas reservas é feita e assi- Além dos náufragos oriundos de na-
nalada esta conclusão sétima. Outros- vi os de superfície, submarinos ou
S1m, as conclusões resultantes das expe- aviões, também os paraquedistas e in-
riências do Dr. BOMBARD. fantes, em operações ligeiras, podem
de
8) — Outras conclusões fazem-se co- perfeitamente utilizar esta raçfio
rolário do texto. emergência.
O DESSALGANTE I.P.T., ele.
RESUMO mento que faz a desmineralização da
água do mar, tornando-a potável, já
O AUTOD — Capitão-de-mar-e- constitui uma conquista definitiva da
¦Guerra
Médico da Marinha Brasileira, Marinha Brasileira, não sendo mais im-
PERMU-
antigo estudioso do assunto referente portado O similar americano
a SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS. TIT.
tendo pertencido à guamição do Cruza- Nas condições em apreço, a RAÇÃO
dor Bahia nos anos de 1941 — *943 e
DE EMERGÊNCIA (R3) para salva-
J944. ames do seu afundamento em
mento de náufragos, ora apresentada, e
J945. e tendo estagiado na United Síates
em uso na Marinha Brasileira, justifica
Navy, em 1933 apresenta unia RA- e objetivos, e
plenamente os seus fins
ÇAO DE EMERGÊNCIA para náufra- são bem justos os propósitos construti-
_os, que justifica plenamente os fins a vos e humanos do Autor, maximé con-
.Ue se destina, conforme o texto bem siderando a lembrança e a saudade dei-
detalha e especifica.
xadas pelos companheiros que naufra-
na última
A ração possui um paladar muito garam com o Cruzador Bahia
accessível e geralmente a todos agrada, conflagração mundial.

*^X#Z*
A mais um navio-
Marinha
possui

"JURUÁ"
-varredor, o

A seu navios de mesma classificação, mas de


nossa Marinha, cumprindo
programa constan- classe mais nova.
de reaparelhamento
acaba de Seu nome foi tirado de pássaro
de receber a transferência
"lur
mais um atual muito comum da familia dos conirros-
navio-varredor, o
ruá" tros, a gralha.
(Ex-"Jackdaw), que pertencia
a°s valo- Inicialmente classificado como YMS
Estados Unidos- É mais um
roso Mine Sweeper), teve sua qui-
navio vem integrar-se nas (Motor
que
forças lha batida em 28 de dezembro de 1943
navais do Brasil, por im-
que,
no Estaleiro Weaver, Orange, Texas.
Posição da técnica atual, têm de mo-
dernizar-se. Lançado ao mar em 29 de janeiro

de 1944» foi comissionado como YMS-


A Revista Marítima Brasileira, co~
a 28 de abril do mesmo ano.
110 373
já fêz com outros navios adquiridos
Teve como primeiro comandante o
Pela nossa Armada, oferece, nestas pá-
capitão-tenente RALPH C. PECK, da
gírias, amplos informes sôbre o NV. Ju-
Marinha dos Estados Unidos da Amé-
rU(í- Certamente, vão
estas informações
rica do Norte.
figurar, nas bibliotecas
com destaque, 1947,
Em 18 de fevereiro de foi
especializadas espalhadas todo o
por AMS-21 e recebeu
reclassificado como
Brasil e, na dos
principalmente, galeria "Jackdaw". Finalmente,
o nome de a
grandes acontecimentos brasileiros.
de fevereiro de 1955 teve novamente
7
classificação alterada para MSC
sua
— 21.
HISTÓRICO "JURUÁ" (O)
DO NV
Em de de 1944, suspendeu
7 julho
Naval Frontier Base, Cape May,
da
ROBERTO FERREIRA adestramento de tiro
New Tersey, para
Capitão-Tenente e varredura na baía de Cheasapeake,

de Norfolk Virgínia. Daí


proximidades
O "Juruá" dos onde, tendo,
NV tinha na Marinha rumou Orã, Algéria,
para
Estados Unidos da América do Norte o a 10 de agosto, a to-
atracado passou
nome "Jackdaw"
de USS e era cias- mar nos exercícios em conjunto
parte
sificado "Mine Coastal"
como Sweeper da Oitava Esquadra, então em prepa-
— MSC
(O) 21. rativos a invasão da França Me-
para

A letra entre da classifi" ridional.


parênteses
cação do navio diferen- Integrando o 11 Esquadrão deVar-
é usada para
ciar — "Albatross"— dos redores, suspendeu a baía de Ca-
a sua classe para
106 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

valaire a 20 de agosto e, no dia se- Nessa ocasião, se fazia acompanhar de

para a baía de St- Raphael, mais dois outros varredores após


guinte. e,
base das operações de varredura no atravessar o canal, tomou rumo para o
gôlío de Fréjus. de Corinto,
pôrto Nicarágua (5 e 6 de
setembro) e daí San Pedro, Cali-
Foi empregado em serviços de sal- para
fórnia, servir com o Esquadrão
vamento e de destruição de minas na para
<'e Varredores 101 da
operação de varredura do campo de Esquadra do Pa-
cífico.
minas acústicas e magnéticas do gôlío
de Fréjus e, logo após, tomou parte Permaneceu nesse serviço até 25
nos trabalhos de abertura de um canal üe fevereiro de 1946, quando foi trans-
de acesso ao pôrto de Nice. Também ferido o
para Estaleiro Naval de Puget
foi empregado como navio de apoio de Sound. aí
Quando sediado, foi deslo-
fogo nas proximidades de Menton. cado um
por breve de tempo
período
para lacoma, Washington, fim de
a
Tomou parte em operações de var- fornecer energia aos Navios-Aeródro-
redura na entrada da baía de Palermo, mos de Escolta "Core"
(CVE-13) e
Sicília 2 a 13 de outubro) nõ "Makassar
(de e Strait" (CVE-91).
interior do pôrto de Nice.

A 11 de junho de. 1946 voltou a


A 20 de outubro de 1944, iniciou
São Pedro, Califórnia, ser inati-
para
o serviço de patrulha de busca e des-
vado no Estaleiro Todd, onde deu bai"
truição de minas derivantes ao largo
xa de serviço a de agosto
5 de 1946.
da fronteira franco-italiana. Nessa

ocasião, a 22 de outubro, respondeu ao A 30 de novembro de 1950, foi no-


fogo de baterias de costa com 15 tiros vãmente comissiado na ativa, no pôrto
de de San Diego, Califórnia, e integrou
3 polegadas. a
Divisão de Varredores
55, Esquadrão
O USS / ackdaw continuou a
5> da Esquadra do Pacífico, foi em-
e
servir a Oitava Esquadra, nas costas de
pregado no adestramento da Escola de
Palermo. até 19 de novembro de 1944,
Sonar da Esquadra em problemas e
demandou a Base de Treina-
quando táticas de varredura, operando princi-
mento Anfíbio de Túnis, Bizerta.
palmente nas áreas de San Diego e
Aí em fainas de ades-
permaneceu Long Beach.
tramento até n de dezembro do mesmo

ano, se reuniu à Fôrça-Tarefa Mair tarde, transferido


quando para a Di-
de Varredura 81-12 a limpeza de visão 53» continuou n/o mesmo
para serviço
campos minados nos canais de acesso à até 6 de julho de 1953
quando deixou
baía de Cagliari, Sardenha. San Diego
para período de grandes re-
paros no Estaleiro Naval de
A 23 deste mesmo mês, cumprida São Fran-
cisco.
a missão, tomou rumo para a base de

Palermo, Sicília. A seguir, em Astória, Oregon, foi


preparado para ser novamente colocado
Tendo deixado as águas européias,
na reserva.
o Jackdatv chegou a Nova Iorque

em 6 de de 1945, de onde sus- Foi transferido


julho para a reserva a.
com destino às costas do Pa- 13 de novembro de 1953
pendeu e para a Es-
cífico, atravessando o canal de Pana- quadra de Reserva do Pacífico, Colum-
má a 2 de setembro do mesmo ano. bia River Group.
NAVIO 107
POSSUI MAIS UM
A MARINHA

de comemora-
O USS 6) Entrega placa
Jackdaw foi condecorado
corn — tiva;
a Medalha de Combate uma
.estrela — ope-
p0r sua ação durante as da primeira guarni
rações 7) Embarque
de invasão da França, no período brasileira;
de ção
20 de agosto de
a 23 de setembro
de hasteamento da
J944- 8) Cerimônia

Bandeira brasileira;

cerimônia do navio;
DE transferencia 9) Bênção

Retirada das autoridades.


10)
A cerimônia de transferência do
altas auto-
"Juruá" Assistiram à cerimônia
para a Marinha brasileira do
americanas, o cônsul-geral
foi 18 ridades
realizada às 14-30 horas do dia
Francisco e convidados
Brasil em São
c'e
janeiro de 1964 no São Francisco
^Taval rio navio.
Shipyard na cidade de São
Erancisco. houve uma re-
Estado da Califórnia USA. \pós a cerimônia,
navio no Clube
cepção oferecida pelo

Presidiu Oficiais do Arsenal.


à cerimônia o contra_al- dos
mirante está pelo
Charles A. Curtze, comandan- NV Juruá guarnecido
O
*e do Shipyard.
San Francisco Naval
seguinte pessoal:

DA PRIMEI-
O Presidente da Comissão Naval RELAÇÃ0 NOMINAL
Brasileira E GUARNI-
em Washington, capitão-de- RA OFICIALIDADE
mar-e-guerra — Berutti Augus-
Hílton ÇÃO:
^o Moreira^ o chefe do
representando — Valdir Barro-
o Capitão-tenente
Estado-Maiór Armada, recebeu
da — Capitão-te-
so Filho comandante;
navio em brasileiro-
nome do Governo — imediato;
— Roberto Ferreira
A nente
cerimônia teve a seguinte seqüência:
— Pedrosa
José Júlio
Capitão-tenente
e encarregado do
_ chefe de Máquinas
1) Inspeção à de honra
guarda
Fran- Convés.
passada comandante do San
pelo
c>sco Naval com a
Shipyard guarnição — Cordeiro;
Benedito
SO-EL José
brasileira formada em terra;
- — Pedro Alves da Silva;
2-°-SG-MR
— Nival Rodrigues dos
2) Leitura da Ordem-do_Dia pelo 2.°SG-MO
representante do I2nd • 2-°-SG-ET — Mário Jorge Fran-
do comandante Reis
- Ubaldo
Naval District: Costa; 2«-SG-BS
cisco' da
-
Ferreira Cruz; 3°"SG-TM Jurandi
Trans-
3) Assinatura do Têrmo de — Rai-
Char- Pereira de Melo; 3-°-SG-TL
ferência do navio almirante
pelo SG-OR
Ribeiro Lima Filho, 3*
les A. Curtze CMG Hílton Berutti mundo
e —
Idélcio do Carmo; 3-°-SG-MO
Augusto Moreira! —
Borges da Costa; CB-AT
Celso
à transfe- CB-SI —
4) Discursos alusivos Alves Marinho;
Ivonildo
rência representantes —
proferidos pelos Monteiro Pires; CB-MR
Armando
do comandante do I2nd Naval District —
Murilo Albuquerque; CB-EF Júlio
e CMG Hílton Berutti Augusto — Iraci Gomes de
pelo Ferreira: CB-TM
Moreira: — Raimundo da
Santana; CB-MO

CB-MO — Manuel Nasci-


Conceição;
O Posse do comandante;
1

108 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mento de Sousa; CB-EL — Santiago Manuel de Santos; i.a-CLrMG


Jesus
Gonçalves Varjão; CB-MR — Artur — Adilson Pereira da Silva; i.a-CL"
Moreira Rocha; CB-TM — Vacenil —
MO Demétrio Nóbrega Taim; i.a-
França; CB-TM — Aristeu —
Souza Li- CL-EL Herbert da Cunha Mendes;
ma; CB-MO — Abelardo João Tra- i.*-CL-CP — Isidoro Lourenço da Ro-
vassos; i.a-CL"SI — Antônio Vieira cha; i.a-CL"PL — Isaías Alves Silva,
da Rocha; i.*"CL"TL — Nunginaldc MOR-TA-AR — Fernandes
João So-
Silva Santos; i.a-CL,-OR — Francisco brinho; i.a-CL-TA"AR — Paulo Mo-
Cândido Sobrinho; i.a-CL,-OR — Rai- lina Garcia e i.a-CL"TA-CO — Abel
mundo Helmá Gomes; i.8-CL"M0 — dos Santos.

\
POLÍTICA NUCLEAR
DE CONTRÔLE

Ceorge A. Kelly

Uma onda de dúvidas e res- O outro fundamen-


problema
sentimentos, natureza incerta da mo-
após as crises de tal é a
Nassau e Bruxelas Europa, uma entidade à
e a troca de derna
acerbas notas referir mas di-
entre Washington que se pode que
c Ottawa, nações se descrever. A
atingiu as oci- ficilmente pode
dentais. Interpretações européia,
antagô- unidade quaisquer que
nicas existem em e as sejam critérios, é endossada
quantidade os
reações da França e da
oficiais têm sido discor- pelos governos
dantes, se dizer um mínimo. Grã-Bretanha. Contudo a cria-
para
Contudo,' "Europa"
a elementar de uma é bastante
precaução ção
de se deixar os ânimos se dificultada da de-
que pelo problema
arrefeçam não deve retardar o fesa coletiva. Esta questão, por
re-exame dos dilemas da defesa sua vez, está intimamente asso-

e da colaboração ocidentais. ciada às decisões tomadas em

Washington. Esta conjuntura


Numerosas recriminações já
não cria, como algumas vêzes ar-
foram feitas na disputa franco-
dentemente se alega, as bases
-britânica
sôbre o Mercado Co- "Aliança
uma proveitosa
ttium. para
Existem dois problemas
Atlântica", contrário, cria
fundamentais pelo
reduzem a im-
que
portância do lado econômico. Um

é o caráter e a das re-


qualidade George A. Kelly realiza
lações americanas com a Europa
investigações no Centro de

que, naturalmente, incluem a da


Assuntos Internacionais
Grã-Bretanha. Se reconhecermos É
Universidade de Harvard.
as modificações decorrentes do
bacharel em letras pela Uni-
tempo, temos aceitar que
que versidade de Stanford. De 1955
"especial
nem o parentesco" a 1957 serviu na l.a DB e pos-
anglo-saxão, tanto aborreceu
que teriormente passou um longo
o General de Gaulle, nem os la-
tempo na Europa, escrevendo
da Comunidade Britânica de "Notas
ços e estudando. Seu artigo
Nações, nem o ultrapassado in-
Sôbre a Guerra Revolucioná'
sulamento de certos setores da
ria" foi publicado no número
opinião britânica pôr em
podem de setembro de 1952 da Mili-
dúvida o caráter europeu do
TARY REVIEW.
Reino Unido.
110 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

um dilema contínuo de grandes porque regateia tão acalorada-


proporções. mente e freqüentemente de for-
ma desenfreada para ditar o co-
Um acentuado progresso inicial mo, o quando e o que proteger.
se obteve na Europa no sentido Paradoxalmente, a futilidade
da comunidade nos campos do
comércio e das tarifas, da poli- potencial de uma defesa buscada
exclusivamente nos meios euro-
tica do trabalho, do intercâmbio
da cultura e até mesmo das con- peus é que dá lugar ao desejo
de criar esses meios. Enquanta
sultas políticas. A unidade psico- uma guerra geral não ocorrer —
lógica, até certo ponto, é mais
e sua deflagração é considerada
uma razão de orgulho que de com pouca probabilidade, justa-
dissabor para as várias subcultu-
ras. Os povos estão gradualmente mente por causa do dissuasor
se interessando pela fraternidade. americano — as pequenas potên-
cias nucleares procurarão, por
A Defesa Coletiva razões não estratégicas, reforçar
sua atuação diplomática, não só
Contudo, os países europeus entre elas (usando de artifícios
não estão nem mesmo numa po- para obter uma melhor posição
sição de se defenderem a si pró- na nova estrutura) como em re-
lação ao todo. Mais, terão de se
prios — individual ou coletiva- aproveitar da oportunidade para
mente. Mas apesar da inexistên-
cia de uma segurança individual continuarem a influir, oportuni-
estão naturalmente relutantes dade que, acreditam, o futuro
não será tão magnânimo para
em abrir mão de seus próprios
oferecer-lhes outra vez.
destinos. Mesmo que a Alemã-
nha, a França, a Itália e a Grã- Se a defesa é a essência do di-
-Bretanha cheguem um dia a
lema europeu, isto não significa
consolidar suas prerrogativas de
que seja visto pelos europeus
governos subalternos, ainda as- como um problema puramente
sim desejarão atribuir o direito
de decidir sobre sobreviver ou de- |du principalmente militar. De
fato, os europeus a vêem como
saparecer, fazer a paz ou a guer- um problema político cujas com-
ra, não a um benevolente guar-
dião situado noutro continente, ponentes militares permanecem
mas a uma entidade que tenham passivas enquanto o perigo da
criado segundo seus interesses e guerra fôr impalpável. Possível-
mente, a despeito de seu perigo,
recursos. a "anormalidade" da Berlim Oci-
Neste meio-tempo — ainda lon- dental é útil para relembrar aos
go — não estão em posição de estadistas europeus o respeito,
rejeitarem a ajuda e a proteção mais que figurativo, que devem à.
de uma grande potência amiga, realidade militar.
ou de desprezá-las. O próprio
Presidente de Gaulle está longe Entre as conseqüências políti-
de querer ficar sozinho, razão cas do panorama da defesa da
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 111

Europa Ocidental figu- tica francesa, uma vez


parecem que por
rar as seguintes: evolução e circunstância é a
por

O França que está em situação de


poder militar nacional de-
obter as maiores vantagens com
sempenhará um inquestio-
papel Contudo, não devemos ce-
isso.
nàvelmente importante na deter-
considerar a política
minação gamente
do diretório para uma
"nova francesa como fruto dos capri-
Europa", fôr opor-
quando de De Gaulle,
chos e desejos
tuno o estabelecimento de tal
mesmo suas idéias sôbre a
federação. que
História freqüentemente sejam o
Forças ação
independentes de mecanismo coordenador da

dissuasão, nacional. Afinal, o


paradoxalmente, po- presidente
dem ser usadas reforçar o francês não integrou o no
para país
valor da despersuasão americana Mercado Comum, nem contribuiu
na Europa, não apenas a fabricação da bomba nu-
pela para
ameaça de sua materialização clear. Os franceses,
governos
imediata, mas seu emprêgo mesmo os mais fracos, criaram
pelo
para extrair os mais solenes com- difíceis para a OTAN;
problemas
promissos da transa- apenas o fato do General De
potência
tlântica continuamente Gaulle exercer tal controle sôbre
que pro-
cura livrar os europeus de sua o nacional é cria uma
poder que
insensatez. ilusão de radical discontinuidade

na Quarta República Francesa.


O
extensivo planejamento
implícito na reconversão militar Pela mesma razão, poderíamos
com fins nucleares (o fran- esperar um enfraquecimento do
plano
cês anunciado em 1962 por exem- francês, após a saída de
poder
obriga os sucessi- De Gaulle, mesmo os objeti-
pio) governos que
vos infalivelmente a nacionais não se modifiquem,
quase que vos
adotar uma êles pró- único fato de seus sucesso-
política que pelo
talvez não tivessem inicia- res não serem capazes de impor
prios
do. Assim o estadista nuclear po- mínimas com tanta
prioridades
de inferir, mesmo não possa energia. As dificuldades de De
que
a continuidade dos ob- Gaulle com os mineiros do Norte
garantir,

jetivos nacionais. e os agricultores da Bretanha

constituem exemplos simples do


Exemplos isolados de potên-
um estadista da mesma en-
a que
cias nucleares podem provocar
vergadura teria de enfrentar.
competição de outros membros de

uma futura comunidade euro-


Realidade Nacional
péia, concorrendo para aumentar

a fôrça do conjunto.
Devemos olhar a rea-
primeiro
lidade nacional dos estados euro-
Pulso Firme
peus e a decorrente da-
política

Êstes acontecimentos estão quela realidade. Só então a aná-

mais intimamente ligados à líse da liderança, inigualàvelmen-


poli-
112 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

te importante, se apresenta nas A melhor definição para uma


devidas proporções. "terceira força"
européia é pro-
Esta "Europa Européia" tem vàvelmente também a mais sim-
sido freqüentemente descrita co- pies: uma Europa exercendo um
mo uma "terceira força", uma poder autônomo máximo para
expressão que dá lugar a muitos controlar seu próprio destino em
mal-entendidos nos Estados Uni- consonância com suas obrigações.
dos. Alguns declararam com ab- A dificuldade está no fechamen-
surda inocência que qualquer to da brecha que existe entre os
estados e a comunidade e no ajus-
proposição ou expressão"alian- que
tamento do poder durante o perí-
ameace a solidariedade da
odo de transição, que parece ser
ça", na qual o principal membro longo.
não está disposto a sacrificar ne-
nhum de seus atributos indepen-
dentes, é ignóbil. Ainda mais, Não é surpreendente, à luz das
contrariamente a qualquer evi- más interpretações mencionadas,
dência específica (como as ações que a atitude americana para
nas crises de Berlim e Cuba) se com uma gradual formação de
tem insinuado que uma "terceira uma "terceira força" européia
força" sob a inspiração de De tenha sido bastante perturbado-
Gaulle pode, eventualmente, pro- ra. Esta interpretação tem se as-
curar tornar-se o fiel da balança sentado em duas grandes contra-
entre os Estados Unidos e a União dições: que o progresso econômi-
Soviética, inclinando-se a pender co e político da união européia é
para um ou outro lado. considerado como resultante de
~A um estímulo positivo, ao passo
última sugestão é pura fan- que a unidade militar está nega-
tasia: qualquer convênio de se- tivamente condicionada por um
"Europa"
gurança que a possa esforço comum contra um
perigo
fazer com a URSS significará ipso comum; que a política america-
facto que a ameaça soviética é na dá mostras de ansiedade e de-
inexistente. No que respeita a pe- sejo de que a Europa deve
quenos acordos e contatos, na- seguir sozinha para criar sua prós-
uni-
ções da aliança ocidental, isolada- dade, mas que numa segunda ins-
mente, já os fazem hoje com certa tância procura influir negativa-
freqüência. Da mesma forma, a mente em tal linha de ação insis-
alusão de De Gaulle (em sua con- tindo num paternalismo militar
ferència com a imprensa, em 10 americano.
de novembro de 1959) de que um
dia os dois superpoderes pode- Operações Opostas
riam querer dividir o mundo en-
tre eles é igualmente uma fanta- Já sugerimos que os EU subor-
sia. Se se quiser especular pübli- dinaram o problema teórico do
camente com o pior, a boa vonta- destino europeu à presumível-
de será, na verdade, difícil de ser mente maior preocupação por
obtida. uma posição de defesa estável,
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 113

econômica e ativa, tem do dado a êste


que pouca último têrmo. Isto
relação com modo de foi igualmente
o pensar reconhecido em
europeu. Contudo, na verdade, ambos lados
os do Atlântico.
não existe apenas um mero con-
flito de opiniões de diferente or- Hoje, a ameaça acentuava
que
dem. São as forças as razões negativas a recons-
próprias que para
animam "européia"
a experiência trução européia tem aspectos di-
nos campos econômico versos e é menos aguda, contudo,
político,
e social criam a política dos EU com a Eu-
que pressões para para
uma crescente autonomia militar ropa ficou imobilizada no campo

européia. Num caso o esforço é positivo-negativo do dilema.

contrário ao interêsse nacional; A solução de De Gaulle ser


pode
no outro é contrário à dependên- não nos agrade, mas forma
que
cia a uma estrangeira. melhor sentido os europeus
potência para

por ser coerente com a situação.

A fôrça nacional independente Ao contrário do Plano Marshall

regressão, e da OTAN — tinham


pode parecer uma que razão
®as, realmente, ser vista co- de ser na época — subordina
deve os
mo um .dos inúmeros átomos com diversos fatores do da
problema
os uma fôrça européia inde- unificação da Europa, tanto os
quais

pendente algum dia ser militares como os outros, aos as-


poderá
criada. O emprêgo daquela fôrça pectos positivos da situação.

para realçar a confiança na pro-


teção americana também Segundo esta teoria, o desejo
pode
uma regressão, mas não intenso e o dinamismo dos
parecer pró-
é, um até agora prios estados é estão criando
porque poder que
inexistente está sendo criado. a Europa e dotando-a de uma

proteção militar independente.

Esta fôrça não é apenas conside-


-4 Mudança da Contextura
rada por si só como um dissuasor
contra ataque soviético,
qualquer
Os europeus estavam certos senão também,
potencialmente,
afirmavam o caráter como um atributo
quando que permanente e
do da OTAN havia se importante da
problema emergente sobera-
modificado desde a assinatura do nia.

tratado há 10 anos atrás. O Pia-

no Marshall, em 1948, ao menos Os norte-americanos


podem
teve o enorme mérito de consoli- sustentar — indubitàvelmente

dar os aspectos e negati- com boas razões — desenvol-


positivos que
vos da reconstrução européia ver dissuasores separadamente

num organismo não era me- sua finalidade,


que jamais preencherá
nos urgente A não dissuadir,
que plausível. que poderão mas
ameaça soviética era evidente e apenas desestabilizar. Porém
iminente. Portanto, a contextura nunca ofereceram algo melhor
da lógica foi principal- aos europeus estivesse
política que coe-
mente negativa, dentro do senti- rente com a situação ou que
114 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

superasse as condições de nossa cremento do poderio francês face


própria atitude para com a ao inglês, porque se preocuparia
Europa. tanto com o enfraquecimento do
independente dissuasor britânico
Uma Empresa Difícil segundo o acordo de Nassau? Sua
contrariedade resultou do prece-
Tudo indica que o General De dente ali estabelecido pela dimi-
Gaulle não está promovendo exa- huição de uma força dissuasora
tamente o tipo de Europa que física potencialmente disponível
gostaríamos de ver. Êle deseja por uma Europa formada de a-
ter nossa proteção e reduzir nos- côrdo com sua concepção, e da
sa influência. Começou a execu-
tar uma série de manobras com- qual a Inglaterra jamais foi ne-
cessàriamente excluída.
plicadas para afastar de nós a
Grã-Bretanha. Porém é insensa- Esta é outra razão para man-
to chamar o General de antieu- termos nossa atenção focalizada
ropeu. Sua política não está em na Europa e não na disputa fran-
contradição com o surgimento de co-britânica, que é, no máximo,
uma Europa mais unida e suas um episódio num caminho em
declarações públicas nos quatro que outros contratempos devem
últimos anos desmentem aqueles ser esperados. A evolução comum
que irrefletidamente o taxaram dos problemas nucleares france-
de um imperialista francês. ses e britânicos, embora encober-
tos pelas diferenças nas caracte-
De Gaulle, contudo, crê a rísticas nacionais e pelos retar-
"Europa" será conseguida que num dos normais, confirmam essa opi-
prazo longo e não sem antes ter nião.
sofrido dificuldades e tropeços.
Seu aspecto será determinado pe- Naturalmente, existem muitos
lo caráter dos estados que a com- europeus, muitos estadistas que
não concordam com as idéias aci-
põem, e estes ainda estão buscan- ma expostas sobre o "quadro eu-
do seu grau de poder relativo.
ropeu". Estas se aproximam do
Mais ainda, não terá significado
sem o mais importante dos ele- pensamento de De Gaulle e estão
a uma distância conveniente das
mentos da soberania, o máximo de Macmillan, Fanfani, do Mo-
de meios que assegurem sua pró- vimento Republicano Popular
pria defesa. Todos os criadores (MRP) ou do Partido Trabalhis-
das várias Europas antevêm a di- ta Britânico (Labor Party) . Mas
ficuldade do empreendimento, constituem um ponto de vista
mas De Gaulle vê um caminho
dificultado por obstáculos con- que possui sua própria lógica, que
cretos resultantes dos resíduos deve ser compreendido e aprecia-
históricos das próprias nações eu- do. Ainda mais, constituem uma
ropéias. visão dos acontecimentos que,
com variações, está ganhando
Se, por exemplo, De Gaulle es- adeptos, porque é lógica e porque
tivesse apenas interessado no in- sua hábil defesa por De Gaulle
política de controle nuclear 115

não tem sido contestada nos Es- ocidental; apenas arrastaram a


tados Unidos com argumentos doutrina estratégica no seu curso.
que se caracterizem pela clarida- A atual estratégia preferida pe-
de política ou pela compreensão los EU para a defesa da Europa
da situação. (uma preferência crescente pela
guerra convencional) e os verda-
Contradição deiros cometimentos de tropas
"espe-
Antes de considerarmos o que (reflexos da estratégia de
1957, e que era
pode e deve ser feito à luz dos ra", adotada após
erros e das incompreensões do em si um acontecimento políti-
passado, será interessante prover co) estão variando perigosamen-
uma maior profundidade através te. Nestes últimos meses os EU
um bosquejo dos aspectos milita- têm dado grande importância à
**es da defesa européia que influ- quase-suficiência das forças si-
em marcantemente na política. tuadas atualmente na Alemanha,
ao mesmo tempo que exortam os
A idéia de que o problema mi- aliados europeus a aumentarem
litar europeu repousa na funda- suas contribuições. Os problemas
mental contradição entre o pon- logísticos soviéticos e a pouca
to de vista dos Estados Unidos da confiança inspirada pelos saté-
defesa nacional e o conceito eu- lites têm sido evocados.
ropeu de dissuasão máxima tor-
nou-se um chavão acadêmico, Inúmeras críticas de peritos em
embora por isto não deixe de ser assuntos militares, especialmente
têm sido fei-
menos verdadeira. Uma boa par- Henry A. Kissinger, mas são
te da presente controvérsia de- tas contra este otimismo,
corre dessa distinção. A aprecia- demasiadamente conhecidas para
serem citadas aqui. O que talvez
ção da situação militar mudou mais significativo é que os
profundamente nestes últimos seja não estão mui-
seis anos por causa de fatores próprios europeus com a defesa
inúmeros: a possibilidade soviéti- to entusiasmados
Europa, exceção,
ca de desencadear ataques nucle- convencional da
forma a contragosto, dos
ares maciços contra objetivos nos de certa
Estados Unidos; a aumentada alemães, uma vez que a localiza-
do país os obriga política-
confiança própria da Europa Oci- ção
dental em todos os setores; a crês- mente a preparar planos para
uma "estratégia avançada".
cente incerteza das predições sô-
bre a guerra moderna e seus efei- Ninguém deve apressar-se em
tos; o cansaço da guerra fria: a sugerir que os europeus, por apro-
incerteza sôbre o dinamismo re- ximação e experiência, desconhe-
volucionário soviético; e a gra- çam uma grande parte dos pro-
dual passagem dos aspectos ne- blemas da guerra convencional
gativos para os positivos da união terrestre na Europa. Estamos
européia. nos preparando para enfrentar
Estes fatores mutáveis não sim- um ataque soviético hipotético de
plificaram os problemas da defesa Kiel a Triestre com forças aptas
116 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

a realizarem ações retardadoras e cura ativamente remover estes


cujos problemas do comando e su- impedimentos no interesse de
primento não são de forma algu- uma estratégia racional, harmo-
ma simples. niosa e adequada o resultado é o
anátema e a acusação de interfe-
Motivos de Preocupação rência política na Europa.

Se as atuais forças na Europa O que é racional, naturalmen-


fossem quase adequadas para te, nem sempre é o melhor,
cularmente parti-
cumprirem a missão, a situação se sua racionalidade
não seria tão grave, mas do ponto não pode ser transmitida, se não
de vista da defesa convencional, pode ser posta em funciona-
há ainda motivos para preocupa- mento. Para se chegar a alguns
ção. A Grã-Bretanha acabou com resultados, a beleza do sistema
o serviço obrigatório e gradativa- perfeito deve ser quebrada numa
mente reduziu suas forças no centena de lugares. Em política
Continente para cinco brigadas. não há tal coisa como o desejável
No esforço para organizar sua fora do ambiente do possível em-
custosa força de ataque o General bora os limites da possibilidade
De Gaulle propôs por intermédio possam ser alterados.
do Ministro da Guerra a redução
do efetivo do Exército Francês de A Posição dos EU
700 000 para 450 000 homens, um
número que parece destinado a Procuremos sintetizar as diver-
diminuição ainda maior. A Ale- • sas formas em que várias entida-
manha não foi ainda incentivada des parecem ver o problema da
a criar forças nucleares, mas se o defesa européia no presente e no
dia chegar — se independente, futuro. O primeiro sumário pode
multinacional, ou em colaboração ser considerado como represen-
com a França — sua contribuição tando a vanguarda do pensamen-
convencional deve ficar prejudi- to •do atual governo dos EU:
cada. O comando e o controle do
principal dissuasor nuclear deve
Em virtude do rumo tomado, ser centralizado e fortalecido.
onde as linhas de forças políticas Tanto quanto possível deve ser
e militares se cruzam, os prospec- invulnerável, de forma que não
tos da defesa convencional da Eu- convide ao ataque e que a repre-
ropa não são de forma alguma sália não precise ser feita indiscri-
róseos. Seria fácil explicar-se por- minadamente. Mas o controle e
que a OTAN deve estar em condi- a retaliação discriminada não po-
ções de desafiar o Pacto de Var- dem ser conseguidos a menos que
sóvia na esfera convencional se as chamadas forças independen-
centenas de impertinentes e pe- tes de dissuasão sejam integradas
quenas variáveis políticas fossem num plano geral. Seria preferi-
eliminadas da conjuntura, mas, vel que todas as armas nucleares
sempre que a política dos EU pro- pudessem ser comandadas
pelo
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 117

Presidente dos Estados Unidos e co terrestre no continente ameri-

que tôdas as forças nucleares es- cano, com forças da OTAN no


tratégicas com bases terrestres mar, e um número adequado de

pudessem ser retiradas o ter- engenhos táticos e defensivos na


para
ritório dos EU. Centros de con- Europa sob o veto, ou o controle
trôle independentes dificultam a absoluto dos Estados Unidos.
execução dessa estratégia. Exceção feita as armas me-
para
nores, a Europa Ocidental ficaria,

A denominada guerra nu-
de fato, desnuclearizada.
clear limitada deve ser evitada

porque não ser o Não se considerando a ambi-
pode previsto
seu controle e porque redun- face os fins da
pode güidade, presente
dar numa desvantagem estraté- argumentação, entre afirmação
a

gica para o Ocidente. Implícito de que a OTAN de um


goza pode-
em ataque soviético na rio convencional equivalente
qualquer ao
frente central estaria uma do Pacto de Varsóvia
pro- e a atual
vável relutância na aceitação da exortação desenvolver-se
para
limitação de objetivos exigida tendo em vista objetivos
por mais im-
êste tipo de conflito. a idéia
portantes, é criar uma si-

Existe atualmente nos EU um tuação na Europa em


que qual-
consenso de esta quer ataque soviético não nuclear
generalizado que
não seria a espécie de fará face a uma resposta conven-
perfeita
discriminatória imagina- cional, não com o mero
guerra propósito
da Teller e outros; de fato, de se executar uma ação retarda-
por
seria limitada apenas cria- d ora, mas de uma defesa territo-
pela
de santuários rial como deve ser. Até o momen-
ção privilegiados,
isto é, os EU e a URSS. Em con- to ninguém sugeriu esta fôr-
que
seqüência esta é a de ça deve ser adequada tomar
perspectiva para
conflito menos desejada eu- a ofensiva e a insinuação é
pelos que
ropeus, uma vez sua contex- seu emprêgo é definido melhor
que
tura nacional não provà- como uma do status
poderá proteção quo
velmente sobrevivê-la. territorial.

A idéia é, reter limi-


portanto, O ideal seria as nações eu-
que
tadas forças de nuclear na
guerra ropéias contribuíssem a
para par-
OTAN, apenas atender a
para te do leão com o huma-
potencial
dos comunistas ini-
possibilidade no e o material necessário
para
ciarem esta espécie de ataque e
êste escudo se transforma em
que
impor um alto de con-
para grau espada, deixando os aspectos nu-
trôle centralizado na conduta do
cleares os americanos. Re-
para
conflito. Forças nucleares táticas
conhece-se objeções
que políticas
independentes são inadmissíveis
excluem esta solução.
e não atendem os interêsses euro-

peus. TJma Combinação


Dessa forma a distribuição óti-

ma de forças nucleares seria a co- Os estrategistas não ignoram a


locação do armamento estratégi- diferença dêste tipo de guerra
118 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

convencional com a do passado ropéia devemos examinar o outro


em razão das sinistras conotações lado da questão. A atitude ame-
do principal dissuasor, mas jul- ricana tem se manifestado prin-
gam que a aversão de ambos os cipalmente em termos de pura
lados por uma guerra geral pode estratégia em todos os escalões,
ser tão profunda que impeça ó' exceção do da OTAN, mas as cri-
agravamento do conflito. Discor- ticas européias dos pontos de vis-
dam" daqueles que consideram ta americanos de forma alguma
que este tipo de capacidade con- se atem a preocupações de ordem
vencional reduz o valor do dissua- puramente estratégica. Elas de-
sor;.pelo contrário, dizem, associa correm também de questões sobre
mais profundamente as necessi- soberania, de dissensões e falta
dades simultâneas de despersua- de clareza quanto à natureza fi-
são e de defesa. nal da Comunidade Européia, de
• O papel da OTAN como uma opiniões sobre os Estados Unidos
força altamente estratégica é bem como de pontos de vista
muito ambíguo. Seria inútil e militares particulares de várias
efêmero analisar os diferentes nações.
planos organizados. O ideal seria,
segundo os EU, que tôdas as res- Os europeus divergem nas pró-
ponsabilidades estratégicas fôs- prias discordâncias com os Esta-
sem deixadas para os americanos, dos Unidos. As repetidas vezes
mas reconhece-se que isto é poli- que os EU têm pedido à Europa
ticamente impossível. Em conse- que defina a espécie de forças es-
tratégicas da OTAN que gostaria
qüência, inúmeras forças maríti- de ter são um exemplo disso.
mas multilaterais têm sido pro-
postas. Inevitavelmente, e prova- A Europa se acha entre solu-
velmente por preferência, estas
forças — se chegarem a ser cria- ções nacionais e multinacionais,
sem contudo estar preparada pa-
das — e as do Comando Aéreo ra chegar a uma conclusão.
Estratégico serão redundantes.
As duas condições que devem Na esfera militar, uma forte
ser satisfeitas, se possível, são que pressão de uma grande potência
as apreensões políticas da Euro- está sendo constantemente feita
pa em relação à soberania e a para incluir um grupo de estados
proteção dissuasora americana mais ou menos inclinados e mais
sejam diminuídas e que a opção ou menos recalcitrantes num ar-
por uma estratégia de limitada ranjo contratual que extravasa
retaliação estratégica fique em sua própria comunidade em bene-
aberto. Até agora estas condições fício de uma aliança mais ampla
não se mostraram objetivos com- em que uma única nação pode,
plementares. para quaisquer fins, empregar a
O Outro Ponto de Vista força ou usar da ameaça.
Após ter revisto a atual posição Suez demonstrou que isto não
dos EU com relação à defesa eu- é simplesmente um problema te-
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 119

órico. Muitos europeus, a de uma a-


gratos que probabilidade
aos EU e desejosos de sua amiza- gressão soviética de envergadura

de, ainda louvam esta idéia, mas seja Assim o fará não
pequena.
um crescente número está se tor- apenas considerar as tradici-
por
nando cético de sua continuidade onais teorias da dissuasão estável

como solução Tais mas desesperadamente


permanente. porque
sentimentos variam, como a- deseja crer nisso.

pontamos, com a importância Por mencio-


outro lado pode
atribuída ao soviético e ao
perigo nar tôdas as conotações do po-
grau de convicção na supremacia sovié-
tencial nuclear estratégico
da Europa. O General De Gaulle,
tico expressar sua dúvida de
para
por exemplo, menospresa o pri- os americanos se fa-
que possam
meiro e dá enorme importância
zer valer na defesa da Europa no
ao último.
caso de um ataque soviético res-

trito ao Continente.
Evolução
Pode
considerar tôdas as so-

Os estados europeus, é quase luções o controle


propostas para
que unânimemente aceito, evo- da fôrça de Polaris da OTAN co-
luem uma associação mais mo um inútil de esforços e
para gasto
íntima e duradoura. Contudo, também enganadores uma vez
um tipo de sociedade Atlântica não resol-
que, principalmente,
já existe no campo militar em vem o da indi-
problema proteção
razão da física vidual.
preponderância
dos Estados Unidos. Sem sacrifi- Talvez
concorde com os ame-
car a desta sociedade,
proteção ricanos sôbre a indesejabilidade
certos europeus de co-
gostariam da nuclear limitada,
guerra já
meçar outra vez a reconstruir a
a teme e não dispõe de meios
que
componente militar de sua pe-
neste campo. Pode acolher com
comunidade em bases in-
quena agrado a desvalorização desta es-
dependentes. A não é
pergunta tratégia a despeito de sua utilida-
se eventualmente a Grã-Breta-
de na ampliação do espectro da
nha, França e Alemanha terão
dissuasão progressiva.
forças nucleares nacionais, mas
Pode
estarão unidas um ficar extremamente
se suas forças
verdadeira- nervoso com o interêsse america-
dia num instrumento

sem a no na retaliação controlada e na


mente europeu participa-

prudência do segundo
americana. golpe, por-
ção
que isto para êle significa sim-
Sem estejam
presumir que _re-
plesmente que os americanos te-
tôdas as opiniões,
presentadas
rão mais tempo decidir sôbre
algumas das formas para
aqui estão
não defender a Europa no caso
com um europeu enca-
que pode
de determinada contingência.
rar os de sua própria
problemas
defesa: No
que respeita à con-
guerra
• os argumen- vencional
Pode tirar todos sua mente está pertur-
tos do fato de acreditar bada. Está inclinado a duvidar
possíveis
120 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

de seu valor uma série de di- tro lado, os EU


por partem da premis-
ferentes razões vêzes es- sa a
que por que guerra pode eclodir.
tão em conflito.
Os
Estados Unidos insistem
"estratégia
Se êle fôr um alemão, teme as numa
pura" de con-
"defesa
implicações de uma em tingência militar o que está em
profundidade". Se fôr um inglês, conflito,
geralmente, com as fun-
receia os damentais aspirações
particularmente proble- européias.
mas implícitos na orga-
políticos A
Europa está combalida
nização de forças necessárias e pe-
la natureza transicional
na colaboração com os de sua
íntima
comunidade; seus componentes
alemães. Se fôr um francês sabe
ainda estão disputando
os gastos com armas posições
que pesados
na nova entidade. Daí
nucleares impedem seu não estar
que país
em condições de sugerir
aceite uma estratégia convencio- novas ba-
ses a aliança.
nal. Se fôr um outro europeu para

qualquer, teme pela credi-


pouca Nada disto tem muita realida-
bilidade do dissuasor estratégico
de sem se levar em consideração
americano, êste instrumento
que o da União
papel Soviética, embo-
tornar menos
parece possível ra esta se desvaneça no à
na Europa. quadro
qualquer guerra medida
que os aspectos
positivos
Finalmente, "europeu" da reconstrução
o da Europa são
evidenciados. Mencionamos
comprometido não ser ca- rà-
pode
pidamente um c[ug
de ver a lógica de uma fede- ponto é frG-
paz
qüentemente Gsquccido. Se a,
ração forte e próspera que pro-
preci-
habilidade da
sará sua guerra geral é
prover procuração para pe-
quena, tal é, nas
segurança. Para o europeu o guerra palavras
de Bernard "na
Brodie, verdade
mundo não é uma coisa nova e
algo mais uma
que idéia,
criou o hábito de crer que pode já que
é freqüentemente
implícita ou
mudar.
explicitamente acenada
por um
lado ou outro na
Diferentes Pontos guerra fria".
de Vista

Mesmo o
que poder soviético
Se examinarmos êstes aumentasse
pontos ao
ponto de tornar
de vista discordantes dos Estados uma
guerra geral perigosa uma
Unidos e da Europa, os pontos se- única estratérgia soviética nacio-
guintes parecem sobressair: nal
poderia haver levá-la
para a
efeito, a menos
A que uma vitória
Europa ainda está bastan-
de Pirro fôsse considerada
te obsecada satis-
com a idéia de des-
fatória.
persuasão e mais relutante em

encarar os de defesa. Esta seria a


problemas de tan-
preservar,
Isto decorre do sentimento, em to quanto possível, o potencial de
parte nacional, de a recuperação
que probabi- de um dos dois gran-
lidade de uma de des complexos
guerra grande industriais ociden-
envergadura é Por ou- tais, de forma
pequena. que a
profunda-
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 121

mente ferida União Soviética não à nossa credibilidade dissuasora.


tivesse que depender inteiramen- Pode desmoralizar os grupos po-
te de seus próprios danificados líticos dos países europeus que
recursos. Ser senhor de uma rui- têm sido nossos mais fiéis amigos.
na total com milhões de seres em- Provavelmente, dará também um
pobrecidos batendo à porta não é paradoxal impulso à idéia de dis-
um agradável prospecto. suasão independente, qualquer
À luz das atuais e futuras cir- que seja a nossa idéia a respei-
cunstâncias, a URSS se veria to, ou promoverá novas ondas
obrigada a destruir seu principal de neutralismo popularmente
inimigo, os Estados Unidos. Mas apojado, o que se encaixa perfei-
se pudesse preservar toda ou par- tamente na estratégia soviética.
te de uma Europa dominada os Não podemos atribuir à mera
benefícios seriam incalculáveis. coincidência o fato de que jornais
Em conseqüência a principal es- neutralistas como o Le Canard
tratégia soviética tem sido sem- Enchaínê tenha desenvolvido
pre de tentar introduzir grandes uma relutante admiração pelo
cunhas entre os Estados Unidos e Presidente Kennedy e pela possi-
os membros europeus da aliança bilidade de uma implícita conven-
com o objetivo de ter a Europa tion à deux com Khrushchev.
como penhor. Os autores de nossos planos es-
tratégicos precisam dar maior
Condições Para o Êxito atenção à hipótese de que qual-
quer doutrina militar pura bem
O gambito não tem consegui- formulada pode acarretar uma
do grande sucesso mas permane- série de resultados políticos inde-
ce como condição para o êxito. sejáveis e à necessidade de ao
Alguns analistas americanos po- mesmo tempo considerar um
dem argumentar que nada é mais mais radical rompimento com o
próprio para ajudar a estratégia passado.
soviética que a criação de desper-
suasores independentes. Mas vis- A Memória Histórica
to à fria luz do dia — com dissua-
sores independentes há oito anos A Aliança Atlântica tem gozado
como uma realidade — pode ser de momentos de aplausos e mo-
que nossa insistência em ser o mentos de recriminações. Ambos
"principal senão o único nem sempre se excluem mútua-
guar-
dião das armas nucleares" e o mente, mas os últimos têm a ten-
corolário da retirada dessas ar- dência de se incorporarem à his-
mas da Europa promova o efeito tória dos participantes. A Grã-
que procuramos evitar. Bretanha tem sido difícil no que
Constituirá uma forma de "de- respeita à fixação das forças e
sengajamento" unilateral que ao "parentesco especial". A Fran-
preocupará nossos aliados psico- ça, além de perturbar todos os
lógica e politicamente em relação planos e predições pela continua-
122 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ção da guerra na Argélia, tem sido também na dialética das duas


o "revisionista radical" do grupo, forças presentemente atuando
contestando a sabedoria da dis- para promover a solidariedade
tribuição das forças. Os escrúpu- européia: a componentenegativa,
los nucleares do Canadá têm pa- a ameaça militar; a componente
recido, freqüentemente, puro obs- positiva, o fato dos estados esta-
trucionismo. A Alemanha tem se rem progressiva e penosamente
beneficiado do mecanismo da superando seus nacionalismos ex-
OTAN para recuperar uma posi- clusivistas.
ção militar de liderança lucrando
com a renúncia de outros. E os Pode-se esperar apenas que o
Estados Unidos têm ameaçado choque dessas pressões produza
reduzir os efetivos e levar a cabo contradições e que se procure an-
outras medidas para aliviar seu tecipá-las. Quando o aspecto po-
orçamento e resolver seus proble- sitivo é o mais influente as condi-
mas monetários.
cionantes do negativo começam
Ninguém está certo e ninguém a ser postas em dúvida. Depen-
está errado. A confusa política dendo do equilíbrio da equação
interior dos países europeus repe- uma síntese começará a surgir e
tidamente tem dificultado inicia- que se processará mais em têr-
tivas americanas coerentes com mos da vontade européia ou em
as próprias idéias daqueles. Da termos de perigo. A política oci-
mesma forma, os EU freqüente- dental se esforça para que a pri-
mente têm exigido o impossível meira condição prevaleça. Isto,
da Europa. na verdade, é o que a autonomia
militar européia procura obter.
Hoje, a apreciação européia da
dissuasão adequada e a avaliação
americana da defesa apropriada Para o momento, existem re-
médios marginais que têm sido
geralmente não fazem sentido
dentro de seus próprios termos. propostos de quando em vez, e
Devem contudo ser postos sob um que, por aquela razão, não se
denominador comum mesmo que mostraram eficazes ou não con-
às vezes a tarefa pareça impôs- tribuiram para a solução do
pro-
sível. blema. Neles se incluem sistemas
de comando e sistemas logísticos
aperfeiçoados, maior número de
O Negativo e o Positivo consultas estratégicas entre os
membros principais da OTAN,
O problema não está apenas no pequenas concessões nucleares e
fato de que grandes segmentos da repetidas afirmações sobre a pro-
opinião européia consideram uma teção dos EU. Agora, em comple-
grande guerra completamente in- mento, há necessidade de se apa-
desejável, mas também no fato gar os vestígios dos contratempos
de a considerarem francamente e desentendimentos de alguns
inconcebível. O problema está meses atrás.
POLÍTICA DE CONTROLE NUCLEAR 123

A Seriedade dos Pensamentos generosidade para interêsses mes-

quinhos. Mas isto não é uma sub-


De fato, nenhum no missão a De Gaulle,
progresso é reconheci-
dilema da defesa européia será mento e compreensão da evolução
feito até a Europa deseje en- histórica,
que uma capacidade o
que
carar sèriamente a General demonstrou
possibilidade possuir em
de um "Europa"
dissuasor europeu indepen- grau considerável. Se a
dente sôbre o os EU não está sendo construída,
qual como os
exerçam controle físico. americanos desejam e esperam,

então algum dia absur-


parecerá
No caso, os europeus
primeiro
do ter-se procurado inutilizar seu
não são capazes de clara-
pensar "melhor"
braço militar. Mesmo o
mente sôbre a defesa até que pen-
sistema para fazer a guerra nu-
sem claramente sôbre a Europa.
clear talvez tenha que se confor-
Mas isto só
provàvelmente pode lógica.
mar com esta
ser através desejo
promovido o
dos Estados Unidos de sacrificar A 17 de maio de 1962, Presi-
o
o comando e controle da reação dente Kennedy disse:
o
nuclear no interêsse do surgimen-
to de uma Europa equilibrada, Já virá o dia em o seu
que po-
que não seja apenas forte mas derio (dos europeus) será tal
que
também fortificada. na tarefa
poderão prosseguir de

sua defesa sem os Estados Unidos


Se deve haver uma nu-
guerra e ninguém neste eu sai-
país, que
clear, nossa estra-
julgamos que ba, desejará ali permanecer quan-
tégia cuidadosamente montada é
do nossa presença não fôr mais
a única forma de fazê-la menos
desejada ou desejável.
que catastrófica. Mas se não deve

haver nuclear haverá um


guerra
mundo a Eu- Estamos,
modificado, no qual portanto, aparente-

Topa a uma mente,


se opõe a submeter-se preparados para formu-

um alia- larmos a hipótese. Mas


política independente de talvez es-
dp lado do tej amos roubando
situado no outro da hipótese o
Atlântico. ti- seu sentido de realidade
Devemos procurar a-
pelo
rar melhor de ambos longamento do
o há de fator tempo.
que
os mundo bom e do Ninguém deve supor
mundos, do o dissu-
que
asor americano
mundo mau. é um caso
que
existe hoje e amanhã não. Deve-
Éste ser o único negócio mos
poderá preservar o casulo
que per-
vantajoso ser ca- mitirá a
que poderíamos que mariposa européia
pazes de fazer com De Gaulle crie suas asas. Ninguém
precisa
e os estadistas de seu tipo, ser lembrado "Europa"
que de a
que
possivelmente o seguirão. Pode talvez somente em uma geração
ser, no fim de tudo, seja a cu mais
que possa criá-las e que nós
melhor tenhamos talvez estejamos
proteção que desenvolvendo
contra os caprichos extremos da- um equilíbrio defesa-dissuasor de
queles usar de nossa segunda categoria.
que parecem Ainda, redun-
124 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dâncias talvez tenham ser criação de dissuasores


que indepen-
"melhor"
admitidas e apoiadas. O dentes, os EU ainda têm a possi-
pode não ter sido o melhor bilidade de ajudar na formação,
pos-
sível. com o correr do tempo, de um
dissuasor europeu racional.
Mas os europeus, sua
por parte,
Isto significa, entre outras,
devem dar um mais em nos-
passo
uma ação e não di-
sa direção, diminuindo nossas que promova
ficulte as relações franco-britâni-
suspeitas de estão desenvol-
que
cas em têrmos até agora te-
vendo uma interiorização. De- que
mos relutado em contemplar.
vem, entre outras coisas, dar es-
Isto significar uma nova
atenção às nossas poderá
pecial propos-
concepção a OTAN.
tas de defesa coletiva com bases para

numa reação convencional.



Da edição brasileira da
Através um apoio à Military
prudente Review
A POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA

PIERRE MESSMER

Brevemente a França disporá tura complexa: rampas de lança-


de três espécies de fôxças arma- mento, comunicações e inúmeros
das: a fôrça nuclear estratégica, meios de apoio.
a fôrça de intervenção, e as fôr-
A primeira geração de nossa
Ças territoriais de defesa (FTD). fôrça nuclear estratégica* compre-
Para se conhecer estas forças e
enderá 50 bombardeiros Mirage
suas missões é necessário se
que IV, com uma velocidade
que atin-
entenda os fundamen-
principais 2 Mach, um raio de
ge ação de
tos da defensiva francesa.
política 2 480km sem reabastecimento em
Inicialmente descreverei os três
missão de combate, ou 2 760km
tipos de forças armadas que pos- abastecidos
quando em vôo
suímos, criar, por
ou desejamos
que aviões-tanques C-134. Cada avião
sua organização e comando; em
transportará uma bomba atômica
seguida mostrarei os requisitos — isto é, uma bomba de fissão
que devem satisfazer, de acordo
com um explosivo equiva-
poder
com o nosso finalmente,
plano; lente a 50 ou 60
quilotons de TNT
mostrarei os reflexos de nossa»po-
(três vêzes superior a de Hiro-
lítica militar no país. shima), cujo
protótipo foi expe-
rimentado com êxito no Saara a
A Fôrça Nuclear Estratégica 1.° de maio de 1962. Os
primei-
*

O propósito da primeira, que é

a fôrça nuclear estratégica Êste artigo


(co- foi traduzido e
mumente denominada de fôrça condensado do original
publi-
de ataque), é dissuadir e, no caso cado na Revue de Défense
de falhar como elemento dissua-
Nationale
(França), maio de
sor, no mais curto tempo
golpear 1963, "Nôtre
sob o título Poli-
possível, com os mais poderosos
tique Militaire". A
meios tradução é
nucleares, os objetivos ini-
uma cortesia do Service de
migos selecionados. Seus dois
componentes P r e s s e et d'Information,
técnicos fundamen-
tais são França.
a bomba, ou o bloco nu-
clear, e os meios de transporte O Sr. Messmer é
(o o Ministro
avião de bombardeio e o míssil) das Forças Armadas da França.

que implicam numa infraestru-


126 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dotados com essas bom- mais simples e econômica;


xos aviões para

estarão operacionais antes do um país de área, como a


bas pequena

1963; o França, apresenta inconvenien-


fim de quinquagésimo
antes do término tes militares e Daí a ra-
será entregue políticos.
zão de ter sido o submarino atô-
de 1966.
mico escolhido como o meio de
À caracteri-
primeira geração, lançamento.
zada bomba atômica e pelo
pela
avião de aumento e de Existe um a cons-
(passíveis projeto para
melhoramentos) seguir-se-á, em tração de três submarinos, cada

1968-69, uma segunda geração, um conduzirá 16 mísseis. O pri-


caracterizada bomba termo- meiro, cujo início da construção
pela

nuclear e míssil. A fabrica- foi ordenado há deverá


pelo pouco,
de explosivos termonucleares estar operando em 1969; os outros
ção
nos obriga a urânio enri- dois dependendo da decisão de
possuir
com isótopos 235. Isto serem construídos, seguir-se-ão
quecido
não será até que comece com um intervalo de dois anos.
possível
a funcionar a usina de separação O lançamento de uma platafor-
de isótopos atualmente em cons- ma aérea está também em estu-

trução em Pierrelatte, e que deve do, contudo, até agora não se

estar no comêço de 1967. chegou a uma decisão sôbre sua


pronta
construção.
O míssil deverá transpor-
que
tar o bloco nuclear está em estu-
A Doutrina de Dissuasão
do. Será um míssil balístico com

um alcance de 2 900km e de acei-


A fim de se compreender a or-
tável Terá dois estágios,
precisão. de uma
ganização fôrça nuclear
usará sólido e será au-
propelente é necessário estar-se consciente
todirigido meio de um siste-
por das horrorosas conseqüências do
direção inércia, o
ma de por que
emprêgo de tais armas. A sua
controlará, mantendo-o ou o \fa-
marcante influência na vontade
zendo retornar à trajetória sele-
cio inimigo desencadear a guerra
cionada.
e o seu emprêgo, no caso de um

de um mortal o
Uma vez dispondo-se perigo para país, pode
nuclear resta se- levar o mundo à monstruosa des-,
míssil e da carga

a de lança- truição atômica.


lecionar plataforma
mento: terrestre, marítima, aérea
A especificação das missões e
ou espacial. A escolha ficará na
o desencadeamento da fôrça nu-
dependência de fatores técnicos
clear estratégica só podem, por-
e, também, de fatores estratégi-
tanto, ser da responsabilidade
cos, e conseqüentemente de fatô-
única do próprio Chefe do Estado,
res políticos.
ou na sua falta, daqueles de an-

Tècnicamente, o lançamento temão designados assumir


para
meio de uma ter- tal responsabilidade.
por plataforma
restre móvel ou fixa, esta Devem os objetivos dados à
geral-
mente subterrânea, é a solução fôrça nuclear estratégica ser as
A POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA 127

populações e os centros industri- Controle e Segurança


ais, isto é, as cidades, ou objeti-
vos militares, isto é, centros de Naturalmente, um mínimo de
comunicação ou locais de lan- das nossas forças arma-
proteção
Çamento de mísseis inimigos? das contra os ataques aéreos con-
As repercussões das discussões tinuará sendo uma missão —

sobre êste assunto america- missão — da defesa aérea


por clássica
nos investidos de respon- também de
grandes que está encarregada
sabilidades chegaram à França. os céus, mesmo em tem-
policiar
Tal debate não deve ter qualquer po de paz.
significado o
para possível emprê-

go de nossa fôrça nuclear Para o cumprimento de suas


nacio-
nal. Gom os nossos meios, missões a defesa dispõe de sete es-
os úni-
cos objetivos tações de detecção radar,
que têm valor como pelo
dissuasores são agora sendo modernizadas, e de
as populações;
visar os locais nove esquadrões de aviões de in-
de lançamento se-
ria absurdo. tercepção.

Devemos encarar o fato de


Uma que
vez-que não desejamos ser
certos elementos responsáveis
os agressores, pe-
temos necessidade
lo desencadeamento do fogo nu-
de ser alertados tão cedo quanto
clear podem estar movidos
pela
possível do ataque inimigo para ira ou intenções criminosas,
decidirmos por
sôbre a linha de ação
ou, ao contrário, os fogos nu-
e que
pô-la em prática eficazmente.
cleares não sejam desencadeados
O estado de alerta, ou o emprêgo
por razões de escrúpulos de cons-
das forças estratégicas, implica
ciência. Assim, fomos levados a
no conhecimento das ações leva-
tomar medidas especiais de segu-
das a efeito adversário e no
pelo rança: a criação de duas cadeias
quase instantâneo uso das infor-
de comando, uma os mísseis,
para
mações colhidas.
a outra para os blocos nucleares,

que recebem as ordens ao mesmo


A defesa aérea, aos seus
graças
tempo, individualmente, logo an-
meios de detecção e de processa-
tes do lançamento de um míssil
tnento automático de dados in-
ou de uma bomba; a instalação
formativos deve estar em condi-
nos aviões e nos mísseis de meca-
Ções de fornecer ao govêrno os
nismos selados capazes de impe-
elementos da decisão. Os centros
direm o emprêgo dos engenhos e
de operações da defesa aérea, pe-
que são acionados controle
la integração das informações por
remoto autoridade
obtidas pela política
meios nacionais ou
por
que ordena o bombardeio.
aliados, o
permitem que govêrno
faça uso das informações De
para qualquer forma, não é pos-
pôr em movimento, dentro de sível basear nossa mili-
política
poucos minutos, os centros de tar na mera de armas nu-
posse
operações das forças aéreas estra- cleares estratégicas. Devemos
tégicas.
também forças de emprê-
possuir
128 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

go mais flexível e que quando mento moderno, exceção dos car-


postas em ação acarretam conse- ros de combate médios e alguns
qüências menos desastrosas, es- artigos especiais de material bé-
tas são: nossas forças de inter- lico.
venção e nosso segundo tipo de
forças armadas. Nos 18 meses decorridos, re-
constituímos três divisões leves
As Forças de Intervenção na França com unidades trazidas
de volta da Argélia: a 7.a DB, a
As forças de intervenção são as 8a. Div Mtz e a lia. DI (que será
terrestres, marítimas e aéreas, a divisão de intervenção no ul-
capazes de entrar na batalha rà- tramar). Estas divisões, inicial-
pidamente; sua missão é dar com- mente formadas por duas briga-
bate e manter em xeque um ini- das, passarão a ter três em 1963.
migo que ataque a França ou A modernização será morosa e
seus aliados numa guerra nuclear antes de 1966 não terão atingido
ou convencional. o atual nível das divisões agora
estacionadas na Alemanha.
Estas forças devem ser aptas a
intervir na Europa; ou fora desta; No que se relaciona ao arma-
devem poder ser empregadas no mento nuclear, as divisões estaci-
âmbito da Aliança do Atlântico onadas na Alemanha são dotadas
ou fora dele. de mísseis do tipo Honest John e
os correspondentes blocos nuclea-
A contribuição do exército para res, naturalmentes sob controle
com as forças de intervenção será americano.
de seis divisões (ou mais exata-
mente seis, fatias divisionárias), Ao fim do segundo programa
das quais cinco serão menos pe- nacional, ou seja para 1970, o
sadas que a divisão modelo 1959, componente terrestre da força de
e a sexta, mais apta para inier- intervenção representará aproxi-
venções em ultramar, de tipo di- madamente 150 000 homens, 3 000
ferente e que permite ações pára- veículos blindados de transporte,
-quedistas aerotransportadas e 25 000 veículos de serviço e 350
anfíbias. Estas divisões serão e- helicópteros. A partir de 1970, o
quipadas com material e armas plano é de dotar esta força com
modernas, que lhes asseguram a armas nucleares táticas nacio-
nais.
possibilidade de lutar sob amea-
ça nuclear ou numa guerra nu- A Força Aérea
clear, que exige mobilidade e ar-
mas nucleares táticas.
Uma vez que as tropas terres-
Em que estágio desse progra- três devem na maioria dos casos
ma nos achamos? Atualmente executar o combate ar-terra, a
temos seis brigadas na Alemanha participação da força aérea na
— equivalentes a duas divisões — força de intervenção é necessária.
com efetivos completos e equipa- No momento, esta participação
A POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA 129

se faz
principalmente pelos ele- seis existirem,
quando quase
mentos que
do 1.° Corpo Aero-Tático todas as forças aero-navais
Militar. podem
ser classificadas como forças de
O l.o Corpo Aero-Tático,
que intervenção.
tem 23 000 homens, se compõe de
um esquadrão Estas forças com um total
de reconhecimen- de
to, sete esquadrões 250 000 t e 270 aviões e helicópte-
de caças a
jato RF-S4, F-100 ros de caça e anti-submarinos es-
(F-84, e Mirage
111) e duas tão distribuídas em duas
brigadas de lança- esqua-
Kiento de dras — uma com
mísseis Nike superfície- base no Medi-
-ar.
terrâneo e a outra no Atlântico.
A repartição dos meios duas
pelas
Um segundo corpo está sendo esquadras será de modi-
organizado passível
com o material trazi- ficações nos anos.
próximos A
do da Argélia
para apoiar as di- missão
principal dessas forças é
visões estacionadas na França assegurar nossas comunicações
Metropolitana; consta,
particu- marítimas no Mediterrâneo Óci-
larmente, de dois esquadrões de dental e no Atlântico Norteorien-
helicópteros de transporte (H-34) tal, defender nossas costas con-
e dois esquadrões de aviões de tra ataques
provenientes do mar
combate a
(um jato e outro con- e assegurar transporte e apoio
vencional).
para as operações anfíbias leva-
das a efeito unidades ter-
O grupo de transporte aéreo pelas
restres da fôrça de intervenção.
militar tem uma capacidade de
carga de 400t e é formado 172
por
NorcL 2501, 37 C-47 e DC-6. Estrutura de Comando
quatro
Nosso não visa o au-
programa
O comando das forças de inter-
ttiento da tonelagem a ser trans-
venção cria complexos
portada, mas do problemas
a qualidade
de organização. É essencial
transporte, colocação em ser- que
pela
um único chefe militar francês
viço, 1966, do Transnll,
para que
esteja à frente das forças france-
tem capacidade de carga, veloci-
sas de tôdas as espécies designa-
dade e raio de ação muito supe-
das para um determinado teatro
riores às do Nord 2501.
de operações. Mas, ao mesmo
tempo, nos teatros
principais e
A Fôrça Naval
particularmente na Europa deve-
mos levar em consideração nossos
O terceiro componente da fôr-
vizinhos com
quem, em determi-
Ça de intervenção é a marinha
nados estamos
com períodos, unidos
seus meios aero-navais. Com
por alianças formais como
exceção navios a do
de pequenos en-
Atlântico.
carregados da vigilância da costa
ou de mineiros varredores É
que na Europa Ocidental
que a
têm missão de defesa territorial, situação é mais complicada. Ali,
e sem incluir ainda os submari- a OTAN designa, mesmo em tem-
nos atômicos lançadores de mis-
po de um comando supremo
paz,
130 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

sob cujas ordens ficam as forças 4s FTD

colocadas diversas nações à


pelas
O terceiro sistema de forças,
disposição da Aliança. Da Fran-
FTD, tem a missão de aniquilar
ça, estão as forças terrestres esta-
os elementos inimigos te-
cionadas na Alemanha, que cons- que
nham êxito em estabelecer-se no
tituem o I Exército e as forças
território nacional, ou ten-
aéreas do Corpo Aero-Tático, que que
tem no mesmo
acima mencionei. Todas elas, penetrar por
que
modernizadas, quaisquer meios e formas.
continuarão a ser
Elas^ se compõem de unidades
mas não em au-
que pensamos
do exército e da fôrça aérea
mentar, estão longe de ser insig- (e
ocasionalmente de elementos
nificantes. Assim a participação da

abaixo marinha) existentes na e


francesa se situa da ame- já paz
ricana e da alemã e acima da in- grandemente ampliadas mo-
pela
bilização.
glêsa.

As forças francesas de inter- Para a FTD o exército estabe-


venção, aéreas e terrestres, lecerá 10 brigadas regionais
que (em
não a essas duas uma região
pertencem gran- princípio, por mili-
des unidades (I Ex e 1.° Corpo tar) com efetivos completos —

Aero-Tático) constituem uma re- 5 000 homens — mesmo em tem-


serva nacional colocada tanto em de e 100 regimentos
po paz, sub-
tempo de guerra como de sob divisionários
paz (em princípio, um
um comando nacional. Assim departamento) com
por um nú-
as unidades estacionadas na cleo de companhia, constitui
que
França Metropolitana e no Norte o elemento base durante o tempo
da África ficarão em tempo de de e o centro de mobilização
paz
sob o comando do coman- de cada regimento
guerra em caso de
dante-em-chefe do teatro Metro- Tôda a
guerra. FTD depende,
as unida- naturalmente, da vasta rêde
politano-Mediterrâneo; de

des estacionadas nas zonas 1, 2 informações e de manutenção da

4 do ultramar sob as ordens do lei e da ordem a cargo


e da gendar-
comandante-em-chefe da África merie, tanto da departamental

Central; as estacionadas na zona como da móvel.

3 do ultramar e em Djibouti sob


Das 10 brigadas, uma, alpina,
o comando do comandante-em-
está sendo organizada na 8a. Re-
chefe do Oceano indico; e, final-
gião Militar; unidades equivalen-
mente, as forças do Sul do Pací-
tes a uma brigada serão organi-
fico sob as ordens do comandan-
zadas em 1963 na região do Ma-
te-em-chefe do Pacífico.
ciço Central; cinco serão organi-

As forças aero-navais de alto zadas em 1965 e as restantes se-

mar, no mar, ficam sob rão criadas em 1967, nas regiões


quando
a autoridade do Chefe do Estado- em que a existência de fortes ele-

Maior, exceto o mentos militares não


quando govêrno justificam
as coloca à disposição de um co- a urgência e tornam mais di-
que
mandante de um TO. fícil a instalação dos mesmas.
A POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA 131

Os comandantes das regiões tem com


planos para provê-las
aéreas da FTD com 10 armas atômicas, mas lhes
participam dare-
esquadrões leves de apoio e mos as armas e os meios de
pela co-
subordinação aos comandantes municação ser utili-
que possam
das zonas de defesa. O Comando zados tanto na convencio-
guerra
de Defesa Aérea lhes fornece os nal como na de Va-
guerrilhas.
meios de detecção e, se necessá- mos também dotá-las com armas
rio, os meios de interceptação e anticarro e veículos blindados le-
de apoio. ves; exemplo, carros de com-
por
bate leves. A logística será de
Em tempo de o comando
paz, amplitude local e ràpidamente
das unidades terrestres da FTD
adaptável às condições da
é guer-
exercido comandantes das
pelos rilha.
regiões militares e o das unidades

aéreas ou comandante da . As bem equipadas e instruídas


pelo
Defêsa Aérea Territorial unidades da FTD têm uma mis-
(DAT).
Em caso de a FTD fica sob são operacional. Não é de se su-
guerra,
o comando do comandante-em- portanto, que seus coman-
por,
chefe do TO Metropolitano-Medi- dantes, em caso de guerra ou de
terrâneo. .Êste oficial ao tensão, assumam tôdas as respon-
general,
assumir o comando, disporá sabilidades pela defesa interna,

então das forças de intervenção pelo policiamento, transporte e

(exceção das estão designa- suprimento. É possível em


que que
das a OTAN e das o go- circunstâncias excepcionais se
para que
vêrno mantém à sua disposição) torne necessário atribuir tôdas as
e de tôdas as forças da FTD. responsabilidades ao comandante

militar, por exemplo, nas áreas


Deve-se observar as unida-
que
ocupadas à fôrça inimigo,
des regimentos pelo
da FTD não são
mas isto constituirá uma exceção.
territoriais, encarregados, como

em 1914, da de centros de A êste respeito nossa experiên-


guarda
comunicações, e de outras tarefas cia colonial na Indochina e na
secundárias determinadas pelas Argélia não convém ser usada na
autoridades civis. São unidades França. Na Ásia e na África lu-
de combate aptas a combater tamos em meio a populações di-
contra elementos inimigos pode- ferentes da nossa
quanto a raça,
rosamente armados tenham religião e cultura, muitas
que vêzes
Invadido o território nacional. cúmplices do inimigo, ou quando
As unidades da FTD devem, se muito indiferentes. Fora das ci-
necessário, ser capazes de se or- dades a administração francesa

ganizar em forças de maquis, a nunca foi estabelecida com firme-


fim de darem à za e era freqüentemente
prosseguimento elimina-
guerra no caso das primeiras ba- da ao começar insurreição.
a Era,
talhas nos terem sido desfavorá- normal
portanto, e necessário
que
veis. Dessa forma necessitam de o comandante militar substituís-
bons oficiais e soldados e de bom se a precária ou inexistente ad-
armamento. De fato, não exis- ministração civil.
132 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Na França a situação será com- nossas forças armadas —


parti-
diferente. Os france- cularmente do exército —e os en-
pletamente
ses não serão cúmplices dos in- genhos nucleares somente agora
vasores e a administração fran- estão surgindo na França.

cesa é tão complexa e possui tan-


As armas nucleares estão
tas ramificações até o nível dos pro-
duzindo uma revolução na estra-
cantões e das comunas que seria
tégia e na tática
impossível sua substituição por (conseqüente-
mente, na organização e no co-
um comando militar.
por
mando das unidades e na instru-
A fim de ter probabilidade de e no do
ção preparo pessoal) e a
êxito, a defesa interna deve se sua
produção exige uma reforma
fundamentar na determinação radical na nossa indústria de ar-
do povo em resistir ao inimigq mamento. Esta revolução será
cada indivíduo desempenhando mais
profunda e mais rápida que
as funções no pôsto lhe foi a causada
que pelo emprêgo da pól-
designado. No que respeita a de- vora nos campos de batalha a
fesa interna, a missão operacio- do século XIV.
partir
nal de defesa é o ele- Assim, não alongar
principal para êste
mento em caso de conflito. É artigo, discutirei apenas as con-
importante mesmo em tempo de seqüências de nossa mili-
política
paz, uma vez que uma boa defesa tar no e no material
pessoal das
interna, ao mesmo tempo dá forças armadas.
que

profundidade ao campo de bata-


De agora em diante, o poderio
lha, reforça nossa dissu-
política de um exército ou de uma mari-
asora. Se, numa batalha na Ale-
nha não mais será medido pelo
manha, o inimigo não tiver espe-
número de divisões ou de navios,
ranças de esmagar a França e
mas pelo número de megatons
tôda a Europa Ocidental com um
que realmente pode jogar sôbre
único golpe, hesitará em engajar-
os objetivos inimigos.
se numa guerra prolongada que

pode acarretar terríveis compli- Pela vez na história


primeira
cações. militar da França a busca da su-

perioridade numérica não é mais


Uma boa defesa operacional do
de primeira importância. O vo-
território é um dos pilares da de-
lume do contingente anual, a du-
fesa nacional.
ração a forma do serviço militar
continuam sendo temas dignos de
Reflexo sôibre o Pessoal e o
serem discutidos, mas tanto por
Material
razões de como de
política geral

política militar.
Quais são os efeitos da nossa

militar nas nossas forças Nosso a longo


política plano prazo pede
armadas? Serão muito por um efetivo inferior a 600 000
grandes,
mais apenas começam a se fazer homens em tempo de (excluí-
paz
sentir as coloniais da a genãarmerie) as três
porque guerras para
impediram a modernização de forças armadas. Êste número in-
A POLÍTICA MILITAR DA FRANÇA 133

íericr ao de nosso anterior, madas os homens devem


plano gozar
não é excessivo um deste benefício. Por se tornar
para país

que em breve terá 50 milhões, cada vez mais e difí-


prolongada
mas é ainda muito se não cil, a instrução custa mais: a
grande pre-
formos capazes de êsses de um oficial como um
prover paração
homens com armas e equipamen- de custa US$80 000.00,
piloto jato
tos modernos e de ensiná-los a a de um sargento como artilheiro
empregá-los. de uma unidade de mísseis anti-

carro Entac US$17 000.00 e a de


Recorrer-se à mobilização con-
um motorista de carro de com-
tinua uma necessidade a de-
para bate USS7 000.00.
fesa territorial, mas não é mais
A duração e o custo da forma-
que um fator adicional, útil para
ção significam que a
as forças de intervenção e despre- grande
maioria dos oficiais e dos especia-
zível as forças nucleares es-
para
listas deve ser constituída
tratégicas. Daí nossos por
porque
daí porque a des-
visam a mobilização de profissionais;
planos
da redução do efetivo, não
um milhão de homens em vez de peito
licenciar oficiais e es-
milhões como em 1939. planejamos
quatro
tamos tratando de recrutar um

maior número de sargentos. A


O Recrutamento Seletivo
instrução deve também tender

aumentar a disciplina for-


o para
Se no futuro devemos limitar
mal, que é sempre necessária, e,
valor numérico, no se refere
que
ainda, num grau maior, a disci-
a do homem não pode
qualidade intelectual
plina exigida para o
haver meio têrmo. Para melho-
manejo das armas modernas e
rar esta devemos tomar
qualidade o comando de rápidas
para e po-
as necessárias medidas com rela-
tentes unidades, mas unidades
ao recrutamento e a instru-
ção
são vulneráveis estão
que porque
ção.
sempre expostas a golpes esma-

O recrutamento dos oficiais e gadores.

das ser melhorado,


praças pode
exemplo, meio de rigorosa O Custo
por por
seleção física, eliminando-se an-
Éstes comandantes e estas uni-
tes da incorporação um quarto
^ades devem receber as melhores
dos convocados (em comparação
armas. A fabricação de armas e
com 15% nos últimos anos), e
equipamento torna-se cada ano
uma mais rigorosa seleção in-
por
mais urgente, difícil e cara. Em
telectual dos oficiais, na ocasião
25 anos, de 1938 a 1963, o
de seu ingresso nas escolas de preço

por tonelada expresso em fran-


formação.
cos, numa taxa fixa, duplicou pa-
A instrução e a instrução ra os navios e
geral quintuplicou para
técnica devem ser desenvolvidas as aeronaves. Uma tonelada de

e atualizadas; explosivos custa de 50 a 100 vê-


periodicamente
em todos os níveis das forças ar- zes menos, sob a forma de uma
134 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

bomba atômica, sob a forma Para que isto seja obtido, maior
que
de explosivos convencionais em quantidade de dinheiro será ne-

de TNT. A bomba ter- cessária cada ano, e face a redu-


granadas
monuclear é ainda mais barata cão dos efetivos, uma maior par-
tonelada de explosivo que a cela deve ser destinada aos fins
por
bomba atômica. militares. Apenas 16% das verbas
das forças armadas, em 1946, des-
Contrário à opinião geral, o es-
tinavam-se a infra-estrutura e
tudo e a fabricação de armas pa-
armamento; em. 1963 serão des-
ra a fôrça nuclear estratégica (a
tinados 42,5%, e teremos
bomba atômica, usina de Pierre- que
atingir 50% levarmos a cabo
aviões e mísseis) represen- para
latte,
nosso
de 13% do orçamen- programa.
tam menos

to militar, e não atingirão 25% Somos logicamente levados a


do mesmo até o fim desta década. o estudo
julgar que e a fabricação
Em comparação, a Grã-Bretanha de armas devem, numa aliança,
está destinando apenas 10% de ser feitas em conjunto ou al-
por
seus militares, que são membros. De
gastos guns fato, a OTAN
maiores os nossos, para as deu margem
que a grandes esperan-
armas nucleares. neste campo e encorajou al-
ças

arsenal, gumas realizações, como a fabri-


Contudo, qualquer
deve a- cação na Europa do míssil anti-
mesmo o convencional,

tecnoló- aéreo Haiok e a construção do


companhar o progresso
cr es- avião Atlantic combate ao
e se ajustar à demanda para
gico
cuja submarino, citar apenas as
cente de armas nucleares, para
emprêsas em a França se
ameaça constantemente que
paira
As uni- associou.
sôbre nós em tôda parte.

dades devem mobilidade


possuir Mas esta cooperação está en-
tática, sem a não escaparão
qual contrando dificuldades em razão
destruição; isto é o se pro-
à que das rivalidades entre os países,
cura através os caminhões para
particularmente no campo indus-
.quaisquer terrenos, os veículos
trial, e sobretudo nada
porque
lagartas, o helicóptero e o
sôbre relacionado com as armas atômi-
de decolagem vertical, no
avião cas está incluído.
à Fôrça Aérea. O
respeita
que
de meios de Uma vez que decidimos
comando deve dispor possuir

e flexíveis: armas atômicas, devemos nós


informações rápidas

reconhecimen- mesmos fabricá-las, e esta


radar, aviões de para

aviões teleguia- pesada tarefa devemos mobilizar


to supersônicos,
satélites, e uma não apenas nossos engenheiros e
dos, e até mesmo

segura, am- nossos arsenais, mas técnicos, en-


rêde de comunicações

capacidade. genheiros e cientistas civis de


e de grande
pia
complexidade e todo o país. Desta forma, ao mes-
Potência, preço

as características, em cons- mo tempo o exército se mo-


são que

desenvolvimento, das armas derniza, mais aumentam os laços


tante

do equipamento modernos. o unem à nação. Simultânea-


e que
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 135

mente sentimos com maior inten- a das não


que possuem. Somente
sidade, mesmo em tempo de as
paz, da primeira são capazes de de-
os reflexos da militar na fender sua
política liberdade; as da se-
vida nacional.
gunda estão destinadas à subser-
viência ou a ocupar uma
posição
Política Militar e Exterior de satélite.

Essa a razão os russos


porque
Não será apenas na economia e os americanos são contrários à
nacional e na formação dos criação de forças nucleares na-
qua-
dros a nossa militar cionais, torna sua de
que política que política
rará sentir seus efeitos: tem e hegemonia mais difícil e arrisca-

terá uma crescente influência na da, comprometendo seus resulta-

opinião francesa no que dos; essa a razão o arma-


pública porque
respeita aos de defesa mento nuclear francês é o
problemas ponto
nacional. cruciante das relações franco-
A França, como antiga nação -americanas.

militar, sabe e sente que pode só Mais tarde isto constituirá o


se defender com boas armas —
tema básico da européia,
política
isto é, com armas atômicas. Uma
que a Europa não ser
já poderá
militar a fa-
política que permita uma entidade apenas com bases
bricação dessas armas dará ao
nas comunidades econômica e
francês confiança em si
povo técnica, embora estas sejam ne-
mesmo e os sacrifícios
justificará cessárias. Para que a Europa

que lhe exige. Uma política que existir, terá


possa que assumir os
abra mão disso ideologia ou
por encargos e as responsabilidades
economia levará os franceses a
de sua defesa, e, para isto,
pos-
desinteressarem-se sua defesa.
por suir armas atômicas. Quando

1949, de atingirmos êste ponto, veremos


A decisão tomada em

seus vizi- a posse pela França de ar-


associar a França com que

Unidos na mas atômicas se constituirá no


nhos e com os Estados

resultou na elemento fundamental do forta-


Aliança do Atlântico,

e deu lecimento europeu e, isto,


criação da OTAN quase que por

Européia de motivo dos mais apaixonados


lugar à Comunidade

aliança, à debates.
Defesa. Aquela graças
a A conclusão dêste artigo é fácil
proteção americana, permitiu

resistir à sovié- de ser tirada: a carac-


Europa pressão principal

reconstruir-se material e terística de nossa militar


tica e política

mesmo militarmente. é a decisão do General de Gaulle

de dar à França um arsenal


início, o bá-
Desde o problema con-
nuclear, e esta decisão tem
sico da aliança tem sido o possí-
seqüências tais muitos
que por
vel emprêgo das armas atômicas,
anos dirigirá o destino de nosso
desde 1945_e muito
já que por
país.
tempo ainda as nações estarão di-

categorias: a das • brasileira da


vididas em duas Da edição

armas atômicas e Military Review


que possuem
Aviòey*
e

IB
yilBMARINOy

"BAHIA"
SUMÁRIO: 1 — Incorporação à Armada dos submarinos e
"RIO
GRANDE DO SUL" — II. Aniversário da Fôrça de Submarinos
-— "Almirante
III. Novo comandante da base Castro e Silva" — IV.
Depois da Tragédia — V. Submarinos e Aviação Naval nas marinhas

estrangeiras.

INCORPORAÇÃO À ARMADA DE DOIS SUBMARINOS

Mais dois submarinos foram de do Sul. Essas unidades, cedi-


incorporados, no dia 13 de agôs- das ao Brasil em cumprimento

to último, à Armada Brasilei- ao acordo de cooperação mútua


ra: trata-se de unidades cedidas com os Estados Unidos da Amé-

pelos Estados Unidos ao Brasil, rica do Norte, representam subs-


em virtude do acordo de Coope- tancial reforço à arma submari-
ração Mútua entre ambos na da Marinha Brasileira,
países. e pos-
Receberam os nomes de Bahia e sibilitam ao nosso
pessoal o trei-
Rio Grande do Sul. namento efetivo em equipamen-

Por Decreto de 10 de setembro tos mais avançados na tecnolo-


foram nomeados seus comandan- gia naval. Exprimem, ainda, a
tes respectivamente: CF. Abílio consecução do
propósito da Alta
Simões Machado e CF. Nelson Administração Naval de reequi-
Riet Corrêa. par a Marinha Brasileira, den-
A êste respeito, o Chefe do Es- tro das nossas
possibilidades fi-
tado Maior da Armada baixou a nanceiras atuais, a fim de torná-
seguinte Ordem do Dia, n.° 47 la apta a bem cumprir a sua mis-
de 1963: são de resguardar a nossa sobe-
"Incorporação
de Submarinos. rania e colaborar na defesa con-
¦—
Pelos Avisos n.°s 1643 e 1644 tinental. Ostentam elas nomes
de 1/8/63., do Exm.° Sr. Minis- da nossa Marinha,
gloriosos os
tro da Marinha, são incorpora-
quais saberão honrar, mercê de
dos à Armada, na data, Deus
presente e da dedicação, entusiasmo
os Submarinos Bahia e Rio Gran- e competência
profissional de
138 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

seus e Bahia e "Tudo


oficiais praças. Pátria". Assinado:
pela
Rio Grande do Sul! Que o destino —
José Luiz da Silva Júnior Al-
lhes reserve dias de glória e que — Chefe do
mirante-de-Esquadra
tôda sua esteja sempre
pujança
seja Estado-Maior da Armada.
a serviço da Nação! Que

ANIVERSÁRIO DA FÔRÇA DE SUBMARINOS

a Fôrça de técnicos italianos. A


Em último próprios
julho
comemorou seu 49° viagem de vinda o Brasil,
Submarinos para

Criada Decreto iniciada a 26 de sem esca-


aniversário. por julho,

de 1914, teve co- Ias, constituiu, na época, um fei-


de 17 de julho
mo unidades os sub- to sem precedentes.
primeiras
F-3 e F-5, construí- Em 1937, o Brasil adquiria,
marinos F-l,

Fiat San Gior- ainda na Itália, outros três sub-


dos nos estaleiros
"T".
marinos — os da classe Ha-
— Itália, determinação
gio por "F"
Repúbli- vendo os dado baixa do ser-
do, então, Presidente da

sendo, viço ativo em novembro de 1933,


ca, Dr. Rodrigues Alves;

Marinha ficou a Flotilha de Submarinos


na ocasião, Ministro da

Leão. constituída dos Tupi, Tamoio,


o Almirante Marques de
"T"
Timbira e Humaitá. Os três
Na época da aquisição dêstes pri-
e o Humaitá tomaram ativa
meiros submarinos brasileiros, parte

na Segunda Guerra Mundial.


arma inédita nos meios militares,

o de
criou-se um ambiente hostil Coube-lhes papel principal
por
não via adestrar, em tática anti-subma-
da Imprensa que
parte
tais rino, de navios e de
necessidade no emprêgo de guarnições

Não foram êsses subma- aviões brasileiros e norteameri-


navios.
na Primeira canos se empenhavam na
rinos empregados que

Mundial, logo após Batalha do Atlântico.


Guerra que
"T",
se fez Antes da baixa dos três o
eclodiu e na o Brasil
qual
Naval em Brasil adquiriu na Holanda um
Divisão
presente pela
fo- Navio-Socorro, a Corveta Impe-
Operações de Guerra; porém,
E a expe- rial Marinheiro, e recebeu dos
ram excelente escola.

adquirida EE.UU. os submarinos Humaitá


riência com êles per-

1929, submari- e Riachuelo foram incor-


mitiu já em que
que,
a Itália à Flotilha, em fins de
nistas brasileiros fossem porados

nosso 4.° subma- 1957.


e trouxessem o
Em setembro do corrente ano
rino, o Humaitá. A guarnição
tal habili- serão recebidos os submarinos
brasileira demonstrou
Rio Grande do Sul e Bahia já em
dade de manobra durante as pri-
o Hu- fase de entrega em Honolulu,
meiras experiências com

causou admiração aos Ohau, Hawai.


maitá qua
AVIÕES E SUBMARINOS 139

"ALMIRANTE
NOVO COMANDANTE DA BASE CASTRO E SILVA"

No dia 19 de em soleni- berto Giudice e Fitipaldi. Trans-


julho,
dade CMG Atila mitiu cargo o CF. Oswaldo
presidida pelo o
Novais, Comandante da Flotilha
Pinto Carvalho, que acaba de ser
de Submarinos, assumiu o cargo
"Almi- designado servir no Quinto
de Base para
Comandante da

rante CF. Hum- Distrito Naval.


Castro e Silva" o

DEPOIS DA TRAGÉDIA

mergulho sepultou nas águas do Atlân-


Depois do fatídico que

tico homens, os técnicos e cx Imprensa de todo


Norte o ThrçshGr e seus

o desvendar as causas do desastre.


mundo têm procurado
dois comentários, um é a expressão
Traduzimos a. continuação,
'Rivista
do e abalizado de uma revista profissional
iuizo sereno

Marittima" outro, a crônica, mais emotiva e própria de


da Itália; o
"Algo" —
uma — revista espanhola de Barcelona
publicação popular

A PERDA DO THRESHER

abril, o em agosto de 1961, era o protóti-


Na manhã de 9 de

submarino nuclear de ataque de uma nova classe de sub-


po
Thresher deixava os estaleiros de marinos nucleares de ataque es-

Portsmouth realizar, depois desenhada a


para pecialmente para
de demorados trabalhos, uma sé- submarinas.
busca e caça Dota-
rie de mergulhos a profun- do, de 4 tubos de lançamentos,
pouca
didade, e um outro a profundida- situados lateralmente, dois a dois
de relativamente mas que
grande, a meia nau e a e capaz de
proa,
— segun-
não deveria ultrapassar
lançar mísseis anti-submarino
— a má-
do declarações oficiais
SUBROC (submarino rocket),
xima admissível.
combinação torpedo-míssil balís-
Além 112 homens de sua
dos
tico, podia, o Thresher, desenvol-
o Thresher embarca-
guarnição,
ver velocidade de 20 nós em su-
ra 17 técnicos do estaleiro, para
perfície e de 35 em imersão, mer-
o devido controle a ser mantido,
cê ao especial formato do seu cas-
no mar, depois de terminados os

afe- co (a tear drop). a sua


trabalhos entre outros, Quanto
que,
um cota de imersão, e ainda ela
tavam à sistematização de que
de busca não tenha sido revelada até hoje
novo aparelhamento

a aplicação do pela US Navy, se supõe que fôsse


submarina,
para
uma de 300 metros.
tornara-se necessária
qual
abertura no resistente casco do A do seu aparelha-
perfeição
navio. mento de busca a grande distân-

O submarino Thresher, de 3 750 cia tanto como seus dispositivos

toneladas, entrado em serviço de controle automático da imer-


140 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

são e da navegação, cava que se achava a 122 metros


juntamente
com o estremado silêncio de todos de profundidade e que estava pro-
os aparelhos de bordo, faziam-no cedendo a verificar se aparecia

altamente agir alguma eventual infiltração de


qualificado para
contra submarinos de capacida- água. Dois minutos mais tarde,

de semelhante à sua, especial- o navio de apoio informava


que,
mente à velocidade e cota no intuito de evitar eventuais in-
quanto
de imersão. tercepçôes, não autorizadas, dos

No decorrer de todo o dia 9, o dados relativos à transmi-


prova,
Thresher efetuou uma série de tiria, a daquele momento,
partir
de mergulho que podemos as indicações relativas à cota a-
provas
considerar como preliminares, tingida, utilizando como ponto
oscilando as imersões entre 30 e de referência a cota de imersão

40 metros. Terminadas auspici- e mantida em segre-


programada
osamente estas provas, a tarde do. E, assim, às 0809, o Thresher

do mesmo dia 9 o submarino fêz- comunicava achar-se à metade

se ao largo rumo à zona de águas da cota às 0835, es-


prevista; que
para nela realizar a tava a cêrca de 92 metros da tal
profundas,
mais importante: a desci- cota secreta; e, às 0853, se
prova que
da até uma cota de grande dirigia à cota marcada.
pro-
fundidade ainda que, sempre, in- Pode-se, deduzir das
pois, pre-
ferior à máxima de resistência do cedentes comunicações às
que
casco, se— segun- 0853 submarino
que presume o devia achar-se
— não haveria além
cio já dissemos de dos 200 metros de imersão.

superar os 300 metros. Às 0913, informava tendo


que,
Escoltava o Thresher uma uni- dificuldades, não de natu-
porém,
dade de apôio, o ex-rebocador de reza tentava uma mano-
grave,

Skylark, de 1 235 tone- bra de emersão e se a


esquadra preparava
ladas, transformado, em 1947, em esvaziar o duplo fundo A
(1).

apôio aos submari- mensagem não continha


unidade de qual-
nos. quer indicação da cota de imer-

na se- são atingida naquele momento.


Chegando manhã do dia

zona a Todavia, considerando a


guinte à prefixada para progres-

imersão a 120 são da descida e o tempo trans-


prova de profunda,
milhas do cabo Cod, onde corrido, poder-se-ia deduzir
este que,
a naquele momento, o navio esti-
a do mar atinge
profundidade
Thresher, vesse próximo a 250 metros de
quase 2 500 metros, o

as 0747, iniciava o mergulho que profundidade.

haveria lhe As con- Às 0917, o SKylark recebia uma


de ser fatal.

dições meteorológicas, momen- derradeira mensagem, muito con-


no

to, assinalavam vento 40 nós, fusa por dificuldades de recepção,


de

com mar agitado e vagas de três da qual conseguira-se, não obs-

metros.
Cl) A expressão exata do Thresher:
O Skylark mantinha ininter- "Experiencing
foi: minor difficulties.
rupta comunicação com o navio Have angle. Attenpting to
positive
submarino. Às 0752, êste comuni- blow".
AVIÕES E SUBMARINOS 141

tanté, compreender as duas últi- bra não respondia aos chamados,


"profundidade
mas de o Skylark desistiu do reconheci-
palavras:
prova". Segundo referência de mento tentado; tanto
porque
outros elementos da do aquilo ser um navio de
guarnição poderia
Skylark, teria sido ouvida, tam- como se não situar
pesca, para
"excedente";
bém, a com numa no caso
palavra posição perigosa,
o a ouvida da última de uma eventual emersão do sub-
que parte
"execeden-
mensagem ser marino. E, fôsse o que fôsse, a
poderia
te de Pou- sombra vislumbrada também su-
profundidade prova".
cos segundos depois desta comu- miu, aos poucos instantes.

nicação, o Oficial de navegação Várias horas depois, unidades

do Skylark, em contato com o acorriam ao lugar e recuperavam

submarino imerso, refere ter ou- fragmentos de material e peças


vido claramente cêrca de de indumentária pertencentes,
durante
30 do ar ao navio desa-
ou 40 segundos, o rumor presumivelmente,

contido fundo enquanto, eram obser-


a alta no parecido,
pressão
duplo de- vadas, também, extensas man-
do submarino; e, pouco
ao chas de óleo; tudo o
pois, um estrondo semelhante que podia
do de en- confirmar a perda do submarino.
impacto de um torpedo
contro De- Tal é o esquematizado relato
à dum navio.
quilha
respon- da rápida sucessão dos factos.
pois, o Thresher não mais

deu aos numerosos chamados do

navio de apôio.
Qual fora, entretanto, a verda-
Às 1104 mostra-se inútil qual- deira causa da dolorosa E
perda?
busca em superfície, e o Co- essa a angustiosa interrogação
quer à
mandante do Skylark informa à a Marinha
qual dos Estados Uni-
Base o submarino Thresher, dos dar resposta,
que procura seja
com o todo o conta- mediante um minucioso
qual perdera, inquéri-
to a das 0917, devia ter so- to, seja tratando
partir de obter
por
frido avaria. meio de fotografias
grave do fundo sub-
do Sky- marino — tarefa
O próprio Comandante ràpidamente
lark informava ã comissão de in- empreendida — a localizacão do
imediatamente reunida casco, fazer descer
quérito para a^é êle
observara, no decorrer da o batiscafo Trieste,
que único meio
busca visual efetuada na zona adequado à coleta de elementos
da depois da inter-
prova, pouco provatórios para a solução da
rupção da comunicação com o
questão.
submarino, e a aproximadamente Quando parecia que, a 30 de
6 milhas de distância, uma som- maio, o navio de pesquisas ocea-
bra cinzenta, aparentemente nográficas Robert T. Conrad ha-
imóvel, ser via conseguido
que poderia julgada, localizar e foto-
na emoção do momento, como os restos
grafar do submarino
sendo a tôrre de um submarino. uma
perdido, posterior e mais
Aproximando-se um ainda acurada interpretação
pouco, da foto-

que sem atingir a zona da apari- grafia conduziu a excluir a possi-


Ção, e visto que a estranha som- bilidade de ter, a imagem obtida,
142 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

relação com o casco do velmente na cota de 250 metros


qualquer
as — dificuldades ocasionadas
Thresher. Em conseqüência, por

na zona do sinistro mal funcionamento de órgãos es-


buscas pros-
senciais, ou por rutura de algum
seguiram.
conduto de tomada de água ao
Acolhida imprensa
pela grande
mar, ou, em fim, infiltração
norte americana a crucial inter- por

foram de água através de órgãos em


rogação, várias hipóteses
movimento, o Comandante Har-
aventadas, muitas delas girando
vey — segundo comuni-
em tôrno da de um funcionamen- julgou
cara — as dificuldades, de
de algum órgão es- que
to defeituoso
como se- natureza não grave, não permiti-
sencial do submarino,

do leme de am o prosseguimento da prova


riam: bloqueio pro-
ou rotura dos tubos em andamento, por cujo motivo
fundidade,
de água marinha, es- decidira emerger, tomando posi-
de tomada

dos servem, ao ção adequada, com inclinação


pecialmente que
do reator, com a cima, e leme emerger;
resfriamento para para

invasão do navio injetando, simultaneamente, ar


conseqüente pe-
no fundo duplo. É neste momen-
la água.
to se ini-
Sem no que, presumivelmente,
querermos penetrar
cia a tragédia. Uma eventual en-
mérito, o que só a comissão de
trada de água no navio, em quan-
inquérito fazer,
poderá parece
tidade superior à primeiramente
deduzir do conjunto de
possível
prevista, poderia ter neutraliza-
fatos descrito que a perda do

do o impulso escensional dinâmi-
navio não se de manei-
produziu
co e estático do navio, levando-o
ra súbita, como seria, por exem-
a uma rápida irresistível descida.
reator, — expio-
a explosão do
pio, Isto
— poderia explicar a pertur-
são, aliás, impossível ou por
"queda bada recepção das da
dinâmica". palavras
imprevisível "excedente
última mensagem
A da imersão a grande pro-
prova
profundidade de prova". Poder-
fundidade era, de facto, iniciada
se-ia também inicia-
em pensar que,
às 0747 e, segundo hábito
da a súbita ascensão, descontro-
operações de mergulho, o navio
ladamente, entrada de água
pela
procedeu inicialmente de modo
não tinha sido evitar nas
possível
gradativo durante os primeiros
precárias condições de estabilida-
cem metros, com movimentação
de que os submarinos, em geral,
não excessivamente rápida e pa-
apresentam instantes an-
poucos
rando na dita cota, para corrigir
tes de aflorar, um ulterior e pe-
a manobra e às verifi-
proceder rigoso descontrole, acentuado pe-
cações usuais. A dessa co-
partir la ação da alta e delgada torre do
ta, a subseqüente descida — se-
submarino, haver agi-
que poderá
gundo se deduz das comunicações
do como leme durante o rápido
transmitidas de bordo — reali-
movimento ascensional.
zou-se gradualmente, com desní-
M BERTINI
veis entre 30 e 40 metros.
"Rivista
Ao encontrar, no decorrer des- Da Marittima" de Itália

ta descida — Tradução de P. de Miranda


progressiva provà-
AVIÕES E SUBMARINOS 143

AS ULTIMAS HORAS DO "THRESHER"


Verdadeira história da trágica missão do submarino atômico
desaparecido em águas do Atlântico, com 129 homens a bordo.
A noite de segunda-feira 8 de o
abril apresentou-se com o ceu 0
cheio de nuvens. Soprava um
vento forte e os navios reforça- _
0
o
u
1
vam suas amarras no porto de _, *- > /-_v r-i
Portsmouth. Em torno dos súb- 3l
<£K / /*-_Sm_
© o
-> a o /Mm £
1 i í-vá!Hr y
marinos atômicos Thresher, Sea-
wolf e Seaowl via-se uma movi-
mentação insólita de militares e
civis. Embarcou-se grande quan- u '<| Àf-II (TB

\_MjU
\\ ¦—' mim li o _
tidade de provisões; os trabalhos
demoraram várias horas e, de-
pois, grande silêncio foi feito.
Pouco depois do amanhecer, o
Capitão de Mar e Guerra John ¦~tJT l^H_P"~*rffíl« R
Weshley Harvey, comandante do \% 1 *LKJ _i
**___-.^_>3_xi ^^ _t_T__~--_.-~ «<
*&________ MKB__K~- _--íW
7<7y7Íms Uh «j
Thresher, reunia-se ao seu colega i ¦* _____r~ ¦í_»*«'S'Ç __ i~
C. James Zurcher, do centro de ¦_______*___*__¦ °
operações da Frota Submarina
do Atlântico. Numa sala do Co- inRjÍJ )__ \ *
mando, ainda iluminada pela luz UJr-^^W \ g
elétrica, o diálogo transcorreu TlNf-~rK __\ *ü
breve e sem testemunhas. R Rrj VjVH x-
*>»_:—___* ÜJ
— No meu navio — disse John I _p I \ —
Harvey — tudo está pronto; jul-
go o submarino perfeitamente
preparado para enfrentar a pro-
lá Iffv \|l '2
va. Depois, fez continência e re- Mff-WX
gressou a bordo. si K>31 \ ^
Exatamente às 8 da manhã de
terça-feira o Thresher largou as < /
ã x^irfl \
\lia *_l
r*" ab \
amarras e começou a descer o rio, s / \
rumo ao Atlântico. Seguia-o o \\ JJ \ n
navio de apoio Skylark, de perto
de 1 000 toneladas. Chovia e fa-
zia frio. O Thresher, de 3 700 to-
neladas, navegou com velocidade
3 \W È
considerável rumo ao oceano e
não demorou acharse em pleno
mar. A bordo havia provisões de
boca, água e Oxigênio para no- submarino nuclear
venta dias, e 42 homens mais do do tipo "Thresher"
144 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

o normal: — 4 oficiais ob- em Portsmoulh, a tôda espécie


que
servadores, dos estaleiros de Port- ie provas e revisões as mais mi-

mouth, 17 técnicos em eletrônica nuciosas. Antes de submergir no

especialistas em sonar, e 21 ma- oceano havia sido submetido a


e

rinheiros foram, embarcados provas de imersão, na baía. Os


que
Tôda a tripulação técnicos do estaleiro — os melho-
à última hora.

era formada de voluntários, sele- res dos Estados Unidos em ma-

breve curso de ins- téria de submarinos — tinham-


cionados após

trução e de físicas muito se declarado satisfeitos.


provas
rigorosas. Para alguns era aque- Até aquela data, o Thresher ti-

la a viagem: o subte- vera uma sina agitada. Na sua


primeira
nente C. Gralton, de 25 anos, ter- saída ao mar, em maio
primeira
minou um mês antes os cursos de 1961, os instrumentos de bordo

especiais da Escola de Submari- assinalaram uma irregularidade.

nistas de New London, e regres- Logo, a uma revisão,


procedeu-se
sara, antes, de breve li- e os técnicos de bordo
pouco percebe-
cença. ram uma série de falhas impor-

O Thresher as águas tantes, o que levou à suspensão


ganhou

do oceano, rumo a sudeste das imersões.


pôs
e momentos depois submergiu. Três meses mais tarde, em 3 de

A bordo reinava grande silêncio; agosto, um dos motores elétricos

seus homens acompanhavam as incendiou-se ao largo de Charles-

manobras com calma gerada pe- ton: submarino teve sofrer


o que
lo hábito. Nem a respiraçao se reparos; conseguiu chegar
porém,
deixava ouvir; o submarino avan- seus meios aos es-
pelos próprios
sob as águas, sem qualquer taleiros de Portsmouth. Passado
çava
rumor, como se fôsse esqaalo um ano — em de 1962
junho
invisível. O reator — entrava na
velocíssimo e pequena baía de

atômico, esfriado a água, e as Port Canaveral, na Flórida,

turbinas não transmitiam qual- quando foi abalroado rebo-


pelo
vibração à superfície, segun- cador Hollywood. Tornaram-se
quer
do os estudos secretos nos labo- necessárias grandes precauções
ratórios da Marinha em New o submarino, nave-
para, poder
London. Ninguém que não dis- até os estaleiros de Groton,
gar
de instrumentos eletrôni- em Connecticut, onde
pusesse permane-
cos muito aperfeiçoados poderia, ceu durante três semanas,
para
da superfície, advertir a navega- depois a Portsmouth e ali
passar
do submarino. O Thresher receber uma revisão total.
ção
era o submarino mais veloz e
Um grupo de técnicos introdu-
mais silencioso do mundo. ziu no navio
grandes modifica-

O comandante John Harvey, ções. As mudanças e os reparos

reassumira o comando em 18 foram inspecionados com raios


que
de não abrigava X, centímetro centímetro.
janeiro, qual- por
dúvida a Os trabalhos de aperfeiçoamento
quer quanto qualidade
de seu navio: durante nove me- prosseguiram febrilmente, insta-

ses fôra submetido o submarino, lando-se a bordo alguns aparelhos


AVIÕES E SUBMARINOS 145

eletrônicos secretos, até que, no Thresher não interrompe as


dia 8 de abril, o seu comandante provas e continua descendo ca-
recebeu ordem de largar para da vez mais e retornando à tona.
missão extraordinária. Os 17 técnicos civis e os 4 oficiais
Era a última missão! observadores controlavam o fun-
O Thresher navegava, levando cionamento dos novos aparelhos
a seu bordo os técnicos mais re- eletrônicos instalados a bordo, e
putados dos Estados Unidos. Os estudavam a resistência das es-
tripulantes percebiam que aque- truturas, depois das modificações
la era a prova mas difícil em que a que haviam sido submetidas,
nunca participaram; nenhum na sua demorada permanência
deles, entretanto, mostrava preo- em Portsmouth.
cupação. Às 1222 de terça-feira Às 0515 de quarta-feira, o sub-
o submarino achava-se imerso a marino, depois de breve saída à
uns 50 quilômetros a sudeste superfície onde a chuva e o ven-
de Portsmouth. Na zona patru- to eram constantes, iniciou a-
lhavem os submarinos nucleares imersão para a qual tinha sido
Seaioolf e Seaowl, encarregados preparado durante anos de cál-
da proteção contra qualquer culos, revisões e experiências.
olhar indiscreto. O mar estava Deveria atingir uma profundida-
agitado, com vento soprando a de "secreta" — talvez mais de
setenta quilômetros por hora. As 400 metros — à qual nunca che-
duas pequenas unidades de apoio gara nenhum outro submarino, e
— Skylark e Recovery — navega- dar, assim, à Marinha Norte-
vam com precaução. O Coman- Americana esta primazia.
dante Harvey consultou o relógio A manobra foi realizada grada-
e deu ordem pelo alto-falante. tivamente e de vagar, segundo
— Já! imersão! fora decidido dias antes no Co-
O poderoso submarino mergu- mando de Portsmouth. As pro-
lhou nas vagas para retornar à fundidades atingidas eram trans-
tona várias vezes, em manobras mitidas ao Skylark. Ao amanhe-
cada vez mais rápidas. Ninguém eer, uma grande tempestade var-
sabia; mas naquele momento, na- ria o oceano. As nuvens tinham
quele lugar solitário do Oceano descido quase até rente a água,
Atlântico, a Marinha Norte-Ame- tornando a visibilidade muito es-
ricana estava realizando uma das cassa. A bordo do navio de apoio,
Riais sensacionais experiências os homens estavam exaustos.
tentadas no mundo: a tentativa Às 1917 o receptor de baixa
de atingir o limite de resistência freqüência do Skylark captou
dos cascos em imersão. uma breve mensagem vinda das
A prova teve resultado satisfa- profundezas do oceano.
tório. O Comandante Harvey co- — Estamos atingindo a
pro-
municou ao Skylark os dados da fundidades ordenada.
prova, utilizando uma emissora O Thresher acrescentou mais
de rádio especial, de baixa fre- alguma coisa à mensagem; mas
qüência. Veio a noite, mas o a recepção não foi nítida. Estrá-
146 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nhas interferências prejudica- O Comandante da Skylark deu


vam a recepção, cujo sentido, po- o alarme ao comando da Mari-
rém, era claro: tudo corria de nha em Portsmouth e imediata-
acordo com o previsto. O oficial mente levantaram vôo aviões
telegrafista, em conseqüência, munidos de aparelhamento espe-
não deu importância ao fato: a ciai para localização de submari-
diferença de salinidade em águas nos em imersão. Todos os na-
de tal profundidade podia ser a vios mercantes navegando nessa
causa das interferências. zona foram convidados a comu-
O relógio assinalava 9 h 40 m, o nicar quanta informação pudesse
Thresher devia dar a última pro- ser útil, como seriam aparições
fundidade, e o oficial do Skylark de manchas de óleo ou de frag-
transmitiu, imediatamente uma mentos de aparelhos. O Almi-
mensagem em código ao Coman- rante Lawson P. Ramage em-
dante da Segunda Flotilha Sub- barcou em New Port no Blandy
marina de Portsmouth, John S. e tomou o comando das opera-
Schmidt. Era o momento pelo ções de busca. De Portsmouth
qual durante anos se esperava. largaram imediatamente os con-
O momento, porém, não che- tratorpedeiros pesados Yarnell,
gou. Wallace, Lind, Warrington, The
Passaram-se mais cinco minu- Sullivans, Roberts e Norfolk; e
do aeroporto de Brunswick le-
tos, e os aparelhos nada assina- vantaram vôo várias esquadri-
laram, No fundo do mar come- lhas de "Neptuns" de reconheci-
cava o drama. mento.
Enormes vagas se lançavam Entretanto, eram poucas as
contra o navio de apoio, que, em esperanças de não ter acontecido
luta com o temporal, mantinha alguma coisa grave. O Coman-
as suas antenas imersas, à espe- dante do Thresher já teria ates-
ra da mensagem. O Comandante tado os contatos com a superfí-
ordenou enviar uma mensagem cie A situação tornara-se drama-
ao fundo, com a emissora nor- tica. As vagas faziam difíceis as
mal e baixa freqüência, e fez de- operações de localização, e os
flagrar pequenas cargas explosi- aviões mergulhavam até rente a
vas. água, numa tentativa de detec-
— Se eles se afastaram um ção da presença do magnífico
pouco da zona — comentou — submarino. Parecia impossível
ouvirão as explosões e responde- poder achar alguma coisa na-
rão. quele mar enfurecido. Mas, às 11
Mas, das profundezas do mar horas, um marinheiro do navio
não chegou outra mensagem. O de apoio Recovery bradou deses-
Thresher perdera-se nos abismos peradamente:
marinhos e, no entanto, o sonar — Mancha de óleo a bombordo!
não tinha captado qualquer rui- Não mais havia dúvida pos-
do de choque. Que poderia ter sível.
acontecido? O Comando não se considerou
AVIÕES E SUBMARINOS 14?

vencido, ainda, e ordenou pros- pelo impossível. Rodeavam-na

seguir nas buscas. Passadas duas outras mulheres chegadas das

horas, o Skylark achou fragmen- casas próximas. John e Bruce,

mentos de cortiça, e de os dois filhos, dormiam no andar


plásticos
de borracha característicos das superior; mas o barulho de por-
interiores dos submarinos tas, abrindo e fechando, acordou-
partes
e o Warrigton recolheu duas lu- os. De mãos dadas desceram a

vas com as utilizadas escada e, assustados pela presen-


parecidas
homens lidam com rea- de tanta gente estranha, cor-
pelos que ça
tores nucleares; duas reram a mãe. Não conse-
garrafas, para
contendo um líquido desconheci- compreender por que todos
guiam
do; e mais outros recipientes, boi- achavam-se curiosos perante a

ando com de televisão. A esposa do comandan-


juntamente pedaços
cortiça, e borracha. O te abraçou-os com fôrça, e com
plástico
material e levado voz estranhamente calma disse-
foi recolhido

os laboratórios de análise de lhes:


para
— Rezai meus fi-
pQrtsmouth. Teria sido, o sub- por papai,

marino, destruído uma ex- lhos!


por

plosão, ou bsm aquele material A noite logo varreu as últimas

haveria sido lançado ao mar pelo esperanças. Enquanto as famí-

novo dispositivo instalado a bor- lias dos tripulantes do Thresher

do? Se o sonar do Skylark, tão chegavam à Base Naval, onde ío-

sensível a ruído, não ram ràpidamente alojadas, o Vi-


qualquer
captara sinal algum, como acre- ce-Almirante Bernard Austin,

ditar numa explosão no fundo Diretor da Escola de Guerra, reu-

do mar? nia na sede do Comando uma co-

A continuou febril- missão de inquérito, integrada


procura
mente, em fúria da tem- cinco oficiais superiores, e
plena por

mais onze horas. O iniciava-se, a fechadas, o


pestads por portas

Comando da Marinha não queria exame da situação. A reunião

declarar-se vencido; mas, às 9 durou seis horas e continuou às

horas da manhã de primeiras horas da manhã se-


quarta-feira,
viu-se constrangido a fazer o dra- guinte. O que ali foi dito
perma-
"Perdeu-se
mático o neceu no mais absoluto sigilo
anúncio: e

Thresher". talvez nunca venha a ser conhe-

do Co- cido.
A essa hora, a esposa

mandante John Harvey já tinha O último minuto do Thresher

sido advertida um sacerdote no fundo do mar ficará em mis-


por
da Base Naval; da mesma ma- tério, razões de estado; como
por
neira o foram todos os pa- cs satélites militares lançados de
que
rentes dos 129 tripulantes. cabo Canaveral e como os dados

Na sua casa pintada das mais recentes descobertas


pequena
da branco nas redondezas de nucleares. Nem mesmo os paren-
Portsmouth, a senhora, tes dos desaparecidos saberão
jovem ja-
sentada, em silêncio, frente ao mais as verdadeiras razões do

aparelho de televisão esperava naufrágio do mais veloz, mas


po-
148 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

tente e mais silencioso submari- ser submetido a reconhecimento

no do mundo.. . nos estaleiros de Portsmouth. Era

O sacrifício de 129 unidade muito eficiente; a mais


pessoas
— afirmou um oficial superior da de nossa Marinha. Tra-
perfeita
Marinha — reforçar a balhar nos mecanismos de um
permitirá
nossa defesa militar. Mais, não navio e depois no ponto é
pô-lo
dizer. tarefa normal na só há a
podemos qual

fa- fazer uma revisão meticulosa do


Alguma coisa têm dito os

A se- trabalho realizado.


miliares dos tripulantes.

de um Já o Comandante do Nautilus,
nhora Miesecker esposa

eletrônica, con- sob cujas ordens o Comandante


especialista em
do Thresher fizera a famosa ex-
fessou.
ao Polo Norte, tem sido
O muitas vêzes me pedição
George,
"o bem mais explícito.
dissera: Thresher é um esqui-
— Para mim a razão da tragé-
fe navegando". Domingo, ao se
"o dia radica — noventa e nove
disse-me: nosso sub- por
despedir,
cento — numa infiltração de
marino ainda não está em pon-
água, complicada pela profundi-
to fazer provas no mar. Te-
para
dade atingida pelo navio: quan-
nho o de que vais
pressentimento
do isto acontece, o fim chega em
ficar viuva". George não confia-
pouco tempo.
va no Thresher, e já por várias

vêzes transferência. Em Dois meses antes, o Almirante


pedira
Portsmouth trabalhavam doze Hyman George Rickover, pai dos

horas diárias, inclusive aos do- submarinos atômicos, já dissera.

mingos, em andamento Nos trabalhos realizados em es-


para pôr
modificações introduzidas no na- taleiros tenho achado uma série

vio:"êles não confiavam de graves imperfeições. Soldas


porém,
muito no seu funcionamento. controladas raios X, e ga-
pelos

esposa, Andréa Keele rantidas como perfeitas, resulta-


Outra
"Meu ram, depois de nós examina-
disse: marido não conhe- por

cia outra vida melhor do das, tudo quanto há de mais


que a

de viver sob as águas; oposto a seguras. Alguns


porém, pa- proces-

ra êle o Thresher era uma coisa sos de solda tinham sido aplica-

diferente e solicitara várias dos em materiais aos não


já quais

vêzes transferência. correspondiam. Em imer-


plena

a destas acu- são, já verifiquei falhas dêste ti-


Qual procedência
sações de insuficiência técnica? po; e um submarino atômico não

O Almirante George W. Ander- é como um submarino normal,

son. Chefe de Operações Navais porque a seu bordo é muito maior

Estados Unidos, assim se o risco.


dos

manifestou numa estrevista à Que pode ter acontecido com o

imprensa realizada em Washin- Thresher? Uma infiltração im-

gton: prevista, por ter cedido um me-


— O Thresher havia reali- tal? Ou um ato de sabotagem,

zado com êxito um mergulho a como já duas vêzes acontecera

antes de com o Nautilus. em 28 de ou tu-


grande profundidade,
AVIÕES E SUBMARINOS 149

novembro de 1959? dante ao último marujo, ultra-


bro e em 12 de

Por o Comandante os trinta e cinco anos.


que, quando passava

esta dramá- Todos eram voluntários e todos


do Sea lançou
Wolf
"Escuto sabiam o seu submarino —
tica mensagem: batidas que

fundo do c mas aperfeiçoado dos Estados


metálicas vêm do
que
Unidos — devia atingir um recor-
mar. São sinais em série de três",

respondeu, de do o mundo inteiro fala-


o Comando Naval qual
"Impossível! Te- ria. Estavam certos da vitória
imediatamente,

ninguém e de Portsmouth em si-


mos a certeza de que partiram

livrar-se da lêncio com naturalidade: era só


do Thresher pôde
o Comando de horas. O destino,
morte"? Possuia já questão po-
rém, espreitava. Tratava-se de
as certas da tragédia que
provas
re- uma viagem sem retorno,
acontecera, mas não queria para

velá-las? 129 moços!

Em Portsmouth, em Nova Ior-

e em outras cidades dos Es- Riccioti Lazzero


que
tados Unidos, as mulheres, filhos
"Algo",
e dos desaparecidos vivem Da revista publicada
pais
uma tragédia. A equipagem do em Barcelona.

Thresher- era um tesouro de mo-

do Coman- Tradução de P. de Miranda.


cidade. Ninguém,

E AVIAÇÃO NAVAL NAS


SUBMARINOS

MARINHAS ESTRANGEIRAS

OCIDENTAL HMAS Queensborought e o sub-


ALEMANHA
marino britânico HMS Tabard.
Ambos os navios sofreram ava-
Já foi lançado ao mar o sex-

— — rias de monta. A unidade


to submarino o U-6 perten- pouca

de inglêsa à 4a Divisão, de
cente à série de 12 unidades pertence
três submarinos emprestados
350 toneladas incluídas no último pe-
"Royal
Bonn. la Navy" à Marinha aus-
da Marinha de
programa 'traliana,
para treino das tripula-

ções que guarnecerão os subma-


AUSTRÁLIA
rinos que, na Grã-Bretanha, es-

tão sendo construídos para a Ar-


Nos dias de maio, mada de aquele membro da Com-
primeiros
realizavam manobras, mcnwalth. Com a mesma finali-
quando
um abalroamento, dade. um de 400 homens
produziu-se grupa
nas costas de Nova Gales do Sul, da Marinha australiana acha-se

entre a fragata australiana na Grã-Bretanha fazendo um


150 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

curso especializado raneo base


para guarne- qualquer para seus
cer as unidade tipo Oberon. submarinos a nuclear.
propulsão
Êles continuarão utilizando a de
Holy Lock, nas Ilhas Britânicas,
ESTADOS UNIDOS
e na qual se encontra, desde 1.°
de abril, o Sam Houston e mais
— Em 24 de abril —
poucos dois outros destinados ao Medi-
dias antes de desaparecer, tràgi-
terrâneo, substituir os en-
— para
camente, o Thresher foi lança- "Júpiter",
genhos que foram re-
do ao mar, em Portsmouth, o
tirados da Itália e da Turquia.
SSN 605 Jack, do mesmo tipo que

aquela unidade. Suas caracterís-


O protótipo da série, o SSB
ticas são: deslocamento, 3 750 to- (N)

88,60 me- Lafayette, entrou em serviço em


neladas: comprimento,

bôca, 12,60; 11,41; 24 de abril último. O SSB-N


tros; pontal,
movido um reator atômico; Andreio Jackson, foi comissionado
por
uma só e grande hélice; em 3 de
potên- julho.
cia, 15 000 CV; velocidade 30 nós,

em imersão; guarnição, 9 oficiais Foram lançados ao mar: em


e 85 Especialmente equi- Groton, a 22
praças. de junho, o SSB (N)
a luta contra outros
pado para 628 Tucumseh; e, no mesmo dia,
"Su-
submarinos, vai armado de —
o SSB(N) 629 Daniel Boone
broc" e 4 tubos lançado- — e
possui em Mar Island o SSB (N) 633
res. É o da série a rece-
primeiro Jonh G. Calhoun,, em Newport
ber uma hélice contra-rotativa
New. Também foram lançados
acionada turbina, destinada
por ultimamente o SSB Daniel
(N)
a faze-lo absolutamente silencio-
Webster e o SSB James Ma-
(N)
so.
dison.

Mais recentemente, em 22 de
O seguinte dá uma
em Groton, quadro
foi lançado,
junho,
idéia do estado em se encon-
um SSN, 0613 Flasher. que
mais o
tra a execução do de
programa

"Po- lançadores de Polaris, os quais


Submarinos lançadores de
repartem-se em três a
— sub- gerações:
laris". Na classe SSB (N),
— classe
primeira Washington,
marinos lançadores de Polaris,
com 5 unidades, formam-na na-
as es-
concentram-se principais
vios cujos foram desenha-
e maiores esforços da planos
os
peranças
dos para outros tipos de navios
construção naval norte-america-
e, depois, corrigidos. A segunda
na.
é a classe Etham Allen, — tam-

bém com 5 unidades — está in-


O almirante Gentner, da US

à tegrada por submarinos desenha-


Navy, em recente entrevista

imprensa, em Trieste, manifes- dos já ad hoc. A terceira é a cias-

tou os Estados Unidos não se Lafayette, em plena execução


que
instalar no Mediter- e superior às duas precedentes.
pretendem
151
AVIÕES E SUBMARINOS

LANÇA- POLARIS (SSB N)


SUBMARINOS

NUMERO E NOME OBSERVAÇÕES


CLASSE

Em serviço desde 15-11-60


598 - G. Washington
G. Washington
599 - Patrick Henry
5 750 t
6CO - Th Roosslvet

601 - Robert E. Lee

602 - Abrahan Lincoln

Allen 603 - Ethan Allen


Ethan
serviço, na base inglêsa
609 - Sam Houston Em
6 900 t
de Lock desde 1-4-63

610 - Thomas Edson


611 - John Marshall
618 - Thomas Jefferson

Em serviço 24-4-63
La Fayette 616 - La Fayette

7 000 t 617 - A. Hamilton


Jackson Comissionado 3-7-63
619 - Andrew
John Adams Lançado 12-12-62
620 -
622 - James Monroe

623 - Nathan Hale Lançado 12-12-62

Woodrow Wilson Lançado 22-2-63


624 -
Henry Clay Lançado 30-11-62
625 -
626 - Daniel Webster Lançado
Madison Lançado 22-6-63
627 - James
- Lançado 22-4-63
623 Tucumseh
Daniel Boone Lançado 22-6-63
629 -
John G. Calhoun Lançado 22-6-63
633 -
Ulysses Grant Em construção
634 -
- Von Steben Em construção
636
Polarki Em construção
630 - Casimir
Jacks0n E.m construção
631 - Stonwall
Nathanael Green Em construção
632 -
Flanklin Quilha batida 25-5-63
640 - Benjamin
Bolívar Quilha batida 24--4-63
641 - Simón
Kamehameha Encomendado
642 -

caso do com mais 250 cartas marítimas,


A versão oficial do

— as seguintes as desenhos, cartas, fotografias, des-


Thresher" São

chegou a comis- recolhidos, etc.


conclusões a que pojos
"Segundo
são da U.S. Navy a comissão, a causa
de inquérito

as causas de mais provável do desastre teria


para apurar perda

Como é lógico, são sido a rotura de uma tubulação


do Thresher.
o Secretário da de água de mar no compartimen-
secretas; porém
forneceu uma síntese to do motor. A grande pressão
Marinha

delas à imprensa. da água fez com esta inva-


que
"A Vi- disse ràpidamente aquêle locai,
comissão presidida pelo
inquiriu inutilizando o sistema elétrico e
ce-Almirante L. Austin

civis e milita- a da máqui-


120 testemunhas, provocando parada

depoimen- na. A daquele momento,


res, constituindo êsses partir
o submarino não mais uti-
tos um volume de 1 700 páginas, pôde
152 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lizar sua fòrça, con- Constellation, a 60 milhas S.O.


própria para
trarrestar o crescente aumento de Midway. Foram detectados
de pêso, meio de seus co- pelo radar a mais de 200 milhas,
por
mandes de O fim e, logo. ficaram a
cargo de 4 in-
profundidade.
"Phantom"
teria sido rápido: insuficiente o terceptadores F 4 B
"Cru-
recurso de expeler o lastro, o sub- e 2 apaíalhos fotográficos

marino afundou rapidamente, sader". Os aparelhos soviéticos


até chegar à cota de esmagamen- passaram sôbre o navio norte-

to. americano, as duas ve-


primeiras
"A
comissão chegou à conclu- zes, à altura 7 200 metros e, as 7
"Bear"
são de os desenhos dos últimas, a 800 metros. Os
que
Thresher são bons, em russos
princípio procediam, provavelmente,
sendo, entretanto, conveniente o de base soviética a Pe-
próxima
aperfeiçoamento de alguns de- tropavlowsk, na costa oriental
talhes e dos meios de luta contra Kanitchatka.

as vias de água" A segunda, e rnais recente, in-


cursão verificou-se em 4 de ju-
Aviões soviéticos sobrevoam nho, aparelhos TU 16
por- quando
"Bagder"
ta-aviões norte americanos — sobrevoaram o porta-
Foram registradas mais duas in- aviões Ranger, a 500 quilômetros
cursões aéreas de aviões da URSS da costa este do Japão.
sôbre "Revue
porta-aviões da US Navy. A Maritime" da Fran-
Da primeira, dá conta um co- com
ça publica, êste motivo, curi-
municado oficial da Marinha osa estatística das 7 vezes
que,
Norte-Americana, informa segundo chegou
que ao seu conheci-
terem, em 16 de njarço último, 4 mento, vôos soviéticos foram rea-
bombardeiros soviéticos Tupolev lizados sôbre
porta-aviões norte-
"Bear"
95 sobrevoado 9 vêzes o americanos.

Data Local Pcrta-Aviões Aviões

27-1-63 Pacffico CVA 63 Killyhawk TU-16 Badger


3-2-63 i*

12-2-63 . Atlantico CVAN 65 Enterprise 27-95 "Bear"


15-2-63 Pacffico LHP 5 Princeton TU-16 "Eadger"
22-2-63 Atlantico CVA 59 Forrestal 2 TU-95 "Bear"
16-3-63 Pacffico CVA 64 Constellation 2 (1) TU-95 "Bear"
4-6-63 CVA 61 Ranger 6 TU-16 "Badger"

É de se notar em tôdas as * 55 bombardeiros "Vi-


que do tipo
ocasiões os aviões foram detec- vão
gilante" ser transformados
tados a distância em aviões
grande pelos de reconhecimento.
radares dos e imedi- Construído "North
porta-aviões pela firma
atamente enquadrados
pelos apa-
"Phantom"
relhos embarcados e (1) C comunicado oficial norte-ameri-
"Crusador"
cano diz 4
AVIÕES E SUBMARINOS 153

American Aviation",, a de de todos os elementos e aperfei-


partir
"Vigilante" com contam
1958, o foi trabalha- çoamentos que os

do, até sua aprovação nas situados em terra.


plena
a bordo do Saratoga em
provas Foi lançado ao mar em Fila-
1960, e, a de 1961, foram
partir delfia, em 4 de março último, o
entregues à esquadrilha VAH 3,
novo Porta-Helicópteros LPH-7
da Base Naval Aérea de Sanford.
Guadalcanal, que teve a sua qui-
Atualmente CVAN Enter-prise
lha batida 1961.
embarca uma esquadrilha de 12
"Vigilantes" Em recente experiência rea-
VAH-7. A sua nova

sigla êles são lizada três suboficiais norte-


é A-5; sendo que por

fabricados A, B americanos, voluntários, resisti-


em três versões:

e reconhecimento. ram êles, perfeitamente, a reclu-


C; a última, de
"Vigilante" de são durante oito dias, num com-
O é um avião

assalto tempo, fechado à pressão de


com qualquer pa- partimento
ra altura, com 3 kg/cm2, numa atmosfera de
ataque a pequena
75% de helium e 16% de azôto e
dois lugares e impulsionado por

dois oxigênio. Outra experiência se


motores.
está agora a
preparando: pressão

+ con- será de 6 Kg/ cm2.


O Porta-Aviões Wright,

vertido Navio de Comando Es-


em A imprensa a infor-
publica
tratégico, foi entregue à Marinha
mação de a Marinha norte
que
no Puget Sound, em
arsenal de teria se dirigido
americana ao
Bremerton, em 11 de maio últi-
Departamento de Defesa, susten-
mo. Um outro está sofrendo
tando nas futuras constru-
que,
idêntica nos esta- "US
transformaçao, Navy", seja empre-
ções para
leiros de Alabama.
a propulsão nuclear
gada para
de ambas
As características todas as unidades de deslocamen-

unidades são : deslocamento, to superior a 8 000 toneladas.

dimensões, me-
14 265 toneladas; i
velocidade, 30
tros 218x23,3x3; FRANÇA
alta antena ele-
nós. A sua mais

va-se sôbre o convés


a 34,7 metros O nôvo Foch,
do porta-aviões
de vôo, do como também
qual nas suas últimas ser
provas para
hangar, foi conservada uma par-
incorporado à Armada francesa,
te helicópteros de liga-
os realizou,
para em julho no Atlântico,
ção. um cruzeiro de resistência, es-
ser- calando
Em caso de guerra, pode nos portos de Quebec,
vir ao mó- Boston
de alojamento Q.E. e na Ilha da Madeira.

vel as suas instala-


do EM, pois
têm al- Também o
ções transmissões porta-helicópteros
para
cance mundial e de La Résolue, cuja entrada em ser-
possibilidade
comunicar-se com na- viço está prevista outubro,
qualquer para
vio, avião ou estação. terrestre, passou mostra de armamento e

Os de comando dispõem embarcou parte da sua


postos guarni-
onde êles estiverem. ção.
quer que
154 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

admitido ao serviço ativo, em


GRÃ-BRETANHA já
cerimônia Terceiro
presidida pelo
Programa Polaris. — Como re-
Lorde do Almirantado, o HMS

sultado das conversações entre a


Dreadnought ainda não teve de-

Grã-Bretanha e os Estados Uni- venha ser a sua


terminada qual
dos coordinar a defesa eu- sub-
para comissão. Primeiro
primeira
ropéia, em vista das ficou atômica
quais marino a propulsão
estabelecido o emprêgo, por na Inglaterra, e
construído pro-
Marinhas, dos —
ambas projéteis tótipo de mais dois outros,
"Polaris" submari-
lançados por o Valiant, em construção na

nos, o da construção Vickers, o Warspite, há


programa e pouco
dêste tipo de unidades abrange- encomendado — tem se falado

rá, na Inglaterra, a construção de antes ou depois das


que,
de 4 submarinos a propulsão nu- visitas fará a diversos
que
clear, lançadores daqueles mis- europeus, realizará uma
portos
seis. Dois ficarão a cargo da viagem sob a calota polar.
Vickers, em Barrow, e os dois ou- Parece o mais que, de-
provável
tros ao da Camel Laird, em vido ao ritmo acelerado com que

Buckenhead. a Grã-Bretanha se propõe ulti-


"Polaris",
Segundo declarações do 1.° mar seu de-
programa
Lorde do Almirantado o terminar-se-á certo retardamen-
perante

Parlamento, o da classe to na construção de outros sub-


protótipo

deverá ter sua quilha batida em marinos da classe Dreadnought.

1964, e os estarão prontos Esta magnífica unidade será en-


quatro
1970. Para serão viada ao Extremo Oriente, onde,
em guarnecê-los,

organizadas duplas guarnições, pelas suas especiais qualidades

100 homens, cada uni- a luta anti-submarino, cons-


de para para

dade, de maneira a tornar pos- tituir-se-á em. colabora-


precioso

sível a ininterrupta permanência dor com os elementos ali locali-

no mar dos submarinos, zados de e forças


quatro porta-aviões
revesamento das tri- anfíbias.
mediante

pulações.
O inclusive o dos enge- Submarinos a
preço, propulsão clássica.

nhos Polaris, fornecidos Es- — Ainda está andamento —


pelos em

tados Unidos, calcula-se em tre- até


provavelmente o término da

zentos milhões de libras, devendo execução do em. exe-


programa
ser construídos uma base especial cução — a construção de subma-
"Pola-
e um depósito-oficinas de rinos de clássica da
propulsão
ris". Foi decidido essa base classe Oberon.
que
será estabelecida em Faslane, Es- "The
A revista Navy", ao fazer
cócia; iniciando-se a construção
um resumo das novas realizações
antes, para achar-se
quanto na frota britânica, enumera,
em 1968. Seu custo orça-
pronta
além de numerosas unidades de
-se em 20 000 000 de libras.
superfície, os submarinos da

Submarinos a nuclear, classe Oberon: Odin, Olympus,


propulsão
Dreadnougln. — Ainda Onslought, Otter e Oracle, entra-
classe que
AVIÕES E SUBMARINOS 155

"Sea
dos durante o último anti-submarinos
em serviço planos
exercício além de Hawk", que viriam reforçar a ca-
financeiro,

achar-se construção mais aérea do porta-aviões


em pacidade

da mesma série: Ocelot, Vikrand.


quatro
Ossiris, Otus e Opossum; êste

último mar em 22 NATO


lançado ao

de maio último.
Durante a européia
primavera
da NATO — Estados
as forças
ÍNDIA
Unidos, Grã-Bretanha e Canadá

— realizaram manobras com ob-


Fala-se do do Govêr-
propósito
anti-subarino, no Atlân-
no indiano de aumentar suas fôr- jetivos
tico Norte. A operação, chama-
navais, fazer frente à
ças para "New
da Broon II', foi coman-
ameaça da China Comunista.
dada Almirante de Esquadra
Tratar-se-ia de adquirir certo pelo
Tavlor, da US Navy, e eqüivale
número de submarinos. Acres-
"Unitas"
às operações que se rea-
centa-se estão em andamen-
que
lizam anualmente no Atlântico
to negociações com o Govêrno
e Pacífico sul.
inglês a aquisição de aero-
para
REVISTA DE REVISTAS

SUMARIO: amanhã — A esfera social


Os dias críticos de do

1973 — Publicações Recebidas


mundo de

OS DIAS CRÍTICOS DE AMANHÃ

Por Hanson W. Baldwin

A política sôbre segurança na- ou sôbre o modo de amparar

cional um vasto aquelas aspirações, mediante


precisa abranger
espectro de fatores delicados força militar adequada.

econômicos, sociais, A de rendição incon-


científicos, política

mais, dicional da Segunda Guerra


psicológicos e outros que
se amparam coletiva e mutua- Mundial; nossa falta em deixar

mente e de usar, após a guerra, o nosso


que, englobadamente,
real militar, sem rival, o
preparam a larga estrada poder para

Que vai no nacional. reforço das vias de acesso a Ber-


ter progresso
As militares não lim, ou manter uma Alemanha
considerações
são necessariamente de impor- unida e uma Polônia livre; nossa

tância na formulação tendência astigmática durante a


soberana

da Necessitamos inqui- guerra procurando a vitória mi-


política.
rir estamos litar sem pensar suficientemen-
primeiramente: Quê
te nas conseqüências de
procurando fazer? Quê política políticas

esforçamo-nos apoiar? após-guerra, causaram a


geral por pertur-
O de longo bação completa do equi-
objetivo principal passado
alcance — não bem a finalidade líbrio de forças, a eliminação da
imediata armas Alemanha e do Japão como um
da vitória pelas
ou segurança militar — deve ser contrapêso à Rússia Soviética, e

sempre na nossa me- a aparição, em 1962, do Império


guardado
mória. A trilha deixada Comunista como uma ameaça
pela
história está de resíduos muito maior os Estados
juncada para
de aspirações nacionais sacrifica- Unidos do que o fôra o Reich de
das falta de uma defini- Hitler.
pela
"gunboat
ção adequada do ao qual A frase diplomacy",
ponto
se chegar com relação (diplomacia de canhoneira)
pretendia que
aos fins e econômicos, ora ainda se emprega algumas
políticos
158 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

vêzes ao desdem, ilustra e elucida tanha adotára uma estratégia er-

o caso. Os diplomatas do século rada naquêle conflito. Ela aban-

e os do início do atual donou sua tradicional estratégia


passado,
utilizavam ocasionalmente marítima do passado e enveredou
que
ou uma outra — a Continental.
as canhoneiras da Marinha, por

os batalhões do Exército, Pela vez na sua história,


para primeira

apoiarem o êles considera- a Grã Bretanha usou a conscri-


que
ser importantes interêsses em massa, e a fina flor das
vam ção
compreendiam da mocidade inglêsa su-
americanos, que gerações
cumbiu, conforme se expressou o
o uso do militar deveria
poder
de sustentar a astúcia Sr. Churchill, roendo, em Flan-
ser capaz

trata negó- dres, o o diabo amassou.


com que se qualquer pão que

cio internacional. Entre a pri-


Churchill, Lord Fisher e vários
meira e a segunda mun-
guerras
outros expoentes, que naquela
diais, nós começamos a perder
época e durante a Segunda Guer-
algures essa maneira de pensar "es-
ra Mundial eram apelidados
nas nossas relações internacio-
trategia excêntrica", tentaram a
nais.
campanha de Galípoli, num en-
Empenhados, hoje em dia,
saio contornarem a estra-
para
numa luta em do mundo, é
prol imposta es-
tégia de flanco pelo
de importância que nos-
grande tacionamento forçado nas trin-
sos identifiquem,
planejadores cheiras da França. A concepção
e empreguem de
compreendam legítima, mas
era acertadamente
adequada tôda espécie
maneira sua foi deplorável.
execução
Os fatores militares
de poder.
significação no vácuo; Mundial,
não têm Na Segunda Guerra

êles apoiem objeti- Churchill, influenciado ex-


a menos que pela

sadios econômicos adquiriu na Pri-


vos políticos, periência que
o "par-
representam apenas meira, atacar
e outros, preferiu pela

uso insensato da força. te macia do hipogastro" da Euro-

havido muitos exemplos Concernente aos factos pas-


. Tem pa.

errônea do sados, podemos argüir que Chur-


de aplicação poder

não serem levados na chill tinha tanta razão na primei-


militar por
os desfalques ra como na segunda guerra;
devida consideração que

sofridos com a èle poderia ter feito coisa melhor,


econômicos políti-

apenas dois: O Sr. se tivesse dado mais atenção à


ca. Citaremos
"parte
declarou du- macia do hipogastro" da
Winston Churchill

Guerra Mundial Europa, e em calcular as aspira-


rante a Segunda

ser Primeiro ções russas nos Bálcãs, depois da


não desejava
que
de Sua Majestade guerra. A estratégia continental
Ministro para
do Império da Inglaterra na Primeira Guer-
à dissolução
presidir
mas foi exatamente ra Mundial foi adotada sem um
Britânico;

isso êle fêz. Aliás, na reali- prévio exame suficiente das con-
o que
dade, a dissolução iniciou-se na seqüências sociais, políticas e eco-

Primeira Guerra Mundial, em nômicas no após-guerra da Grã


"grande
a Grã-Bre- Bretanha.
parte porque
REVISTA DE REVISTAS 159

Um segundo exemplo, indican- jamento foi deficiente, e os mili-

do a falta de inclusão de fatôrés tares iriam defender uma causa

econômicos no en- de objetivo vago, sem um talho


planejamento,
contra-se no ataque os In- nítido ou finalidade eco-
que político

glêses e Francêses empreende- nômica.

i'am contra o canal de Suez em O é essencial, então, na


que
1956. formulação da de segu-
política
Os Britânicos mantiveram cêr- rança nacional, é a firmeza na

ca de 80 000 homens ao longo existência da mais ampla apreci-

das margens do canal, até ação de todos os factôres


quase possível
um ataque a Port — econômicos,
ano antes do políticos, psicoló-
Sgid. Essa tropa foi retirada de- demográficos, sociais e ci-
gicos,
As conseqüências —
pois o Gabinete estudou por entíficos.
que
e fundamentais — de
completo na Inglaterra os gas- imediatas

tos comparados com as vanta- considerada


qualquer política

A Grã Êreta- ser cuidadosa-


gens estratégicas. precisam pesadas

nha não manter mente, que o futuro do


agüentaria por para
si só no Egito. A de nosso não venha a sofrer,
a fôrça pesar país
tudo devido a ato mal considerado.
isso, afetada emocionalmen-

te torcedela Muitos elementos relativamen-


e com a
preocupada
nariz do te da hierarquia de
que Nasser deu ao jovens grande
"rajah" os desti-
britânico, exatamente burocratas que preside

000 ho- nos americanos, podem bem ima-


um ano depois os 80
que
a como um coronel modesto
mens foram evacuados e que ginar
e ou capitão consegue influir sô-
Grã Bretanha fechou solene
na bre o curso da história. O desvê-
deliberadamente suas bases
a lo, a decisão criteriosa, a
zona do Canal, ela regressou perícia,
ihui- a dedicação, a coragem moral
Port-Said com um exército
ali de um capitão ou coronel
tíssimo maior do o que podem,
que
sem na verdade, exercer influência
fôra mantido antes, e pos-
sôbre o sôbre a melhora ou a de
suir um objetivo nítido piora
A Grã Bre- muitos de nós.
que pretendia fazer.

tanha é claro, ter toma- O capitão de fragata


poderia, da Mari-

do o Canal. E depois? Estaria nha britânica, Commander Regi-

ela em condições de manter inde- nal Henderson, foi a chave


que
finidamente no Egito seus 80 000 alterou o curso da história na Pri-

homens, após haver declarado meira Guerra Mundial. Median-

há um ano atrás, te sua vigorosa e ad-


precisamente, persuasiva
não conseguia cumprir êsse vocacia, ao Almirante do
que junto
desejo? Não era econômicamen- sistema de comboio, êle colaborou

te na orientação contribuiu
possível. que

Não houve um exame demora- para a derrota de uma terrível


Port- ameaça — a campanha
do e adequado, no ataque a subma-

Said, sôbre despesa rina da Alemanha.


a provável
em iria importar a operação, Assim, recapitulando, ao for-
que
a Grã-Bretanha. O plane- mular a nacional, deve-
para política
160 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mos estabelecer objetivos senso. O bom senso pode bastar


políti-
bem co- dirigir o curso ordinário da
cos, econômicos, sociais, para
de longa e curta sociedade e, num cuja edu-
mo militares, povo

e cornpará-los com o cação é completa, as vantagens


duração,
— é a da liberdade democrática nos ne-
padrão permanente que
de uma nação mais internos do país pode
preservação gócios
mais sólido. mais do superar os males
estável num mundo que

examinar atenta- inerentes a um govêrno democrá-


Cumpre-nos
factôres, compa- tico. Mas o facto é isso nem
mente todos os que

militares sempre acontece nas relações


rando as considerações

resultados com as nações estrangeiras".


com os políticos que
Palavras como essas devem ser
tentaram alcançar.

relacionarmos devidamente apreciadas e pesa-


É difícil preci-
na formulação da das numa tentativa se fizer
samente, poli- que

factôres são exclusi- em relação mútua num


tica, os que para pôr
militares, uma vez as vantagens e as
vãmente que planejamento
— ordinariamente desvantagens da democracia.
muitos que
não se definem como tendo ca- levar considera-
Precisamos em
militar — aparentam, em os
ráter como factôres militares
ção
certas ocasiões ter magnas im- dos ventos mu-
efeitos profundos
militares. no nosso mundo instável,
plicações táveis

A natureza, exemplo, do e com especialidade na nossa na-


por

nosso sistema político e varia com facilidade.


próprio ção que
a de o inimigo, as características Os Estados Unidos foram pri-

do nosso em comparaçao meiramente um de econo-


povo país
inimigo — —-
com as do potencial mia agrária, e sua
população
semelhan- — era
tais factôres, e outros na maioria anglo-saxônica

aplicação no homogênea. Hoje, nós estamos


tes, têm tremenda

de batalha, e muito espe- muito urbanizados, com econo-


campo

cialmente no ante- mia industrial, com uma popu-


planejamento
rior à lação desigual, de pouca homo-
guerra.
e cuja minoria até
Faz cem anos De Tocque- geneidade,
que
a mesmo não sabe falar a língua
ville escreveu o seguinte sôbre
comum, o idioma inglês. O que
democracia americana:
"Não isso significar, além de ou-
hesito em dizer que é es- pode

con- tras dificulades acrescidas no


na maneira de
pecialmente
com o estran- campo de batalha, não necessita
duzir suas relações
afigu- de grande esforço ser com-
as democracias para
geiro que
inferiores pelos que comandaram
ram-se decididamente preendido
A na Coréia. A homogeneidade dos
às outras formas de govêrno.
e os há- da de coisas
experiência, a instrução povos, presciência

conseguem futuras, da raça, da religião, da


bitos sempre
quase
experiência tem sido um
criar, na democracia, uma espécie passada,
factor militar de magna impor-
doméstica de sabedoria prática
ciência trata dos detalhes tância. Os Exércitos Confedera-
e que
mínimos da vida, chamada bom dos da Guerra Civil foram os
REVISTA DE REVISTAS 161

mais homogêneos exércitos ame- O pendor para a centralização é


ricanos formaram nos cam- no Pentágono, e, em
que pronunciado

pos de batalha, e essa homoge- Washington, também o é, na

neidade foi, em a causa Presidência. Essa é a realidade,


parte,
certa de sua eficiência em com- tanto nos campos econômicos,

bate. como nos políticos. Podemos ci-


"The
Na série mais recente do tar exemplos inumeráveis; entre

Army's Official Military History", êles, os acontecimentos que se se-

Martin Blumenson, em Break- ao aumento do aço, e que


guiram
out and Pursuit, tributa homena- foi ràpidamente reduzido, depois

à disciplina formidável e efi- de se haver recorrido à fôrça da


gem
ciência em combate Presidência. O cargo do executivo
permanente
dos soldados alemães na Norman- tem-se expandido enormemente

dia, mesmo na confusão do desas- em à custa do legislativo


poder
tre. O de suas realizações e, até certo do judiciário,
poder ponto,
no campo da luta foi sempre de- também.

vido, em ao resnl- Um outro factor reside no de-


grande parte,
tado da homogeneidade do clínio, em globo, do Cristianis-
povo
alemão e de suas indi- mo. (Spengler e outros acentua-
qualidades
viduais de disciplina. ram isso em suas obras) San-

ana escreveu:
Outros elementos militares que
devem ser considerados são os do
"A
nível educacional e das habilida- civilização está talvez se

des naturais de um o aproximando de um de seus


povo, pouco
ou nenhum desembaraço com longos invernos que a atin-
que
êle maneja as máquinas, suas de tempo a tempo.
gem
inventivas, e assim Uma inundação de barba-
qualidades

por diante. rismo, vindo das profunde-


zas, pode arrancar os belos
Um factor importante, quando
comparamos com o trabalhos dos nossos ante-
nosso poder
de é passados cristãos; tal como
um inimigo em perspectiva,
o o outro dilúvio de dois mil
da natureza do sistema políti-
co aconte- anos passados destruiu as
americano. Tal como

ce tam- obras primas dos antigos.


com a nossa sociedade,

bém A Cristandade Romana —


êle tem mudado.
as tocante, emocional, repleta
É importante notarmos que
de episódios infaustos — es-
normas e o equilíbrio estabeleci-

dos dêste tá cami-


fundadores país provàvelmente
pelos
entre o nhando seu fim".
o poder legislativo, judi- para

ciário e o executivo têm sido gra-


dativamente reduzidos, e, cada Há nos Estados Unidos
pro-
vez mais, o tem-se concen- nunciadas forças naturais
poder que
trado no ramo executivo, haven- são importantes no
planejamen-
do ao mesmo tempo, to militar — encontrando-se
propensão en-

para a convergência do poder pa- tre elas as


que propendem para
Ta dentro dessa última. a redução dos monumentos do
parcela
162 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

passado. Tem havido um A Rússia, contudo, ainda


proces- pade-
so de arrasamento em muitos ce dos obstáculos ao progresso
campos de atividade, inclusive no impostos pelo regime ditatorial,

da educação; mas a educação em muito embora o sistema


político
massa tem significado muitíssi- férreo haja afrouxado, e se te-

mas vêzes, em termos ultra-sim- nha ocultado o


parcialmente pu-
o ensino integral nho enluvado de ma-
plificados, que pelo guante
se ministra a todos é educa- lha defensivo. Não temos, neste
que
ninguém. nosso como os
ção para país, problemas

que a Rússia enfrentou depois de


Tem-se desenvolvido também o

trabalhar Stalin e terá atacar de novo


critério maníaco de que

mais me- e brevemente depois de Krush-


menos produzir e
para
chev — o da transfe-
lhor em Nova Iorque uma problema
(há
rência de de um chefe de
união trabalhista que já estabe- poder

a base de cinco horas Estado ao seu sucessor—: o caso


leceu de
da sucessão. Embora sejamos
trabalho por dia).
morosos em guardar rancor, tar-
Defrontamo-nos com um ini-
dos na ação, somos mais condes-
migo que desconhece as horas do
cendentes e obstinados na répli-
dia.
ca.
Há tendência, também o
para Em aditamento ao estudo com-
é, em parte, um factor do de-
que das indivi-
parativo propriedades
clínio da influência da Cristan-
duais e caracteres das
"tudo personali-
dade. A filosofia do está
dades, seus sistemas sociais e se-
bem, se nos safar", tem
pudermos us devemos examinar
governos,
desfigurado a nossa estrutura so-
atentamente os factôres geográ-
ciai nestes últimos anos. Recor-
ficos desempenharão obri-
que
demos somente os escândalos da
gatòriamente, mesmo na era es-
TV, onde algumas das nossas me-
pacial, papeis de grande impor-
lhores mentalidades, da
pessoas tância militar no
planejamento
alta educação — criaturas
mais
político.
julgávamos do
que possuidoras Apreciemos a Rússia: —
parte
dever moral de noblesse óblige
central da Eurásia, e maior mas-
— nada mais são
provaram que sa de terra isolada de uma nação
que indivíduos fúteis.
no mundo; relativamente
possui-
Temos também sofrido nos Es- dora de escassa mas
população,
tados Unidos um declínio na im- tendo superfícies imensas e inós-
de incentivos, havendo de solo com deficiência de
portância pitas
uma espantosa substituição da agricultura; sujeita a estiagens e
estabilidade ensejos ou inundações — deficiências
pelos que,
oportunismos. com o crescimento da população,
Por outro lado, o sistema sovi- poderão até agravar a situação,

ético tem despertado ao em vez de melhorá-la. Êste


parece que
estímulo, e devemos mesmo re- bloco enorme de terra, com seus

conhecer o facto de haver dina- generais e almirantes, educados

mismo entre os nossos inimigos. durante séculos de tradição a só


REVISTA DE REVISTAS 163

compreenderem o terres- e transporte, é ilusória. Os


poderio ção
tre atento no Estados Unidos puderam, em dis-
com o olhar passa-
do vem- tâncias muitíssimo maiores, tra-
introspectivo e contrário,

se séculos, fegar mais suprimentos, por mar


mantendo, através dos

cercado e por avião, no interior da Coréia,


que os geopolíticos
pelo
"orlas" a Rússia e China conse-
denominam terrestres ou do que
regiões de fazer terra, em suas
costeiras, nações guiram por
por
escassas redes de estradas de ro-
Europa e Ásia, climas áridos,
por
e couraça do Oceano dagem e de ferro.
pela gélida
Glacial O factor logístico favoreceu-
Ártico.

nos. Êle ainda é hoje importante,


A Rússia dispõe de poucos por-
tal aconteceu o Du-
tos não congelam, e seus ma- qual quando
que
de Wellington assim escre-
res, estreitos, fecham-se gar- que
por
— Dar- veu, há muitos anos passados:
gaios o Mar Negro, pelos
danelos de Galípoli); o Bál-
(ou

e Ca- muito atender a
tico, Skager-Rack preciso
pelo
tegat; e todos êsses detalhes e se-
o Ártico pelo gêlo pelo
Atlân- a até de um bis-
estreito existe, para o guir pista
que
coito, desde Lisboa até a bô-
tico, entre a Islândia, as Feroer,
ca do soldado na linha de
e a Islândia e a Groelândia; e pa-
ra o mar de Okotsk ilhas frente, e providenciar para
pelas
Ku- sua remoção de um lugar
japonêsas, Kamchatka, e as

russos, outro, terra ou per


ilas. De todos os para por
portos
na Kam- mar, ou, então, nenhuma
apenas Petropaulosk,

base subma- operação militar poderá ser


chatka, e a maior

rina de suficiente significação, realizada."

tem frente livre o Pacífico e,


para
ser man- — um
mesmo assim, precisa Voltando ao assunto

tida no importante na nu-


aberta por quebra-gelos, factor guerra
inverno. clear — a Rússia tem mais ex-

têm, tensão de solo desocupado, me-


Os Estados Unidos pois,

vantagens nos economia urbana, mais espa-


certas e grandes geo-
"abrigar"
ser cote- sua população,
gráficas, que precisam ço para
dos os Estados Unidos; porém
jadas com o ativo geográfico que
aos Esta- isso fica à margem, ao menos em
Soviéticos. Em relação

Aliados, a Rús- existirem dois outros


dos Unidos e seus parte, por

sia interior, com elementos nos favorecem.


ocupa a posição que

linhas mais Devido aos seus mares estreitos


de comunicações

curtas estratégi- e ás que os rematam,


para a periferia gargantas

ca do as linhas externas de os navios russos e seus submari-


que
seus adversários. Entretanto, nos serão submetidos a um tra-

conforme ficou demonstrado na balho insano para alcançar as

russo-]aponêsa e na águas do mar-alto durante uma


guerra guer-
ra da Coréia, esta vantagem, a guerra real. Para os Estados Uni-

menos seja conjugada com dos, tôdas as águas do mar alto,


que
sistemas excelentes de comunica- desde a costa norte-americana
164 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

até a porta dos mares da capacidade da U.R.S.S. ho-


principal
estreitos da Rússia, são águas li- dierna. Alguns teleguiados e

vres e serviçais; estão sob nossa bombas costumam cair antes do

égide, dentro da ação do nosso tempo e, daí, anunciarem a apro-

feudo. O submarino russo, ao ximação de mais uns, enquanto

contrário, atravessar as diversos outros chegam atrasa-


precisa
estreitas, dos. Êste factor aplica-se, com
passagens que podem
ser fàcilmente fechadas ou domi- especialidade, numa situação de

nadas um inimigo, e navegar primeiro choque, quando um ini-


por
longas distâncias oceânicas, onde migo espera colher vantagens

cada homem está contra êle, até máximas da surpresa, mas é cia-

recursos para ata- ro a dispersão e o número de


poder grupar que
car um comboio ou tomar posição nossas bases complicam a tarefa

disparar um teleguiado. russa.


para
Um outro grande elemento além-mar também
As bases do
a nosso favor está nas zonas de avi-
geográfico visam proporcionar
nossas bases de além-mar, nos cintu-
so prévio, uma espécie de
nossos amigos e aliados nas ter- uma orla terrestre
rão de defesa,
ras litorâneas da Ásia e da Euro- surge servir de obstá-
que para
pa. A Rússia não possui posições culo entre o mar- alto e o céu
comparáveis no Hemisfério Oci- aberto do nosso mundo e o terri-
dental (com exceção de Cuba). tório russo.
Seu problema estratégico é, por- *

tanto, acrescido desfavorável- * *

mente geografia. Os arti- Em adiantamento aos factô-


pela
lheiros têm participado de res há uma multi-
que geográficos,
um bombardeio de surpresa, com- dão de outras considerações mi-

detalhadamente a litares ser


preenderão que precisam postas
complexidade introduzida na e- em equação, na formulação da

do disparo nuclear dos Vamos identificar algu-


quação política.
Sovietes, simples factor geo- mas e comentá-las, abreviada-
pelo
mente.
gráfico.

Para alcançar surprêsa e esca- Inimigos secundários: a força e

tanto à ação fraqueza dos mesmos, e suas re-


par, quanto possível,

devastadora da represália, cada lações com o inimigo


principal

teleguiado soviético, ou bomba, devem intuitivamente ser agita-

deve dar no alvo de nossas bases tadas. Com referência a isso, é

completamente esparsas desde a claro que o mais importante ini-

Alaska até a Flórida, desde as migo secundário, sob o nosso

Filipinas até a Turquia, e, bem ponto de vista, é a China Ver-

assim, num tempo específico e melha. Êle é importante sob

no mesmo momento. Essa condi- aspecto — militar,


qualquer poli-
exige um teleguiado e confi- tico e econômico — e suas re-
ção
ança no bombardeiro, lações com Moscou devem certa-
precisão
no e execução, o mente influir na formulação da
planejamento
é certo estar aquém neste Tem havido
que quase política pais.
REVISTA DE REVISTAS 165

na Manchúria e noutros lugares com pau de dois bicos contra o


da Ásia uma longa série de atri- centro. São essas nações pro ou
tos entre a China e a Rússia que contra nós? São elas ameaçado-
não são nada novos para a era do ras ou favoráveis para jogadas a
Comunismo — uma longa heran- nosso favor'? Politicamente falan-
ça de rusgas, não só geográficas e do, elas são certamente inclina-
econômicas, mas, também ideoló- das para nós; mas, em tempo de
gicas. Estas brigas continuarão; guerra, parece estar de antemão
elas estão concentradas prin- determinado que a Iugoslávia
cipalmente, no campo ideológico, não participará, se possível, de
no econô- Se
e, secundariamente, qualquer um dos partidos.
mico. Há também, por detrás dos forem seus territórios invadidos
os
bastidores, alguns desacordos por qualquer facção em luta, ba-
técnicos e qualquer dificuldade Sérvios, teimosos em excesso,
sobre o provimento de ajuda nu- ter-se-ão por sua Pátria, confor-
clear à China Vermelha. A reti- me o fizeram no passado.
rada recente dos técnicos soviéti-
cos da China — apenas tempo- Urge, é fora de dúvida, exami-
ràriamente — é uma indicação nar, também e demoradamente,
da ajuda limitada prestada por as chamadas nações neutras e a
Moscou à China. Moscou certa- volúvel África, como elementos
mente não anseia ver uma nação que devem figurar igualmente
com muitas centenas de milhões na política de segurança nacio-
de habitantes tornar-se, também, nal.
uma potência altamente desen- Poderíamos notar, de passa-
volvida na indústria e na potên-
cia nuclear. gem, que nossas tentativas osten-
sivas no sentido de ganhar van-
Precisamos olhar também para tagens sobre as nações subdesen-
os satélites da Europa Ocidental. volvidas do mundo, muito par-
São eles inimigos ou oportunis- ticularmene sobre as da raça ne-
tas? Por certo, quando investi- gra, e atraí-las para o nosso lado,
garmos sobre os Poloneses, o talvez tenham avançado muito.
mais homogêneo dos povos e que Devemos dar o devido valor aos
se tem sempre mantido aterrado argumentos do senador Jackson,
às suas características nacionais, que é de parecer de que precisa-
através dos séculos, e sem mos dispensar o justo respeito à
atender à potência que os tenha nossa aliança NATO e ao nossos
conquistado, veremos que eles, e naturais e importantes aliados,
outros satélites semelhantes, po- França, Grã Bretanha e outros,
dem causar muita dor de cabeça e isso de forma muito mais pro-
à Rússia, se passarem ao patri- nunciada do que no passado.
mônio desta última nação. Nossa política tem sido muito
É conveniente examinar tam- circunscrita pelas Nações Unidas
bém com precisão o papel das e pela consideração indevida da-
nações indecisas: a Iugoslávia, da às nações chamadas subde-
por exemplo, quem tem jogado senvolvidas.
166 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Um outro assunto, e de grande Passando agora à ameaça


valor, é o da capacidade militar submarina dos Soviéticos, con-
relativa entre os Estados Unidos vém notar que, embora a Rússia
e a U.R.S.S.; da aliança oci- tenha hoje a maior frota de sub-
dental, e do império comunista. marinos do mundo hodierno, é
Uma das nossas maiores van- preciso recordar que ela também
tagens militares reside na supe- a possuía no começo da Segunda
rioridade industrial. Não obstan- Guerra Mundial, e absolutamen-
te as tristes predições de muitos te nada fêz com ela, durante a
economistas, não é provável que luta armada. Dispunha de uns
a Rússia nos alcance industrial- 167 submarinos ao iniciar-se a
mente e por completo dentro de Segunda Guerra, em comparação
um futuro previsível. Nossa eco- com os 57 da Alemanha nazista,
nomia ainda é muito capaz de e afundou durante toda a cam-
sofrer adaptações, e nossa posi- panha cerca de 250 000 toneladas
— a quarta parte de um mi-
ção na dianteira ainda é notável. lhão de toneladas — dos navios
Quando adicionamos nosso po- inimigos. Entretanto, os Alemães,
der industrial ao dos nossos alia- sozinhos, puseram a pique 14
dos, e o- comparamos ao rendi- milhões de toneladas, e os sub-
mento dos satélites unido ao da marinos americanos afundaram,
Rússia, vemos que nossa situação no Pacífico, entre cinco e cinco e
destacada é até mais esmagadora. meio milhões de toneladas dos
Nossa economia é de supera- factor experiência, envolvendo a
bundância, e a da Rússia de apêr- navios japoneses. Há, pois, o
to. Podemos caminhar despreo- factor experiência, envolvendo a
cupadamente de lado a lado sô- frota soviética de submarinos;
bre o taboleiro do jogo, enquanto elemento, esse, que é difícil de
Rússia tem que escolher passa- fixar-se. Os submarinos russos
têm certamente melhorado após
gem. a Segunda Guerra; é o que deve-
Em adiantamento a essa van- mos supor, é mesmo provável
tagem, temos a dianteira nítida que a eficiência do submarino
no mar — a superioridade naval, russo esteja quase igualada à
— absolutamente vital que deten- nossa, ao principiar a Segunda
temos, se o nosso sistema atual Guerra Mundial. Os Russos têm
de alianças tem que permanecer progredido muito, depois da luta,
vivo. No caso de não podermos mas ainda estão na nossa reta-
sustentar nossas Unhas vitais de guarda.
comunicações para o transporte I

de carga pesada — manganês, Os Estados Unidos gozam de


trigo e tudo mais que agüenta uma vantagem bem definida no
firme a aliança — por mar, então potencial da navegação aérea.
toda a estrutura política se desa- As duas provas históricas, apre-
gregará e ruirá. Mas nós temos, sentadas pela aviação norte-ame-
hoje, o requisito da vantagem ricana versus aviação soviética,
naval. na Coréia e no estreito de Taiu-
REVISTAS 167
REVISTA DE

apenas fica maior


nosso sistema comunistas
an, indicam que
nossos em terra.
de armamento, ou melhor,
Churchill igualou essa equação
aparelhos voadores, é superior.
luta entre a bêsta-fera de
à da
O tirocínio e a influi-
pilotagem marinha, is-
terra e a bêsta-fera
ram muito a desproporção
para versus baleia.
to é, elefante
na estatística mortuária em am-
a um outro factor mi-
em Quanto
bos os exemplos. Contudo, —
de importância
litar grande
várias categorias importantes os
— nós ainda
as armas nucleares
EE.UU. têm vantagem acidental Rússia
à frente da
permanecemos
Nos aviões de com- e
qualitativa. em variedade quan-
qualidade,
bate em condição de nossa
qualquer tidade. Contudo, posição
tempo um sistema de ar- confortadora
(como de destaque não é
mamento) os Rússos, exem- Em alguns
por muito tempo.
por
pio, ainda não tiveram em opera- armas os
métodos e em algumas
um número de aviões que se ou
ção igualar-nos
Russos poderão
compare realmente ao dos nossos.
exceder-nos.
O nosso Strategic Air Command
em de
É provável que projéteis
é supremo no campo do bombar-
os Estados Unidos
todos os tipos
deio estratégico de longo alcance.
tenham vantagem geral qualita-
O factor experiência, o saber ad-
Russos estão na nossa
tiva. Os
a capacidade da arte de
quirido, de alcance
frente em projéteis
navegar, do reabastecimento do
terrestres, mas
médio com. bases
combustível em vôo — além da
na vanguarda dêles
nós estamos
capacidade numérica e qualita-
submarinos e em-
— em teleguiados
tiva em representam
geral teleguiados inter-
barcados, e em
uma vantagem inteiramente per-
continentais.
feita nós. Os Russos têm
para a
suma, ainda somos po-
mais do nós, com es- Em
aviões que
mais forte do mun-
tência militar
pecialidade os do tipo destinado
devido: à nos-
à cobertura dos exércitos em ter- do, principalmente
superior de poder
e sa' capacidade
ra, e os do tipo de avião de caça
material nuclear; à nossa
interceptação; mas o da lançar
poder
naval; à nossa
de superioridade
perfeita superioridade pilota-
indústria. Possuímos fra-
gem aérea é um elemento defini- grande
e talvez a mais importan-
do de vantagem a nosso favor. quezas,
a da inferioridade do Oes-
te seja

no toca ao elemento ho-


te, que
Os Russos têm uma superiori-
— mèm. Há, também, alguns as-
dade caracterizada em terra
discutíveis sôbre o nosso
16 suntos
150 divisões soviéticas para
vigor, nossos caprichos e nossa
exércitos, e três divisões de fuzi-
índole, em comparação com as
leiros navais. se somam
Quando
massas dos Comunis-
as forças aliadas ao nosso poder primitivas

fôr- tas. Nós nos deparamos em al-


militar, e as dos satélites às

no casos com a velha fórmula


russas, nossa vantagem guns
ças
ainda mais dos civilizados e prósperos versus
mar e no ar tornam-se

enquanto a dos barbarismo.


pronunciadas,
168 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Vejamos, agora, o há sôbre o Hoje,


que portam preço. e em fu-
a equação da diretriz da turo imediato, há
política apenas duas
militar e a influência dos nossos
grandes potências realmente mi-
armamentos. litares — os Estados Unidos e a
A primeira, e talvez a mais im- U.R.S.S.

portante, pendência está no per- A segunda tendência — a in-


manente e crescente indus- vulnerabilidade crescente
poder do nos-
trial da Rússia Soviética. Embo- so disuasor e, reciproca-
poder
ra seja duvidoso que sua mente, o da Rússia, introduzirá
produ-

ção total atinja à nossa em futu- uma era, talvez temporária, de


ro previsível, suas indústrias uma nuclear
pro- parada mais equili-
dutoras estão sem cessar cres- brada e mais durável, ao menos
cendo, em relação às nossas. Ês- até onde possa interessar às ar-
te facto está parcialmente à mar- mas de maior calibre. Entretanto,

gem, e pode futuramente estar


qualquer equilíbrio ou estaciona-
mais do que afastado amea-
pela mento nuclear ser tempo-
poderá
ça que há no sentido da integra- rário, está sujeito a romper-
pois
ção econômica e da Eu- -se
política introdução de nova téc-
pela
ropa Ocidental, é — óbvia-
que nica — o
que será certamente in-
mente, — um factor de impor-
quietante. Êle proporciona uma
tância tremenda, ocupar a
por razão lógica, cada conten-
porque
Europa Ocidental o segundo lu-
dor não atacar o outro,
procura
gar apenas em relação aos Esta-
que pode não levar em conta o
dos Unidos e a Rússia Soviética.
que é ilógico, absurdo ou aciden-
Se o poder coletivo da Europa
tal. Além disso, uma inovação
Ocidental puder ser realmente —
técnica a máquina de raios da
mobilizado e unificado, será isso morte, exemplo,
por que poderia
um elemento formidável, a mais, varrer dos céus os aviões e tele-
na equação do de amanhã. —
poder guiados da noite
perturbaria
Contudo, precisamos prevenir- o dia
para qualquer equilíbrio fei-
mo-nos, é claro, contra o cresci- to precariamente. Enquanto is-
mento de novos centros de fôrça so, num futuro bem
previsível, o
mundial — a China Vermelha, "Minuteman",
nosso valente
o
"Dardo
fortuitamente a índia e, conce- Celeste"
projétil skybolt,
bivelmente, "Polaris",
certas porções da o submarino e outros
África. nucleares
processos de arremês-
O progresso de novas armas so, relativamente invulneráveis,
terá tremenda repercussão tenderão desencorajar
poli- para a
tica, econômica e militar. As des- ambos os partidos em luta
para
pesas com os sistemas o tiro aventuras
para possíveis nucleares, e
nuclear são tão imensas e os dis- serão um elemento estabilizador,

pêndios feitos com êle no aper- ao em vez de vacilante.


feiçoamento técnico são tão Por outro lado, acompanhan-
— os centros
grandes que de do-se êsse raciocínio e, até certo

poder militar estão sendo apreciando-se suas


polari- ponto, vanta-
zados; as nações não su- isso contribuirá
pobres gens, para a pro-
REVISTA DE REVISTAS 189

üferação de armas nucleares, embora sejam tremendamente


pa-
ra a farta das mes- influenciados doutrina ideo-
distribuição pela
mas, advento de novas lógica e dos Comunistas,
e para o política

ao do a é de caráter ofensivo. Até


potências nucleares palco qual
mundo — e a agora, a guerra é o últi-
a China Vermelha porém,
França, — talvez mo cabo reboque do Marxis-
por exemplo, e para
Israel, mais mo. A expansão comunista, am-
tarde.
russo, tem uti-
Haverá conseqüentemente mai- parada pelo poder
lizado a tradicional tática da pe-
or de ações inconsidera-
perigo
netração subversão econô-
das e inesperadas. pela
mica e ideológica.
É certo existir também, o pe- impressionante
Mas é facto
rigo — e êle é um
permanente, do
apesar da propagação
que,
para o qual devemos chamar a
Comunismo desde a Segunda
atenção expressivamente à pro- militar
Guerra Mundial, o poder
porção que ocorrer a estabiliza-
russo dito tem sido
propriamente
ção, daquilo que o Sr. Kruschev
sempre usado cautelosamente.
denomina de liberação,
guerras saté-
Agora, com os teleguiados,

uma espécie do que se passa de
lites e submarinos propulsão
agora na república da Federação
atômica, é interessante apreciar-
Indochinesa, composta do Aman,
mos como os conceitos estraté-
Tonkin e Cochinchina, e tan-
que da Rússia estão-se trans-
tas gicos
preocupações tem causado.
formando. Não resta dúvida que
Cabe haver oposição a isso.
êles devem, certo, sofrer al-
por
O aperfeiçoamento das novas teração, e estão de facto sendo

armas terá certamente in- modificados; mas os efeitos são
grande
fluência sôbre a doutrina estra- de se identificar. O
menos fáceis
tégica dos Soviétes; realmente tomar dois aspectos:
caso pode
êle está exercendo um tal efei- lado, o conceito estraté-
já um
por
to. Outrora, a doutrina estraté- russo de amanhã (isto é,
gico
gica da Rússia era introspectiva; militar) poderá
participação
seus estrategistas só olhavam em caráter ofen-
pa- transformar-se
ra o interior da mãe seus e, destarte, igualar-se à dou-
pátria; sivo,

planos vinculavam-se ao trina da ofensiva ideológica do


poder
em terra. As forças de mar eram Por outro lado —
Comunismo.
consideradas escudos a de- conforme tem sido sempre verda-
para
fesa de seus mares limitados. deiro, no menos, de
passado pelo
Sua doutrina naval era essencial- tôdas as nações têm olhado
que
mente defensiva, acreditando-se além de sua metrópole no
para
geralmente o como sentido de ampliar horizontes —
que perigo,
nos tempos de Napoleão e de Hi- o mar-alto e o teto espacial,
po-
tler, só vir terra. deriam
poderia por (apenas poderiam) pro-

Até agora, não obstante o uma influência


gran- porcionar que
de militar de Moscou, os tornasse melhor o intelecto rus-
poder
conceitos estratégicos russos têm so, que está encerrado em invó-

sido essencialmente defensivos; lucro duro.


170 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

É concebível no micos, sociais e psicológicos que


que prossegui-
Ttiento do serviço de submarinos se entrelaçam e que, na arte pró-

e na conquista do espaço, Moscou de os Estados, de-


pria governar

atingir um longo vem ter sustentação ou amparo


possa período
liberalizado, mas tudo são reíle- adequado. Os elementos militares

não nem devem dominar,


xões, e, tarito quanto podemos podem

um futuro mas ser conveniente-


prever para previsível, precisam

fazer frente ao mente e nunca ignorados


nós poderemos pesados

mundial o têr- ou menosprezados.


conflito (usando

mais amplo sentido). Há um denominador comum


mo em seu
consideran- ao das forças armadas na
Precisamos então, papel

factôres militares en- redução à fórmula da política


do os que
segurança nacional, e êle é
tram na formulação da política, de

e atentamen- o Homem. Não faz muito tempo


examinar, também

do ataque com Scott Crossfield, norte-


te, a natureza que que piloto
— a missão do -americano de ao home-
nos defrontamos provas,
nagear o major Robert M. White,
inimigo.
continuar al- da Air Force, em
Necessitamos por que pilotara

dar realce mesmo à muitos vôos o X-15 Scott Cross-


anos a
guns
do ataque nuclear, sem field, referindo-se ao Homem,
ameaça
"Onde
demasiadamente disse o seguinte: encon-
contudo revelar

catástrofe. Há trareis um calculador sem igual,


êste de
prenúncio
indiferente da apenas 160 libras e ten-
agora um perigo pesando
e se do elementos de um milhão de
proposição precedente, que
de se supor ser produzido
refere ao fato que precisão, que possa
muito as em massa trabalhadores
estamos exagerando por

contra insuvgência ou inábeis ?


operações

de ou estraté- O canhão, o na-


guerra partidários o teleguiado,

de vio, o avião, a nave espacial não


gia guerrilheiros.

a ameaça ó total são superiores ao Homem os


Na realidade, que

tem sitio declarado movimenta. O combatente


e, conforme poder

tantas vêzes, urge nos apa- de uma nação não é mais forte
que
relhemos atender ao es- do que a vontade de seu
para povo.
total do conflito, desde a Nós estamos aptos agora, nesta
pectro
do megaton e due- era da mecânica, não es-
guerra geral para

los no espaço, até os atiradores quecermos também as simples

de tocaia ou de emboscada cm verdades da história militar que

terra, e aos homens-rãs no mar. dizem que o Homem, e não as

Assim, das forças ar- máquinas, domina no mundo os


o papel
madas na formulação da campos de batalha. Não
política podemos

de segurança nacional é amplo registrar num a febre


gráfico

realmente. No de uma histérica das emoções humanas;


preparo
sadia, levar não podemos sondar as
política precisamos profun-
em consideração o número for- dezas da alma com uma máquina

midável de fatores militares e de calcular. E nem nos é possível


econô- avaliar com firmeza ho-
para-militares, políticos, quantos
REVISTA DE REVISTAS 171

"Homem"
mens e sob aos dirigentes da Ma-
reagem em massa
Guerra — e da Nação,
coação, mas é realmente o Ho- rinha de

ttiem, sôbre os dias críticos de amanhã.


em sua infinita variedade
-7-
inflexível, bravo, cobarde,
Do United States Naval Insti-
ignorante, talentoso —
quem pre-
tute Proceedings, de dezem-
para as incessantemente novas,
bem como velhas, fronteiras bro de 1962
as
do Tradução de A. de Azevedo
nosso mundo.

Aqui brado do Lima, C. F. Reformado


fica, então, o

A ESFERA SOCIAL DO MUNDO DE 1973

Por George Fielding Eliot

"a
O autor prevê para o decênio 1963-1973 saída

do meio da frustação, o aproveitamento e a expio-

ração das iniciativas do Ocidente, de preferência


à constante reação desenrolar das
sentida depois do
"comunis-
ocurrências dos actos praticados pelos
"Poderemos numa nova era, declara
tas". entrar
"na
êle, qual a chefia soviética tem que aprender
a viver com o facto confirmado da superioridade
militar e extensamente reconhecida do Ocidente".

A básica da o norte-america-
finalidade política quais propósito
mundial estadunidense foi resu- no exercerá grande prestígioA

ttida dessas duas mutações


Dean Acheson nas pa- natureza
por
lavras tomando forma tangível.
seguintes: já está
"Manter delas é o desenvol-
e robustecer uma es- A primeira
fera da
social onde as sociedades li- vimento político-econômico
do Atlântico numa
vres sobreviver e Comunidade
possam prospe-
de nações li-
rar". associação global

vres, com o crescente comércio


A dêsse desígnio
prossecução
americano, mundial e a eliminação gradual
pelo povo praticada
com de barreiras de tarifas, tomadas
resolução crescente e perse-
verante, como como normas básicas de econo-
pode ser predita
sendo de interpretação isolada, mia.

de no de- Centrado numa Associação


máxima significação
senrolar nos Atlântica, formada Estados
dos acontecimentos pelos

casos Unidos, Canadá e a integrante


próximos dez anos, e serão
"Magno
a esfera Europa Ocidental, êste
que vasarão em molde

de 1973. Projeto" (Grand Design) virá,


política e estratégica

dêsses de forma, incluir as na-


O clima internacional qualquer

dez muito regulado da América Latina e os Es-


anos será por ções
dois eixos de transfor- tados trans-Pacíficos, tais como
girantes
mação e sôbre os o Japão, a Austrália e a Nova-
progressiva,
172 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

-Zelândia. Êle sociação íntima


proporcionará com as democra-

uma base perfeita para a econo- cias laboriosas, uma aliança em

mia e defesa dos interêsses ma- que se repartam equitativamente

teriais da Ásia e dos afri- os ônus e responsabilidades de


povos
canos. construção e defesa do Mundo

A segunda transformação, de Livre. Diligenciamos caldear


por
natureza estratégica, segue-se fortes laços com as nações de-

natural e incontestàvelmente à senvolvidas e as se encon-


que
envolvendo a aplicação tram em evolucionamento. Nosso
primeira,
Estados Unidos e seus alia- amparo a essas últimas
pelos precisa
"controle"
dos do incluir não só assistência econô-
principais
mundial das rotas marítimas e mica direta, mas também a reso-

do espaço aéreo sôbre o mar, a lução assentada de conseguir

fim de os interêsses co- mercados seus de


proteger para produtos,
muns de todos os usufrutuários forma obter a
que possam per-
das estradas marítimas, muta estrangeira necessária
pacíficos para
e negar o uso das mesmas ao in- a criação de um dinamismo pes-
tento dos comunistas, o qual foi soai e necessário ao progresso".
definido embaixador Alexis Chamando a atenção o
pelo para
"estamos
Johnson como um elemento des- fato de num
que pe-
"romper,
tinado apenas a des- ríodo de transição, de fluidez", o

truir e vantagens en- ministro das Relações Exteriores


procurar
"nesta
tre as ruínas". advertiu época de
que

Ambas as transformações são transformação revolucionária e

e de natureza dinâmica, conseqüente instabilidade, a coer-


positivas
e não ofensivas; o constitui ção comunista ameaça subverter
que
um fato de significação, o conceito fundamental da comu-
grande
e a saída da esfera cir- nhão mundial dos povos livres
profetiza
"Os
cundante de frustração, e o apro- e independentes". Estados

veitamento e exploração das ini- Unidos, rematou o ministro Rusk,

ciativas do Ocidente, ao envés da precisam assumir a direção per-


reação constante sentida depois manente dos anos de formação de

dos acontecimentos ocorridos uma grande aliança das nações

às iniciativas co- livres. Não temos o direito de


posteriormente
munistas. O nôvo dinamismo da optar pela manutenção do statu

americana foi acentuado quo. Ou aceitamos o encargo da


política
no discurso o Ministro das chefia ou abandonamos nosso
que '
Relações Exteriores Dean Rusk manto para recolhermos-nos a

no mês maio pas-


de um isolamento A acei-
pronunciou perigoso.
"Trade
sado, defendeu o tação do desafio depende de uma
quando
Expansion Act" de 1962, ago- promessa mútua e total do
que povo
ra é lei. americano, e do empenhamento

Prosseguindo dos bens nacionais".
em seu discurso,
"em
disse o ministro, nossa as- A aliança mi-
projetada pelo

piração a um mundo de livre es- nistro Rusk é essencialmente ma-

colha, procuramos fazer uma as- rítima. A crescente lida mercan-


REVISTA DE REVISTAS 173

til, vital, o movimento de comércio intero-


que é sua essência pre-
cisa deslocar-se ceânico.
principalmente
carregamen- No ambiente estratégico da dé-
por mar, no caso de
to a áreas tran- cada 1963-1973, também
granel, e vias precisa
por
soceânicas, tratar de considerar uma circunstância
se
quando
travessia nova e imperativa. Hoje, nenhu-
rápida de passageiros
ou ma região do terrestre está
de movimento de frete de alta globo
"estradas fora do alcance das
prioridade. Essas reais" virtualmente
carecem lançadas da superfície do
de ser usadas também armas

ou em imersão nas suas


para manobras militares fo- mar
que
rem O Contra-Almirante John
amparo mú- águas.
precisas para
tuo S. MacCain, U.S. Navy, acredita
e segurança. Só essas ra-
por
zões ser esta a alteração mais pro-
a liberdade completa de ação
no funda havida em tôda a história
mar (a sua superfície, acima
naval —
dêle, e o nêle imerso) reside a da arte da guerra porque

condição da superfície da terra fica


estratégica fundamsn- 71%

tal da aliança surgente. disponível o desenvolvimen-


para
forças militares de uma na-
to de

ou uma aliança delas, bem


Não devemos olvidar, também, ção,
e capaz de exercer o do-
que, militarmente falando, a li- armada
mar, de acordo com a
berdade de' ação fica mais asse- mínio do

definição clássica:
gurada capacidade ti- seguinte
pela que
"a de utilizar o mar
vermos negar ao adversário habilidade
para
é saber negar
a de agir. A União uso próprio
possibilidade para
seu emprêgo aos inimigos".
Soviética tem empregar
que
transporte e marítimo nuclear dissuassó-
aéreo para A potência
manter suas tentativas difíceis dos Estados Unidos, pedra
ria
da segurança mili-
de solução de continuidade e des- fundamental
con- Livre lutar
truição nas zonas em que o tar do Mundo para

tato ser contra as ameaças


físico direto não pode eficazmente

e restritas dos comunistas,


mantido mediante os territórios locais
dependência da mobili-
vizinhos e êles controlados. está na
por
mar e ar, es-
A Rússia carece de transporte dade global por
ação nuclear dissua-
aéreo de longo alcance, e a apli- cudada pela

sória, fizer a cobertura com


cação de sua incipiente que
principal
o longo braço da espada do poder
frota mercante tem sido a do
anfíbio de choque.
transporte de armas e equipa-

mento Egito, A lógica dêsses fatos é inabalá-


militar para Cuba,

Indonésia Em cada vel. A liberdade de agir discrecio-


e Iemen.

caso, rece- náriamenfce ao aso dos


êsses embarques têm quanto

bido cobertura cujas condições mares e rotas oceânicos pelos

são ativa e hostis sovietes, quer para ostentação de


potencialmente
nucleares — como acon-
aos interêsses do Ocidente. Além armar

teceu ?m CuLa — vio-


disso, as zonas em ficam quer para
questão
lar direitos — como aconteceu no
nas vizinhanças de estreitas pas-
sagens marítimas controlam trajeto das ilhas Barlavento, no
que
174 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

canal de Suez, no estreito de que disputam a primacia do con-

Malaca — em ações de dis- trôle virtual de todo o mi-


quer poder
solução de continuidade e des- litar existente neste planeta.
truição de natureza; Historicamente, o direito inter-
qualquer
não ser tolerada por mais nacional teve fôrça executória
pode
tempo. No século XIX era ina- apenas existia uma reu-
quando
ceitável britânicos que o nião de suficientemente
pelos países
controle das rotas marítimas e capazes de impor respeito a qual-
estratégicas viesse a cair e ficar disputante. Até mesmo o
quer
em mãos de hostis, ou acatamento, a neutralidade
potências que
suspeitas: esta instintiva moderna vem tendo, ficou, ago-
política
de defesa reviverá e será ra, reduzido a zero,
pessoal quase pelo
aplicada aliança marítima assalto, ameaçava ter resul-
pela que
do Ocidente nos anos tados ameaçadores, da China co-
próximos

vindouros. A superioridade em munista contra a índia, até ago-

armamentos navais e a experiên- ra o chefe moral, senão o mi li-

cia na arte da no oceano, tar, das nações neutras.


guerra
reforçadas vantagens geo-
pelas Em tais condições, as pessoas
aos
gráficas que proporcionam o mundo da lei e
que procuram
Estados Unidos e seus aliados
da ordem são compelidas a ado-
um livre acesso a tôdas as gran- tar expedientes semelhantes aos
des divisões do mar sôbre o glo- impostos aos nossos antepassa-
bo, negando-as, concomitante- Oeste Americano:
dos do velho
mente, aos comunistas, serão cal- restauração forçada
começar pela
tivadas que seja dada uma re-
para da ordem, mediante qualquer
nova significação ao velho pre- curso disponível a finalida-
para
ceito da liberdade dos mares.
de, e ir, assim, até encontrar uma

A resurreição desta doutrina forma legislativa que apresente

drástica do direito internacional oportunidade ser melhorada


para
nada mais será a revisão mais tarde. O embaixador Adiai
que
um mundo Stevenson declarou recentemente
pelos que procuram
"funda-
regido pela lei, e não pelos ho- as Nações Unidas
que
mens. O direito internacional re- ram-se sustentar uma
para paz
flete hoje a experiência da era que nunca se realizou". Essa

a humani- concórdia nunca será alcançada


pre-atômica, quando
dade não havia ainda encetado enquanto existirem os dese-
que

a exploração dos mistérios do es- jarem somente uma tranquilida-

ou a amaeça da extinção de em que êles sejam os senhores


paço,
do seu semelhante mediante o e o restante da humanidade es-

emprego da fôrça termonuclear. cravizada, conver-


permitindo-se
Nem com os emissários das Na- ter em suas vantagens
próprias
Unidas, nem meio as concepções doutrinárias de-
ções por
do Tribunal do Mundo correntes de eventos históricos.
(World
Court) o direito interna- A alteração necessária na ex-
poderá
cional ter ação capaz de sofrer teriorização de nossos intuitos e

hoje um dos dois modo de proceder não é uma ta-


qualquer grupos
REVISTA DE REVISTAS 175

refa 3) — Não haverá irrompimen-


fácil. Citando a Dean Ache-
"Podemos to isolado de armas so-
son, novamente: — es-

di- viéticas no sistema espa-


perar o reforço dos nossos
que
feitos ciai, ou em ou-
armas, único recur- qualquer
pelas
ro conferir uma
so meio do êles que
por qual podem
vantagem militar decisi-
ser robustecidos neste mundo

dual, a inú- va ao Kremlin.


irá bater de encontro

meros dos nossos concidadãos,


corroboram tais
solidários com o clamor, de ins- As razões que

se hipóteses ser provadas


piração soviética, para que podem
cesse fogo. Por outras isoladamente. Vejamos:
palavras:
— seremos constrangidos, em no-

haverá nuclear
me da lei, a cessar o reforço con- 1) Não guerra

cedido aos nossos direitos, que geral.


doutra forma não ser di-
podem
reitos". O militar dos Estados
É esta dou- poder
justamente
trina — — e seus Aliados, relativa-
diz o senhor Acheson Unidos

o des- mente ao do Sistema Soviético,


que tem contribuído para
e com firmeza, cada
mantelamento geral de todo tornar-se-á,

respeito ao direto inter- vez mais forte.


qualquer
nacional subsiste no século factores afetar
que Os que podem
XIX". Felizmente, há agora ves- incluem o
êsse evolucionamento
tígios claríssimos de um nú- seguinte:
que
mero crescente de americanos es- Credibilidade crescente
a) _
tá atualmente muito farto das dissuasora dos Es-
na capacidade
frustações dos dez anos tácitamente re-
passados, tados Unidos, já
e ambiciona ardentemente uma União Soviética
conhecida pela
mais vigorosa. Esta ten- dos teleguiados de
política na retirada
dência manifestou-se fortemente depois de_ experimentar
Cuba,
nos aplausos às reações do Presi- direta. êssg
nossa confrontação
dente Kennedy ao tratar da crise tomado opinião pú-
rumo pela
de Cuba, no outono de 1962. ainda será mais acentuado
blica

Agora, do aparecimento, sempre em


diante do painel qua- pelo
dro verticais das nossas forças de
dos eixos girantes progresso,
da transformação submarinos Polaris.
progressiva,
hipóteses b) — A melhor das condições
podemos examinar três

sôbre de capacidade do material em-


a década de 1963-73.

conjec- barcado dos Estados Unidos e


Podemos fazer as três

turas seus Aliados, facilitando-lhes en-


seguintes:

frentar eficientemente as amea-

nu- locais dos Soviéticos, ou as


1) — Não haverá guerra ças

a êles inspiradas, para a paz.


clear durante por
geral
Visto tais gambitos tornaram-se
década;

Comunista não menos atraentes, diminui a pos-


2) — A China

capacidade mi- sibilidade da escalada para uma


adquirirá

litar nuclear; guerra nuclear.


176 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

c) — O efeito restringente Essa supremacia existe: no


ge- já
ral do mar circundante, sôbre as sistema de armamento nuclear,

potências de territórios orienta- na capacidade de seu arremêsso

dos pelos comunistas, por se tor- e no global móvel de cho-


poder
nar, o mar, reconhecidamente que capaz de resolver as pertur-
uma região que a Aliança do Oci- bações locais. A econo-
próspera
dente usar fins mi- mia da Europa Ocidental — den-
poderá para
litares, e negará aos comunistas. tro da estruturação da mais am-

A capacidade do Ocidente para cooperação do mundo aliado


pia
essa denegação será em evi- —
posta preparará prontamente a ba-

dência medidas que forem se relativa às despesas con-


pelas para
tomadas o estabelecimento forças, de terra e ar do
para gregar
ou restabelecimento do controle Oeste europeu, capazes de lutar

das rotas interoceânicas estraté- contra ofensiva


qualquer possível
e de outros cursos de água, soviética:
gicas,
e melhoramento da capaci-
pelo Em tais circunstâncias, a poli-
dade dos submarinos dos Estados
tica pode, durante o interstício
Unidos e de seus Aliados, duran-
de 1963-73, enveredar um ca-
por
te os quatro ou cinco anos se-
minho um tanto menos doutri-
guintes, de forma a neutralizar
nário no desejo veemente de me-
qualquer ameaça submarina que didas administrativas de contrô-
a União Soviética — levando em
le de armas, sob condições inter-
consideração suas desvantagens
nacionais de salvaguarda aceitá-
— seja capaz de
geográficas pre- veis; com especialidade sôbre o
parar. acto de regular e restrin-
guiar,
d) — A expansão das divergên- armamento nuclear. Esta
gir o
cias políticas sino-soviéticas e última consideração russa para
suas finalidades, próprias das di- limitar divulgação da capaci-
a
ferentes fases de evolucionamen- dade das armas nucleares, refe-
to dêsses dois grandes Estados re-se, à Ale-
com especialidade,
comunistas. A chefia soviética manha Oriental e à China Co-
aumentará sua relutância em se munista.
arriscar numa guerra com a Ali- Não podemos excluir também
ança do Ocidente, o que poderia a da União Soviéti-
possibilidade
entregar à China o soberano po- ca — talvez influenciada
poder
der sôbre o continente eurasiano. menos
por personalidades imbuí-
Moscou estará cada vez menos das de fervor revolucionário do
disposto a apoiar, as mani-
pois, que por considerações de segu-
festações dos atos chinêses. rança russa e seu —
progresso
Essas considerações insinuam tornar-se nada menos uma
que
que talvez estejamos entrando potência ou nada mais
global,
numa era em a chefia sovié- uma Eurásia, embora seja
que que
tica precisa aprender a viver com indiscreto basearmos
qualquer
a verdade estabelecida sôbre o antecipação nítida neste
panora-
reconhecimento amplo da supe- ma. Em tal caso, as cogitações
rioridade militar do Ocidente. estratégicas dos Soviéticos seriam
REVISTA DE REVISTAS 177

orientadas a defesa de suas A de ardis no estran-


para procura
fronteiras na Ásia, com a dimi- tem sido, em tais circuns-
geiro
nuição do domínio so- tância a operação dos
gradativa padrão go-
viético na Europa Oriental. O vernos totalitários; mas, adiante

movimento diante nesse da esmagadora superioridade dos


para
sentido bem vir a ser incluí- americanos, afigura-se que have-
pode
do nos objetivos da ali- rá motivos justos para
políticos poucos
ança do Ocidente. incorrermos no risco de repres-

As suposições calcadas em tais sálias nucleares contra o terri-

possibilidades estão, contudo, fo- tório nacional da China, usando

ia da alçada dêste nosso estudo. ou ameaçando empregar ofensi-

A hipótese de não haverá vãmente algumas armas nuclea-


que
guerra nuclear na década res. É claro o alvo para uma
geral que
1963-73, basea-se, igual e to- tal ofensiva é a Formosa, que os
por
talmente, no dos factôres Estados Unidos estão obrigados a
plano
já tratados. defender fôrça de tratados.
por

O Japão, as Filipinas, o Sião, a

não região sulina da Federação Indo-


2) A China Comunista
mili- chinêsa (Anam, Tonkin e Cochin-
conseguirá capacidade
china) são todos elementos asso-
tar nuclear.
ciados ao sistema da aliança a-

mericano. Os magnatas da Chi-


— decla-
As antecipações atuais
na Vermelha compre-
radas precisam
em discurso pronunciado
ender um ataque contra um
Primeiro Minisro da índia, que
pelo
a aliado dos Estados Unidos equi-
Janvaharial Nehru — são que
valerá a incorrer
China Vermelha detonar provàvelmente
poderá
"aparelho" numa resposta nuclear de
um nuclear dentro de pro-
muito devastadoras.
um ano ou mais; porém porções
pouco
não de um nú- Essas considerações, porém são
conseguirá a posse
mero nuclea- complicadas pela situação exis-
mínimo de armas

ves ou tente com a invasão chinêsa das


senão dentro de três qua-
tro linhas fronteiriças da Índia. O
anos.
resultado imediato foi que Mr.
Poderemos muito bem pergun-
vanta- Nehru teve recorrer ao auxí-
tar, se haverá real que
porém,
Peiping lio do exterior, e achou que teria
gem o Govêrno de
para
na de mais auxílio nos Estados
aquisição da capacidade pronto

armamento Unidos e na Grã Bretanha, do


nuclear em pequena
escala, dez na U.R.S.S. Se a ofensiva
dentro dos próximos que
anos. certo, motivo chinêsa continuar, a Índia neces-
Não há, por
razoável os sitará de auxílio maior; a Grã
para supormos que

de economia interna Bretanha, com particularidade,


problemas
da China Vermelha, agríco- poderá envolver-se na luta, for-
quer
la de industrial, necendo tropa e bocas de fogo.
quer produção
sejam resolvidos satisfatòriamen- Em tais circunstâncias, a pers-
te, dentro do acima referi- pectiva de aquisição China
prazo pela
do. Vermelha da capacidade em ar-
178 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

mas nucleares suscitará, con- duvidoso. A dos tele-


por produção
sideração à Aliança Ocidental, a intercontinentais não
guiados
idéia dos chinêses vermelhos to- correspondeu, ao terminar o ano

marem medidas oportunas e de 1962, à conhecida capacidade

drásticas a eliminação do de dos Soviétes. Na de-


para produção

que lhes ameaçar. fesa contra teleguiados, não há

Assim, podemos bem presumir motivo supormos os So-


para que

que a China Vermelha não veja viétes demonstrarem podessem


vantagem em pretender capaci- enfrentar os Estados Unidos com

dade em armas nucleares; e, se certeza de uma capacidade


plena
tomar providências palpáveis pa- defensiva confiável, que lhes pos-
ra a Aliança Ociden- sa dar uma relativa vantagem
possuí-las,
tal reagirá, em defesa própria. militar de decisivas.
proporções

Quanto ao desenvolvimento e

3) Não haverá irrom-pimento uso do armamento ofensivo no

revolucionário isolado no espaço, e fora dêle, é questão que


espaço. se não separar das armas
pode
do solo, onde se origina a pene-

A observação mostra que o tração no espaço. O armamento

aperfeiçoamento das artes tende espacial, fazer


que poderia peri-
a seguir o mesmo curso nos pai- clitar os alvos na superfície da

ses de técnica avançada; mais Terra mais eficazmente do que


numa que tenha as armas existentes e nela mon-
principalmente,
sido obtida, já com grandes pro- tadas, não está muito de
perto
uma nação, e que nossas vistas; e, muito menos, em
gressos, por
às mãos de outra que se estado de entrar em ação,
passa poder
aproveita dos melhoramentos. Não tem isso fim minorar o
por
Sob o de vista militar, o risco do futuro nesse
ponto progresso
nos de ar- campo de armamento, mas sim
progresso programas
mas ofensivas num será sugerir a década —
país que próxima
de lado pe- de ascenção da superiori-
provavelmente posto período
los de defesa e /ou contraofensi- dade militar dos Estados Unidos

va em antagonistas. Tem e seus Aliados sôbre a superfície


países
sido a soviética, inter- ser bem utilizada no exame
prática pode
romper os considera- na terra e em sua atmosfera —
programas,
dos ante os das possibilidades de se encontrai
pouco promissores
de contra-defesa um processo que conduza à expio-
progressos pe-
los Estados Unidos. ração pelo home mdo ambiente

O dêles sobre os espacial, para dentro das restri-


programa
de longo alcance, de um acordo inteiramente
bombardeiros ções

teve muita em desmilitarizar êsses


que publicidade protegido,

meados esforços em prol de benefícios


de 1950, foi cortado, an-

tes um número comuns a todos.


que grande de

aviões fôsse concluído, o O senhor Gerard C. Smith su-


porque
da defesa aérea dos no conceituado jornal
programa guere,
EE.ITU. considerou-o de valor Oceania Control and Community
REVISTA DE REVISTAS 179

que os magnatas soviéticos "dedi- contribuintes permanecerão imu-


cando grande esforço tecnológico táveis. A geografia, tão favorá-
e tanto zelo pelo espaço, podem, vel ao Ocidente, não será altera-
consciente ou inconscientemente, da. A relação entre a superfície
estar lutando para romper e sair da terra e a da água será a mes-
do meio geográfico formado pelos ma e reterá suas eternas caracte-
mares... o que é um tradicional rísticas.
facto geográfico da história da
vida da Rússia. "O Sr. Smith O campo político, entretanto,
adiciona o aviso seguinte: "A era sofrerá alteração, com certeza
em que o potencial humano esti- absoluta. Os negócios humanos
ver sendo lançado para o espaço não estacionam. A sorte de um
talvez seja o tempo em que os sis-
temas totalitário e de liberdade partido ou de outro, no conflito
entre homens, não fica estática.
política assumam a direção do Temos apenas que meditar sobre
mundo — quando a terra já não a questão isolada de a quem ca-
fôr suficientemente grande ou berá a direção suprema nos pró-
oferecer segurança bastante para ximos dez anos, para perceber-
ambos". mos, logo, quão poucas pessoas
de grande influência atualmente
Desde que a projeção do po- estarão, ainda, retendo posições
tencial humano no espaço depen- de mando em 1973. Em janeiro
da da participação dos recursos desse ano, por exemplo, um pre-
terrestres para a manobra do sidente dos Estados Unidos, que
enorme esforço necessário para tenha sido eleito em novembro
uma tal finalidade, é necessário do ano precedente, será empos-
que as associações livres estabe- sado. Não podemos predizer
leçam e retenham controles de quem êle será. Estamos apenas
superfície de tais proporções que constitucionalmente certos de
possam garantir a capacidade de que êle não será presidente em
seus próprios tetos, e assim se exercício na ocasião. Os atuais
protegerem contra qualquer a- peritos em estatística estarão in-
meaça espacial de origem totali- dubitàvelmente em dúvida sobre
tária. O controle do mar fome- quais serão os magnatas dirigen-
cera elementos para essa ajuda, tes de ambas as potências comu-
e para outros objetivos do mundo nistas, em 1973, que não sejam
livre, assegurando vantagem do- os que imperam atualmente. O
minante e, neste campo de ação mesmo podemos dizer quanto aos
como em outros, parece não ha- vários chefes dos Estados Ociden-
ver razão para supormos que o tais. As alterações terão vastas
mundo livre seja superado, tanto repercussões, e nem todas elas
na técnica como no poder criador serão favoráveis às nações do
mental. Mundo Livre.

No ambiente político e estra- Dar-se-ão provavelmente ou-


tégico de 1973, certos elementos trás ocurrências adversas. A luta
180 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dos da África indepen- ra a defesa anti-submarino; pa-


povos pela

dência e econômica ra a renovação da velha esqua-


política pa-
as- dra; a necessidade de maio-
rece trazer no bojo prováveis para
res forças táticas em terra e no
de violência. Há possibili-
pectos
ar, tôdas, capazes de atender rà-
dade de distúrbios de grandes
às exigências distan-
em algumas localida- pidamente
proporções
tes, e protegidas pelo estabeleci-
des da América Latina. Nas re-
mento de reservas, verdadeira-
confinantes com as frontei-
giões mente de ação, escalona-
pronta
ras dos comunis-
grandes países
das em São essas
— a Chi- profundidade.
tas com especialidade
algumas despesas devem ser
que
na — há sempre perma-
pressões
nos orçamentos anuais.
previstas
e infiltrações e
nentes prováveis,
Ainda há, também, que se con-
até mesmo êxito em conquistas
siderar a subida da maré do bem-
territoriais. O Ocidente ainda —
estar econômico, um dos mai-
tem atinar com um recurso
que ores efeitos devemos esperar
que
contrariar a técnica da arte
para dos esforços da cooperação geral,
da revolucionáira em solo crescente dos
guerra e da compreensão

árido, como exemplo ao Su- benefícios mútuos a favor das


por

este da Ásia e outras regiões, não nações desenvolvidas e em de-


,
obstnate todo o esforço e aten- senvolvimento — igualmente que

dedicados ao exercício de con- das normas de direito nos negó-


ção
tra-guerrilhas e ao aperfeiçoa- cios entre as nações.

mento tático correlato. O pro-


do foco em atividade don- Nos dez anos, vere-
blema próximos

esforços são amparados, mos erros e desapontamentos, e


de tais

tenha ser tratado mais até mesmo recúos que se aproxi-


talvez que
dràsticamente. mam de desastres. Alias, é pos-
direta e
sível que surjam, também, algu-

mas surpresas agradáveis e favo-


é demais lembrarmos o
Não
ráveis. Em suma, é de
alívio os encargos presumir,
para pesados
com segurança e certeza susten-
econômicos dos armamentos que
tada por factos e razões, o
aparecerá durante os que
próximos
ambiente político do ano de 1973
dez anos| Os Estados Unidos fi-
será dominado por uma liga de
carão em condições de transferir
democracias industriais, sob a
a Europa Ocidental o acrés-
para
chefia dos Estados Unidos, asso-
cimo da defesa da-
quota para
ciados a uma Europa Ocidental
região; sendo que somente
quela e
completa, que o domínio inte-
devem ser algumas des-
previstas da Aliança
gral será baseado no
nos orçamentos anuais:
pesas
o programa do desenvolvi-
para Do United States Insti-
Naval
mento de submarinos; para o es-
tute Proceedings, de janeiro
tabelecimento continuado da pre- de 1963
sença naval norte-americana no

Oceano Indico; os requeri- Tradução de A. de A. Lima,


para
mentos militares no espaço; pa- C; R. Reformado.
REVISTA DE REVISTAS 181

PUBLICAÇÕES RECEBIDAS

PROCEEDINGS — ns. 2 a 4 esta simpática revista dá-nos de-


(USA Naval Institute) — Cons- talhadas informações do seu pio-
tam dos presentes exemplares gresso naval e das promissoras
excelentes artigos técnicos e cien- perspectivas de seu crescente de-
tíficos. Distribution of the Line senvolvimento.
Officer (n. 2); War as an Art MEMORIAL DEL EJÉRCITO
(n. 3); Phormio: The First Naval DE CHILE — Órgão Oficial do
Tactian, respectivamente assi- Estado Maior do Exército — n.
nados por Rodney J. Badger, 312 — Contendo artigos de inte-
James E. Mrazec e Adrew G. rêsse geral dos povos latino-ame-
Nelson, e outras valiosas col abo- ricanos, tais como La Crisis Es-
rações enriquecem as páginas tructural de América Latina (Dr.
dos números em apreço. Raul Prebisch), Investigaciones
MILITARY REVIEW (Edição Americanas sobre la Política y la
Brasileira) — ns. 3 a 5 — Igual- Estratégia (Jacques Vernan) e
mente interessantes no texto e Puntos a Considerar en una
no documentário fotográfico que Moderna Organización de Abas-
contêm, dão-nos conta dos com- tecimiento (Mayor Jorge Court
plexos problemas político-milita- Moock), em suas seções (geral,
res intercionais através de arti- logística, estratégica, geodésia e
gos, crônicas e comentários, onde de inteligência) este número
são meticulosamente analisados apresenta-nos importantes estu-
aqueles problemas políticos, so- dos sobre quaisquer dos temas
ciais e econômicos. abordados.
LA REVUE MARITIME (Fran- ANAES DO CLUBE MILITAR
ça) n. 195 — UArmement et la NAVAL (órgão da Marinha Por-
Construction Navale en France, tuguêsa) ns. 7, 9) — De agrada-
30 Ans de Récupération D'Epaves vel leitura, escrita em bom esti-
são dois dos principais artigos in- lo, esta publicação da Marinha
seridos neste número de La Revue de Guerra Portuguesa oferece-
Maritime primorosamente ilus- -nos belas páginas onde a diver-
trado. sidade dos temas deixa o leitor
FUERZAS ARMADAS DE à vontade ... Prolegómenos à
VENEZUELA — ns. 190 a 201 — Psicotécnica (CMG Viriato de
Apresentando-nos vários e mag- Gouveia), Crônica de Marinha
níficos trabalhos concernentes (CMG Manuel Pereira Crespo) e
às atividades das Forças Arma- Crônica de Energia Atômica são
das venezuelanas em tcdcs os trabalhos que se impõem à nossa
setores militares, quer no desen- atenção.
volvimento técnico quer no ad-
ministrativo. Recebemos ainda:
REVISTA DE LA ARMADA
NACIONAL — n. 80 — Órgão da LA HOUILLE B LANCHE —
Marinha de Guerra do Paraguai, Revista de Engenharia Hidráu-
182 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lica — ns. 2 a 4 e B) — THE nal) — Revista ilustrada em cô-


JOURNAL OF ROYAL ARTIL- res — Edição luso-brasileira —

LERY — n. 1, de 5/963 — NEWS ns. 2, —


3 BULLETIM CRITI-
J. L. Lines — 40, 50, 51 — DU —
QUE LIVRE FRANÇAIS

CPV — Corporação Venezuelana ns. 203, 204, 205, —


211) JOUR-

de Petróleo — CROWNEST — NAL INTER-AMERICAN


OF

Royal Canadian Navy's STUDIES — n. 4 — SUDENE -


(The
Magazine — ns. 7, 8 — ABAS- Boi. de Estudos — 7
da Pesca n.

TECE — n. 1 — FRONAPE — PANORAMA — Revista do


da Frota Nacional de Pe- Paraná — n. 129 — ERICSSON
(Boi.
— — —
troleiros) n. 33 REVISTA REVIEW (Eletrônica) n. 1 —

DAS CLASSES PRODUTORAS PSYCHOLOGICAL ABSTRACTS

n. 960 — ESSEPEVÊ — ns. 65/67 Publicação


da Universidade
BOLETIM — Círculo dos Oficiais da -
Califórnia (Santa Bárbara
Intendentes das Forças Armadas USA) ns. 1 a 3 — PSYCHOLO-
RIVISTA MARITTIMA — Pe- GICAL ABSTRACTS — Publica-
riódico Mensal da Marinha Ita- editada
ção pela Universidade da
— — Vol.
liana Suplemento Técnico de Pensilvânia 70 — n. 5 —

1963 — PORTOS E NAVIOS — PSYCHOLOGICAL BULLETIN


Revista Técnica Informativa — Publicação da Universidade de
n. 49 — LIVROS DE PORTUGAL Kansas — Vol. 60, n. 5 —
(USA)
Catálogo Literário e Informa- DESENVOLVIMENTO E CON-
tivo — ns. 49 a 57 — COSMO- —
JUNTURA Confederação Na-
RAMA — Revista mensal —
gráfica cional da Indústria n. 10.
Órgão de artístico-
propaganda
-cultural da China Nacionalista, A todos apresentamos agrade-
ricamente ilustrado em côres, es- cimentos.

crito chinês e espanhol — ns.


em

63 a 70 — SCALA (Internacio- N. A. L.
RESPIGA

— —Nas vésperas do
SUMÁRIO: Reator navios História do Salvamento
para
assalto à Lua — Marinha do toma corpo¦
futuro

REATOR PARA NAVIOS Segundo a empresa americana, essa

fórmula a fabricação de tur-


permitirá
Parece Gene- binas a de melhor rendimento. Es-
ter sido resolvido pela gás
i'al Electric, dos Estados Unidos, o sas turbinas serão mais compactas,

Problema da construção de reatores mais leves e ser usadas em


poderão
nucleares de movimentar na- navios comerciais bastante velozes, hi-
capazes
vios comerciais, competitivos drofólios e veículos de efeito de chão.
a preços
com os sistemas tradicionais de Cuidados especiais foram tomados no
pro-

Pulsão 20-9-63) . isolamento c!o 630-A, será blinda-


(Visão, que

do terá combustível dois ou três


O setor de nucleares da- e para
pesquisas
recentemente, anos de funcionamento. Sua potência
Çuela empresa anunciou,

do de mil HP e deverá custar


que está terminando a construção será 30
menos o reator do
Primeiro reator nuclear destinado àque- cinco vezes que

le navio atômico
fim. Trata-se do gerador 630-A, Savannah, o primeiro

que será submetido a Co- comercial do mundo.


provas pela
missão de Energia Atômica, dos EUA,
"Visão" — Paulo, 27-9-63
no Centro Nacional de Experimentação De S-

de Reator, em Idaho.

O 630-A tem aproximadamente o

mesmo tamanho metros de altura


(10
A HISTÓRIA DO SALVAMENTO
Por 5 de diâmetro) e pêso (375 tone-

ladas) de uma cal.'eira de óleo da mes-

ma Tradução do Capitão-Tenente
potência. Pode ser usado com

Estanislau Façanha Filho


máquinas a vapor leves e modernas, João

permitindo transformar embarcações


"Salva-
convencionais É definição
A atual da palavra
em navios atômicos.
"o de um navio,
moderado com- mento" ou salvamento
a água e utiliza como

carga, etc., dos efeitos do mar", cobre


bustível elementos metálicos, cujo ca-

lor um imenso campo de atividade. Tudo,


é absorvido água aorrente.
por
Substituindo caldeira desde o reflutuamento de um navio en-
os fornos de uma

a ar calhado até a remoção de destroços de


óleo, o reator produz quente que

de uma calceira supera- um naufrágio, é coberto pelo têrmo


passa através
"salvamento",
vapor a alta no campo militar e co-
quecida, a fim de gerar
temperatura mercial.
e pressão.
184 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

onde o salvamento de navios Até 1880 muitas tentativas foram


Justo
teve seu início é difícil de dizer. En- feitas para recuperar ouro e prata per-
tretanto é absolutamente seguro con- dídos em navios. Com estas tentativas

siderar desde o tempo em que a veio 10 desenvolvimento do aparelho de


que
água ou os mares foram usados como mergulho de SIEBE que foi uma dá"

meio de transporte, navios, fossem eles diva para o salvamento. Operação de

troncos ocos, ou outras em- mergulho bem sucedida foi e continua-


jangadas
barcações, sofreram a destruição dos rá a ser uma grande etapa de salva-

mares. mento.

Com o desenvolvimento de bombas e


Alguns destes navios primitivos, cer-

as vias flu- compressores de ar, o salvamento de


tamente encalharam pois
vezes eram traçadas em navios afundados tornou-se mais exe"
viais raras

Outros devido às quível. Caixões estanques, caixões de


mapas. perigaram
Guerra envia- pressão e pontões entraram em uso
tempestades. e pirataria
ram número de navios o generalizado. O salvamento tornou-se
grande para
um campo de engenharia altamente
descanso no fundo dos mares. Muitos
complexo requerendo uma apnoximação
destes navios carregavam cargas va-
técnica para cada trabalho.
liosas e, com tôda certeza, os proprie-
A organização de salvamento, coma
tários, fossem êles os antigos Egípcios,
existe agora na Marinha Americana,
os homens de Ríoma ou os conquista-
desenvolveu-se de uma série de servi"
dores espanhóis de 1500, pensaram em

reaver o dinheiro e a carga nos ços de salvamento fora do comum e de


perdida
'uma série de salvamentos
Movido trazida à
destroços de seus navios. por
"Salvamento" ¦baila pela Segunda Guerra Mundial,
êste desejo, o teve seu

início. particularmente em Pearl Harbor.

Os primeirios salvamentos na moder-


As tentativas primitivas do salva-
na Marinha Americana começaram
mento eram trabalhos ineficazes e custo"
com a elevação do submarino 84 nas
sos. O equipamento usado era volumo-
proximidades de Honolulu, em 1915,
,so e muito ineficiente; as perdas de
de uma profundidade de Pon-
vida eram altas. 304 pés.
Os benefícios dos
tões e pranchas flutuadoras foram usa-
métodos de mergulho atuais não eram
das nesta operação.
disponíveis. Reflutuar um navio con-
A Primeira Guerra Mundial necessi-
sistia em jogar fora carga, para ali-
tou de um aumento nas forças de mer-
viar o navio, e esperar que a maré ei
gulho da Marinha. Êstes mergulhado-
o vento completassem a tarefa.
res íoram espalhados Marinha
pela
Levantar navios afundados é um as-
principalmente no serviço submarino.
moderno de salvamento tendo seu Não
pecto havia comando de salvamento
na tentativa de le-
princípio pescar, separado na Marinha Americana. Na-
vantando, o H.M.S. ROYAL GEOR- tempo
quele todo o trabalho de salva-
GE em 1782. mento era conduzido na área da Eu-
A tentativa não teve sucesso. Em ropa pela Marinha Real.
1840 numerosos salvar o O de após trouxe-
planos para período guerra
navio foram feitos; terminando final- uma volta às necessidades mergu-
de
mente com a destruição do casco por lho da Marinha Americana e muita
explosivos. ênfase foi dada ao treinamento de mer-
RESPIGA 185

Muitas observação foi um passo preliminar


gulhadores para o salvamento.

operações submari- estabelecer serviços de salvamen-


de salvamento em para

nos to dentro da Marinha Americana em


em 1920, mostraram a necessidade

de águas dio Atlântico e do Pacifico.


mais mergulhadores bem treinados

Em a um exame fei-
e a Deep Sea Diving Echool íoi esta- prosseguimento,

to secretário da Marinha nos re-


belecida em Washington, D'C, em 1926/ pelo
1927. cursos existentes na Marinha Ameri-
"Bureau
salvamento, o of
Os homens treinados nesta escola cana para
"no
formaram recomendou interesse
uma equipe com sucesso, Ships" que,
que,
"pescou" fôsse-
em cia Defesa Nacional" um contrato
a U.S.S SQUALAS
*939 feito com a Merrit-Chapman and Scott
de Portsmouth. 33 membros
perto
da serviços de salva-
tripulação foram salvos e o subma- Corp. para prover
rino de mento numa base de de custo»
foi recuperado dom o uso pon- preço
tões. mais uma gratificação.

Em geral, entre a i.a e a 2.a guerras foi aprovado e conti-


Êste contrato
mundiais facilidades estavam dis- 1947 custando à
poucas nuou em vigor até
poníveis para o salvamento de navios Marinha US$ 19,000.000,00 por navio

afundados ou encalhados. Estas poucas foram salvas no valor


salvo e cargas
facilidades eram mantidas Merrit- 675.000.000,00.
pela de US$
Chapmam and Scott Corp. Esta com- Unidos na
A entrada dos Estados
panhia mantinha navios de salvamento ainda maior
2.a Guerra Mundial trouxe
e estações em New Yiork, Key West, de salva-
necessidade serviços
para
Kingston, Merrit-
Jamaica. mento, muito além dos que a

Quando operações de salva- Corp. era capaz


grandes Chapman and Scott
mento, tal como no encalhe do US$
de suprir.
OMAHA nas Bahamas foram
(1937) o incên-dilo e
Conseqüentemente, com
necessárias, a Marinha Americana teve
do USS LAFAYETTE (ex-
and perda
que apoiar-se na Merrit-Chapman
"Normandie") no Pier 88, North River,
Scott Corp. Contratos anuais foram
Marinha instalou no lo-
"NO New York, a
feitos na base de CURE NO "Escola do Treinamento Naval
cal a
PAY" isto é, a Marinha Americana
para Salvamento".
pagava pelo trabalho de salvamento
Em adição, navios de salvamento es-
somente se o mesmo tivesse êxito.
desenhados foram iniciados
Em 1939 o conflito envolveu a pecialmente
que
em vários estaleiros. Êstes navios, jun-
Europa fêz com que os Estados Uni-
tamente com os graduados da Escola
dos se a defesa do
preparassem para
de Salvamento, transformaram-se na
Hemisfério Ocidental. E, quando pa-
organização de salvamento que
receu eventualmente êste teria grande
que pais
a Marinha possuia no fim da 2.a Guerra.
entrar na uma série de
que guerra,
conversações, com os Durante a 2a Guerra, a organização
foram entaboladas
ingleses. conversa- também incluiu grupos para limpeza de
Como parte destas

das operações navais porftos, trabalhando em mais de 500


ções, o chefe

ordenou ao Almirante W. A. projetos de limpeza de portos na Áfri-

Sullivan observasse e mandasse di- ca do Norte, Sicilia, Europa e Oriente.


que
zer como os ingleses estavam fazendo Nestas áreas, largamente espalhadas, a

suas operações de salvamento. Esta Organização de Salvamento da Marinha.


186 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Americana limpou os portos e áreas de mento poderá deixar üs Estados Uni"

ataque, de navios afundados ou enca- dos cada vez mais atrasados na com-

lhados, salvou e ficou com equipamen- petição que ora se trava pela conquista

tos e navios cujo valor passou de US$ do espaço.

2.000.000.000,00. as
São seguintes as quatro fases

No fim da 2.a Guerra, muitos navios principais:


de salvamento foram descomissionados e

colocados na Flotilha de Reserva. Gru- Colocação de astronautas em órbi-

pos de Qombate e limpeza de portos ta, a fim de habituá-los às viagens es"

foram descomissionados. paciais.

A Escola de Salvamento foi mudada


Fase lunar,
Bayone, New em 1946 e subsidiária da primei"
para Jersey,
a treinar oficiais de salva- ra, e caracterizada pelos lançamentos
continuou

mento e mergulhadores frota dos Luniks.


para a

ativa.
Fase interplanetária —
Em 1957 a Escola de Salvamento foi extensão

e o treino salva- lógica da primeira etapa. Duas expe-


descomissionada em

de navios foi incorporado à Deep riências previstas nesta fase foram os


mento

Diving DC. lançamentos de naves espaciais rumo


Sea School em Washington
a Vênus (fevereiro de 1961) e Ivíarte
"Portos —< de 1962).
De e Navios" junho 1962 (Novembro

Fase dos satélites Cosmos, inicia—

da em março de 1962, para investiga-

NAS VÉSPERAS D"0 ASSALTO ção das camadas superiores da atmos-


"seu
A LUA fera. Segundo Krieger, porém,
real significado é provàvelmente de na-

Repercute ainda nos meios científi- tureza paramilitar".


cos a última façanha espacial da União

Soviética, que colocou em órbita deis Os satélites Cosmos foram os pri-


astronautas, o Tenente-coronel Valery meiros a entrar em órbita com inclina-
Bykowsky e Valentina Tereshkova, a inferior a 65o inclinação em
ção (sua
primeira mulher astronauta. relação ao equador era de Acre-
49o).

Torna-se oportuna, a di- dita-se que sejam iguais aos Vostnks,


portanto,
vulgação das conclusões a chegou em massa e dimensões, os Cosmos lan-
que

o especialista americano F. Krieger çados do cosmódromo de Tyuratan.


J.
sobre o espacial soviético, em Êsse cosmódromo se situa a leste do
programa
relatório a Fôrça Aé- mar de Arai, na Asia Central Sovié-
preparado para
rea dos Estados Unidos e tica.
parcialmen-
te publicados pela revista Missiles & Do cosmódromio de Kapustin Yar, ao
Rockets. norte do mar Cáspio, também foram

Assinala Krieger inicialmente o lançados alguns satélites de menores


que

programa soviético é muito bem plane- dimensões e em órbitas maiores. Nesses

e executado — em fases lançamentos, foram foguetes


jado quatro utilizados
— e seu desenvolvi- não recuperáveis,
principais que o mais econômicos
BESPIGA 187

¦que Estudar a radiação de onda curta


usados era Tyuratan. Entre os
os
de do Sol e de toutros corpos celestes.
satélites lançados do cosmódromo
Estudar as camadas superiores da
deTvuratan, Krieger, estavam os
revela
Cosmos IV VII, dos atmosfera.
e precursores
Vostoks III. IV, VI. !• Estudar a distribuição e a forma-
e

O relatório embora ela- dos sistemas de nuvens na atmos-


de Krieger, ção
boratío antes dos últimos lançamentos, fera da Terra.

ja advertia os responsáveis pelo pro-


"Tendo os agora, a única vantagem espa-
grama americano: em vista Até
atuais dos americanos em relação
índices de progresso, pode-se ciai efetiva

se tornará foi conseguida na ten-


Prever que a disparidade aos soviéticos
ainda mais de aproximação com Vênus.
aguda". tativa

Acrescentava Êsse êxito, ressalta Krieger, se deveu


o relatório que os
Vostoks III e IV aos dois a inesperadas dificuldades encontradas
permitiram
astronautas não somente sobreviver no soviéticos no campo de comuni-
pelos
espaço dias, co- cações entre o veículo espacial e as
durante quatro e três
fno também executar algumas opera- estações terrestres.

Ções de controle dos seus veículos, da com Vênus,


No caso experiência
realizar exercícios de comu- transferir o
ginástica, não foi à URSS
possível
nicar-se com a Terra e entre si e, fi- uma trajetória
veí culto da órbita para
nalmente, aterrar em uma área Em conseqüência o
prede- interplanetária.
terminada. a 8 de feverei-
Sputnik VIII (lançado
Êsses lançamentos seriam ainda to- 10 1961) a grande distância
de passou
nados como base de estudo uma Na segunda tentati-
para daquele planêta.
tentativa de colocar em órbita uma va, veículo não chegou sequer a
o
plataforma capaz de servir de base para deixar sua órbita.
lançamentos de outros veículos foi o Sput-
(tri- Outro fracasso soviético
pulados por um ou mais homens), que a 1° de novembro de
nik 30, lançado
Poderiam deslocar-se no espaço duran- satélite, que pesava
1962. Êsse
'e de tempo mais ficou silencioso
períodos prolongados. cêrca de uma tonelada,
Os objetivos divulgados da série encontrava a uns 190 mil
já se
quando
Cosmos são os seguintes: Marte, no dia 19 de
de
quilômetros
último.
junho
Estudar de
a concentração par-
Além dessas experiências parcialmen-
tículas carregadas na ionosfera para frustradas, os soviéticos
tecialmente
investigação da radiotividade.
tiveram outros fracassos. Acredita-se
Estudar e
os fluxos corpusculares malograram menos seis lan_
que pelo
as ce baixa energia. altitudes.
partículas espaciais a grandes
çamentos
Estudar energética
a composição Um dêsses fracassos ocorreu prova-
do cinto de radiação da Terra. do ano
velmente em agosto passado,
Estudar magnético da dois em setembro, e os demais em ou-
o campo
Terra. tubro e novembro de 1962 e em janei-

Estudar das ro dêste ano. Presume-se que o obje.


a composição primária
radiações a variação de in- tivo dos três primeiros lançamentos
cósmicas e
tf,nsklade elas apresentada. dessa série era permitir a realização de
por
188 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

testes com Vênus; os dois seguintes primeiro navio mercante atômico pro-

com Marte; o sexto com a Lua. duzido utilização comercial e aS"


e para
sim batizado em homenagem ao pri-
Se a experiência de agosto tivesse
meiro navio a vapor a cruzar o Atlân-
sido bem sucedida, frisa Krieger, o veí-

seu objetivo — Ve- tico.


culo teria atingido

nus — a de dezembro de 1962, uma


7
Problemas — Como se sabe, além
semana antes do sucesso que os ameri-
dos Unidos, outros —
Mariner Estados países
canos conseguiram com o II.
Japão, União Soviética (que já cons-
Ültimamente, continua o relatório,
truiu o quebra-gêlo Lenine), Alemã"
não tem havido referência ao progra-
nha Ocidental Grã-Bretanha — se
e
ma lunar soviéticío. A 4 de janeiro
acham presentemente empenhados no
último, entretanto, foi lançado o Sput-
desenvolvimento de projetos de navios
nik 33,indicando que alguma coisa deve
movidos a energia nuclear. Também
estar para acontecer nesse campo.
a Euratom (organismo atômico do
O objetivo aparente dessa experiên-
Mercado Comum Europeu) e a Agên-
cia seria transferir o Sputnik 33 de
cia Européia de Energia Atômica
uma órbita terrestre para uma traje-
(AEEA) têm estudos a respeito. NÜ
tória lunar. Ela terá sido, possível-
entanto, antes de se poder pensar em
mente, um prelúdio do já fartamente
bater novas quilhas, a ciência deverá
"assalto
anunciado em massa" da União
resolver dlois importantes problemas:
Soviética à Lua.

'
"Visão"— • Criar um reator nuclear
He Paulo 19.7-63 que gere
S.
energia suficiente para a propulsão do

navio, a competitivos com os


preços
métodos convencionais.

•iPi^ovar os navios
MARINHA DO FUTURO TOMA que propelidos

CORPO por energia nuclear podem operar com

segurança.

Com base nas últimas conquistas da O dêsses itens, segundo


primeiro
ciência nuclear, um grupo de afirmam cientistas americanos, está em
pesquisa-
dores da Universidade de Michigan, vias de ser solucionado indústria
pela
EUA — há 13 anos vem traba- dos Estados Unidos. O segundo é mais
que

lbando no chamado Michigan Memo- complexo e dêle dependerá também em

Project —, elaborou re- a óomercial


rial—Phoenix grande parte utilização

centemente uma série de esboços que dêsses navios.

ser considerados uma antevisão Enquanto todas as nações não se con-


podem
da marinha do futuro. vencerem de que os barcos movidos por

O aspecto fantasmagórico de energia nuclear podem atracar sem pe"


quase
alguns dêsses barcos lembra as naves rigo de explodir, o único remédio será

imaginárias das histórias de science- operar essas embarcações experimen*

No entanto, os esboços se ba- talmente. Assim será feito com o Sa-


fiction.

searam nas conclusões a chegaram vannah, cujos 8.060 quilos de combus-


que
aquêles cientistas durante os trabalhos tível atômico lhe proporcionam uma au-
'O tonomia de mil km — ou seja, o
de construção do N. S¦ Savannahj 540
189
RESPIGA

navio-auxiliar de uma frota de


equivalente meses ininterruptos de como
a A2
Concebido em formato de bul.
Navegação• pesca.
fim de reduzir a resistência da
Como é óbvio, está no reator o maior bo, a

casco e assim aumentar a sua


problema cientistas, água ao
enfrentado pelos
que em criar uma marinha velocidade.
pensam
— Hydrofoil, transporte de
mercante atômica. O reator de um na- 2 para

vio com acomodações na parte


não opera em local isolado, como passageiros,
se localizará também o
°s reatores comuns. Êle deverá muitas central, onde

vêzes central é flanqueada


trabalhar em portos de cidades reator. Essa parte
vagões de observação, supor-
Populosas e sob as mais diversas con- por dois
dições Para elevar o na
atmosféricas. Por outro lado, o tados por hydrofoils.
volume do nível da água, serão utili
de energia nuclear por êle ge- vio acima
rada depen- que o
sofrerá grandes oscilações, zados motores a jato-propulsão,
dencio da manobra a executada. á velocidade necessária.
ser impulsionarão
— Navio de efeito de chão, para
2
Além desses — todos exi_ longas, a velocidade.
problemas viagens grande
gindo um indice de segurança acima de e formato aerodinâmico lhe
Suas asas
qualquer suspeita —, o reator de um acima da superfície
permitirão alçar_se
navio tem outros a enfrentar, tais como será obtida
o!a água. A propulsão por
tempestades, incêndios, colisões, etc. ou
meio de hélices retráteis por pno-
Dos acidentes sofridos dispositivos serão
51 graves por a ar. Êsses
pulsores
navios no 1949-1959, foram da atracação e
período 34 recolhidos no momento
considerados cientistas como ca- lentamente,
pelos a velocidade será reduzida

pazes de danificar sèriamente um rea-


até tocar o cais.
tor e, conseqüentemente, de — Projetado
provocar Trew submarino

Um despreendimento de energia nuclear tempo na superfície,
evitar mau
para
Qu poderia contaminar áreas enormes. uma série de vagões de
consistirá em
Projeto Phoenix — Os navios esbo- serão rebocados
carga e passageiros que
Sados pelos cientistas que trabalham no da costa submarino atô-
ac longo por
Projeto Phoenix estão estuda, de destino, cada
já sendo mico. Em seu pôrto
dos Comissão de Energia Atômica <4 da composição ,
pela vagão" se destacara
dos EUA. dirigirá a estação
emergirá e se para

«Salientam aquêles pesquisadores que, de passageiros.


embora ou subma-
os barcos possam parecer pouco Submarino.cargweiro

convencionais, "deve — Para viagens em rotas


ser lembrado que rino-tanque

entre Europa e a Asia, em


há apenas dez anos as naves espaciais polares, a

e águas bloqueadas na superfície pelo


os satélites artificiais também pare-
ciam Poderá ser operado por controle
improváveis". gêlo.
remoto ou pequena tripulação.
por
Sâjo nove os navios do futuro:

— Pescador, que mergulhará a fim


Navio-fábrica 1, no desenho),
(n.°
de capturar cardumes de peixes e plane-
industrializar alimentos du-
que poderá
tons, serão posteriormente indus-
rante a viagem e estocá-los indefinida- que
trializados e vendidos.
mente sem risco de deterioração. Se"

con- Perfurador-submarino, para per_


ria utilizado, para —
principalmente,
furar o fundo do mar em busca de de-
gelar, enlatar e salgar peixes, atuando
390 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

pósitos de petróleo ou de O óleo montadas em tripés se encarregarão de


gás.
cru ou o gás encontrado serão bom- lhe a mobilidade.
garantir
beados um navio-tanque. na super, — Laboratório, com acomodações
para 9
licie. estudantes e e autono-
para passageiros
8 — Coletor dg minério, mia de navegação de algumas semanas-
que poderá
escavar o fundo do mar em busca de Contará o laboratório com biblioteca,

minérios, cujos depósitos serão locali- laboratórios e salas de aula o es-


para
zados por meio de ondas de rádio. De- tudo da oceanografia e da agricultura

pois de carregado, o coletor poderá le- submarina .

var o minério para um navio de super,

Hélices "De "Visão —-


ficie ou porto mais próximo. S. Paulo 20-963
NOTICIÁRIO

O INTEGRA DO DISCURSO PRO_


PRESIDENTE DO BRASIL

COMPARECE NUNCIADO PELO ALTE. DE ESQ.


AOS FUNERAIS
SYLVIO BORGES DE SOUZA MOT-
DE S.S. JOÃO XXIII
TA, MINISTRO DA MARINHA,

POR OCASIÃO DAS SOLENIDA-


Sua Excelência o Presidente "DIA
DES DO DO SOLDADO", F.M
da República, interpretando a
25 DE AGÔSTO DE 1963.
profunda emoção causada no po-
Vo brasileiro falecimento do
pelo
Papa João XXIII, resolveu com- Excelentíssimos Senhores Minis-

parecer às cerimô- tros de Estado


pessoalmente
frias fúnebres celebradas no Va- Excelentíssimos Senhores Ge-

ticano. O Dr. João Goulart, nes- nerais

ta significativa homenagem, tra- Minhas Senhoras

duziu os sentimentos filiais da Meus Senhores

nação ao Pontifice da Excelentíssimo Senhor General


brasileira

paz e concordia entre os homens. JAIR DANTAS RIBEIRO

Outros chefes de Estado com- Digníssimo Ministro da Guerra

pareceram, igualmente, entre

êles o Presidente dos Estados Nenhum dever me seria mais grato


Unidos América do Norte. Os do o de, na data de hoje, saudar,
da que
Srs. Goulart e Kennedy tiveram, em nome da Força Aérea Brasileira e

assim, em Roma, de rea- da Marinha de Guerra, o Exército Na-


ocasião,
lizar uma entrevista, na qual cional, quando se comemora o centéssi-

trataram de assuntos de interês- mo sexagéssimo aniversário do nasci-

se os dois rnento de LUIZ ALVES DE LIMA E


para países.
SILVA, o Duque de Caxias, e em que

E DA a Nação inteira glorifica, no Dia do-


SAUDAÇÃO DA MARINHA
Soldado, a memória do Patrono do nos-
AERONÁUTICA AO EXÉRCITO,
so Exército.
NO DIA DE CAXIAS
Ocasiões como esta são propícias a

na ín- uma pausa em nossas fainas diárias, e


Damos, a continuação,
a uma análise das tarefas cumpridas e
tegra, o discurso pronunciado
Syl- das atividades a realizar.
Almirante de Esquadra
pelo
Motta, Mi- E poucos momentos encontraríamos
vio Borges de Souza
ocasião mais adequados para êsse exame de
nistro da Marinha, por
"Dia
do do Sol- consciência do que a data em que cul—
das solenidades
tuamos o Patrono do Exército Nacional.
dado":
192 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Personalidades há fugindo à roti- final do combate à revolução dos Far-


que,
"Abracemo-nos
na do anonimato relêvo em suas rapos: e unamo-nos
ganham
atividades transcedendo para marcharmos, não peito a peito, mas
profissionais,
seus feitos os limites da existência in- ombro a ombro, em defesa da Pátria

dividual passarem às páginas da que é nossa mãe comum".


para
História.
Cumprida a etapa de restauração da
A figura do Duque de Caxias é uma nacional
união então em .perigo, novos
dessas personalidades que simbolizam, no e novas
encargos tarefas lhe foram con"
Panteon da Pátria, as virtudes excelsas fiados. As guerras do Prata e a Cam"
da Nacionalidade. Narrar-lhes os feitos
panha contra o Paraguai novamente de-
e descrever-lhes a vida eqüivale, por safiaram do
a capacidade e a coragem
assim dizer, a relatar a própria História
excelso soldado, que delas se desincum"
do Brasil, pois os episódios de sua exis-
biu com a mesma competência e com
cia confundem-se com as páginas mais
a mesma bravura tantas vêzes demons*
belas da vida brasileira.
trada. Quando a tormenta política pro"

curou comprometer a sua tarefa na


Na data de hoje, portanto, nada mais

e sábio reviver-lhe Guerra do Paraguai, envolvendo-o na


oportuno que a exis-

tência tôda ela luta entre os partidos, a sua atitude foi


gloriosa, voltada à de-

fesa dos supremos interêsses da sempre de desambição, altruísmo e sim-


Pátria

e que pode, na época atribulada plicidade.


que
atravessamos, servir de guia os
para Uma figura de tão altos predicados
nossos atos e nossas ações, na conduta
e tão alta capacidade seria chamada a
exemplar que norteou a sua vida.
desempenhar funções políticas, seja como

A carreira do soldado insígnç e a Ministro, seja como Presidente do

ocasional pelas atividades po- Conselho de Ministros, mas nesses pos-


passagem
líticas nos evocam, continuamente, o tos sua atuação sempre se guiou pelo
modêlo seguro de um militar cuja preo- mesmo espírito de sacrifício e de des-
'preendimento.
cupação constante residiu sempre na Na atividade político-
-partidária,
defesa da Pátria estremecida. nunca procurou impor qual-

quer solução que não fôsse da vontade


As campanhas empreendidas nas vá-
soberana da Nação, e isso, dirigin"
por
rias regiões contra levantes e subleva-
do-se certa vez a um de seus correligio-
ameaçaram em risco a in-
ções que pôr "Só
nários pôde afirmar corajosamente:
tegridade da Pátria, foram êle
para
não os acompanharei se quiserem subir
oportunidade de restaurar os laços que
ao poder por meios ilegais, a
pois para
ligavam várias provincias do Império,
desordem não vou por causa nenhuma".
temporàriamente ameaçadas por mani-

festações de agitação. Assim, esse patrimônio foi a vida


que
cie Caxias deve estar sempre na
O combate a êsses focos de subversão pre-
sença de todos os brasileiros, como mo-
representou o esforço bem sucedido de
dêlo de uma existência devotada aos
reconduzir ao seio da Nação êsses ir-
supremos interêsses da Pátria, e a
mãos revoltosos. Sua em guia
palavra era,
nos inspirar nos atos dos dias de hoje.
tôdas as ocasiões, uma voz de concilia-

cão e de congraçamento. A unidade nacional,


preservação da

Por isso, disse êle ao iniciar a fase que nos cumpre manter a cada passo,
NOTICIÁRIO 193

MAIS TRÊS UNIDADES PARA


não se acha hoje mais ameaçada pela
irmãos, REFÔRÇO DA MARINHA
rebelião manifesta de nossos

como ela a DO BRASIL


outrora, mas paira sôbre

ameaça latente pela dispari"


provocada
datle flagrante de condições de vida e No dia 6 de agosto chegou ao

regionais. Rio o Navio-Varredor Juruá, re-


por profundos desequilíbrios
incorporado à Mari-
centemente
Torna-se imprescendivel a realização da Fôrça
nha e fará parte
que
tias reformas, a fim de combater essas A nô-
de Minagem e Varredura.
situações deprimentes e reconduzir as
foi recebida em alto
va unidade
regiões desfavorecidas ao mesmo ímpeto O
mar demais da Fôrça.
pelas
desenvolvimento do resto do País. autoridades
Javari levou a bordo
Estamos seguros que, com a graça de imprensa.
e representantes da
Deus, iremos realizar essas reformas,
tripulação é de 4 oficiais e 34
Sua
no mesmo espírito de e de concórdia as
paz O Juruá apresenta
praças.
com o Brasil enfrentou, no passado de seus
qu; mesmas características
transformações de igual natureza. Jutaí e
irmãos de classe Javari,

uruema 42 m de
J , possuindo
Xo momento histórico em que vive-
comprimento, 8 de bôca e 2,5 de
nios, Senhor- Ministro, Senhores Geiie-
desloca 303 1 e sua ve-
calado;
rais, estão as Forças Armadas fiéis à
de cruzeiro é de 14 nós.
locidade
sua tradição mais do centenária,
que feita dois mo-
A é por
propulsão
unidas em torno do seu Comandante-
diesel. Dispõe de recursos
tores
-em-Chefe, Presidente da República Dr.
com tôdas as
para comunicar-se
João Goulart, e atentas ao cumprimento
faixas de freqüência normalmen-
de seus deveres constitucionais de ins-
Acha-se dotado de
te utilizadas.
tituições organizadas com de
permanentes, duplas
duas metralhadoras
base na hierarquia e. na disciplina. recursos
20 mm, g de modernos

destacando-se o
de navegação,
A festa de hoje tem significado mais
Loran. Seu equipa,-
radar e o
alto demonstra irretorquivelmente
porque des-
mento de varredura permite
a unidade das Forças Armadas e o com-
minas de contacto ou
truicão de
promisso solene de que não permifire
Comanda o Juruá
de influência.
mos a cizânia marche em nossas
que Filho, sendo
CC Valdir Barroso
fileiras, o
porque estaremos congregados
o CT Roberto Fer-
seu imediato
tm defesa da Pátria, a fim de que o
Os CTs Júlio Pedrosa e
reira.
Brasil em sua marcha ascen-
prossiga de Azevedo Muller
José Maurício
sional, em direção ao seu glorioso des-
respectivamente, chefe de
são,
tino.
máquinas e oficial de varredura.

Renovando, Exmo. Sr. Ministro, as

felicitações da Mari- O Ministro da Marinha man-


da Aeronáutica e

nha, nosso dou incorporar ao Serviço da


pela data máxima do querido
Exército, sinceramente Armada a partir de 7 de setem-
desejamos que

novos venham a se aos bro os submarinos Rio Grande


sucessos juntar
do maior de nossa do Sul e Baia. Os Avisos decla-
passado, para glória
Pátria". \ rando a incorporação são os de
194 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

n.0s 1643 e 1644 de 12 de agosto Como despedida da anterior


e assim estão redigidos: fase da vida do navio, foi ofere-
"Essas unidades cedidas ao cido um cocteil a bordo pelo vice-
Brasil em cumprimento de acôr- almirante Hélio Garnier Sam-
do de cooperação mútua com os paio, Diretor Geral de Hidrogra-
Estados Unidos da América do fia e Navegação, no dia 29 de
Norte, representam substancial agosto, aos ex-comandantes do
reforço à Arma Submarina da Navio-Escola, entre os quais se
M.B. e possibilitam ao nosso pes- encontram o Almirante de Es-
soai treinamento efetivo num quadra Pedro Paulo de Araújo
agrupamento dos equipamentos Suzano, ex-Ministro da Marinha,
mais avançados na tecnologia o o Almirante de Esquadra atual-
naval. mente à frente do Ministério,
Exprimem, ainda, a consecu- Sylvio Borges de Souza Motta.
ção do propósito da alta admi-
nistração naval de reequipar a 2.° CENTENÁRIO DO ARSENAL
Marinha Brasileira, dentro das DE MARINHA DO RIO DE
nossas possibilidades financeiras JANEIRO
atuais, a fim de torná-la apta a
bem cumprir a sua missão de Com diferentes atos públicos
resguardar a nossa soberania e está se celebrando o 2.° centena-
colaborar na defesa continental. rio da criação do Arsenal de Ma-
Ostentam elas nomes gloriosos rinha do Rio de Janeiro. Entre
de nossa Marinha, os quais sa- as homenagens prestadas a essa
berão honrar, mercê de Deus e grande organização, honra da
da dedicação, entusiasmo e com- MB, no dia 25 de julho e em re-
petência profissional dos seus conhecimento pelos relevantes
oficiais e praças. serviços prestados ao desenvolvi-
Bahia e Rio Grande do Sul! mento da construção naval no
que o destino lhes reserve dias Brasil, o Conselho nacional de
de glória e que toda a sua pun- Engenharia e Arquitetura fêz en-
jânça esteja sempre ao serviço trega ao estabelecimento da me-
da Nação! Que seja: Tudo pela dalha do Mérito de Engenharia.
Pátria". A condecoração foi entregue pes-
soalmente pelo presidente da-
^entidade,
No corrente mês de setembro quela engenheiro J. H-
terá início o trabalho de trans- Tolentino de Carvalho ao diretor
formação do NE Almirante Sal- do Arsenal, almirante Moacir Ro-
áanha em navio oceanográfico. drigues da Costa.
Entre outras reformas radicais, Também, dias antes, no salão
a Câmara que servia de aposento nobre do Arsenal, realizou-se a
aos comandantes e de sala de cerimônia de entrega de uma ofe-
recepção às autoridades que os renda do "Her Magesty Dockyard
visitavam será transformada Potsmouth", constituída por duas
num bem montado laboratório miniaturas de canhões. Fizeram
para pesquisas oceânicas. a entrega o Adido Naval da Grã-
NOTICIÁRIO 195

John Tresham de Comandante-em-Chefe-de-Es-


Bretanha, Coronel
da o Presidente da Repúbli-
Checktts e o Comandante quadra,

Whitby, ca dirigiu-lhe a seguinte carta:


Fragata" Inglêsa HMS
"Exmo.
D. H. Sr. Vice-Almirante An-
Capitão de Fragata G.
de Andrade — Cor-
C. Como retribui- tônio Cezar
Sample, D. S.
Saudações — Por indicação
o Arsenal diais
ção àquela oferenda,
so- do Ministro da Marinha, Almi-
de Marinha do Rio de Janeiro

HMS rante Sylvio Motta, e atendendo


licitara ao Comandante do
"Her seu atual estado
o unicamente ao
Whitby leve para
que
de saúde estou assinando decreto
Majesty Dockyard Postmouth"

2.° concedendo exoneração a V. Exa.


um Brasão comemorativo do

de Mari- do honroso cargo de Comandan-


Centenário do Arsenal
da Esquadra. La-
nha do Rio de Janeiro. te-em-Chefe

mento o meu Govêrno se veja


que
momentâneamente da
REORGANIZAÇÃO DO privado
cooperação de V. Exa., seja como
2° ESQUADRÃO DE
o Almirante mais antigo em Co-
CONTRATORPEDEIROS
mando no mar, seja em qualquer

outro setor da administração na-


Por decreto foi
presidencial
vai. Espero, poder em bre-
2-.° Esquadrão de Contra- porém,
criado o
ve contar com o seu valioso au-
torpedeiros constituído da
pelos
xílio. Agradecendo sinceramente
classe A: Acre, Ajuricaba, Apa,
cs leais serviços ao meu
e Araguari. prestados
Amazonas, Araguaia
Govêrno, faço votos por que
Estas unidades ante-
pertenciam
V. Exa., se restabeleça rápida-
ao 1.° Esquadrão. Es-
riormente
mente, a Marinha e o País
de 3 canhões de 127 pois
tão dotadas
muito ainda esperam da dedica-
4 de 40 mm, 6 tubos lança-
mm,
e do trabalho profícuo do
2 calhas e 2 ção
dores de torpedos,
ilustre Almirante. Aproveito a
bombas de Prp_
morteiros para
oportunidade estender à sua
de rádio para
fundidade, equipamento
Excelentíssima família minhas
e radar dos mais modernos, po-
cordiais saudações. Ass. Jão Gou-
velocidade de
dendo desenvolver
lart".
São capazes de efetu-
até 32 nós.

diversas missões den-


ar as mais
táticos mais atua- FALECIMENTO DO
tro dos planos
tanto em ações_anti-sub- COMANDANTE DO
lizados,
em missões de su- SUBMARINO HUMAITÁ
marino quanto
ou anti-aéreas.
perfície
Num acidente, quando limpa-

CARTA PRESIDENCIAL AO va sua faleceu a 9 de ju-


pistola,

VICE-ALMIRANTE ANTÔNIO lho, a bordo do navio de seu co-

ANDRADE mando — o submarino Humaitá,


CEZAR DE
— o CF Noísio Pena de Oliveira.

motivo de exoneração, a Especialmente dedicado à nave-


Com

do Vice-Almirante Antô- gação submarina, o brilhante ofi-


pedido,
nio Cezar de Andrade, do cargo ciai possuia os cursos realizados
196 KEVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

nos Estados Unidos de Oficial de dos Portos do Estado de Alagoas

Son, Comando de Submarinos e sobre as Agências e


jurisdição
Escola de Guerra de Newport. Capatazias do baixo S. Francisco.

Foi imediato do S. Tirríhira e co- (Boi 28/63) .

mandante dos Submarinos Tupi O Decreto N.° 52 113, de 17-

e Hzimaitá. Possuià 1270 horas 6-63, dispõe sôbre firmas e rubri-

de imersão. cas em documentos e processos.

(Boi 28/63).
O Decreto N.° 52 150, de 25-
ATOS ADMINISTRATIVOS
6-63, retifica o de N.° 51 127, de

O Decreto n.° 5 200, de 14- 31-7-62, que aprova o enquadra-

Regulamento de mento dos cargos e funções no


5-63, altera o

24/63) . Ministério da Marinha. (Boi


Promoções (Boi
É o desenho do 28/63).
publicado
O Decreto N.° 52-163, de 28-
Distintivo concedido à Escola de

Marinha Mercante do Rio de Ja- 6-63, aprova e o Regula-


publica

neiro, em 1-4-59. 24/63) . mento para formação de Oficiais


(Boi
O n.° 52 029, de 20- Engenheiros e ingresso no Corpo
Decreto

de de Engenheiros e Técnicos Na-


5-63, aprova o Regulamento
vais. (Boi 28/63).
Uniformes a Marinha Mer-
para
O Decreto N.° 52 164, de 28-
cante Brasileira. (Boi 24/63).
O 24-5-63 6-63, cria funções gratificadas na
Aviso N.° 953, de
Marinha. (Boi 28/63).
cria o Grupo de Instalação da
O Aviso N.° 1 283, 28-6-63,
Escola de Aprendizes-Marinheiros
altera instruções sôbre redação
de Alagoas. (Boi 24/63).

O de correspondência oficial da MB.


Aviso N.° 1 023, de 30-5-63,

normas orga- (Boi 28/63) .


dispõe sobre para a
O Aviso N.° 1 306, de 2-7-63,
nização do Quadro de Acesso.
altera o regulamento provisório
(Boi 24/63) .
É a Base Aérea Naval de São
ordenado luto oficial em para
Pedro de Alcântara. (Boi 28/63) .
todo o Pais, por cinco dias, pelo
O Aviso N.° 1 336, de 2-7-63,
falecimento de Sua Santidade o

XXIII. 25/63) . estabelece o de priori-


Papa João (Boi programa
A N.° 134, de 6-6-63, dades de construções navais.
Portaria

o das van- (Boi 28/63).


condiciona pagamento
N.° 4 O Aviso N.° 1 262, de 26-6-63,
tagens fixadas Lei 019,
pela
de decla- altera o de N.° 1 386, de 3-8-62,
de 1962 à apresentação
na Dire- referente a regimentos internos
ração de rendimentos
Órgãos, Estabelecimentos e
toria de Serviços Gerais. (Boi para
Repartições da Marinha. (Boi
25/63).
Por 1 109, de 14-6- 29/63) /
Aviso N.°
O Aviso N.° 1 340, de 4-7-63,
63, são incorporados à Armada

os Navios-Varredores Juruá e Ju- o Regulamento dos prê-


publica

rema. 25/63) . mios escolares do Colégio Naval.


(Boi
O Decreto N.° 52 109-A, de (Boi 29/63) .
O Decreto N.o 52 262, de 16-
11-6-63, concentra na Capitania
NOTICIÁRIO 197

7-63, altera o Regulamento para aprova taxas de socorro maríti-

o Corpo do Pessoal Subalterno da mo. (Boi 31/63).

Armada. 30/63). O Aviso N.° 1 447, de 22-7-63,


(Boi
O Decreto N.° 52 265, de 16- resolve dar o nome de Dona Vi-
7-63, altera o articulo 15 do De- centina Goulart ao escolar
grupo
creto N.° 48 921, de 8-9-60, sôbre construído Marinha na área
pela
enquadramento de funcionários Visconde de Inhaúma, em Brasí-

públicos. (Boi 30/63). lia. 31/63).


(Boi
O Aviso N o 1 443, de 18-7- O Decreto N.° 52 304, de 26-
63, autoriza aos alunos estrangei-
7-63, altera temporàriamente o
rcs matriculados na Escola ou no
Regulamento de Promoções para
Colégio Navais o uso dos unifor-
Oficiais da Marinha.
mes correspondentes da Marinha
O Decreto N.° 52 314, de 31-
Brasileira. (Boi 30/63).
7-63, aprova o Regulamento para
—A Lei N.° 2 242, de 17-7-63,
a cobrança do empréstimo com-
iixa novos valores os venci-
para instituído Lei N.°
pulsório pela
mentos dos servidores civis e mi-
4 242, de 17-7-63. (Boi 33/63) .
litares; institui empréstimo com-
O Decreto N.° 52 310, de 29-
pulsório e cria o Fundo Nacional
7-63, cria Grupo de Trabalho
de Investimentos. (Boi 31/63).
Misto de Meteorologia (GTMM),
O Decreto N.° 52 263, de 16-
coordenar os serviços meteo-
para
7-63, institui o Escudo de Armas,
rológicos dos Ministérios da Agri-
o Estandarte e o Selo da Escola
cultura, Marinha e Aeronáutica.
de Marinha Mercante do Pará.
(Boi 35/63) .
(Boi 31/63) .
O Decreto N.° 32 363, de 16-
O Decreto N.° 52 266, de 17-
8-63, fixa os valores da etapa das
7-63, na forma que esta-
proibe, Forças Armadas. 35/63).
(Boi
belece, a nomeação ou admissão
-— O Decreto N.° 52 364, de 16-
de (Boi 31/63) .
pessoal.
8-63, aprova a tabela de fixação
O Decreto N.° 52 271, de 17-
de valores de complemento à Ra-
7-63, cria o Comando Naval de
ção Comum para a Marinha.
Natal (Boi 31/63).
(Boi 35/63).
O Decreto N.° 52 272, de 17-
O Decreto N.° 52 378, de 19-
7-63, altera o de N.° 42 410, de
8-63, constitui Grupo de Traba-
5-10-57, alterou a composi-
que üho estudo da atualização do
para
do Almirantada. (Boi 31/63).
ção Código de Vencimentos e Vanta-
O Decreto N.° 52 273, de 17-
gens dos Militares. (Boi 35/63) .
7-63, altera o Regulamento do O Aviso N.° 1 443-A, de 18-
Comando Naval de Brasília. (Boi 7163, designa, sob a presidência
31/63). do Contra-Almirante Waldeck
O Aviso N.° 1 418, de 17-7-63, Lisboa Vampré, Grupo
o de Pia-
"Hino
manda adotar o do Quar- nejamento da Marinha. (Boi 35
tel de Marinheiros", cuja letra e 63) .

música (Boi 31/63). Pelos Avisos


publica. N.°s 1 643 e
O Aviso N.° 1 448, de 22-7-63, 1 644. de 12-8-63, são incorpora-
198 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dos Armada os Submarinos O Decreto N.° 56 448, de 1-9-


à

Bahia e Rio Grande do Sul. 63, concede à Marinha de Guerra


(Boi
"Marinha
do México o do
36/63). prêmio
São as Brasil". (Boi 37/63).
promulgadas partes
Por Aviso de 7-3-63 — O. D.
vetadas Presidente da Repú-
pelo
N.° 26/63 — é incorporado à Ar-
blica e mantidas pelo Congresso

Nacional à Lei N.° 4 242, de 17 de mada o NO Belmonte. (Boi 37,

de 1963, fixa novos va- 63).


julho que
lores os vencimentos dos
para
servidores, civis e militares, do
NOTA: Por uma inadvertência
Poder Executivo. (Boi 37/63).
de revisão, ao darmos a
A Lei N.° 4 250, de 8-8-63,
notícia, no nosso número
retifica a Lei N.° 3 994, de 9-12-61,

fixa anterior, da promoção


estima receita e a des-
que
do CMG (FN) Washing-
o ano financeiro de
pesa para
ton Brasão Braga, apa-
1962. (Boi 37/63).
O receu a notícia como
Decreto N.° 52 423, de 30-
tendo sido elevado ao
8-63, cria sistema legal de uni-

no Brasil, ba- pôsto de vice-almirante,


dades de medida

quando o fora ao de con-


seado no trabalho do Instituto

Medidas. tra-almirante.
Nacional de Pesos e

(Boi. 37/63). L. M.
NECROLOGIA

RRm. Capitão de Fragata


Vice-Almirante
ARNALDO DA COSTA VARELA
KDGARD SERRA DO VALLE

PEREIRA

Faleceu no dia 14 de de 1963.


junho
Faleceu no dia 7 de julho último o
assassinado a bordo íto NHi Cano pus
Yice-Alimirante RRm Edgard Serra do
de era comandante, o capitão de
que
Valle Pereira.
fragata Arnaldo da Costa Varela.

Vice-Almirante (Md)
AUGUSTO TOSCANO DE RRITO Capitão de Fragata

NOISIO PENNA DE OLIVEIRA


Faleceu no dia 29 de janeiro de 1963.

em sua residência, neste Estado da A bordo do submarino Humaitá fa-

Guanabara, o vice~almirante leceu, vítima de acidente, no dia 9 c!e


(Md.)
Augusto Toscano de Brito. julho do corrente, o seu comandante,

capitão de fragata Noisio Penna de

Oliveira.
Contra-Almirante: Ref."

MARIO DE ALBUQUERQUE IJMA

Capitão (/>¦?' Corveta


Em sua residência, nesta cidade do
ANTONIO MANHÃES DE MATTOS
Rio de faleceu no dia 1 de
Janeiro,
março do ano corrente, o contra-almi.
A 14 de junho do corrente ano fale-
rante ref.° Mario c'e Albuquerque Lima.
ceu, assassinado a bordo d0 NHi Ca-
«opus de que era imediato, o capitão
de corveta Antonio Manhães de Mattos.
Capitão de Fragata, Ref."

ALEXANDRE DE AZEVEDO LIMA

A de de 1963 faleceu em sua Cap. de Corveta Ref


9 julho
residência, no Rio de Janeiro, o capi- HUGO OROSCO

tão de fragata ref.0 Alexandre de Aze-

vedo Lima. Faleceu a 24 de janeiro do ano em


curso o Capitão de Corveta Ref Hugo

Cap de Fragata Orosco.

HOMERO MANIH ABOUD

No dia de março do ano corrente


4
faleceu o Cap le Fragata Homero Ma- As famílias enlutadas a Revista Ma-
nih Aboud. rítima Brasileira envia condolências.
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Destinada aos interesses da Marinha Nacional de Guerra e Mercante

ASSINATURA ANUAL

No Brasil Cr$ 600,00

No Estrangeiro (mais o Cr$ 2.000,00


porte postal)

As assinaturas devem começar sempre no mês de janeiro

Número avulso Cr$ 150,00

Número atrasado CrS 300,00

Tôda correspondência destinada a esta Revista deve ser reme-


tida com este endereço: "Revista
Marítima Brasileira"
(SDGM) — Edifício do Ministério da Marinha - Rio de Janeiro"

Aos nossos assinantes rogamos o especial obséquio de reno-

varem sempre em tempo oportuno as suas assinaturas, a fim


v
de não haja interrupção na remessa da Revista.
que

Igualmente nos comuniquem mudança


pedimos que qualquer

de residência, a fim de que não haja extravio.

Das marinhas de comércio e de recreio, solicitamos o favor

de nos enviarem, sempre quaisquer informações


que puderem,

úteis ou notícias de interêsse geral dignas de


publicação.

Admitimos a inserção de anúncios, dos


principalmente

se relacionam com a vida marítima, mediante en-


que prévio
tendimento.

Os pagamentos, de assinaturas, de anúncios,


quer quer
de pessoas residem desta Capital, só ser
que fora poderão fei-
tos mediante cheques e vales postais
"Pereira
Lavai o Carneiro"!

-v-, ^^*

Si ' 1_
Mar reservado para mais dois transatlânticos

Entregue pela Verolme à Comissão de Ma- de 7.250 TDW, cada um, acabam de ser
rinha Mercante... lá vaio"PereiraCarneiro"!... assinados pela Verolme e a Comissão de Ma-
a singrar os mares do mundo com a ban- rinha Mercante. Saudemos o evento como
deira brasileira drapejando no mastro. São uma esplêndida certeza de que este país
"dead weight" de navega na rota certa de seu brilhante futuro.
10.500 toneladas progresso
que o Lloyd Brasileiro incorpora à economia
nacional. E não são ainda suficientes. É pre-
ciso mais, assim o exige o desenvolvimento
do comércio marítimo, a necessidade de
estarem as riquezas do Brasil presentes em
todos os portos do mundo. E estarão...
Verolme
ESTALEIROS REUNIDOS DO BRASIL S. A.
pois agora mesmo novos contratos para a Estaleiro Jacuacanga - Angra dos Reis • RJ.
construção de mais 2 navios transoceânicos (Membro do Centro Industrial do Rio de Janeiro)
ESTA REVISTA MANTÉM INTERCÂMBIO COM AS
SEGUINTES PUBLICAÇÕES:

ARGENTINA — Boletín dei Centro Naval — Biújula — Revista


de Publicaciones Navales — Revista dei Mar.
BÉLGICA -— .La Revue Maritime Belge.
CANADÁ — The Crownest — Canadian Geographical Journal.
CHILE — Revista de Marina — Memorial dei Ejército de Chile
— Revista de Caballeria — Revista de Artilleria.
COLÔMBIA —Armada.
CUBA — Cultura Militar y Naval — Boletin dei Ejército.
DINAMARCA —J.L. News.
EQUADOR -- Revista Municipal.
ESPANHA — Revista General de Marina.
ESTADOS UNIDOS — Electrical Communication —17. S. Naval
Institute Pioceedings — Foreign Affairs — Revista
Aérea Latino Americana — The Journal of Politics —
Journal of Research — Naval Aviation News — AU
Hands - Safcty Review-Navigation - - Naval Trai-
ning Bulletin — Research Review — Civil Engineer
Corps — Naval Aviation News — Inter-american
Review of Bibliography.
FRANÇA — La Rcvuc Maritime La Houillc Blanche — Triton
— Neptunia.
INGLATERRA — Endeavow — The Journal of the Royal
Artillery — The Journal of the Institute of Metals —
The Dutch Shipbuilder.
ITÁLIA — Revista Maritlima — Bolletino di Informazioni Marit-
time.
MÉXICO — El Legionario.
PERú — Revista de Marina.
PARAGUAI — Boletín Naval.
PORTUGAL — Anais do Clube Militar Naval — Revista de
Marinha.
URUGUAI — Revista Marítima — Revista Militar y Naval.
VENEZUELA — Revista dei Ejército, Marina y Aeronáutica —
Revista de las Fuerzas Armadas.
TERMOS NÁUTICOS
(Nautical Terms)
Acha-se à venda no Serviço de Documentação
Geral da Marinha, 3.° pavimento do Ministério da
Marinha, o dicionário em brochura, TERMOS NAU-
TICOS — Português-Inglês — Inglês-Português —
de autoria do capitão-de-fragata (R) A. de Azevedo
Lima
DICIONÁRIO MARÍTIMO BRASILEIRO

Esta excelente publicação, elaborada por um


grupo de distintos oficiais da Marinha de Guerra,
reúne nada menos de 4 000 verbetes de termos e
expressões da linguagem técnica e da gíria navais
brasileiras da atualidade. Os interessados poderão
adquiri-la no Instituto Técnico do Clube Naval, ou
diretamente no Serviço de Reembolsável da I_v-
prensa Naval, ao preço de Cr$ 250,00 o exemplar.
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ATACADISTA DE CEREAIS

Pereira Júnior - Cereais S/A.


Casa fundada em 1888

End. Telegráfico: junetto


Códigos:
Mascote, Ribeiro, Samuel Rua Miguel Couto, 115
a.b.c. 5.a ed., Particulares Telefone 23-5727
RIO DE JANEIRO
«ÍT<^e^©<^^3$$<__^_HSH^S^><WKS><íl>5^S><í
I
ANO LXXXII — Outubro, Novembro e Dezembro de 1963 — N.°s 10, 11, 12

Revista Marítima Brasileira


Publicação do Ministério da Marinha

SEDE: SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA


Ed. do Ministério da Marinha — Fone 23-8490 — Ramal 154 — Rio de Janeiro

SUMÁRIO
SEMANA DA MARINHA 9
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS (Continuação) CMG (EN) Yapery T.
de Britto Guerra 17
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS — Conferência pronunciada
pelo Conselheiro Galba Samuel Santos 31
A GUERRA HODIERNA E O BRASIL — Contra-Almirante César da Fonseca 63

TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK A VOLTA DO MUNDO —


(1776-1780) (Continuação) Tradução de F. A. Machado da Silva 69
O SISTEMA DE PROMOÇÃO DE OFICIAIS NA MARINHA AMERICANA —
CMG Júlio César de Sá Carvalho "77
ORAÇÃO A BANDEIRA — Almirante Antão Alvares Barata 89
ORIENTANDO A INDUSTRIA — A PADRONIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
E MATERIAIS PARA A CONSTRUÇÃO NAVAL — Eng.° Nabuo Oguri.. 95
RADARES TRANSISTORIZADOS DE ELEVADA POTÊNCIA PARA NaVTOS
DE GRANDE E PEQUENA TONELAGEM 103
REVISTA DE REVISTAS — N. de A. 109
A Eletrônica no campo de batalha 109
Assalto Anfíbio 122
Publicações recebidas 137
AVIÕES E SUBMARINOS — P. de M. 139
Na Marinha do Brasil 139
(Problemas atuais relativos às instalações de carburantes de aviação a
bordo de Porta-Aviões 1*5
Algumas considerações sobre a aviação no 25.° Salão Aeronáutico de Paris 157
Submarinos e Aviação Naval nas Marinhas Estrangeiras 161
RESPIGA 173
Homenagem à Marinha Brasileira 173
Com 200 anos a testemunha de Cook se recusa a falar 175
Novo processo de combate à poluição do mar 178
NOTICIÁRIO — L. 181
BIBLIOGRAFIA — L. 190
-NECROLOGIA ... 191
Os conceitos emitidos nos artigos assinados re-
presentam o pensamento de seus autores e não
acarretam necessariamente identidade de opiniões
"Revista
da Marítima Brasileira".
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO GERAL DA MARINHA

(S. D. G. M.)

DIRETOR

Vice-almirante LEVY ARAÚJO PAIVA MEIRA

Revista Marítima Brasileira

REDATORES

Chefe: — Cap.-Mar-e-Guerra R. Rm. Levy Scavarda


(AM),

Secretário — Luiz Augusto Ferreira de Moura

Nelson de Araújo Lima

COLABORADORES

GMG. Dr. Darcy de Souza Medina


Al te. Ernesto de Mello Baptista
Alte. Lucas Alexandre Bolteux GMG. Hélio Leoncio Martins
Al te. César da Fonseca CMG. Oyama Sonenfeld de Mattos
Alte. Antão Alvares Barata Yapery T. de Britto
CMG. (EN)
Alte. Juvenal Greenhalgh
Guerra
Alte. Gerson de Macedo Soares
Prof. Pedro de Miranda
Alte. Osmar Almeida de Azeredo
Rodrigues GMG. (IM) Francisco Ferreira

CMG. Francisco Neto


de Souza Maia
Júnior CF. José Geraldo Brandão
Registrada no Departamento Nacional de Propriedade

Industrial, do Ministério do Trabalho, Indústria e Co-

mércio sob n.° 191.188 — 27-12-1956 (Decreto-Lei n.° 7 903,


de 27-8-1945) e no Registro Civil das Pessoas Jurídicas,

sob n.° 1 248 — Livro B — N.° 2, de 12 de setembro de

1957; Alvará: n.° de ordem 12 381 — Livro A — N.° 2


Semana da Marinha
MENSAGEM DO MINISTRO A nheiros que não se encontram no nosso-
MARINHA convívio e que, pela senda do dever e
àa honra, partiram para a eternidade.
— O Ministro da Marinha, Almiran- TAMANDARÉ! Símbolo e guia. Sim-
te Sylvio Motta, dirigiu a toda a Ma- bolo de impecável dignidade militar, de
rinha a seguinte mensagem: bravura, dp patriotismo, de coragem,
"Ao considerar de civismo, de cavalheirismo e de brasi-
iniciada a Semana
da Marinha de 1963, dirijo-me a todos lidade. Guia espiritual; sua vida é um.
militares e civis da Marinha do Brasil exemplo de cidadão, de marinheiro e
lembrando que ao exultarmos as glórias dc militar; a pátria foi a paixão ardente
de nossos antepassados, sem esquecer o de seu civismo, a guerra o campo em
espírito de evolução do qual não pode- que a sua pugnacidade nunca foi ultra-
mos nos afastar, estaremos preparando passada e o mar o palco atraente e
nossos companheiros mais jovens para deslumbrante., onde enfrentava com ga-
manterem os atributos que herdamos e lhardia todas as vicissitudes aprimo-
sem os quais não deve existir uma Ma- rando o vigor físico, a bravura, a ele-
rinha: patriotismo, espírito de classe e gância moral, as belas maneiras gentis,
disciplina. Assim, espero que todos os o nobre caráter e o grande coração.
os componentes da família naval se ca- A Marinha dedicou toda sua exis-
tência de cerca de cem anos. Ini-
pacitem de que essas qualidades são
fundamentais à manutenção de nossas ciou sua carreira fulgurante no ocea-
centenárias tradições e que elas nos no, no fragor das lutas da Independên—
cia e terminou sua vida de guerreiro no-
preparam para bem servir ao Brasil".
Prata ainda sob o troar da artilharia. *
"E
ORDEM DO DIA DO CHEFE DO quando as armas sc ensarilham e
ESTADO-MAIOR DA ARMADA — as velas se recolhem, os canhões emu-
DIA DO MARINHEIRO— 13 de DE- decem e o fumo da guerra se dissipa*
ZEMBRO. "Dia de evocação do passado Tamandaré se entrega, em comissões
de glórias da Marinha; de preparação no exterior e em missões internas, ao
para o futuro; de reafirmação e de incon- fecundo trabalho de paz c à obra do
dicional lealdade à nossa Pátria. Dia de reaparelhamento de sua Marinha". MA-
homenagem a Tamandaré, insígne Pa- RINHA! Tem sido teu destino servir
trono da Marinha de Guerra; de sau. ao Brasil! Consolidando sua Indepen-
dade e de reverência a todos os mari- dência, mantendo sua unidade política»
10 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA
<

integridade, defendendo sua soberania -Esquadra,


Chefe do Estado-Maior da
e pacificando seus filhos. Assim foi nas Armada

guerras pelas bandas do Prata, do Pa-

raguai, da Patagônia e nas Primeira e PALAVRAS DE AGRADECI MEN-


Segunda Guerras Mundiais; assim foi TO DO SR. MINISTRO DA MARI-
nas lutas da Independência, Confederam
NHA, ALMIRANTE SYLVIO MOT-
cão do Equador, Setembrizada, Abrilada,
TA AOS CUM1PRIMENTOS DO SR.
Cabanagem, Balaiada, Farrapos e
MINISTRO DA GUERRA, GENE-
Praieiros. MARINHEIROS! Toda essa
RAL JAIR DANTAS RIBEIRO,
apoteose de eternas epopéias de nossa
DURANTE AS HOMENAGENS DO
Marinha, ao longo de um passado de
EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA,
cerca de um sêcido e meio,- foi conste-
NA SEMANA DA MARINHA DE
guido, sobretudo, porque a ordem, a dis-
1963, EM SESSÃO SOLENE REA-
ciplina e a hierarquia foram as batizas
LIZADA NO SALÃO NOBRE DO
dessa trajetória luminosa que ela vem
EDIFÍCIO DO MINISTÉRIO DA
singrando¦ Servir à Marinha é dar
MARINHA, RIO DE
muito mais de seu do que receber; é JANEIRO.
"enfrentar
com galhardia, beleza e boa

mente as duras da "Em.°


provações profissão, Sr. Ministro da Aeronáutica.
ãs severas restrições impostas pela dis- Exmos. Srs. Generais e Brigadeiros.
ciplina e pelo desconforto.; é dedicar_ Exm.° St. Ministro da Guerra.
-se ao seu serviço preparando-se 2 pre-

parando-a para atender a qualquer cha-


Agradeço, sumamente penhorado, em
mamento da Pátria. Aqueles assim
que nome da Marinha de Guerra, as pala-
não procedem, os que dela se aproveitam
vras tocantes e generosas com V.
que
para outros misteres se equivocaram ao
Exa., falando pelo Exército Nacional e
transporem as soleiras das Escolas de
pela Força Aérea Brasileira, homena-
Aprendizes Marinheiros, dos Quartéis
geia a nossa Corporação ocasião
por
de Fuzileiros e da Escola Naval, pre- da passagem do Dia do Marinheiro.
tendendo servida- A nossa classe não Há 156 anos, nesta data, nascia no
constitui casta; é de sacrifício e de ab- Rio Grande do Sul Joaquim Marques
negação; e nesta hora de angústia do Lisboa, que se iria notabilizar numa
mundo, de ameaças dos direitos de li- vida gloriosa e cheia de toda ela
feitos,
berdade em que vivem os do oci- dedicada
povos à Marinha de Guerra e aos
dente, quando sentimos entre nós a sua serviços da Pátria, lhe valeu rem
qiue
ronda sinistra e solerte, dessas ameaças, ccber do Império o título de Marquês
Marinheiros do Brasil, reafirmemos so- de Tamandaré. Anualmentef neste mes—
Iene e energicamente a Marinha mo dia 13 de
que dezembro, comemora o
sempre voltada ao serviço da Pátria País o Dia do Marinheiro, no dia do
combaterá os inimigos do regime, da nascimento de seu Patrono.
democracia cristã, da liberdade1, do res- A cerimônia
que agora assistimos, em
peito à dignidade humana e Deus se congregam
que que oficiais das três Ar-
com seu poder onipotente, dirige e aben. mas, é o testemunho insofismável do es-
çôa o destino dos povos, continue ve- de concórdia
pírito e de harmonia
que
lando nossa Pátria. — confirma
por (os) José a união inquebrantável das
Luiz da Silva — Abnirante-de- Forças
Júnior Armadas Brasileiras.
SEMANA DA MARINHA 11

A Marinha dc Guerra sente-se feliz Por isso mesmo, nenhuma oportuni.

cm receber hoj.e a homenagem do Exér- dade mais propícia do que esta em que
cito e da Aeronáutica, demonstrando a Nação comemora a Semana da Ma-

claramente o sentido de unidade que rinha, numa homenagem que nos toca

tios congrega, e a certeza de que cm muito particularmente, para reafirmar-

vosso seio não o sentimento iiíos conjuntamente a certeza de nossa


florescerá
da cizânia £ da desunião. Saberemos união c a confiança nos dias futuros.
manter a todo risco o espírito de dis- As homenagens que nesses dias, em

ciplina e de respeito à autoridade, a toda a Nação, se tributam à Marinha

fim de que possamos dar ao País um d-e Guerra nos enchem de pesadas res-

clima de segurança e tranqiilidade de no sentido dc cumprir-


ponsabilidades

que necessita hoje, mais do nunca, mos, de forma cada vez mais completa,
que

prosseguir resolutamente a sua os compromissos assumidos com a Pá-


para

gloriosa caminhada¦ tria.

O General Jair Dantas Ribeiro, Ministro da Guerra, no momento em dirigia a


que
saudação à Marinha, em nome do Exército e da Aeronáutica, durante a Semana da
Marinha. Estão presentes ao ato os Srs. Ministros Sylvio Motta e Anysio Botelho.
12 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

As tarefas da segurança nacional, nos nossos. irmãos de armas do Exército e


dias de hoje, não se resumem na sim- da Aeronáutica, sob Comando-em-
o

pies defesa da Pátria contra as possL Chefe do eminente Presidente João


veis agressões, nem na manutenção do Goidart, as Forças Armadas do Brasil
território nacional, mas ganham um saberão manter-se às suas respon-
fiéis
sentido mais amplo na fase ora habilidades, assegurando
que o clima de paz-
atravessamos. A necessidade de alcan- e de tranqüilidade indispensável ao bem-
carmos. nos prazos mais rápidos pos- estar da brasileira.
família
síveis, níveis mais elevados de padrão Excelentíssimos Srs. Generais e Bri_
de vida, e o esforço de acelerar o de-
gadeiros.
senvolvimento econômico e social do Ao renovar os nossos profundos
País, impõe às Forças Armadas novos agradecimentos
pelas palavras que pro-
e sérios ônus. Nós militares, respon- nunciou o ilustre Ministro da Guerra,
sáveis pela integridade nacional, não fiel intérprete de VV. Exias., motiva-

podemos nos divorciar da realidade na- das esta


por amizade que nos une,
cional e dos anseios do povo brasileiro. Exército, Aeronáutica e Marinha, rei-
As Forças Armadas não podem ficar tero a expressão de a Marinha de
que
alheias à disparidade flagrante de con- Guerra saberá retirar dessas homena-
dições de vida e aos profundos dese_
gens e do carinho que a Nação vem
qmlíbrios regionais. lhe tributando, novas reservas e novos-
Em nossos estudos procedidos nas estímulos para prosseguir, nos dias que
Escolas de Estado-Maior verificamos
virão, as suas tarefas na defesa da Pá-
com satisfação, o grande impulso do tria g da Nacionalidade.
País em sua industrialização, porém,

também constatamos várias extensas ALOCUÇÂO DO SR. CARVALHO


áreas subdesenvolvidas cuja população PINTO, MINISTRO FAZENDA
DA
vivê como sem o direito de aces-
pária
Na cerimônia em homenagem aos
so às condições mínimas de um ser
mortos da Marinha de Guerra e da
humano.
Marinha Mercante realizada, no dia
As transformações o País 9
por que
de dezembro, às io,oo horas, no Mo-
passou 110 setor econômico e social, no
numento aos Mortos da 2.a Guerra.
último decênio, torna imperativo a reor-
Mundial, o Sr. Carvalho Pinto, Mi-
ganização de sua estrutura, a fim d<í
nistro da Fazenda, orador oficial da
que possa o Governo atender, de forma cerimônia, saudando a Marinha,
pro-
eficiente, aos reclames do bra- "Meus
povo nunciou o seguinte discurso:
sileiro.
senhores: Sinto-me honrado e desva-
A realização das reformas de base necido com o convite me
que foi feito,
se toma uma necessidade urgentea
para ser o orador desta cerimônia em
fim de que não se quebre o ritmo dsi a
que pátria cultua, reverente, a me-
progresso dos últimos anos, mas a rea- mória dos seus mortos, da Marinha de
hzação dessas reformas iremos Guerra
fazê-la, e da Marinha Mercante, sacri-
com a mercê de Deus, dentro do mes.
ficados nos tiorvos dias da Segunda
mo espírito de isenção e de tranqüi- Guerra —
Mundial. Gratidão do povo
lidade com que no passado realizou a Sei não seria o Ministro da Fa-
que
Nação reformas de igual monta. zenda o mais indicado, essa tare-
para
Estamos certos que, juntamente com fa, a emoção e o sentimento-
quando
SEMANA DA MARINHA 13

se expres- à nossa espera : Devemos, nós próprios,


patriótico procuram, para
ssarem, senão as da linguagem, abrir o nosso caminho, constituí-lo ao
galas
menos as altas, eloqüen- nosso modo. Têm os brasileiros sufi-
pelos palavras
tes e lapidares, não destoam da ciente sensibilidade e espírito idealista
que
austera simplicidade da coroa dos he- para fasê-lo; e têm mais, a suprema

róis. Aqui estou, no entanto, porque coragem de dar a sua vida, pela vida,

está comigo o coração brasi- pela vida melhor e mais digna dos seus
sinto que
nossas ci- Sacrifício fecundo —
leiro, aquele que pulsa nas semelhantes.

dades e ¦nos campos, nas casernas e o mundo soçobrar nas


Quando parecia

nas oficinas, nas escolas e nos escrito- trevas do despotismo; quando o espí-

rios, todo este vasto Brasil. Neste rito sucumbir* à força bruta;
por parecia
momento, é êle certo que fala. Ê a civilização ocidental sentia,
por quando

o operário, é o estudante, é o campo- estarrecida, o tropel dos bárbaros,

nês, ê o é o intelectual, é o quando a liberdade parecia enrolar e


professor,
humilde homem dos nossos sertões... baixar sua bandeira; quando se liber-

É o Brasil eterno, enlaça o pas- tavam os instintos mais ferozes e a


que
sado ao no pai- humanidade estremecia, tocada de
futuro,e projeta grande
nel do os miraculosos frutos das e de horror.. . Os nossos
porvir perplexidade
lutas e dos sacrifícios, dos sonhos e das Marinheiros, ao lado dos nossos Sol-

esperanças. O Brasil transforma, aqui, dados e Aviadores levantaram bem

os seus mortos em símbolos, em ban- alto o de uma terra bendita,


pendão
deira, em signo sempre vivo no cami- cm tôdas as raças se congregam,
que
nho do seu destino. São eles que nos em os corações se na con-
que fundem,
dizem, na sua linguagem suprema, e na Sacrificaram-se, os
fiança pas.
fixada para todo o sempre, que as valentes hoje cultuamos. Sacrifica-
que
Forças Armadas Brasileiras são, efe- nós, os nossos
ram-se por para que
tivamente, o baluarte da nossa fc, a realizem, os nossos
ideais se para¦ que
garantia da nossa liberdade, a seguran- esforços os cami-
prossigam, para que

ça do nosso progresso pacífico e a nhos continuem a ser abertos. Não se

guardiã intemerata da nossa honra. sacrificaram, certo, hoje,


por para que
Novos tempos — Estamos, senhores, no egoísmo, displicen-
contidos pelo pela
limiar de novos tempos. Não significo, cia, desânimo ou covardia,
pelo pela
com essas palavras, que se aproximem pudéssemos permitir aos aventureiros,

horas apocalípticas, ou que a convulsão aos aproveitadores aos demagogos, aos

social bata às nossas Quero reacionários da esquerda ou da direita


portas.

dizer o nosso País deve encontrar que se afrontassem às tradições de


que
os seus dignidade, e de respeito humano, de
soluções próprias para proble-
mas, soluções não ordem jurídica e de trabalho constru-
e que essas poderão
desconhecer do social nos tivo, à sombra das quais se plasmou
o primado
dias em vivemos. Desejamos esta grande pátria. Sacrificaram-se,
que
çonstruir e fortalecer uma nação, fiel ao contrário, para que nos fosse pos-
aos valores culturais e éticos se sível vencer as dificuldades de hoje e
que
exprimiram ao longo de sua história, assegurar o futuro, para que possames
mas firmemente decidida a criar e a dominar a miséria, a doença e o anal-

desenvolver um tipo de convivência fabetismo, para que nos seja possível

humana a enobreça e exalte. Não dar igual oportunidade a todos os bra-


que
há, isso, nenhum caminho aberto sileiros, para que a regra moral preva-
para
14 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

lecesse entre as nações e o homem se justamente merecedor do título de Pa-


reduzisse à condição dos brutos. Bem trono da Marinha de Guerra. A come-
podem, os nossos mortos gloriosos, nos moração da Semana da Marinha
que
inspirar nos dias presentes. Podem mais: ora celebramos tem características mui-
podem cobrar, silenciosamente, o nosso to peculiares que faz essa comemoração
quinhão de luta e de sacrifício. Podem transcender do âmbito de um simples
nos dizer, a cada momento, que há ato de rotina militar, para se converter
qualquer coisa por que pugnar t por que numa data significativa da vida cívica
morrer. Podem nos indicar o caminho, brasileira- Nesta semana tão cara para
na indecisão; podiam nos retemperar, nós da Marinha de Guerra, nos vários
na fraqueza; podem nos fazer confiar, rincões da Pátria, nas escolas, nas
fá-
quando outros desesperem. A Pátria bricas, nos locais de trabalho, através
não esquece nunca a voz dos seus he- dos meios de divulgação, se enaltece e
róis. Deles não é o passado, a som- se exalta os feitos gloriosos da Mari-
bra. o sofrimento, mas a glória do fu- nha de Guerra do Brasil. E a signifi-
turo e a renovada esperança dos ho- cação desses atos não têm somente a
mens". característica de cultuar uma das armas
ORAÇÃO RADIOFÔNICA PRO- das nossas Forças Armadas, aquela de-
NUNCIADA PELO SR. MINISTRO dicada aos misteres do mar, mas abrange
DA MARINHA, NO DIA 13 DE e inclui toda uma tarefa que assume im.
DEZEMBRO DE 1963, DURANTE portância fundamental na vida do País.
AS COMEMORAÇÕES DA SEMA- O Brasil, cuja descoberta foi um re-
NA DA MARINHA. sultado de uma revolução marítima que
Portugal empreendeu no Século XV,
O Ministro da Marinha, almirante traz, desde essa época, a marca pro-
Sylvio--Borges de Souza Motta, dirigiu
funda de um País ligado intimamente
através a Voz do Brasil a seguinte às atividades marítimas. Durante esses
mensagem: "Brasileiros: Esta é uma quatro séculos de vida constituímos uma
oportunidade feliz qute a Voz do Brasil civilização litorânea, cujo único meio de
da Agência Nacional nos ofereve para comunicação foi e tem sido o transporte
falar, em nome da Marinha de Guerra, pelo mar, e ainda que agora esteja-se
na ocasião em que se comemora a pas- iniciando um esforço admirável de con-
sagem de mais uma Semana da Ma- "Hinterland" —
quisto do nosso onde
rinha. A 13 de dezembro de 1807 nas- aliás há um papel muito importante a
cia, no Rio Grande do Sul, Joaquim ser desempenhado pela navegação
Marques Lisboa, Barão, Visconde, Con- flu-
vial — o caracter de um País que re-
de e Marquês de Tamandaré, que numa cebeu através do mar os produtos dc
trajetória gloriosa pela Marinha de que necessitava o elemento humano
Guerra deixou escritas páginas das mais que aqui vinha se radicar e os instru-
significativas da nossa vida militar. É mentos de cultura e civilização
que mol-
assim que tendo prestado relevantes ser- daram a sua
formação, deixaram traços
viços por ocasião da Independência, na profundos. Poder-se-ia ver em caracte-
rebelião da Confederação do Equador, rísticas da vida brasileira, o desejo de
na revolta Maranhense e sobretudo nos comunicação, a franqueza, conseqüên-
episódios da Guerra do Prata, legou-nos cias de wi País voltado para o mar. Ê
um exemplo admirável que o fez mui assim como uma contingência
de um cor.-
SEMANA DA MARINHA 15

dicionamento adquiriram dêsses heróis ignorados de-


geográfico que figura que
extraordinário relevo na vida nacional as ram suas vidas em defesa da Pátria.
atividades da Marinha de Guerra. Os A de 1945, mercê D^us,
partir de não
embates mais sérios asseguraram a. envolvemos
que nos mais em conflitos ar-
nossa independência foram Ira- modos, mas nem
política por isso terminou a
vados, como nos países latino-americanos, responsabilidade da Marinha de Guerra.
nos campos de batalha, mas no ambiente Permanecemos vigilantes na defesa dessa
do mar. E nessa ocasião, a bordo da extensa costa a natureza nos lé-
foi que
Niterói, que o então Joaquim Marques e os serviços da infra.-estrutura
gou,
Lisboa iniciou a sua gloriosa carreira a Marinha continuam a ser
que fornece
militar. E em vários do marítima
quando, pontos indispensáveis à navegação e

país, surgiram rebeliões intestinas que economia do Brasil. São os


à própria
ameaçaram em risco a unidade na.
pôr levantamentos da costa, as sondagens,
cional, novamente a Marinha de Guerra
a elaboração de cartas náuticas e tôdo
ali estava ativa, trazendo a sua con- um cabedal de conhecimentos dd que a
tribuição a manutenção da sagrada
para Marinha se incumba de obter e de di-
unnidadc nacional' Os acontecimentos
vulgar. Por outro ladoy nos seus cursos
da exterior, ainda no século
política de oficiais, nos seus centros d,<* apren-
passado, levaram a que o Brasil pegasse técnico nas inúmeras escolas
dizado e
em armas na defesa de seu patrimônio de aprendizes marinheiros, espalhadas
territorial em feitos memoráveis das nos vários do País, a Marinha de
pontos
guerras do Prata e do Paraguai Giierra do esforço
participa gigantesco
em que a figura de T am-andarê de das novas brasi-
preparo gerações
mais uma vez se desftacou com leiras, trazendo o de sua con-
quinhão
a bravura, o despreendimento e a cora- tribuição para o progresso educacional

gem, juntamente com i outros ilustres do País. Merece um destaque especial

militares como Barroso, Greenhalgh ie a do esforço que vem sendo


parcela
Marcílio Dias. No século atual a Ma- dado a vários empreendimentos públicos

rinha de Guerra chamada, mais uma e privados de vital importância para a


foi
vez, a desempenhar tarefas de relevân- economia nacional, no sictor industrial,

cia na manutenção da inte_ científico e tecnológico, por oficiais


fundamental
nacional. Ainda estão muito provindos dos quadros da Marinha de
gridade

de nós os episódios da Segunda Guerra. As profundas transformações


próximos
Guerra Mundial foi cometida que o progresso científico e tecnológico
quando
à nossa Corporação a tartefa de garantir produziram na guerra moderna ef na

o transporte marítimo no Atlântico Sul, condução das operações bélicas não pro«

contribuindo, ademais, se tor- vocaram, como pode parecer à primeira


para que

nasse com a urgência requeri- vista, uma superação das armas con-
possível,
da, a invasão da África, que foi um dos vencionais. Ainda hoje, nos dispositivos

fatores para a posterior mais avançados da estratégia militar, o


preponderantes
conquista da Europa e o rápido término da Marinha de Guerra continua
preparo
da conflagração mundial. Páginas me- a ter a mesma importância do passado,
moráveis escreveu a Marinha de Guerra e por isso mesmo, incumbe a nós brasi-

nesses episódios, mas na maioria dos leiros a obrigação de dotarmos o País,

casos permaneceram no anonimato a dentro do limite das nossas possibili-


16 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dades, de unia Força Armada habilitada com Vossa Excelência e, seu inter-
por
a desempenhar cabalmente suas funções, médio, com os demais integrantes da
no caso de uma conflagração armada. Marinha de Guerra do Brasil pelas co-

Para esse torna-se mister o rea- memorações da Semana,


fim a Associação
das nossas Forças Ar Brasileira de Imprensa
parelhamenío e o seu presi-
madas, e especialmente da Marinha de dente desejam expressar sua confiança
Guerra, a fim de adequá-la às novas ne- nos destinos da Armada enviando-lhe
necessidades da segurança nacional e esta mensagem de admiração e apreço.
<ios imperativos do progresso militar. Saudações atenciosas — as) Herbert
Nesse momento, em vários pontos do Moses — Presidente".

País, se está comemorando a passagem — O Presidente do Sindicato


de mais uma Semana da Marinha, e
dos Jornalistas Profissionais do
assim, a de que a palavra do Mi-
fim Estado da Guanabara enviou ao Mi_
nistro de Estado dos Negócios da Ma-
nistro da Marinha a seguinte mensa-
rinha alcançar todas as regiões "Excelentíssimo
pudesse Senhor Ministro:
gem:
do vim, por intermédio da Vos do
país, Os assistem, mais uma vez,
jornalistas
Brasil da Agência Nacional, transmitir com indizível alegria, as festividades
os agradecimentos da Marinha de Guer-
comemorativas da Semana da Marinha
ra pelas homenagens que tanto nos sen_ — acontecimento digno da tradição de
sibilizaram, e trazer-vos a certeza de nossa gloriosa Força Naval. Em tôda
a nossa Corporação continuará vi- a História do Brasil-,
que teve a Marinha
¦gilante e atenta na defesa dos sagrados saliente
participação não só em defesa
interesses nacionais". da Pátria como também na salvaguar-
da de nossas instituições. Páginas de
MENSAGENS DA ABI E DO SIN-
ouro, repletas de atos de heroísmo e
DICATO DOS JORNALISTAS
escritas com o sangue e va-
DO ESTADO generoso
PROFISSIONAIS
ronil dos nossos intrépidos marinhei-
DA GUANABARA
ros, foram ontem, são hoje e hão de
sê-lo amanhã e sempre, motivos de
— O Presidente da ABI, jornalista jus-
da to orgulho para tiveram a
enviou ao Ministro quantos
Herbert Moses,
ventura de nascer neste Refle.
mensagem: país.
Marinha a seguinte
tindo o sentimento de compõem
"Excelentíssimo Ministro da quantos
Senhor
o Sindicato dos Jornalistas Profissio-
Marinha — Recordando os feitos glo-
riais do Estado da Guanabara,
no permito-
riosos de nossa Marinha de Guerra
me vir à presença de V. Excia., Senhor
e sua brilhante atuação nos dias
passado Ministro, apresiMtar-lhe,
para e por
atuais, dirijo-me ao Excelentíssimo Se-
seu digno intermédio, a inte-
quantos
nhor Ministro Sylvio Motta e demais
gram a nossa intrépida Armada, os
altas autoridades assegurar-lhes o
para cumprimentos da classe even-
pelo grato
apreço e o orgulho dos jornalistas bra-
to que ora se quando se' home-
festeja,
sileiros. Voltam-se as atenções de mi-
nageia, merecidamente, a figura do AL
nha classe, ocasião da Semana con- mirante
por Marquês de Tamandaré, símr-
sagrada à Marinha, para os vultos ex- bolo da Marinha Brasileira. Queira
celsos que asseguraram a soberania da V. Excia. aceitar os de mais
protestos
Pátria e são hoje, na paz, fator de dis- alta estima e distinta consideração as.)
•ciplina e Congratndando-se Luiz Ferreira Guimarães, Presidente".
progresso.
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS

Yapery T. de Britto Guerra

Cap. de Mar e Guerra (EN)

(iContinuação)

III — DIQUES FLUTUANTES de, não o é menos só


que poderão
docar navios com segurança

quando estiverem fundeados em

locais abrigados e com profundi-

3.1 — Diques e suas dade suficiente manobra.


flutuantes para

vantagens em relação ao dique A profundidade, por sua vez, não


'3.2
sêco. — Tipos de diques flu- ser muito
pode grande, para
tuantes. 3.3 — Estabilidade. o fundeio em
poder permitir
3.4 — Reboque e condições de segurança. A eco-
propulsão pró-

3.5 — Compartimentagem. nomia em tempo e


pria. potência

3.6 — Equipamento e serviços. decorrente da não necessidade de

3.7 — Amarração fixa. esgotamento do dique para ar-

— Referências. ranjo dos blocos de -quilha e de


3.8

bôjo e ainda o custo relativa-

mente menor de construção, são

elementos importantes na esco-

3.1 — Diques e suas lha entre o dique flutuante e o


flutuantes

vantagens em relação ao dique sêco. Êste último embora

dique sêco: de construção mais cara,, exige

maior aos navios doca-


proteção

Um dique flutuante ser dos e apresenta custo de manu-


pode

encarado como um navio capaz tenção sensivelmente menor.

de levantar da água um outro e Assim, a escolha entre o di-

mantê-lo no nível desejado, pelo sêco e o dique flutuante tem


que

necessário, ação da ser baseada numa análise


tempo por que

sua flutuabilidade. Do cuidadosa dos fatores envolvidos


própria
de vista estratégico a mo- no sem esquecer, é ló-
ponto problema,
bilidade de um dique flutuante a frente de mar disponível
gico,
tem vantagens marcantes. Con- do terreno. O dique sêco con-

tudo, se é verdade êles podem some um comprimento pequeno


que
ser transportados de um lugar desta frente, enquanto o flutuan-

outro com relativa facilida- te, em geral, quando atracado


para
18 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ao estaleiro, tem que utilizar uma Destas dificuldades, nasceram

porção bem maior. os tipos de diques flutuantes

Quando os fatores tempo e mo- auto-docáveis, isto é, aquêles que


bilidade não forem de por meio de arranjos especiais,
primor-
dial importância, o dique sêco permitem utilizar o dique
próprio
deve ser as insta- flutuante docagens das di-
preferido para para
lações navais. ferentes secções constituem o
que
Ao leitor interessado mais pro- seu todo.

fundamente no assunto, reco- Os diques sólidos, isto é, aquê-


mendaríamos a leitura do traba- les que são construídos como um
"Transactions
lho nas
publicado corpo inteiro, apresentam vanta-
of the American Society of Civil
gem de simplicidade de projeto,
Engineers" — Volume 15, ano de melhor resistência estrutural,
1907, de autoria do Engenheiro
melhor rigidez e menor custo de
Civil L. M. Cox.
construção. Apesar disto, a des-

vantagem de não ser auto-docá-


3.2 — Tipos de diques vel, torna-o imensamente inferior
flutuantes: em relação aos diques seccionais,

ou seja, aquêles ser


Os diques flutuan- que podem
primeiros
divididos em partes e têm a
tes construídos tinham a carena pro-

priedade de poder docar


com formas semelhantes a dos qualquer
das partes mencionadas.
navios comuns. Eram os diques

do tipo fundo redondo e tinham Há vários tipos de diques flu-

a de ser tuantes seccionais. O tipo mais


propriedade poderem
"Havana",
inclinados cada bordo de antigo, foi
para projetado

modo a expor metade da carena por Clark e Standfield em 1895.

limpeza e conservação. O A figura 6 apresenta um desenho


para
original, foi diagramático dêste tipo de dique.
dique Bermuda,

a O convés é uma estrutura con-


construído dêste tipo. Quando
tínua, mas os lados são móveis.
operação de limpeza
primeira
Na figura indicada, Pé o flutuan-
foi efetuada, verificou-se a
que
te provido de quatro torres indi-
sua execução era tão perigosa
cadas com a letra T. Entre as
nunca foi tentada uma se-
que
torres, os lados ou flutuadores la-
gunda vez.
terais podem mover-se vertical-
A Marinha de Guerra possui
mente e serem fixados em
um dique desta natureza no nor- qual-
quer posição desejável.
te do País. As dificuldades e des-

com a sua conservação, em O seu funcionamento é relati-


pesas
virtude da impossibilidade de tra- vãmente simples. Para reparar

tá-lo flutuando, tem constituído os flutuadores laterais, afunda-se

uma fonte constante de o flutuador central e


preo- permite-se
cupações e despesas de vulto que os laterais flutuem na sua

a Administração Naval, es- mais alta Fixam-se os


para posição.
não haver dique flutuadores laterais nesta mais
pecialmente por
sêco na região, com capacidade alta e esgota-se o flu-
posição
suficiente para docá-lo. tuador central dando-lhe flutua-
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 19

F/G. 6

bilidade Dêste modo os to é constituído de três ou mais


positiva.
laterais ficam fora dágua e flutuadores fixados na parte in-
po-
dem conseqüentemente ser sub- ferior dos lados meio de co-
por
metidos a tratamento e conserva- nexões com e porcas. Qual-
pinos
dos flutuadores ser re-
ção, quer pode
tirado da água docagem.
Do mesmo modo, afundando os para
Para tratamento dos lados o di-
laterais até a sua posição mais
é inclinado ligeiramente, por
baixa e fixando-os nesta que
posição,
meio de admissão de água nos
elevar o central,
poder-se-á pela
tanques laterais externos.
flutuabilidade positiva dos late-

rais. A objeção a êste tipo A instalação de bombas,


grande por
é a necessidade de prover o dique meio de canalizações especiais,

com duas instalações de bombas pode ser conectada a qualquer


separadas. das partes, o elimina a prin-
que
"Havana", cipal restrição apontada do tipo
O tipo modificado
anteriormente descrito.
se constitui num progresso em

relação ao tipo A fi- Um dique dêste tipo é


primitivo. projeta-
gura 7 mostra um desenho dia- do as Bermudas Clark
para por
gramático dêste tipo de dique e Standfield e construído em
flutuante. Os lados são con- 1902. As dimensões
(S) principais
tínuos e o casco di- são as seguintes:
propriamente
20 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

r/G 7

n wi

F/e. a

Comprimento: 540 165 m lados devem resistir a todo o es-


pés=
Bôca: 126 = 38,4 m
pés fôrço fletor longitudinal. Como
Bôca inteira não são construídos estendendo-
livre 100 = -se
pés 30,5 m até ao máximo do di-
pontal
Capacidade: 17.500 toneladas.
que, terão que ser projetados
com resistência muito grande
O flutuador do centro tem 300 para suportar o esforço.
poder

pés de comprimento (91,4 m) e O tipo mais moderno de di-

os extremos 120 (36,6 m). ques auto-docáveis é o conhecido


pés
"caixa
Outra forma de dique flutuan- como articulada", cujo es-

te em os lados são contínuos quema constitui a figura 9.


que
e os flutuadores são docáveis é Neste tipo há três secções sepa-

mostrado diagramàticamente na radas e cada duas docar a


pode
figura 8. Observando-se a figura, terceira. As secções são cons-
verifica-se reparar e tra- truídas como estrutura completa
que para
tar qualquer flutuador, é o mes- e são ligadas entre si estojos
por
mo deligado do conjunto, afun- (parafusos A obje-
prisioneiros).
dado parcialmente, retirado e ção mais comum a êste tipo é que
docado na restante do di- uma instalação completa de bom-
parte

que. A objeção a êste bas deve ser montada em cada


principal
tipo consiste no fato de os secção. No entanto, se se usa
que
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 21

P'QüE FL U TUA n T/r

^=±=4—4—I—j—

l»l
<_! .MM I 111 I'
• X' ..
;'n,,i-I.|.I.I.I.I. ¦«mii
; j x
j;

energia elétrica, como acontece com a terra. Podem ser co-


ções
em tôdas as instalações moder- locados ao lado das oficinas e uti-
nas, não é a objeção tão séria lizar os seguindastes do próprio
como seria se a energia usada cais. A figura 11 mostra diagra-
fôsse vapor. Modernamente, divi- màticamente um dique desta na-

de-se a instalação em certo núme- tureza. Vê-se que o dique consiste

ro de unidades separadas, cada num flutuador com apenas uma

uma delas instalada nas diferen- parede lateral sua vez, é


que, por
tes secções do dique. Assim, com ligada à terra de carga
por paus
menor número de válvulas, ob- com movimento Quando
paralelo.
tém-se um esgotamento mais rá- se deseja docar o navio, enchem-
-se os tanques, afunda-se
pido. parcial-
O dique sêco Southampton é mente o dique e coloca-se o navio

um exemplo dêste tipo. A figura sobre os Esgotando os


picadeiros.
10 mostra-o esquemàtieamente. tanques o dique adquire flutua-

Como se vê, é dividido em sete bilidade e suspende o na-


positiva
secções: cinco secções medianas, vio. Os paus de carga servem

com 39,8 metros de comprimento manter a estabilidade de


para

(130 e 3 e duas secções conjunto.


pés pol.),
extremas, de 31,2 metros (102,6
das sete secções 3.3 — Estabilidade:
pés). Qualquer
ser desconectadas e doca-
podem
das no dique. Admitamos a figura 12 re-
próprio que
Os diques em L são usados presente um dique flutuante,

navios e médios. sem carga, flutuando na linha


para pequenos
São ligados a uma dágua WL. Nestas condições, o
geralmente pa-
rede ou outra estrutura pêso do dique e o impuxo atuam
qualquer
nas margens de um na vertical por KM e,
permanente que passa
rio ou braço de mar. São muito em virtude do de Ar-
principio
úteis nos locais onde o dique está em equi-
protegidos químedes,
se pode fazer as necessárias liga- librio.
22 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

^
on \

=—¦
i
X\\
I
\

r/S. n

Admitamos, a seguir, o di- vertical entre o centro de


que gravi-
que seja inclinado transversal- dade e o metacentro transversal.
mente de um ângulo, É, assim, de impor-
pequeno primordial
menor do oito Passará tância o cálculo de GM. Ainda
que graus.
êle a flutuar na linha dágua WL. da figura:
Em razão da variação na forma

do volume imerso, o centro de GM = KB + BM —KG.

carena B passará a B, e a ação

do impuxo a se fazer KB = Altura


passará do centro de ca-
sentir segundo B, M, o que in- rena acima do fundo;
troduz um conjugado de valor BM = Raio metacêntrico trans-
igual a a x GZ, tendente a fazer versai;

o dique voltar linhas nor- KG = Altura


às suas do centro de gravi-
mais de flutuação. A representa dade acima da
quilha.
o deslocamento do dique, na li-

nha de flutuação WL. O centro de carena é cen-


o
tróide do volume da água deslo-
Da figura, tira-se:
cada e, conseqüência,
por quando
= se calcula o volume imerso da
GZ GM sen <t
carena integrando as áreas dos
donde: diversos de flutuação até
planos
o calado correspondente a WL,
A x GZ = x x <p
A GM sen fácil será obter a verti-
posição
cal de B integrando os momen-
Daqui se conclui a esta- tos das mesmas áreas em rela-
que
bilidade inicial é uma função do ao fundo do dique. Com isto,
ção
ângulo de inclinação e da altura obtém-se o volume do desloca-
metacêntrica, isto é, da distância mento a e KB.
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 23

A altura do centro de grávida- raio metacêntrico é então


de é calculada ou estimada pelos função do momento de inércia da
métodos comuns, conhecendo-se área do plano de flutuação. O
a distribuição de pesos da estru- momento de inércia desta área
tura e acessórios. pode ser expresso aproximada-
Por outro lado, pode-se provar mente por:
que o raio metacêntrico, isto é, a
distância entre o centro de ca- = n B3 L
rena e o metacentro transversal B = Boca do dique;
(BM), é obtido dividindo-se o L = Comprimento entre per-
momento de inércia da área do pendiculares;
plano de flutuação em relação a
um eixo passando pelo seu centro n = Coeficiente que depende
de gravidade, pelo volume de des- da forma da área.
locamento. Analiticamente:
Assim:
n B3 L
BM = BM =

\M___ n *T JJ-

—\ 1
CONJUGADO DE ENDIREITAM ENTO .
__ X GZ
GZ - BM sen 6
A x gz * ú* GW * sen o

fig 12
24 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Donde se vê a bôca do di- que é medido divisão do mo-


que pela

que tem uma influência muito mento de inércia da área livre


maior do que o seu comprimento, pelo volume de deslocamento.

na grandeza do raio metacêntrico

transversal e, conseqüência, i
por
em GM.

Êste fato levar o leitor A


pode
menos avisado a admitir a al-
que
tura metacêntrica do dique flu- i = momento de inércia da área
tuante é sempre muito grande, livre em relação a um eixo

em razão da bôca ser sempre longitudinal


paralelo do di-
e por conseqüência, centro
grande que, que, passando pelo
não há com a estabili- de
problema gravidade.
dade transversal. Isto não é ne-

cessàriamente verdade e vamos O efeito físico da existência da


verificar porque. superfície livre é equivalente a

Quando o dique está sendo elevar o centro de de


gravidade

para docar um navio, uma igual a i/A.


preparado quantidade
a água é admitida nos tanques Como, na realidade, não há ele-

de lastro fazê-lo afundar vação do aludido centro, chama-


para
e permitir a entra- remos a êste efeito, elevação vir-
parcialmente
da do navio. Quando a água en- tual do centro de gravidade.
che completamente os tanques, o

efeito do de água admitida, Assim:


pêso
tende a fazer baixar a posição do

centro de uma vez que


gravidade,
GGV
de da água =
o centro gravidade
de lastro tem altura inferior a A

do centro de do dique.
gravidade
A variação na altura de G Esta correção tem de ser feita
pode
ser calculada para cada tanque onde houver
por:
superfície livre. Os resultados

KG x a são somados para produzir a cot-

= reção final.
GG,

X Uma explicação objetiva do


(A W)
efeito de superfície livre, seria

= lastro. considerar a área do plano de


W Pêso da água de
flutuação como perdendo partes

Quando, a água não equivalentes às diversas áreas dos


porém,
enche totalmente os tanques, e tanques onde houver superfície

êste é o caso do livre. Isto dar urra idéia


precisamente parece
dique em manobra, a existência mais do seu efeito sôbre
precisa
de superfície livre na água de a estabilidade. Considerando que
lastro, tem marcante influência o raio metacêntrico transversal

na altura metacêntrica. Pode-se BM = I/a a redução em área,

mostrar o efeito da existên- corresponderia à redução de I e,


que
cia de superfície livre num tan- por conseqüência, em BM.
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 25

É levar em conta Quando o dique está com o na-


preciso que,
as válvulas estão abertas vio docado, mais uma correção
quando
necessária — a corres-
para admissão de água de lastro se faz que
nos tanques, êstes ficam em co- à variação de G em virtude
ponde
municação intermédio de ca- do do navio. Assim o GM
por pêso
nalizações intermédio do do dique com o navio docado
ou por
mar. Assim as áreas a ser:
próprio passará
com superfícies livres passam,
— GM GGt -f- Gx G2 + GG^Gy
o efeito estamos estu- GM,
para que
dando, a ter dimensões equiva-
lentes à soma das áreas, e GGj = correção em virtude do
por
conseqüência, o efeito, de- da água de lastro;
que pêso
pende da das áreas, g^ k= correção em virtude do
grandeza
passa a ser bem mais do navio;
pronun- pêso
ciado. G,Gy = correção em virtude da

superfície livre.
Do exposto, fica patente que
a altura metacêntrica tem que
sofrer em virtude do efeito do As duas correções,
primeiras
da isto é, GGj e G1G2 ser obti-
pêso água e da superfície livre podem
nos tanques de lastro, isto é: das uso do ábaco I do artigo
pelo
A terceira, g2gv, meio
2.5.1. por
GMj — GM + GGj Gx Gy II. Aliás, convém cha-
+ do ábaco

mar atenção do leitor o fato


para
em gg, e ggv devem entrar de com êste segundo ábaco
que que
com o sinal se também obter a correção
próprio. pode

4 l
j'fP

s~~,
&— 1—L~ i i nij

ESC A LA EM PES
IO 5 IO 20 30 +&
' ' '
26 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

a altura metacêntrica da de estabilidade, máximo braço


para
em virtude da super- de endireitamento, ângulo onde
porta-batel,
fície livre da água de lastro. ocorre o máximo braço de endi-

reitamento e estabilidade dinâ-


A condição mais desfavorável
mica, só têm importância
sob o de vista de estabili- quando
ponto
o dique está sendo rebocado de
dade, ocorre o dique está
quando
um local outro, no mar.
levantando, com navio docado e para
Como isto ocorre raramente, as
a linha de flutuação é tangente
características citadas têm im-
ao tôpo dos blocos de quilha,
portância secundária em relação
como mostra esquemàticamente
à estabilidade inicial. São calcula-
a figura 13. Nestas condições,
dos pelos métodos normais utili-
BM é o mínimo porque a área
zados para os navios e devem ser
do de flutuação fica redu-
plano
lados levadas em consideração
zido à área dos do dique; quando

KG, do conjunto, é máximo se pretende projetar um dique


por-
se tem levar flutuante.
que que em consi-

deração o do navio e a al-


pêso
tura do seu centro de 3.4 — Reboque e
gravidade, propulsão
contada a de cima dos própria:
partir
blocos de quilha; KB é máximo

porque o volume imerso é máxi- ser dotado de


Para propulsão
mo. Portanto:
própria, um dique flutuante deve

ser com proa e lemes


projetado
GM = KB + BM — KG
de tamanho considerável. A po-
tência necessária, com exceção
é mínimo e a situação pode che- daquela para velocidades muito
a ser crítica. Recomendamos baixas, instalação
gar exigiria uma
nas condições indicadas, um GM de máquinas mui-
de capacidade
mínimo de um metro e meio, pa- to maior do necessária
que a para
ra assegurar a estabilidade ne- a operação normal do dique, de
cessária e suficiente. modo o excesso necessário
que
A determinação da altura do à só seria usado muito
propulsão
centro de na condição raramente. Assim não
gravidade parece
leve é de importância. econômico dotar os diques flu-
primordial
A estima desta no tuantes de propulsão
posição pro- própria.
e o próprio cál- Alguns estudos foram feitos
jeto preliminar já
culo depois de terminado o no sentido de utilizar a potência
pro-
final não dão esta caracte- das instalações de bombas para
jeto
rística com o necessário rigor. fornecer ao dique uma propulsão
Sugerimos assim seja o dique, auxiliar, com o objetivo de faci-

logo terminado e antes de litar a manobra e ajudar o ser-


que
sua utilização, submetido a uma viço dos rebocadores.

experiência de inclinação para O reboque é o meio mais


pois,
determinação rigorosa de KG. indicado a movimentação
para
As demais características de dos diques flutuantes. Alguns

estabilidade, isto é, limite, faixa dêles foram rebocados em dis-



ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 27

tâncias a 10.000 mi- O número de compartimentos


superiores

lhas, Dewey, deve ser suficiente para assegu-


como o americano

de Chesa- rar estabilidade durante as ope-


que foi levado da baía

num to- rações de docagem e, ao mesmo


peake até as Filipinas,
13.000 tempo, margem de segu-
tal de aproximadamente garantir

foi des- rança o dique em caso de


milhas. Esta operação para

no volume avaria. Por outro lado, deve ser


crita detalhadamente
"Proceedings lembrado um número exage-
19 dos and Ameri- que
rado de compartimentos, aumen-
can Society of Naval Engineers".

rebo- ta a dificuldade de instalação dos


O cálculo da de
potência
sistemas de canalizações, além
que ser feito intermé-
pode por
de tornar mais complicadas as
dio de num laboratório de
prova
de navios, co* operações manobra.
provas de modêlos para

mumente chamado Tanque de O alagamento é feito meio


por
Provas, ou aproximadamente, por de drenos ou válvulas, em cana-

processos analíticos. Os princí- lizações apropriadas com comuni-

pios em se baseia a determi- com a água. Em alguns di-


que cação
nação da fogem um com
potência as bombas,
ques grandes,
pouco ao escopo dêste trabalho, encar-
de inversão,
possibilidade
mas aos letores interessados da-
regam-se de apressar o alaga-
ríamos como referência o artigo
mento. É no entanto de primeira
"Importância Tan-
intitulado dos
importância que, qualquer que
de Provas na Indústria de
ques haja sem-
seja o sistema usado,
Construção Naval", na
publicado
de controle.
Brasileira e no pre possibilidade
Revista Marítima
de 1959 da O controle é feito por meio de
número de junho
Revista do Instituto de Engenha- sistemas de indicadores que mos-

ria do Estado de São Paulo. Êste tram a altura da água em todos

trabalho de mesmo autor que o compartimentos, o calado, a


os
dá uma idéia dos fatô- em tôdas
presente, banda e o trim do dique

res envolvidos e dos métodos em-


as condições. É um item de tal
a solução do "Bureau
pregados para pro- importância o of
que
blema. Docks and Yards" recomenda a

instalação de mais de um sistema


3.5 — Compartimentagem:
nos diques grandes.

dique Os tipos de indicadores usados


A divisão do casco do
são divididos em elétricos, hi-
estanques é
em compartimentos
dráulicos e e a des-
não só sob o ponto de pneumáticos
essencial,
mas tam- crição dêles ser encontrada
vista de estabilidade, pode
fàcilmente com as firmas espe-
bém no se refere à resistên-
que "Bureau
cializadas. O of Docks
Neste último as-
cia estrutural.
con- and Yards" na sua publicação
a compartimentagem
pecto "Design
Data" dá descrição su-
corre resistência
para produzir
mária dêstes três tipos. Neste
adequada à flexão longitudinal,
caso o leitor deve ter em mente
operando com navios pe-
quando
se trata de uma publicação
sados. que
28 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ABACO PARA CALCULO DE EFEITO


DE SUPERFÍCIE LIVRE
-100 -J-W —
BASEADO NA EQ.: 500

-90 b»# H
GV ""SO —600
12,(35). A

—TOO
b - LARGURA 00 COMPARTIMENTO —L 80
I -- COMPRJMENTO 00 COMPARTIMENTO — 800
A = DESLOCAMENTO DO NAVIO 90Q

70 —— '000

60 I

—1.500
-10.0 ~
— -50
— 50
2.000
"d~50
-
40 -
--30 ~

- 20 40 3,000

~
—i 52
g -
^ ^ —-4.000
=
S t S ^ _
8 5 --5JOOO
31
-" 1= 1
--3° | -
B 1
4
•§ 4" £ — 6.000
O _j
§
5 -
2 g-4-z o- «
° -q-7.000
2 I = s

- 25 —
1. aooo
—'—
* ~~ 9.000

— - 05 10.000

^
~
.02
15.000

.01

20.000
15

" 30.000

EXEMPLO: ~
*= 20 pes GG --Mi-" —r- 40,000
v 12*35*13 907 I
25 pfe
A: 13 907 tons I
—L 10 —1- 50.000
GG = 0.034 pés

/Jdúco IL
ESTALEIROS DE REPAROS NAVAIS 29
estar superada. Para o projeto da amarração
antiga e que como tal já pode fixa, são necessários os seguintes
itens:
3.6 — Equipamento e Serviços: 1) Máxima velocidade de vento
de duração igual a 5 minutos.
Não é possível estabelecer re- Esta informação pode ser obtida
gras fixas para a localização, ta- das estações metereológicas situa-
manho e número de cabeços, das nas vizinhanças ou, na falta
abitas, bonecas, defensas, turcos, delas, por meio da leitura das
escotilhas, vigias, dispositivos de cartas pilotos referentes à região;
centragem, reservatórios de água 2) Profundidade da água con-
e óleo, sanitários, cozinhas etc. tada até a camada superficial do
A melhor indicação sobre estes fundo e até a primeira camada
itens se obtém pelo estudo dos firme;
diques flutuantes existentes da li- 3) Diâmetro de rabiamento,
teratura a respeito, cujas referên- quando amarrado pela proa ou
cias são dadas no item 3.8. O popa e livre para rabiar;
arranjo dos blocos de quilha e de 4) Profundidade necessária pa-
bojo é semelhante do utilizado ra o tipo de dique flutuante que
nos diques secos. Aqui, porém, os estiver sendo estudado;
blocos'de bojo com controle re- 5) Área necessária ao fundeio,
moto são de uso muito mais geral, também de acordo com o tipo do
nos diques modernos. Em alguns dique flutuante;
diques modernos, os blocos de bo- 6) Curva de correção para ele-
jos são substituídos por escoras vação da amarra. Esta correção
operadas a motor, como indica permite determinar a distância
o sistema representado na fi- horizontal entre a doca e a ân-
gura 13. cora;
Êste processo moderno nos pa- 7) Intensidade máxima da cor-
rece muito conveniente, não só rente e sua direção;
pela facilidade de operação, mas 8) Máxima diferença de marés;
também por deixar inteiramente 9) Máxima altura de onda;
livre para inspeção e reparo a 10) Condições não usuais que
região do navio de outro modo possam ocorrer, tais como: en-
inatingível pela presença dos chentes, ventos tempestuosos, etc;
blocos de bojo. 11) Planos gerais do dique cuja
amarração está sendo estudada.
3.7 — Amarração fixa: A informação exigida em 2,
pode ser obtida por sondagens lo-
Os locais selecionados para cais ou por consulta a cartas
amarração fixa devem ter bom náuticas da região. As indicadas
fundo para ancoragem, com um em 3, 4, 5 e 6, podem ser obtidas
mínimo de ondas, vento e cor- na parte C da referência p. As
rente. Além disto, para os diques mencionadas em 7, 8 e 9, das tá-
flutuantes se exige também pro- buas de marés e finalmente, os
fundidade suficiente para permi- planos do dique, diretamente da
tir a máxima imersão. Companhia proprietária.
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA
30

f) American Civil Engineers


Pelos dados necessários, pode-
-se Handbook, Section 19, V Edi-
ter uma idéia da complexi-

a Rear Admirai F. R.
dade do Na verdade ção,
problema.
depende de Harris;
solução mais rigorosa

estudo do modêlo em tanque Drydocks by Swen


g) Floating
indicado na Anderson — Publicado
apropriado, como pela

K. De mo- Maryland Steel Co.;


referência qualquer
um es-
do, é ponto pacífico que h) Dry Docks and Floating Dry-

mais detalhado da amarra- — Public Bul-


tudo docks Works

fixa de um dique flutuante, letin 20, March 1915,


cão U.S.A.;
ser incluído dentro dos
não pode i) Public Works Bulletin 31,

dêste trabalho uma vez


limites April 1920, U.S.A.;

exigiria extensão suficiente —


que Floating Drydocks Design
j)
trabalho em se-
para justificar Por J. Stuart Crandall, publi-
Aos leitores interessa-
parado. cado Boston Society of
pela
dos em obter uma solução mais
Civil Engineering;
rápida, embora aproximada, mas
k) Model Study of Floating Dry
com segurança eficiente, reco-
Mooring Forces —
Docks
mendaríamos a consulta aos vo-
Wiegel, Clough Dilley e Wil-
lumes I e II da referência p, que
liams; — International Ship-
nos a fonte mais completa
parece Progress, April 1959;
building
de informações sôbre o assunto.
1) Bureau of Docks News Memo-

randum n.° 60, September


3.8 — Referências:
1932 — Early Floating Dry-

Navy —
docks of the U.S.
O aqui se tratou sôbre di-
que
nem Captain C. A. Carlson;
flutuantes não cobre
ques
— Dott.
cobrir tôdas as partes m) Bacini Di Carenaggio
poderia
Aos leitores Prof. Ing. Giuseppe Sarchiola
básicas do problema.
Briano Editore, Via Dela
interessados no assunto, aconse-
10, Gênova — 1949;
lharíamos a leitura das referên- Fontane

cias abaixo: n) Design and Construction of

Steel Merchant Ships — David

Docks and Yards — — Naval


a) Bureau of Arnott Society of

Design Data; Architects and Marine Engi-

b) Minutes of Proceeding, Insti- neers;

Engineers — —
tution of Civil o) Practical Shipbuilding Ir.

161, 1904 — E. Clark; Techi-


Vol. G. De Rooij N. V. de

American Society H. Stam —


c) Transaction nische Uitgeverij

of Naval Engineers, Vol. 15, Haarlem-Holland;

1905 — L. M. Cox; —
Mooring Guide Vol. I e II
p)
d) Journal American Society of Nav Docks TP-PW-2-March

Naval Engineers, Vol. 17, Cox 1954 — Bureau of Docks and

and Cunningham, U.S.N.; Yards — Washington, D.C.

e) Engineering, London, April 5,

1907 — Lyonel Edwin Clark; {Continua)


Crganizaçãc eles

Estudes Americanos

"A
Sobre o assunto Organização dos Estados Americanos"

foi realizada, no dia 22 de maio uma conferência na Escola


pp.,
de Guerra Naval, Conselheiro Galba Samuel Santos, atual
pelo
Chefe da Divisão da Organização dos Estados Americanos do

Ministério das Relações Exteriores. Esta Conferência, que con-

tou com do Embaixador Roberto Mendes Gonçalves,


a presença
despertou interêsse; êste, demonstrado pelas inúmeras
grande
durante o tempo destinado aos debates.
perguntas apresentadas

Meus ouvintes hão de objetivos perseguidos por essa


perdoar-
-me uma observação ini- Escola: primeiro, resumir de
pequena
ciai, antes de entrar na exposição forma algo esquematizada a es-

do tema sôbre o tive a honra trutura e o funcionamento da


qual
de ser convidado a falar Di- OEA e seus organismos especia-
pelo

retor da Escola de Guerra Naval. lizados; segundo, dissertar, um

desenvolvimento tanto livremente, sôbre alguns


O vertiginoso

das internacionais dos casos mais momentosos em


relações que

se observando, sobretudo que a ação da OEA foi chamada


vem

depois última conflagração a fazer-se sentir. Posteriormente,


da
mundial, torna difícil sintetizar então, estarei ao inteiro dispor

em curto espaço de tempo de meus ouvintes tentar res-


tão para

tudo de importante deve- às com que


o que ponder perguntas
ríamos saber sôbre as- desejarem honrar-me.
qualquer
sunto, ainda se trate de ma- Pode-se dizer o
que que primeiro
téria de interêsse regional como passo decisivo em busca da uni-

é o caso da Organização dos Es- dade continental foi o memora-

tados Americanos. Por êsse mo- vel Congresso do Panamá, con-

tivo, mais aos vocado Simón Bolívar em


julguei proveitoso por
32 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

1826. Foi ali se lançou a É bem verdade desde o


que que
idéia de uma união das Repú- Congresso do Panamá, de 1826

blicas americanas, idéia se até 1889, se reuniu em


que quando

veio desenvolvendo, lentamente, Washington a l.a Conferência In-

com segurança, até teramericana, recomendou


porém que que
se transformou num sistema de um plano de arbitramento
para
cooperação internacional a solução dos litígios internacio-
que,

apesar ainda não inteiramen- nais,pouco evoluiu o ideal


de pan-
-americanista
te aperfeiçoado, não encontra no sentido do apri-

na história. moramento de seu sistema de de-


qualquer paralelo
fesa coletiva e de solução
O sentimento pan-americanista pacífica
de controvérsias. Poucas reuniões
repousa na arraigada convicção
interamericanas se realizaram
de as nações do continente
que
durante êsse Várias ten-
americano conviver num período.
podem
tativas, sem resultado,
clima de e segurança, porém
paz quais-
foram realizadas ordenar
sejam as divergências para
quer que
juridicamente os ideais da uni-
que surjam entre elas e dentro
dade e cooperação interamerica-
do mais absoluto respeito ao
na. Algumas delas, tais como as
princípio da igualdade de direitos
de 1847 e 1864,
dizer o provocadas pelos
e deveres. Pode-se que
ensaios de intervenção da Espa-
dos povos do Continente
pendor
nha na América, e bem assim os
a convivência pacífica ante-
para
congressos jurídicos de Lima
data mesmo o advento da
próprio
(1878) e Montevidéu (1880),
independência das 21 repúblicas
aprovaram recomendações
americanas. A manifes- que
primeira
nem sequer chegaram a ser rati-
tação, talvez inconsciente, do
ficadas
está conti- pelos governos partici-
ideal pan-americano,
pantes. A marcha lenta do
do Tra- pan-
da numa das cláusulas
-americanismo
durante êsse pe-
tado de Madri firmado entre a
ríodo deve-se a fatores de ordem
Espanha e Portugal em 1750, de
política, dentre os avulta
quais
acordo com a embora os
qual, a indiferença, senão desinterêsse
-dois estivessem em
países guerra, total, da maior nação
por parte
suas colônias na América perma- do Continente, os Estados Uni-
neceriam em Atribui-se a
paz. dos da América, em identificar-
Alexandre de Gusmão a inspi- -se, em pé de igualdade, com os
xada iniciativa da inserção dessa anseios
que animavam os países
cláusula no Tratado de Madri. latino-americanos. A própria
Mal cogitava talvez o pioneiro da Doutrina de Monroe, data
que
diplomacia brasileira ao in- de 1823 e opôs um veto ter-
que, que
troduzir tal dispositivo no Trata- minante a tentativa de
qualquer
do, estava lançando a semente recolonização do Continente
por
fecunda que se iria transformar extracontinentais, não
países po-
na organização internacional deria, strictu sensu, ser interpre-

mais de se tem no- tada como de inspiração pura-


perfeita que
tícia na História. mente pan-americanista. Se na
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 33

prática a Doutrina de Monroe participar, com os mesmos deve-


representou uma garantia aos res e obrigações do país mais
novos países independentes con- evoluído do Continente, de uma
tra a cobiça territorial dos países sociedade regional de nações. O
expansionistas europeus, a ver- futuro, entretanto, viria demons-
dade é que, se por aquele ins- trar que, se o pan-americanismo
trumento ficamos nós protegidos ganhou alento após a adesão dos
do lobo distante, pelo menos Estados Unidos aos princípios
um país — o México — não es- que o informam, foram sobretudo
capou à sanha da raposa vizinha os países latino-americanos os
— os Estados Unidos da Améri- verdadeiros construtores desse
ca, os próprios autores da Dou- invejável sistema de ordem poli-
trina. Foi sobretudo a guerra tico-jurídica, de defesa coletiva e
entre os Estados Unidos e o Mé- cooperação econômica, social e
xico um dos principais fatores cultural que é a Organização dos
que contribuíram para o descré- Estados Americanos. E, nesse
dito da Doutrina Monroe, cujos capítulo, coube papel decisivo ao
verdadeiros propósitos pareciam Brasil, cujos estadistas, como
estar sendo desvirtuados. Assim, Joaquim Nabuco e Rio Branco,
apenas a partir de 1881, por ini- Mello Franco, Oswaldo Aranha e
ciativa de James Gillespie Blaine, Raul Fernandes, tanto fizeram
Secretário de Estado norte-ame- em prol da solução pacífica de
ricano, começou-se a pensar sè- litígios sobre limites e pelo aper-
riamente na convocação de uma feiçoamento do sistema de segu-
conferência entre todas as na- rança coletiva e defesa do Hemis-
ções independentes do Hemisfé- ferio contra a agressão externa.
rio para o fim de discutir os mé- No decorrer desta palestra, es-
todos de se evitar a guerra. Con- pero poder dar aos meus ouvin-
forme já expusemos acima, en- tes, ainda que sucintamente, um
tretanto, convocada pelo Con- esboço dos resultados mais posi-
gresso dos Estados Unidos, a l.a tivos alcançados nas dez Confe-
Conferência Interamericana, rea- rências Interamericanas, assim
lizada em Washington, não re- como nas oito Reuniões de Con-
gistrou grandes progressos. Sub- sulta até agora realizadas. An-
sistiria, ainda, da parte da tes, porém, será necessário dar-
-lhes uma idéia da estrutura e
grande potência do norte, para funcionamento da organização
com seus vizinhos do sul, o pre-
conceito, que só hoje, graças aos dos Estados Americanos.
esforços desenvolvidos durante A OEA realiza seus objetivos
as sucessivas reuniões e confe- por meio dos seguintes órgãos:
rências interamericanas, começa a) a Conferência Interameri-
a desfazer-se, de que, dada a cana;
imaturidade política dos países
latino-americanos, não estariam b) a Reunião de Consulta dos
estes ainda preparados para, sob Ministros das Relações Ex-
o império da ordem e do direito, teriores;
34 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

c) o Conselho; Interamericana constam itens da

maior importância o aper-


para
d) a União Pan-Americana;
feiçoamento dos instrumentos

e) as Conferências Especializa- que vêm regendo as relações dos

das; países-membros. Além de nume-

rosos problemas de natureza eco-


f) os Organismos Especializa-
nômica, social e de organização,
dos.
figuram na dos trabalhos
pauta
assuntos jurídico-políticos da
Cada um dêsses órgãos tem
maior transcedência, entre os
atribuições específicas, se bem
quais vale destacar o exame de
o de sua competência "Projeto
que grau um de instrumento sô-
decresça de um para outro. O
bre enumeração de casos
que
órgão supremo da Organização
constituam violações ao princípio
dos Estados Americanos é a Con-
de não-intervenção e relatório sô-
ferência Interamericana, à qual bre a de criar
possibilidade pro-
todos os Estados-membros têm
cedimentos assegurem a es-
que
direito a fazer-se representar com
trita observância dêste princí-
direito a um voto cada um. Em
pio". Trata-se de um projeto
circunstâncias normais, a Confe-
preparado pela Comissão Jurí-
rência reúne-se de cinco em cinco
dica Interamericana, cuja apre-
anos para decidir a ação e a
ciação por uma Conferência In-
orientação gerais da Organização
teramericana poderia ter tido
e para determinar a estrutura e
influência nos resultados
grande
funções de seus órgãos. Possui,
da VIII Reunião de Consulta,
além disso, competência para
realizada em princípios dêste ano
considerar assunto re-
qualquer
em Punta dei Este, tratar
para
lativo à convivência dos Estados
do caso cubano.
Americanos.
O segundo órgão a incum-
A última Conferência Intera- que
be a realização dos objetivos de-
mericana (X), da qual voltare-
lineados na Carta da OEA é a
mos a tratar, realizou-se em
-dos
Reunião de Consulta Minis-
Caracas em 1954. A XI estava
tros das Relações Exteriores. Sua
marcada 1959 em Quito.
para
convocação é regulada ar-
Adiada várias vêzes, a pelos
princípio
tigos 39 a 43 da Carta. Qualquer
jor iniciativa do próprio govêrno
Estado-membro solicitar ao
equatoriano, ficou finalmente pode

transferida, sine Conselho a convocação do órgão


die em virtude

ios de consulta, o entretanfb,


acontecimentos na República qual,

Dominicana e em Cuba. No mo- só se reunirá se, por maioria ab-

mento não se cogita de nova data soluta de votos, o Conselho en-

a XI, embora numerosos as- tender que é oportuna a reunião;


jara.
untos estejam a reclamar consi- em outras palavras, se o proble-
eração do órgão má- ma que suscitou o pedido de con-
por parte
:.imo da OEA. Com efeito, da vocatória é de natureza urgente

agenda preparada pelo Conselho e de interêsse comum os


para
cia OEA para a XI Conferência Estados Americanos, segundo re-
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 35

za o citado artigo 39 da Carta, América, órgão


o de Consulta
ou se se verificou, segundo o ar- reunir-se imediatamente, a fim
tigo 43, ataque armado dentro do de acordar as medidas
que, em
território de um Estado Ameri- caso de agressão, devem ser to-
cano ou dentro da zona de segu- madas em auxílio do agredido,
lança demarcada tratados ou em caso
pelos qualquer convenha
em vigor. Neste último caso, a tomar a defesa comum
para e pa-
Reunião efetuar-se-á sem demo- ra a manutenção da e
paz da
i'a, mediante convocação imedia- do Continente".
segurança
ta emanada Presidente Existe ainda outra hipótese
pelo do em
Conselho, o convocará, Consulta
qual si- que o órgão de pode
multâneamente,-o reunir-se. É no art.
próprio Conse- o previsto 7
lho, êste,
podendo nos têrmos do do Tratado do Rio. Refere-se êle
artigo 43 da Carta, agir à ocorrência de um conflito en-
provi-
sòriamente como órgão de con- tre dois ou mais Estados america-
sulta até
que se reúnam os Mi- nos, caso em sem
que, prejuízo
nistros das Relações Exteriores. do direito de legítima defesa, de
A convocatória
pode fundamen- conformidade com o art. 51 da
tar-se igualmente nos artigos 3 e Carta das Nações Unidas, as Al-
6 do Tratado de
Interamericano tas Partes Contratantes, reunidas
Assistência Pelo ar- consulta, instarão
Recíproca. em com os Es-
tigo "as
3 Altas Partes Contra- tados em litígio suspen-
para que
tantes concordam em um dam as hostilidades
que e restaurem
ataque armado, de o status ante bellum,
por parte quo e to-

qualquer Estado, contra um Es- marão, além disso, tôdas as me-


tado americano, será considerado didas necessárias restabele-
para
como um ataque contra todos os cer ou manter a e a seguran-
paz
Estados americanos e, em conse- ça interamericanas, e o
para que
cada uma das Partes conflito seja resolvido meios
qüência, por
Contratantes se compromete a pacíficos. A recusa da ação
pa-
ajudar a fazer frente ao ataque, cificadora será levada em conta
no exercício do direito imanente na determinação do agressor e na

de legítima defesa individual ou aplicação imediata das medidas

coletiva é reconhecido que se acordarem na Reunião de


que pelo
Artigo carta das Nações Consulta. Assim, no caso dêste
51 da

Unidas". artigo 6 dispõe artigo desaparece a


O que principal
"se
ou integri- vantagem, característica do sis-
a inviolabilidade
dade do ou a soberania tema de defesa coletiva, é a
território que
ou independência de de entrar em funcionamento de
política
americano fôr maneira automática e imediata.
qualquer Estado

atingida uma agressão, que Voltaremos, mais tarde, a falar


por
não seja um ataque armado, ou do Tratado do Rio, re-
quando

por um conflito extracontinental sumirmos alguns casos em que


ou intracontinental, ou por qual- aquêle instrumento foi invocado

quer outro fato ou situação que para resolver situações


graves
em a paz na surgidas no seio da comunidade
possa pôr perigo
36 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

interamericana. Por ora, limitar- direito de veto. Seus Presidente

-nos-emos a esboçar a estrutura e Vice-Presidente são eleitos por

da OEA. O um ano, não ser reelei-


dos demais órgãos podendo

ser as- tos senão depois de decorrido o


órgão de Consulta poderá
Comissão Cônsul- interstício de um ano.
sessorado pela
tiva de Defesa, no artigo Além de outras tarefas espe-
prevista
44 e seguintes da Carta, quando cíficas que lhe são atribuídas pelo
se tratar de de coope- Artigo 53, as funções mais im-
problemas
ração militar surgir desempenhadas
que possam portantes pelo
da aplicação dos tratados espe- Conselho estão enunciadas nos

existentes sôbre matéria de artigos 50 e 52 da Carta, isto é,


ciais

segurança coletiva. Tal Comis- tomar conhecimento de qualquer


são, entretanto, até hoje não foi assunto lhe encaminhem a
que
convocada e não deve ser con- Conferência Interamericana ou a

fundida com a Junta Interameri- Reunião de Consulta e agir pro-


cana de Defesa, entidade espe- visòriamente como Órgão de Con-

cializada da OEA, que funciona sulta em caso de ataque armado,

em caráter em nos têrmos do Artigo 13 ou de


permanente
Washington e à incumbem acordo com o Tratado do Rio.
qual
a coordenação das medidas de
Possui o Conselho três órgãos
defesa coletiva do Continente
o assessoram dentro do âm-
que
americano e o estabelecimento
bito de suas atribuições e pres-
de/ bases mais amplas para a
tam serviços técnicos aos gover-
cooperação militar interameri-
nos os solicitem. São êles:
que
cana. Criada pela III Reunião

de Consulta, realizada no Rio de


a) o Conselho Interamericano
Janeiro em 1942, a JID, às vêzes
Econômico e Social (CIES);
"Estado-Maior
chamada de o In-

estreita- b) o Conselho Interamericano


teramericano", colabora
de Jurisconsultos (CIJ);
mente com os dos Es-
governos
tados membros e, meio de
por c) o Conselho Cultural Intera-
um sistema coordenado de ser-
mericano.
viços e informações, se mantém

em dia ao que ocorre em êsses órgãos têm autono-


quanto Todos
matéria de defesa comum. dentro dos limites
mia técnica,

Enquanto a Conferência In- da Carta. Entretanto, suas deci-

teramericana e a Reunião de sões não invadir a esfera


podem
Consulta se realizam, a de ação corresponde ao Con-
primeira que

cada cinco anos e a segunda es- selho da Organização. Os três

tratar de órgãos são integrados por repre-


poràdicamente para
de natureza urgente, sentantes de todos os Estados-
problemas
o Conselho é o órgão executivo -membros e têm autoridade para

da OEA. Nêle estão estabelecer relações de coopera-


permanente
representados todos os Estados- com os órgãos corresponden-
ção

membros com direito a voz e vo- tes das Nações Unidas e com os

to, não existindo, entretanto, o organismos nacionais ou inter-


ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 37

nacionais atuem em suas América, nação à


que qual deveria
lespectivas esferas de ação. incumbir a maior
parcela de

Ao Conselho Inter americano contribuição dos recursos finan-

Econômico a ceiros indispensáveis à sua reali-


e Social cabe pro-
moção do bem-estar econômico e zação.

social dos Estados Americanos De fato, se a solidariedade


através da cooperação efetiva en- interamericana no campo
jurí-
tre êles, o melhor aproveita- dico-político se assentava em
para
mento de seus recursos naturais, bases das mais sólidas se
que
seu desenvolvimento agrícola e conhecem, forçoso era admitir,
industrial, e a elevação nível contudo, no terreno da co-
do que,
de vida de seus operação econômica, muito ou
povos.
As Repúblicas americanas há quase tudo ainda estava por fa-

alguns anos se vinham empe- zer. Urgia, uma ação


portanto,
nhando em um intenso conjunta das Repúblicas ameri-
esforço
comum no sentido canas combater o subdesen-
de desenvolver para
um mecanismo mais volvimento e estender ao setor
eficiente e
adequado à concretização econômico aquela mesma organi-
dos
nobres ideais na zação regulava nossas re-
proclamados que já
Carta da OEA sôbre a necessi- lações jurídico-políticas e que,
dade, mais do isto, o dever por assim dizer, culminou na ce-
que
de cada uma no de- lebração do Tratado Interameri-
de cooperar
senvolvimento social cano de Assistência Recíproca, de
econômico e
harmônico tôdas. Força é 1947, da Carta da OEA e do Tra-
de
reconhecer se no terreno tado Americano de Soluções Pa-
que,
da cooperação cíficas, também conhecido
jurídico-política o por
se vem desen- Pacto de Bogotá, ambos firmados
pan-americanismo
volvendo mais na Capital colombiana em 1948.
de maneira do

satisfatória, a verdade é Pode-se mesmo dizer no


que que que pri-
os no setor da cola- meiro decênio após o término da
progressos
boração econômica não se faziam Segunda Grande Guerra a coope-

sentir Pode-se ração econômica interamericana


de modo palpável.
dizer mesmo só existia no amortalhada
que o que progre- papel,

dia era estilo em manifestações e declarações


e se acrisolava o

altissonante da orató- de cunho lírico, senão


pomposo e puramente

ria utópico.
florida em se apresenta-
que
vam ambiciosos de desen- As tentativas o estabele-
planos para
volvimento econômico e se rea- cimento de uma cooperação eco-
firmavam os ideais de nômico-financeira mais estreita
grandes e
solidariedade interamericana — eficiente esbarravam sempre com

planos bem inspirados, é verdade, uma dificuldade in-


que parecia
mas infelizmente não se ori- transponível — a falta de um ór-
que
ginavam de um desejo sincero de gão especializado dentro da OEA.

pô-los em execução, mesmo por- capaz de funcionar satisfatória-

que nunca contar com mente, e também o desinterêsse,


puderam
o apoio dos Estados Unidos da a aludimos antes,
que dos Esta-
•*

38 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dos Unidos da América em dedi- quais a mais importante terá sido

car à emancipação econômica da a de 1960 em Bogotá, onde se

América Latina a mesma aten- firmou um documento da mais

através do Plano Mar- alta relevância, a Ata de Bogotá,


ção que,
shall, dispensaram ao reergui- a qual consubstanciava notável

mento dos da Europa oci- comunhão de vistas relativamen-


países
dental, no após-guerra. O Con- te ao modo de alcançar o desen-

selho Interamericano Econômico volvimento econômico com jus-


e Social, criado numa época em tiça social, dentro do regime de-

as preocupações políticas mocrático. Além disso, a reunião


que
ainda se sobrepunham a tôdas as de Bogotá estabeleceu as bases

demais, revelava-se incapaz de a eliminação das falhas es-


para
executar razoàvelmente, pelo me- truturais de o CIES,
que padecia
nos, as tarefas que lhe eram fortalecendo-o de modo a habi-

cometidas. Impunha-se, assim, litá-lo a cumprir e a fazer cum-

uma reforma capaz de emprestar prir as recomendações do Comitê

àquele órgão maior flexibilidade e as que êle viesse a


próprio
e dinamismo e de corrigir-lhe a tomar.

excessiva burocratização e roti- Entretanto, mesmo


já em
na, defeitos estruturais de que se 1958, em influenciado
parte pe-
ressentia. Foi apenas a de la idéia da Operação Pan-Ame-
partir
1958, meses após o lan- ricana, m^s, na realidade, em
poucos

çamento da operação Pan-Ame- maior receioso da má re-


parte
ricana pelo Presidente Juscelino percussão que poderia ter na

Kubitschek, a consciência América Latina a decisão do


que
dos povos e dos dos Presidente Eisenhower de so-
governos

países americanos começou real- correr financeiramente os países


mente a despertar os subdesenvolvidos do Sudeste asi-
para graves
e angustiantes problemas ático sem ao mesmo tempo aten-
políti-
cos e sócio-econômicos en- der às necessidades de ajuda
que
travavam seu desenvolvimento. econômica aos latino-
países
Naquele ano, após uma Reunião americanos, o Departamento de

Informal dos Ministros das Rela- Estado, representado Sub-


pelo
Exteriores, em Washington, secretário Assuntos Eco-
ções para
D. C., o Conselho da OEA, nômicos, Sr. Douglas Dillon,
pela

primeira vez em sua história, se hoje Secretário do Tesouro,

reuniu com a presença dos Chan- anunciou formalmente, em ses-


celeres dos cada são especial do CIES, a decisão
países-membros,
um presidindo a sua de- do Govêrno norte-americano de
própria
Iegação, e, em curta, signi- com 500 milhões de
porém participar
ficativa sessão, ficou criado o Co- dólares a criação de uma
para
mitê dos 21, isto é, a Comissão instituição interamericana de

Especial para estudar a Formula- crédito destinada a financiar a

ção de Novas Medidas de Coope- execução de de desen-


projetos
ração Econômica. Realizou o volvimento. Foi assim criado o
Comitê dos 21 três sessões, das Banco Internacional de Desen-
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 39

volvimento com um capital de 1 Continente, como único meio de


bilhão e quinhentos milhões de poupá-los às garras ameaçado-
dólares. A cooperação econômi- ras do expansionismo comunis-
ca interamericana viria, entre- ta. Foi assim que, no dia 13 de
tanto, a dar um passo ainda março de 1961, em histórico dis-
mais significativo com a eleição curso pronunciado na Casa
do Senador John F. Kennedy Branca perante os representan-
para a presidência dos Estados tes dos países latino-americanos,
Unidos da América, aconteci- o Presidente Kennedy expôs as
mento que veio reacender as es- bases do grandioso plano de co-
peranças dos países latino-ame- operação econômica interameri-
ricanos de que a grande Repú- cana, a que êle mesmo chamou
blica do norte finalmente have- de Aliança para o Progresso, e
ria de acordar para os riscos que ao mesmo tempo convocou uma
para a sua própria segurança e reunião especial do CIES para
prestígio político internacional que esse órgão estabelecesse os
representava a chaga do subde- princípios, normas e condições
senvolvimento neste hemisfério. em que se levaria a cabo tão
Coincidiu que, nesta mesma vasto empreendimento.
época, a eclosão de certos movi- Reunidos assim em Punta dei
mentos políticos contrários à es- Este, Uruguai, os Altos Repre-
sência e a índole do pan-ameri- sentantes das Repúblicas Ameri-
canismo veio demonstrar, de ma- canas firmaram dois documen-
neira iniludível e definitiva, onde tos que incorporam os princí-
residia a verdadeira causa desses pios consagrados na Carta da
radicalismos políticos: na falta OEA, na Operação Pan-Ameri-
de mobilização econômica do cana e na Ata de Bogotá. No
Continente. A malograda invasão primeiro — Declaração aos po-
de Cuba desempenhou, sem dú- vos da América — os Estados a-
vida, papel decisivo na súbita mericanos declaram que a Alian-
mudança de atitude do governo ça se funda no princípio de que
de Washington, em face das ne- a liberdade e as instituições da
cessidades de ajuda econômica democracia representativa asse-
da América Latina. A rapidez guram as melhores condições pa-
com que em menos de três anos ra satisfazer, entre outros, os
se consolidou em Cuba o regime anelos de trabalho, teto e terra,
marxista-leninista de Fidel Cas- escola e saúde. Entre outros ob-
tra e a conseqüente deterioração jetivos comuns, os signatários se
nas relações entre Cuba, de um comprometeram a aperfeiçoar e
lado, e os Estados Unidos e mais fortalecer as instituições demo-
de uma dezena de países latino- cráticas, em aplicação do direito
-americanos, de outro, vieram a- de autodeterminação dos povos,
lertar Washington para a neces- a acelerar o desenvolvimento eco-
sidade de colaborar para a ele- nômico e social, a executar pro-
vação do nível de vida dos ir- gramas de construção de casa, de
mãos menos aquinhoados do reforma agrária, de saneamento
40 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

e higiene, a eliminar o analfabe-


princípios e objetivos da Alian-
tismo e reformar as leis tributa- enquanto
ça, que os três outros
rias de modo a redistribuir a títulos traçam normas de
progra-
renda nacional em favor dos se- mação de desenvolvimento eco-
tores mais necessitados. Tôdas nômico e social, fixam os requisi-
essas metas, conforme recordei tos básicos
para o desenvolvimen-
anteriormente, figuravam em to, as medidas
já de ação imediata
dezenas de Resoluções, Declara- e a curto
prazo, delineiam as
ções e Recomendações aprova- bases da futura integração eco-
das em um sem número de con- nômica da América Latina e o
ferências e reuniões interameri- modo
pelo qual será a
prestada
canas. Desta vez, entretanto, assistência externa apoiar
para
sua reformulação trazia, não os
programas nacionais de de-
apenas o compromisso solene senvolvimento. A propósito do
dos países interessados de con- financiamento externo dos
pro-
tribuírem com reformas de base
gramas nacionais de desenvolvi-
para o melhor aproveitamento mento, vale ressaltar além
que,
do auxílio norte-americano, mas, dos 20 bilhões de dólares
previs-
e sobretudo, o formal compro- tos, a Carta de Punta dei Este
misso do Govêrno de Washing- reconhece a necessidade de as-
ton de financiar a maior
parcela sistência financeira adicional,
dos 20 bilhões de dólares; mon- inclusive dos membros do Gru-
tante em quanto se estima o custo Assessor do
po Desenvolvimento,
de um programa decenal de de- do fazem
qual parte, entre os
senvolvimento sócio - econômico
principais países, a Comunidade
da América Latina. Além disso, Econômica Européia, o Japão e
empenharam-se os Estados Uni- o Canadá.

dos (e já cumpriram com a pa- Com a missão de examinar os


lavra) em conceder durante os
programas de desenvolvimento

primeiros doze meses contados e recomendá-los, se fôr o caso,


a partir de 13 de março de 1961, ao Banco Interamericano de
data da declaração da Desenvolvimento
primeira e outras insti-
Aliança o Progresso, fundos tuições
para internacionais de crédi-
públicos superiores a 1 bilhão de to, foi constituído um comitê de
dólares, como contribuição ime- nove técnicos de alto nível, le-
diata ao econômico e vando-se
progresso em conta, exclusiva-
social da América Latina. mente, sua experiência, capaci-
O segundo documento firma- dade técnica e competência nos
do naquela histórica Reunião diversos aspectos de desenvolvi-
"Carta
intitula-se de Punta dei mento econômico social.
e Tais
Este", a contém as bases técnicos ser de
qual poderão qualquer
da Aliança o Progresso nacionalidade, mas não
para podem
dentro da estrutura da Opera- exercer
qualquer outra ativida-

ção Pan-Americana. Seu de remunerada. Assim,


pre- a êsse
âmbulo e o título rei- Comitê dos Nove
primeiro e ao Conselho
teram em outras os Interamericano Econômico
palavras e So-
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 41

ciai cabe a maior de res- solvidas satisfatoriamente


parcela por

ponsabilidade na implantação seu esforço único e exclusivo,

dos dispositivos da Carta de êsse mesmo Estado terá o direi-

Punta dei Este. O CIES, to de apresentar os seus proble-


que,
antes da Reunião de Bogotá, era mas econômicos ao Conselho In-

um órgão se reunia teramericano Econômico e So-


que perma-
nentemente em Washington, ciai a fim de procurar, por meio

mas dispunha de ou ne- de consulta, a solução mais ade-


pouca
nhuma fôrça executiva, para tais problemas.
precisa- quada
mente não contar com re-
por Demoramo-nos algum tempo
cursos financeiros fazer
para a tratar do CIES estar êle
por
executar suas Resoluções, é hoje,
ligado ás atividades mais impor-
em matéria de de de-
promoção tantes atualmente desenvolvi-
senvolvimento econômico e so-
das OEA e também pelo
pela
ciai na América Latina, o órgão
fato de, ao contrário dos dois
mais influente da Organização —
outros órgãos do Conselho o
dos Estados Americanos. Após
Conselho Interamericano de Ju-
a reforma de seus Estatutos, re-
risconsultos e o Conselho Cultu-
comendada Comitê dos 21, —
pelo ral Interamericano gozar êle
reunidos em Bogotá em setem-
de autonomia técnica, e ainda
bro de 1960, deixou o CIES de
suas decisões, dentro da
porque
ser um órgão de ação rotineira
esfera de sua competência, têm
entregue a discussões de ordem fôrça executiva.

puramente acadêmica e esté-


O Conselho Interamericano de
reis, transformar-se no
para Jurisconsultos tem como finali-
instrumento de coope-
propulsor dade servir de corpo consultivo
ração econômica no Hemisfério.
em assuntos jurídicos, promo-
Hoje, reúne-se o CIES apenas
ver a codificação do direito in-
duas vêzes ano e suas reuni-
por ternacional e do direito
público
ões são consecutivas e ordiná-
internacional privado; e estudar
rias. Na as Delegações
primeira, a de uniformizar
possibilidade
devem incluir técnicos do mais
as legislações dos diversos países
alto nível, enquanto na se-
que, americanos, isto
quando pareça,
o Representante desig-
gunda, conveniente. O órgão perma-
nado deve, se ter a ca- nente do CIJ é a Comissão Jurí-
possível,
tegoria de Ministro ou Secretá- dica Interamericana do Rio de

rio de Estado e ser o Represen- Janeiro, integrada por juristas


tante titular no de nove os repre-
permanente países, quais
CIES. Além das ordinárias, o sentam a todos. A Comissão

CIES, ser convocado em deve empreender trabalhos e es-


poderá
reuniões extraordinárias, quan- tudos que lhe encomendem o

do ocorrer a situação descrita Conselho Interamericano de Ju-

no artigo 27 da Carta da OEA, risconsultos, a Reunião de Con-


"Se sulta ou Conselho da Organi-
reza: a economia de um o
que
Estado fôr afetada situações zação, ademais, reali-
por podendo,

não ser re- 2,ar, de sua própria iniciativa,


graves que possam
42 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

estudos considere oportu- México e, como Secretaria,


que o De-
nos. Os estudos, trabalhos, de Assuntos
pa- partamento Cultu-
receres ou de tratados rais da União Pan-Americana,
projetos
ou convenções só são dados co- cujo diretor é o Secretário Exe-
mo definitivos depois de apro- cutivo do CCI. O CCI reúne-se
vados pelo órgão superior convocação do Conselho
que por da
os encomendou e, fôr OEA, em data fixada
quando de acordo
o caso, depois de submetidos à com o do
govêrno país escolhido
aprovação dos O CIJ como sede. Sua última
govêrnos. reunião
reúne-se não realizou-se em São
periodicamente, João do Pôr-
devendo, entretanto, normal- to Rico e a próxima será em
mente, o intervalo entre as reu- Brasília em 1963.
niões exceder de dois anos. Sua
A União Pan-Americana, órgão
última reunião realizou-se em
central e funciona
permanente,
Santiago do Chile, em 1959, e a
como Secretaria Geral da OEA,
próxima deveria realizar-se êste
com sede em Washington,
ano em São Salvador. Como pres-
a
ta serviços a todos os ame-
XI Conferência Interamericana países
ricanos, atualmente
possuindo
foi adiada sine die, é possível escritórios regionais de informa-
que também o seja a do
próxima em 19
ção capitais latino-ame-
CIJ, possivelmente porque gran- ricanas. A UPA é chefiada
de dos trabalhos por
parte que lhe
um Secretário Geral e um Se-
são encomendados emanam de
cr etário Geral Adjunto, eleitos
Resoluções ou Recomendações
pelo Conselho da OEA
do órgão supremo pelo prazo
da OEA.
de 10 anos. O não
O Departamento primeiro po-
de Assuntos
de ser reeleito nem a êle
Jurídicos da União Pan-Ameri- pode
suceder da mesma nacio-
pessoa
cana é a Secretaria do Conselho
nalidade. Ambos
participam das
Interamericano de Jurisconsul-
reuniões do Conselho ou das
tos e o diretor do Departamento
Comissões dêste com direito à
é o Secretário Executivo do Con-
palavra, porém sem voto.
selho.
Entre outras funções lhe
O terceiro que
órgão do Conselho
são cometidas Carta, Uni-
pela a
da OEA é o Conselho Cultural
ão Pan-Ámericna, sob a respon-
interamericano, ao cabe
qual sabilidade do Conselho da OEA,
promover relações amistosas e executa os e
projetos programas
entendimentos mútuos entre os da Organização, com ser-
provê
povos americanos, fortale-
para viços técnicos e administrativos
cer os sentimentos
pacíficos que o Conselho da OEA e seus ór-
têm caracterizado a evolução a-
gãos, o Programa de Coopera-
mericana, através do estímulo
ção Técnica e outros organismos
ao intercâmbio educacional, ci- do sistema interamericano. Além
entífico e cultural. O CCI, assim disso, a UPA mantém relações
como o CIJ, tem um órgão
per- de cooperação com outros orga-
manente, o Comitê de Ação Cul- nismos nacionais e internacio-
tural, com sede na cidade do nais,
presta assistência técnica
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 43

aos Estados membros e patroci- tos, saúde e higiene, recursos


na vários projetos de Coopera- naturais, estatística, turismo,
ção Técnica da OEA, dentre os assistência à infância e muitos
quais figuram: outros.
Centro Interamericano de Quanto aos Organismos Espe-
Educação Rural, na Vene- cializados — o sexto órgão pelo
zuela. qual a Organização dos Estados
Americanos realiza os seus fins
Curso Interamericano de — são eles, segundo os define o
Planejamento e Administra- "Organismos
artigo 95 da Carta,
ção de Programas de Bem- Especializados Intergovernamen-
Estar Social, na Argentina. tais estabelecidos por acordos
Programa Interamericano multilaterais, que que tenham
para Aperfeiçoamento de determinadas funções em mate-
Pós-Diplomados em Ciências rias técnicas de interesse comum
Sociais Aplicadas, no México. para os Estados americanos.
Programa Interamericano Existem atualmente seis enti-
para Aperfeiçoamento em dades interamericanas reconhe-
Administração de Empresas, cidas como organismos especiali-
no Brasil. zados da OEA, a saber:
Centro Interamericano de
Ensino de Estatística, em Organização Pan-Americana
Santiago e o da Saúde;
Centro Interamericano de Instituto Interamericano da
Habitação e Planejamento de Criança;
Assuntos Econômicos e So-
ciais, com sede em Bogotá. Comissão Interamericana
de Mulheres;
As Conferências Especializa-
das, de acordo com os artigos 93 Instituto Pan-Americano de
e 94 da Carta, realizam-se para Geografia e História;
tratar de assuntos técnicos es- Instituto Indigenista Inter-
peciais ou para estimular em- americano;
preendimentos específicos da co-
operação interamericana, quan- Instituto Interamericano de
do assim o resolvam a Conferên- Ciências Agrícolas.
cia Interamericana, a Reunião
de Consulta, o Conselho da Or- Não nos deteremos no estudo
ganização ou quando sua reali- pormenorizado da estrutura de
zação fôr prevista em acordos cada um desses organismos,
interamericanos. Inúmeras con- cujas atividades, aliás, já estão
ferências especializadas já se re- definidas em seus respectivos ti-
uniram para tratar de temas os tulos. Limitar-nos-emos a con-
mais variados, como agricultura, signar que, com exceção do Ins-
economia, direitos autorais, edu- tituto Interamericano de Ciên-
cação, estradas de rodagem, por- cias Agrícolas, cujo convênio
44 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

constitutivo ainda não ratificou do em contrapartida do paga-


¦— não concordar com o siste- mento de nossas contribuições
por
ma contribuições sua ma- anuais não têm sido tão signifi-
de para
nutenção — o Brasil a cativos como ser, caso
pertence poderiam

todos os demais, e vem dispen- houvessem nossas autoridades

sando tôda colaboração no de- demonstrado maior interesse em

senvolvimento de suas ativida- receber auxílio daquela Organi-

des. Tive a satisfação, aliás, de zação. Assim, embora, em 1961,

verificar a Informação n.° 2, o Brasil haja sido beneficiado


que
de 1961, da Escola de Guerra Na- com programas orçados em 405

vai, sôbre Segurança Coletiva, mil dólares e haja contribuído

contém, no capitulo referente à o orçamento da OPAS com


para

OEA, completo resumo da estru- 305 mil, outros países ou regiões

tura de funcionamento de seus receberam, proporcionalmente,


organismos especializados. Ca- ainda mais. Tal é o caso das

bem, entretanto, algumas pala- Guianas, situando-se no


que,
vras sôbre a Organização Pan- continente americano, também

Americana de Saúde, dantes de- fazem parte da OPAS, sendo

nominada Repartição Sanitária, suas quotas pagas pelas metrô-

cuja fundação data de 1902 e Efetivamente, no mesmo


poles.

é, no a organização a França, os Países-Bai-


que gênero, período,

mais antiga do mundo. Através xos e o Reino Unido contribuí-

de seu órgão executivo, é a ram apenas com S46.846.00, re-


que
Repartição Sanitária Pan-Ame- cebendo em troca benefícios da

ricana, com sede em Washing- ordem de USS313.263.00. Ten-

ton, e de seus escritórios regio- do em vista esta disparidade, o

nais na cidade do México, na Ministério das Relações Exterio-

cidade de Guatemala, Lima, Rio res vem insistindo com o Minis-

de Janeiro, Buenos Aires e Cara- tério da Saúde estimu-


para que
cas, a OPAS realiza amplo pro- le as autoridades federais, esta-

de combate às doenças duais e municipais a prepararem


grama
contagiosas, tais como malária, concretos de melhoria
planos

febre amarela, varíola, tifo, rai- dos serviços sanitários essenciais

va, treponematose, e de saúde a fim de se-


poliomielite, pública

lepra e tuberculose, além de co- rem submetidos à consideração

laborar com os Estados membros da OPAS fins de concessão


para

na solução de nacio- da assitência técnica e financei-


problemas
nais de saúde ra necessária à sua execução.
pública.

É interessante notar em Antes de entrar na apreciação


que,
assistência, técnica ou fi- de alguns casos importantes que
tese, a

nanceira, da Organização Pan- determinaram a entrada em

Americana de Saúde só é minis- ação do mecanismo de defesa co-

trada mediante solicitação do letiva do Continente, seria inte-

interessado e no caso ressante fazer um pequeno resu-


país que,
do Brasil, os benefí- mo dos resultados
particular principais

cios da OPAS temos recebi- das dez conferências interameri-


que
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 45

canas até agora realizadas. Já alterou nome


o para simples-
nos referimos à Primeira, reuni- mente Conferência Interameri-
da em Washington cana), reunida no Rio de Janei-
(1889/1890),
da resultou a criação de ro, em 1906, diversificou
qual as fun-
um Escritório Comercial das Re- do Escritório Comercial
ções pa-
públicas Americanas, ao se ra o campo da cooperação inte-
qual
deu, em 1910, nome lectual e aprovou várias
o de União conven-
Pan-Americana.
A Primeira Con- ções sôbre assuntos susceptíveis
ferência recomendou um de cooperação interamericana.
plano
de arbitramento
para a solução
Na Quarta Conferência, reali-
dos litígios internacionais e a
zada em Buenos Aires, em 1910,
fundação da Biblioteca Comemo-
assinaram-se convenções sôbre
rativa de Colombo.
patentes, marcas de fábricas, re-
A segunda, reunida na cidade clamações e
pecuniárias proprie-
do México, em 1901, ampliou as literária Apro-
dade e artística.
bases
jurídicas do sistema inter- vou-se, ainda, entre outras, uma
americano,
mediante a assina- resolução comemorativa do cen-
tura de um Protocolo de Adesão movimento inde-
tenário do pela
das Repúblicas americanas às da América Latina.
pendência
convenções
concluídas na Pri- A Conferência resolveu, ainda,
meira Conferência da Paz de mudar o nome da Organização
Haia, em 1899. Também nessa o de União das Repúblicas
para
conferência
foram assinados vá- Americanas e o do Escritório Co-
nos tratados e convenções sôbre mercial, em Washington, para
direito
internacional, arbitra- União Pan-Americana.
gem, proteção da saúde e fomen-
Na Quinta Conferência, reuni-
to do bem-estar
geral dos povos da em Santiago do Chile, em
americanos.
Foi nessa ocasião
1923, assentaram-se determina-
que se criou a Repartição Sani-
dos métodos para a solução
tária pa-
Pan-Americana e se reor-
cífica das controvérsias no Tra-
ganizou, dando-lhe caráter in-
tado para a Prevenção dos Con-
ternacional,
o Escritório Comer- "Pacto
flitos, também chamado
ciai de Washington, administra-
Gondra". Tamém se aprovou
do até então norte-
pelo Govêrno
uma resolução que marcava uma
americano. um
Criou-se, então, sôbre estradas
conferência de
Conselho-Diretor, de
composto rodagem, da decorreu
qual mais
representantes
das Repúblicas tarde a iniciativa da Rodovia
americanas acreditadas Wa-
em Pan-Americana, uma das inicia-
shington e representante
de um tivas mais importantes no cam-
do Govêrno dos Estados Unidos. do transporte internacional.
po
A Terceira Conferência Inter- Decidiu ainda a Conferência
que
nacional dos Estados Americanos os cargos de Presidente e Vice-

(assim foram chamadas todas as Presidente do Conselho-Diretor


conferências interamericanas até seriam eleição.
preenchidos por
a nona, inclusive, se fir- Na Sexta Conferência, efetua-
quando
mou a Carta de Bogotá, lhes da em Havana, em 1928, assina-
que
46 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ram-se convenções, de o de nenhum Esta-


grande princípio que
importância a convivência do tem o direito de intervir nos
para

pacífica interamericana, sôbre assuntos internos ou externos de


asilo político, neutralidade ma- oütro.

rítima, direitos e deveres dos Es-


Antes da VIII Conferência, re-
tados em caso de Lutas Civis.
uniu-se em 1936, em Buenos Ai-
Direito Internacional Privado
res, outra conferência especial
(Código Bustamente), extradi- — a Conferência Interamerica-
ção e outras. Resolveu, ainda, a
na de Consolidação da Paz, onde
Conferência o Conselho-Di-
que se estabeleceu o princípio da
retor seria constituído por repre-
consulta a solução
para pacífica
sentantes dos Governos-membros
dos litígios, reforçando-se, assim,
acreditados ou não junto à Casa
as normas em vigor asse-
Branca. Por outra Resolução, para
a
gurar a paz do Continente. Fir-
União Pan-Americana foi desig-
maram-se, igualmente, um Pro-
nada depositária dos instrumen-
tocolo Adicional sôbre não-inter-
tos de ratificação dos tratados
venção e várias convenções, in-
e convenções emanados das Con-
clusive sôbre a rodovia
ferências Interamericanas. A pan-ame-
ricana e relações culturais.
Conferência criou, ainda, a Co-

missão Interamericana de Mu- Na VIII Conferência, realizada

lheres e o Instituto Pan-Ameri- em Lima, em 1938, embora não

cano de Geografia e História, e se hajam firmado convenções ou

ampliou os da Repar- tratados, ficou, entretanto, asse-


programas
tição Sanitária Pan-Americana e a unidade do Hemisfé-
gurada
do Instituto Internacional Ame- rio Ocidental ante a ameaça da
ricano de Proteção à Infância. Segunda Guerra Mundial, medi-
"Declaração
Entre a ante a de Lima",
VI e VII Confe-

rência, realizou-se, em Washing- pela qual as Repúblicas america-

ton, 1928-29, uma nas decidiram manter sua soli-


conferência

especial — a Conferência dariedade em face de


Inter- qualquer
nacional dos Estados intervenção ou agressão estran-
America-

nos sôbre Conciliação geira. Foi também nessa Confe-


e Arbitra-

A reunião contribuiu rência se criou a Reunião de


gem. para que

o fortalecimento dos métodos Consulta dos Ministros das Re-

a solução dos lití- lações Exteriores, facilitar o


para pacífica para

à assinatura do Tra- mecanismo de consulta em caso


gios, graças
tado Geral de Arbitragem Inter- de agressão ou ameaça à paz.
americano e da Convenção Ge- Entre a VIII e IX medearam
a
ral de Conciliação Interamerica- duas outras conferências especi-
na, instrumentos completivos do ais de maior relevância para o
"Pacto
Gondra", de 1923.
fortalecimento do sistema de se-

Na VII Conferência, reunida coletiva do Continente.


gurança
em Montevidéu, em 1933, ficou A denominada Confe-
primeira,
consagrado, na Convenção sôbre rência Interamericana sôbre
Direitos e Deveres dos Estados, Problemas da Guerra e da Paz,
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 47

reunida na cidade do México em Apesar de haverem seus traba-


1945, ampliou o sistema de con- lhos decorrido em ambiente de
sulta, "Ata
por meio da de Cha- crise na vida da
grave política
pultepec", e determinou as me- Colômbia, os chanceleres ameri-
didas de defesa
que deveriam ser canos, reunidos em Bogotá, não
tomadas em caso de agressão ou só aprovaram a Carta da OEA,
ameaça contra o território, a so- veio consolidar definitiva-
que
berania ou a independência de mente a estrutura do sistema
qualquer dos Estados-membros. interamericano, senão também
O
princípio, firmado na Decla- firmaram o Tratado Americano
ração de "Pacto
Havana de 1940, de de Soluções Pacíficas ou
que
0 ato de agressão contra um Es- de Bogotá" e a Declaração Ame-
tado americano é considerado ricana dos Direitos do Homem,
agressão
a todos os outros foi documento no foi o
que, gênero,
ampliado
no sentido de a na história das relações
que primeiro
agressão,
para êsse efeito, internacionais. Desde a reunião
pode
provir de Além de Bogotá, a antiga União das
qualquer país.
Qe outras medidas tomadas Repúblicas Americanas a
pela passou
Conferência
a fim de reorgani- chamar-se Organização dos Es-
zar, consolidar e fortalecer o sis- tados Americanos, conservando-
tema interamericano, foi criado se para sua Secretaria-Geral o
também
o Conselho Interameri- título de União Pan-Americana.
cano Econômico e Social.
Finalmente, a X Conferência
A outra conferência Interamericana, reunida
especial em Ca-
foi a
que se realizou no Rio de raças, em 1954, além de impri-
Janeiro,
em 1947, denominada mir nova orientação à política e
Conferência
Interamericana aos programas que a OEA iria
pa-
ra a Manutenção da Paz e da Se- desenvolver nos próximos cinco
gurança do Continente. Pode-se anos, ao
particularmente quanto
afirmar
que essa Conferência, ao fomento social e econômico, a-
firmar
o Tratado Interamerica- também uma convenção
provou
na de Assistência Recíproca, efe- o desenvolvimento das re-
para
tivando,
assim, lações culturais interamericanas,
permanentemen-
te os dispositivos da Ata de Cha- outras duas sôbre asilo territo-
e
pultepec, deu o mais
passo posi- rial e diplomático. Na mesma
tivo no sentido do fortalecimen- iniciativa
Conferência, por da
to do sistema segurança cole-
de Delegação dos Estados Unidos
tiva "Tratado "De-
do Continente. O América, foi
da aprovada a
Rio de Janeiro" foi o primeiro claração de Solidariedade a
para
convênio
regional assinado na
Preservação da Integridade Po-
conformidade
do art. 51 da Car- lítica dos Estados Americanos
ta das Nações Unidas. contra a Intervenção do Comu-

A mais importante de tôdas nismo Internacional." Esta De-


as Conferências claração, conforme veremos mais
Interamericanas
terá sido, sem a nona, adiante, viria a constituir, embo-
dúvida,
reunida em 1948. ra contra sentir do
Bogotá, em o Govêrno
48 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

brasileiro, um dos fundamentos do Continente contra todo ato


a exclusão de Cuba da Or- hostil de beligerante
para qualquer
dos Estados America- extracontinental. A segunda re-
ganização
nos. alizou-se um ano depois, em
1940, em Havana, se es-
Passamos agora a examinar, quando
tudaram as conseqüências da
ainda que com a sobriedade que
passagem das ameri-
a escassez de tempo nos impõe, possessões
canas para o domínio nazista.
as origens da Consulta, bem as-
Foi durante essa Reunião se
sim alguns casos em que o siste- que
declarou atentado
ma de defesa coletiva interame- que qualquer
de nação extracontinental con-
ricano entrou a funcionar, seja
tra a integridade de um Estado
com base na Carta da OEA, seja
americano seria tido como um
de acordo com o Tratado do Rio.
ato praticado contra todos. E,
Vamos encontrar as origens
na hipótese de agressão ou ame-
do procedimento da consulta na
aça de agressão, os Estados
Conferência da Consolidação da
americanos recorreriam à Con-
Paz celebrada em Buenos Aires
sulta para estabelecer medidas.
em 1936. Neíssa época, porém,
Já dentro dêsse espírito é se
não foi nenhum meca- que
previsto
convocou a Terceira Reunião
nismo lhe desse efetividade,
que
Consultiva dos Chanceleres ame-
o que viria a ocorrer mais tarde,
ricanos, face ao ataque do Japão
durante a Oitava Conferência
contra território norte-america-
Internacional Americana reali-
no, ato de agressão den-
zada em Lima em 1938. Esta- primeiro
tro dos têrmos da Declaração de
vam convulsos os tempos, e tudo
Havana.
parecia indicar o advento de nô-
vo conflito mundial. Foi nesse Pressentindo-se o fim da guer-
ambiente de expectativa ra, as nações americanas se re-
quase

que as Repúblicas americanas uniram no México exami-


para
se reuniram na capital r:ar as medidas além de
peruana, que,
onde tiveram a oportunidade de a vitória, articula-
precipitar
expressar o propósito comum e riam nosso sistema regional com
inquebrantável de efetivar sua a organização mundial
prevista
solidariedade, caso viesse a inte- de segurança coletiva. Urgia

gridade de qualquer uma delas robustecer o sistema interame-


a ser ameaçada. ricano. Decidiu-se então preci-

Dentro dos limites marca- sar as funções da Consulta. Foi


que
ram o comêço e o fim da Segun- nesta conferência se lança-
que
da Guerra Mundial, convoca- ram duas bases fundamentais

ram-se três Reuniões de Cônsul- para o fortalecimento do siste-

ta. A celebrou-se no ma: uma sobre segurança cole-


primeira
Paraná em 1939. Impunha-se tiva, outra sôbre reorganização;

declarar e a neutrali- bases estrutura


preservar que ganhariam
dade das Américas. Foi aí complementar no Rio de Janeiro
que
se estabeleceu uma Zona de Se- em 1947, se firmou o
quando
gurança como meio de proteção Tratado Interamericano de As-
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 49

sistência Recíproca, e em Bogo- casos de ataque armado dentro


tá, em 1948, se assinou da zona delimitada
quando pelo Tratado
a Carta da Organização dos Es- ou dentro do território de um
tados Americanos. Estado americano, ou a situações

que possam pôr em perigo a


Resolução VIII sôbre Assis- paz
_A
tência Recíproca, conhecida como nas Américas.
"Ata
de Chapultepec", fixou a Desde entrou em vigor,
que
Consulta às hipóteses de ataque dezembro de 1948, Tratado
em o
ou em houvesse nove
que motivos pa- do Rio foi aplicado vêzes:
ra se acreditar no de
preparo
uma agressão contra a inviolabi- 1) na entre Costa Ri-
questão
lidade ou integridade do territó-
ca e Nicarágua em 1948;
r*0', contra a independência
?u
2) situação do Caribe em 1950;
política ou soberania de um Es-
tado americano. 3) Guatemala em 1954;
Era uma am-
pliação dos compromissos de 4) novamente Costa Rica e
Buenos Aires e de Havana, Nicarágua em 1955;
pois
ieferia-se
ã agressão de qualquer 5) conflito entre Honduras e
Estado,
extracontinental ou mes-
Nicarágua em 1957;
mo americano.
6) situação do Panamá;
A Resolução IX sôbre reorga-
nizaçãó 7) situação da Nicarágua em
do sistema interameri-
cano 1959;
emprestou às Reuniões de
Consulta 8) caso da solicitação do Go-
a função de tomar de-
cisões sôbre vêrno da Venezuela em
os mais
problemas
urgentes 1960; e da
e importantes do siste-
ma e a respeito de
da situação 9) solicitação do Govêrno da
todo
gênero, capazes de Colômbia em 1961.
pertur-
bar a
paz do Hemisfério.

Entretanto Em tôdas estas ocasiões houve


a Ata de Cha-
que
ameaças à paz surgidas dentro
pultepec se destinava a reger as
relações do Continente. Convocou-se a
interamericanas apenas
em Reunião de Consulta, mas em
tempo de o Tratado
guerra;
Interamericano caso algum dos sete
de Assistência primeiros

Recíproca, chegou ela a reunir-se. Na


ou Tratado do Rio, ques-

era tão da Guatemala não foi neces-


um instrumento de efeito
sária a Reunião e as seis outras
permanente. Segundo êle, a Con-
sulta resolveram-se satisfatoriamente
se faz entre os Chanceleres
dos Conselho, nas funções de
tenham ratifica- pelo
países que
do órgão provisório de consulta, nos
o Tratado, ou seja, atualmen-
te, têrmos do artigo 12 do Tratado.
todos os Estados-membros da
OEA. Enquanto não se reúne o A Carta da OEA deu forma

órgão de Consulta, Conselho ao mecanismo de


o permanente

pode atuar co- do sistema interamericano,


provisoriamente, paz
mo tal. A Consulta se refere aos não apenas à solução
quanto pa-
1

50 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

cífica das controvérsias e à se- Chile em 1959, foi convocada


pa-
gurança coletiva, mas também ia considerar a situação então
em relação ao da existente na região do Caribe.
procedimento
Consulta. No se refere à so- Abordaram-se dois temas
que princi-
lução pacífica de controvérsias, pais: 1) a situação de tensão in-
a Carta estabeleceu certos prin- ternacional do Caribe e 2) o
cípios, apenas, deixando a indica- exercício efetivo da democracia
dos meios resolvê-las ao representativa e o respeito aos
ção para
Pacto de Bogotá. Em relação à direitos humanos.

segurança coletiva, a Carta in-


A Sétima Reunião de Cônsul-
corporou os princípios básicos do
ta foi celebrada em São José da
Tratado do Rio de Janeiro de
Costa Rica em 1960, imediata-
1947. Com respeito à Consulta
mente após a Sexta, convo-
por
Carta conservou, no Artigo 39,
cação do Govêrno do Peru,
para
sua função dupla, herdada da "considerar
as exigências da so-
Conferência do México de 1945,
"considerar lidariedade continental, a defesa
de de ca-
problemas do sistema regional e os princi-
ráter urgente e de interêsse co-
pios democráticos americanos
mum os Estados America-
para ante as ameaças que
" possam
nos" e servir de órgão de
para afetá-los". Das
resoluções apro-
Consulta", ou seja, os casos "Declaração
para vadas, destaca-se a
de ataque armado e ameaças
de São José da Costa Rica" que,
para a paz, prevista no Tratado
além de proclamar, declarar e
do Rio.
reafirmar outros princípios, con-
Desde a Carta da OEA en- dena enèrgicamente a interven-
que
trou em vigor, se realizaram ou ameaça de intervenção
já çao
três Reuniões de Consulta, nos de extra-continental em
potência
têrmos do artigo 39, ou seja, assuntos das Repúblicas ameri-
para
considerar de caráter canas.
problemas
urgente* e de interêsse comum Como referimos, a primeira
para os Estados americanos. Fo- aplicação do Tratado Inter-
ram elas a Quarta, Quinta e Sé- americano de Assistência Recí-

tima Reuniões de Consulta dos proca foi na suscitada


questão
Ministros das Relações Exteriores entre a Costa Rica e a Nicarágua

dos Estados em 1948/49. Em dezembro de


Americanos.
1948, o Govêrno da Costa Rica
A Quarta Reunião de Cônsul-
recorreu ao Conselho, com base
ta celebrou-se em Washington
no artigo 6 do Tratado do Rio,
em 1951, face à situação existen-
alegando haverem invadido o
te desde os fins de 1950, que
país forças armadas integradas
constituía uma ameaça a
para indivíduos
por de diversas naci-
paz da América, como conse-
onalidades e da Ni-
procedentes
qüência das hostilidades inicia-
carágua. O Govêrno de São José
das na Coréia.
sustentava serem aquêles atos
A Quinta Reunião de Cônsul- epílogo de uma série de prepara-
ta, realizada em Santiago do tivos empreendidos pela Nicará-
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 51

gua. O Govêrno dêsse Tratados e de solidariedade ame-


país, por
sua vez, não só negou ricana, os Governos de
qualquer Costa Ri-

participação, mas também sus- ca e Nicarágua firmaram um


tentou não ter tido conhecimen- Pacto de Amizade,
que pôs têr-
to de semelhante expedição, ao mo à controvérsia, sem que fôsse
mesmo tempo assegurava ao necessária a reunião do órgão
que
Conselho manteria absoluta de Consulta.
que
neutralidade com relação a nica-
Houve outras aplicações do
raguanos e estrangeiros habitan-
Tratado do Rio, como já tive a
tes na Nicarágua. Em face da
oportunidade de indicar. Mas
solicitação do Govêrno da Costa
acredito além de monótono,
Rica, que,
porém, o Conselho da OEA
seria ocioso fazer-lhes a tôdas o
viria a convocar a Reunião de
histórico. Por isso, escolherei os
Consulta, a 14 de dezembro de
casos mais significativos, depois
1948, constituindo-se, ao mesmo
dêsse primeiro incidente entre a
tempo, em órgão Provisório de
Costa Rica e a Nicarágua.
Consulta. O Conselho, atuando
dentro O se à situa-
dos têrmos do artigo 12 primeiro prende
do Tratado, ção imperante na Guatemala
solicitou aos Gover-
nos da em 1954, que muito preocupou
Costa Rica e Nicarágua
tomassem as Repúblicas americanas. Con-
que as medidas neces-
sárias templando com crescente preo-
para a solução da contro-
vérsia," cupação a intervenção demons-
após ouvir-se o Relatório
da Comissão trada pelo movimento comunista
que investigou os
fatos internacional na Guatemala, que
apresentados Costa Ri-
por
ca parecia pôr em perigo a paz e a
e seus antecedentes. Foi as-
sim segurança do Continente, 10
conforme ao Relatório pai-
que,
ses-membros da OEA, entre os
da Comissão Interamericana de
quais o Brasil, dirigiram nota ao
Peritos Militares, o Govêrno da
Conselho, em junho de 1954, so-
Nicarágua tomou as medidas in-
licitando uma Reunião do órgão
üicadas vigiar sua fronteira
para
de Consulta, nos têrmos do Tra-
com a Costa Rica, bem assim co-
tado Interamericano de Assis-
tno cumprir os compromis-
para
tência Recíproca. Após tomar
sos decorrentes da Convenção só-
conhecimento da nota, o Conse-
bre Direitos e Deveres dos Esta-
lho decidiu convocar a Reunião
dos em caso de Lutas Civis, e o
de Consulta, se realizaria a
que
Govêrno da Costa Rica tomou as
7 de julho, na cidade do Rio de
medidas necessárias que
para Janeiro. Contudo, em virtude de
não existisse em seu território
a situação da Guatemala vir
organização alguma tivesse
que
gradativamente modificando-se,
por fim conspirar contra a segu-
para, finalmente, culminar com
rança do Govêrno da Nicarágua
interrupção total das hostilida-
ou de outras Repúblicas ameri-
des, o Conselho, em data poste-
canas.
rior, decidiu adiar sine die a Reu-

Por fim, num belo exemplo de nião de Consulta, encerrando-se


acatamento aos dispositivos dos assim a questão.
52 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

O segundo caso escolhi é duras e Nicarágua na desincum-


que
o da Honduras-Nicará- bência das recomendações do
questão
de 1957. A situação foi ofi- Conselho, assumindo ela tam-
gua,
cialmente levada ao conheci- bém as demais responsabilidades

mento da OEA, em abril da Comissão Investigadora, in-


quando,
de 1957, o Representante de clusive as do Comitê de Assessô-

Honduras dirigiu ao Presidente res.

do Conselho nota alegava


que Efetivamente, a Comissão ad
haver a Nicarágua invadido ter- hoc colaboraria ativamente no
ritório hondurenho, com forças
sentido de se chegasse a uma
que
militares, e solicitava a aplica-
pronta solução do litígio, levan-
do Tratado do Rio. Por sua
ção do sempre em conta os princi-
vez, em maio de 1957, o Repre-
pais meios de solução
pacífica
sentante da Nicarágua invocou a
das controvérsias, e servindo-se.
aplicação do Tratado do Rio, de-
em lugar, da negocia-
primeiro
clarando forças armadas de
que direta. Êste último meio
ção
Honduras haviam atacado guar- teve de ser abandonado,
porém,
nição nicaraguana localizada em
pois se mantiveram irredutíveis
Mocorón. O Conselho aprovou as partes, muito embora houves-
imediatamente a convocação de sem dado provas de seu espírito
uma reunião de Consulta, come- de colaboração.

çando a funcionar como órgão


Diante disso, a Comissão apre-
provisório de Consulta nos têr-
sentou às partes três
mos Tratado propostas:
do do Rio. O Con-
1) Processo arbitrai (Tribunal de
selho designou, outrossim, uma
Arbitragem); 2) Processo arbi-
Comissão Investigadora incum-
trai (Arbitro único); 3) Processo
bida de examinar in loco a situa-
Judicial (Côrte Internacional de
ção. Os trabalhos da citada Co-
Justiça).
missão culminariam com a ces-

sassão de fogo e com a aceitação Todos êsses enqua-


processos
Partes de de retira- dravam-se dentro do Tratado
pelas planos
da de tropas. Americano de Soluções Pacíficas,

ou Pacto de Bogotá.
Segundo o artigo 7 do Tratado

do Rio, os signatários devem ins- Por fim, as Partes concordaram

tar com as sus- em submeter a à Côrte


partes para que questão
as hostilidades e tomem Internacional de Justiça, dentro
pendam
tôdas as demais medidas neces- dos têrmos do Pacto de Bogotá.

sárias o restabelecimento E a 27 de junho de 1958, o Con-


para
ou manutenção da e da se- selho da OEA, louvado nos ante-
paz

gurança interamericana, e cedentes e razões expressas no


para
a solução do conflito meios relatório da Comissão ad hoc,
por
decidia cancelar a convocatória
pacíficos.
da Reuni.ão de Consulta.
Ainda no mesmo mês, o Con-

selho da OEA criou uma Comis- Examinaremos a seguir o caso

são ad hoc, composta de 5 mem- da denúncia da Venezuela contra

bros, para colaborar com Hon- o Govêrno da República Domini-


ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 53
cana, que teria praticado atos de prenunciando claramente que o
intervenção e agressão que culmi- problema cubano seria objeto de
naram no atentado contra a vida nova Consulta entre os Chance-
do Presidente Rômulo Betan- leres americanos. A crescente
court. Face à solicitação vene- aproximação de Cuba do bloco
zuelana, o Conselho da OEA con- sino-soviético, certos pronuncia-
vocou a Reunião de Consulta, que, mentos e atitudes de líderes
efetivamente, se reuniu pela pri- cubanos, o rompimento de rela-
meira vez nos termos do Trata- ções diplomáticas entre mais de
do do Rio. Apesar de o Governo uma dezena de Repúblicas ame-
dominicano haver-se oposto à ricanas e o regime de Fidel Cas-
convocação, alegando ausência tro, a malograda tentativa de in-
de_ motivos fundados, a VI Reu- vasão de Cuba por forças anti-
nião iniciava seus trabalhos em castristas, em abril de 1961 —
agosto de 1960, na cidade de São todos esses fatos causaram, como
José da Costa Rica. era de esperar, entre os demais
Por sua Resolução I, condenou países membros viva preocupação
o Governo Trujillo, cuja culpabi- pela preservação da unidade do
lidade ficou taxativamente evi- sistema interamericano.
denciada pelo Relatório da Co-
Após uma tentativa infrutífe-
missão Investigadora do órgão ra, em outubro de 1961, de uma
de Consulta. convocação do órgão de Cônsul-
A mesma Resolução indicou, ta, por parte do Governo do Peru,
nos termos do Tratado do Rio, a Colômbia, por sua vez, passaria
as seguintes medidas: 1) rompi- nota ao Conselho da Organização
mento das relações diplomáticas dos Estados Americanos, em de-
com a República Dominicana; zembro do mesmo ano, propondo,
2) interrupção parcial das rela- para 10 de janeiro de 1962, uma
ções econômicas de todos os Es- Reunião de Chanceleres, baseada
tados-membros com a República no artigo 6 do Tratado do Rio de
Dominicana, a começar pela sus- Janeiro, a fim de considerar as
pensão imediata do comércio de ameaças à paz e à independência
armas e material bélico, cabendo política dos Estados americanos
ao Conselho da OEA o exame da que possam advir da intervenção
possibilidade de se estender a me- de potências extracontinentais,
dida e outros itens. desejosas de debilitar a solidarie-
Facultou-se ao Conselho o can- dade interamericana.
celamento posterior dessas medi- Cioso de seu inabalável respeito
das, a partir do momento em que aos tradicionais princípios de
o Governo dominicano deixasse não-intervenção e autodetermi-
de constituir perigo à paz e à nação, constantes orientadoras
segurança continentais. de sua política externa, não po-
As tensões políticas na Região dia o Governo brasileiro apoiar a
do Caribe, especialmente depois proposta colombiana. Demais,
das Reuniões de Costa Rica, vi- um eventual isolamento de Cuba,
nham-se acentuando dia a dia, decorrente de resoluções conde-
54 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

natórias, bem como da aplicação O Brasil compareceu à VIII

de sanções, antes de tu- Reunião de Consulta se


poderia, que
do, estimular as tendências pró- realizou em do corrente
janeiro
-soviéticas "animado
dêste Com isso, ano em Punta dei Este,
país.
a cubana sair do pelo espírito de fraternidade
questão poderia que
âmbito interamericano, tor- o tem levado a de tô-
para participar
nar-se do conflito Leste- das as reuniões interamericanas
parte
-Oeste, excluindo-se, destarte, a e sincero desejo de contri-
pelo
"aquela
hipótese de uma ação moderada buir Consulta
para que
dos demais Estados representasse" um adiante
por parte passo
americanos. Não éramos contra na elaboração e no fortalecimen-

uma Reunião de Consulta, mas to do sistema regional a que per-


acreditávamos serem necessárias tencemos", segundo
palavras de
certas preliminares, Sua Excelência o Doutor Fran-
precauções
certos entendimentos prévios, cisco Clementino de San Thiago
destinados a possibilitar um en- Dantas, Ministro de Estado das
contro em nível de chancelarias, Relações Exteriores na
(Discurso
com resultados que permitissem Comissão Geral, em 24-1-62). Sua
a reintegração de Cuba no siste- Excelência salientou três
que
ma interamericano. objetivos orientavam nosso
o
comportamento naquela reunião:
Sustentamos não atender aos
1) preservação da unidade do sis-
interêsses de nossa comunidade

marcha tema, fortalecendo-o em favor do


pôr em processo político
de última instância, sem Ocidente; 2) defesa dos
o exa- princí-
me das conse- pios jurídicos em que êle se fun-
prévio possíveis
meio de conversa- da; 3) fortalecimento da demo-
qüências, por
ministeriais. A solução cracia representativa em sua
ções para
caso devia ser encontrada na competição com o comunismo in-
o

firmada ternacional. Efetivamente, êsses


Declaração de Santiago,
três norteariam nossa
na V Reunião de Consulta princípios
por
conduta de maneira constante,
todos os chanceleres americanos, o

que nos manter ati-


inclusive o Doutor Raul Roa, o permitiria
tude sempre e coerente.
Ministro do Exterior do Govêrno justa

Fidel Castro. Para o Brasil, efe- A VIII Reunião aprovou nove

tivamente, a colombia- resoluções. A considera


proposta primeira
na não requisitos a ofensiva do comunismo na
possuía os jurí-
dicos necessários se invocar América. A segunda refere-se à
para
o Tratado do Rio. Conquanto a criação da Comissão Consultiva

situação continental Especial de Segurança contra a


política pu-
desse requerer uma Reunião de ação subversiva do comunismo

Consulta, esta deveria ter funda- internacional. A Resolução III

mentação diversa. Por estas ra- reitera os de não-in-


princípios
zões, absteve-se o Brasil de votar tervenção e autodeterminação. A
a solicitação da Colômbia de Con- Resolução IV recomenda a reali-
vocação de uma Reunião de Con- zação de eleições livres. A V Re-
sulta para tratar do caso cubano. solução está ligada à Aliança
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 55

para o Progresso. A VI se prende Embora desejasse votar contra


a exclusão do atual Governo de o tráfico de armas, na Resolução
Cuba da participação no sistema VIII, referente a medidas de ca-
interamericano. A VII exclui o ráter econômico, o Brasil prefe-
atual Governo de Cuba da Jun- riu abster-se, por haver menção
ta Interamericana de Defesa. A expressa ao Tratado do Rio, pos-
VIII se refere às relações econô- suindo, ainda que de forma ate-
micas com Cuba. E, finalmente, a nuada, o caráter de sanções.
IX recomenda ao Conselho da A única expulsão decidida
OEA a reforma do Estatuto da
Comissão Interamericana de Di- pela VIII Reunião de Consulta
foi a da Junta Interamericana
reitos Humanos. de Defesa, de cujos trabalhos o
O Brasil deu seu voto afirma- Governo de Cuba já não partici-
tivo às Resoluções de números: pava desde março de 1961.
I, II, III, IV, V, VII e IX. A Esta Consulta foi a mais re-
orientação da Delegação brasilei- cente aplicação do Tratado Inter-
ra com respeito à Resolução de americano de Assistência Recí-
número VI, referente à exclusão proca, de 1947.
do atual Governo de Cuba da Em cumprimento ao mandato
participação no sistema intera- contido no inciso c) do parágrafo
mericano, foi a seguinte: vota- 2 da Resolução II da 8a Reunião
mos favoravelmente em relação de Consulta de Ministros das Re-
aos dois primeiros parágrafos da lações Exteriores, o Conselho da
parte resolutiva; abstivemo-nos, OEA aprovou, no corrente ano,
em seguida, na votação do con- resolução pela qual se criou uma
junto. Assim, fomos favoráveis Comissão Consultiva Especial de
ao primeiro, que proclamava a Segurança, com o intuito de pre-
incompatibilidade do marxismo- venir a ação subversiva do comu-
-leninismo com os princípios do nismo internacional e de preser-
sistema interamericano, e ao se- var a democracia nas Américas.
gundo, que declarava a incompa- A Comissão compõe-se de sete
tibilidade do atual Governo de peritos em matéria de segurança,
Cuba, por ser marxista-leninista, eleitos a título pessoal. Na pessoa
com esse mesmo sistema. Absti- do Professor Canuto Mendes de
vemo-nos com respeito ao tercei- Almeida, o Brasil teve atuação
ro, que dispunha que a incom- destacada no seio da Comissão,
patibilidade entre o atual Govêr- norteando-se sempre pelo mais
no de Cuba e o sistema interame- estrito respeito aos princípios
ricano exclui o mencionado Go- jurídicos de não-intervenção e
vêrno de participação nos órgãos autodeterminação dos povos.
do sistema, e ao quarto, que re- Uma das diretrizes que orienta-
comenda ao Conselho da OEA e ram nossa conduta relativamente
aos demais órgãos e organismos ao assunto foi de que a Comissão
as providências necessárias para Consultiva Especial de Seguran-
dar imediato cumprimento a essa ça possui caráter eminentemente
Resolução. consultivo, só podendo entrar em
56 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

funcionamento mediante solicita- organismo de cunho eminente-


de um Govêrno interessado. mente científico cujo campo na-
ção
Por outro lado, o Brasil opôs-se tural de ação é, forçosamente, to-
sempre a qualquer iniciativa que do o Continente, não vemos como
implicasse na qualificação de fa- dêle excluir
poderíamos qualquer
tos referentes à política e à situa- país apoiando-nos em razões de
internas de ordem A exclusão de
ção qualquer país política.
americano. Foi em atendimento Cuba, além de não beneficiar em
a essa orientação que o Repre- particular nenhum deixaria
país,
sentante do Brasil na Comissão a OPAS impossibilitada não sò-
logrou excluir do texto do infor- mente de controlar e procurar
me apresentado ao fim do debelar surtos de epidemias
geral ou
de reuniões, já moléstias contagiosas ali ocor-
primeiro período
encerrado, quase tôdas as refe- rentes, mas também alertar os
rências a países, organismos sin- demais tomem
países para que
dicais, bem assim como partidos medidas contra
preventivas a
e outras entidades e pes- de
políticos propagação enfermidades a
soas, além de consignar no men- seus territórios. Por outro lado,
cionado relatório um reconheci- se os têrmos da Resolução VI
mento da legitimidade de movi- comportariam uma interpretação
mentos nacionais populares, de-
no sentido de Cuba deveria
que
dicados à causa da emancipação
também ser excluída da OPAS,
política e econômica, justiça so-
os princípios contidos no
preâm-
ciai e desenvolvimento cultural
bulo da Constituição da Organi-
das massas, dentro dos princípios zação Mundial de Saúde — de
democráticos.
que a OPAS é organismo regional
A Chancelaria cubana solici- — não autorizam tal interpreta-
"o
tou, recentemente, a intercessão ção, reconhecem
pois que gôzo
do Govêrno brasileiro no sentido do maior de saúde
grau possível
de evitar a exclusão do atual é um dos direitos fundamentais

Govêrno de Cuba da Organiza- de todo ser humano, sem distin-

ção Pan-Americana de Saúde, ção de raça, religião, ideologia

seria durante a XVI política ou condição econômica


que proposta
Conferência Sanitária Pan-Ame- ou social". Aliás, diga-se, os pró-
ricana, em atendimento ao man- prios em Punta dei
países que
dato contido na Resolução VI da Este a exclusão de
propuseram
8a Reunião de Consulta. Inicia- Cuba do sistema interamericano
mos logo gestões firmes junto às ressalvaram o caso específico da

Chancelarias continentais, a fim organização Pan-Americana de


de evitar a consumação do ato, Saúde, onde a de
participação
a nosso ver, seria altamente todos os do Hemisfério se
que, países

prejudicial à realização dos obje- faz indispensável se


para que
tivos primordiais da OPAS, entre possam levar a efeito programas
os quais a erradicação de doen- sanitários de âmbito continental.

ças contagiosas e sua propagação Mesmo assim, e apesar de nossos


no Hemisfério. Por tratar-se de esforços, delinear-se uma
parece
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 57

tendência "o
geral, na maioria das que domínio ou controle das
Chancelarias americanas, no sen- instituições políticas de qualquer
tido de Cuba
que deve ser expul- Estado americano do
por parte
sa da OPAS, em atendimento à movimento internacional comu-
recomendação
contida na Reso- nista, tenha resultado
que por a
lução VI da Oitava Reunião de extensão ao Continente ameri-
Consulta dos Ministros das Rela- cano do sistema de
político uma
ções Exteriores das Repúblicas
potência extracontinental, cons-
Americanas,
de Punta dei Este.
tituiria uma ameaça à soberania
Já vimos a Consulta e independência dos Es-
que pode- política
-se
realizar de acordo com Car- tados americanos em
a que poria
ta da OEA (artigo 27; artigos 39 perigo a paz da América e exigi-
e seguintes) e com o Tratado do ria uma Reunião de Consulta pa-
Rio. Há,
porém, outros instru- ra considerar a adoção das me-
mentos embora
que, geralmente didas de acordo com
procedentes
pouco conhecidos, também
pre- os tratados existentes". Seria
vêem Reuniões Consultivas. Re- uma Reunião na
do tipo previsto
firo-me ao Tratado Americano de Tratado do Rio.
Solução Pacífica, ou Pacto de
Bogotá, Vamos
e à Resolução XCIII, da mencionar, agora, um
X Conferência Interamericana, organismo de caráter especial,
que faz uma Declaração de vem funcionando desde 1948
Soli- que
dariedade
para a Preservação da e embora dentro do sistema
que,
Integridade
Política dos Estados interamericano, não se acha in-
Americanos
contra a Intervenção cluído entre os seus órgãos
per-
do Comunismo Internacional. manentes, nem mesmo vem men-
O Pacto de Bogotá indica a cionado na Carta da OEA. Tra-
Consulta o caso do não
para ta-se da Comissão Interamerica-
cumprimento das decisões da na de Paz, criada Segunda.
pela
Côrte Internacional de Justiça
Reunião de Consulta, Havana,
de Haia, ou de um tribunal arbi-
1940, com o objetivo de zelar
trai. No caso de uma das partes
permanentemente para que os
deixar de cumprir uma dessas
Estados entre os surja um
decisões, quais
a outra, ou demais par-
conflito o solucionem com a
tes interessadas, ao
prèviamente
maior brevidade indi-
recurso ao de Seguran- possível,
Conselho
cando os métodos e iniciativas
Ça da ONU, ou
promoverá, pro-
moverão, conducentes à respectiva solução.
conforme o caso, uma
Reunião Suas funções foram especificadas
de Consulta de Minis-
tros das Relações Exteriores a fim por Resoluções de
pertinente
de se indiquem medidas maio de 1956, do Conselho da
que que
convenham seja exe- OEA, em atendimento à reco-
para que
cutada a decisão ou ar- mendação da X Conferência In-
judical
bitral. teramericana de Caracas (1954).

A Resolução XCIII da X Con- Compõem-na cinco Estados-mem-

ferência declarou, sua vez, bros, designados Governos,


por pelos
58 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

meio do Conselho, reitos Humanos na República


por para pe-
ríodos de cinco anos. Cada ano, Dominicana.

um Estado componente da Co- Por outro lado, desde a V Reu-


missão é substituído. Nenhum dos nião de Consulta, como vimos, a
componentes funcionará quando CIP vem também estudando o
fôr interessada numa con-
parte problema das tensões existentes
trovérsia sôbre a a Comis- no Caribe,
qual cabendo-lhe, Re-
pela
são deva atuar. Sua presidência solução IV dessa Reunião, sub-
é rotativa, renovando-se anual- meter um relatório
preliminar
mente. Com sede em Washing- endereçado aos Governos das Re-
ton, a Comissão funciona perma- americanas e um relato-
públicas
nentemente, sempre ã disposição rio final a XI
para Conferência

das litigantes. lnteramericana.


partes

Além de examinar os casos es- Entre os assuntos mais impor-

a ela encaminhados, a tantes de recentemente se


pecíficos que
Comissão, desde 1959, se vem ocupou o Conselho da OEA, me-

ocupando de tarefa especial a ela rece especial destaque a criação


conferida pela V Reunião de Con- do Colégio Interamericano de

sulta, de Santiago. Foram-lhe Defesa, a se refere a Reso-


que
entregues novos podêres, para lução XLI, de 6 de agosto de 1959,

levar a efeito amplos da Junta lnteramericana de De-


que pudesse
estudos sôbre os assuntos que fesa. Penso terão
que particular
provocaram a V Reunião, a sa- interêsse os alunos
para desta
ber: I) a tensão internacional na Escola os antecedentes da cria-
zona do Caribe e II) o exercício assim
ção da Academia, como a
efetivo da democracia represen- atitude que o Govêrno brasileiro,
tativa, bem como o respeito aos apoiado alguns
por outros, ado-
direitos humanos. tou a propósito da legitimidade

Assim, dentro do exame de ca- do ato pelo qual foi criado o Co-

sos específicos, vamos encontrar, légio. De acordo com a Resolu-

exemplo, a ajuda que a Co- ção que o instituiu, o Colégio te-


por
"realizar
missão à Nicaragua e ria a missão de um cur-
prestou
à Honduras, assegurando a exe- so de estudos sôbre o sistema

cução do decidido Côrte In- interamericano e os fatores mili-


pela
ternacional de Justiça da Haia, tares, econômicos, e
políticos
relativamente à fixação da linha psico-sociais do poder consti-
que
fronteiriça entre êsses dois tuem os componentes essenciais
pai-
ses. Vamos ainda encontrar a da defesa interamericana, a fim

ação da CIP, dentro do exame de dar realce à de


preparação
de casos específicos, com respei- pessoal escolhido das forças ar-

to à invasão do Haiti, em 1959, madas das Repúblicas america-

aos subversivos contra nas chamado a na so-


panfletos participar
o Govêrno venezuelano, ao caso lução dos de defesa do
problemas
do Equador e da República Do- Hemisfério. Em 1959, o Govêrno

minicana, e às violações de Di- brasileiro, através do Estado-


ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 59

-Maior das Forças Armadas, tura que algumas Delegações,


aprovou a criação do Colégio e, entre as quais as do Chile, do
a propósito, já havia mesmo o México, da Venezuela e do Brasil,
EMFA obtido autorização do Se- começaram a manifestar sérias
nhor Presidente do Conselho de apreensões sobre se as atividades
Ministros para concorrer com que se pretendia atribuir ao novo
dois ou três coronéis ou equiva- órgão não ultrapassavam o man-
lentes, para o Corpo de Assessô- dato específico da Junta Intera-
res do Departamento de Estudos, mericana de Defesa, que é o de
e indicar também três coronéis estudar, sugerir e coordenar as
ou equivalentes para ocupar três medidas de defesa coletiva do
vagas de alunos daquela Acade- Continente. A atitude do Govêr-
mia, a qual deveria entrar em no brasileiro foi bastante clara e
funcionamento na segunda me-
tade do corrente ano. definida. A verdade é que, à luz
dos atos institutivos da Junta,
Afirmamos acima que, através não tinha essa competência para
do EMFA, o Governo brasileiro criar o Colégio. Por outro lado,
já havia dado o seu beneplácito a simples resposta favorável dos
à criação do Colégio. É preciso
esclarecer, que a aprovação do governos-membros — inclusive o
do Brasil — à consulta feita
Governo náo foi transmitida à
Junta Interamericana de Defesa pela Junta com relação aos linea-
mentos gerais de um anteprojeto
ou ao Conselho da OEA pelo ór-
para criação de um colégio inter-
gão executor da política externa americano, não podia ser consi-
brasileira, isto é, o Ministério derada como um ato jurídico per-
das Relações Exteriores, o qual feito, constitutivo desse colégio.
nem sequer fora ouvido a respeito Assim, embora, consultado a res-
das conveniências ou inconve- peito, o Departamento de Assun-
niências políticas da criação do tos Jurídicos da OEA haja opi-
Colégio, tendo em vista os objeti- nado que o Colégio Interamerica-
vos que se propunha realizar. no de Defesa constitui uma ati-
Foi apenas em princípio deste vidade da Junta Interamericana
ano, quando o projeto de orça- de Defesa, compatível com seus
mento da novel entidade foi apre- objetivos, entendia o Governo
sentado à consideração da com- brasileiro, secundado aliás pelos
petente comissão do Conselho da do México e da Venezuela, que
OEA, que surgiram as primeiras não era êste precisamente o pon-
dúvidas sobre a natureza exata to litigioso e, sim, o de saber se
do Colégio. Com efeito, as des- à Junta assistia ou não compe-
pesas previstas para o funciona- tência para desenvolver tal ativi-
mento da Academia montavam à dade ou criar um organismo que
elevada cifra de US$ 350.000.00, pudesse executá-la. Julgava, ain-
quantia igual ao orçamento glo- da, o Governo brasileiro, e nesse
bal da própria Junta Interame- sentido dirigiu veemente apelo ao
ricana de Defesa. Foi a esta al- Conselho, necessário fosse estu-
60 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

dada a conveniência de assina- mento de Estado à ex-


política
rem os Estados Americanos um terna do país. E êste era e é

tratado ou convenção em fi- também um dos motivos de or-


que
cassem delimita- dem política pelos quais o Brasil
perfeitamente
das a competência e atribuições deixou de dar seu apoio irrestrito

dêsse Colégio, no campo de suas ao Colégio Interamericano de

faculdades de caráter Defesa. Embora a situação inter-


político,
econômico e social. Ao abster-se, na de cada na variedade de
país,
de votar o orçamento do Co- seus aspectos, influa no
pois, planeja-

légio, o Delegado do Brasil frisou, mento da defesa externa, única-

numa declaração de voto, mente às autoridades de cada


que,

embora o Govêrno brasileiro não nação cabe apreciar aquêle con-

se opusesse ã criação daquele ór- junto de fatores com os elemen-

indispensável a exis- tos de informação e decisão de


gão, julgava
tência de um ato válido que dispõe. Efetivamente, a ta-
jurídico

onde estivessem nitidamente ca- refa que se atribuir ao


pretende

racterizadas as normas substanti- Colégio, de realizar estudos sôbre,

vas de sua estrutura. entre outros, fatores e


políticos
em função da de-
do psico-sociais,
As verdadeiras preocupações
fesa interamericana, parece ao
Govêrno brasileiro decorriam, no
Govêrno brasileiro ser da compe-
entanto, da suspeita, assaz justi-
tência exclusiva de cada A
Colégio viesse, país.
ficada, de que o
transferência dessas responsabili-
com o correr do tempo, a trans-
dades o âmbito de um orga-
formar-se num organismo similar para
nismo internacional constituiria
ao Colégio da Organização do
pois impli-
Tratado do Atlântico Norte perigoso precedente,
caria a discriminação, ou mesmo
(NATO).
alienação, dos ineren-
privilégios
Aliás, o Presidente da
próprio
tes ao exercício da soberania. De
Junta, General Robett W. Burns,
qualquer modo, apesar de ter sido
havia feito à imprensa decla-
já voz vencida na discussão do as-
rações em não escondia a es-
que
sunto, pretende o Brasil partici-
do Govêrno norte-ame-
perança não só
par do Colégio, pelo res-
ricano ou do Pentágono de que
à democrática decisão da
peito
o nôvo órgão viesse a ser uma es-
maioria —• tradicional constante
de Escola Superior de Guer-
pécie —
de sua externa senão,
lembrar, política
ra do Continente. Vale
também, com sua presença,
a respeito, de certa feita, o para,
que,
estar apto a observar os verda-
Presidente Eisenhower
próprio
deiros rumos de suas atividades e
denunciara a influência exercida
denunciar, se fôr o caso, as even-
certos setores das forças ar-
por
tuais tentativas que venha a fa-
madas norte-americanas na for-
zer no sentido de influenciar a
mação da opinião in-
pública,
interna ou externa de
fluência esta muitas vêzes con- política
nêle representado.
trária à orientação imprimida qualquer país

Casa Branca ou Departa- Mencionarei ainda um assunto


pela
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 61

de
palpitante atualidade, cujas do Tratado do Rio. E tão impar-
últimas etapas se vêm desenro- ciai foi nossa a
posição, que
lando no seio da OEA. Refiro-me Bolívia e o Chile elogiaram na
à controvérsia do rio Lauca, en- OEA a atitude brasileira na dis-
tre o Chile e a Bolívia. A disputa cussão do problema.
não decorre nem de um problema Todavia, a situação apresenta-
de limites, nem mesmo de inter- -se complexa, o Chile e a
pois
pretações sôbre o do lei-
percurso Bolívia não estão de acordo
to do rio. Surgiu ela com respeito
quanto à escolha do processo de
ao aproveitamento do caudal, que solução da controvérsia. Enquan-
interessa
a ambos os países. to a Bolívia indica a mediação,
O Lauca é um
pequeno rio de afirmando apresentar o problema
montanha
que, em seu alto cur- outros aspectos além dos jurídi-
so, nasce e corre território cos, o Govêrno chileno insiste
por em
chileno,
atravessando a Província se trata de controvérsia
que ex-
de Tacapacá,
para penetrar no clusivamente salientan-
jurídica,
território
boliviano Departa- do
pelo que qualquer procedimento
mento de Oruro. Aí avança diplomático, como mediação,
por não
uns 250
quilômetros, até desa- pode ser utilzado solvê-la.
para
guar no lago Coipasa. Por outro lado,
Trata-se, o instrumento in-
P°is, de rio sucessivo, dicado solucionar a
conforme para contro-
define
o Direito Internacional. vérsia, é a Declaração sôbre
que
O Uso e Aproveitamento Industrial
problema não é nôvo,
pois
as negociações e Agrícola dos Rios Internacio-
para sua solução
se nais (firmado na VII Conferência
vêm arrastando desde 1939.
Internacional realizada em Mon-
Mas a se
questão precipitou, re-
tevidéu em 1933), não ca-
centemente, com a decisão possui
do
ráter contratual obrigatório.
Govêrno chileno de utilizar as
águas A atitude do Brasil com res-
do Lauca fins de irri-
para
peito ao assunto é e clara.
gação das terras áridas do vale justa
Se bem a do Chile
de Azapa. que posição
se acha enquadrada nos têr-
Com o ressurgimento da ques- mos da Declaração de Monte-
tão, o Brasil de seu dever
julgou vidéu, conforme alega o Govêrno
manifestar-se relativamente ao dêsse a verdade é o
país, que
assunto, como me-
oferecendo-se suscita não
problema questões
diador na solução de um dissídio apenas
jurídicas, mas tam-
que parecia em a uni- bém econômicas, é
pôr perigo pois provável
dade do sistema interamericano.
que o desvio empreendido
pelo
O Govêrno brasileiro logo rejeitou Chile tenha trazido ao
prejuízo
de forma inconfundível a idéia desenvolvimento de considerável
de enquadrar como
a questão parte do território boliviano ba-
agressão consumada do nhado águas do Lauca.
por parte pelas Êste
Chile e último
que justificasse, como ponto, a nosso ver,
po-
pretendia a Bolívia, a aplicação deria ser objeto de uma arbitra-
62 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

gem. É óbvio se comprovado, a insuficiência dos instrumentos


que,
de um lado, o econômico vigentes, tornasse
prejuízo patente a ne-
para a Bolívia, mas de outro, tam- cessidade de realizar-se uma con-
bém a in- ferência
posição juridicamente especializada com o fim
censurável do Chile, nada have- de legislar a matéria, à luz do
ria que obrigasse êste último desenvolvimento
país tecnológico e
a qualquer forma de ressarci- das necessidades econômicas dos
mento. O o Brasil deseja,
que países interessados no aproveita-
é um antecedente — um
porém, mento de rios internacionais su-
mero antecedente revelando cessivos.
que,
A Guerra Hodierna e o Brasil

César da Fonseca
?
Contra-Almirante (R)

0_ conceito da hodierna defensiva ou


guerra defensiva-ofensiva
é tão complexo
que exige uma está subordinado ao efetivo das
organização
ampla e vultosa. E forças, em e
quantidade qualida-
para um de ínfimas de e variações dos meios logís-
país possibi- as
lidades militares e logísticas, co- ticos de acordo com as diretrizes
mo o Brasil, o problema dessa doutrinárias. E o se
probelma
organização
é de difícil solução complica no desdobramento das
mesmo insolúvel se se contar tão operações, aumentando os riscos,
somente com os meios e recursos uma Nação
principalmente para
próprios. de capacidade militar.
pouca

Qualquer seja o tipo de No momento inimigo


que o possí-
guerra, convencional ou nuclear, vel ou dispõe de uma
provável
o conflito armado, se fôrça estratégica nuclear
que prevê de
será de magnitude e ex-
grande grande poder em aviões de bom-
tensão, tumultuando o mundo bardeio e nucleares
projéteis de
inteiro. Portanto, aten- alcance, em
profunda grande plataformas
ção e especial cuidado deve me- em terra, no mar e no ar. E a
recer a concepção aterradora da nossa defesa de deter ou atacar

guerra hodierna, cujos métodos no mais breve em uma


possível
e de fazê-la e conduzi- atitude defensiva-ofensiva de-
processos
la, as leis baseadas de sistemas adequados
proscrevem penderá
no Direito Internacional. às três Forças Armadas, re-
para
frear ou combater um ataque
A estratégia, o valor técnico e

combatente inimigo.
do homem, os meios

e recursos condizentes com a era As armas snucleares são as in-


nuclear, constituem im- dicadas, as insta-
parte principalmente

portantíssima, a da ladas em móveis, so-


para política plataformas
defesa e segurança do continen- bretudo as do mar. Isso,
porém,,
te Americano e, em não dizer, se baseia a
particular, quer que
do Brasil, dada as suas condi- nossa militar na mera
política

Çes e especiais. de armas nucleares. Te-


geo-estratégicas posse
Assim, a relação entre a exten- mos também que dispor de fôr-

são operacional e a capacidade de emprêgo mais flexível


ças, pa-
64 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

ra atender tarefas ou missões es- General De Gaulle declarou


que
pecíficas e menos desastrosas. E não assinará o acordo de proscri-
como o Brasil não dispõe de um ção de experiências nucleares,

poder nuclear, em face dos com- nem aceitará um de não


pacto
promissos tomados em Declara- agressão com o bloco soviético,

ções, Convênios ou Tratados, ado- embora essa atitude não signifi-


tando princípios comuns à poli- um abalo de relações franco-
que
tica continental, e considerando norte-americanas. Manterá a
a situação internacional, cujas decisão de criar uma fôrça nu-
circunstâncias vem afetando clear independente,
já já que em
os nossas interês- caso contrário, sua segurança
grandemente e
ses vitais, é óbvio que a defesa e independência seriam
prejudica-
segurança do Continente Ameri- das, uma vez
que os três signa-
cano e, em particular o Brasil, tários Estados Unidos, Grã-Bre-
tem que ser feita com a colabo- tanha e Rússia se reservaram a
ração de todos os países ameri- de reforçar
possibilidade a sua
canos, formando um todo har- hegemonia nuclear. E acentuou
mônico e sinérgico, obedecendo os acordo continua
que a deixar
a planos estabelecidos JUN- o mundo em Não foi
pela perigo. eli-
TA INTERAMERICANA DE DE- minada a ameaça atômica.
FESA. E é nesse sentido de-
que Lord Home, da Grã-Bretanha,
ve ser conduzida a nossa
política. assinala a recusa do
porém, que
O recente Tratado aboliu General De Gaulle de aceitar
que o
as experiências atômicas não acordo da das experi-
proscrição
aboliu as armas nucleares; e ências atômicas em nada dimi-
mesmo por uma de suas disposi- nui o valor do tratado. Não con-

ções, art. IV, terá êle duração ili- cordamos com essa opinião,
pois
mitada, cabendo o direito de ca- que, de fato, a França ser
já pode
da parte signatária de se retirar considerada uma nu-
potência
desde que julgue os aconte- clear embora de valor reduzido.
que
cimentos extraordinários com os A proposta da desatomização
assunto dêste Tratado da América
prejudica- Latina até hoje caiu
ram os interesses superiores da em morto
ponto na ONU, onde
sua nação".
só teve apoio simbólico. Nada

E a êsse respeito o embaixador foi feito de estando fa-


positivo,
dos EE UU Sr. Lincoln Gordon, dada ao fracasso.

em sua conferência a 30 de De forma,


ju- qualquer porém,
lho último, na Escola Superior conforme se observa no
panora-
de Guerra, afirmou que o acôr- ma mundial, oferecendo
grandes
do da proscrição das nu-
provas contrastes entre propósitos ma-
cleares entre seu e a Rússia
país nifestados e a ação motivada
por
e Grã-Bretanha não eliminou a intensões ocultas ou restrições
possibilidade de uma guerra contrárias aos tratados ou pactos
mundial.
firmados; e considerando a nos-
Acresce a circunstância de sa situação e
que geo-estratégica
a França, seu Presidente, com os meios e recursos de defe-
pelo
A GUERRA HODIERNA E O BRASIL 65

sa a segurança do b) Manter o adestramento em


precaríssimas,
Brasil está na dependência, ex- estado de eficiência;
plena
clusivamente, na cooperação c) Elaborar um planejamento
continental, tornará de acordo com a estratégia
o que pos-
sivel vencer emergên- marítima, conforme a ver-
qualquer
cia surja, inclusive a dadeira e real concepção de
que guerra.
E se assegurar a cooperação hodierna, tendo co-
para guerra
íntima entre os do Conti- mo objetivo:
países
nente é necessário, repitamos,
I — Garantir as vias de co-
obedecer aos Planos e Recomen-
dações municações marítimas
da Junta Interamericana
de entre os vários pontos
Defesa.
do território nacional;
Assim, a nossa exter-
política
na e a nossa militar II — Manter o intercâmbio
política de-
vem estar comercial,
perfeitamente irma- preservando
nadas. a Marinha Mercante;

Diante do estratégico
quadro III — Assegurar a defesa das
que se defronta, há a considerar costas uma prote-
por
que o Brasil sendo um de
país ção indireta;
extensa orla marítima, confinan-
IV — Garantir a segurança
do com a ampliação do oceano,
das bases ou de
tendo pontos
suas capitais e cidades im-
apoio;
portantes nela situadas, e seu
V — Manter o abastecimen-
problema de defesa ou segurança
to no mar dos navios
avulta no mar. Conseqüente-
niente, em operação.
de acordo com o Plano
Geral, temos que: Baseado nessa ordem de idéias,

a) de a constituição do nosso Poder


Organizar os programas
respectivos Naval deve obedecer a seguinte
realizações e os
ordem de classificação:
orçamentos;

l Esquadra

Escoltas
Defesa Local
a) Forças Navais
Embarcações

V de desembarque

b) Forças Aereas

PODER Embarcados
da Aviação Naval
naval ou
ou forças aéreas
Costeiros
de cooperação

Navios mercantes do tráfego

Navios no serviço de transporte

de tropas, material bélico e a-


! bastecimento
66 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

A esquadra será dividida em Suas missões ou tarefas se ca-

Fôrça-Tarefa ou Grupos-Tarefa. racterizam da seguinte forma:

As forças que devem constituir —


I) Missões ou tarefas em li-
as escoltas serão organizadas de
gação lógica com as marítimas
acordo com as circunstâncias do
não navais ditas;
propriamente
momento, tendo por base o se-
II) — Missões ou tarefas
guinte: pu-
ramente navais.

I) Escoltas oceânicas;
Nas se acham com-
primeiras
II) Escoltas em zonas perigo-
preendidas: a exploração e o re-
sas; conhecimento em alto mar; a

III) Escoltas costeiras. exploração estratégica das es-

quadras e forças navais. O pa-


Diante da multiplicidade das trulhamento, a observação ou vi-

missões navais que cabem à Avi- gilância e ataque a navios ini-

ação no desenvolvimento das migos em suas bases ou portos


operações navais, deve ela cons- organizados; o ataque eventual

tar de: de navios de ou mercan-


guerra
tes inimigos que naveguem den-
I) Aviação embarcada; tro do seu setor de ação; e a de-

fesa aérea local.


II) Aviação costeira, cujas
Nas segundas, a ação contra
funções serão as seguin-
navios ou forças navais inimigas,
tes:

principalmente anti-submarino

— dentro de um plano de operações


a) Gerais As que lhe são a-
organizado pelo Comando Naval:
tribuídas em suas operações sô-
esclarecimento aéreo, coberturas,
bre o mar, levando-as até a terra
escoltas e observação de tiro e
se necessário para completar as
ataque.
operações navais.
Como se vê, seu sistema e a
b) Principais — As lhe
que
sua direção constituem respon-
cabe realizar, em cooperação
sabilidades navais.
com as forças navais, sendo seu
A frota Mercante, no
no proble-
objetivo capital garantir ar
ma naval brasileiro ocupa lugar
as vias de comunicações maríti-
de destaque.
mas atacando aviões, navios de
Além das necessidade de or-
superfície ou submarinos inimi-
dem política, econômica, comer-
gos.
ciai e social ela atende às neces-
c) Secundários — As relativas
sidades navais.
à defesa local, ao apoio às forças
Sob o aspecto puramente na-
navais ou navios a ela pertencen- vai, três pontos devem ser con-
te em operações.
siderados:
Particularmente, as suas mis-

são especificamente de ca- I — A existência e utiliza-


sões

ráter naval, abedecendo a técni- ção de navios: carvoeiros, oleiros,

ca lhe é de abastecimentos, transportes


que própria.
A GUERRA HODIERNA E O BRASIL 67

de tropas, de material bélico e de Continente Americano e, em par-


suprimentos das forças navais ticular, levando em conta os
que
cm operações e bases. nossos interêsses vitais estão em

II — jôgo, é evidente que temos


O aproveitamento do que
navio, nos subordinar a uma ação co-
se necessário, depósi-
para
to, oficinas, mum, de tôdas as nações ameri-
tênders, etc.
canas, sob a direção da Junta
HI — A transformação rápida
Interamericana de Defesa
de navios que,
mercantes em cruzado-
além do mais, nos proporcionará
res-auxüiares,
porta-aviões e na-
os elementos necessários a condu-
vios-auxiliares.
zir as operações de guerra sem o

estaríamos em situação pre-


que
cária, condenados ao fracasso.

A evolução e a amplitude O tratado sôbre a proscrição


das
operações das nucleares, e o
navais se alargam de provas pacto
tal maneira de não agressão desejado
que a ne- por
provocam
cessidade uma das não têm nenhu-
imperiosa da estrutu- partes,
ração do ma significação a favor da
nosso Poder Naval de paz.
acordo com Os ensinamentos colhidos até
a técnica moderna,
com o hoje, mostram à evidência o mai-
máximo interêsse e a mai-
or determinação, or contraste entre a e a
considerando palavra
que a- logística ação.
passou por uma
grande transformação apregoam
qualitati- Governos que paci-
Va e
quantitativa. fismo são os a se
primeiros pre-
As forças a guerra; confe-
em operações neces- pararem para
sitam de rências de desarmamento ou de
grandes suprimentos de
alimentos, limitação de armamentos, caem
fardamentos e mate-
riais de terra; tratados e convenções
tôda a espécie. De modo por
que, durante fixam ou normas
o tempo de tem que princípios
paz
de se estabelecer de um direito não são cumpridos
as normas ge-
rais de ação, e nunca foram cumpridos quan-
a estocagem de tu-
do do os interêsses estão
quanto é o serviço de próprios
preciso,
suprimento em as ideologias, em cho-
e de apoio. Enfim, jôgo;
capacidade seu antagonismo abso-
de onde e que, pelo
prover
luto, tudo isso, leva-nos a crer
quando se fizer necessário.
o Brasil, devido a sua situa-
que
no Continente
ção particular
Americano, não só lado
pelo po-
Do exposto conclui-se a lítico, econômico e social, como
que
nossa suas condições
política militar, dentro do pelas geo-estraté-
atual deve e espaciais, adotar
panorama mundial, gicas precisa
basear-se na defesa bem definida, se-
contra as ar- uma política
Juas nucleares. e atenta, de acordo com
E como estas não gura
são acessíveis os seus compromissos interame-
à economia e fi-
nanças nacionais; se tra- ricanos, os do
e, em principalmente,
tando da todo Continente. O objetivo
segurança de o principal
68 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

é estar sempre para trovérsias, além de causar per-


preparado
atuar nas emergências, evitando turbações para, afinal, os pro-

as confusões e as dificuldades, blemas e as questões em jôgo se-

às vêzes, insuperáveis. rem resolvidos Presidente


pelo
da República, quando poderiam
De maneira, porém,
qualquer ficar, vantajosamente no âmbito
o importante é a nossa poli-
que
de cada Ministério.
tica seja, em evitar
princípio,
A meu ver, o mecanismo mais
atitude hostil ou ina-
qualquer
adequado, ao nosso regime
mistosa às Nações Americanas, poli-
tico, coordenar os esforços
aos Estados para
e, principalmente,
das Forças Armadas, seria,
Unidos da América do Norte. pri-
meiramente, tornar numa reali-
É pois, assimilar que dade
preciso, tangível o Conselho de Se-
as operações de guerra, devem
gurança Nacional, atualmente
ser consideradas em conjunto,
uma simples aparência e a cria-
exigindo a de tôdas as do Grande
presença ção Estado-Maior das
categorias de forças ou armas, Forças Armadas antes aludido.
ofensivas e defensivas, en- O atual Estado-Maior das Forças
para
frentar resolutamente tôda e Armadas é um Estado-Maior
pes-
qualquer ação inimiga. do Presidente da República.
soai

Parece-nos, seria ne- Falece-lhe, pois, autoridade para


pois, que
agir na conduta das operações
cessário ou mesmo dispensável a

de Estado- de Em verdade, a sua


criação um Grande guerra.

Maior das Forças Armadas denominação deveria ser Estado-


com

um chefe e tendo como membros Maior do Comandante-Chefe das

e efetivos três chefes Forças Armadas com o objetivo


principais
dos Estados-Maiores do Exército, de tão somente aumentar a ca-

Armada e Aeronáutica, caben- pacidade de decidir do Presiden-

do-lhe as diretivas a te da República, houves-


gerais para quando

conduta eficaz da e a- se controvérsias ou divergências


guerra
brangendo o seu todo, de acordo de opiniões no Grande Estado-

com o Plano Geral organizado Maior.

pela Junta Interamericana de Com êsses dois organismos,

Defesa do Continente America- em funcionamento, evitar-


pleno
no. se-ia a confusão e a dispersão de

esforços.

Concluindo, o Brasil, face às

tíssa idéia da criação de uni suas condições excepcionais no

Ministério de Defesa Nacional, Continente Americano, precisa,


constituído dos três Ministérios sua defesa e segurança, de
para
Militares, com o objetivo de es- apoio de suas Forças Armadas,

tabelecer a unidade de direção e bem aparelhadas e equipadas,

quiçá, de ação, parece-nos uma cumprir suas tarefas,


para poder
idéia esdrúxula. Cerceará as fun- na missão lhes outorga a
que

ções das pastas militares, cres- nosa Carta Magna, dentro da

cendo as divergências e as con- de boa vizinhança.


política
TERCEIRA VIAGEM

DO

COMANDANTE COOK À VOLTA AO MUNDO

1776 — 1780

Tradução de F. A. Machado da Silva

(continuação)

CAPÍTULO V

Parecia ter quarenta anos; seus cabe- Êle esforçou-se, como ao de


pessoal
'os eram lisos e seus traços diferiam seu séquito, em convencer-nos
que êle
muito dos da populaça. Achei-o inte- é que era o rei e Feenou não
que o era,
ligente, êle
grave, e ponderado. Examinou porque percebeu que nós tínhamos
com singular atenção o navio e as coisas dúvidas. Omai não se preocupava em
novas êle, e várias elucidar o fato: êle
para propôs-me tinha feito uma
questões judiciosas: êle íntima ligação com Feenou;
perguntou-me, haviam
por exemplo, o teria nos induzido mudado seus nomes como testemunhas
que
a aportar ali. Depois êle satisfêz de sua amizade e era aborrecido
que para
sua curiosidade no convés e ter bem êle um outro insular viesse
que reclamar
examinado nosso convidei-o a des- as honras de seu amigo havia,
gado, que até
cer à minha câmara. Alguns dos nativos então, gozado.
<le seu séquito objetaram se êles
que
aceitassem o convite, caminhariam em Poulaho conosco, mas êle
jantou co-
cima de suas cabeças, o não era meu pouco e bebeu ainda menos.
que
permitido. Encarreguei Omai, meu in- Quando terminamos o êle con-
jantar,
terprete, de avisar eu fica- vidou-me a acompanhá-lo
que proibia à terra. Con-
rem na do convés cima da vidaram a
parte por Omai, também; mas êle es-
minha câmara. Êste arranjo não tava demasiadamente ligado
pare- a Feenou
ceu-lhes convir, mas o chefe mostrar atenções
próprio para a seu rival, e
foi menos escrupuloso do seus cor- recusou-se. Eu o levei no meu
que escaler,
tesãos: libertou-se des- lhe
do cerimonial e depois de presentear com o que pa-
ceu sem estipular receu-me dar êle mais
nenhuma condição. aprêço.
70 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

Penso que minha generosidade ultra- pano ao despontar do dia. Eu queria


"'Annamooka"
passou as suas esperanças, porque, logo voltar a caminho
pelo
desembarcamos, observei que êle que já havia feito durante esta cam-
que
ordenou antes de desembarcar, se panha. Muitas à vela numa
que pirogas
me trouxessem dois outros das quais estava o rei, nos acompanha-
porcos.

Quando êle chegou à terra, tôda sua ram. Logo o chegou à


que príncipe
bordo "Resolution"
comitiva assentou-se ao redor dêle, e, a da êle perguntou
seu lado, uma velha, tendo um leque, e a seu irmão e seus outros compatriotas

era encarregada de cuidar quem tinha a noite conosco;


que para que passado
êle não fôsse incomodado pelas mos- julgamos que êles ficaram a bordo sem
cas. licença. Embora êle não tivesse menos
de trinta anos, a reprimenda severa
Colocaram diante dêle as diferentes que
"Poulaho"
lhes fez em
coisas os insulares nos haviam poucas palavras
que
lhes arrancou lágrimas. O rei não tar-
comprado. Êle examinou todas com
dou em mudar de disposição,
atenção e o que se haviam porque,
perguntou
em nos deixando, êle deixou
satisfeito com a bordo seu
dado em troca, e pareceu
irmão e cinco homens
restituir ao de seu séquito;
o negócio. Fez em seguida
tivemos, além disso, a companhia de
proprietário cada um dos artigos, exceto
um chefe estava "Tougataboo"
que de
um copo de vidro de que ficou tão en-
"Tooboucitoa".
e que se chamava
cantado êle. Os na- Logo
que guardou para
que êle chegou ao tombadilho, despa-
turais que mostraram suas mercadorias
chou a piroga, e declarou êle dor-
acocoraram-se a seus que
primeiro joelhos;
miria a bordo, com cinco
depuseram em seguida o que trouxe- pessoas que
o acompanhavam. Minha câmara esta-
ram; levantaram-se um instante depois
va cheia de estrangeiros; êste acúmulo
e retiraram-se. Êles observavaram êste
era muito incômodo, mas eu não
cerimonial respeitoso voltaram dese-
quando
java que êles fossem menos numerosos,
para retomar suas riquezas, e nenhum
"Poulaho", porque os insulares me traziam uma
dirigiu a palavra a estando
considerável de
em No momento em o deixei, quantidade provisões,
pé. que
para os quais, entretanto, eu lhes
muitos de seus cortesãos já se haviam dei
alguma coisa, em retribuição.
despedido, e estudei a etiqueta da corte

ocasião. Êles sua cabeça Aparelhamos no dia e, com


nesta puseram 4, um ven-

sob a de seus êles toca- to fresco de les-sueste, rumanos, sôbre


palma pés que
"Annamooka",
ram e friccionaram com as costas e a onde fundeamos, no dia

palma dos dedos das duas mãos; outros, seguinte, quasi no mesmo lugar em que
não estavam no círculo, aproxima- havíamos ancorado anteriormente.
que
ram-se igualmente, a fim de dar-lhe
Logo depois, saltei à terra, e encon-
êste sinal de respeito, e afastaram-se
trei os habitantes, que trabalhavam com
sem dizer palavra. A decência dos que ardor em suas êles apanha-
plantações:
vieram prestar as homenagens ao rei
vam inhames para nos vender. Du-
encantou-me: nada tinha visto de seme-
zentos dentre êles reuniram-se na praia,
lhante mesmo entre as nações mais ci-
e fizeram, durante todo o dia, trocas,
vilizadas .
de modo tão apressado como durante
O mestre regressou quando cheguei a minha primeira estadia. Embora se ti-
bordo, e, sob sua narrativa, larguei o vesse escoado tempo de nossa
pouco
terceira viagem do comandante cook . 71

partida, os objetos de suas riquezas pa- nharam chegaram a 7. Eu estava em


reciam ter aumentado muito: só terra com Feenou, viu, então,
pude- que
mos, na nossa estadia, com- havia errado tomando um título
primeira quanto
prar íruta-pão; mas agora noo vendiam, não lhe não somente êle
que pertencia;
além delas, inhames e bananas; donde reconheceu Poulaho como o rei de Tou-
se concluir ilhas, mas
pode que a estação dos di- gataboo e outras insistiu
ferentes vegetais desta região se suce- muito sôbre êste sem dúvida
ponto, para
dem ràpidamente. Pareceu-me, também, reparar sua falta. Eu deixei-a e fui

que êles se haviam entregue muito à apresentar minhas homenagens a Pou-


cultura na nossa ausência, porque en- laho. Encontrei-o sentado e tendo di-
contramos vastas plantações de bananas ante dêle-algumas os naturais
pessoas;
nos terrenos havíamos
que deixado in- se apressaram a vir suas home-
prestar
cultos. Os inhames estavam perfeita- nagens a seu rei, e o círculo tornou-se
mente maduros; compramos uma quan- logo muito numeroso. Examinei com
tidade cnosiderável, e demos objetos de cuidado o e a de Feenou
porte conduta
ferro, em troca. nesta ocasião. Convenci-me que êle go-
A 6, Feenou "Vavaoo".
chegou a No zava realmenté de uma grande autori-
dia seguinte, dade, êle colocou-se no meio
ao meio dia, êle; disse-nos porque
que o temporal tinha feito naufragar dos cortesãos estavam sentados di-
que
varias de Poulaho;
pirogas cheias de porcos e ou- ante esteve, a princípio, um
tras coisas ilha, vergonhoso do bem dife-
que êle trazia desta pouco papel
e que as equipagens haviam rente lhes vimos representar, mas
perecido. que
Uma notícia tão não em breve retomou seu ânimo. Êstes
aflitiva pareceu
interessar a nenhum dos nativos; dois chefes tiveram uma
quan- conversa que
to a nós, o conhecíamos bastante nenhum de nós compreendeu,
para e a ex-
dar algum crédito à sua história. Pro-
plicação de Omai não nos satisfez; mas
vàlmente êle não encontrar em
pode soubemos, então, como procedermos em
"Vavaoo"
o que nos havia prometido. relação Feenou. Êle veio
a jantar co-
Supondo que êle tivesse embarcado migo,
pro- assim como Poulaho, e só êste
visões, êle as havia sem dúvida deixado sentou-se à mesa. Feenou, depois de
em Hoppoe, onde deve ter sabido que ter prestado suas homenagens a seu
Poulaho estava conosco. Êle sabia bem soberano, segundo o método ordinário,
que êste teria, como seu superior, o mé- —
quer dizer depois de ter sua sabeça
rito e a recompensa da viagem". Sua e suas mãos nos do rei — saiu da
pés
mentira, entretanto, não foi mal imagina-
grande câmara. Poulaho nos tinha as-
da; o céu tinha sido tão tempes-
porque segurado antes isto suoederia, e
que
tuoso nos últimos dias, rei
que o e todos ficou Feenou não podia
provado que
os chefes nos seguiam de Hoppoe a
que mesmo comer e beber em presença do
Kotoo ficaram nesta última ilha, não rei.
ousando, assim, como nós, afrontar o
mau tempo. Eles espe- As 8h. do dia seguinte nós aparelha-
pediram-me de
rá-los "Annamooka"; mos e tomamos o rumo de Tougataboo,
em por êsse mo-
tivo, aqui vim segunda vez a Tou- onde fundeamos com dez braças, fundo
pela
gataboo. de areia e vasa e a um têrço de milha

Poulaho e os chefes o acompa- da praia.


que
72 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

CAPÍTULO VI

Nossa recepção em Togataboo. — Entrevista com Marcewagee. — Toobou e o filho


do rei. — Grande festa dada por Marcewagee. — Distribuição de nosso gado. Rou-
bos cometidos nativos. — Fiz prender Poulaho e outros chefes. — Nós nos
pelos
preparamos para partir.

Pouco tempo depois de fundearmos, dêstes copos, êle levou com sua ra-
que

desembarquei, acompanhado de Omai e ção de porco e de inhame. Outros dei-

alguns oficiais. O rei nos esperava na xaram igualmente o círculo e levaram

e conduziu-nos a uma linda casa. seus quinhões; disseram-nos êles


praia, que
Êle disse-me que éramos donos de não podiam nem beber nem comer na

ocupá-la, pelo tempo de nossa estada; presença do rei: entretanto homens e

não poderíamos desejar lugar mais en- mulheres de uma categoria bem inferior

cantador. comeram e beberam às vistas do rei. A

bastante numeroso de na- maior parte retirou-se logo, e levaram


Um círculo

tardou a sentar-se diante de o que não tinha sido consumido.


tivos não

na selva. Trouxeram o rei Como me propusesse fazer uma es-


nós, perante
"Kova"; "Tougataboo",
tadia bastante longa em
raízes de plantas que depuse-
levantamos uma tenda perto da casa
ram aos pés do rei. Êle ordenou que

as fêz dis- Poulaho nos havia dado. Desem-


as cortassem em pedaços; que

mulheres, barcamos nossos cavalos e nosso gado, e


tribuir aos homens e às que

a mastigar, e elas deixei em terra um destacamento de sol-


começaram prepara-
tempo um bolo de seu dados da Marinha comandados por seus
ram em pouco
licor favorito'. Néste entretempo, vi- oficiais.

no forno Feenou fixou sua residência na nossa


mos chegar um porco cozido

de inhame vizinhança, mas não era mais oi senhor.


e dois cestos grelhados, que

em dez e foram Conservava entretanto muito crédito, e


se dividiram partes que

tribuição. Apresentaram-lhe a os contínuos que nos dava


pri- presentes

mas não sei a quantas pessoas cada demonstravam novas provas de sua opu-

uma destas era destinada. Ob- lência e de sua generosidade.


porções

deram uma ao irmão do rei, O rei não se mostrava menos liberal,


servei que
e reservaram uma, sem dúvida e não se passava quasi dia sem que re-
que para

Poulaho, era escolhido. cebessem dêle coisas preciosas.


porque pedaço

Serviu-se em seguida o licor; mas Pou- Soubemos haver na ilha outros gran-

laho não imiscuir-se na des que não tínhamos ainda


pareceu personagens

distribuição. Apresentaram-lhe a pri- visto. Otago e Toobou, em particular,

meira taça e êle deu-a um homem citaram um se chamava Marce-


que

estava sentado dêle., Trouxe- wagee, diziam êles, de um


que junto que gozava,

ram-lhe uma segunda, êle e que era muito respei-


que guardou. grande poder

Ofereceram-lhe a terceira; mas tendo tado. Omai não se enganou sôbre o

visto a bebida, não em êles disseram: Marcewagee era re-


preparar pensei que
tt ela a Omai. O resto vestido de uma autoridade superior a
prová-la, passou

foi enviado a diferentes insulares, se- do Poulaho, seu parente; mas,


próprio
as determinações do encarregado como êle era velho e vivia retirado,
gundo
do bolo. O irmão do rei recebeu um êle não vinha visitar-nos. Alguns na-
TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK . 73

tivos deixaram entrever de uma grande árvore próximo à costa,


que a. categoria
de seu posto não lhe um pouco à direita, tendo uma peça
permitia dar-nos
esta honra. Semelhantes detalhes de pano de pelo menos quarenta varas-
ex-
citaram minha curiosidade, dizendo a de comprida que estava estendida di-
Poulaho
que desejava ir procurar Mar ante dele; e êle estava cercado de uma
cewagee, e êle respondeu-me amigável- roda numerosa de nativos, dos dois
mente que me acompanharia, no dia sexos, igualmente sentados. Supusemos,
seguinte:
que fosse o grande personagem que
Partimos, com efeito, no dia 12, ao vínhamos procurar, mas Feenou nos
romper do dia, na desiludiu, e mostrou-nos um velho sen-
pinaça, e o capitão
Clark juntou-se a tado sobre uma esteira algum pouco-
mim em seus es-
caleres. Navegamos distante, dizendo-nos que ali estava
para leste das pe- Êle apresentou-nos a»
«lu.nas ilhas Marcewagee.
que formam o porto: vol-
tando, depois, velho, que recebeu de modo muito amis-
para o sul, conforme os
conselhos de Poulaho, toso e nos convidou a sentar.
alcançamos uma
a espaçosa ou uma entrada O insular sentado sob a árvore diante
que per-
corremos de nós chamava-se Toobou, e quando
por espaço de cerca de uma
légua. Desembarcamos
no meio de um tiver oportunidade de falar dele depois,
numero considerável eu o chamarei o velho Toobou, para
de insulares, que
n°s receberam com
aclamações de ale- distingui-lo do outro Toobou, amigo do
gna. Eles separaram-se imediatamen- comandante Furneaux. Seu porte, como
le. a fim <_ie
dar liberdade a Poulaho. o de Marcewagee, era venerável. O
A' nos disseram Marcewagee último era delgado de corpo, e parecia
que
não tinha vindo. Parece
que houve de ter mais de sessenta anos. O primeiro,
nossa parte muitas inadvertências e que embora menos idoso, tinha mais desen-
Omai enganou-se ou, o voltura e sofria tanto da vista que pa-
que é mais pro-
vável, compreendeu mal o recia quase cego.
que lhe ha-
viam dito sobre o Como eu não esperava encontrar
grande personagem
a quem desejávamos nos apresentar.
dois chefes, só levei um presente. Ne-
No dia seguinte, ao meio dia, o cé- oessário tornou-se dividi-lo; mas cada
lebre Marcewagee, de uma das partes foi ainda assim, pon-
que tantas vê-
zes nos haviam falado, apresentou-se derável, e Toobou e Marcewagee mos-
nas proximidades do traram-se bem satsifeitos. Nõs os di-
posto que ocupa-
vamos na ilha; êle estava acompanhado vertimos depois, por espaço de meia
de considerável número de insulares de hora, com duas trombetas e um tam-
todas as categorias. Disseram-me que bor; o comandante Clark deu um
ele havia tomado este incômodo a fim tiro de pistola, o que lhes causou um
de proporcionar uma ocasião de ser extremo prazer. No momento em que
visto. Provavelmente êle soube que me despedi, enrolavam a grande, peça
mostrei-me muito descontente na vés- de pano estendida diante de Marçew-
pera, por não o haver encontrado. A agee, e ma ofereceram, bem como cô-
tarde, desci a terra, com vários senho- eos.
res, e Feenou serviu-nos de guia. En- Poulaho revem ao meio-dia da aldeia
contramos um homem sentado debaixo em que o havíamos deixado dois dias
74 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

antes, e trouxe-nos seu filho, um jo- nada tinha a dar-lhes, eu o convidei

vem de cerca de doze anos, èle jantou a vir a bordo.

comigo mas não consentiu a seu filho Ao regressar encontrei Feenou, e

de jantar à mesa. Eu estava mais : trouxe-o a bordo, assim


para jantar
vontade quando o tinha como conviva, como um segundo chefe era
que jovem.
então os outros naturais não ou- Quando o foi servido, êles não
porque jantar
savam se aproximar, e só um pequeno quiseram comer; disseram-me eram
que
na câ- "taboo-avy.
número dentre êles permanecia Tendo se informado de

mara. êle ou Feenou não es- que modo a comida era êles
Quando preparada,
— o na verdade, sentaram-se à mesa e comeram com
tavam a bordo que

nunca aconteceu durante nossa apetite o e os inhames que se ha-


quase porco
"avy",
— os chefes subalternos assenta- via feito cozinhar sem isto é
estada

vam-se em minha mesa sem cerimônia sem água. Eu os asseverei tam-


que

ou entravam em minha câmara na oca- bém não havia água no vinho, e êles

sião das refeições, e me importunavam beberam de boa vontade. Conjectura-

muito. Éramos tão incomodados pela mos que os princípios de superstição

multidão, não havia possibilidade lhes interditava o uso da água; é


que pro-
¦de de modo tranqüilo. O rei vável, contudo, que a água de nos
jantar que

muito de nossa cozinha; mas servíamos lhes causava repugnância,


gostou
entretanto, de êle a tomavamos de um dos lugares
convenci-me, que jan- porque

freqüentemente conosco, mais onde êles se banhavam.


tava pelo

de beber do de comer; Marcewagee tinha preparado uma


prazer que pelo
•êle tomou de fato, vinho, e festa (haiva) para a qual todos
gôsto pelo grande

êle esvaiava sua também e tão fomos convidados; preparou-se diante


garrafa
alegremente como nós. Êle estabeleceu da casa que ocupava então êste chefe,

sua morada em uma casa situada e junto ao nosso pôsto, um terreno que
perto
da nossa tenda. A tarde, êle deu a nossa devia servir de teatro. Os insulares

um espetáculo de uma dança, e, o chegaram em massa, pela manhã, vin-


gente
a todos foi apesar de dos do interior do cada um trazia
que admirou que, país;

extrema êle dan- uma vara de seis pés de comprimento


sua gordura próprio
no ombro, tendo um inhame suspenso
ÇOU.
em cada extremidade. Estes inhames

No dia 15, de manhã recebi uma e estas varas foram colocados em cír-

mensagem do velho Toobou, me culo; formaram duas orna-


que pirâmides,
"
de ir à terra. Fui vê-lo acon- das de diferentes espécies de peixes
pedia
de Omai, e encontramo-lo jun- pequenos, de modo a produzir o mais
panhado

to de um árvore, cercado de nativos de favorável golpe de vista. Marcewagee

uma fisionomia respeitável; uma gran- destinava êste presente ao comandante

de de pano estava estendida em Clark e a mim.


peça
todo seu comprimento diante dêle. As danças começaram logo, para só

Convidou-nos a sentar perto dêle. Êle terminar à noite.

mostrou a Omai a peça de fazenda, A festa se fêz na melhor ordem que


um tufo de plumas vermelhas e uma permitia uma tão grande assembléia, e

dúzia de côcos, dizendo que eram des- tornamos a bordo muito satisfeitos do

íinadas a mim. Eu agradesci, e como que havíamos visto.


TERCEIRA VIAGEM DO COMANDANTE COOK 75

No dia seguinte, à reuni todos a bordo e êles consentiram de bom


tarde,
os chefes diante da casa ocupáva- Vários insulares tendo em se-
que grado.
mos. Dei ao rei um touro da representado o rei não devia
jovem guida que
Inglaterra deixar a o imediata-
e uma vaca, a Marcewagee praia, princípe
um carneiro do Cabo duas ovelhas mente levantou-se e declarou que esta-
e
e a Feenou um va a Fomos
cavalo e um jumento. pronto partir. pois para
Rocomendei a Resolution; o Princípe e seu séquito
a Omai que lhes .dissesse
<lue a alimentação ficaram até as horas da tarde
destes animais tinham quatro
me dado muito e eu os reconduzi para a ilha. Logo
trabalho; que não os
matassem depois trouxeram-me o cabrito e um
e que, ao contrário, os dei-
xassem se dos prometeram-me entregar o
multiplicar. gaios;

outro no dia seguinte acreditando em


Não tardei em reconhecer a
que par-
tilha suas soltei as pirogas e dui
havia descontentado palavras,
a muita gen-
te, liberdade aos chefes.
porque me avisaram, no dia seguin-
te> os chefes nos deixaram, fi-
que nos faltava um cabrito e dois Quando
gaios da zemos um Omai e eu, e du-
índia. Não passeio,
podia pensar que
se tivessem rante êste encontramos uma
perdido ao acaso e resolvi passeio,
nao deixá-los meia dúzia de mulheres que comiam
nas mãos dos ladrões.
ara isso, no mesmo lugar. Punham os pedaços
comecei por três pi-
prender
r°gas na bôca de duas delas e indagando o
que se achavam na alhêta dos
"ta-
navios. motivo, disseram que elas estavam
Desci em seguida, à terra, e
tendo — Soubemos depois
encontrado boo-mattee" por
o rei, seu irmão,
eenou outras indagações, que uma delas havia
e alguns outros chefes na casa
que ocupávamos, levado o cadáver de uma pessoa de
coloquei uma guarda
® os uma categoria inferior e ela estava sub-
fiz compreender os conserva-
que
na metida à mesma abstinência, que devia
Prêsos até se me restituísse não
que
so o acabar mais cêdo.
cabrito e os da índia, mas
gaios
tudo Por fim, depois de alguns dias pas-
quanto nos havia sido roubado em
ocasiões em festas de toda espécie, feitas
anteriores., Logo se viram sados
que
prisioneiros cons- todas as nossas observações e nossas
êles dissimularam seu
trangimento embarcadas, levantei ferro a
como e, depois provisões
puderam,
^e nie haverem resti- de pela manhã e navegamos
dito que se me 3 julho
tuiria desejos, trás de Pangimodoo, para apro-
tudo, conforme meus por
sentaram-se, "kawa" de veitar o vento favorável para
beberam o primeiro
modo sairmos dos passos. O Rei jantou co-
alegre e tranqüilo. Trouxeram-
~me e notei meus atraíam
logo um machado e unia cunha de migo, que pratos
ferro. Neste alguns nati- muito sua atenção. Ofereci-lhe um,
meio tempo,
v°s em trás de dizendo que poderia tanto dar um de
armas reuniram-se por
nossa casa: se dispersaram faiance como de estanho; êle preferiu
mas êles
l°go nossos de marinha o de estanho e pôz-se a nos indicar os
que soldados
marcharam Recomendei diversos usos a que1 o destinava. Den-
contra êles.
aos chefes de êstes agrupamen- tre êles, dois foram tão extraordinários,
proibir
tos: êles deram ordens às não devo esquecê-los de mencionar.
efetivamente que

quais os do obedece- Êle disse-nos .quando ia fazer uma


habitantes pais que
ram. Eu vir comigo viagem em qualquer das outras ilhas,
oa induzi a jantar
76 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

êle deixava o prato em Tougataboo descobrir o ladrão, todos os nativos

para representá-lo em sua ausência, e reuniam-se diante dêle no momento em

que os habitantes pagavam a êste mó- êle levava suas mãos na vasilha de
que
vel o tributo das homenagens que êles madeira; que se limpava êste vaso e que

pagam à sua pessoa. Perguntei-lhe o os insulares aproximavam-se um em

que até então empregava, em circuns- seguida ao outro, e o tocavam do mes-

tâncias idênticas, e tive a satisfação de mo modo que êles tocavam seus pés
saber afastava-se de sua vinham homenagem:
que, quando quando prestar-lhe
residência, os insulares prestavam suas se o culpado ousasse a tocá-lo,
que
homenagens a uma vasilha de madeira morria imediatamente, expirava
pois
em êle lavava as mãos. O segundo mãos dos deuses, sem fôsse
que pelas que
uso a que pretendia destinar o prato, necessário matá-lo; e se um dos
que,
não era menos singular; êle contava nativos se recusasse a aproximar-se,

aplicá-lo, em vez de sua vasilha de sua recusa claramente que êle


provava
madeira, descobrir os ladrões. havia cometido o roubo.
para
Êle nos asseverou que quando escon-

diam qualquer coisa, e que não se podia (Continua)


O Sistema Promoção
de de

Oficiais na Marinha Americana

Júlio César de Sá Carvalho

Capitão-de-Mar-e-Guerra

O sistema atual de conceito. No


promoção promoção por pri-
Qe oficiais na Marinha dos Esta- meiro caso, o oficial de
possuidor
aos Unidos "saúde
é o fixado lei de e paciência" chega fatal-
pela
1947
(Office Personnel Act), com mente ao mais alto mas
pôsto,
algumas
emendas acrescentadas freqüentemente não é capaz de
posteriormente. mes- arcar com as responsabilidades
Suas linhas
tras
são o resultado da longa dêle decorrentes. Na segunda al-
experiência as influências
no e do ternativa, da po-
passado pro-
gresso feito na organização naval lítica ou da amizade im-
pessoal
daquele mais
Como em tôdas as pedem também que o apto
país.
Marinhas, alcance as do alto
êsse sistema de pro- posições esca-
moção lão. Lentamente, através dos
partiu das adota-
praxes
das nos tempos, necessida-
tempos heróicos dos na- premida pela
vios à de, a Marinha Americana foi
vela e evoluiu com altos e
baixos. aperfeiçoando o sistema capaz de
Inicialmente, o sistema
®ra baseado selecionar os seus oficiais, até
no favoritismo, poli-
tico ou chegar a um equilíbrio razoável
Nessas épocas re-
pessoal.
cuadas, entre os três fatores condi-
em tempos de crise, a que
política uns cionam o problema: a necessida-
soube selecionar
tantos de do serviço, a estrutura da
líderes os de
para postos
maior responsabilidade, carreira e a capacidade individual
o que ga-
rantiu de cada oficial.
a criação, nos primeiros
tempos
da República, de uma O sistema de exame ava-
para
Marinha o
capaz de defender liação do preparo profissional
país. dos oficiais data de 1864; mas

O estudo das leis somente em 1916 é que foi ado-


da evolução
de a Mari- tado o da seleção do
promoção mostra que princípio
"mais
nha Americana escapou, apto". Êsse visa
não princípio
também, dar acesso na carreira apenas
ao de oscilação
processo
entre as básicas aos melhor di-
duas tendências qualificados para
dos sistemas ex- versos Após sucessivos
de promoção: postos.
clusivamente e aperfeiçoamentos em mais de
por antigüidade
78 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

quarenta anos de aplicação, esse conta a previsão estatística para


princípio continua sendo a base um período de cinco anos.
do sistema atual.
Julgando ser do interesse dos c) O Conselho de Seleção (Se-
nossos oficiais o conhecimento do lection Board) se reúne para jul-
sistema americano, daremos a se- gamento dos oficiais que podem
guir uma explicação de suas li- ser promovidos. O Conselho re-
nhas fundamentais. Como a ci- cebe uma lista dos oficiais que
tada lei de promoção de 1947 é estão na "faixa" de promoção,
complexa e a organização da Ma- juntamente com todos os dados
rinha Americana bastante diver- da carreira de cada oficial.
sa da nossa, adaptamos a termi-
nologia usada e, sempre que pos- d) O Conselho deve conside-
sível, fazemos a comparação com rar com imparcialidade o valor
nossa organização e o nosso sis- de cada oficial da lista e propor
tema de promoção. ao Ministro:

As Linhas Mestras do — a lista dos oficiais que


Sistema podem ser promovidos dentro do
número de vagas estabelecido;
A promoção dos oficiais obe- — a relação dos oficiais que,
dece aos seguintes trâmites pre- tendo menos de 20 anos de ser-
vistos pela Lei: viço, o Conselho considera "não
a) O Ministro da Marinha de- satisfatórios" para o serviço no
termina anualmente a distribui- posto atual ou para promoção, e
ção dos postos no Corpo da Ar- que, por isso, são indicados para
mada, isto é, fixa o número de baixa do serviço ativo;
oficiais que deverá existir em — a relação dos oficiais que,
cada posto, dentro dos limites tendo mais de 20 anos de serviço,
impostos pela Lei. Isto significa, o Conselho não recomenda para
na prática, que o Ministro rea- promoção e que, portanto, conti-
justa o número de oficiais em nuarão no posto até atingir a
cada posto em virtude da neces- idade de passagem compulsória
sidade do serviço decorrente de para a reserva.
aumento das forças ou órgãos,
expansão de serviços, carreira e) Os oficiais selecionados pa-
dos oficiais, etc, dentro dos nú- ra promoção são submetidos a
meros tetos fixados pela Lei. exames de saúde e de proficiên-
cia para ver se estão aptos para
b) O Ministro aprova a esti- os cargos do novo posto a que
mativa das vagas prováveis que serão promovidos. De acordo
devem ocorrer nos vários postos com a Lei, a Comissão Examina-
para o ano que se segue. Essa dora (Examining Board) deve
estimativa é feita por órgão téc- certificar a qualificação mental,
nico através de estudos detalha- moral e profissional de cada ofi-
dos para cada posto levando em ciai selecionado para promoção.
O SISTEMA DE PROMOÇÃO DE OFICIAIS 79
Os nomes dos oficiais seleçio- Os oficiais dos Serviços com-
nados pelo Conselho de Promo-
preendem os Intendentes (Sup-
Çao, aptos fisicamente e ply Corps), os Médicos (Medicai
cados profissionalmente qualifi- Co- Corps), os Engenheiros Civis
missão Examinadora, são pela subme- (Civil Engineering Corps), os
tidos, pelo Ministro, ao Presi- Dentistas (Dental Corps) e os
oente como recomendação. O Capelães (Chaplain Corps).
•Presidente aprova os nomes e Os oficiais de linha que corres-
Promove os oficiais. De acordo pondem aos do nosso Corpo da
com a Lei o Presidente Armada são classificados como de
tirar da lista, e, pode re-
portanto, deixar serviço geral ("not restricted in
°je promover, the performance of duty), para
qualquer oficial
4ue, a seu critério, não fôr me- diferençá-los dos engenheiros e
recedor da outros do mesmo ramo. O termo,
promoção. A promo- "serviço limitado"
çao dos oficiais deve ainda ser (limited duty)
confirmada se refere a oficiais provindos das
pelo Senado, para os
efeitos da Lei. fileiras do pessoal subalterno se-
melhante ao nosso Quadro de
A Estrutura dos Oficiais-Auxiliares da Marinha.
Quadros Esse pessoal pode pertencer tam-
Os oficiais bém ao Quadro de Intendentes e
na Marinha em serviço ativo dis- (') de Engenheiros Civis.
Americana são A Lei fixa os números limites
ribuídos
por dois grandes ramos: para os oficiais de linha (do ser-
ynha (Line Officers) e Serviços viço geral) nos postos acima
^orps).de EsSa divisão corres- de capitão-tenente, estabelecendo
ponde certo modo à nossa an-
^ga classificação uma relação determinada entre
de Oficiais dos os vários postos, como, por exem-
Quadros Anexos. Os oficiais de pio: capitães-de-corveta — 15 030;
—ma compreendem os nossos
onciais do Corpo capitães de fragata — 7 538; ca-
da Armada e pitães-de-mar-e-guerra — 4 295;
também os oficiais Engenheiros
(¦Engineering Duty), Engenheiros almirantes — 262; total 100 000.'
**c Aeronáutica Isso significa que, caso o nú-
•^ngineering Duty) (Aeronautical mero total de oficiais de linha
e os de Ser- seja 100 mil, os diversos postos
Especial (Special Duty). devem ter no máximo a distri-
^iÇo últimos
Esses são oficiais buição assinalada. Uma tabela,
determinadas especialidades para fora
oo ramo de engenharia, tais feita para um total mínimo de
32 mil até o máximo de 250 mil,
p°mo advocacia, hidrografia, e consta do texto da Lei. Em cada
mformações, recrutados direta- ano, o Ministro, face ao efetivo
mente do meio civil.
programado, autoriza uma distri-
buição entre os postos que, con-
' Neste artigo não entramos em con- forme a necessidade do serviço,
sirderaçâo com o pesoal da Reserva pode ser diferente dos tetos
convocado e do Corpo Feminino de mostrados acima, desde que me-
Oficiais. nor es. Dessa distribuição, e do
80 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

estudo estatístico dos anos ante- será a turma da dos


paralela
riores, resulta a das va- médicos.
previsão O paralelo do oficial-
o ano. A -medico
gas para Lei estabelece, será achado cálculo:
pelo
por percentagem, o número de
engenheiros, engenheiros de aero- 720
náutica, serviço especial e serviço 20 x = 180°
limitado em cada deve 80
pôsto que
ser face aos números
permitido
autorizados os oficiais de li- A Lei acesso
para garante o do me-
nha do serviço dico
geral. paralelamente ao do oficial
Armada, desde
Para os oficiais dos Serviços ÇorP° que
aquêle seja também
Corps) a Lei selecionado
(Staff estabelece
pelo Conselho de Promoção
apenas limite máximo e
o de almi-
aprovado nos exames
rantes, face ao número de
total de qualifi-
cação.
oficiais de cada Não
quadro.
Vê-se exposto
existe distribuição pelo que a estru-
rígida dos pos- tura dos na Marinha
tos quadros
para êsses e,
quadros portan- Americana é feita com base no
to, o Ministro não estabelece os
Corpo da Armada. Isso
números autorizados permite
para cada
que haja entre
proporcionalidade
ano. A dêsses oficiais
promoção os quadros, de acordo com as ne-
é feita do oficial
pelo princípio cessidades do serviço e
planeja-
paralelo (running mate). Quan- mento da carreira de todos os
do o oficial de linha designado oficiais, de maneira harmônica,
como paralelo de um médico ou tendo sempre como o
paradigma
intendente é êsses
promovido, oficial do Corpo da Armada.
também o são, desde
que preen-
cham as indepen- O Mecanismo
qualificações, cia Promoção
dentem ente de vaga (exceto para
almirante). O sistema americano
prevê
dois tipos — tempo-
de
O princípio do oficial promoção
paralelo
rária e —
é semelhante ao do homólogo, permanente que foram
estabelecidos durante a
mas não é a mesma coisa. O guerra.
pa-
Em virtude da tremenda expan-
ralelo é o oficial do Corpo da Ar-
são dos e a inclusão
mada quadros do
de mesma antigüidade re-
pessoal da Reserva, as
lativa oficial promoções
que o dos Serviços
tiveram de ser feitas em caráter
por ocasião da admissão dêste
temporário, dentro dos limites de
último à Marinha. Um exemplo
fixação de fôrça, mas sem aten-
facilitará a compreensão do sis-
der à distribuição dos
tema. quadros.
Essa situação ainda,
perdura
Suponhamos um médico admi- a situação
pois do após-guerra
tido ao serviço como 1.° Tenente não permitiu a estabilização. As-
numa turma de 80 no 20.° lugar. sim, o oficial é sem-
promovido
Nesse momento foi a
promovido pre-provisòriamente e mais tarde
1.° tenente uma turma de 720 sua promoção é tornada
perma-
oficiais do corpo da Armada; esta nente, apenas porque a estrutura
O SISTEMA DE PROMOÇÃO DE OFICIAIS 81
legal dos quadros não correspon- são considerados não satisfató-
de ao existente necessário à Ma- rios em todos os postos, e com
rinha. Os oficiais, incluídos na isso conseguem regular o fluxo
hsta de Promoção, após sua na estrutura dos quadros. Em
aprovação pelo Presidente, só cada posto, de capitão-tenente a
sao efetivamente capitão-de-mar-e-guerra, devem
medida que se abrem promovidos à
as vagas. ser eliminados teoricamente cêr-
O acesso na carreira é cal- ca de 20%, pois a distribuição
culado em função do tempo e dos postos nos quadros assim o
seu elemento regularizador é ex- exige; em cada posto uns tantos
pulsória que se processa através são eliminados por fatores natu-
da, seleção. O sistema de rais (morte, doenças, passagem
promo- voluntária para reserva etc.) mas
Çao admite como normal a
carreira completa do oficialque(até o grosso sai através da seleção.
capitão-de-mar-e-guerra) é feita O princípio da seleção adotado
em cerca de 30 anos; o acesso a é, em linhas gerais, o que se con-
almirante é dado apenas a uma vencionou chamar de antiguida-
minoria, em virtude do reduzido de selecionada. O oficial tem
número deles face ao total que acesso em função do tempo de
entra nos primeiros serviço e de suas qualificações;
postos. O nú-
mero de anos de serviço aqueles que não satisfazem os
normal
para 0 capitão-de-fragata, capi- padrões de qualificação (moral,
tao-de-corveta e capitão-tenente, físico e profissional) são expeli-
.uando estão já aptos à promo- dos ou marcam passo no posto
Ção, é, respectivamente, de 25, até a passagem para a Reserva.
18 e 12 anos. Esse Os oficiais que não entram na
período normal
de serviço serve apenas lista de promoção, mas que tam-
como ín- bém não são indicados obrigatò-
dice da carreira. A Lei contém
dispositivos que riamente para deixar o serviço
acele-
rar o fluxo de permitem per- ativo, podem concorrer novamen-
promoções,
mitido o acesso de pessoal mais te à seleção nos anos sucessivos,
jovem, através da seleção. O li- na cabeça da "zone of promo-
mite do tempo necessário em ca- tion". Na prática, o oficial que
da posto é dado, como na nossa deixou mais de uma vez de ser
Marinha, pelo interstício. O ofi- selecionado, está com sua car-
CJal, após ter completado o in- reira encerrada. Os l.°s tenentes
terstício, fica apto para promo- e capitães-tenentes são afastados
do serviço obrigatoriamente, após
Ção, mas só será considerado pelo falharem na seleção, pela segun-
Conselho de Seleção quando fôr da vez.
incluído na "promotion zone", Os Conselhos de Seleção são
que é a faixa dos mais antigos em constituídos por oficiais da ativa,
cada posto, que anualmente será almirantes e oficiais superiores,
considerada para o acesso. mais antigos que qualquer dos
O Conselho de seleção e a Co- oficiais a ser selecionados. O
missão Examinadora dão acesso Conselho, por exemplo, para a
aos mais aptos e expelem os que seleção de capitães-de-corveta, é
82 REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA

constituído 3 almirantes e 6 c) os cursos normais e


por por
capitães-de-mar-e-guerra. correspondência feitos pelo
oficial;
A decisão do Conselho de Sele-

ção, tomada sempre maioria d) a capacidade


por do oficial, re-
de 2/3 de seus membros, é ba- fletida
pelos itens acima.
seada na análise de todos os do-

cumentos relativos à carreira do A Comisão deve, obrigatória-


oficial, até a data. Qualquer_ofi- mente, recusar o certificado de
ciai dirigir ao Conselho in-
pode quaificação a oficial
qualquer
formação escrita sôbre aspectos ela dentro
que julgar, dos pa-
de sua carreira julga mere- drões estabelecidos,
que abaixo do
cer consideração, desde não normal. O oficial assim
que julgado
contenha apreciação sôbre a con- é suspenso da lista de promoção
duta de outros oficiais. Não exis- por um de 6 meses, a
período
te, além disso, nenhum direito partir da data do exame e, após,
de recurso ou reclamação sôbre reexaminado. Em caso de ser

a decisão do Conselho. A lista então aprovado, será


promovido
de só é após e ocupará seu lugar na mesma
promoção publicada
sua aprovação Presidente. antigüidade tinha anterior-
pelo que
mente. A falha em dois exames

Papel inabilita o oficial, em definitivo.


das Comissões

Examinadoras O sistema de promoção esta-


belece regras para que sejam

Uma vez selecionado dadas oportunidades iguais


para para

promoção, o oficial é submetido todos os oficiais, mais deixa ao


ao exame físico e O critério do oficial a demonstra-
profissional.
exame de saúde obedece a regras ção do seu preparo profissional.
semelhantes às adotadas na MB. O oficial americano é conside-

Quanto às Comissões Examina- rado


qualificado quando de-
doras, suas funções são as de ve-

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