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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3

2 NOÇÕES HISTÓRICAS..................................................................... 4

2.1 Guerra dos Cem Anos ................................................................. 5

2.2 Guerra das Rosas ....................................................................... 5

2.3 Cruzadas ..................................................................................... 5

3 CONCEITO ........................................................................................ 7

4 HISTÓRIA MILITAR NO BRASIL ..................................................... 10

4.1 História Das Grandes Campanhas Militares.............................. 20

4.1.1 Guerra Contra-


Artigas....................................................................................................20

4.1.2 Guerra Da Cisplatina ......................................................... 21

4.1.3 Guerra Contra Rosas ........................................................ 21

4.1.4 Guerra Contra o Uruguai .................................................. 22

5 A organização da Justiça Militar no Brasil Imperial .......................... 22

6 A justiça militar na República brasileira ........................................... 25

7 DIREITO PENAL MILITAR............................................................... 28

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa.
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 NOÇÕES HISTÓRICAS

Há na história, de uma forma geral relatos de organizações militares muito


antigas, durante as guerra medievais por exemplo centenas de soldados se
degladiavam entre si tomando territórios expandindo religiões.
A idade média foi marcada pelo perído que deu-se o fim do Ímpério
Romano do Ocidente e dando lugar a reinos cristãos, povos esses de origem
germanicas (francos), estes herdaram as tecnicas e táticas de guerra da cultura
romana e germânica.

Fonte: incrivelhistoria.com.br

De acordo com Pedrosa, 2011 “a história militar é a mais antiga forma de


história, na verdade a história começou como história militar”. Todos os
documentos que relatam períodos da antiguidade relatam guerras, como a de
peleponeso, tucídides, Anábase, guerras púnicas entre Roma e Cartago.
Pedrosa, 2011 diz que ainda antes desses históriadores haviam outros
que descreviam histórias que se misturavam com o miticismo contando histórias
de guerras entre humanos, deuses e seres mitologicos, eses relatos se tratavam
de enfrentamentos militares como a Ilíada de Homero. “A onipresença dos
fenômenos militares nos primórdios da História apenas reflete a importância que
as guerras sempre tiveram para os destinos dos homens”, segundo Pedrosa,
2011.

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Guerra dos Cem Anos

... tudo apontava para a formação de um sólido Estado centralizado na


França, país que se encontrava a vanguarda da marcha centralizadora
europeia. Entretanto, sobreveio a Guerra dos Cem Anos, que abortaria,
ainda que temporariamente, o fortalecimento do poder monárquico no
país. (DOMINGUES, 2013 Apud VICENTINO, 2001, p. 147).

Foi uma guerra que tinha como base uma crise politica que se instalou
na França em meados de 1328, existia também interesse a economico, onde
monarcas aumetar seu poder político com cobrança de impostos. Na maior parte
do conflito a Inglaterra vencia a França.

A Guerra dos Cem Anos acabou por gerar pesadas conseqüências entre
elas à crise do sistema feudal e o surgimento de um sentimento nacional
na França, além de uma reformulação nas táticas de guerra como a
utilização da pólvora no campo de batalha e lançamento de projéteis.
Sua longa duração permitiu que fechasse as portas da cultura medieval
e abrisse as portas de um novo período cultural. (DOMINGUES, 2013).

Guerra das Rosas

Embora o feudalismo bastardo por si só não tenha causado a desordem


e a instabilidade dessas décadas – período de guerra civil intermitente
que chamamos de “Guerra das Rosas” – ele de fato teria possibilitado a
existência de grandes magnatas com meios significativos para se
aproveitar de fraquezas conjunturais e colocar suas ambições em prática
(CORREA, 2013 Apud HICKS, 2000: 388-9).

Foi uma guerra entre duas famílias que compuseram o trono britânico por
um longo período. Plummer, 1885 citado por Correa, 2013 afirma que o ápice do
feudalismo bastardo no século XV foi a principal causa na Guerra das Rosas.
Cruzadas
Outra manifestação militar muito conhecida foi as Cruzadas, essa tendo
como interesse a imposição do cristianismo, conhecida como a união dos
cristãos contra os infíeis, onde os participantes usavam cruzes vermelhas nas
suas roupas e no material belico, por isso o nome de Cruzadas.
Dias e col, 2011 diz que “as Cruzadas foram um movimento de luta contra
o inimigo da fé”. Franco, 1984 e MAALOUF, 1988 citados por Dias e col, 2011
afirma que “Tanto a Cruzada como a Jihad tinham o mesmo sentido, por mais
que não tivessem os mesmos objetivos finais”. Pois os cristão desejavam
recuperar a terra santa dos infiéis e os árabes islâmicos queriam a união entre
seus líderes e líderes e expulsar os invasores do ocidente.

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Fonte: aventurasnahistoria.uol.com.br

Rivalidades locais e desentendimentos com os bizantinos deixavam


isolados os Estados latinos do Oriente. Os reforços militares para
proteger as conquistas deveriam ser fornecidos pelo Ocidente, mas as
Cruzadas subseqüentes não lograriam êxito militar. Além de não
trazerem à cristandade latina o esperado desenvolvimento comercial,
essas expedições empobreceram os cavaleiros ocidentais e
promoveram um fosso definitivo entre o Ocidente e Bizâncio. Dessa
hostilidade resultou a 4º Cruzada de que resultou a tomada de
Constantinopla pelos cristãos ocidentais em 1204 (DIAS, 2011 Apud
RIBEIRO, 1998, p. 63).

As guerras citadas foram algumas que ocorreram na antiguidade, entre


tantas outras, a necessidade de uma organização militar existe desde que se
originou uma organização sociais, civilizações que desejavam expandir
territórios, impôr a sua religião, cada época e cada grupo tinha a sua motivação.

Sendo a guerra o mais brutal fenômeno que nos apresenta a


humanidade no seu lento evolver, está claro que ela seria a preocupação
precípua dos historiadores nos primórdios da vida social. Daí o limitar-se
a História, durante muito tempo, às narrativas dessas guerras e
revoluções intercaladas com as aventuras dos potentados e as intrigas
de suas cortes. (PEDROSA, 2011 Apud AZEVEDO, 1998).

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3 CONCEITO

Fonte: www.portalfeb.com.br

Após o ano de 1945, no pós guerra o conceito de história militar se


expandiu, saindo de apenas uma história de guerras e batalhas, para a de
instituições militares e sua forma de se relacionar com a sociedade, como afirma
Pedrosa, 2011. “Essa evolução não é um fenômeno isolado, mas coincide, e na
verdade reflete, a ampliação da dimensão dos fenômenos militares e a
democratização das sociedades”, segundo Pedrosa, 2011. Tal fenômeno tirou a
história militar dos campos de batalha, e a levou para a sociedade.
“Nessa nova e ampliada dimensão da guerra, o cidadão comum é
chamado a pegar em armas, sendo de seu interesse conhecer as entranhas e
os mecanismos das instituições militares”, afirma Pedrosa, 2011.

No final do século XX, a interpenetração entre os combates e a vida das


pessoas havia chegado a tal ponto que o tenente-general britânico
Rupert Smith, antigo comandante das forças da OTAN no Kosovo,
entendeu que surgia uma nova categoria de conflito que seria prevalente
no futuro: a “guerra entre o povo” (PEDROSA, 2011 Apud SMITH, 2005:
313).

Na modernidade, nas sociedades democráticas, Pedrosa, 2011 afirma os


cidadãos buscam entender as instituições militares que são convocados em caso

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de guerra, conhecer e entender sua função dentro de uma democracia é
importante para evitar que essas instituições se tornem um perigo ao regime
político.

A ampliação do campo da História Militar é também fruto da evolução da


História como ciência no decorrer do século XX, passando de uma
História tradicional, de caráter descritivo, para uma “Nova História”, de
natureza crítica. A História tradicional era uma crônica de
acontecimentos, com foco nos eventos históricos e em busca do ideal
positivista da objetividade e do registro da “verdade histórica”. Era
fundamentalmente uma história política e militar. A Escola Marxista levou
o foco para a economia e para a luta de classes, mas continuou sendo
uma história política e com a pretensão de ser uma ciência exata.
(PEDROSA, 2011).

Segundo Pedrosa, 2011 “do ponto de vista militar, o estudo da História


Militar tem caráter fundamentalmente utilitário”. A história militar pode ser
considerada como uma facilitadora para compreender o passado, possibilita o
entendimento das ações militares a nível de estratégia e táticas, por exemplo.
Segundo Clausewitz 1979 citado por Pedrosa, 2011 “os exemplos históricos
esclarecem tudo; possuem, além disso, um poder demonstrativo de primeira
categoria, isto verifica-se na arte da guerra mais do que em qualquer outro
campo”. “O ensino da História Militar tem, pois, uma tradicional função didática
na educação de chefes militares, oferecendo valiosas lições práticas sobre a arte
da guerra”, afirma Pedrosa, 2011.
De modo que as operações melhoram a nível técnico, por exemplo a
forma de carregar, mirar e disparar uma arma, a nível da tática e estratégico,
fogem dos manuais, estes que prescrevem a forma de agir em uma situação
esperada, porém na prática podem aparecer situações não previstas.

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Fonte: mundotentacular.com/

É muito mais difícil estabelecer regras para o emprego de uma brigada


de quatro mil homens ou uma divisão com 15 mil homens e milhares de
veículos, manobrando para abordar o inimigo em situação vantajosa,
levando em conta a incerteza do combate, as configurações do terreno,
as condições atmosféricas, a disponibilidade de suprimentos e de
transporte, a rede viária e um sem fim de outras variáveis. (PEDROSA,
2011).

Entender a história militar também contribui para influenciar de forma


positiva aos aspirantes a militares, como afirma Pedrosa, 2011 “sejam recrutas
em treinamento para o exercício das funções mais elementares do soldado,
sejam jovens cadetes, preparando-se para assumir funções de mando militar
como oficiais”. Conhecer essas histórias, permite que seja usada como exemplo,
como uma preparação para situações extremas em que a própria vida e a dos
companheiros se encontram em risco, o que os manuais não oferecem.

Quando um soldado tem que seguir avançando e manter a cabeça


erguida para ver e atirar, no cumprimento de seu dever legal e moral, o
suporte da crença em valores e virtudes militares, mais do que uma
ajuda, é fundamental. É da lembrança de atos de coragem,
desprendimento e sacrifício perpetrados por soldados do passado e
pelos seus antecessores, que o homem, contrariando seus impulsos
naturais de fugir ou esconder-se, torna-se capaz de seguir em frente.
(PEDROSA, 2011).

E é do estudo histórico que surge essa inspiração. Políbios, 1996 citado


por Pedrosa, 2011 que “o mais seguro e na realidade o único método de
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aprender a suportar altivamente as vicissitudes da sorte é recordar as
calamidades alheias”.

O desenvolvimento de virtudes cívicas e militares, e a instilação dos


valores correspondentes não são fruto de uma visão ingênua e idealista,
afastada da brutal realidade da guerra. Não há atividade humana na qual
as questões morais sejam tão evidentes e cruciais. Decisões que
resultam na matança de pessoas, na destruição de bens particulares e
de patrimônios públicos não podem ser tomadas sem forte respaldo da
ética. (PEDROSA, 2011).

Segundo Pedrosa, 2011 “o estudo da História Militar também permite a


aprendizagem de lições sobre liderança militar, sob duas perspectivas distintas
e complementares”. A primeira perspectiva é entender e compreender as ações
do homem e do batalhão em combate, de como este reagirá em uma situação
de perigo, na possibilidade ser morrer ou de ser ferido, e como os responsáveis
por comandar e organizar vão reagir nessas situações tendo que encarar suas
responsabilidades. A segunda é tomar como exemplo baseando-se em estudos,
os resultados das decisões de chefes militares em situação de guerra, podendo
ser utilizado como exemplo para criarem táticas para possíveis combates, e
também para não repetir erros já cometidos. Segundo Pedrosa, 2011
“tradicionalmente, a História Militar também tem desempenhado as funções de
ferramenta de simulação de combate, por meio da vivência e análise de
experiências militares passadas”.
Segundo Pedrosa, 2011 “finalmente, a História Militar é o repositório da
memória das instituições militares, sob a forma de práticas, valores e tradições”.
Huntington, 1996 citado por Pedrosa, 2011 “as instituições militares são
essencialmente realistas e conservadoras”.

4 HISTÓRIA MILITAR NO BRASIL

Num primeiro momento, o Brasil não teve uma organização militar,


contavam-se com 600 voluntários que desembarcaram na Bahia com o
Governador Tomé de Souza em 1549, desde o descobrimento da nova colônia
até invasões de outros países não há muitos registros históricos a cerca de uma
organização militar, os homens se auto intitulavam seus próprios capitães, estes
eram os bandeirantes. No entanto a partir do momento em que iniciaram

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invasões a colônia, viram a necessidade de proteger o território. Com isso a partir
do século XVII, com o interesse de outras metrópoles colonizadora no território
brasileiro esse cenário muda. Foi organizada uma “junta militar”, onde continham
10 companhias compostas por 100 homens cada, essa organização foi chamada
por alguns historiadores de Terço, esse terço era liderado por um sargento-mor
e um ajudante.

Fonte: bdor.sibi.ufrj.br

O terço tinha dez companhias de cem homens cada uma, comandadas


por capitães, que, em parada, como os das companhias atuais, iam, em
fileira, á frente, seguidos de dez pagens levando sobre almofadas de
veludo seus capacetes emplumados. Formação militar eminentemente
peninsular creada pelo grande capitão espanhol Gonçalo de Córdova.
As primeiras companhiàs eram armadas de chuços e chilfarotes; seus
oficiais inferiores tinham espadas. As últimas carregavam mosquetes e
seus sargentos e cabos, piques ou alabardas. Todos os oficiais
subalternos e superiores traziam bastões de comando. (BARROSO,
1938).

Em 1629 o Brasil estava sob ataque dos holandeses, foi encaminhado


para defender o território brasileiro Matias de Albuquerque.
Em meados do século XVII foi criado pelo governador Henrique Luiz Freire
em Pernambuco o regimento de dragões auxiliares a pé, Barroso, 1938 afirma
que era “dividido em dois batalhões de dez companhias cada um, com 1.200
baionetas, tambores e oficiais, repartido pelos distritos de Olinda, Recife,
Beberibe, Cabo e Igarassu”. Existia também dois regimentos de cavalaria, como
afirma Barroso, 1938 com um total de 1100 cavalos nos distritos de Itamaracá e
Goiana, Alagoas, Porto Calvo e Sirinhaém. Em Olinda e Recife haviam dois

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regimentos cada um com dez companhias, segundo Barroso, 1938 “cada
companhia tinha o seguinte efetivo: 44 soldados, 4 cabos, 2 sargentos, um
alferes, um tenente, um capitão e um tambor; as de granadeiros eram maiores:
55 soldados, os mesmos inferiores e superiores, e, além do tambor, um pífano
ou pífaro”. No Ceará e no Rio Grade do Norte haviam dois terços e um regimento
de ordenanças, duas companhias de guarnição. No restante das capitanias a
organização era quase a mesma.

as regulares, tropas vindas do reino, como aquelas que acompanharam


Tomé de Souza e outros governadores-gerais, ou acudiram às
operações especiais contra invasores poderosos, do tipo dos franceses
que se estabeleceram na Guanabara e no Maranhão, ou do tipos dos
holandeses, que se estabeleceram em Pernambuco, ampliando depois
seus domínios; a semirregular, constituído pelas forças dos Serviços de
Ordenanças, regulares do ponto de vista de que institucionalizadas pela
legislação, a partir dos primeiros documentos, as Cartas de Doação e as
Cartas de Floral, concedidas aos donatários, e ampliadas com os
Regimentos baixados aos governadores-gerais, mas irregulares do
ponto de vista de que não eram compostas de soldados, mas de
moradores, povoadores, sesmeiros, que deixavam os seus trabalhos
para acudir às necessidades militares, quando se apresentava a
oportunidade; e irregulares, aquelas que se organizam à base de
povoadores, moradores ou colonizadores, à margem da legislação e,
portanto, da vontade das autoridades metropolitanas ou locais, para
atender a uma necessidade dos próprios interessados, do tipo da
bandeira. (SODRÉ, 2010 Apud RODRIGUES, 2013).

Essa organização militar perdurou pela maior parte do período colonial em


função da aliança entre a elite colonial e metropolitana, aliança esta que se abala
em detrimento do descobrimento do ouro, segundo Rodrigues, 2013 “a Coroa
portuguesa não pode mais operar limitando-se a delegar poderes; ela passa a
se sentir obrigada a instalar todo um aparelho administrativo para garantir
efetivamente o controle sobre a produção aurífera”.
“A principal consequência na organização militar será o declínio das
Ordenanças e o desenvolvimento extraordinário das Milícias, afirma Rodrigues,
2013. As ordenanças se mantem em locais onde não há produção aurífera, e as
Milícias seguem onde há crescimento populacional e mineração a fim de evitar
o não pagamento dos tributos corados entre outros. Rodrigues, 2013 diz que o
segundo momento da história militar ficou conhecida como fase autônoma,
quando o Brasil se torna independente, considerado esta não como uma
revolução por seguir com a divisão de classes e a escravidão. Rodrigues, 2013
afirma ainda que “manutenção das estruturas econômica e social explica a

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ausência de mudanças significativas nas organizações militares”; pois segundo
Sodré, 2010 citado por Rodrigues, 2013 as organizações militares, parte do
aparelho de Estado, refletem sempre as condições da sociedade que as geram”.

Fonte: mapa.an.gov.br/

Em 1808 foi criado o Primeiro Regimento de cavalaria do Exército e a


Guarda Real do Príncipe, foi regularizada a Brigada Real da Marinha
denominando-a Regimento de Artilharia de Marinha, mas tarde a transformou
em Batalhão de Artilharia a Pé do Rio de Janeiro, e ainda Imperial Brigada de
Artilharia de Marinha, e no período republicano a chamaram de Infantaria de
Marinha ou Batalhão Naval, segundo Barroso, 1938. A brigada de cavalaria de
Milícias foi dividida em dois regimentos, em Pernambuco foi criado o Corpo de
Voluntários Reais e em São Paulo havia a denominada “legião”, que segundo
Barroso, 1938 “era formada por dois batalhões de infantaria, três esquadrões de
cavalaria e três companhias de artilharia”. “A legião passou a ter três batalhões
de infantaria, quatro esquadrões de cavalaria, duas baterias de artilharia a cavalo
e uma companhia de artilheiros-cavaleiros”, afirma Barroso, 1938.
Após a proclamação da independência D. Pedro I fez questão de deixar
os soldados brasileiros diferentes dos de Portugal, mudando seus distintivos e
uniformes. Segundo Barroso, 1938 “o primeiro regimento de cavalaria adotou
gola verde e canhões azoes, o que durou até 1823”, nessa mesma data o
governo mudou a farda de caçadores. “Durante a guerra da lndependencia, na
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Baia, aparecem os corpos de "Jagunços" e de "Couraças", de roupas exoticas e
armamento irregular surgidos do proprio sólo e cobrindo-se com o chapéu de
couro dos vaqueiros”, afirma Barroso, 1938.
O mais importante documento militar do primeiro reinado é o decreto de
10 de dezembro de 1824, segudo Barroso, 1838, este que melhor organizou o
exercito brasileiro. Dividia o exercito em duas linhas.

cabando-se com as formações irregulares, fragmentarias e deficientes


que havia. Deram-se números e atribuições novos a todos os corpos,
menos ao batalhão do Imperador e á Imperial Guarda de Honra.
Resultou que o 1.0 de granadeiros da Côrte se tornou 1 0 de granadeiros
de 1.ª linha; o 10 de granadeiros estrangeiros, 20 de 1a linha,
aquartelados no Rio, ficando na mesma guarnição os 10 , 20 , 30 e 4 0 de
caçadores; o 10 de caçadores de S. Paulo passa para o Rio como 5.°, e
o 20 fica lá como 60; a infantaria da Legião de S. Paulo constituem o 70.;
o batalhão de caçadores de Santa Catarina, o 8 0 ; o batalhão de
infantaria e artilharia de Curitiba, o 90 ; o 10 batalhão de Libertos de
Montevidéo, o 10 0 , e o 20, o 11 0; a companhia de infantaria e o corpo
de pedestres do Espirito Santo, o 12.º na Baín, os 10, 20 , 30 de caçadores
da provincia mudam-se em 130 , 140 e 150; o de Alagôas recebe o
número 160 ; os 10 , 20 , 30 de Pernambuco são reduzidos · ao 17.0 e 180;
o da Paraíba toma o número 19.0 e os de infantaria do Piauí, Rio Grande
do Norte, Ceará e Maranhão, respectivamente, as designações 200 , 210,
22.0 e 23.0; os do Pará ficam sendo 240 e 250; e os caçadores
estrangeiros 26 0 e 270 até 1825, quando se creou em Sergipe o 26.0 de
caçadores e aqueles passaram a chamar-se 27.0 e 28.0. (BARROSO,
1838).

Durante o período da regência foi criado a Guarda Nacional que tomou o


lugar das milícias, ordenanças e guardas municipais, mais tarde o governo
regencial diminuiu o número de soldados do exército, em 1834. O corpo militar
passou por diversas alterações, foi concentrado no Rio Grande do Sul durante a
Guerra dos Farrapos, em 1939 aumentou o número de soldados, de acordo com
Barroso, 1938 “na história de nossas forças armadas, a o período da Regência
teve como característica a abolição de granadeiros e fuzileiros, dando toda
importância aos caçadores, para os quais adotou o fardamento todo verde, que
ficou tradicional, botões pretos e barretina de novo modelo, cintada, que
desapareceu na guerra do Paraguai”. Veio o Segundo Reinado com D. Pedro II
que aumentou o número de guarnições do estado de São Paulo e do Rio,
segundo Barroso, 1938 “novamente foi o Exército reorganizado pelo decreto de
25 de abril de 1842, ficando assim constituído:
• estados maiores - general, de 1.ª e 2.ª classes, e imperial corpo de
engenheiros, tudo com o efetivo global de 407 oficiais; oito

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batalhões de fuzileiros de oito companhias e 882 homens cada um;
oito batalhões de caçadores de seis companhias, com 557
homens; quatro batalhões de artilharia a pé de oito companhias e
690 homens cada um; e três regimentos de cavalaria de oito
companhias e 618 homens cada um.

Fonte: dor.sibi.ufrj.br

Esta organização como todas as outras sofreram alterações em número


de soldados e suas divisões, uniformes e sua concentração. Durante a Guerra
do Paraguai, por exemplo, o governo aumentou o exército, e de acordo com
Barroso, 1938 “ao mesmo tempo que abolia os corpos fixos ou de guarnição,
incorporando seus efetivos a tropa de linha”. Foram convocados a Guarda
Nacional e voluntários civis, a infantaria passou a contar 22 batalhões, “sendo
os sete primeiros de infantaria pesada, fuzileiros, e os restantes de infantaria
ligeira, caçadores” afirma Barroso, 1938.
“A guerra obrigou o governo a fazer completa modificação na organização
das tropas e nos uniformes”, segundo Barroso, 1938, que teve forte influencia
francesa, em 1866 houve outra alteração nos uniformes. “Aboliram-se as

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casacas, as côres regimentais, farda verde dos caçadores e as polainas.
Adotaram-se barretinas afuniladas, guritões, com cordões e borlas em primeiro
uniforme”, segundo Barroso, 1938.
Com a proclamação da Repúbica veio o aumento do exercito,
acrescentando 6 batalhoes de infataria, uniformes mais uma vez forma
mudados, “vieram capacetes, alamares postiços e meias botas. Restauraram-se
vivos, carcelas, listas e golas de côr a êsmo” segundo Barroso, 1938.
“A Guarda Nacional, criada pela Regencia para substituir as antigas Milicias e
Ordenanças, e abolida pela República, foi uma instituição militar que, á excepção
de seus derradeiros anos de decadencia, prestou relevantissimos serviços ao
país como reserva do Exercito” afirma Barroso, 1938. “Após sua creação, em
1831. a Guarda Nacional fortemente se bateu no Sul. em 1842, sob as ordens
de Caxias, e foi reorganizada em 1851. Sempre se colocou ao lado do Exercito.
cabendoIhe, nas formaturas, o lugar de honra, segundo Barroso, 1938. “A
Guarda Nacional figurou ainda na campanha de Canudos. A derradeira vez que
formou em público foi numa parada comemorativa do 7 de . setembro, no Rio de
Janeiro, em 1911”, completa Barroso, 1938.

Sistema hierárquico dos Exércitos Luso-Brasileiro e Brasileiro, segundo


Barroso,1938:
• ATENSPESSADA - Do italiano lancia spezzata, lança quebrada. O posto
data do seculo XVI. O soldado de cavalariá degradado para a infantaria por
qualquer motivo tinha a sua lança quebrada, mas como era de categoria
superior continuava a ter, situação distinta do comum das praças da arma
em que era obrigado a servir.
• CABO - Do latim caput, cabeça, chefe.
• FURRIEL - Tambem se diz FORRIEL; do francês fourier, de fourrage,
forragem. O encarregado da forragem nos antigos esquadrões de
cavalaria.
• SARGENTO - Do latim servientes armorum, serventes de· armas,
escudeiros ou cavalheiros de categoria inferior que, nos exercitos
medievais, serviam a pé ou a cavalo, como voluntarios. No seculo XVI,
creou-se o posto de sargento de batalha. Depois, o de sargento-major ou
sargento-: mór.
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de capµt, cabecinha, pequeno chefe. filho segundo de qualquer titular.
Soldado nobre e previlegiado, cuja classe foi creada no antigo Exercito
Português pelo Alvará de 16 de março de 1757. O filho dos oficiais
subalternos podia assentar praça como 2.0 cadete; o filho dos oficiais
superiores e generais, como 1º.
• ALFERES - Oficial que, outróra, levava a bandeira, a alférena. Alferes-
mór, o oficial que con .. duzia a insignia do Rei. Do latim aqui/a feris, o.
porta-aguia das legiões romanas, ou do arabe ai f aris, o porta-estandarte.
E' provavel que pela influencia bizantina, a expressão romana tenha
passado para os conquistadores mussulmanos da Peninsula Iherica, dos
quais a herdaram espanhóis e portuguêses.
• TENENTE - Do latim tenens. O que substitúe um chefe, o que comanda
em lugar de outro. Dizia-se primitivamente - lugar-tenente, o que mantem o
lugar vago. As linguas alemã, francêsa, etc. conservam essa fórma: ex.
lieutenant. Daí tenente-coronel, o que substitúe o coronel; lugartenente-
general ou somente tenente-general o que comanda em nome do marechal
ou em nome do rei.
• CAPITÃO - Do latim caput, cabeça, com passagem pelo baixo latim
capitanus, o chefe. Diz-se em alemão hauptmann, o homem que comanda,
e em russo hetman ou ataman, com o mesmo sentido.
• MAJOR - O maior. De sargento-major, sargento-maior ou sargento-mór,
tendo
• CORONEL - Do italiano colonello, o comandante duma coluna de tropas.
Houve em alguns exercitos o posto de coronel-general para o comandante
ou inspetor duma arma: ex. coronel general dos caçadores a cavalo,
coronel general da cavalaria.
• MESTRE DE CAMPO - Veiu através da história militar de Roma e de
Bizancio, do magister militum, e do magister equitum, comandos militares
da milicia e da cavalaria. Passou pela idade mé- . dia com os "mestres dos
besteiros" e chegou aos "mestres dos campos" ou dos acampamentos.
• BRIGADEIRO - O comandante da brigada. O posto data do século XVI.
Dizia-se em alguns paises: brigadeiro-general. Equivale ao general de

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brigada. Em França decaiu ao ponto de ser hoje o brigadier simples cabo
das tropas montadas.
• GENERAL - Do latim generalis, geral. O chefe geral, o comandante geral
dum exercito. O posto generalissimo só se dá ao general que comanda
forças de várias nações, porque está acima de varios generais em chefe.
A outorga dêsse posto ao general Deodoro, na República, foi, portanto,
ridicula.
• MARECHAL - Do antigo alemão marah:walc o encarregado das
estrebarias e dos cavalos do soberano. No seculo X, tornou-se uma das
mais altas dignidades militares com o "marechal de campo da hoste ou de
batalha". Depois, nos exercitas lusos e espanhóis, o marechal de campo foi
o comandante duma div:isão ou dum corpo, correspondendo ao atual
general de divisão. Ainda nos exercitas germanico, inglês, russo imperial e
escandinavos o marechal de campo é a mais alta graduação: feld-
mareschal, field-marsshall. No Brasil monarquico e em Portugal, o mais alto
posto era o marechal do Exercito. No periodo republicano, entre nós, se
conservou o gráu de marechal como cume da hierarquia. Mas em França.
cujos Marechais de França teem uma antiga e gloriosa tradição, se
conserva a lembrança da primitiva humildade do cargo: ex. marechal-(
errant, o ferrador de cavalos, marechal des logis, o sargento das tropas
montadas.

Sistema hierárquico das Forças Navais Luso-brasileiras e Brasileiras


segundo Barroso, 1938:
• CAPITÃO DE MAR E GUERRA - Corruptela da expressão Capitão de Náu
de Guerra. Os navios de alto bordo eram, no tempo da navegação a vela,
as corvetas, as fragatas e as naus de guerra. Havia, portanto, capitães de
corveta, de fragata e de nau de guerra.
• ALMIBANTE - Do árabe amir-al-bahr, o chefe do mar, o comandante do
mar. O posto data do século XIII, quando aparecem em França os primeiros
generais-almirantes.
Organização do armamento segundo Barroso, 1938:

18
Fonte: bdor.sibi.ufrj.br

- Brasil-Reino:
• INFANTARIA LIGEIRA, caçadores a pé: carabinas de pederneira Tower
ou Brown Bess, calibre de 19 m/m, com baioneta triangular ou de lâmina,
ou sem baioneta.
• CAVALARIA: clavinas de pederneira Tower ou Brown Bess, calibre 17
m/m e 19 m/m; lanças de meia lua abaixo da choupa; sabres curvos de
copo singelo; pistolas de pederneira de calibre de 19 m/m.
• ARTILHARIA: canhões de bronze de calibre entre 85 m/m e 140 m/m, com
alma lisa, de carregar pela boca.
- 10 Reinado:
• INFANTARIA DE LINHA: fuzileiros: o mesmo armamento, salvo o dos
oficiais que usam sabres ligeiramente curvos, de copos abertos.
• INFANTARIA LIGEIRA, CAÇADORES A PÉ: o mesmo armamento com
espadas-baionetas em · presilhas laterais nas carabinas.
• CAVALARIA: os mesmos sabres e pistolas; lanças simples.
• ARTILHARIA: idem.
- 20 Reinado:
• INFANTARIA DE LINHA, FUZILEIROS: espingardas de fulminante, Minié,
de várias marcas, raiadas e não raiadas, de calibre de 16 m/m, 14,8 m/m e
14 m/m, com baioneta triangular; sabres curvos de copos abertos para os

19
oficiais; pistolas de fulminante de calibre 14 m/m; (revolver Colt de 10,7
m/m, e Lefaucheux de 10,8 m/m.
• INFANTARIA LIGEIRA: caçadores a pé: carabinas de fulminante, Mini é,
de várias marcas e calibres, com sabres baionetas ou iatagans.
• CAVALARIA: clavinas de fulminante, Minié, de várias marcas e adarmes;
sabres curvos, grandes, de copos abertos: revolver Colt e Lefaucheux;
pistolas de arção Minié, lanças encruzetadas abaixo da choupa.
• ARTILHARIA: canhões raiados La Hitte, Paixhans e Withworth, de calibre
variando entre 90 e 130 m/m de carregar pela boca.
- República:
• Ao princípio, para a infantaria, vieram as espingardas Mannlicher de 6,5
m/m. Mais tarde foram substitui das pelas Mauser, modelo brasileiro, de 7
m/m. Todos os sabres de oficiais e praças de todas as armas passaram a
ter copos fechados. Adquiriram-se lanças Ehrardt. As Comblain, relegadas
para as policias estaduais, acabaram definitivamente banidas. E dotou-se
o Exército com. as mais modernas armas automáticas e canhões do
Creusot e Krupp. A Marinha, que dó fim do império aos :primeiros tempos
da República tivera armamento Kropatschek de 8 m/m. adotou o mesmo
armamento que o Exército.

4.1 História Das Grandes Campanhas Militares

4.1.1 Guerra Contra- Artigas


Foi um movimento provocado pela situação da ordem política, econômica,
geográfica e militar a época, onde o uruguaio José Gervásio Artigas comandava
um movimento que ia contra um projeto argentino de reconstituição territorial,
territorio esse que pertencia ao Uruguai e existia um interesse de Portugal em
em anexar o Uruguai ao nascente Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1816 tropas brasileiras avançam no território uruguaio, ao mesmo
tempo que as tropas portuguesas chegaram em Montevideu, a Inglaterra que
mantinha relações politicas com o Brasil, por ele estava sendo representada,
também aliada dos portugueses colaboraram para a decadência da economia
do Uruguai, que por fim desistiu da luta em prol da sua emancipação política.

20
Fonte: copacabana.com

Estava ultimada, desta sorte, em 1820, após quatro anos de combates e


correrias sangrentos pelos pampas, a conquista do Uruguai,
transformado, depois, em província cisplatina. O Brasil debruçava-se a
margem do Prata. Com a independência, herdamos o território e o litígio
que não entregara. Ele prolongou-se e nós o encontraremos na raiz das.
campanhas subsequentes: guerra do Vidéu, guerra do Rosas, guerra do
Flores, guerra do Lopez. (BARROSO, 1938).

4.1.2 Guerra Da Cisplatina


Ocorreu no período de 1825 a 1828 entre Brasil e Argentina, tendo como
objetivo a posse da província da Cisplatina. Os provincianos de cisplatina não
aceitavam que pertencessem ao Brasil por falarem uma língua diferente e
possuir costumes completamente contrários, enquanto isso a população
brasileira não apoiava o conflito por temerem o aumento de impostos em prol do
financiamento do mesmo. O Brasil teve apoio da Argentina, e a Inglaterra veio
para propor um acordo entre os envolvidos, o resultado foi desfavorável ao Brasil
pois a província se tornou independente, e ainda piorou a crise política no Brasil.

4.1.3 Guerra Contra Rosas


Ocorreu entre 1851 e 1852, começando porque o governador de Buenos
Aires Juan Manuel de Rosas, queria reunir os territórios de Uruguai, Paraguai e
Bolívia, com o intuito de fazer da Argentina a maior potencia da America do Sul.

21
Conseguindo tomar o Uruguai, Rosas investiu em tomar o Sul do brasil, que com
o apoio da Bolivia, Paraguai e Uruguai avançaram rumo a Argentina para retirar
Rosas do poder, este que acabou fugindo dando fim a guerra. O Rio Grande do
Sul participou ativamente, este que queria se desvincular do brasil, acabou se
integrando de vez em função da guerra, trouxe também para o pais uma
estabilidade econômica.
4.1.4 Guerra Contra o Uruguai
Surgiu da união de Uruguai com a Argentina que tinham como objetivo
resgatar e unir o Vice-reinado do Prata, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia,
e para o Brasil essa unificação seria desfavorável a sua supremacia sul-
americana.

5 A ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR NO BRASIL IMPERIAL

Em meados do ano de 1803 o comandante das tropas do Rio de Janeiro,


José Narcizo de Magalhães e Menezes, direcionou ao governo de Portugal
queixas em relação ao desmazelo na organização dos conselhos militar do
Brasil, acreditava que que estes obtivessem o resultado esperado era necessária
disciplina na tropa. Esses conselhos tinham como objetivo criar práticas políticas
de intervenção a organização militar.

Fonte: mapa.an.gov.br/

22
De acordo com Guinier, 2014 citado por Souza e col, 2016 afirma que o
general, “apostava em uma extensa transformação institucional, capaz de
fornecer ao Estado meios para intervir e organizar espaços sociais”. E dessa
forma aos poucos a justiça militar foi se tornando uma parte especifica da área
jurídica, “com lógica e temas próprios, que deveriam pôr em prática
procedimentos regulares de disciplinarização da tropa e de resolução de
conflitos”, afirma Souza e col, 2016. A justiça militar do Brasil se dividiu em três
instituições ordinárias: os Conselhos de Disciplina, os Conselhos de Guerra e o
Conselho Supremo Militar e de Justiça (CSMJ) – e uma instituição de exceção –
a Comissão Militar. No período imperial do Brasil, a justiça militar tinha apenas
duas instancias sendo estas: Conselho de Guerra e Conselho Supremo Militar e
de Justiça, estes eram, segundo Souza e col, 2016 organizados da seguinte
forma:
a) Conselhos de Guerra: Criados em 1763 bases legislativas desses
conselhos permaneceram quase inalteradas até a República. Não eram
instituições permanentes. Atendiam a demandas específicas de cada
Regimento e organizavam-se em torno destes. Cada Conselho de Guerra
devia ser integrado por um presidente, um auditor e cinco oficiais militares,
denominados vogais. Porém a instituição do cargo de auditor em cada
Regimento militar, o “auditor regimental”, grande novidade da época, não
vingou. Por alvará de 26 de fevereiro de 1789, o cargo de auditor regimental
foi extinto e suas funções passaram a ser exercidas pelos juízes do crime ou
juízes de fora da cidade onde o Regimento estivesse aquartelado. As patentes
militares do presidente e dos vogais do Conselho de Guerra nunca poderiam
ser inferiores à do réu, respeitando-se o princípio hierárquico militar. Também
deveria ser observada a qualidade social do réu. Sendo este cavaleiro de
alguma das ordens militares, os vogais e o presidente do Conselho deveriam
ter a mesma condição social, pertencendo também às ditas ordens. Essa
interferência de princípios hierárquicos sociais, de base aristocrática, na
composição dos Conselhos de Guerra já mostra o quanto o discurso do
“especialista militar”, em circulação desde fins do século XVIII, permaneceu
limitado no Brasil.
b) Conselho Supremo Militar e de Justiça: Este órgão foi criado por alvará de
1o de abril de 1808. Todavia, o próprio alvará estabelecia uma continuidade

23
entre o novo órgão e seu congênere português, o Conselho de Guerra de
Lisboa, afirmando que o novo órgão era regulado pelo Regimento de 22 de
dezembro de 1643, e pelas mais ordens régias que regiam o Conselho de
Guerra de Lisboa. Segundo Souza, 2014 citado por Souza e col, 2016 “Essas
outras ordens régias se inscreviam justamente no contexto das reformas do
final do século XVIII, quando D. Maria I interveio nessa estrutura. As antigas
sessões destinadas aos assuntos da justiça militar foram substituídas por um
tribunal militar, batizado de Conselho de Justiça, com funcionamento no
próprio Conselho de Guerra de Lisboa”. O CSMJ nasceu no Brasil com duas
seções bem demarcadas: um Conselho de Justiça, que mantinha a função de
tribunal militar, e um Conselho Militar, destinado às questões burocráticas da
caserna. Os dois Conselhos, reunidos, constituíam um único órgão – o
Conselho Supremo Militar e de Justiça. Outra marca dessas experiências de
finais do século XVIII foi a decisão de centralizar neste Conselho a
administração e a justiça militar do Exército e da Marinha. Em Portugal, desde
1795, havia um órgão específico para a Marinha, o Conselho do Almirantado.
No Brasil, só em 1856 foi criado órgão semelhante, o Conselho Naval, ainda
assim sem funções jurídicas.
Segundo Souza e col, 2016 “a Comissão Militar era um dispositivo
acionado para dar ares de julgamento à ação do Estado na repressão a
movimentos contestatórios.” De acordo com Souza e col, 2016 “Esses
tribunais eram presididos pelo comandante das forças de repressão em
operação no local e integrados apenas por militares, sem contar com a
presença de sequer um juiz togado”. Porém em meados de 1831 esse
dispositivo entrou em decadência voltando apenas no período republicano.

O governo regencial avançou em várias reformas que tentavam


desmontar instituições do Primeiro Reinado, tidas como arcaicas. No
campo da justiça militar, essas reformas colocavam no centro do debate
o CSMJ. Em seu lugar, os liberais propunham a adoção de Juntas de
Justiça Militar por todo o Império. Como vimos, essas Juntas foram
criadas no Brasil em 1827, já num contexto de crítica aos arbítrios de D.
Pedro I. Desde então, constituíam de forma permanente a segunda
instância da justiça militar no Pará, Maranhão, Bahia e Pernambuco,
sendo justificadas pela distância e dificuldades de comunicação dessas
províncias com o CSMJ, no Rio de Janeiro. Em 1831, a proposta era
outra. Defendia-se a extinção do CSMJ e, paralelamente, pautava-se
pela primeira vez a elaboração de um código penal militar brasileiro.
(SOUZA e col, 2016).

24
6 A JUSTIÇA MILITAR NA REPÚBLICA BRASILEIRA

Fonte: www.educamaisbrasil.com.br

“A proclamação da República em 1889 trouxe os militares para o centro


do debate político”, segundo Souza e col, 2016. Com a existência da justiça
militar, “as atribuições do foro militar foram demarcadas com o seu
direcionamento para o julgamento do crime militar, e não do profissional militar,
deixando margem para a possibilidade de julgamento de civis”, afirma Souza e
col, 2016. No início do período republicano a justiça militar não sofreu alterações,
permanecendo com o mesmo modelo utilizado no período imperial. Souza e col,
2016 diz que “o presidente marechal Deodoro da Fonseca editou o Decreto no
85-A, conhecido como “decreto-rolha”, que dispunha sobre a criação de uma
“comissão militar para julgamento dos crimes de conspiração contra a República
e seu governo, aplicando-lhes as penas militares de sedição”. Esse decreto tinha
como objetivo evitar possíveis movimentos em prol da antiga monarquia.

Essa estratégia de repressão a manifestações de natureza política tinha


um duplo sentido: o acionamento de uma prática que remetia ao
arcabouço da estrutura militar, ou seja, uma comissão militar que deveria
ser nomeada pelo ministro da Guerra, e a criação de um mecanismo
excepcional para a organização da justiça militar, para julgar
“militarmente” aqueles contrários à República, única alternativa para o
país, em detrimento da “anarquia” e da “desordem”. (SOUZA e col,
2016).

25
Em 1980 foi organizado uma comissão para rever os códigos penal e de
processo penal militar, em decorrência de reclamações referente ao que estava
vigente na época, sendo considerado arcaico, tempos depois foi imposto o
decreto de número 949 estabelecendo um novo código penal militar. Segundo,
Souza e col, 2016 esse código era inspirado pela ideia de ordem, disciplina e
fidelidade ao dever, impedia que fosse instituída a lei penal antiga, a possíveis
atos contra o governo era previsto aplicação de pena como por exemplo, morte
por fuzilamento, prisão, destituição, prisão com trabalho, degradação militar,
entre outras. Segundo Souza e col, 2016 era previsto na constituição republicana
a existência de um foro apenas para casos de infrações militares realizados tanto
em terra quanto em mar. Havia também dois conselhos responsáveis pela
formação de culpa e julgamento, e um de Supremo Tribunal Militar (STM). Houve
a publicação do decreto número 149, que assegurava a organização e
regulamentação dos trabalhos do Supremo, tendo esse sua sede na Capital
federal, constituído por 15 membros vitalícios, nomeados pelo presidente da
República. Sua composição seria de oito ministros do Exército, quatro da
Armada e três juízes togados, afirma Souza e col, 2016.
Eram funções do STM, afirma Souza e col, 2016:
• estabelecer a forma processual militar;
• julgar em segunda e última instância os crimes militares;
• responder a consultas da Presidência da República sobre
economia, disciplina, direitos e deveres das forças de terra e mar;
• decidir pela expedição de patentes militares
Segundo Souza e col, 2016 foram instituídos dois decretos, esses
responsáveis por determinar o Código de Organização Judiciária e Processo
Militar, responsável por fundamentar a estrutura da primeira instância da justiça
militar.

Essa racionalização da estrutura e do funcionamento da justiça militar


repercutiu na composição do STM, que foi diminuída para nove ministros
vitalícios, nomeados pelo presidente da República, sendo quatro civis,
três do Exército e dois da Armada. A partir desse momento, a
predominância de ministros civis aumentou em relação à quantidade de
ministros do Exército, que se manteve proeminente em relação à
Marinha. (SOUZA e col, 2016).

26
Fonte: pt.m.wikibooks.org

De acordo com Souza e col, 2016 “foi Criado em 1936, como decorrência
direta do Levante Comunista de 1935, o Tribunal de Segurança Nacional (TSN)
foi inicialmente vinculado à justiça militar, como órgão de primeira instância,
sendo que de suas decisões caberia recurso ao STM”. Segundo Souza e col,
2016 essa determinação possibilitou por um tempo, novamente o envolvimento
do foro militar com questões políticas. “Apesar de ter sido apensado à estrutura
da justiça militar, o TSN era claramente um tribunal de exceção, com práticas
judiciais como o julgamento por convicção, permitido aos juízes que o
integravam”, afirma Souza e col, 2016.” Entre as funções do novo tribunal
estavam previstos o julgamento de civis e militares acusados de cometerem
crimes contra as instituições militares e contra a segurança externa da
República”, completa Souza e col, 2016.
Com o golpe militar, a justiça militar seguiu o modelo da constituição de
1946, “pelo Código da Justiça Militar de 1938, além de alguns artigos previstos
na Lei de Segurança Nacional de 1953 “ segundo Souza e col, 2016, em 1964
foi aprovado uma moção para o presidente em exercício, como forma de apoio,
“essa nota daria o tom do engajamento do foro militar no processo político
autoritário a partir de então”, afirma Souza e col, 2016. Para separar a quem
competia a resolução dos conflitos nessa época foi incluído na constituição o Ato
Institucional no 2 (AI-2), este deu a justiça militar o dever de julgar os crimes
previstos na Lei de Segurança Nacional em vigor. Em 1967 ficou estabelecido
que a justiça militar se estenderia à civis que fossem considerados um risco para

27
segurança nacional e instituições militares. “Essa mudança promoveu um
deslocamento da punição de crimes contra a segurança externa para a
segurança interna, delineando a figura do inimigo interno, segundo Souza e col,
2016”. A história nos mostra que desde o inicio da república, houve muitas
mudanças referente a competência da justiça militar, e com a ditadura “com
determinações pouco claras acerca do seu viés político”. No decorrer do golpe,
a justiça militar recebeu várias funções, como crimes militares, crime contra a
segurança nacional, crimes contra a probidade administrativa e crimes contra a
economia popular, cometidos por civis ou por militares., afirma Souza e col,
2016.
Com a promulgação da constituição de 1988 a estrutura da justiça militar
seguiu o padrão da utilizada durante a ditadura militar , “o artigo 124 da Carta
define que a função do foro militar é julgar “os crimes militares definidos em lei”,
dando margem à possibilidade de julgamento de civis que cometessem crimes
militares”, afirma Souza e col, 2016. “De fato, mais recentemente, tem-se
observado o aumento da quantidade de civis julgados por crimes militares, no
foro militar, Segundo Souza e col,2016. “Os casos que mais se destacam estão
relacionados à ampliação das funções das Forças Armadas, em ações de
“garantia da lei e da ordem”, como previsto na Constituição e melhor definido a
partir do fim da década de 1990”, completa, Souza e col, 2016.

7 DIREITO PENAL MILITAR

Martins, 2002 faz a seguinte divisão referente ao direito militar:


constitucionalização da matéria militar, Noção jurídica de Constituição, Direito
constituciona, Direito militar V, Direito constitucional militar comparado, Evolução
do perfil constitucional da matéria militar no direito brasileiro, A matéria militar na
Constituição de 1988, Princípios constitucionais, - Princípios constitucionais
militares, O caráter analítico da Constituição de 1988 como fator de
desenvolvimento do “direito constitucional militar”:
1. Da constitucionalização da matéria militar: A matéria militar desde
sempre esteve inscrita nas Constituições e Cartas políticas promulgadas ou

28
outorgadas em nosso país. Além de princípios e regras de administração
militar, as Constituições também consiganaram, e consignam, como
demonstraremos no decorrer deste estudo, princípios e regras de direito
militar. Muito mais atentos às regras de Administração militar, os exegetas dos
textos políticos e — mesmo os especialistas em direito militar — pouca ou
nenhuma atenção deram ao desenvolvimento do direito constitucional militar.

Fonte: rvchudo.com/

Há um sistema de regras de Administração e de princípios e normas de direito


sobre matéria militar inscritos na Constituição a reclamarem estudo mais
aprofundado, desafio ao qual nos propomos neste estudo, ainda que em
caráter introdutório e superficial, apenas para entremostrarmos o universo de
considerações que o instigante campo de investigação do direito
constitucional militar oferece. É corrente a afirmação de que em nosso país o
Direito Militar cinge-se apenas à matéria penal, teríamos assim o Direito Penal
Militar. Esta é a posição ortodoxa. Como é evidente, falar-se num Direito Penal
Militar remete imediatamente à disciplina do Direito Processual Penal Militar.
2. Noção jurídica de Constituição: A necessidade de reger-se o Estado
por uma constituição política está expressa já na primeira carta constitucional:
a Magna Carta. Imposta ao rei da Inglaterra (João-sem-Terra) pelos seus
barões, em junho de 1215, a "mãe de todas as constituições" se propunha
limitar o poder absoluto do monarca, estabelecer os direitos da cidadania e

29
criar processos de controle das finanças públicas por quem as provia de
recursos.2 Juridicamente, Constituição é a lei fundamental que regula as
relações entre governantes e governados, traçando os limites dos poderes do
Estado e declarando os direitos e garantias individuais. Na acepção ideal, a
Constituição pode ser definida, como leciona Canotillho, como “os postulados
políticos-liberais, considerando-os como elementos materiais
caracterizadores e distintivos os aeguintes: (a) a constituição deve consagrar
um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente concebida no
sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos
cidadãos nos actos do poder legislativo através do parlamento); (b) a
constituição contém o princípio da divisão dos poderes, no sentido de garantia
orgânica contra os abusos dos poderes estaduais; (c) a constituição deve ser
escrita (documento escrito)”.
3. Direito constitucional: A expressão direito constitucional pode ser
tomada em duas acepções: disciplina jurídica ou direito de índole
constitucional. Assim, na primeira acepção (disciplina jurídica), direito
constitucional é Estudo das normas jurídicas que derivam da Constituição, ou
mais exatamente o estudo da Constituição. Na segunda acepção (direito de
índole constitucional), a expressão direito constitucional se refere a todo e
qualquer direito consagrado numa constituição, qualquer que seja a sua
natureza do ponto de vista de classificação doutrinária: privado, público, civil,
político, administrativo, penal, comercial, internacional, processual, militar,
etc. Ora, como já externamos no início deste estudo, da conjugação dos dois
sentidos da expressão “direito constitucional” resulta a possibilidade de
considerar-se uma disciplina jurídica incidente sob direitos consagrados na
Constituição, qualquer que seja a sua natureza do ponto de vista de
classificação doutrinária, donde derivar a idéia de “direito constitucional
tributário”, “direito constitucional penal”, “direito constitucional administrativo”,
“direito constitucional militar” (objeto de nossa breve análise), dentre outros.
4. Direito militar: O direito militar pode ser definido como o conjunto
harmônico de princípios e normas jurídicas que regulam matéria de natureza
militar, podendo ser de caráter constitucional, penal ou administrativo. Este
direito tem como fonte principal a lei, mais exatamente a lei militar, qual seja
aquela promulgada sobre matéria militar.

30
Fonte: /www.inspirar.com.br

5. Direito constitucional militar comparado: As Constituições alienígenas,


sobretudo as sintéticas (como não poderia deixar de ser), tratam a matéria
militar de maneira bem genérica e assaz restrita em comparação à Carta
Magna Brasileira. Na maioria das vezes tratam superficialmentesobre a
organização e comando das Forças Armadas e de direitos referentes a
promoção e patentes e bem assim sobre a isonomia entre civis e militares.
Em países de tradição democrática, berço dos ideais liberais-burgueses ou
legatários destes valores, a exemplo dos EUA, da França, da Itália entre
outros, não encontramos distinção de direitos, garantias e deveres entre civis
e militares. Todos são amparados pelo Império da Lei e dos princípios Cívicos.
O que se encontra é a determinação da criação de uma espécie de estatuto
próprio para a organização do contingente, com direitos e deveres interna
corporis.
6. Evolução do perfil constitucional da matéria militar no direito
brasileiro: A alusão aos militares na Constituição de 1824 está disposta no
Título 5o, Capítulo VIII, mais exatamente nos artigos 145 usque 150, sob
denominação “Da Força Armada”. Consignou-se então que todos os
brasileiros eram obrigados a pegar em armas, para sustentar a
independência, e integridade do Império, e defendê-lo dos seus inimigos
externos ou internos. A Constituição da época prescreveu a permanência da
Força militar de mar e terra até então vigorante − sistema organizacional
31
militar colonial − enquanto não fosse designada nova Força Militar pela
Assembléia Geral. Impôs-se à Força Militar a obediência de não se reunir
enquanto não fosse ordenado pela Autoridade legítima, e determinou-se a
competência privativa do poder executivo de empregar em sua conveniência
a Força Armada de Mar e Terra à segurança e defesa do império. Já na
Constituição do Império, afirmou-se que a possibilidade da privação da
Patente, somente se admitiria após sentença proferida em Juízo competente.
Por fim, a Constituição de 1824, determinou a regulamentação do Exército do
Brasil por uma ordenança especial, organizando as promoções, soldos e
disciplina, assim como da força Naval.
7. A matéria militar na Constituição de 1988: A primeira referência à
matéria militar encontrada no texto da Constituição em vigor ocorre no campo
dos direitos e garantias fundamentais, mais exatamente no inciso VII do art.
5o que assegura a prestação de assistência religiosa em entidades militares
de internação coletiva. O mesmo art. 5o , no inciso XLIV, afirma constituir
crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. O inciso LXI
do art. 5o, quando se cuida das formalidades necessárias à prisão, disciplina
matéria militar ao legitimar exclusão odiosa à liberdade de locomoção nos
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
O inciso VI, do parágrafo terceiro, do art. 12 da Constituição, estabelece que
são privativos de brasileiros natos, dentre outros os cargos de oficial das
Forças Armadas. No campo dos direitos políticos, o parágrafo segundo do art.
14 da Constituição, cuida da vedação do alistamento no período de serviço
militar obrigatório. O artigo 20 da Constituição da República inclui entre os
bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares. Ao disciplinar a competência da União, o
inciso XIV do art. 21 da Constituição, por sua vez, estabelece, dentre outras
disposições de organizar e manter a polícia militar e o corpo de bombeiros
militar do Distrito Federal. Ao definir a competência legislativa privativa da
União o art. 22 da Constituição estabelece que compete privativamente à
União legislar sobre: requisições civis e militares, em caso de iminente perigo
e em tempo de guerra (inciso III) e normas gerais de organização, efetivos,
material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e

32
corpos de bombeiros militares (inciso XXI) e defesa territorial, defesa
aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional (inciso
XXVIII).

Fonte: www.megajuridico.com

8. Princípios constitucionais: Um “princípio” nada mais é do que uma


diretiva que se põe acima de qualquer outra consideração, até mesmo de
ordem legal, como norma de procedimento para que se chegue a um fim útil.
O princípio é assim e em certa medida a “lex legum”, posto que acima de tudo
e, antes mesmo do que tenha sido normatizado, em perfeita harmonia com o
que natural e lógico, indica o caminho a seguir-se. Podemos tomar como
“princípio constitucional” toda aquela regra expressa na Constituição ou que
decorre implicitamente da natureza do regime por ela adotado.
9. Princípios constitucionais militares: Tendo o legislador constituinte
versado de forma caudalosa da matéria militar, como já demonstrado, resulta
que inscreveu no texto da Constituição princípios constitucionais de índole
militar.
10. O caráter analítico da Constituição de 1988 como fator de
desenvolvimento do “direito constitucional militar: A Constituição da
República em vigor é daquelas que pode ser classificada como analítica, em
oposição às sintéticas. Analítica porque foi além do quadro de disposições
típicas à matéria constitucional, quais sejam: regular as relações entre

33
governantes e governados, traçar os limites dos poderes do Estado e declarar
os direitos e garantias individuais. A Constituição de 1998 foi muito além,
posto que disciplinou em seu bojo disposições que estariam melhor postas no
plano infraconstitucional. Ao fazer a opção pelo caráter analítico, o legislador
constituinte originário deu ensanchas a um escalonamento de status das
disposições contidas no texto constitucional, efeito não desejado e deletério
ao princípio da supremacia da Constituição. Assim é que, no plano da
realidade, há disposições do texto constitucional claramente
“inconstitucionais” e, pior ainda, disposições do texto maior que — em
linguagem coloquial — “não pegaram”.

34
REFERÊNCIAS

BARROSO.G. HISTÓRIA MILITAR DO BRASIL, 1938.

CASTRO.C. e Col, Nova história militar brasileira, 2004.

CORRÊA.U. A EVOLUÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR NO BRASIL ALGUNS


DADOS HISTÓRICOS, 2002.

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