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O verão de 1914 teve o início mais glorioso de que os europeus eram
capazes de se lembrar. Nos bastidores, porém, nascia de forma inexorável a
mais destrutiva das guerras que o mundo já conhecera até então — uma
guerra cujas consequências continuam a influenciar o mundo do século
XXI.
A questão de como começou a Primeira Guerra Mundial vem intrigando
historiadores há várias décadas. Muitos citam como motivo para o conflito
o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando; outros chegaram à
conclusão de que ninguém foi responsável. Mas David Fromkin — cujo
relato está baseado nas mais recentes pesquisas — dá uma resposta
diferente a essa pergunta. Ele deixa claro que a hecatombe que iria dilacerar
o continente foi iniciada de maneira deliberada.
Em uma narrativa fascinante que traz paralelos assustadores com os
acontecimentos de nossa própria época, Fromkin mostra que não foi travada
apenas uma guerra, mas duas, e que a primeira serviu de pretexto para a
segunda. Abordando de forma esclarecedora temas atuais como guerra
preventiva e terrorismo, o autor descreve em detalhes as negociações e traça
retratos incisivos dos diplomatas, generais e líderes protagonistas do
conflito: o kaiser alemão, o tsar da Rússia, o primeiro-ministro britânico. E
revela como e por que as iniciativas diplomáticas que tentaram evitá-lo
estavam fadadas ao fracasso.
Publishers Weekly
________________
* A partir de 1801, o título oficial da Grã-Bretanha passou a ser “Reino
Unido da Grã-Bretanha e Irlanda”; ou, reduzido, Reino Unido.
** Chamada de “Aliados” durante a guerra.
*** Com a Itália como terceiro membro em tempos de paz. Chamadas
de “Potências Centrais” durante a guerra.
1 Baseado em coberturas jornalísticas da época.
2 Encyclopaedia Britannica, 15ª ed., s.w. “World Wars”
3 Winter, Parker, e Habeck 2000: 2
4 Herwig 1997: 1
5 Encyclopaedia Britannica, 15ª ed., s.w. “World Wars”
6 McNeill 1976: 255
7 Economist, 31 de dezembro de 1999, p. 30.
8 Kennan 1979: 3
9 Stern 1999: 200
10 Gilbert 1975: 355
11 Kennan 1951: 51
12 Miller, Lynn-Jones
13 Ecvera 1991: XI
14 Lafore 1971: 17
15 Lorde Bryce, citado em Fromkin 1995: 58
16 Zweig 1943: 214
17 Taylor 1965: 1
18 Braudel 1979: 104
19 Keynes 1920: 11-12
20 Micklethwait e Wooldridge 2000: XVIII
21 Kennan 1951: 9
22 Zweig 1943: 1
23 Keiger 1983: 133
24 Ibid.
Parte Um
AS TENSÕES EUROPEIAS
Capítulo 1
CHOQUE DE IMPÉRIOS
________________
* Por razões não inteiramente claras, Bismarck divergiu brevemente
desta política no começo da década de 1880, ocasião em que a Alemanha
adquiriu uma pequena quantidade de colônias.
Capítulo 2
LUTA DE CLASSES
________________
1 McLean 2001: 98
Capítulo 4
________________
* Algumas fontes fornecem 1831 como sua data de nascimento.
1 Adams 1918: 383
2 Fussell 1975: 8
3 Stevenson 1996: 1
4 Ibid.: 203.
5 Gunter E. Rothenberg, “Moltke, Schlieffen, and the Docctrine of
PROFECIAS DE ZARATUSTRA
________________
1 Taylor 1956: 121
2 Morris 1979: 569
3 Strachan 2001: 68
Capítulo 6
ALINHAMENTO DIPLOMÁTICO
________________
1 Morgenthau 1978: 248
2 McLean 2001: 16
3 Ibid: 44
4 Ibid: 79
Parte Dois
A QUESTÃO ORIENTAL
ALEMANHA EXPLOSIVA
________________
* Para House, ver p. 122.
1 Berghan 1993: 172
2 Joll 1992: 56
3 Berghan 1993: 28
4 Halévy 1930: 6
5 Berghan 1993: 88
6 Clark 2000: 19
7 Ibid: 20
8 Ibid: 123
9 Ibid: 125
10 Berghan 1993: 16
11 Fisher 1975: 28
Parte Três
Shaw e Shaw
History of the Ottoman Empire and Modern Turkey1
[História do Império Otomano e da Turquia moderna]
Parece muito que a deriva para a guerra começou, até onde qualquer
movimento da história tem um começo, na velha cidade imperial de
Constantinopla: a Bizâncio de ontem e Istambul de hoje. Dominando os
estreitos que separam a Europa da Ásia, a cidade ocupa um lugar que esteve
no centro da política mundial desde que os lendários, e talvez fabulosos,
Agamenon, Ulisses e Aquiles embarcaram para a vizinha Troia. Por mais de
mil anos após o século IV d.C., Constantinopla serviu como capital do
Império Romano do Oriente. Depois, por quinhentos anos ela foi capital do
Império Otomano (ou Turco). Sobreviveu a duas civilizações e, no começo
dos anos 1900, parecia pronta a sobreviver à terceira.
Entretanto, ela vivia um momento baixo do seu fado. Extinguira-se a
sua glória, bem como a sua beleza. Ela não acompanhara os tempos. A
maioria das suas ruas continuava sem pavimentação; os sapatos e botas dos
seus milhões de habitantes continuavam sujos de lama quando chovia, e de
poeira quando não. A eletricidade ainda não tinha sido introduzida. A
cidade era conhecida por seus fortes ventos, soprando às vezes de uma
direção, às vezes, de outra. Que os ventos da mudança haveriam de acabar
levando aquele império, eis uma visão comumente expressa, mas prever de
onde iria soprar seria um pouco menos fácil.
Foi na Macedônia, um território turco igualmente ambicionado pela
Grécia, a Sérvia e a Bulgária, no centro dos turbulentos Bálcãs, que as
forças diruptivas foram liberadas. A Macedônia era um país fronteiriço,
sem leis e fora de controle; ela resistia aos esforços para policiá-lo. O país
era presa de banditismo, guerrilha, disputas de sangue, terrorismo,
assassinatos, massacres, retaliações, rebeliões e quase todas as formas de
violência e derramamento de sangue conhecidas da humanidade. O Terceiro
Exército Otomano, encarregado da responsabilidade de pacificá-lo, era
infiltrado por membros de uma das muitas sociedades secretas subversivas
turcas: o Comitê de União e Progresso (C.U.P.), conhecida como o
movimento dos Jovens Turcos. Os Jovens Turcos defendiam a
modernização. Seu objetivo era reformar o império para impedir que a
Europa continuasse tomando territórios otomanos.
Também na Bulgária, que via a Macedônia como a sua metade
meridional, a luta foi uma experiência que engendrou sociedades militares
ultranacionalistas clandestinas e mortíferas. Muito mais tarde — nos anos
1920 e 1930 — elas se aliariam com o fascismo italiano e deixariam uma
trilha de sangue na história dos Bálcãs.
A Macedônia desempenhou quase o mesmo papel para a Sérvia, outra
província a reivindicá-la. Oficiais e voluntários sérvios passaram pela
mesma experiência de guerrilha e guerra suja. Também na Sérvia, um dos
resultados da comoção foi a criação de sociedades secretas por oficiais
ultranacionalistas. Como veremos mais tarde, um desses grupos sérvios, o
Mão Negra, foi frequentemente acusado de ter começado a Primeira Guerra
Mundial. A Macedônia foi a escola que formou os ultranacionalistas
sérvios. Oriundos de um passado incendiário, eles tiveram um papel direto
no incêndio do seu próprio mundo. Como os búlgaros, os sérvios
começaram a praticar assassinatos para alcançar seus fins e, como os
búlgaros, voltaram-se contra o seu próprio governo e seus próprios
políticos. As sociedades secretas militares turcas, búlgaras e sérvias se
pareciam umas com as outras, exceto pelo fato de cada uma delas querer a
Macedônia para si. E os Jovens Turcos foram os primeiros a sair da
clandestinidade para realizar seus objetivos.
Os Jovens Turcos foram incitados à ação pela notícia, em junho de
1908, da proposta russa e inglesa de restaurar a ordem na Macedônia com o
envio de tropas europeias que serviriam como força de polícia. Se
implementada, o que, pelo menos retrospectivamente, parece ser altamente
improvável, a proposta teria significado que a Turquia podia perder mais
uma província.
Saindo brevemente da clandestinidade, os Jovens Turcos entraram em
contato com as potências europeias para protestar contra a proposta. Em
meio a uma grande confusão, o sultão enviou homens para prender vários
líderes do C.U.P., mas os Jovens Turcos fugiram para evitar a prisão e dar
início a uma rebelião. Em resposta à desordem crescente, o sultão decretou,
em 24 de julho de 1908, a restauração da Constituição, o que vinha a ser a
principal reivindicação dos Jovens Turcos. No ano seguinte, o sultão
abdicou em favor do seu irmão.
Uma nova fase fora aberta na política otomana. Não estava claro quem
ia liderar ou em que direção iriam os líderes. Não até que 1913 visse os
Jovens Turcos seguramente instalados no controle do Império Otomano.
Mas os europeus estavam informados de que mudanças podiam finalmente
estar no ar.
Para Alois Lexa von Aehrenthal, ministro das Relações Exteriores da
Austria-Hungria, parecia possível que a rebelião dos Jovens Turcos pudesse
representar uma genuína revolução nos assuntos otomanos. A rebelião
podia significar que a reforma e a modernização que os Jovens Turcos
defendiam podiam de fato ser tentadas — e podiam colocar em perigo os
interesses dos Habsburgo nos Bálcãs.
Visto desse modo, o sinal fora dado. Agora, podia-se argumentar,
chegou a hora de agir — ou nunca. O tempo estava passando. Ou os Jovens
Turcos fortaleceriam o seu império e dariam um basta a mais anexações por
potências europeias, ou então o Estado otomano ia continuar a desintegrar-
se. A ascensão ao poder do movimento dos Jovens Turcos parecia traduzir
uma mensagem para Viena: responder, golpear imediatamente, enquanto a
Turquia ainda continuava fraca e antes que outra potência europeia viesse a
fazê-lo.
________________
1 Shaw e Shaw 1997 II: 207-208
Capítulo 11
________________
1 Bridge 1990: 228
2 Albertini 1952 I: 228
3 Ibid.: 230
4 Berghahn 1993: 93
5 Ibid.: 91
6 Craig 1978: 323
Capítulo 12
________________
1 Varé 1938: 70
2 Albertini 1952 I: 486
Capítulo 14
A MARÉ ESLÁVICA
________________
1 Röhl 1994: 167
2 Clark 2000: 189
3 Ibid.: 190
4 Ibid.
5 Ibid.
6 Ibid.
7 Ibid.
8 Ibid.
9 Ibid.
10 Ibid.
11 Ibid.
12 Röhl 1994: 168
13 Ibid.: 191
14 Ibid.
15 Ibid.
16 Ibid.
17 Ibid.: 170
18 Ibid.
19 Ibid.: 173
20 Ibid.
21 Ibid: 176
22 Herrmann 1996: 177
23 Stevenson 1996: 264
Capítulo 15
________________
1 Albertini 1952 I: 488
2 Kautsky 1924: 53
3 Ibid.
4 Ibid.: 54
5 Ibid.
Capítulo 16
________________
1 Geiss 1997: 48
2 Strachan 2001: 69
3 Geiss 1967: 43
Capítulo 17
________________
* Mantidas as especificidades histórico-institucionais, o Federal
Reserve Bank cumpre função equivalente à do nosso Banco Central. (N. do
T.)
** Povoado próximo de Windsor in Berkshire, que as elites
frequentavam pelas corridas de cavalo disputadas em junho em Ascot
Heath. (N. do T.)
1 Smith 1940: 51
2 Ibid: 102
3 Ibid: 2
4 House Papers, 1914 Diary, 23 de maio.
5 Wall 1989: 909
6 Ibid.
7 Ibid: 924
8 Link 1979: 108-109
9 House Papers. 1914 10 Diary, 1º de junho.
10 Ibid.
11 Link 1979: 139
12 Ibid.: 140
13 Ibid.
14 House Papers, 1914 Diary, 24 de junho.
15 Ibid: 1º de junho.
16 Ibid: 12 de junho.
17 Link 1979: 190
18 House Papers, 1914 Diary, 1º de junho.
19 Ibid.
20 Ibid.: 24 de junho.
21 Grey 1925 I: 323
Parte Quatro
ASSASSINATO!
Capítulo 18
A ÚLTIMA VALSA
________________
1 Williamson 1991: 21
Capítulo 19
________________
1 Evans 1990: 32
2 Ibid. 23
3 Albertini 1952 II: 63
Capítulo 20
A CONEXÃO RUSSA
OS TERRORISTAS ATACAM
________________
1 Remark 1959; Morton 1989
2 Taylor 1964: 72
Capítulo 22
A EUROPA BOCEJA
________________
1 Mann 1983: 18
2 Morton 1989: 267
3 Ibid.
4 Albertini 1952 II: 115
5 Ibid.: 216
6 Keiger 2002: 164
7 Zeman 1971: 2
8 Keiger 2002: 102
9 Ibid.: 160
10 Zeman 1971: 2
11 Zweig 1943: 216
Capítulo 23
________________
1 Albertini 1952 II: 117
2 Ibid.
Capítulo 24
REUNINDO OS SUSPEITOS
________________
1 Albertini 1952 II: 42-43
2 Dedijer 1966: 197
3 Albertini 1952 II: 43
4 Williamson 1991: 193
5 Marshall 1964: 25
6 Kautsky 1924: 63-63
7 Ibid.
8 Great Britam 1915: 10
9 Ibid.: 11
10 Ibid.-. 12
11 Kautsky 1924: 61
12 Great Britain 1915: 9-10
13 Lieven 1983: 140
Parte Cinco
MENTINDO
Capítulo 25
________________
1 Kautsky 1924: 61
2 Albertini 1952 II: 125
3 Geiss 1967-66
4 Berghahn 11992: 200
5 Kautsky 1924: 69
6 Berghahn 1993
7 Williamson 1991: 199
8 Berghahn 1993: 1199
9 Ibid.
10 Geiss 1967: 72
11 Ibid.: 71
12 Clark 2000: 203
13 Geiss 1967: 71
Capítulo 26
A GRANDE FRAUDE
Em conluio, cada uma das duas partes desempenhava agora o seu papel
determinado. A Áustria decidiu — agindo aparentemente por conta própria
e espontaneamente — afirmar que estava levando os assassinos e seus
patrocinadores sérvios à justiça. Ao atacar, numa demonstração de ira
justificada, os Exércitos Habsburgo estariam punindo o culpado e também
exercendo o direito de autodefesa contra eventuais ataques posteriores
perpetrados pela Sérvia. A Europa, mesmo sem aplaudir, pelo menos
admitiria que os austríacos tinham todo o direito de fazer o que estavam
fazendo.
Era vital que o mundo não soubesse do papel da Alemanha ou da
garantia do kaiser. Os dois aliados agiram certamente como se acreditassem
que o segredo era fundamental. Mentiram repetidas vezes nas semanas
seguintes, quebrando a confiança que era a marca da diplomacia europeia
no período anterior.
Tivesse a participação da Alemanha sido descoberta a tempo, a Europa
teria reconhecido que a Áustria não estava interessada nos objetivos que
afirmava. Ela não estava vingando uma vítima de assassinato; estava
usando o assassinato como um manto sob o qual pretendia forçar um recuo
da Rússia nos Bálcãs. A Europa teria visto que o que a Áustria pretendia
não era punir a Sérvia, mas destruí-la; não derrotar a Sérvia, mas varrê-la do
mapa.
E o mundo inteiro compreenderia que a Alemanha não era, como a
França ou a Itália, uma espectadora inocente, mas sim uma participante
plena no projeto da Áustria. O conchavo germanofalante não buscava fazer
justiça ao arquiduque assassinado; em vez disso, engajava-se numa disputa
de poder que pretendia alterar o equilíbrio de forças dos Bálcãs a seu favor.
Assim, a Áustria tinha de atacar e subjugar a Sérvia antes que alguém
compreendesse claramente que algo estava em curso. A Europa tinha de ser
abrandada, levada a acreditar que a Áustria nada faria até que fossem
concluídas as semanas de investigação judicial, com a devida atribuição de
responsabilidade dos culpados. Sem saber o que fora planejado, a Europa
não tomaria precauções. Para enganar a Europa, os líderes da Alemanha e
da Áustria teriam de se tornar atores teatrais.
Há muito era costume os líderes europeus tirarem férias de verão. No
começo de julho, Berchtold tinha intenção (assim como Bethmann) de dar
ao mundo europeu uma sensação ilusória de segurança, fingindo seguir sua
programação normal de julho. Berchtold disse ao seu ministro da Guerra e
ao seu chefe do Estado-maior do Exército para partirem em férias, “para
evitar qualquer inquietação”. O imperador Francisco José retomou as suas
férias interrompidas. O chanceler Bethmann tentou o mesmo ardil e fez um
verdadeiro show da sua presença na sua casa de campo. Tirpitz estava de
férias na Floresta Negra. Moltke estava no famoso balneário de Carlsbad,
fazendo estação de águas. O ministro das Relações Exteriores estava em sua
lua de mel. Os vices de Moltke e Tirpitz estavam de férias. E de férias
estava o ministro da Guerra.
Uma vez instalados em seus retiros estivais, os alemães parecem ter
feito o melhor que podiam para lá permanecerem e parecerem inocentes. A
conselho do primeiro-ministro, o kaiser Guilherme partiu em seu cruzeiro
programado, ainda que achasse toda aquela fraude um tanto “infantil!”.1
Parece não lhe ter ocorrido na época que seu chanceler o estivesse
despachando em viagem para tirá-lo do caminho.
A singularidade especial de julho de 1914, consequentemente, foi que
as ações fatídicas que estavam em curso não eram visíveis. Como uma peça
em que tudo que fosse importante se passasse nos bastidores.
Cedo na manhã de segunda-feira, 6 de julho, antes de embarcar, o kaiser
mandou vários funcionários entregarem mensagens suas. O almirante
Eduard von Capelle, vice de Tirpitz, recebeu um telefonema entre sete e
oito da manhã. Encontrou-se com Guilherme no jardim do palácio. Capelle
recorda:2 “O imperador andou de um lado para outro comigo por um curto
período, e me contou brevemente as ocorrências do dia anterior” — o
cheque em branco para a Áustria, relato que Capelle aparentemente deveria
repassar a Tirpitz. O kaiser “não acreditava em desdobramentos bélicos
sérios. Na opinião dele, o tsar não iria, neste caso, ficar do lado de
regicidas. Além disso, a Rússia e a França não estavam preparadas para a
guerra. (O imperador não mencionou a Inglaterra.) A conselho do chanceler
imperial, ele estava iniciando uma viagem a Northland, para evitar qualquer
inquietação”.
Uma mensagem semelhante foi entregue em mãos por um oficial da
Marinha, o capitão Zenker, a seus superiores.3 “Sua majestade prometeu”
proteger a Áustria se a Rússia interferir, “mas ele não acredita que a Rússia
vá entrar na briga pela Sérvia, que tem as mãos sujas do assassinato. A
França, também, dificilmente permitiria a guerra, já que não tem artilharia
pesada para seus Exércitos. Contudo, embora uma guerra contra a França-
Rússia não seja provável, do ponto de vista militar, deve-se ter em mente a
possibilidade de tal guerra”.
Guilherme sabia que tinha reputação de recuar nas crises. “Desta vez
não vou desistir”, disse ele ao fabricante de armas Krupp.4
Embarcado, o kaiser fez o melhor que pôde para não parecer alguém à
espera de notícias importantes. Entretanto, em 6 de julho ele se permitiu
dizer a dois dos seus oficiais navais que em nove dias a resposta da Áustria
ao que os sérvios haviam feito seria conhecida. Noutras oportunidades, o
kaiser disse aos seus oficiais que a situação estaria resolvida em uma
semana, ou em três semanas. Ele disse aos chefes das forças armadas de
serviço: “Ele não estava prevendo complicações militares maiores. Na
opinião dele, o tsar não ficaria, neste caso, do lado dos regicidas. Além
disso, a Rússia e a França não estavam preparadas para a guerra [...] A
conselho do chanceler, ele partiria em seu [...] cruzeiro, para não gerar
nenhuma inquietação.”
Guilherme disse mais ou menos a mesma coisa para o chefe do seu
Gabinete Militar e para o ministro da Guerra prussiano: “Quanto mais
rápido os austríacos fizerem o seu movimento contra a Sérvia, melhor, e [...]
os russos — embora amigos da Sérvia — não vão se envolver.”
Em 7 de julho, um dia depois de a Alemanha assinar o cheque em
branco, Berchtold convocou o gabinete da Monarquia Dual para obter sua
autorização para prosseguir. O gabinete era formado pelo premiê austríaco e
seus ministros, o premiê húngaro e seus ministros e um punhado de
ministros da união austro-húngara, como Berchtold.
O gabinete deliberou e debateu durante horas. O primeiro-ministro
húngaro, conde István Tisza, expressou sua oposição frontal aos planos de
Berchtold. Ele ficou sozinho ao fazê-lo, mas impediu que os demais
tomassem atitudes. Tisza advertiu que uma invasão da Sérvia pela
Monarquia Dual “iria, até onde era humanamente possível prever, levar a
uma intervenção russa e consequentemente a uma guerra mundial”. Seu
plano alternativo para Viena era estabelecer uma lista de exigências e “só
emitir um ultimato se a Sérvia não as cumprisse. As exigências precisam ser
duras, mas não impossíveis de satisfazer”.5 Acima de tudo, argumentou ele,
o Império Habsburgo não deve permitir-se ser arrastado a uma guerra.
Em vez disso, o gabinete propôs apresentar um ultimato — uma perda
de tempo, como Berchtold deve ter imaginado — que a Sérvia não pudesse
aceitar, e de concluir lançando uma invasão. Tisza, que tinha direito de veto,
insistiu em fazer exigências que a Sérvia pudesse aceitar. Ele tinha
preferência pela solução pacífica.
Todos os ministros estavam convencidos de que funcionários sérvios
estavam de algum modo ligados ao crime em Sarajevo, apesar de não terem
provas conclusivas disso, e de que o processo de Sarajevo podia não
começar por semanas ou meses. Era tempo demais para Berchtold esperar.
Ele tinha de agir no máximo em questão de dias ou quiçá uma semana ou
duas.
Durante uma semana, de 7 a 14 de julho, o conde Tisza obstruiu a
negociação. Então, o seu conselheiro de Relações Exteriores o convenceu
de que a Hungria, em sua disputa com a Romênia, se beneficiaria de uma
cruzada contra a Sérvia. Além disso, Berchtold empregou dois outros
argumentos poderosos. Havia elementos no governo alemão que iam ficar
tão decepcionados se a Monarquia Dual não atuasse de maneira cardeal,
que não veriam mais utilidade em continuarem aliados: a aliança alemã, da
qual todos dependiam, seria perdida. Além disso, Berchtold deu esperanças
ao primeiro-ministro húngaro; não era impossível a Sérvia aceitar os termos
austríacos, caso em que não haveria guerra, afinal. (Isto não era realmente
verdade, pois Berchtold estava decidido a forçar uma guerra contra a
Sérvia, independentemente do que ela fizesse.)
Tisza abandonou sua posição, mas isto custou uma semana a Berchtold.
E o kaiser, conforme será lembrado, esperava que a questão fosse resolvida
em uma semana ou duas, ou no máximo em três.
De Londres, em 9 de julho, o embaixador alemão relatou ter discutido
os desdobramentos de Sarajevo e a possível resposta da Áustria com Sir
Edward Grey. Ele afirmou que Grey “estava inteiramente confiante, e
declarou em tom animado que não via razão para ter uma visão pessimista
da situação”.6
11 de julho. Do iate do kaiser, uma pergunta ao Ministério das Relações
Exteriores: o telegrama de congratulação costumeiro deve ser enviado ao
rei da Sérvia no dia do seu aniversário, 12 de julho?7 Resposta: “Como
Viena não iniciou até agora qualquer tipo de ação contra Belgrado, a
omissão do telegrama costumeiro chamaria a atenção e poderia tornar-se
causa de inquietação prematura [...] [Ele deve ser enviado.”
14 de julho. De Viena para Berlim. O ultimato a ser enviado à Sérvia
“está sendo redigido de modo que a possibilidade da sua aceitação está
praticamente excluída”. Mas ele ainda não foi colocado em sua forma final,
o que não deverá acontecer antes de 19 de julho. (“Lamentável”, observa o
kaiser.)8
Em meados de julho, as queixas quanto à indecisão da Áustria pareciam
ser justificadas. Podia-se especular, como fizeram os oficiais bávaros, que a
Áustria-Hungria teria preferido que o kaiser tivesse recusado o cheque em
branco na conferência de 5-6 de julho — que não tivesse dado pleno apoio
— para ela ter uma desculpa para não fazer nada.
Assim como muitos diplomatas europeus, o barão Giesl von Gieslingen,
representante da Áustria em Belgrado, estava de férias. Em 10 de julho, ele
retornou. O representante russo, Hartwig, lhe telefonou prontamente
naquele anoitecer, para apresentar condolências formais pelos assassinatos
em Sarajevo. Hartwig negou o boato de que deixara de marcar a ocasião
hasteando a bandeira da legação a meio mastro.
Hartwig, que era obeso, sofria não apenas de asma como também de
angina pectoris. Queixava-se então de dores no coração. Compromissos
oficiais o manteriam em seu posto por mais dois dias. Então ele poderia
tirar suas férias num balneário.
Hartwig investigou o que a Áustria planejava fazer em resposta aos
acontecimentos de Sarajevo. Giesl lhe garantiu que ele não precisava ter
medo pela Sérvia. Hartwig pareceu aliviado. Então, sem qualquer ruído, o
diplomata russo caiu no chão. Um médico foi chamado imediatamente,
atestando sua morte por ataque cardíaco.
Os Giesl chamaram a filha de Hartwig, Ludmilla. Ela repudiou todas as
tentativas feitas para confortá-la, chamando-as asperamente de “palavras
austríacas”.9 Ela vasculhou a peça; perguntou se tinham servido comida ou
bebida a seu pai (não tinham); levou cuidadosamente as pontas de cigarro
dele, presumivelmente para testar a presença de veneno.
Os cigarros não haviam sido adulterados. O que estava envenenado na
Europa balcânica em julho de 1914 era a atmosfera. Ela tornara-se um
mundo de mentiras, complôs e fraudes.
________________
1 Geiss 1967: 90
2 Kautsky 1924: 47
3 Ibid.: 49
4 Fisher 1975: 478
5 Berghahn 1993: 204
6 Geiss 1967: 105
7 Kautsky 1924: 95, 97
8 Geiss 1967: 114 .
9 Albertini 1952 II: 277
Capítulo 27
MANTÉM-SE O SEGREDO
________________
1 Bosworth 1983: 121
2 Williamson 1991: 201
3 Albertini 1952 II: 184
4 Ibid.
5 Berghahn 1993: 197
Parte Seis
CRISE!
Capítulo 29
________________
* Entretanto, numa entrevista em 17 de setembro de 1916 ao jornalista
americano William Bullitt, ele admitiu que tinha visto o ultimato antes de
ele ser mandado.14 E Zimmermann, o número dois de Jagow, disse a um
colega (em 11 de agosto de 1917) que “é verdade que nós recebemos o
ultimato sérvio cerca de 12 horas antes de ele ser apresentado”.
Zimmermann escreveu que não havia sentido em continuar mentindo, pois
o fato “não poderia continuar secreto para sempre”.
1 Albertini 1952 II: 184-85
2 Encyclopaedia Britannica, 11ª ed., s.v. “Bavaria”
3 Geiss 1967: 127-30
4 Berghahn 1993: 209
5 Kautsky 1924: 113
6 Ibid.: 126
7 Ibid.: 141
8 Morton 2001: 208
9 Geiss 1967: 139
10 Ibid.
11 Ibid.: 142
12 Ibid: 154
13 Eyre Crowe,1967: 159; Albertini 1952 II: 212
14 Fromkin 1995: 98
15 Rhöl 1973: 29
16 Berghahn 1993: 201
17 Ibid.
18 Ibid.
19 Ibid.: 201-202
20 1925 I: 283-90
21 Berghahn 1993: 209
22 Kautsky 1924: 144-45
23 W. Churchill 1923: 178
24 Ibid.: 181
25 Brock e Brock 1985: 122
Capítulo 30
APRESENTANDO O ULTIMATO
Era a primeira vez naquele mês que o gabinete ouvia falar de política
exterior. Churchill era um dos dois únicos homens do gabinete, além do
primeiro-ministro, que tinham sido avisados por Grey antes da reunião.
Durante a reunião, como de costume, o primeiro-ministro Asquith
escreveu uma carta à sua confidente, Venetia Stanley. Disse a ela que a
situação europeia “está tão mal quanto é possível estar. A Áustria enviou
uma nota intimidadora e humilhante à Sérvia, que absolutamente não pode
cumpri-la, e exigiu resposta em 48 horas — na ausência da qual, marchará.
Isto significa, quase inevitavelmente, que a Rússia vai entrar em cena em
defesa da Sérvia e em desafio à Áustria; se assim for, será difícil tanto para
a Alemanha como para a França se absterem de emprestar seu apoio a um
lado ou outro. Assim, estamos a uma distância mensurável, ou imaginável,
de um verdadeiro Armagedom”.4
Mas ele termina com uma nota tranquilizadora: “Felizmente, parece não
haver nenhuma razão para sermos mais do que meros espectadores.” No
final da reunião, Churchill, por sua vez, escreveu à esposa que a “Europa
está tremendo à beira de uma guerra generalizada.5 O ultimato austríaco à
Sérvia sendo, no gênero, o documento mais insolente jamais concebido”.
Mas ele tampouco previa um papel para a Grã-Bretanha desempenhar no
conflito iminente, e escreveu principalmente para dizer que estaria com a
família na praia durante o fim de semana.
Entrementes, Grey prestou atenção inicialmente no prazo de quarenta e
oito horas. “Eu nunca tinha visto um Estado endereçar a outro Estado
independente um documento de caráter tão formidável”,6 disse ele ao
governo austríaco; e quaisquer que sejam os méritos da disputa, a primeira
coisa a ser feita é adiar ou eliminar o prazo final.
A pedido de Grey, o embaixador alemão, Lichnowsky, veio visitá-lo.
Lichnowsky relatou que Grey fora “profundamente afetado pela nota
austríaca, a qual, na opinião dele, excedia qualquer coisa que jamais tivesse
visto no gênero anteriormente”.7 Ele acreditava que “qualquer nação que
aceitasse condições como aquelas, na verdade deixaria de contar como
nação independente”. (“Isso seria muito proveitoso. Não é uma nação no
sentido europeu, mas um bando de ladrões!”, comentou o kaiser Guilherme
ao ler o relatório de Lichnowsky.)
Os comentários particulares dos três políticos, se lidos como se eles
estivessem conversando, revelam o fosso crescente entre as respectivas
opiniões:
LICHNOWSKY: “Não se pode avaliar os povos balcânicos com a
mesma medida que as nações civilizadas da Europa...”
KAISER: “Exatamente, pois eles não têm a mesma medida!”
LICHNOWSKY: Consequentemente, é preciso usar outro tipo de
linguagem com eles.”
GREY: “Mesmo que fosse capaz de compartilhar esta opinião [ela
não] seria aceita na Rússia.”
KAISER: “Então os russos não são nada melhores.”
________________
1 Albertini 1952 II: 280
2 Ibid.: 282
3 W. Churchill 1923: 193
4 Brock e Brock 1985: 122-23
5 R. Churchill 1969: 1987-88
6 Great Britain 1915: 30-31
7 Kautsky 1924: 184-85
8 Albertini 1952 II: 378 Ibid.
9 Ibid: 291
10 Evans e Strandmann 1990:76; Ibid.: 77; Ibid.; Ibid.
11 Massie 1996: 186
12 Kautsky 1924: 180
13 Ibid.
14 Ibid.: 182
15 Hayne 1993: 294-93
16 Geiss 1967: 180
17 Ibid.18
18 Ibid.: 18219
19 Hayne 1993: 294-9520
20 Geiss 1967: 180
Capítulo 31
________________
1 Görlitz 1961: 5
2 Albertini 1952 II: 348
3 Fisher 1975: 464-65
4 Geiss 1967: 200-201; Albertini 1952II: 372
5 Kautsky 1924: 186
6 Evansand Strandmann 1900:102
Parte Sete
CONTAGEM REGRESSIVA
Capítulo 32
________________
1 Berghahn 1993: 212
2 Mombauer 2001: 186
3 Ibid: 187
4 Ibid.
5 Ibid: 200
6 Churchill 1931: 120-26
7 Keegan 1999: 77-78
Capítulo 33
26 DE JULHO
________________
1 Steiner 1969: 12
2 Albertini 1952 II: 200
3 Ibid.
4 Brock e Brock 1985: 125-26
5 Riddell 1986: 84
6 Steiner
7 Albertini 1952 II: 404
8 Geiss 1967: 235
9 Ibid: 227
10 Kautsky 1924: 220-21
11 Mombauer 2001: 197
Capítulo 34
27 DE JULHO
________________
1Büllow 1931 III: 184
2Fisher 1967: 70
3Geiss 1967: 236
4Riddel 1986: 85
5Churchill 1968: 1988
6Geiss 1967: 239
7Ibid.: 240
8Ibid.: 241
9Albertini1952 II: 416
10Berghahn 1993: 216
11Great Britain 1915: 74
Capítulo 35
28 DE JULHO
________________
* Ver cap. 11.
1 Herwig 1997: 26
2 Berghahn 1993: 212
3 Geiss: 1967: 256
4 Clark 2000: 208
5 Geiss 1967: 256
6 Clark 2000: 208-209
7 Ibid.: 209
8 Mombauer 2001: 199
9 Clark 2000: 208
10 Herwig 1997: 26
11 Ensor 1936: 484
12 Albertini 1952 II: 460-61
13 Kautsky 1924: 243
14 Berghahn 1993: 216 R.
15 Churchill 1967: 692
16 Ibid.: 694
17 Brock e Brock 1985: 161
Capítulo 36
29 DE JULHO
________________
* Sua referência teria sido à Corte Permanente de Arbitragem,
estabelecida em Haia pela Convenção para a Solução Pacífica de Disputas
Internacionais (1899).
1 Albertini 1952 II: 499
2 Ibid.: 488-89
3 Ibid.: 495
4 Ibid.: 498
5 Albertini 1952 III: 1
6 Ibid.: 2
7 Mombauer 2001: 205
8 Albertini 1952 II: 513-14
9 Kautsky 1924: 319-22
10 Ibid.: 313
11 Ibid.: 319-22
12 Brock e Brock 1985: 132
13 W. Churchill 1923: 212
Capítulo 37
30 DE JULHO
________________
1 Stengers mostrou: Wilson 1995: 125
2 Kautsky 1924: 368
3 Ibid.: 372
4 Ibid.
5 Albertini 1952 III: 2
6 Ibid.: 3
7 Lieven 1983: 146
8 Kautsky 1924: 375; Cimbala 1996: 389
9 Berghahn 1993: 217
10 Ibid.
11 Mombauer 2001: 205
12 Albertini 1952 III: 34
13 Bonham-Carter 1965: 305
14 Wilson 1995: 127
15 Albertini 1952 II: 604
16 Brock e Brock 1985: 136
Capítulo 38
31 DE JULHO
________________
1 Hayne 1993: 293
2 Williamson 1991: 207 nº 122
3 Albertini 1952 III: 37
4 Ibid.: 56
5 Ibid.: 62
6 Gilbert 1975: 21
7 Brock e Brock 1985: 138
8 Riddel 1986: 85
9 Gilbert 1971: 21
10 Ibid.: 22
Capítulo 39
1º DE AGOSTO
Paris. Joffre pediu outra vez permissão ao seu governo para ordenar
uma mobilização geral imediata. Em vez disso, o gabinete o autorizou a
fazê-la no dia seguinte.
Londres. Na reunião matinal do gabinete, Winston Churchill perguntou
se podia ordenar a mobilização total da frota. O gabinete, porém,
profundamente dividido, recusou a permissão. Entre aqueles cujo instinto
era contra a guerra, Lloyd George era a figura-chave; se fosse convencido,
poderia trazer outros consigo.
Segundo o primeiro-ministro, “a maioria do partido” se opunha a
intervir militarmente em qualquer circunstância, mas “Lloyd George —
inteiramente pela paz — é mais sensível e político quanto a manter uma
posição ainda aberta”.1 Churchill tinha sido seguidor de Lloyd George
durante anos, e durante a reunião eles trocaram bilhetes entre si. Num deles,
o líder radical dava esperanças: “Se prevalecer a paciência e você não nos
pressionar demais [...] há possibilidade de nos unirmos.” “Por Deus. É todo
o nosso futuro — companheiros — ou oponentes”, respondeu Churchill.2
“Anseio muito profundamente que nossa longa cooperação possa não
ser interrompida”, escreveu Churchill em outro momento.3 “[...] Imploro-
lhe que venha e que dê a sua prestigiosa ajuda ao desempenho do nosso
dever.” E outra vez: “Temos o resto das nossas vidas para sermos oposição.
Sinto-me profundamente ligado ao senhor e tenho seguido os seus instintos
e a sua orientação há quase dez anos.”
Ao mesmo tempo, Churchill dirigia uma torrente de retórica ao restante
do gabinete. Ele era famoso por não deixar ninguém tomar a palavra ou
apartear. “Não é exagero dizer que Winston ocupou toda a segunda metade”
da reunião.
Berlim. O chanceler falou na Bundesrat, a assembleia dos Estados
alemães, apresentando o ponto de vista do governo. Ele explicou que em
vez de continuar as negociações com a Áustria, a Rússia havia mobilizado
suas forças militares. Em resposta, a Alemanha tinha dado um ultimato ao
governo russo: ou concordava em desmobilizar até o meio-dia, ou a
Alemanha mobilizaria as suas tropas. A Alemanha também enviara um
ultimato à França, para que se mantivesse neutra — e desse garantias
adequadas de assim permanecer — ou então a Alemanha também declararia
guerra contra ela. O ultimato à França fora fixado para expirar às treze
horas. A Bundesrat deu apoio unânime a Bethmann.
O meio-dia chegou e passou, e não houve resposta russa. Quase uma
hora mais tarde, a Alemanha telegrafou sua declaração de guerra ao seu
embaixador na Rússia, a ser entregue em São Petersburgo, com redação
alternativa, de modo que ele pudesse afirmar que o governo do tsar ou bem
tinha rejeitado o ultimato ou deixado de respondê-lo.
Tsarkoe Selo. Era meio-dia na Rússia, o tsar Nicolau recebeu a notícia
da mobilização alemã. Passou rapidamente um telegrama ao seu primo
Guilherme: “Compreendo que seja obrigado a mobilizar suas tropas, mas
gostaria de ter de você as mesmas garantias que eu mesmo lhe dei — de que
as medidas não significam guerra.”4
Porém, é claro, o tsar estava errado. No mundo de 1914, nem sequer os
generais e ministros compreendiam bem a diferença existente entre os
vários tipos de mensagens preventivas que foram adotadas pelos vários
países. Uma, todavia, em sua clareza insofismável, se destacava das demais:
para a Alemanha, mobilização significava guerra — em vinte e quatro
horas, senão antes.
Berlim. Às quatro da tarde, ainda não houvera resposta da Rússia.
Falkenhayn e Bethmann foram ver o kaiser. Haviam decidido na noite
anterior que a guerra tinha de ser declarada mesmo que a Rússia propusesse
negociar. Mas eles encontraram um kaiser que relutava em fazê-lo. Houve
um momento em que isso teria sido um obstáculo fatal para seus planos,
mas já não era mais o caso. Durante a última semana de julho, as instruções
de Guilherme foram desconsideradas por seu próprio chanceler e ministro
das Relações Exteriores, por seus líderes militares e pelo imperador
austríaco e seu governo. As ordens de Guilherme continuavam a valer para
algumas coisas, mas não para tudo.
O kaiser concordou em assinar as ordens de mobilização, que entraram
em vigor no dia seguinte. Moltke tinha rascunhado para Guilherme um
discurso ao povo alemão. Bethmann, que havia chegado tarde, ficou
zangado por Moltke ter usurpado a prerrogativa das autoridades civis.
Moltke, visivelmente nervoso, disse a um ajudante: “Esta guerra vai virar
uma guerra mundial e a Inglaterra também intervirá. Poucos podem ter uma
ideia da extensão, da duração e do final desta guerra. Hoje ninguém tem a
menor ideia de como vai acabar.”5
Quando o kaiser e seus chefes militares acabaram suas discussões e se
preparavam para dispersar, chegou um aviso do Ministério das Relações
Exteriores de que uma importante mensagem da Grã-Bretanha estava em
processo de decifração. O almirante Tirpitz sugeriu aos dois chefes do
Exército que esperassem para lê-la. Em vez disso, eles se apressaram em
partir com as suas ordens de mobilização assinadas. Seria melhor se
tivessem esperado, pois rapidamente receberiam ordens de retornar.
A mensagem de Londres atrapalhava os planos do governo alemão. O
telegrama veio do embaixador de Berlim naquela cidade, príncipe
Lichnowsky, que repetia as garantias que ele erradamente havia acreditado
que Sir Edward Grey lhe dera. A Inglaterra parecia estar dizendo que, se a
Alemanha deixasse a França em paz, Inglaterra e França permaneceriam
neutras na guerra da Alemanha contra a Rússia.
O kaiser e seus assessores ficaram exultantes. Isso praticamente
garantia a vitória, do modo como a viam. Moltke, como oficial-chefe do
Estado-maior responsável pelas operações, se viu em posição de total
isolamento. Como recordou logo depois, “o kaiser me disse: ‘Então nós só
desdobramos a leste, com todo o Exército’”.6
Moltke ficou desalentado. O kaiser parecia incapaz de compreender o
plano de guerra em andamento, que era lançar o grosso das forças alemãs,
via Luxemburgo e Bélgica, contra a França, enquanto continha a Rússia
com uma força menor a leste. A rápida vitória sobre a França seria seguida
por uma ágil transferência dos Exércitos da frente francesa para a russa.
Desde abril de 1913, o Estado-maior não mantinha um plano generalizado
de desdobramento apenas contra a Rússia.
O Exército já estava no processo de deslocar-se para atacar a França.
Cancelar as ordens, argumentou Moltke, criaria o caos. Após uma violenta
discussão entre o kaiser e o chefe do Estado-maior, um compromisso foi
alcançado: a mobilização continuaria, e as tropas se deslocariam na direção
da França, mas então ficariam disponíveis para redesdobramento em massa
para o leste, se um acordo fosse feito para a Grã-Bretanha e a França
permanecerem neutras.
Isso deixava um problema fundamental não resolvido. No plano de
guerra alemão, o movimento inicial dos Exércitos do kaiser seria tomar as
estradas de ferro do neutro Luxemburgo antes que a França o fizesse, e
então despachar um ultimato à neutra Bélgica para não se intrometer e
deixar os Exércitos da Alemanha atravessá-la para invadir a França. A
Alemanha fazia vezes de fiadora da neutralidade da Bélgica e do
Luxemburgo.
Agora que a França ia ficar fora da guerra, isso tinha de ser modificado.
Segundo Moltke, “sem me perguntar, o kaiser virou-se para o ajudante de
ordens presente e mandou telegrafar instruções imediatas [...] para não
invadir o Luxemburgo. Pensei que meu coração ia estourar”.7 Com a
Inglaterra e a França recusando a provocação para a guerra, “a gota d’água
seria que a Rússia também debandasse”. A Alemanha ficaria despojada de
inimigos!
Nesse ínterim, o kaiser e seu chanceler enviaram mensagens a Londres
para selar a barganha: Guilherme ao rei George V, e Bethmann ao governo
britânico. Porém, como escreveu o rei George em sua resposta telegrafada:
“Creio que deve haver algum mal-entendido.”8 A oferta de neutralidade
britânica e francesa jamais fora feita.
Depois de ler o telegrama do rei George, o kaiser disse a Moltke:
“Agora pode fazer como quiser.” Moltke telegrafou prontamente às suas
forças ordens de prosseguir com a invasão do Luxemburgo.
Às sete horas da noite, as tropas alemãs tomaram o seu primeiro
objetivo: uma estação ferroviária e um posto de telégrafo dentro do
Luxemburgo. Às sete e meia, outras unidades vieram para chamar de volta,
dizendo ao primeiro contingente que ele havia sido despachado por erro;
esperava-se o telegrama do rei George. Então, em resposta ao último
telegrama de Moltke, contraordens foram dadas de novo, e mais uma vez
prosseguiu a invasão alemã do Luxemburgo.
Londres. Autorizado pelo gabinete, Grey, ainda que em linguagem
diplomática, advertiu o embaixador alemão de que uma violação da
neutralidade belga tinha fortes possibilidades de levar a Grã-Bretanha a
intervir.
São Petersburgo. O embaixador alemão entregou a declaração de
guerra do seu país ao ministro das Relações Exteriores russo. Em sua
confusão, ele entregou um documento que incorporava as duas versões que
Berlim lhe havia fornecido: a afirmação de que a Rússia não tinha
respondido e a afirmação de que a resposta russa era insatisfatória.
Londres. Através de seu amigo tóri F. E. Smith, Churchill convidou
Bonar Law, o líder tóri, para jantar com ele e com Sir Edward Grey no
Almirantado. Smith pediu a Sir Max Aitken, o amigo mais próximo de Law,
para juntar-se ao grupo. Law, porém, declinou o convite, e Grey a certa
altura saiu para encontrar-se com o primeiro-ministro. Afinal, Churchill
jantou sozinho.
Após o jantar, por volta das nove e meia, Smith e Aitken apareceram e
encontraram Churchill com dois amigos. Eles começaram uma discussão
sobre a crise. Chegou a notícia de que os alemães estavam adiando seu
ultimato à Rússia, e as opiniões divergiram sobre o seu significado. Três
dos homens jogaram uma partida de bridge com Churchill. Aitken se foi.
As cartas tinham acabado de ser dadas e o jogo começava quando
chegou para Churchill uma caixa vermelha de despachos oficiais. Ele pegou
uma chave e abriu-a. Dentro havia uma única folha de papel “singularmente
desproporcional ao tamanho da caixa”, como Aitken escreveu mais tarde,
em que estava escrito: “A Alemanha declarou guerra à Rússia.”9
Churchill passou sua mão de bridge para Aitken e partiu a pé para o
número 10 da Downing Street. Encontrou o primeiro-ministro trancado com
Grey e outros conselheiros.
Churchill disse a Asquith que ia ordenar a mobilização total da frota.
Ele sabia, é claro, que o gabinete lhe recusara a permissão de fazê-lo
naquela mesma manhã. E responderia pessoalmente ao gabinete, na manhã
seguinte, sobre o que estava em vias de fazer.
O primeiro-ministro não disse nada. Churchill retornou aos seus
escritórios e passou o resto da noite tratando de garantir que, o que quer
acontecesse, a Marinha Real estaria pronta.
Mais tarde naquela noite, Londres recebeu uma comunicação da sua
embaixada em Berlim de que o kaiser estava afirmando que seus esforços
para manter a paz estavam sendo minados pela mobilização total da Rússia.
Havia algo que George V pudesse fazer para ajudar?
Asquith rascunhou rapidamente uma nota ao tsar em nome do rei
George, chamou um táxi e correu ao Palácio de Buckingham à uma e meia
da manhã para pegar a assinatura do monarca. “O rei foi arrancado da
cama”, anotou o primeiro-ministro em seu diário, “e uma das minhas mais
estranhas experiências foi sentar-me com ele vestido de roupão enquanto eu
lia a mensagem e a resposta proposta”.10
Berlim. Os jornais em Berlim e Hamburgo contavam a história da
“aliança naval” entre a Grã-Bretanha e a Rússia. Supostamente, os russos
esperavam obter o acordo da Marinha Real para enviar navios de transporte
a portos bálticos antes da eclosão da guerra. Eles transportariam as tropas
russas que iriam invadir o nordeste da Alemanha.
Porém, como as conversações entre o almirante príncipe Louis de
Battenberg e o Almirantado russo tinham sido marcadas para agosto, ainda
não haviam começado. Segundo a imprensa alemã, o príncipe Louis não
cuidou de ir a São Petersburgo: “A guerra que a Rússia nos impôs impediu”
que a aliança naval russo-britânica fosse concluída.
“A guerra que a Rússia nos impôs”: isto encarnava aquilo em que os
alemães passaram a acreditar. Quando a notícia da mobilização russa foi
inicialmente divulgada, o adido militar bávaro confidenciou em seu diário:
“Corri ao Ministério da Guerra.11 Rostos sorridentes em toda parte. Todos
trocando apertos de mão nos corredores: as pessoas se congratulam por
terem saltado o obstáculo.” O povo alemão, os partidos políticos, os
sindicatos, a imprensa, todos foram enganados, levados a crer que a Rússia
tinha começado a guerra. Outro diarista, o chefe do Estado-maior da
Marinha do kaiser, falou ainda mais claro: “O ânimo é radiante. O governo
manobrou brilhantemente para fazer parecer que fomos atacados.”12
O governo alemão anunciou que invasores russos haviam cruzado a
fronteira do território alemão. O povo alemão acreditou.
________________
1 Brock e Brock 1985: 140
2 R. Churchill 1969: 701
3 Ibid.
4 Massie 1996: 258
5 Mombauer 2001: 206
6 Albertini 1952 III: 172
7 Ibid.: 176
8 Ibid.: 177
9 Beaverbrook 1960: 29
10 Brock e Brock 1985: 140
11 Evans e Strandmann 1990: 120
12 Ibid.
Capítulo 40
2 DE AGOSTO
________________
1 Brock e Brock 1985: 146
2 Geiss 1967: 179 e seguintes
3 Kautsky 1924: 496
4 Ibid.: 501
5 Ibid.: 482
6 Ibid.: 483
7 Ibid.
8 Albertini 1952 III: 410
Capítulo 41
3 DE AGOSTO
________________
1 Kautsky 1924: 527
2 Ibid.
3 Brock e Brock 1985: 148
4 Tuchman 1963: 139
5 Jenkinss 1966: 329
6 Bonham-Carter 1965: 312
Capítulo 42
4 DE AGOSTO
________________
1Taylor 1965: 2-3
2Evans e Strandmann 1990: 116
3Ibid.
Capítulo 43
DESTRUINDO PROVAS
________________
* O Livre Jaune [Livro amarelo], que também pode ser azul, branco,
laranja... é uma coletânea de documentos oficiais, diplomáticos, publicada
em vários países europeus após acontecimentos importantes, como uma
guerra, para permitir a pesquisa em originais. (N. do T.)
1 Herwig 1997 e o capítulo de Herwig em Winter/Parker/Habeck 2000
foram seguidos neste capítulo.
2 Röhl 1973: 17
Parte Oito
O MISTÉRIO DESVENDADO
Capítulo 44
REUNIÃO NA BIBLIOTECA
Mas a Alemanha não teve motivos para lamentar a sua insensatez de ter
emitido um cheque em branco; na prática, o cheque jamais foi usado.
Falando cruamente, em vez de tomar decisões estouvadamente pela aliada,
a Áustria continuou recebendo ordens da Alemanha. O chanceler Bethmann
planejou a estratégia de invasão que Berchtold e seu governo se
encarregaram de seguir; foi Berlim, não Viena, que preparou a campanha
diplomática pela “localização” que se seguiu.
É verdade que os austríacos não cancelaram a guerra quando o kaiser
lhes deu ordens para fazê-lo no final de julho, mas quando declararam
guerra contra a Sérvia, em 28 de julho, foi porque o ministro alemão das
Relações Exteriores tinha lhes dito para fazê-lo.
O cheque em branco nunca foi descontado, mas seria errado dizer que
sua emissão se mostrou irrelevante. Foi somente pela segurança que ele deu
que Francisco José, Berchtold e Conrad tomaram o caminho que levou à
guerra contra a Sérvia.
Foi o kaiser quem decidiu dar o cheque em branco. Seus líderes
militares e civis aprovaram a decisão, compartilhando assim a
responsabilidade. Apesar de todo o ódio dirigido contra ele pelos Aliados
na guerra de 1914-1918- “Enforquem o kaiser!”, dizia um canto popular na
Grã-Bretanha —, o cheque foi o único aspecto pelo qual ele figurava entre
os principais responsáveis pela eclosão da guerra.
Por mais que fosse um monarca turbulento, ameaçador e desequilibrado,
o kaiser não queria levar seu país e a Europa a uma guerra. Ao contrário,
ele era a principal força a favor da paz no governo do seu país. Guilherme e
Francisco Ferdinando eram as duas figuras públicas mais detestáveis da
Europa, mas eram eles quem mantinham os irascíveis sob controle e, no fim
das contas, sempre optavam pela paz. Somente quando foram removidos do
processo de tomada de decisões, Francisco Ferdinando permanentemente e
Guilherme apenas provisoriamente, é que a facção pró-guerra encontrou
aberta a sua janela de oportunidade. Mesmo na questão do cheque em
branco, o kaiser não acreditava que estava iniciando uma guerra entre as
grandes potências. Ele pensava estar estimulando a Áustria a fazer a guerra
contra a Sérvia, mas que nenhuma das outras potências entraria em guerra.
Ele parecia ter certeza disso.
O próprio nome que os historiadores deram aos 37 dias desde os
acontecimentos de Sarajevo até a guerra mundial — a “crise de julho” —
tende a enganar. Ele sugere uma tensão gradativa, dia a dia; porém,
conforme observou-se anteriormente, não foi assim que os acontecimentos
se desenrolaram.
A conferência do cheque em branco de 3-6 de julho e suas decisões
foram secretas, e os governos da Alemanha e da Áustria tiveram êxito, em
seguida, em fingir que nenhuma preparação estava em curso para a queda
da Sérvia. Assim, desprevenida, a Europa não ficou alarmada, nem
gradativamente nem de nenhum outro modo.
Uma cópia do ultimato austríaco à Sérvia foi entregue aos Ministérios
das Relações Exteriores europeus em 23 ou 24 de julho, e foi somente então
que a crise foi detonada. Para a Rússia e a Grã-Bretanha, foi em 24 de
julho; para a França, aconteceu quase uma semana depois, quando Poincaré
e Viviani retornaram da Rússia.
O ultimato que a Áustria-Hungria entregou à Sérvia em 23 de julho
chocou a Europa. A opinião disseminada na época era de que nenhum país
que aceitasse seus termos poderia permanecer independente.
Mas depois das experiências do brutal século XX, os historiadores
ficaram menos sensíveis; já não acham as exigências da Áustria ultrajantes.
Nós continuamos a nos questionar em relação à época; os sérvios não
deviam ter recebido um ultimato. Mas achamos que a Sérvia é em grande
parte culpada.
A Sérvia abrigava, e talvez até fomentasse, grupos terroristas. Ela foi o
campo de treinamento e a plataforma do comando assassino que matou o
herdeiro aparente dos Habsburgo. Além disso, o povo sérvio tinha
claramente exultado com o assassinato.
A decisão da Áustria de responder com a invasão da Sérvia, o
desmantelamento do apoio logístico aos terroristas, a dispersão das
organizações que tenham apoiado ataques contra a Áustria e o esforço de
levar os culpados a julgamento têm uma aura de século XXI. Em 2001, o
governo dos Estados Unidos, com a ajuda dos seus aliados da OTAN, agiu
de modo semelhante no Afeganistão, no despertar do novo milênio.
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* Trata-se da tradução literal da expressão “grassy knoll”, que se tornou
genérica, conotando trama oculta ou subterfúgio, a partir das especulações
sobre a existência de conspiração no assassinato do presidente John
Kennedy, o terceiro tiro tendo sido disparado de uma elevação gramada à
direita do automóvel presidencial. (N. do T.)
** A expressão entre aspas evoca a memória das rotas de fuga do
movimento antiescravista conhecido na história dos Estados Unidos como
Underground Railroad. Do século XVII ao XIX, homens e mulheres
ajudaram escravos africanos a fugirem para a liberdade por meio de uma
complexa rede informal de caminhos e meios clandestinos através de
campos, rios e florestas. (N. do T.)
Capítulo 46
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1 Wilson 1995: 22
2 Howard 2002: 28
Capítulo 47
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1 Joll 1992: 234
Capítulo 49
QUEM COMEÇOU?
RESUMINDO
A GUERRA DA ÁUSTRIA
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* Conrad era belicoso e, em outras circunstâncias, ficaria feliz de
começar uma guerra contra vizinhos como a Itália.
1 Keegan 1999: 170
2 Ibid.
3 Herwig 1997: 91
4 Ibid.: 92
5 Ibid.: 26
6 Ibid.: 94
Capítulo 53
A GUERRA DA ALEMANHA
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1 Mombauer 2001: 281
Apêndice 1
A NOTA AUSTRÍACA
Anexo
A RESPOSTA SÉRVIA
Segunda-feira, 27 de julho