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IMPERIALISMO

Major Tommaso Salsa e o imperador


da Etiópia Menelik II. Prof. Robeilton Gomes
Definição: A palavra imperialismo é polissêmica, porque busca
explicar experiências diversas no espaço-tempo. A palavra
“império” surgiu na Antiguidade e era utilizada pelos romanos para
designar o território sob o domínio do imperador. Por sua vez,
“imperialismo” surgiu como um conceito que visa explicar as
experiências políticas, econômicas e culturais estabelecidas pelas
potências industrializadas (no curso dos séculos XIX e XX) com o
restante das outras nações.

A “era dos impérios”, como o historiador Eric Hobsbawm


denomina o período que vai de 1875 a 1914, é o momento da
história marcado por um conjunto de práticas e teorias construído
pelos centros metropolitanos visando controlar outros espaços fora
dos seus territórios imediatos.

O imperialismo, também denominado neocolonialismo, possui


aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais.
Características Colonialismo Imperialismo
Principais. XVI-XVIII Neocolonialismo (XIX)

Área colonizada América (partes da África e África, Ásia e Oceania


Ásia)

Modelo Econômico Mercantilismo Capitalismo Financeiro


Monopolista.

Financiadores Monarquias, burguesia Estados-Nacionais Imperialistas e


comercial. Burguesia Financeiro-Industrial

Aquisição de produtos Fornecimento de matérias primas e


Interesses naturais e mercado mercado para produtos
consumidor para produtos industrializados e investimento de
manufaturados capital.

“Missão civilizadora”, doutrinas


Discurso Ideológico Expansão da fé cristã raciais e expansão do progresso
técnico-científico.
ASPECTOS POLÍTICOS
O imperialismo foi a política de dominação exploratória dos países da Europa sobre
vários países do mundo. Essas nações europeias invadiram e ocuparam muitos
territórios apenas com a finalidade de expandir suas economias industriais.

Um dos aspectos políticos mais destacados foram as alianças feitas entre as potências
imperialistas para ajustar seus interesses em áreas coloniais. A mais famosa das
reuniões desse tipo foi a Conferência de Berlim, ocorrida entre 1884 e 1885, da qual
participaram além da anfitriã Alemanha, também Itália, França, Grã-Bretanha,
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Império Otomano (atual Turquia), Portugal,
Bélgica, Holanda, Suécia, Rússia e Império Austro- Húngaro (atuais Áustria e
Hungria). Tipos de domínio: colônia, protetorado, área de influência.

Outro mecanismo de dominação instituído por esses países, além da guerra, foram os
acordos de rendição, sempre desfavoráveis ao pais que perdia no campo de batalha. Um
exemplo disso foi o tratado de Nanquim (1842), em que a China além de pagar as
despesas da guerra do Ópio para a Inglaterra ainda teve que abrir seus portos ao
comércio inglês.

As principais formas de controle exercidos pelas nações imperialistas foram as


colônias, os protetorados e as áreas de influência.
ASPECTOS ECONÔMICOS
Na segunda metade do século XIX e início do século XX a economia global vivenciou
um desenvolvimento do capitalismo que possibilitou muitas inovações tecnológicas e o
progresso científico. O aquecimento econômico fez surgir indústrias de vários ramos,
como a da siderurgia e da eletricidade. Na parte produtiva houve a fabricação do aço, que
propiciou muitos avanços para a construção de pontes e edifícios, além da fabricação de
maquinários e trilhos. Muitas criações e melhorias do desenvolvimento industrial
trouxeram facilidade e conforto para uma vida mais moderna. Entre elas, a invenção da
lâmpada incandescente, o surgimento do telégrafo, do telefone, da televisão e do cinema.

No ramo dos meios de transportes também muitos investimentos econômicos


aconteceram. Houve construções de novos sistemas ferroviários e rodoviários, e as
invenções do automóvel e do avião, que foram umas das principais lucratividade da
economia industrial.

Essa relação econômica foi denominada de capitalismo financeiro. Existem três


mecanismos de atuação de monopólio. São eles: as holdings: são empresas de grande
porte que mesmo sem uma relação direta com a produção dominam muitos parques
industriais, ficando esses na dependência jurídica; os trustes: as empresas perdem suas
autonomias porque se associam entre elas no mercado, formando uma grande estrutura
organizacional. Dessa forma, seria uma acumulação vertical de capital; os cartéis: em
comum acordo as empresas fazem a divisão de mercado, isso garante a preservação das
suas independência jurídica.
ASPECTOS IDEOLÓGICOS

Sob a argumentação de deixar o conforto do seu lar e da sua família – como dizia o
poema do escritor inglês Rudyard Kipling (1865-1936) “o fardo do homem branco” -
além de melhorar as condições de vida dos povos considerados “primitivos”, a ação
imperialista mascarou seu verdadeiro objetivo.

O entendimento de processo civilizatório das nações brancas e dos europeus originou


as ideologias imperialistas apenas para justificar a dominação etnológica. As
argumentações eram as seguintes:

• etnocentrismo: os capitalistas disseminavam a ideia de que existiam povos


superiores em relação a outros e, nesse caso, eram as nações europeias as mais
soberanas;

• racismo: os imperialistas fizeram a adaptação no âmbito social da teoria da


evolução das espécies com a seleção natural, de Charles Darwin, o darwinismo
social, para justificar a concepção de que somente os países de população branca,
europeia e instruída eram capazes de civilizar o continente africano e asiático.
ASPECTOS SOCIAIS
No plano social, o imperialismo significou uma verdadeira tragédia para os
povos africanos e asiáticos. Além de terem seus territórios ocupados e suas
riquezas saqueadas por estrangeiros, de serem considerados inferiores e terem
suas culturas e tradições completamente desrespeitadas, estes povos foram
submetidos a regimes políticos opressores.
Os seus territórios tradicionais foram destinados para atividades econômicas
exploratórias e o trabalho forçado passou a ser a regra na maioria dos
territórios. O incentivo a conflitos e a reunião de povos historicamente rivais
num mesmo campo de trabalho intensificou velhas as tensões e gerou novas
crises.
Muitos crimes eram cometidos e a escravidão, o trabalho forçado e os castigos
físicos se impuseram. Regimes segregacionistas como o Apartheid, na Africa
do Sul e o genocídio de povos inteiros, como o cometido pelo rei belda
Leopoldo II no Congo, são alguns exemplos de práticas perversas imflingidas
pelos europeus em território africano. Além das guerras praticadas em todos os
territórios por seus conquistados, gerando mais mortes, conflites, desmonte das
sociedades, fome e pobreza.
ASPECTOS POLÍTICOS.
Acordos e conferências entre os países imperialistas ocorridos durante a
segunda metade do século XIX. a principal finalidade dessas reuniões era
definir as áreas de interesse desses países a África, Ásia e Oceania.

Organizada pelo Chanceler alemão, Otto Von Bismarck


(15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885)
Divisão do território da
África após a Conferência
de Berlim (1884-1885).

Os acordos consideraram as
áreas de interesse, seguindo
os meridianos e paralelos e
não as culturas locais.
Na Ásia a presença de países europeus vinha desde o mercantilismo,
com o comércio de especiarias e tecidos. A partir do século XIX essa
presença foi expandida. Exemplo da força dessa presença europeia foi
a Companhia das Índias Orientais, por meio da qual os ingleses
passaram a dominar a Índia de 1784 a 1858. O impacto disto foi a
cobrança alta de impostos, o controle das tropas de nativos e a
destruição do setor artesanal da indústria indiana.

O domínio inglês se estendeu até a China, quando ingleses, mas


também franceses e americanos percebem a possibilidade de explorar e
comercializar o ópio e a prática desse vício. Porém, o governo chinês,
percebendo os prejuízos que isso trazia para a população, estabeleceu
uma política de penas rígidas para o contrabando e a comercialização
ilegal desse produto. Os europeus se sentiram prejudicados, dando
início a represálias que levaram à chamada Guerra do Ópio que durou
de 1839 a 1842. Desta Guerra saíram vitoriosos os europeus, pois a
China foi forçada a abrir seus portos, favorecendo os interesses
políticos e econômicos europeus.
No ano de 1857, os conflitos entre os britânicos indianos deram origem a uma série
de motins marcados pelo assassinato dos representantes ingleses na Índia.
Representantes do governo britânico, autoridades militares e cristãos foram os
principais alvos dos indianos participantes da revolta. Dois meses depois, com o
apoio de príncipes locais, os britânicos organizaram uma violenta perseguição contra
os cipaios. Uma das conquistas da Revolta dos cipaios foi a extinção do monopólio
das Companhia das Índias Orientais.
Gravura representando a Revolta dos Cipaios (1857)
As guerras do ópio
entre os anos de
1839-42 e de 1856-
1860 marcaram o
início do domínio
imperial britânico
sobre o território
chinês.

Como consequência
a China teve que
ceder território à
administração
britânica e abrir seus
portos ao comércio
inglês e outras
potenciais imperiais.

Charge "A torta chinesa" (1898)


ASPECTOS ECONÔMICOS
O jornalista galês-americano Henry Morton Stanley realizou suas expedições à África
central, de leste a oeste, entre 1874 e 1878, revelaram o sistema de navegação da bacia
do Congo – a informação valiosa que, repassada a Leopoldo II, da Bélgica, mediante
generosa soma em dinheiro, permitiu ao rei belga encontrar uma saída a oeste, pelos
portos suaílis, para as riquezas extraídas do Congo Belga. A população nativa,
submetida ao trabalho forçado para entregar marfim e borracha aos colonizadores
belgas, quase foi exterminada.

Lauro Allan Almeida


Duvoisin, fevereiro de
2022.
Leopoldo II foi Rei da Bélgica de (1865 a 1909). Ele comandou o Congo
de 1885 a 1908, quando cedeu o controle do país ao parlamento belga,
após pressões internas e internacionais. Estima-se que durante o governo
de Leopoldo II, mataram cerca de 10 milhões de pessoas no Congo.
ASPECTOS CULURAIS / IDEOLÓGICOS
Enquanto um grande homem africano dorme encostado em uma
árvore, vários países europeus estão fincando suas bandeiras na
África: Inglaterra, Portugal, Bélgica, Turquia, Itália, Alemanha,
Espanha e França. Ao iniciar o século XX, só restavam dois
Estados independentes: a Etiópia e a Libéria. “The sleeping
sickness” (A doença do sono), de Gordon Ross, 1911, Biblioteca
do Congresso, Estados Unidos.
Charge norte americana “O fardo do homem branco”, 1899.
Rudyard Kipling (1865-1936), poeta inglês e um dos principais ideólogos do
imperialismo. Autor do poema “O fardo do homem branco” (1899)

Tomai o fardo do Homem Branco


Enviai vossos melhores filhos Ide,
condenai seus filhos ao exílio Para
servirem aos vossos cativos; Para
esperar, com chicotes pesados O povo Tomai o fardo do Homem
agitado e selvagem Vossos cativos, Branco Continuai pacientemente
tristes povos, Metade demônio, metade Ocultai a ameaça de terror E
criança. vede o espetáculo de orgulho; Ao
discurso direto e simples, Uma
centena de vezes explicado, Para
buscar o lucro de outrem E obter
o ganho de outrem.
QUESTÕES DO ENEM

01) Ata Geral da Conferência de Bruxelas, 2 de julho de 1890

As potências declaram que os meios mais eficazes para combater a escravatura no


interior da África são os seguintes:
1º — A organização progressiva dos serviços administrativos judiciais, religiosos
e militares nos territórios da África, colocados sob a soberania ou sob protetorado das
nações civilizadas;

2º — O estabelecimento gradual no interior, pelas potências de quem dependem


os territórios, de estações fortemente ocupadas, de maneira que a sua ação protetora
ou repressiva possa se fazer sentir com eficácia nos territórios assolados pela caçada
ao homem.

No contexto da colonização da África do século XIX, o recurso ao argumento


civilizatório apresentado no texto buscava legitimar o(a)

a) estabelecimento de governos para a constituição de Estados nacionais.


b) submissão de espaços para alterar as relações de produção.
c) delimitação de jurisdições para bloquear a expansão capitalista.
d) defesa do continente para encerrar as contínuas guerras civis.
e) reconhecimento da alteridade para preservar as práticas tribais.
02) A “África” tem sido incessantemente recriada e desconstruída. A “África” tem
sido um ícone contestado, tem sido usada e abusada, tanto pela intelectualidade
quanto pela cultura de massas; tanto pelo discurso da elite quanto pelo discurso
popular sobre a nação e os povos que, supostamente, criaram e se misturaram no
Novo Mundo; e, por último, tanto pela política conservadora como pela
progressista.

SANSONE, L. Da África ao afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura


popular brasileira durante o século XX. Afro-Ásia, v. 27, 2002.

As diferentes significações atribuídas à África, citadas no texto, são consequências


do(a)

a) identidade folclórica da população.


b) desenvolvimento científico da região.
c) multiplicidade linguística do território.
d) desconhecimento histórico do continente.
e) invisibilidade antropológica da comunidade.
03) (PUC-Rio) A política de expansionismo e domínio econômico, cultural e territorial
praticada por países europeus, pelos Estados Unidos e pelo Japão, entre o fim do século XIX e
o início do século XX, é chamada de imperialismo. Sobre o imperialismo, analise as
afirmativas a seguir.

I – A expansão do capital financeiro produziu um sistema internacional onde regiões agrícolas ou pouco
industrializadas ficaram dependentes das principais potências econômicas.

II – Os defensores do expansionismo imperialista argumentaram que a conquista seria justificável, pois


regiões atrasadas ou selvagens seriam “civilizadas” pelo comércio, pela moral e pela ciência.

III – A ampliação da circulação de mercadorias, pessoas e ideias construiu, por décadas, um ambiente
internacional de contínua prosperidade, abundância e paz.

IV – O ideal civilizatório que sustentou o expansionismo imperialista possibilitou o desenvolvimento de


teorias racistas que afirmavam a superioridade de colonizadores frente aos colonizados.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e III.
b) II, III e IV.
c) I e IV.
d) II e IV.
e) I, II e IV.
04) (UNICAMP) “Ninguém é mais do que eu partidário de uma política exterior baseada na
amizade íntima com os Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma
política externa que se começa a desenhar. (…) Em tais condições a nossa diplomacia deve ser
principalmente feita em Washington (...). Para mim a Doutrina Monroe (...) significa que
politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e definitivamente como a
lua da terra.”

(Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a i
deologia do imperialismo na América Latina”, em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1
988, p.88.)

Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível
afirmar que:

a) A Doutrina Monroe a que Nabuco se refere, estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de
“a América para os americanos”.
b) Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, antecipou a política imperialista
americana de tornar o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
c) Ao declarar que a América estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco
reforçava a necessidade imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com
Portugal.
d) O pensamento americano considerava legítimas as intenções norte-americanas na América
Central, bem como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.
05) É incorreto afirmar, sobre o imperialismo do final do século XIX
a) A unificação de Itália e Alemanha não se relaciona com as políticas imperialistas do período.
b) O Nacionalismo foi um dos suportes da política imperialista.
c) "O sol nunca se põe no império Britânico" é uma expressão que nos fornece uma ideia sobre
as extensões das políticas imperialistas.
d) O imperialismo provocou aumento da pobreza, em países como a Índia.
e) A política imperialista não ficou restrita à África.
06) (Cesgranrio) A Primeira Guerra do Ópio (1840-1842) teve como uma de suas consequências:

a) a maior penetração do imperialismo inglês na China;


b) fechamento dos portos da China ao comércio ocidental;
c) a eliminação da influência colonialista francesa na China;
d) a queda do sistema de mandarinato na China;
e) a instituição de um governo republicano na China.

07) Após o rompimento das determinações do Tratado de Nanquim, a Inglaterra lançou-se em


mais uma guerra contra a China. Um dos acontecimentos mais emblemáticos da Segunda Guerra
do Ópio foi:

a) o Grande Êxodo dos chineses para o Japão.


b) o assassinato da Rainha Vitória.
c) a invasão de Pequim e o incêndio do Palácio de Verão.
d) o uso da Cidade Proibida como residência pela Rainha da Inglaterra.
e) a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung.

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