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Política do Café com Leite

A Política do Café com Leite consistiu nos acordos políticos entre as duas
principais oligarquias regionais do Brasil da República Velha: São Paulo
e Minas Gerais.

Caricatura de alguns políticos da época da República Oligárquica

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“Política do Café com Leite” é uma expressão utilizada para caracterizar


um procedimento político típico de um período da história do Brasil
denominado de República Oligárquica (1898 a 1930). Esse procedimento
consistia na alternância no cargo de Presidente da República entre as
oligarquias dos dois estados mais poderosos da época, o estado
de São Paulo e o estado de Minas Gerais. Para compreendermos como
esse procedimento foi viável, é necessário que saibamos o efeito que teve a
opção do Brasil pelo sistema federativo naquela época.

Tópicos deste artigo


1 - Sistema federativo e descentralização do poder
2 - Política dos Governadores e Política do Café com Leite

Sistema federativo e descentralização do poder


Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, a
organização política do Brasil mudou estruturalmente. Durante
o Período Imperial, a política era centralizada no gabinete do Imperador,
e o país era administrado regionalmente pelos presidentes de províncias.
O poder central era exercido pela própria figura do imperador por meio
do Poder Moderador.

O regime republicano, inspirado no modelo dos Estados Unidos e, em


parte, no modelo positivista de Auguste Comte, descentralizou o poder. As
antigas províncias converteram-se em estados da Federação, com
autonomia para decisões políticas, econômicas e militares – tudo isso
garantido pela primeira lei máxima de nossa Primeira República,
a Constituição de 1891. Como assinala Boris Fausto, em sua História do
Brasil:
A chave da autonomia dos estados – designação dada às antigas províncias – estava no artigo 65, §2º da
Constituição. Aí se dizia caber aos Estados poderes e direitos que não lhes fossem negados por dispositivos do
texto constitucional. Desse modo, os Estados ficaram implicitamente autorizados a exercer atribuições
diversas, como as de contrair empréstimos no exterior e organizar forças militares próprias: as forças públicas
estaduais. Tais atribuições eram do interesse dos grandes Estados e, sobretudo, de São Paulo. [1]

Porém, em vez de ter dado vazão a um pleno funcionamento da


República Federativa, a autonomia dos estados levou à sobreposição de
alguns estados (os mais poderosos economicamente) sobre o próprio
poder federal.

Política dos Governadores e Política do Café com Leite


Os dois estados que mais se beneficiaram com o sistema federativo
foram São Paulo e Minas Gerais (atrás deles
estavam Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco). As características
econômicas desses dois estados, isto é, a produção de café, em São
Paulo, e a de leite, em Minas, serviram de mote para a designação de
“Política do Café com Leite”. Isso porque o cargo de presidente da
República passou a ser ocupado, na maior parte das vezes, por algum
representante dos oligarcas de um desses dois estados.
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Ao presidente cabia organizar total a máquina estatal em função da
administração dos interesses desses oligarcas e de quem mais orbitasse
em volta deles.

Esse esquema passou a se efetivar durante o governo de Campos Sales, a


partir de 1898, e ficou conhecido como “Política dosGovernadores”. Essa
política constituía a base da Política do Café com Leite. Diz Boris Fausto
que o objetivo principal da “política dos governadores” era:
[…] reduzir ao máximo as disputas políticas no âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes;
chegar a um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim às hostilidades existentes entre o Executivo e o
Legislativo, domesticando a escolha dos deputados. O governo central sustentaria assim os grupos dominantes
dos Estados, enquanto estes, em troca, apoiariam a política do presidente da República. Para ajustar a
Câmara dos deputados a esses fins, processou-se uma pequena mas importante modificação em seu regimento.
Apesar de um pouco complicada, vale a pena conhecê-la, entre outras coisas, por ser um exemplo vivo de como
se manipulava a representação popular. [2]

Pelo fato de os dois estados que se tornaram preponderantes nessa fase da


República terem sido São Paulo e Minas Gerais, os dois partidos que
faziam as principais articulações políticas e eleitorais eram o Partido
Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM).

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