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Centro de Comunicação Social da Marinha Editora-Chefe: CT (T) Ellen Franciana Vieira Silva

Endereço: Esplanada dos Ministérios - Bl. N, anexo A, 3º andar Jornalista Responsável: 1º Ten (RM2-T) Luciana Santos de Almeida
Brasília - DF - CEP 70.055-900 Reg. MTb 02901/PA

Tel.: (0xx61) 3429-1831 Colaboradora: 1º Ten (RM2-T) Osmária da Cunha

Diretor do CCSM: C Alte João Alberto de Araujo Lampert Diagramação e Arte Final: MN-RM2 Gustavo Henrique Silva de Moura

Chefe do Departamento de Produção e Divulgação: CF Luis Carlos Alves Junior Tiragem: 3 mil exemplares

Subchefe do Departamento de Produção e Divulgação: CC Antonio de Barcellos Neto MB na Internet: www.marinha.mil.br

2 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


EDITORIAL

A edição de nº 945 do periódico Nomar destaca na capa o 156º Aniversário da Batalha Naval do Ria-
chuelo, celebrado em 11 de junho, Data Magna da Marinha. Neste ano, o slogan “Minha, Sua, Nossa
Marinha” busca difundir junto à sociedade o sentimento de pertencimento, ressaltando que a Marinha
do Brasil é de todos os brasileiros.

No campo das operações, as Comissões "Lançamento de Armas 2021" e “ADEREX-Anfíbia/Superfície” ele-


varam o grau de proficiência e prontidão do pessoal e dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais.
Esta edição também contabiliza a realização de 11 mil atendimentos de saúde a comunidades ribeirinhas,
durante a Operação “Acre”, por meio do Navio de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro”. Ainda na
região Norte do País, como apoio logístico ao Ministério da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos,
nossos militares entregaram 8 mil cestas básicas aos moradores da Ilha do Marajó (PA), por meio do
Navio-Auxiliar “Pará”, e uniram esforços ao Exército e à Força Aérea na Operação “Ágata Amazônia”, sob
responsabilidade do Ministério da Defesa, combatendo crimes transfronteiriços.

Em entrevista, o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, fala da carreira e
da família, revela expectativas e prioridades do Comando, e analisa os principais desafios da Força.

A editoria “Especial” apresenta alguns dos atletas militares do Programa Olímpico da Marinha, que par-
ticiparão da Olimpíada de Tóquio, no Japão, em julho. Eles compartilham expectativas e o ritmo de pre-
paração para as competições. Outro destaque é a nova representação visual da Marinha, que se soma à
tradicional Coroa Naval, como alternativa moderna e mais próxima da sociedade.

Também nas páginas desta edição é abordado o imenso patrimônio brasileiro sob responsabilidade da
Marinha, na reportagem “Planejamento Espacial Marinho da Amazônia Azul”, que identifica a região Sul
do País como potencial recebedora do projeto piloto para concretizar o compromisso firmado pelo País
com a Organização das Nações Unidas.

Em artigo de sua autoria, o velejador Vilfredo Schurmann alerta para os impactos da poluição das águas,
que afetam clima, economia e o homem. Ele está mobilizando a sociedade a repensar velhos hábitos, por
meio da expedição “Voz dos Oceanos”, cuja primeira etapa acontecerá na nossa Amazônia Azul, mas na
sequência percorrerá águas internacionais. Enquanto a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documen-
tação da Marinha apresenta mais um artigo da série “200 anos da Independência do Brasil”. Desta vez,
o destaque é Jerônimo de Albuquerque Maranhão, o primeiro nascido no Brasil a comandar uma Força
Naval em ação contra invasores no litoral brasileiro.

Fechando o Nomar, a editoria “Acontece na Marinha” registra o Dia Mundial dos Oceanos, abordando a re-
levância da conservação e os impactos da degradação de mares e oceanos para o Brasil e o mundo, além
de um resumo das principais realizações no âmbito da Força entre os meses de maio e junho; e o “Diário
de Bordo” conta a história de um fuzileiro naval que iniciou a carreira como soldado e, agora, inspira ou-
tros a galgarem desafios como oficial superior da Marinha.
Boa leitura!

Contra-Almirante João Alberto de Araujo Lampert


Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha

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ENTREVISTA

Comando da Marinha:
desafios e prioridades Ouça o podcast com o
Comandante da Marinha,
Almirante Garnier

Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos

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O Almirante de Esquadra Almir Gar- um Chefe de Departamento ou Imediato Qual foi o momento mais marcante de sua
nier Santos está à frente do Comando da de grandes navios, Comandante de um carreira?
Marinha desde abril de 2021. No estúdio navio médio ou até de um navio grande Tive muitos momentos marcantes.
da Rádio Marinha em Brasília, onde gra- da Marinha. A visão muda muito, porque Minha formatura na Escola Naval foi um
vou um podcast enfatizando a importân- a cobrança sobre ele também muda. Um deles; assim como em outros cursos em
cia da Batalha Naval do Riachuelo, dia oficial superior é aquele que já adquiriu a que fui bem colocado. Minha própria de-
11 de junho, Data Magna da Marinha, ele bagagem do que fazer e é visto como re- signação como Comandante da Marinha,
também recebeu a equipe do Nomar para ferência pelos mais jovens. O Almirante, recentemente, é um momento de muito or-
uma entrevista sobre sua história de vida por sua vez, é um senhor, que já traba- gulho profissional, até porque eu não tinha
e carreira, além de temas relevantes da lhou, até então, mais de trinta anos, com a menor perspectiva disso. Porém, posso
Força como Amazônia Azul, desenvolvi- grande bagagem profissional; é aquele destacar o ano de 2003, quando comandei
mento tecnológico, atuação no combate que lida com políticas, estratégias, ques- o Navio-Tanque “Almirante Gastão Motta”.
à pandemia da Covid-19, prioridades e de- tões que definem o direcionamento da Foi excepcional, primeiro, porque todo ofi-
safios do Comando. Ele ainda ressaltou o Marinha. Por fim, o Comandante da Mari- cial do Corpo da Armada almeja coman-
que é mais importante em sua gestão e nha é o elo entre a execução das ativida- dar no mar. Segundo, porque, por diversas
o que deseja difundir para a Tripulação e des da Marinha, que são conduzidas pe- questões de carreira, fui designado para co-
para a sociedade brasileira. los membros do Almirantado. Ele orienta mandar apenas no último ano possível em
e direciona a Força, é atento ao cenário que poderia ocorrer, e eu já tinha dúvidas
Almirante, sua história com a Marinha político-estratégico nacional. Então, a se aconteceria, então, pude me reencon-
começou aos 10 anos de idade. O que o cada círculo, nível, posto galgado, existe trar com a minha parte marinheira, minha
impulsionou a se tornar marinheiro? uma gama maior de responsabilidades e, experiência e minha habilidade, que todo
Essa pergunta remete à minha mãe, ao mesmo tempo, menor de detalhes. À marinheiro tem e que eu trazia daqueles
porque entrei na Marinha quando crian- medida que subimos na carreira, nossas tempos de tenente, embarcado nas Fraga-
ça, para fazer o ginásio e era ela quem decisões e ações têm um alcance maior. tas Classe Niterói, no Navio-Escola “Brasil”,
me levava para fazer concursos, escolhia sempre na área de operações. Fiz mais de
locais para meus estudos. Ela queria que Em relação à vida militar, qual foi o prin- 900 dias de mar naquele período, porém,
eu tivesse um bom ensino. Nas palavras cipal desafio enfrentado pelo senhor? tudo isso ficou meio que adormecido e, ao
dela, para “ser alguém na vida”. Na época, Qual é a importância da família nesse assumir o comando, foi uma oportunidade
o Arsenal de Marinha tinha duas escolas contexto? para voltar “a ser o oficial da Marinha na
com concursos abertos para o ginasial, e O principal desafio de todo marinheiro Esquadra Brasileira”. Esse foi o ápice da
uma delas oferecia ginásio industrial, ou é o afastamento de casa por muito tempo. minha carreira naval.
seja, uma profissão. Então, fiz esse giná- Nossa carreira é voltada para as atividades
sio e, depois, o segundo grau. Como eu principais da Marinha, de guarnecimento Falando em Comando, quais são suas ex-
estava no Arsenal, via os navios da minha dos navios, preparação para uma neces- pectativas e prioridades?
época, anos 70, sendo construídos pela sidade eventual de combate, patrulhas, Minha primeira prioridade é o nosso
Marinha. No Cais ficavam os submarinos; então, são muitos dias longe de casa. Em pessoal. Que eles se sintam mais felizes,
no Cais Norte ficavam os cruzadores, uma das viagens mais longas que fiz, de motivados a se aperfeiçoar, se aprimorar
grandes navios: “Tamandaré” e “Barro- cerca de cinco meses, o meu filho, à época para que a Marinha do futuro seja sempre
so”. Eu achava muito bonitos aqueles ca- com três anos, foi internado. Cogitaram melhor do que a Marinha do passado. Ou-
nhões, esse uniforme branco, e aí eu me que o problema dele não era físico, era tro grande propósito é que sejamos capa-
interessei em fazer concurso para seguir saudade, e chegaram a pensar em enviar zes de otimizar os recursos que temos: de
a carreira militar. uma mensagem para o navio, pedindo pessoal, material, financeiro, tecnológico,
para que eu voltasse. Felizmente, ele me- para fazer mais com os mesmos recursos.
Nesses 50 anos na Força, o que muda na lhorou. Além disso, são muitos serviços, Pretendo otimizar, organizar, reorientar os
percepção do trabalho e das responsabi- escalas de serviço, e não é característica esforços de todos os principais processos
lidades do Tenente, do Comandante, do apenas do Corpo da Armada, porque todos da Força. É claro que os projetos e progra-
Almirante e do Comandante da Marinha? os militares, oficiais ou praças da Marinha, mas em andamento precisam ser continu-
Como tenente, nossa visão é muito têm muito serviço, atividades que conso- ados, então, isso é uma prioridade natural,
técnica e operativa, principalmente os mem bastante tempo. Ficamos longos pe- mas minha visão é de que nós devemos
oficiais do Corpo da Armada. É um tra- ríodos afastados, então, a família tem que dar mais e mais à indústria nacional, ofe-
balho focado, ligado com as equipes que ser equilibrada o suficiente para apoiar e recer aos nossos engenheiros e projetistas
fazem as atividades de operações navais, entender esse trabalho, e dar tranquilidade da Marinha oportunidades de desenvolve-
adestramentos e treinamentos. O coman- ao marinheiro que está no mar. A família é rem, eles mesmos, para nós brasileiros,
dante - oficial superior – é, muitas vezes, muito importante! aquilo que usaremos no futuro. Logo, se

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de plataforma. Quando trato de ciência e
tecnologia, não falo apenas de tecnologia
palpável, como aquela tecnologia de en-
riquecimento de urânio, que o nosso pro-
grama nuclear trata há tantos anos, e é um
fator de força do nosso País. Falo também
em desenvolvimento de conhecimento tec-
nológico, capaz de desenvolver sistemas
de apoio à decisão e jogos de guerra, ou
seja, é uma gama muito ampla. É essen-
cial construirmos uma visão integrada de
ciência, tecnologia, educação, formação,
treinamento e de engenharia e desenvol-
vimento. Precisamos ligar esses ramos do
conhecimento, a fim de propiciar a sinergia
Comandante da Marinha em visita ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
devida e fazer o maior aproveitamento dos
recursos e da capacidade dos profissio-
tivermos mais qualificação, otimizaremos mineração. Além disso, existe um agravan- nais de elevadíssimo padrão técnico que
a organização, a estrutura da Marinha, e te- te, que é a delimitação da fronteira do Brasil possuímos. Precisamos dar oportunidade
remos mais resultados para auxiliar o País, pelo mar. Aquilo que é nosso, que ninguém para que os profissionais que desenvol-
além de gerar empregos, impostos e renda pode pegar, porém, só é delimitado quando vem, também projetem, experimentem e
para todos. um navio da Marinha está presente, quando construam melhores capacidades para
tem um comandante com uma bandeira do nossa Marinha.
Quais o senhor considera os principais de- Brasil fazendo patrulha. É um desafio diu-
safios da Marinha, atualmente? turno, e que eu pretendo incrementar por Nos últimos 15 meses de combate à Co-
O principal desafio da nossa força é meio de atividades da nossa Diretoria-Geral vid-19, a Marinha atuou em diversas fren-
orçamentário. Há muitas necessidades na de Navegação, com ações voltadas para tes, desde transporte de oxigênio até apoio
nossa sociedade: saúde, educação, trans- a segurança marítima, para a navegação à vacinação. Que características da Força
porte, segurança, em que o orçamento mercante. Ao mesmo tempo, temos que favorecem seu emprego nessas ações?
federal tem que ser aplicado. Porém, para olhar para dentro do País, com a nossa rede A Marinha é peculiar em várias caracte-
garantir o patrimônio, a riqueza da nossa de delegacias, de agências, de capitanias. rísticas, a primeira delas é ter núcleos dife-
nação, o Governo Federal precisa investir Não olhamos só o litoral, mas a parte flu- rentes dela mesma e capacidade de coorde-
uma parcela considerável de recursos para vial, a segurança da navegação comercial nação entre setores distintos. Dominamos a
ter as suas Forças Armadas. E a Marinha ne- e de esporte e recreio. Também usamos capacidade de navios de superfície, opera-
cessita de muitos recursos, porque usamos os rios para acessar os locais mais remo- ção de submarinos, operação de aeronaves.
equipamentos sofisticados, de alta tecnolo- tos do interior do nosso País, para fazer o Ao mesmo tempo, temos componentes de
gia. Agora, o Brasil tem uma característica atendimento a comunidades pantaneiras, combate anfíbio, capazes de projetar o po-
multitarefa, porque possui uma Marinha amazônicas, ribeirinhas, em geral. Muitas der sobre terra; forças especiais tanto dos
de defesa como são todas as Marinhas, vezes, os únicos médicos e dentistas que fuzileiros navais quanto de mergulhadores
de emprego do poder bélico mesmo; tem, esses nossos irmãos veem na vida são os de combate. Nossa Força cria parcerias, a
também, atribuições de guarda costeira, de profissionais de um dos navios da Marinha. exemplo, com a Universidade de São Pau-
segurança marítima aproximada, que em Não por acaso, são tratados carinhosamen- lo. Nesse sentido, vale destacar que o Cen-
outros países são feitas por agências, como te como “Navios da Esperança”. tro Tecnológico da Marinha em São Paulo
proteção de fronteiras e de limites, então, a desenvolveu respiradores para auxiliar o
Marinha do Brasil tem muitos desafios, mas Quanto à ciência e tecnologia, de que for- esforço do combate à Covid-19. Com essa
eu atribuiria como principal a necessidade ma são aplicadas na Marinha? capacidade, a Marinha pode operar com
orçamentária. Em segundo lugar, destaco O domínio da tecnologia e da pesqui- o Exército e a Força Aérea, em Comandos
a nossa Amazônia Azul, que compõe o que sa científica é fundamental na Marinha Conjuntos ativados em todo o Brasil, a fim
podemos estimar hoje em cerca de 5,7 mi- para direcionar o futuro dos nossos meios de fazer desinfecções, ou até mesmo de
lhões de km². É mais do que a metade do navais, de fuzileiros navais e aeronavais. distribuir comida para os caminhoneiros,
território nacional terrestre. Em compara- Precisamos decidir se aplicamos mais que no início da pandemia, não tinham onde
ção, maior que a Amazônia Legal, que tem recursos em armas de energia, nanotec- se alimentar (pois tudo estava fechado).
4,7 milhões de km². Muitas riquezas são li- nologia, em guerra cibernética ou em de- Transporte de cestas básicas para comuni-
gadas ao mar, a exemplo do turismo, pesca, senvolvimento de mísseis, e em que tipo dades ribeirinhas, sob coordenação do Mi-

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nistério da Defesa, com outros Ministérios. uma situação confusa momentaneamen- à Pátria. Por isso, precisamos deixar isso
Transformou programas, a exemplo do Pro- te, dando oportunidade para que nossa Es- muito claro, em todas as ocasiões, para
grama Forças no Esporte, em que crianças quadra reganhasse a posição de ataque no que o povo brasileiro, cada vez mais, apo-
das comunidades carentes recebiam apoio combate, levando à vitória na Batalha do dere-se da ‘sua Marinha’ e cobre da Força
com atividades esportivas e reforço escolar Riachuelo. Esse é o grande exemplo de um que seja ainda melhor, porque a cobrança
e alimentação de qualidade no contraturno chefe naval destemido, de um excepcional bem-feita e a crítica construtiva nos esti-
da escola, porém, durante a pandemia até combatente de nossa Marinha. mulam. Ou seja, a Marinha é minha, que
isso ficou difícil, então nós reorganizamos sou comandante da Força, mas ela é sua
a ação e passamos a entregar cestas bási- O que a campanha deste ano: “Minha, Sua, como tripulação, sociedade. A Marinha é
cas às famílias desses jovens. Além disso, Nossa Marinha” pretende difundir entre os nossa, porque todo o povo brasileiro tem
nossa capacidade logística nos permite brasileiros? um pedacinho dessa Marinha, forjada
transportar grandes cargas; nossos navios No meu discurso de posse, escrevi desde os tempos de Tamandaré.
transportaram grande volume de oxigênio essa frase ao final, porque sempre pensei
para cidades onde o produto estava em fal- assim. Nós, que envergamos os uniformes Em sua entrevista para a Rádio Marinha, o
ta nos hospitais e, mais recentemente, nos- que todos admiram, somos fiéis depositá- senhor mencionou três importantes men-
sos militares passaram a aplicar vacinas, rios de tradições, de valores, de material e sagens para os patriotas, os militares e a
em um esforço alinhado ao Plano Nacional de recursos que o povo brasileiro escolheu sociedade brasileira como um todo. O se-
de Imunização do Governo Federal. para confiar. Lembro que quando eu era te- nhor pode compartilhar com os leitores da
nente, muitas vezes ficava de serviço nos revista também?
No dia 11 de junho é celebrada a Batalha navios e havia as visitações públicas – no Claro! Patriotas, brasileiros, aqueles
Naval do Riachuelo, Data Magna da Mari- Brasil ou no exterior –, os brasileiros entra- que vibram com a sua nação, com seu País:
nha. Por que essa data é importante para vam no navio, normalmente fora do País, se apoderem da Marinha. Exijam da sua
a Força? ficavam impressionados com tudo aquilo Marinha o melhor que ela pode oferecer, e
É uma questão interessante porque, à e, quando conversavam comigo, eu cos- eu tenho certeza de que a Força vai reagir,
primeira vista, parece que a Marinha co- tumava dizer para eles: olha, esse navio pois sempre reage às demandas, à cobran-
memora uma batalha, e batalhas são sem- é seu. Eles o achavam bonito, imponente, ça da sociedade. A segunda mensagem é
pre dolorosas. Há perdas de vida, de mate- e talvez sem entender toda a capacidade dedicada à nossa tripulação, aos marinhei-
rial, dificuldades de toda ordem, contudo o de combate, mas percebiam alguma coi- ros, aos fuzileiros navais e aos servidores
que comemoramos são os valores morais sa de valor, e eu reforçava: isso é seu. O civis de todos os círculos hierárquicos: se-
que aparecem em momentos de grande que quero dizer com isso é que a Marinha jam exemplos! Sejam os melhores em tudo
dificuldade, os valores que os patriotas, os não é somente dos marinheiros, é do povo que fizerem e que vocês causem orgulho e
combatentes de Riachuelo legaram para brasileiro, é de todos. Ela é nossa para admiração em todos os seus pares, chefes
nós, marinheiros de hoje. Eles deixaram cuidar. Esse ‘nossa’ também fala da nossa e subordinados. Por fim, como última men-
exemplos de bravura, de patriotismo, de responsabilidade como marinheiros, fuzi- sagem, quero dizer que eu peço a Deus que
desprendimento, de tenacidade, de supe- leiros navais, servidores civis, que traba- abençoe ‘a minha, a sua, a nossa Marinha,
ração de adversidades, então essa bata- lhamos na Marinha, que servimos à Força, a Marinha do Brasil!’
lha, na verdade, é um repositório de valo-
res morais, que toda a nossa sociedade
Com os marinheiros Jefferson e Phreslley, do Comando do 7°Distrito Naval, na Cerimônia da Batalha
admira quando olha para a Marinha. Esse
Naval do Riachuelo, em Brasília (DF)
repositório nos conduz em direção a mais
sucessos. Comemoramos o destemor de
Barroso. Muita gente não entende por que
o Almirante Barroso foi tão importante, e
a minha resposta para isso é a seguinte
metáfora: é como se eu estivesse passan-
do em uma rua com tiroteio – porque os
inimigos estavam atirando na direção da
Esquadra Brasileira e a Esquadra já tinha
sofrido perdas, baixas–, então, Barroso, ao
invés de fugir, ou de procurar abrigo, fez o
contrário. Ele guinou o navio, o Capitânia
da Esquadra, e lançou-se na direção dos
projetis, abalroando navios inimigos que
estavam atirando. Com isso, ele causou

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OPERAÇÕES

“Navio da Esperança”
Navio de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro” realiza
mais de 11 mil atendimentos e 56,8 mil procedimentos de
saúde em comunidades ribeirinhas do Acre
Por: Primeiro-Tenente Fabiana Fontes da Silva

Milhares de moradores de comunidades ribeirinhas do Acre, região Norte do País, foram aten-
didos pela Marinha com assistência básica de saúde durante a 21ª edição da Operação “Acre”,
que foi encerrada no dia 9 de junho. Foram realizados mais de 11.000 atendimentos e 56.846
procedimentos médicos, odontológicos e de enfermagem. Para chegar a essas localidades de di-
fícil acesso, foi acionado o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Doutor Montenegro”, um dos
“Navios da Esperança”, como são chamados por moradores dessas regiões. O Agricultor Sandro
da Silva Dantas, ribeirinho do Cruzeiro do Sul (AC), classifica o apoio da Força como fundamental
para a população. “Faz bem à comunidade! Precisamos de apoio, de atendimentos, e a Marinha
oferece isso”, relata.
O lema “Saúde onde houver vida” representa, há 21 anos, o NAsH “Doutor Montenegro”, que
todos os anos percorre o Rio Juruá, no período de cheia, de janeiro a maio, atendendo a quem,

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NAsH "Doutor Montenegro" é conhecido como um dos "Navios da Esperança"

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NAsH "Doutor Montenegro" leva saúde a localidades de difícil acesso

muitas vezes, nunca recebeu uma con- do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, res. O NAsH é dotado de ambulatórios
sulta. O “Doutor Montenegro” é um dos Amapá e Pará. odontológicos; consultórios médicos;
quatro navios de assistência hospitalar A Equipe de Saúde do navio foi com- laboratório para exames; sala de trauma;
da Marinha, subordinados ao Comando posta por ginecologista; pediatra; radio- sala de raio-x; sala de mamografia; enfer-
da Flotilha do Amazonas, que, dentre logista e clínico geral; dentistas e enfer- maria; sala de vacina; farmácia; e dispõe
outras atribuições, leva Assistência Mé- meiros; além de técnicos de radiologia; de quatro lanchas orgânicas para atendi-
dico-Hospitalar a comunidades carentes higiene dental; enfermagem e vacinado- mentos em locais de difícil acesso.

Durante a Operação "Acre" foram realizados exames de pré-natal

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De acordo com o Comandante do na- ribeirinhos do município de Rodrigues Al- Adultos e crianças receberam atendimento odontológico
vio, Capitão de Corveta Fabio Mauricio La- ves e das comunidades de Pentecostes,
provita Oliveira, as comunidades enxergam Boca do Môa, Olivença, Nossa Senhora
a Marinha com olhos de esperança e alen- das Graças, Santa Terezinha, Areal, Nari
to porque sabem que terão o tratamento do Môa, Santa Rosa, São Pedro, Buritira-
de saúde que precisam. “Muitos deles só na, Puyanawa, Foz do Paraná, Liberdade,
têm esse tipo de atendimento uma vez ao Campinas, Igarapé Preto, Onça, Ramal 2 e
ano, que é quando o navio da Marinha che- 11; Lagoinha, Miritizal, Canela Fina, Santa
ga até a comunidade”, destacou. Luzia, Cumaru e Mourapiranga.
O Comandante comentou, ainda, a Até o ano de 2020 a Operação chegou
satisfação em ter a oportunidade de pro- ao expressivo resultado de 400 mil pesso-
porcionar atendimento médico aos ribei- as atendidas, com mais de 1,5 milhão de
rinhos. “O nosso afastamento familiar em procedimentos realizados. Para conduzir
prol da população ribeirinha é bastante a operação, a Marinha conta com o apoio
atenuado, porque vemos a alegria nos de órgãos municipais e estaduais.
olhos de uma criança, a gratidão expres-
sada por uma mãe e, principalmente, História
quando salvamos vidas de pessoas ca- O nome do navio é uma homenagem
rentes, brasileiros que são alcançados ao Doutor Manoel Braga Montenegro,
pela Marinha com os 'Navios da Esperan- um homem simples, de poucas e boas
ça'. Isso tudo revigora e motiva a nós e a palavras e sempre disposto ao traba-
nossos familiares que nos aguardam com lho. Ele foi o primeiro médico nascido
saudade após o cumprimento da nossa no Acre e, durante muito tempo, era o
missão”, complementa. único médico formado que atendia a
O navio partiu da capital amazonen- região do Alto Juruá. Em 2020, aos 94
se, no dia 1º de março, com destino a anos, o Patrono do Navio faleceu na ci-
Cruzeiro do Sul (AC). Foram atendidos dade de Cruzeiro do Sul.

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OPERAÇÕES

Operação “ADEREX-Anfíbia/
Superfície 2021”
Exercícios realizados de forma integrada elevaram o
grau de prontidão das unidades da Força de Fuzileiros
da Esquadra, dos meios navais e aeronavais
Por: Capitão de Mar e Guerra Rodrigo Abronhosa Collazo,
Capitão de Fragata (FN) Salvador Mota Junior,
Capitão-Tenente Françoa Taffarel Rosário Corrêa e
Primeiro-Tenente Vanessa Mendonça

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Adestramentos no mar, no ar e em bios. E assim foi feito. Empregamos de param mais de 2.300 militares, distri-
terra marcaram a operação “ADEREX- forma coordenada todas as capacidades buídos em navios da Esquadra (Navio-
Anfíbia/Superfície”, realizada de 20 a disponíveis para o cumprimento da mis- Aeródromo Multipropósito “Atlântico”,
28 de maio, na área marítima compre- são”, ressaltou. Navio Doca Multipropósito “Bahia”,
endida entre os estados de São Paulo Para o Comandante da Força de Fragata “Liberal”, Fragata “Independên-
e Espírito Santo. Sob a coordenação do Fuzileiros da Esquadra, Vice-Almirante cia”, Corveta “Barroso” e Embarcação
Comandante da 1ª Divisão da Esquadra, (FN) Carlos Chagas Vianna Braga, a de Desembarque de Carga Geral “Ma-
Contra-Almirante José Francisco Pereira importância dessa operação é inesti- rambaia”), dos Comandos do 1º Distrito
das Neves, a operação teve como ponto mável. “Exercemos plenamente nossa Naval (Navio-Patrulha Oceânico “Ama-
alto um assalto anfíbio, em que tropas vocação de pronto emprego, expedicio- zonas” e Navio-Patrulha “Gurupi”) e do
e meios de Fuzileiros Navais simularam nária e anfíbia. Para todos os militares 2º Distrito Naval (Corveta “Caboclo”).
a retomada de um território hostil, em que fizeram parte, é uma experiência
uma praia de desembarque, na região de muito valiosa”. Exercício de Guerra Cibernética
Itaoca, no Espírito Santo. “O Assalto An- Ao longo da operação foram re- Entre os exercícios realizados du-
fíbio é uma fase complexa e completa, alizados, simultaneamente, diversos rante a Operação, destaca-se, ainda, o
no qual podemos empregar elementos exercícios para aprimorar a capacidade de Guerra Cibernética, executado pelos
de Operações Especiais, Mergulhadores operativa dos meios, como ações de su- Navios da Esquadra. O Comando da 1ª
de Combate, embarcações de desem- perfície, ações de defesa aeroespacial, Divisão da Esquadra e o Comando Naval
barque, aeronaves e carros lagarta anfí- exercícios de tiro, entre outros. Partici- de Operações Especiais (CoNavOpEsp)

Movimento navio-terra das unidades de Fuzileiros Navais

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conduziram o Exercício de Contraposi- ações nos meios navais componentes Ações de Guerra Cibernética em pro-
ção às Ameças Cibernéticas, conhecido da Operação. veito da Força Naval e contribuir para o
como “OCTOPUS”. Para esse propósito, O Destacamento de Proteção Ciber- fortalecimento da mentalidade de Defe-
foram empregados a 1ª Equipe de Ex- nética participou dos adestramentos sa Cibernética no Setor Operativo.
ploração e Ataque da Divisão de Guerra dos militares dos navios na utilização “A Operação ‘ADEREX-Anfíbia/Su-
nucleada no CoNavOpEsp e um Desta- do sistema computacional para contra- perfície’ foi fundamental para comple-
camento de Proteção Cibernética em- posição a ameaças cibernéticas cha- mentar os adestramentos, tanto da Es-
barcado no Navio-Aeródromo Multipro- mado "Dreadnought", a fim de consoli- quadra quanto da Força de Fuzileiros da
pósito “Atlântico” em assessoramento dar os procedimentos de identificação, Esquadra. E essa é só uma parte do que
direto ao Comandante do Grupo-Tarefa bloqueio e reporte de atividades anô- será feito ainda neste ano. Mais adiante,
da Operação. malas observadas no âmbito de suas teremos a operação ‘Dragão/Meridiano’,
A 1ª Equipe de Exploração e Ata- redes. O exercício foi realizado a partir que envolve também meios das outras
que realizou ações no Espaço Ciber- de um ambiente cibernético planejado, Forças Armadas, completando com uma
nético da Operação “ADEREX-Anfíbia/ desenvolvido pela Divisão de Guerra Ci- ação conjunta esse ciclo de adestramen-
Superfície” em busca de vulnerabilida- bernética do CoNavOpEsp. tos”, concluiu o Comandante em Chefe
des que permitissem degradar o Co- O Exercício “OCTOPUS” teve o pro- da Esquadra, Vice-Almirante Claudio
mando e Controle, bem como realizar pósito de aperfeiçoar a execução das Henrique Mello de Almeida.

Mais de 2 mil militares participaram da operação, distribuídos em navios da Esquadra

14 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


Abicagem para desembarque dos meios

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 15


OPERAÇÕES

Lançamento de Armas 2021


Meios da Esquadra realizam operação
com lançamento real de armas em alvo
Por: Capitão-Tenente Henrique Gutiérrez Mittmann

Lançamento de míssil superfície-superfície


EXOCET MM-40, pela Fragata “Independência”

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Navios e aeronaves da Esquadra Apoio Oceânico “Purus” desde a Base Os meios da Esquadra empregaram
realizaram, de 3 a 10 de junho, o lan- Naval do Rio de Janeiro até a área do diferentes tipos de armamento, incluin-
çamento de armas sobre um alvo de exercício, localizada a uma distância do torpedos, mísseis superfície-superfí-
superfície, na área marítima oceânica segura da costa. Participaram da ope- cie, bombas e metralhadoras de aerona-
entre o Rio de Janeiro e Cabo Frio (RJ), ração o Navio de Socorro Submarino ves e canhões das fragatas, culminando
com o propósito de manter elevado o “Guillobel”, o Submarino “Tupi”, o Navio com o afundamento do alvo, em decor-
grau de proficiência das suas tripula- Doca Multipropósito “Bahia” e as Fraga- rência dos impactos provocados pelo
ções e sistemas de combate. tas “Independência” e “Liberal”. A mis- armamento.
Desta vez, o alvo foi o casco do ex- são contou, também, com a participa- A operação permitiu verificar a eficá-
Navio de Desembarque Doca “Ceará” ção das aeronaves “Lince” (AH-11B), cia dos sistemas de armas dos navios e
(NDD “Ceará”), considerado de grande “Águia” (UH-12), “Guerreiro” (SH-16) e aeronaves da Marinha, responsáveis por
porte, que foi rebocado pelo Navio de “Falcão” (AF-1B/C). assegurar a soberania do Brasil no mar.

Casco do ex-NDD “Ceará” sendo atingido por bombas, lançadas por aeronaves AF-1B/C

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 17


OPERAÇÕES

Marinha atua na Ilha do Marajó


Em apoio ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
Navio-Auxiliar “Pará” transporta e distribui 8 mil cestas básicas para
famílias em vulnerabilidade social no Pará
Por: Primeiro-Tenente Luciana Santos de Almeida

Marinha, Exército e Força Aérea, sob coordenação do Comando Conjunto Norte, acio-
nado pelo Ministério da Defesa, apoiaram, entre os dias 12 e 16 de maio, a logística
de transporte e distribuição de 8 mil cestas básicas e 800 kits de higiene para famílias
ribeirinhas dos municípios de Portel e Melgaço, na Ilha do Marajó (PA). A ação ocorreu, a
bordo do Navio-Auxiliar (NA) “Pará", em continuidade à Operação “Pão da Vida”– agora,
na fase III –, do Programa “Abrace o Marajó”, do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH).
A operação teve, ainda, o reforço para a segurança, de outras duas embarcações da
Marinha: o Aviso de Patrulha “Tucunaré” e a Lancha de Operações Ribeirinhas Blindada
“Amazonas”, subordinadas ao Grupamento de Patrulha Naval do Norte, do Comando do
4° Distrito Naval. A solenidade simbólica de entrega das cestas e kits às prefeituras mu-
nicipais teve a participação de representantes do MMFDH e da Federação da Agricultura
e Pecuária do Pará, responsáveis pela arrecadação dos alimentos doados. A multinacio-
nal Unilever doou os kits de higiene.
Uma das famílias beneficiadas foi a da ribeirinha Maria Iracema Ribeiro, de 46 anos,
assistida pela Prefeitura de Melgaço. Ela – casada e mãe de 13 filhos, dos quais 10
moram com ela – conta que alguns dias passam necessidade. “Meu marido não é empre-
gado, então, passamos maior batalha pra sustentar nossa família. É triste quando uma
mãe não tem como dar comida a seus filhos, então, me sinto feliz com essas doações”,
agradeceu.
18 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945
O material que saiu do NA “Pará", descarregado por militares das
Cestas Itens de Higiene Municípios
três Forças, foi desinfectado por Equipe de Resposta Nuclear, Bioló-
Fase I 16.200 98.000 Afuá e Chaves
gica, Química e Radiológica do 2° Batalhão de Operações Ribeirinhas,
Fase II 12.500 194.000 Breves, Melgaço e Portel
de Belém (PA). O cronograma de entrega das cestas e kits está a car-
Fase III 8.000 800 Melgaço e Portel
go das prefeituras municipais.

Histórico
Desde 2020, a Operação “Pão da Vida” foi acionada como ação
emergencial de apoio à segurança alimentar da população do Marajó
para enfrentamento à pandemia da Covid-19. As famílias beneficia-
das estão cadastradas em sistemas sociais dos municípios. Nas fa-
ses anteriores, outras empresas, instituições e grupos empresariais
apoiaram com alimentos e material de higiene. A Marinha atuou, nas
três fases, com apoio logístico para os municípios de acesso fluvial.

Doação de 5 mil livros


Na oportunidade, foram doados 5 mil livros de ensino infantil e
fundamental, além de literaturas diversas, para escolas de Portel e
Melgaço. A ação faz parte do Projeto “Maré do Saber”, criado pelo
Comando do 4° Distrito Naval, em parceria com a Sociedade Amigos
da Marinha do Pará, com o objetivo de arrecadar livros e levá-los, por
meio dos navios da Força, às escolas ribeirinhas de difícil acesso no
interior do estado. Assim, busca-se incentivar a leitura e o desenvol-
vimento educacional dos estudantes dessas comunidades. Entrega de cesta básica em Melgaço (PA)

Chegada do NA "Pará" ao município de Portel (PA)

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 19


OPERAÇÕES

Marinha participa da
Operação “Ágata Amazônia”
Sob coordenação do Ministério da Defesa, Forças Armadas
unem esforços no combate a crimes transfronteiriços
Por: Primeiro-Tenente Fabiana Fontes da Silva

A Marinha participou da Operação Durante a ação, foi interceptada Fluvial (NPaFlu) “Amapá” atracou, em 16
“Ágata Amazônia”, realizada de 3 a 12 mais de 1,8 tonelada de drogas ilícitas, de maio, no cais da Estação Naval do Rio
de maio, no combate a crimes trans- recolhidos R$ 17,9 mil em espécie e Negro, com o material apreendido.
fronteiriços. As ações ocorreram na 1,3 quilo de ouro. Também foram apre-
região da Tríplice Fronteira, nos rios endidos quatro fuzis, 292 munições, 15 Entenda a Operação
Solimões, Içá e Japurá, no Amazonas, cilindros de oxiacetileno, quatro animais Sob coordenação do Ministério da
abrangendo aproximadamente 148 mil silvestres, uma balança de precisão e Defesa, foi ativado o Comando Conjun-
quilômetros quadrados. um telefone satelital. O Navio-Patrulha to “Ágata Amazônia”, cuja operação foi

Militares localizaram entorpecentes nas proximidades do Lago do Tabaco, em Japurá (AM)

20 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


realizada pela Marinha, Exército e For-
ça Aérea com a participação da Polícia
Federal, da Secretaria de Segurança
Pública do Amazonas e das Polícias
Militar e Civil. Também apoiou a opera-
ção, o Comando de Operações Aeroes-
paciais nos levantamentos de imagem
de satélite e com emprego de aerona-
ves no transporte logístico de pessoal
e material. O Comando Conjunto de
Defesa Cibernética contribuiu na pro-
dução de conhecimentos no ambiente
cibernético e na prevenção de ameaças
virtuais, durante o planejamento e no
decorrer das ações.
A Marinha empregou meios navais Navio de Assistência Hospitalar “Carlos Chagas” promoveu atendimentos médicos e odontológicos
e aeronavais, militares do Comando
Naval de Operações Especiais, do Des-
tacamento de Mergulhadores e tropas trulhamentos terrestres e fluviais; es- Atendimentos de Saúde
do 1º Batalhão de Operações Ribeiri- tabelecimento de postos de bloqueio, Em proveito da operação, os navios de
nhas, além da Capitania Fluvial de Ta- controle de estradas e de vias fluviais; Assistência Hospitalar “Soares de Meirel-
batinga e da Agência Fluvial de Tefé. e inspeções em veículos e embarca- les” e “Carlos Chagas” e o Hospital do 8º
Foram realizadas ações preventivas e ções. Nas fiscalizações, 767 embarca- Batalhão de Infantaria de Selva promove-
repressivas contra delitos transfron- ções foram abordadas, 11 apreendidas ram 731 atendimentos médicos e 55 odon-
teiriços e ambientais, dentre elas pa- e oito notificadas. tológicos, além de 40 exames laboratoriais.

Balanço da Operação
Inspeções e Patrulhas Navais
Embarcações abordadas: 767
Notificadas: 08
Apreendidas: 11

Assistência de saúde
Atendimentos médicos: 731
Atendimentos odontológicos: 55
Exames laboratoriais: 40

Apreensões
Drogas ilícitas: 1,8 tonelada
Dinheiro em espécie: R$ 17.901,00
Ouro: 1,3 quilo
Munições: 292
Fuzis: 4
Cilindros de oxiacetileno: 15
Animais silvestres: 4
Telefone satelital: 1
Balança de precisão: 1
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 21
ESPECIAL

Marinha nas Olimpíadas


Atletas militares compartilham expectativas e
preparação para os Jogos Olímpicos em Tóquio
Por: Primeiro-Tenente Luciana Santos de Almeida

Sargento Lucas Verthein, atleta de Remo na categoria single Skiff

Crédito: Cabo Camanho CDM-CEFAN

22 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


A poucos dias para os “Jogos Olímpi- A preparação desses militares é médicos, nutricionistas, fisioterapeutas,
cos de Verão”, que acontecerão a partir planejada pela Comissão de Desportos educadores físicos e psicólogos do es-
de 23 de julho, em Tóquio, no Japão, a da Marinha (CDM), por meio do Progra- porte, além do Laboratório de Pesquisas
Marinha comemora a classificação, até ma Olímpico da Marinha (PROLIM). Os em Ciências do Exercício e Performance.
o momento, de 36 atletas militares da atletas pertencentes ao programa têm “Todo nosso planejamento foi feito para
Força Naval que participarão do evento à disposição as instalações esportivas conseguirmos as tão sonhadas meda-
no “Time Brasil”. Eles estão distribuídos do Centro de Educação Física Almi- lhas olímpicas. Os Jogos Olímpicos são,
em 13 modalidades: Vela, Remo, Canoa- rante Adalberto Nunes (CEFAN), como sem dúvida, a missão mais desafiadora
gem, Maratona Aquática, Natação, Boxe, o parque aquático, pista de atletismo, no mundo do desporto e para enfrentá-
Judô, Vôlei de Praia, Atletismo, Pentatlo áreas de lutas, o Ginásio Poliesporti- la, contamos com a experiência de atle-
Moderno, Saltos Ornamentais, Taekwon- vo Amazônia Azul e o Centro Nacional tas que realizarão o segundo ciclo olím-
do e Wrestling. Um dos participantes, o de Levantamento de Peso Olímpico, pico e que, na Rio2016, conquistaram
Terceiro-Sargento Lucas Verthein Fer- legado dos Jogos Olímpicos Rio2016. medalhas. Não temos dúvidas de que,
reira, atleta de Remo, na categoria sin- Durante o período de lockdown, ocorri- graças às medidas implementadas para
gle Skiff, conta, agradecido, que desde do em algumas cidades brasileiras, em dar suporte a esses militares, consegui-
que ingressou na Marinha tem recebido que houve restrições de clubes e cen- remos representar o Brasil com compe-
todo suporte necessário para evoluir no tros esportivos, o CEFAN disponibilizou tência e excelência”, avaliou.
esporte em nível internacional. “Minha suas dependências para a continuidade A Terceiro-Sargento Beatriz Iasmim
expectativa é conseguir performar, uti- dos treinos e preparação dos atletas, Soares Ferreira, atleta de Boxe Olímpi-
lizando o preparo físico e técnico que respeitando as medidas sanitárias pre- co na categoria até 60kg, manifestou
vim aprimorando ao longo do tempo. vistas para o combate à Covid-19. confiança em relação à sua desenvoltu-
Acredito que as Olimpíadas de Tóquio Além dessas instalações, o Vice- ra nos jogos. “Sinto-me pronta para en-
serão inéditas, mostrando a capacidade Presidente da Comissão de Desportos carar esse desafio que vai ser o maior
humana de superar desafios. Agora, me da Marinha, Capitão de Mar e Guerra da minha carreira. Estamos bem foca-
encontro a menos de um mês para os (T) Marcos Vinícius Lúcio explica que dos, fazendo os reajustes para chegar
Jogos e as preparações seguem inten- os atletas também recebem suporte de no ponto e momento certos, e garantir a
sas”, compartilhou. equipe multidisciplinar, composta por medalha para o Brasil na nossa modali-

Sargento Beatriz está confiante na conquista da medalha nas Olimpíadas de Tóquio

CENTROCrédito: COB
DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 23
Crédito: FIVB

dade. Eu me sinto honrada de represen-


tar meu País, minha Força e o meu time
em Tóquio”, disse.
O mesmo sentimento é comparti-
lhado pela também Terceiro-Sargento
Ágatha Bednarczuk Rippel, atleta de
Vôlei de Praia, uma das modalidades
que mais tem disputado torneios. Ela
explica que todos da equipe estão pre-
parados para as pressões que virão e
já acostumados com os times adversá-
rios. “Minha expectativa e a do nosso
time é a melhor possível. Temos tido
uma constância muito boa na maioria
das vezes em que vamos ao pódio, o que
nos faz perceber que temos chances de
medalha, até porque são os mesmos ti-
mes com os quais jogamos no circuito
mundial. Porém, somos muito realistas,
sabemos que a Olimpíada tem um gla-
mour diferente, uma pressão, porque
você quer viver aquilo. Você passa qua- Sargento Ágatha durante um dos torneios de Vôlei de Praia
tro, cinco anos da tua vida batalhando
por aquele momento olímpico. Então,
teremos que fazer um trabalho muito ticos e aquáticos, a fim de contribuir Navais (CGCFN) — e aprovado pelo Co-
bem-feito lá para trazer uma medalha para a transformação do Brasil numa mandante da Marinha — é de responsa-
para o nosso País”, ressaltou. potência olímpica; fortalecer a men- bilidade do Comandante-Geral do CFN a
O PROLIM tem o objetivo de pro- talidade marítima e projetar a imagem direção do Programa e a criação, imple-
mover o desenvolvimento do desporto da Marinha. Elaborado no âmbito do mentação e encerramento dos projetos
nacional, com ênfase nos esportes náu- Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros modulares que o estruturam.

Vista aérea do CEFAN

24 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


Vela, uma das modalidades
Crédito: COB já classificadas para Tóquio

Crédito: Ana Catarina

Sargento Beatriz

Sargento Ágatha

Sargento Lucas

Acompanhe a
participação dos
atletas militares da
Marinha pelo
Instagram:
@cdm.cefanoficial

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 25


ESPECIAL

Nova logomarca
Valores de sempre
Assista ao vídeo da nova
logomarca da Marinha

Marinha lança nova representação visual, que se somará


à tradicional Coroa Naval, como alternativa moderna
Por: Por Primeiro-Tenente Luciana Santos de Almeida

A Marinha do Brasil (MB) está com uma uma enquete entre a tripulação de todas da Força, aproximando-a, ainda mais, da
nova logomarca. O projeto gráfico, produzi- as organizações militares da MB no País. sociedade. A novidade foi divulgada na co-
do pelo Centro de Comunicação Social da A nova representação visual busca o repo- memoração dos 60 anos da Comunicação
Marinha (CCSM), foi escolhido a partir de sicionamento estratégico da comunicação Social da Marinha, durante cerimônia mili-

Arte da nova logomarca da Marinha

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Comandante da Marinha e Diretor do CCSM durante descerramento da nova logomarca da Marinha

tar, em Brasília (DF), presidida pelo Coman-


dante da Marinha, Almirante de Esquadra
Almir Garnier Santos.
O ferro em design arrojado remete à
segurança, tecnologia e força. As formas
dinâmicas em formato de onda simbo-
lizam as águas dos mares brasileiros. O
círculo azul, rodeado por anéis em verde
e amarelo, remete à Bandeira Nacional e à
proteção das águas brasileiras. A tipogra-
fia remete à confiabilidade, à defesa e aos
tradicionais indicativos navais.
O Diretor do CCSM, Contra-Almirante
João Alberto de Araujo Lampert, explica
que a nova logomarca é flexível e pode
ser usada de várias formas. “Ela está nas
nossas páginas da internet, mídias sociais,
em campanhas publicitárias, campanhas
de programas estratégicos, materiais pro-
mocionais e impressos, como cartazes,
outdoors ou banners”, exemplificou.
Quanto à Coroa Naval, o Almirante
Lampert esclarece que continua sendo o
símbolo oficial da Marinha, utilizado em
produtos institucionais, a exemplo de do-
cumentos administrativos; viaturas e em-
barcações; uniformes; estandarte da For-
ça; e itens de uso interno. “A Coroa Naval
é nosso símbolo tradicional e continuará a
nos representar”, reforçou.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 27


CAPA

“Minha, Sua, Nossa Marinha”


Slogan da campanha do 156º Aniversário da
Batalha Naval do Riachuelo reforça que a
Marinha é de todos os brasileiros
Por: Primeiro-Tenente Osmária da Cunha e Primeiro-Tenente Daniela Meireles

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O 156º Aniversário da Batalha Naval cou, ainda, o porquê dos pronomes utili- nistro da Defesa, Walter Souza Braga
do Riachuelo foi celebrado no dia 11 de zados. “A Marinha é minha, que sou co- Netto; pelo Presidente do Congresso
junho, em cerimônia no Grupamento de mandante da Força, mas ela é sua como Nacional, Senador da República Rodri-
Fuzileiros Navais de Brasília (GptFNB). tripulação, sociedade; e é nossa, porque go Pacheco; pelo Presidente da Câma-
A Data Magna da Marinha, que este ano todo o povo brasileiro tem um pedacinho ra dos Deputados, Deputado Federal
teve o lema “Minha, Sua, Nossa Mari- dessa Marinha forjada desde os tempos Arthur Lira, e pelo Comandante da Ma-
nha” destaca o que o cidadão brasileiro de Tamandaré”, reforçou. rinha, Almirante Garnier.
já sabe, mas que ainda precisa “apode- A solenidade – que relembrou he- O Presidente da República, Jair
rar-se”, como reforça o Comandante da róis nacionais como Almirante Barro- Messias Bolsonaro, destacou, em sua
Marinha, Almirante de Esquadra Almir so, Guarda-Marinha Greenhalgh, Ma- mensagem, a determinação dos mi-
Garnier Santos. “A Marinha não é so- rinheiro Marcílio Dias, que lutaram às litares e servidores civis da Marinha.
mente dos marinheiros, é de todos. Por margens do Riachuelo, um afluente do “Deixo aqui o meu reconhecimento pela
isso, precisamos deixar isso muito claro Rio Paraguai, na província de Corrien- dedicação diuturna, com a qual vencem
em todas as ocasiões para que o povo tes, na Argentina – foi presidida pelo os desafios, carregados do mesmo sen-
brasileiro, cada vez mais, apodere-se da Vice-Presidente da República, Hamil- timento e do exemplo daqueles heróis
sua Marinha”. O Almirante Garnier expli- ton Mourão, acompanhado pelo Mi- que nos antecederam”.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 29


Em discurso, o Comandante da Ma-
rinha lembrou a bravura e o compro-
Minha, Sua, Nossa Marinha
metimento dos homens do mar na Ba-
talha de 11 de junho de 1865, decisiva
Para comemorar o 156º Aniversário da Batalha Naval
para a vitória brasileira na Guerra da
Tríplice Aliança. O Almirante ressaltou
do Riachuelo, a Marinha lançou campanha publicitária
que os mesmos valores que os nor- com o slogan: “Minha, Sua, Nossa Marinha”. O objetivo
tearam naquela época estão presen- foi ressaltar o pertencimento, patriotismo, proximidade,
tes na Marinha de hoje. “Os heróis de cuidado, proteção, defesa e brasilidade na sociedade.
Riachuelo são representados, nos dias
atuais, pelos marinheiros, fuzileiros As peças gráficas e digitais destacaram a atuação e pre-
navais e servidores civis que, com o sença da Força Naval nas águas do País, com elemen-
mesmo destemor e espírito de sacrifí- tos da Data Magna da Marinha. As cores representam
cio, irão onde for necessário e farão o a brasilidade, que remetem à Força, destacando que a
que a nação deles precisar, para man- Marinha é de todos os brasileiros.
ter nossa soberania, defender nossa
democracia, garantir nossa liberdade,
O vídeo, que foi transmitido na cerimônia e redes sociais,
proteger nossas riquezas e cuidar da
destacou o sentimento de pertencimento e transmitiu a
nossa gente”, ressaltou.
sensação de proximidade e cuidado com todos os brasi-
Durante a cerimônia, personalida-
des civis e militares, que prestaram
leiros, que perdura na Marinha do presente e do futuro.
serviços à Marinha, foram agraciadas
com a medalha Ordem do Mérito Na-
val, a mais alta condecoração da For- Assista ao
ça. A solenidade foi encerrada com vídeo institucional
o desfile da tropa em continência ao alusivo à Batalha
Vice-Presidente da República. Naval do Riachuelo

30 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


Cerimônia da Batalha Naval do Riachuelo, em Brasília

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 31


AMAZÔNIA AZUL

Planejamento Espacial
Marinho da Amazônia Azul
Projeto Piloto terá início no Sul do Brasil
Por: Capitão de Fragata Rodrigo de Campos Carvalho

Criar e estabelecer o emprego mais tissetorial, de cunho operacional e jurídi- – por conta da existência de diversos
racional do espaço marinho e as intera- co, indispensável para garantir a gover- habitats e distintos ecossistemas–,
ções entre seus usos é um dos objetivos nança e a soberania da Amazônia Azul, econômicos (possui quatro dos dez
do Planejamento Espacial Marinho (PEM) conforme explica o Secretário da Comis- maiores portos do Brasil e atividades
da Amazônia Azul, cujo compromisso de são Interministerial para os Recursos do importantes de pesca industrial) e es-
implantação foi assumido pelo Brasil, Mar (CIRM), Contra-Almirante Antonio pacial (13% da Amazônia Azul); e da
durante conferência da Organização das Cesar da Rocha Martins. “O PEM fomen- existência de fronteira marítima com o
Nações Unidas (ONU) em 2017. O prazo ta o uso compartilhado e sustentável do Uruguai, que exigirá amplas coordena-
para conclusão, até 2030, prevê quatro ambiente marinho, a geração de divisas ções com o país vizinho.
etapas: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte e, e de empregos para o Brasil, garante a
nesse interstício, a Marinha, por meio da necessária segurança jurídica para os Importância do PEM
Secretaria da Comissão Interministerial investidores e para o próprio Estado bra- O oceano ocupa 71% da superfície do
para os Recursos do Mar (SECIRM) está sileiro, bem como respeita a salvaguarda planeta e está, intrinsecamente, ligado
levantando fontes para tornar possível o de interesses ambientais, estratégicos e à sustentabilidade da vida na Terra, ofe-
financiamento do Projeto Piloto na Re- de Defesa Nacional”, salienta. recendo alternativas para grandes desa-
gião Marítima do Sul do País. O custo to- A primeira etapa, considerada como fios globais como: erradicação da fome;
tal previsto é de R$ 30 milhões. Projeto Piloto do PEM, será estabele- adaptação às alterações climáticas; di-
O PEM visa equilibrar as demandas cida para a Região Marítima do Sul do versificação das matrizes energéticas;
de desenvolvimento do espaço marinho Brasil, em razão da significativa dispo- e aplicação de inovações tecnológicas
com a necessidade de proteger o meio nibilidade de dados e da concentração provenientes da bioprospecção, com am-
ambiente e oferecer recursos sociais e de instituições de pesquisa com tradi- plo espectro de aplicação, desde energia
resultados econômicos de forma aberta ção em estudos costeiros e marinhos limpa ao desenvolvimento de fármacos.
e planejada. Além disso, se apresenta nos três estados da região; da repre- “Para se ter uma ideia da atual relevância
como o grande instrumento público, mul- sentatividade em termos ambientais do oceano para a sobrevivência humana,

Navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira” durante pesquisa em região marítima

32 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


estima-se que 3 bilhões de pessoas em
todo o planeta, ou seja, aproximadamen-
te 40% da população mundial, dependam
diretamente da biodiversidade costeira e
marinha para o seu sustento”, afirma o
Secretário da CIRM.
Apesar de contribuir com inúmeros
benefícios para a sociedade, tanto eco-
nômicos, como sociais e ambientais,
o oceano enfrenta múltiplas ameaças,
regionais e globais, como a poluição, a
sobrepesca, a acidificação, a redução da
biodiversidade e a degradação de ecos-
sistemas. As demandas sobre os recur-
sos marinhos e o uso do mar em geral
aumentaram substancialmente nas últi-
mas décadas. De acordo com o relató-
rio da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, de 2016,
o oceano representa a 7ª maior econo-
mia do mundo e estima-se que o valor
gerado pela indústria oceânica global-
mente poderia dobrar de U$ 1,5 trilhão
em valor agregado global em 2010 para
U$ 3 trilhões em 2030. Em particular,
a aquicultura marinha, a pesca, o pro-
cessamento de pescado, as atividades
marítimas portuárias e eólicas offshore
foram apontadas como as de maior po-
tencial de crescimento.
Por tudo isso, manter a saúde do
oceano vem ganhando prioridade nos
fóruns internacionais que tratam do
tema. As Nações Unidas instituíram o Plano de Implantação do PEM no Brasil
período de 2021 a 2030 como a “Década
da Ciência Oceânica para o Desenvolvi- Etapa Região Valor R$ Ano de execução

mento Sustentável”, também conhecida 1 Sul 5 milhões A1 - A3


como a “Década do Oceano”, com a in- 2 Sudeste 8 milhões A2 - A5
tenção de promover a ciência e a difusão 3 Nordeste 10 milhões A3 - A6
de tecnologias oceânicas, integrando 4 Norte 7 milhões A4 - A7
cientistas, empresários, organizações TOTAL 30 milhões 7 anos
da sociedade civil e governos.

Segurança Marítima no Brasil – pessoas, às pesquisas não autorizadas nacional e internacional nos últimos
do narcotráfico à pesca ilegal e à pirataria. No intuito de contrapor ao anos, o que pode ser comprovado pela
Possuidor de uma das maiores bio- avanço de tais ameaças, em grande par- sua inclusão no Plano Plurianual 2016-
diversidades terrestres e marinhas do te transfronteiriças, torna-se primordial 2019, em seu Programa 2046 – Oce-
planeta, o Brasil encontra-se alinhado o incremento da Segurança Marítima no anos, Zona Costeira e Antártica, que
à comunidade internacional na preocu- País, a qual se sustenta em quatro rele- inclui entre seus objetivos: “promover o
pação com as “novas ameaças”, desta- vantes pilares: a segurança nacional, a uso compartilhado do ambiente marinho
cadamente o combate ao terrorismo, ao segurança da vida humana, o meio am- e realizar o gerenciamento da Zona Cos-
narcotráfico, ao tráfico ilícito de armas, biente e o uso econômico do mar. teira de forma sustentável”, sob respon-
ao contrabando e descaminho, à polui- O tema “Ordenamento do Espaço sabilidade do Ministério da Defesa, por
ção marinha, à pesca ilegal, ao tráfico de Marinho” ganhou relevância e projeção meio da CIRM.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 33


ACONTECE NA MARINHA

Dia Mundial dos Oceanos


Diretoria de Hidrografia e Navegação destaca influência
dos oceanos no clima e nas interações humanas
Por: Primeiro-Tenente Felipe Nogueira Azevedo Lemos

No Dia Mundial dos Oceanos, 8 de química terrestre e abrigam a maior 20% do globo terrestre. É sobre ele
junho, mesma data em que é celebra- biodiversidade global. O Diretor da que acontecem as principais trocas
do o trabalho dos oceanógrafos - pro- DHN, Vice-Almirante Edgar Luiz Si- comerciais do mundo. Na sua parte
fissionais responsáveis por conhecer, queira Barbosa, explica que indepen- sul, mais precisamente no litoral bra-
explorar e proteger os recursos des- dentemente do local onde se vive, os sileiro, há uma área de 5,7 milhões de
ses ambientes-, a Marinha, por meio oceanos interferem na dinâmica do km² conhecida como Amazônia Azul.
da Diretoria de Hidrografia e Navega- ambiente. “Cada molécula de oxigê- É nesse ambiente que circulam mais
ção (DHN), destaca a influência dos nio respirada, gota de água bebida de 95% do comércio exterior brasilei-
mares no equilíbrio do meio ambiente ou alimento ingerido existem graças ro e de onde vêm 97% da produção do
e nas interações humanas. a essa imensidão salgada, não im- petróleo, 86% de gás natural e 45% do
Os oceanos cobrem mais de 70% portando se próximo ao litoral ou no pescado produzido no país.
da superfície terrestre, concentram ponto mais distante e inóspito do pla- O Vice-Almirante destaca, ainda,
aproximadamente 97% de toda a água neta”, esclarece o Diretor. que é em função da vastidão de ri-
do planeta; influenciam o clima e as O Oceano Atlântico ocupa uma quezas, importância ambiental e re-
condições meteorológicas, equili- área de 82,2 milhões de km² - é o se- levância estratégica para o futuro do
bram a temperatura, harmonizam a gundo maior - e suas águas cobrem planeta, que a Amazônia Azul merece

Informações oceanográficas contribuem para o Desenvolvimento Nacional

34 NOMAR | MAIO-JUNHO 2021 | Nº 945


Pesquisa e coleta de dados oceanográficos em alto-mar

atenção especial. E, por isso, a Mari- Sistema de Gerenciamento da Ama- de, distribuição operacional de dados e
nha faz parceria com agências e ór- zônia Azul (SisGAAz), para incremen- monitoramento oceanográfico e clima-
gãos governamentais, coordena a im- tar a capacidade de monitoramento e tológico no Atlântico Sul e tropical.
plementação e o aperfeiçoamento do de controle nas Águas Jurisdicionais
Brasileiras. “Estendemos, ainda, esse Oceanógrafos
controle às áreas de responsabilidade Profissionais militares e civis investi-
de socorro e salvamento no mar, por gam o comportamento e a influência
meio de contínuo aperfeiçoamento e desses ambientes nos continentes
inovação de sistemas, equipamentos e na atmosfera. Realizam coletas,
e novas tecnologias, integrando ór- análises e interpretações dos dados
gãos e agências de nosso País, além sobre as condições químicas, físicas,
de atuar, de forma cooperativa e in- geológicas e biológicas dos espaços
terativa, com organismos internacio- aquáticos. Atuam também em proje-
nais”, esclareceu. tos de saneamento de áreas costei-
A Diretoria de Hidrografia e Na- ras, além de desenvolverem técnicas
vegação é a instituição nacional que de exploração dos recursos naturais
promove e coordena a participação e minerais dos mares, avaliando seus
do Brasil nas atividades da Comissão reflexos com a interação humana. “As-
Oceanográfica Intergovernamental, res- sim, o investimento em capacitação
ponsável por fomentar a investigação profissional, em novas tecnologias e
científica marinha nos oceanos. A DHN em pesquisas é fundamental para a
coordena o Sistema Brasileiro de Ob- compreensão dos oceanos. Estudar
servação dos Oceanos e Clima (GOOS- e decifrar seus complexos sistemas
-Brasil), que é uma das ações ligadas e processos permite conhecer mais o
ao Plano Setorial de Recursos do Mar. O seu potencial. Valorizar a Amazônia
GOOS-Brasil tem o propósito de manter Azul é garantir o rumo do Desenvolvi-
redes para coleta, controle de qualida- mento Nacional”, afirma o Diretor.
Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar cria o Grupo Técnico "Ártico"
A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar aprovou,
em 18 de maio, a criação de um Grupo Técnico (GT) sobre
Atividades no Ártico, visto que não existe, atualmente, política
definida pelo Estado brasileiro no que diz respeito às atividades
do Brasil na região do Ártico. Esse GT é importante pela crescente
visibilidade geopolítica e econômica do Ártico. O GT visa avaliar
a conveniência e oportunidade de o Governo Brasileiro participar
mais ativamente das atividades da comunidade internacional no
que diz respeito ao Ártico, podendo, ao final dos seus trabalhos,
realizar propostas sobre eventual participação brasileira.

Série documental, realizada com


apoio da Marinha, é lançada no Farol da Barra
No dia 14 de junho, foi realizado o lançamento da série
documental “Luzes da Amazônia Azul”, no Farol da Barra,
em Salvador (BA). Produzida pela empresa Larty Mark, com
o apoio institucional e logístico da Marinha do Brasil (MB),
a série é composta por 13 episódios, com 26 minutos de
duração cada, inspirados no livro “Luzes do Novo Mundo”, do
Capitão de Mar e Guerra Ney Dantas (in memoriam). Em forma
de expedição e aventura, a série revela histórias oriundas da
costa brasileira, tendo como personagens principais 16 faróis
marítimos mantidos pela Marinha, além de depoimentos do
Comandante Ney Dantas, que mostram a importância de cada
um dos sinais náuticos.

Marinha recebe quarta Aeronave Modernizada MK-21B


Foi realizado, em 10 de junho, o voo de aceitação final e
entrega pela empresa Leonardo UK Ltd. à Marinha do Brasil
da ANV N-4003. Na ocasião, o Setor do Material, por meio
da    Diretoria de Aeronáutica da Marinha, retornou a aeronave,
agora modernizada, para o Comando da Força Aeronaval. O 1º
Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque passa
a dispor de quatro aeronaves  Wild Lynx. Futuramente serão
recebidos mais quatro helicópteros, quando passará a operar
com o inventário final de oito aeronaves modernizadas MK-21B.

Fragata “Defensora” cumpre


segunda etapa para retorno ao mar
A Fragata "Defensora", navio escolta da Classe
Niterói, realizou entre os dias 3 e 6 de junho, a segunda etapa
de suas provas de mar. Foram preenchidos os protocolos de
testes dos motores de combustão principais (MCP), concluído
o  procedimento de paralelismo entre os MCP  e  realizada a
análise de vibração de equipamentos diversos. Mais uma
vitória foi alcançada  e a  “Deusa”, como é conhecida na
Esquadra Brasileira, avança em direção às próximas fases do
seu cronograma de retorno ao mar. A Fragata "Defensora" é o
segundo navio a ostentar esse nome na Marinha, com batismo
em 27 de março de 1975; primeira saída para o mar em 1976 e
incorporação em 1977.

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Marinha do Brasil assume, pela primeira vez, Comando
de Força-Tarefa multinacional de combate à pirataria
Em cerimônia interna, realizada em 9 de junho, na Combined
Maritime Forces (CMF-Bahrain), a Marinha do Brasil assumiu
o Comando da Combined Task Force (CTF) 151, Força-Tarefa
multinacional de combate à pirataria e que provê proteção ao
comércio marítimo global em uma área que abrange o Mar
da Arábia, Golfo de Omã, Golfo de Áden, costa da Somália e
sul do Mar Vermelho. O Contra-Almirante André Luiz Andrade
Felix assumiu o Comando da CTF 151 do Comodoro Abdul
Munib, da Marinha do Paquistão, em um mandato a ser
exercido de junho a novembro deste ano. Essa é a primeira
vez que a Marinha do Brasil assume o Comando da CTF 151.

Navio-Patrulha Fluvial “Rondônia”


apreende 260 quilos de mineral raro
O Navio-Patrulha Fluvial “Rondônia” apreendeu, no dia 25 de
maio, 260 quilos de um mineral raro, durante Patrulha Naval
no Rio Negro, nas proximidades de Barcelos (AM). O minério
foi encontrado dentro de uma embarcação do tipo “Ferry Boat”
que vinha de Santa Izabel do Rio Negro, com destino a Manaus
(AM). O material apreendido foi entregue à Polícia Federal, que
em perícia preliminar apontou tratar-se de “Vivianita”, que possui
uma coloração verde semelhante à esmeralda, com grande
fonte de fósforo e outros minérios. Durante a abordagem, o
responsável não apresentou qualquer documentação válida da
Agência Nacional de Mineração, órgão regulador da atividade.

Marinha e Polícia Federal


interceptam veleiro carregado com haxixe
A Marinha e a Polícia Federal (PF), em coordenação com
autoridades estrangeiras, interceptaram, na noite de 16 de
junho, um veleiro carregado com 4,3 toneladas de haxixe,
droga elaborada a partir da planta da maconha. Durante a
ação, foi empregado o Navio-Patrulha Oceânico “Araguari”,
que realizou a interceptação e apresamento da embarcação a
cerca de 360 quilômetros da costa de Recife (PE), e que teria
partido do continente europeu com a carga apreendida. No
interior do veleiro, dois tripulantes foram presos e conduzidos
para a Superintendência da PF na capital pernambucana.

Capitânia da Esquadra brasileira


completa 3º ano de Incorporação à Marinha
O Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”
completou, em 29 de junho, o 3º ano de Incorporação à Marinha
do Brasil (MB). Originalmente batizado HMS Ocean pela Royal
Navy (RN), foi concebido com capacidades para operações
anfíbias e aéreas. O navio permaneceu em serviço ativo por
quase 20 anos na RN e, após esse período, foi assinado um
contrato entre o Brasil e o Reino Unido para sua transferência.
Incorporado em 29 de junho de 2018, o navio foi designado
como o novo Capitânia da Esquadra brasileira e, trouxe consigo,
grandes avanços para o Setor Operativo da Marinha.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 37


200 ANOS DA INDEPENDÊNCIA

As Invasões Francesas
Por: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha

A decisão de partilha do mundo incomodá-los. Villegagnon batizou a janeiro de 1567. Atualmente, a histó-
entre Portugal e Espanha, pelo Tra- ilha com o nome de Henrique II, em rica Ilha leva o nome de Villegagnon e
tado de Tordesilhas de 1494, sofreu homenagem ao Rei da França, e orde- abriga, desde 1938, as instalações da
intensa resistência de algumas na- nou a construção de um forte denomi- Escola Naval.
ções europeias. Na costa brasileira, nado de Coligny, para homenagear o
onde os portugueses estabeleceram Almirante francês Gaspar de Coligny, A França Equinocial
o monopólio da lucrativa exploração que muito o ajudou a conseguir auxílio Não obstante o revés da tentativa
do pau-brasil, ocorreram constantes do governo francês para realização de de instalação de uma colônia na Baía
incursões francesas que culminaram sua empresa. de Guanabara, os franceses continu-
com duas tentativas de invasão para Mem de Sá, que assumiu como go- aram as suas incursões voltadas ao
estabelecimento de colônias. Esses vernador-geral da Colônia, em janeiro contrabando de pau-brasil e não de-
acontecimentos exigiram de Portugal de 1558, ao tomar conhecimento da sistiram de instalar uma colônia no
iniciativas efetivas para defesa e ex- presença francesa pelos jesuítas, logo Brasil.
pulsão dos invasores do litoral brasi- solicitou ajuda a Lisboa. Considerando Em 19 de março de 1612, partiu da
leiro. a gravidade da situação, a metrópole França uma expedição de iniciativa
determinou o envio ao Brasil de uma privada chefiada pelos sócios Fran-
A França Antártica frota comandada pelo Capitão-Mor çois de Razilly, Daniel de la Touche,
Em 10 de novembro de 1555, fun- Bartolomeu de Vasconcelos da Cunha senhor de Ravardière e o Barão de
deou na Baía de Guanabara uma expe- a fim de expulsar os invasores. Sancy. Traziam consigo cerca de 500
dição comandada por Nicolas Durand Em 21 de fevereiro de 1560, uma pessoas, com a intenção de fundar
de Villegagnon, Vice-Almirante da Armada composta de duas naus e oito uma colônia no litoral norte do Brasil.
Bretanha, tendo como pretensão fun- embarcações menores, sob o coman- Ao chegarem ao Maranhão, fun-
dar uma colônia francesa em terras do de Mem de Sá, alcança a Barra do daram uma cidade que nomearam de
sob domínio português. Villegagnon Rio de Janeiro, sendo acrescida por São Luís, em homenagem ao rei fran-
trazia consigo aventureiros, marinhei- reforços vindo da Capitania de São cês Luís IX (1226-1270), e que passou
ros, lavradores e artesãos de vários Vicente. a ser a capital da chamada França
ofícios, católicos ou huguenotes, que O ataque dos portugueses à Ilha Equinocial. A primeira providência de
pretendia que vivessem em paz na de Villegagnon ocorreu a 15 de março caráter defensivo foi a construção de
nova colônia. de 1560. Após dois dias de intensos um forte, cujo pavilhão francês foi iça-
Após dois meses estudando as combates, os franceses comandados do em 1º de novembro de 1612.
ilhas e as terras adjacentes com a por Bois-le-Comte – pois Villegagnon Mais uma vez, não tardou a reação
ajuda dos aliados tupinambás, Ville- já havia partido para a França – en- portuguesa, iniciando o governador
gagnon resolveu estabelecer-se numa contravam-se sem munição e água su- Gaspar de Souza, com base em Olin-
pequena ilha conhecida pelos indíge- ficientes para resistir, e abandonaram da, Pernambuco, os preparativos para
nas com o nome de Seregipe e pelos a ilha ao cair da noite. Com a fuga dos expulsar os invasores. A expedição fi-
portugueses, de Palmeiras. A escolha franceses, Mem de Sá desembarcou cou sob o comando do experiente Je-
dessa ilha deveu-se por ser conside- na Ilha, recolheu a artilharia abando- rônimo de Albuquerque que, em junho
rada como um excelente sítio militar nada no local e ordenou a destruição de 1613, partiu de Recife à frente da
e que, ao ser fortificada, ofereceria do Forte Coligny. primeira expedição naval composta de
proteção contra os portugueses, que Os franceses só foram definitiva- quatro caravelões com a finalidade de
mais cedo ou mais tarde tratariam de mente expulsos do Rio de Janeiro em reconhecer o teatro de operações.

Créditos: Acervo DPHDM

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Somente em 21 de agosto de 1614,
após reunir reforços e obter mais in-
formações sobre a ocupação france-
sa, uma nova expedição deixa o Recife
rumo ao Maranhão e junta-se, na altu-
ra do Rio Grande do Norte, com Jerô-
nimo de Albuquerque e seu regimento,
que marcharam até ali desde Olinda
para arregimentar índios flecheiros.
No Maranhão, os portugueses
construíram e entrincheiraram-se no
forte Santa Maria de Guaxenduba.
Os franceses, após conseguirem, em
11 de novembro, apoderarem-se de
três navios portugueses, resolveram,
uma semana depois, desferir um in-
tenso ataque ao forte, cujo combate
ficou conhecido como a Batalha de
Guaxenduba. A iniciativa francesa
foi rechaçada heroicamente pelos
portugueses que fizeram vários pri-
sioneiros, além de resultar em pesa-
das baixas aos franceses. Em 27 de
novembro foi acordado um armistício
entre os beligerantes, que foi remeti-
do à aprovação dos respectivos sobe-
ranos. Entretanto, a trégua não foi tão
benéfica aos franceses que devido ao
tratado de paz em vigor com a Es-
panha não obtiveram o apoio de seu
governo. Já os portugueses, além de
conseguirem organizar suas forças e
reforçar sua posição, tiveram ordem
do governo português de romper o
armistício e expulsar definitivamente
os franceses. Jerônimo de Albuquerque Maranhão
Recebendo reforços sob o coman-
do do governador de Pernambuco,
Alexandre Moura, as forças portugue- que depois acrescentou Maranhão comandar uma força naval, em missão
sas conseguiram cercar os franceses ao seu sobrenome. Nascido em solo tipicamente militar na América portu-
por terra e mar. Diante da situação brasileiro, Albuquerque era filho de guesa ao comandar a expedição naval
crítica em que se encontravam e ame- um português de mesmo nome com a de reconhecimento das costas do Ce-
açados de serem executados como índia batizada Maria do Espírito Santo ará e do Maranhão visando localizar e
piratas, os franceses capitularam, em e neto do Cacique Arcoverde. Expe- medir a capacidade militar dos inva-
4 de novembro de 1615, selando o fim riente e com reconhecidas qualida- sores franceses.
da França Equinocial no litoral mara- des em combate, além de fluente na Por suas vitórias contra os france-
nhense. língua tupi, foi escolhido para liderar ses foi reconhecido pelo reino como
a expedição de 1614 composta por Capitão-Mor da Conquista da Capi-
Jerônimo de Albuquerque Maranhão índios, mestiços e portugueses con- tania do Maranhão, sendo o primeiro
Na tarefa de expulsão dos france- tra a invasão francesa no Maranhão. nascido no Brasil a comandar uma
ses do norte do Brasil destaca-se a Contudo, um ano antes, em 1613, se Força Naval em ação contra invasores
figura de Jerônimo de Albuquerque, tornou o primeiro nascido no Brasil a no litoral brasileiro.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 39


ARTIGO

Seja você também


a voz dos oceanos!
Por: Vilfredo Schurmann*

Como todo brasileiro, temos orgulho do mundo. Para quem não sabe ainda, as venture, passamos pela Henderson
dos nossos patrimônios naturais, entre algas marinhas produzem oxigênio em Island, uma das mais remotas ilhas do
eles, a nossa Floresta Amazônica – um excesso, sendo liberado na água, indo Oceano Pacífico. Lá não é um ponto tu-
dos biomas mais ricos em biodiversida- para a atmosfera e ficando disponível rístico, pois não é nada fácil chegar na-
de do mundo. E como velejadores bra- para todos nós, seres vivos. quele local, que é realmente bem isola-
sileiros, também nos orgulhamos muito A relevância da nossa Amazônia do, estando “próximo” ao famoso Ponto
dos 7,4 mil km de costa nacional e dos Azul, assim como todos os oceanos, é Nemo, o local mais distante de qualquer
3,5 milhões de km² de espaço marítimo tamanha que impacta ainda no clima. continente ou ilha no planeta Terra, seja
sob a jurisdição do nosso País. Essa De acordo com estudos, sem eles, a ela habitada ou não. Para nossa surpre-
área igualmente rica e relevante é cha- temperatura no planeta poderia supe- sa, naquela época, nesse lugar paradi-
mada de Amazônia Azul – nome dado rar os 100ºC. Apesar de seu protago- síaco e isolado, encontramos plástico
pela Marinha do Brasil. Não é à toa que nismo para a Terra e todos nós, nossos espalhado na praia.
esse termo é usado, pois ambas as áre- oceanos estão sufocados. De acordo Quase 20 anos depois, durante a
as são extremamente ricas em biodiver- com o Programa da Organização das Expedição Oriente, lamentavelmente,
sidade e recursos naturais e, ainda, de- Nações Unidas para o Meio Ambiente, voltamos a ser impactados por situação
sempenham um papel muito importante apoiador global de nossa próxima ex- semelhante. Dessa vez, em West Fayu,
para a vida das espécies – incluindo a pedição, todos os anos, o mar recebe na Micronesia, também localizada no
nossa – e do nosso planeta. oito milhões de toneladas de plástico! Oceano Pacífico. Naquela ilha totalmen-
Se a Amazônia – “Verde” – é conhe- É como se, a cada minuto, um cami- te deserta e inabitada, nos deparamos
cida como um dos pulmões do mundo, a nhão cheio de plástico despejasse to- com muitos resíduos espelhados pelas
Amazônia Azul merece ser reconhecida dos esses resíduos. areias. E novamente constatamos que
como parte do grande pulmão da Terra. Infelizmente, somos testemunhas a grande maioria desse lixo, levado até
Os oceanos são responsáveis pela pro- desse processo de degradação. Em aquele local pelas correntes marítimas,
dução de, pelo menos, 54% do oxigênio 1998, durante a Magalhães Global Ad- era de plásticos descartáveis.

Acervo da Família Schurmann

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Ou seja, em 36 anos de navega- tirar o problema de vista, pois tudo con- renomados oceanógrafos brasileiros e
ções, notamos que nossos oceanos verge para um mesmo lugar: o nosso quatro estrangeiros.
estão perdendo o folego e, ofegantes, planeta. E essa situação vai além da Saber e aprofundar o conhecimen-
pedem socorro. Precisamos repensar tartaruga e do golfinho. É a vida humana to sobre o problema é importante, mas
nossos hábitos e olhar com carinho que está em jogo. precisamos dar um passo adiante. Com
para nossas águas! E nós, que vive- Para aprofundar o conhecimento a necessidade urgente por soluções,
mos literalmente no mar, assumimos o acerca dos efeitos da ação humana nos unimos também à Spin, três vezes
compromisso de mobilizar o Brasil e o sobre os oceanos, em parceria com a eleita uma das melhores aceleradoras
mundo nessa missão! Infinito Mare, teremos a Voz dos Ocea- de startups do País voltada a soluções
Em agosto, içaremos as velas do ve- nos Científica com uma abordagem dis- inovadoras para as indústrias. Juntos,
leiro Kat e zarparemos de Santa Catarina ruptiva, usando tecnologia de ponta em seguiremos em uma jornada global para
dando início à nossa expedição Voz dos prol do conhecimento e da defesa dos identificar e selecionar startups inovado-
Oceanos – que conta com o apoio global nossos oceanos. Esse projeto científico, ras que buscam solucionar esse desafio
do Programa das Nações Unidas para o liderado pelo cientista ambiental e mari- e, assim, mudar esse preocupante cená-
Meio Ambiente. A primeira etapa dessa nho Dr. Bruno Libardoni, conta com três rio. O Voz dos Oceanos - Open Innovation
aventura acontece justamente na nossa metas principais: investigar a qualidade Program é liderado por Beny Fard, CEO
Amazônia Azul. Mas a Voz dos Oceanos da água e a biogeoquímica dos oceanos; da Spin, e deverá contar com inscritos
é um projeto do Brasil para o mundo! analisar áreas mais amplas dos ocea- do mundo todo, sendo que 1,5 mil de-
Depois de navegarmos pela costa bra- nos, em associação com voos de drone verão ser selecionados para o proces-
sileira, seguiremos para a etapa inter- e sensoriamento remoto via satélites, e so classificatório. Os melhores terão a
nacional que inclui, entre outros pontos, construir o Hub Voz dos Oceanos, uma oportunidade de conectar as soluções
a costa atlântica dos Estados Unidos, o rede global para defender e proteger os com demandas de indústrias, passar por
Caribe, a Polinésia e a Nova Zelândia. Em oceanos. Esse braço de nossa expedição aceleração e receber investimento para
nossa rota, passaremos por alguns pon- conta, ainda, com a atuação de Conselho impulsionar as iniciativas.
tos – até mesmo isolados – onde resídu- Científico Consultivo, composto por dez Esse é o espírito agregador da nos-
os de plástico acumulam-se, sufocando sa Voz dos Oceanos, uma iniciativa da
nossos mares. Família Schurmann para ser adotada
Com a Voz dos Oceanos, testemu- por todos que querem recuperar esse
nharemos e registraremos, in loco, o que grande pulmão do planeta. Cada pes-
está acontecendo no planeta Água, bus- soa pode – e deve – ser uma voz dos
cando encontrar soluções inovadoras e oceanos! E esse imenso coro nacional
conscientizar e engajar as pessoas ao e internacional ecoará pelo País e pelo
redor do mundo para a necessidade de mundo justamente nesse momento em
ações urgentes. A bordo, levaremos ini- que mergulhamos na Década Internacio-
ciativas focadas em Ciência, Educação nal da Oceanografia para o Desenvolvi-
e Inovação. Sociedade civil, empresas e mento Sustentável, também conhecida
governos... todos nós precisamos enten- como a Década do Oceano declarada
der de uma vez por todas que não existe pelas Nações Unidas para o período de
essa história de “jogar fora” tentando 2021 e 2030. Embarque com a gente!
Seja você também a Voz dos Oceanos!

* Capitão das Expedições da Família Schurmann


Veleiro Kat - Divulgação Família Schurmann
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 41
DIÁRIO DE BORDO

De Recruta a Comandante
Capitão de Corveta (AFN) Braga

Depois da formação, foi para o Rio de


Janeiro fazer a primeira parte do curso Minha primeira
de Especialização em Aviação, ficando impressão era a de que
longe, pela primeira vez, de seu estado, da
esposa Lilia e do filho Derick. “Não havia
isso me manteria longe
uma só noite na qual eu não pensasse das minhas aspirações
em desistir e voltar para o Amazonas”,
de comandar uma
destacou. Foi na segunda parte desse
curso, que ele conseguiu levar a família fração constituída
para perto, em São Pedro d’Aldeia (RJ), de Fuzileiros Navais.
onde chegou como Soldado (FN) e saiu
2º Tenente do Quadro Auxiliar do Corpo Mas o que era uma
de Fuzileiros Navais. frustração tornou-se
A primeira organização militar como
motivo de orgulho
Oficial foi o Batalhão Logístico no Rio de pessoal e profissional,
Janeiro, onde recebeu a notícia de que pois contribuiria
seria movimentado para o Comando do
9º Distrito Naval. Estava indo servir em na formação de
Manaus (AM), depois de quase 16 anos jovens de perfis
longe de casa.
socioeconômicos
A “segunda parte da história” ocorreu muito semelhantes ao
quando ele passou por uma cirurgia
meu, quando entrei na
de emergência, e, para se recuperar
plenamente, foi designado a ser Marinha
Encarregado da Escola de Formação
de Reservistas Navais, nas antigas
instalações da Escola de Recrutas,
onde iniciou a carreira. “Minha primeira
impressão era a de que isso me manteria
A história do Capitão de Corveta (AFN) longe das minhas aspirações de comandar
Ronaldo Cesar Braga da Silva com a uma fração constituída de Fuzileiros
Marinha – “dividida em duas partes” Navais. Mas o que era uma frustração
- teve início em 1989, na conclusão tornou-se motivo de orgulho pessoal e
do Ensino Médio em Manaus (AM). A profissional, pois contribuiria na formação
intenção era retornar ao seu município de de jovens de perfis socioeconômicos
origem, Codajás (AM), porém, seu destino muito semelhantes ao meu, quando entrei
estava prestes a mudar, após encontrar na Marinha”, explicou.
um ex-aluno de sua escola vestido
com uniforme bege. Impressionado, Ao retornar para Manaus, conduziu
perguntou de onde era aquela farda: “Não atividades do Programa Forças no Esporte,
adianta você saber, nunca conseguirá ser apoiando mais de 200 crianças em risco
um Fuzileiro Naval”, respondeu o rapaz. social. “Eu me emociono ao recordar de
uma criança que usava um relógio para
Para o Comandante Braga, a resposta simular uma tornozeleira eletrônica, cena
serviu como incentivo e, então, decidiu comum onde ela morava. Com o tempo,
se inscrever no certame, sendo aprovado ela deixou de utilizar e, ao ser perguntada
em primeiro lugar no concurso regional por que, simplesmente respondeu que no
para o Curso de Formação de Soldado Batalhão ninguém usava e que queria ser
Fuzileiro Naval. Assim que concluiu o igual às pessoas de lá”, lembrou.
Ensino Médio, voltou ao município onde
nasceu para contar a conquista a sua Passados mais de trinta anos de carreira, o
mãe, que ele chama de “heroína”, pois, Comandante Braga destaca que a palavra
ao se tornar viúva precocemente, teve gratidão sintetiza sua vida: “Parafraseando
que sustentar cinco filhos trabalhando nosso Patrono Almirante Tamandaré, afirmo
das 4h00 da manhã até a exaustão lhe que sou Fuzileiro Naval e outra coisa não
fazer dormir. quero ser”.

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DESTAQUE NAS MÍDIAS - MAIO E JUNHO DE 2021

YouTube: O clipe mais


curtido foi a Formatura
de Sargentos no Centro
de Instrução Almirante
Alexandrino, encerrando
o Curso Especialização de
Habilitação para promoção
a Sargento (C-Esp-HabSG).
Foram 20.332 visualizações e
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Facebook: O post mais


curtido foi o vídeo dos
Fuzileiros Navais em
Treinamento. A publicação
teve 59 mil curtidas e 10 mil
compartilhamentos.

Twitter: O Tweet mais curtido foi a publicação sobre


o resgate da jangada "Vasco ll" e seus dois tripulantes
Instagram: O post mais curtido foi a foto do Comandante da realizado pelo Navio-Patrulha "Grajaú". A publicação teve
Marinha anunciando a criação de seu perfil no Instagram. A 1.143 curtidas e 103 retweets.
publicação teve 31,8 mil curtidas.

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