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CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 1

Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM) Jornalista Responsável: 1º Ten (RM2-T) Camila Marques de Almeida - Reg. MTb
Endereço: Esplanada dos Ministérios - Bl. N, anexo A, 3º andar 10408/DF
Brasília - DF - CEP 70.055-900 Revisor: 1º Ten (T) Paulo Yan Carlôto de Souza
Tel.: (61) 3429-1831
Diagramação e Arte Final: SO-ET Fábio Coelho Damasceno,
Diretor do CCSM: Contra-Almirante Carlos André Coronha Macedo
CB-ET Fábio Santos Schulze e MN-RC Moisés da Silva Alves
Chefe do Departamento de Produção e Divulgação: CF Antonio de Barcellos Neto
Foto de Capa: 3°SG-AR Vitor Lima de Oliveira
Subchefe do Departamento de Produção e Divulgação: CF (FN) Leonardo Sobral
Garcia da Silva Tiragem: 3 mil exemplares

Encarregado da Agência Marinha de Notícias: CC (T) Felipe Picco Paes Leme MB na Internet: www.marinha.mil.br
Editor-Chefe: CT (T) Rafael Dutra de Miranda Agência Marinha de Notícias: www.marinha.mil.br/agenciadenoticias

2 NOMAR | JULHO A SETEMBRO 2022 | Nº 951


EDITORIAL

A edição número 951 da revista Nomar reveste-se de singular importância, visto que traz a cober-
tura dos eventos alusivos ao Bicentenário da Independência do Brasil, dentre os quais destaca-se
a Revista Naval realizada no Rio de Janeiro (RJ), escolhida como matéria de capa deste periódico.

A Marinha do Brasil (MB) celebrou o Dia da Pátria com a Parada Naval, um desfile de navios que
acontece há décadas, e o desfile cívico-militar que atraiu milhares de pessoas para a Esplana-
da dos Ministérios, em Brasília (DF). Os artigos desta edição apresentam as ações militares no
decorrer do processo de independência política do Brasil e o desenvolvimento de uma nação e
suas memórias, após o marco oportuno da legitimidade e formação da identidade brasileira que a
independência do País proporcionou.

No campo das operações, temos a Operação “Formosa”, maior exercício da Marinha no Planalto
Central, que reuniu 3.500 militares das Forças Armadas no Campo de Instrução de Formosa (GO),
onde foram apresentadas a mobilidade, a permanência, a versatilidade e a flexibilidade do Poder
Naval no contexto de uma Operação Anfíbia. Apresentamos ainda nesta editoria, a “UNITAS LXIII”,
exercício marítimo multinacional que, na ocasião, teve o Brasil como coordenador e país-sede; e
a Operação Conjunta “Ágata Oeste”, que foi conduzida pelo Ministério da Defesa e contou com a
efetiva participação da MB e de suas organizações subordinadas no Pantanal (MS).

Também temos matérias sobre: o maior adestramento nuclear, biológico, químico e radiológico
realizado na região de Iperó (SP); os exercícios táticos realizados na tríplice fronteira na Ama-
zônia pelas Marinhas do Brasil, Colômbia e Peru; e as cinco fases que representam a história da
Aviação Naval.

Nesta edição, destacamos importantes avanços operativos e estratégicos para a Marinha, a exem-
plo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, com a Mostra de Armamento do Submarino
(S40) “Riachuelo” que garantirá a soberania brasileira no mar e a ativação do 1º Esquadrão de
Aeronaves Remotamente Pilotadas, fato que deu início às operações de um novo tipo de meio na
Marinha.

Por fim, foi feita uma matéria sobre o tema “Segurança da Navegação”, destacando a importância
dos faróis como meio de orientação para os navegantes e, na editoria “Cuidando da Nossa Gente”,
apresentamos a redução de acidentes de escalpelamento na Amazônia.

Boa leitura!

Contra-Almirante Carlos André Coronha Macedo


Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha

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operaçÕes

OPERAÇÃO "ágata oeste"


Materiais apreendidos e multas aplicadas somaram R$ 4 milhões
Por: Agência Marinha de Notícias

Fotos: Acervo da Marinha

A Operação Conjunta "Ágata e inspeção naval. autuações por pesca ilegal, so-
Oeste", conduzida pelo Ministério Foram fiscalizadas 533 embar- mando cerca de R$ 4 milhões em
da Defesa e realizada pela Mari- cações, notificadas 64 e apreen- multas e materiais apreendidos.
nha do Brasil (MB), Exército Brasi- didas 11. Em terra, Fuzileiros Na- No município de Japorã (MS), na
leiro (EB) e Força Aérea Brasileira vais percorreram 3.992 km para a fronteira com o Paraguai, militares
(FAB), contou com a participação realização de ações de Posto de do Destacamento de Mergulha-
de diversos órgãos de segurança Bloqueio e Controle de Estradas, dores de Combate, com apoio da
pública e de fiscalização federais e com emprego de cães de guer- Polícia Federal, Polícia Militar-MS
estaduais. ra, resultando em 636 veículos e Departamento de Fronteira, reali-
Os navios da MB percorreram, inspecionados. zaram a neutralização de um porto
no total, 3.754 km nos rios Guapo- Além disso, foram apreendidos clandestino utilizado para tráfico
ré, Paraguai e Paraná, nos estados 1.100 kg de maconha, 1.210 kg de internacional de drogas e armas.
de Mato Grosso (MT), Mato Gros- carne imprópria para consumo, O Ministro de Estado da Defesa,
so do Sul (MS) e Paraná (PR), em produtos de contrabando, como Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira,
ações de patrulha, patrulhamento cigarros e eletrônicos, e realizadas visitou o local da operação, na ci-

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dade de Ladário (MS), para verifi- de ações em prol da sociedade”. Durante o período, militares da
car as ações realizadas na região Como parte das ações da Ope- área de saúde visitaram o asilo Lar
do Pantanal. ração "Ágata Oeste", o Navio de dos Idosos – São Vicente de Paula
De acordo com o Comandante Assistência Hospitalar (NAsH) e a Casa Lar, do Serviço de Acolhi-
da Força Naval Componente, Vice- “Tenente Maximiano” realizou, de mento Institucional para Crianças
-Almirante Paulo César Bittencourt 21 a 24 de julho, atendimentos mé- e Adolescentes.
Ferreira "nossos militares e meios dicos e odontológicos em Porto “Além dos atendimentos, o na-
atuaram em conjunto com os ór- Murtinho (MS), na fronteira com o vio promoveu à população de Por-
gãos de segurança, inclusive com Paraguai. to Murtinho e região a divulgação
pessoal embarcado nos navios, Com apoio de militares do EB de orientações sobre a prevenção
somando esforços para aumen- e da FAB, embarcados no navio, a a doenças regionais e de saúde
tar a sensação de segurança da equipe médica efetuou 408 proce- bucal”, destacou o Comandante
população da região. Esse tipo de dimentos médicos, 720 odontoló- do NAsH “Tenente Maximiano”,
cooperação possibilita a troca de gicos e distribuiu 62 kits odontoló- Capitão-Tenente Eduardo Pontual
conhecimentos e o fortalecimento gicos à população. Dubeux

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OPERAÇÕES

São Paulo recebe maior exercício


em Defesa Nuclear, Biológica,
Química e Radiológica da história
A operação reuniu civis e militares na segurança do Programa Nuclear da Marinha
Por: Segundo-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira Francisco
Fotos: Primeiro-Sargento-FN-EG Allan Theodoro Machado da Silva e
Primeiro-Sargento-FN-ET Agostinho Fernandes Silva Rocha

No final do mês de agosto Naval de Segurança Nuclear e alizadas as etapas do Programa


ocorreu o maior adestramento Qualidade (AgNSNQ), que uti- Nuclear da Marinha (PNM), de-
Nuclear, Biológico, Químico e lizou o Sistema do Centro de senvolvido por civis e militares
Radiológico (NBQR), na região Acompanhamento de Respos- das diferentes organizações da
de Iperó (SP). O exercício foi tas a Emergência Nucleares e Diretoria Geral do Desenvolvi-
coordenado pelo Centro Tec- Radiológicas Navais (SISCARE), mento Nuclear e Tecnológico da
nológico da Marinha em São possibilitando o acompanha- Marinha (DGDNTM).
Paulo (CTMSP) e pelo Centro mento em tempo real de todos Participaram do treinamento
de Defesa Nuclear, Biológica, os eventos realizados. 600 militares de diversos seto-
Química e Radiológica da Ma- A operação reuniu os dife- res da MB - batalhões de Defesa
rinha do Brasil (CdefNBQR-MB), rentes níveis e setores do Siste- NBQR do Rio de Janeiro e de Ara-
com a participação de diversas ma de Defesa NBQR da MB, em mar, Unidade Médica Expedicioná-
unidades da Força de Fuzileiros prol da manutenção da seguran- ria da Marinha (UMEM), Batalhão
da Esquadra (FFE) e da Agência ça do Complexo em que são re- de Blindados de Fuzileiros Navais

Entrega de amostras para análise do Laboratório Móvel do Centro de Defesa NBQR

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Militares dos batalhões de Defesa NBQR de Aramar e do Rio de Janeiro realizam descontaminação

(BtlBldFuzNav), Batalhão de Ope- da FFE. De acordo com o Coman- As equipes especializadas em


rações Especiais de Fuzileiros dante do CDefNBQR-MB, Capitão Desativação de Artefatos Explosi-
Navais (BtlOpEspFuzNav), Coman- de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) vos (DAE), do Batalhão de Engenha-
do Naval de Operações Especiais Flavio Lamego Pascoal, “a ativação ria de Fuzileiros Navais, realizaram
(CoNavOpEsp), entre outros - e do Grupamento Operativo de Fuzi- operações com o apoio do robô de
cerca de 300 funcionários civis de leiros Navais permitiu a integração desativação operado remotamente
diversas áreas - operações, enge- das capacidades de resposta dis- “Rover Defender”. A UMEM estabe-
nharia de segurança e todos que poníveis de ambos. Fato que pro- leceu uma Unidade Avançada de
compõem o Plano de Emergência porcionou sinergia e possibilitou o Trauma, conectada via satélite ao
Geral do Complexo. aprimoramento de procedimentos”. Hospital Naval Marcílio Dias, pelo
Para o Diretor do CTMSP, Segundo o Mestre em Tecno- recurso da telemedicina. Cães de
Vice-Almirante (Engenheiro Na- logia Nuclear Ricardo Gonçalves guerra foram empregados em ati-
val) Guilherme Dionizio Alves, Gomide, assessor para o ciclo de vidades de polícia e de detecção
o exercício marcou uma impor- combustível nuclear e coordena- de explosivos e entorpecentes e
tante mudança de paradigmas dor do Plano de Emergência Local análises de amostras foram cole-
no que diz respeito à seguran- de Aramar, que trabalha há mais tadas e enviadas ao Laboratório
ça e a proteção das pessoas e de 35 anos no Projeto Nuclear da Móvel do CDefNBQR-MB.
instalações do Centro Experi- MB, “culturas operacionais dis- O CoNavOpEsp estabeleceu
mental Aramar (CEA). “A parti- tintas trabalharam em harmonia um destacamento de Defesa Ci-
cipação do Corpo de Fuzileiros e fizeram exercícios complexos bernética e o BtlOpEspFuzNav
Navais (CFN) é essencial para sem nenhum incidente ou conflito, desenvolveu ações de retomada
tratarmos a questão do ‘Safety mostrando assim suas capacida- de instalações e resgate de reféns
and Security’. Esse evento mos- des técnicas”. Para Gomide, a tro- com o Grupo Especial de Retoma-
trou que é possível operarmos ca de experiências foi o grande ga- da e Resgate.
de maneira bem-sucedida com nho do exercício. “O aprendizado Durante o exercício, o Batalhão
diversos setores em prol do foi geral. Nós (civis) aprendemos Logístico de Fuzileiros Navais e a
PNM”, destacou. técnicas, mecanismos, dispositi- Base de Fuzileiros Navais da Ilha
Essa integração demandou co- vos e infraestruturas de combate das Flores asseguraram o deslo-
ordenação entre todos os envolvi- a emergências, assim como os camento e a montagem de base
dos, desde a fase de planejamento militares da FFE verificaram os re- expedicionária para 500 militares
até a sua execução, reunindo as cursos disponíveis em Aramar, de e cerca de 50 veículos foram tra-
práticas já existentes no CTMSP forma operacional e não apenas zidos do Rio de Janeiro somando
com as especificidades da atuação como uma visita”. esforços nas operações

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SEGURANÇA da navegação

Faróis: luzes que guiam os


navegantes na Amazônia Azul
Construções seculares ajudam a salvar vidas no mar
Por: Primeiro-Tenente (T) Paulo Yan Carlôto de Souza
Fotos: Cesar Barreto

No chamado calcanhar do Bra- res de Alexandre - O Grande, foi con- peu (séc. I a.C.). A primeira parte da
sil está o Farol de Touros (RN). Já siderado uma das sete maravilhas do frase pode revelar duas característi-
no extremo sul do País encontra-se mundo antigo. A ilha escolhida para cas da arte da navegação: ela é ne-
o Farol da Barra do Chuí (RS). Hoje, a construção do farol chamava-se cessária e requer precisão. Porque
existem 206 faróis distribuídos ao Pharos (pronuncia-se “faros”), deter- o mar é fonte de riquezas e biodiver-
longo da extensa costa brasileira, minando como essas construções sidade e também é utilizado como
sendo 199 administrados pela Mari- seriam conhecidas. forma de transporte, lazer e subsis-
nha do Brasil (MB). Essas constru- Mas por que eles são tão impor- tência. Contudo, o mar nem sempre
ções notáveis estão presentes há tantes? Uma explicação lúdica pode é dócil, podendo surpreender quem
milênios na vida daqueles povos que ser encontrada na famosa frase “na- não se prepara para suas intempé-
precisam se aventurar nos mares. vegar é preciso, viver não é preciso”, ries. Daí a importância de conhecer
Nos registros históricos, o Farol de popularmente atribuída ao poeta as técnicas e instrumentos de nave-
Alexandria, construído por Ptolomeu Fernando Pessoa, mas com fonte gação e de orientação.
II (323 a 285 a.C.), um dos sucesso- provável no general romano Pom- Para que uma navegação seja

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bem-sucedida, é necessário pla- po e, em diversos casos, os faróis suem tecnologia de geolocalização.
nejamento e a utilização de instru- refletem essa realidade. Um exem-
mentos que ajudam a direcionar o plo é o novo Farol do Mucuripe, em Coordenação dos Auxílios à Nave-
percurso. Entre os instrumentos Fortaleza (CE), que foi inaugurado gação
utilizados para orientar aqueles que em 2017. O equipamento tem cer- O Encarregado da Divisão de
decidem navegar estão as cartas ca de 72 metros de altura, aproxi- Auxílios à Navegação do Centro de
náuticas, as boias luminosas e os madamente três vezes maior que o Auxílios à Navegação Almirante Mo-
faróis. Avistar um farol é muito mais antigo. É o maior farol convencio- raes Rego (CAMR), Capitão-Tenente
que apenas ver uma edificação. nal das Américas e está entre os 10 Rubens Ikeuti, destaca a relevância
Pode representar alívio e esperan- maiores do mundo. Ele possibilita dos faróis. “Ainda que grandes em-
ça, um sinal de que o lar está mais melhores condições de trabalho barcações façam uso de equipa-
próximo ou que a navegação está para toda a comunidade marítima, mentos tecnológicos como radares
seguindo conforme planejada. especialmente para os pequenos e GPS, em caso de falha destes, os
As cidades crescem com o tem- barcos e jangadas que não pos- faróis são fundamentais, especial-

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mente para pequenas embarcações
de pesca e recreio que geralmente
não possuem tais equipamentos”,
ressalta.
Devido à grande extensão do lito-
ral brasileiro, o exercício da atividade
de sinalização náutica é segmenta-
do por regiões. Por isso, em diferen-
tes localidades, cabe aos Serviços
de Sinalização Náutica (SSN) e aos
Centros de Hidrografia e Navegação
(CHN) estabelecer, manter e operar
os sistemas de sinais de auxílio à
navegação de responsabilidade da
Marinha. Eles estão presentes nas
cidades de Salvador (BA), Natal (RN),
Belém (PA), Rio Grande (RS), Ladário
(MS) e Manaus (AM), atuando sob
a supervisão técnica do CAMR, que
também é responsável pela área do
Rio de Janeiro (RJ). Nas localidades
que não dispõem de SSN ou CHN,
a manutenção e a fiscalização dos
serviços de sinalização náutica fi-
cam a cargo das Capitanias dos Por-
tos e de suas Delegacias e Agências.

O faroleiro: importância do fator hu-


mano
Para garantir que os faróis conti-
nuem cumprindo a missão de salvar
vidas, o faroleiro ainda é peça-cha-
ve, não importa quanta tecnologia e
automação sejam aplicadas nesses
instrumentos. Esse profissional vai
além da operação desses sinais e
dedica-se também à manutenção
e ao zelo pelo contínuo funciona-
mento. A dedicação dos faroleiros
garante que milhares de pessoas
naveguem de forma segura todos
os dias na costa brasileira.
O Suboficial (Faroleiro) Rafael
Elisio Gonçalves Fernandes serve
atualmente no Farol da Barra do
Chuí (RS). Seu interesse por faróis
iniciou ainda na Escola de Aprendi-
zes-Marinheiros, quando sua turma
foi escolhida para visitar o Farol de
Santa Marta, em Laguna (SC). “Sou
faroleiro de coração e de profis-
são, porém uma noite tive que ficar
acordado por causa de um proble-
ma na máquina de rotação do farol
e fiquei pensando naqueles que me
precederam e quanta dificuldade
eles passaram para deixar a nave-
Farol do Albardão, em Santa Vitória do Palmar (RS) gação mais segura, com frio extre-

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mo de -2 °C. Foi cansativo, porém Faróis também são destinos turís- zida e veiculada pela TV Brasil, em
extremamente gratificante, quando ticos parceria com a Marinha do Brasil.
o sol começou a surgir no horizon- A figura de um farol é em alguns Outra iniciativa que explorou as
te. Sem dúvida, foi o melhor serviço casos tão marcante que eles são particularidades dessas constru-
que tirei na Marinha”, relatou o Su- considerados destinos turísticos. ções foi a série “Luzes da Amazô-
boficial. Um exemplo disso é o Forte de San- nia Azul”. Em forma de expedição
Para ele, o isolamento é a prin- to Antônio da Barra - também co- e aventura, a série retrata histórias
cipal dificuldade, pois “apesar de nhecido como Farol da Barra -, em da costa brasileira, trazendo como
poder trazer a família, no caso Salvador (BA), que tem cerca de 324 personagens 16 faróis mantidos
deste farol, nós ficamos longe dos anos, sendo o sinal náutico mais an- pela MB, e conta também com de-
parentes, dos amigos e, na maior tigo do País. Ele foi eleito, em 2020, poimentos do Capitão de Mar e
parte das vezes, distante de uma como Farol do Ano pela Associação Guerra Ney Dantas (in memoriam),
infraestrutura ideal para atender Internacional de Autoridades de Au- que mostram a importância de
necessidades básicas como saúde, xílios à Navegação Marítima e Faróis cada um dos faróis. Os episódios
educação e lazer”. (IALA, na sigla em inglês). Essa pre- foram exibidos pelo canal Travel
É comum que faróis se loca- miação busca reconhecer aqueles Box Brazil.
lizem em ilhas afastadas das faróis que possuem destacado valor O Capitão de Mar e Guerra Ney
cidades estratégicas para a nave- histórico, cultural e arquitetônico. Dantas, farologista e importante
gação. Cada um deles demanda Além disso, o tradicional farol baia- personagem do documentário “Lu-
diferentes condições de guarneci- no foi escolhido para sediar o Museu zes da Amazônia Azul”, escreveu no
mento, alguns exigem que os mili- Náutico da Bahia, fato que evidencia livro "Luzes do Novo Mundo" que,
tares permaneçam durante 90 dias seu potencial turístico. Em 2019, a despeito do desenvolvimento
em localidades isoladas, outros até mais de 130 mil visitantes passaram tecnológico que presenciamos, os
mais tempo. Esse distanciamento pelo museu. faróis continuaram a existir como
faz com que o trabalho torne-se “monumentos da arquitetura fa-
mais complexo. De acordo com o Para se aprofundar sobre os faróis rológica e símbolos seculares da
Capitão-Tenente Ikeuti, “os milita- Por mais que estejam espalha- perseverante e incansável luta do
res que guarnecem os faróis devem dos por toda a costa brasileira, os Homem contra a agressividade do
possuir, além dos conhecimentos faróis não deixam de despertar a mar em seus momentos de ira. São
técnicos relativos à profissão de curiosidade daqueles que com eles marcos cravados em sítios isola-
faroleiro, noções de elétrica, hi- se deparam. Se quiser conhecer, de dos e lugares inóspitos no litoral
dráulica, motores, operação de forma mais aprofundada algumas do País, com o propósito de ajudar
equipamentos de rádio, primeiros dessas sinalizações, uma sugestão o navegante, principalmente, em
socorros, observação meteorológi- é a série “Faróis do Brasil”, produ- seus momentos de desespero”
ca, preservação do meio ambiente,
ótimas condições físicas e facilida-
de de viver em isolamento e convi- Farol da Ilha Rasa - Baía da Guanabara (RJ)
ver em pequenos grupos”.

Saiba mais sobre esses auxílios à


navegação
A publicação “Lista de Faróis”,
editada pela Diretoria de Hidrografia
da Marinha, por meio do Centro de
Hidrografia da Marinha, contém a
relação completa de faróis e outras
formas de sinalização náutica pre-
sentes em toda a costa brasileira.
Além de uma breve descrição textu-
al contendo posição e altura dos si-
nais luminosos, ela apresenta, ao fi-
nal, fotografias dos principais faróis
e faroletes brasileiros organizados
por região. Com isso, aqueles que
pretendem navegar em um determi-
nado ponto da costa brasileira po-
dem se familiarizar com a posição e
a aparência dos sinais ali presentes.

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OPERAÇÕES

Operação "Formosa" 2022


Maior exercício da Marinha no Planalto Central aconteceu em Goiás e reuniu
3.500 militares das Forças Armadas
Por: Primeiro-Tenente (T) Paulo Yan Carlôto de Souza
Fotos: Suboficial-PL Ibraim Gonçalves

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A condição de prontidão per- do de 2 a 10 de agosto, no Campo concebida inicialmente com o
manente demonstra o preparo de Instrução de Formosa (CIF) em propósito principal de assegurar
da Marinha do Brasil (MB) para Goiás (GO), e contou com 3.500 o preparo do Corpo de Fuzileiros
atuar na proteção de nossas ri- militares das três Forças. Desde Navais como força estratégica
quezas, sejam elas na Amazônia 2021, a operação passou a incluir de pronto emprego e de caráter
Azul ou em terra, em operações a participação do Exército Brasi- anfíbio e expedicionário, capaz
internacionais de paz (Haiti e leiro e da Força Aérea Brasileira. de atuar no País e no exterior,
Líbano, por exemplo) ou em ope- Foram empregadas cerca de 160 conforme previsto na nossa Es-
rações humanitárias (no Chile, viaturas e equipamentos diversos, tratégia Nacional de Defesa. Com
em 2010, e mais recentemente incluindo carros de combate, ve- a inclusão de uma série de ativi-
nas enchentes na Região Serra- ículos blindados, Carros Lagarta dades conjuntas, em especial re-
na do estado do Rio de Janeiro, Anfíbios (CLAnf), aeronaves de lacionadas ao apoio de fogo e ao
especialmente na cidade de Pe- asa fixa e de asa rotativa, obu- controle do espaço aéreo, essa
trópolis). Entre as atividades de seiros de artilharia e Lançadores operação passou a representar
preparo para a execução dessas Múltiplos de Foguetes (LMF) AS- uma imperdível oportunidade
missões está a Operação "For- TROS. O treinamento com tiro real para treinar e integrar os milita-
mosa" 2022, maior treinamento contou, pela primeira vez, com res das três Forças Armadas”.
da MB no Planalto Central. pelotões de Fuzileiros Navais de Também presente em Formo-
Para que sua execução fosse Belém (PA), Natal (RN), Salvador sa, o Comandante da Marinha,
possível, os veículos e equipa- (BA), Ladário (MS) e Rio Grande Almirante de Esquadra Almir Gar-
mentos do Corpo de Fuzileiros (RS). Também houve a participa- nier Santos, destacou que a ope-
Navais deslocaram-se do Rio de ção de um destacamento do Cor- ração prepara a MB para atender
Janeiro (RJ) para Brasília (DF), po de Fuzileiros Navais dos Esta- às necessidades do País.
num percurso de mais de 1.400 dos Unidos da América (USMC). “A Marinha estará sempre na
km, evidenciando sua capacida- Presente na demonstração vanguarda de acordo com as ne-
de expedicionária. operativa, o Ministro da Defesa, cessidades do povo brasileiro. O
Realizado desde 1988, o exer- Paulo Sérgio Nogueira, ressal- que a sociedade pode esperar é
cício deste ano ocorreu no perío- tou que “a Operação Formosa foi sempre muito comprometimento,

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 13


muita dedicação e muito empe- e emprego da Força”, ressaltou. de Formosa (CIF), todos os ar-
nho. Não é à toa que essa ope- mamentos e sistemas de armas
ração simulada aqui, a Operação O exercício utilizados no exercício puderam
Anfíbia, é a operação de maior Em resumo, a demonstração empregar munições reais.
atrição entre todos os tipos de operativa foi realizada no dia 10 Para a demonstração, foram
operação naval. Os Fuzileiros de agosto e simulou um ataque utilizados CLAnf, viaturas M-113,
Navais são comprometidos, a coordenado durante uma Ope- UNIMOG 5000, viaturas PIRANHA,
Marinha é comprometida e essa ração Anfíbia, a fim de conquis- obuseiros 105 mm, foguetes SS-
combinação da força de desem- tar um dos objetivos finais da 30 e SS-60. Além disso, foram
barque com a força-tarefa an- Cabeça-de-Praia. Na demonstra- utilizados meios de artilharia do
fíbia torna a Marinha do Brasil ção, foram empregados aviões, Exército Brasileiro, como obusei-
uma Marinha com capacidades helicópteros, carros de combate ros 105mm e LMF Astros. A fim
únicas no mundo”. e blindados, com bombas e me- de apoiar as ações das tropas em
O Comandante de Operações tralhadoras; disparos de fogos terra, foram utilizadas aerona-
Navais, Almirante de Esquadra de artilharia de tubo e de fogue- ves AF-1 e aeronaves Esquilo do
Marcos Sampaio Olsen, destacou tes; infiltração de paraquedistas; 1º Esquadrão de Helicópteros de
a importância do treinamento montagem de Unidade Avançada Emprego Geral, da MB, e as aero-
para a Força de Fuzileiros da Es- de Trauma (UAT) com telemedi- naves R-99, A-1, A-29 Super Tu-
quadra. “Essa operação integra o cina; posto de descontaminação cano e C-130 Hercules, da Força
plano geral de adestramento do Nuclear, Biológica, Química e Aérea Brasileira.
Comando de Operações Navais Radiológica (NBQR); laboratório As características de mobili-
e trata-se de uma operação de móvel de detecção de agentes dade, permanência, versatilidade
grande envergadura e complexi- químicos, entre outras ativida- e flexibilidade do Poder Naval,
dade. Dentro deste plano, a ope- des. Devido às características do materializadas no contexto de
ração atingiu um grau de preparo terreno do Campo de Instrução uma Operação Anfíbia, permitem

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o cumprimento da tarefa básica diologista e nuclear com especia- Unidas (ONU) como nível 3 de
de projeção de poder sobre ter- lização em Defesa NBQR que teve prontidão para as Operações de
ra, abrindo o caminho para os a oportunidade de saltar com o Paz, o mais elevado nível opera-
elementos de manobra mais ro- Sargento Wellington, ressaltou a cional para aquela organização. A
bustos característicos da Força importância dessa experiência. força foi assim a primeira do País
Terrestre, tudo isso em conjunto “Essa foi a primeira vez que parti- a atingir tal certificação, sendo
com as ações da Força Aérea. cipei da operação. Eu fiz dois sal- atualmente a única no mundo.
Também foram realizadas tos durante a operação e o último O Comandante da Força de
ações de salto livre operacional, foi muito especial porque foi com Fuzileiros da Esquadra, Vice-Al-
com a participação de militares a entrega da bandeira do Brasil mirante (Fuzileiro Naval) Carlos
paraquedistas das três Forças. ao Ministro da Defesa”. Chagas Vianna Braga, destacou
Experiência destacada pelo Se- os principais desafios para a
gundo-Sargento (Fuzileiro Naval) Força de Fuzileiros da Esquadra execução de uma operação des-
Wellington Ferreira da Silva. “O A Força de Fuzileiros da Es- se porte. “O primeiro foi um de-
terreno aqui proporciona uma quadra (FFE) é a tropa anfíbia da safio logístico para trazer essa
diversidade bem grande de mis- Marinha do Brasil que atua em quantidade de fuzileiros navais
sões que a gente pode cumprir. Operações de Guerra Naval, ações e marinheiros do Rio de Janei-
Formosa tem um clima bem atípi- com emprego limitado da força e ro para Formosa, especialmente
co, bem parecido com o deserto. atividades benignas. Trata-se de pela quantidade de equipamen-
A ambientação com esse tipo de uma força estratégica de pronto tos, viaturas e veículos blindados
clima favorece nosso treinamen- emprego, de caráter anfíbio e ex- que trouxemos. O segundo gran-
to para podermos atuar em qual- pedicionário. Em abril deste ano, de desafio é que nós operamos
quer área do território nacional”. a Força de Reação Rápida dos com munição real o tempo todo,
A Capitão-Tenente Franciane Fuzileiros Navais foi certifica- requerendo uma tropa qualifica-
Zamparetti Callegari, médica ra- da pela Organização das Nações da e profissional”

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EVENTOS

Marinha do Brasil homenageia o


Dia da Pátria
Parada Naval é um dos destaques do Bicentenário da Independência
Por: Capitão-Tenente (RM2-T) Camila Marques de Almeida e Segundo-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira Francisco
Fotos: Segundo-Sargento-ET Paulo César Faria de Paula Junior e Cabo-ES Iremar Vinícius da Silva Castro

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Para celebrar o Dia da Pátria, evento, alusivo ao Bicentenário da agricultora Rita Sanche, que é
em 7 de setembro, a Marinha da Independência, teve início no do Espírito Santo. “Estamos aqui
do Brasil (MB) realizou diversos Recreio dos Bandeirantes, na passeando pelo Rio de Janeiro
eventos por todo o País, como Zona Oeste, e seguiu pela Zona e aproveitando para participar
a tradicional Parada Naval e Sul. Ao final, os navios ficaram desse dia tão importante para
Aeronaval na orla do Rio de fundeados em Copacabana para o nosso País”. Para o estudante
Janeiro. O desfile contou com 22 que o público presente pudesse João Manoel, “é uma honra ver
navios, sendo dez da MB e doze avistá-los por mais tempo. de perto diversos navios da
estrangeiros, além das aeronaves Diversas pessoas aproveitaram nossa Marinha, como o Navio
UH-12 “Esquilo” e UH-15 “Super o feriado para celebrar a data ‘Atlântico’ e ainda saber que o
Cougar” que fez um sobrevoo e assistir ao desfile com suas Submarino ‘Riachuelo’ também
levando a Bandeira Nacional. O famílias e amigos, como foi o caso está presente”.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 17


Marinhas amigas participantes
foram: Navio de Transporte Anfíbio
USS “Mesa Verde” LPD-19 (Classe
San Antonio) e Navio Destroyer USS
“Lassen”, da Marinha dos Estados
Unidos; Navio Multipropósito ARM
“Libertador”, do México; Navio-
Patrulha Oceânico Polivalente
ARA “Piedrabuena” e a Fragata
ARA “Libertad”, da Argentina;
Navios-Patrulha (CNS) “Le Ntem”
e “Lasanaga”, de Camarões; Navio-
Escola da Armada Portuguesa
N.R.P. “Sagres”; Fragata HMS
“Forth”, da Marinha Real Britânica;
Navio Multipropósito “Elephant”
da Namíbia; Navio de Salvamento
e Pesquisa ROU “Vanguardia”
Público prestigia Parada Naval no Rio de Janeiro (RJ) do Uruguai; e a Fragata FF-19
“Almirante Willians”, do Chile.
Após o desfile na orla, a
A Parada Naval é um desfile de tarefas. população pôde assistir em
navios que acontece há décadas Os navios da MB que participaram Copacabana a apresentação
e tem o propósito de mostrar da Parada Naval foram: Navio-Veleiro da Banda Marcial do Corpo de
à população os navios e as “Cisne Branco”; Navio-Aeródromo Fuzileiros Navais e, cumprindo
aeronaves da MB que protegem o Multipropósito (NAM) “Atlântico”; um cerimonial, foram prestadas
território brasileiro e as riquezas Navio-Doca Multipropósito “Bahia”; salvas de 21 tiros partindo do NAM
da Amazônia Azul. A participação Fragata “Liberal”; Navio-Patrulha “Atlântico” e respondidas pelo Forte
de navios de Marinhas amigas Oceânico “Amazonas”; Navio de Copacabana.
neste ano - Argentina, Camarões, Hidroceanográfico “Cruzeiro do
Chile, Estados Unidos da América, Sul”; Navio Oceanográfico “Antares”; Desfile cívico-militar na capital do
México, Namíbia, Portugal, Reino Submarino “Riachuelo”; Navio- País
Unido e Uruguai - reforça os laços Patrulha “Maracanã”; e o Aviso Brasília tornou-se palco, mais
de amizade e respeito com os de Pesquisa Hidroceanográfico uma vez, do tradicional desfile de 7
demais países e contribui para a “Aspirante Moura”. de setembro, evento que também fez
interoperabilidade nas diversas Os navios estrangeiros das parte das comemorações alusivas

Tripulação do NAM "Atlântico" em formatura comemorativa pelo Bicentenário da Independência

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Desfile Cívico-Militar na Esplanada dos Ministérios em Brasíla (DF)

ao Bicentenário da Independência futuras oficiais do Corpo da Armada 1808, acompanhando a Família


do Brasil. Depois de dois anos e de Fuzileiros Navais, consolidando Real portuguesa. Durante o defile,
suspenso, o desfile cívico-militar o acesso das mulheres a todos os o Destacamento de Operações
atraiu milhares de pessoas para a Corpos e Quadros da MB. Especiais, composto pelos
Esplanada dos Ministérios e contou Logo após, duas Companhias Comandos Anfíbios e pelos
com a presença tradicional das de militares da área de jurisdição Mergulhadores de Combate,
forças militares, em terra e no ar, do Comando do 7º Distrito Naval representaram as tropas de elite
e de escolas locais. Este ano, 576 representaram os homens e da MB.
militares da Marinha desfilaram em mulheres que trabalham a bordo
comemoração ao Bicentenário. dos navios e demais Organizações Desfile motorizado
Logo no início, representantes da Marinha. A Capitão-Tenente Além do desfile com militares,
da Associação de Veteranos do (Bacharel em Direito) Flávia Cristina a MB foi representada por veículos
Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), Bessera Madureira desfilou como motorizados. Desfilaram, também,
da seção regional de Brasília, Comandante da 2ª Companhia e as viaturas blindadas sobre Lagarta
desfilaram embarcados em viatura para ela foi uma grande honra. M113 MB-UNO, que conseguem
Atego. O público presente também “Primeiramente por que eu prestigiei transportar 11 militares armados e
apreciou o desfile do Grupamento a minha Força, a Marinha do Brasil, equipados; e, para fechar o desfile,
da MB, sob o comando do Capitão uma instituição que eu sirvo há duas viaturas Marruá com Mísseis
de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) mais de sete anos e, segundo, Mistral, empregados na defesa
Marcelo Fortunato Heringer Rosa, por que estamos comemorando antiaérea.
acompanhado pela banda de música o Bicentenário da Independência Os destaques foram os Carros
do Grupamento de Fuzileiros Navais do Brasil que, a meu ver, traz a Lagarta Anfíbios (CLAnf); as viaturas
de Brasília, pela Guarda Bandeira e oportunidade de repensar e refletir Lançadoras Múltipla Universal do
por seis militares do Estado-Maior as conquistas que tivemos ao longo Sistema Astros-II, de fabricação
da Força Naval. desses anos", concluiu. nacional; e as modernas viaturas
Em seguida, o público viu A Companhia de Fuzileiros blindadas sobre rodas Piranha
a passagem da Companhia de Navais de Brasília também IIIC, que foram empregadas para a
Aspirantes da Escola Naval, participou do desfile. Ela proteção da tropa na Missão de Paz
estabelecimento de ensino superior representou o CFN, única da Organização das Nações Unidas
mais antigo do País, composta por tropa brasileira de caráter para a estabilização do Haiti e nas
integrantes da Turma “Patriarca expedicionário, especializados Operações da Intervenção Federal
da Independência”. A Companhia nas operações anfíbias, que na segurança pública no Estado do
contou, pela primeira vez, com as chegaram ao Rio de Janeiro em Rio de Janeiro, em 2019

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 19


Segurança da navegaçào

Operação "Verão Amazônico"


Mais de 2 mil embarcações foram inspecionadas no Pará
Por: Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Santos de Almeida
Fotos: Primeiro-Tenente (RM2-T) Jônatas Hisamitsu

No mês de julho, a Marinha Ao contrário do que acontece somado ao período de férias e às


do Brasil coordenou a Operação na maior parte do País, a região festividades típicas desta época
"Verão Amazônico" 2022 com 105 amazônica acaba tendo estações do ano.
militares fiscalizando a seguran- climáticas diferentes. Nesta épo- Equipes de inspetores navais
ça do transporte de pessoas e de ca do ano é comum a estiagem atuaram na capital paraense no
cargas no Pará. A Capitania dos das chuvas, o que favorece bas- Distrito de Icoaraci, na Avenida
Portos da Amazônia Oriental con- tante o surgimento das chama- Bernardo Sayão, na Praça Prin-
tabilizou 2.006 embarcações ins- das praias de rios e altas tempe- cesa Isabel e no Terminal Hidro-
pecionadas, das quais 20 foram raturas, que podem ultrapassar viário de Belém. Já no interior do
apreendidas, além de 95 notifica- os 36°C. Por esse motivo, há um estado, a atuação foi em Marudá,
ções e cinco inquéritos adminis- aumento do tráfego das embarca- Salinópolis, Altamira, Tucuruí e
trativos instaurados. ções de esporte e lazer na região, Marabá. A operação teve como ob-

Equipes aplicam teste de etilômetro em condutores

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Equipes de inspetores navais conferem documentos das embarcações

jetivo assegurar a salvaguarda da controle, promovemos ações edu- de navegação. Houve, ainda, o
vida humana no mar, rios e lagos, cativas para orientar a população uso de etilômetros para coibir a
além da segurança da navegação sobre segurança da navegação”, navegação sob efeito de bebidas
e a prevenção da poluição hídrica afirmou. alcoólicas.
gerada pelas embarcações. A Capitania Fluvial da Ama-
De acordo com o Capitão dos Pantanal e Amazonas zônia Ocidental fiscalizou em-
Portos da Amazônia Oriental, Ca- Em setembro, uma opera- barcações de esporte e recreio,
pitão de Mar e Guerra André Luís ção similar ocorreu por terra e como motoaquática, lanchas e
Martini Vieira, durante o verão água, em marinas e colônias de iates nas praias de Ponta Negra,
amazônico os inspetores navais pescadores, utilizando lanchas Tupé, Dourada, da Lua, Prainha e
fazem verificação da capacida- e viaturas, com cobertura em nas marinas no Igarapé do Taru-
de de lotação de passageiros nas todas as áreas de prática das mã. As Capitanias Fluviais de Ta-
embarcações, transporte de carga atividades de esporte e recreio, batinga (AM) e Porto Velho (RO)
e ferryboats, analisando se estão no Mato Grosso do Sul. Equipes e as Agências Fluviais de Pa-
em condições de segurança para da Capitania Fluvial do Pantanal rintins, Eirunepé, Boca do Acre,
a população. “Em períodos como fizeram abordagens em embar- Humaitá, Itacoatiara – todas no
esse, a operação reforça a fis- cações, verificação de documen- Amazonas, Guajará-Mirim (RO)
calização das embarcações que tação, da habilitação dos condu- e Caracaraí (RR) também parti-
transportam pessoas que estão tores, da existência e do estado ciparam da ação em localidades
em passeio, por exemplo. Visa- de conservação do material de próximas a praias e balneários
mos reduzir os acidentes nos rios salvatagem, como também da com maior circulação de embar-
da região. Paralelamente a esse embarcação quanto às regras cações

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 21


CAPA

REVISTA naval reUNIU navios


brasileiros e estrangeiros no
Rio de Janeiro
O evento histórico fez parte das comemorações pelo Bicentenário da Independência
Por: Primeiro-Tenente (RM2-T) Vanessa Mendonça Silva
Fotos: Terceiro-Sargento-AR Vitor Lima de Oliveira, Terceiro-Sargento-ET Cássio Araujo dos Santos e
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil

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A Revista Naval realizada em brasileiros e doze estrangeiros. ronave UH-15 “Super Cougar” com
setembro enriqueceu e estreitou Os navios, alinhados em forma- a bandeira nacional sobrevoaram
os laços de amizade entre a tura de duas colunas, foram pas- a formatura. Ao final, houve uma
Marinha do Brasil (MB) e as sados em revista pelo Presidente salva de 21 tiros.
Marinhas amigas participantes, da República, que estava embar- “Este evento tem especial
trazendo um significado muito cado no Navio-Patrulha Oceâni- importância, pois remonta as-
importante nas comemorações co “Apa”. Seguindo uma tradição pectos históricos e patrióticos
pelos 200 anos da Independência naval, as tripulações fizeram sete para a sociedade brasileira,
do Brasil e 200 anos da Esquadra “vivas” ao Presidente, que consis- além de estreitar os laços que
Brasileira. tem em uma forma de continên- unem as Marinhas. Em 1922,
Vinte e dois navios participa- cia e saudação à autoridade que por ocasião das celebrações
ram da Revista Naval, fundeados se aproxima dos navios. Além dos 100 anos da Independên-
na Baía de Guanabara, sendo dez disso, três caças AF-1 e uma ae- cia, ocorreu a Revista Naval que

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 23


O Presidente Epitácio Pessoa e o Ministro Veiga Miranda com oficiais da Marinha do Brasil a bordo do Cruzador "Barroso", 1922

contou com navios das Ma-


rinhas da Argentina, Estados
Unidos, Japão, Portugal e do
Reino Unido”, disse o Coman-
dante da 2ª Divisão da Esqua-
dra, Contra-Almirante André
Luiz Andrade Felix.
Além do Navio-Patrulha Oce-
ânico “Apa”, dos três caças AF-1
e uma aeronave UH-15, os na-
vios e meios da MB que partici-
param da Revista Naval foram:
Navio-Aeródromo Multipropósito
(NAM) “Atlântico”; Navio-Doca
Multipropósito “Bahia”; Navio de Imagens dos navios participantes da Revista Naval de 1922
Desembarque de Carros de Com-
bate “Almirante Saboia”; Navio-
-Veleiro "Cisne Branco"; Fragata
"Liberal"; Fragata “União”; Navio
Hidroceanográfico “Cruzeiro do
Sul”; Navio Oceanográfico “Anta-
res”; Navio-Patrulha “Maracanã”;
e o Submarino “Riachuelo”.
Os navios das Marinhas ami-
gas participantes foram: Navio-
-Patrulha Oceânico Polivalente
ARA “Piedrabuena” e a Fragata
ARA “Libertad”, da Marinha Argen-
tina; Navios-Patrulha (CNS) “Le
Ntem” e “Lasanaga”, da Marinha
de Camarões; Fragata FF-19 “Al-
mirante Williams”, da Marinha do
Chile; Navio de Transporte Anfíbio
Presidente da República responde a saudação dos militares formados no NAM "Atlântico"

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USS “Mesa Verde” LPD-19 (Classe
San Antonio) e Navio Destroyer
USS “Lassen”, da Marinha dos
Estados Unidos; Navio-Patrulha
Oceânico HMS “Forth”, da Marinha
Real Britânica; Navio Multipropó-
sito ARM “Libertador”, da Marinha
do México; Navio Multipropósito
“Elephant”, da Marinha da Namí-
bia; Navio-Escola da Armada Por-
tuguesa “Sagres”; e Navio de Sal-
vamento e Pesquisa “Vanguardia”,
da Marinha do Uruguai.
Ao ressaltar e agradecer a
presença das comitivas estran-
geiras, o Comandante da Mari-
nha, Almirante de Esquadra Al-
mir Garnier Santos destacou o
sentimento de amizade e união
entre todos os participantes.
“Hoje, mais do que nunca, com
a gratificante presença dos se-
nhores e senhoras que, vindo de
perto ou de longe, prestigiam o
bicentenário do nosso amado
Brasil, posso vivenciar esse con-
fortante sentimento de amizade
e união que me fazem ter, ainda
mais, fé no potencial das nossas
Marinhas como instrumentos de
promoção da cooperação entre
as nações, em prol da paz, da
segurança e da prosperidade de
Saudação ao Presidente da República que estava a bordo do Navio-Patrulha Oceânico "Apa"
todos”, concluiu

Navios fundeados na Baía de Guanabara (RJ)

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 25


PODER MARÍTIMO

Submarino “Riachuelo” reforça a


soberania do País na Amazônia Azul
Construção do submarino permitiu a transferência de tecnologia, a utilização de
mão de obra brasileira e o desenvolvimento da indústria nacional
Por: Segundo-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira Francisco
Fotos: Suboficial AV-RV Evandro Santana Boaventura e Terceiro-Sargento-ET Cássio Araújo dos Santos

Revolucionando a tecnologia bra- importante avanço do PROSUB foi a da Amazônia Azul, cuja riqueza das
sileira e a indústria naval, o Programa Mostra de Armamento do Submarino águas, do leito e do subsolo marinho
de Desenvolvimento de Submarinos (S40) “Riachuelo”, realizada no dia 1° são importantes para o desenvolvi-
(PROSUB) representa um significati- de setembro, no município de Itaguaí mento econômico, científico e am-
vo avanço tecnológico no País, pauta- (RJ). biental. É nessa área marítima que
do em capital intelectual, engenharia O “Riachuelo” é o primeiro da os brasileiros desenvolvem ativida-
sensível e tecnologia de ponta, além classe dos quatro submarinos con- des pesqueiras, por onde trafegam
de incentivar a política de defesa, im- vencionais com propulsão diesel- 95% do comércio exterior brasilei-
pulsionar a capacitação de pessoal e -elétrica, que permitirão maior poder ro e exploram recursos biológicos
fortalecer a soberania nacional. Um de dissuasão nos 5,7 milhões de km² e minerais.

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Para proteger esse patrimônio jetivos: o aprimoramento da capaci- de agora, com uma classe de sub-
e garantir a soberania brasileira no dade operacional de nossa Marinha marinos mais silenciosos e letais,
mar, a Marinha do Brasil (MB) investe com a considerável elevação de seu preparada para atuar em prol da ga-
na expansão da Força Naval, como poder dissuasório e a ampliação da rantia da soberania do Estado bra-
é o caso do S40, um importante ele- proteção de suas águas jurisdicio- sileiro. “Características como alta
mento surpresa indispensável para nais, alcançando uma presença mais taxa de discrição, aumento da capa-
negar o acesso de embarcações ini- efetiva no Atlântico Sul e ainda o in- cidade de detecção e do tempo de
migas em território nacional, aumen- cremento de nossa indústria naval e permanência em zona de patrulha,
tando o poder dissuasório das Forças o desenvolvimento de novas tecno- além da precisão e da densidade na
Armadas brasileiras. Para atingir logias, contribuindo para o fomento aquisição de dados em operações de
esse efeito, esse tipo de navio se vale da economia nacional com a criação esclarecimento e ataque, fazem da
de suas características particulares, de milhares de empregos diretos chegada do Submarino ‘Riachuelo’
notadamente a capacidade de ocul- e indiretos”. um dos momentos mais esperados
tação e o poder de causar danos a O Comandante da Marinha, Al- dos últimos anos”.
forças navais adversárias. mirante de Esquadra Almir Garnier Para o Comandante do Submari-
Durante o evento em Itaguaí, o Santos, destacou que “o 'Riachuelo' no “Riachuelo”, Capitão de Fragata
Ministro da Defesa, Paulo Sérgio representa um investimento para Edson do Vale Freitas, “as capacida-
Nogueira de Oliveira, destacou que a a sociedade brasileira, em sobera- des operativas do S40 o credenciam
história do Brasil evidencia a partici- nia, em riqueza do povo brasileiro. para a redução do controle exercido
pação da MB em diversas passagens Já foram gerados mais de 20 mil pelo oponente, facilitando a atuação
decisivas para a formação da nacio- empregos diretos e cerca de 40 mil das demais forças. Permite, ainda,
nalidade brasileira e que a entrega empregos indiretos. Além disso, as realizar minagem, operações de in-
do novo meio naval construído no riquezas da nossa Amazônia Azul teligência e resgate ou infiltração de
Brasil permite incrementar a capa- ainda são incalculáveis. Estamos fa- elementos de operações especiais
cidade de defesa na área marítima lando de algo grandioso e extrema- em águas inimigas”.
conhecida como Amazônia Azul. “O mente importante para o futuro do
Programa de Desenvolvimento de nosso País”. Submarinos Classe “Riachuelo”
Submarinos é de importância es- De acordo com o Comandante Devido às diversas tecnologias
tratégica para o País. A construção de Operações Navais, Almirante de e inovações, os submarinos Classe
desses novos submarinos no âmbito Esquadra Marcos Sampaio Olsen, a “Riachuelo” (S-BR) são mais ver-
do PROSUB cumpre dois grandes ob- Força de Submarinos conta, a partir sáteis que os submarinos Classe

Primeira tripulação do Submarino "Riachuelo"

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 27


Cerimônia de Mostra de Armamento do Submarino "Riachuelo"

“Tupi” (“Tupi”, “Tamoio”, “Timbira” e principais deles: a fabricação das litar, as áreas de fármacos e ali-
“Tapajó”) e são considerados ope- válvulas de água salgada pela em- mentos também podem utilizar
rativamente superiores a diversos presa Micromazza, a fabricação das essa tecnologia, proporcionando
submarinos disponíveis atualmente baterias pela empresa NewPower e um desenvolvimento tecnológico,
no mundo. a fabricação do Mancal de Escora científico e médico para o Brasil”,
Eles contam com sensores pela empresa Miba. complementou o Comandante da
avançados - como o conjunto de Para a construção dos submari- Marinha, após a cerimônia.
sonares e os periscópios com câ- nos brasileiros convencionais e, no
meras para visão noturna -, além futuro, do Submarino Convencio- Capacitação da primeira tripulação
de um sistema de gerenciamento nalmente Armado com Propulsão Os treinamentos da primeira
de combate dotado de modernos e Nuclear “Álvaro Alberto”, foi cons- tripulação duraram cerca de dois
complexos algoritmos, que permi- truído em Itaguaí (RJ) um comple- anos e quatro meses e foram dividi-
tem ao submarino detectar e clas- xo naval que possui diversas insta- dos em três etapas: preliminar, em
sificar alvos a longas distâncias. lações, equipamentos e sistemas terra e a bordo. Na capacitação pre-
Os S-BR contam, também, com especializados. Hoje, ele é um dos liminar, a tripulação foi submetida a
maior autonomia que seu ascen- mais modernos estaleiros de cons- exames teóricos e entrevistas indi-
dente da Classe “Scorpène”, devi- trução naval existentes, já que a viduais. Também foi elaborado um
do a uma alteração no projeto que construção de submarinos exige Plano de Capacitação Preliminar,
incluiu uma seção intermediária mão de obra altamente qualificada executado pelo Centro de Instrução
para aumento das acomodações e e um parque industrial equipado, de e Adestramento Almirante Áttila
dos tanques de água. modo a possibilitar a execução das Monteiro Aché.
Por meio de um processo de diversas atividades de fabricação, As fases de capacitação em ter-
transferência de tecnologia, a cons- comissionamento e testes. ra e a bordo foram realizadas por
trução dos S-BR está sendo reali- “O Programa Nuclear da Ma- instrutores da Défense Conseil In-
zada com mão de obra brasileira rinha é a espinha dorsal do Pro- ternational, que é uma empresa par-
(engenheiros e técnicos), contando grama Nuclear brasileiro. Nós ceira do Ministério da Defesa fran-
com a assistência técnica de fran- produzimos pastilhas de urânio cês, responsável pela transferência
ceses da empresa Naval Group. para que as Indústrias Nucleares internacional do seu know-how mi-
O Programa de Nacionalização já do Brasil possam manter Angra 1 litar para as Forças Armadas dos
qualificou cerca de quarenta em- e Angra 2 funcionando, por exem- países amigos. “Nos qualificamos
presas brasileiras para a fabricação plo. O programa permite que haja nos diversos sistemas do subma-
de componentes do submarino, em um aproveitamento dual dessa rino e realizamos exercícios, com
mais de cem projetos, sendo os tecnologia nuclear. Além da mi- o propósito de tornar a tripulação

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servirão de base para todas as uni-
dades da classe, previstas no esco-
po do PROSUB.

Características básicas do “Ria-


chuelo”
O Submarino “Riachuelo” possui
um comprimento total de 70,62 me-
tros, diâmetro de casco de 6,2 me-
tros, deslocamento na superfície
de 1.740 toneladas e deslocamen-
to em imersão de 1.900 toneladas.
Seu sistema de combate é dotado
de seis tubos lançadores de armas,
com capacidade para lançamento
de torpedos eletroacústicos pesa-
dos, mísseis táticos do tipo subma-
rino-superfície e minas de fundo.
O “Riachuelo” será o sétimo na-
vio da Marinha a receber este nome,
em homenagem à Batalha Naval do
Riachuelo, ocorrida em 11 de junho
de 1865, durante a Guerra da Trípli-
ce Aliança

Comandante da Marinha assina termo de armamento do S40


autônoma na condução segura do
meio. No mar, foram feitos treina-
mentos voltados para a condução
do ‘Riachuelo’ e controle de avarias,
de modo que todos tivessem a ca-
pacidade de exercer suas funções
com segurança e destreza”, reforça
o Comandante do S40.
“Lançado ao mar pela primeira
vez em dezembro de 2018 e tendo
executado sua imersão estática
em novembro de 2019, o Submari-
no ‘Riachuelo’ foi submetido, desde
então, a um extenso programa de
testes de aceitação no mar, na su-
perfície e em imersão, para que hoje
pudesse ganhar sua alma - uma
tripulação experiente, aprestada
e motivada que também se prepa-
rou diligentemente para recebê-lo
e para garantir o cumprimento de
sua missão”, destacou o Chefe do
Estado-Maior da Armada, Almirante
de Esquadra Renato Rodrigues de
Aguiar Freire.
O Submarino “Riachuelo” será
submetido à Comissão de Inspeção
e Assessoria de Adestramento, que
lhe garantirá a capacidade plena
de emprego. Em seguida, cumprirá
Avaliação Operacional, processo
importante para o estabelecimen-
to de parâmetros de operação, que

29
OPERAÇÕES

Operação "UNITAS" LXIII


Marinhas de dezenove países se reúnem em exercício no Rio de Janeiro
Por: Capitão-Tenente (RM2-T) Luciano Franklin de Carvalho e Segundo-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira Francisco
Fotos: Acervo Marinha

Com 5.500 militares, 21 aero- da Esquadra, o Grupo-Tarefa (GT) Anfíbios (CLAnf) e o apoio das se-
naves e 21 navios, incluindo um brasileiro foi composto pelos se- guintes aeronaves: UH-15 "Super
submarino, a Operação "UNITAS" guintes navios: Navio-Aeródromo Cougar"; SH-16 "Seahawk"; AH-11
LXIII foi realizada no mês de setem- Multipropósito “Atlântico”; Navio- A/B "Super Linx"; UH-12 "Esquilo";
bro e teve o Brasil como coordenador Doca Multipropósito “Bahia”; e AF-1 "Skyhawk", da Marinha do
e país-sede. Criada em 1960, a Navio de Desembarque de Carros Brasil; além das aeronaves “Orion”
UNITAS é o exercício marítimo mul- de Combate “Almirante Sabóia”; (P-3AM) e “Bandeirante Patrulha”
tinacional mais antigo organizado Fragata “Constituição”; Fragata (P-95), da Força Aérea Brasileira.
pelos norte-americanos. Os prin- “Liberal”; Fragata “União”; Este ano, a operação contou
cipais objetivos da operação são Embarcação de Desembarque de com a participação de dezoito
incrementar a interoperabilidade Carga Geral “Camboriú”; Navio- marinhas estrangeiras: Camarões,
das Marinhas por meio da condução Patrulha Oceânico “Amazonas”; Chile, Colômbia, Coreia do Sul,
de operações navais, aeronavais e Navio-Patrulha “Macaé”; Navio de Equador, Espanha, Estados Unidos,
de fuzileiros navais, além de estrei- Apoio Oceânico “Purus”; e Navios- França, Guiana, Jamaica, México,
tar os laços de cooperação entre os Varredores “Aratu” e “Araçatuba”. Namíbia, Panamá, Paraguai, Peru,
países participantes. O GT contou, ainda, com um Reino Unido, República Dominicana
Comandado pelo Contra- destacamento de Mergulhadores e Uruguai.
Almirante Marcelo Menezes de Combate, uma tropa de 500 “Nesta edição, houve uma
Cardoso, Comandante da 1ª Divisão Fuzileiros Navais, Carros Lagarta unidade-tarefa específica voltada à

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segurança marítima. Os exercícios conjuntos, contemplando uma Especiais, além de atividades que
foram realizados pelos Navios- simulação de resgate de civis, por permitiram intercâmbios culturais,
Patrulha da Marinha de Camarões, meio de uma incursão anfíbia na eventos esportivos e projetos de
da Namíbia, como também pelos Praia de Itaóca (ES). relacionamento com o público
Navios-Patrulha inglês e brasilei- “Desde 2008, a UNITAS é reali- civil. Para o Secretário da Marinha
ros”, detalhou o Almirante Cardoso. zada com uma fase anfíbia. Essa dos Estados Unidos, Carlos Del
A Operação "UNITAS" contou inclusão mostra a importância que Toro, as duas semanas de intensos
com uma fase de porto e uma ma- a Marinha do Brasil atribui à pre- exercícios incluíram operações
rítima, com três etapas. A primeira paração das Forças para realizar complexas em alto-mar, testando
foi de preparação onde foram feitos operações de ajuda humanitária e a capacidade de ação conjunta
exercícios de ações de superfície, remediação de desastres. Uma das internacional, que exigiram coorde-
antissubmarinas e antiaéreas, de contribuições importantes desse nação em todos os domínios.
guerra eletrônica e operações de tipo de treinamento é o aprendizado “O sucesso neste tipo de missão
interdição marítima; na segunda que nós tivemos na ajuda humani- requer uma comunicação cons-
foram realizados exercícios ligados tária ao Haiti”, explicou o Almirante tante, cooperação multilateral
especificamente à segurança marí- Cardoso. e, o mais importante, confiança.
tima; e a fase final foi denominada Na fase de porto, foram rea- Confiança na capacidade e decisões
Operação Anfíbia Multinacional, lizadas oficinas para as tropas das nossas Marinhas e das nossas
onde foram realizados exercícios de Fuzileiros Navais e Operações Nações”, comentou o Secretário

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 31


CUIDANDO DA NOSSA GENTE

Ações contra o escalpelamento


reduzem acidentes na Amazônia
Marinha intensifica as atividades de enfrentamento ao escalpelamento
Por: Agência Marinha de Notícias
Fotos: Primeiro-Tenente (RM2-T) Jônatas Hisamitsu e Acervo Marinha

No Dia Nacional de Combate Em vários períodos do ano, em promovidas palestras, doação e


e Prevenção ao Escalpelamento, Ações Cívico-Sociais da MB nas instalação gratuita de coberturas
28 de agosto, a Marinha do Brasil comunidades ribeirinhas, são rea- de eixo de motor, distribuição de
(MB) contabilizou uma redução de lizadas ações de enfrentamento ao coletes salva-vidas e de toucas
50% nos acidentes ocorridos em escalpelamento, porém, no mês de de proteção para os cabelos, pan-
2022. De janeiro a agosto deste agosto as atividades foram inten- fletos educativos e orientação do
ano foram quatro casos de escal- sificadas nos municípios de Muaná Grupo de Atendimento ao Público
pelamento nos estados do Pará e Limoeiro do Ajuru, no Pará, e nos Itinerante da Capitania dos Portos
e do Amapá. A quantidade é a municípios de Macapá e Santana, da Amazônia Oriental (CPAOR).
metade dos casos ocorridos no no Amapá. As atividades ocorreram em
mesmo período em 2021. No estado do Pará, foram escolas municipais e estaduais

Marinha distribui toucas de proteção para os cabelos

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localizadas nas zonas urbanas
e rurais, em centros comunitá-
rios, em portos, em feiras e em
locais com maior fluxo de pes-
soas. “Gostaria de ressaltar que
a população pode nos ajudar
com a prevenção e segurança da
navegação. Qualquer pessoa que
verificar alguma situação de in-
segurança, de risco à navegação,
pode relatar diretamente para
a Capitania, pelo telefone (91)
99114-9187 ou pelo 185”, afirmou
o Capitão dos Portos da Amazônia
Oriental, Capitão de Mar e Guerra
André Luís Martini Vieira.
O Capitão dos Portos infor-
mou, ainda, que os proprietários
de embarcação que não possuem
cobertura de eixo também podem
solicitar à CPAOR, localizada em
Belém, ou a uma das embarca-
ções da Capitania que estiverem
passando pelo município dos
interessados.

Amapá
No Amapá, a Capitania dos
Portos do Amapá (CPAP) realizou,
entre os dias 26 e 29 de agosto,
ações alusivas ao Dia Nacional
de Combate e Prevenção ao
Escalpelamento, com palestras
educativas sobre o tema aos
estudantes de Enfermagem e
Pedagogia da Faculdade Madre
Tereza em Santana, e aos alunos
da Escola Municipal de Educação
Cobertura de eixo de motor feita por militar da Marinha
Básica Leonice Dias Borges, na
Ilha de Santana.
Seguindo a programação de costuma acontecer quando, por sentou na parte traseira de um
ações, a CPAP empregou uma descuido, os cabelos compridos barco que não tinha proteção
equipe de militares para realizar se enrolam no eixo do motor de no eixo do motor. Os cabelos
cobertura dos eixos dos motores pequenas embarcações durante estavam soltos e foram puxados
das embarcações no Igarapé das uma pesca ou transporte para a violentamente. “Desde que sofri
Mulheres, município de Macapá, escola ou trabalho, fazendo com o acidente, nunca fiquei boa. A
onde fica localizada a Associação que parte ou todo o couro cabelu- pessoa pensa que não vai aconte-
de Mulheres Ribeirinhas e Vítimas do seja arrancado bruscamente. cer com a família dela e que, por
de Escalpelamento. Durante todo As vítimas, a maioria mulheres causa do descuido, os acidentes
o período, a equipe de inspeção e meninas, podem até ter suas acontecem”. Regina reforçou que
naval orientou os condutores orelhas, sobrancelhas, pálpebras mulheres e crianças devem usar
das embarcações que trafegam e parte do rosto e pescoço arran- os cabelos presos e cobertos
pelo rio Amazonas sobre os cados, causando deformidades com boné ou toucas para que não
riscos de um acidente com eixos que irão acompanhá-las por toda sejam mais uma vítima. Também
e partes móveis de motores des- a vida. Em casos mais graves, o destacou o trabalho da MB. “É
protegidos, bem como divulgou o acidente pode causar o óbito. muito importante o movimento
trabalho que vem sendo executa- Regina Formigosa de Lima, da Marinha, que está sempre nos
do para diminuir as ocorrências. vítima de escalpelamento aos rios, fiscalizando e educando.
22 anos no estado do Pará, Espero que as pessoas tenham
Escalpelamento contou que o acidente ocorreu este mesmo olhar para nossa
Esse tipo de acidente quando saiu para passear e se causa”, concluiu

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 33


especial

No ar, os homens do mar: conheça


as cinco fases da Aviação Naval
Aviação Naval brasileira completa 106 anos com comemorações em São Pedro
da Aldeia (RJ)
Por: Capitão-Tenente (RM2-T) Luciano Franklin de Carvalho
Fotos: Acervo da Marinha

Formatura comemorativa pelos 106 anos da Avição Naval

O mês de agosto em São Pedro da das da cidade. curso que a Força Aeronaval aguar-
Aldeia, na Região dos Lagos (RJ), é Neste ano, a cerimônia militar da receber mais dois helicópteros
marcado por várias comemorações em comemoração ao aniversário da AH-15B "Super Cougar", que atuam
em virtude do aniversário da Avia- Aviação Naval foi realizada no dia 26 em missões de busca e salvamento
ção Naval, celebrado no dia 23. As de agosto. O evento contou com so- e apoio a ações humanitárias, além
festividades contam com corrida de brevoos das principais aeronaves da de concluir o programa de moder-
rua, exposições, além do tradicional Marinha do Brasil (MB). Na ocasião, nização dos helicópteros AH-11B
desfile militar realizado anualmente o Comandante da Marinha, Almiran- "Wild Lynx".
na Base Aérea Naval da cidade. te de Esquadra Almir Garnier Santos, “O futuro, sempre desafiador, nos
O município foi escolhido na ressaltou os feitos dos 106 anos da impulsiona a buscar constantes in-
década de 1960 para a instalação Aviação Naval.  vestimentos para dotar nossa Força
da Base, sendo uma das 13 Orga- "Pioneira em nosso País, a Força com o que há de mais moderno e
nizações Militares que integram Aeronaval remonta ao ano de 1916, avançado em termos de meios aé-
atualmente o Complexo Aeronaval. quando a Marinha introduziu a avia- reos e a aprimorar a formação dos
A partir daí, mantém uma relação ção militar no Brasil. Uma iniciati- aeronavegantes. Fruto disso, a Alta
histórico-cultural com a atividade, va que se mostrou visionária e que Administração Naval tem propor-
sendo conhecido como morada da ainda hoje inclui nossa Marinha no cionado a renovação do inventário
Aviação Naval. Na entrada de São seleto rol das que operam aviação de aeronaves, a modernização dos
Pedro da Aldeia, na orla da Praia embarcada", enalteceu. meios e a realização de cursos, no
do Centro, foi instalada, em 2020, Durante a cerimônia, o Coman- País e no exterior, proporcionando
uma aeronave militar modelo AF-1 dante da Força Aeronaval, Contra- maior e melhor operacionalidade
"Skyhawk", retrato dos vínculos -Almirante Augusto José da Silva para a Força”, pontuou o Almirante
históricos e símbolo de boas-vin- Fonseca Junior, disse em seu dis- Fonseca Junior.

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Desde que Santos Dumont re-
alizou o primeiro voo do 14Bis, em
1906, a aviação progrediu no Brasil.
O feito possibilitou a busca para a
construção de mais aeronaves e
formação de pessoal na área, além
de uma visão prospectiva das po-
tencialidades do seu emprego no
campo militar. Assim, a centenária
história da aviação militar brasileira
começou a ser construída no dia 23
de agosto de 1916, com a criação da
Escola de Aviação Naval pela Mari-
nha. 
A chamada primeira fase da
Aviação Naval engloba o período en-
tre 1916 e 1941, com um rápido de-
senvolvimento das atividades aére-
as impulsionadas pelo pioneirismo
da MB. Além da criação da Escola de Asa Rotativa realizado em julho deste ano pelo
Aviação Naval, o período foi marca- Em 1965, a Marinha passa a ope- 1º Esquadrão de Aviões de Inter-
do pelo transporte da primeira mala rar exclusivamente aeronaves de asa ceptação e Ataque e a atuação com
aérea civil e militar, o que promoveu rotativa, cedendo seus aviões para ataques em alvos na Operação For-
a criação, posteriormente, do Correio a FAB e recebendo dela avançados mosa 2022.
Aéreo Nacional (CAN), assim como  helicópteros antissubmarino SH-34.
o primeiro voo de um Presidente da Tais fatos marcaram o início da ter- Novos Tempos
República em uma aeronave militar ceira fase, período em que houve um No ano de 2022, a Aviação Na-
brasileira e a participação de avia- grande desenvolvimento na capaci- val embarca na quinta fase da sua
dores navais em operações reais de dade de emprego de aeronaves de história, tendo como marco a inau-
patrulha, durante a Primeira Guerra asa rotativa a bordo de navios.  guração do 1° Esquadrão de Ae-
Mundial, integrando o 10° Grupo de A MB era uma das poucas for- ronaves Remotamente Pilotadas,
Operações da Royal Air Force. ças militares no mundo que operava fato que deu início às operações de
Em janeiro de 1941, por força de com helicópteros embarcados, es- um novo tipo de aeronave na Força
Decreto-Lei, nascia a Força Aérea tendendo suas operações em perío- com capacidade para realizar mis-
Brasileira (FAB), recebendo todo dos noturnos e permitindo a amplia- sões de inteligência, vigilância e
o acervo de aviões, bases, equipa- ção da capacidade das operações. reconhecimento.
mentos e pessoal, tanto da Aviação Atualmente, um dos destaques de A nova fase é marcada pela
Naval quanto da Aviação Militar do helicópteros da Marinha é o SH-16,  modernização e aquisição de ae-
Exército, encerrando a primeira fase. projetado para operar embarcado e ronaves e equipamentos de alta
No entanto, a Segunda Guerra Mun- capaz de realizar uma missão com- tecnologia proporcionando inova-
dial provou a inequívoca necessida- pleta de guerra antissubmarino. ções técnicas e táticas de combate,
de de se ter uma aviação embarcada como por exemplo o emprego de
para apoio dos navios no mar.  Asa Fixa óculos de visão noturna, tecnolo-
Em virtude disso, em 1952, re- Em 1998, a MB obteve autoriza- gia que proporciona a capacidade
criou-se a Diretoria de Aeronáutica ção para operar novamente aerona- de superar as limitações do olho
da Marinha, dando início assim a se- ves de asa fixa a bordo de navios humano sob condições de baixa ilu-
gunda fase da Aviação Naval que foi e adquiriu aviões A-4 "Skyhawk". minação e, por consequência, baixa
até 1961. A fase compreendeu uma Iniciava-se, assim, a quarta fase da visibilidade.
reestruturação nas Forças Armadas aviação naval, fazendo com que o Ainda que a Aviação Naval es-
e foi marcada com a criação e insta- Brasil entrasse no seleto grupo de teja concentrada em São Pedro da
lação do Centro de Instrução e Ades- países com capacidade de operar Aldeia, ela atua em todo território 
tramento Aeronaval, em 1957, com a aviões de alta performance, a partir nacional por meio dos quatro es-
chegada dos primeiros helicópteros, de navios aeródromos.  quadrões distritais, localizados em
em 1958, e pela chegada ao Brasil Em abril de 2022, foi concluído o Belém (PA), Rio Grande (RS), Ladá-
do Navio-Aeródromo Ligeiro “Minas programa de modernização de cin- rio (MS) e Manaus(AM). Eles possi-
Gerais”, em 1961. Neste mesmo ano co caças AF-1B e dois AF-1C.  Entre bilitam a atuação na Amazônia, no
foi criado o Comando da Força Ae- as atividades desenvolvidas, após Pantanal e na Amazônia Azul, pro-
ronaval e iniciaram-se as operações essa etapa, destacam-se o voo de tegendo as riquezas e os interesses
em São Pedro da Aldeia. formatura com quatro caças AF-1 do País

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 35


Acontece na marinha

Cooperação entre a Marinha do


Brasil e a Marinha de Camarões

Reunião do Grupo de Trabalho entre a Marinha do Brasil e a Marinha Nacional de Camarões

No período de 30 de agosto a 1º de exercícios navais combinados, realizando cursos na EN e no CIAW.


de setembro de 2022, foi realizada, no Golfo da Guiné; e isenção de A reunião ocorreu em um mo-
na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a II encargos portuários nas visitas mento em que a MNC enviou um
Reunião do Grupo de Trabalho entre dos navios aos respectivos países Grupo-Tarefa, composto pelos
a Marinha do Brasil (MB) e a Marinha aos portos de Camarões e às bases Navios-Patrulha “LE NTEM” e “LA
Nacional de Camarões (MNC), no navais no Brasil. SANAGA”, para participar das
chamado GT-BRACAM/2022. A reu- A Delegação da MB contou com comemorações do Bicentenário
nião originou-se do Memorando de Oficiais do Estado-Maior da Armada da Independência do nosso País
Entendimentos (MoU) entre as duas e do Comando de Operações e da Operação "UNITAS" LXIII.
marinhas, assinado em agosto de Marítimas e Proteção da Amazônia Destaca-se que esta foi a primeira
2018. Azul. Como atividades extras, a dele- travessia transatlântica da África
Esta edição teve como princi- gação da MNC visitou a Escola Naval para o Brasil, realizada por meios
pais temas a formação de militares (EN), o Centro de Instrução Almirante navais da MNC, iniciada em 12 de
da MNC nas instituições de ensino Wandenkolk (CIAW), o Centro de agosto, o que demonstra a evolução
da MB; apoio da MB a Sistemas de Adestramento Almirante Marques da capacidade operacional daquela
Tráfego Marítimo para ampliação da de Leão, a Base Naval do Rio de Marinha. Os navios deslocam cerca
Consciência Situacional Marítima da Janeiro e o Navio de Desembarque- de 500 toneladas, têm 63,5 metros
MNC; embarques de observadores Doca “Almirante Saboia. Ao todo, de comprimento e possuem tripula-
em exercícios operativos; realização 20 militares camaroneses estão ção composta por 25 militares

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Acontece na marinha

AERONAVE REMOTAMENTE
TRIPULADA SERÁ EMPREGADA
NA DEFESA DO BRASIL
Por: Agência Marinha de Notícias
Foto: Cabo-ES Iremar Vinícius da Silva Castro

No dia 5 de julho, em São A criação do EsqdQE-1 marca de socorro e salvaguarda da vida


Pedro da Aldeia (RJ), a Marinha a história da Aviação Naval e trará humana no mar.
do Brasil realizou a Cerimônia significativo aumento na capa- O ScanEagle tem 3,1 metros
de Ativação do 1º Esquadrão cidade operacional dos navios de envergadura, 1,6 metro de
de Aeronaves Remotamente da força naval durante missões comprimento e teto operacional
Pilotadas (EsqdQE-1), fato que de inteligência, vigilância e de quase 6 quilômetros. Para
deu início às operações de um reconhecimento. ser lançado, os operadores farão
novo meio para a Força. O Esquadrão possui seis mode- uso de uma catapulta – método
A nova Organização Militar los de aeronave ScanEagle, além muito comum para esse tipo de
do setor operativo, subordinada de lançadores e recolhedores para aeronave.
ao Comando da Força Aeronaval, operação terrestre e embarcada, Com peso de apenas 22 quilos,
tem o propósito de contribuir que poderão operar no período o ScanEagle é abastecido com
com o processo decisório de diurno e noturno em atividades de gasolina e tem autonomia de 24
planejamento e emprego do controle naval do tráfego, inspe- horas. Sua velocidade máxima
Poder Naval por meio da utiliza- ção naval, prevenção de ilícitos, é de 150km/h e ele pode ser co-
ção de Aeronaves Remotamente pirataria, terrorismo, monitora- mandado remotamente a uma
Pilotadas (ARP). mento de desastres e operações distância de 100km

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Poder naval

Brasil, Colômbia e Peru realizam


exercícios táticos na tríplice
fronteira na Amazônia
Operação "BraColPer Naval" envolve mais de 400 militares dos três países
Por: Capitão-Tenente (RM2-T) Gisleine Assunção Alves
Foto: Segundo-Sargento-PL Wagner Sousa dos Santos

A operação conduzida pelas exercícios táticos navais destinados no estado do Amazonas, ocorreu
Marinhas do Brasil, Colômbia e às operações ribeirinhas, enfatizan- nos Rios Solimões e Negro, no mês
Peru, conhecida como BraColPer, do comando, controle e comunica- de setembro, justamente por oca-
realizou exercícios táticos visan- ções”, destacou o Comandante do 9º sião da comemoração dos 200 anos
do a proteção da tríplice fronteira Distrito Naval, Vice-Almirante Tha- da Independência do Brasil.
e aprofundou a confiança mútua e deu Marcos Orosco Coelho Lobo. “A Operação 'BraColPer Naval'
a interoperabilidade entre as Mari- A operação foi dividida em três 2022 contribui para o fortaleci-
nhas participantes. fases e envolveu mais de 400 mili- mento de nossos estreitos laços
Os Navios-Patrulha Fluvial “Ra- tares. As fases I e II foram realizadas de amizade, o compartilhamento
poso Tavares” e “Rondônia” e o Navio no Rio Marañon - o Rio Solimões pe- de informações e experiências. Os
de Assistência Hospitalar “Oswaldo ruano - entre as cidades de Letícia exercícios conjuntos e a cooperação
Cruz” participaram da Operação Na- (Colômbia) e Iquitos (Peru), nos perí- mútua têm apresentado resultados
val. Ao todo, foram 35 dias de comis- odos que coincidiram com as datas consideráveis para a defesa da trí-
são na Amazônia. das Independências desses países, plice fronteira, contribuindo para a
“Anualmente, percorremos cerca comemoradas nos dias 20 e 28 de segurança e para o desenvolvimen-
de 5 mil quilômetros pelos rios Ma- julho, respectivamente. Como nos to da Amazônia”, afirmou o Almiran-
ranõn, Negro e Solimões, realizando anos anteriores, a fase III, realizada te Lobo

Operação "BraColPer" reúne marinhas em um intecâmbio de conhecimentos

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200 ANOS DA INDEPENDÊNCIA

O APRESTAMENTO DA ESQUADRA:
OS MEIOS NAVAIS E SEU PESSOAL
Por: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM)
Imagem: Acervo da DPHDM

Uma das primeiras ações mili- nos Corpos de Oficiais e Praças para
tares no decorrer do processo de ocuparem os postos de combates
independência política do Brasil foi nesses navios e com portugueses
a imediata incorporação dos navios relutantes em aderir à causa da
de guerra portugueses deixados nas independência, causando motins a
instalações navais do Rio de Janeiro, bordo de navios empregados para as
medida esta tomada pelo Capitão de lutas contra o domínio de Portugal,
Mar e Guerra Luís da Cunha Moreira, o General Francisco Felisberto
brasileiro nato e nomeado Ministro Caldeira Brant Pontes de Oliveira
da Marinha do Brasil, o primeiro a Horta organizou o recrutamento de
exercer tal cargo. marinheiros na Europa. Tais homens
Esses navios foram recupera- do mar vinham principalmente da
dos e rebatizados, vindo a formar o Armada Britânica, onde muitos es-
núcleo da primeira Esquadra brasi- tavam desmobilizados devido ao fim
leira. As principais belonaves foram: das Guerras Napoleônicas.
as Fragatas "União" (rebatizada, pos- Em março de 1823, o escocês
teriormente, como "Piranga") e "Real Thomas Cochrane, ex-oficial da
Carolina" (rebatizada, "Paraguaçu"); Marinha britânica, que ajudou os
e as Corvetas "Maria da Glória" e chilenos na vitória contra os espa-
"Liberal". nhóis nas lutas de Independência
Foi fundamental também o tra- do Chile, assumiu o comando em
balho do Arsenal de Marinha do Rio chefe da Esquadra brasileira. Para
de Janeiro, onde foram recuperados tanto, recebeu o posto de Primeiro-
alguns dos navios que estavam em Almirante da Armada Imperial do
mau estado de conservação, sendo Brasil.
a Nau "Martin de Freitas", rebatizada O aprestamento da Esquadra
"Pedro I" e tornada o navio capi- utilizando o pessoal recrutado e os
tânia da nova Esquadra; a Fragata meios navais adquiridos ou reapro-
"Sucesso", rebatizada "Niterói"; e veitados da metrópole portuguesa
o Brigue "Reino Unido", rebatizado se fez necessário para o cenário de-
"Cacique". O Ministério da Marinha safiador que se descortinava. Após
adquiriu ainda outros navios impor- a proclamação da independência
tantes, como os Brigues "Maipu", por D. Pedro I apenas algumas
adquirido de David Jewett, ex-oficial províncias aderiram ao governo
da Marinha dos Estados Unidos e que Imperial. A atuação dos navios que
aderiu à causa da Independência, e constituíram a Primeira Esquadra
"Nightingale", de origem inglesa. foi fundamental para a consolidação
Ambos foram rebatizados "Caboclo" da independência assim como a
e "Guarani", respectivamente. integridade e unidade do vasto terri- Thomas Cochrane. Autoria: James Hamsay
Com poucos brasileiros natos tório que formava a jovem nação e Henry Meyerw

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 39


ARTIGO

“Brasileiros, a nossa divisa de hoje


em diante será Independência ou
morte”: Nação,
História e Memória
Imagens: Wikimedia Commons

A chegada da Família Real entre nação, história e memó-


Portuguesa, em janeiro de 1808, ria? Como a história é capaz de
foi um ponto de inflexão. A contribuir para a preservação
transferência do aparato buro- do patrimônio de um povo?
crático centralizado no Rio de O conceito de nação surgiu
Janeiro, a autonomia econômi- a partir da Revolução Francesa
ca após a abertura dos portos (1789) após a ruptura com o An- Por: Jéssica de Freitas e
e a elevação do Brasil à condi- tigo Regime, caracterizado pelo Gonzaga da Silva*
ção de Reino Unido (1815) foram poder absoluto dos reis. Por
fatores responsáveis por forjar consequência, era interpretada
uma elite política local. Diante pelo volume de cidadãos, vincu- que constituem a comunidade
da ameaça de um projeto reco- lados ao território, que fornecia imaginada.
lonizador conduzido por Lisboa, o poder ao Estado a partir da A história é a ciência do
a emancipação tornou-se impe- soberania popular. A Nação é homem no tempo. As ideias
rativa. Às quatro da tarde de 7 uma “comunidade política ima- formuladas pelos indivíduos
de setembro de 1822, Pedro de ginada” segundo o historiador constituem símbolos e repre-
Alcântara, às margens do rio Benedict Anderson. É uma co- sentações da época histórica
Ipiranga, embainhou a espada munidade visto que, apesar das vivida. Portanto, as narrativas
e vociferou: “Brasileiros, a nos- diferenças sociais, há uma iden- também apresentam função po-
sa divisa de hoje em diante será tidade comum capaz de garantir lítica. No Brasil, essa relação foi
Independência ou morte”. O Bra- sua conexão. Ela é imaginada, estabelecida 16 anos depois do
sil ascendeu como um Estado pois os seus membros jamais grito do Ipiranga.
soberano cujo projeto político conseguirão conhecer uns aos Em 1838, foi criado o Ins-
deveria alcançar os seguintes outros. Mesmo assim configu- tituto Histórico e Geográfico
propósitos: a condução do País ra-se uma comunhão entre eles. Brasileiro (IHGB) para reunir as
à civilização, a garantia de sua A memória é uma operação fontes e elaborar uma história
legitimidade, a formação da coletiva de fatos e interpreta- brasileira capaz de forjar uma
identidade brasileira e a coesão ções do passado que se quer identidade nacional. Era urgente
do povo, fatores capazes de as- salvaguardar. As memórias cole- para o país recém-independente
segurar a unidade territorial. tivas são formadas quando inte- reconhecer-se geograficamen-
Duzentos anos depois, os gradas ao propósito, consciente te por meio do conhecimento
brasileiros celebram o bicente- ou não, de forjar e reforçar o sobre o corpo da pátria e, his-
nário de sua Independência. É sentimento de pertencimento. toricamente, para eternizar os
um momento oportuno para re- Dessa forma, contribuem para fatos memoráveis e as biogra-
visitar o marco histórico a fim que os sujeitos sintam perten- fias de seus filhos. A Armada
de entender seu significado e centes ao processo histórico. A Imperial promoveu a criação da
refletir sobre a relevância da história fornece referências do Biblioteca da Marinha (1846), o
história para a sua formação. passado para a manutenção da lançamento da Revista Maríti-
Eis as questões: qual a relação coesão social e das instituições ma Brasileira (1851), a criação

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Museu do Ipiranga

do Museu Naval (1868) e sua ma, era possível estimular uma sua vez, são relevantes para
inauguração em 1888, além das consciência marítima. a coesão de uma comunidade
publicações dos historiadores Duzentos anos depois, o cam- imaginária, para o fortaleci-
navais. po da história não é igual àque- mento dos laços que unem os
O IHGB foi o local de memó- le de 1800. Ele sofreu grandes indivíduos que compõem uma
ria onde foram realizadas as in- transformações, acompanhando Nação. Quando os brasileiros
terpretações históricas e a sua a sociedade. Ainda assim, os conhecem e valorizam sua tra-
integração ao projeto de poder documentos, os monumentos, jetória, preservam seu patrimô-
do Império do Brasil. Em conco- os museus e as instituições per- nio. Ao compreenderem que es-
mitância, o Ministério da Mari- manecem desempenhando im- ses lugares de memória fazem
nha usou a história naval como portante papel de guardiões da parte de sua identidade e que
instrumento para consolidar a memória coletiva brasileira. podem ser visitados para, dia-
própria instituição e demons- A memória possui relação riamente, redescobrirem novos
trar o seu papel no processo de direta com a construção das fatos, é possível assegurar sua
formação do Estado. Dessa for- narrativas históricas. Elas, por independência

Pedro Américo - Independência ou Morte

* Doutoranda em História, Política e Bens Culturais - Fundação Getúlio Vargas


* Mestre em Estudos Marítimos pela Escola de Guerra Naval
* Uma da Autoras do livro Marinha do Brasil: Uma Síntese Histórica
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DIÁRIO DE BORDO

Asas da Marinha no Coração


Senhor Almires Francisco dos Santos
Por: Capitão de Corveta André Vinicius de Souza Dinely
Foto: CB-RV Lucas da Silva Bento Nascimento e Acervo Pessoal
Senhor Almires e sua esposa, Dona Val
Dos 106 anos da Aviação
Naval Brasileira, 48 foram vividos
intensamente pelo Sr. Almires
Francisco dos Santos, proprietário
de uma cantina no ARES Casa da
Praia (CPC), em São Pedro da Aldeia
(RJ). O “Zé”, como é conhecido
carinhosamente pelos militares do
Complexo Aeronaval, trabalha no
local desde 1974. “É um orgulho
muito grande poder fazer parte da
Marinha”, ressalta.

Nascido em 1955, no interior


rural de São Pedro da Aldeia, em uma
localidade chamada Sergeira, viveu
uma infância pobre e sem recursos,
vindo para a cidade apenas aos cheguei aqui, as ruas eram de barro, fraterna com a Aviação Naval, criou
18 anos. Ao iniciar sua trajetória chovia e ficava tudo com lama. os três filhos que corriam soltos
profissional era semi-alfabetizado, Havia apenas dois Esquadrões de com os filhos dos militares pelo
conhecendo apenas o básico da Aeronaves da Marinha, o HU-1 e o CPC, após as aulas na escola. Assim,
língua portuguesa. “Trabalhando HS-1, e ainda tinha um da Força fruto de tamanho envolvimento com
aqui na Marinha, tinha que me virar Aérea, a 2ª ELO (Esquadrilha de a Marinha, todos eles desejaram ser
com as anotações dos pedidos e Ligação e Observação), Hoje, a Base militares. “Nunca forcei eles a nada,
comecei a aprender a ler e a escrever é enorme, cresceu muito, é cheia de quiseram ser das Forças Armadas
corretamente. Foi assim que me Esquadrões. Conheço os Oficiais por conta própria”. O mais velho
alfabetizei”. Trabalhando duro e Aviadores quando eles entram para é Capitão do Exército Brasileiro,
superando as dificuldades impostas o Curso de Aperfeiçoamento em formado na Academia Militar das
pela vida, em 1988 tornou-se o dono Aviação para Oficiais e nunca mais Agulhas Negras. A do meio, hoje é
da cantina no CPC, de onde tira seu deixam de ser nossos amigos”. Terceiro-Sargento da Força Aérea
único sustento até hoje. Brasileira, formada na Escola de
Alguns militares, hoje Almirantes Especialistas da Aeronáutica, e
Em 1982, conheceu sua e atuais Comandantes de Esquadrão, exerce a função de Controladora
esposa, Valdineia Oliveira da Silva, eram adolescentes vivendo em São de Voo. O mais novo é Primeiro-
conhecida como Dona Val, que Pedro da Aldeia quando ele doava Tenente da Marinha, formado na
também era funcionária da Base balas e bombons para a criançada Escola Naval, servindo atualmente
Aérea Naval, à época, e começaram que brincava no CPC. “Lembro que na Corveta "Barroso". “É um orgulho
um relacionamento que perdura o Almirante Campos (Almirante muito grande ver meus filhos
até os dias de hoje, possuindo três de Esquadra Marcelo Francisco servindo à Nação, e isso se deve em
filhos juntos. Ela também relata Campos, hoje Secretário-Geral da boa parte à Marinha e a ajuda que
que em seus chás de bebê sempre Marinha) brincava aqui quando sempre recebi dela”, relata. Os seus
recebia muita ajuda das esposas dos tinha uns 12 anos, e o Almirante dois filhos mais novos estudaram
Oficiais da área. “Era tanta roupa que Fonseca Junior (Contra-Almirante na Escola Carneiro Ribeiro, em São
ganhava, que dava para guardar até Augusto José da Silva Fonseca Pedro da Aldeia, única Instituição
para outro chá de bebê!” conta ela, Junior, atual Comandante da Força de Ensino Fundamental do Abrigo
entre risos. Aeronaval) era mais novo um pouco. do Marinheiro. “Quem dera todos os
Hoje, as crianças daquela época são pais tivessem a sorte que tive com a
Nesse quase meio século de vida autoridades e trazem os filhos para educação dos meus filhos”.
a bordo, o Sr. Almires é um retrato eu conhecer”, comenta com alegria.
vivo da história da Aviação Naval O Sr. Almires viveu muitas
em São Pedro da Aldeia: “Quando Em meio a essa convivência histórias na Marinha. “A mais

42 NOMAR | JULHO A SETEMBRO 2022 | Nº 951


marcante foi quando, em 1978, no Exército Brasileiro. “Os Oficiais
fiz um bolão para os Oficiais na do Complexo, ao saberem que eu
Loteria Esportiva. Dava bastante estava com dificuldades financeiras,
dinheiro à época. O Comandante me se reuniram e fizeram uma coleta
deu a aposta pra fazer e ele queria para tentar me ajudar. Quando me
que eu fizesse um dos jogos com chamaram para receber o cheque,
o Fluminense ganhando. Mas eu tomei um susto. Foi uma ajuda muito
achava que o Corinthians que ia levar grande. Com ela paguei minhas
a partida e mudei a aposta antes contas e pude comparecer à festa de
de levar na lotérica. Só esqueci de formatura do meu filho com minha
avisar ao Comandante da alteração. família. Fico até arrepiado quando
O Fluminense acabou ganhando a lembro disso”.
partida aos 45 do segundo tempo!
Quando saiu o resultado da Loteria, já Hoje o Almires, o “Zé”, é uma
tinha Oficial comemorando que havia lenda da Aviação Naval, foi agraciado
ficado muito rico. E eu querendo fugir com a Medalha “Amigo da Marinha”,
de todo mundo pois só eu sabia que em 1995, e é conhecido e amado
havia mudado a aposta. Depois que por todos os Oficiais do Complexo
avisei que troquei um dos jogos, Aeronaval em São Pedro da Aldeia.
foi um corre-corre danado atrás de “Graças a Deus faço parte da Marinha,
mim”, relata o Sr. Almires, que hoje sempre tive muito orgulho de tudo o
consegue até rir dessa história triste. que vivi aqui e tudo o que a Força
me proporcionou. Já tenho tempo
Outro momento que o marcou para ir para casa, viver aposentado,
muito foi quando ele estava mas enquanto tiver saúde, vou ficar
precisando resolver umas pendências aqui no CPC. Se eu ficar dois dias
financeiras da cantina, mas se sem trabalhar acho que fico doente.
encontrava em crise financeira A Marinha sempre me ajudou, vou
aguda. E ainda necessitava custear sentir muita falta dela quando for
a ida à formatura do filho mais velho embora”, finaliza Filhos do senhor Almires

DESTAQUES NAS MÍDIAS - JULHO A SETEMBRO DE 2022

Facebook: o post mais curtido


foi sobre o Navio-Veleiro
"Cisne Branco" integrando
o circuito do Bicentenário
da Independência do
Brasil. A publicação teve
32.614 reações e 4.767
compartilhamentos.

YouTube: o vídeo mais


curtido foi a live do desfile
cívico-militar no dia 7 de
setembro em comemoração
ao Bicentenário da
Independência, em Brasília,
na Esplanada dos Ministérios.
Foram 319.365 visualizações
Instagram: o post mais curtido foi o vídeo do desfile cívico-militar no e 20.103 curtidas
dia 7 de setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência,
na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A publicação teve 39.525 Twitter: o tweet mais curtido
curtidas e 228.122 impressões. foi sobre o Terceiro-Sargento,
Alison dos Santos, que se
consagrou campeão mundial
dos 400 metros com barreiras.
A publicação teve 1.161
curtidas e 186 retweets.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA 43

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