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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

Maj Cav RODRIGO KLUGE VILLANI

O Emprego de Viaturas Blindadas pelo Batalhão de


Infantaria de Força de Paz na Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH)

Rio de Janeiro

2015
Maj Cav RODRIGO KLUGE VILLANI

O Emprego de Viaturas Blindadas pelo Batalhão de


Infantaria de Força de Paz na Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH)

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Ciências
Militares.

Orientador: Ten Cel Cav PAULO RODRIGO SANTOS CAMPOS

Rio de Janeiro
2015
V716e Villani, Rodrigo Kluge.

O Emprego de Viaturas Blindadas pelo Batalhão de


 na Missão das Nações Unidas para
Infantaria de Força de Paz
a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). / Rodrigo Kluge Villani. -
2015.
57 f.: il.; 30cm.

Orientação: Paulo Rodrigo Santos Campos.


Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) -
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de
Janeiro, 2015.
Bibliografia: f. 56-57.

1. MISSÃO DE PAZ. 2. GARANTIA DA LEI E DA ORDEM.


3. UTILIZAÇÃO DE VIATURAS BLINDADAS. I. Título
CDD 355.4
Maj Cav RODRIGO KLUGE VILLANI

O Emprego de Viaturas Blindadas pelo Batalhão de


Infantaria de Força de Paz na Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH)

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Ciências
Militares.

Aprovado em ___ de ____________ de 2015.

COMISSÃO AVALIADORA

________________________________________________________
Paulo Rodrigo Santos Campos - Ten Cel Cav - Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

________________________________________________________
Alessandro Paiva de Pinho – Ten Cel Cav - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

________________________________________________________
Jorge Francisco de Souza Junior – Ten Cel Cav - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelas responsabilidades e desafios a mim dados, que


me fazem melhorar como ser humano a cada dia.
Agradeço ao Senhor Coronel de Cavalaria Amaro Soares de Oliveira
Neto, antigo Comandante do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, pela
confiança em mim depositada ao designar-me Comandante do Esquadrão de
Fuzileiros Mecanizados do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz no 16º
Contingente da MINUSTAH.
Agradeço também ao Senhor Coronel de Infantaria Paulo César Leal,
Comandante do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz no 16º Contingente,
pela liderança exercida e pelas orientações durante nossa jornada além-mar.
Por fim, de forma singular, agradeço minha família, minha esposa Ligia e
minhas filhas Giovana e Ana Carolina, pelo esteio durante toda esta jornada,
fator decisivo para o meu sucesso.
RESUMO

A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH)


iniciou-se em 2004, a fim de se contrapor aos caos social instalado naquele
país, decorrente de instabilidades políticas e econômicas duradouras. O Brasil
foi designado para chefiar o vetor militar da MINUSTAH, nomeando seu Force
Commander bem como enviando para o Haiti tropas no valor Unidade, um
Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT), para trabalhar sob a égide
das Nações Unidas no restabelecimento da paz. Inserido no BRABAT há um
Esquadrão de Cavalaria de Força de Paz, detentor dos veículos blindados de
transporte de pessoal, que também atua juntamente com as demais tropas
para atingir o objetivo proposto pela ONU. O presente estudo busca apresentar
as possibilidades de emprego de viaturas blindadas nas missões operacionais
do BRABAT, suas melhores práticas ao longo de mais de dez anos de
MINUSTAH, assim como trazer à luz lições aprendidas pelos capacetes azuis
ao longo de toda esta jornada. Sua escrituração se faz mister devido a carência
de regulamentos de tipifiquem as ações que utilizam a plataforma blindada
como veículo de transporte e vetor de dissuasão perante situações de crise.
Por fim, o presente estudo tem também a finalização de servir de arcabouço
intelectual para as ações futuras do Exército Brasileiro na atuação em missões
de paz com utilização de veículos blindados.

Palavras-chave: MINUSTAH, BRABAT, veículos blindados de


transporte pessoal.
RESUMEN

La Misión de las Naciones Unidas para la Estabilización de Haití


(MINUSTAH) se inició en 2004 con el fin de contrarrestar el caos social
instalado en ese país como consecuencia de las inestabilidades políticas y
económicas a largo plazo. Brasil fue designado para dirigir el vector de la
MINUSTAH militar, el nombramiento de su comandante de la fuerza, así como
el envío de tropas a Haití en la unidad de valor, uno de Paz Batallón de
Infantería de la Fuerza (BRABAT), para trabajar bajo los auspicios de las
Naciones Unidas en la restauración paz. Insertado en BRABAT hay una fuerza
de paz de la caballería de la escuadrilla, propietario del vehículo blindado, que
también opera junto con las otras tropas para lograr el objetivo fijado por la
ONU. Este estudio tiene como objetivo presentar las oportunidades de empleo
de vehículos blindados en misiones BRABAT operativa, mejores prácticas de
más de más de diez años de la MINUSTAH, así como llevar a las lecciones
aprendidas por las fuerzas de paz de luz a lo largo de este viaje. Su
contabilidad se hace señor debido a la falta de regulaciones criminalizar las
acciones que utilizan la plataforma como vehículo de transporte blindado y
vector de disuasión cuando se enfrentan a situaciones de crisis. Por último,
este estudio también tiene que terminar sirviendo marco intelectual para las
acciones futuras del Ejército brasileño en acción en las misiones de paz con el
uso de vehículos blindados.

Palabras clave: MINUSTAH, BRABAT, vehículos blindados para el


transporte de personal.
ABSTRACT

The United Nations Mission for the Stabilization of Haiti (MINUSTAH)


has began in 2004 in order to counter the social chaos installed in that country
as a result of long-term political and economic instabilities. Brazil was
designated to head the military vector of MINUSTAH, naming your Force
Commander as well as sending to Haiti troops in value Unit, one Battalion
Peacekeeping Force Infantry (BRABAT), to work under the auspices of the
United Nations in restoring peace. Inserted in BRABAT there is a Cavalry
Squadron Peacekeeping Force, owner of the armored personnel carrier, which
also operates together with the other troops to achieve the goal set by the UN.
This study aims to present the employment opportunities of armored vehicles in
operational missions BRABAT, best practices over more than ten years of
MINUSTAH, as well as bringing to light lessons learned by peacekeepers
throughout this journey. Your bookkeeping is done mister due to lack of
regulations criminalize actions that use the platform as armored transport
vehicle and vector deterrence when facing crisis situations. Finally, this study
also has to finish serving intellectual framework for future actions of the
Brazilian Army in action in peacekeeping missions with the use of armored
vehicles.

Keywords: MINUSTAH, BRABAT, armored vehicles for personal


transportation.
QUADROS

Quadro 1 – Comparação das frações mecanizadas nível pelotão .................. 30


LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Localização do Haiti no Caribe ................................................ 16
Figura 02 – Manifestação em Porto Príncipe .............................................. 19
Figura 03 – O Presidente Lula revistando a tropa que embarcou para o
Haiti em 2004 ........................................................................... 21
Figura 04 – Organograma do Batalhão de Infantaria de Força de Paz ...... 22
Figura 05 – Universidade do Estado do Haiti – Base Brabo do BRABAT ... 23
Figura 06 – Campo Charlie MINUSTAH, no perímetro azul temos as
instalações do BRABAT 1 e no perímetro vermelho as
instalações do BRABAT 2, em 2012 ........................................ 24
Figura 07 – Organograma do BRABAT no 22º Contingente, atualmente
ativado....................................................................................... 25
Figura 08 – Área Operacional de Responsabilidade (AOR) do BRABAT,
22º Contingente........................................................................ 25
Figura 09 – O Grupo de Combate reduzido embarcado ............................. 29
Figura 10 – Viatura Urutu completamente adaptada .................................. 31
Figura 11 – AOR do BRABAT 1 (Azul) e BRABAT 2 (Verde) em 2012 ...... 34
Figura 12 – Células de Patrulhamento do Brabat 2 – 16º Contingente ...... 34
Figura 13 e VBTP Urutu auxiliando na escolta de Condoleezza Rice,
14 – Secretária de Estado do Estados Unidos da América, durante
visita ao Haiti em 2005 ............................................................. 39
Figura 15 – Pelotão de Fuzileiros Mecanizados descolando-se para as
posições de cerco .................................................................... 43
Figura 16 – Modelo representativo de um dispositivo para ações de
CIMIC (no caso está explícito o dispositivo circular, as vias
únicas de entrada e saída e demais viaturas dispostas para
entrega de donativos na parte interna do perímetro) ............... 45
Figura 17 – O Grupo Operacional no BRABAT 2,16º Contingente ............. 51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ONU Organização das Nações Unidas


II GM Segunda Guerra Mundial
MINUSTAH Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti
BRABAT Brazilian Battalion, ou Batalhão de Infantaria de Força de Paz
AOR Área Operacional de Responsabilidade
Cia Inf F Paz Companhias de Infantaria de Força de Paz
Esqd Fuz Mec Esquadrão de Fuzileiros Mecanizado de Força de Paz
Cmdo BRABAT Comando do BRABAT
VBTP Viatura Blindada de Transporte Pessoal
PNH Policia Nacional Haitiana
PRODE Produto de Defesa
Bld Blindado
Contg Contingente
BIFPaz Batalhão de Infantaria de Força de Paz
FNCD Frente Nacional para Mudança e Democracia
MIF Força Interina Multinacional
U Unidade
CFN Corpo de Fuzileiros Navais
GO Grupamento Operativo
Pel FN Pelotão de Fuzileiros Navais
Pel Fuz Mec Pelotão de Fuzileiros Mecanizados
BRABAT 2 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz
UNPOL Polícia das Nações Unidas
F Adv Força Adversa
Pel C Mec Pelotão de Cavalaria Mecanizado
Pel Fuz Blb Pelotão de Fuzileiros Blindados
GC Grupo de Combate
Sç Cmdo Seção de Comando
Mtr Metralhadora
ENGESA Engenheiros Especializados S/A
QRF Quick Reaction Force
COT Centro de Operações Táticas
G3 Oficial de Operações do BRABAT
G2 Oficial de Inteligência do BRABAT
Cmt Pel Comandante de Pelotão
Cmt GC Comandante de Grupo de Combate
CCOPAB Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil
ECOSUPEL Estágio de Comandantes de Subunidades e Pelotões
Op Pac Operações de Pacificação
Op GLO Operações de Garantia da Lei e da Ordem
Op Cmb Loc Operações de Combate à Localidade
CIMIC Coordenação Civil-Militar
ACISO Ações Cívico-Sociais
G9 Oficial de CIMIC do BRABAT
QO Quadro Organizacional
ORI Operational Readness Inspection
BRAENGCOY Companhia de Engenharia de Força de Paz
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------- 11

2 A MINUSTAH ---------------------------------------------------------------------------- 16

3 O BATALHÃO DE INFANTARIA DE FORÇA DE PAZ ---------------------- 22

4 AS TROPAS BLINDADAS DO BRABAT ---------------------------------------- 27

5 AS POSSIBILIDADES DE EMPREGO DE VTR BLD NO BRABAT----- 33

5.1 PATRULHAS MECANIZADAS ------------------------------------------------- 33

5.2 RECONHECIMENTO OPERACIONAL -------------------------------------- 36

5.3 SEGURANÇA DE PESSOAL E INSTALAÇÕES DURANTE


CATÁSTROFES NATURAIS --------------------------------------------------------- 37

5.4 ESCOLTA DE COMBOIOS ----------------------------------------------------- 38

5.5 OPERAÇÕES DE CERCO,VASCULHAMENTO E INVESTIMENTO 41

5.6 OPERAÇÕES DE COOPERAÇÃO CIVIL-MILITAR ---------------------- 44

6 LIÇÕES APRENDIDAS DURANTE A PERMANÊNCIA NO HAITI ------ 46

6.1 O PODER DE DISSUASÃO ----------------------------------------------------- 46

6.2 A NECESSIDADE DE INTENSA MANUTENÇÃO DOS BLINDADOS 47

6.3 A CONDUTA COM OS BLINDADOS NOS PATRULHAMENTOS ---- 49

7 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------- 53

REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------- 56
11

1 INTRODUÇÃO

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 24 de outubro de


1945, com a ratificação da Carta das Nações Unidas. Este Protocolo foi
assinado anteriormente em 26 de junho do mesmo ano, recebendo a
designação de Carta de San Francisco, pelos cinquenta e um Estados-
Membros originais.
O termo “Operações de Paz” surgiu logo após a criação da ONU, como
consequência da necessidade de assegurar a paz e a estabilidade
internacional no período subsequente à Segunda Guerra Mundial (II GM)
(Brasil, 1998, p. 2-1). A Carta da ONU delega a responsabilidade pela
manutenção das operações de paz ao Conselho de Segurança, delegação que
reúne cinco Estados membros permanentemente, e com direito de voto, e dez
Estados membros em caráter provisório, por um prazo de dois anos.
Atualmente, a ONU possui nove operações de paz em andamento, das quais o
Brasil destaca-se na participação da Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (MINUSTAH) com o efetivo de um batalhão de infantaria
de força de paz.
A MINUSTAH foi criada em 2004 pela Resolução nº 1.542 do Conselho
de Segurança das Nações Unidas. Esta medida foi necessária já que os
acontecimentos internos no Haiti colocaram em risco a paz e a segurança
interna, contando com a aprovação das autoridades haitianas. A Resolução foi
adotada sob o Capítulo VII da Carta da ONU; este protocolo autoriza o uso da
força letal para situações além da legítima defesa própria e de terceiros,
evidenciando assim a necessidade de se fazer cumprir o Mandato da ONU e
caracterizando uma nova geração de Operações de Paz.
A estrutura militar inicial foi constituída pela “Brigada Haiti”. Em 2005, este
componente militar reduziu-se e as tropas brasileiras ficaram compostas, desde
então, por um Batalhão de Infantaria de Força de Paz, em inglês Brazilian
Battalion (BRABAT).
Com o terremoto de 12 de janeiro de 2010 no Haiti, a ONU decidiu
reforçar o contingente militar da MINUSTAH. Assim, foi ativado em território
haitiano o 2° Batalhão de Infantaria de Força de Paz, que entre os anos de
12

2010 e meados de 2013, reforçou a segurança local, dividindo a Área


Operacional de Responsabilidade (AOR) com o BRABAT 1, sendo desativado
neste último ano.
Basicamente, o BRABAT possui dentre suas peças de manobras
Companhias de Infantaria (Cia Inf F Paz) e um Esquadrão de Fuzileiros
Mecanizado (Esqd Fuz Mec). As Cia Inf são responsáveis pelas subáreas
operacionais de responsabilidade, enquanto o Esqd Fuz Mec possui a missão
síntese de intensificar as ações do Cmdo BRABAT nestas subáreas.
O Esqd Fuz Mec é a peça de manobra do BRABAT que possui meios
blindados de transporte de pessoal no seu quadro de dotação de material. O
Esqd utiliza a Viatura Blindada de Transporte Pessoal (VBTP) EE-1 Urutu,
viatura orgânica da Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro.
As tropas blindadas do BRABAT possuem a missão de intensificar o
patrulhamento das áreas das Cia Inf, conforme as demandas apresentadas.
São utilizadas também para operar a segurança de comboios (de pessoal,
suprimento, de transporte, dentre outros), operar a segurança de autoridades,
ocupar pontos de checagem isoladamente ou de forma conjunta com
integrantes do vetor policial da ONU e da Polícia Nacional Haitiana (PNH).
O VBTP Urutu é um meio nobre à disposição do Cmdo BRABAT. Com
estes veículos, ele pode intervir nas operações pelos três vetores, ou seja, pela
presença do comandante, pela manobra e ainda pelo fogo. Os Urutus
necessitam de manutenção constante, mais intensa e frequente do que no
corpo de tropa nacional. Afinal, eles são utilizados diuturnamente. Por outro
lado, são veículos antigos, produzidos há mais de 30 anos, acarretando em
diversas oportunidades uma necessidade de substituição de peças e reparos
intangíveis à realidade haitiana, demandando uma eventual redução do poder
de combate do Esqd. O ambiente operacional do Haiti se mostra agressivo às
VBTP, seja pelas temperaturas altas durante todo o período do dia e noite ou
pelo terreno de asfalto comprometido ou pelas ruas de terra irregulares e
intensa poeira.
Este pesquisador comandou o Esqd Fuz Mec durante o 16° Contingente
do BRABAT 2, no período compreendido entre abril e dezembro de 2012.
Estando à frente da peça de manobra possuidora dos meios blindados de
13

transporte, adquiriu importante experiência na utilização deste Produto de


Defesa (PRODE) durante as missões cumpridas tanto isoladas como
conjuntas, em prol do BRABAT. Logo, é experimentado para tecer
considerações sobre o assunto em tela, julgando pertinente apresentar neste
trabalho as lições aprendidas durante sua estada em Porto Príncipe.
O BRABAT é detentor dos PRODE blindados destinados à mobilidade e
transporte desta tropa. Assim, este pesquisador julga pertinente elencar o
seguinte problema: como empregar os PRODE Bld dentro do Batalhão de
Infantaria de Força de Paz, fazendo com que não haja comprometimento do
seu poder de combate?
O Esqd Fuz Mec/16° Contg assumiu seus encargos na AOR do BRABAT 2
deixando de contar com 02 (dois) VBTP, hora indisponíveis e necessitando de
manutenção de 3° escalão. Durante o período de indisponibilidade, 02 (dois)
Pelotões de Fuzileiros Mecanizados não estavam plenamente operacionais,
lançando mão de viaturas leves para cumprir suas missões. Percebe-se assim
que a manutenção de blindados no Haiti anda paralelamente com a capacidade
operativa da Cavalaria.
Diante do evento supracitado, fica claro que o projeto de pesquisa hora em
discussão tem sua relevância comprovada. Os PRODE Bld nas operações de
paz do Haiti são fatores de decisão nas operações de não guerra hora
executadas além mar.
Assim, infere-se parcialmente que esta pesquisa tem por finalidade
apresentar ideias para otimizar o emprego de PRODE Bld no BIFPaz, por meio
da pesquisa qualitativa bibliográfica e documental. Ressalta-se que este
trabalho não tem por finalidade esgotar o assunto, tendo em vista que o
Exército Brasileiro prima por constante aprimoramento.
O presente estudo tem por objetivo geral apresentar uma visão de como é
o emprego de Vtr Bld no âmbito do Batalhão de Infantaria de Força de Paz da
MINUSTAH. Já seus objetivos específicos são:
1) apresentar como o Esqd Fuz Mec atua dentro das operações de paz na
MINUSTAH, subordinado ao BRABAT;
2) suas possibilidades, citando ideias de como os PRODE Bld podem ser
usados em operações de paz; e
14

3) apresentar lições aprendidas sobre o emprego de viaturas blindadas de


transporte de pessoal durante a participação do autor no 16º Contingente da
MINUSTAH.
Numa primeira instância, este estudo visar apresentar o emprego do Esqd
Fuz Mec, suas possibilidades agindo em proveito do BIFPaz da MINUSTAH.
Assim, poderá deixar claro como o PRODE Bld pode ser usado em operações
de paz. Não obstante, serão apresentados dados relevantes sobre o início da
MINUSTAH.
Por fim, serão abordadas lições aprendidas das atividades realizadas pelos
fuzileiros mecanizados tendo como plataforma de combate e transporte a
VBTP EE-1 URUTU, buscando produzir novas ideias para as futuras missões
de paz onde esta natureza de produto de defesa venha ser utilizado.
O presente estudo tem por finalidade apresentar possibilidades de emprego
de meios blindados de transporte em operações de paz, levando-se em conta a
experiências de mais de dez anos das tropas da Arma de Cavalaria que em
solo haitiano estiveram lutando pela paz, trazendo à luz o cabedal de
conhecimentos adquiridos das práticas realizadas na MINUSTAH.
Por outro lado, tem por objetivo servir de arcabouço documental e
referencial para ser consultado por todos aqueles que participam ou
participarão de missões de paz, levando-se em conta que a Força Terrestre
está em constante aprimoramento, buscando-se alinhar com a Era do
Conhecimento.
Enfim, a solução do problema em questão tende a apresentar benefícios
para o Exército Brasileiro, na medida em que o projeto de pesquisa buscará
sistematizar uma prática já experimentada em missões reais de integrantes da
Instituição.
O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica e
documental. Os passos, conforme o Manual Escolar “Trabalhos Acadêmicos na
ECEME” (BRASIL, 2004, p.23-24), serão:
- levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes;
- seleção da bibliografia e dos documentos; e
- leitura da bibliografia e dos documentos selecionados.
15

A coleta de material foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da


Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, da Escola Superior de Guerra
e do Arquivo Histórico do Exército; serão também consultados noticiários e
artigos de jornais e revistas; manuais do Exército Brasileiro e a rede mundial de
computadores.
O trabalho seguiu com a elaboração do texto, em que constarão as
questões e enfatizando a situação-problema em torno do emprego de PRODE
blindados pelo BIFPaz, bem como as conclusões e sugestões pertinentes ao
tema. Nessa fase, buscar-se-á o máximo de clareza na comunicação do
conhecimento produzido, a fim de se evitar ambiguidades.
Consta ainda de breve histórico sobre a MINUSTAH, a criação do
BRABAT, considerações atuais desta missão e aprofundará os estudos no
emprego de veículos blindados por aquela organização militar, concluindo
sobre aspectos que possam otimizar seu emprego em operações de paz da
ONU.
16

2 A MINUSTAH

Para falarmos sobre a MINUSTAH, faz-se necessário trazer à luz um


pouco da história do Haiti, no intento de trazer compreensão sobre o seu
surgimento, sua finalidade e todos os certames envolvidos, culminando com o
apoio do Estado Brasileiro neste país.
O Haiti é o país mais pobre da América Latina, segunda república no
continente a se tornar independente em 1º de janeiro de 1804 por meio de uma
revolução comandada por negros escravizados. Este feito influenciou outras
colônias latino-americanas para que iniciassem um processo de libertação e
preocupou as metrópoles europeias, receosas de que suas outras colônias se
inspirassem no exemplo haitiano.
O lado francês da ilha de São Domingos, no qual o Haiti está localizado
foi, a mais próspera colônia da França. Privilegiada pela paisagem propícia à
agricultura, muitos aristocratas e brancos tiveram a possibilidade de ali
enriquecer. Para tal, centenas de milhares de negros africanos foram levados
para a ilha de São Domingos, para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar.

Figura 01 – Localização do Haiti no Caribe


Fonte: http://geology.com/world/haiti-satellite-image.shtml, acessado em 17 de julho de
2015.
17

Tanto Toussaint L’ouverture, o ex-escravizado que se tornou líder da


revolução, quanto o negro Dessalines, proclamador da república em 1804 e em
seguida o imperador vitalício do Haiti, foram influenciados pela Revolução
Francesa. A busca de igualdade e liberdade levou os governantes daquele
novo país a se estruturarem sociopoliticamente e economicamente de forma
que traços da nova estrutura podem ser notados no Haiti de hoje.
Será apresentada neste estudo a sequência de fatos na segunda
metade do século XX que culminaram com a chegada de tropas das Nações
Unidas no país. Em 1971, com apenas 19 anos de idade, Jean-Claude
Duvalier, de alcunha “Baby Doc”, filho do ditador Francois Duvalier, assumiu a
presidência do país e seguiu as práticas do pai, mantendo um alto grau de
repressão à população haitiana. Apoiado em um discurso anticomunista, Baby
Doc contou com certo suporte dos EUA, mesmo após a eleição de Jimmy
Carter. O presidente estadunidense tinha os direitos humanos como uma das
suas principais bandeiras, mas não conseguiu conter as ações repressivas da
ditadura haitiana. O fim da dinastia Duvallier ocorreu após as revoltas que se
iniciaram no interior do país e logo chegaram à capital Porto Príncipe. Baby
Doc fugiu do Haiti deixando para trás um país com a proporção de trinta e cinco
prisões para cada escola secundária e todo um aparato estatal impregnado
pela cultura da violência (CORREA, p. 19).
Jean-Bertand Aristide, um ex-padre simpatizante da teologia da
libertação, se lançou candidato pelo partido “Lavalas” e pela Frente Nacional
para Mudança e Democracia (FNCD). Suas bases eleitorais eram
principalmente as regiões mais pobres da capital, como a grande favela de Cité
Soleil e Bel Air. Com 67% dos votos em uma eleição acompanhada por
observadores da ONU e da OEA, Aristide foi eleito presidente do Haiti e,
mesmo após um tentativa de golpe comandada pelo ex-Ministro da Defesa de
Duvalier, Roger Lafontant, tomou posse em fevereiro de 1991. Uma das
primeiras atitudes do novo presidente foi desmantelar o exército, ação que lhe
rendeu muitos inimigos.
Em setembro de 1991, Aristide foi derrubado do poder por um golpe
militar encabeçado pelo General Raul Cedras, dando início a mais um período
de violência estatal e de grupos paramilitares que apoiavam a ditadura. O saldo
18

humanitário dos anos de ditadura foi de milhares de mortos, deslocados e


exilados. Aristide se refugiou nos Estados Unidos e se dedicou os três anos
seguintes a conseguir o apoio estadunidense para voltar ao antigo posto de
presidente. Em 1994, os EUA decidiram colocar Aristide de volta no poder e,
com o respaldo da Resolução 940 do Conselho de Segurança da ONU, em
setembro desse mesmo ano a Marinha americana entrou no Haiti numa
operação nomeada “UpHold Democracy”.
Após cumprir seu mandato original em 1995, foi convocada nova eleição
presidencial que contou com baixa participação popular e foi questionada por
observadores internacionais. René Preval foi eleito presidente e até hoje foi o
único representante geral da nação a chegar ao final de um mandato
ininterruptamente.
Com o fim do mandato de Preval, Aristide voltou ao poder em 2000 em
eleições diretas. Todavia, sua legitimidade foi questionada pela OEA que
supervisionou o primeiro turno, mas se negou a fazê-lo no segundo por ter
detectado irregularidades (OEA, 2008). Internamente, opositores políticos e
setores da sociedade civil confrontavam violentamente o governo.
Dois grupos foram criados para fortalecer a oposição política ao
governo: a Convergência Democrática e o Grupo dos 184. O primeiro era uma
coalização entre diversos partidos políticos, o segundo foi formado a partir de
setores da sociedade civil (jornalistas, estudantes, comerciantes, religiosos, e
outras organizações). As atividades do Grupo dos 184 consistiram em fazer
reivindicações, organizar protestos e manifestações contra o governo.
Além da oposição conduzida pelos grupos acima mencionados, em 2003
forças paramilitares avançavam a partir da fronteira com a República
Dominicana até Porto Príncipe. Tais forças eram compostas por ex-partidários
de Aristide e ex-soldados do dissolvido Exército Haitiano e lideradas por Guy
Phillipee Luis Jordel Chamblain.
O avanço das forças rebeldes era rápido e a falta de uma atitude que
transcendesse o apoio verbal por parte da comunidade internacional culminou
na chegada da oposição armada à Porto Príncipe. Em 29 de fevereiro de 2004,
o presidente Aristide deixou o país, seguindo orientações do governo
americano como uma forma de evitar maiores confrontos com os rebeldes.
19

Conforme a legislação haitiana, o sucessor de Aristide deveria ser o


Presidente da Suprema Corte, Boniface Alexandre, que assumiu o cargo de
presidente interino. Uma de suas primeiras medidas foi um requerimento de
assistência, incluindo uma autorização de entrada de tropas internacionais no
Haiti. A Força Interina Multinacional (MIF), composta por estadunidenses,
chilenos e canadenses, chegou ao Haiti com o intuito de restaurar a
democracia e a paz.

Figura 02 – Manifestação em Porto Príncipe


Fonte: http://www.elchenchen.com/2011/04/disturbios-en-haiti-tras-publicar.html, acessado em
17 de julho de 2015.

A Resolução nº 1.542 do Conselho de Segurança da ONU autoriza a


criação da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti - a
MINUSTAH - em 30 de abril de 2004, sob a recomendação do Secretário Geral
das Nações Unidas. A criação da MINUSTAH foi necessária, pois a paz e a
segurança regional estavam em risco. A MINUSTAH ainda contou com a
aprovação das autoridades haitianas.
A Resolução foi adotada sob o Capítulo VII da Carta da ONU. O Capítulo
VII autoriza o uso da força letal para situações além da legítima defesa própria
e de terceiros, evidenciando a necessidade de se fazer cumprir o Mandato da
20

ONU e caracterizando uma nova geração de Operações de Paz. Estas são as


chamadas Operações de Paz robustas, que também se caracterizam por seu
caráter multidimensional, pois são compostas pelos componentes militar,
policial e agências civis de diversas origens atuando de forma integrada
(CAVALCANTE, p. 2).
A diplomacia brasileira considera tal missão como de manutenção de
paz. O Brasil também se articulou para a ampliação do mandato da missão no
Haiti, como forma de garantir uma ação mais abrangente na crise, ao valorizar
o engajamento internacional de longo prazo, agregar estratégias de
desenvolvimento e combate à pobreza, elevar o aspecto humanitário e de
peacebuilding, além de incentivar financiadores internacionais para a operação
(LUCENA, 2013). O Brasil na liderança militar da MINUSTAH também atende
às necessidades estadunidenses, visto que a estabilização da crise impede a
migração de haitianos para os EUA.
É importante salientar que a MINUSTAH não é uma missão de paz
tradicional, visto que foi criada antes mesmo da situação ser analisa por
observadores da ONU e antes de haver um cessar-fogo entre as partes
envolvidas no conflito num país que estava se fragmentando, para evitar a
evolução da situação para uma guerra civil mais violenta, após a saída de Jean
Aristide.
Segundo Hermann (2011), o mandato da operação de paz no Haiti situa
seus fundamentos sobre o princípio de não-indiferença e, por isso, se
singulariza em relação aos demais. Por conseguinte, o Brasil busca justificar
internamente sua participação na MINUSTAH, ao incluir na retórica diplomática
a necessidade de um esforço solidário regional para com uma nação das
Américas, conforme aponta o discurso do Chanceler Celso Amorim (2008):

“O Brasil não podia permanecer alheio a uma situação de


verdadeira falência do Estado no Haiti, com provável
repercussão em toda a região. Moveu-nos uma
solidariedade ativa, ou seja, a não-indiferença. (...) não
estamos inventando um princípio novo e sim sugerindo
uma maneira distinta de ver a não-intervenção.
Agregamos a ela uma dimensão ética e moral de
solidariedade com o próximo, sem interferir nas escolhas
e no direito soberano de cada povo de resolver o seu
próprio destino.”
21

Os objetivos da Resolução nº 1.542 do Conselho de Segurança da ONU


estão previstos no seu Artigo 7º e suas principais metas eram as seguintes:
garantir um ambiente estável e seguro que possibilite um processo político e
constitucional no Haiti; assessorar o Governo Transitório na monitoração e
reforma da Polícia Nacional do Haiti (PNH), promover o desarmamento, a
desmobilização e a reintegração de todos os grupos armados; proteger a
população civil; apoiar o Governo Provisório e prover assistência no que diz
respeito aos direitos humanos e combate à sua violação; auxiliar o Governo
Provisório na promoção de um diálogo reconciliatório de abrangência nacional.
A MINUSTAH começou a operar em 1º de junho de 2004, sob o
comando do General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, e com um efetivo militar
de 6.700 membros, formado por Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá,
Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal,
Turquia e Uruguai. A estrutura militar inicial da MINUSTAH, a qual a tropa
brasileira subordinou-se, era constituída pela denominada “Brigada Haiti”.

Figura 03 – O Presidente Lula revistando a tropa que embarcou para o Haiti em 2004
Fonte: PEIXOTO, 2007.

Em 2005, essa estrutura foi reduzida e nossas tropas ficaram compostas


por um Batalhão de Infantaria de Força de Paz, em inglês Brazilian Battalion
(BRABAT), que assimilou em sua organização um Grupamento Operativo de
Fuzileiros Navais. Trataremos mais especificamente sobre o BRABAT no
próximo capítulo.
22

3 O BATALHÃO DE INFANTARIA DE FORÇA DE PAZ

As tropas brasileiras desembarcaram no Haiti em 1º de junho de 2004


para integrar e liderar a recém-criada Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti. A decisão de participar da Missão adveio do convite feito
à Missão Permanente do Brasil na ONU, que, repassado aos Ministérios das
Relações Exteriores e da Defesa, foi encaminhado à aprovação do Congresso
Nacional. Após manifestação favorável por parte deste, o pedido foi submetido
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ordenou ao Comando das Forças
Armadas o treinamento de um contingente militar a ser enviado ao Haiti
(KHALIL VIANA, 2009).
O Brasil enviou um efetivo militar de 1.200 militares para as operações de
paz no Haiti. O Batalhão Brasileiro (BRABAT, no idioma inglês Brazilian
Battalion) ou Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BI FPaz) foi concebido
como uma Unidade (U) quaternária (com quatro peças de manobra) acrescido
de um Grupamento Operativo do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha
do Brasil, no mesmo valor de uma Companhia, além de uma Companhia de
Engenharia de Construção, diretamente subordinada à MINUSTAH. As peças
de manobra eram constituídas por três Companhias de Fuzileiros de Força de
Paz (1ª, 2ª e 3ª Cia Fuz F Paz) e o 4º Esquadrão de Fuzileiros Mecanizados de
Força de Paz (Esqd Fuz Mec F Paz), além da Companhia de Comando e
Serviço (PEIXOTO, 2009).

Figura 04 – Organograma do Batalhão de Infantaria de Força de Paz


23

Fonte: PEIXOTO, 2009.


As primeiras tropas do BRABAT ocuparam as instalações da
Universidade do Estado do Haiti, localizada no bairro de Tabarré, relativamente
afastado do centro de Porto Príncipe e das áreas mais violentas. As tropas
brasileiras ocuparam esta base, chamada de Base Bravo, até o 6º Contingente
em meados de 2006. As tropas blindadas do BRABAT ocuparam bases
secundárias no 1º Contingente: um Pel FN no Aeroporto Internacional Toussant
Louverture, um Pel Fuz Mec permaneceu na Base Bravo, um pelotão no bairro
de Carrefour e um pelotão pré-posicionado no Palácio Nacional, no bairro de
Bel Air. Já no 2º Contingente todas as tropas blindadas estavam concentradas
na Base Bravo.

Figura 05 – Universidade do Estado do Haiti – Base Brabo do BRABAT


Fonte: http://ht.worldmapz.com/photo/1208_pt.htm, acessado em 11 Set 15.
A partir de 2006. Iniciou-se a construção das novas instalações do
BRABAT, ainda no bairro de Tabarré, sendo esta base inserida no Campo
Charlie, áreas da MINUSTAH onde estão aquarteladas as tropas militares da
missão, permanecendo lá até os dias atuais.
Em 2010, com o envio do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz
(BRABAT 2), este iniciou a construção de sua base também no Campo Charlie,
24

próximo ao BRABAT 1. O BRABAT 2 permaneceu ativado até o 17º


Contingente, em meados de 2013.

Figura 06 – Campo Charlie MINUSTAH, no perímetro azul temos as instalações do


BRABAT 1 e no perímetro vermelho as instalações do BRABAT 2, em 2012.
Fonte: 3ª Seção do EM BRABAT 2 / 16º Contingente, 2012.

Os efetivos do BRABAT variaram, no decorrer dos contingentes, conforme


as prerrogativas da renovação do Mandato da MINUSTAH pelo Conselho de
Segurança da ONU. Após o 7º Contingente da MINUSTAH, o Haiti vivenciou
um período de relativa estabilidade no centro de Porto Príncipe. Podemos
assim sintetizar a evolução dos acontecimentos no Haiti durante a MINUSTAH:
- 2004: início da MINUSTAH e chegada da Brigada Haiti em Porto
Príncipe;
- 2005/2007: pacificação de Porto Príncipe;
- 2008/2009: crise da comida e furacões;
- 2010/2013: terremoto, ativação do BRABAT 2 e posterior desativação,
eleições, novo presidente e novo parlamento;
- 2014/2015: redução do componente militar da MINUSTAH, mudança da
situação de emprego para Quick Reaction Force (QRF).
25

Atualmente, o 22º Contingente trabalha com o efetivo aquém do início da


missão em 2004, conforme será visto no organograma a seguir, tendo como
Modus Operandi a permanência em Quick Reaction Force (QRF), buscando
dar o suporte operacional à Polícia Nacional Haitiana (PNH) e Polícia das
Nações Unidas (UNPOL) visando no futuro deixar à cargo destes órgãos a
responsabilidade pela segurança pública de Porto Príncipe.

Figura 07 – Organograma do BRABAT no 22º Contingente, atualmente ativado


Fonte: BRABAT, 22º Contingente.

Figura 08 – Área Operacional de Responsabilidade (AOR) do BRABAT, 22º Contingente


Fonte: BRABAT, 22º Contingente.
26

Da análise do organograma e da AOR do BRABAT do 22º Contingente,


observa-se que as tropas blindadas assumiram uma AOR extensa no Haiti, não
se limitando mais à capital Porto Príncipe, o que justifica a necessidade de
ativação do 4º Pelotão de Fuzileiros Mecanizados novamente. Estas tropas
estão concentradas juntamente com o BRABAT no Campo Charlie. No próximo
capítulo, será abordado maiores considerações sobre o Esqd Fuz Mec.
27

4 AS TROPAS BLINDADAS DO BRABAT

No capítulo anterior, apresentou-se o BRABAT, seu organograma e seus


principais aspectos na permanência no Haiti. A seguir, será apresentado o
Esquadrão de Fuzileiros Mecanizados de Força de Paz deste batalhão, tropa
que concentra os meios blindados do Exército Brasileiro na MINUSTAH, tema
do presente estudo.
Neste contexto, caber salientar que se deve ter uma visão
multidimensional do emprego destas tropas. Não há como dissociar as missões
desempenhadas pelo Esqd Fuz Mec das missões cumpridas pelo BRABAT
como um todo. O BRABAT atua na vertente militar da MINUSTAH, com a
missão de manter o ambiente seguro e estável do país amigo. Portanto, as
tropas blindadas assim o fazem, em função do seu escalão enquadrante,
sendo inverossímil qualquer tentativa de se apresentar ou analisar ambos de
forma estanque.
O Esqd Fuz Mec F Paz é a SU do BRABAT dotada das VBTP EE-11
Urutu, que proporciona ao batalhão proteção blindada, ação de choque e uma
força rápida capaz de atuar em todos os pontos de Porto Príncipe. Embora as
VBTP tenham sido revitalizadas pelo Arsenal de Guerra de São Paulo,
chegando ao Haiti em excelentes condições de funcionamento, apresentavam
características ultrapassadas, mostrando-se vulneráveis ao conflito em
ambiente urbano, como o encontrado no Haiti, onde o terreno era caracterizado
por um amontoado de casebres, becos e vielas e muito populoso (PACHECO,
2007).
As principais áreas de atuação foram os bairros de Bel Air e Cité Soleil,
onde a atuação de agentes perturbadores da ordem pública, atuando em
pequeno efetivo, aproveitava as condições do ambiente haitiano – composto
por casebres, vielas, lixo e becos por todos os lados – para realizar disparos e
lançar coquetéis molotov e pedras sobre as VBTP.
As tropas blindadas cumprem missões de ocupação de pontos fortes,
reconhecimentos, desaferramento de tropas engajadas, ocupação de posições
de bloqueio, vigilância de zona de ação, monitoramento de manifestações,
28

escoltas de comboios e autoridades, desobstrução de vias públicas e apoio às


ações da PNH (SANTOS, 2007).
Os blindados transportam a tropa em segurança e constituem-se numa
força rápida e flexível para atuar onde for necessário, porém o patrulhamento a
pé permitia um melhor contato dos militares com a população, por meio da
visibilidade, a fim de coletar informações e dados de inteligência, bem como
transmitir uma maior sensação de segurança à população haitiana. O
patrulhamento a pé era realizado pelo Esqd Fuz Mec F Paz também com o
intuito de levar a presença da ONU em locais que impediam a trafegabilidade
da VBTP Urutu. Quando o terreno permitia, esse patrulhamento era combinado
com o apoio das VBTP, proporcionando segurança com suas Metralhadoras
7,62 mm MAG. A ocupação de pontos de observação (PO) sobre as lajes,
reforçava a segurança, permitindo o comandamento sobre a zona de ação,
reprimindo as investidas das F Adv contra a tropa (SANTOS, 2007).
A criação do BRABAT em 2004 a 5 (cinco) subunidades – 3 (três)
subunidades de infantaria, 1 (uma) subunidade de comando e apoio e 1(uma)
subunidade de cavalaria, sem levarmos em conta o GO CFN, ainda que este
grupamento estivesse sob o manto do batalhão – originou uma nova estrutura
dentro das frações de Cavalaria do Exército Brasileiro, o Pelotão de Fuzileiros
Mecanizados (Pel Fuz Mec). Cada Esqd Fuz Mec possuía, originalmente, 04
Pel Fuz Mec.
Destaca-se ainda a versatilidade dessas viaturas no emprego combinado
Fuzileiro-Carro em operações urbanas no Haiti, comparando as possibilidades
com as Operações de Garantia da Lei e da Ordem, realizadas por todas as OM
operacionais de nosso Exército. Por meio das características básicas da
Cavalaria, como flexibilidade, mobilidade e ação de choque, o Esqd Fuz Mec
tem as melhores condições de atuar frente a manifestações, aberturas de
brechas e ultrapassagens de obstáculos e barricadas.
A composição das frações do Esqd Fuz Mec F Paz evoluiu conforme as
necessidades e exigências da missão, bem como as renovações do mandato
da ONU, no tocante a redução de efetivos. Analisando pelotões convencionais
das tropas de Cavalaria, o Pelotão de Cavalaria Mecanizado (Pel C Mec) e o
Pelotão de Fuzileiros Blindados (Pel Fuz Bld) com o pelotão empregado no
29

Haiti, Peixoto (2009) utilizou o Grupo de Combate (GC) reduzido, utilizado em


seu contingente e tido como uma boa prática nos contingentes vindouros.
O GC reduzido se comparado aos GC convencionais não reduziu as
possibilidades de emprego, pois as frações atuavam na maioria das vezes com
dois destes GC realizando patrulhamento em duas VBTP, considerando assim
o princípio do apoio mútuo, nas patrulhas embarcadas ou desembarcadas. A
atuação descentralizada dos GC exigia a adoção de conduta dos comandantes
da ação em determinados momentos, exercitando a liderança e a ação de
comando em todos os níveis (PEIXOTO, 2009).

Figura 09 – O Grupo de Combate reduzido embarcado


Fonte: Peixoto, 2009

Em 2010, com a ativação do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz no


Haiti, em decorrência do terremoto que assolou aquela nação em 12 de janeiro
de 2010, a AOR do BRABAT 1 foi dividida em duas, sendo que este manteve
sua atuação principalmente em Cité Soleil, ao passo que o BRABAT 2 passou
a atuar enfaticamente em Bel Air e Pettion Ville. Assim, aumentou-se o efetivo
de pelotões de fuzileiros mecanizados de quatro para oito, a partir do 12º
Contingente.
A seguir, tem-se um quadro comparativo entre as frações mecanizadas
nível pelotão:
30

Pel C Mec Pel Fuz Bld Pel Fuz Mec F Paz Pel Fuz Mec F Paz – 13º Ctg
- 01 Gp Cmdo - 01 Gp Cmdo - 05 GC - 04 GC
- 01 G Exp - 03 GC em VBTP - 04 VBTP Urutu - 04 VBTP Urutu
- 01 Sç VBR M113
- 01 GC Bld
- 01 Sç Mrt 81
11 homens / GC 11 homens / GC 06 homens / GC 02 GC – 07 homens
02 GC – 08 homens
- 01 Cmt GC - 01 Cmt GC - 01 Cmt GC - 01 Cmt GO
- 01 Motr - 01 Motr - 01 Motorista - 01 Motorista
- 01 Atrd .50 - 01 Atrd .50 - 01 Atirador MAG - 01 Atirador MAG
- 02 Cb Cmt Esq - 02 Cb Cmt Esq - 03 Cb ou Sd Fuz - 04 ou 05 Cb ou Sd Fuz
- 06 Sd Fuz - 06 Sd Fuz
- Mtr Browing .50 - Mtr Browing .50 - Mtr MAG - Mtr MAG e/ou Para-Fal
QUADRO 1 – Comparação das frações mecanizadas nível pelotão
Fonte: Crescêncio Junior (2013)

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas aprovou


em 14 de outubro de 2011 a retirada de 3,2 mil militares estrangeiros que
atuavam na Força de Paz no Haiti. Com isto, o 16º Contingente do BRABAT
teve uma redução do seu poder de combate de um Pel Fuz Mec para atuar em
solo haitiano. Assim, o Esqd Fuz Mec passou a contar com apenas 3 (três)
pelotões em seus quadros, até o 21º Contingente, quando voltou a possuir 4
(quatro) pelotões.
O Esqd Fuz Mec, assim como as demais subunidades de infantaria,
possui também uma Seção de Comando (Sç Cmdo), composta por militares
que desempenham as atividades administrativas e logísticas no âmbito da
subunidade. Em particular, conta com uma Turma de Manutenção de
Blindados, composta por 2 (dois) sargentos mecânicos de viaturas blindadas, 2
(dois) sargentos mecânicos eletricistas e 1 (um) sargento mecânico de viatura
sobre rodas. Esta constituição reforçada na equipe de manutenção de
blindados visa deixar o poder de combate do esquadrão sempre nas melhores
condições de utilização dos veículos Urutu, a fim de não criar soluções de
continuidade nas atividades operacionais do batalhão.
O esquadrão possui ainda na Sç Cmdo, diferentemente de uma
subunidade convencional do Exército Brasileiro, uma turma de saúde,
constituída de um oficial médico, um sargento enfermeiro (geralmente
escolhido no processo de seleção quando possuidor da especialização de
31

atendimento pré-hospitalar) e um cabo padioleiro, que também deve ser


habilitado a conduzir uma viatura ambulância.
Como dito anteriormente, a viatura blindada utilizada pelos BRABAT é o
EE-11 Urutu, uma Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Anfíbia. O Urutu
foi desenvolvido pela extinta Engenheiros Especializado S.A. (ENGESA),
juntamente com o EE-9 Cascavel, no novo sistema de suspensão ENGESA
Boomerang. É orgânica dos Regimentos de Cavalaria Mecanizados. Sua
tripulação planejada inicialmente era composta por 11 militares, sendo 1 (um)
motorista, 1 (um) atirador da Metralhadora (Mtr) .50 e um GC com 9 (nove)
homens equipados. Seu peso é de 11 toneladas chegando, em ordem de
marcha, a 13 Ton. Apresenta 6,1 metros (m) de comprimento, 2,65 m de
largura e 2,9 m de altura. Possui como armamento 1 (uma) Mtr .50 em torreta
giratória localizada no teto. Apresenta blindagem que varia de 6 a 12 mm. É
dotado do sistema ENGESA de tração total (6x6) reduzida na dianteira e
bloqueio do diferencial.

Figura 10 – Viatura Urutu completamente adaptada


Fonte: PEIXOTO, 2009
No decorrer dos contingentes, houve a necessidade de adaptações
técnicas, incorporando três acessórios principais: a cabine de proteção
blindada do motorista, a cabine de proteção balística do atirador da
metralhadora e a lâmina frontal para a remoção de obstáculos, também
32

conhecida como removedora de barricada ou limpa-trilho (ou “bigode”, como


era chamada pelos militares brasileiros). Portanto, houve uma significativa
mudança na própria aparência do Urutu, com a instalação das cabines do
motorista e do atirador e a lâmina removedora de obstáculos. Outra adaptação
relevante foi a utilização de sacos de areia localizados na parte superior do
blindado.
A adaptação na blindagem da escotilha do motorista e na torre do atirador
da Mtr MAG, existente atualmente, proporcionou maior segurança e
operacionalidade para a tropa, ainda que o campo de visão do motorista e do
atirador estivesse comprometido. Para minimizar este problema, os fuzileiros
embarcados passaram a vigiar um maior setor de tiro, nas laterais e a frente do
Urutu. Ressalta que o Cmt GC permanece na escotilha anterior esquerda, a fim
de conduzir a navegação do Urutu de uma melhor forma.
33

5 AS POSSIBILIDADES DE EMPREGO DE VTR BLD NO BRABAT

A Resolução n° 1.542 do Conselho de Segurança das Nações Unidas,


documento que rege a MINUSTAH, foi adotada sob o Capítulo VII da Carta da
ONU. O Capítulo VII autoriza o uso da força letal para fazer cumprir o Mandato
da ONU. A MINUSTAH caracteriza-se por seu caráter multidimensional, é
composta pelos componentes militar, policial e agências civis atuando de forma
conjunta e integrada. Esta evolução fez-se necessária devido às experiências
fracassadas das Nações Unidas, como o genocídio de Ruanda, Iugoslávia e
Somália.
O BRABAT, no decorrer de seus atuais 22 (vinte e dois) contingentes de
atuação além-mar, materializou bem esta necessidade, utilizando, além de
suas tropas motorizadas, a VBTP Urutu como plataforma de proteção contra os
ataques das forças adversas haitianas. O Esqd Fuz Mec foi comumente
utilizado de duas formas básicas, que demandaram outras missões acessórias:
a primeira como um vetor de intensificação das ações do BRABAT em todos os
seus níveis de atuação e a última como tropa de Quick Reaction Force (QRF),
termo das nações unidas que tipificam forças na reserva, prontas para
atuarem. Assim, os blindados foram utilizados numa gama variada de missões
de segurança, cooperação civil-militar e ainda em apoio às atividades internas
do batalhão.

5.1 PATRULHAS MECANIZADAS


Durante a última década, a Área Operacional de Responsabilidade
(AOR) do BRABAT era dividida em subáreas. Estas subáreas eram de
responsabilidades das subunidades de infantaria, ou seja, da 1ª, 2ª e 3ª
Companhias de Infantaria de Força de Paz (Cia Inf F Paz). Cada subárea era
divida em células de patrulhamento; este procedimento faz com que o
comando e controle sejam facilitados para os Comandantes de Companhia,
bem como para o Centro de Operações Táticas (COT), núcleo subordinado à
célula de operações do batalhão (G3).
Cada comandante de subunidade planeja e executa suas atividades de
patrulhamento ostensivo dentro de suas áreas, após uma reunião semanal de
34

coordenação entre o Oficial de Operações (G3), o Oficial de Inteligência (G2) e


os Comandantes de Subunidade. O Esqd Fuz Mec planeja seu plano de
patrulhamento ostensivo, chamado comumente por todos de “pacote de
patrulhas”, conforme a matriz de eventos AOR e ocorrências, uma apreciação
de inteligência da mancha criminal dentro das áreas de patrulhamento da
semana anterior. Portanto, o emprego das tropas blindadas é executado nas
áreas de maior periculosidade do momento, de forma a auxiliar as tropas de
infantaria das suas áreas.

Figura 11 – AOR do BRABAT 1 (Azul) e BRABAT 2 (Verde) em 2012


Fonte: Sofware Google Earth, acessado em 24 JUN 11 (Arquivo do autor)

Figura 12 – Células de Patrulhamento do Brabat 2 – 16º Contingente


35

Fonte: Sofware Google Earth, acessado em 24 JUN 11 (Arquivo do autor)


Um ou mais Pel Fuz Mec são escalados diariamente para realizar o
patrulhamento de segurança mecanizado, seus Cmt Pel organizam a escala de
patrulheiros de forma que no ciclo temporal de vinte e quatro horas tenha, no
mínimo, um grupo de combate ou grupo operativo atuando na AOR. Cada
patrulha dura, em média, três horas, levando-se em conta o tempo gasto em
deslocamentos de ida até as células de patrulhamento e de retorno. Para não
haver solução de continuidade, todos os GC saem do BRABAT sessenta
minutos após a saída do GC anterior, de forma a sempre ter tropa mecanizada
atuando na capital Porto Príncipe. Os demais pelotões permanecem ou na
situação de reserva, podendo ser acionado a qualquer momento, ou de serviço
na base.
Cada evento de patrulha – cento e oitenta minutos de operação -
consiste de um patrulhamento embarcado nas células de patrulhamento, assim
como, eventualmente, pode haver um patrulhamento desembarcado, face à
trafegabilidade e transitabilidade do Urutu em áreas compartimentadas. Neste
momento, um militar permanece na torre do Urutu, observando os demais
militares em solo, pronto para atuar como atirador de escol.
Os grupos operacionais também atuam de forma estática, operando
postos de bloqueio e controle de vias urbanas. Neste momento, buscam
observar a transitabilidade e realizar a verificação de veículos e indivíduos
suspeitos. Estes postos são chamados de Check Points. Quando nestes postos
há a presença de militares da Polícia Nacional Haitiana (PNH) e de policiais
das Nações Unidas (UNPOL), realizando patrulhamento conjunto com as
tropas brasileiras, tais postos são chamados de Static Points.
O Urutu oferece a proteção blindada durante a realização do
patrulhamento ostensivo, ainda que a tropa esteja desembarcada. A tropa
mecanizada, atuando nesta vertente, demonstra a força necessária para que a
MINUSTAH provenha a manutenção do ambiente seguro e estável, principal
missão do componente militar. Nas operações conjuntas, com a PNH e
UNPOL, auxilia ainda nas ações de polícia junto à população haitiana, dando o
suporte operacional para aquela força.
36

5.2 RECONHECIMENTO OPERACIONAL


As tropas blindadas do BRABAT são empregadas na realização de
reconhecimentos operacionais de vias de acesso dentro e fora da AOR
(devidamente coordenado com estes responsáveis), rodovias meridionais do
país, postos de bloqueio e controle de estradas e vias urbanas (para a
realização de Check Points e Static Points), reconhecimento de rotas de
comboio, pontos fortes, posições de isolamento em operações de cerco e
investimento dentro da AOR, dentre outras várias possibilidades de obtenção
de informações.
O autor desempenhou a função de Cmt Esqd Fuz Mec do BRABAT 2 no
16º contingente. Como experiência e ser transmitida, os blindados são
utilizados constantemente a fim de realizarem operações de reconhecimento,
vocação afeta às tropas de cavalaria do Exército Brasileiro.
Na chegada em solo haitiano, o novo contingente de tropas blindadas
vai às ruas de Porto Príncipe como um todo, no intento de conhecer o trânsito
local, as rotas de acesso à AOR do BRABAT, suas células de patrulhamento,
pontos de destaque no terreno, rotas alternativas, de forma a dominar o
ambiente operacional o mais rápido possível.
O BRABAT 2, no 16º contingente, tinha ainda o encargo de ser
responsável pelo plano de contingenciamento de extração e locomoção do
Estado-Maior da MINUSTAH. Quinzenalmente um Pel Fuz Mec fazia o
reconhecimento completo deste plano, como: integrantes do Estado-Maior que
seriam transportados do Campo Delta (base do Estado-Maior da MINUSTAH)
para suas residências e vice-versa, seus contatos telefônicos, residenciais e e-
mails, confirmação geodésica de todas as residências, rotas de deslocamento
e rotas alternativas, evacuação para o hospital de campanha da MINUSTAH,
gerenciado pela Argentina, e a evacuação para o aeroporto internacional e
para o porto marítimo da capital. Apesar das dificuldades corriqueiras que a
missão impõe, durante a permanência no Haiti o Esqd conseguiu fazer
inclusive um ensaio desta evacuação com os integrantes, a fim de testar o
planejamento, verificar a necessidade de viaturas para transporte e escolta,
meios alternativos de comunicação, dentre outras demandas.
37

5.3 SEGURANÇA DE PESSOAL E INSTALAÇÕES DURANTE


CATÁSTROFES NATURAIS
Durante o 16º Contingente, que durou de abril de 2012 até dezembro do
mesmo ano, a permanência no Haiti coincidiu com a Temporada de Furacões
no Atlântico de 2012, que ocorreu na mesma época. Os batalhões brasileiros
da MINUSTAH enfrentaram as forças naturais do ciclone tropical “Isaac” em
agosto e do furacão “Sandy” no final de outubro daquele ano.
O furacão “Sandy” chegou à Ilha Espaniola como um furacão de classe
2, com ventos de até 130km/h. Já o ciclone “Isaac” trouxe uma chuva de quatro
dias, trazendo um volume de água de até 500mm.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Furacao_Isaac_(2012) , acessado em 24 de agosto
de 2015, às 20:48h).
Com as previsões meteorológicas antecipando uma provável catástrofe
natural, os BRABAT tiveram que planejar e executar contramedidas para
amenizar os efeitos destas tempestades, bem como atuar em prol de sua
segurança e da segurança da população.
O BRABAT 2 atuou da seguinte forma com seus blindados: eles foram
posicionados na alameda onde se posicionavam as barracas dos integrantes
do esquadrão, de forma as protegerem contra os ventos que se aproximavam.
Os integrantes do Esqd que estavam na base foram alojados dentro de seus
blindados durante toda a tempestade, que durou toda a madrugada. Os
blindados ainda estavam preparados para transitarem por ruas inundadas e
transporem vaus, caso houvesse esta demanda, e estavam equipados com
cordas e material salva-vidas. Os demais integrantes do BRABAT 2 foram
alocados nos containers alojamentos e dentro do pavilhão de comando do
batalhão. Nestas noites, as patrulhas foram suspensas com viaturas
motorizadas, permanecendo apenas em condições de atuar os pelotões
blindados.
Nestas mesmas oportunidades, o Esqd Fuz Mec recebeu a missão de
realizar a proteção dos geradores de energia que equipavam o Palácio
Nacional haitiano e a sede do Senado. Como isto, dois GC foram deslocados
para tais instalações de forma a prover a segurança daqueles pontos sensíveis.
Mais dois GC permaneceram junto ao Forte Nacional, base da 1ª Cia Inf F Paz,
38

subunidade do batalhão destacada no bairro de Gran Bel Air em Porto


Príncipe, a fim de fazerem a segurança do local, bem como ficarem em
condições de apoiar aquela subunidade durante a passagem das tempestades.

5.4 ESCOLTA DE COMBOIOS


Os blindados são utilizados para fazer a escolta e segurança de
comboios, operacionais ou administrativos, durante o emprego do BRABAT.
Sua proteção blindada e seu comandamento proporcionado à sua guarnição
embarcada demonstração de força e dissuasão durante estas operações
militares.
Uma operação de escolta no Haiti é sempre precedida de uma operação
de reconhecimento, seja da envergadura que for. Esta pode ser feita com os
blindados, associadas a viaturas motorizadas ou apenas empregando estas
últimas.
No reconhecimento de uma escolta serão levantados pontos importantes
para a missão, tais como: trajeto principal do comboio, rotas alternativas,
distâncias a serem percorridas (em todas as rotas traçadas), tempo de duração
da escolta, pontos de controle, locais de parada (ocupadas em último caso),
coordenadas geográficas dos locais de destino, a capacidade de comunicações
com a base durante todo o trajeto (rádio, celular, internet), coordenação com
outras nações (necessária para cruzar áreas de outros países), necessidade de
intérpretes e a necessidade de pré-posicionamento de tropas.
É interessante ressaltar – e também exaltar – que esta missão é típica
de tropas de infantaria da Polícia do Exército. Estas tropas desempenham esta
missão muito bem quando atuam isolados no Haiti. No entanto, face aos
fatores da decisão, o comandante pode decidir por delegar esta atividade às
tropas blindadas do BRABAT, como por exemplo para transporte de
armamentos, viaturas, escolta de tropas amigas, equipamentos de engenharia,
dentre outras.
Os blindados comumente são destacados para realizarem escoltas de
grandes distâncias no território haitiano, seja para o norte do país, seja para um
dos três pontos de fronteira por estradas com a República Dominicana. Após o
reconhecimento, a escolta é executada com um destacamento precursor,
39

podendo ser blindado ou mesmo motorizado, um pelotão de fuzileiros


mecanizados a quatro viaturas e um destacamento de apoio. Este último era
composto por militares de manutenção de blindados e de comunicações, caso
houvesse a necessidade de atuarem em prol das tropas de segurança.

Figuras 13 e 14 – VBTP Urutu auxiliando na escolta de Condoleezza Rice, Secretária de


Estado do Estados Unidos da América, em visita ao Haiti em 2005.
Fonte: CCOPAB, 2011.
O destacamento precursor tem a missão de manter o movimento
constante, verificando as condições de tráfego nos pontos de controle e a
segurança inicial do movimento, busca liberar vias de obstáculos, liberar a via
de pedestres, veículos e motocicletas que atrapalhem o fluxo do comboio.
40

O Pelotão de Fuzileiros Mecanizado realiza a segurança do comboio


durante toda a sua extensão, tendo seu poder de combate dividido na
vanguarda e retaguarda da coluna de marcha. A viatura que vai a frente deve
ter atenção em especial ao trânsito – particularmente caótico naquela nação
caribenha – a fim de manter a velocidade de escoamento constante. Os
fuzileiros permanecem embarcados, realizando a segurança circular, dividindo
o Urutu em setores de tiro.
O militar mais antigo de cada viatura (Cmt Pel e/ou Cmt GC) deve ter
ciência de todo o trajeto a ser realizado na escolta, de forma a atuar
isoladamente caso algum incidente ocorra. Neste caso, um GC é destacado
para neutralizar a ameaça ou incidente, e o restante prossegue na coluna de
marcha. Após sanada a ocorrência, a força em contato deve retornar à escolta
o quanto antes. As escoltas de comboio mais sensíveis efetuadas pelo
BRABAT são geralmente de transporte de alimentos, armamentos, munições e
viaturas. A primeira escolta citada ainda admite uma perda de gêneros
alimentícios, caso venha ser abordada pela população, muitas vezes carentes
de comida e dispostas a enfrentarem até mesmo tropas blindadas. Neste caso,
admite-se uma pequena perda de gêneros, a fim de não macular o centro de
gravidade da missão primária do componente militar, ou seja, a segurança da
população haitiana.
As viaturas, antes de integrarem uma operação de escolta, eram
revisadas, em particular nos seus extintores de incêndio, luvas de amianto,
colocação de um armamento coletivo na vanguarda e na retaguarda do
comboio (uma metralhadora MAG), além de cambões, cabos de aço,
ferramentas, etc.
A tropa era preparada conforme a missão. Durante o planejamento e
expedição das ordens, salienta-se a importância se de evitar o fratricídio e os
efeitos colaterais com a população, as condutas de reação, setores de tiro de
cada fuzileiros embarcado, além de uma padronização específica do
equipamento individual, por se tratar de missão de longa durante, em algumas
oportunidades. Os motoristas são orientados a ficarem constantemente atentos
quanto as margens da estrada, a despeito de utilizarem armamento longo e
curto, não podem se engajar num eventual combate de encontro.
41

Por fim, o destacamento de apoio, que pode ser feito tanto em blindados
quanto em viaturas motorizadas, tem o encargo de prover apoio necessário
caso aconteça algum equipamento de comunicações ou viatura apresente uma
pane. Felizmente, sua atuação é mínima, pois os equipamentos de
comunicações do BRABAT são de excelente qualidade, assim como os
blindados são intensamente manutenidos pela turma de manutenção de
blindados.
O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) realiza
semestralmente o Estágio de Comandantes de Subunidades e Pelotões
(ECOSUPEL) para os oficiais que desempenharão tais funções no Haiti. O
CCOPAB, neste estágio, salienta ainda a importância de se prever uma Força
de Reação, que se desloque à retaguarda de todo o comboio, ou que esteja
pré-posicionada no itinerário da escolta, a fim de garantir a integridade da
missão. Entretanto, durante o 16º Contingente, por exemplo, as missões
desempenhadas pelo BRABAT eram múltiplas, sendo que muitas vezes o
efetivo disponível para realizar uma escolta de comboios não privilegiava o
destacamento de uma Força de Reação. Logo, a responsabilidade de toda a
segurança recaia sob o Pel Fuz Mec com esta missão, sendo cumprida de
forma eficaz em todas as oportunidades.

5.5 OPERAÇÕES DE CERCO, VASCULHAMENTO E INVESTIMENTO


As Operações de Pacificação (Op Pac) compreendem o emprego do
Poder Militar na defesa dos interesses nacionais, em locais restritos e
determinados, por meio de uma combinação de atitudes coercitivas limitadas
para restaurar ou manter a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de
grandes proporções, provocadas pela natureza ou não, e de ações
construtivas, para apoiar esforços de estabilização, de reconstrução, de
restauração e/ou de consolidação da paz (BRASIL, 2014).
As principais tarefas das Op PAC são: restaurar ou manter um ambiente
seguro e estável, restabelecer o controle e a segurança civil (incluindo a
assistência às forças de segurança), restaurar serviços essenciais, apoio à
42

governança e apoio ao desenvolvimento econômico e de infraestrutura


(BRASIL, 2014).
Neste contexto, o BRABAT também realiza Op PAC, em particular para
restabelecer o controle e a segurança civil, dando o suporte necessário ao
Pode Judiciário e a Polícia Nacional Haitiana em suas ações. Para tal, o
batalhão lança mão de técnicas de Operações de Garantia da Lei e da Ordem
(Op GLO), Operações Interagências e Operações de Combate a Localidade
(Op Cmb Loc). Esta mescla de conhecimentos doutrinários do Exército
Brasileiro aplicou-se na MINUSTAH, de forma a dar o suporte tático e técnico
de operar em ambiente urbano internacional em nome da ONU para auxiliar as
forças de segurança locais a desempenharem suas funções.
A Justiça Haitiana, por vezes carente de logística e pessoal
especializado para cumprirem mandados de busca e apreensão e mandados
de prisão, solicita apoio à MINUSTAH para efetuá-los. A MINUSTAH, ao tomar
ciência da AOR onde ocorrerão tais ações, faz com que aquele responsável
pela área se ligue com as autoridades haitianas. Deste contato são
estabelecidas as demandas operacionais e a específica área onde trabalhão.
No caso do BRABAT, ao receber este encargo, planeja a execução
desta missão à semelhança de uma Op Cmb Loc. Logo, a operação é faseada
em: cerco ao perímetro de atuação das forças interagências, ocupação de
pontos sensíveis que permitam o comandamento visual e a visada direta de
atiradores de escol nas residências alvo e o investimento no perímetro,
podendo ser seletivo ou sistemático.
Em 2012, o BRABAT 2 realizou um operação desta envergadura
valendo-se do investimento misto (seletivo e sistematizado),onde cumpriu
mandados de prisão, busca e apreensão e ainda realizou a varredura completa
no perímetro. Tal perímetro era uma área de disputas entre gangues inimigas
pelo controle do tráfico de drogas no bairro de Bel Air, em Porto Príncipe.
Nestas operações, o BRABAT emprega o Esqd Fuz Mec na realização
do cerco do perímetro onde atuará. Todas as viaturas blindadas são utilizadas
para efetivamente isolarem todas as entradas no perímetro. A descentralização
desta operação chega ao nível de esquadra de grupo de combate, pois a
geografia urbana de Porto Príncipe. Sua infraestrutura é caracterizada por
43

possuir muitas ruas, vielas e espaço onde um criminoso ou integrante da força


adversa possa exfiltrar durante o investimento.
Ainda que haja necessidade de emprego de blindados no investimento,
este procedimento não é o ideal, pois comprometeria a fluidez do investimento
dos militares a pé. Em última instância, para desengajar tropas de fogos da
força adversa ou mesmo assegurar a integridade das autoridades judiciárias,
um GC pode ser destacado para apoiar as tropas de investimento.
A participação da tropa blindada nestas operações é de longa duração,
cerca de oito a dez horas ocupando as posições de cerco. Elas são as
primeiras forças a estabelecer a segurança do perímetro e as últimas a
desmobiliarem o dispositivo. Para tal, é de grande valia que esta operação seja
planejada, reconhecida e tenha seus preparativos ultimados com no mínimo 48
horas de antecedência, de forma a prepararem os Urutus bem como para que
a tropa possa descansar. Especial atenção deve se dar a integridade dos
motoristas.
A fim de se obter o sigilo necessário, o Esqd Fuz Mec dispõe suas
viaturas em coluna de marcha ainda na madrugada, partindo para a ocupação
do cerco antes do amanhecer, de forma a evitar o trânsito haitiano.
Geralmente, reagrupa-se numa posição pré-determinada ao chegar no centro
de Porto Príncipe, nas proximidades no porto marítimo. Deste local, as viaturas
são liberadas seletivamente conforme seus pontos de ocupação no dispositivo,
do local mais afastado para o local mais próximo. Ao final da operação, o
retorno para base é feito isoladamente, ação realizada rotineiramente pelas
tropas durante o patrulhamento.
44

Figura 15 – Pelotão de Fuzileiros Mecanizados descolando-se para as posições de cerco


Fonte: Arquivo do Autor

5.6 OPERAÇÕES DE COOPERAÇÃO CIVIL-MILITAR


Coordenação Civil-Militar (CIMIC) é o sistema de interações envolvendo
a troca de informações, negociações, resolução de conflitos, apoio mútuo e
planejamento em todos os níveis entre militares, policiais, organizações
humanitárias e instituições de desenvolvimento para atingirem os objetivos da
ONU (UN. 2002, Civil-Military Coordination Policy, Department of Peacekeeping
Operations, United Nations, New York, p.2.).
Nas operações de paz, as atividades de CIMIC são realizadas para as
seguintes finalidades: segurança, no transporte de gêneros, atividades de
engenharia (estradas, água, energia, reconstrução), assistência médica,
recreação e assessoramento de civis.
As operações de CIMIC em muito se assemelham às Ações Cívico-
Sociais (ACISO) realizadas pelo Exército Brasileiro. Tais atividades são únicas
ou em conjunto, com empenho de recursos humanos e materiais do
Componente Militar, destinadas a estimular ativa oposição civil à Força
Adversa e o consequente apoio às operações das Forças de Manutenção de
Paz (CCOPAB, 2011).
As tropas blindadas do BRABAT também estão aptas a realizarem
atividades de CIMIC, pois estas envolvem atividades deduzidas que envolvem
diretamente seu emprego, conforme especificado acima. O oficial responsável
pelas atividades de CIMIC é o subcomandante de subunidade. Este oficial se
liga diretamente com a célula de Estado-Maior de CIMIC (G9), a fim de
ajustarem o planejamento destas atividades.
Em 2012, o Esqd Fuz Mec realizou diversas atividades desta natureza
na comunidade de Warf Jeremie, um local de extrema pobreza nas
proximidades do porto marítimo de Porto Príncipe, em particular com
distribuição de água à população e o gerenciamento de atendimento médico
simultâneo. O subcomandante recebia o encargo da célula do G9, e começava
seus planejamentos realizando um reconhecimento da área e reunindo-se com
as lideranças locais, a fim de receber suas demandas e equalizá-las com as
45

possibilidades do BRABAT. Em seguida, eram distribuídas senhas à população


carente, face à capacidade de 20.000 litros de água da viatura cisterna do
BRABAT. No caso do atendimento médico também eram realizadas tais
distribuições de senhas, ainda que houvesse possibilidade de exceções, no
caso de baixo número de atendimentos médicos.
Considerando ainda este exemplo para um estudo de caso, podem-se
tecer mais algumas considerações. O Esqd Fuz Mec toma um dispositivo de
segurança circular no local da distribuição da água, já preparando uma única
via de acesso de entrada e saída do local para a população, de forma a se ter
um controle efetivo durante toda a atividade, em seguida a cisterna toma seu
local no dispositivo, escoltada à frente e à retaguarda por um GC num Urutu.
Com o perímetro de segurança estabelecido e a cisterna em posição, iniciava-
se a distribuição de água à população que estivesse com a senha. Este
dispositivo pode ainda ser utilizado para a distribuição de gêneros e demais
donativos, pois é simples e facilmente coordenado.

Figura 16 – Modelo representativo de um dispositivo para ações de CIMIC (no caso está
explícito o dispositivo circular, as vias únicas de entrada e saída e demais viaturas dispostas
para entrega de donativos naparte interna do perímetro)
Fonte: CCOPAB, 2011.
46

6 LIÇÕES APRENDIDAS DURANTE A PERMANÊNCIA NO HAITI

A seguir, serão apresentadas algumas lições aprendidas afetas ao


emprego de blindados pelo BRABAT, nas diversas atividades em que foram e
são empregados.

6.1 O PODER DE DISSUASÃO


O 15º Contingente trabalhou com uma orientação da MINUSTAH de
utilizar a VBTP Urutu somente no período noturno, durante os meses de janeiro
a abril de 2012. Esta medida foi acatada pelos dois batalhões brasileiros no
Haiti devido ao período de chuvas local, ainda que o trânsito de civis haitianos
se reduza drasticamente durante o período noturno. O argumento é simples:
mais de oitenta por cento da população haitiana não dispõe de luz elétrica em
suas residências, fazendo com que acordem muito cedo para trabalhar ou
mesmo sobreviver à miséria e a fome, e se recolhem cedo às suas casas. A
atividade criminal em Porto Príncipe acompanhava esta rotina noturna.
O Comandante do BRABAT 2 decidiu por empregar novamente os
blindados durante as atividades diurnas de patrulhamento e demais operações,
ao assumir a AOR. Esta medida tinha por objetivo ambientar no mais curto
prazo de tempo os novos motoristas do contingente, argumento este
prontamente acatado pela MINUSTAH.
No entanto, além de atingir o objetivo de adaptar as novas tropas em
ambiente haitiano, completamente diferente de suas regiões de origem, o
BRABAT observou ainda a retomada do poder dissuasório nas atividades de
patrulha. Os comandantes de pelotão de fuzileiros mecanizados reportavam
que a população tinha uma conduta diferente com a tropa brasileira embarcada
nos Urutus, antes indiferentes com as patrulhas motorizadas diurnas,
demonstravam um grau de desconforto, não se sentiam à vontade de
transitarem perto das viaturas blindadas. Este efeito psicológico se fez sentir
ainda pela tropa, que se sentia mais protegida e com um campo de visão mais
amplo das quatro escotilhas do Urutu, assim como de sua torre.
Talvez o currículo de atuação das tropas blindadas possa justificar tal
situação. Os blindados eram amplamente utilizados nos primeiros contingentes
47

nas áreas mais violentas, e foram vetores diretos nos embates mais perigosos
com criminosos haitianos. As tropas blindadas eram utilizadas para intervir pelo
fogo, pela ação de choque e proteção blindada durante oportunidades onde
tropas motorizadas e à pé estavam engajadas na capital haitiana com pleno
êxito, ainda que as regras de engajamento fossem aplicadas nos mais altos
patamares da utilização de força letal.
O poder dissuasório dos blindados foi uma das lições aprendidas mais
marcantes durante o 16º contingente da missão. O retorno às ruas teve ainda
outro efeito recorrente, que será abordado a seguir, que é a manutenção dos
blindados.

6.2 A NECESSIDADE DE INTENSA MANUTENÇÃO DOS BLINDADOS


Assim que os Urutus retornaram às atividades diuturnas no 16º
Contingente, constatou-se que a qualidade da manutenção de primeiro e
segundo escalão estava aquém das necessidades operacionais do Esqd Fuz
Mec. Em particular, pode-se elencar: excesso de óleo lubrificante de motor no
carter e nos filtros de óleo, cáliper de freio (conjunto pinça de freio e reparos)
desgastados, pastilhas de freio desgastadas, problemas elétricos na chave
inversora e na chave geral de quase todos os Urutus, faróis queimados e
traves da torre quebrados.
O clima quente, úmido e salino de Porto Príncipe é agressivo para os
componentes dos blindados acima elencados, eles suportam um período
aquém da sua vida média. Ainda, não havia um estudo que privilegiasse o
suprimento logístico que atendesse esta demanda de forma eficaz, pelo
contrário, chegavam peças de reposição dos carregamentos marítimos que não
atendiam as necessidades logísticas da manutenção de blindados.
O Esqd Fuz Mec, trabalhando juntamente com o Pelotão de Manutenção
do BRABAT 1 e do BRABAT 2, realizou um mapeamento logo nos primeiros
dias de todas as necessidades de manutenção de todos os blindados, bem
como relatou – com vistas ao próximo contingente – as reais necessidades de
suprimento imediato para os Urutus. A jornada diurna dos motoristas e dos
mecânicos eram vocacionadas para revisar e manutenir todos os blindados o
48

quanto antes, a fim de que o BRABAT 2 estivesse com seu poder de combate
mecanizado restabelecido.
Uma medida no preparo da tropa, ainda no Brasil, que refletiu
positivamente para as operações e para a logística, foi a escolha de dois
motoristas de blindado para cada Urutu. Um militar ocupava o cargo de
motorista no Quadro Organizacional (QO), enquanto outro cabo e/ou soldado,
com treinamento específico para motorista de blindados, ocupava outro cargo
no grupo de combate, ficando na condição de suplente do motorista, caso este
não pudesse conduzir a viatura ou mesmo estivesse impedido por motivos
alheios.
Semanalmente todas as rodas dos Urutus eram retiradas pela sua
guarnição e seu sistema de freio passava por uma manutenção criteriosa, de
forma que a partir da oitava semana de missão os blindados não ficavam
indisponíveis com tanta rotina. A ONU realiza duas inspeções logísticas por
contingentes – a Operational Readness Inspection (ORI) – e em ambas
oportunidades os veículos blindados do BRABAT 2 estavam totalmente
disponíveis.
Outro problema de manutenção encontrado foi com a trava da torre do
Urutu. As torres dos Urutus no Haiti foram adaptadas à proverem proteção
blindada ao Cmt GC, ainda que sua mobilidade e setor de tiro permanecesse
restrito. Com o peso superior ao de sua concepção, as travas das torres dos
Urutus estavam se quebrando, o que oferecia grande risco ao Cmt GC e
também aos demais integrantes do grupo, caso o militar da torre estivesse
realizando fogos com a torre instável, os demais estariam comprometidos. Com
o apoio da Companhia de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY) novas
travas foram produzidas, bem como foram estocadas travas sobressalentes no
kit de ferramentas do motorista, para que este rapidamente a substituísse em
caso de necessidade.
Os motoristas observaram ainda que os retrovisores utilizados nos Urutus
do BRABAT 2 eram pequenos e se mostravam ineficazes, situação esta
potencializada pelo campo de visão comprometido pela blindagem do motorista
adaptada. A solução encontrada para tal foi adaptar retrovisores maiores em
ambos os lados do Urutu.
49

Nas dispensas de arejamento da tropa, que eram feitas por pelotões, as


viaturas blindadas eram conferidas à outra tropa que estivesse pronta na base,
desta forma a manutenção de blindados não sofria solução de continuidade.
A turma de manutenção de blindados, composta na época por cinco
sargentos mecânicos, ainda tinha outra função operacional importante, como
veremos a seguir.

6.3 A CONDUTA COM OS BLINDADOS NOS PATRULHAMENTOS


Os grupos de combate sempre realizam uma reunião, um briefing antes
de cada missão operacional no Haiti. Nestes briefings são expostos como será
a execução da atividade, procedimentos, itinerários de deslocamento, regras
de engajamento, material a ser utilizado, realizam-se testes de equipamentos
rádios, filmadoras, câmeras fotográficas e outras julgadas cabíveis.
No início da missão, como dito, os blindados apresentavam problemas
mecânicos com frequência e comumente ficavam parados. Para tal, a turma de
manutenção era acionada para sanar o incidente mecânico. Para agilizar o
procedimento de salvamento, caso ocorresse, integrantes da turma de
manutenção participavam do briefing antes da atividade. Desta forma, tinham
conhecimento da missão, da viatura que estaria sendo utilizada, do motorista,
do substituto do motorista, e principalmente dos itinerários que a tropa utilizaria
naquela ocasião. Com isto, o apoio de manutenção prestado era mais rápido,
tendo conhecimento do que estava ocorrendo, inclusive intervindo na
substituição ou não do blindado utilizado, caso os mecânicos julgassem que
aquele veículo não estivesse apto para tal tarefa. Posteriormente, este
procedimento foi extendido a equipe médica em apoio ao esquadrão,
procedimento este que se mostrou um ponto forte nos planejamentos das
missões seguintes.
Observou-se que o Urutu desempenha um excelente papel bloqueando o
trânsito nas vias urbanas, além de oferecer a proteção necessária à tropa no
caso de ocorrências envolvendo engajamento de tropa. O seu interior pode ser
utilizado para que os militares que não estejam atuando possam ter um pouco
de descanso, longe das vistas da população haitiana, diferentemente das
patrulhas motorizadas, realizados com a viatura Marruá.
50

O emprego ideal do Urutu passa muitas vezes pela atuação de seu


Motorista. Este deve estar armado, conforme as regras de engajamento da
MINUSTAH, entretanto não pode se engajar em ações que necessite abertura
de fogos. O Motorista usa da força letal somente para se defender, situação
esta facilitado pela blindagem em 360 graus do seu compartimento. A
comunicação feita via rádio entre o comandante de grupo de combate e seu
motorista é mister para a segurança e navegação nos deslocamentos. Um
ponto forte observado na missão era a qualidade do material de comunicações
utilizados nos carros, os rádios veiculares FALCON 3, da fabricante Harris.
Sem um bom equipamento rádio seria muito difícil para o Cmt GC comandar a
guarnição embarcada.
Os Urutus do BRABAT 1 possuíam faróis de busca adaptados próximos
às escotilhas anteriores, a fim de auxiliar o patrulhamento noturno. Nos
blindados do BRABAT 2 não havia tal adaptação, e a solução encontrada foi
adquirir lanternas de grande intensidade para as operações noturnas. Esta
medida deu mais flexibilidade à guarnição do carro, pois o equipamento
poderia ser conduzido também nas patrulhas a pé.
Apesar de ter a capacidade de conduzir onzes militares, o Urutu não
comporta tal efetivo adequadamente nas operações de paz. Um fuzileiro
embarcado está equipado com colete balístico, capacete, rádio, fuzil, porta-
carregador, porta equipamento menos letal, lanternas, pistola e outros, o que
retira muito de sua liberdade de ação, da flexibilidade, dificulta a definição de
setores de tiro embarcado, assim como dificulta o embarque e o desembarque.
Logo, a guarnição do Urutu era constituída por, no máximo, sete militares: o
Cmt GC, o motorista, o atirador da torre, e mais três ou quatro fuzileiros
embarcados. Salienta que no interior do blindado iam embarcados também
suprimento de água extra, kit de primeiros socorros, kit de ferramentas do
motorista, um cunhete com munição letal e menos letal sobressalente, cordas,
cones de sinalização de trânsito, dentre outros.
A utilização das seteiras do Urutu para a observação de setores de tiro
mostrou-se inapropriada para o ambiente urbano, pois limitava
demasiadamente a visão dos fuzileiros e dificultava a execução de fogos, se
fosse necessário. Além disto, a proximidade entre os fuzileiros no interior dos
51

blindados pode comprometer a execução de tiros do inteiror dos Urutus, pois a


ejeção de cartuchos poderia atingir o rosto de um militar eventualmente, como
aconteceu. Durante a execução de tiro no adestramento da tropa, foi executada
esta atividade para fins de treinamento e alguns cartuchos atingiram o rosto de
militares embarcados, sem danos maiores, pois estavam utilizando óculos de
proteção. Sacos de areia eram colocados no entorno das escotilhas em
operações de maior vulto, buscando reduzir a probabilidade de ricochetes de
eventuais disparos de criminosos.

Figura 17 – O Grupo Operacional no BRABAT 2,16º Contingente.


Fonte: 3º Sgt Cav Jardel Abbeg.
Durante as operações de cerco, isolamento e investimento, observou que
cresce de importância dos pontos de liberação, locais que devem ser atingidos
em horários marcados por acessos distintos, tudo com o intuito de manter a
surpresa sobre a real intenção da tropa. A necessidade de coordenação da
tropa cresce nas operações de cerco, pois cada fração deve utilizar acessos
diferentes, atingindo-os dentro do quadro horário previsto.
Por fim, observou-se que a coordenação entre as tropas blindadas e as
tropas motorizadas em atividades operacionais simultâneas contribui para o
apoio mútuo entre estas, caso se faça necessário. Uma guarnição blindada em
patrulhamento na área da 1ª Cia Inf poderia atuar rapidamente para fornecer a
52

proteção blindada e permitir uma rápida resposta em caso de confrontos, por


exemplo. Esta possibilidade era extensas às demais áreas, fruto de uma
coordenação que ocorria semanalmente entre a Seção de Operações do
BRABAT e os comandantes de subunidade.
53

7 CONCLUSÃO

Para desenvolver o presente estudo foi estabelecido um problema a ser


solucionado, o que direcionou todo o processo para se obter sua resposta, bem
como apresentar argumentos que a corroborasse.
Tal problema, “como empregar os PRODE Bld dentro do Batalhão de
Infantaria de Força de Paz, fazendo com que não haja comprometimento do
seu poder de combate?”, foi solucionado analisando a temática de emprego de
viaturas blindadas por parte das tropas do Exército Brasileiro durante os dez
anos de participação na MINUSTAH.
Desta análise, resultou um compêndio de ideias de como empregar
tropas blindadas em missões de paz pelo BRABAT, bem como um estudo de
lições aprendidas, de modo a contribuir para as ações vindouras da Força
Terrestre sob a égide da ONU.
A motivação que concebeu a pergunta chave deste estudo tem seu
cerne na participação de tropas da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro em
missões de paz, em particular quando inseridas no BRABAT que atua no
componente militar da MINUSTAH. O próprio autor participou da MINUSTAH,
exercendo a função de comandante do Esqd Fuz Mec no BRABAT 12 durante
o 16º contingente da missão, entre abril e dezembro de 2012.
Durante as fases de preparação e emprego, percebeu-se que diversos
procedimentos e possibilidades dos blindados na missão eram advindos de
condutas concebidas e testadas no cotidiano do BRABAT, o que ao longo de
mais de dez anos constituiu-se num cabedal de experiências, entretanto pouco
normatizadas em manuais de campanha.
Tais condutas não estavam devidamente catalogadas em nenhum
manual no Exército Brasileiro, ainda que fossem objetos da preparação das
tropas que participariam da MINUSTAH pelo CCOPAB de forma excepcional. É
mister salientar que o CCOPAB atingiu o “estado da arte” na preparação dos
comandantes de subunidade e comandantes de pelotão que comporiam o
BRABAT ao longo dos últimos anos, sendo vetor do êxito de sua missão bem
cumprida.
54

Este estudo foi desenvolvido tendo fulcro na pesquisa bibliográfica e


documental. Levantou-se a bibliografia e documentos pertinentes, selecionou-
se dentro deste universo os que melhores atendiam ao propósito do estudo e
foram meticulosamente analisados, de forma a amparar o conhecimento
exposto. Salienta-se que esta fase foi de intensa pesquisa às diversas fontes,
várias delas de autoria de antigos integrantes da MINUSTAH, que em suas
visões de futuro buscaram catalogar suas experiências para serem
aproveitadas no futuro.
Em síntese, conclui-se que as possibilidades de emprego de viaturas
blindadas no BRABAT têm melhor eficácia quando são utilizadas em:
- patrulhas mecanizadas potencializando as ações das tropas de
infantaria em suas áreas de responsabilidade;
- em reconhecimentos operacionais, aproveitando-se da expertise da
tropa de Cavalaria nestas ações;
- na segurança de pessoal e instalações durante eventuais catástrofes
naturais e na escolta de comboios, tendo no VBTP Urutu um importante vetor
de proteção da tropa e de dissuasão;
- nas operações de cerco, vasculhamento e investimento, muito em
particular na primeira, onde tem condições de cumprir a vigilância com mais
eficácia; e
- nas operações de CIMIC, pela sua flexibilidade e modularidade para
operar a mobilização e desmobilização do dispositivo.
Conclui-se ainda que o VBTP Urutu representa um vetor de dissuasão,
oferece boa proteção à tropa contra fogos inimigos, enfim, um multiplicador do
poder de combate do BRABAT. No entanto, é um veículo ultrapassado para os
padrões atuais de ações em localidade, necessitando de melhorias estruturais
no seu sistema de freio, no sistema de comunicações interna e ainda no
gerenciamento do compartimento da tripulação.
Com o advento da nova família de blindados no Exército Brasileiro, o
Projeto Guarani, haverá a necessidade de se reconsiderar alguns aspectos
táticos elencados no presente estudo, ainda que muitos procedimentos
apresentados possam ser afetos ao emprego do novo blindado em operações
de paz.
55

Por fim, o ambiente operacional complexo descortinado pelas atuações


em localidades por tropas sob a égide da ONU faz com que cada vez mais haja
a demanda de emprego de veículos blindados, particularmente para o
transporte de militares. A necessidade de se estudar e buscar registrar em
estudos as melhores práticas, bem como as oportunidades de melhoria, deve
ser uma preocupação constante do Exército Brasileiro, para que não haja uma
solução de continuidade nas operações futuras.
56

REFERÊNCIAS

BASTOS, Expedito Carlos Stephani. EE-11 Urutu repotencializados no


Arsenal de Guerra de São Paulo. Artigo científico da Universidade Federal de
Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2013.

BRASIL, Ministério da Defesa, Exército Brasileiro, Estado Maior do Exército.


Manual de Campanha C 95-1 Operações de Manutenção de Paz. 2ª Edição,
1998.

BRASIL, Ministério da Defesa. MD 34 M-02 Manual de Operações de Paz. 3ª


Edição 2013.

CAVALCANTE, Ten Cel R1 Carlos Alberto de Moraes. Os 10 anos de


MINUSTAH e o CCOPAB. Disponível no site
www.ccopab.eb.mil.br/index.php/pt/.../155-minustah-10-anos-b acessado em 22 de
março de 2015.

CORREA, Paulo Gustavo. Minustah e Diplomacia Solidária. Criação de um


novo paradigma em missões de paz? Trabalho de Conclusão de Curso de
Pós-graduação em Ciências Políticas da Universidade Federal de São Carlos.
São Carlos, 2009.

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