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Rio de Janeiro
2007
Maj Cav ARTHUR MÁRCIO RIGOTTI
COMBATE URBANO
Rio de Janeiro
2007
R 565 Rigotti, Arthur Márcio.
Emprego dos meios blindados da cavalaria no combate urbano.
/Arthur Márcio Rigotti. – 2007.
151f. ; il. : 30 cm.
. Bibliografia: f. 148-151.
CDD 357.5
2
COMBATE URBANO
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Luis Cláudio de Mattos Basto - Maj Inf - Dr. Presidente
Escola de Comando e Estado Maior do Exército
__________________________________________________________
Adalberto de Oliveira Franco – Ten Cel Cav – Mestre Membro
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
__________________________________________________________
Ubirajara Brandt Rodrigues - Maj Cav – Mestre Membro
Escola de Comando e Estado Maior do Exército
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Tenente Coronel Adalberto de Oliveira Franco e Major Ubirajara Brandt
Rodrigues pelo incentivo e participação na banca examinadora.
Aos amigos Major Paulo Roberto Rodrigues Pimentel e Major Rogério Cetrim de
Siqueira, pelo apoio na tradução de artigos e manuais e na transmissão de
conhecimentos imprescindíveis à execução desta dissertação.
RESUMO
O presente trabalho tem como tema o emprego dos meios blindados brasileiros no
combate urbano. Seu objetivo é verificar se esses elementos possuem condições de
operar naquele ambiente, em virtude do material em uso e em sintonia com a
doutrina vigente. O estudo desenvolveu-se fundamentado em uma pesquisa
bibliográfica, documental e de opinião. A coleta do material foi realizada por meio de
consultas à biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME),
ao Centro de Instrução de Blindados (CIBld), ao Centro de Instrução de Operações
de Paz (CIOPAZ), aos noticiários de jornais e de revistas nacionais e estrangeiras;
de dados e relatórios do Exército Brasileiro e de exércitos de outras nações; de
questionários; de formulários e por meio de acesso à rede mundial de computadores
(Internet). São apresentados comentários sobre o cenário mundial da atualidade,
caracterizando a crescente evolução do emprego de blindados nos combates em
ambientes urbanizados a partir da última década do século passado, além de alguns
confrontos ocorridos na história, particularmente a partir da Segunda Guerra
Mundial. São abordados aspectos doutrinários referentes às atividades bélicas
desenvolvidas por forças nacionais e estrangeiras, que de alguma forma pudessem
contribuir para a elucidação do problema apresentado, bem como as lições
aprendidas por estas forças. São apresentadas, também, as possibilidades e as
limitações de forças blindadas no combate em área edificada, analisando-se a
viabilidade de seu emprego. Na conclusão, as idéias levantadas ao longo do
trabalho são ratificadas, enfatizando-se a necessidade da modernização dos meios
blindados e o melhor adestramento das suas guarnições, visando a possibilidade de
emprego no combate em localidade.
RESUMEN
El presente trabajo tiene como tema el empleo de los medios acorazados brasileños
en el combate urbano. Su objetivo es verificar si esos elementos poseen condiciones
de operar en aquel ambiente, en virtud del material en uso y en sintonía con la
doctrina vigente. El estudio se desarrolló basado en una investigación bibliográfica,
documental y de opinión. La recolección del material fue realizada por medio de
consultas a la biblioteca de la Escuela de Comando y Estado-Mayor del Ejército
(ECEME), al Centro de Instrucción de Acorazados (CIBld), al Centro de Instrucción
de las Operaciones de Paz (CIOPAZ), a noticias de periódicos y de revistas
nacionales y extranjeras; de datos y de informes del Ejército Brasileño y de ejércitos
de otras naciones; de pesquisas; de formularios y con el acceso a la red mundial de
ordenadores (Internet). Son presentados comentarios sobre el escenario mundial de
la actualidad, caracterizando la creciente evolución del empleo de los acorazados en
los combates en ambientes urbanizados a partir de la última década del siglo
pasado, además de algunas peleas ocurridas en la historia, particularmente a partir
de la Segunda Guerra Mundial . Tratase de los aspectos doctrinarios respecto a las
actividades guerreras desarrolladas por fuerzas nacionales y extranjeras, que de
cierta manera podrían contribuir para aclaración del problema presentado, bien como
las enseñanzas recogidas por estas fuerzas. También se presentan las posibilidades
y las limitaciones de fuerzas acorazadas en el combate en área construida,
analizando la viabilidad de su empleo. En la conclusión, las ideas levantadas a lo
largo del trabajo se ratifican, haciendo énfasis en la necesidad de modernizacion de
los medios acorazados y el mejor adestramiento de sus equipos, en vista de la
posibilidad de empleo en el combate en área construida.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
Atq Ataque
Bld Blindado
Can Canhão
Cav Cavalaria
CC Carro de Combate
Cia Companhia
Cmdo Comando
Cmt Comandante
EB Exército Brasileiro
Esqd Esquadrão
FT Força-Tarefa
Fuz Fuzileiro
GC Grupo de Combate
Gp Grupo
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Inf Infantaria
Ini Inimigo
Mot Motorista
Mrt Morteiro
Mtr Metralhadora
Mun Munição
OM Organização Militar
Pç Ap Peça de Apoio
PP Programa Padrão
Rec Reconhecimento
Seç Seção
Vtr Viatura
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 16
1. INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
A dinâmica do combate moderno, que vem sendo observada em conflitos
atuais, tem demonstrado a real importância da conquista de localidades e do
combate em ambiente urbano no curso das ações ofensivas, nas operações de
garantia da lei e da ordem (GLO) ou forças de paz, empreendidas em determinado
Teatro de Operações (TO).
O Exército Brasileiro não vivenciou na atualidade uma situação real em que
se visse obrigado a conquistar locais povoados ou combater em ambientes urbanos,
estando a doutrina e o material muito defasados da atual realidade de exércitos em
constante emprego, muito embora as Forças de Paz, de que o Brasil tem participado
ou liderado, deram uma noção das dificuldades deste tipo de ação, como no caso
recente das tropas no Haiti, servindo de base para experimentação, formulação de
doutrina e adequação do emprego de materiais.
No intuito de se alcançar os objetivos propostos, faz-se necessário consultar
os manuais em uso no Exército, particularmente os de Cavalaria, além das
Organizações Militares da arma, que podem emitir opiniões valiosas e experiências
referentes ao assunto. A questão do emprego de meios blindados no interior de
localidades, por ser polêmica, tem sido tema de discussões em todos os níveis e
18
__________
2
JEZIOR, Bonnie. Designada para a Escola de Guerra do Exército dos EUA no período 1996-98 e participou de estudos sobre
o Exército do Futuro, primeiramente como aluna e depois como membro docente.
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1.4 HIPÓTESES
A fim de embasar o levantamento e a formulação das hipóteses desta
pesquisa algumas variáveis devem ser consideradas: os meios blindados atualmente
em uso pelas tropas de Cavalaria são apropriados para o investimento em uma
localidade, em operações de guerra e não-guerra no ambiente urbano?
Para se confirmar esta variável, outras variáveis independentes foram
levantadas, com as seguintes proposições:
1) os meios blindados em uso pela Cavalaria possuem versatilidade e
tecnologia suficientes para serem utilizados no ambiente urbano?
2) as guarnições dos blindados possuem instrução suficiente para atuarem
no combate urbano atual?
3) as técnicas, táticas e procedimentos para o emprego de blindados em
ambiente urbano estão apropriadas e devidamente treinadas, consoante com a
evolução do combate?
Hipóteses levantadas:
1) Os meios blindados da Cavalaria brasileira seriam adequados para o
investimento contra uma localidade em um quadro de guerra urbana, seja
convencional, em operações de garantia da lei e da ordem (GLO) ou compondo
forças de paz, caso preenchessem os requisitos de todas as variáveis
independentes.
2) Os meios blindados da Cavalaria brasileira seriam considerados
parcialmente adequados para o investimento contra uma localidade em um quadro
de guerra urbana, seja convencional, em operações de garantia da lei e da ordem
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Figura 02 - “Panzerkampfwagen III (PzKpfw III), geralmente referido como Panzer III, foi um carro desenvolvido nos anos 30
pela Alemanha Nazista e usado intensivamente na Segunda Guerra Mundial. Foi planejado para combater outros veículos de
combate, servindo como um suporte para a infantaria. Em breve seria substituído pelos Panzer's IV, embora alguns ainda
continuassem a ser utilizados para suporte”.
Fonte: Wikipedia
5
“Blitzkrieg” ou guerra relâmpago foi o nome dado às ações rápidas e devastadoras empreendidas pelos alemães na Segunda
Grande Guerra, atropelando o inimigo com mobilidade e potência de fogo (definição própria).
6
Os termos Tanque e Carro de Combate serão utilizados no decorrer do trabalho e possuem o mesmo significado.
29
Figura 03 - Panzer IV
Fonte: Wikipedia
imaginavam o que o destino lhes reservava naquela cidade batizada com o nome de
Stalin. As primeiras levas de regimentos da “Wehrmacht”7 já estavam nas margens
do Volga, o grande rio da Rússia, mas o contínuo desgaste das forças alemãs
determinou que fossem utilizadas, no front de Stalingrado, uma quantidade
crescente de forças militares de outros membros do Eixo (italianos e romenos), de
fraco valor militar e pouco confiáveis. Além dos audaciosos planos imperialistas de
Hitler, o fato da cidade ter o nome do inimigo de Hitler, Josef Stalin, fez a captura da
cidade ser também motivo de propaganda. Tal acabou por fazer com que Stalin, que
durante muito tempo persistiu em acreditar na ofensiva alemã em direção a Moscou,
acabasse por pensar do mesmo modo.
Entrementes, o exército alemão chegou a tomar, em feroz combate casa a
casa, o equivalente a nove décimos de Stalingrado; mas este combate de rua o
desgastava, impunha baixas cada vez maiores de homens e equipamentos
produzidas por franco-atiradores e armas anti-tanques, impedia que o seu comando
e acima de tudo Hitler, conseguisse pensar em outra coisa senão tentar, com
persistência insana, em finalmente tomar Stalingrado. Os combates já deixaram de
ser simplesmente pela posse da cidade, mas naquele outono de 1942 ocorreram os
principais acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, no decurso dos quais eram
desbaratadas as forças seletas da Wermacht, colocando em dúvida a eficiência da
”Blitzkrieg” com os meios blindados, no investimento em uma localidade.
10
SIMONOV, Konstantin (1915-1979). Citado por N.T.Morozova e N.D. Monakhova em The Battle for Stalingrad, Moscou, 1979
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Figura 06 - Camaradas em festa: ainda queimando, Stalingrado volta a ver pavilhão soviético tremular.
Fonte: Revista VEJA, 1943.
Tropas de Elite (2006), era composta de várias divisões de batalha que incluíam as
15ª e a 21ª Divisões de Panzer como também a 334ª Divisão de Infantaria e as 5ª e
90ª Divisões Leves. Os primeiros elementos chegaram à Tripoli, na Líbia, no dia 14
de fevereiro e continuariam chegando durante as demais semanas deste mês. Nesta
campanha merece destaque os combates urbanos desenvolvidos em Tobruk, cidade
africana que ficou isolada por terra durante quase toda a campanha do
Mediterrâneo.
O sistema defensivo empregado na cidade, durante o avanço das tropas de
Rommel, constava de uma eficiente linha de barreiras nos arredores da cidade, com
constante e bem organizada rede de abastecimento e suprimento, através de meios
navais e que davam suporte à resistência das tropas de elite chamadas de “ratos do
deserto”. A investida das tropas nazistas rumo ao Egito perdeu impulsão em face
dos combates travados em Tobruk, apesar dos valorosos meios blindados das
divisões Panzer, que não se mostravam tão hábeis e móveis em um ambiente
urbanizado e fortemente defendido.
Figura 07 - Para atuar no deserto os veículos foram repintados nas cores de camuflagem tropical que era
principalmente amarelo escuro e o símbolo do Afrika Korps, a árvore de palma e a suástica, colocado como sinônimo da
campanha Norte africana.
Fonte: Tropas de Elite (2006).
Esse período do pós-guerra foi marcado por inúmeras guerras civis, muitas
vezes financiadas por americanos e soviéticos, com a finalidade de conquistar mais
países para suas esferas de influência, tornando-se marcantes alguns conflitos em
ambientes urbanos, os quais serão apresentados a seguir.
Observadores da ONU em
patrulha motorizada
Figura 09 - Observadores canadenses da UNEF (United Nations Emergency Force) entre Israel e Egito,
Fonte: Arquivo pessoal.
39
Figura 10 - Patrulha americana em ponto forte utilizando-se os CC M1 Abrams e Bld leve Humvee
Fonte: TROPAS DE ELITE (2006).
40
Figura 12 - M998 High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle (blindado leve "Humvee"), utilizado
pelas forças especiais americanas em Mogadíscio.
Fonte: Defense Update (2006).
Figura 15 - Carro de combate russo – dificuldade de elevação do tubo (canhão) para atingir andares altos.
Fonte: Tropas de Elite (2006)
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de aço para sua guarnição e uma preocupação a mais para as forças que fazem uso
destes meios. Algumas das limitações inerentes aos carros de combate estão sendo
superadas por modificações relativamente simples que podem melhorar o poder de
combate e a aplicação eficaz de táticas urbanas.
Outro veículo blindado largamente utilizado pelos norte-americanos é o
Bradley das séries M-2 A2 e M-2 A3, que tem se constituído em uma excelente
opção para o transporte de tropas e apoio às operações da infantaria. Esses
blindados possuem um ângulo mais elevado e devem ser mantidos sempre próximos
a tropas a pé, evitando ruas estreitas e becos sem saída.
Arma Remotamente
Operada do Interior CC
Protetor do Carregador
Visão Térmica
Telefone do Infante
a análise do Defense Industry Daily (2007), ainda mais úteis são os visores
independentes térmicos para os comandantes do veículo incluído no pacote do
sistema M-1A2 (SEP)16 e o visor independente para o comandante do M-2 Bradley.
Estes visores adicionais permitem ao comandante e ao atirador cobrir
simultaneamente setores diferentes, mantendo a observação em toda a área externa
ao blindado e a potência de fogo, permitindo também o engajamento de alvos em
pontos elevados.
As câmeras de vídeo permitem observar “pontos cegos” em torno do tanque,
especialmente nos flancos e na parte traseira. Quando o CC está manobrando, para
se evitar danos ao veículo e nos seus arredores, o balizamento é absolutamente
essencial, mas expõe também os guias ao risco do fogo hostil. O controle através de
rádio com um guia a pé foi tentado como uma alternativa, mas provou ser bem
menos eficaz.
Outro benefício do novo sistema de vídeo é que permite ao motorista
inverter e girar sem orientação externa, já que a câmera panorâmica multidirecional
de 360 graus testada com sucesso, possui a potencialidade de detecção automática
de movimento para advertir a tripulação de ameaças que se aproximam e de
elementos hostis que podem escalar os veículos quando estacionados.
Os sistemas de gerência da batalha (BMS) experimentados nos EUA e
adotados por blindados ingleses, franceses e israelenses, melhoraram radicalmente
a orientação do comandante do tanque, especialmente quando fechada a parte
superior, visando a proteção máxima da tripulação. O sistema permitiu a realização
do tiro com a arma principal do carro, com margens de segurança maiores,
simplificando o estabelecimento de setores de tiro compartimentados, reduzindo-se
o fogo cruzado e o risco de fratricídio.
Dentre as melhorias nos blindados americanos para o combate urbano pode-se citar,
também, a adaptação de lâminas aos carros blindados a fim de permitir o
deslocamento por entre ruínas e obstáculos lançados pelos opositores. Este
aperfeiçoamento foi incrementado fruto de experiências em que blindados ficaram
detidos nos próprios escombros de edifícios bombardeados, não podendo
_________
16
Systems Enhancement Package (SEP) – pacote de inovações para o sistema M1A2 Abrams que será implantado nos
veículos até o ano de 2009, pela empresa americana General Dynamics Land Systems, juntamente com os “kits” para o
combate urbano (TUSK).
59
metralhadora de 7,62 mm, que pode ser disparada de dentro do veículo sem expor o
tripulante ou diretamente com o atirador sentado na escotilha. O periscópio da torre
permite um campo de visão de 25º com zoom de oito vezes, além de óculos de visão
noturna de 2ª geração com campo de visão de 22º e com zoom de até sete vezes.
Outras três metralhadoras (Mtr) podem ser instaladas em pedestal simples
na escotilha do comandante e em duas escotilhas dos tripulantes traseiros. O
veículo não está equipado com armas mais poderosas tendo em vista sua função
precípua de transporte de fuzileiros e de proteger seus tripulantes no deslocamento
até os objetivos, carregando para isto cerca de quatro mil tiros de metralhadoras em
seu interior.
A proteção é melhorada com seis lançadores de fumígenos para defesa
própria, sendo também possível gerar cortina de fumaça lançando diesel no
escapamento do motor do lado esquerdo. O blindado tem sistema de detecção de
fogo e supressão e também existe uma versão de Posto de Comando (PC) sem
metralhadoras e com mais rádios.
O Achzarit está em serviço na brigada de infantaria Golani e em outras duas
brigadas de infantaria de reserva, em condições de serem mobilizadas em caso de
necessidade, servindo como exemplo de veículo de infantaria blindada, com eficaz
sistema de proteção aos fuzileiros.
A empresa Nimda está desenvolvendo uma versão melhorada do X3A1
Achzarit chamado Achzarit Mk2. Ele terá blindagem melhorada, suspensão de longo
curso usada nos carros de combate, para maior mobilidade em terreno acidentado
no lugar das barras de torção do T-55 e um motor mais potente do que o usado
originalmente.
Figura 29 - Merkava Mk 1
Fonte: Tropas de Elite (2006).
Figura 30 - Merkava Mk 2
Fonte: Tropas de Elite (2006).
Figura 31 - Merkava Mk 3
Fonte: Tropas de Elite (2006).
____________
18
O CC M41C não será apresentado por estar sendo substituído por blindados mais modernos.
70
O veículo pode ser dividido em duas grandes partes, que são a torre com seu
armamento e o chassi com o motor e os trens de rolamentos. No seu interior o carro
é dividido em 03 (três) compartimentos: compartimento de combate, no interior da
torre, compartimento do motorista e compartimento do motor. A tripulação do CC é
constituída pelo comandante da viatura, atirador, motorista e pelo auxiliar do
atirador, perfazendo 4 (quatro) militares.
O armamento principal é o canhão 105 mm, possuindo como armamento
secundário 2 (duas) metralhadoras, uma coaxial (7,62 mm) e outra do comandante
do carro (.50), além de 2 (dois) lançadores de fumígenos.
o mundo, particularmente nos países que mais têm participado, atualmente, destes
tipos de confrontos.
84
23
Field Manual – FM 3-06 – Urban Operations. Traduzido pelo Maj Cav Qema Paulo Roberto Rodrigues Pimentel, da seção de
doutrina da ECEME.
24
TUCKER, David "Fighting Barbarians," Parameters, (Verão 1998), p. 69-79. Ver também Lester W. Grau, "Bashing the Laser
Range Finder With a Rock," Military Review, edição em inglês, (Mai-Jun 1997), p. 42-48.
87
o tipo de luta que ocorrerá, caso o inimigo decida combater em área urbana. Essa
visão implica, sem dúvida, em uma evidência das dificuldades que os EUA e outras
forças militares têm encontrado quando conduzindo operações militares em terreno
urbano, durante os últimos anos.
Nos documentos e relatórios posteriores à Segunda Guerra do Golfo,
verificaram-se problemas como os desafios de comunicação, a vulnerabilidade de
aeronaves de asa rotativa e blindados frente às armas individuais e a falta de
mobilidade tática, geralmente disponível para a infantaria desembarcada.
Em geral, a doutrina norte-americana preconiza, de acordo com Hanh II
(2001), que se deve dominar e conquistar pontos decisivos buscando atingir o centro
de gravidade25 dentro das localidades e, para isto, apenas duas alternativas lógicas
são admitidas. A primeira opção, a qual alguns oficiais do comando têm
demonstrado certa predileção nos recentes jogos de guerra realizados pelos norte-
americanos, é evitar travar combate nas cidades. Pensando desta forma, as forças
dos EUA deveriam procurar engajar o inimigo em terreno descoberto onde a sua
superioridade tecnológica proporcionaria uma vantagem esmagadora. Infelizmente,
essa opção inibe a habilidade das forças estadunidenses de conduzir a campanha
militar para uma rápida conclusão, permitindo ao inimigo o exato tipo de refúgio que
ele procurava quando decidiu entrar na cidade. O inimigo tem controle da cidade e
está a salvo dos ataques das forças norte-americanas, fato que vem ocorrendo no
Iraque.
Uma opção alternativa descrita como uma "abordagem indireta" foi proposta
por Scales Jr (1998)26. Esta abordagem requer o estabelecimento de uma linha de
cerco ao redor da cidade ocupada pelo inimigo. Embora raramente, ou talvez nunca,
entrem na cidade, as forças ofensivas empregariam armas de precisão para atacar
alvos selecionados, lideranças-chave e armas de destruição em massa, dentro do
perímetro sitiado da cidade. Eventualmente, a cidade desmoronaria sobre o inimigo
causando, por conseguinte, a sua derrota.
No que diz respeito ao emprego de forças blindadas, no investimento contra
uma cidade, conforme analisou Hanh II (2001) e Bonnie Jezior, o mais importante
__________
25
Chama-se centro de gravidade o ponto no organismo do Estado adversário que, caso seja conquistado ou o inimigo dele
perca o efetivo controle, toda sua estrutura de poder desmoronará. Manual de Estratégia C 124-1 pag 3-7.
26
SCALES JR, Robert H, "The Indirect Approach: How US Military Forces Can Avoid the Pitfalls of Future Urban Warfare,"
Armed Forces Journal International, (outubro de 1998), pp. 71-72.
88
Assim, verifica-se que o emprego das forças blindadas não é uma ação
isolada, mas ocorre em combinação com soldados desembarcados para cobrir
pontos cegos e para fornecer proteção contra ameaças externas.
armamento dos carros russos não permitissem engajar alvos situados nos porões ou
nos andares superiores dos edifícios. As metralhadoras antiaéreas eram eficazes
contra estes alvos e as armas dos helicópteros foram usadas também contra os
atiradores de escol e armas nos pisos superiores, voando protegidos por edifícios
evitando engajamento pelo inimigo e cerrando sobre estes alvos.
Em Grozny, os CC e as VBTP formaram os grupos blindados usados fora
das áreas capturadas, como uma força de contra-ataque, para fornecer segurança
para instalações da área de retaguarda e para dar proteção à infantaria, avançando
fora da área de engajamento das armas anticarro inimigas. Os russos adotaram
medidas de precauções especiais para proteger seus carros de combate e
transporte de pessoal. Além de mantê-los atrás da infantaria, equiparam alguns com
uma gaiola de proteção, instalada a aproximadamente 30 centímetros da blindagem
do veículo. Estas gaiolas podem diminuir o efeito da granada RPG-7, além de outros
armamentos como o conhecido coquetel “Molotov” ou uma série de outra granadas
anticarro.
Quanto aos israelenses, que no período entre 1982 e 2003 estiveram
envolvidos em vários episódios de conflitos urbanos, estes melhoraram seus
procedimentos neste tipo de operação. No Líbano e na Palestina constituíram
equipes de armas combinadas, onde os blindados prestavam o apoio de fogo
pesado e direto às equipes a pé que limpavam os edifícios.
A tática era cercar previamente a localidade, subdividi-la, limpar um setor,
enquanto, paralelamente, se realizava fogo direto de helicópteros em outros setores,
coordenados com fogos indiretos de artilharia. O efeito sobre o objetivo era grande,
mas os danos colaterais não eram de grande magnitude, se comparados com o
poder de fogo empregado. Portanto, os israelenses souberam combinar armas,
adaptá-las e até mesmo personalizá-las para cada tipo de missão. Por exemplo, o
emprego dos tanques Merkava, que não possuem apenas o canhão e as
metralhadoras como armas principais, mas também um morteiro de 60 mm.
Os soldados israelenses atestam que seu principal meio móvel de apoio é o
“Bulldozer”, máquina blindada, com a qual se protegem, assaltam edifícios precários
e rompem barricadas. Disso, como resultante, depreendem-se os seguintes
ensinamentos: empregar os sistemas de armas combinadas, utilizar a combinação e
modificação permanente entre as plataformas de armas e executar o cerco e a
96
que estejam executando alguma ação hostil sobre as tropas que se encontram
isolando a mesma.
“Nas FT Bld, as FT Esqd / Cia Fuz Bld serão empregadas, em
princípio, como força de investimento. As FT Esqd CC,
normalmente, integrarão a base de fogos”. (C 17-20, 2002, p. 9-6).
ataque ou atuar no flanco contra uma resistência inimiga que detenha uma das
peças do escalão de ataque, beneficiando-se da progressão da peça vizinha.
A localização desta reserva deve ficar de um a três quarteirões do escalão
de ataque no nível brigada, de um a dois quarteirões no nível unidade e no mesmo
quarteirão dos pelotões que realizam a limpeza no nível subunidade.
A doutrina prescrita nos regulamentos militares brasileiros, por terem sido
baseados nos manuais norte-americanos, apresenta técnicas, táticas e
procedimentos muito semelhantes aos aplicados naqueles exércitos, servindo de
base doutrinária para os confrontos em áreas urbanizadas, devendo considerar,
entretanto, a diferença dos meios tecnológicos empregados e a atualização por que
passou a doutrina do exército dos EUA, ainda não acompanhada pelo EB.
A composição das pequenas frações combinadas é a mesma utilizada pelo
exército norte-americano, sendo desnecessário citá-las novamente, porém
fundamental se torna o intenso treinamento para que cada Cmt de Pel saiba da sua
missão e de seus comandados, com regras de engajamento bem definidas e
procedimentos pré-estabelecidos, evitando-se perdas humanas e materiais e em
última análise o fracasso na missão.
Importante, também, verificar o porte das principais cidades, atualmente,
sendo necessário aplicar poder de combate suficiente para o cumprimento das
missões, que devem ser dadas por tarefas específicas nos pontos de maior
interesse estratégico para o governo atacante.
A coordenação e o controle devem aumentar na medida em que aumentam
as tropas envolvidas, visando evitar ataques frustrados e, principalmente, o
fratricídio, tão comum neste tipo de operação, segundo as experiências de países
que participaram de conflitos urbanos recentemente.
A doutrina brasileira carece de experimentação, já que não foi aplicada em
missões reais de combate convencional, mas pelas experiências atuais vividas no
Haiti, em operações de estabilização, sob o comando dos oficiais brasileiros e
utilizando alguns meios blindados do EB, observa-se que tanto as regras de
engajamento como o material a ser empregado necessita de adaptações para se
enfrentar um inimigo que pode estar em qualquer lugar e utilizando-se de toda sorte
de armamentos, improvisados ou não, mas com potencial para causarem baixas nas
forças operantes.
102
da Força e que cumpre bem a finalidade de transformar o que ocorre nas operações
em campanha em informações digitais transmitidas “on-line” aos comandantes nos
vários escalões.
Segundo o Maj Cav Villar, em resposta à pesquisa de campo deste trabalho,
outro passo importante a ser ressaltado foi a iniciativa da Academia Militar das
Agulhas Negras de construir uma pista de combate em localidade, onde os cadetes
podem praticar e adestrar-se no comando de pequenas frações em área urbana. Da
mesma forma que em outros lugares, a pista procura imitar as dificuldades que
seriam enfrentadas em um combate urbano, ainda carecendo de maiores
investimentos e aperfeiçoamentos, que certamente virão, tendo em vista a
importância em se trabalhar as tropas nestes ambientes.
minimizam sua exposição à observação inimiga, até que estejam prontos para serem
empregados;
7) o peso dos blindados, em geral, impede o uso de pontes de baixas
capacidades, requerendo equipamento especial e técnicas de apoio à mobilidade,
fornecidas pela Engenharia, para os deslocamentos, devendo haver planejamento
adequado das rotas e áreas de operação;
8) o consumo de um blindado é elevado na comparação aos demais
veículos, necessitando acurado planejamento e um esforço coordenado da logística,
a fim de assegurar que as exigências de combustível dos veículos blindados sejam
cumpridas;
9) os CC são complexos e requerem tempo dedicado à manutenção, tanto a
preventiva executada pela própria guarnição durante as paradas ou períodos de
descanso, como a reparação e recuperação feita por equipes especializadas. A não
observância deste aspecto pode levar ao fracasso das missões das unidades
blindadas;
10) de todos os fatores limitadores que inibem operações de veículos
blindados, nenhum tem um efeito mais decisivo do que o terreno, principalmente em
áreas edificadas e de difícil locomoção. O terreno pode ditar o número de veículos a
serem empregados, além de inviabilizar determinadas rotas ou direções, requerendo
estudo detalhado dos obstáculos interpostos;
11) as minas anticarros são os maiores inimigos dos blindados, podendo
temporariamente diminuir a impulsão dos tanques. Outros obstáculos encontrados
com freqüência e que tendem a restringir o movimento são os fossos anticarros e os
escombros originados dos ataques às edificações, sendo normalmente
impedimentos provisórios, que podem ser superados pelo emprego apropriado de
armas, equipamentos e de pessoal orgânicos; e
12) o uso freqüente e basicamente calcado nas comunicações via rádio,
para o comando, o controle e a coordenação de unidades blindadas, faz com que
estas se tornem vulneráveis à guerra eletrônica inimiga, assim como aos órgãos de
inteligência. Faz-se necessário rigoroso cuidado na exploração e segurança dos
meios de transmissão para superar esta limitação.
Pode-se observar que muitas das limitações apresentadas são minimizadas
com a presença dos fuzileiros, bem como as limitações destes (pouco poder de fogo,
pouca proteção e mobilidade) serão compensadas pelo veículo blindado. Apenas
113
proteção dos grupos de combate como para a dissuasão, pelo efeito psicológico que
causam.
De uma forma geral os blindados nacionais, particularmente os sobre rodas,
já não possuem mais condições de sobrevivência no campo de batalha e necessitam
passar por um processo de modernização e revitalização para que possam cumprir
os padrões mínimos de desempenho. Os blindados sobre lagartas não possuem
versatilidade suficiente para atuar em áreas urbanizadas, em vista do seu tamanho e
peso, além da falta de tecnologia para ter maior durabilidade e resistência.
As experiências de norte-americanos e israelenses comprovaram que os
blindados devem ser adaptados para o combate urbano, através de “kits” que são
colocados e retirados dependendo da missão. A inclusão destas inovações nos
blindados atualmente em uso e recentemente adquiridos, como o Leopard 1 A5,
parece ser a solução mais imediata e econômica para se ter um carro mais moderno
e dotado de meios de sobrevivência para o ambiente urbano.
A decisão de se continuar o processo de repotencialização dos blindados
sobre rodas, ao invés de se pensar em uma nova família destes veículos, tomada
pelo Ministério da Defesa, conforme apresentou o representante da 4ª Subchefia do
Estado Maior do Exército, em palestra ministrada recentemente para o 2º ano do
Curso de Comando e Estado Maior da ECEME31, reforça a idéia de se investir em
pacotes para o combate urbano, já visando, inclusive, as missões de força de paz
em execução e vindouras.
A solução paliativa adotada, possivelmente por razões orçamentárias, não
descarta a necessidade de se investir na indústria bélica nacional, particularmente
no que se refere à pesquisa e desenvolvimento de projetos, com a finalidade de se
produzir uma família de blindados sobre rodas com tecnologia, peças e manutenção
nacionais, diminuindo ou mesmo eliminando a dependência externa de área tão
sensível, fato este observado por Bastos (2007 a).
Os blindados sobre rodas possuem maior versatilidade para emprego no
interior de cidades, conforme abordagem de Oliveira (2003)32 em sua monografia.
Faz-se necessário, portanto, otimizar sua utilização, observando-se as lições
__________
31
Palestra da 4ª Subchefia do EME, ministrada em 09/05/2007, durante o ciclo de Logística e Mobilização.
32
OLIVEIRA, Maurício Soares. O Esquadrão de Cavalaria Mecanizado no combate em área edificada. 2003. Dissertação
(Mestrado em Operações Militares) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2003.
120
em incluir inovações para o combate urbano, particularmente no Urutu, que tem sido
largamente utilizado pelas forças de estabilização no Haiti.
A atual crise dos órgãos de segurança pública é outro aspecto que deve ser
levado em consideração para a modernização dos meios blindados, particularmente
os sobre rodas, que possuem melhor emprego nas operações de garantia da lei e da
ordem e necessitam de inovações e tecnologia específicas para o combate em área
urbanizada.
Desta forma, pode-se concluir parcialmente nesta seção, que os meios
blindados atualmente em uso no EB, comprovadamente são necessários às
operações urbanas, porém carecem de aprimoramentos e investimentos a fim de
terem seu uso dinamizado nestes ambientes e poderem cumprir com eficiência as
missões que lhes são atribuídas.
Além disso, pouco ou nenhum adestramento da FT SU Bld vem sendo
executado em áreas urbanas ou mesmo das frações mistas de VBR e Fuz
embarcados em Urutu, como alternativa de emprego para ações mais rápidas e que
necessitem maior versatilidade.
122
6.1 PARTICIPANTES
A pesquisa foi direcionada à totalidade dos oficiais alunos de cavalaria da
ECEME, englobando o Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do
Exército (CPEAEx), os 1º e 2º anos do Curso de Comando e Estado-Maior (CCEM),
comandantes de OM de cavalaria das mais diversas naturezas, onde se utilizam
blindados, ao CIBld e ao CIOPAZ.
A preferência pela aplicação de um questionário a todos os alunos de
cavalaria da ECEME, evitando o caminho alternativo mais simples de utilizar uma
amostragem, visou a ampliar o universo pesquisado e, conseqüentemente, a
confiabilidade e a precisão dos resultados. Isso se tornou possível porque as
perguntas foram definidas procurando facilitar a tabulação dos resultados, sendo
utilizadas apenas perguntas diretas.
Todos os oficiais pesquisados têm reconhecido êxito profissional, pleno
conhecimento do emprego tático da arma e possuem boas noções dos meios
blindados da cavalaria existentes na Força Terrestre, além da vivência prática em
várias organizações militares espalhadas pelo território nacional. Foram computadas
as respostas de trinta e seis oficiais de cavalaria da ECEME dos setenta e um
existentes, portanto, mais da metade dos oficiais responderam aos quesitos
selecionados.
Os comandantes de OM são oficiais nomeados pelo Comandante do
Exército, portanto, tornando o universo confiável e os resultados com precisão
adequada, já que onze unidades participaram da pesquisa das vinte e duas que
possuem blindados no seu Quadro de Distribuição de Material (QDM), além do CIBld
e do CIOPAZ.
Esse universo, por abranger exclusivamente oficiais superiores do QEMA do
Exército, oriundos de organizações militares de diferentes naturezas e de diversos
Estados da Federação, apresenta elevado grau de regularidade quanto à
capacidade de avaliação da realidade do Exército e da Cavalaria.
Dos quarenta e nove questionários aplicados e devolvidos, todos foram
considerados válidos por terem sido respondidos de forma suficiente e com
fundamentação. Apenas um deixou de responder à 11ª questão, sendo aproveitadas
as respostas aos demais itens. Para a média foi computada essa omissão.
124
6.2 MATERIAL
Foram elaboradas questões para compreender o conceito de adequabilidade
dos meios blindados da cavalaria no combate urbano. Buscou-se, ainda, avaliar
percepções quanto:
- a necessidade de realizar experimentação doutrinária.
- a instrução específica para o emprego de blindados no interior de
localidades.
- formas de adestramento para as guarnições blindadas.
Foram utilizados quatro modelos de questionários, encaminhados através de
ofício ou pessoalmente ao pesquisado. Todos os questionários tiveram proposições
semelhantes, constando de 11 quesitos de múltipla escolha e um quesito aberto
para outras contribuições e opiniões acerca do assunto. Os questionários dirigidos
ao CIBld e ao CIOPAZ tinham questões específicas às características das OM.
6.3 PROCEDIMENTOS
Os passos deste trabalho foram:
- realização de pesquisas quantitativas, por intermédio de questionários
direcionados a oficiais superiores do QEMA ou alunos da ECEME da arma de
cavalaria;
-consolidação das informações; e
-análise crítica e conclusões.
Inicialmente, foram definidos a finalidade e o tipo das perguntas que
comporiam o questionário, tendo por objetivo contribuir para a verificação das
hipóteses formuladas e buscar informações que pudessem conduzir à interpretação
conclusiva sobre o tema. Preferiu-se a opção de perguntas simples e respostas
diretas, sem ambientações longas e cansativas, considerando-se o nível de
experiência e conhecimento do universo consultado, deixando-se aberta a
possibilidade de apresentação de justificativas e comentários. A identificação dos
consultados nos questionários era opcional.
Preparado o questionário e definido o universo, o material foi enviado
através de ofício para as OM externas ou entregues diretamente aos militares da
ECEME. Os questionários foram respondidos e, alguns dias após, recebidos, alguns
via internet, para análise.
125
6.4 RESULTADOS
A seguir são apresentadas as questões com os respectivos resultados
obtidos, que são discutidos, analisados e interpretados, buscando-se oferecer
respostas às hipóteses e cumprir os outros interesses apontados (coleta de
indicadores e percepções).
6.4.1 QUESTÃO Nº 01
50 47
45 43
40
35
Porcentagem
30
25
20
15
10
10
5
0
sim não não
especificamente
Da análise dos resultados, pode se afirmar que as OM nas quais 47% dos
oficiais serviram não realizaram exercícios empregando blindados no combate
urbano, enquanto 43% realizaram algum exercício deste tipo e 10% afirmaram que
os blindados foram utilizados, mas não em um exercício específico de combate
urbano. Constata-se, portanto, que não são todas as OM de Cavalaria que estão
adestradas no emprego de blindados neste tipo de operação. Observa-se, ainda,
segundo relatos na pesquisa, que alguns oficiais não possuem nenhuma experiência
de emprego de blindados em ambiente urbanizado.
6.4.2 QUESTÃO Nº 02
126
60
52
50 46
40
Porcentagem
30
20
10
2
0
sim não em parte
6.4.3 QUESTÃO Nº 03
60% 57,1%
50%
40%
30% 26,5%
20,4% 20,4%
20%
14,3%
10%
0%
Mobilidade Armamento Blindagem Camuflagem Outros
A análise dos resultados indica que a maioria dos oficiais citou a mobilidade
dos blindados no interior de áreas urbanas como a maior limitação (57,1%),
principalmente devido ao tamanho e peso dos blindados sobre lagartas e às
deficiências de dirigibilidade das Vtr sobre rodas. O armamento dos blindados foi o
segundo mais votado (26,5%), basicamente devido ao calibre inadequado dos
canhões ou imprecisão das metralhadoras. A blindagem foi citada como a maior
limitação por 20,4% dos militares e a camuflagem por 14,3%, denotando uma menor
importância nestes aspectos, segundo os participantes.
Outros aspectos bastante interessantes foram citados, além dos
especificados, dentre os quais se destaca a pouca proteção contra armas anticarro,
o reduzido campo de observação da área externa sem comprometer a segurança do
Cmt do carro, a falta de equipamentos de visão noturna, a ausência de aparates de
remoção de obstáculos tipo lâmina nos blindados e o deficiente adestramento das
guarnições para o combate urbano.
128
6.4.4 QUESTÃO Nº 04
90 83
80
70
60
P orcentagem
50
40
30
20 15
10
2
0
sim não em parte
6.4.5 QUESTÃO Nº 05
50
44
45
40
35
29
Porcentagem
30
25
20
20
15
10 7
5
0
sim não em parte desconhecem
virtude da falta de subsídios para grande parte dos pesquisados, para emitir opinião
acerca da doutrina de emprego dos blindados no combate urbano.
6.4.6 QUESTÃO Nº 06
120
98
100
80
Porcentagem
60
40
20
2 0
0
sim não em parte
6.4.7 QUESTÃO Nº 07
80
71
70
60
Porcentagem
50
40
30
20 17
12
10
0
sim não não sei informar
O resultado desta questão ratifica a análise feita nos itens anteriores, de que,
embora tenha crescido de importância nos últimos anos, o combate em área
edificada ainda não tem sido priorizado no adestramento na maior parte das OM de
Cavalaria. Este fato foi observado, já que 71% do universo desconheciam qualquer
trabalho, acerca do assunto em pauta, realizado pelas OM em que haviam servido.
As respostas salientam que, para o adestramento da tropa no combate em
localidade, há necessidade de um local próprio para treinamento, o que poucas OM
possuem, principalmente para uso de blindados, fato que não impede que sejam
realizados simpósios, palestras e instruções de quadros sobre o assunto.
Observou-se que, mesmo com as dificuldades já citadas, alguns oficiais (12%)
afirmaram que as OM em que tinham servido realizaram exercícios e instruções
sobre o assunto, como por exemplo, o exercício de emprego de Esqd C Mec em
reconhecimento de localidade, em 2006 e 2007, e o emprego de FT SU Bld em
combate em localidade, em 2007, realizados pelo CIBld. Outras OM estão
desenvolvendo seminários e programas de atualização de doutrina para GLO ou
operações de forças de paz, por exemplo, o 13º RCMec e o 20º RCB. Os 17%
132
6.4.8 QUESTÃO Nº 08
50 46
45
40
35 33
Porcentagem
30
25
19
20
15
10
5
0
sim não apenas GLO
6.4.9 QUESTÃO Nº 09
A nona questão procurou colher a opinião dos oficiais a respeito de qual seria
a melhor forma de se adestrar uma OM para atuar no combate urbano, utilizando-se
dos meios blindados para a fase do investimento, sendo apresentadas a estes as
seguintes opções: exercício no terreno, exercício na carta, simulação de combate e
outros que deveriam ser citados. Desta questão foram colhidos os seguintes dados:
80
69
70
60
Porcentagem
50
40 37
30
20 15 15
10
0
exercício no simulação de manobras na outras
terreno combate carta
6.4.10 QUESTÃO Nº 10
A décima questão tinha como meta verificar, na opinião do oficial, para que
tipo de emprego seria mais importante se adequar os meios blindados em uso nas
OM de Cavalaria, justificando. Para a proposição foram apresentadas as seguintes
opções: guerra convencional, GLO, missões de paz ou todos. Desta questão foram
colhidos os seguintes dados:
60
50
50
39
40
Porcentagem
30
20
12
10 6
0
guerra GLO missões de paz todos
convencional
Nesta proposição verificou-se, pelo resultado geral, que a maior parte dos
oficiais consultados (50%), acredita que os blindados devam sofrer adequação para
todas as formas de emprego, justificando, principalmente, pelo fato de que os meios
blindados devem atender a todas as necessidades do combate moderno, além de
possuírem flexibilidade de adaptação e utilização. A justificativa de alguns foi a de
que, considerando um ambiente urbano, as características dos veículos não diferem
muito e de uma forma geral os blindados devem ser adaptados para todos os tipos
de atuação.
Uma boa quantidade dos participantes (39%) julgou ser para o combate
convencional a prioridade de adequação dos blindados, tendo em vista ser a missão
precípua das forças blindadas do EB, podendo sofrer adaptações para os demais
tipos de emprego. No que diz respeito às missões das forças de paz, 12% dos
135
oficiais consideraram mais importante a adequação dos meios blindados para este
tipo de emprego, tendo em vista a atual tendência do Brasil em apoiar a ONU nestas
operações, a exemplo do que ocorre atualmente no Haiti. Ainda 6% dos militares
acreditam ser para as missões de GLO a maior atenção a ser dispensada, no que
diz respeito à adequação dos blindados, basicamente por causa da atual crise na
segurança pública, observada nos últimos anos nas grandes cidades.
6.4.11 QUESTÃO Nº 11
Por fim, a última questão buscou verificar qual o grau de importância dada ao
assunto em pauta. As opções apresentadas foram importante, relevante e
irrelevante. Desta questão foram colhidos os seguintes dados:
90
80 77
70
60
P o rcen tag em
50
40
30 23
20
10
0
0
importante relevante irrelevante
de participantes onde ocorre o fenômeno varia entre 38,88% e 53,12%, número que
demonstra a falta de melhor adestramento nas unidades de cavalaria, no assunto
em pauta. Quanto aos exercícios e trabalhos executados, os resultados foram
analisados para a primeira hipótese e provaram uma deficiência nas OM de
cavalaria na instrução e adestramento das tropas para o emprego de blindados no
combate urbano.
Assim, conclui-se que, o adestramento das guarnições blindadas para as
operações urbanas deve ser mais bem desenvolvido e treinado, buscando-se avaliar
o OA constante do PPA/CAV e verificando as principais deficiências apresentadas.
Foi possível, ainda, pelas respostas apresentadas nas demais questões,
verificar a compreensão da necessidade de experimentação doutrinária para a
utilização de blindados no interior de localidades, tendo em vista a falta de
experiências práticas do EB neste tipo de operação.
Desta forma, observa-se que, a opinião apresentada no questionário da
pesquisa de campo, de especialistas em diversas áreas, foi convergente na maioria
dos quesitos, levando a crer que muitas das conclusões a que se chegou serão de
grande valia para o trabalho de pesquisa e que deve ser objeto de reflexão para os
profissionais e pensadores da guerra moderna.
138
7. CONCLUSÃO
____________________________________________
ARTHUR MARCIO RIGOTTI – Maj Cav
148
REFERÊNCIAS
BASTOS, Expedito Carlos Stephani. M-1 Abrams para a Luta Urbana. Disponível
em: < http://www.defesa.ufjf.br/fts/TUSK.pdf >. Acesso em 11 dez. 2006.
GRAU, Lester W. "Bashing the Laser Range Finder With a Rock" Military Review,
edição em inglês, (Mai-Jun 1997), p. 42-48.
HAHN II, Robert F.; JEZIOR, Bonnie. O Combate Urbano e o Combatente Urbano de
2025. Military Review (Brazilian Edition), Fort Leavenworth, v. 79, p. 36, 2. sem.
2001.
KRULAK, Charles C. The Three Block War: Fighting In Urban Areas apresentado
no National Press Club, Washington, D.C., 10 de outubro de 1997, Vital Speeches of
the Day, 15 de dezembro de 1997, p. 139.
USA. US Army. Joint Publication 3-06: Doctrine for joint urban operations.
Washington, D. C., 2002.