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Santa Maria/RS Ano 2008 Nº 007

Somos a forja da tropa blindada do Brasil!

Nesta edição:
BLINDADOS, 90 ANOS DE HISTÓRIA
e mais:
Defesa Dinâmica
Trafegabilidade de Blindados
A utilização de dispositivos de
simulação de combate
Ç ÃO DE
A Í N D I C E
CH Editorial.................................................02
OQ U E
COMANDANTE DO CI Bld A Defesa Dinâmica...................................03
Cel Cav Mauro Sinott Lopes
SUBCOMANDANTE DO CI Bld Blindados 90 anos de história..............09
Maj Inf Gerson Ferreira Pinto
EDITORES
Cap Cav Carlos Alexandre Geovanini dos
Oemprego do M60A1 na operação
Santos
Cap Inf Gláucio Francisco Pereira Costa Tempestade no deserto...............14
REVISÃO TEXTUAL
Cap QCO Jones Luiz Aires da Silva Trafegabilidade de Blindados................18
CMSM
CRIAÇÃO, ARTE FINAL A Utilização de Dispositivos de Simulação de
Cap Inf Gláucio Francisco Pereira Costa
1º Ten QEM Pedro Procópio de Castro
ADMINISTRAÇÃO, REDAÇÃO E combate........................................23
DISTRIBUIÇÃO
CI Bld - Seção de Doutrina: Propostas de Adaptações em Carros de
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Publicação sem fins lucrativos.
E D I T O R I A L
Palavras do Comandante

O Centro de Instrução de Blindados, criado em 11 de outubro de


1996, nasceu com a designação histórica de Centro General Walter
Pires, homenageando um insigne chefe militar, grande entusiasta das
tropas blindadas e mecanizadas.
Em 2008 especializamos 230 oficiais e sargentos do Exército
Brasileiro e de Nações Amigas, bem como atendemos 1300 militares em
Pedidos de Cooperação de Instrução.Assim, vemos o C I Bld completar
doze anos consolidado como uma escola dinâmica e moderna que
desenvolve um ensino militar bélico de excelência por meio de seus
Estágios Técnicos,Táticos, de Exploradores e para Comandantes de
OM blindadas e mecanizadas.
Nesta edição,selecionamos matérias que estão relacionadas com a
história dos blindados, modernos conceitos doutrinários sobre as
operações defensivas e a utilização da simulação para incremento da
capacidade operacional dsa unidades blindadas.Também temos
matéria relacionada com combate urbano, explorando suas
implicações nas inovações tecnológicas, atualizações e modificações
no emprego de frações blindadas.
Abordamos ainda as atividades do Centro para que os leitores
possam conhecer nosso trabalho e, principalmente, nossos pioneiros
possam apreciar o sonho realizado.
São matérias que, de acordo com a filosofia desta publicação, não
pretendem constituir-se em documentos doutrinários, mas sim, em
subsídios para a reflexão daqueles que acompanham a evolução da
arte da guerra e identificam-se com este moderno meio de combate, o
blindado. Aproveitem esta edição! AÇO!BOINA PRETA!BRASIL!

Cel Mauro Sinott Lopes


Comandante do Centro de Instrução de Blindados Gen Walter Pires
A DEFESA DINÂMICA

Fernando Rodrigues Goulart

C
om o advento da Doutrina Delta, em 1997, o Exército Brasileiro deu um passo
importante para a modernização da Doutrina Militar Terrestre. As bases para a
campanha terrestre no Teatro de Operações, preconizadas naquela doutrina, Foto: A FT CC em uma posição
permitiram que fossem adotados avançados conceitos operacionais para o defensiva.
emprego da Força Terrestre.
A contribuição para a modernização das operações ofensivas foi
substancial. Conceitos como o da priorização das manobras de flanco, do combate
continuado, dos ataques de oportunidade e da valorização da infiltração como forma de
manobra, entre outros, levaram a novas definições doutrinárias para o ataque coordenado
e as demais ações ofensivas.
No que concerne às operações defensivas, a Doutrina Delta levou a que fosse
enfatizada a importância dos dispositivos de expectativa e induziu a adoção de novas
técnicas, como a defesa elástica. Entretanto, outros aperfeiçoamentos podem ainda ser
introduzidos, a fim de tornar a defensiva mais dinâmica e eficiente.
Hoje em dia, alguns exércitos utilizam princípios e conceitos doutrinários modernos
para as operações defensivas. Entre eles está o Exército alemão, cuja doutrina prima pela
valorização da ofensiva, da manobra e da sincronização no combate defensivo.
O presente artigo pretende analisar a doutrina alemã para a defensiva e, após uma
breve reflexão sobre a defesa em posição do Exército Brasileiro, salientar os aspectos e
conceitos da concepção alemã que podem ser úteis para o aperfeiçoamento da nossa
doutrina. O Autor é oficial de
Infantaria,turma de 1980 da
AMAN. Obteve em 1990 e 1996,
A defensiva no Exército alemão respectivamente, os títulos de
mestre e doutor em ciências
Segundo a doutrina alemã, as operações defensivas devem ser conduzidas de forma militares e concluiu, em 2002, o
agressiva, enfatizando a ofensiva, a manobra e a iniciativa. Nesse combate dinâmico, as Curso de Comando e Estado-
ações de bloqueio, de retardamento e de contra-ataque são cuidadosamente Maior das Forças Armadas na
sincronizadas para destruir as forças atacantes, logrando-se simultaneamente a Alemanha.Comandou o 62º
Batalhão de Infantaria, e concluiu
manutenção do terreno e o enfraquecimento do inimigo. em 2006 o Curso de Política,
A Força Terrestre alemã, composta majoritariamente por tropas blindadas, tem uma Estratégia e Alta Administração do
estrutura adequada a essa concepção doutrinária. Cada uma das cinco divisões Exército. Em funções anteriores foi
mecanizadas existentes é integrada, em sua organização básica, por brigadas de instrutor na AMAN, na EsAO e na
infantaria ou de cavalaria blindadas, em número de três. ECEME; oficial de inteligência do
A infantaria blindada (“Panzergrenadiertruppe”) é uma arma independente da 1º Batalhão de Forças Especiais,
1
infantaria (“Infanterie”), que se restringe na Alemanha à tropa de caçadores , aos pára- adjunto da Seção de Assuntos
quedistas e à tropa de montanha. A infantaria blindada compõe, junto com a cavalaria Internacionais da 5ª Subchefia do
EME e oficial de gabinete do
(“Panzertruppe”), as tropas blindadas. A cavalaria mecanizada
Comandante do Exército (CIE).
(“Panzeraufklärungstruppe”) é empregada exclusivamente para o reconhecimento, Em 1993 e 2007 atuou em missões
constituindo uma arma à parte da cavalaria. de paz da ONU, em Moçambique
2
As brigadas de infantaria blindadas e as brigadas de cavalaria blindadas são ternárias. (ONUMOZ), como observador
À semelhança do Exército Brasileiro, as brigadas de infantaria blindadas alemãs têm dois militar, e no Nepal (UNMIN), como
3
batalhões de infantaria blindados e um batalhão de carros de combate, ao passo que as comandante de setor. Serve
brigadas de cavalaria blindadas têm duas unidades de cavalaria e uma de infantaria. atualmente no Departamento de
Entretanto, todas as unidades dessas brigadas têm organização quaternária (BIB a quatro Operações de Paz da ONU, onde
Cia Inf Bld e Btl CC a quatro Esq CC). integra o grupo multidisciplinar
encarregado da coordenação e do
apoio às missões de paz na
America Latina e na Europa.
1 Corresponde à infantaria motorizada. ÃO DE

2
Estrutura adotada a partir do ano 2000, com a reestruturação do Exército alemão.
3
Designação alemã para o regimento de carros de combate. CH
OQ U E
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Defender de forma móvel não é exatamente uma
manobra para destruir o inimigo no interior da posição, e sim
X uma forma de combater que confere ao defensor duas
C possibilidades: deter o inimigo à frente da posição para repeli-
lo ou destruí-lo pelo contra-ataque (no interior da posição ou
II II II II II II
mesmo à sua frente). A pressão que o inimigo exerce sobre a
I I I posição defensiva será pesada, entre outros fatores, para
CSv CSv CSv
que o comandante decida entre uma ou outra possibilidade.
I I I
Essa maneira de defender pode ser adotada a partir do
I I I escalão batalhão, inclusive.
A coordenação da manobra entre unidades vizinhas
I I I
assume grande importância quando se combate de maneira
I I I preponderantemente móvel, em face da possibilidade de
surgimento de flancos expostos.
I I Cada comandante estabelece, dentro da posição defensiva que
Ap Ap
lhe foi determinada, as zonas de ação dos elementos subordinados
Organização da Bda Inf Bld alemã e/ou posições de combate. Ele estabelece, ainda, o ponto de esforço,
as posições de aprofundamento, os contra-ataques da sua reserva,
(...).
Serão apresentados abaixo os aspectos mais As “posições de combate” destinam-se a deter o inimigo e a
significativos da defesa preconizada pelo Exército alemão. manter o terreno. Tais posições têm que ser mantidas, só podendo
Os trechos em destaque são sínteses do manual HDv 100- ser abandonadas mediante ordem do comandante que determinou a
100 “Comando de Tropas”, publicação que apresenta a sua ocupação. Esse vai decidir-se pelo abandono da posição
doutrina básica de operações terrestres alemã. Cada trecho quando a sua manutenção não tiver mais significado para a defesa
do manual é seguido por explicações complementares. ou quando o combate puder ser conduzido sob melhores condições
O inimigo procurará atingir o seu objetivo em um rápido de outras posições.
avanço. Para isso ele utilizará, principalmente, o poder de choque
das forças blindadas (...).
A defesa deve ser conduzida de forma ativa e flexível. O
defensor deve valer-se de cada oportunidade para retirar do
inimigo a liberdade de manobra. Para tanto, ele deve engajar-se
no combate enérgica e engenhosamente, admitindo riscos, a fim de
impedir que o atacante conduza o seu ataque como planejado.
Na defesa, o comandante deve evitar ater-se a manobras
padronizadas, devendo sempre buscar oportunidades para
surpreender o inimigo. Ações decisivas, conduzidas com
agilidade, (...) e uma correta disposição das tropas em largura e
profundidade são condições para uma defesa eficaz.
O comandante que ordena a defesa estabelece a posição
defensiva. O Limite Anterior da Defesa (LAD) limita a posição
defensiva à frente, e destina-se à coordenação do fogo e do
movimento. O limite anterior da defesa não precisa nem ser
integralmente ocupado, nem ser mantido a todo custo. Eqm Man com Z Aç, posições de combate, ponto de esforço e C Atq
A missão recebida, a situação do inimigo, a disponibilidade A organização da posição defensiva dá-se por meio da
de tropas blindadas e de infantaria e o terreno são considerados atribuição de zonas de ação ou posições de combate aos
pelo comandante para decidir onde e quando se deve defender de elementos subordinados.As zonas de ação permitem que as
maneira preponderantemente móvel ou de forma mais estática.
unidades e subunidades manobrem ao defender, utilizando
Ao invés de adotar diferentes formas de manobra toda a profundidade da posição defensiva. As posições de
defensiva, a doutrina alemã entende que a atitude defensiva combate, por sua vez, são impostas onde o comandante deseja
pode ter diferentes nuanças, ou seja, pode-se defender de que o terreno seja mantido com firmeza, a fim de viabilizar a
forma “preponderantemente móvel” ou “mais estática”. A manobra que idealiza. Posições de combate são ordenadas,
infantaria defende de maneira mais estática, ao passo que normalmente, para conformar os bolsões para contra-ataques
as tropas blindadas defendem de forma mais móvel. de destruição e para a proteção de flancos expostos.
O conceito de defender de forma móvel é a essência do Normalmente, as unidades e subunidades de carros de
emprego de forças blindadas na defensiva. Essas forças combate (ou FT fortes em CC) recebem zonas de ação e as
utilizam a profundidade da zona de ação para manobrar, tropas de infantaria recebem posições de combate. Os
alternando entre ações de bloqueio do inimigo, de elementos de infantaria blindados (ou FT fortes em Inf Bld)
retardamento e de contra-ataque. Esse modo de combater podem receber zonas de ação ou posições de combate. Essa
assemelha-se à defesa móvel, forma de manobra adotada tropa tem a capacidade de combater embarcada, valendo-se do
no Exército Brasileiro, mas não deve ser considerada igual a poder de fogo das Vtr Marder, ou desembarcada.
ela.

ÃO DE

CH
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As posições de aprofundamento são planejadas (...) em locais
favoráveis ao bloqueio de elementos inimigos que penetrem na
posição e/ou onde o terreno ofereça possibilidades de destruir forças
inimigas, de forma coordenada com os contra-ataques.
Posições de aprofundamento são planejadas e
preparadas em locais importantes para a manobra
visualizada. Não é impositivo preservar o apoio mútuo entre
essas posições, pois considera-se que será necessário admitir
riscos e aceitar intervalos entre as posições preparadas em
profundidade.
Os contra-ataques são desencadeados para destruir tropas
VBC Fuz Marder inimigas que se encontrem detidas pelos fogos defensivos ou diante
de obstáculos, (...), para destruir forças que tenham conseguido
Em suas zonas de ação, as tropas blindadas conduzem a penetrar na posição defensiva (...) ou para atacar o escalão de
defesa ocupando posições de combate iniciais e mudando ataque inimigo em seus flancos ou em sua retaguarda.
para outras posições durante a conduta na defesa. Das Os contra-golpes são conduzidos (...) quando a situação se
mostrar favorável para destruir ou repelir o inimigo. Eles devem ser
posições iniciais busca-se repelir, ou mesmo destruir, o
desencadeados com rapidez e contar com a surpresa, de modo a
inimigo pelo fogo. Conforme a pressão exercida pelo
obterem sucesso, apesar das poucas tropas empenhadas.
atacante, as tropas ocupam posições subsequentes no
As ações dinâmicas são muito valorizadas na Alemanha,
interior da Z Aç, procurando desgastar o inimigo, canalizá-lo e
onde se considera que tirar proveito das circunstâncias
contê-lo, preparando os contra-ataques de destruição. Os
oportunas para adotar uma atitude ofensiva é o momento
comandantes de tropas blindadas têm liberdade de ação para
supremo da defensiva. Segundo a doutrina, ações dinâmicas
conduzir a manobra dentro da zona de ação recebida,
de defesa devem ser desencadeadas desde os mais
orientando-se pela missão recebida e pelo entendimento da
elementares escalões, com o intuito de destruir forças
intenção do comandante superior. inimigas. Mesmo que se destinem a recuperar posições
perdidas, elas são orientadas para a destruição do inimigo.
Não são previstos contra-ataques para restabelecer o Limite
Anterior da Defesa.
Contra-ataques podem ser desencadeados dentro da
posição defensiva ou à sua frente. Nesse último caso, os
contra-ataques podem ter objetivos próximos ao Limite
Anterior da Defesa ou ter objetivos mais distantes, por visarem
às reservas inimigas ou às colunas de marcha de seu segundo
escalão. O inimigo pode ser alvo de contra-ataques
simultâneos, desencadeados por diferentes escalões.
Além dos contra-ataques, a doutrina alemã prevê também
os contra-golpes, que são ações espontâneas, que não
tenham sido previamente planejadas e preparadas.
CC Leopard 2 A5 Normalmente os contra-golpes são desencadeados nos
escalões mais baixos (Btl e Cia), quando seus comandantes,
O ponto de esforço é estabelecido pelo comandante onde se reconhecendo o momento oportuno, determinam a ação.
espera que incida o ataque principal do inimigo (...). Nesse local Admite-se, inclusive, empregar elementos de primeiro escalão
devem ser coordenados fogos e obstáculos, para que se logre o nos contra-golpes.
máximo de seus efeitos. Se o comandante perceber, durante o Tropas blindadas devem ser empregadas onde se espera o
combate, que o ponto de esforço foi localizado erradamente, ataque principal do inimigo. Com seu poder de fogo e sua mobilidade
determina o seu imediato deslocamento para o local onde o inimigo elas podem, em terreno adequado, defender contra forças inimigas
efetivamente realiza o seu esforço. superiores e desgastá-las.
O ponto de esforço é estabelecido na defensiva em Terrenos abertos e pouco movimentados (...) facilitam o avanço
detrimento de uma distribuição mais eqüitativa das forças. A das forças blindadas inimigas. A defesa em tais regiões será,
determinação do local onde será estabelecido o esforço portanto, um combate contra carros de combate. Isso exige o
baseia-se não só na avaliação das vias de acesso que incidem coordenado emprego de armas capazes de engajar os carros
na posição defensiva, mas também nas informações quanto à inimigos à distância e um combate bastante móvel, típico das forças
provável direção do ataque principal do inimigo. Entende-se, blindadas na defensiva.
na Alemanha, que os avançados meios de reconhecimento Terrenos cobertos e movimentados têm valor como obstáculo
em apoio permitirão o levantamento de dados tão confiáveis (para os carros de combate inimigos) e facilitam a atuação da
sobre o inimigo, que será possível identificar, com infantaria e da infantaria blindada na defesa (...), impondo muitas
antecedência e com elevado grau de probabilidade, a direção vezes o combate desembarcado, em pequenas ações isoladas.
do seu ataque principal.

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Na Alemanha, a infantaria não é considerada como tropa
capaz de combater em qualquer terreno, e sim como tropa
apta a atuar em condições especiais de ambiente
(montanhas, florestas, etc) ou em operações com
características especiais (operações em áreas edificadas,
operações aeromóveis, operações aeroterrestres, etc). A
falta de proteção blindada dessa tropa e o interesse em evitar
um elevado número de baixas em combate são os principais
fatores que levaram às restrições para o emprego da
infantaria.
Como ficou demonstrado, a doutrina alemã preconiza
uma defesa flexível e dinâmica, em que a ação de defender
está diretamente orientada para o ataque. Fiel aos
ensinamentos de Clausewitz, tal concepção privilegia a
ofensiva e a manobra, possibilitando aos comandos de todos
os níveis manobrar contra o inimigo para destruí-lo.
Posição defensiva de tropas blindadas sob ataque
Reflexões sobre a defesa em posição no Exército
As forças blindadas são consideradas ideais para o campo
Brasileiro
de batalha moderno, devido a suas características de
A doutrina da Força Terrestre estabelece duas formas de
mobilidade, ação de choque e proteção blindada e a sua
manobra para a defesa em posição: a defesa de área e a
eficiência no combate contra carros. A capacidade desses
defesa móvel.
elementos de decidir a batalha em curto prazo, com um
A defesa de área destina-se a manter o terreno, sendo
reduzido número de baixas, transforma-os na base da defesa
portanto uma defesa mais estática. As grandes unidades e
na Alemanha.
unidades defendem ocupando núcleos de defesa na área de
As FT Btl CC e os próprios Btl CC são tidos como as tropas
defesa avançada, na qual aceitam um engajamento decisivo
mais aptas a defender em terrenos abertos, favoráveis à
com o inimigo, e empregando suas reservas para bloquear e
progressão dos carros de combate inimigos. Em terrenos
eliminar penetrações ou reforçar áreas ameaçadas.
menos adequados ao movimento das forças blindadas
A defesa móvel é uma forma de manobra flexível e
inimigas defendem as FT BIB.
Normalmente, os blindados defendem trocando de posições. Eles dinâmica, que objetiva a manutenção da posição defensiva
têm a capacidade de, mediante pressão, retrair combatendo, retardar por meio da destruição do inimigo. Trata-se de uma manobra
o inimigo e ocupar novas posições. Dessa forma, procuram fazer o que emprega forças blindadas e mecanizadas, tirando o
inimigo emassar-se para ser destruído pelo fogo ou por meio de máximo proveito de sua mobilidade, potência de fogo e ação
contra-ataques. Por isso, as forças blindadas necessitam, ao de choque para destruir, com um contra-ataque decisivo, as
defenderem, de espaço para manobrar. forças inimigas. A doutrina prescreve que a divisão de
Quando as forças blindadas são empregadas em primeiro exército é, normalmente, o menor escalão capaz de executar
escalão (na área de defesa avançada), deve-se assegurar a essa forma de manobra.
elas espaço suficiente para manobrar. Os blindados defendem A defesa elástica não é uma manobra, e sim uma técnica
variando entre as atitudes de manter suas posições, retrair e defensiva, segundo a qual admite-se a penetração do inimigo
retardar, e contra-atacar. Eles permanecem, inicialmente, em em uma região selecionada da área de defesa avançada
posições cobertas, só ocupando suas posições de combate no para, em seguida, emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo. Ela pode
momento oportuno. ser utilizada tanto no contexto de uma defesa de área quanto
A profundidade da zona de ação é um fator importante para no de uma defesa móvel.
defender de forma móvel. Segundo a doutrina alemã, as A adoção de uma ou outra forma de manobra depende da
brigadas de infantaria e de cavalaria blindadas recebem, como análise dos fatores da decisão. Entre eles, os fatores
base, zonas de ação com largura de 15 a 20 Km e profundidade “inimigo” e “meios” estabelecem variáveis interessantes para
de 30 Km. Os Btl Inf Bld e Btl CC recebem zonas de ação com 4 conformar as circunstâncias em que a defesa de área ou a
Km de frente e 5 Km de profundidade. defesa móvel devem ser utilizadas.
Tropas de infantaria devem ser utilizadas para ocupar posições Considerando-se o contexto da Guerra de Movimento,
de combate e manter o terreno. Em terreno convencional, elas só forma de conflito mais provável em áreas operacionais do
podem defender eficientemente em posições fortificadas, cuja continente, deve-se admitir que a posição defensiva pode ser
preparação demanda muito tempo. abordada por tropas de infantaria a pé, reforçadas ou não por
As tropas de infantaria devem combater em terrenos que carros de combate, em ações secundárias; ou por forças
ofereçam cobertas e abrigos, de modo a dificultar os fogos blindadas de valor significativo, concentradas pelo atacante
observados da artilharia inimiga, e que favoreçam o emprego das na parte selecionada da frente. Para fazer face a esse
suas próprias armas. inimigo, o defensor pode contar, de forma geral, com tropas
No combate, as tropas de infantaria só podem se deslocar se não de infantaria, tanto motorizadas quanto blindadas, e com
estiverem sob observação do inimigo ou quando o fogo inimigo for elementos de cavalaria blindados
neutralizado. Tais tropas só são aptas para realizar contra-ataques Por suas características, a defesa de área mostra-se
em terrenos densamente cobertos, com intenso apoio de fogo e contra como uma forma de manobra adequada e suficiente em
objetivos próximos. Portanto, a defesa conduzida pela infantaria frentes onde se espera um ataque de tropas de infantaria a
terá, normalmente, pequena profundidade. pé, reforçadas ou não por alguns carros de combate.
ÃO DE

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Nesse caso, as tropas de infantaria motorizadas são Conclusão
adequadas para mobiliar a posição defensiva.
Nas partes da frente onde for séria a ameaça de forças As operações defensivas devem ser planejadas para se
blindadas inimigas deverão ser empregadas tropas blindadas contraporem a forças inimigas cada vez mais móveis e com
na área de defesa avançada, pois nesse caso defender com maior poder de fogo. Por isso, o defensor deve contar com um
infantaria motorizada parece questionável. Seria difícil deter arcabouço doutrinário que lhe ofereça um variado leque de
os blindados inimigos, particularmente os carros de combate, opções, a fim de adotar a manobra mais adequada à situação
em terreno adequado à sua manobra, com tropas de infantaria que se apresente.
que combatem a pé, pois o apoio de fogo e o uso intensivo dos O Exército Brasileiro demonstra o mesmo interesse que o
fumígenos por parte do atacante podem neutralizar as armas Exército alemão em combater de forma dinâmica, buscando a
anticarro, comprometendo seriamente toda a defesa anticarro. decisão da batalha no menor prazo possível e com um mínimo
As tropas blindadas, por outro lado, são especialmente aptas de perdas. Essa coincidência de interesses recomenda que se
para destruir forças blindadas inimigas. considere a doutrina militar alemã com atenção.
Para empregar blindados na defensiva, a divisão de No tocante às operações defensivas, a doutrina alemã tem
exército pode recorrer à defesa móvel. Mas pode ser que a vários aspectos interessantes, que podem contribuir para a
análise dos fatores da decisão não recomende essa forma de avaliação e o aperfeiçoamento da doutrina da Força Terrestre.
manobra. Por sua vez, as brigadas e as forças-tarefas Dentre eles, destaca-se o emprego dos blindados no combate
blindadas valor unidade não são consideradas capazes de defensivo.
conduzir, independentemente, a defesa móvel. No momento atual, em que o Exército Brasileiro envida
A outra opção para empregar forças blindadas para esforços para dotar a Força Terrestre de mais meios blindados,
defender contra blindados inimigos seria a defesa de área. e de meios blindados mais modernos, seria especialmente útil
Mas essa forma de manobra apresenta o inconveniente de não considerar a adoção de uma defesa mais móvel e dinâmica. As
otimizar o aproveitamento das características de mobilidade, brigadas e forças-tarefas blindadas poderiam, com isso, deter
poder de fogo e ação de choque dos blindados. blindados inimigos à frente da posição para repeli-los ou
destruí-los; ou ainda canalizá-los para que eles venham a ser
Contribuições da doutrina alemã destruídos por meio do contra-ataque de suas reservas.
Afinal, como se referiu Clausewitz em seus escritos sobre
A Força Terrestre alemã é preparada, organizada e a guerra, “a modalidade de guerra defensiva não equivale a um
equipada para operar em um ambiente onde se espera que o simples escudo protetor, mas a um escudo que pode revidar
combate de blindados seja a tônica. No Brasil, os cenários aos golpes, com habilidade”.
para o emprego da Força Terrestre são diferentes, mas a AC
possibilidade de emprego de formações blindadas pelo
inimigo, concentrados nas partes selecionadas da frente, é
bastante plausível. Por isso, a doutrina alemã contém
preceitos interessantes para a doutrina do Exército Brasileiro.
O emprego de blindados no combate defensivo é um dos
aspectos mais notáveis da doutrina alemã, pois redunda em
uma defesa flexível e dinâmica. Ao defenderem, desde os
escalões mais elementares, “de forma móvel”, as forças
blindadas transformam a posição defensiva em uma estrutura
elástica, capaz de ajustar-se ao esforço exercido pelo inimigo.
Utilizando a profundidade da zona de ação para manobrar, os
blindados cedem terreno quando a pressão inimiga for grande
e contra-atacam no momento oportuno para destruir
elementos inimigos, fazendo diminuírem as chances de o
atacante romper, bruscamente, o dispositivo defensivo.
Outros aspectos dignos de nota são a possibilidade de
impor posições de combate aos elementos subordinados, a
fim de viabilizar a idéia de manobra do comando enquadrante,
e os conceitos de ponto de esforço e de contra-golpe.
A preocupação dos alemães em restringir o emprego de
sua infantaria é outro ponto que deve merecer reflexão, pois o
Exército Brasileiro tem o mesmo interesse em conduzir a
campanha terrestre com o mínimo de baixas. O conceito
doutrinário de que a infantaria motorizada é apta a combater
em qualquer terreno deve ser ponderado, já que o emprego
dessa tropa em terrenos abertos, sob fogo intenso, seria
extremamente oneroso. Nesse ponto, os estudos em curso
sobre a adoção da infantaria mecanizada são auspiciosos.

ÃO DE

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BLINDADOS 90 ANOS DE HISTÓRIA

“Eu a considero (a arma blindada), depois da invenção


da pólvora, como o instrumento mais certo da
vitória.”(Voltaire) Carlos Alexandre Geovanini dos Santos

INTRODUÇÃO

A intrincada história militar do século XX registrou uma série de conflitos


bélicos, desde guerras assimétricas de baixa intensidade até duas conflagrações de Foto:Montagem/evolução dos
Blindados.
nível mundial. Contudo, um traço marcante foi verificado na maioria delas: a presença
de veículos blindados.
A incorporação do motor de combustão interna na arte da guerra, em meados
da década de 1910, ensejou o surgimento de “dinâmicas plataformas que disparavam
destruidoras ogivas”. Dessa forma, os blindados representaram a volta aos campos
de batalha do princípio da manobra, surgindo como arma de decisão das batalhas.
Desde então, uma série de alterações na forma de emprego, bem como
aperfeiçoamentos técnicos, foram pesquisados e introduzidos na tática das frações
blindadas.
No presente artigo, será feita uma análise da história da utilização dos meios
blindados nos principais conflitos desde a Primeira Guerra Mundial até os dias atuais,
relatando prováveis desenvolvimentos futuros. Para tanto, será adotada uma
abordagem cronológica.

PERÍODO DE 1914 - 1945

Durante a Primeira Guerra Mundial, as potências beligerantes chegaram a um


impasse: a metralhadora ceifava os campos de batalha, dificultando e até mesmo
impedindo a progressão de homens e cavalos, o que levou a uma forma de combate
estática. Após dois anos de luta, chegou-se à conclusão de que a infantaria não tinha
poder de combate suficiente para definir a batalha no momento e local onde se
buscava a decisão. A cavalaria deveria ser reorganizada, sendo alterada sua forma
de emprego, pois, conforme já demonstrado, as velhas táticas custavam um elevado
preço em vidas humanas e de animais.
Na tentativa de resolver o problema, os alemães optaram pelo emprego de
armas químicas, enquanto que os ingleses deram início ao desenvolvimento de uma
nova arma capaz de neutralizar as metralhadoras inimigas e abrir caminho para que
os infantes ocupassem o terreno. Dessa forma, em 1916, durante a ofensiva do
Somme, os britânicos lançaram mão dos chamados “tanques”, veículos de
blindagem espessa que transportavam canhões e metralhadoras com o objetivo de O autor é Capitão de Cavalaria
levar o fogo para o interior das posições inimigas. da turma de 1995 da AMAN,
No pós-guerra, destacaram-se como teóricos da guerra de movimento os possui mestrado em Operações
ingleses Lidell Hart e John F. C. Füller. Contudo, contrariando o pensamento de Militares pela Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais e
ambos, o Exército britânico optou por criar o Corpo Real de Tanques, constituído
cursa o mestrado de Relações
apenas por unidades de carros de combate, sem infantaria ou artilharia. Internacionais pela
Conforme descrição contida no livro Os “tanques” na Guerra Européia, primeira Universidade Federal de Santa
obra sobre o tema na América Latina, o então Cap José Pessoa destacava que a Maria. Teve uma passagem
organização da força blindada inglesa era a seguinte: como instrutor do CIBld entre
As tropas britânicas se compunham de 20 brigadas, cada uma com três batalhões de 2000 e 2002. Atualmente
carros pesados (guarnição de 1 oficial e 7 homens), formados por três companhias a desempenha a função de chefe
três seções compostos por quatro viaturas. O batalhão de blindados leves era repartido da Seção de Doutrina do CIBld.
em três subunidades a quatro seções com quatro veículos. (ALBUQUERQUE, José
Pessôa Cavalcanti de. Os “Tanks” na Guerra Européia. Rio de Janeiro: Albuquerque
& Neves, 1921).

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Após um vitorioso emprego na guerra de 1914-1918, os Conseqüentemente, os alemães foram os primeiros a
franceses resolveram subordinar os seus “tanques” à adotar formações mescladas de blindados e fuzileiros, o
cavalaria. Como os ingleses, não dotaram a infantaria e a moderno conceito de força-tarefa, com elementos de
artilharia de veículos blindados. aviação e apoio de fogo. Uma máxima alemã rezava: “à
Sua organização repousava na ordem ternária em cada missão, a sua organização”, revelando grande
todos os níveis. Os pelotões eram dotados com cinco flexibilidade organizacional.
carros. A companhia constituía-se em unidade técnica, Para Armand Mermet (1933), as principais tendências
tática e administrativa, revelando o caráter centralizador germânicas no emprego de blindados eram
francês, pois não admitiam o emprego de um pelotão descentralização, importância do conhecimento da
isolado. intenção do comandante, atribuição de missões por sua
Quanto à mentalidade, os gauleses encaravam o carro- finalidade, privilégio do princípio da ofensiva, comando e
de-combate como um canhão que se movimentava, não controle ágil e liderança.
aproveitando a mobilidade deste. Para o oficial francês A campanha da polônia revelou a nova tática para a qual
Armand Mermet (1933) “a base da doutrina francesa era a as forças alemãs foram equipadas e treinadas. Chamada
necessidade de ação em segurança, sem correr riscos, de Blitzkrieg, ela concentrava os tanques das divisões
prudência, centralização, mentalidade defensiva e lentidão Panzer numa falange ofensiva, apoiadas por caças de
nas ações”. mergulho, que quando direcionada para um ponto fraco
Os americanos adotaram uma solução mista para o de uma linha de defesa a rompia e prosseguia espalhando
problema da inserção do carro-de-combate no contexto confusão em sua esteira... A Blitzkrieg obteve resultados
operacional do exército. Criaram uma arma blindada negados a comandantes anteriores, cuja habilidade para
recrutando oficiais e praças de outros segmentos da força explorar o sucesso no ponto de assalto estava limitada
terrestre, voluntários para o serviço nos “tanques”, nos pela velocidade e resistência do cavalo. O tanque não
moldes ingleses. somente deixava para trás a infantaria, como podia manter
Na parte organizacional e doutrinária assimilaram os um ritmo de avanço de cinqüenta até oitenta quilômetros
princípios franceses; inclusive, tendo adotado o veículo em vinte e quatro horas, ao mesmo tempo que seu
Renault numa versão um pouco modificada em relação ao aparelho de rádio permitia ao QG receber informações e
adquirido pelo Brasil. transmitir ordens com a mesma velocidade que as
Antes da Segunda Guerra Mundial a Rússia possuía o operações pediam. (Keegan, John. Uma História da
maior número de blindados do planeta, vindo em segundo Guerra, pág. 381)
lugar a França. Os soviéticos já dominavam a tecnologia da
produção em série de veículos militares, tendo repassado Do exposto, conclui-se que a introdução dos blindados
alguns desses segredos industriais para a Alemanha, que, nos campos de batalha europeus durante o conflito de
por sua vez, orientava a organização e doutrina russas. 1914-1918 marcou de tal forma a arte da guerra que os
Acerca desse assunto, havia nessa época um intercâmbio principais protagonistas internacionais passaram a estudar
entre os dois países, utilizando os germânicos de campos seu emprego, adotando cada um a solução que melhor lhe
de instrução nas estepes para treinamentos e convinha. Contudo, foi na Segunda Grande Guerra que o
experimentações doutrinárias. emprego de blindados consolidou-se, prevalecendo desde
No decurso do conflito, as duas nações vieram a então as ações descentralizadas, balizadas pela intenção
confrontar-se e os russos desenvolveram uma doutrina do comandante, a transmissão de ordens pelo meio rádio,
própria para emprego de blindados, baseada na massa de bem como a flexibilidade de organização para o combate
carros-de-combate, ataques em profundidade, ou seja, em através da composição de forças-tarefa.
ondas, de forma a não deixar o inimigo se recompor e
intensamente móvel (várias direções de ataque). A PERÍODO DE 1945 - 1990
artilharia era um ponto forte, tendo desenvolvido poderosos
sistemas de saturação de área. O apoio logístico, em Por ocasião da Guerra da Coréia (1950-1953), o estudo
contrapartida, era um ponto fraco. realizado por oficiais americanos concluíra que o terreno
Após a Primeira Guerra Mundial, alguns oficiais daquele teatro de operações apresentava-se como
alemães elegeram o carro de combate como objeto de impeditivo para blindados. Entretanto, logo nos primeiros
estudo, passando a ler tudo a respeito. Dentre eles embates, os norte-coreanos utilizaram na vanguarda de
destacou-se Guderian, que aliou os ensinamentos de Lidell suas penetrações o CC T-34, surpreendendo as forças da
Hart e Füller à sua experiência em campanha. Como ONU. Esse acontecimento levou a uma reformulação tática
resultado, arquitetou uma nova estrutura para o combate pelo Exército dos EUA.
terrestre: a famosa “Divisão Panzer”. A nova grande Assim, a despeito do terreno adverso, as frações
unidade caracterizava-se por possuir formações mistas de blindadas passaram a ser empregadas em pequenos
carros de combate e infantaria embarcada, apoiados por efetivos, com a finalidade principal de apoiar o avanço dos
artilharia autopropulsada e aviação (reconhecimentos e elementos desembarcados. O resultado dessa forma de
apoio de fogo). atuação foi registrado da seguinte forma:
Ademais, o comando e controle fora revolucionado com “As resistências inimigas, sobre as quais se atirava com
o advento do posto de comando móvel e transmissão das morteiros e artilharia durante horas, além de se efetuarem
ordens pelo meio rádio. Assim, verificou-se um incrível numerosas incursões aéreas sem resultado, capitulavam
aumento na velocidade das operações, acelerando o ritmo desde o instante em que um carro chegasse a entrar em
do combate terrestre a proporções jamais vistas. posição para atirar sobre as mesmas. De início, os infantes

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queriam sempre e a qualquer preço que os carros te da viatura, foram resultado das observações feitas
progredissem o mais a frente possível. Mas, cedo, naquele conflito.
compreenderam que o essencial para um blindado, não era Sendo assim, deduz-se que, nenhuma força armada
ganhar algumas centenas de metros, e sim ocupar boas envolvida nos conflitos do período em tela renunciou à
posições de tiro, porque o mesmo agia sobretudo pelo utilização de blindados, mesmo em condições de terreno
fogo”. (Alves, J. V. Portella. Os Blindados através dos bastante adversas. Certamente que alguns princípios de
séculos, pág. 339-340) emprego forma revistos. Além disso, houve intenso
desenvolvimento técnico e tático, motivado pela
Semelhante atuação pôde ser verificada também nos necessidade de sobrevivência das guarnições expostas
conflitos da Indochina, tanto por franceses quanto por aos mísseis AC, bem como a adaptação aos cenários
americanos. Estes, na década de 1970, utilizaram nas urbanos e à natureza dos conflitos nos quais os blindados
selvas vietnamitas pequenas formações do CC M-48 e da passaram a tomar parte.
VBTP M-113. Inclusive, alguns autores estadunidenses
ressaltaram que o M-113 teria sido o “carro de combate
principal” do Exército americano naquela campanha. PERÍODO DE 1990 ATÉ 2003
Sem sombra de dúvida, no período em questão, as
maiores contribuições para a evolução da arma blindada Em agosto de 1990, as tropas iraquianas invadiram o
vieram dos conflitos árabe-israelenses. A Guerra dos Seis Kuwait, desencadeando forte reação internacional. Uma
Dias (1967) confirmou a importância do treinamento coalizão de países, liderada pelos EUA, interveio
intensivo das guarnições blindadas, bem como o êxito do militarmente. A Guerra do Golfo (1990) caracterizou-se
1
emprego combinado com tropas aerotransportadas. O pelo amplo emprego de blindados, cujo poder de combate
conflito do Yom Kippur (1973) revelou que a utilização foi extremamente potencializado pela sincronização dos
judiciosa do armamento anticarro (AC), sobretudo o míssil, diversos sistemas operacionais, aliada aos avanços
poderia ser eficaz para frear o ímpeto ofensivo das divisões tecnológicos na área militar, obtidos com a revolução
blindadas. Ambas as guerras trouxeram à tona o fato de tecno-científica iniciada no final da década de 1970. Dessa
que uma tropa blindada menos numerosa, dotada de forma, a integração sistêmica, aliada à tecnologia,
inferior capacidade tecnológica, poderia impor sua vontade constituíram-se, entre outras, em pilares da doutrina de
sobre outra, com características inversas. A chave para o combate ar-terra, gestada no período pós-vietnã.
sucesso fora a sincronização do combate. Empregou-se pela primeira vez em um conflito de alta
Segundo Alvin Toffler, baseado nessas lições intensidade os aperfeiçoamentos técnicos introduzidos nas
aprendidas, o Exército americano reformulou sua doutrina viaturas blindadas, oriundos do período da Guerra Fria. O
de emprego, lançando as bases para a doutrina ar-terra, ícones do conflito foram o CC Abrams e a VBC Fuzileiro
cuja característica marcante seria a integração sistêmica Bradley. Com elas, as distâncias de engajamento direto,
dos sistemas operacionais. que anteriormente chegavam no máximo a 2500m,
A Operação Paz na Galiléia, lançada pelo Exército superaram a linha de 4000m. Sistemas de visão termais
israelense em 1982, com o objetivo de livrar o Líbano da ampliaram as possibilidades de utilização da noite,
influência Síria e neutralizar bases da OLP, evidenciou aumentando o número de horas disponíveis para as
vários aspectos quanto ao emprego de blindados em operações militares. O ritmo operacional tornou-se intenso,
ambientes urbanos. Nesse conflito, os israelenses tiveram impondo maiores necessidades de substituições de tropas
subsídios para realizar aperfeiçoamentos técnicos em suas e medidas de prevenção ao fratricídio. Além disso, o
viaturas. Assim, a VBC Merkava passou a ser dotada de um aumento do poder de fogo, o treinamento intenso e
morteiro de 60 mm e a transportar, em detrimento de realístico dos recursos humanos, amplamente apoiado em
munição para seu canhão, uma esquadra de fuzileiros. meios de simulação de combate, criando condiçòes para a
Chegou-se à conclusão de que a blindagem do M-113 era formação de um núcleo profissional altamente adestrado,
insuficiente em face das ameaças representadas pelas desempenhou importante papel na vitória da coalizão. O
armas AC. A solução provisória foi a introdução de somatório desses fatores criou condições para o
blindagem adicional. No longo prazo, planejou-se o encerramento da fase terrestre da campanha em 100
desenvolvimento de outro veículo de combate para a horas.
infantaria, mantendo a antiga VBTP para manobras Em bases organizacionais, o modelo americano de
logísticas. Aperfeiçoamentos táticos foram introduzidos, criação de centros de instrução especializados em
surgindo a necessidade de criação de doutrina e blindados e um comando de doutrina e treinamento,
treinamento específicos para a utilização de meios onde as lições aprendidas pudessem ser rapidamente
blindados em áreas urbanas. processadas e absorvidas pela doutrina militar, mostrou-se
A Guerra Irã-Iraque(1980-1988) também trouxe eficiente e decisivo para a vitória.
valiosos ensinamentos no tocante ao aperfeiçoamento O conflito da Chechênia (1994-1996) foi uma
técnico das viaturas, sobretudo para a indústria bélica intervenção militar russa para conter o ímpeto separatista
brasileira. As alterações sofridas no projeto da VBR EE-9 prevalecente na região. A importância do episódio para a
Cascavel, tais como introdução de um indicador de derivas análise em questão reside nas lições colhidas no campo de
para o tiro noturno, posicionamento mais protegido dos batalha. Em Grozny, os russos aprenderam que uma força
faróis dianteiros e adição de uma torreta para o comandan- combatente altamente motivada, explorando corretamente
O emprego combinado de tropas aerotransportadas e forças blindadas foi realizado com êxito pelo Exército
1
alemão durante o ataque aos Países Baixos em 1940, destacando-se a tomada da fortaleza de Eben Emael, na AÇ
ÃO DE
Bélgica, por pára-quedistas, que logo fizeram a junção com as colunas blindadas. Entretanto, após a invasão
de Creta, tal forma de emprego foi abandonada. A retomada desse tipo de manobra deu-se nos conflitos árabe- CH
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israelenses.
as potencialidades de lança-rojões AC (RPG ironicamente A fase inicial, batizada de “operação choque e pavor”,
de origem russa), poderia impor severas baixas a uma caracterizou-se pelo rápido avanço das forças blindadas
força blindada com alto poder de combate, porém com anglo-americanas pelo território iraquiano, tendo
baixo nível de treinamento. registrado ainda combates urbanos de baixa
O padrão operativo dos separatistas chechenos era a intensidade.Nessa oportunidade, os efetivos americanos
constituição de equipes móveis, dotadas de caçadores, Empregados foram ainda menores que em
metralhadoras e armas AC. A tática empregada era a 1990.Contudo, o nível tecnológico foi incrementado,
preparação de emboscadas rápidas e retraimento para principalmente através da introdução de sistemas
atacar em outro local, evitando o engajamento decisivo. informatizados de gerenciamento de combate. Com tais
Ademais, estes destacaram-se pelo correto recursos, os comandantes de subunidades blindadas
aproveitamento das vulnerabilidades dos blindados e da podiam saber a localização, com baixa margem de erro,
tática russos. Assim, a maior parte dos disparos era de suas próprias viaturas, bem como transmitir e receber
realizada no chassi, devido à dificuldade natural dos carros ordens por meio digital. Em síntese, todo o aparato
de combate de engajar alvos em ambiente urbano, aliada à tecnológico permitiu reduzir a incerteza do campo de
ausência de fuzileiros junto aos CC. batalha e atenuar a fricção do combate.3
O resultado foi impressionante. As perdas giraram em
torno de 80 viaturas nos dois primeiros dias. O exército
russo, mais voltado em termos doutrinários ao emprego de
blindados em ambientes rurais, teve que se adaptar à
realidade daquela campanha. Dessa forma, as unidades
combatentes foram reconfiguradas, privilegiando a
formação de forças-tarefa fortes em fuzileiros. Os apoios à
mobilidade e de fogo foram descentralizados para o nível
subunidade. Além disso, o aumento da dosagem de
unidades de engenharia foi impositivo.
Outra lição colhida pelos russos foi a importância da
manutenção do material de emprego militar em tempo de
paz. Devido ao colapso da antiga URSS, o orçamento de
defesa foi reduzido, bem como o efetivo das unidades. Tais Isso levou a um aprimoramento no ciclo de tomada de
fatores tiveram impacto na execução da manutenção dos decisão, tanto nos níveis de planejamento, quanto nos de
blindados e armamentos. Segundo o Corpo de Fuzileiros execução, aumentando o ritmo operacional das
Navais dos EUA, em sumário de ensinamentos publicado formações blindadas. Nesse contexto, não raro
em 1999, na marcha para Grozny, de cada 10 viaturas, 8 observavam-se soldados dormindo próximo às viaturas,
apresentaram problemas de manutenção. Em outra exaustos, reforçando a necessidade de um criterioso
situação, de todo o inventário de uma divisão, apenas o planejamento de substituição de unidades para a
equivalente a um regimento encontrava-se em condições manutenção do ímpeto ofensivo da tropa.
2
ideais para o combate.
Dos aspectos levantados acima, infere-se que o
incremento da tecnologia embarcada passou a ser uma
das principais características dos carros de combate.
Entretanto, somente o agregado tecnológico não garantia
por si só a conquista dos objetivos militares. Tais avanços
deveriam constituir-se em meios para melhorar o ciclo da
instrução militar e a sincronização dos sistemas
operacionais. Esses fatores, aliados aos investimentos em
recursos humanos e manutenção, passaram a constituir os
pilares da operacionalidade das forças blindadas.

PERÍODO DE 2003 - ATÉ OS DIAS ATUAIS

A segunda intervenção militar americana no Iraque em


2003 subdividiu-se, grosso modo, em duas fases. A Quanto à logística, em que pese toda a experiência
primeira teve como objetivos a conquista dos principais acumulada na Guerra do Golfo e a adequada estrutura do
centros urbanos e a derrubada do regime político vigente. A Exército americano, houve grande dificuldade de
segunda pretendia assegurar um ambiente estável para a sustentar o avanço das vanguardas encouraçadas.
reforma institucional, político-administrativa e militar do Assim, registraram-se interrupções no deslocamento
país. devido à falta de combustível e munições.
2 “ On the Road march into Grozny, for instance, two out of every ten tanks fell out of formation due to
mechanical problems. In another case, the Russians were only able to find one regiment's worth of functioning
armored vehicles from an entire division's inventory”.( US MARINE CORPS. Urban Warfare Study: City Case
Studies Compilation. Washington, 1999.
3
O conceito de fricção foi enunciado por Clausewitz em seu livro “Da Guerra”. Pode ser resumido na célebre ÃO DE

frase do autor: “na guerra tudo é muito simples, mas a coisa mais simples é difícil. As dificuldades acumulam-se
e levam a uma fricção de que ninguém faz corretamente idéia se não viu a guerra”. (CLAUSEWITZ, Carl Von. Da CH
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11
Guerra. São Paulo, Martins Fontes, 1996.)
Na segunda fase, o conflito evoluiu para uma mistura
de operações ofensivas em ambiente urbano, com O FUTURO
operações típicas de manutenção da paz, como escoltas
de comboio, proteção de instalações, estabelecimentos de O intenso desenvolvimento tecnológico das últimas
postos de bloqueio e controle de vias urbanas, além de décadas contribui para revolucionar as sociedades em todo
apoio às forças de segurança pública na manutenção da lei o mundo. Dessa forma, tendo em vista a metáfora das
e da ordem. ondas, idealizada por Toffler, estaríamos abandonando a
Os meios blindados foram bastante empregados para a era industrial e entrando na era da informação; ou da
conquista do controle de áreas sob a influência das milícias sociedade em rede, como sustenta Castells. O fato é que
islâmicas, como o distrito de Sadr City, nas cercanias de todas essas transformações terão reflexo na forma de
Bagdá. O uso de explosivos improvisados passou a ser combater. Quanto ao aprimoramento do combate
uma constante, constituindo junto com os lança-rojões AC embarcado, EUA e Reino Unido posicionam-se na
as maiores ameaças aos carros de combate. vanguarda dos projetos de modernização.
O recrudescimento da atividade da milícia Taleban no Em 1999, os americanos implementaram um projeto
Afeganistão demandou a utilização de meios blindados no denominado Sistema de Combate do Futuro (FCS). O
conflito atualmente em curso naquele país. Desse modo, objetivo maior é o de reduzir a blindagem e potência de
as potências européias da OTAN começaram a deslocar fogo, substituindo-os por informação e velocidade no ciclo
para a região veículos de rodas para transporte de pessoal de tomada de decisão. Essa é, possivelmente, uma radical
com blindagem relativamente leve, para fins de tentativa de reescrever as regras do combate terrestre. A
patrulhamento. Entretanto, em 2006, a escalada do conflito previsão do início dos testes é 2014.
fez com que o Canadá mobilizasse uma subunidade de O FCS consiste de 18 sistemas, integrando os
carros de combate Leopard 1 C2 semelhante ao Leopard 1 blindados a veículos aéreos não tripulados (UAVs) e
A5, com diferenças na torre, para aumentar seu poder de sensores. Tais sistemas estão divididos da seguinte forma:
combate e neutralizar a resistência rebelde. Atualmente, os - oito veículos terrestres tripulados, que
canadenses empregam os Leopard 2 A6 cedidos pela compartilharão o mesmo chassi e 90% dos componentes.
Alemanha. Um dos motivos da mudança foi a necessidade Neste subgrupo estão incluídos as viaturas de
de aumentar a proteção blindada em face dos dispositivos transporte de infantaria, de comando e controle, vigilância
explosivos improvisados 4 empregados e incrementar o e reconhecimento, além dos blindados do sistema de
poder de fogo com um canhão de 120 mm de maior alcance combate embarcado;
e letalidade. - seis veículos terrestres não tripulados, dentre eles
Ainda em 2006, as forças de defesa de Israel o veículo robótico armado, a ser empregado no assalto;
realizaram outra investida no sul do Líbano. Mais uma vez - quatro veículos aéreos não tripulados.
os blindados constituíram-se na espinha dorsal do ataque A integração de todos os componentes será obtida
terrestre israelense. A experiência mostrou o imperativo de através de um sistema de comunicação via satélite
aumentar o número de rádios, devido à grande posicional, o qual receberá e enviará informações em
descentralização das ações. tempo real.
De maneira geral, os conflitos dos últimos cinco anos
revelaram a necessidade de realização de
aperfeiçoamentos técnicos nas viaturas, tais como
5
instalação de blindagem gaiola, adaptação de
metralhadoras com acionamento de dentro do veículo,
utlização de implementos de engenharia, introdução de
sistemas de refrigeração, além de modificações nos
uniformes das guarnições blindadas para emprego em
ambientes operacionais urbanos e sob altas
temperaturas, bem como estudos sobre o impacto de
munições em alvos inertes e estruturas de concreto.
Nesse contexto, conclui-se que o início deste século
tem sido marcado por uma série de conflitos assimétricos
de baixa intensidade. Nestas conflagrações, os blindados
têm desempenhado importante papel, inclusive em
missões de estabilização sob a égide de organismos
internacionais, sobretudo quando há a dificuldade de Especificamente no tocante aos blindados, o grande
neutralizar os grupos adversos presentes. Mais uma vez a problema é diminuir o seu peso total. A questão central do
tecnologia contribui para o aumento do poder de combate e FCS para esses veículos é evitar repetir a experiência da
para a tentativa de redução dos efetivos empenhados. As Força Tarefa Falcão, na Albânia, durante a guerra de
condicionantes de terreno e clima, além da natureza de tais Kosovo ou a da 4ª Divisão de Infantaria na Turquia, durante
conflitos, têm balizado o desenvolvimento técnico das a invasão do Iraque em 2003. A ação de ambas as forças foi
viaturas dos principais protagonistas. dificultada por uma inabilidade de mover seus veículos
4 Os dispositivos explosivos improvisados, também conhecidos como IED, sigla em língua inglesa, são
apontados como uma das maiores ameaças aos blindados na atualidade. Na reunião do grupo de emprego do
clube Leopard internacional, realizada em 2007 no Reino dos Países Baixos, a delegação canadense
ÃO DE
informou que muitos destes dispositivos estavam sendo confeccionados com munições de 155mm de AÇ
artilharia, interligadas por um cordel detonante, e dotadas de um dispositivo de acionamento remoto.
5
A blindagem gaiola caracteriza-se por uma série de barras de metal soldadas à blindagem dos veículos CH
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12
blindados. Sua principal finalidade é a defesa contra munições químicas de armamento AC.
pesados, pelo ar, para os locais onde os mesmos eram REFERÊNCIAS
necessários.
O FCS tem como um de seus objetivos fazer com que as A FORJA. Combate do Futuro. AnoVI, número 25. Rio de
viaturas que integram o sistema possam ser transportadas Janeiro, Centro de Instrução de Blindados, 2004.
em uma aeronave de médio porte, como o C-130 ALBUQUERQUE, José Pessôa Cavalcanti de. Os “Tanks”
Hércules. Este objetivo foi, até agora, parcialmente na Guerra Européia. Rio de Janeiro: Albuquerque &
alcançado. A idéia é transportar em um C-130 um veículo Neves, 1921.
que, pronto para o combate, pesasse cerca de 24 ALVES, J. V. Portella. Os Blindados Através dos Séculos.
toneladas. Rio de Janeiro, BIBLIEX, 1964.
Do exposto, deduz-se que as transformações sociais CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. São Paulo: Martins
ocorridas nos últimos anos provocarão mudanças na Fontes, 1996.
estrutura organizacional e nas táticas de emprego das KEEGAN, John. A Guerra do Iraque. Rio de Janeiro:
forças blindadas. Até o presente momento, há uma BIBLIEX, 2005.
tendência de que tais alterações tragam melhor KEEGAN, John. Uma História da Guerra, pág. 381.
gerenciamento das informações captadas no campo de MARIN, Orlando de Oliveira. Armadilhas e Outros
batalha por uma série de sensores. Tendo-as processado Artefatos Improvisados, Um Novo/Velho Horizonte. A
de forma centralizada, o comandante tático poderia Forja, Ano X, número 36. Santa Maria, Centro de Instrução
empregar o melhor meio que tivesse à disposição para De Blindados, 2008.
enfrentar a ameaça identificada. Para acelerar ainda mais o MERMET, Armand. Ensaio sobre a Tática Alemã. Rio de
processo de tomada de decisão, sinaliza-se para a redução Janeiro, Biblioteca Militar, 1943 .
de escalões tradicionais de comando. Quanto à aplicação TOFFLER, Alvin. Guerra e Antiguerra: Sobrevivência na
do poder de combate, a tendência é o aumento da Aurora do Terceiro Milênio. Rio de Janeir: BIBLIEX, 1995.
modularidade das tropas blindadas, bem como o emprego US MARINE CORPS. Urban Warfare Study: City Case
de veículos mais leves e dotados de mobilidade Studies Compilation. Washington, 1999.
estratégica. AC

CONCLUSÃO

O blindado, introduzido no complicado cenário das


guerras em 1916, conquistou seu espaço através dos
tempos, permanecendo até os dias atuais como um dos
principais vetores dos exércitos modernos.
Em síntese, a incorporação do carro de combate à arte
da guerra representou uma revolução na forma de
combater. A consolidação dos novos princípios e táticas
deu-se na Segunda Guerra Mundial, quando os principais
exércitos do mundo passaram a adotar formações
blindadas mistas, baseadas no conceito de composição de
forças-tarefa. Desde então, os blindados estiveram
presentes nos principais conflitos pós 1945. Nem mesmo
terrenos restritivos ou a natureza assimétrica das
conflagrações os afastaram da cena. Em algumas, foram
protagonistas principais; em outras, meros coadjuvantes;
porém, sempre presentes.
Atualmente, o emprego de novas tecnologias suscita
pesquisas com o objetivo de otimizar a estrutura
organizacional e a tática de emprego dos meios blindados.
Seu resultado, contudo, ainda é incerto, sendo prematuro
antecipar resultados.
Finalmente, como última reflexão, pode-se afirmar que,
embora não consigamos prever exatamente qual será o
impacto das inovações, certamente elas representarão
para a evolução dos meios de guerra tanto quanto o motor
de combustão interna representou para a criação da tropa
blindada na Primeira Guerra Mundial.

ÃO DE

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13
Luiz Artur de Souza Filho

O
M60 A1 RISE Passive foi o principal carro de combate utilizado pelos US
Marine Corps durante a Primeira Guerra do Golfo. Apelidado “Cavaleiro da
Morte” pelos Marines que o guarneceram durante o conflito, o M60 foi
empregado nas operações terrestres desencadeadas a partir da madrugada
de 24 de Fevereiro de 1991 para liberação do Kuwait, a Operation Desert
Storm. Três companhias equipadas com o MBT M60 A1 integravam as Forças
Tarefa Ripper e Papa Bear, unidades que formavam o ataque principal da 1st Marine
Division contra a famigerada “Linha Saddam”, posição defensiva do exército iraquiano
situada na fronteira entre Kuwait e Arábia Saudita. Foto:Montagem VBC M60.

O Contexto

Em 2 de agosto de 1990, tropas iraquianas invadiram o Kuwait. Desde julho do mesmo


ano, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, acusava o país vizinho de causar a queda
do preço do petróleo, além de realizar perfurações em áreas reivindicadas pelo Iraque.
A ocupação foi prontamente condenada pela ONU, que autorizou, em 29 de novembro
de 1990, o uso de todos os meios necessários para que as tropas iraquianas
abandonassem o Kuwait até o limite longo de 15 de janeiro de 1991. Após uma série de
resoluções do Conselho de Segurança da ONU, uma força de Coalizão formada por 34
países foi criada para liberar o Kuwait, caso o prazo de desocupação não fosse cumprido.
Os EUA lideravam as forças aliadas, contribuindo com 73% do efetivo de 956.600 homens
da Coalizão.
Em 17 de janeiro de 1991, com a operação Instant Thunder, começaram os ataques
aéreos da Coalizão. Objetivos militares e de infra-estrutura civil foram destruídos durante
semanas de bombardeios que culminaram na ofensiva terrestre de fevereiro de 1991.

O Sistema Defensivo

A “Linha Saddam” era parte importante do dispositivo defensivo adotado pelo Iraque e
estendia-se na fronteira entre Arábia Saudita e Kuwait. Sua conformação indicava a
antecipação do ditador iraquiano a uma grande ofensiva das forças da Coalizão em um ou
mais pontos da linha.
O comando iraquiano adotou uma estratégia de defesa que funcionou muito bem no
conflito Irã-Iraque. As tropas de infantaria menos equipadas e adestradas passaram
meses cavando na parte Norte da fronteira, construindo fortificações desde a costa do
Golfo Pérsico até cerca de cinquenta quilômetros a oeste do Kuwait. Unidades mais
O autor é 3º Sargento de
preparadas guarneciam uma segunda linha de defesa no interior do Kuwait, cerca de vinte
Cavalaria da turma de 2003 da
quilômetros a norte da primeira. Escola da Sargentos das
As tropas da primeira linha defensiva possuíam ordens de reportar com oportunidade o Armas (ESA).Serviu no 16
avanço da Coalizão, e tentar retardá-lo. Os campos minados e trincheiras dessa primeira RCMec onde fez parte do V
linha destinavam-se a “encaixotar” a força aliada em “zonas de matar”, onde a artilharia Contingente da Força de Paz
iraquiana poderia realizar fogos. Impedidos de retrair pela linha de minas anticarro, os no Haiti.No CIBld
aliados ficariam mais tempo expostos à artilharia, e unidades mecanizadas e blindadas da desempenha as missões de
segunda linha de defesa encarregar-se-iam de destruí-los. Monitor do Módulo Urutu
A linha básica constituia-se de uma berma de areia de 15 pés de altura, minas e fossos Cascavel nos Estágios
Técnicos e Módulos Pel CC
anticarro e infantaria. As fortificações de campanha diferiam muito entre uma unidade e nos Estágios Táticos.
outra. Muitos fossos estavam cheios de óleo para formarem uma barreira de fogo contra o
assalto aliado. Imediatamente à norte das posições de infantaria, estava disposto um
cinturão de minas antipessoal, com o duplo propósito de prejudicar o avanço da Coalizão e
desencorajar a deserção das tropas empregadas em 1º escalão.

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14
Assim o Iraque considerava-se preparado para rechaçar o
ataque aliado ao longo da fronteira sul do Kuwait.

Trechos do livro mostram que o intenso adestramento e


a preparação cuidadosa das operações foram fatores
preponderantes para a vitória das Forças da Coalizão:
“O Tenente Bill Delaney , Cmt CC, o Sargento Robert Mckee,
Atirador, o Cabo Henry Page, Aux At, e o Cabo Stacey Mathews,
Motorista, compunham a guarnição do M60 A1 “Red One”. O
Red One era o carro testa do First Tank Platoon da Companhia
Delta. A Delta lideraria o 3rd Tank Battalion da Força Tarefa
Ripper para dentro do Kuwait, através da Linha Saddam. O
Tenente Delaney estava na ponta da lança do maior ataque
O Ataque Aliado blindado do Marine Corps desde Okinawa(...)
(...)Por volta da meia noite de 24 de fevereiro de 1991, o
A 1st Marine Division , sob o comando do Gen James pelotão do tenente Delaney ultrapassou a Phase Line Black,
Mike Myatt, foi enviada para a Arábia Saudita em 1990. Em tornando seu pelotão de M 60 A1 o primeiro Pel CC a entrar no
7 de setembro do mesmo ano, recebeu 110 M60A1 RISE território ocupado pelas forças iraquianas. Ao longo da
para formar a espinha dorsal blindada da divisão. Os carros madrugada, SEALS desencadearam um ataque anfíbio próximo
foram transportados para o Teatro de Operações pelo ao porto do Kuwait, com o objetivo de iludir os comandantes
Maritime Preposition Squadron Three, sistema logístico da iraquianos e permitir que a Ripper iniciasse o ataque principal
US Navy. Durante os cinco meses que se seguiram, foram contra a Saddam Line(...)
conduzidos intensos treinamentos no deserto saudita, no
contexto da Operação Desert Shield, a mobilização
americana para evitar uma possível invasão iraquiana na
Arábia Saudita.
Na Operação Tempestade no Deserto, desencadeada
em 24 de fevereiro de 91 para liberação do Kuwait, o Gen
Myatt organizou sua divisão em cinco forças tarefa, com
diferentes possibilidades e propósitos, para romper as
defesas iraquianas na “Linha Saddam”. A primeira era a FT
Sheperd, que utilizaria LAV's (viaturas blindadas leves)
para cobrir e explorar; as FT Ripper e Papa Bear, dotadas
de companhias de M60, engenharia de combate e
elementos mecanizados, eram as unidades de ataque. As
FT Taro e Grizzly constituíam-se de infantaria leve, mais
tradicional dos Marines.
O veterano do Vietnã e pesquisador Richard S. Lowry
narra no livro “Gulf War Chronicles” (Ed. Universe, sem
tradução para o português) as experiências pessoais do
Tenente William Delaney, do US Marine Corps,
comandante do 1st Tank Platoon, Delta Company, orgânico
da FT Ripper e composto por cinco M60 A1 RISE Passive.
Através de intenso trabalho de pesquisa e troca de
correspondência com militares que estiveram no golfo, o
autor constrói uma narrativa bastante detalhada do
conflito.
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(...) Com apoio de engenharia, a Ripper abriu 14 brechas no (...)Nesse momento, toda 1st Marine Division encontrava-se
primeira linha de minas, utilizando MICLIC (Mine Clearing Line entre os campos minados das duas linhas de defesa. A artilharia
Charges) enquanto a artilharia fustigava as posições iraquianas. iraquiana abriu fogo, e temendo um ataque químico, foram
Os cinco M60 do pelotão do Ten Delaney avançaram em cunha adotadas medidas DQBN. Os elementos que encontravam-se no
invertida, e como somente o Red Three era equipado com o mine alcance dos fogos de artilharia foram forçados a recuar e
plow, o pelotão mudou para formação em coluna seguindo o Red aguardar por fogos de contra-bateria e ataques aéreos para
Three pela primeira linha de minas(...) silenciar a barragem iraquiana(...) Durante uma hora e meia
(...) Vencida a primeira linha de obstáculos, o Ten Delaney estava ondas de helicópteros de ataque Cobra voaram para silenciar a
na escotilha do Cmt CC, com a parte superior do corpo exposta, resistência iraquiana, que por fim rendeu-se ou evadiu-se para o
enquanto a 1st Marine Division avançava pela brecha(...)quando Campo de petróleo de Burqan(...)
de repente ele ouviu um enorme WUMP, seguido de outro, e viu (...)Às 1430, a FT Papa Bear foi empregada na manutenção da
que granadas de artilharia iraquiana caiam cada vez mais perto brecha, e o 1st Light Armored Infantry Battalion ultrapassou e
de seus M60. Delaney ordenou que seus carros recuassem, moveu-se para negar o flanco direito da Ripper, na borda Oeste
enquanto o Subcomandante da Delta Company, Ten Leo Teddeo, do campo de petróleo de Burqan(...)A Ripper prosseguiu no
começou a lançar fumígenos para cobrir o pelotão das vistas do ataque rumo à Base Aérea de Al-Jaber, objetivo atingido ao final
observador de artilharia. Um estilhaço atingiu o Ten Teddeo no do dia, porém consolidado apenas 24 horas depois, no fim do dia
braço antes do apoio aéreo chegar para neutralizar a artilharia 25 de fevereiro, devido à contra ataques iraquianos. Os contra
iraquiana(...) Às 0830, os principais elementos da 1st Marine ataques do dia 25 partiram do Campo de petróleo de Burqan,
Division já encontravam-se a Norte do primeiro cinturão de linha de ação que tinha sido descartada pelo comando da 1st
obstáculos, recebendo fogos esporádicos de artilharia, e Marine Division, e impactos de granadas iraquianas chegaram a
aprisionando elementos da infantaria iraquiana que se rendia. apenas 300 metros do PC da Divisão.”
Esses desertores auxiliaram a Ripper a detectar o cinturão de
minas antipessoal que não era de conhecimento da inteligência
aliada até aquele momento(...)Todavia Delaney e seus homens
sabiam que a resistência do inimigo aumentaria
consideravelmente na segunda linha defensiva iraquiana(...)
(...)Às 1100, o pelotão do Ten Delaney aproximou-se da segunda
linha de obstáculos, e recebeu fogos dos blindados semi-
enterrados iraquianos. O Sgt McKee, atirador do Red One,
procurou freneticamente por eles, e quando identificou-os, o Ten
Delaney comandou Atirador! Flecha! Carro! Fogo! A granada
atingiu o T-55 destroçando-o. A essa altura, os M60 americanos
engajavam os carros iraquianos num frenesi de fogo (...)
(...)“Eles sabiam que estávamos vindo” disse o Ten Delaney, “e
nós não esperamos para chegar mais perto, se não víssemos uma
bandeira branca, nós destruíamos. A Delta Company destruiu
quinze T-72. Todos no meu pelotão atingiram pelo menos
um.”(...)
(...)O cabo Lance Miller, atirador do Red Four, encontrou seu
alvo à distância. O comandante do Red Four, Sargento Ralph
Nichlos, repetiu os comandos que haviam sido martelados no
cérebro durante o treinamento: Atirador! Flecha! Carro! Fogo!
Um BMP iraquiano explodiu com a precisão mortal do atirador
do Red Four. Miller foi condecorado com a Bronze Star por sua
tranqüilidade sob fogo. O BMP estava a quase 3000 metros do
Red Four, e foi o tiro mais longo realizado por um M60 durante a
guerra(...) Embora o emprego dos blindados iraquianos tenha se
(...)A destruição dos T-72 abateu o moral das tropas nos bunkers, mostrado falho ao semi-enterrar os carros ao invés de
que renderam-se para a Ripper: “Aqueles caras saíram dos explorar sua mobilidade, e as guarnições estivessem
bunkers”, relembra Delaney, “dançando, pulando cantando. perdendo a vontade de lutar em conseqüência de semanas
Cada vez que você via um PG você sentia alívio”(...) de Operações Psicológicas, ataques aéreos, problemas
(...)O primeiro pelotão penetrou na segunda linha de defesa, logísticos e perda de contato com seu escalão superior, o
composta de carros de combate, VBTP, e infantaria em tocas. M60 A1 superou seu oponente de fabricação soviética, o T-
Uma vez rompida a linha, o Ten Delaney infletiu para NO, em 72 e seus antecessores. Não houve baixas entre as
direção à Base Aérea de Al-Jaber, objetivo da Ripper(...) guarnições de M60.Três carros foram avariados por minas,
(...)A FT Papa Bear, no flanco direito da Ripper, confrontou-se e no saldo final do conflito os M60 foram responsáveis pelo
com uma força mecanizada iraquiana, valor batalhão, ao atingir abatimento de 21 blindados iraquianos nas zonas de ação
a segunda linha de defesa(...). Utilizando helicópteros de ataque da 1st e 2nd Marine Divisions. Sem dúvida, o adestramento
Cobra, artilharia e a companhia de M60, a Papa Bear destruiu o intenso e a confiabilidade do carro foram fatores decisivos
inimigo antes do meio dia(...) para o sucesso do último emprego do M60 pelo USMC.

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O blindado que se tornou um ícone do período da Bibliografia:
Guerra Fria prestou seu último serviço nas Forças Armadas
americanas antes de ser substituído definitivamente pelo “The Gulf War Chronicles: A Military History of the First
M1A1 Abrams. War with Iraq”, Lowry, Richard., EUA, 2003.
AC
SOBRE O CARRO - Características do M60 A1 RISE
Passive

O M60 A1 RISE Passive foi a última versão do M60 A1


(RISE - Reliability Improved Selected Equipment ). Eram
M60 A1 reconstruídos, com equipamento de visão noturna
para atirador, comandante e motorista. As melhorias
incluíam o motor AVDS-1790 2C RISE, mais potente, e
lançadores de fumígenos dos dois lados da torre, além de
um novo tipo de lagarta, T-142, de maior durabilidade. O
carro empregado na Primeira Guerra do Golfo contava com
blindagem reativa adicional.

Foto 1: M60 A1 RISE preparado para receber blindagem reativa


adicional em Camp Lejeune, North Carolina, EUA.
Foto 2 e 3: M60 A1 RISE equipado com arado e rolo, para
abertura de passagem através de campo de minas.
Foto 4: M60 A1 RISE com ERA (Explosive Reactive Armour) no
Teatro de Operações do Golfo.
Além do US Marine Corps, o 401st Tactical Fighters
Wing, da US Air Force, também utilizou dois M60 A1
para ampliar a segurança do pessoal de destruição
de artefatos explosivos (Explosive Ordnance Disposal
Personnel) durante a crise no Golfo.

M60 utilizado pelo EODP do 401st TFW, US Air Force.


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TRAFEGABILIDADE DE BLINDADOS

Marco Antônio Longo

INTRODUÇÃO

N
Ão são incomuns os exercícios em que a missão não pode ser cumprida
em virtude da impossibilidade de superar as dificuldades do próprio
terreno.

Foto: Passagem de Vau, Estágio


Tático de Blindados 2008.

O Autor é General de Divisão


R/1,foi Comandante do 1º
Grupamento de Engenharia de
Construção, Diretor de Obras de
Cooperação, Diretor de Material de
E n g e n h a r i a , Vi c e - C h e f e d o
VBC atolada devido a falta de estudo do solo
Departamento de Engenharia,
Comandante da 3ª Região Militar,
Este artigo lembra que o Exército Brasileiro já desenvolveu conhecimento que
formado na Escola de Comando e
permite aumentar a capacidade de deslocamento de Vtr em terrenos de baixa
Estado-Maior do Exército dos
capacidade de suporte. Tal conhecimento está disponível para aplicação e
Estados Unidos da América;
aprimoramento pelas tropas mecanizadas e blindadas. Com a pesquisa realizada
Comandante Regional de Força de
até o momento, é possível analisar o solo e estimar sua capacidade de suporte, o
Paz, na UNAVEM III, Angola;
tipo e a quantidade de Vtr que poderá transitar por um local sem atolar ou indicar
especializado em Operações na
áreas impraticáveis. É possível melhorar o desempenho da Vtr em terreno de baixa
Selva e na Caatinga; pós-graduado
capacidade de suporte, regulando adequadamente a pressão dos pneus. É
em Análise de Sistemas pela
possível estimar a variação da capacidade de suporte do solo em conseqüência da
Universidade Católica de Brasília e
variação do grau de umidade após uma precipitação e o intervalo de espera para
Gestão Ambiental pela Pontifícia
que uma área recupere as condições de passagem. Finalmente, é possível prever
Universidade Católica do Rio
onde será necessário reforçar o solo.
Grande do Sul.
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DESENVOLVIMENTO Há exércitos que já desenvolveram processos simples,
de emprego pela tropa em campanha, de avaliação da
COLETA DE DADOS
As Diretrizes Gerais do Comandante do Exército, de 09 capacidade de suporte do solo com o objetivo de aumentar
1
de maio de 2007, orientam para que, “dentre os projetos a mobilidade dos blindados, especialmente os sobre
em curso, deverão ser considerados como concentradores rodas. Tal conhecimento aplica-se aos blindados sobre
dos esforços tecnológicos o da Família de Blindados Sobre lagartas ou a outras Vtr.
Em 2005, o Major Marcelo Pereira Lima de Carvalho,
Rodas”. Fica bem claro, pois, que tais Vtr devem receber
em trabalho para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
atenção para todos os aspectos de seu emprego. Dentre
(EsAO), considerou a trafegabilidade como óbice no
estes, a trafegabilidade, pois blindado imobilizado é alvo 4
estudo do terreno. Constatou que o Exército Brasileiro não
compensador. As diretrizes prosseguem orientando para a
tinha como determinar, de maneira confiável, a capacidade
“busca do efetivo domínio do conhecimento científico-
de movimento das suas tropas blindadas e mecanizadas
tecnológico”, agregando, progressivamente, tecnologias
em virtude de dispor de dados imprecisos de
mais avançadas e privilegiando “os projetos de tecnologia
trafegabilidade, em relação às Vtr e aos solos.
dual”. Na gestão anterior do Exército, ainda eram O estudo da trafegabilidade de Vtr desenvolveu-se a
ressaltadas “ênfase nas parcerias com... o meio civil” e partir da Segunda Guerra Mundial. A disseminação das
pesquisas prioritariamente voltadas “para o incremento da técnicas estudadas e adotadas tem sido feita há cerca de
operacionalidade da Força”. 40 anos. Nova ciência ligada ao tema já se desenvolveu, a
Os manuais de campanha recomendam atenção para Terramecânica. No exército norte-americano, os estudos
o estudo do terreno e sua influência na mobilidade, de trafegabilidade tomaram impulso no Land Locomotion
sobretudo em condições meteorológicas desfavoráveis. O Laboratory, do Tank Automotive Command, Michigan, e
2
C 101-5 Estado-Maior e Ordens, por exemplo, faz 154 foram muito incrementados com a criação da Estação
referências ao estudo do terreno, demonstrando a Experimental de Vicksburg (WES), Mississipi. A partir das
importância que doutrinariamente se dá a esse fator da pesquisas realizadas na WES estabeleceu-se o “índice de
decisão. Há imperativo, pois, para que se ponha em prática cone” (IC), o mais importante parâmetro para a
trafegabilidade. O Congresso do Sistema Solo-Veículo,
o que é reconhecido pela doutrina.
realizado em 1961, na Itália, definiu quatro linhas de
As Bases para a Modernização da Doutrina de
trabalho: militar, florestal, agrícola e de transportes.
Emprego da Força Terrestre (Doutrina Delta), Instruções O Exército Brasileiro nunca fez estudos sistemáticos de
3
Provisórias 100-1, estabelecem como concepção geral de 5
trafegabilidade, mesmo depois da Doutrina Delta, enfática
operações o combate ofensivo com grande ímpeto e no emprego da manobra nas operações militares. O
valorização da manobra. Enfatizam que “as características Instituto Militar de Engenharia (IME) não dispõe de
das áreas operacionais do continente, em especial as regiões de pesquisa em andamento nessa área.6
topografia pouco movimentada, oferecem as condições ideais
para o emprego de brigadas blindadas e mecanizadas”, mais MOBILIDADE E TRAFEGABILIDADE
A mobilidade é um conceito mais amplo do que a
adequadas a esta concepção de emprego. Em citação, é
trafegabilidade. Esta última focaliza principalmente a
apresentada a experiência de combate do General Patton:
resistência do solo em suportar a passagem de viaturas. A
“É muito melhor atacar por um terreno difícil onde você não é mobilidade abrange, além da resistência do solo, as
esperado do que por um terreno bom e onde estão à sua espera”. rampas, a vegetação, os obstáculos, a visibilidade e outros
Fica evidente que é indispensável dispor de meios e fatores, conforme a fonte de estudos.
técnicas capazes de permitir ultrapassar o terreno difícil. A Terradinâmica vem adicionando conhecimento
Os blindados sobre rodas são os meios mais científico à trafegabilidade, complexo estudo que aborda
adequados ao rápido movimento em grandes distâncias, as decorrências do movimento de uma viatura sobre o solo
sendo, no entanto, muito sensíveis às variações do e suas inúmeras variáveis.Daí o sucesso conseqüente do
terreno, especialmente em condições meteorológicas estabelecimento do parâmetro IC que simplificou os
adversas. Os terrenos de baixa capacidade de suporte, em fatores intervenientes e passou a utilizar como informação
particular, oferecem dificuldade para o movimento. básica a resistência do solo, que, por seu turno, depende
1
Diretrizes Gerais do Comandante do Exército, de 09 de maio de 2007, folhas 8 e 9. Disponível em:
<http://www.exercito.gov.br/05notic/paineis/2007/08ago07/diretrizes.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2008.
2
C 101-5 Estado-Maior e Ordens 2º Volume, 2ª Edição
3
IP 100-1 Instruções Provisórias Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre
(Doutrina Delta) 1ª Edição, 1996, pag 2-2.
4
CARVALHO, Marcelo Pereira Lima de.A avaliação da trafegabilidade no estudo do terreno: uni óbice na
atualidade. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Liderança Militar. Rio de Janeiro. 2005.
5
IP 100-1. Instruções Provisórias. Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre. ÃO DE

Doutrina Delta. Estado-Maior do Exército. 1ª Edição. 1996.
6
MORAES, Cláudio Duarte de. Trafegabilidade. General Câmara, 2006. CH
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da natureza do terreno, da sua umidade e consolidação.O viaturas de apoio logístico, padronizadas pelo Exército
IC é tecnicamente conceituado como a resistência à Brasileiro, existentes em Organizações Militares (OM) da
penetração no solo de um cone padronizado, medida em própria Região, foi, em seguida, estendido para os
unidades de pressão. As viaturas são caracterizadas por
blindados da 3ª Divisão de Exército (3ª DE). A prioridade
um Índice de Cone de Viatura (ICV), calculado para cada
foi dada às viaturas Urutu e Cascavel por serem nacionais,
tipo, com base no peso da viatura e na sua área de contato
com o solo, fatores que, juntos, fornecem a pressão sobre rodas e porque as importadas trazem, discriminado
exercida sobre o solo. O Índice de Cone do Terreno (ICT) é de fábrica, o seu ICV específico.
estabelecido por meio de medição direta, realizada com um Foi estabelecida parceria com a Universidade Federal
instrumento denominado Penetrômetro de Cone de Santa Maria (UFSM), por intermédio do Centro de
(PC).Mede-se a força necessária para a penetração da Ciências Rurais que engloba o Núcleo de Ensaios de
haste de ponta cônica do PC no solo. A resistência à Máquinas Agrícolas (NEMA). Sob a coordenação do
penetração é dada pela relação entre a força aplicada e a Professor Doutor José Fernando Schlosser, foi elaborado
área do cone (duas polegadas), com ângulo sólido de 30º. A e conduzido projeto para realização de estudo que
comparação dos índices representativos da viatura e do possibilite avaliar a capacidade de viaturas militares
terreno indica a possibilidade de a viatura trafegar ou não deslocarem-se sobre terreno natural desconhecido, de
pelo terreno. Pode-se prever que, se o ICT é maior ou igual baixa capacidade de suporte. O projeto é de mútuo
ao ICV, a viatura será capaz de transpor o terreno em interesse para as instituições, pois as questões postas
estudo. As Unidades de Engenharia de Combate dispõem para o movimento das viaturas militares através campo e
para o dos tratores nas atividades de plantação e de
de Penetrômetro de Cone.
colheita é semelhante.
A fase inicial do projeto atingiu resultados imediatos
de forma a mostrar sua utilidade para a tropa. O primeiro
dos objetivos foi o de definir o ICV das viaturas militares
nacionais, padronizadas, sobre rodas, de forma a
capacitar a tropa em campanha a prever, de modo
expedito, a possibilidade de as viaturas transporem
terreno de baixa capacidade de suporte. As fases
seguintes, atualmente em desenvolvimento, se destinam
a definir modelos de predição do desempenho da cada
viatura em qualquer tipo de terreno e caracterizar os solos
em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Objetivos de
interesse civil foram igualmente incorporados.

Caracterização da viatura e cálculo da área de contato com o


solo. Fonte:Moraes,2006.

O PROJETO
Atendendo as Diretrizes Gerais do Comandante do
Exército, a doutrina, os exemplos de outros exércitos e a
constatação das necessidades da tropa nos exercícios no
terreno, o Comandante da 3ª Região Militar (3ª RM), nos Pontos georreferenciados e ICT. Cores mais claras
anos de 2005 e 2006, idealizou e conduziu projeto correspondem a menor ICT. Fonte: Moraes,2006.
específico de trafegabilidade. Inicialmente voltado para as
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O trabalho foi iniciado em laboratório com registro das e com o modelo analógico adotado pelo Exército, operado
características das viaturas ¾ Ton Toyota Bandeirantes tipo por militar do 3º Batalhão de Engenharia de Combate
1033 e TNE 5 Ton Mercedes Benz modelo 1418. A coleta de (3ºBECmb).
dados obteve dimensões, peso por eixo e área de contato
com o solo para diferentes pressões dos pneus. Tomando
como exemplo a Vtr MB 1418, vazia, verificou-se que, com
7
os pneus calibrados em 85 psi, o ICV era 60 e, com os
pneus calibrados em 25 psi, mais vazios, o ICV era 35,
possibilitando movimento em terreno de menor capacidade
de suporte.

Penetrômetro de cone analógico, à esquerda e digital, à direita.


Fonte: Moraes , 2006.
Foi constatada a imprecisão das medidas realizadas
pelo equipamento do Exército e as suas restrições de uso
operacional que exige de duas a três pessoas. Após essa
experiência, encontrou-se, em Porto Alegre o, fabricante
nacional de penetrômetro digital e georreferenciado, que
proporciona leituras mais precisas e operação de fácil
manejo. A 3ª RM forneceu o penetrômetro da empresa
Falker para testes no 3º BECmb.
Os resultados do trabalho realizado até a Operação
Pampa 2006 estão resumidos no quadro ao lado, onde se
observa o ICV por tipo de Vtr e a respectiva pressão dos
pneus.
De posse dos dados medidos nas viaturas, iniciaram-se
os testes de campo na área denominada Zamaricá, da CONCLUSÃO
UFSM, com o objetivo de validar os ICV obtidos em A mobilidade é o elemento essencial da manobra e a
laboratório. Para isto, inicialmente, realizou-se o cálculo liberdade de manobra é a pedra de toque da vitória,
sistemático dos ICT em cerca de 60 pontos distribuídos por buscada por todos os comandantes, em qualquer escalão.
toda a área, conforme ilustrado na figura acima. Em Ao propiciar maior trafegabilidade para as viaturas
seguida, as viaturas foram deslocadas pelos itinerários militares, o projeto em desenvolvimento minimiza os riscos
mapeados previamente de modo a permitir a confrontação e maximiza a mobilidade destas mesmas viaturas,
dos ICV com diferentes ICT e a posterior crítica dos melhorando sua operacionalidade.
resultados. Continuando o exemplo da Vtr MB 1418, os A metodologia aplicada pelo projeto de trafegabilidade,
testes no terreno permitiram constatar que, em região com nos anos de 2005 e 2006, foi validada em testes de campo.
ICT acima de 60, o deslocamento não apresentou Precisa ser utilizada para possibilitar aprimoramento e dar
dificuldade. Em região com ICT em torno de 50, a viatura um salto na operacionalidade do Exército, pela extensão do
começava a atolar e, em região8com ICT menor do que 35, o estudo para as demais viaturas.
deslocamento foi impraticável. Confirmaram-se, portanto, O conhecimento derivado não constitui tabela
os dados de laboratório. O experimento com a Toyota importada como ocorre até o presente momento, mas é de
Bandeirante levou à conclusão similar. domínio do Exército Brasileiro. O equipamento também é
A sistemática referida foi repetida para as viaturas Urutu nacional e de emprego dual, podendo, seu uso, beneficiar
e Cascavel, em laboratório e nos testes de campo, exceto os campos civil e militar.
quanto ao fato de que estas foram testadas no Campo de O custo do projeto para o Exército é quase desprezível
Instrução Barão de São Borja, Saicã, durante a Operação em conseqüência do seu aproveitamento pelos setores
Pampa 2006, confirmando igualmente os dados de civis de transporte e de agricultura e do custeio provido por
laboratório. Durante essa operação, fez-se uma órgãos de pesquisa governamentais e do Centro de
demonstração aos generais integrantes do Comando Excelência em Transporte (CENTRAN), em convênio com
Militar do Sul e ao Chefe do Estado-Maior do Exército de o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
como o projeto de trafegabilidade poderia aumentar a (DNIT).
operacionalidade dos blindados sobre rodas. Se continuado, o projeto:
Subsidiariamente, durante os testes de campo - permitirá que a tropa em campanha, de modo simples,
realizados na UFSM, fez-se uma comparação de leituras planeje caminho seguro para suas viaturas. Quando
de ICT feitas com o Penetrômetro de Cone digital da UFSM enfrentado terreno de baixa capacidade de suporte, a tropa
disporá de conhecimento que lhe permita buscar
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7
Psi: medida de pressão dada em libras por polegada quadrada AÇ
8
MORAES, Cláudio Duarte de. Trafegabilidade. General Câmara, 2006. CH
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alternativa, atuando sobre a viatura, reforçando o terreno SCHLOSSER, José Fernando . AVALIAÇÃO DE
ou alterando itinerário. O conhecimento disponibilizado MODELOS DE PREDIÇÃO E VERIFICAÇÃO DAS
pode auxiliar o comandante nas decisões, inclusive CONDIÇÕES DE TRAFEGABILIDADE DE VEÍCULOS
naquelas em que se busca a surpresa sobre o inimigo, AGRÍCOLAS E MILITARES EM TRÊS TIPOS DE SOLO.
trafegando sobre terreno que eventualmente possa ter Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Set
sido considerado intransponível; e o comandante, em 2006.
operações, terá ampliado seu conhecimento sobre o
terreno e melhores condições de decidir.
ZAHN, Brian R. THE FUTURE COMBAT SYSTEM:
MINIMIZING RISK WHILE MAXIMIZING CAPABILITY.
BIBLIOGRAFIA United States War College Strategy Working Paper. Mai
2000. AC
BUAES, Alexandre Greff. MEDIDOR ELETRÔNICO DE
COMPACTAÇÃO DO SOLO. Porto Alegre: Falker, Mai
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CARVALHO, Marcelo Pereira Lima de. A AVALIAÇÃO DA


TRAFEGABILIDADE NO ESTUDO DO TERRENO: UNI
ÓBICE NA ATUALIDADE. Escola de Aperfeiçoamento de
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C 17-20 Manual de Campanha FORÇAS-TAREFA


BLINDADAS. Estado-Maior do Exército (EME), 3ª Edição,
2002.

C 20-1 Manual de Campanha GLOSSÁRIO DE TERMOS


E EXPRESSÕES PARA USO NO EXÉRCITO. EME, 3ª
Edição, 2003.

C 100-5 Manual de Campanha OPERAÇÕES. Estado-


Maior do Exército, 3ª Edição, 1997.

C 101-5 Manual de Campanha - ESTADO-MAIOR E


ORDENS. EME, 2ª Edição.

C 124-1 Manual de Campanha ESTRATÉGIA. EME, 3ª


Edição, 2001.

DIRETRIZES GERAIS DO COMANDANTE DO


EXÉRCITO. Disponível em: <http:
//www.exercito.gov.br/05notic/paineis/2007/08ago07/diret
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FRANCISCO, Geraldo Magela . PROPOSTA DE


VALIDAÇÃO DE UM MODELO PARA A AVALIAÇÃO DA
TRAFEGABILIDADE DOS SOLOS INSERIDA NO
ESTUDO DE SITUAÇÃO DE INTELIGÊNCIA. Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército. Rio de Janeiro.
2004.

IP 100-1. Instruções Provisórias. BASES PARA A


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FORÇA TERRESTRE. DOUTRINA DELTA. EME. 1ª
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MORAES, Cláudio Duarte de. TRAFEGABILIDADE.


General Câmara, 2006.

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A UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE SIMULAÇÃO PARA O
INCREMENTO DA CAPACITAÇÃO OPERACIONAL DAS
UNIDADES BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Maurício Magnus Sampaio


invenção da simulação é creditada aos chineses, que por volta do ano 3000 AC

A utilizavam um jogo de guerra de tabuleiro denominado Wei-hai.


No prosseguimento da evolução da arte da guerra, as legiões romanas, por
volta do ano 30 AC, começaram a fazer uso de caixões de areia e de miniaturas
para o treinamento e planificação do campo de batalha.
Na Índia, por volta do ano 500 DC, foi implementado o chaturanga, um jogo
de guerra de tabuleiro, onde eram representados os centros de comando da
época, a localização dos comandantes e das suas unidades de combate e apoio.
Foto: montagem de
imagens de simuladores

Foi na Prússia, em 1811, que o Barão Von Reisswitz introduziu modificações


consideráveis ao incorporar um cenário bélico mais real, tendo como base a representação
do terreno por intermédio da utilização das curvas de nível,de soldados de porcelana para as
unidades de combate e realizou a representação física dos objetivos e dos centros de
comando e controle. Os procedimentos para treinar e simular os cenários bélicos se
mantiveram sem grandes modificações por mais de 2000 anos, nas academias e escolas
militares dos exércitos do mundo.
A evolução científico-tecnológica ocorrida após a II Guerra Mundial acarretou o aumento
do poder destrutivo e da letalidade dos armamentos, bem como da mobilidade do campo de
batalha. Como conseqüência, as operações militares passaram a necessitar de maiores
espaços para diminuir a eficiência dos meios de destruição em massa e para utilizar de todas
as possibilidades advindas do aumento da velocidade e do alcance dos veículos disponíveis.
Com isso, observou-se que os artefatos bélicos agregaram tecnologias sofisticadas, que
acarretaram, em contrapartida, o aumento dos custos de desenvolvimento e produção.
O foco principal de todo adestramento para o combate sempre esteve ligado ao objetivo
de criar o ambiente operacional mais próximo possível de uma guerra. Nesse contexto,
verifica-se que os campos de instrução se tornam cada vez mais exíguos e longínquos,
sujeitos a injunções de entidades de preservação ambiental, normalmente contrárias a
exercícios militares, as raias para tiro real se reduzem e a capacidade de desdobramento de
grandes unidades constituídas é inviabilizada, não permitindo mais um adestramento pleno
para enfrentar as injunções do combate moderno.
O advento da informática trouxe uma nova dimensão à preparação e ao treinamento nas
principais forças armadas do mundo. Os diversos fatores que dificultam o adestramento
pleno dos efetivos militares, como os anteriormente listados, contribuíram para um rápido
desenvolvimento de dispositivos de simulação e treinamento que empregam a informática, a
mecatrônica e a tecnologia do laser para atender ao treinamento de contingentes que
utilizam meios sofisticados para combater, como as forças blindadas.
Nas forças armadas brasileiras essas dificuldades também se fazem presentes, em
particular no Exército, que, aliado ao fator “hiato tecnológico” consubstanciado com as
diversas dificuldades orçamentárias, não tem conseguido desenvolver um sistema integrado O autor é Capitão de Cavalaria
para o treinamento das forças blindadas com a utilização efetiva de dispositivos de da turma de 1994 da AMAN.
Está no CIBld desde 2007
simulação. desempenhou as funões de
O Exército Brasileiro, diante da conjuntura atual, tem focado seus esforços no Coordenador do Módulo M 60
desenvolvimento de simuladores que treinem os escalões unidade e superiores. Com isso, A3 TTS nos Estágios Técnicos
os escalões inferiores, onde o objetivo do treinamento é o indivíduo ou a guarnição, e exigem e instrutor dos Módulos Cmt
o emprego de dispositivos de simulação com tecnologia mais acurada, têm se ressentido de Esqd C Mec e Seç Cmdo nos
meios que possibilitem adestrar as frações de forma mais eficaz, com menor custo e Estágios Táticos. Atualmente
desgaste do material bélico. desempenha a função de
Este artigo aborda de forma sucinta a utilização de simuladores e treinadores como Chefe da Seção de
importantes ferramentas para a redução de custos e para o incremento da capacidade Simuladores.
operacional da Força Terrestre, particularmente no que se refere ao treinamento de unidades
blindadas.

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Panorâmica atual Diante de um quadro de constante contingenciamento
O Centro de Instrução de Blindados (CI Bld) tem de recursos para as forças armadas, de redução e
participado ao longo dos anos de diversas conferências e limitação das áreas de instrução, de elevado custo das
intercâmbios internacionais, das quais destacamos as munições e manutenção dos meios blindados, como
reuniões dos países detentores do carro de combate poderemos treinar efetivamente esse tipo de tropa? A
Leopard ,1 realizada anualmente, a Conferência resposta parece estar no emprego de simuladores, de
Internacional de Mestres de Tiro (International Master modo a atenuar essas limitações, impostas pela
2
Gunner Conference - IMGC), realizada na França, em conjuntura atual. Esse fato não é uma exclusividade do
2006, dentre outras visitas previstas no Plano de Visitas e Exército Brasileiro, pois vários países se empenham na
Outras Atividades em Nações Amigas (PVANA). Em todas busca de soluções cada vez mais aperfeiçoadas para este
essas oportunidades, uma das tônicas era como treinar de problema, de modo a reproduzir, com ajuda da tecnologia,
maneira adequada tropas aptas a operar plenamente os ambientes de combate com alto grau de fidelidade e com
meios blindados, no multifacetado ambiente de combate a realidade dos atuais cenários da guerra moderna.
moderno.
Novos desafios e oportunidades
A aquisição em 1996 das Viaturas Blindadas de
Combate (VBC) Leopard 1A1 4e M60 A3 TTS5 evidenciou,
de maneira bastante clara, esse “hiato tecnológico”.
Essas VBC incorporavam uma gama de sofisticados
sistemas de direção de tiro, estabilização de torre, além
de diversos optrônicos. Diante da constatação de que
es s as viaturas simbolizavam significativo salto
6
tecnológico em relação aos antigos M41 C, desenvolvidos
na década de 1950 do século passado, que solução o
Exército Brasileiro poderia adotar para criar massa crítica
Divisão de Simulação Técnica- Exercito Francês capacitada a operar esses modernos meios blindados?
Uma das soluções foi a criação do Centro de Instrução
No Intercâmbio de Cooperação de Especialistas com o de Blindados General Walter Pires (CI Bld), concebido
3
Exército dos EUA (2006), no U.S Armor Center Fort Knox, para ser um estabelecimento de ensino de
foi possível observar “in loco” a necessidade da utilização especialização, de graus superior e médio, da linha do
de simuladores e treinadores, como ferramentas Ensino Militar Bélico.É subordinado atualmente à 6ª
importantes para reduzir os custos com instrução, Brigada de Infantaria Blindada, vinculado ao Comando de
aumentar o nível de capacitação operacional e manter a Operações Terrestre (COTER) para fins de planejamento,
tropa em constante estado de prontidão. A troca de coordenação, avaliação e execução das atividades de
experiências permitiu atestar a preocupação que as forças instrução e adestramento de frações
armadas de países mais desenvolvidos possuem com o blindadas/mecanizadas e vinculado ao Departamento de
emprego e o desenvolvimento de novos recursos de Ensino e Pesquisa (DEP), através da Diretoria de
simulação para treinar e capacitar seus contingentes e Especialização e Extensão (DEE), para fins de orientação
empregar de forma efetiva o meio blindado. técnico-pedagógica.
A segunda solução foi designar militares que serviam
no CI Bld e nos Regimentos de Carros de Combate a
serem contemplados com as novas VBC para realizarem
cursos de capacitação a fim de operarem os novos
8
blindados na Bélgica7 e nos Estados Unidos da América.
Nessa oportunidade, aqueles militares se defrontaram
com uma nova realidade, pouco conhecida da empregada
no Exército Brasileiro, que era a utilização de simuladores
de forma sistematizada na instrução e no adestramento
de tropas blindadas.
Hoje, passados mais de 11(onze) anos do
recebimento das novas viaturas blindadas de combate, da
Cabine de simulação para motorista criação do CI Bld e no limiar do recebimento, a partir do
final de 2008,
1 Esse grupo de países é popularmente chamado de Clube Leopard. O CIBld faz parte do subgrupo de preparo e

emprego e, em 2006 e 2007 representou o Brasil na reunião anual, ocorrida respectivamente na Dinamarca e
Holanda.
² Seminário internacional para especialistas no desenvolvimento de técnicas de tiro e treinamento de guarnições
de blindados.
3
Escola de Blindados do Exército dos Estados unidos da América localizada no estado Do Kentucky responsável
pela formação e aperfeiçoamento de Oficiais e Praças e pela avaliação e adestramento da tropa blindada
americana.
4
Viatura Blindada de Combate de fabricação alemã produzido pela indústria Krauss-Maffei Wegmann.
5
Viatura Blindada de Combate de fabricação americana produzido pelo grupo General Dynamics Land Systems. AÇ
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6
Viatura blindada de reconhecimento de fabricação americana adotada pelo Exército Brasileiro na década de
1960.
7
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País europeu onde foram adquiridas as VBC Leopard 1 A1.
8
País onde a VBC M 60 A3 TTS foi adquirida mediante leasing.
9
da VBC Leopard 1 A5, o Exército Brasileiro ainda se Os investimentos para a montagem de um sistema
depara com o desafio de como adestrar e preparar sua integrado de simulação, que contemple as três
força blindada com baixo custo e elevada proficiência. modalidades (construtiva, virtual e viva), são elevados,
Diante da tímida utilização pelo Exército Brasileiro de porém, compensados pelo aumento da eficiência, pela
simuladores e treinadores, questionamo-nos se estamos redução de custos com combustíveis e manutenção,
devidamente capacitadas a cumprir o preconizado na dentre outros, que oneram substancialmente a realização
Doutrina Delta. Nessa doutrina, o emprego prioritário para de exercícios com o emprego maciço de unidades
as Bda Bld é a realização de manobras desbordantes ou blindadas. Também é importante que se ressalte as
envolventes buscando atuar na retaguarda inimiga, possibilidades de execução de um maior número de
destruir forças blindadas inimigas e realizar o combate exercícios com a integração dos diversos sistemas
continuado (EME, 1996). Todas essas missões exigem alto operacionais, aumentando a capacidade operacional e a
grau de preparação e prontidão que só poderão ser obtidos competência profissional.
por intermédio do desenvolvimento de uma eficiente e O momento para o desenvolvimento e implantação de
eficaz estrutura de treinamento e adestramento, que um sistema que utilize dispositivos de simulação e
permita com isso, ao mesmo tempo, reduzir custos e treinamento para tropas blindadas parece ser o ideal. Na
incrementar a capacidade operacional das unidades ocasião em que se incorpora um novo meio blindado, o
blindadas.
Leopard 1 A5, ao acervo de blindados do país, nos cabe
Outro aspecto que necessita de uma abordagem, por
avaliarmos se estamos treinando adequadamente as
ser a fonte onde estão reunidas as orientações e a
nossas unidades blindadas para desempenharem o
metodologia para o treinamento e adestramento das
preconizado na Doutrina Delta. Os esforços do C I Bld
unidades blindadas, são os Programas Padrão, de
nessa direção são louváveis, fruto de um trabalho sério e
qualificação e adestramento, para as unidades de
objetivo, que tem combinado aprender com quem possui o
Cavalaria e Infantaria. Há necessidade de que estes
“Know how” com o desenvolvimento de uma metodologia
estejam adequados, de modo a contemplarem tarefas,
condição e padrões mínimos a serem atingidos com a própria que atenda as especificidades da realidade de
utilização de simuladores. Sem que isso aconteça, será nossas unidades blindadas.
difícil sistematizar e padronizar a utilização desses meios A utilização de simuladores no desenvolvimento da
de forma efetiva para atingir os objetivos de instrução. capacitação operacional das tropas blindadas é
Como nos foi possível observar, a utilização de fundamental. Ao considerarmos a conjuntura mundial,
simuladores se torna premente no Exército Brasileiro, pois verificamos que nenhuma nação, face às incertezas e
os dispositivos de simulação têm comprovado sua instabilidade do mundo em que vivemos, poderá abrir mão
eficiência quando empregados no preparo das unidades de possuir forças armadas devidamente preparadas para
para as avaliações previstas nos Programas Padrão de enfrentar os desafios de um campo de batalha
Instrução. Além disso, possibilita exercitar e avaliar multifacetado, onde a tecnologia é fator de desequilíbrio e
unidades com custos e espaços reduzidos, conscientiza projeção de poder.
acerca da letalidade do campo de batalha moderno e
integra meios de apoio de fogo e apoio ao combate com os REFERÊNCIAS
elementos de manobra. ALVES, Rodrigo da Silva. O Emprego de Simuladores de
Combate no Adestramento dos Pelotões de Cavalaria.
Conclusão 2006. 165 f. Dissertação de Mestrado (Mestre em
A utilização de simuladores para o treinamento e Aplicações Militares) Escola de Aperfeiçoamento de
desenvolvimento da capacidade operacional de forças Oficiais, Rio de Janeiro, 2006.
blindadas tem sido amplamente difundida por diversos
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
países no mundo, que tem obtido excelentes resultados na NBR 6023: Informação e documentação: referências -
preparação de seus contingentes para enfrentar as elaboração. Rio de janeiro, 2002a.
adversidades do campo de batalha moderno.
BANKS, Jerry. Handbook of simulation: principles,
methodology, advances, applications, and practice. 1.
ed. Atlanta: John Wiley & Sons, 1998. p. 645-657
BOLZE, Aurélio da Silva. Dispositivos de simulação de
apoio à instrução. 1998. 3 f. Centro de Instrução de
Blindados General Walter Pires, Rio de Janeiro, 1998.
BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres.
Programa padrão de instrução PPQ 02/1 qualificação
do cabo e do soldado de cavalaria instrução comum. 3.
ed.: Brasília, DF, 1999.
_____. Níveis de operacionalidade e de adestramento.
B r a s í l i a , 2 0 0 6 .
Disponívelem:<http://www.coter.eb.mil.br/1sch/simeb/SIM
EB_Ni%20Op%20e%20Ades.pdf>. Acesso em 16 mar
Visão do atirador - Software Steal Beasts 2008.

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9 AÇ
Blindado de origem alemã, versão mais moderna da família Leopard 1, que possui como principais inovações
em relação a versão inicial um novo sistema de tiro, o EMES18, e equipamento de visão noturna termal. CH
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25
BRASIL. Exército. Estado Maior do Exército. C 2-1: PEREIRA JÚNIOR, Sérgio Manoel Martins. Simulação
emprego da cavalaria. 2. ed. Brasília, DF, 1999. de combate: o emprego de dispositivos de
simulação no Centro de Instrução de Blindados e nas
_____. Diretriz para o aperfeiçoamento e modernização organizações militares blindadas e mecanizadas.
do sistema integrado de simulação de combate do 1999. 111f. Dissertação (Mestrado em Aplicações
Exército. Boletim do Exército, Brasília, DF, n 01,p 13-21, Militares) Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de
06 jan. 2006. Janeiro, 1999.

______. IP 100-1: Bases para a modernização da RIBEIRO, Antonio José. O emprego de jogos
doutrina de emprego da força terrestre (Doutrina comerciais nas atividades de simulação de combate:
Delta). 1. ed. Brasília,DF, 1996. uma proposta. 2005. 208f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Militares) Escola de Comando e Estado-Maior
CARMAN JÚNIOR, Dwayne. Integração das simulações do Exército. Rio de Janeiro, 2005.
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ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Exército. TRADOC.


FM 7-1 Battle Focused Training. Washington, DC. 2003.

GARCIA, Flávio dos Santos Lajoia. O emprego da


simulação de combate como ferramenta de apoio ao
projeto organizacional e doutrinário da Força Terrestre
Brasileira. 2005. 206f Dissertação (Mestrado em Ciências
Militares) - Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, Rio de Janeiro, 2005.

GARCIA, Rogério dos Santos Lajoia O adestramento


como instrumento multiplicador do poder de combate.
2006. 190f Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) -
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de
Janeiro, 2006.

INTERCÂMBIO DE COOPERAÇÃO DE ESPECIALISTAS


BRASIL / EUA, 8. 2006, Fort Knox - EUA. Intercâmbio de
informações doutrinárias (Blindados). Gabinete
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MAKRAKIS, Heraldo. Simuladores e jogos de guerra.


1997. 33f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização em Ciências Militares) - Escola de
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MUÑOZ, Antonio J. Candil. La Simulación de Carros de


Combate y Carros Acorazados. 1999. 12 f. Circulo de
Electrónica Militar, Madri, 1998.

PARRA FILHO, Domingos; SANTOS, João Almeida.


Apresentação de trabalhos científicos: monografia,
TCC, teses e dissertações. 3. ed. São Paulo: Futura, 2000.

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Propostas de Adaptações em Carros de Combate
para ambiente urbano.

Manuel Luis Badaraco Fagundes


moderna conjuntura mundial torna os centros urbanos fatores decisivos no

A
Introdução
combate. O Exército dos Estados Unidos tem enfrentado tropas iraquianas em
grandes cidades, vivenciando experiências que certamente farão e evolução da
guerra.

O Brasil, embora esteja em situação de paz, deve manter seu exército apto a responder
qualquer ameaça e a prover respaldo para sua influência mundial. Para tanto, deve estar em Foto: VBC M1 A2 Abrams
condições de defender sua integridade territorial e, atualmente, participar de missões de paz
sob a égide da ONU.
O controle de centros urbanos tem sido cada vez mais determinante no sucesso das
operações de combate devido ao incremento nos meios de inteligência de combate, que
inviabiliza a concentração de tropas e meios em campo aberto, e ao avanço tecnológico dos
meios de combate que necessitam de suprimentos específicos.
Cabe ressaltar que o ambiente urbano é repleto de características especiais, sobretudo
quanto à presença de população civil e inocente, ao monitoramento por parte da mídia, aos
tipos de alvos e, ainda, quanto à restrição de área para manobra.
Os meios blindados são de emprego decisivo e estratégico por possuírem grande ação
de choque, característica que é vital em operações urbanas. Os Carros de Combate (CC),
esteio da tropa blindada, foram inicialmente concebidos para conflito em campo aberto,
contra tropas regulares e, principalmente, contra outras tropas blindadas; assim, necessitam
de adaptações, em virtude das características supracitadas do ambiente urbano.
Antecedentes
Este artigo tem por base lições aprendidas pelo Exército dos Estados Unidos no atual
conflito do Iraque. A tropa blindada americana tem utilizado a Viatura Blindada de Combate
(VBC) M1A2 ABRAMS (Figura 1). A operação “Iraque Freedow”, realizada em 2003,
produziu um relatório no qual são expostas considerações sobre o emprego de CC em
conflito urbano. O estudo foi baseado na ação de choque do CC, sua principal
potencialidade. Cabe lembrar que a ação de choque é o efeito resultante do aproveitamento
simultâneo da mobilidade, potência de fogo e proteção blindada.
Quanto à proteção blindada, não
foram verificadas grandes perdas por
deficiência na blindagem e nem
identificadas poderosas armas AC. A
parte frontal, torre e couraça
O autor é Capitão de
proporcionaram excelente proteção,
Cavalaria da Turma de 1998
porém, nas partes superior, lateral e
da AMAN. Possui o Estágio
traseira, percebeu-se certa
Técnico de Blindados -
vulnerabilidade. O Ruchnoi
Módulo VBC Leopard 1A1 e
Protivotankovye Granatamyot (RPG),
o Estágio Tático de
famoso armamento anticarro portátil
Blindados - Módulo Pelotão
russo de 40mm, tem sido o principal
Figura 1 - VBC M1A2ABRAMS de Carros de Combate,
armamento dos insurgentes. Essa
ambos no Centro de
arma, juntamente com munições de 25mm, produziu danos que, quando direcionada à
Instrução de Blindados.
retaguarda do carro, indisponibilizou alguns CC.Grande parte dos danos nos CC foi causada
Atualmente é Instrutor da
por vandalismo do povo iraquiano, principalmente nos reservatórios e componentes sobre a
Seção de Tiro da AMAN.
couraça. Esses locais foram alvos de armas de pequeno porte e de coquetéis Molotov, sendo
estes últimos direcionados para a entrada de ar do motor.
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Um dos problemas relatados foi a dificuldade em Propostas de Mudanças
destruir o CC por ocasião de abandono do material. Em
Bagdá, no dia 05 de abril de 2003, ocorreu um incêndio no Diante das limitações supracitadas, o Exército Norte
motor de um carro fazendo com que ele fosse abandonado, Americano iniciou uma série de estudos visando a adaptar
necessitando destruição para não ser capturado pelo seus meios blindados ao combate urbano.
inimigo. A guarnição não estava treinada para destruí-lo. Nesse tipo de combate, é vital o emprego de meios
Foram necessários 01 granada de mão, 01 tiro de flecha blindados que executem missões de destruição de
APFSS (Armour Piercing Fin Stabilized Sabot), munição posições de tiro, casamatas e fortificações; e, ainda, de dar
anticarro de energia cinética (Figura 02) e 02 mísseis proteção às tropas a pé. No ambiente urbano, a guarnição
MAVERICK, míssil americano terra-ar de alcance de deverá operar “escotilhada”, isto é, com suas escotilhas
40Km, (Figura 03) para destruir o CC. fechadas; e, principalmente, estar apoiada por fuzileiro.
Cabe ressaltar também que o ambiente urbano possui
limitado campo de tiro e área de manobra.
Dessa forma, foi idealizada a forma de melhorar o
desempenho dos CC ABRAMS no combate urbano, tendo
por base a não modificação estrutural do carro, por isso as
melhorias deveriam ser modulares e totalmente dirigidas
sobre as limitações do CC. Outros aspectos deveriam ser
também observados: o CC não poderia perder a
característica ofensiva e letal e deveria otimizar o emprego
com os fuzileiros. Assim, foram propostas as seguintes
adaptações em função das finalidades táticas:
Para neutralizar as ameaças ao CC, foi proposta a
aplicação de blindagem adicional, a instalação de múltiplos
sistemas de aquisição de alvos e a adoção de um sistema
de defesa circular concêntrico. Para tornar mais eficiente o
sistema de armas, foram desenvolvidos um sistema anti
sniper calibre.50,a instalação de controle remoto na
Figura 2 - tiro munição SABOT operação das armas, um sistema claymore (mina
antipessoal direcionável) para defesa aproximada e
munições Canister e Alto Explosiva (HE) para o canhão
principal. Visando a otimizar o emprego do combinado CC
Fuzileiro, foi desenvolvido um defletor no exaustor do
motor, um sistema de comunicação sem fio (wireless) e um
sistema de imagens compostas no sinal de detecção de
designadores laser de fuzileiros (Figura 4).

Figura 3 - 02 mísseis MAVERICK


Quanto à potência de fogo, os fatores determinantes
no ambiente urbano foram a aquisição de alvos e a
capacidade de executar fogo. O armamento principal do
carro, o canhão 120mm, sofreu grande limitação; a
munição mais utilizada foi a explosiva anti-carro,
principalmente contra bunkers e edificações; foram Figura 4 - Modelo M1A2 Abrams com modificações.
utilizadas poucas munições flecha, cujo efeitos foram
devastadores. Outros problemas foram a limitação de Blindagem Adicional
espaço e de inclinação do canhão e o fato de os alvos se A utilização de blindagem adicional vem ao encontro
apresentarem muito próximos. Naquele contexto, o dos requisitos das propostas nos seguintes aspectos: é
armamento mais utilizado foi a metralhadora. O sistema de composta por placas de blindagem anexadas ao CC
aquisição de imagens pelo CC sofreu limitação por externamente; possui grande flexibilidade do local para
tempestades de areia e também por incompatibilidade com aplicação e do tipo de material, não modifica a estrutura do
as designações de alvos dos fuzileiros a pé. carro e, tampouco, cria dificuldade para a operação do CC.
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Devido às vulnerabilidades do carro e às ameaças no armamento do carro, apontando-o automaticamente para
Iraque, devem ser aplicadas na torre, no compartimento do direção do alvo.
motor,nas porções traseiras das saias laterais e na traseira
do veículo, inclusive no exaustor. Tem como opção as Sistema de Defesa Circular
seguintes variantes: a blindagem composta, estrutura de Sistema concebido para prover a defesa do CC em 03
células de cerâmica numa estrutura de elastômero, círculos concêntricos, do mais afastado ao mais próximo,
eficiente contra projéteis de alta velocidade; a blindagem compostos por sistemas de armas, recobrindo-se
passiva GIAT, com chapas internas e externas espaçadas, mutuamente. O primeiro círculo, o de defesa de longo
que desviam o ângulo de perfuração neutralizando alcance, é composto do canhão principal (120mm),
munição de dupla carga e carga oca e, por fim, a blindagem Sistema CROWS e sistema CSAMM. O segundo círculo,
com barras horizontais (Figura 5), composta de barras de defesa de médio alcance, é composto pelo sistema
metal horizontais de 66mm, que apresentou resultado CROWS, sistema CSAMM e Lançador de Granada GALIX.
efetivo contra RPG na Chechênia. Cabe ressaltar a Por fim, o terceiro círculo, defesa curto alcance, é
atenção especial com a entrada de ar do CC, local de composto pelo sistema CROWS, Lançador de Granada
grande vulnerabilidade a coquetel Molotov e de difícil GALIX e sistema MCCM.
aplicação devido à configuração do chassi torre. O Sistema Contra Atirador e Anti Material (CSAMM)
consiste na aplicação externa de uma metralhadora .50
colocada sobre o canhão, com 200 cartuchos de munição.
Utiliza o próprio sistema de Controle de Fogo Veicular
(FCS) e pode executar tiro intermitente ou rajada.
O Sistema de Operação Remota de Armas (CROWS)
possibilita ao CC um aumento na letalidade, aquisição de
alvos e proteção quando escotilhado. Consiste em uma
metralhadora 12,7mm HB sobre a torre com 200 tiros de
pronto emprego, podendo ser operada à distância, com
retículo diurno e noturno e telêmetro laser. Permite ser
montado com Mtr 762mm ou lançador de granada.
O Lançador de Granada GALIX é um sistema de
lançamento de granada de 80mm, composto de unidade
de fogo, de lançamento e de remuniciamento; é montado
em volta de toda torre, propiciando cobertura em 360º
Figura 5 - Barras Horizontais podendo lançar uma granada por vez ou salvas.
Sistema de Aquisição de Alvos Por último, o Sistema Modular de Munição de Controle
A necessidade de combater escotilhado, bem como o de Multidões (MCCCM) é um sistema composto de esferas
ambiente com restrição visual da área edificada, dificulta a de munição reunidas em 4 suportes embarcados, de uma
observação e a aquisição de alvos. Assim, foi proposto um caixa de junção e de uma caixa de controle. Esse sistema
sistema de câmeras externas, um de direção traseira, um permite emprego escotilhado com munição não letal ou
de observação em mastro extensível e outro de detecção letal para a defesa do CC, sem expor a guarnição.
de projéteis.
O sistema de câmeras externas é composto de 16 Novas Munições
câmeras digitais na área externa do carro, permitindo 360º A VBC M1A2 ABRAMS possui o canhão 120mm com
de visão simultânea do exterior do blindado, visível numa munições flecha e explosiva anticarro, 01 metralhadora .50
tela para a guarnição. As câmeras devem estar em locais e duas metralhadoras 7,62mm. Devido aos ambientes
blindados, possuir controle remoto de direção e sistema de específicos e aos alvos que se apresentaram, novas
gravação digital. munições foram desenvolvidas visando a obter resultados
O equipamento de direção traseira Krauss Maffei é mais satisfatórios e eficientes. Ainda em fase experimental,
composto por câmera na retaguarda do CC, com monitor foi desenvolvido o protótipo da munição 120mm Canister,
de visão para o motorista. Ele deve estar em local blindado munição antipessoal devastadora, composta de milhares
e possuir sistema remoto de limpeza, permitindo que o de balins. Deve ser usada contra tropas emassadas ou
motorista manobre com mais facilidade o que aumenta a para abrir brechas em muros e paredes, neutralizando o
segurança do carro. pessoal abrigado (Figura 6). A munição Auto Explosiva
O sistema de observação em mastro extensível é (HE) foi desenvolvida para o canhão 120mm do ABRAMS,
constituído de uma unidade ótica com controle remoto, um tendo em vista o excelente desempenho em alvos
mastro extensível e um visor para guarnição do carro. característicos no ambiente urbano. Possui grande
Permite uma visão do alto e ainda observação sobre flexibilidade de emprego, sendo eficiente contra infantaria
ângulos mortos. abrigada, para abrir brechas em muros e paredes e destruir
O sistema de detecção de projéteis é baseado na fortificações.
tecnologia de acústica passiva e é composto por sensores
que determinam velocidade, direção, distância e tipo de
fogo contra o carro. Permite acoplagem de arma de fogo
para pronta resposta ou ainda integração com o
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urbanos, reportar as limitações e dificuldades enfrentadas
por tropas blindadas norte-americanas no Iraque e
apresentar sugestões e soluções para limitações de tropas
blindadas em ambiente urbano. Esses aspectos tornam-se
necessários e essenciais na preparação para o combate
em grandes centros urbanos, em missões de paz como do
Haiti, e, em operações urbanas de GLO. As modificações e
adaptações apresentadas podem ser aplicadas ou
desenvolvidas nas VBC LEOPARD 1A1, VBC M60 A3 TTS,
VBTP M113, VBR CASCAVEL e VBTP URUTU, por serem
montadas externamente e não modificarem a estrutura do
blindado. Cabe ressaltar que algumas das propostas são
Figura 6 - Munição Canister de baixo custo, podem ser desenvolvidas pela indústria
nacional em curto prazo e trazem uma melhoria no
Defletores de Exaustão desempenho dos nossos blindados em ambiente urbano.
A progressão dos fuzileiros em ambiente urbano deve As propostas apresentadas foram feitas por tropas que
aproveitar a blindagem dos carros, fazendo com que as estão em combate urbano atualmente. É fundamental,
tropas a pé progridam à retaguarda dos carros. O CC portanto, analisar e aproveitar as experiências colhidas a
ABRAMS possui seu escapamento na parte traseira do fim de melhor preparar e empregar as tropas brasileiras no
chassi e seu motor produz um grande volume de gases combate urbano.
quentes. Assim, um defletor é necessário para direcionar
os gases do escapamento para cima, evitando prejudicar
as tropas. No caso do ABRAMS, aproveitou-se o “Kit” de
Passagem a Vau (DWFK) para instalar o defletor de
exaustão. (Figura 7).

Figura 7 - Defletor de exaustão do motor


Sistema de Comunicações Fio
Foi desenvolvido para tornar compatível e flexível a
comunicação entre a guarnição embarcada e a tropa
desembarcada. Permite comunicação direta entre todos
membros da guarnição e fuzileiros em aproximadamente
1000 metros, não tendo como limitação fios dentro do CC
nem fora com a tropa a pé.
Visão com imagens fundidas
Supre a necessidade do sistema de armas e visão do
CC ser compatível com a designação do equipamento dos
fuzileiros. Esse sistema sobrepõe a imagem do
intensificador de luminosidade sobre a visão
infravermelha, permitindo a guarnição do CC distinguir os
designadores laser dos fuzileiros. Assim, os fuzileiros a pé
poderão designar alvos que serão visíveis pelo sistema
ótico do carro.

Conclusão

O presente artigo teve como finalidade despertar para a


importância dos meios blindados nos modernos combates
ÃO DE

CH
OQ U E
30
Panorama CIBld

Visita do Secretátio de Organização


Institucional do Ministério da Defesa

Este Centro recebeu, no dia 26 de junho do


Pedido de Cooperação corrente ano, a visita do Sr Ari Matos
de instrução (PCI) EASA
Cardoso,Secretátio de Organização
AAMAN, através do curso de Infantaria, a EsAO,
Institucional do Ministério da Defesa. Na
através dos Cursos de Infantaria, Artilharia e
oportunidade foi realizada uma apresentação
Cavalaria e a EASA, através dos Cursos de
Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia e o dos meios de simulação deste Centro e também
Curso de Cavalaria da Escola de Aperfeiçoamento de uma exposição das viaturas blindadas utilizadas
Sargentos das Armas (EASA) realizaram Pedidos pelo EB.
de Cooperação de Instrução (PCI )no CI Bld, em
2008. Nessas oportunidades os alunos travaram
contato com as viaturas blindadas em uso pela força,
bem como puderam ter conhecimento do que existe
de mais atual sobre a doutrina de emprego de
Blindados.

Intercâmbio de Cooperação de
Especialistas com o Exército do Chile
Estágio Tático de Blindados -1º Turno Após ter realizado uma visita à Escola de Cavalaria
Blindada do Exército do Chile, no período de 12 a 16
O Centro de Instrução de Blindados General de Maio de 2008,o Centro e Instrução de Blindados
Walter Pires realizou o Estágio Tático de Blindados –
General Walter Pires recebeu, na semana de 22 a 27
1º Turno 2008, desenvolvido à distância, entre 25 de
fevereiro e 21 de março, e presencial, de 31 de março de setembro, uma comitiva formada por instrutores
a 25 de abril de 2008. O estágio foi realizado com a da Escola de Cavalaria Blindada do Exército do
paticipação de 70 oficiais e sargentos do Exército
Brasileiro e de 10 militares de Nações Amigas, sendo Chile, a fim de proporcionar a oportunidade para
PCI BAvEx
dois da Bolivia, dois do Equador, dois do Paraguai, troca de conhecimentos e experiências nas atividades
dois da Argentina, um do Suriname e um do Uruguai. de instrução, adestramento e emprego de blindados
Esses militares foram distribuídos nos módulos Além das escolas ,o CI Bld apoiou vários pedidos de
Comandante de Força Tarefa de Subunidade bem como conhecer a estrutura, organização e missão
cooperação de instrução de outras OM do Exército,t
Blindada, Pelotão de Fuzileiros Blindados e Pelotão do Centro de Instrução de Blindados, estreitando os
de Carros de Combate, Seção de Comando de ais como o 2ºBAvEx, o Batalhão de Ações de
Subunidade Blindada. e no módulo experimental de laços de amizade entre os exércitos dos dois países
Comandos, o 22º e o 5º GAC Ap, entre outras.
Armas deApoio Artilharia. amigos.
Também participaram de PCI neste Centro o Batalhão
de Blindados do Corpo de Fuzileiros Navais da
Marinha do Brasil e do 1º/10º Grupo de Aviação da
Força Aérea Brasileira. Os PCI proporcionaram a
troca de experiências , o adestramento e
aperfeiçoamento na identificação de blindados
existentes no Exército Brasileiro e naAmérica do Sul e
a verificação do emprego da FT Su Bld.
Panorama CIBld

Estágio Técnico de Blindados

O Centro de Instrução de Blindados General


Walter Pires realizou o Estágio Técnico de Blindados,
no período de 30 de Junho a 1 de agosto 2008 , que
Estágio Tático de Blindados -2º Turno
teve como objetivo capacitar oficiais e sargentos
O Centro de Instrução de Blindados General quanto ao emprego técnico das viaturas Blindadas em
Walter Pires realizou o Estágio Tático de Blindados - uso no Exército. O estágio contou com a presença de
2º turno, no período de19 de maio a 13 de junho 2008 , 73 militares, sendo 12 no Módulo Leopard 1A1, 06 no
que teve como objetivo complementar e aprofundar a módulo M60 A3TTS, 22 no módulo M 113B, 15 no
capacitação profissional para o Comando de Módulo VBC OAP M108/M109 e 18 no módulo
Subunidades, Pelotões e Frações de Cavalaria da tropa VBTP Urutu/VBR Cascavel.
mecanizada do Exército Brasileiro . O estágio contou
com a presença de 50 militares, sendo 08 oficiais e 42
sargentos, além de um oficial da Colômbia e um do
Suriname. O Estágio Tático de Blindados 2º turno
destaca-se pela relevância que a tropa mecanizada tem
desempenhado no combate moderno, onde as ameaças
são difusas e de alto grau de letalidade.

Estágio de Atualização Pedagógica

O Centro de Instrução de Blindados realizou o


Estágio de Pelotão de Exploradore Estágio de Atualização Pedagógica, no mês de março
2008, com o apoio do Centro Universitário
Franciscano - UNIFRA, que recepcionou por 2 dias
O Centro de Instrução de Blindados General em suas instalações os militares do Centro para
Walter Pires realizou o Estágio de Pelotão de assistirem palestras sobre educação, proferidas por
Exploradores, no período de19 de Setembro a 02 de professores das áreas de Ciências Humanas e Ciências
outubro 2008 ,que teve como objetivo aproimorar a da Saúde.
capacitação profissional dos militares dessas frações,
orgânicas dos BIB, RCC e RCB. O estágio contou com
a presença de 24 militares, sendo 08 oficiais e 16
Campus Party Brasil 2008
sargentos, havendo 02 militares do Exército do
Paraguai e 02 militares do Exército do Uruguai. Através da sua Seção de simuladores, o
CI Bld fez -se presente no CAMPUS PARTY
Brasil, maior evento de informática da
América Latina, no período de 11 a 17 de
fevereiro, no Centro de Convenções do
Ibirapuera em São Paulo.Na oportunidade
foram apresentados o Software de
simulação “Steal Beasts”, bem como o
software para ensino a distância “Moodle”.
Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires
www.cibld.ensino.eb.br

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