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Nesta edição:
BLINDADOS, 90 ANOS DE HISTÓRIA
e mais:
Defesa Dinâmica
Trafegabilidade de Blindados
A utilização de dispositivos de
simulação de combate
Ç ÃO DE
A Í N D I C E
CH Editorial.................................................02
OQ U E
COMANDANTE DO CI Bld A Defesa Dinâmica...................................03
Cel Cav Mauro Sinott Lopes
SUBCOMANDANTE DO CI Bld Blindados 90 anos de história..............09
Maj Inf Gerson Ferreira Pinto
EDITORES
Cap Cav Carlos Alexandre Geovanini dos
Oemprego do M60A1 na operação
Santos
Cap Inf Gláucio Francisco Pereira Costa Tempestade no deserto...............14
REVISÃO TEXTUAL
Cap QCO Jones Luiz Aires da Silva Trafegabilidade de Blindados................18
CMSM
CRIAÇÃO, ARTE FINAL A Utilização de Dispositivos de Simulação de
Cap Inf Gláucio Francisco Pereira Costa
1º Ten QEM Pedro Procópio de Castro
ADMINISTRAÇÃO, REDAÇÃO E combate........................................23
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E D I T O R I A L
Palavras do Comandante
C
om o advento da Doutrina Delta, em 1997, o Exército Brasileiro deu um passo
importante para a modernização da Doutrina Militar Terrestre. As bases para a
campanha terrestre no Teatro de Operações, preconizadas naquela doutrina, Foto: A FT CC em uma posição
permitiram que fossem adotados avançados conceitos operacionais para o defensiva.
emprego da Força Terrestre.
A contribuição para a modernização das operações ofensivas foi
substancial. Conceitos como o da priorização das manobras de flanco, do combate
continuado, dos ataques de oportunidade e da valorização da infiltração como forma de
manobra, entre outros, levaram a novas definições doutrinárias para o ataque coordenado
e as demais ações ofensivas.
No que concerne às operações defensivas, a Doutrina Delta levou a que fosse
enfatizada a importância dos dispositivos de expectativa e induziu a adoção de novas
técnicas, como a defesa elástica. Entretanto, outros aperfeiçoamentos podem ainda ser
introduzidos, a fim de tornar a defensiva mais dinâmica e eficiente.
Hoje em dia, alguns exércitos utilizam princípios e conceitos doutrinários modernos
para as operações defensivas. Entre eles está o Exército alemão, cuja doutrina prima pela
valorização da ofensiva, da manobra e da sincronização no combate defensivo.
O presente artigo pretende analisar a doutrina alemã para a defensiva e, após uma
breve reflexão sobre a defesa em posição do Exército Brasileiro, salientar os aspectos e
conceitos da concepção alemã que podem ser úteis para o aperfeiçoamento da nossa
doutrina. O Autor é oficial de
Infantaria,turma de 1980 da
AMAN. Obteve em 1990 e 1996,
A defensiva no Exército alemão respectivamente, os títulos de
mestre e doutor em ciências
Segundo a doutrina alemã, as operações defensivas devem ser conduzidas de forma militares e concluiu, em 2002, o
agressiva, enfatizando a ofensiva, a manobra e a iniciativa. Nesse combate dinâmico, as Curso de Comando e Estado-
ações de bloqueio, de retardamento e de contra-ataque são cuidadosamente Maior das Forças Armadas na
sincronizadas para destruir as forças atacantes, logrando-se simultaneamente a Alemanha.Comandou o 62º
Batalhão de Infantaria, e concluiu
manutenção do terreno e o enfraquecimento do inimigo. em 2006 o Curso de Política,
A Força Terrestre alemã, composta majoritariamente por tropas blindadas, tem uma Estratégia e Alta Administração do
estrutura adequada a essa concepção doutrinária. Cada uma das cinco divisões Exército. Em funções anteriores foi
mecanizadas existentes é integrada, em sua organização básica, por brigadas de instrutor na AMAN, na EsAO e na
infantaria ou de cavalaria blindadas, em número de três. ECEME; oficial de inteligência do
A infantaria blindada (“Panzergrenadiertruppe”) é uma arma independente da 1º Batalhão de Forças Especiais,
1
infantaria (“Infanterie”), que se restringe na Alemanha à tropa de caçadores , aos pára- adjunto da Seção de Assuntos
quedistas e à tropa de montanha. A infantaria blindada compõe, junto com a cavalaria Internacionais da 5ª Subchefia do
EME e oficial de gabinete do
(“Panzertruppe”), as tropas blindadas. A cavalaria mecanizada
Comandante do Exército (CIE).
(“Panzeraufklärungstruppe”) é empregada exclusivamente para o reconhecimento, Em 1993 e 2007 atuou em missões
constituindo uma arma à parte da cavalaria. de paz da ONU, em Moçambique
2
As brigadas de infantaria blindadas e as brigadas de cavalaria blindadas são ternárias. (ONUMOZ), como observador
À semelhança do Exército Brasileiro, as brigadas de infantaria blindadas alemãs têm dois militar, e no Nepal (UNMIN), como
3
batalhões de infantaria blindados e um batalhão de carros de combate, ao passo que as comandante de setor. Serve
brigadas de cavalaria blindadas têm duas unidades de cavalaria e uma de infantaria. atualmente no Departamento de
Entretanto, todas as unidades dessas brigadas têm organização quaternária (BIB a quatro Operações de Paz da ONU, onde
Cia Inf Bld e Btl CC a quatro Esq CC). integra o grupo multidisciplinar
encarregado da coordenação e do
apoio às missões de paz na
America Latina e na Europa.
1 Corresponde à infantaria motorizada. ÃO DE
AÇ
2
Estrutura adotada a partir do ano 2000, com a reestruturação do Exército alemão.
3
Designação alemã para o regimento de carros de combate. CH
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Defender de forma móvel não é exatamente uma
manobra para destruir o inimigo no interior da posição, e sim
X uma forma de combater que confere ao defensor duas
C possibilidades: deter o inimigo à frente da posição para repeli-
lo ou destruí-lo pelo contra-ataque (no interior da posição ou
II II II II II II
mesmo à sua frente). A pressão que o inimigo exerce sobre a
I I I posição defensiva será pesada, entre outros fatores, para
CSv CSv CSv
que o comandante decida entre uma ou outra possibilidade.
I I I
Essa maneira de defender pode ser adotada a partir do
I I I escalão batalhão, inclusive.
A coordenação da manobra entre unidades vizinhas
I I I
assume grande importância quando se combate de maneira
I I I preponderantemente móvel, em face da possibilidade de
surgimento de flancos expostos.
I I Cada comandante estabelece, dentro da posição defensiva que
Ap Ap
lhe foi determinada, as zonas de ação dos elementos subordinados
Organização da Bda Inf Bld alemã e/ou posições de combate. Ele estabelece, ainda, o ponto de esforço,
as posições de aprofundamento, os contra-ataques da sua reserva,
(...).
Serão apresentados abaixo os aspectos mais As “posições de combate” destinam-se a deter o inimigo e a
significativos da defesa preconizada pelo Exército alemão. manter o terreno. Tais posições têm que ser mantidas, só podendo
Os trechos em destaque são sínteses do manual HDv 100- ser abandonadas mediante ordem do comandante que determinou a
100 “Comando de Tropas”, publicação que apresenta a sua ocupação. Esse vai decidir-se pelo abandono da posição
doutrina básica de operações terrestres alemã. Cada trecho quando a sua manutenção não tiver mais significado para a defesa
do manual é seguido por explicações complementares. ou quando o combate puder ser conduzido sob melhores condições
O inimigo procurará atingir o seu objetivo em um rápido de outras posições.
avanço. Para isso ele utilizará, principalmente, o poder de choque
das forças blindadas (...).
A defesa deve ser conduzida de forma ativa e flexível. O
defensor deve valer-se de cada oportunidade para retirar do
inimigo a liberdade de manobra. Para tanto, ele deve engajar-se
no combate enérgica e engenhosamente, admitindo riscos, a fim de
impedir que o atacante conduza o seu ataque como planejado.
Na defesa, o comandante deve evitar ater-se a manobras
padronizadas, devendo sempre buscar oportunidades para
surpreender o inimigo. Ações decisivas, conduzidas com
agilidade, (...) e uma correta disposição das tropas em largura e
profundidade são condições para uma defesa eficaz.
O comandante que ordena a defesa estabelece a posição
defensiva. O Limite Anterior da Defesa (LAD) limita a posição
defensiva à frente, e destina-se à coordenação do fogo e do
movimento. O limite anterior da defesa não precisa nem ser
integralmente ocupado, nem ser mantido a todo custo. Eqm Man com Z Aç, posições de combate, ponto de esforço e C Atq
A missão recebida, a situação do inimigo, a disponibilidade A organização da posição defensiva dá-se por meio da
de tropas blindadas e de infantaria e o terreno são considerados atribuição de zonas de ação ou posições de combate aos
pelo comandante para decidir onde e quando se deve defender de elementos subordinados.As zonas de ação permitem que as
maneira preponderantemente móvel ou de forma mais estática.
unidades e subunidades manobrem ao defender, utilizando
Ao invés de adotar diferentes formas de manobra toda a profundidade da posição defensiva. As posições de
defensiva, a doutrina alemã entende que a atitude defensiva combate, por sua vez, são impostas onde o comandante deseja
pode ter diferentes nuanças, ou seja, pode-se defender de que o terreno seja mantido com firmeza, a fim de viabilizar a
forma “preponderantemente móvel” ou “mais estática”. A manobra que idealiza. Posições de combate são ordenadas,
infantaria defende de maneira mais estática, ao passo que normalmente, para conformar os bolsões para contra-ataques
as tropas blindadas defendem de forma mais móvel. de destruição e para a proteção de flancos expostos.
O conceito de defender de forma móvel é a essência do Normalmente, as unidades e subunidades de carros de
emprego de forças blindadas na defensiva. Essas forças combate (ou FT fortes em CC) recebem zonas de ação e as
utilizam a profundidade da zona de ação para manobrar, tropas de infantaria recebem posições de combate. Os
alternando entre ações de bloqueio do inimigo, de elementos de infantaria blindados (ou FT fortes em Inf Bld)
retardamento e de contra-ataque. Esse modo de combater podem receber zonas de ação ou posições de combate. Essa
assemelha-se à defesa móvel, forma de manobra adotada tropa tem a capacidade de combater embarcada, valendo-se do
no Exército Brasileiro, mas não deve ser considerada igual a poder de fogo das Vtr Marder, ou desembarcada.
ela.
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As posições de aprofundamento são planejadas (...) em locais
favoráveis ao bloqueio de elementos inimigos que penetrem na
posição e/ou onde o terreno ofereça possibilidades de destruir forças
inimigas, de forma coordenada com os contra-ataques.
Posições de aprofundamento são planejadas e
preparadas em locais importantes para a manobra
visualizada. Não é impositivo preservar o apoio mútuo entre
essas posições, pois considera-se que será necessário admitir
riscos e aceitar intervalos entre as posições preparadas em
profundidade.
Os contra-ataques são desencadeados para destruir tropas
VBC Fuz Marder inimigas que se encontrem detidas pelos fogos defensivos ou diante
de obstáculos, (...), para destruir forças que tenham conseguido
Em suas zonas de ação, as tropas blindadas conduzem a penetrar na posição defensiva (...) ou para atacar o escalão de
defesa ocupando posições de combate iniciais e mudando ataque inimigo em seus flancos ou em sua retaguarda.
para outras posições durante a conduta na defesa. Das Os contra-golpes são conduzidos (...) quando a situação se
mostrar favorável para destruir ou repelir o inimigo. Eles devem ser
posições iniciais busca-se repelir, ou mesmo destruir, o
desencadeados com rapidez e contar com a surpresa, de modo a
inimigo pelo fogo. Conforme a pressão exercida pelo
obterem sucesso, apesar das poucas tropas empenhadas.
atacante, as tropas ocupam posições subsequentes no
As ações dinâmicas são muito valorizadas na Alemanha,
interior da Z Aç, procurando desgastar o inimigo, canalizá-lo e
onde se considera que tirar proveito das circunstâncias
contê-lo, preparando os contra-ataques de destruição. Os
oportunas para adotar uma atitude ofensiva é o momento
comandantes de tropas blindadas têm liberdade de ação para
supremo da defensiva. Segundo a doutrina, ações dinâmicas
conduzir a manobra dentro da zona de ação recebida,
de defesa devem ser desencadeadas desde os mais
orientando-se pela missão recebida e pelo entendimento da
elementares escalões, com o intuito de destruir forças
intenção do comandante superior. inimigas. Mesmo que se destinem a recuperar posições
perdidas, elas são orientadas para a destruição do inimigo.
Não são previstos contra-ataques para restabelecer o Limite
Anterior da Defesa.
Contra-ataques podem ser desencadeados dentro da
posição defensiva ou à sua frente. Nesse último caso, os
contra-ataques podem ter objetivos próximos ao Limite
Anterior da Defesa ou ter objetivos mais distantes, por visarem
às reservas inimigas ou às colunas de marcha de seu segundo
escalão. O inimigo pode ser alvo de contra-ataques
simultâneos, desencadeados por diferentes escalões.
Além dos contra-ataques, a doutrina alemã prevê também
os contra-golpes, que são ações espontâneas, que não
tenham sido previamente planejadas e preparadas.
CC Leopard 2 A5 Normalmente os contra-golpes são desencadeados nos
escalões mais baixos (Btl e Cia), quando seus comandantes,
O ponto de esforço é estabelecido pelo comandante onde se reconhecendo o momento oportuno, determinam a ação.
espera que incida o ataque principal do inimigo (...). Nesse local Admite-se, inclusive, empregar elementos de primeiro escalão
devem ser coordenados fogos e obstáculos, para que se logre o nos contra-golpes.
máximo de seus efeitos. Se o comandante perceber, durante o Tropas blindadas devem ser empregadas onde se espera o
combate, que o ponto de esforço foi localizado erradamente, ataque principal do inimigo. Com seu poder de fogo e sua mobilidade
determina o seu imediato deslocamento para o local onde o inimigo elas podem, em terreno adequado, defender contra forças inimigas
efetivamente realiza o seu esforço. superiores e desgastá-las.
O ponto de esforço é estabelecido na defensiva em Terrenos abertos e pouco movimentados (...) facilitam o avanço
detrimento de uma distribuição mais eqüitativa das forças. A das forças blindadas inimigas. A defesa em tais regiões será,
determinação do local onde será estabelecido o esforço portanto, um combate contra carros de combate. Isso exige o
baseia-se não só na avaliação das vias de acesso que incidem coordenado emprego de armas capazes de engajar os carros
na posição defensiva, mas também nas informações quanto à inimigos à distância e um combate bastante móvel, típico das forças
provável direção do ataque principal do inimigo. Entende-se, blindadas na defensiva.
na Alemanha, que os avançados meios de reconhecimento Terrenos cobertos e movimentados têm valor como obstáculo
em apoio permitirão o levantamento de dados tão confiáveis (para os carros de combate inimigos) e facilitam a atuação da
sobre o inimigo, que será possível identificar, com infantaria e da infantaria blindada na defesa (...), impondo muitas
antecedência e com elevado grau de probabilidade, a direção vezes o combate desembarcado, em pequenas ações isoladas.
do seu ataque principal.
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Na Alemanha, a infantaria não é considerada como tropa
capaz de combater em qualquer terreno, e sim como tropa
apta a atuar em condições especiais de ambiente
(montanhas, florestas, etc) ou em operações com
características especiais (operações em áreas edificadas,
operações aeromóveis, operações aeroterrestres, etc). A
falta de proteção blindada dessa tropa e o interesse em evitar
um elevado número de baixas em combate são os principais
fatores que levaram às restrições para o emprego da
infantaria.
Como ficou demonstrado, a doutrina alemã preconiza
uma defesa flexível e dinâmica, em que a ação de defender
está diretamente orientada para o ataque. Fiel aos
ensinamentos de Clausewitz, tal concepção privilegia a
ofensiva e a manobra, possibilitando aos comandos de todos
os níveis manobrar contra o inimigo para destruí-lo.
Posição defensiva de tropas blindadas sob ataque
Reflexões sobre a defesa em posição no Exército
As forças blindadas são consideradas ideais para o campo
Brasileiro
de batalha moderno, devido a suas características de
A doutrina da Força Terrestre estabelece duas formas de
mobilidade, ação de choque e proteção blindada e a sua
manobra para a defesa em posição: a defesa de área e a
eficiência no combate contra carros. A capacidade desses
defesa móvel.
elementos de decidir a batalha em curto prazo, com um
A defesa de área destina-se a manter o terreno, sendo
reduzido número de baixas, transforma-os na base da defesa
portanto uma defesa mais estática. As grandes unidades e
na Alemanha.
unidades defendem ocupando núcleos de defesa na área de
As FT Btl CC e os próprios Btl CC são tidos como as tropas
defesa avançada, na qual aceitam um engajamento decisivo
mais aptas a defender em terrenos abertos, favoráveis à
com o inimigo, e empregando suas reservas para bloquear e
progressão dos carros de combate inimigos. Em terrenos
eliminar penetrações ou reforçar áreas ameaçadas.
menos adequados ao movimento das forças blindadas
A defesa móvel é uma forma de manobra flexível e
inimigas defendem as FT BIB.
Normalmente, os blindados defendem trocando de posições. Eles dinâmica, que objetiva a manutenção da posição defensiva
têm a capacidade de, mediante pressão, retrair combatendo, retardar por meio da destruição do inimigo. Trata-se de uma manobra
o inimigo e ocupar novas posições. Dessa forma, procuram fazer o que emprega forças blindadas e mecanizadas, tirando o
inimigo emassar-se para ser destruído pelo fogo ou por meio de máximo proveito de sua mobilidade, potência de fogo e ação
contra-ataques. Por isso, as forças blindadas necessitam, ao de choque para destruir, com um contra-ataque decisivo, as
defenderem, de espaço para manobrar. forças inimigas. A doutrina prescreve que a divisão de
Quando as forças blindadas são empregadas em primeiro exército é, normalmente, o menor escalão capaz de executar
escalão (na área de defesa avançada), deve-se assegurar a essa forma de manobra.
elas espaço suficiente para manobrar. Os blindados defendem A defesa elástica não é uma manobra, e sim uma técnica
variando entre as atitudes de manter suas posições, retrair e defensiva, segundo a qual admite-se a penetração do inimigo
retardar, e contra-atacar. Eles permanecem, inicialmente, em em uma região selecionada da área de defesa avançada
posições cobertas, só ocupando suas posições de combate no para, em seguida, emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo. Ela pode
momento oportuno. ser utilizada tanto no contexto de uma defesa de área quanto
A profundidade da zona de ação é um fator importante para no de uma defesa móvel.
defender de forma móvel. Segundo a doutrina alemã, as A adoção de uma ou outra forma de manobra depende da
brigadas de infantaria e de cavalaria blindadas recebem, como análise dos fatores da decisão. Entre eles, os fatores
base, zonas de ação com largura de 15 a 20 Km e profundidade “inimigo” e “meios” estabelecem variáveis interessantes para
de 30 Km. Os Btl Inf Bld e Btl CC recebem zonas de ação com 4 conformar as circunstâncias em que a defesa de área ou a
Km de frente e 5 Km de profundidade. defesa móvel devem ser utilizadas.
Tropas de infantaria devem ser utilizadas para ocupar posições Considerando-se o contexto da Guerra de Movimento,
de combate e manter o terreno. Em terreno convencional, elas só forma de conflito mais provável em áreas operacionais do
podem defender eficientemente em posições fortificadas, cuja continente, deve-se admitir que a posição defensiva pode ser
preparação demanda muito tempo. abordada por tropas de infantaria a pé, reforçadas ou não por
As tropas de infantaria devem combater em terrenos que carros de combate, em ações secundárias; ou por forças
ofereçam cobertas e abrigos, de modo a dificultar os fogos blindadas de valor significativo, concentradas pelo atacante
observados da artilharia inimiga, e que favoreçam o emprego das na parte selecionada da frente. Para fazer face a esse
suas próprias armas. inimigo, o defensor pode contar, de forma geral, com tropas
No combate, as tropas de infantaria só podem se deslocar se não de infantaria, tanto motorizadas quanto blindadas, e com
estiverem sob observação do inimigo ou quando o fogo inimigo for elementos de cavalaria blindados
neutralizado. Tais tropas só são aptas para realizar contra-ataques Por suas características, a defesa de área mostra-se
em terrenos densamente cobertos, com intenso apoio de fogo e contra como uma forma de manobra adequada e suficiente em
objetivos próximos. Portanto, a defesa conduzida pela infantaria frentes onde se espera um ataque de tropas de infantaria a
terá, normalmente, pequena profundidade. pé, reforçadas ou não por alguns carros de combate.
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Nesse caso, as tropas de infantaria motorizadas são Conclusão
adequadas para mobiliar a posição defensiva.
Nas partes da frente onde for séria a ameaça de forças As operações defensivas devem ser planejadas para se
blindadas inimigas deverão ser empregadas tropas blindadas contraporem a forças inimigas cada vez mais móveis e com
na área de defesa avançada, pois nesse caso defender com maior poder de fogo. Por isso, o defensor deve contar com um
infantaria motorizada parece questionável. Seria difícil deter arcabouço doutrinário que lhe ofereça um variado leque de
os blindados inimigos, particularmente os carros de combate, opções, a fim de adotar a manobra mais adequada à situação
em terreno adequado à sua manobra, com tropas de infantaria que se apresente.
que combatem a pé, pois o apoio de fogo e o uso intensivo dos O Exército Brasileiro demonstra o mesmo interesse que o
fumígenos por parte do atacante podem neutralizar as armas Exército alemão em combater de forma dinâmica, buscando a
anticarro, comprometendo seriamente toda a defesa anticarro. decisão da batalha no menor prazo possível e com um mínimo
As tropas blindadas, por outro lado, são especialmente aptas de perdas. Essa coincidência de interesses recomenda que se
para destruir forças blindadas inimigas. considere a doutrina militar alemã com atenção.
Para empregar blindados na defensiva, a divisão de No tocante às operações defensivas, a doutrina alemã tem
exército pode recorrer à defesa móvel. Mas pode ser que a vários aspectos interessantes, que podem contribuir para a
análise dos fatores da decisão não recomende essa forma de avaliação e o aperfeiçoamento da doutrina da Força Terrestre.
manobra. Por sua vez, as brigadas e as forças-tarefas Dentre eles, destaca-se o emprego dos blindados no combate
blindadas valor unidade não são consideradas capazes de defensivo.
conduzir, independentemente, a defesa móvel. No momento atual, em que o Exército Brasileiro envida
A outra opção para empregar forças blindadas para esforços para dotar a Força Terrestre de mais meios blindados,
defender contra blindados inimigos seria a defesa de área. e de meios blindados mais modernos, seria especialmente útil
Mas essa forma de manobra apresenta o inconveniente de não considerar a adoção de uma defesa mais móvel e dinâmica. As
otimizar o aproveitamento das características de mobilidade, brigadas e forças-tarefas blindadas poderiam, com isso, deter
poder de fogo e ação de choque dos blindados. blindados inimigos à frente da posição para repeli-los ou
destruí-los; ou ainda canalizá-los para que eles venham a ser
Contribuições da doutrina alemã destruídos por meio do contra-ataque de suas reservas.
Afinal, como se referiu Clausewitz em seus escritos sobre
A Força Terrestre alemã é preparada, organizada e a guerra, “a modalidade de guerra defensiva não equivale a um
equipada para operar em um ambiente onde se espera que o simples escudo protetor, mas a um escudo que pode revidar
combate de blindados seja a tônica. No Brasil, os cenários aos golpes, com habilidade”.
para o emprego da Força Terrestre são diferentes, mas a AC
possibilidade de emprego de formações blindadas pelo
inimigo, concentrados nas partes selecionadas da frente, é
bastante plausível. Por isso, a doutrina alemã contém
preceitos interessantes para a doutrina do Exército Brasileiro.
O emprego de blindados no combate defensivo é um dos
aspectos mais notáveis da doutrina alemã, pois redunda em
uma defesa flexível e dinâmica. Ao defenderem, desde os
escalões mais elementares, “de forma móvel”, as forças
blindadas transformam a posição defensiva em uma estrutura
elástica, capaz de ajustar-se ao esforço exercido pelo inimigo.
Utilizando a profundidade da zona de ação para manobrar, os
blindados cedem terreno quando a pressão inimiga for grande
e contra-atacam no momento oportuno para destruir
elementos inimigos, fazendo diminuírem as chances de o
atacante romper, bruscamente, o dispositivo defensivo.
Outros aspectos dignos de nota são a possibilidade de
impor posições de combate aos elementos subordinados, a
fim de viabilizar a idéia de manobra do comando enquadrante,
e os conceitos de ponto de esforço e de contra-golpe.
A preocupação dos alemães em restringir o emprego de
sua infantaria é outro ponto que deve merecer reflexão, pois o
Exército Brasileiro tem o mesmo interesse em conduzir a
campanha terrestre com o mínimo de baixas. O conceito
doutrinário de que a infantaria motorizada é apta a combater
em qualquer terreno deve ser ponderado, já que o emprego
dessa tropa em terrenos abertos, sob fogo intenso, seria
extremamente oneroso. Nesse ponto, os estudos em curso
sobre a adoção da infantaria mecanizada são auspiciosos.
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BLINDADOS 90 ANOS DE HISTÓRIA
INTRODUÇÃO
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Após um vitorioso emprego na guerra de 1914-1918, os Conseqüentemente, os alemães foram os primeiros a
franceses resolveram subordinar os seus “tanques” à adotar formações mescladas de blindados e fuzileiros, o
cavalaria. Como os ingleses, não dotaram a infantaria e a moderno conceito de força-tarefa, com elementos de
artilharia de veículos blindados. aviação e apoio de fogo. Uma máxima alemã rezava: “à
Sua organização repousava na ordem ternária em cada missão, a sua organização”, revelando grande
todos os níveis. Os pelotões eram dotados com cinco flexibilidade organizacional.
carros. A companhia constituía-se em unidade técnica, Para Armand Mermet (1933), as principais tendências
tática e administrativa, revelando o caráter centralizador germânicas no emprego de blindados eram
francês, pois não admitiam o emprego de um pelotão descentralização, importância do conhecimento da
isolado. intenção do comandante, atribuição de missões por sua
Quanto à mentalidade, os gauleses encaravam o carro- finalidade, privilégio do princípio da ofensiva, comando e
de-combate como um canhão que se movimentava, não controle ágil e liderança.
aproveitando a mobilidade deste. Para o oficial francês A campanha da polônia revelou a nova tática para a qual
Armand Mermet (1933) “a base da doutrina francesa era a as forças alemãs foram equipadas e treinadas. Chamada
necessidade de ação em segurança, sem correr riscos, de Blitzkrieg, ela concentrava os tanques das divisões
prudência, centralização, mentalidade defensiva e lentidão Panzer numa falange ofensiva, apoiadas por caças de
nas ações”. mergulho, que quando direcionada para um ponto fraco
Os americanos adotaram uma solução mista para o de uma linha de defesa a rompia e prosseguia espalhando
problema da inserção do carro-de-combate no contexto confusão em sua esteira... A Blitzkrieg obteve resultados
operacional do exército. Criaram uma arma blindada negados a comandantes anteriores, cuja habilidade para
recrutando oficiais e praças de outros segmentos da força explorar o sucesso no ponto de assalto estava limitada
terrestre, voluntários para o serviço nos “tanques”, nos pela velocidade e resistência do cavalo. O tanque não
moldes ingleses. somente deixava para trás a infantaria, como podia manter
Na parte organizacional e doutrinária assimilaram os um ritmo de avanço de cinqüenta até oitenta quilômetros
princípios franceses; inclusive, tendo adotado o veículo em vinte e quatro horas, ao mesmo tempo que seu
Renault numa versão um pouco modificada em relação ao aparelho de rádio permitia ao QG receber informações e
adquirido pelo Brasil. transmitir ordens com a mesma velocidade que as
Antes da Segunda Guerra Mundial a Rússia possuía o operações pediam. (Keegan, John. Uma História da
maior número de blindados do planeta, vindo em segundo Guerra, pág. 381)
lugar a França. Os soviéticos já dominavam a tecnologia da
produção em série de veículos militares, tendo repassado Do exposto, conclui-se que a introdução dos blindados
alguns desses segredos industriais para a Alemanha, que, nos campos de batalha europeus durante o conflito de
por sua vez, orientava a organização e doutrina russas. 1914-1918 marcou de tal forma a arte da guerra que os
Acerca desse assunto, havia nessa época um intercâmbio principais protagonistas internacionais passaram a estudar
entre os dois países, utilizando os germânicos de campos seu emprego, adotando cada um a solução que melhor lhe
de instrução nas estepes para treinamentos e convinha. Contudo, foi na Segunda Grande Guerra que o
experimentações doutrinárias. emprego de blindados consolidou-se, prevalecendo desde
No decurso do conflito, as duas nações vieram a então as ações descentralizadas, balizadas pela intenção
confrontar-se e os russos desenvolveram uma doutrina do comandante, a transmissão de ordens pelo meio rádio,
própria para emprego de blindados, baseada na massa de bem como a flexibilidade de organização para o combate
carros-de-combate, ataques em profundidade, ou seja, em através da composição de forças-tarefa.
ondas, de forma a não deixar o inimigo se recompor e
intensamente móvel (várias direções de ataque). A PERÍODO DE 1945 - 1990
artilharia era um ponto forte, tendo desenvolvido poderosos
sistemas de saturação de área. O apoio logístico, em Por ocasião da Guerra da Coréia (1950-1953), o estudo
contrapartida, era um ponto fraco. realizado por oficiais americanos concluíra que o terreno
Após a Primeira Guerra Mundial, alguns oficiais daquele teatro de operações apresentava-se como
alemães elegeram o carro de combate como objeto de impeditivo para blindados. Entretanto, logo nos primeiros
estudo, passando a ler tudo a respeito. Dentre eles embates, os norte-coreanos utilizaram na vanguarda de
destacou-se Guderian, que aliou os ensinamentos de Lidell suas penetrações o CC T-34, surpreendendo as forças da
Hart e Füller à sua experiência em campanha. Como ONU. Esse acontecimento levou a uma reformulação tática
resultado, arquitetou uma nova estrutura para o combate pelo Exército dos EUA.
terrestre: a famosa “Divisão Panzer”. A nova grande Assim, a despeito do terreno adverso, as frações
unidade caracterizava-se por possuir formações mistas de blindadas passaram a ser empregadas em pequenos
carros de combate e infantaria embarcada, apoiados por efetivos, com a finalidade principal de apoiar o avanço dos
artilharia autopropulsada e aviação (reconhecimentos e elementos desembarcados. O resultado dessa forma de
apoio de fogo). atuação foi registrado da seguinte forma:
Ademais, o comando e controle fora revolucionado com “As resistências inimigas, sobre as quais se atirava com
o advento do posto de comando móvel e transmissão das morteiros e artilharia durante horas, além de se efetuarem
ordens pelo meio rádio. Assim, verificou-se um incrível numerosas incursões aéreas sem resultado, capitulavam
aumento na velocidade das operações, acelerando o ritmo desde o instante em que um carro chegasse a entrar em
do combate terrestre a proporções jamais vistas. posição para atirar sobre as mesmas. De início, os infantes
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queriam sempre e a qualquer preço que os carros te da viatura, foram resultado das observações feitas
progredissem o mais a frente possível. Mas, cedo, naquele conflito.
compreenderam que o essencial para um blindado, não era Sendo assim, deduz-se que, nenhuma força armada
ganhar algumas centenas de metros, e sim ocupar boas envolvida nos conflitos do período em tela renunciou à
posições de tiro, porque o mesmo agia sobretudo pelo utilização de blindados, mesmo em condições de terreno
fogo”. (Alves, J. V. Portella. Os Blindados através dos bastante adversas. Certamente que alguns princípios de
séculos, pág. 339-340) emprego forma revistos. Além disso, houve intenso
desenvolvimento técnico e tático, motivado pela
Semelhante atuação pôde ser verificada também nos necessidade de sobrevivência das guarnições expostas
conflitos da Indochina, tanto por franceses quanto por aos mísseis AC, bem como a adaptação aos cenários
americanos. Estes, na década de 1970, utilizaram nas urbanos e à natureza dos conflitos nos quais os blindados
selvas vietnamitas pequenas formações do CC M-48 e da passaram a tomar parte.
VBTP M-113. Inclusive, alguns autores estadunidenses
ressaltaram que o M-113 teria sido o “carro de combate
principal” do Exército americano naquela campanha. PERÍODO DE 1990 ATÉ 2003
Sem sombra de dúvida, no período em questão, as
maiores contribuições para a evolução da arma blindada Em agosto de 1990, as tropas iraquianas invadiram o
vieram dos conflitos árabe-israelenses. A Guerra dos Seis Kuwait, desencadeando forte reação internacional. Uma
Dias (1967) confirmou a importância do treinamento coalizão de países, liderada pelos EUA, interveio
intensivo das guarnições blindadas, bem como o êxito do militarmente. A Guerra do Golfo (1990) caracterizou-se
1
emprego combinado com tropas aerotransportadas. O pelo amplo emprego de blindados, cujo poder de combate
conflito do Yom Kippur (1973) revelou que a utilização foi extremamente potencializado pela sincronização dos
judiciosa do armamento anticarro (AC), sobretudo o míssil, diversos sistemas operacionais, aliada aos avanços
poderia ser eficaz para frear o ímpeto ofensivo das divisões tecnológicos na área militar, obtidos com a revolução
blindadas. Ambas as guerras trouxeram à tona o fato de tecno-científica iniciada no final da década de 1970. Dessa
que uma tropa blindada menos numerosa, dotada de forma, a integração sistêmica, aliada à tecnologia,
inferior capacidade tecnológica, poderia impor sua vontade constituíram-se, entre outras, em pilares da doutrina de
sobre outra, com características inversas. A chave para o combate ar-terra, gestada no período pós-vietnã.
sucesso fora a sincronização do combate. Empregou-se pela primeira vez em um conflito de alta
Segundo Alvin Toffler, baseado nessas lições intensidade os aperfeiçoamentos técnicos introduzidos nas
aprendidas, o Exército americano reformulou sua doutrina viaturas blindadas, oriundos do período da Guerra Fria. O
de emprego, lançando as bases para a doutrina ar-terra, ícones do conflito foram o CC Abrams e a VBC Fuzileiro
cuja característica marcante seria a integração sistêmica Bradley. Com elas, as distâncias de engajamento direto,
dos sistemas operacionais. que anteriormente chegavam no máximo a 2500m,
A Operação Paz na Galiléia, lançada pelo Exército superaram a linha de 4000m. Sistemas de visão termais
israelense em 1982, com o objetivo de livrar o Líbano da ampliaram as possibilidades de utilização da noite,
influência Síria e neutralizar bases da OLP, evidenciou aumentando o número de horas disponíveis para as
vários aspectos quanto ao emprego de blindados em operações militares. O ritmo operacional tornou-se intenso,
ambientes urbanos. Nesse conflito, os israelenses tiveram impondo maiores necessidades de substituições de tropas
subsídios para realizar aperfeiçoamentos técnicos em suas e medidas de prevenção ao fratricídio. Além disso, o
viaturas. Assim, a VBC Merkava passou a ser dotada de um aumento do poder de fogo, o treinamento intenso e
morteiro de 60 mm e a transportar, em detrimento de realístico dos recursos humanos, amplamente apoiado em
munição para seu canhão, uma esquadra de fuzileiros. meios de simulação de combate, criando condiçòes para a
Chegou-se à conclusão de que a blindagem do M-113 era formação de um núcleo profissional altamente adestrado,
insuficiente em face das ameaças representadas pelas desempenhou importante papel na vitória da coalizão. O
armas AC. A solução provisória foi a introdução de somatório desses fatores criou condições para o
blindagem adicional. No longo prazo, planejou-se o encerramento da fase terrestre da campanha em 100
desenvolvimento de outro veículo de combate para a horas.
infantaria, mantendo a antiga VBTP para manobras Em bases organizacionais, o modelo americano de
logísticas. Aperfeiçoamentos táticos foram introduzidos, criação de centros de instrução especializados em
surgindo a necessidade de criação de doutrina e blindados e um comando de doutrina e treinamento,
treinamento específicos para a utilização de meios onde as lições aprendidas pudessem ser rapidamente
blindados em áreas urbanas. processadas e absorvidas pela doutrina militar, mostrou-se
A Guerra Irã-Iraque(1980-1988) também trouxe eficiente e decisivo para a vitória.
valiosos ensinamentos no tocante ao aperfeiçoamento O conflito da Chechênia (1994-1996) foi uma
técnico das viaturas, sobretudo para a indústria bélica intervenção militar russa para conter o ímpeto separatista
brasileira. As alterações sofridas no projeto da VBR EE-9 prevalecente na região. A importância do episódio para a
Cascavel, tais como introdução de um indicador de derivas análise em questão reside nas lições colhidas no campo de
para o tiro noturno, posicionamento mais protegido dos batalha. Em Grozny, os russos aprenderam que uma força
faróis dianteiros e adição de uma torreta para o comandan- combatente altamente motivada, explorando corretamente
O emprego combinado de tropas aerotransportadas e forças blindadas foi realizado com êxito pelo Exército
1
alemão durante o ataque aos Países Baixos em 1940, destacando-se a tomada da fortaleza de Eben Emael, na AÇ
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Bélgica, por pára-quedistas, que logo fizeram a junção com as colunas blindadas. Entretanto, após a invasão
de Creta, tal forma de emprego foi abandonada. A retomada desse tipo de manobra deu-se nos conflitos árabe- CH
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israelenses.
as potencialidades de lança-rojões AC (RPG ironicamente A fase inicial, batizada de “operação choque e pavor”,
de origem russa), poderia impor severas baixas a uma caracterizou-se pelo rápido avanço das forças blindadas
força blindada com alto poder de combate, porém com anglo-americanas pelo território iraquiano, tendo
baixo nível de treinamento. registrado ainda combates urbanos de baixa
O padrão operativo dos separatistas chechenos era a intensidade.Nessa oportunidade, os efetivos americanos
constituição de equipes móveis, dotadas de caçadores, Empregados foram ainda menores que em
metralhadoras e armas AC. A tática empregada era a 1990.Contudo, o nível tecnológico foi incrementado,
preparação de emboscadas rápidas e retraimento para principalmente através da introdução de sistemas
atacar em outro local, evitando o engajamento decisivo. informatizados de gerenciamento de combate. Com tais
Ademais, estes destacaram-se pelo correto recursos, os comandantes de subunidades blindadas
aproveitamento das vulnerabilidades dos blindados e da podiam saber a localização, com baixa margem de erro,
tática russos. Assim, a maior parte dos disparos era de suas próprias viaturas, bem como transmitir e receber
realizada no chassi, devido à dificuldade natural dos carros ordens por meio digital. Em síntese, todo o aparato
de combate de engajar alvos em ambiente urbano, aliada à tecnológico permitiu reduzir a incerteza do campo de
ausência de fuzileiros junto aos CC. batalha e atenuar a fricção do combate.3
O resultado foi impressionante. As perdas giraram em
torno de 80 viaturas nos dois primeiros dias. O exército
russo, mais voltado em termos doutrinários ao emprego de
blindados em ambientes rurais, teve que se adaptar à
realidade daquela campanha. Dessa forma, as unidades
combatentes foram reconfiguradas, privilegiando a
formação de forças-tarefa fortes em fuzileiros. Os apoios à
mobilidade e de fogo foram descentralizados para o nível
subunidade. Além disso, o aumento da dosagem de
unidades de engenharia foi impositivo.
Outra lição colhida pelos russos foi a importância da
manutenção do material de emprego militar em tempo de
paz. Devido ao colapso da antiga URSS, o orçamento de
defesa foi reduzido, bem como o efetivo das unidades. Tais Isso levou a um aprimoramento no ciclo de tomada de
fatores tiveram impacto na execução da manutenção dos decisão, tanto nos níveis de planejamento, quanto nos de
blindados e armamentos. Segundo o Corpo de Fuzileiros execução, aumentando o ritmo operacional das
Navais dos EUA, em sumário de ensinamentos publicado formações blindadas. Nesse contexto, não raro
em 1999, na marcha para Grozny, de cada 10 viaturas, 8 observavam-se soldados dormindo próximo às viaturas,
apresentaram problemas de manutenção. Em outra exaustos, reforçando a necessidade de um criterioso
situação, de todo o inventário de uma divisão, apenas o planejamento de substituição de unidades para a
equivalente a um regimento encontrava-se em condições manutenção do ímpeto ofensivo da tropa.
2
ideais para o combate.
Dos aspectos levantados acima, infere-se que o
incremento da tecnologia embarcada passou a ser uma
das principais características dos carros de combate.
Entretanto, somente o agregado tecnológico não garantia
por si só a conquista dos objetivos militares. Tais avanços
deveriam constituir-se em meios para melhorar o ciclo da
instrução militar e a sincronização dos sistemas
operacionais. Esses fatores, aliados aos investimentos em
recursos humanos e manutenção, passaram a constituir os
pilares da operacionalidade das forças blindadas.
CONCLUSÃO
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Luiz Artur de Souza Filho
O
M60 A1 RISE Passive foi o principal carro de combate utilizado pelos US
Marine Corps durante a Primeira Guerra do Golfo. Apelidado “Cavaleiro da
Morte” pelos Marines que o guarneceram durante o conflito, o M60 foi
empregado nas operações terrestres desencadeadas a partir da madrugada
de 24 de Fevereiro de 1991 para liberação do Kuwait, a Operation Desert
Storm. Três companhias equipadas com o MBT M60 A1 integravam as Forças
Tarefa Ripper e Papa Bear, unidades que formavam o ataque principal da 1st Marine
Division contra a famigerada “Linha Saddam”, posição defensiva do exército iraquiano
situada na fronteira entre Kuwait e Arábia Saudita. Foto:Montagem VBC M60.
O Contexto
O Sistema Defensivo
A “Linha Saddam” era parte importante do dispositivo defensivo adotado pelo Iraque e
estendia-se na fronteira entre Arábia Saudita e Kuwait. Sua conformação indicava a
antecipação do ditador iraquiano a uma grande ofensiva das forças da Coalizão em um ou
mais pontos da linha.
O comando iraquiano adotou uma estratégia de defesa que funcionou muito bem no
conflito Irã-Iraque. As tropas de infantaria menos equipadas e adestradas passaram
meses cavando na parte Norte da fronteira, construindo fortificações desde a costa do
Golfo Pérsico até cerca de cinquenta quilômetros a oeste do Kuwait. Unidades mais
O autor é 3º Sargento de
preparadas guarneciam uma segunda linha de defesa no interior do Kuwait, cerca de vinte
Cavalaria da turma de 2003 da
quilômetros a norte da primeira. Escola da Sargentos das
As tropas da primeira linha defensiva possuíam ordens de reportar com oportunidade o Armas (ESA).Serviu no 16
avanço da Coalizão, e tentar retardá-lo. Os campos minados e trincheiras dessa primeira RCMec onde fez parte do V
linha destinavam-se a “encaixotar” a força aliada em “zonas de matar”, onde a artilharia Contingente da Força de Paz
iraquiana poderia realizar fogos. Impedidos de retrair pela linha de minas anticarro, os no Haiti.No CIBld
aliados ficariam mais tempo expostos à artilharia, e unidades mecanizadas e blindadas da desempenha as missões de
segunda linha de defesa encarregar-se-iam de destruí-los. Monitor do Módulo Urutu
A linha básica constituia-se de uma berma de areia de 15 pés de altura, minas e fossos Cascavel nos Estágios
Técnicos e Módulos Pel CC
anticarro e infantaria. As fortificações de campanha diferiam muito entre uma unidade e nos Estágios Táticos.
outra. Muitos fossos estavam cheios de óleo para formarem uma barreira de fogo contra o
assalto aliado. Imediatamente à norte das posições de infantaria, estava disposto um
cinturão de minas antipessoal, com o duplo propósito de prejudicar o avanço da Coalizão e
desencorajar a deserção das tropas empregadas em 1º escalão.
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Assim o Iraque considerava-se preparado para rechaçar o
ataque aliado ao longo da fronteira sul do Kuwait.
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(...) Com apoio de engenharia, a Ripper abriu 14 brechas no (...)Nesse momento, toda 1st Marine Division encontrava-se
primeira linha de minas, utilizando MICLIC (Mine Clearing Line entre os campos minados das duas linhas de defesa. A artilharia
Charges) enquanto a artilharia fustigava as posições iraquianas. iraquiana abriu fogo, e temendo um ataque químico, foram
Os cinco M60 do pelotão do Ten Delaney avançaram em cunha adotadas medidas DQBN. Os elementos que encontravam-se no
invertida, e como somente o Red Three era equipado com o mine alcance dos fogos de artilharia foram forçados a recuar e
plow, o pelotão mudou para formação em coluna seguindo o Red aguardar por fogos de contra-bateria e ataques aéreos para
Three pela primeira linha de minas(...) silenciar a barragem iraquiana(...) Durante uma hora e meia
(...) Vencida a primeira linha de obstáculos, o Ten Delaney estava ondas de helicópteros de ataque Cobra voaram para silenciar a
na escotilha do Cmt CC, com a parte superior do corpo exposta, resistência iraquiana, que por fim rendeu-se ou evadiu-se para o
enquanto a 1st Marine Division avançava pela brecha(...)quando Campo de petróleo de Burqan(...)
de repente ele ouviu um enorme WUMP, seguido de outro, e viu (...)Às 1430, a FT Papa Bear foi empregada na manutenção da
que granadas de artilharia iraquiana caiam cada vez mais perto brecha, e o 1st Light Armored Infantry Battalion ultrapassou e
de seus M60. Delaney ordenou que seus carros recuassem, moveu-se para negar o flanco direito da Ripper, na borda Oeste
enquanto o Subcomandante da Delta Company, Ten Leo Teddeo, do campo de petróleo de Burqan(...)A Ripper prosseguiu no
começou a lançar fumígenos para cobrir o pelotão das vistas do ataque rumo à Base Aérea de Al-Jaber, objetivo atingido ao final
observador de artilharia. Um estilhaço atingiu o Ten Teddeo no do dia, porém consolidado apenas 24 horas depois, no fim do dia
braço antes do apoio aéreo chegar para neutralizar a artilharia 25 de fevereiro, devido à contra ataques iraquianos. Os contra
iraquiana(...) Às 0830, os principais elementos da 1st Marine ataques do dia 25 partiram do Campo de petróleo de Burqan,
Division já encontravam-se a Norte do primeiro cinturão de linha de ação que tinha sido descartada pelo comando da 1st
obstáculos, recebendo fogos esporádicos de artilharia, e Marine Division, e impactos de granadas iraquianas chegaram a
aprisionando elementos da infantaria iraquiana que se rendia. apenas 300 metros do PC da Divisão.”
Esses desertores auxiliaram a Ripper a detectar o cinturão de
minas antipessoal que não era de conhecimento da inteligência
aliada até aquele momento(...)Todavia Delaney e seus homens
sabiam que a resistência do inimigo aumentaria
consideravelmente na segunda linha defensiva iraquiana(...)
(...)Às 1100, o pelotão do Ten Delaney aproximou-se da segunda
linha de obstáculos, e recebeu fogos dos blindados semi-
enterrados iraquianos. O Sgt McKee, atirador do Red One,
procurou freneticamente por eles, e quando identificou-os, o Ten
Delaney comandou Atirador! Flecha! Carro! Fogo! A granada
atingiu o T-55 destroçando-o. A essa altura, os M60 americanos
engajavam os carros iraquianos num frenesi de fogo (...)
(...)“Eles sabiam que estávamos vindo” disse o Ten Delaney, “e
nós não esperamos para chegar mais perto, se não víssemos uma
bandeira branca, nós destruíamos. A Delta Company destruiu
quinze T-72. Todos no meu pelotão atingiram pelo menos
um.”(...)
(...)O cabo Lance Miller, atirador do Red Four, encontrou seu
alvo à distância. O comandante do Red Four, Sargento Ralph
Nichlos, repetiu os comandos que haviam sido martelados no
cérebro durante o treinamento: Atirador! Flecha! Carro! Fogo!
Um BMP iraquiano explodiu com a precisão mortal do atirador
do Red Four. Miller foi condecorado com a Bronze Star por sua
tranqüilidade sob fogo. O BMP estava a quase 3000 metros do
Red Four, e foi o tiro mais longo realizado por um M60 durante a
guerra(...) Embora o emprego dos blindados iraquianos tenha se
(...)A destruição dos T-72 abateu o moral das tropas nos bunkers, mostrado falho ao semi-enterrar os carros ao invés de
que renderam-se para a Ripper: “Aqueles caras saíram dos explorar sua mobilidade, e as guarnições estivessem
bunkers”, relembra Delaney, “dançando, pulando cantando. perdendo a vontade de lutar em conseqüência de semanas
Cada vez que você via um PG você sentia alívio”(...) de Operações Psicológicas, ataques aéreos, problemas
(...)O primeiro pelotão penetrou na segunda linha de defesa, logísticos e perda de contato com seu escalão superior, o
composta de carros de combate, VBTP, e infantaria em tocas. M60 A1 superou seu oponente de fabricação soviética, o T-
Uma vez rompida a linha, o Ten Delaney infletiu para NO, em 72 e seus antecessores. Não houve baixas entre as
direção à Base Aérea de Al-Jaber, objetivo da Ripper(...) guarnições de M60.Três carros foram avariados por minas,
(...)A FT Papa Bear, no flanco direito da Ripper, confrontou-se e no saldo final do conflito os M60 foram responsáveis pelo
com uma força mecanizada iraquiana, valor batalhão, ao atingir abatimento de 21 blindados iraquianos nas zonas de ação
a segunda linha de defesa(...). Utilizando helicópteros de ataque da 1st e 2nd Marine Divisions. Sem dúvida, o adestramento
Cobra, artilharia e a companhia de M60, a Papa Bear destruiu o intenso e a confiabilidade do carro foram fatores decisivos
inimigo antes do meio dia(...) para o sucesso do último emprego do M60 pelo USMC.
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O blindado que se tornou um ícone do período da Bibliografia:
Guerra Fria prestou seu último serviço nas Forças Armadas
americanas antes de ser substituído definitivamente pelo “The Gulf War Chronicles: A Military History of the First
M1A1 Abrams. War with Iraq”, Lowry, Richard., EUA, 2003.
AC
SOBRE O CARRO - Características do M60 A1 RISE
Passive
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TRAFEGABILIDADE DE BLINDADOS
INTRODUÇÃO
N
Ão são incomuns os exercícios em que a missão não pode ser cumprida
em virtude da impossibilidade de superar as dificuldades do próprio
terreno.
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DESENVOLVIMENTO Há exércitos que já desenvolveram processos simples,
de emprego pela tropa em campanha, de avaliação da
COLETA DE DADOS
As Diretrizes Gerais do Comandante do Exército, de 09 capacidade de suporte do solo com o objetivo de aumentar
1
de maio de 2007, orientam para que, “dentre os projetos a mobilidade dos blindados, especialmente os sobre
em curso, deverão ser considerados como concentradores rodas. Tal conhecimento aplica-se aos blindados sobre
dos esforços tecnológicos o da Família de Blindados Sobre lagartas ou a outras Vtr.
Em 2005, o Major Marcelo Pereira Lima de Carvalho,
Rodas”. Fica bem claro, pois, que tais Vtr devem receber
em trabalho para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
atenção para todos os aspectos de seu emprego. Dentre
(EsAO), considerou a trafegabilidade como óbice no
estes, a trafegabilidade, pois blindado imobilizado é alvo 4
estudo do terreno. Constatou que o Exército Brasileiro não
compensador. As diretrizes prosseguem orientando para a
tinha como determinar, de maneira confiável, a capacidade
“busca do efetivo domínio do conhecimento científico-
de movimento das suas tropas blindadas e mecanizadas
tecnológico”, agregando, progressivamente, tecnologias
em virtude de dispor de dados imprecisos de
mais avançadas e privilegiando “os projetos de tecnologia
trafegabilidade, em relação às Vtr e aos solos.
dual”. Na gestão anterior do Exército, ainda eram O estudo da trafegabilidade de Vtr desenvolveu-se a
ressaltadas “ênfase nas parcerias com... o meio civil” e partir da Segunda Guerra Mundial. A disseminação das
pesquisas prioritariamente voltadas “para o incremento da técnicas estudadas e adotadas tem sido feita há cerca de
operacionalidade da Força”. 40 anos. Nova ciência ligada ao tema já se desenvolveu, a
Os manuais de campanha recomendam atenção para Terramecânica. No exército norte-americano, os estudos
o estudo do terreno e sua influência na mobilidade, de trafegabilidade tomaram impulso no Land Locomotion
sobretudo em condições meteorológicas desfavoráveis. O Laboratory, do Tank Automotive Command, Michigan, e
2
C 101-5 Estado-Maior e Ordens, por exemplo, faz 154 foram muito incrementados com a criação da Estação
referências ao estudo do terreno, demonstrando a Experimental de Vicksburg (WES), Mississipi. A partir das
importância que doutrinariamente se dá a esse fator da pesquisas realizadas na WES estabeleceu-se o “índice de
decisão. Há imperativo, pois, para que se ponha em prática cone” (IC), o mais importante parâmetro para a
trafegabilidade. O Congresso do Sistema Solo-Veículo,
o que é reconhecido pela doutrina.
realizado em 1961, na Itália, definiu quatro linhas de
As Bases para a Modernização da Doutrina de
trabalho: militar, florestal, agrícola e de transportes.
Emprego da Força Terrestre (Doutrina Delta), Instruções O Exército Brasileiro nunca fez estudos sistemáticos de
3
Provisórias 100-1, estabelecem como concepção geral de 5
trafegabilidade, mesmo depois da Doutrina Delta, enfática
operações o combate ofensivo com grande ímpeto e no emprego da manobra nas operações militares. O
valorização da manobra. Enfatizam que “as características Instituto Militar de Engenharia (IME) não dispõe de
das áreas operacionais do continente, em especial as regiões de pesquisa em andamento nessa área.6
topografia pouco movimentada, oferecem as condições ideais
para o emprego de brigadas blindadas e mecanizadas”, mais MOBILIDADE E TRAFEGABILIDADE
A mobilidade é um conceito mais amplo do que a
adequadas a esta concepção de emprego. Em citação, é
trafegabilidade. Esta última focaliza principalmente a
apresentada a experiência de combate do General Patton:
resistência do solo em suportar a passagem de viaturas. A
“É muito melhor atacar por um terreno difícil onde você não é mobilidade abrange, além da resistência do solo, as
esperado do que por um terreno bom e onde estão à sua espera”. rampas, a vegetação, os obstáculos, a visibilidade e outros
Fica evidente que é indispensável dispor de meios e fatores, conforme a fonte de estudos.
técnicas capazes de permitir ultrapassar o terreno difícil. A Terradinâmica vem adicionando conhecimento
Os blindados sobre rodas são os meios mais científico à trafegabilidade, complexo estudo que aborda
adequados ao rápido movimento em grandes distâncias, as decorrências do movimento de uma viatura sobre o solo
sendo, no entanto, muito sensíveis às variações do e suas inúmeras variáveis.Daí o sucesso conseqüente do
terreno, especialmente em condições meteorológicas estabelecimento do parâmetro IC que simplificou os
adversas. Os terrenos de baixa capacidade de suporte, em fatores intervenientes e passou a utilizar como informação
particular, oferecem dificuldade para o movimento. básica a resistência do solo, que, por seu turno, depende
1
Diretrizes Gerais do Comandante do Exército, de 09 de maio de 2007, folhas 8 e 9. Disponível em:
<http://www.exercito.gov.br/05notic/paineis/2007/08ago07/diretrizes.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2008.
2
C 101-5 Estado-Maior e Ordens 2º Volume, 2ª Edição
3
IP 100-1 Instruções Provisórias Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre
(Doutrina Delta) 1ª Edição, 1996, pag 2-2.
4
CARVALHO, Marcelo Pereira Lima de.A avaliação da trafegabilidade no estudo do terreno: uni óbice na
atualidade. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Liderança Militar. Rio de Janeiro. 2005.
5
IP 100-1. Instruções Provisórias. Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre. ÃO DE
AÇ
Doutrina Delta. Estado-Maior do Exército. 1ª Edição. 1996.
6
MORAES, Cláudio Duarte de. Trafegabilidade. General Câmara, 2006. CH
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19
da natureza do terreno, da sua umidade e consolidação.O viaturas de apoio logístico, padronizadas pelo Exército
IC é tecnicamente conceituado como a resistência à Brasileiro, existentes em Organizações Militares (OM) da
penetração no solo de um cone padronizado, medida em própria Região, foi, em seguida, estendido para os
unidades de pressão. As viaturas são caracterizadas por
blindados da 3ª Divisão de Exército (3ª DE). A prioridade
um Índice de Cone de Viatura (ICV), calculado para cada
foi dada às viaturas Urutu e Cascavel por serem nacionais,
tipo, com base no peso da viatura e na sua área de contato
com o solo, fatores que, juntos, fornecem a pressão sobre rodas e porque as importadas trazem, discriminado
exercida sobre o solo. O Índice de Cone do Terreno (ICT) é de fábrica, o seu ICV específico.
estabelecido por meio de medição direta, realizada com um Foi estabelecida parceria com a Universidade Federal
instrumento denominado Penetrômetro de Cone de Santa Maria (UFSM), por intermédio do Centro de
(PC).Mede-se a força necessária para a penetração da Ciências Rurais que engloba o Núcleo de Ensaios de
haste de ponta cônica do PC no solo. A resistência à Máquinas Agrícolas (NEMA). Sob a coordenação do
penetração é dada pela relação entre a força aplicada e a Professor Doutor José Fernando Schlosser, foi elaborado
área do cone (duas polegadas), com ângulo sólido de 30º. A e conduzido projeto para realização de estudo que
comparação dos índices representativos da viatura e do possibilite avaliar a capacidade de viaturas militares
terreno indica a possibilidade de a viatura trafegar ou não deslocarem-se sobre terreno natural desconhecido, de
pelo terreno. Pode-se prever que, se o ICT é maior ou igual baixa capacidade de suporte. O projeto é de mútuo
ao ICV, a viatura será capaz de transpor o terreno em interesse para as instituições, pois as questões postas
estudo. As Unidades de Engenharia de Combate dispõem para o movimento das viaturas militares através campo e
para o dos tratores nas atividades de plantação e de
de Penetrômetro de Cone.
colheita é semelhante.
A fase inicial do projeto atingiu resultados imediatos
de forma a mostrar sua utilidade para a tropa. O primeiro
dos objetivos foi o de definir o ICV das viaturas militares
nacionais, padronizadas, sobre rodas, de forma a
capacitar a tropa em campanha a prever, de modo
expedito, a possibilidade de as viaturas transporem
terreno de baixa capacidade de suporte. As fases
seguintes, atualmente em desenvolvimento, se destinam
a definir modelos de predição do desempenho da cada
viatura em qualquer tipo de terreno e caracterizar os solos
em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Objetivos de
interesse civil foram igualmente incorporados.
O PROJETO
Atendendo as Diretrizes Gerais do Comandante do
Exército, a doutrina, os exemplos de outros exércitos e a
constatação das necessidades da tropa nos exercícios no
terreno, o Comandante da 3ª Região Militar (3ª RM), nos Pontos georreferenciados e ICT. Cores mais claras
anos de 2005 e 2006, idealizou e conduziu projeto correspondem a menor ICT. Fonte: Moraes,2006.
específico de trafegabilidade. Inicialmente voltado para as
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O trabalho foi iniciado em laboratório com registro das e com o modelo analógico adotado pelo Exército, operado
características das viaturas ¾ Ton Toyota Bandeirantes tipo por militar do 3º Batalhão de Engenharia de Combate
1033 e TNE 5 Ton Mercedes Benz modelo 1418. A coleta de (3ºBECmb).
dados obteve dimensões, peso por eixo e área de contato
com o solo para diferentes pressões dos pneus. Tomando
como exemplo a Vtr MB 1418, vazia, verificou-se que, com
7
os pneus calibrados em 85 psi, o ICV era 60 e, com os
pneus calibrados em 25 psi, mais vazios, o ICV era 35,
possibilitando movimento em terreno de menor capacidade
de suporte.
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A UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE SIMULAÇÃO PARA O
INCREMENTO DA CAPACITAÇÃO OPERACIONAL DAS
UNIDADES BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
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Panorâmica atual Diante de um quadro de constante contingenciamento
O Centro de Instrução de Blindados (CI Bld) tem de recursos para as forças armadas, de redução e
participado ao longo dos anos de diversas conferências e limitação das áreas de instrução, de elevado custo das
intercâmbios internacionais, das quais destacamos as munições e manutenção dos meios blindados, como
reuniões dos países detentores do carro de combate poderemos treinar efetivamente esse tipo de tropa? A
Leopard ,1 realizada anualmente, a Conferência resposta parece estar no emprego de simuladores, de
Internacional de Mestres de Tiro (International Master modo a atenuar essas limitações, impostas pela
2
Gunner Conference - IMGC), realizada na França, em conjuntura atual. Esse fato não é uma exclusividade do
2006, dentre outras visitas previstas no Plano de Visitas e Exército Brasileiro, pois vários países se empenham na
Outras Atividades em Nações Amigas (PVANA). Em todas busca de soluções cada vez mais aperfeiçoadas para este
essas oportunidades, uma das tônicas era como treinar de problema, de modo a reproduzir, com ajuda da tecnologia,
maneira adequada tropas aptas a operar plenamente os ambientes de combate com alto grau de fidelidade e com
meios blindados, no multifacetado ambiente de combate a realidade dos atuais cenários da guerra moderna.
moderno.
Novos desafios e oportunidades
A aquisição em 1996 das Viaturas Blindadas de
Combate (VBC) Leopard 1A1 4e M60 A3 TTS5 evidenciou,
de maneira bastante clara, esse “hiato tecnológico”.
Essas VBC incorporavam uma gama de sofisticados
sistemas de direção de tiro, estabilização de torre, além
de diversos optrônicos. Diante da constatação de que
es s as viaturas simbolizavam significativo salto
6
tecnológico em relação aos antigos M41 C, desenvolvidos
na década de 1950 do século passado, que solução o
Exército Brasileiro poderia adotar para criar massa crítica
Divisão de Simulação Técnica- Exercito Francês capacitada a operar esses modernos meios blindados?
Uma das soluções foi a criação do Centro de Instrução
No Intercâmbio de Cooperação de Especialistas com o de Blindados General Walter Pires (CI Bld), concebido
3
Exército dos EUA (2006), no U.S Armor Center Fort Knox, para ser um estabelecimento de ensino de
foi possível observar “in loco” a necessidade da utilização especialização, de graus superior e médio, da linha do
de simuladores e treinadores, como ferramentas Ensino Militar Bélico.É subordinado atualmente à 6ª
importantes para reduzir os custos com instrução, Brigada de Infantaria Blindada, vinculado ao Comando de
aumentar o nível de capacitação operacional e manter a Operações Terrestre (COTER) para fins de planejamento,
tropa em constante estado de prontidão. A troca de coordenação, avaliação e execução das atividades de
experiências permitiu atestar a preocupação que as forças instrução e adestramento de frações
armadas de países mais desenvolvidos possuem com o blindadas/mecanizadas e vinculado ao Departamento de
emprego e o desenvolvimento de novos recursos de Ensino e Pesquisa (DEP), através da Diretoria de
simulação para treinar e capacitar seus contingentes e Especialização e Extensão (DEE), para fins de orientação
empregar de forma efetiva o meio blindado. técnico-pedagógica.
A segunda solução foi designar militares que serviam
no CI Bld e nos Regimentos de Carros de Combate a
serem contemplados com as novas VBC para realizarem
cursos de capacitação a fim de operarem os novos
8
blindados na Bélgica7 e nos Estados Unidos da América.
Nessa oportunidade, aqueles militares se defrontaram
com uma nova realidade, pouco conhecida da empregada
no Exército Brasileiro, que era a utilização de simuladores
de forma sistematizada na instrução e no adestramento
de tropas blindadas.
Hoje, passados mais de 11(onze) anos do
recebimento das novas viaturas blindadas de combate, da
Cabine de simulação para motorista criação do CI Bld e no limiar do recebimento, a partir do
final de 2008,
1 Esse grupo de países é popularmente chamado de Clube Leopard. O CIBld faz parte do subgrupo de preparo e
emprego e, em 2006 e 2007 representou o Brasil na reunião anual, ocorrida respectivamente na Dinamarca e
Holanda.
² Seminário internacional para especialistas no desenvolvimento de técnicas de tiro e treinamento de guarnições
de blindados.
3
Escola de Blindados do Exército dos Estados unidos da América localizada no estado Do Kentucky responsável
pela formação e aperfeiçoamento de Oficiais e Praças e pela avaliação e adestramento da tropa blindada
americana.
4
Viatura Blindada de Combate de fabricação alemã produzido pela indústria Krauss-Maffei Wegmann.
5
Viatura Blindada de Combate de fabricação americana produzido pelo grupo General Dynamics Land Systems. AÇ
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6
Viatura blindada de reconhecimento de fabricação americana adotada pelo Exército Brasileiro na década de
1960.
7
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País europeu onde foram adquiridas as VBC Leopard 1 A1.
8
País onde a VBC M 60 A3 TTS foi adquirida mediante leasing.
9
da VBC Leopard 1 A5, o Exército Brasileiro ainda se Os investimentos para a montagem de um sistema
depara com o desafio de como adestrar e preparar sua integrado de simulação, que contemple as três
força blindada com baixo custo e elevada proficiência. modalidades (construtiva, virtual e viva), são elevados,
Diante da tímida utilização pelo Exército Brasileiro de porém, compensados pelo aumento da eficiência, pela
simuladores e treinadores, questionamo-nos se estamos redução de custos com combustíveis e manutenção,
devidamente capacitadas a cumprir o preconizado na dentre outros, que oneram substancialmente a realização
Doutrina Delta. Nessa doutrina, o emprego prioritário para de exercícios com o emprego maciço de unidades
as Bda Bld é a realização de manobras desbordantes ou blindadas. Também é importante que se ressalte as
envolventes buscando atuar na retaguarda inimiga, possibilidades de execução de um maior número de
destruir forças blindadas inimigas e realizar o combate exercícios com a integração dos diversos sistemas
continuado (EME, 1996). Todas essas missões exigem alto operacionais, aumentando a capacidade operacional e a
grau de preparação e prontidão que só poderão ser obtidos competência profissional.
por intermédio do desenvolvimento de uma eficiente e O momento para o desenvolvimento e implantação de
eficaz estrutura de treinamento e adestramento, que um sistema que utilize dispositivos de simulação e
permita com isso, ao mesmo tempo, reduzir custos e treinamento para tropas blindadas parece ser o ideal. Na
incrementar a capacidade operacional das unidades ocasião em que se incorpora um novo meio blindado, o
blindadas.
Leopard 1 A5, ao acervo de blindados do país, nos cabe
Outro aspecto que necessita de uma abordagem, por
avaliarmos se estamos treinando adequadamente as
ser a fonte onde estão reunidas as orientações e a
nossas unidades blindadas para desempenharem o
metodologia para o treinamento e adestramento das
preconizado na Doutrina Delta. Os esforços do C I Bld
unidades blindadas, são os Programas Padrão, de
nessa direção são louváveis, fruto de um trabalho sério e
qualificação e adestramento, para as unidades de
objetivo, que tem combinado aprender com quem possui o
Cavalaria e Infantaria. Há necessidade de que estes
“Know how” com o desenvolvimento de uma metodologia
estejam adequados, de modo a contemplarem tarefas,
condição e padrões mínimos a serem atingidos com a própria que atenda as especificidades da realidade de
utilização de simuladores. Sem que isso aconteça, será nossas unidades blindadas.
difícil sistematizar e padronizar a utilização desses meios A utilização de simuladores no desenvolvimento da
de forma efetiva para atingir os objetivos de instrução. capacitação operacional das tropas blindadas é
Como nos foi possível observar, a utilização de fundamental. Ao considerarmos a conjuntura mundial,
simuladores se torna premente no Exército Brasileiro, pois verificamos que nenhuma nação, face às incertezas e
os dispositivos de simulação têm comprovado sua instabilidade do mundo em que vivemos, poderá abrir mão
eficiência quando empregados no preparo das unidades de possuir forças armadas devidamente preparadas para
para as avaliações previstas nos Programas Padrão de enfrentar os desafios de um campo de batalha
Instrução. Além disso, possibilita exercitar e avaliar multifacetado, onde a tecnologia é fator de desequilíbrio e
unidades com custos e espaços reduzidos, conscientiza projeção de poder.
acerca da letalidade do campo de batalha moderno e
integra meios de apoio de fogo e apoio ao combate com os REFERÊNCIAS
elementos de manobra. ALVES, Rodrigo da Silva. O Emprego de Simuladores de
Combate no Adestramento dos Pelotões de Cavalaria.
Conclusão 2006. 165 f. Dissertação de Mestrado (Mestre em
A utilização de simuladores para o treinamento e Aplicações Militares) Escola de Aperfeiçoamento de
desenvolvimento da capacidade operacional de forças Oficiais, Rio de Janeiro, 2006.
blindadas tem sido amplamente difundida por diversos
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
países no mundo, que tem obtido excelentes resultados na NBR 6023: Informação e documentação: referências -
preparação de seus contingentes para enfrentar as elaboração. Rio de janeiro, 2002a.
adversidades do campo de batalha moderno.
BANKS, Jerry. Handbook of simulation: principles,
methodology, advances, applications, and practice. 1.
ed. Atlanta: John Wiley & Sons, 1998. p. 645-657
BOLZE, Aurélio da Silva. Dispositivos de simulação de
apoio à instrução. 1998. 3 f. Centro de Instrução de
Blindados General Walter Pires, Rio de Janeiro, 1998.
BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres.
Programa padrão de instrução PPQ 02/1 qualificação
do cabo e do soldado de cavalaria instrução comum. 3.
ed.: Brasília, DF, 1999.
_____. Níveis de operacionalidade e de adestramento.
B r a s í l i a , 2 0 0 6 .
Disponívelem:<http://www.coter.eb.mil.br/1sch/simeb/SIM
EB_Ni%20Op%20e%20Ades.pdf>. Acesso em 16 mar
Visão do atirador - Software Steal Beasts 2008.
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Blindado de origem alemã, versão mais moderna da família Leopard 1, que possui como principais inovações
em relação a versão inicial um novo sistema de tiro, o EMES18, e equipamento de visão noturna termal. CH
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BRASIL. Exército. Estado Maior do Exército. C 2-1: PEREIRA JÚNIOR, Sérgio Manoel Martins. Simulação
emprego da cavalaria. 2. ed. Brasília, DF, 1999. de combate: o emprego de dispositivos de
simulação no Centro de Instrução de Blindados e nas
_____. Diretriz para o aperfeiçoamento e modernização organizações militares blindadas e mecanizadas.
do sistema integrado de simulação de combate do 1999. 111f. Dissertação (Mestrado em Aplicações
Exército. Boletim do Exército, Brasília, DF, n 01,p 13-21, Militares) Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de
06 jan. 2006. Janeiro, 1999.
______. IP 100-1: Bases para a modernização da RIBEIRO, Antonio José. O emprego de jogos
doutrina de emprego da força terrestre (Doutrina comerciais nas atividades de simulação de combate:
Delta). 1. ed. Brasília,DF, 1996. uma proposta. 2005. 208f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Militares) Escola de Comando e Estado-Maior
CARMAN JÚNIOR, Dwayne. Integração das simulações do Exército. Rio de Janeiro, 2005.
e centros de treinamentos do Exército dos Estados
Unidos para aumentar a prontidão.1996. 33 f. Trabalho ROPELEWSKI Robert R. Aperfeiçoando a capacidade
de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências de combater através do SIMNET. Military Review. v 72,
Militares) - Escola de Comando e Estado Maior do Exército, p. 3240, abr./jun.92.
Rio de Janeiro, 1996.
SILVA, Marco Antonio Felício da. : Uma visão sumária da
DO AMARANTE, José Carlos Albano. O alvorecer do simulação no Exército dos EUA. Military Review. v 72, p.
século XXI e a ciência e tecnologia nas forças armadas. 214, abr./jun.92.
Military Review, Fort Leavenworth, p. 2-18, 1° Trimestre. AC
2003.
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Propostas de Adaptações em Carros de Combate
para ambiente urbano.
A
Introdução
combate. O Exército dos Estados Unidos tem enfrentado tropas iraquianas em
grandes cidades, vivenciando experiências que certamente farão e evolução da
guerra.
O Brasil, embora esteja em situação de paz, deve manter seu exército apto a responder
qualquer ameaça e a prover respaldo para sua influência mundial. Para tanto, deve estar em Foto: VBC M1 A2 Abrams
condições de defender sua integridade territorial e, atualmente, participar de missões de paz
sob a égide da ONU.
O controle de centros urbanos tem sido cada vez mais determinante no sucesso das
operações de combate devido ao incremento nos meios de inteligência de combate, que
inviabiliza a concentração de tropas e meios em campo aberto, e ao avanço tecnológico dos
meios de combate que necessitam de suprimentos específicos.
Cabe ressaltar que o ambiente urbano é repleto de características especiais, sobretudo
quanto à presença de população civil e inocente, ao monitoramento por parte da mídia, aos
tipos de alvos e, ainda, quanto à restrição de área para manobra.
Os meios blindados são de emprego decisivo e estratégico por possuírem grande ação
de choque, característica que é vital em operações urbanas. Os Carros de Combate (CC),
esteio da tropa blindada, foram inicialmente concebidos para conflito em campo aberto,
contra tropas regulares e, principalmente, contra outras tropas blindadas; assim, necessitam
de adaptações, em virtude das características supracitadas do ambiente urbano.
Antecedentes
Este artigo tem por base lições aprendidas pelo Exército dos Estados Unidos no atual
conflito do Iraque. A tropa blindada americana tem utilizado a Viatura Blindada de Combate
(VBC) M1A2 ABRAMS (Figura 1). A operação “Iraque Freedow”, realizada em 2003,
produziu um relatório no qual são expostas considerações sobre o emprego de CC em
conflito urbano. O estudo foi baseado na ação de choque do CC, sua principal
potencialidade. Cabe lembrar que a ação de choque é o efeito resultante do aproveitamento
simultâneo da mobilidade, potência de fogo e proteção blindada.
Quanto à proteção blindada, não
foram verificadas grandes perdas por
deficiência na blindagem e nem
identificadas poderosas armas AC. A
parte frontal, torre e couraça
O autor é Capitão de
proporcionaram excelente proteção,
Cavalaria da Turma de 1998
porém, nas partes superior, lateral e
da AMAN. Possui o Estágio
traseira, percebeu-se certa
Técnico de Blindados -
vulnerabilidade. O Ruchnoi
Módulo VBC Leopard 1A1 e
Protivotankovye Granatamyot (RPG),
o Estágio Tático de
famoso armamento anticarro portátil
Blindados - Módulo Pelotão
russo de 40mm, tem sido o principal
Figura 1 - VBC M1A2ABRAMS de Carros de Combate,
armamento dos insurgentes. Essa
ambos no Centro de
arma, juntamente com munições de 25mm, produziu danos que, quando direcionada à
Instrução de Blindados.
retaguarda do carro, indisponibilizou alguns CC.Grande parte dos danos nos CC foi causada
Atualmente é Instrutor da
por vandalismo do povo iraquiano, principalmente nos reservatórios e componentes sobre a
Seção de Tiro da AMAN.
couraça. Esses locais foram alvos de armas de pequeno porte e de coquetéis Molotov, sendo
estes últimos direcionados para a entrada de ar do motor.
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Um dos problemas relatados foi a dificuldade em Propostas de Mudanças
destruir o CC por ocasião de abandono do material. Em
Bagdá, no dia 05 de abril de 2003, ocorreu um incêndio no Diante das limitações supracitadas, o Exército Norte
motor de um carro fazendo com que ele fosse abandonado, Americano iniciou uma série de estudos visando a adaptar
necessitando destruição para não ser capturado pelo seus meios blindados ao combate urbano.
inimigo. A guarnição não estava treinada para destruí-lo. Nesse tipo de combate, é vital o emprego de meios
Foram necessários 01 granada de mão, 01 tiro de flecha blindados que executem missões de destruição de
APFSS (Armour Piercing Fin Stabilized Sabot), munição posições de tiro, casamatas e fortificações; e, ainda, de dar
anticarro de energia cinética (Figura 02) e 02 mísseis proteção às tropas a pé. No ambiente urbano, a guarnição
MAVERICK, míssil americano terra-ar de alcance de deverá operar “escotilhada”, isto é, com suas escotilhas
40Km, (Figura 03) para destruir o CC. fechadas; e, principalmente, estar apoiada por fuzileiro.
Cabe ressaltar também que o ambiente urbano possui
limitado campo de tiro e área de manobra.
Dessa forma, foi idealizada a forma de melhorar o
desempenho dos CC ABRAMS no combate urbano, tendo
por base a não modificação estrutural do carro, por isso as
melhorias deveriam ser modulares e totalmente dirigidas
sobre as limitações do CC. Outros aspectos deveriam ser
também observados: o CC não poderia perder a
característica ofensiva e letal e deveria otimizar o emprego
com os fuzileiros. Assim, foram propostas as seguintes
adaptações em função das finalidades táticas:
Para neutralizar as ameaças ao CC, foi proposta a
aplicação de blindagem adicional, a instalação de múltiplos
sistemas de aquisição de alvos e a adoção de um sistema
de defesa circular concêntrico. Para tornar mais eficiente o
sistema de armas, foram desenvolvidos um sistema anti
sniper calibre.50,a instalação de controle remoto na
Figura 2 - tiro munição SABOT operação das armas, um sistema claymore (mina
antipessoal direcionável) para defesa aproximada e
munições Canister e Alto Explosiva (HE) para o canhão
principal. Visando a otimizar o emprego do combinado CC
Fuzileiro, foi desenvolvido um defletor no exaustor do
motor, um sistema de comunicação sem fio (wireless) e um
sistema de imagens compostas no sinal de detecção de
designadores laser de fuzileiros (Figura 4).
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Devido às vulnerabilidades do carro e às ameaças no armamento do carro, apontando-o automaticamente para
Iraque, devem ser aplicadas na torre, no compartimento do direção do alvo.
motor,nas porções traseiras das saias laterais e na traseira
do veículo, inclusive no exaustor. Tem como opção as Sistema de Defesa Circular
seguintes variantes: a blindagem composta, estrutura de Sistema concebido para prover a defesa do CC em 03
células de cerâmica numa estrutura de elastômero, círculos concêntricos, do mais afastado ao mais próximo,
eficiente contra projéteis de alta velocidade; a blindagem compostos por sistemas de armas, recobrindo-se
passiva GIAT, com chapas internas e externas espaçadas, mutuamente. O primeiro círculo, o de defesa de longo
que desviam o ângulo de perfuração neutralizando alcance, é composto do canhão principal (120mm),
munição de dupla carga e carga oca e, por fim, a blindagem Sistema CROWS e sistema CSAMM. O segundo círculo,
com barras horizontais (Figura 5), composta de barras de defesa de médio alcance, é composto pelo sistema
metal horizontais de 66mm, que apresentou resultado CROWS, sistema CSAMM e Lançador de Granada GALIX.
efetivo contra RPG na Chechênia. Cabe ressaltar a Por fim, o terceiro círculo, defesa curto alcance, é
atenção especial com a entrada de ar do CC, local de composto pelo sistema CROWS, Lançador de Granada
grande vulnerabilidade a coquetel Molotov e de difícil GALIX e sistema MCCM.
aplicação devido à configuração do chassi torre. O Sistema Contra Atirador e Anti Material (CSAMM)
consiste na aplicação externa de uma metralhadora .50
colocada sobre o canhão, com 200 cartuchos de munição.
Utiliza o próprio sistema de Controle de Fogo Veicular
(FCS) e pode executar tiro intermitente ou rajada.
O Sistema de Operação Remota de Armas (CROWS)
possibilita ao CC um aumento na letalidade, aquisição de
alvos e proteção quando escotilhado. Consiste em uma
metralhadora 12,7mm HB sobre a torre com 200 tiros de
pronto emprego, podendo ser operada à distância, com
retículo diurno e noturno e telêmetro laser. Permite ser
montado com Mtr 762mm ou lançador de granada.
O Lançador de Granada GALIX é um sistema de
lançamento de granada de 80mm, composto de unidade
de fogo, de lançamento e de remuniciamento; é montado
em volta de toda torre, propiciando cobertura em 360º
Figura 5 - Barras Horizontais podendo lançar uma granada por vez ou salvas.
Sistema de Aquisição de Alvos Por último, o Sistema Modular de Munição de Controle
A necessidade de combater escotilhado, bem como o de Multidões (MCCCM) é um sistema composto de esferas
ambiente com restrição visual da área edificada, dificulta a de munição reunidas em 4 suportes embarcados, de uma
observação e a aquisição de alvos. Assim, foi proposto um caixa de junção e de uma caixa de controle. Esse sistema
sistema de câmeras externas, um de direção traseira, um permite emprego escotilhado com munição não letal ou
de observação em mastro extensível e outro de detecção letal para a defesa do CC, sem expor a guarnição.
de projéteis.
O sistema de câmeras externas é composto de 16 Novas Munições
câmeras digitais na área externa do carro, permitindo 360º A VBC M1A2 ABRAMS possui o canhão 120mm com
de visão simultânea do exterior do blindado, visível numa munições flecha e explosiva anticarro, 01 metralhadora .50
tela para a guarnição. As câmeras devem estar em locais e duas metralhadoras 7,62mm. Devido aos ambientes
blindados, possuir controle remoto de direção e sistema de específicos e aos alvos que se apresentaram, novas
gravação digital. munições foram desenvolvidas visando a obter resultados
O equipamento de direção traseira Krauss Maffei é mais satisfatórios e eficientes. Ainda em fase experimental,
composto por câmera na retaguarda do CC, com monitor foi desenvolvido o protótipo da munição 120mm Canister,
de visão para o motorista. Ele deve estar em local blindado munição antipessoal devastadora, composta de milhares
e possuir sistema remoto de limpeza, permitindo que o de balins. Deve ser usada contra tropas emassadas ou
motorista manobre com mais facilidade o que aumenta a para abrir brechas em muros e paredes, neutralizando o
segurança do carro. pessoal abrigado (Figura 6). A munição Auto Explosiva
O sistema de observação em mastro extensível é (HE) foi desenvolvida para o canhão 120mm do ABRAMS,
constituído de uma unidade ótica com controle remoto, um tendo em vista o excelente desempenho em alvos
mastro extensível e um visor para guarnição do carro. característicos no ambiente urbano. Possui grande
Permite uma visão do alto e ainda observação sobre flexibilidade de emprego, sendo eficiente contra infantaria
ângulos mortos. abrigada, para abrir brechas em muros e paredes e destruir
O sistema de detecção de projéteis é baseado na fortificações.
tecnologia de acústica passiva e é composto por sensores
que determinam velocidade, direção, distância e tipo de
fogo contra o carro. Permite acoplagem de arma de fogo
para pronta resposta ou ainda integração com o
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urbanos, reportar as limitações e dificuldades enfrentadas
por tropas blindadas norte-americanas no Iraque e
apresentar sugestões e soluções para limitações de tropas
blindadas em ambiente urbano. Esses aspectos tornam-se
necessários e essenciais na preparação para o combate
em grandes centros urbanos, em missões de paz como do
Haiti, e, em operações urbanas de GLO. As modificações e
adaptações apresentadas podem ser aplicadas ou
desenvolvidas nas VBC LEOPARD 1A1, VBC M60 A3 TTS,
VBTP M113, VBR CASCAVEL e VBTP URUTU, por serem
montadas externamente e não modificarem a estrutura do
blindado. Cabe ressaltar que algumas das propostas são
Figura 6 - Munição Canister de baixo custo, podem ser desenvolvidas pela indústria
nacional em curto prazo e trazem uma melhoria no
Defletores de Exaustão desempenho dos nossos blindados em ambiente urbano.
A progressão dos fuzileiros em ambiente urbano deve As propostas apresentadas foram feitas por tropas que
aproveitar a blindagem dos carros, fazendo com que as estão em combate urbano atualmente. É fundamental,
tropas a pé progridam à retaguarda dos carros. O CC portanto, analisar e aproveitar as experiências colhidas a
ABRAMS possui seu escapamento na parte traseira do fim de melhor preparar e empregar as tropas brasileiras no
chassi e seu motor produz um grande volume de gases combate urbano.
quentes. Assim, um defletor é necessário para direcionar
os gases do escapamento para cima, evitando prejudicar
as tropas. No caso do ABRAMS, aproveitou-se o “Kit” de
Passagem a Vau (DWFK) para instalar o defletor de
exaustão. (Figura 7).
Conclusão
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Panorama CIBld
Intercâmbio de Cooperação de
Especialistas com o Exército do Chile
Estágio Tático de Blindados -1º Turno Após ter realizado uma visita à Escola de Cavalaria
Blindada do Exército do Chile, no período de 12 a 16
O Centro de Instrução de Blindados General de Maio de 2008,o Centro e Instrução de Blindados
Walter Pires realizou o Estágio Tático de Blindados –
General Walter Pires recebeu, na semana de 22 a 27
1º Turno 2008, desenvolvido à distância, entre 25 de
fevereiro e 21 de março, e presencial, de 31 de março de setembro, uma comitiva formada por instrutores
a 25 de abril de 2008. O estágio foi realizado com a da Escola de Cavalaria Blindada do Exército do
paticipação de 70 oficiais e sargentos do Exército
Brasileiro e de 10 militares de Nações Amigas, sendo Chile, a fim de proporcionar a oportunidade para
PCI BAvEx
dois da Bolivia, dois do Equador, dois do Paraguai, troca de conhecimentos e experiências nas atividades
dois da Argentina, um do Suriname e um do Uruguai. de instrução, adestramento e emprego de blindados
Esses militares foram distribuídos nos módulos Além das escolas ,o CI Bld apoiou vários pedidos de
Comandante de Força Tarefa de Subunidade bem como conhecer a estrutura, organização e missão
cooperação de instrução de outras OM do Exército,t
Blindada, Pelotão de Fuzileiros Blindados e Pelotão do Centro de Instrução de Blindados, estreitando os
de Carros de Combate, Seção de Comando de ais como o 2ºBAvEx, o Batalhão de Ações de
Subunidade Blindada. e no módulo experimental de laços de amizade entre os exércitos dos dois países
Comandos, o 22º e o 5º GAC Ap, entre outras.
Armas deApoio Artilharia. amigos.
Também participaram de PCI neste Centro o Batalhão
de Blindados do Corpo de Fuzileiros Navais da
Marinha do Brasil e do 1º/10º Grupo de Aviação da
Força Aérea Brasileira. Os PCI proporcionaram a
troca de experiências , o adestramento e
aperfeiçoamento na identificação de blindados
existentes no Exército Brasileiro e naAmérica do Sul e
a verificação do emprego da FT Su Bld.
Panorama CIBld