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INTRODUÇÃO

No combate moderno vem sendo comprovado que não só de viaturas de combate

e tropas de elite um exército sagra-se vencedor, mas sim um equilíbrio entre o conjunto

motor e guarnição adestrada, onde se torna relevante a preparação intelectual e

emocional do combatente integrante da guarnição, assim como faz-se necessário uma

preocupação constante e uma prática ininterrupta na realização da manutenção da

viatura. Particularizando as viaturas blindadas encontramos no M 113, a plataforma que

é utilizada por mais de 80 países à quase meio século.

Este trabalho de pesquisa do Estágio Técnico de Blindados do ano de 2006 tem

por objetivo analisar os principais problemas de manutenção da VBTP M113 B

buscando externar os motivos pelos quais tornam a referida VBTP indisponível e,

conseqüentemente, quais atitudes devem ser tomadas com a finalidade de reduzir a

indisponibilidade da mesma.

No intuito de atingirmos tal objetivo utilizaremos como referência dados

coletados junto as seguintes OM: 4º RCB, 6º RCB, 9º RCB, 20 RCB, 7 BIB, 13 BIB,

20 BIB, 29 BIB, 5 Cia Com Bld, 5 BE Cmb Bld e o 12 BE Cmb Bld.


DESENVOLVIMENTO

GENERALIDADES

A VBTP M113 B, viatura sobre lagartas para transporte de pessoal, pode atuar

em terra ou água e a temperatura de -10ºC à 50ºC, assim como pode ser transportada por

via aérea, férrea ou rodovia. Encontra-se equipada com uma Mtr Browing 12,7mm(.50)

M2 e periscópios M17 e M19. A VBTP possui três compartimentos: Conjunto de força,

Operador e da Guarnição.

O Brasil adquiriu, em meados de 1972, a VBTP na sua versão à gasolina, sendo

que em 1982 foi iniciado o processo de modernização pela Moto peças S/A, onde

ocorreram como principais modificações a troca do motor à gasolina para Diesel e a

instalação da proteção balística (torreta do At .50), tornando-se assim a VBTP M113 B.


CAPÍTULO I – PROBLEMAS DE MANUTENÇÃO DA VBTP M113 B

Com base nos dados coletados nas OM citadas na introdução, verifica-se que os

principais problemas são os abaixo listados:

1.1 Problemas do Trem de Rolamento

a) Desgaste da Bucha Elástica

Observa-se nas OM que o longo uso em serviço, a falha na fabricação nas

Buchas Elásticas ou no serviço de emborrachamento, a não realização do amaciamento

após a troca das lagartas sem a tensão correta, ou com desalinhamento excessivo no

trem das rodas, a falta de aperto correto das porcas os pinos, o uso de óleos e graxas

para limpeza dos patins são as causas que, isoladamente ou em conjunto, ocasionam o

desgaste da bucha.

b) Patim Morto

Decorre da deformação das Buchas elásticas, alterando o passo da lagarta, ou

seja, a distância entre as cavidades tratoras (onde se alojam a cada giro da lagarta os

dentes da polia motora) de dois patins adjacentes. Como resultado desse defeito pode

ocorrer que um dente da polia motora não se engraze nos patins durante o movimento

da Vtr, principalmente nas curvas à direita ou à esquerda. Encosto é o atrito metálico

provocado pelo deslocamento lateral de patins adjacentes e ocorre com o deslizamento

das buchas elásticas dentro dos patins.

c) Danificação das almofadas fixas e amovíveis

O uso da viatura em piso pedregoso e com execução constante de curvas

bruscas, o uso prolongado sobre pisos pavimentados e excessivamente quentes, a

existência de porcas das almofadas amovíveis mal apertadas ou frouxas, a existência de

arestas cortantes em rodas de apoio e o encharcamento dos patins com óleos e graxas
para limpeza das lagartas são fatores que podem causar o desgaste prematuro das

borrachas das almofadas amovíveis e fixas.

d) Polia motora

Desgaste natural nos dentes devido ao uso, fazendo com que a VBTP se torne

indisponível.

e) Tensor da lagarta

Encrava devido ao desgaste das buchas, fazendo com que não se possa

tencionar a lagarta corretamente, ocasionando o mau funcionamento da VBTP.

1.2 Quebra do eixo piloto

É ocasionado principalmente pelo desgaste natural e também pela falta de óleo

lubrificante, pela falta de uma manutenção periódicas (1º escalão), e também devido a

má operação por parte do motorista.

1.3 Disco de acoplamento da caixa de mudança

A permanência da VBTP por longos períodos parada, a falta de óleo

lubrificante, a má operação por parte do motorista (mudança errada das marchas) e o

desgaste natural da peça são as principais causas que ocasionam a quebra.

1.4 VBTP parada por longo período (sem ligado o motor)

Quando a viatura fica sem entrar em funcionamento por um longo prazo, antes

de recoloca-la em funcionamento é preciso que seja feito a troca de todos os óleos

lubrificantes sendo os seguintes: SAE 30 no motor, caixa de transferência e diferencial

controlado e o SAE 10 na caixa de mudança. Essas medidas são tomadas para evitar

que haja o “calço do motor”.


1.5 Deficiência na cadeia de suprimento

A demora ou a falta requente dos suprimentos citados abaixo, causa a

indisponibilidade da VBTP, nas diversas OM do Exército Brasileiro.

a) Baterias

Tornam-se indisponíveis devido a sua má qualidade (não segura carga) pelo não

funcionamento periódico da VBTP.

b) Óleos lubrificantes

Nota-se a falta dos óleos necessários pela VBTP (15w40 e SAE 10), óleos estes

que devem ser trocados semestralmente, anualmente ou a determinadas quilometragens

da VBTP.

c) Filtros

Não sendo trocado a cada 5000 (cinco mil) km ou anualmente (conforme carta

guia de lubrificação), ocasiona a danificação do conjunto de força e conseqüentemente a

sua indisponibilidade.

Atualmente nos regimentos de cavalaria blindado (RCB), a troca desses filtros

é feita a cada 2500 (dois mil e quinhentos) Km, ou semestralmente

d) Barras de torção

Geralmente sua quebra é conseqüência do mal estado do amortecedor, pelo

deslocamento em terrenos acidentados (com obstáculos), tornando a VBTP

indisponível.

e) Amortecedores

Danificados devido o seu desgaste natural, como também pelo seu emprego

periódico em terrenos com obstáculos e pelo excesso de velocidade, sendo que nos
RCB, a troca desta peça não é realizada com freqüência devido a sua grande vida útil e

a dificuldade de reposição .

CAPÍTULO II – QUADRO DE SITUAÇÃO DEVBTP M 113 B

QUADRO DE DISPONIBILIDADE

U TOTAL DE DISPONÍVEL INDSPONÍVEL MOTIVO


VBTP
4º RCB 02 VTR disco de acoplamento da cx
30 27 03 01 VTR conjunto de força e lagarta
6º RCB 02 VTR almofadas desgastadas
31 28 03 01 VTR buchas elásticas da lagarta
desgastadas
9º RCB 04 VTR conjunto de força
31 27 04
20º RCB 01 VTR vazamento na cx de
30 27 03 transferência e de mudança
01 VTR eixo piloto quebrado
01 VTR exaustor danificado
7 BIB 68 59 9 01 sem motor
02 bomba injetora
02 eixo piloto
04 suspensão/lagarta
13 BIB 49 34 15 06 lagarta
04 caixa de mudança
02 reservatório de combustível furado
01 eixo piloto
01 superaqueci mento do motor
01 polia tensora
29 BIB 72 34 38 15 lagarta
14 polia motora
01 conjunto de força
08 vazamento na caixa
20 BIB 48 48 - -
8 BE 5 2 3 01 lagarta
Cmb Bld 01 disco de acoplamento da caixa
01 eixo piloto
12 BE 5 3 2 02 lagarta/suspensão
Cmb Bld
5 Cia Com 5 5 - -
Bld

TOTAL DISPONÍVEIS INDISPONÍVEIS


374 294 80
100 % 79% 21%
CONCLUSÃO

Verifica-se que há diversos procedimentos que se corretamente adotados,

certamente contribuirão, sobre maneira, para minimizar os problemas verificados no

tocante a manutenção da VBTP M 113 B. Dentre eles, destacamos a importância da

operação correta da viatura por parte do motorista, tendo em vista que em virtude de

uma operação inadequada podem ocorrer danificações em diversos componentes/peças

da VBTP M 113 B tais como: eixo piloto, disco de acoplamento da caixa de mudança,

trens de rolamento, suspensão, entre outros.

Podemos ainda acrescentar que um dos principais motivos de indisponibilidade

de VBTP é a deficiência na cadeia de suprimento, problema este que é comprovado pela

realidade existente nas OM citadas na introdução, as quais sentem dificuldades em

receber materiais e peças em geral, citamos como exemplo: ferramental, óleos, filtros,

correias e, principalmente peças que necessitam ser trocadas devido sua validade

vencida, independentemente de quebra ou desgaste ( manutenção preditiva).

Diante dos fatos exemplificados, cresce em importância o planejamento, a

prática e a fiscalização de todos os elementos, independentemente de posto ou

graduação, na atividade de manutenção. Convém lembrar que “o motor é parte do

armamento da VBTP”.
MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

CENTRO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS GEN WALTER PIRES

ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE MANUTENÇÃO DA

VBTP M113 B DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Projeto de Pesquisa

1º Ten Cav FERNANDO RODRIGUES

2º Sgt Cav JOSÉ ANTONIO SOARES DIAS

2º Sgt Cav PAULO RICARDO DA SILVA EGUILHOR

3º Sgt Cav ALESSANDRO DALENOGARE

3º Sgt Cav THIAGO ARAIUM PINHEIRO

Santa Maria, maio de 2006


CENTRO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS GEN WALTER PIRES

SANTA MARIA-RS

1º Ten Cav FERNANDO RODRIGUES

2º Sgt Cav JOSÉ ANTONIO SOARES DIAS

2º Sgt Cav PAULO RICARDO DA SILVA EGUILHOR

3º Sgt Cav ALESSANDRO DALENOGARE

3º Sgt Cav THIAGO ARAIUM PINHEIRO

Estagiários do Estágio Técnico de Blindados do CIBld

ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE MANUTENÇÃO DA

VBTP M113 B DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho apresentado, como

projeto interdisciplinar do

Estágio Técnico de Blindados, do

CIBld.

Estágio: VBTP M113 B

Orientador: Cap Pessôa

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