cedinho, pela alvorada, ia Maria Cravina numa cesta colocada Acabada de colher de um quintal verde, florido pobre Maria Cravina nem compôs o seu vestido… E foi naquela manhã de repente, sem contar, que Cravina foi levada, arrancada do seu lar… D. Celeste florista tinha muito que fazer e uma cravina assim tão bela certamente ia vender… E ela lá ia, na cesta, tristonha e amedrontada. Levanta então a cabeça Qual seria o seu fim? da cesta onde vai deitada e vê a cidade cheia Para onde iria ser levada? de gente muito animada! Gente que canta, que grita, doidos, doidos de emoção! Circulavam populares, Circulavam militares Tanques de guerra, espingardas Numa grande agitação… No meio da confusão. a cesta caiu no chão. E aí, Maria Cravina Caiu Maria Cravina! cada vez mais assustada sente-se tão pequenina, D. Celeste gritava, ansiosa…angustiada… já louca e entusiasmada: - Houve uma Revolução! Vamos ter um Mundo Novo! - Não à Guerra! Não à Guerra! Liberdade para o povo! Vê então um mar vermelho de cravos belos, garbosos, colocados nas espingardas de soldados valorosos… Na farda de um capitão encontra um olhar fatal, que iria ser seu amor e o amor de Portugal… “Quem és tu?” – pergunta ela num olhar muito nervoso… “Eu sou o Cravo Craveiro. Sou valente e poderoso! Eu sou o Cravo-Primeiro Do nosso Salgueiro Maia… Capitão Salgueiro Maia um homem da revolução! Eu vivo na farda dele e sei que vou estar pra sempre dentro do seu coração…” E então, naquele segundo “Liberdade! Liberdade! em que o olhar dos dois se uniu, Liberdade para o povo!” nasceu mesmo um Novo Mundo E o nosso Cravo Craveiro e a 25 de Abril, o país todo floriu! E a Maria Cravina E nos canos das espingardas Começam um País novo desses capitães de Abril, foram cravos e não balas e emoções, mais de mil! E o céu ficou vermelho de tanto cravo a bailar! E de um país mau e velho nasce um novo, a festejar… 25 De Abril Sempre! Fernanda Costa