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Quadro teórico

Para a melhor interpretação dos factores pendentes em emprego de meios blindados em


combate ao terrorismo, far-se-á uma pesquisa alicerçada em forças armadas com
comprovada experiência prática neste tipo de ação, como é o caso dos exércitos norte-
americano, israelense e, além de outros registrados na história de lutas urbanas e em
documentação elaborada pelo Centro de Instrução de Blindados (CIBld), como
subsídios que agregarão valor ao presente artigo.
1. Emprego de blindados nos combates urbanos na história
Ao longo dos anos, principalmente na última década do século passado, as manchetes
dos principais jornais do mundo apresentaram notícias de guerras e de operações de
manutenção da paz em cidades espalhadas pelo mundo, enquanto os meios de
comunicações exibiam cenas de combate brutal ao vivo nestes locais.
Alguns exemplos foram observados em Cidade do Panamá, Kuwait, Mogadíscio, Porto
Príncipe, Bósnia, Sarajevo, Kinshasa, Bagdá, dentre outros que, por sua importância e
ensinamentos, ficaram gravadas nas mentes daqueles que tomaram parte nos conflitos.
Os ferozes embates travados nas ruas de Mogadíscio, em outubro de 1993, retratam o
que se imagina de um combate urbano atual, com uso de escudos humanos e guerra
psicológica, divulgando imagens de soldados mortos sendo arrastados pelas ruas, em
rituais de selvageria que buscavam inibir a vontade de lutar das tropas invasoras Major
Arthur (2007:22).
Em estudos realizados por Hahn II (2001), pelo Exército dos EUA e por Jezior, muitas
das operações militares, nas próximas duas décadas, serão conduzidas no interior ou nos
arredores de áreas urbanas. Portanto, o combatente urbano e os equipamentos e viaturas
por eles utilizados, deverão ser adaptados a esta nova realidade até 2025, fazendo-se
uma perspectiva para o futuro das operações urbanas, que deverão ter muitas faces
Major Arthur(2007:27).
Contundo, tanto ao Hahn II quanto ao Arthur, vemos nos dias de hoje uma semelhança
de cenários de uso massivos de carros de combate na atualidade, como nos mostra os
conflitos na Nigéria, Sudão do sul, Moçambique, Ucrânia, com maior ênfase no uso de
blindados de alta tecnologias.
De maneira genérica o cenário dos conflitos urbanos foi descrito por Krulak (1997)
como "uma guerra travada no perímetro de três quadras", onde, em um mesmo espaço
urbano, estariam ocorrendo assistência humanitária em uma parte da cidade, conduzindo
operações de manutenção da paz em outra e travando uma batalha estimada como de
média intensidade, porém com alto grau de letalidade, em uma terceira.

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Esta análise de Krulak, para o autor é uma explicação plausível daquilo que se verifica
nos conflitos atuais na Ucrânia e um pouco em Moçambique na região norte.
Quanto às lições aprendidas, no que diz respeito ao combate urbano, para os Estados
Unidos, Pilowsky (2004), chegou à seguinte conclusão:
[...] do combate em Mogadiscio o principal ensinamento colhido foi a necessidade
de implementação pelo exército americano de numerosos projetos de
melhoramento de Operações Militares em Terrenos Urbanos (MOUT). Como por
exemplo, o projeto "Metropolis", orientado para a busca de novas táticas de
combate em localidade, viaturas leves com maior poder de fogo e proteção, já
que os blindados leves Humvee apresentaram fragilidade quanto à blindagem,
construção de cidades e localidades nos centros de combate e treinamento,
desenvolvimento de combate com maior valor tecnológico e, fundamentalmente,
gerar uma situação de adestramento, entendendo-se que é a actividade mais
transcendente para abrir o caminho para o êxito no combate em terrenos urbanos
[...]” (Pilowsky, 2004).
Ainda na análise de Pilowski (2004), para este tipo de confronto são necessárias armas
adequadas para controle de multidões, operações psicológicas e seu verdadeiro efeito na
população, proteção da força com viaturas de transporte blindados, capacidade de
detecção de fogo indireto sobre as tropas, atitude e capacidade de trespassar barricadas e
multidões. É fundamental a proteção balística com coletes e capacetes adequados para
áreas de temperatura alta, uso de bombas fumígenas em combate urbano para dificultar
a visão, medidas antiaéreas em caso de vulnerabilidade diante do uso de lança foguetes
portáteis (RPG).
2.Blindados utilizados pelo Exército Americano
Os Estados Unidos da América (EUA) possuem o que há de mais moderno em termos
de blindados, dotados de tecnologia de ponta e com enormes vantagens em relação às
demais potências mundiais, em função das recentes experimentações realizadas na
Guerra do Golfo II.
O necessário desenvolvimento deu-se em função dos novos desafios e lições aprendidas
nos confrontos urbanos recentes, por parte de outros exércitos e do próprio exército
norte-americano, nos combates no Iraque e Afeganistão.
Atualmente, como se observou no Iraque, o exército norte-americano utilizou como
principal carro de combate o Abrams, basicamente os das séries M1A1 e M1A2, com
algumas inovações e modificações que serão verificadas no decorrer desta seção.

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O Abrams, utilizado nos últimos confrontos pelos norte-americanos, não possuía
boa proteção contra algumas das ameaças com uns do combate urbano e suas
guarnições somente estavam seguras caso permanecessem dentro de seus veículos,
pois a metralhadora coaxial apresentava mesma a limitação de elevação e depressão
que o canhão M256 de 120mm, sendo necessária a exposição do atirador na torreta
externa para fazer a visada nos alvos situados nas partes elevadas ou muito baixas, a
fim de proporcionar a autodefesa do veículo.
Segundo Dos Santos (2007), de significante importância é a VBCI Bradley M2/3A3 de
última geração, dotada de blindagem adicional para suportar impactos de RPG, além de
um sistema mais moderno de aquisição de alvos, que propicia ao comandante da viatura
um visor independente do atirador do canhão M242 de 25mm.
Na visão do autor, esse vínculo de transporte de infantaria tem sido utilizando nos
combates urbanos pelos fuzileiros blindados norte-americanos em todas operações
modernas em que os americanos estão envolvidos.
2. Meios blindados do Exército Israelense
As Forças de Defesa de Israel (FDI), a exemplo dos norte-americanos sentiram a
necessidade de modernizar seus meios blindados, adaptando-os para a realidade dos
confrontos urbanos que participam e que se tornaram constantes nos últimos anos.
O apoio e financiamento americano, em equipamentos de última geração e moderna
tecnologia, além do permanente emprego e adestramento das forças blindadas,
principalmente nas ruas de Jerusalém e na faixa de Gaza, tornaram o exército, israelense
um dos mais aptos do mundo na condução de operações em ambiente urbano.
Desta forma, os ensinamentos colhidos quanto ao emprego de meios blindados, assim
como os aperfeiçoamentos nos veículos, devem ser estudados e das lições aprendidas
pode-se tirar enorme proveito para a realidade do emprego de forças blindadas em
cidades e localidades.
De acordo com Tropas de Elite (2006), as Forças de Defesa Israelenses foram as
primeiras a usar uma viatura blindada de infantaria (VBI), já que seu carro de combate
era capaz de levar um grupo de fuzileiros no seu interior.
Durante os episódios na península do Sinai, os israelenses capturaram centenas de
tanques T-54 e T-55 russos que operavam para os árabes e aproveitando-se o
chassi do veículo e implementando modificações, transformaram em eficaz veículo de
transporte de pessoal, com força e blindagem suficiente para acompanhar os CC nos
embates.

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Duma maneira geral comparando os dois países envolvidos em conflitos atuais
têm desenvolvido novos equipamentos e novas doutrinas para se adequarem a esse
novo e difícil ambiente de combate, a área urbana.
Desta forma, deve-se atentar e acompanhar a evolução da guerra moderna para que se
possa atualizar a doutrina de emprego de blindados, de acordo com a realidade e
equipamentos existentes e assim manter as pequenas frações (Pel e SU), sempre prontas
para o combate.
Observou-se, também, que não se pode prescindir do uso das viaturas blindadas para a
proteção dos fuzileiros, apoio de fogo e dissuasão psicológica do inimigo.
Dos aspectos analisados, pode-se tirar vários ensinamentos, particularmente quanto às
possibilidades e limitações dos veículos blindados e das pequenas frações do combinado
CC/Fuz, observando-se que é necessário explorar ao máximo as virtudes destes meios
nobres e superar os óbices com tecnologia e inovações, a fim de tirar o máximo proveito
destes sistemas no atual campo de batalha.

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