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Apresentação do Módulo
Muitos séculos já se passaram desde a aparição das armas de fogo. De lá até hoje, esses
instrumentos sofreram significativas mudanças: surgiram novos modelos e novos sistemas de
operações. Evoluíram de uma máquina térmica simples para artefatos bem mais complexos e
precisos. A grande variação de espécies, de modelos, de dimensões, de sistemas operacionais
de maior ou menor “poder lesivo” existente hoje impacta diretamente na tarefa de
classificação.
Exemplo:
As tarefas de classificação e descrição tornam-se mais fáceis com a adoção de alguns critérios
que você estudará neste curso. Para compreendê-los, faz-se necessário que você estude neste
primeiro módulo os conceitos básicos relacionados às armas de fogo, à balística – ramo da
ciência que estuda essas armas –, aos aspectos legais descritos no Decreto nº 3.665, de
20/11/2000 e, principalmente, aos critérios de classificação geral das armas de fogo.
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Aula 1 – Balística
Aula 2 – Armas
Aula 1 – Balística
A pólvora1, elemento sem o qual não existiria a arma de fogo, é uma invenção atribuída aos
chineses; no entanto, o seu emprego como agente para impulsionar um projétil através de um
cilindro oco surge muito tempo depois – a utilização e difusão desse invento são atribuídas
aos árabes, os grandes comerciantes da Idade Média.
Para alguns autores, as primeiras armas de fogo aparecem, ainda que de forma precária, nas
cruzadas e na expansão do Império Otomano, quando foi utilizada por algum dos povos
mulçumanos.
1
http://www.brasilescola.com/quimica/polvora.htm
1.1. O que é balística e como se divide
Balística, por definição, é a parte da física que estuda o impulso, movimento e impacto dos
projéteis, entendendo-se por projétil qualquer sólido que se move no espaço após haver
recebido um impulso.
A balística estuda o movimento de corpos lançados ao ar livre, como uma pedra lançada no
ar, mas geralmente está relacionada ao estudo dos disparos de projéteis de armas de fogo.
Ao se estudar um projétil disparado por uma arma de fogo, divide-se o seu movimento em
três partes distintas: a balística interior, balística exterior e balística terminal. Logo, a balística
é subdividida em:
Nas investigações vinculadas a armas de fogo sempre surgem perguntas cujas respostas têm
como fundamento os princípios da balística. Esses princípios permitem responder questões
sobre o tipo de arma utilizada, a distância do atirador, entre outras dúvidas de interesse da
justiça. Essa é a área de atuação da balística forense2.
"[...] aquela parte do conhecimento criminalístico e médico-legal que tem por objeto especial
o estudo das armas de fogo, das munições e dos fenômenos e efeitos próprios dos tiros dessas
armas, no interesse da justiça, tanto penal como civil."
O professor Lacassagne (Lyon – França, 1889) e o químico forense Paul Jeserich (Alemanha
1898) foram experts que conseguiram, por técnicas diferentes, identificar armas pelos exames
de projéteis incriminados.
Balthazard, em 1912, publicou dois artigos que demonstravam as bases científicas do tema,
intitulados “Identificação de projéteis de armas de fogo” e “Identificação de estojos de
pistolas automáticas”.
2
A palavra “forense” advém do adjetivo latino forenses, que significa “relativo ao fórum”
Em 1929, Goddard fundou o Scientific Crime Detection Laboratory, que em quatro anos
investigou 1400 casos envolvendo armas de fogo.
As armas de fogo e suas munições continuaram a ser aprimoradas, e com elas a área de
balística, principalmente a balística técnica, responsável pelo desenvolvimento dessas armas e
munições, e a balística forense.
Aula 2 – Armas
“todo instrumento, máquina ou meio utilizado pelo homem para ofender ou defender-se”.
(BARBERA & TUREGANT, 1998)
“artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas.” (art.
3º, inciso IX, anexo)
2.2. Classificação das armas de acordo com as características que imprimem às lesões
3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
Inúmeros métodos para a classificação de armas têm sido utilizados. Entre eles, aquele que
apresenta maior interesse para a justiça e criminalística é a classificação por força motriz
(energias), principalmente as ocasionadas pelos meios mecânicos de acordo com as
características que imprimem às lesões. Assim, classificam-se as armas, em:
Importante!
A ação de perfurar e contundir não é exclusiva dos projéteis de armas de fogo; as chaves de
fenda, projéteis de carabinas de pressão, entre outros, também a realizam. No entanto, os
projéteis de armas de fogo são os principais instrumentos perfurocontundentes.
“armas que arremessam projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela
combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um
cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção
e estabilidade ao projétil.” (art. 3º, inciso XIII, anexo)
Embora a definição acima possa parecer complicada, não é. Acompanhe!
As armas de fogo são aquelas que utilizam a força dos gases gerada pela queima da pólvora
para lançar um projétil. São máquinas térmicas, como os motores dos carros e as caldeiras,
ou seja, utilizam a transformação em gás da pólvora ou do combustível ou, ainda, da água
para realizarem as suas funções. Elas receberam esse nome pelas labaredas que saíam da
boca do cano no momento do disparo.
Não existe consenso entre os historiadores acerca do surgimento das armas de fogo nem do
início da sua utilização. Segundo Barbera & Turegant (1998), existem relatos do emprego de
armas de fogo pelos mouros na defesa de Zaragoza em 1118. Para outros historiadores, o
emprego das armas de fogo começa em 1257, quando os mouros utilizaram na defesa de
Niebla pequenos canhões que empregavam pólvora negra como propelente.
Os canos de armas de fogo são uma das principais peças de todo e qualquer armamento.
Assim como as câmaras de combustão, eles são submetidos a pressões elevadas. O processo
produtivo de cada um difere conforme o tipo de arma (revólveres, espingardas, pistolas,
carabinas, etc.) e possui diversas fases, tais como a perfuração de barras de aço, polimento,
além de outras etapas, como a confecção do raiamento ou do choque. As etapas próprias
variam conforme o tipo de arma e o modelo para os quais os canos são produzidos.
Os primeiros canos de armas de fogo tinham o seu interior liso e o diâmetro ligeiramente
maior que os projéteis que admitiam. Esses projéteis eram, na sua maioria, confeccionados
de ligas de chumbo e geralmente apresentavam o formato esférico.
Como o alcance desses projéteis era reduzido por causa da resistência do ar, na tentativa de
se obter maior velocidade inicial e maior alcance, mudou-se o seu formato, de maneira que
com a mesma massa ele passou a ter menor seção transversal.
Para evitar trajetórias erráticas e irregulares, surgiram as armas de alma raiada4, capazes de
imprimir um movimento de rotação ao projétil em torno do seu eixo.
Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto à alma do cano em: canos de alma
lisa ou canos de alma raiada.
Importante!
Para que as primeiras armas de fogo estivessem em condições de efetuar um disparo, era
necessário introduzir, pela extremidade anterior do cano (boca do cano), a pólvora e a carga
de projeção com a utilização de ferramentas para socar a pólvora (vareta de soca) e as
buchas. Embora seja um procedimento obsoleto, ainda se encontram armas obsoletas, ou de
fabricação artesanal, que utilizam esse processo de carregamento. Os exemplos mais
conhecidos no Brasil foram as espingardas Taquari e Lazarina, ambas da indústria Rossi.
Nessas armas o carregamento é feito pela boca do cano (armas de antecarga).
O processo de carregar uma arma de antecarga é lento. Maior celeridade no carregamento foi
obtida com a invenção do cartucho por Clement Pottet e o
Cartucho Lefaucheux
aperfeiçoamento deste por Casemir Lefaucheux. O cartucho
era a unidade de munição completa (continha a espoleta, a
pólvora e o projétil) e era introduzido na câmara localizada na
parte posterior do cano. Dessa forma, surgiram as armas de
retrocarga, que persistem até os dias de hoje.
3.2.3. Classificação quanto ao sistema de inflamação
A classificação quanto aos sistemas de inflamação está apoiada nos diversos sistemas
utilizados pelas as armas de fogo para dar início à queima da pólvora.
Você perceberá que o estudo dessa classificação oferece uma visão da evolução histórica das
armas de fogo, desde os primórdios até os sistemas atuais.
Nota
- Armas de repetição;
- Armas semiautomáticas;
- Armas automáticas.
São também classificadas como armas de tiro unitário as armas dotadas de dois ou
mais canos com as câmaras respectivas e com mecanismos de disparos próprios para
cada câmara, independentemente de serem do tipo monogatilho ou não. As armas de
tiro unitário múltiplas como as espingardas de dois canos, paralelos ou sobrepostos,
funcionam como se fossem duas ou mais armas de tiro unitário montadas em uma só
coronha ou que utilizam uma mesma empunhadura.
- Armas de repetição – Segundo o Decreto nº 3.665, artigo 3º, inciso XVI, anexo, são
armas “em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da sua ação
sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do
mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo
seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo”. Os exemplos mais corriqueiros são os
revólveres, alguns tipos de fuzis e carabinas.
- Armas semiautomáticas – Segundo o artigo 3º, inciso XXIII, anexo, do decreto são
armas “que realizam, automaticamente, todas as operações de funcionamento com
exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo, um novo
acionamento do gatilho”. Nas armas semiautomáticas, como na maioria das pistolas,
aproveita-se a força de expansão dos gases gerados com a queima do propelente para
a extração e ejeção do estojo e, com o retorno do ferrolho, a introdução de um novo
cartucho na câmara, deixando a arma em condições de efetuar um novo disparo.
- Armas automáticas – Segundo o Decreto nº 3.665, artigo 3º, inciso X, anexo, são
armas “em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento
ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aquela que dá
rajadas)”. O exemplo mais comum das armas automáticas são as metralhadoras.
Quanto ao uso, as armas podem ser classificadas em armas de uso coletivo e em armas de
uso individual, dependendo, para tanto, da quantidade de pessoas necessárias para o seu
funcionamento regular.
A arma é de uso coletivo quando requer a participação de duas ou mais pessoas para a sua
utilização, a exemplo de algumas peças de artilharia. É de uso individual quando, para a sua
utilização, necessitar de apenas uma pessoa – é o caso das pistolas, fuzis, espingardas, entre
muitos outros exemplos.
- Arma não portátil – “arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode
ser transportada por um único homem”. Os exemplos mais comuns são as peças de
artilharia. (art. 3º, inciso XX, anexo)
- Arma de porte – “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada
por um indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das
mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas”.
(art. 3º, inciso XIV, anexo)
- Arma portátil – “arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada
por um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações
normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo” (art. 3º, inciso XXII,
anexo). Nessa definição, enquadram-se os fuzis, carabinas e espingardas, entre outros.
Nota
- Arma de uso restrito – “arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por
algumas instituições de segurança e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas,
devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica.”
(Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XVIII, anexo)
Esse é o critério proposto pela legislação brasileira que apresenta importância extrema para a
tipificação penal e agravamento da pena. As características a serem observadas para essa
classificação estão listadas nos artigos 16 e 17 do Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de
2000 (R-105)5.
Finalizando...
A balística pode ser dividida em: balística interior, balística exterior e balística
terminal;
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à
combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil”;
Dentre os inúmeros critérios para a classificação armas de fogo, podem ser destacados
alguns, como alma do cano, carregamento, inflamação, funcionamento, uso e
mobilidade;
Apresentação do Módulo
Como você estudou no módulo 1, “as armas de porte são armas de fogo de dimensões e peso
reduzidos, que podem ser portadas por um indivíduo em um coldre e disparadas,
comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição,
pistolas, revólveres e garruchas”. (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XIV, anexo)
Usualmente são armas seminovas (menos de dez anos de uso) que apresentam seus
mecanismos operando de forma satisfatória.
Diante disso, entre as armas de porte, o maior interesse reside no estudo dos revólveres e
pistolas, os quais serão objeto de estudo neste módulo.
Objetivo do Módulo
Nota
Mesmo sendo consideradas armas de porte, não serão estudadas neste curso as garruchas e
derringers, dando prioridade ao revólver e à pistola.
Estrutura do Módulo
Aula 1 – Revólveres
Aula 2 – Pistolas
Aula 1 – Revólveres
O nome revólver origina-se da palavra da língua inglesa revolve, que significa girar, dar
voltas.
1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
munição), o qual executa um arco de revolução, alinhando câmara, percussor e cano em
consequência da ação mecânica de armar o cão, ou de acionar o gatilho.
1.2.1. Armação
Em 1870, a indústria Smith & Wesson – fundada por Horacio Smith e Daniel B. Wesson –
criou o revólver basculante, que se caracteriza por possuir um sistema de fechamento e
abertura na parte alta da armação e um eixo no
ponto médio inferior da arma. Uma vez que o
sistema de fechamento estivesse liberado, o cano
e o tambor giravam em torno desse eixo, e uma
peça, em formato semelhante ao de uma estrela
(extrator), era impulsionada pela ação de uma
mola e extraía todos os cartuchos ou estojos
deflagrados de uma única vez. Essa foi a
primeira arma de armação articulada (basculante), e diversas indústrias no mundo passaram a
produzir revólveres com esse tipo de armação.
A câmara é uma perfuração que apresenta diâmetros diferentes ao longo do eixo longitudinal
e varia em quantidade conforme o modelo do
revólver, sendo dispostas paralelas ao eixo da arma
e equidistantes do centro do tambor. Essa variação
também pode ser verificada quanto ao sentido de
giro do tambor (como nos revólveres Colt, que
apresentam o giro no sentido horário enquanto a
maioria das marcas, entre elas a Taurus, Rossi e
Smith & Wesson, no sentido anti-horário). Essa
informação muitas vezes é de extrema importância na elucidação da dinâmica dos fatos. As
câmaras apresentam um pequeno estrangulamento em sua parte anterior (headspace) que
trava o estojo, permitindo apenas a passagem do projétil. As câmaras, na sua parte posterior,
são recortadas de modo a permitir o encaixe da orla do estojo e da coroa do extrator.
Os tambores apresentam em sua parte posterior externa recortes que permitirão o encaixe do
retém do tambor, peça que tem por função travá-lo, impedindo o giro, de forma a garantir o
alinhamento já mencionado. Os tambores de revólveres podem apresentar em sua parte
anterior recortes chamados de caneluras, que têm por função facilitar a pega e o giro manual
do tambor durante o processo de carregamento. Como essa função não é essencial, existem
também tambores de revólveres sem caneluras – são denominados de tambores lisos.
1.2.3. Cano
Da mesma forma que o tambor, o cano é uma peça sujeita a elevadas pressões e, por isso, foi
dimensionado para resistir a elas. Durante toda a sua extensão, o projétil é acelerado pela
força expansiva dos gases oriundos da queima do propelente e adquire velocidade2. A ação
dos gases sobre a parede do cano é o que acarreta a pressão elevada.
O cano não só é responsável pela energia cinética e velocidade do projétil, mas também – e
principalmente – pela direção que imprime a ele. A ação dos gases sobre o projétil faz com
que ele adquira velocidade e energia cinética; entretanto, a direção e o sentido que o projétil
apresenta é a mesma do local para onde o cano está voltado, tanto que parte do sistema de
pontaria (massa de mira) está montada sobre ele. Os canos geralmente apresentam uma
pequena inclinação para diminuir o efeito da gravidade sobre o projétil nas distâncias para as
quais o sistema de pontaria está aferido.
O cano é ligado à armação geralmente por rosca, podendo apresentar um pino de segurança
que garante o seu travamento.
No processo de produção dos canos dos revólveres, as duas etapas mais conhecidas são a
perfuração e a confecção do raiamento; entretanto, os canos apresentam na sua extremidade
posterior o cone de forçamento ou cone de pressão. Esse cone tem a função de facilitar a
entrada do projétil no cano, uma vez que o diâmetro do cano é menor que o diâmetro do
projétil e, sem ele, as deformações por fricção e impactos que o projétil sofreria seriam
grandes.
2
Para um mesmo cartucho, guardadas as devidas proporções, quanto maior for o comprimento do cano, maior
será a velocidade com que o projétil o abandona, porque permitirá a queima total do propelente.
No pequeno espaço entre o final do tambor e o início do cone de pressão (gap), o projétil
descreve um voo livre. Quanto menor for esse espaço, maiores serão os valores de precisão e
estabilidade do projétil. Na extremidade anterior, verifica-se a coroa ou crista, que tem por
função permitir uma saída uniforme dos gases pelo cano. Sem a uniformização realizada pela
crista, esse escape diferenciado dos gases, que aconteceria em decorrência do raiamento,
poderia gerar um desvio na trajetória do projétil.
Na região externa dos canos dos revólveres é comum encontrar gravações que identificam o
calibre nominal da arma, o fabricante, o país de produção, entre outros dados. O cano pode
apresentar reforços, que geralmente caracterizam o modelo da arma. Em sua parte inferior,
pode haver uma presilha de fixação da vareta do extrator e indiretamente da haste central
(aferrolhamento duplo).
1.2.4. Mecanismos
Os mecanismos dos revólveres são compostos de três sistemas básicos, que funcionam de
forma interligada:
- Sistema de repetição;
- Sistema de segurança.
Considerando o tambor do revólver carregado, pode-se ter o disparo a partir de duas ações,
que acabam por classificar os mecanismos de disparo em:
Nota
Como curiosidade, vale lembrar que essas armas caracterizaram os filmes sobre a conquista
do oeste americano, onde o cão apresentava um prolongamento bem mais acentuado
(“orelha” do cão maior) com a finalidade de facilitar o engatilhamento. Nesses filmes, o
atirador usa a palma de uma das mãos para chocar-se com o prolongamento do cão,
aumentando a velocidade da sequência de disparos.
Nota
A maioria dos revólveres atuais pode operar tanto em ação simples quanto em ação dupla,
conforme as definições acima. Dessa forma, para alguns autores essas armas são de ação
dupla, enquanto para outros essas armas são de movimento duplo.
Nota
Sistema de repetição
Nota
Nos Estados Unidos, Espanha, Argentina e outros países, a principal classificação dos
revólveres refere-se ao sistema de municiamento, classificando-os, pelo processo de acesso
ao tambor, em: obturador lateral (armação rígida) e basculantes ou oscilantes (armação
articulada).
- Armação;
- Sistema de Disparo;
- Percussão;
- Extração;
- Funcionamento.
- De armação rígida – Pode ser inteiriça (Ruger Single Six) ou desmontável (caso do
obsoleto revólver Remington New Army).
1.3.3. Percussão
Nota
1.3.4. Extração
- Revólveres semiautomáticos –
raros casos de revólveres (foto
ao lado).
3
As classificações em fogo central ou fogo radial são próprias para os cartuchos utilizados nessas armas.
Embora indiquem a posição de incidência do percussor no cartucho, e por isso sejam também empregadas nas
armas de fogo, são próprias para as munições.
Aula 2 – Pistolas
Normalmente, quando nos referimos a pistolas nos dias de hoje, geralmente estamos nos
referindo a pistolas semiautomáticas, ou seja, a armas de porte, que aproveitam a força
expansiva dos gases para operar o mecanismo que irá extrair da câmara o estojo deflagrado,
ejetá-lo, e, com o retorno do mecanismo à posição de disparo, introduzir um novo cartucho
na câmara, deixando-a em condições de efetuar um novo disparo.
Pistolas são armas em que, enquanto existir munição no carregador, a introdução de um novo
cartucho na câmara é realizada de forma automática após o disparo ter sido efetuado, sendo
necessário acionar a tecla do gatilho para todo o disparo que se deseje fazer – embora
existam pistolas automáticas, como a pistola Glock, modelo G18 C, que realiza rajadas de
três tiros, ou outras capazes de efetuar disparos automáticos.
O cantor e compositor Lenine, em uma das estrofes da música Candeeiro encantado cita:
Sobre o fuzil papo amarelo, que foi uma das armas presentes na história do nosso país, você
estudará mais tarde, mas o termo “parabelo” era a designação da pistola de George Luger,
adotada pelo exército alemão em 1908 com o nome de P08 ParaBellum-Pistole, que vem da
expressão latina “Si vis pacem para bellum” que quer dizer: “Se queres a paz, prepara-te
para a guerra”, para dar a ideia que era uma arma de guerra.
Um dos principais armeiros que trabalharam com pistolas foi John Browning, que, a partir de
1900, desenvolveu pistolas para a Colt e FN – desde a clássica Colt, modelo 1911, até a
Browning High Power, comercializada em 1935, que foi a primeira pistola com carregador
bifilar. Browning foi o responsável pelos cartuchos mais conhecidos de pistola, como o 25
ACP (Automatic Colt Pistol) (6,35 x 16mm), o .32 ACP (7,65 x 17mm) e o .380 ACP (9 x
17mm). A primeira pistola de ação dupla foi a Walter PP, desenhada em 1929 para uso
policial. Assim, como diversas outras melhorias, que vêm aperfeiçoando as pistolas até os
dias de hoje.
2.3. Partes principais de uma pistola
2.3.1. Cano
Como ela destina-se a receber a munição, geralmente apresenta em sua porção inferior uma
rampa que facilita a introdução do cartucho, e, nas pistolas dotadas de extrator, apresenta um
recorte para o encaixe dessa peça, tanto na câmara quanto no aro do estojo. A quantidade e
orientação das raias do cano irão variar conforme o fabricante e o modelo da arma.
O termo “Blowback” vem do inglês e significa “sopro à retaguarda” ou “sopro para trás”.
Quando se dispara uma pistola, os gases gerados pela queima da pólvora não só impulsionam
o projétil; impulsionam também o conjunto do ferrolho à retaguarda, permitindo a extração
do estojo percutido e, em consequência do retorno do ferrolho, a introdução de um novo
cartucho na câmara. Como dito, o recuo do ferrolho e a pressão dentro da câmara são
controlados pela massa deste – que é muito maior do que a do projétil – , pela inércia de
movimento do ferrolho – que também é muito maior do que a do projétil – e, ainda, pela
resistência da mola recuperadora, não permitindo que o conjunto do cano/ferrolho se separe
enquanto a pressão é alta, o que poderia causar danos à arma e lesões no atirador. Esse
sistema é chamado de Blowback simples, recuo direto ou massa inercial e é empregado em
armas de calibres menos potentes.
No sistema de operação por recuo curto (Blowback com trancamento), o cano e o ferrolho
são móveis, ficando interligados no momento inicial do disparo e depois recuam juntos por
uma curta distância até que o cano é detido e o ferrolho é liberado, continuando seu
movimento à retaguarda até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo
cartucho na câmara. É o sistema usado para armas de calibre 9mm Luger, .40 S&W e .45
ACP, entre outros, pois, devido à maior potência desses calibres, faz-se necessário esse
trancamento inicial, no qual o cano e o ferrolho recuam juntos até que haja a diminuição da
pressão dos gases no interior da câmara.
Para que você entenda melhor o sistema de operação por recuo curto, veja o exemplo das
pistolas da marca Colt, modelo 1911. A ilustração abaixo foi extraída do livro Herida por
arma de fuego, de Vincent J. M. Di Maio
(ediciones La Rocca, Buenos Aires, 1999).
No momento do disparo, o cano e o ferrolho
estão unidos formando uma única peça, por
meio de saliências e ressaltos que formam
um sistema de engate (culatra aferrolhada).
Após o disparo, no momento em que a
pressão diminui e o projétil praticamente
abandona o cano, o conjunto do ferrolho e
cano começa a se deslocar à retaguarda, em consequência da ação dos gases. Após um
pequeno deslocamento, a parte posterior do cano sofre um pequeno deslocamento vertical
(queda), soltando-se do sistema de engate e sendo detido por uma peça específica. O ferrolho
continua seu deslocamento à retaguarda, extraindo o estojo da câmara, que, ao impactar-se
contra o ejetor, é expelido pela janela de ejeção. O ferrolho, ao regressar pela ação da mola
recuperadora, coleta um novo cartucho no carregador, introduz esse cartucho na câmara,
facilitado pela inclinação da parte posterior do cano e da rampa da câmara, e empurra o cano
até o conjunto ferrolho e cano travarem-se novamente nos engates, o que deixa a arma pronta
para um novo disparo.
Outras formas de operação surgiram, como o sistema a gás das pistolas HK P-7 e da Desert
Eagle. Nesse sistema, parte dos gases oriundos da queima do propelente são conduzidos por
um pequeno orifício situado no cano e trabalham com um êmbolo, de forma a exercer pressão
para que o ferrolho seja
movimentado, de maneira
semelhante aos modernos fuzis.
2.3.2. Ferrolho
2.3.3. Carregador
- Empunhadura;
Na armação, verifica-se ainda o ejetor, sendo que na maioria das pistolas é em sua
empunhadura que está alojado o carregador.
As armações são confeccionadas em diversos materiais, como aço, alumínio e suas ligas, e em
polímeros, como a pistola H.K., modelo VP70Z (Heckler & Koch), uma das precursoras em
armação de polímeros.
2.3.5. Mecanismos
Assim como você estudou sobre os revólveres, as pistolas também possuem de três sistemas
básicos de mecanismos:
- Sistema de repetição;
- Sistema de segurança.
Os mecanismos de disparo são compostos pelo gatilho, tirante do gatilho ou peça semelhante
– responsável por levar os movimentos do gatilho ao cão (percussão indireta) ou ao próprio
percussor (percussão direta) –, armadilha ou peça semelhante que trava e libera o cão da
posição de armado.
Nota
O cão e o próprio percussor, bem como as molas e respectivos pinos, constituem-se nas
principais peças que trabalham de forma interligada.
Sistema de repetição
Da mesma forma que os revólveres, as pistolas podem funcionar em ação simples, o que
requer que o atirador, para efetuar o primeiro disparo, engatilhe manualmente o cão, puxando-
o para trás. Após o primeiro disparo, pela ação do ferrolho (no seu ciclo de extrair o estojo e
alimentar a arma), o cão é armado sem a necessidade de qualquer outra operação manual.
Nas pistolas de ação dupla, como a pistola Taurus 24/7, o tirante do gatilho atua diretamente
sobre o percussor, comprimindo a sua mola. Após pequeno percurso, o percussor é liberado,
incidindo contra a espoleta; obtém-se, então, a consequente deflagração do cartucho.
Nota
Sistemas de funcionamento parecidos são os que operam nas pistolas Glock, HK P7-M8 e
M13, que requerem que o gatilho seja armado previamente pela ação do ferrolho e não podem
ser classificadas como de ação dupla simples.
Nas pistolas de dupla ação (movimento duplo), desde que carregadas, o primeiro disparo pode
ser efetuado apertando o gatilho, não sendo necessário o engatilhamento manual do cão. Os
disparos seguintes são efetuados como nas pistolas de ação simples, com o cão sendo
naturalmente armado pelo movimento do ferrolho após o disparo.
As pistolas de dupla ação modernas, como algumas pistolas Beretta e Taurus, possuem ainda
uma tecla (alavanca), localizada em seu ferrolho ou armação, que, ao ser acionada, permite
que o cão seja desarmado, abaixando-se para sua posição habitual (desarmador do cão). A
grande vantagem desse tipo de trava é a possibilidade de se desarmar o cão após ser colocado
um cartucho na câmara, ou após terem sido efetuados alguns disparos com maior segurança.
Nota
- Cano;
- Percussão;
- Sistema de disparo;
- Funcionamento.
2.4.1. Cano
Nota
2.4.2. Percussão
- Ação dupla.
Quando opera nos dois sistemas, são classificadas como de movimento duplo.
2.4.4. Funcionamento
- Sistema a gás.
Nota
Outros sistemas, como o sistema Blow up (sopro para cima), utilizado na pistola Luger, estão
totalmente em desuso.
Finalizando...
1) As principais características que definem uma arma como arma de porte são:
b. ( ) Facilidade de manejo (Ex.: Pode ser disparada comodamente com uma das
mãos.)
a. ( ) Rígida
4) A peça que tem por função travar o tambor do revólver de modo que fique em
alinhamento o cano, câmara e percussor é o (a):
a. ( ) Impulsor do tambor
b. ( ) Retém do tambor
c. ( ) Haste central
d. ( ) Coroa do extrator
5) Podemos afirmar que a “mola real” e o “impulsor do gatilho” fazem parte do:
a. ( ) Sistema de percussão
b. ( ) Sistema de repetição
c. ( ) Sistema de segurança
d. ( ) Sistema de extração
c. ( ) O cano é basculante.
d. ( ) O cano recua juntamente com o ferrolho no qual está acoplado por alguma forma
de trancamento e, após a liberação desse trancamento pela ação de uma ou mais peças ou
encaixes, o cano permanece e o ferrolho continua seu movimento à retaguarda sob a ação
dos gases até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo cartucho na
câmara, onde o cano estará novamente acoplado ao ferrolho.
7) Podemos dizer que nas pistolas de dupla ação (movimento duplo) com o cão externo que:
b. ( ) O primeiro disparo pode ser efetuado tanto em ação simples como em ação dupla
e a arma estará em condições de efetuar os disparos subsequentes em ação simples.
a. ( ) O percussor
b. ( ) A trava do percussor
c. ( ) O ejetor
d. ( ) A placa obturadora
9) Assinale, entre as afirmativas abaixo, qual delas não é função ou consequência direta do
raiamento do cano de um revólver.
Apresentação do Módulo
Neste módulo você estudará as armas portáteis: espingardas, carabinas, fuzis, metralhadoras
e submetralhadoras.
Objetivos do Módulo
Nota
Neste módulo não será trabalhado um armamento específico, mas o que é comum a todas as
forças policiais, pois se acredita que assim você estará apto a descrever e melhor entender as
armas portáteis de que dispõe para uso, além de conhecer alguns detalhes de armas
congêneres que serão estudadas aqui.
Estrutura do Módulo
Aula 2 – Espingardas
Aula 3 – Carabinas
“arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único homem,
mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a
realização eficiente do disparo”. (art. 3º, inciso XXII, anexo)
Observe que a definição acima permite depreender que as armas portáteis podem ser
relacionadas às armas longas, tais como as espingardas, carabinas, fuzis, entre outras, que
apresentam a característica de uso individual.
Essas armas permeiam o universo policial, com empregos cada dia mais corriqueiros na
prática de crimes, especificamente os mais violentos, como assaltos a carros-fortes, roubos a
bancos, entre outros exemplos. Por outro lado, o seu emprego nas diversas unidades policiais
vem aumentando a cada dia, sendo extremamente comum a sua presença nas viaturas
policiais. Em quase todas as operações verifica-se a sua utilização pela eficiência e confiança
que esse armamento apresenta. Em função desse crescente uso, você deve mais do que nunca
conhecer sobre essas armas de fogo para melhor estabelecer a dinâmica do fato delituoso e
conhecer, entre os vestígios por elas deixados, os que podem ser encontrados na cena de
crime.
À alma do cano;
À percussão;
Ao sistema de funcionamento.
- Mistas, caso de armas que apresentam pelo menos um cano de alma lisa e
pelo menos outro de alma raiada.
- De percussão direta;
- De percussão indireta.
Aula 2 – Espingardas
Espingarda, pela definição da legislação específica (Decreto nº 3.665, de 20/11/20001, art. 3º,
inciso XLIX, anexo), é uma “arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não
raiada”.2
As espingardas são armas de fogo com empregos que variam desde a prática desportiva até a
utilização em combate.
1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
2
Existem algumas espingardas modernas com alma raiada, a exemplo da espingarda da Mosberg, calibre 12,
modelo Trophy Sluger, com raiamento dextrogiro, pensadas especialmente para disparos com projéteis
singulares ou Slug. Muitas espingardas apresentam, após o calibre, a palavra “Gauge”, que pode ser traduzida
como calibre ou dimensão.
Cano com a câmara e o extrator;
Telha e coronha;
Caixa de mecanismos com gatilho, percussor, cão, molas e os pinos de fixação, bem
como sistema de abertura do cano.
As câmaras, nas espingardas modernas, apresentam comprimentos que podem ser de 70mm
ou de 75mm. As câmaras mais extensas são para a utilização de cartuchos Magnum,
naturalmente mais potentes.
Importante!
É importante observar que nas espingardas os cartuchos não ocupam toda a extensão da
câmara, pois os cartuchos com fechamento em estrela – sobre o qual se estudará mais à frente
– necessitam desse espaço para a abertura do estojo.
Junto à parte posterior da câmara trabalha o extrator, peça que promove a retirada do estojo
deflagrado com a abertura do cano. Na parte anterior dos canos, geralmente verifica-se o
choke que é uma pequena diminuição (estrangulamento) do diâmetro interno do cano, com
vistas a melhorar o agrupamento dos projéteis (balins).
Nota
Nos modelos de espingardas de repetição, o sistema mais comum é o sistema Pump Action ou
sistema de corrediça, que foi utilizado nas espingardas da Winchester, modelo 1897. Outro
exemplo desse sistema é o da espingarda Pump CBC 12. Nessa arma, a telha que
naturalmente é o apoio da mão do atirador apresenta também a função de movimentar o
mecanismo do ferrolho pela ação deslizante da telha e das hastes da corrediça, retirando o
estojo vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e permitindo a introdução de um novo
cartucho. Nessa arma, os cartuchos são armazenados em um tubo de depósito localizado
abaixo do cano.
Nota
Outro sistema de espingarda de repetição é por “ação Mauser”, em que uma alavanca ligada
ao ferrolho promove a extração e introdução de um novo cartucho.
Espingardas de 4.ª geração – São as espingardas que podem atuar tanto no sistema
semiautomático quanto no sistema de repetição, como a Benelli M3 Super 90.
Nota!
Vale relembrar que ainda há as armas mistas ou conjugadas, como aquelas que apresentam
um ou mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada, a exemplo das diversas do tipo
drilling, que são armas com três canos onde se combinam geralmente dois canos de alma lisa
paralelos com um cano de alma raiada conectados em um mesmo sistema de disparo.
Entre as armas de dotação das forças armadas de diversos países estão espingardas que
operam em sistema automático, ou seja, que estão aptas para efetuarem rajadas, a exemplo da
espingarda AA-12, que apresenta a opção de usar um carregador do tipo caixa com 8
cartuchos ou um carregador do tipo tambor ou caracol com 20 ou 32 cartuchos (como aqueles
empregados nas primeiras submetralhadoras Thompson de calibre .45 ACP, imortalizado
pelos filmes policiais como Os Intocáveis3. Esta arma, que já aparece em uso em filmes
recentes, possui seletor de tiro com a opção da posição “travado”, tiro intermitente e
automático. A cadência de disparo teórica em sistema automático é da ordem de 360 tiros por
minuto, o que acarreta uma grande dispersão de balins sobre o alvo.
3
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2770/
2.5. Alcance útil
O alcance útil em armas de alma lisa é determinado pela dispersão dos balins e pelas
possibilidades práticas de sua utilização pelo atirador. Nas espingardas, o diâmetro do círculo
de dispersão ou agrupamento é controlado pelo choque. Assim, o alcance útil teórico (na
prática esses valores são menores) torna o choque pleno (full choke) usado para tiros entre
44,5m e 54,5m (45 e 55 jardas); o choque modificado (modified choke) para tiros entre
24,75m e 44,5m (25 a 45 jardas); o choque cilíndrico modificado (improved cylinder) é usado
para tiros até 34,65m (35 jardas). O choque cilíndrico apresenta alcance útil da ordem de 30
metros. Essas são as distâncias que, de acordo com o choque do cano de uma espingarda, a
mesma ainda possui alcance útil.
Aula 3 – Carabinas
A carabina, pelo Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 4(art. 3º, inciso XXXVII, anexo) é uma
“arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo –
embora relativamente menor que o do fuzil – com alma raiada”.
Embora essa definição apresente-se um tanto quanto confusa no que se refere a diferenciar a
carabina do fuzil, é possível tentar entendê-la melhor.
4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
O termo “carabina” apresenta relatos diferentes quanto a sua origem; entretanto, no século
XVII, ele era empregado para designar os arcabuzes e mosquetes de dimensões reduzidas, de
forma a torná-los de mais fácil manejo e
transporte, utilizados pelas tropas montadas.
O maior destaque das carabinas acontece com as carabinas produzidas pela Winchester
(Winchester Repeating Arms Company), calibre .44-40, nos modelos 1866 e 1873, devido ao
papel que desempenharam na colonização americana e ao fato de terem sido imortalizadas
pelo cinema. Essas carabinas eram armas de repetição, com acionamento por alavanca (lever
action) localizada abaixo da caixa de mecanismo, sendo que essa alavanca, graças ao seu
desenho, exercia também a função de guarda-mato. Essas armas apresentavam outra
inovação: a utilização de um sistema de alimentação por depósito tubular. Com o movimento
semicircular da alavanca, indo à frente e retornando à posição de origem, eram realizadas as
seguintes operações:
Esse sistema permanece atual e ainda hoje é utilizado por diversos fabricantes, a exemplo da
indústria Rossi, que produzia as carabinas Pumas (sistema Lever Action) nos calibres: .38
Special, .357 Magnum e .44 Special, entre outros calibres. Hoje essas carabinas são
produzidas pela indústria Taurus e também por diversos fabricantes no mundo inteiro.
Outro sistema de repetição utilizado nas carabinas é o sistema de corrediça ou sistema Pump
Action (o mesmo sistema já estudado por você anteriormente), no qual a telha, além de ser o
apoio da mão, tem a função de movimentar o mecanismo do ferrolho pela ação das hastes da
corrediça, retirando o estojo vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e permitindo a
introdução de um novo cartucho. No nosso país, a indústria Rossi produziu as carabinas
Gallery de calibre. .22, que utilizavam cartuchos .22 Short (curto), .22 Long (longo) e .22
Long Rifle (L.R.), ou no calibre .22 Magnum.
As carabinas da Winchester com acionamento por alavanca tiveram papel importante não só
na colonização americana, mas também na nossa história, pois foram utilizadas no cangaço,
na Coluna Prestes e até em diversas emboscadas feitas na luta por terra. Eram vendidas em
mercearias no interior do Brasil, como lembra a música do Lenine “Já foi-se o tempo do fuzil
papo amarelo (...)”. Um dos primeiros modelos de carabinas da Winchester foi o modelo
1866, cuja caixa de mecanismo apresentava partes de latão (liga metálica5 constituída de
cobre6 e zinco7); por isso, ficou conhecida como Yellow Boy (Rapaz Amarelo). Já o rifle da
Winchester, modelo 1873, calibre .44 – 408, cano octogonal, embora tivesse a caixa de
mecanismo de liga de ferro e tivesse poucas peças e chapa confeccionada em latão ou bronze,
ficou conhecido no Brasil como rifle papo amarelo, por herança do seu antecessor o
Winchester 66.
5
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_met%C3%A1lica
6
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre
7
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco
8
Como você estudará no módulo sobre calibres mais tarde, o calibre . 44 – 40, significa que o
diâmetro do projétil tinha 44 centésimos de polegada (11.17mm) e 40 grains de pólvora negra
(2,56 gramas).
Nota
O Winchester 73 foi produzido com comprimento de cano de 15, 20, 24 ou 30 polegadas. Por
isso, é correto afirmar que o Brasil teve tanto carabinas como fuzis papo amarelo, com
diferentes capacidades do tubo carregador.
Uma arma semiautomática por ação de gás, com características modernas, que revolucionou a
época pelo sistema de operação, pelo desenho e também pelo projeto do cartucho, foi a
carabina M1, calibre .30 Carbine, que foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1941. Essa
carabina foi desenvolvida como uma arma leve para as unidades de comunicação, blindados,
artilharia, oficiais de intendência, entre
outros. Era dotada de cano com comprimento
de 457,2mm (18 polegadas), sendo
posteriormente modificada com o modelo
M2, com carregador com maior capacidade e
principalmente com sistema de tiro
semiautomático e automático através de
seletor. Foi utilizada na Segunda Guerra
Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do
Vietnã; essa carabina também foi arma de
dotação das forças armadas e policiais de diversos países.
Nota
A carabina MAGAL (Micro Galil), no calibre .30 Carbine, de origem israelense, adotada pela
Secretaria de Segurança do Estado do Pará, e as carabinas da IMBEL Ca MD97LM e Ca
MD97LC, com comprimento de cano da ordem de 330 milímetros, no calibre 5,56 x 45,
regime de tiro semiautomático, ou conforme o modelo semiautomático ou “buster” (rajada
curta) de 3 tiros e automático por sistema a gás e peso, também na ordem de 3,3 quilogramas,
utilizada pela Força Nacional, são outros exemplos da presença dessas armas no nosso dia a
dia.
As carabinas de pressão, embora não sejam armas de fogo, pois a impulsão dos projéteis se
dá pelo emprego de gases comprimidos que podem estar armazenados em um reservatório ou
por ação de um êmbolo solidário a uma mola e não pela queima de propelente, são também
objetos de estudo da balística forense, pois se trata de arma e, a ação dos seus projéteis pode
causar lesões graves ou, em determinadas situações, até a morte.
Aula 4 – Fuzis, metralhadoras e submetralhadoras
Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art. 3º, inciso LIII, anexo), fuzil é uma “arma de fogo
portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”.
Nota
Embora os vocábulos fuzil e rifle tenham origens diferentes, nos dias de hoje, ambos são
empregados como sinônimos.
O termo “rifle” tem origem na palavra inglesa rifling, relativo às raias, responsáveis pelo
movimento rotacional do projétil. É utilizado nos países de língua inglesa para designar as
armas longas, portáteis, de uso individual, projetadas para serem usadas apoiadas ao ombro e
com canos de alma raiada, destinadas a uso militar ou desportivo.
O termo fuzil, de origem francesa, apresenta, nos países de línguas de origem latina, o mesmo
significado anteriormente descrito. Como visto, não há padronização entre os países nem de
nomenclatura, nem de definição.
Nota
Nos Estados Unidos, por lei federal, os fuzis (rifles) devem ter, no mínimo, 406,4mm (19
polegadas) de comprimento de cano. (Di Maio, 1999, p. 40). Quando possuem comprimento
de cano inferior a esse valor, os fuzis são classificados como carabinas.
4.1.2. Classificação
9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
carregador, de serem de calibres intermediários, o que implica redução de peso e,
principalmente, de grande maneabilidade, inclusive em ambientes de pequenas
dimensões. Exemplos mais conhecidos são o AK 4”7 e o fuzil Colt M 16.
Nota
O Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 (art. 3º, inciso LXI, anexo), define metralhadora como
“arma de fogo portátil, que realiza tiro automático” e pistola-metralhadora como
“metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma das
mãos, tal como uma pistola.” (art. 3º, inciso LXVIII, anexo).
10
http://pt.wikipedia.org/wiki/Calibre
11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola
12
http://pt.wikipedia.org/wiki/9mm_Luger
13
http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W
É possível que você nunca tenha ouvido o termo "pistola-metralhadora", pois ele é mais
empregado na Europa. No Brasil a denominação "submetralhadora" é mais comum. Uma das
submetralhadoras mais empregadas pelas unidades de operações especiais do mundo, como a
SWAT, BOPE COT, DOE, entre outras, é a HK MP5. A MP5 é fabricada pela empresa alemã
Heckler & Koch. As MP5 atuais disparam
basicamente em três tipos de regime de tiro:
automático (rajadas), semiautomático (um tiro
a cada vez que o gatilho é pressionado), bursts
(pequenas rajadas de 2 e 3 tiros a cada vez que
o gatilho é pressionado) e possuem modelos
com diferentes tamanhos e diversos acessórios,
como supressores de ruído, miras e lanternas.
É uma arma muito segura e relativamente leve. Isso faz da MP5 uma arma versátil e
empregada em quase todo o tipo de situação.
Nota
Finalizando...
o Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art. 3º, inciso LIII, anexo), fuzil é uma
“arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”.
Apresentação do Módulo
Cartucho é uma palavra de origem italiana (cartoccio) derivada da palavra latina “charta”,
que significa papel.
Um pouco de história...
Embora possa parecer que não há relação para as armas de antecarga, os atiradores dos
séculos XV e XVI, principalmente quando em ação militar, tinham o costume de levar,
envolta em folha de papel, carga de pólvora suficiente para um disparo. Agiam assim com o
objetivo de facilitar a recarga, agilizando o processo e diminuindo os riscos de uma carga
excessiva, pois tinham a certeza de estarem utilizando a quantidade adequada de pólvora.
Com o passar do tempo, esses atiradores não carregavam apenas a pólvora; passaram a
colocar junto os projéteis, todos embrulhados no mesmo papel.
Um dos primeiros cartuchos a existir foram os cartuchos para os fuzis de agulha ou fuzil
Dreyse, utilizados na Guerra do Paraguai. Nesse cartucho, embrulhado como num cilindro de
papel, eram depositados o projétil, em contato com a sua base, a espoleta e, por último, a
pólvora. Quando acontecia o disparo, a agulha percussora furava o papel, atravessava a
camada de pólvora, chocava-se contra a espoleta detonando-a e iniciava a queima da
pólvora.
Logicamente, não se pode pensar em arma de fogo sem pensar na munição1 empregada
nessas armas. Existem muitos tipos de cartuchos diferentes, com componentes diferentes e
que se destinam a empregos distintos. Neste módulo, você estudará os cartuchos de armas de
fogo e seus principais componentes.
1
A palavra “munição” é empregada como a designação genérica de um conjunto de cartuchos.
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Aula 1 – Cartuchos
Aula 1 – Cartuchos
Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas nas armas de fogo de
retrocarga. Segundo o Decreto nº 3.665, de 20/11/2000, pode-se entender munição como:
“artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado
pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal;
exercício; manejo; outros efeitos especiais” (art. 3º, inciso LXIV, anexo).
espoleta
pólvora
Nota
As diferenças entre os cartuchos devem-se ao emprego dado a eles, como acontece com os
cartuchos de festim, lançadores de granadas que não têm projéteis e os cartuchos de manejo
que não são dotados de espoleta ativa e pólvora. Especificamente, para os cartuchos
destinados às armas de alma lisa, utilizam-se ainda outros componentes, como a bucha e, em
alguns modelos, discos de papelão com finalidades específicas.
1.3.1. Estojo
Atualmente, a maioria dos estojos é construída em metais não ferrosos, principalmente o latão
(liga de cobre e zinco) – dada a facilidade de ser trabalhado (trabalhabilidade), ou seja, pelas
características de se expandir, não permitir o escape de gases pelas paredes da câmara e de
recuperar em parte a forma original após cessar a pressão, facilitando a extração e permitindo
a recarga de munição – e estojos de alumínio (os cartuchos do tipo BLASER da CCI).
Nota
Forma do estojo
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a
aproveitar as suas características físicas. Classificam-se os estojos, em relação à forma do
corpo, como:
Cilíndrico – O estojo possui diâmetro uniforme por toda sua extensão; é o caso da
maioria dos estojos usados em armas de porte, como os cartuchos de calibre .38 SPL,
.40 S&W e .45 ACP. Alguns fabricantes produzem um ligeiro estreitamento na terça
parte próxima à boca, com o objetivo de garantir a inserção do projétil na altura
correta do estojo. Na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico; sempre há uma
pequena inclinação para facilitar a extração.
Outro aspecto importante sobre os estojos refere-se ao formato da base. Ele determina como
será a ação do extrator sobre o estojo percutido e facilita o carregamento. A sua forma define
algum dos pontos de apoio do cartucho na câmara (headspace), o que garante a percussão. Os
tipos de formato de base mais empregados são:
Com aro – Com ressalto na base (aro ou gola) que permite o travamento do estojo na
arma, caso do .38 SPL e da maioria dos cartuchos destinados a revólveres;
Com semiaro – Com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura ou virola para
encaixe do extrator, como o .32 Winchester Self Loading (Self Loading é apenas uma
referência indicando que a arma é semiautomática);
Sem aro – A base apresenta o mesmo diâmetro do corpo do estojo, tem apenas a
ranhura ou virola para encaixe do extrator, como a maioria dos calibres de pistola, a
exemplo do .45 ACP, .40S&W;
Rebatido – A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo, como o calibre .41
Action Express.
Cinturado – Apresenta um aro de maior diâmetro que a base, situado logo à frente
dela, e é empregado em cartuchos com maior energia. Este aro tem por finalidade
aumentar os pontos de apoio do cartucho na câmara, como o .300 Winchester
Magnum.
Tipo de iniciação
Outra forma de descrevermos um estojo é quanto ao tipo de iniciação, que pode ser:
Fogo central – A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro
da base do estojo.
Nota
Cabe lembrar que alguns tipos de estojos não foram citados por serem obsoletos, como os de
papel dos fuzis Dreyse, utilizados pelo Exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai ou
outros muito pouco comuns.
1.3.2 Espoletas
As espoletas têm por função iniciar a queima da pólvora (propelente). Trata-se basicamente
de um explosivo e outros componentes depositados no fundo de um pequeno receptáculo
metálico de latão (liga de cobre “Cu” e zinco “Zn”), cuja iniciação se dá por percussão
(choque violento), o qual gera a detonação desse explosivo. Na detonação, ocorre a
transformação abrupta do explosivo em gases, com extraordinária rapidez (velocidade da
ordem de 5000 m/s), gera calor, chama e elevadas pressões, o que irá agir sobre os grãos do
propelente causando agitação aquecimento e ignição.
Mistura iniciadora
A mistura iniciadora de uma espoleta para cartucho é composta de materiais diversos, com as
funções específicas de:
Um explosivo iniciador;
Materiais oxidantes;
Materiais redutores;
Atritante;
Aglomerante.
Tetrazeno;
Alumínio em pó;
Trissulfeto de antimônio;
Nitrato de bário.
Tipos de espoletas
Os cartuchos de fogo circular, cujo exemplo mais comum são os cartuchos de calibre .22 LR,
não possuem uma espoleta como elemento distinto do cartucho, sendo essa a grande diferença
entre esses cartuchos e os cartuchos de fogo central. Neles a mistura iniciadora é depositada
por um processo de centrifugação na base (orla do estojo). A percussão ocorre no choque do
percutor contra a orla do estojo, comprimindo-a contra a parede posterior da câmara, na qual o
cartucho se encontra alojado; isso produz a detonação da massa explosiva e
consequentement
e, em função da
chama e calor
gerado, a
deflagração do
propelente.
Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
(www.cbc.com.br )
2
Pode até parecer pouca a transformação de apenas 40% em gás, mas na queima da pólvora o
percentual é apenas de 25 a 30 % e nos motores a explosão não passa de 12%. Sendo o gás
formado, tem-se o elemento essencial para o funcionamento do motor e aceleração do projétil
Espoletas de fogo central
As espoletas para cartuchos de fogo central são constituídas por um pequeno receptáculo de
latão, semelhante a um copo, denominado de cápsula, com espessura, dureza e tamanho
compatíveis ao tipo de arma e à pressão gerada pela detonação do explosivo. No interior da
cápsula, é depositada determinada quantidade de explosivos (escorva ou mistura iniciadora)
que varia em função das características balísticas do cartucho e conforme a pressão gerada
pela detonação deste, durante a percussão.
As figuras representativas dos tipos de espoletas Boxer e Berdan foram extraídas do site da Companhia
Brasileira de Cartuchos.
Após a transferência do explosivo para o fundo da cápsula da espoleta, é colocada uma fina
lâmina de papel que permite a compressão do explosivo, acarretando uma distribuição
uniforme no fundo da cápsula, sem que haja contato da punção de compressão e o material
explosivo.
O projétil é acelerado durante todo o seu percurso pelo cano por causa da pressão exercida
pela expansividade dos gases resultantes da queima do propelente. A pressão atinge um valor
máximo, chamado de pico de pressão, a partir do qual começa a decair até a pressão
atmosférica local, após a saída do projétil pelo cano.
Nota
Como os comprimentos dos canos variam de forma significativa das armas curtas raiadas para
as armas longas raiadas, o controle de tempo de queima é demasiadamente importante,
porque, ao possuir maior ou menor espaço de cano para a queima do propelente, a velocidade
de queima é fundamental para fornecer as características balísticas de velocidade e energia
cinética ao projétil, mantendo os valores de pressão de projeto da arma dentro dos limites.
Pólvora negra
potássio, 15% de carvão vegetal e 10% de enxofre.
Nota
Projétil, pela conceituação física, consiste em qualquer sólido – que pode ser ou foi lançado –
abandonado ao seu movimento após ter recebido um impulso inicial.
A parte do cartucho que foi ou que pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases
resultantes da queima do propelente.
Os projéteis especiais.
O chumbo, por ser barato, de fácil obtenção, alto peso específico, baixo ponto de fusão, fácil
trabalhabilidade e grande maleabilidade, é o elemento ideal para os projéteis de arma de fogo,
tendo sido o material utilizado desde os primeiros informes de disparos de armas de fogo até
os dias de hoje.
O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural, por ser a forma que apresentava, a
princípio, a menor perda de gases. Porém devido a problemas com o alcance útil 3e a
resistência, eles foram gradativamente sendo substituídos pelos projéteis de formato
pontiagudo, semelhantes às setas, nos cartuchos destinados a armas raiadas. Em sua evolução,
procurou-se resolver problemas quanto a sua trajetória, resistência do ar, movimentos
erráticos dos projéteis e problemas que advinham das características dos materiais, tais como
a vedação correta dos gases da pólvora e a diminuição do atrito com o cano.
O moderno projétil é de liga de chumbo – isto é, chumbo endurecido com antimônio e/ou
estanho – e contém todos os elementos de sua evolução.
Quanto à ponta os projéteis, verificam-se os seguintes formatos mais comuns: ogival, canto
vivo, semicanto vivo, cone truncado e ponta plana – cada um com objetivos específicos.
Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são sempre cilíndricos e recebem uma
graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas ou em áreas recartilhadas e aplicadas
por pressão, banho ou por spray; a função dessa graxa é diminuir a possibilidade de
“chumbamento” do cano. A parte cilíndrica é a responsável pelo engajamento dos projéteis
com o raiamento do cano.
Nota
3
Os projéteis esféricos utilizados no início apresentavam alcance útil de cerca de 50 metros
produção. Os projéteis frutos desse processo, por causa do encruamento que sofrem, são mais
resistentes.
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou
jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como:
cobre e níquel;
cobre e zinco;
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta
(projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Nos projéteis
sólidos, destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance. Os projéteis expansivos
destinam-se à defesa pessoal, pois, ao atingir um alvo, são capazes de se deformar e aumentar
seu diâmetro, obtendo maior dissipação da energia cinética e, logo, maior capacidade lesiva.
Nota
Esse tipo de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Haia em
1899.
Glaser – Este projétil, além de apresentar reduzida possibilidade de ricochete, possui uma
grande capacidade de transferência de energia cinética e remota possibilidade de transfixação,
o que lhe garante um grande poder traumático. É constituído de camisa metálica, em cujo
interior são colocados um grande número de balins, e selado com teflon.
Bat – Este projétil associa uma pequena massa a uma altíssima velocidade e uma grande
deformação com o único intuito de apresentar uma ação traumática instantânea.
PMC Ultra Mag – Esse projétil é constituído unicamente de um cilindro oco de bronze, o
que, associado à elevada velocidade e energia cinética que apresenta, resulta em uma grande
cavidade temporária e permanente depois de seu impacto contra tecidos biológicos.
Black Talon – Esse projétil, além da expansividade normal de seu núcleo – em forma de
cogumelo –, comum à maioria dos projéteis expansivos, tem a sua jaqueta rompida em locais
preestabelecidos, gerando pontas afiladas e cortantes capazes de causar um grande dano
tecidual e dilacerações.
Compound Plastic – São projéteis com pequena massa, da ordem de 2,92 gramas (45 grains)
para os calibres .38 comuns, resultando em uma munição de alta velocidade, que, a distâncias
menores, apresenta um grande dano tecidual, em função da energia cinética resultante da
elevada velocidade.
Esses, entre muitos outros, se constituem em alguns exemplos de projéteis especiais, com fins
específicos.
Muitos projéteis
apresentam um código de
cores para definir a sua
utilização, principalmente
nos fuzis e metralhadoras.
Fonte: CBC
2. Espoleta; 1
4
3. Pólvora;
5
4. Projéteis (projéteis singulares, balins ou projéteis
3
especiais);
Os estojos destinados às armas de alma lisa são confeccionados em diversos materiais, como
metal (normalmente latão), plástico ou papelão. Esses dois últimos geralmente apresentam
uma base metálica.
Fonte: CBC
Nos estojos de cartuchos metálicos utilizados para recarga artesanal, as espoletas empregadas
são do tipo Berdan.
3.1.3. Pólvoras
Nota
As pólvoras que apresentam maior densidade gravimétrica são as que apresentam maior
tempo de queima (queima mais lenta). São destinadas às armas longas raiadas pela
necessidade de maior espaço para sua queima. Essas armas permitem a colocação de maior
quantidade de propelente (em peso) para um mesmo volume do estojo, de forma que se
possam atingir as altas velocidades previstas para os projéteis dessas armas. Quando, por
exemplo, acontece um disparo de espingarda e a vedação não é boa, faz-se necessário utilizar
pólvoras de queima rápida e, logo, de menor densidade gravimétrica.
Os balins são designados por números ou letras e cada número ou letra indica um diâmetro
nominal específico. A numeração é arbitrária e não segue o mesmo critério nos diversos
países. O critério adotado pela Companhia Brasileira de Cartuchos é o mostrado a seguir:
4
É o parâmetro que indica qual a quantidade de pólvora em peso que pode ser colocada em uma mesma unidade
de volume
Fonte: CBC
3.1.5. Buchas
Finalizando...
Os cartuchos mais conhecidos e empregados hoje em dia são: cartuchos para armas
raiadas de percussão central, cartuchos para armas raiadas de percussão radial e
cartuchos para armas de alma lisa de percussão central;
Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que pode ser
lançada através do cano sob a ação dos gases resultantes da queima do propelente;
Apresentação do Módulo
“Calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do
raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir
ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.” (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XXXV,
anexo).
Você percebeu que na definição acima calibre é uma terminologia aplicada tanto às armas de
fogo como à munição empregada nestas armas?
De forma geral, o termo calibre é usado para indicar o diâmetro interno do cano da arma, a ser
medido de acordo com critérios específicos, mas também é empregado para designar um tipo
particular de munição. Nesse caso, não traduz somente o diâmetro do projétil, mas também
detalhes da interação do estojo à câmara da arma, como o seu comprimento e a forma de
extração quando deflagrado.
Determinar o calibre de uma arma de alma raiada ou de uma arma de alma lisa envolve
questões e nomenclaturas próprias. Para melhor compreensão sobre esse assunto, você
estudará, nas aulas deste módulo, os conceitos básicos que permitirão nominar de forma
correta os calibres das armas e munições.
Objetivos do Módulo
Identificar e classificar os diversos calibres das armas raiadas e de alma lisa, bem
como das munições;
Identificar os choques utilizados nas armas de alma lisa, a sua importância e emprego.
O calibre real é sempre menor que o diâmetro do projétil; dessa forma, não há perda dos gases
que o impulsionam e fazem com que o projétil, ao acompanhar o giro do raiamento, adquira o
movimento rotacional que permite a estabilização de sua trajetória.
O calibre real é expresso em milímetros ou fração de milímetros nos países que adotam o
sistema métrico e em fração de polegada nos que ainda usam o sistema inglês de medidas.
O calibre nominal, de forma diferente do calibre real, não se refere apenas ao diâmetro do
projétil; apresenta também uma série de outras informações, como o comprimento do estojo e
a forma de travamento desse estojo na câmara, indicando assim se esse estojo é com aro ou
sem aro, se é do tipo garrafinha, cinturado ou apresenta outras formas construtivas.
Indica também quanto ao sistema de percussão: se é de fogo central ou de fogo circular. Dessa
forma, quando é citado o calibre nominal, .32 S&WL ou .32 Colt New Police, sabe-se que o
estojo é cilíndrico e com aro, o tipo de iniciação é por fogo central e que o diâmetro do
projétil é de cerca de 7,92mm, podendo apresentar pequenas variações dentro de limites de
tolerância preestabelecidos. O comprimento do estojo é de 23,37mm, entre outras
informações. Esse cartucho foi desenvolvido pela Smith & Wesson e pela Colt, para seus
revólveres, sendo a única diferença a época o formato da ponta do projétil.
1.2.1. Representação do calibre nominal
Sistema americano;
Sistema inglês;
Sistema europeu.
Sistema americano
Os Estados Unidos não só é um dos maiores produtores de arma, como também um dos
maiores mercados consumidores de armas de fogo. No seu sistema, é comum a utilização de
dois números significando o diâmetro do projétil em centésimos de polegada seguido de
letras, palavras ou números com significados como:
1. Uso de letras para designar tipos de arma a que se destinam: .380 ACP (Automatic
Colt Pistol), .45 ACP (Automatic Colt Pistol). (Cartuchos destinados a pistolas, logo o
estojo é sem aro com a virola para encaixe do extrator.)
5. Uso de nomes de marcas indicando as armas a que se destinam: .30 Luger; .30
Mauser
6. Uso de expressões de efeito publicitário: .22 Hornet ; .357 Magnum ; .44 Magnum
8. Uso de números indicando: .30-03 (calibre oficial dos EUA, adotado em 1903),
.30-06 (alteração do calibre .30-03, adotada em 1906)
Sistema inglês
O sistema inglês é muito similar ao usado na América do Norte. Nele o calibre é definido a
partir de geralmente três números indicando o diâmetro do projétil em milésimos de
polegadas (algumas vezes em centésimos de polegadas) e acrescenta nomes para facilitar a
identificação de quem o produziu. Exemplos: .280 Jeffery, .375 Holland & Holland, .505
Gibbs e .275 Rigby.
Nota
A palavra "Express" foi muito utilizada pelos fabricantes ingleses para efeito publicitário,
como sinônimo de cartuchos de potências maiores utilizados, no século XIX, para caças nos
continentes: africano, asiático e americano.
Com a substituição da pólvora negra pelas pólvoras de base simples – sem fumaça, de
nitrocelulose – o termo passou a ser “Nitro Express”, como os cartuchos .600 Nitro Express e
.577 Nitro Express. Com o lançamento de cartuchos mais potentes (de maior energia
cinética), surgiu o nome "Magnum Nitro Express".
Importante!
O termo "Magnum" é empregado nos dias atuais para indicar cartuchos com maior quantidade
de pólvora (estojos com maior capacidade volumétrica), do que os normais ou similares, tanto
para armas curtas (.357 Magnum, .22 Magnum, etc.) quanto para armas longas (.300
Winchester Magnum, 7mm Remington Magnum, etc.)
Sistema europeu
Esse sistema é por muitos considerado o melhor sistema, pois permite a maior obtenção de
dados sobre o cartucho sem a consulta de manuais ou outros informativos.
A ausência de qualquer letra após o calibre significa que o estojo é sem aro (caso da
grande maioria das pistolas);
Se o estojo não for desse tipo, é usado, após o conjunto de números, algumas letras
como sufixo como: a letra R para estojos com aro, as letras SR para semiaro, B para
cinturado e RB para rebatido.
Com o passar do tempo, como alguns calibres ficaram muito conhecidos, o segundo grupo de
números foi omitido, a exemplo dos conhecidos 6,35mm e o 7,65mm.
O uso de nomes com ou sem o segundo grupo de números também é comum. Exemplos:
7,65mm Parabellum, 9mm Parabellum, 5,5mm Velodog.
Quando uma arma é destinada a consumir um determinado tipo de munição, deve ser
designada por um calibre nominal específico. A utilização de cartuchos não apropriados pode
ser prejudicial ao rendimento e à conservação da arma, bem como à integridade física do
atirador.
NOTA
Na prática, o que determina numa arma o calibre nominal é a configuração interna da câmara
na qual será alojado o cartucho.
Para um mesmo calibre real podem existir vários calibres nominais, como ocorre, por
exemplo, com armas de calibre real 8,9mm, que possuem, entre outros, os seguintes calibres
1
O termo Nato é uma sigla na língua inglesa para OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte
nominais: .38 Short Center Fire, .38 Smith & Wesson (.38 S&W), 38 Smith & Wesson Long
(.38 S&WL), .38 Special e .38 Special Smith & Wesson, entre outros.
NOTA
Na Argentina as pistolas de calibre .45 ACP normalmente são conhecidas pelo seu calibre
real, ou seja, 11,25mm.
Da mesma forma que as armas de alma raiada, as armas de alma lisa também apresentam
calibres reais e calibres nominais e ainda possuem um estrangulamento da boca do cano
chamado choque (choke).
O seu conhecimento é muito importante para que você possa identificar de forma precisa uma
arma de alma lisa.
O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao diâmetro
interno do cano, tomada em sua região mediana.
Importante!
Não deve ser tomada essa medida na boca do cano, pois, dependendo do tipo de choque,
podem-se obter medidas diferentes para um mesmo calibre real.
O sistema utilizado para definir os calibres das armas de alma lisa é um sistema arcaico e tem
sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre nominal é
um número que indica a quantidade de esferas de chumbo com diâmetro igual ao da alma do
cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma libra (massa de 453,6g).
Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas de chumbo com diâmetro de
18,5mm para formar 453,6 gramas.
Os calibres nominais são expressos por números inteiros, cujos valores variam na razão
inversa dos calibres reais respectivos. Pode-se estabelecer a seguinte relação entre os calibres
reais e os respectivos calibres nominais:
Importante!
Para alguns calibres, como o 36 e o 40, a designação não seguiu a regra geral da
denominação dos calibres das espingardas, por isso a fórmula não apresenta, para esses
calibres, resultado correto.
2.4. Choque
Choque (choke) é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a finalidade de
produzir melhor agrupamento dos chumbos (balins), visando a obtenção de maior alcance e
precisão do tiro.
O choque normalmente é precedido de uma rampa de formato cônico, com dimensão que
varia de indústria para indústria, cujo menor diâmetro coincide com a do choque. Esse tipo de
choque é denominado de choque convencional.
2.4.1. Denominações do choque
O tipo de choque de cada cano é gravado, através do seu símbolo (letra ou estrela), sobre o
cano e na altura da câmara.
Nas armas de dois canos, a indicação dos choques é feita individualmente, como M/F, por
exemplo. Essa indicação significa que o cano com o qual é dado o primeiro tiro possui o
choque modified (modificado) e o outro tem o choque full (choque pleno).
A figura ao lado mostra
a dispersão dos balins
em relação aos
diferentes choques e à
distância.
Fonte: CBC
O choque pleno (full) é o de menor diâmetro, isto é, o que dá maior estrangulamento da alma
do cano, garantindo, em consequência, menor dispersão, maior e melhor grupamento e a
possibilidade de tiro a maior distância. Por esse motivo, em espingardas de dois canos, o
choque do cano com o qual é dado o segundo tiro é sempre menor, mais estreito do que o
choque do cano usado para o primeiro tiro.
Choque/calibre 12 16 20 28 32 36
Pleno 1,00 mm 0,85 mm 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm
¾ 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm 0,45 mm 0,30 mm
½ 0,50 mm 0,45 mm 0,35 mm 0,30 mm 0,20 mm 0,20 mm
¼ 0,25 mm 0,25 mm 0,20 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm
Skeet 0,20 mm 0,17 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm -
Modernamente, adotou-se o uso de choques cambiáveis, o que permite ao atirador usar, num
mesmo cano, mais de um tipo de choque, podendo optar pelo mais adequado para
determinada caça ou esporte. O choque cambiável é constituído de uma peça com rosca
externa, a qual é parafusada na boca do cano da arma. Esse tipo de choque é fabricado e
comercializado pela indústria E.R. Amantino & Cia. Ltda., fabricante das armas da marca
Boito, Era e Gaúcha-IGA, e é usado em vários calibres.
Nota
2.4.3. Grupamento
Os choques dos canos controlam o grupamento dos balins de chumbo e são usualmente
determinados pela procentagem de balins que atingem um alvo (placa) de 75 cm de diâmetro,
a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os calibres 28, 32 e 36). Essa
porcentagem pode variar muito pouco com uma mesma arma, dependendo, em linhas gerais,
do tamanho do cartucho, da carga de pólvora e do tamanho e número de balins de chumbo
usados no carregamento do cartucho.
Os resultados com uma arma de qualidade e cartuchos de boa procedência são normalmente
os assinalados na tabela e devem apresentar uma distribuição (dispersão) uniforme.
Num cano cilíndrico, a dispersão do chumbo inicia-se na saída. No choke pleno, a carga de
chumbo sai comprimida e a dispersão será menor. Como lançam a carga a uma distância um
pouco maior do que as outras formas de estrangulamento do cano para o mesmo calibre,
conclui-se que o grau do choke determina o alcance máximo da arma. O grupamento do cano
de choke pleno a 35 metros também pode ser conseguido com o cano de meio choke a 30
metros e pelo de 1/4 de choke a 25 metros.
Nota
Um cartucho Velox (CBC), calibre 20, carregado com 22,5 g de chumbo no 7 (diâmetro de
2,5mm) comporta aproximadamente 248 balins. Portanto, se disparado de um cano de choke
pleno à distância de 35 metros, de acordo com as normas adotadas, teria que contar de 171 a
186 impactos dentro do círculo de 75 cm de diâmetro. Se o cano usado for de 1/2 choke, serão
aproximadamente 136 impactos (55%). O mesmo deve ocorrer se usados outros tamanhos de
grãos de chumbo.
Esse fato permite explicar por que normalmente não é possível determinar o calibre da
espingarda pelo número de balins que atinge uma superfície suporte.
Finalizando...
Calibre é a medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos
do raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada
para definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma. (Decreto nº 3.665, art 3º,
inciso XXXV, anexo);
Nas armas de alma raiada, o calibre real é uma grandeza medida na boca do cano da
arma e corresponde ao diâmetro interno entre os cheios diametralmente opostos (land
diameter), e o calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição e
também é utilizado nas armas nas quais esse tipo de munição é empregado – por isso
devemos descrever com maior detalhe o calibre nominal;
O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao
diâmetro interno do cano, tomada em sua região mediana;
Nas armas de almas lisas, o calibre nominal é designado por um sistema arcaico que
tem sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre
nominal é um número que indica a quantidade de esferas de chumbo, com diâmetro
igual ao da alma do cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma
libra (massa de 453,6g). Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas
de chumbo com diâmetro de 18,5mm para formar 453,6 gramas;
Apresentação do Módulo
A maioria dos crimes contra a vida e de outros crimes violentos em nosso país ocorre com o
emprego de uma arma de fogo. Conhecer as rotas, as formas, os mecanismos que propiciaram
o emprego desse instrumento em um crime específico permite investigar um crime “sem
rosto”, que é o tráfico de armas.
Na Rede EAD há um curso específico que trata sobre as ações para o controle de armas de
fogo. Contudo, neste módulo você estudará informações sistematizadas que facilitarão a
identificação de uma arma, a sua busca em banco de dados quando necessário, o seu
rastreamento e a investigação policial.
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Não importa a função que você desempenhe; de forma mais ou menos corriqueira, boa parte
dos policiais terá que descrever alguma arma de fogo em relatórios, ocorrências ou qualquer
outra forma de registro, com o objetivo de identificar, de forma inequívoca, essa arma. Nessa
descrição devem constar as suas características e detalhes particulares para evitar qualquer
confusão com outra semelhante.
A qualidade de cada ser, ou coisa, de se manifestar como algo único e distinto por
características que lhe são próprias e exclusivas, impedindo a sua confusão com outros.
Sistematizar é o processo que envolve a utilização de uma metodologia única, evitando que
cada pessoa utilize as informações a sua maneira. A sistematização impede enganos quando
se precisa dessas informações.
O rastreamento das armas de fogo desde a sua produção até o momento do exame;
Para se rastrear uma arma de fogo, as convenções entre países estabeleceram algumas
informações básicas, como:
III - calibre;
Outra possibilidade é adotar, quando possível, os dados e a ordem seguida nos registros de
arma de fogo, pois esses registros são para as armas o que a identidade civil é para uma
pessoa, o que os transforma na maior fonte de informações sobre elas.
Todas as informações sobre armas de fogo
devem estar contidas no Sistema Nacional
de Armas (SINARM), o maior banco de
dados sobre esse assunto.
Espécie
Marca
Outra informação fundamental refere-se à marca do fabricante. A grande maioria das armas
de fogo brasileiras são ou foram produzidas pela
Forjas Taurus S.A., Amadeo Rossi S.A., IMBEL
– Indústria de Material Bélico do Brasil, CBC –
Companhia Brasileira de Cartuchos ou E.R.
Amantino & Cia Ltda. (produtora das espingardas
Boito, Era, etc.). Embora esses sejam os
principais, pode-se encontrar armas da Indústria
Nacional de Armas (INA), Castelo, Beretta,
Chapina, Uru entre outras, sem falar nas centenas
de produtores de armas de origem estrangeira.
Nota
As informações do modelo, calibre e número de série, quando disponíveis, são dados que
permitem a individualização da arma. O número de série nas armas de fogo apresenta a
sequência cronológica da ordem de produção dessas armas, e também pode demonstrar a data
de produção (mês e ano), calibre, modelo, entre outras informações.
Capacidade de tiros
A quantidade de munições que uma arma comporta e o seu sistema de municiamento são
informações essenciais que devem ser descritas, ou seja, a capacidade de tiros que
comportam os carregadores unifilar ou bifilar das
pistolas, submetralhadoras ou fuzis, a quantidade de
câmaras do tambor de um revólver e a capacidade do
tubo carregador das carabinas e espingardas de
repetição. Mesmo nos casos das armas de tiro
unitário, ou, ainda, daquelas que apresentam um
compartimento de munições como parte integrante,
essas informações são importantes.
Mas não é só a capacidade de munição que deve ser descrita. Deve-se descrever todo o
sistema de municiamento, como “municiamento por tambor reversível com cinco câmaras de
municiamento” ou “municiamento por carregador do tipo caixa, bifilar com capacidade de
onze cartuchos”.
Nota
Deverá ser descrito o sistema de funcionamento da arma 1(ou seja, se a arma é de tiro unitário,
de repetição, semiautomática ou automática) e, ainda, como se processa esse funcionamento2.
Acabamento
Quantidade de canos
1
Para Recordar 1
2
Para Recordar 2
paralelos ou sobrepostos. É importante lembrar que, no caso de armas mistas (com um cano
de alma lisa e outro com cano de alma raiada), detalhar essas características é fundamental.
Comprimento do cano
Os dados necessários sobre o cano vão além da quantidade; também são essenciais
informações sobre o seu comprimento – ele diferencia de carabina para fuzil, pode
determinar se uma determinada espingarda é de uso restrito ou permitido, além de ser um
fator que determina a velocidade máxima do projétil disparado por aquela arma.
Tipo de alma
Quantidade de raias
No caso das almas raiadas, é fundamental também relatar a quantidade de raias. Só para
relembrar, raias, de acordo com o R-105, são: “sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos
ou tubos das armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar
o movimento de rotação dos projéteis, ou granada, que lhes garante estabilidade na trajetória”.
Não é uma tarefa muito fácil, para alguns, contar o número de raias de um cano; no entanto,
com um pouco de experiência, usando um sistema de iluminação – que pode ser uma lanterna
ou a luz solar – fica mais fácil definir os ressaltos e as raias ou cavados e, uma vez definidas
as raias, basta contá-las.
Mas não acaba por aí. É necessário definir o sentido de giro dessas raias, ou seja, se giram
para direita ou dextrogira (quando giram no sentido horário) ou se giram para esquerda ou
sinistrogira (quando o giro das raias acontece no sentido anti-horário). A grande maioria das
armas apresenta o sentido de giro para a direita, caso das armas da Taurus, Smith & Wesson,
Rossi, etc. O sentido de giro à esquerda é usado pela Colt, entre outros fabricantes. Na prática,
o giro do projétil tem fator primordial no alcance máximo, no alcance com precisão, na
estabilidade do projétil e em outras características balísticas, mas o sentido de giro não faz
diferença alguma para os aspectos balísticos acima;
sua importância se dá somente para a identificação
direta e indireta das armas de fogo.
Extensão da câmara
Nas armas de alma lisa, é importante definir a extensão da câmara (comprimento) e choque
(choke)3 que é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a finalidade de
produzir melhor agrupamento dos chumbos, visando a obtenção de maior alcance e precisão
do tiro.
País de produção
Embora a descrição realizada com fundamento nas informações contidas no registro de armas
auxilie a sistematização da descrição, outras informações devem ser relatadas em casos
específicos em que essa informação passa a ser essencial, por exemplo, nos casos de armas de
alumínio, titânio, zamack ou outras ligas, pois a grande maioria das armas de fogo é
constituída em aço (liga de ferro e carbono) e, por isso, geralmente não são descritas.
O mesmo procedimento é adotado com as armas que apresentam, por exemplo, ferrolho e
cano em aço e armação em polímeros ou alumínio, como é
o caso das pistolas Glock e Taurus. A grande maioria das
armas é de retrocarga; então, somente se a arma for de
antecarga deve-se mencionar. O mesmo acontece com
dispositivos do sistema de inflamação, pois ainda é muito
comum o uso de espoletas extrínsecas.
3
Para Recordar 3
das pistolas Glock, na empunhadura da submetralhadora MT12, na empunhadura das pistolas
Colt, modelo 1911 ou similares, também devem ser descritas.
Não é necessário desmontar uma arma para descrever o seu sistema de segurança (como no
caso dos revólveres), basta descrever o externo. Da mesma forma, é usual relatar sobre a
percussão, se direta ou indireta; sobre as placas da coronha, se são confeccionadas de madeira
ou material sintético, lisas ou recartilhadas; sobre chapa da soleira, coronha, telha e tudo mais.
Outro fator fundamental na identificação direta das armas de fogo são os acessórios. Nas
armas modernas é muito comum encontrar a utilização de quebra-chamas, lanternas, miras
especiais (desde miras óticas até miras a laser de diversos tipos), “funis”, gatilhos, supressores
de ruído e compensadores de recuo (por câmaras ou compensadores do tipo mag-na-port,
como o da fotografia acima), entre outros.
a) Pistola marca Taurus, modelo PT 24/7 PRO, calibre .40 S&W, número de série Sxx
xxxxx, semiautomática, com sistema de operação do tipo Blowback, de dupla ação,
armação inteiriça em material sintético de cor preta (da qual faz parte a empunhadura),
ferrolho e cano oxidados, percussão direta, municiamento realizado por meio de
carregador do tipo bifilar, cano e câmara medindo cento e oito milímetros de
comprimento, de alma raiada (6D), sistema de segurança acionado por alavanca
localizada na lateral esquerda posterior da armação. Apresenta o brasão das “Armas
Nacionais” gravado na lateral esquerda mediana do ferrolho.
b) Pistola marca Glock, modelo 23, calibre .40 S&W, número de série xxx xxx,
semiautomática, sistema de operação do tipo Blowback, de ação simples, armação em
polímero, cano e ferrolho em aço com acabamento oxidado, percussão direta,
municiamento através de carregador bifilar, com capacidade nominal para doze
cartuchos, dotada cano e câmara com cento e quinze milímetros (115mm) de
comprimento, de alma raiada (6D), sistema de segurança acionado por alavanca
localizada no gatilho.
c) Revólver marca Taurus, calibre .38 Special, modelo Ultra-lite, número de série
adulterado, lendo-se na lateral anterior direita da armação os dígitos xxxxx, acabamento
de tonalidade acinzentada (fosco), armação em alumínio, tambor e alma do cano em
aço, percussão indireta, cabo revestido por capa de material sintético de cor preta,
tambor reversível dotado de sete câmaras de municiamento, cano medindo cinquenta e
dois milímetros de comprimento, de alma raiada (5D).
f) Espingarda marca Boito, modelo Pump, calibre 12, número de série xxxxx, de
repetição, acabamento misto (caixa do mecanismo niquelada, cano e tubo carregador
oxidados, com desgastes), percussão indireta, empunhadura do tipo Pistol Grip em
material sintético de cor preta, telha em madeira, alimentação por meio do sistema
Pump Action (bomba), municiamento através de tubo carregador, cano de alma lisa
medindo juntamente com a câmara quinhentos e trinta milímetros de comprimento, com
dezoito milímetros e quatro décimos de milímetro de diâmetro interno (medido na boca
do cano), sistema de segurança acionado por tecla deslizante localizada na parte
superoposterior da caixa do mecanismo. Repare que o perito que promoveu a descrição
por não encontrar a gravação do choque, utilizou-se da medida da boca do cano, com a
qual se pode, caso seja necessário, inferir sobre o choque.
g) Fuzil marca HK, modelo 33, apresentando os caracteres xxxxxx gravados na lateral
esquerda do alojamento do carregador, calibre 5,56 x 45mm (.223 Remington),
acabamento entintado de preto, semiautomático/automático através de seletor do tipo
alavanca (trava de segurança com acionamento através da alavanca de posição de tiro),
percussão indireta, sistema de operação a gás, alça de mira regulável, massa de mira
fixa do tipo aparelho fechado, coronha retrátil, empunhadura em material sintético
rígido de cor preta, chapa de soleira em material emborrachado de cor preta, dotado de
bandoleira, municiamento por carregador tipo bifilar, cano dotado de quebra-chama
medindo, juntamente com a câmara, quatrocentos e oitenta milímetros de comprimento
(420mm) de comprimento, de alma raiada (6D).
Nesta aula você terá acesso a mais informações sobre o número de série das armas de fogo; no
entanto, o enfoque não será sobre a posição e a profundidade em que estão gravados, nem o
método de gravação e conformação dos dígitos, muito menos quais são os reagentes
adequados para regenerar uma numeração suprimida. As informações a seguir o auxiliarão a
entender as codificações nele contidas e saber interpretá-las.
O número de série nas armas de fogo pode não traduzir apenas a sequência cronológica da
ordem de produção daquele modelo. Em muitos tipos, pode demonstrar também a data de
produção (mês e ano), calibre, modelo, entre outras informações. O número de série pode ser
constituído por dígitos formados apenas por algarismos ou por dígitos compostos de
algarismos e letras.
Nota
Cada indústria adota o seu critério de composição do número de série. A forma, o processo de
gravação e o tamanho dos dígitos que formam os números de série podem mudar com o
passar dos anos dentro de uma mesma fábrica e de uma fábrica para outra.
Atenção especial deve-se ter com o país de produção, pois podem existir armas com o mesmo
número de série. Veja um exemplo:
Como você estudou anteriormente, devido à importância do rastreamento das armas de fogo, a
legislação brasileira instituiu por meio da Portaria nº 07, de 28 de abril de 2006, do
Departamento Logístico do Exército Brasileiro/Ministério da Defesa, a obrigatoriedade de
inscrições, conforme descrito a seguir:
Nos revólveres Taurus, o número de série inicialmente era composto apenas por algarismos,
indicando apenas a ordem cronológica de produção. A partir do mês de maio de 1981, foi
introduzido o número de série alfanumérico, incorporando na numeração de série, de forma
codificada, a data de produção da arma através de duas letras gravadas no início da
numeração de série. O critério de correspondência das letras com o ano (1ª letra e 1º dígito da
numeração) e mês (2ª letra e 2º dígito da numeração) de fabricação é o apresentado na tabela a
seguir:
A sequência acima, representativa do ano, termina no ano de 2006 com a letra Z, iniciando-se
novamente com a gravação da letra A para as armas produzidas no ano de 2007 e continuando
de forma sequencial até o ano de 2032, quando será gravada a letra Z.
A Forjas Taurus S.A, após ter adquirido a patente dos revólveres Rossi, em junho de 1998,
passou a fabricar revólveres da marca Rossi, tendo adotado neles toda a codificação do
número de série dos revólveres com a marca Taurus, isto é, as mesmas letras de prefixo e duas
letras e cinco algarismos para os revólveres de 5 tiros (tambor com cinco câmaras) e duas
letras e seis algarismos para os revólveres de 6 tiros (tambor com seis câmaras).
Nas carabinas e também nas submetralhadoras Taurus/Famae, calibre .40 S.&W, produzidas a
partir de 2001, a codificação do número de série é a mesma utilizada nos revólveres, no
tocante às letras que são utilizadas como prefixo, sendo utilizados também cinco dígitos
numéricos para ordem cronológica de produção. O mesmo critério de prefixo é o utilizado
para as carabinas de calibre .22 LR ou .22 Magnum da Taurus, sendo utilizados apenas quatro
algarismos para a ordem cronológica de produção.
2.2.2. Beretta
2.2.3. Rossi
A indústria Rossi foi a primeira das fábricas de armas nacionais a introduzir as numerações de
série alfanumérica, todavia com significado diferente do utilizado pela indústria Taurus. Nas
gravações da Rossi, as letras basicamente referem-se ao modelo. Nas armas mais antigas, o
número de série era apenas numérico, mas, a partir de junho de 1974, foi introduzido o
número de série alfanumérico, composto por uma ou duas letras e cinco ou seis algarismos.
Cada letra que antecede os algarismos corresponde a um modelo de arma. Em janeiro de
1990, iniciou-se, de forma progressiva, o uso de duas letras no início do número de série.
Recebem a(s) mesma(s) letra(s) os revólveres que têm o mesmo acabamento, calibre e
tamanho de armação. Por exemplo, todo revólver em aço inoxidável, calibre .38 Special, e
com armação pequena tem gravada a letra W como primeiro dígito de seu número de série
antecedendo os seis algarismos que compõem o resto da numeração. No caso de revólveres
em aço inoxidável, calibre .38 Special e com armação grande, a letra gravada como seu
primeiro dígito é J.
As letras que antecedem os algarismos no número de série dos revólveres da marca Rossi
(indicativas do calibre, acabamento e modelo), das espingardas Rossi (indicativas do modelo)
e dos rifles e carabinas podem ser encontradas em literatura própria ou ser obtidas com a
indústria. A data de produção das espingardas está gravada de forma codificada em seu cano.
2.2.4. CBC
As armas da CBC, a partir do ano de 2001, apresentaram o seu número de série composto de
três letras como prefixo, sendo que a primeira delas é representativa do modelo, como a letra
A para espingarda Pump Action calibre 12, a letra E para os rifles de repetição calibre .22,
modelos 7022, e a letra F para as espingardas modelo 199. Importante observar que, como a
utilização da letra representando o modelo é anterior a 2001, mesmo armas que não são mais
produzidas irão apresentar gravações de letras codificando o modelo. A segunda letra, e
segundo dígito na numeração de série, é sinal representativo do ano, sendo utilizada a letra A
para o ano de 2001, B para 2002, C para 2003 e assim por diante, não sendo utilizada a letra
K. Da mesma forma que outros fabricantes, a terceira letra, e terceiro dígito, codifica o mês de
produção, começando com a letra A para o mês de janeiro, B para fevereiro e assim por
diante, até a letra L para o mês de dezembro. Os demais dígitos eram seis dígitos numéricos e
a partir de 2009 sete algarismos.
As armas da marca Boito, Era, Gaucha da indústria E. R. Amantino & Cia Ltda. têm, depois
da gravação dos algarismos representativos da produção sequencial, dois algarismos
separados por traço de ligação, que significam os dois últimos algarismos do ano de produção,
a exemplo de 02 para 2002, 03 para 2003 e assim por diante. Esse processo teve início no ano
de 2000 e, pelo menos no número de série, a princípio, não existe nenhum dígito
correspondente ao mês de produção.
2.2.6. IMBEL
Essa indústria, a partir do ano de 2010, iniciou um processo de gravação para o ano por
dezenas, a exemplo de 1P = 2010, 1Q = 2011, 1R = 2012, até 1Y para 2019 e 2P para 2020,
quando começa uma nova dezena, e assim por diante.
É importante salientar que existe um grande número de exceções, de letras que são usadas
como sufixos e prefixos de datas comemorativas e outras séries especiais que não estão aqui
contempladas.
Nota
Os dados das indústrias são importantes na identificação e podem ser obtidos junto ao
fabricante de forma rápida.
Na identificação direta de armas de fogo, muitas vezes você se deparará com marcas e
inscrições, principalmente em armas mais antigas. Normalmente essas marcas são apostas por
arsenais que adotaram esses modelos após uma série de ensaios que garantiam a sua
funcionalidade e segurança. A importância dessas marcas nos dias de hoje é que elas
permitem rastrear o país de origem e muitas vezes a data de produção, além de permitir contar
a história daquele modelo. Tais marcas, quando presentes, são de fundamental importância
para a análise e para definir se uma arma é ou não obsoleta.
As marcas de prova, quando presentes, servem para indicar o país de origem da arma e são
gravações comumente encontradas em armas provenientes de países europeus, como a França,
Alemanha, Espanha, Inglaterra, Checoslováquia, etc. No entanto, em alguns modelos de
armas, encontram-se gravações de marcas de prova de duas ou mais nações diferentes. Isso
acontecia quando uma arma era produzida num país (logo, portava as marcas de prova do seu
país), mas ao mesmo tempo também era adotada como arma de uso militar de outro país, o
qual imprimia sua marca de teste. Nesses casos, a arma acabava por ostentar duas ou mais
marcas de prova.
Na fotografia ao lado, este revólver
Colt, de ação simples, modelo 1850/1,
ostenta a marca de prova da Definitive
Black Power Prof da Hungria,
representada pelo símbolo com as
letras PN.
As marcas de prova eram estampadas em várias partes de sua estrutura, quer durante a sua
produção ou após ela. Com tais marcas, pretendia-se demonstrar aos usuários que a arma era
segura, desde que se empregassem as munições que lhe eram indicadas. A ideia era atestar
que aquele modelo de arma havia passado por rigorosos testes e se tratava de uma arma
segura para uso. Nos tempos atuais, essa ideia pode parecer desnecessária, mas os arsenais
começaram a imprimir suas marcas de testes antes do século XV, quando as armas
apresentavam sérios problemas em termos de projetos, dimensionamento e segurança, em face
da pressão gerada no disparo.
Basicamente, havia três tipos de prova, sendo que, na mais importante delas, se realizava uma
série de disparos, com cartuchos que geravam pressões de 30 a 50% superiores à pressão
prevista para disparos com aquele calibre.
Para o policial, e mais especificamente para o perito criminal, as marcas de prova fornecem
informações sobre a idade da arma, sobre a sua história e principalmente sobre o país de
origem. Esses aspectos são importantes quando se pretende caracterizar uma arma como
obsoleta, ou seja, armas que, entre outros fatores, têm mais de cem anos. É importante
observar que muitas réplicas reproduzem, ainda hoje, exemplares de armas antigas e obsoletas
(cópias), só que dimensionadas e adaptadas às pressões das munições atuais e aptas para
efetuarem disparos, como algumas réplicas do revólver Colt, de ação simples, modelo 1873.
3.2. Logomarcas
Apenas como ilustração, a fotografia ao lado mostra uma das logomarcas adotadas pela
Taurus, que foi utilizada no período compreendido entre
1949 e 1973. Essa logo está gravada em superfície circular
de liga metálica, afixada às placas sintéticas de
revestimento da coronha.
A presença de estojos de cartuchos em locais de crime é fato comum. Muitas vezes, esses
estojos de cartuchos deflagrados podem determinar a data de sua produção e sua origem,
passando, dessa forma, a ser indícios fundamentais que apontam para uma linha de
investigação. Normalmente, são vestígios desprezados, pois poucos são aqueles que buscam
interpretar as inscrições de base, na maioria das vezes por desconhecimento. Nesta aula, você
estudará algumas dessas gravações, o seu significado e o grande potencial de informações que
representam.
Existe no mercado o registro de mais de 800 tipos de cartuchos militares e cerca de 400 tipos
de cartuchos comerciais de praticamente todos os países do mundo, o que faz com que as
inscrições de base sejam gravadas em diversas línguas. As inscrições de base são compostas
por nomes, letras, números, calibres, logotipos, emblemas, símbolos e suas combinações, que
geralmente estão cunhadas ao redor da base do cartucho no caso de cartuchos de fogo central
ou em seu centro, quando ele for de percussão lateral.
Nota
Porém, tratando-se de rastreabilidade de munições, um dos maiores avanços em nosso país foi
recepcionado pela Lei no 10.286, de 22 de dezembro de 2003, que estabelece nos parágrafos 1
e 2 do seu artigo 23 o que está abaixo transcrito:
Finalizando...
Todas as informações sobre armas de fogo devem estar contidas no Sistema Nacional de
Armas (SINARM), o maior banco de dados sobre esse assunto;
As marcas de prova, quando presentes, servem para indicar o país de origem da arma e
são gravações comumente encontradas em armas provenientes de países europeus,
como a França, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Checoslováquia, etc. ;