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CRIMINALÍSTICA

Conceitos de Armas, Instrumentos e


Munições

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINALÍSTICA
Conceitos de Armas, Instrumentos e Munições
Silvio Duarte Santana

Sumário
Conceitos de Armas, Instrumentos e Munições. .............................................................................................3
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Suporte...................................................................................................................................................................................3
1. Balística Forense:.........................................................................................................................................................4
1.1. Divisão da Balística Forense:.. ............................................................................................................................4
2. Armas de Fogo: Conceito e Classificação:. ....................................................................................................6
2.1. Conceito Legal de Armas de Fogo, Acessórios e Munição:..............................................................9
2.2. Classificação das Armas de Fogo:................................................................................................................13
3. Cartucho de Munição de Arma de Fogo: Conceito e Divisão:...........................................................21
3.1. Energia e Poder de Parada:. . ............................................................................................................................23
3.2. Estojo:.......................................................................................................................................................................... 24
3.3. Projéteis:....................................................................................................................................................................26
3.4. Espoletas e Primer:.............................................................................................................................................29
3.5. Pólvora:.......................................................................................................................................................................32
4. Estrutura e tipos de arma de fogo:.................................................................................................................35
4.1. Identificação das Armas de Fogo:. ...............................................................................................................43
Resumo................................................................................................................................................................................46
Questões de Concurso................................................................................................................................................66
Gabarito...............................................................................................................................................................................70
Gabarito Comentado.....................................................................................................................................................71

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Silvio Duarte Santana

CONCEITOS DE ARMAS, INSTRUMENTOS E MUNIÇÕES


Salve guerreiro(a), tudo bem? Sou o professor Silvio Santana e é com imensa satisfação
que ministrarei o curso de Criminalística.
Caso você tenha Instagram, siga-me e me acompanhe nesta rede social. Sempre posto
muitos conteúdos relacionados às carreiras policiais.

@profsilvio_santana

Antes de você iniciar os seus estudos, irei contá-lo(a) um pouco sobre minha trajetória,
para que eu chegasse até aqui, diante de você, para contribuir com a sua futura aprovação.
Minha primeira graduação foi em Física, que me possibilitou seguir por 17 anos no magis-
tério lecionando para o Ensino Médio e Faculdades da região do Distrito Federal. Após conclu-
são de um Mestrado, dediquei-me arduamente ao ramo dos concursos públicos, onde obtive
algumas aprovações que mudaram a minha história e de minha família.
Iniciei a vida de concurseiro sendo aprovado no concurso da Secretaria de Educação do
Distrito Federal no ano de 2010, onde pude exercer a função de professor. Porém, o sangue
policial falou mais alto e em 2010 comecei o projeto visando as carreiras policiais. Procurei
graduar-me em direito e especializar-me em Direito Constitucional, onde pude lecionar direito
com foco nas carreiras policiais em diversos cursos preparatórios do Distrito Federal.
Obtive diversas aprovações, como: Oficial de Justiça, Polícia Militar do Distrito Federal, Ins-
tituto Federal de Educação e, atualmente, sou policial no Estado de Goiás.
A minha rotina de estudos e a minha guinada de vida (professor para policial) aconteceram
motivada por um sentimento ímpar de ser policial. De certo não abandonei a carreira de magis-
tério e exerço as duas funções com muito afinco e responsabilidade.

Suporte

Informo-lhe que me coloco à disposição para sanar qualquer dúvida que você tenha sobre
o conteúdo das aulas.
Ter dúvidas é muito importante. São as dúvidas que nos ajudam a evoluir, a crescer como
estudante. Tirar dúvidas é primordial. Quando você faz uma pergunta sobre algo que não com-
preendeu perfeitamente e recebe uma resposta com qualidade, que é o que farei para você,
aquele conteúdo entra em local de destaque dentro de sua memória.
Sendo assim, peço-lhe encarecidamente: tenha dúvidas; tire suas dúvidas.
Gostaria de solicitar que você avalie este material!
Vamos começar nosso estudo?
Vamos à luta?
Bons estudos!

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1. Balística Forense:
Para analisar locais de crime, o perito deve conhecer profundamente balística com a finali-
dade de dizer a dinâmica dos eventos e apontar a autoria do delito.
Balística é o ramo da física que estuda os movimentos dos projéteis. Projéteis são corpos
que se deslocam no espaço sob a ação de um impulso inicial e um campo gravitacional.
Para fins de prova, balística é o estudo das armas de arremesso, das munições e de seus
efeitos. Além disso, a balística forense procura analisar o deslocamento e efeito das armas de
fogo, dos cartuchos e seus componentes.

1.1. Divisão da Balística Forense:


A balística pode ser dividida em:

Interna

Balística Externa

Terminal

a) Balística Interna: Refere-se às armas de fogo, às munições, aos mecanismos de aciona-


mento do gatilho e aos movimentos do projétil dentro do cano e suas raias.
Desde os primórdios da humanidade, o homem busca artefatos para se defender de preda-
dores e garantir a sua própria segurança e de suas famílias. Esse comportamento autodefesa
é comum em todo ser vivo, desde os mais primitivos até os menos primitivos. Portanto, um
comportamento totalmente instintivo.
Porém, movidos pelo instinto de sobrevivência, apenas o homem é capaz de confeccionar
os mais variados tipos de armas desde o berço da humanidade.
Claro, com o decurso do tempo o homem aprimorou essas armas. A cultura Clóvis, que fo-
ram os primeiros a colonizar a América, tem esse nome devido as lanças que fabricavam com
lascas de pedras e couros de animais.
Com a necessidade de se matar com alguma segurança, o uso de lanças foi ficando desca-
bido, pois o confronto corporal na hora do ato era inevitável. Imagine entrar em confronto direto
com um urso de 300 Kg? Pois é, a necessidade de se aprimorar mecanismos que garantam o
ataque a uma distância segura foi essencial para o desenvolvimento das armas.

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Em um primeiro momento, a ideia de se impulsionar um projétil para ferir ou matar veio da


necessidade da caça, mas sabemos que as armas ganham o destino que os seus operado-
res quiserem.
No início, os projéteis eram lançados com as mãos e mais tarde foram criados as fundas,
arcos, catapultas, onagros e outros. Lembra-se de você bem novo fazendo estilingues (atira-
deira, baladeira, funda) ou sei lá o nome que você chama na sua região?
Essas armas rudimentares foram sendo aprimoradas, e com o avançar dos séculos foram
sendo substituídas por armas de fogo, que é o foco do nosso estudo. Segundo (WALLACE J.
S., 2008, pp 3-12) “os projéteis ganharam maior peso, velocidade, maior distância de arremesso
e maior precisão de matar ou ferir.”
A descoberta do metal foi um dos principais impulsionadores para a criação de armas de
uso humano. Não por acaso os historiadores dividem os períodos da a pré-história em “idade
da pedra” e “idade do bronze”.
Com a descoberta da pólvora, que os historiadores atribuem aos chineses em meados do
século IX, os projéteis ganharam mais possibilidades e, com isso, as armas de fogo de desen-
volveram, fato que estudaremos em momento oportuno.
Agora que já estudos, resumidamente, a evolução das armas, iremos entender o que é, de
fato, a balística interna.
A balística interna compreende todos os fenômenos que ocorrem no interior da arma até
o exato momento em que o projétil sai do cano. Desde a fase do impulsionamento inicial, que
gera a queima do propelente na câmara e expande os gases, até a saída completa do projétil
do cano. Este estudo fica baseado então na temperatura, volume e pressão dos gases no in-
terior da arma durante a explosão do material combustível, assim como também se baseia no
formato da arma e do projétil.

b) Balística externa: é o movimento do projétil até atingir o alvo, ou seja, da boca do cano
até o anteparo. O movimento do projétil no ar sofre ação da força gravitacional que a Terra
exerce sobre todos os corpos, e isso também deve ser levado em consideração no estudo da
balística externa.
Não obstante, o interesse da Perícia Criminal, geralmente, são disparos efetuados até uma
distância de 10 m. Via de regra, nessa distância, os efeitos da resistência do ar e da ação
da gravidade podem ser desprezados sem grandes prejuízos periciais. Porém, por vezes será

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necessário realizar perícias criminais de balas perdidas, muito comum em regiões de intenso
confronto entre polícia e criminosos. Ou até mesmo ação de “snipers”, que utilizam armas com
maior poder energético em combates em regiões de guerra ou, eventualmente, em centros ur-
banos por meio dos atiradores de elite das forças policiais.
Para efeito de estudo, consideraremos apenas tiros de curtas e médias distâncias.

c) Balística Terminal: é a interação do projétil com um corpo material qualquer, como: cor-
po humano, um carro, uma vidraça, uma parede, uma vestimenta etc. As consequências que
esse projétil proporciona ao corpo atingido, os ferimentos e os vestígios são de suma interesse
da análise pericial.
Geralmente, quando o corpo humano estiver envolvido no evento, a medicina legal que fará
análise do corpo e fornecerá informações importantes que ajudarão a entender a dinâmica
dos eventos.

2. Armas de Fogo: Conceito e Classificação:


O nome “arma de fogo”, provavelmente, vem da chama que sai do cano no momento
do disparo.
As armas pesadas e fixas, mais comumente utilizadas em artilharias em guerras, são pou-
co são utilizadas em combates civis. Por essa razão, debruçaremos nossos estudos em armas
que podem ser facilmente transportadas por um único operador.
Arma de fogo são artefatos que são projetados para ejetar projéteis a partir de um cano
contra alvos fixos ou não. Para tanto, é necessário cumprir algumas etapas: apontar, disparar
o gatilho, produzir o tiro e dar estabilidade à trajetória do projétil.

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Apontar o cano

Disparar o gatilho
(acionamento do
gatilho)
Etapas do
lançamento de
projéteis
Produzir o tiro

Dar estabilidade à
trajetória

Claro, existem muitas maneiras de fornecer energia para o projétil sair do cano, como: ar
comprimido, mola ou gás. Destarte, a pólvora é o propelente mais comum para fornecer ener-
gia ao projétil, que será o alvo do nosso estudo.
A pólvora não é uma substância encontrada pura na natureza, ela é o nome genérico que
exemplifica a mistura de centenas de componentes. (Wallace J.S., 2008) ensina que “pólvora
não é uma substância pura, mas, sim, um nome genérico para centenas de misturas utilizadas
como propelente para projétil.”

Tubo de metal + Câmara ou similar + Propelente

As armas de fogo, na sua forma simples, são compostas por um tubo de metal com uma
das extremidades acopladas a uma câmara, onde o propelente, geralmente pólvora, fornece
energia através da expansão dos gases para ejetar o projétil.
Já os projetos mais complexos de armas de fogo conseguem ejetar centenas de projéteis
por minuto a uma distância muito grande. Na lição de (WALLACE, J. S., 2008, p. 3-12) “após
sete séculos de aperfeiçoamento, hoje existem armas capazes de produzir até 1500 tiros por mi-
nuto ou, com auxílio de uma mira telescópica, capazes de matar uma vítima selecionada a uma
distância de 2000 m ou mais.”
O funcionamento de uma arma de fogo, geralmente, consiste em um dispositivo mecânico
que libera um golpe do martelo (cão da arma) que impulsiona um pino que percute o primer
(esmagamento da espoleta). Pode existir modelos de arma que o martelo e o percussor estão
unidos em uma única peça.

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O primer fica na base do cartucho, e sua composição química permite a queima rápida
devido ao impacto do percussor. A queima do primer, que é composto por diversos produtos
químicos, como: a pólvora negra, que era usada nas primeiras armas de fogo, porém, ao ser
molhada, não conseguia realizar a função de queimar. Já os primers mais modernos, ao con-
trário, são mais especializados, podendo ser de dois tipos: aqueles que usam produtos quími-
cos sensíveis ao choque e aqueles que dependem de produtos químicos acionados por um
impulso elétrico. Exemplos:

Produtos químicos sensíveis ao Produtos químicos acionados por


choque impulso elétrico
Arma cartuchos, rifle cartuchos e
Os escovardores, utilizados em artilharias
espingarda conchas.

A arma de fogo é uma máquina térmica que converte a energia química do propelente em
energia cinética do projétil. Essa conversão de energia libera uma grande quantidade de gases
quentes, que são responsáveis pela tarefa de agir no projétil desde sua saída do cartucho até
a boca do cano (Fase interna).
(Jussila, 2005, p. 18) nos ensina que o comprimento do cano e o peso do projétil são os
fatores principais que determinam a velocidade de saída do projétil da boca do cano.
Sobre a estrutura da arma, deve ser confeccionada de material resistente, pois a energia
que se desloca entre os seus componentes é de grande monta. O tempo gasto para o percus-
sor atingir o primer e o projétil sair da boca do cano é da ordem de 0,01- 0,03 segundos. Já na
boca do cano, a velocidade do projétil varia de 300 m/s (650 Km/h) para armamento de baixa
energia e até 1000 m/s (3800 km/h) para armamento de alta energia. E as temperaturas dessa
transformação energética gira entorno de 3000º C e as pressões internas do cano são da ordem
de 2,4 MegaPascal. Muita coisa, não? Vamos separar os dados energéticos para fins didáticos:

Tempo para o percussor atingir o primer 0,01 – 0,03 segundos


e o projeto sair da boca do cano
Baixa energia= 300 m/s (650 km/h);
Velocidade do Projétil Alta energia= 1000 m/s (3800 Km/h)

Temperaturas 3000º C

Pressão interna 2,4 MegaPascal

Armas de fogo, que são máquinas térmicas, para uma ação efetiva necessitam de três
elementos:

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Aparelho
arremessador

Carga de
Elementos
projeção

Projétil

Agora que conhecemos o processo energético das armas, a que o Perito Criminal deve se
ater ao chegar no sítio da ocorrência? Bem, ao examinar o local de crime a equipe deve tomar
nota e fotografar a posição em que a arma e dos demais componentes da munição foram
encontradas, pois poderão compreender melhor a dinâmica dos acontecimentos por meio des-
ses detalhes.
Na Balística Forense, é usual classificarmos os componentes da arma de fogo, com o ob-
jetivo de compreender o seu funcionamento e vincular os componentes das munições encon-
trados no local do crime ao tipo de lesão ou lesões que, possivelmente, causou a morte da
vítima. Essa associação é fundamental para que a perícia criminal aponte a dinâmica dos
acontecimentos.

2.1. Conceito Legal de Armas de Fogo, Acessórios e Munição:


Não é do nosso interesse nos debruçarmos sobre Leis e Decretos, pois existem disciplinas
específicas para tal. Porém, alguns aspectos da balística forense envolve diretamente alguns
conceitos previstos na legislação que o candidato deve conhecer.
O Decreto n. 3.665/2000 foi revogado pelo Decreto 9.493/18, que por sua vez foi revogado
pelo Decreto n. 10.030/2019. Essa atualização legislativa trouxe uma leva de conceitos que
são muito importantes para a Perícia Criminal, em especial a Balística Forense.
O anexo III do Decreto n. 10.030/2019 apresenta as seguintes definições:
• Acessório de arma de fogo: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria
do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modifi-
cação do aspecto visual da arma.
• Acessório de arma de fogo: artefatos listados nominalmente na legislação como Produ-
to Controlado pelo Exército – PCE que, acoplados a uma arma, possibilitam a alteração
da configuração normal do armamento, tal como um supressor de som.

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• Acessório explosivo: engenho não muito sensível, de elevada energia de ativação, que
tem por finalidade fornecer energia suficiente à continuidade de um trem explosivo e que
necessita de um acessório iniciador para ser ativado.
• Agente químico de guerra: substância em qualquer estado físico (sólido, líquido, gasoso
ou estados físicos intermediários), com propriedades físico-químicas que a torna pró-
pria para emprego militar e que apresenta propriedades químicas causadoras de efeitos,
permanentes ou provisórios, letais ou danosos a seres humanos, animais, vegetais e
materiais, bem como provoca efeitos fumígenos ou incendiários.
• Área perigosa: local de manejo de Produto Controlado pelo Exército (PCE) no qual são
necessários procedimentos específicos para resguardar a segurança de pessoas e pa-
trimônio.
• Arma de antecarga: armas nas quais o carregamento é feito pela parte anterior do cano,
ou seja, pela extremidade de saída do projétil, tais como bacamartes, arcabuzes e mos-
quetes.
• Arma de fogo automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações
de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado.
• Arma de fogo de repetição: arma em que a recarga exige a ação mecânica do atirador
sobre um componente para a continuidade do tiro.
• Arma de fogo obsoleta: arma de fogo que não se presta ao uso regular, devido à sua
munição e aos elementos de munição não serem mais fabricados, por ser ela própria de
fabricação muito antiga ou de modelo muito antigo e fora de uso, e que, pela sua obso-
lescência, presta-se a ser considerada relíquia ou a constituir peça de coleção.
• Arma de fogo semiautomática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações
de funcionamento com exceção do disparo, exigindo, para isso, novo acionamento do
gatilho.
• Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases,
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente
solidária a um cano, que tem a função de dar continuidade à combustão do propelente,
além de direção e estabilidade ao projétil.
• Arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento é o emprego de gases compri-
midos para impulsão de projétil, os quais podem estar previamente armazenados em
uma câmara ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo soli-
dário a uma mola.
• Arma de retrocarga: arma de fogo cuja munição é adicionada ao cano pela parte poste-
rior, ou seja, na parte mais próxima ao atirador, tal como pistola, revólver, carabina, fuzil
e espingarda.

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• Artifício pirotécnico: qualquer artigo, que contenha substâncias explosivas ou uma mis-
tura explosiva de substâncias, concebido para produzir um efeito calorífico, luminoso,
sonoro, gasoso ou fumígeno, ou uma combinação destes efeitos; devido a reações quí-
micas exotérmicas autossustentadas.
• Bacamarteiros: grupo de pessoas que se apresentam em folguedos regionais dando
salvas de tiros com bacamartes em homenagem a santos católicos reverenciados no
mês de junho.
• Bélico: termo usado para referir-se a produto de emprego militar de guerra.
• Blaster: elemento encarregado de organizar e conectar a distribuição e disposição dos
explosivos e acessórios empregados no desmonte de rochas.
• Calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do
raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para
definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.
• Canhão: armamento bélico que realiza tiro de trajetória tensa e cujo calibre é maior ou
igual a vinte milímetros.
• Carregador: acessório para armazenar cartuchos de munição para disparo de arma de
fogo. Pode ser integrante ou independente da arma.
• Carregador: depósito ou receptáculo para armazenamento de cartuchos de munição
para disparo em armas de fogo, integrante ou destacável do armamento.
• Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto,
a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a dispo-
sição final.
• Detonação: é o fenômeno no qual uma onda de choque autossustentada, de alta ener-
gia, percorre o corpo de um explosivo causando sua transformação em produtos mais
estáveis com a liberação de grande quantidade de calor; ou prestação de serviço com
utilização de explosivos.
• Designação: ato pelo qual se atribui competência nas hipóteses previstas neste regula-
mento a Organismo de Avaliação da Conformidade – OAC para coordenar o processo de
avaliação da conformidade e expedir certificados de conformidade.
• Dignitário estrangeiro: pessoa que exerce alto cargo em representações diplomáticas
de países estrangeiros.
• Equipamento de bombeamento: equipamento utilizado para injetar material explosivo
em receptáculos com fins de detonação, podendo ser móvel ou fixo.
• Explosivo: tipo de matéria que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida, com
grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão.
• Explosivos de ruptura ou altos explosivos: são destinados à produção de um trabalho de
destruição pela ação da força viva dos gases e da onda de choque produzidos em sua
transformação.

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• Explosivos primários ou iniciadores: são os que se destinam a provocar a transforma-


ção (iniciação) de outros explosivos menos sensíveis. Decompõem-se, unicamente, pela
detonação e o impulso inicial exigido é a chama (calor) ou choque.
• Fogos de artifício: é um artigo pirotécnico destinado para ser utilizado em entretenimento.
• Freio de Boca: dispositivo colocado ao final do cano para reduzir o recuo do armamento,
também conhecido como compensador.
• Grupo de produtos controlados: é a classificação secundária referente à distinção dos
produtos vinculados a um tipo de PCE.
• Homologação: ato pelo qual nas hipóteses e nas formas previstas neste regulamento
reconhece-se os certificados de conformidade.
• Iniciação: fenômeno que consiste no desencadeamento de um processo ou série de
processos explosivos.
• Iniciador explosivo: engenho sensível, de pequena energia de ativação, cuja finalidade é
proporcionar a energia necessária à iniciação de um explosivo.
• Iniciador pirotécnico: engenho sensível, de pequena energia de ativação, cuja finalidade
é proporcionar a energia necessária à iniciação de um produto pirotécnico.
• Manuseio de produto controlado: trato com produto controlado por pessoa autorizada
e com finalidade específica.
• Menos-letais: produtos que causam fortes incômodos em pessoas, com a finalidade
de interromper comportamentos agressivos e, em condições normais de utilização, não
causam risco de morte, incluidos os instrumentos de menor potencial ofensivo ou não-
-letais, nos termos da Lei n. 13.060 de 22 de dezembro de 2014.
• Morteiro: armamento bélico pesado de carregamento antecarga (carregamento pela
boca), que realiza tiro de trajetória curva.
• Munição de salva: munição de pólvora seca de canhões e obuseiros, usada em cerimô-
nias militares.
• Obuseiro: armamento pesado, que realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de tra-
jetória curva e dispara granadas de calibres acima de vinte milímetros, com velocidade
inicial baixa.
• Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) organismo que realiza os serviços de
avaliação da conformidade e emite o certificado de conformidade.
• PCE de uso permitido: é o produto controlado cujo acesso e utilização podem ser au-
torizados para as pessoas em geral, na forma estabelecida pelo Comando do Exército.
• PCE de uso restrito: é o produto controlado que devido as suas particularidades téc-
nicas e/ou táticas deve ter seu acesso e utilização restringidos na forma estabelecida
pelo Comando do Exército.

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• PCE de uso permitido: produto controlado listado nominalmente na legislação como


PCE cujo acesso e utilização podem ser autorizados para as pessoas em geral, obser-
vada a classificação elaborada pelo Comando do Exército, prevista nos decretos regula-
mentadores da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
• PCE de uso restrito: produto controlado listado nominalmente na legislação como PCE
que, devido às suas particularidades técnicas ou táticas, deve ter seu acesso e sua uti-
lização restringidos, observada a classificação elaborada pelo Comando do Exército,
prevista nos decretos regulamentadores da Lei n. 10.826, de 2003.
• Produto de interesse militar: produto que, mesmo não tendo aplicação militar finalística,
apresenta características técnicas ou táticas que o torna passível de emprego bélico ou
é utilizado no processo de fabricação de produto com aplicação militar.
• Propelentes ou baixos explosivos: são os que têm por finalidade a produção de um efei-
to balístico. Sua transformação é a deflagração e o impulso inicial que exigem a chama
(calor). Apresentam como característica importante uma velocidade de transformação
que pode ser controlada.
• Proteções balísticas: produto com a finalidade de deter o impacto ou modificar a traje-
tória de um projétil contra ele disparado.
• Quebra-chamas: dispositivo situado ao final do cano, que tem por objetivo diminuir o
clarão oriundo do disparo.
• Réplica ou simulacro de arma de fogo: para fins do disposto no art. 26 da Lei n. 10.826,
de 22 de dezembro de 2003, é um objeto que, visualmente, pode ser confundido com
uma arma de fogo, mas que não possui aptidão para a realização de tiro de qualquer
natureza.
• Tipo de produtos controlados: é a classificação primária dos produtos controlados pelo
Exército que os distingue em função de características e efeitos.
• Trem explosivo: nome dado ao arranjamento dos engenhos energéticos, cujas caracte-
rísticas de sensibilidade e potência determinam a sua disposição de maneira crescente
com relação à potência e decrescente com relação à sensibilidade.
• Uso industrial: quando um produto controlado pelo Exército é empregado em um pro-
cesso industrial.

2.2. Classificação das Armas de Fogo:


A classificação tem por objetivo organizar e identificar por características e especificida-
des das armas de fogo, pois existem modelos dos mais variados tipos e projetos. Observe:

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à alma do cano

ao sistema de
carregamento

Classificação ao sistema de
quanto inflamação

ao
funcionamento

ao uso e à
modalidade

Vejamos agora cada um deles:


• Classificação quanto à alma do cano:

Essa classificação foi proposta pelo professor Eraldo Rabello (1995), onde classificou as
armas quanto à alma de seu cano, que é uma das principais peças da arma. Os canos são
submetidos à intensa pressão, por isso, o processo produtivo de cada um difere para cada
tipo de arma.
O cano da arma de fogo é constituído de aço ou ferro e nas lições de (WALLACE J. S.,
2008): “A superfície interna do cano de revólveres, pistola, carabinas, fuzis, rifles e metralhado-
ras possuem um número de sulcos espinhal, conhecidos como raias.”
Conforme o projeto, os canos da arma de fogo podem se apresentar de duas maneiras:

alma
raiada
Cano
alma lisa

A área entre duas raias é chamada de “cheio”, cuja finalidade é produzir sulcos helicoidais
no projétil. Os “cavados”, fazem com que o projétil gire entorno de seu eixo longitudinal, pois
esse movimento é necessário para manter a direção do projétil. Já as almas lisas, são utiliza-
das para expelir projéteis esféricos ou balotes.
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Sintetizando:
“Raias” imprimem “ressaltos” nos projéteis.
“Cheios” produzem “cavados” nos projéteis.
O deslocamento do projétil no cano da arma deixa impresso em sua superfície microele-
mentos, que são características que permitem identificar, ainda que indiretamente, a arma de
fogo utilizada em determinado contexto.
O número de raias depende do tipo de arma, fabricante ou projeto, que pode variar de 2
(duas) até +20 (mais de vinte) raias. Claro, isso depende do calibre. Pode ter número de raias
ímpar ou par, orientadas para a direita ou esquerda. Vejamos:

Dextrogiras: orientadas para a direita Sinistrogiras: orientadas para a esquerda

Para periciar esses microelementos temos a micro comparação balística, que será objeto
de estudo em momento oportuno.
• Classificação quanto ao Sistema de Carregamento:

Nos primórdios, para que uma arma de fogo pudesse efetuar um disparo, era necessário
introduzir, pela boca do cano, a pólvora e a carga de projeção. Em seguida, era utilizado uma
ferramenta para socar a pólvora dentro cano junto à carga de projeção (famosa punheteira).
Essas armas se tornaram obsoletas, mas algumas armas de fabricação artesanal ainda se
utilizam desse procedimento. No Brasil, alguns exemplos são as espingardas Taquari e Laza-
rina, ambas da indústria Rossi. Não precisa nem mencionar o quanto esse processo era lento,
não é mesmo?
Com o avançar dos tempos, o cartucho foi inventado por Clement Pottet e aperfeiçoado
por Casemir Lefaucheux e, com isso, o processo de carregamento foi ganhando celeridade.
Sobre o sistema de carregamento temos dois modelos:

Antecarga
Carregamento
por
Retrocarga

a) Antecarga: são todas as armas primitivas ou já obsoletas que possuíam o sistema de


carregamento pela boca do cano, onde eram alocados a pólvora e a carga de projeção.

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b) Retrocarga: processo de carregamento mais moderno que permite o carregamento pela


culatra, que representa um grande avanço às técnicas de combate. O desenvolvimento dos
cartuchos é inerente a esse tipo de carregamento.
Para fins de perícia, é fundamental que se conheça os dois processos de recarga, pois
as armas artesanais ainda são utilizadas para cometimento de crimes. Agora, virtualmente,
todas as armas modernas são de carregamento por retrocarga, com exceções das bazucas e
morteiros.
O desenvolvimento do cartucho em 1829, por Clement Pottet e o cartucho de pino em
1835, por Casemir Lefaucheux, tornaram processo de carregamento mais dinâmico, pois o
combatente conseguia recarregar o armamento sem a necessidade de ficar de pé.
O cartucho de pino possuía sua base um pino metálico que se comunicava com a espoleta
que ficava dentro do cartucho. Quando o pino sofria impacto do percussor da arma, detonava
a espoleta e provocava o processo de ejeção do projétil devido a expansão dos gases.
Mas o que seria carregar uma arma? Bem, carregar uma arma é o ato de se colocar a muni-
ção dentro dela, ou seja, de modo que se acionando o gatilho, o tiro aconteça. Por óbvio, existe
doutrina de cursos de armamento e tiro que não concordam muito com essa posição, pois
consideram que os processos de municiar, alimentar e carregar a arma são distintos. Para fins
de prova, entenda que carregar uma arma é o ato de coloca-la em condições de realizar o tiro.
Aqui já lanço o pedido de perdão aos atiradores. Licença pedagógica, eu diria. rsrs
Resumo da ópera:
• Municiar: via de regra municiamos os carregadores das armas, tambores ou tubos.
• Alimentar: inserir o carregador dentro da arma.
• Carregar: é o ato de introduzir uma munição na câmara. Via de regra isso é feito puxando
o ferrolho da pistola ou as alavancas dos rifles (golpe de segurança). No caso do revól-
ver o carregamento ocorre ao trancarmos o tambor, considerando que haja munição no
espaço da câmara.

Agora, nem sempre uma arma e alimentada está carregada. Por exemplo, quando inseri-
mos um carregador municiado em uma pistola é necessário que seja feito o movimento do fer-
rolho a retaguarda (golpe de segurança) ou o fechamento do ferrolho por meio o retém do fer-
rolho para que a arma esteja em condições de efetuar o disparo. Já no revólver, se alocarmos
os cartuchos em todas as câmaras do tambor ele está municiado e carregado. Considerando
um tambor sinistrogiro, isto é, o tambor gira para a esquerda, se deixarmos apenas a primeira
câmara à direita sem cartucho, ele estará municiado, mas não carregado.
Não é minha intenção me debruçar sobre a doutrina e conduta de armamento e tiro, mas
é vital que o perito saiba que muitos acidentes com armas de fogo podem ser ocasionados
pela inobservância de regras mínimas de segurança, pois o leigo, ao retirar o carregador, pensa
que a câmara não está com munição e acaba acionando o gatilho. Já vi uma centena de fatos
como esse.
Sobre o sistema de inflamação ou percussão, temos o direto e indireto:

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Direto - o percussor
está acoplado ao cão,
podendo ser fixo ou
oscilante OU esculpido
no ferrolho.
Sistema de inflamação
ou percussão

Indireto - o percussor é
flutuante, inserido na
armação ou ferrolho.

Atualmente, por razões de segurança, algumas armas usam percussores flutuantes, que
são denominados sistema inercial. Nesse sistema, não há contato simultâneo entre o cão, o
percussor e a espoleta, pois o alojamento do percussor tem comprimento maior que o percus-
sor. Esse sistema evita que ocorra os chamados tiros acidentais, pois fornece uma segurança
extra em caso de queda do armamento ao solo. Essa modalidade de tiro será estuda em capí-
tulo oportuno.
• Classificação quanto à Inflamação:

A classificação quanto à inflamação depende em qual sistema cada armamento usa para
propelir o projétil. Para fins de prova conheceremos os principais sistemas:

Haste de
ferro

Mecha

sistema de
Roda
inflamação

Miguelete

Percussão
extrínseca

a) Sistema de inflamação por haste de ferro: modelo muito usado na idade média, onde
para realizar o disparo era necessário usar uma haste de ferro incandescente de carvão ou bra-
sa. Esse instrumento era introduzido no orifício da câmara onde ocorria a combustão. Sistema

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pouco prático, pois em condições climáticas desfavoráveis era mais difícil ascender a haste,
sem mencionar os prejuízos no combate. Sistema nada favorável às armas portáteis.
b) Sistema de inflamação por mecha: esse modelo substitui o modelo de inflamação por
haste de ferro, pois a mecha era usada para conduzir a chama para o interior da câmara de
combustão, onde iniciava a queima da pólvora. O grande problema desse modelo era o tempo
gasto para a queima da mecha, pois o tempo do disparo dependia exatamente desse tempo,
tornando o tiro algo extremamente lento. Sem mencionar as questões de armazenamento das
mechas, pois esse material é extremamente sensível à umidade.
c) Sistema de inflamação por fecho de roda: sistema originário do relógio de Nüremberg,
Alemanha. Esse sistema era composto por uma roda na qual se dava corda, e quando era acio-
nado o gatilho produzia-se uma faísca devido ao atrito entre a pedra de perita e o metal, que
incendiava a pólvora e, com isso, o disparo da arma.
d) Sistema de inflamação por miguelete: alguns autores apontam que esse sistema era
derivado do sistema de inflamação por fecho de rodas, na qual a faísca era produzida devido
ao atrito com sílex, que é uma mistura mineral à base de sílica.
e) Sistema de inflamação por percussão extrínseca: a descoberta da espoleta em 1807
pelo escocês Alexander John Forysth, onde obteve a patente de um “moderno” sistema de per-
cussão por fulminato de mercúrio, deu origem a um sistema por choque violento. As primeiras
espoletas em cápsula foram desenhadas em 1815, por Joshua Shaw, onde colocou o fulmina-
to de mercúrio em um pequeno cálice de metal, surgindo assim, o sistema de percussão.
Esse sistema é composto por uma quantidade de explosivo depositada ao fundo de um
objeto de metal em formato de copo, onde arma-se um pequeno tubo (percussor) que se co-
munica de maneira violenta com o fundo desse copo de metal. A onda de choque provoca a
detonação do explosivo e, com isso, leva para dentro da câmara de combustão uma boa quan-
tidade de gases aquecidos que geram a deflagração do propelente.
O sistema de percussão extrínseca é imensamente utilizado nos dias de hoje e apresenta
duas subdivisões, observe:

armas de percussão radial:


são armas de retrocarga, onde
a mistura iniciadora é
depositada na orla do estojo
pela força centrífuga sem
utilização de espoleta.
Sistema de percussão

armas de percussão
central: são armas de
retrocarga onde a espoleta é
montada na base do cartucho.

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armas de percussão
direta: o percussor
está montado no cão ou
é um prolongamento do
cão.
Sistema de percussão
armas de percussão
indireta: o percussor é
uma peça independente
que recebe o impacto
do martelo ou cão.

• Classificação quanto ao Funcionamento:

Quanto ao funcionamento, temos:

Arma de tiro
unitário

Armas de
repetição
Quanto ao
funcionamento
Armas
semiatutomáticas

Armas
automáticas

a) Arma de tiro unitário: armas de carregamento manual que é capaz de efetuar apenas um
disparo por vez. Em alguns modelos a retirada do estojo deve ser feita manualmente (retrocar-
ga) e alocado um outro no lugar para um novo disparo. Existem também as armas dotadas de
dois ou mais canos que são classificadas como armas de tiro unitário múltiplo, desde que o
mecanismo de disparo e a câmara sejam independentes.
b) Arma de repetição: são armas em que o atirador, após a realização de cada disparo,
decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um com-
ponente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo
seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo.
Exemplos: revólveres, algumas carabinas e alguns tipos de fuzis.
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c) Armas semiautomáticas: são armas que realizam, automaticamente, todas as opera-


ções de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo,
um novo acionamento do gatilho. Um exemplo são a grande maioria das pistolas, onde a ex-
pansão dos gases ejeta o estojo após cada disparo e uma nova munição é alocada na câmara.
d) Armas automáticas: são armas em que o carregamento, o disparo e todas as operações
de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é a
famosa rajada).
• Classificação quanto ao Uso e à Mobilidade:

Quanto ao uso, a arma pode ser de uso coletivo ou uso individual. Essa classificação diz
respeito ao número de usuários necessários para operar a arma. Já em relação à mobilidade,
existe muita diferença de interpretação de diversos autores, por essa razão, ficaremos com a
classificação prevista na Legislação (Revogado Decreto n. 3.665/2000). Observe:

Arma não
portátil

Arma de
porte

Quanto ao
Arma portátil
uso

Arma de uso
permitido

Arma de uso
restrito

a) Arma não portátil: arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser
transportada por um único homem.
b) Arma de porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por
um indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo ati-
rador; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas.
c) Arma portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por
um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas
as mãos para a realização eficiente do disparo.
d) Arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem
como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército.

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d) Arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algu-
mas instituições de segurança e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente auto-
rizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica.

3. Cartucho de Munição de Arma de Fogo: Conceito e Divisão:


O cartucho é a unidade da munição. Os cartuchos podem ser para armas raiadas ou ar-
mas lisas. Sendo os cartuchos de arma de cano raiada compostos por 4 partes fundamen-
tais, observe:

Estojo

Espoleta
Componentes
do Cartucho
Pólvora ou carga
de projeção

Prójetil

Nas munições de arma de cano liso a composição é a mesma das armas de cano liso com
a adição das buchas.
A grande maioria das munições apresenta, como mistura iniciadora, o estifnato de chum-
bo, nitrato de bário e sulfeto de antimônio. Já o propelente mais usado é a pólvora sem fumaça,
que é à base de nitrocelulose e nitroglicerina. Os projéteis mais comuns são de liga de chumbo
e antimônio, que são enjaquetados com liga de cobre. Geralmente, os projéteis de pistolas
são encamisados (enjaquetados) por cobre, com exceção do calibre.22”, mas ressalto que os
revólveres não são enjaquetados.
E o que faz essa tal de camisa ou jaqueta? Bem, elas revestem o chumbo para que ele não
encasar no cano. Ainda que não seja encamisada, o fabricante tende a revestir o chumbo para
que não prejudique o cano.
Em locais de crimes com arma de fogo, para fins de perícia, as posições das munições
devem ser fotografadas e catalogadas e os seus componentes preservados.

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É muito comum que se confunda os conceitos de CARTUCHO, ESTOJO e MUNIÇÃO, po-


rém, não podemos prosseguir com esse erro. Observe:

Cartucho Estojo Munição


Recipiente tubular que
É a unidade de munição das serve para conter uma É a designação do material
armas de percussão e de espoleta, uma carga ou componente disparado
retrocarga. propelente e um ou mais a partir de qualquer arma.
projéteis.

A palavra “bala” vem do alemão “ball”, que quer dizer bola. Algumas pessoas dizem que é
errado atribuir a palavra bala ao projétil. Pois bem, os primeiros projéteis do mundo foram em
formato esférico de chumbo, portanto, nada de errado nesse termo. Os termos “balística”, “ba-
leado” e “balim” derivam de bala, segue o baile.
(WALLACE, J. S., 2008, p. 9-13) ensina que de maneira popular ou coloquial é comum atri-
buirmos bala tanto ao projétil quanto ao cartucho, sendo assim a mesma coisa, e, portanto,
somente ser diferenciado em linguagens técnicas quando lavrados em laudos e evitados em
depoimentos de terceiros leigos no assunto. Para fins de prova, ficaremos com a linguagem
técnica, ok?
O cartucho metálico moderno foi aperfeiçoado com pólvora sem fumaça e munições de
alta velocidade somente no final do século XX, lembrando que antes dos cartuchos as armas
eram carregadas pela boca, fato que prejudicava muito a performance do armamento em cam-
pos de combate, pois o atirador necessitava realizar um procedimento bem demorado para
carregar o armamento a cada tiro.
O primeiro cartucho era uma espécie de refil com um pacote de papel, com a medida certa
de pólvora, atada ao projétil. Esse modelo foi usado na Guerra dos Trinta anos, onde o atira-
dor rasgava o papel e municiava a arma. Em um segundo momento, o papel foi substituído

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papel embebecido em uma solução de nitrato, que garantia uma melhor queima e absorção
de umidade.
Em 1808, Jean Samuel Pauly desenvolveu modelos de cartuchos mais completos a base
de latão, espoleta na base e estojo de papel. Esse é considerado pela doutrina um dos inventos
mais importantes.
Outro cartucho popular foi o de Johann Nikolaus von Dreyse, em 1831. A composição era
papel, onde era colocado um fulminante no meio do cartucho e não na extremidade superior. O
fulminante era acionado por um percussor muito grande em forma de agulha, como a principal
vantagem era usar o próprio projétil como bigorna, por isso, o nome: “Fuzil de Agulha”.
Os cartuchos de primer radial, ainda nos dias atuais encontrados em munição calibre.22”,
foi desenvolvido por Benjamin Houllier, em 1846. Mas, foram se popularizar em 1854, onde
a fabricante conhecida Smith & Wesson percebeu que esse projeto era limitado, pois não se
comportava bem quando submetido a altas pressões das pólvoras modernas, forçando a sua
descontinuidade.
A partir do ano de 1854, a fabricante Smith & Wesson, utilizando-se do velho projeto de
Pauly, passou a fabricar suas próprias munições de primer central.
Agora que conhecemos, ainda que resumidamente, a evolução histórica dos cartuchos e
seus principais projetistas, iremos nos debruçar numa parte mais técnica.

3.1. Energia e Poder de Parada:


Consideramos como “força viva” a máxima velocidade de um projétil ao sair da boca do
cano e a energia que esse movimento realiza. Essa energia é dada e Joules, e é o principal
parâmetro para se aferir o chamado poder de parada, que é capacidade energética que os
projetos atingem seus alvos.
A maioria de vocês, futuros peritos (as), já se perguntaram qual critério a legislação brasi-
leira utiliza para delimitar o que é armamento de uso permito ou armamento de uso restrito,
certo? Então, exatamente isso, o poder de parada!
O poder de parada, ou “Stopping power”, portanto, é essa capacidade de se cessar a ação
ofensiva do oponente com apenas um tiro (disparo). Destarte, não há intenção de matar o
oponente, apenas neutralizar sua ação ofensiva com a imediata e instantânea incapacitação.
Para (Marshall & Sanow, 1992) incapacitar a vítima após o disparo tem por objetivo evitar uma
possível reação agressiva ou fuga, não podendo o oponente se deslocar mais de 3 metros
após atingido.
Nesses moldes, a doutrina aponta que.357 Magnum é o melhor nesse quesito, com 96% de
poder de parada, mas depende da munição. Observe o quadro comparativo abaixo:

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Munição Poder de parada


.40 S&W 89% a 94%
.45 ACP (hidra shock) 89%
.45 ACP FMJ 64%
.44 Magnum 81% a 89%

9 mm Luger 62% a 89%


.38 SPL 49 % a 75%
.380 ACP 51% a 65%

Não é nosso objetivo nos aprofundarmos em física, que aliás, é uma ciência maravilhosa,
mas devemos conhecer aqui algumas partes fundamentais. A energia cinética de um projétil
pode ser calculada por meio da seguinte equação:

Onde “m” é a massa do projétil, que é definida pela especificação do fabricante, a “v” é a
velocidade, e depende de algumas variáveis físicas que atuam no movimento do projétil e da
ocorrência do tiro ao instante de repouso.
Nas lições de (Machado, Ferreira, Ferreira, Borba & Correia, 2020) a capacidade de produ-
zir dano não depende, unicamente, da energia do projétil. Interferências extrínsecas e intrínse-
cas também influenciam, assim como a constituição e formato do projétil.

3.2. Estojo:
O Estojo é projetado para suportar a alta temperatura e pressão no seu interior. Esse pro-
cesso energético ocorre entre o projétil, o propelente e o primer toda vez que o gatilho é acio-
nado. Fatores, como: o tipo da arma, da munição e o tipo de ignição (Boxer ou Berdan) são
relevantes, pois a obturação (expansão do estojo contra a câmara) impede a perda da pressão
no interior da câmara e, portanto, a perda de sua energia.
A maioria dos estojos são confeccionados com 70% de cobre e 30% de zinco ou 80% de
cobre e 20% de níquel (niquelado), mas podem ser encontrados estojos de aço revestidos de
latão, cobre ou laca, alumínio, alumínio revestido de teflon e estojos de papelão e plástico,
como as utilizadas nas armas de caça.

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Na base de cada estojo aparece o nome e as especificações do fabricante, mas a doutrina


adverte que não possui valor absoluto, pois pode ser facilmente apagado, principalmente para
ocultar a origem das munições.
O perito, no sítio da ocorrência, deve se ater às posições dos estojos. A posição em que
foi encontrado, etiquetando os estojos percutidos ou não, assim como identificar o número do
lote e fabricante, que é essencial para compreender a dinâmica dos eventos.
Os estojos de projeto único, que são destinados para pistolas, revólveres, fuzis e metralha-
doras são confeccionados em latão 70/30, conforme vimos anteriormente. Já nas armas de
alma lisa podem ser metálicos.
Os estojos para espingarda são confeccionados de plásticos, com base de latão ou aço
revestido. A câmara das espingardas de gauge 12, 16 e 20 mm de comprimento. Já a gauge 24
possuiu comprimento de 65 mm e as 28, 32 e 0.410 comprimento de 63,5 mm.

A partir do ano de 1961, os fabricantes de cartuchos de espingarda adicionaram mais uma


especificação de cores, sendo a cor vermelha para calibre 12, a cor roxa para a calibre 16 e a
calibre 20 para amarela. E por qual razão adotaram esses padrões? Bem, para evitar a intro-
dução de um cartucho calibre 20 numa arma calibre 12, que colocaria o operador em risco de
obstrução do cano no primeiro tiro e explosão no segundo, como já ocorreu algumas vezes.

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Os “fliers”, que são encontrados nos cartuchos com bagos (chumbos), devido ao seu pró-
prio projeto é necessário utilizar pólvoras rápidas e, com isso, vários problemas ocasionaram.
O mais grave problema é que a queima rápida da pólvora acumula uma grande pressão contra
a parede do cano, atuando diretamente nos bagos de chumbo e os derretendo.
Na lição de (Di Maio & Di Maio, p. 229), as munições com mais de 50 anos podem ser uti-
lizadas se acondicionadas em condições adequadas e, consequentemente, encontradas em
locais de crime.
Os estojos das espingardas calibre 12, são de tamanho considerável e podem ser uma boa
fonte de vestígios, como a impressão digital.

3.3. Projéteis:
Para a física, projéteis são corpos que se deslocam no espaço, sofrendo a ação de um im-
pulso inicial e de um campo gravitacional. Agora, para fins de prova, trataremos o projétil como
um corpo oriundo de uma arma de fogo.
Os primeiros projéteis eram de chumbo, com calibre que varia de 3 cm a 5 cm e cano liso.
Claro, que o decurso do tempo houve um processo intenso de modernização, conforme trata-
mos em capítulo próprio.
O movimento rotatório do projétil, que é utilizado para garantir a sua estabilidade, era co-
nhecido desde a antiguidade. Porém, somente em 1520 Augustin Kutler conseguiu o mesmo
efeito nos projéteis de chumbo, quando introduziu raias internas nos canos das armas de fogo.
No ano de 1863, Willian Ellis Metford, compreendeu que o chumbo era mais arqueável
que o necessário, pois deixava resíduos importantes nos canos, fato que poderia ocasionar
problemas no armamento durante a execução numa sequência de tiros. Para diminuir esse
problema adicionou antimônio, que enrijeceu o chumbo. Esse processo ainda é utilizado nos
dias de hoje. Mas, somente no ano de 1883 os problemas de o chumbo encrostar partículas
no cano foram resolvidos, quando Rubin introduziu o encamisamento no chumbo macio no
núcleo do projétil.
Na perícia em armas de fogo é usual que se busque esses resíduos de chumbo ou cobre
nos canos das armas.
De um modo geral, todas as munições são encamisadas, com exceção dos revólveres de
todos os calibres e armas de calibre.22”.
Para cada arma existe um tipo de projétil, geralmente, esse “casamento” é feito ainda na
fase de projeto, onde verifica-se a razão de ser da arma (finalidade) para elaborar um projétil
condizente. Os projéteis podem ser de 3 maneiras, observe:

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Não encamisados

Projéteis Encamisados

Semiencamisados

• Não encamisados: possuem uma fina cobertura de cobre, latão ou outro material colori-
do, que tem as funções cosméticas e lubrificantes. Esse tipo de projétil é bem suscetível
a danificar os mecanismos da arma, principalmente o cano e o sistema de alimentação
de armas automáticas e semiautomáticas.
• Encamisados: o encamisamento é feito por galvanoplastia. Quando esse tipo de projétil
atinge o alvo é comum que a camisa se separe do núcleo, fato que faz reduzir o poder
de penetração do projétil. Na lição de (Finn, 1987), para evitar que haja descolamento do
encamisamento com o núcleo do projétil é necessário empreender métodos de colas e
pregas bem resistentes para fixar melhor a camisa ao chumbo.
• Semiencamisadas: as mesmas possibilidades dos projéteis encamisados, porém, com
um poder de expansão maior.

Os materiais que são mais usuais para a confecção de camisas são: alumínio, náilon, te-
flon, aço e, principalmente, o latão. Portanto, a busca por esse tipo de material no sítio da ocor-
rência com armas de fogo é bem comum. Em suma, nem todos os projéteis atingem o alvo,
podendo ser encontrados em locais diversos, como paredes ou carros, por exemplo.
Observe os projéteis mais comuns que podem cair em provas:

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Ogival de chumbo

Ogival encamisada

Encamisada de ponta achatada

Semi encamisada de ponta oca

Projéteis mais comuns em Semi encamisada de ponta macia


arma de cano curto
Encamisada de ponta oca

Frangíveis

Perfurantes

Traçantes

Balotes

1. Ogival de chumbo: muito utilizadas em revólveres de uso permitido. Projétil mais barato
e o seu emprego gera muito desconforto. Seu uso em armas automáticas não é recomendado,
pois pode ocorrer panes de alimentação.
2. Ogival encamisada: largamente utilizada em pistolas, pois a sua anatomia é muito favo-
rável e facilita a alimentação da arma. Esse tipo de munição evita o acúmulo de chumbo nos
canos e é ideal contra alvos abrigados, pois é altamente penetrante.
3. Encamisada de ponta achatada: munição não expansiva, onde o poder energético se
concentra na área frontal.
4. Semiencamisada de ponta macia (Soft- Point): Além dos benefícios quanto a alimen-
tação, velocidade e limpeza, esse tipo cartucho acumula tanto poder de penetração quanto
poder de expansão.
5. Semiencamisada de ponta oca: os grandes benefícios são a velocidade, alimentação e
limpeza. Por possuir a ponta oca a energia tende a se expandir no tecido corporal.

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6. Encamisada de ponta oca (Hollow- Point): é, atualmente, a munição de defesa mais uti-
lizada tanto em revólveres quanto em pistolas. A grande vantagem é a expansão do projétil ao
atingir corpos hídricos, como o corpo humano. O seu projeto leva em consideração o balance-
amento entre a carga e o propelente, o peso e o desenho do projétil, que possibilita alcançar o
máximo efeito de expansão e deformação quando atinge o alvo.
7. Projéteis Frangíveis: esse tipo de munição não se desintegra ao realizar o deslocamento
contra o alvo, porém, ao chocar na primeira superfície que lhe ofereça resistência, ele tende a
se abrir devido a sua estrutura fragmentada. Esse tipo de munição é veloz e não ricocheteia e
nem transfixa alvos.
8. Perfurantes (Armor Piercing- AP): como o próprio nome sugere, são projéteis ideias
para perfurar blindagens e carrocerias leves. Esse tipo de munição pode ser encontrado em
sítio de ocorrências que envolva carro-forte, crime que se popularizou nos últimos anos.
9. Munições traçantes: esse tipo de munição, muito comum em combates noturnos, deixa
um rastro luminoso, onde o atirador consegue corrigir a trajetória do projétil. Embora não seja
comum no combate urbano, em algumas favelas do Rio de Janeiro foi possível avistar esse
tipo de munição.
10. Balotes: esse tipo de munição é muito comum em espingardas municiadas com um
único projétil e pode ser esférico ou alongado. Cartucho de uso muito comum nas forças poli-
ciais, principalmente quando envolvem combates a curta distância, onde ela se mostra muito
eficiente. Em ambientes prisionais são encontradas as versões elastômero (munição de borra-
cha) e munições de agentes químicos com efeito retardante ou antimotim.

3.4. Espoletas e Primer:


Os termos primer, espoleta e mistura iniciadora são comumente utilizadas como sinôni-
mos. Mas, de maneira técnica, temos que diferenciar:

Espoleta Primer
O mesmo produto químico que o propelente principal
O recipiente que contém
(embora geralmente em uma forma de pó mais fino), mas
a mistura iniciadora,
derramado em uma panela de flash externo, onde poderia
geralmente, feito de
ser inflamado por uma fonte de ignição como um fósforo
metal.
lento ou uma pederneira

O exame residuográfico busca vestígios que o primer deixa de chumbo, bário e antimônio
que ficam nas mãos do atirador. Esses elementos estão presentes na mistura iniciadora, que
precisam da ação de três componentes, observe:

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Iniciador: estfinato de
chumbo que recebe a
ação do perscussor

Oxidante: nitrato de
bário que fornece o
Mistura iniciadora combruente necessário
para a queima da
combustível

Combustível: sulfeto
de antimônio que
fornece energia para
inflamar a pólvora
(propelente)

Para (Wallace J. S. 2008, p. 39) os primers são misturas, que uma vez submetidas ao cho-
que da percussão inflamam o propelente presente no cartucho, geralmente, a pólvora. Essa
reação gera uma grande energia devido a queima e expansão os gases.
O primer deve ser seguro e barato e deve desencadear uma reação exotérmica ao sofrer
um choque do percussor. Os fatores esperados do primer são: o volume dos gases, o peso das
partículas produzidas e a duração da chama.
O primeiro primer foi desenvolvido em 1805, pelo reverendo Alexander Forysth, baseado
em fulminato de mercúrio. Desde lá, cada fabricante tem a sua formulação, que é defendida
como segredo industrial.
Na atualidade, existem centenas de primers patenteados por diversos fabricantes, porém,
a grande maioria das munições modernas mantém o padrão Sinoxyd, de composição nitrato
de bário, estifnato de chumbo, sulfeto de antimônio e tetrazina, que são os componentes espe-
rados ao analisarmos amostras residuográficas. Nessa composição, o estifnato de chumbo e
o sulfeto de antimônio explodem quando lhes é aplicada pressão. Já o nitrato de bário fornece
o oxigênio necessário para essa reação, enquanto o sulfeto de antimônio age como combustí-
vel e prolonga a queima durante todo o processo.
Entendam, cada fabricante tem seu próprio primer, que é tratado como segredo industrial,
dificultando a perícia residuográfica. Porém, existem algumas substâncias que são esperadas
no processo, por exemplo, o Dinol (composto explosivo de nome comercial DDNP).
A primeira espoleta, que foi instalada na região posterior do cartucho, foi produzida por
Joshua Shaw, no ano de 1814, utilizando fulminato de mercúrio. Porém, no ano de 1818, essa
mistura foi substituída por fulminato de mercúrio, cloreto de potássio, enxofre e carvão. Essa

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mistura é altamente corrosiva, sendo necessário uma limpeza completa dos componentes da
arma após o tiro.
As espoletas para armas de cano curto e para cano longo são diferentes, cada uma com
suas especificidades, tamanhos, quantidade e composição do primer. Observe:

Revólveres e Pistolas (diâmetro) Cano Longo (diâmetro)


Variam entre 0,175” e 0,210” (4,44 mm e Variam entre 0,240” e 0,245” (6,1 mm e
5,33 mm) 6,22 mm)

As espoletas são agrupadas em 5 tamanhos:

Large rifle

Small rifle

Tamanho de
Large pistol
espoleta

Small pistol

Shotgun

As espoletas do tipo “Large” tem diâmetro de 0,210”, já as espoletas do tipo “small”, tem
espoletas de diâmetro de 0,175”. As espoletas para “shotguns” possuem diâmetro de 0,243”.
Embora espoletas para rifles e pistolas possuam o mesmo diâmetro, a quantidade de pri-
mer para armas de cano longo e as paredes dos cartuchos são maiores, pois necessitam de
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maior resistência devido à alta pressão no interior da câmara que esses tipos de armamen-
tos impõem.

3.5. Pólvora:
O propelente é a mistura química que, ao ser deflagrada, produz energia suficiente para
expandir os gases e produzir o tiro. Para a doutrina mais purista, pólvora e propelente são a
mesma coisa, mas existem muitos tipos de propelentes, que fique bem claro. Mas, para fins
de prova, não há dúvidas que devemos tratar propelentes como pólvora sem medo nenhum.
Resumidamente, dividiremos a pólvora em dois grupos: pólvora negra e pólvora moderna.
• Pólvora negra

Habita no imaginário popular que a pólvora é encontrada pronta para uso na natureza, fato
que não é verdade. A pólvora é na verdade uma mistura de componentes químicos, por exem-
plo, a pólvora negra, que é composta de nitrato de potássio (salitre), carvão e enxofre.
Essa mistura revolucionou os combates, pois na antiguidade era comum se utilizar lanças
e espadas e, sem dúvidas, o uso da pólvora decidiu os rumos dos combates.
Com o advento da pólvora negra, a necessidade do combate aproximado, que era altamen-
te danoso e imprevisível, deu lugar ao combate à distância e tornou-se essencial nas batalhas.
A doutrina aponta que os chineses e indianos foram os pioneiros do uso de pólvora ne-
gra para finalidades pirotécnicas. Mas somente no início do século XIV, o monge Berthold
Schwartz, associou o uso da pólvora a arma de arremesso, fato que deu origem à artilha-
ria moderna.
Não vamos nos debruçar sobre a história da pólvora negra, pois não é comum que o perito
se depare com esse tipo de material em suas análises residuográficas. Mas, é necessário que
o profissional da área saiba que ela existe e quais componentes químicos se espera obter des-
sa análise. Melhor pecar pelo excesso do que pela falta!
Substâncias previstas em análises residuográficas de pólvora negra:

Nitrato de potássio (KNO3) Carvão Enxofre

• Pólvoras modernas

O propelente de arma individual é um material explosivo capaz de gerar energia suficiente


para a expansão dos gases no interior da câmara.
(WALLACE J. S., 2008, p. 57) define que o propelente ideal deve reunir alguns elementos
indispensáveis para queimar o combustível dentro da câmara, numa boa relação entre massa
e a energia liberada por essa relação energética. Do contrário, pode detonar (explodir) e não
queimar rapidamente, que é o que se espera. Observe o que se espera do propelente ideal:

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Substância pura

sólido

Atóxico

Estável

Fácil de armazenar

Fácil ingnição
Propelente ideal
Massa compacta

Barato

Fácil de preparar

Facilmente disponível

Não produzir fumaça ou resíduos

Energia convertida completamente em gases

Por óbvio, nenhum elemento reúne todas as características acima, por isso, devemos ter
em mente que propelente é uma mistura de várias substâncias. Essa mistura defende do fa-
bricante, que a trata como segredo industrial. Além disso, a necessidade bélica dos militares
e das forças policiais são levadas em consideração, pois cada tipo de combate (guerras ou
urbanos) necessita de um tipo diferente de propelente.
Em suma, os propelentes devem cumprir as seguintes especificações:
I – Processo de fabricação simples, rápido, prático, barato, seguro e com matéria prima de
fácil obtenção em tempos de guerras.
II – Produtos químicos que não sejam tão agressivos aos armamentos. Pois, o poder cor-
rosivo dos propelentes diminui a vida útil dos armamentos.

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III – Produtos estáveis ao ser deslocado de um ponto ao outro, onde o risco de autocom-
bustão deve ser minimizado. Ninguém quer transportar um produto que vai explodir no cami-
nho ou no processo da montagem, certo?
IV – Prazo de validade longo e capacidade de performance em condições adversas, princi-
palmente as climáticas.
V – Propelente resistente às altas temperaturas dos canos das armas, quando em comba-
te. Imagina alimentar a arma durante o combate com um propelente que vai explodir com as
altas temperaturas de seus canos, claramente, não é a ideia.
Outro ponto importante é a taxa de queima, que é a relação enérgica entre o tempo neces-
sário para expandir os gases dentro da câmara sem comprometer a segurança do operador ou
danificar a arma. Resumindo a ópera: se o propelente explodir muito rápido a arma irá explodir,
mas se explodir muito lentamente, a velocidade do projétil será prejudicada.
O que fazer para controlar essa taxa de queima? Bem, para (WALLACE J. S., 2008, p. 58)
a velocidade de combustão deve ser controlada pela geometria e pelo tamanho do propelente
dentro do estojo. Por essa razão, o propelente não será um pó homogêneo, mas uns grânulos
revestidos com moderadores para diminuir o tempo gasto na queima.
Os propelentes podem ser de base única, base dupla ou base tripla:

Base única: apenas a nitrocelulose como


oxidante.

Propelentes Base dupla: nitrocelulose + nigroglicerina

Base tripla: nitrocelulose + nitroglicelina +


nitroguanidina

Os propelentes modernos oferecem pouco resíduo sólido e pouca fumaça na combustão,


fato que dificulta, mas não inviabiliza os exames residuográficos. Essa quantidade de pólvora
sem fumaça varia do tipo de armamento e munição utilizados, já outros elementos, como: ni-
trogênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogênio e vapor d’água são esperados
no processo.
A expansão dos gases dentro da câmara varia de 700 cm³ -1100 cm³ por grama de prope-
lente. A temperatura varia de 1700º C até 3700º C. Por ser um processo extremamente energé-
tico, ocorre altas temperaturas, que são extremamente relevantes para a Balística, pois parte
da base do projétil é fundida e vaporizada na boca do cano.

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4. Estrutura e tipos de arma de fogo:


• Estrutura das armas de fogo

A arma de fogo é o suporte criado para lançar projéteis. A estrutura é formada por: arma-
ção, cano (s), gatilho (s), sistema de mira, cão (cães), percussor (es), extrator (es), ejetor (es) e
depósito de munição. Esquematizando:

Armação

Cano

Gatilho (s)

Sistema de mira

Estrutura da arma de Cão (cães)


fogo

Percussor (es)

Extrator (es)

Ejetor (es)

Depósito de munição

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• Armação: é a estrutura central, o núcleo do armamento que serve de apoio para que as
outras peças sejam acopladas. Na parte posterior localiza-se o cabo, já na parte inferior
é localizado a empunhadura, que serve para realizar o manejo da arma.
• Cano: é o tubo metálico em formato cilíndrico e oco, cuja a função é direcionar o projétil
até o anteparo. Conforme estudado em outro momento, o cano pode ser de alma lisa ou
de alma raiada, que é a responsável por dar estabilidade ao projétil durante a trajetória.
Os revólveres e pistolas possuem apenas um cano, já as espingardas podem ser de um
ou dois canos.
• Gatilho: é o mecanismo que aciona a sequência de ações de disparo da arma de fogo.
Localiza-se na parte inferior da armação e anterior ao cabo e é revestido por uma estru-
tura chamada guarda-mato.
• Cão: é a acionada pelo gatilho, que dá início a percussão da espoleta pelo percussor.
Situa-se na região posterior da armação e acima do cabo. O cão possuiu acoplado a ele
uma mola, que o impulsiona para frente e pode ser armado manualmente ou pela ação
do gatilho.
• Percussor: vulgarmente chamada de agulha, devido ao seu formato pontiagudo. A fun-
ção do percussor é acionar o culote do cartucho (espoleta). Pode ser acoplado ao cão,
formando um único conjunto ou uma peça independente unida a uma mola.
• Sistema de mira: é o conjunto alça e massa de mira. Na parte, digamos, mais próxima ao
olho de mira do atirador, localiza-se a alça. Já na parte mais distante do olho do atirador,
localiza-se a massa. Claro, ambas na parte superior do cano.
• Extrator: o seu formato é em espécie de garra que se acopla ao culote do cartucho e o
extrai para fora da câmara após deflagrado.
• Ejetor: presente nas armas automáticas e semiautomáticas, que servem para extrair o
estojo da câmara após ser deflagrado.
• Depósito de munição: chamado de carregador (pistolas), tambor (revólveres) e pente
(metralhadoras) e destina-se a guardar a munição por ordem de carregamento.

Observe as anatomias dos principais armamentos extraídos da RCMP-GRC /Interpol (Po-


lícia montada do Canadá) por meio do site: https://www.unodc.org/e4j/pt/firearms/module-2/
key-issues/firearms-parts-and-components.html

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• Tipos de Armas de Fogo


I – Revólver:

Arma de cano curto que dispara projéteis de baixa velocidade. Capacidade de 5- 8 (em
média) munições, que são acopladas em tambores onde os cartuchos são colocados. Dife-
rentemente das pistolas, os revólveres não ejetam as munições após deflagradas, pois elas
permanecem no tambor. Os principais calibres:

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.22 Long Rifle ou Short Rifle


32 SWL
38 SPL,.38 SWL ou.38 Curto
357 Magnum
.44 Magnum
45 AR

II – Pistola:

Arma de cano curto com projeto mais elaborado que os revólveres. A capacidade de muni-
ção foi de 7- 17 munições (em média). As munições são alocadas em um carregador no cabo
da arma, que torna o carregamento bem mais rápido que nos revólveres. Após cada disparo,
as munições deflagradas são ejetadas, fato que possibilita ao perito levantar vestígios impor-
tantes no sítio da ocorrência. Os principais calibres:
22 LR
25 AUTO (6,35 mm Browning)
32 AUTO (7,65 mm Browning)
380 AUTO (9 mm curto ou 9 mm Browning)
9 mm Luger ou 9 mm Parabellum
.40 S & W
45 AUTO

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III – Espingarda:

É uma arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa (não raiada). Os seus principais
usos são em competições esportivas e em combates. Os principais calibres:
Calibre 12
Calibre 16
Calibre 20
Calibre 24
Calibre 28
Calibre 32
Calibre 36

IV – Fuzil:

É uma arma de cano longo, raiado que dispara projéteis de alta velocidade e de maneira
automática, isto é, basta pressionar o gatilho e segurar (efeito rajada). Arma muito utilizada em
Guerras, que vem sendo utilizadas em combates urbanos tanto por criminosos quanto pelas
forças policiais. Os principais calibres:

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5, 56 x 45 mm (.223 REM)
7, 62 x 51 mm (. 308 WIN)
7, 62 x 39 mm
12, 7 x 99 mm (. 50 Browning)
7,62 x 63 mm (.30-06)
7 x 57 mm (7mm Mauser)

V – Carabina:

É uma arma de cano longo de alma raiada que, geralmente, efetua disparos de calibres
mais curtos. Ela possui a mesma estrutura do fuzil, porém é incapaz de disparar tiros de ma-
neira automática (efeito rajada). Os principais calibres:
. 40 Sw
.30
.38 SPL
.357 Magnum

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VI – Submetralhadora:

Essa arma se diferencia dos fuzis de assalto por dispararem calibres de pistola, mas tam-
bém se diferenciam das carabinas por dispararem tiros de maneira automática (efeito rajada).
Os principais calibres:
.380 AUTO (9mm Curto ou 9 mm Browning)
9 mm Lauger ou 9 mm Parabellum
40 S & W
.45 AUTO

VII – Garrucha:

Funcionamento que guarda similaridade com as pistolas, porém são obsoletas. Existem
projetos de percussão extrínseca e cano longo de alma lisa. Arma que pode estar envolvida em
sítios de ocorrência, pois muitas pessoas recebem esse tipo de armamento de herança, apesar
de ainda estarem perfeitamente funcional. Os principais calibres:
Calibre 320
.380
.22 LR

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4.1. Identificação das Armas de Fogo:


Identidade e identificação são conceitos distintos. O primeiro, refere-se ao conjunto e sin-
gularidades que cada arma de fogo possui. Já o segundo, são as características próprias da
arma de fogo que permite saber a sua identidade.
Parece meu confuso, não? Pois bem, vou explicar melhor isso…
Podemos identificar uma arma de fogo por meio de três níveis de entendimento. O primeiro
nível é mais genérico, despreocupado com os detalhes. Já o segundo nível é mais específico,
procura-se ater aos detalhes daquele tipo de arma de fogo. Por exemplo, qual resultado espe-
rado para um ferimento causado por um calibre 12? Imagine que se faça um estrago, não? O
terceiro nível é individual, ou seja, exatamente daquela arma envolvida no sítio da ocorrência,
seja ela qual for, compreende? Observe o quadro abaixo:
Exemplo: Espingarda Gauge Calibre 12 com falha no sistema de percussão.

Genérico Específico Individual


Arma de fogo Espingarda Gauge Calibre 12 Falha no sistema de percussão

Existem duas formas de identificar uma arma de fogo:

Direta ou
imediata
Identificação
indireta ou
mediata

• Identificação direta ou mediata: procura identificar a procedência da arma de fogo, ge-


ralmente, pelo número de seu registro (se possível). A marca, fabricante, número de
série são algumas características que a Legislação brasileira obriga que cada arma de
fogo tenha.

A arma de fogo, após comprada por um particular, tem numeração de série vinculada ao
seu nome por meio do registro da arma de fogo. Agora, em caso de instituições policiais, é
comum que tenha o brasão do órgão e numeração de registro, que também é associada ao
policial por meio do termo de cautela.
Porém, no intento criminoso, é comum que a arma de fogo tenha sua numeração raspada
ou suprimida. Para essa corriqueira situação, (Machado, Ferreira, Ferreira, Borba & Correia,
2020) nos ensinam que, em alguns casos, é possível identificar o número de registro de arma
de fogo com numeração raspada por meio do exame químico- metalográfico.

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• Identificação indireta ou mediata: procura identificar as características gerais e residuo-


gráficas de cada arma de fogo. Para (TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense, As-
pectos Técnicos e Jurídicos. 7 ed. São Paulo: Millennium, 2013, p. 157.) “A identificação
indireta ou mediata das armas de fogo se processa por meio de estudo dos vestígios
comparativos, macro e microscópicos entre as deformações presentes nos elementos de
munição questionados ou suspeitos.”

4.1.1. Exame Químico-Metalográfico:

Considerando que as partes essenciais da arma de fogo são de aço ou outro metal, o co-
nhecimento mínimo de metalografia é necessário para compreendermos como se dá o proces-
so de recuperação de números raspados em armamentos.
O aço é composto por uma liga metálica formada por ferro e carbono. Em condições nor-
mais de temperatura e pressão, o aço possui estrutura cristalina onde os átomos de carbono,
que possuem menor raio atômico, ficam entre duas moléculas de ferro. Essa estrutura cúbica
é ocupada por átomos de carbono em seu centro, ou no centro de cada uma das faces dessa
estrutura.
O processo de cristalização não é homogêneo, observe a figura abaixo, considerando que
a amostra metalográfica apresenta na parte mais escura os átomos de carbono.

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Cada uma dessas estruturas que você observou na amostra acima recebe o nome de grão,
cujo tamanho é uma das principais características de cada peça produzida para o armamento.
Em suma, os grãos maiores são os mais resistentes (duros), já os graus menores são os mais
maleáveis, ou seja, mais moles.
Quando o fabricante de armamentos pega uma peça metálica (metal bruto) com a inten-
ção de transformá-la em algum componente da arma, ele molda a peça até atingir o formato
ideal. E para isso, é necessário martelar a peça, entende? Pois bem, ao martelar a peça, os
grãos são deformados na região martelada. Então, o fabricante realiza o processo chamado
de puncionamento, que deforma a área na região onde o número é inserido.
O puncionamento deixa marcas nos grãos, que possuem uma fronteira de energia livre
entre os grãos maiores e menores. Quando ocorre a raspagem superficial do armamento, os
grãos maiores são atingidos, podendo os grãos menores ainda estarem preservados. E, com
a técnica correta, que consiste em polir a superfície do aço e adicionar ácido, normalmente,
o fluorídrico ou clorídrico, que atinge intensamente a área de maior energia livre (contorno do
grão), pode revelar o número raspado.
Futuro perito(a), note que eu disse que PODEEEEE. Pois se a raspagem for muito profunda,
fica inviável, por meio desse exame, descobrir a numeração do armamento.
Outras possibilidades também podem ser utilizadas para identificar uma arma de fogo, tais
como: os cartuchos encontrados na cena, os projéteis retirados de vítimas ou outros objetos
no sítio da ocorrência, exames residuográficos realizados nas mãos dos envolvidos no crime,
confronto balístico etc.

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RESUMO
1. Balística Forense:

Para analisar locais de crime, o perito deve conhecer profundamente balística com a finali-
dade de dizer a dinâmica dos eventos e apontar a autoria do delito.
Balística é o ramo da física que estuda os movimentos dos projéteis. Projéteis são corpos
que se deslocam no espaço sob a ação de um impulso inicial e um campo gravitacional.

1.1. Divisão da Balística Forense:

A balística pode ser dividida em:

Interna

Balística Externa

Terminal

a) Balística Interna: Refere-se às armas de fogo, às munições, aos mecanismos de aciona-


mento do gatilho e aos movimentos do projétil dentro do cano e suas raias.
Em um primeiro momento, a ideia de se impulsionar um projétil para ferir ou matar veio da
necessidade da caça, mas sabemos que as armas ganham o destino que os seus operado-
res quiserem.
No início, os projéteis eram lançados com as mãos e mais tarde foram criados as fundas,
arcos, catapultas, onagros e outros. Lembra-se de você bem novo fazendo estilingues (atira-
deira, baladeira, funda) ou sei lá o nome que você chama na sua região?
A descoberta do metal foi um dos principais impulsionadores para a criação de armas de
uso humano. Não por acaso os historiadores dividem os períodos da a pré-história em “idade
da pedra” e “idade do bronze”.
A balística interna compreende todos os fenômenos que ocorrem no interior da arma até
o exato momento em que o projétil sai do cano. Desde a fase do impulsionamento inicial, que
gera a queima do propelente na câmara e expande os gases, até a saída completa do projétil
do cano. Este estudo fica baseado então na temperatura, volume e pressão dos gases no in-

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terior da arma durante a explosão do material combustível, assim como também se baseia no
formato da arma e do projétil.
b) Balística externa: é o movimento do projétil até atingir o alvo, ou seja, da boca do cano
até o anteparo. O movimento do projétil no ar sofre ação da força gravitacional que a Terra
exerce sobre todos os corpos, e isso também deve ser levado em consideração no estudo da
balística externa.
c) Balística Terminal: é a interação do projétil com um corpo material qualquer, como: cor-
po humano, um carro, uma vidraça, uma parede, uma vestimenta etc. As consequências que
esse projétil proporciona ao corpo atingido, os ferimentos e os vestígios são de suma interesse
da análise pericial.

2. Armas de Fogo: Conceito e classificação:

O nome “arma de fogo”, provavelmente, vem da chama que sai do cano no momento
do disparo.
As armas pesadas e fixas, mais comumente utilizadas em artilharias em guerras, são pou-
co são utilizadas em combates civis. Por essa razão, debruçaremos nossos estudos em armas
que podem ser facilmente transportadas por um único operador.

Apontar o cano

Disparar o gatilho
(acionamento do
gatilho)
Etapas do
lançamento de
projéteis
Produzir o tiro

Dar estabilidade
à trajetória

A pólvora não é uma substância encontrada pura na natureza, ela é o nome genérico que
exemplifica a mistura de centenas de componentes. (Wallace J.S., 2008) ensina que “pólvora
não é uma substância pura, mas, sim, um nome genérico para centenas de misturas utilizadas
como propelente para projétil.”

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Já os projetos mais complexos de armas de fogo conseguem ejetar centenas de projéteis


por minuto a uma distância muito grande. Na lição de (WALLACE, J. S., 2008, p. 3-12) “após
sete séculos de aperfeiçoamento, hoje existem armas capazes de produzir até 1500 tiros por mi-
nuto ou, com auxílio de uma mira telescópica, capazes de matar uma vítima selecionada a uma
distância de 2000 m ou mais.”
O primer fica na base do cartucho, e sua composição química permite a queima rápida
devido ao impacto do percussor. A queima do primer, que é composto por diversos produtos
químicos, como: a pólvora negra, que era usada nas primeiras armas de fogo, porém, ao ser
molhada, não conseguia realizar a função de queimar. Já os primers mais modernos, ao con-
trário, são mais especializados, podendo ser de dois tipos: aqueles que usam produtos quími-
cos sensíveis ao choque e aqueles que dependem de produtos químicos acionados por um
impulso elétrico. Exemplos:

Produtos químicos sensíveis ao Produtos químicos acionados por


choque impulso elétrico
Arma cartuchos, rifle cartuchos e
Os escovardores, utilizados em artilharias
espingarda conchas.

Sobre a estrutura da arma, deve ser confeccionada de material resistente, pois a energia
que se desloca entre os seus componentes é de grande monta. O tempo gasto para o percus-
sor atingir o primer e o projétil sair da boca do cano é da ordem de 0,01- 0,03 segundos. Já na
boca do cano, a velocidade do projétil varia de 300 m/s (650 Km/h) para armamento de baixa
energia e até 1000 m/s (3800 km/h) para armamento de alta energia. E as temperaturas des-
sa transformação energética gira entorno de 3000º C e as pressões internas do cano são da
ordem de 2,4 MegaPascal. Muita coisa, não? Vamos separar os dados energéticos para fins
didáticos:

Tempo para o percussor atingir o


0,01 – 0,03 segundos
primer e o projeto sair da boca do cano
Baixa energia= 300 m/s (650 km/h);
Velocidade do Projétil
Alta energia= 1000 m/s (3800 Km/h)
Temperaturas 3000º C
Pressão interna 2,4 MegaPascal

Armas de fogo, que são máquinas térmicas, para uma ação efetiva necessitam de três
elementos:

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Aparelho
arremessador

Carga de
Elementos
projeção

Projétil

2.1. Conceito Legal de Armas de Fogo, Acessórios e Munição:

Não é do nosso interesse nos debruçarmos sobre Leis e Decretos, pois existem disciplinas
específicas para tal. Porém, alguns aspectos da balística forense envolve diretamente alguns
conceitos previstos na legislação que o candidato deve conhecer.
O Decreto n. 3.665/2000 foi revogado pelo Decreto 9.493/18, que por sua vez foi revogado
pelo Decreto n. 10.030/2019. Essa atualização legislativa trouxe uma leva de conceitos que
são muito importantes para a Perícia Criminal, em especial a Balística Forense.
(Leitura do Anexo III desse Decreto altamente recomendada)

2.2. Classificação das Armas de Fogo:

A classificação tem por objetivo organizar e identificar por características e especificida-


des das armas de fogo, pois existem modelos dos mais variados tipos e projetos. Observe:

à alma do cano

ao sistema de
carregamento

Classificação ao sistema de
quanto inflamação

ao
funcionamento

ao uso e à
modalidade

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Classificação quanto à Alma do Cano:

Essa classificação foi proposta pelo professor Eraldo Rabello (1995), onde classificou as
armas quanto à alma de seu cano, que é uma das principais peças da arma. Os canos são
submetidos à intensa pressão, por isso, o processo produtivo de cada um difere para cada
tipo de arma.
Conforme o projeto, os canos da arma de fogo podem se apresentar de duas maneiras:

alma
raiada
Cano
alma lisa

Sintetizando:
“Raias” imprimem “ressaltos” nos projéteis.
“Cheios” produzem “cavados” nos projéteis.
O número de raias depende do tipo de arma, fabricante ou projeto, que pode variar de 2
(duas) até +20 (mais de vinte) raias. Claro, isso depende do calibre. Pode ter número de raias
ímpar ou par, orientadas para a direita ou esquerda. Vejamos:

Dextrogiras: orientadas para a direita Sinistrogiras: orientadas para a esquerda

Classificação quanto ao Sistema de Carregamento:

Nos primórdios, para que uma arma de fogo pudesse efetuar um disparo, era necessário
introduzir, pela boca do cano, a pólvora e a carga de projeção. Em seguida, era utilizado uma
ferramenta para socar a pólvora dentro cano junto à carga de projeção (famosa punheteira).
Essas armas se tornaram obsoletas, mas algumas armas de fabricação artesanal ainda se
utilizam desse procedimento.
Com o avançar dos tempos, o cartucho foi inventado por Clement Pottet e aperfeiçoado
por Casemir Lefaucheux e, com isso, o processo de carregamento foi ganhando celeridade.
Sobre o sistema de carregamento temos dois modelos:

Antecarga
Carregamento
por
Retrocarga

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a) Antecarga: são todas as armas primitivas ou já obsoletas que possuíam o sistema de


carregamento pela boca do cano, onde eram alocados a pólvora e a carga de projeção.
b) Retrocarga: processo de carregamento mais moderno que permite o carregamento pela
culatra, que representa um grande avanço às técnicas de combate. O desenvolvimento dos
cartuchos é inerente a esse tipo de carregamento.

Resumo da ópera:
• Municiar: via de regra municiamos os carregadores das armas, tambores ou tubos.
• Alimentar: inserir o carregador dentro da arma.
• Carregar: é o ato de introduzir uma munição na câmara. Via de regra isso é feito puxando
o ferrolho da pistola ou as alavancas dos rifles (golpe de segurança). No caso do revól-
ver o carregamento ocorre ao trancarmos o tambor, considerando que haja munição no
espaço da câmara.

Sobre o sistema de inflamação ou percussão, temos o direto e indireto:

Direto: o percussor está


acoplado ao cão, pondendo
ser fixo ouoscilante OU
esculpido no ferrolho.
Sistema de inflamação
ou percussão

Indireto: o percussor é
flutuante, inserido na
armação ou ferrolho.

Classificação quanto à Inflamação:

A classificação quanto à inflamação depende em qual sistema cada armamento usa para
propelir o projétil. Para fins de prova conheceremos os principais sistemas:

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Haste de
ferro

Mecha

sistema de
Roda
inflamação

Miguelete

Percussão
extrínseca

a) Sistema de inflamação por haste de ferro: modelo muito usado na idade média, onde
para realizar o disparo era necessário usar uma haste de ferro incandescente de carvão ou
brasa. Esse instrumento era introduzido no orifício da câmara onde ocorria a combustão.
b) Sistema de inflamação por mecha: esse modelo substitui o modelo de inflamação por
haste de ferro, pois a mecha era usada para conduzir a chama para o interior da câmara de
combustão, onde iniciava a queima da pólvora.
c) Sistema de inflamação por fecho de roda: sistema originário do relógio de Nüremberg,
Alemanha. Esse sistema era composto por uma roda na qual se dava corda, e quando era acio-
nado o gatilho produzia-se uma faísca devido ao atrito entre a pedra de perita e o metal, que
incendiava a pólvora e, com isso, o disparo da arma.
d) Sistema de inflamação por miguelete: alguns autores apontam que esse sistema era
derivado do sistema de inflamação por fecho de rodas, na qual a faísca era produzida devido
ao atrito com sílex, que é uma mistura mineral à base de sílica.
e) Sistema de inflamação por percussão extrínseca: a descoberta da espoleta em 1807
pelo escocês Alexander John Forysth, onde obteve a patente de um “moderno” sistema de per-
cussão por fulminato de mercúrio, deu origem a um sistema por choque violento.
O sistema de percussão extrínseca é imensamente utilizado nos dias de hoje e apresenta
duas subdivisões, observe:

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armas de percussão radial: são armas


de retrocarga, onde a mistura iniciadora é
depositada na orla do estojo pela força
centrífuga sem utilização de espoleta.

Sistema de
percussão

armas de percussão central: são armas


de retrocarga onde a espoleta é montada
na base do cartucho.

armas de percussão direta: o percussor está


montado no cão ou é um prolongamento do
cão.

Sistema de
percussão

armas de percussão indireta: o percussor é


uma peça independente que recebe o impacto
do martelo ou cão.

Classificação quanto ao Funcionamento:

Quanto ao funcionamento, temos:

Arma de tiro
unitário

Armas de
repetição
Quanto ao
funcionamento
Armas
semiatutomáticas

Armas
automáticas

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a) Arma de tiro unitário: armas de carregamento manual que é capaz de efetuar apenas um
disparo por vez.
b) Arma de repetição: são armas em que o atirador, após a realização de cada disparo,
decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um com-
ponente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo
seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo.
c) Armas semiautomáticas: são armas que realizam, automaticamente, todas as opera-
ções de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo,
um novo acionamento do gatilho.
d) Armas automáticas: são armas em que o carregamento, o disparo e todas as operações
de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é a
famosa rajada).

Classificação quanto ao Uso e à Mobilidade:

Quanto ao uso, a arma pode ser de uso coletivo ou uso individual. Essa classificação diz
respeito ao número de usuários necessários para operar a arma.

Arma não
portátil

Arma de
porte

Quanto ao
Arma portátil
uso

Arma de uso
permitido

Arma de uso
restrito

a) Arma não portátil: arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser
transportada por um único homem.
b) Arma de porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por
um indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo ati-
rador; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas.

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c) Arma portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por
um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas
as mãos para a realização eficiente do disparo.
d) Arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem
como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército.
d) Arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas
instituições de segurança e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autoriza-
das pelo Exército, de acordo com legislação específica.

3. Cartucho de Munição de Arma de Fogo: Conceito e Divisão:

O cartucho é a unidade da munição. Os cartuchos podem ser para armas raiadas ou ar-
mas lisas. Sendo os cartuchos de arma de cano raiada compostos por 4 partes fundamen-
tais, observe:

Estojo

Espoleta
Componentes do
Cartucho
Pólvora ou carga
de projeção

Prójetil

Nas munições de arma de cano liso a composição é a mesma das armas de cano liso com
a adição das buchas.
A grande maioria das munições apresenta, como mistura iniciadora, o estifnato de chum-
bo, nitrato de bário e sulfeto de antimônio. Já o propelente mais usado é a pólvora sem fumaça,
que é à base de nitrocelulose e nitroglicerina.
É muito comum que se confunda os conceitos de CARTUCHO, ESTOJO e MUNIÇÃO, porém,
não podemos prosseguir com esse erro. Observe:

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Cartucho Estojo Munição


Recipiente tubular que serve
É a unidade de munição É a designação do material
para conter uma espoleta,
das armas de percussão ou componente disparado a
uma carga propelente e um
e de retrocarga. partir de qualquer arma.
ou mais projéteis.

3.1. Energia e Poder de Parada:

Consideramos como “força viva” a máxima velocidade de um projétil ao sair da boca do


cano e a energia que esse movimento realiza. Essa energia é dada e Joules, e é o principal
parâmetro para se aferir o chamado poder de parada, que é capacidade energética que os
projetos atingem seus alvos.
O poder de parada, ou “Stopping power”, portanto, é essa capacidade de se cessar a ação
ofensiva do oponente com apenas um tiro (disparo). Destarte, não há intenção de matar o
oponente, apenas neutralizar sua ação ofensiva com a imediata e instantânea incapacitação.
Para (Marshall & Sanow, 1992) incapacitar a vítima após o disparo tem por objetivo evitar uma
possível reação agressiva ou fuga, não podendo o oponente se deslocar mais de 3 metros
após atingido.
Nesses moldes, a doutrina aponta que.357 Magnum é o melhor nesse quesito, com 96% de
poder de parada, mas depende da munição. Observe o quadro comparativo abaixo:
Munição Poder de parada
.40 S&W 89% a 94%
.45 ACP (hidra shock) 89%
.45 ACP FMJ 64%
.44 Magnum 81% a 89%
9 mm Luger 62% a 89%
.38 SPL 49 % a 75%
.380 ACP 51% a 65%

3.2. Estojo:

O Estojo é projetado para suportar a alta temperatura e pressão no seu interior. Esse pro-
cesso energético ocorre entre o projétil, o propelente e o primer toda vez que o gatilho é acio-
nado. Fatores, como: o tipo da arma, da munição e o tipo de ignição (Boxer ou Berdan) são
relevantes, pois a obturação (expansão do estojo contra a câmara) impede a perda da pressão
no interior da câmara e, portanto, a perda de sua energia.

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O perito, no sítio da ocorrência, deve se ater às posições dos estojos. A posição em que
foi encontrado, etiquetando os estojos percutidos ou não, assim como identificar o número do
lote e fabricante, que é essencial para compreender a dinâmica dos eventos.
A partir do ano de 1961, os fabricantes de cartuchos de espingarda adicionaram mais uma
especificação de cores, sendo a cor vermelha para calibre 12, a cor roxa para a calibre 16 e a
calibre 20 para amarela. E por qual razão adotaram esses padrões? Bem, para evitar a intro-
dução de um cartucho calibre 20 numa arma calibre 12, que colocaria o operador em risco de
obstrução do cano no primeiro tiro e explosão no segundo, como já ocorreu algumas vezes.
Na lição de (Di Maio & Di Maio, p. 229), as munições com mais de 50 anos podem ser uti-
lizadas se acondicionadas em condições adequadas e, consequentemente, encontradas em
locais de crime.

3.3. Projéteis:

Para a física, projéteis são corpos que se deslocam no espaço, sofrendo a ação de um im-
pulso inicial e de um campo gravitacional. Agora, para fins de prova, trataremos o projétil como
um corpo oriundo de uma arma de fogo.
Para cada arma existe um tipo de projétil, geralmente, esse “casamento” é feito ainda na
fase de projeto, onde verifica-se a razão de ser da arma (finalidade) para elaborar um projétil
condizente. Os projéteis podem ser de 3 maneiras, observe:

Não encamisados

Projéteis Encamisados

Semiencamisados

• Não encamisados: possuem uma fina cobertura de cobre, latão ou outro material colori-
do, que tem as funções cosméticas e lubrificantes. Esse tipo de projétil é bem suscetível
a danificar os mecanismos da arma, principalmente o cano e o sistema de alimentação
de armas automáticas e semiautomáticas.
• Encamisados: o encamisamento é feito por galvanoplastia. Quando esse tipo de projétil
atinge o alvo é comum que a camisa se separe do núcleo, fato que faz reduzir o poder

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de penetração do projétil. Na lição de (Finn, 1987), para evitar que haja descolamento do
encamisamento com o núcleo do projétil é necessário empreender métodos de colas e
pregas bem resistentes para fixar melhor a camisa ao chumbo.
• Semiencamisadas: as mesmas possibilidades dos projéteis encamisados, porém, com
um poder de expansão maior.

Observe os projéteis mais comuns que podem cair em provas:

1. Ogival de chumbo: muito utilizadas em revólveres de uso permitido. Projétil mais barato
e o seu emprego gera muito desconforto. Seu uso em armas automáticas não é recomendado,
pois pode ocorrer panes de alimentação.
2. Ogival encamisada: largamente utilizada em pistolas, pois a sua anatomia é muito favo-
rável e facilita a alimentação da arma. Esse tipo de munição evita o acúmulo de chumbo nos
canos e é ideal contra alvos abrigados, pois é altamente penetrante.
3. Encamisada de ponta achatada: munição não expansiva, onde o poder energético se
concentra na área frontal.
4. Semiencamisada de ponta macia (Soft- Point): Além dos benefícios quanto a alimen-
tação, velocidade e limpeza, esse tipo cartucho acumula tanto poder de penetração quanto
poder de expansão.

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5. Semiencamisada de ponta oca: os grandes benefícios são a velocidade, alimentação e


limpeza. Por possuir a ponta oca a energia tende a se expandir no tecido corporal.
6. Encamisada de ponta oca (Hollow- Point): é, atualmente, a munição de defesa mais uti-
lizada tanto em revólveres quanto em pistolas. A grande vantagem é a expansão do projétil ao
atingir corpos hídricos, como o corpo humano. O seu projeto leva em consideração o balance-
amento entre a carga e o propelente, o peso e o desenho do projétil, que possibilita alcançar o
máximo efeito de expansão e deformação quando atinge o alvo.
7. Projéteis Frangíveis: esse tipo de munição não se desintegra ao realizar o deslocamento
contra o alvo, porém, ao chocar na primeira superfície que lhe ofereça resistência, ele tende a
se abrir devido a sua estrutura fragmentada. Esse tipo de munição é veloz e não ricocheteia e
nem transfixa alvos.
8. Perfurantes (Armor Piercing- AP): como o próprio nome sugere, são projéteis ideias
para perfurar blindagens e carrocerias leves. Esse tipo de munição pode ser encontrado em
sítio de ocorrências que envolva carro-forte, crime que se popularizou nos últimos anos.
9. Munições traçantes: esse tipo de munição, muito comum em combates noturnos, deixa
um rastro luminoso, onde o atirador consegue corrigir a trajetória do projétil. Embora não seja
comum no combate urbano, em algumas favelas do Rio de Janeiro foi possível avistar esse
tipo de munição.
10. Balotes: esse tipo de munição é muito comum em espingardas municiadas com um
único projétil e pode ser esférico ou alongado. Cartucho de uso muito comum nas forças poli-
ciais, principalmente quando envolvem combates a curta distância, onde ela se mostra muito
eficiente. Em ambientes prisionais são encontradas as versões elastômero (munição de borra-
cha) e munições de agentes químicos com efeito retardante ou antimotim.

3.4. Espoletas e Primer:

Os termos primer, espoleta e mistura iniciadora são comumente utilizadas como sinôni-
mos. Mas, de maneira técnica, temos que diferenciar:
Espoleta Primer
O mesmo produto químico que o
propelente principal (embora geralmente
em uma forma de pó mais fino), mas
O recipiente que contém a mistura
derramado em uma panela de flash
iniciadora, geralmente, feito de metal.
externo, onde poderia ser inflamado por
uma fonte de ignição como um fósforo
lento ou uma pederneira
Esses elementos estão presentes na mistura iniciadora, que precisam da ação de três com-
ponentes, observe:

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Iniciador: estfinato de
chumbo que recebe a
ação do perscussor

Oxidante: nitrato de
bário que fornece o
Mistura iniciadora combruente necessário
para a queima da
combustível

Combustível: sulfeto
de antimônio que
fornece energia para
inflamar a pólvora
(propelente)

Entendam, cada fabricante tem seu próprio primer, que é tratado como segredo industrial,
dificultando a perícia residuográfica. Porém, existem algumas substâncias que são esperadas
no processo, por exemplo, o Dinol (composto explosivo de nome comercial DDNP).
As espoletas são agrupadas em 5 tamanhos:

Large rifle

Small rifle

Tamanho de
Large pistol
espoleta

Small pistol

Shotgun

Embora espoletas para rifles e pistolas possuam o mesmo diâmetro, a quantidade de pri-
mer para armas de cano longo e as paredes dos cartuchos são maiores, pois necessitam de
maior resistência devido à alta pressão no interior da câmara que esses tipos de armamen-
tos impõem.

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3.5. Pólvora:

O propelente é a mistura química que, ao ser deflagrada, produz energia suficiente para
expandir os gases e produzir o tiro. Para a doutrina mais purista, pólvora e propelente são a
mesma coisa, mas existem muitos tipos de propelentes, que fique bem claro.
O propelente de arma individual é um material explosivo capaz de gerar energia suficiente
para a expansão dos gases no interior da câmara.
(WALLACE J. S., 2008, p. 57) define que o propelente ideal deve reunir alguns elementos
indispensáveis para queimar o combustível dentro da câmara, numa boa relação entre massa
e a energia liberada por essa relação energética. Do contrário, pode detonar (explodir) e não
queimar rapidamente, que é o que se espera.
Em suma, os propelentes devem cumprir as seguintes especificações:
I – Processo de fabricação simples, rápido, prático, barato, seguro e com matéria prima de
fácil obtenção em tempos de guerras.
II – Produtos químicos que não sejam tão agressivos aos armamentos. Pois, o poder cor-
rosivo dos propelentes diminui a vida útil dos armamentos.
III – Produtos estáveis ao ser deslocado de um ponto ao outro, onde o risco de autocom-
bustão deve ser minimizado. Ninguém quer transportar um produto que vai explodir no cami-
nho ou no processo da montagem, certo?
IV – Prazo de validade longo e capacidade de performance em condições adversas, princi-
palmente as climáticas.
V – Propelente resistente às altas temperaturas dos canos das armas, quando em comba-
te. Imagina alimentar a arma durante o combate com um propelente que vai explodir com as
altas temperaturas de seus canos, claramente, não é a ideia.
Os propelentes podem ser de base única, base dupla ou base tripla:

Base única: apenas a nitrocelulose como


oxidante.

Propelentes Base dupla: nitrocelulose + nigroglicerina

Base tripla: nitrocelulose + nitroglicelina


+ nitroguanidina

A expansão dos gases dentro da câmara varia de 700 cm³ -1100 cm³ por grama de prope-
lente. A temperatura varia de 1700º C até 3700º C. Por ser um processo extremamente energé-
tico, ocorre altas temperaturas, que são extremamente relevantes para a Balística, pois parte
da base do projétil é fundida e vaporizada na boca do cano.

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4. Identificação das Armas de Fogo:

Armação

Cano

Gatilho (s)

Sistema de
mira

Estrutura da Cão (cães)


arma de fogo

Percussor
(es)

Extrator
(es)

Ejetor (es)

Depósito de
munição

• Armação: é a estrutura central, o núcleo do armamento que serve de apoio para que as
outras peças sejam acopladas. Na parte posterior localiza-se o cabo, já na parte inferior
é localizado a empunhadura, que serve para realizar o manejo da arma.
• Cano: é o tubo metálico em formato cilíndrico e oco, cuja a função é direcionar o projétil
até o anteparo. Conforme estudado em outro momento, o cano pode ser de alma lisa ou
de alma raiada, que é a responsável por dar estabilidade ao projétil durante a trajetória.
Os revólveres e pistolas possuem apenas um cano, já as espingardas podem ser de um
ou dois canos.
• Gatilho: é o mecanismo que aciona a sequência de ações de disparo da arma de fogo.
Localiza-se na parte inferior da armação e anterior ao cabo e é revestido por uma estru-
tura chamada guarda-mato.
• Cão: é a acionada pelo gatilho, que dá início a percussão da espoleta pelo percussor.
Situa-se na região posterior da armação e acima do cabo. O cão possuiu acoplado a ele
uma mola, que o impulsiona para frente e pode ser armado manualmente ou pela ação
do gatilho.

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• Percussor: vulgarmente chamada de agulha, devido ao seu formato pontiagudo. A fun-


ção do percussor é acionar o culote do cartucho (espoleta). Pode ser acoplado ao cão,
formando um único conjunto ou uma peça independente unida a uma mola
• Sistema de mira: é o conjunto alça e massa de mira. Na parte, digamos, mais próxima ao
olho de mira do atirador, localiza-se a alça. Já na parte mais distante do olho do atirador,
localiza-se a massa. Claro, ambas na parte superior do cano.
• Extrator: o seu formato é em espécie de garra que se acopla ao culote do cartucho e o
extrai para fora da câmara após deflagrado.
• Ejetor: presente nas armas automáticas e semiautomáticas, que servem para extrair o
estojo da câmara após ser deflagrado.
• Depósito de munição: chamado de carregador (pistolas), tambor (revólveres) e pente
(metralhadoras) e destina-se a guardar a munição por ordem de carregamento.

Tipos de Armas de Fogo


I – Revólver:

Arma de cano curto que dispara projéteis de baixa velocidade. Capacidade de 5- 8 (em
média) munições, que são acopladas em tambores onde os cartuchos são colocados. Dife-
rentemente das pistolas, os revólveres não ejetam as munições após deflagradas, pois elas
permanecem no tambor.

II – Pistola:

Arma de cano curto com projeto mais elaborado que os revólveres. A capacidade de muni-
ção foi de 7- 17 munições (em média). As munições são alocadas em um carregador no cabo
da arma, que torna o carregamento bem mais rápido que nos revólveres. Após cada disparo,
as munições deflagradas são ejetadas, fato que possibilita ao perito levantar vestígios impor-
tantes no sítio da ocorrência.

III – Espingarda:

É uma arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa (não raiada). Os seus principais
usos são em competições esportivas e em combates.

IV – Fuzil:

É uma arma de cano longo, raiado que dispara projéteis de alta velocidade e de maneira
automática, isto é, basta pressionar o gatilho e segurar (efeito rajada). Arma muito utilizada em
Guerras, que vem sendo utilizadas em combates urbanos tanto por criminosos quanto pelas
forças policiais.

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V – Carabina:

É uma arma de cano longo de alma raiada que, geralmente, efetua disparos de calibres
mais curtos. Ela possui a mesma estrutura do fuzil, porém é incapaz de disparar tiros de ma-
neira automática (efeito rajada).

VI – Submetralhadora:

Essa arma se diferencia dos fuzis de assalto por dispararem calibres de pistola, mas tam-
bém se diferenciam das carabinas por dispararem tiros de maneira automática (efeito rajada).

VII – Garrucha:

Funcionamento que guarda similaridade com as pistolas, porém são obsoletas. Existem
projetos de percussão extrínseca e cano longo de alma lisa. Arma que pode estar envolvida em
sítios de ocorrência, pois muitas pessoas recebem esse tipo de armamento de herança, apesar
de ainda estarem perfeitamente funcional.

4.1. Identificação das Armas de Fogo:

Identidade e identificação são conceitos distintos. O primeiro, refere-se ao conjunto e sin-


gularidades que cada arma de fogo possui. Já o segundo, são as características próprias da
arma de fogo que permite saber a sua identidade.
Podemos identificar uma arma de fogo por meio de três níveis de entendimento. O primeiro
nível é mais genérico, despreocupado com os detalhes. Já o segundo nível é mais específico,
procura-se ater aos detalhes daquele tipo de arma de fogo. Por exemplo, qual resultado espe-
rado para um ferimento causado por um calibre 12? Imagine que se faça um estrago, não? O
terceiro nível é individual, ou seja, exatamente daquela arma envolvida no sítio da ocorrência,
seja ela qual for, compreende?
Existem duas formas de identificar uma arma de fogo:

Direta ou
imediata
Identificação
indireta ou
mediata

• Identificação direta ou mediata: procura identificar a procedência da arma de fogo, ge-


ralmente, pelo número de seu registro (se possível). A marca, fabricante, número de
série são algumas características que a Legislação brasileira obriga que cada arma de
fogo tenha.
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• Identificação indireta ou mediata: procura identificar as características gerais e residuo-


gráficas de cada arma de fogo. Para (TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense, As-
pectos Técnicos e Jurídicos. 7 ed. São Paulo: Millennium, 2013, p. 157.) “A identificação
indireta ou mediata das armas de fogo se processa por meio de estudo dos vestígios
comparativos, macro e microscópicos entre as deformações presentes nos elementos de
munição questionados ou suspeitos.”

4.1.1. Exame Químico-Metalográfico:

Considerando que as partes essenciais da arma de fogo são de aço ou outro metal, o co-
nhecimento mínimo de metalografia é necessário para compreendermos como se dá o proces-
so de recuperação de números raspados em armamentos.
Quando o fabricante de armamentos pega uma peça metálica (metal bruto) com a inten-
ção de transformá-la em algum componente da arma, ele molda a peça até atingir o formato
ideal. E para isso, é necessário martelar a peça, entende? Pois bem, ao martelar a peça, os
grãos são deformados na região martelada. Então, o fabricante realiza o processo chamado
de puncionamento, que deforma a área na região onde o número é inserido.
O puncionamento deixa marcas nos grãos, que possuem uma fronteira de energia livre
entre os grãos maiores e menores. Quando ocorre a raspagem superficial do armamento, os
grãos maiores são atingidos, podendo os grãos menores ainda estarem preservados. E, com
a técnica correta, que consiste em polir a superfície do aço e adicionar ácido, normalmente,
o fluorídrico ou clorídrico, que atinge intensamente a área de maior energia livre (contorno do
grão), pode revelar o número raspado.
Futuro perito(a), note que eu disse que PODEEEEE. Pois se a raspagem for muito profunda,
fica inviável, por meio desse exame, descobrir a numeração do armamento.
Outras possibilidades também podem ser utilizadas para identificar uma arma de fogo, tais
como: os cartuchos encontrados na cena, os projéteis retirados de vítimas ou outros objetos
no sítio da ocorrência, exames residuográficos realizados nas mãos dos envolvidos no crime,
confronto balístico etc.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Responda TODAS as questões de acordo com os tópicos estudo. Por haver poucas questões
de bancas examinadoras sobre o tópico preparei questões inéditas, tudo isso para ajuda-los a
massificar o conteúdo.

001. (INÉDITA/2021) A balística interna compreende o processo de ignição e queima do pro-


pelente na câmara, isto é, diz respeito aos fenômenos que ocorrem no interior da arma de fogo.

002. (INÉDITA/2021) A balística de transição engloba o período em que o projétil sai da boca
do cano, mas ainda é influenciado pelos gases que saem à boca do cano.

003. (INÉDITA/2021) A balística interna é aquela que diz respeito a fase de penetração do pro-
jétil no interior do alvo, efeitos de armadura, padrões de fragmentos e a letalidade associada.

004. (INÉDITA/2021) As armas portáteis são aquelas que, devido a sua anatomia podem ser
transportadas por um único operador. Já as armas não portáteis são aquelas que, devido às
suas dimensões ou a seu peso, não podem ser transportadas por um único operador.

005. (INÉDITA/2021) Sobre o funcionamento da arma de fogo, julgue:


As armas de repetição são aquelas que comportam um tiro por vez, devendo, assim, ter a sua
carga substituída e renovada para cada novo disparo.

006. (INÉDITA/2021) Sobre o carregamento da arma de fogo, julgue:


No carregamento por antecarga, o carregamento é feito pela extremidade posterior do cano.
Já o carregamento por retrocarga, o carregamento é feito pela extremidade anterior do cano.

007. (INÉDITA/2021) Sobre a alma do cano da arma de fogo, julgue:


O cano de alma raiada, que é provido internamente de estrias, do qual é constituído por um
número equivalente de raias de cristais helicoidais, fornecem estabilidade ao projétil durante
a trajetória.

008. (INÉDITA/2021) Sobre a percussão das armas de fogo, julgue:


A percussão intrínseca, muito utilizado em armas antigas, são aquelas que a peça de ignição
é uma peça isolada a qual se adapta um pequeno tubo saliente que se comunica ao interior da
câmara por um conduto.

009. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


A armação da arma de fogo é a peça que serve de estrutura central. Sua função é servir de
suporte para as demais peças.

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010. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O cão da arma de fogo é uma alavanca em formato de martelo que é acionada pelo gatilho
para dar início ao processo de percussão da espoleta.

011. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O percussor é uma peça que se prende ao culote da munição quando é acionado e se destina
a extrair o estojo deflagrado da câmara.

012. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O sistema de mira da arma de fogo é composto de alça e massa de mira. Na parte anterossu-
perior do cano encontra-se a massa de mira e na sua região póstero-superior a alça de mira.

013. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O depósito da munição é um dispositivo destinado a guardar a munição e colocá-la na or-
dem de carregamento. As armas estilo “pistola” usam tambores, já a estilo “revólver”, usam
carregadores.

014. (INÉDITA/2021) Sobre as munições das armas de fogo, julgue:


A espoleta é um recipiente pequeno e metálico em forma de cápsula localizado no centro do
culote do estojo. Todos os cartuchos que possuem espoleta são denominados de fogo central.

015. (INÉDITA/2021) Sobre as munições das armas de fogo, julgue:


A mistura iniciadora é à base de estifinato de chumbo, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio
e tetrazeno. A sua função é dar origem a chama responsável pela combustão da pólvora.

016. (INÉDITA/2021) Sobre o sistema de percussão, julgue:


No sistema direto de percussão, o percussor édito flutuante e normalmente está inserido no
ferrolho. Já no sistema indireto de percussão, o percussor está acoplado ao cão, podendo ser
fixo ou oscilante.

017. (SENASP/2021) A eficiência dos mecanismos de segurança passou a ser um dos crité-
rios de seleção das armas de fogo, de forma que as armas modernas, em sua maioria abso-
luta, possuem dispositivos e mecanismos seguros quanto à ocorrência de disparo acidental.

018. (SENASP/2021) Atualmente, a legislação brasileira torna obrigatória a incorporação de


sistemas de segurança, que impeçam o disparo acidental por queda, e dispositivo de seguran-
ça, que dificulte o disparo indevido, para todas as armas fabricadas no país.

019. (SENASP/2021) A identificação de uma arma de fogo por meio do estudo dos seus pro-
jéteis pode ser classificada em: genérica, específica e original.

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020. (SENASP/ADAPTADA/2021) Marcas de percussão de submetralhadoras que ope-


ram no percussor fixo no ferrolho são semelhantes às marcas de percussão de pistolas se-
miautomáticas.

021. (INÉDITA/2021) Sobre o propelente, julgue:


O propelente atualmente usado é chamado pólvora sem fumaça, á base de nitrocelulose ou
nitrocelulose e nitroglicerina.

022. (INÉDITA/2021) Sobre os projéteis, julgue:


A função da camisa ou jaqueta é garantir a estabilidade do projétil no deslocamento após a
saída do cano até a chegada no anteparo.

023. (INÉDITA/2021) Segundo a doutrina sobre balística forense, julgue:


A capacidade de produzir dano não depende só da energia do projétil; depende também de
variáveis extrínsecas ao projétil, como a região do corpo atingida, e variáveis intrínsecas como
a constituição e o formato do projétil.

024. (INÉDITA/2021) O poder de parada ou “stopping power”, é a capacidade de determinada


munição cessar, mortalmente, a ação ofensiva de um atacante com apenas um tiro, pondo-o
fora de combate instantaneamente.

025. (INÉDITA/2021) Os estojos de espingarda são, geralmente, de plástico, com base de


latão ou aço revestido.

026. (INÉDITA/2021) Segundo a doutrina, os estojos modernos são de maior interesse da


balística forense, mas munições fabricadas em décadas passadas ainda estão estocadas por
particulares, podendo surgir em locais de crimes.

027. (INÉDITA/2021) Sobre munições, julgue:


Modernamente, o uso de munição não encamisada está restrito, de um modo geral, a revólve-
res de todos os calibres e armas de calibre.22”.

028. (INÉDITA/2021) O projétil ogival encamisado, normalmente, de núcleo de chumbo alta-


mente expansivo, mantém o poder traumático das munições de grande área frontal.

029. (INÉDITA/2021) Sobre as munições, julgue:


As munições do tipo encamisada de ponta oca (Hollow Point), empregadas tanto em pistolas
quanto em revólveres, contam com uma cavidade na ponta do projétil que, ao atingir corpos
hídricos, provoca sua expansão.

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030. (INÉDITA/2021) Os projéteis frangíveis ou hollow point, que são produzidos a partir da
prensagem de materiais granulados os quais mantém sua forma após o disparo, característica
essa que o torna ideal para transfixar alvos.

031. (INÉDITA/2021) As munições perfurantes (Armor Piercing- AP) são pensadas para per-
furar carrocerias e blindagens leves. Geralmente, são utilizadas armas de cano longo, porque a
velocidade e alcance são quesitos necessários neste uso.

032. (INÉDITA/2021) Os projéteis do tipo incendiário são aqueles que, quando disparados,
deixam um marcador visível, de maneira que a trajetória possa ser vista e corrigida.

033. (INÉDITA/2021) As munições incendiárias são usadas contra alvos inflamáveis e têm
um composto incendiário no nariz, que entra em ignição, no momento do impacto.

034. (INÉDITA/2021) A munição do tipo balote, que pode ser esférica ou alongada, tem poder
de penetração e parada para tiro longo.

035. (INÉDITA/2021) As munições de recarga são muito empregadas por algumas pessoas
que gostam de fazer suas próprias munições para fins esportivos, caça, defesa pessoal ou
prática criminosa.

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GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. C
5. E
6. E
7. C
8. E
9. C
10. C
11. E
12. C
13. E
14. C
15. C
16. E
17. C
18. C
19. E
20. C
21. C
22. E
23. C
24. E
25. C
26. C
27. C
28. E
29. C
30. E
31. C
32. E
33. C
34. E
35. C

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GABARITO COMENTADO
Responda TODAS as questões de acordo com os tópicos estudo. Por haver poucas questões
de bancas examinadoras sobre o tópico preparei questões inéditas, tudo isso para ajuda-los a
massificar o conteúdo.

001. (INÉDITA/2021) A balística interna compreende o processo de ignição e queima do pro-


pelente na câmara, isto é, diz respeito aos fenômenos que ocorrem no interior da arma de fogo.

A fase interna é tudo aquilo que ocorre dentro da arma. Todos os processos entre o aciona-
mento do gatilho e a saída do projétil do cano.
Certo.

002. (INÉDITA/2021) A balística de transição engloba o período em que o projétil sai da boca
do cano, mas ainda é influenciado pelos gases que saem à boca do cano.

Na fase de transição o projétil ainda é influenciado pelos gases que saem da boca do cano.
Agora, na fase externa o projétil deixa de estar sob essa influência.
Certo.

003. (INÉDITA/2021) A balística interna é aquela que diz respeito a fase de penetração do pro-
jétil no interior do alvo, efeitos de armadura, padrões de fragmentos e a letalidade associada.

A balística interna é aquela que diz respeito a fase de funcionamento da arma. Já a balística
terminal diz respeito a ação do projétil no alvo. Por exemplo, orifício de entrada e de saída.
Errado.

004. (INÉDITA/2021) As armas portáteis são aquelas que, devido a sua anatomia podem ser
transportadas por um único operador. Já as armas não portáteis são aquelas que, devido às
suas dimensões ou a seu peso, não podem ser transportadas por um único operador.

Perfeito, as armas podem ser classificadas quanto a sua mobilidade em portáteis e não
portáteis.
Certo.

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005. (INÉDITA/2021) Sobre o funcionamento da arma de fogo, julgue:


As armas de repetição são aquelas que comportam um tiro por vez, devendo, assim, ter a sua
carga substituída e renovada para cada novo disparo.

As armas de repetição são aquelas que executam vários tiros e seu carregamento se faz me-
canicamente, isto é, podem efetuar vários disparos antes de um novo carregamento.
Errado.

006. (INÉDITA/2021) Sobre o carregamento da arma de fogo, julgue:


No carregamento por antecarga, o carregamento é feito pela extremidade posterior do cano.
Já o carregamento por retrocarga, o carregamento é feito pela extremidade anterior do cano.

O conceito está invertido. O carregamento por antecarga é feito pela extremidade anterior o
cano, já o carregamento por retrocarga é feito pela extremamente posterior do cano.
Errado.

007. (INÉDITA/2021) Sobre a alma do cano da arma de fogo, julgue:


O cano de alma raiada, que é provido internamente de estrias, do qual é constituído por um
número equivalente de raias de cristais helicoidais, fornecem estabilidade ao projétil durante
a trajetória.

Exatamente. Os canos podem ser de alma raiada e alma lisa. O cano de alma lisa é aquele que
não possuem raias no seu interior. Já os canos de alma raiada são aqueles que apresentam
raias no seu interior, que fazem com que o projétil gire entorno de seu próprio eixo, fato que dá
estabilidade na trajetória.
Certo.

008. (INÉDITA/2021) Sobre a percussão das armas de fogo, julgue:


A percussão intrínseca, muito utilizado em armas antigas, são aquelas que a peça de ignição
é uma peça isolada a qual se adapta um pequeno tubo saliente que se comunica ao interior da
câmara por um conduto.

A percussão extrínseca é aquela que a peça de ignição é uma peça isolada a qual se adapta
ao interior da câmara. Já percussão intrínseca são os utilizados em armas modernas, onde a
munição é constituída por cartucho, a qual se apresenta a cápsula de espoletamento que sofre
impacto do pino.
Errado.

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009. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


A armação da arma de fogo é a peça que serve de estrutura central. Sua função é servir de
suporte para as demais peças.

Perfeito. A armação da arma é o coração do projeto, onde são acopladas a empunhadura, o


cano, o gatilho etc.
Certo.

010. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O cão da arma de fogo é uma alavanca em formato de martelo que é acionada pelo gatilho
para dar início ao processo de percussão da espoleta.

Exatamente. Essa peça situa-se na região posterior da armação e acima do cabo e é dotado de
uma mola, que o impulsiona para frente.
Certo.

011. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O percussor é uma peça que se prende ao culote da munição quando é acionado e se destina
a extrair o estojo deflagrado da câmara.

O percussor é uma peça pontiaguda que tem por objetivo atingir o culote do cartucho. Já o ex-
trator, esse sim, tem o papel de se prender ao culote da munição para proporcionar a extração
do estojo.
Errado.

012. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O sistema de mira da arma de fogo é composto de alça e massa de mira. Na parte anterossu-
perior do cano encontra-se a massa de mira e na sua região póstero-superior a alça de mira.

Questão perfeita. O sistema de mira é composto por alça de mira e massa de mira.
Certo.

013. (INÉDITA/2021) Sobre a estrutura das armas de fogo, julgue:


O depósito da munição é um dispositivo destinado a guardar a munição e colocá-la na or-
dem de carregamento. As armas estilo “pistola” usam tambores, já a estilo “revólver”, usam
carregadores.

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O depósito de munição é destinado a guardar a munição em ordem de carregamento. Mas, os


revólveres utilizam tambores e as pistolas utilizam carregadores.
Errado.

014. (INÉDITA/2021) Sobre as munições das armas de fogo, julgue:


A espoleta é um recipiente pequeno e metálico em forma de cápsula localizado no centro do
culote do estojo. Todos os cartuchos que possuem espoleta são denominados de fogo central.

A espoleta é a carga de inflamação que inicia todo o processo de queima da mistura iniciadora.
Certo.

015. (INÉDITA/2021) Sobre as munições das armas de fogo, julgue:


A mistura iniciadora é à base de estifinato de chumbo, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio
e tetrazeno. A sua função é dar origem a chama responsável pela combustão da pólvora.

Perfeito. A mistura iniciadora tem a função de iniciar o processo químico dentro do cartucho.
Certo.

016. (INÉDITA/2021) Sobre o sistema de percussão, julgue:


No sistema direto de percussão, o percussor édito flutuante e normalmente está inserido no
ferrolho. Já no sistema indireto de percussão, o percussor está acoplado ao cão, podendo ser
fixo ou oscilante.

No sistema direto de percussão o percussor está acoplado ao cão, podendo ser fixo ou oscilan-
te. Já o sistema indireto, esse sim, é flutuante e, normalmente, está inserido ao ferrolho.
Errado.

017. (SENASP/2021) A eficiência dos mecanismos de segurança passou a ser um dos crité-
rios de seleção das armas de fogo, de forma que as armas modernas, em sua maioria abso-
luta, possuem dispositivos e mecanismos seguros quanto à ocorrência de disparo acidental.

Perfeito. Os mecanismos de segurança, chamados de travas de segurança, contribuem para a


diminuição dos índices de acidentes com arma de fogo.
Certo.

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018. (SENASP/2021) Atualmente, a legislação brasileira torna obrigatória a incorporação de


sistemas de segurança, que impeçam o disparo acidental por queda, e dispositivo de seguran-
ça, que dificulte o disparo indevido, para todas as armas fabricadas no país.

Várias Legislações, que não caem em prova, disciplinam as especificações mínimas para ar-
mas de fogo no Brasil. Por exemplo, a Portaria 389/2020 do Ministério da Justiça.
Certo.

019. (SENASP/2021) A identificação de uma arma de fogo por meio do estudo dos seus pro-
jéteis pode ser classificada em: genérica, específica e original.

A identificação de uma arma de fogo por meio do estudo de seus projéteis é classificada como
genérica, específica e individual.
Errado.

020. (SENASP/ADAPTADA/2021) Marcas de percussão de submetralhadoras que ope-


ram no percussor fixo no ferrolho são semelhantes às marcas de percussão de pistolas se-
miautomáticas.

Questão perfeita. A percussão direta (fixa) é aquela que está fixa no cão.
Certo.

021. (INÉDITA/2021) Sobre o propelente, julgue:


O propelente atualmente usado é chamado pólvora sem fumaça, á base de nitrocelulose ou
nitrocelulose e nitroglicerina.

O propelente é a energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe gran-


de velocidade.
Certo.

022. (INÉDITA/2021) Sobre os projéteis, julgue:


A função da camisa ou jaqueta é garantir a estabilidade do projétil no deslocamento após a
saída do cano até a chegada no anteparo.

A função da camisa ou jaqueta é evitar incrustações de chumbo no cano e na câmara.


Errado.
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023. (INÉDITA/2021) Segundo a doutrina sobre balística forense, julgue:


A capacidade de produzir dano não depende só da energia do projétil; depende também de
variáveis extrínsecas ao projétil, como a região do corpo atingida, e variáveis intrínsecas como
a constituição e o formato do projétil.

Posição categórica de (Machado, Ferreira, Ferreira, Borba & Correia, 2020).


Certo.

024. (INÉDITA/2021) O poder de parada ou “stopping power”, é a capacidade de determinada


munição cessar, mortalmente, a ação ofensiva de um atacante com apenas um tiro, pondo-o
fora de combate instantaneamente.

O poder de parada ou “stopping power”, realmente, tem o objetivo de neutralizar o agressor


com apenas um tiro. Agora, não é a intenção que essa neutralização seja mortal, que é o erro
da questão.
Errado.

025. (INÉDITA/2021) Os estojos de espingarda são, geralmente, de plástico, com base de


latão ou aço revestido.

Por exemplo, a munição da Calibre 12. Observe:

Certo.

026. (INÉDITA/2021) Segundo a doutrina, os estojos modernos são de maior interesse da


balística forense, mas munições fabricadas em décadas passadas ainda estão estocadas por
particulares, podendo surgir em locais de crimes.

É muito comum que cartuchos antigos, em posse de particulares, estejam envolvidos em sítios
de ocorrência. Segundo Di Maio, munições com mais de 50 anos ainda podem produzir tiro,
desde que estejam acondicionadas em locais adequados.
Certo.
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027. (INÉDITA/2021) Sobre munições, julgue:


Modernamente, o uso de munição não encamisada está restrito, de um modo geral, a revólve-
res de todos os calibres e armas de calibre.22”.

Os projéteis podem ser classificados como: encamisados, semiencamisados e não


encamisados.
Certo.

028. (INÉDITA/2021) O projétil ogival encamisado, normalmente, de núcleo de chumbo alta-


mente expansivo, mantém o poder traumático das munições de grande área frontal.

A munição ogival encamisada é altamente penetrante, ideal contra alvos abrigados, pois pos-
suiu grande poder de penetração e não é expansiva.
Errado.

029. (INÉDITA/2021) Sobre as munições, julgue:


As munições do tipo encamisada de ponta oca (Hollow Point), empregadas tanto em pistolas
quanto em revólveres, contam com uma cavidade na ponta do projétil que, ao atingir corpos
hídricos, provoca sua expansão.

Perfeito. Esse tipo de projétil, ao atingir o ser humano (70 % água), se expande. Essa expansão
aumenta a área de dano provocada pelo projétil.
Certo.

030. (INÉDITA/2021) Os projéteis frangíveis ou hollow point, que são produzidos a partir da
prensagem de materiais granulados os quais mantém sua forma após o disparo, característica
essa que o torna ideal para transfixar alvos.

Os projéteis frangíveis ou hollow point, realmente mantém sua forma após o disparo, mas se
desintegram no primeiro obstáculo que encontram pelo caminho, fato que não os tornam ide-
ais para transfixarem obstáculos.
Errado.

031. (INÉDITA/2021) As munições perfurantes (Armor Piercing- AP) são pensadas para per-
furar carrocerias e blindagens leves. Geralmente, são utilizadas armas de cano longo, porque a
velocidade e alcance são quesitos necessários neste uso.

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Exatamente. Entretanto, pode haver munições desse modelo projetadas para armas de cano
curto, que tem seu poder de penetração limitados.
Certo.

032. (INÉDITA/2021) Os projéteis do tipo incendiário são aqueles que, quando disparados,
deixam um marcador visível, de maneira que a trajetória possa ser vista e corrigida.

Os projetos que deixam um rastro luminoso, geralmente na cor vermelha, são os do tipo traçante.
Errado.

033. (INÉDITA/2021) As munições incendiárias são usadas contra alvos inflamáveis e têm
um composto incendiário no nariz, que entra em ignição, no momento do impacto.

Perfeito. O agente incendiário, geralmente, é o magnésio, que tem elevado ponto de fu-
são (650º C).
Certo.

034. (INÉDITA/2021) A munição do tipo balote, que pode ser esférica ou alongada, tem poder
de penetração e parada para tiro longo.

A munição do tipo balote tem poder de parada e penetração para tiros curtos.
Errado.

035. (INÉDITA/2021) As munições de recarga são muito empregadas por algumas pessoas
que gostam de fazer suas próprias munições para fins esportivos, caça, defesa pessoal ou
prática criminosa.

As munições de recarga são barateadas, pois há o reaproveitamento do estojo e a compra dos


componentes do cartucho são feitos a granel.
Certo.

Obrigado.
Boa sorte em sua jornada!
Até a próxima.

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Silvio Duarte Santana
Graduado em Física pela UFG, pós-graduado em Direito Constitucional e Docência do Ensino Superior,
mestre em Física Aplicada. Professor há 17 anos na rede pública e privada de ensino e em diversos cursos
preparatórios no Brasil inteiro. Labuta na área dos concursos públicos desde o ano de 2012, com inúmeras
aprovações em diversos certames, como: Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal, Oficial de
Justiça Avaliador, Polícia Militar do Distrito Federal e, atualmente, policial penal no Estado de Goiás.

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