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Luciano Luiz Goulart Silva Dias / Alzeir Costa dos Santos / Carlos Eduardo De Franciscis Ramos

A NOVA ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E O ALINHAMENTO DO PROGRAMA


ESTRATÉGICO GUARANI DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Luciano Luiz Goulart Silva Dias*


Alzeir Costa dos Santos**
Carlos Eduardo De Franciscis Ramos***

RESUMO
O Programa Estratégico do Exército (PrgEE) Guarani consiste na implantação de
uma Nova Família de Blindados sobre Rodas (NFBR), concebida para transformar
a Infantaria Motorizada em Mecanizada e modernizar as Unidades de Cavalaria,
que empregam as Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) EE-11
Urutu desde 1974. Atualmente, o Programa vem contribuindo para o fomento
de novas capacitações, fortalecendo a indústria brasileira com a obtenção de
tecnologia de emprego dual (civil e militar). Diante do exposto, o presente
trabalho discorrerá sobre o alinhamento do Projeto Viaturas 6x6, Média Sobre
Rodas (MSR), com as orientações e diretrizes da minuta da Política Nacional
de Defesa (PND-END 2016), tendo como base as Estratégias de Defesa (ED),
que substituíram as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa (END 2012).
Pretende-se, ao final, demonstrar que os benefícios gerados por este Programa
favorecem a consecução dos Objetivos Nacionais de Defesa (OND), contribuindo
para a Defesa Nacional, o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) e
a soberania do Brasil.
Palavras-chave: Defesa Nacional; Documentos de Defesa; Guarani; Programas
Estratégicos.

THE NEW NATIONAL DEFENSE STRATEGY AND THE ALIGNMENT OF THE ARMY’S
STRATEGIC PROGRAM GUARANI

ABSTRACT
The Guarani Army’s Strategic Program consists of the implementation of a New
Family of Wheeled Armored Vehicles, designed to transform the Motorized
Infantry into Mechanized and modernize the Cavalry Units that employ the

* Major de Intendencia. Exercito Brasileiro. Mestre em Operções Militares pela Escola de


Aperfeioamento de Oficiais (EsAO) e Mestrado do rograma de Pos-graduaão em Ciências Militares
da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (ECEME). Contato: capgoulart@gmail.com
** Major de intendência. Exercito Brasileiro. Mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências
Militares da ECEME. Contato: alzeircs@gmail.com
***Coronel de Infantaria. Exército Brasileiro. Pós-Doutorado em Administração Pública pela EBAPE/
FGV. Doutor em Ciências Militares pela ECEME e Mestre em Operações Militares pela EsAO.
Atualmente chefia o Instituto Meira Mattos (IMM) da ECEME e exercie a função de Coordenador
Geral do Observatório Militar daa Praia Vermelha (OMPV). Contato: defranciscis@hotmail.com

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A Nova Estratég. Nac. de Defesa e o Alinhamento do Progr. Estratég. Guarani do Exército Brasileiro

Armored Personnel Carrier Vehicle (APC) EE-11 Urutu since 1974. Actually, the
Program is contributing to the promotion of new skills, strengthening the Brazilian
industry by the obtaining of dual employment technology (civil and military).
Thus, this paper will discuss the alignment of the Project Vehicles 6x6, average on
wheels, with the guidelines of the draft of the PND-END 2016’ draft, based on the
Defense Strategies, which replaced the Guidelines of the END 2012. It’s intended,
at the end, to demonstrate that the benefits generated by the Program GUARANI
favor the achievement of the National Defense Objectives, contributing to
National Defense, the development of the Industrial Defense Base and the Brazil’s
sovereignty.
Key words: National Defense; Defense Documents; GUARANI; Strategic Programs.

LA NUEVA ESTRATEGIA NACIONAL DE LA DEFENSA Y LA ALINEACIÓN DEL


PROGRAMA ESTRATÉGICO GUARANI DEL EJÉRCITO

RESUMEN
El Programa Estratégico del Ejército PrgEE Guarani consiste en la implantación
de una Nueva Familia de Blindados sobre Ruedas, concebida para transformar la
Infantería Motorizada en Mecanizada y modernizar las Unidades de Caballería,
que emplean los Vehículos Blindados de Transporte de Personal EE-11 Urutu
desde 1974. Actualmente, el Programa está contribuyendo para el fomento de
nuevas capacidades, fortaleciendo la industria brasileña con la obtención de
tecnología de empleo dual (civil y militar). En el presente trabajo se discutirá
sobre la alineación del Proyecto Vehículos 6x6, Media sobre Ruedas, con las
orientaciones y directrices del borrador de la PND-END 2016, teniendo como
base las Estrategias de Defensa, que sustituyeron a las Directrices de la END 2012.
Se pretende, al final, demostrar que los beneficios generados por el Programa
Estratégico GUARANI favorecen la consecución de los Objetivos Nacionales de
Defensa, contribuyendo a la Defensa Nacional, el desarrollo de la Base Industrial
de Defensa y la soberanía de Brasil.
Palabras clave: Defensa Nacional; Documentos de Defensa; Guarani; Programas
Estratégicos.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil enfatiza a igualdade entre os Estados e a solução pacífica dos conflitos,


conforme os princípios das Relações Internacionais (BRASIL, 1988). Apesar de sua
tradição diplomática, os assuntos de defesa vêm ampliando o papel do País junto à
sociedade brasileira devido às incertezas da atual conjuntura.
A primeira versão da Política Nacional de Defesa (PND) foi lançada com esta
denominação em 1996 (BRASIL, 1996). Esse documento configurou a “primeira

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iniciativa para orientar os esforços de todo o país no sentido de reunir capacidades


em nível nacional [...]” (BRASIL, 2016a, p. 4).
Com a atualização da PDN, em 2005, foi incluído o conceito de segurança
conforme os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização
dos Estados Americanos (OEA). Três anos depois, houve a publicação da Estratégia
Nacional de Defesa (END), como forma de marcar as pretensões brasileiras sobre
esse assunto e abrir o diálogo com o meio civil (BRASIL, 2008).
A Lei Complementar no 97/1999 (BRASIL, 1999), atualizada pela Lei
Complementar no 137/2010 (BRASIL, 2010), instituiu que os documentos de Defesa
Nacional devem ser apreciados pelo Congresso Nacional, quadrienalmente. O
resultado foi a aprovação da PND-END 2012, que abordou, pela primeira vez, a
necessidade de “implementação de projetos considerados estratégicos e prioritários
[...]” (BRASIL, 2012, p. 153).
A Política Nacional de Defesa é o documento de mais alto nível relacionado
aos assuntos de Defesa no Brasil, que consolida os seus principais posicionamentos
quanto à discussão dessa temática. Nesse documento ficaram estabelecidos
oito Objetivos Nacionais de Defesa (OND), “que devem ser permanentemente
perseguidos pela Nação”. (BRASIL, 2016a, p. 16).
A Estratégia Nacional de Defesa orienta os segmentos do Estado brasileiro
quanto às medidas necessárias para que os OND sejam alcançados. A consecução
desses objetivos ocorre com o desenvolvimento ininterrupto das atividades
diplomáticas e a manutenção de um Setor de Defesa, que seja capaz de aplicar
plenamente a sua força, em caso de guerra ou de conflito armado.
As Forças Armadas (FA), constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica,
também denominadas Forças Singulares, destinam-se “à defesa da Pátria, à garantia
dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”
(BRASIL, 1988, p. 61). Por essa razão, as FA devem “conceber suas estruturas
organizacionais e operacionais em torno de capacidades, em consonância com a
estruturação dos meios de defesa do país [...]” (BRASIL, 2016a, p. 24).
O Exército Brasileiro (EB) emprega a sua Força Terrestre (F Ter) para o
cumprimento de sua missão constitucional e coopera subsidiariamente com
desenvolvimento nacional e o bem-estar social. O cumprimento dessas atividades
demanda uma Força em adequado estado de prontidão, “sob a orientação das
características doutrinárias de flexibilidade, adaptabilidade, modularidade,
elasticidade e sustentabilidade” (FAMES) (BRASIL, 2016a, p. 27).
O provimento dessas capacidades permite que o Exército Brasileiro se faça
presente a partir de um dispositivo de expectativa, podendo atuar em conjunto com
as demais FA e em apoio aos órgãos governamentais. Além disso, a Instituição deve
ter condições de projetar poder, constituindo uma Força Expedicionária para atuar em
operações de paz, ajuda humanitária ou operações que atendam os compromissos
assumidos sob a égide de organismos internacionais (BRASIL, 2016a).
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Com as devidas atualizações, a nova versão da END (2016) apresenta os


Programas Estratégicos do Exército (PrgEE) como os “indutores do processo de
transformação em curso do Exército Brasileiro” (BRASIL, 2016a, p. 28). Dentre
eles, o PrgEE Guarani consiste na implantação da Nova Família de Blindados sobre
Rodas (NFBR), concebida para transformar as unidades motorizadas e modernizar
as mecanizadas com novos blindados que incorporam as mais recentes tendências
e evoluções tecnológicas.
O desenvolvimento desse Programa atende a premissa de que “a defesa do
País é indissociável de seu desenvolvimento” (BRASIL, 2016a, p. 5). Sendo assim, é
mister que contribua, simultaneamente, para a defesa do País e o fortalecimento da
Base Industrial de Defesa (BID).
A BID compreende o conjunto de empresas estatais ou privadas que
participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção,
distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa (bens e serviços)
(MINISTÉRIO DA DEFESA (MD), 2017). A consolidação de suas indústrias
possibilita a geração de empregos qualificados e o incremento tecnológico do
País, com encadeamentos produtivos para outros setores da indústria (BRASIL,
2016b).
A concepção política de 2016 apresenta a necessidade de “priorizar os
investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação relativos a produtos de defesa de
aplicação dual, visando à autonomia tecnológica do País” (BRASIL, 2016a, p. 12). No
caso em questão, o PrgEE Guarani “contribui para a aquisição de novas capacitações,
fortalecendo a indústria brasileira com a obtenção de tecnologia de emprego dual”
(civil e militar) (BRASIL, 2016b, p. 148).
Diante do exposto, o presente artigo analisará o PrgEE Guarani à luz das
novas Estratégias de Defesa, verificando como as suas demandas alinham-se com
as orientações e diretrizes da END 2016.
A abordagem da pesquisa foi qualitativa, com os delineamentos descritivos
e exploratórios, empregando os procedimentos técnicos bibliográficos e
documental para a coleta dos dados (GIL, 2002). A escolha do PrgEE Guarani
como objeto de pesquisa motiva-se pela capacidade desse Programa favorecer o
Processo de Transformação do Exército Brasileiro e, simultaneamente, fomentar o
desenvolvimento das Indústrias de Defesa do Brasil.
O trabalho será dividido em três partes: a primeira abordará o histórico
de fabricação de Blindados Sobre Rodas no Brasil; a segunda discorrerá sobre o
desenvolvimento do PrgEE Guarani, particularmente o seu primeiro Projeto, que
é a Nova Família de Blindados sobre Rodas (VBTP) Média Sobre Rodas (MSR) 6x6
Guarani. Por fim, será apresentado o alinhamento desse Projeto Integrante com a
END 2016, confirmando que o Programa como um todo contribui para a consecução
e a manutenção dos Objetivos Nacionais de Defesa (OND), convertendo-se em
benefícios para a sociedade brasileira.

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2 O HISTÓRICO DE FABRICAÇÃO DE VEÍCULOS SOBRE RODAS NO BRASIL

A origem do programa tecnológico de fabricação de viaturas blindadas


remonta ao ano de 1967, quando a estratégia militar decidiu pela constituição de
um grupo de trabalho composto por engenheiros militares para a nacionalização
de componentes dos veículos e, posteriormente, a fabricação completa da viatura.
(BASTOS JÚNIOR; HIGUCHI; BACCHI, 2015)
Segundo esses autores, a primeira estratégia visualizada concentrou-se
na substituição de motores e de componentes importados do Carro Blindado de
Reconhecimento (CBR) M8 Greyhound e do Carro Blindado de Transporte de Pessoal
– Meia Lagarta (CBTP-ML) M2. Em prosseguimento ao Programa, estabeleceu-se o
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), iniciando os trabalhos
para a produção da Viatura Blindada Brasileira (VBB), cujo protótipo construído
com a iniciativa privada foi abandonado, uma vez que se esperava a produção de
um veículo 6x6, em vez de 4x4 do projeto da VBB.
O passo seguinte foi o desenvolvimento da viatura 6x6, chamada de
Viatura Blindada de Reconhecimento-2 (VBR-2), e, em 1970, denominada Carro
de Reconhecimento de Rodas (CRR). Esse projeto teve a participação da empresa
Engenheiros Especializados S/A (Engesa), evidenciando, desde a sua origem, a
articulação com a Indústria de Defesa e a cooperação para o seu desenvolvimento
tecnológico (BASTOS JÚNIOR; HIGUCHI; BACCHI, 2015).
Posteriormente, com a introdução de mudanças pontuais no projeto,
a viatura passou a ser designada Carro de Reconhecimento Médio (CRM) e, em
seguida, Viatura Blindada de Reconhecimento (VBR) EE-9 Cascavel. A necessidade
de a Marinha do Brasil (MB) ter um Carro de Transporte de Tropas Anfíbio (CTTA)
fez com que a Engesa desenvolvesse um blindado anfíbio 6x6 capaz de transportar
14 (catorze) militares, nomeado Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP)
EE-11 Urutu (CCOMSEX, 2015).
Os resultados da Indústria de Defesa, nesse período, devem-se, em grande
medida, pela Parceria Público-Privada (PPP), entre o Estado e as empresas
estratégicas, que atuaram de forma de complementar. Sobre o assunto, Patrick-Jones
(1987) destaca a atuação do governo brasileiro na diminuição do risco no mercado de
defesa, ao desenvolver tecnologias fora do alcance das empresas individuais e facilitar
a comercialização de Produtos de Defesa (PRODE) brasileiros no exterior.
Aproveitando-se do incentivo estatal, a Engesa exportou o caminhão EE-25
(2.416 unidades), a VBR Cascavel (1.738 unidades) e a VBTP Urutu (888 unidades)
para 18 países espalhados pelo globo, representando mais de 70% de todas as vendas
da empresa ao longo de sua história (STRACHMAN E DEGL’LESPOSTI, 2010). Seus
produtos caracterizaram-se pela “simplicidade de design e operação, durabilidade
robusta e baixo custo”, contribuindo para a permanência do Brasil como o segundo
maior exportador de armas do “Terceiro Mundo”, entre os anos de 1981 e 1985
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(FRANKO-JONES, 1987, p. 42)1. Um grande diferencial dos seus produtos foi a famosa
suspensão bumerangue, cujo desempenho pode ser visualizado na Figura 1:

Figura 1 – Performance da suspensão bumerangue

Fonte: LEXICAR BRASIL, 2014.

O sucesso do Cascavel e do Urutu fez com que a Engesa iniciasse, no final dos
anos 1970, o estudo de um blindado composto de um canhão de baixo recuo, que
pudesse ser acoplado a um veículo de pequeno porte de grande mobilidade estratégica,
velocidade e elevado raio de ação. Assim, surgiu o projeto do Veículo Caça-tanques
EE-17 Sucuri, o qual tomou como base o chassi da VBR Cascavel. (BASTOS, 2003).
O grande diferencial desse carro, o aumento de 1,10 m da distância entre os
eixos, permitiu acoplar um canhão de 105 mm. Seu reduzido peso (18.500 Kg), em
relação aos veículos de lagartas, fez do Sucuri “o caça tanque mais veloz do mundo,
podendo alcançar em estradas 110 km/h, com condições de enfrentar carros de
combate inimigos, a curta ou média distância [...]”. (BASTOS, 2007, p. 4).
Apesar do seu potencial, o uso da suspensão bumerangue não obteve o
mesmo resultado dos veículos anteriores, pois o Sucuri era um veículo estreito,
comprido e alto. Além disso, a torre FL-12 de fabricação francesa não apresentou
a inovação esperada, fazendo com que o desempenho geral do carro fosse
insatisfatório. (BASTOS, 2003).

1 As citações de todas as obras estrangeiras foram realizadas pelos autores.

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O projeto teve a sua segunda chance entre 1986 e 1987, quando passou
a se chamar EE-18 Sucuri (II). A nova versão contou com o novo motor Scania
turbo 384 CV, que elevou a sua velocidade máxima de 110 Km/h para 115 km/h.
E a suspensão bumerangue substituída por uma suspensão hidropneumática,
menos volumosa; desenvolvendo-se uma nova torre pela empresa Engenheiros
Especializados S.A. (Engesa), que acoplou um canhão 105 mm da empresa
italiana Oto-Melara. Ademais, o veículo teve o seu perfil rebaixado e permitiu
o acréscimo de mais um homem na guarnição do Carro (4 militares). (LEXICAR
BRASIL, 2014).
Apesar dessas inovações, o caça-tanques Sucuri ficou ainda na fase de
protótipo, possivelmente pela falta de interesse do EB em avaliá-lo e a preferência
internacional por modelos sobre lagartas. Ao final, o protótipo foi “desmanchado e
vendido como ferro velho, sendo que seu canhão foi devolvido à Oto-Melara [...]”.
(BASTOS, 2003, p. 10).
A Engesa também inovou ao desenvolver o Veículo de Reconhecimento Leve 4x4
EE-3 Jararaca, como “mais um derivado do bem-sucedido Cascavel” (LEXICAR BRASIL,
2014, p. 5). Bastos (2006, p. 1) aborda que a concepção desse novo blindado teve
como objetivo “[...] substituir o velho jipe como veículo de exploração nas unidades de
cavalaria mecanizada, dada a sua vulnerabilidade e ausência total de blindagem”.
O Veículo foi projetado para ter grande mobilidade (até 100 Km/h), sendo
equipado com uma metralhadora externa (calibre 7,62 mm ou. 50), quatro
lançadores de granadas fumígenas e o aprovisionamento de até 1600 tiros de 7,62
mm. A baixa silhueta e a facilidade de manobra do Jararaca tornaram-no um veículo
extremamente operacional para a patrulha de áreas urbanas, em substituição à
plataforma 6x6, que, por vezes, tem o seu emprego limitado em Operações de
Pacificação, face às suas grandes dimensões.
O Jararaca também contava com a vantagem dos seus componentes mecânicos
serem oriundos da indústria automotiva nacional, usados em caminhões, o que
facilitava a logística de reposição de peças. O seu motor era o tradicional Mercedes
Benz OM-314A, com quatro cilindros em linha e alguns dos seus componentes
fabricados pela própria Engesa, a exemplo da caixa de descida e da caixa de
transmissão múltipla.
Em que pese as suas especificações, não se considerou o Jararaca o melhor
veículo concebido pela ENGESA. Sua produção foi totalmente exportada “para
países como Uruguai (16), Guiné (10), Gabão (12), Equador (10) e Chipre (15)
[...]”. (BASTOS, 2006, p. 4) e o Iraque, que teria exportado cerca de 300 unidades.
(SMANIOTTO, 1997 apud STRACHMAN; DEGL’LESPOSTI, 2010).
O sucesso da Engesa, impulsionado pela Guerra entre o Irã e o Iraque (1979-
88), estimulou as exportações brasileiras de material bélico ao redor do mundo. Nessa
ocasião, exportaram-se cerca de 1.070 blindados para o Iraque, correspondendo à
metade da Força Terrestre iraquiana. O reflexo dessa parceria fez com que a Engesa
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se mantivesse “entre as 500 maiores empresas brasileiras de 1976 a 1987 [...]”.


(STRACHMAN; DEGL’LESPOSTI, 2010, p. 48). Os principais Veículos sobre Rodas da
Engesa poderão ser visualizados na figura abaixo:

Figura 2 – Veículos Blindados sobre Rodas da Engesa

Fonte: LEXICAR BRASIL, 2014.

A concentração da Engesa nos mercados do Oriente Médio e da África foi um


dos fatores que motivou a sua derrocada a partir da década de 1990. O período de
1985-1989 já havia se distinguido pela diminuição de 20% das vendas dos Sistemas de
Armas dos Países em Desenvolvimento, onde “os clientes mais importantes do Brasil -
Iraque, Arábia Saudita, Líbia e Egito - cortaram suas importações de grandes armas de
US $ 6,6 bilhões para menos de US $ 2,3 bilhões [...]” (CONCA, 1998, p. 506).
O período também se caracterizou pela mudança da transferência de
tecnologia Norte-Sul, quando o licenciamento intergovernamental foi substituído
pela coprodução, o desenvolvimento de códigos, as joint ventures e o Investimento
Estrangeiro Direto (IED) (BITZINGER, 1994). Como consequência, houve a geração de
conflitos entres os atores públicos e privados, prejudicando o exercício das funções
flexíveis, que tinham sido críticas para os sucessos anteriores (CONCA, 1998).
A redução das vendas do Urutu e do Cascavel motivou o desenvolvimento
do Carro de Combate (CC) EE-T1 Osório para o mercado saudita, como a “primeira

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incursão da empresa em tecnologia mais avançada” (FRANKO-JONES, 1987, p.


61). Entretanto, a Engesa cometeu um grave erro ao desconsiderar os fatores de
sucesso dos seus Blindados sobre Rodas, como a “alta porcentagem de peças e
componentes produzidos para o mercado civil [emprego dual], embutidos em seus
produtos” (STRACHMAN; DEGL’LESPOSTI, 2010).
O sucesso dos veículos da Engesa influenciou no incremento da capacidade
de dissuasão do EB e da Indústria Nacional de Defesa. Embora os seus benefícios
não tenham se alinhado aos OND e às Estratégias de Defesa (ED), as quais fazem
parte de uma PND-END, o know-how de fabricação de veículos blindados no Brasil
trouxe relevantes lições aprendidas, empregadas na concepção do Projeto Viaturas
6x6, que integra o PrgEE Guarani.

3 A CONCEPÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO VBTP MSR 6X6 GUARANI

A falência da Engesa, em 1993, teve como consequência a perda de expertise


no desenvolvimento de veículos blindados no Brasil. Essa atividade só foi retomada
com o estabelecimento das Condicionantes Doutrinárias e Operacionais (CONDOP)
nº 03/98, e a emissão dos Requisitos Operacionais Básicos no 09/1999, que
descreveram “o desempenho operacional exigido para uma nova família de carros
blindados sobre rodas” (AMARANTE, 2013, p. 47).
A emissão desses documentos motivou a criação do Subprograma Viaturas
Mecanizadas, que se subdivide nos Projetos Integrantes Viaturas 6x6, Viaturas 4x4,
Viatura Blindada de Reconhecimento (VBR) e Obuseiro Autopropulsado Sobre Rodas
(OAP-SR) (EPEx, 2018a). A Figura 3 elucida a Estrutura Analítica desse Programa:

Figura 3 – Estrutura Analítica do PrgEE Guarani (resumida)

Fonte: O AUTOR, com base na Estrutura Analítica do Programa GUARANI (EPEx, 2018a).

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O Projeto Integrante 6x6 iniciado, em 2006, por Pesquisa e


Desenvolvimento (P&D), recebeu o título de VBTP MSR 6x6 Guarani. Esse veículo,
concebido como substituto natural dos EE-11 Urutu, teve como premissas: o
baixo custo, simplicidade, ganho operacional, peças de prateleira, mínimo 60% de
nacionalização, nicho equivalente ao mercado da Família Engesa, fomento a P&D
e à retomada da fabricação de blindados no País (FERREIRA, 2017). O protótipo foi
construído durante seis anos, conforme as etapas apresentadas na figura 4:

Figura 4 – Fases de desenvolvimento do Projeto VBTP MSR 6x6 Guarani

Fonte: FERREIRA, 2017.

A FIAT Automóveis S.A – Divisão IVECO (Industrial Vehicles Corporation)


foi selecionada para desenvolver, juntamente com o EB, o projeto do VBTP-MR.
A escolha baseou-se na estratégia de sustentabilidade do programa, destacando-
se a capacidade de concepção e fabricação de blindados da IVECO, a exemplo
do CENTAURO BI, do Exército Italiano, em parceria com a OTO-Melara, do Grupo
Finmeccanica (BASTOS JÚNIOR; HIGUCHI; BACCHI, 2015).
A parceria com a IVECO enquadra-se como um Programa de Cooperação de
nível empresarial, onde há o compartilhamento dos meios e custos com associado
de elevado padrão tecnológico e que esteja atraído pela realização de um bom
negócio. Nesse caso, a integradora IVECO Latin America, sediada em Sete Lagoas-
MG, empregou a sua expertise em viaturas blindadas sobre rodas da IVECO Defence
Vehicles (Bolzano-Itália) para a fabricação da VBTP-MR GUARANI, resultando na
transferência de conhecimentos para o Brasil (AMARANTE, 2013).
O Programa teve uma nova perspectiva com a inserção da Força

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Terrestre na Era do Conhecimento, focando não apenas na modernização,


mas, principalmente, na transformação, orientada em torno de capacidades.
A instituição do Projeto de Força do Exército (PROFORÇA) possibilitou o
desenvolvimento de Capacidades Militares Terrestres (CMT), segundo os
Vetores de Transformação (VT): Preparo, Engenharia, Doutrina, Logística,
Ciência e Tecnologia (C&T), Gestão, Orçamento e Finanças, Recursos Humanos,
e Educação e Cultura. A figura abaixo apresenta o processo de transformação,
atualmente vivenciado no Exército Brasileiro:

Figura 5 – Processo evolutivo do EB para a Era do Conhecimento

Fonte: BRASIL, 2011, p. 13.

Estrategicamente, o PrgEE Guarani contempla requisitos de capacidades, que


propiciam à NFBR configurações capazes de criar diferentes PRODE, inovando os
campos científico e tecnológico. Assim, a NFBR foi dividida na subfamília média, com
plataforma 6x6, e configuração que permita a migração para 8x8; e a subfamília e
leve, na plataforma 4x4, a qual flexibiliza a aquisição das capacidades mecanizadas
à F Ter (BRASIL, 2013).
A parceria entre o EB e a IVECO, no desenvolvimento da VBTP-MSR 6x6
GUARANI, teve o apoio da Fundação Ricardo Franco (FRF) 2, da Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq/MCTIC). Consequentemente houve a fabricação de um protótipo

2 Instituição privada sem fins lucrativos, de apoio ao Instituto Militar de Engenharia (IME).

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e um lote-piloto com 16 (dezesseis) viaturas, produzidos na Itália e montados no


Brasil.
Sob o enfoque da autonomia produtiva e tecnológica, o Projeto 6x6 foi
capaz de influenciar a empresa IVECO na construção de uma unidade fabril no País,
instalando-se no complexo industrial de Sete Lagoas-MG. Esse empreendimento
contou com o apoio de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), possibilitando a geração de emprego e renda na região,
além da atração de mão de obra especializada.
A interação com países detentores de tecnologias críticas concretizou-se na
estratégica do Projeto 6x6, a exemplo dos sistemas de armas UT-30BR (Unmanned
Turret 30BR (em parceria com a israelense Elbit) e ALLAN-PLATT MR-550
(australiana). Na estratégia nacional da Base Industrial de Defesa (BID), a empresa
ARES está fabricando a torre REMAx (Reparo de Metralhadora Automatizado) em
conjunto com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), que poderá incorporar as
metralhadoras .50 ou 7,62 mm (CCOMSEX, 2015). Esses Sistemas de Armas são
visualizados na Figura 6:

Figura 6 – Sistemas de Armas das VBTP-MSR

Fonte: COLOG, 2017.

A fim de fortalecer a cadeia logística de suprimento, o Centro de Avaliação


do Exército (CAEx) iniciou a análise da torre manual GPK modelo EB 01, também
fabricada pela empresa israelense Plasan Sasa, que possibilitará a comparação com
os sistemas de armas UT-30BR e REMAx, sendo mais uma alternativa de configuração
do Guarani (INFODEFENSA, 2016).
Não obstante, a estratégia do Programa visualizou a integração com os
sistemas congêneres das demais Forças Armadas, como a interoperabilidade no
transporte da VBTP-MSR nas aeronaves C-130 e KC-390, permitindo a realização
de operações conjuntas (CCOMSEX, 2015). Essa integração também se fez presente
com outros órgãos públicos, quando os Guaranis foram empregados na Copa do
Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, maximizando o Sistema de Defesa
Nacional Brasileiro.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 33, n. 69, p. 174-197, set./dez. 2018 185
Luciano Luiz Goulart Silva Dias / Alzeir Costa dos Santos / Carlos Eduardo De Franciscis Ramos

A logística das Viaturas Blindadas de Transporte Pessoal (VBTP) MSR 6x6


GUARANI destaca-se como ponto fundamental na estratégia de defesa, valendo-se
do seu Suporte Logístico Integrado (SLI), que “é um sistema formado por produtos
e serviços de pós-venda para estabelecer e manter relações com consumidores
por um longo prazo” (CCOMSEx. 2015, p. 39). Esse suporte tem a capacidade de
maximizar a operacionalidade, a confiabilidade, a manutenção e o desempenho,
reduzindo os custos relacionados ao ciclo de vida das VBTP-MSR Guarani. A figura
abaixo ilustra os elementos do SLI que representam a maior parte dos gastos do
Ciclo de Vida dos MEM.

Figura 7 – O iceberg do SLI do Guarani

Fonte: CCOMSEX , 2015, p. 39.

Quanto à proteção blindada do Guarani, a IVECO tem estabelecido


tratativas com as Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A (Usiminas), empresa
nacional do ramo siderúrgico, capaz de fomentar a rede de fornecedores
locais. A aprovação dessas novas chapas de aço aumentará o índice de
nacionalização do veículo, impulsionando a cadeia da logística nacional de
defesa (INFODEFENSA, 2013). A figura abaixo apresenta os principais parceiros
envolvidos nas atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do
Programa:
186 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 33, n. 69, p. 174-197, set./dez. 2018
A Nova Estratég. Nac. de Defesa e o Alinhamento do Progr. Estratég. Guarani do Exército Brasileiro

Figura 8 – Articulação dos principais atores na P&DI do Guarani

Fonte: OS AUTORES, com base nos dados de Carrilho (2014, p. 28-35).

O desenvolvimento da VBTP MSR 6x6, como o seu primeiro produto, vem


contribuindo para o fomento das atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação
(CT&I) no país. Com o desenvolvimento de todas as subfamílias, o Guarani trará
benefícios para a sociedade, alinhando-se aos Objetivos Estratégicos do Exército
(OEE): 1 – Contribuir com a Dissuasão Extrarregional (em especial a Estratégia 1.2
- Ampliar as capacidades de mobilidade e elasticidade) e o OEE 9 – Implantar um
Novo e Efetivo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (com destaque para a
Estratégia 9.2 - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de PRODE). (BRASIL, 2017a).
O alcance de tais objetivos é fundamental para que a F Ter saia da Era Industrial e
ingresse na Era do Conhecimento.

4 O ALINHAMENTO DO PROGRAMA GUARANI COM AS NOVAS ESTRATÉGIAS DE


DEFESA

Os benefícios gerados pelo Prg EE Guarani vão além dos OEE e se estendem aos
ONP elencados na PND 2016. Para que esses objetivos sejam atingidos e mantidos,
a END 2016 estabeleceu as ED que representam “o vínculo entre o posicionamento
do País nas questões de defesa e as ações necessárias para efetivamente dotar o
Estado da capacidade para preservar os seus valores fundamentais”. (BRASIL, 2016a,
p. 32). Essas capacidades decorrem do contínuo processo de transformação, que se
sustentam nas características doutrinárias do FAMES.

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Luciano Luiz Goulart Silva Dias / Alzeir Costa dos Santos / Carlos Eduardo De Franciscis Ramos

Dentre os Programas Estratégicos do Exército, o Guarani destaca-se por


conferir capacidades que trarão impactos positivos à Infantaria e à Cavalaria,
“propiciando a geração de aptidões diversas para o cumprimento de uma variada
gama de tarefas e missões”. (CCOMSEx, 2015, p. 20). Simultaneamente, essa VBTP
incorpora novas tecnologias em todos os campos do conhecimento que poderão
ser aplicados nos conflitos modernos e fomentar o desenvolvimento da Base
Industrial de Defesa (BID) brasileira.
O Estado do Paraná divide 208 km de fronteira com a Argentina e 239 km
com o Paraguai e Argentina, enquanto que o Mato Grosso do Sul tem 1.131 km de
fronteira com o Paraguai e 386 km com a Bolívia. Essa grande extensão territorial,
muitas delas com “fronteiras secas” e “cidades gêmeas” facilita o tráfico de armas
às cidades brasileiras, a exemplo de Foz do Iguaçu – PR, Guaíra – PR, Ponta-Porã
– MS e Corumbá – MS (SERAPIÃO, 2018). A figura 9 apresenta as cidades que,
atualmente, estão envolvidas nesses ilícitos transfronteiriços:

Figura 9 – Principais vias terrestres de entrada de armas

Fonte: SERAPIÃO, 2018.

O Prg EE Guarani entregou140 (cento e quarenta) veículos para as


Organizações Militares (OM’S) da 15ª Bda Inf Mec (Cascavel-PR) e 47 (quarenta
e sete) unidades para a 4ª Bda C Mec (Dourados – MS), destinados às ações

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A Nova Estratég. Nac. de Defesa e o Alinhamento do Progr. Estratég. Guarani do Exército Brasileiro

preventivas e repressivas na faixa de fronteira terrestre ou contra ameaças externas.


Tal distribuição representa mais da metade da frota produzida até o presente
momento, favorecendo a execução da ED 2 - Fortalecimento da capacidade de
dissuasão, já que agrega “Capacidade de Proteção e de Pronta-resposta, no caso
de eventuais ações hostis contra a soberania e os legítimos interesses do Brasil”
(BRASIL, 2016b, p. 19).
A fábrica da IVECO em Sete Lagoas – MG fomenta o Setor de Defesa
Nacional, pois desenvolve tecnologia de ponta e tem a capacidade de
produzir até 200 (duzentos) blindados por ano (IVECO, 2017). As instalações
dessa empresa dividem-se nos setores de funilaria, liner (proteção), pintura,
montagem, testes e acabamento final, gerando 350 (trezentos e cinquenta)
empregos diretos e mais de 1,4 mil indiretos, conforme declaração de Marco
Mazzu, presidente da Fiat Industrial Latin America em 2013 (AUTOMOTIVE
BUSINESS, 2013).
A cadeia produtiva, envolvida no PrgEE GUARANI, atende à ED 3 -
Dimensionamento do Setor de Defesa, pois amplia o Setor de Defesa, que conta
com empresas fornecedoras de insumos e integram os sistemas necessários para
o prosseguimento desse Programa. São parcerias como essa que possibilitaram
a “transferência de tecnologia em nível de componentes, como soldagem de aço
balístico, fabricação de spall linner3 e eletroeletrônica de viaturas e sistemas de
armas” (AMARANTE, 2013, p. 55-56).
A contratação do Suporte Logístico Integrado alinha-se à ED 4 - Capacitação
e dotação de recursos humanos, pois permite a maximização da operacionalidade,
a confiabilidade, a manutenção e o desempenho das VBTP-MSR Guarani,
reduzindo os custos relacionados ao seu ciclo de vida. O Contrato nº 120/2016-
COLOG (BRASIL, 2016c) prevê a capacitação de Recursos Humanos na modalidade
“on the job training”, que podem se desenvolver nas instalações da IVECO, no
Centro de Instrução de Blindados, ou nas Organizações Militares que participam
da execução desse Programa.
A Experimentação Doutrinária é outra forma de capacitar os Recursos
Humanos elencados na ED 4, que lidam diretamente com a execução do PrgEE
Guarani. Até o presente momento foram realizadas experimentações no nível
Batalhão, empregando cerca de 1.100 (mil e cem) militares e 50 (cinquenta)
Guaranis no ano de 2016; e, aproximadamente, 1.639 (mil e seiscentos e trinta
e nove) militares com 54 (cinquenta e quatro) veículos no ano de 2017 (EPEX,
2018b).

3 São revestimentos projetados para veículos militares feitos de materiais absorventes de energia,
que protegem a tripulação embarcada em blindados contra fragmentos de metal decorrentes de
ataques inimigos.

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O Prg EE Guarani integra, atualmente, o Programa Governamental Avançar, que


tem prioridade na alocação de recursos do Governo Federal e, consequentemente,
do Exército Brasileiro (EPEX, 2018c). Nesse sentido, a Força vem aumentando
gradativamente a Dotação Orçamentária com esse Programa, embora 43,43% dos
recursos previstos tenham sido contingenciados4 (não executados) no ano de 2015.
Esse esforço atende à ED 5 - Regularidade Orçamentária, conforme representado
no gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Dotação Orçamentária do PrgEE Guarani

Fonte: OS AUTORES, 2017. Dados disponibilizados no Tesouro Gerencial.

A dualidade dos componentes do Guarani alinha-se à ED 15 - Promoção da


sustentabilidade da cadeia produtiva da BID, pois a fabricação de aços balísticos,
materiais cerâmicos, sistema de suspensão e freios a disco com ABS, atendem
às demandas das indústrias do meio civil e militar. A adoção dessa estratégia é
importante para a manutenção do capital de giro de grandes empresas como a
IVECO, que, por vezes, sofrem “atrasos indesejáveis no cronograma de aquisição do
blindado pelo Exército Brasileiro” (OLIVEIRA, 2014, p. 47).

4 O contingenciamento consiste no retardamento ou, ainda, na inexecução de parte da


programação de despesa prevista na Lei Orçamentária em função da insuficiência de receitas.

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A Nova Estratég. Nac. de Defesa e o Alinhamento do Progr. Estratég. Guarani do Exército Brasileiro

A ED 15 também se relaciona com o Regime Especial Tributário para a


Indústria de Defesa, que institui normas especiais para as compras, contratações
e o desenvolvimento de produtos e de sistemas de defesa (BRASIL, 2013b). A
promulgação dessa lei trouxe impactos positivos para o Prg EE Guarani, pois
permitiu a isenção do Imposto sobre produtos industrializados (IPI) e do PIS/
COFINS5para a fabricação da VBTP-MSR, além da redução para 4% do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), dentro do estado de Minas
Gerais (BRASIL, 2016c).
A sustentabilidade, promovida pela ED 15, é fomentada pelo trabalho da
Associação Brasileira das Indústrias de Material de Defesa e Segurança (ABIMDE).
Essa entidade facilita o contato entre as Indústrias e os Órgãos governamentais,
agilizando a comercialização, o desenvolvimento e a qualidade dos produtos
brasileiros. O produto dessa integração permitiu, em 2014, a venda de 10 (dez)
Guaranis para o Líbano (por 30 milhões de Euros), o que possibilitou a geração
de royalties para o EB, na proporção de 3% (três por cento) sobre o valor das
viaturas, excluídos os tributos e as contribuições incidentes no momento da venda.
(PLANOBRAZIL, 2017; EPEX, 2018c).
A Ação Estratégica de Defesa-67 discorre sobre a necessidade de se “aprimorar
o modelo de integração da tríade Governo/Academia/Empresa” (BRASIL, 2016a, p.
41), conforme estabelecido na ED 16 - Fortalecimento da área de CT&I. No caso
do Prg EE Guarani, o envolvimento da comunidade acadêmica vem aumentando
gradativamente, a exemplo do Projeto Simulador Guarani (SIGUA), que está sendo
desenvolvido numa parceria entre a Universidade Federal de Santa Maria e o CI Bld.
(DEFESANET, 2016).
O desenvolvimento da torre UT30-BR com a empresa israelense Elbit Systems
é outra inovação capaz de fortalecer a área de C&T do País, elencado na ED 16, e
poderá chegar perto dos 100% de nacionalização. Os contratos que, atualmente,
estão assinados preveem o índice de nacionalização de pelo menos 60%, sendo
desejável o de 70%. (PLANOBRAZIL, 2017).
Pelo exposto, fica evidente a elevada importância estratégica do PrgEE Guarani
para o País, pois o Programa contribui para o alcance das Estratégias de Defesa,
gerando os benefícios elencados nos Objetivos Nacionais Permanentes. O quadro
abaixo resume o alinhamento desse Programa com os OND e ED estabelecidos na
PND-END 2016:

5 O PIS e a COFINS são siglas de dois tributos pertencentes à Constituição Federal nos artigos 195
e 239, que significam: PIS - Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do
Servidor Público – PIS/PASEP; e COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.

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Quadro 1 – Alinhamento do PrgEE Guarani com os atuais OND e ED

OND ED DESCRIÇÃO ATIVIDADE DO PrgEE GUARANI


Mecanização da Infantaria e modernização da
Fortalecimento cavalaria
I 2 da capacidade de Prioridade no fornecimento das VBTP-MSR 6x6
dissuasão para as Grandes Unidades (GU) mecanizadas que
lidam com ilícitos transfronteiriços
Dimensionamento Fabricação de Guaranis nas instalações da IVECO
3
do Setor de Defesa (Sete Lagoas – MG)
Capacitação e Cursos e treinamentos na IVECO e em Organizações
4 dotação de recursos Militares (OM)
II humanos Experimentação Doutrinária até o nível Batalhão
Inclusão do Guarani no Programa Governamental
Regularidade
5 Avançar, na Ação Orçamentária 14T4 – Implantação
orçamentária
do PrgEE Guarani.
Produção de material de uso dual
Aplicação do Regime Industrial Tributário para
Promoção da
Produtos de Defesa (RETID)
sustentabilidade da
Trabalho de coordenação da Associação Brasileira
15 cadeia produtiva da
das Indústrias de Material de Defesa e Segurança
Base Industrial de
(ABIMDE)
Defesa
VII Venda de Guaranis para o Líbano, com 3% de
royalties para o EB (rendimento bruto).
Desenvolvimento de Simulador Guarani (SIGUA)
Fortalecimento da e do Reparo de Metralhadora Automático X
16 Área de Ciência e (REMAX)
Tecnologia de Defesa Previsão de Índice de nacionalização de ao menos
60%, conforme o Contrato no 120/2016-COLOG
Legenda:
OND I - Garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial.
OND II - Assegurar a capacidade de defesa, para o cumprimento das missões constitucionais
das FA.
OND VII - Promover a autonomia produtiva e tecnológica na área de defesa.
Fonte: O AUTOR, 2017.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A nova Estratégia Nacional de Defesa de 2016 estabelece as orientações e
diretrizes gerais para todos os segmentos da sociedade brasileira. É a forma de
maximizar o Poder Nacional para que, superando os óbices, sejam alcançados os
objetivos nacionais de mais alto nível do País.
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A Nova Estratég. Nac. de Defesa e o Alinhamento do Progr. Estratég. Guarani do Exército Brasileiro

No campo da expressão militar terrestre, o Exército Brasileiro estabeleceu


um planejamento estratégico para contribuir com as Estratégias de Defesa. O
Programa Estratégico Guarani do Exército é uma dessas iniciativas, que se apresenta
como programa estruturante da transformação da F Ter, proporcionando melhores
condições para o cumprimento das missões de defesa da Pátria, de garantia dos
poderes constitucionais, da lei e da ordem, além do alinhamento com as medidas
definidas na nova END.
A atualização doutrinária do emprego da Infantaria mecanizada e a
modernização da Cavalaria estrategicamente aderem-se às ED, possibilitando
aumento da capacidade de dissuasão. Por sua vez, a parceria estratégica com o
setor privado, nacional e internacional, em especial com a IVECO, está em sintonia
com a nova END, contribuindo para o fomento da BID e o fortalecimento das áreas
de ciência e tecnologia de defesa.
Outra correspondência das ações do Programa e da END é a sustentabilidade
estratégica do Guarani. Os cursos e treinamentos do pessoal militar nas atividades
logísticas permitirão a capacitação dos recursos humanos do Exército Brasileiro
(EB), propiciando condições para a continuidade de fabricação dessas VBTP-MR. Do
mesmo modo, o incentivo para a produção de emprego dual, como componentes
mecânicos, o regime tributário especial e o envolvimento de associação de
indústrias, a exemplo da ABIMDE, assegura o alinhamento do Prg EE Guarani com
as Estratégias de Defesa, incentivando a promoção da sustentabilidade da cadeia
produtiva.
O principal desafio para a sustentabilidade do programa reside na
disponibilidade orçamentária. Os recursos descentralizados para investimento no
EB estão em torno de 4% do seu orçamento anual, sendo da ordem de R$ 1 bilhão.
Considerando a média de gastos com o PrgEE Guarani, no período de 2012 a 2016,
tem-se o valor de cerca de R$ 250 milhões, que corresponde a 25% do orçamento
de investimento.
O custo estimado do programa é de R$ 18,8 bilhões (SEF, 2013) e a sua
conclusão estará sujeita: à elevação dos gastos para a finalização até 2040, que
concorre com outros Programas Estratégicos das FA; ao enquadramento dentro
do orçamento de investimento do EB, que apresenta tendência de estagnação; e à
limitação do aumento do orçamento da União para cerca de 3% ao ano (variação da
inflação), como decorrência da Emenda Constitucional 95/2016, conhecida como
Emenda do Teto de Gastos. (BRASIL, 2017b).
Mesmo com esses desafios, a END 2016 torna-se componente essencial
para disciplinar as ações do planejamento, execução, acompanhamento e controle
dos resultados do PrgEE Guarani, cujos produtos estão além da fabricação de um
veículo militar blindado. Esse novo documento contempla estratégias civil-militares,
que concorrem, ao mesmo tempo, para a Defesa Nacional, o desenvolvimento e a
soberania do Brasil.

Revista da Escola Superior de Guerra, v. 33, n. 69, p. 174-197, set./dez. 2018 193
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