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Revista — O que vem a ser a Es- dernização das estruturas dos demais
tratégia Braço Forte? Comandos Militares de Área.
Gen Fernando — A Estratégia Com o Programa Mobilidade Es-
Braço Forte vem a ser o planeja- tratégica, se pretende completar e
mento do Exército no tocante à sua modernizar os equipamentos e as do-
reorganização, segundo as condi- tações de suprimentos do Exército do
cionantes e diretrizes estabelecidas presente. Já o Programa Combaten-
pela END, no ato de sua aprovação, te Brasileiro do Futuro é destinado
em dezembro de 2008. a equipar o Exército do futuro, com
O EME, no prazo de seis me- ações basicamente voltadas para a
ses determinado pelo Ministério da área de Ciência e Tecnologia, desen-
Defesa, apresentou seus planeja- volvendo os sistemas de armas que o
mentos para a articulação e o equi- Exército adotará a partir de 2014.
Revista — A Estratégia Nacional pamento. No que se refere à articu-
de Defesa, documento assinado em lação, foram elaborados o Programa Revista — VExa poderia explici-
dezembro de 2008, foi o documento Amazônia Protegida e o Programa tar um pouco mais o SISFRON e a
inspirador para o EME desenvolver Sentinela da Pátria. No tocante ao sua importância num curto e médio
os estudos do processo de transfor- equipamento, foram elaborados o prazos? Há a possibilidade de finan-
mação? Foi uma atualização de es- Programa Mobilidade Estratégica e ciamento externo para a obtenção dos
tudos anteriores ou começou-se um o Programa Combatente Brasileiro recursos necessários?
novo trabalho? do Futuro (COBRA). Gen Fernando — No prossegui-
Gen Fernando — Sem dúvida, a Estes programas contemplam mento dos trabalhos, após a entrega
Estratégia Nacional de Defesa (END) ações para o curto, médio e longo da Estratégia Braço Forte ao Minis-
despertou no Exército uma motivação prazos (2014-2022-2030) e é um tra- tério da Defesa, o Projeto do Siste-
especial pelo que ela representa para a balho integrado do qual participaram ma Integrado de Monitoramento de
evolução do pensamento de defesa em o Estado-Maior do Exército, os Ór- Fronteiras – SISFRON – ganhou pro-
nosso País e pelas oportunidades ofe- gãos de Direção Setoriais (ODS) e os eminência, por conter respostas para
recidas para a modernização do Exér- Comandos Militares de Área. problemas em evidência e de difícil
cito. Um marco que fez recair sobre o solução para o Governo.
Estado-Maior do Exército (EME) re- Revista — O Sr poderia detalhar a Além da vigilância da fronteira
novadas atribuições, principalmente, estrutura da EBF, no que diz respeito amazônica e dos consequentes bene-
no sentido de apresentar planejamen- aos programas que a compõem? fícios naturalmente relativos àquela
tos com capacidade de respaldar e mo- Gen Fernando — O Programa região, como a preservação ambien-
tivar decisões políticas e econômicas Amazônia Protegida abrange três tal e a proteção de comunidades indí-
por parte do Governo Federal. projetos: Pelotões Especiais de genas, o Projeto elevará a capacidade
Partindo-se de estudos e diagnósti- Fronteira, Sistema Integrado de de monitorar e controlar as fronteiras
cos já existentes no EME, com a END Monitoramento de Fronteira (SIS- do Centro-Oeste e do Sul e ensejará
incorporamos novas concepções que FRON) e Reestruturação das Bri- muito maior eficiência na resposta
têm impactos em praticamente todos gadas de Selva. Destina-se a re- operacional aos eventuais alertas a
os nossos setores de atividades. Este completar e modernizar os sistemas serem proporcionados pelo sistema.
processo resultou na Estratégia Braço operacionais da Amazônia. Com isso, estaremos nos antecipan-
Forte (EBF), apresentada ao Ministro O Programa Sentinela da Pátria do no atendimento das demandas por
da Defesa em junho de 2009. é destinado à reestruturação e à mo- parte do governo e da sociedade, no
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sentido de contribuir para a seguran- tecnologias relacionadas ao proces- as primeiras décadas do século XX,
ça nos centros urbanos, por elevar a samento e transmissão de dados, à até sofrer os reflexos da participação
capacidade dos Órgãos Federais no robótica e aos sistemas de armas, na Segunda Guerra Mundial, que re-
apoio ao combate ao narcotráfico e firmou-se a tendência de sistemati- sultou na aproximação militar com
ao contrabando de armas. zar as ações necessárias para o apro- os EUA. Passamos a adotar um pen-
Quanto aos recursos, o Projeto veitamento militar dessas vantagens samento militar com relativa autono-
está abrigado no “guarda-chuva” do potenciais, por intermédio do pro- mia somente a partir dos anos 1980,
acordo Brasil-França, o que eleva cesso de transformação. quando se adotaram conceitos pró-
consideravelmente a possibilidade Tecnologia da informação, ciber- prios e promoveu-se o fortalecimen-
de alocação de recursos por meio de nética, capacidades espacial e nuclear, to da indústria nacional de defesa.
crédito externo. Esse benefício pode- nanotecnologia, robótica e biotecno- Em cada um desses períodos evo-
rá estender-se a todos os projetos da logia são alguns dos parâmetros com lutivos fomos capazes de empreender
Estratégia Braço Forte, pois eles os quais as forças militares estão se grandes ações transformadoras, das
podem, convenientemente, ser carac- deparando nos conflitos atuais e nos quais cito, como exemplo, a Reforma
terizados como parte integrante dos visualizados para o futuro. Administrativa do Exército Brasilei-
vários subsistemas do SISFRON. ro no período 1964-1984, marco na
Revista — Quais foram os prin- história do Exército, cujos resultados
Revista — Em relação ao Proces- cipais ensinamentos colhidos de pro- ainda são visíveis na Força.
so de Transformação, que papel de- cessos anteriores? E as experiências Sem dúvida, neste novo ciclo
sempenha a Estratégia Braço Forte? de outros Exércitos e Nações Amigas, evolutivo e transformador estamos
Gen Fernando — A Estratégia sob quais aspectos nos foram úteis? aproveitando os ensinamentos de
Braço Forte representa a oportuni- Gen Fernando — Para chegar processos anteriores, bem como
dade que temos para modernizar a ao estágio em que se encontra, o experiências de Exércitos de Na-
infraestrutura e os equipamentos do pensamento militar do Exército ções Amigas, como os do Canadá,
Exército, com vista à reversão do Brasileiro sofreu, ao longo de sua Chile e Espanha, que promoveram
processo de obsolescência, sucate- história, influências de diversas na- transformações em suas estruturas
amento e insuficiência causada pela turezas que ficaram caracterizadas e concepções.
prolongada restrição orçamentária a como ciclos de evolução.
que vimos sendo submetidos. Desde o esforço autóctone empre- Revista — O que exatamente mo-
Além disso, o próprio processo de endido na Guerra da Tríplice Alian- tivou o desencadeamento do Proces-
elaboração da estratégia proporcio- ça, no século XIX, o EB passou pelas so de Transformação do Exército?
nou a estruturação de um banco de influências alemã e francesa durante Gen Fernando — A percepção de
dados e a constituição de um diag-
nóstico bastante abrangente sobre a
situação geral do Exército em todos
os níveis e setores. Esse diagnóstico
deixou clara a necessidade de irmos
além das estruturas físicas e de nos
preocuparmos, também, em evoluir
as concepções atualmente vigentes.
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significativo por meio do proje- Gen Fernando — Os êxitos a se- tre, provavelmente seja a vertente
to de modernização, o qual pode, rem alcançados pela transformação que mais necessite ser transfor-
a partir de agora, ser revitalizado dependem diretamente da gestão do mada, em face do hiato existente
pela adoção de ações voltadas para pessoal, no sentido de proporcionar entre a Logística Militar Terrestre
o desenvolvimento de uma mentali- que cada sistema de atividades do e a logística atualmente praticada
dade de inovação. Exército conte com os recursos pelas empresas civis e as novas
Com as ações a serem implemen- humanos mais capacitados e na concepções logísticas adotadas
tadas, buscaremos incutir em nos- quantidade necessária. As modifi- nos conflitos modernos.
sos militares a preocupação com a cações requeridas pela Gestão dos Na transformação do Sistema
permanente atualização e a cons- Recursos Humanos provavelmente Logístico (SISLOG), iremos con-
ciência de que o domínio de novas acarretarão profundas mudanças siderar fatores como a adoção de
tecnologias será condição básica em nossa cultura institucional e uma estrutura de organização que
para o êxito profissional. exigirão pesquisas especializadas, possibilite o controle efetivo de
Adicionalmente, toda a Institui- ampla discussão e estudos aprofun- todo o ciclo de vida dos Materiais
ção deverá proporcionar um am- dados, pois seus reflexos se farão de Emprego Militar, a estruturação
biente propício ao desenvolvimen- sentir sobre toda a Força. e organização de um SISLOG que
to da capacidade de inovação e o Visualizamos atuar no ajuste da leve em conta a nova configuração
surgimento de lideranças com este composição dos efetivos e na ges- do Ministério da Defesa, que conta
perfil inovador. tão propriamente dita do pessoal. com uma Secretaria de Produtos de
Revista — Como a Força Terres- Defesa (SEPRODE) e com o Esta-
tre contempla no Projeto a Gestão, do-Maior Conjunto, com uma Che-
entendida aqui em seu sentido mais fia de Logística, e a adoção de uma
amplo e completo, para atender todas estrutura de paz que possa, rapida-
as necessidades futuras? mente, passar para a de guerra, pela
Gen Fernando — Quanto à ativação dos órgãos necessários
Gestão Corrente e Estratégica, o que deverão estar configurados e
aperfeiçoamento dos Métodos estruturados dentro do SISLOG.
de Gestão do Exército consti-
tui-se em importante caminho Revista — A Revista do Clu-
para a viabilização e conso- be Militar deixa à disposição de
lidação de todo o Processo de VExa um espaço para outras con-
Transformação. siderações que julgue adequada.
Para o êxito de nossas ações, Gen Fernando — É importante
medidas estruturais e sistêmi- salientar que o objetivo síntese do
cas serão necessárias, em todos processo que ora se inicia no Exér-
os níveis, tais como: reestudo da cito é levá-lo da era industrial para
Estrutura Organizacional da Alta a era do conhecimento, dotando-o
Administração do Exército, com de capacidades que o habilitem a
pensamento sistêmico; modernizar No ajuste da composição dos cumprir as tarefas requeridas por
e proporcionar à estrutura de ges- efetivos, a eventual redução dos um país que ocupará local de des-
tão do EME a capacidade de atuar efetivos profissionais dependerá da taque no concerto das nações como
como órgão central de um sistema nova concepção estratégica da For- uma das principais economias mun-
de gestão estratégica, responsável ça e da estrutura necessária ao aten- diais e, portanto, de ator global.
pelo controle da interação sistêmica dimento dos planos operacionais O processo terá a doutrina e a
dos ODS; criação de estrutura de TI relativos às Hipóteses de Emprego. C&T como faróis orientadores da
capaz de fornecer insumos em tem- direção a seguir rumo ao futuro;
po real para o centro de controle dos Revista — Como VExa avalia a modernização dos métodos de
grandes projetos da Estratégia Bra- a capacidade do atual Sistema Lo- gestão funcionará como o motor
ço Forte; consolidação do Sistema gístico e como deverá evoluir para de seu avanço.
de Gestão do Exército; e outros. atender às novas e desafiadoras Contudo, o principal fator de êxito
demandas? para esse processo histórico repousa
Revista — Qual a importância Gen Fernando — A Logísti- no comprometimento das lideranças
da Gestão dos Recursos Humanos ca, como processo dinâmico para e na participação ampla de todos os
para a Transformação do Exército? apoiar as missões da Força Terres- integrantes do Exército.
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