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Brazilian Journal of Development 70183

ISSN: 2525-8761

Os jornais como fontes para o ensino e pesquisa da escravidão e das


lutas dos negros no Rio Grande do Norte oitocentista

Newspapers as sources for teaching and research on slavery and the


struggles of black people in 19th century Rio Grande do Norte
DOI:10.34117/bjdv8n10-345

Recebimento dos originais: 26/09/2022


Aceitação para publicação: 28/10/2022

Aldinízia de Medeiros Souza


Mestra em História pelo Programa de Pós-graduação em História pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Instituição: Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) - Campus Nova Cruz
Endereço: Av. José Rodrigues de Aquino Filho, 640, Alto de Santa Luzia,
Nova Cruz - RN, CEP: 59215-000
E-mail: aldinizia@gmail.com

Antonia Márcia Nogueira Pedroza


Doutora em História pelo Programa de Pós-graduação em História pela Universidade
Federal
Instituição: Universidade Regional do Cariri (URCA)
Endereço: Rua Cel. Antônio Luiz, 1161, Pimenta, Crato, CE, CEP: 63105-000
E-mail: marcia.nhistoria@gmail.com

José Evangelista Fagundes


Doutor em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Instituição: Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN)
Endereço: Campus Universitário, Lagoa Nova, Natal - RN, CEP: 59078-970
E-mail: fagundespe@uol.com.br

RESUMO
A historiografia do Rio Grande do Norte vem sendo repensada ultimamente,
principalmente a partir dos trabalhos desenvolvidos no PPGH e em outros PPGs da
UFRN. São expressivos os avanços conquistados na historiografia local acerca das
pesquisas de temáticas diversificadas, abordando os períodos colonial e republicano. No
entanto, são escassos os estudos dedicados à análise do Rio Grande do Norte no recorte
imperial, insuficientes sobretudo, quando se tratam das temáticas da escravidão e das lutas
dos negros nesta província. Na perspectiva da antropóloga Julie Cavignac, a explicação
para este silêncio da história dos negros, livres e escravizados, se dá pelo fato de que no
Rio Grande do Norte, a história fora redigida primeiro “pelas elites locais que tentaram
apagar, a todo custo, as especificidades étnicas (desses grupos) ao longo dos séculos”, a
exemplo de Luís da Câmara Cascudo que elencou a insignificância da mão de obra cativa
na produção açucareira, e de modo mais geral, na economia. Nas suas palavras “Nunca o
Rio Grande do Norte possuiu vasta escravaria.” No entanto, segundo o recenseamento do
Império de 1872, a população geral (de livres e escravos) da província norte-rio-
grandense era de 233.979 habitantes. Desse total, 13.020, eram cativos. Estudos mais

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recentes têm evidenciado a presença marcante de escravizados no Rio Grande do Norte,


na atividade açucareira, na pecuária e na produção de seus derivados, a exemplo do queijo
e do couro, principalmente no Seridó, e também no exercício de muitas outras funções.
Nossa proposta de pesquisa consiste em analisar as estratégias de liberdade dos escravos,
seus deslocamentos espaciais, suas disputas judiciais, conflitos sociais entre escravos ou
entre proprietários e escravos, suas práticas culturais e suas identidades étnicas na
imprensa do Rio Grande do Norte no século XIX. Este artigo almeja apresentar os
primeiros resultados do projeto “A imprensa no período imperial: fontes para o ensino e
pesquisa da escravidão e das lutas dos negros no Rio Grande do Norte”.

Palavras-chave: escravidão, liberdade, imprensa.

ABSTRACT
The historiography of Rio Grande do Norte has been rethought lately, especially after the
works developed in the PPGH and in other PPGs at UFRN. There are significant advances
in local historiography regarding research on diversified themes, approaching the colonial
and republican periods. However, the studies dedicated to the analysis of Rio Grande do
Norte in the imperial period are scarce, especially when dealing with slavery and black
people's struggles in this province. In the perspective of anthropologist Julie Cavignac,
the explanation for this silence on the history of blacks, free and enslaved, is due to the
fact that in Rio Grande do Norte, history was written first "by the local elites that tried to
erase, at all costs, the ethnic specificities (of these groups) over the centuries," as
exemplified by Luís da Câmara Cascudo, who listed the insignificance of the slave labor
in the sugar production, and more generally, in the economy. In his words "Rio Grande
do Norte has never possessed vast slavery." However, according to the Empire census of
1872, the general population (of free and slaves) of the Norte-rio-grandense province was
233,979. Of this total, 13,020 were captives. More recent studies have shown the strong
presence of slaves in Rio Grande do Norte, in the sugar industry, in cattle raising and the
production of its derivatives, such as cheese and leather, especially in the Seridó, and also
in the exercise of many other functions. Our research proposal consists in analyzing the
slaves' freedom strategies, their spatial dislocations, judicial disputes, social conflicts
among slaves or between slave-owners and slaves, their cultural practices and their ethnic
identities in the Rio Grande do Norte press in the 19th century. This article aims to present
the first results of the project "The press in the imperial period: sources for teaching and
research on slavery and black people's struggles in Rio Grande do Norte".

Keywords: slavery, freedom, press.

1 INTRODUÇÃO
A historiografia do Rio Grande do Norte vem sendo repensada ultimamente,
principalmente a partir dos trabalhos desenvolvidos no PPGH e em outros PPGs da
UFRN. São expressivos os avanços conquistados na historiografia local acerca das
pesquisas de temáticas diversificadas, abordando os períodos colonial e republicano. No
entanto, são escassos os estudos dedicados à análise do Rio Grande do Norte no recorte
imperial, insuficientes sobretudo, quando se tratam das temáticas da escravidão e das lutas

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dos negros nesta província. Na perspectiva da antropóloga Julie Cavignac 1, a explicação


para este silêncio da história dos negros, livres e escravos, se dá pelo fato de que no Rio
Grande do Norte, a história fora redigida primeiro “pelas elites locais que tentaram
apagar, a todo custo, as especificidades étnicas (desses grupos) ao longo dos séculos”, a
exemplo de Luís da Câmara Cascudo que elencou a insignificância da mão de obra cativa
na produção açucareira, e de modo mais geral, na economia, alega que O Rio Grande do
Norte não chegou apossuir ‘uma vasta escravaria.” Nas suas palavras “o negro foi-nos
uma constante, mas não um determinante econômico”2, em virtude da ausência de
indústria açucareira sólida. No entanto, segundo o recenseamento do Império de 1872, a
população geral (de livres e escravos) da província norte-rio-grandense era de 233.979
habitantes, deste total, 13.020, eram cativos. Estudos mais recentes têm evidenciado a
presença marcante de escravizados no Rio Grande do Norte, na atividade açucareira, na
pecuária e na produção de seus derivados, a exemplo do queijo e do couro, principalmente
no Seridó, e também no exercício de muitas outras funções.
Com inspiração no mito da democracia racial, as linhas escritas sobre o cativeiro
ganharam tons românticos, como aquelas registradas pelo norte-rio-grandense Nilo
Pereira em livro intitulado Imagens do Ceará–Mirim. Ele escreveu: “não se deve exagerar
em termos falsamente históricos (...) pois não raro, havia senhores de escravos que não
os tratavam como coisa ou como simples objeto de compra e venda.”3 Essas
interpretações simulavam diminuir os horrores e a opressão existentes nas relações
escravistas, reduzindo-as a bons senhores e cativos obedientes, visão superada na
historiografia brasileira desde a década de 1940. Esses exemplos demonstram a
necessidade de ampliar o conhecimento sobre a população negra na história do Rio
Grande do Norte, inclusive com a finalidade de fundamentar o ensino básico.
A falta de produções a respeito da atuação dos negros livres e escravos no Rio
Grande do Norte tem causado impacto negativo na historiografia local bem como no
ensino de diversas disciplinas neste Estado. Em 2003 foi publicada a Lei Federal no
10.639 que alterou a Lei no 9.394, de 1996, que estabelecia as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino, a obrigatoriedade
da temática "História e cultura afro-brasileira". Entre os conteúdos a serem

1
CAVIGNAC, Julie. Índios, negros e caboclos: identidades fronteiras e etnias em perspectiva. O caso do
Rio Grande do. Norte. In: CAVIGNAC, Julie; CARVALHO, Maria Rosário de; REESINK, Edwin. Negros
no mundo dos índios: imagens, reflexos, alteridades. Natal: EDUFRN, 2011.
2
CASCUDO, Luis da Câmara. História do Rio Grande do Norte. MEC, 1955. p. 44.
3
PEREIRA, Nilo. Imagens do Ceará-Mirim. Natal: Imprensa Universitária, 1969.

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impreterivelmente desenvolvidos nas instituições de ensino fundamental e médio,


públicas e particulares podemos citar a luta dos negros e a contribuição do povo negro
nas áreas social, econômica e política, referentes à História do Brasil. A ampliação das
pesquisas e produção de conhecimento sobre a presença de descendentes de africanos
livres, libertos e escravos, e suas lutas no Rio Grande do Norte imperial estariam, desse
modo, em consonância com a lei 10.639, uma vez que contribuem para a inserção em sala
de aula de temáticas mais atualizadas. Além disso, propõe romper com uma interpretação
historiográfica que torna invisível as lutas, as culturas, os saberes e o protagonismo dos
negros. Neste sentido, o projeto de pesquisa e extensão A imprensa no período imperial:
fontes para o ensino e pesquisa da escravidão e das lutas dos negros
no Rio Grande do Norte consiste em realizar pesquisa nos jornais norte-rio-grandenses e
selecionar as matérias nas quais tratarem da escravidão e das lutas dos negros e
transcrevê-las com a finalidade de fomentar a pesquisa na área, bem como disponibilizar
as fontes para professores do ensino básico. Os jornais pesquisados estão disponíveis na
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
No Brasil, desde a década de 1930, os anúncios de jornal têm sido trabalhados
como fonte de pesquisa; Gilberto Freyre foi pioneiro nesses estudos. Em 1963, publicou
o livro intitulado O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. De acordo
com o autor, ‘os anúncios constituem a melhor matéria ainda virgem para o estudo e a
interpretação desse período de certos aspectos do nosso século XIX. [...] Eles constituem
os nossos primeiros clássicos. Principalmente os anúncios relativos a escravos – que são
os mais francos, os mais cheios de vida, os mais ricos de expressão brasileira.”4 As
pesquisas realizadas por Freyre, nos jornais, apontaram caminhos para outros trabalhos;
são, sem dúvida, referências essenciais para um campo de estudos em constante
aprimoramento. A análise de aspectos do cotidiano presente nos jornais dialoga com a
Antropologia, principalmente no que diz respeito à compreensão da cultura, das etnias
dos descendentes de africanos. Logo, o levantamento das fontes contribuem para outras
áreas além da pesquisa histórica.
No que se refere aos jornais norte-rio-grandenses do período imperial ele são: O
Natalense, O Jaguarary, O Brado Natalense, O Publicador Natalense, O Sulista, A
Liberdade, O Argos, Natalense, O Clarim Natalense, O Constitucional Nortista, O Rio
Grandense do Norte, O Artilheiro, O Assuense, O Dous de Dezembro, O Estudante, O

4
FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. 4. ed. São Paulo:
Global, 2010.

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Progressista, O Recreio, O Rio Grandense, Brado Conservador, O Liberal, O Assuense,


O Conservador, A Luz, Correio do Natal, Correio do Assú, Echo Miguelino, O Iris, O
Atalaia, Jornal do Açu, O Macauense, Boletim da Libertadora Norte-Rio Grandense,
Liberdade, Actualidade, Albatroz, O Cascabulho, Avulso 1880, A Ideia, O Alviçareiro,
Reforma, A Juventude e Echo Juvenil; todos esses periódicos serão pesquisados por meio
deste projeto. A luta pela liberdade, ações movidas pelos escravos na justiça, atividades
econômicas desenvolvidas por negros livres, libertos e escravos, o envolvimento de
negros na luta abolicionista, são alguns dos temas encontrados em matérias desses jornais,
cujos exemplares estão digitalizados e disponíveis na hemeroteca digital da Biblioteca
Nacional. Não obstante, no que se refere à historiografia do Rio Grande do Norte, eles
não vêm sendo utilizados para o estudo dessas temáticas.
Além dos jornais supracitados, também é possível encontrar matérias sobre negros
do Rio Grande do Norte em jornais de outras províncias, sobretudo nos jornais do Ceará,
Pernambuco e Rio de Janeiro, razão pela qual este projeto também abrange a pesquisa
dos temas em periódicos dessas províncias. Iniciaremos pelos jornais do Rio Grande do
Norte e propomos selecionar as matérias que tratam da escravidão, das lutas dos negros,
de suas práticas culturais e saberes. Iremos transcrevê-las, publicá-las no formato de livro
em suporte digital, e-book, e disponibilizá-las aos professores, pesquisadores, estudantes,
e demais interessados na temática. A publicação ao final da execução do projeto é de
fundamental importância, haja vista que por meio desta divulgação os professores do
ensino fundamental e médio disporão de fontes históricas que poderão ser utilizadas e
problematizadas em suas aulas e os pesquisadores, por sua vez, terão acesso a documentos
específicos acerca da história dos negros no Rio Grande do Norte. Pretendemos com estas
ações instigar o uso de documentos em salas de aula do ensino básico e superior e
estimular a produção acadêmica acerca dos temas supracitados. Com relação aos alunos
da graduação participantes do projeto, pretende-se viabilizar a construção de instrumentos
pedagógicos que contribuam com o ensino de História e de maneira mais ampla, com a
prática docente. Almeja-se também orientar acerca do manuseio com as fontes, condição
básica para o trabalho dos professores/pesquisadores das áreas de humanas, visto que
matérias dos jornais que tratam da temática do negro são diversificadas e interessam a
várias áreas do conhecimento.
O projeto A imprensa no período imperial: fontes para o ensino e pesquisa da
escravidão e das lutas dos negros no Rio Grande do Norte teve início no mês de Agosto
desse ano de 2016 e encontra-se na fase de seleção e transcrição das matérias. Alguns

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jornais possuem exemplares referentes às séries ininterruptas de anos, outros possuem


periodização fragmentadas, como por se pode ver na tabela abaixo. Dentre os jornais cujas
matérias relacionadas a escravos e libertos já foram transcritos listamos:

Quadro I. Jornais com informações sobre escravo e/ou libertos


Jornal Ano Edições Edições com ocorrência
O Natalense 1832 22; 42 22
1833 57; 65
1834 20
O Rio Grandense do 1859 24; 30; 32; 56; 57; 58; 59; 60; 66 32; 58
Norte 1860 72; 73
1861 109; 116; 119 116
1862 140
O Progressista (RN) 1863 17 17
1864 94; 106
1865 152; 155 155
1866 222
O Rio Grandense 1867 063 063
1869 103
O Assuense 1867 1; 2; 10; 14; 15; 25; 27; 30 15; 25
1868 49; 51; 55; 57 55
1870 166; 170 166; 170
1871 202; 208; 220 202; 208
1872 237; 241; 252
O Brado 1876 11
Conservador* 1877 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 17; 19; 20; 21; 22; 23; 24;
22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 27; 31
31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39,
40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48,
49, 50, 51, 52, 53, 54
1878 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63
1879 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71
1880 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80,
81, 82
1881 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100,
101, 102, 103, 104, 106
1882 107
Correio do Natal 1878 1;2;3;4;5
1879 14; 28;31; 36;37;40;42;43;45 14; 36
1880 56; 52; 62;64;68 52
1881 103;108; 117; 121 108
1882 132; 144
1883 1; 31 31
1884 54
1885 108;
1886 120;121;124
1888 211; 213; 214; 220
FONTE: Jornais O Natalense; O Rio Grandense do Norte; O Progressista; O Riograndense; O Assuense;
O Brado Conservador; Correio do Natal. Elaborado pelos autores.
*A identificação e transcrição de ocorrência no Jornal Obrado Conservador está em andamento.

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Faz-se necessária uma pesquisa sobre o período de existência e circularidade


desses jornais, pois sabe-se que a efemeridade dos periódicos era comum. Há ainda
situações de extinção de um jornal e criação de outro pelo mesmo editor. O Correio do
Assú que é uma espécie de continuidade d’O Assuense, e o fundador de ambos, também
fundou o Correio do Natal, que circulou entre 1878 e 18895; o jornal Progressista era
veículo do Partido da Liga e circulou entre 1862 e 1865, sendo extinto e dando lugar ao
Rio Grandense6 De modo que paralelamente à transcrição das matérias é necessário
também constituir aspectos da história desses jornais para se saber o período de sua
circulação, os grupos políticos a que estavam vinculados, uma vez que essas disputas
implicam em diferentes posicionamentos sobre situações envolvendo escravos e libertos.
Elciene Azevedo7 historicizou a vida de Luiz Gama, um homem que nasceu livre
e foi escravizado pelo pai, mas que conseguiu estudar e se tornou um advogado e
abolicionista, advogando sempre a favor da libertação dos cativos. Posteriormente, a
autora retoma seus estudos sobre esse homem, e, já conhecendo sua trajetória de vida, a
historiadora realiza um mapeamento das causas defendidas por Luiz Gama, da sua
atuação na libertação de muitos escravos e do próprio movimento abolicionista,
analisando também a experiência de outros abolicionistas que compartilharam com ele a
luta contra a escravidão, na década de 1880. Em O direito dos escravos: lutas jurídicas e
abolicionismo na província de São Paulo ela analisou os significados atribuídos pelos
escravos à justiça, suas ações e a maneira que as autoridades públicas, judiciárias ou
policiais interpretavam e contestavam a atuação dos escravos. Para a historiadora, a
postura dos escravos de utilizarem o Direito, principalmente quando somados à utilização
dos jornais como armas de luta, obrigou as autoridades a tomarem decisões políticas, de
maneira que expusessem suas interpretações acerca do que era legal e de direito nas ações
em que envolviam escravos ou pessoas que estavam sob suspeita de serem escravas.
Se por um lado, os periódicos foram armas de lutas contra a escravização ilegal, por outro
também foram utilizados em defesa da escravidão, da propriedade privada, e em favor da

5
FERNANDES, Luiz. A imprensa periódica no rio Grande do Norte de 1832 a 1908. 2ed.
Natal: Fundação José Augusto, Sebo Vermelho. 1998. p. 64.
6
FERNANDES, Luiz. A imprensa periódica no rio Grande do Norte de 1832 a 1908. 2ed.
Natal: Fundação José Augusto, Sebo Vermelho. 1998. p. 49.
7
AZEVEDO, Elciene. O direito dos escravos: lutas jurídicas e abolicionismo na província de São Paulo.
Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2010; ____ Orfeu de Carapinha: a trajetória de Luiz Gama na
imperial cidade de São Paulo. Campinas-SP: Editora da UNICAMP; Cecult, 1999.

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imagem pública de indivíduos condenados pelo crime de reduzir pessoa livre à


escravidão.
As disputas entre liberais e conservadores no caso do Rio Grande do Norte
aparecem em casos relacionados a escravos publicados nos jornais. O jornal Brado
Conservador e o Correio Assuense expõem suas diferenças por exemplo, no caso de um
escravo de sete anos, cujo pai entra com uma ação de liberdade para arbitrar o valor de
sua alforria ao saber que este seria vendido. A criança, de nome Gregório sob depósito
foi entregue novamente ao seu proprietário por mandado do Juiz de órfãos Luiz Carlos
Lins Wandeley. Segue-se então uma série de críticas ao juiz que, na época, era liberal, e
possuía parentesco como redator do Correio do Assu.

Leia-se o despacho do doutor (medico) Luiz Carlos Lins Wanderley, proferido


no celebre processo do levantamento de deposito do infeliz Gregorio, (em que
andou mão do mestre) e que o mesmo doutor fez publicar no <<Correio>> de
10 do corrente, e ver-se-á que elle, no intuito de cohonestar o seu acto immoral
e violento, e melhor eximir-se da tremenda responsabilidade que contrahiu
perante Deus e o mundo, (porque jamais deixarão de chegar até o céo os justos
clamores de Gregorio, quando a justiça da terra se torne surda aos seus
gemidos)8

Acusado no Brado Conservador de agir em defesa do proprietário de Gregório, o


juiz defendia-se no Correio do Assú9 e assim, em meio a essas disputas, vai se
desvendando a história de Gregório, entre outras, e as dificuldades enfrentadas pelos
escravos na aquisição da liberdade. Alguns desses casos que envolvem ações de liberdade
são publicados na seção A pedido, ou Publicações solicitadas e chegam ao leitor pelo
discurso do senhor quando este se sente injustiçado ou pretende se defender da acusação
de redução de pessoa livre a escravo; ou ainda no discurso do defensor do escravo em
questão. Esse caso vai se descortinando ao longo de várias edições e às vezes sob outra
ótica no jornal opositor.
A seção Anúncios é outra que aparece referências às fugas ou ofertas de compra e
venda de escravos. Ao analisar os anúncios de fugas de escravos nos jornais de São Paulo
no século XIX, Lilia Moritz Schwarcz, avança em relação aos estudos realizados por
Freyre, e caracteriza as fugas no processo de abolição, observando que eram em sua

8
QUE miséria! Brado conservador. Assu, 23 mar. 1877. Editorial, p. 2.
9
Não há, para as mesmas datas do Brado conservador sobre o caso citado, exemplares do Correio do Assu
na Hemeroteca Digital.

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maioria individuais, mas houve um crescimento das fugas coletivas a partir de 1880,
relacionando-as com o fortalecimento do movimento abolicionista.10
Assim como em outros jornais, os periódicos do Rio Grande do Norte trazem na
seção Anúncios ofertas de compra e venda de escravos bem como avisos de fugas. Os
registros de fugas em jornais de outras cidades podem revelar possíveis rotas de fuga dos
escravos na província.

No dia de 21 de junho deste anno fugio da villa do Jardim, no Seridó a escrava


criola de nome Severina, da propriedade de Manoel Martins de Farias, a qual
tem os signaes seguintes: moça, retinta e não mal parecida: estatura regular,
olhos esbranquiçados, beiços grossos, dentes alvos e limados tanto os da
maxila superior, como da inferior: tem um signal feito em um dos braços, ou
de sino aslomão ou de alguma outra figura; he bastante ladina e leva nome
mudado; cose, laberinta, faz renda e emgoma. Tendo ja sido prêsa em Angicos
evadio-se da prisão, e consta ter d’ali seguido para o Assú onde foi encontrada
armada de uma faca, levando porção de roupa e dinheiro. Quem a pegar pode
levala a a seu senr. navila do jardim, ou na cidade do Assú ao Senhor João
Carlos wanderley, que será generosamente gratificado. Jardim 17 de Agosto
de 1867.11

No anúncio citado, além das características físicas, valorizadas nos estudos de


Freyre com base nos anúncios, observa-se que a atividade desempenhada pela escrava
na confecção de labirinto e renda, é uma atividade típica da região do Seridó, onde se
localiza a cidade de Jardim do Seridó, além disso, o anúncio evidencia uma possível
rota de fuga passando por Angico e Assú. Porém, a configuração de uma rota de fuga
carece de informações que podem surgir em outros anúncios.
A seção Noticiário apresenta diferentes referências sobre os escravos e libertos,
entre estas as notícias de manumissão, ressaltando-se a bondade do senhor evidenciando
uma visão paternalista da alforria:

MANUMISSÃO- É sempre com praser que registramos actos de philantropia


e caridade. A exma Senhora Dona Francisca Maria da Conceição, viuva do
finado A pollinar Jose d’ Aurêdo, moradora no sitio –Barro Branco- da
freguezia e município da cidade do Principe, acaba de passar carta de liberdade
aos seus escravos Luiz, Felis, e Candida. Possa tão digno exemplo se imitado.12

Percebe-se uma clara valorização da ação do senhor e da alforria vista como uma
caridade, eximindo qualquer ação dos escravos. Visão expressa também no texto de Nilo
Pereira, citado anteriormente. A aquisição da alforria requeria muito mais empenho dos

10
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Retrato em branco e negro, 2008, p.137-138.
11
No dia de 21 de Junho. O Assuense. Assu, 14 set. 1867. Annuncios, p. 4.
12
MANUMISSÃO. O Assuense. Assu, 02 set. 1870. Noticiário, p. 02.

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escravos do que pode parecer pela notícia acima. Os estudos sobre alforria mostram que
em sua maioria eram conseguidas mediante pagamento pelo escravo ou cumprimento de
obrigações e prestação de serviços.13 Embora o direito a compra da alforria só tenha sido
reconhecido com a Lei de 28 de Setembro de 1871, já era uma prática.14 “Muitos escravos
pareciam dispostos a se submeter às mais variadas e severas condições no intuito de
tornarem-se libertos”15, mas a trajetória do escravo até conseguir a alforria não costuma
ser apresentado nas cartas de liberdade. Algumas situações vêm à tona nos jornais à
exemplo, o caso do menino Gregório evidencia às dificuldades que envolviam a alforria.
Quando o pai de Gregório soube da intenção de venda do menino pelo senhor, ofereceu
200 mil reis pela sua alforria, porém, o proprietário alegou que o custo seria de 300 mil.
A lei de 28 de setembro de 1871 dava direito ao escravo que dispusesse de pecúlio
comprar sua alforria16, mas esse direito era negado quando o senhor não acordava o valor
da indenização, nessa situação era necessário recorrer à justiça para arbitramento do valor,
conforme fez o pai de Gregório.
Considerando que a proposta do projeto tem entre seus objetivos proporcionar o
acesso as fontes para utilização na pesquisa, mas também no ensino básico, as publicações
sobre a manumissão enfatizando a caridade da senhora e o caso de Gregório, cujo pai
tentou comprar sua liberdade para evitar que fosse vendido e, não obtendo sucesso
recorreu à justiça, podem ser utilizados pelo professor para problematizar a luta dos
escravos pela liberdade, as diferentes visões da liberdade e a atuação dos escravos nesse
processo.
Os livros didáticos de ensino fundamental e médio, embora tenham se atualizado,
além de ter surgido novas publicações fundamentadas em uma historiografia mais
recente, ainda trata pouco da complexidade das relações entre senhores e escravos. No
entanto, a produção historiográfica que enfatiza a ação do escravo enquanto sujeito ativo
já tem décadas, visto que emergiu do debate ocorrido, principalmente na década de 1980,
entre historiadores que defendiam a ideia de que o escravo estivera reduzido à condição

13
KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro 1808-1850. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000. EISEMBERG, EISENBERG, Peter. Homens esquecidos. Campinas: Ed. Unicamp, 1989.
SCHWARTZ, Stuart. Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, EDUSC, 2001. GONÇALVES, Andréa Lisly.
As margens da liberdade: estudo sobre a prática de alforrias em Minas colonial e provincial. Belo
Horizonte: Fino Traço, 2011.
14
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte:
São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
15
GONÇALVES, Andréa Lisby. As margens da liberdade: estudo sobre a prática de alforrias em Minas
colonial e provincial. Belo Horizonte: Fino Traço, 2011. p. 18
16
Lei 2080 de 28 de Setembro de 1871. art 3 par 2º

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de coisa, e historiadores que sustentavam uma nova linha de interpretação, a do escravo-


sujeito. Esse debate foi animado ainda na década de 1970, com a historiografia da
escravidão realizada nos Estados Unidos. Nesse conjunto de obras, destacou-se,
exercendo forte influência na historiografia brasileira da escravidão o livro Roll, Jordan,
roll. The world the slaves made, de Eugene Genovese17. Este tratou os escravos como
sujeitos históricos que resistiam ao sistema escravista utilizando-se das relações
paternalistas, que, embora fossem estabelecidas pelos senhores, protegiam ao mesmo
tempo senhores e escravos. Dessa maneira, “ao aceitar um ethos paternalista e ao
legitimar o domínio de classe, os escravos desenvolveram sua mais poderosa defesa
contra a desumanização implícita na escravidão ”18. No Brasil, Silvia Lara19 foi uma das
primeiras historiadoras contemporâneas a contestar a ideia da coisificação do escravo,
demonstrando que as relações entre eles e os senhores eram definidas no cotidiano de luta
e acomodação entre ambos. O êxito e a consolidação dessa linha interpretativa têm aberto
caminhos para estudos sobre a escravidão. A história social da escravidão apresenta-se
como um campo que já foi e tem sido problema de pesquisa de muitos trabalhos relevantes
na historiografia brasileira. Nesse domínio, os temas abordados são variados, entre os
quais podemos mencionar a família escrava, a resistência escrava, as relações de trabalho
e as lutas pela alforria. Na década de 80, Stuart Schwartz20 argumentou que no Brasil
havia vários critérios de distinção das pessoas, a exemplo da cor. Mas, segundo o autor,
a condição jurídica do indivíduo era o principal desses critérios. Ser livre ou escravo, esse
era, de acordo com esse historiador o maior elemento distintivo no interior da sociedade
escravista. A princípio parece uma equação simples, em que a lei sempre é colocada em
prática, mas não é. Hebe Mattos Castro21, ao estudar os significados da liberdade no
Sudeste escravista, observou uma representação social que diferenciava as pessoas livres.
No período colonial eram os “homens bons” e no período imperial, os “cidadãos ativos
”. A autora chamou atenção também para a existência de um grupo intermediário,
composto por livres pobres. Nos documentos estudados por Hebe Castro, “a designação

17
GENOVESE, Eugene Dominick. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Trad. Maria
Inês Rolim e Donaldson Magalhães Garschagen. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Brasília-DF: CNPq, 1988.
18
GENOVESE, Eugene Dominick. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Trad. Maria
Inês Rolim e Donaldson Magalhães Garschagen. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Brasília-DF: CNPq, 1988.
19
LARA, Silvia Hunold. Campos da violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro 1750-
1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
20
SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. Trad.
Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras; CNPq, 1988.
21
CASTRO, Hebe Mattos. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no Sudeste escravista –
Brasil, séc. XIX. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

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de ‘pardo’ era usada, antes, como forma de registrar uma diferenciação social, variável
conforme o caso, na condição mais geral de não branco.” A autora explica que, dessa
maneira, “todo escravo descendente de homem livre (branco) tornava-se pardo, bem
como todo homem nascido livre, que trouxesse a marca de sua ascendência africana. ” A
autora demonstrou que “para tornarem-se simplesmente ‘pardos’, os homens livres
descendentes de africanos dependiam de um reconhecimento social de sua condição de
22
livres, construído com base nas relações pessoais e comunitárias que estabeleciam.
Apesar disso, os negros, mesmo aqueles livres e libertos, não raro eram detidos pelos
representantes da lei para averiguação, suspeitos de serem escravos. Também com certa
frequência libertos eram reescravizados e livres de cor negra eram escravizados. Ou seja,
a liberdade, a princípio, não estava disponível para as pessoas de cor negra. Como a
historiografia mostra, é de grande complexidade as situações que envolvem escravos e
libertos que podem ser exploradas em diversas fontes, inclusive os jornais.
Além das seções Noticiário, Anúncios, À pedido já citadas, outras seções como
Editais, Correspondência, Ao Público e Documentos, Batizados e Óbitos são encontradas
informações referentes à escravos, mesmo quando o conteúdo principal da matéria não é
o escravo. A diversidade de matérias levantadas até esta etapa da pesquisa mostra como
a presença escrava era mais significativa do que costumava se afirmar nos livros sobre o
Rio Grande do Norte. Desse modo, a transcrição de fontes jornalísticas para o estudo da
escravidão e liberdade no Rio Grande do Norte pode trazer novas perspectivas para a
historiografia.

22
CASTRO, Hebe Mattos. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no Sudeste escravista –
Brasil, séc. XIX. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. p.42

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