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All content following this page was uploaded by Isabella Brandão de Queiroz on 07 September 2019.
Os Cario do litoral
Também conhecidos como Carijó, os Cario pertencem à matriz linguística Tupi-
Guarani, que na época da chegada dos europeus ocupava grandes territórios do litoral e interior
do Brasil, além de áreas na Argentina, Paraguai e Uruguai. Os vestígios arqueológicos
confirmam a presença da etnia por toda costa do estado de Santa Catarina.
Os Cario ocuparam o litoral migrando da região do rio da Prata há cerca de 1000 anos
atrás, assimilando ou expulsando as populações mais antigas da região. O contato do grupo com
europeus se deu no século XVI através da relação de escambo: como a região era um
importantíssimo local para o abastecimento dos navios, os nativos ofereciam alimentos em troca
de adornos e objetos de metal.
A partir da segunda metade do século XVI as relações pacíficas mudaram com a ação
das bandeiras de apresamento criadas pelos moradores da Vila de São Vicente e pelas tentativas
dos padres jesuítas de reduzirem-nos às missões. Os ataques vicentistas aos Cario visavam a
obtenção de mão-de-obra escrava, e como grande parte desses nativos já estavam cristianizados
e aldeados, se tornaram presas irresistíveis para os colonos. Na tentativa de evitar que os
indígenas fossem escravizados, as missões foram criadas, entretanto com interesses próprios,
que era tornar os nativos bom católicos para reforçar a ordem colonial que estava sendo
implantada.
Lavina nos lembra que houveram reações dos Cario contra a escravização e a proibição
da sua cultura tradicional, entretanto eles acabaram exterminados ou escravizados, deixando até
o final do século XVII a costa catarinense praticamente desocupada.
Os Kaingang do Planalto
Os Kaingang são os nativos do estado de Santa Catarina menos estudados. Pertencentes
a matriz-linguística Jê, eles são tradicionalmente seminômades, tendo vivido no passado de
caça, pesca, coleta de pinhão e horticultura. Para os séculos XVI e XVII há sobre o grupo apenas
os relatos de jesuítas, que nos levam a crer que também tenham sido aldeados em reduções.
O contato dos Kaingang com os não-indígenas foi intensificado a partir da expansão da
criação de gado no Planalto, tendo sido eles incorporados pelas fazendas de criação de gado,
seja como peões ou para atuar contra outros grupos Kaingang. Segundo Lavina, aqueles que
não se aculturaram acabaram sendo marginalizados, perdendo suas terras tradicionais e vivendo
até hoje em terras não demarcadas. Ainda é necessário que se faça o resgate de documentos
para sistematizar melhor a história desse grupo.
Referência Bibliográfica
LAVINA, Rodrigo. Indígenas de Santa Catarina: história de povos invisíveis. In: BRANCHER,
Ana. História de Santa Catarina. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004. p. 73-82.