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Darcy Ribeiro

Os Índios e a
Civilização
A INTEGRAÇÃO DAS POPULAÇÕES
ÍNDIGENAS NO BRASIL MODERNO
Darcy Ribeiro
Nasceu em Montes Claros, no estado
de Minas Gerais, Brasil, em 26 de
Outubro de 1922.
Faleceu em 17 de fevereiro de 1997.
Estudou Ciências Sociais na
Universidade do Distrito Federal.
Posteriormente, obteve um mestrado
em Antropologia pela universidade
Autônoma do México, sua formação
Acadêmica contribuiu para sua
carreira como antropólogo, político e
educador .
Qual a importância dos estudos de Darcy para o
entendimento da formação do povo brasileiro?

A maioria dos estudos antropológicos tendia a separar os elementos


culturais de nossa formação, mas Darcy Ribeiro foi além ao conciliar
todas as nossas raízes culturais, que começam desde os primeiros
habitantes das terras brasileiras, há mais de dez mil anos, e finda nos
dias atuais, com a presença de outras matrizes ...
O Livro
"Darcy Ribeiro: Os Índios e a Civilização"
aborda a relação entre os povos indígenas e
a sociedade brasileira principalmente do
século x x.
O autor destaca a riqueza cultural dos
indígenas e critica a forma como a
colonização e a modernização impactaram
negativamente essas comunidades.
E busca promover uma reflexão sobre a
diversidade cultural do Brasil e a
importância de preservar e valorizar as
tradições indígenas no contexto da formação
da identidade nacional.
Divisão da Apresentação

Tópico 1: A Amazônia
Tópico 2: As Fronteiras da expansão pastoril
Tópico 3: A expansão agrícola na Floresta Atlântica
Tópico 4: Penetração Militar em Rondônia
Curt Nimuendajú
Em 1905, o etnólogo conheceu a tribo
Guarani, no oeste do Estado de São Paulo. Ele
revelou, mais tarde, que conviveu com os
índios por cerca de 2 anos, com poucas
interrupções. Durante este período, após
cerca de um ano morando com os
Apokokuva-Guarani, Unckel foi adotado como
filho do cacique e pajé Avacauju.
A Amazônia
A realidade da onda invasora com o avanço da
“ Civilização”
-Para o índio, o seringal e toda a indústria extrativa têm representado a morte,
pela negação de tudo que ele necessita para viver: ocupa lhe as terras; dissocia sua
família, dispersando os homens e tomando as mulheres; destrói a unidade tribal,
sujeitando-a ao domínio de um estranho, incapaz de compreender suas
motivações e de proporcionar-lhe outras. Enfim, submete o índio a um regime de
exploração ao qual nenhum povo poderia sobreviver.(pag33.)

-Características da onda invasora contra os índios :

Fugas das regiões exploradas pelos seringueiros.


Tráfico de mulheres indígenas como moeda de troca nos seringais .
O custo da borracha em vidas humanas
-...Era uma das economias mais destrutivas e exigentes em vidas humanas, em
sofrimento e em miséria que jamais se conheceu. E tão custosa ao índio quanto ao
branco nela engajado.( pag34)

Principal fonte da economia brasileira no século x x.


O êxodo da população Nordeste do Brasil .
A alta na cotação da borracha.
O valor em vidas humanas
O abandono nas lavouras, e a importação de alimentos
enlatados vindos do Sul do país .
Endemia de doenças por vitaminoses.
O Colapso da Economia Extrativa, a SALVAÇÃO das
populações indígenas.
-O colapso da economia extrativa
-A salvação da população indigna
A segunda invasão do habitat dos índios por outars formas de Explorção

“ Os bandos de extratores aos poucos se avolumam e ganham


forças. São invadidas zonas até então inexploradas, pois cada
um daqueles produtos tem um hábitat próprio. A castanha-do-
pará, por exemplo, que se torna por algum tempo o principal
produto de exportação da Amazônia, cresce em terras altas onde
não vinga a seringueira, exatamente naqueles ermos onde o
índio, expulso das terras baixas, fora se acoitar e de onde iria ser
desalojado pela nova onda invasora.” ( pag 36)
O vale do Rio Negro
“O rio Negro constitui uma das províncias de mais antiga ocupação europeia na
Amazônia. Desde o século xvii seus índios vinha sendo submetidos a descimentos,
tanto das missões religiosas como para o cativeiro em mãos dos colonos.” (pág. 36)
A invasão e a interferência dos Europeus na vida das tribos provocaram a mais
graves rebeliões indígena da historia da Amazônia
A população do Rio negro ate meados do século xx
1º grupo: mestiços, resultantes do cruzamento dos Europeus com as índias
2º grupo: os remanescentes da tribo Aruak.
3º grupo: compreende a tribo tukano vindas do Oeste.
4º grupo: os de língua alofila, os Maku, os Guaharibo, os Xirianá, e os Waiká
Trezentos anos de Civilização e Catequese :
Os indígenas que sobreviveram conservaram certo rigor físico e estas mesmas foram
submetidas a três tipos de punições : Eram levados para o duro trabalho nos seringais,
outros eram embebedados pelos regatões, e levados como moeda de troca para sanar
dividas com os comerciantes, e por fim eram punidos pela fúria Sagrada.
A fúria sagrada e a intolerância
Os missionários Salesianos
-A missão se caridade.
-A incompreensão revelada pelos missionários é demonstrada pelo
ardor que se mostravam contra as malocas.

“Desta intolerância resultou o mais clamoroso fracasso:


índios cada vez mais semelhantes aos brancos pobres, na
miséria das casas, nas vestes em trapos, nas comidas
malsãs, nas festas lúdicas; mas em compensação, brancos e
índios cada vez mais indígenas na concepção do
sobrenatural e nos processos de controlá-lo.”(pág 38)
Uma Nova identidade
As lutas Indígenas
“O domínio da civilização nas terras da margem esquerda do Amazonas e das que se
seguem, ao longo do rio Madeira e do rio Tapajós, somente se consolidou depois de um
século de lutas contra os índios. Diversas tribos ali enfrentaram os brancos, opondo-lhes
a mais tenaz resistência“(pág.ag 42)

As lutas começam com os índios Torá. Foram enfraquecidos pela lutas restando apenas 31
deles, unindo aos índios Mura que tinha como habilidade principal a canoagem e passaram a
atacar os povos civilizados através das águas obrigando-os a se mudarem de região . Com o
surgimentos de outra tribo os Mundurukus vindo do rio Tapajós impõe o viés de todos as
tribos começarem a viver nas vilas passando a conviver pacificamente com os civilizados .
Em 1820 Os Mura foi orçada de 30 a 40 mil, em 1864 em 3 mil, e em 1922 em 1 600 índios.
Os índios Mawé , que viviam entre o Tapajós e o Madeira. Foram encontrados pelos jesuítas
no século XVIII uns foram levados para as missões outros chacinados e outros expulsos.
Foram três séculos de lutas e jamais se submeteram aos Jesuítas.
Em meados do século XIX, surge os Parintins capaz de ameaçar a estabilidade da colonização,
cobraram um alto preço em vidas pela borracha extraída.
As Fronteiras da Expansão
Pastoril
Expansão nos Sertões Nordestinos;
Deslocamento para os sertões da Bahia e Pernambuco;
Criação de Gado;
Confronto com povos indígenas habitantes do nordeste;
Impactos nas vidas indígenas;
Missões Religiosas e Exploração;
Expulsão dos jesuítas e exploração crescente.
Índio no nordeste: Os índios
Potiguara
Os Potiguaras perderam suas terras principalmente devido à usurpação
durante os tempos coloniais. Apesar de inicialmente receberem duas
reservas de terras no município de Mamanguape, essas áreas foram
gradualmente invadidas e tomadas.
Originalmente foram concedidos às famílias indígenas foram usurpados,
resultando na atual ocupação por uma poderosa firma agroindustrial. A
perda das terras potiguaras ilustra um padrão histórico de desapropriação
de terras indígenas na região, muitas vezes motivado por interesses
econômicos e expansão territorial por parte de colonizadores e empresas.
Índio no nordeste: Retrato dos
Potiguara por Alípio Bandeira
“Frequentam as vilas, conhecem as cidades e têm suas moradas, como quaisquer outros
sertanejos, à beira das estradas. Aí recebem o mascate e o tropeiro, o professor e o padre
em desobriga. Confundem-se nas igrejas com as populações rurais e das vilas. Sabem as
intrigas da vizinhança e por vezes nelas figuram. Perderam de todo a língua dos
antepassados, falando em lugar dela o nosso idioma. Constroem casas como as nossas,
vestem-se como nós, usam os nossos utensílios e a nossa medicina. Alugam-se e alugam
os filhos. Compram e vendem, preferindo, como é natural, para as suas transações certas
pessoas e certos lugares. Tudo isso praticam à imitação dos brancos, e, todavia, são índios
puros, índios selvagens, com a sua sociedade à parte e tão alheia à nossa quanto lhes é
possível sonegá-la da mútua e voluntária aproximação em que as duas se defrontam.” (A.
Bandeira, 1926: 20).
Índio no nordeste:
Situação semelhante de
outros grupos indígenas

• Grupo Xukuru e Fulniô indígenas de Pernambuco.Cada


grupo enfrentou desafios específicos, como a perda de
terras, mestiçagem, e diferentes graus de preservação
de suas tradições culturais.
Os Timbira e a civilização

Darcy Ribeiro descreve a invasão dos campos dos Timbira, no


Maranhão, por criadores de gado no século XIX. Esses invasores,
liderados por bandeirantes, enfrentaram a resistência dos Timbira,
resultando em conflitos prolongados. As táticas incluíam o uso de
armas modernas, emboscadas e a legalização da escravização dos
indígenas. A intervenção imperial buscou pacificar a região,
destinando recursos para aldeamentos indígenas, mas os conflitos
persistiram, levando à redução drástica da população Timbira.
Os Timbira e a civilização:
Estratégias dos Invasores
As estratégias incluíram emboscadas, o uso de armas modernas e a
legalização da escravização de indígenas. A intervenção imperial buscou
pacificar a região, alocando recursos para aldeamentos indígenas, mas os
conflitos persistiram, resultando na redução significativa da população
Timbira. Os colonizadores, incluindo os vaqueiros, usaram epidemias como
estratégia contra os índios Timbira. Embora as doenças específicas não
sejam mencionadas, a intenção era atrair os indígenas para áreas afetadas,
explorando sua vulnerabilidade às enfermidades introduzidas pelos
europeus. Isso resultou em perdas significativas na população indígena e
enfraquecimento das tribos Timbiras.
Os Timbira e a civilização:
Parlamentares da Paz e Falsas
Alianças
A relação de paz buscada pelos vaqueiros com os Timbira tinha
motivações práticas e econômicas. Os criadores de gado
visavam explorar o trabalho indígena, garantir acesso a terras
propícias para pastagens, reduzir conflitos e riscos, além de
explorar os recursos locais. Essa paz, no entanto, muitas vezes
encobria a escravização dos indígenas e resultava em tensões,
quebras e violências frequentes ao longo do tempo.
Tópico 3 : Expansão agrícola
na floresta atlântica
Dentre dos principais núcleos de população do sul do Brasil, no tempo da descoberta,
o que se restava da floresta atlântica eram extensas manchas de mata virgem,
desertas ou somente ocupadas por tribos hostis.
Todas as tribos que sobreviviam naquelas manchas haviam experimentado contatos
com civilizados; seja por meio das missões catequistas ou por encontros intermitentes.
A sobrevivência desses povos só foi possível, pois suas terras não ofereciam, até
então, incentivo a nenhuma exploração econômica para os brancos.
Essa nova expansão demográfica ocuparia as últimas faixas da floresta atlântica, onde
grupos indígenas não puderam fazer nada, sendo grande parte exterminada.
Os índios conheciam bem o território e se camuflavam para sobrevivência, mas
também tinham conflitos internos entre os seus próprios povos.
Tópico 3 : Expansão agrícola na
floresta atlântica
“Contra esses novos invasores nada podiam as flechas e tacapes indígenas, salvo retardar-lhes
um pouco o ímpeto à custa de tamanhas perdas para tribos tão pouco numerosas, que
importavam em sua própria extinção. No curso dessa expansão, as matas seriam rasgadas por
estradas de ferro, a navegação costeira e dos grandes rios seria dotada de barcos a vapor e,
aos poucos, todo o país seria ligado por serviços de comunicação telegráfica. Tudo isto
representava um equipamento civilizador que em breve não deixaria lugar a estilos de vida
arcaicos, indígenas ou sertanejos. Com esses recursos seriam rapidamente conquistados os
últimos redutos das tribos da floresta atlântica.
Um após outro, esses grupos foram sendo atingidos e, à medida que se opunham à invasão de
seus territórios, eram exterminados em chacinas ainda mais bárbaras que as dos primeiros
séculos, uma vez que o invasor não se preocupava em poupar vidas para o trabalho escravo,
mas simplesmente em desocupar a terra a fim de utilizá-la nas grandes plantações.” ( p.89)
Último bolsão indígena do leste
Uma dessas faixas de mata estendia-se do sul da Bahia até o vale do rio Doce. Era uma
mata alta e espessa, enleada por parasitas e lianas, o último refúgio de várias tribos.
O Autor começa a descrever a mata e os povos indígenas :
“Nos altos cursos destes rios, protegidos pela floresta espessa, viviam os Kamakã, os Pataxó,
os Maxakali, os Botocudo, os Puri-Coroado, que falavam línguas diferentes umas das outras
e também diversas dos outros idiomas indígenas do Brasil.”
Haviam diversos povos indígenas que não falavam o tupi. Para os colonizadores isso
significava menos valor como escravos, pelas barreiras linguísticas e culturais.
A penetração civilizadora começou pela parte sul, na região ocupada pelos Puricoroado,
entre o rio Paraíba e o Doce. Foi empreendida por agricultores interessados naquelas
terras para o cultivo do algodão, do fumo e para plantações pioneiras de café.
Os Botocudo, muito mais numerosos, lutaram pelo seu território (batalhas sangrentas).
Foram criadas guarnições militares e missões de catequese. (Apenas uma foi bem
sucedida : missão de Itambacuri.) .
Em 1910 já nada restava delas e os índios sobreviventes haviam sido expulsos da região.
Último bolsão indígena do leste
Houve uma tentativa de juntar os índios e sertanejos, na esperança de
civilizá-los pelo convívio, garantindo ao mesmo tempo a segurança dos
missionários pela presença de gente fiel.
Não deu certo. Os índios se rebelaram flechando 2 catequizadores , que
revidaram o ataque a bala e conseguiram escapar, embora feridos.
Fracassada a revolta, cerca de setecentos a oitocentos índios fugiram
para as matas, atacando e incendiando as propriedades de lavradores
que encontravam no caminho, matando quatro pessoas e ferindo sete.
A revanche não se fez esperar. Para isto reuniram-se não só os
civilizados instalados na missão, como também carabineiros trazidos
pelas autoridades da cidade e, posteriormente, tropas oficiais instaladas
em Itambacuri para garantia dos missionários e dos lavradores.
Último bolsão indígena do leste
“Na caçada que se seguiu, morreram a bala mais de vinte índios (1945:278) e
acima de quatrocentos foram vitimados pela epidemia de sarampo que
novamente grassava na mata (1945: 279). Segundo documentos
missionários, o mais doloroso desses acontecimentos foi "o constrangimento
deles quando se viram na dura necessidade de organizar uma expedição de
homens bem-armados e bem providos para combater os índios emboscados
e em guerrilhas" (1945: 260). Aos poucos, os índios sobreviventes das
chacinas, da epidemia e da fome começaram a regressar à missão, único
refúgio que lhes restava. Em 1913, Itambacuri alcançava novamente alto grau
de prosperidade econômica. Contava, então, cerca de 12 mil habitantes, dos
quais 446 seriam índios "puros e mestiços" (1945: 260).” (P.93)
Último bolsão indígena do leste
Em 1910 estes conflitos chegaram a ter repercussão na imprensa das grandes cidades;
naquele ano os índios conseguem desalojar diversos núcleos de plantadores de cacau
das margens do rio Cachoeira.
“Um século de perseguições levara remanescentes dos Pataxó e Kamakã a uma
simplificação radical de seu equipamento e a uma capacidade extraordinária de se
dissimularem na mata esgueirando-se de uma região para outra, sem serem jamais
notados. Todos os cuidados eram tomados pelos bandos encarregados de surpreendê-
los e chaciná-los. Não falavam, não faziam fogo e nem fumavam, certos de que o fino
olfato dos índios revelaria sua presença mesmo a grande distância.
Mas os chacinadores acabaram encontrando armas eficazes contra esses inimigos
invisíveis, recorrendo a velhas técnicas coloniais, como o envenenamento das aguadas, o
abandono de roupas e utensílios de variolosos onde pudessem ser tomados pelos índios
e, sobretudo, minando os arredores das casas e plantações com armadilhas montadas
com armas de fogo.” (P.96)
Os kaingang e a
Expansão dos cafezais
Uma extensão da floresta atlântica, intocada até o século passado, foi emergida por uma nova lavoura
tropical. Em outras palavras, foi destruída para dar lugar a plantações que se estenderiam a perder de
vista.
Era a cultura do café, já antiga no Brasil, mas que somente no século passado assumiria o caráter de
lavoura de exportação, desenvolvendo-se até constituir a atividade econômica fundamental do país.
As grandes lavouras cafeeiras começaram nas matas próximas do Rio de Janeiro, alcançando o vale do
Paraíba, de onde desalojariam os últimos grupos puri-coroado, avançando, em seguida, para São
Paulo.
“marcha da onda verde “ - Esse processo exacerbado de plantio trouxe a erosão do solo e
consequentemente a falta de recursos naturais , precisando então ir em busca de mais mata virgem.
Além disso o café demora 4 anos para crescer, necessitando de muito investimento e um terreno
extenso.
Esse território era ocupado pelos Coroados , que falavam a língua Kaingang
Os kaingang e a
Expansão dos cafezais
Os Kaingang falam uma língua filiada à família jê, vivendo na mata, como os de São Paulo -
praticavam uma lavoura incipiente de milho, embora baseassem sua subsistência principalmente
na caça e na coleta.
Os conflitos entre os Kaingang de São Paulo e os civilizados começaram na orla de suas matas,
junto aos campos do Paranapanema, ocupados por criadores de gado. E posteriormente com
Uma ferrovia que fora construída através de seus territórios atingindo as proximidade das
aldeias kaingang.
Os Kaingang, por sua vez, sentiam fechar-se o cerco em torno deles - formado, de um lado,
pelos criadores, do outro, pela estrada e pelos cafeicultores e redobravam sua hostilidade.
Inicialmente eles deram avisos sobre seus descontentamentos, e depois atacou para defender
seu território. Mas , com o financiamento de armas e utensílios, os trabalhadores da construção
fizeram uma chacina com o povo indígena.
O autor traz no final um relato de um desses massacres realizados em 1911 por um bugreiro que
participou da comissão sindicalista .
Os xokleng e os
imigrantes europeus
Viviam nas matas ricas em pinheirais, desde as proximidades da costa até o centro de Santa Catarina, ao longo do rio Itajaí e
seus formadores.
O que melhor caracteriza essa tribo é a inadequação de seu equipamento ao território que ocupava. Vivendo ao longo de rios
caudalosos e piscosos que amiúde atravessavam, não tinham embarcações, nem comiam peixes. Contra os rigores do clima
da região, onde muitas vezes neva, não possuíam nenhuma proteção além do fogo de um sumaríssimo rancho de folhas.
jamais conseguiram unir-se; ao contrário, viviam divididos em pequenos bandos extremamente hostis uns aos outros.
largos trechos daquelas matas foram destinados a colonos alemães, italianos e eslavos trazidos ao Brasil por iniciativa
governamental ou de empresas particulares.
Seria uma nova fronteira da civilização que teria sua base numa economia de pequenas propriedades de exploração agrícola
intensiva
o colono europeu não visava expandir o seu lote como nos cafezais . Mas mesmo assim, parte do território seria tomado e os
índios não estavam dispostos a ceder.
Uma guarnição militar foi enviada, os índios atacaram matando 44 brancos . No meio desse cerco feroz, o índio era
compelido a um comportamento de fera. E como retaliação , fizeram mais uma chacina com os índios.
vários grupos indígenas tentavam reunir-se, cercava-se de todas as precauções, cavava profundas trincheiras e minava as
imediações com fojos - buracos disfarçados com uma fina camada de gravetos e folhas que escondiam lanças e longos.
Penetração Militar em Rondônia
‘Assim viviam, assim morriam os índios do Brasil nos primeiros anos deste século. Os que se
opunham ao avanço das fronteiras da civilização eram caçados como feras desde os igarapés
ignorados da Amazônia até as portas das regiões mais adiantadas.’ (pág: 106)

Grupo Militar: Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao


Amazonas > Comissão Rondon

Um dos maiores empreendimentos científicos e humanísticos sob direção de


Cândido Mariano da Silva Rondon

Rondon e os Nambikwara.
O kARAÍBA
Daniel Mukurundu
Escritor, professor, ator e ativista
indígena brasileiro originário do Povo

DANIEL
Munduruku.
Autor de 65 livros, suas obras literárias

MUNDURUKU são sobretudo dirigidas aos públicos


infantil e juvenil tendo como tema
principal a diversidade cultural indígena.
graduado em Filosofia, tem licenciatura
em História e Psicologia, Doutor em
Educação pela USP, e pós-doutor em
Linguística pela UFSCar.
Diretor presidente do Instituto UKA -
Casa dos Saberes Ancestrais.
O Livro
O Karaíba foi publicado em 2010.
O livro traz ilustrações de Maurício Negro, um poema de Graça
Graúna como epigrafe, dezoito capítulos acrescidos do desfecho (19º
capítulo), posfácio do autor e um pequeno glossário.
A narrativa concentra doses de romance, suspense e aventura.
Narrador distanciado e onisciente e um texto bastante descritivo.
Há um certo tom didático ao trazer para a narrativa exemplos de
superação, questionamento da desigualdade de gênero, discussão
sobre o papel de velhos e jovens na construção da história.
História dos povos indígenas, antes da chegada de Cabral. Ela é uma
ficção, mas poderia facilmente ser uma história real.
Desmistifica ideia do índio visto com os olhos do colonizador e
mostra realmente como ele é de verdade - sua cultura e costumes.
Capítulo 1 - A Profecia
O texto inicia com o despertar de Perna Solta num contexto de
angústia com algo que não se conhece. A angústia sentida por
Perna Solta, indiciada pela insônia, é compartilhada pelos demais
habitantes da aldeia, incluindo sua pequena e destemida irmã; outro
indício da angústia são os sinais da natureza (medo e revolta pelo ar,
chuva forte e brisa violenta, alvoroço nas águas do rio).
É revelada, então, parte da profecia do karaíba, da singularidade da
condição de Perna Solta (cujas pernas finas o impediram de ser
guerreiro ou paje e o levaram a se descobrir como eficiente
corredor, ganhando o papel de mensageiro entre aldeias) e de sua
amada Marai. A origem desse romance é contada em flashback no
terceiro capítulo.
Capítulo 2 - A revelação
• O Perna solta está muito confuso e preocupado com a situação que
o seu povo se encontra, após a mensagem do Karaiba. Então, ele
resolve falar com o velho pajé da aldeia.
• O mesmo revelou mensagens e acontecimentos do passado,
realizando um ritual com o cachimbo. Estas mensagens falavam sobre
um dilúvio que devastou tudo e os sobreviventes tiveram que
reconstruir suas tribos. Cada uma migrou para uma região e atualmente
várias tribos utilizam da natureza de maneira desrespeitosa causando o
caos que eles se encontram.
• O pajé também disse que Perna Solta tinha uma missão e precisava
cumprir seu papel de mensageiro levando notícias para as aldeias
próximas a eles.
Capítulo 3 - Um encontro inesperado
A origem da história de amor entre os jovens Perna Solta e Maraí é relatada
através do flashback no terceiro capítulo: Maraí, diferentemente das outras
jovens da aldeia, não se importava com o fato de Perna Solta não poder exercer
a arte da guerra devido à sua condição física.
Antes de conhecer a sua amada, Perna Solta, ao atingir a idade para casar, não
havia nenhuma pretendente na sua tribo, pois todas queriam um marido
guerreiro e o jovem não poderia participar a arte da guerra, pela sua condição
física.
Durante muito tempo, ele tentou e se esforçou para se tornar um guerreiro e se
casar, mas todas as tentativas foram frustradas.
Até que um dia, Maraí, uma moça de um outro povoado, apareceu, de repente,
observando-o. Ela disse para Perna Solta que ele era um rapaz muito corajoso,
mas deveria se dedicar ao talento de mensageiro e não em ser guerreiro. Caso
ele fizesse isso, ela seria sua pretendente. Assim, eles se tornaram um casal .
Capítulo 4 - Potyra
No quarto capítulo, o narrador suspende a narrativa sobre Perna
Solta para introduzir a personagem Potyra, menina Tupiniquim
cujo desejo é ser guerreira, recusando o papel destinado às
mulheres na sua aldeia. Seu pai, cacique da comunidade, diz que
ela precisa se casar, porém, a jovem Tupiniquim não se importa
com o que as pessoas dizem acerca de suas escolhas, estando
disposta a viver e morrer solteira se preciso fosse, desde que
pudesse participar de uma guerra verdadeira ao lado de seu pai,
seus irmãos e seus amigos.
O texto também traz o ritual de antropofagia, mostrando a
cultura e a crença da população indígena tupiniquim.
Capítulo 5 - um salto no escuro
Não era pra ser tão difícil a partida da aldeia. Perna Solta
tinha uma missão a ser cumprida, era esse seu papel. Ele
sabia, todos sabiam. Mas por que sua mãe ficava assim tão
desolada ...
O cacique de sua gente, o valente Kaiuby, o escoltou para
dentro de sua casa e o fez sentar-se em um banco que
estava ali....Minutos depois, o guerreiro postou-se à fentre
do jovem e mostrou-lhe um colar com dentes de inimigos
mortos em combate.
A primeira parte da jornada foi bem tranquila. Nenhuma
novidade no caminho....
Perna solta tinha sido instruído desde pequeno sobre os
perigos da natureza. Sabia que dependia dela, mas que a
natureza é a mãe que acolhe a todos ...
Ele conhecia bem os caminhos e sabia ler os sinais que a
natureza lhe apresentava...
Capítulo 6 - Os caçadores de almas
Fazia tempo que não chovia pela aldeia de Anhagá. Os Pajés mais fortes Já haviam sido
chamados para dançar e contar pedindo que a chuva vinhesse molhar o chão da aldeia ....
Mas tudo já estava sem sentido para os moradores do lugar, porque tudo parecia está se
acabando desde o dia que o velho Karaíba por ali passou, deixando notícias de penúria e
tristeza.
Anhangá já aguardava notícias de outras comunidades, mandou um guerreiro mas ele jamais
retornou... Logo o desespero tomará conta de todos e será impossivel prever o que poderá
acontecer.
O valente chefe ficava caminhando de um lado para o outro afim de encontrar uma solução...
Meu avô precisa me dizer o que devemos fazer ...
Em tempos antigos nossos antepassados escolheram caminha para outras terras ... Talvez
tenhamos que ir a diante para não dar aos devoradores de almas motivos para nos pegarem
desprevenidos.
O chefe Anhangá deixou passar alguns dias enquanto aguardava algum sinal dos
antepassados. Mas a vida continuou do mesmo jeito. Depois do terceiro dia, reuniu a
comunidade em concelho e decide partir.
Capítulo 6 - Os caçadores de almas
Quando o dia clareou, todos partiram em rumo do nada.
foram dias difíceis, algumas crianças e idosos de idade avançada foram deixados
pelo caminho pois não resistiram a longa caminhada
As pessoas estavam revoltadas ...
O verdadeiro motivo da saída da região que estavam: O sonho do chefe Anhangá.
no sonho a aldeia tinha sido invadida por seres monstruosos . Tinham pelos por todo o
corpo e no rosto.
Capítulo 7 - A rainha das águas
Continuação da historia de Potyra ...
POTYRA estava muito impaciente , Não sabia o que o chefe estava esperando para organizar o
ataque a maloca do cacique Anhangá.
A menina estava irritada pois seria a sua primeira batalha de verdade. Estava pronta para ser
a primeira mulher a entrar em um campo de batalha ...
O pai de Potyra afasta-se das casas, e sentou em um tronco gesticulando como se chamasse
alguém para participar com ele de algum ritual .
O pai explica Potyra sobre o que ela viu na mata.
É possível conversar com espíritos. Quem você viu foi Yara a rainha das águas, nossa mãe
protetora
A rainha das águas quer que você vá guerrear contra os Tupinambás do Norte, e lá você vai
encontrar um guerreiro que vai toma-la como sua esposa.
Há muito Tempo que nossas avos invocava a presença da Yara e da Matinta quando querem
compreender os caminhos da nossa gente.
Capítulo 8 - Nos
compassos do Beija-flor
Continuação da história do jovem mensageiro Perna Solta.

Perna Solta se abaixou quando percebeu que havia uma movimentação numa clareira mais a
frente
escuta sons de vozes diferente, se esconde e tenta reconhecer de onde as vozes estão vindo.
O jovem teme que algo tenha acontecido com a aldeia do seu Tio Anhangá a qual deveria levar
a mensagem do cacique Kaiuby de sua tribo.
Diante dessa situação resolve mudar de direção para chegar ate o seu tio Anhangá.
Perna solta esquece pelo caminho o colar que ganhou do cacique de sua aldeia.
Capítulo 9 - Corpos no caminho
• Não foi muito agradável para perna solta deparar-se com
os corpos abandonados pela floresta.

• Na medida em que ia deixando os corpos para trás, o


rapaz buscava informações em sua cabeça para tentar
montar aquele quebra-cabeça.

• As pessoas estavam, portanto, fugindo daquele lugar.


Capítulo 10 - Fortes
ventos sobre Maraí
O mensageiro preferiu não ficar ali especulando a respeito do ocorrido. Pelo
caminho, topou ainda com os corpos de dois velhos. Além disso, viu que as
pessoas saíam mesmo com tanta pressa, que iam deixando seus pertences ao
longo do caminho.
Eram perguntas sem respostas, mas que refletiam a dor que o jovem sentia.
Cabia a ele retornar à sua aldeia e relatar à comunidade tudo o que havia vivido
naquela viagem. Não tinha de decidir o que fazer, apenas noticiar o que havia
ocorrido.
Totalmente envolvido no seu sofrimento, não percebeu que alguém o chamava
com uma voz muito apagada. Era uma anciã que tinha preferido ficar na aldeia.
Quando a viu, Perna Solta foi tomado de uma felicidade sem fim.
Capítulo 11 - As icamiabas -
Mulheres Guerreiras
POTYRA ARREMESSOU COM FORÇA SUA FLECHA EM DIREÇÃO À BANANEIRA,
acertando o alvo em cheio.

O tempo passou e Potyra simplesmente ia se aperfeiçoando cada vez mais naquela arte,
deixando para trás as coisas próprias das meninas.
Capítulo 12 - Encontro de
dois destinos
ANHANGA CHAMOU PERIANTÃ, SEU MAIS FORTE GUERREIRO E
FILHO DE CRIAÇÃO, para uma conversa. .
- Haverá uma guerra, meus filhos. Poderá ser uma guerra sangrenta.
Mortos poderão estar nas nossas fileiras e nas fileiras de nossos inimigos.
Para que fazemos guerra? Para honrar nossos antepassados. Fazemos
também para dar continuidade à nossa memória ancestral. Fazemos por
nossas famílias e por nossas esposas. Fez-se um grande silêncio.
Capítulo 13 - Lua Nova
Meu filho é sangue do meu sangue
Vai honrar seu pai e sua mãe.
Vai mostrar ao inimigo que somos feitos De passado e de presente.
Vai levar as marcas da nossa gente
E matar o inimigo com honra e prestígio.
Quem morto for pelos seus braços
Alcançará a glória de Nhanderuvuçu.
OBRIGADA!

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