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Piauí Colonial:

População, econômico e sociedade


Luiz Mott
• Etno-hitória dos índios do Piauí Colonial.

• Mott chama a atenção para a dificuldade de encontrar dados mais significativos sobre as populações do Piauí, Os documentos, na sua imensa maioria
tratam de reclamações de ataques de indígenas na fazenda de gado e povoações coloniais.

• Ainda dos pedidos para fazer guerra contra os indígenas ou os resutados/relatos desses conflitos.

• Mesmo os relatos de viajantes e memorialistas são poucos.

• O texto do Padre Carvalho é o mais significativo: enumera 37 grupos indígenas no Piauí, com sua localização geográfica, e algumas indicações como:
estão pacificados, encontram-se em guerra com às colonizadores, uns dois grupos praticam a antropofagia e algumas característica físicas específicas
como: cabelos longos (1) Lábios estendidos (1).

• Os relatos demográficos de Padre Carvalho dão conta ainda de dados censitários das 129 fazendas de gado existentes no Piauí em 1697.

• Elas contam com 438 moradores ( pessoas incluídas nas atividades coloniais). Nelas encontramos: Brancos ( 155 —35,59% índios (59 — 13,59%), Pretos
[210 - 489%), mulatos ( à - 0,9%), Mestiços [10 = 2,3%).

• Os índios engajados nas populações coloniais eram homens, mulheres e crianças (número pequeno),possivelmente estivessem reduzidos à condição de
escravos.

• Mott também enfatiza que os indígenas resistiram com muita intensidade à ocupação do sertão e à instalação de fazendas de gado na região.

• As terras mais disputadas eram as terras que margeavam os rios, particularmente o Parnaíba, o Gurgueia , o Canindé, áreas com boas pastagens e com
muitas árvores frutíferas, terras que eram preferidas pelos indígenas também.

• Os relatos coloniais como os de Pereira Caldas sobre os aldeamentos indígenas nas proximidades de Oeiras, são marcados pela ideia de que essas
populações indígenas, mesmo as aldeagas, são doentias, marcadas por vícios. Essa era a visão geral que os colonizadores tinham do sertão e das
populações que nele habitavam.
• “São uns e outros inseparáveis do furto e da bebedeira e geralmente de qualquer nação que sejam, nimiamente estúpidos, preguiçosos,
glutões e ligados aos seus ritos e superstições em um maior extremo, pegando-as como contágio aos mais moradores da capitania”. P.158.

• Essa percepção do colonizador, que mesmo denominava os Índios do sertão como tapuias, encontra posição aos índios tupis.

• Os tapuias seriam percebidos como Índios bárbaros. Os Tupis são apresentados como promissores à civilização, porque estão integrados às
atividades coloniais, enquanto os Tapuias são mostrados como relutantes à civilização.

• Outro aspecto relevante, é que quando se afirma que os indígenas viviam embriagados ( viciados no álcool), era uma afirmação que buscava
denegrir, desqualificar o caráter dos indígenas e reafirmar, para alguns colonos, a impossibilidade de trazê-los à civilização.

• Os conflitos entre indígenas e populações coloniais se estendem pelo século XVIII.

• Em 1713: levantamento geral dos índios, capitaneados por Mandu Ladino.

• Em 1716: morre o caudilho Mandu Ladino. O mestre de campo Bernardo de Carvalho e Aguiar pacifica a comarca, submetendo as nações
sublevadas.

• Em 1764: João do Rêgo Castelo Branco dá começo à guerra de extermínio contra os índios Guégues da margem do Gurgueia, concluindo a
campanha em dezembro.

• Em 1765: Os Guegues pedem paz e são aldeados em São João de Sende, sob a direção de João do Rêgo Castelo Branco.

• Em 1770: novo conflitos contra povos Guêgues e Acaróas

• Entre 1776 e 1784 - João do Rêgo Castelo Branco se envolve em guerra contra os pimenteiras.

• No começo do século XIX ( 1807 e 1811) existem relatos de conflitos entre indígenas e colonos.
• Uma leitura possível, feita partindo da legislação que cria o Diretório dos índios, que regulamentava o
aldeamento de indígenas no Brasil, é que os índios deveriam ser preservados, e mesmo ser incentivada a
mestiçagem de brancos com indígenas.

• Esse seria um fator civilizador, essa mistura de raças favoreceria a aproximação das populações indígenas
com a civilização.

• O Diretório definia ainda outras alterações na política indigenista como: a proibição do uso das línguas
nativas e a obrigatoriedade da língua portuguesa, a proibição da nudez, a obrigatoriedade de morar em
casas separadas, o combate ao alcoolismo, a obrigatoriedade que os indígenas tivessem nome e
sobrenome, e para isso deveriam usar sobrenomes portugueses.

• Enfim medidas que tinham como objetivo anular a identidade indígena.

• Juntamente com a proibição da escravização dos indígenas, os mesmos foram declarados vassalos livres da
Coroa.

• No período imperial, aos poucos os indígenas passaram a ser percebidos como populações absorvidas pela
sociedade colonial, os documentos ainda registram a indicação de padres para o trabalho de catequese, mas
progressivamente, cria-se a memoria de que as populações indígenas do Piauí estão extintas, de que não
existem indígenas no Piauí.

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