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Escravismo na

Pecuária
JACOB GORENDER
➢ Escravismo na pecuária

➢ 1 – O setor pecuário no sistema econômico.

➢ A pecuária foi a atividade econômica que possibilitou a ocupação do sertão, das terras não litorâneas.

➢ A expansão da pecuária foi induzida por diversas funções econômicas como: Fornecimento de força motriz
aos engenhos; Fornecimento de proteína animal (carne) aos engenhos de açúcar e às populações urbanas
do litoral; O enfardamento dos rolos de fumo; A exportação de couro, além do que o couro servia para a
confecção de inúmeros artigos de uso cotidiano na casa e fora dela.

➢ A pecuária foi implantada no Sertão nordestino e na região sul da América portuguesa.

➢ Atividade extensiva, com baixo investimento inicial de capita, quando comparado com os custos da
atividade açucareira.

➢ “uma fazenda pequena iniciando, precisa de200 a 300 cabeças de gado e de 20 a 30 cavalos.

➢ As instalações físicas são sumarias “residências rusticas currais que se constroem sem dificuldades, aproveitam
as pastagens naturais, quanto a mão-de-obra não precisam mais que 15 ou 20 homens de trabalho.

➢ No Nordeste do Brasil as fazendas de propriedade de senhores absenteístas ou não, mas no geral as fazendas
podem ser propriedades de pessoas grades cabedais que contam com varias fazendas, ou que produzem
açúcar e resolvem investir em gado no sertão.
➢ Podemos pensar ainda na existência de pessoas que não tendo meios de investir em atividades onde o
dispêndio inicial de capital por ser mais significativo, resolvem investir em gado no sertão.

➢ Ainda podemos pensar em homens que depois de longos anos trabalhando na condição de vaqueiro, de
administrador de fazendas, alcançam os recursos necessários e passam a ser proprietário de terras e de
criadores de gado.

➢ A pecuária teve na América Portuguesa o papel de ser a ligação entre os diversos setores econômicos,
auxiliando na criação de um mercado consumidor interno na colônia.

➢ 2 – Relações de produção na pecuária.

➢ Alguns autores definiram a pecuária como área caracterizada por formas de trabalho compulsória não
escravista.

➢ As razões para isso seriam: A ausência de proprietários; A impossibilidade de vigilância continua e direta; O
numero reduzido de trabalhadores necessários para tocar a produção.

➢ Para solucionar o problema a saída encontrada por Gorender foi a pesquisa empírica, a busca de
documentos que comprovassem a existência ou não de escravos na pecuária.

➢ Ao analisar o relatório do Padre Migue Carvalho, vigário da freguesia de N. S. da Vitoria – encontramos a


existência de 129 fazendas no Sertão do Piauí, onde constam a presença de brancos, negros escravizados e
indígenas reduzidos à escravidão ou ao trabalho compulsório e habitando essas fazendas de gado.

➢ A maioria da população das fazendas é de negros escravizados, e que trabalham na lida com o gado.
➢ Em duas fazendas haviam apenas negros que tomavam conta delas.

➢ Os dados de Luiz Mott sobre as fazendas do Piauí: As fazendas passaram de 30, em 1674, para 578, em 1772.
Em Oeiras , em 1762 existiam 162 fazendas e que em 146 contavam com escravos negros (90% do total de
fazendas).

➢ Em treze fazendas da Macha, os únicos habitantes eram escravos.

➢ Uma dessas fazendas contavam com 14 escravos e nem um branco, obviamente a fazenda era administrada
por um deles.

➢ Com o tempo adensou-se no Sertão nordestino uma população de homens livres: Homens brancos livres e
pobres; Negros forros; Mestiços e que procuravam se agregar nas fazendas em troca de trabalho, passaram a
trabalhar ao lado de homens escravizados.

➢ Os escravos eram empregados na lida com o gado e nas plantações de gêneros agrícolas de subsistência.

Gorender ao analisar a atividade pecuária em outras áreas da América Portuguesa, encontrou em Minas Gerais
escravos empregados na atividade de ordenha de vacas, nos campos gerais paranaenses, encontramos relatos
de homens negros escravizados e trabalhadores em atividades de criatório como a doma de cavalos.

➢ “Como se vê, é importante a ideia de que a pecuária não se coadunava com a escravidão por dificultar a
vigilância sobre os escravos. Dessa vigilância se encarregavam, em vários casos, não os proprietários, porem
feitores escravos”. p.437
➢ Ainda na região do Paraná, o autor afirma que: Onde existe a predominância de atividades criatórias, é maior
a presença de escravos.

➢ “O insofismável é que , por toda a parte, embora em grau variável no tempo e no espaço, as fontes históricas
demonstram a incidência de características escravistas na pecuária brasileira” . p.438

➢ 3 – Renda da terra na pecuária.

➢ Focalizaremos agora, o vaqueiro e o arrendatário e suas formas de existência na pecuária nordestina.

➢ O sistema de paga dos vaqueiros, chamada de quarta, se definia da seguinte forma: “consistia o sistema em
que, implantada uma fazenda, o vaqueiro recebia sua paga cinco anos depois, quando da primeira safra de
novilhos produzidos, cabendo-lhe uma quarta parte da criação. A partir dai, teria o vaqueiro, todos os anos,
um quarto dos novilhos produzidos” p.438

➢ Uma fazenda poderia ter dois ou três vaqueiros, e ainda alguns auxiliares, a quarta seria dividida
proporcionalmente entre eles.

➢ Ao lado dos vaqueiros, existia ainda o foreiro de fazenda de gado, não raro um vaqueiro anteriormente bem
sucedido. Que poderia arrendar terras e nelas criar os gados adquiridos no sistema de quarta.

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