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VERSIANI, Flavio Rabelo & VERGOLINO, José Raimundo Oliveira. Posse de escravos e estrutura da ri-
queza no Agreste e Sertão de Pernambuco: 1777 – 1887. XXVIII Encontro Nacional de Economia – Anais.
Campinas, dezembro de 2000, p. 9 (Publicado em CD-rom).
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SCHWARTZ. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Com-
panhia das Letras/Cnpq, 1998, p. 357.
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Idem Ibdem.
Contudo, outra parte da escravaria ainda foi arrolada como ‘sem ofício’
ou capazes de quaisquer serviços - o que ocorria na maior parte dos casos - a
estes supomos que ou fossem delegados os trabalhos mais árduos ou que exer-
cessem mais de uma função. No entanto, um mesmo cativo não realizava as
tarefas domésticas e as da lavoura; pelo contrário, acreditamos que havia uma
separação no cumprimento dos serviços urbanos e rurais entre os escravos.
Ser uma costureira ou um cozinheiro os colocava em situação mais vantajosa,
talvez até menos servil e bastante diferente do eito. Nos levantamentos da
população escrava, na década de 1880, já são mais perceptíveis os espaços que
estes ocupavam, conforme se percebe na tabela a seguir.
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SOUZA, Raimundo Nonato Rodrigues de. Irmandade e Festa: Rosário dos Pretos de Sobral (1854 - 1884).
Coleção Mundos do Trabalho - Fortaleza: Edições NUDOC / Expressão Gráfica e Editora, 2006, p. 41.
De acordo com Eurípedes Funes, os cativos que constam como sem pro-
fissão declarada, formam um universo de escravos “que poderiam desempenhar
mais de uma função. As mulheres escravas eram costureiras, rendeiras, fiandeiras,
mas também prestavam-se ao serviços domésticos ou vice-versa e por certo em
época de colheita, em especial do algodão, iam para a lavoura”.17
A zona rural detinha a maior parte desta mão de obra, sobretudo até a
década de 1870. No livro de registros de batismos da Matriz da Comarca desta
região, na cidade de Crato, foram contabilizados, em média, 66,9% de regis-
tros constando moradia rural, os chamados sítios, para 21% em zona urbana e
12,1% em que não consta lugar mais específico de morada19. Tal cifra se deve
em grande parte ao desenvolvimento de atividades agropastoris, sobretudo com
lavouras de cana, pois é justamente nas propriedades que privilegiavam a lavoura
canavieira, na maioria das vezes, que se percebe uma maior concentração de
trabalhadores cativos.
Assim, pela noção do elemento servil como mão de obra útil e apta a
todos os tipos de trabalho, o contingente escravo se espalhou por todo o sul da
Província, engajado nos mais diversos serviços. Nesta região também labuta-
vam os trabalhadores livres pobres em troca de proteção e cuidados do senhor
de escravo. Juntos, livres pobres e escravos, desempenharam muitas funções
e trabalhos, apenas separados por suas condições sociais.
27
PALACIOS. Op. Cit, p. 92.
28
FIGUEIREDO FILHO. Historia do Cariri, v. 3, p, 30.
29
ANDRADE. Op. Cit, p. 96.